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Série eletroeletrônica ElEtricidadE volumE 2 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI Robson Braga de Andrade Presidente DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor de Educação e Tecnologia SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI Conselho Nacional Robson Braga de Andrade Presidente SENAI – Departamento Nacional Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti Diretor Geral Gustavo Leal Sales Filho Diretor de Operações Regina Maria de Fátima Torres Diretora Associada de Educação Profissional Série eletroeletrônica ElEtricidadE volumE 2 SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional Sede Setor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001 Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br © 2012. SENAI – Departamento Nacional © 2012. SENAI – Departamento Regional de São Paulo A reprodução total ou parcial desta publicação por quaisquer meios, seja eletrônico, mecânico, fotocópia, de gravação ou outros, somente será permitida com prévia autorização, por escrito, do SENAI. Esta publicação foi elaborada pela equipe do Núcleo de Educação a Distância do SENAI de São Paulo, com a coordenação do SENAI Departamento Nacional, para ser utilizada por todos os Departamentos Regionais do SENAI nos cursos presenciais e a distância. SENAI Departamento Nacional Unidade de Educação Profissional e Tecnológica – UNIEP SENAI Departamento Regional de São Paulo Gerência de Educação – Núcleo de Educação a Distância FICHA CATALOGRÁFICA S491g Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional. Eletricidade, volume 2 / Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo. Brasília : SENAI/DN, 2012. 218 p. il. (Série Eletroeletrônica). ISBN 978-85-7519-587-1 1. Eletricidade 2. Eletroeletrônica I. Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Regional de São Paulo II. Título III. Série CDU: 005.95 lista de ilustrações, quadros e tabelas Figura 1 - Estrutura curricular do curso Técnico de Eletroeletrônica .............................................................22 Figura 2 - Descarga elétrica de um relâmpago .....................................................................................................26 Figura 3 - Exemplo de energia potencial .................................................................................................................28 Figura 4 - Exemplo de energia cinética ....................................................................................................................28 Figura 5 - Exemplo de energia mecânica ................................................................................................................29 Figura 6 - Exemplo de energia térmica ....................................................................................................................29 Figura 7 - Exemplo de energia química ...................................................................................................................30 Figura 8 - Molécula de água .........................................................................................................................................45 Figura 9 - Átomo de oxigênio ......................................................................................................................................45 Figura 10 - Nuvem eletrônica do átomo de hidrogênio ....................................................................................46 Figura 11 - Maneiras de representar os níveis de eletrônicos de energia ...................................................47 Figura 12 - Representação esquemática do comportamento do elétron livre .........................................48 Figura 13 - Efeito de atração e efeito de repulsão de corpos eletrizados ....................................................52 Figura 14 - Eletrização por atrito ................................................................................................................................53 Figura 15 - Filete de água sendo atraído pelo pente eletrizado .....................................................................56 Figura 16 - Interior de uma pilha comum ...............................................................................................................58 Figura 17 - Interior da pilha, identificando os seus polos ..................................................................................58 Figura 18 - Mostrador de voltímetro analógico ....................................................................................................61 Figura 19 - Composição de multímetro digital .....................................................................................................62 Figura 20 - Multímetro digital ......................................................................................................................................62 Figura 21 - Pontas de prova inseridas nos bornes................................................................................................63 Figura 22 - Posição dos cabos durante a medição ...............................................................................................64 Figura 23 - Efeito da temperatura sobre o par termoelétrico ..........................................................................65 Figura 24 - Termopar e termômetro digital ............................................................................................................65 Figura 25 - Esquema de uma célula fotovoltaica ..................................................................................................66 Figura 26 - Cristais piezoelétricos gerando tensão elétrica ..............................................................................66 Figura 27 - Representação do funcionamento de um gerador .......................................................................67 Figura 28 - Usina hidrelétrica ......................................................................................................................................68 Figura 29 - Usina termoelétrica ...................................................................................................................................69 Figura 30 - Usina nuclear ...............................................................................................................................................70 Figura 31 - Captação de energia eólica para geração de energia elétrica .................................................71 Figura 32 - Representação de elétrons dentro do metal do condutor em um circuito aberto ...........76 Figura 33 - Comportamento dos elétrons dentro do condutor sob ação do campo elétrico (interruptor fechado) .......................................................................77 Figura 34 - Relâmpago: ocorrência natural de corrente elétrica ....................................................................78 Figura 35 - Amperímetro analógico .........................................................................................................................82 Figura 36 - Multímetro na escala de ampère ........................................................................................................83 Figura 37 - Multímetro digital com os cabos conectados .................................................................................84 Figura 38 - Medição .........................................................................................................................................................84 Figura 39 - Lanterna em corte .....................................................................................................................................85 Figura 40 - Componentes do circuito elétrico.......................................................................................................86 Figura 41 - Circuitos elétricos com interruptor aberto e fechado ..................................................................87 Figura 42 - Esquema (ou diagrama) elétrico com símbolos ............................................................................90 Figura 43 - Circuito em série ........................................................................................................................................91 Figura 44 - Circuito paralelo .........................................................................................................................................92 Figura 45 - Circuito misto ..............................................................................................................................................93 Figura 46 - Representação da corrente elétrica fluindo .....................................................................................98 Figura 47 - Elétrons em materiais que apresentam resistência à passagem da corrente ......................98 Figura 48 - Ohmímetro digital .................................................................................................................................. 100 Figura 49 - Multímetro usado como ohmímetro ............................................................................................... 101 Figura 50 - Aparelho preparado para medição .................................................................................................. 102 Figura 51 - Medição com multímetro .................................................................................................................... 102 Figura 52 - A influência do comprimento na resistência elétrica do condutor ...................................... 104 Figura 53 - Influência da seção transversal na resistência elétrica do condutor .................................... 104 Figura 54 - Influência do material na resistência elétrica do condutor .................................................... 105 Figura 55 - Associação em série de resistores ..................................................................................................... 112 Figura 56 - Associação em paralelo de resistores .............................................................................................. 112 Figura 57 - Associação mista de resistores ........................................................................................................... 113 Figura 58 - Associação em série de resistores ..................................................................................................... 114 Figura 59 - Resistência equivalente do circuito.................................................................................................. 115 Figura 60 - Associação de resistores em paralelo .............................................................................................. 116 Figura 61 - Associação de dois resistores ............................................................................................................. 121 Figura 62 - Associação mista de resistores ........................................................................................................... 122 Figura 63 - Resistências associadas em paralelo ............................................................................................... 123 Figura 64 - Resistência equivalente da associação em paralelo .................................................................. 123 Figura 65 - Circuitos ficam equivalentes com a troca do resistor ................................................................ 124 Figura 66 - Resistência equivalente ........................................................................................................................ 125 Figura 67 - Trimpot ........................................................................................................................................................ 130 Figura 68 - Resistores variáveis e seus símbolos ................................................................................................ 130 Figura 69 - Resistor fixo ............................................................................................................................................... 131 Figura 70 - Quanto maior o resistor, maior a área de dissipação de potência ....................................... 133 Figura 71 - Resistor fixo (a) e seus símbolos (b) .................................................................................................. 134 Figura 72 - Circuito com resistores identificados segundo as suas características .............................. 134 Figura 73 - Resistores de filme de carbono ......................................................................................................... 136 Figura 74 - Resistor em corte .................................................................................................................................... 137 Figura 75 - Resistores de fio ....................................................................................................................................... 138 Figura 76 - Resistor de fio com tubo de porcelada ........................................................................................... 138 Figura 77 - Comparação do tamanho entre um resistor comum e um SMR de 1 W ............................ 139 Figura 78 - Primeiro circuito ...................................................................................................................................... 146 Figura 79 - Segundo circuito ..................................................................................................................................... 146 Figura 80 - Terceiro circuito ....................................................................................................................................... 146 Figura 81 - Triângulo tensão versus resistência versus corrente ................................................................... 148 Figura 82 - Circuito do exemplo 1 ........................................................................................................................... 149 Figura 83 - Circuito do exemplo 2 .......................................................................................................................... 150 Figura 84 - Circuito do exemplo 3 .......................................................................................................................... 150 Figura 85 - Distribuição da corrente em um circuito em paralelo .............................................................. 151 Figura 86 - Características do circuito com resistores ligados em paralelo ............................................ 152 Figura 87 - Circuito em paralelo com amperímetros e voltímetros ........................................................... 153 Figura 88 - Circuito em paralelo com amperímetros e voltímetros ............................................................ 154 Figura 89 - Circuito em paralelo com nós identificados ................................................................................ 155 Figura 90 - Circuito com todos os valores ........................................................................................................... 156 Figura 91 - Circuito em paralelo com valores calculados ............................................................................... 156 Figura 92 - Circuito com resistores em série ....................................................................................................... 157 Figura 93 - Corrente no circuito em série ............................................................................................................. 158 Figura 94 - Tensões no circuito em série ..............................................................................................................159 Figura 95 - Circuito misto ........................................................................................................................................... 162 Figura 96 - Circuito misto atualizado com o novo valor ................................................................................. 163 Figura 97 - Circuito equivalente final .................................................................................................................... 163 Figura 98 - Circuito parcial ......................................................................................................................................... 164 Figura 99 - Circuito com valores de corrente e tensão .................................................................................... 166 Figura 100 - Circuito com três resistores ............................................................................................................... 166 Figura 101 - Circuito misto com os valores calculados .................................................................................... 168 Figura 102 - Circuito da Ponte de Wheatstone ................................................................................................... 169 Figura 103 - Desmembramento do circuito da Ponte de Wheatstone ...................................................... 169 Figura 104 - Circuito de um controlador de temperatura .............................................................................. 171 Figura 105 - Quem está realizando mais trabalho? ......................................................................................... 206 Figura 106 - Lâmpadas produzem quantidades diferentes de luz .............................................................. 207 Figura 107 - Triângulo com potência versus tensão versus corrente ......................................................... 210 Figura 108 - Triângulos para determinar equação da potência por efeito joule.................................... 211 Figura 109 - Lâmpadas com a mesma potência e tensões de funcionamento diferentes. ................ 215 Figura 110 - Circuito para cálculo de potência dissipada .............................................................................. 217 Figura 111 - Bateria elementar ................................................................................................................................. 218 Figura 112 - Representação do interior de uma bateria elétrica ................................................................ 218 Figura 113 - Representação esquemática da resistência interna de uma bateria ................................ 219 Figura 114 - Circuito com a força eletromotriz (E) gerada e a resistência interna (RI). ........................ 219 Figura 115 - Circulação da corrente pelo circuito ............................................................................................. 220 Figura 116 - Gráfico: Relação resistência versus potência ............................................................................... 224 Figura 117 - Magnetita ................................................................................................................................................ 230 Figura 118 - Ímã artificial ........................................................................................................................................... 231 Figura 119 - Polos dos ímãs ....................................................................................................................................... 231 Figura 120 - Linha neutra ........................................................................................................................................... 232 Figura 121 - Diferença de organização dos ímãs moleculares ..................................................................... 233 Figura 122 - Inseparabilidade dos polos .............................................................................................................. 233 Figura 123 - Representação da interação entre os ímãs ................................................................................. 234 Figura 124 - Trem japonês cujo movimento é baseado no princípio da força de repulsão dos ímãs (linha de teste de Yamanashi) ................................................... 234 Figura 125 - Linhas de indução magnética ......................................................................................................... 235 Figura 126 - Trajetória das linhas de indução magnética .............................................................................. 236 Figura 127 - Representação esquemática da densidade do fluxo ............................................................. 237 Figura 128 - Comportamento do material paramagnético em relação ao campo magnético ........ 239 Figura 129 - Representação de material diamagnético .................................................................................. 239 Figura 130 - Material ferromagnético .................................................................................................................... 240 Figura 131 - Campo magnético B em condutor sendo percorrido por corrente elétrica .................. 241 Figura 132 - Linhas de força do campo magnético ......................................................................................... 241 Figura 133 - Regra da mão direita ........................................................................................................................... 242 Figura 134 - Regra do saca-rolhas .......................................................................................................................... 243 Figura 135 - Direção de movimento das linhas de indução ......................................................................... 244 Figura 136 - Identificando o polo sul .................................................................................................................... 244 Figura 137 - Identificando o polo norte ............................................................................................................... 245 Figura 138 - Símbolos de bobinas ......................................................................................................................... 245 Figura 139 - Representação do efeito da soma dos efeitos magnéticos em uma bobina ................. 246 Figura 140 - Concentração de linhas de indução magnética ....................................................................... 246 Figura 141 - Símbolo de indutor ............................................................................................................................. 247 Figura 142 - Primeira experiência de Faraday: circuito com condutor sem fonte de alimentação ................................................................................................................ 248 Figura 143 - Circuito que reproduz a segunda experiência de Faraday ................................................... 248 Figura 144 - Circuito que representa o sentido da corrente pela Lei de Lenz ........................................ 250 Figura 145 - Efeito do campo elétrico e do campo magnético sobre uma carga elétrica ................. 251 Figura 146 - Direção das forças magnéticas ....................................................................................................... 252 Figura 147 - Regra da mão esquerda .................................................................................................................... 252 Figura 148 - Representação esquemática de um circuito magnético ...................................................... 253 Figura 149 - Campo magnético de um eletroímã ............................................................................................ 253 Figura 150 - Alto-falante ............................................................................................................................................255 Figura 151 - Circuito de corrente contínua ......................................................................................................... 260 Figura 152 - Mudança de polaridade na bateria ............................................................................................... 260 Figura 153 - Bobina com medidor de tensão acoplado a suas extremidades ....................................... 261 Figura 154 - Polo norte do ímã próximo da bobina = tensão negativa ................................................... 261 Figura 155 - Polo sul do ímã próximo da bobina = tensão positiva .......................................................... 261 Figura 156 - Geração e transmissão de energia elétrica ................................................................................ 263 Figura 157 - Representação esquemática de um gerador elementar ....................................................... 263 Figura 158 - Posição 0º: plano da espira perpendicular ao campo magnético ...................................... 264 Figura 159 - Posição 90º .............................................................................................................................................. 264 Figura 160 - Posição 180º ........................................................................................................................................... 265 Figura 161 - Posição 270º .......................................................................................................................................... 265 Figura 162 - Posição 360º .......................................................................................................................................... 266 Figura 163 - Tensão de pico ...................................................................................................................................... 269 Figura 164 - A tensão de pico positivo e a tensão de pico negativo ......................................................... 269 Figura 165 - Medidas de pico a pico aplicam-se à corrente alternada senoidal ................................... 270 Figura 166 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão contínua ............................ 270 Figura 167 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão alternada ........................... 271 Figura 168 - Soma de valores instantâneos ........................................................................................................ 273 Figura 169 - Representação do valor médio da corrente alternada senoidal ........................................ 273 Figura 170 - Representação esquemática de um capacitor ......................................................................... 278 Figura 171 - Símbolos para capacitor não polarizado e capacitor polarizado ........................................ 279 Figura 172 - Circuito com capacitor e sem tensão elétrica ........................................................................... 280 Figura 173 - Circuito com chave fechada ............................................................................................................ 281 Figura 174 - Processo de carga do capacitor ..................................................................................................... 281 Figura 175 - Capacitor carregado ........................................................................................................................... 282 Figura 176 - Descarga do capacitor ....................................................................................................................... 283 Figura 177 - Associação de capacitores em paralelo ....................................................................................... 287 Figura 178 - Ligação em paralelo de capacitores polarizados ...................................................................... 290 Figura 179 - Associação em série de capacitores ............................................................................................. 290 Figura 180 - Circuito com dois capacitores em série ....................................................................................... 292 Figura 181 - Exemplo de divisão de tensão com capacitores em série .................................................... 293 Figura 182 - Divisão de tensão em um circuito real com capacitores em série ..................................... 293 Figura 183 - Circuito com capacitores polarizados ligados em série ......................................................... 294 Figura 184 - Alimentação do capacitor despolarizado em circuito de CA ............................................... 294 Figura 185 - Movimentação dos elétrons a cada semiciclo ........................................................................... 295 Figura 186 - Aumento da reatância capacitiva .................................................................................................. 296 Figura 187 - A reatância capacitiva (Xc) diminui com o aumento da capacitância ............................... 296 Figura 188 - Capacitor conectado em CA ............................................................................................................ 297 Figura 189 - Gráfico A: tensão versus corrente no instante zero .................................................................. 298 Figura 190 - Gráfico B: tensão versus corrente no instante 90° .................................................................... 299 Figura 191 - Gráfico C: tensão versus corrente no instante 180° .................................................................. 299 Figura 192 - Gráfico de tensão versus corrente no instante 270° ................................................................. 299 Figura 193 - Circuito com capacitor cujo valor da capacitância é desconhecido ................................. 300 Figura 194 - Indutor de saída de fonte ................................................................................................................. 306 Figura 195 - Indutor de proteção de circuitos elétricos ................................................................................. 306 Figura 196 - Indutor monofásico para proteção de circuitos elétricos ..................................................... 307 Figura 197 - Símbolos de indutores ...................................................................................................................... 307 Figura 198 - Representação das polaridades em indutores ......................................................................... 308 Figura 199 - Indutor junto à carga ......................................................................................................................... 308 Figura 200 - Dois indutores para aumentar a indutância ............................................................................... 308 Figura 201 - Tensão induzida no interior de um campo magnético .......................................................... 309 Figura 202 - Circuito com resistor .......................................................................................................................... 310 Figura 203 - Comportamento da corrente .......................................................................................................... 310 Figura 204 - Circuito com indutor .......................................................................................................................... 310 Figura 205 - Comportamento da corrente .......................................................................................................... 310 Figura 206 - Circuito com indutor e chave desligada ..................................................................................... 310 Figura 207 - Circulação da corrente na bobina .................................................................................................. 311 Figura 208 - Expansão do campomagnético ..................................................................................................... 311 Figura 209 - Tensão aplicada à bobina ................................................................................................................. 312 Figura 210 - Geração de fcem .................................................................................................................................. 312 Figura 211 - Representação da fcem como uma “bateria” no circuito ...................................................... 313 Figura 212 - Gráfico de variação do campo magnético no indutor (chave fechada) .......................... 313 Figura 213 - Gráfico de variação de tensão no indutor (chave aberta) ..................................................... 314 Figura 214 - Exemplo de ligação de uma lâmpada fluorescente convencional ..................................... 314 Figura 215 - Posição A: não há passagem da corrente .................................................................................... 316 Figura 216 - Campo magnético na posição B .................................................................................................... 317 Figura 217 - Não há campo magnético ................................................................................................................ 317 Figura 218 - Polaridade do campo magnético é invertida ............................................................................ 318 Figura 219 - Não há campo magnético ................................................................................................................. 318 Figura 220 - Associação em série de indutores ................................................................................................. 320 Figura 221 - Associação em paralelo de indutores .......................................................................................... 322 Figura 222 - Circuito CA com indutor ................................................................................................................... 324 Figura 223 - Circuito de CA com indutor ............................................................................................................. 326 Figura 224 - Vetor ........................................................................................................................................................ 332 Figura 225 - Forças atuando na mesma direção e no mesmo sentido ..................................................... 333 Figura 226 - Representação completa do sistema de forças e sua resultante ....................................... 333 Figura 227 - Representação do sistema de forças do exemplo ................................................................... 334 Figura 228 - Cabo de guerra ...................................................................................................................................... 334 Figura 229 - Representação do sistema de forças do cabo de guerra ...................................................... 334 Figura 230 - Sistema de forças do exemplo ........................................................................................................ 335 Figura 231 - Sistema de forças: rebocadores puxando um navio ............................................................... 335 Figura 232 - Sentido dos vetores ............................................................................................................................. 336 Figura 233 - Retas paralelas ao sentido dos vetores ........................................................................................ 336 Figura 234 - Módulo da resultante ......................................................................................................................... 336 Figura 235 - Gráfico de forças e da resultante ................................................................................................... 337 Figura 236 - O gráfico é um triângulo retângulo .............................................................................................. 337 Figura 237 - Ângulo θ .................................................................................................................................................. 338 Figura 238 - Representação dos rebocadores rebocando um navio ......................................................... 338 Figura 239 - Comprimento de vetor representando tensão ou corrente eficaz ................................... 340 Figura 240 - O gráfico de tensão e de corrente em fase em circuito de carga resistiva ..................... 340 Figura 241 - Gráfico vetorial de duas CAs em fase ........................................................................................... 341 Figura 242 - Gráfico senoidal com representação vetorial ........................................................................... 341 Figura 243 - Vetores atrasados e adiantados ...................................................................................................... 341 Figura 244 - Representação vetorial da defasagem da corrente atrasada ............................................... 342 Figura 245 - Gráfico senoidal com defasagem de CA1 e CA2 ....................................................................... 342 Figura 246 - Defasagem da corrente adiantada representada vetorialmente ....................................... 342 Figura 247 - Circuito com resistor ........................................................................................................................... 343 Figura 248 - Gráfico senoidal da relação tensão versus corrente em circuito resistivo ....................... 343 Figura 249 - Gráfico vetorial da relação tensão versus corrente em circuito resistivo .......................... 