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INTRODUÇÃO
Francis Galton, uma figura relevante do século XIX, deixou um grande legado no campo da psicologia, impulsionando diversas áreas de estudo e contribuindo para uma compreensão mais profunda do comportamento humano. Suas obras abrangem desde a psicometria até a eugenia, evidenciando sua influência abrangente e duradoura no desenvolvimento da psicologia como disciplina científica.
Neste trabalho, será realizada uma análise abrangente da vida, das contribuições e do impacto de Francis Galton na psicologia, além da sua trajetória pessoal e acadêmica, que também será examinada, destacando-se os eventos e influências que moldaram suas ideias e pesquisas. Além disso, suas principais teorias e conceitos serão explorados, compreendendo sua relevância e aplicabilidade tanto em seu contexto histórico quanto na contemporaneidade.
Galton foi fundamental, por exemplo, na área da eugenia, pois, embora controverso e amplamente criticado, teve um impacto significativo na compreensão das interações entre genética, hereditariedade e comportamento humano. Suas teorias eugênicas influenciaram políticas públicas e debates éticos ao longo do século XX, gerando reflexões profundas sobre os limites da intervenção humana na seleção e aprimoramento genético.
Este trabalho busca não apenas reconhecer as contribuições de Galton para a psicologia, mas também contextualizá-las criticamente, reconhecendo tanto seus méritos quanto suas limitações em um mundo em constante evolução. Portanto, ao examinar-se de forma abrangente a vida e o trabalho de Francis Galton, espera-se obter uma compreensão mais profunda da história da psicologia e do papel fundamental desempenhado por figuras históricas na formação e evolução da nossa compreensão do comportamento humano.
QUEM FOI FRANCIS GALTON
 
Francis Galton foi um cientista britânico nascido em 16 de fevereiro de 1822 em Sparkbrook, cidade localizada em Birmingham, na Inglaterra e falecido em 17 de janeiro de 1911) foi um renomeado antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês. Conhecido por suas atribuições significativas em áreas como estatística, psicologia e biologia. Galton era o mais novo de nove filhos de um próspero banqueiro, nasceu em uma família socialmente rica. Aos 16 anos, começou a aprender medicina, mas interessou-se pela matemática, formando-se nesta. Depois voltou a estudar medicina até a morte do seu pai, decidindo então por viajar e estudar parte da África. Voltando, escreveu muito a respeito de suas viagens, fez muito sucesso por isso, mas deixou de viajar quando se casou. Deu atenção a meteorologia, criando instrumentos e mapas aperfeiçoados e usados até hoje. 
Era primo de Charles Darwin e, baseado em sua obra, criou o conceito de "eugenia" que seria a melhora de uma determinada espécie através da seleção artificial que visava melhorar a raça humana por meio da seleção de características desejáveis. O primeiro livro importante para o pensamento de Galton foi Hereditary Genius (1869). A sua tese afirmava que um homem notável teria filhos notáveis. Suas ideias sobre eugenia, embora controversas, tiveram um impacto duradouro no campo da genética e da ética científica. Além disso, Galton foi um dos primeiros a aplicar métodos estatísticos à psicologia, contribuindo para o desenvolvimento da psicometria e para a popularização de testes de inteligência e personalidade. Sua pesquisa sobre impressões digitais também foi revolucionária e estabeleceu as bases para a identificação forense moderna.
 
 As conclusões de Galton sobre a hereditariedade e os chamados "bem-nascidos" devem ser observadas pelo conhecimento científico no século XIX. Galton acreditava que a "raça" humana poderia ser melhorada caso fossem evitados "cruzamentos indesejáveis" o que acompanhava o sentido racista da eminente burguesia europeia da época. Isto porque se aproveitava das condições desumanas em países explorados por países europeus onde fez suas viagens para comparar as capacidades de um burguês com um camponês analfabeto levando ao pensamento orgulhoso e odioso que promoveu a eugenia que persiste até hoje em segregar pessoas em fundamentos racistas. Os desenvolvimentos de testes de inteligência para selecionar homens e mulheres brilhantes, destinados à reprodução seletiva são obras de Francis Galton em caráter de promover ideais para reafirmar o senso de superioridade.
