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CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Daiane Lolatto 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos tratar dos seguintes temas sobre a Contabilidade e 
Gestão de Micro e Pequenas Empresas: 
• Conceitos e enquadramento de Microempresário Individual (MEI), 
Microempresa (ME) e Pequenas e Médias Empresas (PMEs); 
• Sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPEs); 
• Fatores essenciais para continuidade e crescimento das MPEs; 
• Estratégias empresariais e competitividade para micro e pequenas 
empresas (redes); 
• Startups. 
CONTEXTUALIZANDO 
Empreender nem sempre é uma tarefa fácil. O empreendedor deve ser 
capaz de identificar uma oportunidade no ambiente e transformar ideais em 
negócios. Então, para prosperar, ele precisa realizar um estudo prévio de tudo 
que será necessário para a efetiva criação do negócio. 
Esse estudo deve envolver a autoanálise do empreendedor, a definição 
dos objetivos que devem ser atingidos, as estratégias que devem ser adotadas 
para alcançar os objetivos, o montante de recursos que o negócio vai demandar 
e de que forma o empreendedor vai conseguir esses recursos. Assim, frustações 
podem ser evitadas, riscos podem ser previstos e providências podem ser 
tomadas. 
Diante disso, nesta etapa, vamos conhecer como as empresas são 
enquadradas em relação ao porte e número de empregados e entender os 
principais fatores de continuidade e descontinuidade dos negócios. Da mesma 
forma, trataremos algumas estratégias empresariais para a sobrevivência do 
negócio no mercado. 
Esta etapa é fundamental para compreendermos os próximos assuntos. 
Por isso, é imprescindível se atentar a todos os temas e detalhes descritos. 
Iniciaremos abordando o enquadramento das empresas. 
 
 
3 
TEMA 1 – CONCEITOS E ENQUADRAMENTO DE MICROEMPRESÁRIO 
INDIVIDUAL (MEI), MICROEMPRESA (ME) E PEQUENAS E MÉDIAS 
EMPRESAS (PMES) 
A microempresa é uma pequena pessoa jurídica (ou seja, faz parte do 
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ). A terminologia de microempresa 
surgiu no final dos anos 1970 como resultado das políticas de desburocratização 
para estimular o desenvolvimento de pequenos negócios (Lemes; Pisa, 2019). A 
definição legal de microempresa foi criada pela Lei n. 7.256, em novembro de 
1984, posteriormente revogada pela Lei n. 9.841, em outubro de 1999, e mais 
tarde alterada pela Lei Complementar n. 123, em dezembro de 2006, e pela Lei 
n. 155, em outubro de 2016. 
Os critérios adotados para classificar uma empresa como Microempresa 
(ME) ou Empresas de Pequeno Porte (EPP), podem variar bastante. Um dos 
enquadramentos mais utilizados é o estabelecido pela Lei Complementar n. 
123/2006, no art. 3º, que leva em consideração o faturamento bruto anual ou 
receita bruta anual. Este também é um dos critérios que as pessoas jurídicas 
consideram para uma potencial adesão ao Simples Nacional, que é um dos 
regimes tributários disponíveis para as empresas. 
Conforme estabelecido pela Lei Complementar n. 123/2006, art. 3º, as 
MEs são aquelas que têm receita bruta anual de até R$ 360.000,00 ao final de 
cada ano-calendário, enquanto as EPPs são aquelas que têm receita bruta anual 
superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00. 
A receita bruta compreende a venda de bens e serviços nas operações 
por conta própria, o valor dos serviços prestados e o resultado nas operações 
por conta de terceiros, excluindo vendas canceladas, devoluções de vendas e 
descontos incondicionais concedidos, conforme estabelecido pela Lei 
Complementar n. 123/2006, art. 3º, parágrafo 1º, e pela Superintendência 
Regional da Receita Federal, 10.ª Região Fiscal. 
As operações de conta própria se referem às operações com bens e 
serviços de propriedade da empresa. Em contrapartida, as operações em conta 
alheia são aquelas com bens e serviços de outras empresas, que permanecem 
à disposição da empresa contratante para venda, mediante acordo contratual, 
como é o caso da consignação mercantil e da representação comercial, 
conforme estabelecido na legislação. 
 
 
4 
A Lei Complementar n. 123/2006, art. 3º, parágrafo 2º, estabelece ainda 
que, caso a empresa tenha menos de um ano de funcionamento, o limite anual 
de receita bruta será proporcional ao número de meses em que a microempresa 
ou empresa de pequeno porte tenha exercido atividade, incluindo as frações de 
meses. Por exemplo, uma empresa constituída em julho de 2021 não poderá ter 
uma receita bruta superior a R$ 2.400.000,00 (R$ 4.800.000,00 / 12 meses x 
6 meses) para ser considerada uma empresa de pequeno porte. 
Em 1º julho de 2009, entrou em vigor a Lei Complementar n. 128, de 19 
de dezembro de 2008, que criou a figura do Microempreendedor Individual (MEI). 
Para ser enquadrado como MEI, o empreendedor pode ter obtido uma receita 
bruta anual de até R$ 81 mil no ano-calendário anterior, o que equivale a uma 
média de R$ 6.750,00 por mês. 
As empresas também podem ser enquadradas como Pequenas e Médias 
Empresas (PMEs). A legislação não estabelece de forma precisa a receita bruta 
anual de uma empresa de médio porte, mas é possível inferir com base na 
Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que define uma empresa de grande 
porte como aquela que, no exercício social anterior, tenha um ativo total superior 
a R$ 240.000.000,00 ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00. 
Portanto, a empresa de médio porte está situada entre a grande e a pequena 
empresa, ou seja, aquela que tem uma receita bruta anual maior que 
R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a R$ 300.000.000,00. 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 
também classifica as empresas em virtude da receita operacional bruta anual ou 
renda anual a fim de atuar prontamente na concessão de linhas de créditos, 
programas e condições específicas para cada porte de empresa. Segundo o 
BNDES, as microempresas têm uma renda anual igual ou inferior a 
R$ 360.000,00, as pequenas empresas têm uma renda anual superior a 
R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00, as médias empresas têm 
uma renda anual superior a R$ 4.800.000,00 e igual ou inferior a 
R$ 300.000.000,00, e as grandes empresas têm uma renda anual superior a 
R$ 300.000.000,00. 
Dessa forma, podemos concluir que o enquadramento com base na 
receita bruta anual estabelecida pela legislação é a mesma dada pelo BNDES. 
No Quadro 1, a seguir, podemos verificar essa classificação. 
 
 
5 
Quadro 1 – Enquadramento por porte 
Enquadramento Receita bruta anual/Renda anual 
Microempreendedor (MEI) Menor ou igual a R$ 81.000,00 
Microempresa (ME) Menor ou igual a R$ 360.000,00 
Empresa de Pequeno Porte (EPP) 
Maior que R$ 360.000,00 e menor ou igual a 
R$ 4.800.000,00 
Média empresa 
Maior que R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a 
R$ 300.000.000,00 
Grande empresa Maior que R$ 300.000.000,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Ainda, as empresas podem ser enquadradas com base no número de 
empregados. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –
Sebrae (2017) classifica as empresas por número de empregados conforme 
disposto no Quadro 2 a seguir. 
Quadro 2 – Enquadramento por número de empregados 
Enquadramento 
Setores 
Indústria Comércio e Serviços 
Microempresa Até 19 pessoas ocupadas Até 9 pessoas ocupadas 
Pequena empresa De 20 a 99 pessoas ocupadas De 10 a 49 pessoas ocupadas 
Média empresa De 100 a 499 pessoas ocupadas De 50 a 99 pessoas ocupadas 
Grande empresa 500 pessoas ocupadas ou mais 100 pessoas ocupadas ou mais 
Fonte: Sebrae, 2017. 
Sendo assim, uma empresa pode ser enquadrada como microempresa 
em função de sua receita bruta anual e pode ser enquadrada como uma pequena 
empresa em razão do número de empregados. A metodologia de 
enquadramento dependerá da finalidade de classificação. Cada situação, nesse 
caso, deverá ser analisada para posteriormente definir pelomelhor método de 
enquadramento. 
 TEMA 2 – SOBREVIVÊNCIA DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPES) 
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE (Brasil, 2021), apenas 22,9% das unidades locais nascidas em 2009 
conseguiram sobreviver após dez anos, e menos da metade (41,6%) conseguiu 
sobreviver após cinco anos de sua criação. O IBGE ainda destaca que, quanto 
maior o porte da empresa, maior é a taxa de sobrevivência. Empresas de maior 
porte tendem a ter uma estrutura organizacional mais robusta e maior capital 
disponível (Sebrae, 2016). 
 
 
6 
Segundo o Sebrae (2016), considerando as empresas brasileiras 
constituídas em 2012 e as informações disponíveis na Secretaria da Receita 
Federal (SRF) até 2014, a taxa de sobrevivência das empresas com até dois 
anos no Brasil foi de 76,6%. Para as empresas de pequeno porte constituídas 
em 2012, a taxa de sobrevivência foi de 98%, igualando-se às médias empresas 
(98%) e sendo superior à das grandes empresas, que foi de 97%. Em 
contrapartida, a taxa de sobrevivência das microempresas constituídas em 2012 
foi de apenas 55% para até dois anos. No caso dos Microempreendedores 
Individuais (MEI), a taxa de sobrevivência foi de 87%. 
Logo, as microempresas acabam contribuindo para a redução da taxa de 
sobrevivência das empresas com até dois anos, demonstrando que enfrentam 
mais dificuldades para se manterem no mercado em comparação aos MEI. A 
formalização dos microempreendedores, com menos burocracia e custos mais 
baixos para registro, abertura e manutenção, apresenta uma significativa chance 
de sobrevivência, pelo menos nos primeiros dois anos de atividade (Sebrae, 
2016). 
Mas o que leva essas empresas a encerrarem suas atividades? 
Os principais fatores que podem causar o fechamento prematuro das 
empresas estão relacionados à situação do empresário antes da abertura, ao 
planejamento do negócio, à gestão do negócio e à capacitação dos proprietários 
em gestão empresarial (Sebrae, 2016). No Quadro 3 a seguir, é possível verificar 
os fatores relevantes que influenciam a sobrevivência e a mortalidade das 
empresas. 
 
 
 
7 
Quadro 3 – Perfil das empresas (exemplos de casos extremos) 
Fatores Empresas sobreviventes Empresas fechadas 
ANTES DA 
ABERTURA 
Era empregado no mesmo ramo Estava desempregado 
Abriu por oportunidade Abriu por necessidade 
Desejava ter o próprio negócio 
Abriu por exigência de 
cliente/fornecedor 
PLANEJAMENTO/ 
RECURSOS 
Planejou por mais tempo 
(11 meses) e com mais qualidade 
Planejamento deficiente (8 meses) 
Negociou prazos com 
fornecedores 
Não negociou prazos com 
fornecedores 
Obteve empréstimo em bancos 
Não obteve empréstimo em 
bancos 
GESTÃO DO 
NEGÓCIO 
Aperfeiçoava produtos com 
frequência 
Não aperfeiçoava produtos 
Investia na capacitação da mão de 
obra e dos sócios 
Não investia na capacitação da 
mão de obra e dos sócios 
Estava sempre atualizado com 
respeito às novas tecnologias do 
setor 
Não se atualizava 
Acompanhamento rigoroso 
receitas/despesas 
Não fazia acompanhamento 
rigoroso receitas/despesas 
Diferenciava produtos e serviços Produtos sem diferencial 
CAPACITAÇÃO 
Fez curso para melhorar o 
conhecimento sobre como 
administrar um negócio, enquanto 
tinha a empresa 
Não fez nenhum curso sobre 
gestão do negócio 
Fonte: Sebrae, 2016. 
Conforme apresentado no Quadro 3 anterior, o planejamento é um fator 
essencial na abertura de um negócio. As empresas que conseguem sobreviver 
são aquelas que são planejadas, em média, três meses a mais do que as que 
encerram suas atividades (Sebrae, 2016). Esse planejamento abrange todas as 
atividades relacionadas à constituição do negócio, desde a concepção do 
produto ou serviço até a definição do público-alvo, estratégias de marketing, 
localização da empresa, contato com fornecedores, distribuidores, financiadores 
e outros agentes relacionados ao negócio (Lemes; Pisa, 2019). 
De acordo com Lemes e Pisa (2019), as causas que podem levar à 
mortalidade de micro e pequenas empresas incluem falta de planejamento antes 
da abertura do negócio, falta de conhecimento de mercado, falta de identificação 
do público-alvo, falta de inovação, descuido com o cliente e suas necessidades, 
replicação de modelos da concorrência, elaboração inadequada do plano de 
negócio, falta de experiência do empreendedor, falta de qualificação dos 
funcionários, desconhecimento de práticas de gestão de pessoas, falta de 
 
 
8 
controles financeiros e de custos, falta de controle do fluxo de caixa, crescimento 
sem planejamento das despesas operacionais, erros no controle de qualidade, 
práticas de marketing equivocadas, falta de gerenciamento da marca, 
descontrole financeiro, falta de uso de tecnologia, falta de acompanhamento da 
legislação e dos tributos, e uso dos recursos da empresa para pagamento de 
despesas pessoais. 
Os empreendedores aprendem com seus próprios erros e com os erros 
dos outros, evitando assim a repetição das mesmas práticas. Nesse sentido, no 
Gráfico 3 a seguir, é possível observar os motivos alegados pelos 
empreendedores para o fechamento de suas empresas, de acordo com pesquisa 
realizada pelo Sebrae (2016). 
Gráfico 3 – Motivos alegados pelos empreendedores para que a empresa 
deixasse de funcionar 
 
Fonte: Sebrae, 2016. 
Para aqueles que estão iniciando um novo negócio, é de extrema 
importância estar atento a tudo que acontece no mercado, identificando e 
avaliando as tendências e selecionando oportunidades de negócios com 
potencial de crescimento, evitando entrar em mercados saturados que possam 
estar em declínio (Lemes; Pisa, 2019). 
O fechamento de micro e pequenas empresas causa impactos 
significativos na economia local, regional e nacional, uma vez que deixam de 
gerar renda e aumentam o número de desempregados, contribuindo para o 
aumento da informalidade. Além disso, o fechamento dessas empresas impacta 
na arrecadação de tributos pelo governo, reduzindo os investimentos em 
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
força maior / doença / aposentadoria
falta de apoio
localização / ponto
outros motivos diversos
tempo (carga horária / incomplatibilidade)
problemas pessoais / família
burocracia
crise (econômica / do país / financeira)
mão de obra / funcionários / preparo
outra oportunidade / não precisou mais da empresa / fim da empresa, contrato
problemas financeiros / inadimplência / falta de linhas de crédito / capital de giro
gestão / problemas administrativos e contábeis / incapacidade / sociedade / logística
vendas / pouca procura, demanda, clientes / forte concorrência
impostos / custos / despesas / juros
 
 
9 
benefício da sociedade e aumentando os déficits no sistema previdenciário 
(Morais; Carneiro, 2017). 
 TEMA 3 – FATORES ESSENCIAIS PARA CONTINUIDADE E CRESCIMENTO 
DAS MPES 
As variáveis ambientais internas e externas e as características dos 
empreendedores são fatores essenciais a serem considerados ao abrir um novo 
negócio. Os empreendedores precisam avaliar, por exemplo, a resistência dos 
concorrentes aos novos entrantes no mercado e o nível de sazonalidade do 
segmento em que desejam atuar. Esses fatores podem impactar os resultados 
da empresa e comprometer sua continuidade no curto ou longo prazo (Lemes; 
Pisa, 2019). 
Vamos supor que um empreendedor esteja iniciando um pequeno negócio 
de sorvetes em um local que tem estações bem definidas, ou seja, no verão o 
clima é quente e seco e no inverno o clima é frio e chuvoso. Para ter sucesso 
em seu negócio, o empreendedor precisa considerar a sazonalidade do 
segmento, já que as vendas tendem a oscilar em razão do clima. Agora, vamos 
supor que existam mais dois concorrentes potenciais nas proximidades. Que 
estratégia o empreendedor deve adotar? Certamente, o produto deve ter um 
diferencial, seja em qualidade ou preço. 
Segundo Lemes e Pisa (2019), mesmo em ambientes com poucacompetitividade e baixa sazonalidade, fatores relacionados ao ambiente interno 
também podem levar ao fechamento do negócio. Em relação ao ambiente 
interno, Boog (1991) destaca que toda empresa tem três pilares principais e 
distintos de sustentação: financeiro, marketing e operações. 
O resultado financeiro envolve o lucro, o retorno e o acréscimo do 
patrimônio líquido da empresa. O resultado do marketing é mensurado pelo que 
o mercado estabelece, como volume de vendas, fidelização de clientes, imagem 
da empresa, dos produtos e serviços oferecidos, e assistência pós-vendas. O 
resultado das operações compreende os números relacionados à produção, 
métodos e processos, comercialização, produtividade, qualidade do produto e 
estoque de máquinas e instalações (Boog, 1991). 
Outro aspecto interno que interfere na sobrevivência e no crescimento da 
empresa está associado ao empreendedor, ao seu nível de experiência e aos 
 
 
10 
conhecimentos obtidos antes da abertura do negócio, como pode ser observado 
na Figura 1 a seguir. 
Figura 1 – Aspectos de sobrevivência e crescimento da empresa associados ao 
empreendedor 
 
Fonte: elaborada por Lolatto, 2023, com base em Sebrae, 2016. 
Assim como as variáveis ambientais internas, como gestão adequada, 
experiência e motivação do empreendedor, as variáveis ambientais externas 
também interferem na continuidade e no crescimento das micro e pequenas 
empresas. As variáveis externas estão relacionadas, especialmente, às ações 
governamentais e de instituições voltadas para o estímulo do empreendedorismo 
(Lemes; Pisa, 2019). 
Os incentivos fiscais oferecidos pelo governo, por exemplo, podem 
garantir a continuidade e o crescimento das micro e pequenas empresas, pois 
reduzem o custo operacional. O governo também pode contribuir com o 
fornecimento de financiamento público gerando fluxos de caixa e de 
investimentos para essas empresas. As demais instituições, como 
universidades, incubadoras, investidores anjos e grandes empresas, podem 
contribuir com recursos financeiros ou não financeiros, ou seja, podem injetar 
dinheiro nas micro e pequenas empresas ou dar suporte técnico, gerencial e de 
formação para o empreendedor. 
Situação do empreendedor antes da abertura
• Ocupações exercidas
• Experiência no ramo
• Motivação pessoal para abertura do negócio
Capacidade de planejamento do negócio
• Tempo de planejamento do negócio
• Negociação de prazos com fornecedores
• Obtenção de empréstimos
Capacidade de gestão do negócio
• Aperfeiçoamento frequente dos produtos
• Investimento em capacitação
• Atualização constante de novas tecnologias
• Acompanhamento das receitas e despesas
• Diferenciação dos produtos e serviços
Capacidade do empreendedor em gestão empresarial
• Capacitação em administração de negócios
 
 
11 
TEMA 4 – ESTRATÉGIAS EMPRESARIAIS E COMPETITIVIDADE PARA MICRO 
E PEQUENAS EMPRESAS (REDES) 
A globalização dos mercados está cada vez mais intensa e empresas de 
todos os tamanhos e setores estão competindo em um mercado 
internacionalizado. Mesmo pequenas empresas que tenham um nicho de 
mercado local bem estabelecido estão enfrentando ameaças de empresas 
estrangeiras em seu mercado tradicional (Casarotto Filho; Pires, 2020). 
Vamos imaginar uma pequena empresa que comercializa cosméticos e 
tem uma loja física. Ela contém um número significativo de clientes, a maioria 
deles morando nas proximidades. A empresa acompanha as tendências de 
mercado e projeta resultados favoráveis para os próximos anos. No entanto, será 
que essa pequena empresa pode estar ameaçada pela globalização? E quais 
estratégias ela poderia adotar para se manter no mercado? 
Com a globalização da economia e o avanço tecnológico, especialmente 
nas comunicações, as mudanças nos conceitos de marketing e produção se 
tornaram mais rápidas. Como resultado, os riscos dos negócios aumentaram. 
Isso significa que outra empresa em qualquer lugar do mundo pode começar a 
produzir um produto similar, com melhor qualidade e preço mais baixo, e ter 
acesso aos mesmos mercados (Casarotto Filho; Pires, 2020). 
Na perspectiva empresarial, os aspectos qualitativos na determinação das 
estratégias de negócios se tornaram mais relevantes do que as estratégias 
quantitativas de avaliação de projetos. E quando se trata de negócios, e não 
apenas de fábricas isoladas, uma forma de reduzir os riscos e ganhar 
cooperação é por meio da formação de alianças entre empresas, especialmente 
entre pequenas empresas (Casarotto Filho; Pires, 2020). Conforme descrito por 
Casarotto Filho e Pires (2020), a era do projeto de fábrica foi substituída pela era 
do projeto de negócio. 
Um projeto de negócio ou plano de negócio envolve estratégia 
competitiva, mercado, marca, parcerias com fornecedores, parcerias com 
clientes e parcerias com concorrentes, terceirizações, franquias, fabricação, 
logística, gestão e equacionamento econômico-financeiro. Em contrapartida, um 
projeto de fábrica ou plano de fábrica abrange apenas componentes de mercado, 
produção, localização, administração e equacionamento econômico-financeiro 
 
 
12 
(Casarotto Filho; Pires, 2020). Assim, podemos observar que o projeto de 
negócio é mais abrangente do que o projeto de fábrica. 
Vale destacar que a estratégia competitiva é fundamental para o sucesso 
do negócio. Segundo Casarotto Filho (2016), as pequenas empresas têm três 
possibilidades competitivas: diferenciação do produto, liderança de custo e 
participação em redes de empresas flexíveis. Nesse sentido, vamos entender 
como ocorre a formação de redes como orientação estratégica. 
4.1 Formação de redes como orientação estratégica 
As pequenas empresas enfrentam dificuldades e limitações para competir 
de forma isolada, e a transição de pequeno para grande porte pode ser arriscada. 
Assim, a pequena empresa pode optar por se tornar fornecedora em uma rede 
top-down ou ser integrante de uma rede flexível de pequenas empresas 
(Casarotto Filho; Pires, 2020). 
Na rede top-down, a pequena empresa pode se tornar fornecedora ou 
subfornecedora de uma empresa-mãe. A empresa-mãe define as estratégias, e 
a pequena empresa fornecedora tem pouca ou nenhuma flexibilidade de 
negociação. Por exemplo, uma empresa-mãe de grande porte que produz e 
comercializa vestuário pode terceirizar parte de seus processos produtivos para 
empresas subcontratadas de pequeno porte. Dessa forma, a empresa-mãe e a 
empresa de pequeno porte podem competir por liderança de custos no mercado 
(Casarotto Filho; Pires, 2020). De acordo com Casarotto Filho e Pires (2020), a 
liderança em custos envolve a produção em grande escala, com padronização, 
visando à obtenção de preços finais baixos, com ênfase na utilização de 
tecnologia de processo. Na Figura 2 a seguir, é possível visualizar a formação 
de uma rede top-down. 
Figura 2 – Rede top-down 
 
Fonte: Casarotto Filho; Pires, 2020, p. 18. 
Empresa-mãe 
1ª linha 
2ª linha 
 
 
13 
A segunda forma de rede que pode ser estabelecida por pequenas 
empresas é a rede flexível, que ocorre por meio de um consórcio de empresas, 
no qual empresas com atividades diferentes ou com a mesma atividade se unem 
com um interesse comum para realizar um negócio por um período determinado. 
A formação de um consórcio é prevista na Lei das Sociedades por Ações (Lei 
n. 6.404/1976), art. 278, que estabelece: “As companhias e quaisquer outras 
sociedades, sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para 
executar determinado empreendimento.”. 
Por exemplo, em um consórcio de produção de calçados, várias empresas 
podem produzir diferentes partes de um calçado, que é comercializado, 
divulgado e acompanhado tecnicamente pelo consórcio. Isso significa que uma 
empresa pode produzir solados, outra palmilhas e outra cadarços, formando 
assim um consórcio. Esse consórcio simula a administração de uma grande 
empresa, mas apresenta mais flexibilidadepara atender a pedidos diferenciados, 
o que resulta em uma agregação de valor. Na Figura 3 a seguir, é possível 
visualizar a formação de uma rede flexível. 
Figura 3 – Rede flexível 
 
Fonte: Casarotto Filho; Pires. 2020, p. 18. 
Segundo Casarotto Filho e Pires (2020), a formação de consórcios é uma 
tendência mundial para a sobrevivência das pequenas empresas e o 
desenvolvimento equilibrado da sociedade. 
TEMA 5 – STARTUPS 
O termo startup teve origem há algumas décadas nos Estados Unidos, 
mas ficou conhecido durante os anos de 1990, época em que ocorreu um avanço 
 
 
14 
significativo da internet. Nesse período, diversas “empresas.com” foram 
constituídas, em sua maioria no Vale do Silício (Lemes; Pisa, 2019). 
No Brasil, as primeiras startups surgiram no início do século XXI, mas foi 
a partir do ano de 2010 que houve um crescimento notável, conforme dados da 
Associação Brasileira de Startups – ABStartups (Lemes; Pisa, 2019). Em 1.º de 
junho de 2021, foi instituído o marco legal das startups e do empreendedorismo 
inovador por meio da Lei Complementar n. 182. 
Mas, afinal, o que são startups? De acordo com Lemes e Pisa (2019), são 
empresas constituídas normalmente de uma base tecnológica, que têm o 
propósito de difundir produtos e modelos de negócios inovadores e que passam 
por um período de experimentação, denominado “startup”. Os autores destacam 
que a inovação é uma característica fundamental para que as empresas sejam 
denominadas startups, mas também deve haver um cenário de alto risco e 
incerteza para que sejam diferenciadas das demais. 
Para Vilenky (2021), as características básicas desse formato de empresa 
consistem em ser inovadora, escalável, dinâmica e automatizada. A inovação 
deve existir desde a criação do bem ou serviço até a entrega final ao consumidor. 
Vamos tomar como exemplo o caso do Uber. O Uber é um modelo de negócio 
que transformou a maneira como as pessoas se locomovem. Escolhemos a 
forma de pagamento, sabemos previamente o valor da corrida, podemos 
compartilhar o carro para diminuir o custo, sabemos quando o carro vai chegar 
e quem vai ser o motorista, podemos avaliar o atendimento e ainda podemos 
trabalhar para a empresa para aumentar nossa renda. 
A escalabilidade das startups é maior do que a escalabilidade das 
empresas tradicionais, porque as startups conseguem aumentar sua receita sem 
aumentar seus custos na mesma proporção, elevando assim o seu resultado 
financeiro (Vilenky, 2021). O próprio Uber é um exemplo de escalabilidade, pois 
não demorou muito para a empresa ampliar seus serviços de mobilidade de 
pessoas para a mobilidade de objetos ou qualquer outro tipo de carga de um 
lado para o outro. 
A dinâmica das startups também é uma característica marcante segundo 
Vilenky (2021). Esse formato de empresa possibilita que as decisões sejam 
tomadas rapidamente, ou seja, há uma flexibilidade na forma de trabalhar. Além 
disso, gostam de assumir riscos e mudar o rumo dos negócios se adequando às 
necessidades do mercado quase que instantaneamente. Um exemplo disso é o 
 
 
15 
Airbnb, que não demorou para inovar durante a pandemia da Covid-19, quando 
verificou que a busca pela locação de hospedagens pela internet diminuiu. O 
Airbnb incluiu no rol de serviços o anúncio de carros, bicicletas ou qualquer outro 
item para locação. 
Para se tornar automatizada, uma empresa precisa ter a capacidade de 
entregar o mesmo produto ou serviço em larga escala, ou seja, em nível nacional 
e/ou internacional, de forma simultânea e com características e formato 
consistentes, em todos os locais (Vilenky, 2021). O Google é talvez um dos 
melhores exemplos de uma startup com essa característica, pois está presente 
em mais de 150 países, e demonstra que não existem mais barreiras de língua 
ou culturais para a comunicação entre as pessoas, possibilitando a busca de 
informações de qualquer tipo com base em sua tecnologia. 
Dessa forma, as startups podem ser descritas como empresas de alta 
tecnologia criadas para resolver problemas em áreas nas quais a solução não é 
evidente e o sucesso não é garantido nem contínuo (Lemes; Pisa, 2019). A 
definição formal de startup, segundo Lemes e Pisa (2019), compreende uma 
organização nova no mercado, em estágio inicial de implantação, mas com 
potencial de crescimento. Além disso, são capazes de inovar no curto prazo, 
mesmo com recursos limitados. 
No entanto, uma das definições mais conhecidas e aceitas entre os 
especialistas é a de Steve Blank, citado por Lemes e Pisa (2019), que define 
uma startup como um grupo de pessoas em busca de um modelo de negócios 
repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. 
Assim, podemos concluir que esse formato de empresa é diferente das 
demais, pois trabalha em um ambiente de incertezas, resolvendo problemas 
inéditos. Futuramente, vamos estudar algumas formas de investimentos para 
startups. 
TROCANDO IDEIAS 
Vamos supor que um novo bairro esteja sendo construído distante da área 
central da cidade. Um empreendedor identifica uma excelente oportunidade para 
abrir um mercado que atenda aos moradores desse bairro, estuda o perfil dos 
moradores e define uma margem de lucro líquido de aproximadamente 2% sobre 
seus produtos. Assim, os preços são competitivos em relação aos praticados por 
outros estabelecimentos, embora não ofereça uma variedade de produtos. 
 
 
16 
Nesse contexto, quais estratégias o empreendedor poderia adotar para 
se manter no mercado? 
NA PRÁTICA 
Agora que conhecemos um pouco sobre as micro e pequenas empresas, 
que tal exercitarmos os conhecimentos adquiridos? 
• Questão 1: Sobre a definição de ME e EPP. A Lei Complementar 
n. 123/2006, em seu art. 3.º, estabelece as definições de microempresas 
(ME) e empresas de pequeno porte (EPP) com base na receita bruta anual 
ou no faturamento bruto anual. Essa mesma lei também adota a receita 
bruta anual como um dos critérios para adesão ao Simples Nacional, que 
é um dos regimes tributários disponíveis para as empresas. Sendo assim, 
as microempresas são aquelas que auferem receita bruta anual: 
a) menor ou igual a R$ 81.000,00. 
b) menor ou igual a R$ 360.000,00. 
c) entre R$ 360.000,01 e R$ 4.800.000,00. 
d) entre R$ 4.800.000,01 e R$ 300.000.000,00. 
e) maior que R$ 300.000.000,00. 
• Questão 2: Sobre a definição de ME e EPP. De acordo com o Sebrae 
(2017), as empresas podem ser classificadas como microempresa, 
pequena empresa, média empresa e grande empresa com base tanto na 
receita bruta anual quanto no número de empregados. Dessa forma, uma 
empresa pode ser enquadrada como microempresa com base em sua 
receita bruta anual, e como pequena empresa levando em consideração 
o número de empregados. Sendo assim, as microempresas industriais 
são aquelas que apresentam: 
a) até 9 pessoas ocupadas. 
b) até 19 pessoas ocupadas. 
c) de 20 a 99 pessoas ocupadas. 
d) de 10 a 49 pessoas ocupadas. 
e) de 50 a 99 pessoas ocupadas. 
• Questão 3: Sobre as causas de mortalidade das micro e pequenas 
empresas. De acordo com dados do Sebrae (2016), a taxa de 
sobrevivência das empresas brasileiras constituídas em 2012 com até 
 
 
17 
dois anos é de 76,6%. Além disso, o IBGE aponta que a taxa de 
sobrevivência é geralmente maior em empresas de maior porte, uma vez 
que estas apresentam uma estrutura organizacional mais robusta e um 
maior volume de capital. Nesse sentido, analise as afirmativas a seguir 
sobre as causas que levam à mortalidade das micro e pequenas 
empresas e assinale a alternativa correta. 
I. Falta de determinação do público-alvo. 
II. Falta de controles financeiros e de custos. 
III. Alto investimento em capacitação da mão de obra. 
IV. Ausência de planejamento antes da abertura do negócio. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c) Apenasas afirmativas II e IV estão corretas. 
d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
e) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
 
• Questão 4: Sobre a definição das startups. A expressão startup surgiu 
algumas décadas atrás nos Estados Unidos, porém se popularizou 
durante a década de 1990, período em que houve um grande avanço da 
internet. Essas empresas, na fase inicial, geralmente enfrentam despesas 
maiores do que suas receitas, o que demanda diversas fontes de 
financiamento para se sustentarem. Nesse sentido, assinale a alternativa 
que contempla a melhor definição de startups. 
a) Empresas que surgiram no início do século XXI, principalmente no Brasil, 
e têm como característica principal a inovação constante. 
b) Empresas com alto risco e incerteza que trabalham em um ambiente de 
escalabilidade e automatização. 
c) Empresas com recursos limitados que buscam um modelo de negócio 
repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. 
d) Empresas que atuam exclusivamente na área de tecnologia e são 
caracterizadas pela rápida tomada de decisões e capacidade de 
adaptação ao mercado. 
 
 
18 
e) Empresas constituídas com base tecnológica que têm o propósito de 
difundir produtos e modelos de negócios inovadores, passando por um 
período de experimentação. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, estudamos o enquadramento das empresas por porte e por 
número de empregados, os motivos que levam as empresas a fecharem e a 
permanecerem em atividade e as estratégias empresariais a serem adotadas 
para sua continuidade no mercado. Estudamos também as principais 
características das startups. 
Futuramente, estudaremos as obrigatoriedades contábeis e tributárias 
para Microempresário Individual (MEI), Microempresa (ME) e Pequenas e 
Médias Empresas (PMEs). 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. 
Porte de empresa. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/ 
home/financiamento/guia/porte-de-empresa>. Acesso em: 26 maio 2023. 
_____. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Demografia das 
empresas e estatísticas de empreendedorismo: estudos e pesquisas. Rio de 
Janeiro, 2021. (Informação Econômica, n. 35). Disponível em: <https://biblioteca. 
ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101863.pdf>. Acesso em: 24 abril 2023. 
BOOG, G. G. O desafio da competência. São Paulo: Best Seller, 1991. 
CASAROTTO FILHO, N. Elaboração de projetos empresariais: análise 
estratégica, estudo de viabilidade e plano de negócio. 2. ed. Paulo: Atlas, 2016. 
CASAROTTO FILHO, N.; PIRES, L. H. Redes de Pequenas e Médias Empresas 
e Desenvolvimento Local. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2020. 
LEMES JÚNIOR, A. B.; PISA, B. J. Administrando Micro e Pequenas 
Empresas: Empreendedorismo e Gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
MORAIS, L. C.; CARNEIRO, L. F. R. Mortalidade de micro e pequenas empresas 
na cidade de Naviraí-MS: estudo de caso. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE 
GESTÃO, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO. Anais… 2017. 
SERVIÇO DE APOIO A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE (Org.). 
Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios 2017. Brasília: Dieese, 2017. 
Disponível em: <https://www.dieese.org.br/anuario/2017/anuarioPequeno 
Negocio2017.html>. Acesso em: 26 maio 2023. 
SERVIÇO DE APOIO A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. 
Sobrevivência das Empresas no Brasil. Disponível em: <https://www.sebrae. 
com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-
relatorio-apresentacao-2016.pdf>. Acesso em: 26 maio 2023. 
VILENKY, R. Startup: transforme problemas em oportunidades de negócio. São 
Paulo: Saraiva, 2021. 
 
