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EMPREENDEDORISMO Unidade 3 Modelos e Planos de Negócio CEO DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ALESSANDRA FERREIRA Gerente Editorial LAURA KRISTINA FRANCO DOS SANTOS Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria DAVID STEPHEN 4 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 A U TO RI A David Stephen Olá. Sou empresário há 27 anos e fundei faculdades e escolas técnicas em várias cidades do nordeste brasileiro, com destaque para o Ibratec (1994) e Unibratec (2001). Empreendi vários projetos inovadores na área de educação a distância, tendo sido um dos pioneiros no ensino telepresencial interativo (2005). Atualmente, dirijo a Editora Telesapiens e presto consultoria a instituições de ensino superior na área de marketing e novas tecnologias educacionais. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! 5EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 ÍC O N ES Esses ícones aparecerão em sua trilha de aprendizagem nos seguintes casos: OBJETIVO No início do desenvolvimento de uma nova competência. DEFINIÇÃO Caso haja a necessidade de apresentar um novo conceito. NOTA Quando são necessárias observações ou complementações. IMPORTANTE Se as observações escritas tiverem que ser priorizadas. EXPLICANDO MELHOR Se algo precisar ser melhor explicado ou detalhado. VOCÊ SABIA? Se existirem curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo. SAIBA MAIS Existência de textos, referências bibliográficas e links para aprofundar seu conhecimento. ACESSE Se for preciso acessar sites para fazer downloads, assistir vídeos, ler textos ou ouvir podcasts. REFLITA Se houver a necessidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido. RESUMINDO Quando for preciso fazer um resumo cumulativo das últimas abordagens. ATIVIDADES Quando alguma atividade de autoaprendizagem for aplicada. TESTANDO Quando uma competência é concluída e questões são explicadas. 6 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Modelo Canvas ......................................................................... 10 O diagrama Canvas ...........................................................................................10 Modelo versus plano de negócio ....................................................................14 Dez passos para criar seu modelo de negócio ............................................15 Participando de pitches ........................................................... 19 Tipos de pitch .....................................................................................................21 Dicas para um pitch impecável ........................................................................21 Introdução ............................................................................................21 O que é o negócio? ..............................................................21 Histórico .................................................................................22 O que é o produto ou serviço oferecido? ........................22 Proposta de valor e o público-alvo ....................................22 Diferencial competitivo ........................................................22 Tração .....................................................................................22 Força de trabalho ................................................................................23 A oportunidade ....................................................................................24 Persona ..................................................................................24 Conhecendo melhor o problema ......................................24 Tamanho da oportunidade .................................................25 Como esse mercado se comporta em função do tempo? ....................................................................................25 Solução ..................................................................................................25 Demonstração funcional .....................................................26 Comprovação dos diferenciais competitivos ...................26 Tecnologia e modus operandi .............................................26 Concorrência ........................................................................................27 SU M Á RI O 7EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Concorrência direta e indireta ...........................................27 Novos entrantes ...................................................................27 Posicionamento do negócio frente à concorrência .......27 Posicionamento do produto frente à concorrência .......28 Modelo de negócio .............................................................................28 Indicadores de desempenho ............................................................28 Ticket médio ..........................................................................29 Lifetime value ........................................................................29 Churn ......................................................................................30 Audiência ................................................................................30 Cadastros ...............................................................................30 Carteira de clientes ..............................................................30 Outras informações relevantes ........................................................31 Plano financeiro ...................................................................................32 Proposta de investimento .................................................................33 Planejando o projeto ............................................................... 35 O que é um Projeto? .........................................................................................36 Gerenciando um projeto de empreendedorismo .......................................38 Escopo ...................................................................................................39 Tempo ...................................................................................................40 Implantando o projeto ............................................................ 44 Pontos de atenção quanto à implantação do projeto empreendedor ....45 Escolha dos sócios .............................................................................................45 Abertura da empresa ........................................................................................46 Contrato social .....................................................................................46 8 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Registro na Junta Comercial ..............................................................48 Registro na Receita Federal ...............................................................48 Legalização estadual e municipal .....................................................49 Alvará de funcionamento ....................................................49 Inscrição municipal...............................................................50 Inscrição estadual .................................................................50 Outras licenças e inscrições ...............................................51 Identidade visual ................................................................................................52 Registro de marcas e patentes ........................................................................53 Domínio de internet ..........................................................................................54 Serviços essenciais ............................................................................................56 Contabilidade .......................................................................................56 Sistema de gestão empresarial (ERP) ..............................................57Assessoria jurídica ..............................................................................58 9EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 A PR ES EN TA ÇÃ OUma vez identificada e analisada uma oportunidade de negócio e seus produtos, chegou a hora de desenharmos efetivamente o negócio, fazendo-o deixar o campo das ideias e adentrar gradativamente o mundo real. Nesse sentido, vamos iniciar pelo plano de negócio simplificado (modelo Canvas). Na sequência, vamos entender como é possível vender a ideia e o projeto de negócio para grupos de investidores, por meio de pitches. Depois, iremos percorrer os passos para elaborar um plano de projeto, ou seja, planejarmos todas as etapas de implantação do projeto empreendedor. Finalmente, vamos entender como é possível implantar o negócio, compreendendo os requisitos, as dificuldades e os passos para abrir uma empresa. 