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Indaial – 2023
Profissional
Prof.ª Grace Kelly Cabral dos Santos
1a Edição
fundamentos 
de teraPia 
ocuPacional e Ética
Elaboração:
Prof.ª Grace Kelly Cabral dos Santos
Copyright © UNIASSELVI 2023
 Revisão, Diagramação e Produção: 
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
Impresso por:
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI.
Núcleo de Educação a Distância. SANTOS, Grace Kelly Cabral dos.
Fundamentos de Terapia Ocupacional e Ética Profissional. Grace Kelly Ca-
bral dos Santos. Indaial - SC: Arqué, 2023.
170p.
ISBN 978-65-5646-652-1
ISBN Digital 978-65-5646-653-8
“Graduação - EaD”.
1. Fundamentos 2. Terapia 3. Ética 
CDD 174
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Seja bem-vindo ao curso de Terapia Ocupacional, uma das profissões que mais 
cresce no país. Você está recebendo o livro didático da disciplina Fundamentos de 
Terapia Ocupacional e Ética Profissional. Neste, abordaremos os assuntos pertinentes 
aos ensinamentos em Terapia Ocupacional, servindo de base à sua futura profissão. 
Este livro está divido em três unidades, o que favorece uma melhor organização e 
estruturação dos temas abordados.
Na Unidade 1, estudaremos a introdução e fundamentação da Terapia 
Ocupacional, sendo destacados os principais pontos norteadores da profissão desde os 
primórdios aos dias atuais.
Na Unidade 2, intitulada Fundamentos Éticos e Morais da Terapia Ocupacional, 
abordaremos os princípios e aspectos éticos da profissão, caracterizando os principais 
órgãos e representantes da categoria em nível estadual, federal e mundial, além dos 
aspectos bioéticos envolvendo o atendimento e a pesquisa.
Na Unidade 3, intitulada Atuação do Terapeuta Ocupacional, estudaremos sobre 
os teóricos e tipos de métodos em Terapia Ocupacional, as especificidades da profissão 
nos diferentes cenários de prática e as atividades desenvolvidas nos níveis de atenção 
à saúde.
Ao final de cada tema de aprendizagem, você encontrará atividades autodirigidas 
para a consolidação do conteúdo aprendido, além de um resumo sobre os conteúdos 
apresentados em cada unidade.
Bons Estudos!
Grace Kelly Cabral dos Santos
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e 
dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes 
completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você 
acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar 
essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só 
aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
QR CODE
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL ................ 1
TÓPICO 1 - HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL...........................................................3
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3
2 MARCOS HISTÓRICOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO MUNDO.....................................3
3 TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL .................................................................................8
4 O SÍMBOLO DA TERAPIA OCUPACIONAL .........................................................................11
RESUMO DO TÓPICO 1 ......................................................................................................... 13
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................14
TÓPICO 2 - FUNDAMENTOS EM TERAPIA OCUPACIONAL ................................................ 17
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO EXTERIOR ........................................ 17
3 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL ............................................ 22
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 29
TÓPICO 3 - DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A TERAPIA 
 OCUPACIONAL ................................................................................................. 31
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 31
2 PROMULGAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS ................................. 31
3 ESTRATÉGIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES 
 NACIONAIS PARA OS CURSOS DE TERAPIA OCUPACIONAL ........................................ 41
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................47
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................49
UNIDADE 2 — FUNDAMENTOS ÉTICOS E MORAIS DA TERAPIA OCUPACIONAL ............ 53
TÓPICO 1 — PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA ..................................................... 55
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 55
2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA ...................................................................... 55
2.1 ÉTICA E DEONTOLOGIA DA PROFISSÃO ........................................................................................60
3 CÓDIGO DE ÉTICA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ...................................................... 63
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 68
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 69
TÓPICO 2 - SISTEMA DE CONSELHOS PROFISSIONAIS ................................................... 71
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 71
2 FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS ............................... 71
3 CONSELHO FEDERAL E REGIONAL DE TERAPIA OCUPACIONAL ..................................72
4 ASSOCIAÇÕES .................................................................................................................75
RESUMO DO TÓPICO 2 .........................................................................................................78
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................................79
TÓPICO 3 - BIOÉTICA ..........................................................................................................81
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................81
2 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA .....................................................................................81
3 NORMATIVAS E DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE PESQUISA ENVOLVENDO
 SERES HUMANOS ............................................................................................................ 89
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................................96
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................103
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................105
UNIDADE 3 — ATUAÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL ...............................................109
TÓPICO 1 — TEÓRICOS E MÉTODOS EM TERAPIA OCUPACIONAL ...................................111
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................111
2 RELAÇÃO TERAPEUTA x PACIENTE ...............................................................................111
3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL .............................................. 115
4 TEÓRICOS NA FUNDAMENTAÇÃO DA PRÁTICA ............................................................ 127
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................... 131
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................132
TÓPICO 2 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL ......................................135
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................135
2 TERAPIA OCUPACIONAL DA EDUCAÇÃO E INCLUSÃO ................................................135
3 TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA ..................................................................136
4 TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL ................................................................................. 140
5 TERAPIA OCUPACIONAL NA GERIATRIA E GERONTOLOGIA .......................................142
6 TERAPIA OCUPACIONAL EM ONCOLOGIA E CUIDADOS PALIATIVOS .........................143
7 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE MENTAL .............................................................. 144
8 TERAPIA OCUPACIONAL NA TECNOLOGIA ASSISTIVA ................................................145
9 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DO TRABALHADOR ............................................ 147
10 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DA CRIANÇA ..................................................... 147
11 TERAPIA OCUPACIONAL NO CENTRO DE TERAPIA INTENSIVA .................................149
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................152
TÓPICO 3 - NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE ......................................................................155
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................155
2 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE .......................................155
3 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À SAÚDE .................................156
4 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO TERCIÁRIA À SAÚDE ..................................... 157
LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................162
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................163
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................165
1
UNIDADE 1 - 
INTRODUÇÃO E 
FUNDAMENTAÇÃO EM 
TERAPIA OCUPACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os marcos históricos da Terapia Ocupacional;
• conhecer a história da Terapia Ocupacional no Brasil;
• aprender os fundamentos e definições de Terapia Ocupacional;
• aprender os componentes fundamentais para a formação em Terapia Ocupacional.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL 
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – FUNDAMENTOS EM TERAPIA OCUPACIONAL
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A 
TERAPIA OCUPACIONAL
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
HISTÓRICO DA TERAPIA OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 1, abordaremos os marcos históricos 
da Terapia Ocupacional, enfatizando os principais pontos que trouxeram contribuições 
para a profissão como conhecemos.
Identificaremos os principais pontos de atuação já realizados por terapeutas 
ocupacionais no Brasil e no mundo, sendo explanadas as origens da Terapia Ocupacional, 
os princípios, conceitos e seus objetivos. 
Ademais, será abordada a história da profissão nos primeiros cursos de Terapia 
Ocupacional no Brasil, com destaque para a região sudeste do país.
Posteriormente, apresentaremos os símbolos que identificam a profissão, bem 
como o significado de cada item que os compõem. 
TÓPICO 1 - UNIDADE 1
2 MARCOS HISTÓRICOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO 
MUNDO
Pode-se enfatizar que a origem e o desenvolvimentoda Terapia Ocupacional 
estão relacionados ao momento histórico da humanidade. Apesar de a Terapia 
Ocupacional ser considerada uma profissão particularmente nova, surgida nos primeiros 
anos do século XX, o reconhecimento da cura da ocupação remonta a milhares de anos 
(WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
No século XVII, por exemplo, Tomas Willis, imortalizado pelo polígono de Willis, já 
reconhecia o valor da utilização da ocupação na insanidade. Defendia o encaminhamento 
de pessoas para a realização de atividades que promovessem o bem-estar e alegria, 
como a dança, música, canto, caça, pesca e estudos (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Contudo, esse tipo de tratamento foi pouco valorizado naquela época para o 
tratamento das pessoas com insanidade, sendo realizados os tratamentos médicos 
como sangrias, uso de purgantes e eméticos para o enfraquecimento e controle do 
comportamento do paciente (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Somente no início do século XIX houve uma maior compreensão acerca da 
utilização da ocupação como ferramenta de tratamento em diversos contextos, mas 
principalmente no cuidado na saúde mental (WILLARD; SPACKMAN, 2011).
4
Diante da evolução da medicina e dos tipos de tratamento instaurados aos 
pacientes, ao longo do tempo, marcada por mudanças drásticas no estilo de vida e 
de hábitos, a Terapia Ocupacional surgiu como uma nova modalidade de tratamento 
(WILLARD; SPACKMAN, 2011).
Segundo Soares (2014), a profissão de Terapia Ocupacional possuiu diversas 
nomenclaturas. Contudo, no início do século XX, George Barton sugeriu a denominação 
hoje conhecida e aceita em diversos países. Isso contribuiu para a formação de uma 
linguagem talvez universal na Terapia Ocupacional.
George Edward Barton, norte-americano, arquiteto, em 1917, fundou a sociedade 
nacional de profissionais de Terapia Ocupacional, conhecida hoje como American 
Occupational Therapy Association. Seu principal objetivo era investigar, experenciar 
e conhecer o uso da ocupação como terapia, principalmente após seu adoecimento 
(MONTAÑO; VALER; CASTILHO, 2015).
A Terapia Ocupacional possui sua definição e conceito atualizados periodicamente. 
Hoje é possível encontrar essa nomeação adotada pelos países americanos e países 
anglo-americanos como Austrália, Japão e África do Sul entre outros (SOARES, 2014). 
O termo ergoterapia é adotado pelo continente europeu, o qual associou a 
palavra à sua origem etimológica, que deriva do grego ergein, que significa fazer, 
trabalhar e agir (SOARES, 2014).
Diversas definições tentaram conceituar o fazer em Terapia Ocupacional. Ela 
“bebeu” em diversas fontes de conhecimento ao longo do tempo, mas, principalmente, 
no seu início, quando a prática da profissão era pautada nos princípios do trabalho 
enquanto ocupação (SOARES, 2014).
Figura 1 – Reunião de fundação para a Sociedade Nacional para a promoção da Terapia Ocupacional, em 1917
Fonte: https://img3.findhealthclinics.com/146/176/788755281461768.jpg. Acesso em: 27 fev. 2022.
5
Na figura 1, da esquerda para a direita, sentados: Susan Cox Jonhson, George 
Barton, Eleanor Clarke Slagle. De pé, da esquerda para a direita: Willian Rush 
Dunton, Isabel Gladwin Barton, Thomas Bessell Kidner.
NOTA
Para Williard e Spackman (2011), "a Terapia Ocupacional é a arte e a ciência de 
ajudar as pessoas a realizarem atividades cotidianas que sejam importantes e significativas 
para sua saúde e bem-estar por meio do engajamento em ocupações valorizadas".
Pode-se citar que a Terapia Ocupacional remonta à Antiguidade, apresentando, 
como precursores, gregos e romanos, os quais consideravam o trabalho, tarefas, artes 
e artesanatos como meios de “cura” para aqueles que estavam possuídos, e estas 
atividades também eram oferecidos a todos os doentes como meio de contato com o 
divino (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Em meados de 1786, o médico francês Philippe Pinel instaurou uma nova 
abordagem no tratamento dos doentes mentais asilados, sendo associada a utilização 
da ocupação como tratamento, sendo conhecido como tratamento moral, em que o 
trabalho era o melhor método para estabelecer uma boa moral e disciplina (CONSELHO 
REGIONAL DE FISOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 12ª REGIÃO, 2017).
Contudo, a maioria dos autores referem os ensaios da Terapia ocupacional que 
datam de 1789 da Revolução Francesa e da Primeira Guerra Mundial, períodos históricos 
e marcados por transformações sociopolíticas e econômicas (SOARES, 2014).
Nesse período, novas instituições de saberes foram criadas, principalmente 
na área da saúde mental, na qual houve mudanças significativas no tratamento dos 
pacientes, que antes eram enclausurados em manicômios e passaram a agregar espaços 
de tratamento. Contudo essas mudanças ainda necessitariam de novas perspectivas, 
como elucidado futuramente (SOARES, 2014).
Nas épocas anteriores às revoluções, havia a segregação dos diferentes (loucos, 
incapazes, idosos, deficientes, prostitutas), que eram isolados do convívio social, com o 
objetivo de proteger a sociedade da desordem e dos perigos que eles representavam. Nos 
asilos, conhecidos como antigos leprosários na Idade Média, os marginalizados recebiam 
ações punitivas em um sistema semipenitenciário (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Os hospitais, nesse contexto, tinham a função muito mais religiosa do que 
médica, pois deveria ser um local de transformação espiritual. A equipe possuía o papel 
6
caritativo, mais voltado ao cuidado para salvar a alma. A presença do médico era só para 
justificar o serviço de promoção à saúde (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008). 
Após as transformações técnico-científicas, o tratamento das doenças mentais 
passou a ser o cérebro, sendo caracterizadas pela etiologia como doenças de ordem 
cerebral. Ou seja, uma visão mais biomédica se instaurou.
Isso contribuiu para o crescimento dos princípios da psicobiologia, que 
relacionava os padrões de hábitos e doença mental. A metodologia de intervenção 
consistia em utilizar o tempo de maneira ativa e intencional do tempo, equilibrando o 
trabalho, repouso, lazer e sono (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Baseado nessas informações, e com o advento do crescimento da preocupação 
com a prevenção e manifestação de doenças e o aumento significativo, de pessoas 
incapacitadas em decorrência da guerra, surge o movimento denominado reabilitação, 
o qual consistia em utilizar a ocupação no atendimento de pacientes com demandas 
físicas e mentais (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Os princípios norteadores da Terapia Ocupacional também se referem à 
organização do comportamento a partir do agir, com a utilização ativa e intencional 
do tempo no contexto dos indivíduos. Isso contribuiu para os determinantes teóricos 
e práticos na criação de uma nova profissão – a Terapia Ocupacional (DE CARLO; 
BARTALOTTI, 2008).
Ademais, a concepção da utilização das ocupações como ferramenta terapêutica 
na prática médica – exercida principalmente por enfermeiras e assistentes sociais – surgiu 
na literatura a partir do século XVII, sendo reconhecida, dois séculos depois, como uma 
prática de saúde no âmbito biopsicossocial (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
A profissão, no seu início, era praticada por mulheres, pois acreditava-se que 
elas tinham o “dom” natural de cuidar, voltado principalmente à concepção da saúde 
que configurava a mulher com sentimentos maternais intrínsecos a ela. Estas também 
foram denominadas de “auxiliares de reconstrução” (DE CARLO; BARTALLOTI, 2008).
Além disso, o envolvimento de mulheres, para alguns autores, reflete as 
mudanças sociais que já vinham sendo realizadas, pois elas podiam ampliar suas 
possibilidades para além do ambiente doméstico (MONZELI; MORISSON; LOPES, 2019).
Jane Addams e Ellen Gates Starr, como principais fundadoras da Hull 
House  no final dos anos de 1880, Julia Lathrop, uma das primeiras 
a se incorporar a essa instituição, e Eleanor Clarke Slagle foram as 
primeiras mulheres responsáveis pelas ações da  Hull House. Esse 
trabalho, no âmbito da ação social, do lidar comdemandas da questão 
social da sociedade capitalista que se levantava sob os alicerces 
estadunidenses, sob um enfoque político, começa também, para parte 
7
dessas mulheres, a oferecer parâmetros para ações que, mais tarde, 
viriam compor propostas em torno da Terapia Ocupacional (MORRISON, 
2016 apud MONZELI; MORRISON; LOPES, 2019).
O tratamento dos pacientes variava de premissas puramente físicas até as 
exclusivamente psíquicas, porém era comum a observação da mistura dos dois fatores 
na literatura inicial, onde o exercício restaurava a saúde física e esta restaurava a saúde 
mental (WILLARD; SPACKMAN, 2011).
Kielhofner e Burke apud De Carlo e Bartalotti (2008) referem que a Terapia 
Ocupacional, enquanto ciência, precisou se adequar ao método e rigor científicos presentes 
nas décadas de 1930 e 1940, onde, com o avanço do conhecimento científico, com 
melhores caracterizações das doenças e patologias, houve a necessidade da adequação 
do conhecimento do senso comum para um tratamento com respaldo científico.
Em meados de 1915, foi criado o primeiro curso de Terapia Ocupacional, no 
Estado de Chicago, nos Estados Unidos. Posteriormente, a profissão é difundida na 
Europa, no pós-guerra, com a criação de departamentos de Terapia Ocupacional em 
hospitais militares (CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 
12ª REGIÃO, 2017).
A profissão continuou a crescer e a se definir a partir dos anos 1950. Os números 
de cursos de Terapia Ocupacional continuava a crescer e o número de profissionais 
graduados também, iniciando a avaliação da utilização de assistentes treinados na 
carência de profissionais capacitados para o tratamento dos pacientes (WILLIARD; 
SPACKMAN, 2011).
A partir dos anos 1960 e 1970, houve um crescimento considerável da profissão, 
bem como mudanças, sendo incorporados novos conhecimentos, principalmente na 
área neurocomportamental, instaurando a criação de novas abordagens de tratamento, 
como a abordagem da integração sensorial desenvolvida por A. Jean Ayres (WILLIARD; 
SPACKMAN, 2011).
Ayres foi influenciada por teóricos como Margaret Rood, Carl e Bertha 
Bobath no tratamento das disfunções neuromuscular, e por Piaget, que conceituou o 
desenvolvimento a partir de uma visão sensório-motora. A autora compreendia que as 
experiências sensoriais são incorporadas e utilizadas pelo ser humano para permitir a 
adaptação comportamental. Tal abordagem serve de base e continua sendo aprimorada 
no tratamento e acompanhamento de crianças na área da terapia comportamental, 
atualmente (WILLIARD; SPACKAMN, 2011). 
Diante da historicidade da Terapia Ocupacional, nos Estado Unidos, enquanto 
profissão, pode-se considerar que alguns fatores foram decisivos para a criação/
implantação da Terapia Ocupacional na América Latina, porém não existe um consenso 
em relação a uma única história da profissão. 
8
No ano de 2017, comemorou-se o centenário da profissão no mundo, e a 
Associação Americana de Terapia ocupacional enfatizou a importância da Terapia 
Ocupacional como uma poderosa profissão, amplamente reconhecida e respaldada 
pela prática baseada em evidência, atendendo a necessidades ocupacionais da 
sociedade, enfatizando, também, o fortalecimento da atuação da Terapia Ocupacional 
em colaboração com outras profissões (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Destaca-se que o fato de a profissão ter sido criada por pessoas com diferentes 
tipos de formações possibilitou a pluralidade na formação de terapeutas ocupacionais, 
além de proporcionar a criação de uma visão holística sobre as ocupações humanas 
(SOARES, 2022).
3 TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL
Com os seus primórdios e consolidação nos Estados Unidos e na Europa, a 
Terapia Ocupacional, enquanto profissão, começou a ser implantada em outros países e 
outros continentes, com destaque para a América Latina. 
Monzeli, Morrison e Lopes (2019), destacam a América Latina da seguinte 
maneira:
Começar com uma definição de América Latina, para além de 
importante, é bastante complicado e, em alguns momentos, 
paradoxal. É importante porque se coloca a tarefa de localizar 
histórica e geograficamente uma região, alguns idiomas e muitos 
povos distintos e diversos. Complicado, exatamente por essa 
enorme diversidade, não só de povos e culturas, mas também de 
discursos sobre essas diversidades. Paradoxal, pois, para falar dessa 
complexidade, muitas vezes, se tomam perspectivas postas pelas 
nações invasoras e colonizadoras, criando uma identidade “América 
Latina” em oposição e assimetria a essas nações.
Países como México, Venezuela, Chile e Brasil foram alguns países que 
incorporaram e reconheceram a Terapia Ocupacional enquanto profissão de reabilitação, 
sendo importante frisar os acontecimentos em nível de saúde pública no momento da 
criação dos primeiros cursos nesses países (MONZELI; MORRISON; LOPES, 2019). 
Em 1950, os primeiros cursos técnicos de Terapia Ocupacional foram criados 
nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Esse movimento se consolidou a partir das 
revoluções ocorridas mundialmente no setor da reabilitação. Posteriormente, outros 
cursos foram sendo criados em outros estados brasileiros (REIS; LOPES, 2018).
Uma das pioneiras em relação à incorporação da Terapia Ocupacional no Brasil 
foi Fernanda de Carvalho, formada na segunda turma do curso de Terapia Ocupacional 
no país pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Implantou o Setor de 
Terapia Ocupacional na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (MELO; GALLIAN, 2017).
9
Para Fernanda de Carvalho, a profissão possibilitou o contato com o outro, de 
maneira intensa, principalmente com as pessoas que sofriam discriminação naquela 
época. E por muito tempo não se entendia a necessidade do terapeuta ocupacional nas 
equipes de assistência, pois estes eram substituídos erroneamente por psicólogos que 
realizam arteterapia (MELO; GALLIAN, 2017).
As primeiras turmas da profissão realizavam a formação completa e intensiva 
em 2 anos. A Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (ERRJ) foi criada para atender às 
demandas do centro de reabilitação, contudo, devido à procura pelo curso aumentar, 
optou-se pela continuidade do curso (REIS; LOPES, 2018).
Paulatinamente, o curso também era implantado no Estado de São Paulo, o qual 
contou com o apoio Associação Brasileira de Reabilitação, no movimento realizado pela 
Organização Mundial de Saúde, Organização Internacional de Trabalho e a Organização 
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, com o objetivo de disseminar e 
consolidar a reabilitação mundialmente (REIS; LOPES, 2018). 
Ressalta-se que os primeiros cursos de Terapia Ocupacional apresentaram 
dificuldades frente a uma graduação incipiente e precária, onde as referências 
bibliográficas eram escassas, possuindo poucos manuais e jornais estrangeiros. O 
conhecimento era propagado a partir da experiência dos próprios terapeutas recém-
formados, sem uma sistematização, de fato, científica (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Ainda na região Sudeste, a profissão na região de Belo Horizonte surgiu 
com o intuito de criação de mão de obra na área da reabilitação para a realização de 
atendimento especializado na área das desordens do sistema locomotor. Em 1969, 
o curso ganhou status de ensino superior, e, em 1974, o curso passou pela primeira 
proposta de reformulação de currículo (REIS; LOPES, 2018).
No Recife, a Terapia Ocupacional chegou ao Nordeste com a criação do Instituto 
Universitário de Reabilitação. O curso tinha a duração de 75 dias, e estava incorporado 
ao Curso de Reabilitação. Em 1962, iniciaram-se os cursos técnicos de Fisioterapia e 
Terapia Ocupacional com a duração bianual, de caráter privado e com acesso mediante 
aprovação em processo seletivo (REIS; LOPES, 2018). 
Em 1969, a profissão foi regulamentada no Brasil e reconhecida em todo o 
território como uma formação de ensino superior, por meio do Decreto nº 938, de 13 de 
outubro de 1969 (REIS; LOPES, 2018).
O curso de Terapia Ocupacional daUFSCar foi estruturado em 1978 pelo médico 
José Rodrigues Louzã. Contudo a docente Maria Luísa Guilhamon Emmel assumiu a 
coordenação do curso. Naquela época, era pouco ocupado por terapeutas ocupacionais 
de fato, mas conseguir a atuação desses profissionais significa um avanço na área 
(REIS; LOPES, 2018).
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As décadas de 1970 e 1980 foram de grande transformação para a Terapia 
Ocupacional no Brasil, principalmente na organização dos cursos de graduação e nas 
demandas internacionais sobre a regulamentação no país (ABRATO, 2021).
As mudanças curriculares seguiram o modelo do primeiro currículo mínimo 
nacional em 1983 e, posteriormente, foram sendo realizadas novas mudanças sendo a 
última realizada em 2015 e implantada em 2016 no curso de Terapia Ocupacional (REIS; 
LOPES, 2018).
De fato, os primeiros terapeutas ocupacionais que adentraram pela 
carreira docente tiveram que enfrentar inúmeros obstáculos para dar 
continuidade aos cursos; tiveram que inventar uma nova profissão 
e, ao mesmo tempo que se inventavam enquanto docentes, era 
necessário construir cursos, formar pessoas e abrir o mercado de 
trabalho para as novas gerações de profissionais (REIS; LOPES, 2018).
A Terapia Ocupacional tornou-se uma profissão que permitiu e permite sua 
mutação ao longo das demandas populacionais. Além de ser uma atuação disciplinar, 
ela considera o resgate de atividades de direitos e emancipatórias (SOARES, 2014).
Sobre a metamorfose da profissão, Galheigo et al. (2018) destacam o seguinte:
Ao longo dessas seis décadas, desde a criação dos primeiros cursos 
de Terapia Ocupacional no Brasil, em 1956, referenciais teóricos e 
metodológicos vêm sendo incorporados e substituídos de acordo 
com os contextos e mudanças históricas, sociais e políticas do 
país, tendo sido o ensino, a pesquisa e a extensão desenvolvidos 
nas universidades, importantes vetores de produção de novas 
perspectivas e tendências para a profissão.
Destaca-se que a curiosidade pelo desconhecido possibilitou um movimento de 
transformação no país. A Terapia Ocupacional, enquanto curso de nível superior, mostrou 
a necessidade da incorporação de uma profissão que conseguisse unir disciplinas e 
áreas de diferentes interesses (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Galheigo et al. (2018) referem que o processo de problematização da prática 
é desencadeado a partir das conjunturas sócio-históricas que corroboram para o 
questionamento da prática e favorecem a criação de novas abordagens na profissão. 
Ou seja, o saber em Terapia Ocupacional é sempre mutável, contribuindo, assim, para a 
modernização da profissão.
Quadro 1 – Linha do tempo acerca da evolução teórico-prática da Terapia Ocupacional no Brasil
Tendência Início Nome
1ª 1956
Constituição das primeiras bases teórico-
práticas da terapia ocupacional no Brasil
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Fonte: adaptado de Galheigo e Braga (2018b)
Figura 2 – Antigo Brasão da Terapia Ocupacional
Fonte: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 13ª Região (2014, s.p.)
2ª Fim dos 1970s
Problematização dos saberes e práticas da 
terapia ocupacional, a partir de aportes da Saúde 
Coletiva e das Ciências Humanas e Sociais
3ª Após meados de 1990s
Constituição dos campos de saber e prática da 
terapia ocupacional por meio de contextualiza-
ção sócio-política, problematização teórico-con-
ceitual e proposição de práticas emancipatórias
4ª Após 2000/5
Intensa diversificação teórico-conceitual e 
metodológica na produção de saberes e práticas 
de terapia ocupacional
4 O SÍMBOLO DA TERAPIA OCUPACIONAL
O símbolo da Terapia Ocupacional foi criado por André Luís Bentin Lacerda 
e Patrícia Moreira Bastos, sob a influência da mitologia grega. Como observado 
abaixo, o fogo representa o elemento da natureza que transmite a ideia de fonte de 
energia que impulsiona o fazer; a serpente é o desenvolvimento do conhecimento, 
sabedoria, conversão de intenções; O círculo representa a livre criação, o infinito e o 
universo, relacionado a algo que não tem fim; O delta ou triângulo representa a tríade 
terapeuta-cliente-atividade, ou seja, o processo terapêutico (CONSELHO REGIONAL DE 
FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 13ª REGIÃO, 2014).
Em 2017, o Brasão oficial da Terapia Ocupacional brasileira mudou, a partir de 
consulta pública, sendo promulgado pela resolução nº 481, de 26 de abril de 2017, em 
homenagem ao centenário da profissão.
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Figura 3 – Brasão Oficial da Terapia Ocupacional
Fonte: Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 12ª Região (2017b, s.p.)
O bastão de Esculápio refere-se ao poder da cura, sendo representado pela 
letra T, simbolizando o processo de intervenção e ressignificação do cotidiano, pela 
busca da autonomia e independência. As asas da fênix representam a transformação 
e renascimento da vida ocupacional do sujeito. As serpentes rementem a astúcia, 
criatividade e capacidade de resiliência dos terapeutas a partir do processo de terapia. 
A letra "O" representa as ocupações/atividades significativas do sujeito ocupacional 
(CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL 12ª REGIÃO, 2017b).
Os símbolos representativos da Terapia Ocupacional colaboram para a construção 
e o fortalecimento da identidade profissional, bem como auxiliam na representação da 
profissão perante a sociedade. Sendo assim, conhecer o significado dos símbolos que 
permeiam a profissão é essencial na compreensão sobre as origens, fundamentos e o 
que é, de fato, ser terapeuta ocupacional.
Além disso, a mudança pode sinalizar e confirmar as mudanças ocorridas 
na profissão ao longo dos anos, o que nos permite reconhecer a adaptação desta ao 
período histórico.
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Neste tópico, você aprendeu:
• Os marcos históricos que contribuíram para criação da Terapia Ocupacional, 
principalmente revoluções sociais, políticas, econômicas e científicas do século XX. 
• Os pioneiros na criação da profissão, nos Estados Unidos, com destaque para George 
Barton, Susan Cox Jonhson, Eleanor Clarke Sangle, dentre outros.
• A história da Terapia Ocupacional no Brasil, destacando os principais percursores 
dos primeiros cursos no país, desde os cursos técnicos ao reconhecimento da 
profissão como curso de ensino superior.
• Os símbolos de representação da Terapia Ocupacional no Brasil, nos quais consta o 
significado de cada elemento e sua relação na abordagem terapêutica ocupacional 
na prática.
RESUMO DO TÓPICO 1
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AUTOATIVIDADE
1 O trabalho como mecanismo para tratar pessoas enfermas já era utilizado desde a 
Grécia Antiga, sendo de grande importância para o tratamento em saúde naqueles 
tempos e durante alguns fatos históricos da história contemporânea. Diante disso, e 
considerando o surgimento da Terapia Ocupacional, identifique os principais marcos 
históricos que contribuíram para a criação e crescimento da profissão e assinale a 
alternativa CORRETA:
a) ( ) Revolução Industrial, Renascimento e II Guerra Mundial.
b) ( ) I e II Guerras Mundiais, Monarquia e Independência do Brasil.
c) ( ) Revolução Industrial, Renascimento, I e II Guerras Mundiais.
d) ( ) Revolução Francesa, Revolução Industrial, Renascimento, I e II Guerras Mundiais.
2 Os primeiros cursos de Terapia Ocupacional no Brasil surgiram com a necessidade 
de estabelecer ações de reabilitação no país, em consonância com as atividades 
mundiais. Considerando o exposto, elabore um parágrafo sobre a implantação dos 
primeiros cursos de Terapia Ocupacional no país.
3 O fazer em Terapia Ocupacional sempre foi permeado de possibilidades, por isso, 
conceituar a profissão em uma única vertente é uma tarefa árdua. Contudo a 
profissão necessita de um “norte” para poder seguir. Sendo assim, a regulamentação 
da profissão em um país é de suma importância para o embasamento da prática e 
direcionamento dos profissionais atuantes. Considerando o exposto sobre a profissão 
de Terapia Ocupacional no Brasil, esta foi reconhecida e regulamentada em 1989. Isso 
se deu a partir de qual Decreto?
a) ( ) Decreto nº 938, de 13 de outubrode 1969.
b) ( ) Decreto nº 839, de 13 de outubro de 1969.
c) ( ) Decreto nº 922, de 13 de outubro de 1969.
d) ( ) Decreto nº 983, de 13 de outubro de 1969.
4 Muitos percursores tiveram a sua contribuição para a Terapia Ocupacional se 
consolidar como profissão no Brasil. Em alguns casos, terapeutas ocupacionais 
estrangeiros vieram ao país para incorporar essa nova profissão. Contudo muitos que 
estavam se capacitando em Terapia Ocupacional eram alunos e, ao mesmo tempo, 
docentes do curso. Diante disso, uma personagem brasileira foi muito importante nos 
primeiros cursos técnicos de Terapia Ocupacional. Assinale a alternativa CORRETA 
acerca do nome dessa percussora:
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a) ( ) Joaquina de Carvalho.
b) ( ) Fernanda de Carvalho.
c) ( ) Janaína de Carvalho.
d) ( ) Eleonor de Carvalho.
5 Acerca da Terapia Ocupacional nos Estados Unidos, um dos principais percursores foi 
o engenheiro George Edward Barton, o qual necessitou da reabilitação em sua vida. 
Considerando a contribuição de George Barton para a Terapia Ocupacional, discorra 
acerca da criação da Associação Americana de Terapia Ocupacional, hoje conhecida 
mundialmente.
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FUNDAMENTOS EM TERAPIA 
OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, no Tema de Aprendizagem 2, abordaremos os fundamentos em 
Terapia Ocupacional no Brasil e no mundo, abordando os aspectos norteadores da 
profissão atualmente.
Destacaremos os desafios em “definir”, qualificar e delimitar fronteiras entre 
as áreas da saúde e afins, além das mudanças políticas e sociais que interferiram na 
fundamentação da profissão. 
Enfatizaremos as bases filosóficas que fundamentam o exercício da profissão 
no Brasil e no mundo, destacando os principais autores que contribuíram para o saber 
em Terapia Ocupacional.
UNIDADE 1 TÓPICO 2 - 
2 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO 
EXTERIOR
A transição da terapia pelo trabalho para a Terapia Ocupacional ocorreu a partir 
da Primeira Grande Guerra, devido, principalmente, a pressões sociais dos veteranos de 
guerra, os quais buscavam autonomia financeira e valorização social (SOARES, 2014).
Os fundamentos da profissão consolidaram-se ao longo do reconhecimento 
da profissão nos Estados Unidos, no início do século XX, quando se considerou como 
elemento fundamental os hábitos. A principal referência nesse assunto foi Eleanor 
Clarke Slagle, umas das fundadoras da Associação Americana de Terapia Ocupacional e 
da formação da profissão nos Estados Unidos (DRUMMOND, 2014). 
O arcabouço teórico de Eleanor Clarke Slagle sofreu influência de Adolf Meyer, 
o qual fundamentou a ideia das relações entre os padrões de hábitos e doença mental, 
associando a noção de homem à perspectiva de organismo complexo, dividindo o ser 
em categorias e áreas do cotidiano (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Estabelecer uma rotina com hábitos saudáveis era o principal objetivo da 
atuação do terapeuta ocupacional, visto que a realização de tais atividades poderiam 
contribuir para que o paciente conseguisse uma vida mais saudável (DRUMMOND, 2014).
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Ao longo do avanço da profissão, e com o advento de novos cursos e entidades 
representativas, surgiu a necessidade de embasamento teórico para sustentar a prática 
terapêutica ocupacional. 
Tal fato foi desencadeado por fatores externos e internos à profissão. 
Como fatores externos à profissão, pode-se apontar a repercussão 
econômica, política e social advinda da Segunda Guerra Mundial 
ao incrementar a produção de bens tecnológicos e a busca das 
especializações em diversas áreas. [...] Como fatores internos à profissão, 
pode-se apontar o desejo de autonomia dos terapeutas ocupacionais 
em relação à classe médica e a própria insatisfação quanto à falta de 
domínio teórico das práticas realizadas (DRUMMOND, 2014).
Nota-se que a busca por embasamento teórico-metodológico para os 
terapeutas ocupacionais se estabeleceu a partir das mudanças político-sociais e 
devido às demandas dos profissionais diante das necessidades dos grupos atendidos 
(DRUMMOND, 2014).
Autores como Reed e Sanderson (1980) apud Francisco (1988) propõem que 
a Terapia Ocupacional seja reconhecida como uma análise e aplicação da ocupação 
para autoatividade, participação e lazer, as quais devem ser identificadas a partir das 
avaliações, raciocínio clínico e proposta de tratamento, os quais possam identificar e 
tratar os problemas que estejam interferindo no desempenho funcional.
No final dos anos 1940 e 1950, a área da saúde começou a observar o homem a 
partir do modelo biomédico, concentrando-o nos aspectos bioquímicos e biofísicos sob a 
perspectiva da psiquiatria. Durante esse período de reducionismo, a Terapia Ocupacional 
sofreu pressão da comunidade médica a assumir tais fundamentos para atuar.
Então, surgiu o desafio de transformar o uso da atividade em algo cientificamente 
aceitável. Isso gerou a busca por resposta, o que contribuiu para o surgimento da 
aplicação da ocupação, agora com a aplicação de exercícios (FRANCISCO, 1988).
Essa nova estruturação deixou de lado o homem ocupacional enquanto objeto 
de estudo e atuação, sendo substituído por um modelo mecânico e progressivo linear. 
Diante desse fato, o terapeuta ocupacional se transforma em especialista em exercícios 
progressivos de resistência, atividades de vida diária, trata de lesões em músculos, 
tendões, memória e atenção (FRANCISCO, 1988). 
Para a aplicação da atividade como exercício, são propostos alguns 
procedimentos para se obter o sucesso no tratamento. São eles:
a) Análise da atividade: objetiva conhecer a atividade em suas minúcias, destacando 
suas especificidades científicas, e as propriedades (componentes físicos e mentais) 
para sua realização;
b) Adaptação das atividades: a atividade deve ser capaz de estimular a parte lesada 
do paciente, com o objetivo de reabilitar. Para isso, a adaptação deve seguir alguns 
19
critérios – a atividade deve proporcionar mais movimentos do que posicionamento; 
permitir graduação; proporcionar um número de repetições de movimentos; poder 
ser realizada em etapas.
c) Seleção e graduação da atividade: o objetivo é possibilitar a reabilitação das funções 
prejudicadas, considerando a tolerância na realização das atividades ou etapas;
Nos anos 1950 e 1960, a psicodinâmica passou a ser utilizada na ação da 
Terapia Ocupacional. O fazer humano era carregado de simbolismo, tendo a psicanálise 
de Sigmund Freud como percursora. A expressão de sentimentos, idealizações e o 
inconsciente eram utilizados durante a atividade (FRANCISCO, 1988).
Pelo fato de a profissão ainda não possuir um vasto arcabouço teórico, 
Drummond (2014) refere que as primeiras fontes de conhecimento foram as áreas da 
medicina e da psicologia, o que contribuiu para o domínio de questões envolvendo as 
patologias e os aspectos biológicos e psicológicos envolvidos no processo terapêutico 
ocupacional.
A partir da década de 1970, os preceitos em terapias ocupacionais começaram 
a ser fundamentados e consolidados, e as áreas de atuação da Terapia Ocupacional 
conseguiram encontrar um ponto de congruência, principalmente sobre a perspectiva 
da produção da ocupação. Destaca-se, portanto, a atuação de Mary Reilly, a qual retratou 
a produção do comportamento ocupacional (DRUMMOND, 2014).
Esse conceito de comportamento ocupacional considerou teorias filosóficas, 
psicológicas, sociológicas e antropológicas, ou seja, as ciências humanas e sociais, para 
embasar e fundamentar os princípios norteadores da Terapia Ocupacional, partindo do 
pressuposto de que a ocupação era o centro da atuação (DRUMMOND, 2014).
Nesse momento, as pesquisas em Terapia Ocupacional passaram a considerar 
a ocupação como objeto de estudo, descentralizando as doenças, as quais eram o 
elemento principal nas análises das pesquisas e práticas dos terapeutas ocupacionais 
(DRUMMOND, 2014).
Diante disso, surgem os primeiros modelos de estudos centrados no 
comportamento ocupacional, sendo eles o modelo da ocupação humana e a Ciência 
Ocupacional, osquais contribuíram para a criação da estrutura da prática de Terapia 
Ocupacional: Domínio e Processo e da Terminologia Uniforme da Terapia Ocupacional 
(DRUMMOND, 2014).
A ciência ocupacional resgata as ideias dos fundadores da Terapia Ocupacional, 
os quais acreditavam que a ocupação e o conhecimento da sua capacidade para a 
promoção da saúde e bem-estar poderiam ser utilizados para melhorar a qualidade de 
vida da população em geral (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
20
Sob a liderança de Yerxa, o primeiro programa de ciência ocupacional foi 
desenvolvido na Universidade do Sul da California com o objetivo de melhor compreender 
a complexidade da ocupação humana (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
A autora também defendeu o engajamento do profissional em Terapia 
Ocupacional na pesquisa científica, com o objetivo de desenvolver as bases filosóficas 
e teóricas da profissão. Isso contribuiu para os três princípios da Terapia Ocupacional 
contemporânea, que são: prática centrada no cliente, prática centrada na ocupação e 
prática baseada em evidências (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Os princípios acerca da prática centrada no cliente, prática centrada na 
ocupação e prática baseada em evidências serão abordados nas próximas 
unidades.
