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2 - EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6643-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 4 3 8
Código Logístico
59437
A
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a Pereira C
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E
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cação
 A
m
b
ie
n
tal
Educação Ambiental 
Alessandra Aparecida Pereira Chaves
IESDE BRASIL
2020
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200
Batel – Curitiba – PR
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
© 2020 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: ponsulak/Shutterstock
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
C438e
Chaves, Alessandra Aparecida Pereira
Educação ambiental / Alessandra Aparecida Pereira Chaves. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
124 p. : il.
Inclui bibliografia
IISBN 978-85-387-6643-8
1. Educação ambiental. 2. Educação ambiental - História. 3. Desenvol-
vimento econômico - Aspectos ambientais. 4. Política ambiental. I. Título.
20-64085 CDD: 363.7 
CDU: 502.1
Alessandra Aparecida 
Pereira Chaves
Doutora em Tecnologia e Sociedade pela Universidade 
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mestre 
em Tecnologia pela mesma instituição. Bacharel e 
licenciada em Filosofia pela Universidade Federal do 
Paraná (UFPR). Licenciada em Pedagogia pelo Centro 
Universitário Campos de Andrade (Uniandrade). Atua 
no ensino fundamental há 18 anos. É autora de artigos 
científicos na área de meio ambiente, tecnologia e 
educação. Atualmente, é pedagoga da Secretaria 
Municipal da Educação de Curitiba, onde atua com 
formação continuada de professores e pedagogos do 
ensino fundamental.
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
1 Natureza e sociedade 9
1.1 Relação entre ser humano e natureza 9
1.2 Transformações nos processos produtivos 15
1.3 A Era Industrial e os impactos ambientais 20
2 Consumo, consumismo e meio ambiente 26
2.1 Consumo e consumismo 26
2.2 Resíduos sólidos urbanos e impactos ambientais 34
2.3 Preservação e conservação ambientais 39
3 História da educação ambiental 47
3.1 Movimentos ambientalistas mundiais: 
 entre as décadas de 1960 e 1970 47
3.2 Movimentos ambientalistas mundiais: a partir de 1980 50
3.3 Movimentos ambientalistas no Brasil: primeiros passos 55
3.4 Movimentos ambientalistas no Brasil: a partir de 1960 58
3.5 Início da educação ambiental 63
4 Políticas de educação ambiental 71
4.1 Marcos legais ambientais internacionais 71
4.2 Legislação ambiental brasileira 77
4.3 Objetivos da educação ambiental 83
4.4 Correntes epistemológicas de educação ambiental 87
5 Educação ambiental e sustentabilidade 96
5.1 Educação ambiental para a sustentabilidade 97
5.2 Práticas de educação ambiental nas residências 103
5.3 Práticas de educação ambiental nas instituições de ensino 106 
5.4 Práticas de educação ambiental nas empresas 110
Gabarito 115
A educação ambiental é um instrumento poderoso para a melhoria da 
qualidade de vida de todos que habitam o planeta. Por meio da educação, 
efetiva-se a formação de cidadãos críticos, capazes de reconhecer e atuar 
sobre os problemas ambientais que assolam a sociedade. O atual estágio 
de degradação ambiental requer sensibilização e conhecimento de que as 
mudanças são necessárias e a sobrevivência dos seres vivos depende delas.
Os saberes da educação ambiental constituem um campo teórico em 
construção, o que requer diálogo entre as áreas do conhecimento e os saberes 
ditos tradicionais, além dos que são frutos do cotidiano e das experiências. 
Ao equilibrar os conhecimentos populares, bem como aqueles oriundos 
das pesquisas científicas, constroem-se novos caminhos que podem levar a 
transformações benéficas para o meio ambiente.
Cada capítulo foi pensado e organizado de modo a permitir, ao leitor, fazer 
análises de seu contexto, de sua própria trajetória de vida, de sua relação com 
o meio ambiente e das mudanças que são passíveis de serem inseridas no 
cotidiano de cada um. Iniciamos com a história da humanidade voltada para 
os aspectos do consumo, passando pela Revolução Industrial e a produção 
em larga escala. Em seguida, abordamos as consequências do consumismo, 
que desencadeou uma série de eventos, debates, acordos e legislações sobre 
o meio ambiente. Finalizamos apresentando a educação ambiental como uma 
possibilidade para promover mudanças no cotidiano da sociedade.
Neste livro, optamos por usar uma linguagem acessível, sem deixar de 
ser científica, com o objetivo de levar a uma reflexão que possa promover 
mudanças. Além disso, ao final dos capítulos, há atividades desafiadoras 
para que os assuntos abordados possam ser retomados e, mais uma vez, 
provoquem indagações sobre os desafios que se colocam na atualidade.
Em suma, esta obra não tem a pretensão de esgotar o assunto, o que 
seria impossível devido à amplitude do debate ambiental, mas sim de trazer 
as informações básicas para a compreensão geral da educação ambiental, 
com o intuito de aguçar a curiosidade para novas leituras que instiguem a 
sensibilização para os problemas ambientais.
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
Natureza e sociedade 9
1
Natureza e sociedade
Neste capítulo, faremos um giro histórico pelos primórdios da 
humanidade, apresentando um panorama da formação das pri-
meiras sociedades e as mudanças na relação do ser humano com 
a natureza. O estado de evolução em que se encontra a humani-
dade é fruto de experiências, descobertas, observações, deduções, 
tentativas, acertos e erros de muitas gerações. Graças à curiosida-
de, à necessidade e à criatividade dos nossos antepassados, foram 
desenvolvidos utensílios, ferramentas, armas, remédios, meios de 
comunicação e de transporte que permitiram à humanidade ultra-
passar as fronteiras do tempo e do espaço.
Cada tempo histórico, em cada região do mundo, tem sua 
importância e cooperou para que os saberes humanos fossem 
aprofundados. O progresso levou ao comércio do excedente e à 
industrialização, culminando na exploração exacerbada dos recur-
sos naturais, cujas consequências são sentidas pelos seres huma-
nos e pelos demais seres. Assim, neste capítulo, não se pretende 
esgotar esses assuntos, mas promover uma breve contextualiza-
ção de modo a possibilitar uma melhor compreensão da narrativa 
histórica dos temas que serão abordados.
1.1 Relação entre ser humano e natureza 
Vídeo Nos primórdios do desenvolvimento humano, com base nos regis-
tros históricos, houve uma época em que as populações eram compos-
tas de caçadores-coletores e escolhiam ocupar áreas onde a natureza 
lhes permitisse sobreviver. No período chamado de Paleolítico, entre 
2,7 milhões de anos até 10.000 a.C., também conhecido como Idade da 
Pedra Lascada, ocorreu a domesticação do fogo, que era utilizado para 
iluminação, aquecimento e cozimento dos alimentos. Nesse período, 
os seres humanos eram nômades e habitavam as cavernas. Para caçar, 
utilizavam ferramentas de ossos e pedras.
10 Educação Ambiental
Com o passar do tempo, as pessoas foram se organizando em pe-
quenos grupos e passaram de sociedade nômade para sedentária, além 
de cultivar algumas espécies de plantas e domesticar determinados 
animais. Ainda era comum buscar outro lugar para viver, quando os ali-
mentos ficavam escassos em uma determinada área, o que impedia o 
acúmulo de muitos pertences e de constituir uma comunidade fixa.
Em tempos de perigo, as crianças muito pequenas eram bastante 
afetadas. Por serem dependentes, quando era preciso fugirou aban-
donar determinada região que sofria algum tipo de ameaça, natural ou 
de outro grupo, as crianças podiam ser abandonadas à própria sorte. 
Aqui, é importante observar que as relações humanas de afeto e apego 
também foram mudando ao longo do tempo.
É no período chamado de Mesolítico, entre 10 mil e 5 mil a.C., que as 
pessoas começam a abandonar as cavernas e passam a construir abri-
gos. Com o desenvolvimento de ferramentas mais sofisticadas, a caça 
de animais se torna mais precisa, o que garante um consumo maior de 
proteínas, além da utilização da pele dos animais para aquecimento 
em temperaturas mais frias. A simples coleta de plantas dava lugar ao 
cultivo de alimentos que sustentassem mais e que agradassem ao pala-
dar. Os seres humanos foram experimentando as plantas a que tinham 
acesso e descobrindo o que era venenoso, o que ficava mais agradável 
com o cozimento e o que era digerido com mais facilidade.
Povos de distintas regiões do mundo deram início à produção de 
alimentos em variados tempos da Pré-História. Diamond (2009) relata 
que a seleção de plantas silvestres para a domesticação se dava pelo 
tamanho e pelo gosto. “Entre as primeiras árvores frutíferas domesti-
cadas no Mediterrâneo estavam as oliveiras” (DIAMOND, 2009, p. 118). 
Com o passar do tempo, as pessoas foram desenvolvendo formas de 
estocar alimentos para períodos de escassez e começaram a se fixar 
em pequenas comunidades, com o objetivo de se proteger e dividir 
tarefas. Em consequência dessa nova organização e com mais alimento 
disponível, aumentavam a reprodução e a sobrevivência humana.
Ao selecionar e cultivar as poucas espécies de plantas e animais 
que podemos comer [...], obtemos um volume muito maior de 
calorias por hectare. Em consequência disso, um hectare pode 
alimentar muito mais criadores e agricultores [...], do que o mé-
todo dos caçadores-coletores.
Nas sociedades humanas que possuíam animais domésticos, 
eles alimentavam mais gente de quatro maneiras distintas: ao 
fornecer carne, leite e fertilizantes, e ajudando a arar a terra 
(DIAMOND, 2009, p. 86).
É importante destacar que, nos seis continentes da Terra, havia coi-
sas acontecendo de diferentes formas. Nem todos os povos deixaram 
de ser nômades ao mesmo tempo, tampouco a domesticação do fogo 
ocorreu em todos os lugares na mesma época. Havia diferentes rit-
mos de desenvolvimento humano. Em distintas regiões, comunidades 
continuavam caçadoras-coletoras de alimentos, utilizando artefatos 
rudimentares feitos de pedras, e, em outras regiões, já desenvolviam 
técnicas e tecnologias mais avançadas que permitiam driblar e domi-
nar a natureza e levar uma vida mais sedentária.
Na história da evolução da espécie humana, as sociedades que utiliza-
vam os utensílios de metal conquistaram ou exterminaram outras socie-
dades que não se encontravam no mesmo estágio de desenvolvimento.
Os povos antigos buscavam resolver as tarefas diárias de maneira 
criativa, sem se preocupar com a degradação ambiental. Com o passar 
do tempo e o crescimento da população, os atos, antes inofensivos, 
passaram a causar impactos ambientais devido à necessidade de mais 
recursos. As pessoas foram desenvolvendo formas de ter acesso a ali-
mentos, água, vestimentas e abrigo. Assim, aquilo que faltasse para seu 
conforto poderia ser produzido e comercializado por outros indivíduos. 
Inicialmente, o comércio se baseava em trocas. Com o aumento da pro-
dução, havia maior extração de recursos naturais, abate de animais e 
consumo de água.
À medida que a população aumentava, as tarefas diárias se torna-
vam mais complexas. O que antes era feito somente para si, passa a 
ser feito para vender ou como prestação de serviço. As 
técnicas da indústria e da agricultura foram se apri-
morando, refletindo na melhoria da qualidade 
alimentar, no aumento da produção agrícola e 
no controle das pestes, pragas e doenças.
O livro Armas, germes e 
aço: os destinos das socie-
dades humanas apresenta 
uma viagem histórica de 
13.000 anos da huma-
nidade. O livro mostra 
as diferentes fases de 
desenvolvimento em que 
se encontravam os povos 
dos seis continentes da 
Terra. Para o autor, são 
os fatores ambientais 
os reais responsáveis 
pelos acontecimentos. 
Sugerimos a leitura do 
capítulo 13, “A mãe da 
necessidade”, no qual o 
autor apresenta como as 
sociedades aceitam os 
novos inventos e os in-
tegram ao seu cotidiano, 
criando, muitas vezes, 
uma necessidade que 
antes não existia.
DIAMOND, J. Rio de Janeiro: Record, 
2009.
Livro
Utensílios de metal antigos
Stanislav Khokholkov/Shutterstock
Natureza e sociedade 11
12 Educação Ambiental
Algumas sociedades tentavam conservar suas es-
truturas agrícolas, mas o processo de industrializa-
ção foi inevitável. Esse processo colocou no mercado 
diferentes produtos, o que fez com que as pessoas 
passassem a ter necessidade de obter os utensílios 
que poderiam facilitar o dia a dia, usando menos for-
ça e ganhando mais tempo.
Com pessoas circulando por diferentes partes do 
mundo, levando suas próprias moedas, “a economia 
de subsistência e de trocas naturais tendia a ser su-
plantada pela economia monetária, a influência das 
cidades passou a prevalecer sobre os campos, e a di-
nâmica do comércio a forçar a mudança e a ruptura 
das corporações” (GOMES, 2020).
Apesar do avanço da poluição e da devastação 
ambiental, a produção e o abastecimento das cidades não podiam ser 
interrompidos. Em Portugal, por exemplo, no século XIV, ocorreu a ex-
ploração das riquezas naturais de forma desordenada. “O desequilíbrio 
entre a procura de madeira e a oferta com origem nacional acentuou-se, 
o que dificultou a regeneração da floresta portuguesa” (REBOREDO; PAIS, 
2012, p. 34). Ainda segundo os autores, para construir navios que eram 
de madeira, era necessário ter áreas florestais próximas aos estaleiros. 
Alguns tipos de pinheiros, como o pinho nórdico, ficaram escassos por-
que seus troncos mais altos eram utilizados para construir os mastros 
dos navios e por causa do grande número de navegações tornaram-se 
imprescindíveis. Além disso, a madeira era matéria-prima fundamental 
na construção civil.
A madeira era utilizada para a elaboração de diferentes elemen-
tos construtivos, como soalhos, pisos e elementos decorativos, 
mas também na execução e reparação de portas e janelas, es-
cadas, paredes divisórias interiores e estruturas do telhado. [...] 
podia servir para revestir de forma genérica o interior de alguns 
compartimentos (madeirar). [...] era ainda utilizada para o fabrico 
e reparação de utensílios de construção [...], mas também para a 
construção de andaimes (MELO; RIBEIRO, 2013, p. 234-235).
A demanda pela madeira era grande e, por isso, muitas florestas da 
Europa foram devastadas, fazendo com que fosse necessário explorar 
novas áreas no além-mar. Entre os séculos XV e XVI, o enriquecimento 
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Evolução da tecnologia agrícola.
Natureza e sociedade 13
de alguns países europeus foi ampliado devido à exploração das 
colônias na América. As grandes navegações impulsionaram o 
comércio internacional, dando início à globalização de pro-
dutos. No Brasil, que começou a ser colonizado no início 
do século XVI, os colonizadores exploravam suas rique-
zas naturais, em especial pau-brasil, ouro e diamantes. 
“A exploração do  Pau-Brasil  foi a primeira atividade 
econômica do país, logo após o descobrimento pelos 
portugueses, em 1500. A madeira foi a primeira rique-
za que saltou aos olhos dos portugueses que aqui 
chegaram” (SILVA, 2020).
No século XVIII, a Inglaterra passou a se afirmar 
como potência mundial, época em que Portugal se 
firmava como intermediário comercial entre várias co-
lônias e nações. Já, no século XIX, surgiram os grandes 
centros de produção artesanal, os entrepostos comer-
ciais, as exposições internacionais de comércio e os primei-
ros bancos. As denominadas Exposições Universais, ou Feiras 
Mundiais, duravam cerca de 15 dias e promoviam amostra de 
várias mercadorias de diferentes partes do mundo, com o objetivo 
de fortalecer um comércio mais estável e permanente entre as nações.
As Exposições Universais, ou Feiras Mundiais, foram auto repre-
sentações populares da elite industrial, ricas em ideias e plenas 
em criatividade, uma demonstração da transformação nas rela-
ções comerciais do mercado mundial, do progresso visível e do 
início de um processo de auge econômico dos países industria-
lizados tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. O objetivo 
dessas exposições era mostrar a força e a consolidação do siste-
ma fabril ao grande público e às outras nações (GOMES, 2020).
O evento ocorria em grandes pavilhões, com espaço suficiente para 
a exposição de máquinas, matérias-primas, plantas e inventos, como 
o telefone. “Para expor, eram convidados países e pessoas do setor 
industrial, principalmente donos de fábricas, os quais enviavam as 
amostras do que desenvolviam, a fim de fechar algum negócio ou sim-
plesmente divulgar seus produtos” (GUIMARÃES; LEMOS, 2016, p. 640). 
A presença dos líderes dos países era bastante comum. Foi em uma 
dessas exposições que Dom Pedro II conheceu o telefone e o trouxe 
para o Brasil.
Árvore de pau-brasil.
Afren/Wikimedia Commons
14 Educação Ambiental
No ano de 1862, o Brasil foi convidado a participar da Exposição 
Universal de Londres e apresentou-se como um promissor fornecedor 
de matéria-prima. Em 1889, na exposição de Paris, o país demonstrou 
seu potencial na produção de café e açúcar, que eram seus principais 
produtos de exportação. A famosa Torre Eiffel foi construída apenas 
para ser uma estrutura temporária, uma espécie de porta de entrada 
da exposição de 1889. Contudo, passado o evento, ela foi reconhecida 
como um potencial ponto para a instalação de uma antena de rádio e 
acabou não sendo demolida. Paris sediou mais uma vez a exposição, 
no ano de 1900. A imagem a seguir mostra uma visão panorâmica da 
área do evento.
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Vista panorâmica da Exposição Universal de Paris.
O Brasil foi sede da exposição em 1922. As Exposições Universais 
acontecem até os dias atuais. A exposição de 2020 foi programada para 
acontecer em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, com duração previs-
ta para seis meses.
As exposições se consolidaram como eventos mundiais de comércio 
de produtos dos países e promovem o intercâmbio cultural e comercial 
entre as nações. Além disso, há também a possibilidade de apresentar 
suas comidas típicas, o que deu origem às praças de alimentação com 
restaurantes especializados, tais como conhecemos. Com o passar do 
tempo, as exposições ganharam importância e se tornaram mais tec-
Natureza e sociedade 15
nológicas. O evento é sempre muito aguardado e estima-se que a par-
ticipação, na atualidade, aproxima-se de 40 milhões de pessoas.
Os países mais periféricos têm grande possibilidade de fazer negó-
cios durante o evento, tendo em vista que dependem, em muito, da 
tecnologia e do capital estrangeiro para comprar maquinários, moder-
nizar-se e competir no mercado internacional. Assim, muitas nações se 
consolidam como exportadoras de matéria-prima e importadoras de 
produtos de alta tecnologia agregada.
Vimos até aqui como a relação do ser humano com o meio ambien-
te foi evoluindo até chegar à visão de que a natureza é fornecedora 
de recursos naturais, tidos como infindáveis e comercializáveis. Nessa 
lógica, há pouca preocupação com os ciclos naturais e com as demais 
espécies de seres vivos. A produção e o comércio se tornam a base das 
relações humanas.
Dando continuidade a essa discussão dos processos produtivos e 
das relações de consumo com o meio ambiente, na próxima seção, ve-
remos as transformações sociais a partir da Revolução Industrial, que 
mudou, por completo, as relações de trabalho, aumentou a disposição 
de mercadorias e elevou o consumo. Como consequência, o meio am-
biente sofreu com a poluição e a degradação.
1.2 Transformações nos processos produtivos 
Vídeo No período que vai do século XVII até o final do século XIX, os no-
vos inventos possibilitaram a produção em larga escala, aumentando a 
oferta de bens de consumo. Com o aumento da população mundial, a 
produção de mercadorias teve de ser ampliada para atender às novas 
demandas. Não era mais possível comercializar somente o excedente, 
era preciso produzir mais e criar um mercado consumidor. As ativida-
des econômicas passaram a transformar os recursos naturais em pro-
dutos manufaturados, em grande escala. A utilização de maquinário 
fabril exigia mão de obra especializada, além de matéria-prima e ener-
gia para movimentar as máquinas. O comércio se tornou mais intenso 
e muitos bairros operários surgiram nos arredores das fábricas.
As condições de vida dos chamados proletariados eram rudimenta-
res. Muitos chegavam à exaustão por trabalhar por horas, sem descan-
so (até 16 horas por dia). Eles moravam em cortiços, sem água potável e 
sistema de esgoto, e sua alimentação era pobre em nutrientes. O traba-
16 Educação Ambiental
lho, muitas vezes, era trocado por mantimentos, abrigo e ferramentas. 
Também era comum as crianças pequenas trabalharem, complemen-
tando a renda de seus pais. As mulheres mais pobres abandonaram os 
serviços domésticos e passaram a trabalhar nas fábricas também.
As primeiras máquinas e as ferramentais mais sofisticadas permitiram 
ultrapassar a produção artesanal para as manufaturas, que eram gran-
des oficinas onde os artesãos se juntavam para produzir, porém eles não 
eram empresários, eram subordinados aos proprietários da manufatura.
A produção de mercadorias ou, em termos mais explícitos, de 
objetos necessários ao consumo, não fornecidos diretamente 
pela natureza, é o objeto de toda indústria. Portanto, por grande 
indústria é preciso entender, antes de mais nada, uma certa or-
ganização, um certo regime de produção. Mas seus efeitos se es-
tendem a toda ordem econômica e, por consequência, à ordem 
social (MANTOUX, 1989, p. 1).
A Revolução Industrial, que ocorreu, inicialmente, na Inglaterra, es-
palhando-se para França, Itália, Alemanha, Rússia e outros países da 
Europa, levou as linhas de montagem para as fábricas, com implicações 
globais, como a fragmentação e especialização do trabalho. Esse novo 
modelo aumentou a produtividade e, consequentemente, o consumo 
de mercadorias industrializadas pelas classes que detinham recursos 
financeiros para sua aquisição. A imagem a seguir mostra uma linha de 
montagem de uma fábrica têxtil, onde cada trabalhador é responsável 
pela produção de uma parte do produto.
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Sobre as condições 
precárias dos trabalhado-
res industriais, sugeri-
mos assistir ao filme A 
classe operária vai para o 
paraíso, que descreve as 
condições dos operá-
rios de uma fábrica de 
motores. Os empregados 
eram levados à exaustão, 
trabalhando em pé por 
horas, tendo em vista que 
tinham metas a serem 
atingidas. O filme mostra 
o adoecimento físico e 
psíquico dos funcioná-
rios e as lutas de classe 
decorrentes dos conflitos 
das relações de trabalho.
Direção: Elio Petri. Itália: Euro 
Internacional Films, 1971. 
Filme
Mulheres trabalhando em 
máquinas têxteis, na American 
Woolen Company, Boston, EUA.
Natureza e sociedade 17
A indústria algodoeira se destacou pelas máquinas 
de fiar e tear que aumentaram a produção e o co-
mércio têxtil, grande propulsor da Revolução 
Industrial. O algodão, matéria-prima dessas 
indústrias, era produzido nas colônias britâ-
nicas, com isso, os campos eram forçados 
a aumentar a produção, o que demandava 
mais terras para seu plantio, bem como o 
uso de água e de mão de obra.
O cultivo de plantas utilizava-se de técni-
cas rudimentares, como a monocultura e as 
queimadas para a limpeza do terreno, além de os 
detritos serem lançados diretamente nos rios ou em 
locais ambientalmente incorretos. Não havia preocupação 
com os rejeitos das fábricas, tampouco com seu destino.O importante 
era livrar-se deles.
O sucesso do algodão se deve ao seu aproveitamento para a con-
fecção de produtos e subprodutos. A matéria-prima da indústria algo-
doeira vinha dos campos, mas as fábricas estavam concentradas nos 
grandes centros urbanos da época. Até o século XVIII, era comum os 
centros urbanos mesclarem comércio, indústria, criação de animais e 
moradia. As relações comerciais, sociais e culturais foram se desen-
volvendo, sem planejamento urbano. Essa combinação de atividades 
colaborava para a propagação de doenças e a poluição ambiental, con-
tudo as famílias mais ricas podiam escolher construir suas casas nos 
arredores das cidades, em busca de ar puro, limpeza e espaço. É impor-
tante destacar que nessa época não havia coleta de lixo e tratamento 
do esgoto doméstico e industrial como conhecemos hoje.
O aumento da densidade demográfica trouxe preocupações com 
a saúde, a higiene e o saneamento para os administradores urbanos. 
Naquela época, o ferro e o vidro passaram a ser empregados nas cons-
truções de casas, palácios e consultórios médicos, dando a sensação de 
limpeza, claridade e estética. Entre os anos de 1860 e 1900, teve início 
a utilização do aço como matéria-prima, o que mudou, radicalmente, 
a construção civil, a indústria naval, os meios de transporte e as linhas 
de produção.
Modelo da máquina de fiar 
mecânica do Museu do Início da 
Industrialização, em Wuppertal, 
Alemanha.
Markus Schweiß/Wikimedia Commons >
18 Educação Ambiental
Embora o grande comércio se concentrasse nas 
cidades, os povoados mais afastados recebiam mer-
cadorias por meio dos vendedores ambulantes que 
levavam artigos variados e novidades. No Brasil, esses 
vendedores ficaram conhecidos como mascates. Es-
sas mercadorias alteravam a vida simples das pessoas 
que moravam em lugares mais remotos, despertando 
o desejo de morar na cidade e acessar as novidades.
A Revolução Industrial acelerou os processos pro-
dutivos e a especialização de ofícios até então ma-
nuais ou parcialmente mecanizados. As fábricas 
passaram a produzir em excesso, a custos mais bai-
xos, gerando a necessidade da criação de um merca-
do consumidor. Com a introdução de novas 
tecnologias e novos métodos de produção, a indús-
tria foi pressionada para se mecanizar, baixar os cus-
tos e reduzir a mão de obra. Essas medidas fizeram 
aumentar a produção e as exportações, bem como o 
desemprego das pessoas menos qualificadas.
Para o aprofundamento da abordagem sobre 
a Revolução Industrial, sugerimos assistir ao 
filme Tempos modernos, com Charlie Chaplin, 
que mostra a relação do personagem com as 
máquinas, na vida moderna dos anos 1930. Em 
determinado momento do filme, o personagem 
se integra às máquinas passando a ser mais 
um componente da linha de montagem. Além 
disso, ele realiza tantos trabalhos repetitivos que 
os repete em sua vida pessoal. O filme é uma 
provocação a pensar de forma crítica sobre o ca-
pitalismo e o modo de produção fragmentado.
Direção: Charlie Chaplin. EUA: Charlie Chaplin Corporation, 1936. 
Filme
Fábricas químicas em Ludwigshafen, Alemanha, 1881.
Robert Friedrich Stieler/Wikimedia Commons
A Segunda Revolução Industrial é caracterizada pela chega-
da da energia elétrica e utilização do petróleo como combustível e 
matéria-prima. Os segmentos fabris que mais se desenvolveram foram 
a siderurgia, a metalurgia, a petroquímica e os meios de transporte. 
Outro avanço foi a invenção dos motores de combustão que, embora 
tenham facilitado a produção e o transporte, aumen-
taram a poluição do ar.
A extração do petróleo de depósitos na-
turais, seu transporte, refino e consumo 
trouxeram como consequência a pro-
dução de gases que poluem a atmos-
fera. Ainda hoje o mundo é bastante 
dependente dos derivados e das ati-
vidades da indústria petrolífera, ainda 
que pesquisadores busquem outras ma-
Natureza e sociedade 19
trizes energéticas menos poluentes e mais eficazes. Do processamento 
industrial dos produtos do petróleo, obtém-se produtos sintéticos como: 
tecidos, inseticidas, medicamentos, tintas, plástico e explosivos, que fa-
zem parte, irremediavelmente, do cotidiano das pessoas.
O desenvolvimento de produtos derivados do petróleo mudou radi-
calmente as relações de consumo. As ferrovias foram expandidas em 
muitas regiões no mundo, permitindo escoar as mercadorias com maior 
rapidez, além de as pessoas poderem se deslocar mais facilmente. As 
produções agrícolas também foram modificadas pela introdução de má-
quinas que substituíram vários trabalhadores, os quais acabaram indo 
para as cidades em busca de empregos. Essas pessoas chegavam aos 
centros urbanos sem formação para o trabalho nas indústrias, o que 
contribuiu para o aumento da pobreza, da violência e da exploração dos 
trabalhadores, devido à disponibilidade abundante de mão de obra.
No século XIX, o capitalismo se fortaleceu e os países periféricos e 
as colônias continuaram a fornecer matérias-primas e alimentos, rece-
bendo produtos industrializados. Os objetivos da época eram racionali-
zar os processos de produção, comercializar e obter lucros. No Brasil, a 
população não estava tão concentrada nas grandes cidades e era, pre-
dominantemente, rural, o que dificultava a expansão e o fortalecimen-
to de um mercado consumidor interno. A partir de 1880, as indústrias 
brasileiras começaram a passar de manufatureiras para mecanizadas, 
principalmente nas capitais da região Sudeste.
A economia brasileira estava concentrada, preponderantemente, 
na indústria cafeeira, cana-de-açúcar e extração de minérios. Ainda 
hoje, é possível encontrar áreas que foram degradadas pela extração 
predatória dos minérios, atividade que perdura até os dias atuais.
O Brasil seguiu as tendências mundiais e, a partir do final do século 
XIX e início do século XX, as multinacionais inseriram uma cultura em-
presarial estrangeira no país. Entre as empresas, havia algumas “vol-
tadas para a produção e a distribuição de energia elétrica, quer para 
a iluminação de vias e transporte público, quer para a iluminação par-
ticular de residências e sua utilização em indústrias e serviços essen-
ciais” (OLIVEIRA, 2012, p. 1). Instalaram-se no país, também, indústrias 
para a fabricação de automóveis, até então, importados.
Para muitos industriais era dispendioso mecanizar por completo as 
fábricas, pois o maquinário utilizado no Brasil vinha de fora e, muitas 
20 Educação Ambiental
vezes, era de segunda mão. Isso tornava a indústria brasileira atrasada 
e seus produtos, caros.
A industrialização e a urbanização brasileiras se aceleraram a partir 
da década de 1930, e, após a Segunda Guerra Mundial, houve a am-
pliação das estradas de ferro no Brasil. Para isso, houve o aumento do 
desmatamento de extensas áreas para a instalação das linhas férreas. 
Além disso, ocorreu a ampliação das estradas de rodagem, que interli-
garam várias regiões do país, possibilitando o escoamento mais rápido 
das produções agrícolas e de mercadorias.
Com o aumento da população e do deslocamento para o trabalho, 
o comércio e o lazer, foi necessário organizar o trânsito e a logística de 
distribuição de alimentos, serviços de saúde, educação e segurança. O 
acesso a bens e serviços exigiu mudanças na estrutura das cidades e 
alterou o modo como as pessoas interagiam com o ambiente natural, 
que passou a simbolizar atraso. Nesse processo, foi, e é, comum a de-
vastação das áreas naturais sem medir as consequências. Desse modo, 
o meio natural acabou se tornando a antítese do desenvolvimento. O 
pensamento de que o meio ambiente natural representa atraso social, 
cultural e econômico perdura até os dias atuais.
Vimos até aqui como as transformações nos processos produtivos 
alteraram a relação do ser humano com a natureza. Nessa nova rela-
ção não é mais possível esperar a natureza seguir seu curso, tampouco 
retirar dela somente o necessário para a sobrevivência. Os recursos 
naturais passaram a ser explorados com vistas à obtenção de lucros. 
Napróxima seção, serão apresentados alguns impactos ambientais 
causados pelo processo de industrialização e suas consequências, que 
podem ser devastadoras para o meio ambiente e para a vida humana.
1.3 A Era Industrial e os impactos ambientais
Vídeo O processo de industrialização e urbanização cooperou para a consti-
tuição de uma sociedade de consumo. O crescimento da população nos 
grandes centros urbanos gerou agravamento da pobreza e das desigual-
dades sociais, disputa por espaços e, consequentemente, aumentou o 
consumo e a geração de problemas ambientais em escala global.
