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Elementos de Máquinas II Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Lincoln Nascimento Ribeiro Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Transmissão por Correias • Transmissão por Elementos Flexíveis; • Transmissão por Correias; • Esforços na Transmissão de Potência em Polias e Correias; • Exemplo de Aplicação. • Conhecer as características geométricas e os esforços presentes em sistemas de transmis- são compostos por polias e correias. OBJETIVO DE APRENDIZADO Transmissão por Correias Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Transmissão por Correias Transmissão por Elementos Flexíveis As engrenagens são rodas dentadas cilíndricas largamente utilizadas para a transmissão de movimento e potência. São caracterizadas pelo contato direto entre a engrenagem motora e a engrenagem movida. Na Figura 1 é possível visualizar um exemplo de transmissão de potência e mo- vimento por meio de engrenagens: Figura 1 – Exemplo de transmissão por engrenagens Fonte: Getty Images Essa característica causa limitação nos sistemas de transmissão. Quando, em uma máquina, o eixo motor e o eixo a ser movido estão consideravelmente dis- tantes entre si, torna-se necessária a utilização de engrenagens entendidas como grandes, pois isso aumenta o espaço ocupado pelo sistema de transmissão, além de ter, como consequência, um ganho significativo do peso do sistema de transmissão. Por sua vez, o aumento no peso do sistema de transmissão causará aumento no consumo de energia para movimentar esse sistema, reduzindo a sua eficiência. Outra limitação das engrenagens ocorre quando existe um desalinhamento entre o eixo motor e o eixo movido. Em casos assim, o contato entre os dentes das engre- nagens não seria uniforme, o que inviabilizaria a transmissão de potência. Quais são as alternativas para realizar a transmissão de movimento e potência em situações onde o eixo motor e o eixo movido estão consideravelmente distantes entre si?Ex pl or Para resolver esse problema foram criados os elementos flexíveis de transmissão de potência e movimento, que podem ser realizados com dois tipos de elementos de máquinas, as correias e correntes. De modo que nesta Unidade trataremos das transmissões de potência e movimento por meio de polias e correias. 8 9 Transmissão por Correias A transmissão de movimento e potência por correias é realizada por meio de dois tipos de elementos de máquinas, as polias e correias. As polias são rodas utilizadas para a transmissão de potência e movimento de um eixo motor – que possui movimento de rotação – para outro eixo que passará a ter esse movimento de rotação – eixo movido. Dependendo do diâmetro das polias, haverá aumento ou redução na velocidade de rotação entre o eixo motor e o eixo movido. As correias são os elementos flexíveis utilizados para a transmissão de movi- mento e potência de uma polia motora para uma polia movida. Na Figura 2 é possível visualizar um exemplo de transmissão de potência e mo- vimento por meio de duas polias e uma correia: Polia motora Polia movida Correia Figura 2 – Exemplo de transmissão por polias e uma correia Fonte: Adaptado de Getty Images Note que a primeira polia – motora – está acoplada no eixo de um motor elétrico e a segunda polia está acoplada em um compressor de ar. Uma correia de borracha é responsável por transmitir o movimento da polia motora à polia movida. A principal vantagem na utilização de polias e correias em transmissões de po- tência e movimento é a possibilidade de realizar essa transmissão mesmo que os eixos estejam distantes entre si, bastando alterar o comprimento da correia. Características Geométricas das Polias e Correias Ao se desenhar, dimensionar ou construir um sistema de transmissão composto por polias e correias, devem ser conhecidas ou determinadas diversas dimensões que representam características geométricas desses elementos de máquinas. Nesse sentido, existem quatro tipos de correias: • Planas; • Redondas; • Em V; • Sincronizadoras. 