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INTRODUÇÃO ÀS PLANTAS MEDICINAIS 
E FITOTERAPIA 
 
A origem do conhecimento do homem sobre as virtudes das plantas 
confunde-se com sua própria história. 
Certamente surgiu, à medida que tentava suprir suas necessidades 
básicas, através das casualidades, tentativas e observações, conjunto de 
fatores que constituem o empirismo. 
 
 
 
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Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ................................................................................. 3 
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 4 
O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL E SUAS ORIGENS .. 10 
A HERANÇA AFRICANA ...................................................................... 13 
ORIXÁS, SAÚDE E DOENÇA .............................................................. 17 
A HERANÇA INDÍGENA ...................................................................... 20 
OUTRAS HERANÇAS CULTURAIS ..................................................... 23 
A IMPORTÂNCIA DA QUIMIOSSISTEMÁTICA .................................... 24 
AS DIRETRIZES DA OMS E NORMATIZAÇÕES PARA USO E ESTUDO 
NO BRASIL ..................................................................................................... 25 
CUIDADOS NO USO DE PLANTAS MEDICINAIS ............................... 32 
PRECAUÇÕES NO USO DOS FITOTERÁPICOS ............................... 44 
AS ERVAS TÊM UM MELHOR EFEITO QUE OS MEDICAMENTOS .. 47 
FITOTERAPIA ...................................................................................... 49 
Etnobotânica e Etnofarmacologia ......................................................... 50 
Etnobotânica......................................................................................... 50 
Etnofarmacologia .................................................................................. 52 
O uso das plantas medicinais ............................................................... 53 
Planta Medicinal: Aspectos Botânicos ............................................. 55 
PLANTAS MEDICINAIS ....................................................................... 60 
Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos . 84 
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos ....................... 84 
Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos ................... 86 
Terminologias de interesse da fitoterapia ............................................. 89 
FORMA DE USO DAS PLANTAS MEDICINAIS ................................... 92 
 
 
 
2
 
2 
Fitoterapia Clínica e a Prescrição de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
.......................................................................................................................101 
Paradigmas da Fitoterapia ...................................................................105 
Modalidades de prescrição fitoterápica ................................................106 
Preparações fitoterápicas ....................................................................108 
REGULAMENTAÇÃO PARA PLANTAS MEDICINAIS E 
FITOTERÁPICOS NA SAÚDE .......................................................................114 
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS MANIPULADOS .......................118 
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS INDUSTRIALIZADOS ...............120 
Prescrição de fitoterápicos...................................................................122 
Vamos utilizar o mesmo exemplo, porém com um ativo exclusivo:
 ...............................................................................................................122 
Veja um exemplo de formulação para perda de peso, associado a 
diminuição da libido: ...............................................................................123 
Dicas sobre fitoterápicos .....................................................................124 
Prescrição de fitoterápicos e profissionais atuantes ............................124 
Importância do farmacêutico na fitoterapia ..........................................125 
Medicamentos e produtos fitoterápicos Indicações Restrições ............127 
Não recomendado uso contínuo por mais de seis semanas, sem 
acompanhamento médico. .............................................................................128 
Venda livre para ação expectorante, carminativo e antiespasmódico. .128 
Venda livre como coadjuvante nos casos de obstipação intestinal. .....128 
REFERÊNCIAS ...................................................................................129 
 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
A origem do conhecimento do homem sobre as virtudes das plantas confunde-
se com sua própria história. 
Certamente surgiu, à medida que tentava suprir suas necessidades básicas, 
através das casualidades, tentativas e observações, conjunto de fatores que 
constituem o empirismo. 
O homem primitivo dependia fundamentalmente da natureza para a sua 
sobrevivência e utilizou-se principalmente das plantas medicinais para curar-se. 
No decorrer de sua evolução surgiram novas terapias. 
Entretanto, até 1828, quando Friedrich Wohler sintetizou a ureia a partir de uma 
substância inorgânica, o cianato de amônio, o homem não conhecia como 
origem de matéria orgânica qualquer fonte que não fosse vegetal, animal ou 
mineral. Isso significa que praticamente com exceção do século XX, toda a 
história da cura encontra-se intimamente ligada às plantas medicinais e aos 
recursos minerais. 
Acredita-se que o registro mais antigo de todos é o Pen Ts’ao, de 2800 a.C., 
escrito pelo herborista chinês Shen Numg, que descreve o uso de centenas de 
plantas medicinais na cura de várias moléstias. A eficácia das drogas de origem 
vegetal é fato desde as mais remotas civilizações, na chamada “Matriz 
Geográfica” da civilização ocidental: o quadrante noroeste que envolvia Europa 
(Mar Mediterrâneo), África Setentrional (Vale do Rio Nilo), Ásia Ocidental 
(Mesopotâmia) e as regiões entre os rios Tigre e Eufrates. 
Os egípcios, sob a proteção de Imhotep, o Deus da cura, e a sapiência de seus 
inúmeros sacerdotes, muitos com funções médicas definidas, tornaram-se 
famosos pelos seus conhecimentos com os incensos, as resinas, as gomas e 
mucilagens que faziam parte da arte da mumificação. 
O egiptólogo alemão Yorg Ebers, no final do século XIX, ocasionalmente teve 
acesso a um longo papiro datado de aproximadamente 1500 a.C., que após 
 
 
 
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tradução passou para a história como “Papiro de Ebers”, um dos mais 
importantes documentos da cultura médica. 
O Papiro inicia com a audaciosa frase “Aqui começa o livro da produção dos 
remédios para todasas partes do corpo humano ...” Dessa forma o mundo tomou 
ciência de uma Farmacopeia egípcia contendo a descrição de espécies vegetais 
como a Mirra, de uso adstringente e anti-inflamatório, o látex do Olíbano, para 
inflamações bucais, Sândalo como antidiarreico. 
A papoula, fonte do ópio, morfina, codeína e papaverina era conhecida como 
sedativo, antiespasmódico, chamado de “remédio para acabar com a 
choradeira”. 
Muitas drogas usadas no Egito vinham de outras regiões. Naquela época, o 
comércio de drogas vegetais era intenso e as cidades do Reino de Sabá, no 
extremo sudoeste do deserto arábico, ganharam fama pelos seus jardins 
paradisíacos onde cresciam ervas milagrosas. 
Os sabeus, até 1000 a.C., promoviam caravanas frequentes ao Egito para 
comercializar incensos, mirra, outros gêneros da família burseraceae e outras 
espécies asiáticas através do porto de Gherrá, hoje Golfo Pérsico. 
Dessa forma, novas drogas como cinamomo, pimenta da Malásia, gengibre, 
romã, cálamo aromático e os aloés da ilha de Socotra (Ilha do Oceano Índico 
localizada ao sul da Arábia, atualmente protetorado da República do Iêmen) 
chegaram ao Egito e ao Mediterrâneo. 
Outras plantas vieram da ilha grega de Creta para o Egito. Os cretenses 
dominaram o mar e o comércio no Mediterrâneo até 2000 a.C., entre as espécies 
citadas acima estão o açafrão, a sálvia e o arbusto de Chipre, de cujas cascas e 
folhas se faziam a Henna, que tingia as unhas e os cabelos das egípcias. 
Paralelamente, a exemplo do que ocorreu no Egito, os sumérios, próximo ao 
terceiro milênio a.C., detinham conhecimentos que foram repassados para a 
humanidade através de escrita cuneiforme, em placas de argila. 
 
 
 
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6 
Dessas placas, várias receitas foram traduzidas como o uso da beladona, fonte 
de atropina; do cânhamo da Índia chamado Quinabu, a Cannabis sativa L. 
indicada para dores em geral, bronquite e insônia. 
Em uma dessas placas há a descrição da coleta do GIL, que significa prazer. 
É uma referência à coleta e uso ritual da papoula, Papaver somniferum L. O 
herbário assírio também dispunha de muitos fármacos tais como meimendro, 
mandrágora, junco e tomilho. 
A Índia, provavelmente, comercializava drogas vegetais desde 2500 a.C., seu 
maior legado está citado na tradição dos sábios “Váidia”, no império do Vale do 
rio Indo, a Noroeste da Índia, onde hoje é o Paquistão. 
Os primeiros tratados médicos de grande importância são de aproximadamente 
500 a.C., o ”Taxaraca-Samhita e Susruta-Samhita”, prováveis precursores do 
sistema UNANI de medicina árabe. 
Estes sistemas terapêuticos são certamente a origem inspiradora da medicina 
hipocrática grega, conhecida como a mãe da medicina ocidental. 
Os antigos médicos hindus, conheciam uma droga poderosa devido à forma 
semilunar de seus frutos, usados contra cefaleia e angústia. Eram chamados de 
“remédio para homens tristes”. 
Essa droga posteriormente conquistou o mercado farmacêutico mundial nos 
meados do século XX como hipotensora e calmante, a Rauwolfia serpentina L., 
fonte de reserpina. Durante as chamadas civilizações clássicas, as drogas 
vegetais começam a ser registradas de forma sistemática. 
Na Grécia, Pedacius Dioscórides escreveu a obra que foi posteriormente 
traduzida para o Latim por humanistas do século XV, chamada De Matéria 
Médica que por mais de 1500 anos, durante o período greco-romano e na Idade 
Média, foi considerada a bíblia de médicos e farmacêuticos. Dioscórides 
descreveu a origem, características e usos em terapêutica de mais de 500 
 
 
 
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drogas vegetais, aproximadamente 100 drogas de origem animal e outras tantas 
de origem mineral. 
Acredita-se que a matéria-médica, transformada em disciplina didática, deu 
origem à moderna Farmacognosia. 
Após a queda do Império Romano, a Europa atravessou um longo período de 
obscurantismo científico entre os séculos V e XV, a chamada Idade Média. 
De forma paralela, nesse período, o mundo árabe emergiu com grande atividade 
científica sendo acrescido de alguns conhecimentos de origem indiana. 
Dessa forma, surge a Medicina Árabe, destacando-se o médico Avicena e as 
suas famosas flores como terapêutica para os males cardíacos. Através da 
península Ibérica, os conhecimentos árabes ganharam toda a Europa. 
Muitas drogas, novas para a época, foram introduzidas na terapêutica europeia: 
canela, limão, noz-moscada, sene, tamarindo e cânfora são algumas das mais 
importantes. 
As descobertas geográficas, ao final do século XV, com a abertura das rotas 
marítimas para as Índias e para a América trouxeram o conhecimento de outros 
vegetais como o coco, o chá preto e o café, iniciando uma nova era para o estudo 
de fitofármacos. 
A noção básica do entendimento de substâncias responsáveis pela atividade 
farmacológica e a resposta terapêutica como potencial característico de uma 
certa espécie vegetal, é creditada a Paracelso. 
Este físico suíço, no início do século XVI, começou a praticar a extração de 
substâncias a partir de drogas até então consideradas como indispensáveis, as 
quais denominou de Quinta Essentia. 
A Quinta Essência é provavelmente a primeira noção de princípio bioativo. 
Entretanto, somente ao final do século XVIII tornou-se viável uma proposta 
 
 
 
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científica sólida para o uso de fitofármacos, a partir do isolamento e estudo de 
metabólitos especiais. 
As primeiras substâncias químicas foram isoladas de extratos vegetais quando 
os ácidos orgânicos: oxálico, málico e tartárico foram separados e identificados. 
A partir daí, no início do século XIX, várias foram as substâncias bioativas 
isoladas: narcotina e morfina do ópio; estricnina de Strychnus nux-vomica; 
quinina de Cinchona; cafeína de Coffea. 
Os primeiros heterosídeos, salicina e digitalina, ainda são desse século. Data 
também do início do século XIX, um novo aspecto do estudo de plantas 
medicinais, através do desenvolvimento da fisiologia e da farmacologia 
experimental. 
Em 1809, foram descritos os primeiros trabalhos sobre os efeitos tóxicos de 
Strychnus em animais de laboratório. 
Entretanto, é atribuído a Claude Bernard o mérito de estudar através de ensaios 
de laboratório com animais, a atividade de plantas indicadas empiricamente para 
fins medicinais e usadas na medicina popular, definindo sua forma de ação 
sistêmica. 
Nessas análises experimentais, começaram-se a testar substâncias bioativas, 
isoladas de extratos vegetais, iniciando uma nova visão de aplicação terapêutica. 
Sendo assim, pode-se sugerir que etnomedicina, farmacologia e química de 
produtos naturais caminham juntas desde o início do século XIX, tendo através 
do desenvolvimento científico, sofrido diferenciações e especialização a partir de 
uma ciência única, a “matéria médica”. 
Dessa forma, adquiriu características próprias. Hoje, na virada do século XX, os 
pesquisadores de áreas afins procuram valorizar as ações multidisciplinares e 
multiprofissionais como prioridade para o estudo científico na busca racional de 
princípios bioativos. Muitas drogas vieram da antiguidade e através dos séculos 
sobreviveram aos diferentes hábitos culturais. 
 
 
 
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Na Grécia, em 800 a.C., o poeta Homero, na Odisseia, narra que Helena servia 
a Telêmaco quando esse se sentia triste pela lembrança de Ulisses... “uma 
poção de esquecimento retirada da seiva da dormideira”. 
Em várias pinturas, datadas da Idade Média, existem referências à Mandrágora, 
planta mágica usada como anestésico em cirurgias apesar de sua conhecida 
toxidez. 
Sua raiz antropomorfa e bifurcada, lembrando duas pernas, através da Teoria 
das Assinaturas, contribuiu muito para a fama de planta mística e afrodisíaca. 
Na comédia satírica Mandrágola, em 1515, Maquiavel ridicularizou a hipocrisiado clero, a corrupção na Itália renascentista. 
No centro da trama está a Mandrágora, erva mágica fecundante. Sheakspeare, 
citou a mandrágora nas falas dos personagens Julieta e Cleópatra. Muitas são 
as lendas com essa planta, sempre presente nas fórmulas dos filtros de amor, 
nos unguentos das bruxas, nos rituais que proporcionariam prazer, fertilidade e 
felicidade eterna. Preciosos conhecimentos perderam-se no decorrer da história 
das civilizações, extintas por fenômenos naturais, migrações e, principalmente, 
pela ocorrência das invasões gregas, romanas, muçulmanas e pelas 
colonizações europeias, que impuseram seus costumes, alterando realidades 
socioculturais e econômicas. 
No Brasil, o conhecimento dos índios, dos africanos e de seus descendentes 
está desaparecendo em decorrência da imposição de hábitos culturais 
importados de outros países, havendo um risco iminente de se perder essa 
importante memória cultural. 
 
 
 
 
 
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O USO DE PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL E SUAS 
ORIGENS 
A pesquisa etnofarmacológica, vertente relativamente nova do estudo de plantas 
medicinais, vem sendo reconhecida como um dos melhores caminhos para a 
descoberta de novas drogas, orientando os estudos de laboratório no 
direcionamento de uma determinada ação terapêutica, reduzindo 
significativamente os investimentos em tempo e dinheiro. 
O vocábulo etnofarmacologia, como um termo científico, surgiu em 1967, em um 
Simpósio Internacional em São Francisco nos Estados Unidos. Neste, foram 
abordados os aspectos histórico, cultural, antropológico, botânico, químico e 
farmacológico de drogas psicoativas. 
A denominação ganhou definitivamente status de ciência a partir do surgimento 
do Journal of Ethnopharmacology em 1979. 
Em 1981, Bruhn e Holmstedt descreveram a etnofarmacologia como “O 
conhecimento multidisciplinar de agentes biologicamente ativos, 
tradicionalmente estudados ou observados pelo homem”. 
Desenvolvendo esse conceito sob a ótica de seu significado cultural, 
independente do pensamento cartesiano a respeito da ação de drogas, o 
levantamento de dados etnofarmacológicos propõe que a atitude do pesquisador 
seja ampla e receptiva, sem ideias preconcebidas sobre saúde e doença e que 
a atitude em relação aos agentes farmacologicamente ativos ocorra numa 
perspectiva cultural e histórica. Sendo assim, os objetos de estudo da 
etnofarmacologia, são as informações coletadas dentro de uma determinada 
população culturalmente definida (grupo étnico). 
Em geral, além dos minerais e produtos de origem animal, os “remédios” de 
origem vegetal produzidos pelo homem, não são mais consideradas plantas 
medicinais in natura e sim uma certa espécie vegetal manipulada e ingerida de 
maneira específica para uma determinada finalidade terapêutica. 
 
 
 
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A partir dessa concepção, as informações etnofarmacológicas são usadas como 
ponto de partida para o delineamento experimental, que objetiva o estudo da 
espécie como um fármaco em potencial, ou seja, qual ação farmacológica tem o 
maior potencial de revelar dados que validem a indicação popular. 
Sendo assim, de acordo com a RDC n. 14, publicada em 05 de abril de 
2010, da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), planta 
medicinal: é “espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com 
propósitos terapêuticos”. 
Derivado vegetal: é “produto da extração de planta medicinal in natura ou da 
droga vegetal podendo ocorrer na forma de extrato, tintura, alcoolatura, óleo fixo 
e volátil, cera, exsudato e outros derivados”. 
Matéria-prima vegetal: “compreende a planta medicinal, a droga vegetal ou o 
derivado vegetal”. São considerados medicamentos fitoterápicos “os obtidos 
com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e 
segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de 
utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas”. 
De acordo com as definições farmacotécnicas, considera-se medicamento, todo 
produto farmacêutico empregado para modificar ou explorar sistemas 
fisiológicos ou estados patológicos, em benefício da pessoa a quem se 
administra, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou de diagnóstico 
(OMS), como, por exemplo, o uso de um analgésico com o propósito de aliviar 
uma dor. 
Denomina-se remédio “todos os meios físicos, químicos ou psicológicos através 
dos quais se procura o restabelecimento da saúde”. 
Exemplificando: o uso de arruda nas rezas e o banho de sal grosso, ambos 
contra mau-olhado. 
Reafirma-se a importância do entendimento dos conceitos de saúde, doença e 
“remédio” da população abordada, pois tais conceitos são variáveis em cada 
 
 
 
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cultura e, portanto, é necessário levar em consideração o contexto no qual uma 
determinada planta é considerada como medicamento. 
Para uma doença culturalmente definida, o remédio indicado poderá ser eficaz 
apenas naquele momento cultural, ritualístico. 
Porém, é pouco provável que tenha um princípio bioativo que possa ser utilizado 
com aplicabilidade universal. 
Somente através da descodificação por correlação entre os conceitos de nosso 
sistema biomédico convencional e os conceitos da medicina tradicional, torna-
se possível propor hipóteses de trabalho experimental viáveis a fim de otimizar 
a eficiência dos estudos que objetivem o desenvolvimento de novas drogas ou 
preparações terapêuticas úteis. 
As pesquisas etnofarmacológica e etnobotânica no Brasil são assuntos 
controvertidos, considerados por alguns “um grande desafio”. 
A tão cobiçada flora brasileira e sua famosa biodiversidade, constituída de um 
infinito número de espécies vegetais, vem sendo progressivamente destruída, 
perdendo-se também as informações sobre plantas medicinais tropicais, 
conhecimentos etnomédicos tão ricos e distintos e seus diversos matizes, sendo 
eles de origem africana, indígena e europeia. 
No Brasil, são consideradas cinco regiões em abundância de espécies 
medicinais: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal Matogrossense, 
Cerrado e Caatinga. 
Algumas dessas regiões possuem plantas medicinais indicadas popularmente, 
das quais ainda não foram realizados estudo químico, farmacológico ou 
toxicológico. 
 
 
 
 
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A HERANÇA AFRICANA 
Os levantamentos etnomédicos realizados, demonstram a forte influência da 
herança cultural africana na medicina popular do Brasil, principalmente no norte, 
nordeste e sudeste do país. 
A manutenção da herança africana em vários âmbitos socioculturais brasileiros 
é, antes de tudo, uma forma de resistência de uma camada mestiça da 
população. 
Com a vinda dos africanos para o Brasil, após três séculos de tráfico escravo, 
muitas foram as espécies vegetais trazidas, substituídas por outras de 
morfologia externa semelhante, enquanto algumas foram levadas daqui para o 
continente africano. 
No processo histórico brasileiro, os negros realizaram um duplo trabalho; 
transplantaram um sistema de classificação botânica da África e introjetaram as 
plantas nativas do Brasil na sua cultura, através de seu efeito médico simbólico. 
Sendo assim, ao incorporarem-se ao novo habitat e às novas condições sociais, 
algumas plantas indispensáveis aos rituais de saúde foram substituídas entre as 
plantas trazidas para o Brasil e que aqui mantêm seus nomes em Yorubá citam-
se: obí (Cola acuminata Schott e Endl.), da família Sterculiaceae; orobô (Garcinia 
cola Heckel), família Guttiferae; fava de Aridam (Tetrapleura tetraptera Paub), 
família Leguminosae; e akôkô (Newbouldia leavis Seem), família Bignoniaceae. 
Após a abolição, o chamado refluxo migratório de africanos e seus descendentes 
levou para a África: milho, guiné, pinhão branco, batata doce, fumo e algumas 
espécies de Annona(pinha, fruta de conde, graviola). 
Espécies africanas como a mamona, dendê, quiabo, inhames, tamarineiro e 
jaqueira, bem adaptadas, tornaram-se espontâneas. 
 
 
 
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Em 1942, na primeira edição de Brancos e Pretos na Bahia, Pierson já registrava 
a perda do “mundo mental africano” pelos seus descendentes e a crescente 
assimilação dos padrões culturais europeus. 
Este registro foi facilmente justificado pela escolarização e outros meios de 
difusão de cultura europeia dominante, afastando-se das crenças e práticas de 
seus antepassados. 
Entretanto, se os africanos e seus descendentes mestiços se “europeizaram” 
através dos séculos, no Brasil, houve um reverso onde o forte amarelo do dendê 
tingiu as louças portuguesas de Macau servidas nos sobrados dos senhores. 
O ritmo que se ouvia nos salões foi “assenzalando-se” e recebendo novos 
compassos. 
Essa aculturação (bilateral) pode ser também observada na medicina tradicional 
brasileira, principalmente na Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Maranhão. 
Na região metropolitana do Rio de Janeiro e de Salvador, observou-se um 
intenso consumo de espécies vegetais através dos terreiros de religião afro-
brasileira. 
Nestes, os Babalorixás e Yalorixás (sacerdotes), portadores de conhecimento 
etnomédico respeitável, prescrevem o uso das folhas, raízes, sementes e cascas 
para fins medicinais, banhos, ebós e outros propósitos ritualísticos. 
Essas plantas são geralmente obtidas nas barracas de mercados populares e de 
vendedores ambulantes denominados “erveiros de rua”. Pode-se dizer, portanto, 
que o uso popular de plantas medicinais nessas condições, constitui um 
complexo sistema de saúde não oficial em que participam “erveiros”, centros 
religiosos e comunidade. 
Durante muitos anos, esse sistema paralelo de terapêutica foi duramente 
criticado pela sociedade e até mesmo alvo de perseguição policial. Pode-se 
ilustrar o fato com antigos recortes de jornais como a manchete do Diário de 
Notícias de Salvador de 09 de maio de 1905: “Rapariga de família enlouquece 
 
 
 
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com a beberagem de Jurema no Candomblé”. Informações obtidas no recôncavo 
baiano afirmam que o guiné (Petiveria alliaceae, L.) da família Phytolacacceae, 
tinha como sinonímia popular o nome Amansa-senhor. 
Este nome, deve-se ao fato de ser preparada por escravos domésticos sob a 
forma de chá e misturada às refeições dos senhores e feitores, causando 
sonolência e, portanto, tornando-os mais brandos na convivência diária. 
Estudos farmacológicos pré-clínicos mais recentes, confirmam a ação da 
Petiveria alliaceae L. sobre o sistema nervoso central. 
Atualmente, alguns pesquisadores agrupam as manifestações de cura 
originadas nas crenças e costumes de origem africana como Terapêutica 
Yorubá. 
São considerados Yorubá aqueles cuja origem está localizada no sudoeste da 
Nigéria. 
No Brasil, são conhecidos como “Nagô”. Na verdade, quanto à origem, não há 
uma distinção clara no referente à terapêutica. 
O principal referencial é a filosofia do tratamento, sempre diretamente 
relacionada com as tradições ritualísticas. 
As crenças Yorubá estão associadas com as práticas de cura natural. 
As questões fisiológicas raramente estão dissociadas da cura espiritual e da 
concepção de vida e de morte. 
As plantas estão sempre presentes através do uso das folhas, raízes, frutos e 
das árvores de várias representações simbólicas, bem como outros elementos 
naturais, insetos, cinzas, ossos, ovos e muitos outros objetos utilizados para a 
cura e prevenção de doenças. 
 
