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PARTES E SUJEITOS DO PROCESSO
Sujeitos e partes secundárias na relação processual e terceiros
Os sujeitos e as partes secundárias ou acessórias podem intervir no processo e deduzir
pretensões, sendo elas:
● ofendido (quando ingressa como assistente da acusação - art. 268);
● terceiro prejudicado (pode ingressar com pedido de restituição de coisas apreendidas e
embargar o sequestro - arts. 120, §2° e 130, II);
● fiador do réu (incidentes relativos à fiança - arts. 329, parágrafo único, 335 e 347).
Terceiros são todas as pessoas que intervêm no processo e cooperam para o desenvolvimento
da relação jurídico-processual sem se converterem a sujeitos ou partes, ou em órgãos
auxiliares destes. Em regra, trazem elementos probatórios ao processo. São eles, por
exemplo, peritos, tradutores, intérpretes, parentes do ofendido etc.
Já os advogados, são representantes do interesse de outrem e detêm capacidade postulatória
exclusiva perante o Poder Judiciário. Não sendo, pessoalmente, sujeitos da relação
processual, nem parte.
Sujeitos principais ou essenciais: juiz, acusador e acusado.
Juiz
O magistrado desempenha a função de aplicar o direito ao caso concreto, provido de seu
poder jurisdicional, razão pela qual é sujeito do processo, mas não parte.
Ele atua como órgão imparcial, acima das partes, fazendo atuar a lei e compondo os
interesses do acusador e acusado.
Juiz das garantias: vai atuar até o oferecimento (STF)/recebimento (CPP) da denúncia.
Garantias
- Vitaliciedade;
- Inamovibilidade;
- Irredutibilidade de subsídios.
Regularidade do processo e princípio do impulso oficial
Iniciada a ação penal, o magistrado deve conduzir o desenvolvimento dos atos processuais,
conforme o procedimento previsto em lei, até o final da instrução, quando será proferida a
sentença.
Não se admite a extinção processual do feito, sem julgamento do mérito, por inépcia de
qualquer das partes.
O magistrado possui poder de polícia na condução do processo, mantendo a ordem e a
regularidade dos atos processuais, utilizando, quando for o caso, do emprego de força
pública, a qual lhe é subordinada nas dependências do Poder Judiciário.
Impedimentos do juiz
Considera-se impedido o juiz que é parcial, seguindo as hipóteses previstas no rol taxativo do
art. 252, CPP, sendo elas (hipóteses taxativas):
● participação, na causa, de cônjuge ou parente até terceiro graus;
● juiz tendo atuado em função diversa da jurisdicional;
● juiz tendo atuado com instância diversa;
● juiz, cônjuge ou parente como parte; e,
● nos juízos coletivos (tribunais), os parentes, consanguíneos ou afins, em linha reta ou
colateral até terceiro grau trabalhando como magistrados.
Suspeição do juiz
A suspeição é causa de parcialidade do juiz, viciando o processo, caso haja sua atuação. Pode
dar-se a suspeição pelo vínculo entre o juiz e a parte ou entre o juiz e a questão discutida no
feito.
As causas de suspeição são as previstas no rol exemplificativo do art. 254, CPP, quais sejam:
● amizade íntima ou inimizade capital;
● interesse na matéria em debate;
● parentesco consanguíneo e por afinidade;
● interesse em causa diversa;
● o juiz tendo aconselhado réu ou vítima em caso criminal;
● interesse movido pelos laços existentes;
● interesse financeiro.
Criação proposital de animosidade por má-fé
Caso a parte ofenda o magistrado, nos autos ou fora dele, somente para, em seguida, dizer ser
inimigo capital, deve arcar com sua atitude.
Ministério Público
O Ministério Público como sujeito e parte na relação processual
Conforme o art. 127, caput, da CF, o MP é uma “instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e
dos interesses sociais e individuais indisponíveis”, sendo regido pelos princípios da unidade,
da indivisibilidade e da independência funcional.
O MP tem como função institucional a promoção, em caráter privativo, da ação pública.