NOTA
Figura 4 – Domínio e Processo
Fonte: American Occupational Therapy Association (2020, s.p.)
O domínio e processo são interligados, apesar de serem descritos separadamente 
para melhor compreensão. Os componentes que integram ambos possuem uma 
constante relação entre si. A Figura 5 apresenta os campos do domínio e processo, com 
o objetivo geral da profissão no alcance da saúde, bem-estar e participação a partir do 
processo terapêutico (GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021).
21
A 4ª edição do documento de Domínio e Processo, publicado em 2020, refere 
as competências e os aspectos que devem ser observados no atendimento terapêutico 
ocupacional (GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021). Esse documento destaca os pilares da 
profissão para distingui-la de outras profissões:
a) valores e crenças fundamentados na ocupação;
b) conhecimento e a experiência o uso terapêutico da ocupação;
c) comportamentos e normas da profissão;
d) comportamentos e normas profissionais;
e) uso terapêutico do eu.
Mais especificamente, o domínio se refere a ocupações, contextos, padrões de 
desempenho, competências de desempenho e fatores do cliente. Todos esses aspectos 
têm uma relação dinâmica de interdependência (GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021). Os 
aspectos do domínio de Terapia Ocupacional incluem as ocupações, contextos, padrões 
de desempenho, competências de desempenho e fatores do cliente.
• Ocupações: atividades de vida diária, atividades instrumentais de vida diária, gestão 
em saúde, descanso e sono, educação, trabalho, brincar/jogar, lazer e participação 
social.
• Contextos: fatores ambientais e fatores pessoais.
• Padrões de desempenho: incluem hábitos, rotinas, papéis e rituais.
• Competência do desempenho: competências motoras, competências de 
processo, competências de interação social.
• Fatores do cliente: valores, crenças, e espiritualidade, funções do corpo, estruturas 
do corpo.
Os conceitos fundamentais do domínio e processo ressaltam a importância 
dos contextos e complexidade do ser humano, contribuindo para o arcabouço teórico-
prático da profissão, para diferi-la de outras profissões, na prestação de serviços 
(GOMES; TEIXEIRA; RIBEIRO, 2021).
Já a Terminologia Uniforme da Terapia Ocupacional, criada pela Associação 
Americana de Terapia Ocupacional, propôs a apresentação de terminologias comuns 
à profissão, para conseguir diferenciá-la das demais, como as áreas de desempenho, 
componentes do desempenho e contextos de desempenho (WILLARD; SPACKMAN, 2011).
Outro pressuposto refere-se à tríade pessoa-atividade-ambiente, onde as 
habilidades e as capacidades são consideradas na realização da atividade, destacando 
a motivação, novidade, tolerância, engajamento e a familiaridade para o sucesso no 
desempenho ocupacional do indivíduo (WILLIARD; SAPARCKAM, 2011). 
Ao longo do tempo, outros aspectos foram sendo incorporados na prática e 
teoria em Terapia Ocupacional. Destaca-se a prática baseada em evidências, a qual se 
mostra como o mais novo avanço da sociedade e da profissão, pois busca o refinamento 
22
do tratamento a partir da compreensão acerca dos meios mais efetivos do tratamento 
oferecido aos pacientes, clientes, usuários ou populações (WILLIARD; SPACKMAN, 2011).
Nota-se que há várias tentativas de conceituar a Terapia Ocupacional como 
uma profissão da área da saúde envolvida com o social, contudo diferentes teóricos 
apontam para a prática da profissão ser mais neutra em relação à saúde dos envolvidos 
(FRANCISCO, 1988).
Portanto a atuação do terapeuta ocupacional deve estar sempre se 
transformando, pois muitos se pautam no passado e não conseguem ir além, o que 
impede o avanço da profissão (FRANCISCO, 1988).
3 FUNDAMENTOS DA TERAPIA OCUPACIONAL NO BRASIL
Até meados de 1980, no Brasil, observou-se que os fundamentos da profissão 
se baseavam na literatura estrangeira e na própria vivência dos profissionais, o que 
delimitava o saber e a legitimação da prática (DRUMMOND, 2014). 
Berenice Rosa expõe que o fazer em Terapia Ocupacional perpassa por uma série 
de ações em que, primeiramente, a atividade humana deve ser compreendida como um 
lugar de criação, recriação e produção humana, em que o ato de realizar determinada 
tarefa esteja atrelado não somente ao fato biológico, mas que esteja permeado por 
sentimentos, intenções e necessidades (FRANCISCO, 1988).
Posteriormente, o fazer deve considerar as necessidades, a problematização, ser 
desafiante para superar os conflitos envolvidos. Em terceiro lugar, não existe receita ao 
lidar com o outro, e nem técnicas específicas que garantirão a resolução dos problemas. 
Por último, o terapeuta ocupacional deve estar preparado a se dispor, a ser um mediador, 
instrumento ou recurso terapêutico na resolução do caso (FRANCISCO, 1988).
Muito se discursa para delimitar a prática da Terapia Ocupacional em uma única 
definição, mas observa-se a sua mutação ao longo da história, envolvendo diretamente 
as ciências sociais. Por isso, nota-se que a questão das diferenças entre as atuações 
está relacionada ao modelo teórico e prático da profissão (FRANCISCO, 1988).
No Brasil, a prática de Terapia Ocupacional nas décadas de 1960 e 1970 pautava-
se no conceito positivista de ciência. Assim como no resto do mundo, a profissão 
buscava seu embasamento teórico-metodológico, essa corrente influenciou a formação 
dos primeiros profissionais no país (PINTO, 1990 apud DRUMMOND, 2014).
No final dos anos 1980, os terapeutas ocupacionais passam a produzir 
nacionalmente, além de criticar a influência recebida, principalmente a norte-americana. 
sobre a prática da Terapia Ocupacional no Brasil, principalmente pelo modelo biomédico 
amplamente utilizado como objetivo de terapêutica (DRUMMOND, 2014).
23
Além disso, muitos profissionais foram sendo formados, o que repercutiu no 
questionamento coletivo da formação, devido ao aumento do número de docentes 
e, consequentemente, da prática profissional. A inserção da Terapia Ocupacional na 
saúde primária estabeleceu uma rotina de cuidados dentro da realidade da população 
brasileira, a qual não condizia com o ideal estrangeiro (DRUMMOND, 2014).
Vale lembrar que a profissão foi regulamentada em plena Ditadura Militar, por um 
decreto em conjunto com a fisioterapia, em um período em que a sociedade brasileira 
perecia de desigualdades sociais, concentração de riquezas e a impossibilidade de 
acesso aos direitos básicos (OLIVER; SOUTO; NICOLAU, 2018).
Diante disso, grupos de terapeutas ocupacionais engajados em movimentos pela 
justiça social e comprometidos pela redemocratização do país participam da articulação 
para a construção da Constituição de 1988, contribuindo para o estabelecimento das 
políticas e diretrizes das políticas sociais universais, contemplando as áreasda saúde, 
social, educação e trabalho (OLIVER; SOUTO; NICOLAU, 2018).
A experiência e competência dos profissionais de Terapia 
Ocupacional são reconhecidas, e estes, como parte das equipes 
de diferentes setores, se engajam na proposição, desenvolvimento 
e implementação de programas e serviços para favorecer o acesso 
a direitos essenciais. Alguns desses profissionais são convidados a 
participar em assessorias e consultorias de políticas e programas em 
saúde, assistência social, reabilitação, trabalho e/ou cultura (OLIVER; 
SOUTO; NICOLAU, 2018).
Os terapeutas ocupacionais demonstram também as diferenças entre 
o cotidiano e as atividades de vida diária, como uma das áreas de desempenho 
ocupacional. Reforçam que a redução do cotidiano as áreas do desempenho interfere 
significativamente na análise da complexidade humana (DRUMMOND, 2014).
A partir da década de 1990, houve avanços na literatura em Terapia Ocupacional 
no Brasil, além da contribuição de outras áreas, voltando a formação e atuação 
interdisciplinar, em que a compreensão sobre o impacto dessa nova atuação se faz 
necessária, para o entendimento da realidade profissional (DRUMMOND, 2014). 
O engajamento da profissão na composição de equipes multiprofissionais, 
multidisciplinares e interdisciplinares possibilitou o crescimento da Terapia Ocupacional 
em outros cenários de prática, como a saúde coletiva, hospitalar, gerontologia, educação, 
dentre outros (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Ademais, destaca-se a contribuição da Terapeuta Ocupacional M. J. Benneton, 
a qual se dedica ao desenvolvimento da psicodinâmica em Terapia Ocupacional desde 
a década de 1970 pelo médico Luiz Cerqueira, um dos principais percussores da criação 
de serviços extra-hospitalares de saúde mental (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
24
O Termo “atividade humana”, adotado a partir dos anos 1990, passou a integrar 
a produção nacional em Terapia Ocupacional. Isso trouxe, de certa maneira, uma melhor 
identidade profissional para além da concepção do trabalho, ofertando um sentido mais 
amplo da manifestação humana (CARDINALLI; SILVA, 2021a).
As dificuldades em definir uma terminologia única para a Terapia Ocupacional 
perduram até hoje. De acordo com Cardinalli e Silva (2021a), há uma intensa 
diversificação teórico-conceitual e metodológica na produção de saberes e práticas de 
Terapia Ocupacional, marcada pelo aumento progressivo da produção acadêmica, como 
publicações de livros e de pesquisas.
No estudo desenvolvido por Cazeiro, Barcellos e Costa (2019), os autores referem 
que até a utilização de termos para designar as ações da Terapia Ocupacional são 
mutáveis e dependem do arcabouço teórico-prático que norteia a prática profissional.
Há concepções adversas em relação aos termos ocupação, ação e fazer. Para 
os profissionais de Terapia Ocupacional brasileiros, eles estão interligados. A ocupação, 
geralmente, está associada à atividade (CAZEIRO; BARCELLOS; COSTA, 2019). Para 
Pedral e Bastos (2008), ambas são coexistentes, pois não pode haver ocupação sem a 
atividade, e vice-versa, visto que a ocupação é a realização dos papeis desempenhados 
no cotidiano.
A Terapia Ocupacional, portanto, é plural, possui potencialidades e desdobra-
mentos históricos que permeiam a sua prática. Por isso, defini-la em algo singular e 
linear dificulta a compreensão do indivíduo como um todo (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Destaca-se que a elaboração do arcabouço teórico em Terapia Ocupacional 
no país foi influenciada pelas bases teóricas internacionais, especialmente dos países 
europeus, Estados Unidos e Canadá. Além disso, a dialética com outras áreas possibilitou 
a criação de saberes únicos que envolvem o cotidiano do profissional, sua expertise e os 
aspectos culturais (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Autores como Cardinalli e Silva (2021b) referem 14 categorias em relação à rede 
de conhecimentos de Terapia Ocupacional no Brasil. São elas:
[...] a) interesse pelo desconhecido; b) graduação incipiente e 
precária; c) formação continuada em Terapia Ocupacional; d) marcas 
da repressão e resistência do/ao Regime Militar; e) desenvolvimento 
e organização política da categoria; f) investimentos à pesquisa em 
Terapia Ocupacional; g) compreensões sobre especificidades da 
profissão; h) adoção e/ou enunciação de concepções, perspectivas, 
métodos ou campos; i) redes amplas, que instigam e oferecem 
suporte para investimento na produção de conhecimento; j) crítica e/
ou resistência aos padrões acadêmico-científicos; k) o encantamento 
por conhecer e, posteriormente, fazer e criar essa profissão; l) prazer 
em produzir conhecimento em/de/sobre Terapia Ocupacional; m) 
protagonismo feminino; n) construção de conhecimento diretamente 
relacionado ao fazer da Terapia Ocupacional.
25
Esses aspectos são essenciais no desenvolvimento da história coletiva e 
individual da profissão, principalmente no campo de conhecimento, refletindo a busca 
por sua identidade profissional, auxiliando na compreensão do conhecimento específico 
da Terapia Ocupacional (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
Destaca-se, também, a rede de suporte entre os terapeutas ocupacionais na 
troca de experiências e compartilhamento de saberes para o investimento em produções 
científicas na área. A expertise do outro em determinado assunto ou situação pode 
contribuir para um aprimoramento da prática ou vivência, suscitando novas maneiras 
de saber (CARDINALLI; SILVA, 2021b).
A experiência na prática é igualmente importante, pois, teoria e prática são 
construídas e modificadas em conjunto, por isso, quando se considera a produção do 
conhecimento, o arcabouço teórico e a experiência precisam dialogar, pois muito se 
questiona sobre os saberes adquiridos longe da academia (CARDINALLI; SILVA, 2021b). 
O diálogo com os marcos históricos, sociais e políticos favoreceu a produção 
acadêmica e profissional nacional, contribuindo, assim, para a construção da identidade 
e referencial teórico-prático, sendo categorizados quatro movimentos, considerando o 
período histórico (GALHEIGO et al., 2018).
De certa maneira, os conhecimentos e pensamentos acerca da Terapia 
Ocupacional, apesar de múltiplos e diversificados em várias áreas, permitem a troca de 
perspectivas entre si, o que colabora para o fortalecimento profissional (GALHEIGO et 
al., 2018).
Em síntese, o primeiro movimento iniciou-se na criação dos primeiros cursos 
de Terapia Ocupacional na Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro e no Instituto de 
Ortopedia do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo. Contudo a psiquiatra 
Nise da Silveira já realizava práticas de Terapia Ocupacional como método de tratamento 
não conservador aos pacientes psiquiátricos nos anos 1940 (CASTRO; LIMA, 2007). 
A utilização da arte e da cultura foram ferramentas primordiais nos processos 
terapêuticos na esquizofrenia. Nise buscou aprimorar-se de uma terapêutica mais 
humanística, indo contra as práticas psiquiátricas daquele tempo, as quais se baseavam 
em eletrochoques, lobotomias, terapia química e medicamentosa (CASTRO; LIMA, 2007).
26
Figura 5 – Atividades desenvolvidas pelos pacientes no Centro Psiquiátrico Pedro II.
Figura 6 – Imagens do Inconsciente
Fonte: Centro Cultural do Ministério da Saúde (2014, s.p.)
Fonte: Hirzman (1983)
Decidiu conhecer a subjetividade dos esquizofrênicos, para poder conhecer 
a fundo suas dores, pensamentos e, assim, pode melhorar sua qualidade de vida. 
Debruçou-se na terapêutica ocupacional e propôs o fortalecimento do método e 
fundamento científico da atuação, desenvolvendo uma prática clínica em Terapia 
Ocupacional (CASTRO; LIMA, 2007).
No período no qual esteve no Centro Psiquiátrico Pedro II e à frente do setor de 
terapêutica ocupacional, Nise da Silveira desenvolveu diversas pesquisas com o objetivo 
de registrar os resultados obtidos com o uso das atividades, comprovar a eficácia dessa 
maneira de terapêutica, investigar os efeitos adversos dos tratamentos psiquiátricos 
tradicionais, além de comprovar a capacidadee habilidades criativas e de aprendizado 
dos esquizofrênicos (CASTRO; LIMA, 2007).
Nesse período, dezessete núcleos de atividades foram desenvolvidos, 
dentre eles, a marcenaria, trabalhos manuais, costura, dança e teatro. Tais atividades 
possibilitavam o fortalecimento do ego dos pacientes, estabelecendo a ampliação do 
relacionamento com o meio social através da expressividade (CASTRO; LIMA, 2007).
27
Além disso, a terapêutica ocupacional objetivava a mudança do ambiente 
hospitalar, e na própria psiquiatria, onde as atividades eram desenvolvidas com objetivo 
puramente clínico, e não para gerar benefícios à instituição.
A psique era um dos principais objetos de estudo da psiquiatra, entender 
como os pacientes se expressavam a partir da pintura, por exemplo. Para isso, a teoria 
junguiana e seu método de investigação, que considerava a psique como um sistema 
dinâmico-regulador, era muito semelhante aos pensamentos de Nise, servindo, assim, 
como principal base para sua atuação (CASTRO; LIMA, 2007).
Jung reconhecia os aspectos de natureza pessoal presentes no 
inconsciente, mas acreditava que o inconsciente trazia consigo 
um estrato mais profundo da psique, comum a toda a humanidade. 
Distinguia, portanto, duas esferas na psique inconsciente: um 
inconsciente pessoal relacionado à história pessoal de cada indivíduo, 
e um inconsciente coletivo, que compõe um elo e um vínculo ente o 
indivíduo e a humanidade (CASTRO; LIMA, 2007, p. 25).
O trabalho desenvolvido pela psiquiatra Nise possibilitou uma nova maneira 
de compreensão da saúde mental, com novas possibilidades de tratamento, e do 
entendimento da linguagem não verbal dos pacientes acompanhados (CENTRO 
CULTURAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014). 
Portanto, os fundamentos da Terapia Ocupacional não são algo acabado, 
tangível e delimitado. Deve-se compreender que a produção do conhecimento perpassa 
pela história, pelas clientelas que se compõem o tempo e espaço, as diferentes 
culturas, aos aspectos sociais, políticos e econômicos que determinarão as práticas, 
as transdisciplinaridades e as infinitas construções e (re)construções acerca dos 
fundamentos em Terapia Ocupacional (DRUMMOND, 2014).
O cuidado com o outro deve ser um dos pilares da Terapia Ocupacional, 
pois, objetiva a melhora do bem-estar do indivíduo, sendo permeada por ocupações 
significativas. O cuidado em saúde pode ser desempenhado pelo profissional de maneira 
voluntária ou paga (SOARES, 2022). 
No caso do terapeuta ocupacional, o cuidado está inserido em uma visão 
biomédica, na qual se configura como um conjunto de técnicas e procedimentos que 
visam ao tratamento de uma doença e a reabilitação (SOARES, 2022).
28
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• Os principais fundamentos da Terapia Ocupacional nos contextos nacional e 
internacional, enfatizando os marcos da época de regulamentação da profissão.
• Os desafios encontrados na implementação e definição do seu objeto de estudo e na 
transformação da atuação da profissão, em atividade com comprovação científica e 
embasamento teórico-metodológico da profissão enquanto ciência.
• Os movimentos de terapeutas ocupacionais brasileiros, na reformulação das 
atuações nos diferentes cenários de prática, com inserção em campos e contextos 
de vulnerabilidade e injustiça social, para a garantia de direitos constitucionais 
básicos.
29
AUTOATIVIDADE
1 No ano de 2022, a Terapia Ocupacional completou 53 anos de regulamentação no 
Brasil, a construção e consolidação da profissão foi influenciada por marcos históricos, 
sendo um reflexo da sociedade e do momento político e econômico do país. Sendo 
assim, destaque em linhas breves o período e contexto no qual a Terapia Ocupacional 
surgiu no Brasil.
2 Na fundamentação da Terapia Ocupacional enquanto ciência, ela buscou, em outras 
fontes, conhecimentos para embasar a profissão, o que direcionou sua prática. Cite 
as principais bases de conhecimentos que fundamentaram a profissão no seu início.
3 A história da Terapia Ocupacional se relaciona diretamente com o período da 
história, sendo influenciada diretamente pelos acontecimentos técnico-científicos 
que ocorreram ao longo do tempo, a nível nacional e internacional. Por isso, o saber 
da profissão necessitou de adequações para acompanhar a evolução dos saberes 
médicos. Por isso, a fundamentação teórica e prática foi essencial no fortalecimento 
da profissão enquanto ciência. Diante disso, e sobre a fundamentação da Terapia 
Ocupacional, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Nos anos 1960, a prática da Terapia Ocupacional, no Brasil, era pautada no modelo 
negacionista.
( ) O modelo da Ciência da Ocupação contribuiu para a elaboração da Estrutura e 
Prática: Domínio e Processo e o Terminologia Uniforme em Terapia Ocupacional.
( ) A partir dos anos 1980, a formação e incorporação de docentes brasileiros em 
Terapia Ocupacional suscitou novos questionamentos acerca dos modelos vigentes 
em Terapia Ocupacional, sob a influência norte-americana, a qual condizia com a 
realidade brasileira em todos os aspectos.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) F -V - F.
b) ( ) F - F - V.
c) ( ) V - F - V.
d) ( ) V - V - V.
4 Segundo Berenice Rosa, em sua obra Terapia Ocupacional, de 1988, alguns critérios 
devem ser considerados quando se tratar da atividade como exercícios, os quais 
devem possuir alguns critérios-chave para sua execução. Sendo assim, assinale 
a alternativa CORRETA que apresenta os procedimentos, em ordem cronológica, a 
serem utilizados na escolha de uma atividade:
30
a) ( ) Análise da atividade; adaptação; seleção; e graduação.
b) ( ) Objetivos, análise da atividade; graduação; e resultados.
c) ( ) Objetivos; análise da atividade;, adaptação; e regulação.
d) ( ) Escolha; adaptação; graduação; e resultados.
5 Segundo os estudos realizados até aqui, alguns teóricos foram fundamentais na 
criação e fortalecimento da Terapia Ocupacional ao redor do mundo. Contudo sempre 
é valido destacar a participação dos pioneiros da profissão. Por conseguinte, assinale 
a alternativa CORRETA que se refere à principal autora da fundamentação da profissão 
de Terapia Ocupacional nos Estados Unidos, no início do século XX:
a) ( ) Mary Sheily.
b) ( ) Eleanor Clarke.
c) ( ) Emanuela Sligle.
d) ( ) Mary Reilly.
31
TÓPICO 3 - 
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS 
PARA A TERAPIA OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Considera-se que a Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde, a qual 
possui a atividade humana como objeto de estudo, incluindo a promoção, prevenção e 
reabilitação em diferentes contextos e ambientes, por isso, as diretrizes curriculares 
devem ser utilizadas para que os cursos formadores possam, de fato, contribuir para 
habilitar profissionais capacitados para atender às necessidades da população.
No Tema de Aprendizagem 3, abordaremos as diretrizes curriculares nacionais 
para a formação em Terapia Ocupacional no Brasil, destacando os principais pontos que 
os cursos de formação devem possuir para oferecer uma qualificação profissional que 
atenda às demandas da população.
Além disso, destacaremos as principais metodologias utilizadas nos cursos de 
graduação de Terapia Ocupacional no Brasil, enfatizando os desafios da implantação das 
metodologias de ensino, as vantagens e desvantagens acerca da incorporação dessas 
metodologias, com destaque para o método de Aprendizagem Baseada em Problemas.
UNIDADE 1
2 PROMULGAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES 
NACIONAIS 
 O primeiro documento a ser utilizado na regulamentação da Terapia 
Ocupacional enquanto profissão foi o Decreto Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969, 
o qual definia as particularidades da profissão em seu âmbito, primordialmente, de 
reabilitação (SOARES, 2014).
Contudo a profissão já vinha se consolidando no território brasileiro, sendo 
destacada pelos primeiros cursos, como o do Instituto de Reabilitação, que mais tarde 
seria transferido para a Universidadede São Paulo. Por meados de 1975, criou-se o 
Conselho Profissional da categoria em conjunto com a Fisioterapia, o qual, em conjunto 
com as associações mundiais, buscou criar o currículo mínimo para os cursos de 
graduação. Em 1982, o Ministério da Educação e Cultura resolve aprovar a carga horária 
de 3.240 horas a serem realizadas em 4 anos (FACULDADE DE MEDICINA DA USP, 2020).
No Brasil, a reforma nacional dos currículos dos cursos de graduação iniciou 
no ano de 1996, e objetivou o desenvolvimento da articulação entre a teoria/formação 
32
acadêmica e a prática profissional, considerando as exigências do mercado de trabalho 
e a flexibilização curricular (BREGALDA; MÂNGIA, 2020). 
Na formação dos cursos de graduação, as competências são os principais 
norteadores, envolvendo os conhecimentos teóricos e práticos, habilidades e ações para a 
realização da prática profissional específica a cada profissão (BREGALDA; MÂNGIA, 2020).
No ano de 2001, existiam 29 escolas de Terapia Ocupacional no Brasil, sendo 
sete nas regiões Norte e Nordeste, duas na região Centro-Oeste, dezesseis na região 
Sudeste e quatro na região Sul. Nota-se a maior concentração de cursos nas regiões 
mais desenvolvidas do país - Sudeste e Sul (DE CARLO; BARTALOTTI, 2008).
Atualmente, no Brasil, existem 38 cursos de graduação em funcionamento, sendo 
21 em instituições públicas e 17 em instituições privadas. Existem, também, três cursos 
de pós-graduação em Terapia Ocupacional, sendo dois strictu sensu e um profissional na 
Universidade de Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo (BRASIL, 2020).
A resolução nº 650, de 4 de dezembro de 2020, dispõe sobre as recomendações do 
Conselho Nacional de Saúde quanto às diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação 
de Terapia Ocupacional. A reformulação das diretrizes surgiu durante o XVI Encontro Nacional 
de Docentes de Terapia Ocupacional, realizado em Vitória-ES (BRASIL, 2020).
O documento seguiu os seguintes princípios: Perfil do Egresso, Princípios 
Orientadores da Formação, Conhecimentos Essenciais, Estratégias de Formação e 
Projetos Pedagógicos do Curso (BRASIL, 2020).
Os artigos 3º e 4º dessa resolução referem que o curso deverá ter, no mínimo, 3600 
horas, integralizadas em 4 anos. O egresso deverá ter sua formação voltada a uma atuação 
generalista, humanista, crítica-reflexiva, sendo capaz de atuar com grupos e indivíduos em 
suas ocupações, cotidianos e atividades, atuando nas áreas da saúde, educação, seguridade 
social, esporte, trabalho, lazer, cultura e meio ambiente (BRASIL, 2020).
O art. 5º condiz com o perfil do egresso de Terapia Ocupacional, após a formação. 
Reneto (2020, s.p.) descreve 50 subitens, destacados a seguir:
1. Compreender a problemática específica das pessoas, grupos, 
coletivos e populações com as quais trabalhará, contextualizada 
em seus processos/implicações pessoais, sociais, culturais e 
políticos/as que influenciam o engajamento em suas atividades/
ocupações/cotidianos.
2. Conhecer e manter-se atualizado acerca dos indicadores e 
conjunturas sociais, econômicos, culturais, ambientais e políticos 
global, nacional, regionais e locais, fundamentais à cidadania e à 
prática profissional.
3. Conhecer e analisar as realidades nacional, regionais e locais da 
sociedade brasileira em relação ao modo de produção e trabalho 
das diferentes pessoas, grupos, coletivos e populações que a 
compõem.
33
4. Conhecer as políticas públicas de seguridade social (saúde, 
assistência social e previdência social), e outras políticas e 
programas sociais referentes à educação, habitação, cultura, 
mobilidade e direitos humanos na atenção a pessoas, grupos, 
coletivos e populações de todas as faixas etárias e diferentes 
classes, raças/etnias e gêneros.
5. Reconhecer a saúde, a proteção e inclusão social, a cultura, a 
educação e o trabalho como direitos e atuar de forma a garantir 
a intersetorialidade e a integralidade da assistência, entendida 
como conjunto articulado e contínuo das ações individuais e 
coletivas realizadas em serviços e equipamentos sociais em 
todos os níveis de complexidade.
6. Conhecer as políticas públicas para compreender sua 
constituição, a dimensão das responsabilidades das instâncias 
federativas (federal, estadual e municipal) e a inserção e 
atribuições do terapeuta ocupacional.
7. Reconhecer as modificações nas relações societárias, de 
trabalho e comunicação em âmbito mundial, nacional e regional, 
assim como entender os desafios de tais mudanças para a vida 
cotidiana, possibilitando ações e intervenções que garantam o 
exercício de direitos e a participação na vida social.
8. Conhecer a realidade loco-regional considerando os indicadores 
sociais que influenciam na inserção, na participação social e no 
exercício da cidadania dos sujeitos, com vistas à formulação de 
estratégias de intervenção em Terapia Ocupacional.
9. Conhecer as dinâmicas culturais e determinantes sociais 
relacionados aos processos de exclusão, segregação, asilamento, 
institucionalização, discriminação e estigmatização de diferentes 
grupos e territórios e seu impacto nas atividades/ocupações/
cotidianos, para defender e promover a inclusão e participação 
social como direito.
10. Conhecer os fundamentos históricos da Terapia Ocupacional em 
nível mundial, nacional e regional.
11. Conhecer os fundamentos epistemológicos e teórico-metodoló-
gicos da Terapia Ocupacional e seus diferentes modelos/pers-
pectivas/abordagens de compreensão, avaliação e intervenção.
12. Compreender a relação das pessoas, grupos, coletivos e popu-
lações com as atividades/ocupações/cotidianos em diferentes 
contextos, considerando fatores biológicos, funcionais, relacio-
nais, afetivos, históricos, sociais, econômicos, tecnológicos, cul-
turais e políticos.
13. Identificar, experienciar, compreender, analisar, interpretar e ava-
liar a atividade/ocupação/cotidiano de pessoas, grupos, coletivos 
e populações, considerando a centralidade das atividades coti-
dianas: culturais, artísticas, artesanais, educacionais, de traba-
lho, de lazer, sociais, lúdicas, esportivas, básicas e instrumentais 
da vida diária, descanso e sono, para a construção complexa da 
identidade dos sujeitos e do processo terapêutico ocupacional, 
que visem a autonomia, a ampliação de direitos, a independên-
cia, a participação, inclusão e a emancipação social.
14. Conhecer os fundamentos de diferentes perspectivas teóricas 
sobre a atividade/ocupação/cotidiano, funcionalidade, ativida-
des de vida diária, autonomia, independência, acessibilidade, 
participação e emancipação social.
15. Conhecer os principais métodos de diagnóstico, formulação 
de objetivos, estratégias de planejamento, desenvolvimento e 
avaliação da intervenção que constituem o processo terapêutico-
ocupacional.
34
16. Realizar registros das intervenções em Terapia Ocupacional por 
meio de linguagem adequada ao contexto em que ocorrem, 
reconhecendo sua importância assistencial, educacional, 
científica, administrativa e jurídica.
17. Conhecer como os contextos e dinâmicas sociais interferem na 
realização de atividades/ocupações/cotidiano e na participação social 
das pessoas, grupos, coletivos e populações, bem como a dimensão 
coletiva dessa realização e do seu potencial de transformação 
social, considerando os movimentos sociais, as políticas ambientais 
e socioeconômicas, as questões de gênero, etnia, classe social, 
geracionais, nacionalidade, naturalidade, dentre outras.
18. Compreender as relações indivíduo-sociedade, os processos de vul-
nerabilidade, de exclusão-inclusão social e de saúde-doença-defici-
ência em suas múltiplas determinações, contemplando os aspectos 
biológicos, históricos, econômicos, psicossociais, culturais, espirituais 
e ambientais para o processo terapêutico-ocupacional, visando auto-
nomia, participação, inclusão e emancipação social.
19. Desenvolver atividades profissionais junto à diferentes grupos 
populacionais, que apresentem alterações nas dimensões mo-toras, sensoriais, percepto-cognitivas, mentais, psíquicas e/ou 
se encontrem em situação de vulnerabilidade social, e ainda a 
população em geral na promoção de atividades/ocupações/coti-
dianos que potencializem seu bem viver.
20. Conhecer as funções e estruturas do corpo humano, os proces-
sos de saúde-doença e suas repercussões para/nas atividades/
ocupações/cotidianos.
21. Conhecer e compreender a dimensão psíquica humana, conside-
rando as diferentes perspectivas e abordagens e sua interrelação 
com as atividades/ocupações/cotidianos.
22. Conhecer e compreender o desenvolvimento do ser humano em seus 
diferentes ciclos de vida, considerando as diferentes perspectivas e 
abordagens e sua interrelação com atividades/ocupações/cotidianos.
23. Compreender o corpo, a subjetividade e a condição humana 
em suas dimensões históricas, sociais, biológicas, espirituais, 
psicológicas e culturais.
24. Conhecer e compreender as expressões de diversos marcadores 
sociais da desigualdade e da diferença: classe social, étnico-racial, 
geracional, deficiência, gênero, sexo, religião, territorial, entre 
outros, e sua interrelação com atividades/ocupações/cotidianos.
25. Conhecer as bases conceituais das terapias neuro evolutivas, 
neurofisiológicas e biomecânicas, psicocorporais, cinesioterápi-
cas, entre outras, de modo a promover a qualificação da vida e a 
ampliação da funcionalidade.
26. Analisar e modificar ambientes (domicílio, trabalho, escola e ou-
tros cenários) para ampliação da autonomia nas atividades/ocu-
pações/cotidiano e da participação social.
27. Realizar orientações, treino e acompanhamento de Atividades de 
Vida Diária (AVDs) com pessoas que encontrem dificuldades para 
sua realização e/ou seus cuidadores e familiares.
28. Conhecer e utilizar diversas modalidades de intervenções tera-
pêutico- ocupacionais, tais como: atendimentos e/ou acompa-
nhamentos individuais, grupais, familiares, institucionais, coleti-
vos e comunitários, assim como assessorias e consultorias.
29. Conhecer a fundamentação da acessibilidade universal e sua im-
portância para a participação social, e aplicar conhecimentos de 
ergonomia, desenho universal e tecnologia assistiva, reconhe-
cendo-os como campo interdisciplinar e multiprofissional para o 
seu desenvolvimento.
35
30. Avaliar, indicar e confeccionar dispositivos, adaptações, órteses, 
próteses, software e inovações tecnológicas, além de treinar para 
seus usos, de modo a facilitar as atividades/ocupações/cotidianos 
de pessoas, grupos, coletivos e populações acompanhados pela 
Terapia Ocupacional.
31. Inserir-se profissionalmente nos diversos cenários de prática 
da Terapia Ocupacional, notadamente os pontos de atenção de 
serviços, redes e sistemas ligados a saúde, educação, assistência 
social, previdência social, esporte, lazer, justiça e cidadania, 
trabalho, cultura e meio ambiente.
32. Desenvolver o raciocínio terapêutico- ocupacional para realizar a 
análise da situação na qual se propõe a intervir, considerando as 
atividades/ocupações/cotidianos de pessoas, grupos, coletivos e 
populações para a escolha da abordagem profissional apropriada 
da intervenção e da avaliação dos resultados a serem alcançados.
33. Desenvolver o acompanhamento processual, contextualizado e 
singular de pessoas, grupos, coletivos e populações, bem como 
ativar e gerenciar redes sociais de suporte, em consonância com 
uma perspectiva crítica e problematizadora da realidade social.
34. Desenvolver ações junto a pessoas, grupos, coletivos e 
populações destinatárias da ação do terapeuta ocupacional com 
base no respeito e empatia, para a constituição de vínculos de 
confiança que permitam estabelecer e manter com elas relações 
de parceria e colaboração, com reconhecimento e suspensão de 
pré-julgamentos e não discriminação por conta de idade, cultura, 
incapacidade, gênero, sexualidade, status social e econômico, 
linguagem e etnia.
35. Estabelecer relações de confiança junto ao público destinatário 
da intervenção terapêutico-ocupacional e manter a privacidade 
e a confidencialidade das informações prestadas, de acordo 
com os requerimentos legais, dos locais de trabalho e com os 
compromissos acordados com pessoas, grupos e coletivos.
36. Desenvolver uma escuta ativa e culturalmente sensível durante 
todo o processo terapêutico-ocupacional, com integração 
dos desejos e necessidades das pessoas, grupos, coletivos e 
populações atendidas em todos os aspectos do planejamento e 
das intervenções.
37. Ter habilidades para lidar com conflitos, negociação, adaptação 
a novas situações, acrescidas de criatividade para procura das 
melhores soluções e tomada de decisões em colaboração com as 
equipes e pessoas, grupos, coletivos e populações destinatárias 
das ações e dos serviços.
38. Estabelecer e manter parcerias colaborativas com as equipes 
para a participação/engajamento das pessoas, grupos, coletivos 
e populações nas atividades/ocupações/cotidiano que lhes 
sejam significativos e em uma ampla variedade de contextos, a 
partir de objetivos comuns e orientados pelo público atendido.
39. Atuar profissionalmente em parcerias e arranjos multiprofissionais 
e interprofissionais, promovendo a integração entre os diferentes 
campos e práticas envolvidos de forma ética e colaborativa com 
entendimento, respeito e apoio aos papeis e responsabilidades 
de cada um dos membros que compõem as equipes de trabalho.
40. Conhecer as bases conceituais, as abordagens e os procedimentos 
e os procedimentos relacionados às práticas integrativas e comple-
mentares em saúde, entre outras pertinentes às ações profissionais.
41. Conhecer metodologias de pesquisa científica e técnicas para 
elaboração, divulgação e publicação de trabalhos acadêmicos e 
científicos.
36
42. Participar ativamente de atividades técnico-científicas 
(seminários, congressos, simpósios, jornadas acadêmicas 
e profissionais), grupos de pesquisa, grupos de extensão 
universitária, ligas acadêmicas e associações científicas.
43. Desenvolver atividades de assistência, ensino, pesquisa, inovação, 
planejamento, gestão e empreendedorismo de serviços e de 
políticas, de assessoria e consultoria de projetos, de empresas e 
organizações nas áreas de saúde, educação, assistência social, 
previdência social, cultura, lazer e esporte e trabalho.
44. Planejar e desenvolver serviços acessíveis em Terapia Ocupacional, 
bem como atuar e gerenciar diferentes equipamentos sociais e servi-
ços a partir do reconhecimento do direito do acesso a todas as pessoas.
45. Buscar informações e conhecimentos que qualifiquem a prática 
profissional e comprometer-se com a continuidade de sua edu-
cação e com a formação de futuros profissionais, em propostas 
coletivas de educação profissional e interprofissional.
46. Promover a troca e difusão de informações e saberes de forma 
ética, com garantia de confidencialidade das informações sigi-
losas, na interação com outros profissionais e com a sociedade, 
bem como comprometer-se com a garantia dos direitos huma-
nos e encaminhamentos pertinentes relacionados a violações de 
direitos e a violências.
47. Atuar como agente facilitador/mediador, transformador e integrador 
nos diferentes coletivos, grupos sociais e comunidades por meio de 
atitudes permeadas pela noção de identidade sociocultural.
48. Conhecer os princípios éticos, bioéticos e deontológicos 
que regem os terapeutas ocupacionais em relação à prática 
profissional e a suas atividades.
49. Compreender o papel dos órgãos representativos da categoria 
estudantil e profissional, e sua importância para o aprimoramento 
técnico, científico e político da profissão.
50. Tomar conhecimento das resoluções e normativas dos conselhos 
e associações da Terapia Ocupacional, assumindo uma postura 
crítica e proativa em relação às mesmas, no sentido de que 
elas atendam às necessidades da profissão e seu processo 
de expansão, como também de respostas às demandas da 
contemporaneidade.
A formação generalista condiz coma capacidade de executar determinada 
profissão em todas as suas esferas, desde as medidas preventivas e de promoção à 
saúde até os conhecimentos teórico-metodológicos para a atuação terapêutica, bem 
como conhecer as principais referências teórico-metodológicas para o terapeuta 
ocupacional (BREGALDA; MÂNGIA, 2020).
Tal ideia parte do pressuposto de que o profissional graduado, ao possuir uma 
formação mais ampla, poderá migrar para um patamar mais elevado de conhecimento, 
além da capacidade de atuar em diversas áreas, com os mais diversos públicos 
(BREGALDA; MÂNGIA, 2020).
O curso de graduação em Terapia Ocupacional, de um modo geral, deve formar 
profissionais capazes de compreender as complexidades dos problemas das pessoas, 
grupos, comunidades, contextualizando-os aos determinantes de saúde que irão 
influenciar o engajamento ocupacional nas atividades cotidianas (BRASIL, 2020).
37
Sendo assim, os cursos de formação em Terapia Ocupacional devem atender 
a certos conteúdos abordados no Art. 6º da resolução, os quais devem propiciar a 
inserção social dos indivíduos assistidos em suas ocupações. Diante disso, Reneto 
(2020) destaca os seguintes pontos:
1. Conhecimentos das Ciências Biológicas e Ciências da Saúde 
– incluem- se os conteúdos (teóricos e práticos) de bases 
moleculares e celulares dos processos biológicos normais e 
alterados, da estrutura e função dos tecidos, órgãos, sistemas 
e aparelhos. Abrange, também, ainda, os conteúdos referentes 
aos determinantes sociais da saúde; métodos e estratégias 
de prevenção, promoção, educação, tratamento, reabilitação 
e cuidados paliativos, em nível individual e coletivo; e as redes 
de atenção à saúde (nos diferentes níveis assistenciais). 