 
 
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Uma pessoa doente ao beber um chá de uma determinada folha, deve sorver 
acreditando não somente nas propriedades medicinais químicas e/ou 
farmacológicas da planta, mas também no seu poder mágico ou espiritual. 
O pensamento Yorubá traz a crença no ancestral e em outros espíritos e deuses 
diretamente envolvidos no processo de cura. 
De acordo com a mitologia Yorubá, plantas e outros elementos terapêuticos e 
alimentícios são riquezas que os deuses proporcionam ao homem. 
As soluções para os problemas em geral e os diagnósticos das doenças, são 
indicados principalmente pelos oráculos, como por exemplo, o jogo de Ifá ou de 
búzios. 
Acredita-se que consultando os jogos divinatórios obtêm-se os conselhos do 
grande mestre Orunmila. 
A missão de Orunmila na terra usando de sua mais alta autoridade e sapiência, 
é revelar conhecimentos e conceder alguns pequenos poderes aos homens. 
A medicina vegetal é vista como um dom divino. Quem segue e conhece os seus 
ensinamentos poderá curar com plantas e palavras rituais os homens e mulheres 
doentes que chegarem ao seu caminho. 
De acordo com a lenda, Ossanyin e Orunmila eram filhos dos mesmos pais. 
Entretanto, uma guerra os separou e foram criados sem se conhecerem. Muitos 
anos depois, Ossanyin foi enviado para abrir as matas e arar a terra para o 
homem aprender a cultivar. 
Ele não pôde recusar essa missão porque nesse tempo era o único homem que 
poderia ter a capacidade de identificar a existência e a importância das plantas 
medicinais e outras ervas encantadas indicadas por Orunmila. 
Sendo assim, enquanto Ossanyin se especializou em plantas, Orunmila, através 
do jogo de Ifá, indicava os diagnósticos e a origem dos sintomas. Orunmila e 
 
 
 
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Ossanyin, segundo as tradições, foram os primeiros a conhecerem e curarem as 
pessoas com plantas medicinais nas terras Yorubá. 
Acredita-se que seus seguidores divulgaram as maravilhas das ervas e dos 
tratamentos medicinais tradicionais pelo mundo afora, de geração em geração. 
Pode-se definir a medicina de origem Yorubá como uma síntese de todos os 
conhecimentos, explicáveis ou não, à luz da medicina ocidental hipocrática 
(convencional), usados em diagnóstico, prevenção e eliminação de distúrbios 
físicos, mentais ou sociais repassados às gerações verbalmente ou de qualquer 
outra forma. 
Através dessa definição teórica, pode-se avaliar porque os defumadores, as 
“Limpezas”, “Ebós de Saúde” e “Sacudimentos”, os banhos de ervas, de “Abô”, 
de mar e de cachoeira, as preces, os cânticos e danças são consideradas, em 
conjunto, ações terapêuticas. 
Essas, são consideradas no mesmo nível de importância dos medicamentos de 
origem vegetal de ação sistêmica pelo doente afligido por males físicos mentais 
ou espirituais. Todas essas ações são consideradas “remédios” objetivando a 
cura. 
Alguns estudiosos do assunto sugerem um sistema classificatório de sintomas e 
doenças baseado em relações simbólicas entre o corpo, os Orixás, seus 
arquétipos e suas histórias (Itans). 
 
 
ORIXÁS, SAÚDE E DOENÇA 
Os diagnósticos na maioria das vezes, como citados anteriormente, resultam da 
consulta aos oráculos (jogos divinatórios) que determinam os sintomas, 
identificam os males e orientam os procedimentos de cura. 
 
 
 
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Podem-se observar duas grandes categorias de doenças: os distúrbios que se 
apresentam sob forma de desordem física, que podem ocorrer ou não no iniciado 
e que são relacionados com a atuação das divindades principais do indivíduo. 
A segunda categoria compreende as doenças endêmicas em geral como varíola, 
gripe, resultante da ação genérica do orixá Obaluaê e Omolú, considerados 
como “os senhores da vida e da morte”, sincretizados por São Lázaro e São 
Roque, chamados “médicos dos pobres”. 
Alguns observadores ressaltam que, em se tratando de iniciados, a 
sintomatologia pode exprimir a “marca” ou sinal de sua divindade principal ou de 
um Orixá que faça parte de seu ”carrego de santo”. Sendo assim, as doenças de 
pele (varíola, catapora, rubéola, sarampo e outras como coqueluche, caxumba 
e tuberculose) são de responsabilidade de Obaluaê e Omolú.O vitiligo, porém, é atribuído a Oxumarê, assim como a erisipela a Nanã, o que 
pode talvez ser explicado pelos laços de parentesco mítico entre essas três 
divindades (Nanã, a mãe de Obaluaê e Oxumarê). 
As doenças venéreas femininas, a falta ou excesso de “regras menstruais”, 
abortos, infertilidade e os demais distúrbios incluídos na categoria de “doenças 
de senhoras” ou “doenças da barriga”, constituem apelos ou “marcas” de Iemanjá 
e Oxum, ligadas ao elemento água, à feminilidade e à maternidade. Observa-se 
que em quase todas as oferendas para Oxum colocam-se ovos, símbolos da 
fertilidade. 
A esse Orixá, cabe também o restabelecimento das “doenças de crianças”. A 
impotência e a fertilidade masculinas aparecem ligadas a Xangô e a Exu, 
divindades viris do elemento fogo, sendo geralmente indicadas “garrafadas” 
cujos componentes em geral são plantas com características afrodisíacas e 
estimulantes. 
Os distúrbios respiratórios e os problemas de visão são atribuídos às divindades 
femininas Iansã e Oxum. Sugere-se que tal relação tenha origem no fato de 
 
 
 
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Oxum ser considerada a padroeira da adivinhação, dos “jogos de búzios”, sendo 
seus iniciados vistos como os melhores adivinhos ou “olhadores”). 
Já Iansã, ligada ao elemento ar, por ser a “dona dos ventos”, do movimento, da 
força controle dos elementos, imprime sua marca em seus “filhos” 
transgressores, sobretudo através de afecções do sistema respiratório tais como 
asma, falta de ar, enfisemas e outros males. 
Os distúrbios emocionais, “as doenças da cabeça” e manifestações de loucura, 
aparecem associados especialmente a Oxóssi (elemento terra), considerado o 
“dono de todas as cabeças” nos Candomblés “Ketu”, podendo também ser 
atribuídos a Ossanyim, “o dono das folhas” e mais raramente a Iansã, a quem 
também é associada a ninfomania. 
Os males do fígado e vesícula, as úlceras estomacais e as enxaquecas são 
vistos também como sinais de Oxóssi, algumas vezes percebidas como “marcas 
de seu filho Logunedé”. 
A magreza constitui uma das características arquetípicas desses Orixás, sendo 
o emagrecimento a eles atribuídos. Já a obesidade apresenta-se relacionada 
tanto às iabás Iemanjá e Oxum, como ao orixá masculino Xangô, todos 
associados em suas respectivas histórias, ao acúmulo de riqueza material e à 
gulodice. 
Os ferimentos e danos produzidos por instrumentos cortantes ou desastres 
automobilísticos são associados a Ogum (elemento terra), patrono do ferro e do 
progresso tecnológico. As queimaduras, no entanto, são de responsabilidade de 
Xangô e Exu, divindades do elemento fogo. 
As doenças do sistema circulatório e cardiovasculares estão relacionadas aos 
Orixás primordiais da criação: Oxalá, Nanã e Iemanjá. 
A esses deuses estão ainda associadas as inchações, reumatismos e artroses. 
Os distúrbios e dores renais, assim como o reumatismo, são vistos como “males 
 
 
 
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de velhos”, sendo atribuídos a Oxalá e Nanã, percebendo-se aí uma relação com 
a senilidade desses Orixás. 
Doenças recentemente reconhecidas são também classificadas, a AIDS por 
exemplo é considerada um flagelo característico do Orixá Ossanyim, 
provavelmente devido à relação desse Deus com a cura de enfermidades 
graves, mesmo as mais mórbidas. Para complementar o entendimento dos 
procedimentos da chamada Terapêutica Yorubá é preciso entender sem ideia 
preconcebida os conceitos de doença, saúde e remédio; a importância dos 
arquétipos relacionados aos deuses do panteão africano para o sistema 
classificatório de sintomas e doenças; as práticas de saúde (remédios, rituais de 
limpeza e purificação) e seus respectivos simbolismos. 
É importante afirmar que o paciente, nessas ações de saúde, é visto como 
indivíduo, agente de sua própria cura, com identidade própria, figura ímpar de 
uma história de vida emocional, social e ancestral. 
Deve-se considerar que os serviços institucionais de saúde, em geral, para uma 
faixa ampla da população urbana, é o último elo de uma cadeia em busca do 
restabelecimento da saúde. 
As práticas terapêuticas de origem afro-brasileira são opções amplamente 
utilizadas e divulgadas por veículos de comunicação de massa como programas 
de rádio, revistas populares, panfletos distribuídos em vias públicas e outros. Na 
verdade, é uma questão de saúde individual e coletiva para a qual deve-se estar 
atento. 
 
 
A HERANÇA INDÍGENA 
Embora nos últimos anos tenham sido realizadas inúmeras pesquisas com 
plantas úteis, biologicamente ativas, desde 1979, os pesquisadores Gottlieb e 
 
 
 
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Mors alertam para a crescente necessidade de agir com presteza pois os 
avanços da sociedade moderna e o consequente desflorestamento, destruíram 
o habitat de muitas espécies vegetais. 
A primeira descrição metódica das plantas utilizadas com fins medicinais pela 
população indígena no Brasil é atribuída a William Pies, médico da expedição 
dirigida por Maurício de Nassau ao nordeste do Brasil durante a ocupação 
holandesa (1630-1654). 
Na época, foram descritas a ipecacuanha, o jaborandi e o tabaco. Alguns anos 
mais tarde, a missão científica trazida ao Brasil pela princesa Leopoldina seria 
de grande importância científica para o país. 
Durante essa missão, o botânico Karl Friedrich Phillip Von Martius, documentou 
em detalhes a flora brasileira. 
Em 1847, a convite de Von Martius, chegou ao Brasil o farmacêutico Theodor 
Peckholt, que acredita-se ter analisado mais de 6000 plantas, tendo publicado 
os resultados do seu trabalho em mais de 150 artigos científicos. 
Atribui-se a Peckholt o primeiro isolamento e descrição de uma substância 
química bioativa, a agoniadina, extraída das cascas de agoniada. Uma outra 
importante aquisição para a terapêutica, obtida a partir das pesquisas 
etnofarmacológicas com grupos indígenas, foram os curares. 
Os curares são os famosos venenos para flechas, usadas pelos índios da 
América do Sul. Apesar de serem inócuos por via oral, uma só gota injetada na 
corrente sanguínea paralisa a vítima sem matá-la. 
Os curares naturais podem ser divididos em duas classes: os curares de tubo, 
conservados em canos de bambu e os curares de cabaça, guardados em 
cabaças ou vasilhames de barro. 
São encontrados em diferentes zonas geográficas, com origem botânica, 
composição química e empregos diferentes. 
 
 
 
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Os curares e seus derivados naturais e sintéticos ainda hoje são usados como 
anestésicos locais ou relaxantes musculares pré-anestésicos. 
Durante muitos anos a atenção dos pesquisadores em etnofarmacologia esteve 
voltada para a Amazônia, em busca de produtos psicoativos de origem vegetal. 
Nessa busca, tornaram-se conhecidas várias drogas utilizadas pelos indígenas, 
principalmente nos momentos ritualísticos. 
Entre as mais estudadas por grupos de psicofarmacologia experimental no 
Brasil, estão: Maquira scherophylla C. C. Berg. (família Moraceae) conhecida 
como “rapé dos índios”. Da família Myristicaceae, várias espécies de Virola, 
algumas utilizadas na preparação de um potente rapé alucinógeno que é 
utilizado em cerimônia anual pelos índios Waika na região do rio Totobí, em 
Roraima. Justicia pectoralis Jacq (Acanthaceae), é mais um dos constituintes 
desse rapé, conhecida no Nordeste do Brasil como chambá, encontra-se em 
várias receitas de xaropes com atividade broncodilatadora. 
Uma poção indígena conhecida como Yopo, de uso distribuído por várias tribos 
da América do Sul e entre essas os nativos da Amazônia brasileira, é preparada 
a partir da Piptadenia peregrina L., da família Leguminosae, cuja química 
estudada acusa a presença de bufotenina e outras triptaminas de reconhecida 
atividade psicoativa. Além dessas, vale citar a Banisteriopsis caapi Spr., família 
Malpighiaceaee Psychotria viridis R. et P., da família Rubiaceae, ambas 
utilizadas na beberagem do Santo Daime, de reconhecida ação narcótica. 
Os constituintes principais dessa preparação são os alcaloides b-carbolínicos, 
harmina, harmalina e tetraidrohaluruina e outros princípios tóxicos bem 
conhecidos, como a triptamina. Recentemente, os costumes de algumas tribos 
indígenas como Pataxós, Kaiapós, Tiriyos e Tenharins, foram estudados por 
pesquisadores em etnofarmacologia. 
 
 
 
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Os resultados revelam ampla experiência em plantas medicinais. O contato com 
o homem branco resultou num processo de aculturação crescente das tribos 
indígenas. 
Apesar da implantação de postos médicos instalados nestas reservas, instituindo 
a medicina convencional, ainda é possível resgatar, em algumas tribos, uma 
ampla experiência com plantas medicinais. Entre essas, estão presentes na 
terapêutica nacional a Caapeba (Piper umbellatum), o Abajerú (Chrisobalanus 
sp.), o Urucum (Bixa orellana), o Guaraná (Paulinia cupana.), de uso 
internacional como complemento alimentar, energético; a Copaíba (Copaifera 
officinalis) e a Andiroba (Carapa guyanensis), dessas duas últimas, são 
extraídos óleos de reconhecida atividade nas afecções de pele. Além dessas, 
destaca-se a Marapuama (Acanthis virilis), que adquiriu interesse internacional 
pela propagada atividade afrodisíaca. 
 
 
OUTRAS HERANÇAS CULTURAIS 
Outras heranças culturais em medicina popular, tais como, as de origem oriental 
e europeia, são mais acentuadas, no Sul e Sudeste do Brasil, fato explicável pela 
forte presença de imigrantes dessas origens em tais regiões. 
Algumas plantas europeias adaptaram-se e difundiram-se na medicina e 
culinária regionais. Por exemplo, a erva-cidreira (Melissa officinallis), a erva-doce 
(Foeniculum vulgare), o manjericão (Ocimum sp.), o alecrim (Rosmarinus 
officinalis), o anis-verde (Pimpinella anisum) e o louro (Laurus nobilis). Vale 
lembrar que no Nordeste do Brasil, denomina-se erva-cidreira algumas espécies 
de Lippia sp. Família Verbenaceae. 
O mesmo tem ocorrido com espécies de origem asiática como o gengibre 
(Zingiber officinallis), a raiz forte (Wassabia japonica), a canela (Cinnamomum 
 
 
 
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zeylanicum) e o popular cravinho da índia (Eugenia caryophyllata). Uma outra 
vertente de introdução de drogas vegetais nos hábitos terapêuticos brasileiros 
foi aquela oriunda de pesquisa e experiências bem-sucedidas em outros países. 
Essas, com plantas de fitoquímica estudada e efeitos farmacológicos 
reconhecidos. Com o crescimento da credibilidade da fitoterapia e do mercado 
farmacêutico neste setor, no final dos anos 1990, foi popularizado o uso de 
espécies como o Ginco (Ginkgo biloba), o Hipérico (Hypericum perforatum), a 
Equinácea (Echinacea purpurea) e a Kava-Kava (Piper methysticum). 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA QUIMIOSSISTEMÁTICA 
Embora a triagem etnomédica seja considerada de grande importância para a 
descodificação científica, ou seja, possa orientar seletivamente os testes 
farmacológicos pré-clínicos e a busca racional de princípios ativos, Gottlieb 
(1982), um dos pioneiros nas proposições de teorias quimiossistemáticas, 
propôs que a evolução micromolecular, a sistemática e a ecologia, fossem os 
caminhos racionais, com base científica para a descoberta de novas substâncias 
naturais úteis. 
Suas afirmativas estão baseadas nas seguintes razões: “Na América do Sul, a 
possibilidade de se obterem novas informações nas populações indígenas sobre 
plantas úteis para fins medicinais é muito remota e a aculturação de povos 
primitivos tem sido muito rápida. 
Apesar de todos os conhecimentos adquiridos com fascinantes aspectos 
históricos, as populações indígenas forneceram muito pouco, numa pequena 
proporção em relação ao grande número de espécies úteis. 
O número de plantas contendo substâncias com potencial atividade biológica, 
terapêutica e propriedades farmacológicas não estudadas é enorme.” Fica clara 
a necessidade urgente de novas possibilidades para respaldar a pesquisa de 
 
 
 
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princípios biologicamente ativos na base do conhecimento quimiossistemático. 
Faz-se necessário esclarecer as relações entre ciência e empirismo, conhecer 
as fronteiras entre os conhecimentos acadêmico e o popular etnomédico. 
Com esse propósito, é de fundamental importância a análise das pesquisas de 
plantas medicinais nos seus diversos aspectos: químico, farmacológico, botânico 
e socioantropológico. 
 
AS DIRETRIZES DA OMS E NORMATIZAÇÕES PARA USO E 
ESTUDO NO BRASIL 
A orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é fazer a conexão entre 
a medicina tradicional empírica e a medicina científica. 
Assegurar que os medicamentos à base de plantas não sejam refutados por puro 
pré-conceito, mas também que não sejam aceitos como verdade absoluta e sem 
questionamentos. Recomenda-se uma atitude racional crítica. 
A tendência nas últimas décadas é adotar o estudo científico das plantas já 
conhecidas pelas sociedades primitivas. 
Dessa forma, o estudo acadêmico da chamada medicina popular vem 
desmistificando a questão do uso de plantas medicinais, retomando o inventário 
de recursos terapêuticos naturais entre os quais as plantas curativas ocupam 
lugar de destaque. 
A terapêutica moderna emprega grande número de substâncias que embora 
sejam obtidas na sua maioria por intermédio de síntese, muitas foram 
originalmente isoladas de espécies vegetais. 
O estudo científico de plantas medicinais constitui um dos programas prioritários 
da OMS, desde seu programa Saúde para Todos no Ano 2000. 
 
 
 
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Segundo estimativa da OMS, 80% da população mundial usa 
principalmente plantas medicinais tradicionais (populares) para suprir 
suas necessidades de assistência médica primária (OMS, 1978). 
Nos países desenvolvidos, as drogas de origem vegetal também desempenham 
importante papel. Nos Estados Unidos, por exemplo, 25 % de todas as receitas 
médicas prescritas entre 1959 e 1980 continham extratos vegetais ou princípios 
ativos obtidos de plantas superiores (Divisão Angiospermae). 
O Brasil possui competência em todas as áreas da ciência relacionadas com o 
estudo de plantas medicinais. 
As bases legais para a regulamentação da fitoterapia têm sido objeto de diversas 
resoluções e portarias. 
A Resolução n. 30.43, de 1987, da World Health Assembly (WHA) recomenda, 
com insistência aos países em desenvolvimento, a usarem os seus sistemas 
tradicionais de medicina. 
Já a Resolução n. 3133, de 1978, da instituição acima referida, faz um apelo 
para a abordagem ampla do tema plantas medicinais. 
No Brasil, a Portaria n. 212, de 1989, do Ministério da Saúde, no item 2.4.2 define 
o estudo das plantas como uma prioridade da investigação em saúde. 
A Resolução CIPLAN Plantas_medicinais_miolo.indd 57 1/3/2011 16:37:57 58 n. 
08/88, normatiza a implantação da Fitoterapia nos serviços de Saúde nas 
Unidades Federais bem como a disciplina Fitoterapia nos currículos de cursos 
da área de saúde. 
A Portaria n. 212, de 2 de setembro de 1991, já referida, define como áreas 
prioritárias em plantas medicinais: 
a) Estudos de identificação, avaliação e controle de preparações fitoterápicas 
oficiais e de uso popular generalizado. 
 
 
 
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b) Estudos botânicos, farmacotécnicos e químicos de preparação fitoterápica, 
com vistas a definições de métodos de preparo, doseamento de princípios ativos 
e controle da qualidade. 
c) Desenvolvimento de ensaios farmacotécnicos para avaliação das 
propriedades terapêuticas das preparações farmacêuticas de uso popular 
obtidas de plantas medicinais. 
d) Esquadrinhamento farmacológico e fitoquímico de espécies selecionadas da 
flora brasileira eoutros produtos. 
O projeto CEME, surgido em 1982, propunha-se a estudar farmacologicamente 
as plantas indicadas para fins medicinais no Brasil. 
Foi iniciado com 21 espécies, que foram selecionadas a partir das indicações 
populares, da ampla distribuição geográfica e da importância social de ação 
terapêutica indicada. 
A divulgação dos resultados obtidos desses estudos foi precária, embora os 
comitês tivessem recomendado a devolução dos conhecimentos à população. 
Havia, na época, a proposta de inclusão das espécies medicinais estudadas na 
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), o que não ocorreu. 
O país demorou a adotar política para os medicamentos fitoterápicos e plantas 
in natura, bem como uma legislação específica para o comércio e registro de 
drogas vegetais e fitoterápicos. 
 Nos últimos anos vários marcos regulatórios têm apoiado e fomentado o uso 
seguro e racional de plantas medicinais e fitoterápicos: a Política Nacional de 
Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), o Decreto n. 5.813, de 22 de junho 
de 2006, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, a Portaria 
Interministerial n. 2.960, de 09 de dezembro de 2008, a Política Nacional de 
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, e o Decreto n. 971, 
de 03 de maio de 2006. 
 
 
 
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Em 2008 a ANVISA publicou a Resolução que aborda orientações para o registro 
simplificado de Drogas Vegetais, a Instrução Normativa IN-05, com 36 plantas 
consideradas terapêuticas para uso humano. Ainda em 2008 tivemos a 
publicação da RDC para Boas Práticas de Manipulação, que em seu anexo VI, 
tem as Boas Práticas para Manipulação de Fitoterápicos. 
Em 2010 a ANVISA, lançou as Resoluções RDC 10 de 10 de março de 2010 
sobre as drogas vegetais, com alegação de uso e restrições e a RDC 14 de 05 
abril de 2010 com as normas para registro de fitoterápicos. 
A quinta edição da Farmacopeia Brasileira, foi publicada no Diário Oficial da 
União em 24 de novembro de 2010 com o Controle de Qualidade para 54 drogas 
vegetais. Outro grande avanço foi a elaboração do Formulário Terapêutico 
Nacional Fitoterápico colocado para consulta pública pela CP 73, em julho de 
2010, com as formulações padronizadas. 
O Ministério da Saúde publicou a Relação Nacional de Plantas de Interesse ao 
SUS (RENISUS), em 2009, com 71 espécies vegetais que apresentam estudos 
na literatura especializada. Foram oficializadas também as Farmácias Vivas, 
pelo Decreto n. 5.813 de 22 de junho de 2010, com normas para o cultivo e as 
oficinas farmacêuticas. 
Muitos desses marcos legais contemplam diretrizes que destacam a importância 
da valorização do conhecimento tradicional e o respeito às práticas culturais de 
cura e manutenção da saúde. 
No estado da Bahia, como parte da Política de Medicamentos, estamos iniciando 
a implantação da Fitoterapia no SUS pelo FITOBAHIA da Secretaria Estadual de 
Saúde com consultoria do Farmácia da Terra UFBA. 
Apesar de todas essas normatizações, a realidade atual é caótica, pode-se 
encontrar com facilidade em farmácias, supermercados, lojas de produtos 
naturais, barracas de mercados populares, erveiros de rua e outros locais 
 
 
 
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inusitados, todos os tipos de itens vegetais sem qualquer padronização legal ou 
científica. 
O mercado de produtos naturais está em franca expansão no Brasil e no exterior. 
As farmácias e lojinhas que vendem produtos naturais, exibem propagandas 
caras e bem elaboradas de “panaceias milagrosas”, que não atendem às 
especificações legais. 
As Resoluções RDC 14 de 05/04/2010 e RDC, 10 de 10/03/2010, ANVISA, 
embora venham preencher uma lacuna nos critérios científicos de controle de 
qualidade, eficácia e toxidez das drogas vegetais, trazem no seu bojo a grande 
dificuldade de serem executados em tempo viável todos os procedimentos 
técnicos exigidos. 
Durante muitos anos, várias pesquisas foram realizadas nas áreas de química, 
farmacologia, botânica e toxicologia de plantas usadas para fins medicinais no 
Brasil. Entretanto, essas informações encontram-se dispersas em periódicos, 
revistas científicas e anais de simpósios. 
Alguns autores têm abordado a questão das plantas medicinais sob os aspectos 
político, filosófico e metodológico. 
Acredita-se que a pesquisa em plantas medicinais tem recebido cada vez ais 
suporte financeiro dos governos, de acordo com as diretrizes da OMS. Uma das 
principais razões, certamente, é o fato das pesquisas até então financiadas, 
apresentaram poucos resultados práticos, isto é, não chegaram a novas drogas, 
não foram desenvolvidos novos medicamentos. 
Uma nova droga vegetal até transformar-se em medicamento demora de 5 a 10 
anos e custa muitos milhões de dólares. Seguindo as diretrizes da OMS para a 
metodologia do estudo de plantas medicinais, os pontos essenciais são: pureza 
e identificação botânica da espécie vegetal; provas de sua eficácia e segurança; 
identificação de seus princípios ativos, análise e padronização das partes da 
planta considerando os fatores contaminantes que devem ser evitados durante 
 
 
 
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o período de estabilização, secagem e armazenamento. A RDC n.14/2010 da 
ANVISA, segue orientações técnico-científicas para garantir a eficácia e a 
reprodutibilidade da atividade de um fitoterápico. 
Esta, objetiva estabelecer a padronização de estudos sob os aspectos 
antropológico, botânico, químico e farmacológico pré-clínico e clínico. 
A pesquisa etnofarmacológica, reconhecida como um dos caminhos para a 
descoberta de novas drogas, precisa ser considerada nos seus diversos 
aspectos, como citado anteriormente. 
É necessário levar em consideração as características inerentes aos grupos 
étnicos pesquisados, bem como seus conceitos de doenças e remédios, além 
da observação de formas farmacêuticas indicadas, principalmente as misturas 
em preparações como xaropes, garrafadas e chás. 
Dependendo dos interesses dos pesquisadores, os testes de laboratório são 
direcionados para a pesquisa de substâncias isoladas e purificadas; para a 
avaliação farmacológica dos extratos e suas frações; para testes pré-clínicos e 
clínicos nas preparações galênicas manipuladas a partir de tinturas e para os 
testes farmacológicos com os chamados remédios de folha, os chás e outros 
remédios caseiros de amplo uso popular. 
Para a pesquisa de princípios bioativos foram usados durante muitas décadas a 
escolha das plantas medicinais ao acaso como também através de métodos de 
laboratório seguindo abordagem fitoquímica e fitoquímica tradicional, ambos 
proporcionando resultados demorados. 
Algumas tentativas foram complementadas com ensaios farmacológicos. Uma 
outra opção para critério de escolha das espécies é o método 
quimiossistemático, em que as espécies vegetais são selecionadas de acordo 
com as categorias químicas das substâncias no taxon. 
 
