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AULA 2 AUDITORIA DE RISCOS Prof. Denis Pereira Martins 2 INTRODUÇÃO A gestão de riscos é uma preocupação constante para empresas de todos os setores e tamanhos, sendo a avaliação dos riscos e as exigências de execução das auditorias fundamentais para garantir a segurança e o sucesso dos negócios. Para que as empresas possam se manter competitivas no mercado, é preciso atentar aos riscos que podem ameaçar o sucesso do negócio, sendo fundamental identificar e classificá-los para que se possam estabelecer estratégias para mitigá-los, bem como a implementação de um plano de gestão de risco adequado contribuindo significativamente para o sucesso e a continuidade do negócio. Portanto, este conteúdo visa apresentar o conceito de avaliação dos riscos e exigências de execução das auditorias, definição de risco com base nas normas, os tipos de riscos que afetam e ameaçam um modelo de negócio e importância da gestão de risco de sua implementação. TEMA 1 – AVALIAÇÃO DOS RISCOS E EXIGÊNCIAS DE EXECUÇÃO DAS AUDITORIAS A técnica conhecida como série de riscos (SR) permite uma avaliação qualitativa dos riscos, com o propósito de oferecer subsídios para ações preventivas e corretivas que impeçam a continuidade ou a repetição de eventos negativos, por meio da identificação da relação de causa e efeito. Para realizar essa técnica, é possível utilizar um fluxograma do processo ou um esquema visual que englobe todas as partes envolvidas nos processos analisados (Rojas, 2015). Os riscos iniciais são aqueles que desencadeiam a série de riscos, enquanto os riscos contribuintes são todos os outros fatores que podem afetar a segurança. O risco principal, por sua vez, pode resultar em morte, lesões, redução da capacidade funcional do trabalhador, danos a equipamentos, veículos ou estruturas, perda material, dentre outras consequências graves (G.Lab, 2017). A avaliação dos riscos deve considerar fatores como a complexidade das transações, a natureza dos negócios da empresa e o ambiente regulatório em que atua, além disso, a identificação e avaliação dos riscos devem ser atualizadas ao longo do processo de auditoria, a fim de garantir a efetividade das ações de controle. 3 Conforme Almeida (2008), por meio da técnica da série de riscos (SR), é possível identificar o risco puro e avaliá-lo, além de recomendar as ações necessárias para minimizá-lo, conforme análise preliminar dos riscos e análise dos modos de falha e dos seus efeitos, conforme abaixo: • Análise preliminar dos riscos: a técnica de análise preliminar de riscos (APR) é amplamente utilizada pelos militares em seus programas de segurança de sistemas, com o intuito de identificar e avaliar os perigos e riscos associados a atividades específicas. É uma técnica altamente eficiente e de baixo custo, aplicada por meio da consideração de elementos previamente definidos no projeto, realizando uma análise minuciosa das etapas do processo de trabalho, com enfoque qualitativo, a fim de identificar possíveis perigos e riscos envolvidos em cada etapa. Crédito: N ON NE ON/Shutterstock. Para avaliar uma operação empresarial como um todo ou tarefas e atividades específicas, a análise preliminar de riscos (APR) é uma técnica recomendada e leva em conta os aspectos previstos no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) da empresa. A elaboração de um formulário pode facilitar sua implementação. De acordo com Fortes (2011), a APR segue uma sequência de etapas, sendo que a primeira consiste em reunir todos os dados disponíveis sobre a área 4 analisada, podendo ser usadas informações de atividades semelhantes realizadas em outros locais. Em seguida, é realizada a análise preliminar de riscos, em que são identificados eventos iniciadores e outras consequências indesejáveis, e por fim realizadas as intervenções para minimizar ou eliminá-los sempre considerando aspectos como: • Avaliação das causas raiz dos riscos identificados; • Determinação das medidas preventivas e corretivas necessárias; • Priorização das ações a serem tomadas; • Estabelecimento de responsabilidades para a implementação das ações; • Monitoramento