344 Figura 250 - Circuito capacitivo .............................................................................................................................. 344 Figura 251 - Gráfico senoidal de tensão versus corrente em circuito capacitivo ................................... 344 Figura 252 - Gráfico vetorial da relação tensão versus corrente em circuito capacitivo ...................... 345 Figura 253 - Circuito indutivo ................................................................................................................................... 346 Figura 254 - Gráfico senoidal de tensão versus corrente em circuito indutivo ...................................... 346 Figura 255 - Gráfico vetorial da relação tensão versus corrente em circuito indutivo ......................... 346 Figura 256 - Circuito de corrente contínua .......................................................................................................... 350 Figura 257 - Defasagem em circuito CA com cargas resistivas .................................................................... 351 Figura 258 - Com cargas indutivas, a corrente se atrasa 90° em relação à tensão ................................ 351 Figura 259 - Com cargas capacitivas, a corrente se adianta 90° em relação à tensão .......................... 352 Figura 260 - Circuito indutivo para cálculo de potência ................................................................................. 354 Figura 261 - Triângulo das potências .................................................................................................................... 356 Figura 262 - Potência em circuito indutivo ......................................................................................................... 360 Figura 263 - Potência em circuito capacitivo ...................................................................................................... 360 Figura 264 - Potência em circuito indutivo-capacitivo. ................................................................................... 361 Figura 265 - Circuito interno do wattímetro .......................................................................................................362 Figura 266 - Diagrama do interior do cossifímetro ........................................................................................... 362 Figura 267 - Ferro móvel ............................................................................................................................................. 369 Figura 268 - Bobina móvel ......................................................................................................................................... 369 Figura 269 - Instrumento eletrodinâmico ............................................................................................................ 370 Figura 270 - Instrumento ressonante .................................................................................................................... 371 Figura 271 - Escala medidora homogênea para bobina móvel .................................................................. 372 Figura 272 - Escala medidora heterogênea para ferro móvel ...................................................................... 372 Figura 273 - Escala heterogênea para instrumento eletrodinâmico ......................................................... 373 Figura 274 - Indicação de tensão de isolação do instrumento .................................................................... 376 Figura 275 - Exemplos de leituras ........................................................................................................................... 376 Figura 276 - Diagrama interno de um instrumento digital ........................................................................... 377 Figura 277 - Categoria de multímetros: níveis de aplicação ........................................................................ 381 Figura 278 - Medidores de fornecimento de energia elétrica ..................................................................... 384 Figura 279 - Conta de fornecimento de energia elétrica ................................................................................ 385 Figura 280 - Rotação do disco por dois campos magnéticos ...................................................................... 386 Figura 281 - Medidor de corrente monofásico e representação esquemática de suas partes ......... 386 Figura 282 - Medidor eletrônico de fornecimento de energia e o diagrama do circuito digital com seus módulos componentes .............................................................. 387 Quadro 1 - Efeitos da energia elétrica em diversos tipos de consumidores...............................................31 Quadro 2 - Eventos históricos relacionados à energia elétrica ........................................................................36 Quadro 3 - Conceito de átomo: evolução histórica .............................................................................................43 Quadro 4 - Elementos e seus elétrons de valência ..............................................................................................49 Quadro 5 - Material A, com carga elétrica positiva ..............................................................................................54 Quadro 6 - Material A, com carga elétrica negativa ............................................................................................54 Quadro 7 - Representação de polarização, aterramento e desaterramento ..............................................55 Quadro 8 - Componentes do circuito e seus símbolos e letras correspondentes ....................................89 Quadro 9 - Fatores multiplicadores da unidade de medida ohm ..................................................................99 Quadro 10 - Características e aplicações de materiais .................................................................................... 111 Quadro 11 - Regras de arredondamento ............................................................................................................. 120 Quadro 12 - Características e aplicações dos resistores fixos ....................................................................... 139 Quadro 13 - Símbolos e letras usados em circuitos elétricos ........................................................................ 145 Quadro 14 - Fórmulas da Lei de Ohm e para cálculo de potência .............................................................. 213 Quadro 15 - Características dos capacitores e sua utilização........................................................................ 279 Quadro 16 - Fatores que influem na indutância ................................................................................................ 315 Quadro 17 - Posições de funcionamento dos instrumentos de medição ................................................ 375 Quadro 18 - Diferenças entre o multímetro analógico e o digital ............................................................. 379 Quadro 19 - Vantagens e desvantagens do uso de multímetros analógicos e digitais ....................... 380 Quadro 20 - Dados comparativos do medidor digital em relação ao eletromecânico ....................... 388 Tabela 1 - Prefixos, símbolos e fatores multiplicadores SI .................................................................................33 Tabela 2 - Informação nutricional de embalagem de suco ..............................................................................34 Tabela 3 - Unidade de medida de tensão e seus fatores multiplicadores ...................................................59 Tabela 4 - Símbolos e fatores multiplicadores do ampère ................................................................................81 Tabela 5 - Resistividade de materiais a 20 ºC ...................................................................................................... 106 Tabela 6 - Coeficiente de temperatura de materiais ........................................................................................ 109 Tabela 7 - Valores reais de resistência nominal conforme a tolerância ..................................................... 132 Tabela 8 - Valores do primeiro, do segundo e do terceiro circuito .............................................................. 147 Tabela 9 - Exemplo de tensão constante e aumento da resistência provocando diminuição da corrente ................................................................................................. 147 Tabela 10 - Unidade de medida de potência elétrica ...................................................................................... 208 Tabela 11 - Unidade de medida de corrente e seus fatores multiplicadores .......................................... 267 Tabela 12 - Unidade de medida de capacitância e seus submúltiplos ...................................................... 284 Tabela 13 - Unidade de medida de indutância e seus submúltiplos.......................................................... 319 Tabela 14 - Tensões de trabalho .............................................................................................................................. 389 Sumário 1 Introdução ........................................................................................................................................................................21 2 Histórias da eletricidade ..............................................................................................................................................25 2.1 A eletricidade está no ar? .........................................................................................................................26 2.2 O que é energia? .........................................................................................................................................27 2.2.1 Formas de energia ...................................................................................................................27 2.3 Unidades de medida de energia ...........................................................................................................332.4 Como o homem conheceu a energia elétrica ..................................................................................35 3 Fundamentos da eletricidade ...................................................................................................................................41 3.1 Composição da matéria ............................................................................................................................42 3.2 A molécula e o átomo ...............................................................................................................................44 3.3 Materiais condutores e materiais isolantes .......................................................................................48 3.4 O que é eletricidade? .................................................................................................................................51 3.5 Eletrostática ..................................................................................................................................................52 3.5.1 Tensão elétrica............................................................................................................................57 3.5.2 Como criar o desequilíbrio elétrico ....................................................................................57 3.5.3 Unidade de medida de tensão elétrica .............................................................................59 3.5.4 Conversão da unidade de medida de tensão .................................................................60 3.5.5 Instrumento de medição de tensão elétrica ..................................................................61 3.6 Geração de energia elétrica ....................................................................................................................64 3.6.1 Usinas geradoras de eletricidade ........................................................................................67 4 Corrente elétrica .............................................................................................................................................................75 4.1 Corrente elétrica ..........................................................................................................................................76 4.1.1 Sentido da corrente elétrica ..................................................................................................77 4.1.2 Intensidade da corrente ........................................................................................................78 4.1.3 Corrente contínua .....................................................................................................................80 4.1.4 Unidade de medida de corrente .........................................................................................80 4.1.5 Instrumento de medição de intensidade da corrente .................................................82 4.2 O circuito elétrico ........................................................................................................................................85 4.2.1 Simbologia dos componentes do circuito elétrico .......................................................88 4.2.2 Tipos de circuitos elétricos ....................................................................................................90 5 Resistência elétrica ........................................................................................................................................................97 5.1 Conceito de resistência elétrica .............................................................................................................98 5.1.1 Unidade de medida de resistência elétrica .....................................................................99 5.1.2 Instrumento de medida de resistência .......................................................................... 100 V O LU M E 1 5.1.3 Segunda lei de Ohm ............................................................................................................. 103 5.1.4 Resistividade elétrica ............................................................................................................ 105 5.1.5 Influência da temperatura sobre a resistência ............................................................ 108 5.2 Associação de resistências .................................................................................................................... 111 5.2.1 Resistência equivalente ....................................................................................................... 113 6 Resistores ....................................................................................................................................................................... 129 6.1 Conceito de resistor ................................................................................................................................ 130 6.2 Características elétricas dos resistores fixos ................................................................................... 131 6.3 Simbologia dos resistores ..................................................................................................................... 133 6.4 Tipos de resistores ................................................................................................................................... 136 6.5 Especificação de resistores ................................................................................................................... 140 6.6 Códigos de cores para resistores fixos.............................................................................................. 140 7 Leis de Ohm e leis de Kirchhoff.............................................................................................................................. 143 7.1 Primeira Lei de Ohm ............................................................................................................................... 145 7.1.1 Determinação experimental da primeira Lei de Ohm .............................................. 145 7.1.2 Aplicação da Primeira Lei de Ohm ................................................................................... 148 7.2 Leis de Kirchhoff ....................................................................................................................................... 151 7.2.1 Primeira Lei de Kirchhoff ..................................................................................................... 151 7.2.2 Comprovação da Primeira Lei de Kirchhoff .................................................................. 156 7.3 Segunda Lei de Kirchhoff ...................................................................................................................... 157 7.3.1 Aplicação da Segunda Lei de Kirchhoff ......................................................................... 161 7.4 As Leis de Kirchhoff e as Leis de Ohm em circuitos mistos ...................................................... 161 7.5 Ponte de Wheatstone ............................................................................................................................. 168 Referências ........................................................................................................................................................................ 175 Anexos ................................................................................................................................................................................ 177 Anexo A - Tabela trigonométrica ............................................................................................................... 177 Minicurrículo do autor .................................................................................................................................................. 179 Índice ..................................................................................................................................................................................181 V O LU M E 1 8 Potência elétrica em CC ............................................................................................................................................ 205 8.1 Trabalho elétrico ...................................................................................................................................... 206 8.2 Potência elétrica ....................................................................................................................................... 207 8.2.1 Unidade de medida de potência elétrica ..................................................................... 208 8.3 Determinação da potência de um consumidor em CC .............................................................. 210 8.3.1 Leis de Joule ............................................................................................................................. 214 8.4 Potência nominal .................................................................................................................................... 215 8.4.1 Limite de dissipação de potência .................................................................................... 217 8.5 Fontes de alimentação de CC .............................................................................................................. 218 8.5.1 Influência da resistência interna na tensão de saída do gerador ........................ 219 8.5.2 Rendimento do gerador ...................................................................................................... 221 8.5.3 Máxima transferência de potência do gerador ........................................................... 222 9 Magnetismo e eletromagnetismo ........................................................................................................................ 229 9.1 Conceito de magnetismo ...................................................................................................................... 230 9.1.1 Ímãs ............................................................................................................................................ 230 9.1.2 Polos magnéticos de um ímã ........................................................................................... 231 9.2 Origem do magnetismo ........................................................................................................................ 233 9.3 Propriedades características dos ímãs ............................................................................................. 233 9.4 Campo magnético – linhas de força ................................................................................................. 235 9.5 Densidade de fluxo da indução magnética .................................................................................... 236 9.6 Imantação ou magnetização ............................................................................................................... 239 9.7 Eletromagnetismo ................................................................................................................................... 240 9.7.1 Campo magnético em um condutor ............................................................................. 241 9.7.2 Campo magnético em uma espira circular ................................................................... 243 9.8 Campo magnético em uma bobina (ou solenoide) ................................................................... 245 9.9 Principais leis do eletromagnetismo ................................................................................................. 247 9.9.1 Lei de Faraday .......................................................................................................................... 247 9.9.2 Lei de Lenz ................................................................................................................................ 250 9.9.3 Lei da Força de Lorentz ....................................................................................................... 251 9.10 Circuitos magnéticos ............................................................................................................................ 252 9.11 Interação entre o magnetismo e o eletromagnetismo ............................................................ 255 10 Corrente alternada ................................................................................................................................................... 259 10.1 Corrente e tensão alternadas monofásicas ................................................................................. 260 10.2 Geração de corrente alternada ........................................................................................................ 262 10.2.1 Frequência de uma corrente (ou tensão) alternada ............................................... 266 10.3 O valor de pico e o valor de pico a pico da tensão alternada senoidal ............................. 269 10.4 Tensão e correntes eficazes ............................................................................................................... 270 10.4.1 Cálculo da tensão e da corrente eficazes ................................................................... 272 10.5 Valor médio da corrente e da tensão alternada senoidal (Vdc) ........................................... 273 V O LU M E 2 11 Capacitores ................................................................................................................................................................. 277 11.1 Conceito de capacitor .......................................................................................................................... 278 11.2 Características de carga e descarga do capacitor ...................................................................... 280 11.3 Capacitância ............................................................................................................................................ 284 11.3.1 Unidade de medida da capacitância ........................................................................... 284 11.4 Tensão de trabalho ................................................................................................................................ 285 11.5 Associação de capacitores ................................................................................................................. 287 11.5.1 Associação em paralelo ..................................................................................................... 287 11.5.2 Associação em série ............................................................................................................ 290 11.6 Reatância capacitiva ............................................................................................................................. 294 11.6.1 Funcionamento em CA ...................................................................................................... 294 11.6.2 Fatores que influenciam na reatância capacitiva ..................................................... 295 11.6.3 Relação entre tensão CA, corrente CA e reatância capacitiva ............................. 296 11.6.4 Determinação experimental da capacitância de um capacitor .......................... 300 12 Indutores ..................................................................................................................................................................... 305 12.1 O que é um indutor? ............................................................................................................................ 306 12.1.1 Polaridade magnética do indutor ................................................................................. 307 12.2 Conceito de indução ............................................................................................................................ 308 12.3 Comportamento do indutor em correntecontínua – autoindução ................................... 309 12.4 Conceito de indutância ....................................................................................................................... 313 12.4.1 Efeito da indutância em um circuito de CA................................................................ 316 12.4.2 Unidade de medida de indutância ............................................................................... 318 12.5 Associação de indutores: em série E em paralelo ...................................................................... 320 12.5.1 Associação em série de indutores ................................................................................. 320 12.5.2 Associação em paralelo de indutores .......................................................................... 322 12.6 Reatância indutiva ................................................................................................................................. 323 12.7 Fator de qualidade Q ............................................................................................................................ 325 12.8 Determinação experimental da indutância em um indutor .................................................. 326 13 Representação vetorial de grandezas elétricas em CA .............................................................................. 331 13.1 Vetores ....................................................................................................................................................... 332 13.1.1 Resultante de um sistema de vetores de mesmo sentido e mesma direção ................................................................................. 333 13.1.2 Resultante de um sistema de vetores de mesma direção e sentidos opostos ............................................................................... 334 13.1.3 Resultante de um sistema de vetores de mesmo ponto e direções diferentes ............................................................................. 335 13.2 Representação vetorial de parâmetro elétricos ......................................................................... 339 13.2.1 Representação de CA em fase ........................................................................................ 340 13.2.2 Representação vetorial de grandezas defasadas ..................................................... 341 V O LU M E 2 13.3 Representação vetorial de grandezas elétricas em circuitos resistivo, capacitivo e indutivo .......................................................................................................... 343 13.3.1 Representação vetorial de grandezas em circuitos resistivos ............................. 343 13.3.2 Representação vetorial de grandezas em circuitos capacitivos ......................... 344 13.3.3 Representação vetorial de grandezas elétricas em circuitos indutivos ........... 346 14 Potência elétrica em CA ......................................................................................................................................... 349 14.1 Energia e potência em CA .................................................................................................................. 350 14.2 Triângulo das potências ..................................................................................................................... 356 14.3 Fator de potência (FP) ......................................................................................................................... 358 14.4 Correção do fator de potência ......................................................................................................... 359 14.5 Medidor de potência ........................................................................................................................... 361 14.6 Medidor de fator de potência (cossifímetro) ............................................................................... 362 15 Medidas elétricas ...................................................................................................................................................... 367 15.1 Instrumentos de medição .................................................................................................................. 368 15.1.1 Instrumentos analógicos: princípio de funcionamento ....................................... 368 15.1.2 Instrumento digital: princípio de funcionamento ................................................... 377 15.2 Multímetro .............................................................................................................................................. 378 15.2.1 Graus de proteção do multímetro ................................................................................. 380 15.3 Medidores de fornecimento de energia elétrica........................................................................ 384 15.3.1 Medidor eletromecânico de fornecimento de energia elétrica.......................... 385 15.3.2 Medidor eletrônico de fornecimento de energia elétrica .................................... 387 15.4 Padronização de tensões .................................................................................................................... 388 Referências ........................................................................................................................................................................ 393 Anexos ................................................................................................................................................................................ 395 Anexo A - Tabela trigonométrica ............................................................................................................... 395 Minicurrículo do autor .................................................................................................................................................. 397 Índice .................................................................................................................................................................................. 399 V O LU M E 2 8 Potência elétrica em CC Você se lembra de quantas vezes a sua mãe ficou brava por você demorar muito tempo no banho? Ela poderia dizer: “Sai desse chuveiro! Olha a conta da luz!”. E, provavelmente, você já ouviu falar que trocar as lâmpadas incandescentes por lâmpadas eletrônicas, bem mais econômicas, faz uma enorme diferença na conta de fornecimento de energia elétrica no fim do mês. Há ainda os aparelhos eletroeletrônicos com um selo que indica se eles são energeticamen- te eficientes, ou seja, gasta-se pouca energia para funcionar. Se o refrigerador da sua casa é novo, com certeza tem um desses selos! Essas são coisas simples do dia a dia, mas, quando falamos em gastar menos energia elétri- ca, estamos aplicando um conceito de física chamado potência. Esse conceito está diretamente ligado à ideia de força, produção de som, calor e luz e ao consumo de energia elétrica. Neste capítulo, vamos estudar a potência elétrica em CC. Com esse conhecimento, você deverá ser capaz de: a) identificar a unidade de medida de potência elétrica, seus múltiplos e submúltiplos; b) determinar a potência de um consumidor em CC; c) identificar o conceito de potência nominal; d) determinar a potência dissipada por uma carga ligada a uma fonte de energia elétrica; e) calcular a potência de um componente quando os valores de tensão e de corrente do circuito são desconhecidos; e f ) conhecer e aplicar as fórmulas corretas nos cálculos de potência. Esses conhecimentos são muito importantes para que você consiga realizar bem suas ativi- dades profissionais no futuro, como interpretar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos. ElEtricidadE206 8.1 Trabalho eléTriCo Ao passar por uma carga instalada em um circuito, a corrente elétricaproduz efeitos – entre eles, calor, luz e movimento –, que são denominados de trabalho. O trabalho de transformação de energia elétrica em outra forma de energia é realizado pelo consumidor ou pela carga. Ao transformar a energia elétrica, o consumidor realiza um trabalho elétrico. Observe a figura a seguir e reflita: quem está realizando mais trabalho? Figura 105 - Quem está realizando mais trabalho? Fonte: SENAI-SP (2012) Assim como o homem mais alto parece estar realizando mais trabalho que o mais baixo, as cargas elétricas possuem capacidades diferentes de produzir tra- balho. Para isso, os circuitos elétricos são montados visando ao melhor aprovei- tamento da energia elétrica, que pode ser convertida em calor, luz e movimento. Como vimos no capítulo 2, o trabalho elétrico pode gerar vários efeitos: a) calorífico – quando a energia elétrica converte-se em calor. Ele está presen- te, por exemplo, nos chuveiros e nos aquecedores; b) luminoso – quando a energia elétrica converte-se em luz nas lâmpadas e uma parcela também transforma-se em calor; e c) mecânico – quando um motor elétrico, como o de um ventilador, converte energia elétrica em força motriz, ou seja, em movimento. 1 LúmEN Lúmen (lm) é a unidade do Sistema Internacional de medidas (SI) para o fluxo luminoso (ou a quantidade de luz) produzido por qualquer objeto que emita luz. Assim, uma vela decorativa, por exemplo, emite cerca de 12 lúmens. 8 Potência elétrica em cc 207 8.2 PoTênCia eléTriCa Analisando um tipo de carga, como as lâmpadas, dá para perceber que nem todas produzem a mesma quantidade de luz. Umas produzem grandes quanti- dades e outras, pequenas quantidades. Veja, no exemplo a seguir, uma lâmpada incandescente que produz 60W e outra, 100W. 60 W 127 V 100 W 127 V Figura 106 - Lâmpadas produzem quantidades diferentes de luz Fonte: SENAI-SP (2012) VoCê Sabia? Uma lâmpada incandescente de 60 W tem 715 lúmens1 de fluxo luminoso e uma lâmpada econômica de 15 W tem 790 lúmens. Portanto, se você trocar a lâmpada in- candescente de 60 W por uma lâmpada econômica de 15 W, você estará economizando 45 W de consumo de energia. Isso acontece porque na lâmpada incandescen- te de 60 W, aproximadamente 50 W transformam-se em calor e apenas 10 W, em luz. Vamos dar outro exemplo: talvez você já tenha entrado em um elevador tão rápido que deu até um “frio na barriga” quando ele se movimentou. Em outras ocasiões, porém, você pode ter ficado nervoso por achar que o elevador está de- morando demais para chegar ao piso em que você quer ir. Os dois elevadores fazem o mesmo trabalho: levam você de um piso a outro do edifício. A diferença é que um deles, tendo um motor mais potente, desloca-se mais rapidamente, portanto, realiza o trabalho em menor tempo. A potência permite relacionar o trabalho elétrico realizado e o tempo ne- cessário para sua realização. Assim, a capacidade de cada consumidor produzir um trabalho em determinado tempo por meio da energia elétrica, é chamada de potência elétrica, que é representada pela seguinte fórmula: ElEtricidadE208 Nessa fórmula: • P é a potência; • τ (lê-se “tau”) é o trabalho; e • t é o tempo necessário para realizar o trabalho. Para dimensionar corretamente cada componente em um circuito elétrico, é necessário conhecer a sua potência. Isso é muito importante em instalações elétricas, por exemplo, quando o profissional tem de considerar, durante a ins- talação, a potência de cada equipamento elétrico que será utilizado para poder dimensionar corretamente os condutores que fornecerão a energia. 