 
 
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Dessa forma, utilizando alguns princípios de evolução micromolecular, torna-se 
possível propor os perfis químicos das famílias botânicas, proporcionando ao 
pesquisador uma seleção racional na busca de princípios bioativos. 
Sendo assim, acredita-se que a união da etnofarmacologia e da 
quimiotaxonomia deva ser considerada como uma nova visão para a busca 
racional de novos fármacos. 
Uma ciência em complementação à outra, como práticas propedêuticas levarão 
num futuro próximo à agilização do processo de conhecimento e uso terapêutico-
científico de drogas de origem vegetal. 
Segundo Lorenzi e Matos (2008), o emprego correto de plantas para 
fins terapêuticos pela população em geral requer o uso de plantas 
medicinais selecionadas por sua eficácia e segurança terapêuticas 
com base na tradição popular ou cientificamente validadas como 
medicinais. Por este motivo,o principal cuidado para o uso adequado 
das plantas medicinais é sua identificação correta, já que o uso 
inapropriado dessas plantas destaca-se como um problema para a 
fitoterapia. 
Esta ocorrência torna-se comum principalmente porque existem espécies de 
plantas diferentes com morfologia semelhante, ou seja, formato muito parecido, 
como por exemplo a espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) que pode ser 
confundida com a falsa-espinheira-santa (Sorocea bonplandii) ou com outras 
plantas por causa das margens das folhas, com espinhos. 
No entanto, não necessariamente terá o mesmo efeito medicinal por causa de 
sua similaridade, pelo contrário, poderá até mesmo ser tóxica. 
Existem também plantas de espécies diferentes e de mesmo nome popular, 
como por exemplo as plantas conhecidas como boldo: Peumus boldus (boldo do 
Chile), Plectranthus barbatus (falso boldo, boldo brasileiro) e Vernonia 
condensata (boldo goiano, boldo chinês, boldo baiano). 
 
 
 
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32 
Em geral atuam no aparelho digestivo, mas sua indicação e dosagem 
apresentam orientações diferentes. Há ainda plantas de famílias diferentes que 
possuem ação terapêutica semelhante. 
Temos três plantas popularmente conhecidas como “cidreiras”, pois apresentam 
aroma semelhante, composição similar e, consequentemente, ação terapêutica 
similar, como sedativo leve. 
Porém, são três espécies diferentes, citadas nesta cartilha: Cymbopogon 
citratus, Lippia alba e Melissa officinalis, as quais apresentam outras indicações 
além da ação sedativa. 
Espécies diferentes do mesmo gênero também podem gerar confusão por serem 
muito parecidas, como por exemplo, o capim-limão (Cymbopogon citratus) e a 
citronela (Cymbopogon winterianus), que possuem usos completamente 
diferentes. Deve-se atentar para a forma da planta e o aroma específico. 
A citronela tem aroma que lembra eucalipto, é utilizada como repelente e não 
deve ser tomada por via oral. 
 
 
CUIDADOS NO USO DE PLANTAS MEDICINAIS 
Portanto, ressaltamos a importância da identificação correta das espécies das 
plantas utilizadas na fitoterapia e da utilização adequada conforme as 
recomendações, a fim de garantir a segurança e a eficácia das plantas 
medicinais. 
Fique atento: 
▪ “Se não fizer bem, mal não faz.” 
– Não é bem assim. As plantas medicinais podem apresentar algumas vezes 
efeitos indesejados, se não forem utilizadas da forma e na quantidade orientada. 
 
 
 
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▪ Os chás devem ser feitos e consumidos no mesmo dia. Não devem ser 
guardados de um dia para o outro. 
▪ Não substituir medicamentos prescritos por plantas medicinais ou fitoterápicos 
sem recomendação médica. 
▪ Nunca utilize misturas de plantas sem orientação de um profissional de saúde 
que tenha conhecimento de plantas medicinais. 
▪ Em caso de piora de sintomas ou efeitos colaterais, procure pelo serviço de 
saúde mais próximo. 
▪ Não utilize plantas cultivadas em locais inadequados, como próximo a fossas, 
depósitos de lixo ou regadas com água poluída. 
▪ Nunca utilize plantas mofadas. 
▪ Colher as plantas com o tempo seco e de preferência na parte da manhã. 
▪ As plantas devem ser limpas, livres de insetos e secas à sombra e em local 
ventilado. 
▪ Na secagem, evite misturar plantas diferentes. 
▪ Depois de secar as plantas, armazenar em frasco de vidro limpo ou saco 
plástico bem fechado, identificando com o nome da planta e a data da colheita. 
O cultivo de plantas medicinais em pequenas áreas pode ser feito em canteiros 
ou em recipientes como vasos, garrafas PET, caixotes, entre outros. 
Devemos, primeiramente, conhecer um pouco de cada planta medicinal 
selecionada para o cultivo: 
▪ Sua identificação botânica. 
▪ Seu tipo de crescimento ou porte: erva, arbusto, trepadeira, árvore etc. 
▪ Sua necessidade de luz: pleno sol, meia sombra ou sombra. 
 
 
 
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▪ Sua necessidade de água: regas abundantes, regas moderadas, regas 
frequentes ou pouca água. 
Só depois de conseguir estas informações, pode-se escolher o tipo e o tamanho 
do recipiente (quanto maior o porte da planta, maior o recipiente), o local 
adequado de incidência solar e o modo e a frequência das regas, o que vai 
depender da época do ano, da textura do solo e das necessidades de cada tipo 
de planta. 
Depois, devemos preparar o solo para receber as sementes ou as mudas, que 
devem ser sadias e de boa procedência. 
▪ Para cultivo direto no solo: fazer canteiros com cerca de 30 cm de altura para 
proporcionar drenagem, e utilizar cerca de 3 a 5 kg/m2 de húmus ou composto 
orgânico para adubar e proporcionar boa textura ao solo. 
▪ Para cultivo em recipientes: utilizar uma mistura de terra, composto 
orgânico/húmus ou torta de mamona nas seguintes proporções: 
Terra: Húmus = 1 : 1 ou Terra: Torta de mamona = 3 : 1 ou Terra: Areia : Húmus 
= 1 : 1 : 1, quando a terra for muito argilosa. 
Ao montar os vasos, colocar no fundo pedriscos, cacos ou argila expandida para 
drenar o excesso de água. 
Após colocar a mistura de terra, fazer a semeadura. 
Esta deve ser realizada na profundidade adequada: quanto menor a semente, 
mais superficial é a semeadura. 
No caso de mudas, retirar do recipiente e colocá-las em buracos na terra, 
apertando levemente com as mãos ao seu redor. 
As mudas podem ser adquiridas no mercado ou produzidas em recipientes como 
copinhos ou sacos plásticos, em local sombreado (viveiro) por meio de 
 
 
 
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sementes, estacas de galhos ou a partir de outras estruturas propagativas, como 
os rizomas e os rebentos, dependendo de cada planta. 
Para completar, regar bem sem encharcar e cobrir o solo do canteiro ou do vaso 
com capim seco, casca de arroz ou outra cobertura, evitando erosão e respingos 
de terra nas plantas quando forem regadas. 
Adubar com composto orgânico ou torta de mamona a cada 2-3 meses para o 
bom desenvolvimento das plantas. 
 É importante evitar o contato de animais domésticos em sua Farmácia Viva. Na 
colheita, usar sempre instrumentos limpos e afiados, na época certa e do modo 
adequado. Seguem tabelas com recomendações para as plantas medicinais 
desta cartilha. 
O cultivo de plantas medicinais em pequenas áreas pode ser feito em canteiros 
ou em recipientes como vasos, garrafas PET, caixotes, entre outros. Devemos, 
primeiramente, conhecer um pouco de cada planta medicinal selecionada para 
o cultivo: 
▪ Sua identificação botânica. 
▪ Seu tipo de crescimento ou porte: erva, arbusto, trepadeira, árvore etc. 
▪ Sua necessidade de luz: pleno sol, meia sombra ou sombra. 
▪ Sua necessidade de água: regas abundantes, regas moderadas, regas 
frequentes ou pouca água. 
Só depois de conseguir estas informações, pode-se escolher o tipo e o tamanho 
do recipiente (quanto maior o porte da planta, maior o recipiente), o local 
adequado de incidência solar e o modo e a frequência das regas, o que vai 
depender da época do ano, da textura do solo e das necessidades de cada tipo 
de planta. 
 
 
 
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Depois, devemos preparar o solo para receber as sementes ou as mudas, que 
devem ser sadias e de boa procedência. 
▪ Para cultivo direto no solo: fazer canteiros com cerca de 30 cm de altura para 
proporcionar drenagem, e utilizar cerca de 3 a 5 kg/m2 de húmus ou composto 
orgânico para adubar e proporcionar boa textura ao solo. 
▪ Para cultivo em recipientes: utilizar uma mistura de terra, composto 
orgânico/húmus ou torta de mamona nas seguintes proporções: 
Terra: Húmus = 1 : 1 ou Terra: Torta de mamona = 3 : 1 ou Terra: Areia : Húmus 
= 1 : 1 : 1, quando a terra for muito argilosa. 
Ao montar os vasos, colocar no fundo pedriscos, cacos ou argila expandida para 
drenar o excesso de água. Após colocar a mistura de terra, fazer a semeadura.Esta deve ser realizada na profundidade adequada: quanto menor a semente, 
mais superficial é a semeadura. 
No caso de mudas, retirar do recipiente e colocá-las em buracos na terra, 
apertando levemente com as mãos ao seu redor. 
As mudas podem ser adquiridas no mercado ou produzidas em recipientes como 
copinhos ou sacos plásticos, em local sombreado (viveiro) por meio de 
sementes, estacas de galhos ou a partir de outras estruturas propagativas, como 
os rizomas e os rebentos, dependendo de cada planta. 
Para completar, regar bem sem encharcar e cobrir o solo do canteiro ou do vaso 
com capim seco, casca de arroz ou outra cobertura, evitando erosão e respingos 
de terra nas plantas quando forem regadas. 
Adubar com composto orgânico ou torta de mamona a cada 2-3 meses para o 
bom desenvolvimento das plantas. 
É importante evitar o contato de animais domésticos em sua Farmácia Viva. Na 
colheita, usar sempre instrumentos limpos e afiados, na época certa e do modo 
 
 
 
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adequado. Seguem tabelas com recomendações para as plantas medicinais 
desta cartilha. 
 
 
 
 
 
 
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O uso de remédios à base de ervas remonta às tribos primitivas em que as 
mulheres se encarregavam de extrair das plantas os princípios ativos para utilizá-
los na cura das doenças. 
À medida que os povos dessa época se tornaram mais habilitadas em suprir as 
suas necessidades de sobrevivência, estabeleceram-se papéis sociais 
específicos para os membros da comunidade em que viviam. 
O primeiro desses papéis foi o de curandeiro. Esse personagem desenvolveu 
um repertório de substancias secretas que guardava com zelo, transmitindo-o, 
seletivamente, a iniciados bem preparados. 
Os primeiros registros fitoterápicos datam do período 2838- 2698 a.C. quando o 
imperador chinês Shen Nung catalogou 365 ervas medicinais e venenos que 
eram usados sob inspiração taoísta de Pan Ku, considerado deus da criação. 
Esse primeiro herbário dependia da ordenação de dois pólos opostos: yang - luz, 
céu, calor, esquerdo; e o yin - trevas, terra, frio, direito. 
Por volta de 1500 a C. a base da medicina hindu já estava revelada em dois 
textos sagrados: Veda (Aprendizado) e Ayurveda (Aprendizado de Longa Vida). 
No século XIX o empirismo da alquimia foi suplantado pela química experimental 
que permitiu a síntese laboratorial de novas substâncias orgânicas. Esse fato foi 
um dos fatores determinantes da revolução industrial e tecnológica que 
desencadeou a produção acelerada de novos medicamentos e à medida que 
derivados mais puros e concentrados de plantas se tornaram disponíveis os 
médicos priorizaram as drogas sintéticas e passaram a desconsiderar o papel 
importante da fitoterapia. 
O advento da medicina científica contribuiu para o aumento da sobrevida 
humana. E, no cotidiano das práticas de saúde, a aplicação de princípios 
científicos desencadeou a descoberta de terapêuticas que melhoraram a 
qualidade de vida das pessoas. 
 
 
 
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Esse avanço da ciência fez com que o paradigma cartesiano passasse a ser 
adotado para explicar o processo saúde-doença. 
Contudo, desde o século XX, esse paradigma vem cedendo espaço ao 
paradigma holístico graças às teorias de Einstein. Para esse cientista a matéria 
é uma manifestação de energia. 
Os seres humanos são formados de matéria e os seus vários sistemas 
energéticos interagem entre si e com o meio, formando um todo que deve 
sempre estar harmonizado. O todo só estará harmônico se o complexo mente-
corpo-meio ambiente estiver em equilíbrio. 
A fitoterapia permite que o ser humano se reconecte com o ambiente, acessando 
o poder da natureza, para ajudar o organismo a normalizar funções fisiológicas 
prejudicadas restaurar a imunidade enfraquecida, promover a desintoxicação e 
o rejuvenescimento. 
Médicos e pacientes nem sempre conseguem literatura adequada para avaliar 
devidamente as vantagens e os riscos desta prática terapêutica, sobretudo 
quando seu maior emprego é estimulado por práticas médicas não 
convencionais, como Medicina chinesa, Medicina holística, terapêutica médica 
indiana, macrobiótica, entre outras. 
As pessoas costumam utilizar os produtos do reino vegetal, seja como 
complemento alimentar, suplementos energéticos ou vitamínicos, baseando-se 
nas informações da mídia. 
Em se tratando do processo saúde-doença, a fitoterapia é amplamente utilizada 
pela população campesina, mas nos meios industrializados quem a utiliza 
costuma fazê-lo de forma velada para não se expor às atitudes críticas dado que 
esse tipo de medicina submete-se ao controle da medicina oficial. 
Estudos sobre a medicina popular vêm merecendo atenção cada vez maior 
devido ao contingente de informações e esclarecimentos que vem sendo 
oferecido à Ciência. 
 
 
 
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Esse fenômeno tem propiciado o uso de chás, decoctos, tisanas e tinturas 
fazendo com que, na maioria dos países ocidentais, os medicamentos de origem 
vegetal sejam retomados de maneira sistemática e crescente na profilaxia e 
tratamento das doenças, ao lado da terapêutica convencional. 
Percebe-se, na atualidade, o interesse governamental e profissional em associar 
o avanço tecnológico ao conhecimento popular e ao desenvolvimento 
sustentável visando a uma política de assistência em saúde eficaz, abrangente, 
humanizada e independente da tecnologia farmacêutica. 
Nesse sentido, o Estado brasileiro instituiu a Portaria nº22/1967 da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária e a Resolução-RDC nº17/2000 que classifica os 
fitoterápicos como medicamentos. 
Paralelo ao interesse governamental em debater a comercialização dos 
fitoterápicos, a adesão da população a esses produtos incrementou a sua 
comercialização de modo que o Estado precisou regulamentar esse mercado 
editando a Resolução RDC nº 17/00, que estabelece os parâmetros de qualidade 
para o registro desses produtos junto ao Ministério da Saúde. 
Ao tomar por base que o uso de fitoterápicos é uma prática utilizada por alguns 
profissionais da saúde. Que esses profissionais, também associam o uso dos 
alopáticos com o de fitoterápicos. 
E que a população utiliza-se dos fitoterápicos respaldando-se na tradição 
cultural, pergunta-se: existe a possibilidade de os fitoterápicos interagirem com 
os medicamentos alopáticos modificando ou anulando a ação terapêutica de um 
ou de ambos? 
Os herbolários tradicionais ensinam, corretamente, aos usuários, como 
armazenar e utilizar as plantas medicinais? 
Eles mencionam, corretamente, as indicações e contraindicações das plantas? 
 
 
 
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Considere-se, ainda, que os profissionais de Enfermagem atuam nos programas 
de saúde onde exercitam a Consulta de Enfermagem, momento em que podem 
orientar os usuários interessados em utilizar a medicina natural. 
Como esse conhecimento costuma ser obtido, com maior frequência, pela 
tradição oral, a sua indicação profissional precisa estar respaldada em bases 
científicas. 
 
 
PRECAUÇÕES NO USO DOS FITOTERÁPICOS 
As comunidades nordestinas usam, comumente, o termo resguardo para advertir 
as puérperas acerca de repouso absoluto durante 15 dias, não lavar a cabeça, 
não comer alimentos quentes ou frios, não fazer esforços físicos (abster-se de 
carne suína, peixes e ovos, frutas ácidas repolho, couve-flor, abóbora e 
mandioca. 
Mas, o resguardo também se aplica a determinados cuidados na convalescença 
de uma doença ou de um procedimento cirúrgico. Interrogou-se os herbolários 
acerca da indicação, ou não, de resguardo para os clientes em uso de ervas 
medicinais.Detectou-se 57,13% dos herbolários recomendam resguardo; e 42,87% não o 
recomendam, pois acreditam que as plantas medicinais não fazem 
Plantas medicinais indicadas pelos herbolários para tratamento das doenças e 
sua utilização, segundo a literatura consultada não fazem mal algum a saúde 
das pessoas. Perguntou-se aos herbolários se havia plantas medicinais capazes 
de intoxicar o doente. 
Dentre os entrevistados, 50% reafirmou a inocuidade dos fitoterápicos, e 50% 
afirmaram haver várias plantas que são tóxicas. 
 
 
 
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Em estudos anteriores foi observado que fitoterápicos colhidos de regiões 
diferentes, apresentam variabilidade do efeito terapêutico da mesma planta 
devido à variedade química dos solos que a composição dos princípios ativos 
das plantas é variável em decorrência das diferentes condições de cultivo, 
colheita, secagem, armazenamento e preparo dos fitoterápicos. 
Em muitos casos as pessoas subestimam as propriedades medicinais das 
plantas e fazem uso delas de forma aleatória. 
 Entretanto, cada vegetal, em sua essência, pode ser alimento, veneno ou 
medicamento. 
A distinção entre as substâncias alimentícias, tóxicas e medicamentosas se faz 
apenas com relação à dose, a via de administração e a finalidade com que são 
empregadas. 
Um fitoterápico é, frequentemente, composto por mais de uma espécie química. 
Quando padronizado como “medicamento fitoterápico” deveria estar submetido 
às mesmas exigências de identificação, pureza, teor e aos demais estudos 
farmacopéicos que os medicamentos industrializados obtidos por síntese ou 
processos biotecnológicos, além de testes clínicos e pré-clínicos, antes de sua 
comercialização. 
No entanto, nem sempre essas exigências são observadas. Nesta situação é 
difícil estimar exatamente quais princípios ativos estarão presentes e em que 
concentração. 
Há uma tendência a generalização do uso de plantas medicinais por se entender 
que tudo que é natural não é tóxico nem faz mal à saúde. 
Este conceito é errôneo, porque existe uma imensa variedade de plantas 
medicinais que, dentre outras propriedades prejudiciais ao organismo humano, 
são providas de grande teor de toxicidade pela presença de constituintes 
farmacologicamente ativos, por conseguinte muito tóxicos. 
 
 
 
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Alguns autores desaconselham o uso de plantas medicinais ou de partes destas, 
concomitantes com o uso de medicações alopáticas. 
Por se constituírem produtos xenobióticos, os fitoterápicos empregados no 
período pré-operatório podem afetar o ato anestésico ao interagir com os 
agentes anestésicos, tanto na fase farmacocinética, como na farmacodinâmica. 
Em um relato de pesquisa detectou-se que o ginko biloba, alho em comprimido, 
ginseng e gengibre alteram a coagulação sanguínea. Para os autores, em caso 
de cirurgia, é preciso investigar previamente o uso dessas drogas e, se 
afirmativo, suspender até o 10º dia de pré-operatório, com o objetivo de reduzir 
as eventuais complicações hemorrágicas no pré e pós-operatórias, prevenindo 
possíveis implicações médicas e legais. 
 Em outro relato, o boldo é citado como um poderoso analgésico capaz de 
mascarar sintomas de uma enfermidade grave. 
Não se pode descartar a possibilidade de efeitos colaterais dos fitoterápicos 
quando se associam duzentas ou trezentas substâncias ao princípio ativo 
desejado. Também porque a identificação taxonômica das plantas utilizadas 
pode ser duvidosa, ou porque a dosagem é de difícil controle. 
A União Europeia tem incentivado estudos para a determinação dos efeitos 
tóxicos e adversos que os fitoterápicos possam ter. 
Porém, as informações toxicológicas que chegam aos países Ocidentais são 
muitas vezes reduzidas. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem promovido reuniões internacionais 
no intuito de criar melhores condições de qualidade, eficácia e segurança dos 
produtos fitoterápicos; havendo a pretensão de otimizar o seu uso nos países 
em desenvolvimento. 
Deste modo, a OMS tem se empenhado em elaborar diretivas convincentes a 
fim de dar maior garantia aos consumidores de produtos fitoterápicos. Por sua 
 
 
 
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vez, o Ministério da Saúde (MS) tem encorajado o desenvolvimento de estudos 
com plantas tradicionais, com a esperança de obter os possíveis benefícios que 
as pesquisas sobre este assunto podem trazer. E objetiva evitar efeitos 
irracionais ou prejuízos que esse tipo de medicina pode ocasionar. 
Em relação ao aconselhamento dos clientes a usarem as ervas e a consultarem 
um médico, obteve-se que 35.7% dos herbolários praticam essa orientação. 
E 74,3% afirmam não haver tal necessidade, pois, “... Os médicos é quem manda 
que as pessoas procurem os raizeiros para comprarem as ervas para o 
tratamento” (Júlio). “As ervas são produtos naturais e não fazem mal para 
ninguém” (Pedro). “As pessoas que compram as ervas sabem que os resultados 
são bons” (Cícera). “... As pessoas preferem se tratar com ervas porque sabem 
que as ervas curam” (Ana). “... 
 
AS ERVAS TÊM UM MELHOR EFEITO QUE OS 
MEDICAMENTOS 
A convicção dos herbolários em indicarem o uso de plantas medicinais não pode 
descartar a preocupação com possíveis efeitos indesejados desencadeados 
pelos fitoterápicos, quando do uso inadequado em dosagens ou mesmo o uso 
da planta errada para determinado tratamento. 
Nem a possibilidade da automedicação e subnotificado ao clínico. Diferentes 
interações têm sido descritas entre fitoterápicos e fármacos quimicamente 
definidos e, algumas associadas à modulação da atividade enzimática no sítio 
de atuação. 
Os critérios de comercialização dos fitoterápicos pelos herbolários identificou-se 
que 78,56% dos herbolários não utilizam quaisquer critérios para a 
comercialização dos fitoterápicos, vendendo-os para qualquer pessoa e 
receitando para idosos, adultos e crianças. 
 
 
 
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E que 21,47% afirmaram vender as ervas para alguém da família do doente, a 
quem orientam sobre como utilizá-las. O uso de qualquer terapêutica em idosos 
e criança requer maiores cuidados, pois os idosos estão em processo de 
degeneração orgânica, o que de certa forma dificulta o curso dos princípios 
ativos das ervas ou medicamentos alopáticos no organismo e as crianças 
menores de um ano de idade possuem órgãos que não alcançaram a total 
maturidade, como é o caso do fígado e dos rins. 
Estes órgãos são vitais e de fundamental importância para a manutenção do 
metabolismo, sendo responsáveis por desempenharem várias funções, dentre 
elas a de metabolização e eliminação de substâncias. Devido a essas 
particularidades das crianças e dos idosos, faz-se necessário o entendimento, 
por parte do herbolário, sobre o tipo de erva a ser receitada, como utilizá-la e 
sobre a dosagem correta. 
Existe, pois, a necessidade de segurança, tanto por parte de quem vende, como 
por parte de quem compra e utiliza o fitoterápico. Implicações do uso de 
fitoterápicos para a enfermagem O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), 
atento à utilização de ervas medicinais na cultura popular e reconhecendo que 
os enfermeiros precisam esclarecer e educar a clientela para o uso correto da 
fitoterapia, emitiu o Parecer Informativo 004/95, em que reconhece o caráter 
holístico da formação do Enfermeiro e os aspectos ético-legais da utilização das 
práticas alternativas no cuidado ao cliente. 
Em seguida, essa entidade editou a Resolução 197/97, estabelecendo as 
Terapias Alternativas como especialidade do profissional de Enfermagem. Para 
atuar como terapeuta alternativo o enfermeiro precisa concluir, com aprovação, 
um curso de especialização nessa modalidade de tratamento. 
A medicina natural vem, de longa data, inspirando os profissionais de 
enfermagem. 
 