10 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 O BJ ET IV O S Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Descrever o modelo de negócio por meio da metodologia Canvas. 2. Aplicar as técnicas de preparação e participação de pitches com investidores. 3. Desenvolver o plano de projeto do negócio. 4. Conduzir e gerenciar a implantação do negócio. 11EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Modelo Canvas OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de des- crever um modelo de negócio por meio da me- todologia Canvas. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Vamos lá! Já pensou em poder representar todo o seu negócio, por mais complexo e denso que ele seja, em apenas uma folha de pa- pel? Essa é a proposta do Quadro de Modelo de Negócio, ou, em inglês, Business Model Canvas. Criada por Alex Osterwalder e Yves Pigneur, a metodologia Canvas serve para planejar e visualizar as principais funções de um negócio e suas relações. A representa- ção visual do negócio é fundamental para que tanto os empreen- dedores quanto os investidores possam ter uma visão sistêmica sobre como ele vai funcionar, na prática. Vamos aprender a fazer? O diagrama Canvas Tudo começa em um diagrama retangular dividido em quatro quadrantes disformes, exatamente como podemos obser- var na figura a seguir. 12 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Imagem 3.1 - Conceito visual do modelo Canvas Como? O que? Para quem? Quanto? Fonte: Elaborada pela autoria (2021). No quadrante central, em vermelho, podemos descrever suscintamente o que é o negócio, ou seja, o que exatamente será entregue de valor para o cliente final desse negócio. No caso espe- cífico de nossa agência de automóveis, vamos oferecer: • Veículos novos. • Veículos usados. • Assistência técnica. • Oficina em domicílio. • Montagem de veículo. • Acessórios. Veja, na figura a seguir, como ficariam esses produtos e serviços dispostos no diagrama Canvas, assim como os demais quadrantes: 13EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Diagrama Canvas com um exemplo de negócio em estudo Parcerias: -Subconcessio- nárias. -Equipadoras. -Empresa de e-commerce. -Operador logístico. Atividades: - Financiamento. - Venda. - Entrega ao cliente. - Faturamento. - Emplacamento. - Equipagem. - Revisões. - Etc. Recursos: - Equipe de vendas. - Equipe de entrega. - Equipe de fatura- mento. - Equipe adminis- trativa. - Despachantes. - Estoque sho- wroom. - Website. - Sistema de gestão. - Imóvel. - Etc. Canais de distri- buição: - Site e-commerce. - Agência. - Subconcessio- nárias. Relacionamento com clientes: - Showroom; - Fan page no Facebook. - Perfil no Instagram. - Notícias no Twitter. - Call-center 0800. - Eventos automobilísticos. - Revista Auto. Clientes e nichos de mer- cado: - Pessoas físicas. - Locadoras de carros. - Empresas (frotas). - Taxistas. - Prefeituras. Produtos: - Veículos novos. - Veículos usados. - Assistência técnica. - Oficina em domicílio. - Montagem de veículo. - Acessórios. Estrutura de custos: Fontes de receita: - Pagamentos à fábrica. - Folha de pagamento (salários fixos). - Folha de pagamento (comissões de vendas). - Encargos sociais. - Repasses para subconcessionárias. - Repasses para parceiros de e-commerce. - Pagamentos a fornecedores. - Aluguel do imóvel. - Recolhimento de impostos e taxas. - Assessorias. - Etc. - Veículos novos. - Veículos usados. - Assistência técnica (spread sobre subconcessio- nárias). - Acessórios (spread sobre equipadoras). Fonte: Elaborada pela autoria (2021). Do lado direito, podemos observar um quadrante verde contendo três painéis. Neles, estão contidas as formas de relacio- namento com clientes, os canais de distribuição dos produtos e serviços e, por fim, os clientes ou nichos de mercado a serem al- mejados. 14 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Do lado esquerdo, vemos um quadrante azul contendo três painéis também. Nesse quadrante, você descreverá como o seu negócio conseguirá performar, especificando com que ativida- des, com quais recursos e por meio de que parcerias você conse- guirá operacionalizar esse negócio. Finamente, chegamos ao quadrante inferior, que tem por finalidade permitir que você descreva o quanto de dinheiro esse negócio irá consumir, no painel esquerdo (estrutura de custos), e gerar, no painel direito (fontes de receita). A cada ano, os grupos investidores têm menos tempo para apreciarem os inúmeros projetos de empreendimentos que che- gam até eles. Por isso, usar o Canvas pode representar um imenso diferencial, pois o fato de essa metodologia propiciar a apresen- tação do negócio em apenas uma folha de papel (ou slide), poupa tempo e torna mais objetiva a análise do negócio. Porém, é impor- tante ressaltar que o modelo de negócio é diferente do plano de negócio, nesse sentido, a análise e a reflexão sobre o modelo pos- sibilitam a elaboração de um plano bem estruturado e com maior potencial de sucesso. Qualquer mudança no modelo de negócio implica automaticamente em atualizações no plano de negócio (SEBRAE, 2013). 15EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Com a ajuda do quadro Canvas, o empreendedor cria seu modelo de negócio com quatro conceitos que fazem muita dife- rença, de acordo com Sebrae (2013): • Pensamento visual. • Visão sistêmica. • Cocriação. • Simplicidade e aplicabilidade. Modelo versus plano de negócio O quadro Canvas é uma forma de expressar o modelo do negócio, mas não substitui o plano de negócio. Ele é, na realidade, uma parte do plano do negócio e deve ser uma das primeiras ati- vidades a serem feitas antes de se iniciar a elaboração do business plan (BP). O plano de negócio, como veremos mais adiante, apre- senta outros componentes alheios ao modelo de negócio, como o tempo (cronograma) que o projeto levará para ser implantado, entre outros aspectos. O quadro Canvas pode ser encarado como o sumário de um BP, ou seja, em termos práticos, o BP é o refinamento do mo- delo de negócio. Por exemplo, quando se retrata a estrutura de custos e as fontes de receita no quadro Canvas, não se costuma entrar em detalhes quanto aos valores de investimento, despesas fixas, variáveis, retorno do investimento etc. Já no plano de negó- cio, isso tem que estar devidamente relatado. 16 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Portanto, o modelo de negócio (Canvas) descreve a lógi- ca fundamental da criação do empreendimento, demonstrando a lógica e a interligação coerente das suas partes. Nesse aspecto, é crucial uma análise minuciosa sobre como a oferta será entregue ao cliente e como o valor será capturado. A entrega refere-se ao processo de como o cliente receberá a oferta, enquanto a captura de valor está relacionada a como o retorno é obtido por meio da percepção do cliente sobre o que lhe é oferecido (SEBRAE, 2013). O plano de negócio, por sua vez, detalha a forma como o empreendimento será construído, incluindo etapas, prazos, pla- nilhasde custos, receitas, entre outros aspectos relevantes. É im- portante salientar que, caso o modelo de negócio sofra alguma al- teração, o plano de negócio também precisará ser ajustado. Essas duas ferramentas devem permanecer ativas e interconectadas, trabalhando em conjunto para garantir o sucesso do empreendi- mento (SEBRAE, 2013). Dez passos para criar seu modelo de negócio Para a criação do seu modelo de negócio, segundo a carti- lha do Sebrae (2013, p. 15), “antes de iniciar, tenha em mãos: uma folha com desenho do Quadro; adesivos autocolantes coloridos; canetas comuns ou, se possível, canetas de várias cores”. Em se- guida, Sebrae (2013) elenca dez dicas importantes para se desen- volver um quadro Canvas eficaz para um modelo de negócio: 17EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 • Mesmo que você tenha uma ideia embrionária, o Qua- dro te ajudará a visualizar melhor. Ele não precisa ser totalmente preenchido de uma só vez. • Nunca escreva diretamente no Quadro. Prefira sempre usar adesivos devido à diversidade de cores e à facili- dade de escrever, desenhar, reescrever, trocar de lugar e agrupar. • O Quadro pode ser iniciado por qualquer bloco, porém, geralmente a melhor opção é começar com Produtos/ Clientes. É nessa combinação que está a alma da em- presa. • Não tenha medo de errar. Mesmo que não esteja ainda bem claro, coloque as primeiras ideias nos adesivos e cole-os no quadro, pois a visualização te ajudará a sa- ber se está no caminho certo. • Caso tenha iniciado por algum outro bloco, que não seja Produtos/Clientes, busque, na primeira oportuni- dade, completar esses dois blocos, para facilitar a con- tinuidade do Quadro. • Procure completar o lado direito do Quadro primeiro, em que descreve a geração de valor, antes de dedicar- -se mais ao lado esquerdo, que descreve a eficiência da entrega da Proposta de Valor. • Não há problema se alguns pontos ainda ficarem em branco ou com mais de uma opção. Isso fará com que o empreendedor reflita para completar, modificar, esco- lher e refinar o modelo. 