8.2.1 Unidade de medida de potência elétrica A potência elétrica é uma grandeza e, como tal, pode ser medida. Sua unida- de de medida é o watt, simbolizado pela letra W. Um watt (1 W) corresponde à potência desenvolvida no tempo de um segundo em uma carga, alimentada por uma tensão de 1 V, na qual circula uma corrente de 1 A. Como qualquer outra unidade de medida, a unidade da corrente elétrica tem múltiplos e submúltiplos adequados a cada situação. Veja tabela a seguir. Tabela 10 – Unidade de medida de potência elétrica Denominação Símbolo Valor em relação ao WaTT (W) múltiplos megawatt mW 106 W ou 1.000.000 W quilowatt kW 103 w ou 1.000 W Unidade Watt W Submúltiplos miliwatt mW 10-3 W ou 0,001 W microwatt μW 10-6 W ou 0,000.001 W Valores habituais: no campo da eletricidade, empregam-se habitualmente a unidade Watt (W) e seus múltiplos; e na eletrônica, usam-se normalmente as uni- dades (W) e miliwatt (mW). Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de me- dida. Os passos são os mesmos da conversão de valores do volt, que já vimos no capítulo 3. Usaremos, também, o mesmo tipo de gabarito: mW kW W mW µW 8 Potência elétrica em cc 209 Digamos, por exemplo, que você precise converter watt (W) em quilowatt (kW) e a medida que você tem é 2,5 W. Para usar o gabarito, proceda como das outras vezes em que fizemos a conver- são seguindo os passos a seguir. a) Coloque o número na tabela na posição da unidade de medida, que, neste caso, é o watt. Lembre-se de que a vírgula deverá estar na linha após a uni- dade. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. kW W mW 2 5 ↑ posição da vírgula b) mude a posição da vírgula para a esquerda até chegar à divisão entre kW e W (unidade que queremos). kW W mW 2 5 ↑ nova posição da vírgula c) Como não temos nenhum número desta nova posição da vírgula até o nú- mero 2, preenchemos as casas com zeros. kW W mW 0 0 2 5 ↑ nova posição da vírgula d) Não podemos deixar a vírgula solta, isto é, não podemos deixar sem um número antes da vírgula. Então, deve-se completar a casa antes da vírgula com zero. kW W mW 0 0 0 2 5 ↑ nova posição da vírgula Após preencher o gabarito, o valor convertido será: 2,5 W = 0,0025 kW ElEtricidadE210 8.3 DeTerminação Da PoTênCia De um ConSumiDor em CC A potência elétrica (P) de um consumidor depende da tensão aplicada e da corrente que circula nos seus terminais. matematicamente, essa relação é repre- sentada pela seguinte fórmula: . Nessa fórmula: • V é a tensão entre os terminais do consumidor expressa em volts (V); • i é a corrente circulante no consumidor expressa em ampères (A); e • P é a potência dissipada expressa em watts (W). Podemos utilizar a fórmula colocando-a em um triângulo: P V I Figura 107 - Triângulo com potência versus tensão versus corrente Fonte: SENAI-SP (2012) Observe que agora podemos ter fórmulas derivadas. Assim, para conhecer a tensão, a fórmula será: Para conhecer a corrente, a fórmula será: Acompanhe um exemplo de uso da fórmula: Uma lâmpada de lanterna de 12 V solicita uma corrente de 0,5 A das baterias. Qual é a potência da lâmpada? Se: • V = 12 V (tensão nos terminais da lâmpada); • i = 0,5 A (corrente através da lâmpada); e • P = é o valor a ser encontrado. 8 Potência elétrica em cc 211 Então, usando a fórmula e inserindo os valores conhecidos, teremos: Efetuando a multiplicação, teremos o valor de P: equação da potência por efeito Joule muitas vezes, é necessário calcular a potência de um componente, mas os va- lores de tensão e de corrente não são conhecidos. E quando não conhecemos o valor da tensão (V), não é possível calcular a potência por meio das equações que você viu até aqui. Essa dificuldade pode ser solucionada com o auxílio da Lei de Ohm. Para que você possa analisar, vamos colocar lado a lado os dois triângulos para determinar as equações: V R I P V I Triângulo para a Lei de Ohm Triângulo para a fórmula da potência Figura 108 - Triângulos para determinar equação da potência por efeito joule Fonte: SENAI-SP (2012) Pela Lei de Ohm, temos: V =R x I (equação1) E pelafórmula da potência, temos: P = V x I (equação 2) Se substituirmos V da equação 2 pela fórmula da equação, teremos: E simplificando a fórmula, temos: Essa equação pode ser usada para determinar a potência de um componente e é conhecida como equação da potência por efeito joule. ElEtricidadE212 Podemos realizar o mesmo tipo de dedução para obter uma outra, que permi- ta determinar a potência a partir da tensão e da resistência. Assim, pela Lei de Ohm, temos: Pela fórmula da potência teremos: Substituindo i da fórmula de potência pela Lei de Ohm, teremos: Simplificando a fórmula, teremos: E, finalmente, simplificando mais uma vez, a fórmula fica assim: A partir das equações básicas, é possível obter outras equações por meio de operações matemáticas. Para maior facilidade, o quadro a seguir contém as fór- mulas que aprendemos. Para o dia a dia do profissional da área de eletroeletrônica, é indispensável conhecer e aprender muito bem estas fórmulas, pois elas serão usadas constante- mente. O quadro a seguir reúne todas as fórmulas estudadas até agora. 8 Potência elétrica em cc 213 Quadro 14 – Fórmulas da lei de ohm e para cálculo de potência FórmUla UniDaDe DeriVação Da FórmUla UniDaDe Primeira Lei de Ohm I= V R A V Ω P = V x I W V A Potência P =R x I2 W Ω A P = V2 R W V Ω Acompanhe os exemplos de aplicação a seguir. a) Um aquecedor elétrico tem uma resistência de 8 Ω e solicita uma corrente de 10 A. Qual é a sua potência? Separando os dados que nos foram dados, temos: • I = 10 A • R = 8 Ω • P = ? Fórmula a ser utilizada é: Assim, substituindo os valores, temos: ElEtricidadE214 Efetuando o cálculo de 102 , o resultado é: Efetuando a multiplicação, chegamos ao resultado: Portanto, a potência do aquecedor é 800 W. b) Um isqueiro de automóvel funciona com 12 V, que são fornecidos pela ba- teria. Sabendo que a resistência do isqueiro é de 3 Ω, calcule sua potência dissipada. Formulando a questão, temos: • V = 12 V • R = 3 Ω • P = ? A fórmula a ser aplicada é: Substituindo os símbolos das unidades, temos: Calculando 122 , teremos: Efetuando a divisão 144 por 3, obtemos o resultado: Portanto, a potência dissipada do isqueiro é de 48 W. 8.3.1 leis de JoUle Você deve se lembrar de que, no capítulo 2, mencionamos a unidade de medida chamada joule quando falamos sobre energia. Vimos também que James Prescott Joule estudou a natureza do calor e encontrou as relações entre o fluxo da corrente que passa por meio de uma resistência elétrica e o calor dissipado, formulando as chamadas Leis de Joule. Nesta sessão, vamos falar um pouco sobre elas. 8 Potência elétrica em cc 215 O quadro 14 nos permite tirar algumas conclusões. Vejamos: a) Uma resistência transforma a energia elétrica recebida de um circuito em energia térmica. Isso quer dizer que essa resistência dissipa (em forma de calor) a energia elétrica que recebe do circuito. Assim, a potência elétrica consumida por uma resistência é a energia dissipada por ela. O quadro mostra que a potência dissipada é dada por: e pela fór- mula da Lei de Ohm: . Logo, podemos dizer que . b) Toda vez que falamos em energia, estamos falando da potência em uma determinada variação de tempo Δt (lê-se “delta t”). Portanto, podemos dizer que Substituindo P por sua igualdade, teremos: Por essa fórmula, podemos dizer que a lei de Joule é: “A energia elétrica dissi- pada em uma resistência, num dado intervalo de tempo Δt, é diretamente proporcional ao quadrado da intensidade de corrente que a percorre”. c) Utilizando agora a segunda fórmula da potência: podemos con- cluir que: “Quando a ddp é constante, a potência elétrica dissipada em uma resistência é inversamente proporcional à sua resistência elétrica”. 8.4 PoTênCia nominal Certos aparelhos, como os chuveiros, as lâmpadas e os motores, têm uma carac- terística particular: seu funcionamento obedece a uma tensão previamente estabe- lecida. Assim, existem chuveiros para 110 V ou 220 V; lâmpadas para 6 V, 12 V, 110 V, 220 V e outras tensões; motores, para 110 V, 220 V, 380 V, 760 V e mais tensões. A tensão para a qual esses consumidores são fabricados chama-se tensão no- minal de funcionamento. Por isso, os consumidores que apresentam tais carac- terísticas devem sempre ser ligados na tensão correta (nominal), normalmente especificada em seu corpo. 100 W 127 V 100 W 220 V Figura 109 - Lâmpadas com a mesma potência e tensões de funcionamento diferentes. Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE216 Quando esses aparelhos são ligados corretamente, a quantidade de calor, luz ou movimento produzida é exatamente aquela para a qual foram projetados. Por exemplo, uma lâmpada de 127 V/100 W ligada corretamente (em 127 V) produz 100 W em luz e calor. A lâmpada, nesse caso, está dissipando a sua potência nomi- nal. Portanto, potência nominal é a potência para qual um consumidor foi proje- tado. Enquanto uma lâmpada, um aquecedor ou um motor trabalha dissipando sua potência nominal, sua condição de funcionamento é ideal. CASOS E RELATOS A crise do apagão foi uma crise nacional de fornecimento de energia elétrica ocorrida no Brasil entre os anos de 2001 e 2002. Ela afetou o for- necimento e a distribuição de energia elétrica e foi causada por falta de chuvas, que deixaram várias represas de hidroelétricas abaixo do nível ideal para a geração de eletricidade. Foram estabelecidas metas de redução de consumo e cada consumidor passou a ser responsável por atingi-las. Isso obrigou os brasileiros a di- minuírem seu consumo de energia elétrica, sob ameaça de ter seu forne- cimento de eletricidade suspenso. A maneira encontrada foi o desligamento de aparelhos ou a substituição de aparelhos eletrodomésticos antigos e com alto consumo de energia, como freezers e refrigeradores com mais de dez anos de uso. Por serem mais eficientes, os refrigeradores modernos com a mesma ca- pacidade têm fator de potência maior e consumo menor, podendo propor- cionar uma economia de até 30% da energia anteriormente consumida. 8 Potência elétrica em cc 217 8.4.1 limite de dissipação de potência Há um grande número de componentes eletrônicos que se caracteriza por não ter uma tensão de funcionamento especificada e, por isso, podem funcionar com os mais diversos valores de tensão. É o caso dos resistores que não trazem nenhu- ma referência quanto à tensão nominal de funcionamento. Entretanto, podemos calcular qualquer potência dissipada por um resistor ligado a uma fonte geradora. Vamos tomar como exemplo o circuito apresentado na figura a seguir. R = 400 Ω9 V + – Figura 110 - Circuito para cálculo de potência dissipada Fonte: SENAI-SP (2012) A potência dissipada é calculada pela fórmula: Inserindo os valores na fórmula, temos: Calculando 92 , temos: Assim, chegamos ao valor de P: Como a resistência não produz luz ou movimento, a potência é dissipada em forma de calor, que aquece o componente. Por isso, é necessário verificar se a quantidade de calor produzida pelo resistor não é excessiva a ponto de danificá-lo. Isso quer dizer que: a) quanto maior for a potência dissipada, maior será o aquecimento; e b) quanto menor for a potência dissipada, menor será o aquecimento. Portanto, se a dissipação de potência for limitada, a produção de calor tam- bém o será. ElEtricidadE218 8.5 FonTeS De alimenTação De CC Estudaremos agora as fontes de alimentação CC que são denominadas gera- dores de tensão. Um exemplo de gerador de tensão é a bateria que faz funcionar os telefones celulares. É importante saber que o gerador ideal é aquele capaz de manter a tensão na saída sempre constante, independentemente da corrente fornecida ao circuito que está alimentando. mas em um circuito real isso não acontece e uma das cau- sas é a resistência interna do gerador. Para explicar o porquê disso, vamos usar uma bateria como exemplo de ele- mento gerador. A figura a seguir mostra o interior de uma bateria elementar,constituída de eletrólito, de placas e de terminais. cobre H2SO4 zinco polo negativo (-) polo positivo (+) Figura 111 - Bateria elementar Fonte: SENAI-SP (2012) Cada elemento que compõe a bateria elétrica apresenta uma resistência elé- trica. Ela pode ser representada como uma fonte de tensão em série com as resistências de seus elementos. Observe a figura a seguir. A B RT RE RP E Figura 112 - Representação do interior de uma bateria elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) 2 FORçA ELETROmOTRIz Energia que o gerador fornece ao circuito durante certo tempo. 8 Potência elétrica em cc 219 Entre os pontos A e B, temos: • e – força eletromotriz2 gerada; • re – resistência do eletrólito; • rP – resistência das placas; e • rT – resistência dos terminais. A soma das resistências elétricas existentes dentro da bateria é denominada de resistência interna. Veja um exemplo desse tipo de resistência na figura a seguir. = A B RT RE RP E B E A Ri Figura 113 - Representação esquemática da resistência interna de uma bateria Fonte: SENAI-SP (2012) 8.5.1 inflUência da resistência interna na tensão de saída do gerador A bateria que gera internamente uma força eletromotriz possui uma resistên- cia interna e tem capacidade de fornecer corrente. Quando uma bateria está desligada do circuito, não existe circulação de cor- rente elétrica em seu interior, portanto, não há queda de tensão na resistência interna. Ao conectar um voltímetro aos terminais da bateria, ele indicará o valor da força eletromotriz e que foi gerada. B E A Ri + - V Figura 114 - Circuito com a força eletromotriz (E) gerada e a resistência interna (RI). Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE220 Quando uma carga é conectada aos terminais de uma bateria, ocorre a circula- ção de corrente pelo circuito e também por sua resistência interna. H + - I B E A Ri Figura 115 - Circulação da corrente pelo circuito Fonte: SENAI-SP (2012) Aqui, vamos aplicar a Segunda Lei de Kirchhoff, que diz: “A soma das tensões nos componentes é igual à tensão da fonte”. Para o nosso caso: • e é a tensão da fonte; • V é a tensão da lâmpada; e • Vri é a tensão da resistência interna. Aplicaremos a fórmula: Observe que a corrente circulando dentro da resistência provoca uma queda de tensão. Temos, então, a seguinte fórmula: Logo, a tensão na lâmpada será: E a resistência interna será: − =i E V R I O que podemos deduzir dessa fórmula é que a tensão presente nos terminais de uma bateria é igual à força eletromotriz gerada menos a queda de tensão em sua resistência interna. 8 Potência elétrica em cc 221 8.5.2 rendimento do gerador O rendimento do gerador mede o seu desempenho. Ele corresponde à rela- ção entre sua tensão de saída e sua tensão interna. Essa relação pode ser repre- sentada matematicamente da seguinte forma: η= VS E ou η= VS E x100 (%) Nessas fórmulas: • η é o rendimento; • é a tensão de saída, nos terminais A e B; e • E é a força eletromotriz. Acompanhe um exemplo de aplicação: Os terminais de um gerador alimentam uma lâmpada, pela qual passa uma corrente de 1 A (I) e cujos terminais possuem a tensão de 100 V (Vs). Sabendo dis- so e que a resistência interna do gerador é de 25 Ω (Ri), qual é o seu rendimento (η) e a sua força eletromotriz (E)? Para calcular a força eletromotriz (E), siga estes passos: a) Calcule primeiramente a tensão de queda na resistência interna: A força eletromotriz (E) é a tensão total, logo: Para calcular o rendimento, usa-se a fórmula: Colocando os valores na fórmula, temos: ElEtricidadE222 Efetuando a divisão de 100 por 125, encontramos: Isso significa que esse gerador gera 125 V, mas consegue fornecer 80% na sua saída. Os 20% restantes são perdas internas. 8.5.3 máxima transferência de potência do gerador Quando se conecta uma carga a um gerador, deseja-se, em princípio, que toda a energia fornecida pelo gerador seja transformada em trabalho útil na carga. mas, como vimos no exemplo de aplicação anterior, isso não acontece. Devido à resistência interna existente no gerador, esse aproveitamento não é possível, pois a corrente que circula pela resistência interna do gerador provoca uma dissipação de potência em seu interior sob a forma de calor. Essa potência tem seu valor determinado pela seguinte expressão: Sendo que: • é a potência dissipada na resistência interna; • é a resistência interna do gerador; e • é a corrente fornecida pelo gerador. A potência na resistência interna que se dissipa no interior do gerador é ca- racterizada como perda. A corrente que circula por meio da resistência interna também flui na resistência da carga e provoca uma dissipação de potência, resul- tando em trabalho útil. Uma das expressões utilizadas para determinar a potência dissipada na carga é apresentada a seguir. Sendo que: • é a potência dissipada na carga; • é a resistência de carga; e • é a corrente fornecida pelo gerador. 8 Potência elétrica em cc 223 A corrente que circula no circuito pode ser determinada pela Lei de Ohm. No circuito em análise, a resistência total é uma associação em série de duas resistências: e . Assim, a equação fica da seguinte forma: Nela: • i é a corrente elétrica do circuito; • e é a força eletromotriz gerada; • ri é a resistência interna; e • rl é a resistência da carga. Pelas equações a seguir, substituindo a notação (corrente) na equação da potência na carga, temos: Como: Então: Simplificando a equação, temos: Nota-se que a potência dissipada depende da força eletromotriz do gerador, que é fixa; da resistência interna, que também é fixa; e da resistência de carga, que é variável. Desta forma, conclui-se que a potência de carga depende, em grande parte, da resistência de carga. Quando consome-se energia de um gerador, em muitos casos, deseja-se o má- ximo de transferência de potência para a carga. ElEtricidadE224 Vamos ao exemplo: Que valor de resistência deve ter a carga ligada a um gerador de 12 V com resistência interna de 100 Ω para obtermos a máxima transferência de potência? Para este exemplo, será montada uma tabela, na qual constarão os valores da resistência de carga e a potência dissipada na carga para os valores de tensão e de resistência interna citados. 20 0,200 40 0,294 60 0,338 80 0,356 100 0,360 120 0,357 140 0,350 160 0,341 180 0,331 200 0,320 Analisando os valores referentes à potência na carga, observa-se que confor- me vai aumentando o valor da resistência de carga, a potência também aumenta. Isso ocorre até que a resistência de carga atinja o mesmo valor da resistência in- terna. Quando a resistência de carga ultrapassa o valor da resistência interna do gerador, a potência na carga começa a diminuir de valor. Veja o gráfico que mostra a curva de relação entre resistência e potência. Figura 116 - Gráfico: Relação resistência versus potência Fonte: SENAI-SP (2012) 8 Potência elétrica em cc 225 Analisando o gráfico, nota-se que a potência máxima na carga ocorre quando a resistência de carga é igual a 100 Ω, ou seja, possui o mesmo valor da resistência interna da fonte. Para que a resistência de carga e a resistência interna do gerador tenham o mesmo valor, a tensão do gerador divide-se igualmente entre as duas resistências. Portanto: VRL = P x RL → VRL = 0,36 x100 → VRL = 6 V Dessa forma, podemos concluir que um gerador transfere o máximo de po- tência para uma carga quando o valor da resistência da carga é igual à resistência interna do gerador e, consequentemente, a tensão na carga será a metade da tensão do gerador. Saiba maiS É comum que em materiais didáticos se fale muito sobre lâmpadas incandescentes. A chegada das lâmpadas eletrôni- cas, muito mais econômicas, gera a pergunta: “mas, e daqui a trinta anos, o que teremos?”. Pesquise na internet, em jornais e em revistas e tire suas próprias conclusões sobre o futuro do uso dessas lâmpadas. RECApiTuLAndO Neste capítulo,você aprendeu que: a) o trabalho elétrico, realizado pelo consumidor ou pela carga, é a trans- formação de energia elétrica em outra forma de energia; b) potência elétrica é a capacidade que cada consumidor possui para produzir um trabalho, em determinado tempo, a partir da energia elé- trica. Ela é representada pela seguinte fórmula: c) a unidade de medida da potência elétrica é o watt, simbolizado pela letra W; d) um watt (1 W) corresponde à potência desenvolvida no tempo de um segundo em uma carga alimentada por uma tensão de 1 V, na qual circula uma corrente de 1 A; ElEtricidadE226 e) a potência elétrica (P) de um consumidor depende da tensão aplicada e da corrente que circula nos seus terminais. matematicamente, essa relação é representada pela seguinte fórmula: ; f ) com relação às Leis de Joule: a) “A energia elétrica dissipada em uma resistência, num dado inter- valo de tempo Δt, é diretamente proporcional ao quadrado da in- tensidade de corrente que o percorre”. Ou seja, . b) “Quando a ddp é constante, a potência elétrica dissipada em uma resistência é inversamente proporcional à sua resistência elétrica”, ou seja: . g) tensão nominal é a tensão de fabricação dos equipamentos que de- vem ser ligados sempre à tensão correta (nominal), que normalmente é especificada no seu corpo; h) limite de dissipação de potência é a máxima dissipação de potência que a resistência pode realizar sem ser danificada; i) resistência interna é a soma das resistências elétricas existentes den- tro do gerador; e j) rendimento é a medida do desempenho do gerador. Ele corre- sponde à relação entre sua tensão de saída e sua tensão interna. matematicamente: Esses conhecimentos são essenciais para interpretar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos. 8 Potência elétrica em cc 227 Anotações: 9 Magnetismo e eletromagnetismo Neste capítulo, vamos aprender que não poderíamos usufruir de nenhum aparelho que nos ajuda a iluminar, a aquecer, a resfriar e, por que não, a alegrar nossas vidas, sem que grandes cientistas tivessem dedicado sua energia criativa em estudos na tentativa de explicar o que a eletricidade tinha a ver com o magnetismo. Gilbert, Franklin, Ørsted, Henry, Faraday e Maxwell são nomes que você já conhece, pois es- tavam no capítulo 2 deste livro. Neste capítulo, você saberá o que as pesquisas desses cientistas nos ensinam e vai descobrir que não existiriam os motores, os geradores, os transformadores e nem mesmo a produção de energia elétrica em larga escala, sem suas descobertas sobre a interação da eletricidade com os ímãs. Portanto, ao final dos estudos deste capítulo, você terá conhecimentos sobre: a) a origem do magnetismo e as características dos ímãs; b) como o magnetismo e o eletromagnetismo explicam os fenômenos magnéticos gerados pela circulação da corrente elétrica por um condutor; c) como o eletromagnetismo tem importância fundamental para a compreensão do fun- cionamento de motores, de geradores e de transformadores; d) o cálculo da densidade de fluxo, ou indução magnética; e e) as Leis de Faraday, as Leis de Lenz e a Força de Lorentz, que explicam respectivamente a quantificação da indução eletromagnética, o sentido da corrente em relação à variação do campo magnético que a gera e a força eletromagnética total em um condutor. Bom trabalho! ElEtricidadE230 9.1 ConCeito de MagnetisMo Não é de hoje que o magnetismo atrai a curiosidade humana. Desde a anti- guidade, chamava a atenção um material denominado magnetita, que tinha a propriedade de atrair outros materiais. Hoje sabemos que a magnetita é um composto de óxido de ferro ( ) que constitui um ímã natural. O magnetismo é, portanto, uma propriedade de certos materiais que o tor- nam capazes de exercer uma atração sobre outros materiais, como o ferro, o aço, o níquel, o cobalto e as ligas especiais. É necessário diferenciar a força de atração magnética e a força do fenômeno eletrostático de atração, que estudamos no capítulo 3. Nesta, materiais atrita- dos tendem a se atrair devido à movimentação dos elétrons de um material (qual- quer) para outro (qualquer). O efeito eletrostático desaparece assim que as cargas elétricas dos dois materiais atingem o equilíbrio. Assim, a atração que um pente atritado exerce sobre a água é um fenômeno elétrico. A força de atração magnética, ao contrário, é duradoura e própria de um pe- queno grupo de materiais metálicos, como o ferro e o níquel. É muito importante notar, porém, que nem todos os metais reagem às forças magnéticas da mesma forma que os materiais ferrosos. Para que haja atração entre os materiais metáli- cos é necessário que eles se transformem em ímãs. 9.1.1 Ímãs Um ímã é qualquer material que possui propriedades magnéticas, ou seja, que tem a capacidade de atrair substâncias magnéticas, como os metais ferrosos em geral. Existem dois tipos de ímãs: a) Os ímãs naturais, que são materiais encontrados na natureza e que apre- sentam propriedades magnéticas, por exemplo, a magnetita. Figura 117 - Magnetita Fonte: Wikimedia Commons (2012) 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 231 Uma característica desse tipo de ímã é que ele conserva permanentemente a sua propriedade magnética. b) Os ímãs artificiais são barras de materiais ferrosos magnetizadas por pro- cessos artificiais e cujos campos magnéticos podem ser temporários ou permanentes. Um exemplo de ímã permanente é aquele usado nos alto-falantes. Ele é fabri- cado com uma liga de alumínio, níquel e cobre, que é conhecida como ALNICO. Em geral, os ímãs artificiais têm propriedades magnéticas mais intensas que os ímãs naturais. Figura 118 - Ímã artificial Fonte: SENAI-SP (2012) Os ímãs artificiais são muito empregados porque podem ser fabricados nos mais diversos formatos, atendendo às mais variadas necessidades, como é o caso do ímã de geladeira. 9.1.2 Polos magnéticos de um Ímã As forças de atração magnética de um ímã manifestam-se com maior intensi- dade nas suas extremidades, que são denominadas de polos magnéticos. Cada um deles – um chamado de polo sul e outro, de polo norte – apresenta propriedades magnéticas específicas. S N Figura 119 - Polos dos ímãs Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE232 VoCÊ saBia? Não devemos confundir os polos geográficos da Terra com os polos magnéticos do planeta: eles estão próxi- mos, mas não coincidem nem em sua localização nem em sua denominação. Pelo contrário: o polo magnético sul da Terra está próximo ao seu polo norte geográfico e o polo magnético norte, por outro lado, fica próximo ao polo sul geográfico. Isso significa que o norte mag- nético da agulha da bússola, ao apontar o polo norte geográfico, está sendo atraído pelo polo sul magnético da Terra. Isso é explicado pela propriedade da interação entre ímãs, que diz que polos magnéticos diferentes se atraem. Interessante, não é? Uma vez que as forças magnéticas dos ímãs são mais concentradas nos po- los, é possível concluir que a intensidade dessas propriedades diminui em dire- ção ao centro do ímã. Isso significa que, na região central do ímã, estabelece-se uma linha em que as forças de atração do polo sul e do polo norte são iguais e se anulam. Essa linha é denominada de linha neutra e estabelece a fronteira divisória en- tre os polos do ímã. N N N N N N S N NN ponteiro norte da bússola acompanha o polo sul do ímã os ponteiros não acompanham o ímã. É a linha neutra ponteiro sul da bússola acompanhando o polo norte do ímã Figura 120 - Linha neutra Fonte: SENAI-SP (2012) 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 233 9.2 origeM do MagnetisMo No capítulo 3, você viu que a matéria é composta por moléculas, que, por sua vez, são compostas por átomos. Teoricamente, cada molécula, em virtude de sua organização atômica, é um pequeno ímã natural, que é chamado de ímã molecular, ou domínio. Todavia, seus efeitos magnéticos não são percebidos porque esses pequenos ímãs estão dispostos no corpo de tal forma quesuas ações anulam-se mutuamente. Isso resulta em um material sem magnetismo natural. Se, durante a formação do material, as moléculas assumem uma orientação única ou predominante, os efeitos magnéticos de cada ímã molecular somam- -se, dando origem a um ímã com propriedades magnéticas naturais. Para que haja ação magnética em um corpo, é necessário haver a imanta- ção, que consiste em “organizar” os ímãs moleculares de modo que suas ações somem-se. É isso o que acontece quando são fabricados os ímãs artificiais. S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N N S Material sendo imantado Material imantado tem seus ímãs moleculares organizados Figura 121 - Diferença de organização dos ímãs moleculares Fonte: SENAI-SP (2012) 9.3 ProPriedades CaraCterístiCas dos íMãs Os ímãs têm duas propriedades características: a) Inseparabilidade dos polos Cada vez que um ímã é dividido, ímãs menores são obtidos. Apesar de menores, todos os ímãs resultantes de uma divisão apresentam um polo norte e um polo sul. N S N S N S N S N S N S N S Figura 122 - Inseparabilidade dos polos Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE234 b) Interação entre ímãs Quando os polos magnéticos de dois ímãs estão próximos, suas forças mag- néticas reagem entre si de forma característica. Assim, se dois polos magnéticos diferentes forem aproximados (o norte de um com o sul do outro), haverá uma atração entre os dois ímãs. Se dois polos magnéticos iguais forem aproximados (norte de um próximo ao norte do outro), haverá uma repulsão. N N N S SS Figura 123 - Representação da interação entre os ímãs Fonte: SENAI-SP (2012) VoCÊ saBia? A interação entre os ímãs foi aproveitada por cientistas japoneses no desenvolvimento de trens que usam um sistema de suspensão eletrodinâmica (SED), que é base- ado na força de repulsão dos ímãs. Figura 124 - Trem japonês cujo movimento é baseado no princípio da força de repulsão dos ímãs (linha de teste de Yamanashi) Fonte: Wikimedia Commons (2012). 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 235 9.4 CaMPo MagnétiCo – linhas de força O espaço ao redor do ímã em que há a atuação das forças magnéticas é cha- mado de campo magnético. Os efeitos de atração ou repulsão entre dois ímãs ou de atração de um ímã sobre os materiais ferrosos ocorrem devido à existência desse campo magnético. Para facilitar o estudo do campo magnético, admite-se a existência de linhas de indução magnética ao redor do ímã. São linhas invisíveis, mas que podem ser percebidas colocando-se um ímã sob uma lâmina de vidro e espalhando limalha de ferro sobre ela. As limalhas se orientam conforme as linhas de força magnética. Trata-se de uma energia que não se vê e que faz com que as limalhas de ferro se agrupem para formar linhas curvas e demonstram o poder que os ímãs têm de atrair partículas de ferro mediante essa força invisível. Limalha de ferro mostrando o campo magnético de um ímã O campo faz uma curva que sai do polo norte em direção ao polo sul O campo de força é mais concentrado nas pontas O campo de força é mais concentrado nas pontas No centro, temos a linha neutra, em que o campo é nulo N S Figura 125 - Linhas de indução magnética Fonte: SENAI-SP (2012) Embora não possamos definir com precisão a natureza das linhas de indução magnética, podemos ter um conceito claro delas se estabelecermos suas proprie- dades mediante a observação dos fenômenos magnéticos. ElEtricidadE236 Essas propriedades são: a) as linhas de indução magnética são o resultado de uma energia que atua em forma de uma curva fechada, partindo do polo norte do ímã, passando pelo ar ou por outro meio condutor até chegar ao polo sul, de onde regres- sa ao polo norte por meio do ferro do ímã; b) as linhas de indução não se cruzam. Ao contrário, elas se repelem, porque procuram se separar umas das outras o máximo possível; e c) as linhas de indução magnética concentram-se nos polos do ímã, razão pela qual obtemos maior força magnética nas imediações dos polos. Quando colocamos um pedaço de ferro ou de aço na trajetória das linhas de força, observamos que elas tendem a prosseguir em sua trajetória através do me- tal, e não através do ar, uma vez que esses metais lhes proporcionam um caminho mais fácil, conforme ilustra a figura a seguir. As linhas de indução magnética seguem o anel de ferroLinhas de indução magnética ar ar ar N S N S Figura 126 - Trajetória das linhas de indução magnética Fonte: SENAI-SP (2012) Para padronizar os estudos sobre o magnetismo e as linhas de indução mag- nética, convencionou-se que as linhas de força de um campo magnético dirigem- -se do polo norte para o polo sul. Essa convenção se aplica às linhas de força ex- ternas ao ímã. 9.5 densidade de fluxo da indução MagnétiCa Em um ímã, o fluxo da indução magnética é a quantidade total de linhas de indução magnética que constituem seu campo magnético. É representado grafi- camente pela letra grega φ (lê-se “fi”). O fluxo da indução magnética é uma grandeza e, como tal, pode ser medido. No Sistema Internacional de Medidas (SI), sua unidade de medida é o weber (Wb). No Sistema Centímetro-Grama-Segundo1 (CGS) de medidas, sua unidade é o maxwell (Mx). 1 SISTEMA CENTÍMETRO- GRAMA-SEGUNDO O Sistema Centímetro- Grama-Segundo (CGS) é um sistema de unidades físicas que precedeu o Sistema Internacional de Unidades (SI). Muitas fórmulas usadas para cálculos de eletromagnetismo ficam mais simples com as unidades CGS. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 237 VoCÊ saBia? Para transformar weber em maxwell, usa-se a seguinte relação: 1 Mx = 10-8 Wb. Quando um condutor é submetido a um campo magnético e este varia do va- lor máximo a zero no tempo de um segundo, provocando aparecimento de uma ddp de um volt entre os terminais do condutor, dizemos que o fluxo magnético é de um Webber. A densidade do fluxo da indução magnética é o número de linhas de indu- ção magnética que atravessam uma seção transversal do campo magnético de área unitária, ou seja, um centímetro quadrado. N 1 cm 1 cm S seção transversal fluxo total Figura 127 - Representação esquemática da densidade do fluxo Fonte: SENAI-SP (2012) A densidade do fluxo é representada graficamente pela letra maiúscula B. Sua unidade de medida no sistema SI é o tesla (T) e no CGS é o Gauss (G). Ela é calcu- lada pela fórmula: Sendo que: • B é a densidade do fluxo magnético em G; • φ é fluxo da indução magnética em Mx; e • S é a seção transversal em centímetros quadrados. VoCÊ saBia? Para transformar gauss em tesla, usa-se a seguinte rela- ção: 1 G = 10-4 T. ElEtricidadE238 Conhecendo o valor da superfície (seção transversal S) em que estão concen- tradas as linhas de indução magnética e a densidade do fluxo magnético B, pode- -se enunciar a fórmula do fluxo de indução magnética como sendo o produto da densidade do fluxo B pela seção transversal A. Assim, matematicamente, temos: Nessa fórmula: • φ é o fluxo de indução magnética em Mx; • B é a densidade de fluxo magnético em G; e • S é a seção transversal em centímetros quadrados. Acompanhe os exemplos de cálculos: a) Calcule o fluxo de indução magnética em que a densidade de fluxo é 6.000 G e está concentrada em uma seção de 6 cm2. Aplicando a fórmula, temos: φ = B x S φ = 6000 x 6 φ = 36000 Mx Transformando Mx em Wb, temos: Logo: b) Calcule a densidade de fluxo em uma seção de 6 cm2 sabendo que o fluxo magnético é de 36.000 Mx (ou linhas). Transformando gauss em tesla, temos: Logo: Esse cálculo é utilizado para conhecermos o fluxo magnético, por exemplo, de um transformador. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 239 9.6 iMantação ou MagnetizaçãoImantação (ou magnetização) é o processo pelo qual os ímãs atômicos (ou dipolos magnéticos) de um material são alinhados, o que acontece por meio da ação de um campo magnético externo. É possível classificar os materiais de acordo com a intensidade com que eles se imantam, isto é, o modo como ordenam seus ímãs atômicos sob a ação de um campo magnético. Assim, esses materiais podem ser classificados em: a) Paramagnéticos são materiais que possuem elétrons desemparelhados que se alinham quando na presença de um campo magnético como o de um ímã. Isso faz surgir um ímã que tem a capacidade de provocar um leve aumento na intensidade do valor do campo magnético em um ponto qual- quer. Esses materiais são fracamente atraídos pelos ímãs. pequenos ímãs na ausência de um campo magnético pequenos ímãs sob um campo magnético fraco pequenos ímãs sob um campo magnético forte Figura 128 - Comportamento do material paramagnético em relação ao campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) O alumínio, a platina, o magnésio e o sulfato de cobre são exemplos de mate- riais paramagnéticos. Eles são caracterizados por possuírem átomos que têm um campo magnético permanente. b) Diamagnéticos são materiais que têm seus ímãs elementares orientados no sentido contrário ao sentido do campo magnético aplicado se forem colocados na presença de um campo magnético. Assim, estabelece-se um campo magnético na substância que possui sentido contrário ao campo aplicado. NN S B0 B Figura 129 - Representação de material diamagnético Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE240 A figura 129 mostra que entre o ímã e o material diamagnético haverá repul- são. Essa força, entretanto, é de pequena intensidade e, muitas vezes, difícil de ser percebida, pois B0 é muito menor que B (B0<<<<B). O bismuto, o cobre, a prata, o chumbo, o ouro, o zinco, o antimônio, a água e o mercúrio são substâncias diamagnéticas. Esses materiais caracterizam-se por possuírem átomos que não produzem um campo magnético permanente, ou seja, o campo resultante de cada átomo é nulo. c) Ferromagnéticos são materiais que compõem um grupo com caracte- rísticas bem diferentes daquelas dos materiais paramagnéticos e dos dia- magnéticos. Esses materiais se imantam fortemente quando colocados na presença de um campo magnético. É possível verificar, experimentalmente, que a presença de um material ferromagnético altera fortemente o valor da intensidade do campo magnético. domínios magnéticos desalinhados domínios magnéticos ordenados Figura 130 - Material ferromagnético Fonte: SENAI-SP (2012) Somente o ferro, o cobalto, o níquel e as ligas formadas por esses materiais são ferromagnéticos. Esse tipo de material é muito utilizado quando se deseja obter campos magnéticos de altas intensidades. As substâncias ferromagnéticas são fortemente atraídas pelos ímãs. Já as substâncias paramagnéticas e diamagnéticas são, na maioria das vezes, denomi- nadas de substâncias não magnéticas, pois seus efeitos são muito pequenos quando sob a influência de um campo magnético. 