Com a expansão das multinacionais, no mundo globalizado, as na-
ções passaram a disponibilizar produtos iguais, colocados no mercado 
Natureza e sociedade 21
a preços, razoavelmente, acessíveis. As grandes corporações disputa-
ram os consumidores, lançando pequenas modificações nos apare-
lhos. Com isso, cria-se uma falsa necessidade de trocá-los.
A geração de resíduos eletrônicos vem aumen-
tando na mesma velocidade que as inovações. As 
pessoas são estimuladas a consumir produtos ele-
trônicos com prazo de validade, a chamada obsoles-
cência programada. Isto é, os produtos que poderiam 
durar mais, estragam ou ficam ultrapassados. Assim, 
as pessoas descartam os antigos aparelhos, sem ne-
nhum critério, para adquirir os novos.
Devido ao avanço da circulação de pessoas que seguem para o 
trabalho, constroem suas moradias e fazem compras, o consumo preva-
lece e o desperdício acaba se naturalizando. Além disso, o aumento do 
número de indústrias coincide com a poluição do ar e dos rios.
Os rios urbanos de todo o mundo sofrem com o descarte de lixos 
industriais e domésticos, bem como o esgoto não tratado. Muitas in-
dústrias despejam seus rejeitos diretamente nos rios, solos e mares. 
Substâncias como mercúrio, chumbo e outros metais pesados são 
facilmente derramados nas águas, condenando os animais e plantas 
aquáticas e as comunidades que dependem do rio para sua sobrevi-
vência. É comum ver nos noticiários a redução de peixes em algumas 
áreas em que antes ocorria a pesca em abundância. A captação de 
água para consumo e irrigação também é afetada. O lançamento de 
esgoto não tratado aumenta a contaminação das pessoas por doenças, 
como hepatite e cólera. Os solos também são afetados pelo depósito 
de materiais tóxicos industriais, além dos lixões em regiões em que não 
há aterro sanitário.
Embora muitas pessoas tenham conhecimento de que essas atitudes 
são erradas e acarretam problemas ambientais, muitas vezes irreversí-
veis, como a extinção de espécies animais e vegetais, ainda perdura o 
pensamento de que na natureza tudo se regenera rápido e facilmente. 
Os meios de comunicação, hoje, muito mais abrangentes que outrora, 
divulgam informações sobre poluição, erosão do solo, chuvas ácidas, 
seca, desmatamento, desertificação, entre tantos outros impactos am-
bientais, mas essas notícias parecem não atingir a maioria das pessoas. 
Nem sempre as informações corretas são as que mais repercutem.
 Cristian Dina/Shutterstock
22 Educação Ambiental
Os sites, as rádios, os canais de televisão, os jornais e as redes so-
ciais mudaram substancialmente as formas de consumo de todo o 
mundo, possibilitando às pessoas conhecer produtos nunca imagina-
dos. Incialmente, a TV, por exemplo, não tinha o objetivo de alertar 
para os problemas ambientais. Isso só ocorreu a partir da década de 
1970, em que o mundo começou a presenciar movimentos que denun-
ciavam problemas ambientais.
Os meios de comunicação tiveram e têm grande importância na 
divulgação de informações, mas concentram-se nas propagandas de 
produtos e serviços. As pessoas são seduzidas por marcas, facilidades, 
prestígio, status e novidades, sem a preocupação sobre toda a cadeia 
produtiva que está por trás daquilo que é anunciado. Ainda não existe 
uma consciência coletiva sobre os impactos ambientais causados pelas 
escolhas de consumo. É como se o problema e a solução estivessem 
sempre nas mãos de outra pessoa.
A indústria e o comércio se beneficiam da falta de informações e 
de conscientização por parte dos consumidores. As pessoas continuam 
consumindo os produtos de uma determinada fábrica, mesmo saben-
do que ela mantém seus funcionários em condições análogas à escra-
vidão, emprega crianças, explora os recursos naturais até exauri-los e 
polui as águas, o ar e o solo. Mas não é só a indústria de produtos 
de consumo que causa impactos ambientais, a atividade agropecuária 
também desencadeia danos ao meio ambiente.
A agricultura é reconhecida como a base da economia de países 
fornecedores de alimentos e de insumos, como o Brasil. Contudo, sa-
be-se que a atividade agrícola, apesar de imprescindível, utiliza-se de 
produtos químicos como fertilizantes, adubos, defensivos agrícolas e 
maquinário pesado que degradam grandes áreas naturais. Além disso, 
práticas como queimadas, monoculturas, desmatamento e compacta-
ção do solo ainda são comuns.
A atividade agropecuária acaba por desequilibrar os ciclos naturais 
de espécies de seres vivos, como insetos, pássaros e anfíbios. Outra 
situação preocupante é o desmatamento, que pode provocar a dizima-
ção de várias espécies animais, muitas em risco de extinção. Os rejeitos 
de produtos químicos lançados nos rios e lagos prejudicam os animais 
e plantas aquáticos, assim como as comunidades que deles dependem 
para seu sustento.
Natureza e sociedade 23
A agropecuária moderna se caracteriza pelo grande uso de máqui-
nas e insumos que aumentam a produtividade e sustentam o mundo. 
Nas grandes metrópoles, é grande o consumo de alimentos e de todos 
os produtos que estejam disponíveis. Aqueles que não produzem, ou 
seja, que apenas consomem, pouco sabem do processo produtivo e 
dos impactos ambientais causados para que os produtos cheguem às 
prateleiras de lojas e supermercados. A produção de um celular, hoje 
tão comum nas mãos das pessoas, exige a extração de diversos recur-
sos, como lítio, tântalo, estanho, cobalto, platina, assim como uso de 
água, cola, plástico e vidro (QUAIS..., 2020).
Outro ponto impactante ao meio ambiente são os elementos 
de terras raras que são utilizados para a fabricação de imãs, ba-
terias, luzes de LED, alto-falantes, placas de circuito impresso e 
telas de vidro polido. O mercado mundial desses elementos é do-
minado pela China que, ao extrai-los, causa fortes impactos ao 
meio ambiente. Os resíduos de sua extração incluem o arsênio, 
bário, cádmio, chumbo, fluoretos e sulfatos - a partir de uma to-
nelada de minério, 75 mil litros de efluentes ácidos são gerados, 
além de uma enorme quantidade de efluente gasoso e pouco 
menos de uma tonelada de resíduos radioativos (QUAIS..., 2020).
Devido à alta produtividade e às transformações nos processos de 
fabricação, o século XX foi campeão de lançamento de poluentes na 
atmosfera, em especial, o gás carbônico, gerado pela queima de com-
bustíveis fósseis, como carvão, gasolina e óleo diesel, ocasionando, en-
tre outros problemas, o efeito estufa. Como consequência, podem ser 
citados a elevação da temperatura, o derretimento das geleiras e calotas 
polares, a extinção de espécies e as alterações nas dinâmicas naturais.
Os países mais desenvolvidos são campeões de produção e consu-
mo e, assim sendo, lideram a exploração e a degradação dos recursos 
naturais e a poluição do ar, da água e do solo. Os problemas ambien-
tais desencadeados pela expansão do capitalismo culminam na exaus-
tão dos recursos naturais e da poluição do ambiente urbano e rural. 
Para atender à demanda de consumo e de produção, aumentam-se 
as lavouras, pastagens, mineração e extração vegetal. Os elementos 
naturais são vistos como recursos econômicos, em um pensamento de 
que a natureza é infindável.
Portanto, o consumo causa impacto direto e indireto ao meio natu-
ral. As escolhas que fazemos na hora de consumir trazem consequên-
cias ao meio ambiente, em escala local e global, e isso deve nos fazer 
repensar nossas escolhas e ações.
https://www.ecycle.com.br/1912-terras-raras.htmlhttps://www.ecycle.com.br/1912-terras-raras.html
https://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/428-mercurio-cadmio-e-chumbo-os-inimigos-intimos-presentes-nos-eletronicos.html
24 Educação Ambiental
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vimos nesse capítulo que as atividades humanas e o consumo causam 
impactos ao meio natural. As consequências podem ser sentidas por to-
dos, em menor ou maior grau, por meio da poluição ambiental presente 
nos grandes centros urbanos. Do mesmo modo, percebe-se nas áreas 
rurais a escassez de água, o processo de desertificação em determina-
das regiões, a diminuição de peixes em áreas pesqueiras, o avanço de 
espécies animais nas áreas urbanas e a elevação da temperatura, medida 
pelos cientistas.
A crise ambiental que se instala pelos processos de industrialização e 
de consumo pode servir como disparador para repensarmos as atitudes 
diante do nosso planeta, a fim de garantir a sobrevivência humana e das 
demais espécies de maneira equilibrada. Passos iniciais de reflexão pre-
cisam ser dados, de modo a não naturalizar as relações de consumo e de 
exploração dos recursos naturais.
ATIVIDADES
1. Neste capítulo, mostramos que a relação inicial do ser humano 
com a natureza era a de exploração dos recursos naturais para a 
sobrevivência. Sabemos que ainda há povos que se relacionam dessa 
forma com a natureza, como os indígenas, por exemplo. Discorra 
sobre como é possível, nos tempos atuais, existirem grupos humanos 
que vivem isolados, sobrevivendo apenas do meio natural.
2. A indústria algodoeira se destacou no início da Revolução Industrial. 
Seu cultivo se dava por meio de técnicas rudimentares que degradavam 
o meio ambiente. Na atualidade, a agricultura utiliza técnicas e 
maquinários modernos e mais eficientes. O que mudou quanto ao 
cuidado com o meio ambiente?
3. Na atualidade, as pessoas podem ter acesso a informações sobre o 
que acontece no mundo, em tempo real. Para isso, basta, por exemplo, 
ligar a TV, acessar a internet, ouvir notícias pelo rádio, enfim, as opções 
são diversas. De que modo os meios de comunicação podem colaborar 
para a disseminação de informações que possam ajudar na reflexão 
dos impactos ambientais causados pela humanidade?
Natureza e sociedade 25
REFERÊNCIAS
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Record, 2009.
GOMES, A. C. Exposições Universais ou Feiras Mundiais. Algosobre, 2020. Disponível em: 
https://www.algosobre.com.br/historia/exposicoes-universais-ou-feiras-mundiais.html. 
Acesso em: 27 abr. 2020.
GUIMARÃES, F. V.; LEMOS, L. H. A contribuição das exposições universais para a sociedade 
da informação. Revista ACB, [S.I], Florianópolis, v. 21, n. 3, p. 639-650, dez. 2016. Disponível 
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MANTOUX, P. A Revolução Industrial. São Paulo: Hucitec, 1989.
MELO, A. S.; RIBEIRO, M. do C. História da Construção: arquiteturas e técnicas construtivas. 
Braga: Candeias Artes Gráficas, 2013.
OLIVEIRA, M. P. A indústria elétrica no Brasil no início do século XX: a Companhia Brasileira 
de Energia Elétrica e a atuação do Grupo Guinle & Cia na produção do urbano e suas redes 
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DE REDES TÉCNICAS URBANAS EN AMERICA Y EUROPA. Anais [...] Barcelona, Universidad 
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QUAIS os impactos ambientais de um smartphone? eCYCLE, 2020. Disponível em: https://www.
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REBOREDO, F.; PAIS, J. A construção naval e a destruição do coberto florestal em Portugal: 
do século XII ao século XX. Revista Ecologi@, n. 4, p. 31-42, 2012. Disponível em: https://
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SILVA, B. I. da. Exploração do Pau-Brasil. Infoescola, 2020. Disponível em: https://www.
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http://www.ub.edu/geocrit/Simposio/cMOliveira_Aindustria.pdf
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https://www.speco.pt/images/Artigos_Revista_Ecologia/revistaecologia_4_art_3_2.pdf
https://www.speco.pt/images/Artigos_Revista_Ecologia/revistaecologia_4_art_3_2.pdf
26 Educação Ambiental
2
Consumo, consumismo 
e meio ambiente
Neste capítulo, abordaremos o estímulo ao consumo e ao 
consumismo, e as consequências da produção de resíduos sóli-
dos urbanos para o meio ambiente. Estudaremos que os hábitos 
de consumo se naturalizaram e muitas relações humanas foram 
substituídas pelo prazer por compras, o qual caminha com indivi-
dualismo, egoísmo, culto ao novo, ao sucesso, à satisfação e busca 
constante pela felicidade. Além disso, os hábitos de consumo e a 
geração de resíduos têm impacto direto na conservação e na pre-
servação ambientais, o que denota a importância de ações urgen-
tes para minimizar os impactos ambientais no planeta.
2.1 Consumo e consumismo 
Vídeo O século XXI está se consolidando como altamente tecnológico, o que 
interfere nas relações de consumo e direciona as interações humanas e 
a construção de suas identidades, delimitando espaços e pertencimento 
a grupos sociais. A tecnologia caminha com o consumo, o qual se confi-
gura como atividade central das sociedades capitalistas. Na compreen-
são de Bauman (2008, p. 37), o consumo se constitui em uma “condição, 
e um aspecto permanente e irremovível, sem limites temporais ou histó-
ricos; um elemento inseparável da sobrevivência biológica que nós hu-
manos compartilhamos com todos os outros organismos vivos”.
A rápida produção de bens e a oferta de serviços tornam a vida 
humana mais fácil e provocam inquietações na busca constante pelo 
novo e moderno. Tudo que é produzido tem por objetivo ser consumi-
do e, para isso, são necessários consumidores ativos e aptos a comprar 
o que o mercado almeja, passando ao consumismo. Assim, explora-se 
Consumo, consumismo e meio ambiente 27
a valorização do novo e moderno, em detrimento do antigo, usado, ve-
lho. Isso vale, também, para as relações sociais que mudaram a ponto 
de não serem estáveis e duráveis. O consumo, nesse sentido, expressa 
o individualismo, o egocentrismo e a indiferença.
O limite entre o consumo e o consumismo é tênue, pois o que para 
muitos pode representar consumismo, devido às suas condições finan-
ceiras, para outros não passa de um consumo básico. Por consumismo 
pode-se entender o ato de adquirir produtos sem um critério mínimo, 
sem refletir sobre a real necessidade e utilidade do produto, muitas 
vezes, supérfluo. Para Bauman (2014, p. 96), atualmente, consumismo 
“não diz respeito à satisfação de necessidades – nem mesmo as mais 
sublimes, distantes. [...] o desejo tem a si mesmo como objeto constan-
te, e por essa razão está fadado a permanecer insaciável”.
Há teóricos que cunham o termo sociedade de consumo para os tem-
pos em que vivemos, em que ter é mais importante do que ser. Para 
as autoras Aguiar e Nascimento (2018, p. 2), a sociedade de consumo 
tem como características “o culto ao novo; o descarte e o desprezo ao 
velho ou ultrapassado; a obsolescência e efemeridade dos produtos, 
com a crescente brevidade de seu tempo de vida útil ou valor social e a 
mercantilização da vida”.
O artigo Consumismo, obsolescência programada e a qualidade de vida da 
sociedade moderna, de Edevaldo da Silva, Habyhabanne Maia de Oliveira e 
Patrícia Maria da Silva, faz uma provocação que nos leva a pensar sobre 
o consumo ser mais importante que o ser e o existir. Os autores também 
abordam a obsolescência programada dos produtos, que instiga as pessoas 
a consumir e ocasiona a geração de mais resíduos.
Acesso em: 6 maio 2020. 
http://www.revistaea.org/pf.php?idartigo=2108
Artigo
A imagem de consumo está atrelada à felicidade pela qual a bus-
ca ocorre continuamentepor meio do consumo de novidades que se 
tornam obsoletas, ultrapassadas e descartáveis em um curto espaço 
de tempo. Essa busca pela felicidade é típica da sociedade hedonista, 
que se agarra aos prazeres imediatos e tem no consumo um meio para 
satisfazer seus desejos. Nesse processo, são atribuídos às mercado-
rias valores sociais como felicidade, jovialidade, sensualidade e beleza. 
O consumo passa a carregar a função de entregar aos consumidores 
sociedade hedonista: segun-
do Lipovetsky (2015) é centrada 
no divertimento, na distração, no 
espetáculo, no lazer, na emoção, 
nos afetos e nas sensações. Essa 
sociedade busca o prazer em 
suas atividades, não deixando 
espaço para a frustração, a 
insatisfação e a infelicidade.
Glossário
28 Educação Ambiental
esses valores, independentemente de suas condições físicas, sociais, 
econômicas e culturais. São representações construídas pelo imaginá-
rio social.
A possibilidade de consumo gera uma falsa sensação de poder, de 
superioridade, além de dependência. Contudo, o poder que o consumi-
dor verdadeiramente tem é transferido por ele para a publicidade, que 
decide o que ele vai comprar por meio da oferta de produtos.
O mercado de consumo existe porque a produção em larga escala o 
sustenta, produzindo mais do que as pessoas precisam, desencadean-
do a desvalorização dos bens de consumo e dos consumidores. Os 
produtores controlam os comportamentos do mercado consumidor, 
inserindo necessidades, por vezes, dispensáveis e superficiais.
ki
ko
vic
/S
hu
tte
rs
to
ck
O que está à venda não são somente produtos, mas experiências, 
sensações, prazeres e conquistas. Além disso, as pessoas despendem 
tempo e dinheiro com lazer, diversão e serviços. Não só os produtos 
físicos são objetos de desejo, mas também a beleza, a juventude, o 
prazer e o conforto. Aqueles que não conseguem acessar esses bens 
e serviços sentem-se excluídos dos grupos sociais (e muitas vezes de 
fato são).
Silva (2014) chama a atenção para as compras que são feitas por 
impulso, que têm como objetivo a satisfação imediata de uma vonta-
de. Segundo a autora, o comércio depende das compras feitas por im-
pulso, sem planejamento. Há compradores que passam das compras 
Consumo, consumismo e meio ambiente 29
impulsivas para as compras compulsivas, que podem se tornar uma 
patologia. Para ela “a compulsão por compras deve ser reconhecida 
como uma doença crônica que, sem tratamento, tende a evoluir de ma-
neira crescente e devastadora. Ela funciona como qualquer outro tipo 
de dependência (ou vício)” (SILVA, 2014, p. 47).
O valor simbólico dos produtos os associa a determinado padrão 
de vida almejado por grupos que desejam ascender social e econo-
micamente. Valores humanos como respeito, honestidade, empatia, 
senso de justiça, solidariedade e ética são desconsiderados na aqui-
sição de produtos. Novos valores são criados como o culto ao novo e 
ao moderno, a rapidez e a atualização. A procedência do que se está 
comprando, em geral, não é questionada, o importante é comprar o 
produto desejado.
O apelo publicitário para o consumo busca incutir a sensação de se 
estar fora de moda, pela comparação entre as pessoas. A satisfação 
com as compras é diferente de uma pessoa para outra. Para algumas 
pessoas, a satisfação se dá pelo atendimento às necessidades básicas, 
como se vestir, morar, comer, e outras se satisfazem com isso e com 
viagens, carros de luxo, joias e mansões.
Leivas (2006) trata das condições que o ser humano precisa para 
desenvolver, de modo livre, seu projeto de vida, atendendo às necessi-
dades essenciais que tornam a vida mais agradável. Para ele, é preciso 
um mínimo existencial para desenvolver as condições econômicas, so-
ciais e culturais.
O mínimo existencial é a parte do consumo corrente de cada ser 
humano, seja criança ou adulto, que é necessário para a con-
servação de uma vida humana digna, o que compreende a ne-
cessidade de vida física, como a alimentação, vestuário, moradia, 
assistência de saúde etc. (mínimo existencial físico) e a necessi-
dade espiritual-cultural, como educação, sociabilidade etc. (LEI-
VAS, 2006, p. 135)
O consumo humano vem ultrapassando esses itens básicos, que 
trariam conforto e bem-estar, para enaltecer aquilo que dá pra-
zer e que pode ser apresentado. Roldão (2018, p. 5) destaca a teo-
ria da necessidade, conhecida como Pirâmide de Maslow, segundo a 
qual “pessoas trabalham para garantir a sua sobrevivência e neces-
sidade de segurança”. A figura a seguir representa a hierarquia das 
necessidades.
30 Educação Ambiental
Figura 1
 Pirâmide de Maslow
Necessidade de autorrealização
Necessidades de estima
Necessidades fisiológicas
Necessidades sociais
Necessidades de segurança
Moralidade, criatividade, autodesenvolvimento e prestígio.
Autoconfiança, reconhecimento, conquistas, respeito dos 
outros, confiança.
Alimentação, sono, abrigo, água.
Amizades, socialização.
Proteção contra a violência, proteção para a saúde e recursos 
financeiros.
Fonte: Elaborada pela autora com base em Roldão, 2018, p. 5.
A democratização do consumo e o desejo de consumir provocam 
reconfigurações sociais, nas quais as pessoas são induzidas a comprar 
por impulso, sem necessidade, atraídas pelas imagens que os produtos 
e suas marcas carregam. A marca está cheia de símbolos, de repre-
sentações que foram atribuídas a ela pelo seu idealizador ou por seus 
compradores. Esses símbolos e representações são reconfigurados 
pela publicidade, que reforça a imagem de qualidade, conforto, inclu-
são social, status e durabilidade do produto.
A aquisição de um produto ou serviço pode ocorrer por indução 
do sistema capitalista. Esse sistema, por meio da publicidade, cria 
pseudonecessidades momentâneas, fazendo com que a produção e 
o consumo se retroalimentem. Quando alguém desenvolve um pro-
duto, cria, também, um modo de consumo e, consequentemente, 
um modo de viver.
Para movimentar a engrenagem do consumo, os produtos postos à 
venda não são desenvolvidos para durar muito. Eles são pensados para 
serem trocados assim que uma novidade for agregada ao modelo an-
terior. A vida útil de um produto deve ser o tempo suficiente para que 
a pessoa o use, enjoe dele e o descarte, o que não significa que o pro-
Consumo, consumismo e meio ambiente 31
duto esteja velho ou avariado. A publicidade cumpre a sua função de 
mostrar o novo e criar as necessidades, depreciando, subjetivamente, 
o antigo, fazendo-o parecer símbolo do atraso, do feio e do inútil. O 
novo promete felicidade, status e inserção social.
Aqueles cidadãos que não podem consumir 
com muita frequência acabam por se sentir 
excluídos dos círculos sociais. O que cada 
um consome, reflete aquilo que o sujeito 
é ou aquilo que quer representar. Por 
meio daquilo que veste, come, bebe, lê, 
escuta e posta em suas redes sociais, a 
pessoa constrói a identidade pela qual 
quer ser reconhecida. 
A possibilidade de escolher algo para 
comprar traz a sensação de independên-
cia, de estar exercendo a cidadania por 
meio da liberdade de escolha. Mas, na ver-
dade, a pessoa está seguindo os passos que lhe 
foram determinados, para fazer a máquina da economia girar e garan-
tir o lucro dos que detêm o capital.
Por um lado, temos o consumo popular da classe trabalhadora que, 
além de alimentos e remédios, se esforça para comprar roupas, carros, 
casa e eletroeletrônicos parcelados em muitas vezes. Por outro lado, 
existem os mais ricos que, embora não sejam em grande número, acu-
mulam a maior parte das riquezas do mundo. Para eles, existem arti-
gos de luxo que os diferenciam das demais pessoas. “O quintil mais 
rico da população mundial responde por 86% do total de despesas com 
consumo privado. Em contraste, o quintil mais pobre responde a 1,3%” 
(CONTEXTO..., 2020, p. 1). Também é importante abordar que existem 
pessoas miseráveis que não têm condições financeiras para consumir 
e, ainda, dependem da caridade alheia para acessar alimentos, remé-
dios e abrigos.
Osprofissionais de venda conhecem bem as artimanhas para atrair 
cada nicho de mercado e, muitas vezes, fazem a classe trabalhadora 
se iludir, achando que faz parte de um nível hierárquico superior de 
consumo, ao promover a venda de produtos que as classes mais abas-
Monkey Business Images/Shutterstock
32 Educação Ambiental
tadas já não apresentam interesse. Há grifes de roupas que preferem 
queimar as peças que não foram vendidas a vender por preços mais 
acessíveis. Isso vem provocando reações de ativistas, ambientalistas e 
acionistas das empresas, que exigem mudanças.
Os produtores usam essa estratégia para proteger a imagem das 
marcas, mas não levam em consideração a poluição ambiental gera-
da pela queima, além do desperdício de toda a matéria-prima que foi 
utilizada na produção das peças. O que está em jogo é o lucro que se 
obtém com o mercado de luxo, cujo público não quer que os produ-
tos exclusivos possam ser usados por pessoas menos endinheiradas. É 
uma espécie de segregação social e econômica.
Pode-se dizer que o consumo é induzido e naturalizado pelas cam-
panhas publicitárias. Os anúncios perpassam todas as áreas da vida 
social, não distinguindo gênero, idade, situação socioeconômica e cul-
tural. Cada grupo social atribui diferentes significados e sentidos ao 
que é publicado, de acordo com sua realidade, sua vivência e suas ex-
pectativas. Os meios de comunicação divulgam a ideia de que a felicida-
de está atrelada ao consumo, vendendo a imagem de que pessoas que 
consomem são bonitas, bem-sucedidas e felizes.
Há pessoas que, por vezes, em busca de prazer e felicidade, para 
continuar consumindo, acabam se endividando, isso pode gerar sen-
sações e sentimentos contrários, como insatisfação, dependência e an-
siedade; sem contar os impactos ambientais causados pelo consumo 
desenfreado, como a demanda por mais recursos naturais e a geração 
de resíduos. Sabe-se que o consumo é indispensável para sustentar os 
sistemas capitalistas em movimento. O consumismo, por sua vez, vai 
além: mantém as pessoas poderosas cada vez mais ricas, concentran-
do nas mãos de poucos a maior parte das riquezas do mundo.
O consumismo é constantemente realimentado de maneira que os 
consumidores se sintam sempre insatisfeitos com o que já possuem. 
Isso ocorre, principalmente, por meio das ações de marketing que bus-
cam se antecipar às necessidades, oferecendo o produto certo para o 
cliente apto a comprá-lo, concretizando os negócios. Essas ações são 
definidas por profissionais que estudam o comportamento dos con-
sumidores, as tendências de mercado e as políticas econômicas. Para 
Algumas marcas estão as-
sumindo o compromisso 
de repensar estratégias 
mais sustentáveis em 
suas linhas de produção. 
Paula De Boni De Lucchi 
fez um estudo sobre a 
marca de moda Burberry 
com o objetivo de com-
preender as estratégias 
diferenciadas do merca-
do de luxo. Esse estudo 
mostra que, embora 
a marca realize ações 
para ser considerada 
socialmente responsável, 
ainda tem dificuldade de 
renunciar a hábitos que 
podem prejudicar a sua 
reputação.
Disponível em: https://www.
lume.ufrgs.br/bitstream/hand-
le/10183/192966/001087569.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. 
Acesso em: 7 maio 2020.
Conforme mostra a re-
portagem Burberry quei-
ma R$ 143,79 milhões em 
produtos para proteger 
sua marca, essa prática 
ainda é bastante comum. 
A justificativa, por parte 
da marca, para a des-
truição de estoque seria 
uma medida visando 
preservar a propriedade 
intelectual e impedir a 
falsificação dos produtos. 
De acordo com Orsola de 
Castro, especialista em 
moda sustentável e ética, 
o ato da Burberry não é 
ecologicamente correto e 
não existe uma maneira 
de se desfazer dessa 
quantidade de roupas 
sem ser ambientalmente 
invasiva.
Disponível em: https://
oglobo.globo.com/ela/moda/
burberry-queima-14379-mi-
lhoes-em-produtos-para-proteger-
-sua-marca-22901776. Acesso em: 
7 maio 2020. 
Saiba mais
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
https://oglobo.globo.com/ela/moda/burberry-queima-14379-milhoes-em-produtos-para-proteger-sua-marca-22901776
Consumo, consumismo e meio ambiente 33
viabilizar os negócios são traçadas estratégias que vão do design do 
produto, propagandas que serão veiculadas nos meios de comunica-
ção até como o produto será exposto nas vitrines das lojas.
O comércio organiza suas vitrines de modo que os consumidores se-
jam seduzidos pelos produtos, preços e condições de pagamento. Nas 
lojas de departamentos, há ainda a possibilidade de tocar os produtos, 
experimentá-los e decidir o que comprar de maneira autônoma, sem a 
interferência de um vendedor. Além disso, o comércio conta com profis-
sionais especializados em organizar vitrines, chamados vitrinistas, que 
preparam os produtos mesclando-os com outros materiais. Esses pro-
fissionais precisam ter noções de comunicação visual, marketing e arte.
Os objetos e a composição dessas vitrines estão impregnados de 
ideias e elementos conceituais que pretendem fortalecer a iden-
tificação da marca ou despertar emoções e sensações relacio-
nadas a ela, nos consumidores. O objetivo final dessas vitrines, 
então, é criar associações e critérios de identificação e valoração 
de produtos e marcas (DRIESSEN, 2015, p. 12).
Com o advento da internet, as vitrines que eram vistas somente nos 
comércios físicos, passaram a ter suas versões virtuais. Os produtos 
que antes ficavam nas lojas, hoje, estão à disposição nos computadores 
e celulares. Nos sites de compras, os consumidores podem pesquisar 
sobre as características dos produtos, opiniões de quem já os comprou 
e comparar preços, tudo isso sem precisar sair de casa.
Como notamos, a sociedade está imersa na cultura do consumo 
e é preciso pensar em possibilidades para mudar a concepção de 
consumo de maneira responsável. Esse modo de pensar passa pelas 
questões ambientais. Ao consumir, as pessoas acabam desconside-
rando a realidade e os princípios que estruturam as fontes de recur-
sos naturais.
O consumo para a sobrevivência abre espaço para o consumis-
mo e coloca em risco a preservação e a conservação ambientais. 
Os conhecimentos científicos e saberes históricos podem colaborar 
para as tomadas de decisões com possibilidades de transformar a 
realidade atual. Daí a importância de promover debates sobre o con-
sumo responsável que vise à sustentabilidade ambiental, de modo 
a provocar a sensibilidade de que todos os seres têm direito a um 
ambiente saudável.
34 Educação Ambiental
2.2 Resíduos sólidos urbanos e 
impactos ambientais Vídeo
O consumo e o consumismo da sociedade atual configuram-se em 
uma inquietação para aqueles que se preocupam com as condições do 
meio ambiente. A capacidade de resiliência de muitos ecossistemas é 
constantemente pesquisada devido aos impactos ambientais causados 
pelas ações humanas no planeta, que apresenta suas limitações. O dis-
curso econômico instiga o consumo de bens materiais, ideias, estilos 
e prestação de serviços. O dilema de continuar a produzir e consumir 
se confronta com a necessidade de repensar os hábitos humanos que 
estão comprometendo os recursos naturais.
As novas formas de produção utilizam grande quantidade de mate-
rial sintético, alterando a decomposição do que está sendo descartado. 
O que antes era feito pelas pessoas em suas casas, na atualidade, é 
comprado pronto, embalado ou é encomendado de um prestador de 
serviço. Com isso, aumenta-se a demanda por matéria-prima e por re-
cursos naturais e tecnológicos.
O desperdício de recursos materiais e financeiros ocorre nas ca-
deiasprodutivas. Costabile (2017, p. 41) chama a atenção para o fato 
de que, no Brasil, por exemplo, estima-se que a perda anual seja de 
“R$ 2,7 bilhões a cada safra com o derrame de grãos devido às más 
condições das estradas, a inadequação do transporte utilizado, insufi-
ciência na rede de armazenagem e mão de obra desqualificada”. Isso 
ocorre no plantio, na colheita, no transporte e no armazenamento. 
Depois disso, há desperdício por parte dos consumidores, que com-
pram mais do que necessitam e não dão destino correto aos resíduos 
sólidos urbanos.
A Lei n. 12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Só-
lidos, define os resíduos sólidos urbanos como aqueles originários das 
atividades domésticas e de varrição, limpeza de ruas e outras limpezas 
da cidade (BRASIL, 2010). Esse tipo de resíduo é composto de papel, 
vidro, metais, papelão, matéria orgânica, plástico, garrafas PET, isopor 
e óleos. Deve-se acrescentar, ainda, os resíduos dos estabelecimentos 
comerciais, industriais, de serviços de saúde, da mineração, da constru-
ção civil e os resíduos tóxicos.