18 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 • O Modelo de Negócio é um roteiro para registrar e vali- dar hipóteses, e deve ser atualizado constantemente, a fim de não correr o risco de ver seu mercado ocupado por competidores. • O Modelo de Negócio também para gera reflexões, como: e se eu mudasse meu canal? Ou minha forma de gerar receita? E se eu passasse o que hoje é atividade para um parceiro? • Teste as hipóteses. O fato de usar o Quadro e os adesi- vos serve para registrar e aperfeiçoar ideias, mas, antes de implementá-las, é recomendável buscar formas de confirmar se a hipótese tem sentido para o cliente, fa- zendo protótipos, demonstração, propostas e ouvindo os feedbacks para ajudar a refinar e a definir seu Mode- lo de Negócio. SAIBA MAIS Você sabia que até o uso das cores de um quadro Canvas tem um motivo? Quer se aprofundar nesse tema? Então, leia a cartilha “O quadro de modelo de negócios”. Para acessá-la, clique no link dispo- nível aqui. https://bit.ly/3hvwgIx 19EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a metodologia Canvas é um diagrama retangular dividido em quatro quadrantes disformes, contento quatro questões básicas: como? O quê? Para quem? Quanto? Ela expressa o modelo de negócio em apenas uma folha de papel e serve para planejar e visualizar as principais funções de um negócio e suas relações. A representação visual do negócio é fundamental para que tanto os empreendedores quanto os investidores possam ter uma visão sistêmica sobre como ele vai funcionar, facilitando, assim, a tomada de decisões. 20 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Participando de pitches OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de en- tender as técnicas de preparação e participação de pitches com investidores. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motiva- do para desenvolver essa competência? Vamos lá! Do inglês, a palavra “pitch” tem vários significados, porém, nenhum deles reflete, nem de perto, o que realmente isso significa para o mundo dos negócios. A rigor, um pitch é um momento, nor- malmente de 5 a 10 minutos, em que um empreendedor apresen- ta, suscintamente, seu projeto para um ou mais grupos de inves- tidores, simultaneamente. Além de rapidíssimos, os pitches são, normalmente, apresentações bastante estressantes para quem apresenta e, ao mesmo tempo, entediante ou excitante para os investidores que assistem às apresentações. Tudo vai depender de quão criativas e eficazes são essas apresentações. IMPORTANTE Participar de um pitch exige muito mais que disci- plina para apresentar o negócio de forma rápida e objetiva. O apresentador deve passar muita se- gurança e emoção aos seus interlocutores, pois o curto tempo disponível pede comunicações mais cinestésicas e menos formais. É fortemente recomendado que o empreendedor, ou al- guém de seu time, faça um curso de oratória para desenvolver sua habilidade de falar em público. 21EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 O programa de TV “Shark Tank - Negociando com tuba- rões”, do canal Sony, passa bem a ideia e a emoção do que vem a ser um pitch. Empreendedores de todo país se candidatam a apresentar seus projetos inovadores e negócios start-up (empre- sas que se encontram ainda em fase inicial de operação) para um grupo seleto de empresários. O tempo é curtíssimo e as condições são bastante adversas. Imagem 3.3 - Apresentação Fonte: Pixabay Em um pitch, a primeira impressão é a que fica. Seu negó- cio tem que despertar a atenção e o interesse da plateia nos pri- meiros segundos da apresentação. Portanto, a abordagem, bem como o material de apresentação, necessitam ser objetivos, criati- vos e surpreendentemente interessantes. 22 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Tipos de pitch É um equívoco pensar que um pitch só pode ser realizado de forma presencial. Esse momento também pode ser vivenciado a distância, tanto em modo síncrono (em uma call ou videoconfe- rência, ao vivo) ou assíncrono (em papel, e-mail ou apresentação digital – normalmente em PowerPoint, Prezi, Flash ou HTML-5). Independentemente da modalidade em que se realize um pitch, valem os mesmos fundamentos: rapidez, objetividade e cria- tividade. Lembre-se sempre de que o investidor não tem muito tempo para ler e analisar muitas páginas ou horas de vídeo para decidir sobre seu aporte. Dicas para um pitch impecável O objetivo de um pitch é fazer com que, pelo menos, um in- vestidor resolva investir algum dinheiro no seu negócio. Para isso, vamos elencar algumas dicas preciosas para você tirar todo o pro- veito possível dessa oportunidade, quando ela aparecer. Vamos apresentar essas dicas na ordem cronológica, ou seja, seguindo o roteiro da própria apresentação. Introdução A introdução deve ser dividida nos seguintes tópicos: O que é o negócio? A plateia tem que ter uma ideia nítida sobre o que é o seu negócio. Isso deve ser dito em apenas uma página ou em um slide de apresentação (PowerPoint ou Prezi). 23EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Histórico Trace uma breve história da empresa (quando foi funda- da, principais acontecimentos etc.). Conte uma pequena história bem-humorada enquanto apresenta esse slide (apenas um slide, não esqueça). O que é o produto ou serviço oferecido? Explique o que é a empresa, produto ou serviço em ape- nas uma frase de efeito (Elevator Pitch – ponto de enaltecimento do pitch), por exemplo: “Então, apresentamos aos senhores o Ac- celerator 4.0 Plus, o software que transforma o seu aparelho celu- lar velho e surrado em uma máquina de última geração”. Proposta de valor e o público-alvo Resuma que valor seu produto entregará e a qual clientela. Quem vai se beneficiar dele? De que maneira?Diferencial competitivo Explique, em poucas palavras, o que diferencia seu pro- duto dos demais, ou seja, por que alguém deixaria de comprar o produto concorrente para adquirir o seu? Tração O termo “tração” significa o quanto de riqueza seu negócio já gerou ou pode gerar a partir do investimento pretendido. Esta- mos falando em números, como quantidade de clientes, fatura- mento atual e futuro (estimado), taxa de crescimento, participação de mercado pretendida (market share) etc. 24 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 A tração de um negócio é a parte mais importante de um pitch, pois é a partir dos números que o investidor começa a fazer juízo de valor a respeito da viabilidade de se investir ou não na- quele negócio. Então, nesse ponto, seja convincente e prove que você é capaz de fazer as coisas acontecerem. Força de trabalho A começar por você, mostre à audiência que a sua equipe é motivada, empolgante, eficiente e engajada, sob medida para dar cabo ao plano de investimentos. Mostre as experiências de sua equipe e sua relevância para o projeto e para o negócio. É importante que os investidores sintam bastante firmeza nas pessoas que estão por trás do seu projeto. Portanto, o ideal é que você tenha os seguintes nomes a apresentar: • Sócios – quem são e que valor eles agregam ao negó- cio. • Conselheiros (advisors) – quem são as pessoas que orientam e dirigem estrategicamente o negócio? Con- selheiros, consultores, assessores etc. • Corpo técnico – quem são as pessoas que “carregam o piano”? Quais deles são peças-chaves? Quantos preci- sam ser contratados? O que fazem? 25EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 A oportunidade Aqui, você deve retomar algo que foi rapidamente dito no início da apresentação. O que exatamente o produto vai trazer de valor? Só que, nesse ponto, a tônica deve ser: qual o grande pro- blema que o seu negócio ou produto irá solucionar? Gaste de 2 a 5 páginas (ou slides) explicando por que esse grande problema é, na verdade, uma oportunidade, e como você irá transformá-la em tal. Persona Uma boa estratégia é contar uma história, dramatizando a dor que as pessoas sentem, sendo o seu negócio o “remédio”. Os investidores devem se sensibilizar quanto à importância do seu negócio ou produto para levar felicidade, satisfação ou solução para as pessoas ou empresas. Mas, para isso, é importante que, nesse momento, você trace um perfil de quem sofre com essa dor. Quem são essas pes- soas? O que fazem? Onde moram? Por que sofrem? Estamos fa- lando da “persona” (ou público-alvo típico) do seu produto. Conhecendo melhor o problema Nesse ponto, seja didático e mostre exatamente por que a dor apresentada anteriormente realmente é um problema. Como esse problema é tratado atualmente? Que tendências envolvem o problema? Por que ele tem que ser solucionado? Por que nin- guém, até hoje, havia o solucionado antes? Fale sobre o progresso desse segmento e como o problema aumentou nos últimos anos. 26 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Tamanho da oportunidade Mostre, nesse momento, quão imensa é essa oportunida- de. Mostre um ou mais números que comprovem essa dedução, explicando como se chegou ao resultado. Identifique e apresente o mercado total, o mercado endereçável e o mercado acessível do seu produto. Utilize gráficos para ilustrar crescimento e grandeza. Por exemplo: 1.000 pessoas compram carro a cada seis meses, a um preço unitário médio de R$ 120 mil, o que sinaliza um mercado de 240 milhões de reais por ano. DEFINIÇÃO Mercado total, endereçável e acessível – ao anali- sar o market share de um produto ou negócio, cos- tuma-se comparar o mercado total, ou seja, aquele que contempla todos os possíveis clientes do pro- duto, com o endereçável, que significa aquele que se encaixa no perfil de sua empresa. Há, ainda, o mercado acessível, que é aquele que o seu negócio efetivamente pode atender. Como esse mercado se comporta em função do tempo? Trace um gráfico evolutivo dos números desse mercado nos últimos anos, projetando seu crescimento para os próximos. Não esqueça de considerar o ciclo de vida dessa oportunidade, ou seja, nada é para sempre. Logo, o seu gráfico deve mostrar um declínio após certo tempo. Solução Agora, chegou a hora de demonstrar como o seu negócio ou produto irá solucionar o problema e estancar as dores dos seus clientes. 27EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Demonstração funcional Dependendo da natureza do seu produto, priorize a de- monstração prática (ao vivo) da solução apresentada. Ao demons- trá-la, comprove que ele melhora o desempenho, tem design arro- jado, proporciona status, garante economia, enfim, identifique os diferenciais mais marcantes e mostre-os na prática. Comprovação dos diferenciais competitivos Resuma os diferenciais competitivos demonstrados na prática. Os produtos podem se diferenciar por preço, qualidade ou foco em um público-alvo específico. Em uma palavra, os produ- tos podem ser classificados quanto ao seu diferencial competitivo em nice-to-have (é bom tê-lo) ou must-have (tem que tê-lo). Tecnologia e modus operandi Descreva o jeito de fazer (modus operandi) ou a tecnologia empregada em seu negócio ou produto. Dados como propriedade intelectual (marcas e patentes) são fundamentais para demons- trar segurança, consistência e escalabilidade do negócio, ou seja, o quanto ele pode crescer e expandir-se com segurança mundo a fora. Em se tratando de produtos industrializados, é importan- te mencionar qual o processo de transformação, bem como os gerenciais e de controle de qualidade. Os investidores valorizam muito a exclusividade de um negócio. Essa exclusividade está dire- tamente relacionada à tecnologia e ao modus operandi emprega- dos. Se o seu negócio ou produto é inovador, ou seja, faz algo que nenhum outro faz, é importante sondar a viabilidade de registrar a sua patente no Instituto Nacional de Marcas e Patentes (INPI). Se não for o caso, pelo menos, a marca deve estar devidamente registrada naquele mesmo instituto. 28 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Concorrência Nesse ponto da apresentação, esboce quem são seus con- correntes, ou seja, todos aqueles podem comer uma fatia do seu mercado. Esse assunto merece de um a dois slides. Concorrência direta e indireta Não existem negócios sem concorrentes. Chamamos de concorrência indireta aquela exercida por outras empresas que, ainda que de um jeito diferente do seu ou com outras tecnologias, resolvem o problema do seu cliente. Por exemplo: se a dor do seu cliente é o desemprego e você tem um curso profissionalizante instalado em um determinado bairro, uma escola profissionalizan- te localizada em outro estado também pode ser seu concorrente, desde que ela ofereça os mesmos cursos à distância. Novos entrantes Algumas vezes, uma empresa aparentemente não sofre ação direta de concorrentes, ou seja, não há concorrentes dire- tos. Mas, além da concorrência indireta, o empreendedor tem que estar atento a quem pode vir a ser seu concorrente. É isso que chamamos de novos entrantes. Posicionamento do negócio frente à concor- rência É nesse momento que deve entrar a matriz SWOT, a qual vai dar a ideia de como o negócio se comporta frente à concorrên- cia, com suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. 29EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Posicionamento do produto frente à concor- rência Agora, chegou a vez da matriz ERRC, que vai mostrar aos investidores como o seu produto irá competir com o da concor- rência, com fatores a eliminar, aumentar, reduzir e inovar. Dize- mos que essa matriz representa um refinamento da proposta de valor do seu negócio, aquela situada no painel central do Canvas. Modelo de negócio Didaticamente, esse é o ponto ideal para você mostrar o Canvas do seu negócio. Como vimos anteriormente, ele irá escla- recer, visualmente, como seu negócio ganhará dinheiro. Enquanto seu Canvas está na tela, utilize um apontador ótico (caneta laser) para discorrersobre todo o processo da operação de seu negócio, usando o fluxo que melhor se adeque ao seu bom entendimento. Revise o modelo Canvas estudado anteriormente e relem- bre a sequência mais recomendada para a construção do quadro. Essa mesma sequência também será a mais recomendada para a explicação desse modelo. Indicadores de desempenho Chegamos a um ponto da apresentação em que as infor- mações começam a ficar bem mais detalhadas e específicas. Nes- se momento, você deverá apresentar, de um a três slides: Qual o modelo de receita? Seu negócio irá vender algo? Alugar? Oferecer assinatura? Franquear? Licenciar? 30 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Quais os key performance indicators (KPIs) que determinam o bom desempenho do negócio? Entende-se por KPI os indicado- res de desempenho, como número de pedidos tirados, quantida- de de reclamações registradas, índice de evasão etc. Esse dado é muito importante para o investidor, pois, a partir desses números, ele visualiza de que forma poderá medir o desempenho e acom- panhar o sucesso do empreendimento. Os principais e mais comuns indicadores cobrados de um empreendedor são os seguintes: Ticket médio Esse indicador reflete o preço médio com o qual o produto será oferecido no mercado. Essa precificação precisa estar coeren- te com a proposta de valor defendida anteriormente, bem como com a média de preços da concorrência. Lifetime value O Lifetime Value (LTV) pode ser traduzido do inglês como “valor do tempo de vida do cliente”. Esse indicador é utilizado pelo marketing para avaliar quanto realmente cada cliente irá trazer de faturamento para a empresa. Isso inclui, além do valor do pro- duto vendido diretamente para ele, outros produtos e serviços agregados normalmente consumidos. No caso de uma agência de automóveis, acessórios, seguros, lavagem e revisões podem ser encarados como itens que compõem esse valor total. 31EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Churn Churn, que quer dizer “despejo”, em português, é uma mé- trica bastante usada, sobretudo, por empresas de serviços, para avaliar a retenção de seus clientes. Avaliando bem o churn de um negócio, é possível projetar seu crescimento futuro com maior as- sertividade. Audiência A audiência representa o número de pessoas que o seu negócio ou produto consegue influenciar por meio das redes so- ciais. Indicadores relevantes para esse KPI é o número de seguido- res no Instagram, a quantidade de fãs na página do Facebook etc. Cadastros Diferentemente de audiência, o número de cadastros re- presenta quantos clientes em potencial estão cadastrados em um sistema costumers relationship management (CRM). Os sistemas CRM conseguem gerenciar o funil de conversão, captando desde um simples interessado no produto até transformá-lo em cliente. O número de cadastros é um indicador muito relevante para o investidor, pois representa o universo que poderá facilmente ser abordado para se transformar em base (ou carteira) de clientes. Carteira de clientes Esse é o indicador que reflete a base do funil, ou seja, quantos cadastros foram convertidos em clientes. Em termos prá- ticos, isso reflete quantos clientes a empresa tem. Mas, cuidado: ter clientes não é uma condição perene. O cliente de hoje pode não o ser mais amanhã e migrar para a concorrência. 