e revisão contínuos do processo. • Análise dos modos de falha e dos seus efeitos (FMEA): é uma ferramenta que combina análise quantitativa e qualitativa, tem como objetivo evitar falhas em projetos de produtos ou processos produtivos, por meio da identificação de possíveis falhas e propostas de ações de melhoria, buscando avaliar a falha potencial e seus efeitos, além de documentar a análise realizada (Fortes, 2011). Embora não seja exclusiva para análise de riscos, a FMEA é amplamente aplicada em projetos e processos, sendo sua principal função avaliar a frequência esperada de ocorrência de avarias em equipamentos e as consequências decorrentes dessas falhas, não levando em consideração os erros cometidos pelos operadores nos processos operacionais, pois é focada exclusivamente em análise de falhas em equipamentos e máquinas. Assim, é importante aqui ressaltar a importância de se considerar as exigências de execução das auditorias na avaliação dos riscos que podem variar de acordo com o tamanho, com a complexidade da empresa e com as características do ambiente regulatório e do setor de atuação. Nesse sentido, é fundamental que a equipe de auditoria esteja familiarizada com as particularidades da empresa e do setor em que atua a fim de garantir a efetividade das ações de controle e a identificação de eventuais fraudes e irregularidades. TEMA 2 – DEFINIÇÃO DE RISCO – CONCEITO APLICADO PELAS NORMAS A definição do termo risco é objeto de várias interpretações na literatura especializada, mas não existe um consenso em torno delas. Uma análise 5 etimológica sugere que a palavra pode ter derivado do italiano antigo risicare, que significa ousar. Outra interpretação é que o termo era usado por navegadores para descrever perigos de penhascos e recifes. Outros termos semelhantes em outras línguas, como o árabe risq, que significa algo inesperado e favorável, e o latim riscum, que aponta para algo inesperado e desfavorável, também podem ser considerados. Portanto, risco geralmente é compreendido como uma situação inesperada, positiva ou negativa, que exige uma tomada de decisão (Guimarães, 2012). De acordo com informações do Portal da Auditoria (2023), o termo risco geral de auditoria é utilizado para referir-se ao risco de que as contas anuais de uma empresa, que são avaliadas em conjunto, possam não refletir a sua imagem real, ou de que, embora reflitam, o auditor possa concluir que não o fazem. Segundo Adams (2016), este risco também pode estar relacionado à possibilidade de que os relatórios financeiros auditados contenham erros ou fraudes significativas, por exemplo, se o auditor busca ter 99% de certeza, isso implica em correr um risco de auditoria de 1%. Conforme informações apresentadas pelo Portal da Auditoria (2023), um risco de auditoria de 5% é considerado suficientemente baixo para a emissão de opinião, sendo o risco geral de auditoria influenciado por diversos fatores, incluindo as contas anuais, a posição financeira, o ambiente de controle e outros aspectos gerais, e afeta a análise. Conforme Pereira (2014), risco pode ser definido como o impacto causado por incertezas em relação a fatos significativos resultantes de ameaças internas ou externas que podem impedir a execução de objetivos previamente estabelecidos, sendo decorrente de incertezas relacionadas a fatores internos ou externos e pode levar a erros na realização dos objetivos. De acordo com o Portal da Auditoria (S.d.), um risco de auditoria de 5% é considerado suficientemente baixo para a emissão de opinião sobre as contas anuais de uma empresa. O riscogeral de auditoria é composto por diversos fatores, como a posição financeira, o ambiente de controle e outras questões gerais, e influencia a avaliação do risco inerente. Conforme Maschio (2007), risco pode ser definido como o impacto causado por incertezas relacionadas a fatos significativos decorrentes de ameaças internas ou externas, que podem impedir a realização dos objetivos previamente estabelecidos pela empresa. Em outras palavras, o risco é o resultado da 6 incerteza em relação aos fatores internos e externos, que podem levar a erros na busca pelos objetivos. De