 
 
20 
GABARITO 
Gabarito da questão da seção “Trocando Ideias” 
Resposta: Para ter sucesso em seu negócio sem oferecer uma ampla variedade 
de produtos, o empreendedor precisa conhecer as marcas e mercadorias 
preferidas do seu público-alvo, buscando ser mais assertivo em suas vendas. 
Gabarito dos exercícios da seção “Na prática” 
• Questão 1: 
Correta: b) Menor ou igual a R$ 360.000,00. 
Quadro 1 – Enquadramento por porte 
Enquadramento Receita bruta anual/Renda anual 
Microempreendedor (MEI) Menor ou igual a R$ 81.000,00 
Microempresa (ME) Menor ou igual a R$ 360.000,00 
Empresa de Pequeno Porte (EPP) 
Maior que R$ 360.000,00 e menor ou igual a 
R$ 4.800.000,00 
Média empresa 
Maior que R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a 
R$ 300.000.000,00 
Grande empresa Maior que R$ 300.000.000,00 
Fonte: a autora, 2023. 
• Questão 2: 
Correta: b) Até 19 pessoas ocupadas. 
Quadro 2 – Enquadramento por número de empregados 
Enquadramento 
Setores 
Indústria Comércio e Serviços 
Microempresa Até 19 pessoas ocupadas Até 9 pessoas ocupadas 
Pequena empresa De 20 a 99 pessoas ocupadas De 10 a 49 pessoas ocupadas 
Média empresa De 100 a 499 pessoas ocupadas De 50 a 99 pessoas ocupadas 
Grande empresa 500 pessoas ocupadas ou mais 100 pessoas ocupadas ou mais 
Fonte: Sebrae, 2017. 
• Questão 3: 
Correta: d) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
Existem diversos motivos que causam o encerramento das atividades das 
micro e pequenas empresas. Lemes e Pisa (2019) descrevem as seguintes 
causas: 
 
 
21 
• ausência de planejamento antes da abertura do negócio; 
• falta de conhecimento do mercado; 
• falta de determinação do público-alvo; 
• falta de inovação; 
• descuido com o cliente e com o que ele deseja; 
• réplica de modelos da concorrência; 
• elaboração errada do plano de negócio; 
• falta de experiência do empreendedor; 
• falta de qualificação do pessoal; 
• falta de conhecimento de práticas de gestão de pessoas; 
• falta de controles financeiros e de custos; 
• ausência de controle do fluxo de caixa; 
• crescimento sem planejamento das despesas operacionais; 
• erros no controle de qualidade; 
• práticas de marketing erradas; 
• ausência do gerenciamento da marca; 
• descontrole financeiro; 
• falta do uso de tecnologia; 
• falta de acompanhamento da legislação e tributos; e, 
• pagamento das contas pessoais com recursos da empresa. 
 
• Questão 4: 
Correta: e) Empresas constituídas com base tecnológica que têm o 
propósito de difundir produtos e modelos de negócios inovadores, passando por 
um período de experimentação. 
As startups são caracterizadas por serem empresas inovadoras que 
utilizam a tecnologia como base para a criação e difusão de produtos e modelos 
de negócios disruptivos. Elas passam por um período de experimentação, 
buscando encontrar um modelo de negócio escalável e sustentável. Além disso, 
as startups enfrentam incertezas e riscos inerentes ao ambiente de negócios, 
mas têm como propósito a inovação e a busca por soluções criativas para 
problemas existentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daiane Lolatto 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos tratar sobre obrigatoriedades contábeis e tributárias 
para Microempresário Individual (MEI), Microempresa (ME) e Pequenas e 
Médias Empresas (PMEs), e para tanto, estudaremos os seguintes temas: 
• Obrigatoriedades contábeis e tributárias (obrigações acessórias) para 
MEI, ME e PMEs; 
• LC 123 – Regras societárias para ME; 
• LC 123 – Regras tributárias para EPP; 
• NBC TG 1002 – Regras contábeis para ME; 
• NBC TG 1001 – Regras contábeis para EPP. 
Aproveite a leitura e exercite os conhecimentos adquiridos resolvendo as 
atividades. Lembre-se de que a melhor forma de aprender é exercitando. 
CONTEXTUALIZANDO 
O sistema tributário no Brasil é complexo e demanda muito estudo. Com 
o objetivo de facilitar o processo de abertura e tributação das micro e pequenas 
empresas, o Governo criou o regime tributário do Simples Nacional. Isso não 
impede as empresas de aderirem a outros regimes tributários, mas, como 
veremos nesta etapa, realmente há vantagensna escolha por esse regime. 
Em relação às normas contábeis, a partir do dia 1º de janeiro de 2023 
passamos a aplicar a NBC TG 1000 (R1), NBC TG 1001 e NBC TG 1002. A NBC 
TG 1001 estabelece as regras contábeis para as pequenas empresas e a NBC 
TG 1002 estabelece as regras contábeis para as microentidades. Vamos ver que 
as microempresas e empresas de pequeno porte recebem classificações 
contábeis e tributárias diferentes. 
Diante disso, nesta etapa, vamos conhecer as leis que regem o 
Microempresário Individual (MEI), a Microempresa (ME) e as Pequenas e Médias 
Empresas (PMEs). Da mesma forma, trataremos algumas particularidades 
contábeis, societárias e tributárias relacionadas a elas. 
Esta etapa é fundamental para compreendermos o próximo conteúdo. Por 
isso, é imprescindível atentar para todos os temas e detalhes descritos. 
Iniciaremos falando sobre as obrigatoriedades contábeis e tributárias 
(obrigações acessórias) para MEI, ME e PMEs. 
 
 
3 
TEMA 1 – OBRIGATORIEDADES CONTÁBEIS E TRIBUTÁRIAS (OBRIGAÇÕES 
ACESSÓRIAS) PARA MEI, ME E PMES 
O Microempresário Individual (MEI), a Microempresa (ME) e as Pequenas 
e Médias Empresas (PMEs) possuem regras contábeis e tributárias específicas. 
A Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, principal lei das Micro 
e Pequenas Empresas (MPEs), facilitou a abertura dessas empresas, 
aumentando a formalidade e sua chance de sobrevivência no mercado (Lemes 
Jr.; Pisa, 2019, p. 244). Com a alteração dessa lei em 2008, foi criada a figura 
do MEI, facilitando ainda mais o processo de abertura de negócios e reduzindo 
o ônus tributário sobre os empresários individuais. A empresa de médio porte 
não é abrangida pela Lei Complementar n. 123/2006, pois seu faturamento bruto 
anual supera R$ 4.800.000,00 e é menor ou igual a R$ 300.000.000,00. 
Segundo Lemes e Pisa (2019, p. 244), o Brasil possui uma legislação rica 
e avançada no âmbito de organizações societárias e tem sido inovador na 
desburocratização dos processos de abertura de empresas, na simplificação da 
apuração e recolhimento de tributos e na redução da carga tributária das MPEs. 
No entanto, mesmo com as facilidades de abertura de empresas disposta 
na Lei Complementar n. 123/2006, o empreendedor brasileiro ainda persiste na 
informalidade. Em um primeiro momento, a informalidade pode ser atrativa, mas 
conforme a empresa cresce, passa a ser conhecida e ganha mercado, isso será 
mais uma dificuldade do que uma comodidade. Uma empresa informal não 
possui CNPJ, nota fiscal, qualquer documentação, que lhe permita negociar com 
médias e grandes empresas ou participar de licitações públicas, dentre outras 
situações (Lemes Jr.; Pisa, 2019, p. 244). 
Agora vamos conhecer as obrigatoriedades contábeis e tributárias 
(obrigações acessórias) para MEI, ME e PMES. 
1.1 Obrigações contábeis e tributárias para MEI 
De acordo com a Lei Complementar n. 123/2006, especificamente nos 
arts. 18-A a 18-C, para um empreendedor se enquadrar como 
Microempreendedor Individual (MEI), ele deve ter uma receita bruta anual igual 
ou inferior a R$ 81.000,00, no máximo um empregado que receba 
exclusivamente um salário-mínimo ou o piso salarial da categoria profissional, 
não ter participação como sócio ou titular em outra empresa, e exercer uma 
 
 
4 
atividade permitida pela legislação (Brasil, 2006). Se o empreendedor não iniciar 
suas atividades em janeiro, o limite da receita bruta anual será proporcional aos 
meses restantes do ano. 
O empreendedor que atender a essas condições pode se formalizar 
gratuitamente no Portal do Empreendedor. Nesse processo, ele obtém o CNPJ, 
número de inscrição na Junta Comercial, número de inscrição no INSS e o 
documento de alvará que equivale ao alvará de funcionamento, tudo de forma 
instantânea, gerando um documento único chamado Certificado da Condição de 
Microempreendedor Individual – CCMEI. 
O processo de formalização não tem nenhum custo associado. No 
entanto, após a formalização, o MEI passa a recolher mensalmente os seguintes 
valores a partir de maio de 2023: R$ 66,00 para a Previdência Social 
(correspondente a 5% do salário-mínimo reajustado anualmente); R$ 1,00 fixo 
por mês para o Estado (ICMS) se a atividade for comércio ou indústria; e R$ 5,00 
fixos por mês para o Município (ISS) se a atividade for de prestação de serviços. 
Esses valores são pagos por meio de um único documento chamado DAS 
(Documento de Arrecadação do Simples Nacional), conforme estabelecido na 
Lei Complementar n. 123/2006. No Quadro 1, é possível observar os valores a 
serem recolhidos para cada atividade no ano de 2023. 
Quadro 1 – DAS MEI 2023 
Atividade INSS ISS e ICMS TOTAL 
Comércio e indústria R$ 66,00 R$ 1,00 R$ 67,00 
Serviços R$ 66,00 R$ 5,00 R$ 71,00 
Comércio/indústria e serviços R$ 66,00 R$ 6,00 R$ 72,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Assim, mesmo que o MEI não tenha faturamento mensal, ele deve 
recolher os valores fixos mensais informados no Quadro 1 aos cofres públicos. 
O DAS é emitido pelo Portal do Empreendedor ou pelo aplicativo do MEI. Em 
relação aos aspectos fiscais, o MEI está dispensado de emitir nota fiscal para 
consumidores pessoa física (CPF), mas é obrigado a emitir nota fiscal quando 
vender para destinatários pessoa jurídica (CNPJ). 
Saiba mais 
Outra obrigação fiscal do MEI é a declaração anual, que pode ser 
entregue pelo próprio MEI no Portal do Empreendedor: 
 
 
5 
DECLARAÇÃO Anual de Faturamento – DASN. Portal do 
Empreendedor, S.d. Disponível em: <https://www.gov.br/empresas-e-
negocios/pt-br/empreendedor/servicos-para-mei/declaracao-anual-de-
faturamento>. Acesso em: 29 jun. 2023. 
É importante destacar que o MEI (pessoa jurídica) e o empreendedor 
(pessoa física) são pessoas distintas e devem enviar a declaração nos prazos 
estabelecidos. A distribuição de lucros da pessoa jurídica para a pessoa física 
segue a mesma regra aplicada às empresas optantes pelo lucro presumido, 
conforme disposto na Lei n. 9.249/1995 (art. 15) e Lei n. 9.430/1996 (art. 1º e 25, 
Inciso I). 
Vamos considerar a seguinte situação: um MEI obteve uma receita de R$ 
80.000,00 em suas atividades comerciais, e suas despesas operacionais 
totalizaram R$ 20.000,00, resultando em um lucro de R$ 60.000,00. Como o MEI 
não realiza escrituração contábil, é necessário calcular o lucro que pode ser 
distribuído de forma isenta do imposto sobre a renda. Para isso, devemos 
multiplicar a receita bruta anual da atividade pelo percentual de presunção do 
lucro presumido, que é de 8% para a atividade comercial. Assim, temos R$ 
80.000,00 x 8% = R$ 6.400,00. Caso o MEI opte por apresentar a Declaração de 
Ajuste Anual (embora não seja obrigatório apenas com esses rendimentos), ele 
deverá informar o valor de R$ 6.400,00 como rendimentos isentos e não 
tributáveis. 
Em relação às obrigações contábeis, o MEI não é obrigado a realizar a 
contabilidade formal, como o livro diário, o livro razão e o livro caixa, conforme 
determina o Código Civil, art. 1.179, parágrafo 2º (regulação contábil e tributária) 
(Brasil, 2002). No entanto, o empreendedor tem a obrigação tributária de 
registrar mensalmente o total de suas receitas em um formulário simplificado, de 
acordo com o Anexo XII da Resolução CGSN 140/2018 (Brasil, 2018). 
Saiba mais 
O formulário está disponível no Portal do Empreendedor: 
RELATÓRIO Mensal de Receitas Brutas. Portal do Empreendedor, S.d. 
Disponível em: <https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-
br/empreendedor/servicos-para-mei/relatorio-mensal>. Acesso em: 29 jun. 2023. 
Caso o empreendedor (pessoa física) opte por contratar um profissional 
contábil para manter a contabilidade do MEI (pessoa jurídica) em ordem, 
gerando os livros comerciais devidamente registrados no órgão competente, 
 
 
6 
assim como ocorre com as demais empresas optantes por outros regimes 
tributários (RIR/2018, art. 35 inciso IV), a distribuição de lucros para oempreendedor será realizada de forma isenta e sem qualquer imposto adicional, 
conforme previsto na Lei Complementar n. 123/2006, art. 14 (Brasil, 2006), e na 
Resolução CGSN n. 140/2018, art. 145, parágrafo 3º (Brasil, 2018). Além disso, 
uma contabilidade adequada proporciona uma gestão financeira de qualidade, 
ou seja, o MEI pode acompanhar de perto seus resultados, identificar 
oportunidades de melhorias e otimizar o desempenho financeiro da organização. 
Dentre as vantagens do MEI, destacam-se a facilidade no processo de 
abertura da empresa, com menos burocracia e custos reduzidos; o custo mensal 
fixo e simplificado da tributação; a declaração anual simplificada, o que diminui 
a carga de trabalho contábil; a cobertura previdenciária do INSS, que oferece 
benefícios como aposentadoria, auxílio doença, auxílio maternidade, auxílio 
reclusão para o empreendedor (pessoa física) e pensão por morte para a família; 
a possibilidade de contratar um empregado para auxiliar no crescimento do 
negócio; o acesso facilitado a crédito e linhas de financiamento; além da 
dispensa da obrigatoriedade de contabilidade para o MEI (pessoa jurídica) e 
emissão de nota fiscal em algumas situações. 
No entanto, apesar das diversas vantagens, o MEI também apresenta 
algumas desvantagens. O faturamento é limitado a R$ 81.000,00 por ano, o que 
pode restringir o crescimento do negócio. Caso o valor do faturamento anual 
ultrapasse o limite em até 20%, atingindo R$ 97.200,00 de faturamento no ano, 
o MEI deverá fazer a transição de sua condição de MEI para uma Microempresa 
(ME), cujo limite de faturamento anual é de até R$ 360.000,00. Além da mudança 
de categoria, será necessário efetuar o recolhimento do valor excedente por 
meio de um DAS complementar, emitido na Declaração Anual do Simples 
Nacional do MEI (DASN-SIMEI). Se o MEI ultrapassar o limite em mais de 20%, 
alcançando um valor superior a R$ 97.200,00, ocorrerá automaticamente a 
exclusão da categoria, e será realizada a cobrança retroativa de impostos sobre 
o valor total faturado durante o ano, com a aplicação das alíquotas de uma 
microempresa, acrescido de juros e multa (Lei Complementar n. 123/2006, art. 
18-A, parágrafo 7º, inciso III). 
Outra desvantagem em ser um MEI envolve o limite de contratação de 
funcionários, sendo permitido apenas um empregado. Ainda, a linha de crédito 
disponível para o MEI também pode ser reduzida em comparação a outras 
 
 
7 
categorias de empresa, o que pode dificultar o acesso a financiamentos. Outro 
ponto a ser considerado é que, se a pessoa física (CPF) que tiver MEI também 
estiver atuando profissionalmente em regime CLT for dispensado, ele não terá 
direito ao seguro-desemprego, uma vez que o governo considera que o MEI 
possui outra fonte de renda. 
Com suas vantagens e desvantagens, o MEI é uma oportunidade para 
que os empreendedores tenham um respaldo social. Na sequência, vamos 
conhecer as obrigações contábeis e tributárias para as microempresas, outro 
enquadramento de empresa. 
1.2 Obrigações contábeis e tributárias para ME 
Assim como o MEI, a ME também segue as regras da Lei Complementar 
n. 123/2006 em virtude do enquadramento por porte, porém possui obrigações 
contábeis e tributárias diferentes. Mas qual é a principal diferença entre o MEI e 
a ME? 
O MEI é aquele que tem uma receita bruta anual igual ou inferior a R$ 
81.000,00, enquanto a ME é aquela com uma receita bruta anual igual ou inferior 
a R$ 360.000,00. Enquanto o MEI recolhe um valor fixo mensal, a ME pode optar 
por diferentes regimes tributários, como o Simples Nacional, Lucro Presumido 
ou Lucro Real, dependendo do resultado do planejamento tributário. 
As obrigações tributárias estão diretamente relacionadas ao regime de 
tributação. Vamos analisar, inicialmente, as obrigações tributárias principais 
(arrecadação) das microempresas optantes pelo Simples Nacional. No Simples 
Nacional, o contribuinte (ME) deve recolher mensalmente, em um único 
Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), os seguintes tributos: 
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), Imposto sobre Produtos 
Industrializados (IPI), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), 
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Programa 
de Integração Social e Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público 
(PIS/Pasep), Contribuição Previdenciária Patronal (CPP), Imposto sobre 
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Imposto Sobre Serviços (ISS). 
O valor arrecadado mensalmente pelo Simples Nacional será 
determinado mediante aplicação das alíquotas efetivas, calculadas com base 
nas alíquotas nominais constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei 
Complementar n. 123/2006. 
 
 
8 
Vamos supor que uma empresa comercial obtenha mensalmente receita 
bruta igual a R$ 130.000,00. Você pode visualizar a apuração da alíquota efetiva 
e do DAS no Quadro 2. 
Quadro 2 – Exemplo de apuração do Simples Nacional – Comércio 
Faturamento mensal R$ 130.000,00 
Receita bruta acumulada 12 meses R$ 1.560.000,00 
Anexo I – alíquota nominal 10,7% 
Valor a deduzir R$ 22.500,00 
Alíquota efetiva 
(1.560.000,00 𝑥 10,7%) − 22.500,00
1.560.000,00
=
166.920
1.560.000.00
= 0,0926 𝑥 100 = 9,26% 
 
Valor a pagar no DAS (R$ 130.000,00 x 
9,26%) 
R$ 12.035,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Vamos considerar o caso em que a mesma empresa optou pelo regime 
tributário do Lucro Presumido. De acordo com a Lei n. 12.814, de 16 de maio de 
2013, ela pode escolher esse regime, uma vez que o limite de receita bruta total 
anual é de R$ 78.000.000,00 ou R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de 
meses de atividade do ano-calendário anterior (Brasil, 2013). 
Uma característica principal desse regime é a presunção da base de 
cálculo do IRPJ e CSLL, que leva em consideração a atividade exercida pela 
empresa, conforme previsto no art. 592 do Regulamento do Imposto de Renda 
de 2018 (RIR/2018) e no art. 22 da Lei n. 10.684, de 30 de maio de 2003. O 
recolhimento é feito trimestralmente e o pagamento da primeira parcela dos 
tributos é considerado pelo Fisco como a escolha pelo Lucro Presumido. A 
apuração do ICMS ocorre mensalmente pelo regime não cumulativo, de acordo 
com a legislação de cada Estado. A apuração do PIS/Pasep e da Cofins é feita 
pelo regime cumulativo, aplicando-se as alíquotas de 0,65% e 3%, 
respectivamente, sobre a receita bruta mensal. 
No regime tributário do Lucro Real, a base de cálculo para apuração do 
IRPJ e da CSLL é o lucro real, ou seja, o lucro contábil ajustado pelas adições e 
exclusões definidas no RIR/2018. Também é possível realizar a compensação 
de prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores, limitado a 30% do lucro 
real antes da compensação. A legislação permite apurar o lucro real 
trimestralmente ou anualmente. O ICMS, PIS/Pasep e Cofins devem ser 
apurados mensalmente pelo regime não cumulativo. As empresas que faturarem 
 
 
9 
mais que R$ 78.000.000,00 estão automaticamente obrigadas a apuração pelo 
Lucro Real, conforme disposto no art. 257 do RIR/2018, sendo facultativo para 
as demais empresas. 
Assim, observa-se que o MEI realmente possui um ônus tributário menor 
em relação às empresas que optam pelo regime tributário do Simples Nacional, 
Lucro Presumido e Lucro Real. Os únicos tipos de empresas que podem aderir 
ao Simples Nacional são as MEs e EPPs, porém ME e EPP podem optar pelo 
Lucro Presumido ou pelo Lucro Real. 
As obrigações tributárias acessórias variam em função do regime 
tributário e da atividade desenvolvida pela empresa. Assim, o profissional 
contábil deve analisar a legislação vigente para cumprir com essas obrigações. 
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações (Lei das S.A.), Lei n. 
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e suas alterações posteriores, no art. 176, é 
estabelecido que as empresas, com exceção do MEI, são obrigadas a apresentar 
as seguintesdemonstrações contábeis ao fim de cada exercício social: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA); 
c. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
d. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); 
e. Se companhia aberta, Demonstração do Valor Adicionado (DVA); 
f. Notas Explicativas (NE) (Brasil, 1976). 
A Lei das S.A., art. 176, parágrafo 6o, ainda determina que a empresa de 
capital fechado, cujo patrimônio líquido na data do balanço seja inferior a R$ 
2.000.000,00, não terá a obrigação de elaborar e publicar a demonstração dos 
fluxos de caixa (Brasil, 1976). Cada demonstração possui normas específicas 
para sua elaboração. Agora vamos estudar as obrigações contábeis e tributárias 
para as PMEs. 
1.3 Obrigações contábeis e tributárias para PMES 
As Empresas de Pequeno Porte (EPP) são aquelas que auferem receita 
bruta anual maior a R$ 360.000,00 e menor ou igual a R$ 4.800.000,00. 
Considerando essa faixa de faturamento anual (receita bruta anual), elas se 
enquadram nas regras dispostas na Lei Complementar n. 123/2006 e podem 
 
 
10 
optar pelo regime tributário do Simples Nacional ou optar pelos regimes 
tributários do Lucro Presumido (Lei n. 12.814/2013) e Lucro Real (RIR/2018). 
Em contrapartida, as médias empresas não se enquadram nas regras 
estabelecidas pela Lei Complementar n. 123/2006, pois o faturamento bruto 
anual dessas empresas é maior que R$ 4.800.000,00 e menor ou igual a R$ 
300.000.000,00. Desta forma, elas só podem escolher entre o Lucro Presumido 
e o Lucro Real. 
A lógica de tributação (obrigações principais) das PMEs em relação ao 
regime tributário é a mesma lógica das microempresas. No regime tributário do 
Simples Nacional, o valor arrecadado mensalmente será determinado em função 
da aplicação das alíquotas efetivas, calculadas com base nas alíquotas nominais 
constantes das tabelas dos Anexos I a V desta Lei Complementar 123/2006. 
No Lucro Presumido, a base de cálculo do IRPJ e CSLL é presumida de 
acordo com a atividade exercida pela empresa. A apuração do ICMS ocorre 
mensalmente pelo regime não cumulativo e em conformidade com a legislação 
de cada Estado. A apuração do PIS/Pasep e da Cofins se dá pelo regime 
cumulativo, aplicando-se as alíquotas de 0,65% e 3%, respectivamente, sobre a 
receita bruta mensal. 
No regime tributário do Lucro Real, a base de cálculo para apuração do 
IRPJ e da CSLL é o lucro real, ou seja, o lucro contábil ajustado pelas adições e 
exclusões definidas no RIR/2018, sendo possível realizar a compensação de 
prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores, limitado a 30% do lucro real 
antes da compensação. A legislação permite apurar o lucro real trimestralmente 
ou anualmente. O ICMS, PIS/PASEP e Cofins devem ser apurados 
mensalmente pelo regime não cumulativo. 
As obrigações acessórias (declarações) das empresas podem variar de 
acordo com o regime tributário e a atividade desenvolvida pela empresa. Assim, 
as empresas devem cumprir as legislações vigentes. 
As demonstrações contábeis obrigatórias para as PMEs, assim como para 
as ME, estão relacionadas na Lei n. 6.404/76, art. 176 (Brasil, 1976). As regras 
para elaboração das demonstrações contábeis podem ser encontradas no CPC 
PME aderida pelo Conselho Federal de Contabilidade mediante divulgação da 
NBC TG 1000 (R1) (Norma Brasileira de Contabilidade Técnica Geral 1000 
(Revisão 1)). Enquanto a NBC TG 1000 (R1) equivale ao CPC PME, que é o 
conjunto de normas contábeis aplicadas as médias empresas, a NBC TG 1001 
 
 
11 
é destinada para as pequenas empresas e a NBC TG 1002 é destinada para as 
microentidades. 
Agora vamos estudar com mais detalhes a Lei Complementar n. 
123/2006, que trata das questões tributárias e societárias das MPEs, e as 
normas técnicas de contabilidade NBCs 1001 e 1002 que estabelecem os 
critérios e procedimentos contábeis para essas empresas. 
TEMA 2 – LC 123 – REGRAS SOCIETÁRIAS PARA ME 
A Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, também conhecida como 
Estatuto Nacional das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, foi 
estabelecida pela Lei Complementar n. 123/2006, ou LC 123/2006. Essa 
legislação definiu normas gerais, tanto societárias quanto tributárias, que visam 
proporcionar tratamento diferenciado e favorecido às Microempresas (ME) e às 
Empresas de Pequeno Porte (EPP) em âmbito federal, estadual, distrital e 
municipal, em conformidade com os arts. 146, 170 e 179 da Constituição Federal 
(Lemes Jr.; Pisa, 2019). 
De acordo com Lemes Jr. e Pisa (2019), a Lei Geral das Micro e Pequenas 
Empresas trouxe diversos benefícios, como a unificação do regime de tributação 
e simplificação das obrigações fiscais acessórias, redução do ônus tributário em 
receitas de exportação e substituição tributária, desobrigação de certas 
obrigações trabalhistas e previdenciárias, facilidade no processo de abertura, 
alteração e encerramento de MPEs, simplificação do acesso ao crédito e 
mercado, prioridade nas compras públicas, incentivo à inovação tecnológica, 
estímulo ao associativismo e consórcios, regulamentação do pequeno 
empresário, parcelamento de dívidas tributárias para enquadramento no Simples 
Nacional, entre outros benefícios. 
Dessa forma, a Lei Geral das MPEs passou a contribuir efetivamente com 
a construção de um ambiente sustentável para o desenvolvimento e crescimento 
dos pequenos negócios. A categoria de Microempresário Individual (MEI), que 
não se enquadra como ME ou EPP, foi criada com base na alteração da LC 
123/2006 realizada por meio da Lei Complementar n. 128, de 19 de dezembro 
de 2008. O MEI possui benefícios mais amplos que as MPEs, entre os quais a 
garantia de que todos os custos relacionados à abertura, alvará, funcionamento, 
alterações, entre outros, estão reduzidos a zero. 
 
 
12 
Mas quais são as regras societárias relativas às microempresas dispostas 
na LC n. 123/2006? 
A Lei Complementar n. 123/2006, em seu art. 3º, parágrafo 4º, estabelece 
algumas regras e limites no âmbito societário para as microempresas e 
empresas de pequeno porte do Simples Nacional, como descrito a seguir: 
1. Não pode ter participação de outras empresas em seu capital; 
2. Não pode ter sede no exterior ou filial, sucursal, agência ou representação 
no país; 
3. Sócio (pessoa física) pode participar do capital de outras empresas do 
Simples Nacional desde que o faturamento bruto anual não ultrapasse R$ 
4.800.000,00; 
4. Sócio (pessoa física) com até 10% de participação em empresa fora do 
Simples Nacional não tem o faturamento somado como critério de 
impedimento, mas acima de 10% é somado e não pode ultrapassar R$ 
4.800.000,00; 
5. Sócio ou titular (pessoa física) que atuar como administrador em outra 
empresa terá a receita bruta global somada, não podendo ultrapassar R$ 
4.800.000,00; 
6. Empresa constituída como cooperativa, exceto cooperativas de consumo, 
não pode aderir ao Simples Nacional; 
7. A empresa do Simples Nacional não pode ser sócia do capital de outra 
pessoa jurídica; 
8. Empresas que desenvolvam atividades específicas, como instituições 
financeiras, não podem fazer parte do Simples Nacional; 
9. Empresas que tenham realizado cisão, fusão ou incorporação nos últimos 
cinco anos não podem fazer parte do Simples Nacional; 
10. Sociedades por ações não podem aderir ao Simples Nacional; 
11. Sócio ou titular não pode ter relação de pessoalidade, subordinação e 
habitualidade com o contratante do serviço, como no caso de pejotização 
(Brasil, 2006). 
Considerando os benefícios de ser enquadrado no Simples Nacional, é 
fundamental compreender as regras societárias. A seguir, conheceremos as 
regras tributárias aplicáveis às empresas de pequeno porte que possuem um 
tratamento jurídico diferenciado previsto na LC n. 123/2006. 
 
 
13 
TEMA 3 – LC 123 - REGRAS TRIBUTÁRIAS PARA EPP 
A principal diferença entre as ME e EPP compreendeo limite máximo que 
cada uma delas pode faturar anualmente. Segundo a LC n. 123/2006, uma ME 
pode faturar até R$ 360.000,00 por ano, enquanto uma EPP deve ter um 
faturamento anual entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00. O faturamento bruto 
ou receita bruta corresponde ao valor total obtido pela empresa com a venda de 
bens e serviços, antes dos descontos referentes a despesas e tributos. 
As MEs e as EPPs que se enquadram nesses limites podem aderir a um 
a um regime tributário simplificado, denominado de Simples Nacional, que é um 
regime exclusivo para MEs e EPPs. O cálculo do tributo a pagar mensalmente é 
realizado com base no faturamento bruto da empresa por meio do DAS, 
conforme estudado anteriormente. 
A adesão ao Simples Nacional é facultativa, visto que as MEs e EPPs 
também podem optar pelo Lucro Presumido ou Lucro Real. No Lucro Presumido, 
o cálculo do IRPJ e da CSLL é feito com base no lucro presumido, ou seja, aplica-
se percentuais de presunção sobre a receita bruta trimestral. No Lucro Real, o 
lucro líquido contábil é ajustado a fim de aplicar as alíquotas do IRPJ e da CSLL. 
A natureza jurídica das MEs e EPPs também é um dos critérios para aderir 
ao regime tributário do Simples Nacional. Enquanto o porte está associado ao 
faturamento da empresa, a natureza jurídica define as regras de abertura e 
direitos dos sócios. 
A LC n. 123/2006, art. 3º, determina que, para se enquadrar no Simples 
Nacional, as MEs e as EPPs devem ter natureza jurídica de Sociedade Limitada, 
Empresário Individual ou Sociedade Simples (Brasil, 2006). Mas o que quer dizer 
cada uma dessas naturezas jurídicas? 
A Sociedade Limitada é uma forma de sociedade contratual que pode ser 
de pessoas ou de capital, conforme definido no contrato social. O contrato social 
de uma Sociedade Limitada de pessoas inclui cláusulas de controle para a 
entrada de terceiros estranhos à sociedade, por exemplo, condicionar a cessão 
de cotas sociais à aprovação dos demais cotistas ou proibir a sucessão dos 
herdeiros por morte de um sócio. Se o contrato social não estabelecer restrições 
à entrada de terceiros, seja por sucessão ou cessão de cotas, então a Sociedade 
Limitada será considerada de capital (Vido, 2022, p. 85). 
 
 
14 
O Empresário Individual é uma pessoa física que exerce uma atividade 
empresarial sem ter sócios. Nesse caso, o empresário assume o risco total pela 
atividade exercida, ou seja, não há separação entre o patrimônio empresarial e 
pessoal. Portanto, em caso de dívidas empresariais ou pessoais, o patrimônio 
único do empresário pode ser utilizado para responder por tais obrigações (Vido, 
2022). 
A Sociedade Simples é uma forma de sociedade utilizada para atividades 
que não são consideradas empresariais, como é o caso de sociedades formadas 
por profissionais intelectuais. Por exemplo, consultórios médicos, escritórios de 
advocacia e atividades similares podem optar pela constituição de uma 
Sociedade Simples (Vido, 2022). 
Diante disso, ao aderir ao Simples Nacional, a empresa deve identificar 
as tabelas de apuração dos tributos. O Simples Nacional dispõe de cinco anexos 
diferentes e cada anexo possui tabelas especificas para apuração do DAS. O 
Anexo I é aplicado na atividade comercial, o Anexo II é utilizado na atividade 
industrial, o Anexo III é empregado nas receitas de locação de bens móveis e de 
prestação de serviços não relacionados no parágrafo 5º-C do art. 18 da LC 
123/2006, o Anexo IV é aplicado nas receitas decorrentes da prestação de 
serviços relacionados no parágrafo 5º-C do art. 18 da LC 123/2006 e o Anexo V 
é empregado nas receitas decorrentes da prestação de serviços relacionados no 
parágrafo 5º-I do art. 18 da LC 123/2006 (Brasil, 2006). 
Agora que compreendemos o aspecto tributário das micro e pequenas 
empresas com mais profundidade, vamos conhecer os aspectos contábeis. As 
NBCs TG 1001 e 1002 são as normas destinadas para as microentidades e 
pequenas empresas. 
TEMA 4 – NBC TG 1002 – REGRAS CONTÁBEIS PARA ME 
 A NBC TG 1002 entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2023, 
revogando a ITG 1000. Essa norma contábil é aplicada às microentidades. De 
acordo com a norma, as microentidades são aquelas empresas com finalidade 
de lucros, que possuem receita bruta anual de até R$ 4.800.000,00. Para o 
Conselho Federal de Contabilidade, as microentidades compreendem as 
microempresas e empresas de pequeno porte descritas na legislação fiscal. As 
microentidades que ultrapassarem o limite de receita bruta anual de R$ 
 
 
15 
4.800.000,00 por dois anos seguidos passarão, obrigatoriamente, a seguir a 
NBC TG 1001. 
De acordo com a NBC TG 1002, as demonstrações contábeis têm o 
objetivo de apresentar informações sobre a posição financeira (balanço 
patrimonial) e o desempenho (resultado) da empresa. Para isso, as informações 
devem atender unicamente às características qualitativas (princípios gerais) da 
compreensibilidade, relevância (materialidade), confiabilidade, prudência e 
comparabilidade. 
As demonstrações contábeis obrigatórias para as microentidades são o 
Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e 
a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) e devem ser 
apresentadas de forma comparativa às demonstrações do ano anterior (NBC TG 
1002). É importante observar que as contas são denominadas de forma diferente 
nas microentidades quando comparadas às pequenas e médias empresas. Por 
exemplo, nas microentidades temos no BP as contas caixa e bancos e nas 
pequenas empresas temos disponibilidades. 
A NBC TG 1002 também trata de mudanças de políticas contábeis, 
mudanças de estimativas e retificação de erros, tratamento contábil de 
instrumentos financeiros, estoques, investimentos, imobilizado, intangível, 
arrendamentos e aluguéis, passivos e provisões, patrimônio líquido, receitas, 
despesas financeiras, benefícios a empregados e administradores, tributos 
sobre o lucro e transações em moeda estrangeira. Na sequência, vamos ver 
algumas particularidades para esse tipo de empresa. 
Os estoques podem ser avaliados pelo método do Primeiro a Entrar, 
Primeiro a Sair (PEPS), ou pelo método do custo médio ponderado, de forma 
consistente ao longo do tempo e aplicado da mesma forma para estoques de 
natureza e uso parecido (NBC TG 1002). O método Último a Entrar, Primeiro a 
Sair (UEPS) não pode ser utilizado para fins contábeis por essas entidades, 
diferentemente do que ocorre nas grandes empresas. Para fins tributários, o 
método UEPS não pode ser aplicado. 
Os investimentos societários realizados por microentidades devem ser 
avaliados exclusivamente pelo método de custo, não sendo aplicável o método 
de equivalência patrimonial. Desta forma, os lucros distribuídos por essas 
entidades investidas serão reconhecidos como receitas de dividendos ou de 
lucros recebidos. Se houver uma clara desvalorização do investimento, essa 
 
 
16 
perda deve ser registrada como um débito no resultado (NBC TG 1002). A 
restrição do uso da equivalência patrimonial é aplicada apenas para as 
microentidades. 
O imobilizado nas microentidades inclui propriedade para investimento. A 
propriedade para investimento consiste na propriedade física, como um terreno 
que o proprietário mantém para ter rendas e/ou valorizar o capital (NBC TG 
1002). Vamos observar que o registro da propriedade para investimento ocorre 
da mesma forma nas pequenas empresas e difere das médias empresas. 
Os bens do ativo imobilizado devem ser reconhecidos pelo custo de 
aquisição e devem ser depreciados pelo método da linha reta, considerando o 
prazo de vida útil definido pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil. 
Caso uma alternativa diferente proporcione uma apresentação do balanço e um 
desempenho substancialmente melhores, ela poderá ser adotada. As partes e 
peças de substituição nas microentidades devem ser contabilizadascomo 
despesa do período em que ocorrer a substituição (NBC TG 1002). Vamos ver 
que o reconhecimento das partes e peças de substituição nas médias empresas 
recebe um tratamento diferenciado. 
O ativo intangível deve ser contabilizado pelo custo de aquisição, o qual 
compreende o preço de compra à vista, os tributos não recuperáveis e demais 
custos diretamente associados à compra. Os gastos com pesquisa e 
desenvolvimento devem ser reconhecidos como despesa. A amortização do 
ativo intangível deve ocorrer no prazo máximo de 5 anos, sendo iniciada quando 
o ativo estiver disponível para uso ou quando o projeto estiver concluído (NBC 
TG 1002). Vamos observar que o prazo limite de amortização nas pequenas 
empresas difere das microentidades. 
De acordo com a NBC TG 1002, as contraprestações dos arrendamentos 
em microentidades são contabilizadas como despesa pelo arrendatário e como 
receita pelo arrendador, sem distinção entre arrendamento operacional e 
arrendamento financeiro. O mesmo tratamento é dado às pequenas empresas. 
As microentidades devem reconhecer as receitas quando transferirem 
para o comprador os riscos e benefícios do ativo, puderem mensurar a receita 
com confiabilidade e for provável seu recebimento. No entanto, elas podem, por 
expediente prático, reconhecer as receitas no momento da emissão da nota 
fiscal, desde que representem adequadamente a posição patrimonial e o 
 
 
17 
desempenho da empresa (NBC TG 1002). O expediente prático se aplica apenas 
às microentidades. 
De acordo com a NBC TG 1002, as microentidades devem apresentar a 
despesa com tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) na Demonstração do 
Resultado do Exercício (DRE) antes do resultado líquido do exercício, caso 
sejam optantes pelo Lucro Real e Lucro Presumido (CFC, 2021b). Porém, se 
forem optantes pelo Simples Nacional, os tributos podem ser evidenciados como 
dedução da receita bruta. Essa opção de reconhecimento dos tributos sobre o 
lucro pelo Simples Nacional é tratada como expediente prático para as pequenas 
empresas. 
As normas de contabilidade aplicadas às microentidades são mais 
simples do que as normas aplicadas às demais entidades. Em seguida, 
analisaremos as normas aplicadas às pequenas empresas. 
TEMA 5 – NBC TG 1001 – REGRAS CONTÁBEIS PARA EPP 
A NBC TG 1001 entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2023. Essa 
norma contábil é aplicada às pequenas empresas que antes eram objeto de 
estudo da NBC TG 1000. De acordo com a norma, as pequenas empresas são 
aquelas empresas com finalidade de lucros, com receita bruta anual acima de 
R$ 4.800.000,00 até R$ 78.000.000,00. Na legislação fiscal, as empresas que 
se encontram dentro dessa faixa de faturamento são classificadas como 
empresas de médio porte. As empresas de pequeno porte que ultrapassarem o 
limite da receita bruta anual de R$ 78.000.000,00 por dois anos seguidos 
passarão, obrigatoriamente, a seguir a NBC TG 1000 (R1). 
De acordo com a NBC TG 1001 (CFC, 2021a), o limite de R$ 4.800.000,00 
está vinculado ao inciso II do art. 3º da Lei Complementar n 123/2006 (Simples 
Nacional) e o limite de R$ 78.000.000,00 está associado ao art. 13 da Lei n. 
9.718/1998 (Lucro Presumido). Se o limite das referidas Leis for alterado, 
considera-se também alterado o limite da Norma. 
A NBC TG 1001 não pode ser aplicada de forma parcial, exceto quando 
não houver tratamento contábil específico para determinada situação. Então, se 
a NBC TG 1001 não especificar como contabilizar um evento, o profissional 
contábil deve recorrer à NBC TG 1000 (R1) e se a NBC TG 1000 (R1) não 
descrever como contabilizar, o profissional contábil deve adotar os CPCs de 
maneira geral. 
 
