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ANÁLISE ESTRATÉGICA DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Prof. Demétrio de Mendonça Júnior AULA 1 INTRODUÇÃO O Ciclo de Vida do Produto (a par r daqui CVP) é algo muito abordado pela literatura de marke ng, ganhando importância por auxiliar no gerenciamento do produto ou do por ólio de produtos de uma empresa. Você já ouviu falar dessa ferramenta? Pois bem, muitos gestores e profissionais de marke ng desenvolvem suas habilidades para gerenciar de forma eficaz o ciclo de vida dos seus produtos, a fim de minimizar as possíveis perdas relacionadas a um por ólio ou catálogo obsoleto (ou seja, que não atende as demandas do mercado). Portanto, conhecer os limites de cada estágio do CVP é essencial para o desenvolvimento de estratégias eficazes e, consequentemente, o gerenciamento dos produtos. Compreender o CVP é essencial para o gerenciamento das estratégias de marke ng e de vendas em um negócio. Por isso, muitas vezes os produtos são comparados a seres vivos, por passarem por diferentes estágios em sua vida nos mercados aos quais atende demandas e necessidades. Sendo assim, os produtos nascem, crescem, a ngem a maturidade e entram em declínio logo em seguida. No entanto, é importante destacar que, diferente dos seres vivos, as organizações podem desenvolver estratégias para manter o produto na fase de maturidade, por exemplo, que é a que mais possibilita os retornos para a empresa. Para isso, a empresa precisa conhecer o mercado para o qual oferta seus produtos e isso pode ser feito no processo de segmentação e posicionamento. Esse processo possibilita o gerenciamento eficaz do CVP, já que se conhece o mercado no qual atua. Tendo isso em mente, será explorado, a seguir, os limites do CVP, como também os processos que o amparam. Alguns modelos atuam como base para o entendimento do CVP, como o de Levi , mas é importante ponderar que existem outros entendimentos acerca do CVP. Bons estudos! TEMA 1 – O MODELO DE THEODORE LEVITT O Ciclo de Vida do Produto (a par r daqui chamado de CVP) é u lizado como uma ferramenta de gerenciamento de um produto ou de um por ólio de produtos, que possibilita conhecer o comportamento de mercado em relação a uma determinada oferta. Esse CVP acompanha, portanto, a trajetória do produto por meio de ciclos/estágios/etapas, que fornecem informações para que a empresa possa desenvolver estratégias viáveis para cada ciclo. Um 3 gerenciamento eficaz do CVP é aquele que consegue ajustar as estratégias do negócio aos diferentes estágios do ciclo do produto O monitoramento do CPV influencia diretamente a tomada de decisões, já que há conhecimento das diferentes taxas de crescimento e/ou declínio do produto (ou seja, demanda). Essas informações possibilitam a avaliação de tendências de uma oferta por meio da análise histórica da projeção de vendas, o que permite a o mização da vida de um produto com a tomada de decisão adequada a cada fase. Kotler (2000) ajuda a sustentar a ideia do CVP, ao entender que: • Os produtos possuem tempo limitado de vida; • As vendas dos produtos passarão por ciclos, com diferentes oportunidades e ameaças a serem visualizados; • O lucro dessa venda também varia entre os ciclos; • As estratégias do negócio (Marke ng, Finanças, Produção, Compras e RH) devem ser adequadas a cada estágio. Com isso em mente, o primeiro modelo do CVP foi desenvolvido por Theodoro Levi (1986), que reconhece quatro estágios que ocorrem, conforme apresenta a Figura 1: Figura 1 - Modelo do Ciclo de Vida do Produto de Levi Créditos: Iamnee/Shu erstock. 4 O primeiro estágio é o da Introdução (Introduc on/development), que é caracterizado pela inserção de um novo produto no mercado, o que o autor caracteriza como desenvolvimento de mercado. Esse desenvolvimento acontece antes que haja uma demanda efe va pelo produto, o que faz com que as vendas sejam baixas e a receita insuficiente para gerar lucros. As vendas avançam de forma lenta, mas vão crescendo na medida que a empresa se concentra na criação de demanda, promovendo estratégias de comunicação para o produto. No estágio de Crescimento (Growth), a demanda começa a crescer e a aceitação do produto no mercado se expande rapidamente. As receitas e os custos passam a ganhar equilíbrio. Os esforços se concentram na o mização da produção para expandir ainda mais o mercado e “decolar” na exploração de todos os potenciais mercados. A empresa se concentra, então, na busca pela consolidação, já que o concorrente pode agir rapidamente. Novos atributos para o produto podem ser oferecidos aos consumidores a fim de atraí-los (Oliveira et al., 2012). A Maturidade (Maturity) é alcançada no momento que o mercado potencial está saturado, sendo este o primeiro sinal desse estágio. O produto agora compete com intensidade, a distribuição é intensificada e o preço é compe vo no mercado de atuação. É o momento que a empresa alcança o pico nas suas vendas. Os esforços posi vos de revendedores e distribuidores são demandados para que o produto possa ser distribuído de forma intensificada. A empresa se empenha para diferenciar os atributos do produto ou até mesmo criar extensões de marcas, para que o estágio de maturidade se mantenha por mais tempo em diferentes segmentos de mercado. O úl mo estágio proposto por Levi é o Declínio (Decline), que se inicia no final da fase de maturidade. A demanda cai severamente e produtos subs tutos são inseridos no mercado. Os esforços da empresa estão concentrados nos inves mentos de recuperação do produto ou no gerenciamento da sua subs tuição, para fazer com que os clientes migrem para outros produtos da mesma empresa. Toda a operação da empresa precisa de uma reorganização, já que é necessário a adequação de insumos, matéria-prima e distribuição para o produto subs tuto (Oliveira et al., 2012). É importante destacar que cada estágio do CVP demanda uma estratégia de marke ng diferente associada aos 4P’s. No entanto, para que isso aconteça, o marke ng deve primeiramente direcionar a atenção para o processo de 5 segmentação, seleção de mercados-alvo e posicionamento. A figura 2 mostra como funciona esse processo. Figura 2 – Processo de Posicionamento Fonte: adaptado de Kotler e Keller, 2012. A figura mostra, portanto, que primeiro os esforços são direcionados para a seleção de um ou mais mercados-alvo (segmentação), seguido pela iden ficação e seleção dos mercados para atuar e, por fim, a definição de uma posição compe va (posicionamento). Após essas definições, passa a ser possível desenvolver um composto de marke ng para cada etapa da vida do produto, a fim de atender com eficácia o(s) segmento(s) escolhidos. Saiba mais Um ar go apresentado no Congresso Brasileiro de Custos, no ano de 2001, apresenta uma discussão interessante sobre a relação do ciclo de vida do produto e os elementos estratégicos da organização, como Vantagem Compe va, Posicionamento Estratégico, Criação de Valor e os Custos relacionados ao gerenciamento do CVP. A discussão teórica apresentada no estudo pode contribuir com o gerenciamento do CVP e possibilitar uma maior aproximação da teoria e da prá ca. Leia mais em: <h ps://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/ar cle/view/2942/2942#>. Acesso em: 16 ago. 2021. Segmentação de mercado Iden ficar as variáveis de segmentação e segmentar o mercado Desenvolver os perfis dos segmentos resultantes Mercado-alvo Iden ficar a atra vidade de cada segmento Selecionar o(s) segmento(s)-alvo Posicionamento Iden ficar os possíveis conceitos de posicionamento para cada segmento-alvo Selecionar, desenvolver e comunicar o conceito de posicionamento escolhido 6 TEMA 2 – O MODELO DE FOX Como visto anteriormente, a segmentação é base para o gerenciamentodo CVP. Compõe a fase de pesquisa de mercado, em que a empresa determina públicos específicos de acordo com suas preferências. Kotler e Fox (1994) explicam que a segmentação acontece de acordo com essas preferências dos consumidores, que podem ser classificadas de três formas, segundo a Figura 3. Figura 3 – Segmentação de mercado segundo as preferências dos consumidores Segundo Kotler e Fox (1994), os consumidores podem ser classificados por meio de suas preferências homogêneas, difusas e conglomeradas. Como homogêneas, entende-se aquelas preferências semelhantes em relação aos atributos de um produto. Logo, o mercado não se separa em grupos de forma natural, o que faz com que as ofertas sejam semelhantes. As preferências difusas dizem respeito às par cularidades das necessidades e desejos dos consumidores, ou seja, não há uma área de concentração que torna os consumidores ou grupos de consumidores homogêneos. As preferências difusas se opõem, portanto, às preferências homogêneas, o que demanda um número diversificado de ofertas para sa sfazer esse mercado heterogêneo. Como intermediárias das preferências mencionadas anteriormente, as conglomeradas fazem com que os consumidores se separem em grupos com preferências comuns. Esses grupos são formados de maneira natural, ou seja, os segmentos se formam independentemente dos esforços de segmentação da empresa, de acordo com as necessidades similares. 7 Assim, as marcas podem estabelecer estratégias diferentes para se posicionar diferentemente no mercado em que está inserido, de acordo com as preferências dos consumidores. É válido destacar que uma empresa raramente consegue atender todos os mercados, o que exige um conhecimento aprofundado do mercado-alvo no qual deseja atuar. Isso só é possível por meio do processo de segmentação, que faz com que as a vidades da empresa sejam direcionadas para um nicho do mercado formado por consumidores potenciais. Saiba mais Veja uma figura que representa as diferenças entre mercado-alvo, mercado potencial e mercado total: <h p://www.producao.ufrgs.br/arquivos/disciplinas/415_cap_6_fig_definicaomerc ados.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2022. Entenda melhor o processo de segmentação de mercado, seleção de mercado-alvo e posicionamento compe vo em detalhes, no documento disponibilizado pelo SEBRAE: <h ps://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ar gos/segmentacao-e-selecao de-seu- publico,cd2936627a963410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 16 mai. 2022. TEMA 3 – MODELO DE WASSON Como visto na primeira sessão, os produtos passam por ciclos que vão determinar as estratégias a serem desenvolvidas pela empresa. O tempo de permanência em cada um dos ciclos pode variar conforme as tá cas aplicadas ao mercado, mas geralmente é di cil determinar ou prever a duração desses períodos ou a mudança de ciclo. No entanto, existem atributos do produto que podem influenciar o seu “comportamento” no mercado em que atua. Esses atributos podem ser entendidos como categorias adicionais para o CVP, sendo caracterizados pelo es lo, moda e moda passageira ou modismo (Wasson, 1968; Tomei; Lerner, 1997). • Es lo: modo básico e dis nto de expressão, que pode durar anos, entrando e saindo do auge em vários momentos. Exemplos de es lo são as casas coloniais, ranchos e es los modernos de construção. 8 • Moda: nada mais é do que um es lo, uma tendência aceita em um determinado local, ambiente, campo. Geralmente, tendem a crescer lentamente, permanecer populares por um certo tempo e depois declinar lentamente. Como exemplo, novos automóveis, que possuem atributos suficientes para o ano em que são lançados, que acabam ficando pequenos demais, menos confortáveis etc. • Moda passageira ou modismo: o modismo apresenta um ciclo de vida mais curto dos produtos, já que é aceito por um número menor de seguidores. Chama a atenção daqueles consumidores que gostam de se manter atualizados, em relação a um atributo do produto. Não alcança o status de moda por não sa sfazer uma necessidade forte ou por ser insuficiente para virar tendência em um determinado mercado. Os nomes nas latas de refrigerante representam um po de atributo com o status de modismo. A figura 4 demonstra a representação gráfica sobre os três ciclos que compõem a vida de um produto. Figura 4 – Es lo, moda e modismo do produto Fonte: Kotler e Keller, 2006, p. 318. O principal obje vo das empresas é desenvolver estratégias que façam com que os ciclos sejam maiores, já que o lançamento de produtos e até mesmo o aprimoramento dos atributos que o compõem demandam o direcionamento de recursos, que devem ser maximizados pela comercialização dos produtos. Portanto, a gestão de marke ng deve ser coerente com o ciclo de vida do produto, a fim de minimizar prejuízos e maximizar os retornos oriundos dos inves mentos no produto ou nos seus atributos. 9 Saiba mais Entenda melhor sobre as categorias es lo, moda e modismo presentes no CVP, no ar go “Ciclo de vida do produto “Design Thinking”: Uma análise da difusão do conceito de “Design Thinking, sob a ó ca do ciclo de vida de um produto”, e sua aplicação dentro do “Design Thinking”. O ar go explica como deve acontecer o gerenciamento de cada uma dessas fases e exemplifica em quais pos de produto pode acontecer. Leia mais em: <h ps://www.e publicacoes.uerj.br/index.php/arcosdesign/ar cle/view/14099>. Acesso em: 16 ago. 2021. TEMA 4 – MODELO DE ANDERSON E ZEITHAML Anderson e Zeithaml (1984) avançam na compreensão do ciclo de vida do produto (product life cycle - PLC) para compreender quais fatores levam ao aumento do desempenho de um negócio (desempenho entendido como par cipação de mercado e retorno sobre o inves mento – ROI). Para os autores, o ciclo de vida também é composto por quatro fases, assim como em Levi (1986), sendo a fase da Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio. A proposta do estudo de Anderson e Zeithaml (1984) não é, portanto, discu r quais os estágios que fazem parte do CVP, mas sim ressaltar que existem caracterís cas ambientais e organizacionais que influenciam significa vamente as estratégias em cada estágio do CVP que devem ser levadas em conta. Da mesma forma, parte-se do pressuposto que cada estágio do CVP também influencia a estratégia do negócio. Portanto, para cada estágio do CVP, mudanças estratégicas devem ser efe vadas para que esse estágio alcance o desempenho sa sfatório. O estudo fornece uma visão geral para o pensamento estratégico em cada estágio do CVP, sendo esta a principal contribuição da pesquisa. O Quadro 1 mostra a revisão feita pelos autores que inclui as principais variáveis estratégicas associadas a cada estágio do CVP. 10 Quadro 1 – Variáveis estratégicas do CVP Introdução Crescimento Maturidade Maturidade (Cont.) Declínio Hofer (1975) • Novidade do produto • Percentual de mudança tecnológica na concepção do produto • Necessidade do cliente • Frequência da compra Rumelt (1979) • Preço • Performance do produto • Acesso a canais de distribuição • Adequação da produção com os segmentos • Eficiência na produção e venda • Economia de escala Hofer (1975) • Necessidade do cliente • Percentual de mudança tecnológica na concepção do produto • Grau da segmentação de marke ng • Relação do custo de distribuição para produção (valor adicionado) Buzzel & Wiersema (1981) (Construir estratégia de crescimento na par cipação de mercado) • Aumentar novos produtos (a vidade) • Melhoria na qualidade do produto • Aumentar as despesas de força de vendas, propaganda para promoção de vendas rela vas ao crescimento e par cipação de mercado Hofer (1975) • Lealdade do cliente• Grau de diferenciação do produto • Elas cidade do preço/demanda • Par cipação de mercado da empresa • Qualidade do produto • Tamanho da planta/produção • Propaganda • Alto preço dos produtos • Distribuição Hay & Ginter (1981), Wind (1981) • Propaganda reforçando as vantagens do produto • Modificação e melhoramento do produto • Larga distribuição Hay & Ginter (1981), Wind (1981) • Propaganda reforçando a diferenciação do produto • Diferenciação do produto • Queda do preço • Número de canais de venda começa a reduzir Hamermesh & Silk (1979) (Indústrias estagnadas) • Iden ficar criar e explorar segmentos em crescimento • Enfa zar a qualidade do produto e inovação de melhoramento do produto • Sistema camente e consistentemente aumentar a eficiência do produto e sistemas de distribuição • Melhorar a produção, processo e custos baixos Hay & Ginter (1979), Wind (1981) • Queda na importância da propaganda • Diversificação de produto • Queda no número de canais de venda Hambrick e cols. (1982) • Ênfase no crescimento da empresa • Planta e equipamento novo (novidadade) • Intensidade de capital • Produ vidade dos funcionários • Despesas e produção, PD e marke ng • Novos produtos Hall (1980) • Alcançar um baixo custo de entrega com uma aceitável qualidade e polí ca de preço para ter um volume de vendas e crescimento de mercado • Alcançar a melhor posição em relação ao produto/serviço/qualidad e em comparação com os concorrentes Hambrick e cols. (1982) • Capacidade de u lização (ociosidade) Harrigan (1979) • Abordagem con ngencial enfa zando a estrutura da indústria e compe vidade (forças e fraquezas) MacMillan e cols. (1982) • Intensidade de capital e custo de produção reduz lucro • Evitar PD de produto • Evitar despesas com força de vendas • Preço diferenciado (alto) aumenta o lucro Hamermesh, Anderson & Harris (1978) (Baixa par cipação de negócio) • Segmentação • Eficiência no uso de PD • Baixa ênfase no crescimento da par cipação de mercado MacMillan e cols. (1982) • Ênfase na produ vidade dos funcionários, capacidade de u lização (equipamento) e qualidade do produto • Intensidade de capital e custo de produção reduz margem (lucro) • Evitar PD de produto • Evitar despesas e marke ng • Preço diferenciado aumenta lucro (retorno) Fonte: adaptado de Anderson e Zeithaml, 1984 (tradução livre). 