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DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE TRIBUTO Priscila de Souza Mestre e doutora PUC/SP PREMISSAS • Neopositivismo Lógico - Linguagem descreve a realidade • Giro Linguístico - Linguagem constitui a realidade TEORIA GERAL DO DIREITO FILOSOFIA DO CONHECIMENTO CONSTRUCTIVISMO LÓGICO-SEMÂNTICO • Teoria Comunicacional do Direito: Direito como um sistema comunicacional • Não há direito sem linguagem (texto) ➢ Escola que trabalha com a atribuição de sentido às estruturas dos textos jurídicos (DP/CD) ➢ Toma o Direito (objeto) como um fenômeno comunicacional, utilizando-se da Semiótica para compreensão do seu objeto. • Lógico: análise estrutural da norma jurídica • Semântico: significação dos termos CONHECIMENTO E REALIDADE Visão antropocêntrica n Naturais E, -V Culturais E, V Metafísicos -E, V Ideais -E, - V SISTEMA DE REFERÊNCIA NJ NJ NJ NJ NJ • PRINCÍPIO UNIFICADOR: Norma Hipotética Fundamental (NHF) - unidade de fechamento do sistema • Direito é um sistema comunicacional dotado de programas e códigos • ELEMENTOS: Normas Jurídicas (NJ) SISTEMA JURÍDICO: conjunto integrado por elementos que se interrelacionam mediante regras, em torno de um princípio unificador. • ESTRUTURA: conjunto de regras que informa o relacionamento dos elementos do sistema NHF NJ PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO DIREITO POSITIVO DIREITO POSITIVO → REALIDADE SOCIAL → → → Valores Valores RELAÇÃO ENTRE CORPOS DE LINGUAGEM Sociedade Ciência do Direito Direito Positivo Sociedade DIREITO POSITIVO E CIÊNCIA DO DIREITO DIREITO POSITIVO CIÊNCIA DO DIREITO Linguagem objeto Metalinguagem Linguagem prescritiva Linguagem descritiva Linguagem técnica Linguagem científica Objeto: realidade social (relações sociais intersubjetivas) Objeto: direito positivo (enunciados prescritivos) Lógica deôntica (dever-ser) Princípio da Imputação Lógica alética/clássica (ser) Princípio da Causalidade Válido/Não-válido Verdadeiro/Falso Admite contradição Não contradição DIMENSÕES SEMIÓTICAS APLICADAS AO DIREITO ➢ SINTAXE. Estuda a relação dos signos (normas) entre si, sob dois ângulos: • Formação: os signos se relacionam mediante regras para formar expressões. Ex: D(H → C) • Derivação: de uma expressão podem derivar-se outras. Ex. N1 → N2…(fundamento de validade, incidência) ➢ SEMÂNTICA. Estuda a relação do signo (norma) com o seu significado (objeto) Ex. O Direito Positivo se ocupa da relação entre a norma jurídica e as condutas por ele reguladas. ➢ PRAGMÁTICA. Estuda a relação do signo (norma) com os seus usuários ou intérpretes. Ex. A aplicação como resultado da interpretação da norma jurídica pelos tribunais. PERCURSO GERADOR DE SENTIDOS NO DIREITO xxx, yyyS1- Plano de Expressão: ▪ enunciados prescritivos (Lei) ▪ enunciados descritivos (Doutrina) D(H C) N1 N2 N3 N4 S2- Plano Proposicional • Normas em sentido amplo (Significações isoladas) Ex. A alíquota é de 2% S3- Plano Normativo Normas em sentido estrito (com significação deôntica) Ex. RMIT S4- Plano de Sistematização Vínculos normativos de Coordenação/Subordinação NORMA JURÍDICA • É significação construída pelo intérprete (no DP → resultado da aplicação; na CD → estudo do DP) a partir dos enunciados prescritivos do Direito Positivo • DP: caráter prescritivo CD: caráter descritivo • DP: válida/não-válida CD: verdadeiro/falso • Em sentido estrito: juízo hipotético-condicional D(H ->C) • Por ser uma expressão linguística pode ser estudada pelas dimensões da semiótica: sintaxe, semântica e pragmática NORMA JURÍDICA SENTIDO AMPLO Significação construída a partir de enunciados prescritivos do direito posto, sem sentido deôntico (proposições isoladas). Ex.: A alíquota é de 5%. (planos S1 e S2) O Brasil é uma