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DIREITO PROCESSUAL PENAL 09/08/2021 
1.INQUÉRITO POLICIAL
REVISÕES: 24h ____/____/_____ 7 DIAS _____/_____/_____ 15 DIAS _____/_____/____ 30 DIAS _____/_____/_____
1.2 –CONCEITO
Origem: Na Grécia. '' As raízes do IP estão firmadas na Grécia antiga, onde existia uma prática investigatória para apurar a probidade individual e familiar daqueles que eram eleitos magistrados, dos quais, dez, denominados ‘’estínomos’’, eram encarregados do serviço policial''
· ‘’PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO EFETIVADO NO ÂMBITO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA, COM A FINALIDADE DE REUNIR ELEMENTOS PROBATÓRIOS MÍNIMOS DE AUTORIA E MATERIALIDADE, VISANDO FORNECER JUSTA CAUSA AO TITULAR DA AÇÃO PENAL’’
· Procedimento preparatório (persecutório) da ação penal, com carácter administrativo, conduzido pela polícia judiciária (PC).
· Voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. 
· Busca a autoria e a materialidade. 
2. ‘’NOTITIA CRIMINIS’’ CONCEITO DO CRIME
· Pode ser endereçado à: 
a) Autoridade policial
b) Parquet (MP)
c) Magistrado
· O MP diante de notícia do crime que contenha em si elementos suficientes relevando a autoria e a materialidade, 
a) dispensará o IP; oferecendo desde logo a denúncia. Mas pode requisitar diligências à autoridade policial.
· O magistrado tomando conhecimento da notícia crime: 
a) poderá remetê-la ao MP para providências cabíveis;
b) Ou requisitar a instauração do inquérito policial. 
· O delegado, diante dos fatos aparentemente típico, iniciar as investigações (IP)
ÉSPECIES DE NOTITIA CRIMINIS:
A) ‘’Notitia criminis’’ de cognição(conhecimento) IMEDIATA (espontânea): Conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras. Ex. Prática de um crime por meio da imprensa. NÃO EXISTE ATO JURÍDICO
1. Jornais;
2. Investigações;
3. Corpo de delito;
B) ‘’Notitia criminis’’ de cognição (conhecimento) MEDIATA (provocada): Toma conhecimento por meio de um documento escrito. ATO JURÍDICO FORMAL
1. Delatio criminis;
2. Requisição do MP;
3. Requisição do Ministro da justiça;
4. Representação ou requerimento do ofendido; 
C) ‘’Notitia criminis’’ de cognição COERCITIVA: Toma conhecimento por meio de apresentação de alguém preso em flagrante. 
1. Direta: Autoridade policial participa do flagrante.
2. Indireta: Autoridade policial NÃO participa do flagrante.
D) ‘’Notitia criminis’’ INQUALIFICADA ‘’apócrifa’’: Chega por meio de uma denúncia anônima. 
1. Deverá o delegado realizar um procedimento preliminar antes de instaurar o IP. 
2. Antes do IP é feita a Verificação de procedência das informações (V.I.P) 
· O STF nem STJ admite que seja instaurado inquérito com base unicamente em denúncia anônima. Depois de tomada as diligências complementares pela autoridade e verificada a veracidade das informações é instaurado o IP regularmente. 
1.3 DELATIO CRIMINIS. 
· - Ocorre por QUALQUER PESSOA DO POVO e não pela vítima ou seu representante legal:
a) Delatio criminis postulatória: Própria representação do ofendido nas ações penais condicionadas à representação.
b) Delatio criminis simples: Qualquer do povo.
(Art. 5º, Ss3º, do CPP- Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito) 
· -NECESSÁRIO O VPI. (verificação de procedência da informação) 
2. NATUREZA JURÍDICA DO IP.
· - O (IP) tem natureza administrativa. Não é processo administrativo, tampouco, judicial.
· - O (IP) não resulta a possível imposição de sanções ao investigado. 
· - O (IP) é uma peça informativa, que tem sua natureza administrativa.
· - Visa a colheita de lastro probatório mínimo de informações para ‘’enriquecer’’ a possível ação penal.
2.1 FUNÇÕES ESSENCIAIS DO IP (DUPLA FUNÇÃO)
· - FUNÇÃO PRESERVADORA: 
A) -Visa evitar a instauração de um processo penal infundado.
B) – Preservar a imagem do investigado, que pode ser ou não o responsável pela infração penal.
· -FUNÇÃO PREPARATÓRIA: 
A) Busca a formação de opinião do titular da ação penal na colheita elementos de lastro probatório mínimo. 