11 Saiba mais Saiba mais sobre os modelos analisados no Tema 4 e nos temas anteriores na apresentação de Francisco Rodrigues Gomes, que analisa o ciclo de vida dos produtos relacionados à inovação: <h ps://pt.slideshare.net/fgomes11/modelo-de estrategia- e-inovaao-case-havaianas-atraves-do-modelo-dei>. Acesso em: 16 ago. 2021. Você conhecerá como o ciclo de vida dos produtos pode se relacionar em um mesmo modelo teórico com a inovação e sua difusão, a fim de fornecer orientação para o gerenciamento de inovações em diferentes estágios de vida. TEMA 5 – MODELO DE COX Nos temas anteriores, foi possível visualizar que há um certo consenso acerca dos estágios do ciclo de vida de um produto. A literatura de marke ng mostra que os estágios de Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio fazem parte do CVP e é imprescindível determinar os ciclos do produto ou do por ólio de produtos da empresa e dos concorrentes para que o planejamento e controle do produto sejam alinhados aos obje vos estratégicos. Assim, os ciclos de vida do produto podem ser determinados e atuar como modelos para a gestão das ações de marke ng. No entanto, os conceitos de CVP mostram que muitas das vezes a análise do estágio da vida do produto é feita de forma subje va, por meio da análise da evolução da comercialização do produto. Cox (1967) propõe que essa análise pode ser feita de forma obje va, por meio da medida de vendas ao longo do tempo. A proposta do autor busca suprir justamente os problemas encontrados nas medições subje vas do CVP, por meio da coleta de dados empíricos que possibilitam a formulação de modelos do CVP já desenvolvidos pela literatura existente. A pesquisa contou com empresas do segmento farmacêu co, já que o por ólio de produtos possui caracterís ca universal, ou seja, os mesmos produtos podem ser consumidos em todos os lugares do mundo. O autor ressalta que nesse segmento existem modelos de produtos que passam pela fase de Introdução e alcançam o sucesso (maturidade), mas também existem produtos que são re dos quando inseridos no catálogo e chegam ao Declínio com certa facilidade. Logo, assim como nos modelos anteriores, o modelo de Cox também assegura que a vida ú l de um 12 produto no mercado é definida pelo período de tempo entre a sua introdução e sua re rada. Assim, para conseguir a obje vidade na determinação do CVP na indústria farmacêu ca, Cox (1967) avalia os estágios da seguinte forma: • Introdução: período de tempo entre o nascimento de um produto no catálogo e seu nascimento comercial. Na indústria farmacêu ca, esse prazo é curto, com média de duração de um mês para os produtos avaliados. • Crescimento: período de tempo entre a Introdução e a receita mensal máxima do produto. O tempo médio no estágio de crescimento pode ser de seis meses. Pra camente todos os produtos (95%) a ngem a receita máxima trinta meses após a Introdução no mercado. Se os dois primeiros estágios forem combinados, o tempo médio entre a inserção do catálogo e a receita mensal máxima é de apenas sete meses. • Maturidade: consiste no período de tempo entre a receita mensal máxima e a morte comercial (que ocorre quando a receita mensal cai para 20 ou 10 por cento da receita mensal máxima). O intervalo de tempo médio entre a receita mensal máxima e a morte comercial é de quinze meses sob a regra de 20 por cento de morte e vinte meses sob a regra de 10 por cento. Se os intervalos de tempo mediano para os três primeiros estágios forem combinados, o tempo médio entre a inserção no catálogo e a morte comercial é de vinte e dois meses sob a regra dos 20 por cento e vinte e seis meses sob a regra dos 10 por cento. Um medicamento pico estará, portanto, comercialmente morto apenas dois anos após sua introdução no mercado. • Declínio: definido como o período de tempo entre a morte comercial e a morte do catálogo. Apenas uma pequena proporção (aproximadamente 2 por cento) dos produtos que a ngiram o óbito comercial também alcançou o óbito por catálogo durante o estudo, resultando em dados insuficientes para determinar a duração do estágio de Declínio para a indústria farmacêu ca. Com base nas evidências, parece provável que a duração média desse estágio seja maior do que os outros três estágios combinados. A baixa incidência de mortes por catálogo indica que, se um medicamento a nge a Introdução, é virtualmente certo que permanecerá na linha de produtos, independentemente de seu nível subsequente de sucesso. 13 Ainda na tenta va de demonstrar graficamente o ciclo de vida dos produtos na indústria farmacêu ca, determina que a curva tradicional do CVP (curva em forma de parábola) foi feita para aqueles produtos que não cumprem com a missão para a qual foi projetado, que é encontrar um nicho, crescer e se manter maduro no mercado (gerando lucro) (Cox, 1967). Portanto, o autor ainda analisa outros pos de curvas que representam os produtos da indústria farmacêu ca. A Figura 5 mostra a representação gráfica desenvolvida por Cox (1967). Figura 5 - Tipos de curvas do CVP na indústria farmacêu ca Fonte: Cox, 1967. É possível perceber que seis pos de curvas foramnecessários para representar os produtos (258 produtos que já foram introduzidos no mercado) da indústria farmacêu ca. As fórmulas não serão analisadas nesse momento. Como mencionado anteriormente, a curva tradicional (Tipo 1) diz respeito àqueles produtos que não alcançam seu obje vo no por ólio de produtos, que é permanecer gerando lucros e não alcançar o estágio do declínio. A curva do Tipo 2 representa os produtos que alcançam sua missão, que é de gerar cada vez mais vendas desde o seu estágio de Introdução. Já os produtos representados pela curva do Tipo 3 acabam sendo re rados do por ólio, pois alcançam o estágio de declínio rapidamente e não fornecem retornos das vendas em nenhum outro estágio, a não ser durante sua Introdução no mercado. Os produtos do Tipo 4 possuem linearidade 14 nas suas vendas em todos os estágios do ciclo de vida, o que exige da organização tomadas de decisões asser vas para manter ou não esse produto no por ólio. O Tipo 5 refere-se àqueles produtos que alcançam o Crescimento repen no, logo após sua Introdução, mas que acaba indo ao Declínio sem chegar à maturidade. A empresa investe seus esforços no composto de marke ng (mix de marke ng ou 4P’s) para a recuperação do produto na fase as vendas decrescem. Para os produtos da curva do Tipo 6, o gerenciamento das ações de marke ng acabe sendo um pouco mais complexo. Os produtos passam por amplitude das oscilações temporais, o que demanda rápidas ações para recuperação de suas vendas. É importante destacar que um produto pode passar de uma curva para outra, o que depende das ações da empresa para recuperação das vendas, se for esse o caso. Da mesma forma, a importância e o interesse no gerenciamento das curvas do produto ou por ólio de produtos (ou seja, CVP) se dá pelo potencial de previsibilidade recorrente da análise. As vendas podem ser es madas já que o crescimento ou a queda das vendas pode ser previsto, a duração de cada estágio pode ser gerenciada e o resultado derivado das vendas dos produtos (ou seja, a par cipação de mercado) pode ser es mado. A análise do ciclo de vida do produto pode, portanto, fornecer a base para o desenvolvimento de modelos de desenvolvimento de mercado e facilitar a adoção de um sistema abrangente para o planejamento e controle do produto na empresa. Nesta aula, muitos modelos foram apresentados para entender o funcionamento e gerenciamento do CVP. As etapas de Introdução, Crescimento, Maturidade e Declínio foram conceituadas, juntamente com um entendimento dos processos que amparam o gerenciamento de cada uma dessas fases, como a segmentação, seleção do mercado-alvo e o posicionamento. Categorias presentes no CVP também foram exploradas, sendo elas o es lo, a moda e o modismo. Abordagens que avançam no entendimento do CVP foram trazidas, como o modelo que explora quais fatores que levam ao aumento do desempenho de um negócio no gerenciamento do CVP. Por fim, mas não menos importante, explorou-se um modelo empírico que busca tornar o gerenciamento do CVP mais obje vo, já que os achados anteriores foram considerados subje vos. Com todo esse entendimento, é dada a importância da compreensão dos limites que envolvem os estágios da vida de um produto, uma vez que, se bem gerenciado, a empresa pode ser capaz de desenvolver posições compe vas para 15 suas ofertas de mercado. Além de trazer retornos sa sfatórios para a empresa, essas posições compe vas podem gerar o valor que o mercado sempre busca. Portanto, um bom gerenciamento do CVP com o desenvolvimento de ações estratégias para cada estágio podem ser suficientes para que a empresa alcance os obje vos almejados. 16 REFERÊNCIAS ANDERSON, C. R.; ZEITHAML, C. P. Stage of the product life cycle, business strategy, and business performance. Academy of Management journal, v. 27, n. 1, p. 5-24, 1984. COX, W. E. Product life cycles as marke ng models. The journal of business, v. 40, n. 4, p. 375-384, 1967. KOTLER, P. Administração de marke ng: edição do novo milênio. São Paulo: Pearson Pren ce Hall, 2000. KOTLER, P.; FOX, K. F. A. Marke ng estratégico para ins tuições educacionais. São Paulo: Atlas, 1994. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marke ng. Tradução de Sônia Midori Yamamoto. São Paulo: Pearson, 2012. LEVITT, I. M.; LEVITT, T. Marke ng Imagina on: New. Simon and Schuster, 1986. OLIVEIRA, B. et al. Gestão de marke ng. São Paulo: Pearson, 2012. TOMEI, P. A.; LERNER, A. Os modismos gerenciais e a dinâmica organizacional. Anais Eletrônicos do XXI Encontro Anual da ANPAD, 1997. WASSON, C. R. How predictable are fashion and other product life cycles? Journal of Marke ng, v. 32, n. 3, p. 36-43, 1968. AULA 2 ANÁLISE ESTRATÉGICA DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Prof. Demétrio de Mendonça Júnior 2 INTRODUÇÃO Como vimos na aula anterior, a maioria dos produtos lançados no mercado está sujeita a estágios temporais que vão determinar as tá cas a serem desenvolvidas para alcançar o desempenho esperado. Quando os produtos são lançados no mercado, os lucros ainda não são visíveis, uma vez que há grandes gastos para o desenvolvimento do produto e do mercado. A empresa promove esforços incidentes no marke ng, a fim de comunicar ao público-alvo que o produto existe, destacando os atributos que demonstrem o valor e incen vem a experimentação. Em outras palavras, as estratégias da fase de introdução devem ser capazes de despertar o interesse no consumidor de usar o novo produto. O composto de marke ng (mix de marke ng) deve estar alinhado para a criação de demanda, com estratégias voltadas para os atributos que sejam relevantes para o mercado-alvo. Portanto, é a hora de conhecer quais pos de estratégia auxiliam na inserção desse novo produto no mercado. Vamos lá? O ciclo de vida do produto (CVP) já foi confrontado por estudos dentro de várias perspec vas. De forma prá ca, já foi abordado dentro dos limites das ofertas de pequenas e médias empresas, também para entender o comportamento dos produtos de indústrias específicas (indústria farmacêu ca, por exemplo), para compreender como são desenvolvidas as estratégias da cadeia de suprimentos, entre outros contextos para os quais pode ser u lizado. Em cada estágio, as estratégias podem ser desenvolvidas de forma específica, de acordo com os obje vos almejados para a oferta em questão. Dessa forma, nesta aula analisam-se as estratégias desenvolvidas nos limites do composto de marke ng para cada estágio do CVP, o que possibilita um maior entendimento das tá cas a serem desenvolvidas para lidar com as dificuldades e barreiras dos ciclos de vida do produto. Para isso, nesta aula serão exploradas as premissas do estágio de introdução do CVP, assim como as estratégias para cada item do composto de marke ng. Bons estudos! TEMA 1 – PREMISSAS DA FASE DE INTRODUÇÃO Segundo o significado do dicionário, uma premissa refere-se a um fato inicial que serve como ponto de par da para um raciocínio, ou seja, é uma proposição, um conteúdo ou informações essenciais consideradas hipote camente verdadeiras em determinado tema. 3 Como visto nos temas da aula anterior, no ciclo de vida do produto, especificamente na fase de introdução, as premissas associadas correspondem a incertezas, altos custos e baixas receitas. Segundo Sobral (2013), o estágio de introdução também possui por caracterís ca a baixa concorrência para aqueles produtos inovadores ou com caracterís cas e atributos que ainda não eram ofertados no mercado. Dessa forma, a empresa se esforça para desenvolver estratégias de marke ng atra vas para o público ao qual o produto ou seus novos atributos se des na. Portanto, o obje vo principal da fase de introdução é o desenvolvimento de um mercado para oque está sendo ofertado, a fim de persuadir os consumidores potenciais a adotar a determinada oferta. É quando os clientes terão o primeiro contato com a oferta, o que faz com que os esforços e inves mentos de marke ng sejam superiores nessa fase do que nas demais, a fim de desenvolver demandas primárias no mercado atual e/ou potencial. Antes do lançamento de um novo produto, de uma nova oferta ou de um novo atributo para produtos existentes, os profissionais de marke ng precisam inferir como a demanda responderá aos vários níveis de variáveis do mix de marke ng para definir um plano de marke ng apropriado (Luan; Sudhir, 2010). Assim, a introdução bem-sucedida de novos produtos, serviços ou atributos no mercado é vital para o crescimento de uma empresa a longo prazo (Kotler; Keller, 2006). Muitas vezes, promover a introdução de forma efe va é uma decisão gerencial desafiadora porque, para definir os níveis de preços apropriados, bem como os orçamentos de propaganda e promoção, os gerentes devem ter es ma vas confiáveis de como as vendas responderiam a diferentes níveis de uma variável do mix de marke ng (Luan; Sudhir, 2010). Esse é, portanto, um desafio crí co que exige do mix de marke ng uma capacidade de resposta derivada da observação do mercado durante o estágio de desenvolvimento e, consequentemente, introdução da nova oferta. Dessa forma, tendo em vista que cada estágio do CVP possui diferentes caracterís cas, é necessário que a empresa esteja disposta a adaptar seus recursos e tá cas para desenvolver e introduzir novas ofertas, a fim de desenvolver estratégias produ vas e mercadológicas adequadas para o que está sendo ofertado. Como menciona Las Casas (2006, p. 107), “a estratégia do ciclo de vida do produto tem auxiliado muitos planejadores a iden ficar o foco de seus compostos de marke ng”. Portanto, diferentes estratégias do composto (mix) de 4 marke ng (produto, preço, praça e promoção) podem ser ajustadas de acordo com os limites de cada estágio do CVP (introdução, crescimento, maturidade e declínio). Nos tópicos a seguir, serão discu das as estratégias do composto de marke ng para o estágio de introdução que, como visto anteriormente, é quando a oferta será desenvolvida e apresentada ao mercado pela primeira vez. TEMA 2 – ESTRATÉGIA DE PRODUTO Antes mesmo de adentrar nas discussões sobre as estratégias de marke ng relacionadas ao produto no estágio de introdução, é importante destacar como se dá a classificação de produto. Um dos principais e mais remotos desafios é entender o que pode ser caracterizado como um novo produto no estágio de introdução do CVP. Esse é um assunto que carece de consenso na literatura do CVP, já que não há uma concordância sobre o que pode ser caracterizado como um novo produto. Torna-se então o “elemento mais complexo para desvendar na compreensão do conceito de ciclo de vida” (Pa on, 1959, p. 68-69). O que pode ser feito, nessa situação, é compreender o produto de acordo com o seu grau de novidade, o que faz com que o produto seja caracterizado como (i) inques onavelmente novo (ii), parcialmente novo (iii), novo em seus atributos ou (iv), com pequenas alterações nos atributos do produto (Buzzell; Nourse, 1967). Essa caracterização pode ser fundamental para o entendimento das estratégias a serem desenvolvidas para esse “novo produto”, além de contribuir com a falta de consenso na determinação se um novo produto é simplesmente uma variação de um an go ou um item completamente novo (Rink; Swan, 1979). Da mesma forma, vale discu r sobre o termo u lizado para entender o primeiro “P” do mix de marke ng. O termo produto faz referência à tangibilidade, mas esse entendimento acaba sendo limitado. O CVP pode abranger tanto produtos, serviços e/ou outros bens vinculados a uma determinada marca, que também carecem de estratégias de marke ng para serem reconhecidas pelo mercado. Dessa forma, quando se fala de produtos, também é possível incluir os bens sicos, serviços, experiências, eventos, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias como ofertas capazes de sa sfazer desejos ou necessidades de determinado nicho de mercado (Kotler; Keller, 2006). 