Incluem-se, ainda, a Saúde Coletiva, Saúde Mental, Saúde 
Física e Funcional, Saúde do Trabalhador, Saúde da Pessoa 
com Deficiência, Contextos Hospitalares, Cuidados Paliativos 
e Práticas Integrativas e Complementares, além de conteúdos 
relacionados à Educação Ambiental e à Biossegurança.
2. Conhecimentos das Ciências Sociais e Humanas – abrangem o 
estudo dos seres humanos e de suas relações sociais, culturais, 
econômicas e institucionais, nas suas múltiplas determinações, 
contemplando a integração dos aspectos psicossociais, culturais, 
artísticos, espirituais e/ou religiosos, comportamentais, filosóficos, 
institucionais, políticos, econômicos e éticos. Também deverão 
abordar conhecimentos relativos às políticas sociais, aos direitos 
humanos e sociais, à diversidade sexual, de gênero, étnico-racial, 
a situação de refugiados e vítimas de catástrofes, além das políti-
cas de proteção de direitos das pessoas com transtornos mentais 
e deficiências. Na área de conhecimentos da educação, deverão 
contemplar os conteúdos que contribuam para uma educação 
para todos de uma forma geral, inclusiva e acolhedora da diversi-
dade humana que correspondam às demandas contemporâneas 
que a escola e os processos de escolarização enfrentam.
3. Conhecimentos específicos da Terapia Ocupacional – incluem-
se os conteúdos referentes às atividades/ocupações/cotidiano 
do ser humano, aos fundamentos históricos, epistemológicos, 
éticos e deontológicos e metodológicos da profissão, às 
diferentes perspectivas, abordagens e possibilidades de prática, 
aos processos de avaliação, intervenção, planejamento que 
compõem os processos terapêutico-ocupacionais e à e gestão 
de serviços nas diferentes áreas de atuação: saúde, educação, 
assistência social, previdência social, justiça, cultura, esporte, 
lazer, trabalho e meio ambiente. Devem ser necessariamente 
abordados os conteúdos relacionados ao estudo e à análise 
da atividade/ocupação/cotidiano, à tecnologia assistiva, às 
tecnologias sociais da Terapia Ocupacional, à integração 
sensorial, à cinesiologia, à biomecânica, à funcionalidade, à 
estimulação cognitiva, à ergonomia e ergologia, à acessibilidade, 
à atenção psicossocial e aos estudos de grupos e instituições.
4. Conhecimentos sobre Pesquisa em Terapia Ocupacional – a for-
mação deve fomentar o desenvolvimento de pesquisadores em 
Terapia Ocupacional com capacidade problematizadora e inves-
tigativa, para desenvolver pesquisas contextualizadas em nossas 
realidades e com relevância social, e para o avanço da ciência. É 
preciso investir no desenvolvimento de metodologias de pesqui-
sa próprias da Terapia Ocupacional e em áreas afins, o fomento 
38
às redes colaborativas em pesquisa e à publicação e divulgação 
científica, com vistas à popularização e internacionalização da 
produção do conhecimento produzido no país e ao incentivo à 
produção de patentes e inovação. Para tanto, a formação deve 
considerar os seguintes conteúdos: epistemologia das ciências 
e metodologia de pesquisa; escrita acadêmica e científica; ques-
tões éticas de pesquisa; e formação na prática da Terapia Ocupa-
cional baseada em evidências científicas, que dialoguem com os 
saberes tradicionais e/ou populares.
Além disso, o terapeuta deverá reconhecer a importância das políticas públicas 
na garantia de direitos básicos como o de proteção e garantia de saúde, proteção e 
inclusão social, além de conhecer os fundamentos teóricos e metodológicos em Terapia 
Ocupacional, considerando as diferentes abordagens, modelos e perspectivas para a 
intervenção (BRASIL, 2020).
Outro ponto importante na formação se refere a conhecer as principais 
bases das terapias neuroevolutivas, neurofisiológicas e biomecânicas, psicomotoras, 
cinesioterápicas, dentre outras, para fundamentar a intervenção em Terapia Ocupacional. 
Ademais, deve analisar e propor as adequações inerentes para o pleno exercício da 
independência e autonomia para os grupos atendidos (BRASIL, 2020).
Quanto aos projetos pedagógicos do curso, devem contemplar as atividades 
de ensino, pesquisa, extensão e da assistência à população, fortalecidos pelas políticas 
de saúde pública, sociais e a garantia dos direitos humanos, além de incentivar o 
protagonismo dos estudantes (BRASIL, 2020).
De acordo com Bregalda e Mângia (2020, p. 30), as competências gerais das 
profissões da área da saúde são:
1. Atenção à saúde: desenvolvimento de ações individuais e 
coletivas em todos os níveis de atenção, de forma integrada e 
contínua com as instâncias e serviços de saúde; capacidade de 
pensamento crítico e de análise e proposição de soluções de/
para os problemas de saúde da população;
2. Tomada de decisões: uso apropriado do trabalho e dos 
equipamentos, procedimentos e práticas, com sistematização e 
decisão das condutas a partir de evidências científicas;
3. Comunicação: confidencialidade das informações relacionadas 
à equipe e aos usuários dos serviços; postura acessível; 
capacidade de se comunicar não verbal e verbalmente e através 
da escrita; capacidade de usar tecnologias de comunicação e 
informação;
4. Liderança: desenvolvimento da liderança no trabalho em 
equipe multiprofissional, com compromisso, responsabilidade, 
empatia, habilidade para tomar decisões e para comunicação e 
gerenciamento dos serviços;
5. Administração e gerenciamento: gerenciamento do trabalho, 
dos recursos físicos e materiais e da informação;
6. Educação permanente: capacidade de aprender continuamente; 
compromisso com a própria educação e com a de futuros 
profissionais, com estímulo à mobilidade acadêmico-profissional.
39
Tais competências são importantes para a prestar uma assistência eficaz à 
população, e devem estar inseridas em diferentes níveis de atenção à saúde, devendo 
conhecer a atuação inter, multi, transdisciplinar e transcultural e conduzir os processos 
terapêuticos de maneira interdisciplinar, colaborando para o fortalecimento da pesquisa 
científica (BREGALDA; MÂNGIA, 2020).
Os conhecimentos e específicos da Terapia Ocupacional abordam os objetivos 
pautados nos fundamentos teóricos-metodológicos e seus diferentes modelos, além da 
compreensão do fazer humano como parte essencial da ação e o reconhecimento das 
dimensões ocupacionais (BREGALDA; MÂNGIA, 2020).Outro ponto importante se refere à obrigatoriedade de estágio curricular sob a 
orientação, supervisão de docente e/ou preceptor terapeuta ocupacional, sendo que 
a carga horária deve ser de, no mínimo, 20% da carga horária total do curso (RENETO, 
2020).
As normativas das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação 
de Terapia Ocupacional demonstram o avanço e o alinhamento da profissão às outras 
da área da saúde, além do fortalecimento do Sistema Único de Saúde, possibilitando as 
reformas periódicas dos projetos pedagógicos com a implementação de metodologias 
ativas (BREGALDA; MÂNGIA, 2020).
De maneira geral, os currículos de graduação devem priorizar, segundo Reneto 
(2020, p. 34):
1. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. 
Recomenda-se que o Curso de Graduação em Terapia 
Ocupacional crie e execute projetos relacionados aos eixos 
estruturantes do curso, articulados ao fortalecimento das 
políticas sociais e à defesa dos direitos humanos.
2. A formação integral por meio da articulação ensino-serviço e da 
pesquisa, extensão universitária e assistência à pessoas, grupos, 
coletivos e populações, com fortalecimento da participação e 
protagonismo estudantil. Deve ser observado o dinamismo das 
mudanças sociais e científicas.
3. A inserção do estudante nos cenários de práticas do Sistema Único 
de Saúde, do Sistema Único de Assistência Social e das demais 
políticas públicas sociais desde o início da formação, integrando a 
educação e o trabalho nos diferentes campos e contextos.
4. A diversificação de cenários de práticas, possibilitando aos 
estudantes a vivência de ações advindas de políticas públicas, 
dos fluxos de atenção em rede e da organização do trabalho em 
equipe e em práticas colaborativas.
5. A promoção da articulação, por meio de parcerias e convênios, 
entre as redes de serviço e assistência e a IES, visando a 
qualificação dos trabalhadores e do trabalho, por meio de 
processos formativos.
6. A compreensão, preservação, fomento, valorização e difusão das 
culturas populares, regionais, e nacionais, em suas historicidades, 
e o intercâmbio com culturas de outros países em um contexto 
de pluralismo e diversidade cultural.
40
7. As dimensões ética, bioética e humanística, com conteúdo 
alinhados/articulados aos diferentes contextos, de forma a 
desenvolver atitudes e valores orientados para a cidadania e a 
garantia dos direitos.
8. A preservação do planeta por meio da educação ambiental e 
ecologia política, problematizando a atual estrutura política, 
econômica e social e as relações de poder, de forma a permitir 
uma ação técnica que respeite o humano, os seres sencientes, 
o ambiente e a sociedade, contribuindo para a incorporação de 
novos hábitos, tecnologias e práticas sociais.
9. A abordagem de temas transversais no currículo, que envolvam 
conhecimentos, vivências e reflexões sistematizadas acerca dos 
direitos humanos e dos seres sencientes, das experiências e das 
necessidades das pessoas com deficiência, em sofrimento psíquico 
e em situação de vulnerabilidade e/ou violência, bem como no 
que diz respeito à história da cultura e diversidade étnico-raciais, 
geracionais, de gênero, de identidade e de orientação sexual.
10. A ampliação dos processos de comunicação incluindo a 
comunicação aumentativa e alternativa, o ensino de Libras 
e de tecnologias de informação, em apoio aos processos 
terapêuticos-ocupacionais.
11. A identificação de oportunidades e de desafios na organização do 
trabalho nas redes de serviços de saúde, educação, assistência 
social, previdência social, esporte, lazer, justiça e cidadania, 
trabalho, cultura e meio ambiente, reconhecendo que todos 
são cenários de possível intervenção e nele se deve assumir e 
propiciar compromissos com a qualidade da atenção ofertada às 
pessoas, aos grupos, coletivos e às populações.
12. O conhecimento sobre as resoluções e normativas de seus 
conselhos e associações da categoria profissional.
 
Contudo as Diretrizes apresentam certa fragilidade, devido à falta das 
singularidades pertinentes à profissão de Terapia Ocupacional, com certa influência na 
afirmação da identidade profissional em comparação as outras profissões (BREGALDA; 
MÂNGIA, 2020).
Autores como Bregalda e Mângia (2020, p. 65) pontuam acerca das fragilidades 
da Diretrizes Curriculares Nacionais, como apresentando a seguir:
a) Apresentação desarticulada de diferentes temas e proposições 
na descrição das competências, com ausência de áreas de 
competência e/ou áreas temáticas centrais que pudessem 
agrupá-las e organizá-las;
b) Indefinição conceitual e indiferenciação entre os conceitos de 
competências e seus componentes – conhecimentos, habilidades 
e atitudes – que devem ser desenvolvidos pelo currículo e compor 
o perfil do egresso;
c) As competências específicas presentes nas DCNs não estabelecem 
parâmetros que possam identificar, credenciar ou avaliar o perfil 
dos terapeutas ocupacionais esperado para os egressos dos 
cursos de graduação.
O avanço das revisões dos currículos dos cursos de graduação de Terapia 
Ocupacional é de grande importância para a articulação da formação de novos 
profissionais com o período histórico no qual ele está inserido. Observamos que, de 
41
acordo com o período e demandas sociais, a história da Terapia Ocupacional possui 
relação direta, se adaptando e respondendo às problemáticas e desafios impostos a ela.
3 ESTRATÉGIAS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS 
DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA OS 
CURSOS DE TERAPIA OCUPACIONAL
A escolha dos conteúdos e a organização das ementas das disciplinas de 
Fundamentos em Terapia Ocupacional nos cursos de graduação brasileiros mostram o 
incansável movimento dos formadores em delimitar o campo de atuação profissional de 
acordo com os determinados fatos históricos (SOARES, 2014).
Muitos desafios são encontrados diariamente na formação de novos profissionais 
para o mercado de trabalho e para atender as demandas das populações assistidas, 
além de cumprir seu papel social na garantia de acesso à saúde, no caso dos terapeutas 
ocupacionais (BREGALIA; MÂNGIA, 2020).
O avanço da tecnologia permitiu a sua utilização na formação profissional, e 
novas medidas educacionais foram sendo incorporadas à medida que as estratégias e 
metodologias tradicionais tornaram-se desatualizadas. Isso promulgou a incorporação 
de novas metodologias de ensino, dentre elas, as metodologias ativas de aprendizagem 
(VASCONCELOS FILHO; COSTA, 2020).
Esse tipo de metodologia busca a incorporação de atividades acadêmicas 
voltadas às necessidades dos contextos, objetivando integrar o estudante à prática 
profissional precocemente, suscitando o raciocínio analítico e clínico dos casos e/ou 
situações problemas apresentadas (VASCONCELOS FILHO; COSTA, 2020).
O uso de tais metodologias estimula a autonomia, autogerenciamento e 
a corresponsabilidade do estudante em sua formação, pois, retira a ideia de que ele 
apenas receberá o conteúdo – formação hierarquizada – sendo o docente o detentor 
dos saberes, enquanto o discente é totalmente disperso do assunto (CELESTINO 
JÚNIRO et al., 2017).
Autores como Rocha (2014) ressaltam algumas metodologias ativas para o 
ensino de em sala de aulas universitárias de todo o país. São elas a Sala de Aula Invertida 
(Flipped Classroom) e a Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), destacando os 
pontos positivos e negativos.
A Sala de Aula Invertida utiliza intermédios virtuais na sua dinâmica, podendo 
ser realizada utilizando leitura prévia de textos, capítulos de livros (e-books) e artigos 
que serão abordados na aula, denominando as discussões de laboratório pedagógico 
(ROCHA, 2014).
42
Esse tipo de metodologia foi muito utilizado durante a pandemia de Covid-19 no 
ano de 2020, durante a qual as Instituições de Ensino Superior tiveram que se adequar 
para a o ensino remoto.
A diferença básica em relação à proposta da SAI e o modo tradicional 
de fazer a sala invertida dentro da sala de aulaé que, se utilizarmos 
os recursos tecnológicos na mediação desse método, oportunizamos 
ao aluno as possibilidades de buscar conteúdos em vídeos, em 
hipertextos, grupos em redes sociais, bibliotecas virtuais, nas 
entrevistas com especialistas sobre o conteúdo etc., além, é claro, 
de o aluno poder medir antecipadamente o seu nível de apropriação 
do conteúdo prévio com ajuda de recursos tecnológicos de medição, 
viabilizando, desse modo, a antecipação de resultados (MORAN, 2014 
apud ROCHA, 2014, s.p).
Além disso, o docente deverá ter o seguinte papel, destacado por Rocha (2014, s.p.):
O importante é compreender a proposta do método, em que o 
professor deve assumir os papeis de facilitador, orientador, moderador 
e observador e o aluno o de protagonista da sua aprendizagem e que 
a sala de aula deve ser o palco dos debates sobre o aprofundamento 
dos conteúdos sob a orientação do professor, o momento em que 
o professor se dedica à medição da avaliação da aprendizagem, 
ao esclarecimento de pontos conflitantes sobre a compreensão e 
apropriação do conteúdo antecipado.
Já o Problem-Based Learning (PBL) ou Apredizagem Baseada em Problemas, 
surgida no final dos anos 1960, é um método centrado no aluno, pois considera que o 
discente aprende sobre determinado tema por intermédio da resolução de problemas, 
tendo como um dos pilares o fazer refletir acerca do conhecimento, possuindo 
prioritariamente três etapas:
• Estágio de formulação/descrição do problema.
• Resolução do problema – momento da investigação.
• Discussão do problema – conclusão e debate acerca da investigação realizada na 
etapa anterior.
Quanto às vantagens em relação a esse método de aprendizagem, Rocha (2014, 
s.p.), destaca o seguinte:
• 82% dos professores disseram ficar motivados com a adoção 
do método em suas atividades de aprendizagem cooperativo-
colaborativas;
• O processo de busca de novos conhecimentos ligados ao 
problema estudado foi bastante rico, com depoimentos 
animadores de professores que não haviam experimentado 
ainda a possibilidade de buscar em outras fontes, de modo 
rápido e eficaz, fora da sala de aula, informações, experiências, 
vídeos, que pudessem enriquecer o debate sobre a discussão 
das soluções apresentadas pelos grupos de trabalho;
• Segundo alguns dos professores, o processo de formulação do 
problema foi essencial para compreender por que muitas vezes 
não sabemos dimensionar a problematização na sala de aula;
43
• Permitiu que o trabalho em grupo destacasse a importância de 
desenvolver a capacidade de análise e decisão, bem como as 
competências para a organização, liderança e distribuição de 
tarefas no trabalho em equipe.
Os pontos negativos referidos por alguns professores de estudo, segundo 
Rocha (2014, s.p.), são destacados, a seguir:
• Se as realidades em que estão envolvidos os alunos não forem 
levadas em conta, o PBL provavelmente não apresentará os 
resultados esperados.
• Segundo alguns professores que participaram das atividades 
utilizando o PBL, o método não se encaixaria em algumas áreas 
de conhecimento das ciências humanas. 
• A maioria dos professores universitários não conhece ou resiste 
à utilização do modelo em sala de aula. 
• O PBL se apresentou como uma metodologia ativa que não 
depende de tecnologias mediadoras para a sua aplicação, mas 
pode enfraquecer a implementação sem o apoio/mediação 
delas no processo de enriquecimento das etapas de Formulação 
do Problema (1ª) e Discussão das soluções propostas (3ª). 
Associada a essa dificuldade a falta de tempo dos professores e 
dos alunos ficou evidenciada na avaliação feita pelos professores 
em relação ao processo de busca. 
• O aluno como principal sujeito do modelo não está preparado 
para aprender como protagonista. 
• A falta de conhecimento prévio dos estilos de aprendizagem da 
turma influenciará negativamente no resultado esperado para 
aprendizagem baseada em problemas. 
• Exige muita disciplina, competência nas relações interpessoais, 
hábito de leitura e administração de tempo e espírito de coope-
ração perfis pouco encontrados na comunidade acadêmica.
A metodologia ativa conhecida como Aprendizagem Baseada em Problemas 
(PBL) é amplamente utilizada nos cursos de graduação da área da saúde na região 
Norte, principalmente no Estado do Pará. É preconizado que o aluno resolva casos, 
reais ou fictícios, sendo o docente apenas o mediador e facilitador para o aprendizado, 
orientado para a criação de estratégias de análise, formulação de hipóteses e resolução 
dos casos apresentados (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ, 2017; VASCONCELOS 
FILHO; COSTA, 2020).
No curso de bacharelado em Terapia Ocupacional da Universidade de São 
Paulo (USP), são desenvolvidas estratégias específicas com os objetivos de formar 
profissionais críticos, conscientes e qualificados para enfrentar as problemáticas 
advindas do seu papel social, estando capacitados a estarem em todos os níveis de 
atenção e complexidade. Além disso, a integração de outras áreas de conhecimento, 
como as sociais e humanas, colaboram para o fortalecimento do projeto pedagógico do 
curso (CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL DA FMUSP, 2020).
Vale ressaltar que a implementação de toda e qualquer metodologia de ensino, 
principalmente as mais inovadoras, necessita de estudo por parte, pincipalmente, dos 
professores que a utilizam (ROCHA, 2014).
44
Quanto à graduação, a incorporação das Diretrizes Curriculares Nacionais ao 
ensino superior pleiteou novas referências para a Terapia Ocupacional, não somente 
as questões curriculares, propriamente ditas, mas na inovação de metodologias mais 
dinâmicas e participativas de formação (FACULDADE DE MEDICINA DA USP, 2020).
Para a concretização de tais objetivos, são oportunizadas a inserção do estudante 
em atividade curriculares e extracurriculares como o Programa de Educação Tutorial 
(PET), durante a formação, além de ofertar uma infraestrutura adequada para o ensino-
aprendizado dos alunos, como o bloco didático (CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL DA 
FMUSP, 2020).
As metodologias ativas são um movimento generalizado nos cursos de graduação 
na área da saúde, nas últimas décadas. A necessidade de formar profissionais críticos-
reflexivos, aptos à resolutividade de problemas do cotidiano, conforme previsto nas 
Diretrizes Curriculares Nacionais, colocou em pauta os métodos de ensino tradicionais, 
com fundamentos na formação conteudista e tecnicista.
Tais metodologias promovem a aproximação do conhecimento teórico e prático 
da realidade, estimulando o discente a desenvolver sua autonomia e reflexão acerca da 
realidade.
Inovações teóricas e avanços na tecnologia instrucional motivaram críticas a 
modelos pedagógicos centrados no professor e na sua comunicação unilateral com o 
aluno. Aula expositiva, por vezes, magistral, é uma tradição no ensino superior que ainda 
se mantém, seja pela ideia de que é a forma mais eficaz de transmitir conhecimentos 
complexos, seja pela crença de que seria o método mais proveitoso para a memorização 
pelos alunos (ASSUNÇÃO, 2021). 
Contudo, como apresentado anteriormente, o aprendizado do aluno deve ser 
pautado em medidas que promovam a reflexão acerca de problemáticas apresentadas 
no cotidiano, onde os métodos devem sempre ser revisados e adequados para atender 
aos novos desafios da formação acadêmica (ASSUNÇÃO, 2021).
Portanto, os fundamentos em Terapia Ocupacional adotados em um curso de 
graduação estão intimamente ligados ao perfil do egresso que se pretende formar. 
A interligação dos campos de conhecimentos é uma tendência na formação desses 
profissionais de nível superior (DRUMMOND, 2014).
Tal perfil é composto pelo conjunto de traços característicos que identificará 
determinado grupo, para assim delimitar as atuações, da Terapia Ocupacional em 
relação a outras profissões, e legitimar o saber/conhecimento profissional. Ao se analisar 
a maioria dos currículos do curso de Terapia Ocupacional no Brasil, desde a implantação 
do currículo mínimoaté a promulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais, pode-
se observar um investimento em esclarecer o domínio e fundamentos da Terapia 
Ocupacional (DRUMMOND, 2014). 
45
Ademais, se faz necessária a reflexão acerca do significado do cotidiano no 
Brasil, utilizando, para isso, algumas ferramentas de análise centradas no estudo da 
ocupação, já bem desenvolvidas no exterior, para uma maior clareza da atuação do 
profissional de Terapia Ocupacional (DRUMMOND, 2014).
Por isso, a importância de os currículos dos cursos serem desenvolvidos para 
ampliar e aprimorar os conhecimentos acerca das singularidades da Terapia Ocupacional, 
apesar de se reconhecer o desafio envolvendo a análise do cotidiano como mecanismo 
para o desenvolvimento e aplicação das melhores avaliações, intervenções e alcance de 
resultados (DRUMMOND, 2014). 
Além disso, ensinar exige muito estudo e dedicação, principalmente a reflexão 
periódica da prática. Apesar da resistência de alguns docentes, a inovação e a 
incorporação de novas metodologias de ensino e aprendizagem auxiliam na formação 
de profissionais como novos moldes de formação, principalmente os da área da saúde 
(ROCHA, 2014).
Para saber mais sobre a proposta das novas Diretrizes Curriculares Nacionais 
para os Cursos em Terapia Ocupacional, acesse: http://conselho.saude.gov.
br/images/Resolucoes/2020/Reso650.pdf
NOTA
46
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• As características dos cursos de graduação em Terapia Ocupacional no Brasil, a 
partir das diretrizes e normativas reguladoras da profissão.
• Os três eixos que o ensino superior deve possuir para a formação de terapeutas 
ocupacionais: ensino, pesquisa e extensão.
• Os tipos de metodologias ativas mais utilizadas no país, com destaque para as 
vantagens e desvantagens que envolvem a incorporação do PBL.
• Os desafios para a implantação das diretrizes curriculares nacionais para os cursos 
de Terapia Ocupacional no Brasil.
47
AUTOATIVIDADE
1 As diretrizes curriculares nacionais para os cursos de formação de terapeutas 
ocupacionais são importantes na regulamentação e coesão da formação em 
diferentes regiões do Brasil. Sobre a formação de terapeutas ocupacionais, assinale a 
alternativa CORRETA:
a) ( ) O decreto nº 938, de 13 de outubro de 1979, instaurou as bases para a atuação 
dos profissionais de Terapia Ocupacional nos diferentes contextos sociais.
b) ( ) Atualmente, no Brasil, existem 35 cursos de Terapia Ocupacional, os quais são 
distribuídos em 22 em Instituições públicas de ensino superior e 13 em instituições 
privadas.
c) ( ) A resolução nº 650 de 04 de dezembro de 2020, propôs uma organização nos 
currículos de ensino superior para a formação de terapeutas ocupacionais no 
Brasil.
d) ( ) O decreto nº 428 de 13 de outubro de 1979, instaurou as bases para a atuação dos 
profissionais de Terapia Ocupacional nos diferentes contextos, estabelecendo os 
critérios para a formação.
2 A formação do terapeuta ocupacional deve possuir características inerentes ao lidar 
com o outro, deve fornecer mecanismos e ensino condizente com as demandas 
da população. Sobre o assunto, discorra, em linhas gerais, sobre as características 
que os cursos de formação em Terapia Ocupacional necessitam para a formação de 
profissionais competentes para o mercado de trabalho.
3 Ao longo do tempo, houve a necessidade da criação e promulgação de documentos 
oficiais para a regulamentação da profissão no Brasil. Tais documentos são de 
suma importância para a formação do profissional, direcionando-o ao fazer ético. 
Considerando o exposto e refletindo sobre a resolução nº 650, de 4 de dezembro de 
2020, e seu contexto de surgimento, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Em seu Art. 4, reza que o curso deve ser ofertado com a carga horária mínima 
superior a 5600 horas, os quais devem ser contemplados durante cinco anos de 
graduação. 
b) ( ) O documento afirma que o terapeuta ocupacional somente deverá atuar com 
populações em situações de vulnerabilidade social, assegurando os direitos e 
políticas públicas eficazes.
c) ( ) No documento, aborda-se o perfil do egresso, os princípios orientadores para a 
formação, os conhecimentos essenciais e as estratégias para a formação. 
d) ( ) A reformulação das diretrizes surgiu do XVI encontro nacional de docentes de 
Terapia Ocupacional na cidade de Vitória-ES.
48
4 De acordo com Bregalda e Mângia, as análises das diretrizes curriculares nacionais 
são importantes para a formação do profissional de Terapia Ocupacional de acordo 
com as necessidades da sociedade. Por isso, a reforma dos currículos de graduação 
acontece periodicamente no Brasil. Sendo assim, assinale a alternativa CORRETA que 
apresenta o ano de início das reformas dos currículos de graduação para os cursos 
de Terapia Ocupacional no Brasil:
a) ( ) 1998.
b) ( ) 1996.
c) ( ) 1986.
d) ( ) 1990.
5 De acordo com os estudos realizado até aqui, existem competências inatas ao tera-
peuta ocupacional, assim como pontos relevantes na atuação terapêutica ocupacio-
nal com o público assistido. Sendo assim, discorra, em linhas gerais, sobre os pontos 
principais para a atuação em Terapia Ocupacional, destacando as especificidades da 
profissão na comparação com as outras profissões da área da saúde.
49
REFERÊNCIAS
ABRATO. Sobre a Abrato. 2021. Disponível em: https://abratonacional.com.br/sobre. 
Acesso em: 5 fev. 2023.
AMERICAN OCCUPATIONAL THERAPY ASSOCIATION. Occupational therapy practice 
framework: Domain and process. American Journal of Occupational Therapy. n. 74 
(suppl. 2), 2020. Disponível em: http://bit.ly/3TBhJhF. Acesso em: 20 dez. 2022.
ASSUNÇÃO, A. A. Metodologias ativas de aprendizagem: práticas no ensino da Saúde 
Coletiva para alunos de Medicina. Rev. bras. educ. med. v. 45, n. 3, p.1-8, 2021. Dispo-
nível em: https://bit.ly/3ZZp8K7. Acesso em: 6 fev. 2023.
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução n. 650, de 4 de dezembro de 
2020 – Dispõe sobre as recomendações do Conselho Nacional de Saúde à proposta 
de Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação Bacharelado em Terapia 
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53
FUNDAMENTOS ÉTICOS 
E MORAIS DA TERAPIA 
OCUPACIONAL
UNIDADE 2 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• aprender os princípios éticos e morais da Terapia Ocupacional;
• conhecer a deontologia da Terapia Ocupacional;
• conhecer o sistema de conselhos profissionais;
• aprender acerca dos aspectos bioéticos no cuidado e na pesquisa envolvendo seres 
humanos.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de 
reforçar o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – SISTEMA DE CONSELHOS PROFISSIONAIS 
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – BIOÉTICA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
54
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 2!
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55
TÓPICO 1 — 
PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Discente, no Tema de Aprendizagem 1, abordaremos os princípios e concei-
tos da ética profissional em Terapia Ocupacional, ressaltando os principais aspectos a 
serem considerados nos cuidados terapêuticos ocupacionais aos pacientes/clientes. 
Por conseguinte, destacaremos o código de ética e deontologia do terapeuta ocupa-
cional na assistência ao paciente.
Abordaremos a organização do Sistema Único de Saúde e o modelo assistencial 
da vigilância em saúde, refletindo os aspectos éticos e bioéticos acerca do processo de 
saúde/doença.
2 PRINCÍPIOS E CONCEITOS SOBRE ÉTICA
Na vida do dia a dia, debatemo-nos frequentemente com problemas que 
carecem que formulemos juízo ou, se preferirem, julgamento moral e para os quais 
pode não existir uma norma concreta. Felizmente, diria. Até porque a realidade não se 
amansa nem se aquieta sob as regras (NUNES, 2008).
Desde o princípio, de acordo com Abreu et al. (2018), filósofos e outros estudiosos 
conceituaram diversos modelos acerca da ética, buscando caminhos nos quais os seres 
humanos procuravam o bem. Assim, os vários conceitos éticos foram agrupados em 
três grandes classificações: 
• Éticas eudemônicas ou da virtude: referem-se ao modelo de ética aristotélico, 
buscam a plena humanidade do ser humano, ou seja, buscam o aperfeiçoamento 
humano. A partir do século XX, incorporou-se o personalismo, onde o ser não pode 
ser compreendido de maneira reducionista, como apenas parte de um coletivo. 
Esse tipo de ética não é normativo, ou seja, não são adotadas de um conjunto moral, 
porém respeitam e aceitam as regras, reconhecendo a sua importância.
• Éticas utilitaristas: condizem com a tomada de ação para garantir a felicidade da 
maioria das pessoas. Este tipo de ética é muito comum na tomada de decisões 
políticas, por exemplo.
• Éticas deontológicas ou do dever: esse modelo de ética a plenitude do ser humano 
não é mais o aspecto principal a ser considerado, mas, sim, o dever. O objetivo princi-
pal é descobrir quais são as normas e quais devem ser seguidas para que as condutas 
sejam consideradas justas. Estabelecendo um código de condutado indivíduo. Nessa 
categoria, são encontrados os códigos deontológicos e éticos profissionais.
56
Segundo Strong (2007, p. 27), "Quando nascemos, não somos sujeitos de nossa 
vida. Somos detentores de direitos éticos de existência, mas ainda não somos éticos, 
somos 'objetos de cuidado' de nossos pais". 
Para o teórico, aos poucos, vamos desenvolvendo nosso senso crítico e reflexivo 
acerca do nosso meio, onde aprendemos a viver com independência e autonomia e, nesse 
período, somos permeados por influências externas, aprendemos um idioma, cultura, 
crenças, comportamento e passamos a constituir um grupo social (STRONG, 2007).
A palavra moral provém do latim mos ou mores, que significa “costumes” e 
“conduta de vida”, equivalente à palavra ética. O termo ética é de origem do grego 
ethos, e também significa “costumes”, “conduta de vida” e “caráter”. Porém, apesar de 
possuírem identificações em suas origens, atualmente elas possuem significados e 
compreensões distintas (WEBER, 2013; BENÍCIO, 2014).
Para Weber (2013), o ser humano precisa compreender que toda ação 
desencadeará uma possibilidade, onde diversas alternativas podem se apresentar, 
cabendo ao indivíduo o julgamento de suas escolhas. Para isso ele precisa distinguir 
entre o bem e o mal, pois, a partir disso, podemos adquirir ricos conhecimentos e 
experiências de vida.
Com essa premissa, podemos falar um pouco mais sobre os princípios e 
conceitos de moral. O conceito de moral advém do conjunto de princípios, valores e 
normas que regulamentam a conduta humana em suas relações pessoais, referindo-
se principalmente ao coletivo. Enquanto a ética denota uma ação mais individualizada 
(BENÍCIO, 2014, p.20).
A moral é um ato pertencente a todos, pois todos praticam ações que podem ser 
analisadas eticamente. A moral, portanto, se consolida a partir do entendimento social so-
bre valor. Essa ação acontece de maneira espontânea, representando um valor para o in-
divíduo e sua comunidade, por isso a moral auxilia na relação interpessoal (WEBER, 2013).
Apesar de pertencerem à mesma raiz etimológica, ética e a moral derivam de 
significados distintos, como exposto por Garapeto e Fonseca (2019, s.p.):
A ética tem um significado mais amplo do que a moral. Moral é um con-
junto de regras, valores e proibições vindos do exterior ao homem, ou 
seja, impostos pela política, a religião, a filosofia, a ideologia, os costumes 
sociais, que impõem ao homem que faça o bem, o justo nas suas esfe-
ras de atividade. Enquanto a ética implica sempre uma reflexão teórica 
sobre qualquer moral, uma revisão racional e crítica sobre a validade da 
conduta humana (a ética faz com que os valores provenham da própria 
deliberação do homem), a moral é a aceitação de regras dadas. 
Segundo Benício (2014), os atos éticos são de exclusividade humana. Pois o 
homem, um ser racional, possui a capacidade ou a possibilidade de modificar a sua 
conduta nas suas ações, aliando ao sentido de sua vida pessoal. Assim, podemos dizer 
57
ainda que a ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e 
culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e 
princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Além do mais, ela serve para que haja 
um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. 
Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada 
com o sentimento de justiça social (GOMES, 2014).
A moral, segundo Weber (2013), é praticada pelo indivíduo através da convicção, 
visto que estas não são codificadas ou registradas oficialmente, ninguém pode obrigar 
o cumprimento da norma de forma integral. Por isso, os atos morais parte muito mais 
do indivíduo a coletividade.
Já a ética, nesse sentido, reflete a natureza humana, onde segundo Boff apud 
Weber (2013), a ética é parte intrínseca da filosofia, possuindo uma abrangência maior 
do que moral, como ressaltado anteriormente. A ética é, portanto, o produto da reflexão 
humana acerca de suas ações diante da coletividade e do bem comum. Ela e a moral 
podem ser complementares, mas nunca podem ser consideradas iguais.
Quando se aborda a questão ética na saúde, necessita-se abordar diversas 
dimensões, políticas e econômicas, acerca da garantia ao direito pleno à saúde 
(GARRAFA; OSELKA; DINIZ, 1997). As concepções ético-morais se baseiam nas 
experiências domésticas, sociais e religiosas, em que os julgamentos e ações são 
pautados em preceitos, os quais a sociedade impõe (BENÍCIO, 2014).
Nesse contexto, valor é outro termo que deve ser considerado quando se 
aborda a ética. Os valores referem-se aos fundamentos que servem de guia para que 
o indivíduo possa “pesar” os efeitos de sua decisão sobre os outros. Auxilia em uma 
melhor tomada de decisão, considerando o contexto no qual o sujeito está inserido 
(GARAPETO; FONSECA, 2019).
Apesar dos avanços, os aspectos éticos trazem algumas decisões que geram 
controvérsias e discussões, como a utilização de células troncos derivadas de embriões 
humanos, a utilização de corações de bebês recém-nascidos sem perspectivas de so-
brevivência, sendo transplantados para outras e demais questões éticas (VEATCH, 2014).
Na Terapia Ocupacional, assim como toda profissão da área da saúde necessita 
de pontos e diretrizes para a sua atuação, assim, os aspectos éticos também são de 
suma importância para o desempenho do cuidado ao outro, pois estipula a atuação de 
acordo com preceitos morais e éticos universais (BENÍCIO, 2014).
Na saúde pública, os profissionais devem refletir acerca dos determinantes e 
condicionantes da saúde, como renda, qualidade dos meios de transporte, segurança 
pública, tempo para o lazer, atividade profissionais, acesso à informação, alimentação, 
saúde etc. Ou seja, a saúde pública nada mais é do que a seguridade social para que as 
pessoas possam ser saudáveis (ABREU, 2018).
58
No caso dos serviços de saúde, em especial, nos hospitais ocorrem momentos 
únicos da vida humana, como o nascimento, morte e momentos críticos nos quais 
podem desencadear conflitos éticos. Essas são questões desafiadoras que podem 
necessitar de uma atenção especial dos gestores do sistema de saúde (ABREU, 2018).
Como exemplo, podemos citar os seguintes casos: notificação de acidentes de 
trabalho, comunicação de um diagnóstico ou de um prognóstico difícil, decisão sobre 
utilizar ou não tecnologia de sustentação da vida para pessoa em estágio final de doença 
grave, dentre outros (ABREU, 2018).
Nesse aspecto, o cotidiano na saúde é permeado de situações conflituantes e, 
por isso, a ética é primordial na tomada de decisão e na resolução dos conflitos inerentes 
aos cuidados em saúde.
Para Abreu (2018), vale apenas refletirmos sobre dois aspectos, são eles: os 
conflitos entre liberdade individual e bem comum, a alocação de recursos escassos e 
justiça distributiva e os cuidados no fim da vida humana. O tabagismo, por exemplo, 
anteriormente era estimulado através da publicidade. Hoje, o tabaco é uma droga lícita, 
que qualquer indivíduo maior de 18 anos pode adquirir, contudo, a partir de 2001, ele 
passou a ser considerado um problema de saúde pública, acarretando sobrecarga no 
sistema de saúde devido às consequências no organismo. Este, de fato, seria o conflito 
entre liberdade e bem comum.
Em geral, os gastos e investimentos na área da saúde são justificáveis, contudo 
eles ainda são incipientes diante da demanda da população, principalmente em regiões 
com escassos recursos econômicos para o investimento na área. Por isso, deve haver 
investimentos constantes para a garantia do direito à saúde e da seguridade social 
(ABREU, 2018).
Para tentar sanar essa questão de conflito, são adotas medidas como a utilidade 
social, para nortear o repasse e investimento do recurso em um determinado programa 
ou serviço, a fim de garantir o bem-estar para a maioria da população (ABREU, 2018).
Vale reforçar que o serviço de saúde brasileiro propõecomo um dos princípios de 
equidade, embora muitas vezes as decisões sobre a alocação de recursos se mesclem 
ao princípio utilitarista (ABREU, 2018).
Por isso, o repasse de recursos deve ser pautado com muito cuidado pelos 
gestores, além dos incentivos serem administrados com zelo e ética, resguardando os 
princípios universais da vida humana.
59
O conceito de utilitarismo será abordado no Tema de Aprendizagem 3 
sobre bioética.
Eutanásia: abreviação da vida a partir de algum procedimento ou omissão 
intencional, a qual ocasione a morte do paciente.
Distanásia: procedimentos desnecessários e invasivos a fim de prolongar 
o processo de morte.
Ortotanásia: cuidados que não prologam nem abreviam a vida.
ESTUDOS FUTUROS
GIO
Quanto aos cuidados, as pessoas em fase final de vida constituem outro aspecto 
que pode trazer conflito. Prover os cuidados a pessoas que estão morrendo é um 
imperativo ético, que, apesar ser bastante óbvio, esteve negligenciado por muito tempo.