acordo com Pereira (2014), o risco geral de auditoria pode ser subdividido em três etapas: risco inerente, risco de controle e risco de detecção. O risco inerente refere-se à susceptibilidade dos componentes das demonstrações financeiras a erros ou irregularidades antes de considerar a eficácia dos sistemas de controle. Já o risco de controle está relacionado à possibilidade de que um erro ou execução de procedimentos inadequados ou classificações contábeis indevidas não sejam evitados ou identificados a tempo pelos controles internos da organização. Por fim, o risco de detecção é o risco de que o auditor não detecte um erro, ou execução de procedimentos inadequados ou classificações contábeis indevidas durante sua auditoria (Guimarães, 2012). É importante destacar que esses riscos podem ser decorrentes tanto de falhas humanas quanto de irregularidades nos procedimentos da empresa, sendo o papel do auditor justamente atuar na resolução desses problemas, pois toda situação possui suas consequências e, diante disso, após a realização de uma avaliação dos riscos, a administração da empresa deve determinar a melhor forma de responder a eles. Crédito: Mentalmind/Shutterstock. Assim, as respostas podem envolver evitar, reduzir, compartilhar ou aceitar os riscos identificados. Ao considerar a resposta, a administração deve avaliar o 7 efeito na probabilidade de ocorrência e no impacto do risco, selecionando uma resposta que mantenha os riscos residuais dentro das tolerâncias desejadas. A administração também deve identificar as oportunidades existentes e obter uma visão geral de toda a organização ou portfólio, a fim de determinar se os riscos residuais gerais são compatíveis com o apetite por risco da empresa. Em suma, a definição mais comum encontrada para riscos é a de que se trata de um evento, uma situação ou acontecimento, interno ou externo à organização, que pode afetar a realização dos objetivos, podendo ter impactos positivos, negativos ou ambos, sendo que os negativos representam riscos, enquanto os com impactos positivos representam oportunidades. A avaliação, por sua vez, é baseada na possibilidade de um evento ocorrer e afetar negativamente a realização dos objetivos. A oportunidade é a possibilidade de um evento ocorrer e afetar positivamente a realização dos objetivos. Assim, os riscos principais, se gerenciados corretamente, ajudarão a organização a alcançar seus objetivos, enquanto os males gerenciados impedirão de atingi-los (Pereira, 2014). Portanto, o risco é inerente a qualquer negócio e, por isso, é fundamental que medidas de mitigação sejam implementadas para garantir a continuidade das operações e minimizar prejuízos, sendo uma análise de riscos uma ferramenta crucial para identificar e avaliar as ameaças que podem afetar a empresa, bem como as suas vulnerabilidades. Assim, é possível desenvolver um plano de ação para reduzi-los, por exemplo, seguros, diversificação de produtos ou serviços, monitoramento constante do mercado e implementação de políticas internas, entre outros, garantindo assim a segurança e a perenidade do negócio. TEMA 3 – TIPOS DE RISCOS QUE AFETAM E AMEAÇAM UM MODELO DE NEGÓCIO Para o empreendedor nacional ou internacional, eliminar as incertezas é fundamental para diminuir os riscos. As incertezas indicam as possíveis deficiências da ideia e da empresa, e um planejamento equilibrado pode ajudar a identificá-las. Com base nessa análise, o tomador de decisão pode escolher as ferramentas mais apropriadas para sua realidade e diminuir os impactos do empreendimento, sendo fundamental analisar os cenários positivos e negativos antes de iniciar as atividades práticas. 