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Prévia do material em texto

Conteudista: Prof. Me. Douglas Zampar
Contextualização
A Sala de Aula Tradicional e a Sala de Aula Invertida
Aprendizagem Invertida em Contextos Presenciais ou EaD com Momentos Síncronos
Aprendizagem Invertida em Contextos Híbridos
Da Sala de Aula Invertida para a Aprendizagem Invertida
Aprendizagem Invertida em Contextos EaD Assíncronos
Como preparar uma Experiência de Aprendizagem Invertida
Material Complementar
Referências
Aprendizagem Invertida
Uma das perguntas que nós, formadores de professores em metodologias ativas, recebemos muito
é: eu vou dar conta de todo o conteúdo utilizando metodologias ativas? E vamos ser sinceros aqui: se
você olhar apenas pelo seu lado, o do professor, provavelmente trabalhar com metodologias ativas
significa focar mais, ser mais objetivo quanto ao conteúdo, ou, em outras palavras, cortar um pouco
do que normalmente ensinaria. Porém pedimos que você mude esse foco para o aluno: e se, ao
ensinar um pouco menos de conteúdo, você faz com que seu aluno aprenda mais? Esse é o mérito
das metodologias ativas, você talvez sinta que está ensinando menos, mas seu estudante aprenderá
mais, e é isso que importa.
Além disso, o que você aprende, nesta unidade, é uma forma de dar mais significado ao que o seu
aluno faz em casa. Ao invés de despejar conteúdo e pedir para que o estudante faça tarefas depois,
invertemos essa ordem, de modo que parte do tempo de estudo se torne estudo guiado por uma
trilha de aprendizagem que permite que, nos momentos em que estudantes têm a ajuda de outros
estudantes e do professor, a atenção seja focada nas atividades mais desafiadoras.
1 / 9
Contextualização
Nesta unidade de aprendizagem, vamos te conduzir por um percurso de reflexão que parte do
conceito de sala de aula invertida para o de aprendizagem invertida. Essa evolução, que notamos
com clareza na literatura científica, nos ajuda a observar as possibilidades de implementação dessa
inversão, que pode afetar desde uma aula até uma instituição de ensino inteira.
2 / 9
A Sala de Aula Tradicional e a Sala de Aula
Invertida
Para você começar a conhecer a ideia de inversão da sala de aula,
recomendamos o vídeo do criador da metodologia, Jon Bergmann. Para
ativar as legendas, você deve: abrir o vídeo no YouTube, clicar em
"detalhes" (o símbolo de engrenagem no canto inferior direito do vídeo),
clicar em legendas e selecionar "Português".
Flipped Classroom - Jon Bergmann | Legendas em Português | Ed…
https://www.youtube.com/watch?v=b16Suov_J_g
Em termos de conceituação, precisamos comparar a lógica da sala de aula tradicional com a
proposta de inversão. Para isso, observe a ilustração abaixo.
Gostamos de explicar o contraste entre essas duas lógicas dando como exemplo uma aula de
matemática. O professor tem um conteúdo para explicar, ele preparara uma aula com um roteiro
bastante organizado e entrega esse conteúdo para o aluno em uma ordem gradativa de dificuldade,
começando pela teoria e terminando com alguns exemplos de modelos de exercícios. Se
retomarmos a taxonomia de Bloom, o aluno ouve uma explicação que ele lembrará e, caso tudo
corra bem, entenderá. Ou seja, estamos na base de complexidade cognitiva da taxonomia. Depois
desse momento, o professor entrega aos alunos uma lista de exercícios. A lista, ainda que organizada
por grau de dificuldade, exige que o estudante junte tudo o que viu em aula e aplique. É o processo
com maior complexidade cognitiva que ele opera durante a experiência de aprendizagem.