9.7 eletroMagnetisMo Hans Christian Ørsted foi um cientista dinamarquês de quem já falamos no capítulo 2. Em 1820, enquanto preparava os seus materiais para uma palestra, Ørsted reparou que a agulha de uma bússola movimentava-se quando a corrente elétrica de uma bateria era ligada e desligada. Esse desvio convenceu-o da rela- ção direta entre eletricidade e magnetismo. Depois dele, a união das descobertas de Henry e Faraday (indução eletromag- 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 241 nética) e, principalmente, de James Maxwell, que explicou matematicamente a relação entre a eletricidade e o magnetismo, forneceu as bases para o surgimento de um ramo do estudo da física chamado de eletromagnetismo. Assim, em poucas palavras, podemos dizer que eletromagnetismo é um fe- nômeno magnético provocado pela circulação de uma corrente elétrica. O ter- mo eletromagnetismo aplica-se a todo fenômeno magnético que tenha origem em uma corrente elétrica. 9.7.1 camPo magnético em um condutor Para entender a inter-relação entre o fenômeno magnético e a corrente elétrica, vamos explicar o que aconteceu quando Ørsted estava preparando sua palestra. Quando colocamos uma bússola próxima a um condutor que está sendo per- corrido por uma corrente elétrica, o seu ponteiro, que inicialmente estava orienta- do para o norte geográfico da Terra, muda de direção, mostrando que a corrente elétrica cria um campo magnético. Figura 131 - Campo magnético B em condutor sendo percorrido por corrente elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) Essa orientação do movimento das partículas tem um efeito semelhante ao da orientação dos ímãs moleculares. Como consequência, surge um campo magné- tico ao redor do condutor. As linhas de força do campo magnético criado pela corrente elétrica que passa por um condutor são circunferências concêntricas em um plano perpendicular ao condutor, como você pode observar na figura a seguir. Figura 132 - Linhas de força do campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE242 Mas você pode estar se perguntando: qual é o sentido de deslocamento das linhas de indução magnética do campo magnético? Para responder a essa pergunta, vamos utilizar a regra da mão direita, confor- me mostra a figura a seguir. ii B (a) (b) Figura 133 - Regra da mão direita Fonte: SENAI-SP (2012) Quando envolvemos o condutor com a mão direita, como mostra a figura, o polegar indica o sentido da corrente elétrica que está percorrendo o fio. Enquanto isso, os demais dedos estão dobrados envolvendo o condutor e indicando o polo norte magnético gerado pela corrente elétrica. Para definir o sentido das linhas de força, pode-se também utilizar a regra do saca-rolhas. Por essa regra, o sentido é indicado pelo movimento do cabo de um saca-rolhas cuja ponta avança no condutor no mesmo sentido da corrente elétri- ca (convencional). Essa regra pode ser aplicada de duas maneiras: a) condutor retilíneo (figura 134 à esquerda): o saca-rolhas avança no sentido da corrente (i) e com a ponta do cabo em um ponto A. O sentido de rotação do cabo é o sentido das linhas de força do campo magnético ( ) no ponto A; b) condutor curvo (figura 134 à direita): o saca-rolhas gira no sentido da cor- rente (i). Ele avança no sentido das linhas de indução magnética do campo magnético. Para ter uma melhor noção do que estamos falando, veja a figura a seguir. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 243 A i i H Figura 134 - Regra do saca-rolhas Fonte: SENAI-SP (2012) VoCÊ saBia? A letra H é utilizada para identificar a intensidade do campo magnético. Conhecer o sentido do campo magnético no condutor é muito importante, porque esse é um conceito aplicado diretamente para o bom funcionamento das máquinas elétricas, como são chamados os motores e os geradores. Para um motor funcionar corretamente, o eletricista precisa ter o cuidado de ligar os cabos internos do motor na sequência correta. Se ela for invertida, o sen- tido do campo magnético também será invertido. Assim, quando a alimentação do motor for ligada, ele travará em vez de girar. Conhecer o sentido do campo magnético, portanto, auxilia a fazer a correta ligação do motor. 9.7.2 camPo magnético em uma esPira circular Em um ímã, as linhas de indução saem do polo norte e se movimentam em di- reção ao polo sul, formando espiras. Uma espira percorrida por uma corrente ori- gina um campo magnético igual ao do ímã. Assim, o polo norte é aquele do qual as linhas indução magnética saem e o polo sul é aquele em que as linhas entram. ElEtricidadE244 polo norte B polo sul i i Figura 135 - Direção de movimento das linhas de indução Fonte: SENAI-SP (2012) Para identificar o polo norte ou sul da espira, podemos usar as regras práticas representadas nas figuras 136 e 137, a seguir. A figura 136 ilustra como identificar o polo sul: olhando de frente para uma face da espira com a corrente vista no sentido horário, o fluxo magnéticoestará entrando no plano do observador. visão do observador Vetor entrando Figura 136 - Identificando o polo sul Fonte: SENAI-SP (2012) A figura 137 ilustra um modo prático de identificar o polo norte: olhando-se de frente para uma face da espira com a corrente vista no sentido anti-horário, o fluxo magnético estará saindo do plano do observador. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 245 visão do observador Vetor saindo Figura 137 - Identificando o polo norte Fonte: SENAI-SP (2012) Esse conhecimento é importante para fazer ligações em máquinas elétricas, como motores. 9.8 CaMPo MagnétiCo eM uMa BoBina (ou solenoide) Para que possamos obter um efeito prático em termos de trabalho elétrico, um campo magnético produzido por um condutor é fraco e necessita de altas correntes. Mas, para obter campos magnéticos de maior intensidade a partir da corren- te elétrica, basta enrolar o condutor em forma de espiras, constituindo uma bo- bina. A figura a seguir mostra uma bobina e seus respectivos símbolos, conforme determina a NBR 12521. Bobina, enrolamento ou indutor Símbolo (forma preferida) Símbolo (outra forma) Figura 138 - Símbolos de bobinas Fonte: SENAI-SP (2012) As bobinas permitem um aumento dos efeitos magnéticos gerados em cada uma das espiras. A figura a seguir mostra uma bobina constituída por várias es- piras, ilustrando o efeito resultante da soma dos efeitos magnéticos individuais. ElEtricidadE246 N S I I Figura 139 - Representação do efeito da soma dos efeitos magnéticos em uma bobina Fonte: SENAI-SP (2012) É importante observar que os polos magnéticos formados pelo campo mag- nético de uma bobina têm características semelhantes àquelas dos polos de um ímã natural. Além disso, a intensidade do campo magnético em uma bobina depende diretamente da intensidade da corrente e do número de espiras. O núcleo é a parte central das bobinas. Ele pode ser composto por: a) ar, quando nenhum material é colocado no interior da bobina; e b) material ferroso, quando há ferro ou aço, por exemplo, no interior da bobi- na. Esse recurso é usado a fim de que se possa obter maior intensidade de campo magnético em uma mesma bobina. Nesse caso, o conjunto bobina- núcleo de ferro é chamado eletroímã. A maior intensidade do campo magnético nos eletroímãs é obtida porque os materiais ferrosos provocam uma concentração das linhas de força. NSNS Figura 140 - Concentração de linhas de indução magnética Fonte: SENAI-SP (2012) Se fosse possível fazer um corte transversal na bobina do eletroímã, o que ve- ríamos está representado na figura 140. Nesse caso, quando a corrente elétrica flui na direção em que se afasta do ob- servador (representada pelas cruzes), as linhas de indução magnética circundam o condutor da maneira indicada pelas setas. Quando a corrente flui pelo fio em direção ao observador (representada pelos pontos), as linhas de indução magnética circundam o fio de cada espira da manei- ra indicada pelas setas. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 247 Como resultado, observamos que todas as linhas de indução produzidas em cada lado das espiras do fio, tanto na parte superior como na parte inferior, estão na mesma direção. Isso, como pode ser visto claramente na figura, indica que o campo magnético total da bobina é igual à soma de todos os campos magnéticos produzidos em cada espira. Quando uma bobina tem um núcleo de material ferroso, seu símbolo (segun- do a NBR 12521) expressa essa condição, como mostra a figura a seguir. Núcleo de ferrite com um enrolamento Indutor com núcleo magnético Figura 141 - Símbolo de indutor Fonte: SENAI-SP (2012) 9.9 PrinCiPais leis do eletroMagnetisMo Michael Faraday foi o cientista que primeiro desenvolveu o conceito moderno de campos elétricos e magnéticos, quando, em 1831, apresentou suas ideias so- bre linhas de indução, que mais tarde foram comprovadas matematicamente por James Clerk Maxwell. Em 1833, Heinrich Lenz, em seus estudos, estabeleceu que o sentido da cor- rente elétrica induzida se comporta de tal maneira que o campo magnético cria- do por ela opõe-se à variação do campo magnético que a produziu. Em 1892, Hendrik Lorentz desenvolveu a Lei da Força que tem seu nome e que contribuiu para o cálculo da força total tanto dos campos elétricos como dos campos magnéticos. Vamos falar um pouco mais sobre essas leis. Acompanhe! 9.9.1 lei de Faraday Já sabemos que uma corrente elétrica produz um campo magnético. Mas o campo magnético produz uma corrente elétrica? Michael Faraday provou que sim. Vamos entender as experiências que ele fez. Experiência 1: Se uma espira de um material condutor de eletricidade tem um amperímetro conectado a ela, mas não há uma fonte de alimentação no circuito, a leitura do instrumento não indicará um valor. ElEtricidadE248 Mas, se aproximarmos um ímã dessa espira, o amperímetro indicará a presen- ça de uma corrente. Se ele for afastado, também indicará a presença de uma cor- rente, mas em sentido oposto. Com o ímã parado, não há nenhuma indicação de presença de corrente. Veja a representação dessa experiência na figura a seguir. N S N S N S N S N S ímã parado corrente 0 A ímã parado corrente 0 A 0 0 ímã fora do condutor corrente -A -A ímã parado corrente 0 A 0 ímã dentro do condutor corrente +A +A i i Figura 142 - Primeira experiência de Faraday: circuito com condutor sem fonte de alimentação Fonte: SENAI-SP (2012) Nesta primeira experiência, Faraday concluiu que a corrente que circula pela espira com o amperímetro é denominada corrente induzida, já que é produzida por uma força eletromotriz (fem) induzida . A fem é induzida apenas em uma espira imersa em um campo magnético se ocorrer variação do número de linhas de indução que atravessam a superfície do quadro ou da espira. Experiência 2: No circuito da figura a seguir, ligando-se a chave, ocorre um pequeno e rápido desvio na agulha do amperímetro. A chave Figura 143 - Circuito que reproduz a segunda experiência de Faraday Fonte: SENAI-SP (2012) 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 249 O mesmo acontece se a chave for desligada. O desvio, porém, será em sentido oposto. E se a chave for mantida ligada, por maior que seja a corrente circulando na espira esquerda, não haverá qualquer indicação no amperímetro. Na segunda experiência, Faraday concluiu que a corrente induzida é propor- cional ao negativo da variação do fluxo magnético em relação ao tempo. Essas leis explicam a reação do campo girante, que faz funcionar um motor elétrico. Casos e relatos O poder do campo magnético Soldar é uma tarefa repetitiva e penosa que envolve riscos à saúde. Por isso, as grandes montadoras de veículos usam robôs para soldar as car- rocerias dos automóveis. A soldagem acontece quando ocorre um breve curto-circuito controlado em um ponto da carroceria que será soldado. No momento desse curto, a corrente pode chegar a 200 A para uma chapa de 1,5 mm e, por causa dessa corrente, forma-se um campo magnético no local em que é feita a soldagem. Em uma siderúrgica, o operador principal de um equipamento de sold- agem teve um problema cardíaco e precisou colocar um marca-passo. Esse equipamento tinha a função de soldar, sem falhas, chapas de 10 mm de espessura por 2000 mm de comprimento. Por causa da grande espes- sura das chapas a serem soldadas, a corrente atingia o valor de 70.000 A. Com essa corrente, o campo magnético gerado era capaz de apagar temporariamente os monitores dos computadores usados para o moni- toramento da soldagem que estavam a cinco metros do equipamento. Por causa disso, como medida de segurança, pois havia risco à saúde do funcionário, ele foi afastado da sua função, já que o campo magnético no local poderia afetar o funcionamento de seu marca-passo. ElEtricidadE250 9.9.2 lei de lenz Faraday foi o primeiro a produzir uma força eletromotriz induzida e a determi- nar o seu valor. Porém, foi a Lei de Lenz que determinou seu sentido. Por essa lei,estabeleceu-se que o sentido de uma força eletromotriz induzida é tal que a corrente induzida ocorre sempre de forma a contrariar a variação da grandeza que a produziu. Isso quer dizer que o sentido da corrente é o oposto da variação do campo magnético que lhe deu origem. A figura a seguir ilustra o que diz o enunciado da Lei de Lenz. S Nímã B' 1 2 Δt i B ΔB G Figura 144 - Circuito que representa o sentido da corrente pela Lei de Lenz Fonte: SENAI-SP (2012) Se a área da espira for constante e o ângulo do movimento do ímã tam- bém, a variação do fluxo magnético é proporcional a um valor médio de campo magnético (B). Se o ímã for movimentado da posição 1 para a posição 2 em um tempo Δt, o campo magnético que atravessa a espira passa de B para + ΔB, pois há um maior número de linhas de indução por unidade de área para a posição mais próxima. Como consequência, a corrente induzida produz um campo B’, oposto à varia- ção, ou seja, B’ = − ΔB. O sentido da corrente I na espira pode ser encontrado pela regra da mão direita. Devido à ação de oposição ao fenômeno gerador, a força eletromotriz induzi- da é algumas vezes denominada força contra-eletromotriz. VoCÊ saBia? Quando um motor de corrente alternada começa a girar, a tensão é aplicada em sua parte externa, que são as bobinas. A parte rotativa, ou seja, aquela que realmente gira, não possui nenhum fio de alimentação. Para que a parte rotativa gire, o campo vindo das bobi- nas faz com que sua parte metálica crie um campo con- trário e a partir daí comece a girar. Esse campo contrário é o que chamamos de força contra- eletromotriz, que é uma força contrária à força aplicada. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 251 9.9.3 lei da Força de lorentz A Lei da Força de Lorentz calcula a intensidade da força magnética em uma partícula carregada eletricamente com velocidade v e imersa em um campo mag- nético. Ela descreve o efeito de E (campo elétrico) e B (campo magnético) sobre uma carga elétrica pontual (de prova). Isso é representado esquematicamente na figura a seguir. Fm (q > 0) S N B V α Fm (q < 0) q Figura 145 - Efeito do campo elétrico e do campo magnético sobre uma carga elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) Na figura acima, observe que: a) uma carga elétrica q, positiva, circula em um campo magnético uniforme, com uma velocidade b) no plano da figura, o campo magnético está representado pelo fluxo de indução e c) o ângulo a é formado entre os vetores Nessas condições, o campo magnético é capaz de atuar sobre a carga que nele circula. Nele surge, então, uma força de origem magnética denominada força magnética de Lorentz (F), que se caracteriza por desviar a carga de sua trajetória original de circulação. As características das forças magnéticas F são: a) intensidade da força magnética – é diretamente proporcional à car- ga elétrica, à velocidade de circulação da carga e à intensidade do campo magnético; b) direção – é perpendicular aos vetores v (velocidade) e B (campo magné- tico); ElEtricidadE252 B F V Figura 146 - Direção das forças magnéticas Fonte: SENAI-SP (2012) c) Sentido – se a carga elétrica circulante for positiva, o sentido da força mag- nética é dado pela regra da mão esquerda, ilustrada na figura a seguir. Se a carga elétrica q circulante no campo magnético for negativa, o sentido da força magnética deve ser invertido. F B V Figura 147 - Regra da mão esquerda Fonte: SENAI-SP (2012) Pela regra da mão esquerda: a) o dedo polegar indica a força magnética F; b) o dedo indicador indica o campo magnético B; e c) o dedo médio indica o sentido da velocidade v. 9.10 CirCuitos MagnétiCos Os circuitos magnéticos são utilizados para concentrar o efeito magnético em determinados materiais. Isso quer dizer que eles direcionam o fluxo magnético em materiais com certas propriedades magnéticas e dimensões a partir de uma variedade de seções e diferentes comprimentos. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 253 Logo, o circuito magnético é o espaço em que se desenvolve um conjunto de linhas de indução de um campo magnético. Vamos ver no circuito a seguir: I I N S G = NI R G = R + l m Figura 148 - Representação esquemática de um circuito magnético Fonte: SENAI-SP (2012) Da mesma forma que o circuito elétrico é o percurso da corrente elétrica, o circuito magnético é o percurso do fluxo magnético. Assim como a força eletromotriz (fem) é responsável pelo movimento ordena- do dos elétrons em um circuito elétrico, no circuito magnético deve haver uma força que é medida pelo trabalho realizado para transportar uma unidade de massa magnética (fluxo) em torno do circuito magnético fechado. Essa é a força magnetomotriz (f.m.m.), que é a relação entre a corrente nas espiras e a quanti- dade de espiras. I L C F C B BFB LB L B G G Figura 149 - Campo magnético de um eletroímã Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE254 A figura 149 ilustra um circuito magnético mostrando o diagrama do campo magnético (linhas verdes) de um eletroímã típico, bem como apresenta o núcleo do eletroímã em corte, com exceção dos condutores que formam a bobina (em vermelho), que estão representados em três dimensões para dar maior clareza ao desenho. O núcleo de ferro do eletroímã (C) forma um espaço fechado para a circulação do fluxo magnético e contém duas aberturas para a passagem do ar. A maior par- te do campo magnético (B) está confinada dentro do circuito do núcleo. Porém, algumas das linhas do campo magnético (BL) se desviam, não passam pelo núcleo e não contribuem para a produção de trabalho do eletroímã, constituindo uma perda. Essa perda também inclui os fluxos magnéticos que circundam os condu- tores que formam a bobina. Nas aberturas (G), as linhas do campo magnético formam “curvas” (BF) nas bor- das das aberturas e depois voltam ao traçado normal para entrar na outra parte do material do núcleo. São chamadas de “campos marginais” e também são con- sideradas como perdas, pois reduzem a força do eletroímã. A linha azul (L) é o comprimento médio do percurso do fluxo, também cha- mado de circuito magnético. Esse comprimento é usado para calcular o campo magnético. A força magnetomotriz do circuito magnético corresponde à força eletromotriz do circuito elétrico. Podemos exemplificá-la com a ajuda de um eletroímã, que, como você já viu neste capítulo, tem a capacidade de atrair materiais ferrosos. Assim, imagine o uso de um eletroímã em um ferro velho, no qual o mesmo guindaste deverá ter força para levantar tanto uma geladeira como um automó- vel. O equipamento é o mesmo, mas não há necessidade da mesma força. Então, para levantar a geladeira, usamos um certo valor de corrente e para levantar o carro, precisamos aumentá-la. Esse valor de corrente no eletroímã é a nossa força magnetomotriz. Quanto maior for a corrente para um determinado equipamen- to, maior será a força magnetomotriz. 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 255 9.11 interação entre o MagnetisMo e o eletroMagnetisMo Até este momento, vimos separadamente os conceitos de magnetismo e ele- tromagnetismo. Agora, vamos unir os dois conceitos usando um exemplo de apli- cação prática bem conhecida: o alto-falante. NN N S S N cone ímã bobina C.A. Figura 150 - Alto-falante Fonte: SENAI-SP (2012) O alto-falante é um dispositivo que produz som por meio de um sinal elétrico em corrente alternada. Esse sinal ativa a bobina de um eletroímã, que está presa na base de um cone e inserida em um ímã. Quando ocorre o sinal, os campos entre a bobina e o ímã se atraem e se repelem, movimentando-se de modo que provocam a vibração no cone que junto ao deslocamento de ar, produz o som. Quanto maior for a corrente aplicada à bobina, maior será a força e, portanto, maior será a vibração do cone. saiBa Mais Utilizando o conceito de magnetismo e eletromagnetismo, tente entender como funciona um motor em corrente con- tínua. Para saber mais, use um site na internet para realizaruma busca pelos termo “motor cc caseiro” e veja como esse tipo de motor funciona ElEtricidadE256 reCaPitulando Neste capítulo, você estudou que: a) o magnetismo é uma propriedade de certos materiais que os tornam capazes de exercer uma atração sobre materiais ferrosos; b) os ímãs são materiais com propriedades magnéticas. Eles podem ser naturais ou artificiais e têm dois polos em suas extremidades: o polo norte e o polo sul, em que se concentram as forças magnéticas do ímã, enquanto na região central está a linha neutra, na qual as forças de atração se anulam; c) cada vez que o ímã é dividido, gera ímãs menores, que possuem as mesmas características; d) polos diferentes se atraem e polos iguais se repelem; e) campo magnético é o espaço ao redor do ímã em que há a atuação das forças magnéticas; f ) o fluxo da indução magnética é a quantidade total de linhas de um ímã que constitui o campo magnético; g) a densidade do fluxo da indução magnética é calculada pela fórmula e sua unidade de medida é o tesla (T); h) quanto à intensidade com que os materiais se imantam, eles podem ser classificados em materiais paramagnéticos, diamagnéticos e fer- romagnéticos; i) eletromagnetismo é o fenômeno magnético provocado pela circu- lação de uma corrente elétrica em um condutor que gera um campo magnético formado por linhas magnéticas; j) para determinar a direção do campo magnético, usamos a regra da mão direita; k) a intensidade do campo magnético ao redor do condutor depende da intensidade da corrente que flui nele; 9 MagnetisMo e eletroMagnetisMo 257 l) para obter campos magnéticos de maior intensidade a partir da cor- rente elétrica, basta enrolar o condutor em forma de espiras, consti- tuindo uma bobina; m) a intensidade do campo magnético em uma bobina depende direta- mente da intensidade da corrente e do número de espiras; n) o núcleo de uma bobina é a sua parte central e pode ser de ar ou de material ferroso; o) a Lei de Faraday estabeleceu que a corrente que circula pela espira é denominada corrente induzida, já que é produzida por uma força eletromotriz (fem) induzida Ve; p) a Lei de Lenz estabeleceu que o sentido da corrente elétrica induzida comporta-se de tal maneira que o campo magnético criado por ela opõe-se à variação do campo magnético que a produziu; q) a Lei da Força de Lorentz contribuiu para o cálculo da força total tanto dos campos elétricos como dos magnéticos; e r) circuito magnético é o espaço em que se desenvolve um conjunto de linhas de indução de um campo magnético. Esses conteúdos são a base para você entender o comportamento das máquinas elétricas que serão estudadas em profundidade na unidade curricular Manutenção de sistemas eletroeletrônicos. 10 Corrente alternada Nos capítulos 3 e 4, estudamos a tensão, a corrente e o circuito elétrico. Nos capítulos se- guintes, vimos sobre a resistência elétrica e os resistores. Portanto, você já estudou sobre como a tensão faz a corrente circular pelo circuito e também a maneira como as cargas estão dispos- tas – em série, em paralelo ou mistas, isto é, em série e em paralelo – e como isso influencia na quantidade de energia que cada componente do circuito recebe. Mas isso tudo foi estudado em circuitos simples, alimentados por corrente contínua. Por isso, neste capítulo, estudaremos um assunto de fundamental importância para todos os pro- fissionais da área eletroeletrônica, particularmente àqueles que se dedicarão à manutenção elétrica: a corrente e a tensão alternadas monofásicas. Veremos como a corrente é gerada e a forma de onda senoidal por ela manifestada. Além disso, estudaremos um parâmetro muito importante para dimensionar circuitos para o funcio- namento dos mais variados equipamentos elétricos: a potência elétrica em corrente alternada. Ao final deste capítulo, você saberá: a) o que são corrente e tensão alternadas monofásicas; b) o que é uma curva senoidal e como a corrente alternada é gerada; c) o que são os valores de pico e os valores de pico a pico da tensão alternada senoidal; d) o que é tensão eficaz; e) o que é corrente eficaz; f ) como calcular tensão e corrente eficazes; e g) como calcular valor médio da corrente (Vdc) e da tensão alternada senoidal. Esse conteúdo é muito importante para que você saiba interpretar o funcionamento de circuitos elétricos. ElEtricidadE260 10.1 Corrente e tensão alternadas monofásiCas Até agora, todos os circuitos que estudamos tinham como fonte de tensão uma bateria que gerava corrente contínua, a qual circula como mostra o circuito da figura a seguir. G + - I I I I A B R Figura 151 - Circuito de corrente contínua Fonte: SENAI-SP (2012) Nessa disposição, a corrente elétrica segue do ponto A até o ponto B. Observe, agora, o que acontece se a posição da bateria for mudada, de modo que o polo negativo fique no lugar do positivo e o polo positivo fique no lugar do negativo. G + - I I I I A B R Figura 152 - Mudança de polaridade na bateria Fonte: SENAI-SP (2012) Nesse caso, a corrente elétrica muda de sentido, seguindo do ponto B até o ponto A. Essa é a principal característica da tensão alternada: muda constantemente de polaridade. Isso provoca nos circuitos um fluxo de corrente ora em um sentido, ora em outro. Veja o que acontece se um medidor de tensão for colocado nas extremidades de uma bobina. 10 Corrente alternada 261 Tensão = 0 V V +- Figura 153 - Bobina com medidor de tensão acoplado a suas extremidades Fonte: SENAI-SP (2012) Se um medidor de tensão for colocado nas extremidades da bobina, a medi- ção mostrará uma tensão de 0 V, pois não há ddp e a bobina está em equilíbrio. Observe, agora, a mesma bobina, quando um ímã é aproximado dela. Tensão = NEGATIVA V +- S N Figura 154 - Polo norte do ímã próximo da bobina = tensão negativa Fonte: SENAI-SP (2012) Quando o polo norte do ímã estiver se aproximando da bobina, os elétrons li- vres do condutor serão atraídos por ele, criando uma diferença de potencial. Nesse caso, a leitura do instrumento de medição indicará uma diferença de potencial com valor negativo. Agora, veja o que acontece se a polaridade do ímã for invertida: Tensão = POSITIVA V +- N S Figura 155 - Polo sul do ímã próximo da bobina = tensão positiva Fonte: SENAI-SP (2012) Com a mudança da polaridade, haverá nova reação, fazendo com que a dife- rença de potencial seja oposta à da situação anterior. Nesse caso, o instrumento de medição indicará uma tensão positiva. ElEtricidadE262 Essa constante mudança de polaridade é o princípio de geração da corrente alternada. Porém, se para obter tensão alternada tivéssemos que inverter cons- tantemente os polos de uma bateria, isso não seria nada prático. Mas, felizmente, gerar corrente alternada é bem menos complicado. Veja na seção a seguir. 10.2 Geração de Corrente alternada Acender uma lâmpada, ligar a televisão ou o micro-ondas, usar o ferro elétrico e ligar o ventilador são gestos aos quais não prestamos muita atenção e, geral- mente, nem nos preocupamos em saber direito o que os faz funcionar. Quem é bastante curioso pode até já ter olhado a parte de trás ou de baixo de algum de seus aparelhos eletrodomésticos e ter encontrado uma etiqueta com dados como estes: TORRADEIRA ELÉTRICA TENSÃO 127 V ~ 60 Hz Potência 750 W O que esses dados querem dizer é que essa torradeira só funcionará com uma tensão de 127 volts e uma corrente com frequência de 60 hertz e que ela vai aque- cer o pão com uma potência de 750 W. Além disso, significam que a energia elétri- ca que a faz funcionar chega à tomada em forma de tensão/corrente alternada, que é fornecida para nossas casas por uma empresa concessionária de distribui- ção de energia elétrica. Essa empresa geralmente compra a energia elétrica de outra empresa: aquela que produziu a energia em uma usina geradora que, no Brasil, na maioria dos casos, é uma usina hidroelétrica. No início, o grande problema da utilização de energiaelétrica era exatamente a sua distribuição, ou seja, como fazer a energia elétrica chegar de forma econô- mica ao maior número de consumidores na maior distância possível. Com o uso da corrente contínua, gerada por meio de dínamos, esse objetivo era impossível de ser alcançado. O problema foi resolvido apenas após a construção da primeira hidrelétrica (em 1895), que fornecia energia elétrica em corrente alterna- da e permitia que a eletricidade chegasse a até 300 quilômetros de distância. Tecnicamente, existem duas razões para que se prefira a corrente alternada: a) ela pode fazer quase tudo o que a CC faz; e 10 Corrente alternada 263 b) a transmissão elétrica em CA é muito mais fácil e econômica, porque, com a ajuda de transformadores, a corrente pode ser aumentada ou reduzida praticamente sem perdas. É dessa forma que ela chega até as nossas casas. Veja a seguir o caminho percorrido pela energia elétrica em corrente alternada até chegar aos consumidores. A Geração B Transmissão E Consumidores comerciais e industriais D Dispositivos de Automação da Distribuição C Distribuição F Consumidores residenciais Subestação Distribuídora Usina Hidroelétrica Subestação Transmissora Transformador Figura 156 - Geração e transmissão de energia elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) Vamos, então, aprender como a corrente alternada é gerada. Para isso, é neces- sário saber como funciona um gerador. A figura a seguir é uma representação esquemática de um gerador elementar, que consiste em uma espira disposta de tal forma que pode ser girada em um campo magnético estacionário. Dessa forma, o condutor da espira corta as linhas do campo eletromagnético, produzindo a força eletromotriz (fem). tensão de CA sul norte Figura 157 - Representação esquemática de um gerador elementar Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE264 Para fornecer a tensão em CA, um gerador é composto pelos polos do ímã, pelo condutor e pelo sistema de transferência de energia. Na figura 157, os condutores estão próximos do ímã, fazendo com que haja a máxima tensão. Acompanhe a explicação do funcionamento desse gerador. a) Posição 0º – é a posição inicial, em que o plano da espira está perpendi- cular ao campo magnético e seus condutores deslocam-se paralelamente ao campo. Nesse caso, os condutores não cortam as linhas de força, por- tanto, a fem não é gerada. No instante em que a bobina é movimentada, os condutores cortam as li- nhas de força do campo magnético e a geração de fem é iniciada. Nas figuras 158 a 162, vamos acompanhar o condutor vermelho para a in- terpretação ficar mais fácil. Campo Magnético 360o270o180o90o0o + - E fem (V) Ângulos de Rotação (o) N S 0o E fem + - Carga Figura 158 - Posição 0o: plano da espira perpendicular ao campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) b) Posição 90º – à medida que a espira se desloca, seu ângulo em relação às linhas de força do campo aumenta. Ao atingir o ângulo de 90º, o gerador chegará à geração máxima da força eletromotriz, pois os condutores es- tarão cortando as linhas de força perpendicularmente. Nesse momento, o condutor vermelho está próximo ao polo sul do ímã (S), gerando a máxima corrente na carga. Veja a posição da corrente na figura. 360o270o180o90o0o + - E fem (V) Ângulos de Rotação (o) E fem Campo Magnético N S 90o E fem + - I Figura 159 - Posição 90º Fonte: SENAI-SP (2012) 10 Corrente alternada 265 c) Posição 180º – quando a espira atinge os 180º do ponto inicial, seus condu- tores não cortam mais as linhas de força, portanto, não há indução de fem e a corrente volta a zerar. Forma-se, assim, o primeiro semiciclo (positivo). Quando a espira ultrapassa a posição de 180º, o sentido de movimento dos condutores em relação ao campo se inverte. Agora, o condutor verme- lho move-se para cima e o condutor preto, para baixo. Como resultado, a polaridade da fem e o sentido da corrente também são invertidos. Campo Magnético 360o270o180o90o0o + - E fem (V) Ângulos de Rotação (o) N S 180o E fem + - E fem Figura 160 - Posição 180º Fonte: SENAI-SP (2012) d) Posição 270º – corresponde à geração máxima da fem, mas com o sentido oposto em relação ao ângulo de 90º. O condutor vermelho está próximo ao polo norte (N) do ímã, fornecendo a máxima corrente, mas no sentido oposto. 360o270o180o90o0o + - E fem (V) Ângulos de Rotação (o) E fem Campo Magnético N S 270o E fem + - I Figura 161 - Posição 270º Fonte: SENAI-SP (2012) e) Posição 360º – finalmente, quando forma-se o segundo semiciclo (nega- tivo) e a volta da espira se completa (ou ciclo de 360º), observa-se a total ausência de força eletromotriz, porque os condutores não cortam mais as linhas de força do campo magnético. ElEtricidadE266 Campo Magnético 360o270o180o90o0o + - E fem (V) Ângulos de Rotação (o) N S 360o E fem + - E fem Ciclo Figura 162 - Posição 360º Fonte: SENAI-SP (2012) Nesse momento, o gráfico resultou em uma curva senoidal1 (ou senoide). 10.2.1 Frequência de uma corrente (ou tensão) alternada Na seção anterior, apareceram algumas palavras novas: ciclo, onda, senoide, período. Vamos ver o que elas significam? Um ciclo corresponde a todos os valores produzidos pelo movimento dos con- dutores da espira quando eles cortam o campo magnético nos dois sentidos de maneira a formar uma senoide. O ciclo também pode ser chamado de onda, ou onda completa. Meio-ciclo, meia-onda ou alternância são os nomes que se dá à metade dos valores produzidos. Matematicamente, dizemos que uma alternância sobre o eixo de referência é positiva e a outra é negativa. Se o condutor continuar girando no campo magnético com velocidade uni- forme, outros ciclos serão produzidos. O número de ciclos produzidos em uma unidade de tempo é chamado de frequência (f). O período (T) de uma tensão, ou corrente alternada, é o tempo necessário para completar um ciclo. Ele é o inverso da frequência e a sua unidade é s (se- gundos). A fórmula para o cálculo do período é: Sendo que: • T é o período em segundos (s). • f é a frequência em hertz (Hz). 1 CURVA SENOIDAL A curva senoidal é a que representa a forma de onda da corrente de saída do gerador e que corresponde à rotação completa da espira. 10 Corrente alternada 267 unidade de medida de frequência A frequência é expressa em uma unidade chamada hertz (Hz), que correspon- de a um ciclo por segundo (c/s). Como toda unidade de medida, o hertz apre- senta fatores multiplicadores (múltiplos e submúltiplos), sendo os que mais utili- zados estão na tabela a seguir. Tabela 11 – Unidade de medida de corrente e seus fatores multiplicadores DeNoMiNAção SíMBolo VAlor eM VolT (V) Múltiplos (ou fatores multiplicadores) megahertz MHz 106 Hz ou 1.000.000 Hz quilohertz kHz 103 Hz ou 1.000 Hz Unidade hertz Hz - Submúltiplos milihertz mHz 10-3 Hz ou 0,001 Hz Na eletricidade, utilizamos frequentemente a unidade (Hz) e em eletrônica, seus múltiplos megahertz e quilohertz e o submúltiplo milihertz. Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de me- dida. Os passos são os mesmos da conversão de valores do volt, que já vimos no capítulo 3. Usaremos, também, o mesmo tipo de tabela: MHz kHz Hz mHz Suponha que você precise converter megahertz (MHz) em quilohertz (kHz) e a medida que você tem é 63,7 MHz. Para usar o quadro, procede-se da seguinte maneira: a) Coloque o número na tabela na posição da unidade de medida, que, neste caso, é o megahertz. Lembre-se de que a vírgula deverá estar na linha após o megahertz. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. MHz kHz 6 3 7 ↑ posição da vírgula ElEtricidadE268 b) Mude a posição da vírgula para a direita. O novo valor gerado aparecerá quando a primeira casa abaixo da coluna do quilohertz estiver preenchida. MHz kHz 6 3 7 0 0 nova posição da vírgula ↑ Após preencher o gabarito, o valor convertido será: 63,7 MHz = 63700 kHz. VoCÊsaBia? O nome Hertz, dado à unidade de medida de frequên- cia, é uma homenagem ao físico alemão Heinrich Hertz. Esse nome substituiu a sigla de ciclos por segundo (CPS) apenas na década de 1970, embora já tivesse sido esta- belecido como designação da unidade pela Internatio- nal Electrotechnical Commission (IEC) em 1930 e adota- do em 1960 durante a Conférence Générale des poids et mesures (Conferência geral de pesos e medidas). saiBa mais Pesquise em um site de busca a biografia de Heinrich Hertz. É sempre inspirador ler sobre a vida dos cientistas, pois é graças a eles que nosso dia a dia é cada vez mais confortável e nossa qualidade de vida melhora. instrumentos de medição de frequência O frequencímetro e o osciloscópio são instrumentos de medição de frequên- cia. O frequencímetro faz a leitura direta de modo idêntico ao voltímetro, já o osciloscópio permite que a forma de onda seja visualizada em uma tela, sendo necessário efetuar a contagem para conhecer o valor da frequência. Esses instrumentos serão abordados profundamente na unidade curricular Instalação de Sistemas Eletrônicos. 