 
 
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Antes mesmo do COFEn editar a Resolução 197/ 97 que criou a Especialização 
em Terapias Alternativas, 47 enfermeiros brasileiros já atuavam utilizando as 
Terapias Alternativas no tratamento de seus pacientes. 
 
FITOTERAPIA 
A fitoterapia ou terapia pelas plantas é uma das mais antigas práticas 
terapêuticas da humanidade. Ela remonta há cerca de 8.500 a.C. e apresenta 
origens tanto no conhecimento popular (etnobotânica) como na experiência 
científica (etnofarmacologia). 
As plantas contêm princípios ativos capazes de curar diversas doenças e foi a 
partir do reconhecimento destas propriedades terapêuticas que se deu o 
surgimento da medicina alopática moderna. 
 
Figura 1 – Ilustração de Manual árabe de fitoterapia, cerca de 1334 a.C. 
O termo Fitoterapia deriva do grego therapeia, tratamento, e phyton, vegetal, e 
diz respeito ao estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das 
doenças. 
 
 
 
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Ela surgiu independentemente na maioria dos povos. Na China, por exemplo, 
surgiu por volta de 3000 a.C., quando o imperador Cho-Chin-Kei descreveu as 
propriedades do Ginseng e da Cânfora (Ufjf, 2010). 
Por definição, Fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo uso de plantas 
medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de 
substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal, conforme Portaria nº 
971 (03/05/2006). 
Já fitoterápico é produto obtido de matéria-prima ativa vegetal, exceto 
substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou paliativa, incluindo 
medicamento fitoterápico e produto tradicional fitoterápico, podendo ser simples, 
quando o ativo é proveniente de uma única espécie vegetal medicinal, ou 
composto, quando o ativo é proveniente de mais de uma espécie vegetal, 
conforme RDC nº 26 (13/05/2014). Neste contexto, a fitoterapia é considerada 
alopatia. 
 
Etnobotânica e Etnofarmacologia 
Nada mais relacional do que começarmos os estudos acerca da fitoterapia 
entendendo a etnobotânica e etnofarmacologia, uma vez que nosso objetivo é o 
uso das plantas medicinais como prática de saúde integrativa. 
Planta medicinal é uma espécie vegetal que, administrada ao ser humano, por 
qualquer via, exerce ação farmacológica (SILVA et al., 2009). 
 
Etnobotânica 
Etnobotânica é o estudo das plantas de uma região e seus usos práticos através 
do conhecimento tradicional de uma cultura local e as pessoas, ou seja, ela 
estuda as relações entre povos e plantas, considerando o seu manejo, 
percepção e classificação deste recurso vegetal para as diferentes sociedades. 
 
 
 
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Figura 2 - Etnobotânica 
 
O profissional que atua nesta área tem entre outras missões, documentar os 
costumes locais envolvendo os usos práticos da flora local para muitos aspectos 
da vida, de uso das plantas como remédios, alimentos ou para a manufatura de 
roupas. 
A Etnobotânica engloba as contribuições da botânica e da etnologia, 
evidenciando as interações entre as sociedades humanas e plantas como 
sistemas dinâmicos. Estuda as aplicações e dos usos tradicionais dos vegetais 
pelo homem. 
A Etnobotânica é ciência multidisciplinar que envolve botânicos, antropólogos, 
farmacólogos, médicos e outros profissionais e também interdisciplinar, sendo 
capaz de proporcionar explicações sobre a interação de comunidades humanas 
com o mundo vegetal, em suas dimensões antropológica, ecológica e botânica. 
O termo etnobotânica foi utilizado pela primeira vez em 1895, especificamente o 
botânico taxonomista John W. Harshberger, da Pennsylvania University, para 
designar o uso das plantas por povos nativos. O âmbito do estudo etnobotânico 
tem se ampliado atualmente, a fim de englobar as relações entre plantas e a 
cultura humana. 
 
 
 
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Estudos etnobotânicos de registro de plantas, seus usos e formas terapêuticas 
(plantas medicinais) por grupos humanos têm oferecido a base para diversos 
estudos básicos e aplicados, especialmente no campo da fitoquímica e 
farmacologia, inclusive como ferramenta para o descobrimento de novas drogas 
(LEITÃO, 2002). 
Dentro da etnobotânica, a exploração científica interdisciplinar dos agentes 
biologicamente ativos, tradicionalmente empregados ou observados pelas 
sociedades, utilizando plantas como remédio é definido por etnofarmacologia. 
 
Etnofarmacologia 
 
A Etnofarmacologia é uma divisão da Etnobiologia, uma disciplina devotada ao 
estudo do complexo conjunto de relações de plantas e animais com sociedades 
humanas, presentes ou passadas (ELISABETSKY, 2003). 
 
Figura 3 – Etnofarmacologia 
 
A etnofarmacologia pode ser definida como a exploração científica 
interdisciplinar de agentes biologicamente ativos (encontrados em partes ou 
 
 
 
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produtos de vegetais, animais, fungos, minerais com fins medicinais e tóxicos) 
tradicionalmente empregados ou observados pelo homem. 
A etnofarmacologia na América Latina foi iniciada no século 16 pelos 
missionários, que estavam interessados no uso de plantas 
etnofarmacologicamente ativas, como os jesuítas (CUNNINGHAM; MENEZES, 
2011). É uma prática generalizada, reforçada por diferentes culturas e 
decorrente das colonizações europeia e africana, somadas às práticas indígenas 
(OLIVEIRA et al., 2011). 
A grande contribuição da etnofarmacologia com as outras ciências é justamente 
resgatar as medicinas e medicamentos das diferentes culturas indo até elas, 
pesquisando-as, estudando-as. Para isso a etnofarmacologia se vale da 
antropologia cultural (mais especificamente da etnografia), da botânica, da 
zoologia (GOMES, 2017). 
Os botânicos coletam e identificam a planta utilizada em certa comunidade e, em 
laboratório, farmacologistas pesquisam a substância responsável pelo benefício 
no tratamento de doenças. Essa substância da planta é o que chamamos de 
“princípio ativo”. Antes de chegar à prateleira da farmácia, a planta passa por 
vários testes que visam determinar seu efeito nos diferentes tecidos e órgãos do 
corpo. Dessa forma, o conhecimento das comunidades contribui para os estudos 
científicos e vice-versa. Essa ação conjunta pode ser um valioso caminho de 
identificação das plantas úteis à produção de medicamentos. 
 
O uso das plantas medicinais 
 
Desde tempos imemoriais o homem busca na natureza recursos que melhorem 
sua condição de vida, sendo as plantas sua principal fonte de alimento, abrigo, 
armas, utensílios domésticos e remédios. No decorrer de todas as épocas e em 
todas as culturas o homem aprendeu a tirar proveito dos recursos naturais como 
 
 
 
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forma de tratamento e cura de doenças. Os conhecimentos adquiridos ao longo 
do tempo sobre o uso das plantas medicinais podem ter sido repassados 
oralmente ao longo das gerações (DI STASI, 1996; BRASIL, 2006; LORENZI 
MATOS, 2008). 
 
Figura 4 – Usos diversos das plantas medicinais 
Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida em grande parte do 
mundo, a OMS reconhece que atualmente, grande parte da população dos 
países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, como o Brasil, depende da 
medicina tradicional como um dos poucos recursos terapêuticos para tratar suas 
doenças mais frequentes, tendo em vista que 80% desta população utilizam 
práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes utilizam 
plantas medicinais ou preparações destas (BRASIL, 2006). 
No Brasil, o uso de plantas medicinais e seus derivados é uma prática comum 
resultante da forte influência cultural das populações nos seus cuidados com a 
saúde, seja pelo conhecimento tradicional na medicina tradicional indígena, 
 
 
 
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cabocla, quilombola, da cultura europeia trazida pelos colonizadores, entre 
outros povos e comunidadestradicionais (POSEY, 1992; PRANCE, 1998; 
LORENZI; MATOS, 2008), ou também seja pelo uso na fitoterapia popular ou 
nos sistemas públicos de saúde, como prática complementar de cunho científico, 
orientada pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) 
(BRASIL, 2006, LORENZI; MATOS, 2008). 
A prática do uso de plantas medicinais tem sido incentivada recentemente tanto 
pela OMS, quanto por profissionais que atuam na rede básica de saúde dos 
países em desenvolvimento como o Brasil. Diante disso, a OMS e o MS criaram 
uma gama de resoluções com objetivo de valorar a medicina tradicional para a 
ampliação dos serviços de saúde regionais e locais (BRASIL, 2006). 
 
Planta Medicinal: Aspectos Botânicos 
Segundo a RDC 10 a definição de planta medicinal é: “espécie vegetal, 
cultivada ou não, utilizada com propósitos terapêuticos”. 
As plantas medicinais são importantes fontes de substâncias chamadas 
xenobióticas que visam uma melhoria das condições de saúde do indivíduo que 
busca tratamento. Estas substâncias tanto trazem benefícios como podem trazer 
algum desconforto, toxicidade ou interação com outros medicamentos. Uma 
grande variedade de plantas medicinais é utilizada pelos povos tradicionais em 
todo o mundo. Parte destas possui estudos científicos, inclusive as que são 
objeto deste trabalho. Calcula-se que existam cerca de 500 mil espécies de 
plantas em todo o mundo, cerca de 30% deste total com potencial terapêutico. 
A diversidade de espécies e famílias botânicas é um fator complicador na correta 
identificação das plantas medicinais. Devido ao regionalismo, uma mesma 
espécie pode apresentar uma variedade de nomes populares, por exemplo, a 
erva medicinal que no Norte/Nordeste é chamada de chá-de pedestre, no 
Sul/Sudeste é conhecida como erva-cidreira-de-rama. Também pode ocorrer 
 
 
 
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que um mesmo nome popular indique plantas medicinais diferentes em regiões 
distintas, como no caso da Lippia Alba Planta medicinal: 
Aspectos botânicos espinheira-santa, nome popular que normalmente se refere 
ao gênero Maytenus (ou a), em algumas regiões são confundidas com outras 
espécies e famílias como a da família das leguminosas, devido à semelhança 
morfológica de suas folhas. 
Estas características populares e regionais levam o terapeuta e o assistente a 
um viés que compromete a perfeita identificação da espécie vegetal. 
A tradição popular permitia além da identificação correta da planta conhecer seus 
efeitos medicinais e tóxicos o que garantia o uso seguro daquela espécie. Porém 
a mobilidade das populações permitiu modificações em indicações e até mesmo 
ampliação do conhecimento sobre algumas espécies, no decorrer das últimas 
décadas, isto devido ao aumento do contato de populações tradicionais com as 
demais. 
Entretanto, o conhecimento específico, e prático foi diminuído. As alterações dos 
usos atuais em relação aos originais, principalmente a sua ampliação, podem 
ser creditadas à influência de pessoas que atualmente difundem o uso de plantas 
medicinais, e não têm formação calcada na tradicionalidade (VENDRUSCOLO, 
2005). 
Atualmente devemos dar preferência à nomenclatura científica ao se tratar de 
plantas medicinais. 
A nomenclatura botânica é constituída de dois nomes latinizados, o primeiro se 
refere ao gênero e o segundo à espécie. Além disto, é importante conhecer o 
conceito de família botânica, onde se agrupa os gêneros e espécies mais 
aparentados entre si. 
As famílias botânicas são categorias de plantas, classificadas de acordo com 
uma origem filogenética comum, e onde observa características marcantes e 
distintas de outras famílias. Recebem o nome do gênero mais representativo 
 
 
 
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acrescido da terminação “aceae”. É comum o uso da forma extraoficial no 
português da terminação “áceas” para denominar uma família, apesar de que 
devemos evitá-lo. Utilizando estes três níveis de nomenclatura, família, gênero 
e espécie, ficará mais fácil buscar informações nos meios oficiais e de pesquisa. 
Plantas são usinas químicas capazes de produzir uma infinidade de substâncias 
para a sua defesa e proteção. 
Estas substâncias são denominadas metabólitos secundários e não estão 
diretamente relacionados aos mecanismos vegetativos da planta, como 
crescimento e nutrição. Podem ter origem em diversos mecanismos vegetais, e 
atuar como hormônios vegetais, substâncias antioxidantes e mesmo ligadas à 
defesa contra fungos, bactérias e vírus. Estes mesmos agressores atacam 
animais e plantas podendo ser utilizados como auxiliares no combate de agentes 
infecciosos. Outras vezes substâncias vegetais podem atuar em mecanismos 
tão complexos como as contrações cardíacas e musculares. Em outras auxiliam 
as defesas orgânicas, como no caso de alguns glicosídeos. Moléculas vegetais 
que atuam em tecido animal são importantes e devem ser pesquisadas com 
atenção. 
A sazonalidade é um importante fator que deve ser observado para a obtenção 
de drogas vegetais, uma mesma planta poderá ter diferentes níveis e 
concentrações de seus metabólitos secundários durante as estações do ano. 
A idade e os diferentes órgãos da planta também são importantes na 
quantificação e na proporção destes metabólitos em sua constituição. Tecidos 
vegetais mais novos geralmente são maiores produtores de princípios ativos, 
devido à sua alta taxa metabólica (GOBBO-NETO e LOPES, 2007). 
Os Flavonoides são os principais grupos de substâncias Guaçatonga: Casearia 
sylvestris. Planta utilizada pelos indígenas, que a ela atribuíram propriedades 
medicinais cicatrizantes. 
 
 
 
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Erva-de-lagarto: O lagarto só briga com uma cobra se estiver por perto uma 
árvore de guaçatonga (folclore indígena), produzidas pelos vegetais e com 
importante atuação na cicatrização de feridas. 
 
Flavonoides 
Os flavonoides representam um dos principais grupos de substâncias com 
atividades farmacológicas em plantas, e estão presente em relativa abundância 
em seus metabólitos secundários. 
No caso específico de cicatrização de feridas e úlceras, são utilizados para 
elevar a eficácia na reparação tecidual. Agem nos processos de cicatrização 
como antioxidantes e exercendo função antimicrobiana, anti-inflamatória e 
moduladora do sistema imunológico. São os grupos fenólicos mais importantes 
e diversificados dentre os produtos de origem natural, sendo amplamente 
distribuídos no reino vegetal. 
No vegetal estas substâncias atuam: contra raios ultravioletas; proteção contra 
fungos, vírus e insetos; atração para polinizadores; antioxidantes; controle de 
hormônios vegetais. Outras funções importantes antitumoral, anti-inflamatória, 
antiviral, antimicrobiana e antioxidante. 
Os flavonoides encontrados em folhas podem ser diferentes dos encontrados 
nos caules, raízes, ramos, flores ou frutos. 
Os mesmos compostos podem ser encontrados em diferentes concentrações 
são: Os Flavonoides são os principais grupos de substâncias produzidas pelos 
vegetais e com importante atuação na cicatrização de feridas, dependendo do 
órgão vegetal em que se encontra. 
Os principais grupos de flavonoides são os antocianos, as chalconas, as 
auronas, os di-hidroflavonóides, os isoflavonoides, entre outros. 
 
 
 
 
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Óleos Essenciais 
Os óleos essenciais são uma mistura complexa de álcoois, hidrocarbonetos e 
aromáticos. Podem ser definidos como os produtos obtidos de partes de plantas 
através de destilação por arraste de vapor d'água, bem como produtos obtidos 
por expressão dos pericarpos de frutos cítricos (SIMÕES e SPTZER, 2004). São 
conhecidos desde a antiguidade por possuírem atividades biológicas, devido 
suas propriedades antifúngicas, antibacterianas e antioxidantes. Muitos extratos 
vegetais e óleos essenciais obtidos apartir de plantas têm mostrado exercer 
atividade biológica in vitro e in vivo, o que justifica a investigação em MT, focado 
sobre a caracterização de atividade antimicrobiana dessas plantas. Óleos 
essenciais são utilizados em aromaterapia, por exemplo, para o tratamento da 
dor durante o parto (SMITH 2011). 
O interesse pela aromaterapia tem aumentado, devido à crescente procura por 
meios alternativos de cura. É feita com a utilização de óleos essenciais puros de 
plantas aromáticas (como hortelã-pimenta, manjerona e rosa) para ajudar a 
aliviar problemas de saúde e melhorar a qualidade de vida em geral. Suas 
propriedades curativas podem incluir a promoção de relaxamento e sono, alívio 
da dor e redução de sintomas depressivos. Por isso, a aromaterapia tem sido 
usada para reduzir comportamentos perturbados, promover o sono e estimular 
o comportamento motivacional de pessoas com demência (ABRAHA et al, et 33 
al, et al, 2015). 
A aromaterapia também pode ser utilizada para a melhoria dos sintomas de 
náusea no pós-operatório de pacientes que passaram por anestesia geral. Estes 
sintomas podem ser aliviados pela aromaterapia, de modo mais natural, se bem 
que com menos eficiência que os tratamentos convencionais (HINES 2012). 
 
Taninos 
 
 
 
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As plantas taníferas, produtoras de tanino, sempre tiveram sua importância 
histórica ligada à sua utilidade na indústria do curtume, em sua capacidade de 
transformar pele animal em couro para a utilização em artefatos. Com o advento 
de novas tecnologias, a indústria passou a utilizar outras matérias primas para o 
curtimento. 
O tanino se liga às proteínas da pele precipitando-as e a transformando em 
couro. Esta capacidade de se ligar a macromoléculas explica sua afinidade em 
precipitar, além de proteínas, também a pectina e celulose. 
Várias substâncias tânicas de origem mineral e sintética já foram obtidas e são 
utilizadas na indústria coureira, no entanto o mercado internacional tem 
demonstrado interesse em produtos obtidos a partir de métodos mais naturais, 
de taninos vegetais. O tanino também é um importante fator de sabor. É 
responsável pelo retro gosto chamado de “corpo” do vinho e outras bebidas 
como o chá verde. Esta adstringência está presente em muitos frutos e outros 
produtos de origem vegetal. 
A interação entre o tanino e as proteínas é o fator responsável pela ação 
antimicrobiana, antifúngica e sua capacidade de controlar insetos, tornando-o 
um importante metabólito secundário utilizado na fitoterapia. Todas as plantas 
produzem taninos em maior ou menor quantidade. Plantas como o barbatimão 
(Martius), ricas em tanino e muito utilizadas em fitoterapia, principalmente na 
cicatrização de feridas, levam à precipitação das proteínas das células 
superficiais da mucosa e do leito da ferida formando uma película protetora 
contra a multiplicação bacteriana. 
 
PLANTAS MEDICINAIS 
Alho (Allium sativum L.) 
 
 
 
 
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O alho está listado no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, no 
Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira e na RDC 10/10 . 
Parte usada: bulbos frescos ou secos , óleo de alho. 
Composição química: compostos sulfurados (aliinas, alicinas, alilcisteina, 
dialilsulfeto, ajoeno, dentre outros), flavonoides, saponinas, frutosanas. 
No alho recém-colhido, as aliinas são predominantes, mas inicia-se um processo 
de conversão das aliinas em alicinas, principalmente quando o alho é esmagado 
ou cortado. No óleo, há predominância de oligosulfetos, ajoeno e vinilditiinas. 
Indicações terapêuticas: no controle da hipercolesterolemia. Como 
expectorante e antisséptico. 
Como coadjuvante na hiperlipidemia e na hipertensão leve (pode reduzir a 
pressão em indivíduos hipertensos, mas não há efeito em normotensos) e na 
arteriosclerose. 
Toxicidade e efeitos adversos: pode ocasionar dermatites de contato e 
ardência na cavidade oral. Também há casos de ocorrência de cefaleia, mialgia 
e vertigem, mesmo em doses terapêuticas. Pode ocorrer desconforto abdominal, 
náusea, diarreia ou vômito. A utilização de alho promove halitose e odor corporal. 
Interações medicamentosas: não deve ser utilizado concomitantemente com 
anticoagulantes orais, antiplaquetários ou inibidores da protease. 
O óleo de alho e o dialilsulfeto podem reduzir moderadamente o metabolismo da 
clorzoxazona (inibição da CIP1E2). A ingestão de cápsulas de óleo de alho 
concomitantemente com lisinopril pode levar à hipotensão. Assim, possíveis 
interações com inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA), devem 
ser monitoradas. 
Em coelhos, extrato de alho reduziu a concentração sérica de isoniazida em 
torno de 50%. Um estudo em ratos mostrou que a ingestão de extrato aquoso de 
alho pode modificar a farmacocinética desse fármaco [aumentou a área sob a 
 
 
 
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curva (AUC)], podendo levar a aumento da toxicidade de efeitos colaterais. O 
mesmo aconteceu com ciprofloxacina. 
A utilização concomitante com fármacos anti-inflamatórios não-esteroidais, por 
exemplo a indometacina, pode levar ao aumento do tempo de coagulação devido 
à diminuição da agregação plaquetária. 
Posologia: 
Macerado: 0,5 g de bulbilhos em 30 mL de água, antes das refeições. 
Tintura (1:5 em álcool 45%): 2,5 a 5,0 mL (50 a 100 gotas) em meio copo (75 
mL) de água, de duas a três vezes ao dia. 
Alcoolatura e extrato fluido: 1-2 mL (20-40 gotas) diluídos em 75 mL de água, 
duas vezes ao dia. 
Barnes et al (2012) compilaram informações sobre a posologia do alho a partir 
de diversos tratados, farmacopeias e formulários. De acordo com esses autores, 
o alho deve ser utilizado como a seguir: 
Bulbo seco: 2-4 g, 3 vezes ao dia. 
Bulbo fresco: 4 g/dia. 
Tintura: 2-4 mL, 3 vezes ao dia. 
Óleo: 0,03 mL- 0,12 mL, 3 vezes ao dia. 
Suco: 2-4 mL. 
Xarope: 2-8 mL. 
De acordo com esses autores, com base em ensaios clínicos, para a profilaxia 
da aterosclerose, a ESCOP (European Scientific Cooperative on Phytotherapy) 
cita a dose de 0,5-1,0 g de alho seco em pó, padronizado em 6-10% de aliina e 
3-5% de alicina. 
 
 
 
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No Phisicians Desk Reference (PDR ® ) for Herbal Medicines, a dose diária 
recomendada para hiperlipidemia vaaria de 600-900 mg de alho em pó, 
padronizado em 1,3% de aliina. 
Informações adicionais: devido à atividade de inibição da agregação 
plaquetária, a utilização do alho deve ser interrompida ao menos 10 dias antes 
e 10 dias depois de cirurgias . 
O alho parece agir como abortivo, podendo levar a contrações uterinas. Também 
parece afetar o ciclo menstrual. O consumo de alho por lactantes altera o odor 
do leite o que pode, em alguns casos, ocasionar a rejeição pelo lactente. 
 
Algodão (Gossypium hirsurtum L.) 
 
O algodão (folhas, raízes, botão floral) é utilizado na medicina popular em 
praticamente todos os países nos quais é cultivado para diversos fins. Por 
exemplo, as folhas são utilizadas na forma de chá nas disenterias e para 
hemorragia uterina; as folhas frescas machucadas (amassadas) são utilizadas 
como cicatrizante; o chá da raiz é usado para “falta de memória”; flores e frutos 
verdes para micoses. 
Contudo, há poucos registros de estudos farmacológicos clínicos ou pré-clínicos 
para que se possa garantir quer a eficácia, quer a segurança dessa planta 
medicinal. 
Ratos tratados com tintura de raiz de Gossypium herbaceum nas doses de 2 
mL/Kg/dia e 4 mL/Kg/dia, por 30 dias, apresentaram redução da massa corporal, 
alteração no volume dos órgãos, alterações bioquímicas e óbitos, mais frequente 
em fêmeas, configurando toxicidade sistêmica da tintura, quando administrada 
em altas doses. 
 
