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Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 1 AULA 01: ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Olá, pessoal, tudo bem? Seguindo nosso cronograma, falaremos hoje sobre a organização administrativa (a tal Administração Pública), e, igualmente, sobre as ONGs, o que, em editais mais recentes, aparece com o nome de “Regimes de Parceria”. O Edital de vocês não é expresso na parte das Entidades integrantes do Terceiro Setor, mas, nesse ponto, vou preferir pecar pelo excesso. O que é uma ONG, teacher? Uma organização que não é do governo? Ora, times de futebol não são do governo... ou até o PCC – Primeiro Comando da Capital, também não é do governo. E ninguém pode negar que esse pessoal é organizado... Os últimos, claro, do PCC, afinal futebol no nosso país, em termos de organização tá complicado! Abaixo o roteiro da aula de hoje: 1 – Desconcentração X descentralização 2 – Administração direta e indireta; 3 – Administração Indireta - autarquias, fundações públicas; empresas públicas; sociedades de economia mista; 4 – Agências 5 – Terceiro Setor (Regimes de Parceria) Sem mais, vamos “partir” para a aula. Cyonil Borges Observação: vou avançar, no presente arquivo, nos principais tópicos da teoria. Vou postar um arquivo complementar só de Exercícios Comentados (de bancas diversas), isso porque esse tópico é muito importante. Ah! De certa forma, a teoria será repetida gradualmente no arquivo complementar de exercícios. Observação: ah! Das 85 questões que tenho da Consuplan, apenas uma é de Organização Administrativa. Muitas são de Licitações e Contratos e Lei 8.112, de 1990 (mais de 60%). Portanto, peço que enfatizem o estudo de tais tópicos. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 2 1 – Notas Introdutórias sobre Organização Administrativa: desconcentração X descentralização administrativa Bom, poderíamos muito bem começar falando logo da administração direta ou indireta. Mas, de onde vem isso, essas expressões? Direta e indireta? Para entendermos, temos que trazer alguns conceitos preliminares. Vamos a eles, então. Podemos dizer que, administrativamente, o Estado pode agir de duas maneiras: centralizada ou descentralizada. Na centralização administrativa é o próprio ente federativo, a União, por exemplo, quem age. Mas, detalhe: a União age por intermédio de órgãos, que fazem parte da estrutura desconcentrada. Noutras palavras: quem vem a nossa presença? A União ou um Ministério? Claro que o Ministério, boa parte deve ter respondido. Pois é, na CENTRALIZAÇÃO (o ente federativo atua) há DESCONCENTRAÇÃO da atividade para ÓRGÃOS. BIZU: quando há centralização administrativa, há apenas UMA PESSOA JURÍDICA, como a União, que DESCONCENTRA a atividade para ÓRGÃOS. Aproveitando: órgãos não são pessoas, mas sim são partes de uma, tal como os órgãos do corpo humano. Já, já, voltaremos aos órgãos, para ver o conceito destes. Mas, antes, vejamos o que é a descentralização. Já na descentralização, o Estado atribui à outra pessoa, física ou jurídica, a possibilidade de fazer alguma coisa. O que? Descentralização para pessoa FÍSICA? É pessoa FÍSICA, é possível! Mas antes, marca aí o BIZU: Na descentralização, há a existência de MAIS DE UMA PESSOA, física ou jurídica. De modo geral, podemos tratar de três tipos de descentralização: por serviços, por colaboração e territorial. A descentralização por serviços, também chamada funcional ou técnica, é aquela em que o Poder Público cria uma pessoa jurídica, que comporá a Administração Indireta, atribuindo-lhe, além da execução, a titularidade de determinado serviço público. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 3 Detalhe: no Brasil, a criação de entidades da administração indireta somente se dá em virtude de lei. Em um primeiro modo, a lei criará a entidade, correspondendo à figura das autarquias. De outro modo, lei autoriza a criação, correspondendo às fundações públicas; sociedades de economia mista e empresas públicas, desde que exerçam serviços públicos. Mas, ATENÇÃO em provas com as fundações públicas de direito público, viu? Essas são consideradas AUTARQUIAS, conforme exporemos mais abaixo. O que é autarquia? O que é uma sociedade de economia mista? Antes de passarmos a este assunto, vale uma última observação quanto ao presente tema: alguns autores da doutrina nacional indicam somente a autarquia como exemplo de descentralização por serviços, tanto que o Dec. Lei 200/1967, apegado a essa concepção, define apenas a autarquia como entidade que presta serviço público típico do Estado. Entretanto, o estudo da evolução das formas de descentralização funcional mostra que, além das autarquias, foram criadas pessoas jurídicas por parte do Estado e a elas foram transferidas a titularidade e execução de serviços públicos. Exemplo disso: os Correios, que são empresa pública, e prestam serviços públicos de correspondência postal. Na descentralização por colaboração, um particular, por ato ou contrato, recebe a possibilidade de EXECUTAR um serviço público. Interessante notar que, na descentralização por colaboração, o particular, pessoa jurídica de direito privado, ou mesmo pessoa física, recebe a EXECUÇÃO dos serviços públicos descentralizados, conservando o poder público a titularidade do serviço. Ah – alguém pode perguntar: seria possível a descentralização por colaboração a uma entidade do próprio poder público? Sim, é possível, apesar de não ser muito comum. Mas, imaginemos: uma empresa pública federal participa de uma licitação para concessão de um serviço público a ser delegado pelo Estado de Pernambuco. Caso vença a licitação, passa a ser delegatária de Pernambuco. Seria incomum, mas que é possível, é....(é o que a doutrina chama de concessão imprópria). X A descentralização por serviços é feita por lei, que cria ou DESCENTRALIZAÇÃO POR SERVIÇOS DESCENTRALIZAÇÃO POR COLABORAÇÃO Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 4 autoriza uma pessoa jurídica pública ou privada, à qual atribui a titularidade e a execução do serviço, colocando-a sob o controle nos limites da lei pelo Poder Público (controle nos limites da lei). Já a descentralização por colaboração é feita por contrato ou ato administrativo. O controle na descentralização por colaboração é muito mais amplo, pois o Poder Público não perde a titularidade do serviço (transfere-se apenas a execução), com possibilidade, dentre outras medidas, de alterar unilateralmente as condições de sua execução e de retomá-la antes do prazo estabelecido. Por fim, a descentralização territorial (ou geográfica), que ocorre quando uma entidade local, geograficamente delimitada, é dotada de personalidade jurídica própria, de Direito Público, com capacidade administrativa genérica. Este tipo de descentralização é o que ocorre nos Estados Unitários (França, Portugal, Espanha, por exemplo). Indo mais diretamente ao ponto: lembram-se de quando existiam territórios no Brasil? Pois é, são eles que correspondem a nossa descentralização territorial. Ah – para registro, apesar de ser matéria mais ligada ao Direito Constitucional: os territórios são federais, ou seja, pertencem à União, por determinações constitucionais (art. 18, § 2º, CF/1988). De acordo com a doutrina, os territórios, que não integram a federação, têm personalidade de direito público. Ah! Há, na doutrina, uma quartaclassificação. Menos comum em provas. Chamada de descentralização social (prestação de serviços de utilidade pública por entidades, sem fins lucrativos, fomentadas pelo Estado, exemplo das Organizações Sociais). Pois bem. Voltando aos órgãos e à desconcentração. Esses, os órgãos, são meros centros de competência, sem personalidade jurídica. Assim, por não possuírem personalidade JURÍDICA, órgãos, de modo geral, não podem ter direitos e obrigações em seu próprio nome. Mas, não tem uma história dos órgãos terem capacidade processual, a qual alguns autores chamam de personalidade JUDICIÁRIA? Olha aí: Em regra, os órgãos, por não terem personalidade jurídica, não têm capacidade processual, salvo nas hipóteses em que os órgãos Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 5 são titulares de direitos subjetivos, o que lhes confere capacidade processual para a defesa de suas prerrogativas e competências. A questãozinha aí é só para ir “entrando no clima” da prova. E está certa! Realmente, órgãos não têm personalidade jurídica, como já dissemos. Mas podem assumir capacidade processual, para defender suas prerrogativas e competências, como diz o item. Vamos falar mais dos órgãos logo abaixo, ao tratarmos da Administração Direta, mas antes, resuminho básico da desconcentração X descentralização: DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO - Técnica Administrativa - Distribuição de Competência - Princípio da especialização - Uma só Pessoa Jurídica - Mais de uma pessoa jurídica OU FÍSICA Para finalizar essa passagem, uma informação interessante da doutrina: é possível desconcentração na descentralização! Como assim? Alguns devem ter se perguntado. Um exemplo esclarece: criação de uma superintendência (órgão) no interior de uma autarquia. A superintendência é um órgão. E dentro de uma entidade, a autarquia. Assim, ocorre nossa DESCONCENTRAÇÃO na DESCENTRALIZAÇÃO. 2 – Administração Direta Muita gente confunde a Administração Direta com o Poder Executivo, em razão do que estabelece o Decreto Lei 200, de 1967 - DL 200/67. Essa impressão EQUIVOCADA deve ser desfeita, pois a missão administrativa de Estado é dada, PRINCIPALMENTE, ao Poder Executivo, mas não exclusivamente. Então, vamos lá para os esclarecimentos. Inicialmente, é necessário que verifiquemos a compatibilidade do Decreto Lei nº 200/1967 com a CF/1988. Nessa situação, é útil a transcrição do caput do art. 37 da Carta Magna. Vejamos: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) O trecho negritado, quando bem lido, deixa claro: TODOS OS PODERES PODEM POSSUIR ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA, BEM Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 6 COMO ENTIDADES DA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA. Guardem essa informação! A Administração Direta pode ser vista como o conjunto de órgãos diretamente ligados às pessoas federativas (União, Estados, DF e Municípios), aos quais é atribuída a competência para o exercício de determinadas tarefas, de incumbência destes. Como os Poderes Constituídos, ou seja, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, não possuem personalidade jurídica própria, ligando-se, de modo direto, a uma pessoa federativa (política, que pode legislar – União; Estados; Distrito Federal e Municípios), estes, os Poderes Constituídos, podem ser entendidos como Administração Pública DIRETA, tomando-se esse termo em acepção ampla. Ademais, no âmbito de cada um desses Poderes Estruturais existem órgãos incumbidos de atividades administrativas, pelo que se torna correto afirmar que a Administração Pública está presente em todos os Poderes, e não só no Executivo. Registre-se, ainda, que Administração Direta corresponde a cada ente federativo. Assim, é correto dizer: “Administração Direta da União”; do Estado do Maranhão; do Distrito Federal, do Município de Aracaju, etc. A Administração Direta, portanto, corresponde predominante, MAS NÃO EXCLUSIVAMENTE, ao Poder Executivo. Ante o que estabelece a atual Constituição Federal, todos os Poderes têm possibilidade de terem ÓRGÃOS da Administração Direta. Não por outra razão, o Prof. José dos Santos Carvalho Filho, no seu clássico Manual de Direito Administrativo, esclarece que a Administração direta é “o conjunto de órgãos que integram as pessoas federativas, às quais foi atribuída a competência para o exercício, de forma centralizada, das atividades administrativas do Estado”. Opa! Mais uma vez surgiu o conceito de órgão. Por oportuno, em face da relevância do conceito, cabe esclarecer, um pouco mais, o que se pode entender por “órgão”. Órgão público, como já dissemos, é um centro de competências, despersonalizado, ou seja, uma “unidade que congrega atribuições exercidas pelos agentes públicos que o integram, com o objetivo de expressar a vontade do Estado”, na excelente definição da professora Maria Sylvia di Pietro. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 7 Desse modo, os órgãos atuam em nome do Estado, não tendo personalidade jurídica (despersonalizados), tampouco vontade própria, mas, nas áreas de suas atribuições e nos limites de sua competência funcional, expressam a vontade da entidade a que pertencem. Todos os órgãos têm, necessariamente, cargos, funções e agentes, sendo certo que esses elementos podem ser alterados, substituídos ou retirados, sem que isso importe a extinção do órgão. Quanto aos agentes, cabem algumas considerações. Os órgãos são meros centros de competência, ou seja, são unidades abstratas, sem existência física. Ficção, pois, do mundo jurídico, mas com existência REAL. É preciso que haja “seres vivos” para concretizar a atuação dos órgãos públicos. Surgem nesse contexto os agentes públicos, cuja atuação é imputada, atribuída, ao órgão ao qual se encontram ligados. O querer e o agir do agente é como se fossem do próprio Estado, constituindo os agentes verdadeiros veículos da expressão do Estado. Nessa passagem, podemos fazer o seguinte resumo: agentes têm sua ação imputada ao órgão, que, por sua vez, encontra-se ligado à entidade possuidora de personalidade jurídica, que é quem, ao fim, acaba respondendo a eventuais questionamentos jurídicos. Logo, podemos afirmar que A ATUAÇÃO DO AGENTE É IMPUTADA À PESSOA JURÍDICA À QUAL ELE É LIGADO. Essa é uma apertada síntese do denominado princípio da imputação volitiva, fundamental para a compreensão da denominada “teoria do órgão”, a qual merece alguns comentários. Pela teoria do órgão, as pessoas jurídicas expressam sua vontade por intermédio de órgãos, titularizados, estes, por agentes. Por essa teoria, órgãos são partes componentes da entidade, com as expressões de vontade daqueles sendo entendidas como destas. Bom assinalar que a teoria do órgão, construída pelo jurista alemão OTTO GIERKE, dentre outros, é atual e universalmente aceita pela doutrina. Substituiu as superadas teorias do mandato e da representação, as quais pretendiam explicar a atuação do Estado por intermédio de seus agentes. Mas vamos passear pelas três, pois o examinador de vez em quando pergunta a respeito delas em prova. Então, lá vamos nós, para mais um passeio... Pela 1ª teoria (mandato), o agente atuaria como mandatário da pessoa jurídica à qual estaria ligado. Só que essa teoria cai por terra quando se faz uma pergunta simples: quem outorga o mandato? A Curso de Direito Administrativo para o TREMG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 8 própria pessoa jurídica? Como, se esta não tem existência concreta? Ainda que reais no mundo jurídico, as pessoas jurídicas são abstrações, não agindo per si. E mais: se válida a teoria do mandato, o agente público, ao agir ilicitamente, enfim, fora dos limites da procuração, não acarretaria qualquer responsabilidade para o Estado. E, como sabemos, não é isso que ocorre (art. 37, §6º, da CF/1988). De acordo com a 2ª Teoria – da Representação, o agente público faria a representação da entidade, funcionando como uma espécie de “tutor” desta. Esta teoria também é falha, diante da seguinte situação: a representação, como a feita por tutores, diz respeito a incapazes. Mas então, o Estado, que seria o representado, é incapaz? Como um incapaz, O Estado, outorgaria ou validaria sua representação? Em razão dos erros conceituais na formulação dessa teoria é que se formulou a teoria do órgão, que, atualmente, é a melhor para expressar a relação havida entre agentes e o Estado. Cabe registrar, ainda, que as ações das entidades se concretizam por intermédio dos agentes, uma vez que os órgãos também são abstratos, ou, em outros termos: não existe relação interorgânica entre os órgãos. As relações interorgânicas são, em verdade, interpessoais ou intersubjetivas. Em síntese: as relações entre os órgãos devem ser exercidas pelos agentes titulares das competências atribuídas a eles. Daí que seria correto afirmar-se, também, que os atos desses agentes devem ser imputados à pessoa jurídica a que pertencem. É útil também classificarmos os órgãos quanto a sua posição estatal. Assim, os órgãos podem ser independentes, autônomos, superiores e subordinados. I) Independentes: são aqueles que encontram previsão direta no texto da própria Constituição, representando os três poderes. Em nível federal, os órgãos independentes englobam a Câmara dos Deputados, o Senado, o STF, o STJ, os demais Tribunais Judiciais, os Juízes e a Presidência da República. Ainda que não correspondam aos Poderes Constituídos no art. 2º da CF/88, o Ministério Público e os Tribunais de Contas – TCs devem ser vistos, para fins de concurso, sobretudo, como órgãos independentes. No caso específico dos TCs, cabem algumas informações adicionais. O art. 71 da CF/88 menciona que o controle externo da Administração Pública compete ao Congresso Nacional - CN, o qual o exercerá com o auxílio do Tribunal de Contas da União. Isso levou Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 9 muitos doutrinadores a entenderem as Cortes de Contas como meras auxiliares do legislativo. Todavia, esse entendimento é equivocado. Caso os TCs fossem subordinados às Casas Legislativas, estas poderiam rever as decisões daqueles, o que não é possível. O CN não pode, por exemplo, alterar a natureza de uma decisão em processo de julgamento de contas pelo TCU de regular para regular com ressalvas, por exemplo. Não pode, visto que essa é uma competência do próprio Tribunal, não do CN. Assim, TCs, como o nosso, da União, são órgãos independentes, ainda que, institucionalmente, sejam ligados ao Poder Legislativo. Alguns autores gostam de apontar os TCs como órgãos autônomos, ou seja, há certa divergência se os TCs são autônomos ou independentes. Mas, de qualquer forma, lembrem, então: AINDA QUE INSTITUCIONALMENTE LIGADO AO LEGISLATIVO, O TCU NÃO É UMA “CASA” DAQUELE PODER, COMO CÂMARA E SENADO O SÃO. O TCU, portanto, não integra o Legislativo, reforçamos. II) Autônomos: estão situados no topo da Administração, com subordinação direta à chefia dos órgãos independentes, gozando de autonomia administrativa, financeira e técnica, bem como tomando parte das decisões governamentais, mas de acordo com as diretrizes estabelecidas pelos órgãos independentes. São órgãos autônomos: os Ministérios do Poder Executivo Federal, as Secretarias de Estado e de Município e a Advocacia Geral da União – AGU, dentre outros. III) Superiores: exercem funções de direção, controle e comando, mas submetidos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia. Não possuem autonomia administrativa nem financeira, que são características próprias dos órgãos independentes e autônomos. Incluem-se nessa categoria órgãos com variadas denominações, como Departamentos, Coordenadorias, Divisões, Gabinetes e outros. IV) Subalternos: são os que se subordinam a órgãos superiores, exercendo, em essência, funções de execução, tais como as realizadas por seções de pessoal, de material, de portaria, zeladoria e outros. Há outras classificações de órgãos, mas achamos que a exposta é suficiente para as provas, a considerar o histórico dos certames já realizados. Em todo caso, ao longo do arquivo complementar, teremos contato com outras classificações. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 10 3 – Administração Indireta Já vimos, rapidamente, que novas entidades podem surgir na Administração Pública. É a tal da Administração DESCENTRALIZADA, que corresponde às entidades da administração INDIRETA. A Administração Indireta, de acordo com o atual modelo constitucional, é composta por: autarquias, fundações públicas, e empresas estatais ou governamentais (empresas públicas e sociedades de economia mista). Ressalte-se que o modelo constitucional é o mesmo do “velho e bom” DL nº 200/1967. Vejamos, então, o que há de mais importante quanto ao assunto. A administração INDIRETA não é INTEGRADA por órgãos, mas sim por ENTIDADES. Estas ENTIDADES têm seus órgãos também (lembram que falamos acima que é possível a desconcentração na descentralização?). Todavia, os eventuais órgãos das entidades da administração Indireta não COMPÕEM esta (a indireta), mas tão só a ENTIDADE. Tanto assim, que, extinta a entidade, uma autarquia, por exemplo, estará extinto o órgão. As entidades da administração indireta desenvolvem diversas atividades. Destas, a principal determinará um vínculo junto a um Ministério que lhe fará uma espécie de supervisão, desde que se trate de uma entidade federal. Se a entidade for estadual ou municipal, quem procederá à supervisão é o órgão correspondente ao Ministério Federal, ou seja, a Secretaria Estadual ou Municipal, conforme o caso. O vínculo da entidade da administração indireta junto a um Ministério é do tipo não hierárquico, não subordinado, tratando-se de um controle administrativo de resultados (ou finalístico). Em outras palavras, o controle da Administração Direta sobre a Indireta será efetuado dentro da finalidade para a qual foi criada, dentro do que a doutrina denomina princípio da especialidade. O vínculo em questão é tradicionalmente chamado de “tutela administrativa”. BIZU: TODA ENTIDADE DA INDIRETA É VINCULADA, E ACOMPANHADA, POR UM ÓRGÃO SUPERVISOR, QUE, EM NÍVEL FEDERAL, COSTUMA SER UM MINISTÉRIO DO PODER EXECUTIVO. Nos termos do art. 26 DL 200/67, a atividade de supervisão