5 Posto isso, é possível agora avançar na exploração das estratégias de produto dentro do CVP, especificamente na fase de introdução. É importante destacar que esse estágio é caracterizado pelo baixo nível de vendas, altos custos e baixa concorrência. Os potenciais compradores ainda não conhecem a oferta e vão adquiri-la pela primeira vez, o que faz com que a demanda também seja baixa (Sobral, 2013). Portanto, no estágio de introdução, a empresa busca ganhar reconhecimento em suas ofertas por meio do desenvolvimento de estratégias de marke ng per nentes para esse fim. Busca-se a notoriedade por meio do desenvolvimento de mercados adequados para a oferta em questão. É quando a empresa se esforça para posicionar sua marca. A empresa promove o posicionamento desenvolvendo uma personalidade para a marca, de modo que, por meio de um conjunto de valores e atributos, essa marca consiga transmi r uma imagem ao mercado, que ficará marcada na mente do consumidor (Patzlaff; Patzlaff, 2009). O posicionamento é então consolidado quando o produto consegue conquistar o seu mercado-alvo, por meio da aceitação dos valores e atributos da oferta em questão. Ainda assim, a empresa pode desenvolver estratégias ligadas à qualidade do que será ofertado, desenvolvendo padrões elevados de controle que serão capazes de garan r a credibilidade do valor e dos atributos específicos do produto. Isso garante uma boa percepção para as especificações do produto, o que influencia diretamente na visão do consumidor sobre a oferta (Patzlaff; Patzlaff, 2009). Esses elevados níveis de controle também podem estar associados ao desenvolvimento de estratégias de proteção para o produto, que podem ser concre zadas por meio do registro da marca e patentes associadas aos atributos e competências desenvolvidas para a produção da oferta. A empresa também pode desenvolver análises de todo o por ólio a fim de verificar quais produtos possuem atributos semelhantes que podem contribuir para a promoção da nova oferta. A Matriz BCG, por exemplo, é uma ferramenta administra va que pode dar suporte ao lançamento de novos produtos no mercado. A Figura 1 mostra como a matriz BCG pode se relacionar com o CVP. 6 Figura 1 – Ciclo de vida do produto e a matriz BCG Crédito: Ta anaa/Shu erstock; Ivan Dubovik/Shu erstock. Na fase de introdução, compreende-se que os novos produtos são caracterizados como interrogação dentro da matriz BCG. Isso significa que os produtos a serem lançados demandam altos inves mentos e ainda não proporcionam retorno financeiro. Dessa forma, por ainda buscar par cipação de mercado, a empresa pode desenvolver estratégias que possibilitem a combinação do por ólio de produtos interrogação e estrela, a fim de alavancar o lançamento dessa nova oferta. Os produtos classificados como estrela são aqueles que possuem liderança de mercado e são capazes de gerar grandes receitas para a empresa. Além disso, têm potencial compe vo no mercado-alvo, já que estão ampliando sua par cipação de mercado, o que pode contribuir significa vamente para a inserção de uma nova oferta dentro do mesmo por ólio. Os inves mentos em marke ng e publicidade podem acontecer ao mesmo tempo para os dois produtos, o que faz com que a empresa acabe economizando recursos financeiros (Khairat; Alromeedy, 2016). Ainda assim, os produtos classificados como vaca leiteira também podem ser usados como ponte para a inserção do novo produto no mercado, uma vez que já fornecem lucros significa vos, além de ser a base do por ólio da empresa. Esse produto já a ngiua maturidade e pode sustentar o valor e os atributos de uma nova oferta (Khairat; Alromeedy, 2016). No entanto, é importante observar que essa combinação não está livre de riscos. Os inves mentos em marke ng para um produto estrela podem ser obsoletos se a combinação com a nova oferta não for feita com cuidado. Da mesma forma, o produto vaga leiteira pode perder par cipação de mercado (declínio) caso o novo produto não seja complementar em seus valores e atributos. 7 Em suma, as estratégias de marke ng relacionadas ao produto durante a fase de introdução se resumem na busca pela iden dade e proposta de valor para a nova oferta. Da mesma forma, são definidos os níveis de qualidade atribuídos a essa oferta e as formas para proteger os novos atributos da cópia, por meio do registro da marca, patentes e competências. A empresa posiciona, então, a marca a fim de ganhar o reconhecimento do mercado-alvo, o que pode ser feito através da combinação estratégica do por ólio de produtos, promovida pela matriz BCG. Desenvolvidas as estratégias de marke ng relacionadas ao produto, passa se agora para as estratégias de precificação, que ganham grande importância na fase de introdução. TEMA 3 – ESTRATÉGIA DE PREÇO Como Kotler e Armstrong (2015) também mostram, o CVP é composto por quatro estágios que vão variar tanto no nível de vendas quanto nos lucros relacionados a essas vendas. Logo, a quan dade de vendas e o lucro estão diretamente relacionados em todos os estágios do CVP. A Figura 2 apresenta a representação gráfica da relação entre vendas e lucro dentro do CVP. Figura 2 – Vendas x lucro Fonte: Kotler; Armstrong, 2015. Como visto no tema anterior, na fase de introdução, a empresa se esforça para lançar o novo produto no mercado, mantendo a qualidade e protegendo os 8 atributos e a proposta de valor da cópia. Nesse momento, os custos são altos devido à necessidade de lançamento do produto no mercado (inves mentos em marke ng – produto, comunicação, ponto de venda), o que faz com que as vendas não cubram todos os inves mentos empregados. Os esforços da empresa se concentram, então, na redução da distância entre a curva de vendas e lucros (Kotler; Armstrong, 2015), por meio de estratégias de precificação. Na fase de introdução, o preço do novo produto poderá ser o principal mecanismo para promovê-lo no mercado-alvo. Logo, as estratégias de preço podem seguir dois caminhos: a empresa pode determinar um preço alto para recuperar os custos de desenvolvimento do produto e dos inves mentos de marke ng. Da mesma forma, a empresa pode implementar preços baixos nos primeiros momentos de vida do produto, a fim de garan r a experimentação do mercado-alvo. O posicionamento de preço elevado possibilita, então, que a empresa amor ze mais rapidamente os custos de desenvolvimento da nova oferta (gastos com pesquisa de mercado e produção), como também os custos relacionados aos inves mentos (esforços de promoção, comunicação e publicidade). O preço reduzido também possui suas vantagens, já que a empresa pode obter um rápido crescimento da par cipação de mercado e alcançar a fase de crescimento de forma mais ágil, muitas vezes com menores inves mentos em marke ng (promoção, comunicação e publicidade). Para sustentar e complementar o que foi mencionado anteriormente, Kotler (1998) afirma que, para o estágio de introdução, as organizações podem adotar as seguintes estratégias: desnatamento rápido, em que um produto é lançado com um preço alto, visando ao maior lucro unitário possível, apoiado por altos gastos em promoção de vendas (para ser atra vo, o produto é posicionado como um top line de di cil cópia e não há similar disponível no mercado); desnatamento lento, que consiste no lançamento de um produto a um preço alto, mas com pouca promoção, uma vez que o consumidor já conhece produtos semelhantes e está disposto a pagar pelo novo produto; penetração rápida, traduzindo-se por um lançamento a preço baixo e alta promoção de vendas, já que o mercado é grande e com muita concorrência e, por fim, penetração lenta, em que o produto é lançado com preço baixo e baixa promoção de venda, já que o mercado é de grade volume e altamente sensível ao preço pra cado. 9 Em suma, a empresa pode u lizar diferentes estratégias de precificação com diferentes obje vos. Preços mais altos estão associados a maiores inves mentos em marke ng, o que levanta a necessidade da implementação de estratégias de marke ng bem-sucedidas. Preços mais baixos, por sua vez, conseguem, por si só, inserir o produto no mercado-alvo de forma atra va sem a necessidade de inves mentos expressivos em ações de marke ng, no entanto limitam a obtenção de lucro sobre as vendas efe vadas. TEMA 4 – ESTRATÉGIA DE PRAÇA Na fase de introdução, a empresa se esforça para promover altos inves mentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para criar o novo produto, definir os processos para fabricação e, principalmente, os canais de distribuição e comercialização. Etzel, Walker e Stanton (2001, p. 348) salientam que “o papel da distribuição dentro de um mix de marke ng é levar o produto até seu mercado alvo. Nesse processo, a a vidade mais importante é acertar sua venda e a transferência da propriedade, do produtor ao consumidor final” Logo, os termos praça ou distribuição correspondem ao terceiro “P” do mix de marke ng. O “P” de praça vem do inglês place (“lugar”), mas se refere aos canais de distribuição e os pontos de venda, sejam eles sicos ou virtuais. As estratégias do “P” de praça vão determinar como o produto vai chegar até o consumidor. Dessa forma, quando se fala de estratégias de praça ou distribuição, as decisões podem ser as seguintes: Canais de distribuição; Cobertura de distribuição; Pontos de venda; Regiões de venda; Locais de estoque; Frete e logís ca. No entanto, é relevante observar que essas decisões, ou seja, as estratégias sobre a distribuição da nova oferta vão depender do po de produto, das alterna vas para a logís ca, dos custos dessa distribuição, do tempo para o produto ficar acessível para o consumidor ou do prazo de entrega, da quan dade 10 de intermediários envolvidos na logís ca do produto, como também dos canais de venda disponíveis para a comercialização. Na fase de introdução, a distribuição é sele va nos canais escolhidos, até exis rem níveis sa sfatórios de aceitação do produto por parte do mercado-alvo e consumidores. No entanto, a empresa também pode optar pela comercialização em diversos canais. Segundo Kotler (2000), as estratégias de distribuição podem ser as principais causas para o baixo crescimento das vendas, uma vez que problemas técnicos, atrasos na obtenção de estratégias de distribuição adequadas por meio de PDVs (pontos de venda) e a falta de um gerenciamento adequado dos canais pode limitar o acesso do mercado-alvo para a nova oferta. É onde surge um termo recente u lizado para o desenvolvimento das estratégias de distribuição dentro do mix de marke ng: o omnichannel. O omnichannel é o termo empregado para a estratégia de integração de todos os canais u lizados pela empresa. Logo, independentemente do po de canal (lojas próprias, lojas mul marcas, lojas sicas, e-commerce), a empresa se esforça para obter um gerenciamento integrado e eficaz de todos os canais, para proporcionar a melhor experiência para o consumidor no ato da compra. Em suma, conclui-se que, na fase de introdução, é importante a ngir o público-alvo de forma massificada, a fim de fazer com que as pessoas conheçam e experimentem o novo produto, alcançando assim uma fa a de mercado suficiente para que o produto alcance a fase de crescimento. Saiba mais A estratégia omnichannel é u lizada recentemente em muitas pesquisascien ficas e pesquisas de mercado. Para entender melhor sobre a distribuição omnichannel, os seguintes estudos podem ajudar: Reportagem: Omnichannel: uma gestão integrada. Disponível em: GUISSONI, Leandro Ango . Omnichannel: uma gestão integrada. Gv Execu vo, v. 16, n. 1, p. 24-27, 2017. Estudo: A logís ca para a estratégia omnichannel: uma revisão bibliográfica sistemá ca. Disponível em: h p://bibliotecadigital.fgv.br/ocs/index.php/clav/clav2019/paper/view/7261/1999. TEMA 5 – ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO 11 Na fase de introdução, através do composto de marke ng, a empresa define as caracterís cas do produto para maximizar o alcance ao mercado consumidor, entende e determina a polí ca de preços a ser pra cada e, sobretudo, promove o novo produto para o mercado-alvo. Sempre que a empresa lança um novo produto no mercado, há um esforço de marke ng para comunicar ao público alvo que o produto existe, ressaltando suas vantagens para mo var a experimentação. Como visto anteriormente, na fase de introdução, a demanda do consumidor para o novo produto é reduzida, já que muitos potenciais compradores ainda não o conhecem ou podem estar adquirindo pela primeira vez (Sobral, 2013). Isso faz com que a demanda por estratégias promocionais tenha o peso mais alto na fase de introdução da nova oferta (Culliton et al., 1948; Mohammadi; Saghaian; Alizadeh, 2018). As estratégias de promoção ajudam a empresa a representar o produto para os consumidores de maneira eficaz, além de induzi-los a comprar. Para isso, as estratégias são desenvolvidas a par r de diferentes combinações do mix de marke ng. Por exemplo, durante o estágio de introdução, como existe um ming até que os consumidores sejam alcançados, conquistados e todos os canais u lizados sejam supridos, é importante reforçar os inves mentos em ações promocionais e comunicação que sejam atra vos e que gerem experimentação. Em outras palavras, é importante a ngir o mercado-alvo de forma massificada a fim de fazer com que as pessoas conheçam e experimentem o produto. Logo, a promoção é a ferramenta de comunicação necessária para que o elo entre empresa e consumidor aconteça. Para Kotler (1995), o composto de comunicação (ou composto promocional) consiste de cinco ferramentas: propaganda, promoção de vendas, marke ng direto, relações públicas/publicidade e venda pessoal, cada um com caracterís cas e obje vos próprios. O Quadro 1 apresenta as técnicas de comunicação que podem ser u lizadas pela empresa, juntamente com suas definições e aplicações. 12 Quadro 1 – Estratégias de comunicação Técnica Definição Aplicação Propaganda/ publicidade Comunicação não pessoal, paga, com patrocinador iden ficado visando criar e manter relacionamentos. U lizada para alcançar vastos públicos de forma eficaz para es mular um diálogo sobre necessidades e ofertas. Marke ng direto Processo de comunicação de marke ng de duas vias por meio do qual os profissionais de marke ng interagem diretamente com os consumidores para trocar informações e vender produtos. Ú l para troca de informações entre as partes e dessa forma a comunicação e a oferta podem ser direcionadas para o indivíduo. Promoção de vendas Comunicação por meio de incen vos que aumentam o valor do produto por um período específico, es mulando os membros dos canais e os empregados a comercializar os produtos e os clientes a comprar os produtos. Ú l para acelerar as compras correntes e para incen var repe das aquisições, estabelecendo, con nuando ou criando novos relacionamentos. Relações públicas Processo de avaliação de a tudes, dos diversos públicos compa bilizando os produtos e a vidades da empresa com os interesses dos mesmos u lizando comunicação não paga para desenvolver relacionamentos de longo prazo. Ú l para a comunicação de mensagens através de veículos confiáveis. Venda pessoal Processo de comunicação interpessoal em que representantes de marke ng iden ficam clientes em potencial, examinam suas necessidades e apresentam informações sobre os produtos, permi ndo um maior comprome mento e melhor acompanhamento para sustentação do relacionamento. Ú l para construção e sustentação de relacionamentos de longo prazo baseados na comunicação pessoal intera va importantes no business to business e outros esforços organizacionais de marke ng. Fonte: Adaptado de Ikeda, 1997. Entre as ferramentas de comunicação disponíveis, a empresa pode escolher a mais adequada para o novo produto a ser promovido. A escolha vai depender do po de mercado-alvo, das demais estratégias u lizadas (produto, preço, praça/distribuição) e do grau de conhecimento do consumidor em relação à empresa, marca e por ólio de produtos. Assim, essas estratégias de comunicação devem estar voltadas para adotantes iniciais, já que o mercado-alvo ainda não tem conhecimento sobre o produto a ser lançado. Portanto, as mensagens devem ser voltadas para instruir e informar o mercado-alvo sobre os atributos e proposta de valor, com o obje vo principal de aumentar a notoriedade do novo produto. A publicidade, por exemplo, é um elemento poderoso para o desenvolvimento das estratégias de promoção. O obje vo principal da publicidade é criar e desenvolver a imagem de um produto no mercado por meio de diversos canais de comunicação. As ações publicitárias desenvolvidas por meio de 13 materiais publicitários devem estar alinhadas com o público-alvo que se deseja alcançar, já que é um custo que acaba sendo adicionado ao preço do produto. Portanto, assim como as campanhas e ações publicitárias, as demais técnicas de comunicação integrada de marke ng (CIM) podem desenvolver ações para envolver os potenciais consumidores em torno nos bene cios da marca/produto que está sendo lançado. O intuito é incen var o mercado-alvo a consumir o novo produto, o que pode ser feito através do uso de amostras e cupons promocionais/desconto que induzem a experimentação. 