 
 
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Outro ponto a ser ponderado é a presença de gossipol em praticamentetoda a 
planta. Esse composto apresenta a propriedade de inibir a espermatogênese, 
podendo levar a infertilidade masculina de forma definitiva. 
As folhas contêm resinas que ao serem ingeridas formam um gel, podendo 
interferir na absorção de fármacos. 
Arnica 
A arnica verdadeira é a espécie Arnica montana L., originária da Europa. 
Contudo, no Brasil, diversas espécies são utilizadas com o nome popular 
“arnica”. Dessas as mais comumente citadas são a Solidago chilensis Meyen. e 
espécies do gênero Lychnophora. No Distrito Federal e no entorno, a espécie 
conhecida como arnica é a Lychnophora ericoides Less. Enquanto para A. 
montana, as ações farmacológicas estão bem determinadas, para S. chilensis e, 
principalmente, para L. ericoides, são raros os estudos visando confirmar suas 
propriedades terapêuticas 
 
Arnica montana L. 
A arnica está listada no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira e 
na RDC 10/10. 
Parte usada: flores. No Phisicians Desk Reference (PDR ® ) for Herbal 
Medicines, também são listadas como parte usada as folhas coletadas antes da 
floração, as raízes e os rizomas, além do óleo essencial. 
Composição química: flavonoides (dentre eles, quercetina), cumarinas 
(escopoletina e umbeliferona), terpenoides (lactonas sesquiterpênicas, 
principalmente do tipo guaianolideo e triterpenos), alcaloides, óleos essenciais 
(timol e derivados), dentre outros. 
Indicações terapêuticas: anti-inflamatório em contusões e distensões, nos 
casos de equimoses e hematomas. Em um estudo randomizado, duplo cego e 
 
 
 
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controlado por placebo, 89 pacientes com insuficiência venosa receberam 
tratamento com gel de arnica (tintura a 20%) ou placebo. Os resultados 
mostraram que o tratamento com o gel trouxe melhora no tônus venoso, no 
edema e na sensação de peso nas pernas. Outras evidências clínicas também 
mostraram indicação para uso tópico em mialgias, reumatismo e osteoartrites. 
Por exemplo, um estudo multicêntrico, envolvendo 26 homens e 53 mulheres 
com osteoartrite moderada no joelho mostrou que o gel de arnica (contendo 50-
100 g de tintura da planta fresca 1:20), quando aplicado 2 vezes ao dia foi efetivo. 
Toxicidade e efeitos adversos: a arnica é tóxica se for usada por via oral. A 
ingestão pode resultar em gastroenterite grave e alterações cardiovasculares. 
Não utilizar em lesões abertas. Em casos isolados pode provocar reações 
alérgicas com formação de vesículas e necrose. Não utilizar por um período 
superior a sete dias e em concentração acima da recomendada. O uso interno 
só é recomendado em preparações homeopáticas. 
Interações medicamentosas: não há relatos na literatura. Contudo, devido ao 
fato de conter cumarinas, pode, potencialmente, interagir com anticoagulantes, 
por exemplo, varfarina. 
Posologia (uso tópico): Infusão: 3 g (1 colher de sopa) em 150 mL de água. 
Aplicar compressa na área a ser tratada de 2 a 3 vezes ao dia. 
Gel e pomada: preparados com 10% de extrato glicólico de arnica devem ser 
aplicados na área a ser tratada massageando de forma suave até 3 vezes ao 
dia. 
Óleo: macerar 1 parte de flores em 5 partes de óleo vegetal. Aplicar no local 3 
vezes ao dia (40). 
Tintura: aplicar sobre a área afetada até 3 vezes ao dia. 
Informações adicionais: é contraindicado o uso na gravidez e na lactação. 
 
 
 
 
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Solidago chilensis Meyen (sin. S. microglossa DC.) 
Parte usada: planta inteira. 
Composição química: flavonoides (dentre eles, rutina), derivados do ácido 
cafeico, ácido clorogênico, diterpenos do tipo labdano (por exemplo 
solidagenona). 
Indicações terapêuticas: anti-inflamatório em contusões e distensões, nos 
casos de equimoses e hematomas. 
Um estudo envolvendo pacientes com tendinite nos tendões flexores e 
extensores do punho ou da mão mostrou que um gel contendo extrato glicólico 
das partes aéreas (equivalente a 5 g de planta seca), aplicado duas vezes ao 
dia, por 25 dias, foi capaz de melhorar a tendinite, com redução da dor. Em outro 
estudo, pacientes apresentando lombalgia utilizaram gel contendo 10 gramas de 
extrato fluido das partes aéreas, por 15 dias, duas vezes por dia apresentaram 
melhora na dor lombar com aumento da flexibilidade . 
Vários ensaios pré-clínicos mostram que extratos das partes aéreas apresentam 
atividades anti-inflamatória, cicatrizante, gastroprotetora, hipoglicemiante e 
hipolipidêmica. Solidagenona parece ser responsável pela atividade anti-
inflamatória. 
Toxicidade e efeitos adversos: não há relatos na literatura. 
Interações medicamentosas: não há relatos na literatura. 
Posologia (uso tópico) 
Tintura: incorporar em vaselina sólida na proporção 1:10. Aplicar até 6 vezes ao 
dia. 
Informações adicionais: é contraindicado o uso oral na gravidez e lactação. 
 
Lycnophora ericoides Less. 
 
 
 
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Parte usada: planta inteira. 
Composição química: flavonoides (dentre eles, vicenina-2), derivados do ácido 
cafeico, ácido clorogênico, lactonas sequiterpênicas, lignanas. 
Indicações terapêuticas: anti-inflamatório em contusões e distensões, nos 
casos de equimoses e hematomas. 
Ensaios in vivo mostraram que as raízes apresentam propriedades analgésicas; 
as folhas são analgésicas e anti-inflamatórias. As atividades parecem estar 
ligadas à presença de ácido clorogênico, lignanas e vicentina-2 . 
Toxicidade e efeitos adversos: não há relatos na literatura. Lactonas 
sesquiterpênicas apresentam hepatoxicidade. Dessa forma, preparações 
contendo L. ericoides e outras espécies do gênero Lychnophora, não devem ser 
utilizadas via oral. 
Interações medicamentosas: não há relatos na literatura. 
Posologia (uso tópico): não há relatos na literatura. Considerando que essa 
espécie é sucedânea de Arnica montana, sugere-se utilizar a mesma posologia. 
Informações adicionais: é contraindicado o uso oral na gravidez e na lactação. 
 
Boldo (Plectranthus barbatus Andrews) 
O boldo está listado no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira e 
na RDC 10/10 . Também é distribuído, na forma de tintura, pelo Programa 
Farmácia Viva do DF. 
Parte usada: folhas frescas ou secas. Composição química: triterpenos, 
diterpenos do tipo abietano e labdano. Um dos principais componentes é a 
forskolina. Indicações terapêuticas: antidispéptico (8, 71). Em modelos animais, 
o extrato aquoso de folhas (250 mg/kg) apresentou efeito hepatoprotetor contra 
sobrecarga de ferro induzida por ferro-dextrana (72). A tintura 20%, na dose de 
 
 
 
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0,2 mL/animal apresentou efeito gastroprotetor contra danos causados por 
etanol absoluto em ratos, com redução da lesão similar à promovida por 
cimetidina na dose de 40 mg/kg (73). Toxicidade e efeitos adversos: não há, na 
literatura, relato de efeitos significativos. Pode ocasionar dermatites de contato. 
Interações medicamentosas: em ratos, o extrato aquoso reduziu o tempo de 
sono induzido por pentobarbital. Assim, uma potencial interação com 
barbituratos deve ser monitorada. De acordo com o Formulário de Fitoterápicos 
da Farmacopeia Brasileira, não deve ser utilizado concomitantemente com 
metronidazol, dissulfiram, depressores do Sistema Nervoso Central (SNC) e com 
anti-hipertensivos. Tais recomendações podem ser devidas às diversas 
atividades farmacológicas apresentadas pela forskolina, tais como anti-
hipertensiva, inibição da agregação plaquetária, espasmolítica, cardiotônica, 
dentre outras (74-76). 
Posologia: 
Chá: 1-3 g de folhas em 150 mL de água, 3 vezes ao dia. 
 
Capim-santo, capim cidrão [Cymbopogon citratus (DC.) Stapf] 
O capim-santo está listado no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia 
Brasileira e na RDC 10/10. Também é distribuído pelo Programa Farmácia Viva 
do DF. 
Parte usada: folhas frescas ou secas. 
Composiçãoquímica: o principal constituinte é o óleo essencial, cujo principal 
componente é o citral e mirceno. Apresenta também, dentre outros compostos, 
triterpenos, compostos polifenólicos tais como flavonoides e derivados dos 
ácidos cafeico e clorogênico. 
Indicações terapêuticas: antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve, 
atividades atribuídas ao citral; e analgésico, devido à presença de mirceno. 
 
 
 
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Apesar da indicação como ansiolítico, um estudo realizado com voluntários não 
confirmou tal efeito. 
A atividade anti-inflamatória é atribuída ao ácido clorogênico e outros compostos 
fenólicos presentes nas folhas. 
Toxicidade e efeitos adversos: em um estudo com voluntários e em modelo 
animal, não foram observados sinais de toxicidade significativos. Há raros casos 
de dermatites de contato e dois relatos de alveolite tóxica devido à inalação do 
óleo volátil. 
Interações medicamentosas: não há relatos na literatura. Contudo como 
compostos polifenólicos podem ser precursores de quinonas ou intermediários 
quinonametídeos que são inativadores das CIP, a utilização concomitante com 
certos medicamentos deve ser evitada. Além disso, pode potencializar o efeito 
de fármacos com ação sedativa. 
Posologia: 
Chá: 1-3 g de folhas em 150 mL de água, 2-3 vezes ao dia. 
 
Carqueja [Baccharis trimera (Lees.) DC.] 
 
A carqueja está listada no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 
(8) e na RDC 10/10 (9). A espécie Baccharis genistelloides Lam. Pers. também 
é conhecida como carqueja e utilizada para os mesmos fins que B. trimera (54). 
Parte usada: folhas. 
Composição química: terpenoides, principalmente diterpenos e óleos 
essenciais e compostos fenólicos, principalmente flavonoides, tais como 
quercetina, luteolina, nepetina, apigenina e hispidulina. 
Indicações terapêuticas: antidispéptico, hepatoprotetor e gastroprotetor . 
 
 
 
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Toxicidade e efeitos adversos: o uso pode causar hipotensão. 
Interações medicamentosas: evitar o uso concomitante com medicamentos 
para hipertensão e diabetes, pois pode ocasionar aumento do efeito dos 
fármacos em uso. 
Posologia: 
 Infusão: 2,5 g (2,5 colheres de chá) em 150 mL de água. Utilizar 1 xícara de 
chá, logo após o preparo, de 2-3 vezes ao dia . 
Informações adicionais: contraindicado para uso em gestantes, pois pode 
promover contrações uterinas. Não utilizar em lactantes. Evitar o uso em 
pacientes com insuficiência renal. 
 
Melissa, erva cidreira (Melissa officinalis L.) 
A melissa está listada no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 
e na RDC 10/10. Parte usada: apesar de no Formulário de Fitoterápicos e na 
RDC10/10 ser preconizado o uso de sumidades floridas, usualmente as partes 
usadas são as partes aéreas (folhas e inflorescência), frescas ou secas. 
Composição química: o principal componente é o óleo essencial, rico em 
geranial, neral e citronelal, citral, glicosídeo de eugenila. Também podem ser 
encontrados compostos fenólicos, tais como flavonoides e derivados do ácido 
cafeico. 
 Indicações terapêuticas: antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve. 
Também há indicações de atividades colerética e carminativa. 
Toxicidade e efeitos adversos: em um estudo com voluntários e em modelo 
animal, não foram observados sinais de toxicidade significativos. 
 
 
 
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Interações medicamentosas: deve ser evitado o uso concomitante com 
fármacos que atuam como depressores do sistema nervoso central (SNC), pois 
pode potencializar sua ação. 
O extrato de M. officinalis produz uma inibição significativa da ligação do 
hormônio tireoidiano com seu receptor. Dessa forma, pacientes hipotireoideos 
ou em uso de medicação contendo hormônios tireoidianos devem evitar a 
utilização concomitante. 
Compostos polifenólicos podem ser precursores de quinonas ou intermediários 
quinonametídeos que são inativadores das CIP. 
Posologia: 
Chá: 1-4 g de sumidades floridas secas em 150 mL, 2-3 vezes ao dia (8, 39). 
Melissa officinalis tem mostrado uma potente atividade virucida contra HSV-1 
(herpes labial) (94-99). Assim, para uso tópico, recomenda-se o creme contendo 
1% de extrato aquoso liofilizado de folhas secas, 2-4 vezes ao dia. 
Informações adicionais: pacientes com demência severa foram tratados com 
óleo essencial de M. officinalis e após 4 semanas de tratamento mostraram-se 
menos agitados, menos deslocados socialmente e mais engajados em 
atividades construtivas. Da mesma forma, pacientes idosos com Alzheimer 
moderada, após 4 meses sob tratamento com extrato hidroalcoólico de M. 
officinalis apresentaram melhora cognitiva. M. officinalis promoveu melhora de 
humor, aumentou a calma e reduziu o estado de alerta em voluntários 
submetidos a situação de stress controlado. 
Os extratos de M. offinalis têm sido utilizados externamente, devido à sua 
atividade antiviral. Um estudo controlado, multicêntrico avaliou um creme 
contendo 1% de extrato aquoso padronizado das folhas (proporção 
planta/extrato 70:1) em 115 pacientes apresentando lesões devido a herpes 
labial. Os pacientes aplicaram o creme 5 vezes ao dia, até a completa cura da 
lesão. Foi observado o desaparecimento da lesão em 96 % dos pacientes . 
 
 
 
7
2 
72 
 
Erva doce 
Em algumas regiões do Brasil, o nome popular “erva doce” é atribuído tanto à 
espécie Pimpinella anisum L. quanto a Foeniculum vulgare Mill., mais conhecido 
com funcho. Ambas as drogas vegetais estão listadas no Formulário 
Fitoterápico; contudo somente P. anisum está presente na RDC 10/10. 
 
Pimpinella anisum L. - Erva-doce 
Parte usada: frutos secos. 
Composição química: o principal componente é o óleo essencial, rico em 
transanetol, estragol e β-cariofileno. Também apresenta compostos fenólicos 
(derivados do ácido clorogênico), tais como flavonoides (orientina, isovitexina e 
outros), cumarinas, triterpenos e esteroides. 
Indicações terapêuticas: antidispéptico e antiespasmódico; antitussígeno. 
Toxicidade e efeitos adversos: não há relatos de toxicidade significativa 
relacionada ao uso da droga vegetal. Contudo, a ingestão de 1-5 mL de óleo de 
erva-doce pode levar a náusea, vômito, convulsões e edema pulmonar. Pode 
provocar dermatite de contato. 
Interações medicamentosas: o óleo essencial apresenta atividade estrogênica, 
que parece ser devida, em parte, pela presença do anetol seus derivados. 
Apesar dos compostos cumarínicos identificados na erva-doce, até o momento, 
não apresentarem o requerimento mínimo para a atividade anticoagulante (grupo 
hidroxila em C4 e um substituinte apolar em C3) deve ser evitado o uso 
concomitante com anticoagulantes e inibidores da agregação plaquetária. 
 
 
 
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3 
73 
Em experimentos in vivo, o óleo essencial de P. anisum promoveu a diminuição 
da concentração plasmática de acetaminofeno e cafeína. Assim, o uso 
concomitante deve ser evitado. 
Posologia: 
Chá: 1,5 g de frutos secos em 150 mL, 3 vezes ao dia. Óleo: 0,05-0,2 mL 3 vezes 
ao dia. Informações adicionais: contraindicado para uso em gestantes devido à 
presença de anetol . 
 
Foeniculum vulgare Mill. – Funcho 
Parte usada: frutos secos. Composição química: o principal componente é o óleo 
essencial, rico em dilapional zizibeosídeo, icavisido A, siringina, rotundifolona, 
fenchona e derivados de cineol e anetol. Também apresenta compostos 
fenólicos, tais como flavonoides e derivados do ácido cafeico. 
Indicações terapêuticas: carminativo (antiflatulento), antidispéptico e 
antiespasmódico. Como antitussígeno e alívio da bronquite. 
O óleo essencial apresenta atividade estrogênica, que parece ser devida, em 
parte, pela presença do anetol seus derivados. O óleo essencial e o extrato 
etanólico apresentam atividade broncodilatadoranão dependente da inibição 
muscarínica ou histamínica, nem do efeito estimulante sobre receptores 2- 
adrenérgicos. 
O extrato aquoso das sementes reduziu a pressão sistólica de ratos hipertensos, 
mas não teve efeito em ratos normotensos. A atividade hipotensora parece ser 
devida à ação diurética e natriurética. A ação diurética também foi observada 
para o extrato hidroetanólico. 
Toxicidade e efeitos adversos: não deve ser utilizado continuamente por mais 
de uma semana . 
 
 
 
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4 
74 
Fenchona, um dos compostos presentes em F. vulgare possui atividade 
epileptogênica. Dessa forma, essa planta deve ser evitada por indivíduos com 
histórico de eventos epilépticos. 
Interações medicamentosas: pode inibir a atividade de CIP3A4 e CIP2D6, 
devido, ao menos em parte, à presença de furanocumarinas (psoraleno, 5-
metoxipsoraleno). Assim, deve ser evitada a ingestão concomitante com 
farmacoterapia cuja via de metabolização seja hepática. 
O óleo essencial mostrou maior atividade que o ácido acetilsalicílico na inibição 
da agregação plaquetária. Dessa forma, o consumo dessa planta deve ser 
evitado por indivíduos em uso de medicação anticoagulante. 
Foi observada uma interação significativa entre ciprofloxacina e o extrato aquoso 
de funcho. Em modelo in vivo, a absorção, a distribuição e a eliminação do 
antibiótico foram alteradas. Dessa forma, a utilização concomitante dessa planta 
e antibióticos da classe das fluoroquinolonas deve ser evitada. 
Vários terpenoides, particularmentente nerolidol e cineol podem aumentar a 
absorção cutânea de corticosteróides de uso tópico. 
Testes ex vivo mostraram que vários flavonoides podem modular a atividade da 
glicoproteína P (PgP). Assim, o uso por pacientes em regime de polifarmácia 
deve ser evitado. 
Posologia: 
Tintura: 50 gotas (2,5 mL) em 75 mL de água de 1-3 vezes ao dia (8). 
Óleo: 2-5 gotas diluídas em água após as refeições. 
Chá: 2-5 g, pulverizadas imediatamente antes do uso em 150 mL de água 
fervente, 2-4 vezes ao dia. 
Informações adicionais: contraindicado para uso em gestantes e crianças. 
 
 
 
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75 
Extratos de F. vulgare apresentam atividades hipolipidêmicas e hipoglicemiante 
in vivo. 
Em um estudo randomizado e controlado com 60 mulheres na pós menopausa, 
o gel ginecológico contendo 5% de funcho, aplicado uma vez ao diz, por cinco 
dias, promoveu a melhora da atrofia vaginal. A utilização de funcho parece 
melhorar e reduzir cólicas menstruais . 
 
Limão [Citrus aurantifolia (Christm.) Swing] 
O limão não está listado para uso medicinal no Formulário Fitoterápico e na RDC 
10/10. Na medicina popular é muito utilizado para diversos fins. O “chá de limão” 
é popularmente empregado para tosse e afecções febris em gripes e resfriados. 
 
Mastruz, erva-de-santa-maria, mastruço (Chenopodium ambrosioides L.) 
O mastruz não está listado para uso medicinal no Formulário Fitoterápico e na 
RDC 10/10. Na medicina popular é muito utilizado para diversos fins. “Mastruz 
com leite”, a forma mais citada de uso por habitantes de Ceilândia e Paranoá, é 
popularmente empregado para bronquite e tuberculose. 
O extrato aquoso apresentou toxicidade crônica in vivo: o uso prolongado causou 
metaplasia escamosa com queratinização na camada muscular do estomago de 
ratos. Também foi observada necrose coagulativa tubular e dano glomerular nos 
rins. 
O óleo essencial das folhas contém ascaridol e pode provocar taquicardia, 
prostração, cefaleia, distúrbios gastrointestinais e em alguns casos, óbito. 
Ascaridol pode promover hipotermia, redução da atividade locomotora e 
convulsões. Dessa forma, a utilização dessa planta medicinal 
concomitantemente com fármacos de ação neurológica deve ser evitada. 
 
 
 
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76 
Saponinas, administradas via oral, além de causar desequilíbrio no tampão 
gástrico, podem levar fármaco a terem aumento ou redução de seus efeitos 
terapêuticos. 
 
Hortelã (Mentha x piperita) 
 
Está listada no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira e no 
Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. 
Parte usada: partes aéreas (folhas e sumidades floridas) secas. 
Composição química: o principal componente é o óleo essencial, rico em 
mentol, mentona e acetato de mentila, pulegona, dentre outros. Também 
apresenta compostos fenólicos, tais como flavonoides. 
Indicações terapêuticas: carminativo e antiespasmódico. 
Há um bom nível de evidências clínicas da ação de cápsulas entéricas de óleo 
de menta no alívio dos sintomas da síndrome do intestino irritável. Por exemplo, 
um estudo randomizado duplo-cego envolvendo noventa pacientes que 
utilizaram, durante oito semanas, cápsulas entéricas de óleo de menta (540 
mg/dia). Pacientes tratados relataram uma melhora significativa nos sintomas, 
com redução da dor (139). Toxicidade e efeitos adversos: não há relatos de 
toxicidade significativa relacionada ao uso da droga vegetal. Contudo, pulegona, 
presente no óleo essencial, é hepatotóxico, nefrotóxico e pode levar a lesão 
cerebral (140). Assim, a concentração de pulegona é rigorosamente controlada 
no óleo essencial utilizado na terapêutica. Interações medicamentosas: o chá de 
hortelã parece reduzir a absorção de ferro (19). As interações mais importantes 
referem-se ao óleo essencial que pode ter propriedade ligante quer com CIP 
quer com a proteína P. A proteína P pertence a superfamília dos transportadores 
ABC e influencia na ocorrência da resistência aos fármacos utilizados no 
 
 
 
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7 
77 
tratamento do câncer. É um potente inibidor de várias isoenzimas da CIP (19). 
Cápsulas de óleo de hortelã aumentam a biodisponibilidade podem interagir com 
a felodipina aumentando sua biodisponibilidade (141, 142), podendo aumentar a 
incidência dos efeitos adversos (cefaleias, delírio, etc). Também inibe o 
metabolismo da nifedipina (142). Em ensaios in vivo, aumentou a 
biodisponibilidade da ciclosporina (143). O óleo essencial pode, potencialmente 
apresentar riscos à saúde quando utilizado concomitantemente com 
anticoagulantes orais, tipo varfarina, metabolizada pelo CIP2C9 (144). O mentol 
e outros álcoois monoterpênicos presentes no óleo essencial prolongam a 
duração da anestesia por propofol (141). 
Posologia: 
Chá: 1,5 g de sumidades floridas secas em 150 mL, 2-4 vezes ao dia. 
Extrato líquido (1:2): 1,5-4 mL/dia. 
Tintura (1:5): 3-11 mL/dia. 
Óleo essencial (em cápsulas entéricas): 0,6-1,8 mL/dia. 
 Informações adicionais: a infusão não é recomendada para portadores de 
refluxo gastroesofaríngeo, pois promove o relaxamento do esfíncter inferior. 
 
Camomila (Matricaria chamomilla L.) 
A camomila está listada no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia 
Brasileira, na RDC 10/10 e no Memento Fitoterápico da Farmacopeia Brasileira. 
Parte usada: sumidades floridas. 
Composição química: o principal componente é o óleo essencial, rico em - 
bisabolol, chamazuleno, proazulenos (matricarina e matricina), dentre outros. 
Também apresenta outros terpenoides, cumarinas, compostos fenólicos 
(flavonoides, ácidos clorogênico e cafeico). 
 
 
 
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78 
Indicações terapêuticas: 
Uso interno: antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve. 
Uso externo: anti-inflamatório nas afecções da cavidade oral, contusões. 
Toxicidade e efeitos adversos: não há relatos de toxicidade significativa 
relacionada ao uso da droga vegetal. Contudo, podem ocorrer alergia de contato. 
Em altas doses podem ocorrer náuseas devido à presença de ácido antêmico, 
com propriedades eméticas. 
Interações medicamentosas: camomila pode, potencialmente apresentar 
riscos à saúde quando utilizada concomitantemente com anticoagulantes orais, 
tipo varfarina, apesar de a isoenzima mais sensível à inibição por M. chamomillaser a CIP1A2 e o estereoisômero da varfarina com maior atividade 
anticoagulante ser metabolizado pelo CIP2C9. 
Compostos polifenólicos podem ser precursores de quinonas ou intermediários 
quinonametídeos que são inativadores das CIP. Testes ex vivo mostraram que 
quercetina, kaempferol, apigenina e galangina podem modular a atividade da 
glicoproteína-P (PgP). Assim, plantas medicinais que os contenham devem ser 
evitadas por usuários de polifarmácia. 
Posologia: 
Chá (uso interno): 3 g de sumidades floridas secas em 150 mL, 3-4 entre as 
refeições. 
Chá (uso externo): 6-9 g de sumidades floridas em 100 mL, 3 vezes ao dia, 
como bochechos e gargarejos. 
Informações adicionais: extratos de M. chamomilla apresentaram atividade 
antimicrobiana em diversas cepas isoladas de Candida sp. dentre outros 
microrganismos. Considerando ainda sua ação anti-inflamatória, pode ser 
justificada a utilização de banhos de assento de chá de camomila nos casos de 
vulvovaginites. 
 
 
 
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9 
79 
Um estudo cego, randomizado e controlado envolvendo 99 pacientes com 
osteoartrite no joelho mostrou que a aplicação tópica do óleo de camomila 
apresentou efeitos benéficos na redução da dor e função física. O chá de 
camomila reduziu a xerostomia em pacientes idosos. 
 
Romã (Punica granatum L.) 
A romã está listada no Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira e 
na RDC 10/10. 
Parte usada: casca do fruto (pericarpo). Também são medicinais a raiz, a casca 
do caule, os frutos e as flores. 
Composição química: alcaloides piperidínicos (por exemplo isopeletierinas), 
compostos fenólicos, principalmente flavonoides e taninos. Os alcaloides estão 
presentes nos galhos e raízes. Os taninos estão presentes na casca do fruto, 
nas raízes e nos galhos. 
Indicações terapêuticas: anti-inflamatório e antisséptico da cavidade oral. Tem 
ação adstringente, antidiarreica e antisséptica. Tem atividade hipoglicemiante e 
o caule e as raízes tem ação anti-helmíntica e amebicida. 
Toxicidade e efeitos adversos: devido à alta concentração de taninos, pode 
provocar irritação gástrica. A superdosagem de caule e raízes (acima de 80 g), 
devido à presença dos alcaloides e taninos pode provocar vômito, zumbido, 
distúrbio visual e tremores. 
Interações medicamentosas: Romã pode, potencialmente, apresentar riscos à 
saúde por possuir alta capacidade de inibir a isoenzima CIP2D6 e assim 
potencializar o efeito, assim como efeitos adversos dos fármacos metabolizados 
por esta via enzimática. 
Posologia: 
 
 
 
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Casca do fruto (uso externo) 
Infecções orais 
Decocto: 6 g (2 colheres de sopa) das cascas do fruto em 150 mL de água. 
Fazer bochechos ou gargarejos, 3 vezes ao dia. Não ingerir a preparação. 
Tintura: 1 colher de sopa da tintura em 150 mL de água. Fazer bochechos ou 
gargarejos, três vezes ao dia. 
Infecções vaginais 
Decocto: 6 g (2 colheres de sopa) das cascas do fruto em 1 L de água. Fazer 
banhos de assento 3 vezes ao dia. 
Informações adicionais: contraindicado para uso em gestantes. 
Não engolir a preparação após bochecho ou gargarejo. Para uso exclusivamente 
externo. 
 