ministerial visa, em síntese, a zelar pelo cumprimento dos objetivos da lei que criou (ou autorizou a criação) a entidade da Administração Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 11 Indireta, pela eficiência administrativa e pela autonomia administrativa, operacional e financeira. Isso decorre, como já dissemos, do que a doutrina mais autorizada denomina “princípio da especialidade”. Por tal princípio, as entidades da indireta só se justificam em razão dos fins que motivaram sua criação. Dessa maneira, cabe aos órgãos desupervisão verificar se tais fins vêm sendo, efetivamente, perseguidos e atingidos pelas entidades da Indireta. Como dito, a Administração Indireta é composta por autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas. Tratemos, pois, de conceituar cada uma dessas entidades, à luz do que estabelece o DL nº 200/1967. Autarquias, de acordo com inciso I, do art. 5º do Decreto-Lei nº 200/1967 constituem: Um serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. Apesar da razoável definição dessa norma, há uma omissão relevante quanto à personalidade jurídica das autarquias, que é de direito público. As autarquias, diferentemente das fundações públicas (atuam em áreas como: saúde, cultura, educação), encarregam-se de atividades típicas do Estado, como, por exemplo, o exercício regular do Poder de Polícia (ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e atividade regulatória (BACEN – Banco Central). Assim, gravem aí, então: AS AUTARQUIAS SEMPRE TERÃO PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO, DADO QUE EXERCEM ATIVIDADES TÍPICAS DE ESTADO. O mesmo não ocorre com as fundações públicas, que podem ter personalidade jurídica de direito público ou privado, como veremos logo abaixo. Mas, por enquanto, vamos prosseguir com as autarquias. Eventualmente, qualquer entidade da Administração Pública poderia explorar atividades econômicas, mas notem que OS FINS que justificam a criação de uma autarquia não é atividade econômica, mas sim as atividades típicas da Administração. Noutras palavras: o INSS, que é uma autarquia, eventualmente pode “comercializar” um imóvel de sua propriedade, mas não seria isso (vender imóveis) que justificaria a criação do INSS. De acordo com a CF/1988, as autarquias são as únicas entidades da Administração Indireta que NASCEM (são criadas) pela LEI, ou, mais Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 12 precisamente, por LEI ESPECÍFICA. Olha só o que diz o art. 37, inc. XIX, da Constituição: somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação. Destacamos que a lei é ESPECÍFICA – de CRIAÇÃO da autarquia ou de AUTORIZAÇÃO DE CRIAÇÃO das demais entidades da indireta. Ainda que o efeito prático seja o mesmo, pois sempre se exige a Lei, juridicamente, Lei que cria é diferente de Lei que autoriza. De fato, pode-se afirmar que a autarquia “nasce” com a Lei, enquanto as demais entidades da indireta estão “autorizadas a nascer”, dependendo de um ato posterior para que possam efetivamente funcionar, ou seja, para exercer os direitos inerentes à personalidade jurídica. Alguém se pergunta: mas não tem um papo de que fundação pública DE DIREITO PÚBLICO é igual à autarquia? Bom, após falarmos das autarquias, a gente vê as fundações e trata desse assunto. Mas, para os mais adiantados, é verdade que fundações públicas de direito público são autarquias. O foro, ou seja, a justiça competente para julgar as causas em que as autarquias FEDERAIS sejam partes é a justiça FEDERAL. Duas coisas daí: 1ª - A justiça FEDERAL é competente para julgar as causas que envolvam as autarquias FEDERAIS. Assim, uma autarquia estadual terá suas causas julgadas pela justiça ESTADUAL. 2ª – De modo geral, não se fala de justiça especializada para as autarquias, de modo geral. De fato, em âmbito federal não podemos falar, atualmente, de justiça trabalhista para autarquias federais, uma vez que o STF ao apreciar a Ação Declaratória de Inconstitucionalidade 2135 fez restabelecer os efeitos da redação originária do art. 39 da CF/1988. Assim, NÃO É MAIS POSSÍVEL O REGIME DE EMPREGO PÚBLICO NAS AUTARQUIAS FEDERAIS, assim como não é possível empregos públicos nas fundações públicas de direito público, bem como órgãos da administração direta federal. Também não se fala, a princípio, justiça ELEITORAL para as autarquias (outro ramo especializado). Desse modo, resta para as autarquias federais, PROCESSANDO OU SENDO PROCESSADAS, a justiça FEDERAL para julgar suas causas. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 13 O regime jurídico aplicável às autarquias é, PREDOMINANTEMENTE, o direito público. É importante destacar que o regime jurídico é PREDOMINANTE, mas não EXCLUSIVAMENTE de direito público, pois há sempre um pouco de direito privado aplicado àqueles que são regidos pelo direito público. Exemplo: um cheque de uma autarquia é igual ao cheque de qualquer um de nós. Se não tiver dinheiro na conta, não vai ser pago. Ou seja, vale para o cheque da autarquia o DIREITO PRIVADO, e não o público. GUARDA AÍ, ENTÃO: apesar de serem regidas, predominantemente, pelo direito público, as autarquias, em determinadas situações podem ser regidas pelo direito privado. Conceitualmente, as autarquias desempenham atividades TÍPICAS da Administração Pública. O problema é definir atividade típica... De fato, essa concepção de “atividade típica” é variável, ou seja, depende do momento histórico vivido. Para ser mais claro: o que HOJE é visto como atividade típica da Administração pode não o ser daqui a alguns anos. Deixando de lado essa discussão boba do que é atividade típica, as autarquias se prestam a isso: atividades típicas da Administração. Bom, esse é um “resuminho” do que é mais importante quanto às autarquias. Mas para ficar mais fácil, depois que tratarmos de todas as entidades da administração Indireta, vamos colocar um “tabelão” sintetizando-as, pois o assunto é bem importante. Mas vamos continuar com nossas “amigas” da indireta... O inciso IV do art. 5º do DL 200/67 define a fundação pública como: Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes. A despeito de a norma prever a personalidade jurídica de direito privado para as fundações públicas, a doutrina majoritária admite a existência de fundações com personalidade de direito público. Ademais, conforme entendimento do STF no Recurso Extraordinário 101.126, caso Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 14 uma fundação pública seja dotada de personalidade jurídica de direito público, constituirá uma “espécie” do gênero autarquia. Ainda que objeto de severas críticas doutrinárias, a matéria deve ser incorporada para fins de prova. Então, para esse fim, pode-se falar, tranquilamente, em uma “fundação autárquica” ou “autarquia fundacional”, como de vez em quando ouvimos por aí... Mas, então, se a fundação pública de direito público é uma espécie de autarquia, como nascem as fundações públicas de direito público? RESPOSTA? COM LEI ESPECÍFICA, uma vez se tratar de uma autarquia. Interessante anotar, ainda, que conforme a natureza jurídica da Fundação lhe será aplicado um regime jurídico prevalente: À FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PÚBLICO APLICAM-SE, PREDOMINANTEMENTE, NORMAS DO DIREITO PÚBLICO; ÀS FUNDAÇÕES PÚBLICAS DE DIREITO PRIVADO, NORMAS DO DIREITO PRIVADO, PREDOMINANTEMENTE.Agora, responde rápido aí o que vocês marcariam se o examinador dissesse assim, em prova: O regime jurídico das fundações públicas e o das autarquias distinguem-se quanto à forma de sua criação, pois as fundações públicas, ao contrário das autarquias, não são criadas por lei e, sim, têm a sua criação autorizada por lei. Tic, TAC, tic, TAC,... PÉÉÉÉM. TEMPO ENCERRADO. Gabarito: CERTO!!!! Sabe de que prova é essa questão? Foi do TCU, 2008! Mas isso não tá errado? Não, não tá não. Na Constituição Federal, no já mencionado art. 37, inc. XIXI é dito o seguinte: Somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação Assim, se a questão for genérica ao tratar do processo de criação das entidades da Indireta, como no presente caso, os amigos têm que marcar CERTO se o examinador disser que a fundação pública tem sua criação autorizada em lei. Agora, se o examinador entrar com detalhes e tratar da fundação pública de direito público, temos que analisar com carinho... Com relação às fundações públicas de direito público é tudo mais ou menos igual ao que é para as autarquias, já que são espécies destas: regime jurídico predominante – DIREITO PÚBLICO; justiça competente Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 15 para julgamento das causas – FEDERAL, e outros detalhes. Agora, há um ponto de convergência entre as fundações públicas de direito PÚBLICO e as fundações públicas de direito PRIVADO: as atividades exercidas. Ambas exercem atividades de interesse social. Assim, o examinador gosta de dizer que as fundações públicas, pelas atividades exercidas, não precisam ter personalidade jurídica de direito público, enquanto as autarquias precisam. E ele está CERTO! Como as atividades das autarquias são TÍPICAS da Administração, elas DEVEM ter as prerrogativas e sujeições (E, CONSEQUENTEMENTE PERSONALIDADE) TÍPICAS DO DIREITO PÚBLICO. Agora, como as fundações exercem atividades de INTERESSE SOCIAL, NÃO PRECISAM, mas PODEM ter personalidade jurídica do direito público. Eita examinador criativo, não é? Ah – um último detalhe quanto às fundações: a Constituição exige (art. 37, inc. XIX, de novo...) LEI COMPLEMENTAR para definir a ÁREA DE ATUAÇÃO das fundações. Mas notem que não é AUTORIZAÇÃO DE CRIAÇÃO, mas sim ÁREA DE ATUAÇÃO. O legislador constituinte fez isso para que se tratasse, em separado, do que as fundações vão fazer, de maneira a se promover um debate específico, em termos legislativos, do que estas podem e devem fazer. Faltam ainda duas entidades da Administração Indireta: mistas e empresas públicas. Como as duas são muito parecidas, para facilitar nossa vida, elas serão conceituadas juntas, para, em seguida, cuidarmos dos aspectos mais específicos das duas. Com relação às empresas públicas, o DL nº 200/1967 as conceitua como sendo: Entidade de personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito. O conceito anteriormente transcrito recebe críticas da doutrina: a primeira é quando informa que “serão” criadas por lei, isso porque o art. 37, inc. XIX, dispõe que são apenas autorizadas por lei; a segunda é quando informa que a entidade se destina à exploração de atividade econômica, já que existem muitas que prestam serviços públicos, como, por exemplo, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a INFRAERO, o METRÔ-SP e outras. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 16 As sociedades de economia mista – SEM também são definidas pelo multicitado DL nº 200/1967 como: Entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria, à União ou a entidade da administração indireta. As críticas doutrinárias feitas às empresas públicas podem ser estendidas as SEM. Assim como a empresa pública, a sociedade de economia mista é uma empresa estatal. Todavia, a diferença (dentre outras) da mista para a empresa pública é que nas mistas FEDERAIS exige-se que a maioria das ações com DIREITO A VOTO (em regra: ações ordinárias) fique com a União, MAS SEM A NECESSIDADE DE A INTEGRALIDADE DO CAPITAL SER PÚBLICO, como é exigido no caso da empresa pública. Agora, vamos partir para a abordagem conjunta das duas, mistas e empresas públicas. E vambora sem preguiça, hein? I) instituição da empresa pública/mista depende de prévia autorização em lei específica: como a lei é AUTORIZATIVA de criação, serão necessários atos posteriores para que tais entidades possam ser consideradas, efetivamente, criadas. Tais atos posteriores, que vão possibilitar o funcionamento das mistas e públicas, não são objeto de estudo do direito administrativo, mas sim do direito civil, razão pela qual deixamos de comentá-los aqui. Mas, olha como dá pra fazer uma questão bacaninha aqui: mistas e públicas nascem com a lei? NÃO, pois lei simplesmente autoriza criação; autarquias nascem com a lei? SIM, pois a lei específica CRIA a autarquia. Boa, não é?; II) empresa pública/mista - pessoa jurídica do direito privado: na Administração Indireta, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado são pessoas jurídicas do DIREITO PRIVADO. Por conseguinte, autarquias (e parte das fundações públicas) são pessoas jurídicas de direito público; III) empresas públicas/mistas que EXPLORAM ATIVIDADE ECONÔMICA sujeitam-se, em regra, ao regime próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. Este trecho merece maiores comentários: NOTEM QUE ESTAMOS FALANDO DE EMPRESAS PÚBLICAS QUE Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 17 EXPLOREM ATIVIDADE ECONÔMICA, TAL QUAL, POR EXEMPLO, A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL COM RELAÇÃO A SUAS ATIVIDADES BANCÁRIAS. Há, ainda, empresas públicas que prestam serviços públicos, PARA AS QUAIS NÃO VALEM AS CONCLUSÕES QUE TRAREMOS AGORA! Muito bem. Vamos lá. Primeiro citamos importante dispositivo constitucional que ilustra o assunto, o inc. II do § 1º do art. 173 da CF/88. De acordo com este, LEI estabelecerá o estatuto jurídico próprio das Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas que explorem atividades econômicas ou que prestem serviços, o estatuto deverá deixar claro que estas entidades se submetem ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários. A partir do citado dispositivo, fazem-se necessárias outras observações. A referida Lei que estabelecerá o estatuto próprio das mistas e das empresas públicas ainda não nasceu. Muitas incertezas surgem a partir daí, em especial (para efeitos de prova de concurso público), se mistas e empresas públicas que explorem atividade econômica se submetem (ou não) ao processo falimentar (obrigação de natureza comercial). Apesar de muito interessante a discussão, temos que deixá-la de lado, pois nosso objetivo é “conhecer a cabeça do examinador”, para que gabaritemos a prova. Então, vamos ao que diz o Direito Positivo (legislação) ora em vigor. Em 2005, foieditada a Lei 11.101, que trata da recuperação judicial, extrajudicial e falência das sociedades empresárias. O inc. I do art. 2º da norma é claro ao afirmar que as mistas e as Empresas Públicas não se submetem ao seu texto, e, conseqüentemente, NÃO PODEM IR À FALÊNCIA. Destacamos que sequer se distingue qual a área de atuação da entidade, se prestadora de serviço público ou se exploradora de atividades econômicas. Então, fica assim para a nossa prova: SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E EMPRESAS PÚBLICAS NÃO SE SUBMETEM AO PROCESSO FALIMENTAR, INDEPENDENTE DE SUA ÁREA DE ATUAÇÃO. Com relação ao foro competente para julgamento das causas em que sejam partes as mistas ou as empresas públicas a resposta é simples a partir da CF/1988 e de entendimentos do STF: Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 18 - Nas causas em que seja parte Empresa Pública FEDERAL competência da Justiça Federal (inc. I do art. 109 da CF/88); - Nas que seja parte Sociedade de Economia Mista FEDERAL, competência da Justiça Estadual (Súmula/STF 556); e - Nas que seja parte Sociedade de Economia Mista FEDERAL, competência da Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente (Súmula/STF 517). O Federal destacado quanto às empresas públicas serve para registrar que estas sejam ESTADUAIS ou MUNICIPAIS, o entendimento seria outro, enfim, teriam suas causas julgadas regularmente pela Justiça Estadual. Outro erro muito comum entre aqueles que iniciam o estudo do Direito Administrativo é confundir Justiça Comum como sendo sinônimo de Justiça Estadual. Pedimos que não cometam esse erro! Justiça Comum pode ser Federal ou Estadual. Lembramos que há, também, causas de justiça especializada (Eleitoral, penal militar, e Trabalho), as quais, inclusive, afastam a regra de que as decisões sejam julgadas na Justiça Comum. Dando exemplo: caso a ação judicial seja trabalhista, a competência será da justiça especializada, qual seja, a Justiça do Trabalho. Assim, ações judiciais movidas por empregados de sociedades de economia mista e de empresas públicas serão julgadas pela Justiça do Trabalho. Por fim, registramos que, em âmbito federal, a exploração de atividade econômica pelo Estado por intermédio de suas entidades da Administração Indireta, de acordo com a CF/1988, deve ser feita por mistas e empresas públicas, ou por subsidiárias destas. Mais uma vez, vale citar o texto constitucional que em seu § 1º do art. 173 assim dispõe: A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre... O trecho destacado deixa claro o que se afirmou: a exploração de atividade econômica pelo Estado por intermédio de entidades da Administração Indireta se dá por intermédio de Sociedades de Economia Mista ou Empresas Públicas, podendo, ainda, ocorrer por intermédio de subsidiárias destas. IV) FORMAÇÃO DE CAPITAL: Nas mistas FEDERAIS exige-se que a maioria das ações com DIREITO A VOTO fique com a União, NÃO Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 19 HAVENDO NECESSIDADE DE A INTEGRALIDADE DO CAPITAL SER PÚBLICO. Já nas empresas públicas, o capital integralizado tem que ser 100% PÚBLICO. Quanto à origem de capital da Empresa Pública, é oportuno recorrermos ao Decreto Lei nº 900/1969, responsável por várias alterações no conteúdo do DL nº 200/1967. Dentre essas, é relevante a contida no art. 5º do DL 900, veja: Desde que a maioria do capital votante permaneça de propriedade da União, será admitida, no capital da Emprêsa Pública (artigo 5º inciso II, do Decreto-lei número 200, de 25 de fevereiro de 1967), a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno bem como de entidades da Administração Indireta da União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios. Pelo que se vê do dispositivo, ficamos assim quanto à origem de capital das Empresas Públicas: é possível que se tenha a combinação de diversas origens PÚBLICAS de capital (neste caso, a empresa pública será denominada PLURIPESSOAL, por ter mais de uma pessoa integralizando a composição de seu capital). Todavia, o capital integralizado tem que ser 100% PÚBLICO, ainda que oriundo de entidades da Administração Indireta, sendo este um dos traços distintivos em relação às sociedades de economia mista, as quais terão seu capital formado a partir de recursos de origem pública e privada. Exemplo de empresa pública com mais de uma fonte PÚBLICA de origem de capital é a TERRACAP, que é empresa pública do Distrito Federal, mas que conta com integralização de capital na ordem de 49% por parte da União. INTERESSANTE: uma sociedade de economia mista poderia participar da formação do capital de uma empresa pública? SIM. Muitos bons candidatos têm essa dúvida, pois, nas mistas, pode haver a participação de particulares, na formação de capital destas (das mistas). Mas como o art. 5º do DL 200 diz apenas que entidades da indireta podem participar da formação de capital de uma empresa pública, isso poderá ocorrer a partir de uma sociedade mista, mesmo que na mista haja participação de particulares na formação de capital. V) FORMA JURÍDICA: as mistas serão constituídas, necessariamente, sob a forma de sociedades anônimas – S.A. (por ações). Diferente destas, as Empresas Públicas podem ser criadas sob qualquer forma juridicamente aceitável, ou seja, legalmente válida. A https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm#art5 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0200.htm#art5 Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 20 partir da distinção, podemos fazer algumas observações, sobretudo a respeito das Empresas Públicas: a) As Empresas Públicas podem ser criadas sob a forma de S.A.? Sim, já que esta é uma forma juridicamente válida, mas NÃO PODE HAVER RECURSOS PRIVADOS APLICADOS NA FORMAÇÃO DA EMPRESA PÚBLICA, UMA VEZ QUE VEDADO PELO DL 200; b) O capital da Empresa Pública precisa pertencer a um só ente político, o instituidor? Não. Pode haver diversas origens de capital, desde que PÚBLICAS. Nesse sentido, teríamos empresas públicas PLURIPESSOAIS, como a TERRACAP, por exemplo, no DF, cujo capital pertence parte ao DF, parte à União. Mas é possível, ainda, empresas públicas UNIPESSOAIS, quando um só ente é responsável pela integralização de capital. É o caso, por exemplo, da Empresa de Pesquisa Energética, EPE, Empresa Pública Federal, cujo capital foi todo integralizado pela União; c) Uma Empresa Pública pode ser criada sob uma forma jurídica “inovadora”, ou seja, ainda não prevista no ordenamento jurídico? A doutrina majoritária entende que SIM, desde que federal e que a inovação não seja vedada pelo ordenamento jurídico. Não há possibilidade de criação de Empresas Públicas ESTADUAIS e MUNICIPAIS sob as formas ainda não previstas no ordenamento jurídico dado que a competência para legislar sobre Direito Civil e Comercial é da UNIÃO (inc. I do art. 22 da CF/88). Ufa, estamos quase “acabando” a Administração Indireta. Mas algumas últimas observações são necessárias. - A QUESTÃO DOS CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL: são vistos como autarquias corporativas, sobretudo após o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.717, na qual o STF registrou a natureza autárquica dessas entidades, as quais, portanto, devem ser entendidas como dotadas de personalidade jurídica de direito público, dado se tratar de autarquias. Assimentendeu a Corte Constitucional, sobretudo em razão das atividades prestadas pelos Conselhos: típicas do Poder Público, relacionada à possibilidade de