 
Nessa visão geral da eugenia temos que levar em consideração duas posições distintas, porém, não mais importante. Primeiro, a preocupação com deterioração da raça branca quando misturada com outras raças consideradas inferiores; segundo a preocupação com o melhoramento da própria raça humana. Tais preocupações exigem estratégias diferentes que vão desde a esterilização até a eliminação de indivíduos considerados nocivos. Outras estratégias mais faladas sobre o controle de casamentos e da imigração.
 
Apesar de suas contribuições científicas, as ideias de Galton sobre eugenia são amplamente criticadas hoje em dia por serem consideradas discriminatórias e antiéticas. Em resumo, Francis Galton foi um cientista versátil e influente que deixou um legado duradouro em várias áreas do conhecimento. Suas pesquisas e teorias continuam a ser estudadas e debatidas até os dias de hoje.
CONTEXTO HISTÓRICO
 Galton produziu mais de 340 artigos e livros em toda sua vida envolvendo a distribuição geográfica da beleza, a moda, as impressões digitais, a eficácia da oração religiosa e o levantamento de peso. Também criou o conceito estatístico de correlação, a amplamente promovida regressão à média e várias invenções como um periscópio, um dispositivo para abrir cadeados e uma versão inicial da impressora de teletipo. Ele foi o primeiro a aplicar métodos estatísticos para o estudo das diferenças e herança humanas de inteligência, e introduziu a utilização de questionários e pesquisas para coletar dados sobre as comunidades humanas, o que ele precisava para obras genealógicas e biográficas e para os seus estudos antropométricos. Como pesquisador da mente humana, fundou a psicometria (a ciência da medição faculdades mentais) e a psicologia diferencial. Os estudos de Francis Galton sobre as capacidades humanas levaram à criação da psicologia diferencial e à formulação dos primeiros testes mentais através do desenvolvimento da psicometria
 Em 1850-1851 empreendeu um a viagem de pesquisa ao sudoeste da África, e, em seguida, visitou a Espanha. Em 1853 recebeu a medalha de ouro da Royal Geographical Society por suas explorações africanas, e em 1856 tornou-se membro dessa entidade. No ano seguinte, radicou-se em Londres, dedicando-se ao estudo da ciência. Influenciado pelo evolucionismo, Galton interessou-se pelo estudo das aptidões humanas e dos condicionamentos hereditários e ambientais, lançando as bases para futuras pesquisas de psicologia, no campo da psicologia, interessou-se pelo estudo dos processos imaginativos. Em seu livro de memórias, Galton relatava a grande admiração pelo avô na sua formação cientifica e atribuía seu gosto pela ciência em razão da hereditariedade presente em sua família. Como menciona Nicholas Gillham, Erasmus Darwin publicou várias contribuições sobre os estudos de plantas e foi sempre visto por Galton com muita admiração.
 Ainda criança, dos 6 aos 7 anos de idade estudou na Dame School Foi um menino prodígio. Quando ele tinha cinco anos, já tinha conhecimentos sobre matemática, grego e latim e, aos seis anos, já se divertia com livros para adultos. Entre os 8 e 9 anos foi matriculado na School at Boulogne. Dos 10 aos 12 anos estudou na School at Kenilworth. Por fim, entre os 13 aos 15 anos foi aluno do King Edward's School. Academicamente, sua trajetória foi iniciada no curso de medicina King's College Medical School, em Londres, aos 16 anos. Frequentou a escola até os dezesseis anos, quando decidiu abandonar os estudos por causa do currículo que o deixava entediado. No entanto, suas pretensões mudaram quando em 1840 inscreveu-se no curo de matemáticana Cambridge University. Galton entrou em contato com várias populações daquele continente como Namaquás, Ovampos e Damaras. O resultado das viagens materializou-se em obras como Narrative of an Explorer in Tropical South Africa (1853) e The Art of Travel (1860). Em 1853 recebeu a medalha de ouro da Royal Geographical Society por suas explorações africanas, e em 1856 tornou-se membro dessa entidade. Foi o próprio Dalton quem, anos depois, aludiu à conexão entre genialidade e loucura com base na sua própria experiência.