A pergunta aqui é simples: de um lado, temos o estudante ouvindo, lembrando e entendendo e do
outro temos o aluno praticando, aplicando. Em que momento ele precisa de mais ajuda? Faz muito
sentido intercalar momentos de estudo coletivos com momentos de estudo individual, mas faz
sentido fazer isso concentrando o mais fácil no coletivo e o mais difícil no individual? É claro que o
processo em si não é tão simples como talvez pareça a princípio (não se trata apenas de entregar a
aula expositiva de sempre para o aluno estudar no tempo dele e a mesma lista de exercícios de
sempre para que ele faça em sala de aula), mas vale muito a pena repensar o processo de
aprendizagem a partir desse prisma.
Para avançar a discussão, gostaríamos de analisar uma aula invertida ministrada justamente sobre a
temática da aprendizagem invertida. Para uma aula de oito horas (foi um curso de pós-graduação
presencial com aula no sábado, manhã e tarde), preparamos um roteiro pensado para duas horas de
estudo individual antes da aula. Se você fizer as contas, vai perceber que, na proporção, você deve
pensar em um material de cerca de 15 minutos como preparação para uma hora aula. O que quero te
contar agora é como foi o roteiro e um pouco de como foi a aula para que você entenda a lógica de
inversão que foi feita.
Em primeiro lugar, queremos partilhar os objetivos de aprendizagem. No quadro abaixo, nós
indicamos o objetivo, o nível de complexidade cognitiva de acordo com a Taxonomia de Bloom e se
a atividade que corresponde ao cumprimento do objetivo foi realizada antes da aula, durante a aula
ou após a aula. Um detalhe importante: a aula focou em duas metodologias: Sala de Aula Invertida e
Peer Instruction. Na tabela, nós organizamos os objetivos de acordo com o nível de complexidade, dos
mais baixos para os mais altos, conduzindo os estudantes para, ao final da experiência, atingirem o
objetivo geral, que pode ser classificado no mais alto nível da Taxonomia de Bloom, o criar, visto que
os alunos criam planos de aula. 
Quadro comparativo entre a sala de aula invertida e a peer instruction
Sala de Aula Invertida e Peer Instruction – Objetivos de uma disciplina
1. Conceituar Sala de
Aula Invertida.
Lembrar/Entender Antes da aula
2. Explicar o
funcionamento de
uma aula com Peer
Instruction.
Lembrar/Entender Durante a aula
3. Debater a
relevância e
aplicabilidade da Sala
de Aula Invertida. 
Aplicar/Analisar 
Antes e durante a
aula 
4. Contrastar Sala de
Aula Invertida e Peer
Instruction. 
Aplicar/Analisar Durante a aula 
5. Planejar uma
inversão de sala de
aula utilizando como
metodologias ativas o
Peer Instruction. 
Avaliar/Criar Durante e após a aula 
Objetivo geral: Empregar as metodologias Flipped Classroom (Sala de
Aula Invertida) e Peer Instruction (Instrução por Pares) elaborando um
plano de aula que possa ser efetivamente aplicado. 
Agora vamos te contar o que foi feito em cada um desses momentos. Em primeiro lugar, o roteiro de
estudos que os estudantes seguiram antes da aula. Eles receberam dois formulários do google, veja
no próximo quadro o que os estudantes foram convidados a fazer e a qual objetivo do quadro
anterior ele se liga, além da intencionalidade pedagógica que justifica a atividade.