2.2 DESTINATÁRIOS DO IP.
· - DESTINATÁRIOS IMEDIATOS: O titular do direito de ação.
A) Ação penal pública é o MP.
B) Ação penal privada é o OFENDIDO ou seu representante legal, caso seja menor de 18 anos.
· -DESTINATÁRIO MEDIATO: 
A) Autoridade judicial que receberá um minucioso relatório daquilo que foi apurado. 
2.3 FINALIDADE DO IP E VALOR PROBATÓRIO
· - Buscar elementos que configurem chamada JUSTA CAUSA da ação penal que é configurada, na esfera penal, pela MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA. Havendo justa causa, a denúncia possuíra o chamado suporte probatório mínimo para propositura da ação. 
· - Colheita de elementos de informação quanto à AUTORIA e MATERIALIDADE do DELITO.
· - O IP fornece elementos importantes para formar a convicção do titular da ação penal (Regra, MP).
· -Sendo útil para subsidiar o magistrado na decretação de medidas cautelares durante o curso da investigação.
· Cuidado! NO IP NÃO SE BUSCA PROVA, SIM, ELEMENTOS DE INFORMAÇÕES.
· - No IP não há participação das partes no sentido de garantir a observância do contraditório e da ampla defesa. 
	· Inaplicabilidade do contraditório e da ampla defesa ao IP que não é processo, porque não é destinado a decidir litígio algum, ainda que na esfera administrativa: NÃO OBSTANTE a existência de direitos fundamentais do indiciado no curso do inquérito, entre os quais o de fazer-se assistir por advogado o de não se incriminar e o de manter-se em silêncio. Contraditório e a ampla defesa são mitigados no IP. 
· - Para a decretação de cautelares não há de se falar em produção de provas, pois a palavra prova só pode ser usada durante o processo judicial (contraditório e ampla defesa serão observados) 
· -Para a doutrina para haver a produção de provas deverá ter a participação do acusado e de sua defesa técnica e supervisão do julgador. A observância do contraditório é condição de existência da prova.
PACOTE ANTICRIME
· - O PACOTE ANTICRIME deixou o sistema acusatório ainda mais severo. Atualmente a figura do juiz se dividiu em: 
A) Juiz das garantias;
B) Juiz de instrução;
· O CPP prevê que os autos da investigação ficarão arquivados na secretaria do juízo das garantias. 
· Significa que: o juiz responsável por sentenciar o acusado sequer terá contato com os autos da investigação, mas tão somente com os autos do processo.
3. VALOR PROBATÓRIO E PACOTE ANTICRIME
· O (IP) possui valor probatório RELATIVO, visto que por sua característica INQUISITIVO, pois não está sob o crivo do CONTRADITÓRIO e AMPLA DEFESA. 
· Aplica-se a regra a produção de provas no IP, as mesmas provas devem ser reproduzidas na ação, SALVO, aquelas que não são mais possíveis. 
· - Dispensam reprodução sob o crivo do contraditório. 
A) As provas cautelares, 
B) Não repetíveis ou antecipadas 
Há provas que, não permitem reprodução em Juízo. Embora produzidas extrajudicialmente, pode o juiz basear sua decisão em tais provas. 
· STJ: São provas que não necessitam serem repetidas na ação penal: 
a) Perícias;
b) Documentos;
‘’Confissão é rainha das provas?’’
· -Incabível, uma vez que ela deverá ser confrontada com os demais elementos do processo -vide. 
· Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existem compatibilidade ou concordância
4. CARACTERÍSTICAS DO IP
4.1 ADMINISTRATIVO
· O Inquérito é procedimento administrativo e NÃO JUDICIAL. 
· Sequer o IP tramita em via judicial, sim, em via polícia judiciária (PC)
4.2 DISPENSÁVEL 
· Dispensabilidade do IP.
	Ex. João procura o MP (titular da ação) para denunciar o crime de roubo. Apresenta todas as provas necessárias para uma possível condenação. Tanta prova material (de que o crime ocorreu) quanto prova de autoria (Quempraticou a infração penal) 
· OBS: No caso acima os elementos já estão prontos, basta o promotor elaborar e oferecer a denúncia. O trabalho de polícia (apuração de infração penal) nessa situação, se tornou dispensável. 
