Prévia do material em texto
ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL LABORATÓRIO DE HIDRÁULICA PHA3201 – HIDRÁULICA AMBIENTAL EXPERIÊNCIAS DE LABORATÓRIO CANAIS 2023 SUMÁRIO 1 Introdução e Objetivos ......................................................................................... 4 2 Fundamentos ....................................................................................................... 4 2.1 Escoamento uniforme em canais .................................................................. 4 2.2 Escoamento Gradualmente Variado ............................................................. 6 3 Procedimento Experimental ................................................................................. 8 4 Cálculo ................................................................................................................. 9 4-9 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS Esta experiência tem a finalidade de aplicar os conceitos de resistência ao escoamento em canais. Através de um ensaio em laboratório será determinado o coeficiente de Manning, considerando os conceitos de escoamento permanente uniforme e variado em canais 2 FUNDAMENTOS 2.1 Escoamento uniforme em canais O escoamento de um líquido num canal aberto é classificado como em REGIME UNIFORME quando a velocidade média do escoamento, a declividade do canal, a área da seção hídrica e a profundidade permanecem constantes ao longo do canal . Nestas condições a vazão do escoamento é constante e o regi me do escoamento é PERMANENTE. É oportuno ressaltar que um escoamento permanente e uniforme só pode ocorrer num canal de geometria prismática. A profundidade associada ao regi me uniforme é denominada PROFUNDIDADE NORMAL e denotada dor y0. A pressão distribui-se hidrostaticamente ao longo de y0. As principais características geométricas e físicas usadas no tratamento do regime uniforme são: y0 Profundidade normal A Área molhada P Perímetro molhado RH = A/P Raio hidráulico DH = 4RH Diâmetro hidráulico Q Vazão em volume V = Q/A velocidade média i = tg Declividade de fundo 0 Tensão de cisalhamento na parede do canal K Rugosidade equivalente da parede do canal Viscosidade cinemática Figura 1: Esquema típico do equacionamento de um canal em regime uniforme Q y0 A P 5-9 O escoamento permanente e uniforme encontra-se em equilíbrio dinâmico, isto é, a soma das forças externas é igual a zero. Para o trecho elementar de canal indicado na Figura 1, de comprimento x e delimitado pelas seções 1 e 2, a condição de equilíbrio dinâmico é expressa por: g . A . x(sen ) - 0 . P. x = 0 Considerando-se um canal de pequena declividade, isto é, um canal onde sentg=i e tendo em conta que A/P = RH, a Equação 93 fica reescrita como: 0 = gRHi Evidências experimentais têm sugerido que a tensão de cisalhamento 0 (aqui suposta distribuída uniformemente) é proporcional ao quadrado da velocidade média, ou seja: 0 = aV2 na qual “a” é uma constante de proporcionalidade. A eliminação de 0 entre as equações anteriores fornece: 𝑉 𝜌𝑔 𝑎 𝑅 𝑖 ou 𝑉 𝐶 𝑅 𝑖 sendo C= (g/a)1/2 é o coeficiente de Chézy com dimensão (m1/2/s). Pode-se também multiplicar os dois membros da Equação anterior pela área A e reescrevê-la na forma: Q = C.A.(RHi)1/2 A perda de carga num canal é dependente da rugosidade relativa (K/DH) e do grau de turbulência expresso através do número de Reynolds. Assim deve-se ter: C=C(K/DH,Re) Outros pesquisadores propuseram fórmulas para os escoamentos em regime uniforme que, em comparação com a fórmula de Chézy, nada mais são do que 6-9 expressões para a determinação do coeficiente C. A seguir estão algumas das m ais consagradas destas fórmulas. Fórmula de Manning A expressão mais usada para estimar as perdas de carga em canais no regime permanente uniforme é a equação de Manning 𝐶 1 𝑛 𝑅 Aqui "n" é denominado Coeficiente de Manning, está associado à rugosidade do canal e não leva em conta o efeito da viscosidade. Esta fórmula não deve ser aplicada a canais de pequenas dimensões onde o efeito da viscosidade é importante. O Coeficiente (1/n) é denominado COEFICIENTE DE STRICKLER. Fórmula de Darcy-Weissbach para Canais Obtém-se a fórmula d e D a r c y - W e i s s b a c h para escoamento uniforme em canal a parti r da analogia entre a fórmula de Chézy e a fórmula Universal (Darcy- Weisbach) para conduto forçado cilíndrico circular: ∆𝐻 𝐿 𝑖 𝑓 1 𝐷 𝑉 2𝑔 Tendo-se em conta que H/L = i e fazendo-se D=DH=4RH, a equação anterior se transforma em 𝑉 8𝑔 𝑓 𝑅 ∆𝐻 𝐿 sendo então C = (8g/f)1/2 Para condutos livres, pode-se adaptar a expressão para o fator de atrito f como: 1 𝑓 2 log ∈ 12,2 𝑅 Na expressão acima, é a rugosidade (mm) das paredes do canal. Valida para escoamento turbulento rugoso. 