8 Na sociedade atual, em que se buscam soluções prontas, o risco pode ser visto como algo irrelevante por alguns empreendedores e clientes, que podem interpretá-lo como um discurso de negatividade e perda de tempo, sendo essa uma visão equivocada, uma vez que a falta de identificação dos possíveis percalços pode levar ao fracasso de ideias e projetos. A identificação de riscos começa com a compreensão de que são eventos incertos cujas consequências variam de acordo com a interpretação do tomador de decisão. Assim, o gestor de negócios, ao olhar para uma determinada circunstância, pode vê-la como uma ameaça ou como uma oportunidade, determinando assim sua natureza positiva ou negativa (Almeida, 2008). Existem dois grupos de riscos que podem ser identificados em um projeto: internos e externos. Ambos os grupos apresentam 3 tipos específicos de risco: financeiro, estratégico e operacional, conforme Quadro 1. Quadro 1 – Riscos Risco interno Risco financeiro: demanda atenção ao fluxo de caixa e liquidez do empreendimento. Risco estratégico: abrange o capital intelectual do projeto e possíveis fusões, aquisições e integrações da empresa. Risco operacional: representa a força motriz do empreendimento, por meio do recrutamento, abastecimento, sistema de informação e controle financeiro. Risco externo: Risco financeiro: aborda taxas de juros, diferenciais de câmbio e disponibilidade de crédito para a realização do projeto. Risco estratégico: sinaliza a concorrência, alterações de atividade e suprimentos como objetos de impedimento de projetos. Risco operacional: enfatiza a equipe de gestão, cultura e regulamentações da empresa, e como o desconhecimento dos valores éticos do projeto e carência de cultura organizacional podem incentivar conflitos. Fonte: Almeida, 2008. Portanto, entre os principais tipos de riscos internos estão o financeiro, o estratégico e o operacional. O risco financeiro se refere à necessidade de atenção ao fluxo de caixa e à liquidez da empresa, que podem afetar a viabilidade do projeto. Já o risco estratégico se relaciona com o capital intelectual do projeto, com a capacidade de pesquisa e desenvolvimento, além de fusões, aquisições e integrações de que a empresa possa fazer parte. Por fim, o operacional diz respeito à força motriz do empreendimento, por meio do recrutamento, abastecimento, sistema de informação e de controle financeiro. 9 Por outro lado, os riscos externos também são muito importantes e podem impactar significativamente um modelo de negócio, e destacam-se o risco de mercado, o risco regulatório e o risco reputacional. O risco de mercado está relacionado à flutuação das condições econômicas, incluindo as taxas de juros, a volatilidade cambial e a demanda do mercado. Já o risco regulatório diz respeito a mudanças na legislação que possam afetar a empresa. Por fim, o risco reputacional se refere à possibilidade de a imagem da empresa ser prejudicada por fatores externos, como escândalos envolvendo a empresa ou seus produtos (Guimarães, 2007). Existem métodos que auxiliam na identificação de riscos e contribuem para contornar as incertezas da atividade empreendedora, minimizando o potencial de inviabilidade dos projetos. Entre esses métodos, destacam-se o top-down, o bottom-up, o brainstorming, a checklist, benchmarking e a análise SWOT. A abordagem top-down é obtida por meio da opinião dos executivos da empresa, que apresentam seus riscos e preocupações com base na visão corporativa e estratégica, e após a identificação dos elementos de risco,os de maior prioridade serão objeto de planejamento e gerenciamento. Esse tipo de abordagem facilita o reporte junto aos stakeholders, por tratar de riscos estratégicos que impactam diretamente nos indicadores da empresa, sejam estes sua receita, lucro, valor etc. Dentre suas desvantagens, destaca-se o pouco envolvimento inicial das equipes operacionais das diversas áreas da companhia e a ausência preliminar do detalhamento de riscos e controles internos dos processos críticos (Pereira, 2014). A abordagem bottom-up é caracterizada pela análise crítica dos processos operacionais da empresa realizada pelos profissionais que atuam nessas áreas, a fim de identificar os riscos com foco nos elementos de controle interno (Pereira, 2014). A técnica de brainstorming consiste em realizar uma lista ampla de ideias de riscos ou possíveis riscos para posteriormente fazer uma filtragem e selecionar aqueles que são mais relevantes para a análise. Essa técnica se baseia na premissa de que estimular o trabalho em equipe, sem críticas iniciais, tende a gerar ideias mais criativas do que entrevistas individuais com