 
18 
A NBC TG 1001 não se aplica às entidades que possuem 
responsabilidade pública de prestação de contas, como é o caso das 
companhias abertas e das instituições financeiras que precisam prestar contas 
à Comissão de Valores Mobiliários. 
O objetivo das demonstrações contábeis, segundo a NBC TG 1001, é 
apresentar informações sobre a situação patrimonial e financeira (BP), o 
desempenho (DRE) e os fluxos de caixa da entidade, assim como informações 
qualitativas em notas explicativas e relatórios adicionais que contribuem para a 
tomada de decisões dos usuários. Dessa forma, as demonstrações contábeis 
obrigatórias para as empresas de pequeno porte são as seguintes: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
c. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); 
d. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); 
e. Notas Explicativas (NE), contendo o resumo das políticas contábeis mais 
relevantes e outras informações explanatórias. 
As informações das demonstrações contábeis devem conter as 
características qualitativas (princípios gerais) da compreensibilidade, relevância 
(materialidade), confiabilidade, primazia da essência sobre a forma, prudência e 
comparabilidade. A NBC TG 1001, em relação à NBC TG 1002, introduziu o 
princípio da primazia da essência sobre a forma, registrando os eventos com 
base na essência, e não apenas na sua forma legal, por exemplo, na 
depreciação mensal com base na vida útil real do bem. Agora vamos entender 
mais algumas particularidades para esse tipo de empresa. 
A entidade deve apresentar no BP os grupos do ativo circulante e não 
circulante, passivo circulante e não circulante e patrimônio líquido de forma 
separada, assim como ocorre com os demais tipos de empresa. No entanto, as 
contas que compõem o balanço recebem denominações diferentes das 
microentidades e que devem ser observadas nas normas. Por exemplo, as 
microentidades devem registrar a conta caixa e bancos no ativo circulante, 
enquanto as pequenas empresas devem registrar a conta Disponibilidades. Em 
contrapartida, para as médias empresas, é adotada a denominação Caixa e 
Equivalentes de Caixa. 
Na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), as despesas são 
agrupadas por função e não por natureza, o que significa que a empresa não 
 
 
19 
precisa especificar na demonstração quais são as despesas administrativas 
(como pessoal, materiais, depreciações, entre outros). A entidade tem a opção 
de fornecer informações adicionais por meio de notas explicativas (NBC TG 
1001). Ainda, nas pequenas empresas, a DRE deve iniciar com a receita líquida, 
e as informações anteriores (receita bruta e deduções e abatimentos) podem ser 
explicadas nas notas explicativas, pois essas entidades são obrigadas a elaborar 
essas notas. Em contrapartida, as microentidades devem começar a DRE com 
a informação da receita bruta, e a demonstração é apresentada de forma mais 
detalhada, uma vez que não é obrigatória a elaboração das notas explicativas. 
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) pode ser 
substituída pela Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA). 
Isso ocorre quando há apenas movimentação das contas de lucros e prejuízos 
acumulados, ou seja, quando não há integralização de capital ou movimentação 
de contas entre reservas (NBC TG 1001). 
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) deve ser apresentada pelo 
método indireto, baseando-se no resultado líquido do período e analisando a 
movimentação das contas patrimoniais e de resultado. A DFC deve detalhar os 
fluxos de atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos. A NBC 
TG 1001 especifica, por exemplo, que os juros e dividendos recebidos devem 
ser lançados nas atividades de investimentos e os juros e dividendos pagos 
devem ser registros nas atividades de financiamos (CFC, 2021a). Essa é uma 
diferença importante da NBC TG 1000 (R1), pois as médias empresas devem 
analisar a característica da operação para realizar o registro. 
As Notas Explicativas (NEs) devem conter apenas informações relevantes 
aos usuários e podem ser apresentadas em ordem de maior relevância, maior 
risco ou agrupadas por função na estrutura patrimonial,com a obrigação de 
declarar a conformidade com a NBC TG 1001. As demonstrações devem ser 
apresentadas de forma comparativa às demonstrações do ano anterior. 
Os investimentos feitos por pequenas empresas devem obrigatoriamente 
ser avaliados pelo método da equivalência patrimonial, ao contrário das 
microempresas, que utilizam o método de custo para avaliar seus investimentos. 
A equivalência patrimonial consiste na atualização do valor do investimento com 
base em quaisquer mudanças no Patrimônio Líquido da empresa investida, 
levando em consideração a participação efetiva do investidor (Santos et al., 
2022, p. 99). 
 
 
20 
A propriedade para investimento das pequenas empresas recebe o 
mesmo tratamento contábil das microempresas, ou seja, é reconhecida como 
imobilizado pelo custo de aquisição, e o valor registrado não é ajustado ao valor 
justo ao longo do tempo (NBC TG 1001) (CFC, 2021a). 
O imobilizado nas pequenas empresas é reconhecido pelo custo de 
aquisição e deve ser depreciado pelo método da linha reta. A depreciação, ao 
contrário das microempresas, deve ser registrada com base na vida útil que 
melhor represente o uso do imobilizado, ou conforme definido pela Secretaria 
Especial da Receita Federal do Brasil (expediente prático) (NBC TG 1001) (CFC, 
2021a). 
As partes e peças de substituição do imobilizado nas pequenas empresas 
devem ser contabilizadas como despesa no período em que ocorrer a 
substituição, exceto quando as partes e peças adicionarem benefícios futuros à 
entidade. Nesse caso, a entidade deve adicionar o custo ao bem e baixar o valor 
contábil das partes substituídas contra o resultado (NBC TG 1001) (CFC, 2021a). 
Podemos observar que, nas pequenas empresas, há a opção de incluir as partes 
e peças de substituição como parte do ativo imobilizado, enquanto nas 
microentidades elas devem ser reconhecidas diretamente no resultado. 
Assim como nas microentidades, as pequenas empresas devem registrar 
os ativos intangíveis pelo custo de aquisição, e os gastos com pesquisa e 
desenvolvimento devem ser reconhecidos como despesa. No entanto, as 
pequenas empresas devem amortizar os intangíveis de acordo com o período 
de vigência dos direitos contratuais ou outros direitos legais. Caso a amortização 
não possa ser realizada com base nesses critérios, a vida útil estimada pela 
administração não deve ultrapassar o limite de dez anos, e somente poderá ser 
menor do que cinco anos se devidamente justificado (NBC TG 1001) (CFC, 
2021a). 
Conforme a NBC TG 1001, as contraprestações de arrendamentos de 
pequenas empresas devem ser contabilizadas como despesa pelo arrendatário 
e como receita pelo arrendador, independentemente de serem arrendamentos 
operacionais ou financeiros, assim como ocorre para as microentidades (CFC, 
2021a). 
A classificação de um instrumento como passivo ou patrimônio líquido 
deve refletir a essência do acordo contratual. Por exemplo, adiantamentos feitos 
pelos sócios para aumento de capital devem ser reconhecidos como patrimônio 
 
 
21 
líquido, uma vez que se entende que esses valores não serão revertidos. Ainda, 
a emissão de ações ou outros títulos patrimoniais, as ações ou quotas em 
tesouraria, reservas de capital e reservas de lucros devem ser reconhecidos no 
patrimônio líquido. Já os valores a serem distribuídos aos sócios devem ser 
reconhecidos como passivo (NBC TG 1001) (CFC, 2021a). 
O tratamento para os tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) na NBC TG 
1001 é semelhante à NBC TG 1002, ou seja, as entidades optantes pelo Lucro 
Real e Lucro Presumido devem apresentar os tributos sobre o lucro na DRE 
antes do resultado líquido do exercício. E, caso a pequena empresa seja optante 
pelo Simples Nacional, ela pode evidenciar os tributos como dedução da receita 
bruta. 
Diante desse contexto, a aplicação das normas contábeis pode ser 
resumida conforme apresentado no Quadro 3. 
Quadro 3 – Aplicação das normas contábeis 
Tipo de entidade Porte da entidade 
Norma a ser 
aplicada 
Alternativa permitida 
Empresas de 
grande porte 
(Sociedades por 
Ações) 
Ativo total > R$ 240 
milhões ou 
Receita bruta anual > 
R$ 300 milhões 1 
Todos os CPCs Não há 
Médias empresas 
Ativo total até R$ 240 
milhões ou 
Receita bruta anual 
entre R$ 78 milhões a 
R$ 300 milhões 
CPC PME (NBC TG 
1000 (R1)) 
Todos os CPCs 
Pequenas 
empresas 
Receita bruta anual 
entre R$ 4,8 milhões 
a R$ 78 milhões 
NBC TG 1001 
CPC PME (NBC TG 
1000 (R1)) ou 
Todos os CPCs 
Microempresas 
Receita bruta anual < 
R$ 4,8 milhões 
NBC TG 1002 
NBC TG 1001 ou 
CPC PME (NBC TG 
1000 (R1)) ou 
Todos os CPCs 
1. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007, art. 3º, parágrafo único 
Fonte: Lolatto, 2023. 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é responsável pela 
tradução das Normas Internacionais de Contabilidade, as IFRS (International 
Financial Reporting Standards). Os pronunciamentos emitidos são aplicados, na 
maioria das vezes, pelas empresas de grande porte, e quando as NBCs não 
abordarem determinado assunto. As normas são hierarquizadas de acordo com 
o conteúdo apresentado no Quadro 3, quarta coluna. 
 
 
22 
O profissional da contabilidade deve estar atento a todas as normas e as 
mudanças que ocorrem constantemente a fim de que as informações 
representam a real situação econômico-financeira da empresa. 
TROCANDO IDEIAS 
Vamos supor que você tenha uma indústria que produza produtos de 
higiene. A empresa está enquadrada como EPP pela LC 123/2006. Então, ao 
realizar um estudo sobre o regime tributário mais vantajoso, você identifica que 
o Simples Nacional gerará um ônus tributário menor. A indústria apresenta um 
faturamento bruto mensal de R$ 100.000,00 e deve aplicar o Anexo II da referida 
Lei. Sendo assim, apure o valor do DAS mensal a recolher com base nos dados 
apresentados a seguir: 
Quadro 4 – Alíquotas 
Receita Bruta em 12 Meses (em R$) Alíquota Valor a Deduzir (em R$) 
1a Faixa Até 180.000,00 4,50% - 
2a Faixa De 180.000,01 a 360.000,00 7,80% 5.940,00 
3a Faixa De 360.000,01 a 720.000,00 10,00% 13.860,00 
4a Faixa De 720.000,01 a 1.800.000,00 11,20% 22.500,00 
5a Faixa De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 14,70% 85.500,00 
6a Faixa De 3.600.000,01 a 4.800.000,00 30,00% 720.000,00 
Fonte: Brasil, 2006, Anexo II. 
Quadro 5 – Partilha do Simples Nacional 
Faixas 
Percentual de Repartição dos Tributos 
IRPJ CSLL Cofins PIS/Pasep CPP IPI ICMS 
1a Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 
2a Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 
3a Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 
4a Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 
5a Faixa 5,50% 3,50% 11,51% 2,49% 37,50% 7,50% 32,00% 
6a Faixa 8,50% 7,50% 20,96% 4,54% 23,50% 35,00% - 
Fonte: Brasil, 2006, Anexo II. 
NA PRÁTICA 
Agora que conhecemos um pouco sobre as regras tributárias, societárias 
e contábeis das micro e pequenas empresas, que tal exercitarmos os 
conhecimentos adquiridos? 
Questão 1 – Sobre o MEI 
 
 
23 
A Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, é a principal lei 
das micro e pequenas empresas. A instituição dessa lei favoreceu as empresas 
que se encontram em situação de irregularidade, pois tornou o processo de 
abertura e tributação mais simples. O Microempresário Individual (MEI) é uma 
das figuras mais beneficiadas com a lei. 
Nesse sentido, analise as assertivas a seguir sobre os benefícios de ser 
MEI e assinale a alternativa correta. 
I. O tributo mensal a pagar é fixo e está associado a atividade desenvolvida. 
II. A contabilidade e a emissão de nota fiscal não são obrigatórias. 
III. Há a possibilidade de contratar no máximo dois empregados. 
IV. Há cobertura previdenciária do INSS. 
Assinale a alternativa correta: 
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. 
d. Apenas as afirmativas I,II e IV estão corretas. 
e. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
Questão 2 – Sobre o ME 
A Microempresa (ME), pela Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro 
de 2006 (Simples Nacional), é aquela que aufere receita bruta anual menor ou 
igual a R$ 360.000,00. O valor a recolher mensalmente pelas MEs optantes pelo 
Simples Nacional é determinado mediante aplicação das alíquotas efetivas, 
calculadas com base nas alíquotas nominais constantes nas tabelas dos Anexos 
I a V da referida Lei. 
Nesse sentido, considere que uma empresa comercial aufere receita bruta 
mensal igual a R$ 110.000,00. Assinale a alternativa que corresponde ao valor 
do DAS a recolher. 
a. R$ 8.455,00. 
b. R$ 9.295,00. 
c. R$ 9.895,00. 
d. R$ 11.770,00. 
e. R$ 18.740,00. 
Questão 3 – Regras societárias para ME 
 
 
24 
A Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006, art. 3º, parágrafo 
4º, estabelece algumas regras e limites no âmbito societário para as 
microempresas e empresas de pequeno porte do Simples Nacional. Quando 
essas regras não são cumpridas, a empresa é desenquadrada do Simples 
Nacional. 
Assim, analise as assertivas a seguir sobre os requisitos societários para 
a empresa ser enquadrada no Simples Nacional e assinale a alternativa correta. 
I. A empresa não pode ter em seu capital participação de outras empresas. 
II. A empresa não pode ter sede no exterior e filial no País. 
III. A empresa não pode ser sócia do capital de outra pessoa jurídica. 
IV. A empresa não pode constituída sob a forma de cooperativas de 
consumo. 
Assinale a alternativa correta: 
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. 
d. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. 
e. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
Questão 4 – Regras contábeis para ME 
De acordo com a NBC TG 1002, o objetivo das demonstrações contábeis 
consiste em apresentar informações sobre a posição financeira (balanço 
patrimonial) e o desempenho (resultado) da empresa. Dessa forma, as 
informações devem atender às características qualitativas (princípio gerais) da 
compreensibilidade, relevância (materialidade), confiabilidade, prudência e 
comparabilidade. 
Sendo assim, analise as assertivas a seguir sobre os princípios gerais e 
assinale a alternativa correta. 
I. O princípio da relevância prevê que as informações contábeis devem ser 
capazes de fazer a diferença na tomada de decisões. 
II. O princípio da confiabilidade determina que a informação contábil não 
deve ser tendenciosa. 
III. O princípio da comparabilidade estabelece que os ativos e receitas devem 
ser mensuradas pelo menor valor e os passivos e despesas pelo maior 
valor. 
 
 
25 
IV. O princípio da prudência determina que as informações podem ser 
comparadas ao longo do tempo ou com outras entidades do mesmo setor. 
Assinale a alternativa correta: 
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas. 
d. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. 
e. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, estudamos sobre obrigatoriedades contábeis e tributárias 
para Microempresário Individual (MEI), Microempresa (ME) e Pequenas e 
Médias Empresas (PMEs). Conhecemos as normas aplicáveis e modelos e 
planos de contas e de demonstrações contábeis. 
Os temas tratados nesta etapa foram os seguintes: 
• Obrigatoriedades contábeis e tributárias (obrigações acessórias) para 
MEI, ME e PMEs; 
• LC 123 - Regras societárias para ME; 
• LC 123 - Regras tributárias para EPP; 
• NBC TG 1002 – Regras contábeis para ME; 
• NBC TG 1001 – Regras contábeis para EPP. 
Posteriormente, estudaremos sobre as regras de elaboração e 
apresentação das demonstrações contábeis das médias empresas. 
 
 
 
 
26 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 15 dez. 2006. 
BRASIL. Lei Complementar n. 128, de 19 de dezembro de 2008. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 22 dez. 2008. 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
BRASIL. Comitê Gestor do Simples Nacional. Resolução CGSN n. 140, de 22 de 
maior de 2018. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 maio 
2018. 
BRASIL. Lei n. 12.814, de 16 de maio de 2013. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 17 maio 2013. 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 1000 (R1). Diário 
Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 1 nov. 2016. 
_____. NBC TG 1001. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 
9 dez. 2021. 
_____. NBC TG 1002. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 
9 dez. 2021. 
LEMES JR, A. B.; PISA, B. J. Administrando Micro e Pequenas Empresas – 
Empreendedorismo e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
MARION, J. C. Contabilidade básica. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2022. 
SANTOS, A. dos et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas 
as sociedades: de acordo com as normas internacionais e do CPC. 4. ed. São 
Paulo: Atlas, 2022. 
VIDO, E. Curso de direito empresarial. São Paulo: SaraivaJur, 2022. 
 
 
 
 
27 
GABARITO 
Resposta do exercício da seção Trocando Ideias 
Quadro 6 – Apuração do Simples Nacional – Indústria 
Faturamento mensal R$ 100.000,00 
Receita bruta acumulada 12 meses R$ 1.200.000,00 
Anexo I – alíquota nominal 11,20% 
Valor a deduzir R$ 22.500,00 
Alíquota efetiva 
(1.200.000,00 𝑥 11,20%) − 22.500,00
1.200.000,00
=
111.900
1.200.000.00
= 0,09325 𝑥 100 = 9,33% 
 
Valor a pagar no DAS (R$ 100.000,00 x 
9,33%) 
R$ 9.325,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Gabarito dos exercícios da seção Na prática 
Questão 1 
Correta: d. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
Dentre as vantagens do MEI, temos: 
• Facilidade no processo de abertura da empresa; 
• Custo mensal reduzido a valores fixos (tributação); 
• Declaração anual simplificada; 
• Cobertura previdenciária do INSS, como aposentadoria, auxílio doença, 
auxilio maternidade, auxilio reclusão e pensão por morte para a família; 
• Possibilidade de contratar um empregado; 
• Crédito facilitado; 
• Contabilidade e emissão de nota fiscal não são obrigatórias. 
Questão 2 
Correta: c. R$ 9.895,00. 
Quadro 7 – Apuração do Simples Nacional – Comércio 
Faturamento mensal R$ 110.000,00 
Receita bruta acumulada 12 meses R$ 1.320.000,00 
Anexo I – alíquota nominal 10,70% 
Valor a deduzir R$ 22.500,00 
Alíquota efetiva 
(1.320.000,00 𝑥 10,70%) − 22.500,00
1.320.000,00
=
118.740
1.320.000.00
= 0,09325 𝑥 100 = 9,33% 
 
 
 
28 
Valor a pagar no DAS (R$ 110.000,00 x 
9,00%) 
R$ 9.325,00 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Questão 3 
Correta: d. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. 
A empresa, para aderir ao Simples Nacional, não pode ter em seu capital 
participação de outras empresas; não pode ter sede no exterior e filial no país; 
não pode ser sócia do capital de outra pessoa jurídica; e não pode ser constituída 
sob a forma de cooperativas, com exceção as de consumo. 
Questão 4 
Correta: a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
O princípio da relevância prevê que as informações contábeis devem ser 
capazes de fazer a diferença na tomada de decisões. O princípio da 
confiabilidade determina que a informação contábil não deve ser tendenciosa. O 
princípio da prudência estabelece que os ativos e receitas devem ser 
mensuradas pelo menor valor e os passivos e despesas pelo maior valor. O 
princípio da comparabilidade determina que as informações podem ser 
comparadas ao longo do tempo ou com outras entidades do mesmo setor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE E GESTÃO DEMICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Daiane Lolatto 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta abordagem, trataremos especificamente da Norma Brasileira de 
Contabilidade Técnica Geral n. 1.000 (Revisão 1) – NBC TG 1000 (R1) (CFC, 
2016). E, para tanto, estudaremos os seguintes tópicos: 
• NBC TG 1000 (R1): contabilidade para médias empresas 
• NBC TG 1000 (R1): políticas contábeis, instrumentos financeiros e 
estoques 
• NBC TG 1000 (R1): investimentos, imobilizado e intangível 
• NBC TG 1000 (R1): provisão, subvenções, impairment 
• Por que adotar a NBC TG 1000 (R1) 
Aproveite esta leitura e exercite os conhecimentos adquiridos resolvendo 
as atividades propostas. Lembre-se: a melhor forma de aprender é exercitando! 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
As NBCs direcionadas às médias empresas são de extrema importância 
para o desenvolvimento e crescimento sustentável dessas empresas. Essas 
normas têm como objetivo principal padronizar e regularizar as práticas 
contábeis dessas empresas, garantindo maior transparência e confiabilidade nas 
informações financeiras apresentadas por elas. A aplicação das NBCs também 
oferece benefícios para o mercado como um todo, visto que as informações 
contábeis padronizadas permitem uma melhor avaliação e análise da saúde 
financeira das empresas, o que pode influenciar nas decisões de investimentos 
e de crédito. 
Diante disso, nesta abordagem vamos conhecer as diretrizes para a 
elaboração e apresentação das demonstrações contábeis. A NBC TG 1000 (R1) 
(CFC, 2016) produziu, afinal, diversas mudanças na elaboração dessas 
informações, e este conteúdo é fundamental para entendermos o próximo 
conteúdo. Por isso, é imprescindível você se atentar a todos os tópicos e 
detalhes descritos. Iniciaremos falando sobre a contabilidade para médias 
empresas. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – NBC TG 1000 (R1): CONTABILIDADE PARA MÉDIAS EMPRESAS 
A NBC TG 1000 (R1), que anteriormente era aplicado às pequenas e 
médias empresas, agora se aplica exclusivamente às médias empresas. Essa 
mudança ocorreu em dezembro de 2021 com a publicação da NBC TG 1001, 
que passou a ser a norma aplicável às empresas de pequeno porte, como 
mencionado anteriormente (CFC, 2016, 2021a). 
As empresas de médio porte são aquelas com uma receita bruta anual 
entre R$ 78 milhões a R$ 300 milhões ou um ativo total de até R$ 240 milhões. 
Embora a NBC TG 1000 (R1) não defina especificamente um intervalo de receita 
bruta ou ativo total para classificar uma empresa como de médio porte, outras 
normas e contábeis e tributárias permitem essa definição. Com base na 
alteração da Lei das Sociedades por Ações pela Lei n. 11.638/2007, art. 3º, 
parágrafo único, são consideradas empresas de grande porte aquelas que, no 
exercício social anterior, obtiveram receita bruta anual superior a R$ 300 milhões 
ou possuem ativo total superior a R$ 240 milhões. Essas empresas devem seguir 
as normas contábeis específicas, editadas pelo Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis (CPC). Por outro lado, a NBC TG 1001 deve ser aplicada às pequenas 
empresas com receita bruta anual entre R$ 4,8 milhões e R$ 78 milhões (CFC, 
2016, 2021a; Brasil, 1976, 2007). 
Portanto, empresas que possuem receita bruta anual entre R$ 78 milhões 
a R$ 300 milhões ou ativo total de até R$ 240 milhões são consideradas 
empresas de médio porte. É importante ressaltar que a definição de médias 
empresas pode variar de acordo com a legislação e as normas contábeis 
vigentes em cada país. No Quadro 1, podemos acompanhar a aplicação das 
normas para cada tipo de entidade. 
Quadro 1 – Aplicação das normas contábeis 
Tipo de entidade Porte da entidade 
Norma a ser 
aplicada 
Alternativa permitida 
Empresas de 
grande porte 
(sociedades por 
ações) 
Ativo total > R$ 240 
milhões ou 
receita bruta anual > 
R$ 300 milhões (Lei n. 
11.638/2007) 
Todos os 
pronunciamentos 
técnicos do CPC 
Não há 
 
 
4 
Médias empresas 
 
Ativo total até R$ 240 
milhões ou 
receita bruta anual 
entre R$ 78 milhões a 
R$ 300 milhões 
NBC TG 1000 (R1) 
Todos os 
pronunciamentos 
técnicos do CPC 
 
 
Pequenas 
empresas 
 
Receita bruta anual 
entre R$ 4,8 milhões 
a R$ 78 milhões 
 
 
 
NBC TG 1001 
 
 
 
NBC TG 1000 (R1) ou 
os pronunciamentos 
técnicos do CPC 
Microempresas 
Receita bruta anual < 
R$ 4,8 milhões 
NBC TG 1002 
 
NBC TG 1001 ou 
NBC TG 1000 (R1) ou 
os pronunciamentos 
técnicos do CPC 
Fonte: Elaborado com base em Brasil, 2007; CFC, 2016, 2021a, 2021b. 
Sendo assim, vamos analisar algumas regras dispostas na NBC TG 1000 
(R1). Segundo a norma, o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer 
informações relevantes sobre a posição financeira da empresa (balanço 
patrimonial), seu desempenho (resultado e resultado abrangente) e fluxos de 
caixa. Essas informações são úteis para os usuários, de forma geral, que podem 
não ter condições de solicitar relatórios personalizados para atender às suas 
necessidades específicas de informação. 
As características qualitativas da informação compreendem 
compreensibilidade, relevância (restrição da materialidade), confiabilidade, 
primazia da essência sobre a forma, prudência, integralidade, comparabilidade, 
tempestividade e equilíbrio entre custo e benefício. Vamos comparar, no Quadro 
2, o volume de características que as informações contábeis das médias 
empresas devem ter em relação às pequenas empresas e microentidades. 
 
 
 
 
5 
Quadro 2 – Conceitos e princípios gerais 
NBC TG 1000 (R1) 
Médias empresas 
NBC TG 1001 
Pequenas empresas 
NBC TG 1002 
Microentidades 
Compreensibilidade Compreensibilidade Compreensibilidade 
Relevância/materialidade Relevância/materialidade Relevância/materialidade 
Confiabilidade Confiabilidade Confiabilidade 
Primazia da essência Essência sobre a forma Prudência 
Prudência Prudência Comparabilidade 
Integralidade Comparabilidade 
Comparabilidade 
Tempestividade 
Custo x benefício 
Fonte: Elaborado com base em CFC, 2016, 2021a, 2021b. 
Podemos observar que as informações geradas pelas médias empresas 
possuem mais pré-requisitos do que as informações geradas pelas pequenas 
empresas e microentidades. Adicionalmente, as informações devem ser íntegras 
(completas), tempestivas, e o custo da geração da informação deve ser inferior 
aos benefícios gerados por ela. 
De acordo com a NBC TG 1000 (R1), o conjunto completo de 
demonstrações contábeis que devem ser apresentadas pelas empresas de 
médio porte são: 
a. Balanço Patrimonial (BP); 
b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); 
c. Demonstração do Resultado Abrangente (DRA); 
d. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); 
e. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); 
f. Notas Explicativas (NE), compreendendo o resumo das políticas 
contábeis significativas e outras informações explanatórias. 
A NBC TG 1000 (R1) especifica a estrutura básica de cada uma dessas 
demonstrações (CFC, 2016). Assim, as empresas de médio porte devem 
recorrer à norma para elaborarem e apresentarem suas demonstrações. Vamos 
comparar a obrigatoriedade das demonstrações contábeis para as médias 
 
 
6 
empresas em relação às empresas de pequeno porte e às microentidades, no 
Quadro 3. 
Quadro 3 – Obrigatoriedade das demonstrações contábeis 
NBC TG 1000 (R1) 
Médias empresas 
NBC TG 1001 
Pequenas empresas 
NBC TG 1002 
Microentidades 
BP BP BP 
DRE DRE DRE 
DRA DMPL/DLPA DLPA 
DMPL/DLPA DFC Declaração de conformidade 
DFC 
NE 
NE (menor rigidez) 
Fonte: Elaborado com base em CFC, 2016, 2021a, 2021b. 
Diante disso, vamos estudar, na sequência, algumas particularidades da 
geração da informação contábil das médias empresas. De antemão, é 
importante destacar que as regras para essas empresas são mais robustas que 
as regras aplicadas às pequenas empresas e microentidades e devem ser 
analisadas com bastante atenção.TEMA 2 – POLÍTICAS CONTÁBEIS, INSTRUMENTOS FINANCEIROS E 
ESTOQUES 
As políticas contábeis são importantes para garantir que as informações 
financeiras de uma empresa sejam apresentadas de maneira clara e consistente. 
Algumas das políticas contábeis envolvem depreciação de ativos, 
reconhecimento de receita e registro de despesas. 
Os instrumentos financeiros abrangem uma variedade de ativos e 
passivos, como ações, títulos e outros. Nas médias empresas, os instrumentos 
financeiros costumam ser utilizados para gerenciar riscos e obter recursos. A 
gestão adequada desses instrumentos financeiros contribui para o sucesso do 
negócio. Os instrumentos financeiros mais comuns nas médias empresas 
abrangem empréstimos bancários, linhas de crédito e contas a receber de 
clientes. 
 
 
7 
Os estoques (bens destinados à revenda, produção ou consumo) 
representam ativos relevantes para as médias empresas. Logo, é essencial ter 
políticas adequadas para a sua gestão, incluindo o método de avaliação dos 
estoques e divulgação adequada das informações financeiras relacionadas a 
esses ativos. 
Sendo assim, vamos entender qual o tratamento contábil dado às médias 
empresas a respeito de suas políticas contábeis, instrumentos financeiros e 
estoques. 
2.1 Políticas contábeis, mudanças de estimativa e retificação de erros 
A NBC TG 1000 (R1) estabelece que as situações que não forem tratadas 
por essa norma devem ser contempladas de forma que resultem em informações 
relevantes e confiáveis. A administração pode considerar as exigências e 
diretrizes das normas completas (os pronunciamentos contábeis do CPC) ao 
lidar com questões similares ou relacionadas. A mudança nas políticas contábeis 
que já estão em uso somente pode ocorrer quando houver uma exigência 
normativa (algo de teor obrigatório); ou quando gerar demonstrações contábeis 
que apresentem informações mais pertinentes e confiáveis acerca dos efeitos de 
transações, eventos ou circunstâncias na situação patrimonial e financeira, no 
desempenho e nos fluxos de caixa da entidade (algo que é voluntário) (CFC, 
2016). 
No que diz respeito à aplicação da mudança de política contábil 
obrigatória, em alguns casos pode haver normas transitórias. Se as normas 
transitórias apresentarem a forma de aplicação inicial, essas normas específicas 
devem servir como base para registrar uma mudança de política contábil. Caso 
não existam normas transitórias ou se a mudança for voluntária, a aplicação da 
mudança deverá ser retrospectiva (CFC, 2016). 
De acordo com a norma, a mudança retrospectiva envolve a aplicação de 
uma nova política contábil para transações, eventos e condições, considerando 
a data mais antiga em que for possível, como se essa nova prática contábil 
sempre tivesse sido aplicada. Caso seja impossível determinar os efeitos da 
mudança em um único período, para informações comparativas de períodos 
anteriores a empresa deve aplicar a nova forma contábil aos valores contábeis 
dos ativos e passivos no início do período mais antigo em que a aplicação 
retrospectiva for possível. Além disso, a entidade deve ajustar o saldo de 
 
 
8 
abertura de cada componente do patrimônio líquido afetado para esse período, 
conforme a nova prática contábil (CFC, 2016). 
Um exemplo de aplicação retrospectiva ocorre quando uma empresa 
decide adotar um novo método de avaliação de estoques, como o método 
conhecido como primeiro a entrar, primeiro a sair (Peps) ou a média ponderada. 
Nessa situação, a empresa recalcula o valor dos estoques de períodos anteriores 
de acordo com o novo método e ajusta as demonstrações financeiras passadas 
de acordo com essa nova avaliação. Na Figura 1, podemos observar as regras 
de aplicação das mudanças de política. 
Figura 1 – Aplicação das mudanças políticas obrigatórias e voluntárias 
 
Fonte: Elaborado com base em CFC, 2016. 
As estimativas contábeis mencionadas pela NBC TG 1000 (R1) são 
utilizadas para se lidar com a incerteza relacionada às atividades das empresas 
e às práticas de mercado, sendo uma parte essencial do processo de 
reconhecimento e mensuração contábil. Vários elementos patrimoniais da 
entidade não podem ser medidos com precisão e, portanto, estimativas 
confiáveis devem ser adotadas para refletirem adequadamente a realidade dos 
negócios. No decorrer do tempo, essas estimativas podem sofrer alterações. Um 
exemplo disso é o aumento da provisão de garantias em razão do aumento nas 
vendas de bens com defeito ou a redução da vida útil de um ativo imobilizado 
devido à obsolescência tecnológica do bem (CFC, 2016). 
Padoveze, Benedicto e Leite (2014, p. 251) associam a mudança de 
estimativa a alterações de circunstâncias, surgimento de novas informações e 
maior experiência em relação à estimativa. Assim, as estimativas contábeis 
podem exigir revisão à medida que as condições em que foram realizadas 
Mudança de política 
obrigatória
Exigência das normas
Conforme normas transitórias
Mudança de política voluntária
Informações mais pertinentes e 
confiáveis
Aplicação retrospectiva
Quando não houver 
disposições transitórias 
 
 
9 
sofrerem alterações ou surgirem novas circunstâncias que não foram previstas. 
Conforme a NBC TG 1000 (R1), a mudança de estimativa contábil deve ser 
reconhecida de forma prospectiva (CFC, 2016). Caso a entidade seja capaz de 
estimar o impacto da mudança em um ou mais exercícios subsequentes, é 
necessário que essa estimativa seja divulgada em notas explicativas. Por 
exemplo, vamos supor que a empresa tenha um equipamento industrial e, 
inicialmente, tenha estimado que ele duraria dez anos, antes de ser substituído. 
No entanto, após uma análise mais detalhada, percebe-se que a vida útil real 
desse equipamento é de apenas oito anos. Diante dessa constatação, a empresa 
deve fazer um ajuste na forma como calcula a depreciação do equipamento, a 
partir do exercício corrente em diante (prospectivamente). 
Diferentemente da mudança das políticas e estimativas contábeis, os 
erros envolvem omissões ou incorreções nas informações contábeis. Esses 
erros podem ocorrer durante registro, mensuração, apresentação ou divulgação 
das informações contábeis (CFC, 2016). A contabilização de um ativo por um 
valor superior ou inferior e a omissão do registro em um período específico são 
alguns exemplos de erros. Existe diferença na forma de correção de erros 
materiais e imateriais, e essa diferença se dá pela forma como os erros afetam 
as demonstrações contábeis. Quando a entidade identifica erros materiais de 
períodos anteriores, deve fazer o ajuste retroativo, nas primeiras demonstrações 
contábeis autorizadas para emissão após sua descoberta, como aconteceu no 
caso das Americanas, na operação de risco sacado, também conhecida como 
forfait ou financiamento a fornecedores. Os erros imateriais intencionais também 
devem ser corrigidos retroativamente, pois decorrem de fraude (CFC, 2016). Por 
exemplo, deixar de reconhecer uma despesa para aumentar o resultado líquido 
é um caso de erro imaterial intencional. Por outro lado, os erros imateriais 
involuntários, que não afetam significativamente a tomada de decisões do 
usuário da informação contábil, não precisam ser corrigidos retrospectivamente. 
Sendo assim, podemos resumir a aplicação das mudanças nas políticas 
e estimativas contábeis e a retificação de erros conforme demonstrado no 
Quadro 4. 
 