9 UNIDADE Transmissão por Correias Essas nomenclaturas têm relação com o formato da seção de tais correias. No Quadro 1 figuram os formatos e algumas características dos quatro tipos de correias: Quadro 1 – Tipos de correias Tipo de correia Formato Tamanho Distância entre os centros Plana Espessura t de 0,75 mm a 5 mm Sem limite máximo Redonda Diâmetro d de 3,175 mm (1/8”) a 6,35 mm (3/4”) Sem limite máximo V Espessura b de 8 mm a 19 mm Limitada Sincronizadora Passo p igual a 2 mm ou superior Limitada Uma característica a ser considerada quando correias para a transmissão de movimento e potência são utilizadas é a possibilidade de escorregamento entre as polias e correias. Ocorre escorregamento nas transmissões por correias sincronizadoras? Ex pl or Nas correias sincronizadoras não ocorre escorregamento durante a transmissão de potência e movimento, pois esse tipo de correia possui dentes que se encaixam em ranhuras na polia sincronizadora, impedindo o escorregamento. As correias planas possuem o formato da área de seção transversal retangular. As principais características das correias planas são as seguintes: • Possibilidade de utilizá-las para transmitir movimento e potência entre eixos que não estão paralelos, ou seja, que possuem ângulo de inclinação entre si – são os chamados eixos reversos; • Podem ser utilizadas para a transmissão de potência entre eixos consideravel- mente distantes entre si; • Permitem a transmissão de altas potências; • São silenciosas. Na Figura 3 temos duas polias montadas em eixos não paralelos – eixos rever- sos – e conectadas por uma correia plana: 10 11 Figura 3 – Exemplo de correias planas em eixos reversos Fonte: MELCONIAN, 2013a Já na Figura 4 é possível visualizar as características geométricas de um par de polias com correias planas ou redondas em eixos paralelos: Figura 4 – Características geométricas de um par de polias com correias planas em eixos paralelos Fonte: BUDYNAS e NISBETT, 2016 O comprimento da correia (L) pode ser obtido através da Equação 1: L C D d D dD d� � � �� � � � � � �� �4 1 2 2 2 � � (1) Onde: L → comprimento da correia; C → distância entreos centros das polias; D → diâmetro da maior polia; d → diâmetro da menor polia; θD → ângulo de contato entre a maior polia e correia; θd → ângulo de contato entre a menor polia e correia. O ângulo de contato entre a maior polia e correia (θD ) pode ser obtido através da Equação 2: � �D D d C � � � � � � � � � � � � 2 2 1 sen (2) 11 UNIDADE Transmissão por Correias Já o ângulo de contato entre a menor polia e correia (θd ) pode ser obtido por meio da Equação 3: � �d D d C � � � � � � � � � � � � 2 2 1 sen (3) Importante! Os ângulos de contato entre a correia e as polias são medidos em radianos. Dessa forma, não se esqueça de utilizar a sua calculadora no modo radiano para resolver exercícios que envolvam tais ângulos. Importante! Como é possível observar no Quadro 1, as correias redondas dão formato à área de seção transversal circular, de modo que podem ser utilizadas nas mesmas aplicações que as correias planas – porém, são pouco empregadas. As polias para correias planas precisam ter a superfície de contato abaulada e com ranhuras. Por sua vez, as correias em V possuem o formato da área de seção transver- sal trapezoidal. As principais características das correias planas são as seguintes: • Não é possível utilizá-las para transmitir movimento e potência entre eixos que não estão paralelos, ou seja, os chamados eixos reversos; • Não podem ser utilizadas para a transmissão de potência entre eixos conside- ravelmente distantes entre si; • Não possuem emendas, ou seja, são fabricadas em comprimentos previa- mente determinados; • São menos eficientes na transmissão do que as correias planas; • A polia pode ser construída com vários rasgos, a fim de que sejam utilizadas múltiplas correias para a transmissão de maiores potências. Na Figura 5 temos uma polia com múltiplas