· -NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE: Art.30. Crime de abuso de autoridade dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente. PENA- detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
· -Art. 15- Constranger (obrigado) a depor, sob ameaça de prisão pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão deva guardar segredo ou resguardar sigilo. Detenção de um ano a 4 anos de multa. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
I. De pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio;
II. De pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu patrono. 
· -Art. 18. Submeter o preso a interrogatório durante o período de repouso noturno, salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: PENA: detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
· -O STF entende que o MP, por ser titular da ação penal pode investigar através do P.I.C (procedimento investigativo criminal) Pode o MP pode propor ação, mesmo que tenha algum inquérito policial em andamento, se o parquet conseguir a justa causa antes que a polícia judiciária conclua o IP, poderá propor a ação normalmente. 
· - O IP deverá acompanhar a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra- Art. 12, CPP.
· - Nas infrações penais de menor potencial ofensivo não haverá IP, sendo substituído pelo termo circunstanciado de ocorrência.
4.3 INFORMATIVO
· - O IP é informativo, nesse ponto SEUS VÍCIOS NÃO TÊM O PODER DE CAUSAR NULIDADE DA AÇÃO.
· -Dessa forma, alguma irregularidade cometida no IP NÃO CAUSA NULIDADE DA AÇÃO PENAL. 
· - STF: VÍCIOS NO INQUÉRITO POLICIAL E NULIDADE DE AÇÃO PENAL.
· É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial. 2ª turma. Negou provimento de recurso de habeas corpus em que pleiteava a anulação de atos praticados em IP presidido por delegado alegadamente suspeito.
· As irregularidades encontradas no IP serão consideradas nula, mas isso não afetará o processo penal como um todo. 
· No caso de todos os elementos utilizados para dar suporte à ação penal estiverem contaminados de nulidade é que poderá a ação penal ser contaminada pelas nulidades do IP. 
· STJ: ‘’Os vícios do IP ficam adstrito (ligado) ao procedimento não tem o condão de contaminar o futuro processo, já que é procedimento meramente dispensável -ENDOPROCEDIMENTAL.
	
	· Art. 107 do CPP- Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.
· -Mesmo sabendo, via de regra, que o IP é informativo e dispensável, na prática, nem sempre é assim, na maioria dos casos, é o IP e seus procedimentos que irão fornecer as informações (justa causa) para o oferecimento da denúncia.
· Nesse caso, se os elementos colhidos no IP estiverem eivados de algum tipo de vício, ocorrerá a chamada ausência de suporte probatório mínimo, visto que o MP não possuirá elementos suficientes para o oferecimento da denúncia. Nesse caso a nulidade no IP será suficiente para contaminar o processo penal. 
· - Situação atípica: Muito difícil que um IP esteja tão contaminado que nada nele possa ser aproveitado. 
4.4 SIGILOSO
· O IP enquanto procedimento administrativo, não está disponibilizado para o público. Constituindo um procedimento sigiloso segundo o Art. 20, caput, do CPP.
· ‘’Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
· Nem mesmo em atestados de antecedentes não se pode disponibilizar registro de IP. 
· Proteger a intimidade do investigado. 
· - Tudo isso ratifica a chamada presunção de inocência. 
4.5 ACESSO AOS AUTOS DO IP. 
· Quem possui acesso aos autos do IP? 
	1. Juiz;
2. MP;
· -O sigilo do IP não se aplica ao Juiz nem ao Parquet.
3. Advogado – inscrito na OAB.
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências
	· O Adv. tem o poder de examinar investigações de qualquer natureza;
· NÃO apenas no IP, mas em qualquer procedimento investigativo;
· Por exemplo: O PIC (procedimento investigativo criminal- usado pelo MP nas investigações conduzidas pelo próprio órgão; 
· O advogado tem acesso mesmo sem procuração. 
	· A doutrina entende que existe dois tipos de sigilos (A e B) No entanto, o IP se submete ao sigilo externo, nos termos do art. 20 do CPP. 
a) Interno;
b) Externo;
· O sigilo do IP não atinge:
A. MP
B. JUIZ
C. ADVOGADO (mesmo sem procuração) 
· Determinado IP pode conter informações sigilosas em seus autos:
A. Quebra de sigilo telefônico;
B. Quebra de sigilo bancário;
· Aqui, não estamos diante de um mero sigilo do próprio procedimento (art. 20 do CPP) Mas, do sigilo dos próprios documentos ( A e B) que integram os autos. 
· A doutrina orienta que apenas o advogado que detém procuração poderá examinar o referido inquérito. RATIFICO: Em razão do sigilo dos referidos documentos (A, B) e não do sigilo externo do Art.20 do CPP. 