 Aventurou-se também no mundo das invenções, esboçando o que chamou de The Telotype: a Printing Electric Telegraph. Tratava-se, resumidamente, de um telégrafo de agulha de impressão. Ao imprimir caracteres reis ao invés da pontuação característica do sistema Morse. Peças foram montadas, mas o equipamento nunca chegou a ser construido. Sua participação na área da meteorologia também deve ser sublinhada. Publicou um estudo no Macmillan and Co, intitulado de Meteorographica, or Methods of Mapping the Weather, no qual tentava reunir dados climáticos em escala continental. Em 1863, o cientista fez relevantes observações meteorológicas, criando o termo "anticiclone" e analisando seu significado. Foi ainda pioneiro no campo da identificação pessoal por meio de impressões digitais. Na exposição internacional de saúde realizada em Londres (1884-1885), Galton montou um laboratório antropométrico e recolheu dados de mais de 9 mil pessoas. Para interpretar as informações colhidas, desenvolveu novos métodos estatísticos, que o levaram a elaborar o cálculo correlacional, uma de suas maiores realizações. 
 Sua participação na área da meteorologia também deve ser sublinhada. Foi responsável por contribuições para o entendimento dos anticiclones. De fato, Galton não pode ser qualificado como um cientista de um único tema, mas em trânsito por diferentes áreas incluindo a psicologia, antropologia e biometria. 
 Seu primeiro esboço sobre estatística e hereditariedade ocorreu em 1865 no artigo Hereditary Talent and Character, em um dos periódicos científicos mais influentes do século XIX, o Macmillan's Magazine. O estudo hereditário de Galton tem influência na leitura de A origem das espécies (1859), de Darwin. Nas memórias, relata que a obra de Darwin marcou não somente os seus estudos, mas toda a humanidade. A relação com Darwin também ocorreu na tentativa de compartilhar pesquisas sobre caracteres e hereditariedade. Galton foi um entusiasta do trabalho sobre pangênese realizado por Darwin, estudou casos de gêmeos idênticos e problemas de esterilidade. "[...] principalmente por acreditar na existência de uma unidade fisiológica responsável pela transmissão das características dos progenitores as gêmulas" Iniciador da eugenia, em sua obra Gênio Hereditário, que se tornou um clássico, Galton tende a subestimar o papel do meio ambiente na formação da personalidade, criou o termo "eugenia" para denominar os esforços científicos destinados a aumentar a proporção de pessoas com um património genético acima da média, através de processos de seleção dos parceiros no casamento. Além disso, também considerou que, entre as famílias de classe alta, o casamento precoce devia ser encorajado por meio de incentivos monetários. De fato, ele considerou como disgênicos os casamentos que aconteciam mais tarde, bem como a escassez de filhos. Essas e outras teorias serviram de base para ideais de superioridade racial, como os proclamados pelo nazismo alemão. Dessa maneira, a prática da eugenia resultou em uma limpeza racial, esterilização de pessoas com deficiência, doentes mentais e cidadãos pobres.
 Em 12 de maio de 1870 escrevia:
 Meu estimado amigo Darwin. Boas notícias "coelhísticas"! Um coelhinho das últimas ninhadas tem uma pata branca. [...]. Os filhotinhos se aglomeraram mostrando apenas a parte traseira e a cabeça, mas, em algum momento, o pé. A mãe recebeu uma transfusão cinza e branco, e o pai, de preto e branco. Isso, lembre-se, é de uma transfusão de apenas 1/8 partes de sangue estrangeiro em cada pai e mãe; agora, depois de muitos experimentos fracassados, melhorei muito o método de operação e estou começando a fazê-lo nas outras jugulares de meu estoque. Ontem operei dois que estão passando bem hoje e que agora têm 1/3 de sangue estrangeiro em suas veias. No sábado espero obter sucesso ainda maior, e continuarei adiante, não importa quantos coelhos eu faça perder a vida, até obter pelo menos ½ de sangue estrangeiro. O experimento não é justo para a Pangênese, enquanto eu não chegar lá.
