Prévia do material em texto
TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Registro: 2023.0000729678 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579, da Comarca de São Luiz do Paraitinga, em que é recorrente JUÍZO EX OFFICIO e Apelante/Apelado MUNICÍPIO DA ESTÂNCIA TURISTICA DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA, é apelado/apelante MANACÁ ADMINISTRADORA DE BENS LTDA. ACORDAM, em 15ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao apelo das impetrantes, ao apelo do município e ao recurso oficial. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores EUTÁLIO PORTO (Presidente) E AMARO THOMÉ. São Paulo, 24 de agosto de 2023. SILVA RUSSO RELATOR Assinatura Eletrônica TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 Apelante/Apelado: Município da Estância Turistica de São Luiz do Paraitinga Recorrente: Juízo Ex Officio Apelado/Apelante: Manacá Administradora de Bens Ltda Interessados: Diretor de Arrecadaçao Publica de Sao Luiz do Paraitinga e Secretario de Finanças do Municipio de Sao Luiz do Paraitinga Comarca: São Luiz do Paraitinga Voto nº 38617 MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO ITBI Município de São Luiz do Paraitinga Incorporação de imóveis ao patrimônio da pessoa jurídica, em realização de capital Imunidade que não abrange a pessoa jurídica cuja atividade preponderante seja a venda ou locação de bens imóveis E. STF que, por ocasião do julgamento do RE nº 796.376, em sede de repercussão geral (Tema 796), definiu que “A imunidade em relação ITBI, prevista no inciso I do § 2º do art. 156 da Constituição Federal, não alcança o valor dos bens que exceder o limite do capital social a ser integralizado.” - Efeito vinculante do julgamento que não se estende às considerações tecidas a título de “obiter dictum” - Inteligência do art. 156, § 2º, I, da CF Precedentes daquela E. Corte e deste C. Tribunal - Segurança concedida pelo segundo fundamento - Apelo dos impetrados -- Sociedade recém constituída Imunidade que não abrange a pessoa jurídica cuja atividade preponderante seja a venda ou locação de bens imóveis Artigo 37, § 2º do CTN, que condicionou a verificação da preponderância da atividade nos três primeiros anos seguintes à data da aquisição imobiliária, mediante ação do Fisco Municipal Lançamento em prazo inferior Descabimento Inexigibilidade do imposto reconhecida, ressalvado futuro procedimento fiscal, escoado o prazo de três anos, contados a partir da aquisição dos imóveis para integralização do capital social Precedentes desta C. Câmara - Sentença mantida Recurso oficial, apelo do município e apelo das impetrantes não providos. TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo Cuida-se de apelação tirada contra a r. sentença de fls. 239/245, a qual, interpondo recurso oficial, concedeu a segurança pleiteada, pelo reconhecimento de que não houve o decurso do lapso de 03 (três) anos subsequente à constituição da impetrante, a teor dos prazos previstos no artigo 37, §§ 2º e 3º, do CTN, extinguindo o feito a teor do artigo 487, inciso I, do CPC, buscando a municipalidade, nesta sede, a reforma do julgado, sustentando que: 1) a liminar pleiteada não foi concedida pelo juízo de piso e não foi conhecida em sede de Agravo de Instrumento, por falta de recolhimento de custas; 2) em seus Atos Constitutivos o Objeto Social (cláusula 4) define: “A Sociedade tem como objeto social as seguintes atividades: (a) Administração de bens imóveis; (b) Gestão e administração de propriedade imobiliária própria; (c) Participação em outras sociedades como quotista ou acionista”; 3) a atividade preponderante da impetrante é “Gestão e Administração de bens imóveis próprios”, daí a aplicação do § 1º do artigo 201 da Lei Municipal nº 993/2001 e do inciso I do § 2º do artigo 156 da Constituição Federal, concluindo: “Com isso, levando-se em conta que a Sociedade Empresarial, ora Apelada foi constituída na data do dia 17.06.2021, por óbvio que aplica-se in casu o disposto no parágrafos 2º e 3º do artigo 201 do Código Tributário Municipal, de tal sorte que deve ser considerada as receitas relativas aos três (03) exercícios financeiros subsequentes à aquisição, ou seja, os exercícios financeiros dos anos 2022, 2023 e 2024, razão pela qual não há como dar azo a pretensão inaugural de emissão de certidão de não incidência de ITBI, por expressa vulneração dos parágrafos 1º e 3º do artigo 201 da Lei Municipal nº 993/2001 c/c artigo 156, parágrafo 2º, inciso I da CF/88, de tal sorte que a r. Sentença Judicial de Piso merece a devida reforma” (fls. 256/260). TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo Apelam também as impetrantes, para ver acolhido seu pedido principal, qual seja, “ENTENDIMENTO VINCULANTE DO STF NO LEADING CASE RE 796.396. APLICAÇÃO DA RATIO DECIDENDI DO JULGADO À HIPÓTESE DOS AUTOS”, ou seja, “Ao utilizar como razão de decidir a técnica legislativa empregada pelo constituinte na construção da norma, o STF deixou claro que a análise relativa à atividade preponderante da empresa adquirente diz respeito apenas à segunda parte do inciso I do § 2º do art. 156, determinando de forma expressa que A PRIMEIRA IMUNIDADE ALI PREVISTA (NA INTEGRALIZAÇÃO DE BENS IMÓVEIS A CAPITAL SOCIAL DE NOVA EMPRESA CRIADA) É INCONDICIONADA.”, logo pretende a reforma do julgado para ver acolhido seu pleito de não incidência do ITBI sobre a transmissão de imóveis a título de integralização de capital social, independentemente da análise da atividade preponderante da empresa (fls. 379/387). Recursos tempestivos, preparado o da impetrante (fls. 388/391), respondido o do litisconsorte (município - fls. 395/403) e remetidos a este E. Tribunal. É o relatório, adotado, no mais, o da respeitável sentença. Como se vê dos autos, a impetrante ingressou com este mandado de segurança por entender ser seu direito líquido e certo à isenção do ITBI sobre os imóveis integralizados ao seu capital social, pois segundo entendimento do TEMA 796: não incide o ITBI sobre a transmissão de imóveis a título de integralização de capital social, independentemente da análise da atividade preponderante da empresa, e subsidiariamente “...a teor do que prescreve o art. 37, § 2º do CTN, reproduzido no § 2º do artigo 201 do TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo CTM, quando menos, que seja autorizada a imediata anotação de transferência dos imóveis listados no Anexo I do Contrato Social da 2ª impetrante à 1ª impetrante, sem o recolhimento imediato do ITBI, já que ainda não houve o decurso do lapso de três anos subsequentes à sua constituição.” O MM. Juiz de primeiro grau acolheu o pleito subsidiário da impetrante e concedeu a segurança. Inconformadas, as impetrantes apelam, para ver reconhecido o pleito principal, com fulcro no RE 796.396, que segundo seu entendimento, o STF reconheceu a não incidência de ITBI sobre a transmissão de imóveis a título de integralização de capital social, independentemente da análise da atividade preponderante da empresa. Entretanto, malgrado não lhe assistir o interêsse recursal, na medida em que a segurança pleiteada lhe foi concedida, ainda que pelo segundo fundamento, aprecia-se a insurgência, no escopo de se afastarem eventuais declaratórios e de se prequestionar o tema. Mas, a razão não lhes socorre. Assim é porque,o inciso I, do § 2º, do artigo 156, da Constituição Federal determina a imunidade do imposto “sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital”. Veja-se que a única exceção do sobredito TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo inciso é que o contribuinte tenha como atividade preponderante a compra e venda de bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. Assim, dispõe a ressalva constitucional: 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; § 2º O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;- destaquei. Portanto, conclui-se que inexistirá tributação desde que preenchidos dois requisitos cumulativamente: que o imóvel tenha por finalidade a integralização de capital social; bem como que a atividade preponderante do adquirente do bem não seja a compra e venda de bem imóvel ou direitos a ele inerentes, TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. Em que pese a combatividade dos patronos da apelante, ao contrário do alegado, a tese fixada pela Suprema Corte quando do julgamento do mencionado RE fora a seguinte: “A imunidade em relação ITBI, prevista no inciso I do § 2º do art. 156 da Constituição Federal, não alcança o valor dos bens que exceder o limite do capital social a ser integralizado.”