correias: Figura 5 – Exemplo de correias em V em uma polia com vários rasgos Fonte: Getty Images 12 13 As correias sincronizadoras possuem dentes e são utilizadas com polias que têm ranhuras onde esses dentes se encaixam. As suas principais características são as seguintes: • Não é possível utilizá-las para transmitir movimento e potência entre eixos que não estejam paralelos, ou seja, os chamados eixos reversos; • Não há escorregamento na transmissão; • Podem ser utilizadas em qualquer velocidade; • O custo inicial desse tipo de correia é maior. Na Figura 6 é possível visualizar um exemplo de correia sincronizadora utilizada em motores automotivos: Figura 6 – Exemplo de correia sincronizadora em um motor automotivo Fonte: Getty Images Esforços na Transmissão de Potência em Polias e Correias Para demonstrar os esforços em correias utilizaremos, como exemplo, uma transmissão de potência entre dois eixos paralelos ligados entre si por uma correia plana, conforme ilustrado na Figura 7: Figura 7 – Esforços na transmissão de potência em correias planas Fonte: MELCONIAN, 2013a 13 UNIDADE Transmissão por Correias Os esforços representados na Figura 7 são os seguintes: • Ft → força tangencial; • F1 → força motriz; • F2 → força resistiva; • F → força resultante. Qual é a força responsável pelo movimento e pela transmissão de potência em uma engre- nagem cilíndrica de dentes retos?Ex pl or A força responsável pelo movimento e transmissão de potência na correia é a tangencial. Para a polia menor, a relação entre a força tangencial e o momento torsor atu- ante na correia pode ser determinada através da Equação 4: M F rt t� � (4) Onde: • Ft → força tangencial. • r → raio da polia menor. • M t → momento torsor ou torque. O raio da polia menor, por sua vez, pode ser calculado pela Equação 5: r d = 2 (5) Onde: • r → raio da polia menor; • d → diâmetro da polia menor. Caso seja necessário calcular o momento torsor na polia maior, bastará substi- tuir o valor do raio ou diâmetro ao valor da polia maior. A força tangencial (Ft) também pode ser obtida pela diferença entre as forças motriz e resistiva, conforme se vê na Equação 6: F F Ft � � 1 2 (6) 14 15 Onde: • Ft → força tangencial; • F1 → força motriz; • F2 → força resistiva. Finalmente, a intensidade da força resultante pode ser obtida através da Equação 7: F F F F F d� � � � � � � � � � 1 2 2 2 1 2 2 cos� (7) Onde: • F1 → força motriz; • F2 → força resistiva; • F → força resultante. A relação entre potência e momento torsor para uma máquina rotativa pode ser obtida com a Equação 8: N M nm t� � � �2 � � (8) Onde: • Nm → potência mecânica; • Mt � → momento torsor; • n → número de rotações por segundo; • π → 3,1415926... Unidades de medida: N J s W Wattsm� � � � �� M N mt� � � �� n rps rot s � � � �� �� � � adimensional Caso o número de rotações (n) desse componente ao longo do tempo seja dado em rotações por minuto (rpm), a relação entre potência e momento torsor para uma máquina rotativa poderá ser conhecida por meio da Equação 9: N M n m t� � � �2 60 � (9) 15 UNIDADE Transmissão por Correias Onde: • Nm → potência mecânica. • Mt � → momento torsor. • n → número de rotações por minuto. • π → 3,1415926... Unidades de medida: N J s W Wattsm� � � � �� M N mt� � � �� n rpm rot min � � � �� �� � � adimensional A razão entre as forças motriz e resistiva é dada pela Equação 10: F F e d1 2 � �� � (10) Onde: • F1 → força motriz; • F2 → força resistiva; • θd → ângulo de contato entre a polia menor e a correia; • µ → coeficiente de atrito entre a polia e a correia; • e → 2,71. O coeficiente de atrito entre a polia e correia pode ser obtido consultando o Quadro 2: Quadro 2 – Coeficiente de atrito entre a polia e correia Material das polias Tipos de Correia Papel Madeira Aço Fofo De couro Curtimento vegetal Curtimento mineral 0,35 0,50 0,30 0,45 0,25 0,40 0,25 0,40 De algodão Tecidos Costurados 0,28 0,25 0,25 0,23 0,20 0,20 0,22 0,20 De lã Emborrachada 0,35 0,32 0,20 0,30 Fonte: MELCONIAN, 