Poejo (Mentha pulegium L.) 
O poejo está listado para uso medicinal na RDC 10/10. 
Parte usada: partes aéreas. 
Composição química: o principal componente é o óleo essencial, cujo principal 
componente é a pulegona (60 a 90%); outros componentes incluem mentona, 
isomentona, ácidos polifenólicos, flavonoides, dentre outros. Também contém 
triterpenos e compostos fenólicos, tais como taninos e flavonoides. 
Indicações terapêuticas: afecções respiratórias como expectorante. É também 
utilizado como antidispéptico e antiespasmódico e ainda como estimulante do 
apetite. 
Toxicidade e efeitos adversos: o óleo essencial presente no poejo é tóxico 
para o fígado e rins e seu uso é considerado inseguro. São contraindicados o 
 
 
 
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uso prolongado e a inalação do óleo de poejo devido seu potencial tóxico e 
irritante. Em altas doses (acima de 5 g) o óleo tem ação abortiva e promove 
vômito, aumento da pressão arterial e morte por insuficiência respiratória. 
Em ensaio in vivo, com ratas prenhas, a ingestão de extrato hiroalcoólico de M. 
pulegium nas doses de 1-5 g/kg, provocou alterações na performance 
reprodutiva e foi teratogênica. Interações medicamentosas: o chá de poejo pode 
reduzir a absorção do ferro devido capacidade dos polifenóis, presentes no chá, 
de se ligarem ao ferro no intestino. 
Posologia: 
Infusão: 1 g (1 colher de sobremesa) em 150 mL de água, 2- 3 vezes ao dia 
durante ou após refeições. 
Informações adicionais: contraindicado o uso na gravidez, lactação e em 
crianças menores de 6 anos. 
 
 
 
 
 
 
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Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e 
Fitoterápicos 
 
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos 
A Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos 
(PPNPMF) tem como objetivo garantir à população brasileira o acesso seguro e 
o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso 
sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da 
indústria nacional. 
Essa política que foi aprovada por meio do Decreto n. 5.813, de 22 de junho de 
2006, estabelece diretrizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações 
 
 
 
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5 
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pelos diversos parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do 
acesso seguro e uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso 
país, ao desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como ao 
fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos, ao uso sustentável da 
biodiversidade brasileira e ao desenvolvimento do Complexo Produtivo da Saúde 
(BRASIL, 2006). 
Um dos princípios orientadores da PPNPMF é a ampliação das opções 
terapêuticas e melhoria da atenção à saúde aos usuários do Sistema Único de 
Saúde (SUS). 
O serviço de Fitoterapia é ofertado em 1.108 municípios, segundo dados de 2017 
do SISAB – Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica. 
Nessa direção, o SUS oferta à população, com recursos de União, Estados e 
Municípios, doze medicamentos fitoterápicos. Eles constam na Relação 
Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) e são indicados, por exemplo, 
para uso ginecológico, tratamento de queimaduras, auxiliares terapêuticos de 
gastrite e úlcera, além de medicamentos com indicação para artrite e osteoartrite. 
As Secretarias de Saúde municipais e estaduais devem informar ao Ministério 
da Saúde as entradas, saídas e dispensações de medicamentos, entre eles os 
fitoterápicos, por meio do envio do conjunto de dados do Sistema Nacional de 
Gestão da Assistência Farmacêutica (Hórus) ou de Sistema próprio, por meio do 
WebService, conforme a Portaria GM/MS nº. 271/2013, que institui a Base 
Nacional de Dados de ações e serviços da Assistência Farmacêutica e 
regulamenta o conjunto de dados, fluxo e cronograma de envio referente ao 
Componente Básico da Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS. 
No Brasil, estima-se que 25% dos US$ 8 bilhões do faturamento da indústria 
farmacêutica, no ano de 1996, foram originados de medicamentos derivados de 
plantas (GUERRA; NODARI, 2001). Considera-se também que as vendas neste 
setor crescem 10% ao ano, com estimativa de terem alcançado a cifra de US$ 
 
 
 
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550 milhões no ano de 2001 (KNAPP, 2001). Estados Unidos e Alemanha estão 
entre os maiores consumidores dos produtos naturais brasileiros. Entre 1994 e 
1998, importaram, respectivamente, 1.521 e 1.466 toneladas de plantas que 
seguem para esses paísessob o rótulo genérico de “material vegetal do Brasil”, 
de acordo com Ibama (REUTERS, 2002). Embora o nosso país possua a maior 
diversidade vegetal do mundo, com cerca de 60 mil espécies vegetais superiores 
catalogadas, apenas 8% foram estudadas para pesquisas de compostos 
bioativos e 1.100 espécies foram avaliadas em suas propriedades medicinais 
(GUERRA; NODARI, 2001). 
As potencialidades de uso das plantas medicinais encontram-se longe de estar 
esgotadas, afirmação endossada pelos novos paradigmas de desenvolvimento 
social e econômico baseados nos recursos renováveis. Novos conhecimentos e 
novas necessidades certamente encontrarão, no reino vegetal, soluções, por 
meio da descoberta e do desenvolvimento de novas moléculas com atividade 
terapêutica ou com aplicações, tanto na tecnologia farmacêutica quanto no 
desenvolvimento de fitoterápicos com maior eficiência de ação (SCHENKEL et 
al.,2003). 
 
Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos 
O Programa em tela foi aprovado pela Portaria Interministerial nº 2960, de 9 de 
dezembro de 2008, além de criar o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e 
Fitoterápicos. 
As regulamentações de cultivo, manejo, produção, distribuição e uso de plantas 
medicinais e fitoterápicos devem ser editadas abrangendo e garantindo 
tratamento a todas as fases da cadeia produtiva, segundo as particularidades e 
especificidades de dois grandes eixos: 
a) o eixo agro-fito-industrial – do cultivo, produção, distribuição e uso de insumos 
e produtos da indústria farmacêutica; 
 
 
 
8
7 
87 
b) o eixo das tradições – do manejo, cultivo, produção, distribuição e uso de 
plantas medicinais pelos povos e comunidades tradicionais. 
Para o eixo agro-fito-industrial, as regulamentações devem assegurar a 
qualidade, eficácia e segurança do produto final por meio do cultivo, manejo, 
sistemas e técnicas de produção, considerando os aspectos botânicos, químicos 
e farmacológicos, visando à obtenção de princípios ativos quantificáveis e 
marcadores padronizados segundo as particularidades da agroindústria e da 
grande indústria farmacêutica. Para o eixo das tradições em plantas medicinais, 
as regulamentações devem ser direcionadas a salvaguardar, preservar e apoiar 
os conhecimentos, práticas, saberes e fazeres tradicionais e populares em 
plantas medicinais, remédios caseiros e demais produtos para a saúde que se 
estruturam em princípios ancestrais e imateriais, no extrativismo sustentável e 
na agricultura familiar. A validação e garantias de segurança, eficácia e 
qualidade destes produtos são referendadas pela tradição. O incentivo, apoio e 
fomento ao aprimoramento técnico e sanitário de seus agentes, processos e 
equipamentos, poderão propiciar a inserção dos detentores destes saberes e de 
seus produtos no SUS e nos demais mercados. 
As regulamentações devem contemplar Boas Práticas Agrícolas e Boas Práticas 
de Manipulação/Fabricação de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, considerando 
os diferentes níveis de complexidade da Fitoterapia – planta fresca e seca, 
fitoterápico manipulado/industrializado, incluindo os de uso tradicional (BRASIL, 
2016). 
Quanto aos recursos humanos, os procedimentos adotados para cultivo, manejo, 
produção, distribuição e uso de plantas medicinais e fitoterápicos implicam na 
capacitação técnico-científica dos profissionais envolvidos em toda a cadeia 
produtiva. Para tanto, os centros de formação e capacitação de recursos 
humanos devem elaborar diretrizes e conteúdos curriculares para o Ensino 
Médio e Superior no sentido de incluir a formação/capacitação em Plantas 
 
 
 
8
8 
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Medicinais/Fitoterapia em todas as áreas de conhecimento relacionadas ao 
tema. 
O desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e inovação em plantas medicinais 
e fitoterápicos também requer formação e capacitação de recursos humanos, 
para as quais, o incentivo deverá contemplar ações abrangentes, observando o 
equilíbrio dos ecossistemas dos biomas nacionais, a promoção da produção 
sustentável em áreas rurais e a multidisciplinaridade característica do setor de 
plantas medicinais e fitoterápicos, por meio da viabilização do apoio a grupos de 
pesquisa com vocação na área, da disponibilização de recursos financeiros, da 
realização de convênios e da estruturação de centros de pesquisa e demais 
instituições governamentais envolvidas na temática. 
Em relação a sua segurança e eficácia, a comprovação do fitoterápico pode ser 
realizada por meio de ensaios não clínicos e clínicos; ou por registro simplificado 
comprovado pela sua presença na Lista de medicamentos fitoterápicos de 
registro simplificado, de acordo com a Instrução Normativa-IN n° 2, de 13 de 
maio de 2014; pela presença nas monografias de fitoterápicos de uso bem 
estabelecido da Comunidade Europeia (BRASIL, 2014). 
A Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) é uma ferramenta 
importante para a efetivação das terapias com plantas medicinais e fitoterápicos 
no SUS, com a introdução de espécies vegetais no seu elenco, ela possibilitou 
que matérias-primas vegetal para manipulação e fitoterápicos sejam financiados 
com recursos da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica. 
São vantagens de fitoterápicos da RENAME: 
a) Possuem evidências de segurança e eficácia para as indicações 
informadas na Relação Nacional; 
b) No momento de atualização da Relação Nacional, foi verificado que 
todos possuem registro sanitário na Anvisa, ou seja, são fabricados e 
vendidos no país; 
 
 
 
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c) Podem ser adquiridos com recursos tripartite. 
Em anexo teremos a lista dos fitoterápicos de acordo com a RENAME (2020). 
Terminologias de interesse da fitoterapia 
 
Bancos de germoplasma: coleção de genótipos de uma espécie com origens 
geográfica e ambiental variadas e que se constitui em matéria-prima para 
programas de pesquisa e melhoramento. 
Certificação: Conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo 
competente credenciado para avaliar se um determinado processo, sistema ou 
produto está em conformidade com as normas preconizadas de modo a garantir 
o cumprimento dos requisitos de qualidade, segurança e eficácia. 
Conhecimento tradicional associado: informação ou prática individual ou 
coletiva de comunidade indígena ou de comunidade local, com valor real ou 
potencial, associada ao patrimônio genético. 
Conhecimento tradicional: todo conhecimento, inovação ou prática de 
comunidade tradicional relacionado aos componentes da diversidade biológica. 
Controle de qualidade: conjunto de medidas destinadas a garantir, a qualquer 
momento, a produção de lotes de medicamentos e demais produtos abrangidos 
por este Regulamento, objetivando verificar se satisfazem às normas de 
atividade, pureza, eficácia e segurança. (Decreto nº 3.961/2001, que atualizou a 
Lei nº 6.360/1976). 
Derivado de droga vegetal: produto de extração da matéria-prima vegetal: 
extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco e outros. 
Eficácia: é a capacidade de o medicamento atingir o efeito terapêutico visado. 
Farmacopeia: Código Oficial Farmacêutico estabelecido por e para o País onde 
se estabelece os requisitos de qualidade dos produtos farmacêuticos. Esses 
 
 
 
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0 
90 
requisitos incluem todos os componentes empregados na fabricação dos 
mesmos. 
Farmacovigilância: identificação e avaliação dos efeitos agudos ou crônicos, 
do risco do uso dos tratamentos farmacológicos no conjunto da população ou 
em grupos de pacientes expostos a tratamentos específicos. 
Formulário Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos: Código onde 
estão inscritas formulações contendo drogas vegetais e fitoterápicos de uso 
consagrado, por meio do qual é assegurada a padronização dos produtos, com 
o intuito de assegurar a sua qualidade. 
Manejo sustentável:utilização de bens e serviços naturais por meio de práticas 
de manejo que garantam a conservação do ecossistema, que gerem benefícios 
sociais e econômicos, tanto para as gerações atuais como para as futuras. 
Manipulação: conjunto de operações farmacotécnicas realizadas na farmácia, 
com a finalidade de elaborar produtos e fracionar especialidades farmacêuticas. 
Matéria-prima vegetal: planta medicinal fresca, droga vegetal ou derivados de 
droga vegetal (RDC nº 48/2004). 
Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com 
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnósticos. É uma forma 
farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente, em associação com 
adjuvantes farmacotécnicos (RDC nº 84/2002). 
Medicina popular: prática de cura que oferece respostas concretas aos 
problemas de doenças do dia a dia. É realizada em diferentes circunstâncias e 
espaços (em casa, em agências religiosas de cura) e por várias pessoas (pais, 
tias, avós) ou por profissionais populares de cura (benzedeiras, médiuns, 
raizeiros, ervateiros, parteiras). 
Planta medicinal: é uma espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com 
propósitos terapêuticos (OMS, 2003). Chama-se planta fresca aquela coletada 
 
 
 
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1 
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no momento de uso e planta seca a que foi precedida de secagem, equivalendo 
à droga vegetal. 
Prescrição: ato de definir o medicamento a ser consumido pelo paciente, com a 
respectiva dosagem e duração do tratamento. Em geral, esse ato é expresso 
mediante a elaboração de uma receita médica (Portaria nº 3.916/1998). 
Remédio: são cuidados que se utiliza para curar ou aliviar os sintomas das 
doenças, como um banho morno, uma bolsa de água quente, uma massagem, 
um medicamento, entre outras coisas. 
Remédios caseiros de origem vegetal: Preparações caseiras com plantas 
medicinais, de uso extemporâneo, que não exijam técnicas especializadas para 
manipulação e administração. 
Sistema de produção orgânico: todo aquele em que se adotam técnicas 
específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e 
socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das 
comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e 
ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência 
de energia não renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, 
biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, à 
eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e às radiações 
ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, 
armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente 
(Lei nº 10.831/2003). 
Toxicologia: Ciência que avalia os possíveis efeitos tóxicos das substâncias no 
organismo bem como o diagnóstico e o tratamento das intoxicações e 
envenenamentos 
Uso racional: é o processo que compreende a prescrição apropriada; a 
disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em condições 
adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no 
 
 
 
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período de tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade. 
Uso de recursos sob o fundamento de sustentabilidade econômica. 
Uso sustentável: significa a utilização dos componentes da diversidade 
biológica de modo e em ritmo tais que não levem, em longo prazo, à diminuição 
da diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para atender às 
necessidades e às aspirações das gerações presentes e futuras. 
Validação: ato documentado que atesta que qualquer procedimento, processo, 
equipamento, material, operação ou sistema realmente conduza aos resultados 
esperados (Lei nº 8.080/1990). (BRASIL, 2016). 
 
FORMA DE USO DAS PLANTAS MEDICINAIS 
 
O uso popular de plantas medicinais nos remete a um mundo de saberes 
passados de gerações para gerações, cuja riqueza está na conservação de 
informações tradicionais, que valorizam espécies vegetais nativas de alto valor 
terapêutico. Este universo de conhecimento, entretanto, vem se extinguindo nos 
últimos tempos sendo a migração de populações tradicionais, como os 
ribeirinhos, quilombolas e indígenas para o meio urbano o principal fator que leva 
à degradação dos conhecimentos. Pessoas que tradicionalmente utilizavam 
plantas medicinais, cultivando ou buscando na natureza de forma controlada, 
são obrigadas a adquirir os produtos de fontes pouco idôneas, em feiras livres 
ou de vendedores inescrupulosos, que adulteram os produtos, através de 
misturas ou de substituição da droga vegetal por outra espécie semelhante. Esta 
questão gera a necessidade de um registro das formas de uso principalmente do 
preparo, fundamentado em informações científicas que possibilitem a extração 
do máximo das propriedades do vegetal conforme as normas brasileiras da RDC 
Nº 10, de 09 de março de 2010, que traz informações importantes sobre estas 
preparações em domicílios. 
 
 
 
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93 
Para tanto alguns conceitos deverão ser padronizados, como as medidas 
caseiras, por exemplo, citadas na mesma resolução em seu artigo 4º: 
Forma de uso das plantas medicinais 
a) colher de sopa: 15ml/ 3 g; 
b) colher de sobremesa: 10ml / 2 g; 
c) colher de chá: 5ml/ 1 g; 
d) colher de café: 2ml/ 0,5 g; 
e) xícara de chá ou copo: 150ml; 
f) xícara de café: 50ml; e 
g) cálice: 30ml 
 
PRINCIPAIS FORMAS DE PREPARO 
Banho de assento 
Definição: segundo o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira 
(FFFB): É a imersão em água morna, na posição sentada, cobrindo apenas as 
nádegas e o quadril geralmente em bacia ou em louça sanitária apropriada. 
Preparo caseiro: Fazer uma infusão ou decocto mais forte com a droga vegetal 
apropriada e misturar na água do banho em uma bacia. 
 
Bochecho 
Definição: segundo o FFFB: É a agitação de infuso, decocto ou maceração, na 
boca, fazendo movimentos da bochecha, não devendo ser engolido o líquido ao 
final. 
 
 
 
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Preparo caseiro: Fazer uma infusão ou decocto de maneira adequada de acordo 
com o tipo de planta estiver utilizando. Abafar por 10 minutos, esperar esfriar, 
até ficar morno, fazer bochechos ou gargarejos calmamente. 
 
Compressa 
Definição: segundo o FFFB: É uma forma de tratamento que consiste em colocar, 
sobre o lugar lesionado, um pano ou gaze limpo e umedecido com um infuso ou 
decocto, frio ou aquecido, dependendo da indicação de uso. 
Preparo caseiro: Sobre um pano limpo, ou chumaço de algodão, verter o decocto 
ou a infusão sobre o pano ou chumaço de algodão, e estes são então colocados 
sobre o ferimento ou órgão com inflamação. Poderá também utilizar o sumo da 
planta ou tintura diluída. 
 
Creme 
Definição: segundo o FFFB: É a forma farmacêutica semissólida que consiste de 
uma emulsão, formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um 
ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é 
utilizada, normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas 
mucosas. 
 
Decocção 
Definição: segundo o FFFB: É a preparação que consiste na ebulição da droga 
vegetal em água potável por tempo determinado. 
Método indicado para partes de drogas vegetais com consistência rígida, tais 
como cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas. 
 
 
 
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5 
95 
Preparo caseiro: os decoctos são preparados com as partes mais duras do 
vegetal, a planta medicinal é colocada na água fria e então é levada ao fogo, até 
entrar em ebulição. Deixar ferver por determinado tempo, de acordo com a planta 
que está sendo utilizada, desligar o fogo, abafar por 5 a 10 minutos e coar; 
aguardar a temperatura diminuir um pouco e poderá ser utilizado conforme 
recomendado.Gargarejo 
Definição segundo o FFFB: É a agitação de infuso, decocto ou 116 maceração, 
na garganta, pelo ar que se expele da laringe, não devendo ser engolido o líquido 
ao final. 
Infusão: Definição segundo a RDC Nº 10, de 09 de Março de 2010: preparação 
que consiste em verter água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, 
tampar ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado. 
Método indicado para partes de drogas vegetais de consistência menos rígida 
tais como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou com substâncias ativas 
voláteis; 
 
Inalação 
Definição segundo a RDC Nº 10, de 09 de março de 2010: administração de 
produto pela inspiração (nasal ou oral) de vapores pelo trato respiratório; 
Preparo caseiro: Este preparo deve se tomar muito cuidado par que não haja 
queimaduras tanto no rosto quanto nas vias respiratórias pela inalação de 
vapores quentes. Coloca-se a planta em uma pequena bacia, na proporção de 
uma colher de sopa de erva fresca ou seca para cada meio litro de água, verte-
 
 
 
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96 
se água fervente sobre ela e coloca-se uma toalha de modo a cobrir em conjunto 
o rosto, ombros e a vasilha, respira-se pausadamente, inspirando e expirando 
os vapores, durante uns 15 minutos. 
Maceração 
Definição segundo o FFFB: É o processo que consiste em manter a droga, 
convenientemente pulverizada, nas proporções indicadas na fórmula, em 
contato com o líquido extrator, com agitação diária, no mínimo por sete dias 
consecutivos. Deverá ser utilizado recipiente âmbar ou qualquer outro que não 
permita contato com a luz, bem fechado, em lugar pouco iluminado, a 
temperatura ambiente. Após o tempo de maceração verta a mistura num filtro. 
Lave aos poucos o resíduo restante no filtro com quantidade suficiente (q.s.) do 
líquido extrator de forma a obter o volume inicial indicado na fórmula. 
 
Maceração com água 
Definição segundo o FFFB: É a preparação que consiste no contato da droga 
vegetal com água, à temperatura ambiente, por tempo determinado para cada 
droga vegetal. Esse método é indicado para drogas vegetais que possuam 
substâncias que se degradam com o aquecimento. 
 
Pomada 
Definição segundo o FFFB: É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação 
na pele ou em membranas mucosas, que consiste da solução ou dispersão de 
um ou mais princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada 
usualmente não aquosa. 
Preparo caseiro: A pomada pode ser preparada com o sumo, tintura ou chá mais 
concentrado misturado com banha animal, gordura de coco ou vaselina líquida. 
Pode-se ainda aquecer as ervas na gordura depois coar e guardar em frascos 
 
 
 
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tampados. Enquanto a mistura ainda estiver quente pode também misturar um 
pouco de cera de abelha para que a pomada fique mais consistente. 
Mistura-se à gordura vegetal hidrogenada, ou banha animal, (30 g), a tintura da 
planta medicinal pretendida (1 colher das de sopa). E em um saquinho plástico 
juntam-se os dois ingredientes, amassando por sobre o plástico. Conserve na 
geladeira por 30 dias. 
 
Tintura 
Definição segundo o FFFB: É a preparação alcoólica ou hidro alcoólica resultante 
da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos respectivos 
extratos. É classificada em simples e composta, conforme preparada com uma 
ou mais matérias-primas. A menos que indicado de maneira diferente na 
monografia individual, 10 mL de tintura simples correspondem a 1 g de droga 
seca. 
 
Xarope 
Definição segundo o FFFB: É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela 
alta viscosidade, que apresenta, no mínimo, 45% (p/p) de sacarose ou outros 
açúcares na sua composição. Os xaropes geralmente contêm agentes 
flavorizantes. Quando não se destina ao consumo imediato, deve ser adicionado 
de conservadores antimicrobianos autorizados. 
Preparo caseiro: Para se preparar o xarope utilizando parte das plantas que 
fazem infusão (folhas e flores) primeiro faz-se uma calda utilizando açúcar 
mascavo ou rapadura até obter a consistência desejada, então adiciona-se o 
vegetal, abafar, esperar esfriar e coar. 
No caso de plantas que se utilizam a forma de preparo decocto: coloca-se a 
planta para ferver e após a água entrar em ebulição juntamente com a planta, 
 
 
 
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adiciona-se a quantidade desejada de açúcar. Pode-se utilizar também tintura 
para a produção do xarope, neste caso prepara-se a calda e adiciona depois de 
fria a tintura na proporção de 1 parte de tintura para 3 partes de calda. Os 
xaropes devem ser guardados na geladeira por até 15 dias, não devem ser 
consumidos se apresentarem qualquer sinal de contaminação (fermentação, 
bolores, etc). Pode-se acrescentar algumas gotas de própolis como conservante. 
 
Cataplasma 
São obtidas por diversas formas: 
Amassar as ervas frescas e bem limpas, aplicar diretamente sobre a parte 
afetada ou envolvidas em pano fino ou gaze. As ervas secas podem ser 
reduzidas a pó, misturadas em água, chás ou outras preparações aplicadas 
envoltas em pano fino sobre as partes afetadas. 
Pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou fubá de milho e água, geralmente 
quente, com a planta fresca ou seca triturada 
A necessidade de criar novas tecnologias educativas em saúde, levando em 
conta a educação continuada, faz com que esse manual venha de encontro ao 
anseio de melhorar as condições do profissional em saúde que atende na 
atenção primária. Existe todo um dilema ético quanto à conduta terapêutica, pois 
nem sempre o melhor tratamento instituído será feito pelo paciente pela 
impossibilidade de acesso aos medicamentos essenciais. 
Em termos epidemiológicos a população brasileira sofreu profunda modificação 
em seu perfil demográfico, demonstrando parâmetros de envelhecimento 
populacional semelhantes aos países desenvolvidos. Tal fato fez aumentar a 
prevalência de doenças crônico-degenerativas especialmente na faixa etária 
acima dos 62 anos de idade, sendo a ferida crônica umas das complicações mais 
comuns. 
 