Ocupando, assim, a posição de sujeito na relação processual, ao lado do juiz e do acusado,
além de também ser parte, pois defende o interesse do Estado, com a efetivação do direito de
punir o criminoso (art. 129, I, CPP).
Nas ações penais privadas, o MP atua como fiscal da lei, sendo considerado parte, visto que
continua a defender a pretensão punitiva do Estado.
No caso da ação pública movida pelo ofendido, o querelante atua como substituto processual
do Estado, havendo, de igual modo, a participação do MP como representante do Estado.
Exige-se uma acusação imparcial do MP.
Impedimento do representante do Ministério Público
O promotor não deve atuar quando já tiver funcionado, ou que esteja presidindo a instrução,
juiz que seja seu cônjuge ou parente; bem como não atuará quando seu cônjuge ou parente for
parte no processo.
**Súmula 234, STJ: “A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia”.
Funções principais no processo penal
De acordo com o art. 257, CPP, cabe ao MP:
● promover, privativamente, a ação penal pública; e,
● fiscalizar a execução da lei.
Como titular primeiro da ação penal pública, cabe-lhe a promoção privativa da demanda.
Somente em casos de retardamento, pode o ofendido propor a ação privativa subsidiária da
pública.
O método privativo para a investigação criminal se concentra no inquérito policial, presidido
pela autoridade policial. Concluído o inquérito, remetem-se os autos ao MP, o qual poderá
exigir diligências, ordenar o arquivamento ou oferecer a denúncia.
Segundo o CPP, não cabe o MP a função de investigação criminal (não é o que acontece na
prática).
Acusado
O acusado como parte na relação processual
É o sujeito passivo da relação processual.
Durante a investigação se denomina indiciado; no oferecimento da denúncia se denomina
denunciado/imputado; após o recebimento da denúncia, se chama acusado ou réu; já na
queixa, chama-se querelado.
Pode tanto ser pessoa física (maior de 18 anos), quanto jurídica (para crimes ambientais).
Acusação não pode passar da pessoa do acusado - princípio da intranscendência.
A ação penal apenas pode ser promovida contra pessoa individualizada e identificada (art. 41,
CPP). No entanto, é permitido o ajuizamento da ação contra sujeito, cuja qualificação é
desconhecida, desde que sua identidade seja inequívoca.
No caso de o réu apresentar documentação de outra pessoa, passando-se por quem não é, não
anula a instrução ou condenação, bastando o juiz determinar a correção dos dados, após sua
descoberta.
Indisponibilidade do direito de defesa
Mesmo que o réu não queira, terá nomeado defensor para sua defesa (art. 261, CPP).
É fundamental que o juiz zele pela qualidade da defesa técnica, sendo necessário, pode
declarar o acusado indefeso, nomeando outro advogado para exercer a função.
Não correspondendo ao mínimo esperado para uma efetiva defesa, pode o juiz desconstituir o
advogado, nomeando um substituto dativo, devendo dar prazo para o acusado apresentar
outro profissional de sua confiança.
A ausência de profissional habilitado para a defesa da causa na Comarca, faz com que o juiz
possa nomear leigo, com mínima capacitação (apenas com nível superior, por exemplo), a
fim de se garantir a ampla defesa.
Defensor
Critérios para nomeação, situação no processo e autodefesa
Deve ser sempre advogado o defensor do réu, sendo atividade privativa da advocacia “a
postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais”. No entanto, é
possível postular em alguns juízos sem a participação de um advogado, como é o caso dos
Juizados Especiais Cìveis.
Como representante do acusado, o advogado deve sempre buscar decisão favorável ao seu
constituinte.
O defensor não deve agir com a mesma imparcialidade exigida do representante do MP, visto
que está vinculado ao interesse do acusado. Este deve pleitear em benefício do acusado,
embora possa pedir sua condenação, mas devendo sempre visar à atenuação de sua pena ou
algum benefício legal.
→ Com o parágrafo único do art. 261, CPP, passou-sea exigir manifestação fundamentada do
defensor público ou dativo (sua falta passou a gerar nulidade relativa), no entanto não se
estendendo ao defensor constituído.
A nomeação de defensor dativo é ato exclusivo do magistrado.