O vídeo Antes & Depois da 
Lei #26 – Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, publi-
cado pelo canal Superior 
Tribunal de Justiça (STJ), 
exibe um panorama da 
produção de resíduos e 
suas consequências para 
o meio ambiente. Além 
disso, apresenta as legis-
lações que tratam dos 
resíduos sólidos e como 
a Justiça vem trabalhando 
para implementá-las. São 
abordados, também, as-
pectos da separação dos 
resíduos e da responsa-
bilização dos produtores 
de mercadorias, por meio 
da logística reversa. É um 
convite a repensarmos 
nossas atitudes frente 
à geração de resíduos 
e o que cada um pode 
fazer para mudar essa 
realidade.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A. 
Acesso em: 6 maio 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A
https://www.youtube.com/watch?v=yh2itUQ4K0A
Consumo, consumismo e meio ambiente 35
A referida lei regulamentou a destinação final dos resíduos sóli-
dos, buscando proteger o ambiente natural e a saúde das pessoas. 
Essa legislação estabeleceu novos instrumentos de gestão ambien-
tal, responsabilizando desde o produtor até o consumidor final. 
Além de incentivar a reciclagem e a compostagem como formas de 
diminuir o volume de resíduos que segue para os aterros, proibiu 
seu descarte em locais abertos, sem tratamento adequa-
do, os chamados lixões.
Os lixões nada mais são do que espaços sem 
nenhum preparo, nos quais são depositados 
os resíduos. Eles se tornaram um grande 
problema ambiental, pois o chorume re-
sultante da decomposição do lixo pode 
atingir lençóis freáticos. Outro problema é 
que adultos e crianças invadem esses lugares 
em busca de materiais recicláveis e alimentos. 
Essas pessoas ficam expostas à contaminação por 
doenças como leishmaniose, leptospirose, hepatite B e 
pelo contato com objetos cortantes, seringas e preservativos.
É importante destacar que, no Brasil, há vários lixões abandona-
dos, sem nenhum tratamento. Esses espaços podem até não estar 
mais recebendo lixo, mas continuam poluindo a natureza por anos. 
Estima-se que alguns materiais possam levar décadas ou séculos para 
se decomporem, como o metal (mais de 100 anos) e o plástico (de 
30 a 40 anos), enquanto outros materiais, como a borracha, levam 
um tempo indeterminado. Há registros, também, de bairros popula-
res que são construídos sobre o que antes era um lixão. Esses bair-
ros apresentam grande potencial para sofrer com a decomposição 
do lixo que pode se compactar e tem a possível liberação de gases 
tóxicos. Nesses locais, evidentemente, habitam as camadas pobres 
da população.
Os aterros controlados, por sua vez, são mais eficientes que 
os lixões, pois ocorre, ao menos, maior controle. O lixo é coberto 
com terra, o que impede que as pessoas o revirem e é possível con-
trolar vetores de doenças, como ratos, moscas e outros agentes 
transmissores.
kanvag/Shutterstock>
36 Educação Ambiental
Embora a melhor opção seja a menor geração possível de resí-
duos, o que se tem de mais eficaz para a disposição do lixo são os 
aterros sanitários. Esses espaços são preparados previamente para 
a recepção dos resíduos. O solo recebe várias camadas protetoras 
para que o chorume e outros materiais não entrem em 
contato diretamente com o solo, há a instalação de 
dutos para os gases resultantes da decomposi-
ção dos materiais, e a camada superficial de 
resíduos recebe, constantemente, uma co-
bertura de terra.
Os locais em que são instalados os ater-
ros sanitários são pensados para ficarem 
longe da área urbana, dos rios e mananciais 
e são cercados e vigiados para que somen-
te os caminhões e funcionários autorizados os 
adentrem. Por enquanto, esse é o meio mais eficiente 
para o depósito dos resíduos, uma vez que controla a polui-
ção do ar, do solo e das águas.
Como se vê, a disposição dos resíduos é uma grande preocupação 
para os municípios. Além disso, toda a logística de coleta, transpor-
te até os aterros e tratamento dos resíduos é dispendiosa e cria um 
passivo ambiental 1 que pode durar anos. A separação dos resíduos 
pela população é uma opção para minimizar os impactos causados 
pelo grande volume de lixo que é gerado diariamente. Contudo, não 
basta a população separar se não houver estrutura municipal para o 
destino correto.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, estima-se que 
apenas 18% dos brasileiros contam com sistema de coleta seletiva. 
“Com a separação é possível: a reutilização; a reciclagem; o melhor 
valor agregado ao material a ser reciclado; as melhores condições de 
trabalho dos catadores ou classificadores dos materiais recicláveis” 
(RIBEIRO, 2012).
O incentivo e o fomento à reciclagem são importantes aliados para 
a redução da extração de recursos naturais, redução do consumo de 
água e energia, além de diminuir os índices de poluição da água, do ar 
e do solo. Há pessoas que podem se beneficiar de maneira digna da 
reciclagem, com a geração de trabalho e renda.
Daniel Jedzura/Shutterstock
Dano causado ao meio ambiente 
devido à exploração comercial 
ou industrial de determinada 
área natural. As empresas 
passam a ter obrigações que 
vão desde recuperar áreas 
degradadas até o pagamento de 
multas. Além disso, assumem 
preservar, recuperar e proteger o 
meio ambiente.
1
Consumo, consumismo e meio ambiente 37
Quando se fala em resíduos sólidos urbanos, não se trata apenas 
de problemas ambientais, mas também de problemas sociais e econô-
micos. É comum, nas grandes cidades, vermos catadores de materiais 
recicláveis caminhando com seus carrinhos pelas ruas. Esses trabalha-
dores prestam um serviço de grande importância para as pessoas e 
para a natureza, pois recolhem, diariamente, toneladas de materiais 
recicláveis e os encaminham para empresas recicladoras.
Outro problema que deve ser considerado é o aumento da popu-
lação urbana que, no Brasil, constitui-se de aproximadamente 84,72% 
(IBGE, 2020). Embora a geração de resíduos ocorra tanto no campo 
como na cidade, nos centros urbanos é maior, devido à concentração 
de pessoas e aos hábitos de consumo. Nas cidades é comum o con-
sumo de alimentos industrializados, mantimentos que utilizam grande 
quantidade de embalagem descartável, assim como transportes mo-
vidos a combustíveis fósseis, grandes causadores de poluição do ar. 
Ocorre, também, o descarte de lixo em locais inapropriados, como nas 
ruas, nos rios e em áreas inabitadas. Isso pode acarretar infestação de 
animais vetores de doenças e entupimento de bueiros e galerias plu-
viais, o que pode resultar em enchentes em épocas de chuvas.
A geração de resíduos é um problema mundial. Há casos em que 
os países mais ricos exportam seu lixo para os países periféricos, acen-
tuando ainda mais as desigualdades socioeconômicas. Embora se evi-
dencie os seres humanos como os maiores causadores da degradação 
ambiental, o que se nota são ações para manter o atual nível de consu-
mo, buscando novas fontesde recursos naturais. Surgiram ideias como 
as sacolas oxibiodegradáveis que, no primeiro momento, pareceram 
eficazes, mas se tornaram um engano, pois elas se desmancham em 
partículas que podem contaminar o solo e as águas (partes de plástico 
já foram encontradas por cientistas constituindo animais aquáticos). 
Jones (2019), ao pesquisar os problemas ambientais ocasionados 
pelas partículas de plástico, destaca que componentes de embalagens 
que podem alterar o funcionamento do sistema hormonal estão sendo 
encontrados nas águas.
Além de fragmentos microscópicos, há aqueles cuja dimensão está 
na escala de nanômetros (menores que 1 milésimo de milímetro), 
capazes, em tese, de entrar na corrente sanguínea e atingir órgãos 
como fígado, rins e cérebro. [...] Além dos efeitos físicos, como a 
possível obstrução do trato digestivo de organismos menores, 
preocupam os cientistas os efeitos químicos das micropartículas 
38 Educação Ambiental
ingeridas ou inaladas por humanos e animais, uma vez que elas 
podem ser vetores de microrganismos e contaminantes, como 
poluentes orgânicos persistentes [...], compostos sintéticos resis-
tentes à degradação no ambiente (JONES, 2019, n.p.).
Mesmo com amplo acesso a informações, muitas pessoas ainda não 
se sensibilizaram para a urgência na mudança de hábitos nocivos 
ao meio ambiente. No entanto, embora a população tenha res-
ponsabilidade sobre a geração e o descarte dos resíduos, é 
o poder público que deve fomentar ações com vistas a ga-
rantir o destino correto, por meio de ações, legislações e 
campanhas, pois o impacto ambiental causado pela ge-
ração e descarte incorreto dos resíduos domésticos e 
industriais é desastroso para a natureza. O ritmo de 
vida das pessoas, na atualidade, deixa pouco tempo 
para práticas como contemplar a natureza, refletir sobre 
os problemas sistêmicos e pensar em soluções criativas.
 As mudanças passam pelo consumo consciente que 
ocorre quando há a compreensão sobre os impactos das ações 
humanas. Já o consumo responsável, além da compreensão dos im-
pactos, tem a intenção de minimizá-los, buscando fontes materiais al-
ternativas, como reciclagem, reutilização, compras de objetos usados, 
encaminhamento correto dos resíduos, busca por produtos orgânicos 
e que utilizem menos embalagens descartáveis. No consumo respon-
sável, há maior comprometimento por parte do consumidor, o qual se 
preocupa com a procedência do produto, desde sua fabricação até o 
descarte das embalagens ou do próprio produto. Os dois tipos de con-
sumo se complementam, pois não basta estar cons-
ciente dos problemas ambientais, é preciso 
responsabilidade nas ações, visando à sus-
tentabilidade ambiental.
O termo sustentabilidade tem sido usa-
do para se referir ao meio ambiente em 
que todos possam usufruir das mesmas 
condições ambientais. Contudo, esse ter-
mo pode ser mais abrangente, conside-
rando todo o equilíbrio necessário dos ciclos 
vitais para que, na atualidade e no futuro, as 
pessoas possam usufruir de um ambiente saudável, 
myboys.me/Shutterstock
dmitriylo/Shutterstock
Consumo, consumismo e meio ambiente 39
além das ações que promovam a equidade social. Envolve, ainda, ques-
tões econômicas, políticas, culturais e sociais.
As condições para vivenciarmos a sustentabilidade ambiental passam 
por redução do consumo, mudanças de hábitos, sacrifícios dos desejos 
pessoais, políticas públicas, pesquisas, novos parâmetros para o cresci-
mento econômico, novos meios e formas de produção e pela educação.
Os problemas ambientais estão presentes no cotidiano das pessoas 
e seus efeitos degradantes atingem toda a população, em menor ou 
maior grau. Indagações que ampliem a reflexão e o debate são urgen-
tes para que haja compreensão de que todos os seres vivos compõem 
a natureza, e o desequilíbrio dos ciclos naturais pode ser devastador 
para muitas espécies vivas. Nesse sentido, as ações devem preconizar 
a preservação e a conservação dos recursos naturais, a fim de garantir 
qualidade ambiental para as atuais e as futuras gerações e para todas 
as manifestações de vida do planeta.
2.3 Preservação e conservação ambientais 
Vídeo A sociedade contemporânea tem sido a que mais interfere nas 
condições ambientais, ocasionando problemas como a poluição do 
ar, da água e do solo. Atualmente, a Terra sustenta cerca de 7,7 bi-
lhões de pessoas que precisam comer, vestir-se, morar, trabalhar 
e locomover-se. Para sustentar tanta gente, os recursos naturais 
são extraídos diariamente em todo o mundo. Nem todas as pessoas 
consomem de modo igual. Muitas passam dias sem acesso à água 
potável e a alimentos, enquanto outras consomem em excesso, pra-
ticando a cultura do desperdício, da descartabilidade, do individua-
lismo e do consumismo.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu 
artigo 225 estabelece que “todos têm direito ao meio ambiente eco-
logicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletivi-
dade o dever de defendê-lo e preservá-lo” (BRASIL, 1988). Embora a 
lei já tenha mais de 30 anos, sua efetivação ainda não foi completa 
e não há consenso de que todos podem usufruir dos recursos na-
turais de maneira sustentável, convivendo em harmonia com as de-
mais espécies vivas.
40 Educação Ambiental
À medida que a população aumenta, as intervenções nos meios na-
turais se agravam fazendo surgir tensões e conflitos. Devido ao limi-
te dos recursos naturais e à capacidade de regeneração da natureza, 
os problemas ambientais avançam exponencialmente. Esse modo de 
viver está exaurindo os recursos naturais, e para modificar essa reali-
dade é necessário que a humanidade repense seus valores e suas con-
dutas. Uma das formas para que isso ocorra se dá pela conservação e 
preservação ambientais.
O preservacionismo e conservacionismo são correntes ambientais 
que surgiram no final do século XIX, nos Estados Unidos da América 
(JUNQUEIRA, 2016). Inicialmente, estavam pautados em posicionamen-
tos contrários às atividades ambientais predatórias com vistas à prote-
ção da natureza.
No preservacionismo, o ser humano é o causador dos desequilí-
brios ambientais e a natureza deve ser preservada de qualquer tipo 
de exploração. Os adeptos dessa corrente propõem a demarcação de 
áreas que não devem sofrer interferências humanas, nem mesmo de 
pesquisa, turismo ecológico e contemplação. Essas ações podem resul-
tar em benefícios para o meio ambiente, pois possibilitam o equilíbrio 
dos ecossistemas.
 Desse movimento, surgiram os grandes parques nacionais de 
todo o mundo. No Brasil, pode-se citar os Parques Nacionais do Igua-
çu, da Chapada dos Veadeiros, da Tijuca, da Chapada Diamantina, dos 
Lençóis Maranhenses, da Serra da Capivara, da Serra do Cipó, da Serra 
da Canastra, entre outros de igual importância. Nesses locais, são per-
mitidas visitações, contudo, há regras rígidas que objetivam proteger 
a fauna e a flora, bem como as comunidades que vivem em áreas de 
interesse ambiental.
Cataratas do Iguaçu, em Foz do Iguaçu (PR).
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O filme O poço expõe 
as diferenças sociais 
exibindo uma prisão ver-
tical, na qual as pessoas 
que estão nos andares 
superiores têm acesso 
primeiro aos alimentos, 
entregues por meio de 
uma plataforma, não 
deixando quase nada ou 
apenas migalhas para 
os que estão nos níveis 
inferiores. Ao assisti-lo, 
sugere-se refletir sobre 
as atitudes humanas 
frente à escassez de 
recursos e ao egoísmo, 
independentemente de 
qual posição se ocupa.
Direção: Galder Gaztelu-Urrutia. 
Espanha; EUA: Netflix, 2020.
Filme
Consumo, consumismo e meio ambiente 41
Jardim de Maytrea, Chapada dos Veadeiros (GO).
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Floresta da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ).
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Vale do Pati, na Chapada Diamantina (BA).
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Lagoa da Gaivota, no interior dos Lençóis Maranhenses (MA).
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42 Educação Ambiental
Pedra Furada, na Serra da Capivara (PI).
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Vale do Travessão, na Serra da Capivara (MG).
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Vista parcial da Serra da Canastra (MG).
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Consumo, consumismo e meio ambiente 43
No conservacionismo, é permitida a exploração de determinada 
área racionalmente, assim como o manejo de espécies. Além disso, as 
ações de conservação têm por objetivo restaurar áreas poluídas ou de-
gradadas pelo uso inadequado do solo, extração de minérios, queima-
das e eliminação de florestas.
Sauvé (2005) define que essa corrente se centra na conservação dos 
recursos, como plantas (em especial as comestíveis e medicinais), água, 
solo, energia e animais, além dos patrimônios genético e construído. 
Para a autora, “trata-se, sobretudo, de uma natureza-recurso. Encon-
tramos aqui uma preocupação com a ‘administração do meio ambien-
te’, ou, melhor dizendo, de gestão ambiental” (SAUVÉ, 2005, p. 20-21).
A conservação dos recursos naturais para garantir o desenvolvi-
mento sustentável deve envolver os diferentes segmentos sociais nas 
tomadas de decisão, isso inclui a participação de jovens, indígenas, 
representantes da sociedade civil organizada, entidades de classe, 
instituições educacionais, pesquisadores, empresários e políticos. No 
Brasil, existe legislação específica que define a denominada unidade de 
conservação. No artigo 2º da Lei n. 9.985/2000, que institui o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras provi-
dências, consta que se entende por:
unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos am-
bientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características na-
turais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com 
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial 
de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de 
proteção;
[...] conservação da natureza: o manejo do uso humano da 
natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a uti-
lização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente 
natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases 
sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de sa-
tisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e ga-
rantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. (BRASIL, 2000, 
grifos nossos)
Essa legislação é essencial para a garantia de que as áreas e os re-
cursos ambientais sejam utilizados corretamente, não permitindo o 
uso predatório. A compreensão de que os recursos da Terra são finitos 
não emerge naturalmente na sociedade, é preciso que o poder público 
e as entidades de ciência, tecnologia e educação fortaleçam as ações 
44 Educação Ambiental
que buscam a conservação da natureza. As legislações, campanhas e 
ações devem objetivar a reciclagem, a redução do desperdício de re-
cursos naturais que já foram extraídos e a destinação correta dos resí-
duos, bem como o respeito e o cuidado com todos os seres vivos.
el
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ck
As iniciativas de preservação e conservação são importantes, cada 
uma à sua forma. É necessário que grandes áreas sejam destinadas so-
mente à fauna e à flora, sem a intervenção humana, deixando fluírem 
os ciclos naturais. Por outro lado, é da natureza que os seres humanos 
retiram o sustento e extraem a matéria-prima para a produção de tudo 
que é preciso para viver, sendo necessário estabelecer limites entre o 
que deve ser preservado e o que deve ser conservado, de maneira a ga-
rantir também às gerações futuras o acesso ao que estamos usufruin-
do na atualidade. Assim, é necessário repensar os atos de consumo e 
realizar o descarte correto dos resíduos sólidos urbanos, para obter a 
harmonia e o equilíbrio tão desejados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se afirmar que o consumo e o consumismo vêm influenciando 
de modo significativo as questões ambientais. Com o aprimoramento das 
técnicas de produção de bens de consumo, a disposição de mercadorias 
passou a ser abundante e foi preciso criar um mercado consumidor dis-
posto a adquirir os mais variados produtos.
Os problemas gerados pelo consumo denotam que o atual modelo 
de desenvolvimento, que explora os recursos naturais de maneira pre-
datória, precisa ser repensado em busca do equilíbrio entre os meios de 
produção, a vida humana e as demais manifestações de vida. O consumo 
deve ser social e ambientalmente responsável, não ultrapassando os limi-
tes da natureza.
Consumo, consumismo e meio ambiente 45
A extração dos recursos naturais para atender ao mercado de consu-
mo necessita ser repensada por meio da instituição de políticas públicas 
que regulem a produção e o consumo. As inovações tecnológicas e as 
pesquisas científicas podem colaborar para a disseminação de ideias so-
bre a coletividade, a alteridade, ou seja, o reconhecimento das diferenças 
e da interdependência entre os seres humanos, e, também, a equidade, 
que pode ser compreendida como igualdade no reconhecimento dos di-
reitos, buscando equalizar as trajetórias. Com o advento da internet, as 
possibilidades de obter informações e se comunicar aumentaram, bem 
como as possibilidades de consumo. As pessoas não precisam mais sair 
de casa para consumir, os objetos de desejo estão a apenas alguns cli-
ques de distância.
A responsabilidade de cada cidadão nas escolhas de consumo que in-
fluenciam o comportamento dos produtores de mercadorias, assim como 
o respeito pelos demais seres, deve ser incentivada a fim de promover 
mudanças nas relações pessoais e de consumo. Faz-se necessário sen-
sibilizar a humanidade para a preservação e a conservação ambientais, 
garantindo espaços para todos os seres vivos, uma vez que compõem a 
natureza, e alcançando a sustentabilidade ambiental.
ATIVIDADES
1. Como as pessoas podem agir para minimizar os impactos causados 
pelo consumismo?
2. O que é possível fazer para reduzir a geração de resíduos sólidos 
urbanos, com o objetivo de extrair menos recursos da natureza e 
diminuir o volume encaminhado para os aterros sanitários?
3. De que forma o poder público e as entidades de ciência, tecnologia 
e educação podem colaborar para o fortalecimento das ações de 
conservação da natureza?
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História da educação ambiental 47
3
História da educação ambiental
As alterações humanas no ambiente natural vêm se intensifi-
cando, aumentando as áreas naturais degradadas, a extinção de 
espécies e a poluição. Percebendo essas consequências, pessoas 
se sensibilizaram e se posicionaram em defesa do meio ambiente.
Neste capítulo, estudaremos como os movimentos ambienta-
listas buscaram e buscam chamar a atenção para os problemas 
ambientais ocasionados pela extração desmedida de recursos 
naturais, degradação, descarte indevido de resíduos, guerras, desi-
gualdades sociais, pobreza e desastres ambientais. Contudo, mo-
vimentos isolados ou eventuais não são suficientes para proteger 
a Terra das ambições humanas. Diante dessa realidade, a educa-
ção ambiental se desenvolve como uma opção para sensibilizar as 
pessoas de que é necessário mudar as atitudes em relação aos 
recursos naturais.
3.1 Movimentos ambientalistas mundiais: 
entre as décadas de 1960 e 1970 Vídeo
Devido à grande exploração dos recursos naturais e ao aumento da 
população humana, os problemas ambientais foram se agravando e 
vozes de protesto em defesa do meio ambiente ergueram-se. No final 
dos anos 1960 – época em que a industrialização se intensificava, as 
tecnologias digitais se consolidavam e os meios de comunicação passa-
vam a ter maior alcance –, emergiram movimentos ambientalistas em 
todo o mundo, de maneira individual ou coletiva.
Foi no ano de 1962 que a bióloga Rachel Carson escreveu o livro 
Primavera Silenciosa. Nessa obra, ela alertava sobre os perigos do uso 
agrícola do Dicloro-difenil-tricloroetano, popularmente conhecido 
como DDT, que era utilizado, também, para o combate aos mosquitos 
48 Educação Ambiental
da malária, tifo e febre amarela. A substância, que foi proibida no Brasil 
somente em 2009, pode causar câncer nos seres humanos e interferir 
nos ciclos naturais dos animais. Ainda hoje, são comuns anúncios de 
dedetização, uma alusão ao DDT, para a aplicação de inseticidas, mos-
trando o quão relevante foi o uso da substância.
Embora existam apoiadores do uso do DDT, devido ao seu baixo cus-
to e alto rendimento, Rachel Carson demonstrou coragem ao enfrentar 
o poderoso mercado de defensivos agrícolas, em uma época em que 
a população mundial crescia e a demanda por alimentos aumentava.
O crescimento populacional foi motivo de preocupação para o Clu-
be de Roma, que foi organizado em 1968 por um grupo de indústrias e 
cientistas de países desenvolvidos, tendo como objetivo discutir temas 
relativos ao consumo e aos recursos naturais não renováveis. O grupo 
organizou um documento chamado Relatório do Clube de Roma, que 
apresentava a proposta de crescimento zero para a população, o que 
não agradou aos capitalistas, mas chamou a atenção para os proble-
mas ambientais.
Outro documento publicado pelo grupo foi o relatório Os limites do 
crescimento, elaborado por Dennis Meadows, o qual apontava que se 
a população mundial não parasse de aumentar, problemas como o 
aumento do nível de poluição e a exaustão dos recursos naturais po-
deriam se tornar caóticos. É importante destacar que, até o início dos 
anos 1970, o imaginário social concebia o meio ambiente como fonte 
inesgotável de recursos e, para muitos, o ser humano ocuparia posição 
central no mundo.
Essa forma de compreensão desencadeou a cultura de que os re-
cursos naturais estão a serviço exclusivo dos seres humanos. Contudo, 
pessoas em todo o mundo começaram a se sensibilizar com a devas-
tação ambiental e as suas consequências para o próprio ser humano. 
Os movimentos ainda eram modestos, mas suficientes para colocar o 
assunto em debate.
Com o objetivo de fortalecer as ações individuais, em 1971, foi cria-
da a organização sem fins lucrativos chamada Greenpeace, na cidade 
de Vancouver, no Canadá. A entidade não aceita doações de governos 
ou partidos políticos. Suas ações são pautadas na não violência,utili-
zando métodos criativos para confrontos pacíficos, na tentativa de cha-
mar a atenção para os problemas ambientais.
História da educação ambiental 49
Até hoje, o Greenpeace é atuante e 
respeitado em todo o mundo, che-
gando a impedir testes atômicos 
e caça às baleias.
Em 1972, aconteceu em Esto-
colmo, na Suécia, a Conferência 
das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente Humano. Os países 
mais desenvolvidos do mundo 
participaram do evento e propu-
seram a criação de um programa 
internacional para a conservação dos 
recursos naturais e genéticos. Também foram 
abordados os efeitos nocivos das mudanças climáticas e 
a importância do equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e o 
meio ambiente.
Após os debates, foram construídos documentos como a De-
claração sobre o Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo 
e o Plano de Ação Mundial, os quais tiveram como objetivo orien-
tar o uso dos recursos naturais, além de estabelecer princípios 
para o tratamento da problemática ambiental mundial que po-
dem envolver direitos humanos, gestão de recursos naturais e 
poluição (SENADO FEDERAL, 2020). As prioridades foram as ca-
tástrofes ambientais, a manutenção dos ecossistemas e o uso de 
substâncias tóxicas.
Foi criado durante o evento o Programa das Nações Unidas sobre 
o Meio Ambiente (PNUMA), com a pretensão de monitorar os pro-
blemas ambientais mundiais. É importante destacar que foi a partir 
desse evento que muitos países passaram a organizar seus minis-
térios do meio ambiente. Além disso, com a criação da Comissão 
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, deu-se início às 
primeiras discussões referentes ao direito ambiental internacional. 
Para criar legislações, muitos ambientalistas se organizaram em par-
tidos políticos.
O primeiro Partido Verde de que se tem conhecimento surgiu na 
Austrália, mais precisamente na ilha da Tasmânia, quando um grupo 
de ecologistas se juntou para defender uma área prevista para se 
Arctic Sunrise é o nome do navio 
quebra-gelo do Greenpeace, que 
também é usado pela ONG para 
investigações e pesquisas.
As campanhas de sensi-
bilização e de tentativas 
de impedimentos de atos 
contra o meio ambiente 
se utilizam de estraté-
gias publicitárias com o 
objetivo de fortalecer o 
engajamento voluntário. 
As imagens do Greenpea-
ce misturam dimensões 
variadas, o real e o utópi-
co, os problemas e suas 
causas, buscando a refle-
xão de que as mudanças 
dependem de cada pes-
soa. Na mesma linha de 
chamar a atenção para 
os problemas ambien-
tais, o WWF apresenta 
campanhas impactantes, 
mesclando imagens e 
frases reflexivas. Nos links 
a seguir são mostrados 
exemplos dessas campa-
nhas publicitárias.
Disponíveis em: https://plugcitarios.
com/blog/2013/08/04/15-anun-
cios-do-greenpeace-que-deve-
riam-mudar-o-mundo/;
https://www.funverde.org.br/blog/
17-imagens-da-wwf-que-vao-te-
-fazer-refletir-sobre-o-planeta-ver-
dadeiro-choque-de-realidade/.
Acessos em: 19 maio 2020.
Curiosidade
Roberta F./Wikimedia Commons
https://plugcitarios.com/blog/2013/08/04/15-anuncios-do-greenpeace-que-deveriam-mudar-o-mundo/
https://plugcitarios.com/blog/2013/08/04/15-anuncios-do-greenpeace-que-deveriam-mudar-o-mundo/
https://plugcitarios.com/blog/2013/08/04/15-anuncios-do-greenpeace-que-deveriam-mudar-o-mundo/
https://plugcitarios.com/blog/2013/08/04/15-anuncios-do-greenpeace-que-deveriam-mudar-o-mundo/
https://www.funverde.org.br/blog/17-imagens-da-wwf-que-vao-te-fazer-refletir-sobre-o-planeta-verdadeiro-choque-de-realidade/
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https://www.funverde.org.br/blog/17-imagens-da-wwf-que-vao-te-fazer-refletir-sobre-o-planeta-verdadeiro-choque-de-realidade/
https://www.funverde.org.br/blog/17-imagens-da-wwf-que-vao-te-fazer-refletir-sobre-o-planeta-verdadeiro-choque-de-realidade/
50 Educação Ambiental
tornar uma usina hidrelétrica. Inicialmente, o grupo se autodenomi-
nou United Tasmanian Group. Embora as suas ações tivessem obtido 
grande repercussão, não conseguiram impedir a instalação da usina. 
No entanto, eles não desistiram de lutar pelas causas ambientais e, 
em 1972, o grupo passou a se chamar Green Party. Posteriormente, 
outros partidos verdes surgiram pelo mundo, com o propósito de 
defender as causas ambientais.
Em decorrência da Conferência de Estocolmo, deu-se a Confe-
rência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em Tbilisi, na 
Geórgia, em 1977. Durante o evento, os debates referentes ao meio 
ambiente recomendaram a educação ambiental como necessária e 
fundamental para debater as questões ambientais, partindo das si-
tuações locais para as globais (COLLEGE, 2005).
3.2 Movimentos ambientalistas 
mundiais: a partir de 1980 Vídeo
As ações e debates sobre o tema foram ampliados e, em 1980, o 
PNUMA em conjunto com a World Wildlife Fund (WWF), elaboraram 
a I Estratégia Mundial para a Conservação, constituindo-se em um 
plano para a conservação dos recursos biológicos do planeta. Nes-
se documento aparece o termo desenvolvimento sustentável para 
se referir a um possível equilíbrio entre desenvolvimento e 
meio ambiente.
Embora ocorra violência contra ativistas em todo o mundo, ainda há pessoas 
corajosas que erguem vozes em defesa de causas ambientais e humanas. 
Muitas delas são mulheres jovens, como a sueca Greta Thunberg, que se 
destacou por sua força e liderança ao protestar sobre as mudanças climáticas 
e exigir de seu país a implantação de ações que possam reduzir as emissões 
de carbono. A jovem ativista foi aclamada em vários países e recebeu prêmios 
e reconhecimento por sua coragem e por evidenciar os problemas ambientais. 
Outra ativista que merece destaque é a indiana Vandana Shiva, a qual, por 
meio de sua ONG, Navdanya, defende a manutenção da biodiversidade de se-
mentes, além dos direitos dos agricultores. Ela já foi homenageada por lutas e 
por defender a antiglobalização e pela preservação de florestas de seu país. No 
Brasil, temos o exemplo da militante indígena Sônia Guajajara, que defende a 
responsabilidade humana sobre os ecossistemas e a biodiversidade nacional e 
tem sido a voz da luta pelas terras indígenas, alvo de exploração pelo agronegó-
cio. Acesse o link a seguir para conhecer mais essas ativistas.
Disponível em: https://nossacausa.com/greta-thunberg-ativistas-ambientais/. Acesso em: 19 maio 2020.
Saiba mais
O texto PNUMA lista 6 
fatos sobre coronavírus e 
meio ambiente, publicado 
no site da ONU, faz uma 
provocação sobre as 
ações humanas e as mu-
danças ambientais que 
modificam a estrutura 
populacional da vida sel-
vagem, além de reduzir a 
biodiversidade, tornando 
o ambiente favorável 
para a multiplicação de 
hospedeiros e vetores de 
doenças.
Disponível em: https://nacoesuni-
das.org/pnuma-lista-6-fatos-so-
bre-coronavirus-e-meio-ambiente/
amp/. Acesso em: 19 maio 2020.
Leitura
Balão de ar quente da WWF no 
México, em 2013.