32 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Outras informações relevantes Não devemos nos esquecer que estamos discorrendo so- bre um pitch. Todos os slides devem ser bastante objetivos, com o mínimo de informações que possam poluir a sua leitura. Até aqui, temos, aproximadamente, 22 slides propostos para essa apresen- tação. No entanto, isso não quer dizer que todos eles precisem ser exibidos. Quem irá decidir será a audiência do pitch e o tempo disponível. Se houver tempo e relevância para mais informações, recomendamos as seguintes: • Modelo e canais de venda e distribuição. • Logística de entrega do produto ou serviço ao cliente. • Contratos recentemente conquistados. • Quanto custa trazer um cliente versus o LTV? Vale a pena? • Como os clientes serão mantidos? O que se espera do pós-venda? 33EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Plano financeiro Chegamos a penúltimo grupo de slides. Aqui, você deve mostrar basicamente: • Histórico financeiro do negócio: o que foi investido até hoje, qual foi a receita obtida mês a mês (ou ano a ano) e o resultado líquido aferido (receitas menos despesas). • Projeções para os próximos anos: o que mais terá de ser investido até que o negócio atinja o seu ponto de equilíbrio (break-even)? Até quando o capital investido será retornado? Ao término de um ciclo (normalmente de 5 a 10 anos), qual o retorno do investimento (ROI – return of investment)? IMPORTANTE Lembre-se! O plano financeiro deve ser apresenta- do em grandes números ou em gráficos. Um pitch não é o momento de detalhar. 34 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Proposta de investimento Nessa etapa, você deve abordar o que você quer do inves- tidor. Em um único slide você deve exibir: • Qual a composição societária atual de sua empresa? Caso ela ainda não exista, qual a proposta dessa com- posição com seus atuais futuros sócios? • Quanto você acha que a sua empresa vale? • Que valor monetário será necessário para alavancar o seu negócio, em outras palavras, quanto você quer pelo seu negócio ou por parte dele? Justifique bem para não parecer arbitrário ou não demonstrar que você quer se livrar do negócio e levar a grana do investidor. • Em que exatamente você pretende aplicar o aporte do investidor? • Quais são suas intenções depois que o negócio atingir voo de cruzeiro e o capital ter retornado ao bolso do investidor? Vender a empresa totalmente? Para quem? Pensa em fazer um initial public offering (IPO)? Os investidores se sentem bem mais confortáveis com start-ups de capital aberto (S/A) ou que pretendam abrir seu capi- tal brevemente. Isso dá mais segurança a eles, pois as empresas de capital aberto são mais transparentes e fiscalizadas, o que pro- tege ainda mais o capital investido. Chegamos a 25 slides (ou grupos de slides). Encare esse quantitativo como um máximo, e não como mínimo ou ideal. Sua apresentação deve ter versões para 5, 15, 20 e 25 slides, depende das características do pitch. Na maioria deles, você usará apenas o de 5 slides. 35EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 SAIBA MAIS Como você pretende gerar suas apresentações para os seus pitches? Em PowerPoint? Então, reco- mendamos que você conheça algumas dicas e tru- ques importantes lendo os slides “Mega apresen- tações”. Para acessá-los, clique no link disponível aqui. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido o detalhamento dos itens que devem ser apresentados em um pitch, o qual é uma apresentação em que um empreendedor exibe, suscintamente, seu projeto para um ou mais grupos de investidores, simultaneamente. Em um pitch, a primeira impressão é a que fica. Seu negócio tem que despertar a atenção e o interesse dos investidores nos primeiros segundos da apresentação. Portanto, a abordagem, bem como o material de apresentação, necessitam ser objetivos, criativos e surpreendentemente interessantes. http://bit.ly/38XweWm 36 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Planejando o projeto OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de de- senvolver o plano de projeto do negócio. Isso será fundamental para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para desenvolver essa competên- cia? Vamos lá! Agora que já sabemos como montar um pequeno plano de negócio e como conquistar investidores para aportar recursos nele, precisamos aprender a elaborar o plano de projeto desse ne- gócio. Estamos falando, na prática, de aplicar algumas das técnicas e boas práticas do gerenciamento de projetos sobre o seu projetoempreendedor. Para aplicar essas técnicas, vamos recorrer a al- guns conceitos extraídos do project management body of knowledge (PMBOK), ou seja, banco de conhecimentos sobre gerenciamento de projetos. Trata-se de uma publicação do Project Management Institute (PMI), uma entidade sem fins lucrativos que promove as boas práticas de gestão de projetos em todo o mundo. Imagem 3.1 – Exemplo de conceito de projeto Fonte: Freepik 37EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 O que é um Projeto? Muito se ouve falar em projeto. Na realidade, tudo o que se constrói ou se realiza é fruto de um projeto. A conquista da casa própria, a graduação, o casamento, enfim, nossa vida é um grande projeto, dividido em pequenos outros projetos. Mas, o que realmente vem a ser um projeto? No mundo empresarial, o que se entende por projeto de empreendedoris- mo? Bem, antes de responder a esses questionamentos, vamos recorrer ao conceito clássico de projeto. DEFINIÇÃO Projeto – um esforço temporário com a finalidade de criar um produto, serviço ou processo único. Como o próprio conceito relata, os projetos têm como prerrogativa essencial serem temporários e únicos. Disso, se de- duz que jamais haverá um projeto igual a outro, por mais seme- lhantes que sejam em termos de objetivo, prazo etc. Assim sendo, podemos exemplificar alguns projetos, tais como: • Desenvolvimento de um novo produto/serviço. • Desenvolvimento de um novo modelo de veículo. • Construção de um prédio. • Uma campanha para um cargo político. • Desenvolvimento ou aquisição de um sistema. • Uma edição de um jornal ou revista etc. 38 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Todo projeto tem começo, meio, fim e um resultado único a ser entregue. O PMBOK divide um projeto nas seguintes etapas: • Início. • Planejamento. • Execução. • Encerramento. Em cada uma dessas fases existem processos a serem exe- cutados pela equipe de gerenciamento de projetos. Mas, espera aí! O que são essas coisas? DEFINIÇÃO Processo – ao contrário de um projeto, um proces- so é um esforço repetitivo com a finalidade de ope- racionalizar uma ou mais atividades previamente programadas (ou projetadas), podendo também criar um produto, serviço ou processo, porém de forma replicável (não-único). Perceba que um processo pode ser o produto final de um projeto. Por exemplo, podemos criar um novo fluxo de procedi- mentos administrativos em um órgão público. A partir do momen- to em que esse fluxo é implantado, encerra-se o seu projeto de criação e inicia-se o processo administrativo propriamente dito. A recíproca também tem um fundo de verdade, ou seja, um projeto é composto de vários processos para que ele consiga ser concluído. O PMBOK define uma série de processos destina- dos ao gerenciamento de um projeto. Ao todo, são 42 processos mapeados pelo guia. Esses processos ocorrem em todas as fases do projeto, se dividindo em dez áreas de conhecimento. São elas: 39EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 • Integração. • Escopo. • Tempo. • Custos. • Qualidade. • Recursos humanos (RH). • Comunicações. • Riscos. • Aquisições. • Partes interessadas (stakeholders). Para que um projeto tenha êxito, é necessário que o ge- rente de projeto tenha domínio sobre todas essas áreas. Um em- preendedor é o gerente de seu próprio projeto, logo, ele precisa aprender a gerenciar projetos. Não é nossa pretensão a ensinar você, em apenas uma aula, as técnicas de gerenciamento de pro- jetos, mas podemos dar atenção especial a algumas dessas áreas de conhecimento, a saber: escopo e tempo. Gerenciando um projeto de empreendedorismo Agora que já sabemos em que áreas de conhecimento ire- mos trabalhar em todas as fases de nosso projeto empreendedor, vamos discorrer sobre cada uma delas. 