profissionais da empresa. Por outro lado, a checklist é uma técnica em que um gerente ou peça-chave da empresa é entrevistado para obter elementos de identificação de riscos, sendo 10 importante que a listagem seja prévia e metódica, para que a entrevista seja útil e não confusa. A técnica de benchmarking incentiva a busca por práticas corporativas melhores, visando a implementação posterior na empresa. Pra isso, informações e fontes de pesquisa são coletadas de relatórios divulgados por empresas semelhantes ou formulários enviados para serem preenchidos pelas empresas selecionadas. A análise SWOT é uma técnica que combina as palavras em inglês strengths, weaknesses, opportunities e threats, que significam, respectivamente, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Utiliza-se dessa técnica para avaliar os cenários em que a empresa está inserida, levando em conta os ambientes interno e externo, que serão detalhados a seguir (Nóbrega, 2007). As forças compreendem os recursos e capacidades da organização que podem ser combinadas para gerar alguma vantagem competitiva. As fraquezas são os pontos vulneráveis da organização que podem vir a ser fontes de risco. O ambiente externo é caracterizado pelas oportunidades e pelas ameaças ao empreendimento, ou seja, por aquilo que o gestor não pode controlar. Portanto, realizar essa gestão de riscos é fundamental para garantir a continuidade e o sucesso de um modelo de negócio, sendo necessário que a empresa identifique e avalie todos os tipos de riscos que podem afetar sua atividade e, em seguida, estabeleça medidas para minimizá-los ou eliminá-los. Além disso, é importante que a empresa esteja preparada para lidar com os riscos inevitáveis, por meio da elaboração de um plano de contingência e da criação de uma cultura organizacional que valorize a gestão de riscos, para manter-se competitiva e enfrentar os desafios do mercado de forma mais eficiente. TEMA 4 – GESTÃO DE RISCO – IMPORTÂNCIA E IMPLEMENTAÇÃO A administração é responsável pela gestão de riscos, que faz parte integrante do sistema de controle interno. Esse processo é estruturado e consiste em examinar os possíveis eventos futuros e identificar os riscos e oportunidades que podem afetar o alcance dos objetivos da organização. Com base nessa análise, são determinadas e implementadas ações de gestão de riscos, como atividades de controle. A implementação de uma gestão de risco efetiva requer o envolvimento de toda a organização, desde a alta administração até os funcionários de nível 11 operacional, sendo importante que a empresa tenha uma cultura de gestão de risco bem estabelecida e que seja integrada em todas as atividades e processos de negócio. Além disso, é fundamental que a empresa tenha um plano de contingência que possa ser acionado em caso de situações críticas, como desastres naturais, crises financeiras ou ataques cibernéticos. A implementação de uma gestão de risco bem-sucedida requer um compromisso contínuo por parte da administração, uma abordagem baseada em dados e uma cultura organizacional de aprendizado e melhoria contínua. A avaliação de risco de auditoria é uma etapa essencial do planejamento e um processo em que os auditores consideram os seguintes elementos: • Eventos individuais, riscos e oportunidades que possam afetar a realização dos objetivos dos elementos do universo de auditoria; • Fatores genéricos de risco que ajudam a priorizar o trabalho em áreas de maior risco. O objetivo é direcionar os recursos para auditorias das áreas de maior risco para a organização, garantindo assim que o processo de auditoria esteja focado nas áreas críticas. De acordo com Maschio (2007), existem vários modelos possíveis para configurar a realização do plano de avaliação de riscos e gerenciamento de riscos, sendo importante ter em mente o objetivo, a estruturação e o controle do projeto, que vão nortear o plano de avaliação de riscos com base nos elementos didáticos apresentados, seguindo os seguintes critérios: • Objetivo: é fundamental definir o que o gestor espera do projeto, quem serão as pessoas envolvidas e quais os resultados buscados; • Estruturação: deve-se determinar a estrutura humana do projeto, as funções de cada um, as responsabilidades e a formatação do gerenciamento do projeto; • Controle: é necessário pesquisar e estabelecer quais são os custos, o tempo e a qualidade esperados para o projeto. Seguindo esses critérios, é possível desenvolver um plano de avaliação de riscos adequado para o projeto, sendo importante destacar que a realização do plano de avaliação de riscos e o gerenciamento de riscos são sinônimos e devem ser considerados juntos no processo de empreender. 