República Federativa SENTIDO ESTRITO Significação construída na forma hipotético-condicional, a partir de enunciados prescritivos com sentido deôntico (proposições estruturadas). Ex.: RMIT (planos S3 e S4) S é P D (H C) NORMA JURÍDICA • NORMA PRIMÁRIA (caráter material) Aquela que prescreve um dever caso se concretize o fato descrito na hipótese normativa D {H → R(S1.S2)} • Norma primária dispositiva: aquela que tipifica um ato/fato lícito na hipótese. D[H → R(S1.S2)] • Norma primária sancionadora: aquela que prescreve uma sanção de direito material (sanção administrativa), caso haja descumprimento da norma primária dispositiva. Ex.: multa pelo não pagamento de tributo D{[H → R1(Sa.Sp)] . [(-R1) → R2 (Sa.Sp)]} NORMA JURÍDICA • NORMA SECUNDÁRIA (caráter processual) Aquela que descreve, na sua hipótese, o descumprimento da conduta prescrita no consequente da norma primária, instaurando, no seu consequente, uma sanção a ser aplicada pelo Estado-Juiz. D{[H → R1(Sa.Sp)] . [(-R1) → R3(Se.Sa)]} NORMA JURÍDICA COMPLETA PRIMÁRIA (1ªD+ 1ªS) + SECUNDÁRIA D{[(H→R1(sa.sp)] . [(-R1 → R2(sa.sp)] v [(-R1vR2 → R3(Se.Sa)] Prim. Dispositiva Prim. Sancionador Secundária (material) (material) (processual) “As duas entidades que, juntas, formam a norma completa, expressam a mensagem deôntico-jurídica na sua integridade constitutiva, significando a orientação da conduta, juntamente com a providência coercitiva que o ordenamento prevê para seu descumprimento. “ (PBC) CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA • NGA: descreve abstratamente, na Hipótese, um fato (futura ocorrência), e prescreve, no Consequente, a relação jurídica que deverá se instaurar, caso esse fato se concretize. Enunciado conotativo (classes genéricas) Ex. RMIT • NGC: descreve concretamente, na Hipótese, um fato (ocorrência pretérita), e prescreve, no Consequente, uma conduta modalizada que deverá ser obedecida por todos (geral). Ex. NVI • NIC: descreve concretamente, na Hipótese, um fato (ocorrência pretérita), e prescreve, no Consequente, a relação jurídica imputada àquele fato (individual). Enunciado denotativo (indica os elementos das classes). Ex. Lançamento tributário • NIA: descreve abstratamente, na Hipótese, um fato (ocorrência futura), e prescreve, no Consequente, a relação jurídica imputada àquele fato, caso se concretize. (individual). Ex. Resposta à consulta fiscal RMIT • Norma que estipula a incidência do tributo • Norma jurídica em sentido estrito D(H → C) • NGA – estabelece grupos/classes para H e C (enunciados conotativos) • Norma de conduta (atinge diretamente a conduta, regulando-a) • Norma primária dispositiva (caráter material) • Significação construída a partir de enunciados prescritivos do direito positivo Norma jurídica tributária padrão RMIT H (hipótese) C (consequente) Critério material (v+c) Critério espacial Critério temporal Critério pessoal (Sa, Sp) Critério quantitativo (bc, al) RMIT - ESTRUTURA ESTRUTURA DA RMIT • HIPÓTESE: descreve as características de um fato de possível ocorrência (futuro) ➢ Critério Material: descreve uma ação/estado Ex. Prestar serviços; ser proprietário de imóvel no Município X ➢ Critério Espacial: delimita o local do evento • Pontual: aponta um local específico (repartição alfandegária) • Regional: áreas específicas (Zona Franca) • Territorial: coincide com a vigência territorial (Município) • Universal: extrapola o campo de vigência territorial (renda no exterior) ➢ Critério Temporal: permite identificar o momento da ocorrência do evento (tempo no fato) ESTRUTURA DA RMIT • CONSEQUENTE: prescreve a relação jurídica imputada àquele fato descrito na Hipótese (geral) ➢ Critério Pessoal: identifica os sujeitos da relação • Sujeito Ativo: direito de exigir o crédito • Sujeito