Formulários
 O estudante deve Objetivo
Intencionalidade
pedagógica
Formulário
01 
Escrever uma
definição
preliminar de sala
de aula invertida
1
Levantar
conhecimentos
prévios dos
estudantes sobre o
tema
Assistir dois vídeos
sobre o tema (um
de 10 e outro de 15
minutos)
1
Promover o primeiro
contato do estudante
com o conceito e os
procedimentos da
metodologia em foco
Escrever um
conceito de Sala de
Aula invertida com
base nos vídeos 
1 
O estudante
concretiza seu
domínio sobre o
conceito da
metodologia por
meio da escrita e o
professor tem
possibilidade de
avaliar o domínio
alcançado pelo aluno
por meio da atividade 
 O estudante deve Objetivo
Intencionalidade
pedagógica
Formulário
2 
Ler um texto sobre
o conceito e os
procedimentos da
sala de aula
invertida (7
páginas) 
1 
Avançar com a
promoção do primeiro
contato do estudante
com o conceito e os
procedimentos da
metodologia em foco 
Escrever uma
possível
dificuldade na
aplicação da
metodologia 
3 
O estudante deve se
imaginar aplicando a
metodologia 
Construir um
argumento para
convencer um
colega professor a
utilizar
aprendizagem
invertida 
3 
O estudante, que
talvez tenha
resistência quanto ao
uso da metodologia,
deverá se colocar no
lugarde seu defensor
e construir um
argumento que
acabará
impulsionando-o(a) a
utilizar a metodologia
em sua prática 
 O estudante deve Objetivo
Intencionalidade
pedagógica
Redigir uma
pergunta sobre o
tema 
3 
O estudante registra
suas dúvidas para que
o professor possa
trabalhar sobre elas
com a turma 
Agora vamos te contar o que fizemos em sala de aula. Além de ideias para abordagens que você
pode levar para suas aulas invertidas, queremos destacar que o trabalho realizado pelos estudantes
impactou diretamente o que foi feito em aula. E isso é fundamental para uma aula invertida: se o que
o aluno faz em casa não tem potencial de alterar o que você programou para a aula, ela não está
invertida de verdade.
Agora, um ponto bastante relevante que merece atenção. Implementar uma prática na qual o fazer
do estudante impacta seu planejamento demanda organização e tempo. Organização no sentido de
produzir a trilha de estudos em tempo para enviá-la aos alunos e coletar dados de suas respostas.
Tempo para analisar os dados e a partir deles planejar a aula. Na prática, sabemos que isso é difícil.
Queremos levantar dois pontos de atenção aqui: a trilha que você produz em um ano ou semestre
pode ser reutilizado com outra turma, ou seja, se você estabelecer como meta inverter uma aula por
mês, com o tempo, terá diversas aulas invertidas preparadas para seus estudantes. Além disso, se por
um lado as respostas dos alunos devem impactar sua aula, você pode preparar parte dela antes de
receber as respostas. Foi assim que fizemos, como você verá nos parágrafos abaixo.
 Uma aula só é invertida de fato quando o trabalho feito
pelo aluno antes da aula impacta diretamente o que é feito
durante a aula.
Na experiência que estamos contando, os estudantes fizeram a leitura de um texto antes da aula.
Esse texto foi trazido para discussão no primeiro bloco do encontro. Para conduzir a aula,
preparamos com antecedência algumas perguntas. Os alunos tiveram até a antevéspera da aula para
registrar suas respostas e na véspera fizemos os ajustes necessários no planejamento. O que fizemos
para o primeiro bloco foi inserir as questões levantadas pelos alunos no formulário na discussão.
Além disso, as definições redigidas pelos alunos também impactaram a aula. Primeiro, porque nos
deu uma compreensão do nível de domínio do conceito que a turma havia atingido, permitindo que
calibrássemos o grau de complexidade da nossa fala. Segundo, porque algumas das definições
foram discutidas neste primeiro bloco. Em aula, usamos a técnica já discutida nesta disciplina de
chamar os alunos pelo nome para contribuírem com a discussão. Foi uma conversa muito relevante. 
No segundo bloco da aula aplicamos um Peer Instruction sobre Sala de Aula Invertida.   As perguntas
haviam sido preparadas com antecedência e foram apenas revisadas após o nosso contato com as
respostas dos alunos. Com o roteiro para estudo prévio e os dois primeiros blocos da aula, os
objetivos 1 e 3 foram cumpridos.
No terceiro bloco da aula, aplicamos uma atividade que envolvia a leitura de um texto, explicação,
construção de perguntas e aplicação de Peer Instruction. Os próprios alunos, agora de posse de um
material sobre Peer Instruction que foi apresentado durante a aula, prepararam questões e as
aplicaram para a turma. Ouvíamos tudo que era discutido a partir de cada texto e
complementávamos com pontos em que os alunos não haviam tocado e que considerávamos
relevantes para o cumprimento dos objetivos. Com essa prática, o objetivo 4 foi cumprido.