 Tal fator não significou o total abandono por parte da comunidade científica das prerrogivas de Darwin. De fato, até pelo menos a década de 1930 é fácil identificar eugenistas ainda adaptando a hereditariedade nas linhas da pangênese. A eugenia assenta fundamentalmente sobre o estudo das diferenças inatas entre os indivíduos, relegando para segundo plano os fatores sociais e culturais que formam a personalidade, e é frequentemente conotada com objetivos de manipulação da espécie humana e de criação de uma raça superior. Nesse sentido, Galton foi, por diversas vezes, representado como reacionário e anti-humanista, apesar de, segundo os seus biógrafos, o seu pensamento ter sido mal interpretado, dado que Galton nunca pretendeu a criação de uma elite, mas antes a melhoria das capacidades inatas da generalidade da população, transformada assim num conjunto de homens e mulheres superiores.
 Discípulo de Galton, o matemático Karl Person (1857-1936), em biografia dedicada a Galton salientou que os experimentos com a pangênese reduziu o contato entre Darwin e Galton. Para Daniel Kevles (1985) o estudo de Darwin sobre a pangênese e as experiências realizadas com coelhos por Galton, o permitiu acreditar que os caracteres poderiam ser transmitidos de geração para geração.? Posteriormente, as pesquisas de August Weismann (1834-1914) forneceriam respaldo à concepção de transmissões por caracteres. Galton pretendia pensar as leis da seleção natural de Darwin aplicadas na hereditariedade humana e, se possível, aprimorar este entendimento para um maior controle qualitativo da espécie. Por esta interpretação pode-se indagar de que maneira Galton entendia a hereditariedade humana em contato com o livro de Darwin, principalmente no que diz respeito ao segundo título da obra: A origem das espécies: "Preservação de raças favorecidas na luta pela vida"
 A rigor, Hereditary Talent and Character pode ser considerado o esboço inicial, porém bem fundamentado, daquilo seria chamado em 1883 de eugenia. Sua tese inicial dizia que os traços intelectuais e de caráter poderiam ser encontrados nos jovens e em seus pais. Mas qual seria a explicação caso pais considerados "bem-nascidos" tivessem filhos "medíocres'? A resposta estava na combinação dos caracteres. Durante a combinação poderia ocorrer das características preteridas, seja intelectual ou moral, serem neutralizadas.? O cientista inglês reconhecia que ainda havia lacunas nas suas explicações sobre o talento hereditário, mas com o aprimoramento das pesquisas as respostas seriam melhoradas. De modo geral, a principal tese estava lançada Um dos pontos da obra estava em demonstrar como os traços familiares hereditários, quando bem selecionados, acarretavam a gestação de grandes indivíduos. Para comprovar o sucesso hereditário, Galton parte dos exemplos de homens considerados eminentes ao longo da história.
 Afinal, para o cientista inglês os anglo-saxões compunham o melhor exemplar humano no estoque da hereditariedade. Era o grupo que mais fornecia intelectuais, artistas e demais talentos quando comparado a outras civilizações. Em Nação e nacionalismo desde 1780: programa, mito e realidade, o historiador inglês Eric Hobsbawm comenta a importância de levar em consideração questão da língua e raça para o sentimento de pertencimento a uma "origem híbrida" no século XIX." O estágio de desenvolvimento das nações acabou sendo um suporte paris as idealizações dedeterminados cientistas e intelectuais. A Inglaterra, por sua vez, desfrutava de um momento vitoriano e a Revolução Industrial era uma demonstração do progresso natural daquele pais. Benedict Anderson ao estudar o imperialismo inglês na India nota como se buscava por meio do sistema educacional inglês a criação de um novo grupo indiano no sangue, mas inglês na moralidade, no intelecto e no gosto. O imperialismo tentava reproduzir uma nação inglesa, considerada pelos conquistadores superiores às outras. Este sentimento aparece nas discussões de hereditariedade à medida que a superioridade é entendida na força imperialista das nações. Portanto, concordo com a tese de Donald Mackenzie de que o pensamento eugênico, ao menos em seu início, extraiu recursos presentes na cultura da Grã-Bretanha vitoriana. 
 Deve-se relembrar que Galton obteve larga experiência em viagens científicas em diferentes regiões do continente africano. Isto é, observou e tomou nota de diferentes grupos, relatando suas diferenças físicas e morais em relação a outros povos, inclusive em comparação aos ingleses. Está presente em sua perspectiva uma hierarquização de "grupos humanos" do qual o anglo-saxão tomava a dianteira.