. Embora o Pretório Excelso, por ocasião do julgamento do RE nº 796.376, tenha feito menção de que a imunidade prevista pela primeira parte do artigo 156, § 2º, inciso I, da Constituição Federal seria incondicionada, tal arguição configurou mera obiter dictum, sem qualquer explicitação dos fundamentos que levaram a essa afirmação, realizada de maneira superficial e pontual, não tendo nem mesmo integrado a tese fixada no Tema nº 796, de Repercussão Geral, razão pela qual não tem eficácia vinculante para outros órgãos do Poder Judiciário, assim como eventuais decisões posteriores em sede de recursos extraordinários. Conforme já assentou esta C. 15ª Câmara, apreciando caso análogo ao presente, “não se pode isolar um dos pontos do v. acórdão, quando examina os casos constitucionais de imunidade, para estender arbitrariamente este fundamento ao caso em foco, cuja discussão refoge aos dizeres da tese então fixada (CPC artigo 504, inciso I)” (Apelação Cível nº 1011991-59.2021.8.26.0053; Rel. Des. Raul de Felice; j. 20/09/2021). Diverso não é o entendimento das demais câmaras especializadas em tributos municipais deste Tribunal. TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo Vejamos: APELAÇÃO Mandado de segurança ITBI Aquisição de imóvel em realização de capital social Sentença denegatória. Alegação de que o STF, no julgamento do RE 796.376/SC, examinando o tema 796, fixou entendimento de que a exceção prevista no artigo 156, § 2º, inciso I, da CF não se aplica à hipótese de transferência de bem em integralização de capital, sendo incondicionado o direito à imunidade. Descabimento. Julgamento que se restringiu ao alcance da imunidade quando o valor do bem imóvel exceder o limite do capital social a ser integralizado e não à inexigibilidade de prova da atividade preponderante. Recurso não provido (TJSP; Apelação Cível 1035645-86.2021.8.26.0114; Relator (a): João Alberto Pezarini; Órgão Julgador: 14ª Câmara de Direito Público; Foro de Campinas - 1ª Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento: 28/04/2022; Data de Registro: 28/04/2022). MANDADO DE SEGURANÇA ITBI Imunidade tributária Imóvel incorporado ao patrimônio de pessoa jurídica, em realização de capital Imunidade prevista no artigo 156, § 2º, inciso I, da CF Hipótese em que a empresa apelada possui como objeto social "a exploração das atividades de locação e administração, compra e venda de imóveis próprios" Nítida tentativa de burlar o sistema tributário configurada Inaplicabilidade do Tema 796 do STF Precedente - Imunidade não configurada Sentença reformada Ordem denegada Recurso Provido (TJSP; Apelação Cível 1002157-54.2022.8.26.0099; Relator (a): Burza Neto; Órgão Julgador: 18ª Câmara de Direito Público; Foro de Bragança Paulista - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 03/08/2022; Data de Registro: 03/08/2022). Passa-se, agora, à análise do apelo municipal, não merecendo melhor sorte essas razões recursais. TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo Como se nota do contrato social juntado às fls. 21/26, a sociedade empresarial tem por objeto: I. Administração de bens próprios; II. gestão e administração de propriedade imobiliária própria e; III. participação em outras sociedades como quotista ou acionista; Em que pese a previsão constitucional da imunidade tributária para tais transações, prevista no art. 156, § 2º, inciso I, a solicitação de imunidade do ITBI formulada pela empresa foi negada pela Municipalidade de São Luiz do Paraitinga, mas reconhecida pelo Juiz de piso. E, com razão a decisão do MM. Juiz monocrático, no mesmo sentido das razões sustentadas pela impetrante, no sentido de que a imunidade deve ser reconhecida, pois neste caso a impetrante está em consonância com: o art. 156, § 2º, inciso, da CF/88, art. 37, §§ 2º e 3º, do CTN e art. 201, §§ 1º, 2º e 3º da Lei Complementar Municipal nº 993/2001, logo demonstrando que sua constituição, seguida da integralização do capital social com os bens imóveis indicados, se deu em 08/02/2021, a verificação da preponderância de sua atividade deve-se dar nos três primeiros anos seguintes à data da aquisição, mediante a ação do Fisco Municipal, e não neste momento, porquanto, em tese, assim determina o ordenamento jurídico na hipótese em exame, garantido, se o caso, o posterior lançamento. Assim dispõe a ressalva constitucional: TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; § 2º O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil; Por sua vez, sobre a matéria, estabelece o Código Tributário Nacional: Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessãode direitos relativos à sua aquisição. § 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo. § 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo referida no parágrafo anterior levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição. § 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data. Assim, demonstrada a violação ao direito líquido e certo, com razão a insurgência da contribuinte ao pleitear o afastamento do ato coator ora impugnado, a fim de se reconhecer seu direito à imunidade tributária, sem prejuízo do futuro procedimento administrativo fiscal. Em harmonia, os seguintes precedentes desta C. Décima