10 Corrente alternada 269 10.3 o Valor de piCo e o Valor de piCo a piCo da tensão alternada senoidal Tensão de pico é o valor máximo que a tensão atinge em cada semiciclo. A tensão de pico é representada pela notação Vp. 0 + Vp - Vp tensão de pico positivo tensão de pico negativo Figura 163 - Tensão de pico Fonte: SENAI-SP (2012) Observe que na figura acima aparecem a tensão de pico positivo e a tensão de pico negativo, sendo que o valor de pico negativo é numericamente igual ao valor de pico positivo. Assim, a determinação do valor de tensão de pico pode ser feita em qualquer um dos semiciclos. 0 + Vp - Vp 180 V -180 V Vpp Vp = - Vp= 180 V - Vpp= 360 V t V Figura 164 - A tensão de pico positivo e a tensão de pico negativo Fonte: SENAI-SP (2012) Conhecer a tensão de pico é importante para dimensionar os componentes de qualquer circuito eletroeletrônico. A tensão de pico a pico da CA senoidal é o valor medido entre o pico positivo e o negativo de um ciclo e é representada pela notação Vpp. Considerando-se que os dois semiciclos da CA são iguais, pode-se afirmar que: ElEtricidadE270 Da mesma forma que as medidas de pico e de pico a pico aplicam-se à tensão alternada senoidal, aplicam-se também à corrente alternada senoidal. Ip t1 -5 A Ipp Ip = 5 A Ipp = 10 A+5 A +I Figura 165 - Medidas de pico a pico aplicam-se à corrente alternada senoidal Fonte: SENAI-SP (2012) 10.4 tensão e Correntes efiCazes Quando uma tensão contínua é aplicada sobre um resistor, a corrente que circula por ele possui um valor constante. Isso quer dizer que a dissipação de potência no resistor (que é dada pela fórmula ) apresenta um desprendi- mento constante de calor. 12 Ω + - 12 V A V R I + - + - V +12V grá�co da tensão aplicada no resistor t X = I 1 A grá�co da corrente circulante no resistor t 12 W P t calor desprendido Figura 166 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão contínua Fonte: SENAI-SP (2012) 10 Corrente alternada 271 Mas, se em vez de tensão contínua, for aplicada uma tensão alternada sobre o resistor, teremos uma corrente alternada senoidal. t + Vp Ip - Vp t t R I V I grá�co da tensão aplicada no resistor p -Ip Pp Pp 0 0 0 X = grá�co da corrente circulante no resistor potência e�caz (Pef ) Figura 167 - Dissipação de potência em circuito alimentado por tensão alternada Fonte: SENAI-SP (2012) Como a tensão e a corrente são variáveis, a quantidade de calor produzido no resistor varia a cada instante. Assim, no semiciclo positivo, temos: • Tensão zero: não há corrente e também não há produção de calor (P = 0). • Valor máximo de –Vp: a corrente também atinge o valor máximo (Ip) e a potência dissipada é o produto da tensão máxima pela corrente máxima (Pp = Vp x Ip). Da mesma forma, no semiciclo negativo, temos: • Tensão zero: não há corrente e também não há produção de calor (P = 0). • Valor máximo de Vp: a corrente também atinge o valor máximo (-IP) e a potência dissipada é o produto da tensão máxima pela corrente máxima (PP = -VP x –IP). Como o trabalho (calor) em CA é variável, verifica-se que um resistor de valor R ligado a uma tensão contínua de 10 V produz a mesma quantidade de trabalho (calor) que o mesmo resistor R ligado a uma tensão alternada de valor de pico de 14,1 V, ou seja, 10 V de tensão eficaz. Logo, em termos de produção de trabalho, a tensão eficaz de uma CA senoi- dal é um valor que indica a tensão (ou a corrente) contínua correspondente a essa mesma CA. ElEtricidadE272 10.4.1 cálculo da tensão e da corrente eFicazes Quando usamos como instrumentos de medição o voltímetro e o amperíme- tro, as leituras que obtemos são, respectivamente, a tensão e a corrente eficazes que alimentam o circuito de CA. Existe uma relação constante entre o valor eficaz ou valor Root Mean Square (RMS) – termo que podemos traduzir para o português como valor quadrático médio – de uma CA senoidal e seu valor de pico. Essa relação auxilia no cálculo da tensão e da corrente eficazes. Ela é expressa conforme se mostra a seguir. Tensão eficaz: Corrente eficaz: Veja um exemplo de cálculo com a aplicação dessas fórmulas! Para um valor de pico de 180 V, a tensão eficaz será: Vef = 180 2 Vef = 180 1,41 =127,28 V Ou Logo: Assim, para um valor de pico de 180 V, teremos uma tensão eficaz de 127,26 V. VoCÊ saBia? Quando medimos sinais alternados (senoidais) com um multímetro, este deve ser aferido em 60 Hz, que é a frequência das redes das concessionárias de energia elétrica no Brasil. Assim, os valores eficazes medidos com multímetro são válidos apenas para essa frequência. O cálculo de valores de corrente eficaz é feito quando é necessário montar os dispositivos de proteção de máquinas elétricas. 10 Corrente alternada 273 10.5 Valor médio da Corrente e da tensão alternada senoidal (VdC) Em um ciclo completo, o valor médio de uma grandeza senoidal é nulo. Isso acontece porque a soma dos valores instantâneos relativa ao semiciclo positivo é igual à soma do semiciclo negativo, portanto, sua resultante é constantemente nula. Veja na figura a seguir. Vi(mV) t (ms) + 0 - t S2 S1 Figura 168 - Soma de valores instantâneos Fonte: SENAI-SP (2012) Observe que a área S1 da senoide (semiciclo) é igual à S2 (semiciclo), mas S1 está do lado positivo, enquanto S2 tem valor negativo. Portanto, O valor médio de uma grandeza alternada senoidal deve ser considerada a mé- dia aritmética dos valores instantâneos no intervalo de meio período (ou meio ciclo). Ele é representado pela altura do retângulo que tem como área a mesma superfície coberta pelo semiciclo considerado e como base, a mesma polaridade do semiciclo. Isso está mostrado no gráfico senoidal a seguir. _ _ Ip - Ip 0 360o270o180o90o π 2 π 2π3π 2 I médiaI max. Figura 169 - Representação do valor médio da corrente alternada senoidal Fonte: SENAI-SP (2012) A fórmula para o cálculo do valor médio da corrente senoidal é: ElEtricidadE274 Sendo que: • Imed é a corrente média em ampères (A); • Ip é a corrente de pico em ampères (A); e • π é o valor de PI, ou seja, 3,14. A fórmula para calcular o valor médio da tensão senoidal é: • é a tensão média em volts (V); • é a tensão de pico em volts (V); e • π é o valor de PI, ou seja, 3,14. exemplo de cálculo: Em uma grandeza que somente apresenta senoides positivas, a tensão máxi- ma é de 380 V. Então, qual é a tensão média? 10 Corrente alternada 275 reCapitulando Neste capítulo, você aprendeu que: a) a corrente alternada é uma corrente elétrica cujo sentido varia com o tempo; b) o ciclo é o valor produzido pelo movimento do condutor nos dois sen- tidos; c) o ciclo forma a senoide e também tem o nome de onda, ou onda com- pleta; d) a metade da senoide tem o nome de meio-ciclo, meia-ondaou alter- nância; e) a frequência (f ) é o número de ciclos produzidos na unidade de tem- po; f ) o período (T) é o tempo necessário para completar um ciclo. Ele é o inverso da frequência e a sua unidade é s (segundos); g) a tensão de pico é o valor máximo que a tensão atinge em cada semi- ciclo. A tensão de pico é representada pela notação Vp; h) a tensão de pico a pico da CA senoidal é o valor medido entre os picos positivo e negativo de um ciclo. A tensão de pico a pico é representa- da pela notação Vpp; e i) a tensão eficaz de uma CA senoidal é um valor que indica a tensão (ou corrente) contínua correspondente a essa CA em termos de produção de trabalho. Esses conhecimentos são muito importantes para que você saiba inter- pretar o funcionamento de circuitos elétricos. 11 Capacitores Até este momento, estudamos dispositivos considerados resistivos, ou seja, aqueles que opõem resistência à passagem de corrente elétrica, mantendo o seu valor ôhmico constante tanto para a corrente contínua como para a corrente alternada. Neste capítulo, estudaremos um componente reativo chamado capacitor. Um componente reativo é aquele que reage às variações de corrente e seu valor ôhmico muda conforme a ve- locidade da variação da corrente nele aplicada. Os capacitores são componentes largamente empregados nos circuitos eletrônicos. Eles podem cumprir funções tais como o armazenamento de cargas elétricas ou a seleção de fre- quências em filtros para caixas acústicas. Estudaremos a constituição, os tipos e as características dos capacitores, bem como a capa- citância, que é a característica mais importante desse componente. Ao fim do estudo deste capítulo, você poderá: a) identificar o componente e seu símbolo, assim como suas características de carga e des- carga; b) conhecer as características das associações em paralelo e em série dos capacitores; c) conhecer o conceito de capacitância; d) calcular a capacitância da associação em paralelo; e) conhecer a tensão de trabalho do capacitor na associação em paralelo; f ) calcular a capacitância total na associação em série de capacitores; g) conhecer a tensão de trabalho do capacitor na associação em série; h) conhecer o conceito de reatância capacitiva e o seu funcionamento em CA; e i) conhecer a relação entre a tensão e a corrente CA e a reatância capacitiva. Esses conhecimentos são importantes para que você compreenda o funcionamento de cir- cuitos eletroeletrônicos. Bom estudo! ElEtricidadE278 11.1 ConCeito de CapaCitor O capacitor é um componente que tem como finalidade armazenar cargas elétricas. Ele compõe-se basicamente de duas placas condutoras, denominadas de ar- maduras, que são feitas por um material condutor que é eletricamente neutro. Em cada uma das armaduras, o número total de prótons e elétrons é igual. Isso significa que as placas não têm potencial elétrico e que, entre elas, não há diferença de potencial. Essas placas são isoladas eletricamente entre si por um material isolante cha- mado dielétrico. São exemplos de materiais dielétricos a cerâmica, o poliéster, o tântalo, a mica, o óleo mineral e as soluções eletrolíticas. VoCÊ SaBia? Ainda existem capacitores antigos, instalados e funcio- nando cujo dielétrico é o óleo ascarel. O uso do ascarel1 está proibido pela portaria Interministerial no 19, de 29 de janeiro de 1981, por ser um produto cancerígeno. Ligados a essas placas condutoras estão os terminais para conexão com outros componentes. A figura a seguir mostra a representação esquemática das características cons- trutivas de um capacitor. terminal terminal armadura armadura dielétrico Figura 170 - Representação esquemática de um capacitor Fonte: SENAI-SP (2012) A utilização dos capacitores está relacionada ao material com o qual o dielétri- co é fabricado. Veja-os no quadro a seguir. 1 ASCAREL Ascarel é um dos nomes comerciais de um fluído dielétrico organoclorado altamente tóxico que era usado para a refrigeração de transformadores e de capacitores dielétricos. 11 CapaCitoreS 279 Quadro 15 - Características dos capacitores e sua utilização Material do dielétriCo CaraCterístiCas Utilização Cerâmica Pequeno e barato. Apresenta capacitância variável, de- pendendo da tensão aplicada. Usado em circuitos eletrônicos de alta frequência. Poliéster Não é indicado para sinais de alta frequência. Muito usado em circuitos CA de baixa frequência. Tântalo Mais caro que os capacitores eletrolíti- cos; tem tamanho reduzido, ótima es- tabilidade, alta capacitância e tensão máxima de isolação de 50 V. Podem ser polarizados ou não polarizados. Aplicações que exijam grande precisão e baixa capacitância. Mica Muito estável, porém, caro. Aplicações que exijam precisão em circuitos eletrônicos de alta frequência. Óleo Suporta alta corrente e elevados picos de tensão. Aplicações industriais em baixas frequências. Óxido de alumínio em soluções eletrolíticas Usado em capacitores polarizados de alto valor de capacitância. Barato, mas o uso é limitado a baixas frequências. Fontes de alimentação. Fonte: <http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/capacitor/capacitor.htm> O capacitor é amplamente utilizado em circuitos eletrônicos para: a) armazenar carga para utilização rápida; b) bloquear a passagem de corrente contínua e permitir a passagem de cor- rente alternada; c) filtrar as interferências; d) suavizar a saída de fontes de alimentação; e e) eliminar as ondulações na condução de corrente contínua. Em circuitos de corrente alternada, esta passa sem problemas pelo capacitor, que, como todo componente de circuitos, é representado por símbolos normalizados. Veja seus símbolos na figura a seguir. + + + Capacitor não polarizado Capacitor polarizado Figura 171 - Símbolos para capacitor não polarizado e capacitor polarizado Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE280 As diferenças entre os capacitores não polarizados e os polarizados são con- sequência do material usado em seu dielétrico, que determina sua utilização nos circuitos. Veja a seguir. a) Capacitores não polarizados são componentes cujo dielétrico pode ser de cerâmica ou poliéster, que são materiais que permitem a mudança de polaridade. Por isso, são usados em circuitos de CA, como os de ventilado- res, de refrigeradores e de aparelhos de ar condicionado que usam motores monofásicos com capacitores. Os valores para esses capacitores são muito baixos, pertencendo à ordem micro, nano e picofarads. b) Capacitores polarizados possuem o dielétrico composto por uma fina camada de óxido de alumínio ou tântalo para aumentar sua capacitância. São usados em circuitos alimentados por corrente contínua e também em temporizadores e em filtros de fonte CC. SaiBa MaiS Dentro de uma residência, temos capacitores em circuitos eletrônicos. Mas temos, também, capacitores em circuitos não eletrônicos. Faça uma pesquisa e veja em quais equipa- mentos podemos encontrar o capacitor e qual o motivo de sua presença no circuito. Dica: procure entre os eletrodo- mésticos. 11.2 CaraCteríStiCaS de Carga e deSCarga do CapaCitor O capacitor é um componente do circuito utilizado por causa de uma caracte- rística muito importante: a capacidade de se carregar e de se descarregar. a) Carga do capacitor Pelas características do capacitor descritas na seção anterior, podemos dizer que quando o capacitor está em um circuito com uma fonte de energia desliga- da, não existe tensão elétrica em suas armaduras, como você pode observar no circuito representado a seguir. dielétrico Figura 172 - Circuito com capacitor e sem tensão elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) 11 CapaCitoreS 281 Fechando a chave, o capacitor fica sujeito à diferença de potencial dos polos da fonte, como mostra a figura a seguir. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico el ét ro ns el ét ro ns campo elétrico Figura 173 - Circuito com chave fechada Fonte: SENAI-SP (2012) O potencial da bateria aplicadoa cada uma das armaduras faz surgir entre elas uma força chamada campo elétrico, que nada mais é do que uma força de atra- ção, entre as cargas de sinal diferente, ou repulsão, entre cargas de mesmo sinal. O polo positivo da fonte absorve elétrons da armadura à qual está conecta- do, enquanto o polo negativo fornece elétrons à outra armadura. A armadura que fornece elétrons à fonte, fica com íons positivos, adquirindo um potencial positivo. Já que recebe elétrons da fonte, fica com íons negativos, adquirindo potencial negativo. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico el ét ro ns el ét ro ns campo elétrico moléculas polarizadas - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + Figura 174 - Processo de carga do capacitor Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE282 Como entre as placas existe um material isolante, conforme você pode ver na figura 174, o fluxo de elétrons não a atravessa, fazendo com que as cargas fiquem armazenadas dentro delas. Ocorre então a polarização das moléculas do isolante cujos elétrons movimentam-se em direção à placa carregada positivamente. Eles também são empurrados pela polarização negativa. As moléculas, então, criam um campo elétrico interno que anula parcialmente o campo criado pelas placas. Quando a carga armazenada atinge o seu valor máximo, a diferença de po- tencial entre as placas se iguala à tensão da fonte, cessando o fluxo de elétrons. Essa análise foi feita considerando o sentido eletrônico (movimento de elé- trons) da corrente elétrica. Isso significa que, ao conectar o capacitor a uma fonte CC, surge uma diferença de potencial entre as armaduras e a tensão presente nas armaduras do capacitor. Essa tensão terá um valor tão próximo ao da tensão da fonte que, para efeitos práticos, elas podem ser consideradas iguais. Quando o capacitor assume a mesma tensão da fonte de alimentação, diz-se que o capacitor está carregado. Se, após ter sido carregado, o capacitor for desconectado da fonte de CC, suas armaduras permanecem com os potenciais adquiridos: capacitor carregado. Veja figura a seguir. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico campo elétrico moléculas polarizadas - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + Figura 175 - Capacitor carregado Fonte: SENAI-SP (2012) Isso significa que, mesmo após ter sido desconectado da fonte de CC, ainda existe tensão entre as placas do capacitor. Assim, essa energia armazenada pode ser reaproveitada. 11 CapaCitoreS 283 b) descarga do capacitor Quando se tem um capacitor carregado e seus terminais são conectados a uma carga – conforme mostra a figura a seguir – haverá uma circulação de corren- te, pois o capacitor atua como fonte de tensão. dielétrico placa positiva placa negativa campo elétrico campo elétrico moléculas polarizadas - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + - + el ét ro ns el ét ro ns R Figura 176 - Descarga do capacitor Fonte: SENAI-SP (2012) Isso acontece porque através do circuito fechado inicia-se o estabelecimento do equilíbrio elétrico entre as armaduras. Os elétrons em excesso em uma das armaduras se movimentam para a outra, em que há falta de elétrons, até que se restabeleça o equilíbrio de potencial entre elas. Durante o tempo em que o capacitor se descarrega, a tensão entre suas arma- duras diminui, porque o número de íons restantes em cada armadura é cada vez menor. Ao fim de algum tempo, a tensão entre as armaduras é tão pequena que pode ser considerada zero. Essa característica do capacitor é aproveitada na minuteria, um componente que desliga automaticamente um circuito de iluminação depois de certo tempo correspondente à descarga do capacitor. ElEtricidadE284 11.3 CapaCitânCia A capacidade de armazenamento de cargas de um capacitor é chamada de capacitância e é simbolizada pela letra C. Portanto, a capacitância é a medida da carga elétrica Q que o capacitor pode armazenar por unidade de tensão V. A re- presentação matemática dessa relação é: Sendo que: • Q é a quantidade de cargas elétricas em coulomb (C); • V é a tensão entre terminais em volts (V); e • C é a capacitância em farad (F). Fisicamente, a capacitância depende da: a) área das armaduras – quanto maior for a área das armaduras, maior será a capacidade de armazenamento de um capacitor; b) espessura do dielétrico – quanto mais fino for o dielétrico, mais próximas estarão as armaduras, por isso o campo elétrico formado entre as armadu- ras é maior e a capacidade de armazenamento também; c) natureza do dielétrico – quanto maior for a capacidade de isolação do dielétrico, maior será a capacidade de armazenamento do capacitor. 11.3.1 Unidade de medida da capacitância A unidade de medida da capacitância é o farad, representado pela letra F. Em capacitância, não usamos fatores multiplicadores, apenas seus submúltiplos. Veja na tabela a seguir os que são normalmente utilizados. tabela 12 – Unidade de medida de capacitância e seus submúltiplos denoMinação síMbolo Valor eM Volt (V) Unidade Farad F - Submúltiplos milifarad mF 10-3 Ω ou 0,001 F microfarad μF 10-6 Ω ou 0,000.001 F nanofarad nF 10-9 Ω ou 0,000.000.001 F picofarad pF 10-12 Ω ou 0,000.000.000.001 F 11 CapaCitoreS 285 Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de medi- da que você já estudou neste material. Os passos são os mesmos da conversão de va- lores do volt apresentada no capítulo 3. Usaremos, também, o mesmo tipo de tabela: F mF μF nF pF Digamos que você precise converter nanofarad (nF) em picofarad (pF) e a me- dida que você tem é 4,7 nF. Para usar o gabarito, procede-se da seguinte maneira: a) Coloque o número na tabela na posição da unidade de medida, que neste caso é o nanofarad. Lembre-se de que a vírgula deverá estar na linha após o nanofarad. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. nF pF 4 7 ↑ posição da vírgula b) Posicione vírgula à direita. O novo valor gerado aparecerá quando a primei- ra casa abaixo da coluna do picofarad estiver preenchida. nF pF 4 7 0 0 nova posição da vírgula ↑ Após preencher o quadro, o valor convertido será: 4,7 nF = 4700 pF instrumento de medição de capacitância O instrumento de medição da capacitância é o capacímetro. 11.4 tenSão de traBalho Além da capacitância, os capacitores têm outra característica elétrica impor- tante: a tensão de trabalho, ou seja, a tensão máxima que o capacitor pode suportar entre as armaduras. ElEtricidadE286 FiQUe ALERTA Aplicar no capacitor uma tensão superior à sua tensão máxima de trabalho provoca o rompimento do dielétrico e faz o capacitor entrar em curto. Na maioria dos capacito- res, isso danifica permanentemente o componente. CASOS E RELATOS A rua Santa Efigênia, localizada no centro de São Paulo, é um paraíso para os profissionais (e curiosos) da área eletroeletrônica. Quando se trata de comprar componentes, ninguém, mesmo quem venha de outra localida- de, escapa de passar por lá a fim de comprar o que procuram gastando pouco. Os balconistas entendem do assunto e podem ajudar na compra. Mas é necessário estar atento às suas informações e às do vendedor, pois elas podem levar você a comprar o componente errado. Foi o que quase aconteceu com um eletricista morador da cidade de San- tos, localizada no litoral do estado de São Paulo, que precisava comprar materiais elétricos para uso em sua própria casa. Um dos materiais era um capacitor de para ser utilizado em um ventilador de teto. Na loja, o balconista disse que o capacitor de de seu estoque era de ótima qualidade. Informou,ainda, que os eletricistas que o utili- zam, nunca reclamaram. Porém, a tensão fornecida à residência do ele- tricista era de 220 V. Portanto, o capacitor não atendia à sua necessidade. O balconista ainda insistia dizendo que esse fator era problema, pois a tensão de pico do capacitor era de 300 V. Acontece que em São Paulo a tensão residencial fornecida pela con- cessionária é de 127 V. Com 127 V de tensão eficaz, a tensão de pico é Mas com 220 V de tensão eficaz, a tensão de pico é Isso queimaria um capacitor de pois a tensão de pico fornecida em 220 V é maior que a especificação técnica do componente oferecido pelo vendedor! Nessa hora, a experiência valeu e o eletricista levou para casa o capacitor que atendia com segurança à sua necessidade! 11 CapaCitoreS 287 11.5 aSSoCiação de CapaCitoreS Os capacitores, assim como os resistores, podem ser conectados entre si, formando uma associação, que também pode ser paralela, em série ou mista. As associações em paralelo e em série são as mais encontradas na prática, enquanto as associações mistas raramente são utilizadas. Inicialmente, vamos estudar as ca- racterísticas das associações em paralelo. 11.5.1 associação em paralelo Na associação em paralelo, os capacitores estão ligados de forma que a carga total seja subdivida entre eles, como é ilustrado no circuito a seguir. C1 C2 C3 C4 Figura 177 - Associação de capacitores em paralelo Fonte: SENAI-SP (2012) O objetivo da associação em paralelo é obter maiores valores de capacitância. Ela tem características especiais quanto à capacitância total e à tensão de tra- balho. Veja quais são: capacitância total da associação em paralelo de capacitores A capacitância total (Ct) da associação em paralelo é a soma das capacitân- cias individuais, que pode ser representada matematicamente da seguinte forma: Para executar essa soma, todos os valores devem ser convertidos para a mes- ma unidade. É importante observar que, se todos os capacitores forem do mesmo valor, a fórmula poderá ser alterada para: ElEtricidadE288 Sendo que: • n é a quantidade de capacitores; e • C é o valor em capacitância. Veja exemplos de cálculo de capacitância total. a) Qual é a capacitância total do circuito da figura 177, se: C1 = 10 μF C2 = 4,7 μF C3 = 2,2 μF C4 = 15 nF Sabemos que podemos achar o resultado pela fórmula: Ct = C1+ C2+ C3+ C4. Mas o capacitor C4 não tem a mesma unidade de medida dos demais, que é μF, mas sim nF. Então, é necessário fazer a conversão para colocar todas as unidades em μF. Portanto, temos: 15 nF = 0,015 μF Depois, inserindo os valores na fórmula Ct = C1+ C2+ C3+ C4, teremos: 10µF+ 4,7µF+ 2,2µF+ 0,015µF=16,915µF Ct =16,915µF b) E qual seria a capacitância total do circuito se os valores fossem os seguintes? C1 = 3,3 μF C2 = 47 μF C3 = 1 nF C4 = 15 pF Já sabemos que Ct = C1 = C2 + C3 + C4. Mas como as unidades de medida de capacitância são diferentes, primeiramente é necessário converter as unidades dos capacitores C3 e C4 para μF. Assim, para C3, teremos: 1 nF = 0,001 μF E para C4: 15 pF = 0,000015 μF 11 CapaCitoreS 289 Agora, vamos inserir os valores na fórmula: Ct = 3,3 μF + 47 μF + 0,001 μF + 0,000015 μF Ct = 50, 301015 μF ou Ct = 50,3 μF Portanto, a capacitância total do circuito anterior é de 50,3 μF. tensão de trabalho da associação em paralelo de capacitores A tensão de trabalho de todos os capacitores associados em paralelo cor- responde à mesma tensão aplicada ao conjunto. Assim, a máxima tensão que pode ser aplicada a uma associação paralela é a do capacitor, que tem menor tensão de trabalho. Vamos ao exemplo: Se em um circuito os valores de capacitância e de tensão de trabalho dos capa- citores forem respectivamente: C1 = 10 μF/15 V C2 = 4,7 μF/35 V C3 = 2,2 μF/40 V C4 = 15 nF/30 V Então, a máxima tensão que a fonte G poderá fornecer será de 15 V, pois o capa- citor C1 é o limitador para este circuito. Todavia, mesmo sendo esse o valor correto, deve-se evitar que o componente atinja tal tensão, pois pode haver oscilações no fornecimento da tensão e se o valor for ultrapassado, o capacitor se queimará. FiQUe ALERTA Capacitores polarizados não devem ser alimentados com fontes de tensão alternada, pois quando ocorrer a inversão de tensão, esta danificará o capacitor. Ao associar capacitores polarizados em paralelo, todos os terminais positivos dos capacitores devem ficar do mesmo lado. Dessa forma, todos os terminais negativos estarão também ligados corretamente no lado oposto. Observe a po- sição dos polos positivos e negativos no circuito a seguir. ElEtricidadE290 C1 C2 C3 C4 ++++ G + - Figura 178 - Ligação em paralelo de capacitores polarizados Fonte: SENAI-SP (2012) Capacitores não polarizados devem ser usados com cuidado em circuitos ali- mentados por tensão alternada. Neste caso, a tensão máxima é a tensão de pico. Acompanhe o exemplo: Sendo a tensão fornecida a uma residência igual a 127 Vca, qual é a tensão mínima que se pode fornecer a um capacitor de um ventilador de teto para que ele não seja danificado? A tensão de 127 Vca é a tensão eficaz. A tensão de pico é dada pela fórmula: Vp = Vef x 2 =127 x 2 =179,6 Vca Portanto, a tensão de pico é aproximadamente 180 Vca. O valor de tensão para o capacitor deverá ter uma tolerância de +10%. Neste caso, para evitar que o com- ponente seja danificado, a tensão de pico deverá ser de, no mínimo, 200 Vca. Nos próximos parágrafos, estudaremos as características das associações em série de capacitores. 11.5.2 associação em série A associação em série de capacitores, esquematizada na figura a seguir, tem por objetivo obter capacitâncias menores ou tensões de trabalho maiores. C1 C2 C3 Figura 179 - Associação em série de capacitores Fonte: SENAI-SP (2012) 11 CapaCitoreS 291 capacitância total na associação em série Quando se associam capacitores em série, a capacitância total é menor que o valor do menor capacitor associado. Isso pode ser representado matematicamen- te da seguinte maneira: Por meio dessa fórmula, podemos isolar o Ct, chegando à fórmula final: Dessa expressão podem ser derivadas duas outras, que serão utilizadas nas seguintes situações: a) Na associação em série de dois capacitores: b) Na associação em série de “n” capacitores em que todos tenham o mesmo valor: Observe que usamos o mesmo raciocínio empregado para encontrar a RT de resistores em paralelo. Observe também que, para usar essas equações, todos os valores de capacitância devem ser convertidos para a mesma unidade. Veja os exemplos de cálculos de capacitância total: a) Calcule a capacitância total do circuito da figura 179, cujos capacitores têm os seguintes valores: C1 = 1 μF C2 = 2 μF C3 = 5 μF ElEtricidadE292 Arredondando, chegamos à capacitância total, que é de 0,59 μF. b) Calcule a capacitância total do circuito a seguir, cujos valores dos capacitores são: C1 = 0,1 μF C2 = 0,5 μF. C1 C2 Figura 180 - Circuito com dois capacitores em série Fonte: SENAI-SP (2012) Portanto, a capacitância total é de 0,083 μF. 11 CapaCitoreS 293 tensão de trabalho da associação em série Quando se aplica tensão a uma associação em série de capacitores, ela se divi- de entre os capacitores, como demonstra a figura a seguir. C1 C2 G + - V2 V1 Figura 181 - Exemplo de divisão de tensão com capacitores em série Fonte: SENAI-SP (2012) A distribuição da tensão nos capacitores ocorre de forma inversamente proporcional à capacitância, ou seja, quanto maior a capacitância, menor a ten- são e quanto menor a capacitância, maior a tensão. Se no circuito anterior, C1 = C2, teremos V1 = V2. Esse valor de tensão não po- derá ser maior que o indicado no corpo do capacitor. Para simplificar o processo de dimensionamento dos componentes do circui- to, pode-se adotar um procedimento simples, que evita a aplicação de tensões excessivas em uma associação em série de capacitores. Para isso, associam-se em série capacitoresde mesma capacitância e mesma tensão de trabalho. G 440 V + - 10 nF 250 V 10 nF 250 V C1 C2 V1 V2 220 V 220 V Figura 182 - Divisão de tensão em um circuito real com capacitores em série Fonte: SENAI-SP (2012) Dessa forma, a tensão aplicada distribui-se igualmente sobre todos os capacitores. ElEtricidadE294 associação série de capacitores polarizados Ao associar capacitores polarizados em série, o terminal positivo de um capa- citor é conectado ao terminal negativo do outro. G + - C1 C2 + + Figura 183 - Circuito com capacitores polarizados ligados em série Fonte: SENAI-SP (2012) É importante lembrar que capacitores polarizados só devem ser ligados em CC. 11.6 reatânCia CapaCitiVa Em corrente contínua, um capacitor atua como um armazenador de energia elétrica. Já em corrente alternada, o comportamento do capacitor é completa- mente diferente devido à troca de polaridade da fonte. FiQUe ALERTA Lembre-se de que devemos evitar o uso de capacitores polarizados em corrente alternada. 11.6.1 FUncionamento em ca Como já vimos, os capacitores despolarizados são indicados para a utilização em corrente alternada. Isso acontece porque cada uma de suas armaduras pode receber tanto potencial positivo como negativo. Veja circuitos a seguir. + + CC VcaVca + + Figura 184 - Alimentação do capacitor despolarizado em circuito de CA Fonte: SENAI-SP (2012) 11 CapaCitoreS 295 Quando um capacitor é conectado a uma fonte de corrente alternada, a troca sucessiva de polaridade da tensão é aplicada às armaduras do capacitor. a cada semiciclo, a armadura que recebe potencial positivo entrega elétrons à fonte, enquanto a armadura que está ligada ao potencial negativo recebe elétrons. Com a troca sucessiva de polaridade, durante um semiciclo a mesma armadura recebe elétrons da fonte e no outro devolve elétrons para a fonte. + + + + CC VcaVca elétrons elétrons elétrons elétrons Figura 185 - Movimentação dos elétrons a cada semiciclo Fonte: SENAI-SP (2012) Existe, portanto, um movimento de elétrons ora entrando, ora saindo da arma- dura. Isso significa que há uma corrente alternada circulando no circuito, embora as cargas elétricas não passem de uma armadura do capacitor para a outra porque entre elas há o dielétrico, que é um isolante. Os processos de carga e descarga sucessivas de um capacitor ligado em CA dão origem a uma resistência para que ocorra a passagem da corrente CA no cir- cuito. Essa resistência é denominada de reatância capacitiva. Ela é representada pela notação Xc e é expressa em ohms (Ω) por meio da expressão: Xc = 1 2 x π x f x C Sendo que: • Xc é a reatância capacitiva em ohms (Ω); • f é a frequência da corrente alternada em hertz (Hz); • C é a capacitância do capacitor em farads (F); e • 2π é a constante matemática cujo valor é 6,28. Observe que a tensão não aparece nessa equação! 11.6.2 Fatores qUe inFlUenciam na reatância capacitiva A reatância capacitiva de um capacitor depende da sua capacitância e da fre- quência da rede CA. A figura a seguir ilustra o comportamento da reatância ca- pacitiva, com o aumento da frequência. ElEtricidadE296 0 1- max min Xc capacitância fixa frequencia Xc = 2πfC Figura 186 - Aumento da reatância capacitiva Fonte: SENAI-SP (2012) No gráfico da figura 186, você pode perceber que, com o aumento da fre- quência da Ca, a reatância capacitiva (Xc) diminui. frequencia fixa capacitância max min 0 X c _ Xc = 2πfC 1 Figura 187 - A reatância capacitiva (Xc) diminui com o aumento da capacitância Fonte: SENAI-SP (2012) Na seção anterior, você viu que na equação da reatância não aparece o valor de tensão. Isso significa que a reatância capacitiva é independente do valor de tensão de CA aplicada ao capacitor. E esta influencia apenas na intensidade de corrente CA circulante no circuito. 11.6.3 relação entre tensão ca, corrente ca e reatância capacitiva Quando um capacitor é conectado a uma fonte de CA, é estabelecido um cir- cuito elétrico no qual estão envolvidos três valores: a) tensão aplicada; b) reatância capacitiva; e c) corrente circulante. 11 CapaCitoreS 297 Veja no circuito a seguir. VCA Vc f I C Figura 188 - Capacitor conectado em CA Fonte: SENAI-SP (2012) Assim como ocorre nos circuitos de CC, esses três valores estão relacionados entre si, nos circuitos de CA por meio da lei de ohm. Portanto: Sendo que: • Vc é a tensão do capacitor em V (volts); • i é a corrente eficaz no circuito em A (ampères); e • Xc é a reatância capacitiva em Ω (ohms). Veja a seguir um exemplo de cálculo de tensão do capacitor em V. Um capacitor de 4,7 μF é conectado a uma rede de CA de 127 V, 60 Hz. Qual é a corrente circulante no circuito? Primeiramente, vamos calcular a reatância capacitiva do capacitor pela ali- mentação da rede: = × π × × = × π × × µ = × × µ = µ = Ω 1 Xc 2 f C 1 Xc 2 60 4,7 1 Xc 6,28 60 4,7 1 Xc 1770,96 Xc 5,65 k Portanto, a reatância capacitiva é de 565 Ω. ElEtricidadE298 Em seguida, usando a Lei de Ohm, vamos calcular a corrente do circuito: = = = Vc I Xc 127 I 565 I 0,2248 A Assim, temos que a corrente circulante do circuito é de 225 ma. É importante lembrar que os valores de V e i são eficazes, ou seja, são valores que serão indicados por um voltímetro e um miliamperímetro de CA conecta- dos ao circuito. Vejamos graficamente o que acontece no circuito com capacitor da figura 188. Gráfico a: fonte com tensão crescente positiva. O capacitor encontra-se em carga positiva, portanto teremos corrente positiva e gradualmente decrescente, pois esta é a característica da corrente de carga do capacitor. Portanto, no capa- citor, teremos a máxima corrente, ou seja, a máxima movimentação de elétrons. Aumentando a tensão – isto é, carregando o capacitor –, a tensão de carga co- meça a aumentar, aumentando também a oposição ao fluxo da corrente forneci- da pelo gerador, o que diminui a corrente, chegando ao valor mínimo de corrente na máxima tensão (90o). máximo positivo zero máximo negativo tempo tensão corrente (A) 360o270o180o90o0o Figura 189 - Gráfico A: tensão versus corrente no instante zero Fonte: SENAI-SP (2012) Gráfico b: fonte com tensão decrescente positiva. O capacitor encontra- se carregado positivamente e inicia um processo de descarga, resultando em uma corrente negativa (corrente do capacitor para fonte). Esta corrente é crescente, à medida em que a tensão da fonte decresce. 11 CapaCitoreS 299 tensão corrente (B) 360o270o180o90o0o máximo positivo zero máximo negativo tempo Figura 190 - Gráfico B: tensão versus corrente no instante 90° Fonte: SENAI-SP (2012) Gráfico C: fonte com tensão crescente negativa. O capacitor encontra-se em carga negativa, portanto teremos corrente negativa e gradualmente decrescente, pois esta é a característica da corrente de carga do capacitor. tensão (C) 360o270o180o90o0o corrente máximo positivo zero máximo negativo tempo Figura 191 - Gráfico C: tensão versus corrente no instante 180° Fonte: SENAI-SP (2012) Gráfico d: fonte com tensão decrescente negativa. O capacitor encontra- se carregado negativamente e inicia um processo de descarga, resultando em uma corrente positiva (corrente do capacitor para fonte). Esta corrente é crescente, à medida em que a tensão da fonte decresce. tensão (D) 360o270o180o90o0o corrente máximo positivo zero máximo negativo tempo Figura 192 - Gráfico de tensão versus corrente no instante 270° Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE300 Nesses gráficos, é possível notar que existe uma diferença entre o comporta- mento da corrente e o da tensão. Essa diferença é chamada de defasagem e nela a corrente está adiantada 90º em relação à tensão, pois enquanto a tensão está começando a formar a senoide, a corrente já está no seu valor máximo. 