Sobre o assunto, Abreu (2018, p. 20) refere o seguinte: 
Diante da triste realidade de inúmeros doentes morrendo em 
situações precárias, com muita dor e outros sintomas desagradáveis, 
às vezes abandonados à solidão ou submetidos a procedimentos 
invasivos e que prolongavam o processo de morte, na década 
de 1960, iniciou-se um movimento para desenvolver estratégias, 
tecnologias e, principalmente, uma filosofia de cuidados às pessoas 
com doenças graves. Assim, surgiram os cuidados paliativos.
Nos cuidados paliativos, não se pretende abreviar a vida, que seria a eutanásia 
(considerada crime no Brasil), nem a distanásia, mas, sim, talvez, promover a ortotanásia.
De um modo geral, segundo Gomes (2014), o profissional, independentemente 
de sua categoria profissional, deve agir com ética e discernimento. Destacamos as 
principais atitudes que o trabalhador dever adotar em seu ambiente de trabalho:
• Educação e respeito entre os funcionários.
• Cooperação e atitudes que visam à ajuda aos colegas de trabalho.
• Divulgação de conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades 
realizadas na empresa.
• Respeito à hierarquia dentro da empresa.
• Busca de crescimento profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho.
60
• Ações e comportamentos que visam criar um clima agradável e positivo dentro da 
empresa como, por exemplo, manter o bom humor.
• Realização, em ambiente de trabalho, apenas de tarefas relacionadas ao trabalho.
• Respeito às regras e normas da empresa.
Tais pontos devem ser considerados não como regra absoluta, mas como uma 
proposta de reflexão acerca da ética no ambiente profissional.
2.1 ÉTICA E DEONTOLOGIA DA PROFISSÃO
O Código de ética profissional mais antigo já escrito na humanidade foi feito 
por Hipócrates, conhecido como o pai da medicina e remonta o período de 460 a 380 
a.C. Neste código, são descritos os compromissos médicos para com os seus pacientes 
(STRONG, 2007).
A deontologia tem como objeto de estudo o fazer enquanto dever, representando 
uma tarefa indeclinável em relação ao projeto ou à realização. Refere-se aos deveres 
próprios de uma determinada situação social, no caso, a profissional (NUNES, 2008).
O termo deontologia provém do grego deontos (dever) e logos (tratado), significa 
o tratado do dever ou o conjunto de normas e deveres adotadas por uma terminada 
categoria profissional. A deontologia é um ramo da ética, o qual norteará a conduta 
profissional (DONADELI, 2022).
Segundo Donadeli (2022), o termo foi criado pelo inglês Jeremy Bentham e 
significa a ciência do dever e da obrigação. É uma teoria sobre os preceitos e escolhas 
morais que são necessários para o que realmente precisa ser feito. Ou seja, no campo 
profissional, ela visa o dever de agir corretamente, de acordo com o código de ética de 
cada profissão.
Nesse sentido, a vida profissional inclui aspectos individuais e coletivos, os quais 
organizarão os preceitos morais na busca da sociabilidade humana, e a deontologia 
contribui para a manutenção da ética (STRONG, 2007).
Para Garapeto e Fonseca (2019) a deontologia se origina da:
[...] necessidade de um grupo profissional de autorregular, mas a sua 
aplicação traduz-se em heteroregulação, uma vez que os membros do 
grupo devem cumprir as regras estabelecidas num código e fiscaliza-
das por uma instância superior (ordem profissional, associação etc.).
No caso do seu objetivo, a deontologia visa reger os comportamentos e ações 
de um determinado profissional, com o intuito de ser reconhecido pelos pares, garantir 
a confiança do público e preservar a imagem da profissão na sociedade (GARAPETO; 
FONSECA, 2019).
61
De modo geral, os códigos de deontologia são descritos com base em grandes 
declarações universais, como a dos direitos humanos, e traduzem o sentimento ético, 
adaptando-se a cada particularidade de diferentes profissões ao redor do mundo e de 
acordo com as entidades reguladoras (GARAPETO; FONSECA, 2019). 
As regras deontológicas são adotadas por organizações profissionais que 
assumem a função de "legisladoras" das normas e garantem a sua aplicação. Os códigos 
de ética são dificilmente separáveis da deontologia profissional, pelo que é frequente 
os termos ética e deontologia serem utilizados como sinónimos, tendo apenas origem 
etimológica distinta. Muitas vezes, utiliza-se mesmo a expressão anglo-saxônica 
professional ethics para designar a deontologia (GARAPETO; FONSECA, 2019).
Os autores também destacam que a ética e a deontologia não são a mesma 
coisa, a ética não se reduz à deontologia, pois cumprir apenas as normas vigentes nos 
códigos de conduta das profissões não é agir eticamente. Para que as ações sejam 
consideradas éticas, elas devem, além de obedecerem às normas, considerar os seus 
valores, e estes devem coincidir com regras sociais (GARAPETO; FONSECA, 2019). 
Quando se considerar o cumprimento das normas deontológicas, deve-se 
observar as violações que podem ocorrer e puni-las de maneira a garantir os preceitos 
éticos frente à garantia de uma sociedade mais justa e mais solidária, respeitando os 
direitos humanos (GARAPETO; FONSECA, 2019).
O conceito de ética tem sido discutido ao longo dos anos, possuindo diferentes 
entendimentos sobre seu significado e a formulação de vários conceitos, o que permite 
a análise por diferentes vieses (MONTENEGRO, 2014).
Pode-se dizer que a ética surgiu em concomitância com a filosofia, perpassando 
os conhecimentos e teorias de Sócrates, Platão e Aristóteles, onde cada um tinha sua 
concepção singular acerca da ética, mas todos consideravam a ética como base para as 
condutas virtuosas do homem (MONTENEGRO, 2014).
Já a ética moderna que conhecemos hoje espelha-se na visão antropocêntrica 
e racional do agir humano. Um dos principais pensadores dessa época, Emmanuel Kant, 
refere que o ser é responsável por seus atos, não está atrelado a algo sobrenatural ou 
alguma divindade. Ou seja, os atos humanos devem ser regidos por normas e condutas 
com bases morais (MONTENEGRO, 2014).
Com o advento da tecnologia, um novo imperativo de ética surge, no qual o ser 
deve agir de maneira que os efeitos adversos de suas ações não sejam destruidores e 
nem comprometam o futuro da raça humana. A responsabilidade, nessa premissa, é, 
portanto, a base estrutural da racionalidade (MONTENEGRO, 2014).
E no caso dos profissionais de saúde, como a ética é exercida durante o cuidado?
62
Segundo Montenegro (2014), o cotidiano dos profissionais de saúde é 
caracterizado por ações e uma rotina complexa e interdependente que exige a 
transdisciplinaridade dos profissionais, para que, assim, a saúde possa ser realizada de 
maneira integral. 
A complexidade do trabalho na saúde se dá, primeiramente, por se tratar de 
uma atividade essencial para a vida humana, cujas práticas têm uma obrigação ética e 
de responsabilidade para com a humanidade. Além disso, o caráter multiprofissional da 
prática em saúde requer a articulação das intervenções realizadas pelos profissionais, 
os quais,em suas determinadas áreas de conhecimento, têm liberdade de decisão e 
conduta em prol de uma mesma finalidade (MONTENEGRO, 2014).
No cenário da políticas públicas, permeia a prevenção de doenças, a incapacidade 
de prolongamento da vida e a promoção da saúde de maneira sistematizada. Ao longo 
dos anos, a relação entre a biossegurança e saúde pública tem sido acompanhada por 
discussões jurídicas, principalmente após a promulgação da Lei de Biossegurança, nº 
11.105, de 24 de março de 2005 (FLUCK, 2021). 
Essa Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de 
construção, cultivo, pesquisa, armazenamento, exportação, importação e comercializa-
ção, descarte e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados 
e seus derivados (BRASIL, 2005). 
O Art. 6º desta lei retifica as seguintes proibições:
I – implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de 
registro de seu acompanhamento individual;
II – engenharia genética em organismo vivo ou o manejo in vitro 
de ADN/ARN natural ou recombinante, realizado em desacordo 
com as normas previstas nesta Lei;
III – engenharia genética em célula germinal humana, zigoto humano 
e embrião humano;
IV – clonagem humana;
V – destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus 
derivados em desacordo com as normas estabelecidas pela 
CTNBio, pelos órgãos e entidades de registro e fiscalização, 
referidos no art. 16 desta Lei, e as constantes desta Lei e de sua 
regulamentação;
VI – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito 
de atividades de pesquisa, sem a decisão técnica favorável da 
CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer 
técnico favorável da CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão 
ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar 
a atividade como potencialmente causadora de degradação 
ambiental, ou sem a aprovação do Conselho Nacional de 
Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele 
avocado, na forma desta Lei e de sua regulamentação;
VII – a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e 
o licenciamento de tecnologias genéticas de restrição do uso 
(BRASIL, 2005).
63
No embate entre a utilização das células-tronco e utilização de genética e 
genoma humano na terapia médica, surgiram várias discussões no Supremo Tribunal 
Federal. O início da vida entra em conflito no que a ciência considera e o que a sociedade 
e seus atores sociais consideram (FLUCK, 2021).
Nesse intermeio, o profissional de saúde ou de áreas afins deve considerar os 
aspectos bioéticos e de biossegurança em sua prática, considerando a sua atividade 
profissional (FLUCK, 2021).
As decisões bioéticas são realizadas constantemente no cenário da saúde, e 
cada conduta, cada palavra em relação ao outro deve ser realizada de maneira ética, 
deve-se considerar os riscos e benefícios das condutas, além do compartilhamento da 
tomada de decisão do profissional da saúde com o seu paciente (VEATCH, 2014).
3 CÓDIGO DE ÉTICA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL
A terapia ocupacional, segundo a Federação Mundial de Terapeutas 
Ocupacionais (2016), é uma profissão da área da saúde centrada na pessoa, com o 
objetivo de estabelecer medidas de promoção à saúde e bem-estar, por intermédio 
da ocupação humana, habilitando o indivíduo para o desempenho ocupacional de 
atividades significativas, a partir de suas escolhas.
Segundo a Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais (2016):
Os terapeutas ocupacionais, demonstram, além dos padrões gerais 
da conduta ética, uma forma única de ética decorrente da base 
filosófica da profissão. Consequentemente, o trabalho dos terapeutas 
ocupacionais implementa uma forma única de justiça centrada nas 
capacidades e oportunidades para indivíduos e grupos participarem 
em ocupações.
Antes da estipulação do código de ética para os profissionais de terapia 
ocupacional, existia um código de ética compartilhado entre os fisioterapeutas e 
terapeutas ocupacionais, onde as questões de bioética eram voltadas apenas para 
a pesquisa e ciência em saúde, e não voltado para a prática profissional em si. Esse 
primeiro código de ética para a terapia ocupacional foi aprovado em 1978, 35 anos após 
a promulgação da profissão no Brasil (FIGUEIREDO et al., 2017).
A resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional nº 182, de 
22 de setembro de 1978, aprova o código de ética para os profissionais de fisioterapia e 
terapia ocupacional, normalizando os padrões e direcionamentos da conduta profissional 
em relação aos membros da sua categoria, assim como os pacientes, clientes, familiares 
de pacientes, autoridades, locais de trabalho, dentre outros. Dividido em nove capítulos, 
contempla os mínimos detalhes para uma prática profissional adequada (BENÍCIO, 2014).
64
Apesar desse avanço, os profissionais de terapia ocupacional começaram a ter 
novas necessidades, e novas discussões surgiram acerca das questões éticas e bioéticas. 
Por isso, em 2013, somado às mudanças ocorridas nos currículos dos cursos de graduação, 
a partir das diretrizes curriculares nacionais dos cursos da área da saúde, suscitou-se 
uma reformulação no código de ética em terapia ocupacional (FIGUEIREDO et al., 2017).
O primeiro capítulo refere-se às disposições preliminares, tratando dos deveres do 
terapeuta ocupacional com controle ético na atuação profissional. O Capítulo II refere-se à 
responsabilidade fundamental, onde são estipuladas as obrigações-base para o exercício 
da profissão. O Capítulo III designa-se ao relacionamento com o cliente/paciente/usuário 
(CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2013). 
Já o Capítulo IV aborda o relacionamento com a equipe, enquanto o Capítulo V 
refere-se às responsabilidades no exercício da terapia ocupacional. O Capítulo VI condiz 
ao sigilo profissional. O Capítulo VII retrata o papel do terapeuta ocupacional perante as 
entidades de classe. O Capítulo VIII refere-se aos honorários profissionais. Já o Capítulo 
IX refere-se à docência, preceptoria, pesquisa e produção científica. O Capítulo X condiz 
à divulgação profissional. E o Capítulo XI ressalta as disposições gerais (CONSELHO 
FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2013).
Figueiredo et al. (2017) ressalta a abordagem de pontos bioéticos nesse novo 
código de ética, principalmente aquelas voltadas para a questão de justiça e autonomia 
do profissional, onde anteriormente era apenas tratado o conceito de autonomia. 
No Capítulo IV, mais especificamente, o terapeuta ocupacional deve prestar 
assistência ao ser humano em diferentes dimensões de maneira individual e 
coletivamente, participando da promoção, reabilitação e prevenção à saúde, realizando 
avaliação, tratamento/acompanhamento da história ocupacional e do desempenho 
ocupacional do assistido (COFFITO, 2013).
O Artigo 8 condiz à capacitação do terapeuta:
O terapeuta ocupacional deve se atualizar e aperfeiçoar seus co-
nhecimentos técnicos, científicos e culturais, capacitando-se em 
benefício do cliente/paciente/usuário/família/grupo/comunidade e 
do desenvolvimento de sua profissão, devendo se amparar nos prin-
cípios bioéticos de beneficência e não maleficência, inserindo-se em 
programas de educação continuada e de educação permanente (CO-
FFITO, 2013, Art. 8.).
Sabe-se que, como toda e qualquer teoria e normas, o código de ética também 
deve ser flexível e ser revisado periodicamente, de acordo com as demandas dos 
profissionais de terapia ocupacional e das necessidades sociais, porém eles devem 
seguir os preceitos básicos de respeito à vida, dignidade e bem-estar.
65
Nesse sentido, a Federação Mundial de Terapeutas Ocupacionais (2016) cita 
a Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas, a qual estipula o indivíduo 
como ser único, constituído de um arcabouço de elementos biopsicossociais, culturais, 
políticos e espirituais, o que influenciará seu desempenho e engajamento ocupacional.
Ademais, Coffito (2013, Art. 9), no Código de Ética de Terapia Ocupacional,ressalta os deveres dos terapeutas, como destacado a seguir:
I – assumir responsabilidade técnica por serviço de Terapia Ocupa-
cional, em caráter de urgência, quando designado ou quando for 
o único profissional do setor, atendendo à Resolução específica;
II – exercer sua atividade com zelo, probidade e decoro e obedecer 
aos preceitos da ética profissional, da moral, do civismo e das 
leis em vigor, preservando a honra, o prestígio e as tradições de 
sua profissão;
III – utilizar todos os conhecimentos técnico-científicos a seu al-
cance e aprimorá-los contínua e permanentemente, para pro-
mover a saúde e o bem-estar, favorecer a participação e inclu-
são social, resguardar os valores culturais e prevenir condições 
socioambientais que impliquem em perda da qualidade de vida 
do cliente/paciente/usuário/família/grupo/comunidade;
IV – manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento 
em razão de sua atividade profissional e exigir o mesmo 
comportamento do pessoal sob sua direção, salvo em situações 
previstas em lei;
V – colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade 
em caso de guerra, catástrofe, epidemia ou crise social, sem 
pleitear vantagem pessoal incompatível com o princípio de 
bioética de justiça;
VI – oferecer ou divulgar seus serviços profissionais de forma 
compatível com a dignidade da profissão e a leal concorrência;
VII – assumir seu papel na determinação de padrões desejáveis do 
ensino e do exercício da Terapia Ocupacional;
VIII – contribuir para promover a universalização dos direitos sociais, o 
respeito e a promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e 
da integridade do ser humano, oportunizando no âmbito de sua 
atividade profissional, o acesso e o exercício deles;
IX – contribuir, com seu trabalho, para a eliminação de quaisquer for-
mas de negligência, discriminação, exploração, violência, cruelda-
de e opressão, preenchendo e encaminhando formulários oficiais 
de notificação compulsória ou quaisquer dessas ocorrências às 
autoridades competentes ou outros quando constatadas;
X – cumprir os Parâmetros Assistenciais e o Referencial Nacional 
de Procedimentos Terapêuticos Ocupacionais normatizados 
pelo Coffito;
XI – cumprir e fazer cumprir os preceitos contidos neste Código, 
independente da função ou cargo que ocupar, e levar ao 
conhecimento do Conselho Regional de Fisioterapia e de Terapia 
Ocupacional o ato atentatório a qualquer de seus dispositivos, 
salvo as situações previstas em legislação específica.
Considerando o exposto, os terapeutas ocupacionais devem respeitar o 
paciente/cliente/familiar, considerando as suas particularidades e suas necessidades, 
sem discriminação/distinção de etnia, sexo, ideologia, orientação sexual, religião, dentre 
outros (FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS, 2016).
66
Além disso, a Federação reconhece também a importância da multiprofissiona-
lidade e interdisciplinaridade para o cuidado em saúde, e enfatiza o respeito ao saber e 
contribuições de outras profissões da área da saúde e áreas afins (FEDERAÇÃO INTER-
NACIONAL DE TERAPIA OCUPACIONAL, 2016). 
Sobre esse fato, Coffito (2013) traduz a conduta do terapeuta em relação aos 
pacientes, usuário, famílias, grupos ou comunidades: 
I – respeitar a vida humana desde a concepção até a morte, jamais 
cooperando em ato em que voluntariamente se atente contra 
ela, ou que coloque em risco a integridade física, psíquica, 
moral, cultural e social do ser humano ou sua inclusão sócio 
comunitária;
II – prestar assistência ao ser humano respeitando seus direitos e 
sua dignidade de modo que a prioridade no atendimento obe-
deça a razões de urgência, independentemente de qualquer 
consideração relativa à raça e etnia, nacionalidade, credo so-
ciopolítico, crença, religião, gênero, orientação sexual, condição 
socioeconômica-cultural, ou a qualquer outra forma de precon-
ceito, sempre em defesa da vida;
III – respeitar o natural pudor e a intimidade do cliente/paciente/
usuário/família/grupo;
IV – respeitar os princípios bioéticos de autonomia, beneficência e 
não maleficência do cliente/paciente/usuário/família/grupo/
comunidade de decidir sobre sua pessoa ou coletividade e seu 
bem-estar;
V – informar ao cliente/paciente/usuário e à família ou responsável 
legal e a outros profissionais envolvidos, quanto à consulta, 
procedimentos de avaliação, diagnóstico, prognóstico, objetivos 
do tratamento e condutas terapêuticas ocupacionais a serem 
adotadas, esclarecendo-o ou o seu responsável legal, assim 
como informar sobre os resultados que forem sendo obtidos, 
de forma clara, objetiva, compreensível e adaptada à condição 
cultural e intelectual de quem a recebe;
VI – permitir o acesso do responsável, cuidador, familiar ou repre-
sentante legal, durante a avaliação e/ou tratamento/assistência, 
quanto pertinente ao projeto terapêutico, salvo quando sua pre-
sença comprometer a eficácia do atendimento ou da mediação 
sócio-ocupacional para emancipação social, desenvolvimento 
socioambiental, econômico e cultural, de cliente /paciente /usu-
ário /família / grupo/ comunidade (COFFITO, 2013, Art. 14).
Considerando a participação do terapeuta ocupacional na área de ensino, 
pesquisa e extensão, o terapeuta deve considerar o seguinte:
No exercício da docência, da preceptoria, da pesquisa e da produção 
científica, o terapeuta ocupacional norteará sua prática de ensino, 
pesquisa e extensão nos princípios deontológicos éticos e bioéticos 
da profissão e da vida humana, observando:
I – que a crítica a teorias, métodos ou técnicas seja de forma 
impessoal, não visando o autor, mas o tema e seu conteúdo;
II – que ao utilizar dados e imagens que possam identificar o 
cliente/ paciente/ usuário/ família/grupo/comunidade, seja 
obtida autorização prévia por escrito, ou outra forma legal de 
67
autorização destes ou de seus representantes legais no termo 
de consentimento livre e esclarecido, ou no termo próprio de 
liberação para uso de imagem;
III – que é responsável por intervenções e trabalhos acadêmicos 
executados por alunos sob sua supervisão;
IV – que é responsável por ações realizadas por residentes sob sua 
preceptoria;
V – que não deve apropriar-se de material didático de outrem, 
ocultando sua autoria, sem as devidas anuência e autorização 
formal;
VI – que deve primar pelo respeito à legislação atinente aos estágios, 
denunciando ao Conselho Regional de Fisioterapia e de Terapia 
Ocupacional qualquer fato que caracterize o exercício ilegal da 
profissão pelo acadêmico ou sujeição do acadêmico a situações 
que não garantam a qualificação técnico-científica do mesmo;
VII – o cuidado em não instigar ou induzir alunos sob sua supervisão 
contra órgãos ou entidades de classe, estimulando a livre 
construção do pensamento crítico;
VIII – a proibição, sob qualquer forma de transmissão de 
conhecimento, do ensino de procedimentos próprios da Terapia 
Ocupacional visando à formação profissional de outrem, exceto 
acadêmicos e profissionais de Terapia Ocupacional.
Artigo 42 – Na pesquisa, cabe ao terapeuta ocupacional cumprir as 
normas dos órgãos competentes e a legislação específica, conside-
rando a segurança da pessoa, da família ou coletividade e do meio 
ambiente acima do interesse da ciência. Deve obter por escrito, ou 
por outra forma legal de autorização, o termo de consentimento livre 
e esclarecido dos participantes ou responsáveis legais, informando 
os mesmos sobre a natureza, riscos e benefícios da pesquisa, dispo-
nibilizando posteriormente, a critério do autor, os resultados à comu-
nidade científica e à sociedade (COFFITO, 2013, Art. 41).
Os conflitos éticos e bioéticos sempre estão presentes nas profissões, e na 
terapia ocupacional não poderia ser diferente, já que os códigos de ética profissionais 
não conseguem abarcar todos os pormenores em relação à prática da profissão no 
cotidiano (FIGUEIREDO et al., 2017).
Diante do exposto em relação à ética, moral e deontologia, pode-se melhor 
compreenderacerca dos aspectos que norteiam a prática dos profissionais da terapia 
ocupacional na assistência, colaborando para um atendimento mais humanizado, 
favorecendo o bem-estar da população/usuário/família/paciente assistido, além do 
fortalecimento da profissão através do ensino, pesquisa e extensão.
Para saber mais sobre a proposta os aspectos éticos e deontológico da 
terapia ocupacional, acesse: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=3386
DICA
68
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Os principais conceitos de ética e moral, que apesar de pertencerem à mesma 
origem etimológica, possuem definição e significados distintos.
• A diferença entre os termos, ética, moral, valores e deontologia, visando um 
diálogo entre estes para uma prática profissional humanista e dentro dos preceitos 
socialmente aceitos.
• Os aspectos pertinentes à deontologia e suas especificidades em relação aos 
conceitos de ética e valores do profissional.
• O Código de Ética da Terapia Ocupacional, sendo destacados os princípios e normas 
para a conduta do profissional na atuação com seus pares, pacientes, familiares de 
paciente, associações, empregadores e afins.
69
RESUMO DO TÓPICO 1 AUTOATIVIDADE
1 Existem diversos conceitos de ética e moral, alguns apontam que elas são 
complementares, outros afirmam que elas podem ser iguais. Sendo assim, e de 
acordo com os conceitos de ética e moral abordados na unidade, assinale a alternativa 
CORRETA:
a) ( ) Os atos éticos e morais não são de exclusividade humana, podemos destacar os 
arranjos sociais encontrados em outros tipos de animais.
b) ( ) Apesar de possuírem a mesma raiz etimológica, ambos os termos de ética e moral 
possuem em sua essência especificidades que podem ser complementares, 
porém não se pode afirmar que são iguais.
c) ( ) As concepções ético-morais não se baseiam nas experiências sociais dos 
indivíduos.
d) ( ) Apesar de possuírem a mesma raiz etimológica, ambos os termos de ética e moral 
possuem em sua essência especificidades que podem ser complementares, por 
isso, podem ser considerados sinônimos.
2 A deontologia é muito importante para as categorias profissionais da área da saúde e 
áreas afins. Estas são adotadas em diversos países e possuem certas particularidades 
profissionais. Considerando o exposto e refletindo sobre o conceito de deontologia, 
classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) A deontologia são regras e deveres que todo cidadão deve seguir em sociedade.
( ) O termo deontologia advém do grego e significa dever do agir.
( ) A deontologia e a ética são tecnicamente, a mesma coisa. Possuindo a mesma 
finalidade, destinada exclusivamente para serem usadas com os pacientes.
( ) A deontologia surgiu com o objetivo de nortear as condutas de uma determinada 
categoria profissional. 
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F - F - F - V.
b) ( ) V - F - V - F.
c) ( ) F - V - F - F.
d) ( ) F - F - V - V.
3 Considerando o que foi estudado no Tema de Aprendizagem 1, acerca da origem da 
ética até os dias atuais, voltada para a regulamentação das profissões nas áreas da 
saúde e afins, reflita e comente sobre a importância da ética e da moral na sociedade.
70
4 O Código de Ética da Terapia Ocupacional é um documento importante para o 
fortalecimento e organização da profissão no Brasil, ele estipula princípios importantes 
e norteadores éticos para os profissionais. Diante da importância do código de ética 
para a terapia ocupacional, assinale a alternativa CORRETA que apresenta a entidade 
responsável pela aprovação:
a) ( ) Ministério da Saúde e Constituição Federal Brasileira.
b) ( ) Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
c) ( ) Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
d) ( ) Associação Americana de Terapeutas Ocupacionais.
5 Os códigos de ética, de maneira geral, possuem finalidades definidas de acordo com 
a prática do profissional que os utiliza, devendo servir de respaldo para a atuação 
profissional em diferentes áreas. Sendo assim, considerando os princípios do Código 
de Ética da Terapia Ocupacional, comente sobre a sua importância na atuação 
profissional.
71
SISTEMA DE CONSELHOS PROFISSIONAIS
1 INTRODUÇÃO
Discente, no Tema De Aprendizagem 2, abordaremos o sistema de conselhos 
representantes de classe, específico da terapia ocupacional, criados em nível nacional 
e internacional. 
Serão destacados a organização, estruturamento, objetivos e atuações das 
entidades representativas. Em resumo, o papel de cada entidade. 
UNIDADE 2 TÓPICO 2 - 
2 FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE TERAPEUTAS 
OCUPACIONAIS
A Federação Internacional de Terapeutas Ocupacionais é a representação 
mundial oficial para a promoção e o desenvolvimento da Terapia Ocupacional no mundo. 
Foi fundada em 1952, com a colaboração de dez países (LÁZARO, 2014).
O Brasil é filiado à Word Federation of Occupational Therapists (WFOT) desde 
1994, por intermédio da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais (Abrato). 
Anteriormente, a associação existente para os terapeutas ocupacionais brasileiros não 
era definitivo, pois não atendia a dois critérios primordiais: estatuto e regimentos de 
funcionamento e o reconhecimento de um curso de graduação brasileiro que atendesse 
aos critérios da Federação Mundial (LÁZARO, 2014).
Figura 1 – Símbolo da Federação Internacional de Terapeutas Ocupacionais (WFOT)
Fonte: https://uia.org/s/or/en/1100006378. Acesso em: 24 mar. 2023.
72
A representação da categoria junto a WFOT é de responsabilidade da Abrato, no 
caso do Brasil, o qual designa um delegado titular e dois delegados suplentes eleitos 
durante os congressos nacionais da categoria a cada biênio (LÁZARO, 2014).
Segundo Lázaro (2014), a representação mundial está dividida a partir de 
regiões, agregando os países que possuem afinidade linguística e da implantação da 
profissão, além da funcionalidade e disponibilidade, são elas: 
• Council of Occupational Therapists for the European Countries (Cotec): Ásia-Pacífico, 
Áfricas e Europa.
• Confederación Latino-americana de Terapeutas Ocupacionales (Clato): composta 
pelas Américas do Sul e Central, Estados Unidos, México e Canadá.
Uma das principais atividades realizadas pela Federação Mundial é a 
representação da categoria frente à Organização Mundial da Saúde (OMS), Unesco, 
Unicef, dentre outras, além de promover e incentivar a divulgação de pesquisas científicas 
na área da Terapia Ocupacional e a promoção de eventos científicos para a divulgação 
de informações entre os profissionais (LÁZARO, 2014; UNION OF INTERNATIONAL 
ASSOCIATIONS, 2020).
3 CONSELHO FEDERAL E REGIONAL DE TERAPIA 
OCUPACIONAL
Os conselhos profissionais constituem órgãos de direito público com atribuições 
e competências para normatizarem e exercerem a fiscalização do exercício profissional 
aos credenciados e proibindo o exercício aos leigos (LÁZARO, 2014).
O desempenho de toda e qualquer profissão necessita de uma entidade 
representativa. Esse órgão possui a missão de fiscalizar e regulamentar o exercício 
da profissão e a conduta ética e deontológica, além de representar os interesses 
dos profissionais a partir dos decretos de regulamentação da profissão de terapia 
ocupacional, como o Decreto-lei 938 de 13 de outubro de 1969. O conselho Federal e os 
Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional surgiram da Lei nº 6.316 de 
17 de dezembro de 1975 (LÁZARO, 2014).
Cada entidade regional corrobora para a construção do sistema com o Conselho 
Federal. Cada Conselho Regional é responsável por uma área de subscrição, e pode 
representar mais de um estado brasileiro, como, por exemplo, o Crefito da 12ª região, 
que abrange os Estados do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima, e Tocantins, com sede 
em Belém-PA (CONSELHO REGIONAL DA FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 
12ª REGIÃO, 2023a).
73
Segundo Lázaro (2014), a utilização das siglas deverá ser utilizada apenas no 
singular,obedecendo às seguintes nomenclaturas: Conselho Federal de Fisioterapia 
e Terapia Ocupacional (Coffito) e Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional (Crefito). 
Figura 2 – Símbolo do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional brasileiro.
Fonte: https://www.coffito.gov.br/nsite/. Acesso em: 23 mar. 2023.
A lei de criação dos Conselhos Federal e Regionais de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional ofertou a missão de fiscalizar o exercício profissional e formalizou toda a 
estrutura organizacional e funcional do sistema. Ao todo, foram criados um Coffito e 
doze Crefito, dispostos da seguinte maneira:
• Crefito 1: Sede – Recife. Abrange os Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande 
do Norte e Alagoas.
• Crefito 2: Sede – Rio de Janeiro. Abrange os Estados de Rio de janeiro e Espírito 
Santo.
• Crefito 3: Sede – São Paulo. Abrange o Estado de São Paulo.
• Crefito 4: Sede – Belo Horizonte. Abrange o Estado de Minas Gerais.
• Crefito 5: Sede – Porto Alegre. Abrange o Estado do Rio Grande do Sul.
• Crefito 6: Sede – Fortaleza. Abrange os Estados do Ceará e Piauí.
• Crefito 7: Sede – Salvador. Abrange os Estados da Bahia e Sergipe.
• Crefito 8: Sede – Curitiba. Abrande o Estado do Paraná.
• Crefito 9: Sede – Cuiabá. Abrange os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, 
Acre e Rondônia.
• Crefito 10: Sede – Florianópolis. Abrange o Estado de Santa Catarina.
• Crefito 11: Sede – Brasília. Abrange os Estados do Distrito Federal e Goiás.
• Crefito 12: Sede – Belém. Abrange os Estados do Pará, Amazonas, Amapá, Tocantins 
e Maranhão.
Recentemente, a pedido do Crefito da 12ª região, o Conselho Federal de 
Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) aprovou, em plenária, em fevereiro de 
2023, o desmembramento, e criou o Crefito 20, o qual será composto pelos Estados 
do Amazonas e Roraima. Esse desmembramento era uma reinvindicação antiga dos 
profissionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacionais desses estados (CONSELHO 
REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 12ª REGIÃO, 2023b). 
74
De acordo com a Lei de criação dos conselhos, seus artigos se referem às 
competências e atribuições de tais conselhos, Lázaro (2014) pontua o Art. 5º elencando 
as competências do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional:
I – Eleger entre seus membros, por maioria absoluta, o seu 
presidente e vice-presidente;
II – Exercer função normativa, baixar atos necessários à 
interpretação e execução do dispositivo nesta lei e à 
fiscalização do exercício profissional, adotando providências 
indispensáveis à realização dos objetivos institucionais;
III – Supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo o 
território profissional em todo o território nacional;
IV – Organizar, instalar, orientar e inspecionar os Conselhos 
Regionais e examinar as prestações de contas, neles intervindo 
desde que indispensável ao reestabelecimento da normalidade 
administrativa ou financeira ou à garantia da efetividade do 
princípio da hierarquia institucional;
V – Elaborar e aprovar seu regimento, ad referendum do Ministério 
do Trabalho;
VI – Examinar e aprovar os Regimentos dos Conselhos Regionais, 
modificando o que se fizer necessário para assegurar unidade 
de orientação e uniformidade de ação;
VII – Conhecer e dirimir dúvidas suscitadas pelos Conselhos 
Regionais e prestar-lhes assistência técnica permanente;
VIII – Apreciar e julgar os recursos de penalidade imposta pelos 
Conselhos Regionais;
IX – Fixar os valores da anuidade, taxas, emolumentos e multas 
devidas pelos profissionais e empresas aos Conselhos 
Regionais e que estejam jurisdicionados;
X – Autorizar sua proposta orçamentária e autorizar a abertura 
de créditos adicionais, bem como operações referentes a 
mutações patrimoniais;
XI – Dispor, com a participação de todos os Conselhos Regionais, 
sobre o Código de Ética profissional, funcionando como 
Tribunal Superior de Ética Profissional;
XII – Estimular a exação no exercício da profissão, valendo pelo 
prestígio e o bom nome dos que a exercem;
XIII – Instituir o modelo das carteiras e cartões de identidade 
profissional;
XIV – Autorizar o presidente a adquirir, onerar ou alienar bens 
imóveis;
XV – Emitir parecer conclusivo sobre prestação de contas a que se 
esteja obrigado;
XVI – Publicar anualmente seu orçamento e respectivos créditos 
adicionais, os balanços, a execução orçamentária e o relatório 
de suas atividades (LÁZARO, 2014, s.p.).
Já o Art. 7º refere-se às competências dos Conselhos Regionais:
I – Eleger, dentre seus membros, por maioria absoluta, o seu 
presidente e vice-presidente.
II – Expedir a carteira de identidade profissional e o cartão de 
identificação aos profissionais registrados;
III – Fiscalizar o exercício profissional na área de jurisprudência 
representando, inclusive, às autoridades competentes, sobre 
os fatos que apurar e cuja solução ou repressão não seja de 
sua alçada;
75
IV – Cumprir e fazer cumprir as disposições desta lei, das resoluções 
e das demais normas baixadas pelo Conselho Federal;
V – Funcionar como tribunal regional de ética, conhecendo, 
processando e decidindo os casos que lhe foram submetidos;
VI – Elaborar a proposta de seu Regimento, bem como as alterações, 
submetendo-a a aprovação do Conselho Federal;
VII – Propor ao Conselho Federal as medidas necessárias ao 
aprimoramento dos serviços e do sistema de fiscalização do 
exercício profissional;
VIII – Aprovar a proposta orçamentária e autorizar a abertura de 
créditos adicionais e as operações referentes a mutações 
patrimoniais;
IX – Autorizar o Presidente adquirir, onerar ou alienar bens imóveis;
X – Arrecadar anuidades, multas, taxas e emolumentos e adotar 
todas as medidas destinadas à efetivação de sua receita, 
destacando e entregando ao Conselho Federal as importâncias 
correspondentes à sua participação legal;
XI – Promover, perante o juízo competente, a cobrança das impor-
tâncias correspondentes a anuidades, taxas, emolumentos e 
multas, esgotados os meios de cobrança amigável;
XII – Estimular a exação no exercício da profissão, velando pelo 
prestígio e bom conceito dos que a exercem;
XIII – Julgar as infrações e aplicar as penalidades previstas nesta lei 
e em normas complementares ao Conselho Federal;
XIV – Emitir parecer conclusivo sobre prestações de contas e que 
esteja obrigado;
XV – Publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos 
adicionais, os balanços, a execução orçamentária, o relatório 
de suas atividades e a relação dos profissionais registrados 
(LÁZARO, 2014, s.p.).
Esses artigos são fundamentais para o pleno exercício da profissão, dentro dos 
preceitos éticos e deontológicos. Assim, todo e qualquer profissional que ser forma 
em terapia ocupacional deverá se inscrever no Conselho Regional de sua atuação 
profissional. Caso o profissional se mude e queira exercer a sua atividade profissional 
em outra região diferente da sua jurisdição, deve solicitar sua transferência ao Crefito 
correspondente (LÁZARO, 2014). 
4 ASSOCIAÇÕES 
As associações profissionais são de suma importância na representação de uma 
categoria profissional, pois representam os interesses de determinado grupo, objetivando 
a promoção, desenvolvimento e a proteção ou ocupação específica (BELLANI, 2021).
Segundo Bellani (2021), as associações profissionais de dividem em quatro 
categorias que dependerão do objetivo de cada uma:
• As associações de benefícios para os membros: fornecem serviços, treinamento, 
defesa e oportunidades de networking para os profissionais que fazem parte da 
associação.
76
• As associações e órgãos de certificação: promovem, destacam e monitoram os 
padrões profissionais ao conceder certificação e acreditação oficiais do setor.
• As associações e órgãos reguladores: garantem que os padrões profissionais sejam 
mantidos e implementados e que a segurança e os interesses públicos sejam 
protegidos.
• Associações de certificação e endosso para profissionais: concedem o tipo de 
certificaçãoque reflete a experiência, desenvolvimento e nível de realização do 
profissional, mas que não endossam o direito de trabalhar ou praticar a profissão.
As associações de classe são meios para o debate, estudos, avanços e repasses 
sobre as evoluções no campo científico e cível das categorias profissionais. Fortalecendo 
a divulgação com a sociedade dos benefícios e contribuições da profissão (LÁZARO, 
2014), contribuindo para a manutenção de procedimentos padrões para a categoria 
(BELLANI, 2021).
Na terapia ocupacional, temos a Associação Brasileira dos Terapeutas 
Ocupacionais (Abrato), a qual representa os profissionais brasileiros, tanto nacional 
como internacionalmente por intermédio da WOFT, fundada em 1989, constituída por 
tempo indeterminado, sem fins lucrativos, de caráter organizacional, técnico, científico, 
político e cultural (ABRATO, 2021).
Figura 3 – Símbolo da Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais
Fonte: https://abratonacional.com.br/. Acesso em: 24 mar. 2023.
A Associação dos Terapeutas Ocupacionais do Brasil (Atob) foi fundada em 
1964 e ficou em vigor até o ano de 1984. A referida Associação encontrava problemas 
operacionais que não puderam ser sanados durante as grandes transformações 
sociopolíticas e econômicas ocorridas nas décadas de 1970 e 1980, além de exigências 
documentais e fiscais (Abrato, 2021).
77
Um dos motivos para a Atob não ter pertencido como membro permanente na 
WOFT era a falta de um estatuto profissional. Segundo Lázaro (2014), este deve conter 
os requisitos para a admissão dos associados; demissão e exclusão de associados; 
direitos e deveres; e modo de constituição e organização dos órgãos deliberativos e 
administrativos. 
A Atob cumpriu um papel importante para o fortalecimento da luta de terapeutas 
ocupacionais em prol da organização da Terapia Ocupacional Brasileira e defesa dos 
direitos de terapeutas ocupacionais no Brasil (Abrato, 2021).