	· Aplica-se o mesmo entendimento da doutrina nos casos em que:
A. O advogado tem acesso, sem procuração, salvo na hipótese de segredo de justiça, nesse caso, somente o adv. constituído e munido de procuração terá acesso aos referidos autos.
	· Limita-se o acesso do ADV. para resguardar a eficácia da medida investigatória:
A. Diligências não documentadas ainda em andamento ou que ainda não foram realizadas.
B. A autoridade competente tem o poder de delimitar esse acesso quando houver risco de comprometimento da eficácia ou finalidade das diligências.
	Ex: uma determinada quadrilha que pratica assaltos a banco está sendo investigada pela Polícia Federal. Por não encontrar outro meio de prova viável, no curso da investigação, a autoridade policial representa pela interceptação telefônica dos investigados. Imagine, nessa situação, se o advogado tivesse acesso às informações sobre a interceptação telefônica. Bastaria que o defensor contasse a seu cliente sobre sua existência dessa medida, que este iria prontamente parar de falar ao telefone, frustrando assim a ação investigativa. 
	A despeito do Art.20 do CPP, mesmo em se tratando de inquérito sigiloso, tem prevalecido o entendimento de que o advogado deve ter acesso aos autos do procedimento investigatório, caso a diligência realizada pela autoridade policial já tenha sido documentada.
Renato Brasileiro
4.6 DIREITOS DO DEFENSOR.
	Prerrogativas do defensor
	· Ter acesso aos autos, podendo tirar cópias e realizar apontamentos;
· Participar do interrogatório de seu cliente;
· Participar de depoimentos;
· Formular perguntas às testemunhas, às vítimas, ao próprio cliente e aos peritos (PODEM SER INDEFERIDAS PELO DELEGADO) 
· Participar dos atos de produção de provas; (FICA A CRITÉRIO DA AUTORIDADE POLICIAL, POR MEIO DA DISCRICIONARIDADE) 
· Apresentarargumentos. 
	· Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
· Importante! Art. 5º, XXXIII, LIV e LV da CF/88; Art.7º, XIII e XIV do estatuto da OAB.
	Art. 5ºXXXIII da CF/88 - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
	Art.7º XIV do Estatuto da OAB - São direitos do advogado: 
(...)
XIV- Examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigações, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
4.6-INSTRUMENTOS CABÍVEIS QUANDO FOR NEGADO AI DEFENSOR ACESSO AOS AUTOS DO IP
I. Mera petição informando ao Juiz das garantias a negativa e requerendo o acesso aos autos (art.3 º-B inciso XV do CPP c/c art.7º, §12º do estatuto da OAB);
II. Reclamação constitucional ao STF por violação de conteúdo de SV 14.
III. Impetração de mandado de segurança por parte do ADV. Caso em que a autoridade coatora será o Delegado de Polícia;
IV. Habeas corpus em favor do investigado quando estiver ameaçada a sua liberdade de locomoção. (Se restar caracterizada, mesmo indiretamente).
5. PRESIDÊNCIA DO INQUÉRITO.
· O IP é um procedimento de responsabilidade da polícia judiciária, nesse sentindo quem deve presidir o referido procedimento é o DELEGADO DE POLÍCIA (Autoridade Policial)
· No ‘’P.I.C’’ (procedimento investigatório criminal) responsabilidade do MP, sendo o presidente o PROMOTOR. 
· É prerrogativa do presidente do IP e PIC deliberar sobre acesso do advogado aos autos, pois ele conhece de perto a realidade destas investigações e os estágios em que as diligências investigatórias se encontram (se já concluídas, documentadas ou não) Contudo, se restar configurada a situação que autoriza o acesso do adv à investigação ( as diligências investigatórias já foram produzidas e documentadas), mas o presidente nega acesso, fica reconhecido a possibilidade de provocar o juiz das garantias. Consoante o art.3-B, inciso XV do CPP. 
· RESSALVA, SIGILO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ENVOLVENDO ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA art.23 da Lei 12.850/13 se tratando de investigação criminal que envolva organização criminosa. 
	 Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento. 
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.
	Atribuições do Ministério Público:
	· Embora o membro do MP não seja o presidente do IP, tal órgão tem o dever de acompanhar seu andamento.
· O MP tem responsabilidade de exercer o controle externo da atividade policial.
	Hierarquia MP x polícia judiciária:
	· Embora o MP possua atribuição de controle externo da atividade policial. Vale destacar, que não há hierarquia entre MP e a polícia judiciária. 
