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CYAN VS Gráfica VS Gráfica MAG VS Gráfica YEL VS Gráfica BLACK FUNDAMENTOS DE TOPOGRAFIAMARCELO TULER SÉRGIO SARAIVA FUNDAM ENTOS DE TOPOGRAFIA TULER & SARAIVA Base de qualquer projeto ou obra realizada por engenheiros ou arquitetos, o levantamento topográfico é uma prática indispensável para determinar todos os detalhes de um terreno. Para ajudá-lo a compreender a importância da ciência topográfica e a entender como fazer um levantamento topográfico (métodos e tecnologias), os experientes professores Marcelo Tuler e Sérgio Saraiva apresentam neste livro os seguintes tópicos: Resumo histórico da ciência topográfica Fundamentos básicos de geodésia e topografia, suas aplicações e profissionais habilitados para sua prática Processos, equipamentos e requisitos para um levantamento topográfico planimétrico Métodos de levantamento altimétrico, com ênfase no nivelamento geométrico Planialtimetria: exemplos do levantamento e do uso da planta planialtimétrica Aspectos básicos das concordâncias horizontal e vertical, e da estatística aplicada à topografia Biologia dos animais peçonhentos e prevenção de acidentes durante a atividade de campo Este lançamento da série Tekne é um instrumento pedagógico indispensável para alunos e professores dos cursos do eixo Infraestrutura, previstos pelo Ministério da Educação, no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Topografia www.bookman.com.br Visite o ambiente virtual de aprendizagem Tekne em www.bookman.com.br/tekne para ter acesso a atividades, às imagens do livro e a sites que complementam o conteúdo. FUNDAMENTOS DE TOPOGRAFIA MARCELO TULER SÉRGIO SARAIVA 49280 Fundamentos de Topografia.indd 1 05/08/13 14:19 Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052 T917f Tuler, Marcelo. Fundamentos de topografia [recurso eletrônico] / Marcelo Tuler, Sérgio Saraiva. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8260-120-4 1. Levantamento topográfico. 2. Topografia. I. Saraiva, Sérgio. II. Título. CDU 528.425 Tuler_topografia_Iniciais_eletronica.indd iiTuler_topografia_Iniciais_eletronica.indd ii 27/08/13 13:1027/08/13 13:10 11 c a p ít u lo 1 G e n e ra li d a d e s e d e fi n iç õ e s CURIOSIDADE Em 4 de outubro de 1957, a URSS lançou o primeiro satélite artificial, o Sputnik 1 (“companheiro de via- gem”): uma esfera de metal do tamanho de uma bola de basquete, com quatro antenas que transmitiam sinais de rádio para a Terra. Seu lançamento desencadeou a Corrida Espacial. Após 96 dias em órbita, o Sputnik 1 reentrou na atmosfera e incendiou-se devido ao atrito com o ar. Terra geoidal, elipsoidal, esférica e plana Considerações devem ser feitas para as representações de feições da superfície da Terra, tanto na Geodésia quanto na Topografia. Partindo do geral (Geodésia), em primeira aproximação, a superfície que mais se aproxima da forma da Terra é a que se denomina geoide. Ela é obtida pelo prolongamento do nível médio dos mares, em repouso, pelos continentes, sendo nor- mal em cada ponto à direção da gravidade terrestre. Essa forma é bem definida fisicamente em um ponto, mas matematicamente tem sido alvo de exaustivos estudos pela comunidade geodésica. Pela dificuldade da utilização do geoide por meio de uma equação, os geodesistas adotaram como forma da Terra a de um elipsoide de revolução, girante em torno de seu eixo menor (Fig. 1.9). Com isso, o elipsoide de revolução constitui a figura com possibilidade de tratamen- to matemático que mais se assemelha ao geoide. Sua construção é oriunda da rotação de uma elipse em torno de seu eixo menor. A segunda missão do satélite GOCE, da ESA- -GOCE (European Space Agency-Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer), de 2009, entregou o mapa mais preciso da gravidade da Terra (Fig. 1.10). Um sistema elipsóidico global está relaciona- do ao elipsoide de referência como a melhor figura da Terra como um todo. A origem do elipsoide geralmente coincide com o centro de massa da Terra (geocêntrico). O conjunto de parâmetros que descreve a relação entre um elipsoide local particular e um sistema de referência geodésico global é chamado de datum geodésico. a b Figura 1.9 Elipsoide