Gabriel Balderas/Wikimedia Commons
https://nacoesunidas.org/pnuma-lista-6-fatos-sobre-coronavirus-e-meio-ambiente/amp/
https://nacoesunidas.org/pnuma-lista-6-fatos-sobre-coronavirus-e-meio-ambiente/amp/
https://nacoesunidas.org/pnuma-lista-6-fatos-sobre-coronavirus-e-meio-ambiente/amp/
https://nacoesunidas.org/pnuma-lista-6-fatos-sobre-coronavirus-e-meio-ambiente/amp/
História da educação ambiental 51
Com o objetivo de avaliar e apresentar propostas referentes 
ao meio ambiente e ao desenvolvimento, em 1983, a Organiza-
ção das Nações Unidas (ONU) formou a Comissão Mundial so-
bre o Meio Ambiente, presidida por Gro Harlem Brundtland, a 
primeira-ministra da Noruega, na época. Em 1987, foi publicado 
o relatório Nosso Futuro Comum que ficou conhecido como 
Relatório Brundtland.
No relatório, foi aprofundado o conceito de desenvol-
vimento sustentável como uma possibilidade para garan-
tir as necessidades do presente sem comprometer o 
futuro. “O conceito de desenvolvimento sustentável tem, 
é claro, limites – não limites absolutos, mas limitaçõesim-
postas pelo estágio atual da tecnologia e da organização 
social, no tocante aos recursos ambientais” (CMMAD, 
1988, p. 11).
Além das questões ambientais, o relatório cha-
mava a atenção para pobreza, fome, saúde e ha-
bitação. À época de sua publicação, o documento 
foi inovador e trouxe reflexões importantes sobre 
potencial produtivo, ecossistema e o rápido cresci-
mento da população que pressionaria a extração 
de recursos naturais.
O desenvolvimento sustentável não é um estado perma-
nente de harmonia, mas um processo de mudança no qual 
a exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, 
os rumos do desenvolvimento tecnológico e a mudança insti-
tucional estão de acordo com as necessidades atuais e futu-
ras. Sabemos que este não é um processo fácil, sem tropeços 
(CMMAD, 1988, p. 10).
O Relatório Brundtland constitui-se em um importante documento, 
o qual, além de trazer dados importantes sobre as condições ambien-
tais mundiais, evidencia a necessidade de mudanças que possibilitem 
equilíbrio entre produção, consumo e qualidade de vida. Em 1988, o 
PNUMA e a Organização Meteorológica Mundial criaram o Painel Inter-
governamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), tendo como prin-
cipal objetivo gerar e fornecer informações científicas relacionadas às 
mudanças climáticas (ONU BRASIL, 2020).
Gro Harlem Brundtland presidiu a 
Comissão Mundial sobre o Meio 
Ambiente entre 1983 e 1987.
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52 Educação Ambiental
O IPCC divulga relatórios de avaliação sobre as variações climáticas, 
nos quais apresenta evidências das causas do aumento do nível do mar 
pelo derretimento de neve e gelo ocasionado pelo aumento da tempe-
ratura média global que, entre os anos 1880 e 2012, foi de 0,85°C (ONU 
BRASIL, 2020).
Dadas as concentrações atuais e as emissões contínuas de gases 
de efeito estufa, é provável que o final deste século registre um 
aumento de 1 a 2°C na temperatura média global [...]. Os oceanos 
do mundo se aquecerão e o derretimento do gelo continuará. 
[...] A maioria das consequências da mudança climática persistirá 
por muitos séculos, mesmo se as emissões forem interrompidas 
(ONU BRASIL, 2020).
Embora os relatórios divulgados pelo IPCC apontem para situações 
caóticas que podem ocorrer em pouco tempo, os problemas ambien-
tais continuam se agravando devido ao aumento da população e dos 
processos industriais, além da exploração desenfreada dos recursos 
naturais, exigindo a continuidade das discussões e tomadas de deci-
sões em nível mundial.
Em 1992, aconteceu, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que oficial-
mente recebeu a denominação de Cúpula da Terra, mas ficou conhe-
cida como Eco 92 ou Rio 92. O evento reuniu líderes mundiais com o 
propósito de deliberar sobre as ações que seriam assumidas e desen-
volvidas em todo o mundo.
Na conferência, foram aprovados cinco acordos oficiais interna-
cionais: Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento; 
Agenda 21 e os meios para sua implementação; Convenção sobre di-
versidade biológica; Convenção da desertificação; e Declaração de flo-
restas. A partir desse evento, o mundo percebeu que era preciso traçar 
um novo caminho para a garantia de sobrevivência da humanidade e 
de toda a diversidade natural, buscando equilíbrio entre o desenvolvi-
mento econômico, as necessidades humanas e o meio ambiente.
A Agenda 21 traz como objetivos a erradicação da pobreza e a mu-
dança nos padrões de produção e consumo dos recursos naturais. 
Além disso, inclui ações referentes a desmatamento, desertificação, po-
luição da água e do ar, proteção da atmosfera, resíduos tóxicos, dívida 
externa dos países em desenvolvimento e direitos das mulheres, dos 
povos tradicionais, das crianças e dos jovens.
O vídeo INPE – O futuro 
que queremos, publicado 
pelo canal Proimagem 
FullService, é um desenho 
animado que apresenta 
os problemas ambientais 
ocasionados pelas ações 
humanas, como o efeito 
estufa e as mudanças 
climáticas. Além disso, 
apresenta maneiras para 
mudar o mundo, preconi-
zadas pela ONU.
Disponível em: https://www.you-
tube.com/watch?v=w0sJuhWpvrc. 
Acesso em: 19 maio 2020.
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=w0sJuhWpvrc
https://www.youtube.com/watch?v=w0sJuhWpvrc
História da educação ambiental 53
Cinco anos mais tarde, foi realizado outro evento chamado de 
Cúpula da Terra + 5, que teve como objetivo revisar os debates e acor-
dos da Eco 92, bem como a implementação da Agenda 21. Do evento, 
resultaram novos compromissos, como a redução das emissões de ga-
ses de efeito estufa, além dos pré-requisitos para o desenvolvimento 
sustentável, como a erradicação da pobreza, a distribuição de renda e 
a produção e uso de energia.
No mesmo ano ocorreu, no Japão, a VI Conferência das Partes da 
Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, na qual foi 
assinado o Protocolo de Kyoto. Esse protocolo estabelece diretrizes 
para comprometer as nações a reduzir as emissões de gases que con-
tribuem para o efeito estufa.
No ano de 2002, foi realizada na África do Sul, na cidade de Joha-
nesburgo, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que 
ficou conhecida como Rio+10, com o objetivo de avaliar a situação do 
meio ambiente global. Do evento, resultaram os documentos Decla-
ração Política e Plano de Implementação. Também foram analisados 
os resultados alcançados nos dez anos que sucederam à Eco 92 e os 
desafios a serem superados.
Em 2012, a cidade do Rio de Janeiro sediou mais um evento, a Con-
ferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, 
mais conhecida como Rio+20. Seu objetivo foi renovar o compromisso 
político firmado referente ao desenvolvimento sustentável, por meio 
de dois temas centrais: a economia verde no contexto do desenvolvimento 
sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para 
o desenvolvimento sustentável que, na ocasião, foi definido como “o mo-
delo que prevê a integração entre economia, sociedade e meio am-
biente. Em outras palavras, é a noção de que o crescimento econômico 
deve levar em consideração a inclusão social e a proteção ambiental” 
(RIO+20, 2020).
Essa conferência promoveu debates sobre a implementação dos 
compromissos internacionais que foram assumidos pelas nações, além 
de compartilhar práticas e experiências referentes à proteção ambien-
tal. Também estiveram em pauta segurança alimentar e nutricional, sa-
neamento, energia, cidades sustentáveis, saúde, redução de riscos de 
desastres, mudanças climáticas, biodiversidade, florestas e educação 
(RIO+20, 2020).
Marco Carrasco/ Wikimedia Commons
Em 2015, ocorreu nos Estados Unidos da América, na cidade de 
Nova York, na sede da Organização das Nações Unidas, a Cúpula de 
Desenvolvimento Sustentável. Na ocasião foram definidos os Objeti-
vos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030. A Agenda 2030 
contém 17 objetivos, nos quais constam 169 metas para acabar com 
a pobreza, articular crescimento econômico e proteção ambiental, ga-
rantir educação, saúde, proteção social, trabalho, energia, superar as 
desigualdades, melhorar a infraestrutura e garantir o equilíbrio da bio-
diversidade (ONU BRASIL, 2020).
A nova agenda de desenvolvimento sustentável baseia-se no re-
sultado da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável 
de 2002, da Cúpula de 2010 sobre os ODM, o resultado da Con-
ferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentá-
vel de 2012 (Rio+20) e os pontos de vista de pessoas em todo o 
mundo (ONU BRASIL, 2020).
Entre os 17 objetivos da Agenda 2030 destacam-se: o de número 
seis, que busca assegurar disponibilidade e gestão sustentável da água 
e saneamento para todos; o de número oito, o qual visa promover o 
crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego 
pleno e produtivo e trabalho decente para todos; e o de número quin-
ze, que objetiva proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos 
ecossistemasterrestres, gerir de modo sustentável as florestas, com-
bater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a 
perda da biodiversidade (ONU BRASIL 2020).
Os ODS foram assumidos por chefes de Estado e governo, os quais 
se comprometeram a implementá-los e efetivá-los até 2030. As suas 
três dimensões – econômica, social e ambiental – guiam 
ações dos países que buscam cons-
truir sociedades justas e inclusivas, 
garantindo a proteção do plane-
ta. Assim, nações como o Brasil 
não podem deixar de proteger 
os recursos ambientais, possi-
bilitando o desenvolvimento 
sustentável. É um grande de-
safio que exige o compromisso 
de todos.
Jovens com cartazes dos ODS, no 
Peru, em 2017.
5454 Educação AmbientalEducação Ambiental
3.3 Movimentos ambientalistas no 
Brasil: primeiros passos Vídeo
Desde sua colonização, o Brasil é reconhecido como um país de 
grandes riquezas naturais, pois “conta com a maior biodiversidade do 
mundo; a maior extensão de floresta tropical e 12% das reservas de 
água doce do planeta” (BRASIL, 2020b). Até o século XIX, as riquezas 
naturais do país foram exploradas sem preocupação com o futuro. O 
passivo ambiental deixado pela exploração predatória dos recursos na-
turais ainda é visível em áreas degradadas pelas atividades industriais, 
como a mineração.
O bioma 1 brasileiro que mais sofreu com as ativi-
dades humanas foi a Mata Atlântica, a qual, na atua-
lidade, conta apenas com 8% de sua área original. 
Esse remanescente é reconhecido em todo o mundo 
“como uma das maiores e mais importantes flores-
tas tropicais do continente sul-americano. [...] Ape-
sar de toda devastação, esse bioma ainda abriga um 
dos mais importantes conjuntos de biodiversidade de todo o planeta” 
(BRASIL, 2020a, n.p.). A importância de sua preservação está na presta-
ção de “serviços ambientais, principalmente relacionados à produção e 
à conservação de recursos hídricos” (BRASIL, 2020a, n.p.).
Entende-se por bioma um 
conjunto de ecossistemas, entre 
os quais, no Brasil, destacam-se 
Amazônia, Caatinga, Cerrado, 
Mata Atlântica, Pantanal e os 
Pampas.
1
O mapa mostra a 
localização da Mata 
Atlântica. O tucano-
-de-bico-preto e o 
muriqui-do-norte 
são espécies típicas 
das florestas desse 
bioma.
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Claudiovidri/Shutterstock
Ana_Cotta/Wikimedia Commons
História da educação ambientalHistória da educação ambiental 5555
56 Educação Ambiental
Diante do cenário de devastação que se acen-
tuou no século XX, os movimentos ambientalistas, 
no Brasil, embora tímidos, começaram a despon-
tar e a exigir legislações que preservassem e con-
servassem os biomas brasileiros. É importante 
destacar que os primeiros ambientalistas brasilei-
ros acabaram por se tornar funcionários das re-
partições públicas criadas para gerir as questões 
ambientais. Com isso, os movimentos ambientais 
iniciais se mesclam com as primeiras legislações e 
políticas referentes aos recursos naturais.
A revolução brasileira que ocorreu em 1930 
disparou uma reforma política no país. Entre os mais antigos documen-
tos referentes à proteção ambiental que se tem acesso está o Código 
das Águas, o qual foi publicado sob o Decreto n. 24.643, em 1934, e de-
finiu o direito de propriedade e exploração dos recursos hídricos para 
serem utilizados na irrigação, navegação, abastecimento, geração de 
energia e indústria.
Esse decreto foi um marco para o país, que estava em meio ao seu 
processo de industrialização e dependia da água para muitas ativida-
des industriais. Quem o descumprisse receberia sansões, como o pa-
gamento de multas.
Art. 109. A ninguém é lícito conspurcar [poluir] ou contaminar as 
águas que não consome, com prejuízo de terceiros.
Art. 110. Os trabalhos para a salubridade das águas serão exe-
cutados à custa dos infratores, que, além da responsabilidade 
criminal, se houver, responderão pelas perdas e danos que cau-
sarem e pelas multas que lhes forem impostas nos regulamentos 
administrativos (BRASIL, 1934a).
No mesmo ano, foi publicado o Decreto n. 24.642, que ficou conhe-
cido como o Código de Minas, definindo quais e como seriam as ativi-
dades de exploração do subsolo permitidas no país. Além de exigir que 
se evitasse a poluição do ar e da água, objetivava a conservação das 
fontes de águas naturais.
Art. 67. No caso em que as águas dos mananciais, dos córregos 
ou dos rios forem poluídas por efeito da mineração, suscitan-
do reclamações dos proprietários e populações, vizinhas, o Go-
verno, ouvidas as repartições competentes da Saúde Pública e 
outras, providenciará por instruções e medidas que forem ne-
cessárias para evitar os males públicos, em vista, quanto possí-
vel, as condições econômicas da lavra da mina (BRASIL, 1934b).
O Parque Estadual da Graciosa, no Paraná, 
é uma área de proteção ambiental que faz 
parte da Mata Atlântica.
Victor Oliveira Sartório/Wikimedia Commons
Os decretos citados procuravam organizar a exploração dos recursos 
naturais que já apresentavam exaustão e geravam poluição. Os sítios ar-
queológicos do país também sofriam com a exploração pela mineração 
e com a subtração indevida de peças e objetos que contam a história 
dos nossos antepassados. O Decreto-lei n. 25, publicado em 1937, pas-
sou a organizar o Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, incluindo o 
patrimônio arqueológico, que passaria a estar protegido de explorações. 
É importante destacar que essas explorações podem ocorrer pela inicia-
tiva privada e por obras públicas, como a abertura de estradas.
As terras indígenas também sofreram com a implantação de rodo-
vias e ferrovias, com atividades agropecuárias e com as consequências 
da poluição da água. As lutas dos movimentos indígenas foram e ainda 
são intensas devido à desvalorização que há em relação aos povos tra-
dicionais e seus modos de vida. No Brasil, há diversos movimentos que 
lutam pelos direitos indígenas, tendo em vista que:
até os anos 1970, a demarcação das terras indígenas, ampara-
da na Lei 6001/73 (Estatuto do Índio) pautava-se pelo modelo da 
sociedade dominante, qual seja, a moradia fixa associada exclu-
sivamente ao trabalho agrícola, desconsiderando que a subsis-
tência de vários povos baseia-se na caça, na pesca e na coleta, 
atividades que exigem extensões mais amplas que o contorno 
imediato das aldeias (FUNAI, 2020).
Devido às inúmeras tribos indígenas e suas diferentes línguas, mui-
tos foram os movimentos para proteger suas terras e culturas. Com 
o objetivo de unificar as lutas, foi criada a Articulação dos Povos Indí-
genas do Brasil (APIB). Entre as suas principais causas se destacam a 
demarcação, a desintrusão e a proteção das terras indígenas.
O texto Ruas vazias e 
freio na poluição: meio 
ambiente se beneficia com 
expansão do coronavírus, 
de Renato Grandelle, faz 
uma avaliação sobre os 
efeitos positivos para o 
meio ambiente que estão 
ocorrendo devido ao iso-
lamento social. Com me-
nos pessoas circulando e 
consumindo, as emissões 
de gases resultantes da 
queima de combustíveis 
das indústrias e dos auto-
móveis foram reduzidas, 
tornando possível visuali-
zar, por meio de imagens 
divulgadas pela NASA, 
a diminuição dos gases 
poluentes na atmosfera.
Disponível em: https://oglobo.
globo.com/sociedade/coronavirus/
ruas-vazias-freio-na-poluicao-
-meio-ambiente-se-beneficia-
-com-expansao-do-coronavi-
rus-24324162. Acesso em: 19 
maio 2020.
Leitura
desintrusão: retirada de 
ocupantes não indígenas.
Glossário
Valter Campanato/ABr/Wikimedia Commons
Indígenas das tribos Bororo, Ricbacta, Tapirapé e 
Assurini do Xingu.
Agência Brasil/Wikimedia Commons
Agência Brasil/Wikimedia Commons
Agência Brasil/Wikimedia Commons
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História da educação ambientalHistória da educação ambiental 5757
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/ruas-vazias-freio-na-poluicao-meio-ambiente-se-beneficia-com-expansao-do-coronavirus-24324162https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/ruas-vazias-freio-na-poluicao-meio-ambiente-se-beneficia-com-expansao-do-coronavirus-24324162
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/ruas-vazias-freio-na-poluicao-meio-ambiente-se-beneficia-com-expansao-do-coronavirus-24324162
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/ruas-vazias-freio-na-poluicao-meio-ambiente-se-beneficia-com-expansao-do-coronavirus-24324162
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/ruas-vazias-freio-na-poluicao-meio-ambiente-se-beneficia-com-expansao-do-coronavirus-24324162
https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/ruas-vazias-freio-na-poluicao-meio-ambiente-se-beneficia-com-expansao-do-coronavirus-24324162
Em 1958, foi criada a Fundação Brasileira para a Conservação da 
Natureza. Segundo Franco e Drummond (2009, p. 63), a entidade foi 
uma das mais influentes na luta pela conservação ambiental no país e 
“representou um esforço para enfrentar, organizadamente, os apelos 
desenvolvimentistas do governo do presidente Juscelino Kubitschek”. 
Seus integrantes tinham receio de que o desenvolvimentismo pregado 
pelo presidente, de crescer 50 anos em 5, ameaçasse o uso racional 
dos recursos naturais. As lutas da entidade concentraram-se na funda-
ção de parques nacionais e na garantia de equilíbrio da biodiversidade 
nas áreas conservadas.
3.4 Movimentos ambientalistas no 
Brasil: a partir de 1960 Vídeo
O ambientalismo, no Brasil, fortaleceu-se na década de 1960, quan-
do um grande parque industrial foi implantado no país, momento em 
que o desenvolvimento estava baseado no industrialismo. Várias in-
dústrias multinacionais começaram a ingressar no país, criando pro-
blemas ambientais, uma vez que objetivavam obter lucros e explorar 
os recursos naturais.
Diante da exploração desmedida que ocorria, foi divulgado, em 1964, 
o Estatuto da Terra, sob a Lei n. 4.504, que definiu a função social da ter-
ra, exigindo a conservação dos recursos naturais e racionalizando a ativi-
dade agropecuária. Um ano depois, o Código Florestal (Lei n. 4.771/1965) 
reconheceu as florestas e outras formas de vegetação como bens públi-
cos e estabeleceu critérios para sua preservação permanente e para 
a demarcação de parques e reservas biológicas. Além disso a refe-
rida lei criou áreas de preservação ambiental 1 .
Na década de 1970, a WWF entra com suas ações no país. 
Tem início, também, a Associação Gaúcha de Proteção ao 
Meio Ambiente, a Fundação Brasileira para a Conservação da 
Natureza e a União Mundial para a Conservação, além da pu-
blicação do Manifesto Ecológico Brasileiro. No ano de 1971, foi 
criado, na cidade do Rio de Janeiro, o Programa de Conservação 
do mico-leão-dourado, auxiliando, mais tarde, nos anos 1980, a 
reconhecida Fundação Projeto Tamar.
Extensa área natural reservada 
para proteção e conservação 
da fauna e flora, além das 
comunidades e ecossistemas 
regionais, sendo permitidas 
atividades humanas que não 
causem impactos ambientais ou 
que causem o mínimo possível.
1
O mico-leão-dourado pode ser visto atualmente na Reserva Biológica Poço das Antas e na Reserva 
Biológica União, ambas no estado do Rio de Janeiro. 
Jeroen Frans
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5858 Educação AmbientalEducação Ambiental
História da educação ambiental 59
Essa fundação, em parceria com universi-
dades nacionais e do exterior e com empre-
sas, desenvolve pesquisas e projetos sobre 
proteção e manejo de espécies de tartarugas 
marinhas encontradas no Brasil. São estabe-
lecidas “ações prioritárias para a conserva-
ção e pesquisa das tartarugas marinhas no 
Brasil, criando diretrizes capazes de otimizar 
o trabalho em rede com colaboradores diver-
sos” (TAMAR, 2020). As ações buscam neutra-
lizar ou eliminar qualquer tipo de ameaça 
contra as tartarugas marinhas.
Com o objetivo de institucionalizar e centralizar as ações referentes 
ao meio ambiente, em 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio 
Ambiente, vinculada ao Ministério do Interior, que, em 1975, adotou o 
Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras e tornou público o 
Decreto-Lei n. 1.413, que controla a emissão de poluentes no país.
A partir da década de 1980, as legislações brasileiras referentes às 
questões ambientais avançaram nos temas de zoneamento industrial, 
estações ecológicas, áreas de proteção ambiental, estudo de impacto 
ambiental, gerenciamento costeiro e agrotóxicos.
Em 1981, foi publicada a Lei n. 6.902, que regulamentou a criação 
de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental, e a Política Na-
cional do Meio Ambiente, sob a Lei Federal n. 6.938, inserindo o meio 
ambiente na legislação brasileira como mundo natural, conjunto de 
condições, leis, influências e interações física, química e biológica. Além 
disso, dispôs sobre desenvolvimento econômico e preservação am-
biental e criou o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
Nesse mesmo ano, foi instituído o Conselho Nacional do Meio Am-
biente (Conama) como órgão consultivo e deliberativo do Sisnama. O 
Conama estabelece normas e critérios de licenciamentos de atividades 
poluidoras, além de normas e padrões para o controle da poluição 
causada por automóveis, aviões e embarcações. Até o ano de 2019, o 
Conama já havia publicado 493 resoluções.
A Fundação SOS Mata Atlântica foi criada em 1986 para defender o 
que ainda restava da Mata Atlântica do Brasil. Sua proposta era a con-
servação ambiental da mata, por meio de educação, profissionalização, 
Tartaruga marinha, em um tanque 
de pesquisa do Projeto Tamar.
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60 Educação Ambiental
políticas públicas, uso de tecnologias e formação de 
uma rede para consolidar o movimento socioam-
biental brasileiro.
Ao longo de sua trajetória, a fundação lançou 
campanhas como “Estão tirando o verde da nossa 
Terra”, “Despoluição do Tietê”, “Mata Atlântica: vote 
para proteger” e “A mata é a nossa casa”. Atualmen-
te, a fundação apoia as políticas públicas de con-
servação da Mata Atlântica e o desenvolvimento de 
estudos, projetos e monitoramento do referido bio-
ma (SOS MATA ATLÂNTICA, 2020).
Além das iniciativas da sociedade civil organizada, há também 
aquelas desenvolvidas por ativistas individuais, como o seringuei-
ro Chico Mendes, que, entre os anos 1975 e 1988, defendeu a 
conservação dos seringais da Amazônia e a criação de reservas 
extrativistas em que os seringueiros poderiam explorar as plan-
tas de maneira sustentável.
O ambientalista, que recebeu o prêmio Global 500 da ONU, 
foi assassinado em 1988, a mando de fazendeiros que não con-
cordavam com sua luta. É importante destacar que o Bra-
sil ocupa o primeiro lugar, no mundo, no ranking dos 
países mais letais para ativistas ambientais, ou seja, é 
o país que mais mata os defensores do meio ambien-
te, segundo a ONG britânica Global Witness (O BRASIL..., 
2018). No ano de 2017, entre as vítimas estavam:
líderes locais, encarregados de proteger a flora e a fauna selva-
gens, ou “pessoas comuns”, que defendem suas terras. O agro-
negócio foi o setor mais perigoso, ultrapassando a mineração 
pela primeira vez, com 46 defensores mortos protestando contra 
a maneira como os bens que consumimos estão sendo produzi-
dos. A oposição a operações de mineração e petróleo deixou 40 
mortos, a luta contra a caça ilegal e a extração de madeira teve 
23 ativistas mortos cada. (O BRASIL..., 2020).
Embora as mortes de Chico Mendes e de tantos outros tenham se 
tornado emblemáticas, não foram suficientes para que outros ativistas 
deixassem de ser assassinados, como aconteceu com a irmã Dorothy 
Mae Stang, morta, em 2005, por defender o uso sustentável da terra. 
Chama a atenção nos dois casos o fato de terem ocorrido em regiões 
Logotipo feito com 
materiais recicláveis.
Chico Mendes em 1988.
Rcandre/ Wikimedia Commons
Miranda Smith/ Wikimedia Commons
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de floresta amazônica e ambos terem suas lutas reconhecidas e pre-
miadas. Ainda na mesma região,a ativista quilombola Maria do So-
corro Silva segue sua luta contra o racismo e a destruição ambiental 
causada na maior refinaria de alumínio no Pará. A ativista contabiliza 
ameaças e tentativas de intimidações, além de mortes de companhei-
ros de luta (WATTS, 2018).
Quase 20 anos após a morte de Chico Mendes, em reconhecimento 
ao ativista, o governo federal criou o Instituto Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. 
O instituto executa programas de pesquisa, proteção, preservação e 
conservação da biodiversidade (ICMBIO, 2020).
O país seguiu as tendências mundiais em defesa das questões eco-
lógicas e passou a ter seu Partido Verde, criado na década de 1980. 
Inicialmente, sua bandeira era o impedimento da instalação de usinas 
nucleares no país. Com o passar dos anos, sua ideologia voltou-se, tam-
bém, para temas que divergiam do conservadorismo brasileiro, como 
racismo e homofobia.
Com a reabertura política no Brasil, em que o país abandona o re-
gime militar ditatorial e retoma a democracia, os movimentos ambien-
talistas se intensificam e se fortalecem. Esse período coincide com a 
ampliação da agenda ambientalista internacional. Em 1989, o Conama 
instituiu o Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas para formar 
um banco de dados referentes às entidades não governamentais de 
defesa ao meio ambiente. As entidades cadastradas podem ser convi-
dadas a participar de projetos e convênios com o governo federal.
No início dos anos 1990, o Greenpeace iniciou suas atividades no 
Brasil. Suas ações se concentraram em campanhas para que o país 
não recebesse lixo radioativo vindo de usinas nucleares de outros paí-
ses. A organização também participou 
de campanhas contra a explora-
ção ilegal de madeira da Floresta 
Amazônica. Esses acontecimen-
tos foram simultâneos à Rio 92, 
em que foi utilizada, pela pri-
meira vez, a internet em um 
evento no país.
Protesto do Greenpeace, em 
Brasília.
História da educação ambientalHistória da educação ambiental 6161
Para garantir segurança às autoridades que chegavam ao Brasil 
para participar da Conferência, tanques de guerra foram colocados nas 
ruas da cidade do Rio de Janeiro, além do bloqueio de vias. Tudo isso 
para proteger personalidades como Fidel Castro, Dalai Lama, George 
Bush, Jane Fonda e Al Gore. Havia um segundo evento paralelo acon-
tecendo. Ativistas se organizaram nos espaços fora do Riocentro para 
protestar contra a exploração predatória do meio ambiente.
Vinte anos mais tarde, o Brasil voltou a sediar uma conferência in-
ternacional sobre desenvolvimento sustentável, a Rio+20. Além dos re-
presentantes da sociedade civil, estiveram presentes 193 delegações 
de todo o mundo. O Brasil, que presidiu o evento, organizou uma Co-
missão Nacional para a Rio+20, a qual buscou o diálogo com a socie-
dade para construir um consenso sobre a posição brasileira durante a 
conferência. Na ocasião, foi definida como economia verde a aplicação 
de políticas e programas para o fortalecimento do desenvolvimento 
sustentável nos âmbitos econômico, social e ambiental, bem como 
para a redução das desigualdades.
As nações assumiram compromissos como a erradicação da po-
breza extrema, e muitos aderiram aos ODS. Também foi lançado, no 
evento, o Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Susten-
tável. Diferentemente da Rio 92, a Rio+20 não se configurou como uma 
conferência legislativa, ou seja, não era a intenção deixar como legado 
documentos para a promoção do desenvolvimento sustentável, mas 
promover o debate (RIO+20, 2020).
O grande resultado da Rio+20 foi a reafirmação dos princípios esta-
belecidos na Rio 92 e em outras conferências realizadas nos últimos 50 
anos. Outro legado do evento foi o desenvolvimento sustentável como 
Líderes mundiais na foto oficial 
da Rio + 20, em 2012.
Roberto Stuckert Filho/ Wikimedia Commons
6262 Educação AmbientalEducação Ambiental
História da educação ambiental 63
objetivo final da comunidade internacional, tendo como foco a eco-
nomia verde. O Brasil, assim como outras nações, tinha a aspiração 
de formatar um conjunto de indicadores e metas que permitissem o 
desenvolvimento sustentável. Contudo, o que se conseguiu foi ado-
tar os ODS a partir de 2015. Pode-se dizer que o maior legado da 
Rio+20 foi provocar a reflexão sobre o atual modelo de desenvolvi-
mento (RIO+20, 2020).
Os movimentos ambientalistas, nacionais e internacionais, são de 
extrema importância para a defesa do meio ambiente. Por meio deles, 
a sociedade tem a oportunidade de acessar pesquisas, movimentos in-
ternacionais, debates e reflexões. Contudo, essas movimentações são 
eventuais e exigem amplos esforços e investimentos para acontecer. 
Em seus intervalos, a temática ambiental não pode ficar adormecida 
aguardando pelo próximo evento. Nesse sentido, a educação ambien-
tal se apresenta como uma possibilidade para manter debates, refle-
xões e proposições de ações de proteção ambiental, podendo atingir 
os vários segmentos sociais e promover mudanças de curto, médio e 
longo prazo.
3.5 Início da educação ambiental 
Vídeo A educação ambiental é um campo teórico que se constrói e se 
reconstrói à medida que o planeta demonstra seus limites. Diante da 
crise socioambiental que se apresenta, surgem novas inquietações e 
a necessidade de desenvolver teorias que explicam a problemática 
ambiental, promovendo o debate, a reflexão, a sensibilização e a pro-
dução e disseminação de novos conhecimentos.
Os eventos, as políticas, as instituições educacionais e de pes-
quisas, os movimentos sociais e as iniciativas pessoais contribuíram 
para a construção da educação ambiental, a qual transita pelos vá-
rios segmentos sociais e pelas diferentes áreas do conhecimento, 
buscando contribuir para a minimização dos problemas ambientais, 
colaborando para a qualidade de vida humana e não humana. Galli 
(2009), ao estudar a história da educação ambiental, observa que o 
ser humano possui uma grande capacidade para reagir diante das 
adversidades, o que fortalece as possibilidades de agir ante aos pro-
blemas ambientais.
64 Educação Ambiental
Nesta conjuntura, a educação ambiental pode ser capaz de rea-
lizar o resgate de valores éticos precípuos que sirvam de base 
para a formação de pessoas mais conscientes da sua condição 
de parte integrante do meio, cujas atitudes se reflitam positi-
vamente no meio ambiente, que é indivisível, pessoas que, em 
decorrência disso, têm direitos e responsabilidades para com a 
natureza e todos os seus ecossistemas, os quais lhes permitem a 
existência (GALLI, 2009, p. 19).
Buscando sintonia entre os problemas ambientais e as possibili-
dades de minimizá-los, o termo educação ambiental foi cunhado pela 
primeira vez, ao que se tem registro, no Encontro de Paris, em 1948. 
Entretanto, foi na Conferência de Estocolmo que se inseriu o uso do 
termo na agenda internacional de defesa do meio ambiente. No ano 
de 1975, foi lançado o Programa Internacional de Educação Ambiental, 
definindo princípios e orientações que serviram como diretrizes para 
ações no futuro.