Se em Hereditary Genius estava todo o raciocínio da ciência eugênica, foi apenas em 1883, com a publicação de Inquiries into human faculty and development, que o termo eugenia aparece. A citação a seguir, além de didática, demonstra o estado da maturidade do conceito pensado por Galton quase vinte anos depois da publicação no Macmillan's Magazine:
Isto é, com questões relacionadas ao que se chama em grego, eugenes, a saber, bom em estoque, hereditariamente dotado de qualidades nobres. Esta, e as palavras aliadas, eugenia, etc., são igualmente aplicáveis a homens, brutos e plantas. Desejamos muito que uma breve palavra expresse a ciência do melhoramento da raça, que não está de forma alguma confinada a questões de acasalamento criterioso, mas que, especialmente no caso do homem, toma conhecimento de todas as influências que tendem, por mais remoto que seja, a dar às raças ou linhagens de sangue mais adequadas uma melhor chance de prevalecer rapidamente sobre as menos adequadas do que teriam de outra forma. A palavra eugenia expressaria suficientemente a ideia; é pelo menos uma palavra mais clara e generalizada do que vinicultura, que uma vez me aventurei a usar.
 Havia a necessidade de uma palavra que sintetizasse a aplicação da sua tese em plantas, animais e na humanidade. Assim como propõe Reinhart Koselleck. um conceito está relacionado com aquilo que se pretende compreender, uma relação a ser feita entre o conceito e o conteúdo a ser entendido construindo assim uma inteligibilidade. Destaca-se, em seus trabalhos, o fato de ter se servido da estatística para determinar as diferenças entre indivíduos e grupos de indivíduos
 A Eugenia foi diretamente relacionada com objetivos de manipulação daespécie humana e da criação de uma raça superior. Neste sentido, Galton foi, por diversas vezes representado como reacionário e anti-humanista, apesar deter sido mal interpretado, nunca pretendeu a criação de uma elite superior, mas antes a melhoria das capacidades inatas da população como um todo. Apenas usou o termo Eugenia para expressar a possibilidade de aprimoramento da raça humana por meio de cruzamentos genéticos premeditados. Foi abençoado com uma vida longa e feliz, não teve filhos, nomeado Cavaleiro da Coroa Britânica em 1909. Sir Francis Galton foi elevado e agraciado pela Royal Society em1910 com a sua distinção máxima (coroa de louros) a Copley Medal (Medalha Copley) e morreu em Surrey dia 17 de janeiro de 1911.
FRANCIS GALTON IDEIAS
Com base em estudos anteriores de Charles Darwin, em que Darwin introduz o estudo científico relacionado as capacidades evolutivas biológicas e traz um foco para a seleção natural das espécies. Fundamentado na obra “A Origem das Espécies” (1859), Francis Galton criou o termo “eugenia” ou “bem-nascido”. Galton buscava, a partir da eugenia, solidificar uma ciência voltada a hereditariedade humana. Segundo ele, baseado em estudos biológicos e matemáticos, seria possível identificar pessoas com as melhores qualidades e fazer com que elas se reproduzissem, assim como aqueles com características não favoráveis, os quais seriam preferíveis evitar a reprodução, criando assim uma reprodução seletiva que possibilitaria melhorar a espécie humana, de maneira não natural. 
Galton acreditava que alcançaria a comprovação de sua teoria baseado na observação das características hereditárias, passadas de pais para filhos, pois fundado em estudos sobre a teoria de pangênese, de Darwin, acreditava que características tanto físicas, quanto mentais, eram adquiridas através dos progenitores. Para chegar a uma resposta ele criou testes que identificavam a capacidade intelectual, influenciando fortemente a psicometria, sendo considerado o criador da área, que consiste em métodos quantitativos para calcular a capacidade de inteligência dos seres humanos, e a partir disso, filtrá-los e moldar uma sociedade com instintos e saberes superiores.
 
INFLUÊNCIA DE FRANCIS GALTON NA PSICOLOGIA
A influência de Francis Galton na psicologia foi significativa, especialmente no desenvolvimento de áreas como a psicometria e o estudo da inteligência. Galton foi um dos primeiros a investigar cientificamente a natureza da inteligência e a desenvolver métodos para medi-la.