No quarto e último bloco de aula, conduzimos uma discussão na qual os alunos cumpriram o
objetivo 4, pois, após serem alunos de uma aula invertida com Peer Instuction, ou seja, após
vivenciarem as metodologias na prática, numa experiência na qual foi embarcada também a teoria,
os próprios alunos puderam contrastá-las. Além disso, no quarto bloco, a proposta de atividade final
foi apresentada, os alunos tiveram tempo de alinhar detalhes iniciais da produção e receberem a
primeira orientação. O cumprimento do objetivo 5, portanto, foi iniciado nesse bloco e terminou após
a aula.
Para encerrar essa exemplificação, convidamos-o a observar o quanto objetivos claros e definidos
são relevantes para a construção de uma experiência de aprendizagem significativa. Com a clareza
de um objetivo geral bem atrelado ao processo avaliativo, pudemos redigir cinco objetivos
específicos que, de fato, consistem no percurso que o estudante precisa trilhar para chegar ao
cumprimento do objetivo geral. Desses cinco objetivos, os dois primeiros estão ligados à base da
taxonomia, tanto que o primeiro foi cumprido inteiramente antes da aula. O terceiro e o quarto
representam o meio da Taxonomia de Bloom, e foram o maior foco de atenção durante a aula. O
último representa o topo da taxonomia, e precisou ser trabalhado após a aula em virtude da
estrutura do curso.
O que destacamos aqui, em outras palavras, é que a Taxonomia de Bloom não deve ser interpretada
em termos de “só vale a aula em que o aluno chegar ao topo da taxonomia”. Esse tipo de
interpretação coloca pressão excessiva sobre o professor e representa algo ainda impossível de ser
alcançado. Na realidade, o foco deve ser a compreensão de até onde as experiências de
aprendizagem que você conduz hoje se comunicam com o seu estudante e como melhorar a partir
dessa realidade, tendo na taxonomia uma ferramenta que te auxilia na hora de preparar objetivos e
na hora de definir como ajudará seus estudantes a cumprirem tais objetivos.
A proposta da sala de aula invertida pode ser inicialmente definida em termos simples da seguinte
forma: “o que tradicionalmente é feito em sala de aula, agora é executado em casa, e o que
tradicionalmente é feito como trabalho de casa, agora é realizado em sala de aula” (BERGMANN;
SAMS, 2016, p. 11). Entretanto, precisamos detalhar essa definição e entender o processo por meio do
qual podemos implementar a inversão da sala de aula em nossas práticas.
O que se faz em casa
A história da sala de aula invertida nos permite ter uma compreensão inicial de como inverter nossa
prática. Bergmann e Sams (2016) nos contam essa história em detalhes e trarei aqui os pontos
centrais. O que os professores fizeram foi, preocupados com estudantes que faltavam às aulas por
conta de, por exemplo, eventos esportivos, começaram a gravar suas exposições de conteúdo para
que os alunos tivessem acesso a esses materiais. De posse desses vídeos, perceberam que
poderiam, caso todos os alunos tivessem acesso a eles antes da aula, investir o tempo de aula em
atividades mais proveitosas. Assim, surge a primeira proposta de inversão: a exposição do conteúdo
era feita por meio de vídeos aos quais os alunos tinham acesso antes das aulas, durante as quais se
dedicavam a desafios, experimentos e listas de exercícios.
De início, a proposta envolvia a gravação das aulas expositivas, sendo os vídeos longos. Com o
feedback dos alunos, os professores perceberam que deveriam não só diminuir o tempo dos vídeos,
mas fracionar o conteúdo, entregando vídeos de 7 a 15 minutos que focassem em conceitos únicos.
Com o tempo, o conceito foi expandido e, acompanhando a evolução da tecnologia, incorporou
outros objetos instrucionais, como textos em prosa, podcasts, infográficos, mapas mentais, objetos
interativos entre outros, que são entregues ao aluno juntamente com atividades por meio das quais o
estudante construa evidências de sua aprendizagem.