 
 
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9 
99 
O tratamento dessa condição envolve equipe multidisciplinar treinada e 
capacitada além dos medicamentos adequados. 
A fitoterapia nos moldes da medicina integrativa, que propõe a união dos 
avanços científicos com as terapias e práticas tradicionais cujas evidências 
comprovem sua segurança e eficácia, é excelente opção terapêutica para os 
portadores de feridas crônicas dentro do cuidado humanizado e integral do 
paciente, proposta que vai ao encontro às diretrizes do SUS. 
A fitoterapia e o uso de plantas medicinais fazem parte da prática da medicina 
popular, constituindo um conjunto de saberes internalizados nos diversos 
usuários e praticantes, especialmente pela tradição oral. 
Esta prática diminuiu frente ao processo de industrialização, ocorrido no país, 
nas décadas de 1940 e 1950. Trata-se de uma forma eficaz de atendimento 
primário a saúde, podendo complementar ao tratamento usualmente 
empregado, para a população de menor renda. A realização segura desses 
atendimentos está vinculada ao conhecimento prévio do profissional de saúde 
sobre a terapêutica com fitoterápicos ou plantas medicinais. 
A orientação para uma utilização adequada, sem perda da efetividade dos 
princípios ativos localizados nas plantas e sem riscos de intoxicações por uso 
inadequado é fundamental. 
Schenkel verificou que além da utilização dos medicamentos alopáticos, a 
população que busca atendimento nas unidades básicas de saúde (UBS) 
também utiliza plantas medicinais com fins terapêuticos, muitas vezes 
desconhecendo a possível existência de efeitos tóxicos, além de não ter 
entendimento quanto à sua ação terapêutica; qual forma mais correta de cultivo; 
preparo; quando cada planta pode ser indicada e em quais casos são 
contraindicadas.Tanto Schenkel quanto Marques sugerem a existência de uma crença de não 
haver nenhum efeito prejudicial à saúde com o emprego de fitoterápicos. 
 
 
 
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100 
Discussões em torno da implantação da fitoterapia na rede municipal de saúde, 
ou na atenção primária de saúde, se tornam contraditórias em relação aos 
preceitos da biomedicina, já que os discípulos desta doutrina se esforçam para 
eliminar as concepções curativas não baseadas em normas científicas. 
O crescimento do trabalho desenvolvido com plantas medicinais e fitoterápicos 
se apresenta como uma alternativa à referência biomédica de saúde, porém, 
ainda praticamente inexistente nos serviços de saúde tanto públicos como 
privados. Observa-se um crescimento na utilização de fitoterápicos pela 
população brasileira. Dois fatores poderiam explicar este aumento. 
O primeiro seriam os avanços ocorridos na área científica, que permitiram o 
desenvolvimento de fitoterápicos reconhecidamente seguros e eficazes. 
O segundo é a crescente tendência de busca, pela população, por terapias 
menos agressivas destinadas ao atendimento primário à saúde. Porém como 
apontado por Leite, o interesse por parte dos gestores municipais na implantação 
de programas de uso de fitoterápicos na atenção primária a saúde, aparece 
associado apenas à concepção de que esta seria uma opção para suprir a falta 
de medicamentos. 
Segundo o autor, só são contabilizados ganhos em custos pela utilização de 
fitoterápicos e não os benefícios. A equipe de saúde assiste o paciente e muitas 
vezes seus familiares nas UBS. Portanto, com um planejamento adequado de 
assistência, levando em conta fatores culturais e utilizando os recursos 
fitoterápicos existentes, pode-se melhorar o nível de saúde da população. Para 
isso, se faz necessário um conhecimento por parte dos profissionais de saúde 
que atuam diretamente com os pacientes nas UBS, em relação às propriedades 
terapêuticas das plantas que são usadas por essa população. 
Conhecimentos técnicos, que vão desde o preparo para fins terapêuticos, 
indicações, cuidados e dosagem, e conhecimentos sobre a percepção quanto à 
relação saúde doença são imprescindíveis. 
 
 
 
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101 
 
Fitoterapia Clínica e a Prescrição de Plantas Medicinais 
e Fitoterápicos 
 
A prescrição medicamentos no Brasil é atribuição de profissionais legalmente 
habilitados. Historicamente o médico é o profissional habilitado para o 
diagnóstico e prescrição de medicamentos na medicina humana, os médicos 
veterinários na medicina veterinária e os cirurgiões dentistas para o uso 
odontológico, no entanto, enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas podem 
realizar prescrição e/ou indicação de medicamento respeitando a legislação 
vigente e estarem inscritos nos respectivos Conselhos Profissionais (MACEDO, 
2016). 
Dentre os profissionais habilitados a prescrever somente os cirurgiões dentistas, 
farmacêuticos e nutricionistas possuem legislação específica para reconhecer e 
regulamentar a prescrição de fitoterápicos (CFO, 2008; CFF, 2011; CFN,2013). 
Na medicina, a Fitoterapia não é considerada uma especialidade, porém é 
facultado ao médico realizar prescrição de fitoterápicos. 
A Fitoterapia em Odontologia se destina aos estudos dos princípios científicos 
da Fitoterapia e Plantas Medicinais embasados na multidisciplinaridade, 
inseridos na prática profissional, no resgate do saber popular e no uso e 
aplicabilidade desta terapêutica na Odontologia. Respeitando o limite de atuação 
do campo profissional do cirurgião dentista. 
Em 05 e 06 de junho de 2008, foi realizado o Fórum para Regulamentação das 
Práticas Integrativas e Complementares à Saúde Bucal, onde foi discutido a 
regulamentação da Fitoterapia, Homeopatia, Acupuntura, Terapia Floral e 
Laserterapia. Levando-se em consideração as recomendações da Organização 
Mundial de Saúde, e dos avanços das políticas públicas de incremento às 
 
 
 
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102 
práticas integrativas nas Ciências da Saúde, e sendo da competência do 
Conselho Federal de Odontologia supervisionar a ética profissional, zelando pelo 
bem da profissão, resolve através do Resolução CFO-82/2008, reconhecer e 
regulamentar o uso de Práticas Integrativas e Complementares à Saúde bucal. 
No Capítulo II, artigo 1 dessa regulamentação, encontraremos as decisões 
relacionadas à Fitoterapia, descritas a seguir: 
Cabe ao cirurgião-dentista: 
I. Aplicar o conhecimento científico adquirido na clínica, no 
diagnóstico, nas indicações e no uso de evidências científicas dos 
fitoterápicos e plantas medicinais nos procedimentos odontológicos. 
II. Promover embasamento, no uso e manejo das plantas medicinais, 
identificar espécies e conhecer fórmulas farmacêuticas utilizadas na 
Fitoterapia. 
III. Promover a formação multidisciplinar necessária ao conhecimento 
e manejo dos segmentos envolvidos em toda a cadeia produtiva dos 
fitoterápicos. 
IV. Incrementar e estimular pesquisas que permitam o uso de novas 
tecnologias e métodos para elaboração de fitoterápicos e plantas 
medicinais (MARTINS, 2020). 
 
Para o farmacêutico a prescrição é regulamentada pela resolução Nº 546 de 21 
de julho de 2011, sendo uma legislação específica. Esta resolução exige que o 
ato da indicação seja documentado, deve ser escrito em duas vias (uma para o 
paciente e outra deverá ser arquivada no estabelecimento farmacêutico), deverá 
ainda trazer a identificação do paciente, do estabelecimento, assinatura do 
farmacêutico e CRF, entre outras. 
 
 
 
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Consideramos que este é um importante instrumento em defesa da sociedade, 
já que a indicação farmacêutica qualifica o uso das plantas que, até então, é 
feito, na ampla maioria das vezes, seguindo apenas o conhecimento popular 
sobre as mesmas, sem nenhuma orientação de posologia, interações, 
conservação, etc. Os farmacêuticos, profissionais de ponta da atenção primária 
a saúde, e que possuem vastos conhecimentos em Farmacologia, não poderiam 
deixar de exercer a indicação (LAGE, 2020). 
Outro fato importante para a profissão em relação a plantas medicinais é a 
Portaria nº. 886, de 20 de abril de 2010 que institui a Farmácia Viva no âmbito 
do Sistema Único de Saúde (SUS). A implantação de projetos Farmácia Viva 
visa realizar o atendimento da população em Fitoterapia, implementar uma horta 
de plantas medicinais, produzir medicamentos fitoterápicos e promover o resgate 
e a valorização da cultura popular no que se refere à utilização de plantas 
medicinais bem como a introdução de conhecimentos científicos, através de 
palestras educativas, informativos, cartilhas, visitas domiciliares. 
O nutricionista sempre pode usar os recursos da Fitoterapia na forma de alimento 
funcional e de chás, no entanto com a Resolução do CFN nº 402, de 30 de julho 
de 2007 que regulamentou a prescrição fitoterápica pelo nutricionista, foi 
assegurado para o profissional o direito de poder inserir em suas prescrições 
dietéticas o uso de plantas medicinais e, além disso, poder prescrever 
fitoterápicos nas suas mais diversas formas para uso interno. 
Com a atualização desta resolução, entrou em vigor em 25 de junho de 2013 a 
Resolução CFN n. 525/ 2013 e posteriormente em maio de 2015 a Resolução 
CFN n. 556/2015 que autorizam o nutricionista a adotar a fitoterapia para 
complementar a sua prescrição dietética somente quando os produtos prescritos 
tiverem indicações de uso relacionadas com o seu campo de atuação e estejam 
embasadas em estudos científicos ou em uso tradicional reconhecido. Ressalta 
a Resolução que, ao adotar a Fitoterapia, o profissional deve basear-se em 
evidências científicas quanto a critérios de eficácia e segurança, considerar as 
 
 
 
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104 
contraindicações e oferecer orientações técnicasnecessárias para minimizar os 
efeitos colaterais e adversos das interações com outras plantas, com drogas 
vegetais, com medicamentos e com os alimentos, assim como os riscos da 
potencial toxicidade dos produtos prescritos (FIUT, 2020). 
A legislação determina que a prescrição de plantas medicinais ou drogas 
vegetais deverá ser legível, conter o nome do paciente, data da prescrição e 
identificação completa do profissional prescritor (nome e número do CRN, 
assinatura, carimbo, endereço e forma de contato) e conter todas as seguintes 
especificações quanto ao produto prescrito (CFN, 2013): 
I - nomenclatura botânica, sendo opcional incluir a indicação do nome popular; 
II - parte utilizada; 
III - forma de utilização e modo de preparo; 
IV - posologia e modo de usar; 
V - tempo de uso. 
Macedo (2016) explica que na prescrição de plantas medicinais e drogas 
vegetais, considerar que estas devem ser preparadas unicamente por decocção, 
maceração ou infusão, conforme indicação, não sendo admissível que sejam 
prescritas sob forma de cápsulas, drágeas, pastilhas, xarope, spray ou qualquer 
outra forma farmacêutica, nem utilizadas quando submetidas a outros meios de 
extração, tais como extrato, tintura, alcoolatura ou óleo, nem como fitoterápicos 
ou em preparações magistrais. 
A prescrição de preparações magistrais e de fitoterápicos far-se-á 
exclusivamente a partir de matérias-primas derivadas de drogas vegetais, não 
sendo permitido o uso de substâncias ativas isoladas, mesmo as de origem 
vegetal, ou das mesmas associadas a vitaminas, minerais, aminoácidos ou 
quaisquer outros componentes (CFN, 2013). Partes de vegetais quando 
utilizadas para o preparo de bebidas alimentícias, sob a forma de infusão ou 
 
 
 
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105 
decocção, sem finalidades fármaco- terapêutica, são definidas como alimento e 
não constituem objeto desta Resolução (CFN, 2013). 
A enfermagem é outra profissão que pode prescrever dentro das normas do 
exercício profissional (Lei n. 7.498/1986), com a revogação da resolução 
272/2002 os enfermeiros podem prescrever desde que façam parte da equipe 
multiprofissional dos programas de saúde e dentro de protocolos pré-
estabelecidos (Portaria 648/GM/2006 - Política Nacional de Atenção Básica). A 
fisioterapia também não possui legislação específica na área da fitoterapia, desta 
forma sua atuação nesta área fica sujeita ao regulamento de atuação do 
profissional deliberado pelo Conselho de Classe e no SUS ao previsto nos 
protocolos dos programas de saúde (MACEDO, 2016). 
 
 
Paradigmas da Fitoterapia 
A fitoterapia moderna tem seus fundamentos tanto no modelo sistêmico/vitalista 
quanto no modelo organicista. Ela se compatibiliza com os princípios sistêmicos 
na medida em que tem no fitocomplexo um conjunto de substâncias que atuam 
simultaneamente em vários sítios biológicos (multi-targeted approach). Temos 
como exemplo os constituintes químicos da Curcuma longa que atuam em um 
amplo espectro de alvos farmacológicos atingindo, assim, os mecanismos 
fisiopatológicos de inúmeras doenças (doenças reumáticas, respiratórias, 
alérgicas, neurodegenerativas entre outras). 
 
 
 
1
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106 
 
Figura 5 – Paradigmas da Fitoterapia 
 
A fitoterapia também pode ser utilizada no modelo organicista quando 
substâncias químicas isoladas das espécies medicinais atuam especificamente 
em determinado alvo ou doença, reduzindo ou removendo determinados 
sintomas. Temos como exemplo a espécie Salix alba (salgueiro) cujo princípio 
ácido salicílico atua diretamente na cascata inflamatória (inibidor inespecífico da 
enzima COX) promovendo ações antitérmica e anti-inflamatória. 
 
 
 
Modalidades de prescrição fitoterápica 
 
Didaticamente é possível discriminar modalidades de prescrição terapêutica de 
fitoterápicos em função do(a): 
1) Especificidade bioquímica: Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se 
no conceito de conjunto sintomático. É muito familiar e de fácil entendimento 
para o médico ocidental. 
 
 
 
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• Arnica montana: anti-inflamatório (terpenos e flavonoides) 
• Pyrostegia venusta: antifúngica 
• Phyllantus niruri: diurético 
• Valleriana officinalis: sedativo 
• Sambucus nigra: antitérmico 
 
2) Tropismo fisiopatológico: Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se no 
conceito de fitocomplexo. O fitocomplexo consiste no conjunto de compostos 
químicos biologicamente ativos encontrados em uma espécie vegetal. Estes 
compostos possuem múltiplas ações farmacológicas agindo em diversos ‘alvos’ 
de forma sinérgica (herbal shotgun). 
 
3) Fitoterápicos em diluições decimais: Esta forma de raciocínio terapêutico 
baseia-se no uso de fitoterápicos em diluições decimais (DH1 a DH5). 
Estas formas farmacêuticas são utilizadas para espécies medicinais com alta 
toxicidade quando ingeridas em forma de tinturas ou extratos (uso oral). 
Exemplos: 
• Arnica montana (helenalina é cardio e hepatotóxica; timo reduz limiar 
convulsivógeno). 
• Symphytum officinale (hepatotoxidade) 
 
4) Potencial bioenergético: Esta forma de raciocínio terapêutico baseia-se nos 
princípios vitalistas, da medicina tradicional chinesa e da indiana (ayurvédica). É 
pouco conhecido pelo médico ocidental. A ciência médica frequentemente 
coloca em dúvida a efetividade e a validade destas terapêuticas. Inclui a 
 
 
 
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08 
108 
compreensão de conceitos complexos de energia vital, fisiopatologia energética, 
homeostase e interação homem-Natureza. 
Enfim, o médico irá buscar aqueles sistemas de prescrição com que tem maior 
afinidade ou facilidade de compreensão/manejo, mas sempre integrando-os ao 
raciocínio clínico moderno. 
 
 
Preparações fitoterápicas 
Tanto os medicamentos fitoterápicos (MF) quanto os produtos tradicionais 
fitoterápicos (PTF) podem ser prescritos em várias formas farmacêuticas. 
Forma farmacêutica é o estado final de apresentação dos princípios ativos 
farmacêuticos após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com a 
adição ou não de excipientes apropriados a fim de facilitar a sua utilização e 
obter o efeito terapêutico desejado, com características apropriadas a uma 
determinada via de administração (BRASIL, 2010). 
 
Figura 6 – Preparações fitoterápicas 
 
 
 
 
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109 
As principais formulações farmacêuticas fitoterápicas e suas definições, 
extraídas da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010), estão listadas abaixo. 
Droga vegetal: Planta medicinal ou suas partes, que contenham as substâncias, 
ou classes de substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processos 
de coleta ou colheita, estabilização, secagem, podendo ser íntegra, rasurada ou 
triturada. A droga vegetal pode ser utilizada in natura (adicionada a alimentos ou 
bebidas, por exemplo), na forma de cápsulas, ou na preparação de derivados da 
droga vegetal (infusão, maceração, tintura, etc). 
Chá medicinal: É o nome que se dá à droga vegetal destinada à preparação de 
infusão, decocção ou maceração pelo consumidor final. 
Cápsula: É a forma farmacêutica sólida em que o princípio ativo e os excipientes 
estão contidos em um invólucro solúvel duro ou mole, de formatos e tamanhos 
variados, usualmente, contendo uma dose única do princípio ativo. Normalmente 
é formada de gelatina, mas pode, também, ser de amido ou de outras 
substâncias. 
Comprimido: É a forma farmacêutica sólida contendo uma dose única de um ou 
mais princípios ativos, com ou sem excipientes, obtida pela compressão de 
volumes uniformes de partículas. Pode ser de uma ampla variedade de 
tamanhos, formatos, apresentar marcações na superfície e ser revestido ou não. 
Drágea: São comprimidos revestidos com camadas constituídas por misturas de 
substâncias diversas, como resinas, naturais ou sintéticas, gomas, gelatinas,materiais inativos e insolúveis, açucares, plastificantes, poliois, ceras, corantes 
autorizados e, às vezes, aromatizantes e princípios ativos. 
Glóbulo: É a forma farmacêutica sólida que se apresenta sob a forma de 
pequenas esferas constituídas de sacarose ou de mistura de sacarose e lactose. 
São impregnadas pela potência desejada e com álcool acima de 70%. 
Infusão: Consiste em verter água fervente sobre a droga vegetal e, em seguida, 
tampar ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado. É 
 
 
 
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110 
popularmente conhecido como chá ou chá medicinal. Trata-se de método 
indicado para partes de drogas vegetais de consistência menos rígida tais como 
folhas, flores, inflorescências e frutos, ou com substâncias ativas voláteis. 
Decocção: Consiste na ebulição da droga vegetal em água potável por tempo 
determinado. Também é popularmente conhecido como chá. Trata-se de método 
indicado para partes de drogas vegetais com consistência rígida, tais como 
cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas. 
Maceração: Preparação que consiste no contato da droga vegetal com água, à 
temperatura ambiente, por tempo determinado para cada droga vegetal. Este 
método é indicado para drogas vegetais que possuam substâncias que se 
degradam com o aquecimento. 
Tintura: É a preparação alcoólica (etanólica) ou hidroalcoólica (hidroetanólica) 
resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da diluição dos 
respectivos extratos. Na preparação da tintura usa-se em geral a planta seca. A 
menos que indicado de maneira diferente na monografia individual, 10 mL de 
tintura simples correspondem a 1 g de droga seca, ou seja, a tintura é preparada 
a 10%. 
Alcoolatura: É a preparação alcoólica (etanólica) ou hidroalcoólica 
(hidroetanólica) resultante da extração de drogas vegetais ou animais ou da 
diluição dos respectivos extratos. Na preparação da alcoolatura usa-se em geral 
a planta fresca. A menos que indicado de maneira diferente na monografia 
individual, 10 mL de alcoolatura simples correspondem a 2 g de droga fresca, ou 
seja, a alcoolatura é preparada a 20%. 
Extrato: É a preparação de consistência líquida, sólida ou intermediária, obtida 
a partir de material animal ou vegetal. O material utilizado na preparação de 
extratos pode sofrer tratamento preliminar, tais como, inativação de enzimas, 
moagem ou desengorduramento. O extrato é preparado por percolação, 
maceração ou outro método adequado e validado, utilizando como solvente 
 
 
 
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álcool etílico, água ou outro solvente adequado. Após a extração, materiais 
indesejáveis podem ser eliminados. 
Extrato fluido: É a preparação líquida obtida de drogas vegetais ou animais por 
extração com líquido apropriado ou por dissolução do extrato seco 
correspondente, em que, exceto quando indicado de maneira diferente, uma 
parte do extrato, em massa ou volume corresponde a uma parte, em massa, da 
droga, seca utilizada na sua preparação. Se necessário, os extratos fluidos 
podem ser padronizados em termos de concentração do solvente; teor de 
constituintes, ou de resíduo seco. Se necessário podem ser adicionados 
conservantes inibidores do crescimento microbiano. Devem apresentar teor de 
princípios ativos e resíduos secos prescritos nas respectivas monografias. 
Solução: É a forma farmacêutica líquida; límpida e homogênea, que contém um 
ou mais princípios ativos dissolvidos em um solvente adequado ou numa mistura 
de solventes miscíveis. 
Pó: É a forma farmacêutica sólida contendo um ou mais princípios ativos secos 
e com tamanho de partícula reduzido, com ou sem excipientes. 
Extrato mole: É a preparação de consistência pastosa obtida por evaporação 
parcial de solvente utilizado na sua preparação. São utilizados como solvente, 
unicamente, álcool etílico, água, ou misturas álcool etílico/água em proporção 
adequada. Apresentam, no mínimo, 70% de resíduo seco (p/p). Se necessário 
podem ser adicionados conservantes inibidores do crescimento microbiano. 
Extrato seco: É a preparação sólida; obtida por evaporação do solvente utilizado 
na sua preparação. Apresenta, no mínimo, 95% de resíduo seco, calculado como 
porcentagem de massa. Podem ser adicionados de materiais inertes adequados. 
Os extratos secos padronizados têm o teor de seus constituintes ajustado pela 
adição de materiais inertes adequados ou pela adição de extratos secos obtidos 
com o mesmo fármaco utilizado na preparação. Deve conter no máximo 5% de 
umidade. 
 
 
 
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Extrato seco padronizado: São aqueles que contêm uma concentração mínima 
determinada de um marcador ativo ou analítico. Exemplo: EGb 761 é um extrato 
padronizado de Ginkgo biloba que contém no mínimo 24% de flavonoides e 6% 
de ginkgolídeos. 
Extrato glicólico: Assemelha-se a uma tintura ou alcoolatura, com exceção de 
que o solvente utilizado é a glicerina, no lugar do etanol. Em sua preparação usa-
se a planta seca ou fresca. A menos que indicado de maneira diferente na 
monografia individual, 10 mL de extrato glicólico correspondem a 1 g de droga 
seca, ou seja, é preparado a 10%. 
Elixir: É a preparação farmacêutica, líquida, límpida, hidroalcoólica, de sabor 
adocicado, agradável, apresentando teor alcoólico na faixa de 20% a 50%. 
Xampu: É a forma farmacêutica líquida que consiste de uma base saponificante 
(xampu base), contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou dispersos, 
sendo utilizada normalmente para aplicação externa no couro cabeludo. 
Creme: É a forma farmacêutica semissólida que consiste de uma emulsão, 
formada por uma fase lipofílica e uma fase hidrofílica. Contém um ou mais 
princípios ativos dissolvidos ou dispersos em uma base apropriada e é utilizada, 
normalmente, para aplicação externa na pele ou nas membranas mucosas. 
Sabonete: É a forma farmacêutica sólida que consiste de uma base, em geral à 
base de glicerina, contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos ou 
dispersos, sendo utilizada normalmente para aplicação externa na pele. 
Pomada: É a forma farmacêutica semissólida, para aplicação na pele ou em 
membranas mucosas, que consiste da solução ou dispersão de um ou mais 
princípios ativos em baixas proporções em uma base adequada usualmente não 
aquosa. 
Pasta: É a pomada contendo grande quantidade de sólidos em dispersão (pelo 
menos 25%). Deverão atender as especificações estabelecidas para pomadas. 
 
 
 
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Emulsão: É a forma farmacêutica líquida de um ou mais princípios ativos que 
consiste de um sistema de duas fases que envolvem pelo menos dois líquidos 
imiscíveis e na qual um líquido é disperso na forma de pequenas gotas (fase 
interna ou dispersa) através de outro líquido (fase externa ou contínua). 
Normalmente é estabilizada por meio de um ou mais agentes emulsificantes. 
Emplasto: É a forma farmacêutica semissólida para aplicação externa. Consiste 
de uma base adesiva contendo um ou mais princípios ativos distribuídos em uma 
camada uniforme num suporte apropriado feito de material sintético ou natural. 
Destinada a manter o princípio ativo em contato com a pele atuando como 
protetor ou como agente queratolítico. 
Gel: É a forma farmacêutica semissólida de um ou mais princípios ativos que 
contém um agente gelificante para fornecer firmeza a uma solução ou dispersão 
coloidal (um sistema no qual partículas de dimensão coloidal – tipicamente entre 
1 nm e 1 µm – são distribuídas uniformemente através do líquido). Um gel pode 
conter partículas suspensas. 
Loção: É a preparação líquida aquosa ou hidroalcoólica, com viscosidade 
variável, para aplicação na pele, incluindo o couro cabeludo. Pode ser solução, 
emulsão ou suspensão contendo um ou mais princípios ativos ou adjuvantes. 
Óvulo: É a forma farmacêutica sólida, de dose única, contendo um oumais 
princípios ativos dispersos ou dissolvidos em uma base adequada que tem vários 
formatos, usualmente, ovoide. Fundem na temperatura do corpo. 
Supositório: É a forma farmacêutica sólida de vários tamanhos e formatos 
adaptados para introdução no orifício retal, vaginal ou uretral do corpo humano, 
contendo um ou mais princípios ativos dissolvidos numa base adequada. Eles, 
usualmente, se fundem, derretem ou dissolvem na temperatura do corpo. 
Xarope: É a forma farmacêutica aquosa caracterizada pela alta viscosidade, que 
apresenta não menos que 45% (p/p) de sacarose ou outros açúcares na sua 
composição. Os xaropes geralmente contêm agentes flavorizantes. Quando não 
 
 
 
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se destina ao consumo imediato, deve ser adicionado de conservadores 
antimicrobianos autorizados. 
 