A qualquer tempo pode o acusado nomear outro profissional de sua confiança, ou mesmo
defender-se sozinho (art. 263, CPP).
Quanto ao custeio da defesa, aos réus hipossuficientes, têm-se o direito de defesa técnica
gratuita, custeada pelo Estado. No entanto, àqueles que possuem condição de contratar
advogado, mas não o fazem, o juiz deverá nomear dativo ou defensor público, cujos
honorários deverão ser pagos pelo réu.
Desligamento da causa, ausência momentânea e defesa ad hoc
Eventual desligamento do defensor da causa somente pode dar-se por motivo imperioso,
havendo comunicação prévia ao juiz. Caso o motivo não seja considerado relevante ou não se
fizer a comunicação exigida, poderá ser imposta multa de 10 a 100 salários mínimos,
devendo o magistrado oficiar à OAB ou defensoria, para que medidas administrativas sejam
tomadas.
Conforme o Estatuto da Advocacia, o advogado que renunciar ao mandato continuará,
durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for
substituído antes do prazo.
A nomeação de defensor substituto o ad hoc (para o ato) ocorrerá quando houver ausência
injustificada do defensor, regularmente intimado para determinado ato processual,
especialmente audiências de instrução (art. 265, §2º, CPP).
Quando se tratar de atos fundamentais do processo, como audiência de debates e julgamento
ou plenário do júri, não há possibilidade de nomear defensor ad hoc, devendo-se adiar a
audiência, comunicando-se a falta injustificada à OAB ou Defensoria, para medidas
disciplinares. Persistindo a falta em julgamento posterior, pode o magistrado declarar o
acusado indefeso, nomeando-lhe substituto, após dar-lhe prazo para escolher advogado. Caso
a falta injustificada seja de defensor dativo, o magistrado pode substituí-lo imediatamente.
Nomeação no termo e impedimento
É possível que o réu indique defensor por meio de instrumento de mandato ou no termo de
audiência (apud acta).
Conforme o art. 267, CPP, não pode funcionar no processo, como advogado do réu, familiar
do magistrado.
Curador
O art. 262 do CPP dispõe que “ao acusado menor dar-se-á curador”, no entanto essa norma
não tem mais aplicação.
Assistência
Assistente da acusação
É a posição do ofendido, quando ingressa no feito, atuando, ao lado do MP, no polo ativo.
Trata-se de sujeito e parte secundária na relação processual.
Não intervém obrigatoriamente, mas, fazendo-, exerce o direito de agir, manifestando
pretensão contraposta à do acusado.
Intervenção do ofendido
É o principal interessado a pleitear sua inclusão como assistente de acusação, sendo
legitimados seus sucessores, em caso de morte.
Nos casos de ação pública, é cabível a formação de litisconsórcio ativo, integrando o polo
ativo a vítima do crime.
Quando se trata de ação penal privada exclusiva ou subsidiária da pública, estando o
ofendido no polo ativo, o MP entra no feito como fiscal da lei, atuando também como parte.
Na ação penal privada exclusiva, é incabível a intervenção de assistente, pois o ofendido já é
a parte legitimada a ajuizar a ação penal.
Intervenção de outras pessoa como assistente de acusação
É admissível o ingresso de pessoas jurídicas, de direito público ou privado, como assistentes
de acusação, diante do interesse público presente.
→ art. 2º, §1º, Decreto-lei 201/67: “os órgão federais, estaduais ou municipais, interessados
na apuração da responsabilidade do Prefeito, podem requerer a abertura de inquérito policial
ou a instauração da ação penal pelo MP, bem como intervir, em qualquer fase do processo,
como assistente de acusação.”
Intervenção da OAB em processos criminais nos polos ativo e passivo
Segundo o Estatuto da Advocacia, os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB,
têm legitimidade para intervir nos processos como assistentes de acusação, nos processos em
que tenham como acusado ou ofendido inscritos na OAB.
Amicus curiae no processo penal
Art. 138, CPP - o juiz ou relator, considerando a relevância da matéria,a especificidade do
tema ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício, ou a
requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a
participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com
representatividade adequada, no prazo de 15 dias de sua intimação.