3 / 9
Aprendizagem Invertida em Contextos
Presenciais ou EaD com Momentos Síncronos
Em outras palavras, você deve entregar o conteúdo expositivo da aula, ou parte dele, para o aluno
antes do momento de sala de aula, no qual certamente poderá ainda recorrer à exposição, tanto
para resolver as dúvidas dos alunos quanto para introduzir conteúdo que não foi abordado no
material entregue antes da aula, desde que essa exposição seja parte de uma aula na qual a
aplicação do que foi aprendidoseja o ponto central. Além disso, essa instrução que você entrega
antes das aulas pode tomar a forma de um vídeo que você mesmo grava ou que encontra disponível
na internet, mas também pode tomar outras formas, dependendo dos objetivos da experiência de
aprendizagem, e deve acompanhar atividades, nas quais o aluno possa demonstrar o que aprendeu
e quais são suas dificuldades.
E agora é o momento de discutir a principal dificuldade na implementação da sala de aula invertida,
temos certeza de que você está com esse questionamento na cabeça. Mas, antes, lançamos um
desafio para você:
O primeiro passo é a sensibilização. Você deve explicar o que está acontecendo para seus
estudantes, o motivo de estar conduzindo a aula de maneira invertida. Costumamos contar durante
as aulas alguma história envolvendo a metodologia, e fizemos isso com você, pois começamos esta
unidade contando a história de uma experiência que tivemos com a metodologia. É uma ideia que
vale a pena. Outra possibilidade é pesquisar e contar a história da metodologia, muitas têm trajetos
bastante interessantes. Além disso, explique a importância do estudo prévio e, se necessário
(provavelmente será), tire um tempo de sua aula para trabalhar estratégias para estudar o material
(vale sensibilizar quanto à importância de se fazer anotações e sobre como fazê-lo).
Outro elemento relevante, no processo de convencimento dos alunos, é a produção de evidências
de aprendizagem. Pense que, junto com um vídeo curto, você entregará algumas perguntas (podem
ser objetivas, mas vale sempre ter uma pergunta discursiva e um campo opcional para inserção de
 Como você faria para aumentar as chances de seus
estudantes efetivamente estudarem o que for enviado
antes da aula?
dúvidas). Essa evidência que o estudante produz chega até você, ou seja, você saberá quem fez a
atividade e quem deixou de fazer. Trata-se de mais um motivador que pode, inclusive, ser explorado
em sala de aula, na forma de um elogio quando a maior parte dos alunos fizer o que foi pedido, e de
uma conversa franca, quando apenas uma minoria o fizer. 
Também é possível atrelar uma nota à atividade. Isso pode ser feito por meio de uma rubrica, como a
que fizemos para a disciplina exemplo do início da unidade, e que te apresentamos a seguir.
Atribuição de nota à atividade
 
Número
de
respostas
entregues.
Qualidade das
respostas.
Cumprimento
do prazo
Excelente
Entrega 5
respostas.
A qualidade nas respostas
demonstra empenho do
aluno no estudo do
material por meio da
evolução na construção
dos conceitos e
criatividade nas demais
respostas.
Entrega as
respostas no
prazo.
Abaixo do
esperado
Entrega 3
ou 4
respostas.
A qualidade nas respostas
demonstra um trabalho
apressado e um estudo
superficial do material,
uma vez que não se nota
evolução entre os
conceitos nem
criatividade nas
respostas.
Entrega as
respostas no
prazo, porém
antes da aula.
 
Número
de
respostas
entregues.
Qualidade das
respostas.
Cumprimento
do prazo
Não
realizado 
Entrega 2
ou menos
respostas. 
Não entrega as respostas. 
Entrega as
respostas
depois do
prazo ou não
entrega as
respostas. 
Por fim, se você propuser diversas experiências de aprendizagem invertida, seu aluno acabará
entendendo que fazer o que é proposto para antes da aula é o ingresso para uma experiência de
aprendizagem que vale a pena: a sua aula. Com o tempo, mais e mais estudantes adotarão a prática
de se dedicar ao conteúdo antes da aula. 
O que se faz em sala
Aqui chamamos de sala o momento em que alunos e professores estão todos juntos. Sendo assim,
apesar de não podermos simplesmente repetir uma atividade do presencial no encontro on-line
síncrono, partimos da mesma premissa. Em outras palavras, a inversão pode ocorrer tanto quando a
sala é presencial como quando é virtual.