5.1 Tá cas promocionais Diversas tá cas promocionais podem ser u lizadas a fim de promover o novo produto e mo var a experimentação nos clientes potenciais. Essas a vidades têm como obje vo principal da persuasão em relação a compra. Singh (2012) revela diversas tá cas que podem ser u lizadas para a promoção de novos produtos. Para a autora, algumas das decisões rela vas à promoção são as seguintes: Materiais promocionais: promoções como “compre um e ganhe outro gratuitamente”, cupons, descontos, acessórios gratuitos, ofertas introdutórias e assim por diante. Influenciadores: uso de pessoas capazes de influenciar comportamentos (celebridades), já que podem fazer com que os consumidores sigam seus modelos, trazendo uma mudança na mentalidade dos consumidores. Material publicitário: publicidade é uma forma importante de comunicação, portanto, é usada para criar consciência e transmi r informações a fim de conquistar clientes no mercado-alvo. Existem muitos meios e modos de publicidade, como revistas, jornais, filmes, televisão, laboratórios de publicidade, anúncios ao ar livre (como pôsteres), jornais e revistas. Teste: os testes do usuário convencem os clientes sobre os recursos, atributos e valor do novo produto. É importante porque qualquer cliente gostaria de experimentar antes de comprá-lo. Marke ng direto: é altamente focado em direcionar os consumidores com base em um banco de dados. O consumidor potencial é direcionado com base em uma série de atributos. Diferentes agências trabalham para 14 projetar uma comunicação altamente focada na forma de e-mails. O correio é marcado para os clientes potenciais e as respostas são monitoradas com cautela. Comunicação direta: folhetos/ cartazes sãoo meio de comunicação direta através do qual as informações do produto são transmi das ao cliente e são muito eficazes. Brindes: devem ser oferecidos com o produto, pois os consumidores buscam valor/ bene cios adicionais além de um bom produto. Parcerias: com fornecedores e distribuidores trazem mais clientes porque os fornecedores e distribuidores tornam-se stakeholders, ou seja, partes interessadas em promover o produto. Como visto neste tema, a fase de introdução depende de decisões importantes em relação ao mix de marke ng. Algumas decisões precedem outras, ou seja, estratégias de produto, preço e praça/distribuição (nessa ordem), antecedem as estratégicas de promoção/comunicação. As ferramentas promocionais vão depender do po de produto, do preço que será cobrado pelo produto e do procedimento pelo qual chegará ao cliente na hora de decidir o preço do produto. No entanto, é importante salientar que a estratégia de preço deve levar em conta todos os custos necessários para tornar o produto disponível, como custos de fabricação do produto, custos de promoção e o valor incorrido para tornar os canais de distribuição disponíveis e acessíveis. O quadro a seguir sumariza as estratégias apresentadas em todo o decorrer desta aula. 15 Quadro 2 – Resumo do CVP Dimensão da Estratégia Introdução Obje vos básicos Estabelecer um mercado para o novo produto. Persuadir o mercado-alvo de que o produto é atra vo. Produto Proporcionar alta qualidade. Selecionar uma boa marca para posicioná-la. Obter proteção por patente ou registro de marca e competências. Preço Geralmente alto para recuperar os custos de desenvolvimento do produto e inves mentos em marke ng. Às vezes baixo para introduzir o produto de forma atra va no mercado. Praça Número limitado de canais ou gestão integrada de vários canais (omnichannel) Promoção Estratégias de comunicação voltadas para adotantes iniciais. Mensagens voltadas para instruir e informar o mercado-alvo sobre os atributos e valor do novo produto. Incen vo com amostras e cupons promocionais/desconto para induzir a experimentação. Fonte: Mendonça Junior, 2021. 16 REFERÊNCIAS BUZZELL, R. D.; NOURSE, R. E. Product innova on in food processing, 1954- 1964. 1967. CULLITON, J. W. et al. The Management of Marke ng Costs. Boston: Division of Research, Graduate School of Business Administra on, Harvard University, 1948. DE SOUZA FRANCO, R.; DE CASTRO MAIA, L. C. A logís ca para estratégia Omnichannel: uma revisão bibliográfica sistemá ca. In: ETZEL, M. J.; WALKER, B. J.; STANTON, W. J. Marke ng. 11 ed. São Paulo: Makron Books, 2001. GUISSONI, L. A. Omnichannel: uma gestão integrada. 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AULA 3 ANÁLISE ESTRATÉGICA DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Profª Demétrio de Mendonça Júnior 2 CONVERSA INICIAL Conhecida a fase e as estratégias de desenvolvimento e introdução do produto no mercado, é a hora de conhecer quais as ações necessárias para que esse produto seja conhecido por mais pessoas. Algumas empresas acreditam que podem diminuir seus esforços de marke ng durante a fase de crescimento, uma vez que já consegue ter retornos sobre o volume de vendas do produto. No entanto, parece ser ela a fase mais importante para que o produto alcance a maturidade. Deve-se ter cuidado, portanto, com as estratégias desenvolvidas para o mix de marke ng no estágio de crescimento, pois são elas que levarão o produto para o mercado de acordo com os obje vos estratégicos da empresa. Logo, é a hora de conhecer as estratégias de marke ng necessárias para ampliar a par cipação desse produto no mercado. Vamos lá? Diferente do estágio de desenvolvimento e introdução do produto no mercado, o estágio de crescimento tem por obje vo ampliar o mercado, uma vez que o produto já tem aceitação. Visando sempre a liderança, os esforços devem se concentrar na ampliação da par cipação de mercado (market share), expandindo a proposta de valor do produto. No entanto, o produto no estágio de crescimento já não está mais sozinho no mercado, já que novos players entram na compe ção pela preferência do consumidor, atraídos pelos lucros cada vez mais crescentes. Portanto, ser pioneiro nesse mercado é indispensável para que o produto seja o primeiro a ser lembrado pelo consumidor. Com o aumento do volume de vendas, a empresa deve aprimorar as estratégias do composto de marke ng na fase de crescimento com a padronização da produção, preços compe vos, distribuição intensiva e ações promocionais amplas, que sejam capazes de destacar a imagem na mente do consumidor. Como o produto já tem aceitação considerável, são as estratégias do composto de marke ng que fazem com que o mercado seja ampliado, possibilitando um aumento considerável nos lucros. Nesta aula, portanto, serão exploradas as estratégias necessárias para que a empresa consiga ampliar seus horizontes em busca da maturidade. Bons estudos! 3 TEMA 1 – PREMISSAS DA FASE DE CRESCIMENTO A fase mais sensível e desafiadora de desenvolvimento e introdução da nova oferta no mercado passou. Os consumidores reconhecem a necessidade de adquirir o determinado produto e passam a consumi-lo de forma reincidente. No entanto, apesar do produto ganhar reconhecimento e estabilidade no mercado durante o estágio de crescimento, os esforços de marke ng necessários para esse ciclo ainda merecem atenção, uma vez que muitos compe dores passam a exis r no mesmo mercado, com produtos muitas vezes com custos inferiores e, possivelmente, mais atributos que ofereçam valor superior. Dessa forma, é o momento da empresa concentrar seus esforços no aumento das vendas e trabalhar em favor do crescimento da par cipação de mercado e market share, em busca da liderança no mercado em que atua. Esses esforços são decorrentes do comportamento do mercado após o desenvolvimento e lançamento desse novo produto,já que concorrentes (ou “novos players”, novos compe dores) passam a surgir (Las Casas, 1989), fazendo com que o produto não esteja mais sozinho naquele mercado. Eles surgem a fim de disputar a preferência do consumidor pelo produto em questão, reproduzindo ofertas com caracterís cas e atributos similares. A Figura 1 mostra como é o comportamento do produto no estágio de crescimento. Como pode ser observado, os concorrentes são crescentes durante esse estágio. Figura 1 – Ciclo de vida do produto CICLO DE VIDA DO PRODUTO Volume de vendas/Lucros Introdução Crescimento Vendas Baixa Alta Preço Baixo/Nega vo Crescente 4 Preço Alto Decrescente Consumidores Inovadores Adotantes pioneiros Concorrentes Poucos/Nenhum Número crescente Fonte: Mauad e Mar nelli, 2005. Portanto, é hora de desenvolver a preferência do mercado pela marca do produto que está sendo lançado, com ações de marke ng voltadas a incen var o crescimento da imagem de marca no mercado e, consequentemente, na mente do consumidor atual e potencial (adotantes pioneiros). O intuito é fazer com que o mercado reconheça o produto como pioneiro que, na disputa com os demais players, é o primeiro a ser lembrado pelo consumidor. Logo, as ações de marke ng durante o crescimento não se limitam a incen var a compra, mas também a manter o produto vivo na mente dos consumidores, promovendo os atributos que oferecem valor superior em detrimento de produtos subs tutos. Logo, devido ao crescimento das vendas e aos esforços da empresa para manter o produto na mente do consumidor, o volume de vendas aumenta expressivamente (McCarthy; Perreault, 1997; Boone; Kurtz, 1998), com melhorias significa vas nos lucros (Kotler, 1998) já que, na fase anterior, os gastos para desenvolver, introduzir e promover o produto superam o volume de vendas. Em suma, no estágio de crescimento, há um movimento em direção à segmentação estratégica e à construção de eficiências na produção e no marke ng. O desempenho do produto em relação às necessidades do cliente é crucial, e modificações no produto podem ser necessárias em detrimento da necessidade de ser líder de mercado. A distribuição intensa também é enfa zada para fazer com que o produto esteja sempre acessível para o consumidor (Anderson; Zeithaml, 1984). Os preços podem ser baixos, uma vez que o grande volume de vendas contribui para os lucros da empresa. Os temas seguintes explorarão as estratégias de marke ng para a fase de crescimento, ligadas a cada item do composto de marke ng, começando pelas estratégias relacionadas ao produto. 5 TEMA 2 – ESTRATÉGIA DE PRODUTO Caso a fase de introdução ocorra dentro da normalidade imposta para o CVP, a nova oferta alcança a aceitação do mercado e chega ao estágio de crescimento. As estratégias de produto dessa fase estão voltadas para promover a alta qualidade com serviços e/ou atributos que sejam capazes de proporcionar um valor superior quando comparado aos produtos concorrentes no mercado. Esses serviços e/ou atributos vinculados ao novo produto devem ser constantemente desenvolvidos e aprimorados, mas também protegidos da cópia, por meio do registro de patentes e segredos industriais. Esses inves mentos são necessários, uma vez que a fase de crescimento é caracterizada pela inovação tecnológica de processos e de marke ng, capazes de diminuir os custos e as incertezas, além de aumentar as margens rela vas ao aumento do volume de venda (Oliveira, 2000). Portanto, apesar das estratégias de proteção do produto e dos processos também fazerem parte da fase de introdução, elas devem ser reforçadas para as adaptações/inovações que mantêm a nova oferta na liderança de mercado. Conforme Irigaray et al. (2006) confirma, para manter a par cipação de mercado, a empresa deve lançar novas caracterís cas ligadas à u lização do produto, ou seja, com o desenvolvimento de inovações incrementais. No entanto, essa alta par cipação de mercado leva ao aumento das vendas e, consequentemente, o aumento da produção. É o que leva a observar que nem tudo são flores na fase de crescimento, já que as vendas disparam e, junto, aparecem dificuldades nos processos. A grande dificuldade é conseguir lidar com o excesso de demanda, já que o produto passa a ser necessário para o mercado em que foi introduzido. O volume de compradores cresce devido à constante aceitação do produto e de seus atributos, que agradam cada vez mais com o desenvolvimento de inovações incrementais. Portanto, para que a empresa consiga atender à alta demanda do mercado sobre o produto, algumas estratégias podem ser desenvolvidas. Mar ns e Laugeni (2002) afirmam que, devido ao aumento de demanda, na fase de crescimento, a empresa passa a se preocupar com a produção, adaptando alguns processos. Os autores afirmam que a empresa passa a trabalhar com a padronização de 6 componentes, a automa zação dos processos produ vos e o inves mento expressivos na fabricação para manter o produto sempre em estoque (Mar ns; Laugeni, 2002). É importante destacar que, apesar de adaptar seus processos produ vos desenvolvendo inovações tecnológicas e de automa zação para manter o produto a vo no mercado, a empresa deve se esforçar para manter o nível de qualidade da nova oferta. Isso posto, passa-se agora para as estratégias de preço a serem desenvolvidas na fase de crescimento. TEMA 3 – ESTRATÉGIA DE PREÇO As estratégias de preço para o estágio de crescimento são determinantes para a empresa manter a sua par cipação de mercado e o market share. Por meio delas, a empresa pode manter seu diferencial compe vo, com liderança de custos. Em um primeiro momento, quando o produto alcança a fase de crescimento, pode haver um movimento de redução dos preços, já que o aumento das vendas consegue cobrir os custos de introdução e manutenção do produto no mercado. Dessa forma, atraídos por esse crescimento e aumento do volume de vendas, consequentemente dos lucros, começam a surgir os concorrentes (Las Casas, 1989), que fazem com que a empresa leve preços pra cados para baixo (Cobra, 1992). Com os preços baixos, a empresa consegue desenvolver uma barreira para os novos entrantes (os “novos players”), já que terão que cobrar o mesmo nível de preços pelos produtos semelhantes ou subs tutos. No entanto, esses novos compe dores entrarão no mercado no estágio anterior, de desenvolvimento e introdução do produto, o que exige taxas de preços superiores, capazes de cobrir os custos rela vos a esse estágio. A empresa pode optar também por manter os preços pra cados na fase de introdução. Como os preços pra cados para introduzir e promover o produto no mercado ganharam aceitação, fazendo com que a empresa alcançasse a fase de crescimento, manter os preços no mesmo nível pode fazer com que os lucros sejam ainda maiores. O nível de concorrência também auxilia na decisão de manter os preços, já que uma compe ção menos acirrada pode fazer com que movimentos nas estratégias de preços não sejam necessários. 7 Ainda assim, a empresa pode optar pela elevação dos preços do produto em decorrência dos custos de produção. Como consequência da demanda elevada, uma expansão nos processos de produção é necessária para que a empresa consiga atender às necessidades do mercado. Logo, novos colaboradores, maquinários novos, mais modernos e maiores, demandam custos significa vos, que podem ser atrelados às estratégias de preço pra cada. Da mesma forma, para que o produto consiga se manter no estágio de crescimento por mais tempo, em busca da maturidade, a empresa pode optar por desenvolver inovações incrementais nesse produto, incrementando novas caracterís cas e atributos que aumentem o valor para o consumidor (Kotler, 1998). Entretanto, é mais comumque a empresa opte por manter o preço da fase de introdução ou pela prá ca de preços menores durante a fase de crescimento. O intuito é manter as barreiras para os novos entrantes, como mencionado anteriormente, desenvolvendo a estratégia de preços compe vos, que é favorável para a manutenção da liderança de mercado. Além do mais, a demanda elevada proporciona a rentabilidade, já que, por meio da curva de aprendizagem, os custos unitários do produto diminuem, possibilitando a prá ca de preços baixos. TEMA 4 – ESTRATÉGIA DE PRAÇA Como visto anteriormente, a fase de crescimento é marcada por uma rápida expansão das vendas. Atrelado ao aumento das vendas, vem também a ampliação dos canais de distribuição necessária para atender ao aumento da demanda. A empresa deve então desenvolver estratégias de praça/distribuição para manter a par cipação de mercado. Como os concorrentes estão surgindo no mercado de forma crescente, são necessários desenvolvimento e implementação de estratégias de distribuição eficazes, capazes de promover o diferencial para a empresa. Sem uma escolha eficiente dos canais de distribuição, a empresa não consegue manter a demanda elevada do estágio de crescimento. Portanto, para a fase de crescimento, a empresa deve ser capaz de ampliar os canais de distribuição em sintonia com o aumento dos níveis de demanda e aceitação do produto por parte do consumidor. O desenvolvimento do estoque é uma boa alterna va para a fase de crescimento, que faz com que a empresa se destaque da concorrência. O aumento da demanda dificulta a manutenção da 8 estratégia de estoque, mas a empresa deve ser capaz de gerenciá-la a fim de manter o produto sempre disponível para o mercado consumidor. Tornar o processo de distribuição eficiente e eficaz é determinante para que o consumidor desenvolva confiança na empresa, já que o processo é dinâmico e veloz. As estratégias de distribuição na fase de crescimento precisam estar estabelecidas (Gracioso, 1930), e é o momento de a empresa inves r no ajuste das informações e da experiência do consumidor com o produto em questão (Enis, 1983). A escolha dos canais necessários para levar o produto até o consumidor já foi feita, e é hora de gerenciá-los da melhor forma para que essa experiência seja posi va. O conceito de omnichannel retorna mais uma vez aqui, já que é a estratégia capaz de oferecer a mesma experiência de compra para o cliente em qualquer um dos canais, seja on-line ou off-line. Com o omnichannel, a empresa deve ser capaz de iniciar a experiência do cliente em um canal (seja ele on-line ou off-line) e terminar em um outro qualquer, dentro do leque de alterna vas de canais que a empresa possui. A melhor experiência é alcançada quando a empresa consegue gerenciar todos esses canais de forma eficiente, promovendo a comodidade para o consumidor. Portanto, a empresa deve inves r em mul canais com gerenciamento omnichannel durante o estágio de crescimento, fazendo com que o produto permaneça disponível em todos os canais, com a o mização necessária para que a experiência do cliente seja bem-sucedida. Em suma, as estratégias de distribuição durante a fase de crescimento envolvem o gerenciamento do estoque e dos canais, com a proposta do omnichannel para fazer com que o produto esteja disponível para o mercado em todos os mul canais disponíveis. Dessa forma, busca-se a qualidade dos processos, com a fabricação de produtos de qualidade, com a eficiência da distribuição. Aproveita-se, portanto, da elevada aceitação do produto por parte do consumidor, em busca da o mização da sua experiência (Cundiff; S ll; Govoni, 1979). Por fim, são exploradas as estratégias promocionais para a fase de crescimento. TEMA 5 – ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO Como a concorrência aumenta significa vamente no estágio de crescimento, devido à alta aceitação do produto, as estratégias promocionais 9 devem ser capazes de minimizar as ações desses compe dores a fim de manter a liderança do mercado. O obje vo da empresa é chegar ao estágio de maturidade antes dos concorrentes, o que exige inves mentos significa vos nas estratégias promocionais para reforçar a marca e alcançar o domínio de mercado. A marca precisa ser a primeira a ser lembrada pelo consumidor no momento da compra. As estratégias, portanto, devem ser amplas e capazes de alcançar todo o mercado, a fim de colocar a marca em evidência no mercado e na mente do consumidor. Como o produto já está consolidado e com o aparecimento cada vez mais reincidente de compe dores, as estratégias de comunicação devem enfa zar o diferencial compe vo da nova oferta, ressaltando os bene cios da marca para fazer com que a escolha do cliente seja pelo produto em questão. Portanto, apesar do volume de vendas ser crescente, a empresa ainda precisa inves r em estratégias de comunicação e publicidade a fim de alcançar uma maior visibilidade para marca. Além disso, também é necessário inves r em esforços para promover a iden dade e a credibilidade da marca. Segundo Aaker e Joachimsthaler (2007) e Scharf (2012), desenvolver o sistema de iden dade da marca faz com que se desenvolva um sen do e finalidade ao relacionamento marca-cliente, por meio da credibilidade da marca e da proposta de valor da marca. Aaker e Joachimsthaler (2007) desenvolveram um sistema de iden dade de marca que foi atualizado por Scharf (2012). Esse sistema propõe uma análise estratégica da marca, que deve ser mo vada por três elementos principais: análise dos clientes (avaliação de tendências, mo vação, necessidades e potencialidades dos consumidores-alvo); análise da concorrência (avaliação da iden dade da marca, estratégias, potencialidades e vulnerabilidades dos demais compe dores); e autoanálise da organização (avaliação da imagem e tradição da marca, capacidades e valores da organização). 