Ingresso do assistente de acusação
A partir do recebimento da denúncia, até o trânsito em julgado da decisão, pode haver o
ingresso de assistente, no entanto, sem qualquer tipo de regressão no desenvolvimento regular
da instrução.
Durante o curso do inquérito policial, não se admite o ingresso de assistente.
Corréu como assistente
Essa é uma hipótese vetada pelo art. 270, CPP.
É admissível a interposição de recurso de corréu contra absolvição de outro, desde que o MP
não tenha recorrido.
Atribuições do assistente
Suas atribuições estão previstas no art. 271, CPP, sendo elas:
● propor meios de prova;
● requerer perguntas às testemunhas;
● aditar o libelo-crime (peça não mais existente) acusatório e os articulados - diante da
não mais existência da peça, o que resta ao assistente referente a essa atribuição é
apresentar outras testemunhas a serem ouvidas, caso o MP não tenha esgotado o
número máximo de 5;
● participar do debate oral;
● arrazoar os recursos interpostos pelo MP ou por ele próprio.
O assistente pode apresentar recursos nas seguinte hipóteses:
● decisão de impronúncia;
● julgamento de extinção de punibilidade;
● sentença absolutória;
● sentença condenatória visando o aumento de pena.
É conferida ao assistente, ainda, a legitimidade para ingressar com carta testemunhável,
embargos de declaração e recursos especial e extraordinário.
→ Súmula 208, STF: “o assistente do MP não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão
concessiva de habeas corpus”.
Uma vez admitido no processo, o assistente deve ser intimado, através de seu advogado, para
todos os atos que devam ser realizados no feito. Caso deixe de comparecer a qualquer deles,
sem a devida justificativa, não será mais intimado para os demais.
Oposição do MP à admissão do assistente
O MP pode solicitar a exclusão do assistente.
O indeferimento do seu ingresso não comporta recurso específico, no entanto, a
jurisprudência tem acolhido o mandado de segurança.
Funcionários da Justiça
São os funcionários públicos, ocupando cargos criados por lei, sendo remunerados pelo
Estado, a serviço do Poder Judiciário, por exemplo: escreventes, oficiais de justiça, auxiliares
judiciários etc.
Suspeição
Conforme o art. 274, CPP, as regras de suspeição do juiz estendem-se aos funcionários.
Peritos e intérpretes
Perito
É o especialista em determinada matéria, encarregado de servir como auxiliar da justiça,
esclarecendo pontos específicos. Ele pode ser oficial, quando funcionário do Estado,
sendo-lhe dispensado o compromisso, ou pode ser nomeado pelo juiz, devendo ser
compromissado a bem desempenhar sua função.
Intérprete
É a pessoa conhecedora de determinados idiomas ou linguagens específicas, que serve de
intermediário entre a pessoa a ser ouvida em juízo e o magistrado e as partes. Deve ser
compromissado a bem desempenhar sua função.
Disciplina judiciária do perito
Sendo ou não oficial, o perito tem o dever de cumprir fielmente seu encargo, servindo de
auxiliar do juiz na verificação e análise de fatos para os quais se exige conhecimentos
específicos.
Existe a possibilidade de indicação de assistentes técnicos, bem como o oferecimento de
quesitos a serem respondidos pelas partes (art. 159, §3º, CPP).
O art. 278, CPP, prevê a possibilidade de condução coercitiva de peritos para a realização de
seu trabalho, somente tendo aplicabilidade para peritos não oficiais.
Impedimentos dos peritos
São os seguintes impedimentos:
● não podem exercer a função de perito aqueles que tiverem cumprindopena restritiva
de direitos, impeditiva do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como
de profissão,a atividade ou ofício que dependa de habilitação especial, de licença ou
autorização do poder público;
● perito que já tenha participado no processo como testemunha ou tenha dado sua
opinião sobre o caso em oportunidade anterior;
● analfabetos;
● menores de 21 anos;
→ os peritos não oficiais devem, ao menos, possuir ensino superior.
Suspeição dos peritos
Estão sujeitos às mesmas regras de suspeição dos juízes (art. 254, CPP).
** Toda a disciplina dos peritos é aplicável aos intérpretes.

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