Durante a Conferência Intergovernamental sobre Educação Am-
biental em Tbilisi, na Georgia, discutiram-se e foram definidos princí-
pios, estratégias, objetivos, funções, características e recomendações 
para a educação ambiental que, na ocasião, foi compreendida como 
transformadora ao possibilitar a aquisição de conhecimentos. Da con-
ferência resultou a consolidação do Programa Internacional de Educa-
ção Ambiental da Unesco. Em Belgrado, foi estabelecido um Programa 
Mundial de Educação Ambiental.
O Brasil acompanhou as tendências mundiais e, na década de 1970, 
já dava seus primeiros passos na definição da educação ambiental 
nacional. Inicialmente, os movimentos conservacionistas lideraram o 
processo, o que fazia sentido para aquele momento político e econô-
mico do país, em que a natureza era vista como fonte de recursos.
No ano de 1973, no Brasil, foram dados os primeirospassos rumo 
à educação ambiental, por meio da criação da Secretaria Especial do 
Meio Ambiente (Sema). Em 1981, o governo federal estabeleceu, no 
âmbito legislativo, a inclusão da educação ambiental em todos os 
níveis de ensino, por meio da Política Nacional de Meio Ambiente 
(PNMA), sob a Lei n. 6.938 (BRASIL, 2014). No ano de 1988, a educação 
ambiental recebeu um capítulo específico na Constituição Federal, 
que dispõe o seguinte:
65
Chinnapong/Shutterstock
Capítulo VI
Do Meio Ambiente
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equi-
librado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder 
público:
[...]
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensi-
no e a conscientização pública para a preservação do meio am-
biente (BRASIL, 1988, grifos do original).
Durante a Rio 92, foi publicado o Tratado de Educação Ambiental 
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, que foi or-
ganizado pela sociedade civil. O documento estabeleceu os princípios 
fundamentais da educação ambiental para o fortalecimento de socie-
dades sustentáveis, por meio da criticidade, coletividade e solidarieda-
de, prevendo ações interdisciplinares e multidisciplinares. Além disso, 
resultou da conferência a Carta da Terra e a Agenda 21 que funciona 
como um plano de ação global. A Agenda 21 reforça:
a atribuição de poder aos grupos comunitários por meio do 
princípio da delegação de autoridade, assim como o estímulo à 
criação de organizações indígenas com base na comunidade, de 
organizações privadas de voluntários e de outras formas de en-
tidades não governamentais, capazes de contribuir para a redu-
ção da pobreza e melhoria da qualidade de vida das famílias de 
baixa renda (BRASIL, 2014, p. 16).
A Carta da Terra é uma declaração de responsabilidade da socieda-
de com o planeta e busca a sensibilização para o desenvolvimento de 
uma sociedade sustentável global, respeitando a natureza, os direitos 
humanos universais e instaurando a cultura de paz. A carta chama a 
atenção para a preservação da biosfera de maneira saudável, respei-
tando todos os sistemas ecológicos. “O meio ambiente global com seus 
recursos finitos é uma preocupação comum de todas as pessoas. A 
proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagra-
do” (A CARTA..., 1992).
História da educação ambiental
66 Educação Ambiental
Durante a Conferência Rio 92 e, após os debates, foi escrita a Carta 
Brasileira para a Educação Ambiental que foi reconhecida como um 
instrumento viabilizador para a sustentabilidade. Ainda naquele mes-
mo ano, o Ministério da Educação promoveu o I Encontro Nacional de 
Centros de Educação Ambiental, para debater propostas pedagógicas 
para a Educação Ambiental (BRASIL, 2014).
Em 1993, o Ministério da Educação criou a Coordenação-Geral de 
Educação Ambiental, que tinha como objetivo instituir a política de Edu-
cação Ambiental do Sistema Nacional de Meio Ambiente. O Instituto 
Brasileiro de Meio Ambiente formou Núcleos de Educação Ambiental, 
nos estados, para fomentar processos educativos de gestão ambiental 
(BRASIL, 2014).
O Programa Nacional de Educação Ambiental (Pronea) foi criado 
em 1994, com a incumbência de capacitar gestores e educadores, de-
senvolver ações educativas, bem como instrumentos e metodologias 
(BRASIL, 2014). Além disso, o Pronea determina diretrizes para as políti-
cas públicas que envolvam vários segmentos da sociedade e esferas de 
governo para a educação ambiental.
Em 1997 aconteceu, na Grécia, a Conferência Internacional sobre 
o Meio Ambiente e Sociedade: educação e consciência pública para a 
sustentabilidade, na qual os conceitos debatidos durante a Rio 92 fo-
ram aprofundados, devido ao consenso de que o desenvolvimento da 
educação ambiental havia sido insuficiente, cobrando da sociedade e 
das nações atuações referentes à sustentabilidade, identidade cultural 
e diversidade, mobilização e participação.
No mesmo ano, o Ministério da Educação lançou os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs), como subsídio para os profissionais da 
educação abordarem temas como meio ambiente, ética, pluralidade 
cultural, orientação sexual, trabalho e consumo, além de procedimen-
tos, atitudes e valores no convívio escolar. Os PCNs tornaram-se um 
marco para o tratamento de temas que, antes, não encontravam espa-
ço no currículo escolar.
A Lei Federal n. 9.795/1999 instituiu a Política Nacional de Educação 
Ambiental e a tornou obrigatória em todos os níveis de ensino formal 
da educação brasileira. Nessa lei, a educação ambiental ficou defini-
da como “processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
No link a seguir, pode-se 
baixar um vídeo que faz 
um convite à reflexão 
sobre o mundo que 
queremos, as mudanças 
necessárias para um 
mundo mais justo e sus-
tentável, o qual respeite 
os direitos humanos e 
as liberdades fundamen-
tais. Além disso, chama 
a atenção para que as 
ações de consumo e os 
estilos de vida sejam mais 
sustentáveis, respeitando 
os limites da natureza, as 
culturas dos povos e a 
democracia.
Disponível em: https://www.mma.
gov.br/responsabilidade-socioam-
biental/agenda-21/carta-da-terra.
html. Acesso em: 20 maio 2020.
Vídeo
https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-terra.html
https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-terra.html
https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-terra.html
https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/carta-da-terra.html
História da educação ambiental 67
Ienetstan/Shutterstock
constroem valores sociais, conhecimentos, habi-
lidades, atitudes e competências voltadas para 
a conservação do meio ambiente, bem de uso 
comum do povo, essencial à sadia qualidade de 
vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999). Além 
disso, foram definidos princípios, objetivos e di-
retrizes para a educação ambiental no país.
 Com o intuito de colaborar para que 
as populações desenvolvessem atitudes, ha-
bilidades e conhecimentos para a tomada de 
decisões referentes ao meio ambiente, a década 
de 2005 a 2014 foi declarada como a Década das 
Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável. O período foi importante para a educação am-
biental, que passou a ter maior projeção no cenário internacional, 
sendo reconhecida como aliada ao enfrentamento dos problemas 
ambientais. As políticas também foram potencializadas, assim como 
os programas e ações educativas voltados para o meio ambiente.
A educação ambiental foi se desenvolvendo ao longo dos movi-
mentos ambientalistas, das legislações e dos acontecimentos so-
cioambientais. Embora, na atualidade, existam muitas teorias sobre 
a educação ambiental, é na prática, no cotidiano das ações, que ela 
é moldada e ganha contornos para se adequar aos vários segmentos 
sociais, às atividades políticas e econômicas, à educação formal e aos 
espaços de lazer e de cultura. A formalização do tratamento das ques-
tões ambientais permitiu uma nova visão sobre o meio ambiente, le-
vando o sujeito a ser um agente transformador do meio em que vive.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, a trajetória dos movimentos ambientais caminha com 
eventos, desastres ecológicos, disputas e legislações. Em meio a isso, es-
pecialistas de todo o mundo perceberam que, para além de chamar a 
atenção para os problemas ambientais, seria necessário desenvolver me-
canismos formais e abrangentes para buscar o tão almejado desenvolvi-
mento sustentável.
68 Educação Ambiental
Os movimentos ambientalistas, que ocorreram no Brasil e no Mundo, co-
laboraram para a definição de políticas e estratégias de defesa do meio am-
biente. A agenda ambiental global permitiu colocar os problemas ambientais 
em debate, chamando todos para a reflexão e paramudanças de hábitos.
A educação ambiental, nesse sentido, consolidou-se como aliada para 
a inserção da temática ambiental na complexidade social, uma vez que 
permite diferentes e variadas abordagens no enfrentamento da ques-
tão ambiental, ultrapassando as barreiras do preservacionismo e do 
conservacionismo.
Aderir à educação ambiental pode transformar as pessoas e, conse-
quentemente, o meio em que vivem, mesmo diante da multiplicidade de 
acontecimentos que se instalam no cotidiano, no qual as condições na-
turais seriam responsáveis pelas ações humanas. A educação ambiental 
deve ser considerada um instrumento facilitador para multiplicação de 
informações, experiências, lutas, políticas públicas e ações que colaborem 
para a materialização do desenvolvimento sustentável. A compreensão e 
a colaboração para a mudança deve partir de cada um, em simples atitu-
des que, certamente, poderão fazer a diferença para melhorar a qualida-
de de vida no planeta.
Assim, a educação ambiental – pautada nos direitos humanos, na cul-
tura de paz, no respeito à diversidade e a todas as manifestações de vida, 
no combate à pobreza, no empoderamento das mulheres e das minorias 
e no desenvolvimento sustentável – pode se consolidar com um meio para 
modificar os comportamentos das pessoas frente ao meio ambiente do 
qual fazem parte. É dever de todos agir e reagir sobre os problemas am-
bientais, responsabilizando-se e sentindo-se parte do projeto societário 
de mudanças necessárias, que garantam qualidade de vida para a atual e 
para as futuras gerações, assim como o tão almejado equilíbrio ambiental.
ATIVIDADES
1. Os movimentos ambientalistas que ocorreram no mundo 
demonstraram potencialidades e fragilidades da sociedade para 
resolver os problemas ambientais. Discorra sobre como a sociedade 
civil organizada pode colaborar para mitigar os impactos ambientais 
causados pela humanidade.
2. Ao estudar sobre as legislações ambientais do início do século XIX, no 
Brasil, observa-se que a visão conservacionista predomina. Argumente 
sobre como as legislações impactam a exploração dos recursos naturais.
História da educação ambiental 69
3. A educação ambiental se apresenta como uma possibilidade para a 
implantação de mudanças na concepção de que a natureza é apenas 
fornecedora de recursos para os seres humanos. Reflita e registre 
como a educação ambiental pode colaborar para formar cidadãos 
críticos no que diz respeito ao meio ambiente.
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70 Educação Ambiental
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grab-corruption-pollution-amazon-rainforest-brazil-maria-do-soccoro-silva. Acesso em: 20 
maio 2020.
Políticas de educação ambiental 71
4
Políticas de educação 
ambiental
Neste capítulo, veremos os marcos legais ambientais internacio-
nais que embasam as legislações referentes ao meio ambiente. Os 
acordos e tratados internacionais constituem-se em ferramentas 
para resolver impasses ambientais que envolvem os países, salva-
guardando o meio ambiente dos impactos que possam ser causa-
dos, principalmente, pela exploração econômica. Outro assunto que 
abordaremos são as principais legislações ambientais brasileiras, 
que são amplas devido à diversidade e à dimensão do território na-
cional, mas buscam equilibrar crescimento econômico e conserva-
ção ambiental para alcançar o desenvolvimento sustentável.
Além das legislações ambientais, serão discutidas as leis especí-
ficas da educação ambiental e seus objetivos, mostrando a impor-
tância do trabalho efetivo na educação formal e não formal. Para 
finalizar, serão apresentadas as principais correntes epistemológi-
cas da educação ambiental, que se construíram a partir do processo 
de reflexão sobre as ações e reações humanas, e do reconhecimen-
to de sua indissociabilidade da natureza. As correntes demonstram 
que os elementos da natureza estão interligados em uma relação 
de interdependência, demonstrando que a responsabilidade pelos 
problemas ambientais é de todos os segmentos da sociedade.
4.1 Marcos legais ambientais internacionais 
Vídeo A problemática ambiental resultou em eventos e acordos institu-
cionais e internacionais que normatizaram ações que dizem respeito 
ao meio ambiente. O direito ambiental internacional emerge dessas 
discussões e de debates em universidades, cortes, fóruns, câmaras, 
congressos, entretantos outros espaços propícios para construir e em-
72 Educação Ambiental
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basar legislações que venham a colaborar com a preservação e a con-
servação da natureza e seus recursos.
Os tratados e convenções internacionais referentes ao meio ambien-
te destacam-se a partir da década de 1940 e se fortalecem, principal-
mente, entre as décadas de 1970 e 1990, momento em que as relações 
consumistas se expandem e os problemas ambientais se aprofundam.
As matérias das legislações ambientais internacionais, em geral, 
constituem-se de: mudanças climáticas; poluição; desmatamento; de-
sertificação; extinção de espécies; produção e disposição de resíduos; 
biodiversidade; biopirataria; água, energia e armas nucleares; educa-
ção ambiental; extinção da fome no mundo; e catástrofes e acidentes 
ambientais. As pesquisas e os conhecimentos científicos são levados 
em consideração na definição dos direitos ambientais, mas deve-se 
ponderar a interposição e influência da política, da economia, dos inte-
resses privados e da hegemonia de algumas nações.
As organizações internacionais e intergovernamentais contribuem 
para a formulação das legislações e movimentam-se para que sejam 
cumpridas, aplicando sanções internacionais no caso de descumpri-
mento. Entre essas organizações, podemos citar a Organização das 
Nações Unidas (ONU), que desempenha importante papel na garantia 
e defesa de direitos. Os programas da ONU exercem bas-
tante influência na área ambiental.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Am-
biente (PNUMA), por exemplo, tem o objetivo de 
intermediar as ações internacionais referentes ao 
meio ambiente e intervém em três domínios: “avalia-
ção do meio ambiente (avaliação, análise, pesquisas); 
gestão de meio ambiente (objetivos, consultas e acor-
dos internacionais) e medidas de sustentação (educa-
ção e formação profissional, informação, organização)” 
(SILVA, 2002, p. 69).
No Brasil, o PNUMA difunde informações referentes aos acor-
dos ambientais, programas, metodologias e conhecimentos com o 
objetivo de promover participação e contribuição de especialistas e 
instituições brasileiras em fóruns e ações internacionais (ONU BRASIL, 
2020). Essa promoção da participação em eventos é importante, pois 
hegemonia: supremacia ou 
influência preponderante exerci-
da por uma nação em relação a 
outras julgadas inferiores.
Glossário
Emblema da ONU.
Políticas de educação ambiental 73
eles têm grande potencial para a inserção de normas para o uso dos 
recursos naturais mundiais, como a Declaração de Estocolmo, que es-
tabeleceu princípios para o direito ambiental internacional, dentre os 
quais se destacam:
Princípio 1 - O homem tem o direito fundamental à liberdade, 
igualdade e adequadas condições de vida, num meio ambien-
te cuja qualidade permita uma vida de dignidade e bem-estar, 
e tem a solene responsabilidade de proteger e melhorar o meio 
ambiente, para a presente e as futuras gerações. [...]
Princípio 21 - Os Estados têm, de acordo com a Carta das Nações 
Unidas e os princípios do direito internacional, o direito sobera-
no de explorar seus próprios recursos, conforme suas próprias 
políticas relativas ao meio ambiente, e a responsabilidade de as-
segurar que tais atividades exercidas dentro de sua jurisdição, 
não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou a 
áreas fora dos limites da jurisdição nacional. [...]
Princípio 22 - Os Estados cooperarão para progressivamente 
desenvolver o direito internacional, relativamente a responsa-
bilidade e reparação às vítimas da poluição e outros danos am-
bientais, causados por atividades geradas dentro das áreas de 
jurisdição ou controle de tais Estados, a áreas fora da jurisdição 
deles. (ONU BRASIL, 2020)
Quando foi criada a Organização das Nações Uni-
das para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), seu 
objetivo era buscar formas de garantir a paz e a se-
gurança, democratizando o acesso à educação, ciência, 
cultura e cooperação entre as nações, além de auxiliar 
os Estados-membros a buscar soluções para os proble-
mas mundiais. Com o passar dos anos, a organização 
incluiu em suas ações o desenvolvimento de progra-
mas internacionais, nos quais envolve avaliação, ad-
ministração e proteção dos recursos naturais, além do 
fortalecimento das pesquisas científicas referentes a 
alternativas sustentáveis de desenvolvimento.
Jardim da Paz, na sede da Unesco em Paris. 
Esse jardim foi doado pelo governo do Japão. 
Foi projetado pelo escultor americano-japonês 
Isamu Noguchi, em 1958, e instalado pelo 
jardineiro japonês Toemon Sano.
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A organização tem forte influência nas tomadas de decisões 
mundiais e auxilia a formulação de políticas públicas. Na atualida-
de, a Unesco propõe ações que envolvem educação, ciências sociais, 
humanas e naturais “capazes de induzir a transformação social, a 
conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável, [...] e con-
solidação de Reservas da Biosfera e Sítios do Patrimônio Mundiais” 
(ONU BRASIL, 2020).
Durante os grandes eventos mundiais, a ONU lança a denomina-
da convenção-quadro, que é um tratado internacional com objetivos 
específicos a depender de seu tema. A Convenção-Quadro das Na-
ções Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC), conhecida como 
Convenção do Clima, lançada durante a Rio 92, tem entre suas atri-
buições estabilizar as emissões e concentrações de gases de efeito 
estufa na atmosfera para assegurar que a produção de alimentos 
não seja afetada. Ela se baseia em dados gerados pelo Painel In-
tergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para definir os 
compromissos e as obrigações para as nações.
Da Convenção do Clima resultou a elaboração do Protocolo de 
Quioto, que fixou normas para a redução de gases de efeito estu-
fa, além de metas a serem atingidas pelos países signatários. Esse 
tratado foi aberto para assinaturas em 11 de dezembro de 1997 e, 
para entrar em vigor, precisou ser ratificado 1 por 55 nações, repre-
sentando pelo menos 55% das emissões de gases que provocam o 
efeito estufa.
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Foto organizada pelo Greenpeace durante a CQNUMC, em 2016. Ao lado das bandeiras, na 
entrada, há uma faixa gigante dizendo “Vamos seguir em frente”.
Depois de ratificado, ou seja, 
validado, as regras do tratado 
entraram em vigor nos países 
que o assinaram.
1
74 Educação AmbientalEducação Ambiental
A Agência Internacional de Energia Atô-
mica (AIEA), fundada em 1957, faz parte da 
ONU e tem como objetivo promover o uso 
pacífico de energia atômica, além de fisca-
lizar a fabricação de armas nucleares. As 
fiscalizações consistem na averiguação do 
cumprimento de resoluções e tratados in-
ternacionais que regem a utilização de ener-
gia atômica e armas nucleares.
Outra organização que merece desta-
que é a Organização Meteorológica Mundial 
(OMM), agência especializada da ONU para 
assuntos referentes a tempo e clima, hidrologia operacional e ciências 
geofísicas. Seu objetivo é facilitar e garantir cooperação mundial para o 
estabelecimento de redes de estações para observações meteorológi-
cas, hidrológicas e geofísicas (MARINHA DO BRASIL, 2020b).
Além dos programas próprios da ONU, há aqueles que são por ela 
reconhecidos por sua importância para a garantia de direitos, como a 
Comissão Internacional da Baleia (CIB), que funciona como um fórum 
que define estratégias para a conservação das baleias. Seu objetivo 
consiste em regulamentar a caça desses animais, 
garantindo sua conservação e reprodução (BRASIL, 
2020). Além disso, a comissão colhe informações e 
dados para gerar estatísticas referentes à atual si-
tuação das baleias e de publicar relatórios. Os paí-
ses são inspecionados e os que cometem infrações 
são punidos.
A Organização Marítima Internacional (OMI), 
que trata do direito do mar, é um organismo da 
estrutura da ONU, especializado na promoção de 
segurança marítima e prevenção de poluição,ma-
nuseio de cargas perigosas e informações hidrográ-
ficas (MARINHA DO BRASIL, 2020a).
Além das organizações que têm alcance mun-
dial, existem aquelas que atuam em determinadas 
regiões do mundo, como a União Europeia, que é 
uma união econômica que envolve 27 países da Eu-
ropa com o objetivo de promover a paz, favorecer o 
Sede da AIEA, localizada em 
Viena, na Áustria.
Sede da OMM em Genebra, 
na Suíça, onde também fica o 
Secretariado do IPCC.
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Políticas de educação ambientalPolíticas de educação ambiental 7575
76 Educação Ambiental
desenvolvimento sustentável, lutar contra a exclusão e a discriminação 
e estabelecer a união econômica e monetária (UNIÃO EUROPEIA, 2020). 
Outro exemplo é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo 
(Opep), que tem como objetivo elaborar e implementar as políticas re-
ferentes à produção e venda de petróleo.
Na América do Sul temos o Mercado Comum do Sul (Mercosul), uma 
organização intergovernamental que estabelece a integração entre os 
países-membros: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além dos países 
associados: Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname. 
Santos, Cárcamo e Varela (2016) destacam a importância dessa união de 
nações, tendo em vista que o território do Mercosul envolve 56% da área 
da América do Sul, espaço rico em biodiversidade, recursos minerais e 
bacias hidrográficas.
Entre os acordos, tratados e protocolos legitimados pelos envolvi-
dos, destaca-se o Tratado de Assunção, o qual prevê a aceleração dos 
processos de desenvolvimento eco-
nômico com justiça social, devendo 
ser alcançado utilizando de modo 
mais eficaz os “recursos disponíveis, 
a preservação do meio ambiente, o 
melhoramento das interconexões fí-
sicas, a coordenação de políticas ma-
croeconômicas e a complementação 
dos diferentes setores da economia” 
(BRASIL, 1991).
Outro acordo é a Declaração de Ca-
nela, assinada por Estados-membros 
do Mercosul, na qual se constata que as transações comerciais devem 
incluir os custos ambientais nas etapas produtivas, pois a crise ambien-
tal ameaça a sobrevivência dos seres vivos. Entre os tratados e acordos 
do Mercosul, entraram em pauta adoção de práticas que não degra-
dem o meio ambiente; adoção de manejo sustentável para o aprovei-
tamento dos recursos naturais renováveis; minimização ou eliminação 
do lançamento de poluentes; e monitoramento das atividades que ge-
ram impactos ambientais.
No ano de 2001, foi aprovado o Acordo-Quadro sobre o Meio Am-
biente com o objetivo de equilibrar as legislações dos países membros 
Sessão Plenária da 48ª Cúpula do Mercosul, que aconteceu em 
Brasília, em 2015.
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Políticas de educação ambiental 77
no que diz respeito às políticas ambientais e comerciais. O acordo pre-
vê a instalação de políticas setoriais para a proteção do meio ambiente 
e fortalecimento da integração do Mercosul, além da:
c) promoção do desenvolvimento sustentável por meio do apoio 
recíproco entre os setores ambientais e econômicos [...];
d) tratamento prioritário e integral às causas e fontes dos proble-
mas ambientais;
e) promoção da efetiva participação da sociedade civil no trata-
mento das questões ambientais. (BRASIL, 2004)
São muitas as ações intergovernamentais que buscam minimi-
zar os impactos ambientais sem comprometer o desenvolvimento 
econômico. Os ordenamentos jurídicos, em geral, refletem a neces-
sidade e importância da proteção ambiental, contudo, devido às as-
simetrias políticas, culturais e econômicas, chegar a um consenso 
entre as nações envolvidas na implementação de medidas ambien-
tais pode ser dificultado.
Os avanços para uma política mais abrangente, que inclua os povos 
tradicionais, a luta pela terra, a redução da fome, da pobreza e das 
desigualdades socioeconômicas, são demorados, pois os interesses 
políticos e econômicos se interpõem nesse percurso. Como possibili-
dade para alcançar o desenvolvimento sustentável, os países possuem 
legislações próprias em conformidade com suas necessidades e 
características. O Brasil possui um grande rol de leis, decretos, resolu-
ções e demais normas jurídicas que visam proteger suas riquezas natu-
rais e seu povo, como será apresentado na seção seguinte.
4.2 Legislação ambiental brasileira 
Vídeo O meio ambiente é matéria presente em muitas das legislações bra-
sileiras, tendo em vista a vasta área do território nacional e a diversida-
de ambiental do país. Aspectos da fauna, da flora, da água e do uso do 
solo foram integrando as legislações devido à exploração econômica e 
à evolução da crise ambiental. A princípio, as normas inseriram temas 
ambientais abordando-os em um viés mais ecológico e biológico.
Com o aprofundamento da crise e dos conhecimentos científicos 
acerca da problemática ambiental, percebeu-se a necessidade de in-
serir as questões ambientais de modo mais amplo, perpassando pelas 
áreas do conhecimento humano e pelos diversos segmentos sociais. O 
78 Educação Ambiental
direito ambiental foi se constituindo e aliou-se à ética para promover o 
tão almejado desenvolvimento sustentável, que pode ser impulsionado 
pela sensibilização, educação e responsabilidade, que objetivam evitar 
ou reverter a degradação ambiental.
Em 1967, a Lei n. 5.197, que dispõe sobre a proteção da fauna, 
trouxe uma inovação em seu artigo 35 ao determinar que os livros es-
colares deveriam abordar temas relativos à fauna e que os programas 
de rádio e televisão deveriam incluir textos ou programas de cinco mi-
nutos semanais também referentes à fauna (BRASIL, 1967). A referida 
lei não detalhou como o tratamento do assunto deveria ocorrer, mas 
pode ser considerada inovadora para uma época em que não havia 
uma preocupação profunda com as questões ambientais.
Mais tarde, a Lei n. 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Na-
cional do Meio Ambiente (PNMA), objetivou a preservação, melho-
ria e recuperação da qualidade ambiental, considerando o meio 
ambiente como um patrimônio público a ser protegido para que 
possa ser usado coletivamente. Bem como, a norma versou sobre 
a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar e a 
proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas represen-
tativas (BRASIL, 1981).
Essa lei inovou ao trazer a educação ambiental como um prin-
cípio assegurado a todos os níveis de ensino, inclusive a educação 
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na 
defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981). Galli (2009, p. 136) salienta 
que “a educação ambiental – até então considerada apenas em nor-
mas internacionais, ou de maneira indireta em normas brasileiras 
– ganha status a que faz jus”. Ainda nessa lei, foram definidos os 
seguintes termos:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e in-
terações de ordem física, química e biológica, que permite, abri-
ga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das 
características do meio ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, 
a segurança e o bem-estar da população; [...]
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou pri-
vado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causa-
dora de degradação ambiental;
Políticas de educação ambiental 79
V - recursos ambientais, a atmosfera, as águas interiores, superfi-
ciais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o sub-
solo e os elementos da biosfera. (BRASIL, 1981)
No ano de 1988 foi promulgada a nova Constituição Federal, que 
inseriu em seu bojo um artigo destinado às questões ambientais. O 
artigo 225 define que “todos têm direito ao meio ambiente ecologica-
mente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida” (BRASIL, 1988). No referidoartigo consta ainda que 
compete ao poder público a preservação e restauração dos processos 
ecológicos essenciais, a conscientização para a preservação do meio 
ambiente, além da proteção da fauna e da flora (BRASIL, 1988).
No ano seguinte foi divulgada a Lei n. 7.797, de 10 de julho de 1989, 
que criou o Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) com a finalidade 
de desenvolver projetos referentes ao uso racional e sustentável dos 
recursos com base nos fundamentos de que a água é um bem de do-
mínio público e um recurso natural limitado.
Em 1997, o Ministério da Educação lançou um conjunto de livros 
que marcou a educação brasileira, os Parâmetros Curriculares Nacio-
nais (PCNs), que foram concebidos como um referencial para orientar 
e garantir que “a educação possa atuar, decisivamente, no processo de 
construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente 
igualdade de direitos entre os cidadãos, baseado nos princípios demo-
cráticos” (BRASIL, 1997).
Entre seus volumes destaca-se o de Meio Ambiente, que promove 
reflexões importantes acerca da exploração dos recursos naturais, do 
consumo, da satisfação das necessidades humanas, da industrializa-
ção, do uso de defensivos agrícolas, dos avanços tecnológicos e da me-
canização da agricultura, além disso, afirma que a questão ambiental é 
tema de relevância internacional.
A forma de organização das sociedades modernas constitui-se 
no maior problema para a busca da sustentabilidade (e estão 
embutidas aqui as profundas diferenças entre países centrais 
e periféricos do mundo). A crise ecológica — a primeira grande 
crise planetária da história da humanidade — tem dimensão tal 
que, a despeito das dificuldades, e até impossibilidade de pro-
mover o desenvolvimento sustentável, essas sociedades se veem 
forçadas a desenvolver pesquisas e efetivar ações, mesmo que 
em pequena escala, para garantir minimamente a qualidade de 
vida no planeta. (BRASIL, 1997)
80 Educação Ambiental
Em 1998, a Lei n. 9.605 determinou as sanções penais e administra-
tivas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, a 
qual definiu como crime contra a fauna: “matar, perseguir, caçar, apa-
nhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migra-
tória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade 
competente, ou em desacordo com a obtida” (BRASIL, 1998), sob pena 
de detenção de seis meses a um ano e multa.
Sobre os crimes contra a flora, a lei os considera quando há destrui-
ção ou danos contra “floresta considerada de preservação permanen-
te, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas 
de proteção”, sendo a pena “detenção, de um a três anos, ou multa, ou 
ambas as penas cumulativamente” (BRASIL, 1998).
Em 1999 foi promulgada a Lei n. 9.795, que dispõe sobre a educação 
ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA). 
Nessa lei, a educação ambiental foi definida como processos pelos 
quais as pessoas “constroem valores sociais, conhecimentos, habili-
dades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio 
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de 
vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).
Essa lei representa um marco para o meio ambiente, pois a 
formalização de sua abordagem na educação formal e não formal 
garantiu a educação ambiental como componente permanente da 
educação nacional. A educação ambiental deve ser tratada em todos 
os níveis e modalidades do processo educativo, devendo o poder 
público definir as políticas públicas e promover a educação ambien-
tal para a conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente. 
Instituiu-se também que os meios de comunicação deveriam trans-
mitir informações e práticas educativas sobre o meio ambiente. De 
acordo com a norma, cabe:
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e pri-
vadas, promover programas destinados à capacitação dos tra-
balhadores, visando a melhoria e ao controle efetivo sobre o 
ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do pro-
cesso produtivo no meio ambiente;
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente 
à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a 
atuação individual e coletiva voltada para a prevenção, a identifi-
cação e a solução de problemas ambientais. (BRASIL, 1999)
Políticas de educação ambiental 81
A referida lei determina os princípios básicos para a educação am-
biental, que deverão partir das perspectivas humanista, holística, de-
mocrática e participativa. Prevê também que o meio ambiente deve ser 
visto em sua integralidade, considerando a interdependência entre o 
meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da susten-
tabilidade e da abordagem articulada das questões ambientais locais, 
regionais, nacionais e globais, e respeitando a pluralidade e a diversida-
de individual e cultural (BRASIL, 1999).
Com o objetivo de orientar a implementação do que foi determina-
do pela Constituição Federal e pela Lei n. 9.795/1999, o Conselho Na-
cional da Educação publicou a Resolução n. 2/2012, que estabeleceu as 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental a serem 
seguidas pelos sistemas e instituições de ensino de educação básica e 
de ensino superior. A resolução, como norma jurídica, tem o objetivo 
de explicar e detalhar as referidas legislações, bem como estimular a 
inserção da educação ambiental na formulação, execução e avaliação 
dos projetos institucionais e pedagógicos das instituições de ensino, 
para que a concepção de educação ambiental seja fortalecida e com-
preendida por todos (BRASIL, 2012c).
No ano 2000, a Lei n. 9.985 instituiu o Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação da Natureza (SNUC) e estabeleceu critérios e normas 
para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. 
Essa lei definiu a conservação da natureza como:
manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preser-
vação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e 
a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o 
maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, man-
tendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações 
das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres 
vivos em geral. (BRASIL, 2000)
É importante destacar que os resíduos também possuem norma 
própria a ser cumprida por meio da Lei n. 12.305/2010, que insti-
tuiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para prevenir 
e reduzir a geração de resíduos por meio de hábitos de consumo 
sustentável, aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos 
sólidos e destinação ambientalmente adequada dos rejeitos. Além 
disso, institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de 
resíduos (BRASIL, 2010).
holístico: entendimento 
integral dos fenômenos.