passivo: dever de cumprir a obrigação ➢ Critério Quantitativo: $ • Base de cálculo (NGA)/base calculada (NIC) • Alíquota:percentual TRIBUTO (CTN) Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. • prestação pecuniária: valor econômico ($) • compulsória: conduta obrigatória (P, O, V) • em moeda: $ (econômico) • ou cujo valor nela se possa exprimir: se tem valor econômico, pode ser expresso em $. Ex.: o trabalho (Crítica: nem todos os trabalhos realizam o conceito de tributo. Ex. serviço militar, mesário, jurado) • que não constitua sanção por ato ilícito: o fato previsto em lei deve lícito (não pode ser sanção. Ex. multa) • instituída em lei: ex lege, para diferençar da ex voluntate. Art. 5°, II, (P. Legalidade e art. 150, I, (P. da Estrita Legalidade), ambos da CF. • cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: Crítica: Somente o crédito tributário constituído pelo Lançamento pode ser considerado “atividade administrativa plenamente vinculada”. Existem outras formas de constituição do crédito: autolançamento/sentença. CONCEITO DE TRIBUTO Art. 113, CTN: A obrigação tributária é principal ou acessória § 1º. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária ... § 2º. A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas... §3º. A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal ➢ Críticas ao art. 113, CTN • Art. 3°, CTN: diz que a obrigação tributária é sempre patrimonial $ • Obrigação acessória ≠ Tributo (não tem natureza obrigacional tributária por ser “não- patrimonial”; obrigação de fazer, não de dar) • Não segue a principal: trata-se de norma de dever instrumental (NJ autônoma) • Não pode ser convertida em obrigação patrimonial ($) por faltar-lhe conteúdo dimensível em valor econômico. • Separa o nascimento da obrigação tributária do crédito tributário (Teoria Clássica): 1. Obrigação Tributária nasce com o “fato gerador” (incidência → obrigação) 2. Crédito tributário nasce com o “lançamento” (aplicação → crédito) ACEPÇÕES DE TRIBUTO 1. COMO QUANTIA EM DINHEIRO Refere-se ao objeto da prestação ou ao conteúdo dever jurídico cometido ao sujeito passivo, indicado por uma soma em $. Ex. Art. 166, CTN (restituição) 2. COMO PRESTAÇÃO CORRESPONDENTE AO DEVER JURÍDICO DO SUJEITO PASSIVO Refere-se ao comportamento exigido de PF ou PJ. Ex. Art. 3°, CTN (prestação pecuniária compulsória) Sa $ Sp Direito subjetivo Dever jurídico ACEPÇÕES DE TRIBUTO 3. COMO DIREITO SUBJETIVO DO SUJEITO ATIVO Sa $ Sp Direito subjetivo Dever jurídico 4. COMO SINÔNIMO DE RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA Tributo como a obrigação tributária (relacional) instalada por força da regulação deôntica. Sa $ Sp Direito subjetivo Dever jurídico 5. COMO NORMA JURÍDICA TRIBUTÁRIA QUE INSTITUI O TRIBUTO: RMIT (NGA) D (H → C) 6. COMO NORMA JURÍDICA QUE CONSTITUI O FATO JURÍDICO E INSTAURA A RELAÇÃO JURÍDICA: LANÇAMENTO (NIC) D[FJ → RJ (Sa. Sp)] priscila@ibet.com.br @pringlesouza Slide 1: DIREITO TRIBUTÁRIO E CONCEITO DE TRIBUTO Slide 2: PREMISSAS Slide 3: CONHECIMENTO E REALIDADE Visão antropocêntrica Slide 4: SISTEMA DE REFERÊNCIA Slide 5: PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO DIREITO POSITIVO Slide 6 Slide 7: DIREITO POSITIVO E CIÊNCIA DO DIREITO Slide 8: DIMENSÕES SEMIÓTICAS APLICADAS AO DIREITO Slide 9: PERCURSO GERADOR DE SENTIDOS NO DIREITO Slide 10: NORMA JURÍDICA Slide 11: NORMA JURÍDICA Slide 12: NORMA JURÍDICA Slide 13: NORMA JURÍDICA Slide 14: NORMA JURÍDICA COMPLETA Slide 15: CLASSIFICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA Slide 16: RMIT Slide 17 Slide 18: ESTRUTURA DA RMIT Slide 19: ESTRUTURA DA RMIT Slide 20: TRIBUTO (CTN) Slide 21: CONCEITO DE TRIBUTO Slide 22: ACEPÇÕES DE TRIBUTO Slide 23: ACEPÇÕES DE TRIBUTO Slide 24 Slide 25