Essas contribuições auxiliaram a história da profissão e sua conjuntura enquanto 
importante categoria profissional frente às necessidades da sociedade. Enquanto cate-
goria, a Abrato contribui da seguinte maneira: a participação da Abrato no processo de 
desenvolvimento da Terapia Ocupacional no Brasil se expressa na inserção de terapeutas 
ocupacionais em serviços, programas e projetos da área da saúde, educação, assistência 
social, cultura, esporte e lazer e justiça e direitos humanos. Nessas áreas, terapeutas ocu-
pacionais desenvolvem atividades de assistência, gestão, ensino, supervisão, consultoria 
e assessoria. Tal participação também se expressa em ações em prol da ampliação de 
curso de graduação em Terapia Ocupacional nas regiões brasileiras, em instituições de 
ensino superior públicas e privadas, bem como de cursos de pós-graduação no nível lato 
e stricto sensu (especializações, mestrado e doutorado) (ABRATO, 2021).
A Abrato também estipula a Lista de Procedimentos da Terapia Ocupacional, 
composta por nove grupos, sendo eles: consulta; avaliação; aplicação de testes; 
aplicação de atividades terapêuticas ocupacionais; dispositivos de tecnologia assistiva; 
ergonomia/atividade de trabalho; orientações e capacitações; consultorias/supervisão/
assessoria/apoio/auditoria; e contextos de atendimento (COFFITO, 2007).
Podem participar da Abrato terapeutas ocupacionais e estudantes de terapia 
ocupacional de todo o país, sendo cobrada uma taxa anualmente para a adesão e 
manutenção dos benefícios. Destacam-se os valores diferenciados de acordo com a 
categoria (ABRATO, 2021).
Apesar do estabelecimento da Abrato, esta não é exclusiva. Segundo Lázaro 
(2014), pode existir mais de uma associação de uma mesma categoria profissional, 
numa mesma região, com seu próprio estatuto, normativas e organização.
Sendo assim, a Associação, assim como os Conselhos, auxiliam na formação e 
fortalecimento da profissão de Terapia Ocupacional, tanto no Brasil quanto no mundo. 
Por isso, a participação ativa nessas entidades é de suma importância na defesa dos 
direitos e interesses dos profissionais. 
78
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• A organização do sistema de conselhos representativos da terapia ocupacional em 
nível nacional e internacional.
• A importância de cada esfera representativa e sua função para a garantia de direitos 
e na defesa dos interesses da terapia ocupacional, além de estimular o fortaleci-
mento da pesquisa e no conhecimento científico dos terapeutas ocupacionais.
• A diferença entre o papel e atribuições do Conselho, Federação e Associação de 
Terapeutas Ocupacionais.
79
AUTOATIVIDADE
1 A criação dos Conselhos de Terapia Ocupacional foi de suma importância para o 
crescimento e fortalecimento da profissão, principalmente no Brasil, com histórico 
de carência de regulamentação e coesão. Diante desse fato, o sistema de Conselhos 
de Terapia Ocupacional (Coffito e Crefito) são entidades representativas da classe dos 
profissionais brasileiros. Discorra sobre o seu principal objetivo.
2 O surgimento da terapia ocupacional é composto por grandes lutas para o reconhe-
cimento da profissão e para a definição do objeto de estudo. Sendo assim, os tera-
peutas ocupacionais da época se organizaram e fundaram uma entidade represen-
tativa em nível mundial. Considerando o exposto e de acordo com o conhecimento 
adquirido na Unidade 2, assinale a alternativa CORRETA que apresenta a entidade 
representativa da terapia ocupacional em nível internacional:
a) ( ) União internacional dos terapeutas ocupacionais.
b) ( ) Federação mundial da terapia ocupacional.
c) ( ) Federação internacional de terapeutas ocupacionais.
d) ( ) Federação mundial dos terapeutas ocupacionais.
3 O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) está atrelado 
aos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), os quais 
estão subdivididos por regiões representativas. Sobre o Crefito, classifique V para as 
sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) O Crefito possui 12 regiões representativas mais o Distrito Federal, que é uma região 
independente por ser a capital do país.
( ) Dentre as competências do Crefito, está a escolha do presidente e vice-presidente 
de sua jurisdição.
( ) Os Crefito da 2ª, 3ª e 4ª região representam os estados do Sudeste do país. 
( ) A expedição da carteira profissional fica a cargo de cada Crefito, independentemente 
do estado de atuação do profissional. O profissional pode se inscrever em um Crefito 
e atuar em outro Estado, sem a necessidade de troca, mesmo fora da jurisdição do 
conselho.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) F - V - V - F.
b) ( ) F - F - V - V.
c) ( ) V - F - V - F.
d) ( ) V - V - F - F.
80
4 A WOFT é a entidade mais antiga fundada da Terapia Ocupacional no mundo, 
existindo representação dela em todos os continentes. Tal representação é realizada 
por associações representantes da categoria, que podem ser de um único país ou de 
um grupo de países. Sobre isso, discorra sobre as representações e associações dos 
países do globo em relação a sua parceria com a WOFT.
5 A Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais fundada em 1989 é uma entidade 
brasileira que atua na defesa dos direitos e interesses dos terapeutas ocupacionais. 
A Abrato, como é conhecida, surgiu devido à necessidade do fortalecimento e 
representação na WOFT, porém ela tinha uma antecessora que contribui para a 
história da profissão. Qual foi a antecessora da Abrato?
a) ( ) Associação do Brasil de Terapia Ocupacional (ABTO).
b) ( ) Associação da Terapia Ocupacional Brasileira (ATOB).
c) ( ) Associação Brasileira da Terapia Ocupacional (ABTO).
d) ( ) Associação dos Terapeutas Ocupacionais do Brasil (ATOB).
81
TÓPICO 3 - 
BIOÉTICA
1 INTRODUÇÃO
Neste tema, abordaremos os princípios e aspectos da bioética, ressaltando seus 
conceitos e, principalmente, suas aplicações na área da saúde e seu uso na pesquisa. 
Destacaremos a função do conselhode ética em pesquisa e as normas acerca da 
realização de pesquisa envolvendo seres humanos. 
Descreveremos os princípios contidos na declaração de Helsinque e Nuremberg 
quanto ao uso de seres humanos em pesquisas científicas. 
UNIDADE 2
2 COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
Antes de começarmos a discutir a função do comitê de ética em pesquisa, 
necessitamos conhecer alguns aspectos sobre a bioética. Pois, esta irá ser muito 
importante na conduta do profissional e do pesquisador da área da saúde e área afins.
O mundo o qual se vive hoje dispensou a ideia de uma vida eterna 
feliz; ele dispensou a crença em Deus, relativizou os valores, a moral 
e a ética, a educação e o sentindo de ter fé (seja em algo superior, 
seja na própria vida). A lógica da técnica, dos ganhos e lucros e do 
conhecimento científico, ou seja, na ciência, está presente em todos 
os momentos da vida. Hoje, quem tem acesso à ciência é monitorado 
na gestação, no nascimento, na vida e na morte. A vida é inculcada 
na ciência. [...] Algumas características do fazer científico, o que é 
específico da ética se suas semelhanças com esta é a bioética, que 
abrange o trabalho, a educação e a vida [...] (WEBER, 2013, s.p.).
Mas, de fato, o que é a bioética?
Segundo Santos (2018), ela se caracteriza como uma disciplina intelectual que 
envolve a discussão acerca dos aspectos éticos no nascimento, continuidade da vida e 
morte, nas disciplinas da área biológica, da saúde e humanas.
Essa discussão já data desde a época de Hipócrates, considerado o pai da 
medicina. Ele estabelecia que todo o conhecimento adquirido acerca dos seus estudos 
seria em prol de realizar o bem ao doente e jamais lhe causar mal (SANTOS, 2018).
Em 1971 o mundo conheceu o termo bioética, nascido durante a publicação 
do livro Bioética: a ponte para o futuro, de autoria de Van Rensselaer Potter. Essa 
publicação tinha interesse em identificar os valores e normas que fossem capazes de 
orientar a ação humana, principalmente na área da ciência e tecnologia (SANTOS, 2018). 
82
Sendo assim, os princípios de bioética passaram a serem discutidos a partir 
daquele momento, onde o governo, os congressistas norte-americanos, impulsionados 
pelas publicações sobre a temática, reuniram profissionais das mais diversas áreas 
para discutirem sobre a temática e definirem as normas acerca do desenvolvimento de 
pesquisa biomédica e pesquisa comportamental (SANTOS, 2018).
Após quatro anos de estudos e discussão, finalmente chegaram em um consenso, 
no qual definiram que ambos os tipos de pesquisa deveriam seguir os princípios do respeito 
às pessoas, o da beneficência e o da justiça. A partir da definição desses três princípios, foi 
criado o relatório de Belmont, publicado em 1979 (SANTOS, 2018).
Tal discussão foi impulsionada pela ocorrência de relatos de uma série de 
escândalos envolvendo experimentos humanos, no pós-guerra, o qual impulsionou a 
criação do Instituto Kennedy e a comissão acima referida, a qual estipulou medidas para 
a aplicação ética na saúde.
Outra importante publicação de Potter foi o livro Bioética Global, lançado em 
1988, o qual faz uma análise aprofundada acerca das questões que a integridade e 
a dignidade de todos os seres vivos, considerando os aspectos biológicos, culturais e 
sociais (STRONG, 2007).
Apesar de ser muito válida, a princípio, as ideias de Potter não repercutiram 
como era desejado, pois os avanços nas ciências da saúde e das tecnologias em saúde 
encaminharam a bioética a um campo limitado relacionado apenas aos aspectos 
biomédicos. 
Diante do exposto até aqui, podemos considerar que a ética é algo plural, como 
observado no tema anterior sobre ética. Ao longo dos anos, vários modelos de bioética 
foram sendo criados, contudo, ressaltaremos, nesta unidade, os seis principais e de 
interesse biomédico (SANTOS, 2018). 
83
Figura 4 – Metaética: o significado e julgamento ético
Fonte: adaptada de Veatch (2013)
A metaética considera as questões fundamentais da ética, quais os princípios 
e significados são de fato fundamento da prática ética quais são os aspectos básicos 
referente à conduta. Sem uma decisão construída a partir da reflexão, ela geralmente 
está ligada a uma doutrina/mandamentos ou leis mais simples de serem absorvidas, e 
todos devem chegar à mesma decisão ética (VEATCH, 2013).
O modelo principialista surgiu a partir do relatório de Belmont, e seus principais 
precursores foram os teóricos James F. Childress e Tomas L. Beauchamp. Eles 
consideravam, nesse modelo de bioética, que era necessário fazer uso de um método 
específico para resolver os aspectos éticos advindos do cuidado na saúde humana. Por 
isso, estipularam os seguintes pontos a serem adotados para resolver o conflito ético: 
autonomia, beneficência, não maleficência e justiça (SANTOS, 2018).
A autonomia refere-se à consideração dos direitos fundamentais do homem, 
com base nos princípios morais. Tal princípio é utilizado no embasamento do testamento 
vital, das diretrizes antecipadas de vontade (DAV) e da confidencialidade de informações 
médicas (SANTOS, 2018).
Já o princípio da beneficência é caracterizado pela atuação da equipe de 
saúde, e deve ter como objetivo o bem-estar, sendo realizadas ações para os que 
mais necessitam, devendo obedecer ao princípio da autonomia do paciente. Em 
contrapartida, nem sempre pode-se realizar uma atitude positiva ao indivíduo, por 
84
isso, os profissionais deverão não fazer mal ao paciente. Resumindo, quando não há a 
possibilidade da beneficência, o mal total deve ser evitado, pois, ele é sempre possível, 
como as condutas iatrogênicas, por exemplo (SANTOS, 2018).
O princípio da justiça condiz com a obrigação da igualdade no tratamento 
médico e de respeito por parte do Estado na garantia da equidade de recursos para 
prestar os serviços de saúde à população (SANTOS, 2018). 
No Sistema Único de Saúde, são adotados tais princípios, que são algumas 
das principais diretrizes fundamentais do sistema de saúde brasileiro (AGUIAR, 2015). 
Esse modelo é um dos mais utilizados na área da saúde, por seus princípios de fácil 
entendimento e utilização na prática, porém tais princípios não impulsionam o profissional 
ao compromisso pessoal, trazendo certa passividade na atitude destes (SANTOS, 2018).
O modelo de bioética personalista surgiu na Europa, inaugurada por Elio 
Sgreccia, onde as ações deveriam se centralizar na pessoa humana. Esse modelo orienta 
a conduta médica na vida humana. Possui os seguintes princípios: defesa da vida física, 
da liberdade e da responsabilidade, da totalidade ou terapêutico, da socialidade e da 
subsidiariedade (SANTOS, 2018).
A defesa da vida física condiz que a vida é sagrada e merece respeito, defesa 
e promoção em todas as suas fases, desde a concepção até o momento da morte, não 
sendo possível o abreviamento desta. O princípio da liberdade e da responsabilidade 
refere-se ao ato moral e livre de assumir a responsabilidade da defesa e do cuidado à 
vida. Esse princípio está diretamente relacionado ao princípio de defesa da vida física 
(SANTOS, 2018).
Já o princípio da totalidade e do terapêutico condiz a intervenção em alguma 
parte do corpo para salvaguardar a vida, onde a intervenção deverá ocorrer sobre a parte 
do corpo que causa o dano a pessoa, ou que não exista outro meio para chegar no mesmo 
resultado, onde o êxito seja proporcionalmente maior ao malefício (SANTOS, 2018).
E por último, o princípio da socialidade e da subsidiariedade. A socialidade refe-
re-se à responsabilidade que todos os integrantes da sociedade possuem na garantia 
do bem comum. Nisso, a subsidiariedade complementa no sentido de garantir, além do 
bem comum, a destinação dos recursos para os mais necessitados.
Já o modelo contratualista foi criado para a reformulação dos pontos ressaltados 
por Hipócrates, pois o paternalismo inaugurado por ele não tem mais espaço. No 
cuidado ao paciente, não se deve ignorar a vontade do paciente na tomada de decisão 
de determinada conduçãono tratamento (SANTOS, 2018). 
Sendo assim, este modelo refere-se ao pacto entre o médico e o paciente 
acerca da condução do tratamento. Porém, o médico, ou o profissional, ainda possui uma 
parcela maior de responsabilidade, visto que possuem maior conhecimento técnico e 
85
teórico sobre as possibilidades terapêuticas. Após explanarem as possíveis condutas ao 
paciente, deverão tomar uma decisão de acordo com seus preceitos morais e pessoais 
(SANTOS, 2018).
Porém, nesse modelo, apenas podem participar ativamente do processo as 
pessoas que possuem capacidades de tomar decisões éticas, ou seja, as pessoas que 
deixam de tomar decisões, como os idosos, por exemplo, que sofrem discriminação 
acerca da tomada de decisão sobre seu tratamento (SANTOS, 2018).
No modelo sociobiologista, deve haver a evolução dos preceitos moralistas, os 
quais devem acompanhar a evolução da sociedade. Porém, esse modelo restringe o 
homem a um momento histórico. Por isso, os críticos referem que não é possível a 
constante mudança, pois a interpretação das normas não pode perder a sua eficácia 
com a evolução da sociedade (SANTOS, 2018).
O modelo pragmático-utilitarista se opõe à ideia de uma lei natural, ela refere 
que os problemas éticos devem se basear na relação do custo x benefício, o qual irá 
considerar os riscos e benefícios previsíveis para a tomada de decisão terapêutica. Esse 
modelo converge com a ideia da ética utilitarista, como apresentado anteriormente no 
tema sobre ética (SANTOS, 2018).
O modelo subjetivista mostra que seus seguidores possuem dificuldade em 
seguir normas, pois não aceitam autolimitação. Eles levam o princípio da autonomia 
a outra esfera, ou seja, a decisão só pode ser tomada se o indivíduo estiver de acordo 
livremente sobre a decisão. Contudo, assim como o modelo contratualista, o indivíduo 
que não puder expressar a sua vontade corre o risco de suas necessidades não serem 
atendidas, por isso, esse modelo foi duramente criticado desde que foi proposto.
De fato, conceituar a bioética é uma tarefa árdua, que vai além do saber médico, 
engloba diferentes setores, desde os mais simples aos mais complexos, tornando-se 
puramente multiprofissional.
A bioética, dentro do contexto da saúde pública, necessita de um grau 
de escolaridade, pois os setores com menor formação são os mais vulneráveis ao 
problemas e desigualdades sociais, interferindo diretamente no seu processo saúde-
doença (FLUCK, 2021).
De acordo com Fluck (2021), as políticas públicas em saúde devem atender 
aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. São eles: a universalidade, 
equidade, integralidade, descentralização político-administrativa, participação popular, 
igualdade da assistência, preservação da autonomia, organização dos serviços públicos 
e utilização eficaz dos recursos financeiros.
86
Os debates sobre o que de fato é ético e o que não é deixa, em alguns casos, 
brechas em relação a sua regulamentação, pois, se deixarmos de considerar que as 
células-tronco esbarram no viés “origem da vida”, para a biomedicina, significa a 
potencialidade de trazer ou devolver a qualidade de vida e autonomia de pessoas que 
estão em sofrimento (FLUCK, 2021).
Sendo assim, as pesquisas envolvendo seres humanos, material genético, 
novas terapias e afins devem ser realizadas com biossegurança e devem estar em 
consonância com os princípios éticos de não maleficência, beneficência e autonomia, 
salvaguardando os direitos inerentes à vida (BRASIL, 2021a).
O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) funciona como um sistema de colegiado 
interdisciplinar e independente, que deve existir nas instituições brasileiras que 
realizam e permitem a realização de pesquisa envolvendo seres humanos, sendo criado 
para defender os direitos e proteger a integridade dos participantes das pesquisas, 
contribuindo também para a padronização das pesquisas no país (BRASIL, 2021a).
Sobre o CEP, Brasil (2021ª, s.p.), discorre:
O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos 
éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. Este papel 
está bem estabelecido nas diversas diretrizes éticas internacionais 
(Declaração de Helsinque, Diretrizes Internacionais para as Pesquisas 
Biomédicas envolvendo Seres Humanos – CIOMS) e brasileiras (Res. 
CNS n.º 466/12 e complementares), diretrizes estas que ressaltam a 
necessidade de revisão ética e científica das pesquisas envolvendo 
seres humanos, visando a salvaguardar a dignidade, os direitos, a 
segurança e o bem-estar do participante da pesquisa.
Cada instituição possui seu CEP, que possui suas normas específicas, mas 
atendendo às resoluções vigentes no país. Mudando a operacionalização e fluxo de 
cada CEP, de acordo com as normas institucionais (BRASIL, 2023a).
O CEP geralmente é composto por membros fixos de diferentes áreas do 
conhecimento, como saúde, ciências sociais, exatas, dentre outras. Forma-se um 
colegiado, possui em sua organização um coordenador e, geralmente, um secretário/
receptor, o qual irá receber, encaminhar ou recusar as documentações de cada projeto 
de pesquisa (BRASIL, 2023a). 
Posteriormente, um avaliador designado de acordo com os objetivos do estudo 
fará a avaliação técnica de viabilidade da pesquisa (método), dos riscos e benefícios 
da pesquisa e os documentos obrigatórios em consonância com os preceitos éticos 
internacionais (BRASIL, 2023a).
Para que não haja interferência de julgamento do trabalho de pesquisa, o 
membro avaliador não tem seu nome divulgado pela parte interessada, para evitar, 
portanto, o viés de conflito de interesse na pesquisa (BRASIL, 2023a).
87
Figura 5 – Demonstrativo de quantitativo de Comitês de Ética em Pesquisa no Brasil
Fonte: Brasil (2023a, s.p.)
A resolução nº 647 de 12 de outubro de 2020 dispõe sobre as regras para a 
regulamentação do processo de designação e atuação dos membros do CEP indicados 
por entidades do controle social. Esse representante dos participantes da pesquisa 
participa de algumas deliberações envolvendo o CEP e auxilia na transparência da 
utilização da pesquisa em prol da comunidade (BRASIL, 2021b). 
Com relação ao conflito de interesse e funcionamento dos CEP e Conselho 
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), estes devem possuir membros voluntários, 
autônomos e independentes do exercício de sua função. O membro não poderá exercer 
atividade em inciativas privadas onde sua função possa comprometer o bem público e 
a imparcialidade da avaliação (BRASIL, 2013). 
Quanto ao funcionamento, o CEP deverá obedecer ao regimento interno, 
o qual deve ser aprovado em reunião com pelo menos dois terços dos membros. Tal 
regimento deverá abordar as seguintes normas: número de reuniões, número máximo 
de ausência do membro, controle de presenças, horário de funcionamento (serviço 
interno, atendimento ao público e pesquisadores), deliberações e local (BRASIL, 2013).
Quanto ao sigilo, as reuniões do CEP sempre serão fechadas ao público externo, 
sendo que as informações, o procedimento de análise dos protocolos tramitados 
deverão ser resguardas em sigilo, e seus membros se comprometem, sob pena de 
responsabilidade, a manter as informações em segredo (BRASIL, 2013).
88
Figura 6 – Página inicial da Plataforma Brasil para submissão de projetos de pesquisa envolvendo seres 
humanos
Fonte: Brasil (2023b)
A cada plenária, os termos e deliberações acordadas em reunião serão registrados 
em ata e ficarão disponíveis por até 30 dias. Nesse documento, deverá constar também 
as justificativas de falta de membros, local, data, horário de início e término e o registro 
nominal dos participantes (BRASIL, 2013).
Quanto à deliberação ética, existem seis possibilidades quanto ao parecer para 
um projeto de pesquisa. São eles:
1) Aprovado: quando o protocolo se encontra totalmente adequado para execução. 
2) Com pendência: quando a decisão é pela necessidade de correção, hipótese em 
que serão solicitadas alterações ou complementações do protocolo de pesquisa. 
Por mais simplesque seja a exigência feita, o protocolo continua em “pendência” 
enquanto esta não estiver completamente atendida. 
3) Não Aprovado: quando a decisão considera que os óbices éticos do protocolo são 
de tal gravidade que não podem ser superados pela tramitação em “pendência”. 
4) Arquivado: quando o pesquisador descumprir o prazo para enviar as respostas às 
pendências apontadas ou para recorrer.
5) Suspenso: quando a pesquisa aprovada, já em andamento, deve ser interrompida 
por motivo de segurança, especialmente referente ao participante da pesquisa. 
6) Retirado: quando o Sistema CEP/CONEP acatar a solicitação do pesquisador 
responsável mediante justificativa para a retirada do protocolo, antes de sua avaliação 
ética. Neste caso, o protocolo é considerado encerrado.
Como toda e qualquer pesquisa envolvendo seres humanos traz riscos ao 
participante em menor ou menor escala, o CEP sinaliza sobre a entrega de relatórios 
semanalmente para comunicar a ocorrência de evento adverso em decorrência da 
pesquisa. Dentre os eventos, destaca-se ameaça ou risco de vida, hospitalização, 
89
incapacidades temporárias ou permanentes, anomalias congênitas e morte. Cabe 
também ao pesquisador comunicar ao Conep e à Anvisa a ocorrência de efeitos adversos 
graves durante a pesquisa (BRASIL, 2013). 
3 NORMATIVAS E DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE 
PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS
O nazismo foi uma das piores parte da história. Trouxe a morte de milhares 
de pessoas, causou uma grande guerra mundial e suscitou a criação e publicação da 
Declaração de Genebra e Nuremberg, devido às práticas médicas desumanas imputadas 
aos judeus nos campos de concentração.
Em meados de 1947, após o término da Segunda Guerra Mundial, um grupo de 
juízes norte-americanos reuniu-se para julgar os crimes cometidos por atos médicos 
nazistas nos campos de concentração. Esse julgamento resultou na elaboração de 
um conjunto de normas e preceitos éticos para a pesquisa clínica, conhecido como o 
Código de Nuremberg (DINIZ; CORREA, 2001).
A missão do profissional de medicina é salvaguardar a vida humana, por isso, o 
seu conhecimento, formação e conduta profissional deve cumprir essa afirmativa. Por 
isso, apesar de sua importância, os médicos norte-americanos não consideravam o 
código de Nuremberg em sua prática (DINIZ; CORREA, 2001).
Sobre esse fato, Diniz e Correa (2001, p. 34) referem:
Erroneamente, e como viria a demonstrar a história das pesquisas en-
volvendo presidiários e deficientes mentais nos Estados Unidos, suben-
tendeu-se que o controle ético proposto por Nuremberg se direcionava 
apenas aos bárbaros pesquisadores nazistas, nada tendo a acrescen-
tar aos pesquisadores comuns, aos cientistas humanistas engajados 
no avanço da ciência e da cura para as doenças. Para os médicos e 
pesquisadores clínicos norte-americanos, por exemplo, o Código de Nu-
remberg se referia a uma espécie de má medicina ou mesmo a uma 
medicina do mal, típica e exclusiva do nazismo, distante da prática mé-
dica de países com tradição política democrática. O documento seria, 
portanto, antes o resultado de um julgamento político que mesmo um 
tratado universal de direitos humanos no campo da pesquisa científica. 
Esse fato era ilusório, pois o ser humano pode fazer mal ao outro independentemente 
de sua nacionalidade. Talvez a ideia tenha sido nutrida pela ideia de que a ciência médica é 
uma entidade pura, livre do idealismo nazista ou desigualdade social. Esse ideal de ciência 
“boa” não nazista foi propagado para os países periféricos e os debates sobre os direitos 
humanos foram relegados para depois (DINIZ; CORREA, 2001).
Somente vinte anos depois da promulgação do Código de Nuremberg, a 
possibilidade de mal uso da pesquisa clínica foi considerada uma hipótese concreta 
para todos os médicos e pesquisadores, fossem eles nazistas ou democratas. Essa 
90
lacuna de tempo parece ter sido necessária para que as denúncias de maus tratos 
e imprudências, fora do contexto e da moralidade da guerra, fossem investigadas. 
Nos anos 1960, o caso da primeira epidemia da Síndrome da Talidomida, que assolou 
inicialmente a Europa Ocidental e que, logo em seguida, atingiu centenas de mulheres 
norte-americanas que se submetiam a ensaios clínicos para a liberação nacional da 
droga, impressionou a opinião pública, fazendo com que as entidades de controle de 
medicamentos passassem a considerar não apenas a testagem de eficácia das drogas, 
mas principalmente a segurança de prescrevê-las para determinadas populações 
(DINIZ; CORREA, 2001).
A declaração de Nuremberg, em linhas gerais, se refere à participação voluntária 
em pesquisas envolvendo seres humanos, constituída de 10 princípios norteadores para 
a pesquisa, que são:
1 - O consentimento voluntário do ser humano é absolutamente 
essencial. Isso significa que as pessoas que serão submetidas 
ao experimento devem ser legalmente capazes de dar 
consentimento; essas pessoas devem exercer o livre direito 
de escolha sem qualquer intervenção de elementos de força, 
fraude, mentira, coação, astúcia ou outra forma de restrição 
posterior; devem ter conhecimento suficiente do assunto 
em estudo para tomarem uma decisão. Esse último aspecto 
exige que sejam explicados às pessoas a natureza, a duração 
e o propósito do experimento; os métodos segundo os quais 
será conduzido; as inconveniências e os riscos esperados; os 
efeitos sobre a saúde ou sobre a pessoa do participante, que 
eventualmente possam ocorrer, devido à sua participação 
no experimento. O dever e a responsabilidade de garantir a 
qualidade do consentimento repousam sobre o pesquisador 
que inicia ou dirige um experimento ou se compromete nele. 
São deveres e responsabilidades pessoais que não podem ser 
delegados a outrem impunemente.
2 - O experimento deve ser tal que produza resultados vantajosos 
para a sociedade, que não possam ser buscados por outros 
métodos de estudo, mas não podem ser feitos de maneira 
casuística ou desnecessariamente.
3 - O experimento deve ser baseado em resultados de experimen-
tação em animais e no conhecimento da evolução da doença 
ou outros problemas em estudo; dessa maneira, os resultados 
já conhecidos justificam a condição do experimento.
4 - O experimento deve ser conduzido de maneira a evitar todo 
sofrimento e danos desnecessários, quer físicos, quer materiais.
5 - Não deve ser conduzido qualquer experimento quando 
existirem razões para acreditar que pode ocorrer morte ou 
invalidez permanente; exceto, talvez, quando o próprio médico 
pesquisador se submeter ao experimento.
6 - O grau de risco aceitável deve ser limitado pela importância do 
problema que o pesquisador se propõe a resolver.
7 - Devem ser tomados cuidados especiais para proteger o 
participante do experimento de qualquer possibilidade de dano, 
invalidez ou morte, mesmo que remota.
8 - O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas 
cientificamente qualificadas.
91
9 - O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar 
no decorrer do experimento.
10 - O pesquisador deve estar preparado para suspender os 
procedimentos experimentais em qualquer estágio, se ele 
tiver motivos razoáveis para acreditar que a continuação 
do experimento provavelmente causará danos, invalidez ou 
morte para os participantes (TRIBUNAL INTERNACIONAL DE 
NUREMBERG, 1949).
 
A Declaração de Helsinki foi criada em 1964, pela Associação Médica Mundial, 
um documento ético, isento, de poderes legais e normativos, sendo referência até 
hoje para a regulamentação de pesquisas médicas envolvendo seres humanos, não só 
profissional, mas em todas as esferas (DINIZ; CORREA, 2001).
Segundo a Associação Médica Mundial (1989), as pesquisas devem considerar e 
seguir os seguintes preceitos:
1. A pesquisa biomédica envolvendo seres humanos deve obedecer a princípios 
científicos, geralmente aceitos e ser baseada em experiências laboratoriais,  in 
vitro e em animais, adequadamente realizadas e em um conhecimento profundo daliteratura científica.
2. O desenho e a realização de cada procedimento experimental envolvendo seres 
humanos devem ser enunciados claramente em protocolo de experiência que 
deve ser transmitido, para consideração, comentários e orientação, a um comitê 
especialmente nomeado, independente do patrocinador, desde que este comitê 
independente esteja de acordo com as leis e regulamentos do país onde se localiza 
a pesquisa.
3. Pesquisa biomédica envolvendo seres humanos só devem ser conduzidas apenas por 
pessoas cientificamente qualificadas, e sob a supervisão de um profissional médico cli-
nicamente competente. A responsabilidade pelo participante deve sempre ser de uma 
pessoa medicamente qualificada, mesmo que este tenha dado seu consentimento.
4. Pesquisas biomédicas envolvendo seres humanos não podem ser legitimamente 
realizadas a não ser que a importância do objetivo seja proporcional ao risco inerente 
para o participante.
5. Cada projeto de pesquisa biomédica envolvendo seres humanos deve ser 
antecedido por uma avaliação cuidadosa dos riscos previsíveis em comparação 
com os benefícios previstos, para o participante ou para terceiros. A preocupação 
com os interesses do participante deve sempre prevalecer sobre os interesses da 
ciência e da sociedade.
6. O direito do participante de pesquisas de salvaguardar sua integridade deve 
ser sempre respeitada. Devem-se tomar todas as precauções para respeitar a 
privacidade do participante e minimizar o impacto do estudo sobre integridade 
física e mental e sobre sua personalidade.
7. Médicos não devem engajar-se em projetos de pesquisas que envolvam seres 
humanos, a não ser que estejam satisfeitos de que acredita-se que os perigos 
envolvidos podem ser previstos. Os médicos devem interromper qualquer 
investigação caso se descubra que os perigos ultrapassem os benefícios potenciais.
92
8. Ao publicar os resultados de sua pesquisa, o médico é obrigado a preservar a 
exatidão dos resultados. Relatórios que não estejam de acordo com os princípios 
estabelecidos nesta Declaração não devem ser aceitos para publicação.
9. Em qualquer pesquisa com seres humanos, cada participante em potencial 
deve ser adequadamente informado sobre os objetivos, métodos, benefícios 
previstos e potenciais perigos do estudo, o incomodo que este possa acarretar. 
Deve ser informado de que é livre para retirar seu consentimento em participar, 
a qualquer momento. O médico deve então obter o consentimento pós-
informação do participante dado livremente, de preferência por escrito. 
10. Ao obter o consentimento para projeto de pesquisa, o médico deve ser 
particularmente cuidadoso caso o participante tiver uma relação a ele e possa 
consentir sob pressão. Nesse caso, o consentimento pós-informação deve ser 
obtido por um médico que não esteja engajado na investigação e que esteja 
completamente independente dessa relação oficial.
10. Em caso de incompetência legal, deve-se obter o consentimento pós-informação 
do guardião legal, em conformidade com a legislação nacional. Quando uma inca-
pacidade física e mental impossibilitar a obtenção do consentimento pós-informa-
ção, ou quando o participante for menor de idade, a permissão do familiar respon-
sável substitui a do participante, obedecendo-se a legislação nacional. Sempre que 
o menor for capaz de dar consentimento, o consentimento de seu guardião legal.
11. O protocolo de pesquisa deve sempre conter uma declaração sobre as considerações 
éticas envolvidas e indicar que os princípios enunciados nesta Declaração serão 
obedecidos.
Quanto às pesquisas biomédicas de caráter clínico, ou seja, pesquisa envolvendo 
a oferta de cuidados profissionais (ASSOCIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL, 1989):
1. No tratamento da pessoa doente, o médico deve ter liberdade para usar uma nova 
medida diagnostica ou terapêutica se, em seu julgamento, esta oferta oferecer 
esperança de salvar a vida, restabelecer a saúde ou aliviar o sofrimento.
2. Os benefícios, perigos e desconforto potenciais de um novo método devem 
ser pesados em relação as vantagens dos melhores métodos diagnósticos e 
terapêuticos atuais.
3. Em qualquer estudo médico, todos os pacientes - incluindo os do grupo controle, se 
houver - devem ter assegurados os melhores métodos diagnósticos ou terapêuticos 
comprovados.
4. A recusa do paciente em participar de um estudo nunca deve interferir na relação 
médico-paciente.
5. Se o médico considera essencial não obter o consentimento pós-informação, 
as razões específicas para esta proposta devem ser declaradas no protocolo 
experimental a ser transmitido ao comitê independente.
6. O médico pode combinar pesquisa médica com cuidados profissionais, com o objeti-
vo de adquirir novos conhecimentos médicos, somente até onde a pesquisa médica 
seja justificada por seu potencial valor diagnóstico ou terapêutico para o paciente.
93
Quando a pesquisa que não tem caráter clínico, o médico deve seguir os 
seguintes preceitos:
1. Na aplicação puramente científica das pesquisas médicas realizadas em um ser 
humano, o médico tem o dever de continuar sendo protetor da vida e da saúde 
daquela pessoa a qual a pesquisa biomédica é realizada.
2. Os participantes devem ser voluntários - pessoas sadias ou pacientes, para quais o 
desenho do estudo não tem relação com a própria doença.
3. O investigador ou equipe de investigação deve interromper a pesquisa se em seu 
julgamento, esta possa ser nociva ao participante, se continuada.
4. Em pesquisas sobre o homem o interesse da ciência e da sociedade nunca devem 
ter precedência sobre considerações relativas ao bem-estar do participante.
Outro documento de suma importância para a pesquisa envolvendo seres 
humanos a nível nacional, a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 refere sobre 
as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa, destacando nas disposições 
preliminares discorre sobre os princípios fundamentais voltado ao indivíduo e a 
coletividade, como a autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade 
(BRASIL, 2012).
Sobre os aspectos e definições das pesquisas envolvendo seres humanos, 
Brasil (2012, s.p.), dispõe:
1 - achados da pesquisa - fatos ou informações encontrados pelo 
pesquisador no decorrer da pesquisa e que sejam considerados 
de relevância para os participantes ou comunidades 
participantes;
2 - assentimento livre e esclarecido - anuência do participante da 
pesquisa, criança, adolescente ou legalmente incapaz, livre de 
vícios (simulação, fraude ou erro), dependência, subordinação 
ou intimidação. Tais participantes devem ser esclarecidos sobre 
a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios 
previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa lhes 
acarretar, na medida de sua compreensão e respeitados em 
suas singularidades;
3 - assistência ao participante da pesquisa:
3.1 - assistência imediata – é aquela emergencial e sem ônus de 
qualquer espécie ao participante da pesquisa, em situações em 
que este dela necessite; e
3.2 - assistência integral – é aquela prestada para atender 
complicações e danos decorrentes, direta ou indiretamente, da 
pesquisa;
4 - benefícios da pesquisa - proveito direto ou indireto, imediato ou 
posterior, auferido pelo participante e/ou sua comunidade em 
decorrência de sua participação na pesquisa;
5 - consentimento livre e esclarecido - anuência do participante 
da pesquisa e/ou de seu representante legal, livre de vícios (si-
mulação, fraude ou erro), dependência, subordinação ou intimi-
dação, após esclarecimento completo e pormenorizado sobre a 
natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios pre-
vistos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar;
94
6 - dano associado ou decorrente da pesquisa - agravo imediato 
ou posterior, direto ou indireto, ao indivíduo ou à coletividade, 
decorrente da pesquisa;
7 - indenização - cobertura material para reparação a dano, 
causado pela pesquisa ao participante da pesquisa;
8 - instituição proponente depesquisa - organização, pública 
ou privada, legitimamente constituída e habilitada, à qual o 
pesquisador responsável está vinculado;
9 - instituição coparticipante de pesquisa - organização, pública ou 
privada, legitimamente constituída e habilitada, na qual alguma 
das fases ou etapas da pesquisa se desenvolve;
10 - participante da pesquisa - indivíduo que, de forma esclarecida 
e voluntária, ou sob o esclarecimento e autorização de seu(s) 
responsável(eis) legal(is), aceita ser pesquisado. A participação 
deve se dar de forma gratuita, ressalvadas as pesquisas clínicas 
de Fase I ou de bioequivalência;
11 - patrocinador - pessoa física ou jurídica, pública ou privada 
que apoia a pesquisa, mediante ações de financiamento, 
infraestrutura, recursos humanos ou apoio institucional;
12 - pesquisa - processo formal e sistemático que visa à produção, 
ao avanço do conhecimento e/ou à obtenção de respostas para 
problemas mediante emprego de método científico;
13 - pesquisa em reprodução humana - pesquisas que se ocupam 
com o funcionamento do aparelho reprodutor, procriação e 
fatores que afetam a saúde reprodutiva de humanos, sendo que 
nesses estudos serão considerados “participantes da pesquisa” 
todos os que forem afetados pelos procedimentos dela;
14 - pesquisa envolvendo seres humanos - pesquisa que, individual 
ou coletivamente, tenha como participante o ser humano, em 
sua totalidade ou partes dele, e o envolva de forma direta ou 
indireta, incluindo o manejo de seus dados, informações ou 
materiais biológicos;
15 - pesquisador - membro da equipe de pesquisa, corresponsável 
pela integridade e bem-estar dos participantes da pesquisa;
16 - pesquisador responsável - pessoa responsável pela 
coordenação da pesquisa e corresponsável pela integridade e 
bem-estar dos participantes da pesquisa;
17 - protocolo de pesquisa - conjunto de documentos contemplando 
a descrição da pesquisa em seus aspectos fundamentais e as 
informações relativas ao participante da pesquisa, à qualificação 
dos pesquisadores e a todas as instâncias responsáveis;
18 - provimento material prévio - compensação material, 
exclusivamente para despesas de transporte e alimentação 
do participante e seus acompanhantes, quando necessário, 
anterior à participação deste na pesquisa;
19 - relatório final - é aquele apresentado após o encerramento da 
pesquisa, totalizando seus resultados;
20 - relatório parcial - é aquele apresentado durante a pesquisa 
demonstrando fatos relevantes e resultados parciais de seu 
desenvolvimento;
21 - ressarcimento - compensação material, exclusivamente de 
despesas do participante e seus acompanhantes, quando 
necessário, tais como transporte e alimentação;
22 - risco da pesquisa - possibilidade de danos à dimensão física, 
psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser 
humano, em qualquer pesquisa e dela decorrente;
95
23 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE - docu-
mento no qual é explicitado o consentimento livre e esclare-
cido do participante e/ou de seu responsável legal, de forma 
escrita, devendo conter todas as informações necessárias, em 
linguagem clara e objetiva, de fácil entendimento, para o mais 
completo esclarecimento sobre a pesquisa a qual se propõe 
participar;
24 - Termo de Assentimento - documento elaborado em linguagem 
acessível para os menores ou para os legalmente incapazes, por 
meio do qual, após os participantes da pesquisa serem devida-
mente esclarecidos, explicitarão sua anuência em participar da 
pesquisa, sem prejuízo do consentimento de seus responsáveis 
legais; e
25 - vulnerabilidade - estado de pessoas ou grupos que, por quais-
quer razões ou motivos, tenham a sua capacidade de autode-
terminação reduzida ou impedida, ou de qualquer forma este-
jam impedidos de opor resistência, sobretudo no que se refere 
ao consentimento livre e esclarecido. 