Quinta Câmara de Direito Público, em casos análogos: “TRIBUTÁRIO APELAÇÃO AÇÃO ANULATÓRIA ITBI MUNICÍPIO DE ARUJÁ. Insurgência contra a r. sentença que julgou procedente a ação. Apelo do Município. INTEGRALIZAÇÃO DE IMÓVEIS AO CAPITAL SOCIAL - IMUNIDADE NOS TERMOS DO ARTIGO 156, §2º, I DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. Pretensão de reconhecimento da imunidade do ITBI de sociedade recém-constituída Aplicabilidade do art. 37, §2º, do Código Tributário Nacional Incidência do tributo sujeita a condição temporal Precedentes desta C. Câmara Possibilidade de lançamento complementar ao fim do período de três anos da aquisição dos imóveis Necessidade, contudo, de comprovação contábil da preponderância da atividade imobiliária. No caso dos autos, o contrato social da empresa, com a descrição dos imóveis a serem adquiridos para a integralização de capital, foi TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo registrado em 03/02/2017 na Junta Comercial, que é a data inicial do prazo trienal a ser observado antes do lançamento do ITBI Inexigibilidade do tributo reconhecida Precedentes desse E. Tribunal de Justiça. HONORÁRIOS RECURSAIS Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa, que corresponde a R$ 14.000,35. A verba honorária, atualizada, corresponde a aproximadamente R$ 1.400,00 - Majoração nos termos do artigo 85, §11 do Código de Processo Civil de 2015 - POSSIBILIDADE - Ocorre que o Código de Processo Civil não é a única norma a ser aplicada - Aplicação conjunta com a Lei Federal nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia) - Entendimento jurisprudencial no sentido de não permitir o aviltamento da profissão de advogado - Honorários que devem ser fixados de forma razoável, respeitando a dignidade da advocacia - Honorários recursais fixados em R$ 2.600,00 que atende aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade - Verba honorária que totaliza R$ 3.000,00. Sentença mantida Recurso desprovido. (TJSP; Apelação Cível 1002280-59.2018.8.26.0045; Relator (a): Eurípedes Faim; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Foro de Arujá - 1ª Vara; Data do Julgamento: 12/02/2021; Data de Registro: 12/02/2021 grifado) “MANDADO DE SEGURANÇA ITBI Integralização do capital social da empresa por meio de conferência de bens imóveis -- Incidência do ITBI condicionada a verificação da atividade preponderante da empresa Lançamento do tributo em prazo inferior a três anos -- Violação de direito líquido e certo configurada - Possibilidade de lançamento do ITBI posteriormente ao escoamento do prazo, em regular e novo procedimento administrativo, desde que comprovada a atividade TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo mobiliária preponderante da autora. RECURSO NÃO PROVIDO” (TJSP; Apelação / Remessa Necessária 1059624-07.2017.8.26.0506; Relator (a): Fortes Muniz; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Foro de Ribeirão Preto - 1ª Vara da Fazenda Pública; Data do Julgamento: 29/11/2018; Data de Registro: 30/11/2018 - grifado) “REEXAME NECESSÁRIO - MANDADO DE SEGURANÇA - MUNICÍPIO DE MOGI MIRIM - ITBI - INTEGRALIZAÇÃO DE IMÓVEIS AO CAPITAL SOCIAL - Pretensão de reconhecimento da imunidade do ITBI - Aplicabilidade do art. 37, §2º, do Código Tributário Nacional - Incidência do tributo sujeita a condição temporal - Precedentes desta Câmara - Possibilidade de lançamento complementar ao fim do período de três anos da integralização dos imóveis - Necessidade, contudo, de comprovação contábil da preponderância da atividade imobiliária Sentença mantida - Recurso improvido.” (TJSP; Remessa Necessária Cível 1005956-02.2016.8.26.0363; Relator (a): Rezende Silveira; Órgão Julgador: 15ª Câmara de Direito Público; Foro de Mogi Mirim - 4ª Vara; Data do Julgamento: 14/12/2017; Data de Registro: 18/12/2017) Dessarte, a inexigibilidade do imposto afigura-se procedente, exatamente nos termos da r. sentença, ressalvado futuro procedimento fiscal, escoado o prazo de três anos, contados da data da aquisição dos imóveis para a integralização do capital social, devendo a r. sentença ser mantida, com a condenação da impetrada ao pagamento das custas e despesas processuais. Não há condenação em honorários, a teor da TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Apelação / Remessa Necessária nº 1000207-25.2022.8.26.0579 -Voto nº 38617 – Des. Silva Russo Súmula nº 512 da C. Suprema Corte. Por tais motivos, nega-se provimento ao apelo das impetrantes, ao apelo do município e ao recurso oficial, mantendo-se a v. Sentença. SILVA RUSSO RELATOR 2023-08-25T14:00:41-0300 Not specified