fiscalizar o exercício de um direito individual, qual seja, o exercício de uma profissão. Contudo, o tema está longe de ser pacificado. O problema maior existe em razão de reiterados julgados em que um Conselho Profissional tem sido deixado “de fora” das autarquias corporativas: A Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 21 Mediante a ADIn 3.026, O STF afirmou, TEXTUALMENTE, que a OAB, só a OAB, não é uma Autarquia, sem negar a natureza dos demais Conselhos de Fiscalização que seriam, estes sim, autarquias corporativas. Assim procedeu o STF entendendo que a Ordem é uma categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Para o STF, em razão da função constitucional privilegiada, não poderia haver qualquer relação de dependência da OAB com órgãos públicos. Assim, a OAB não pode, portanto, ser entendida como congênere dos demais Conselhos de Fiscalização, no entendimento dos doutos Ministros da Suprema Corte. Ok, sem maiores discussões, dado que, dito pelo STF, para nós, concursandos, é quase que verdade absoluta, um dogma. Mas ficam duas perguntas: I) Se a OAB não é uma autarquia, não possui natureza jurídica de direito público, dado que, no nosso ordenamento, quem possui tal natureza são os entes políticos, integrantes da federação, ou entidades autárquicas. Se não possui natureza de direito público, poderá a OAB exercer Poder de Polícia, para o qual, pois, conforme já se decidiu, é necessária a natureza jurídica de direito público? II) Não sendo de direito público, poderá a OAB gozar de prerrogativas típicas das pessoas de direito público, como imunidade tributária relativa a seus bens, possibilidade de cobrança de créditos por meio de execução fiscal, etc.? Fica a indagação para que o STF nos responda... Gostaríamos de destacar, ainda, que os Conselhos de Fiscalização também podem ser entendidos como autarquias especiais, sempre com personalidade jurídica de direito público. Seu caráter “especial” está no fato de que não integram a Administração Pública, dispondo de ampla liberdade administrativa, gerencial no desempenho de suas funções, tendo por limite, dentre outros, os princípios constitucionais de Administração Pública, bem como as disposições legais a respeito de suas áreas de atuação. - CRIAÇÃO DE SUBSIDIÁRIAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: vamos verificar a CF/88, mais uma vez, agora no seu inc. XX do art. 37, que assim estabelece: depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada. Sem dúvidas, portanto, que a criação de subsidiárias também depende de autorização legislativa, em razão da expressa disposição do Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 22 texto constitucional. Todavia, cumpre trazermos rápidos esclarecimentos quanto ao que se pode entender por “subsidiária”. Subsidiária é a empresa cujo controle e gestão são atribuídos às empresas públicas e sociedades de economia mista criadas pelo Estado. As últimas (mistas e públicas criadas pelo Estado) são então entidades PRIMÁRIAS (ou de primeiro grau); já as subsidiárias são entidades SECUNDÁRIAS (ou de segundo grau), controladas, diretamente, por uma entidade integrante da Administração Indireta. Contudo ressaltamos que todas as entidades da Indireta, de primeiro grau, de segundo grau ou até mesmo de terceiro grau, caso criadas, são alcançadas, diretamente ou indiretamente, pelo controle estatal, conforme o caso. Questão interessante é a interpretação da expressão depende de autorização legislativa, EM CADA CASO, a criação de subsidiárias... Seria preciso, SEMPRE, autorização legislativa ESPECÍFICA para a criação das subsidiárias? Não! Explique-se. A CF/1988 exige a INDISPENSÁVEL autorização legislativa, mas não coloca o adjetivo “ESPECÍFICA” para tal. Assim, a Lei que cria a entidade “mãe” (de primeiro grau), pode logo dar a autorização para o nascimento da “cria” (de segundo grau). A questão, inclusive, já foi enfrentada pelo STF, havendo decisão no mesmo sentido do que expomos (para quem é curioso: veja a ADIN 1.649, noticiada no informativo/STF 341, de março de 2004. É só procurar na página do STF – www.stf.jus.br – que é possível achar lá, no link jurisprudência, inteiro teor do acórdão). Ah – outra coisa: apesar da crítica de alguns, é possível, pela redação do inc. XX do art. 37, que sejam criadas subsidiárias de autarquias e fundações. Olha só o que o dispositivo diz: depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada. Como o inciso anterior mencionado fala, também, de autarquias e fundações, é possível a criação de subsidiárias também com relação a tais entidades. Uma última observação antes de passarmos nosso “resumão” das entidades da indireta, na tabela abaixo: consórcios públicos (da Lei 11.107/2005), desde que dotados de personalidade jurídica de direito público, integram a Administração Indireta. Mas vamos explicar um pouco mais esse assunto. http://www.stf.jus.br/ Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 23 A figura dos consórcios públicos encontra-se expressamente mencionada no texto da atual Constituição Federal. A bem do esclarecimento, vejamos o que diz o art. 241 do texto da Carta Magna, que assim dispõe: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. Os grifos que fazemos ao original são para destacar qual a razão de ser dessa “nova figura” dos consórcios públicos: a prestação de serviços públicos de forma associada. Regulamentando o art. 241 da CF/88, a Lei 11.107/2005 deu a possibilidade de criação de consórcios públicos dotados de personalidade jurídica de direito público ou de direito privado. No 1º caso (de direito público), os consórcios são denominados de “Associações Públicas” (§ 1º do art. 6º da Lei 11.107/2005), e integrarão a Administração Indireta de todos os entes da federação consorciados. Expliquemos como funciona. Suponhamos que diversos municípios pretendam se associar para prestar serviços de saúde pública. Podem para isso optar pela criação de um consórcio público, de maneira a otimizar os esforços de gerenciamento nesta área. É possível a participação, no consórcio, dos Estados Membros ou mesmo da União? SIM, ante o que estabelece o art. 1º da Lei 11.107/2005. No caso da União, um detalhe: A União só participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados. Mais um exemplo ilustrativo, a partir do anterior. Os municípios que se consorciaram para a prestação dos serviços de saúde no parágrafo anterior são, ilustrativamente, alguns do Maranhão, outros do Tocantins e mais outros do Piauí. A União só pode participar do consórcio se todos os Estados mencionados também fizerem parte do consórcio. Se um destes Estados não participar, a União não poderá participar,em razão do que dispõe o § 2º do art. 1º da mesma Lei 11.107/2005. Os consórcios públicos DE DIREITO PÚBLICO são apontados pela (ainda escassa) doutrina como verdadeiras AUTARQUIAS, de caráter interfederativo, uma vez que conta com a participação de diversos entes da federação. Os consórcios públicos criados na forma aqui explicitada integram, como já dito, a Administração Indireta de todos os entes consorciados, ou seja, de todos os Municípios, Estados, DF e União, conforme caso, que participem do consórcio. Feitos os esclarecimentos Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 24 quanto ao consórcio público de direito público, fica a pergunta: e os consórcios públicos de direito privado, onde se colocam? Não integram a Administração Indireta? Essa resposta, lamentavelmente, vamos ficar devendo. COMO ASSIM????? FICAR DEVENDO??? É, amigos, ficamos devendo porque simplesmente a LEGISLAÇÃO É OMISSA QUANTO AOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE DIREITO PRIVADO, PASMEM! SIMPLESMENTE APONTA QUE ELES PODEM SER CRIADOS, MAS NÃO DÁ SOLUÇÃO QUANTO À SUA LOCALIZAÇÃO. Mas, então, pela Lei 11.107, SÓ OS CONSÓRCIOS PÚBLICOS DE DIREITO PÚBLICO INTEGRAM A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DOS ENTES FEDERATIVOS QUE FIZEREM PARTE DO CONSÓRCIO. (2012/Consuplan – TSE) No que tange às pessoas jurídicas integrantes da administração pública, é correto afirmar que: a) os consórcios públicos sempre serão pessoas jurídicas de direito público. b) a parceria público-privada poderá ser celebrada na modalidade de concessão patrocinada ou administrativa. c) a sociedade de economia mista, em nenhuma hipótese, pode negociar suas ações em bolsa de valores. d) em razão de sua natureza jurídica, as empresas públicas são criadas diretamente pela lei.1 Ufa, agora sim, vamos para o resumão. Lá vai... 1 A resposta é letra B. O erro da letra A é que os Consórcios podem assumir a personalidade privada. Letra C – são sociedades anônimas e de capital aberto. Letra D – São autorizadas por lei apenas. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 25 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA – QUADRO RESUMO – MODELO FEDERAL Forma de Criação Personalida de Jurídica Foro Regime Jurídico (precípuo) Atividades exercidas Observações Autarquias Por lei específica De direito público Justiça federal De direito Público Típicas do poder público. Única a ser criada diretamente pela Lei Fundações Autorizada em lei De direito público ou privado (conforme o ato de criação) Justiça federal (p/ as de direito público) e Justiça Comum (p/ as demais) De direito público (p/ as de direito público) e de direito privado De interesse social - O STF entende que fundações públicas de direito público são autarquias. - área de atuação definida em lei complementar Sociedade de Economia Mista Autorizada em lei De direito privado Justiça Estadual De direito privado Atividades econômicas ou serviços públicos 1 - Necessariamente constituída sob a forma de S.A.2 - Combinação de capitais (público e privado) 3; Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 26 Empresas Públicas Autorizada em lei De direito privado Justiça Federal De direito privado Atividades econômicas ou serviços públicos 1 - Pode ser constituída sob qq forma admitida em direito2 - Capital exclusivamente publico3 Algumas “relembranças”: 1 Empresas públicas e sociedades de economia mista, independente do objeto de suas atividades, não podem ir à falência (Lei 11.101/2005, art. 2º ). 2 Soc de econ. mista Soc. Sociedade Anônima (vimos que toda mista é SA) Soc Anônima Soc. De economia mista (de fato, empresas públicas, por exemplo, podem ser SA). Assim, TODA MISTA DO ESTADO É SA, MAS NEM TODA SA DO ESTADO, NECESSARIAMENTE, SERÁ UMA MISTA. Sempre Nem Sempre Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 27 3 É possível, nas empresas públicas, diferentes origens públicas de capital (mas não se permite origem de capital privado) Outras Observações I) Nem todas as entidades em que o Estado possua participação acionária integram, necessariamente, a Administração Indireta. Conceito interessante, então, é o de EMPRESAS ESTATAIS, que podem ser entendidas como todas aquelas em que o Estado tem maioria do capital acionário votante. Envolve, assim, empresas públicas, mistas e outras empresas sob controle acionário do Estado. II) É possível empresas públicas “unipessoais”. III) A criação de subsidiárias das empresas públicas e sociedades de economia mista também necessitam de lei autorizativa, ainda que seja a Lei autorizativa de criação inicial da entidade “mãe”. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 28 5. Terceiro Setor (Regimes de Parceria) Vamos dar início ao estudo das entidades de colaboração com o Poder Público, especialmente as paraestatais, as quais são integrantes do Terceiro Setor (3º setor). Isso mesmo, não são entidades componentes da Administração Pública (direta ou indireta). É tema da “moda” (valor de maior frequência em uma distribuição) em provas recentes. Façamos, então, breve “passeio” pela paraestatalidade. Etimologicamente, paraestatal é aquela que se coloca ao lado do Estado, mas não o integra, assim, não são integrantes da estrutura do Estado. As paraestatais se localizam no chamado 3º setor (o 1º é o Estado – núcleo estratégico e serviços exclusivos; o 2º, o mercado), logo, chamado por ser composto por sociedades civis de fins públicos não lucrativos (atividades competitivas ou serviços não exclusivos, como saúde, cultura, educação etc.). No Plano Diretor da Reforma, as entidades paraestatais são designadas por “públicas não estatais”: públicas, por que prestam atividades de interesse público e não estatais por não comporem a Administração Pública direta ou indireta. Trata-se, na realidade, de verdadeiros parceiros públicos (e não delegatários de serviços públicos. De olho nisso em prova!). Desse modo, são regidas por normas do direito privado, parcialmente derrogadas por normas do direito público em situações específicas (leia- se: há influências de normas de direito público no âmbito dessas Entidades), quando, por exemplo, sujeitam-se ao controle pelo Tribunal de Contas, conforme a origem dos recursos. Destaque-se que, como requisito para ser uma paraestatal, a entidade em questão não pode ter o intuito lucrativo e a atividade dever ser lícita. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 29 De acordo com a doutrina majoritária, as paraestatais são divididas em: I) Serviços Sociais Autônomos (o sistema “S”); II) Organizações Sociais – OS; III) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP; e IV) Fundações de Apoio. Doravante, vamos nos debruçar, mais detidamente, no estudo das OSs e das Oscips [tópico do Edital]. As Organizações Sociais - OS são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas, em regra, por iniciativa de particulares, qualificadas pelo Poder Executivo comoOS e cujas atividades se destinem taxativamente às seguintes atividades: pesquisa científica; desenvolvimento tecnológico; meio ambiente; cultura; preservação e conservação do meio ambiente; e saúde. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 30 Para a qualificação como OS, a entidade é declarada de interesse social e de utilidade pública, mediante decreto do Chefe do Poder Executivo, podendo receber recursos orçamentários, permissão de bens públicos, e cessão de servidores, para o cumprimento de contratos de gestão que venham a firmar. O instrumento normativo que dá possibilidade do contrato de gestão com a OS é a Lei 9.637/1998 (art. 5º), sendo que a entidade poderá perder a qualificação como OS quando descumprir as normas do contrato de gestão. Por oportuno, relembro que a assinatura de contratos de gestão não é exclusiva da Administração Pública, prova (ainda) viva disto são as Organizações Sociais. Nos termos da Lei de Licitações (Lei 8.666, de 1993), as OSs, qualificadas pela União, por esta poderão ser contratadas diretamente, sem a prévia modalidade própria de licitação, para a prestação de serviços contidos no contrato de gestão. Isso mesmo. A contratação direta não é para a qualificação ou para a assinatura de contrato de gestão, mas para os serviços integrantes do contrato de gestão. Fiquem ligadas(os)! A Lei de Licitações é tópico do Edital de vocês, logo a “maledita” organizadora poderia, muito bem, fazer um misto entre Regimes de Parceria e Lei de Licitações [licitação dispensável – art. 24, inc. XXIV]. Com especial destaque, ainda, para os seguintes pontos: - Fundações Públicas podem ser “transformadas” em Organizações Sociais. Nesse caso, deixam de ser da Administração Indireta e passam para a paraestatalidade. Então, uma fundação pública, quando extinta e qualificada como OS, deixa de fazer parte da Administração Pública e passa para a paraestatalidade, logo, as OS não integram a administração, mas se colocam ao lado desta; Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 31 - As Organizações Sociais podem receber servidores públicos por cessão especial por parte do Poder Executivo. Nesse caso, o ônus (o dever de pagar a remuneração do servidor) é para a origem (para o Estado! Podem acreditar); - a qualificação de uma entidade como OS é ato discricionário. Com efeito, a Lei 9.637/98 afirma em seu art. 1º: O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado. Já as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip – são constituídas por iniciativa de particulares, sob o regime jurídico de direito privado e sem o intuito de lucro. As Oscip prestam serviços sociais não exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalização do Poder Público, com vínculo jurídico junto a este por meio de termo de parceria. Verifica-se, pois, que as Oscip possuem conceito assemelhado ao das OS. E aí mora o perigo para efeito de concurso. Assemelhado, veremos, não é igual! Contudo, essencial diferença é verificada quanto ao vínculo jurídico junto ao Poder Público (para a formação da parceria): enquanto para as OS, o vínculo ocorre por meio de contrato de gestão, para as Oscip o vínculo se dá por meio de termo de parceria. A doutrina registra, ainda, que as Oscip, quando comparadas com as OS, encontram-se melhores estruturadas, inclusive com requisitos de maior rigidez para a obtenção da qualificação, conforme comandos emanados da Lei 9.790/99, que trata da matéria. Tanto que o ato de qualificação das Oscip, diferentemente do da OS, é ato VINCULADO. Com relação às OSCIP destaquem-se os seguintes pontos: - A Lei 9.790/1999 veda, expressamente, a qualificação, entre outras figuras, de OS e fundações públicas como OSCIP (art. 2º). A vedação não atinge as OSCIP, ou seja, podem ser Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 32 qualificadas como OS. Síntese: nenhuma OS pode ser OSCIP; mas alguma OSCIP pode ser OS; - Na norma, não há previsão de cessão de servidores públicos. Porém, a doutrina não entende que fica afastada, totalmente, tal cessão, apenas não existe previsão... Síntese: ante o princípio da legalidade, a cessão de servidores não seria cabível. No entanto, conforme a doutrina, embora não haja previsão na Lei, seriam até possível futuras cessões. - a qualificação de uma OSCIP é ato vinculado, como diz a própria Lei 9.790/99 (§ 2º do art. 1º), sendo feita perante o Ministério da Justiça (arts. 5º e 6º da mesma norma). Síntese: o ato de qualificação da OS é discricionário, já o ato da OSCIP é vinculado. - Enquanto a OS firma contrato de gestão com o Ministério Supervisor, sendo qualificada por ato do Chefe do Executivo, as OSCIP são qualificadas pelo Ministério da Justiça, podendo assinar Termos de Parceria com o Ministério Supervisor, por exemplo. Síntese: a parceria da OS e da OSCIP assume nomes distintos. Observação importante é que não são os contratos de gestão e os termos de parceria responsáveis pela qualificação das entidades como OS e Oscip, respectivamente (cuidado!). Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 33 - Última observação: enquanto a participação do Poder Público no Conselho de Administração das OS é obrigatória; nas Oscip, se existente Conselho de Administração, a participação será facultativa. Ressaltamos que as Oscip não estão obrigadas a constituir Conselho de Administração, apenas Conselho Fiscal. OS OSCIP Contrato de Gestão Termo de Parceria Serviço público de interesse social Serviços sociais não exclusivos do Estado Ato Discricionário Ato vinculado PODEM receber servidores públicos por cessão especial Não há previsão de cessão de servidores públicos Podem receber APENAS recursos públicos Podem receber recursos públicos e privados Qualificada por Decreto do Chefe do Executivo Qualificada por Portaria do Ministério da Justiça Desqualifica-se pelo descumprimento no Contrato de Gestão Desqualifica-se por lei, processo administrativo ou judicial, de iniciativa popular ou Ministério Público Conselho de Administração Conselho Fiscal Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 34 Conselho de Administração (se existente, a participação do Poder Público é facultativa) Não há um santo concursando (e não santo concursando, rsrs.) que não aprecie um quadro-resumo, não é verdade? Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 35 A partir de agora, façamos um paralelo entre as OS e as Oscip, levando em consideração todas as informações já transmitidas até o momento. Organizações Sociais – OS Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP Diploma Legal (1) Lei 9.637, de 15/5/1998 Lei 9.790, de 23/3/1999 Personalidade Direito Privado Direito Privado Acordo Contrato de Gestão (2) Termo de Parceria Natureza do Acordo Convênio (3) Convênio Finalidade Entidade sem fins lucrativos Entidade sem fins lucrativos Qualificação Decreto do Executivo (4) Portaria Ministerial (5) Prerrogativas Cessão de servidores, permissão de uso de bens e repasses orçamentáriosNão há previsão legal (6) Remuneração de dirigentes Vedada (art. 3º, VII) (7) Garantida (art. 4º, VI) Participação do Poder Público Obrigatória (8) Facultativa (9) Área de Atuação Ensino, Cultura, Saúde, Pesquisa Científica, Desenvolvimento Promoção: educação, saúde, cultura, assistência social, assistência jurídica Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 36 Tecnológico e Preservação do Meio Ambiente (10) complementar e outras. (11) Criação Podem provir da extinção de órgãos da Administração Não são provenientes de órgãos da Administração, é entidade com patrimônio pré- existente Controle pelo Tribunal Processos específicos (12) Processos específicos (12) Responsabilidade Solidária (13) Solidária (13) Licitação Regulamento Próprio Regulamento Próprio (1) Tais diplomas legais são apenas Federais, ou seja, não obrigam aos demais entes políticos, os quais, se entenderem conveniente, podem se utilizar das normas federais; (2) O contrato de gestão NÃO se confunde com o termo de parceria. A primeira distinção é que os contratos de gestão