2013a 16 17 Exemplo de Aplicação No par de polias da seguinte Figura a transmissão de uma potência e movimento é realizada por uma correia plana. A polia menor está acoplada a um eixo motor cuja rotação é igual a 1.200 rpm e a potência desse motor é igual a 10.000 W. A distância entre os centros das polias é igual a 2,5 m. O diâmetro da polia moto- ra (1) é igual a 0,15 m e o diâmetro da polia movida (2) é igual a 0,45 m. Figura 8 Fonte: BUDYNAS e NISBETT, 2016 Determinar: 1. O momento torsor atuante na polia menor – motora; 2. A relação de transmissão do conjunto; 3. O ângulo de contato entre a correia e polia menor; 4. O ângulo de contato entre a correia e polia maior; 5. O comprimento da correia; 6. A força tangencial atuante na correia. Resolução: 1. O momento torsor atuante na polia menor – motora: A relação entre o momento torsor e a potência do motor é dada por: N M n motor t� � � �2 60 � 60 2 � � � � N n Mmotor t� 60 10000 2 3 14 1200 1 � � � � W Mt , 79 6178 1 , N m Mt� � 17 UNIDADE Transmissão por Correias Podemos também multiplicar o resultado por 1.000 para ter o valor do momento torsor em N.mm: 79617 8 1 , N mm M t � � 2. A relação de transmissão do conjunto: A relação de transmissão em função dos diâmetros das polias é dada por: i d d12 2 1 = i m m12 0 45 0 15 = , , i 12 3= 3. O ângulo de contato entre a correia e polia menor: O ângulo de contato entre a correia e polia menor é dado por: � �d D d C � � � � � � � � � � � � 2 2 1 sen �d m m m � � � � � � � � � � � � 3 14 2 0 45 0 15 2 2 5 1 , , , , sen �d rad� 3 0199, 4. O ângulo de contato entre a correia e polia maior: O ângulo de contato entre a correia e polia maior é dado por: � �D D d C � � � � � � � � � � � � 2 2 1 sen �D m m m � � � � � � � � � � � � 3 14 2 0 45 0 15 2 2 5 1 , , , , sen �D rad� 3 26, 5. O comprimento da correia: O comprimento da correia é dado por: L C D d D dD d� � � �� � � � � � �� �4 1 2 2 2 � � Lm m m m rad m ra� �� � � �� � � � � � �4 2 5 0 45 0 15 1 2 0 45 3 26 0 15 3 0199 2 2 , , , , , , , dd� � L m= 5 951, 18 19 6. A força tangencial atuante na correia: No eixo motor temos: M F rt t� � M F d t t� � 2 2 � � M d Ftt 2 79 6178 0 15 � � � , , N m m Ft 1061 57, N Ft= 19 UNIDADE Transmissão por Correias Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Para acessar as obras, percorra o seguinte caminho: Após entrar em sua área do aluno, no menu à esquerda da tela, clique em Serviços, depois em Biblioteca e, no centro da tela, clique em E-books – Minha Biblioteca. No topo da tela que abrirá haverá um campo de busca para autor, título, assunto etc. Nesse espaço, digite o nome da obra e clique na capa que aparecerá como resultado: Elementos de Máquinas Como Material complementar, leia o capítulo 4 (p. 54-91) da obra de Sarkis Melconiam, intitulada Elementos de máquinas, disponível na Biblioteca Virtual da Universidade, no item E-books – Minha Biblioteca. Nesse texto serão apresentados mais exemplos de dimensionamento de correias planas e em V e quadros para consulta. Elementos de máquinas de Shigley Leia também o capítulo 17 (p. 862-917) da obra de Budynas e Nisbett, intitulada Elementos de máquinas de Shigley, disponível na Biblioteca Virtual da Universidade, no item E-books – Bib. Virtual Universitária. Nesse texto serão apresentadas mais características das transmissões de potência através de elementos flexíveis, incluindo correias e correntes. Vídeos Elementos de Transmissão – Polias e Correias https://youtu.be/BERElFTbEWc Iwis - Correntes de Transmissão https://youtu.be/IhUh6A_V0vk 20 21 Referências BUDYNAS, R. G.; NISBETT, J. K. Elementos de máquinas de Shigley. 10. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2016. HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. MELCONIAN, S. Elementos de máquinas. 10. ed. São Paulo: Érica, 2013a. _________. Mecânica técnica e resistência dos materiais. 19. ed. São Paulo: Érica, 2013b. PEREIRA, C. P. M. Mecânica dos materiais avançada. Rio de Janeiro: Inter- ciência, 2014. 21