 
 
 
10 
Quadro 4 – Mudanças nas políticas e estimativas contábeis e a retificação de 
erros 
Operação Aplicação 
Mudança de política contábil Retrospectiva 
Mudança de estimativa contábil Prospectiva 
Retificação de erro Retrospectiva 
Fonte: Elaborado com base em CFC, 2016. 
2.2 Instrumentos financeiros 
O instrumento financeiro corresponde a um contrato que resulta em um 
ativo financeiro para a entidade e um passivo financeiro ou instrumento 
patrimonial para outra entidade (CFC, 2016). Isso querdizer que um instrumento 
financeiro é um acordo que estabelece direitos e obrigações financeiras entre 
duas partes. Por exemplo, se uma empresa empresta dinheiro a outra empresa 
por meio de um contrato de empréstimo, esse contrato é considerado um 
instrumento financeiro. A empresa que empresta o dinheiro possui um ativo 
financeiro, pois tem o direito de receber o valor emprestado com juros, no futuro. 
Por outro lado, a empresa que recebe o empréstimo possui um passivo 
financeiro, pois está obrigada a devolver o valor emprestado dentro do prazo 
estabelecido. 
A norma classifica os instrumentos em dois grandes grupos: instrumentos 
financeiros básicos e instrumentos financeiros mais complexos. No Quadro 5, 
podemos verificar essa classificação. 
Quadro 5 – Instrumentos financeiros básicos e complexos 
Instrumentos financeiros básicos 
(aplicação da Seção 11 da NBC TG 1000 
(R1)) 
 
Instrumentos financeiros complexos 
(aplicação da Seção 12 da NBC TG 1000 
(R1)) 
 
Caixa (dinheiro físico) 
Títulos mobiliários lastreados em ativos, tais 
como hipotecas garantidas, contratos de 
recompra e pacotes de recebíveis garantidos 
 
 
11 
Depósitos à vista e a prazo fixo, quando a 
entidade é o depositante (por exemplo, 
contas bancárias) 
Opções, direitos, garantias, contratos a 
termo, contratos futuros e swaps de taxa de 
juros, que podem ser quitados em caixa ou 
pela troca com outro instrumento financeiro 
Títulos e letras negociáveis (ações, 
certificados de depósito bancário, entre 
outros) 
Instrumentos financeiros que se qualificam e 
são designados como instrumentos de hedge 
Contas, títulos e empréstimos a receber e a 
pagar 
Compromissos de conceder empréstimo 
para outra entidade 
Títulos de dívida e instrumentos semelhantes 
(debêntures, empréstimos, entre outros) 
Compromissos de receber empréstimo se 
houver possibilidade de quitação em caixa 
Investimentos em ações preferenciais não 
conversíveis e em ações ordinárias e ações 
preferenciais não resgatáveis 
 
Compromissos de receber empréstimo se o 
compromisso não puder ser quitado em 
caixa 
 
Fonte: Elaborado com base em CFC, 2016. 
Os instrumentos financeiros básicos são reconhecidos e mensurados 
inicialmente pelo custo da transação ou pelo valor presente dos futuros 
pagamentos de caixa descontados sob taxa de juros de mercado, se envolverem 
uma transação de financiamento. Após o reconhecimento inicial, os instrumentos 
financeiros básicos são avaliados pelo custo amortizado, pelo valor justo ou pelo 
custo menos redução ao valor recuperável, de acordo com as normas contábeis 
aplicáveis. Os ativos financeiros são baixados quando os direitos contratuais 
para os fluxos de caixa vencem ou são liquidados, e os passivos financeiros são 
baixados quando a obrigação é paga, cancelada ou vencida. Os ativos e 
passivos financeiros mais complexos são reconhecidos pelo valor justo e 
mensurados subsequentemente pelo valor justo, com as variações sendo 
reconhecidas no resultado. A contabilidade de hedge tem como objetivo proteger 
operações financeiras específicas, como variação na taxa de juros, na taxa de 
câmbio ou no preço de uma mercadoria, e é regulamentada pelas normas 
contábeis aplicáveis (CFC, 2016). 
2.3 Estoques 
Segundo a NBC TG 1000 (R1), os estoques são ativos mantidos para 
venda no decorrer das operações comerciais normais, ativos em processo de 
 
 
12 
produção para venda ou ativos consolidados na forma de materiais ou 
suprimentos a serem consumidos no processo de produção ou prestação de 
serviços. A entidade deve avaliar seus estoques pelo menor valor entre o custo 
e o preço de venda estimado, deduzido dos custos para finalizar a produção e 
das despesas de pôr os produtos para venda. O custo do estoque envolve todos 
os custos de aquisição, custos de transformação e outros custos incorridos para 
colocar os estoques no seu local e nas condições atuais (CFC, 2016). 
Os custos de aquisição se referem aos gastos envolvidos na compra de 
um bem. Isso inclui o preço de compra, o recolhimento de impostos de 
importação e outros tributos (exceto aqueles que podem ser recuperados 
posteriormente pela empresa), os custos de transporte, manuseio e outros 
custos diretamente relacionados à aquisição. Para determinar o custo de 
aquisição, são deduzidos descontos comerciais, abatimentos e itens 
semelhantes. Já os custos de transformação englobam os gastos necessários 
para transformar matérias-primas em produtos acabados. Isso inclui tanto os 
custos diretos, como com a mão de obra, quanto a alocação sistemática dos 
custos indiretos de produção, sejam eles fixos, sejam variáveis. Os custos 
indiretos fixos de produção são aqueles que permanecem constantes, como a 
depreciação e a manutenção de instalações e equipamentos, além dos custos 
administrativos relacionados à gestão de uma fábrica. Os custos indiretos 
variáveis de produção variam de acordo com o volume de produção, como os 
materiais indiretos e o consumo de energia (CFC, 2016). 
De acordo com a NBC TG 1000 (R1), a entidade deve avaliar o custo de 
estoques utilizando o método do Peps ou o método do custo médio ponderado. 
Esse mesmo tratamento é dado pela NBC TG 1001 e pela NBC TG 1002. O 
método intitulado último a entrar, primeiro a sair (Ueps) não é permitido pela 
norma. Entretanto, essa restrição ao método Ueps não é imposto às grandes 
empresas ou empresas que adotam os pronunciamentos contábeis do CPC, de 
um modo geral (CFC, 2016, 2021a, 2021b). 
No final de cada exercício social, a empresa deve verificar se seus 
estoques precisam ser reduzidos ao seu valor recuperável. Isso ocorre quando 
o valor contábil dos estoques não pode ser completamente recuperado, tornando 
necessária a avaliação de possíveis perdas (CFC, 2016). 
 
 
13 
Vamos continuar tratando das regras contábeis para as médias empresas. 
Na sequência, vamos compreender o tratamento contábil dado aos 
investimentos, ao imobilizado e ao intangível. 
TEMA 3 – NBC TG 1000 (R1): INVESTIMENTOS, IMOBILIZADO E 
INTANGÍVEL 
Os investimentos, o imobilizado e o intangível se referem a um conjunto 
de ativos que são imprescindíveis para as empresas. Esses ativos podem incluir 
investimentos em outras empresas ou empreendimentos conjuntos, além de 
bens e equipamentos fixos utilizados para a produção de bens ou serviços. O 
ativo intangível pode ser representado por patentes, marcas, softwares e outros 
direitos de propriedade intelectual importantes para a criação e manutenção da 
vantagem competitiva de uma empresa. O gerenciamento desses ativos é 
fundamental para o sucesso da empresa, pois afeta a sua capacidade de 
inovação e crescimento no mercado. Sendo assim, é necessário compreender 
as regras contábeis desses ativos. Na sequência, vamos entender algumas de 
suas especificidades contábeis. 
3.1 Investimentos 
As entidades que possuem investimentos em outras empresas devem 
atender a alguns critérios específicos na elaboração das suas demonstrações 
contábeis. O investimento da empresa pode ser realizado em outra que seja 
controlada ou coligada àquela. 
De acordo com a NBC TG 1000 (R1), coligada é uma entidade na qual o 
investidor possui influência significativa, mas que não é controlada pelo 
investidor e também não se configura como um investimento em 
empreendimento controlado em conjunto. A influência significativa se refere ao 
poder de participar das decisões relacionadas à política financeira e operacional 
da entidade coligada. Segundo a norma, se o investidor possuir 20% ou mais do 
poder de voto da entidade coligada, presume-se que ele tenha influência 
significativa, a menos que seja claramente comprovado o contrário. Se o 
investidor possuir menos de 20% do poder de voto, presume-se que não tenha 
influência significativa, a menos que seja claramente comprovado o contrário. A 
 
 
14 
propriedade de parte substancial ou majoritáriapor parte de outro investidor não 
impede que um investidor tenha influência significativa (CFC, 2016). 
Quando a legislação societária brasileira permitir outras opções além do 
método da equivalência patrimonial, o investidor deverá registrar todos os seus 
investimentos em entidades coligadas de acordo com uma das seguintes 
alternativas: método do custo, método da equivalência patrimonial e método do 
valor justo, conforme determina a NBC TG 1000 (R1). O método do custo 
consiste em registrar o investimento pelo valor pago na aquisição, com ajustes 
posteriores para recuperação ou reconhecimento de perdas de valor. O método 
da equivalência patrimonial é aplicado quando o investidor possui influência 
significativa sobre a coligada ou controlada, registrando-se o investimento pelo 
valor contábil da participação ajustado pelo resultado líquido da coligada ou 
controlada. O método do valor justo é utilizado quando há informações de 
mercado disponíveis para se precificar o investimento, registrando-o pelo valor 
justo de mercado na data do balanço, obtido por meio de cotações em bolsas de 
valores ou outras avaliações de mercado (CFC, 2016; Santos et al., 2022). 
Controladora é a entidade que detém o controle de uma ou mais empresas 
controladas. No balanço individual das controladas, deve-se aplicar tudo o que 
se refere a investimento em coligada, exceto quando houver disposição em 
contrário (CFC, 2016). 
O investimento em empreendimento controlado em conjunto (joint 
venture) tem se tornado uma nova tendência mundial. Trata-se de uma 
alternativa interessante para obter capital necessário para se expandir e manter 
as atividades econômicas, assim como para agregar atributos importantes ao 
negócio, como tecnologia, capacidade gerencial ou mercadológica, rede de 
distribuição, entre outros, detidos por acionistas distintos. Além disso, o 
compartilhamento do controle é uma maneira de distribuir os possíveis riscos de 
um negócio entre os acionistas envolvidos. Essa divisão de controle é 
normalmente definida no estatuto ou contrato social da empresa ou por meio de 
documentos complementares, como um acordo de acionistas (Santos et al., 
2022). Assim como ocorre nos investimentos em empresa controlada e coligada, 
nos investimentos em empreendimento controlado em conjunto as participações 
devem ser mensuradas pelo método do custo, pelo método de equivalência 
patrimonial ou pelo método do valor justo (CFC, 2016). 
 
 
15 
3.2 Propriedade para investimento 
Propriedade para investimento é um tipo de investimento imobiliário em 
que um investidor adquire um imóvel com o objetivo de obter retorno financeiro 
a longo prazo. Essa propriedade pode ser alugada ou vendida, com o objetivo 
de se gerar renda ou se obter lucro com a valorização do imóvel (Santos et al., 
2022). 
A propriedade para investimento mantida por um arrendatário por meio de 
arrendamento operacional pode ser classificada e contabilizada como 
propriedade para investimento, desde que atenda à definição de propriedade 
para investimento e o arrendatário possa avaliar seu valor justo de forma 
contínua, sem custos ou esforços excessivos. Essa classificação alternativa 
deve ser analisada individualmente para cada propriedade (CFC, 2016). 
Propriedades de uso misto devem ser separadas entre propriedade para 
investimento e ativo imobilizado. No entanto, se o valor justo do componente de 
propriedade para investimento não puder ser avaliado de forma confiável, sem 
custos ou esforços excessivos, toda a propriedade deve ser contabilizada como 
ativo imobilizado (CFC, 2016). 
3.3 Imobilizado 
De acordo com a NBC TG 1000 (R1), os ativos imobilizados são ativos 
tangíveis (materiais) mantidos para uso na produção ou fornecimento de bens 
ou serviços, para locação a terceiros ou para fins administrativos, e que se 
espera que sejam utilizados por um período superior a um ano. Por exemplo, um 
prédio usado para fins comerciais, o maquinário de uma fábrica ou equipamentos 
de informática que servem a fins administrativos podem ser considerados ativos 
imobilizados (CFC, 2016). 
O reconhecimento inicial dos bens do ativo imobilizado ocorre pelo custo 
de aquisição, o qual inclui todos os gastos necessários para colocar o bem em 
condições de uso. Após esse reconhecimento inicial, o ativo imobilizado pode 
ser mensurado pela entidade por meio do método do custo ou método da 
reavaliação, caso isso seja permitido por lei. No método do custo, o item deve 
ser apresentado no balanço pelo seu custo original, subtraído da depreciação 
acumulada e das perdas estimadas por redução ao valor recuperável 
(impairment). No método da reavaliação, quando permitido por lei (o que não é 
 
 
16 
o caso no Brasil), um item do imobilizado pode ser apresentado pelo seu valor 
reavaliado, que representa seu valor justo no momento da reavaliação, deduzido 
da depreciação acumulada e das perdas estimadas por redução ao valor 
recuperável (CFC, 2016; Santos et al., 2022). 
De acordo com a Lei das Sociedades por Ações, a depreciação é uma 
forma de contabilizar os desgastes ou perdas de utilidade por uso, ação da 
natureza ou obsolescência dos ativos imobilizados (Brasil, 1976). Vamos supor 
que uma empresa tenha adquirido um veículo por R$ 60 mil para realizar a 
entrega de suas mercadorias. Conforme o veículo é utilizado, ele sofre 
depreciação, ou seja, ocorre uma redução do seu valor contábil, ao longo do 
tempo. Se a vida útil estimada do veículo é de 4 anos e a empresa decide adotar 
o método linear de depreciação, a cada ano, o veículo será depreciado em R$ 
15 mil (R$ 60 mil / 4 anos). A empresa também pode fazer uso de outros métodos 
de depreciação, como descrito na sequência. 
A NBC TG 1000 (R1) estabelece que, caso as partes principais de um 
item do Ativo Imobilizado apresentem padrões de consumo de benefícios 
econômicos significativamente diferentes, o custo inicial do ativo deve ser 
alocado para suas partes principais e depreciado separadamente, ao longo das 
vidas úteis dessas partes. Os outros ativos devem ser depreciados como um 
único item, ao longo de toda a sua vida útil. Os métodos de depreciação que as 
entidades de médio e grande porte podem optar compreendem o método da 
linha reta ou linear, o método dos saldos decrescentes e o método das unidades 
produzidas (CFC, 2016). A NBC TG 1001 e a NBC TG 1002 restringem a 
apuração da depreciação pelo método de linha reta (CFC, 2021a, 2021b). 
A baixa do ativo imobilizado pode ser realizada em razão da venda ou 
quando não existir expectativa de benefícios econômicos futuros pelo seu uso 
ou venda (alienação). A entidade deve registrar ganho ou perda na baixa do ativo 
imobilizado e não classificar esse ganho como receita ou essa perda como 
despesa. O ganho é reconhecido como outras receitas na DRE e a perda, como 
outras despesas. Enquanto as receitas e despesas decorrem da atividade 
principal da empresa, os ganhos e perdas são oriundos de atividades não 
operacionais. Vamos imaginar que uma empresa possua um veículo registrado 
no ativo imobilizado no valor de R$ 50 mil e que já tenha sido depreciado em R$ 
25 mil. Então, a empresa decide vender o veículo por R$ 40 mil. Nesse caso, a 
empresa deve reconhecer um ganho na DRE no valor de R$ 15 mil (R$ 40 mil – 
 
 
17 
R$ 25 mil). Os valores registrados no BP devem ser baixados, em virtude da 
venda. 
3.4 Intangível 
De acordo com a NBC TG 1000 (R1), o ativo intangível é um ativo não 
monetário (que não pode ser diretamente convertido em dinheiro, nem 
representa um direito a receber dinheiro), identificável, que não tem substância 
física, como uma marca registrada, uma patente ou um software (CFC, 2016). 
Esse tipo de ativo intangível pode ser identificado de duas maneiras. 
Primeiramente, quando pode ser separado da empresa e negociado, transferido, 
licenciado, alugado ou trocado. Um exemplo disso é quando umaempresa 
desenvolve e registra legalmente uma marca, adquirindo direitos exclusivos de 
uso. Essa marca pode ser vendida, licenciada ou transferida para terceiros, 
representando um ativo intangível separável. Em segundo lugar, um ativo 
intangível pode ser proveniente de direitos contratuais ou outros direitos legais, 
independentemente de sua possibilidade de separação ou transferência da 
empresa. Por exemplo, uma empresa pode obter uma patente para proteger uma 
invenção ou processo exclusivo. Essa patente confere à empresa o direito legal 
de explorar e comercializar a invenção, mesmo que essa não possa ser 
separada da empresa. 
A entidade deve avaliar o valor inicial de um ativo intangível pelo seu 
custo. O custo de um ativo intangível adquirido separadamente envolve o preço 
de compra acrescido de tributos de importação e tributos de compra não 
recuperáveis, com dedução de descontos comerciais e abatimentos. A 
mensuração do valor de um ativo intangível adquirido em uma combinação de 
negócios deve ser realizada com base no valor justo na data da sua aquisição. 
Após o seu reconhecimento de valor inicial, o ativo intangível deve ser 
mensurado pelo custo menos qualquer amortização acumulada e qualquer perda 
acumulada por redução ao valor recuperável (impairment). A vida útil do ativo 
intangível é finita; logo, a amortização vai compreender o período de vigência 
dos direitos contratuais ou outros direitos legais (CFC, 2016). 
O valor da amortização de um ativo intangível deve ser distribuído de 
forma sistemática, ao longo de sua vida útil. A despesa referente à amortização 
deve ser reconhecida em cada período contábil, salvo se o custo do ativo 
intangível for reconhecido como parte do custo de um ativo, como estoques ou 
 
 
18 
ativo imobilizado. O início da amortização do ativo intangível ocorre quando este 
está disponível para uso, ou seja, quando se encontra no local e em condições 
necessárias para ser utilizado conforme planejado pela administração. A 
amortização cessa quando o ativo passa a não ser mais reconhecido como tal. 
É responsabilidade da entidade escolher o método de amortização que melhor 
reflita o consumo esperado dos benefícios econômicos futuros do ativo. Caso a 
entidade não consiga determinar esse padrão de maneira confiável, o método 
de linha reta deve ser utilizado (CFC, 2016). 
A entidade deve assumir que o valor residual de um ativo intangível é zero, 
exceto se houver um compromisso de terceiro independente para comprar o 
ativo ao final da sua vida útil ou se houver um mercado para o ativo (CFC, 2016). 
O valor residual de um ativo intangível é o valor estimado que o ativo terá no final 
de sua vida útil ou período de uso. A baixa do ativo intangível é realizada da 
mesma forma que o ativo imobilizado: pode ser realizada em razão da venda ou 
quando não existir expectativa de benefícios econômicos futuros pelo seu uso 
ou venda (alienação). 
Na sequência, vamos continuar tratando de algumas particularidades da 
contabilidade das médias empresas. Esta abordagem não esgota o assunto, 
apenas destaca os principais critérios de reconhecimento contábil. 
TEMA 4 – NBC TG 1000 (R1): PROVISÃO, SUBVENÇÕES, IMPAIRMENT 
As empresas enfrentam, diariamente, diversas incertezas em relação às 
suas operações e finanças, o que pode lhes gerar riscos financeiros 
significativos. Para lidarem com esses riscos, as empresas precisam contar com 
elementos que lhes permitam reconhecer e gerenciar essas incertezas. Nesse 
sentido, a provisão, as subvenções e o impairment são elementos contábeis que 
auxiliam as empresas na gestão de seus riscos financeiros. A provisão é uma 
forma de reconhecimento contábil de operações que ainda não se 
concretizaram, mas que são consideradas prováveis. As subvenções 
correspondem a pagamentos ou benefícios concedidos por entidades públicas 
ou privadas para apoiar atividades específicas, como pesquisa e 
desenvolvimento ou expansão de negócios. Por fim, o impairment é um ajuste 
contábil que deve ser feito quando o valor contábil de um ativo é superior ao seu 
valor recuperável, a fim de se refletir a nova realidade do ativo. 
 
 
19 
Essas ferramentas são essenciais para as empresas, especialmente para 
as médias empresas, que precisam gerenciar seus riscos financeiros e garantir 
sua sustentabilidade a longo prazo. Sendo assim, vamos estudar um pouco mais 
o registro dessas operações. 
4.1 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes 
As provisões são uma forma de passivo que envolve prazo ou valor 
incerto. Elas devem ser reconhecidas quando a entidade tem uma obrigação, na 
data das demonstrações contábeis, decorrente de um evento passado, sendo 
provável que, por isso, a entidade tenha que transferir benefícios econômicos 
para a liquidação dessa obrigação e o valor da obrigação possa ser estimado 
com confiabilidade (CFC, 2016). As provisões mais comuns para as médias 
empresas compreendem provisão para contingências trabalhistas e provisão 
para garantias. 
Vamos supor que um fabricante venda seus produtos com garantia e se 
comprometa, de acordo com os termos do contrato de venda, a reparar ou 
substituir os produtos com defeitos que surgirem dentro de três anos a partir da 
data da venda. Com base em experiências anteriores, é provável que ocorram 
algumas reclamações durante o período de garantia. Isso cria uma obrigação 
presente devido a um evento passado, em que é provável que haja uma saída 
de recursos, e o valor dessa obrigação pode ser estimado com base em 
experiências anteriores. Portanto, a entidade reconhece uma provisão com a 
melhor estimativa dos custos necessários para reparar os produtos com defeitos 
vendidos antes da data das demonstrações contábeis (CFC, 2016). 
De acordo com a NBC TG 1000 (R1), a entidade tem a responsabilidade 
de revisar suas provisões em cada data das demonstrações contábeis e ajustar 
os valores devidos com base na estimativa mais precisa para liquidá-las naquela 
data. Esses ajustes devem ser registrados como despesas no resultado, a 
menos que a provisão tenha sido registrada como parte do custo de algum ativo 
(CFC, 2016). 
O passivo contingente compreende uma obrigação possível, mas incerta, 
ou uma obrigação presente que não pode ser reconhecida por não ser provável 
uma saída de recursos e/ou o valor da obrigação não puder ser mensurado com 
confiabilidade (CFC, 2016). Um exemplo de passivo contingente ocorre quando 
uma empresa enfrenta um processo judicial movido por terceiros. Nessa 
 
 
20 
situação, a empresa pode ser considerada responsável e ter a obrigação de 
pagar uma indenização, mas o resultado final do processo ainda é incerto e o 
valor exato do passivo não pode ser determinado no momento. 
A entidade deve divulgar, na data das demonstrações contábeis, breve 
descrição da natureza do seu passivo contingente e, quando praticável, a 
estimativa do seu efeito financeiro, a indicação das incertezas referentes ao valor 
ou o prazo da saída de recursos e a possibilidade de qualquer reembolso. Essa 
divulgação é dispensada apenas se a saída de recursos for de possibilidade 
remota (CFC, 2016). Nesse sentido, podemos classificar as obrigações em três 
níveis de possibilidade: provável, possível e remota. No Quadro 6, temos um 
resumo do tratamento contábil relacionado à probabilidade de ocorrência de 
desembolso futuro da entidade. 
Quadro 6 – Tratamento contábil das provisões e do passivo contingente 
Probabilidade de ocorrência do desembolso Tratamento contábil 
Provável 
Mensurável mediante estimativa 
confiável 
Uma provisão é reconhecida e é 
divulgada em notas explicativas 
Não mensurável por inexistência de 
estimativa confiável 
Divulgação em notas explicativas 
Possível Divulgação em notas explicativas 
Remota Não divulgação em notas explicativas 
Fonte: Elaborado com base em CFC, 2016. 
O ativo contingente, por sua vez, correspondea um ativo possível, que 
decorre de eventos passados e cuja realização será confirmada somente pela 
ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros incertos, que não estão 
completamente sob o controle da entidade (CFC, 2016). Um exemplo de ativo 
contingente seria quando uma empresa possui uma reclamação de seguro em 
andamento. Nessa situação, a empresa tem a esperança de receber uma 
indenização, porém a concretização desse ativo está sujeita à aprovação da 
seguradora. 
4.2 Subvenção governamental 
Subvenção governamental é uma ajuda fornecida pelo governo na forma 
de transferência de recursos para uma entidade, em troca do cumprimento de 
 
 
21 
condições relacionadas às suas atividades operacionais, tanto no passado 
quanto no futuro (CFC, 2016). Alguns exemplos de subvenção governamental 
são: subvenção para aquisição de equipamentos ou maquinários para produção; 
subvenção para pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias; subvenção 
para construção ou reforma de instalações; subvenção para incentivo à adoção 
de práticas ambientalmente sustentáveis; e subvenção para apoio ao setor 
agrícola. 
O reconhecimento das subvenções governamentais depende da forma 
em que elas são concedidas. A subvenção que não impõe condições de 
desempenho futuro à entidade beneficiária é reconhecida como receita quando 
os valores da subvenção forem líquidos e certos. Vamos supor que uma empresa 
de médio porte que receba uma subvenção governamental para aquisição de 
equipamentos. Nesse caso, a subvenção não exige que a empresa atenda a 
metas ou requisitos adicionais para receber o valor. Após a aprovação da 
subvenção, a empresa recebe os recursos financeiros diretamente em sua conta 
bancária. Nesse momento do recebimento do recurso, a subvenção é 
reconhecida como receita. A subvenção que impõe condições específicas de 
desempenho futuro à entidade beneficiária é reconhecida como receita somente 
quando as condições de desempenho são cumpridas. As subvenções recebidas 
antes do cumprimento dos critérios de reconhecimento de receita são 
reconhecidas como um passivo (CFC, 2016). Vamos considerar o caso de uma 
empresa que recebe uma subvenção governamental para desenvolver um 
projeto de pesquisa e desenvolvimento. A subvenção é concedida com a 
condição de que a empresa atinja certos marcos e entregue resultados 
específicos ao longo do tempo. Assim, a empresa reconhece a subvenção como 
passivo e, conforme cada etapa do projeto é concluída e as metas são 
alcançadas, a parte correspondente da subvenção é reconhecida como receita 
em suas demonstrações contábeis. 
4.3 Impairment 
A mensuração dos ativos nem sempre está em consonância com seu real 
valor. Por esse motivo é que surge o teste de impairment. Impairment é uma 
redução no valor contábil de um ativo, em que o valor contábil do ativo excede 
seu valor recuperável. A redução ao valor recuperável de ativos é aplicável a 
todos os itens registrados no Ativo, exceto sobre tributos diferidos ativos, ativos 
 
 
22 
provenientes de benefícios a empregados, instrumentos financeiros básicos e 
complexos, propriedade para investimento mensurada pelo valor justo, ativos 
biológicos e produtos agrícolas e ativos provenientes de contratos de construção 
(CFC, 2016). 
No caso dos estoques, as empresas devem avaliar, na data de divulgação 
das demonstrações contábeis, se seus estoques estão desvalorizados. Para 
tanto, é necessário comparar o valor contábil de cada item de estoque (ou grupo 
de itens similares) com o preço de venda líquido menos os custos para completar 
e vender. Caso seja constatado que algum item de estoque (ou grupo de itens 
similares) está desvalorizado, a empresa deve ajustar o valor contábil do estoque 
(ou do grupo) ao preço de venda líquido menos os custos para completar e 
vender. Esse ajuste é conhecido como perda por desvalorização e deve ser 
registrado imediatamente no resultado (CFC, 2016). 
Quando o valor recuperável dos demais ativos (exceto estoques) for 
menor que seu valor contábil, a entidade deve reduzir o valor contábil do ativo 
para seu valor recuperável. Nesse caso, o valor recuperável é o maior valor entre 
o valor justo menos a despesa para vender (valor líquido de venda) e o seu valor 
em uso. A NBC TG 1000 (R1) especifica como ativos que devem ser reduzidos 
ao valor recuperável os estoques, o ativo imobilizado (incluindo propriedade para 
investimento contabilizada pelo método do custo), os ágios, os ativos intangíveis 
(exceto o ágio por expectativa de rentabilidade futura), os investimentos em 
coligadas e os investimentos em empreendimentos controlados em conjunto 
(CFC, 2016). 
Após compreendermos diversas regras contábeis específicas 
direcionadas às médias empresas, vamos analisar por que essas empresas 
devem seguir a NBC TG 1000 (R1) (CFC, 2016). 
TEMA 5 – POR QUE ADOTAR A NBC TG 1000 (R1) 
A primeira revisão da NBC TG 1000 foi publicada pelo Conselho Federal 
de Contabilidade (CFC) em dezembro de 2016 e entrou em vigor a partir do 
primeiro dia de 2017. Essa norma é aplicável a todas as empresas cuja receita 
bruta seja inferior a R$ 300 mil e cujos ativos sejam inferiores a R$ 240 mil. 
Embora existam normas contábeis específicas às microentidades (NBC TG 
1002) e pequenas empresas (NBC TG 1001), essas empresas também têm a 
opção de aderirem à NBC TG 1000 (R1). Essa possibilidade permite que elas 
 
 
23 
adotem uma estrutura contábil mais abrangente, alinhada às melhores práticas 
internacionais, caso desejem. Dessa forma, ao optarem por seguirem a NBC TG 
1000 (R1), as empresas podem elevar o nível de suas práticas contábeis, o que 
pode resultar em uma gestão mais eficiente, melhor governança corporativa e 
uma imagem mais sólida perante o mercado. Esses aspectos positivos podem 
contribuir para o crescimento sustentável e o sucesso a longo prazo das 
empresas (CFC, 2016, 2021a, 2021b). 
Diante disso, podemos concluir que o objetivo principal das normas é 
padronizar e regularizar as práticas contábeis das empresas, garantindo maior 
transparência e confiabilidade nas informações financeiras por elas 
apresentadas. Contudo, é importante destacar que a implementação das normas 
contábeis pode representar um desafio para as médias empresas, 
especialmente para aquelas que não possuem uma equipe de contadores 
qualificados. Por isso, é fundamental que essas empresas busquem se capacitar 
e buscar a ajuda de profissionais especializados a fim de procederem a uma 
adequada aplicação das normas contábeis. 
TROCANDO IDEIAS 
As mudanças nas políticas contábeis podem ter um impacto significativo 
nas demonstrações financeiras de uma empresa, especialmente em termos de 
sua relevância, confiabilidade e comparabilidade. Nesse contexto, como as 
mudanças nas políticas contábeis podem afetar as demonstrações financeiras 
de uma empresa e quais são as implicações dessas mudanças para a sua 
análise e interpretação? 
As mudanças nas políticas contábeis podem ter efeitos significativos nas 
informações financeiras apresentadas pela empresa, por exemplo: uma 
mudança na política de depreciação pode afetar diretamente o valor líquido 
contábil de um ativo e, consequentemente, o lucro líquido e o fluxo de caixa da 
empresa. Além disso, essas mudanças podem tornar as demonstrações 
financeiras menos comparáveis ao longo do tempo e com outras empresas do 
mesmo setor. Por outro lado, é importante considerar que as mudanças nas 
políticas contábeis muitas vezes são necessárias para refletir melhor a realidade 
da empresa e/ou a mudança nas condições de mercado. Por exemplo, uma 
empresa pode optar por mudar sua política contábil de reconhecimento de 
 
 
24 
receita para se adequar às novas normas regulatórias ou para refletir melhor a 
natureza do seu negócio. 
Diante desse cenário, é fundamental que as empresas comuniquem 
claramente as mudanças havidas nas políticas contábeisnas suas 
demonstrações financeiras, explicando as razões para elas e seus efeitos nas 
informações apresentadas. Além disso, os analistas financeiros devem estar 
atentos a essas mudanças e avaliar seus impactos para uma análise mais 
precisa e confiável das demonstrações financeiras das empresas. 
NA PRÁTICA 
Agora que conhecemos um pouco sobre as regras contábeis das médias 
empresas, que tal exercitarmos os conhecimentos adquiridos respondendo às 
seguintes quatro questões? 
1. Sobre a depreciação pelo método das unidades produzidas, o método 
de depreciação conhecido como unidades produzidas considera o 
número de unidades que o ativo produzirá durante toda a sua vida útil. 
Esse método de depreciação assume que o desgaste do ativo está 
diretamente relacionado ao número de unidades que ele produz. Sendo 
assim, considere que uma empresa adquiriu uma máquina por R$ 120 mil, 
com uma vida útil estimada de 50 mil unidades produzidas. No final do 
ano, a empresa produziu 10 mil unidades. Qual é o valor da depreciação 
anual utilizando-se o método das unidades produzidas? 
a. R$ 24 mil. 
b. R$ 30 mil. 
c. R$ 36 mil. 
d. R$ 42 mil. 
e. R$ 48 mil. 
2. Sobre o reconhecimento do ativo intangível, conforme definido pela 
NBC TG 1000 (R1), o intangível compreende um ativo que não possui 
substância física e que pode ser identificado de duas maneiras. Primeiro, 
se puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, 
alugado ou trocado; segundo, se for proveniente de direitos contratuais 
ou outros direitos legais, independentemente de esses direitos poderem 
 
 
25 
ser transferidos ou separados da entidade. Diante disso, assinale a 
alternativa que contemple um ativo intangível: 
a. Maquinário para produção. 
b. Equipamentos de uso administrativo. 
c. Software desenvolvido para comercialização. 
d. Software para operação de uma máquina específica. 
e. Aquisição de uma licença de software para uso da empresa. 
3. Sobre o reconhecimento das provisões, as empresas se deparam 
constantemente com diversas incertezas relacionadas às suas 
operações, o que pode lhes gerar riscos financeiros consideráveis. Para 
lidar com esses riscos, é necessário que as empresas possuam 
mecanismos capazes de identificar e gerenciar tais incertezas, como as 
provisões. Nesse sentido, qual é a definição de provisão, segundo a NBC 
TG 1000 (R1) (CFC, 2016)? 
a. Uma obrigação presente que surge de eventos passados, cuja liquidação 
é incerta e cujo valor pode ser mensurado de forma confiável. 
b. Uma obrigação presente que surge de eventos futuros, cuja liquidação é 
certa e cujo valor pode ser mensurado de forma confiável. 
c. Uma obrigação presente que surge de eventos passados, cuja liquidação 
é certa e cujo valor não pode ser mensurado de forma confiável. 
d. Uma obrigação presente que surge de eventos futuros, cuja liquidação é 
incerta e cujo valor pode ser mensurado de forma confiável. 
e. Uma obrigação presente que surge de eventos futuros, cuja liquidação é 
incerta e cujo valor não pode ser mensurado de forma confiável. 
4. Sobre o impairment, a mensuração dos ativos nem sempre está de 
acordo com seu real valor. Por essa razão é que surge o teste de 
impairment. Impairment é uma redução no valor contábil de um ativo, em 
que o valor contábil do ativo supera seu valor recuperável. Sendo assim, 
qual é a perda por impairment que uma empresa deve reconhecer em um 
imóvel que possui valor contábil de R$ 500 mil, valor em uso de R$ 250 
mil e valor justo de venda de R$ 400 mil, com custo de desmontagem e 
venda de R$ 50 mil? 
a. R$ 50 mil. 
b. R$ 100 mil. 
c. R$ 150 mil. 
 
