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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Curso: Geografia Disciplina: Geografia da População Professora: Lirian Melchior Aluno: Pablo Fernandes Calazans RESENHA Resenha do texto “Soberania, direitos humanos e Migrações internacionais Revista Brasileira de Ciências Sociais - Vol. 19 Nº. 55” publicado pela pesquisadora Rossana Rocha Reis. A discussão sobre cidadania e fronteiras tem sido marcada por um forte debate acerca dos direitos dos imigrantes e da soberania do Estado. A autora explora essas questões analisando como os Estados lidam com a integração de imigrantes sem conceder-lhes plena cidadania, mostrando uma complexa dinâmica entre direitos individuais e as políticas de exclusão que definem as fronteiras de pertencimento ou não das nações. Rossana inicia sua análise destacando que, nas últimas décadas, as democracias têm enfrentado um desafio crescente em conciliar a proteção dos direitos humanos com a necessidade de controlar o fluxo migratório. Ela argumenta que o desenvolvimento de um regime internacional de direitos humanos tem pressionado os Estados a reconhecerem direitos civis, sociais e políticos para imigrantes, independentemente de sua nacionalidade. Uma base do pensamento da autora é a contradição entre a universalização dos direitos individuais e a persistência de identidades nacionais como critério para a concessão de cidadania. Segundo ela, enquanto os imigrantes podem ter acesso a benefícios sociais e educacionais em muitas Nações, sua identidade pode também ser delimitada por características étnicas, o que revela uma tensão fundamental na concepção atual de cidadania. A pesquisadora argumenta que, embora os imigrantes possam ter direitos semelhantes aos cidadãos em termos de acesso a serviços públicos, sua permanência e participação política continuam sendo restritas. Isso evidencia como a cidadania, historicamente associada à participação plena na vida política e à igualdade perante a lei, permanece um privilégio dos cidadãos nacionais nas democracias liberais. Além disso, é mostrado no texto as dinâmicas políticas que moldam as políticas de imigração, destacando como diferentes interesses econômicos, sociais e políticos influenciam na construção dessas políticas. Ela menciona que a pressão pública por restrições mais severas à imigração, impulsionada por preocupações econômicas e de segurança nacional, muitas vezes colide com o discurso dos direitos humanos promovido por organismos internacionais. Apesar do regime internacional de direitos humanos esteja cada vez mais avançado na proteção dos imigrantes, a implementação na prática desses direitos ainda depende da vontade dos Estados, especialmente no que diz respeito ao direito de residência e à participação política. Rossana nos traz uma crítica às políticas de imigração das democracias e ela também se estende à sua eficácia, sugerindo que as políticas restritivas muitas vezes falham em atender tanto aos interesses dos defensores de uma maior integração quanto aos que defendem um controle mais rígido sobre as fronteiras, resultando em legislações incoerentes. Ao analisar o papel das fronteiras estatais, é enfatizado que estas continuam a ser cruciais para a definição de membership e para a exclusão dos não-cidadãos dos processos decisórios que afetam suas vidas. Isso sustenta a ideia de que, apesar das pressões por uma maior abertura, os Estados ainda mantêm o controle sobre suas fronteiras como uma questão central de soberania. Importante destacar também o impacto dos eventos geopolíticos, como os atentados de 11 de setembro, na intensificação das políticas de segurança nacional e no aumento das restrições em diversas Nações. Ela argumenta que tais eventos frequentemente são usados para justificar políticas mais rigorosas em relação aos imigrantes, impedindo os avanços em direitos humanos alcançados anteriormente. Rossana proporciona uma análise profunda e importante acerca das políticas de imigração e cidadania, revelando essa tensão entre direitos universais e identidade nacional. Destacando como os imigrantes acessam benefícios sociais mesmo sem terem cidadania, o que reflete uma mudança significativa na idéia de pertencimento. Apesar dos avanços legais, os imigrantes ainda enfrentam barreiras significativas para participar plenamente na vida política e social dos países de destino. Isso evidencia a complexidade nas políticas de imigração, rodeada por interesses divergentes.