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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO DISCIPLINA DE NUTRIÇÃO EM SAÚDE COLETIVA Lívia Maria Carvalho Silva da Cruz¹ RESENHA CRÍTICA DO FILME “ HISTÓRIAS DA FOME NO BRASIL” O documentário “Histórias da fome no Brasil” trata da temática da fome e da insegurança alimentar em nosso país. Conta com a contribuição de pensadores, intelectuais e depoimentos de pessoas que já conviveram com a fome e a miséria. Além disso, o filme apresenta o trabalho de pessoas que lutaram contra a desigualdade no Brasil, como o ativista Josué de Castro em sua obra “Geografia da fome”. Além de expor a problemática da fome e seus impactos em nosso país, o documentário traz um panorama geral do tema por todo mundo. É sabido que os continentes mais castigados com a fome são a África e a Ásia - isso, fruto de séculos de exploração e atraso de desenvolvimento. Na América Latina há um cenário parecido: cerca de 34 milhões de pessoas conviviam com a insegurança alimentar em 2014. Outro fato apresentado pelo filme é o impacto das condições climáticas no acesso à alimentação. A região do semiárido nordestino foi assolada por longos períodos de seca. A Grande Seca, ocorrida entre os anos de 1877 e 1879, vitimou mais de 500 mil pessoas, afetadas pela sede e fome. Com isso, houve um movimento migratório dos nordestinos para o resto do país, em busca de melhores condições de vida. A obra ainda menciona os esforços realizados ao longo da história para atenuar as desigualdades sociais existentes. Um desses exemplos foi a proposta da Reforma Agrária durante o governo de João Goulart, que visava uma melhor distribuição das terras, concentradas na mão de poucos. No entanto, a tomada de poder pelos militares fez com que a proposta não tivesse continuidade. Apenas durante a década de 90 que há início de campanhas e ações de combate à fome de forma mais efetiva. Como exemplo, pode-se citar o programa “Fome Zero”, uma das iniciativas tomadas com o intuito de superar a fome e a pobreza no país. Outras medidas conjuntas, como a construção de cisternas por todo o semiárido, serviram como impulso à agricultura familiar e à segurança alimentar da população. De fato, o programa gerou diversos benefícios ao país. A alimentação escolar passou a ser oferecida de forma mais diversificada e parte dos alimentos (30%) são fonte da agricultura familiar, o que leva à adoção de hábitos alimentares saudáveis e ao desenvolvimento sustentável. O “Fome Zero”, juntamente de outros programas como o “Bolsa Família”, contribuiu para que o país se visse fora do mapa da fome no ano de 2014, de acordo com a ONU. O sucesso do projeto brasileiro é inspiração para outros países do mundo, visto que houve uma redução significativa no percentual de pessoas que passam fome no Brasil (cerca de 1,7% da população). O filme reforça, portanto, que a fome e a miséria são maus reversíveis, e para que haja mudança, são necessárias ações políticas que objetivem sua superação.