40 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Escopo Entende-se por escopo de um projeto o conjunto de en- tregas que ele realizará, em um prazo estabelecido previamente, com uma expectativa de qualidade, a um custo delimitado e com um conjunto de recursos humanos e materiais a disposição ou a ser adquirido. No caso daquela nossa agência de automóveis chineses, o escopo de seu projeto de implantação poderia representar o se- guinte conjunto de entregas: • Assinatura do contrato com a fábrica chinesa. • Captação de recursos financeiros de terceiros. • Locação do imóvel. • Abertura da empresa. • Registro da marca da agência. • Licenciamento da obra. • Construção e reforma da sede. • Prospecção, seleção e contratação de subconcessioná- rias parceiras. • Desenvolvimento do sistema de e-commerce em parce- ria. • Aquisição do mobiliário e equipamentos em geral. • Recrutamento e seleção de pessoal. • Planejamento da campanha publicitária de lançamen- to. • Aquisição dos veículos para o showroom. • Lançamento da agência nas mídias. 41EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 • Inauguração da agência. Para concluir o escopo, temos que determinar o prazo ini- cial e final do projeto como um todo, estabelecer alguns marcos de entregas parciais, se for o caso, e definir os níveis de qualidade e de investimento máximo que o projeto irá absorver. Tempo Sem dúvida, o tempo é uma das variáveis determinantes mais importantes para qualquer projeto. Como as entregas são únicas e temporais, todas as atividades previstas em um projeto devem ocorrer em um intervalo de tempo bem definido. No caso específico do nosso projeto empreendedor em es- tudo, cada uma das entregas estabelecidas no escopo deverá ter um prazo para ser executada. Além desse prazo, cada uma deverá ter uma data de início e de término, respeitando a precedência entre elas. Para se planejar corretamente os tempos desse projeto, siga as seguintes orientações: 1. Classifique as atividades em ordem cronológica. 2. Mensure o tempo que cada uma deverá levar para ser concluída. 3. Copie e cole a lista de atividades em um software de gerenciamento de projetos, como o MS-Project (da Mi- crosoft) ou o GanttProject (Freeware), por exemplo. Ou ainda, escolha um sistema de gerenciamento on-line de projetos, como o GanttPro e digite cada uma dessas en- tregas. 42 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 ACESSE Quer aprofundar o conhecimento sobre os progra- mas? Baixe o GanttProject, clicando aqui. Já para acessar on-line o GanttPro, clique aqui. 4. Após ter inserido todas as entregas na planilha do ge- renciador de projetos, bem como suas datas de início e término, conecte as atividades que dependerão umas das outras, ou seja, se uma atrasar, a outra também sofrerá o efeito dominó. A figura ilustrada a seguir mostra como se comporta o pro- jeto visualmente depois dessa operação. Imagem 3.5 - Exemplo de como ficariam as atividades planilhadas no gerenciador on-line de projetos GanttPro Fonte: Freepik https://ganttpro.com/ 43EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 O GanttPro oferece recursos limitados em sua licença gra- tuita. Na versão premium, é possível cadastrar mais de um projeto e ter acesso a outros recursos, como convidar pessoas para cola- borar em cada uma das atividades, a distância, bem como com- partilhar as atividades com o Google Agenda e outros aplicativos. A forma de apresentação das atividades do projeto ilustra- da na figura anterior recebe o nome de “diagrama de Gantt”, ou, como é mais popularmente conhecida, cronograma. O empreen- dedor deve levar bastante a sério cada uma das atividades pre- vistas em seu planejamento de projeto. Cada uma delas que não conseguir ser concluída no tempo previsto pode acarretar o atra- so de outras que dependem dela, resultando no que chamamos de “efeito dominó”. Mas, como fazer para não perdermos o timing dessas atividades? A resposta é simples: disciplina! Transfira as atividades inseridas na planilha de seu geren- ciador de projetos para a sua agenda pessoal. Faça com que cada atividade lhe desperte no início previsto para sua execução, bem como próximo ao seu prazo final de conclusão. Alguns gerencia- dores de projetosfazem isso automaticamente, de forma integra- da à agenda Google, ou disparando e-mails automáticos de aviso. 44 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 SAIBA MAIS Na condição de empreendedor, você não tem obri- gação de se certificar pelo PMI como um project management professional (PMP), mas isso ajudaria enormemente em sua trajetória de sucesso. Quer se aprofundar nesse assunto? Acesse o site PMI Brasil, disponível aqui. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que a elaboração de um plano de negócios envolve a utilização de algumas técnicas, como integração, escopo, tempo, custos, qualidade, recursos humanos, entre outras. Nessa competência, tais técnicas foram embasadas em alguns conceitos extraídos do PMBOK, que se trata de uma publicação do PMI, uma entidade sem fins lucrativos que promove as boas práticas de gestão de projetos em todo o mundo. Os principais tópicos abordados dentro do plano de negócios foram escopo e tempo. https://www.pmi.org/brasil 45EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Implantando o projeto OBJETIVO Ao término deste capítulo, você será capaz de con- duzir e gerenciar a implantação do negócio. Isso será fundamental para o exercício de sua profis- são. E então? Motivado para desenvolver essa competência? Vamos lá! Passada a etapa de planejamento do projeto, chega a hora de colocar a mão na massa. Se o seu projeto de empreendedoris- mo não for consistente, você corre sério risco de ter que fechar uma empresa que mal nasceu, e isso dá muito trabalho. Por isso, o empreendedor brasileiro precisa estar atento ao momento certo de abrir a sua empresa, e da melhor forma possível. Você deve levar em conta o regime de tributação mais adequado, isso se a empresa que você está montando não se enquadrar no Simples Nacional. Além disso, você precisa estar ciente de todas as obriga- ções, licenciamentos e processos cartoriais necessários para que a sua empresa passe a operar de forma legal. Imagem 3.6 – Exemplo de planejamento e implantação de um projeto Fonte: Freepik 46 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Pontos de atenção quanto à implantação do projeto empreendedor Cada projeto empreendedor é um universo de caracterís- ticas e peculiaridades. Seria uma utopia querer sintetizar todas as possibilidades e variações possíveis em uma cartilha. Por isso, iremos focar em um perfil de negócio: uma start-up. Como já dis- semos anteriormente, chamamos de start-up todo e qualquer ne- gócio ou empresa que ainda se encontra em fase de incubação ou aceleração. Em condições assim, podemos elencar alguns pontos de atenção importantes para qualquer start-up, tais como: • Escolha dos sócios. • Abertura da empresa. • Identidade visual. • Registro de marcas e patentes. • Domínio de internet. • Serviços essenciais ao negócio (contabilidade, gestão financeira, assessoria jurídica). Escolha dos sócios A maioria dos empreendedores de start-ups não utiliza um método coerente para escolher a composição societária de sua fu- tura empresa. Boa parte chama um parente ou um colega de sala para ser seu sócio por motivos de amizade ou simpatia. Poucos fazem a pergunta de um milhão: em que esse sócio irá agregar em meu negócio? O sócio ideal é aquele que, quer por competência técnica, quer por disponibilidade de capital, consegue contribuir com a alavancagem do empreendimento. 47EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Abertura da empresa Abrir um negócio é certamente o sonho de muitas pessoas no Brasil. Não ter um chefe e nem horário rígido para cumprir es- tão entre as principais vantagens apontadas pelos que relatam compartilhar esse sonho. Mas, será que abrir a própria empresa é mesmo tão maravilhoso assim? Especialmente no Brasil, abrir empresa é relativamente simples, difícil é fechá-la. Por isso, esse importante passo deve ser muito bem calculado. Vamos começar a aprender como abrir uma empresa de forma consistente? • Elabore um contrato social. • Registre o contrato na junta comercial. • Sua empresa prestará serviços? Então, requeira o alva- rá de funcionamento (ou localização) junto à prefeitura do município onde ela atuará com sua sede. • Sua empresa venderá ou revenderá algum produto? Então, requeira a sua inscrição estadual na Secretaria da Fazenda de sua Unidade Federativa (Estado). • Vai exercer alguma atividade de risco à saúde, ou que agrida o meio ambiente, por menor que seja esse im- pacto? Verifique a obrigatoriedade de obter licenças sa- nitárias, do corpo de bombeiros e ambientais. Contrato social O contrato social é a certidão de nascimento de sua em- presa. Nele, estarão estabelecidos os percentuais de participação de cada sócio, além de definidas as atividades a serem exercidas. É nesse momento que os sócios deverão escolher o nome sobre o qual a empresa atuará no mercado, ou seja, a sua razão social. 