 
26 
d. R$ 250 mil. 
e. R$ 300 mil. 
FINALIZANDO 
Neste conteúdo, estudamos a NBC TG 1000 (R1) e conhecemos as 
diretrizes para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis. 
Estes são os tópicos tratados nesta abordagem: 
• NBC TG 1000 (R1): contabilidade para médias empresas 
• NBC TG 1000 (R1): políticas contábeis, instrumentos financeiros e 
estoques 
• NBC TG 1000 (R1): investimentos, imobilizado e intangível 
• NBC TG 1000 (R1): provisão, subvenções, impairment 
• Por que adotar a NBC TG 1000 (R1) 
Na próxima abordagem, estudaremos a contabilidade como uma 
ferramenta de controle da gestão das micro e pequenas empresas. 
 
 
27 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, 17 dez. 1976. Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm>. Acesso em: 4 
jul. 2023. 
_____. Lei n. 11.638, de 27 de dezembro de 2007. Diário Oficial da União, 
Brasília, 28 dez. 2007. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. 
Acesso em: 4 jul. 2023. 
CFC – Conselho Federal de Contabilidade. NBC TG 1000 (R1): contabilidade 
para pequenas e médias empresas. Diário Oficial da União, Brasília, 1 nov. 
2016. Disponível em: 
<https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG1000(R1).pdf>. Acesso em: 4 
jul. 2023. 
_____. NBC TG 1001 (R1): contabilidade para pequenas empresas. Diário 
Oficial da União, Brasília, 9 dez. 2021a. Disponível em: 
<https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG1001.pdf>. Acesso em: 4 jul. 
2023. 
_____. NBC TG 1002 (R1): contabilidade para microentidades. Diário Oficial da 
União, Brasília, 9 dez. 2021b. Disponível em: 
<https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG1002.pdf>. Acesso em: 4 jul. 
2023. 
PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. de; LEITE, J. da S. J. Manual de 
contabilidade internacional: IFRS – US Gaap – BR Gaap – teoria e prática. 
São Paulo: Cengage Learning Brasil, 2014. 
SANTOS, A. dos et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas 
as sociedades. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2022. 
 
 
 
28 
RESPOSTAS 
1. a. R$ 24.000,00. O método das unidades produzidas é utilizado quando a 
vida útil do ativo está relacionada ao seu uso produtivo e não ao tempo. 
Para se calcular a depreciação anual, é necessário primeiro calcular o 
custo de depreciação por unidade produzida. Isso é feito subtraindo-se o 
valor residual do custo original do ativo e dividindo esse resultado pelo 
número de unidades produzidas estimadas. No caso da questão, o custo 
de depreciação por unidade produzida é de R$ 2,40 (R$ 120.000,00 - R$ 
0,00 ÷ 50.000 unidades). Como a empresa produziu 10.000 unidades no 
ano, o valor da depreciação anual será de R$ 24.000,00 (R$ 2,40 x 10.000 
unidades produzidas). 
2. e. Aquisição de uma licença de software para uso da empresa. O ativo 
intangível compreende um bem que não possui matéria, é separável, 
mensurável e que vai gerar benefício econômico futuro para a empresa, 
como a aquisição de uma licença de software. Maquinários para 
produção, equipamentos de uso administrativo e software para operação 
de uma máquina específica se referem a imobilizados. O software 
desenvolvido para comercialização deve ser reconhecido no estoque, 
pois permanece na empresa por um período curto de tempo. 
3. a. Uma obrigação presente que surge de eventos passados, cuja 
liquidação é incerta e cujo valor pode ser mensurado de forma confiável. 
4. c. R$ 150.000,00. A perda por impairment que a empresa deve 
reconhecer em um imóvel é de R$ 150.000,00 (valor contábil/valor 
recuperável). Nesse caso, o valor recuperável é o maior entre o valor em 
uso (R$ 250.000,00) e o valor justo de venda descontado dos custos de 
desmontagem e venda (R$ 350.000,00 = R$ 400.000,00 – R$ 50.000,00). 
Portanto, a perda por impairment é de R$ 150.000,00 (R$ 500.000,00 – 
R$ 350.000,00). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Daiane Lolatto 
 
 
Conversa inicial 
Nesta aula, vamos tratar da contabilidade como ferramenta de controle da 
gestão em micro e pequenas empresas, e, para tanto, estudaremos os seguintes 
temas: 
• Contabilidade como ferramenta decontrole da gestão de micro e 
pequenas empresas – MPEs; 
• Planejamento e controle orçamentário para micro e pequenas 
empresas; 
• Lucro (resultado econômico) × fluxo de caixa (resultado financeiro); 
• Ciclo operacional x ciclo econômico x ciclo financeiro; 
• Liquidez e risco. 
Vamos, então, aproveitar a leitura e exercitar os conhecimentos 
adquiridos resolvendo as atividades. 
Contextualizando 
Segundo Lemes Júnior e Pisa (2019), “administração financeira é a arte e 
ciência de cuidar do dinheiro, mitigar os riscos e agregar valor para a empresa.”. 
No Brasil, os recursos financeiros são escassos, caros e os prazos nem sempre 
são adequados, o que torna ainda mais difícil a vida dos empreendedores, 
principalmente os das pequenas e médias empresas. 
Assim, a administração financeira assume um papel fundamental para 
garantir a sustentabilidade financeira das empresas. O objetivo principal da 
administração financeira é criar valor para a empresa e maximizar a riqueza de 
seus proprietários, sejam eles empreendedores individuais, sócios ou acionistas. 
Diante disso, nesta aula, vamos conhecer a importância da contabilidade 
como ferramenta de controle da gestão em micro e pequenas empresas. Esta 
aula é fundamental para nossos estudos futuros, por isso é imprescindível se 
atentar a todos os temas e detalhes descritos. Iniciaremos falando sobre a 
contabilidade para pequenas e médias empresas. 
TEMA 1 – CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DA 
GESTÃO EM MPES 
A contabilidade desempenha um papel fundamental na gestão de micro e 
pequenas empresas (MPEs), fornecendo informações úteis para a tomada de 
decisões. Embora a contabilidade tenha evoluído ao longo dos anos, é 
importante destacar que a publicação da obra de Luca Pacioli, em 1494, foi um 
 
 
3 
marco no meio empresarial e acadêmico, em decorrência da introdução do 
registro pelo método das partidas dobradas (Silva; Marion, 2013). 
Atualmente, há uma discussão sobre o papel da contabilidade na gestão 
de negócios e na solução de problemas das empresas. Para se manter 
relevante, a contabilidade deve abandonar a visão tradicional de simples 
registros contábeis e adotar uma abordagem gerencial das informações, fazendo 
uso dos avanços tecnológicos disponíveis (Silva; Marion, 2013). 
A contabilidade pode ser dividida em duas grandes áreas, contabilidade 
financeira e contabilidade gerencial. Conforme Atkinson et al. (2015), a 
contabilidade financeira tem um caráter retrospectivo; uma vez que resume em 
termos financeiros os resultados de decisões e transações passadas, é voltada 
principalmente para os stakeholders externos, como investidores, financiadores, 
reguladores e autoridades fiscais, e deve seguir as normas estabelecidas por 
órgãos emissores de padrões. 
Em contrapartida, a contabilidade gerencial é retrospectiva, ao fornecer 
feedback sobre operações passadas, e prospectiva, ao incorporar previsões e 
estimativas sobre eventos futuros. Ela está direcionada para atender às 
necessidades de tomada de decisão dos funcionários e gerentes das 
organizações e não tem formas ou normas prescritivas sobre seu conteúdo, 
como o conteúdo deve ser desenvolvido e como deve ser apresentado (Atkinson 
et al., 2015). 
Essa flexibilidade possibilita que a contabilidade gerencial se adapte às 
necessidades de cada empresa e setor, fornecendo informações personalizadas 
que ajudam a identificar problemas, oportunidades e tendências no desempenho 
financeiro e operacional. A contabilidade gerencial pode ser usada para 
monitorar indicadores de desempenho, avaliar a rentabilidade de produtos ou 
serviços, identificar custos desnecessários e melhorar a eficiência operacional 
(Iudícibus, 2020). 
Iudícibus (2020) associa a avaliação de desempenho à análise de 
balanços. Ao analisar os balanços, é possível identificar indicadores financeiros 
relevantes, como a liquidez, a rentabilidade, a solvência, entre outros. Esses 
indicadores podem ajudar na avaliação do desempenho da empresa em relação 
a metas e objetivos estabelecidos, assim como na identificação de possíveis 
oportunidades de melhoria ou ajustes necessários para garantir a saúde 
financeira da organização. 
 
 
4 
Vamos considerar uma empresa que apresenta um ativo circulante de 
R$ 580.000,00 em 20X1 e de R$ 650.000,00 em 20X2. Durante esse período, o 
passivo circulante foi de R$ 340.000,00 e R$ 280.000,00, respectivamente. Com 
essas informações, é possível calcular a liquidez corrente da empresa, que é 
obtida pela divisão do ativo circulante pelo passivo circulante. Em 20X1, a 
liquidez da empresa foi de 1,70 e, em 20X2, foi de 2,32. Isso significa que, para 
cada R$ 1,00 de dívida no curto prazo, a empresa tinha R$ 1,70 em 20X1 e 
R$ 2,32 em 20X2. 
No entanto, essa análise pode ser insuficiente. Embora o índice de 
liquidez seja favorável para a empresa, ele pode ser composto principalmente 
por estoques, o que indica que a empresa tem dinheiro parado no estoque e 
pode não estar gerenciando seu capital de forma eficiente. Por isso, é importante 
analisar vários outros indicadores financeiros para uma avaliação mais precisa 
da saúde financeira da empresa. 
As empresas devem buscar o maior número possível de informações 
gerenciais para tomar decisões assertivas. A análise dos índices financeiros 
deve ser considerada em conjunto com outras informações relevantes, como o 
desempenho operacional e as estratégias de negócios da empresa. Somente 
assim será possível obter uma visão completa de sua situação financeira e tomar 
decisões mais precisas e embasadas. 
Além disso, as informações de custos têm um papel fundamental no 
processo de tomada de decisão. As informações de custos podem ser utilizadas 
na fixação de preços, análise de rentabilidade, tomada de decisões de 
investimentos, controle de custos e planejamento orçamentário (Atkinson et al., 
2015). 
De acordo com Silva e Marion (2013), as empresas de pequeno e 
médio porte têm utilizado pouco as informações contábeis presentes 
nos relatórios contábeis devido à linguagem técnica empregada, que 
muitas vezes dificulta o entendimento dos usuários. É necessário rever 
essa questão para garantir que as informações sejam eficientes, 
eficazes e úteis aos usuários. 
A contabilidade é uma ferramenta crucial para a gestão de MPEs, pois 
fornece informações importantes para a tomada de decisões financeiras e 
gerenciais. A adoção de uma perspectiva gerencial das informações e o uso de 
tecnologia são fundamentais para aprimorar a eficácia da contabilidade e 
garantir a continuidade dos negócios. 
 
 
5 
TEMA 2 – PLANEJAMENTO E CONTROLE ORÇAMENTÁRIO PARA MICRO E 
PEQUENAS EMPRESAS 
A utilização mais frequente das informações de custos é provavelmente 
na elaboração do orçamento, que é uma ferramenta da contabilidade gerencial 
que visa projetar ou antecipar os custos em diferentes níveis de produção e 
atividade de vendas. Os orçamentos são essenciais para o planejamento, pois 
estabelecem a direção da organização durante um período orçamentário 
específico. Eles servem como base para previsões de lucros que os executivos 
sêniores compartilham com o mercado acionário (Atkinson et al., 2015). 
Para Frezatti (2023), o orçamento é o plano financeiro que visa colocar 
em prática a estratégia da empresa para um determinado período. Ele não se 
trata apenas de uma estimativa, mas sim de um compromisso dos gestores em 
relação às metas a serem alcançadas. O orçamento reflete as prioridades e a 
direção da organização, fornecendo condições para avaliar o desempenho da 
empresa, suas áreas internas e seus gestores. 
De acordo com Sardinha (2008), o orçamento é uma ferramenta que 
transmite a estratégia para todos os níveis gerenciais, detalhando os planos de 
cada centro de responsabilidade. Ainda, coordena as diversas atividades da 
organização, evitando a duplicação de esforços, bem como estabelece 
responsabilidades,autoriza limites de gastos e informa o desempenho esperado. 
É um instrumento de avaliação, ou seja, um contrato ou acordo com os gestores 
com o objetivo de utilizar os planos como base para avaliar o desempenho tanto 
deles quanto da empresa como um todo. 
A análise do orçamento não ocorre apenas em um momento específico, 
mas durante todo o processo de desenvolvimento do orçamento. Quando o 
cronograma é definido, ao se estabelecer datas para a elaboração do orçamento, 
o departamento de orçamento analisa se é viável e exequível. Depois que as 
datas são estabelecidas, esse mesmo departamento orçamento verifica se as 
áreas estão cumprindo os prazos limite e toma as medidas necessárias quando 
isso não ocorre (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
Após a elaboração do orçamento, é importante realizar uma análise dos 
valores apresentados na demonstração de resultados e no balanço projetado, 
visando otimizar os resultados e identificar possíveis distorções causadas pelas 
premissas e objetivos considerados na elaboração do orçamento (Crepaldi; 
Crepaldi, 2019). 
 
 
6 
Nessa análise crítica, são utilizadas técnicas de análise econômico-
financeira como ponto de equilíbrio ou da relação custo-volume-resultado e a 
análise da taxa de retorno sobre o investimento. Essas técnicas são 
fundamentais para avaliar a situação econômico-financeira da empresa, sua 
filosofia operacional, decisões de investimentos em ativos permanentes e a 
estrutura de capitais (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
O orçamento de financiamento identifica as necessidades de recursos de 
terceiros para financiar novos investimentos ou a reestruturação da estrutura de 
capital. Por fim, o orçamento geral é um resumo dos planos da empresa, no qual 
são definidas metas específicas para atividades de vendas, produção, 
distribuição e financiamento, que geralmente resulta na elaboração do 
orçamento do resultado e do fluxo de caixa projetado (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
Segundo Crepaldi e Crepaldi (2019), ainda não existe uma metodologia 
formal para análise de orçamentos. Em empresas que têm um sistema de 
orçamentos bem desenvolvido, são utilizados métodos próprios e específicos, 
de acordo com o estilo e a habilidade conceitual de sua administração. 
Quando a área de orçamentos recebe as premissas, elas são analisadas 
e confrontadas com os objetivos da direção e comparadas com as do ano 
anterior. Essas premissas são utilizadas na elaboração de simulações. A direção 
selecionará a alternativa que melhor reflita os objetivos da empresa. Geralmente, 
são realizados três tipos de simulações, a simulação otimista, a simulação 
realista e a simulação pessimista (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
A análise de variações é o processo de comparar os resultados reais com 
os objetivos orçados. Esse processo possibilita que a administração avalie o 
desempenho e identifique as variações, para que possa agir em relação às 
execuções. Se uma variação for significativa, é importante analisá-la 
cuidadosamente para identificar as causas e tomar medidas corretivas ou 
preventivas apropriadas (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
Ao investigar uma variação, é necessário considerar vários fatores. 
Inicialmente, é preciso avaliar a relevância da variação e determinar o grau de 
importância. Em seguida, é fundamental examinar os dados do orçamento e os 
dados reais para garantir que não haja erros de informação (Crepaldi; Crepaldi, 
2019). 
Outro fator a ser considerado é se a variação é resultado de uma decisão 
da administração, como a realização de um projeto publicitário não planejado 
 
 
7 
previamente. Além disso, muitas variações podem ser explicadas pelo efeito de 
fatores não controláveis, como a inflação (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
Por fim, se a causa da variação não for conhecida, é necessário analisá-
la com cuidado e tomar medidas corretivas. Essas variações são exceções e 
geralmente exigem ações imediatas para que a administração possa lidar com 
elas adequadamente (Crepaldi; Crepaldi, 2019). 
No Quadro 1 a seguir, podemos acompanhar um exemplo prático de 
análise de variação do valor orçado com o valor real. 
Quadro 1 – Análise de variação do orçamento 
Discriminação R$ % Orçado Real Favorável/Desfavorável 
Vendas 30.000,00 27.600,00 –2.400,00 –8% 
Custo produtos 
vendidos 18.000,00 18.300,00 300,00 2% 
Margem bruta 12.000,00 9.300,00 –2.700,00 –23% 
Promoção e 
propaganda 4.500,00 4.200,00 –300,00 –7% 
Margem de 
contribuição do 
produto 
7.500,00 5.100,00 –2.400,00 –32% 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Podemos observar que há uma variação significativa entre o valor orçado 
e o valor real. Logo, a empresa deve identificar as causas dessa variação e tomar 
medidas para corrigi-las. 
O orçamento tem duas funções complementares e indissociáveis, o 
planejamento e o controle. Planejar significa definir previamente as ações a 
serem realizadas e atribuir os recursos necessários para alcançar as metas e 
objetivos estabelecidos, considerando todas as funções da empresa e todos os 
fatores que possam influenciá-la, tanto internos quanto externos. O controle é 
uma ação que complementa o planejamento realizado anteriormente. É 
necessário ter um planejamento traçado previamente para poder fazer o 
controle, pois somente com parâmetros claros e objetivos é possível realizar 
comparações (Correia Neto, 2022). 
Em conclusão, o planejamento e controle orçamentário são fundamentais 
para o sucesso das micro e pequenas empresas. Com uma visão clara dos 
recursos financeiros disponíveis e uma gestão eficiente dos gastos, as empresas 
podem tomar decisões mais estratégicas e garantir a continuidade do negócio. 
 
 
8 
Além disso, o controle orçamentário possibilita uma análise constante do 
desempenho financeiro da empresa, facilitando a identificação de oportunidades 
de crescimento e a correção de possíveis problemas. Portanto, investir em 
planejamento e controle orçamentário é uma medida importante para a gestão 
financeira saudável e sustentável de micro e pequenas empresas. 
TEMA 3 – LUCRO (RESULTADO ECONÔMICO) × FLUXO DE CAIXA 
(RESULTADO FINANCEIRO) 
Os conceitos de lucro (econômico) e fluxo de caixa (financeiro) são 
extremamente importantes na gestão empresarial e podem causar muita 
confusão para novos empreendedores. Por isso, é essencial dedicar um tópico 
específico para entendê-los e compreender o mundo das finanças empresariais, 
familiares ou pessoais. 
O lucro (resultado econômico) é o resultado obtido quando se subtrai as 
receitas dos custos e despesas. Esse resultado econômico pode ser positivo 
(lucro) ou negativo (prejuízo). Em contrapartida, o fluxo de caixa (resultado 
financeiro) é a diferença entre as entradas e saídas de dinheiro. Esse resultado 
financeiro pode ser superavitário (entrada maior que saída) ou deficitário (saída 
maior que entrada) (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Empreendedores inexperientes enfrentam grandes desafios para 
gerenciar seus negócios em razão da dificuldade de entender essa diferença 
entre lucro e fluxo de caixa. É possível uma empresa ter lucros significativos e 
não ter dinheiro suficiente para pagar suas contas, assim como é possível ter 
prejuízos consideráveis e ter dinheiro suficiente para honrar seus compromissos 
(Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Uma empresa pode obter lucros, mas, ao mesmo tempo, investir em 
ativos como terrenos, máquinas e equipamentos que levam tempo para gerar 
fluxo de caixa. Isso significa que, mesmo que a empresa esteja registrando 
lucros contábeis, o dinheiro proveniente desses investimentos pode levar meses 
ou até mesmo anos para se materializar em entrada de caixa (Lemes Júnior; 
Pisa, 2019). 
Por isso, as empresas não podem imobilizar seus recursos por muito 
tempo. Ou seja, não podem investir em ativos que não tenham liquidez e que 
demoram para se tornar dinheiro. Por exemplo, não é viável investir em uma 
fábrica que demora quatro ou cinco anos para gerar entradasde caixa que 
 
 
9 
cubram esse investimento, se não for possível negociar prazos compatíveis com 
os fornecedores e bancos (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
É necessário sincronizar a velocidade com que os ativos geram dinheiro 
e a velocidade com que o dinheiro será usado para pagar as contas. Os 
empresários precisam cuidar tanto do lucro quanto do fluxo de caixa positivo. 
Para dar lucro, a empresa precisa inovar em produtos ou serviços que resolvam 
os problemas dos clientes, gerenciar custos e despesas operacionais, evitar 
financiamentos inadequados e fazer um bom planejamento tributário. Para gerar 
fluxo de caixa positivo, é preciso ter resultados econômicos (lucros) e elaborar 
um planejamento financeiro eficiente, gerenciando estoques, contas a receber e 
prazos de pagamento de fornecedores e financiadores (Lemes Júnior; Pisa, 
2019). 
O demonstrativo de resultados é um demonstrativo contábil que mostra o 
resultado econômico, enquanto o fluxo de caixa ou orçamento de caixa, 
preparado pelo gerente financeiro, é um demonstrativo financeiro que mostra a 
diferença entre as entradas e saídas de dinheiro (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
3.1 Fluxo de caixa 
O fluxo de caixa é uma ferramenta indispensável para o gerenciamento 
financeiro de uma empresa em curto e médio prazo. Ele consiste em registrar 
diariamente saldos, entradas e saídas de dinheiro, além de controlar contas a 
pagar e a receber em um período específico (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
O fluxo de caixa possibilita o planejamento, gerenciamento e controle das 
entradas e saídas de caixa, assim como das aplicações de saldos e da captação 
de empréstimos e financiamentos. Ele geralmente é estruturado para um 
horizonte de tempo anual ou semestral, dividido em meses, semanas e dias. Por 
exemplo, a primeira semana deve ser desdobrada em dias, o primeiro mês em 
semanas e o ano deve ser dividido em meses (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
O controle eficiente do fluxo de caixa é fundamental para garantir a 
disciplina financeira necessária para sua sobrevivência e crescimento. Essas 
empresas geralmente contam com recursos financeiros limitados provenientes 
do empreendedor ou de familiares, especialmente em suas fases iniciais, 
tornando a prática ainda mais importante (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Vamos acompanhar, na Figura 1 a seguir, os dois ramos da gestão 
financeira conforme descrito por Lemes Júnior e Pisa (2019). 
 
 
10 
Figura 1 – Gestão econômico-financeira e fluxo de caixa 
 
Fonte: Lemes Júnior; Pisa, 2019, p. 211. 
Administrar o fluxo de caixa adequadamente é necessário para a 
administração e continuidade de uma empresa. Essa afirmação é válida para 
empresas de todos os tamanhos, mas para uma Micro e Pequena Empresa 
(MPE) é uma questão de sobrevivência (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Segundo Lemes Júnior e Pisa (2019), os fluxos de caixa podem ser um 
importante instrumento de tomada de decisão gerencial, pois possibilitam: 
• comparar os montantes de entradas e saídas de caixa de um determinado 
período; 
• antecipar possíveis falta ou excesso de dinheiro; 
• identificar antecipadamente a necessidade de capital de giro, de modo a 
possibilitar que sejam negociadas melhores taxas do que em situações de 
urgência; 
• planejar as aquisições da empresa de forma que os pagamentos dos 
fornecedores sejam realizados após o recebimento dos valores pelos 
clientes (situação ideal); 
Gestão Econômica Gestão Financeira
Receitas Entradas
Gastos
(Custos + Despesas)
Saídas
Resultado Econômico
Lucro e Prejuízo
Resultado Financeiro
Superávit e Déficit
Fluxo de Caixa
receitas, gastos e resultados 
considerados no momento em que 
ocorrem
receitas, gastos e resultados 
considerados no momento da 
movimentação do caixa
 
 
11 
• tomar decisões sobre a concessão de prazos mais longos para o 
pagamento pelos clientes; 
• identificar problemas de formação de preço de venda, caso as entradas 
de caixa não cubram os pagamentos correspondentes; 
• identificar os melhores momentos para realizar compras, levando em 
consideração os prazos e a capacidade de pagamento; 
• possibilitar a realização de compras à vista com preços melhores ou 
aplicar os excedentes financeiros em investimentos. 
Na administração do caixa, é importante garantir que os prazos de 
recebimento das vendas sejam menores do que o período de rotação do estoque 
e o período de pagamento das contas. Nesse sentido, vamos compreender como 
funciona os ciclos operacional, econômico e financeiro das empresas. 
TEMA 4 – CICLO OPERACIONAL X CICLO ECONÔMICO X CICLO FINANCEIRO 
O ciclo operacional de uma empresa compreende o tempo decorrido 
desde a aquisição de matérias-primas, insumos ou produtos até o recebimento 
das vendas. Para gerenciar efetivamente os recursos que entram e saem do 
caixa da empresa, é importante entender como e quando essas transações 
ocorrem. Identificar o ciclo operacional ajuda na administração do caixa e 
possibilita antecipar a necessidade de capital de giro, tornando a gestão 
financeira mais eficiente (Crepaldi; Crepaldi, 2019; Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
O ciclo operacional é composto pelo ciclo econômico e financeiro. Ao 
representá-los graficamente, é possível identificar os diferentes prazos 
envolvidos na administração financeira, desde a aquisição da matéria-prima ou 
mercadoria até o recebimento das vendas. Isso possibilita a adaptação desses 
prazos em benefício do caixa. Na Figura 2 a seguir, ilustramos essa situação. 
Figura 2 – Ciclo operacional x ciclo econômico x ciclo financeiro 
 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Ciclo Operacional (CO)
Compra Prazo Médio de Estocagem (PME) Prazo Médio de Pagamentos (PMP) Prazo Médio de Recebimentos (PMR)
Ciclo Econômico (CE) Ciclo Financeiro (CF)
 
 
12 
As fórmulas do ciclo operacional correspondem a: 𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 + 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 ou 
𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝐶𝐶𝑃𝑃 + 𝐶𝐶𝐶𝐶. 
O ciclo econômico compreende o tempo que a empresa leva para renovar 
seus estoques. Começa com a aquisição de matérias-primas, insumos ou 
produtos e termina com a venda do produto ou mercadoria, não considerando o 
recebimento das vendas (Crepaldi; Crepaldi, 2019; Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Sabemos que manter estoques representa um custo financeiro e, quanto menor 
for o estoque e maior a rotatividade, melhor para a empresa. A fórmula do ciclo 
econômico corresponde a: 𝐶𝐶𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 
O ciclo financeiro começa quando a empresa realiza o pagamento aos 
fornecedores e termina com o recebimento das vendas (Crepaldi; Crepaldi, 
2019; Lemes Júnior; Pisa, 2019). Se os fornecedores concedem prazos mais 
longos e os clientes realizam pagamentos em períodos mais curtos, a empresa 
terá mais dinheiro disponível em caixa e não dependerá tanto de empréstimos 
ou de pagamento de juros bancários (Crepaldi; Crepaldi, 2019). Para 
encontrarmos o ciclo financeiro da empresa, podemos aplicar as fórmulas: 𝐶𝐶𝐶𝐶 =
 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 + 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 – 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 ou 𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝐶𝐶𝐶𝐶 – 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃. 
4.1 Estudo de caso dos ciclos 
Para entendermos melhor o ciclo operacional, econômico e financeiro, 
vamos imaginar uma empresa que fabrica e vende camisetas personalizadas. 
O ciclo operacional da empresa começa com a aquisição das matérias-
primas, como tecidos e tintas, e insumos necessários para a produção das 
camisetas. Em seguida, a empresa realiza a produção das camisetas 
personalizadas, que são disponibilizadas para venda. O ciclo operacional 
termina quando a empresa recebe o pagamento das vendas realizadas. 
O ciclo econômico da empresa corresponde ao tempo necessário para 
renovar seus estoques. Nesse caso, a empresa precisará realizar a aquisição de 
novos tecidos, tintas e insumos para a produção das camisetas personalizadas. 
Esse ciclo termina com a venda das camisetas e não leva em consideração o 
recebimento do pagamento das vendas. 
O ciclo financeiro começa quando a empresa realiza o pagamento aosfornecedores pela aquisição das matérias-primas e insumos, e termina quando 
a empresa recebe o pagamento das vendas realizadas. Se os fornecedores 
concedem prazos mais longos para o pagamento das compras realizadas, e os 
clientes realizam pagamentos em períodos mais curtos, a empresa terá mais 
 
 
13 
dinheiro disponível em caixa e não dependerá tanto de empréstimos ou 
pagamento de juros bancários. 
Suponhamos que a empresa compra R$ 10.000,00 em matéria-prima 
para a produção das camisetas, concedendo um prazo de 30 dias para 
pagamento aos fornecedores. Nesse caso, o ciclo financeiro será de 30 dias, 
pressupondo que a empresa venda todas as camisetas produzidas no mesmo 
período, ou seja, sem considerar um prazo adicional para o recebimento das 
vendas. Se a empresa conseguir vender todas as camisetas no prazo de 20 dias, 
por exemplo, o ciclo financeiro será de 10 dias. 
Dessa forma, é importante que a empresa compreenda o ciclo 
operacional, econômico e financeiro para gerenciar efetivamente seus recursos 
e antecipar a necessidade de capital de giro, o que oportuniza uma gestão 
financeira mais eficiente e sustentável no longo prazo. 
TEMA 5 – LIQUIDEZ E RISCO 
A compreensão dos conceitos de liquidez e risco são de suma importância 
na gestão financeira. 
Liquidez é a habilidade de converter ativos, como estoques, contas a 
receber, máquinas e equipamentos, em dinheiro (caixa). Liquidez também se 
refere à capacidade de pagar as contas. Os proprietários de micro e pequenas 
empresas devem ser cuidadosos em relação à falta de liquidez, pois isso pode 
levar a empresa a grandes dificuldades financeiras, como recuperação judicial, 
recuperação extrajudicial e até mesmo falência (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Existem vários motivos que podem levar à falta de liquidez, como vendas 
insuficientes, excesso de investimentos em estoques e em contas a receber, 
muitos investimentos em ativos imobilizados, como terrenos, prédios, 
equipamentos e veículos. Em alguns casos, é preferível fazer financiamentos no 
BNDES, por exemplo, e programar pagamentos em longo prazo, optar por 
leasing, ou até mesmo adiar os investimentos (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Risco é a probabilidade de algo desfavorável ocorrer. Uma concessão de 
crédito malfeita com alta inadimplência, falta de seguros contra sinistros, dívidas 
em dólares, quebra de um grande cliente, entre outros, podem provocar perdas 
significativas para a empresa. A previsão de riscos é um assunto muitas vezes 
negligenciado, tanto no início de um novo negócio quanto no dia a dia dos que 
já estão funcionando. Ninguém gosta de ser pessimista e imaginar que algo 
 
 
14 
errado possa acontecer, mas os riscos existem e devem ser avaliados e 
previstos (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
Lemes Júnior e Pisa (2019) classifica os riscos em financeiro, operacional, 
de mercado, ambiental, de acidente e desastres naturais. Os riscos financeiros 
podem estar associados ao retorno do investimento (rentabilidade que um 
investimento gera em relação ao valor investido), lucro (resultado financeiro 
positivo obtido após deduzir todas as despesas), capital de giro (recursos 
financeiros necessários para manter a operação de uma empresa em 
funcionamento), investimento e aplicações financeiras (formas de investir 
recursos financeiros em diferentes ativos), sonegação de tributos e encargos 
sociais (prática de não declarar os tributos devidos ao governo). 
Os riscos operacionais podem envolver a falta de matéria-prima ou a 
quebra de equipamentos. Os riscos de mercado podem estar relacionados a 
vendas fracas, fornecedores que não cumprem prazo, inadimplência dos 
clientes, perda de cliente importante. Os riscos ambientais podem compreender 
a contaminação do meio ambiente e consequente multa. Os riscos de acidente 
podem estar associados com o pessoal ou com máquinas e equipamentos. Por 
fim, os riscos de desastres ambientais podem estar relacionados com inundação 
e vendaval (Lemes Júnior; Pisa, 2019). 
De acordo com Lemes Júnior e Pisa (2019), é possível mitigar os riscos 
contratando seguros para o imóvel, veículos e pessoal, fazendo aplicações 
seguras em bancos de primeira linha, pagando os tributos com regularidade, 
participando de programas de saúde, higiene e segurança no trabalho e 
adotando políticas de responsabilidade social e ambiental. Seguindo essas 
práticas, é possível prevenir acidentes e incidentes que possam prejudicar a 
continuidade dos negócios. 
Ainda, segundo Lemes Júnior e Pisa (2019), existem alguns riscos críticos 
para a sobrevivência das empresas, como o de não vender e o de não receber. 
Vejamos os motivos envolvidos. 
• Risco de não vender: decorre principalmente da falta de pesquisa de 
mercado e de planejamento. Isso pode ser resultado de diversos fatores, 
como o preço acima da concorrência, a obsolescência do produto, a falta 
de reconhecimento da marca, um mercado mal avaliado em que os 
consumidores não desejam o produto, uma localização inadequada com 
falta de estacionamento ou próxima de concorrentes poderosos, 
 
 
15 
características demográficas mal avaliadas como idade, renda e classe 
social, qualidade abaixo do esperado, ausência de políticas de prazos 
para pagamento e forte reação dos concorrentes por meio de promoções. 
• Risco de não receber: ocorre em razão de políticas inadequadas na 
negociação de prazos de pagamento com fornecedores, do 
estabelecimento de prazos de recebimento dos clientes mais longos do 
que os obtidos para pagamento dos fornecedores (ciclo operacional mal 
planejado e mal negociado), à impontualidade ou inadimplência, que 
podem ser causadas por crises nacionais ou mundiais, problemas 
financeiros dos clientes, falência ou concordata dos clientes, falta de 
consulta básica (SPC, Serasa), falta de formalização de contrato ou não 
fornecimento de nota fiscal, o que dificulta a adoção de medidas judiciais. 
Na Figura 3 a seguir, mostramos como os riscos devem ser gerenciados 
quando não é possível ignorá-los ou eliminá-los completamente. 
Figura 3 – Avaliação de riscos 
 
Fonte: Lemes Júnior; Pisa, 2019, p. 219. 
Uma maneira de avaliar e controlar os efeitos dos riscos é criar cenários, 
definindo eventos e suas respectivas probabilidades. Assim, é possível 
identificar os possíveis impactos dos riscos e estabelecer medidas preventivas e 
corretivas para lidar com eles. 
Riscos
Avaliação
A quais riscos a empresa está 
exposta?
Qual a probabilidade de ocorrerem?
Quais as perdas ecustos decorrentes?
Controle
Estabelecer cenários: otimista, 
provável e pessimista
Aceitar o risco ou tomar medidas para 
reduzir seus efeitos
Plano de contingência
 
 
16 
Trocando ideias 
O ciclo operacional é composto pelo ciclo econômico e financeiro. O ciclo 
econômico compreende o tempo que a empresa leva para renovar seus 
estoques. O ciclo financeiro começa quando a empresa realiza o pagamento dos 
fornecedores e termina com o recebimento das vendas. Sendo assim, como 
esses ciclos podem afetar a gestão financeira e o desempenho do negócio? 
Esses ciclos são importantes para a gestão financeira da empresa, pois 
podem impactar diretamente o fluxo de caixa e a necessidade de financiamento. 
Se o ciclo financeiro for maior que o ciclo operacional, a empresa pode enfrentar 
dificuldades financeiras, pois terá que arcar com as despesas antes de receber 
o dinheiro das vendas. Em contrapartida, se o ciclo financeiro for menor que o 
ciclo operacional, a empresa terá um fluxo de caixa positivo e poderá utilizar o 
dinheiro excedente para investir em novos projetos ou pagar dívidas. 
Portanto, é fundamental que a empresa faça uma gestão adequada do 
seu ciclo operacional, econômico e financeiro, para garantir a sustentabilidade 
financeira e o sucesso do negócio. Isso pode incluir estratégias como a 
negociação de prazos de pagamento e recebimento, a otimização do estoque e 
a buscapor fontes de financiamento mais adequadas às necessidades do 
negócio. 
Na prática 
Agora que conhecemos um pouco sobre algumas questões relacionadas 
à administração financeira, que tal exercitarmos os conhecimentos adquiridos? 
Questão 1: Sobre a contabilidade 
A contabilidade desempenha um papel fundamental na gestão de micro e 
pequenas empresas (MPEs), fornecendo informações úteis para a tomada de 
decisões. Ela pode ser dividida em duas grandes áreas, contabilidade financeira 
e contabilidade gerencial. 
Sendo assim, analise as afirmativas a seguir sobre a contabilidade 
financeira e gerencial e assinale a alternativa correta. 
I. A contabilidade financeira é voltada especialmente para a tomada de 
decisão dos funcionários e gerentes das organizações. 
II. A contabilidade gerencial é direcionada principalmente para os 
stakeholders externos. 
 