Glossário
82 Educação Ambiental
Em 2012, entrou em vigor a Lei n. 12.651, que dispõe sobre a pro-
teção da vegetação nativa e estabelece normas para a proteção da 
vegetação, das áreas de Preservação Permanente 2 e das áreas de Re-
serva Legal 3 . Além disso, possibilita a exploração florestal, respeitan-
do os princípios da “criação e mobilização de incentivos econômicos 
para fomentar a preservação e a recuperação da vegetação nativa e 
para promover o desenvolvimento de atividades produtivas sustentá-
veis” (BRASIL, 2012a).
A Lei n. 13.123/2015, trata de questões relativas ao patrimônio ge-
nético e, também, dispõe sobre a repartição de benefícios para con-
servar e usar a biodiversidade de maneira sustentável. Nessa lei, o 
patrimônio genético foi definido como “informação de origem gené-
tica de espécies vegetais, animais, microbianas ou espécies de outra 
natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes se-
res vivos” (BRASIL, 2015).
A lei também trata do conhecimento tradicional de povos indí-
genas, agricultores tradicionais e comunidades tradicionais, que se 
constitui de práticas sobre as propriedades ou uso direto ou associa-
do ao patrimôniogenético. Ela define comunidade tradicional como 
grupo de cultura diferenciada que “possui forma própria de organiza-
ção social e ocupa e usa territórios e recursos naturais como condição 
para a sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômi-
ca, utilizando conhecimentos, [...] transmitidas pela tradição” (BRASIL, 
2015).
Há muitas legislações ambientais referentes à proteção do meio 
ambiente no Brasil, mas os crimes ambientais ainda se propagam pelo 
país. Não raramente, os noticiários divulgam informações de invasão 
de terras indígenas, desmatamento da Floresta Amazônica e de áreas 
de preservação ambiental, derramamento de óleo, lixões clandesti-
nos, caças proibidas, desperdício de água, corrupção e assassinatos 
de ambientalistas.
Podemos afirmar que não há falta de normas no Brasil, mas as 
fiscalizações ainda são insuficientes devido à extensão do país. Disso 
depreende-se a importância da educação ambiental para a implemen-
tação de mudanças que promovam o equilíbrio entre as necessidades 
humanas e o meio ambiente.
A Lei n. 12.651/2012 define 
Área de Preservação Permanente 
(APP) como aquela “protegida, 
coberta ou não por vegetação 
nativa, com a função ambiental 
de preservar os recursos hídricos, 
a paisagem, a estabilidade 
geológica e a biodiversidade, 
facilitar o fluxo gênico de fauna e 
flora, proteger o solo e assegurar 
o bem-estar das populações 
humanas” (BRASIL, 2012a).
2
A Área de Reserva Legal (ARL) é 
definida pela Lei n. 12.651/2012 
como toda área “localizada no 
interior de uma propriedade ou 
posse rural, com a função de 
assegurar o uso econômico de 
modo sustentável dos recursos 
naturais do imóvel rural, auxiliar 
a conservação e a reabilitação 
dos processos ecológicos e 
promover a conservação da bio-
diversidade, bem como o abrigo 
e a proteção de fauna silvestre e 
da flora nativa” (BRASIL, 2012a).
3
Em notícia publicada no 
site do jornal O Globo, 
ambientalistas chamam a 
atenção para o desmata-
mento da Floresta Ama-
zônica, que aumentou 
64% em abril de 2020, 
em relação ao mês de 
março, conforme dados 
do Instituto Nacional 
de Pesquisas Espaciais 
(Inpe).
Disponível em: https://
oglobo.globo.com/sociedade/
sustentabilidade/desmatamen-
to-da-amazonia-aumenta-64-em-
-abril-aponta-inpe-24417995. 
Acesso em: 2 jun. 2020.
Saiba mais
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/desmatamento-da-amazonia-aumenta-64-em-abril-aponta-inpe-24417995
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/desmatamento-da-amazonia-aumenta-64-em-abril-aponta-inpe-24417995
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/desmatamento-da-amazonia-aumenta-64-em-abril-aponta-inpe-24417995
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/desmatamento-da-amazonia-aumenta-64-em-abril-aponta-inpe-24417995
https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilidade/desmatamento-da-amazonia-aumenta-64-em-abril-aponta-inpe-24417995
Políticas de educação ambiental 83
Na notícia publicada no site UOL, de autoria de Hanrrikson de Andrade, líderes indígenas 
relatam como é viver em terras sob ameaça de invasão de grileiros armados que avançam 
sobre reservas indígenas e ameaçam seus povos. Além das ameaças, os invasores fazem 
demarcações próprias e praticam atividades irregulares como a extração de madeira e de 
minerais.
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/07/31/lideres-relatam-como-e-viver-em-terras-
-indigenas-sob-ameaca-de-invasao.htm. Acesso em: 2 jun. 2020.
Saiba mais
No artigo Educação ambiental: origem e perspectivas, publicado no perió-
dico Educar em Revista (Curitiba, n. 18, p. 201-218) em 2001, Elisabeth 
Christmann Ramos faz uma análise referente à educação ambiental e suas 
implicações teóricas e sociais, além dos seus pressupostos epistemológicos. 
A leitura possibilita conhecer um novo ponto de vista dos eventos mundiais 
sobre o meio ambiente que deram início à educação ambiental.
Acesso em: 2 jun. 2020. 
https://www.scielo.br/pdf/er/n18/n18a12.pdf
Artigo
4.3 Objetivos da educação ambiental 
Vídeo A crise ambiental pela qual a humanidade passa é fruto de um pro-
cesso contínuo de devastação ambiental que se acumulou ao longo do 
tempo, mas se intensificou, principalmente, no século XX. O almejado de-
senvolvimento sustentável encontra obstáculos nas políticas, nas relações 
comerciais e na cultura do desperdício, o que impede o fortalecimento da 
equidade social e do equilíbrio ambiental.
Diante desse cenário, a educação ambiental se faz importante para 
que haja maior sensibilização da sociedade sobre os limites da natureza 
e sobre a necessidade de mudanças de comportamentos, a fim de mini-
mizar os impactos já causados. A educação ambiental, na compreensão 
de Loureiro (2008, p. 92) insere-se em um “contexto maior, que produz e 
reproduz as relações da sociedade as quais, para serem transformadas, 
dependem de uma educação crítica e de uma série de outras modifica-
ções nos planos político, social, econômico e cultural”.
A construção social que alicerça a educação é repleta de subjetividade 
perpassada por valores sociais, políticos e econômicos. A educação am-
biental, por sua vez, é um campo teórico em construção, que se constitui 
e reconstitui diariamente, ao mesmo tempo em que espécies entram em 
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/07/31/lideres-relatam-como-e-viver-em-terras-indigenas-sob-ameaca-de-invasao.htm
https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/07/31/lideres-relatam-como-e-viver-em-terras-indigenas-sob-ameaca-de-invasao.htm
84 Educação Ambiental
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extinção, áreas são desmatadas e aumenta-se a poluição. Nesse processo, 
Leff (2008, p. 245) observa que esse conhecimento em construção é atra-
vessado por “diversas formas de significação”. Para o autor,
a educação ambiental inscreve-se assim dentro de um processo 
estratégico que estimula a reconstrução coletiva e a reapropriação 
subjetiva do saber. Isto implica que não há um saber ambiental 
feito e já dado, que se transmite e se insere nas mentes dos edu-
candos, mas um processo educativo que fomenta a capacidade de 
construção de conceitos pelos alunos a partir de suas “significações 
primárias”. (LEFF, 2008, p. 245-246)
Nesse sentido, a construção das bases teóricas e conceituais da edu-
cação ambiental busca aportes nas diversas áreas do conhecimento, nas 
culturas dos povos tradicionais, nas legislações, na ciência e na tecnologia.
A Educação Ambiental enquanto conhecimento sistematizado en-
contra-se em franco processo de construção de suas bases teóri-
cas e conceituais que reflete o que acumulamos e aprendemos de 
forma muitas vezes não-linear e contraditória. [...] A Educação Am-
biental [...] deve ser entendida como um conceito em construção, 
mas que deve conduzir a uma contextualização de uma práxis edu-
cativa transformadora da realidade ambiental em que se encontra. 
(SILVA, 2011, p. 119-120)
A finalidade da educação ambiental é construir valores, conceitos, 
habilidades e atitudes que venham a colaborar com a proteção do 
meio ambiente, garantindo que as atuais e as futuras gerações possam 
usufruir de um meio ambiente saudável. Loureiro (2008, p. 69) observa 
que a educação ambiental contribui para a “implementação de um pa-
drão civilizacional e societário distinto do vigente, pautado numa nova 
Políticas de educação ambiental 85
ética da relação sociedade-natureza”. Observa-se o papel estratégico 
da educação ambiental nas mudanças das relações sociais e destas 
com os elementos naturais.
A educação ambiental é fundamental para a renovação de valo-
res e da percepção frente à crise ambiental, tendo em vista que es-
timula a sensibilização para a mudanças de atitudes. Nesse sentido, 
configura-se em um processo para a construção de uma nova sensi-
bilidade com vistas ao desenvolvimento sustentável. Loureiro (2008, 
p. 72) considera a educação ambiental “parte inerente do movimento 
social contemporâneo derediscussão da relação sociedade-natureza e 
de construção da cidadania ecológica e planetária 4 ”.
Os objetivos da educação ambiental, no Brasil, começaram a ser de-
lineados em 1981 com a promulgação da Lei n. 6.938/1981, que definiu 
a PNMA. No inciso X, artigo 2º, estabeleceu que a educação ambiental 
deve fazer parte do currículo de todos os níveis de ensino.
Em 1996, a Lei n. 9.394 estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educa-
ção Nacional (LDB), intencionando que na formação básica seja garan-
tido o entendimento do ambiente natural e social. Definiu também que 
os currículos do ensino fundamental e médio englobem o mundo físico 
e natural e que no ensino superior seja desenvolvida a compreensão 
do meio em que vivemos.
Embora a educação ambiental já tivesse sido inserida na legislação 
brasileira, somente em 1999 foi publicada uma lei específica para tratar 
a educação ambiental formal e não formal. A Lei n. 9.795/1999 determi-
na objetivos básicos para que se desenvolva o entendimento 
do meio ambiente de maneira integrada em suas múltiplas 
e complexas relações, envolvendo conceitos ecológicos, 
psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científi-
cos, culturais e éticos (BRASIL, 1999).
O vídeo História da edu-
cação ambiental mostra 
como a educação e a na-
tureza são compreendi-
das por diferentes povos 
e culturas, em diferentes 
tempos e contextos.
Disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=zLnso1jI-
G1I. Acesso em: 2 jun. 2020.
Vídeo
Loureiro (2008, p. 76) define 
cidadania planetária como “um 
conceito utilizado para expressar 
a inserção da ética ecológica 
e seus desdobramentos no 
cotidiano, em um contexto que 
possibilita a tomada de cons-
ciência individual e coletiva das 
responsabilidades tanto locais e 
comunitárias quanto globais”.
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VIDRO papel
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https://www.youtube.com/watch?v=zLnso1jIG1I
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86 Educação Ambiental
A referida lei também objetivou que as práticas de educação 
ambiental possam estimular e fortalecer a criticidade sobre a pro-
blemática ambiental e social, além de incentivar a participação indi-
vidual e coletiva responsável, para a garantia do equilíbrio do meio 
ambiente, pautada nos princípios da liberdade, igualdade, solidarie-
dade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilida-
de (BRASIL, 1999).
No ensino formal, que abrange educação infantil, ensino funda-
mental, ensino médio, ensino superior, educação especial, educação 
profissional e educação de jovens e adultos, a educação ambiental 
deve ser trabalhada de maneira integrada, contínua e permanente, 
concomitantemente aos conteúdos curriculares.
A educação ambiental não formal, por sua vez, configura-se em 
ações e práticas educativas que estimulem a sensibilização da co-
letividade em relação às questões ambientais. Esse estímulo pode 
ocorrer por intermédio dos meios de comunicação, de programas 
e campanhas educativas, ações de empresas públicas e privadas. 
A escola, a universidade e as organizações não governamentais po-
dem contribuir para a difusão de informações, além de formular e 
executar programas e atividades relacionados à educação ambiental 
para além do currículo formal.
A Resolução n. 1, de 30 de maio de 2012, do Conselho Nacional de 
Educação, estabeleceu as Diretrizes Nacionais para a Educação em 
Direitos Humanos e definiu que a sustentabilidade socioambiental 
é um dos princípios para a educação em direitos humanos (BRASIL, 
2012b).
As legislações e teorias que embasam a educação ambiental se 
apresentam buscando abarcar toda a complexidade socioambiental 
da atualidade. A educação ambiental tem a potencialidade de esta-
belecer o diálogo entre os saberes, consolidando os conhecimentos 
já existentes e criando substrato para a construção de novos conhe-
cimentos que permitam reflexões acerca da realidade e promovam 
mudanças profundas na sociedade. Assim, há de se considerar que 
a educação ambiental não possui uma abordagem única, mas múlti-
plas abordagens pautadas em teorias e correntes epistemológicas 5 
que se constituíram ao longo de seu desenvolvimento.
As correntes epistemológicas 
procuram esclarecer as ativi-
dades científicas em relação a 
teoria e experiência, razão, fatos 
e métodos. Para Tesser (1994, 
p. 92), “a tarefa principal da epis-
temologia consiste na reconstru-
ção racional do conhecimento 
científico, conhecer, analisar, 
todo o processo da ciência do 
ponto de vista lógico, linguístico, 
sociológico, interdisciplinar, 
político, filosófico e histórico”.
5
Políticas de educação ambiental 87
4.4 Correntes epistemológicas de 
educação ambiental Vídeo
A educação ambiental como campo teórico em formação se refe-
rencia em filósofos, biólogos, historiadores, antropólogos, geógrafos, 
engenheiros, juristas, educadores e em áreas do conhecimento que 
buscam compreender e teorizar os assuntos que perfazem esse cam-
po amplo e em constante debate. Na história da construção teórica 
da educação ambiental, encontramos vários autores que buscaram de-
fender suas ideias para além do ativismo ambiental, buscando bases 
filosóficas, científicas e antropológicas para explicar a crise ambiental 
pela qual passa a humanidade.
Em suas indagações e cogitações, filósofos e outros estudiosos bus-
caram compreender o funcionamento dos elementos da natureza; a 
reprodução humana, dos animais e das plantas; como ocorria o dia e a 
noite; as estações climáticas do ano; o movimento da Terra; a influência 
da fases da lua nas marés; enfim, buscavam compreender o mundo e 
a sua existência.
Entre os filósofos mais antigos que contribuíram para a constru-
ção da filosofia, podemos citar Aristóteles, que viveu entre 384 a.C. 
e 322 a.C., na Grécia, e defendeu a ideia de que o ser humano é 
parte da natureza. “A natureza nada faz em vão: eis um dos lemas 
centrais da filosofia aristotélica. Isso significa que o acaso não pode 
ser colocado entre as causas e os princípios” (CHAUÍ, 2002, p, 416). 
Aristóteles dedicou-se a defender teorias sobre os movimentos dos 
animais, a evolução da história natural e os movimentos dos plane-
tas. Seus estudos foram aprofundados por outros filósofos ao longo 
da história humana.
Embora a filosofia grega não tenha se dedicado de modo espe-
cial à questão do meio ambiente, a concepção grega de integra-
ção do ser humano com o mundo natural é considerada um dos 
pontos de partida do pensamento ecológico contemporâneo. É 
sobretudo o modo de pensar grego que, ao definir o ser humano 
como um microcosmo que é parte do macrocosmo, abre cami-
nho para a visão do equilíbrio necessário entre o ser humano e a 
natureza. (MARCONDES, 2006, p. 36)
88 Educação Ambiental
O filósofo francês Descartes, que viveu no século XVII, acreditava 
que os seres humanos eram senhores e possuidores da natureza. Para 
ele, o ser humano é o sujeito que pode pensar a si como quem reor-
dena e reorganiza o mundo, e o mundo é seu objeto. A denominada 
visão cartesiana acredita que o racionalismo é a única fonte do conheci-
mento e da verdade. Para alcançar a verdade, ele defendia que os pen-
samentos e as dúvidas deveriam ser organizados, dos assuntos mais 
fáceis para os mais difíceis, até chegar à verdade absoluta. Essa forma 
de organizar os conhecimentos influenciou a maneira de fazer ciência, 
pesquisar e ensinar no mundo moderno.
No século XVIII, o filósofo Friedrich Wilhelm Joseph von Schelling 
elaborou uma filosofia da natureza, na qual é ela contemplada como 
uma totalidade orgânica dotada de um desenvolvimento progressivo. 
A natureza a qual o filósofo está se referindo não é natureza compos-
ta de plantas, animais, água, rochas, entre outros elementos, é algo 
mais profundo. “A natureza tem vida, dinamicidade, se encerra por si 
mesma, produz a si mesma, é dotada de uma força configuradora que 
a compõe por ela mesma como uma inteligência pura inerente à sua 
própriaconstituição” (LOPES, 2007, p. 49). O filósofo não queria explicar 
os fenômenos da natureza, mas indagar sobre as relações de causa 
e efeito que permitissem ao ser humano elevar-se acima do simples 
domínio da natureza.
O filósofo australiano Richard Routley, em 1972, escreveu o texto 
“Há necessidade de uma nova ética, uma ética ambiental?”. Em seus es-
critos, o autor questiona o entendimento de que a natureza está a ser-
viço dos seres humanos e pode ser considerada importante somente 
quando apresenta um valor instrumental, ou seja, quando possui uma 
utilidade imediata (ROHDEN, 2006). São argumentos controversos, mas 
que estimulam a reflexão e o debate.
Esses e outros filósofos indagaram sobre a relação entre o ser hu-
mano e a natureza, colocando-o como um ser à parte. Dessas e de 
outras reflexões desenvolveram-se correntes epistemológicas de edu-
cação ambiental, apresentando preocupações comuns com o meio am-
biente e sobre o papel da educação para a melhoria da relação do ser 
humano com a natureza. As ações educativas praticadas por diferentes 
atores partem de seus contextos, de suas formações e experiências.
Lima (2008) chama a atenção para o fato de que a educação am-
biental se caracteriza por diversas ações e teorias que se fundamentam 
O livro Pensar o Ambiente: 
bases filosóficas para 
a Educação Ambiental 
apresenta contribuições 
teórico-conceituais refe-
rentes às visões de vários 
filósofos sobre a natu-
reza. Suas indagações 
refletem o tempo em 
que viveram, mas muitas 
visões, como o mecanicis-
mo de Descartes, ainda 
permeiam as maneiras de 
fazer ciência até os dias 
atuais. É uma boa leitura 
para refletir e relacionar 
aspectos da natureza, 
cultura e meio ambiente.
CARVALHO, I. C. M.; GRÜN, M.; 
TRAJBER, R. (orgs.). Brasília: 
Ministério da Educação, Secretaria 
de Educação Continuada, Alfabeti-
zação e Diversidade, Unesco, 2006. 
Disponível em: http://portal.mec.
gov.br/dmdocuments/publicacao4.
pdf. Acesso em: 2 jun. 2020.
Livro
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao4.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao4.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao4.pdf
Políticas de educação ambiental 89
em várias posturas políticas e visões de mundo que, segundo o autor, 
para alguns pode até parecer a mesma linguagem, mas
ao observar-se atentamente o diverso e múltiplo campo da EA, 
podemos perceber que as aparências escondem diferenças sutis 
e essenciais com relação aos meios e, sobretudo, às finalidades 
da EA. Essa constatação, portanto, justifica a necessidade cres-
cente de se diferenciar internamente o campo da EA, com a 
identificação e discernimento dos conteúdos que informam suas 
principais tendências, permitindo, dessa forma, a visualização 
dos futuros prováveis que cada uma dessas tendências aponta. 
(LIMA, 2008, p. 119)
Sauvé (2005) propõe como estratégia de apreensão das teorias do 
campo em construção da educação ambiental, a elaboração de um 
mapa desse território pedagógico, o que ela chama de correntes de edu-
cação ambiental. O termo corrente é utilizado pela autora como uma 
maneira de conceber e praticar a educação ambiental que apresenta 
diversas proposições. Embora as correntes sejam várias, a depender 
dos contextos, outras correntes podem surgir. Contudo, apresentare-
mos, aqui, apenas as mais conhecidas e citadas na literatura sobre edu-
cação ambiental.
A corrente preservacionista teve como um dos seus principais 
defensores John Terborgh, que argumenta que a natureza tem valor 
intrínseco e deve ser preservada pelo seu valor e não como reserva de 
recursos naturais a serem explorados pelos seres humanos. Consiste 
em preservar “intactos os processos vitais que mantêm a diversida-
de biológica em ecossistemas livres de distúrbios” (CUNHA; COELHO, 
2009, p. 64). Essa defesa se pauta na necessidade que alguns animais 
têm por grandes áreas para se alimentarem e se reproduzirem.
Na visão de Terborgh (1999), a maior dificuldade em preservar áreas 
consiste na superpopulação humana, nas desigualdades socioeconô-
micas, na sobreposição do crescimento econômico em detrimento da 
natureza, na exploração de recursos naturais até exauri-los e no des-
cumprimento de legislações na área ambiental.
Em paralelo ao preservacionismo está a corrente conservacionis-
ta, chamada também de recursista, que defende a proteção da estru-
tura e funcionamento das florestas. Nessa concepção, permite-se a 
conciliação entre a manutenção dos serviços ambientais e a explora-
ção dos recursos naturais. Seus defensores a compreendem como a 
90 Educação Ambiental
corrente mais próxima do desenvolvimento sustentável, pois permite 
o uso produtivo dos recursos naturais, possibilitando o crescimento 
econômico e fortalecendo os modos de vida das comunidades locais 
(CUNHA; COELHO, 2009).
Geralmente dá-se ênfase ao desenvolvimento de habilidades de 
gestão ambiental e ao ecocivismo. Encontra-se aqui imperativos 
de ação: comportamentos individuais e projetos coletivos. Re-
centemente, a educação para o consumo, além de uma perspec-
tiva econômica, integrou mais explicitamente uma preocupação 
ambiental da conservação de recursos, associada a uma preocu-
pação de equidade social. (SAUVÉ, 2005, p. 20)
A corrente naturalista centra-se na relação do ser humano com a 
natureza, com a qual pode-se aprender, experimentar e criar. Os valo-
res da natureza são reconhecidos para além de simples fornecedora 
de recursos para o ser humano. Nessa corrente, pressupõe-se que se 
compreenda como funciona a natureza a fim de poder interagir com 
ela. A natureza é reconhecida como educadora e como meio para a 
aprendizagem sobre o mundo natural (SAUVÉ, 2005).
A corrente resolutiva foi desenvolvida concomitantemente ao au-
mento da gravidade dos problemas ambientais disparados na déca-
da de 1970. Nessa linha, o meio ambiente é visto como conjunto que 
engloba vários problemas sociais e biofísicos que, para sua resolução, 
necessita levar informações às pessoas sobre as questões ambientais 
para buscar soluções que modifiquem os comportamentos e os proje-
tos coletivos. Nessa corrente, a educação ambiental está voltada para 
estudar as problemáticas ambientais, buscando fazer um diagnóstico 
da situação para encontrar a melhor solução.
A corrente sistêmica trabalha com o conhecimento e a compreen-
são da realidade e dos problemas ambientais, distinguindo as relações 
de um sistema ambiental e evidenciando as relações entre elementos 
biofísicos e sociais, possibilitando uma visão global da realidade.
A corrente científica busca abordar as questões ambientais dentro 
do rigor da ciência, identificando as relações de causa e efeito. Com 
base nas observações levantam-se hipóteses que levam a novos en-
foques. Seus desdobramentos ocorrem por meio de pesquisas inter-
disciplinares e transdisciplinares, nas quais o meio ambiente é objeto 
de estudo e conhecimento, que exigem observação e experimentação. 
Políticas de educação ambiental 91
Sauvé (2005) destaca que o autor Louis Goffin e outros colaboradores 
(GOFFIN; BONIVER, 1985) propuseram:
um modelo pedagógico centrado na seguinte sequência, que in-
tegra as etapas de um processo científico: uma exploração do 
meio, a observação de fenômenos e a criação de hipóteses, a 
verificação de hipóteses, a concepção de um projeto para resol-
ver um problema ou melhorar uma situação. Este modelo adota 
igualmente um enfoque sistêmico e interdisciplinar, na confluên-
cia das ciências humanas e das ciências biofísicas, o que lhe dá 
uma maior pertinência. (SAUVÉ, 2005, p. 23)
A corrente humanista está voltada para a dimensão humana do 
meio ambiente, que é compreendido como um meio de vida, compos-
to de dimensões históricas, culturais, políticas, estéticas, econômicas e 
sociais. À compreensão de patrimônio natural acrescenta-se o cultural. 
A paisagem, que pode ser natural ou modelada pelas atividades huma-
nas, é o meio usado para instigar o estudo sobre o meio ambiente. São 
realizadas leituras da paisagem,observações, pesquisa e apresentação 
dos resultados, além de sua avaliação, que permitam conhecer o meio 
ambiente e com ele se relacionar melhor.
A corrente moral/ética considera que a relação do ser humano com 
o meio ambiente fundamenta-se na ética, carregada de valores ambien-
tais. Nessa relação, adota-se uma moral ambiental que prescreve um 
código de comportamentos socialmente aceitos.
A corrente holística considera as múltiplas e complexas dimensões 
das realidades socioambientais que se relacionam entre si e permite 
cada ser vivo falar por si, a partir de sua própria natureza.
A corrente biorregionalista pauta-se no desenvolvimento da rela-
ção regional com o meio local que desperte o sentimento de pertença 
e de valorização da biorregião em que se vive.
A corrente práxica dá ênfase na ação, pela ação e em sua melhoria. 
Tem como objetivo realizar mudanças em determinado meio, seja para 
pessoas ou para o meio ambiente, envolvendo pessoas na ação. Sauvé 
(2005, p. 29) observa que “a práxis consiste essencialmente em integrar 
a reflexão e a ação, que assim, se alimentam mutuamente”.
A corrente de crítica social está voltada para as ciências sociais e 
envolve a educação nas análises das dinâmicas sociais nas quais ocor-
rem os conflitos ambientais. Sauvé (2005, p. 31) chama a atenção para 
biorregião: espaço geográfico 
com características naturais.
Glossário
92 Educação Ambiental
a “importância do diálogo dos saberes: saberes científicos formais, 
saberes cotidianos, saberes de experiência, saberes tradicionais etc. 
É preciso confrontar estes saberes entre si, não aceitar nada em de-
finitivo, abordar os diferentes discursos com um enfoque crítico para 
esclarecer a ação”.
A corrente feminista é voltada para as relações entre as mulheres 
e a natureza, dando enfoque às relações afetivas, simbólicas, artísticas, 
intuitivas e espirituais. Embora o foco esteja nas mulheres, essa corren-
te tem como objetivo “reconstruir as relações de gênero harmoniosa-
mente, por meio da participação em projetos conjuntos, nos quais as 
forças e os talentos de cada um e de cada uma contribuam de maneira 
complementar” (SAUVÉ, 2005, p. 33). Dá-se ênfase ao cuidado, ao reco-
nhecimento da essência de humano e à atenção.
A corrente etnográfica considera os costumes locais na rela-
ção com o meio ambiente, respeitando a cultura das populações e 
das comunidades envolvidas nas ações que devem ser adaptadas 
às diferentes realidades, não devendo impor novas formas de ver o 
mundo. Essa corrente realiza o intercâmbio de culturas, na medida 
que se inspira em diversas culturas e leva experiências de uma co-
munidade para outra.
A corrente da ecoeducação é voltada para a educação aprovei-
tando a relação com o meio ambiente para desenvolvimento pessoal 
responsável. Considera-se que o meio ambiente é propício para as in-
terações humanas.
A corrente da sustentabilidade envolve o desenvolvimento eco-
nômico e o desenvolvimento humano de maneira indissociável. O uso 
racional dos recursos ambientais deve assegurar as necessidades das 
próximas gerações, e a educação ambiental é a ferramenta essencial 
para seu desenvolvimento.
Como foi visto, são várias as correntes de educação ambiental 
defendidas, principalmente, por Sauvé. Outros autores tratam a 
educação ambiental como possibilidade para defender algum ponto 
de vista ou algum projeto societário. Contudo, o cerne da educação 
ambiental está em promover uma relação harmoniosa entre o ser 
humano e a natureza, a fim de proteger os recursos ambientais da 
devastação e garantir que as futuras gerações possam usufruir de 
um ambiente saudável.
Políticas de educação ambiental 93
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os debates sobre as questões ambientais perpassam por acordos e 
legislações nos âmbitos nacionais e internacionais. Embora as nações te-
nham soberania para decidir como agir diante de seu patrimônio natural, 
os países não são isolados e suas ações impactam o meio ambiente de todo 
o mundo. As organizações internacionais visam proteger o mundo de ações 
que possam comprometer a humanidade e causar impactos irreversíveis 
ao meio ambiente.
As legislações nacionais e internacionais são discutidas considerando 
o crescimento econômico, os interesses políticos e as culturas, buscando 
equilíbrio entre economia e natureza. Não se pode desconsiderar a gama 
de normas existentes em todo o mundo, porém, ainda perdura o descaso 
com o meio ambiente, perpetuando ideias e concepções de que os recur-
sos naturais são infindáveis.
A educação ambiental se apresenta como uma opção para a implanta-
ção de mudanças na atual crise ambiental. Há de se considerar que a edu-
cação ambiental não é imperativa ou mandatória, mas configura-se como 
uma possibilidade para interações mais saudáveis e equitativas que prezam 
pela colaboração, comunidade, criatividade, solidariedade, respeito, diversi-
dade, democracia e cidadania. Assim, espera-se que a educação ambiental 
possa promover mudanças profundas que sensibilizem a sociedade a refle-
tir sobre a projeto societário que está em desenvolvimento, abdicando de 
hábitos nocivos e desenvolvendo uma nova forma de conceber o mundo.
ATIVIDADES
1. A Constituição Federal de 1988 trouxe um artigo específico para tratar 
dos assuntos relativos ao meio ambiente: o artigo 225. Explique a 
importância desse artigo para a proteção do meio ambiente e como 
você observa o cumprimento da legislação ambiental.
2. Em 1999, a Lei n. 9.795 garantiu que a educação ambiental passasse 
a ser abordada no ensino formal e não formal no Brasil. Discorra 
sobre a aplicação dessa lei e sobre as ações relacionadas à educação 
ambiental.
3. As correntes epistemológicas apontam para formas de abordar os 
conteúdos de educação ambiental, que são amplos e diversos. O 
preservacionismo e o conservacionismo são as abordagens mais 
debatidas e reconhecidas. Como essas abordagens podem ocupar 
seus espaços no atual modelo de sociedade capitalista/consumista?
94 Educação Ambiental
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96 Educação Ambiental
5
Educação ambiental e 
sustentabilidade
As transformações pelas quais a humanidade está passando 
exigem novos olhares para o meio ambiente, os quais permitam 
a compreensão de que seus recursos são finitos e, portanto, 
necessitam ser conservados e preservados. A relação do ser hu-
mano com a natureza deve ultrapassar velhos paradigmas de 
extração de recursos para suprir as necessidades de consumo, 
conforto e enriquecimento. Valores éticos, responsabilidade, 
equidade e empatia precisam prevalecer sobre quaisquer ou-
tros que não priorizem a coletividade e todas as manifestações 
de vida presentes no planeta.
A tão almejada sustentabilidade só pode ser efetivada se 
houver consenso de que as mudanças são necessárias e urgen-
tes e que delas dependem toda a vida existente na Terra. Além 
disso, a vida das futuras gerações está atrelada à maneira como 
agimos na atualidade, em especial, em relação à natureza.