48 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 IMPORTANTE Após ter escolhido o nome da sua empresa, verifi- que se ele já não é utilizado por alguma outra em seu estado. Se você tiver pretensões de fazer esse nome expandir para fora do estado, recomenda- mos que faça uma busca no cadastro de marcas e patentes do Instituto Nacional da Propriedade Industrial e Intelectual (INPI). Outro aspecto importante, nesse momento, é escolher as atividades econômicas que farão parte do objeto social de sua em- presa. Mas, o que são atividades econômicas e objeto social? DEFINIÇÃO Objeto social – o objeto ou objetivo social de uma empresa é cláusula de seu contrato social que es- pecifica quais atividades econômicas ela estará ha- bilitada a exercer no mercado. Atividades econômicas – atividade econômica é um processo mercadológico que uma empresa po- derá exercer na prestação de um serviço, comer- cialização de uma mercadoria ou industrialização de um produto, codificada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) segundo uma ta- bela conhecida como Código Nacional de Atividade Econômica (CNAE). ACESSE Ao elaborar o contrato social, pesquise no site do IBGE quais são os CNAEs mais adequados para compor as atividades econômicas do objeto social de sua empresa. Para acessá-lo, clique no link dis- ponível aqui . https://concla.ibge.gov.br/busca-online-cnae.html 49EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Consulte um contador para saber se as atividades escolhi- das por você podem ser enquadradas no regime tributário Sim- ples Nacional. Com essa modalidade, todos os impostos federais e municipais de sua empresa serão resumidos a uma única taxa a ser recolhida sobre o faturamento bruto. Alguns CNAEs não são permitidos no Simples Nacional. Os percentuais de tributação também variam de acordo com a CNAE. Assim, um contador será realmente útil nesse momento. Registro na Junta Comercial O contrato social de sua empresa precisará ser registrado por alguns órgãos. O primeiro deles é a Junta Comercial ou em um Cartório de Pessoas Jurídicas de seu estado. A sua empresa só nascerá oficialmente depois desse ato. Normalmente, para esse registro, você precisará do contrato social, RG, CPF e comprovante de endereço dos sócios, além do contrato de aluguel ou compro- vação de propriedade do imóvel onde a empresa irá funcionar. Registro na Receita Federal Como dissemos anteriormente, o contrato social é apenas a certidão de nascimento de sua empresa. E quanto à carteira de identidade? Será que a sua empresa precisará ter um RG e um CPF, assim como você? A resposta é, quase, sim. Podemos dizer que um número fará o papel do RG e do CPF de sua empresa: o Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Esse número é expedido pela Receita Federal do Brasil (RFB), e tem a mesma utilidade de um CPF, ou seja, com o CNPJ, a empresa poderá realizar todas as transações comerciais que o seu CNAE lhe permitir fazer. 50 EMPREENDEDORISMOU ni da de 3 Se você está registrando a sua empresa em uma Junta Co- mercial, saiba que a maioria delas mantém convênio com a RFB, ou seja, todos os registros de contrato social são encaminhados por ela diretamente à RFB, sem que haja necessidade de você dar entrada separadamente no processo de obtenção do CNPJ. Legalização estadual e municipal Bem, até esse ponto, podemos dizer que a sua empresa está legalizada perante o Governo Federal, mas não ainda para efeito do seu estado e/ou município. Para isso, você precisa aten- tar novamente para seus CNAEs. Se há pretensão apenas de pres- tar serviços, sua empresa precisará de registro apenas na prefeitu- ra municipal de sua sede, obtendo o alvará de funcionamento (ou de localização, dependendo de como essa licença seja chamada pela prefeitura). Caso também haja interesse em comercializar mercadorias, o licenciamento terá que ser estadual, o que gerará a inscrição estadual. Alvará de funcionamento O alvará de funcionamento (ou de localização) autoriza a empresa a abrir suas portas e exercer as atividades de seu negócio em um determinado imóvel. Para obtê-lo, é necessário comprovar que a sua empresa apresenta as condições requeridas legalmente para exercer sua atividade. Tais condições variam de município para município, e também mudam de acordo com o segmento de atividade da empresa. Antes de dar entrada no registro da empresa na Junta Co- mercial, o empreendedor deve consultar previamente a prefeitura da cidade-sede da futura empresa quanto à viabilidade de exercer seu objeto social no imóvel pretendido. Se isso não for feito logo 51EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 no início dos estudos de viabilidade do negócio, o empresário cor- rerá sério risco de não obter o seu alvará de funcionamento. Inscrição municipal Além do alvará de funcionamento, para a sua empresa po- der prestar serviços e emitir notas fiscais, ela precisará requerer a sua inscrição municipal junto à prefeitura do município de sua sede. É a partir dessa inscrição, também conhecida como inscri- ção mercantil, que a prefeitura consegue recolher o Imposto so- bre Serviços (ISS), cobrado pela Secretaria de Finanças. Além disso, mesmo antes de obter o seu alvará de funcionamento, a empresa poderá requerer sua inscrição municipal. Inscrição estadual Normalmente, a inscrição estadual pode ser expedida di- retamente pela Junta Comercial, assim como ocorre no caso do CNPJ (da RFB). Para alguns segmentos de empresas, a inscrição es- tadual deve ser obtida antes mesmo do alvará de funcionamento. A inscrição estadual é obrigatória para empresas do ramo de comércio, indústria e alguns tipos de serviços, como transporte intermunicipal e interestadual, energia e comunicação. A inscrição estadual é o número cadastral que possibilita o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Servi- ços (ICMS), cobrado pela Secretaria da Fazenda Estadual. 52 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Outras licenças e inscrições Outras licenças e inscrições em órgãos de vistoria muni- cipais e estaduais também são exigidas para empresas de vários segmentos. Essas autorizações são requisitos necessários para se ob- ter o alvará de funcionamento, como é o caso da licença do corpo de bombeiros, exigida de todas as empresas, exceto aquelas situa- das em escritórios virtuais. IMPORTANTE Dependendo do município, há exigibilidade da apresentação da licença do corpo de bombeiros do escritório virtual onde a empresa será instalada. Existe uma variedade enorme de licenças exigidas no Brasil. Dependendo do segmento de atuação, endereço, porte e grau de risco da atividade de sua empresa, até mesmo as Forças Armadas se cons- tituem em órgão emissor de licenciamento, como é o caso de fábricas e armazéns de explosivos e alguns tipos de produtos químicos. Elencamos, a seguir, as licenças mais comumente exigidas no Brasil: 53EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Quadro 3.1 – Licenças mais comuns no Brasil Licença Quem expede Exigida para Licença sanitária Órgãos Municipais, Estaduais e Federais de vigilância sanitária. Setor de alimentação, medicamentos e cosméticos. Licença ambiental Órgãos Municipais e Estaduais de meio ambiente e no IBAMA. Atividade industrial, metalúrgica, mecânica, têxtil, química, de calçados, atividade agropecuárias. Vistoria de normas de segurança. Corpo de bombeiros. Quase todas as atividades e tipos de empresas. Fonte: Elaborado pela autoria com base em Conta Azul (2023). Outras atividades exigem inscrição em órgãos federais, como o ministério do turismo, da agricultura, pecuária e abaste- cimento, polícia federal etc. Como já dissemos anteriormente, a consulta a um contador é fundamental para orientar você sobre quais licenças e inscrições devem ser providenciadas para sua em- presa. Identidade visual Um dos itens mais importantes para um negócio é a sua identidade visual. Entende-se por identidade visual o conjunto de elementos gráficos que determinam como a empresa, o negócio ou o produ- to irá se comunicar como seu cliente. 