Em sala, você deverá conduzir um trabalho, por meio de metodologias ativas, no qual os estudantes
coloquem em prática o que aprenderam em casa. A título de exemplificação, observe a Figura 1, que
contém a tabela proposta por Bergmann e Sams (2016, p. 12).
Comparação do uso do tempo nas salas de aula tradicional e
invertida
Fonte: BERGMANN; SAMS, 2016
A Figura 1 representa uma aula de 90 minutos e compara a experiência dos autores com a
abordagem tradicional e com a inversão de sala de aula. Perceba que o objetivo da inversão é
chegar a um ponto no qual você converse com estudantes sobre o material que estudaram, tire as
dúvidas e, depois, se dedique a uma prática, um desafio.
Segundo os criadores da metodologia
“Continuamos a avaliar os trabalhos, as experiências em laboratório, e os testes, da mesma maneira
como o fazíamos sob o modelo tradicional. Mas o papel do professo em sala de aula mudou
radicalmente. Deixamos de ser meros transmissores de informações; em vez disso, assumimos
funções mais orientadoras e tutoriais. A percepção mais adequada da transformação do professor
talvez seja a de Shari Kendrick, professor em San Antonio, Texas, Estados Unidos, que adotou nosso
modelo: “Não preciso ir à escola repetir a mesma exposição cinco vezes por dia. Agora, passo os dias
interagindo com os alunos e os ajudando na aprendizagem.” Um dos grandes benefícios da inversão
é o de que os alunos que têm dificuldades recebem mais ajuda. Circulamos pela sala de aula o
É importante destacar que a inversão da sala de aula não te proíbe de utilizar a instrução direta, ou
seja, a aula expositiva tradicional. Não faz sentido dentro da metodologia entregar o material antes da
aula e repetir tudo em sala, até porque, dessa forma, o estudante não tem motivação para o trabalho.
Porém você pode intercalar pequenas exposições, focadas em tópicos que não foram abordados no
material ou, principalmente, nos pontos de dificuldade dos estudantes.
Nesse momento, esperamos que você já esteja convencido(a) a utilizar a sala de aula invertida, talvez
até empolgado. Mas talvez não esteja e, nesse caso, precisamos dizer que entendemos que você
tenha receio de transformar uma exposição de 50 minutos em um vídeo de 5, um texto de uma
página e 4 perguntas (estou apenas exemplificando, esses números não são regras). Porém, em um
movimento inicial, convidamos você a não pensar numa inversão completa, mas sim em entregar
esse texto e esse vídeo para seu aluno como um primeiro contato com o conteúdo que será
aprofundado em aula. Comece sua aula discutindo o vídeo e depois utilize uma das metodologias
ativas que já conhece, quem sabe um Think, Pair, Share. Bom, depois você já sabe, entrou no loop
Inovando em Sala de Aula, analise a experiência e parta daí.
- BERGMANN; SAMS, 2016, p. 12
tempo todo, ajudando os estudantes na compreensão de conceitos em relação aos quais se sentem
bloqueados.”
O contexto híbrido talvez seja o ideal para que a sala de aula invertida aconteça. Será híbrida a
experiência de aprendizagem na qual o estudante tem experiência EaD (assíncronas) e presenciais
(ou on-line síncronas). Sendo assim, basta entregar o conteúdo antes da aula por meio do ambiente
virtual de aprendizagem, em uma trilha que aproveita bem as potencialidades do EaD, e considerar
tomar os encontros como tempo para aplicar o que os alunos aprenderam ao estudar o conteúdo no
ambiente.
4 / 9
Aprendizagem Invertida em Contextos
Híbridos
Neste tópico, gostaríamos de apresentar uma definição mais detalhada, tirando o foco da sala de aula
e transferindo-o para a aprendizagem. Nesse movimento, deixamos o nome sala de aula invertida e
passamos a utilizar aprendizagem invertida. Esse movimento é relevante em especial para a reflexão
da aprendizagem invertida em diferentes contextos, saindo do âmbito da sala de aula tradicional.