são celebrados com OS e os termos de parceria com Oscips. A segunda é que as OS, ao assinarem contrato de gestão, não desempenham outro papel a não ser aquele previsto do acordo programa; já as Oscips, mesmo ao assinarem o termo, não deixam de realizar outras tarefas institucionais, participando ao lado do Estado a título de promoção, de subsídio, e não absorção integral das atividades; (3) Os interesses buscados pelas entidades são mútuos, paralelos ao do Estado, não sendo o caso, portanto, de os pactos denominarem contratos administrativos, pois nesses os interesses são opostos. Por isso, a doutrina prefere qualificá-los como verdadeiros convênios, com a observação de que a Instrução Normativa dos Convênios não se aplica às Oscips; Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 37 (4) Enquanto a qualificação das OS é ato discricionário, o da Oscips é vinculado. A desqualificação (administrativa ou judicial, conforme o caso) dessas entidades é sempre precedida do contraditório e da ampla defesa; (5) O Ministério da Justiça é responsável pela qualificação das Oscips, tendo o prazo de trinta dias para deferir ou não o pedido. No caso de deferimento, o Ministro emitirá, no prazo de quinze dias da decisão, o certificado de qualificação. Indeferido o pleito, será dada ciência da decisão mediante publicação no Diário Oficial; (6) Apesar de a Lei silenciar a respeito, há entendimento na doutrina de que pode o Estado, dentro de sua conveniência administrativa, garantir o repasse de bens e de servidores, conforme o caso; (7) Os conselheiros não devem receber remuneração pelos serviços que, nesta condição, prestarem às OSs, no entanto, podem fazer jus à ajuda de custo por reunião da qual participem; (8) O Conselho de Administração (CONSAD) reúne-se ordinariamente, no mínimo, três vezes, a cada ano, detendo formação bastante heterogênea, isso porque mistura membros natos do Poder Público (de 20 a 40%); representantes da sociedade civil (de 20 a 30%); 10% a 30% escolhidos pelo próprio Conselho; até 10% conforme o estatuto; (9) O único órgão de constituição obrigatória é o Conselho Fiscal; (10) O rol de atividades das OS é fechado, exaustivo, taxativo, ou seja, as entidades sem fins lucrativos só podem ser qualificadas para atuarem nessas áreas; (11) As seguintes entidades não podem ser qualificadas como Oscip, entre outras: sociedades comerciais; sindicatos; instituições religiosas; organizações partidárias; entidades de benefício mútuo (se o círculo de associados for restrito); entidades que comercializam planos de saúde; escolas privadas de ensino não Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 38 gratuito; cooperativas; fundações públicas; e organizações sociais; e (12) Quanto à submissão ao Tribunal de Contas, tanto as OS, com as Oscip estão sob o crivo do controle externo, de acordo com a origem dos recursos geridos. Por exemplo: se o recurso é de origem federal, a competência para acompanhar e fiscalizar será do TCU; se de origem Estadual, a competência será do TCE. Informo que existem Tribunais de Contas dos Municípios (Ceará; Pará; Goiás e Bahia). Nesse caso, a competência para controlar, caso o recurso seja de origem municipal, será dos TCMs. Ah – e para complicar um pouquinho mais – os municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro tem um Tribunal de Contas MUNICIPAL, ou seja, só do município. Quanto a recursos originários desses dois municípios, então, a competência será do TCM. Um último detalhe, apesar de tanto as OSs como as Oscips prestarem contas do contrato de gestão e do termo de parceria, respectivamente, junto ao Ministério Supervisor, não são encaminhadas, posteriormente, para o julgamento anual pelo TCU. Esta Corte de Contas Federal poderá atuar, no entanto, em processos específicos, exemplo da tomada de contas especial. (13) Os responsáveis pela fiscalização dos pactos (contrato de gestão e termo de parceria), ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade na utilização dos dinheiros públicos, devem dar imediata ciência ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade solidária (não é subsidiária). Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 39 Com essas informações, estamos preparados para “fulminar” qualquer item sobre OS e Oscips. Pois é, pessoal. Acabou teoria por hoje. Peço que façam o “simuladinho” abaixo. Exercícios de FGV, modelo parecido com o da Consuplan. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 40 QUESTÕES EM SEQUÊNCIA 1. (2011/FGV – OAB) É correto afirmar que a desconcentração administrativa ocorre quando um ente político a) cria, mediante lei, órgãos internos em sua própria estrutura para organizar a gestão administrativa. b) cria, por lei específica, uma nova pessoa jurídica de direito público para auxiliar a administração pública direta. c) autoriza a criação, por lei e por prazo indeterminado, de uma nova pessoa jurídica de direito privado para auxiliar a administração pública. d) contrata, mediante concessão de serviço público, por prazo determinado, uma pessoa jurídica de direito público ou privado para desempenhar uma atividade típica da administração pública.2 2. (2011/FGV – OAB) A estruturação da Administração traz a presença, necessária, de centros de competências denominados Órgãos Públicos ou, simplesmente, Órgãos. Quanto a estes, é correto afirmar que: a) possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente por seus atos. b) não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos normativos do ocupante do respectivo órgão. c) não possuem cargos nem funções. d) suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem.3 3. (2010/FGV – OAB/Unificado) No Direito Público brasileiro, o grau de autonomia das Agências Reguladoras é definido por uma independência: (A) administrativa total e absoluta, uma vez que a Constituição da República de 1988 não lhes exige qualquer liame, submissão ou controle administrativo dos órgãos de cúpula do Poder Executivo. (B) administrativa mitigada, uma vez que a própria lei que cria cada uma das Agências Reguladoras definee regulamenta as relações de submissão e controle, fundado no poder de supervisão dos Ministérios a que cada uma se encontra vinculada, em razão da matéria, e na superintendência atribuída ao chefe do Poder Executivo, como chefe superior da Administração Pública. 2 Alternativa A. 3 Alternativa D. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 41 (C) legislativa total e absoluta, visto que gozam de poder normativo regulamentar, não se sujeitando assim às leis emanadas pelos respectivos Poderes legislativos de cada ente da federação brasileira. (D) política decisória, pois não estão obrigadas a seguir as decisões de políticas públicas adotadas pelos Poderes do Estado (executivo e legislativo).4 4. (2008/CESPE – OAB-SP) Assinale a opção correta a respeito dos conselhos de fiscalização profissional. a) Os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas não constituem atividade típica de Estado. b) Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas têm natureza jurídica de associações. c) As relações que abrangem esses conselhos e as pessoas físicas ou jurídicas podem ser equiparadas à relação de trabalho. d) A fiscalização desses conselhos sobre as pessoas físicas ou jurídicas é uma expressão do poder de polícia.5 4 Alternativa B. 5 Alternativa D. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 42 QUESTÕES COMENTADAS 1) (2011/FGV – OAB) É correto afirmar que a desconcentração administrativa ocorre quando um ente político a) cria, mediante lei, órgãos internos em sua própria estrutura para organizar a gestão administrativa. b) cria, por lei específica, uma nova pessoa jurídica de direito público para auxiliar a administração pública direta. c) autoriza a criação, por lei e por prazo indeterminado, de uma nova pessoa jurídica de direito privado para auxiliar a administração pública. d) contrata, mediante concessão de serviço público, por prazo determinado, uma pessoa jurídica de direito público ou privado para desempenhar uma atividade típica da administração pública. Comentários: A questão, em si, não nos oferece alto grau de dificuldade. É corriqueiro nossas ilustres organizadoras nos testarem quanto à distinção entre desconcentração e descentralização. Por isso, antes da resposta propriamente dita, que tal um “passeio” pelos principais conceitos? Basicamente, devemos conhecer os conceitos de Centralização, Descentralização e Desconcentração. Perceba que a etimologia (a formação das palavras), por vezes, pode nos causar problemas para o integral entendimento dos conceitos jurídicos. Por exemplo: desconcentrar e descentralizar não poderiam ser vistas como expressões sinônimas, quase perfeitas, etimologicamente? Por que, ao fim, ambas não querem dizer retirar do centro? Contudo, juridicamente e para efeito de concursos, as ditas expressões possuem diferenças significativas. O conceito de centralização é, de todos, o de mais fácil assimilação. Os amigos já devem ter ouvido falar, no dia a dia, em “pessoas centralizadoras”, o que isso quer dizer? Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 43 Quer se referir àquela pessoa que realiza as tarefas sem qualquer distribuição de parcela da atribuição a qualquer pessoa. Por exemplo: na casa de Sapo-da-Vez, ele é quem lava, passa e cozinha, logo realiza as tarefas de forma centralizada. Já na casa de Dona “Van”, é Sean quem cozinha, lava, e passa, houve distribuição de determinadas tarefas de titularidade de “Van” a outra pessoa (garota inteligente, para que centralizar se é possível descentralizar, tudo em nome da eficiência!). Distinto é o conceito de desconcentração. Essa existe quando tarefas ou atividades são distribuídas de um centro para setores periféricos ou de escalões superiores para escalões inferiores, dentro da MESMA entidade ou da MESMA pessoa jurídica. Por exemplo: O Poder Executivo Federal pode ser desconcentrado em Ministérios (entre outros órgãos), como da Saúde, da Previdência, da Cultura, dos Transportes, logo, em diversas áreas temáticas (desconcentração por matéria); Os Tribunais Federais têm órgãos espalhados em Brasília, em Minas, no Piauí, no Acre etc. É a mesma pessoa, União, só que as competências são realizadas por órgãos em base geográfica distinta (desconcentração territorial ou geográfica); e A Secretaria de Saúde de Divinópolis (Minas Gerais) é órgão subordinado hierarquicamente à Prefeitura, ambos, por sua vez, são órgãos da mesma pessoa (leia-se: Município), é o Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 44 que a doutrina denomina desconcentração por hierarquia. DICA: prestem atenção na última parte do conceito! A desCOncentração (CO – Criação de Órgãos) é fenômeno interna corporis, ou seja, ocorre em uma mesma pessoa jurídica. Além