 
17 
III. A contabilidade financeira deve seguir as normas estabelecidas por 
órgãos emissores de padrões. 
IV. A contabilidade gerencial fornece informações personalizadas às 
empresas. 
Assinale a alternativa correta: 
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. 
d. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
e. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
Questão 2: Planejamento e controle orçamentário 
Os orçamentos são fundamentais para o planejamento, pois estabelecem 
a direção da organização durante um período orçamentário específico. Eles 
servem de referência para previsões de lucros que os executivos sêniores 
compartilham com o mercado acionário. 
Sendo assim, analise as afirmativas a seguir sobre o orçamento e assinale 
a alternativa correta. 
I. O orçamento tem a função de transmitir a estratégia para todos os níveis 
gerenciais. 
II. O orçamento visa coordenar as diversas atividades da organização, o que 
possibilita a duplicação de esforços. 
III. O orçamento estabelece responsabilidades, autoriza limites de gastos e 
informa o desempenho esperado. 
IV. O orçamento é um instrumento de avaliação de desempenho da empresa 
como um todo. 
Assinale a alternativa correta: 
a. Apenas as afirmativas I e II estão corretas. 
b. Apenas as afirmativas II e III estão corretas. 
c. Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. 
d. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
e. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. 
 
 
18 
Questão 3: Lucro (resultado econômico) × fluxo de caixa (resultado 
financeiro) 
O resultado econômico e o resultado financeiro são indicadores 
importantes do desempenho de uma empresa, mas se referem a aspectos 
distintos da gestão financeira. Nesse sentido, qual é a diferença entre resultado 
econômico e resultado financeiro? 
a. O resultado econômico é a diferença entre as entradas e saídas de 
dinheiro, enquanto o resultado financeiro é o resultado obtido quando se 
subtrai as receitas dos custos e despesas. 
b. O resultado econômico é o resultado obtido quando se subtrai as receitas 
dos custos e despesas, enquanto o resultado financeiro é a diferença 
entre as entradas e saídas de dinheiro. 
c. Resultado econômico é o lucro obtido pela empresa, enquanto resultado 
financeiro é o valor total dos ativos da empresa. 
d. Resultado econômico é o valor total dos ativos da empresa, enquanto 
resultado financeiro é o lucro obtido pela empresa. 
e. Resultado econômico é a capacidade da empresa de gerar caixa, 
enquanto resultado financeiro é a rentabilidade do negócio. 
Questão 4: Ciclo operacional x ciclo econômico x ciclo financeiro 
A gestão financeira é um aspecto essencial em qualquer empresa, 
independentemente do porte ou ramo de atividade. Entre as diversas métricas 
utilizadas para medir a saúde financeira de uma organização, destaca-se o ciclo 
financeiro. 
Sendo assim, qual é a fórmula para calcular o ciclo financeiro de uma 
empresa? 
a. Ciclo Financeiro = Prazo médio de estocagem + Prazo médio de recebimento 
b. Ciclo Financeiro = Prazo médio de estocagem – Prazo médio de recebimento 
c. Ciclo Financeiro = Prazo médio de estocagem + Prazo médio de pagamento 
d. Ciclo Financeiro = Prazo médio de recebimento – Prazo médio de pagamento 
e. Ciclo Financeiro = Prazo médio de pagamento – Prazo médio de estocagem 
 
 
19 
Gabarito dos exercícios da seção “Na prática” 
• Questão 1: Correta: c) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. 
A contabilidade financeira é direcionada principalmente para os 
stakeholders externos e deve seguir as normas estabelecidas por órgãos 
emissores de padrões. 
A contabilidade gerencial é voltada especialmente para a tomada de 
decisão dos funcionários e gerentes das organizações e fornece informações 
personalizadas às empresas. 
• Questão 2: Planejamento e controle orçamentário. Correta: e) Apenas as 
afirmativas I, III e IV estão corretas. 
De acordo com Sardinha (2008), o orçamento é uma ferramenta que 
transmite a estratégia para todos os níveis gerenciais, detalhando os planos de 
cada centro de responsabilidade. Além disso, coordena as diversas atividades 
da organização, evitando a duplicação de esforços, bem como estabelece 
responsabilidades, autoriza limites de gastos e informa o desempenho esperado. 
É um instrumento de avaliação, ou seja, um contrato ou acordo estabelecido com 
os gestores, com o objetivo de utilizar os planos como base para avaliar o 
desempenho deles e da empresa como um todo. 
• Questão 3: Lucro (resultado econômico) × fluxo de caixa (resultado 
financeiro). Correta: b) O resultado econômico é o resultado obtido 
quando se subtrai as receitas dos custos e despesas, enquanto o 
resultado financeiro é a diferença entre as entradas e saídas de dinheiro. 
O resultado econômico é a medida do desempenho financeiro da empresa 
e representa o lucro ou prejuízo obtido após subtrair as despesas e custos das 
receitas. Em contrapartida, o resultado financeiro é uma medida do fluxo de caixa 
da empresa, representando a diferença entre as entradas e saídas de dinheiro 
em um determinado período. É importante distinguir os dois conceitos, pois uma 
empresa pode ter um resultado financeiro positivo (mais entradas do que saídas 
de dinheiro) e um resultado econômico negativo (mais despesas e custos do que 
receitas), o que pode indicar uma situação de insustentabilidade financeira no 
longo prazo. 
• Questão 4: Ciclo operacional x ciclo econômico x ciclo financeiro. Correta: a) 
Ciclo Financeiro = Prazo médio de estocagem + Prazo médio de recebimento. 
 
 
20 
A fórmula correta para calcular o ciclo financeiro de uma empresa é 
Ciclo Financeiro = Prazo médio de estocagem + Prazo médio de recebimento. 
Essa fórmula leva em conta o tempo médio que a empresa leva para vender 
seus produtos (prazo médio de estocagem) e o tempo médio que ela leva para 
receber os pagamentos das vendas (prazo médio de recebimento). 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos a contabilidade como ferramenta de controle da 
gestão em micro e pequenas empresas. Compreendemos como elaborar um 
controle orçamentário, a diferença entre lucro econômico e financeiro, ciclo 
operacional e econômico, liquidez e risco. 
Futuramente, em nossos estudos, estudaremos as principais fontes de 
captação de recursos das micro e pequenas empresas, os métodos de avaliação 
de investimentos e o desenvolvimento e planejamento estratégico dessas 
empresas. 
REFERÊNCIAS 
ATKINSON, A. et al. Contabilidade gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
CORREIA NETO, J. F. Planejamento e controle orçamentário: abordagem 
prática elaborar orçamentos empresariais. Rio de Janeiro: Alta Books, 2022. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade gerencial: teoria e prática. 
8. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
FREZATTI, F. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 6. ed. 
São Paulo: Atlas, 2023. 
IUDÍCIBUS, S. de. Contabilidade gerencial:da teoria à prática. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2020. 
LEMES JÚNIOR, A. B.; PISA, B. J. Administrando micro e pequenas 
empresas: empreendedorismo e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
SARDINHA, J. C. Orçamento e controle. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2008. 
SILVA, A. C. R. da; MARION, J. C. Manual de Contabilidade para pequenas e 
médias empresas. São Paulo: Atlas, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daiane Lolatto
 
 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, trataremos das principais fontes de captação de recursos 
das micro e pequenas empresas, os métodos de avaliação de investimentos e o 
desenvolvimento e planejamento estratégico dessas empresas; para tanto, 
estudaremos os seguintes tópicos: 
• Fontes potenciais de captação de recursos; 
• Métodos de avaliação de investimentos; 
• Desenvolvendo o planejamento estratégico em PMEs; 
• A implementação e os órgãos de governança nas PMEs; 
• O processo sucessório. 
Aproveite a leitura e exercite os conhecimentos adquiridos resolvendo as 
atividades. Lembre-se, a melhor forma de aprender é exercitando. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
As micro e pequenas empresas podem obter recursos para desenvolver 
suas atividades por meio de diversas fontes, como empréstimos bancários, 
financiamentos governamentais, investidores privados, entre outras opções de 
captação de recursos. 
Para isso, é importante que as micro e pequenas empresas tenham um 
planejamento estratégico bem-definido, para orientar suas atividades e decisões. 
Isso inclui a definição de objetivos claros, análise dos ambientes interno e 
externo e identificação dos recursos necessários que possam influenciar no 
sucesso da empresa. 
Diante disso, vamos conhecer como as Micro e Pequenas empresas 
obtêm recursos para desenvolverem suas atividades, os métodos de avaliação 
de investimentos e o desenvolvimento e planejamento estratégico dessas 
empresas. 
Este conteúdo é fundamental para entender o próximo conteúdo. Por isso, 
é imprescindível se atentar a todos os tópicos e detalhes descritos. Iniciaremos 
falando sobre a contabilidade para pequenas e médias empresas. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – FONTES POTENCIAIS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS 
Começar um negócio utilizando apenas recursos próprios costuma ser a 
melhor opção, uma vez que não há a necessidade de pagar juros. Contudo, isso 
não é tarefa fácil, pois exige um planejamento cuidadoso para acumular os 
recursos necessários e uma disciplina financeira rigorosa. 
Muitas vezes, as empresas precisam recorrer a outras fontes de recursos, 
como recursos pessoais, de amigos e familiares, investidores anjos, capital 
semente, venture capital e private equity, financiamento coletivo (crowdfunding), 
agências de fomento, incubadoras, hotéis tecnológicos e bancos (Lemes, 2019). 
Na sequência, vamos entender os cuidados que devem ser tomados pelos 
empreendedores na hora de captar recursos, com o objetivo de alertá-los sobre 
erros comuns que podem ocorrer nessa decisão. 
1.1 Recursos pessoais, de amigos e familiares 
A melhor forma de as empresas obterem recursos, normalmente, é por 
meio de amigos e familiares, pois, em geral, não exigem garantias e cobram 
juros baixos ou nenhum juro. Eles também são mais flexíveis em relação a 
prazos de pagamento (Lemes, 2019). 
No entanto, a possibilidade de contar com recursos de amigos e familiares 
depende de vários fatores que nem sempre estão sob controle do 
empreendedor, como a disponibilidade financeira dessas pessoas, sua 
disposição em investir na ideia do empreendedor, e até mesmo a estabilidade 
dos relacionamentos pessoais. Quando possível, é importante tomar cuidado 
para não prejudicar os relacionamentos (Lemes, 2019). 
Caso os recursos pessoais, de amigos e familiares, não sejam viáveis, ou 
insuficientes, os empreendedores devem buscar outras formas de 
financiamento. 
1.2 Investidores anjos 
Investidores anjos são uma ótima alternativa de financiamento para micro 
e pequenas empresas, especialmente para startups. Eles são pessoas físicas 
que investem seu próprio capital em projetos na fase inicial, auxiliando no 
desenvolvimento do negócio (Losada, 2020). Geralmente, são empresários, 
executivos e profissionais liberais experientes, com boas redes de 
 
 
4 
relacionamento e habilidades de avaliação de oportunidades. Os investimentos 
anjos são realizados geralmente por um grupo de 2 a 10 investidores, e o 
investimento típico varia entre R$ 50.000,00 e R$ 600.000,00 (Lemes, 2019). 
Empresas como Kroton, Bossa Nova Investimentos, TOTVS, IGC 
Partners são exemplos de investidores que procuram investir em startups. Além 
de obterem retorno financeiro, investidores e empreendedores contribuem para 
a economia como um todo, impulsionando empresas inovadoras e de alto 
potencial, criando empregos qualificados e contribuindo para o crescimento do 
país (Lemes, 2019). 
O momento de saída é importante para esses investidores. Eles podem 
optar por uma saída estratégica, investir em fundos de venture capital, vender 
para outros investidores anjos ou recomprar sua participação (Lemes, 2019). 
Por outro lado, segundo Lemes (2019), o empreendedor, ao vender sua 
participação, deve refletir sobre: 
• projeções de crescimento: é importante que tanto o investidor quanto o 
empreendedor sejam realistas na hora de vender um negócio. As 
previsões devem ser otimistas, mas não exageradas, para evitar 
questionamentos do comprador; 
• investimento necessário e uso dos recursos: para crescer ainda mais, é 
preciso saber quanto e onde investir os recursos. Além disso, é importante 
pensar na perenidade da empresa e na saída do investidor; 
• EBITDA e margem EBITDA: o empreendedor deve entender a 
importância dessas métricas na avaliação do negócio; 
• retorno sobre capital investido: é importante que o comprador entenda 
qual será o retorno sobre o investimento feito na empresa; 
• endividamento: o nível de endividamento da empresa deve ser condizente 
com seu tamanho e uma dívida inteligente não é um problema, mas uma 
dívida excessiva pode ser. 
1.3 Capital semente 
Capital semente é um tipo de financiamento de longo prazo fornecido por 
fundos de investimento a startups em seu estágio inicial de desenvolvimento ou 
que ainda estão em fase de concepção. Esse tipo de financiamento é muito 
procurado por empreendedores, pois pode gerar estabilidade financeira para a 
 
 
5 
empresa até que ela se torne sustentável. Os fundos de capital semente buscam 
altos retornos e estão dispostos a assumir riscos significativos, investindo em 
empresas inovadoras e de base tecnológica, podendo aplicar quantias 
substanciais em comparação aos investidores anjos (Lemes, 2019). 
Muitas vezes, as empresas apoiadas pelos fundos de capital semente são 
apenas ideias ou projetos no papel, e os recursos ajudam o empresário a cobrir 
gastos iniciais, com desenvolvimento do produto ou serviço, pesquisas de 
mercado, formação da equipe e aprimoramento do plano de negócios. O primeiro 
passo dos gestores de fundos de capital semente é selecionar os projetos que 
receberão os investimentos, avaliando as oportunidades do mercado, os 
produtos e serviços propostos, a equipe envolvida, a estratégia de atuação e o 
modelo de negócios (Lemes, 2019). 
O financiamento de capital semente também pode ser destinado a 
negócios que já possuem uma base sólida de produtos ou serviços e uma 
pequena clientela. Nesses casos, os recursos são utilizados para expandir a 
estrutura, aumentar a produção e as vendas, consolidar a marca e, acima de 
tudo, atrair a atenção de fundos de investimento com maior capacidade 
financeira (Lemes, 2019). 
Os investidores de capital semente geralmente formam fundos que 
arrecadam recursos de outros investidores e investem em várias empresas 
iniciantes para reduzir os riscos. Após avaliarcerca de mil projetos, 
aproximadamente dez são escolhidos para a próxima fase, que envolve 
apresentar a empresa ao comitê de investimento do fundo. O grupo então realiza 
uma análise e decide se aprova ou não o investimento. Depois disso, durante 
dois a três meses, os empreendedores e os membros do fundo se encontram 
para discutir e negociar a participação dos novos sócios (Lemes, 2019). 
Para conseguir esse tipo de investimento, é preciso mais do que ideias 
promissoras e boa argumentação. É recomendado documentar parte do plano 
de negócios e projetar o modelo de negócios, evidenciando maiores 
probabilidades de retorno para os investidores interessados. A participação em 
eventos voltados para as startups e a convivência em ambientes de inovação e 
empreendedorismo podem proporcionar aos empreendedores maiores chances 
de estabelecer uma rede de contatos com investidores de fundos, possibilitando 
a viabilização de seu negócio (Lemes, 2019). 
 
 
6 
No Brasil, as principais instituições governamentais que atuam no âmbito 
do capital semente são a Finep, responsável pelo financiamento de estudos e 
projetos, e o Fundo Criatec, mantido pelo BNDES e Banco do Nordeste do Brasil 
(BNB). Para aqueles que desejam ter acesso a fundos privados de capital 
semente, é possível consultar organizações que fomentam e representam as 
startups brasileiras, como a Associação Brasileira de Startups (ABStartups) 
(Lemes, 2019). 
1.4 Venture capital e private equity 
Em uma fase mais avançada do novo empreendimento, há a possibilidade 
de receber investimentos de todos os tipos de investidores de risco. Esses 
fundos normalmente investem em empresas de médio porte, que tenham 
alcançado um faturamento significativo e que precisam dar um grande salto. Os 
investimentos compreendem venture capital e private equity (Lemes, 2019). 
O venture capital é uma forma de financiamento para empresas que 
envolvem a troca de participação societária, resultando em responsabilidades 
conjuntas para investidores e empreendedores. Ele é destinado a startups que 
testaram seus produtos e estão prontas para crescer, trazendo investidores 
como sócios para o empreendimento (Lemes, 2019; Losada, 2020). 
O venture capital investe em empresas estabelecidas, mas de pequeno e 
médio portes, com potencial de crescimento, fornecendo recursos financeiros 
para as primeiras expansões e levando o negócio a novos patamares no 
mercado. Assim como no capital semente, o foco está em empresas inovadoras, 
em setores como biotecnologia e tecnologia. A seleção dos projetos também 
passa por avaliação, apresentação ao comitê de investidores e negociação 
(Lemes, 2019). 
O private equity é uma atividade de investimentos em participações 
privadas. O objetivo desses recursos consiste em fornecer um impulso financeiro 
à empresa para que ela se prepare para abrir capital na bolsa de valores, por 
exemplo (Lemes, 2019; Losada, 2020). 
As empresas de capital aberto também podem receber recursos do 
private equity. Nesse caso, o capital é destinado a mudanças financeiras, 
operacionais ou estratégicas, visando a um novo posicionamento no mercado 
aberto (Lemes, 2019). 
 
 
7 
1.5 Financiamento coletivo (crowdfunding) 
O financiamento coletivo (crowdfunding) é uma forma de financiamento 
empresarial em que várias pessoas podem contribuir com pequenas quantias 
para viabilizar uma ideia, negócio ou projeto, podendo ou não receber uma 
contrapartida em troca. É uma maneira rápida e relativamente simples de 
arrecadar fundos para a realização de uma ideia ou projeto popular, com uma 
baixa contrapartida (Coelho, 2018; Lemes, 2019; Losada, 2020). 
O financiamento coletivo é uma forma de financiar ideias, testar 
produtos/serviços e construir uma comunidade. O empreendedor define metas 
financeiras e um prazo de 90 a 180 dias, por exemplo, para arrecadação. Cada 
pessoa contribui com o que puder e, em troca, recebe recompensas. Se a meta 
mínima for alcançada, o projeto se torna realidade e todos os contribuintes 
recebem suas recompensas. Se a meta não for alcançada, todos recebem seu 
dinheiro de volta (Lemes, 2019). 
No Brasil, a Resolução n. 88, de 27 de abril de 2022, da Comissão de 
Valores Mobiliários (CVM) trata dessa modalidade de captação. 
1.6 Agências de fomentos 
Agência de fomento é uma instituição financeira não bancária regulada 
pelo Banco Central do Brasil, cujo principal objetivo é financiar investimentos de 
capital fixo e de giro para projetos empreendedores incluídos em programas de 
desenvolvimento na unidade da Federação onde a agência está sediada. Essas 
agências buscam substituir os bancos de desenvolvimento e reduzir a 
participação do estado no sistema financeiro (Lemes, 2019). 
As agências de fomento oferecem linhas de crédito mais baratas e 
vantajosas para micro, pequenas e médias empresas que desejam investir em 
setores estratégicos para o desenvolvimento regional, como infraestrutura, 
indústria, comércio, agronegócio, turismo e informática. Esses recursos são 
provenientes de fontes estaduais ou do BNDES (Lemes, 2019). 
Os empreendedores podem acessar essas linhas de crédito para investir 
em capital de giro, máquinas e equipamentos, inovação e franquias. Há também 
opções de crédito para profissionais autônomos, microempreendedores 
individuais e, em alguns casos, até mesmo para grandes empresas, dependendo 
do estado (Lemes, 2019). 
 
 
8 
As agências de fomento também realizam outras atividades, como 
prestação de garantias em operações compatíveis com seu objeto social, 
serviços de consultoria financeira, aplicação de disponibilidades de caixa em 
títulos públicos federais, cessão de créditos, aquisição de créditos oriundos de 
operações compatíveis com seu objeto social e financiamento para 
empreendimentos de pequeno porte (Lemes, 2019). 
Embora as agências de fomento não sejam fáceis de acessar, suas linhas 
de financiamento podem ser a melhor opção para obter capital para sua 
empresa. É importante conhecer as diferentes agências, linhas e programas 
existentes e acompanhar os editais para aproveitar essas oportunidades. As 
principais agências de fomento do Brasil são o Conselho Nacional de 
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à 
Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Financiadora de Estudos e Projetos 
(Finep), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e as 
Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados (FAPs) (Lemes, 2019). 
1.7 Incubadoras 
Incubadora de empresas é uma instituição que tem como objetivo fornecer 
suporte aos empreendedores para que possam desenvolver ideias inovadoras e 
transformá-las em empreendimentos de sucesso, oferecendo suporte técnico, 
gerencial e formação complementar. Existem diferentes tipos de incubadoras, 
como as de base tecnológica, tradicionais, mistas e sociais (Lemes, 2019). 
As incubadoras oferecem infraestrutura, capacitação aos 
empreendedores e redes de relacionamento que favorecem o crescimento do 
negócio e o acesso ao mercado. As empresas incubadas são aquelas que estão 
passando pelo processo de incubação, recebendo suporte de uma incubadora 
para o seu desenvolvimento. O tempo médio de incubação é de três anos e, ao 
se graduar, a empresa está preparada para o mercado (Lemes, 2019). 
Por outro lado, um parque tecnológico é um complexo industrial e de 
serviços de base científico-tecnológica que agrega empresas cuja produção se 
baseia em pesquisa tecnológica, visando promover a cultura da inovação e da 
competitividade. Os parques tecnológicos beneficiam os empreendimentos neles 
localizados, a região e a economia como um todo, facilitando o fluxo de 
conhecimento e tecnologia, gerando empregos qualificados e impulsionando a 
atividade empreendedora (Lemes, 2019). 
 
 
9 
1.8 Hotéis tecnológicos 
O Hotel Tecnológico é uma iniciativa que funciona como uma pré-
incubadora de projetosde base tecnológica, com o objetivo de apoiar alunos, ex-
alunos e servidores universitários no desenvolvimento de seus projetos. Ainda, 
busca estimular e incentivar a criação de empresas, permitindo que as ideias se 
tornem negócios caracterizados pela aplicação tecnológica (Lemes, 2019). 
Conhecido também como Programa Hotel de Projetos no Instituto Federal 
de São Paulo, esse programa tem como objetivo principal apoiar o 
desenvolvimento de projetos empreendedores, levando em conta a viabilidade 
mercadológica de produtos, processos e serviços e a capacidade física de 
hospedagem no IFSP dos projetos (Lemes, 2019). 
Assim como uma incubadora, o Hotel Tecnológico busca promover os 
projetos hospedados, oferecendo formação empresarial, estimulando a postura 
empreendedora e incentivando a criação de empresas com produtos/serviços 
inovadores de base tecnológica, fortalecendo a relação entre o meio acadêmico 
e o mercado (Lemes, 2019). 
1.9 Bancos 
Quando um empreendedor enfrenta dificuldades financeiras, geralmente 
considera solicitar um empréstimo ou financiamento. No entanto, o 
empreendedor deve entender a diferença entre esses conceitos. No caso do 
financiamento, o dinheiro é destinado a uma finalidade específica, como a 
compra de um equipamento ou veículo. No empréstimo, o tomador tem a 
liberdade de usar o dinheiro como quiser. Antes de recorrer a bancos, é 
recomendável explorar outras opções, visto que os empréstimos e 
financiamentos são bastante onerosos no Brasil (Lemes, 2019). 
Para negociar com as instituições financeiras, é aconselhável elaborar um 
plano de negócios que especifique como os recursos serão usados, quanto é 
necessário e como será feito o pagamento. Existem vários tipos de bancos, mas 
para empreendedores iniciantes, os mais acessíveis são os bancos de 
desenvolvimento e comerciais (Lemes, 2019). 
O BNDES é um banco público federal que apoia investimentos de longo 
prazo em diversos setores econômicos, incluindo agricultura, indústria, 
infraestrutura, comércio e serviços, além de investimentos sociais em áreas 
 
 
10 
como educação, saúde e agricultura familiar. O banco oferece várias opções de 
crédito para pequenas empresas, incluindo linhas de investimento para 
implantação, ampliação e modernização, aquisição de máquinas e 
equipamentos nacionais, além de capital de giro, microcrédito e financiamento 
para produtores rurais e exportadores (Lemes, 2019). 
TEMA 2 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS 
O objetivo de um investimento é obter um retorno que supere o valor 
investido, a fim de compensar o risco de trocar um valor presente garantido por 
um valor futuro que pode não ser recuperado. Essa diferença entre o retorno 
obtido e o valor investido é conhecida como rentabilidade do investimento, e 
representa uma espécie de prêmio por investir. É esse prêmio que fundamenta 
a existência dos juros, que são pagos como uma compensação pelo serviço 
prestado ao investidor pelo ato de emprestar dinheiro a terceiros (Padoveze; 
Benedicto, 2010). 
De acordo com Lemes (2019), os principais métodos utilizados para 
avaliação de investimentos são o Payback, o Valor Presente Líquido (VPL) e a 
Taxa Interna de Retorno (TIR). Na sequência, vamos entender como apurar o 
resultado utilizando esses métodos. 
2.1 Payback – Períodos de Retorno do Investimento 
O Payback fornece uma estimativa de quantos períodos (normalmente em 
anos) serão necessários para que o investimento inicial seja recuperado 
(Padoveze; Benedicto, 2010). Vamos supor que uma empresa esteja avaliando 
a possibilidade de investir em um novo projeto que exigirá um investimento inicial 
de R$ 100.000,00 e que tenha uma projeção de fluxo de caixa anual de R$ 
30.000,00. 
Para calcular o Payback, é necessário identificar em quantos anos o fluxo 
de caixa anual será capaz de recuperar o investimento inicial de R$ 100.000,00. 
Dividindo o investimento inicial pelo fluxo de caixa anual, temos: 
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = Investimento Inicial / Fluxo de Caixa Anual 
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = R$ 100.000,00 / R$ 30.000,00 
𝑃𝑎𝑦𝑏𝑎𝑐𝑘 = 3,33 anos 
 
 
11 
Portanto, nesse caso, o Payback é de 3,33 anos, o que significa que o 
investimento inicial será recuperado em um período de aproximadamente 3 anos 
e 4 meses. 
Conforme Lemes (2019), se o Payback for menor ou igual ao padrão 
definido pela empresa, ela deve aceitar o projeto e se o Payback for maior que 
o padrão definido pela empresa, ela deve rejeitar o projeto. 
Esse método apresenta vantagens como facilidade de compreensão, 
orientação para a liquidez e facilitação da análise de risco. Por outro lado, suas 
desvantagens incluem a falta de consideração ao valor do dinheiro no tempo, a 
subjetividade na definição do período de retorno do investimento, a não 
consideração das consequências após o período de retorno do investimento e a 
penalização de projetos de longo prazo, que podem ser estrategicamente 
importantes (Lemes, 2019). 
2.2 Valor Presente Líquido (VPL) 
O método do Valor Presente Líquido (VPL) consiste em calcular a 
diferença entre o valor presente das entradas de caixa e o valor presente das 
saídas de caixa, ambos descontados ao custo de capital. Esse cálculo permite 
visualizar quanto cada projeto pode contribuir em termos financeiros para 
maximizar a riqueza dos acionistas (Lemes, 2019; Padoveze; Benedicto, 2010). 
A fórmula para calcular o VPL é a seguinte: 
𝑉𝑃𝐿 = (𝐹𝐶0) +
(𝐹𝐶1)
(1 + 𝑘)
+
(𝐹𝐶2)
(1 + 𝑘)2
+
(𝐹𝐶3)
(1 + 𝑘)3
+
(𝐹𝐶4)
(1 + 𝑘)4
+ ⋯ +
(𝐹𝐶𝑛)
(1 + 𝑘)𝑛
 
Em que: 
𝑉𝑃𝐿 = Valor Presente Líquido; 
𝐹𝐶0 = Valor do Investimento Líquido; 
𝐹𝐶1…𝑛 = Fluxo de Caixa Livre de cada ano; 
𝑘 = Custo de Capital. 
Vamos supor que uma empresa esteja avaliando a possibilidade de 
investir R$ 50.000,00 em um novo projeto que promete gerar fluxos de caixa de 
R$ 10.000,00 por ano durante 5 anos. A empresa estima que o custo de capital 
é de 10% ao ano, ou 0,1 ao ano. 
 
 
12 
Para calcular o VPL, precisamos descontar cada fluxo de caixa futuro para 
o valor presente usando a taxa de desconto (custo de capital) de 10%. Fazendo 
isso, teremos: 
𝑉𝑃𝐿 = (𝑅$ 50.000,00) +
(𝑅$ 10.000,00)
(1 + 0,1)
+
(𝑅$ 10.000,00)
(1 + 0,1)2
+
(𝑅$ 10.000,00)
(1 + 0,1)3
+
(𝑅$ 10.000,00)
(1 + 0,1)4
+
(𝑅$ 10.000,00)
(1 + 0,1)5
 
𝑉𝑃𝐿 = (𝑅$ 50.000,00) + 𝑅$ 9.090,91 + 𝑅$ 8.264,46 + 𝑅$ 7.513,15 + 𝑅$ 6.830,13 
+ 𝑅$ 6.209,21 
𝑉𝑃𝐿 = (𝑅$ 12.092,13) 
O resultado negativo indica que o projeto não é viável, uma vez que o 
valor presente dos fluxos de caixa não cobre o investimento inicial de R$ 
50.000,00. 
Assim, se o VPL for maior ou igual a 0, o projeto é viável e deve ser aceito 
e se o VPL for menor que 0, o projeto não é viável e não deve ser aceito (Lemes, 
2019; Padoveze; Benedicto, 2010). 
O método do VPL apresenta vantagens, como a possibilidade de somar 
VPLs positivos de diversos projetos, a utilização exclusiva dos fluxos de caixa e 
do custo de capital, além da consideração do valor do dinheiro no tempo. Em 
contrapartida, suas desvantagens incluem a dificuldade em definir o custo de 
capital, interpretação mais difícil por ser dado em valor absoluto e dificuldade em 
ajustar o risco dos projetos (Lemes, 2019). 
2.3 Taxa Interna de Retorno (TIR) 
A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma variação do método do VPL. A TIR 
iguala os valores presentes das entradas e saídas de um projeto. Quanto maior 
a TIR, mais vantajoso é o projeto. A TIR permite calcular uma única taxa de 
retorno que resume o mérito do projeto. Ela é denominada “interna” porque sua 
obtenção não depende de qualquer outra informação além do fluxo de caixa livre 
do projeto (Lemes, 2019; Padoveze; Benedicto, 2010). 
A fórmula para calcular a TIR é a seguinte: 
(𝐹𝐶0) +
(𝐹𝐶1)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)
+
(𝐹𝐶2)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)2
+
(𝐹𝐶3)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)3
+
(𝐹𝐶4)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)4
+ ⋯ +
(𝐹𝐶𝑛)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛
= 0 
 
 
13 
Em que:𝑇𝐼𝑅 = Taxa Interna de Retorno; 
𝐹𝐶0 = Valor do Investimento Líquido; 
𝐹𝐶1…𝑛 = Fluxo de Caixa Livre de cada ano. 
O objetivo é encontrar a taxa TIR que faz com que a soma dos fluxos de 
caixa presentes seja igual a zero. Para encontrar essa taxa, a fórmula deve ser 
resolvida por meio de tentativa e erro, variando o valor da TIR até que a soma 
dos fluxos de caixa presentes seja igual a zero. Existem softwares e calculadoras 
financeiras que podem calcular a TIR automaticamente a partir dos fluxos de 
caixa fornecidos. 
Suponha que você está considerando investir em um projeto que requer 
um investimento inicial de R$ 10.000,00 e que gera fluxos de caixa anuais de R$ 
2.500,00 nos próximos 5 anos. Aplicando a fórmula da TIR, temos: 
(𝑅$ 10.000,00) +
(𝑅$ 2.500,00)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)
+
(𝑅$ 2.500,00)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)2
+
(𝑅$ 2.500,00)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)3
+
(𝑅$ 2.500,00)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)4
+
(𝑅$ 2.500,00)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)5
= 0 
A apuração por meio de uma planilha eletrônica (como o Excel) pode ser 
realizada conforme Figura 1. 
Figura 1 – Apuração TIR pelo Excel 
 
Fonte: Lolatto, 2023. 
Isso significa que, com base nas informações fornecidas, a taxa de retorno 
anual do projeto seria de 8%. Ou seja, se a rentabilidade esperada é maior do 
que o custo de oportunidade do investimento, o projeto seria uma boa opção 
para investir. 
Assim, se a TIR for maior ou igual ao custo de capital, o projeto é viável e 
deve ser aceito e se o VPL for menor que o custo de capital, o projeto não é 
viável e não deve ser aceito (Lemes, 2019; Padoveze; Benedicto, 2010). 
 
 
14 
O método da Taxa Interna de Retorno (TIR) apresenta diversas 
vantagens, como a consideração do valor do dinheiro ao longo do tempo, sua 
base exclusiva nos fluxos de caixa e no custo de capital, a possibilidade de 
comparar a taxa de retorno do projeto com as taxas de mercado e a facilidade 
de compreensão e comunicação. Entretanto, é importante ressaltar que o 
método TIR também apresenta algumas desvantagens, como a sua 
dependência na determinação do custo de capital, a possibilidade de múltiplas 
respostas caso os fluxos de caixa sejam não convencionais e a potencial 
propensão a decisões equivocadas em investimentos mutuamente exclusivos 
(Lemes, 2019). 
TEMA 3 – DESENVOLVENDO O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM PMES 
Tanto na teoria quanto na prática dos negócios existem diversas técnicas 
e ferramentas disponíveis para a realização de diagnósticos do ambiente 
empresarial. Vamos abordar duas delas, a análise SWOT e a análise das cinco 
forças de Porter. 
3.1 Análise SWOT 
A análise SWOT é uma das principais ferramentas utilizada no 
planejamento estratégico. Para criá-la, é necessário identificar e avaliar 
informações do ambiente interno e externo da empresa, com o objetivo de definir 
as estratégias de negócios mais apropriadas (Lemes, 2019). 
Essa ferramenta foi desenvolvida por Albert Humphrey, pesquisador 
norte-americano que trabalhou em um projeto na Universidade de Stanford entre 
as décadas de 1960 e 1970. Para criar a análise SWOT, Humphrey utilizou 
dados da Revista Fortune 500, que publica o ranking das maiores empresas 
americanas. A sigla SWOT é formada pelas primeiras letras dos termos em 
inglês Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities 
(Oportunidades) e Threats (Ameaças) (Chiavenato; Sapiro, 2020; Lemes, 2019). 
Na análise interna de uma empresa, são identificadas suas forças e 
fraquezas, enquanto na análise externa são identificadas oportunidades e 
ameaças (Kuazaqui, 2016; Lemes, 2019). 
• Forças: são fatores internos da empresa, como seus recursos e 
características dos produtos, que proporcionam vantagens estratégicas; 
 
 
15 
• Fraquezas: são fatores internos da empresa, como seus recursos e 
características dos produtos, que resultam em desvantagens estratégicas; 
• Oportunidades: são elementos do macroambiente que não podem ser 
controlados, mas que favorecem a empresa; 
• Ameaças: são elementos do macroambiente que não podem ser 
controlados, mas que prejudicam a empresa em determinado período. 
Segundo Lemes (2019), para realizar uma análise SWOT completa, é 
importante considerar cinco fatores principais de autoanálise, como os recursos 
disponíveis, as necessidades ou carências de capacidades e competências, as 
características internas da empresa, incluindo suas forças e fraquezas, as 
causas e motivos subjacentes às forças e fraquezas identificadas, assim como 
a comparação do desempenho da empresa com o desempenho de seus 
concorrentes. 
A seguir, podemos verificar algumas perguntas que a empresa pode 
responder para fins de elaboração da matriz SWOT, segundo Lemes (2019). 
Exemplos de perguntas para identificar pontos fortes: 
• Quais são as habilidades e competências da empresa? 
• Como podemos aumentar ainda mais a visibilidade da empresa? 
• O que os concorrentes, clientes, fornecedores e funcionários dizem que a 
empresa faz bem? 
• Como podemos aplicar e aproveitar os recursos disponíveis? 
• Qual é o nível de inovação da empresa em relação aos concorrentes? Em 
que aspectos a empresa se destaca? 
Exemplos de perguntas para identificar pontos fracos: 
• Em que aspectos os produtos, processos ou gestão da empresa ficam 
atrás dos concorrentes? 
• O que precisa ser melhorado na empresa? 
• Onde podemos buscar novos recursos para atender às necessidades 
internas? 
• O que os concorrentes, clientes, fornecedores e funcionários dizem que a 
empresa faz mal? 
• Qual é o nível de inovação da empresa em relação aos concorrentes? Em 
que aspectos a empresa precisa melhorar? 
 