de revolução. Tuler_topografia_01.indd 11Tuler_topografia_01.indd 11 23/07/13 16:5523/07/13 16:55 12 F u n d a m e n to s d e T o p o g ra fi a Um sistema elipsoidico ou geodésico é caracterizado por cinco parâmetros geométricos: a) Dois parâmetros definem a geometria do elipsoide de referência: • Semieixo maior (a) • Achatamento (f ): , onde b é o semieixo menor (Fig. 1.9). b) Três parâmetros definem a orientação desse modelo em relação ao corpo terrestre: • � e � → Componentes do desvio da vertical • N → Ondulação do geoide Na maioria dos sistemas geodésicos de origem locais, os valores das componentes do desvio da vertical e da ondulação do geoide são arbitrados iguais a zero, o que leva o elipsoide e o geoide a se tangenciarem no datum. Além desses parâmetros geométricos, são definidos parâmetros dinâmicos: J2 (fator de elipticidade geopotencial ou fator de forma); GM, sendo G a constante gravitacional de Newton e M a massa da terra; W, velocidade angular da terra. Tendo definido a melhor forma para a Terra, a busca incessante dos cientistas foi pela definição do melhor elipsoide que a representasse. Com o passar dos anos, vários elipsoides de referên- cia foram adotados, sendo substituídos por outros que proporcionassem parâmetros mais pre- cisos (Quadro 1.2). O elipsoide de Hayford foi recomendado pela Assembleia Geral da União In- ternacional de Geodésia e Geofísica (UIGG), em Madrid, em 1924. Em 1967, a UIGG, em Lucena, o sistema 1924/1930 foi substituído pelo Sistema Geodésico de Referência 1967, atualmente utilizado no Brasil. Em 1979, em Camberra, a UIGG reconheceu que o sistema geodésico de referência 1967 não representava a medida, a forma e o campo da gravidade da Terra com a precisão adequada. Esse sistema foi, então, substituído pelo sistema geodésico de referência (1980). Esse último sistema constitui a base do World Geodetic System (WGS-84), o sistema de referência utilizado pelo Global Position System: Sistema de Posicionamento Global (GPS). Figura 1.10 Imagem planificada do geoide, pelo satélite GOCE. Fonte: European Space Agency (2010). Tuler_topografia_01.indd 12Tuler_topografia_01.indd 12 23/07/13 16:5523/07/13 16:55 13 c a p ít u lo 1 G e n e ra li d a d e s e d e fi n iç õ e s Em 2005, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estabeleceu o Sistema de Re- ferência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), em sua realização do ano 2000, como o novo sistema de referência geodésico para o Sistema Geodésico Brasileiro (SGB) e para o Sistema Cartográfico Nacional (SCN), estabelecendo um período de dez anos de transição entre os sis- temas anteriores. Dessa forma, por exemplo, os serviços de Cadastro de Imóveis Rurais, impos- tos pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) devem estar referenciados integralmente a esse sistema a partir de 2015. Outra aproximação para a representação da forma da Terra é a esférica. Em representações que permitem menor precisão, adota-se a redução do elipsoide a uma esfera de raio igual à média geométrica dos raios de curvatura das seções normais que passa por um ponto sobre a superfície do elipsoide terrestre em questão. As seções normais principais são a seção meridia- na (M) e a seção do primeiro vertical (N), e o modelo para o raio da Terra esférica será a medida geométrica dada por R = (N M)1/2. Na Geodésia, essa aproximação permitiu a implantação e a densificação de pontos geodésicos, a partir da execução de triangulações geodésicas, cujas figuras geométricas eram tratadas como triângulos esféricos. Essa opção também é muitoutilizada nos estudos das projeções cartográficas, em que se tem o conceito da “esfera-modelo”, uma esfera desenhada na escala da projeção e que serve como construção auxiliar para obtenção das projeções geométricas. Com esse recurso, além de facilitar o cálculo, o erro obtido é quase insignificante, devido às escalas de projeção. O raio dessa esfera (Rm) depende diretamente da escala de representação, sendo: → → Como dito anteriormente, a Topografia considera levantar trechos de dimensões limitadas. Logo, outra aproximação é sugerida: considerar a superfície terrestre como plana. Dessa for- ma, despreza-se a