11.6.4 determinação experimental da capacitância de Um capacitor Quando a capacitância de um capacitor despolarizado é desconhecida, é pos- sível determiná-lapor um processo experimental. Para fazer isso, aplicamos o ca- pacitor a uma fonte de CA com tensão (Vc) e frequência (f ) conhecidas e medimos a corrente com um amperímetro de CA (Ic). A C (desconhecido) (conhecido) (conhecido)f Vc Figura 193 - Circuito com capacitor cujo valor da capacitância é desconhecido Fonte: SENAI-SP (2012) Fazemos isso observando as seguintes etapas. a) Aplicamos uma tensão conhecida ao capacitor, sendo que a tensão de pico deverá ser menor que a tensão de trabalho do capacitor. b) Medimos a corrente do circuito com o amperímetro. c) Empregamos a Lei de Ohm para que conheçamos a reatância capacitiva: d) Já que tanto Vc ou Ic são valores conhecidos, e como já conhecemos a rea- tância, colocamos este valor na fórmula: 11 CapaCitoreS 301 e) Como queremos encontrar a capacitância, basta isolá-la na fórmula: Assim como ocorre na tensão, a frequência de trabalho é a da rede. Então f = 60 Hz. Veja o exemplo de cálculo a seguir. Encontrar o valor de um capacitor de 300 V sabendo que: a) a tensão de alimentação da rede é 127 V; b) a frequência da rede é 60 Hz; e c) a corrente encontrada na medição com o miliamperímetro é de 1,3 μA. Com esses dados, vamos aplicar a Lei de Ohm e encontrar a reatância capacitiva: Sabendo que a reatância capacitiva é calculada pela fórmula: Isolamos C chegando a: Portanto, o valor aproximado do capacitor é de 27,17 pF. ElEtricidadE302 RECApiTuLAndO Neste capítulo, você estudou que: a) os dispositivos reativos são aqueles que reagem com as variações de corrente e cujo valor ôhmico muda conforme a velocidade da variação da corrente nele aplicada; b) o capacitor é um componente que tem como finalidade armazenar cargas elétricas; c) a capacitância é a capacidade de armazenamento de cargas de um capacitor e é simbolizada pela letra C; d) a capacitância é a medida da carga elétrica Q que o capacitor pode armazenar por unidade de tensão V; e e) a unidade de medida da capacitância é o Farad, representado pela letra F, e o instrumento para medi-la é o capacímetro; f ) a tensão de trabalho de um capacitor é a máxima tensão que pode ser aplicada a ele sem danificá-lo; g) na associação em paralelo, que tem como objetivo alcançar maiores valores de capacitância, os capacitores estão ligados de forma que a carga total seja subdivida entre eles; h) a capacitância total (Ct) da associação paralela é a soma das capaci- tâncias individuais; i) na associação de capacitores em paralelo, a máxima tensão que pode ser aplicada é a do capacitor que tem menor tensão de trabalho; j) a associação em série de capacitores tem por objetivo alcançar capa- citâncias menores ou tensões de trabalho maiores; k) na associação em série, a capacitância total é menor que o valor do menor capacitor associado; l) quando se aplica tensão a uma associação em série de capacitores, a tensão aplicada se divide entre eles; 11 CapaCitoreS 303 m) a distribuição da tensão nos capacitores ocorre de forma inversa- mente proporcional à capacitância, ou seja, quanto maior a capaci- tância, menor a tensão e quanto menor a capacitância, maior a tensão; n) os processos de carga e descarga sucessivas de um capacitor ligado em CA dão origem a uma resistência à passagem da corrente CA no circuito que é denominada de reatância capacitiva. Ela é representa- da pela notação Xc e é expressa em ohms (Ω). Esses conteúdos ajudarão você a interpretar o funcionamento de circui- tos eletroeletrônicos. 12 Indutores Neste material, você já estudou circuitos resistivos, que são aqueles que só têm resistores. Estudou, também, os circuitos capacitivos, que só têm capacitores. Neste capítulo, você verá um componente chamado indutor. Ele é amplamente utilizado em filtros para caixas acústicas, em circuitos industriais, passan- do pela transmissão de sinais de rádio e televisão. Como você também já estudou o magnetismo, o eletromagnetismo, os circuitos de corren- te contínua e os de corrente alternada, por isso não será difícil entender os fenômenos ligados ao magnetismo que acontecem nos indutores e o comportamento deles em CA e em CC. Depois de estudar o conteúdo deste capítulo, você saberá: a) o que é um indutor, qual o seu símbolo e o seu comportamento em circuitos de CC; b) quais os conceitos de indução e indutância; c) como são os circuitos com indutores em série e em paralelo; d) qual a influência da indutância em circuitos de CA; e) como calcular a reatância indutiva em um circuito de CA; e f ) como determinar a indutância de um indutor cujo valor de indutância é desconhecido. Esses conhecimentos são importantes para que você compreenda o funcionamento de cir- cuitos eletroeletrônicos. Bom estudo! ElEtricidadE306 12.1 O que é um IndutOr? Quando estudamos o magnetismo e o eletromagnetismo e vimos o que é um circuito magnético, falamos em bobinas, que nada mais são do que condutores enrolados em torno de um núcleo, que, quando percorridos por uma corrente, geram um campo magnético. A bobina também pode ser chamada de indutor. A diferença entre uma e ou- tra é dada, principalmente, por causa de onde e de como o componente é usado. Os indutores têm esse nome porque sempre apresentam indutância, que é a capacidade que esse componente tem de se opor às variações de corrente. Eles são dispositivos formados por um fio esmaltado enrolado em torno de um núcleo e podem ter as mais diversas formas, podendo ser parecidos com um transformador. Veja alguns tipos de indutores nas figuras a seguir. Figura 194 - Indutor de saída de fonte Fonte: SENAI-SP (2012) Figura 195 - Indutor de proteção de circuitos elétricos Fonte: SENAI-SP (2012) 12 Indutores 307 Figura 196 - Indutor monofásico para proteção de circuitos elétricos Fonte: SENAI-SP (2012) Nos circuitos em que são usados, os indutores têm a função de se opor às va- riações da corrente alternada que passa por ele. Como todo componente eletroeletrônico, o indutor é representado por um símbolo normalizado, o qual depende do material usado como núcleo, conforme mostra a figura a seguir. ar ferro ferrite Figura 197 - Símbolos de indutores Fonte: SENAI-SP (2012) 12.1.1 Polaridade magnética do indutor Dois indutores têm a mesma polaridade quando seus fluxos magnéticos coin- cidem. Suas polaridades são contrárias quando os seus fluxos magnéticos têm sentidos diferentes. No símbolo do indutor, essa polaridade é representada por um ponto em uma das suas extremidades, como mostra a figura a seguir. ElEtricidadE308 i N S i N S i i N NS S Mesma Polaridade Representação Representação Polaridades Contrárias Figura 198 - Representação das polaridades em indutores Fonte: SENAI-SP (2012) É importante, então, conhecer a aplicação, ou seja, a utilização e a localização dos indutores em um circuito para evitar que a influência do campo magnético en- tre eles prejudique seu funcionamento. Veja a seguir alguns exemplos de aplicação. Para diminuir a variação brusca da carga, costumamos colocar um indutor em série com a carga, conforme figura a seguir. CARGA Figura 199 - Indutor junto à carga Fonte: SENAI-SP (2012) Se, por outro lado, for necessário aumentar a indutância, pode-se colocar outro indutor em série com o indutor que já está no circuito. Mas é importante observar a polaridade, pois se ela estiver invertida, em vez de termos a soma de indutância, teremos a subtração, o que eliminaria o efeito desejado. CARGA Figura 200 - Dois indutores para aumentar a indutância Fonte: SENAI-SP (2012) 12.2 COnCeItO de InduçãO Toda a vez que um condutor se movimenta no interior de um campo magnéti- co, uma diferença de potencial é gerada, ou seja, induzida nesse condutor. Esse é o princípio da geração da energia elétrica. 12 Indutores 309 polo norte voltímetro indicando tensão induzida condutor dentro do campo ímã polo sul V + - 0 Figura 201 - Tensão induzida no interior de um campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) Essa tensão gerada nointerior de um campo magnético é chamada de ten- são induzida. Como já vimos no capítulo sobre magnetismo e eletromagnetismo, Michael Faraday determinou as condições necessárias para que uma tensão seja induzida em um condutor. Suas observações podem ser resumidas em duas con- clusões, que compõem as leis da autoindução. a) Quando um condutor elétrico é submetido a um campo magnético variá- vel, surge uma tensão induzida nesse condutor. E, para que isso aconteça no condutor, duas coisas podem ocorrer: b) mantém-se o campo magnético estacionário e movimenta-se o condu- tor perpendicularmente ao campo; ou c) mantém-se o condutor estacionário e movimenta-se o campo magnético. b) A magnitude da tensão induzida é diretamente proporcional à intensidade do fluxo magnético e à velocidade de sua variação. Isso significa que, quan- to mais intenso for o campo e quanto mais rápida for a sua variação, maior será a tensão induzida. A base do funcionamento dos geradores para produzir energia elétrica está nos princípios que acabamos de explicar. 12.3 COmpOrtamentO dO IndutOr em COrrente COntínua – autOInduçãO O fenômeno da indução faz com que o comportamento dos indutores seja di- ferente do comportamento dos resistores em um circuito de CC. Vamos observar o comportamento da corrente no gráfico da figura 203 que se refere ao circuito resistivo da figura 202. ElEtricidadE310 R S1 + G1 - Figura 202 - Circuito com resistor Fonte: SENAI-SP (2012) I chave desligada chave ligada = V RI = 0 I Figura 203 - Comportamento da corrente Fonte: SENAI-SP (2012) Veja que, em um circuito resistivo formado por uma fonte de CC, por um re- sistor e por uma chave, a corrente atinge o seu valor máximo instantaneamente no momento em que o interruptor é ligado. Essa corrente é sempre instantânea, independentemente dos valores dos resistores ou de tensão. Agora, vejamos o que acontece quando a resistência é trocada por um indutor. L S1 G1 + - Figura 204 - Circuito com indutor Fonte: SENAI-SP (2012) I I = 0 chave desligada chave ligada I = V R t Figura 205 - Comportamento da corrente Fonte: SENAI-SP (2012) Por meio do gráfico da figura 205, pode-se verificar que a corrente não atin- ge o valor máximo instantaneamente, mas sim algum tempo após a chave ter sido ligada. Esse atraso para atingir a corrente máxima se deve à indução. Pode-se enten- der melhor esse fenômeno imaginando o comportamento passo a passo de um circuito composto por um indutor, uma fonte de CC e uma chave. indutor pilha circuito aberto não há corrente circulante chave aberta Figura 206 - Circuito com indutor e chave desligada Fonte: SENAI-SP (2012) 12 Indutores 311 Enquanto a chave está desligada (figura 206), não há campo magnético ao redor das espiras, pois não há corrente circulante. No momento em que a chave é fechada, inicia-se a circulação de corrente no indutor. a corrente chegou até aqui corrente induzida corrente da bobina o campo se expande Figura 207 - Circulação da corrente na bobina Fonte: SENAI-SP (2012) Com a circulação da corrente, surge o campo magnético ao redor de suas espiras. À medida que a corrente cresce em direção ao valor máximo, o campo magné- tico nas espiras se expande. Ao se expandir, o campo magnético variável gerado em uma das espiras, corta a espira colocada ao lado, como mostra a figura a seguir. o campo magnético é igual em todas as espiras S N Figura 208 - Expansão do campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE312 Conforme Faraday comprovou experimentalmente, o que acontece é que uma determinada tensão é induzida nesta espira cortada pelo campo magnético em va- riação. E cada espira do indutor induz uma tensão elétrica nas espiras vizinhas. Desse modo, a aplicação de tensão em um indutor provoca o aparecimento de um campo magnético em variação, que gera no próprio indutor uma tensão induzida. Esse fenômeno é denominado de autoindução. A tensão gerada por autoindução tem polaridade oposta à da tensão que é aplicada aos seus terminais. Por isso, essa tensão é denominada de força contra- eletromotriz (fcem). Portanto, quando a chave do circuito é ligada, uma tensão com uma determi- nada polaridade é aplicada ao indutor. polaridade da fonte L + S1 G1 V + - Figura 209 - Tensão aplicada à bobina Fonte: SENAI-SP (2012) A autoindução gera, no indutor, uma tensão induzida (fcem) de polaridade oposta à da tensão aplicada. tensão aplicada L S1 G1 + - fcem + - + - Figura 210 - Geração de fcem Fonte: SENAI-SP (2012) Se imaginarmos a fcem como uma “bateria” existente no interior do pró- prio indutor e ela for representada no circuito, este ficará conforme mostra a figura a seguir. 12 Indutores 313 L S1 + - + - + - I bobina = CFV Figura 211 - Representação da fcem como uma “bateria” no circuito Fonte: SENAI-SP (2012) Como a fcem atua contra a tensão da fonte, a tensão aplicada à bobina é, na realidade: Vresultante = Vfonte - fcem 12.4 COnCeItO de IndutânCIa Na seção anterior, já vimos que a fcem existe apenas durante a variação do campo magnético gerado no indutor. Quando este atinge o valor máximo, a fcem deixa de existir e a corrente atinge o seu valor máximo. O gráfico a seguir ilustra isso detalhadamente. é o tempo necessário para eliminar a FCEM a corrente não atinge o valor máximo enquanto a FCEM existir máxima corrente, a FCEM foi eliminada I 0 ∆t t i Figura 212 - Gráfico de variação do campo magnético no indutor (chave fechada) Fonte: SENAI-SP (2012) O mesmo fenômeno ocorre quando a chave é desligada. A contração do cam- po induz uma fcem no indutor, retardando o decréscimo da corrente. Essa ca- pacidade de se opor às variações da corrente é denominada de indutância e é representada pela letra L. ElEtricidadE314 A curva do gráfico a seguir reflete a demora para a diminuição da tensão de- vido à fcem. ao abrir o circuito com auto indução (bomba) antes de abrir o circuito ao abrir o circuito sem auto indução (s/bobina) i tΔt I Figura 213 - Gráfico de variação de tensão no indutor (chave aberta) Fonte: SENAI-SP (2012) Um exemplo de aplicação dessa variação é um reator convencional de lâmpa- da fluorescente cujo esquema você pode observar na figura a seguir. reator lâmpada S Figura 214 - Exemplo de ligação de uma lâmpada fluorescente convencional Fonte: SENAI-SP (2012) Nesse exemplo, o reator é o indutor. Quando o start1 está com o contato fe- chado, há corrente no circuito. Nesse momento, temos um pequeno retardo de corrente, pois será produzida uma fcem. Quando a corrente já estiver passando no circuito, aquecerá o start e o contato abrirá. A tensão gerada é alta e, por isso, ioniza o gás no interior da lâmpada, fechando o circuito elétrico através deste gás, gerando luz. FIque ALERTA Não faça a ligação nos reatores das lâmpadas se eles estiverem energizados. A fcem no momento da abertura do circuito é alta. Para alguns tipos, poderá chegar a 1000 V de tensão! 1 Start Start é um componente usado para dar partida em lâmpada fluorescente com partida convencional. 12 Indutores 315 A indutância de um indutor depende de diversos fatores. Veja o quadro a seguir. Quadro 16 – Fatores que influem na indutância Fatores resuLtados Tipo de material do núcleo – aumentando-se a permeabilidade, isto é, usando materiais ferromagnéticos, aumenta-se a indutância. Portanto, um núcleo de ferro gerará maior indutância. Fe (A) núcleo oco (B) núcleo de ferro Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) Número de espiras – quanto maior for o número de espiras, maior será a indutância. (A) (B) Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) Espaçamentos entre espiras – quanto menor for o espaço entre as espiras, maior será a indutância. 2L (A) voltas bem espaçadas L (B) voltas pouco espaçadas Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) ElEtricidadE316 Seção transversal – quanto maior for a seção transversal do núcleo, maior será a indutância.O aumento desse fator tem influência diretamente propor- cional ao aumento da indutância. 2D 2D (B)(A) 2D D 2D D Fo nt e: S EN A I-S P (2 01 2) VOCÊ SaBIa? Bobinas e indutores pequenos são largamente usados nos transmissores de circuito de alta frequência, como o rádio. SaIBa maIS Na unidade sobre instalação de sistemas eletroeletrônicos industriais, você aprenderá sobre sensores indutivos2. Mas que tal já conhecer um pouco sobre eles? Entre em um site de busca, escreva “sensores indutivos” e veja como atua a indutância em um sensor. 12.4.1 efeito da indutância em um circuito de ca Nos circuitos CA, como a corrente varia continuamente de intensidade e dire- ção, os efeitos de indutância são de grande importância. Como resultado, a indu- tância tem um efeito muito maior que a resistência da bobina. Vamos ver o que acontece quando uma corrente CA passa por um indutor de considerável indutância. Acompanhe a sequência! a) Posição a – não existe tensão gerada. Nesse instante, o amperímetro não indica passagem de corrente. amperímetro de C.A. A Figura 215 - Posição A: não há passagem da corrente Fonte: SENAI-SP (2012) 2 SENSOR INDUTIVO Sensor é um dispositivo elétrico, eletrônico ou mecânico capaz de perceber, localizar ou responder a estímulos de natureza física (pressão, umidade, material ferroso etc.). Pode ser usado, também, para controle e monitoramento. Sensor indutivo é um dispositivo eletrônico que percebe a presença de materiais, tais como ferro ou alumínio. 12 Indutores 317 b) Posição B – tão logo a tensão do gerador começa a aparecer, é produzida uma passagem de corrente através da bobina com a correspondente fcem. Conforme o que você já estudou, a fcem tende a se opor à corrente produ- zida pela tensão do gerador. Como a tensão aplicada pelo gerador é sem- pre maior que a tensão da fcem, ela vence a resistência e estabelece um campo magnético com a polaridade indicada na posição B. Nesse instante, a tensão do gerador é máxima e a intensidade do campo magnético é tam- bém máxima. interruptor B S N Figura 216 - Campo magnético na posição B Fonte: SENAI-SP (2012) c) Posição C – a tensão do gerador começa a diminuir e a corrente tende a diminuir. Mas, desta vez, a fcem tende a se opor à diminuição de corrente. Isso faz a energia do campo magnético, que havia sido criado, retornar ao circuito em forma de tensão induzida. Quando a tensão do gerador baixa a zero, a fcem também desaparece e, nesse instante, não existe campo mag- nético. Isso quer dizer que a fcem não impede que a corrente desapareça, mas faz com que o seu desaparecimento seja mais lento. C Figura 217 - Não há campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) d) Posição d – a tensão do gerador começa a aumentar, porém com polarida- de oposta, fazendo com que a direção da corrente da bobina seja inversa e que o campo magnético que se inicia seja também de polaridade inversa ao anterior. Nesse caso, a tensão do gerador tem de vencer a fcem, que se ElEtricidadE318 desenvolve devido à variação da intensidade do campo. Por fim, a tensão do gerador vence a fcem e o campo magnético alcança de novo uma inten- sidade máxima com polaridade inversa ao anterior. D N S Figura 218 - Polaridade do campo magnético é invertida Fonte: SENAI-SP (2012) e) Posição e – essa condição só prevalece por um instante, porque a tensão do gerador começa de novo a diminuir, dando lugar à fcem, que tende a se opor à diminuição da corrente. O mesmo efeito da posição C começa a ser provocado. Quando o ciclo se encerra, as posições repetem-se enquanto durar o forneci- mento da tensão elétrica. E Figura 219 - Não há campo magnético Fonte: SENAI-SP (2012) 12.4.2 unidade de medida de indutância A unidade de medida da indutância é o henry, representada pela letra H. Em indutância não se usa os valores multiplicadores, mas essa unidade de medida tem submúltiplos muito usados em eletricidade e eletrônica. Veja tabela na seguir. 12 Indutores 319 tabela 13 – unidade de medida de indutância e seus submúltiplos denominação símBoLo VaLor em VoLt (V) Unidade Henry H - Submúltiplos milihenry mH 10-3 H ou 0,001 H microhenry μH 10-6 H ou 0,000.001 H Faz-se a conversão de valores de forma semelhante às outras unidades de medida. H mH μH Digamos que você precise converter milihenry (mH) em microhenry (μH) e a medida que você tem é 3,3 mH. Para usar o gabarito, procede-se da seguinte maneira: a) Coloque o número na tabela na posição da unidade de medida, que, neste caso, é o milihenry. Lembre-se de que a vírgula deverá estar na linha após o milihenry. Observe que cada coluna identificada está subdividida em três casas na próxima linha. mH μH 3 3 ↑ posição da vírgula b) Mude a posição da vírgula para a direita. O novo valor gerado aparecerá quando a primeira casa abaixo da coluna do microhenry estiver preenchida. mH μH 3 3 0 0 nova posição da vírgula ↑ Após preencher o quadro, o valor convertido será: 3,3 mH = 3300 μH O instrumento de medição da indutância é o indutímetro e será visto na unida- de curricular instalação de sistemas eletrônicos. As medições vão de 2 mH a 20 H. ElEtricidadE320 12.5 aSSOCIaçãO de IndutOreS: em SérIe e em paralelO Os indutores podem ser associados em série, em paralelo e de forma mista, embora esta não seja muito utilizada. Os conceitos de associações para indutores são os mesmos apresentados para resistores. 12.5.1 associação em série de indutores Na associação em série, os indutores são ligados de forma que a corrente seja a mesma em todos eles. L1 L3 L2 Figura 220 - Associação em série de indutores Fonte: SENAI-SP (2012) Quando indutores são associados em série, a indutância total é maior que o valor do maior indutor associado. Isso pode ser representado matematicamente da seguinte maneira: Lt = L1+ L2+ L3+ Ln. Se todos os indutores tiverem o mesmo valor, a fórmula poderá ser alterada por: Lt =n x L Sendo que: • Lt é a indutância total em henry (H); • n é a quantidade de indutores com mesmo valor; e • L é o valor da indutância em henry (H). Para a utilização das equações, todos os valores de indutância devem ser con- vertidos para a mesma unidade. Veja um exemplo a seguir. 12 Indutores 321 Determine a indutância total do circuito da figura 220 sabendo que os induto- res têm os seguintes valores: L1 = 10 mH L2 = 43 mH L3 = 5 H Pelos valores, o L3 não está na mesma unidade dos demais. Por isso, é neces- sário fazer a conversão de henry para milihenry. L3 = 5 H = 5000 mH Usando a fórmula, vamos calcular a indutância total: Lt = L1 + L2 + L3 Lt = 10 mH + 43 mH + 5000 mH A indutância total em henry, portanto, será: Lt = 5053 mH CASOS E RELATOS Em grandes indústrias, os motores de corrente alternada são alimentados por meio de uma distribuição chamada centro de controle de motores (CCM). Alguns desses CCMs têm indutores (ou reatores) na entrada da distribuição, cuja finalidade é amortecer a corrente de partida. Isso é feito porque, por exemplo, um motor que consome 150 A para fun- cionar, ao dar partida, poderá fazer a corrente aumentar oito vezes o seu valor, ou seja, atingir 1200 A, já que na partida a corrente é alta para que possa tirar a inércia do motor e fazê-lo girar. Com o reator, a corrente vai até 900 A e, portanto, serão 300 A de am- ortecimento. Uma empresa fez um projeto para a instalação de um novo equipamento cuja alimentação saía de um CCM. O projetista fez um sis- tema colocando mais motores, mas para evitar problemas na partida, in- stalou também um novo conjunto de indutores (ou reatores). ElEtricidadE322 Ao efetuar o teste inicial após a montagem, ele notou que os motores tinham dificuldade em partir. Após um estudo, os indutores (ou reatores) foram retirados e os motores partiam sem problemas. Percebeu-se, então, que o problema era a presença dos indutores extras, que, somados aos existentes, aumentavam a indutância e, consequentemente, diminuíama corrente de partida dos motores. 12.5.2 associação em Paralelo de indutores A associação em paralelo de indutores pode ser usada como forma de obter indutâncias menores ou como forma de dividir uma corrente entre diversos indu- tores, mantendo o mesmo nível de tensão. L1 L2 L3 Figura 221 - Associação em paralelo de indutores Fonte: SENAI-SP (2012) Quando se associam indutores em paralelo, a indutância total é menor que o valor do menor indutor associado. Isso pode ser representado matematicamente da seguinte maneira: 1 Lt = 1 L1 + 1 L2 + 1 L3 + 1 Ln Por meio da fórmula anterior, podemos isolar o Lt e a fórmula final ficará: Lt = 1 1 L1 + 1 L2 + 1 L3 + 1 Ln Se tivermos dois indutores, o raciocínio será o mesmo feito para a resistência equivalente em paralelo para dois resistores e a fórmula será: Lt = L1x L2 L1+ L2 12 Indutores 323 Se todos os indutores forem do mesmo valor, a fórmula poderá ser alterada por: Lt = L n Sendo que: • Lt é a indutância total em henry (H); • n é a quantidade de indutores; e • L é o valor em indutância em henry (H). Assim como acontece na ligação em série, todos os valores de indutância de- vem ser convertidos para a mesma unidade. Acompanhe o exemplo de cálculo a seguir! Calcule a indutância total para o circuito da figura 221, no qual o valor de to- dos os indutores é de 60 mH. Podemos usar a seguinte fórmula: Lt = L n Lt = 60 mH 3 Lt = 20 mH Portanto, a indutância total é de 20 mH. 12.6 reatânCIa IndutIVa Para entender o conceito de reatância indutiva, vamos estudar o comporta- mento dos indutores em circuitos de CA. Veremos que o efeito da indutância nes- sas condições se manifesta de forma permanente. Como já vimos, quando se aplica um indutor em um circuito de CC, sua indu- tância se manifesta apenas nos momentos em que existe uma variação de corren- te, ou seja, no momento em que se liga e desliga o circuito. Em CA, como os valores de tensão e corrente estão em constante modifica- ção, o efeito da indutância se manifesta permanentemente. Esse fenômeno de oposição permanente à circulação de uma corrente variável é denominado de reatância indutiva, representada pela notação XL. Ela é expressa em ohms e re- presentada matematicamente pela seguinte expressão: XL = 2 x π x f x L ElEtricidadE324 Sendo que: • XL é a reatância indutiva em ohms (Ω); • 2π é uma constante (6,28); • f é a frequência da corrente alternada em hertz (Hz); e • L é a indutância do indutor em henrys (H). Veja um exemplo de cálculo de reatância indutiva. No circuito a seguir, qual é a reatância de um indutor de 600 mH aplicado a uma rede de CA de 220 V e 60Hz? A VL600 mH 220 V 60 Hz Figura 222 - Circuito CA com indutor Fonte: SENAI-SP (2012) XL = 2x π x f x L XL = 6,28 x 60 x 600 mH XL = 6,28 x 60 x 600 m= 226080 mΩ= 226,08Ω XL = 226080 mΩ Fazendo a conversão de valores, temos: XL = 226,08Ω Deve-se observar que, da mesma forma como na reatância capacitiva, a rea- tância indutiva de um indutor não depende da tensão aplicada aos seus termi- nais. A corrente que circula em um indutor aplicado à CA (IL) pode ser calculada com base na Lei de Ohm, substituindo-se R por XL, ou seja: IL = VL XL Sendo que: • iL é a corrente eficaz no indutor em ampères (A); • VL é a tensão eficaz sobre o indutor, expressa em volts (V); e • XL é a reatância indutiva em ohms (Ω). 3 ADIMENSIONAL A palavra adimensional caracteriza qualquer coisa que não tem dimensão, ou seja, um tamanho que se possa medir. 12 Indutores 325 Acompanhe o exemplo de cálculo a seguir: No circuito da figura 222, o indutor é de 600 mH, a tensão da rede é de 220 V e a frequência é de 60 Hz. Qual é o valor da corrente que circula no indutor? Inicialmente, calcula-se a reatância: XL = 2 x π x f x L = 6,28 X 60 x 600 m XL = 6,28 x 60 x 600 m XL = 226080 mΩ Fazendo a conversão da unidade de medida, chegamos ao seguinte valor: XL = 226,08Ω Substituindo os valores na expressão: IL = VL XL IL = 220 226,08 IL = 0,97 A 12.7 FatOr de qualIdade q Todo indutor apresenta, além da reatância indutiva, uma resistência ôhmica que se deve ao material com o qual é fabricado. Ele é calculado pela seguinte fórmula: Q = XL R Sendo que: • Q é o fator de qualidade adimensional3; • XL é a reatância indutiva (Ω); e • r é a resistência ôhmica da bobina (Ω). Um indutor ideal deveria apresentar resistência ôhmica zero. Isso determi- naria um fator de qualidade infinitamente grande. No entanto, esse indutor não existe na prática, porque o condutor, de acordo com a Segunda Lei de Ohm, sem- pre apresenta resistência ôhmica. ElEtricidadE326 Vamos ao exemplo de cálculo do fator de qualidade! O fator de qualidade de um indutor com reatância indutiva de 3768 Ω (indutor de 10H em 60 Hz) e com resistência ôhmica de 80 Ω é: Q = XL R Q = 3768 80 Q = 47,1 Portanto, o fator de qualidade deste indutor é 47,1 12.8 determInaçãO experImental da IndutânCIa em um IndutOr Quando se deseja utilizar um indutor e sua indutância é desconhecida, é pos- sível determinar aproximadamente o seu valor por meio de um processo experi- mental. O valor encontrado não será exato porque é necessário considerar que o indutor é puro (R = 0 Ω). O fator de qualidade Q é uma relação entre a reatância indutiva e a resistência ôhmica de um indutor, ou seja, aplica-se ao indutor uma corrente alternada com frequência e tensão conhecidas e determina-se a corrente do circuito com um amperímetro de corrente alternada. A VLL Vca f Figura 223 - Circuito de CA com indutor Fonte: SENAI-SP (2012) Conhecidos os valores de tensão e corrente do circuito, determina-se a reatân- cia indutiva do indutor por meio da fórmula a seguir: XL = VL IL Sendo que: • VL é a tensão sobre o indutor; • IL é a corrente do indutor. 12 Indutores 327 Aplicando o valor encontrado na equação da reatância indutiva e determinan- do a indutância, temos: XL = 2 x π x f x L E isolando L, temos: L = XL 2 x π x f A imprecisão do valor encontrado não é significativa na prática, pois os valores de resistência ôhmica da bobina são pequenos quando comparados com a rea- tância indutiva (alto Q). Veja a seguir o exemplo de cálculo de indutância. Qual é o valor de um indutor a ser encontrado experimentalmente, sabendo- se que a tensão de alimentação da rede é de 127 V, a frequência da rede é de 60 Hz e a corrente encontrada na medição com o miliamperímetro é de 35 mA? Com os dados, vamos aplicar a Lei de Ohm e encontrar a reatância indutiva: XL = VL IL XL = 127 35mA XL = 3,63kΩ Conhecendo o valor de XL, temos: L = XL 2 x π x f L = 3,63k 2 x π x 60 L = 3,63k 376,8 L = 9,63H ElEtricidadE328 RECApiTuLAndO Neste capítulo, você estudou que: a) o indutor é um dispositivo formado por um fio esmaltado enrolado em torno de um núcleo e que tem a função de se opor às variações da corrente alternada que passa por ele; b) dois indutores têm a mesma polaridade quando seus fluxos magné- ticos coincidem e suas polaridades são contrárias quando seus fluxos magnéticos têm sentidos diferentes; c) a tensão gerada pelo movimento do condutor no interior de um cam- po magnético é chamada de tensão induzida; d) a tensão gerada na bobina por autoindução tem polaridade oposta à da tensão que é aplicada aos seus terminais, por isso é denominada de força contraeletromotriz (fcem); e) a capacidade de se opor às variações da corrente é denominada de indutância (L) e sua unidade de medida é o henry, representada pela letra H. f ) na associação em série, os indutores são ligados de forma que a cor- rente seja a mesma em todos eles, obtendo indutâncias maiores e ten- sões maiores; g) na associação em paralelo, a indutância total é menor que o valor do menor indutor associado; h) quando se aplica um indutor em um circuito de CC, sua indutância se manifesta apenas nos momentos em que existe uma variação de cor- rente, quando se liga e desliga ocircuito; e i) em CA, como os valores de tensão e de corrente estão em constante modificação, o efeito da indutância manifesta-se permanentemente na forma de reatância indutiva. Estes conhecimentos são muito importantes para que você consiga inter- pretar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos. 12 Indutores 329 Anotações: 13 Representação vetorial de grandezas elétricas em CA Nosso objetivo nesta unidade curricular é contribuir para que você desenvolva a capacida- de de interpretar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos. Para isso, é necessário conhe- cer muito bem o que acontece dentro deles. Até agora, você já aprendeu que, em circuitos alimentados por corrente contínua (CC), a tarefa de analisar e compreender seu funcionamento não é muito difícil, já que os valores não variam e podem ser medidos a qualquer momento. Já nos circuitos alimentados por corrente alternada (CA) ou em que existem sinais alterna- dos, você deve se lembrar de que a tarefa é bem mais trabalhosa, porque os valores de tensão e de corrente estão em constante modificação. Para facilitar a determinação de valores encontrados neste tipo de circuito, usa-se a estraté- gia de apresentar os parâmetros elétricos de um circuito de CA por meio de vetores. Assim, quando terminar de estudar este capítulo, você entenderá: a) o que é um vetor e quais são os seus conceitos associados de sentido, direção e módulo; b) qual é a importância do sentido e da direção para a resultante de um sistema de forças; e c) como representar as grandezas elétricas por meio de vetores. Para isso, este capítulo tratará da defasagem entre grandezas CA, de vetores e da represen- tação vetorial de parâmetros elétricos de CA. Com o estudo desses assuntos, você terá as infor- mações necessárias para simplificar a análise de circuitos nesse tipo de corrente. ElEtricidadE332 13.1 VetoRes Em nosso dia a dia, entramos em contato com os mais diversos tipos de gran- dezas físicas. Algumas dessas grandezas são definidas por um valor numérico e sua unidade de medida. Por exemplo, quando falamos que um carro apresenta massa de uma tonelada (t), não precisamos de mais nenhuma informação para explicar esse fenômeno. Essa grandeza é chamada de grandeza escalar e é de- finida apenas pelo seu valor numérico e sua unidade de medida. São grandezas escalares o tempo, a temperatura, o volume, a massa, o trabalho de uma força, a energia e o comprimento. Mas existem grandezas que, além do valor numérico e da unidade de medida, necessitam do apoio de outras informações: a direção e o sentido. Um exemplo dessa necessidade é a descrição de como sair da cidade de São Paulo (SP) e ir até a cidade do Rio de Janeiro (RJ), que fica a 430 quilômetros de distância em uma viagem que dura 5 horas. Para isso, percorremos esta distância no sentido São Paulo-Rio de Janeiro, na direção nordeste, a uma velocidade mé- dia de 86 km/h. Observe que, nesse exemplo, além do valor numérico (86) e da unidade de medida (quilômetros por hora), precisamos indicar um sentido e uma direção, os quais chamados de grandezas vetoriais, que são representadas por vetores. O vetor é um elemento geométrico que possui um sentido, uma direção e um módulo (intensidade). Graficamente, um vetor é representado por uma reta orientada, que é indicada por uma letra sobre a qual colocamos uma seta. A B a Figura 224 - Vetor Fonte: SENAI-SP (2012) Em um vetor, o módulo representa o valor numérico ou a intensidade da gran- deza. A direção e o sentido determinam a orientação da grandeza. No exemplo anterior, o vetor pode ser lido da seguinte maneira: a) o módulo é representado pelo comprimento do segmento AB; b) a direção é a reta determinada pelos pontos A e B; e c) o sentido vai de A para B, portanto, a orientação da reta é AB. Os vetores são um fator de simplificação que ajudam na análise de situações diárias. 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 333 13.1.1 Resultante de um sistema de vetoRes de mesmo sentido e mesma diReção Em muitas situações, existe mais de uma força atuando sobre o mesmo ponto ao mesmo tempo. Quando isso acontece, o uso de uma representação gráfica simplifica a obtenção da solução desse tipo de problema. Vamos supor que duas pessoas estejam puxando uma caixa pesada. Essas duas pessoas atuando na mesma direção e puxando o mesmo cabo fornecerão uma resultante na força desejada. A resultante, nesse caso, será a soma das for- ças atuando na mesma direção e no mesmo sentido das forças individuais. F2F1 Figura 225 - Forças atuando na mesma direção e no mesmo sentido Fonte: SENAI-SP (2012) A figura a seguir mostra a representação completa do sistema de forças e sua resultante. F1 F2 P P FR Figura 226 - Representação completa do sistema de forças e sua resultante Fonte: SENAI-SP (2012) A figura indica que se duas forças, F1 e F2, aplicadas a um mesmo ponto atua- rem na mesma direção e no mesmo sentido, a resultante será: Módulo = F1 + F2; Direção = a da reta que contém as duas forças; Sentido = o mesmo das forças. Veja o exemplo a seguir! a) Duas pessoas puxam, para a mesma direção e o mesmo sentido, uma corda presa a uma carga. A primeira exerce uma força de 100 N (sendo que New- ton é a unidade de medida de força) e a segunda, uma força de 60 N. Qual o módulo, a direção e o sentido da força resultante? ElEtricidadE334 F1 100 N 60 NF2 P P FR Figura 227 - Representação do sistema de forças do exemplo Fonte: SENAI-SP (2012) • Diagrama de vetores: FR = 100 + 60 = 160 N; • Módulo resultante: 160 N; • Direção da resultante: a mesma das forças aplicadas (horizontal); • Sentido da resultante: o mesmo das forças aplicadas (da direita para a esquerda). 