12 De acordo com Guimarães (2012), o gerenciamento de riscos é composto basicamente por quatro variáveis, que podem sofrer acréscimo ou decréscimo de elementos. Essas variáveis são: • Identificação dos riscos: é o processo de identificar, documentar e priorizar os riscos do projeto; • Análise dos riscos: consiste em avaliar a probabilidade e o impacto dos riscos identificados, a fim de determinar quais são os mais críticos para o projeto; • Resposta aos riscos: após a análise dos riscos, é preciso definir estratégias para lidar com eles, seja evitando, transferindo, reduzindo ou aceitando os riscos; • Monitoramento dos riscos: é necessário acompanhar e controlar os riscos durante todo o projeto, a fim de garantir que as estratégias de resposta estejam sendo efetivas e, se necessário, realizar ajustes. o gerenciamento de riscos do projeto são os processos de planejamento, identificação, análise, planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos de um projeto. Os objetivos do gerenciamento dos riscos são aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto. (Fortes, 2011, p. 29) A organização sem fins lucrativos Project Management Institute – PMI tem como objetivo disseminar conhecimento sobre gerenciamento de projetos. Por ser uma referência no setor, a propagação de seus modelos tem impulsionado a consolidação da implementação de planos de avaliação e gerenciamento de riscos. As variáveis analíticas do PMI, conforme descritas por Fortes (2011), são as seguintes: • Planejamento do gerenciamento de risco: estabelece a abordagem e o planejamento necessários para o gerenciamento de riscos em um projeto; • Identificação do risco: tem como objetivo identificar os riscos que podem afetar um projeto e documentar suas características; • Análise qualitativa do risco: essa variável avalia os riscos e seus efeitos nos objetivos do projeto de maneira subjetiva; • Análise quantitativado risco: mede a probabilidade e a consequência dos riscos nos objetivos do projeto de maneira objetiva; 13 • Planejamento da resposta ao risco: é responsável por implementar procedimentos para reduzir as ameaças aos objetivos do projeto e reforçar as oportunidades; • Monitoramento e controle de risco: monitora os riscos residuais e novos, implementa planos para reduzir os riscos e avalia o ciclo do projeto. Assim, para que a gestão de risco seja eficaz, é necessário um compromisso contínuo por parte da administração, uma abordagem baseada em dados e uma cultura organizacional de aprendizado e melhoria contínua, sendo a avaliação de risco de auditoria é uma etapa essencial do planejamento, em que os auditores consideram eventos individuais, riscos e oportunidades que possam afetar a realização dos objetivos dos elementos do universo de auditoria, bem como fatores genéricos de risco que ajudam a priorizar o trabalho em áreas de maior risco. Portanto, o gerenciamento de risco é uma atividade crucial para garantir a segurança, continuidade e sucesso de um projeto ou organização. Esse processo envolve a identificação, análise, planejamento de resposta e monitoramento de riscos, com o objetivo de aumentar a probabilidade e o impacto de eventos positivos e reduzir a probabilidade e o impacto de eventos negativos, exigindo o envolvimento de toda a organização, desde a alta administração até os funcionários de nível operacional, e é importante que a empresa tenha uma cultura de gestão de risco bem estabelecida e integrada em todas as atividades e processos de negócio. A gestão de risco é fundamental para que as empresas possam tomar decisões informadas e gerenciar a incerteza em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e volátil. Além disso, a implementação de um programa efetivo de gestão de risco pode ajudar as organizações a melhorar sua capacidade de resposta a crises e a proteger sua reputação e imagem diante de eventuais problemas (Guimarães, 2007). Além disso, é importante que a gestão de risco seja incorporada à cultura organizacional e que haja um comprometimento da alta administração em relação ao programa de gestão de risco, para que ele seja efetivo e sustentável ao longo do tempo. 