 
16 
Exemplos de perguntas para identificar ameaças: 
• Quais leis, regulamentações, concorrentes ou inovações podem ter um 
impacto negativo na empresa? 
• Quais são os pontos fortes dos concorrentes que podem prejudicar o 
nosso negócio? 
• Existe a possibilidade de surgirem barreiras externas que afetem os 
produtos da empresa? 
• Estamos passando por um período de recessão econômica? 
Exemplos de perguntas para identificar oportunidades: 
• Quais são as oportunidades externas que a empresa pode identificar? 
• Quais são as novas demandas dos clientes que podem se tornar boas 
oportunidades de negócio? 
• Que tendências globais a empresa é capaz de aproveitar? 
• Estamos passando por um período de crescimento econômico? 
Diante disso, acompanhe no Figura 2 um exemplo prático de análise 
SWOT de uma empresa do ramo de vestuário. 
Figura 2 – Análise SWOT de uma empresa do ramo de vestuário 
 
Fonte: Lolatto, 2023. 
• Crescimento do 
mercado de vestuário 
masculino
• Expansão para o 
mercado de vestuário 
feminino
• Possibilidade de vendas 
on-line
• Concorrência acirrada
• Mudanças nas 
tendências da moda
• Aumento dos custos de 
produção
• Dependência de um 
único fornecedor
• Falta de diversificação 
dos produtos
• Problemas de 
comunicação interna
• Marca reconhecida no 
mercado
• Boa qualidade dos 
produtos
• Equipe de vendas 
experiente
Forças Fraquezas
OportunidadesAmeaças
 
 
17 
Após analisar os pontos fortes e fracos que afetam os fatores internos e 
externos da empresa, é hora de criar a matriz SWOT, como é mostrada no 
Quadro 1. 
Quadro 1 – Diagnóstico da empresa de vestuário com base na análise SWOT 
 Oportunidades 
• Crescimento do mercado 
de vestuário masculino. 
• Expansão para o 
mercado de vestuário 
feminino. 
• Possibilidade de vendas 
on-line. 
Ameaças 
• Concorrência acirrada. 
• Mudanças nas tendências 
da moda. 
• Aumento dos custos de 
produção. 
Pontos fortes 
• Marca reconhecida no 
mercado. 
• Boa qualidade dos 
produtos. 
• Equipe de vendas 
experiente. 
Potencializar 
• Aumentar a visibilidade 
da marca, investindo em 
campanhas publicitárias mais 
amplas ou em patrocínios de 
eventos importantes na área 
de vestuário. 
• Explorar novas 
oportunidades de mercado, 
lançando linhas de roupas 
esportivas ou moda praia. 
Minimizar 
•Buscar novos 
fornecedores e estabelecer 
parcerias com empresas que 
oferecem matéria-prima de 
qualidade a preços 
competitivos. 
• Investir em tecnologia e 
automação para reduzir a 
falta de diversificação dos 
produtos e melhorar a 
produção. 
Pontos fracos 
• Dependência de um único 
fornecedor. 
• Falta de diversificação 
dos produtos. 
• Problemas de 
comunicação interna. 
Transformar 
• Criar linhas de roupas 
para crianças ou tamanhos 
especiais, por exemplo. 
• Adotar práticas mais 
eficazes de comunicação 
entre os departamentos da 
empresa. 
Defender 
• Proteger sua marca 
reconhecida no mercado, a 
empresa pode adotar 
medidas legais contra a 
concorrência desleal ou 
investir em estratégias de 
marketing que fortaleçam a 
fidelidade dos clientes. 
• Acompanhar de perto as 
tendências e inovar em suas 
coleções. 
• Reduzir o desperdício de 
material e de energia, assim 
como renegociar os contratos 
com fornecedores e 
transportadoras. 
Fonte: Lolatto, 2023. 
3.2 Análise de Porter 
A análise de Porter é uma ferramenta de análise estratégica desenvolvida 
por Michael Porter, que ajuda as empresas a entenderem a dinâmica competitiva 
de seu setor de atuação e a identificar suas forças e fraquezas em relação aos 
concorrentes (Lemes, 2019). Essa análise é baseada em cinco forças que 
moldam a competição em um mercado específico: 
 
 
18 
1. A ameaça de novos entrantes: o quão fácil é para novas empresas 
entrarem no mercado e competirem com as empresas já estabelecidas; 
2. O poder de negociação dos fornecedores: o quão forte é a posição dos 
fornecedores em relação às empresas, o que pode afetar o preço e a 
qualidade dos insumos utilizados; 
3. O poder de negociação dos compradores: o quão forte é a posição dos 
compradores em relação às empresas, o que pode afetar o preço e a 
qualidade dos produtos oferecidos; 
4. A ameaça de produtos substitutos: o quão fácil é para os consumidores 
substituírem os produtos oferecidos pelas empresas por outros produtos 
similares; 
5. A intensidade da rivalidade entre os concorrentes: o quão forte é a 
concorrência entre as empresas já estabelecidas no mercado. 
Ao analisar essas cinco forças, as empresas podem identificar as 
oportunidades e os desafios do seu mercado, além de elaborar estratégias para 
enfrentar a concorrência. Por exemplo, se a ameaça de novos entrantes é alta, 
uma empresa pode investir em barreiras de entrada para impedir a entrada de 
novos concorrentes. Se o poder de negociação dos fornecedores é alto, uma 
empresa pode buscar novos fornecedores ou até mesmo verticalizar a sua 
produção para ter maior controle sobre os insumos utilizados (Lemes, 2019). 
No entanto, é importante ressaltar que a análise de Porter não é uma 
solução única para todas as empresas, e as estratégias elaboradas devem ser 
adaptadas às características e necessidades específicas de cada negócio. 
Ainda, essa análise não leva em consideração fatores externos ao mercado, 
como mudanças tecnológicas ou regulatórias, que podem afetar 
significativamente a dinâmica competitiva. 
TEMA 4 – A IMPLEMENTAÇÃO E OS ÓRGÃOS DE GOVERNANÇA NAS PMES 
A ideia de Governança Corporativa (GC) está ligada a um conjunto de 
regulamentos sobre como as empresas devem ser gerenciadas e 
supervisionadas. É o resultado de normas, tradições e padrões comportamentais 
que cada empresa desenvolve, não sendo apenas um modelo genérico que 
possa ser copiado ou exportado. A concepção de GC surgiu a partir da 
separação entre a propriedade e a gestão da empresa. Seu enfoque está na 
 
 
19 
definição de uma estrutura de governança que otimize a relação entre o retorno 
dos acionistas e os benefícios obtidos pelos seus executivos. Desse modo, a GC 
envolve geralmente a estratégia do negócio, as operações, a criação de valor e 
a distribuição dos resultados (Chiavenato; Sapiro, 2020). 
De acordo com o Rossetti e Andrade (2022), a governança corporativa 
está fundamentada em quatro valores: 
• Fairness (Equidade): a adoção de um senso de justiça e tratamento justo 
dos acionistas, com respeito aos direitos dos minoritários e sua 
participação equitativa nos resultados corporativos, bem como em 
assembleias gerais; 
• Disclosure (Transparência): a divulgação transparente das informações 
relevantes que afetam os negócios, incluindo resultados, oportunidades e 
riscos; 
• Accountability (Responsabilidade): prestação de contas responsável, 
baseada nas melhores práticas contábeis e de auditoria; 
• Compliance (Conformidade regulatória): adesão às normas regulatórias 
expressas nos estatutos sociais, regulamentos internos e leis do país. 
Os valores fundamentais da governança corporativa são essenciais para 
garantir a efetividade do sistema. Ainda, a GC busca promover a transparência 
e a confiança dos investidores e do mercado em geral. Para tanto, as empresas 
devem adotar práticas de GC que possibilitem o alinhamento dos interesses dos 
acionistas, dos executivos e dos demais stakeholders, assim como a criação de 
valor de forma sustentável (Chiavenato; Sapiro, 2020). 
Para que a GC seja efetiva, deve haver o comprometimento da alta 
administração e do conselho de administração em sua implementação e 
manutenção. É preciso que a empresa estabeleça uma estrutura de governança 
que contemple a definição de papéis e responsabilidades, a elaboração de 
políticas e diretrizes, a avaliação de desempenho e o monitoramento dos 
processos (Kuazaqui, 2016). 
Além disso, a empresa deve promover a capacitação e o desenvolvimento 
dos seus colaboradores e a criação de canais de comunicação transparentes e 
efetivos com os stakeholders. Dessa forma, a empresa poderá identificar riscos 
e oportunidades de forma mais rápida e precisa, permitindo uma tomada de 
decisão mais assertiva (Kuazaqui, 2016). 
 
 
20 
Em resumo, a governança corporativa é um tema de extrema relevância 
para as empresas, especialmente em um contexto em que a transparência e a 
responsabilidade são cada vez mais valorizadas pelos investidores e pela 
sociedade em geral. A adoção de práticas de GC pode contribuir 
significativamente para a criação de valor de forma sustentável e para a 
construção de relações de confiança com os stakeholders. 
TEMA 5 – O PROCESSO SUCESSÓRIO 
No que se refere à transferência de propriedade, o ponto principal é o 
momento da sucessão, quando ocorre a transferência da gestão do negócio para 
os herdeiros. Nessa ocasião, há o risco de cada um administrar sua parte de 
forma independente, o que pode levar a conflitos que, por sua vez, podem levar 
ao fechamento ou venda do negócio. Os herdeiros devem discutir claramente 
questões como quem, quando e como ocorrerá a sucessão, para que a gestão 
futura conte com o apoio da família no momento da transição (Lemes, 2019). 
Os romanos diziam que a morte põe fim a tudo, expresso pela frase "mors 
omnia solvit". Essa ideia foi incorporada pelo Direito Brasileiro, conforme descrito 
no art. 1.784 do Código Civil, que estabelece que no momento em que alguém 
falece, todos os seus bens passam automaticamente para seus herdeiros, sejam 
eles legítimos ou nomeados por testamento (Mamede; Mamede, 2015). 
No que diz respeito ao processo de sucessão, é importante que ele seja 
iniciado muito antes de o empreendedor deixar o comando da empresa. O 
proprietário deve iniciar o processo e indicar o sucessor no momento adequado. 
Ao agir com antecedência para preparar bem o sucessor, o fundador (ou seus 
sucessores) contribui de forma eficaz para garantir a continuidade da empresa 
na família (Lemes, 2019). 
Não é sempre que o empreendedor/empresário tem a disponibilidade e a 
paciência necessárias para formar o sucessor. O importante é que ele saiba 
conduzir esse processo da melhor maneira possível (Lemes, 2019). 
Para garantir uma sucessão bem-sucedida, é importante que o fundador 
da empresa desenvolva um plano estratégico abrangente,identificando os 
potenciais sucessores e seus respectivos papéis e responsabilidades. A 
comunicação clara e aberta entre o fundador, o sucessor e outros membros da 
família também é importante para evitar conflitos e garantir uma transição suave 
e bem-sucedida. Por fim, é importante lembrar que o processo de sucessão seja 
 
 
21 
visto como um processo contínuo de desenvolvimento e adaptação da empresa 
familiar às mudanças e desafios do mercado e da sociedade. 
TROCANDO IDEIAS 
Começar um negócio pode ser um desafio, especialmente quando se trata 
de reunir os recursos financeiros necessários para iniciar as operações. Algumas 
pessoas optam por usar apenas seus próprios recursos para iniciar um negócio 
e outras recorrem a recursos de terceiros. Nesse sentido, você concorda que 
começar um negócio utilizando apenas recursos próprios é a melhor opção? 
Quais cuidados você acredita que um empreendedor deve tomar ao buscar 
outras fontes de recursos para o seu negócio? 
Resposta: iniciar um empreendimento com seus próprios recursos é 
geralmente a escolha mais vantajosa, pois evita-se o pagamento de juros. No 
entanto, essa abordagem não é simples e requer um planejamento minucioso 
para juntar os recursos necessários, bem como uma disciplina financeira rígida. 
Ao buscar outras fontes de recursos para seu negócio, um empreendedor 
deve tomar alguns cuidados para garantir que está fazendo a melhor escolha 
possível. Alguns desses cuidados incluem avaliar a real necessidade do negócio, 
pesquisar as opções disponíveis, analisar os custos e benefícios de cada opção, 
ter um plano de negócios sólido, estabelecer acordos claros com as fontes de 
recursos escolhidas, ter um bom planejamento financeiro e, em alguns casos, 
consultar profissionais especializados. É fundamental que o empreendedor tome 
esses cuidados para garantir a segurança e o sucesso do seu negócio. 
NA PRÁTICA 
Agora que conhecemos um pouco sobre algumas questões relacionadas 
ao planejamento estratégico, que tal exercitarmos os conhecimentos adquiridos? 
Questão 1: Sobre capital semente 
Muitas vezes, as organizações necessitam de fontes de financiamento. Algumas 
das fontes de financiamento compreendem recursos próprios, ajuda de 
conhecidos e familiares, investidores anjos, capital semente, venture capital e 
private equity, financiamento coletivo (crowdfunding), agências de fomento, 
incubadoras, hotéis tecnológicos e bancos. 
 
 
22 
Nesse sentido, qual é a principal característica do financiamento de capital 
semente? 
a) Os fundos de capital semente buscam retornos moderados. 
b) É um investimento de baixo risco para os fundos de investimento. 
c) É um financiamento de curto prazo para startups que são sustentáveis. 
d) É fornecido por bancos em estágios iniciais de desenvolvimento de 
startups. 
e) Os fundos de capital semente buscam altos retornos assumindo altos 
riscos. 
Questão 2: Sobre venture capital e private equity 
Em um estágio posterior do novo empreendimento, pode-se ter a chance de 
atrair investimentos de diversos tipos de investidores de risco. Geralmente, 
esses fundos investem em empresas de tamanho médio que já tenham 
alcançado um faturamento expressivo e que necessitem dar um salto 
significativo. Os investimentos podem incluir venture capital e private equity. 
Nesse contexto, qual a diferença entre venture capital e private equity? 
a) O venture capital é voltado para startups em estágio inicial, enquanto o 
private equity investe em empresas mais maduras. 
b) O venture capital implica troca de participação societária, enquanto o 
private equity não. 
c) O private equity é exclusivo para empresas que desejam abrir capital na 
bolsa de valores, enquanto o venture capital não. 
d) O venture capital é mais arriscado que o private equity, pois investe em 
empresas menos estabelecidas. 
e) O private equity é uma forma de financiamento de empresas com fins 
lucrativos, enquanto o venture capital é voltado para negócios sociais. 
Questão 3: Sobre Payback 
O propósito de um investimento consiste em buscar uma rentabilidade que 
ultrapasse o montante investido, com o intuito de compensar o risco de trocar 
um valor presente seguro por um valor futuro que pode não ser recuperado. Para 
avaliar investimentos, são utilizados principalmente os métodos de Payback, 
Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). 
Sendo assim, qual é a definição de Payback em um projeto de investimento? 
a) O período necessário para que o fluxo de caixa acumulado do projeto se 
iguale ao investimento inicial. 
 
 
23 
b) O período em que o projeto deve ser concluído para garantir seu sucesso. 
c) A quantidade de dinheiro que o projeto irá gerar após sua conclusão. 
d) A taxa de desconto utilizada para calcular o retorno do projeto. 
e) O lucro líquido gerado pelo projeto em cada período. 
Questão 4: Sobre VPL 
O Valor Presente Líquido (VPL) é uma das ferramentas mais importantes da 
análise de investimentos. Essa medida financeira é utilizada para avaliar a 
viabilidade econômica de um projeto, considerando o valor do dinheiro no tempo. 
Sendo assim, qual é a definição correta de Valor Presente Líquido (VPL)? 
a) É o valor que se obtém a partir da soma de todos os fluxos de caixa futuros 
de um investimento, descontados a uma taxa de juros apropriada. 
b) É o valor que se obtém subtraindo o investimento inicial do fluxo de caixa 
acumulado em um determinado período. 
c) É o valor que se obtém multiplicando o investimento inicial pela taxa interna 
de retorno do investimento. 
d) É o valor que se obtém dividindo o fluxo de caixa acumulado em um 
determinado período pelo investimento inicial. 
e) É o valor que se obtém somando o investimento inicial ao fluxo de caixa 
líquido gerado pelo investimento. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, estudamos as principais fontes de captação de recursos das 
Micro e Pequenas empresas, os métodos de avaliação de investimentos e o 
desenvolvimento e planejamento estratégico dessas empresas. 
Os tópicos tratados foram: 
• Fontes potenciais de captação de recursos; 
• Métodos de avaliação de investimentos; 
• Desenvolvendo o planejamento estratégico em PMEs; 
• A implementação e os órgãos de governança nas PMEs; 
• O processo sucessório. 
Na próxima etapa estudaremos sobre inovação, sustentabilidade e 
crescimento dos negócios. Bons estudos e até a próxima! 
 
 
 
24 
REFERÊNCIAS 
CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento estratégico: da 
intenção aos resultados. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2020. 
COELHO, Caio Sasaki Godeguez. Crowdfunding: natureza e regime jurídico. 
São Paulo: Almedina, 2018. 
CVM. Resolução nº 88, de 27 de abril de 2022. Disponível em: 
<https://conteudo.cvm.gov.br/legislacao/resolucoes/resol088.html>. Acesso em: 
29 mar. 2023. 
KUAZAQUI, Edmir. Planejamento estratégico. São Paulo: Cengage, 2016. 
LEMES JR, Antônio Barbosa; PISA, Beatriz Jackiu. Administrando Micro e 
Pequenas Empresas – Empreendedorismo e Gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 
2019. 
LOSADA, Bruna. Finanças para startups: o essencial para empreender, liderar 
e investir em startups. 1. ed. São Paulo: Saint Paul Editora, 2020. 
MAMEDE, Gladston; MAMEDE, Eduarda Cotta. Planejamento sucessório: 
introdução à arquitetura estratégica – patrimonial e empresarial – com vista à 
sucessão causa mortis. São Paulo: Atlas, 2015. 
PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise das 
demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010. 
ROSSETTI, J. P.; ANDRADE, A. Governança Corporativa. São Paulo: Atlas, 
2022. 
 
 
25 
GABARITO DOS EXERCÍCIOS DA SEÇÃO NA PRÁTICA 
Questão 1: Sobre capital semente 
Correta: e) Os fundos de capital semente buscam altos retornos assumindo altos 
riscos. 
O capital semente é um tipo de investimento de longo prazo que é oferecido por 
fundos de investimento para startups em seus estágios iniciais dedesenvolvimento ou ainda em fase de concepção. Esse tipo de financiamento é 
bastante procurado por empreendedores, uma vez que pode proporcionar 
estabilidade financeira para a empresa até que ela se torne sustentável. Os 
fundos de capital semente buscam obter altos retornos e estão dispostos a 
assumir riscos elevados, investindo em empresas inovadoras e de base 
tecnológica, podendo aplicar valores significativamente maiores do que os 
investidores anjo. 
Questão 2: Sobre capital semente 
Correta: a) O venture capital é voltado para startups em estágio inicial, enquanto 
o private equity investe em empresas mais maduras. 
O venture capital é direcionado para empresas em fase inicial, com grande 
potencial de crescimento, enquanto o private equity investe em empresas mais 
maduras e consolidadas no mercado. Além disso, a troca de participação 
societária é uma característica comum no venture capital, o que não acontece 
necessariamente no private equity. As demais alternativas apresentam 
informações incorretas sobre as duas formas de investimento. 
Questão 3: Sobre Payback 
Correta: a) O período necessário para que o fluxo de caixa acumulado do projeto 
se iguale ao investimento inicial. 
Payback é o tempo necessário para que o fluxo de caixa acumulado de um 
projeto de investimento se iguale ao investimento inicial. É uma medida de 
análise de investimentos que se concentra no prazo de recuperação do 
investimento inicial e, portanto, ajuda a avaliar a rapidez com que o investimento 
inicial será recuperado. 
Questão 4: Sobre VPL 
Correta: a) É o valor que se obtém a partir da soma de todos os fluxos de caixa 
futuros de um investimento, descontados a uma taxa de juros apropriada. 
 
 
26 
O Valor Presente Líquido (VPL) corresponde ao valor que se obtém a partir da 
soma de todos os fluxos de caixa futuros de um investimento, descontados a 
uma taxa de juros apropriada. O VPL é uma medida financeira utilizada para 
avaliar a viabilidade de um investimento, levando em consideração o valor do 
dinheiro no tempo. Ao descontar os fluxos de caixa futuros, o VPL considera a 
taxa de juros que seria necessária para trazer esses fluxos de volta ao valor 
presente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE E GESTÃO DE 
MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Daiane Lolatto 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta etapa, vamos tratar de inovação, sustentabilidade e crescimento 
dos negócios. Para tanto, estudaremos os seguintes tópicos: 
• Inovação: tipos, processos e gestão da inovação; 
• Design Thinking (DT): um modelo mental a serviço da inovação; 
• Inovação e sustentabilidade; 
• Incentivos à inovação no Brasil; 
• Oportunidade e tecnologia. 
Aproveite a leitura e exercite os conhecimentos adquiridos resolvendo as 
atividades. Lembre-se, a melhor forma de aprender é exercitando. 
Bons estudos! 
CONTEXTUALIZANDO 
A inovação é um tema fundamental para o crescimento e desenvolvimento 
das empresas e da sociedade em geral. Isso porque, por meio da inovação, é 
possível criar novas soluções e melhorias, gerando valor para os consumidores 
e contribuindo para o aumento da produtividade e competitividade. No entanto, 
a inovação não se limita apenas ao desenvolvimento de novos produtos ou 
serviços, mas também pode ser aplicada em diferentes áreas, como processos, 
marketing e organização. 
Nesse contexto, a gestão da inovação torna-se crucial para o sucesso das 
empresas, uma vez que envolve a identificação de oportunidades, análise de 
riscos, definição de estratégias e implementação de ações para o 
desenvolvimento de soluções criativas e eficientes. Uma das abordagens que 
tem se destacado nos últimos anos é o Design Thinking (DT), que coloca o 
usuário no centro do processo criativo, buscando entender suas necessidades e 
desejos para desenvolver soluções que atendam de forma eficiente e criativa. 
Além disso, a inovação também está diretamente ligada à 
sustentabilidade, uma vez que o desenvolvimento de soluções sustentáveis 
pode trazer benefícios econômicos e ambientais de longo prazo. No Brasil, há 
incentivos à inovação, como leis de incentivo fiscal, que visam estimular as 
empresas a investir em pesquisa e desenvolvimento. Por fim, as oportunidades 
e tecnologias emergentes também têm impulsionado a inovação, criando novas 
 
 
3 
possibilidades para o desenvolvimento de soluções criativas e eficientes que 
possam atender às necessidades dos consumidores de forma inovadora. 
Diante disso, vamos conhecer os tipos, processos e gestão da inovação, 
a metodologia Design Thinking, os incentivos à inovação no Brasil e a aplicação 
da tecnologia no negócio. 
TEMA 1 – INOVAÇÃO: TIPOS, PROCESSOS E GESTÃO DA INOVAÇÃO 
Nos mercados atuais, altamente competitivos em escala global, a 
habilidade de inovar pode ser o fator determinante para a sobrevivência das 
empresas. Apenas aquelas que souberem inovar terão a chance de continuar 
existindo. 
A inovação tem ganhado grande relevância desde a década de 1980, 
quando Schumpeter (1982), considerado o pai da inovação, identificou-a como 
a principal característica dos empreendedores que, ao combinar recursos de 
novas e diferentes maneiras, promovem o desenvolvimento e o crescimento 
econômico (Lemes, 2019). Drucker (1987) define inovação como a capacidade 
de criar riqueza (recursos). 
O Decreto n. 5.798, de 7 de junho de 2006, que regulamenta a Lei n. 
11.196, de 21 de novembro de 2005 (Lei do Bem), define a inovação como a 
criação de um novo produto ou processo de fabricação, assim como a adição de 
novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que leve a 
melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, 
resultando em uma maior competitividade no mercado. No entanto, segundo 
Lemes (2019), é importante distinguir os conceitos de inovação, criatividade e 
invenção. 
• Criatividade: refere-se à geração de novas ideias e identificação de 
oportunidades. 
• Invenção: é a materialização da criatividade, podendo ser a criação de 
protótipos ou modelos, combinando ideias inéditas. 
• Inovação: segundo a definição do Manual de Oslo da Organização para a 
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2018, é a 
concretização de uma invenção em um novo ou substancialmente 
aprimorado produto, serviço, processo, método de marketing ou 
organização de negócios, local de trabalho ou relações externas. 
 
 
4 
Na Figura 1, podemos observar a relação entre os conceitos de inovação, 
criatividade e invenção, importantes para o desenvolvimento de um negócio. 
Figura 1 – Criatividade – Invenção – Inovação 
 
Fonte: elaborado com base em Lemes, 2019. 
Nesse sentido, vamos estudar na sequência os tipos de inovação, como 
realizar a gestão da inovação e qual o processo de inovação. Vamos ver o quão 
importante é inovar para se manter competitivo no mercado. 
1.1 Tipos de inovação 
A inovação impulsiona o crescimento da empresa, gerando resultados 
financeiros satisfatórios quando planejada e implementada de forma adequada. 
Ela pode contribuir para a redução dos custos de produção ou prestação de 
Inovação
• Criar algo útil
• Agregar valor
Invenção
• Criar algo novo
Criatividade
• Ideia/visão
 
 
5 
serviços mediante a introdução de novos processos, conquistar novos mercados 
não explorados ao lançar um produto ou serviço novo ou substancialmente 
melhorado, e ainda representar um diferencial diante da concorrência (Lemes, 
2019). 
Por ser um conceito universal, a inovação pode afetar todos os processos 
de uma empresa, mas sua extensão depende do grau de mudança que se deseja 
introduzir (Lemes, 2019). O Quadro 1 apresenta as características de quatro 
tipos de inovação. 
Quadro 1 – Os três principais tipos de mudanças e suas características 
Tipos da mudança Características 
Radical De acordo com o Manual de Oslo (2018), a definição de inovaçãoinclui a criação de novos negócios ou expansão para novas indústrias 
por meio da introdução de novos produtos ou serviços, além de causar 
uma mudança significativa em toda a indústria e tendencialmente criar 
novos valores de mercado. Um exemplo é a disponibilidade de 
serviços bancários on-line e outras facilidades proporcionadas pelas 
novas tecnologias e pela Internet. 
Disruptiva O Manual de Oslo (2018) define como revoluções aquelas inovações 
que surpreendem a maioria das pessoas, criando algo novo ou 
satisfazendo uma necessidade até então desconhecida. Geralmente, 
essas grandes revoluções geram usos e efeitos que vão além do que 
os inventores tinham previsto. Esse tipo de inovação pode criar novas 
indústrias ou transformar as já existentes. Um exemplo disso é o 
Iphone. 
Incremental Aprimoramentos, alterações, otimizações, simplificações e 
consolidações de produtos, processos, serviços e atividades de 
produção e distribuição já existentes são considerados como a maior 
parte das inovações observadas em produtos e serviços. Um exemplo 
disso é a constante evolução anual dos automóveis em relação às 
versões dos anos anteriores. 
Fonte: elaborado com base em Lemes, 2019. 
A inovação surge a partir da percepção de novas oportunidades no 
ambiente em que a empresa está inserida. Segundo a OCDE (2018), existem 
quatro tipos de inovação, que podem ser completamente novas ou trazer 
melhorias em algo existente, o que Schumpeter (1934) conceituou como 
inovação incremental. Esses tipos de inovação trazem mudanças na forma de 
trabalhar ou produzir, visando aumentar a produtividade e o desempenho. O 
Quadro 2 apresenta os quatro tipos de inovação adotados pela OCDE (2018). 
 
 
 
6 
Quadro 2 – Os quatro tipos de inovação segundo a OCDE 
Tipos de inovação Conceito 
Inovação de produto Implementação de um bem ou serviço inovador, seja 
completamente novo ou com melhorias substanciais em suas 
características e funcionalidades, incluindo aprimoramentos nas 
especificações técnicas, componentes, materiais, software ou 
outras características funcionais. 
Inovação de processo Desenvolvimento de um novo método de produção ou distribuição 
ou aprimoramento significativo de um método existente, com 
mudanças nas técnicas, tecnologia, equipamentos e/ou software. 
Inovação de marketing Modificações nos métodos de marketing que envolvem 
aprimoramentos no design do produto ou embalagem, preço, 
distribuição e promoção, que podem representar uma mudança 
significativa em relação aos métodos de marketing existentes. 
Inovação 
organizacional 
Implementação de uma nova prática de negócio, organização do 
trabalho ou relacionamento externo que busca melhorar o 
desempenho da empresa. 
Fonte: elaborado com base em Lemes, 2019. 
Depois de apresentar todos esses conceitos formais, podemos resumir de 
forma simples que inovação é observar a empresa e o produto e fazer mudanças. 
É entender que, se não houver mudança no produto, ele ficará ultrapassado. É 
ouvir o cliente e perguntar o que ele quer. É monitorar as novidades que a 
concorrência está trazendo e mudar ainda mais, prevendo tendências (Lemes, 
2019). 
Nesse sentido, inovar é fazer as mudanças necessárias para que a 
empresa aumente seus lucros. Ainda, é tornar essa prática um hábito para todos 
os funcionários, para que possam trazer suas ideias e que elas sejam ouvidas e 
avaliadas pelo empresário e colocadas em prática quando viáveis. E não se trata 
apenas de produto ou serviço, a inovação pode ocorrer nos processos utilizados, 
na forma de fazer as coisas e até na descoberta de novos mercados até então 
não explorados. Às vezes, um pequeno investimento no produto ou serviço abre 
novos e promissores mercados que geram maior valor para a empresa (Lemes, 
2019). 
Dessa forma, o processo de inovação é amplo e tem sempre como 
objetivo introduzir algo novo que aumente a lucratividade e fortaleça a atuação 
no mercado. A Figura 2 abaixo ilustra essa perspectiva. 
 
 
 
7 
Figura 2 – Objetivos do processo inovador 
 
Fonte: elaborado com base em Lemes, 2019. 
1.2 Gestão da inovação 
A gestão da inovação é um conjunto de práticas gerenciais que guiam 
todo o processo inovador. Em primeiro lugar, é importante estabelecer uma 
cultura inovadora na empresa, eliminando barreiras e renovando práticas e 
hábitos. Inovar sem a devida gestão pode representar um grande risco, por isso, 
é necessário planejamento, controle e avaliação dos resultados. A gestão deve 
ser ampla e envolver tanto as atividades estratégicas como as operacionais da 
empresa, com todos os colaboradores alinhados para atender às necessidades 
do mercado (Lemes, 2019). 
As empresas, especialmente as micro e pequenas empresas (MPEs), 
estão buscando inovação para se destacarem e se manterem no mercado. Para 
alcançar esse objetivo, é fundamental adotar uma nova cultura organizacional, 
Objetivos do 
processo Inovador
Alcançar novos 
mercados
Fortalecer a marca
Estimular a 
competitividade
Fidelizar clientes
Reduzir custos
Aumentar lucros
Agregar valor
Crescer
 
 
8 
que envolva ferramentas capazes de proporcionar uma visão ampliada e 
sistêmica do negócio, como a análise SWOT e de mercado (Lemes, 2019). 
A adoção de uma gestão inovadora pode contribuir para a integração e o 
controle eficiente dos recursos, gerando benefícios em termos de qualidade e 
produtividade. Nas MPEs, o lema da inovação deve ser “fazer mais com menos 
e melhor”, pois o aumento dos lucros virá como consequência do valor agregado 
ao negócio (Lemes, 2019). 
É importante lembrar que uma inovação só pode ser caracterizada como 
tal se gerar valor para a empresa e satisfação para os clientes, atendendo às 
suas expectativas de custo-benefício (Lemes, 2019). 
1.3 O processo de inovação 
Uma empresa inovadora é aquela que consegue implementar com 
sucesso um processo formal de inovação e escolher o momento adequado para 
fazê-lo, o que não é uma tarefa fácil. Decidir o momento certo para introduzir 
uma inovação em um produto ou serviço é uma escolha difícil e arriscada, que 
envolve riscos internos e externos. 
Para implementar inovações de sucesso em uma empresa, é crucial 
realizar uma análise minuciosa tanto do ambiente externo quanto interno, com 
atenção às tendências do mercado e às capacidades da empresa, inclusive em 
termos financeiros. É fundamental compreender que a implementação de uma 
inovação demanda mudanças significativas, investimentos em capacitação e 
motivação dos colaboradores, além de recursos financeiros (Lemes, 2019). 
Geralmente, nas micro e pequenas empresas, os processos de inovação 
são conduzidos informalmente e sem um planejamento adequado, o que pode 
gerar diversas dificuldades para o sucesso da inovação introduzida. As MPEs 
enfrentam obstáculos como a falta de conhecimento sobre o mercado em que 
atuam, a falta de acompanhamento das mudanças tecnológicas do setor, a falta 
de conhecimento sobre entidades de apoio para gestão e financiamento, a 
escassez de recursos financeiros, capacitação e qualificação do pessoal, a 
aquisição de novas máquinas ou equipamentos e o estabelecimento de 
parcerias estratégicas para inovação (Lemes, 2019). 
O modelo mais difundido para implantar um processo de inovação é o 
modelo de Tidd e Bessant (2015), que apresenta um plano de metas, objetivos 
e etapas bem definidas e pode ser utilizado por qualquer empresa, seja na 
 
 
9 
produção de bens ou na prestação de serviços, conforme demonstrado no 
Quadro 3 (Lemes, 2019). 
Quadro 3 – Processo de inovação: plano de metas, objetivos e etapas 
Etapa Descrição 
Buscar É importante estar atento aos indicadores do mercado que possam 
sinalizar mudanças que afetem a empresa, seja para explorar 
novas oportunidades ou para se preparar diante de pressões 
políticas ou da concorrência. 
Selecionar Selecionar as oportunidades tecnológicas e/ou mercadológicas 
que melhor se alinhem às estratégias,conhecimento, capacidade 
e recursos da empresa. 
Implementar Realizar a implementação das escolhas (ideias) selecionadas que 
levarão ao desenvolvimento e lançamento de um novo produto ou 
à adoção de um novo processo ou modelo de negócio. 
Aprender e “reinovar” Rever minuciosamente todo o processo de inovação, a fim de 
identificar e aprender com os erros cometidos, de modo a orientar 
as decisões futuras. A “reinovação”, nesse caso, tem como ponto 
de partida o sucesso anterior, permitindo que alguns erros 
conhecidos possam ser evitados e o processo seja aprimorado a 
cada nova inovação adotada. 
Fonte: elaborado com base em Tidd; Bessant, 2015. 
De acordo com o modelo proposto por Tidd e Bessant (2015), existem 
dois modos complementares para introduzir a inovação. Primeiro, “fazer o que 
sabemos, mas melhor” e, segundo, “fazer diferente”. 
O processo de inovação é influenciado pelo tamanho da empresa. As 
micro e pequenas empresas, por exemplo, geralmente apresentam maior 
flexibilidade e agilidade, além de tomarem decisões por meio de uma ou poucas 
pessoas. No entanto, podem enfrentar dificuldades para financiar a inovação, o 
que torna a inovação incremental mais adequada para essas empresas. Essa 
modalidade permite que a inovação seja introduzida em etapas, possibilitando 
melhorias graduais nos produtos ou serviços, sem ultrapassar a capacidade e 
os recursos disponíveis (Lemes, 2019). 
É importante destacar que essa recomendação não é aplicável às 
startups, que buscam inovações radicais ou disruptivas para oferecer soluções 
inovadoras ou altamente específicas (Lemes, 2019). 
Na sequência, vamos estudar o Design Thinking (DT) como um modelo 
mental amplamente utilizado para fomentar a inovação. Esse modelo tem como 
objetivo impulsionar o sucesso de empresas e organizações em um cenário cada 
vez mais complexo e competitivo, promovendo a criação de soluções inovadoras 
para os desafios contemporâneos. 
 