13.1.2 Resultante de um sistema de vetoRes de mesma diReção e sentidos opostos O cabo de guerra é um exemplo típico de um sistema em que as forças atuam na mesma direção (a da corda), mas em sentidos opostos. F2F1 Figura 228 - Cabo de guerra Fonte: SENAI-SP (2012) Considerando a corda como ponto de aplicação das forças, o sistema pode ser representado conforme a figura a seguir. F1 F2 FR = F1 - F2 Figura 229 - Representação do sistema de forças do cabo de guerra Fonte: SENAI-SP (2012) Nesse caso, a resultante será o resultado da subtração de uma força da ou- tra, com a direção (a da corda) mantida, mas o sentido será para o lado da maior força aplicada. Assim, se duas forças, F1 e F2, forem aplicadas no mesmo ponto, elas atuarão na mesma direção e em sentidos opostos, tendo como resultante: 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 335 • Módulo: F1 – F2 (a maior menos a menor); • Direção: a da reta que contém as duas forças; • Sentido: o da força maior. Acompanhe um exemplo! a) Determine a resultante do sistema de forças da figura a seguir: F2F1 F1 F2-=FR F1 F2 Figura 230 - Sistema de forças do exemplo Fonte: SENAI-SP (2012) F1 = 100 N F2 = 60 N FR = F1 – F2 = 100 – 60 = 40 N • Direção: a da corda (horizontal). • Sentido: o da força resultante maior, ou seja, FR1 (para a esquerda). 13.1.3 Resultante de um sistema de vetoRes de mesmo ponto e diReções difeRentes Observe a figura a seguir. Ela representa esquematicamente um prático co- mandando, dois rebocadores para movimentar um navio, que vai entrar no porto. Nesse caso, o ponto de aplicação das forças é o mesmo no navio, porém as dire- ções são diferentes. φ ângulo direção 1 direção 2 Figura 231 - Sistema de forças: rebocadores puxando um navio Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE336 A forma mais simples para representar o sistema de forças da figura anterior é usando a forma gráfica pela regra do paralelogramo. Para fazer isso, procede-se da seguinte maneira: a) Coloca-se no papel os dois vetores desenhados em escala e com o ângulo correto entre eles, sendo F1 o sentido da direção 1 e F2 o sentido da direção 2. Confira na figura a seguir. F2 F1 φ Figura 232 - Sentido dos vetores Fonte: SENAI-SP (2012) b)Pela extremidade de cada um dos vetores dados, desenha-se uma linha tra- cejada paralela ao outro vetor. φ F1 F2 Reta paralela a F2 Reta paralela a F1 Figura 233 - Retas paralelas ao sentido dos vetores Fonte: SENAI-SP (2012) c) Forma-se, assim, um paralelogramo cuja diagonal (FR) é a resultante. φ F1 F2 FR Figura 234 - Módulo da resultante Fonte: SENAI-SP (2012) 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 337 Medindo a resultante com a mesma escala usada para os vetores que a com- põem, obtém-se o módulo da resultante. Matematicamente, é possível calcular a força resultante utilizando a Lei dos cossenos, cuja fórmula é: FR2 = F12 + F22 + 2 x F1 x F2 x cos φ. Sendo que: • φ é o ângulo das forças F1 e F2. Se a medida entre esses ângulos for de 90° (ângulo reto), em vez de termos um paralelogramo, teremos um retângulo e, neste caso, formam-se dois triângulos retângulos, nos quais: a) as forças são representadas pelos catetos; e b) a hipotenusa é a força resultante. Veja os passos a seguir: F2 FR F1 Figura 235 - Gráfico de forças e da resultante Fonte: SENAI-SP (2012) No gráfico anterior, F1 e F2 são as forças e FR é a força resultante. Se trocarmos a força F1 de lado, teremos o seguinte gráfico: F2 FR F1 Figura 236 - O gráfico é um triângulo retângulo Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE338 Essa nova configuração formou um triângulo retângulo, em que F1 e F2 são os catetos e FR é a hipotenusa. A resolução gráfica também mostra que o parale- logramo formado é um retângulo em que a resultante é uma diagonal. Nesse caso, o módulo dos vetores se relaciona segundo o Teorema de Pitágoras. Assim, se duas forças, F1 e F2, aplicadas a um mesmo ponto formam um ângu- lo de 90° entre si, a resultante é dada pelo Teorema de Pitágoras, cuja fórmula é: FR2 = F12 + F22. O ângulo θ, formado entre os vetores componentes e a resultante, é dado pe- las relações trigonométricas. Acompanhe! F2 R F1 θ Figura 237 - Ângulo θ Fonte: SENAI-SP (2012) Veja, a seguir, um exemplo do que estamos tratando. a) Dois rebocadores, um de 100 N e outro de 60 N, estão rebocando um navio. 100 N 60 N Fr F2 F1 θ 1 2 Figura 238 - Representação dos rebocadores rebocando um navio Fonte: SENAI-SP (2012) Sabendo-se que o ângulo entre os cabos dos dois rebocadores é de 90°, deter- mine o módulo da resultante e o ângulo desta com relação ao rebocador 2. 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 339 Para calcular a força resultante, temos: FR2 = F12 + F22 FR2 =1002 + 602 FR2 =13600 FR = 13600 FR =116,62 N Portanto, a força resultante é de 116,62 N. Para calcular o ângulo entre o rebocador 2 (força F2) e a força resultante, calcu- lamos o cosseno do ângulo θ: θ = 59º34’ é o ângulo entre o rebocador 2 e a força resultante. 13.2 RepResentAção VetoRiAl de pARâmetRo elétRiCos A análise do comportamento e dos parâmetros de um circuito em CA apresen- ta certas dificuldades, pois os valores de tensão e de corrente ficam em constante modificação. Mesmo os gráficos senoidais, que podem ser usados com o objeti- vo de realizar esse tipo de análise, tornam-se complexos quando há várias tensões ou correntes com defasagem entre si estão envolvidas. Por isso, é muito comum empregarmos gráficos vetoriais para substituir os gráficos senoidais, pois o comprimento dos vetores pode ser usado para repre- sentar a tensão ou corrente eficaz correspondente a uma CA senoidal. ElEtricidadE340 V 0 +1 -1 2π Figura 239 - Comprimento de vetor representando tensão ou corrente eficaz Fonte: SENAI-SP (2012) O sistema de gráficos vetoriais permite a representação de qualquer número de tensões em quaisquer defasagens. O ângulo de defasagem entre as tensões é representado graficamente por um ângulo entre os vetores. No caso da figura anterior, o vetor V indica que está em fase com o eixo. 13.2.1 RepResentação de Ca em fase Quando duas formas de onda CA estão em fase, pode-se dizer que o ângulo de defasagem entre elas é de 0°. 2π π0 CA1 CA2 Figura 240 - O gráfico de tensão e de corrente em fase em circuito de carga resistiva Fonte: SENAI-SP (2012) Essa situação pode ser representada vetorialmente considerando-se três aspectos: a) um vetor representa o valor eficaz da CA1; b) outro vetor representa o valor eficaz da CA2; e c) o ângulo entre os dois vetores representa a defasagem, que neste caso é de 0°. 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 341 Veja na ilustração a seguir o gráfico vetorial de duas CAs em fase. CA2 CA1 Figura 241 - Gráfico vetorial de duas CAs em fase Fonte: SENAI-SP (2012) 13.2.2 RepResentação vetoRial de gRandezas defasadas Para representar grandezas CA defasadas, necessita-se de: a) no mínimo, duas grandezas e um vetor para cada uma delas; b) um ângulo que expresse a defasagem entre os vetores; e c) um vetor que será utilizado como referência para verificar se o outro vetor está adiantado ou atrasado. Por exemplo, o gráfico senoidal a seguir tem a representação vetorial quando CA1 é tomada como referência. CA2 CA1 1800 3600 V Figura 242 - Gráfico senoidal com representação vetorial Fonte: SENAI-SP (2012) A partir do vetor de referência, os demais vetores são posicionados. Veto- res colocados no sentido horário estão atrasados com relação à referência e vice-versa. referência valores atrasados CA1 referência valores adiantados CA1 Figura 243 - Vetores atrasados e adiantados Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE342 No gráfico de senoide anterior, CA2 está atrasada 90° em relação à CA1. As- sim, o gráfico vetorial apresenta-se conforme a figura a seguir. CA2 CA1 900 Figura 244 - Representação vetorial da defasagem da corrente atrasada Fonte: SENAI-SP (2012) Agora, observe o gráfico de senoide a seguir. CA2CA1 360o270o180o90o Figura 245 - Gráfico senoidal com defasagem de CA1 e CA2 Fonte: SENAI-SP (2012) Neste gráfico, CA2 está adiantada em relação à CA1, de forma que o gráfico vetorial apresenta-se na seguinte forma: CA1 CA2 900 Figura 246 - Defasagem da corrente adiantada representada vetorialmente Fonte: SENAI-SP (2012) 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 343 13.3 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CiRCuitos ResistiVo, CApACitiVo e indutiVo Até agora, neste capítulo, estudamos apenas como representar, com vetores, os gráficos de tensão e corrente em fase ou defasados. Mas, a partir de agora, vamos interpretar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos que contêm re- sistores, capacitores e indutores analisando seus gráficos. 13.3.1 RepResentação vetoRial de gRandezas em CiRCuitos Resistivos Você já aprendeu que, quando conectamos uma carga puramente resistiva a uma rede de corrente alternada senoidal, a corrente circulante no circuito tam- bém tem uma forma senoidal. R IR VR 2ππ 0 VR IR 360o270o180o90o Figura 247 - Circuito com resistor Fonte: SENAI-SP (2012) Figura 248 - Gráfico senoidal da relação tensão versus corrente em circuito resistivo Fonte: SENAI-SP (2012) Por meio da sobreposição dos gráficos senoidais, observa-se que a tensão e a corrente têm a mesma forma senoidal, a mesma frequência e passam pelo zero no mesmo sentido e ao mesmo tempo. Como o valor de R é fixo, a corrente é proporcional à tensão. Assim, quando a tensão no resistor tem valor zero, a corrente também tem valor zero; quando a tensão no resistor atinge o máximo positivo, a corrente também atinge o máximo positivo, e assim por diante. Quando isso acontece, diz-se que a tensão e a cor- rente estão em fase ou que a defasagem entre tensão e corrente é 0°. Esse comportamento da tensão e da corrente em um circuito puramente re- sistivo pode ser expresso com a ajuda de um gráfico vetorial. Nele, um dos veto- res representa a tensão na carga e o outro, a corrente. Como a tensão e a corrente estão em fase, os dois vetores ficam sobrepostos. E o comprimento de cada vetor representa o valor da grandeza expressavetorialmente. ElEtricidadE344 IR VR Figura 249 - Gráfico vetorial da relação tensão versus corrente em circuito resistivo Fonte: SENAI-SP (2012) 13.3.2 RepResentação vetoRial de gRandezas em CiRCuitos CapaCitivos Como já vimos no capítulo sobre capacitores, nos circuitos capacitivos a cor- rente e a tensão estão sempre defasadas entre si. Veja figuras a seguir. IC VC 2ππ 0 VC IC 360o270o180o90o Figura 250 - Circuito capacitivo Fonte: SENAI-SP (2012) Figura 251 - Gráfico senoidal de tensão versus corrente em circuito capacitivo Fonte: SENAI-SP (2012) Na sobreposição das senoides mostradas no gráfico, observa-se que a tensão e a corrente não estão em fase, pois, quando a tensão no capacitor começa a se elevar, a corrente já está no seu máximo valor. Esse adiantamento da corrente em relação à tensão no capacitor ocorre du- rante todo o ciclo da CA e essa defasagem pode ser representada por meio de um gráfico vetorial, no qual um vetor representa a tensão sobre o capacitor, e o outro, a corrente no capacitor. Como corrente e tensão no capacitor estão 90° defasadas, os seus vetores são representados de tal forma que haja ângulo de 90° entre eles. 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 345 Vc Ic Figura 252 - Gráfico vetorial da relação tensão versus corrente em circuito capacitivo Fonte: SENAI-SP (2012) CASOS E RELATOS Acompanhe agora uma breve história sobre reparos de proteção de sem- icondutores. Quando falamos em equipamentos para acionamentos de motores (con- versores e soft starters, que serão estudados na unidade de Instalação de Sistemas Eletroeletrônicos Industriais), entendemos que o semicondutor responsável para fornecer corrente elétrica no motor necessita de pro- teção, pois ele é uma peça de custo elevado. A proteção é um circuito re- sistor-capacitor (RC) em série, ligados em paralelo ao semicondutor, cuja finalidade é absorver a variação de tensão sobre o semicondutor. Em uma siderúrgica, ocorreu a queima do resistor do circuito e o técnico trocou-o por outro. Porem, como não havia um do mesmo valor, colocou outro de valor maior. Passado um tempo, ocorreu a queima de um semi- condutor. O técnico foi verificar o motivo e percebeu que, quando o valor do resistor aumentava, ocorria também o aumento da resistência equiva- lente (R + Xc), o que fez com que diminuísse a corrente sobre o RC. Assim, ele concluiu que o aumento da parcela de tensão sobre o semicondutor, provocou a sua queima. FiQue ALERTA Em reparos de proteção de semicondutores, nunca tra- balhe com circuito de proteção queimado! A falta dessa proteção provoca a diminuição da vida útil do semicon- dutor. ElEtricidadE346 13.3.3 RepResentação vetoRial de gRandezas elétRiCas em CiRCuitos indutivos Devido ao fenômeno da autoindução, nos circuitos indutivos ocorre uma de- fasagem entre a corrente e a tensão dos indutores ligados em CA. Isso acontece porque a autoindução provoca um atraso de 90°, ou seja, um quarto de ciclo, na corrente em relação à tensão. A representação senoidal desse fenômeno é mostrada no gráfico a seguir. Nele, percebe-se que a tensão atinge o máximo antes da corrente. V (I) I (I) 2ππ 0 VL IL 360o270o180o90o Figura 253 - Circuito indutivo Fonte: SENAI-SP (2012) Figura 254 - Gráfico senoidal de tensão versus corrente em circuito indutivo Fonte: SENAI-SP (2012) Pode-se representar essa defasagem por meio de um gráfico de vetores. O ân- gulo entre os vetores representa a defasagem e o comprimento deles representa os valores de VL e IL. VL -IL Figura 255 - Gráfico vetorial da relação tensão versus corrente em circuito indutivo Fonte: SENAI-SP (2012) Deve-se observar que, na prática, não existe um circuito puramente indutivo, pois a resistência dos condutores de ligação, dos condutores que constituem o indutor e da resistência interna da fonte ocasionam uma diminuição no ângulo de defasagem entre a tensão e a corrente do indutor. 13 RepResentAção VetoRiAl de gRAndezAs elétRiCAs em CA 347 sAiBA mAis Uma das aplicações de circuitos RC e resistor-indutor (RL) são os filtros. O circuito RC tem um resistor e um capacitor, já o circuito RL possui um resistor e um indutor. Eles são usados em filtros de aparelhos de som e podem isolar deter- minado tipo de som. Por exemplo, quando você escuta uma música e um dos alto-falantes só funciona quando toca a guitarra, isso acontece porque tem um filtro no circuito! Para saber mais sobre isso, faça uma pesquisa por meio de um site de busca utilizando as palavras filtro e som e veja como os filtros funcionam. RECApiTuLAndO Neste capitulo, você aprendeu que: a) o vetor é um elemento geométrico que possui um sentido, uma direção e um módulo; b) o vetor é representado por uma reta orientada, que é identificada por uma letra sobre a qual se coloca uma seta; c) as resultantes de um sistema de vetores são representadas por meio de gráficos e suas linhas podem ter: o mesmo sentido e a mesma direção; a mesma direção, e sentidos opostos; o mesmo ponto, e direções dife- rentes; e d) as grandezas elétricas (tensão e corrente) podem ser representadas por meio de gráficos vetoriais. Esses conhecimentos são importantes para que você compreenda o fun- cionamento de circuitos eletroeletrônicos. 14 Potência elétrica em CA Além da tensão e da corrente, a potência é também um parâmetro muito importante para o dimensionamento de diversos equipamentos elétricos. O principal motivo disso é o fato de a potência elétrica estar relacionada à capacidade que cada componente do circuito tem de produzir trabalho. Em tempos em que é grande a preocupação com os danos ao ambiente e com os impac- tos do efeito estufa causados pela geração de energia elétrica, a eficácia dos equipamentos elétricos é uma grande arma para diminuir esses problemas. Afinal, quanto menos energia se gastar para realizar a maior quantidade possível de trabalho, menor será a necessidade de seu consumo. Neste capítulo, portanto, você vai ver como calcular a eficácia dos circuitos quando eles estão gerando trabalho. Ao finalizar os estudos deste capítulo, você terá subsídios para: a) aplicar o conceito de potência e seu comportamento em circuitos de corrente alternada; b) determinar os valores de potência aparente, potência ativa e potência reativa em um circuito de CA; c) calcular o fator de potência; e d) fazer a correção do fator de potência. Bom estudo! ElEtricidadE350 14.1 EnErgiA E PotênCiA Em CA Embora a energia seja uma só, ela pode ser obtida de formas diferentes. Por exemplo, se uma resistência for ligada a uma rede elétrica com tensão, a corrente elétrica resultante irá aquecer a resistência. Isso significa que esta absorve energia e a transforma em calor, que também é uma forma de energia. E a intensidade desta é a potência elétrica de que necessitamos. Como você já estudou no capítulo 8, a capacidade de um consumidor de pro- duzir trabalho em um determinado tempo a partir da energia elétrica é chamada de potência elétrica. Você aprendeu, também, que a potência elétrica em circuitos de corrente contínua pode ser obtida por meio da relação entre a tensão (V), a corrente (I) e a resistência (R) presentes no circuito, de modo que chegamos à formula . Observe o circuito de corrente contínua a seguir: R 10 ΩG I 100 V + - Figura 256 - Circuito de corrente contínua Fonte: SENAI-SP (2012) Esse circuito tem dois valores fixos: tensão (100 V) e resistência (10 Ω). Para calcular a sua potência, precisamos primeiro calcular o valor da corrente (I). Assim, temos: Para encontrar a potência, usamos a fórmula: Desse modo, temos: Esse cálculo é valido não só para a CC, mas também para a CA em que os cir- cuitos são puramente resistivos, ou seja, quando só há resistores, como ocorre nos chuveiros elétricos. 14 Potência elétrica em ca 351 Todavia, quando se trata de circuitos de CA com cargas indutivas e/ou capa- citivas, ocorre uma defasagem entre a tensão ea corrente. Os gráficos a seguir ajudam a entender como ela ocorre. Observe! a) Carga ativa (resistência ôhmica) U, I, P φ = 0 co s φ = 1+ - P I U Figura 257 - Defasagem em circuito CA com cargas resistivas Fonte: SENAI-SP (2012) Em cargas puramente resistivas, como no circuito do gráfico 257, podemos notar que as formas de onda da tensão e da corrente têm o mesmo ciclo, mas a amplitude muda. b) Carga aparente indutiva (bobina sem resistência) U, I, P φ = 90o co s φ = 0 + - P = 0I U Figura 258 - Com cargas indutivas, a corrente se atrasa 90° em relação à tensão Fonte: SENAI-SP (2012) Em cargas puramente indutivas (como os motores), representadas no gráfico 258, as formas de onda não coincidem. A corrente começa a se deslocar positi- vamente por 90° depois de a tensão ter se deslocado positivamente Neste caso, dizemos que a corrente está atrasada 90° em relação à tensão. ElEtricidadE352 c) Carga aparente capacitiva (capacitor sem resistência) U, I, P φ = 90o co s φ = 0 + - P = 0 I U Figura 259 - Com cargas capacitivas, a corrente se adianta 90° em relação à tensão Fonte: SENAI-SP (2012) Em cargas puramente capacitivas, como as representadas no gráfico 259, as formas de onda também não coincidem. A corrente já está deslocada positiva- mente em 90° quando a tensão começa a se deslocar positivamente. Neste caso, dizemos que a corrente está adiantada 90° em relação à tensão. Como consequência dessa defasagem, é necessário considerar três tipos de potência: a) potência aparente (S); b) potência ativa (P); e c) potência reativa (Q). Potência aparente (S) Se, em um circuito de corrente contínua, a tensão for de 100 V e ao medirmos a corrente tivermos 10 A, o seu produto será de 1000 W. Todavia, para este mesmo valor de potência dissipada, agora com tensão alternada, o produto da tensão e corrente será mais elevado que o medido anteriormente. Portanto, ao contrário do cálculo em CC, o produto V x I em CA, baseado nos valores de corrente e de tensão medidos, não é o real valor da potência ativa no consumidor. Por isso, o valor V x I em CA é chamado de potência aparente (S) e sua unidade é o volt-ampère (VA), e não o watt. A fórmula da potência aparente será, portanto, S = V x I, e a sua unidade será VA. 1 cos φ cos φ (lê-se “cosseno fi”) é o ângulo φ, que determina a defasagem entre a tensão e a corrente. É importante lembrar-se de que, em circuitos resistivos, a corrente está em fase com a tensão; em circuitos indutivos, a corrente está atrasada em relação à tensão; e em circuitos capacitivos, a corrente está adiantada em relação à tensão. 14 Potência elétrica em ca 353 Potência ativa (P) A potência ativa, também chamada de potência real e representada pela no- tação P, é a potência verdadeira do circuito, ou seja, é a que realmente produz trabalho. Ela é convertida em calor por Efeito Joule e pode ser medida diretamente por um wattímetro. A sua fórmula é P = V x I x cosφ1 e a sua unidade de medida, o watt (W). Potência reativa (Q) A potência reativa é a porção da potência aparente que é fornecida ao circuito. Sua função é constituir um circuito magnético nas bobinas e um campo elétrico nos capacitores. Como os campos aumentam e diminuem, acompanhando a frequência da CA, a potência reativa varia duas vezes por período entre a fonte de corrente e o consumidor. Essa potência aumenta a carga dos geradores, dos condutores e dos trans- formadores, originando perdas de potência nesses elementos do circuito. A sua unidade de medida é o volt-ampère reativo (VAr), representado pela letra Q, e a sua fórmula é Q = V x I x senφ. Agora, observe que temos V x I em comum nas três fórmulas apresentadas: • Potência aparente (S) = V x I; • Potência ativa (P) = V x I x cosφ; e • Potência reativa (Q) = V x I x senφ. Isso significa que podemos, então, substituir V x I por S e alterar as fórmulas de P e Q para: • P = S x cosφ; e • Q = S x senφ. Portanto, a potência ativa e a potência reativa são uma parcela da potência total, que é a potência aparente. Acompanhe um exemplo de cálculo! No circuito a seguir, determine a potência aparente, ativa e reativa sabendo que: • a tensão da rede é V = 100 V; • a tensão no indutor é VL = 100 V (a mesma da rede); ElEtricidadE354 • a corrente do circuito é I = 5 A; e • a defasagem entre a corrente e tensão é φ = 60°. L A 5 A V100 Vca100 V Figura 260 - Circuito indutivo para cálculo de potência Fonte: SENAI-SP (2012) a) Cálculo da potência aparente: S = V x I S = 100 x 5 S = 500 VA A fonte está fornecendo 500 VA de potência aparente total ao circuito. b) Cálculo da potência reativa: Q = S x senφ Q = 500 x sen60° (sendo que o valor de sen60° é o valor de tabela) Q = 500 x 0,87 Q = 433 VAr O circuito consome 433 VAr de potência reativa para manter a indutância do indutor. c) Cálculo da potência ativa: P = S x cosφ P = 500 x cos60° (valor de tabela) P = 500 x 0,5 P = 250 W O circuito fornece 250 W de potência ativa, ou seja, esse é o valor da potência que realmente está sendo utilizada para fazer o trabalho. 14 Potência elétrica em ca 355 VoCê SABiA? Quando falamos em seno e cosseno, estamos falando em trigonometria, que vem do grego trigōnon (“triân- gulo”) e metron (“medida”). Essa parte da matemática estuda as relações entre os comprimentos de dois lados de um triângulo retângulo. Para facilitar os cálculos, uti- lize o anexo, que está no final do livro, em que há uma tabela de seno e cosseno. CASOS E RELATOS Miguel tinha acabado de se divorciar e montou um típico apartamento de solteiro, com mobília, fogão, geladeira e micro-ondas doados por parentes ou comprados de segunda mão. A ex-esposa exigira pensão, o que o deixava em má situação com seu orçamento. Mas de uma coisa Miguel não abria mão: uma faxineira para pôr ordem na bagunça ao menos uma vez por semana. E, por incrível que pareça, essa foi a salvação de Miguel! Em um dia normal de faxina, a prestativa auxiliar puxou o refrigerador para fazer uma limpeza caprichada e esqueceu-se de recolocar o plugue na tomada. Como a lâmpada interna do refrigerador estava queimada, Miguel só percebeu o esquecimento cerca de dois ou três dias depois, quando foi colocar a cerveja no freezer e percebeu que tudo estava descongelado! Além de perder a linguiça e a picanha que levaria para o churrasco do fim de semana na casa de Pedro, seu melhor amigo, foi obrigado a ouvir as brincadeiras dos colegas de trabalho! Com dó de seu amigo, Pedro lhe deu um ótimo conselho, pois sugeriu que Miguel aproveitasse a oportunidade e trocasse aquela “lata-velha” por um refrigerador novo. Afinal, vergonha maior que não perceber o desligamento da geladeira era ser eletricista e insistir em usar um eletro- doméstico tão “gastão”! A verdade é que o motor velho daquela geladeira velha tinha muita potência reativa que era usada apenas para fazer o motor girar, e não para realizar o trabalho de produzir frio! Por isso, o sacrifício de comprar um refrigerador novo em dez prestações foi compensado no mês seguinte, quando a conta de luz chegou e Pedro viu que o consumo de energia tinha diminuído trinta por cento. ElEtricidadE356 14.2 triângulo dAS PotênCiAS O triângulo das potências é a representação geométrica da relação entre as potências aparente, ativa e reativa. A figura a seguir mostra os vetores de potência organizados geometricamente em um triângulo retângulo. Esse é o triângulo das potências. Q S potência ativa P φ p ot ên ci a re at iv a Figura 261 - Triângulo das potências Fonte: SENAI-SP (2012) Observe que o triângulo das potências é um triângulo retângulo, que, como já estudamos, permite a utilização do Teorema de Pitágoras para encontrar os valo- res desconhecidos de qualquer um de seus lados. Assim, se duas das três potências são conhecidas, a terceira pode ser determi- nada por meio do Teorema de Pitágoras, seja por cálculo ou graficamente.Portanto, temos o seguinte teorema para descobrirmos o valor faltante: hipotenusa2 = (cateto adjacente)2 + (cateto oposto)2 Isso corresponde a S2 = P2 + Q2, que nada mais é do que a fórmula para cálculo da potência aparente. O triângulo retângulo também permite uma relação trigonométrica na qual: a) o seno de um ângulo é a relação entre o cateto oposto e a hipotenusa: b) o cosseno de um ângulo é a relação entre o cateto adjacente e a hipotenusa: 14 Potência elétrica em ca 357 O cosφ, também conhecido como fator de potência (FP), é a relação entre a potência ativa e a potência aparente e aponta o quanto estamos usando de rea- tivo. Quanto maior é essa relação, maior é o aproveitamento da energia elétrica. VoCê SABiA? A concessionária de energia elétrica especifica o valor mínimo do fator de potência, que é medido pelo medidor de energia, em 0,92. Ele deve ser o mais alto possível, ou seja, próximo da unidade cos φ = 1. Assim, com a mesma corrente e tensão, consegue-se maior potência ativa, que é aquela capaz de produzir trabalho no circuito. FiQuE ALERTA Reutilizar motores antigos afeta o meio ambiente, pois seu o consumo de energia elétrica é maior que o dos motores novos. Por terem baixo fator de potência, os motores antigos podem consumir cerca de 40% a mais de energia elétrica! Acompanhe um exemplo! Determine as potências aparente, ativa e reativa de um motor monofásico ali- mentado por uma tensão de 220 V, com uma corrente circulante de 3,41 A e um fator de potência de 0,8. Potência aparente (S): Potência ativa (P): Potência reativa (Q): Logo: ElEtricidadE358 14.3 FAtor dE PotênCiA (FP) A relação entre a potência ativa (ou potência real) e a potência aparente (S) é denominada fator de potência (FP) e sua expressão é: = P FP S ou A maioria das instalações industriais e das residenciais possuem circuitos indu- tivos por causa do uso de equipamentos indutivos, tais como motores e reatores de lâmpadas. O fator de potência – também comumente chamado de cosseno fi, porque FP = cos φ – indica o quanto o circuito está mais indutivo ou menos indutivo. Em circuitos formados por resistores e ou indutores, três situações são possíveis: a) FP = 1: se a carga é puramente resistiva, não há potência reativa, portanto, S = P. Neste caso, a carga aproveita toda a energia fornecida pelo gerador (efeito joule). b) FP = 0: se a carga é puramente indutiva (ou reativa), não há potência ativa, portanto, S = Q. Neste caso, a carga não aproveita qualquer energia forne- cida pelo gerador, ou seja, não dissipa potência, apenas troca energia com o gerador. c) 0 < FP < 1: se a carga é indutiva (impedância reativa indutiva) e resistiva, há potência ativa e reativa, portanto, S2 = P2 + Q2. Neste caso, a carga aproveita somente uma parte da energia fornecida pelo gerador, ou seja, somente a parte resistiva da carga dissipa potência por efeito joule. Acompanhe um exemplo! P = VR • I Q = VL • I S = V • I φ Fonte: SENAI-SP (2012) Uma rede de 220 Vca alimenta um motor, que consome 2000 W, teve sua cor- rente medida e o instrumento marcou 10 A. Qual é a potência reativa e o fator de potência desse motor? 14 Potência elétrica em ca 359 Para calcular a potência aparente, temos: = × = × = S V I S 220 10 S 2200 VA Para calcular o FP, temos: = = ϕ = = = ϕ= P FP cos S 2000 FP 2200 FP 0,91 FP cos 0,91 Na tabela anexa a este livro, na coluna de cosseno, encontramos o ângulo de 25°, cujo valor é aproximadamente 0,91. Assim, para calcular a potência reativa, temos: = × × ϕ = × ϕ = × ° = × = PR V I sen S sen PR 2200 sen 25 PR 2200 0, 4 PR 880 VAR 14.4 CorrEção do FAtor dE PotênCiA Como você viu, o FP é a relação entre a potência ativa e potência reativa que se dá por meio da fórmula: Conforme legislação vigente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) determina que o valor do FP deverá ser de, no mínimo, 0,92. Essa determinação faz sentido porque a diminuição do fator de potência faz diminuir a potência ativa (real), aumentando a potência reativa, o que implica em um aumento de corrente, portanto, em aumento das perdas. Na maioria dos casos, a instalação elétrica é formada por cargas indutivas, como motores elétricos e lâmpadas fluorescentes, e o comportamento delas exi- ge que analisemos o fator de potência e que, para aumentá-lo e assim diminuir as perdas, sejam instalados capacitores no circuito. Quando o circuito é indutivo, a corrente está defasada em relação à tensão. Logo, a tensão está adiantada, fazendo com que o triângulo das potências apre- sente a configuração apresentada à direita na figura a seguir. ElEtricidadE360 V L Q S potência ativa p ot ên ci a re at iv a P φ a) Circuito indutivo b) Triângulo das potências para circuito indutivo Figura 262 - Potência em circuito indutivo Fonte: SENAI-SP (2012) Em um circuito capacitivo, a corrente está adiantada e a tensão, atrasada. O triângulo das potências correspondente a esse circuito está representado a seguir na figura 263b. V C Q S potência ativa p ot ên ci a re at iv a P φ a) Circuito capacitivo b) Triângulo das potências para circuito capacitivo Figura 263 - Potência em circuito capacitivo Fonte: SENAI-SP (2012) Se unirmos os dois circuitos, faremos com que ocorra a diminuição da defasa- gem, pois a potência aparente fica mais próxima da potência ativa, diminuindo a potência reativa, como mostra a figura 264b. 14 Potência elétrica em ca 361 V L C potência ativa p ot ên ci a re at iv a P φ a) Circuito indutivo-capacitivo b) Triângulo das potências para circuito in- dutivo-capacitivo Figura 264 - Potência em circuito indutivo-capacitivo. Fonte: SENAI-SP (2012) A presença do capacitor no circuito corrige o fator de potência e faz com que ocorra a diminuição da potência reativa. Assim, o valor da potência fica mais pró- ximo do valor da potência ativa, havendo menor consumo de energia para que a mesma quantidade de trabalho seja realizada. SAiBA mAiS A correção do FP é obrigatória em indústrias, já nas residên- cias isso não é obrigatório, embora haja no mercado equi- pamentos de correção de fator de potência residencial. Faça uma pesquisa e veja o motivo! E lembre-se de que temos motores e lâmpadas com reatores em nossas casas. 14.5 mEdidor dE PotênCiA O wattímetro é o instrumento usado para medir a potência. Ele pode ser uti- lizado tanto em circuitos de CC como nos de CA, sendo que nestes o wattímetro mede a potência ativa P dissipada por um dispositivo ou circuito. A leitura é feita por meio do deslocamento da bobina móvel, que é ligada ao ponteiro, e é proporcional ao produto da tensão pela corrente em fase com ela, ou seja, é proporcional à potência ativa P. Internamente, o wattímetro é composto por: a) duas bobinas fixas (bobinas de corrente) cujos terminais externos devem ser ligados em série com o dispositivo; e b) uma bobina móvel (bobina de tensão) cujos terminais externos devem ser ligados em paralelo com o dispositivo. ElEtricidadE362 Wattímetro Li1 Li2 LV i(t) v(t) + - i Figura 265 - Circuito interno do wattímetro Fonte: SENAI-SP (2012) 14.6 mEdidor dE FAtor dE PotênCiA (CoSSiFímEtro) O cossifímetro é um instrumento que tem como finalidade medir o fator de potência dos circuitos elétricos. Como o FP é uma função direta da defasagem entre a tensão e a corrente, o cossifímetro deve possuir pelo menos uma bobina de corrente e uma bobina de tensão, de modo que o torque sobre as bobinas seja diretamente proporcional à intensidade de campo nas bobinas e à defasagem entre as duas grandezas. Esse instrumento possui, junto com a bobina de tensão, um circuito defasado composto por um resistor e um indutor, conforme o esquema mostrado na figura a seguir. C Indutância A 0,9 0 8 ind. 90,80, kap . 1 φcos Figura 266 - Diagrama do interior do cossifímetro Fonte: SENAI-SP (2012) 14 Potência elétrica em ca 363 A corrente que circula pelas bobinas de tensãoé previamente definida por um projeto, e a corrente de carga pode ser variável desde que não seja inferior a 30% da corrente do instrumento. As oscilações que podem ocorrer no ponteiro são amortecidas por correntes parasitas. VoCê SABiA? Por volta de 1855, o cientista francês Jean Bernard Leon Foucault observou que para fazer girar um disco de co- bre colocado entre os polos de um ímã era necessário haver mais força que quando não havia o ímã. Isso acon- tecia porque surgia uma corrente parasita no cobre que era produzida pela variação do fluxo do ímã no interior do metal. Essa variação de fluxo magnético induz uma fem no disco, que, por sua vez, determina o aparecimen- to de uma corrente elétrica em sua massa. Essa corrente induzida, chamada de Corrente de Foucault (ou corren- te parasita), gera um novo campo magnético, que se opõe ao campo magnético do indutor, como nos ensina a Lei de Lentz. ElEtricidadE364 RECApiTuLAndO Neste capítulo, você aprendeu que: a) a potência reativa, cuja unidade de medida é o volt-ampère reativo (var), não realiza trabalho, mas é necessária para o funcionamento dos motores, dos reatores e dos transformadores; b) a potência ativa, cuja unidade de medida é o watt (W), é aquela que realiza de modo efetivo os trabalhos requeridos, como o esforço de torção na ponta do eixo de um motor; c) a potência aparente, cuja unidade de medida é o volt-ampère (VA), é a soma vetorial das potências reativa e ativa; d) em um circuito capacitivo, a tensão do capacitor está atrasada 90° em relação à corrente; e) em um circuito indutivo, a tensão do indutor está adiantada 90° em relação à corrente; f ) o fator de potência mede o ângulo entre a potência ativa e a potência aparente, determinando o quão reativo é o circuito. g) a fórmula do fator de potência, determinada pelo ângulo φ, é: h) de acordo com a legislação em vigor (Resolução ANEEL n° 456/2000), o fator de potência padrão foi estabelecido em 0,92; i) o watímetro é o instrumento de medição de potência ativa, cuja uni- dade de medida é W; e j) o cossifímetro mede o fator de potência do circuito, que é represen- tado pelo ângulo entre a potência ativa e potência aparente. Estes conhecimentos são muito importantes para interpretar o funciona- mento de circuitos eletroeletrônicos. 14 Potência elétrica em ca 365 Anotações: 15 Medidas elétricas Este é o último capítulo da unidade curricular Eletricidade, do Módulo Básico. Estudando os capítulos anteriores deste material você adquiriu competências essenciais para continuar seus estudos. Esperamos ter dado o suporte necessário para você desenvolver o seu conhecimento em tudo o que é necessário saber para, por exemplo: interpretar corretamente as principais unidades de medidas elétricas, utilizar instrumentos de medição e executar corretamente as medições necessárias para avaliar o funcionamento de circuitos eletroeletrônicos. Neste capítulo, você vai completar seus estudos aprendendo sobre os princípios de funcio- namento de instrumentos de medição. Esses conteúdos complementam as informações ne- cessárias para que você possa continuar seus estudos após finalizar o módulo básico. Depois de estudar este capítulo, você terá subsídios para: a) compreender a diferença entre os princípios de funcionamento dos instrumentos de medição eletromecânicos (analógicos) e eletrônicos (digitais); b) utilizar corretamente os instrumentos de medição; e c) identificar as categorias de proteção dos multímetros. Bom estudo! ElEtricidadE368 15.1 InstruMentos de MedIção Você já estudou os conceitos de tensão, corrente, resistência, potência, capaci- tância, indutância, entre outros. Aprendeu que os componentes têm seu funcio- namento determinado pela maneira como estão dispostos dentro do circuito: se em série, em paralelo ou misto. Para saber o circuito está funcionando corretamente, é necessário executar medições, que indicam se todos os componentes estão recebendo a quantidade certa de energia. Isso é indicado pelas grandezas elétricas. O voltímetro, o amperímetro, o ohmímetro são exemplos de instrumentos de medição de grandezas elétricas. Eles são utilizados para realizar, respectiva- mente, medições de tensão, de corrente e de resistência. Eles avaliam a grandeza elétrica de duas maneiras: a) Baseando a avaliação em efeitos físicos causados pela grandeza. São exemplos de efeitos físicos as forças eletromagnéticas dos campos elétri- cos; as forças eletrodinâmicas geradas pela variação das cargas elétricas; e as forças dinâmicas geradas pelo movimento de um corpo. Os instrumentos que funcionam a partir desses efeitos, como o wattímetro, são chamados de analógicos. b) Convertendo a tensão elétrica em sinais digitais por meio de um circuito denominado conversor analógico-digital. Os instrumentos que funcionam segundo esse princípio, como o multímetro, são chamados de digitais. 