Tais declarações e normativas são importantes, pois norteiam a prática de 
pesquisa envolvendo seres humanos, considerando os aspectos éticos universais e 
fortalecendo o desenvolvimento da ciência, tecnologias e novos procedimentos para 
sanar as necessidades humanas.
96
Perspectivas bioéticas sobre tomada de decisão em tempos de pandemia
Mário Antônio Sanches, 
Thiago Rocha da Cunha, 
Sergio Surugi de Siqueira, 
José Eduardo de Siqueira
Em tempos de pandemia, profissionais de saúde devem tomar decisões 
complexas, como escolher quem será conduzido a tratamento com potencial de cura, 
sabendo que os pacientes excluídos estão sendo praticamente deixados à morte. Diante 
dessa situação angustiante, buscam-se com afinco referenciais teóricos e técnicos 
que possam estabelecer critérios para a tomada de decisão. A reflexão exige análise 
rigorosa dos argumentos, franqueza e honestidade, para evitar que o debate se torne 
interminável e nada se concretize. Este ensaio questiona se as atuais perspectivas do 
campo da bioética são efetivas em meio a esse cenário.
Este texto tentará responder à seguinte pergunta: que vertente da bioética 
pode amparar os melhores argumentos éticos para enfrentar os conflitos gerados 
pela pandemia? Isso implica diversas outras indagações, como: é razoável privilegiar 
pacientes jovens em detrimento dos mais velhos, considerando que a morbimortalidade 
é maior entre idosos? É prudente subestimar este grupo, ainda que o ordenamento 
jurídico do país estabeleça orientação diametralmente oposta? Profissionais de saúde 
cometem infração ética e incorrem em crime de omissão de socorro ao deixar de oferecer 
assistência adequada para pessoas vulneráveis? A busca de resposta para tais questões 
não se esgota no campo da bioética, mas este artigo pretende seguir algumas pistas, 
mantendo-se aberto à necessidade de aprofundamento futuro. De início, apresenta-se 
brevemente a pandemia que motiva a reflexão.
Em meados de dezembro de 2019 foram identificados na China vários casos 
de doença respiratória de origem desconhecida, que se caracterizava por tosse seca, 
febre, fadiga e, com menos frequência, sintomas gastrointestinais. Inicialmente, a 
enfermidade acometeu 66% das pessoas que trabalhavam na venda de pescados do 
“mercado molhado” de Wuhan, cidade da província de Hubei 1 . No dia 31 daquele mês, a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) foi oficialmente informada sobre o surto de casos 
de pneumonia de causa desconhecida concentrados na região, e já no dia seguinte o 
mercado foi fechado pelas autoridades chinesas.
LEITURA
COMPLEMENTAR
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B1
97
Mais tarde, o agente etiológico foi identificado como novo betacoronavírus, que ini-
cialmente recebeu o nome de 2019-nCoV e depois foi renomeado como Sars-CoV-2, cau-
sador da doença cuja nomenclatura oficial se tornou “covid-19”. Com a disseminação da 
enfermidade para outros países, em 30 de janeiro de 2020 a OMS declarou emergência em 
saúde com abrangência internacional, mas somente no dia 11 de março a pandemia foi ofi-
cialmente declarada, com milhões de casos reportados e centenas de milhares de mortes 2 .
Este ensaio será elaborado a partir de reflexões pessoais e do diálogo com 
autores de diversas áreas, lançando mão de referenciais teóricos para contribuir com 
o debate. Trata-se de trabalho elaborado sob o impacto da pandemia e que não espera 
atuar em campo de fácil consenso.
Sociedades em tempos de pandemia
Registrando a Peste de Atenas, ocorrida em 430 a.C., Tucídides 3 afirma que a 
epidemia se deu em contexto de desorganização social e moral. Dessa afirmação pode-
se entender que a causa da peste seria a degradação moral, ou que a sociedade entra 
em modo de excepcionalidade pois sua imoralidade é exacerbada pela doença 3.
Um primeiro aspecto dessa excepcionalidade é a ineficiência dos meios usuais 
de tratamento. Nesse sentido, o relato da Peste de Atenas ecoa toda vez que a sociedade 
vivencia nova epidemia: Nada podiam fazer os médicos por seu desconhecimento da 
enfermidade que tratavam pela primeira vez4. É como se Tucídides estivesse narrando a 
pandemia de covid-19 ao apontar que os profissionais de saúde (como diríamos hoje) eram 
os principais afetados porque eram os que mais se aproximavam dos enfermos 4 .
A imagem mais dramática de Tucídides é a dos corpos insepultos em Atenas, o 
que fugia de todos os padrões de normalidade da cultura grega, dada a obrigação sagrada 
de sepultar adequadamente os mortos. Semelhantemente, Galeno – médico grego que 
estava em Roma e presenciou a Primeira Peste Antonina (165-170 d.C.), classificando-a, 
segundo Gozalbes Cravioto e García, como enfermidade grave, frequentemente mortal 
e que atuava sobre um grande número de pessoas 5 – recomendava que os funerais 
não fossem realizados dentro dos limites da cidade, como era costume na época.
Nesses períodos angustiantes, as relações entre as pessoas se alteram, para 
espanto de Boccaccio, que vivenciou a Peste Negra (1348-1350): Os pais e as mães 
sentiam repugnância de visitar e de servir os filhos, como se estes não fossem seus (e 
esta é a pior coisa, quase inacreditável) 6 . Outra passagem dramática é encontrada na 
obra de Muratori, que relata a peste na Espanha, no início do século XVIII: Às mulheres 
que amamentam é necessário tirar-lhes os filhos imediatamente após o início do mal, 
buscando depois cãezinhos para chupar o leite quando necessário 7 .
Registros mais recentes, no campo da ficção, são duas obras que descrevem 
dramas semelhantes ao da atual pandemia. Em 1947, Albert Camus publica A peste 8 , 
no qual reflete sobre o absurdo da existência humana, considerando a simultaneidade 
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B2
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B3
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B3
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B4
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B4
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B5
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B6
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B7
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B8
98
do mal e da solidariedade na luta contra epidemia que testa os limites morais dos 
habitantes da cidade de Oran. Já  Ensaio sobre a cegueira9  , do escritor português 
José Saramago, descreve a “cegueira branca” que se propaga de maneira incontrolada 
entre a população de parte não especificada do planeta. Trata-se de parábola sobre a 
cegueira moral em tempos de enfermidade promovida por agente desconhecido, em 
tudo semelhante à atual pandemia, em meio à qual, apesar dos significativos avanços 
da ciência, continuamos “cegos”. Nossa esperança é a de que a atual “peste” seja 
transitória, como a descrita por Saramago.
Esses fragmentos visam apenas apontar que muitas situações vivenciadas 
na atual pandemia são recorrentes. As cenas testemunhadas chocam, como as 
inacreditáveis imagens de sepultamentos em valas comuns ou de caminhões enfileirados 
para buscar cadáveres que serão enterrados apressadamente, sem a devida cerimônia. 
Nota-se, portanto, o assombro recorrente diante das epidemias, quando normas e 
regras se revelam inócuas e impõem a todos condições excepcionais.
O argumento inicial deste artigo é o de que, em meio a pandemia, a sociedade 
passa a atuar em modo de excepcionalidade, e medidas políticas e comportamentos 
sociais que jamais seriam aceitos fora desse contexto passam a ser defendidos 
abertamente. No cuidado da saúde, é como se as emergências, raras e concentradas 
em determinados serviços, subitamente se tornassem a regra.
Colhido de experiências epidêmicas passadas, este argumento precisa ser desta-
cado, pois não se pode ter receio de aplicar medidas de emergência em situações que as 
exigem, assim como é preciso recusá-las caso o contexto se altere. Esta é postura própria 
da bioética, compreendida como campo do conhecimento que visa fornecer orientações 
práticas para um agir contextualizado. Esse posicionamento encontra eco em muitas 
perspectivas tradicionais que compreendem a ação moral como ação em contexto.
Na sequência, introduzem-se possíveis contribuições das principais tendências 
da bioética para a tomada de decisão em tempos de conflitos morais. Buscam-se 
respostas principalmente no principialismo, personalismo, utilitarismo e na bioética 
social. Antes, porém, é necessário apresentar rapidamente a noção de conflitos nesse 
campo do conhecimento.
Por se pautar pela valorização da diversidade – interdisciplinaridade, 
interculturalidade e diversidade moral –, a bioética não busca delimitar respostas certas 
para a ação humana. O que ela pretende é apontar situações de conflito em que se pode 
chegar a alternativas razoáveis e prudentes após debate aberto e diverso. Desse modo, 
afastam-se da bioética todos aqueles que se apregoam portadores de verdade única. 
Abre-se espaço para quem defende que a verdade pode ser alcançada, ou ao menos 
vislumbrada, a partir de busca coletiva. Quando nascem do consenso, as ações não 
geram conflitos. Os problemas surgem quando os atores discordam sobre o curso a ser 
seguido, ou quando a ação sugerida agride valores e convicções dos envolvidos.
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B9
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Bioética social: priorização de grupos vulneráveis
Compreende-se aqui “bioética social” como aquela produzida na América Latina 
a partir dos anos 1990, quando bioeticistas da região passam a identificar as limitações 
das teorias criadas em países desenvolvidos, que não responderiam aos conflitos 
éticos locais. Essas limitações ocorriam pela incapacidade da bioética estadunidense 
e europeia de ir além de contextos puramente clínicos e hospitalares, quase sempre 
focando a autonomia do paciente e a beneficência pela perspectiva do profissional. 
Até então, desconsideravam-se temas relacionados à vulnerabilidade socioeconômica, 
como falta de acesso à saúde, exclusão social, fome e violência, entre outras questões 
que ainda hoje impactam diretamente a vida e a saúde da maior parte da população da 
América Latina e do Caribe.
Autores como Márcio Fabri dos Anjos  17  , Volnei Garrafa  18  e Fermin Roland 
Schramm 19 passaram a incluir a dimensão social nas reflexões sobre bioética. Ao longo 
dos anos, a vertente foi se desenvolvendo com a contribuição de outros autores, de 
outras regiões e áreas do conhecimento. A despeito de diferenças pontuais, comuns 
em um campo interdisciplinar em construção, o que define a bioética social latino-
americana é perspectiva politizada, crítica e contextualizada sobre os conflitos éticos 
envolvendo a saúde, compreendida em suas dimensões individual, coletiva e global.
A principal contribuição da bioética social no contexto da covid-19 é a priorização 
de grupos socialmente fragilizados. Nessa perspectiva, a intervenção deve favorecer os 
mais excluídos, marginalizados e vulnerabilizados. Essa posição pode ser defendida, por 
exemplo, a partir da produção seminal de Anjos  17  , que no final dos anos 1980 trouxe 
para o campo da bioética o conceito de “mistanásia” para demonstrar como os conflitos 
de fim de vida atingem injustamente grupos mais pobres, que muitas vezes têm sua 
morte antecipada por falta de acesso a hospitais ou de condições básicas de saúde, 
como saneamento e alimentação.
As produções de Schramm 20 , por sua vez, chamam atenção para o processo 
de vulneração em saúde, ou seja, para mecanismos injustos que fragilizam grupos que 
não podem defender seus próprios interesses. Esse cenário levou o autor a desenvolver 
a chamada “bioética de proteção”, abordagem que defende ações e políticas públicas 
prioritárias para resguardar os mais vulneráveis.
Na mesma linha, Garrafa e Porto  21  propõem a “bioética de intervenção”, 
enfatizando a responsabilidade do Estado e da sociedade civil pelos graves problemas 
sociais que geram desigualdades. Os autores desenvolveram abordagem específica 
do utilitarismo – chamado de “utilitarismo orientador à equidade”– para ser aplicado 
em contextos como o brasileiro e latino-americano, quando há uma maioria excluída e 
vulnerável que deve ser o sujeito preferencial das ações.
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B17
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B18
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B19
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B17
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B20
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B21
100
Recentemente, a partir do diálogo com a vertente social, Cunha 22 fundamentou 
uma “bioética crítica”, baseada no chamado “universalismo ético negativo”, que identifica 
valor universal concreto para sustentar normas e ações23  . Esse valor é o sofrimento 
comum (encontrado em todos os povos e locais do planeta) resultante da exploração 
econômica e ambiental relacionada à globalização, que acomete injustamente os grupos 
mais vulneráveis. Pouco depois, em 2018, Sanches, Mannes e Cunha  24  elaboraram 
o conceito de “vulnerabilidade moral”, chamando atenção para os processos que 
legitimam a exclusão, estigmatização e discriminação por meio da imposição de 
moralidade hegemônica, muitas vezes referendada por teorias científicas, econômicas, 
sociológicas ou teológicas.
Seguindo a perspectiva da bioética social latino-americana, os parâmetros para a 
tomada de decisão, tanto no contexto clínico quanto na definição de protocolos, normas 
e políticas públicas, devem priorizar grupos social e economicamente vulneráveis, 
historicamente excluídos, desprotegidos e explorados. Priorizar esses grupos em meio 
à maior crise sanitária dos últimos tempos seria não apenas reparar inaceitável injustiça 
histórica, mas também modo de apontar didaticamente para nova organização social 
pós-pandemia, mais justa e ética.
Covid-19 no Brasil: parâmetros éticos
Além de não agredir o ordenamento jurídico dos Estados, qualquer decisão ética 
em saúde deve atender os pressupostos dos direitos humanos consagrados em acordos 
internacionais e ser deliberada à luz da bioética. A Declaração Universal dos Direitos 
Humanos25 e a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos26 consideram 
inaceitável qualquer tipo de discriminação. Na mesma linha, o Código de Ética Médica 
vigente no Brasil consagra em seus princípios fundamentais que  a medicina é uma 
profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem 
discriminação de nenhuma natureza27  . O ordenamento jurídico pátrio conta ainda 
com o Estatuto do Idoso, que assegura em seu artigo 15 a atenção integral à saúde do 
idoso, (…) para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a 
atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos 28 .
Com base nesses referenciais e nas correntes teóricas analisadas, apresentam-
se a seguir contribuições da bioética para o enfrentamento dos conflitos gerados pela 
pandemia. Antes disso, no entanto, é importante destacar que a bioética considera 
pouco provável encontrar soluções consensuais para os conflitos morais persistentes na 
assistência em saúde. Portanto, a busca será por soluções que sejam as mais razoáveis 
e prudentes.
Obrigatoriamente, para o adequado cumprimento de um roteiro em bioética, 
há de se considerar fatos científicos (território da medicina baseada em evidências) 
e valores morais de todos os que protagonizam o processo deliberativo (território da 
subjetividade humana). Considerando esses condicionantes, fica claro que protocolos 
e consensos expedidos por associações de especialistas devem servir unicamente 
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B22
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B23
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101
como elementos orientadores, nunca como critério único para deliberações clínicas. 
É fundamental ressaltar esse pressuposto, pois profissionais de saúde, sobretudo 
médicos, tendem a basear suas decisões apenas em evidências científicas, enfatizadas 
durante a formação. Outro elemento essencial é considerar cada caso clínico como 
evento único, que conta com variáveis nosológicas e biográficas específicas 29 .
Feitas essas considerações, apresentam-se alguns parâmetros para a tomada 
de decisão nesse momento de pandemia:
1. Nunca raciocinar a partir de teorias que escalonem valor e dignidade da vida. Não há 
critério para definir que um humano valha mais ou menos que outro. Escolher pode 
ser necessário, mas resumir a decisão ao critério etário é reduzir a complexidade da 
situação e assumir postura ideológica em detrimento da reflexão ética.
2. Manter sempre no horizonte a busca da beneficência e o respeito à autonomia dos 
pacientes.
3. Afirmar, a cada dia, o propósito de cuidar bem de todos. Quando o cuidado for 
decisivo para manter a vida, respaldar-se no princípio da justiça, que implica o 
propósito de salvar o maior número possível de pessoas.
4. Quando a dramaticidade do cotidiano impõe escolhas, a decisão, baseada em 
critérios técnicos, deve visar salvar o maior número de pacientes. É necessário fugir 
de leituras reducionistas que induzem à deliberação a partir de critério único.
5. Nunca deixar de analisar criticamente as normas e seu contexto, buscando defender 
políticas públicas que promovam o direito à saúde e fortaleçam os sistemas de 
saúde, para que no futuro essa situação excepcional não se repita com a mesma 
gravidade.
6. Compreender que a responsabilidade pessoal tem limitações. Quando as condições 
estruturais da assistência em saúde inviabilizam salvar alguém, a perda de um 
paciente não pode ser vista como ato deliberado do profissional que presta 
assistência.
Fonte: https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/. Acesso em: 24 mar. 2023.
https://www.redalyc.org/journal/3615/361570652002/html/#B29
102
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Os vários modelos da bioética e sua contribuição para a área da saúde e para o 
campo da terapia ocupacional.
• O Comitê de Ética em pesquisa envolvendo seres humanos e o sistema CEP/Conep;
• As principais normativas para a pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil e no 
mundo, que são o código de Nuremberg e a Declaração de Helsinque.
103
AUTOATIVIDADE
1 O Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) possui diversas finalidades, mas 
a principal delas é regulamentar a pesquisa envolvendo seres humanos no país. 
Para conseguir realizar tal feito, o Conep é representado de maneira mais local por 
outra entidade representativa. Assinale a alternativa CORRETA que denomina o 
representante do Conep nas instituições brasileiras:
a) ( ) Comitê de ética.
b) ( ) Comitê envolvendo pesquisa com seres humanos.
c) ( ) Comitê de ética em pesquisa clínica.
d) ( ) Comitê de ética em pesquisa.
2 Os princípios éticos são norteadores para a prática da pesquisa científica 
envolvendo seres humanos. Sobre esse aspecto, existem alguns princípios os 
quais os pesquisadores devem considerar ao submeter o indivíduo a uma pesquisa. 
Considerando o exposto, comente sobre os princípios éticos em uma pesquisa 
envolvendo seres humanos. 
 
3 A bioética é fundamental na vida das pessoas, pois orienta como o profissional deve 
respeitar o ser humano em todas as esferas, não tendo distinção de cor, orientação 
sexual, classe social, etnia, dentre outros. Diante disso, assinale a alternativa CORRETA 
que apresenta o fundador do termo bioética como o conhecemos:
 
a) ( ) James F. Childress. 
b) ( ) Van Rensselaer Potter.
c) ( ) Tomas L. Beauchamp.
d) ( ) Tomas Dalton.
4 O sistema CEP/Conep é muito importante para a prática da pesquisa, atuando nos 
princípios éticos humanísticos, fortalecendoa ciência e o avanço das tecnologias 
em saúde e em prol da qualidade de vida humana. Para tal, o pesquisador necessita 
submeter o seu projeto de pesquisa para a avaliação. Dentre os possíveis pareceres, 
associe os itens, utilizando o código a seguir:
I- Aprovado.
II- Não aprovado.
III- Com pendência.
IV- Suspenso.
V- Arquivado.
VI- Retirado.
104
( ) Quando o pesquisador descumpre o prazo para enviar as respostas às pendências 
ou para recorrer.
( ) Quando a pesquisa aprovada deve ser interrompida por motivo de segurança, 
principalmente do participante.
( ) Quando o protocolo está adequado para a execução.
( ) Quando o protocolo de pesquisa necessita de ajustes, e serão solicitadas alterações 
ou complementação. 
( ) Quando o sistema CEP/Conep atende à solicitação do pesquisador de retirar, 
mediante justificativa, o protocolo antes da avaliação ética.
( ) As falhas éticas no projeto podem não ser superados na tramitação
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) V - IV - I - III - VI - II.
b) ( ) I - II - IV - VI - III - V.
c) ( ) III - V - I - II - VI - IV.
d) ( ) VI - V - IV - III - II - I.
5 Os códigos de ética universais em relação à pesquisa em saúde são documentos 
fundamentais na garantia de direitos dos seres vivos. Apesar de que, no princípio, elas 
não foram consideradas em sua totalidade, apenas com o tempo as discussões foram 
sendo realizadas por grandes entidades mundiais. Sobre os códigos e considerando 
a sua importância, escolha entre a declaração de Helsinque ou Nuremberg e discorra 
a respeito.
105
REFERÊNCIAS
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Acesso em: 5 fev. 2023.
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e desafios. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2015.
ASSOCIAÇÃO MÉDICA MUNDIAL. Declaração de Helsinque. 1989. Disponível em: 
http://www.cometica.ufpr.br/Helsinque.htm. Acesso em: 12 fev. 2023.
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BENICÍO, R. X. Princípios e fundamentos éticos e morais. In: CAVALCANTI, A; GALVÃO, 
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2014. Cap: 3, p.18-27.
BRASIL. Lei n. 11.105 de 24 de março de 2005 - Regulamenta os incisos II, IV e 
V do § 1º do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e 
mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente 
modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – 
CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe 
sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de 
janeiro de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 
5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras 
providências. Disponível em: http://bit.ly/40HGhbw. Acesso em: 6 mar. 2023.
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Dispõe sobre as regras referentes à regulamentação do processo de designação e 
atuação dos membros de CEP indicados por entidades do controle social. 2021b. 
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WEBER, O. J. Ética, educação e trabalho. Curitiba: InterSaberes, 2013.
108
109
ATUAÇÃO DO 
TERAPEUTA 
OCUPACIONAL
UNIDADE 3 — 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• compreender os processos que envolvem a relação terapeuta-paciente;• conhecer os principais teóricos e métodos utilizados em terapia ocupacional;
• aprender acerca das áreas de atuação da terapia ocupacional;
• aprender sobre os níveis de atenção à saúde e a inserção da terapia ocupacional 
nesses níveis.
A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar 
o conteúdo apresentado.
TEMA DE APRENDIZAGEM 1 – TEÓRICOS E MÉTODOS EM TERAPIA OCUPACIONAL
TEMA DE APRENDIZAGEM 2 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL
TEMA DE APRENDIZAGEM 3 – NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
110
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 3!
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111
TÓPICO 1 — 
TEÓRICOS E MÉTODOS EM TERAPIA 
OCUPACIONAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Neste tema de aprendizagem, serão abordados os princípios da relação 
terapeuta-paciente, os aspectos que envolvem esta relação e como ela auxilia no 
vínculo e adesão ao tratamento. Também descreveremos as possíveis interferências na 
relação entre o terapeuta e o paciente. 
Quanto aos métodos em terapia ocupacional. serão descritos os principais 
métodos de avaliação, dependendo do objetivo da terapêutica. Apresentaremos 
também os teóricos para a fundamentação da prática, o que colabora para o exercício 
da profissão com respaldo científico.
2 RELAÇÃO TERAPEUTA x PACIENTE
 
Segundo Castro (2014), a temática da relação terapeuta-paciente é um 
assunto central para a profissão, pois é no encontro com o outro que ocorre a prática, o 
tratamento, ou seja, o fazer em terapia ocupacional, com ricas trocas de experiências e 
o surgimento de novos sentidos existenciais entre o terapeuta e o paciente.
A relação terapeuta-paciente no Brasil pode ser surpreendente, pois apresenta-
se de maneira complexa e está permeada de questões singulares do cotidiano. Como 
observamos, a terapia ocupacional é ampla e não reducionista, ela não pode ser reduzida 
apenas a um saber técnico, ela carece de humanidade (CASTRO, 2014).
E tal humanidade é construída diariamente na atividade profissional, desde 
o primeiro encontro até a alta do paciente. No primeiro momento, a atenção e o 
acolhimento são primordiais. Nesse instante, ocorre o estabelecimento da confiança do 
outro em relação ao terapeuta (CASTRO, 2014).
Castro (2014) aborda sobre os fatores do encontro entre o terapeuta e o paciente:
Nesse encontro estarão envolvidos também os aspectos relacionados 
à pessoa do terapeuta: a corporeidade, os sentidos, as percepções, 
as formas de expressão, a organização da escuta, os cuidados com 
os tempos e os espaços, as observações, as proposições teóricas 
e práticas, as experiências culturais, sua história de vida confere 
qualidade à relação terapeuta-paciente.
112
Nesse encontro, portanto, há a abertura a um campo de conhecimento que 
ajudará o sujeito em sua reconstrução de cotidiano, recursos de enfrentamento e 
transformação em seu modo de viver e o contexto no qual o sujeito está inserido. Ou 
seja, eu, enquanto terapeuta, sou afetado pelo outro, mas também o afeto de alguma 
maneira (CASTRO, 2014).
Ainda, Castro (2014) refere que o fundamental é que nessa relação seja 
possível ao paciente existir como ser humano apesar das doenças, das deficiências e 
dos sofrimentos que o afligem. Deve objetivar a vida plena do sujeito a partir das suas 
ocupações.
Autores como Rui Chamone Jorge, em sua obra A relação terapeuta-paciente: 
notas introdutórias, de 1989, pontua 12 esferas para analisar a relação terapeuta-
paciente. São elas: o setting, segurança interna e externa, angústia, empatia, simpatia, 
neutralidade, atmosfera de calor, etapa responsiva, etapa iniciativa, transferência e 
contratransferência. 
O setting encontrado em terapia ocupacional, normalmente, é um ambiente 
amplo, com ruídos, odores, mas que podem propiciar níveis profundos de relaxamento, 
confidências e encontros. Talvez isso seja um pouco difícil de compreensão por outros 
profissionais ou até mesmo, pelos clientes/pacientes, que estão habituados a um local 
de atendimento minimalista (JORGE, 1989). 
O espaço de atendimento se traduz como um local onde a fala verbal e não verbal 
se localizam, onde é possível observar o corpo do outro em movimento, contribuindo 
para a confirmação ou não da narrativa verbal (JORGE, 1989). Por isso, a observação é 
essencial no contato com o outro.
No caso da segurança interna, esta condiz com o estado emocional do paciente, 
a capacidade desse de superar a vergonha e o sentimento de invasão ao se permitir 
demonstrar que precisa de ajuda. Porém algumas atitudes do terapeuta podem impedir 
a aquisição dessa segurança, dentre elas, o convite à independência (JORGE, 1989).
Esse paternalismo dificulta a reflexão e autocrítica do paciente em relação a 
suas atitudes, o que implica no não crescimento e desenvolvimento de habilidades do 
sujeito. Ou seja, o conforto que o profissional possa oferecer, buscando situar a vivência 
do paciente numa dimensão que ele, profissional, considera real, funciona como 
anestésico, mas não promove mudança da ótica do paciente (JORGE, 1989).
Já a segurança externa tem a ver com a conduta do terapeuta em relação ao 
sigilo profissional, o qual protege o sujeito de discriminação, críticas e censuras. Ademais, 
o sigilo é fundamental na relação terapeuta-paciente, pois o sujeito, que geralmente 
está sendo exposto, necessita da segurança com a qual o terapeuta irá ouvir e acolher 
as demandas sem expor a outrem (JORGE, 1989).
113
A angústia, segundo Jorge (1989), pode ser classificada em angústia real, 
angústia neurótica e angústia moral, como descrito abaixo:
• Angústia real: é de origem externa e refere-se ao medo de sofrer algum dano físico 
ou psíquico. Ou seja, algum fator real pode trazer perigo ao sujeito.
• Angústia neurótica: é de origem interna, possui sua essência proveniente da 
emergência dos instintos, através dos impulsos, caracterizados pela sobreposição 
do ID sobre o EGO.
• Angústia moral: origina-se na consciência moral, contudo possui aspectos internos 
e externos, correspondendo aos sentimentos de culpa e vergonha. Com relação ao 
terapeuta-paciente, o paciente pode temer ser castigado pelo terapeuta. 
As angústias neurótica e moral são mais difíceis de fugir com facilidade em 
comparação à real. No caso, o terapeuta deve reconhecer a presença desse sentimento 
para poder auxiliar o cliente a participar ativamente do seu processo terapêutico, 
adquirindo, assim, a segurança interna já mencionada (JORGE, 1989).
Para estimular essa segurança interna e diminuir ou anular os sentimentos de 
fuga e de interrupção, o terapeuta deve adotar uma postura de empatia, delicada com 
relação aos seus comportamentos e aos do cliente. Essa atitude pode representar o su-
cesso ou o fracasso do terapeuta em relação ao tratamento do paciente (JORGE, 1989).
Porém um sentimento muito confundido com a empatia é a simpatia, que apesar 
de possuir seu cerne nos sentimentos entre as pessoas, é a inclinação emocional entre 
duas pessoas. No caso do terapeuta, ele não deve pautar a sua relação com paciente 
apenas na simpatia, pois, ao longo do tempo, isso pode provocar desgaste emocional 
no terapeuta (JORGE, 1989).
A neutralidade, por outro lado, que é a ausência de sentimentos, é impossível nas 
relações humanas, ou seja, ela carece de sentimentos pessoais para poder proporcionar 
o processo terapêutico. Os pontos de empatia, simpatia e neutralidade são essenciais 
no comportamento do terapeuta, para que o cliente possa ou não discutir seu ponto de 
vista e adesão ao tratamento (JORGE, 1989). 
A atmosfera de calor é criada pelo terapeuta a fim do cliente, seja ativo em 
seu processo de atendimento, porém não há uma receita de quanto afeto e carinho o 
terapeuta deve dispensar para seu paciente, para que este não confunda os objetivos 
da reabilitadora, com carinhos carnais, em todo caso, o terapeuta deve dosare propiciar 
um setting de equilíbrio, além de conhecer a si mesmo (JORGE, 1989).
Na etapa responsiva, duas capacidades são importantes ao terapeuta, a 
capacidade de atender e a de responder. Sendo que atender é a habilidade que o 
profissional tem de se comunicar de maneira não verbal, demonstrando interesse ao 
que o cliente tem a falar, preparando o ambiente seguro (segurança externa) para o 
114
cliente. No caso de responder, o terapeuta consegue se comunicar verbalmente para 
conseguir retirar da fala do paciente, de maneira reflexiva, conteúdos importantes para 
a terapia (JORGE, 1989).
Os pontos até aqui destacados são habilidade básicas em relação ao comporta-
mento do terapeuta, que compõem a etapa responsiva na relação terapeuta-paciente.
A etapa de iniciativa condiz com o comportamento do cliente, sendo destacadas, 
na obra de Jorge (1989), duas categorias: personalizar e orientar. Personalizar refere-
se à postura do cliente frente à parcela de sua responsabilidade, é quando ele vira 
protagonista da sua história, isso auxilia o terapeuta na identificação e elaboração de 
metas e objetivos em comum com o cliente. A orientação o cliente utiliza para conduzir 
o planejamento da ação futura, porém quando o cliente possui alguma dificuldade em 
realizá-la, o terapeuta pode auxiliar. Ou seja, o paciente tem o direito de optar pelo melhor 
que lhe convier, ainda que não esteja de acordo com as expectativas do terapeuta.
Resumidamente, então, frente ao comportamento do terapeuta, 
o paciente passa pelas seguintes etapas: à medida que o primeiro 
o atende e lhe responde adequadamente: envolve-se no processo 
de reabilitação, explora sua história de vida, buscando compreender 
onde está e onde precisa chegar. A partir desse momento, personaliza 
sua responsabilidade diante da vida e dos acontecimentos e 
orienta suas ações no sentido de conseguir alcançar as metas que 
lhe suprirão as carências. Dissemos acima que a participação do 
terapeuta na reabilitação do cliente implica, para estar em nível ótimo 
de aplicação, quatro habilidades: atender, responder, personalizar e 
orientar (JORGE, 1989, p. 30).
Outro ponto muito importante na relação terapeuta-paciente é a questão da 
transferência, caracterizada pelo fenômeno de transferência de afetos, sentimentos e 
ações de determinada experiência retrógrada a relação terapeuta-paciente, podendo 
ou não atribuir ao terapeuta papéis irracionais. Segundo os teóricos, ela acontece de 
maneira natural na relação terapêutica. 
Essa atitude tende a desaparecer à medida que o cliente percebe que está 
em uma nova relação, com uma “nova” pessoa; é uma maneira de exteriorização do 
inconsciente, sendo que a psicanálise reconhece a transferência como um sintoma, 
e o profissional precisa impor limite para que o cliente possa interpretar e refletir suas 
atitudes (JORGE, 1989).
A transferência não ocorre apenas na relação terapeuta-paciente, ela surge 
espontaneamente em todas as relações humanas. Porém é somente no cotidiano que 
o profissional saberá manejar esse processo (CASTRO, 2014).
Assim como há a transferência, o sentido contrário também existe, é a 
contratransferência, que também é inevitável, mas deve permanecer sob controle na 
relação terapêutica (JORGE, 1989). 
115
Para o campo da terapia ocupacional, a importância da contratrans-
ferência está na necessidade do profissional de passar por um tra-
balho de autoanálise, o que o auxiliará na compreensão dos sentidos 
desses conteúdos e tornar-se-á instrumento útil para o trabalho clí-
nico e a compreensão do que se passa no vínculo terapeuta-pacien-
te (CASTRO, 2014, p. 33).
Na terapia ocupacional, a atenção do terapeuta estará na interpretação dos 
movimentos da psiquê e no acompanhamento da realização das atividades educativas 
e na construção de projetos, deverá possuir arcabouço teórico-prático para poder 
ultrapassar obstáculos, para propiciar a segurança do paciente (CASTRO, 2014). 
A relação terapeuta-paciente atualmente não deve ser uma relação de 
dominação. Essa relação deve considerar o terapeuta e o paciente como protagonistas, 
que formaram uma aliança com fortalecimento das vidas em conexão, sendo assim, as 
noções éticas devem ser incorporadas na relação terapeuta-paciente (CASTRO, 2014).
3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO EM TERAPIA OCUPACIONAL
A avaliação em terapia ocupacional deve considerar as atividades nas quais 
o indivíduo pode desenvolver o seu cotidiano, nas Atividades de Vida Diária (AVD), 
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD), lazer, participação social, educação, 
sono e descanso e trabalho.
As AVD são comuns a todas as pessoas, contudo algumas são restritas ao 
indivíduo. Tais atividades acontecem em determinados contextos, que são variáveis de 
acordo com a própria rotina, grupo social e os eventos da vida do sujeito.
Considerando o exposto, a avaliação terapêutica ocupacional deve selecionar o 
seu instrumento de avaliação de acordo com alguns critérios, que são:
• perfil da clientela;
• objetivos da intervenção a ser ofertada;
• filosofia da instituição prestadora;
• informações já disponíveis da clientela;
• modelo de assistência.
De acordo com esses critérios, é possível selecionar o instrumento que atenderá 
às necessidades do cliente. Para considerar o instrumento mais adequado, o terapeuta 
deve realizar uma revisão da literatura acerca dos instrumentos disponíveis.
A seguir, descreveremos os testes, protocolos e avaliações que podem 
ser utilizados na avaliação terapêutica ocupacional de acordo com os objetivos e 
área ocupacional, considerando o domínio e processo da Associação Americana de 
Terapeutas Ocupacionais.
116
• Medida de Independência Funcional (MIF): tem o objetivo de incluir o menor 
número de dados aos profissionais, para que estes possam avaliar de maneira mais 
ágil as incapacidades do paciente. 
 Características: Possui seis áreas do desempenho ocupacional: autocuidado; 
controle de esfíncteres; mobilidade; locomoção; comunicação; e cognição social. 
Possui uma pontuação que varia de 1 a 7, sendo os níveis 6 e 7 para independência 
do sujeito e de 1 a 5 para a dependência, que varia de acordo com o grau de ajuda 
externa nas atividades avaliadas.
 Aplicações: possui validade demonstrada pelo índice discriminativo, índice preditivo, 
índice de avaliação, pode ser aplicado por qualquer profissional da saúde e ser de 
rápida aplicação.
 Contraindicações/restrições: Quanto ao uso da escala, a restrição está relacionada 
à necessidade da transculturação do instrumento, para a adequação de escores e 
treinamento formal para a sua utilização. No Brasil, por exemplo, há o treinamento 
específico para sua aplicação, que ainda é irrisório.
Figura 1 – Medida de Independência Funcional
Fonte: Universidade de Santa Cruz do Sul (2019)
117
• Questionário de Avaliação da Saúde: é validado no Brasil, possui o objetivo de 
avaliar o grau de dificuldade na realização das atividades cotidianas. Quanto maior o 
escore, mais dependente o cliente é.
 Aplicações: pode ser utilizado com adultos e idosos, onde há um comprometimento 
motor.
 Contraindicações/restrições: o instrumento não prevê a aplicação para um cuidador, 
familiar do paciente, caso esse tenha dificuldade de se expressar e compreender 
comandos.
• Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI): o objetivo é 
informar o desempenho funcional de crianças de crianças de 6 meses a 7 anos e 6 
meses de idade no ambiente doméstico. Foi traduzido e validado para o Brasil.
 Aplicações: informações acerca do desenvolvimento infantil e o processo de aquisi-
ção de habilidades funcionais e independência nas atividades e tarefas domésticas.
 Contraindicações/restrições: apesar de não ser necessário o treinamento formal 
para a aplicação do teste, os autores sugerem que os profissionais interessados 
devem estar familiarizados com os procedimentos adequados para a administração 
e interpretação dos resultados.
• Avaliação da função Escolar (SFA): possui o objetivode documentar, de ampla 
maneira, o perfil funcional de crianças com diferentes tipos de deficiência que 
frequentam o ensino regular.
 Aplicações: pode ser utilizado como instrumento que informa a participação ativa 
nas atividades e tarefas da rotina escolar não voltadas para o conteúdo acadêmico.
 Contraindicações/restrições: não há tradução formal e validação transcultural para 
o Brasil.
• Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM): o COPM caracteriza-
se por ser uma medida individualizada em que o sujeito autoavalia as atividades mais 
importantes que se encontram em dificuldade em seu desempenho ocupacional. 
Abrange três áreas do desempenho ocupacional, atividades de autocuidado, 
produtivas e de lazer (CALDAS; FACUNDES; SILVA, 2011).
 Aplicações: avaliação do desempenho e satisfação do cliente em relação as áreas 
de avaliação.
 Contraindicações/restrições: necessita de formação prévia para a aplicação.
118
Figura 2 – Medida Canadense de Desempenho Ocupacional
Fonte: Mesquita (2012)
• Lista de Identificação de Papeis Ocupacionais: caracterizada como um 
instrumento semiestruturado e com roteiro padronizado. Considera os papeis no 
passado, presente e futuro. O instrumento já foi validado no Brasil, em 2005, com a 
população com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (CORDEIRO et al., 2007). 
 Aplicações: avaliar o desempenho de papéis de vida e o grau de importância 
atribuída a eles pelo sujeito avaliado. 
• Complete Minnesota Dexterity Test – CMDT: projetado para melhorar a eficiência 
da seleção de pessoal para ocupações que necessitam de destreza dos membros 
superiores.
 Aplicações: avaliação das habilidades de coordenação, precisão, técnica de alcance 
e preensão.
119
Figura 3 – Minnesota Dexterity Test
Fonte: RehabMart (2023)
• Avaliação de Incapacidade do Braço, Ombro e Mão – DASH
 Aplicações: utilizada para medir as disfunções ou desordem neuromusculoesqueléticas. 
 Contraindicações/restrições: é um instrumento relativamente longo, carece de 
certa fundamentação na sua estrutura, os resultados não são intuitivos, dependerá 
da capacidade do terapeuta em calcular e interpretar a equação matemática.
• Box and Blocks Test: um dos testes mais simples para avaliar a destreza manual.
 Aplicações: avaliação da destreza manual grosseira, alcance e preensão. Consiste 
em mover pequenos cubos de uma caixa a outra ultrapassando um pequeno 
obstáculo entre elas.
Figura 4 – Box and Blocks Test
Fonte: Neuroquip (2023)
• Hand-tool Dextery Test
 Aplicações: avalia a destreza de manuseio de ferramentas comuns e não exige 
compreensão ou memorização das etapas. O desempenho é avaliado de acordo 
com o tempo gasto durante o teste.
• Loewentein Occupational Therapy Cognitive Assessment – LOTCA
 Aplicações: é um conjunto de avaliações. São elas: Avaliação da Performance 
Funcional Básica, Avaliação da Categorização Toglia e Jogo da Placa de 
Sobrevivência. Voltada para avaliar os componentes cognitivos. 