Para que mudanças ocorram, a humanidade precisa se unir 
e inserir, em suas práticas do cotidiano, novas formas de se re-
lacionar com o meio ambiente. Para isso, as empresas, as in-
dústrias, as instituições de ensino, o poder público, os meios 
de comunicação e a população, em geral, podem e devem pro-
vocar reflexões por meio de ações que transformem as atitu-
des humanas para alcançar a sustentabilidade. Nesse sentido, 
abordaremos algumas possibilidades de ações que podem ser 
desenvolvidas por cada um de nós, a depender do papel social 
que exercemos e do quanto valorizamos e compreendemos a 
importância de proteger a natureza.
Educação ambiental e sustentabilidade 97
5.1 Educação ambiental para a sustentabilidade 
Vídeo A educação ambiental é uma importante ferramenta para garantir 
que as atuais e as futuras gerações de todas as espécies vivas possam 
usufruir do ambiente saudável. O desenvolvimento de habilidades e 
competências para o exercício da cidadania pode e deve ocorrer em di-
versos locais, como empresas, instituições de ensino, ONGs, entidades 
religiosas e espaços públicos.
O compartilhamento de responsabilidades e consequências das 
ações humanas pode torná-las mais eficazes e alcançar maior sucesso. 
A educação ambiental pode ser a propulsora para esse movimento e 
para o desenvolvimento de projetos que reconfiguram as culturas das 
instituições. As empresas e indústrias, por exemplo, podem reprogra-
mar suas linhas de produção e de prestação de serviços, de maneira a 
reaproveitar sobras de materiais, encaminhar embalagens para a reci-
clagem, implantar em suas capacitações noções de educação ambien-
tal e incentivar seus colaboradores e clientes a exercitar a cidadania 
plena, que leve à sustentabilidade.
O documentário Seremos 
história? apresenta três 
anos de uma viagem 
pelo mundo, feita pelo 
ator Leonardo DiCaprio, 
nomeado mensageiro 
da paz pela ONU. O ator 
buscarespostas para 
as causas e as conse-
quências das mudanças 
climáticas. Há entrevistas 
com Barack Obama e o 
Papa Francisco, que falam 
sobre o tema.
Direção: Fisher Stevens. EUA: 
National Geographic Documentary 
Films, 2016.
Filme
O artigo Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: desvendando as sobreposições e 
alcances de seus significados, de Alexandre André Feil e Dusan Schreiber, publicado no 
Cadernos EBAPE, em 2017, trata dos termos sustentável, sustentabilidade e desenvolvi-
mento sustentável com o objetivo de contribuir para a compreensão de seus conceitos.
Acesso em: 25 maio 2020. 
https://www.scielo.br/pdf/cebape/v15n3/1679-3951-cebape-15-03-00667.pdf
Artigo
Capra (2006b, p. 41) destaca que “a terra sustenta todas as formas 
de vida e seu esgotamento tem que ser evitado para que ela possa 
manter-se saudável e capaz de prover o sustento de uma geração após 
a outra”. A educação ambiental para a sustentabilidade requer reco-
nhecimento de que as atitudes humanas causam impactos ambientais 
e trazem consequências.
A sustentabilidade é um termo que expressa a preocupação com a 
qualidade de um sistema que diz respeito à integração indissociável 
(ambiental e humano), e avalia suas propriedades e características, 
abrangendo os aspectos ambientais, sociais e econômicos. [...] A 
avaliação é operacionalizada por meio de indicadores e/ou índices, 
e resulta em informações quantitativas, possibilitando o estabeleci-
mento de objetivos ou metas a serem alcançados por meio de es-
tratégias de longo prazo. (FEIL; SCHREIBER, 2017, p. 674, grifo nosso)
98 Educação Ambiental
As estratégias a serem desenvolvidas devem abranger aspectos 
sociais, culturais, religiosos 1 , ambientais, econômicos, educacionais e 
políticos. Ao envolver os vários segmentos da sociedade, há uma pers-
pectiva de que ocorra a adoção de práticas que visem à sustentabilida-
de e à mudança na cultura de que os recursos naturais são infinitos. 
A promoção de campanhas educativas e debates os quais despertem 
a sensibilização de que a sociedade se encontra em meio a uma crise 
ambiental deve ser contínua e objetivar atingir todos os cidadãos.
O entendimento de que o atual modelo de desenvolvimento é 
insustentável e tende a exaurir os recursos naturais e dizimar espé-
cies deve ser a base para os debates. O velho modelo de educação 
ambiental em que as crianças desenhavam flores ou as pessoas se 
reuniam para plantar uma árvore não serve para o contexto atual 
em que prevalecem os interesses pessoais. Quando a economia e 
o capitalismo se sobressaem em relação a qualquer outro aspecto 
social, os conflitos emergem e as sensações de insegurança e de 
desigualdade afloram, a ponto de o ser humano buscar se proteger, 
individualmente. Isso contribui para atos egoístas, individualistas e, 
muitas vezes, irresponsáveis.
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As religiões lidam com os 
fenômenos naturais de maneira 
diferente e isso influencia a for-
ma com que os povos interagem 
com a natureza.
1
Os recursos naturais da 
Terra são finitos. A Floresta 
Amazônica é um exemplo de 
recurso natural. O mapa mostra 
a ecorregião amazônica, onde 
habitam várias espécies, 
como a araracanga e o 
sapo-boi-azul (que é venenoso). 
Entre os maiores predadores 
das espécies da região estão a 
onça-pintada, o jacaré-açu e a 
sucuri (anaconda).
Educação ambiental e sustentabilidade 99
Disso, depreende-se que o papel da educação ambiental é impor-
tante e deve estar presente na sociedade desde a infância, com o ob-
jetivo de desenvolver as novas gerações sensibilizadas para a proteção 
ambiental e para hábitos diferentes dos tempos atuais. Compreende-
-se que a educação ambiental voltada para a sustentabilidade consi-
dera, em sua prática, os aspectos éticos, estéticos, morais, culturais, 
religiosos, científicos, cívicos e ambientais, de maneira integrada, tendo 
em vista que o ser humano é social e complexo.
Diante das diferenças culturais do mundo, não é possível forma-
tar uma educação ambiental única que atenda a todos e às diferentes 
realidades. Deve-se levar em consideração as condições de vida dos 
diferentes povos da Terra. Desenvolver uma prática de educação am-
biental voltada para a redução do consumo e da geração de resíduos 
em uma comunidade isolada não tem o mesmo sentido que teria para 
uma comunidade urbana. É necessário reconhecer as diferenças e pla-
nejar ações, a fim de agregar aos conhecimentos locais novas formas 
de interagir com a natureza, sem, no entanto, entrar em conflito com 
manifestações culturais que, muitas vezes, são seculares, como rituais, 
oferendas, culinária, brincadeiras, contos, dança e confecção de obje-
tos e artesanatos.
O Brasil é um país ainda novo se comparado com países da Europa ou da Ásia. Nossas 
tradições foram se desenvolvendo, misturando as culturas dos povos imigrantes com 
as dos povos que já habitavam o território brasileiro. Em todo o país, há culturas locais 
que compõem a riqueza cultural brasileira. Nos sites a seguir é possível conhecer essa 
diversidade.
• Instituto Tear – desde 1980 vem atuando nas áreas de arte/educação e cultura, 
buscando construir uma sociedade sustentável, justa e solidária.
Disponível em: http://institutotear.org.br/arte-e-cultura-popular/. Acesso em: 15 jun. 2020.
• Tucum Brasil – o nome vem de uma palmeira encontrada em todo o território 
brasileiro, da qual das folhas é extraída uma fibra com que se tecem redes. A Tucum 
promove a arte e a cultura dos povos da floresta.
Disponível em: https://www.tucumbrasil.com/p/quem-somos. Acesso em: 15 jun. 2020.
• Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – é uma autarquia 
federal vinculada ao Ministério do Turismo cuja função é preservar os bens culturais do 
Brasil, garantindo que possam ser desfrutados pelas gerações presentes e futuras.
Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/. Acesso em: 15 jun. 2020.
• Fundação Palmares – é uma instituição pública vinculada ao Ministério da 
Cidadania voltada a proteger valores culturais, históricos, sociais e econômicos 
decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.
Disponível em: http://www.palmares.gov.br/. Acesso em: 15 jun. 2020.
Saiba mais
http://institutotear.org.br/arte-e-cultura-popular/
https://www.tucumbrasil.com/p/quem-somos
http://portal.iphan.gov.br/
http://www.palmares.gov.br/
100
No artigo Brasil, um país que não reconhece sua riqueza: a pluralidade dos povos indíge-
nas, de Laura Rachid, publicado na Revista Educação, em 12 de setembro de 2019, 
o indígena Daniel Munduruku, escritor e pós-doutor em Linguística pela UFSCar, 
comenta que os indígenas de 305 etnias, com suas mais de 200 línguas, sofrem com 
a falta de respeito aos seus costumes e com a reprodução de estereótipos. Essas 
etnias, por vezes, são forçadas a se integrar às culturas não indígenas e acabam por 
perder suas identidades, o que demonstra o não reconhecimento de suas raízes e 
da pluralidade cultural do nosso país.
Acesso em: 9 jun. 2020. 
https://revistaeducacao.com.br/2019/09/12/pluralidade-indigenas/
Artigo
A sustentabilidade surge como uma alternativa passível de ser colo-
cada em prática se houver apoio e interesse por parte dos detentores 
do poder. Os movimentos e iniciativas sociais são importantes, mas po-
dem ser calados se não houver legislações, fiscalizações e medidas pu-
nitivas para aqueles que transgridem as regras. Outro empecilho que 
pode se impor é a cultura do consumismo, que assola as sociedades 
contemporâneas. As pessoas estão tão acostumadas a consumir, até 
mesmo de maneira desnecessária, que qualquer impedimento nesse 
sentido pode causar desconforto e atritos.
Consumir é visto por nosso cérebrocomo uma recompensa, 
uma premiação, tal qual sentíamos quando obtínhamos a carne 
da caçada ou os frutos e as verduras da colheita. [...] No entanto, 
as compulsões produzem alívio temporário, e em pouco tempo 
os pensamentos obsessivos retornam e, com eles, novamente as 
compulsões. (SILVA, 2014, p. 56-57)
Silva (2014) chama a atenção para o fato de 
que há pessoas compulsivas por con-
sumo e, para elas, isso é um jeito 
de viver. Desse consumo, que muitas 
vezes atende aos caprichos humanos, 
resulta exploração maior de recur-
sos do que a Terra pode recompor 
em seus ciclos naturais. Tudo o que 
é consumido é produzido com recursos 
da Terra e deixa um rastro de exploração e 
degradação ambiental, o que pode ser cha-
mado de pegada ecológica.
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 Educação Ambiental Educação Ambiental
O termo pegada ecológica foi criado por Mathis Wackernagel e Wil-
liam Rees, como a avaliação da “capacidade ecológica necessária para 
sustentar o consumo de produtos e até mesmo os estilos de vida. Cal-
cula-se uma pegada ecológica somando os fluxos de material e ener-
gia requeridos para sustentar qualquer economia” ou seus segmentos 
(HAWKEN; LOVINS, A.; LOVINS, H., 2007, p. 47). A pegada ecológica co-
munica, de maneira simples, o quanto retiramos da Terra para atender 
nossas necessidades. Os fluxos são convertidos em medidas do que é 
exigido em terra e água para a produção.
Pegada é a superfície total de terra necessária para sustentar 
uma determinada atividade ou um produto. Em todo o mundo, o 
solo produtivo disponível per capita declinou de 5.6 hectares, em 
1900, para 1.4, dos quais menos de 0.4 é arável. Por outro lado, 
a quantidade de terra exigida para sustentar as populações dos 
países industrializados aumentou de um hectare por pessoa, em 
1900, para uma média de quatro, atualmente. [...] Para que todo 
o mundo tenha o padrão de vida de um americano ou um cana-
dense, são necessários dois ou quatro planetas Terra. (HAWKEN; 
LOVINS, A; LOVINS, H., 2007, p. 47-48)
Ao tomarmos consciência do impacto que nossos modos de vida 
causam no meio ambiente, podemos nos esforçar para introduzir, em 
nosso cotidiano, pequenas mudanças, como a separação de resíduos, 
a redução do consumo, a escolha por produtos que utilizem pouca em-
balagem descartável, a compra de produtos orgânicos, a reutilização 
de coisas que já possuímos e a prática da carona solidária ou escambo 
com colegas ou grupos específicos.
Para se chegar à sustentabilidade, é preciso reconhecer a crise 
ambiental e agir de modo coletivo para sua resolução. O direito ao 
ambiente saudável passa pela com-
preensão de que a manutenção da 
biodiversidade é fundamental para 
a sobrevivência dos seres vivos. É im-
portante que o poder público planeje 
a ocupação do solo, as áreas destina-
das à preservação e à conservação 
ambientais, as áreas para moradia, 
as áreas rurais, as zonas industriais, a 
malha viária das cidades e os espaços 
de convívio e lazer.
Durante o período de 
isolamento social devido 
à pandemia de Covid-19, 
as pessoas mudaram 
hábitos de compras. Por 
causa da redução na 
renda de muitas famílias, 
os recursos financeiros 
foram destinados às des-
pesas essenciais como 
alimentação, pagamento 
de água, energia e gás, e 
remédios. Para quem não 
sofreu tanto o impacto 
financeiro e pôde conti-
nuar consumindo, uma 
opção foi comprar pela 
internet. O texto Hábito 
de consumo adquirido na 
pandemia deve permane-
cer após Covid-19, escrito 
por Flávia Albuquerque 
e publicado em 18 de 
maio de 2020, no site da 
Agência Brasil, apresenta 
informações sobre o 
aumento das compras 
pela internet e faz uma 
estimativa de que esses 
hábitos vão perdurar 
para além do período de 
pandemia.
Disponível em: https://
agenciabrasil.ebc.com.br/
economia/noticia/2020-05/
habito-de-consumo-adquirido-na-
pandemia-deve-permanecer-pos-
covid-19. Acesso em: 6 jun. 2020.
Curiosidade
studiovin/Shutterstock
Educação ambiental e sustentabilidadeEducação ambiental e sustentabilidade 101101
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-05/habito-de-consumo-adquirido-na-pandemia-deve-permanecer-pos-covid-19
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-05/habito-de-consumo-adquirido-na-pandemia-deve-permanecer-pos-covid-19
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-05/habito-de-consumo-adquirido-na-pandemia-deve-permanecer-pos-covid-19
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102 Educação Ambiental
As políticas públicas de planejamento urbano devem considerar o 
meio ambiente em sua totalidade ao planejar as ações para seus ter-
ritórios. Partindo de um diagnóstico que identifique os problemas, as 
causas e as possíveis soluções urbanas, essas políticas podem adotar 
medidas eficazes ao introduzir práticas mais sustentáveis.
A ausência de uma boa política urbana resulta na produção de 
cidades com vários problemas socioambientais: déficit habitacio-
nal; assentamentos precários; escassez de água potável; esgotos 
a céu aberto; ausência ou insuficiência de áreas verdes e de es-
paços de uso comum de lazer como praças e parques ou desti-
nados à prestação de serviços públicos, como escolas, delegacias 
e postos de saúde; despejos de lixos sobre vias públicas e/ou 
terrenos baldios; edificações insalubres, sem insolação, mal ven-
tiladas e sem privacidade; moradias em áreas sujeitas à dissemi-
nação de doenças contagiosas e a acidentes como alagamentos, 
deslizamentos e incêndios; poluição do solo, da atmosfera e dos 
recursos hídricos, além da poluição sonora; ruas estreitas e insu-
ficientes para o volume de tráfego (saturação do sistema viário, 
congestionamento); transporte público precário; calçadas de má 
qualidade e sem acessibilidade universal. (MINISTÉRIO PÚBLICO 
DO PARANÁ, 2020)
Para exigir o cumprimento das legislações e os direitos de cada 
cidadão, é necessário minimamente conhecê-los, e a educação con-
figura-se em um meio apropriado para a disseminação e a reflexão 
sobre direitos e deveres. A educação pode se articular “a diferen-
tes dimensões e espaços da vida social sendo, ela própria, elemen-
to constitutivo e constituinte das relações sociais mais amplas. [...] 
perpassada pelos limites e possibilidades da dinâmica pedagógica, 
econômica, social, cultural e política de uma dada sociedade” (DOU-
RADO; OLIVEIRA 2009, p. 202).
A educação, seja ela formal ou não formal, pode introduzir mu-
danças na sociedade, com a intenção de produzir novos hábitos que 
respeitem a vida e o bem comum. A formação de um sujeito-cidadão 
que seja capaz de atuar em sua realidade de maneira coerente e 
justa requer o engajamento da sociedade para que todos tenham 
acesso a uma educação que forme visando à justiça, à coletivida-
de e ao respeito. A educação ambiental, por sua vez, centra-se nas 
questões ambientais de modo global, reconhecendo que todos têm 
direito a um ambiente saudável, tanto a atual geração como aquelas 
que ainda virão.
Assim, o exercício pleno da cidadania ocorre quando as pessoas se 
compreendem como responsáveis por suas ações, legitimando-as no 
seu cotidiano. Esse exercício de cidadania pode ocorrer em diversos 
espaços, como empresas, escolas, em casa e em espaços públicos.
DJTaylor/Shutterstock
Educação ambiental e sustentabilidadeEducação ambiental e sustentabilidade 103103
5.2 Práticas de educação ambiental nas residências 
Vídeo As práticas de educação ambiental podem ocorrer em qualquer 
contexto, não se restringindo ao espaço escolar, assumindo, assim, 
sua função principal de proporcionar, aos indivíduos e à coletividade, 
a possibilidade de construir “valores sociais, conhecimentos, habilida-des, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio am-
biente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de 
vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).
A educação ambiental deve começar em casa, com ações simples, mas 
que podem fazer a diferença para o planeta. As mudanças de hábitos do 
cotidiano contribuem para a redução de emissão de gases poluentes, ex-
tração de matéria-prima e economia de água e energia. Nesse sentido, a 
educação ambiental assume o compromisso de promover mudanças nos 
comportamentos, percepções e atitudes referentes ao meio ambiente.
Um dos grandes problemas de desperdício doméstico é, certamente, 
a água potável. Hawken, A. Lovins e H. Lovins (2007) observam que os 
estoques não renováveis de água doce estão se esgotando. As descar-
gas, segundo os autores, gastam 26% do consumo de água doméstico, 
os chuveiros consomem 18% e as máquinas de lavar roupa consomem 
23% de toda água consumida em casa. “Serve-se de água potável de 
altíssima qualidade para quase todos os fins, inclusive na descarga de 
banheiros ou na lavagem do chão” (HAWKEN; LOVINS, A; 
LOVINS, H., 2007, p. 200).
Uma possibilidade apontada pelos autores para utilizar 
menos água potável é colher, em cisternas, a água da 
chuva e água resultante de banhos e da lava-
gem de roupa. Essa água poderia ser utili-
zada para a lavagem de calçadas e 
carros. Pode ser instalado também, 
em uma residência, um sistema que 
pode reverter essa água para a des-
carga do vaso sanitário. 
A água armazenada 
em cisternas pode 
ser reaproveitada 
para outras 
atividades.
104 Educação Ambiental
Outro problema que ainda está dentro dos lares (tam-
bém no comércio e na indústria) são as geladeiras e 
freezers mais antigos, que contém clorofluorcarbono 
(CFC) 2 , substância destruidora da camada de ozônio. 
Esses aparelhos foram produzidos no Brasil até 2001 
(BRASIL, 2020). No entanto, para muitas famílias, não é 
possível substituí-los por outros mais modernos, tornando-se 
importante fazer a manutenção correta, evitando o vaza-
mento de gases.
Os refrigeradores mais modernos trazem, como benefício, a eco-
nomia de energia elétrica. Aparelhos novos possuem o Selo Procel de 
Economia de Energia, que foi desenvolvido pelo Programa Nacional de 
Conservação de Energia Elétrica em 1993.
Esse selo permite ao consumidor saber quais são 
os aparelhos “mais eficientes e que consomem me-
nos energia” (PROCEL, 2020). Após a criação do selo, 
foram firmadas parcerias com o Inmetro e com:
associações de fabricantes, pesquisadores de 
universidades e laboratórios, com o objetivo 
de estimular a disponibilidade, no mercado 
brasileiro, de equipamentos cada vez mais efi-
cientes. Para isso, são estabelecidos índices de 
consumo e desempenho para cada categoria 
de equipamento. Cada equipamento candidato 
ao Selo deve ser submetido a ensaios em labo-
ratórios indicados pela Eletrobras 3 . Apenas os 
produtos que atingem esses índices são con-
templados com o Selo Procel (PROCEL, 2020).
Além do Selo Procel, os aparelhos podem conter a Etiqueta Nacional 
de Conservação de Energia (ENCE). A função da etiqueta é informar ao 
consumidor sobre o desempenho energético dos aparelhos, veículos e 
edificações.
A ENCE faz parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem, o PBE, 
criado em 1984 pelo então Ministério da Indústria e do Comér-
cio (MIC) e pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O PBE é 
coordenado, desde então, pelo Instituto Nacional de Metrologia, 
Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que é ligado hoje (até o mo-
mento da publicação deste IEI Explica) ao Ministério da Economia 
(IEI BRASIL, 2020).
Composto de carbono, cloro e 
flúor, já foi muito usado como 
aerossol e gás para refrigeração.
2
Representação de colheita de 
água da chuva para sistema de 
reutilização doméstica.
Eletrobras é nome comercial 
da empresa Centrais Elétricas 
Brasileiras S.A., que é de controle 
acionário do governo federal 
brasileiro e coordena todas as 
empresas do setor elétrico.
3
Figura 1
Selo Procel
Fonte: PROCEL, 2020.
Educação ambiental e sustentabilidade 105
A redução no consumo de energia é impor-
tante, pois, para sua geração, há necessidade 
de explorar os recursos naturais, o que pode 
causar danos ao meio ambiente. Por isso, é 
necessário economizar energia, trocando lâm-
padas incandescentes por fluorescentes 4 , dei-
xando luzes acesas somente quando estiver 
usando o ambiente, diminuindo o tempo dos 
banhos, fazendo as manutenções necessárias 
em eletrodomésticos, juntando o máximo de 
roupa para lavar e passar, além de cuidar dos 
automóveis.
Cada pessoa pode fazer a diferença ao trans-
formar hábitos nocivos ao meio ambiente em 
hábitos sustentáveis. Devido à dinâmica da vida 
moderna, pode parecer que não é possível fugir 
das embalagens descartáveis, do uso dos auto-
móveis, da comida industrializada e do consu-
mismo. Porém, viver de modo sustentável é uma 
opção e um exercício diário que só pode ser colo-
cado em prática com a vontade de cada pessoa. 
Repensar as escolhas e modificar a forma de viver e conceber o mundo é 
o início de uma transformação radical na sociedade e é nossa responsabi-
lidade concretizar essa aparente utopia.
A produção e a venda de 
lâmpadas incandescentes 
foram proibidas no Brasil a 
partir de 30 de junho de 2016. 
A alternativa foi trocá-las por 
lâmpadas fluorescentes. Apesar 
de inicialmente o preço ser 
superior ao das incandescentes, 
a economia com energia elétrica 
mostrou-se em torno de 75%, 
trazendo benefícios financeiros e 
para o meio ambiente (CRAIDE, 
2016).
4
As lâmpadas 
fluorescentes têm maior 
eficiência e economizam 
mais energia do que as 
incandescentes.
Syda Productions/Shutterstock
Figura 2
Modelo de ENCE
Fonte: IEI BRASIL, 2020.
106 Educação Ambiental
5.3 Práticas de educação ambiental 
nas instituições de ensino Vídeo
As instituições de ensino têm papel fundamental de proporcionar 
condições para que os estudantes possam adquirir conhecimentos e 
habilidades que os ajudem a desenvolver atitudes pertinentes à defesa 
do meio ambiente, reconhecendo as causas e as consequências dos 
problemas ambientais.
Essas instituições constituem-se em espaços apropriados para a 
compreensão dos fenômenos da natureza, das alterações ambientais 
ocasionadas pelas ações humanas. Elas também podem proporcionar 
o desenvolvimento de novas posturas e valores, os quais visem à con-
solidação de uma sociedade que reconheça a importância do equilíbrio 
ambiental.
A mudança mais radical e importante a ser provocada pela educa-
ção ambiental é a compreensão de que todas as formas de vida do 
planeta dependem do equilíbrio ambiental. Capra (2006a), ao escrever 
sobre a crise da percepção em um tempo em que os problemas globais 
se agravam e danificam a biosfera e a vida dos seres humanos, destaca 
que não é possível compreendê-los isoladamente.
São problemas sistêmicos, o que significa que estão interliga-
dos e são interdependentes. [...] Há soluções para os principais 
problemas do nosso tempo, algumas delas até mesmo simples. 
Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no 
nosso pensamento e nos nossos valores. [...] A partir do ponto de 
vista sistêmico, as únicas soluções viáveis são as soluções “sus-
tentáveis”. O conceito de sustentabilidade adquire importância-
-chave no movimento ecológico. (CAPRAa, 2006, p. 23-24)
A compreensão fragmentada do mundo não permite o estabele-
cimento de relações equilibradas entre os indivíduos e a sociedade e 
destes com a natureza. Romper com esse modo reducionista de conce-
ber a realidade abre a possibilidade de construir uma sociedade mais 
equilibrada, justa, equitativa e sustentável. A educação ambiental, nes-
se sentido, contribui para o processo de transformação da realidade 
socioambiental desconstruindo práticas nocivas ao meio ambiente 
para dar espaço a novas propostas que tragam, em seu cerne, o respei-
to, a tolerância, a compreensão, a empatia e o protagonismo.
A educação ambiental,ao problematizar a realidade, colabora para sua 
compreensão e instrumentaliza os sujeitos para o desenvolvimento de ati-
tudes críticas frente à crise ambiental, que resultem em transformações 
individuais e coletivas. Essas transformações passam por valores, hábitos 
e atitudes que são moldados com base nas vivências de cada um.
Ao desenvolver práticas que fortaleçam o reconhecimento da diversi-
dade cultural, biológica, étnica e social, os conceitos básicos de educação 
ambiental são trabalhados de maneira a desenvolver um novo olhar para 
o ambiente. Essas práticas de educação ambiental devem ser sistêmicas, 
considerando toda a diversidade e as adversidades que se impõem. A 
nova racionalidade se constitui de interesses, necessidades, arranjos e 
urgências e, por vezes, desconsidera a inter-relação e a interatividade 
dos elementos que constituem o mundo, sejam eles naturais ou sociais.
Para desenvolver atividades de educação ambiental é preciso rom-
per com o velho paradigma de trabalhar com materiais recicláveis e com 
datas comemorativas. Com o passar do tempo esse modelo se tornou 
ineficiente, possuindo um fim nele mesmo. A educação ambiental, na 
atualidade, requer que o educador possua conhecimentos prévios, com 
embasamento teórico e objetivos bem planejados, pois as atividades de-
senvolvidas com os estudantes adentram suas casas e eles se tornam 
multiplicadores de ideias e práticas.
As escolas podem incitar o debate sobre a ameaça de extinção de es-
pécies, a disposição irregular de resíduos, o uso de defensivos agrícolas, 
o desmatamento e as poluições.
A arara-azul, o jacaré-de-papo-
amarelo, o tamanduá-bandeira, 
o lobo-guará, o peixe-boi, o 
boto-cor-de-rosa, o mico-leão-
dourado e a onça-pintada estão 
entre as espécies da fauna 
brasileira que estão ameaçadas 
de extinção (IBGE, 2001).
Educação ambiental e sustentabilidadeEducação ambiental e sustentabilidade 107107
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108 Educação Ambiental
A educação ambiental não é neutra e é permeada por valores que 
dependem de seu contexto, contudo ela não pode perder a sua essên-
cia, a qual é gerar mudanças estruturais na sociedade. O trabalho com 
a educação ambiental pode ser muito produtivo se o educador abordar 
os temas de maneira interdisciplinar.
O termo interdisciplinaridade tanto pode se referir genericamen-
te ao processo de interação entre campos diferentes do saber, 
quanto poderá dizer, mais restritamente, sobre determinada 
forma específica de como ocorre tal interação, havendo certa 
ideia de gradação. [...] referir-nos-emos à interdisciplinaridade, 
em sua primeira acepção acima, em sua forma processual, em 
seu sentido de aproximação e diálogo entre campos disciplinares 
diversos, levando a uma espécie de interdependência entre as 
disciplinas e tendo como consequência a transformação mútua 
desses campos. (MENEZES; YASUI, 2012, p. 1.820, grifo nosso)
Assim, a interdisciplinaridade é ferramenta primordial para o de-
senvolvimento da educação ambiental nas instituições de ensino. Por 
meio dela, é possível abordar temas que são comuns a mais de uma 
disciplina e possibilitar ao estudante uma compreensão integrada do 
mundo. A escola deve trabalhar com métodos efetivos para instigar a 
apreensão dos fenômenos naturais, das ações humanas e das conse-
quências para o meio ambiente. O trabalho interdisciplinar possibilita 
abordar temas que fazem parte da realidade dos estudantes, de sua 
comunidade e, com base neles, buscar a compreensão mais global.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento mandatório 
que define o conjunto de competências gerais que consubstanciam o 
direito à aprendizagem e ao desenvolvimento, institui que “a educação 
deve afirmar valores e estimular ações que contribuam para a trans-
formação da sociedade tornando-a mais humana, socialmente justa e, 
também, voltada para a preservação da natureza” (BRASIL, 2018, p. 8). 
O documento apresenta competências baseadas em direitos éticos, es-
téticos e políticos para a formação integral do estudante.
Uma das competências se refere à existência de relações entre os 
direitos, os temas ambientais e o consumo, cabendo ao estudante:
argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis 
para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e deci-
sões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a 
consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito 
local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao 
cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. (BRASIL, 2018, p. 9)
Em 2018, o Instituto 
Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade 
(ICMBio) lançou uma 
coleção de livros sobre 
as espécies da fauna 
brasileira ameaçadas 
de extinção. São 4.200 
páginas distribuídas em 
sete volumes que retra-
tam a situação atualizada 
do risco de extinção da 
fauna, o que pode causar 
grande impacto para a 
biodiversidade brasileira. 
A coleção completa está 
disponível no site do 
ICMBio.
BRASIL. Livro vermelho da fauna 
brasileira ameaçada de extinção. 
Brasília, DF: ICMBio/MMA, 2018. 
Disponível em: https://www.
icmbio.gov.br/portal/component/
content/article/10187. Acesso em: 
15 jun. 2020.
Leitura
https://www.icmbio.gov.br/portal/component/content/article/10187
https://www.icmbio.gov.br/portal/component/content/article/10187
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Educação ambiental e sustentabilidade 109
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Para chegar a esse patamar de conviver com os outros e desenvol-
ver habilidades e competências, é necessário acesso a informações, co-
nhecimentos, estudos, debates, reflexões, compreensão da realidade e 
respeito às diferenças.
Os projetos de educação ambiental desenvolvidos nas instituições 
de ensino necessitam de fundamentação teórica, a qual aponte a linha 
epistemológica das atividades e a metodologia que será utilizada. Es-
ses projetos devem ter como objetivo principal a sensibilização para as 
mudanças de hábitos. As atividades podem ocorrer por meio de pales-
tras, oficinas, debates, produção de textos, dramatizações, produção 
de materiais para divulgação, campanhas temáticas e visitas a espaços 
que possam contribuir para a reflexão sobre o tema.
A educação ambiental tem incidência 
tanto individual quanto coletiva para a 
emancipação dos sujeitos que possam 
atuar de maneira crítica e autônoma no 
mundo. Além disso, pode auxiliar as pes-
soas a refletirem sobre os desafios e as 
possibilidades que se interpõem, coope-
rando para a construção de um projeto 
societário que almeja justiça, equidade, 
respeito e redução da pobreza e violência. 
Envolver a comunidade também é impor-
tante para o fortalecimento das ações, 
pois, com outros atores, tem-se a possibili-
dade de agregar conhecimentos e saberes, 
além de ampliar a abrangência da dissemi-
nação dos conhecimentos.