15.1.1 Instrumentos analógIcos: prIncípIo de funcIonamento Para indicar o valor medido, os instrumentos analógicos partem dos efeitos físicos causados pela grandeza a ser medida. Assim, quanto ao princípio de fun- cionamento, esses instrumentos podem ser: a) eletromagnéticos, como o ferro móvel; b) eletrodinâmicos, como a bobina móvel; e c) dinâmicos, como o instrumento ressonante. Veja a seguir o funcionamento e a utilização de instrumentos analógicos. Acompanhe! 15 Medidas elétricas 369 a) Ferro móvel escala corrente ponteiro palheta móvel e ponteiro fixado palhetas de ferro doce se repelem mutuamente mola e eixo 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 267 - Ferro móvel Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: Duas barras de ferro doce, chamadas de palhetas, são montadas lado a lado e envolvidas por uma bobina. Uma das palhetas é fixa e a outra é móvel, mas presa a um eixo que contém um ponteiro, o qual gira livremente. Quando uma corrente passa pela bobina, isso cria um campo magnético que induz um outro de mesma polaridade nas palhetas, ocorrendo a repulsão entre elas. Com isso, o ponteiro se movimenta por uma distância proporcional à corrente que está passando pela bobina. Aplicação: Como a repulsão das palhetas sempre ocorrerá com a corrente em qualquer sentido, este instrumento pode ser utilizado em medições de corrente contínua ou alternada. b) Bobina móvel S N 0 1 2 3 4 65 7 8 910 Figura 268 - Bobina móvel Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: Uma bobina com um ponteiro preso a um eixo, que está inserido entre os polos de um ímã e movimenta-se quando existir um cam- ElEtricidadE370 po magnético gerado pela corrente que está passando pelo seu interior. A polaridade da bobina, repelida pelo campo do ímã faz a bobina girar com um deslocamento proporcional ao valor da corrente. Invertendo-se o sentido da corrente, o ponteiro se movimentará no sentido contrário. Aplicação: Este instrumento é utilizado para medição em corrente contí- nua, tensão contínua e resistência. c) Instrumento eletrodinâmico bobina móvel espiral bobina fixa Figura 269 - Instrumento eletrodinâmico Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: Este instrumento tem duas bobinas, sendo que uma de- las é móvel (aquela que contém um ponteiro) e a outra, fixa. Quando ocorre a passagem de corrente pelas bobinas, estas apresentam a mesma polari- dade e movimentam o ponteiro por meio do efeito da repulsão. Invertendo o sentido da corrente, teremos a inversão nas duas bobinas, mantendo o sentido de deflexão do ponteiro. Aplicação: Este instrumento pode ser utilizado em corrente alternada ou corrente contínua. Como são duas bobinas, a fixa é dimensionada para cor- rente e a móvel, para tensão. Este princípio é utilizado no wattímetro. d) Instrumento ressonante 15 Medidas elétricas 371 bobina lâminas vibratórias Figura 270 - Instrumento ressonante Fonte: SENAI-SP (2012) Funcionamento: É constituído por um conjunto de lâminas dispostas lado a lado. Nele, cada lâmina vibra com maior amplitude para uma determina- da frequência. Essaslâminas ficam livres em uma das extremidades e na outra são fixadas a uma bobina. Ligando o instrumento à rede, surge uma corrente na bobina que produz um campo eletromagnético alternado, que faz vibrar o núcleo da bobina e este, as lâminas. Aplicação: O instrumento ressonante é utilizado para medir a frequência. Nele, a lâmina de maior amplitude de vibração é aquela que está em resso- nância com a rede. característIcas básIcas dos Instrumentos analógIcos de medIção Normalmente, as medições realizadas com instrumentos estão sujeitas a erros, que afetam o resultado da medição. Eles estão geralmente relacionados à utiliza- ção do instrumento e dependem do conhecimento de determinadas caracterís- ticas tanto deste como da medição que podem afetar a leitura. Vamos conhecer algumas dessas características a seguir. escala e precisão Cada tipo de instrumento apresenta uma série de marcações impressas em uma superfície plana, sobre a qual o ponteiro se move. Essas marcações são a escala do instrumento. A escala e o princípio de funcionamento dos instrumentos que determinam a precisão da leitura, que é definida pelo limite de erro existente em relação ao fundo de escala do instrumento. As escalas podem ser de dois tipos: a) homogênea: quando suas divisões são uniformes, mantendo a graduação ElEtricidadE372 (distância entre divisão) uniforme do início ao fim. O medidor de bobina móvel é um exemplo de utilização da escala homogênea. 3 4 5 2 1 0 A Figura 271 - Escala medidora homogênea para bobina móvel Fonte: SENAI-SP (2012) Na escala homogênea de bobina móvel, o deslocamento do ponteiro é line- armente proporcional ao aumento da corrente, por isso ele é bastante sensí- vel às variações de corrente. Assim, qualquer alteração no valor da corrente será prontamente registrada pelo ponteiro. Esse instrumento é usado na medição de grandezas elétricas que requerem precisão. b) heterogênea: quando suas divisões são mais concentradas no início e mais afastadas no centro. O medidor de ferro móvel e o eletrodinâmico têm es- calas heterogêneas. A 0 3 4 5 2 1 Figura 272 - Escala medidora heterogênea para ferro móvel Fonte: SENAI-SP (2012) A leitura da escala do sistema ferro móvel é influenciada pela característica do ferro doce, com o qual as palhetas do instrumento são fabricadas. Esse material se magnetiza em presença de um campo magnético, porém, na ausência do campo, a desmagnetização não é instantânea. Esse fenômeno característico de substân- cias ferromagnéticas é chamado de histerese. Por causa da histerese, a variação do campo magnético no ferro móvel será menor no início da medição e vai aumentando conforme o aumento da corrente. Por isso, a leitura deverá ser feita no centro da escala. VoCÊ sABIA? Histerese é uma palavra de origem grega e quer dizer atraso. Ela é produzida quando, na mudança de um campo magnético, há um gasto de energia do material para que ocorra a inversão dos seus dipolos. O ferro doce é um exemplo desse tipo de material. 15 Medidas elétricas 373 Por causa dessa característica, esse instrumento é utilizado apenas para medi- ções de grandezas elétricas que não requerem grande precisão e cujos valores se situem em pontos intermediários da escala graduada. 90 10 0 12 0 130 140 60 50 40 30 20 10 0 80 11 0 70 Figura 273 - Escala heterogênea para instrumento eletrodinâmico Fonte: SENAI-SP (2012) Nos instrumentos do tipo eletrodinâmico, a heterogeneidade ocorre devido à interação das duas bobinas – uma fixa e outra móvel. A repulsão, no início da passagem da corrente, é mais fraca, e aumenta de intensidade até que a bobina móvel atinja o centro, que é quando acontece o maior fluxo magnético da bobina fixa. A partir desse ponto, a repulsão volta a enfraquecer. Esse tipo de instrumento apresenta precisão aceitável nas medições de valo- res situados nos pontos intermediários de sua escala graduada. sensibilidade A sensibilidade dos instrumentos de medição de grandezas elétricas é deter- minada pela sua capacidade de medi-las obtendo respostas próximas ao valor verdadeiro do que está sendo medido. O instrumento é considerado de boa sensibilidade quando, ao ser inserido no circuito, não altera significativamente as características deste. A sensibilidade é caracterizada pelo inverso da corrente, ou seja: Mas, como a sensibilidade é igual a ElEtricidadE374 É comum expressar a sensibilidade como: (ohms/volts). Em um voltímetro, a sensibilidade deverá ter uma resistência interna alta, pois, quando o instrumento for ligado em paralelo, esse tipo de ligação não de- verá interferir no resultado final. Já no amperímetro, a resistência interna deverá ser baixa, pois ao ser ligado em série, esse tipo de ligação não poderá interferir no circuito. Acompanhe um exemplo! Se no voltímetro de ferro móvel há uma corrente de fim de escala de 1 μA e se no voltímetro de bobina móvel a corrente de fim de escala for de 0,05 μA, qual dos dois instrumentos tem menor influência no circuito? Ferro móvel: Bobina móvel: Nesse exemplo, o medidor de bobina móvel acrescenta menor carga ao cir- cuito, isto é, exerce menor carga para funcionar. Portanto, o voltímetro de bobina móvel é o de maior sensibilidade. posição Os instrumentos analógicos de medições elétricas são construídos para fun- cionar em três posições: vertical, horizontal e inclinada. As medições definem a posição em que o instrumento deverá ser montado no painel da máquina cujo funcionamento e desempenho os instrumentos monitorarão. Isso é necessário porque as peças do instrumento são montadas e funcionam acompanhando a gravidade. Se a posição de montagem não for respeitada, ha- verá erro na leitura. As posições de funcionamento são indicadas por meio de símbolos no mostra- dor do instrumento. Veja-as no quadro a seguir. Quadro 17 – Posições de funcionamento dos instrumentos de medição PosIção símBolo VIsor 15 Medidas elétricas 375 Vertical indica ângulo de montagem = 90º V 150 25 10050 75 125 0 Horizontal Indica ângulo de montagem = 0º V 150 25 10050 75 125 0 Inclinada indica ângulo de montagem < 90º W 6000 400200 60o indica ângulo de montagem = 60º W 60o 6000 400200 Fonte: SENAI-SP (2012) Note que na posição inclinada o símbolo assinala também os graus da in- clinação. Há também instrumentos que não trazem o símbolo característico da posição de funcionamento. Isso significa que eles podem funcionar em qualquer posição. tensão de isolação Tensão de isolação é o valor máximo de tensão dentro do qual um instrumen- to pode operar sem pôr em risco o próprio instrumento. ElEtricidadE376 Esse valor é simbolicamente representado nos instrumentos pelos números 1, 2 ou 3, que estão no interior de uma estrela, como mostra a figura a seguir. 400 W 800 1000 1200 200 600 0 1 500 V 2 KV 1 KV 3 KV2 1 3 Figura 274 - Indicação de tensão de isolação do instrumento Fonte: SENAI-SP (2012) erro por efeito paralaxe O erro por paralaxe ocorre quando qualquer instrumento de medida analógi- co é lido de ângulo desfavorável, isto é, quando o olho humano não está direta- mente sobre o ponteiro do instrumento, mas com uma visão oblíqua. Para diminuir o erro, a maioria dos instrumentos analógicos possui um espe- lho no mostrador. Ao observar o ponteiro, devemos posicionar o olho de modo a fazer com que o ponteiro e seu reflexo no espelho coincidam. 300 150 200100 250 0 50 V 300 150 200100 250 0 50 V Leitura com erro de paralaxe Leitura sem erro Figura 275 - Exemplos de leituras Fonte: SENAI-SP (2012) 15.1.2 Instrumento dIgItal: prIncípIo de funcIonamento 15 Medidas elétricas 377 O instrumento digital funciona convertendo a tensão elétrica em sinais digitais por meio de circuitos denominados de conversores analógico-digitais. Esse circui- to transforma um nível analógico de tensão em um código digital que, depois de tratado, envia o resultado a um display em forma de números. Várias escalasde tipos de medição, como a tensão, a corrente e a resistência, podem ser medidas com um instrumento digital. A figura a seguir ilustra um esquema do circuito de um instrumento digital de medição. entrada para medida chave seletora de medidas R R R R R Amplificador de Entrada e Conversor AC-DC Display de Cristal Líquido (LCD) Conversor Analógico Digital (ADC) Figura 276 - Diagrama interno de um instrumento digital Fonte: SENAI-SP (2012) O instrumento digital tem um sistema de chave mecânica ou eletrônica que divide o sinal de entrada de maneira a adequar a escala e o tipo de medição. Ele tem também um bloco amplificador, que ajusta o nível de tensão a ser medido, além de transformar a medição alternada em contínua. Esse instrumento tem como padrão a medição de tensão (voltímetro), de cor- rente (amperímetro) e de resistência (ohmímetro) e como opcionais, algumas ou- tras medições, como de capacitância (capacímetro), de frequência (frequencíme- tro), de temperatura (termômetro), entre outros. ElEtricidadE378 VoCÊ sABIA? Os instrumentos digitais têm ampla utilização entre os técnicos em eletroeletrônica, pois são os mais usados na pesquisa de defeitos. Isso se deve à sua simplicidade de uso e à sua portabilidade. 15.2 MultíMetro O multímetro é um instrumento capaz de medir diferentes grandezas elétricas, tais como a corrente, a tensão e a resistência. Por causa dessa característica, precisamos ter cuidados especiais quanto ao seu uso. Para isso devemos: a) realizar a mudança de escala com o instrumento ou com o circuito desli- gado; b) verificar se a posição da conexão dos cabos, a grandeza e a escala escolhi- das são adequadas à medição que será executada; c) selecionar a escala mais alta para iniciar a medição se a grandeza for de valor desconhecido, porém, estimável; d) afastar o instrumento de campos magnéticos fortes; e e) executar as medições de resistência somente em pontos ou componentes não energizados de alta tensão com extremo cuidado e com pontas de pro- va especiais. O multímetro pode ser analógico ou digital. Veja a seguir o quadro de diferen- ças entre esses tipos do instrumento. 15 Medidas elétricas 379 Quadro 18 – Diferenças entre o multímetro analógico e o digital multímetro AnAlógIco O multímetro analógico normalmente é com- posto pelas escalas graduadas de leitura, pelo ponteiro, pelo parafuso de ajuste do ponteiro, pela chave seletora de função, pelos bornes de conexões, pelas escalas das funções e pelo botão de ajuste de zero ohm. Trata-se de um conjunto eletromecânico e necessita de interpretação dos valores medidos. Fonte: SENAI-SP (2012) multímetro DIgItAl No multímetro digital, os valores medidos aparecem no visor digital, sem a necessidade de interpretação de valores, como ocorre com os in- strumentos analógicos. Antes de efetuar qualquer medição, deve-se ajustar o seletor de funções na função correta (na grandeza a ser medida: tensão, corrente ou resistência) e a escala no valor supe- rior ao ponto previsto a ser medido. Fonte: SENAI-SP (2012) Para os profissionais da área eletroeletrônica, o multímetro analógico era o principal instrumento de bancada. Mas, por causa do seu preço mais baixo e da praticidade do uso, os equipamentos digitais vêm ganhando espaço em relação ao instrumento analógico. Veja no quadro a seguir as vantagens e desvantagens dos dois tipos de instrumentos. ElEtricidadE380 Quadro 19 – Vantagens e desvantagens do uso de multímetros analógicos e digitais multímetro AnAlógIco multímetro DIgItAl Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens Permite avaliar mais rapidamente a gran- deza a ser medida quando os sinais oscilam muito. Há falta de precisão na leitura se esta não ocorrer no centro do instrumento. A leitura mais precisa. Devido ao processo de conversão dos valores lidos, há atraso na leitura. – Devido às caracterís- ticas construtivas do aparelho, este interfere no circuito, principal- mente se os valores forem baixos. A interferência no circuito é quase nula. É quase impossível fazer leituras em cir- cuitos com grandezas que variam continu- amente. – Se a primeira leitura for feita com a escala er- rada, o ponteiro se en- tortará, prejudicando as leituras posteriores. Para atender às normas vigentes, o grau de proteção do instrumento digital é maior. – sAIBA MAIs Para saber mais sobre esse instrumento de medição, entre em um site de busca, escreva a palavra multímetro e veja o que aparece. Prefira os sítios dos fabricantes, pois estes ge- ralmente fornecem catálogos técnicos gratuitamente. 15.2.1 graus de proteção do multímetro Os profissionais de manutenção eletroeletrônica estão sujeitos à exposição a tensões perigosas quando estão analisando circuitos energizados de alta tensão e alta corrente. Um simples ato de medir uma tensão na tomada poderá pôr em risco tanto o profissional como o instrumento se este não for adequado. Por esse motivo, os instrumentos de medição têm um padrão construtivo determinado pela International Electrotechnical Commission (IEC) cujo nome é IEC 10101. Vamos entender o perigo: As linhas de transmissão de energia elétrica estão sujeitas a diversos tipos de problemas que podem afetar a segurança de quem analisa a tensão da linha com um multímetro. 1 TrANSIENTE Transiente é o pico de tensão elétrica que ocorre em um intervalo muito pequeno de tempo e que pode causar a queima de equipamentos eletroeletrônicos. 15 Medidas elétricas 381 Transientes1 e altas tensões podem atingir intensidades elevadas, capazes de provocar arcos nos circuitos dos multímetros. E são os transientes os responsáveis pela necessidade de adotar medidas especiais na segurança com multímetros. FIQue ALERTA Se um profissional estiver efetuando uma medição e um raio cair perto da linha de transmissão no mesmo mo- mento, o transiente poderá provocar uma sobretensão e, consequentemente, um curto-circuito no instrumen- to, o que pode provocar um grave acidente. Assim, os equipamentos de teste devem ter recursos de proteção para as pesso- as que trabalham no ambiente de alta tensão e de alta corrente presentes nos sis- temas de distribuição de energia ou alimentados diretamente pela rede de energia. O IEC 10101 especifica categorias de sobretensões baseadas na distância em que se encontra a fonte de energia, bem como o amortecimento natural da ener- gia de um transiente que ocorra no sistema. Quanto mais alta for a categoria, mais perto da fonte de energia ela se encontra e, por isso, maior deverá ser o grau de proteção do instrumento usado nesse ponto do circuito. Isso pode ser observado na figura a seguir. entrada de serviço medidor entrada de serviço entrada de serviço medidor medidor transformador prédio externo prédio externo serviço subterrâneo serviço subterrâneo Cat I Cat II Cat III Cat IV Figura 277 - Categoria de multímetros: níveis de aplicação Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE382 Veja, a seguir, quais são as categorias de multímetros: a) categoria IV É indicado em instalações primárias de alimentação para trabalhar em: a) medidores de eletricidade, equipamentos primários de proteção contra sobrecorrente; b) exterior e entrada de serviço; c) ramal de ligação do poste ao prédio; d) conexão entre o medidor e o painel; e) linha aérea que vai a um edifício isolado; e f ) linha subterrânea que vai a uma bomba de poço. b) categoria III Deve ser usado na distribuição de energia para trabalhar com a tensão das to- madas ou dos circuitos domésticos ou comerciais sujeitos a maiores transientes. É utilizado em equipamentos que ficam em instalações fixas, tais como: a) aparelhagem de comutação e motores trifásicos; b) barramento e alimentador em plantas industriais; c) alimentadores e circuitos ramificados curtos; d) dispositivos de painel de distribuição; e) saídas de aparelhos de grande porte com conexões curtasà entrada de serviço; e f ) sistemas grandes de iluminação. c) categoria II São os multímetros indicados para aplicações locais, como: a) tomadas que alimentam eletrodomésticos; b) equipamentos eletrônicos de baixo ou médio consumo; c) análise de circuitos de equipamentos portáteis; d) saídas e circuitos ramificados longos; e) saídas a mais de 10 m da fonte de CAT III (nível de distribuição); e f ) saídas a mais de 20 m da fonte de CAT IV (distribuição). 15 Medidas elétricas 383 d) categoria I São equipamentos de menor grau de proteção indicados para uso em: a) equipamentos eletrônicos; b) equipamentos de baixa energia com proteção que limita os efeitos dos transientes; e c) qualquer fonte de alta tensão e baixa energia derivada de um transfor- mador de resistência de alto enrolamento. CASOS E RELATOS Uma das principais características da globalização é o intenso comércio entre todos os países do mundo. Nos portos, a movimentação das cargas acondicionadas em contêineres é feita com a ajuda de guindastes. Uma das manobras que essas máquinas fazem é manter a carga suspensa e parada. Para isso, o guindaste precisa ter um conjunto de freio chamado de freio eletromagnético. Certo dia, durante uma emergência em um importante porto brasileiro, foi necessário verificar porque o freio de um dos guindastes não estava funcionando. Para realizar o diagnóstico, foi chamado o eletricista de plantão, que tinha consigo apenas um multímetro comum de categoria II. Ao iniciar os testes, ele pediu ao operador que acionasse o freio para que a tensão fosse medida. O visor do instrumento indicou 70 Vcc, valor normal para aquele tipo de freio. Então, foi pedido ao operador que desligasse o freio. No mesmo instante, o aparelho que estava sendo usado explodiu por causa de um transiente e o eletricista, que usava todos os equipa- mentos de proteção individual (EPIs) necessários, feriu-se levemente. Ao tentar descobrir a causa, o eletricista percebeu que havia se esquecido de dois conceitos importantes: a) quando uma bobina CC é desligada, isso gera o efeito de autoindução, que aumenta a tensão no desligamento; b) o instrumento usado (com proteção de categoria II) não era adequado para a medição de comutação de máquinas. O correto seria usar um instrumento de categoria III. ElEtricidadE384 Percebendo os erros e usando equipamentos especiais, o eletricista veri- ficou que a tensão de indução no momento do desligamento da bobina era de 2500 Vcc. Por isso, o equipamento usado anteriormente explodira. A propósito, o guindaste não tinha defeito algum, o operador apenas havia se esquecido de ligar o freio na primeira vez! 15.3 MedIdores de ForneCIMento de energIA elétrICA Neste capítulo, já tratamos de instrumentos de medição que os profissionais da área de eletroeletrônica usam como ferramenta de trabalho em seu dia a dia. Ago- ra, trataremos dos medidores que todos os consumidores, ou usuários de energia elétrica, inclusive você, têm em suas casas: os medidores de fornecimento. Medidor eletromecânico Medidor digital Figura 278 - Medidores de fornecimento de energia elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) VoCÊ sABIA? Em 1872, o americano Samuel Gardiner inventou e pa- tenteou o primeiro medidor de consumo de energia elé- trica. O aparelho media o período durante o qual uma lâmpada elétrica, ligada em corrente contínua, ficava acesa. Os medidores, instalados pelas empresas concessionárias de fornecimento de energia, medem o consumo doméstico ou industrial para que as “contas de luz”, como são comumente chamadas, possam ser emitidas. 15 Medidas elétricas 385 Vencimento Valor até o vencimento Conta de Energia Elétrica R$ 180,75 15/08/201 kWh Figura 279 - Conta de fornecimento de energia elétrica Fonte: SENAI-SP (2012) Para emitir a conta, os valores de consumo são obtidos em função da tensão, da corrente e do tempo decorrido desde a última leitura. Por isso, a cada mês uma pessoa vai às nossas casas para anotar esses dados, que estão nos mostradores dos aparelhos, sejam eles analógicos ou digitais. A medida usada para a indicação do consumo é o quilowatt-hora (kWh). Para conhecer os dois tipos de medidores – o eletromecânico (analógico) e o eletrônico (digital) –, vamos explicar seus princípios de funcionamento. 15.3.1 medIdor eletromecânIco de fornecImento de energIa elétrIca O medidor eletromecânico é o mais utilizado pelas empresas fornecedoras de energia elétrica para a medição do consumo doméstico. Trata-se de um aparelho barato, robusto e confiável, por isso é instalado na grande maioria das residências. A faixa de erro de medição desse tipo de aparelho é de no máximo 2%, o que é considerado aceitável tanto para o fornecedor como para o consumidor diante dos custos mais elevados de medidores com um grau maior de precisão. O mecanismo do medidor é composto basicamente por um disco de alumínio montado entre duas bobinas: uma que conduz a corrente de linha e outra, cha- mada de bobina de tensão, que mede a tensão. Essas bobinas criam dois circuitos magnéticos. Sob a ação dos campos mag- néticos alternados próximos que são gerados pelas bobinas, aparecem correntes parasitas no disco (conhecidas como correntes de Foucault). Os efeitos magnéti- cos delas influem entre si e fazem o disco girar. Veja a representação dessa confi- guração básica na figura a seguir. ElEtricidadE386 bobina de corrente disco bobina de tensão Figura 280 - rotação do disco por dois campos magnéticos Fonte: SENAI-SP (2012) Para indicar os dados da medição, o mecanismo registrador é acionado com a ajuda de uma engrenagem, que está ligada ao eixo do induzido. Por meio das correntes parasitas, um ímã permanente cria uma força oposta à rotação do disco. Para compensar as forças de atrito e facilitar o giro do disco, desenvolve-se uma força suplementar, que é obtida por meio de uma blindagem parcial do campo da bobina de tensão ou por meio de um pequeno parafuso de ferro, colocado lateralmente em relação ao campo magnético. O resultado é uma distribuição irregular do campo magnético e, com isto, uma força resultante que possibilita a rotação. Para evitar a rotação sem carga, há uma lâmina de frenagem. sistema de registro lâmina disco enrolamento de curto-circuito circuito magnético paralelo A C Figura 281 - Medidor de corrente monofásico e representação esquemática de suas partes Fonte: SENAI-SP (2012) 15 Medidas elétricas 387 O consumo da residência é indicado pelo número de rotações do disco, que é proporcional à energia consumida pela carga durante o intervalo de tempo de- corrido entre uma leitura e outra. 15.3.2 medIdor eletrônIco de fornecImento de energIa elétrIca O medidor eletrônico de fornecimento de energia elétrica é mais preciso que o medidor eletromecânico, mantendo sua faixa de erro de medição em mais ou menos 1%, pois o circuito eletrônico emprega sensores e não tem as limitações do conjunto eletromecânico. O processo de medição baseia-se no seguinte princípio: uma amostra da ten- são e da corrente que é fornecida à carga é transferida a um sistema microproces- sado, que calcula digitalmente a potência e a energia consumida pela carga. sensor hall de corrente sensor hall de tensão microcontrolador sistema microprocessado display LCD carga Figura 282 - Medidor eletrônico de fornecimento de energia e o diagrama do circuito digital com seus módulos componentes Fonte: SENAI-SP (2012) ElEtricidadE388 O quadro a seguir compara o desempenho de medidores eletromecânicos e digitais. Quadro 20– Dados comparativos do medidor digital em relação ao eletromecânico cArActerístIcA eletromecânIco eletrônIco resultADo comPArAtIVo Do meDIDor DIgItAl Classe/precisão 2% 1.0 / 2.0% Maior precisão Consumo interno >1,1 W <0,5 W Menor consumo Corrente de partida 50 a 120 mA 5 mA Alta sensibilidade Curva Não linear Linear plana Elimina subcarga Mecanismos de calibração Ajustes deslizantes rede resistiva Estabilidadedo erro, pois não possui partes móveis. Influência da posição Posição única indicada na escala Qualquer posição Elimina alinhamento do instrumento 15.4 PAdronIzAção de tensões O sistema elétrico é um conjunto de equipamentos e de materiais necessários para transportar a energia elétrica desde a fonte até os pontos de utilização. As etapas de um sistema elétrico são: a) geração – etapa desenvolvida nas usinas geradoras que produzem energia elétrica por transformação a partir das fontes primárias; b) transmissão – etapa de transporte da energia elétrica até os centros con- sumidores; c) distribuição – etapa do sistema elétrico já dentro dos centros de utilização (cidades, indústrias); e d) consumidor – etapa em que a energia elétrica é entregue à população. Com base nas etapas do sistema elétrico indicadas anteriormente, as tensões são classificadas conforme sua faixa de tensão. FIQue ALERTA A Norma regulamentadora 10, que trata da segurança em instalações e em serviços com eletricidade, determina que para trabalhar em segurança com equipamento energi- zado, o trabalho deverá ser executado na única faixa de tensão permitida, ou seja, em extrabaixa tensão (EBT). 15 Medidas elétricas 389 A tabela a seguir apresenta as tensões de trabalho conforme a sua classificação. tabela 14 – tensões de trabalho clAssIFIcAção FAIxAs De tensão tensão PADronIzADA contínuA (Vcc) AlternADA (VcA) Extrabaixa tensão (EBT) Até 50 Vca e/ou Até 120 Vcc 12, 24, 48 – Baixa tensão (BT) Acima 50 Vca até 1000 Vca e/ou Acima 120 Vcc até 1500 Vcc 110, 240 110, 115, 120, 127, 208, 220, 230, 240, 254, 280, 380, 400, 440, 460, 480, 500, 525, 600, 660 Média tensão (MT) Acima de 1000 Vca até 72500 Vca – 3000, 3150, 3800, 4160, 6000, 6300, 6600, 7200, 7620, 10000, 10500, 11500, 12470, 13200, 13800, 14400, 15750, 18000, 19920, 23000, 24940, 34500, 35000, 38500, 69000 Alta tensão (AT) Acima de 72500 Vca até 242000 Vca – 88000, 110000, 115000, 121000, 138000, 154000, 161000, 220000, 230000, 242000 Extra-alta tensão (EAT) Acima de 242000 Vca até 800000 Vca – 330000, 345000, 350000, 420000, 500000, 600000, 750000 Ultra-alta tensão (UAT) Acima de 800000 Vca até 1500000 Vca – 1150000 Todas as informações de utilização de multímetros fornecidas até agora refe- rem-se a aplicações para EBT. sAIBA MAIs Para se manter sempre atualizado na área de Eletricidade, além de frequentar cursos de reciclagem e atualização, há outras maneiras. Eis algumas: a) Coleção de catálogos e folhetos de fabricantes: toda a loja de material de construção ou qualquer site de empresa fabricante de materiais e componentes elétricos têm tais catálogos. b) Aquisição de livros técnicos nas livrarias de sua cidade ou pela internet. c) Consulta a sites especializados na área de Eletricidade, seja de fabricantes, de entidades ou de órgãos governamentais. d) Visita a feiras, a exposições e a eventos técnicos patrocina- dos pelos fabricantes de materiais elétricos em que, além de descobrir as novidades, você pode conhecer outras pessoas do ramo e fazer contatos. ElEtricidadE390 RECApiTuLAndO Neste capítulo, você aprendeu que: a) existem instrumentos de medição analógicos, que baseiam seu fun- cionamento na avaliação dos efeitos físicos causados pela grandeza que está sendo medida; b) existem instrumentos de medição digitais, que convertem a corrente elétrica em sinais digitais por meio de um conversor analógico digital; c) os instrumentos analógicos são de três tipos: eletromagnéticos, como o ferro móvel; eletrodinâmicos, como a bobina móvel; e dinâmicos, como o instrumento ressonante; d) as características básicas dos instrumentos analógicos de medição são: escala e precisão; sensibilidade; posição; e tensão de isolação; e) o multímetro é um instrumento de medição que permite medir difer- entes grandezas elétricas, podendo ser analógico ou digital; f ) por questão de segurança tanto do instrumento como do profissional que o utiliza, o multímetro tem normas padronizadas de construção dadas pelo IEC 10101, que prevê recursos de proteção classificados em quatro categorias (I, II, III e IV), baseadas na distância em que se encontra a fonte de energia e na proteção contra os transientes que venham a ocorrer no sistema; g) os medidores de fornecimento de energia elétrica também podem ser analógicos (eletromecânicos, mais baratos e menos precisos) ou digi- tais (eletrônicos, mais precisos); e h) as tensões são classificadas com base em suas aplicações e conforme sua faixa de tensão. Nossos estudos sobre os conceitos de Eletricidade básica terminam aqui. Mas lembre-se de que há um caminho longo a ser percorrido. Com em- penho, você alcançará seus objetivos profissionais! Siga em frente! 15 Medidas elétricas 391 Anotações: REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, R. O. Circuitos em corrente alternada. São Paulo: Érica, 1997. (Coleção Estude e Use, Série Eletricidade) ANEEL. Usinas hidrelétricas no Brasil. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/gif/ brasil.jpg>. Acesso em: 6 dez. 2011. ANZENHOFER, K. et al. Eletrotécnica para escolas profissionais. 3. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1980. BRIAN, M. Como funciona a eletricidade. Tradução de HowStuffWorks Brasil. Disponível em: <http://ciencia.hsw.uol.com.br/eletricidade.htm>. Acesso em: 7 fev. 2012. BRYSON, B. Em casa: uma breve história da vida doméstica. Tradução de Isa Maria Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. CIPELLI, M.; MARKUS, O. Ensino modular: eletricidade – circuitos em corrente contínua. 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São Paulo: Érica, 2008. MILEAF, H. (Org.). Eletricidade 4. Tradução de Edson Aragão Farqui. São Paulo: Martins Fontes, 1983. ______. Eletricidade 5. Tradução de Edson Aragão Farqui. São Paulo: Martins Fontes, 1983. MORAES, A. A. de; NOVAES, R. C. R.; CAETANO, J. C. Eletricidade básica. São Paulo: SENAI, 1999. 238 p. ______; _______; ______. Análise de circuitos elétricos. São Paulo: SENAI, 2000. 239 p. MUNDO CIÊNCIA. História da eletricidade. Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/ fisica/eletricidade/historiaeletricidade.htm>. Acesso em: 8 fev. 2012. MUNDO EDUCAÇÃO. Corrente elétrica. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/ fisica/corrente-eletrica.htm>. Acesso em: 8 fev. 2012. ______. História da eletricidade. Disponível em: <http://www.mundoeducacao.com.br/fisica/a- historia-eletricidade.htm>. Acesso em: 26 dez. 2011. PORTAL SÃO FRANCISCO. História da eletricidade. 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ANEXO A - TAbElA TRIgONOméTRICA AnGUlO sEnO COssEnO AnGUlO sEnO COssEnO 0° 0,0000 1,0000 45° 0,7193 0,6947 1° 0,0175 0,9998 46° 0,7314 0,6820 2° 0,0349 0,9994 47° 0,7431 0,6691 3° 0,0523 0,9986 48° 0,7547 0,6561 4° 0,0698 0,9976 49° 0,7660 0,6428 5° 0,0872 0,9962 50° 0,7771 0,6293 6° 0,1045 0,9945 51° 0,7880 0,6157 7° 0,1219 0,9925 52° 0,7986 0,6018 8° 0,1392 0,9903 53° 0,8090 0,5878 9° 0,1564 0,9877 54° 0,8192 0,5736 10° 0,1736 0,9848 55° 0,8290 0,5592 11° 0,1908 0,9816 56° 0,8387 0,5446 12° 0,2079 0,9781 57° 0,8480 0,5299 13° 0,2250 0,9744 58° 0,8572 0,5150 14° 0,2419 0,9703 59° 0,8660 0,5000 15° 0,2588 0,9659 60° 0,8746 0,4848 16° 0,2756 0,9613 61° 0,8829 0,4695 17° 0,2924 0,9563 62° 0,8910 0,4540 18° 0,3090 0,9511 63° 0,8988 0,4384 19° 0,3256 0,9455 64° 0,9063 0,4226 20° 0,3420 0,9397 65° 0,9135 0,4067 21° 0,3584 0,9336 66° 0,9205 0,3907 22° 0,3746 0,9272 67° 0,9272 0,3746 23° 0,3907 0,9205 68° 0,9336 0,3584 24° 0,4067 0,9135 69° 0,9397 0,3420 25° 0,4226 0,9063 70° 0,9455 0,3256 26° 0,4384 0,8988 71° 0,9511 0,3090 27° 0,4540 0,8910 72° 0,9563 0,2924 28° 0,4695 0,8829 73° 0,9613 0,2756 29° 0,4848 0,8746 74° 0,9659 0,2588 30° 0,5000 0,8660 75° 0,9703 0,2419 31° 0,5150 0,8572 76° 0,9744 0,2250 32° 0,5299 0,8480 77° 0,9781 0,2079 33° 0,5446 0,8387 78° 0,9816 0,1908 34° 0,5592 0,8290 79° 0,9848 0,1736 35° 0,5736 0,8192 80° 0,9877 0,1564 36° 0,5878 0,8090 81° 0,9903 0,1392 37° 0,6018 0,7986 82° 0,9925 0,1219 38° 0,6157 0,7880 83° 0,9945 0,1045 39° 0,6293 0,7771 84° 0,9962 0,0872 40° 0,6428 0,7660 85° 0,9976 0,0698 41° 0,6561 0,7547 86° 0,9986 0,0523 42° 0,6691 0,7431 87° 0,9994 0,0349 43° 0,6820 0,7314 88° 0,9998 0,0175 44° 0,6947 0,7193 89° 1,0000 0,0000 90° 0,0000 1,0000 mINICURRÍCUlO DO AUTOR Edson Kazuo Ino é Técnico em Eletrônica e atuou na USIMINAS como supervisor de inspeção elétrica. Foi responsável pela modernização e automação de equipamentos eletroeletrônicos, uti- lizando CLP’s, conversores e inversores. Coautor da apresentação do processo de automação no seminário ABM (Associação Brasileira de Metais), em 2007. Na área de ensino, foi autor e coautor no treinamento de inversor de frequência na escola Antonio Souza Noschese – SENAI de Santos. Atualmente, ministra treinamentos de NR10, comandos elétricos, instalações elétricas, inversores de frequência e elabora material e kits didáticos para o curso Técnico de Eletroeletrônica a distân- cia do Programa Nacional de Oferta de Educação Profissional do SENAI – PN-EAD. ÍNDICE A Adimensional 324 Ascarel 278 C Corrente alternada 66 Corrente contínua 66 cos φ 352 Coulomb 78 Curva senoidal 266 D Display 62 F Fissão 68 Força eletromotriz 218 G Galvanômetro 168 I IEC 130 Instrumento analógico 60 l Lúmen 206 n Nanotecnologia 60 P Polarizar 160 s Sensor indutivo 316 Sistema Centímetro-Grama-Segundo 236 Soma algébrica 52 Start 314 T Transiente 380 Trimpot 130 V Valência 46 sEnAI – DEPArTAmEnTO nACIOnAl UnIDADE DE EDUCAçãO PrOFIssIOnAl E TECnOlóGICA – UnIEP Rolando Vargas Vallejos Gerente Executivo Felipe Esteves Morgado Gerente Executivo Adjunto Diana Neri Coordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros sEnAI – DEPArTAmEnTO rEGIOnAl DE sãO PAUlO Walter Vicioni Gonçalves Diretor Regional Ricardo Figueiredo Terra Diretor Técnico João Ricardo Santa Rosa Gerente de Educação Airton Almeida de Moraes Supervisão de Educação a Distância Cláudia Benages Alcântara Henrique Tavares de Oliveira Filho Márcia Sarraf Mercadante Coordenação do Desenvolvimento dos Livros Edson Kazuo Ino Elaboração Henrique Tavares de Oliveira Filho Revisão Técnica Regina Célia Roland Novaes Design Educacional Alexandre Suga Benites Juliana Rumi Fujishima Leury Giacomeli Ilustrações Juliana Rumi Fujishima Tratamento de imagens Delinea Tecnologia Educacional Editoração Barbara Vieira Humberto Pires Junior Revisão Ortográfica e Gramatical Karina Silveira Laura Martins Rodrigues Diagramação i-Comunicação Projeto Gráfico