 Contraindicações/restrições: Necessita de formação em cursos.
120
Figura 5 – Kit de aplicação do LOTCA
Fonte: Aquagym (2023)
• Miniexame do Estado Mental (MEEM): padrão ouro nos testes de rastreio 
cognitivo. Ajustaram-se os pontos de corte sugestivos de déficit cognitivo para 
intervalos determinados com base na educação formal: para analfabetos, 13 pontos; 
para indivíduos com baixa ou média escolaridade, 18 pontos; e, para aqueles com 
alto nível de escolarização, 26 pontos.
 Aplicações: aplicado no declínio cognitivo como primeiro método de rastreio, mas 
não único.
 Contraindicações/restrições: dependerá do grau de escolaridade. Segundo Melo e 
Barbosa (2015), não há um consenso em relação aos pontos de cortes.
121
Figura 6 – Miniexame do Estado Mental
Fonte: Oliveira (2017)
• Montreal Cognitive Assessment: o MoCA, como é conhecido, possui duas versões, 
uma para indivíduos a partir de oito anos de escolaridade e outro para indivíduos 
a partir de quatro anos de escolaridade, embora as duas versões considerem as 
pessoas com menos escolaridade e analfabetos, sendo acrescido 1 ponto para o 
escore final.
 Aplicações: é utilizado para rastrear o comprometimento cognitivo leve (LLC), sendo 
avaliadas algumas áreas cognitivas como atenção, função executiva, memória, 
linguagem, habilidades viso construtivas e orientação (SILVA et al., 2021).
 Contraindicações/restrições: o teste apresenta algumas partes que necessitam da 
visão, o que dificulta para um indivíduo com deficiência visual.
122
Figura 7 – Montreal Cognitive Assessment (MoCA) versão experimental brasileira
Fonte: Universidade Estácio de Sá (2020)
• Histórico Lúdico de Takata: é um instrumento de avaliação semiestruturado, quan-
tiqualitativo, que identifica as experiências lúdicas e as oportunidades do brincar.
 Aplicações: busca respostas descritivas assertivas em relação à maneira de brincar 
da criança no período sensório-motor, simbólica, construtiva simples, dramática, 
construtiva complexa, de jogos e recreativa.
• Escala Lúdica Pré-escolar: avalia quatro áreas do desenvolvimento infantil ou as 
dimensões do brincar.
123
Figura 8 – Escala de Kendall
Fonte: Lima Junior et al. (2018)
 Aplicações: utilizada com crianças com deficiência. A escala fornece ao terapeuta a 
identificação da área específica de disfunção do brincar que necessita de intervenção.
 Contraindicações/restrições: restrita apenas ao brincar da criança.
• Inventário para Avaliação do Lazer do Adulto: 
 Aplicações: avaliar o interesse do cliente para facilitar o interesse do cliente 
visando à seleção das atividades terapêuticas que podem ser utilizadas durante a 
intervenção.
 Contraindicações/restrições: estrutura frágil em relação à contextualização e 
especificidade de determinada tarefa listada nas áreas de interesse do cliente.
Para avaliar o desempenho ocupacional, também é necessário avaliar os 
componentes do desempenho. São eles: força, amplitude, presença de edema, função 
sensorial, força de preensão e pinça.
Força muscular: é definida como a capacidade do músculo em produzir 
tensão necessária para manter a postura, iniciar e controlar um movimento. A fraqueza 
muscular pode ser o resultado de diversos fatores, incluindo os distúrbios de neurônios 
motores inferiores, doenças musculares, queimaduras e condições ortopédicas. 
Para se avaliar o grau de força de um indivíduo, algumas escalas são utilizadas, a 
escala de grau de força muscular segundo Kendall e a escala de graus de força muscular 
segundo Daniels e Worthingham.
Amplitude de Movimento (ADM): a ADM é o arco possível por uma articulação. 
Existem medidas padrão para a população em geral. Para medir o arco de movimento, 
pode-se utilizar régua ou fita métrica (formas simples), e até o eletrogoniômetro (mais 
sofisticado). O mais utilizado na clínica é o goniômetro, encontrado em plástico e metal. 
Possui diversos tamanhos, de acordo com a articulação medida.
124
Figura 9 – Goniômetros de diversos tamanhos.
Fonte: Mercado Livre (2023)
Figura 10 – Mensuração volumétrica
Fonte: https://www.scielo.br/j/rbme/a/hzWYVqHtwwXcw6PmsgrMNmQ/. Acesso em: 4 abr. 2023.
Edema: um dos causadores de limitação da ADM e no desempenho ocupacional, 
o edema é um acúmulo excessivo de fluido intersticial. O grau do edema pode ser medido 
através da volumetria e circunferência do segmento corporal. O uso da volumetria é 
contraindicado na presença de feridas abertas, pinos percutâneos, fixadores externos, 
imobilização, atrofia ou instabilidade vasomotora. A medida circunferencial só poderá 
ser utilizada, de preferência, quando não tiver a volumetria, pois há diferentes tamanhos 
anatômicos entre as pessoas.
Força de preensão e pinça: movimentos mais precisos e coordenados são a 
principal função da mão. A força de preensão e de pinça é utilizada para a avaliação da 
função manual e o grau de disfunção. Para isso, são utilizados alguns métodos como o 
dinamômetro de preensão palmar e o dinamômetro de pinça.
125
Figura 11 – Dinamômetrode preensão palmar
Figura 12 – Dinamômetro de pinça
Fonte: Saudeshop (2023)
Fonte: Fisaude (2023)
Função sensorial: a sensibilidade é considerada essencial para o desempenho 
das atividades do cotidiano. Conseguir reconhecer e segurar objetos depende, dentre 
outros fatores, do sistema somatossensorial. Para determinar o método de avaliação 
sensorial a ser utilizado, o terapeuta deve determinar a real necessidade do teste e tipo 
de informações necessárias, considerando o diagnóstico e a descrição do problema 
pelo cliente. 
Como padrão ouro na avaliação da sensibilidade, o teste de Monofilamentos 
de Semmes-Weinstein é usado para determinar o limiar ao toque leve e pressão 
profunda. Quantifica a alterações no sistema nervoso periférico e indica as condições 
de funcionamento (RODRIGUES; ALVES, 2014).
126
Figura 13 – Estesiômetro ou Monofilamentos de Semmes-Weinstein
Figura 14 – Sinal de Tinel com uso de martelo
Fonte: Bauru (2023)
Fonte: Gavito et al. (2014)
Outro instrumento é o Sinal de Tinel. Apesar de não ser considerado um teste 
para avaliar a sensibilidade, seu uso é importante para avaliar a recuperação do nervo 
periférico. O teste é realizado com a utilização de um martelo, sendo aplicada uma 
percussão cuidadosa ao longo do percurso do nervo no sentido de distal para proximal. 
O sinal é considerado positivo quando o paciente percebe a sensação de formigamento 
que se irradia na distribuição da pele (RODRIGUES; ALVES, 2014).
A discriminação de dois pontos estáticos é utilizada para a discriminação de 
dois pontos distintos aplicados ao mesmo tempo. É indicada na avaliação da agnosia 
tátil e da densidade de inervação das fibras lentas da mão.
127
Figura 15 – Discriminador de dois pontos estático
Fonte: North Coast (2023)
Propriocepção: é a capacidade de identificar a posição do segmento corporal 
no espaço sem a ajuda da visão. Para avaliar, o terapeuta movimenta um segmento 
corporal do paciente em diferentes posições por um determinado período.
Cinestesia: é a percepção do sentido de movimento articular. O terapeuta segura 
o segmento corporal do paciente e movimenta a articulação avaliada em várias direções.
Para saber mais sobre avaliação da sensibilidade e propriocepção, acesse o 
link: https://www.youtube.com/watch?v=7DsLR82dlX0
DICA
4 TEÓRICOS NA FUNDAMENTAÇÃO DA PRÁTICA
Durante a prática, o terapeuta ocupacional pode observar o indivíduo mediante 
as suas necessidades ocupacionais, destacando as capacidades e habilidades 
necessárias para o desenvolvimento das atividades cotidianas (PORTUGAL, 2021).
Para a avaliação, o terapeuta poderá utilizar testes específicos e dialogar com 
outros profissionais, familiares ou cuidadores, além do próprio cliente. Outrossim, o 
terapeuta poderá realizar a prescrição e/ou confecção de dispositivo de tecnologia 
assistiva para auxiliar o cliente na sua funcionalidade (PORTUGAL, 2021).
Alguns modelos para a atuação do terapeuta ocupacional não são exclusivos 
do ocupacional, e permeiam por várias áreas, mas fornecem meios para a intervenção 
do terapeuta ocupacional com sua clientela. Os modelos de atuação surgiram em 
concomitância com a história da terapia ocupacional (CRUZ, 2018).
128
O conceito Bobath é amplamente conhecido e utilizado por terapeutas 
ocupacionais, contudo não é exclusivo deste, pois fisioterapeutas e fonoaudiólogos 
podem utilizar das técnicas para, enfim, inserirem suas especificidades. Assim, o 
terapeuta ocupacional utiliza a abordagem neurológica como meio para alcançar os 
seus objetivos específicos (CRUZ, 2018).
Esse modelo de neurodesenvolvimento possui como base conceitos como a 
neurociências, neurofisiológicos e nos princípios do desenvolvimento. É indicado para 
indivíduos com comprometimento motor oriundos de disfunções cerebrais como as 
más formações congênitas, traumatismos e doenças do Sistema Nervoso Central (NO-
BRE, 2004).
O modelo de Neurodesenvolvimento está presente quando da aplicação das 
técnicas de Rood, PNF (facilitação neuromuscular proprioceptiva) e Margaret Johnstone.
• Margaret Johnstone – inibição da espasticidade através de posicionamento 
adequado, uso de tala pneumática, treino de equilíbrio e reações posturais.
• PNF – estimulação proprioceptiva para facilitar a resposta do mecanismo neuromus-
cular. As técnicas de PNF são baseadas no uso da estimulação proprioceptiva e na in-
teração dos músculos antagonistas, dependendo de reflexos e princípios fisiológicos.
• Rood – Normalização do tónus e despertar da resposta motora.
Figura 16 – Ilustração do método de Margaret Rood
Fonte: Juárez (2014)
O modelo de reabilitação baseia-se nas ciências médicas e físicas, baseada na 
avaliação dos segmentos corporais. Para aplicar esse modelo, o terapeuta ocupacional 
deverá realizar a avaliação e análise das capacidades e déficits na AVD, produtivas e de 
trabalho (NOBRE, 2004).
Nesse modelo, criado por Schkade & Schultz em 1992, são consideradas cinco 
premissas para sua aplicação: 
• Uma pessoa pode recuperar a independência através de uma compensação.
• A motivação para a autonomia está influenciada pelos valores e papéis do indivíduo.
• A motivação para a autonomia não se pode separar do contexto ambiental, situação 
econômica e recursos emocionais da família.
129
• As destrezas cognitivas e emocionais são necessárias para que a autonomia seja 
possível.
• O raciocínio clínico deve focar o ambiente, capacidade funcional e dispositivos 
adequados.
Já as abordagens biomecânicas são importantes para os terapeutas 
ocupacionais, contudo, alguns autores as consideram como limitadoras, pois o uso 
da cinesiologia pura e simples acarreta certa confusão com a fisioterapia, por exemplo 
(CRUZ, 2018).
O maior precursor desse modelo é Predetti, em 1990, que considera o benefício 
desse modelo para indivíduos sem lesão no sistema nervoso central. Ocorre a avaliação 
dos componentes do desempenho (ADM e força), possui como principal objetivo a 
retomada da capacidade de movimento e força de determinado segmento corporal.
Outro modelo em terapia ocupacional é o cognitivo-comportamental, que possui 
como base a psicologia e as ciências neuropsiquiátricas, sendo utilizada em casos de 
disfunção comportamental. A premissa desse modelo se baseia na aprendizagem que 
ocorre a partir da experiência em um ambiente seguro e reforçador, ou seja, a partir de 
mecanismos mentais, é possível modificar o comportamento inadequado (NOBRE, 2014).
Através de técnicas específicas, permite a aquisição de competências e 
comportamentos adequados. Essas técnicas são:
• Role-Play: é pedido ao utente para representar determinado papel, assumir 
determinado comportamento numa situação do quotidiano. Quando utilizada 
como instrumento de avaliação, o terapeuta não interfere. Quando utilizada como 
instrumento de intervenção, o terapeuta intervém mostrando (ensinando) maneiras 
corretas de agir perante as situações representadas, recorrendo à modelagem.
• Role-Reversal: quando se utiliza Role-Play, pede-se ao utente que experimente o 
outro lado do papel.
• Modelagem: verifica-se quando o terapeuta ou outro elemento do grupo assume 
uma forma possível de se comportar.
• Shaping: sempre que é alcançado um objetivo é dado um reforço positivo, sendo 
este por etapas.
• Reforço Positivo: aparece associado a outras técnicas e não isolado.
• Prompting: exige uma participação ativa do terapeuta na fase da intervenção, 
servindo para arranjar novas estratégias a atuar.
• Brainstorming: utilizada no início, ao trabalhar pela primeira vez com um grupo, 
havendo um registro dos comportamentos sem feedback do terapeuta e sem 
julgamento de ideias.
Podem, ainda, ser utilizadas atividades de escrita, tais como a elaboração 
de redacções e de jornais de parede, atividades de dramatização/educacionais, pois 
promovem a organização do pensamento.
130
Já o modelo psicodinâmico proposto por Freud, em 1926, tem a psicoterapia 
psicanalítica e a psicanálise como bases teóricas, onde as emoçõese impulsos podem 
favorecer a adaptação mental do sujeito. Podem ser utilizadas atividades que estimulem 
a criatividade, a projeção de sentimentos, sendo expressas de maneira não verbal 
(NOBRE, 2004).
O modelo da ocupação humana surgiu com Gary Wayne Kielhonfer, é o modelo 
mais utilizado, com enfoque na ocupação e amplamente divulgado cientificamente na 
área da terapia ocupacional internacionalmente (CRUZ, 2018).
Segundo Cruz (2018), a terapia ocupacional no Brasil não foi baseada nos 
modelos, sendo assim, a adoção da prática baseada em algum modelo não condiz 
com a formação original da profissão no país, pois, como visto anteriormente, a terapia 
ocupacional brasileira se originou na premissa da reabilitação e após as reformas 
sanitárias e de modelo de saúde, com a incorporação do Sistema Único de Saúde, 
movimento antimanicomial e as lutas pelos direitos das pessoas com deficiência. Incitou 
a formação de terapeutas ocupacionais analistas-críticos e distantes dos referenciais 
internacionais da profissão.
Ao longo do tempo, o modelo de ocupação humana foi incorporando novos 
conceitos de analise acerca da ocupação, como a adoção do termo apartheid 
ocupacional, onde o engajamento ocupacional dos clientes em terapia ocupacional 
dependerá da justiça ocupacional (CRUZ, 2018).
Nesse sentido, é necessário um investimento em capacitação e instrumentação 
para que esse modelo possa ser utilizado integralmente, tanto na prática profissional 
quanto na pesquisa no país (CRUZ, 2018).
Diante do exposto, a atuação do profissional de terapia ocupacional dependerá 
de sua análise, contexto de trabalho e teoria norteadora de sua prática. Isso auxiliará o 
terapeuta ocupacional na sua criação de identidade profissional.
131
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu:
• Os aspectos que envolvem a relação terapeuta-paciente, conseguindo identificar 
os componentes que favorecem ou interferem na prática do terapeuta ocupacional.
• Os principais métodos de avaliação em terapia ocupacional, destacando-se os 
instrumentos avaliativos para a prática.
• As principais necessidades do seu paciente/cliente/população e a avaliação mais 
adequada para atender cada demandas destes.
• Os principais teóricos acerca da fundamentação prática da terapia ocupacional.
132
AUTOATIVIDADE
1 A relação terapeuta-paciente é permeada por minúcias que colaboram ou não para 
a concretização do vínculo entre eles. Dentre os autores que abordam a relação 
terapeuta-paciente, assinale a alternativa CORRETA que apresenta o teórico que 
aborda essa relação no Brasil:
a) ( ) Augusto Cury.
b) ( ) Edgar Morin.
c) ( ) Rui Chamone Jorge.
d) ( ) Vitor da Fonseca.
2 As relações humanas sempre ocorrem, independentemente do grau de intimidade 
que as pessoas possuam. Sendo assim, nessa relação, sempre pode ocorrer trocas 
positivas e/ou negativas. Considerando a relação entre terapeuta-paciente, cite e 
descreva algumas características inerentes a essa relação.
3 Os métodos avaliativos em terapia ocupacional são ferramentas importantes para co-
nhecer as necessidades e déficits do paciente/usuário/cliente/família/comunidade. O 
terapeuta ocupacional deverá escolher o protocolo mais eficaz, em termos de sensibili-
dade e especificidade, de acordo com a queixa apresentada pelo cliente. Considerando 
o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas.
( ) O monofilamento de Semmes-Weinstein é utilizado para avaliar a propriocepção 
dos pacientes com problemas na sensibilidade.
( ) O Montreal Canadian Assessment é o teste cognitivo considerado padrão ouro na 
avaliação da Doença de Alzheimer, possui duas versões para serem utilizadas de 
acordo com o grau de escolaridade do paciente.
( ) A Medida de Independência Funcional (MIF) avalia autocuidado; controle de 
esfíncteres; mobilidade; locomoção; comunicação; e cognição social.
( ) Para avaliar a criança, podem ser utilizados os protocolos como Histórico Lúdico, 
Avaliação da Função Escolar e o Inventário de Avaliação Pediátrica do brincar e o 
Inventário de Beck.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - V - F.
b) ( ) V - F - F - V.
c) ( ) F - V - F - V.
d) ( ) V - F - V - V.
133
4 A análise do desempenho ocupacional deve ser realizada pelo terapeuta ocupacional 
responsável pela avaliação do cliente. Para isso, ele utiliza diversos métodos 
avaliativos, dentre eles, destaca-se a avaliação dos componentes do desempenho. 
De acordo com o exposto e os estudos realizados até aqui, descreva os principais 
métodos de avaliação dos componentes do desempenho, correlacionando-os ao 
componente avaliado.
5 Os teóricos de modelos de atuação em terapia ocupacional favorecem uma prática 
mais precisa e de acordo com as demandas dos pacientes e contexto atendidos. 
Sendo assim, o terapeuta ocupacional pode utilizar um modelo ou vários modelos 
para embasar a sua atuação. Sendo assim, considerando o assunto e com base nos 
estudos realizados na unidade, assinale a alternativa CORRETA que apresenta o 
modelo de atuação pautado na Modelo de Desempenho Ocupacional:
a) ( ) Apesar de sua relevância, pode-se afirmar que o modelo de desempenho 
ocupacional enfrenta o ostracismo por grande parte dos terapeutas ocupacionais 
mundialmente, pois, apesar de considerar a ocupação como seu objeto de estudo, 
há poucas evidências científicas acerca desse modelo.
b) ( ) Pode-se afirmar que o modelo de desempenho ocupacional auxilia o terapeuta 
ocupacional na execução de uma prática voltada para a ocupação em si. Apesar 
de ser muito adotado internacionalmente, no Brasil, recebeu resistência por 
grande parte de terapeutas ocupacionais brasileiros.
c) ( ) O modelo de desempenho ocupacional estimula o terapeuta ocupacional a utilizar 
conceitos como a biomecânica e cinesiologia para realizar a sua prática.
d) ( ) Esse modelo foi criado por Pinel e considera a ocupação como seu objeto de 
estudo e intervenção, sendo de grande importância para a prática do terapeuta 
ocupacional.
134
135
ÁREAS DE ATUAÇÃO DA TERAPIA 
OCUPACIONAL
1 INTRODUÇÃO
Discente, neste tema de aprendizagem abordaremos as possíveis áreas 
de atuação da terapia ocupacional. Como observamos na unidade 1, encontramos a 
inserção da terapia ocupacional, em seu cerne, em áreas da reabilitação e saúde mental, 
o que, de alguma maneira, colaborou para o que conhecemos hoje da profissão. 
Contudo, a terapia ocupacional é uma profissão que deve atender às demandas 
e necessidades da sociedade, o que é visto na fundamentação da profissão, por isso, 
a sociedade necessita hoje da terapia ocupacional em outras áreas, como a social e 
na inclusão, por exemplo. No entanto, a profissão, apesar das especificidades de cada 
área, almeja um objetivo comum, que é a inserção do indivíduo em suas ocupações de 
maneira plena e o mais independente e autônomo possível. 
UNIDADE 3 TÓPICO 2 - 
2 TERAPIA OCUPACIONAL DA EDUCAÇÃO E INCLUSÃO
A terapia ocupacional ao longo do tempo vem se lançando em outros campos de 
atuação, incluindo o ambiente escolar, onde o papel do terapeuta ocupacional vai para 
além de encaminhar o cliente à escola regular, e atender às crianças com necessidades 
educacionais especiais deve ser um trabalho em conjunto articulado entre a profissão e 
a comunidade escolar (IDE; YAMAMOTO; SILVA, 2011).
Em 2008, o Coffito publicou a resolução nº 500 de 26 de dezembro, na qual reco-
nhece a disciplina e especialidade de terapia ocupacional no contexto hospitalar. Em seu 
Art. 2º, ressalta os locais de atuação do terapeuta ocupacional nesse ambiente: escola 
regular e/ou especial, salas multifuncionais em outros contextos de educação formal e 
informal, gestão de processo para implantação e implementação de políticas voltadas à 
garantia de direitos das pessoas com deficiência no contexto escolar (COFFITO, 2008). 
Com seu cerne na reabilitação, a terapia ocupacional considera também a 
participação social dos pacientes nas comunidadesda sociedade e a inserção de 
pessoas com deficiência na educação regular em todos os níveis de escolaridade (IDE; 
YAMAMOTO; SILVA, 2011).
Desse modo, a inclusão escolar existe para ampliar o acesso das 
pessoas com necessidades especiais nas classes comuns e mostrar 
que as pessoas podem aprender juntas, embora tendo objetivos e 
136
processos diferentes. Assim, a educação inclusiva alcança todos os 
níveis de ensino, desde a educação infantil ao ensino superior. Essa 
modalidade de educação é considerada como um conjunto de recur-
sos educacionais e de estratégias de apoio, oferecendo diferentes 
alternativas de atendimento (IDE; YAMAMOTO; SILVA, 2011, s.p.).
O terapeuta ocupacional é o profissional habilitado a identificar, avaliar e intervir 
no desempenho ocupacional de estudantes no ambiente escolar, além de Identificar 
as demandas e intervir para que o estudante seja capaz de realizar suas atividades ou 
ocupações, que são resultados da interação dinâmica entre o estudante, o contexto 
escolar e a atividade a ser desempenhada nos espaços de aprendizagem e de intera-
ção escolar, além de prover meios nos contextos escolares as habilidades e padrões de 
desempenho dos estudantes que favoreçam o seu envolvimento e participação efetiva 
em ocupações ou atividades no âmbito do contexto escolar (COFFITO, 2008).
Figura 17 – Sala de Recursos Multifuncionais para atuação do terapeuta ocupacional
Fonte: a autora
Talvez o maior desafio para os terapeutas ocupacionais envolvidos na inclusão 
escolar seja o pouco preparo dos professores em relação à inclusão do aluno com 
deficiência (IDE; YAMAMOTO; SILVA, 2011; CARDOSO; MATSUKURA, 2012).
3 TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA
As disfunções neurológicas podem acarretar prejuízos no cotidiano dos 
indivíduos e no seu desempenho ocupacional nas áreas como as Atividades de Vida 
Diária (comer, vestir-se, higiene pessoal, mobilidade funcional), assim como nas 
atividades com alto grau de complexidade como Atividades Instrumentais de Vida 
Diária, como dirigir, gerir finanças e realizar compras (PROSENSE, 2021).
137
A abordagem da terapia ocupacional de modo geral identifica as funções e 
capacidades comprometidas que interferem diretamente na independência do cliente, 
que podem ser permanentes ou transitórias. Para isso, são utilizadas abordagens de 
reabilitação motora e/ou cognitiva (PROSENSE, 2021).
O terapeuta ocupacional pode abordar os transtornos cognitivos como 
desorientação espaço-temporal, problemas de linguagem, apraxias, agnosias, alteração 
na memória, heminegligência, dentre outros. Na questão motora, poderá atuar na 
incoordenação motora, paresia, plegia, dentre outros. Enquanto nos transtornos 
sensitivos e sensoriais, poderá abordar as disfunções como a perda e diminuição da 
visão e audição, alterações proprioceptivas etc. Além disso, o terapeuta ocupacional 
pode atuar nas alterações do nível de consciência. A atuação do terapeuta ocupacional 
na neurologia, dependerá das condições de cada indivíduo e as particularidades de 
cada doença (HEREDIA-TORRES; CUADRADO-PÉREZ, 2002).
Um grupo que pode se beneficiar com a terapia ocupacional é o das demências. 
O profissional irá atuar no atraso da evolução natural da doença em caso de demência 
progressiva e potencializar as capacidades residuais para manter por maior tempo 
possível a funcionalidade e qualidade de vida do paciente e sua família (HEREDIA-
TORRES; CUADRADO-PÉREZ, 2002).
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é descrito como déficit neurológico 
de início súbito causado por interrupção do fluxo sanguíneo e oxigenação para uma 
área específica do cérebro, resultando em lesão e sequelas motoras, sensoriais, 
cognitivas, linguagem e da percepção visual. Acomete, principalmente, indivíduos com 
mais de 65 anos de idade, os quais, geralmente, apresentam fatores de risco para o 
desencadeamento de hipertensão arterial sistêmica, tabagismo e diabetes mellitus, por 
exemplo (FARIA, 2014).
138
Figura 18 – Postura em padrão espástico no Acidente Vascular Encefálico
Fonte: Lima (2019)
FASE ESPÁSTICA
ATITUDE INCORRETA: 
- Evitar a posição viciosa: 
o braço dobrado junto ao 
corpo e a perna esticada.
ATITUDE CORRETA:
- Braço esticado roda-
do para fora, afastado do 
corpo e mão aberta.
- Perna flexionada e planta 
do pé apoiada no chão (90°)
O AVE possui sete estágios de recuperação funcional para o retorno neurológico, 
e o terapeuta ocupacional possui certas linhas de raciocínio a seguir em cada fase, 
como destacado a seguir:
• Fase 1: Flacidez imediata, arreflexia – o terapeuta deve posicionar os segmentos 
corporais em posturas antispásticas, realizar movimentação passiva dos membros 
em flexão e extensão e realizar o fortalecimento do quadril e músculos posteriores 
dos membros inferiores, como a prática da "ponte".
• Fase 2: Início do desenvolvimento da espasticidade, presença de alguns 
componentes das sinergias básicas que podem ser estimulados pela utilização 
de reações associadas e reflexos primitivos – o terapeuta deve reduzir a pressão 
escapular. Quando o paciente conseguir realizar o movimento ativamente, a 
facilitação será substituída por resistência. Estimular a movimentação de padrão 
sinérgico flexor e extensor, sendo utilizados os reflexos primitivos que devem ser 
retirados gradualmente a partir do ganho de controle motor, além de desenvolver a 
estabilização do punho em extensão.
• Fase III: a espasticidade atinge grau máximo, há exaltação dos reflexos tendíneos 
e movimentação voluntária em padrão sinérgico, embora não sejam observados 
todos os componentes da sinergia. Com relação à função manual, observam-se 
preensão em massa ou “gancho” – utilização de atividades cotidianas, estimular 
a realização de movimentos que desviam das sinergias, com a dissociação entre 
bíceps e deltoide e entre tríceps e peitoral maior, além de facilitar o soltar voluntário 
após a realização de manobras para acomodar o tônus muscular.
• Fase IV: declínio da espasticidade e ocorrência de pelo menos um movimento desviado 
do padrão sinérgico. Na mão, observam-se preensão lateral e movimentação, em 
amplitude restrita, ativa assistida de extensão de dedos em massa.
139
• Fase V: espasticidade esboçada e ocorrência de pelo menos dois movimentos 
combinados, fora dos padrões sinérgicos. O cliente é capaz de realizar preensão 
palmar, cilíndrica e esférica. Observa-se a presença de movimento em amplitude 
variada de extensão de dedos em massa – nas fases IV e V, o terapeuta deverá 
estimular a realização de movimentos mais complexos que desviam das sinergias 
básicas, a qualidade do movimento é o principal objetivos nessas fases, além de 
estimular a preensão lateral e extensão ativa dos dedos em atividades do cotidiano. 
• Fase VI: espasticidade praticamente ausente, realização de contração muscular 
isolada – o terapeuta deve estimular a realização de movimentos isolados, ampliando 
a velocidade e a precisão com o objetivo de reautomatizar os movimentos. Além 
de treinar a motricidade seletiva dos dedos, ampliando a velocidade e destreza do 
movimento.
• Fase VII: restauração completa da função motora.
Ressalta-se que a função neurológica pode estacionar em qualquer fase 
de recuperação. Nem sempre os movimentos de mão e braço ocorrem de maneira 
correspondente (FARIA, 2014).
Outro comprometimento neurológico é a doença de Parkinson, a qual se 
caracteriza como uma desordem crônica e progressiva do sistema nervoso central, 
acometendo os núcleos da base, ocasionada por uma série de sintomas como tremor, 
rigidez muscular, perda da mímica facial, lentidão dos movimentos e instabilidade 
postural. Pode ser de difícil diagnóstico precoce, contudo, quando diagnosticada, requer 
reavaliação periódica devido a seu rápido curso (FARIA, 2014).
No estágio inicial, no qual, geralmente, o paciente ainda consegue manter a 
independência nas suas AVD, o tratamento objetiva prolongar as habilidades, prevenir 
deformidades e dor, além da redução da fadiga que podeestar presente no cliente. Com 
o avanço da doença, medidas compensatórias podem ser utilizadas, além de medidas 
de conservação de energia na realização das atividades cotidianas. Já nos estágios 
finais, o tratamento é focado na assistência ao cuidador, com orientações acerca da 
disfagia, posicionamentos de conforto, integridade da pele, técnicas de transferência, 
além de estimular a participação do paciente nas decisões (FARIA, 2014). 
Na esclerose múltipla, caracterizada como uma doença crônica progressiva 
causada pela destruição da bainha de mielina do sistema nervoso central, a 
desmielinização pode ocorrer em qualquer parte do sistema, podendo ocorrer sintomas 
como fraqueza, fadiga, alterações cognitivas, dor, espasticidade, depressão, alterações 
visuais, bem como alterações sensoriais, controle vesical, disartria, disfagia, marcha 
atáxica, tremor e disfunção sexual (FARIA, 2014).
O tratamento terapêutico ocupacional específico pode focar na educação 
e orientações acerca do impacto dos sintomas no desempenho ocupacional e nas 
estratégias que podem ser utilizadas nos déficits mais debilitantes, além da prescrição 
140
e confecção de dispositivos de tecnologia assistiva para melhorar a qualidade de vida e 
desempenho nas atividades do cotidiano (FARIA, 2014). 
Já na miastenia grave, há uma desordem de caráter muscular degenerativa 
e progressiva, afetando a junção neuromuscular na membrana pós-sináptica. Na 
terapia ocupacional, o objetivo é trabalhar os componentes de desempenho como 
força, amplitude de movimento, resistência, postura e o controle motor, primando pela 
funcionalidade do cliente por maior tempo possível (FARIA, 2014).
O Traumatismo Cranioencefálico (TCE) é causado por um trauma que lesiona 
o tecido cerebral, podendo desencadear alterações no nível de consciência, déficits 
cognitivos, comportamentais e/ou físicos. A atuação do terapeuta ocupacional 
dependerá, a princípio, do nível de consciência do paciente, objetivando a recuperação 
da autonomia e independência dos indivíduos (FARIA, 2014). 
Figura 19 – Escala Rancho Los Amigos para avaliação cognitiva
Fonte: Santana (s.d.)
N. I sem resposta;
N. II - resposta generalizada (dor);
N. III - resposta localizada (de acordo com o estímulo - lentas);
N. IV - confuso-agitado (confusão, desorientação, comportamentos agressivos);
N. V - confuso-inadequado (responde a comandos simples, baixa concentração);
N. VI - Confuso e apropriado (30 min de atenção, confusão apenas em assuntos fora 
de sua rotina, percepção de apenas déficits físicos);
N. VII - Automático e apropriado (Realização de todos os cuidados sem auxílio, pouca 
flexibilidade mental, necessita de supervisões);
- N. VIII - Intencional e apropriado (Noção de possíveis déficits de pensamento e 
memória, compensando-os; Flexibilidade mental).
4 TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL
A história da terapia ocupacional social no Brasil se conecta a própria formação 
da profissão no país. Principalmente, se considerarmos os processos sociais ocorridos 
nos anos 70 e 80. O Estado, por sua vez, em transformação exatamente pela luta 
decorrente dos movimentos sociais, se articulava numa perspectiva democrática e de 
direito, nos limites do capitalismo (METUIA, 2023).
Segundo Barros, Ghirardi e Lopes (2002), a terapia ocupacional na área social 
amplia os saberes da profissão quando rompe com a dialética saúde doença, visto que 
nesta área, abordar-se a justiça social, bem como a garantia de direitos e de acesso 
social e a cultura.
141
Diversos terapeutas ocupacionais perceberam na prática do cotidia-
no institucional que o sentido das atividades utilizadas, bem como de 
seus programas terapêuticos, transcendia sua apreensão imediata. 
Da mesma forma, as explicações individualizantes, alimentadas pelo 
diálogo com a psicologia, não eram suficientes e nem adequadas 
para responder àquele contexto. O terapeuta ocupacional sente-se 
posto em questão ao perceber que sua práxis se inscreve em um 
processo histórico e que esta possui uma dimensão técnica e uma 
dimensão política inseparáveis. Desse modo, alguns profissionais co-
meçaram a compreender que a problemática que encontravam dian-
te de si não poderia ser reduzida à discussão sobre qual terapêutica 
ou qual programa individual seguir. Surgiam assim: - a indignação 
dos terapeutas ocupacionais frente à vida asilada e aprisionada dos 
usuários dos serviços psiquiátricos em que loucura e miséria conti-
nuavam a se misturar, ignorando-se, insistentemente, sua separação 
histórica proclamada por Pinel; − a inquietação frente ao papel espe-
rado desse profissional. (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002). 
A prática da terapia ocupacional para além do campo saúde, promoveu uma 
nova prática da profissão, com características específicas, como abordado abaixo:
• valorização da demanda, sendo o usuário sujeito de direitos, e 
cuja principal consequência é o princípio de que toda demanda 
deverá ser acolhida;
• ênfase nas ações transdisciplinares e conhecimentos socioan-
tropológicos;
• capacitação profissional voltada à atenção da população com 
necessidades e demandas de diferentes graus de gravidade;
• terapeutas ocupacionais como atores políticos e sociais;
• nos espaços extra-hospitalares, valorização da atividade: 1) 
como meio para socialização e inter-relação, e 2) atividades que 
possam constituir-se em instrumentos de inserção no universo 
do trabalho e da emancipação econômica. As atividades são 
compreendidas no interior de processos reais devida. Elas são 
pensadas singularmente para cada pessoa, para cada situação, 
mas sempre referidas à história grupal, à classe social e ao 
universo simbólico. Abandona-se, assim, o pressuposto de que 
existam atividades cujas características abstratas possam ser 
estudadas separadamente e prescritas segundo grupos de 
patologias, sintomas ou situações hipotéticas;
• nos espaços de segregação, ênfase nas atividades de socializa-
ção e expressão, assim como naquelas situações que promovam 
a desmontagem da lógica e do cotidiano institucional (BARROS; 
GHIRARD; LOPES, 2002).
Nesse contexto do social, a terapia ocupacional aborda também a noção de 
território dentro do campo da saúde mental, dentro da saúde, o território possibilita a 
noção de reconhecimento do outro e de encontro com a alteridade, sendo destacados 
quatro pontos:
1. descentramento do saber do técnico para a ideia de saberes 
plurais diante de problemas e de questões sociais;
2. descentramento das ações da pessoa (considerada corpo/
mente doente ou desviante) para o coletivo, para a cultura da 
qual a pessoa não pode ser separada;
142
3. descentramento da ação: do setting para os espaços de vida 
cotidiana;
4. descentramento do conceito de atividade como processo 
unicamente individual para inseri-lo na história e na cultura 
(BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
Sem esses fatores, Barros, Ghirardi e Lopes (2002) ressaltam que não se pode 
aplicar a terapia ocupacional social, onde novas bases e conceitos para a ocupação são 
necessários para romper com os modelos estabelecidos. Sendo assim, esse novo campo 
da atuação profissional favorece a reflexão, articulação e produção de conhecimento 
acerca das demandas desta área.
Ademais, a terapia ocupacional abrange grupos prioritários de sua atuação, 
são eles: indivíduos que sofrem exclusão e segregação social, educacional entre 
outras formas, incluindo indivíduos institucionalizados em abrigos, prisões, hospitais 
psiquiátricos, desde a criança ao idoso, que tenham seus direitos ameaçados ou violados. 
Grupos sociais que estão em vulnerabilidade, expostos diretamente a precarização de 
trabalho, sendo impactados diretamente nas garantias de direito à qualidade de vida, 
moradia, educação e cultura (BARROS; GHIRARDI; LOPES, 2002).
Sendo assim, pode se compreender que a terapia ocupacional social é 
transversal as áreas de garantia de direitos fundamentais à dignidade humana, por 
isso os profissionais desta área específica, devem estar dispostos a lutarpela justiça 
ocupacional do paciente e/ou comunidade atendida.
5 TERAPIA OCUPACIONAL NA GERIATRIA E 
GERONTOLOGIA
Segundo Almeida, Ferreira, Batista (2011), a população está no processo de 
envelhecimento que ocorre tanto nos países subdesenvolvidos/desenvolvimentos, e 
como de maneira acelerada nos países desenvolvidos. Alguns fatores têm contribuído 
para este fenômeno mundial, são eles:
• Mudança epidemiológica;
• Diminuição da taxa de natalidade;
• Aumento da expectativa de vida;
• Avanço técnico-científico nas ciências da saúde;
O envelhecimento traz algumas dificuldades para o sujeito, o corpo que antes 
era “belo” hoje pode apresentar limitações articulares, diminuição da velocidade e 
destreza, diminuição de seus papeis sociais, aposentadoria, surgimento de doenças 
crônicas, entre outros.
143
Sendo assim, a Terapia Ocupacional na gerontologia pode contribuir para 
aumentar/manter a qualidade de vida, diminuir os impactos causados pelas doenças 
físicas e cognitivas, desenvolvendo intervenções que promovam a independência, 
autonomia, autoestima, socialização etc. (QUEIROZ, 2020).
Quanto a diminuição da participação social do idoso, a pandemia de COVID-19 
(iniciada em 2020), acentuou ainda mais o isolamento da população idosa, que ficou 
impossibilitada do contato social, por ser considerado uma população vulnerável, 
inicialmente, ao vírus.
Por isso, pensando nos impactos que o isolamento poderia trazer a rotina dos 
idosos, alguns projetos foram implementados, virtualmente, para amenizar as consequ-
ências do isolamento, como o desenvolvido pelo grupo de extensionistas de Pelotas-RS 
(PRO-GERONTO), o qual proporcionou diferentes ações para a população idosa.
A Terapia Ocupacional tem muito a contribuir nesse contexto, entendendo 
que as restrições impostas pela pandemia modificaram por completo as rotinas e as 
ocupações vivenciadas pelos idosos, além de terem ocasionado aflições e angústias 
por eles estarem longe de quem estimam e pelas incertezas vividas (COSTA et al., 2020 
apud LINDÔSSO et al., 2021). 
6 TERAPIA OCUPACIONAL EM ONCOLOGIA E CUIDADOS 
PALIATIVOS
O câncer traz dificuldades e rupturas para o cotidiano do indivíduo acometido 
pela doença: o tratamento passar a ser o principal cenário na vida do paciente. Papeis 
antes desenvolvidos são deixados em segundo plano (OTHERO, 2008). 