disso, a estrutura desconcentrada é baseada na hierarquia, na subordinação, seja entre órgãos, seja entre servidores. Por fim a descentralização. A desCENtralização (CEN - Criação de ENtidades, pressuposto de nova pessoa jurídica) é uma distribuição de competência entre pessoas físicas ou jurídicas distintas, transferindo-se a atividade decisória e não a mera atividade administrativa. Então, encontrou a resposta? Claro que sim! A desconcentração refere- se à repartição das funções entre vários órgãos de uma mesma pessoa jurídica (alternativa “A”). Gabarito: alternativa A. 2) (2011/FGV – OAB) A estruturação da Administração traz a presença, necessária, de centros de competências denominados Órgãos Públicos ou, simplesmente, Órgãos. Quanto a estes, é correto afirmar que: Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 45 a) possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente por seus atos. b) não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos normativos do ocupante do respectivo órgão. c) não possuem cargos nem funções. d) suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem. Comentários: Nesta questão vamos tecer maiores considerações sobre os órgãos. Primeiro de tudo, registro que os órgãos públicos não se configuram entidades concretas, mas sim abstrações do mundo jurídico, às quais se atribui titularidade de algumas competências. Os órgãos são reais, uma vez que possuem existência jurídica, contudo abstratos (alguém aí já viu um órgão correndo em parques ou jogando vôlei? Penso que não, órgãos não têm pernas e sequer braços. Não vale aqui lembrar os filmes de terror!). Sinteticamente: órgãos não possuem personalidade jurídica. Com essa informação, podemos eliminar a alternativa “A”. Assim, podemos concluir que os órgãos públicos são fundamentalmente distintos das entidades. Os primeiros (órgãos) são destituídos de personalidade jurídica própria, enquanto as entidades possuem personalidade própria. Os agentes públicos são verdadeiros veículos da expressão do Estado. TODA A CONDUTA DOS AGENTES É IMPUTADA AO ÓRGÃO, o qual, por sua vez, encontra-se ligado à entidade possuidora de personalidade jurídica, quem, ao fim, acaba respondendo a eventuais questionamentos jurídicos. Essa é uma síntese do denominado princípio da imputação volitiva,fundamental para a compreensão da denominada “teoria do órgão”, daí a correção da alternativa “D”. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 46 Pela teoria do órgão, as pessoas jurídicas expressam sua vontade por intermédio de órgãos, os quais são titularizados por agentes. Por essa teoria, os órgãos são partes componentes da entidade, com as expressões de vontade daqueles sendo entendidas como destas (imputação volitiva). Registro, ainda, que essa teoria foi construída pelo jurista alemão OTTO GIERKE, sendo, atualmente, universalmente aceita pela doutrina. Teve o papel de substituir as teorias do mandato e da representação, as quais, igualmente, pretendiam explicar a atuação do Estado por intermédio de seus agentes. Pela 1ª (mandato), o agente atuaria como mandatário da pessoa jurídica à qual estaria ligado. Só que essa teoria cai por terra quando se faz uma pergunta simples: quem outorga o mandato? A própria pessoa jurídica? Como, se esta não tem existência concreta? Ainda que reais no mundo jurídico, as pessoas jurídicas são abstrações, não agindo per si. E mais: se válida a teoria do mandato, o agente público, ao agir ilicitamente, enfim, fora dos limites da procuração, não acarretaria qualquer responsabilidade para o Estado. E, como sabemos, não é isso que ocorre (art. 37, §6º, da CF/1988). De acordo com a 2ª Teoria (Representação), o agente público faria a representação da entidade, funcionando como uma espécie de “tutor” desta. Esta teoria também é falha, diante da seguinte situação: a representação, como aquela feita por tutores, diz respeito a incapazes. Mas então, o Estado pode ser chamado mesmo de incapaz? Se positiva a resposta, como poderia um incapaz outorgar ou validar sua representação? Teoria do Mandato Teoria da Representação Agente Público Mandatário (Tem procuração do Estado) Tutor, Curador (representa o incapaz) ESTADO Pessoa Jurídica que outorga o mandato Incapaz (deve ser tutelado, representado) Críticas à Teoria Pessoa Jurídica não tem existência concreta, é abstração. Como poderia um incapaz outorgar ou validar sua representação e ser responsável pelos atos ilícitos praticados pelo Não acarretaria qualquer Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 47 responsabilidade para o Estado se o ato fosse ilícito tutor? Gabarito: alternativa D. 3) (2010/FGV – OAB/Unificado) No Direito Público brasileiro, o grau de autonomia das Agências Reguladoras é definido por uma independência: (A) administrativa total e absoluta, uma vez que a Constituição da República de 1988 não lhes exige qualquer liame, submissão ou controle administrativo dos órgãos de cúpula do Poder Executivo. (B) administrativa mitigada, uma vez que a própria lei que cria cada uma das Agências Reguladoras define e regulamenta as relações de submissão e controle, fundado no poder de supervisão dos Ministérios a que cada uma se encontra vinculada, em razão da matéria, e na superintendência atribuída ao chefe do Poder Executivo, como chefe superior da Administração Pública. (C) legislativa total e absoluta, visto que gozam de poder normativo regulamentar, não se sujeitando assim às leis emanadas pelos respectivos Poderes legislativos de cada ente da federação brasileira. (D) política decisória, pois não estão obrigadas a seguir as decisões de políticas públicas adotadas pelos Poderes do Estado (executivo e legislativo). Comentários: As agências reguladoras, induvidosamente, acham-se sob um regime especial, especialmente quando comparadas com as demais autarquias. Porém, o regime especial não afasta o fato de tais pessoas serem autarquias. E, nesta qualidade, submetem-se ao controle interno- externo da Administração Direta, seja por meio da supervisão Ministerial, seja mediante a fiscalização da Controladoria-Geral da União (CGU), na esfera federal. Daí a correção da letra “B” ao asseverar que as agências reguladoras detêm competência administrativa reduzida (mitigada). Por via reflexa, a alternativa “A” está incorreta. Numa prova de múltipla escolha, “mal feita”, um bom candidato, com jogo de cintura, consegue eliminar os quesitos e restringir o exame a apenas duas alternativas. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 48 Isso mesmo. Perceba que a letra “A” é antagônica a letra “B”. Se a letra “A” estiver certa, a letra “B” está falsa, e vice-versa. Na alternativa “C”, a banca “voou”. Perceba que fala em competência legislativa! As agências reguladoras detêm competência exclusivamente administrativa. E, na alternativa D, fala-se em competência política. Acontece que as agências reguladoras são entidades integrantes da Administração Indireta e, como tal, não detêm capacidade política, inerente aos órgãos estatais, integrantes da Administração Direta. Gabarito: alternativa B. 4) (2008/CESPE – OAB-SP) Assinale a opção correta a respeito dos conselhos de fiscalização profissional. a) Os serviços de fiscalização de profissões regulamentadas não constituem atividade típica de Estado. b) Os conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas têm natureza jurídica de associações. c) As relações que abrangem esses conselhos e as pessoas físicas ou jurídicas podem ser equiparadas à relação de trabalho. d) A fiscalização desses conselhos sobre as pessoas físicas ou jurídicas é uma expressão do poder de polícia. Comentários: Finalmente os tais conselhos profissionais, as autarquias corporativas. Os Conselhos de Fiscalização Profissionais, na visão do STF (ADI 1717), são entidades autárquicas sui generis, portanto dotadas de personalidade jurídica de Direito Público. Daí a incorreção do item “B”. Esse entendimento do Tribunal deveu-se, sobretudo, às atividades prestadas por tais entidades, exclusivas do Poder Público, vale frisar, o regular exercício do Poder de Polícia (fiscalização) incidente sobre o exercício de um direito individual: a profissão. Daí a correção da alternativa “D” e incorreção das letras “A” e “C”. Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 49 O tema de maior relevância nos atuais concursos é a alocação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O STF, na ADI 3026, afirmou, com todas as letras, que a OAB, só a OAB, não é uma Autarquia, sem negar a natureza dos demais Conselhos de Fiscalização, os quais são autarquias corporativas. Para o Supremo, a Ordem é uma categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro. Em razão da função constitucional privilegiada, não poderia haver qualquer relação de dependência da OAB com órgãos públicos. Assim, a OAB não pode, portanto, ser entendida como congênere dos demais Conselhos de Fiscalização, no entendimento dos doutos Ministros da Suprema Corte. Ok, sem maiores discussões, dado que, dito pelo STF, para nós, concursandos, é quase que verdade absoluta, um dogma. Mas ficam duas perguntas: I) Se a OAB não é uma autarquia, não possui natureza jurídica de direito público, dado que, no nosso ordenamento, quem possui tal natureza são os entes políticos, integrantes da federação, ou entidades autárquicas. Se não possui natureza de direito público, poderá a OAB exercer Poder de Polícia, para o qual, pois, conforme já se decidiu, é necessária a natureza jurídica de direito público? II) Não sendo de direito público, poderá a OAB gozar de prerrogativas típicas das pessoas de direito público,como imunidade tributária relativa a seus bens, possibilidade de cobrança de créditos por meio de execução fiscal, etc.? Fica a indagação para que o STF nos responda... Destaco, ainda, que os Conselhos de Fiscalização também podem ser entendidos como autarquias especiais, sempre com personalidade jurídica de direito público. Seu caráter “especial” está no fato de que não integram a Administração Pública, dispondo de ampla liberdade administrativa, gerencial no desempenho de suas funções, tendo por limite, dentre outros, os princípios constitucionais de Administração Pública, bem como as disposições legais a respeito de suas áreas de atuação. Ressalvada a OAB, as demais entidades de fiscalização estão sujeitas ao dever de prestar contas ao TCU (hoje dispensados de prestar contas) e ao concurso público. Recentemente, em recente julgado do STJ, entendeu-se que, com a liminar concedida na ADI 2135, o regime jurídico dos servidores dos Curso de Direito Administrativo para o TRE MG Profº. Cyonil Borges – aula 01 Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 50 conselhos profissionais, antes celetistas, voltou a ser estatutário, portanto Lei 8.112, de 1990. Gabarito: alternativa D.