10 Figura 2 – Análise estratégica da marca Fonte: Scharf (2012) elaborado com base em Aaker, 2007. Seguindo essa estrutura, a empresa consegue desenvolver sua proposta de valor para a marca, a credibilidade da marca e a forma de se relacionar com os clientes. Já a implementação da iden dade de marca precisa da definição de três questões, que é a especificação do posicionamento da marca, execução do programa de comunicação e acompanhamento dos resultados. Portanto, percebe se que a definição da iden dade de marca caminha junto com as estratégias de comunicação, que deve ser desenvolvida e promovida durante o estágio de crescimento. 11 Ainda assim, é importante destacar que como a empresa está em crescente expansão, ela passa a ser mais conhecida e, sendo mais conhecida, ela também tem que aprender a lidar com um maior número de consumidores, e conseguindo gerenciar a experiência do cliente é possível que a credibilidade da iden dade da marca seja alcançada pelo interesse reincidente desse mercado. Logo, as estratégias que envolvem os obje vos da marca também precisam ser desenvolvidas no momento de planejar as estratégias promocionais do estágio de crescimento, uma vez que o feedback posi vo, o suporte e o gerenciamento apropriado das estratégias promocionais podem fazer com que o produto alcance a maturidade de forma rápida e bem-sucedida. Da mesma forma, acompanhar as ações promocionais dos concorrentes durante essa fase pode ser uma boa alterna va. Visualizando o que o concorrente está fazendo e como está agindo, a empresa consegue destacar os diferenciais compe vos do produto em busca de uma aceitação ainda maior, capaz de desenvolver a maturidade. Para muitos, o estágio de crescimento não exige esforços significa vos para o mix de marke ng, uma vez que uma parcela significa va de consumidores já tomou conhecimento do produto e enxergou nele algum valor. Noentanto, é justamente nesse momento que a empresa deve se preocupar, já que muitos produtos podem não alcançar a maturidade e ir direto para o estágio de declínio devido a erros no desenvolvimento e implementação de estratégias durante o estágio de crescimento. Ainda assim, como muitos concorrentes aparecem no mercado, a compe ção fica ainda mais acirrada, o que exige o desenvolvimento de estratégias de marke ng capazes de destacar o diferencial compe vo da empresa. Dessa forma, é o momento da empresa se dedicar e inves r seus esforços no aumento do valor do produto e desenvolver a preferência pela marca. Isso pode ser alcançado por meio do desenvolvimento de estratégias que ampliem a proposta de valor do produto, com o desenvolvimento de diferenciais que agreguem na sua qualidade. Os preços pra cados também são mais compe vos nesse estágio, fazendo com que barreiras sejam criadas para os novos entrantes que terão que introduzir seus produtos com preços similares. Da mesma forma, na distribuição, a empresa deve apostar no omnichannel, a fim de criar experiências atra vas para com o produto. As estratégias promocionais devem ser amplas para que o produto seja conhecido por todo o mercado, a fim de fazer com que ele seja lembrado pelo consumidor. 12 Em suma, a empresa deve inves r pesado nos esforços de marke ng durante o estágio de crescimento, pois é nele que o produto se tornará conhecido para o alcance da maturidade. Caso contrário, o produto chega à fase de declínio sem passar pela fase de maturidade, uma vez que não ganha a aceitação de todo o mercado. O Quadro 1 resume o estágio de crescimento, destacando os obje vos básicos, o foco estratégico, os obje vos da marca e as estratégias para cada dimensão do composto de marke ng. Quadro 1 – Resumo CVP Dimensão da estratégia Introdução Crescimento Obje vos básicos Estabelecer um mercado para o novo produto. Persuadir o mercado-alvo de que o produto é atra vo. Aumentar as vendas e par cipação de mercado. Desenvolver a preferência do mercado pela marca. Foco estratégico Expansão de mercado. Penetração Obje vo de marca Conhecimento do produto e teste Preferência pela marca Produto Proporcionar alta qualidade. Selecionar uma boa marca para posicioná-la. Obter proteção por patente ou registro de marca e competências. Proporcionar alta qualidade e adicionar serviços e/ou atributos ao produto para criar valor. Preço Geralmente alto para recuperar os custos de desenvolvimento do produto e inves mentos em marke ng. Às vezes baixo para introduzir o produto de forma atra va no mercado. Preço baixo para criar barreiras aos novos entrantes. Um pouco mais alto do que a fase de introdução, pois a demanda é maior. Praça Número limitado de canais ou gestão integrada de vários canais (omnichannel) Número maior de canais para atender o aumento da demanda. Promoção Estratégias de comunicação voltadas para adotantes iniciais. Mensagens voltadas para instruir e informar o mercado-alvo sobre os atributos e valor do novo produto. Incen vo com amostras e cupons promocionais/desconto para induzir a experimentação. Estratégias voltadas para público mais amplo (comunicar com todo o mercado). As mensagens concentram-se nos bene cios da marca. Para produtos de consumo, a ênfase deve ser voltada para a propaganda. Fonte: Mendonça Junior, 2021. 13 REFERÊNCIAS AAKER, D.; JOACHIMSTHALER, E. Como construir marcas líderes. Porto Alegre: Bookman, 2007. ANDERSON, C. R.; ZEITHAML, C. P. Stage of the product life cycle, business strategy, and business performance. Academy of Management Journal, v. 27, n. 1, p. 5-24, 1984. BOONE, L. E., KURTZ, D. L. Marke ng contemporâneo. São Paulo: LTC - Livros Técnicos e Cien ficos, 1998. COBRA, M. Administração de marke ng. São Paulo: Atlas, 1992. CUNDIFF, E.; STILL, R.; GOVONI, N. Marke ng básico. São Paulo: Atlas, 1979. ENIS, B. Princípios de marke ng. São Paulo: Atlas, 1983. GRACIOSO, F. Marke ng: uma experiência brasileira. São Paulo: Cultrix, 1930. IRIGARAY H. A.; VIANNA A.; NASSER J.E. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos e marcas. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. KOTLER, P. Administração de marke ng: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998. LAS CASAS, A. L. Marke ng: conceitos, exercícios e casos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1989. MARTINS, P. G.; LAUGENI, F. P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2002. McCARTHY, E. J.; PERREAULT, W. D. Marke ng essencial: uma abordagem gerencial e global. São Paulo: Atlas, 1997. OLIVEIRA, C. A. Inovação do produto e do process. Belo Horizonte: Desenvolvimento Gerencial, 2000. SCHARF, E. R. A proposta de valor e o capital humano: prá cas estratégicas de marke ng. Revista Brasileira de Gestão de Negócios – RBGN, v. 14, n. 43, p. 216-233, 2012. AULA 4 ANÁLISE ESTRATÉGICA DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Prof. Demétrio de Mendonça Júnior 2 INTRODUÇÃO Até este momento, vimos que, nas fases de introdução e desenvolvimento no CVP, o lançamento de produtos está sujeito a diversas técnicas e tá cas que as empresas podem u lizar para alcançar um desempenho esperado. Entretanto, as estratégias se modificam ao longo do ciclo de vida de um produto. Desta maneira, falaremos nesta aula sobre o estágio de maturidade do produto, fase em que as mudanças estratégicas se consolidam e definem o futuro da organização. É nessa fase que o produto alcança o auge da par cipação de mercado, sendo o primeiro a ser lembrado pelo consumidor no momento da tomada de decisão de compra. É hora de conhecer quais as estratégias para o composto de marke ng que são necessárias para manter o produto por mais tempo nesse estágio. Vamos lá? Após o estabelecimento das estratégias de produto, preço, praça e promoção nas fases de introdução, o produto passa pelo estágio de crescimento e, em seguida, pela estabilização em suas vendas. Esta fase então é chamada de maturidade. O estágio de maturidade é marcado por uma grande necessidade de se estabelecer e elaborar muito bem as estratégias de produto que, neste momento, mostram-se mais complexas (Anderson; Zeithaml, 1984). Desta forma, as estratégias voltadas a maturidade do produto estão relacionadas a manter a par cipação do mercado (market share), bem como a estabelecer uma con nuidade para atrair novos consumidores, muito relacionada à diferenciação que o produto oferece para o cliente. Para tanto, esta aula abordará as estratégias para lidar com o produto que se encontra nessa etapa do seu ciclo de vida. TEMA 1 – PREMISSAS NA FASE DA MATURIDADE Algumas premissas básicas para compreender a fase de maturidade, 1. O crescimento das vendas se torna estável; 2. O produto se torna conhecido pelo mercado e já possui certa fidelização de consumidores; 3. Marcado pela compe ção que luta por uma parte do mercado (market share), que se encontra estabilizado (Mauad; Mar enlli, 2005). O grande desafio da maturidade do produto está em compreender que o mercado se encontra em saturação, na qual as vendas já alcançaram uma 3 estabilidade e a ngem um platô. Os consumidores já possuem produtos e não existe tanta necessidade de se comprar um novo. Portanto, existe uma necessidade de reorganizar suas estratégias (Oliveira, 1998). A Figura 1 sumariza os impactos do ciclo de vida do produto nas funções organizacionais até a fase de maturidade. Figura 1 – Ciclo de vida do produto Fonte: elaborado com base em Mauad; Mar nelli, 2005. É importante verificar que, até este momento, o ciclo de vida do produto mostra mudanças significa vas entre os estágios de introduçãoe crescimento. Isso é notável principalmente nas diferenças entre vendas e lucro ob do pela empresa, lucro esse que modifica o estado decrescente no custo de fabricação e é impactado pelo crescente número de concorrentes. Esse fator, portanto, deve ser consolidado na fase de maturidade, o que será discu do a seguir. Desta maneira, o estágio de maturidade pode ser dividido entre três principais situações, ou fases dentro deste estágio, sendo elas: (1) Maturidade de crescimento; (2) Maturidade estabilizada; (3) Maturidade decadente. (4) Neste primeiro momento da maturidade, acontece o que é es pulado como a queda nos números de vendas. No segundo momento, ocorre o platô ocasionado pela alta saturação do mercado. Os consumidores, neste momento, já experimentaram o produto e o aumento de vendas só acontece por meio da subs tuição de marcas (extensão de por ólio de marca) ou pelo aumento de população. Nesse caso, a compe ção se torna 4 mais agressiva (Kotler; Keller, 2012). As três principais situações que acontecem no estágio de maturidade podem ser verificadas na Figura 2. Figura 2 – Estágios da Maturidade Fonte: elaborado com base em Kotler, 1999, p. 224. E, no terceiro momento, o nível de vendas cai e a clientela começa a preferir outros produtos. Neste instante, a agressividade da compe ção começa a ser sen da pelas empresas: a concorrência mais fraca pode ser re rada totalmente do mercado e poucas dominarão essa fa a (Kotler; Keller, 2012). Saiba mais O estudo de Santos et al. (2010), apresentado no XVIII Congresso Brasileiro de Custos ilustra na prá ca como uma empresa de moda passa pelos estágios do ciclo de vida de produto. Disponível em: <h ps://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/ar cle/view/585>. Acesso em: 19 jul. 2021. Ar go On-line: Um Preço para cada momento. Disponível em: <h ps://experience.hsm.com.br/posts/um-preco-para-cada-momento>. Acesso em: 19 jul. 2021. A fase de maturidade de um produto é marcada por diversas modificações na base do mix dos produtos de marke ng (produto, preço, praça, promoção), não apenas com o intuito de se manter compe va, mas principalmente por afastar a fase subsequente: a fase de declínio. Sendo assim, as estratégias de marke ng precisam ser adaptadas a determinadas condições, sejam elas a par cipação do 5 mercado, tendências ou a própria estrutura compe va. Atentar-se a sua posição no mercado é a melhor maneira de adaptar suas estratégias (Catry; Chevalier, 1974). TEMA 2 – ESTRATÉGIAS DE PRODUTO As estratégias de produto voltadas ao estágio de maturidade estão atreladas à compe ção agressiva e à re rada de empresas que não conseguem lidar com as ações/estratégias da concorrência. Então, a fase é marcada pelo posicionamento de mercado baseado na diferenciação e pela elaboração de estratégias voltadas ao produto (Mauad; Mar nelli, 2005). As empresas que permanecem na acirrada compe ção devem atender maiores faixar de mercado, bem como por aumentar o volume de compradores do seu produto (Mauad; Mar nelli, 2005). Portanto, posicionar-se com o produto de maneiras diferentes pode ser uma boa opção na fase de maturidade. O posicionamento envolve a proposta de valor que, em suma, é o que seu produto irá agregar e entregar aos consumidores (Salvador, 2014). Desta forma, diante da fase de maturidade, as empresas podem optar por algumas estratégias, como: Fazer com que a u lização do produto seja mais recorrente; Fazer com que consumidores aumentem a quan dade de uso do produto; Iden ficar novas aplicações para o produto. A diferenciação de seu produto fará com que o consumidor leve em consideração os seus subs tutos no mercado, com a percepção de que o valor do produto em questão seja diferenciado dos demais. Ou seja, fornecer a ele novas aplicações, demonstrar com clareza seus bene cios e principalmente focar em qualidade pode fazer com que o produto se destaque dos demais (Eidelwein, 2016). Mesmo que um produto seja lançado inicialmente com funções menos especificas ou com limitações, a empresa pode adicionar, neste momento, atributos/acessórios alterna vos, para que haja uma diferenciação quanto aos seus concorrentes. A própria embalagem do produto pode ser um fator decisivo neste estágio, isto é, realizar ajustes nas embalagens, permi ndo que o consumidor ganhe pra cidade ou outra funcionalidade, pode conquistar novos clientes e fazer com que o mercado con nue consumindo de forma reincidente. 6 A preocupação com fatores subjacentes ao produto também deve ser levada em consideração, como: 1. Qualidade; 2. Confiabilidade; 3. Serviço (Boone; Kurtz, 1998), que devem receber a devida atenção (Mauad; Mar nelli, 2005), pois estes podem definir a opção de escolha do consumidor para a efe vação da sua compra. Além disso, entender as necessidades do cliente também é uma boa alterna va para a empresa, uma vez que, nesse momento, estabelecer um produto com um incremento que supra tal necessidade pode ditar o jogo da compe ção. Quando se fala em incremento no produto e compreensão das necessidades do consumidor, verifica-se que a inovação entra em cena. Isso porque a inovação é um fator decisivo quando se fala em um diferencial compe vo. O desafio das empresas, neste momento, é associar o capital tecnológico a um custo rela vamente baixo de inves mentos financeiros, já que a diferenciação é diretamente envolvida com altas tecnologias (Decesaro; Severo; Girardi, 2017). A inovação em produto está relacionada a um desenvolvimento de um produto ou atributos que podem ser totalmente novos, melhorados ou adaptados, o que pode ser resultado tanto das suas caracterís cas tangíveis quanto de sua u lização, e essa melhoria está associada ao obje vo de sa sfazer o consumidor (Ishizaka; Lizarelli, 2016). Nesta direção, algumas empresas estabelecem a busca pela inovação por meio de setores específicos de pesquisa e desenvolvimento (P&D), seja internamente ou de maneira externa (terceirização) (Decesaro; Severo; Girardi, 2017). Ressalta-se que a preocupação com a inovação está intrinsicamente conectada com os impactos da organização no mercado compe vo. Para que as empresas se mantenham a vas, a inovação é uma questão fundamental. O autor Kotler (p. 333, 2000), por exemplo, afirma que “um fabricante pode frequentemente ultrapassar seus concorrentes lançando um produto novo e melhor”. Com isto posto, passa-se agora da exploração das estratégias de preço para a fase de maturidade de um produto. Saiba mais 7 A inovação é fundamental para o desempenho de uma empresa e existem diferentes pos de inovação, de produto, processo, marke ng, organizacional e podem ter a natureza incremental e disrup va que podem determinar o desempenho superior. A temá ca é complexa e envolve diversos fatores como a cultura, o conhecimento e a estratégia. Acesse: OECD, Oslo Manual. Guidelines for Collec on and interpre ng innova on 3rd Edi ons. OECD Publica ons, Paris, 2005. SCHUMPETER, J. A Teoria do desenvolvimento econômico. 2. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1985. TEMA 3 – ESTRATÉGIA DE PREÇO Empresas no estágio de maturidade devem principalmente se atentar à simplificação de seu processo produ vo, visando à redução do custo final de seu produto. Isso é um ponto crucial, pois determinará a quan dade de receita e a sua permanência na compe ção pelo mercado (Anastácio et al., 2016). Quando se fala em estratégias de precificação no estágio de maturidade de um produto, existem duas possibilidades de escolhas. Ressalta-se que as escolhas devem ser feitas com base em um planejamento estratégico. Para isso, conhecer o mercado em que a empresa atua é primordial. Desta maneira, o posicionamento quanto ao preço pode ser derivado da liderança em preços, ou “price maker”. Nestaabordagem, cabe estritamente à empresa definir e decidir onde ela se encontra ou quer se encontrar no mercado. Se a empresa possuir grande par cipação no mercado, significa que o seu produto já é conhecido e que existe uma clientela pronta para sua compra. Entretanto, essa abordagem pode variar conforme o po de produto. Por exemplo, um produto considerado “premium” ou com caracterís cas autên cas pode ser capaz de guiar os preços do mercado. É possível citar o modo como a Apple determina os preços dos seus produtos e ainda movimenta a prá ca de preços do mercado. A liderança em preços irá conduzir uma tendência do mercado; ou seja, espera-se que, quando uma estratégia como essa é definida, as outras empresas sigam a empresa, nivelando os valores es pulados. Ainda assim, a liderança de preço é ser determinada pela capacidade da empresa em reduzir seus custos de produção, bem como pela produção em escalas e o seu conhecimento da demanda do mercado (Milan et al., 2016). 8 Outra estratégia pode ser determinada como a paridade de preços. Nesta opção, ao contrário da liderança em preços, segue-se aqui a estratégia de “price follower”, ou seja, seguir os preços definidos pelos líderes do mercado, em que um pequeno ajuste nos preços determinados pela empresa pode influenciar nas receitas. Geralmente, essa estratégia é associada a empresas com menor par cipação e com menos diversificação no mercado (Milan et al., 2016). Vale ressaltar novamente que as estratégias são definidas de maneira diferente. Isso se dará conforme o po de produto/empresa e seu conhecimento do mercado. Em suma, a intensa compe ção entre empresas que já possuem produtos no estágio de maturidade leva as estratégias de preço a perseguirem o menor preço final como um reflexo da agressividade do mercado, fazendo com que ela consiga se manter na liderança por mais tempo. Com isso, é importante discu r agora as estratégias de distribuição que envolvem o estágio de maturidade do CVP. TEMA 4 – ESTRATÉGIA DE PRAÇA Para a estratégia de praça/distribuição, a fase de maturidade de um produto encontra uma base mais consolidada em relação aos seus canais de distribuição. Para que um produto chegue ao consumidor final, ele passa por diversas situações logís cas e, desta maneira, no estágio de maturidade, a distribuição deve possibilitar facilidades e comodidades para a entrega do produto ao cliente no lugar e momentos certos. Cobra (1992) afirma que a distribuição dos produtos deve ser feita pelos canais adequados, e sua principal função é levar o produto ao cliente. Os canais de marke ng, portanto, ligam a organização aos seus consumidores finais por meio de movimentos estratégicos que minimizam os esforços de distribuição (Czinkota et al., 2001). As negociações e o estabelecimento de parcerias comerciais com os distribuidores podem favorecer, no estágio de maturidade, tanto o processo de entrega ao consumidor final quanto a tradução em bene cios de redução de custos de entrega. Hall (1980) afirma que a boa polí ca de preços relacionadas a entregas o mizadas pode contribuir para o volume lucra vo de vendas. As empresas devem então manter relações com sua cadeia logís ca, isto é, relações com fornecedores, clientes e os revendedores justamente para garan r o sucesso na movimentação do produto. A fase de maturidade de um 9 produto está relacionada, portanto, ao es mulo e incen vos aos revendedores, de maneira a possibilitar uma gama diversa de possibilidades para o cliente receber seu produto. Da mesma forma, o gerenciamento adequado dos pontos de venda (PDV) deve ser prioridade, a fim de manter o produto sempre disponível para o consumo. Em suma, até este momento, as estratégias consideram o aumento de eficiência do produto, por meio do incremento ou por descobertas de novas aplicações, bem como pela clara polí ca com os stakeholders, garan ndo valor a toda cadeia de suprimentos, bem como favorecendo a qualidade e a redução de custos logís cos. Hammermesh e Silk (1979) afirmam que, para aumentar a eficiência de um produto, todo o sistema de produção deve estar constantemente em pauta, isto é, em constante melhoria: não apenas inovar e incrementar o produto, mas sim garan r um processo produ vo mais eficiente, desde a produção até a entrega ao consumidor. Com isso em mente, a seguir, discute-se sobre as estratégias promocionais a serem desenvolvidas durante o estágio de maturidade. TEMA 5 – ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO Para o estágio de maturidade, investe-se muito dinheiro com propaganda. Isso acontece para reforçar o enfrentamento da empresa para com seus compe dores (Abrantes, 2009). Outro fator relevante para a empresa é a u lização de estratégias de promoção para conquistar uma gama de clientes potenciais, ainda não aderentes ao produto. Em adição, essa ação pode encorajar o consumidor a realizar a mudança de marcas (Kotler, 2000). A diferenciação mencionada nas estratégias de produto, realizadas por meio da inovação incremental, é um fator a ser explorado neste momento, tanto em promoções quanto em a vidades de divulgação, reforçando para o mercado o real diferencial do produto para encorajar os clientes potenciais a escolherem a marca em questão. As promoções es lo cupons de desconto também se tornam estratégias atra vas para captar essa gama de clientes potenciais, bem como por reforçar o consumo do produto pelos clientes já fidelizados, assim como visto em algumas técnicas de comunicação na aula 2, que também podem ser u lizadas nesse estágio. Vale ressaltar a importância da marca para refle r a diferenciação, assunto tão relevante neste momento. A marca segundo Kotler (2000) é o 10 simbolismo que remete na mente do cliente, a imagem de diferenciação e de valorização. A marca no contexto de maturidade de produto, em que a compe ção está acirrada e agressiva, é o principal fator decisivo para gerar valor ao consumidor. A imagem da marca leva consigo o significado e as percepções que estão agregadas a seu produto. Pode levar consigo, 1. Os bene cios do produto; 2. As funcionalidades; 3. A transmissão dos valores da empresa; 4. A personalidade desejada (Kotler, 2000). Ser a primeira a ser lembrada pelo consumidor é a ordem do momento. Como existem muitos compe dores, as estratégias promocionais devem estar voltadas para a marca, a fim de fazer com que ela seja vista por todos no mercado em que atua. Saiba mais: Veja este vídeo a respeito das estratégias de marke ng voltadas a promoção, para este sen do. Plano de Marke ng Estratégias de Promoção. Disponível em: <h ps://www.youtube.com/watch?v=M-YmQ_53Hzg>. Acesso em: 19 jul. 2021. Para fechar, foi visto que os pontos mais relevantes da maturidade do produto, quando analisado o seu ciclo de vida, envolvem a experimentação de picos de lucro e uma estabilidade ou platô na quan dade de vendas, o que ocasionalmente levará a um aumento ou redução de receitas, dependendo dos inves mentos no composto de marke ng. Dessa forma, neste momento, as estratégias de marke ng são cruciais para a empresa e são elas que farão com que ela permaneça compe va, com a liderança da par cipação de mercado. A fase de maturidade do CVP faz com que a empresa tome consen mento de sua posição no mercado, principalmente quando o assunto são os custos associados à produção de seu produto, fator relevante para manter a clientela u lizando e/ou consumindo seus itens. A redução de custos de produção é necessária, uma vez que fará com que a empresa obtenha os melhores resultados em termos de receita. Isso porque a maturidade é a fase em que os consumidores 11 já conhecem o produto e já representam uma parcela significa va da fa a mercadológica. Neste momento, não pensar em estratégias como inovação incrementalde produtos pode causar o não aproveitamento da fa a de mercado, bem como a perda de clientes, uma vez que a inovação neste estágio se torna uma ferramenta indispensável para sa sfazer necessidades do consumidor. A diferenciação em relação aos concorrentes deve ser prioridade, já que estão cada vez mais presentes no mercado. Ainda assim, reduzir os recursos de marke ng, também pode resultar na antecipação do estágio de declínio do produto, o que não é adequado neste momento de estabilização de vendas, uma vez que, com a disputa acirrada, con nuar com a maturidade só é possível se a concorrência perder clientes. Sendo assim, é ideal que os inves mentos de marke ng sejam con nuados ou aumentados na fase de maturidade, para que a empresa se mantenha nesse estágio por uma fase extensa, garan ndo a geração de lucro por um longo período, adiando assim o declínio, temá ca da aula seguinte. Desta maneira, faz-se ideal que a empresa con nue o desenvolvimento con nuo de novos produtos ou aperfeiçoamento dos atributos dos produtos na fase de maturidade, uma vez que a demanda dos consumidores pode ser imprevisível, e os esforços da organização podem gerar uma nova linha de crescimento do volume de vendas (Abrantes, 2009). A nova linha de crescimento in tula-se padrão escalonável e pode ser vista na figura 2. Figura 2 – Padrão escalonável Fonte: elaborado com base em Kotler, 2000. 12 Em suma, até essa aula sobre o CVP, as fases de introdução, crescimento e maturidade (resumo apresentado no quadro 1) reforçam as principais condições para a empresa se manter compe va. No entanto, pode ser inevitável que o produto chegue à fase de declínio, sendo este o tema da aula seguinte. Quadro 1 – Resumo do CVP Dimensão da Estratégia Introdução Crescimento Maturidade Obje vos básicos Estabelecer um mercado para o novo produto. Persuadir o mercado-alvo de que o produto é atra vo. Aumentar as vendas e par cipação de mercado. Desenvolver a preferência do mercado pela marca. Defender a par cipação de mercado da marca. Procurar crescimento atraindo clientes dos concorrentes Foco estratégico Expansão de mercado Penetração Proteger a par cipação/inovação Obje vo de marca Conhecimento do produto e teste Preferência pela marca Lealdade de marca Produto Proporcionar alta qualidade. Selecionar uma boa marca para posicioná-la. Obter proteção por patente ou registro de marca e competências. Proporcionar alta qualidade e adicionar serviços e/ou atributos ao produto para criar valor. Melhorar a qualidade. Acrescentar recursos para diferenciar a marca dos concorrentes Preço Geralmente alto para recuperar os custos de desenvolvimento do produto e inves mentos em marke ng. Às vezes baixo para introduzir o Preço baixo para criar barreiras aos novos entrantes. Um pouco mais alto do que a fase de Baixo, já que a concorrência é rela vamente alta 13 produto de forma atra va no mercado. introdução, pois a demanda é maior. Praça Número limitado de canais ou gestão integrada de vários canais (omnichannel) Número maior de canais para atender o aumento da demanda. Número maior de canais já que a distribuição é intensiva. Mais incen vos para os revendedores Promoção Estratégias de comunicação voltadas para adotantes iniciais. Mensagens voltadas para instruir e informar o mercado-alvo sobre os atributos e valor do novo produto. Incen vo com amostras e cupons promocionais/desconto para induzir a experimentação. Estratégias voltadas para público mais amplo (comunicar com todo o mercado). As mensagens se concentram nos bene cios da marca. Para produtos de consumo, a ênfase deve ser voltada para a propaganda. A comunicação centra-se na diferenciação em relação às marcas concorrentes. Uso intensivo de incen vos para atrair consumidores potenciais e manter os clientes atuais. Fonte: Júnior, 2021. 14 REFERÊNCIAS ABRANTES J. Ciclo de vida de um produto: considerações mercadológicas, da produção e de conservação do meio ambiente. São Paulo: Atlas. 2009. p. 01-08. ANDERSON; C. R., ZEITHAML; C. P. Stage of the product life cycle, business strategy, and business performance. Academy of Management journal, v. 27, n. 1, p. 05-24. 1984. ANASTÁCIO, G. K. A.; AGUIAR, L. B. S.; GOMES, P. P. L.; OLIVO, A. M. 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De modo a recapitular essas premissas, notamos que o crescimento de vendas do produto, na fase descrita, começa a se tornar estável, o que potencializa a capacidade de obtenção de lucros pela organização, já que o produto se torna conhecido pelo mercado, seus consumidores já estão em grande parte fidelizados. Esse processo, claro, nunca deixa de ser marcado pela acirrada compe ção do mercado. As empresas, nesse estágio de maturidade do produto, estão buscando a redução de custos de produção e invesndo na sua diferenciação, ação que é realizada pela inovação incremental e mediante inves mentos em pesquisa de desenvolvimento do produto. Tal diferenciação é primordial para a empresa compe r com mais possibilidade de êxito, no mercado, pois será o fator decisivo para que um consumidor efetue uma troca de marcas. Aliados a esses fatores, vimos também que incen vos como propaganda e oferta de descontos promocionais são bem-vindos, bem como o estabelecimento de processos e parcerias eficientes em termos de logís ca. Essas ações no estado de maturidade do produto podem aumentar o seu ciclo de vida, estendendo assim sua vida ú l. Caso contrário, o produto chega mais rapidamente ao seu estágio de declínio, estágio cujas premissas discu remos, nas próximas sessões. Vamos lá? A fase de declínio sucede a fase de maturidade de um produto e, nela, a estabilidade ob da na maturidade é acompanhada por uma queda nas vendas do produto. Dentre as condições para que isso ocorra, encontra-se a falha ao se tentar atribuir tecnologia e novos incrementos ao produto, o que pode ocasionar a dissolução de recursos financeiros. Dessa maneira, as empresas podem optar por reduzir a oferta dos produtos oferecidos e/ou cortar seus recursos de promoção (Kotler, 2000). Nessa fase, o mercado encontra-se em saturação de determinado produto e a obtenção de lucros com sua venda é um desafio enorme. Os seus preços de venda estão em declínio, pois essa saturação puxa os preços de produtos compe dores para baixo. Esse é um momento crucial para algumas empresas, pois é quando alguns produtos simplesmente saem do mercado. Ressalta-se que 3 existe um porém: tal declínio de produtos não chega para todas as empresas, e para que isso aconteça existem estratégias e decisões a serem tomadas. Quando se olha para a matriz do Boston Consul ng Group (BCG), verifica se que a etapa associada ao estágio de declínio é a chamada quadrante do abacaxi, que se refere aos produtos que já possuem par cipação baixa no mercado e que, nesse momento, já não oferecem mais lucros à empresa mas, sim, prejuízos, embora ainda façam parte de seu por ólio de vendas (Zin; Bombana; Barcellos, 2018). Nesse sen do, é possível que esse produto venha a ser descartado pela empresa, caso apresente custos elevados para que se recupere no mercado. Dessa forma, um produto que se encontra na fase do abacaxi não está fadado à morte, apenas ao envelhecimento no mercado, isso porque o ciclo de vida de um produto abrange diversas condições e tem seu próprio dinamismo, podendo aquela ser uma fase desfavorável porém passageira (Mauad; Mar nelli, 2005). Figura 1 – Ciclo de vida do produto Outro fator que pode ocasionar o declínio de um produto está ligado ao gosto do consumidor, às mudanças de tendências e/ou ao aparecimento de produtos subs tutos (Berganton; Salvini, 2015), bem como o advento de inovações e mudanças tecnológicas (Boente; Melo; Braga, 2010), sobre as quais podemos citar o exemplo das máquinas de escrever, que, com o surgimento da tecnologia associada aos computadores, foram pra camente re radas do mercado, tornando-se obsoletas. 4 A Figura 2 sumariza os acontecimentos até o momento de declínio no ciclo de venda do produto (CVP), em relação a vendas, lucro, preço, pos de consumidores e concorrentes. Figura 2 – Fases do ciclo de vida do produto CICLO DE VIDA DO PRODUTO Introdução Crescimento Maturidade Declínio Vendas Baixas Altas Altas e estáveis Declinando Lucro Baixo/nega vo Crescente Decrescente Inexistente (prejuízo) Preço Alto Decrescente Baixo Produto em liquidação Consumidores Inovadores Adotantes pioneiros Massa do mercado Atrasados Concorrentes Poucos/nenhum Número crescente Número estável Número declinando Fonte: elaborado com base em Mauad; Mar nelli, 2005. O próximo tópico irá abordar as premissas básicas da fase de declínio do CVP e, na sequência, as estratégias de cada mix do marke ng (produto, preço, praça e promoção). Vale ressaltar que esse momento é quando os profissionais, gestores e empreendedores têm mais dificuldades para estabelecer a melhor estratégia. Saiba mais Veja alguns exemplos de produtos que foram descon nuados em sua fase de declínio no estudo Cadê a empresa que estava aqui?: processo de falência e reestruturação da Kodak à luz da teoria do ciclo de vida da firma, que conta um pouco do famoso caso de declínio da Kodak, quando houve a subs tuição das máquinas fotográficas analógicas pelas digitais, no mercado, e a marca não acompanhou bem esse movimento. O ar go encontra-se disponível para leitura em: <h ps://internext.espm.br/internext/ar cle/view/523/pdf> (Garcia; Viana Junior; Lucena, 2020). TEMA 1 – PREMISSAS DA FASE DE DECLÍNIO DO PRODUTO O principal obje vo do marke ng, na fase de declínio do produto, está pautado na tenta va de reduzir ao máximo custos desnecessários e garan r o 5 melhor aproveitamento possível da marca (Kotler, 2000). Considera-se, então, que a premissa central desse declínio é a redução de custos. Kotler (2000) ainda comenta que existem cinco estratégias principais voltadas às ações tomadas pelos gestores quanto ao estágio de declínio de um produto: 1. aumentar inves mentos com o intuito de re rar a concorrência do mercado. 