Além disso, o adoecimento pode trazer impactos significativos no emocional 
do paciente e de seus familiares, trazendo à tona sentimentos como medo, ansiedade, 
angústia, dor, o que pode trazer desequilíbrio aos sujeitos (OTHERO, 2008).
Nesse sentido o terapeuta ocupacional será de grande importância frente ao 
contexto de adoecimento do paciente com câncer e seus familiares, pois mesmo em um 
contexto de limitações, a vida não pode perder o sentido. Diante desse fato, o terapeuta 
ocupacional criará possibilidades de engajamento ocupacional, nas condições físicas e 
emocionais dos pacientes e familiares (OTHERO, 2008).
Dividindo-se o campo de práticas existente de maneira teórica e di-
dática, podemos encontrar profissionais da área atuando em diver-
sos campos e serviços de oncologia, havendo diferentes propostos 
e prioridades, a partir das necessidades dos pacientes, dos recursos 
materiais disponíveis e dos referenciais teórico metodológicos utili-
zados na formação e na prática. Os hospitais são os locais de tradi-
cional assistência em Terapia Ocupacional, nas suas diversas áreas 
144
(enfermaria, unidade de tratamento intensivo, unidade de transplan-
te de medula óssea, unidade de quimioterapia etc.), mas também 
existem profissionais atuando em centros de tratamento da dor, am-
bulatórios de especialidades, além dos programas preventivos e no 
domicílio do paciente (OTHERO, 2008).
Na hospitalização onde há a ruptura do cotidiano de maneira abruta, muitas 
vezes e limitantes. O terapeuta ocupacional pode proporcionar a realização de atividades 
significativas, autonomia e controle sobre a vida. Já nos ambulatórios a reabilitação 
e ganhos da funcionalidade é o principal foco do terapeuta ocupacional. Nesta etapa 
também, geralmente são abordados temas como o retorno de alguns papeis que ficaram 
em segundo plano durante o tratamento agudo do câncer, como o papel de trabalhador 
e estudante (OTHERO, 2008).
O uso das atividades significativas segundo Othero (2008) auxiliam na ação 
fisiológica da endorfina e consequentemente a diminuição da dor devido ao enfeito de 
analgesia que este hormônio promove.
O câncer é considerado uma doença ameaçadora da vida e por isso medidas 
de cuidado específicos devem ser incorporados no tratamento desse paciente. Nesse 
sentindo, os cuidados paliativos devem ser agregados desde o diagnóstico do câncer 
ou de qualquer doença ameaçadora da vida ou que possuam um prognóstico ruim, e a 
medida que a doença avança, os cuidados paliativos podem tornar-se a via de cuidado 
mais utilizada em relação as medidas curativas da doença.
A World Health Organization (2002) definiu o cuidado paliativo como uma 
abordagem que defende a qualidade de vida de pacientes - e de seus familiares - 
com doença que ameaça a continuidade da vida, por meio da prevenção e alívio do 
sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros 
problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
Nos estágios mais avançados da doença oncológica, conhecido como 
terminalidade e no processo ativo de morte, o terapeuta pode proporcionar e estimular a 
continuidade aos sentidos que a vida tem para o paciente, ofertar suporte aos familiares, 
principalmente no luto, onde toda a ação do terapeuta ocupacional deve trazer vida aos 
dias remanescentes do paciente (OTHERO, 2008). 
7 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE MENTAL
A superação do modelo manicomial e o advento da reforma psiquiátrica trouxe 
mudanças no modelo do cuidar em saúde mental, adquirindo caráter humanizado, 
evoluindo para teorias que fortalecem as possibilidades de prevenção e cuidados, 
centrando o tratamento no indivíduo e não na doença e nos sintomas, fugindo da lógica 
do tratamento como único meio de intervenção (SILVA; ARAÚJO, 2013)
145
Nesse contexto, e considerando a história da terapia ocupacional, considera-
se o campo da saúde mental como uma área pertinente ao profissional de terapia 
ocupacional, colaborando com a reabilitação funcional, além de abordar os aspectos 
subjetivos da individualidade humana (SILVA; ARAÚJO, 2013).
No Sistema Único de Saúde, com a incorporação de novos moldes de voltados 
ao incentivo da participação social e autonomia, os profissionais de terapia ocupacional 
foram incorporados na equipe de reabilitação psicossocial. A utilização de atividades 
terapêuticas ocupacionais possibilita a observação e a participação do paciente (SILVA; 
ARAÚJO, 2013).
Ao longo do tempo, houve a ampliação da oferta de serviços e ações de 
substituição do asilamento na saúde mental. Este vem se constituindo gradualmente, 
contando com as Unidades Básicas de Saúde, os leitos psiquiátricos em hospital geral, 
Unidades de Urgências Psiquiátricas em hospital geral, Centro de Atenção Psicossocial, 
Serviços de Residenciais Terapêuticos, Centro de Convivência e Oficinas de Trabalho 
(BALLARIN; CARVALHO, 2014).
A Portaria nº 336/GM de 2002 estabelece os Centros de Atenção Psicossocial 
em três modalidades: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos de acordo com nível de 
complexidade e abrangência populacional. A terapia ocupacional, nesse caso, é definida 
como membro integrante da equipe do CAPS (SILVA; ARAÚJO, 2013).
Mas a atuação do terapeuta ocupacional na saúde mental ainda é um desafio 
ao profissional, pois as práticas ainda podem recorrer à restrição da sintomatologia da 
doença, retornando, assim, ao modelo biomédico (OSÓRIO; MONTAÑO, 2022).
Por isso, o profissional de terapia ocupacional deve recorrer a abordagens sobre 
as necessidades ocupacionais inerentes aos pacientes, incluindo os contextos habituais 
e a utilização da ocupação como ferramenta paraestimular a autonomia e inclusão 
social (OSÓRIO; MONTAÑO, 2022).
Segundo Vizotto (2019), o objetivo principal da terapia ocupacional na área da 
saúde mental é promover estratégias para que os indivíduos com sofrimento psíquico 
possam retomar as atividades do cotidiano, pois, geralmente, eles perdem a capacidade 
autonomia e independência, já que os transtornos psiquiátricos afetam a questão social 
e laborativa.
8 TERAPIA OCUPACIONAL NA TECNOLOGIA ASSISTIVA
Segundo Castro e Elui (2015), o terapeuta ocupacional é responsável pela 
prescrição e confecção de tecnologia assistiva no Brasil. Com resoluções específicas, o 
terapeuta ocupacional poderá realizar sua prática dentro da área da tecnologia assistiva.
146
Figura 20 – Terapeuta ocupacional confeccionando órtese para membro superior
Fonte: Envato Elements (2023)
Apesar de ser uma área de atuação da terapia ocupacional, dentro do campo 
da tecnologia assistiva, há várias ramificações acerca dos dispositivos e subáreas. 
A resolução nº 458, de 20 de novembro de 2015, refere quanto às competências e 
habilidades do terapeuta ocupacional no âmbito da tecnologia assistiva.
Essa resolução cita que o profissional de terapia ocupacional possui a 
competência de avaliar as possibilidades, dificuldades e necessidades dos indivíduos 
na utilização de produtos, recursos, metodologias, estratégias e serviços de tecnologia 
assistiva, como elemento constituinte da terapia ocupacional. O terapeuta poderá 
selecionar, indicar, treinar e acompanhar o uso de tecnologia assistiva que auxiliará o 
desempenho ocupacional, promovendo o engajamento ocupacional nas Atividades de 
Vida Diárias (CASTRO; ELUI, 2015). 
Art. 4º – O terapeuta ocupacional, no âmbito de sua atuação profis-
sional, é competente para atuar nas práticas e serviços de Tecnologia 
Assistiva em suas diferentes áreas de aplicação: a) Auxílios para vida 
diária e vida prática; b) Comunicação aumentativa e alternativa; c) 
Recursos de acessibilidade ao computador; d) Adequação postural; 
e) Auxílio de mobilidade; f) Sistema de controle de ambiente; g) Pro-
jetos arquitetônicos para acessibilidade; h) Recursos para cegos ou 
para pessoas com baixa visão; i) Recursos para surdos ou pessoas 
com déficits auditivos; j) Adaptações para veículos; k) Órteses e Pró-
teses (CASTRO; ELUI, 2015, s.p.). 
No campo da tecnologia assistiva, é possível ofertar três níveis de tecnologia: 
Low-tech (baixa tecnologia), Medium tech (média tecnologia), Hi-tech (Alta tecnologia).
Os itens de baixa tecnologia são menos sofisticados e podem incluir adaptadores 
com alça, engrossadores, talheres adaptados, tampões de velcro e prato com ventosas. 
Os itens de média tecnologia são dispositivos mecânicos relativamente complexos, 
como a cadeira de rodas, acionadores, calculadoras falantes e teclados portáteis. Já os 
dispositivos de alta tecnologia incluem os componentes de computadores e eletrônicos 
sofisticados, como cadeiras de rodas elétricas, dispositivos de comunicação alternativa 
e aumentativa.
147
9 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DO TRABALHADOR
Segundo Nunes (2014), a terapia ocupacional na saúde do trabalhador perpassa 
pela ergoterapia francesa, recebendo também a influência anglo-saxônica, na qual o 
principal objetivo é realçar a capacidade de desempenho nas tarefas produtivas para 
manter satisfação pessoal e de seus contextos.
A atividade de trabalho é determinada tanto pelas características da população 
de trabalhadores quanto pelas normas e regras das organizações e pelo contexto de 
desenvolvimento do trabalho (NUNES, 2014).
Dentro da saúde do trabalhador no Brasil, o terapeuta ocupacional pode utilizar a 
Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), na qual são apresentados domínios 
divididos em oito funções, oito estruturas, nove grupos de atividades e cinco domínios 
ambientais. A CIF indica os problemas como incapacidade, limitação ou restrição de 
participação dos indivíduos (NUNES, 2014).
A terapia ocupacional pode utilizar os princípios de simplificação do trabalho como 
principal ferramenta para sua intervenção para auxiliar na identificação e eliminação dos 
fatores de risco de acidentes ocupacionais para os trabalhadores (NUNES, 2014). 
O cuidado com o trabalhador a partir de estratégias da ergonomia é essencial 
para manter o indivíduo na execução do seu papel ocupacional, por isso, técnicas como 
de conservação de energia, adequação de mobiliários de acordo com padrões de normas 
técnicas, uso de ginástica laboral, meditação e relaxamento podem ser utilizadas pelo 
terapeuta ocupacional nesse cuidado (NUNES, 2014).
De acordo com Nunes (2014), quando o terapeuta ocupacional atender o 
trabalhador fora do seu ambiente do trabalho, o profissional deverá incluir a avaliação da 
ergonomia no ambiente de trabalho. 
10 TERAPIA OCUPACIONAL NA SAÚDE DA CRIANÇA
A atuação do terapeuta ocupacional na saúde da criança perpassa os marcos 
do desenvolvimento neuropsicomotor, habilitando a criança em suas fases de 
desenvolvimento ao seu desempenho ocupacional específico da idade (BRASIL, 2022b).
De maneira geral, o desenvolvimento da criança é um determinante importante 
sobre a saúde de uma determinada população, sendo que os primeiros anos de vida são 
considerados um período de grande oportunidade para o desenvolvimento humano.
Na infância, é possível identificar as crianças que não conseguem realizar as 
atividades que são especificas para elas, com determinada faixa etária. Quando isso 
ocorre, caracterizamos como um atraso do desenvolvimento. Apesar de muito utilizado, 
148
ele é um termo genérico frente ao diagnóstico definitivo da criança, que só é descoberto 
depois de investigação.
Sendo assim, a atuação do terapeuta ocupacional nessa área é versátil e cheia 
de possibilidades. A seguir, ressaltaremos as possíveis ações do profissional na infância.
Na atenção Básica à Saúde, o terapeuta ocupacional atua na vigilância do 
desenvolvimento, o qual consiste no acompanhamento das mudanças em cada fase da 
infância, como nos aspectos biopsicossociais e cognitivos. Esse plano é proposto pela 
Organização Mundial da Saúde, fundo das Nações Unidas para a Infância e a Política 
Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (BRASIL, 2022b).
Nesse aspecto, o terapeuta ocupacional, segundo Paixão, Costa e Vieira (2022), 
poderá participar das seguintes ações:
• Orientação: instrução, explicação ou aconselhamento a gestantes ou mães, pais e 
familiares da criança. 
• Consulta de vigilância do desenvolvimento: avaliação do crescimento e do 
desenvolvimento da criança durante a consulta.
• Educação em saúde: ações educativas direcionadas à população geral frequentadora 
dos serviços de saúde. 
• Visita domiciliar: atendimento à criança e à família realizada em domicílio. 
• Mapeamento dos serviços: busca e descrição dos serviços de saúde vinculados 
à UBS ou à Estratégia Saúde da Família (ESF) nas quais as atividades eram 
desenvolvidas. 
• Programa Saúde na Escola: atividades de vigilância do desenvolvimento infantil e 
de educação em saúde realizadas nas escolas vinculadas aos serviços de saúde 
nos quais as atividades eram desenvolvidas.
• Grupos terapêuticos: atendimentos voltados a um grupo de pessoas com 
características ou problemáticas semelhantes.
• Apoio matricial: atividades voltadas ao processo de educação permanente dos 
profissionais da Atenção Básica.
• Reuniões de equipe: participação em reuniões com a equipe de saúde para 
planejamento.
Nesse nível de atenção, assim como em outros, o terapeuta ocupacional deve 
atentar-se para a performance da criança nas áreas de desempenho ocupacional, que 
são a escola, Atividades de Vida Diária e o brincar.
Para a melhor eficácia, no raciocínio clínico, o terapeuta ocupacional pode utilizar 
de protocolos específicos de atuação para a população infantil, como a Integração 
Sensorial, Integração Visuomotora e Perceptual, as escalas do desenvolvimento infantil, 
como o Aberta Infant Motor Scale, o Bayley Scaleos Infant Development, Teste de 
149
Desenvolvimento Denver II, Escala do Desenvolvimento do Comportamento da Criança 
e a Escala de Desenvolvimento Motor. Na área psicossocial da criança, pode-se utilizar 
o Pediatric Evaluation of Disability Inventory. 
Na área de atenção as crianças com distúrbios afetivos, o terapeuta ocupacional 
deve oportunizar recursos para que a vida dessas crianças ganhe sentido, assim como 
promova ações que tornem a vida dessas pessoas mais dignas, pois as crianças com 
distúrbios afetivos, geralmente, possuem dificuldade na participação ativa de seu 
cotidiano, e a participação social geralmente está restrita ao seio familiar.
Figura 21 – Classificação do autismo
Fonte: Escola Educação (2018)
Autores da infância, como Winnicott, ressaltam que o brincar possibilita o 
contato com o lúdico, com as experiências únicas que só ele pode oportunizar, é o local 
onde a realidade e a fantasia de misturam.
Diante disso, o terapeuta ocupacional deve proporcionar um ambiente salutar 
em diferentes contextos, seja em nível de atenção primária e ambulatorial, seja em nível 
escolar e hospitalar, para que a criança possa se desenvolver de maneira plena.
11 TERAPIA OCUPACIONAL NO CENTRO DE TERAPIA 
INTENSIVA
Outra área de atuação do terapeuta ocupacional que tem sido amplamente 
fortalecida, principalmente no momento pós-pandemia, é o Centro de Terapia Intensiva. 
150
O terapeuta ocupacional possui como documento regulador dessa atuação a 
Resolução-RDC nº 7, de 24 de fevereiro de 2010. Seu Art.18 refere que deve ser garantida, 
com recursos próprios ou através de serviço terceirizados, a atuação de terapeutas 
ocupacionais em Unidades de Terapia Intensivas Adultas e Pediátricas. Tal profissional 
deverá compor a equipe multiprofissional e, com isso, devem estar interligada as 
atividades pertinentes ao cuidado do paciente crítico (COFFITO, 2010).
Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), os pacientes são comumente 
submetidos à sedação, imobilidade e tempo de internação prolongados, os quais podem 
contribuir para muitas complicações, incluindo sequelas neuromusculares e cognitivas, 
reduzindo a capacidade funcional e a qualidade de vida (BARBOSA; REIS, 2017).
Para atuar nesse local, o terapeuta ocupacional deverá conhecer os princípios 
fisiológicos do corpo humano, os sinais vitais e os principais fármacos utilizados nas 
Unidades de Terapia Intensiva. Para isso, o terapeuta ocupacional, assim como nas 
diversas áreas de atuação, deverá se capacitar para estar apto à prática nesse local 
restrito, mas cheio de possibilidades para a profissão.
Entender os fatores intrínsecos e extrínsecos ao paciente é fundamental para 
o início da terapia precoce de maneira adequada e que não submeta o paciente a 
iatrogenias, sendo considerados fatores como a severidade da doença, processo de 
hemodiálise, tipo de UTI e a sedação do paciente (BARBOSA; REIS, 2017).
Segundo Bittencourt et al. (2021), a atuação do terapeuta ocupacional nesse 
cenário foram os treinos de Atividades de Vida Diária, tarefas relacionadas às Atividades 
Instrumentais de Vida Diária e medidas de mobilização precoce do paciente, de acordo 
com a literatura consultada na revisão sistemática com relação ao tema.
A atuação do profissional de terapia ocupacional durante a pandemia de Covid 
19, instaurada no início de 2020, trouxe novo desafios a esse profissional, especialmente 
na UTI. Nesse cenário, Carmo et al. (2020) destacam a atuação do terapeuta ocupacional 
na UTI, integrante da equipe multiprofissional e sua contribuição no atendimento ao 
paciente com o SARS-COV-2 em estado grave, no favorecimento de posicionamento 
funcional (pronação do paciente), desempenho de Atividades de Vida Diária, identificação 
e manejo não farmacológico do Delirium, uso da comunicação alternativa e aumentativa 
em pacientes traqueostomizados ou em intubação orotraqueal sem sedação, com 
o intuito de manter a comunicação eficaz entre o paciente e a equipe assistencial, 
paciente e familiares. 
A inserção do terapeuta ocupacional na Unidade de Terapia Intensiva ainda está 
em construção, sendo que novos estudos devem ser realizados abordando a temática 
na tentativa de gerar evidências e respaldo científico ao profissional (BITTENCOURT et 
al., 2021).
151
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu:
• As possíveis áreas de atuação do terapeuta ocupacional.
• A possibilidades da prática de terapia ocupacional no campo da neurologia, inclusão 
social, gerontologia, oncologia, saúde mental, dentre outras.
• As resoluções que regulamentam a profissão de terapia ocupacional nas diferentes 
especialidades da profissão.
152
AUTOATIVIDADE
1 A terapia ocupacional possui diversas áreas de atuação, desde a infância até o 
envelhecer, perpassando também pelos cuidados paliativos. Diante disso, cite duas 
áreas de atuação da terapia ocupacional, enfatizando as possíveis atuações nessas 
áreas.
2 De maneira geral, as áreas de atuação do terapeuta ocupacional são as mais diversas 
possíveis, porém, possuem uma história intima como duas áreas específicas. Diante 
desse fator, assinale a alternativa CORRETA que apresenta as duas primeiras áreas de 
atuação da terapia ocupacional:
a) ( ) Saúde mental e neurologia.
b) ( ) Saúde mental e reabilitação física.
c) ( ) Saúde da criança e cuidados paliativos.
d) ( ) Saúde do trabalhador e saúde neurológica.
3 Em específico, a área de tecnologia assistiva é uma das mais importantes da terapia 
ocupacional, pois ela pode ser utilizada em concomitância com outras áreas, por 
isso ela possui a pluralidade e adaptação de que a terapia ocupacional tanto precisa 
na sua prática diária. Considerando esse fator, descreva as possíveis indicações do 
uso da tecnologia assistiva para o cotidiano do terapeuta ocupacional junto a sua 
clientela.
4 A atuação da terapia ocupacional nas unidades de terapia intensiva é relativamente 
nova, se comparada às outras áreas de atuação. Nesse campo, são encontrados 
indivíduos em estados agudizados de doenças ou comorbidades. Geralmente, 
estes estão sedados e necessitam de suporte 24 horas por dia. Esse novo espaço 
da terapia ocupacional é muito importante para a reabilitação o mais precocemente 
possível, e há alguns anos a terapia ocupacional foi reconhecida como integrante da 
equipe intensivista. Sendo assim, assinale a alternativa CORRETA que apresenta a 
resolução que garante a atuação do terapeuta ocupacional em unidades de terapia 
ocupacional.
a) ( ) Resolução-RDC nº 7.
b) ( ) Resolução-RDC nº 5.
c) ( ) Resolução-RDC nº 8.
d) ( ) Resolução-RDC nº 6.
5 Considerando as áreas de atuação da terapia ocupacional e as suas especificidades em 
cada área, assinale a alternativa CORRETA que apresenta as áreas correspondentes 
com seu objetivo ou características específicas:
153
a) ( ) A justiça ocupacional é um dos componentes de atuação do terapeuta 
ocupacional na área da saúde mental.
b) ( ) Na neurologia, o terapeuta ocupacional pode atuar nas alterações motoras, 
sensoriais, cognitivas e de linguagem relacionadas a doenças e/ou traumas de 
caráter provisório ou progressivo.
c) ( ) Na área social, o terapeuta utiliza os princípios do neurodesenvolvimento para 
embasar a sua prática.
d) ( ) Atua somente no envelhecimento saudável, está é a premissa da terapia 
ocupacional na área da gerontologia.
154
155
TÓPICO 3 - 
NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE
1 INTRODUÇÃO
Finalmente, chegamos ao fim da Unidade 3. Neste tema de aprendizagem, 
abordaremos os níveis de atenção à saúde, com a inserção da terapia ocupacional 
em cada nível de atenção, ressaltando as possíveis atuações e desafios da profissão, 
considerando, principalmente, o Sistema Único de Saúde no Brasil.
Tais níveis de atenção são utilizados de maneira estratégica para a organização 
do sistema de saúde em níveis de complexidade e serviços oferecidos à população, por 
isso a importância dessa estratégia de distribuição (BRASIL, 2022a).
UNIDADE 3
2 TERAPIAOCUPACIONAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À 
SAÚDE
A Atenção Básica à Saúde é composta por várias ações individuais e coletivas 
para a prevenção e promoção da saúde dos usuários. Nesse sentido, a terapia ocupacional 
favorece a participação social, famílias e comunidade, almejando os objetivos de vida e 
ocupações significativas (CABRAL; BREGALDA, 2017). 
De maneira geral, o papel da terapia ocupacional na atenção básica envolve 
a oferta de cuidado integral, compreensão acerca do contexto territorial, de ações 
voltadas à participação nas atividades nas áreas de desempenho (SILVA; NICOLAU; 
OLIVER, 2021).
A partir dos anos 1970, a atuação do terapeuta ocupacional foi incorporada nas 
unidades básicas e nos centros de saúde, e a partir de 2008, houve a ampliação do 
terapeuta ocupacional nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, o qual oferta apoio 
matricial clínico-assistencial e apoio técnico-pedagógico nas estratégias de saúde da 
família-ESF (SILVA; NICOLAU; OLIVER, 2021). 
Silva e Araújo (2013) falam da atuação do terapeuta ocupacional nos Núcleos de 
Apoio à Saúde da Família (NASF). O profissional poderá compor a equipe desse serviço, 
mas não de maneira obrigatória.
Contudo, no ano de 2021, aprovou-se a Lei nº 14.321 que incluiu fisioterapeutas e 
terapeutas ocupacionais nas ESF, o que amplia ainda mais a atuação dessas profissões 
nos cuidados às pessoas mais vulneráveis e com recursos um pouco mais escassos 
para o acesso a estes profissionais (AGÊNCIA SENADO, 2021).
156
Nesse sentido, a atuação do terapeuta ocupacional é plural, pois ele pode 
compreender e intervir na dinâmica de cuidado in loco, através das visitas realizadas 
pelo serviço, ou seja, a atenção integral tão defendida no Sistema Único de Saúde é 
respaldada no cotidiano do profissional (SILVA; NICOLAU; OLIVER, 2021).
Apesar do avanço do terapeuta ocupacional no ambiente da atenção básica em 
saúde, ela ainda necessita de mais avanços, além da sistematização da atuação e no 
aprofundamento das práticas do terapeuta ocupacional nos serviços de atenção básica 
(SILVA; NICOLAU; OLIVER, 2021).
3 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO SECUNDÁRIA À 
SAÚDE
O nível secundário da saúde ou atenção especializada é direcionado para a 
oferta de serviços especializados como pediatria, ortopedia, cardiologia, oncologia, 
neurologia etc. (BRASIL, 2022a).
Os exemplos mais claros que se possui sobre a média complexidade são as 
Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), policlínicas, hospitais de média complexidade 
e centros de atendimentos especializados que integram esse nível de atenção à saúde 
(BRASIL, 2022a).
O nível secundário de atenção à saúde é um campo muito rico e vasto acerca 
das contribuições desta profissão para habilitar seus clientes/usuários/pacientes ao 
desempenho ocupacional.
Geralmente, nesse nível atenção, encontramos os terapeutas ocupacionais em 
centros especializados, onde são propostas medidas de promoção da saúde e reabilitação 
dos componentes do desempenho e habilidades para o engajamento ocupacional dos 
pacientes em suas atividades do cotidiano (TORREZAN; IDEMORI; LEITE, 2009).
A atuação ambulatorial do terapeuta ocupacional pode ter 
um caráter preventivo, de tratamento e de orientação, desde que 
necessite do contexto hospitalar para isso. Os programas de preven-
ção têm como pressuposto básico a intervenção com pacientes que 
podem vir a desenvolver quadros que comprometam sua qualidade 
de vida, seu bem-estar físico, inter-relação familiar, funcionalidade, 
independência e autonomia. Os programas de tratamento e de orien-
tação incluem o atendimento de pacientes que necessitam de rea-
bilitação por terem passado por procedimentos cirúrgicos e aqueles 
que apresentam sequelas de traumas físicos, que comprometem sua 
capacidade funcional e sua qualidade de vida. Podem ser realizados 
procedimentos técnicos específicos para recuperação da capacidade 
funcional/ocupacional necessária, para que o paciente possa retor-
nar ao trabalho (TORREZAN; IDEMORI; LEITE, 2009, p. 28).
157
Nesse nível de atenção, também é comum encontrarmos as especialidades da 
terapia ocupacional, como visto no eixo anterior, como neurologia, ortopedia, geriatria e 
gerontologia, saúde mental, dentre outros.
4 TERAPIA OCUPACIONAL NA ATENÇÃO TERCIÁRIA À 
SAÚDE
Segundo Brasil (2022a), a atenção terciária à saúde é o nível mais complexo do 
Sistema Único de Saúde, geralmente inclui medidas mais invasivas, de alta tecnologia e 
de grande demanda financeira. É composta pelos hospitais de alta complexidade.
O terapeuta ocupacional poderá atuar no contexto hospitalar utilizando-se 
de estratégias para o enfrentamento da hospitalização, visto que esta traz ruptura 
no cotidiano do paciente e seus familiares. Como observado nas áreas de atuação da 
terapia ocupacional no eixo anterior, nesse nível, o profissional trabalha com o resgate de 
atividades de interesse do paciente e seus familiares como maneira de enfrentamento 
da hospitalização (SANTOS et al., 2018).
Outras atuações perpassam a utilização de treinos das atividades de vida diária, 
mobilidade funcional, sono e descanso e gestão e cuidados em saúde, podendo auxiliar 
na propagação de conhecimento e troca de experiências através da educação em saúde 
acerca dos agravos de doenças crônicas.
O uso de tecnologias mais elaboradas pode auxiliar o terapeuta a melhor 
compreender o processo saúde-doença dos indivíduos e auxiliá-los ao engajamento dos 
cuidados em saúde para evitar agudização de determinada doença ou de seus agravos.
A atuação do terapeuta ocupacional em nível terciário da saúde pode ocorrer 
em enfermarias, em isolamentos e nas unidades de terapia intensiva, e a abordagem 
pode ser individualizada ou em grupos, tudo dependerá da dinâmica da instituição, do 
conhecimento e segurança do terapeuta ocupacional e disponibilidade de recursos. 
158
O QUE FAZ A TERAPIA OCUPACIONAL
LEITURA
COMPLEMENTAR
A terapia ocupacional beneficia pessoas de todas as faixas etárias e que tenham alguma limitação ou 
incapacidade de realizar atividades do dia a dia
Pense no seu dia a dia, e você vai perceber que ele é composto de uma série de 
atividades que precisam de diferentes habilidades. Mesmo que algumas delas pareçam 
muito simples, como escovar os dentes ou vestir uma camisa, existem condições de 
saúde que impedem ou dificultam sua realização adequada. O terapeuta ocupacional é 
o profissional que busca ajudar o paciente a realizar atividades cotidianas (ocupações) 
quando existem tais problemas. Essas atividades incluem tarefas de autocuidado 
(higiene, alimentação e vestuário); produtividade (trabalhar ou estudar); momentos de 
lazer (esportes, dança e pintura, por exemplo) e atividades sociais em geral. 
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito) define a tera-
pia ocupacional como uma “profissão de nível superior voltada ao estudo, à prevenção 
e ao tratamento de indivíduos com alterações cognitivas, afetivas, perceptivas e psi-
comotoras, decorrentes ou não de distúrbios genéticos, traumáticos e/ou de doenças 
adquiridas”. 
Os profissionais trabalham em diversos locais, como hospitais, clínicas, 
ambulatórios e lares de idosos, mas não ficam restritos a estabelecimentos de saúde. 
É comum haver pessoas que precisam da sua ajuda em projetos sociais, escolas, 
empresas, casas de família, no sistema prisional, entre outros. “O terapeuta ocupacional 
desempenha papel primordial no âmbito da saúde coletiva, pois sua formação é capacita 
a lidar com questões sociais, de reabilitação física e psíquica, reintegração social 
e, a partir disso, contribuir para a promoção, prevenção e recuperação daqueles que 
necessitam de cuidado”, afirma Edna Mendonça, terapeuta ocupacional e doutoranda 
em saúde coletiva no Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). 
159
Quem precisa de cuidados de terapia ocupacional
A terapia ocupacional atende desde recém-nascidos até idosos. “Qualquer 
pessoa que apresente alterações em seu desempenho ocupacionale/ou tenha 
dificuldades para realizar atividades cotidianas pode ser indicada para fazer terapia 
ocupacional”, explica Tatiana Pedroso, terapeuta ocupacional da Rede Lucy Montoro.
Para Edna, a terapia ocupacional conecta pessoas ao que elas precisam fazer 
ou ao que elas querem fazer. “É uma profissão que estuda o fazer humano, a ocupação 
humana, considerando que o ser humano é um ser ocupacional”, afirma. Como dissemos 
no início, pensamos pouco na nossa vida dessa forma: como uma sequência de “fazer 
coisas”. Veja abaixo exemplos de pacientes que comumente se beneficiam com a 
assistência de um terapeuta ocupacional:
• Criança com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.  O terapeuta 
ocupacional estuda o desenvolvimento infantil e os marcos do desenvolvimento. 
Com o brincar, ele pode estimular as partes motora, sensorial e neurológica da 
criança. Mas não somente um brincar aleatório. Ele direciona brinquedos e atividades 
conforme a idade e a necessidade de cada paciente. Em um bebê de poucos meses 
com atraso no desenvolvimento, por exemplo, é preciso estimular sentidos como a 
visão e a audição, além do controle do pescoço e o movimento de se virar.
• Adulto que sofreu um acidente e teve a sua mão amputada.  O terapeuta 
ocupacional cria soluções para que esse paciente possa realizar tarefas simples 
do seu cotidiano com apenas uma mão: comer, beber, se vestir, escovar os dentes, 
pentear o cabelo, tomar banho, ir ao banco, mexer no computador ou qualquer outra 
atividade ou trabalho que ele necessite ou queira fazer. O objetivo é que o paciente 
possa executar suas atividades independentemente de sua condição física.
• Pessoa que sofre de algum transtorno mental, como a  depressão.  Nesse 
caso, o terapeuta ocupacional trabalha no desenvolvimento de uma rotina de 
atividades diárias que seja satisfatória e crie um senso de propósito para o paciente, 
aumentando sua autoconfiança, autoestima e independência. O profissional pode 
ajudá-lo em tarefas simples de autocuidado, identificar e aprimorar habilidades que 
aumentem suas chances de conseguir um emprego e propor novas maneiras para 
que ele ocupe seu tempo de forma prazerosa. 
 
Melhora na autonomia dos pacientes e avaliação individualizada
O terapeuta ocupacional trabalha a partir das habilidades e limitações de cada 
pessoa, criando junto do paciente novas formas de fazer o que ele quer e precisa, 
com a maior autonomia e independência possíveis. “As estratégias podem ser desde 
uma modificação no modo de realizar uma atividade para evitar sobrecarga de uma 
articulação, por exemplo, até o planejamento abrangente de como executar uma 
atividade para realizá-la da forma mais eficiente possível. Em alguns casos, podem 
ser necessárias adaptações para realizar tais atividades. Essas adaptações podem 
https://wp-drauzio.nousk.com.br/doencas-e-sintomas/depressao/
160
ser indicadas e elaboradas pelo terapeuta ocupacional, seja com um equipamento 
de tecnologia assistiva, como órteses e cadeiras de rodas, seja com modificações 
ambientais para facilitar a funcionalidade e participação nas atividades”, explica Tatiana. 
O histórico ocupacional do paciente também é fundamental. O terapeuta vai 
rastrear as atividades que a pessoa já fazia ao longo da vida, sem focar apenas na sua 
doença ou condição limitante: Se for uma criança, ele procura saber quais são suas 
brincadeiras preferidas, o que ela gosta de fazer; se for um adulto ou idoso, com o que 
ele trabalha ou já trabalhou e o que há de importante em sua vida. “A gente vai explorar 
quais são os interesses, as habilidades e a reserva de saúde de cada pessoa, o que 
vai muito além de olhar para a doença, as limitações e incapacidades. É a partir desse 
ponto que a gente se conecta e resgata, constrói ou insere na sua rotina, atividades 
necessárias ao desejo de cada um. Tem que fazer sentido para a pessoa”, afirma Edna. 
O nível de autonomia é diferente dentro da realidade de cada um. Por isso, o 
profissional deve ter um olhar individualizado e fazer uma avaliação que leve em conta 
contexto de vida, idade, histórico ocupacional, desenvolvimento e objetivos do paciente. 
É preciso ter criatividade e pensar em novas formas de ajudar o paciente. “O 
terapeuta ocupacional se questiona: ‘Como posso ajudar essa pessoa a ter uma vida 
melhor?’”, explica Edna. Para isso, é preciso entender o que impede e o que ajuda a 
pessoa a executar determinada atividade. “Temos terapeutas ocupacionais fazendo 
treinos de uso de transporte público com usuários com necessidades especiais, por 
exemplo. Cada história, contexto e modo de fazer é diferente e pedirá uma intervenção 
personalizada.” 
 
Diferença entre terapia ocupacional e fisioterapia
Existe uma certa confusão a respeito da terapia ocupacional e da fisioterapia, 
pois muitos pacientes são atendidos por profissionais de ambas as áreas. As profissões 
compartilham o mesmo conselho de classe, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional, mas existem muito mais diferenças que semelhanças. 
O trabalho do fisioterapeuta é focado na prevenção e reabilitação de pessoas 
com distúrbios do movimento, ou seja, o fisioterapeuta pode atender, por exemplo, 
pacientes com deficiências (sejam de natureza cardíaca, respiratória, neurológica ou 
qualquer outra) que tenham sua capacidade motora afetada. Já a terapia ocupacional 
é focada na ocupação humana. “Nossos objetos de trabalho e nossos objetivos são 
completamente diferentes. Se o paciente tiver um comprometimento motor que 
também interfere na parte ocupacional, os profissionais podem contribuir e trabalhar 
juntos. Mas há casos em que a terapia ocupacional não tem nada a ver com a fisioterapia, 
como os casos de pessoas com transtornos mentais, por exemplo”, explica a terapeuta 
ocupacional Edna Mendonça. 
161
Segundo ela, também há terapeutas ocupacionais atuando em planejamento de 
vida, atendendo pessoas relativamente jovens e que ainda têm muita saúde, mas que 
por algum motivo já estão em fase de aposentadoria. Nessas situações, o profissional 
faz um planejamento de acordo com as necessidades e os desejos da pessoa 
naquele momento. “A terapia ocupacional não trabalha só focada em saúde, tem uma 
inserção muito grande na educação e na área social. É uma profissão de nível superior 
fundamental para a sociedade, mas que ainda não alcançou o devido reconhecimento”, 
completa Edna.
Fonte: https://drauziovarella.uol.com.br/neurologia/o-que-faz-a-terapia-ocupacional/. Acesso em: 5 abr. 
2023.
162
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu:
• Os níveis de atenção à saúde, sendo divididos em primário, secundário e terciário.
• As possibilidades de atuação do terapeuta ocupacional nos cenários de práticas nos 
níveis de atenção à saúde.
• Os desafios acerca da terapia ocupacional na atenção primária, secundária e 
terciária à saúde.
• A importância dos níveis de atenção à saúde para a assegurar o cuidado integral à 
saúde da população, principalmente a mais vulnerável.
163
AUTOATIVIDADE
1 Os níveis de atenção à saúde são um marco muito importante para a configuração dos 
serviços de saúde, principalmente no Sistema Único de Saúde. Considerando esses 
aspectos, comente a estruturação dos níveis de atenção à saúde e sua importância 
para o terapeuta ocupacional.
2 De acordo com os níveis de atenção à saúde, o terapeuta ocupacional pode atuar nos 
serviços de nível de atenção básica, em que recentemente houve regulamentação 
com aprovação em lei, garantindo a participação de terapeutas ocupacionais em um 
serviço específico. Nesse aspecto, assinale a alternativa CORRETA que apresenta a lei 
correspondente a essa afirmativa:
a) ( ) Lei nº 41.123.
b) ( ) Lei nº 14.321.
c) ( ) Lei nº 11.341.
d) ( ) Lei nº 13.432.
3 A atuação do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar é permeada de desafios 
e possui muita importância para esse nível de atenção à saúde. Considerado o nível 
mais complexo de atuação do profissional, classifique V para as sentençasverdadeiras 
e F para as falsas:
( ) No contexto hospitalar é baixo o uso de tecnologias, os procedimentos geralmente 
são simples e não requerem muito investimento. 
( ) A prática do terapeuta ocupacional se concentra nas enfermarias e na atividades 
dos outros trabalhadores da saúde.
( ) Enfermarias e unidades de terapia intensiva são exemplos de locais dentro da 
atenção terciária em saúde onde o terapeuta ocupacional pode atuar.
( ) A terapia ocupacional pode realizar treinos de atividades de vida diária, confecção 
de órteses e auxiliar no enfrentamento da hospitalização através de atividades que 
sejam do interesse do paciente e acompanhante.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) V - F - V - F.
b) ( ) F - V - F - V.
c) ( ) V - V - F - F.
d) ( ) F - F - V - V.
164
4 No nível de média complexidade, o terapeuta ocupacional poderá realizar sua prática 
em várias áreas de atuação. No Sistema Único de Saúde, o terapeuta ocupacional 
pode estar inserido nos centros de especialidades. Diante disso, exemplifique a 
atuação do terapeuta ocupacional nos centros de especialidades.
5 Dentro dos níveis de atenção à saúde, existem programas voltados para a prevenção 
e promoção da saúde no Sistema Único de Saúde. Ademais, a atenção primária à 
saúde é composta por locais específicos, os quais os terapeutas ocupacionais 
podem agregar à equipe. Considerando o exposto, assinale a alternativa CORRETA 
que apresenta os possíveis locais de atuação do terapeuta ocupacional na atenção 
básica à saúde.
a) ( ) Unidades Básica de Saúde, Estratégias de Saúde da Família e Centros de 
convivência.
b) ( ) Unidades Básicas de Saúde, Núcleos de apoio à saúde da família e Estratégias de 
Saúde da Família.
c) ( ) Unidades Básicas de Saúde da Família, Núcleos de apoio à Saúde da Família e 
Unidades de Terapia Ocupacional.
d) ( ) Centros de especialidades, casas de convivência, Núcleos de apoio à Saúde da 
Família, Centro de Apoio Psicossocial e Unidades de Urgência e Emergência.
165
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