Anote aí: 
Os produtos à base de plantas medicinais são seguros para a saúde, quando 
utilizados corretamente. Eles são testados para a confirmação da eficácia e dos 
riscos de seu uso, e também para garantir a qualidade do insumo. 
Cabe à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e às Vigilâncias 
Sanitárias Municipais e Estaduais o controle desses medicamentos. 
A utilização de fitoterápicos e plantas medicinais valoriza a cultura e o 
conhecimento tradicional e o popular, fortalece o desenvolvimento da cadeia 
produtiva e é uma opção terapêutica aos usuários do SUS (BRASIL, 2019). 
 
REGULAMENTAÇÃO PARA PLANTAS MEDICINAIS E 
FITOTERÁPICOS NA SAÚDE 
Produtos obtidos de plantas medicinais possuem diversas definições na área 
farmacêutica dependendo de sua etapa tecnológica de processamento. Nesse 
sentido, é importante conhecer essas definições para compreender e utilizar toda 
a normatização para plantas medicinais e seus derivados desenvolvida e 
aplicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para ofertas de 
serviços e produtos com qualidade, segurança e eficácia. 
A primeira etapa tecnológica de processamento é a própria planta medicinal, 
definida como espécie vegetal, cultivada ou não, utilizada com propósitos 
terapêuticos. Ela pode estar no estado fresco, que é aquela coletada no 
momento do uso, ou seco, quando foi procedida à secagem (BRASIL, 2007). 
Quando é seca, triturada, podendo ser estabilizada ou não, denomina-se droga 
vegetal (ANVISA, 2010). Para classificar esses produtos iniciais utilizados na 
 
 
 
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115 
produção de medicamentos fitoterápicos, dá-se a denominação geral de matéria-
prima vegetal, que compreende tanto a planta medicinal como a droga vegetal 
(ANVISA, 2010). 
Drogas vegetais tanto podem ser matérias-primas para produção de 
medicamentos fitoterápicos, como constituir-se no produto final a ser notificado 
à Anvisa para liberação de uso pela população como drogas vegetais notificadas. 
Já o derivado vegetal é o produto obtido por processo extrativo da matéria-prima 
vegetal, podendo ser obtido da planta fresca ou seca. 
Técnicas diversas de extração podem ser utilizadas, como a prensagem, 
maceração, percolação, soxhlet, entre outras. O produto industrializado, 
tecnicamente elaborado a partir de matérias-primas ativas vegetais, com 
finalidade profilática, curativa ou paliativa, é denominado medicamento 
fitoterápico. 
É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim 
como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Não podem ser 
incluídas no medicamento fitoterápico substâncias ativas isoladas, de qualquer 
origem, nem as associações destas com extratos vegetais (ANVISA, 2010). 
O medicamento fitoterápico pode ser também manipulado, obtido a partir de 
matérias-primas vegetais em farmácias de manipulação. O medicamento 
fitoterápico pode ser simples, quando tem como ativo apenas uma espécie 
vegetal, e composto, quando tem duas ou mais espécies vegetais como ativos 
na formulação. 
A fitoterapia pode ser definida como a terapêutica caracterizada pela utilização 
de plantas medicinais em suas diferentes preparações farmacêuticas, sem a 
utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal (BRASIL, 
2006); e o fitoterápico como o produto obtido de planta medicinal, ou de seus 
derivados, exceto substâncias isoladas, com finalidade profilática, curativa ou 
paliativa (BRASIL, 2008). 
 
 
 
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Quanto aos estabelecimentos que legalmente estão envolvidos na cadeia de 
plantas medicinais e fitoterápicos, podem ser citados: ervanaria, farmácia, 
drogaria, distribuidora de insumos farmacêuticos e indústria farmacêutica ou de 
produção de drogas vegetais. 
A ervanaria ou ervanária é o estabelecimento que realiza a dispensação de 
plantas medicinais. Ela não precisa ter farmacêutico responsável, mas também 
não pode dispensar medicamentos, e as plantas medicinais dispensadas não 
podem ter alegações terapêuticas (BRASIL, 1973). 
A farmácia é o estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e 
oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e 
correlatos, incluindo a dispensação e o atendimento privativo de unidade 
hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica; enquanto a 
drogaria é o estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, 
medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens 
originais (BRASIL, 1973). 
Ambas precisam de autorização de funcionamento e responsável técnico 
habilitado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado onde o 
estabelecimento está localizado. 
A fornecedora de insumos farmacêuticos produz e fornece insumos, que são 
todos os materiais utilizados na produção de medicamentos, compreendendo 
tanto substâncias ativas como excipientes, para as farmácias de manipulação e 
a indústria farmacêutica. Finalmente, as indústrias farmacêuticas são 
estabelecimentos produtores de medicamentos em grande quantidade, 
produzidos em lotes, conforme as Boas Práticas de Fabricação e Controle 
(BPFC). 
Devem ter farmacêutico responsável técnico e autorização de funcionamento 
para produção de medicamentos. Indústrias de drogas vegetais serão 
estabelecimentos que produzirão drogas vegetais, em lotes, conforme BPFC 
 
 
 
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117 
específicas, a serem notificadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa), conforme a RDC nº 10/2010, em embalagens padronizadas. 
O comércio de plantas medicinais é regulamentado por meio da Lei nº 
5.991/1973, que determina, no art. 7º, que “a dispensação de plantas medicinais 
é privativa das farmácias e ervanarias, observados o acondicionamento 
adequado e a classificação botânica.” 
Esse artigo não foi ainda regulamentado, deixando em aberto os requisitos de 
qualidade para plantas medicinais, como também sua segurança e eficácia. 
Plantas medicinais não podem ser comercializadas como medicamentos, não 
podendo alegar indicações terapêuticas em suas embalagens (BRASIL, 1973). 
As plantas ainda podem ser utilizadas como matérias-primas para a indústria de 
cosméticos, havendo vários produtos de uso tópico disponíveis no comércio, 
como pomadas de babosa (Aloe vera) e calêndula (Calendula officinalis), 
utilizadas como emolientes. As normas relacionadas são as RDCs nº 211 e nº 
343, ambas de 2005, que instituem o procedimento eletrônico para a notificação 
de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes de grau 1 (baixo risco), 
onde se enquadram a maioria dos produtos obtidos de plantas para uso tópico. 
Plantas medicinais também podem ser regulamentadas na área de alimentos, 
principalmente como chás, que são produtos constituídos de uma ou mais partes 
de espécie(s) vegetal(is) inteira(s), fragmentada(s) ou moída(s), com ou sem 
fermentação, tostada(s) ou não (BRASIL, 2005). 
Recentemente, visando a devolver à população a forma tradicional de uso das 
plantas medicinais, a Anvisapublicou uma norma para melhor regulamentar a 
produção e uso de plantas medicinais, a RDC nº 10, de 10 de março de 2010. 
Para cada uma das 66 espécies, foram padronizadas alegações terapêuticas, 
forma(s) de uso, quantidade a ser ingerida e os cuidados e restrições a serem 
observados no seu uso, conforme informações de uso tradicional disponíveis. 
 
 
 
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As plantas como droga vegetal são notificadas na Anvisa, podendo ser 
produzidas tanto por indústrias farmacêuticas como por estabelecimentos 
industriais específicos habilitados para fabricação de drogas vegetais conforme 
BPFC específicas a ser publicada pela Anvisa (2010). 
 
 
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS MANIPULADOS 
A manipulação de medicamentos fitoterápicos para uso humano é feita em 
farmácias com autorização da Vigilância Sanitária local (Visa). 
A Anvisa não faz fiscalização direta nesses estabelecimentos, exceto quando há 
alguma denúncia ou solicitação das Visas do Estado ou municípios. 
A manipulação pode ser magistral, quando formulada por profissional habilitado 
a prescrevê-la, ou oficinal, quando constante do Formulário Nacional. 
Atualmente, o Formulário Nacional, publicado em 2006, não possui fórmulas de 
fitoterápicos. Contudo está sendo elaborado, pela Farmacopeia Brasileira, o 
Formulário Fitoterápico Brasileiro, que deverá ser publicado em 2011 (BRASIL, 
2006). 
Medicamentos manipulados não precisam ser registrados na Anvisa, sendo o 
controle da sua produção feito no estabelecimento produtor. A norma que 
regulamenta a manipulação de medicamentos é a RDC nº 67 (ANVISA, 2007), 
atualizada pela RDC nº 87 (ANVISA, 2008a), a qual define as boas práticas de 
manipulação de preparações magistrais e oficinais para uso humano em 
farmácias. 
As farmácias devem ter autorização de funcionamento, e a manipulação de 
medicamentos segue regras rígidas de controle que devem ser utilizadas para 
garantir que sejam disponibilizados ao usuário com a segurança necessária. 
 
 
 
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A produção deve ser feita individualmente, conforme demandado por receita de 
profissional habilitado a prescrever medicamentos. Enquanto não existe o 
Formulário Fitoterápico Brasileiro, a farmácia não pode produzir esses 
medicamentos em quantidade maior, denominado como estoque mínimo. 
As farmácias devem adquirir, e não produzir, as matérias-primas a serem 
utilizadas na manipulação de medicamentos de fornecedores de insumos 
qualificados. Recentemente, o Ministério da Saúde publicou a Portaria GM/MS 
nº 886, de 20 de abril de 2010, a qual institui a Farmácia Viva no âmbito do 
Sistema Único de Saúde (SUS), sob gestão estadual, municipal ou do Distrito 
Federal. 
A partir daí a Anvisa elaborou proposta de regulamento técnico para boas 
práticas de processamento e manipulação de plantas medicinais e fitoterápicos 
em Farmácias Vivas. 
Essa norma passou por Consulta Pública (CP), por meio da CP nº 85/2010, com 
uma proposta de requisitos mínimos exigidos, desde as instalações, 
equipamentos e recursos humanos, aquisição e controle da qualidade da 
matéria-prima, armazenamento, avaliação farmacêutica da prescrição, 
conservação, transporte, dispensação das preparações, além da atenção 
farmacêutica aos usuários ou seus responsáveis, visando à garantia de sua 
qualidade, segurança, efetividade e promoção do seu uso seguro e racional dos 
fitoterápicos produzidos nesses estabelecimentos. 
A Farmácia Viva será um estabelecimento com horto agregado, sob controle dos 
órgãos ambientais, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) 
e do Meio Ambiente (MMA). 
A CP nº 85/2010 foi concluída e estão sendo consolidadas as contribuições para 
publicação da norma. Enquanto isso, Estados ou municípios que já desenvolvem 
programas nessa área e que já tenham esse serviço regulamentado por leis 
estaduais ou municipais podem fazê-la conforme seus regulamentos regionais. 
 
 
 
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120 
Quando uma norma federal for publicada para esses tipos de estabelecimentos, 
as normas municipais e federais deverão ser adequadas à norma federal. 
 
MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS INDUSTRIALIZADOS 
A norma vigente para registro de medicamentos fitoterápicos é a RDC nº 14, 
publicada em 5 de abril de 2010, que, comparada à anterior (RDC nº 48/04), traz 
entre as modificações a adequação aos conceitos definidos pela Política 
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e pela Política Nacional 
de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, além da adoção 
de alternativas ao controle de qualidade, item com grau de dificuldade elevado 
no caso de medicamentos fitoterápicos, devido à complexidade de sua 
composição. O documento traz ainda reestruturação da norma anterior, a RDC 
nº 48/2004, com divisão mais racional dos critérios técnicos correspondentes à 
droga vegetal, derivado vegetal e produto final (ANVISA, 2010). 
Concomitantemente à publicação da RDC nº 14/2010, houve atualização da lista 
de referências para comprovação de segurança e eficácia de fitoterápicos, na 
forma da Instrução Normativa (IN) 05/2010, a qual foi ampliada de 17 para 35 
publicações de referência (ANVISA, 2010). 
Os requisitos de segurança e eficácia não foram essencialmente modificados, 
havendo ainda a possibilidade de comprová-los, além do item de referências 
técnico-científicas anteriormente citado, por três outras formas: ensaios pré-
clínicos e clínicos de segurança e eficácia; tradicionalidade de uso; e presença 
na “Lista de medicamentos fitoterápicos de registro simplificado”(ANVISA, 2008). 
A tradicionalidade de uso é mais uma possibilidade que pode ser utilizada para 
comprovar segurança e eficácia de um medicamento fitoterápico. 
A comprovação deve ser feita por meio da apresentação de estudo 
etnofarmacológico ou etno-orientado de utilização, documentações técnico-
 
 
 
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científicas, ou outras publicações, mostrando a eficácia e segurança do produto 
por um período igual ou superior a 20 anos. 
O período de uso proposto para o medicamento a ser registrado por essa forma 
deve ser episódico ou curto. A lista de espécies de registro simplificado, 
publicada como IN 05/2008, contempla 36 espécies vegetais, para as quais já 
foram estabelecidos critérios de segurança e eficácia. 
A empresa deve seguir todos os parâmetros especificados na lista citada, que 
são: parte da planta, padronização/marcador, tipo de derivado vegetal, 
indicações/ações terapêuticas, dose diária, via de administração, concentração 
da forma farmacêutica, quando descrita, e restrição de uso. Nesse caso, não 
precisa apresentar informações adicionais de segurança e eficácia (BRASIL, 
2008). No Brasil, em levantamento realizado em 2011, havia 382 medicamentos 
fitoterápicos, sendo destes 357 fitoterápicos simples e 25 em associação. Esses 
fitoterápicos são produzidos a partir de 98 diferentes espécies vegetais. 
As espécies vegetais com mais registro são em sua maioria estrangeiras, como 
castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum), com 22 registros e ginkgo (Ginkgo 
biloba), com 20 registros. Entre as brasileiras, as mais registradas são o guaco 
(Mikania glomerata), com 20 registros, Maracujá (Passiflora incarnata), com 16 
registros e espinheira-santa (Maytenus ilicifolia), com 14 registros. 
Existem 78 empresas produtoras de fitoterápicos no Brasil, na maior parte, 
concentradas nas Regiões Sul e Sudeste do país (PERFEITO, 2012). Outra 
norma recente é a RDC nº 95/2008, atualizada pela RDC nº 47/2009, que 
padroniza as bulas de fitoterápicos obtidos de 13 espécies vegetais. 
A Anvisa pretendeu com isso proporcionar informações padronizadas sobre 
medicamentos fitoterápicos à população e aos profissionais de saúde que os 
prescrevem, atuando no seu uso racional (BRASIL, 2008; 2009).As empresas produtoras de medicamentos fitoterápicos devem ter alvará 
sanitário e autorização de funcionamento, além de seguir as Boas Práticas de 
 
 
 
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Fabricação e Controle de Medicamentos, para as quais devem ser certificadas a 
cada dois anos, conforme a RDC nº 17/2010 (ANVISA, 2010a). 
 
Prescrição de fitoterápicos 
 
Para ter a eficácia e a segurança no uso. Vamos entender: 
Utilizar princípios ativos isolados não é fitoterapia. Na prescrição de 
fitoterápicos, as plantas medicinais devem ser identificadas pelo nome 
científico (gênero e espécie), seguida da parte da planta que os estudos 
mostraram eficácia. Devemos ainda colocar se esta planta possui alguma 
padronização ou concentração e depois a dose. 
Exemplo: 
Tribulus terrestris, fruto, Extrato Seco (ES) 40% de saponinas esteroidais —- 
500mg 
Onde Tribulus é o gênero, terrestris é a espécie, fruto é a parte utilizada, e 
Extrato Seco (ES) 40% de saponinas esteroidais é o extrato concentrado que 
este marcador tem. 
Quando temos no mercado algum ativo diferenciado com uma padronização 
mais específica e que é um exclusivo de alguma empresa devemos ainda 
assim escrever o nome científico, porém devemos colocar entre parênteses 
este nome comercial para garantirmos que a farmácia fará exatamente o que 
estamos pedindo. 
Vamos utilizar o mesmo exemplo, porém com um ativo exclusivo: 
 
Tribulus terrestris (ProtUp®) ——180mg 
 
 
 
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Onde Tribulus é o gênero, terrestris é a espécie, e ProtUp é um ativo exclusivo 
feito desta planta que tem a padronização diferente, pois tem 30% de 
protodioscina que é uma saponina esteroidal mais biodisponível, portanto 
podemos utilizar uma dose mais baixa. 
Uma receita correta em fitoterapia deve ter todas estas informações, além da 
posologia, forma farmacêutica de apresentação e duração do tratamento. 
Veja um exemplo de formulação para perda de peso, associado a diminuição da 
libido: 
Uso oral: 
Camellia sinensis (Greenselect phytossome®) ————————————120mg 
Tribulus terrestris (ProtUp®) ———————————————————–180mg 
Ganoderma licidum (fruto) ES 10% 
polissacarídeos………………………………200mg 
Doses em cápsulas para 30 dias, tomar 2 x ao dia, ao acordar e final de tarde. 
https://conteudo.florien.com.br/greenselect-florien
 
 
 
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Dicas sobre fitoterápicos 
O fato de que alguns profissionais têm restrições quanto aos seus conselhos 
ou órgãos reguladores em fitoterapia. 
Os nutricionistas podem prescrever fitoterápicos apenas para uso oral e não 
podem combinar eles com vitaminas, minerais ou aminoácidos em uma 
mesma formulação. 
Existe ainda algumas plantas medicinais que só podem ser prescritas por 
médicos, esta lista você pode obter consultando a IN.02/2014 da Anvisa. 
Importante saber: os estudos e a prática clínica mostram cada vez mais que 
a associação de plantas medicinais é mais eficaz e segura do que a 
monoterapia, por este motivo aprender a associar fitoterápicos de acordo 
com cada patologia é fundamental. 
 
 
Prescrição de fitoterápicos e profissionais atuantes 
 
Trabalhar com plantas medicinais é um trabalho multiprofissional. Abrange as 
mais variadas áreas do conhecimento, desde os aspectos botânicos aos 
fitoquímicos. Para que todo esse trabalho seja bem executado, são necessários 
especialistas para cada uma das etapas. Desde o plantio a qualidade do solo, 
semente, mudas e água para irrigação, até o medicamento fitoterápico em si, 
distribuídos nas farmácias. 
 
 
 
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125 
Somente com trabalho e pesquisas é que este mercados e ampliará de forma 
correta, segura e confiável. Recomenda-se que medicações extraídas de plantas 
medicinais devam ser prescritas por profissionais de saúde. No entanto, o 
desconhecimento destes profissionais sobre plantas medicinais, suas interações 
com medicamentos alopáticos e sua toxicidade tornam-se fatores preocupantes 
quando se fala de automedicação dos pacientes. De acordo com o Relatório do 
Seminário Internacional das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, 
além de médicos e farmacêuticos, outros profissionais da área de saúde podem 
prescrever Fitoterápicos. Os resultados mostram o crescimento do uso de 
métodos alternativos pelos enfermeiros. Em contrapartida, o profissional que 
menos prescreve fitoterápicos é o odontólogo. 
Os profissionais sentem-se inseguros no uso da fitoterapia mesmo com o 
reconhecimento pelos Conselhos de Medicina, Enfermagem e Farmácia. Com 
exceção dos profissionais farmacêuticos, os outros profissionais citados não 
tiveram formação durante a graduação sobre o tema fitoterapia, esclarecendo 
assim, a falta de conhecimentos científicos e práticos. Desta forma, os 
Conselhos Regionais de Medicina, Enfermagem e Farmácia, aceitam como 
prescritores somente profissionais com pós-graduação na área. Os 
farmacêuticos, mesmo com a disciplina em sua grade curricular, devem fazer a 
pós-graduação e, somente depois, iniciar as atividades na prescrição. 
Importância do farmacêutico na fitoterapia 
O farmacêutico é o elo entre o conhecimento popular e a ciência, prestando 
assistência e passando as informações sobre o uso racional de medicamentos, 
sobre as interações entre medicamentos, fitoterápicos e alimentos. É papel deste 
profissional apresentar seu conhecimento sobre as plantas, drogas vegetais e 
drogas. 
A utilização desta prática é parte essencial no trabalho do farmacêutico, já que 
a Organização Mundial da Saúde ressalta que 80% da população mundial 
necessita das práticas tradicionais no que se refere à atenção primária à saúde 
 
 
 
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e que 67% das espécies vegetais medicinais do mundo são procedentes de 
países em desenvolvimento. Com isso, as plantas medicinais se tornaram 
importantes características da Assistência Farmacêutica e, como suporte para 
tal atividade, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a 
primeira edição de um Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira em 
2011. 
Este documento oficializa e padroniza informações. Possui 47 monografias de 
vegetais para infusos e decoctos, 17 tinturas, um xarope, cinco géis, cinco 
pomadas, um sabonete, dois cremes, quatro bases farmacêuticas e uma solução 
conservante. 
Estão registradas informações sobre a forma correta de preparo e suas 
indicações, além de restrições de uso de cada espécie, tendo como requisito a 
qualidade definida nas normas específicas para farmácia de manipulação e 
farmácias vivas. Conjuntamente foram feitos estudos científicos de todas as 
formulações incluídas no Formulário e a utilização das mesmas nos serviços de 
fitoterapia no país. Este Formulário contribui de forma significativa para ampliar 
a atuação farmacêutica na prescrição de fitoterápicos, pois o documento dá 
certeza e confiabilidade nas informações prestadas. 
Para regulamentar as atribuições farmacêuticas foram criadas as RDC’S n° 585, 
de 29 de agosto de 2013 e nº 586, de 29 de agosto de 2013 pelo Conselho 
Federal de Farmácia (CFF), sendo que a RDC nº 586/13 fala sobre as 
especificações para a prescrição. Os medicamentos fitoterápicos prescritos por 
farmacêutico são limitados, uma vez que alguns somente podem ser prescritos 
por médicos. Essas medidas foram tomadas para que, além da valorização do 
profissional, a população obtenha a prescrição farmacêutica de medicamentos 
fitoterápicos como primeira opção, com prescritor habilitado e que saberá ajudá-
la nas questões de performance da planta medicinal e da melhor forma de utilizá-
la. Embora alguns medicamentos fitoterápicos sejam isentos de prescrição 
 
 
 
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médica, não significa que sejam livres de orientação, o que comprova a 
importância do conhecimento do profissionalfarmacêutico. 
Para que os cursos de Farmácia seguissem um padrão brasileiro quanto ao 
ensino, foram criadas as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de Farmácia. 
A Resolução em vigor é a de nº 06 de 2017 que revogou a nº 02 de 2002. Ambas 
contemplam as competências e habilidades que cabem ao profissional 
farmacêutico terem durante a graduação e depois dela, mas as afirmações feita 
na resolução anterior vetam qualquer adjetivação que possa dar a conotação de 
habilitações específicas para o curso, o que muda o cenário do profissional. 
Desta forma, a legislação torna o farmacêutico um profissional sem habilitação 
específica para que possa para atuar em todas as frentes farmacêuticas. O 
ensino se divide em porcentagens de carga para cada área de conhecimento e 
não aprimora o profissional em nenhuma. A Resolução em vigor é a de nº 06 de 
2017 que, no entanto, modifica a condição do curso de Farmácia para que este 
forme profissionais da saúde que possam interagir com outros profissionais da 
saúde em prol da saúde pública. 
. 
Medicamentos e produtos fitoterápicos Indicações 
Restrições 
Aesculus hippocastanum (Castanha da índia) Insuficiência venosa. 
Allium sativum (Alho) Hiperlipidemia e hipertensãoarterial leve a moderada. 
Centella asiatica (Centela/ Centela-asiática) Insuficiência venosa dos membros 
inferiores. 
Cynara scolymus (Alcachofra) Antidispéptico, antiflatulento, diurético. 
Glycine max (Soja) Sintomas do climatério. 
Glycyrrhiza glabra (Alcaçuz) Úlceras gástricas e duodenais. 
 
 
 
 
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Não recomendado uso contínuo por mais de seis 
semanas, sem acompanhamento médico. 
Mentha x piperita (Hortelã-pimenta) Expectorante, carminativo e 
antiespasmódico e síndrome do cólon irritável. 
 
Venda livre para ação expectorante, carminativo e 
antiespasmódico. 
Panax ginseng (Ginseng) Estado de fadiga física e mental, adaptógeno. Utilizar 
por no máximo três meses. 
Paullinia cupana (Guaraná) Psicoestimulante e astenia. 
Pimpinella anisum (Erva-doce/Anis) 
Expectorante, antiespasmódico, carminativo e dispepsias funcionais. 
Plantago ovata (Plantago) Obstipação intestinal e síndrome do cólon irritável 
 
Venda livre como coadjuvante nos casos de obstipação 
intestinal. 
Polygala senega (Polígala) Bronquite crônica, faringite. 
Frangula purshiana (Cáscara Sagrada) Constipação ocasional. Não 
recomendado uso contínuo por mais de uma semana. 
Salix alba (Salgueiro Branco) Antitérmico, anti-inflamatório e analgésico. 
 
 
 
 
 
 
 
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