Ele introduziu o conceito de testes mentais e foi pioneiro no uso de técnicas estatísticas para estudar as diferenças individuais em habilidades cognitivas. Seu trabalho influenciou psicólogos posteriores, como Alfred Binet, que desenvolveu o primeiro teste de inteligência.
Além disso, Galton também contribuiu para a psicologia experimental, explorando áreas como a percepção sensorial e a psicofísica. Sua abordagem científica e quantitativa para o estudo da mente e do comportamento ajudou a estabelecer a psicologia como uma disciplina respeitada e baseada em evidências.
Apesar de suas contribuições científicas, as ideias de Galton sobre eugenia são amplamente criticadas hoje em dia por serem consideradas discriminatórias e antiéticas. Em resumo, Francis Galton foi um cientista versátil e influente que deixou um legado duradouro em várias áreas do conhecimento. Suas pesquisas e teorias continuam a ser estudadas e debatidas até os dias de hoje.
Em resumo, a influência de Francis Galton na psicologia foi fundamental para o desenvolvimento de métodos de avaliação psicológica e para a compreensão das diferenças individuais em habilidades mentais.
CONTRIBUIÇÕES DE FRANCIS GALTON NA PSICOLOGIA
 
No contexto das contribuições de Francis Galton para a psicologia, estão, a herança mental e as diferenças individuais, os métodos estatísticos, os testes mentais a partir da capacidade sensorial, a criação e utilização de instrumentos, o desenvolvimento humano, a associação e a influência da infância sobre o desenvolvimento adulto, e a criação do questionário psicológico. Galton com sua extrema inteligência, apesar de não ser psicólogo, foi o primeiro a considerar o fenômeno das diferenças individuais um objeto de estudo, antes ignorado pela psicologia. 
Depois de seu primo Darwin publicar a “Origem das Espécies”, Galton desenvolveu estudos sobre a herança mental e as diferenças individuais, trazendo pela primeira vez a marca da evolução no contexto da psicologia. Como citado anteriormente, a partir de Galton surgiu o conceito de Eugenia Hereditary Genius - 1869 (O Gênio Hereditário), com o objetivo de incentivar a reprodução seletiva, homens inteligentes e notáveis, a gerarem filhos e desencorajar a geração dos considerados “inaptos” a esse papel, surgindo assim uma sociedade com homens poderosos. 
O estudo de hereditariedade foi a primeiragrande contribuição de Galton para a psicologia. Aproveitando de seu imenso interesse pela matemática, desenvolveu e aplicou métodos estatísticos para análise de dados de suas pesquisas sobre hereditariedade. Os dados biológicos e sociais foram aplicados na estatística pela primeira vez através de Adolph Quetelet, que mostrou que o homem tem a tendência de se aproximar cada vez mais da curva normal de distribuição, usando a frase “O Homem Médio”. A maior parte dos indivíduos estão em torno da média, onde um número cada vez menor é encontrado nas extremidades. 
Galton maravilhado com os dados de Quetelet, aplicou nessa teoria um conjunto de características que poderia ser resumido por dois valores: o valor médio da distribuição (média) e a dispersão ou variação em torno dessa média (o desvio padrão). Observou que a estatura dos homens tem a tendência de chegar mais próximo a média, por exemplo, os homens altos, não são tão altos quanto seus pais, e filhos de homens mais baixos, são mais altos que os pais, levando as duas variações (desvio padrão) para mais próximo da média. A partir disso foi aplicado métodos estatísticos nas ciências sociais e de comportamento. Galton desenvolveu também os testes mentais, podendo ser considerado o primeiro clínico da psicologia. Partiu da suposição de que a inteligência podia ser medida através da capacidade sensorial de cada indivíduo. 
Essa ideia veio a partir de John Locke, que segundo ele, o conhecimento é adquirido através dos sentidos. Concluindo Galton que “os indivíduos mais capazes têm o sentido mais aguçado”. Galton inventou instrumentos para medir de forma rápida e precisa características sensoriais e de coordenação motora, em uma grande quantidade de pessoas, incluindo um apito com a mais alta frequência sonora, testado em pessoas e animais. Esse apito em forma mais aperfeiçoada foi utilizado em laboratório de psicologia até os anos 30 e foi substituído por um aparelho mais sofisticado. 