Vamos à definição.
Para plena compreensão da definição, precisamos te explicar os conceitos de espaço individual e
espaço em grupos. O espaço individual é aquele no qual o estudante ou trabalha sozinho ou se
envolve em atividades coletivas por iniciativa própria. Trata-se do que estamos nos referindocomo
atividade antes da aula. Sendo assim, a partir da orientação do professor, o aluno, em seu próprio
tempo e ritmo, guardados os prazos estabelecidos, se dedica ao estudo. Já no espaço grupal, nós
5 / 9
Da Sala de Aula Invertida para a
Aprendizagem Invertida
- TALBERT, 2019, p. 21
“A aprendizagem invertida é uma abordagem pedagógica na qual o primeiro contato com conceitos
novos se desloca do espaço de aprendizagem grupal para o individual, na forma de atividade
estruturada, e o espaço grupal resultado é transformado em um ambiente de aprendizagem
dinâmico e interativo, no qual o educador guia os alunos enquanto eles aplicam os conceitos e se
engajam criativamente no assunto.”
temos movimentos de estudos coletivos organizados e iniciados pelo professor. Trata-se do que os
alunos fazem, em um modelo mais tradicional, no momento de aula (TALBERT, 2019). 
É importante, também, destacar aqui que a aprendizagem invertida tem um patamar especial dentro
das metodologias ativas. Isso se dá na medida em que a prática prevê novos momentos para o
cumprimento dos objetivos de aprendizagem, de acordo com o nível de complexidade. Nesse
sentido, não se trata de uma metodologia, visto que demanda a associação com outras metodologias
para funcionar, mas sim de uma forma para se pensar a aprendizagem nos contextos institucionais.
Se, de um lado, temos a aula presencial, o espaço grupal, na qual tradicionalmente focamos a
atenção na instrução direta, ou seja, na exposição tradicional, de outro, temoS o ensino EaD, que se
sustenta fortemente em propostas realizadas no espaço individual. Sendo assim, ao considerarmos a
inversão da aprendizagem no EaD totalmente assíncrono, precisamos focar nossa atenção em
combinar as exigências de espaço individual com a criação de espaços grupais.
Para tornar isso uma realidade, precisamos investir nos processos de interação, atrelando também a
eles os processos de avaliação. Apresentamos, nesta disciplina, duas formas de fazer isso: wikis e
fóruns. Trata-se de processos totalmente assíncronos que demandam a interação dos alunos nos
processos. 
6 / 9
Aprendizagem Invertida em Contextos EaD
Assíncronos
Talbert (2019, p. 132) nos apresenta um roteiro muito útil para prepararmos experiências de
aprendizagem invertidas. Apresentaremos o roteiro e, em seguida, comentaremos ponto por ponto.
O primeiro passo pede algo que eu acredito que você já faça, porém com um detalhe especial.
Construir objetivos de aprendizagem faz parte do processo de preparação e organização das aulas.
7 / 9
Como preparar uma Experiência de
Aprendizagem Invertida
- TALBERT, 2019, p. 132
“1. estabelecemos os objetivos de aprendizagem para a aula em termos de tarefas claras e
mensuráveis;
2. reordenamos a lista dos objetivos de aprendizagem de modo que a complexidade das tarefas seja
gradual;
3. terminamos um rápido esboço da atividade no espaço grupal que irá formar o ponto central da
aula;
4. decidimos quais dos objetivos de aprendizagem são básicos (a ser feitos pelos alunos em seus
espaços individuais) e quais são avançados (a ser realizados no espaço grupal).”
Geralmente, o fazemos no início de determinados períodos letivos, porém, muitas vezes, a prática é
feita sem o cuidado necessário. Os objetivos de aprendizagem de uma aula devem ser o grande guia
de tudo o que será feito, devem ser redigidos a partir da perspectiva do aluno e, o principal, devem
ser formatados em torno de tarefas claras e mensuráveis. 
