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Fixado λ ∈ ℝ, considere o conjunto Gλ das matrizes 2 × 2 da forma: u = a11 a12 a21 λ onde aij ∈ ℝ para todo i,j = 1,2. Dados u = , v = e α є ℝ a11 a12 a21 λ b11 b12 b21 λ , definimos a soma e a multiplicação por escalar em Gλ, como: u + v = αu = a11 + b11 a12 + b12 a21 + b21 λ αa11 αa12 αa21 λ Assim, verificamos as seguintes condições. i. u + v é uma matriz 2 × 2, e cada entrada de u + v é um número real com o elemento da posição (2,2) valendo λ, logo u + v ∈ Gλ. ii. αu é uma matriz 2 × 2, e cada entrada de αu é um número real com o elemento da posição (2,2) valendo λ, logo αu ∈ Gλ. A seguir, verificamos se essas operações satisfazem os axiomas. Dados u = , v = , w = є Gλ e α, β є ℝ a11 a12 a21 λ b11 b12 b21 λ c11 c12 c21 λ a) u + v = = = v + u; a11 + b11 a12 + b12 a21 + b21 λ b11 + a11 b12 + a12 b21 + a21 λ b) (u + v) + w = + = a11 + b11 a12 + b12 a21 + b21 λ a11 + b11 + c11 a12 + b12 + c12 a21 + b21 + c21 λ c11 c12 c21 λ b11 + c11 b12 + c12 b21 + c21 λ a11 a12 a21 λ= + = u + (v + w) (αβ)u = = = α(βu) (αβ)a11 (αβ)a12 (αβ)a21 λ α(βa11) α(β)a12) α(βa21) λ c) Tomando 0 = 0 0 0 λ , então, para todo v ∈ E: 0 0 0 λ 0 + v = + = = v; b11 b12 b21 λ b11 b12 b21 λ Espaços vetoriais: exemplos e propriedades básicas10 d) Para cada u ∈ E tomando –u = (–1)u = –a11 –a12 –a21 λ , temos: u + (–u) = + = ; a11 a12 a21 λ –a11 –a12 –a21 λ 0 0 0 λ e) (α + β)u = (α + β) = = a11 a12 a21 λ (α + β)a11 (α + β)a12 (α + β)a21 λ αa11 + βa11 αa12 + βa12 αa21 + βa21 λ = αu + βu e α(u + v) = = + = αu + αv; α(a11 + b11) α(a12 + b12) α(a21 + b21) λ αa11 αa12 αa21 λ αb11 αb12 αb21 λ f) Para todo u ∈ E, temos que: u + (–u) = + = ; a11 a12 a11 λ –a11 –a12 –a11 λ 0 0 0 λ Portanto, Gλ é espaço vetorial. O paralelo que precisamos fazer entre os dois exemplos anteriores é: Gλ é um subconjunto de F , mas F e Gλ são espaços vetoriais com operações distintas e incompatíveis, se λ ≠ 0. De forma mais precisa, se compararmos a soma de u, v ∈ Gλ pela soma definida em F com a soma definida em Gλ: Podemos reparar que, se λ ≠ 0, então (u + v)F ≠ (u + v)G. Isso significa que, dado um conjunto, existem diferentes maneiras de definirmos as suas operações, a fim de obtermos um espaço vetorial. O próximo exemplo mostra que nem toda operação define um espaço vetorial. 11Espaços vetoriais: exemplos e propriedades básicas Considere o conjunto H das matrizes 2 × 2 da forma: u = a11 a12 a21 a22 onde aij ∈ ℝ para todo i,j = 1,2. Dados u = , v = e α є ℝ a11 a12 a21 a22 b11 b12 b21 b22 definimos a soma e a multiplicação por escalar em H, como: u + v = a11 + b11 a12 + b12 a21 + b21 a22 + b22 αu = αa11 αa12 αa21 αa22 2 2 2 2 2 2 2 2 Dessa forma, as condições (i) e (ii) funcionam igual aos demais exemplos, assim como a condição (a). Contudo, a condição (b) não é verificada, pois: (u + v) + w = + = a11 + b11 a12 + b12 a21 + b21 a22 + b22 c11 c12 c21 c22 (a11 + b11) + c11 (a12 + b12) + c12 (a21 + b21) + C21 (a22 + b22) + c22 2 2 2 2 22 22 2 2 2 2 22 22 2 2 2 2 2 2 2 2 Enquanto que: u + (v + w) = + = a11 a12 a21 a22 b11 + c11 b12 + c12 b21 + c21 b22 + c22 2 2 2 2 2 2 2 2 a11 + (b11 + c11) a12 + (b12 + c12) a21 + (b21 + c21) a22 + (b22 + c22) 2 22 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Logo, com as operações definidas anteriormente, H não é espaço vetorial. É impor- tante ressaltar, também, a necessidade de verificarmos todas as condições e proprie- dades da definição, a fim de concluirmos se o conjunto e as operações definem um espaço vetorial. Exemplos de espaços vetoriais Antes de prosseguir, vamos a outros exemplos de espaços vetoriais que não foram mencionados neste capítulo, mas que são comuns nas aplicações. Espaços vetoriais: exemplos e propriedades básicas12 Generalizando um dos exemplos anteriores, fixados m, n ∈ ℕ, seja Mm × n(ℝ) o conjunto formado por todas as matrizes m × n, de coeficientes reais, isto é, o conjunto formado pelos elementos da forma: u = [aij], v = [bij] onde aij, bij∈ ℝ para i = 1, …, m e j = 1, …, n. Nesse conjunto, definimos as operações de modo que: u + v = [cij ], onde cij = aij + bij para i = 1, …, m e j = 1, …, n, e αu = [αaij]. Assim, o vetor nulo é a matriz formada por zero em todas as posições: 0 = [0] E o inverso aditivo de u é: – u = [– aij]. Outro exemplo são as sequências ordenadas de infinitos números reais, o ℝ∞. Nesse conjunto, os elementos de ℝ∞ são: u = (a1, a2, a3,…) v = (b1, b2, b3,…), onde a1, b1, a2, b2, a3, b3, …∈ ℝ. Nesse espaço, definimos as operações de modo que: u + v = (a1 + b1, a2 + b2, a3 + b3,…), αu = (αa1, αa2, αa3,…). 13Espaços vetoriais: exemplos e propriedades básicas Assim, o vetor nulo é: 0 = (0, 0, 0,…) E o inverso aditivo de u é: – u = (– a1, – a2, – a3,…). Um subconjunto como subespaço vetorial Como foi definido, dado E espaço vetorial, um subespaço vetorial (ou subes- paço) de E é um subconjunto F ⊂ E que ainda é um espaço vetorial em relação às operações de E. Isto é, F precisa ser fechado em relação às operações de E. Confirmamos isso se verificarmos o seguinte. � Se u, v ∈ F, então u + v ∈ F. � Se u ∈ F , então, para todo α ∈ ℝ, α u ∈ F. A tarefa de determinar se um subconjunto é subespaço depende de um número menor de condições por F herdar as operações do espaço E. Essas operações trazem, de forma implícita, as propriedades (a) até (f), necessitando apenas mostrar que F é fechado em respeito a essas operações. Vamos a alguns exemplos de subespaço. No espaço vetorial Mn × n(ℝ) das matrizes n × n de coeficientes reais com as operações naturais de soma matricial e multiplicação por número real, definimos o subconjunto: Sn = {A ∈ Mn × n(ℝ); A é matriz simétrica}. Lembrando que uma matriz A = [aij], n × n é dita simétrica se, para todo i,j = 1, …, n, aij = aji, isto é, se A coincide com a sua transposta (A = AT). Nessas condições, verificamos que Sn é um subespaço de Mn × n(ℝ), pois: Espaços vetoriais: exemplos e propriedades básicas14