 
10 
TEMA 2 – DESIGN THINKING (DT): UM MODELO MENTAL A SERVIÇO DA 
INOVAÇÃO 
Não há uma tradução exata do termo Design Thinking (DT) para a língua 
portuguesa, uma vez que a sua tradução literal “pensar como um design” não 
captura totalmente o seu significado real. Por isso, a utilização do termo em 
inglês parece ser mais adequada (Lemes, 2019). 
Tim Brown, um dos idealizadores da abordagem, define o Design Thinking 
como uma disciplina que emprega a sensibilidade e os métodos dos designers 
para atender às necessidades das pessoas com soluções tecnicamente viáveis. 
Além disso, ele emprega estratégias de negócios viáveis para converter essas 
soluções em valor para o cliente e oportunidades de mercado (Brown, 2018). 
O objetivo do Design Thinking é encontrar soluções inovadoras para os 
problemas das pessoas, concentrando-se em suas reais necessidades. Isso é 
alcançado por meio do compartilhamento de conhecimentos, trabalho em equipe 
e materialização de pensamentos e processos, utilizando ferramentas gráficas 
como o modelo Canvas e Mapas Mentais (Lemes, 2019). 
Como o Design Thinking é uma abordagem colaborativa centrada nas 
pessoas, muitas empresas tiveram sucesso em seus projetos ao adotá-la. Para 
formalizar uma estrutura de aplicação do processo do DT, foram criados três 
fluxos principais: compreender, explorar e materializar. Esses fluxos comportam, 
juntos, seis fases ou etapas, incluindo compreensão, definição, geração de 
ideias, prototipagem, teste e implementação. A Figura 3 representa a estrutura 
do processo do Design Thinking (Lemes, 2019). 
 
 
 
11 
Figura 3 – Etapas do Design Thinking 
 
Fonte: elaborado com base em Kumar, 2013. 
A abordagem do Design Thinking permite que, em qualquer fase do 
processo, seja possível voltar às fases anteriores e reiniciar o processo com 
melhorias introduzidas. Por exemplo, durante a fase de teste do protótipo, pode 
ser necessário voltar a uma fase anterior para ajustar alguma hipótese falha. O 
significado detalhado de cada etapa é apresentado no Quadro 4 (Lemes, 2019). 
Quadro 4 – Detalhamento das etapas do Design Thinking 
Etapa Descrição 
Compreender Como o Design Thinking é centrado nas pessoas, o processo 
começa com a observação e compreensão de suas necessidades. 
Durante essa fase, busca-se conhecer seus pensamentos, 
sentimentos, ações e desejos. O objetivo é compreender as 
pessoas para as quais as soluções serão propostas e entender 
como elas lidam com o problema. 
Definir As informações coletadas na fase anterior são consolidadas e 
analisadas para identificar as necessidades. Com base nisso, 
começa-se a busca por soluções inovadoras. O objetivo dessa 
etapa é definir clara e objetivamente o problema e identificar os 
motivos que deram origem às necessidades. 
Idealizar Depois de identificar o problema e suas motivações, começa-se a 
fase de busca compartilhada e coletiva por soluções. Nessa fase, 
ocorre o brainstorming (tempestade de ideias), em que o maior 
número possível de pessoas interessadas na solução se reúnem 
para propor ideias livremente. Todas as ideias são anotadas, pois 
muitas vezes a solução vem da combinação de várias delas. O 
objetivo é identificar soluções criativas para resolver o problema e, 
com isso, introduzir inovações no processo. 
Prototipar Nesta fase ocorre a materialização da(s) ideia(s) escolhida(s). 
Pode-se construir um protótipo simulado através de desenhos, 
maquetes ou uma versão inicial do produto para iniciar o processo 
de prototipagem do DT. Embora o protótipo possa ser imperfeito 
 
 
 
 
Compreender Definir Idear Prototipar Testar Implementar
Compreender Explorar Materializar
 
 
12 
ou incompleto, ele permite testar as primeiras hipóteses, introduzir 
melhorias necessárias e, se necessário, descartar a solução 
proposta. 
Testar Depois de construir o protótipo e avaliar as primeiras impressões, 
chega o momento de testar a ideia (ou solução) na prática. É 
importante realizar testes com as pessoas que apresentaram o 
problema a ser resolvido. Com base nos comentários e sugestões 
desses participantes (feedback), é necessário avaliar novamente 
se as soluções propostas são válidas ou não. Se for identificado 
que não são eficazes, é necessário reiniciar o ciclo a partir das 
fases anteriores. 
Implementar A fase de teste e validação da solução proposta é essencial para 
garantir que o produto ou serviço esteja pronto para ser lançado no 
mercado. No entanto, essa fase não deve ser vista como o fim do 
processo, mas sim como mais uma etapa na busca pela evolução 
da ideia. A qualquer momento, com base no acompanhamento do 
desempenho e nas críticas dos vários envolvidos, como a equipe 
do projeto, clientes, fornecedores e outros colaboradores, é 
possível retomar qualquer uma das fases do DT e introduzir 
melhorias, tornando essa etapa um processo compartilhado de 
desenvolvimento contínuo e incremental. 
Fonte: elaborado com base em Kumar, 2013. 
Ao descrever as etapas do Design Thinking, torna-se mais claro seu 
caráter inovador, que se fundamenta na mudança do relacionamento com o 
cliente e na empatia ao se colocar no lugar do outro para entender melhor sua 
visão de mundo. Ao se concentrar nas pessoas e em suas necessidades, 
soluções inovadoras podem ser oferecidas de acordo com suas expectativas. 
Além disso, todo o processo traz benefícios para a empresa ao conquistar uma 
vantagem competitiva significativa. 
As micro e pequenas empresas podem e devem aplicar a abordagem do 
DT, uma vez que a inovação é um fator crucial para a sobrevivência no mercado 
altamente competitivo de hoje. Oferecer mais do mesmo não é mais suficiente 
para garantir a continuidade dos negócios, é preciso inovar (Lemes, 2019). 
Segundo Lemes (2019), o DT apresenta as seguintes vantagens: 
• Baixo investimento necessário: o DT é um processo colaborativo entre 
pessoas com diferentes formações, pontos de vista e perspectivas, que 
trabalham em equipe para encontrar soluções inovadoras.• Possibilidade de aprendizagem na prática: a experimentação permite 
aprender com os erros e reiniciar o processo introduzindo melhorias até 
conseguir o produto desejado pelos envolvidos no processo, dentro da 
capacidade técnica da empresa e da viabilidade do negócio. 
 
 
13 
• A participação de clientes e outros parceiros na geração de ideias para 
encontrar a solução para o problema, tudo isso amparado pelos 
feedbacks obtidos nas diferentes fases do processo. 
Na sequência, vamos compreender a importância da sustentabilidade no 
processo de inovação. A sustentabilidade é um tema cada vez mais relevante na 
sociedade atual, e isso se reflete também no mundo dos negócios e da inovação. 
A busca por soluções sustentáveis não é apenas uma questão ética e moral, 
mas também uma necessidade para a sobrevivência das empresas no longo 
prazo. 
TEMA 3 – INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE 
Uma empresa que busca inovação não pode se limitar a preocupações 
com o mercado, produtos e clientes em seu planejamento estratégico. É preciso 
adotar práticas eficazes que levem consideração não apenas a viabilidade 
financeira, mas também o impacto da empresa na sociedade e no meio ambiente 
(Lemes, 2019). De acordo com a Organização Não Governamental Brasileira, 
chamada World Wide Fund for Nature, esse desenvolvimento sustentável é 
definido como a capacidade de suprir as necessidades da geração atual sem 
comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações, 
levando em consideração a preservação dos recursos naturais para o futuro 
(WWF, 2015). 
Para alcançar a sustentabilidade, é fundamental reconhecer que os 
recursos naturais são finitos e que muitos deles estão em situação crítica, como 
o uso da água e a poluição de mares e rios. Para promover a sustentabilidade, 
é preciso reduzir a exploração dos recursos não renováveis e incentivar a adoção 
de substitutos renováveis, além de respeitar o tempo de regeneração próprio de 
cada tipo de recurso renovável. As emissões de resíduos poluentes também 
devem ser reduzidas ao máximo, para que não ultrapassem a capacidade de 
regeneração ou absorção pelos ecossistemas (Lemes, 2019). 
O desenvolvimento sustentável é um tema que tem sido cada vez mais 
discutido e regulado por leis, visando equilibrar o uso dos recursos ambientais 
com o necessário desenvolvimento econômico. Isso implica em adotar uma nova 
postura inovadora na utilização dos recursos, que promova o crescimento 
 
 
14 
econômico do negócio e a redução do impacto ao meio ambiente, sem deixar de 
gerar lucros (Lemes, 2019). 
Nesse sentido, a inovação deve considerar os impactos sociais e 
ambientais, como por exemplo incluir representantes da comunidade, escolas, 
universidades e organizações governamentais ou não governamentais ligadas 
ao meio ambiente na fase de geração e seleção de ideias, aproveitando o 
conceito de Design Thinking. Com essas práticas, a empresa poderá contribuir 
para a economia de sua localidade e ter sua marca valorizada como 
ecologicamente correta (Lemes, 2019). 
3.1 Contribuição das pequenas empresas com a sustentabilidade 
As pequenas empresas podem praticar a sustentabilidade ambiental por 
meio de ações simples, como a separação de resíduos recicláveis, o 
reaproveitamento de água, a reutilização de rejeitos e a parceria com empresas 
de reciclagem. Além disso, elas podem conscientizar os funcionários sobre a 
economia de água e energia elétrica, não só para reduzir custos, mas também 
para beneficiar o meio ambiente (Lemes, 2019). 
Micro e pequenas empresas podem adotar essas ações sem gastar muito, 
criando uma cultura de cuidado com o meio ambiente e a sociedade. No que se 
refere à responsabilidade social, é importante seguir normas de higiene e 
segurança do trabalho, cuidar da saúde dos funcionários e cumprir os horários e 
tempos de descanso previstos em lei (Lemes, 2019). 
Os três pilares da sustentabilidade empresarial — econômico, social e 
ambiental — podem ser visualizados na Figura 4 para melhor compreensão do 
seu conceito. 
 
 
 
15 
Figura 4 – Os três pilares da sustentabilidade empresarial 
 
Fonte: elaborado com base em Lemes, 2019. 
Crédito: anntavi/Shutterstock; elenabsl/Shutterstock; Anson_/Shutterstock. 
3.2 Motivos para as MPEs se tornarem sustentáveis 
A conscientização da sociedade em geral e dos consumidores em 
particular sobre questões ambientais tem aumentado. Empresas no Brasil e em 
todo o mundo entenderam que a sustentabilidade se tornou uma questão 
estratégica e pode impactar seus negócios no curto, médio e longo prazo 
(Lemes, 2019). 
O crescente interesse do consumidor em práticas sustentáveis tem feito 
as empresas mudarem sua postura em relação ao tema, não apenas em suas 
falas, mas em suas práticas, adotando métodos de produção que preservam o 
meio ambiente e respeitam seus funcionários e as comunidades em que operam. 
As empresas que lideram esse movimento estão aproveitando a 
oportunidade para fortalecer suas marcas, associando-as ao rótulo de empresas 
sustentáveis, que adotam boas práticas em relação à natureza e à sociedade. 
Isso resulta em vantagem competitiva e compensa os custos da mudança 
(Lemes, 2019). 
O Gráfico 1 apresenta os resultados de uma pesquisa de mercado 
realizada pela Opinion Box em 2019, que mostra dados sobre a percepção dos 
Su
st
en
ta
bi
lid
ad
e 
Ec
on
ôm
ic
a •Expansão de mercado 
como estratégia de 
negócio.
• Benefício competitivo.
• Reputação da empresa no 
mercado.
• Práticas inovadoras.
• Oportunidades de 
negócio.
• Opções de financiamento.
• Redução de custos.
• Excelência e 
sustentabilidade nos 
negócios. Su
st
en
ta
bi
lid
ad
e 
So
ci
al •Cuidado com o 
funcionário (Saúde e 
Segurança do Trabalho).
•Respeito às leis 
trabalhistas.
•Fornecer um ambiente de 
trabalho respeitoso para o 
indivíduo.
•Eliminar práticas 
discriminatórias de 
qualquer tipo.
•Participação em projetos 
sociais na comunidade.
•Ouvir a comunidade em 
relação aos seus produtos 
ou serviços e buscar 
melhorias.
Su
st
en
ta
bi
ld
ia
de
 A
m
bi
en
ta
l •Aproveitar ao máximo 
insumos de fontes 
renováveis.
• Destinar adequadamente 
os rejeitos gerados.
• Adotar tecnologias limpas.
• Diminuir o desperdício e a 
produção de lixo.
• Reutilizar: não descartar o 
que não é lixo. Usar para 
outros fins (vender, doar).
• Reciclar: transformar 
materiais usados em 
matéria-prima.
• Produzir com menor gasto 
de energia.
• Reduzir as emissões de 
poluentes.
 
 
16 
consumidores brasileiros em relação à sustentabilidade e ao engajamento social 
das empresas. 
Gráfico 1 – Percepção dos brasileiros sobre a sustentabilidade e o engajamento 
social nas empresas 
 
Fonte: elaborado com base em Opinion Box, 2019. 
TEMA 4 – INCENTIVOS À INOVAÇÃO NO BRASIL 
No Brasil, existem medidas de incentivo à inovação, como a criação de 
fundos e a promulgação de leis. A Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004, 
conhecida como Lei da Inovação, é uma dessas leis que estabelece políticas e 
medidas para estimular a pesquisa científica e tecnológica no ambiente 
produtivo, visando aprimorar a capacitação tecnológica, alcançar a autonomia 
tecnológica e promover o desenvolvimento do sistema produtivo do país em nível 
nacional e regional (Lemes, 2019). 
Essa lei é estruturada em três eixos: estabelecimento de parcerias entre 
empresas e universidades e institutos tecnológicos para criar um ambiente 
propício à inovação, incentivo à participação dos Institutos de Ciência e 
Tecnologia no processo de inovação e estímulo direto à inovação nas empresas 
(Lemes, 2019). 
33%
53%
9%
55%
15%
58%
52%
50%
7%
Se preocupam muito com práticas
sustentáveis quando compram um produto
Se preocupam pelo menos um pouco
Não se preocupam com a sustentabilidade
Sempre ou com frequência preferem marcas
reconhecidas por cuidar do meio ambiente
Nunca ou raramente escolhem a marca pelo
cuidadoda empresa com o meio ambiente
Deixariam de comprar uma marca se ela
estiver envolvida com trabalho escravo
Deixariam de comprar produtos de empresa
que polua o meio ambiente
Deixariam de comprar produtos de empresa
envolvida em escândalos de corrupção
Nenhum dos fatores listados faria o
entrevistado desistir da compra.
 
 
17 
O Decreto n. 9.283, de 02 de fevereiro de 2018, regulamenta a Lei da 
Inovação e estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica 
e tecnológica. De acordo com o Decreto, a Administração Pública (incluindo suas 
agências reguladoras e as de fomento) pode encorajar o desenvolvimento de 
projetos de colaboração entre empresas, Instituições Científicas, Tecnológicas e 
de Inovação (ICT) e entidades privadas sem fins lucrativos, com foco na criação 
de produtos, processos e serviços inovadores, bem como na transferência e 
disseminação de tecnologia (Lemes, 2019). 
A Lei do Bem (Lei n. 11.196/2005) estabelece incentivos fiscais à inovação 
para empresas que realizem pesquisa e desenvolvimento de inovação 
tecnológica. Para ter acesso a esses incentivos fiscais, os projetos de inovação 
tecnológica devem se enquadrar no seguinte conceito, estabelecido pela 
legislação brasileira: “concepção de novo produto ou processo de fabricação, 
bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto 
ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade 
ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado” (Lemes, 2019). 
Outros requisitos são necessários para acessar os incentivos fiscais da 
Lei do Bem. As empresas devem: estar no regime de Lucro Real; ter lucro fiscal 
no ano-base; ter regularidade fiscal em relação à quitação de tributos federais e 
outros créditos inscritos na Dívida Ativa da União (emitindo CND ou CPD-EN); 
investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); e, registrar seus projetos de 
inovação no Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) (Lemes, 2019). 
Uma vez obtidos os créditos tributários, eles devem ser utilizados dentro 
do ano-calendário e não podem ser utilizados posteriormente a este prazo. 
Também é definido o conceito de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de 
inovação tecnológica, de acordo com as atividades elencadas a seguir. 
A Lei do Bem traz benefícios fiscais para empresas que realizam pesquisa 
e desenvolvimento tecnológico, incluindo deduções de despesas, redução de 
impostos, depreciação integral e amortização acelerada. Para ter acesso a esses 
benefícios, a empresa precisa atender a pré-requisitos, como estar no regime de 
Lucro Real, ter regularidade fiscal, investir em P&D e cadastrar projetos de 
inovação no MCT. Além disso, existem outras formas de financiamento e 
fomento à inovação, como BNDES e FINEP (Lemes, 2019). 
 
 
 
18 
4.1 Inovação como estratégia de crescimento 
A inovação é um dos principais impulsionadores do crescimento de uma 
empresa. Empresas inovadoras costumam superar seus concorrentes e 
permanecer no mercado por mais tempo. O grande risco de não inovar é que o 
produto se torne obsoleto e o risco de não crescer é ficar estagnado (Lemes, 
2019). 
No caso das MPEs, muitas delas ainda não perceberam a importância da 
inovação para a sua sobrevivência. Mesmo que percebam, muitas vezes não 
possuem conhecimento e recursos para implementá-la. Por isso, é importante 
que haja políticas de financiamento e organismos de apoio técnico, conforme 
mencionado anteriormente (Lemes, 2019). 
Para crescer de forma sustentável, é preciso se preparar, traçar planos, 
detalhar estratégias e objetivos a serem alcançados, além de quantificar os 
recursos necessários, de onde eles virão e qual será o custo. Em resumo, é 
necessário fazer um planejamento estratégico para o crescimento. É preciso 
olhar para dentro da empresa, examinar as alternativas de crescimento, buscar 
novos mercados ou investir em aumentar a participação no mercado atual, 
investir em novos produtos ou aumentar as vendas dos produtos atuais (Lemes, 
2019). 
Ferramentas de análise como a matriz SWOT e as forças competitivas de 
Porter são bastante úteis. Além disso, há outra ferramenta que tem sido utilizada 
há muitos anos e ainda é muito útil para auxiliar nas decisões de crescimento da 
empresa: a matriz de crescimento Produto-Mercado, conhecida como matriz 
Ansoff, nome do seu idealizador (Lemes, 2019). 
A matriz Ansoff define quatro estratégias de crescimento empresarial, 
cada uma com seu próprio grau de investimento, retorno e risco (Lemes, 2019). 
• Penetração de mercado: consiste em aumentar as vendas de produtos ou 
serviços existentes nos mercados onde a empresa atua. Isso pode ser 
alcançado por meio de técnicas de fidelização, liquidações e promoções, 
por exemplo, com o objetivo de reduzir custos e aumentar o volume de 
vendas. 
• Desenvolvimento de produtos: envolve a criação de novos produtos ou 
serviços em mercados já existentes. Essa estratégia exige inovação e 
 
 
19 
melhorias tecnológicas para introduzir novos conceitos, como a 
introdução de versões light ou diet em linhas de iogurte e refrigerantes. 
• Desenvolvimento ou ampliação de mercado: refere-se à venda de 
produtos ou serviços existentes em novos mercados, que podem ser 
geográficos — vendas para outros estados, cidades ou países — ou por 
meio da introdução de novas utilizações para um produto já existente para 
ampliar o público-alvo, como focar as vendas em novas faixas etárias, 
sexo ou condições financeiras diferentes. 
• Diversificação: é a criação de novos produtos para novos mercados e 
representa a estratégia mais arriscada e inovadora, pois a empresa está 
introduzindo um produto completamente novo em um mercado 
desconhecido. Startups costumam atuar nessa área, buscando novas 
oportunidades de negócios. 
A representação gráfica para avaliar a estratégia mais adequada da matriz 
Ansoff é ilustrada na Figura 5. 
Figura 5 – Matriz Ansoff 
 Produtos 
Existentes Novos 
M
er
ca
do
s 
Ex
is
te
nt
es
 
Penetração de Mercado 
Risco Baixo 
Desenvolvimento de Produtos 
Risco Médio 
N
ov
os
 Desenvolvimento de Mercado 
Risco Médio 
Diversificação 
Risco Alto 
 
 
Fonte: elaborado com base em Ansoff, 1979. 
É fundamental compreender que as empresas precisam constantemente 
buscar o aumento de sua participação no mercado. Em setores estagnados com 
produtos pouco diferenciados, a competição por preço é intensa, o que pode 
prejudicar os resultados e reduzir a lucratividade (Lemes, 2019). 
A compreensão do valor da inovação como estratégia de crescimento é 
simples: a introdução de diferenciais competitivos no produto e a redução de 
Aum
ento 
Aumento do risco 
 
 
20 
custos por meio de inovações no processo produtivo geram aumento da 
lucratividade da empresa (Lemes, 2019). 
No entanto, inovar não é uma tarefa fácil, pois requer investimentos em 
pesquisa e desenvolvimento, o que muitas vezes não é viável para empresas de 
pequeno porte. É necessário criar um ambiente propício à mudança e focado na 
observação e aprendizado, capaz de promover as transformações necessárias 
para tornar a empresa mais competitiva (Lemes, 2019). 
TEMA 5 – OPORTUNIDADE E TECNOLOGIA 
Se as empresas não procurarem adquirir conhecimentos e investir em 
tecnologia, a sua sobrevivência será cada vez mais difícil. O mercado está se 
transformando em um ambiente digital, o que traz novas oportunidades para as 
empresas que se antecipam e as aproveitam (Lemes, 2019). 
O Sebrae (2013) destaca a importância de um planejamento estratégico 
para identificar os objetivos de adotar a tecnologia digital. Sem um objetivo claro, 
o resultado pode ser o oposto do desejado e afastar os clientes que a empresa 
possui. Isso acontece porque no ambiente digital as empresas estão expostas a 
críticas e o feedback é imediato. 
No entanto, muitas das facilidades tecnológicas estão relacionadas à 
Internet, que é acessívela todos que querem utilizá-la para melhorar o marketing 
da empresa e qualificar pessoas e processos. Ainda, há muitas outras 
oportunidades nas redes sociais, blogs de tecnologia, entidades de apoio ao 
empreendedorismo e consultorias. Com tantas possibilidades para os negócios, 
os custos de implantação são baixos e se pagam em pouco tempo (Lemes, 
2019). 
A internet trouxe muitas novas tecnologias que podem ampliar os 
mercados e as vendas de empresas de todos os tamanhos. Para aquelas que 
ainda têm dúvidas, a recomendação é começar a pensar no assunto, pois a 
busca pelo cliente está cada vez mais ligada ao mundo virtual (Lemes, 2019). 
Conforme Lemes (2019), as ferramentas mais populares, que podem ser 
um primeiro contato para a empresa aprofundar de acordo com seus interesses 
e disponibilidade, compreendem: vendas on-line, marketing de redes sociais, 
marketing de conteúdo em blog, computação em nuvem ou cloud computing, 
Internet das Coisas (IoT) e Big Data. 
 
 
21 
Entretanto, há outras tecnologias mais avançadas e com custos variados 
que são utilizadas em áreas como gestão financeira, recursos humanos, gestão 
de estoques, controle de qualidade, logística, automação de produção, 
impressão 3D, drones, entre outras (Lemes, 2019). 
TROCANDO IDEIAS 
É possível praticar a sustentabilidade ambiental em pequenas empresas 
por meio de ações simples, como a separação de resíduos recicláveis e a 
reutilização de água e rejeitos. Sendo assim, qual é o papel das pequenas 
empresas na promoção da sustentabilidade ambiental? Além das ações 
mencionadas, quais outras iniciativas as pequenas empresas podem adotar para 
minimizar seu impacto no meio ambiente? Como a adoção de práticas 
sustentáveis pode contribuir para a imagem e reputação da empresa perante 
seus clientes e stakeholders? 
As pequenas empresas têm um papel fundamental na promoção da 
sustentabilidade ambiental, uma vez que, juntas, representam uma parcela 
significativa da economia e podem ter um grande impacto positivo no meio 
ambiente por meio de suas práticas diárias. Além das ações mencionadas na 
afirmação, as pequenas empresas podem adotar outras iniciativas, como a 
utilização de materiais reciclados em seus produtos, a redução do consumo de 
água e energia elétrica por meio da adoção de tecnologias mais eficientes e a 
eliminação de produtos químicos nocivos em suas atividades. 
A adoção de práticas sustentáveis pode contribuir para a imagem e 
reputação da empresa perante seus clientes e stakeholders, uma vez que 
demonstra compromisso com a responsabilidade social e ambiental. Além disso, 
pode gerar economias significativas a longo prazo, tanto em termos financeiros 
quanto de recursos naturais, contribuindo para a viabilidade e sustentabilidade 
do negócio a longo prazo. 
NA PRÁTICA 
Agora que conhecemos um pouco sobre algumas questões relacionadas 
à inovação e à sustentabilidade, que tal exercitarmos os conhecimentos 
adquiridos? 
 
 
 
22 
• Questão 1: Tipos de inovação. 
A inovação pode ter impacto em todos os processos de uma empresa, 
porém o quanto ela irá influenciar depende do nível de transformação que se 
deseja implementar (Lemes, 2019). O Manual de Oslo classifica a mudança em 
três tipos: radical, disruptiva e incremental. Qual é a definição de inovação 
segundo o Manual de Oslo (2018) e qual é um exemplo de inovação radical 
descrito nele? 
a) A definição de inovação inclui apenas aprimoramentos e otimizações de 
produtos e serviços já existentes. Um exemplo de inovação radical é a 
evolução anual dos automóveis em relação às versões dos anos 
anteriores. 
b) A definição de inovação inclui a criação de novos negócios ou expansão 
para novas indústrias. Um exemplo de inovação radical é a disponibilidade 
de serviços bancários on-line. 
c) A definição de inovação inclui apenas invenções de novos produtos e 
serviços. Um exemplo de inovação radical é a constante evolução anual 
dos automóveis em relação às versões dos anos anteriores. 
d) A definição de inovação inclui apenas alterações em processos de 
produção. Um exemplo de inovação radical é o iPhone. 
e) A definição de inovação inclui revoluções que criam algo novo ou 
satisfazem uma necessidade até então desconhecida. Um exemplo de 
inovação radical é o iPhone. 
• Questão 2: Tipos de inovação. 
A inovação tem origem na percepção de novas oportunidades no 
ambiente empresarial. De acordo com a OCDE (2018), há quatro categorias de 
inovação, que podem ser completamente novas ou introduzir melhorias: 
inovação de produto, inovação de processo, inovação de marketing e inovação 
organizacional. 
Nesse sentido, qual é a definição de inovação de processo? 
a) Implementação de um bem ou serviço inovador. 
b) Desenvolvimento de um novo método de marketing. 
c) Aprimoramentos no design do produto ou embalagem. 
 
 
23 
d) Aprimoramento nas especificações técnicas, componentes, materiais, 
software ou outras características funcionais. 
e) Implementação de uma nova prática de negócio, organização do trabalho 
ou relacionamento externo que busca melhorar o desempenho da 
empresa. 
• Questão 3: O processo de inovação. 
O modelo mais difundido para implantar um processo de inovação é o 
modelo de Tidd e Bessant (2015), que apresenta um plano com metas, objetivos 
e etapas bem definidos e pode ser utilizado por empresas de diversos setores, 
incluindo a produção de bens e a prestação de serviços. Esse processo inclui as 
etapas de busca, seleção, implementação e aprendizado, além da necessidade 
de se “reinovar” constantemente a partir dos erros cometidos. 
Sendo assim, qual é a importância de rever minuciosamente todo o 
processo de inovação, identificando e aprendendo com os erros cometidos, para 
orientar as decisões futuras? 
a) Identificar os indicadores do mercado que possam sinalizar mudanças. 
b) Selecionar as oportunidades tecnológicas e/ou mercadológicas que 
melhor se alinhem às estratégias, conhecimento, capacidade e recursos 
da empresa. 
c) Realizar a implementação das escolhas (ideias) selecionadas que levarão 
ao desenvolvimento e lançamento de um novo produto ou à adoção de 
um novo processo ou modelo de negócio. 
d) Buscar novas oportunidades no mercado e se preparar diante de 
pressões políticas ou da concorrência. 
e) Aprender com os erros cometidos, evitá-los em futuras inovações e 
aprimorar o processo de inovação a cada nova adoção. 
• Questão 4: O modelo mental do Design Thinking. 
O Design Thinking oferece a flexibilidade de revisitar as fases anteriores 
do processo e aprimorá-lo. As etapas incluem compreender as necessidades, 
definir claramente o problema, idealizar soluções criativas, prototipar, testar e 
implementar a solução. Nesse sentido, o objetivo da fase de “Definir” no Design 
Thinking consiste em: 
 
 
24 
a) Realizar testes com as pessoas que apresentaram o problema a ser 
resolvido. 
b) Identificar soluções criativas para resolver o problema e introduzir 
inovações no processo. 
c) Materializar a(s) ideia(s) escolhida(s) por meio da construção de um 
protótipo. 
d) Consolidar e analisar as informações coletadas para identificar as 
necessidades. 
e) Lançar o produto ou serviço no mercado e garantir que esteja pronto para 
uso. 
As respostas estão na seção Gabarito, após as Referências. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, estudamos a inovação, sustentabilidade e crescimento dos 
negócios. 
Os tópicos tratados foram: 
• Inovação: tipos, processos e gestão da inovação; 
• Design Thinking (DT): um modelo mental a serviço da inovação; 
• Inovação e sustentabilidade; 
• Incentivos à inovação no Brasil; 
• Oportunidade e tecnologia. 
Bons estudos e até a próxima! 
 
 
 
25 
REFERÊNCIAS 
ANSOFF, H. Igor. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw Hill. 1979 
BRASIL. Decreto n. 5.798, de 7 de junho de 2006. Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/decreto/d5798.htm>.Acesso em: 13 jun. 2023. 
_____. Decreto n. 9.283, de 7 de fevereiro de 2018. Disponível em: 
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2018/decreto/d9283.htm>. Acesso em: 13 jun. 2023. 
_____. Lei n. 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l10.973.htm>. 
Acesso em: 13 jun. 2023. 
_____. Lei n. 11.196, de 21 de novembro de 2005. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11196.htm>. 
Acesso em: 13 jun. 2023. 
BROWN, T. Design Thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim 
das velhas ideias. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018. 
DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor: práticas e princípios. São 
Paulo: Pioneira, 1986. 
KUMAR, V. 101 Design Methods: a structured approach for driving innovation 
in your organization. New Jersey: John Wiley & Sons, 2013. 
LEMES JR., A. B.; PISA, B. J. Administrando micro e pequenas empresas: 
empreendedorismo e gestão. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. 
OECD/EUROSTAT. Oslo Manual 2018: Guidelines for Collecting, Reporting and 
Using Data on Innovation, 4th Edition, The Measurement of Scientific, 
Technological and Innovation Activities, OECD Publishing, Paris/Eurostat, 
Luxembourg. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-
mcti/indicadores/paginas/manuais-de-referencia>. Acesso em: 13 jun. 2023. 
OPINION BOX. Sustentabilidade: os consumidores estão preocupados com 
ações sustentáveis? Disponível em: <https://blog.opinionbox.com/pesquisa-de-
mercado-sustentabilidade>. Acesso em: 13 jun. 2023. 
 
 
26 
SCHUMPETER, J. The Theory of Economic Development: An Inquiry into 
Profits, Capital, Credit, Interest and the Business Cycle. Cambridge: Harvard 
University Press, 1934. 
SEBRAE. Pequenas empresas nas redes sociais. 2013. Disponível em: 
<https://www.sebraemg.com.br/atendimento/bibliotecadigital/documento/cartilh
a-manual-oulivro/pequenas-empresas-nas-redes-sociais>. Acesso em: 13 jun. 
2023. 
TIDD, J.; BESSANT, J. Gestão da inovação. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2015. 
WORLD WIDE FUND FOR NATURE BRASIL (WWF-BRASIL). WordWide Fund 
For Nature. Brasília, 2015. Disponível em: 
<http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvime
nto_sustentavel>. Acesso em: 13 jun. 2023. 
 
 
27 
GABARITO 
• Questão 1: Sobre os tipos de inovação. 
Correta: e) A definição de inovação segundo o Manual de Oslo inclui 
revoluções que criam algo novo ou satisfazem uma necessidade até então 
desconhecida. Um exemplo de inovação radical descrito no manual é o iPhone. 
De acordo com o Manual de Oslo, a definição de inovação inclui 
revoluções que criam algo novo ou satisfazem uma necessidade até então 
desconhecida, o que é descrito como inovação disruptiva. Um exemplo de 
inovação radical descrito no manual é o iPhone, que revolucionou a indústria de 
telefones móveis e criou novos valores de mercado. As demais alternativas estão 
incorretas, pois não correspondem à definição de inovação descrita no manual 
ou apresentam exemplos inadequados de inovação radical. 
• Questão 2: Tipos de inovação. 
Correta: d) Aprimoramento nas especificações técnicas, componentes, 
materiais, software ou outras características funcionais. 
Inovação de processo é o desenvolvimento de um novo método de 
produção ou distribuição, ou o aprimoramento significativo de um método já 
existente, com mudanças nas técnicas, tecnologia, equipamentos e/ou software. 
Ou seja, essa categoria de inovação está relacionada a melhorias na forma de 
produzir ou distribuir um produto ou serviço, visando aumentar a produtividade e 
o desempenho da empresa. As outras opções apresentadas na questão se 
referem às outras categorias de inovação: inovação de produto, inovação de 
marketing e inovação organizacional. 
• Questão 3: O processo de inovação. 
Correta: e) Aprender com os erros cometidos, evitá-los em futuras 
inovações e aprimorar o processo de inovação a cada nova adoção. 
A revisão minuciosa de todo o processo de inovação é fundamental para 
identificar e aprender com os erros cometidos, permitindo que esses erros sejam 
evitados em futuras inovações e o processo seja aprimorado a cada nova 
adoção. Essa “reinovação” tem como ponto de partida o sucesso anterior e visa 
orientar as decisões futuras, buscando um processo de inovação cada vez mais 
eficiente e eficaz. 
 
 
28 
• Questão 4: O modelo mental do Design Thinking. 
Correta: d) Consolidar e analisar as informações coletadas para identificar 
as necessidades. 
Na fase de “Definir” do Design Thinking, o objetivo é justamente consolidar 
e analisar as informações coletadas na fase anterior (Compreender) para 
identificar clara e objetivamente o problema e os motivos que deram origem às 
necessidades. Essa etapa é essencial para garantir que a equipe tenha uma 
compreensão precisa do problema e possa direcionar as ideias criativas da fase 
seguinte (Idealizar) para soluções relevantes e eficazes. As outras alternativas 
se referem a outras etapas do processo. 
	Conversa inicial
	Contextualizando
	TEMA 1 – CONTABILIDADE COMO FERRAMENTA DE CONTROLE DA GESTÃO EM MPES
	TEMA 2 – PLANEJAMENTO E CONTROLE ORÇAMENTÁRIO PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
	TEMA 3 – LUCRO (RESULTADO ECONÔMICO) × FLUXO DE CAIXA (RESULTADO FINANCEIRO)
	3.1 Fluxo de caixa
	TEMA 4 – CICLO OPERACIONAL X CICLO ECONÔMICO X CICLO FINANCEIRO
	4.1 Estudo de caso dos ciclos
	TEMA 5 – LIQUIDEZ E RISCO
	Trocando ideias
	Na prática
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS
	CONVERSA INICIAL
	CONTEXTUALIZANDO
	TEMA 1 – INOVAÇÃO: TIPOS, PROCESSOS E GESTÃO DA INOVAÇÃO
	1.1 Tipos de inovação
	1.2 Gestão da inovação
	1.3 O processo de inovação
	TEMA 2 – DESIGN THINKING (DT): UM MODELO MENTAL A SERVIÇO DA INOVAÇÃO
	TEMA 3 – INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
	3.1 Contribuição das pequenas empresas com a sustentabilidade
	3.2 Motivos para as MPEs se tornarem sustentáveis
	TEMA 4 – INCENTIVOS À INOVAÇÃO NO BRASIL
	4.1 Inovação como estratégia de crescimento
	TEMA 5 – OPORTUNIDADE E TECNOLOGIA
	TROCANDO IDEIAS
	NA PRÁTICA
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS
	GABARITO

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