São grandes os desafios de uma educação ambiental que pro-
mova mudanças na relação do ser humano com a natureza e que 
possibilite sua atuação na realidade socioambiental de maneira 
comprometida com a vida de todos os seres, superando a hegemo-
nia humana. Assim, a educação ambiental deve consolidar seus ob-
jetivos legais e teóricos, ocupando-se da vida, gerando expectativas 
de que haverá um novo mundo em que a coletividade predominará, 
em que não haverá discriminação e os direitos de todos serão sal-
vaguardados. É um grande desafio que se põe diante de todos nós, 
sem exceção.
110 Educação Ambiental
5.4 Práticas de educação 
ambiental nas empresas Vídeo
O comprometimento da sociedade precisa ser motivado e for-
talecido de modo a repercutir na sensibilização sobre a necessidade 
de protegero meio ambiente. Enquanto a sociedade não assumir 
que as mudanças de hábitos são necessárias e urgentes, o meio am-
biente sofrerá as consequências das ações humanas que continuam 
desmedidas.
O modelo de crescimento econômico que possibilitou a ex-
pansão da produção é fator preponderante de degradação 
ambiental. A exploração irracional dos recursos naturais 
resultou em ambientes hostis para a vida, em muitas 
partes do mundo, e as indústrias são responsáveis 
por grande parte do desequilíbrio ambiental. Em 
virtude disso, empresas e indústrias mais respon-
sáveis passaram a preocupar-se com as questões 
ambientais. Para tanto, foram desenvolvidas estra-
tégias para inserir novas culturas corporativas. Essas 
estratégias podem ser legislações, normas, acordos, 
campanhas, certificados e selos.
As empresas que buscam desenvolver uma estrutura que 
permita e fomente a proteção ambiental podem aderir à norma da As-
sociação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 5 ISO 6 14001, a 
qual especifica as condições necessárias para um Sistema de Gestão 
Ambiental (SGA) que seja estratégico e vislumbre o desenvolvimento 
sustentável da empresa. Agrega-se a isso a preocupação com o ciclo 
de vida das espécies e a redução do consumo de recursos. Além disso, 
ao implantá-la, as empresas reduzem custos e objetivam a utilização 
correta dos recursos, além da preservação da biodiversidade.
A versão atualizada da ISO 14001 entende como foco principal a 
melhoria do desempenho ambiental e não a melhoria do desem-
penho do sistema de gestão, dessa forma, serão analisados de 
forma mais enfática as reais reduções de emissões, efluentes e 
resíduos que a empresa obteve com a implementação do siste-
ma de gestão ambiental. Ainda nesse item, existe a preocupação 
com o gerenciamento dos aspectos ambientais durante o ciclo 
de vida do produto ou serviço da organização (TEMPLUM, 2020).
NBR é utilizado para representar 
a expressão norma técnica.
5
“Organização Internacional de 
Normalização, com sede em 
Genebra, na Suíça. Foi criada em 
1946 e tem como associados 
organismos de normalização de 
cerca de 160 países. A ISO tem 
como objetivo criar normas que 
facilitem o comércio e promo-
vam boas práticas de gestão 
e o avanço tecnológico, além 
de disseminar conhecimentos. 
Suas normas mais conhecidas 
são a ISO 9000, para gestão 
da qualidade, e a ISO 14000, 
para gestão do meio ambiente” 
(INMETRO, 2020).
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Educação ambiental e sustentabilidade 111
Para a empresa conseguir o certificado ISO 14001, é necessário 
cumprir as legislações ambientais brasileiras e passar por um proces-
so de avaliação. Diferentemente da ISO 14001 7 , a qual não contem-
pla responsabilidades sociais em suas normas, a ISO 26000 exige que 
se integrem ações de promoção de comportamento socialmente res-
ponsável para as empresas que desejam incorporar “considerações 
socioambientais em seus processos decisórios e a responsabilizar-se 
pelos impactos de suas decisões e atividades na sociedade e no meio 
ambiente. Isso implica em um comportamento ético e transparente 
que contribua para o desenvolvimento sustentável” (INMETRO, 2020). 
Contudo, a ISO 26000 não gera uma certificação, são apenas diretrizes 
para uso voluntário.
Além da certificação, as empresas podem realizar o Estudo de Im-
pacto Ambiental (EIA), o qual consiste em um documento técnico em 
que são avaliados os impactos ambientais de uma obra que será 
executada. Existem resoluções do Conselho Nacional de Meio Am-
biente (CONAMA) que estabelecem quais são os tipos de empreen-
dimentos que necessitam solicitar licenciamento ambiental, como: 
mineração, rodovias, ferrovias, aterros sanitários e estações de tra-
tamento de água ou esgoto.
O licenciamento permite aos órgãos governamentais ambientais 
acompanhar as atividades que podem interferir no meio ambiente. 
“No EIA são abordados os aspectos técnicos necessários à avaliação 
dos impactos ambientais a serem gerados pelo empreendimento. O 
EIA deve ser elaborado por equipe técnica multidisciplinar habilitada” 
(BRASIL, 2020).
As empresas também devem apresentar o Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA), um documento que aponta as consequências am-
bientais para a implantação de determinado projeto.
O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua 
compreensão, a fim de propiciar maior compreensão e clareza 
para população quanto às características do empreendimento, os 
impactos ambientais gerados, as propostas de mitigação dos im-
pactos, entre outros aspectos da implantação e operação do em-
preendimento. As informações devem ser traduzidas em linguagem 
acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais 
técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender 
as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as conse-
quências ambientais de sua implementação. (BRASIL, 2020)
A Série ISO 14000 é composta 
de várias normas: 14001: 
Sistema de Gestão Ambiental; 
14004: Sistema de Gestão 
Ambiental, uso interno; 14010: 
Auditorias Ambientais; 14031: 
Desempenho Ambiental; 
14020: Rotulagem Ambiental; 
14040: Análise do Ciclo de Vida 
(TEMPLUM, 2020).
7
112 Educação Ambiental
Além dos estudos e planeja-
mentos formais que as empresas 
devem fazer para reduzir os impac-
tos ambientais causados por suas 
atividades, elas podem instituir 
medidas simples em seu cotidiano, 
como reciclar os resíduos que são 
gerados no processo produtivo. 
Para tanto, é necessário classificar 
os tipos de resíduos, acondicioná-
-los em local adequado para serem 
reciclados ou encaminhados para 
outra empresa que o faça. Esses resíduos podem ser vendidos ou 
doados, mas é preciso lembrar que haverá um custo com armazena-
mento, funcionários e transporte, o que pode fazer com que muitas 
empresas não adotem esses procedimentos.
Um cuidado fundamental que deve ser tomado, principalmen-
te pelas indústrias, é com uso da água. Sabe-se que a água é vital 
para os processos produtivos e por isso há a necessidade de usá-la 
racionalmente.
A indústria pode dar contribuições positivas; por exemplo: loca-
lizando as operações que utilizam muita água em regiões onde 
o seu suprimento seja suficiente, adotando práticas conservacio-
nistas tais como o uso de águas cinzentas 8 nos processos que 
não exigem água de melhor qualidade, e melhorando a quali-
dade da água esgotada após o uso. Só o recurso à reciclagem 
pode reduzir o consumo de muitas indústrias em 50% ou mais, 
com a vantagem adicional de diminuir a poluição resultante 
(SELBORNE, 2002, p. 36).
Empresas, indústrias e comércio podem colaborar sobremanei-
ra para a economia da água inserindo em seus processos maqui-
nários mais modernos, alterando a maneira de prestar os serviços, 
incentivando seus colaboradores e clientes a utilizarem a água com 
mais cuidado e promovendo campanhas que visem à economia des-
se recurso natural. Esses são apenas alguns exemplos de como as 
organizações podem colaborar para um mundo mais sustentável, 
garantindo seus lucros, mas também mantendo um olhar atento e 
sensível para a natureza.
Águas cinzentas ou águas cinzas 
são aquelas provenientes de 
chuveiros, pias de banheiros e 
máquinas de lavar roupa. As 
chamadas águas negras são 
resultantes do uso de bacias e 
vasos sanitários.
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Educação ambiental e sustentabilidade 113
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um dos maiores desafios para a educação ambiental é o envolvimento 
de toda a sociedade em ações que visem à preservação e à conservação 
ambientais. Existem múltiplas possibilidades para o desenvolvimento da 
educação ambiental em diferentes contextos, o que deveria facilitar sua 
prática. As instituições, corporações, empresas e demais organizações po-
dem e devem inserir a educação ambiental em sua rotina. Contudo, ain-
da temos espaços resistentes que não consideram a educação ambiental 
como importante, mas os que a desenvolvem provocam alterações impor-
tantes para o meio ambiente.
Essas instituiçõesestão promovendo transformações de paradigmas 
societários que refletirão no futuro. A disseminação de informações e 
de conhecimentos é importante para que cheguem até a pessoas, de 
maneira adequada, façam-nas refletir e promovam mudanças. Sabe-se 
que os desafios aumentam na mesma proporção em que cresce a po-
pulação mundial e, consequentemente, exigem a extração de novos re-
cursos naturais.
O desenvolvimento de sociedades mais sustentáveis é a grande es-
perança para a atualidade, pois almeja-se a compreensão da urgência de 
proteger a natureza, garantindo que a atual e as futuras gerações de seres 
vivos possam usufruir de um ambiente minimamente saudável.
ATIVIDADES
1. Os desafios para a efetivação da educação ambiental são muitos e 
aumentam na mesma proporção em que a população mundial cresce. 
Diante desse contexto, como a educação escolar pode colaborar para 
a promoção de mudanças?
2. As empresas possuem grande responsabilidade para a minimização 
dos impactos ambientais. Em seu local de trabalho ou de estudo, o que 
poderia ser feito diferente para colaborar com a proteção ambiental?
3. Vimos que a água ou a falta dela é motivo de grande preocupação 
para a manutenção das atividades empresariais e domésticas. Como 
as instituições de ensino podem trabalhar com esse tema de modo a 
provocar mudanças nas atitudes humanas?
114 Educação Ambiental
REFERÊNCIAS
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DE%201999.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20educa%C3%A7%C3%A3o%20
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no Brasil a partir do dia 30. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
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Globo, 2014.
Gabarito 115
GABARITO 
1 Natureza e sociedade
1. Embora vivamos em mundo globalizado, os povos não estão vivendo 
todos no mesmo tempo de desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, 
há tribos indígenas isoladas que mantêm seus costumes e tradições, 
não permitindo o contato com outras pessoas. Em locais remotos 
do mundo, há povos que vivem sem acesso a elementos básicos e 
corriqueiros para boa parte da população, como água potável, energia 
elétrica, meios de comunicação e alimentos industrializados. Em 
alguns casos, isso ocorre devido a questões políticas, guerra e disputa 
por território. Há, no entanto, locais em que é uma escolha viver no 
isolamento, com suas próprias regras e recursos. As comunidades 
Amish, nos Estados Unidos, por exemplo, vivem como se estivessem 
no século XVIII. Seus membros são avessos a tecnologia, roupas 
industrializadas, telefone, automóveis e energia elétrica. Diferente de 
outros povos, eles possuem recursos financeiros, mas seu modo de 
vida é uma escolha. É importante desmistificar os determinismos, aos 
quais se atribui a responsabilidade pelo modo de vida às tecnologias, 
à política e aos meios de produção. A reflexão sobre outras formas 
de viver se faz importante para a compreensão de que mudanças 
de hábitos são viáveis e necessárias para a garantia da sobrevivência 
humana e dos demais seres.
2. Na atualidade, há indústrias que demonstram preocupação com o meio 
ambiente e inserem em sua linha de produção práticas ambientalmente 
corretas, por exemplo, instalando estações para o tratamento da água 
utilizada no processo industrial, e filtros na chaminés das fábricas, de 
modo a diminuir os poluentes que são lançados no ar. Outro meio 
de minimizar os impactos ambientais decorrentes dos processos 
industriais é a construção de indústrias que utilizem pelo maior 
tempo possível a luz e a ventilação naturais, economizando, assim, 
energia elétrica e utilizando menos o ar-condicionado. Saber como a 
matéria-prima foi plantada, adubada, cultivada, colhida e transportada 
também deve ser uma preocupação para a indústria. Não basta fazer 
corretamente apenas o seu processo, toda a cadeia produtiva precisa 
ser repensada e renovada de maneira a produzir o menor impacto 
ambiental. O aproveitamento das matérias-primas deve ser otimizado. 
Assim, deve-se repensar o que fazer com partes que, em geral, não 
116 Educação Ambiental
são utilizadas pelas indústrias. Partes de alimentos podem virar adubo 
ou ração. As fibras podem ser utilizadas para a fabricação de vasos e 
solados de sapatos. As sobras dos vidros podem ser recicladas. Enfim, 
há pesquisas que mostram que é possível aproveitar e reaproveitar 
muitos materiais que estão sendo desperdiçados. Desse modo, há 
a diminuição da extração dos recursos naturais, da poluição e do 
desperdício.
3. Sabe-se que as questões ambientais não dizem respeito somente à 
natureza, mas se correlacionam com a política, economia, religião, 
cultura, tecnologia, educação e saúde. Esses assuntos permeiam 
os debates diários veiculados nos meios comunicação, que são 
propagadores de informações e ideias que podem influenciar a 
modificação de hábitos relacionados ao meio ambiente. A interação 
e o compartilhamento rápido de informações têm grande potencial 
para a disseminação deatitudes positivas que estão acontecendo 
pelo mundo. Na atualidade, pessoas comuns são produtoras de 
notícias e informações, por meio de sites, blogs e redes sociais. Nem 
todas as informações são de fontes seguras e imparciais. As análises 
não podem ser simplistas, levando em consideração apenas alguns 
aspectos. Daí a importância de saber pesquisar e averiguar os fatos e 
não reproduzir inverdades. Para o meio ambiente, é importante que as 
informações sejam corretas, o que pode significar salvar vidas, evitar 
queimadas, consumir de modo sustentável determinados produtos, 
por exemplo. Assim, os meios de comunicação sérios, que propagam 
informações confiáveis, ao se referirem ao meio ambiente, o fazem de 
forma articulada, colaborando para o equilíbrio ambiental.
2 Consumo, consumismo e meio ambiente
1. As necessidades de consumo, na atualidade, são estimuladas pelos 
meios de comunicação que impõem ideias e desencadeiam desejos por 
produtos e serviços. A realização dos desejos e necessidades fazem com 
que as pessoas alcancem diferenciação social e naturalizem o consumo. 
Nessa direção, o consumismo se consolidou como uma prática comum 
nos vários estratos sociais, e os estilos de vida foram padronizados, 
tendo o consumo como guia e norte impostos pelo sistema capitalista. 
Refletir sobre as consequências das ações de consumo requer 
sensibilização de que mudanças são necessárias. Para isso, é preciso 
reconhecer os problemas ambientais causados pelo consumo e pelo 
consumismo, como a poluição, a degradação ambiental, o risco de 
extinção de espécies e as já perceptíveis mudanças climáticas, além das 
Gabarito 117
enchentes. Para cada produto consumido foram extraídos recursos da 
natureza, salvo aqueles que são produzidos com materiais reciclados. 
A extração desses recursos causa impactos diretos e indiretos, como 
o assoreamento de rios, a redução dos animais e plantas aquáticas, 
o desmatamento que coopera para aumentar a poluição do ar, bem 
como pode interferir na captação de água para consumo humano e 
atingir aquelas comunidades que sobrevivem da pesca, do artesanato 
e das pequenas propriedades rurais. É urgente mudar as formas 
de consumo, consumindo menos, conhecendo a procedência das 
mercadorias, cobrando dos poderes públicos ações de combate ao 
extrativismo predatório, à falta de tratamento dos esgotos domésticos 
e industriais e dos resíduos sólidos urbanos. A medida mais poderosa 
e mais fácil a ser tomada é a redução do consumo de supérfluos, que 
pode ser feita por cada um de nós e independe de outros agentes. 
A responsabilidade de minimizar os impactos ambientais causados 
pelo consumismo é de todos os cidadãos e passa pela sensibilização, 
conscientização e responsabilidade.
2. Os aterros sanitários estão lotados de resíduos sólidos e algumas 
municipalidades já apresentam dificuldade em encontrar novas áreas 
para construir futuros aterros. Manter esses espaços é dispendioso 
e exige monitoramento ambiental constante, mesmo após o 
encerramento de suas atividades. Reconhecer que essas situações 
são nocivas para o meio ambiente pode resultar em mudanças 
nos hábitos de consumo. As escolhas de produtos precisam ser 
repensadas, a fim de reduzir a utilização de embalagens descartáveis. 
Outra ação é o conserto de aparelhos avariados, uma vez que 
vivemos na cultura do descarte e do efêmero. São ações simples, 
mas que têm impactos positivos para o meio ambiente, devendo 
ser praticadas na cotidianidade. Reduzir a geração de resíduos 
sólidos ou eliminar o desperdício é uma ação que está ao alcance 
de todos. Em várias partes do mundo existem pessoas que passam 
fome, enquanto há nações em que o desperdício de alimentos é 
uma atitude natural. As mudanças de atitudes com o objetivo de 
gerar menos resíduos sólidos são de responsabilidade de cada um e 
devem ser compartilhadas por todos.
3. A conservação dos recursos naturais depende de vários fatores 
e entre eles estão as atitudes humanas que são as mais nocivas 
para o meio ambiente. Além das ações individuais e coletivas que 
considerem a finitude dos recursos, o poder público e as instituições 
de ciência, de tecnologia e de educação devem ser acionados para 
118 Educação Ambiental
garantir da conservação dos recursos naturais. As instituições têm 
responsabilidade social e ambiental, devendo organizar ações em 
defesa da conservação ambiental. Entre elas podem ser citadas: a 
fiscalização, campanhas publicitárias que abordem temas diversos 
nesse sentido, como reciclagem, poluição, doenças, enchentes e risco 
de extinção. Podem ainda ser desenvolvidas ações mais próximas 
das comunidades mais carentes ou mais afastadas, com o objetivo 
de geração de renda. Outra medida é o cumprimento das legislações 
existentes. As instituições de fomento à ciência, à tecnologia e à 
cultura podem, e devem, investir em pesquisas que visem encontrar 
matrizes energéticas mais eficazes e menos poluentes, materiais mais 
duradouros, alternativas para a reciclagem e melhoria das condições 
de vida das pessoas. As possibilidades são muitas e cada instituição 
pode colaborar de acordo com a natureza de suas pesquisas, 
garantindo o cumprimento de sua responsabilidade social e retorno 
para a sociedade.
3 História da educação ambiental
1. A sociedade civil organizada tem grande potencial para a proposição 
de sugestões que objetivem a mitigação dos impactos ambientais 
causados pelas ações humanas. Quando a sociedade se une para 
buscar soluções para problemas que são comuns, a responsabilidade 
é compartilhada por todos, bem como os resultados obtidos. 
Estudamos que os movimentos ambientalistas tiveram início por 
intermédio de pessoas que se sensibilizaram com os danos causados 
ao meio ambiente pelas atividades agroindustriais, pelo crescimento 
desordenado da população e pelo consumo. Com as iniciativas 
desses grupos, que não tiveram receio em desbravar em suas lutas, 
as entidades e os governos se manifestaram e ampliaram o debate. 
As instituições sem fins lucrativos também são exemplo de como a 
sociedade civil pode se organizar e fortalecer as causas ambientais, 
obtendo maior alcance e visibilidade. Ao longo da história, as lutas 
coletivas obtiveram grandes conquistas, como igualdade de direitos 
entre homens e mulheres, redemocratização de países, direito ao 
voto e a frequentar a escola, além da luta pela terra. Sabe-se que a 
defesa do meio ambiente não é tarefa fácil e exige coragem, saberes, 
conhecimentos e desprendimento, pois a bandeira erguida deve 
condizer com os atos e hábitos de seus defensores. As lutas são muitas 
e não podem cessar, pois delas dependem a continuidade da vida, o 
equilíbrio ambiental e a garantia de que as futuras gerações poderão 
usufruir de um ambiente saudável.
Gabarito 119
2. As legislações brasileiras do início do século XX, referentes às questões 
ambientais, trataram de normatizar o uso de áreas e recursos 
naturais, como a água, o solo, a extração de minérios e a produção de 
madeira. A preocupação inicial era organizar as atividades industriais 
e comerciais. As sanções para quem descumprisse os poucos artigos 
que previam a preservação e conservação dos recursos naturais eram 
brandas. Com isso, acabou se desencadeando uma cultura de que a 
natureza é fornecedora incansável de recursos naturais e seus ciclos de 
reposição independem das ações humanas. Na atualidade, é possível 
testemunhar atos políticos pretensores de diminuição de reservas 
ecológicas, redução das terras indígenas, extração predatória de 
madeira de florestas que deveriam ser preservadas, redução da mata 
ciliar e uso indiscriminado de defensivos agrícolas. O lucro se coloca 
acima dos ciclos naturais que precisam ser mantidos para a garantia da 
vida. No Brasil, existe a chamada “bancada ruralista”, que é composta 
de políticos eleitos que representam os interesses dos produtores 
rurais, buscam financiamentos e posicionam-se contra a reforma 
agrária e pelo afrouxamento da legislação ambiental.Diante desse 
cenário, conclui-se que as legislações são fundamentais para garantir 
o desenvolvimento sustentável. É preciso equilíbrio nas normatizações 
de maneira que os danos ambientais já existentes possam ser 
mitigados, danos futuros sejam evitados e os biomas brasileiros 
possam ser preservados e conservados. É importante salientar que a 
democracia exige resiliência e respeito à coletividade, além de garantir 
os direitos básicos daqueles que não podem se defender. Só assim, a 
sociedade pode ser considerada justa e igualitária.
3. A educação ambiental, ao possibilitar o diálogo com várias áreas do 
conhecimento e com os diversos segmentos sociais, colabora para 
despertar o entendimento da importância do enfrentamento dos 
problemas ambientais. Para tanto, é necessário reconhecer a crise 
ambiental pela qual passa o planeta. Essa crise envolve, além das 
questões ambientais e naturais, questões éticas, morais, políticas, 
econômicas, culturais e sociais. O meio ambiente não é algo além 
do ser humano, e envolve a compreensão de que todos são partes 
integrantes do planeta. A emergência do desenvolvimento de um olhar 
mais sensível para os problemas ambientais requer que os sujeitos 
tenham acesso a informações e conhecimentos e possam participar 
das tomadas de decisões. A educação ambiental configura-se como 
aliada nesse processo de construção de uma nova racionalidade social. 
A formação de sujeitos críticos exige romper com o determinismo 
e compreender que as mudanças são possíveis e dependem 
120 Educação Ambiental
da mobilização social. A educação ambiental deve caminhar em 
consonância com as transformações econômicas, políticas, culturais, 
sociais, educativas, tecnológicas, bem como naturais. Para formar 
cidadãos críticos, precisa haver o entendimento de que o ser humano 
constitui e é constituído por essas dimensões. Disso depreende-se 
a importância de a educação ambiental ser trabalhada de modo 
sistêmico, respeitando às outras manifestações de vida e buscando o 
equilíbrio entre a vida humana e a natureza.
4 Políticas de educação ambiental
1. As legislações brasileiras referentes ao meio ambiente são muitas, 
o que não impede a devastação ambiental que aumenta em todo o 
país. Após a promulgação da Constituição Federal, outras normas 
foram editadas ao mesmo tempo em que os problemas ambientais se 
agravaram. O artigo 225 da Constituição, ao inserir a temática ambiental 
em seu texto, aponta a dimensão da importância de tratar os assuntos 
ambientais pelo poder público e fazer cumprir as legislações vigentes. 
O cumprimento da legislação exige fiscalização e punição para aqueles 
que não a cumprem. Contudo, o poder público não consegue estar em 
todos os lugares no momento em que ocorrem descumprimentos das 
leis. Nesse sentido, a sociedade pode colaborar denunciando sempre 
que observar alguma irregularidade. Ao constatar ou desconfiar de 
problemas, como desperdício de água, depósito irregular de detritos 
e lixo em terrenos baldios, abandono ou maus tratos de animais, 
ocupação irregular de áreas de proteção ambiental ou mata ciliar, 
poluição do ar ocasionada por empresas ou veículos, queimadas 
e ligação clandestina de esgoto na rede pluvial, qualquer cidadão 
pode e deve denunciar aos órgãos competentes e acompanhar seus 
desdobramentos. Desse modo, a sociedade poderá contribuir para a 
proteção ambiental e para o cumprimento das legislações. Para tanto, 
é necessário sensibilização e conhecimento sobre a importância de 
cuidar dos recursos naturais, respeitar as culturas e os espaços dos 
povos tradicionais, repensar os atos de consumo e as relações humanas 
que devem ser mais solidárias e sustentáveis. O compromisso deve 
ser individual e coletivo e vislumbrar a sustentabilidade, a justiça e a 
equidade social.
2. Ao aprovar uma legislação específica sobre educação ambiental, o 
Brasil fortaleceu a abordagem dos temas referentes ao meio ambiente 
em espaços formais e não formais de ensino. Ao estabelecer o 
entendimento conceitual do que é educação ambiental, a norma 
Gabarito 121
garantiu unidade em seu tratamento de modo que seja compreendida 
a importância do uso racional e sustentável dos recursos naturais, 
garantindo que as atuais e as futuras gerações possam usufruir do 
meio ambiente saudável. Nos 20 anos desde a promulgação da Lei 
n. 9.795/1999, a exploração dos recursos naturais no Brasil e no 
mundo aumentou. A importância de uma legislação que torna 
obrigatória a abordagem da necessidade de estabelecer uma nova 
relação com a natureza pode fazer com que as pessoas reflitam mais 
sobre suas ações. Na educação formal, a obrigatoriedade do tema 
pode resultar em transformações sociais essenciais para a proteção 
do meio ambiente, em diferentes realidades, devido ao alcance das 
instituições de ensino. As ações de educação ambiental podem ser 
desenvolvidas em diferentes contextos, não se restringindo apenas 
aos espaços escolares. Qualquer instituição pode e deve desenvolver 
ações e parcerias com o intuito de melhorar a qualidade ambiental de 
seus colaboradores e de sua comunidade. O equilíbrio ambiental de 
todo o planeta depende de ações simples e locais, e isso dá a dimensão 
da responsabilidade de cada um de nós ao sermos ambientalmente 
educados. São as pequenas ações que trazem grandes transformações.
3. As correntes epistemológicas de educação ambiental são importantes 
instrumentos para a sistematização das práticas ambientais. 
O conservacionismo tem sua importância ao defender o uso dos 
recursos naturais de modo racional, equilibrando exploração ambiental 
e economia. O preservacionismo, por sua vez, possui uma abordagem 
mais radical ao defender que as áreas preservadas não devem sofrer 
nenhuma intervenção humana, o que para alguns ambientalistas seria 
improvável e improdutivo. As duas abordagens têm sua importância, 
pois há estudos que mostram que é necessário preservar grandes 
áreas para que determinadas espécies de plantas e animais possam 
se reproduzir e manter o ciclo natural da vida. Ao manter áreas 
preservadas, garante-se que espécies da flora que ainda não foram 
descobertas e, por consequência, não tiveram suas propriedades 
estudadas, possam ser pesquisadas no futuro. Em um país com as 
dimensões territorial e ambiental como o Brasil, há muitas espécies que 
ainda são desconhecidas e a possibilidade de entrarem em extinção 
ameaça o patrimônio genético e natural do país. O conservacionismo 
é mais defendido, principalmente por aqueles que dependem da 
exploração das riquezas naturais como fonte de recurso econômico. 
O uso mais racional dos recursos naturais que possa equilibrar a 
conservação da natureza com as atividades econômicas está na base 
do desenvolvimento sustentável, pois os seres humanos dependem 
122 Educação Ambiental
do que é extraído da natureza para sobreviver. Não existe outra fonte 
de recursos, por isso a importância de conservá-los. Ao contrário do 
que pode ser compreendido, as duas abordagens se complementam 
e têm sua importância para a sustentabilidade do planeta.
5 Educação ambiental e sustentabilidade
1. A educação escolar tem grande responsabilidade na mudança de 
hábitos de seus estudantes. As atividades que são desenvolvidas 
no interior da escola alcançam as famílias e a comunidade de seu 
entorno, por isso a importância de se trabalhar a educação ambiental 
de maneira sistêmica, mostrando que tudo está interligado e que 
cada ação provoca consequências, em menor ou maior grau. A 
educação ambiental promove a sensibilização, oportunizando, ao 
sujeito, o contato com a realidade ambiental que o cerca, refletindo 
sobre os impactos causados pelas ações humanas. Ao inserir a 
temática ambiental em suas práticas, a instituição de ensino promove 
a ampliação dos conhecimentos que os estudantes já possuem 
previamente, construindo novos saberes que possam ser aplicados 
em seu dia a dia, em sua comunidade, e que provoquem mudanças. 
Além de sensibilizar os sujeitos para os problemasambientais, é 
importante desenvolver o comprometimento com a mudança e com 
atitudes responsáveis e sustentáveis. Assim, a educação escolar 
constitui-se na maneira mais eficaz para levar a educação ambiental 
ao maior número possível de crianças e jovens. Os trabalhos devem 
ser diversificados para atender às diferenças regionais e culturais, não 
se restringindo apenas a acessar conhecimentos, mas concretizando 
ações que possam garantir um futuro mais sustentável.
2. Todos os setores da sociedade têm responsabilidade em relação ao 
meio ambiente, e as empresas podem colaborar para a disseminação 
de informações e práticas de educação ambiental. É no local de 
trabalho ou de estudo que passamos boa parte de nossas vidas e, 
portanto, é um bom espaço para desenvolver soluções para os 
problemas ambientais. As empresas mais responsáveis já inseriram, 
em sua cultura, ações de economia de água e de energia, incentivando 
seus colaboradores a utilizar de modo adequado os ambientes. Na 
linha de produção, há empresas que buscam soluções para minimizar 
qualquer desperdício de matéria-prima, o que aumenta seus lucros e 
reduz a necessidade de maior extração de recursos naturais. Outra 
possibilidade é a reutilização de materiais, além do investimento 
em maquinário mais duradouro e eficiente, que emita menos gases 
Gabarito 123
poluentes e gere menos resíduos. As empresas que desejam ser 
reconhecidas como sustentáveis tomam outras iniciativas, como a 
disponibilização de copos ou canecas reutilizáveis, a disposição de 
lixeiras seletoras, a utilização dos dois lados dos papéis para impressão, 
imprimindo o mínimo possível, a instalação de torneiras e interruptores 
com temporizadores para evitar o desperdício, a preferência para luz 
e ar naturais e o incentivo à carona solidária entre os funcionários. 
As responsabilidades social e ambiental são uma importante marca 
que deve ser explorada pelos empresários e replicada por seus 
colaboradores e clientes.
3. A água é elemento vital para a manutenção de todas as formas de vida 
do planeta. Conservá-la é obrigação de todos, pois dela dependem 
a vida e o desenvolvimento econômico. Mesmo assim, esse recurso 
natural ainda é muito desperdiçado e tratado como um recurso 
infinito. As instituições de ensino já têm inserido, em seus currículos, 
a abordagem do tema sob diferentes enfoques: estado, composição, 
exploração comercial, rios, mares, geleiras, poluição, enfim, são muitas 
as possibilidades de abordagem didática. Além dessa abordagem, as 
instituições de ensino podem trabalhar os aspectos ambientais, sociais 
e culturais do uso da água, despertando, nos estudantes, a curiosidade 
e influenciando novas atitudes frente à crise hídrica pela qual muitas 
localidades já passam. O trabalho pode ocorrer por meio de músicas, 
vídeos, dramatizações, pesquisas em livros e na internet, visitas aos 
rios e córregos próximos à instituição e às estações de tratamento de 
água e esgoto, além de produzir materiais que possam ser divulgados 
na comunidade. O uso da água faz parte da rotina humana. Alguns 
possuem maior acesso e outros precisam sair de suas casas e caminhar 
quilômetros para conseguir um balde de água. Essas diferentes 
realidades também devem ser trabalhadas com os estudantes a fim de 
sensibilizá-los para a economia de água e sua valorização, bem como 
para a compreensão de que sem ela não há riqueza, economia, política 
ou bens materiais que se sustentem.
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6643-8
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 4 3 8
Código Logístico
59437
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