 Além do apito, Galton também desenvolveu outros instrumentos para estudos, como o fotômetro usado para testar a precisão que um indivíduo pode igualar duas manchas de cor. Um pêndulo calibrado para mensurar o tempo de reação a sons e luzes, entre outros, que serviram de protótipos utilizados atualmente em testes laboratoriais. Galton tinha tanto fascínio nas diferenças individuais, que chegou a descobrir as impressões digitais. Em determinado período, Galton coletou dados de mais de nove mil pessoas utilizando instrumentos de medida antropométrica com o objetivo de definir a gama da capacidade humana, além de obter informações sobre altura, peso, capacidade do tórax de força de impulsão e compressão, velocidade do sopro, audição, visão e sentido cromático. Um século depois, tais estudos foram analisados por psicólogos estadunidenses, e viram que os estudos tinham dados estatísticos, além de fornecer informações sobre a população testada da época, como o desenvolvimento da infância, adolescência e maturidade e informações de capacidades físicas, semelhando-se com relatos mais recentes de capacidade humana. Chegando à conclusão de que os estudos de Galton continuam servindo de instrução e sendo utilizados até hoje. Galton passou a dedicar seu tempo a experimentos de tempo de reação, se propôs a escrever separadamente em papéis, uma relação de setenta e cinco palavras, e sete dias depois olhou novamente para cada uma delas e cronometrou o tempo que levava para produzir duas associações a cada palavra descrita. Após o término, passou a compreender a origem das associações, e descobriu que quase metade delas, vinham de vivências de sua infância e adolescência. 
Sendo uma considerável demonstração da influência da infância sobre a personalidade de uma pessoa ao atingir o nível de maturidade. Galton deu início as pesquisas sobre as imagens mentais. Foi proposto a um grupo de cientistas estudiosos e a um grupo de pessoas com capacidades mais baixas, que se recordassem de cenas de suas infâncias definindo-as como, tênues ou nítidas, claras ou escuras, coloridas ou não coloridas etc. 
Para espanto de Galton, o primeiro grupo, de cientistas, revelou um baixo nível de imagens mentais, não havia nada nítido e conclusivo. Enquanto o segundo grupo relatava imagens detalhadas, com cores, cheiros e sabores. Essa investigação nos leva ao primeiro método de questionário psicológico aplicado. Francis Galton tinha uma mente tão brilhante que não podia se resumir em apenas uma área, não era apenas matemático, antropólogo, eugenia a ou psicólogo, era um cientista de todas as disciplinas. Contribuiu para tantas áreas diferentes, e dentro da psicologia não podia ser diferente mesmo tendo trabalhado por poucos anos. Nos trouxe uma gama extraordinária de estudos que esperavam ser desvendados, e que antes eram impensáveis ou não consideráveis. Investigações sobre a mente e a capacidade humana que foram descobertos e produzidos por Galton, que mais tarde vieram a ser lapidados por cientistas e estudiosos da área, influenciando principalmente a psicologia nos Estados Unidos.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia. O desenvolvimento das ideias de herança de Francis Galton: 1865-1897. Disponível em: https://www.abfhib.org/FHB/FHB-06-1/FHB-6-1-01-Andreza-Polizello.pdf
Wikipédia, a enciclopédia livre, Disponível em:
Francis Galton – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)
Scielo Brasil, Disponível em:
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/JvmYk6Rbgt8Jn8J48vVGZLP/?lang=pt
Fênix - Revista de História e Estudos Culturais
Julho -Dezembro de 2017 Vol.14 Ano XIV nº 2
ISSN: 1807-6971 Disponivel em: www.revistafenix.pro.br
Revista USP. Francis Galton: Eugenia e Hereditariedade. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ss/article/view/11129/12897
Revista de Ciências Humanas - 44 - Número 2. Sir Francis Galton e os extremos superiores da curva normal. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/revistacfh/article/download/2178-4582.2011v45n1p223/20950/75177
Associação Brasileira de Filosofia e História da Biologia. Pangênese e teoria cromossômica da herança: a persistência de ideias? Disponível em: https://abfhib.org/FHB/FHB-03/FHB-v03-16-Nadir-Ferrari-Maria-Scheid
https://professor.pucgoias.edu.br/

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