14 TEMA 5 – ESTUDO PRÁTICO 2 – MODELOS DE GESTÃO DE RISCO Considere a empresa X, uma indústria alimentícia que produz e comercializa produtos orgânicos. No último ano, essa empresa se deparou com um problema com a contaminação de um lote de produtos por salmonela, o que resultou em diversos casos de intoxicação alimentar em consumidores. A empresa X havia implementado um modelo de gestão de risco baseado na norma Y, que estabelecia um processo sistemático para a gestão de riscos. No entanto, após o incidente, a empresa percebeu que seu modelo de gestão de risco precisava ser aprimorado. Crédito: Dilen/Shutterstock. Com base na análise do caso, a empresa identificou algumas falhas em seu modelo de gestão de risco, tais como a falta de avaliação de riscos específicos para cada produto, a ausência de um plano de contingência para casos de emergência e a insuficiência de treinamento para os funcionários envolvidos na produção e controle de qualidade dos produtos. Tendo em vista informações apresentadas, traga soluções para as falhas identificadas acima, considerando os conceitos apresentados sobre a gestão de risco. Apresentando também os resultados esperado a partir dessas soluções a longo prazo. 15 REFERÊNCIAS ALMEIDA, K. M. M. Análise da gestão de riscos aplicada na aquisição de bens e serviços para os projetos de bens de capital. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3135/tde- 14112008-155812/publico/edicao_revisada.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2023. FORTES, F. S. D. Influência do gerenciamento de risco no processo decisório: análise de casos. Dissertação (Mestrado em engenharia Naval) – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3135/tde-13072011- 144139/publico/Dissertacao_Fabiano_Sales_Fortes.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2023. G.LAB. Gestão de risco e compliance fazem a diferença. Época Negócios, 23 jun. 2017. Disponível em: <http://epocanegocios.globo.com/Publicidade/Petrobras/noticia/2017/06/gestao- de-risco-e-compliance-fazem-diferenca.html>. Acesso em: 27 jun. 2023. GUIMARÃES, R. B. Desenvolvimento de um método para o processo de gestão de riscos no planejamento do fechamento de mina. (Tese (Doutoradol em Geotecnia) – Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2012. Disponível em: <https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/2882/1/TESE_Desenvolvi mentoM%C3%A9todoProcesso.PDF>. Acesso em: 27 jun. 2023. IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Guia de orientação para gerenciamento de riscos corporativos. São Paulo: IBGC, 2007. MASCHIO, A. Gerenciamento de riscos e segurança: aplicabilidade e importância para o sucesso de projetos. Dissertação (Mestrado em engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/publicacoes/161_Disserta%C3%A7%C3 %A3o_adri_d.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2023. NÓBREGA, N. C. M. Um estudo teórico da avaliação de riscos em projetos de investimento em organizações. Monografia (Graduação em Engenharia de Produção) –Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2007. Disponível 16 em: <http://www.ufjf.br/ep/files/2014/07/2007_3_Newton.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2023. PEREIRA, M. R. O gerenciamento de riscos empresariais como forma de agregar valor às organizações. 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Após a implementação dessas medidas, espera que empresa X obtenha a redução significativa do número de casos de contaminação de seus produtos, bem como desenvolva a cultura voltada à gestão de riscos, tornando-se mais consciente da importância de avaliar e gerenciar riscos.