2. manter o nível de inves mentos até que as incertezas do mercado sejam dissolvidas; 3. diminuir o nível de inves mentos de maneira controlada, reduzindo inves mentos em operações desnecessárias; 4. tentar recuperar o caixa contendo os inves mentos da organização; 5. desfazer-se do negócio de modo a recuperar os a vos antes que as perdas sejam maiores. Isso posto, uma outra premissa da fase de declínio do produto está em se pensar no desenvolvimento de outros produtos, que possam ocupar o lugar de um produto mais an go, com possibilidade de ficar obsoleto (Chiavenato, 2015). TEMA 2 – ESTRATÉGIAS DE PRODUTO Quanto às estratégias voltadas aos produtos, primeiramente é realizada a iden ficação de produtos fracos. Inicialmente, as organizações com produtos em declínio devem constatar quais sejam esses produtos, analisar os números de suas vendas, o seu retorno do inves mento e a quan dade de anos em que esses produtos apresentam decrescimento de vendas. Geralmente, a iden ficação dos produtos fracos é feita por comissões que avaliarão tais informações para que se possa tomar uma decisão a respeito (Kotler; Keller, 2012). Dessa forma, a organização consegue modificar suas ações com base nas estratégias de marke ng. Outra estratégia relacionada ao produto em declínio é a decisão de não dar con nuidade a ele. Ressalta-se que, se o produto possui determinado nível de aceitação pelo consumidor, a organização pode optar por vendê-lo como marca (Pereira; Marques, 2006), garan ndo assim o seu retorno financeiro, de maneira mais rápida. A descon nuidade do produto, então, se dará por meio da sua oferta para aquisição da marca no mercado, por alguma outra empresa interessada. 6 Já a decisão de abandonar ou recolher produto implica diretamente a diminuição de custos do produto, limitando o foco de mercado em alguns nichos (mercados menores), mas tentando manter as suas vendas (Kotler; Keller, 2012). Por fim, a organização pode optar por manter o produto, se u lizando de estratégias do estágio de maturidade, agregando-lhe novas atribuições ou modificações (Ishizaka; Lizarelli, 2016) que possibilitem o rejuvenescimento do produto, prolongando assim a sua vida ú l. TEMA 3 – ESTRATÉGIA DE PREÇO Os preços dos produtos sofrem frequentes modificações conforme as condições do mercado, isto é, as empresas podem ser forçadas a realizar alterações nos preços para conseguir manter estratégias rentáveis, alinhadas a obje vos de marke ng (Milan et al., 2016). Ainda assim, essespreços passam por um alinhamento estratégico para colocação dos produtos no mercado e devem levar em consideração os obje vos estratégicos e rentáveis estabelecidos pela organização que os produz (Hinterhuber, 2004). Em adição, já que as estratégias de preço devem seguir a lógica do mercado, é importante verificar que a redução de custos é a principal alterna va para que a empresa consiga reduzir os custos do produto no seu estágio de declínio. Diferentemente das possibilidades de liderança em preço e paridade de preço es puladas na fase de maturidade do produto, os preços baixos da fase de declínio são resultados da baixa par cipação e do início dos movimentos para re rar ou adaptar o produto no mercado. Nesse momento, a redução de custos é, pois, a premissa. Portanto, a estratégia de menor preço é adequada a produtos com baixa par cipação de mercado e produtos com baixa diferenciação na oferta (Milan et al., 2016). Como a margem de contribuição de cada produto é baixa ou até nega va, por causa do seu menor volume de vendas, o principal obje vo da empresa deve ser o de reduzir os estoques do produto em declínio a fim de gerar um caixa suficiente para os produtos em fases de introdução e crescimento, que com esses inves mentos poderão alcançar sua maturidade (Pinto; Moura, 2011). Em complemento, o Quadro 1 lista algumas abordagens para a determinação dos preços, independentemente do estágio no CVP. 7 Quadro 1 – Abordagens de preço Abordagens Precificação Baseada em Custos Precificação Baseada na Concorrência Precificação Baseada em Valor Percebido Definição Determinação dos preços, principalmente com dados da contabilidade de custos U liza como fonte primária os preços dos concorrentes, para fixação dos próprios preços Usa o valor percebido de uma oferta em um segmento de clientes, predefinido, como principal fator para fixação dos preços Fonte: Elaborado com base em Milan et al., 2016. Ainda assim, a precificação de um produto deve levar em consideração cinco fatores (Oxenfeldt, 1973; Nascimento; Picolli; Diehl, 2019): 1. sobrevivência da organização; 2. lucro seja a curto ou longo prazo; 3. a geração de vendas; 4. estabelecimento de uma estabilidade a empresa; 5. favorecer a marca aos olhos do consumidor. No entanto, na fase de declínio do produto, a busca do lucro já não é o foco central da organização, que se concentra então na redução dos custos do produto. Ainda assim, os preços baixos do produto na sua fase de declínio contribuem para a marca não cair no esquecimento, já que ela ainda pode ser uma alterna va para aqueles consumidores que optem por preços baixos. É importante destacar que também há a possibilidade de se con nuar pra cando preços altos com produtos em fase de declínio. Se um dado produto for a única alterna va para um determinado nicho de mercado, o preço pra cado em sua venda pode majorar mesmo com o produto em declínio, para fazer com que as perdas com esse produto sejam menores para a organização. Saiba mais As estratégias de precificação de produtos devem seguir a fase do CVP na qual o produto está. Bruni e Famá (2003, p. 311) mencionam que “o sucesso empresarial poderia até não ser consequência direta da decisão acerca dos preços. Todavia, um preço equivocado de um produto ou serviço certamente causará a sua ruína.” Tendo essas condições em vista, um estudo publicado no VIII Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia propôs analisar como se dá a formação dos preços de venda no setor de vestuário. Para saber mais, acesse 8 o link a seguir: <h ps://www.aedb.br/seget/arquivos/ar gos11/25414331.pdf> (Pinto; Moura, 2011). TEMA 4 – ESTRATÉGIA DE PRAÇA Como visto nas aulas anteriores, até o momento da maturidade de um produto, os canais de distribuição fazem uma grande diferença na entrega de um produto ao seu consumidor final. Entretanto, escolher e gerenciar os pos de canais de distribuição leva em consideração caracterís cas tanto do produto quanto da própria estrutura de compe ção que o cerca (concorrência e posicionamento da empresa) (Barbosa, 2010). Essa pode ser uma tarefa complexa, porém necessária. Saiba mais Veja o vídeo elaborado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) sobre como escolher o canal de distribuição de um produto, disponível no link: <h ps://www.youtube.com/watch? me_con nue=62&v=w2cPu_ivVq4&feature=e mb_ tle> (Como, 2018). Uma vez que o estágio de declínio tem como premissa principal a redução de custos do produto, estabelecer um critério para manter os distribuidores pode ser uma alterna va, escolhendo-se assim o melhor canal de distribuição possível, que contribua com a redução de custos do produto almejada e que ainda forneça condições razoáveis para o cliente. Diferentemente das estratégias dos estágios anteriores, que buscavam a ampliação dos canais de distribuição do produto, tanto quanto a expansão do número de locais de vendas, com estabelecimento de parcerias para realizar essas tarefas, o estágio de declínio deve acompanhar o desempenho logís co dos canais de distribuição do produto. Com isso, qualquer decisão de alocar recursos em logís ca deve ser repensada, bem como se deve cogitar a re rada de parte ou da totalidade dos canais de distribuição, estratégia necessária pois há a diminuição no volume de vendas do produto e, consequentemente, no lucro, e reduzir custos do produto é a melhor situação para os gestores. Novaes (2001) afirma que cada canal de distribuição de produtos possui um determinado obje vo, que deve ser combinado com as necessidades e a 9 estrutura da empresa, isto é: essa distribuição está associada à estrutura de compe ção em geral. A Figura 3 representa os canais de distribuição que podem ser escolhidos em todas as fases do CVP. Figura 3 – Canais de distribuição de acordo com o CVP Fonte: elaborado com base em Lamb; Hair; McDaniel, 2004. Ressalta-se que a escolha dos canais de distribuição no momento de declínio de um produto está completamente associada à redução de múl plos canais, bem como deve se dar em prol do canal que fornece o melhor custo bene cio para a organização. Kotler e Keller (2006) o corroboram afirmando que cada canal pode gerar um nível diferenciado de vendas, bem como de custos. Portanto, apostar em u lização de menos canais de distribuição no estágio de declínio do produto pode ser a melhor alterna va para que a empresa consiga diminuir os custos rela vos à sua distribuição e também preparar sua possível re rada do mercado. 10 TEMA 5 – ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO No estágio de declínio do produto, as estratégias de promoção não seguem a lógica dos outros estágios, uma vez que a promoção de vendas deve ser reduzida e restar suficiente apenas para manter os clientes fiéis do produto. Vale lembrar que as estratégias de venda são elaboradas considerando as seguintes ferramentas, aplicáveis em todo o CVP (Ikeda, 1997): a. propaganda; b. promoção; c. marke ng direto; d. publicidade; e. venda direta. No entanto, como a lucra vidade e as vendas do produto estão em declínio, as a vidades promocionais do composto de marke ng podem gerar um custo desnecessário à empresa, visto que um mesmo produto não consegue alcançar novamente a maturidade depois de chegar ao declínio. Entretanto, algumas empresas podem apostar em estratégias de campanha que promovam a geração de um novo ciclo para o produto. Como exemplo, a Figura 4 remete à agressividade de uma campanha gerada para o primeiro ciclo do produto e repe da quando ele entra em queda de vendas, garan ndo uma sobrevida ao produto e possibilitando à empresa o aproveitamento da receita ob da ainda com o produto em declínio para mudar as suas estratégias. Figura 4 – Novociclo do produto Fonte: elaborado com base em Kotler; Keller, 2012. 11 Entretanto, o estágio de declínio de um produto pode levar algumas empresas até a saírem do mercado. Portanto, o corte em orçamentos como o de marke ng e a redução de preços do produto em declínio parecem ser, ainda, a decisões mais seguras a serem tomadas nesse momento (Kotler; Keller, 2012). Saiba mais Não só produtos entram em declínio durante seu ciclo de vida. Indústrias completas também podem passar por estágios de recessão, fazendo com que mudanças estratégicas sejam necessárias na forma de promover o negócio e seus produtos e serviços. É o caso da indústria fonográfica, especificamente o caso da Som Livre. Com o advento da internet, as buscas por materiais sicos da indústria fonográfica caíram radicalmente. Em busca de reverter o estágio de declínio em que entrou, a empresa teve que se adaptar às mudanças do cenário fonográfico, trabalhando com um posicionamento compe vo diferente. Para saber mais a respeito, acesse: <h ps://revistas.unifacs.br/index.php/rgb/ar cle/view/3208/3035> (Silva; Dib; Carvalho, 2016). Vimos, até este momento, todos os estágios do CVP, desde a introdução do produto ao seu declínio. Vale ressaltar que compreender o processo do CVP permite ao gestor entender como suas ações devem ser planejadas. O embasamento da tomada de decisão é pautado no entendimento do mercado e de sua dinamicidade, bem como na preocupação com a organização se manter em inovação. Além disso, compreender o CVP permite a o mização de inves mentos, bem como a manutenção da empresa de forma a va na compe ção do mercado. De outra perspec va, é importante salientar que alguns produtos não seguem a lógica linear do CVP. Alguns deles podem ficar muito tempo no estágio de maturidade, devido à sua constante evolução incremental (Kotler; Armstrong, 2015), o que se acha representado na Figura 5. A inovação do produto pode lhe gerar um novo ciclo de vida, e isso ocorre antes da sua fase de declínio chegar ao ápice, o que costuma conferir ao produto uma vida longa. 12 Figura 5 – CVP prolongado Fonte: Blume; Ledermann, 2009. Outra possibilidade é que alguns produtos saiam da fase de introdução diretamente para a fase de declínio para, logo a seguir, terem descon nuidade de produção e par cipação no mercado. Kotler e Keller (2006) ressaltam que isso pode acontecer por erro organizacional de estratégia ou de posicionamento. Outrossim, Pieritz Ne o (2013, p. 89) pondera que: [...] muitas vezes, vemos uma categoria de produto indo bem no mercado com suas vendas em crescimento, porém uma marca, às vezes, pode estar em declínio, pois a organização não está fazendo ações corretas de marke ng ou até mesmo o produto não a nge as caracterís cas necessárias exigidas pelos consumidores. Por isso, pode entrar em uma fase de queda de vendas. Sendo assim, finalizamos o estudo do CVP abordando estratégias em todas as fases do desenvolvimento de um produto com o resumo disponível no Quadro 2, que compila o conteúdo das aulas realizadas até este momento. Quadro 2 – Resumo Dimensão da estratégia Introdução Crescimento Maturidade Declínio Obje vos básicos Estabelecer um mercado para o novo produto Persuadir o mercado-alvo de que o produto é atra vo Aumentar as vendas e a par cipação de mercado do produto Desenvolver a preferência do mercado pela marca Defender a par cipação de mercado da marca Procurar crescimento atraindo clientes dos concorrentes Limitar os custos ou procurar maneiras de reavivar as vendas e os lucros Foco estratégico Expandir mercado Ter boa penetração do produto no mercado Proteger a par cipação e a inovação da marca Trabalhar a produ vidade 13 Obje vo de marca Conhecer o produto e testá-lo Gerar preferência pela marca Gerar lealdade à marca Explorar a marca Produto Proporcionar alta qualidade. Selecionar uma boa marca e posicioná-la Obter proteção da marca por patente ou registro de marca e competências Proporcionar alta qualidade e adicionar serviços e/ou atributos ao produto, para criar valor Melhorar a qualidade do produto Acrescentar recursos para diferenciar a marca dos concorrentes Con nuar oferecendo alta qualidade para manter a reputação da marca. Procurar formas e alterna vas para tornar o produto novo, novamente Preço Geralmente alto, para recuperar os custos de desenvolvimento do produto e dos inves mentos em marke ng, mas às vezes baixo para introduzir o produto de forma atra va no mercado Preço baixo para criar barreiras aos novos entrantes no mercado Um pouco mais alto do que na fase de introdução do produto, pois sua demanda já é maior Baixo, já que a concorrência é rela vamente alta Baixo, para vender o que resta em estoque. Pode ser alto, pois atende um nicho específico de mercado Praça Número limitado de canais ou gestão integrada de vários canais (omnichannel) Número maior de canais para atender ao aumento da demanda Número maior de canais, já que a distribuição do produto é intensiva. Mais incen vos para os revendedores Número limitado de canais Promoção Estratégias de comunicação voltadas para adotantes iniciais Mensagens devem instruir e informar mercado-alvo sobre atributos e valor do novo produto Oferta de amostras, cupons promocionais e descontos para induzir o público à experimentação do produto Estratégias voltadas para um público mais amplo (marca precisa se comunicar com todo o mercado). Mensagens concentram-se nos bene cios da marca Para produtos de consumo, ênfase na propaganda Comunicação centra-se na diferenciação da marca em relação às concorrentes Uso intensivo de incen vos para atrair consumidores potenciais e manter clientes atuais. Promoção mínima, para manter os custos baixos 14 REFERÊNCIAS BARBOSA, M. A. C. Analisando o composto de marke ng dos par cipantes do APL de móveis do agreste de Alagoas. Revista Eletrônica Extensão em Debate, v. 1, n. 1, 2010. BERGANTON, L.; SALVINI, J. Desenvolvimento de produtos e marcas. Rio de Janeiro: Seses, 2015. 144 p. BLUME, M.; LEDERMANN, M. Gestão de produtos e marcas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009. 154 p. BOENTE, D. R.; MELO, C. L. L. D.; BRAGA, P. D. T. Ciclo de vida do Gol VW: uma análise das unidades vendidas no mercado brasileiro entre os anos 1987 e 2010. Revista Ambiente Contábil, v. 2, n. 1, p. 27-36, 2010. BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicação na calculadora HP 12C. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003. CHIAVENATO, I. Gestão da produção: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2015. COMO escolher o canal de distribuição. Sebrae, 18 dez. 2018. Disponível em: <h ps://www.youtube.com/watch?v=w2cPu_ivVq4&t=62s>. 