54 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 A construção da identidade visual começa pela marca do empreendimento. A marca, também conhecida como logomarca, logotipo ou, simplesmente, logo de um empreendimento, deve ex- pressar visualmente o conceito do que se quer vender. Uma mar- ca pode ser composta por elementos gráficos e textuais, como o McDonald’s, por exemplo. É fortemente recomendável para o empreendedor que consulte um especialista em comunicação visual ou design gráfi- co para definir alguns elementos fundamentais para o sucesso de sua marca, por exemplo: as cores predominantes (o estudo de se- miótica revela quais cores são mais indicadas para determinados segmentos); a tipografia (sobretudo no que se refere à capacidade de sofrer redução sem perder legibilidade); entre outros aspectos. Registro de marcas e patentes Antes de bater martelo em uma marca para a sua empre- sa, recomenda-se uma consulta à base de marcas registradas no INPI. Esse é o órgão governamental que regulamenta o processo de registro de marcas e patentes no Brasil, além de cadastrar to- das as marcas e patentes registradas no país. Se você negligenciar esse passo, correrá sério risco de, ao expandir-se vertical ou horizontalmente, alguém requeira a titula- ridade do nome de sua empresa. Se o registro desse alguém, que pode ser pessoa física ou jurídica, for anterior ao seu registro, você terá que abandonar o uso de sua marca, o que poderá represen- tar uma verdadeira tragédia em sua trajetória empresarial. Apesar de você mesmo poder iniciar e acompanhar o pro- cesso de registro de sua marca, recomendamos que isso seja feito por um escritório especializado em marca e patentes. A burocracia é grande e os custos não são tão elevados assim que justifique não fazer uso desse escritório. 55EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 IMPORTANTE Escolha um escritório que disponha de um advo- gado especializado em direito de propriedade in- telectual, além de ter uma boa referência e reputa- ção no mercado. Já a patente se refere a um invento ou modo de fazer ino- vador. Nesse caso, recomendamos cuidados redobrados, pois os custos de registro de uma patente são bem mais elevados do que os do registro de uma marca. Muitas vezes, esse esforço não vale a pena, pois mesmo com o registro de uma patente, a segurança de seu invento ou mo- dus operandi nunca será plena, pois qualquer “vírgula” modificada no produto do concorrente já pode descaracterizar um suposto plágio. Dessa forma, somente um especialista nessa área poderá realmente ajudar você a decidir sobre esse registro. Domínio de internet Muita gente confunde o registro de um domínio com o re- gistro de uma marca. Veja a definição a seguir: DEFINIÇÃO Domínio de internet – entende-se por domínio de internet um nome, registrado junto ao Comitê Ges- tor da Internet (CGI) no Brasil, ou ao órgão regula- mentador da internet decada país onde se deseje obter um domínio, que é reconhecido e roteado pela grande teia mundial (world wide web – WWW) até o site da empresa proprietária desse domínio. 56 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Então, se você escolheu um nome para a sua empresa e o registrou em um domínio do tipo “.com.br”, por exemplo, poderá ter que abrir mão dele caso alguém entre com um processo de plá- gio contra você. No entanto, por ter um custo bastante reduzido (cerca de R$ 40,00 por ano), vale a pena registrar, não apenas um, mais vários domínios relevantes para o seu negócio. Por exemplo: se o nome da sua empresa é “ChinaCar”, e há pretensões de abrir outras agências de veículos em vários estados e, até mesmo, em países vizinhos como a Argentina e o Chile, valeria a pena registrar os seguintes domínios: • www.chinacar.com Internacional (EUA). • www.chinacar.com.br Brasil. • www.chinacar.com.ar Argentina. • www.chinacar.cl Chile. Ter um domínio adequado é muito importante para gerar credibilidade para quem acessa o seu site. Por exemplo, se você está empreendendo um negócio no terceiro setor (organizações não governamentais sem fins lucrativos – ONGs), é importantíssi- mo utilizar um domínio “.org” ou “.org.br” em vez de um domínio comercial “.com” ou “.com.br”. Já sabe como a sua empresa vai se chamar? Então, registre logo o nome. ACESSE Quer se aprofundar em registro de domínio brasi- leiro? Acesse o link disponível aqui. http://registro.br 57EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 Serviços essenciais Para operacionalizar a sua empresa, alguns itens de servi- ço são fundamentais, como: • Contabilidade. • Sistema de gestão empresarial. • Assessoria jurídica. Contabilidade Um dos grandes erros dos empreendedores iniciantes é negligenciar um bom serviço contábil, mas se você não dispõe de recursos suficientes para contratar a melhor assessoria contábil de sua região, é imprescindível que você conheça o básico sobre contabilidade e gestão tributária. Dessa forma, você poderá eco- nomizar bastante dinheiro, não apenas evitando multas e juros pelo esquecimento dos compromissos fiscais e coisas do gênero, mas também por poder utilizar um portal contábil. Usando um portal contábil na internet, você dispõe de quase todos os serviços contábeis na modalidade on-line (a dis- tância), sem a necessidade de contratação de um profissional de contabilidade de forma presencial. Esses portais resolvem qua- se todos os problemas. O que eles não conseguirem solucionar, pode ser operacionalizado por um despachante sob a orientação da equipe do portal. 58 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 ACESSE Quer entender melhor o assunto? Acesse o link dis- ponível aqui. IMPORTANTE Mas, cuidado! Ao contratar um portal contábil, cer- tifique-se da legalidade do corpo de profissionais oferecido, verificando a validade do número do Conselho Regional de Contabilidade (CRC) do con- tador responsável pela empresa. Sistema de gestão empresarial (ERP) Na fase de implantação do projeto, providencie a contrata- ção de um sistema de gestão empresarial adequado ao seu negó- cio. Primeiramente, procure saber se o mercado oferece um soft- ware voltado ao seu segmento empresarial. Caso não exista nada especializado em seu segmento, adquira ou assine um software de gestão empresarial genérico, que ofereça os seguintes requisitos: www.contabilizei.com.br 59EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 • Módulo de gestão financeira com contas a pagar, a re- ceber, conciliação bancária e integração com maquine- tas de cartão de crédito. • Módulo de costumers relationship management (CRM), ou seja, o controle do atendimento e das vendas, com funil de conversão e integração com o sistema de ges- tão financeira. • Módulo especialista, isto é, o controle da sua área fim, se é que existe. • Módulo contábil integrado com todos os demais mó- dulos. A integração entre esses módulos é fundamental para evi- tar a redundância de dados e o retrabalho nas sucessivas opera- ções de recadastramento e relançamento de registros. IMPORTANTE Dê preferência a sistemas desenvolvidos para web, capazes de serem executados a partir de qualquer navegador de internet. Assessoria jurídica Para a segurança jurídica de seu negócio, procure um ad- vogado. Atividades como análise e redação de contratos, planeja- mento tributário e de pessoal, são atividades que, no Brasil, pode expor a sua empresa a altos riscos. É importante contratar um es- critório de advocacia completo, que possa atender a empresa e os sócios nas áreas comercial, cível e trabalhista. 60 EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 SAIBA MAIS Há muito mais detalhes a serem considerados na hora de abrir uma empresa. Deseja se aprofundar nesse tema? Leia o artigo “6 passos para abrir seu novo negócio”. Para acessá-lo, clique no link dispo- nível aqui. RESUMINDO E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que nos dias de hoje, abrir uma empresa é fácil, difícil é fechá-la. Se o projeto de empreendedorismo não for consistente, corre- se o risco de ter que fechar uma empresa que mal nasceu. Para abertura de uma empresa, é necessário estar ciente de todas as obrigações, licenciamentos e processos cartoriais para que o negócio funcione de forma legal. Por fim, você aprendeu os itens fundamentais para a abertura de uma empresa: escolha dos sócios, identidade visual, registro de marcas e patentes, domínio de internet e serviços essenciais ao negócio, incluindo contabilidade, gestão financeira, assessoria jurídica. http://bit.ly/3n4uLlU 61EMPREENDEDORISMO U ni da de 3 RE FE RÊ N CI A SCONTA AZUL. Como abrir uma empresa: passo a passo para tirar as ideias do papel, 2023. Disponível em: http://bit.ly/3894SNJ. Acesso em: 13 jan. 2021. PMI - Project Management Institute. O que é gerenciamento de projetos, c2023. Disponível em: https://bit.ly/3pxjc8z. Acesso em: 13 jan. 2021. SEBRAE. Cartilha: O quadro de modelo de negócios. Brasília: SEBRAE, 2013. Disponível em: https://bit.ly/3hvwgIx. Acesso em: 13 jan. 2021. SEBRAE. 6 passos para abrir seu novo negócio, 2014. Disponível em: http://bit.ly/3n4uLlU. Acesso em: 13 jan. 2021. STEPHEN, D. Mega Apresentações. SlideShare, 2016. Disponível em: https://pt.slideshare.net/davidstephenbarros/mega-apresen- taes. Acesso em: 13 jan. 2021.