Uma tarefa clara e mensurável é algo que você possa pedir para que seu aluno faça e que você
possa avaliar objetivamente. Vamos pensar no exemplo inicial apresentado nesta unidade. O objetivo
poderia ser “utilizar as metodologias Flipped Classroom (Sala de Aula Invertida) e Peer Instruction
(Instrução por Pares) em sala de aula”. Esse foi, afinal, o objetivo da nossa disciplina. Porém isso não é
mensurável, nós não temos acesso às aulas que nossos estudantes ministram. O que nós teríamos
acesso seria a um plano de aula produzido para nossa disciplina, que se tornou o foco claro e
mensurável da disciplina, com a seguinte redação: “Empregar as metodologias Flipped Classroom
(Sala de Aula Invertida) e Peer Instruction (Instrução por Pares) elaborando um plano de aula que
possa ser efetivamente aplicado”. 
No entanto, a grande questão é estabelecer objetivos específicos claros e, na medida do possível,
mensuráveis. Você deve dividir seu objetivo geral em tantos objetivos específicos quanto
necessários para, no contexto em que atua, atingir o que se propõe para a experiência de
aprendizagem. Lembre-se que os objetivos específicos devem construir o passo a passo, o percurso
para o cumprimento do objetivo geral.
O segundo passo consiste em uma ordenação dos objetivos do mais simples para o mais complexo.
Uma maneira ágil de fazer isso é utilizando a Taxonomia de Bloom. Nós preferimos organizar os seis
objetivos em três pares: lembrar/entender, aplicar/analisar e avaliar/criar. Nem sempre será possível
chegar no avaliar/criar, muitas vezes o tempo é um impeditivo, ou algum outro motivo. Porém, para
pensar a inversão da aprendizagem, o objetivo é sair do patamar de um trabalho que cubra apenas o
lembrar/entender para chegar ao aplicar/analisar. Com esses pares, você ordena os objetivos do
mais simples para o mais complexo.
O terceiro passo consiste em construir o esboço da atividade para o espaço grupal. Seja esse espaço
uma aula presencial, virtual ou uma atividade assíncrona, ela representa até onde você deseja que
seu aluno chegue no processo. Trata-se de um esboço, pois, como você já sabe, os dados que você
levanta a partir da atividade do espaço individual devem impactar o formato do que você faz no
espaço grupal. Portanto, você faz o esboço na fase de planejamento e, uma vez de posse dos dados
produzidos pelos alunos em suas atividades do espaço individual, efetivamente termina o
planejamento do espaço grupal.
Por fim, você deve observar os objetivos considerados mais básicos e separá-los dos mais
avançados. Os mais básicos deverão ser trabalhados no espaço individual e, geralmente,
correspondem aos objetivos alinhados ao primeiro par da taxonomia. O trabalho em sala de aula, por
sua vez, geralmente foca nos objetivos alinhados ao segundo par da taxonomia, ou, quando
presentes, aos objetivos alinhados ao terceiro par.
LIVROS
BERGMANN, J. Aprendizagem Invertida para Resolver o Problema do Dever de Casa - Série Desafios
da Educação. Porto Alegre: Penso, 2018. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788584291236/. Acesso em: 16/08/2021.
TALBERT, R. Guia para utilização da aprendizagem invertida no ensino superior. Porto Alegre: Penso
Editora, 2019.
LEITURA
A Taxonomia de Bloom na Sala de Aula Invertida 
VÍDEO
Sala de Aula Invertida para o ensino remoto ou presencial:
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Material Complementar
Sala de Aula Invertida para o ensino remoto ou presencial
https://www.linkedin.com/pulse/taxonomia-de-bloom-na-sala-aula-invertida-rafael-zampar/
https://www.youtube.com/watch?v=eJ464S5MJEc
BERGMANN, J.; SAMS, A. Sala de Aula Invertida - Uma metodologia Ativa de Aprendizagem. Rio de
Janeiro: LTC, 2016. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521630876/. Acesso em: 2021 ago. 14.
TALBERT, R. Guia para utilização da aprendizagem invertida no ensino superior. Porto Alegre: Penso
Editora, 2019.
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Referências

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