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F. Avaliação das equipes de vendas de duas empresas com a matriz BCG u lizando lucro e margem de contribuição. Gestão & Produção, v. 25, n. 4, p. 826-838, out./dez. 2018. AULA 6 ANÁLISE ESTRATÉGICA DO CICLO DE VIDA DO PRODUTO Prof. Demétrio de Mendonça Júnior 2 INTRODUÇÃO Vamos tentar compreender como funciona o ciclo de vida de um produto, desde o primeiro estágio de introdução, basicamente focado na colocação de um novo produto dentro do mercado. No início, o foco é garan r uma fa a do mercado, u lizando qualidade, preços geralmente mais altos, um número limitado de canais de distribuição e estratégias de comunicação que procuram incen var o consumo. Em sequência, o estágio de crescimento desse produto, estágio marcado pelas estratégias de penetração/desnatação do produto, com o principal obje vo de criar uma preferência pela marca, em que os canais de distribuição já são maiores para atender à demanda e propagandas focadas tanto para es mulo quando para fidelizar os consumidores. Após o estágio de crescimento, o produto a nge um platô em termos de vendas, e o lucro começa a reduzir. O foco está em proteger a par cipação da empresa no mercado e verificar novas estratégias para diferenciar o produto (inovação). A compe ção é mais acirrada e os preços mais baixos para corresponder a essa agressividade compe va. Por fim, temos o estágio de declínio do produto quando as vendas estão em uma queda acentuada, e a empresa precisa reduzir custos diante do seu mix de marke ng (Produto, Preço, Praça e Promoção). Com base nisso, as organizações precisam organizar bem suas decisões estratégicas para perseguir um novo ciclo de produto. Nesta aula, veremos algumas técnicas para a análise de por ólio que podem auxiliar a compreender em que ciclo de vida o produto se encontra, bem como auxiliar em compreender a concorrência. Falamos até aqui muito sobre o ciclo de vida de produto e seus impactos nas estratégias de marke ng, mas para que serve o ciclo de vida? Basicamente o que vimos até aqui serve como base de conhecimento para a gestão de por ólios ou gerenciamento de produtos, e para que serve esse gerenciamento? É uma ferramenta essencial para os gestores, pois possibilita o entendimento do mercado em relação a determinada oferta. O gerenciamento possibilita a formulação de estratégias, pois com a análise do CVP consegue garan r informações suficientes para que o gestor possa tomar decisões, uma vez que o CVP se concentra nos resultados ob dos em vendas ao longo do tempo. Nesta aula, falaremos mais sobre a análise de por ólio de produtos, entre outras técnicas. 3 TEMA 1 – ANÁLISE DE PORTFÓLIO Para iniciar a discussão sobre a gestão e análise de por ólio de produtos, vamos primeiramente definir o que é e para que serve. Para os autores Leoni, Silva e Jugend (2013), a gestão de por ólio de produtos é responsável por determinar qual produto irá compe r em determinado mercado. É responsabilidade desse gerenciamento propor e aplicar mecanismos ou ferramentas que maximizem a contribuição de determinado produto no desempenho de uma organização. Além disso, a gestão de por ólio pode promover a tomada de decisão referente não apenas a que po de produto será desenvolvido, mas também se existe uma necessidade, potencial para uma melhoria e até a descon nuidade de um produto (Cooper; Edge ; Kleinschmidt, 1999). Por fólio de produtos refere-se a todos aqueles projetos de uma empresa, relacionados a desenvolvimento e comercialização de produtos. Ou seja, o por ólio nada mais é do que o produto, seja ele em estado de planejamento, desenvolvimento ou produção (Cooper; Edge , 2008). A gestão de por ólios de produto, assim como os estágios do CVP possuem algumas premissas básicas, sendo elas: 1. Maximização de valor do por ólio, 2. Alinhamento de produtos; 3. Estratégias do negócio e 4. Balanceamento (Cooper; Edge ; Kleinschmidt, 1999; Leoni; Silva; Jugend, 2013). Diante desses métodos, a gestão do por ólio pode possuir várias ferramentas de análise: as ferramentas financeiras, de ranqueamento, de diagramas e gráficos A matriz BCG é uma das ferramentas mais famosas quando se fala em analisar e avaliar o por ólio de produtos. Além disso, ela é muito vinculada ao CVP. Dessa forma, apresenta-se a matriz elaborada pelo grupo Boston Consul ng Group (BCG). Kotler e Keller (2012) afirmam que, diante das formas de avaliar o por ólio, a matriz BCG tem grande u lidade. E funciona da seguinte maneira: no eixo ver cal, é informada a taxa de crescimento do mercado e no eixo horizontal a par cipação dessa empresa no mercado (Zin; Bombana; Barcellos, 2018). Além 4 disso, são gerados quatro quadrantes analisáveis que possuem determinadas caracterís cas, as quais serão discu das a seguir. 1.1 Ponto de interrogação Neste quadrante, podemos verificar os produtos operando em um mercado com alta taxa de desenvolvimento, entretanto com baixa par cipação. Uma fase de inves mentos e de acompanhamento de crescimento pode ser verificada na figura 1. Quando estamos falando do CVP, a fase de introdução corresponde ao quadrante ponto de interrogação. Isso porque, conforme as estratégias corretas, o produto em fase de introdução pode gerar uma alta taxa de crescimento com uma pequena par cipação nas quotas do mercado. Figura 1 – Fase de Interrogação Crédito: Ta anaA/Shu erstock 5 1.2 Estrela Remete aoproduto bem-sucedido no mercado, geralmente associado ao sucesso do produto interrogação. Representa a par cipação em um mercado com alta taxa de crescimento, embora possa ainda não apresentar resultados financeiros posi vos. Em relação à CVP, a estrela remete à fase de crescimento dos produtos, que, após a correta formulação de estratégias na fase de introdução, conseguem se desenvolver ou crescer dentro das quotas do mercado, tornando-se um produto com um alto potencial rentável. Figura 2 – Fase de Estrela Crédito: Ta anaA/Shu erstock 6 1.3 Vaca leiteira Acontece quando a taxa de crescimento do mercado (Eixo Y) sofre uma queda na taxa, mas em compensação o produto possui uma alta par cipação no mercado (Eixo X) (Kotler; Keller, 2016), conforme vemos representado na Figura 3. Essa fase representa então o estágio de maturidade de produto, quando os rendimentos se tornam estabilizados, e o produto já é conhecido pelo consumidor. Figura 3 – Vaca leiteira Crédito: Ta anaA/Shu erstock 1.4 Abacaxi ou cachorro São produtos que possuem uma baixa par cipação no mercado (Eixo X) e estão com baixa par cipação no mercado (Eixo Y). Representado pela Figura 4, ressalta-se que o produto que se encontra nessa posição geralmente vem associado a um prejuízo (Kotler; Keller, 2016). Já este quadrante é marcado pelo estágio de declínio de produto, a fase em que os produtos não possuem mais uma par cipação rela va no mercado, e 7 sua taxa de crescimento está em uma queda agressiva. É nesse momento em que as estratégias devem ser pensadas de modo a preservar as receitas. Figura 4 – Cachorro ou abacaxi Crédito: Ta anaA/Shu erstock Verifica-se que existe na literatura uma confirmação sobre a u lização da Matriz BCG e os estágios do CVP, e essa correlação entre a ferramenta e o ciclo do produto permite a análise e a avaliação de estratégias em todos os estágios, contribuindo para a correta aplicação das estratégias recomendadas pelo marke ng (Pereira, 2007). De maneira ilustra va, a Figura 5 demonstra conforme as curvas dos estágios de ciclo de vida do produto. 8 Figura 5 – CVP e Quadrantes BCG Como uma forma ilustra va reversa, a Figura 6 representa os estágios do CVP em sua representação gráfica na matriz BCG. Figura 6 – Matriz BCG e os Estágios do CVP Crédito: Ta anaA/Shu erstock 9 Saiba mais Acesse o link a seguir e veja a aplicação na prá ca da matriz BCG em duas empresas, uma do setor moveleiro e outra da indústria têx l, a aplicabilidade da matriz e como iden ficar em que estágio estão seus produtos ZIN, R. A.; BOMBANA, L. P.; BARCELLOS, P. F. P. Avaliação das equipes de vendas de duas empresas com a matriz BCG u lizando lucro e margem de contribuição. Gestão de Produção, São Carlos, v. 25, n. 4, p. 826-838, 2018 Disponível em: <h ps://www.scielo.br/pdf/gp/v25n4/0104-530X-gp-0104- 530X634-18.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2021. TEMA 2 – RETORNO DE INVESTIMENTO Uma das maneiras de analisar e/ou realocar os recursos inves dos nos pordutos se dá por meio da análise financeira de retorno dos inves mentos. A análise, a avaliação e a comparação de alterna vas se tornam ferramentas importantes para a correta aplicação de recursos (Ferreira et al., 2018). O retorno é uma variável que mensura os gastos e ganhos ao longo de um período (Gitman, 2001). Em adição, apenas uma medida de mensuração é algo inviável quando falamos em um projeto ou um desenvolvimento de um produto. Assim como já vimos a respeito do CVP, ferramentas como a matriz BCG e a parâmetros estratégicos podem contribuir com a decisão. Slack e Lewis (2008) comentam que apenas inves r em um indicador como o retorno de inves mento se torna arriscado para a organização, por isso faz-se necessário verificar outros parâmetros. Uma das formas de compreender como funciona o retorno de inves mento ou em inglês return over inves ment (ROI) se dá por sua u lização em inves mentos voltados à área de marke ng. O indicador do retorno de inves mentos permite ao gestor iden ficar a rentabilidade de inves r em um projeto. De maneira geral, o índice iden fica o percentual do retorno financeiro tendo como base o valor inves do. Este indicador serve como base para diversos estudos de viabilidade de projetos, independentemente de sua natureza (exemplo: projetos de desenvolvimento de produtos etc.) (Gitman, 1997) Para tal, o índice do retorno sobre o inves mento possui uma fórmula de simples aplicação, em que o lucro líquido do período é igual ao retorno/lucro – custo dividido pelo custo do inves mento mul plicado por 100, que pode ser verificada pela Figura 7. 10 Figura 7 – Fórmula (ROI) Fonte: Gitman, 1997. Ressalta-se que sua aplicabilidade dentro do marke ng se dá pela necessidade em sa sfazer metas, ou seja, a ngir metas envolvem o retorno de inves mentos. Dessa maneira, qualquer ação que envolva estratégias de marke ng assim como desenvolvimento de produto, elaboração de preços, ações, promoções precisam imprescindivelmente, passar por uma análise de retorno financeiro, de forma a medir bene cios que tais ações possam trazer para a organização (Sampaio, 2008). Saiba mais Acesse o link a seguir e leia esse pequeno ar go sobre Retorno de Inves mento: como calcular o que fazer a par r do resultado e algumas aplicações para o marke ng. LAFRATTA, C. ROI: o que é retorno sobre inves mento e como calcular. Nubank, 22 maio 2021. Disponível em: <h ps://blog.nubank.com.br/roi-o-que-e como- calcular/>. Acesso em: 27 jul. 2021. TEMA 3 – REVITALIZAÇÃO DE PRODUTOS A revitalização dos produtos está associada diretamente a fase de declínio do CVP, portanto, após a aplicação das ferramentas de análise de por ólio, pode surgir a necessidade de revitalizar determinado produto. A revitalização pode acontecer por meio de atualizações constantes nos produtos, garan ndo um posicionamento sempre a frente no mercado (Mauad; Mar nelli, 2005). Como todos os produtos possuem um ciclo natural de vida (CVP), existe o momento em que ele a ngira seu declínio. A revitalização de um produto é uma tarefa complexa e são necessárias novas estratégias para que se crie um ciclo para determinado produto (Barbosa, 2012). A revitalização está diretamente associada ao mix de marke ng e à alteração em suas estratégias. A revitalização pode estar relacionada tanto à 11 marca e à maneira como se posiciona no mercado quanto ao incremento na qualidade ou funções de um produto. TEMA 4 – DESCONTINUIDADE DE PRODUTOS Tendo em vista a análise do ciclo de vida de um produto, geralmente quando um bem (produto) está em declínio e não existem alterna vas para relançar ou revitalizar, ele se torna desnecessário para a empresa. Isso geralmente é causado por perda da par cipação no mercado, resultados nega vos financeiros e pela redução nas vendas. A descon nuidade de um produto é resultado de um acompanhamento do seu ciclo de vida (Rozenfeld et al., 2013). O processo de descon nuidade de um produto é resultado de uma análise e de aprovação dos gestores; é um processo que precisa ser planejado, pois a organização necessita realizar algumas a vidades para dar fim ao projeto de um produto (Lobo, 2015). A autora ainda divide o processo de descon nuidade em 7 etapas. 4.1 Analisar e aprovar a descon nuidade Como o lançamento de novos produtos é um projeto, são estabelecidas metas e um período de atuação no mercado. Essa etapa é marcada pela análise desses resultados e com essa análise será possível decidir pela con nuidade ou pela descon nuidade do produto. 4.2 Planejar a descon nuidade Após a aprovação, elabora-se um plano de ação para o encerramento das a vidades relacionadas à produção do produto, bem como por acompanhar o recebimento do úl mo produto por um consumidor. Essa etapa é marcada pelaelaboração de datas e es pulação de um me focado para esse processo. 4.3 Preparar o recebimento do produto/acompanhar o recebimento do produto Fase que es pula o recebimento dos produtos que serão descon nuados, marcado pela elaboração de planos de descarte, desmontagem e/ou reciclagem 12 de produtos. Nesse momento, algumas partes podem ser reu lizadas ou remanufaturadas (dependendo do produto). É uma etapa que efe va as ações planejadas e nela também é realizado o acompanhamento do recebimento de produtos. 4.4 Descon nuar a produção Nesta etapa, a fabricação é finalizada, mantendo algumas peças apenas com a finalidade de reposição, fase que pode demorar um período maior, pois envolve diversos setores de uma empresa. 4.5 Finalizar o suporte ao produto A descon nuidade deve abranger no seu planejamento o período em que deve ser prestada assistência ao produto que foi descon nuado. Ou seja, o suporte a esse produto deve ter um período de assistência pós-descon nuidade para eventualmente atender a alguma necessidade dos clientes. 4.6 Avaliação geral e encerramento do projeto Momento em que o projeto de descon nuidade é desfeito; é o momento para análise do planejamento criado para esse processo e deve gerar um registro para a empresa. TEMA 5 – IDENTIFICANDO OPORTUNIDADES Para desenvolver novos produtos, faz-se necessária a combinação de diversas maneiras ou ferramentas para iden ficar novas oportunidades ou o momento correto para tomar essa decisão. Para iden ficar oportunidades, é importante ressaltar que são necessárias pesquisas de mercado, com o intuito de compreender as demandas do consumidor como seus valores e costumes, e principalmente compreender as ações da concorrência. Para iden ficar novas oportunidades, existem alguns caminhos a serem seguidos. Para isso, existem quatro técnicas que auxiliam este processo (Berganton; Salvini, 2015): a. Mapeamento percep vo: técnica que se baseia primeiramente nas ações do consumidor em relação às marcas existentes no mercado. Dessa 13 maneira, são captadas as percepções do consumidor e iden ficados quais são os fatores que levam à preferência de determinada marca; b. Análise de bene cios: com essa técnica, é possível iden ficar quais fatores caracterís cos de produtos no mercado se tornam bene cios para o cliente no momento de escolha de uma marca, ou seja, quais são os bene cios percebidos pelo consumidor; c. Solução de problemas: voltados para a percepção de necessidade do mercado, ou seja, diante de uma análise do mercado, quais são os produtos que podem resolver/solucionar determinado problema. Caso não exista um, a oportunidade pode estar nessa lacuna de produto no mercado; d. Iden ficação de caracterís cas: essa abordagem preocupa-se principalmente com a iden ficação de caracterís cas de um produto, que possam contribuir para se tornarem mais atraentes perante a visão do consumidor (por exemplo, design do produto). Sendo assim, a iden ficação de oportunidades é um fator importan ssimo no que se refere ao desenvolvimento de novos produtos. É então papel dos gestores iden ficar e selecionar as melhores oportunidades para tomarem a correta decisão para sua empresa. Vale lembrar que as organizações devem atentar a todos os aspectos que envolvem sua empresa, tanto os aspectos internos quanto os aspectos externos. Dessa forma, a empresa conseguirá determinar de maneira concreta as informações e então traçar o planejamento estratégico (Ne o, 2013). A Figura 8 demonstra de forma ilustra va o processo de desenvolvimento de produtos, que se inicia com a iden ficação de oportunidades e depois a geração de ideias. Figura 8 – Processo de iden ficação de oportunidades e desenvolvimento de produtos Fonte: Ne o, 2013. 14 Ainda assim, vale ressaltar que as oportunidades iden ficadas não só permitem que as ideias sejam geradas com base nas informações do mercado, mas possibilitam também que a empresa tome as decisões com uma base forte de informações e relacione com suas capacidades, ou seja, se a empresa consegue rar proveito das novas ideias e gerar sa sfação do consumidor (Berganton; Salvini, 2015). FINALIZANDO Nesta aula, vimos algumas maneiras de analisar o por ólio de produtos pela matriz BCG, bem como por um indicador financeiro de retorno de inves mento (ROI). Vale ressaltar que a boa análise de um ciclo de vida de um produto, assunto principal das aulas, está condicionada à compreensão de diversos fatores. Vale lembrar que o planejamento estratégico e o controle das ações, tanto para estratégias de revitalização de produtos quanto para estabelecer a descon nuidade, dependem de uma correta interpretação do mercado por seus gestores. Isto é, a coleta de informações mercadológicas é fundamental para que todas as funções apresentadas ao longo das aulas sejam eficazes. 15 REFERÊNCIAS BARBOSA, V., Marke ng. São Paulo: Monitor Editorial, 2012. BERGANTON, L.; SALVINI, J. Desenvolvimento de produtos e marcas. Rio de Janeiro: Seses, 2015. COOPER, R. G.; EDGETT, S. J. KLEINSCHMIDT, E. J. New product por olio management: prac ces and performance. Journal of Product Innova on Management, v. 16, p. 333-351, 1999. COOPER, R. G.; EDGETT, S. J. Por olio management for new products: picking the winners. Product Development Ins tute, 2008. Disponível em: <h p://materias.fi.uba.ar/7558/lecturas/por olio%20management%20for%20new %20products-picking%20the%20winners.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2021. FERREIRA, L. 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