curvatura terrestre, constituindo o que se denomina campo topográfico. O campo topográfico é a área limitada da superfície terrestre que pode ser representada topo- graficamente, desconsiderando a curvatura da Terra, supondo-a esférica. O limite da grandeza dessa área, de forma que se possa considerar a Terra como plana em determinada faixa de sua superfície, é função da precisão exigida para sua representação. Quadro 1.2 Alguns elipsoides e seus parâmetros Nome Datum Semieixo maior (a) Semieixo menor (b) Achatamento (f) Hayford Córrego Alegre 6.378.388,000 b � a � f � a 1/297 SGR-67 SAD-69 6.378.160,000 1/298,25 SGR-80 WGS-84 6.378.137,000 1/298,257223563 Fonte: IBGE (2005). Tuler_topografia_01.indd 13Tuler_topografia_01.indd 13 23/07/13 16:5523/07/13 16:55 14 F u n d a m e n to s d e T o p o g ra fi a Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994), o campo topográfico tem as seguintes características: • As projetantes são ortogonais à superfície de projeção, significando estar o centro de proje- ção localizado no infinito. • A superfície de projeção é um plano normal à vertical do lugar no ponto da superfície terres- tre considerado como origem do levantamento, sendo seu referencial altimétrico referido ao datum vertical. • As deformações máximas inerentes à desconsideração da curvatura terrestre e à refração atmosférica têm as seguintes expressões aproximadas: l (mm) � � 0,004 � l3 (km) h (mm) � � 78,5 � l2 (km) h’ (mm) � � 67 � l2 (km), onde l � Deformação planimétrica devida à curvatura da Terra, em mm h � Deformação altimétrica devida à curvatura da Terra, em mm h’ � Deformação altimétrica devida ao efeito conjunto da curvatura da Terra e da refra- ção atmosférica, em mm l � Distância considerada no terreno, em km • O plano de projeção tem a dimensão máxima limitada a 80 km, a partir da origem, de ma- neira que o erro relativo, decorrente da desconsideração da curvatura terrestre, não ultrapasse 1/35.000 nessa dimensão e 1/15.000 nas imediações da extremidade dessa dimensão. Há outros fundamentos matemáticos para definir o limite do campo topográfico, como: a) Considerar um plano tangente em ponto médio da porção considerada. O erro cometido ao substituir o arco pela tangente em uma extensão da superfície terres- tre denominando erro de esfericidade (veja a Fig. 1.11): Erro de esfericidade (e) e � AB � AF’ (1) 1. Pelo triângulo ABC, temos: AB � AC � tg AB � R � tg (2) Tuler_topografia_01.indd 14Tuler_topografia_01.indd 14 23/07/13 16:5523/07/13 16:55 15 c a p ít u lo 1 G e n e ra li d a d e s e d e fi n iç õ e s 2. Considerando a circunferência terrestre, temos: 2 � � R → 360 AF → (3) e AF � AF’ 3. (2) e (3) em (1), temos: tg Para exemplificar, considere os seguintes valores: Raio da Terra � 6.367.000 m; α � 0° 30’. Para esses valores, tem-se a seguinte solução: tg � 55.563,96 m � 55.562,55 m � 1,41 m. Esse valor pode ser considerado desprezível nas operações topográficas correntes, em face da precisão de alguns instrumentos usados. Logo, pode-se afirmar que uma área limite de aproximadamente 55 km de raio é satisfatória para limitar o campo topográfico. Acima desse valor, devem-se fazer considerações à precisão imposta. b) Considerar o erro de graficismo. Uma vez que a planta topográfica é representada sob um erro de graficismo da ordem de 0,1mm, a limitação do campo topográfico para obtenção da precisão desejada também pode ser função da escala adotada. Considere o erro de esfericidade (e) da alínea anterior: . C F D H 1 H BF’A E Ra io d a Te rr a EAD � Arco da Terra HH 1 � Plano horizontal tangente em A AC � CF � Raio da Terra AF � Arco com ângulo central Figura 1.11 Extensão do campo topográfico. Tuler_topografia_01.indd 15Tuler_topografia_01.indd 15 23/07/13 16:5523/07/13 16:55 16 Sendo muito pequeno em relação a R, desenvolvendo tg em série e desprezando os termos acima de 5, temos: Denominando o arco R � de D, o erro D da distância D será: e D � erro de graficismo � denominador da escala. Finalmente: D3 � 3 � R2 � erro de graficismo � denominador da escala. Veja o exemplo a seguir: Tuler_topografia_01.indd 16Tuler_topografia_01.indd 16 23/07/13 16:5523/07/13 16:55 Terra geoidal, elipsoidal, esférica e plana