6.ESCRITO
 
· ‘’ Art. 9º do CPP: ‘’Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade’’
· -Não obsta que o registro dos depoimentos seja realizado por outros meios:
A) Gravação digital;
B) Meio audiovisual.
7. INQUISITIVO
· -No IP não há observância ao contraditório nem ampla defesa;
· -Representante e o indiciado podem requerer diligências, mas estará condicionada ao poder discricionário da autoridade policial; 
· ’’Art. 14.  O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade’’
· -O CPP não admite que seja suscitada a suspeição da autoridade policial (art.107, cpp)
· ‘’Art. 107.  Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal’’
· -Apenas o IP instaurado pela Polícia Federal para expulsão ou deportação de estrangeiro, faz-se necessário contraditório e a ampla defesa.
8. DISCRICIONARIEDADE
· É importante destacar que o Delegado conduz as investigações da forma que melhor lhe satisfazer. Sempre buscando eficiência na elucidação dos fatos investigados. Por esta razão o IP: 
A) Não possui rito procedimental em lei;
B) Compete ao presidente do IP estabelecer o rito de suas atividades;
C) O ofendido, o seu representante legal e o indiciado podem requerer diligências (estão condicionadas a juízo da autoridade policial (art. 14 do CPP).
	Duas exceções à ideia de discricionariedade que orienta o IP.
	8.1- Requisições do MP ou do JUIZ: O delegado estará obrigado a atender, SALVO impossibilidade de fazê-lo (Ex.: Promotor requisita que se colha o depoimento da testemunha que, logo após, vem a falecer) 
	8.2- Realização do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios ‘’não transeunte’’ O Art. 158 CPP- Passou a determinar a prioridade na realização do exame quando se tratar de crime que envolva violência doméstica e familiar contra:
a) Mulher;
b) Criança, 
c) adolescente;
d) Idoso;
e) Pessoa com deficiência.
Exame direto: Peritos dispõem de vestígios para análise.
Exame Indireto: Se valem de elementos acessórios, tais como: fotografias, prontuários médicos.
· -Na impossibilidade de se realizar o exame de corpo de delito, pode-se suprir sua ausência com a utilização de outra prova, sendo VEDADO O EMPREGO DA CONFISSÃO COMO FORMA DE DEMOSTRAÇÃO DA MATERIALIDADE (art.158, CPP)
9. INDISPONÍVEL
	· A autoridade policial não poderá arquivar autos de IP (art. 17 do CPP)
	· Art. 17. Do CPP: ‘’A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
	· Seu arquivamento depende de manifestação judicial, após pedido do titular da ação penal. MP ou Ofendido.
	· O delegado não está obrigado a instaurar o IP diante do REQUERIMENTO DO SUPOSTO OFENDIDO. Precisa-se verificar a procedência da informação e se concluir que não há tipicidade, não há que se falar em instauração do procedimento administrativo.
	· Importante! O Del. Poderá se negar a instaurar o IP em caso de:
A) ATIPICIDADE FORMAL;
B) CONSTATADA A INEXISTÊNCIA DO FATO;
C) ATIPICIDADE MATERIAL (PCP DA INSIGNIFICÂNCIA: M.A.R.I) 
D) DIANTE DE UMA CAUSA DE EXCLUDENTE DE ILICITUDE ( CULPABILIDADE, EXTINTA PUNIBILIDADE) 
	· -Caso o cidadão se sinta prejudicado com a recusa do delegado em instaurar o IP, poderá propor recurso adm ao chefe de polícia. 
· -Art. 5 do CPP Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
(...)
§ 2- Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
· Nada obsta que o ofendido se dirija ao MP ou à AUTORIDADE JUDICIÁRIA e solicite a REQUISIÇÃO do IP ao Del. E ESTE ESTARÁ OBRIGADO A INSTAURÁ-LO (Art.5, §2º do CPP)
	· -Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - De ofício;
II - Mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º- O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seussinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º -Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3º -Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4º -O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5º -Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
10. OFICIALIDADE
	· Atribuição do órgão oficial do estado (polícia judiciária) 
	· -Art. 2º da lei 12.830/13: ‘’As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de polícia são de natureza pública, essenciais e exclusivas do Estado’’.
11. OFICIOSIDADE
	· Diante de prática de um crime de ação penal pública incondicionada, a autoridade policial deve atuar de OFÍCIO (art.5, I, CPP) instaurando o IP, dispensando qualquer autorização para agir. 
	· -Não se aplica aos crimes de ação penal pública condicionada e a ação penal privada. 
· Art.5 §5ºCPP-Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
	
12. AUTORITARIEDADE
	· O DELEGADO. Presidente do IP, é autoridade pública (Art.144, § 4º da CF/88 c/c Art.2, §1º da Lei 12.830/13)
12.1 ATO DO INDICIAMENTO
	· 
· -O que é indiciar?
· Atribuir a alguém a autoria ou participação numa infração penal, ocorrendo quando há indícios convergentes a indicar o autor ou participe. 
· -Não se confunde com suspeito ou investigado.
· Se dar quando: 
A) Prisão em flagrante;
B) Relatório final do IP. 
· É realizado com base em juízo de probabilidade e não de mera possibilidade sobre a autoria delitiva, devendo o delegado fundamentar o indiciamento com base nos elementos reunidos durante a investigação.
· Lei 12.830/13. Art.2º,§6 vide: 
‘’§ 6°. O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias’’
· 13. VALE DESTACAR!!!
· -A punibilidade extinta em razão da prescrição, poderá ser impetrado HABEAS CORPUS com o objetivo de trancar o IP.
· Em caso de atipicidade da conduta, é possível o trancamento do IP via HABEAS CORPUS.
14. OBTENÇÃO DE DADOS E INFORMAÇÕES CADASTRAIS
· MP e Delegado podem requisitar para órgão público ou empresa privada, informações cadastrais da vítima e do suspeito. 
· Nos crimes de: 
A) Sequestro; 
B) Cárcere privado;
C) Redução à condição análoga a escravo;
D) Tráfico de pessoas; (TEM PARTICULARIDADES)
E) Extorsão mediante restrição da liberdade 
F) Extorsão mediante sequestro;
G) Facilitação de envio de criança ou adolescente ao exterior (visando lucro ou inobservância de finalidade legal)
	· D) NO CASO DE TRÁFICO DE PESSOAS:
· MP e delegado de polícia podem requisitar às empresas de telefonia, mediante autorização judicial, sinais que permitam a localização da vítima ou suspeito.
· REQUISITOS e PROIBIÇÕES: 
A) Não será permitido acesso ao conteúdo da comunicação, 
B) Deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 dias prorrogável por igual período.
C) Em 12h o juiz inerte, MP ou Delegado poderão requisitar diretamente às empresas de telefonia, depois faz a comunicação para o juiz.
D) O IP deverá ser instaurado em até 72h após a ocorrência.
16. ENUNCIADOS DE SÚMULAS e DECISÕES DO STJ E STF.
	
	STJ nº 444- É vedada a utilização de IP e ações penais em curso para agravar a pena-base.
	STJ nº 234- A participação de membro do Ministério público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
	STJ nº 522 – A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
	STF: Ato de indiciamento é privativo do Delegado de polícia. Ainda que a denúncia seja oferecida o MP e o poder judiciário não poderão determinar o indiciamento de pessoa não constante nesse ato, por ser ele privativo de Delegado de polícia. 
Ex: Ao finalizar a apuração de um crime contra o patrimônio, a autoridade policial entendeu por indiciar João Santana e José de Azevedo, em razão da prática, em tese, do crime de roubo. Após a distribuição do inquérito policial junto ao Poder Judiciário, o magistrado competente abriu vista da investigação criminal ao Ministério Público, que, ao oferecer a denúncia, entendeu por também acusar Neide Maria. Em vista disso, mesmo que a denúncia seja oferecida o MP, nem o Juízo não poderá determinar o indiciamento de Neide Maria, pois esse ato é privativo do Bel.
	STJ. 6ª TURMA HC 43.599/SP.
‘’Negar ao indiciado o direito de ser ouvido durante o IP também constitui constrangimento ilegal.
	· I. A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o trancamento do inquérito policial por meio do ‘’habeas corpus’' é medida excepcional.
· STJ: admite o trancamento do inquérito policial nas hipóteses em que se constata:
A) A ausência de indícios de autoria e de prova da materialidade; 
B) A atipicidade da conduta;
C) A extinção da punibilidade;
D) Punibilidade extinta em razão da prescrição poderá ser impetrado ‘’habeas corpus’’ com o objetivo de trancar o IP.
E) Investigações criminais dos atos de autoridade que goza do foro por prerrogativa de função devem ficar sob supervisão do tribunal competente para julgar essa autoridade.
	· Investigações criminais dos atos de autoridade que goza do foro por prerrogativa de função devem ficar sob supervisão do tribunal competente para julgar essa autoridade.
 
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