2.2 Escoamento Gradualmente Variado Nos escoamentos permanentes com superfície livre, as possíveis ocorrências de perfis longitudinais de interface água-ar são genericamente denominadas linhas d´água, ou no jargão hidráulico de ‘CURVAS DE REMANSO’. O conhecimento das possíveis curvas de remanso em um rio, por exemplo, é de grande importância para o aproveitamento dos recursos hídricos. 7-9 A determinação de uma particular linha d’água de remanso é uma tarefa simples, e que requer apenas uma tabela (ou panilha). Em se tratando de um canal artificial, onde a forma de seção transversal e a rugosidade do revestimento são uniformes este cálculo permite, através de uma medição de vazão e da profundidade em dois pontos, a determinação do coeficiente de rugosidade. Considere-se um canal prismático de seção retangular com largura B. Um escoamento permanente nesse canal é governado apenas pela equação da quantidade de movimento: 𝑔𝐴 1 𝐹 𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑔𝐴 𝑗 𝑖 0 Nesta equação, os termos representam: A = B.y é área molhada para a seção retangular; y é a profundidade; i é declividade de fundo; F2 = Q2B/(gA3) = V2/(gy) é número de Froude ao quadrado; j é declividade da linha da carga; x é o eixo horizontal orientado segundo o escoamento. A equação básica geralmente é apresentada da foram abaixo, que é mais conveniente para utilização em métodos numéricos de cálculo. 𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑖 𝑗 1 𝐹 A declividade da linha de carga (linha de energia por unidade de peso), representada por j, também denominada declividade de atrito, é definida por 𝑗 𝑄 𝐶 𝐴 𝑅 A equação diferencial da linha d´água (ou remanso) pode ser resolvida numericamente por uma aproximação em diferenças finitas da equação diferencial acima (o que na teoria é chamado de Direct Step Method (distância calculada a partir das distâncias). O método tem como base a discretização do canal em pequenos intervalos onde se pode aplicar a equação de Manning. Quando o numerador do segundo membro da Equação 106 é igual a zero, isto é, i=j. tem-se um escoamento permanente e uniforme. Com j expresso pela equação de Manning tem-se: 𝑄 𝐶 𝐴 𝑅 𝑖 Esta é a equação do REGIME PERMANENTE E UNIFORME, cuja profundidade associada é denominada PROFUNDIDADE NORMAL OU UNIFORME, yn. Quando o denominador do segundo membro for igual a zero, isto é, F2=1, tem-se um ESCOAMENTO CRÍTICO, cuja profundidade associada denomina-se profundidade crítica, yc. 8-9 A planilha abaixo (Porto, 2005 – baixar do eDisciplinas) é um exemplo de como se pode determinar o coeficiente de rugosidade de um canal, conhecendo-se a vazão e a profundidade em, dois pontos separados por uma distância conhecida. Planilha de Cálculo do escoamento variado em canais n Io (m/m) Q (m3/s) b (m) Z y (m) yinicial (m) 0,045 0,0100 0,02 0,50 0,00 -0,0070 0,301 y (m) ymed (m) A (m2) E (m) E (m) Rh (m) A*Rh(2/3) If (m/m) x (m) x (m) y (m) 0,30 0,15 0,302 0,00 0,30 0,29 0,2975 0,15 0,295 -0,00698 0,136 0,04 0,00007 -0,70 -0,70 0,29 0,29 0,2905 0,14 0,288 -0,00697 0,134 0,04 0,00008 -0,70 -1,41 0,29 0,28 0,2835 0,14 0,281 -0,00697 0,133 0,04 0,00008 -0,70 -2,11 0,28 0,27 0,2765 0,14 0,274 -0,00697 0,131 0,04 0,00009 -0,70 -2,81 0,27 0,27 0,2695 0,13 0,267 -0,00697 0,130 0,03 0,00009 -0,70 -3,51 0,27 0,26 0,2625 0,13 0,260 -0,00696 0,128 0,03 0,00010 -0,70 -4,22 0,26 0,25 0,2555 0,13 0,253 -0,00696 0,126 0,03 0,00011 -0,70 -4,92 0,25 0,25 0,2485 0,12 0,246 -0,00696 0,125 0,03 0,00011 -0,70 -5,62 0,25 0,24 0,2415 0,12 0,239 -0,00695 0,123 0,03 0,00012 -0,70 -6,33 0,24 0,23 0,2345 0,12 0,232 -0,00695 0,121 0,03 0,00013 -0,70 -7,03 0,23 0,22 0,2275 0,11 0,225 -0,00695 0,119 0,03 0,00014 -0,70 -7,74 0,22 0,22 0,2205 0,11 0,218 -0,00694 0,117 0,03 0,00016 -0,71 -8,44 0,22 0,21 0,2135 0,11 0,211 -0,00693 0,115 0,03 0,00017 -0,71 -9,15 0,21 0,20 0,2065 0,10 0,204 -0,00693 0,113 0,02 0,00019 -0,71 -9,85 0,20 0,20 0,1995 0,10 0,197 -0,00692 0,111 0,02 0,00021 -0,71 -10,56 0,20 0,19 0,1925 0,09 0,190 -0,00691 0,109 0,02 0,00023 -0,71 -11,27 0,19 3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Ao chegar a laboratório, dirija-se à bancada de CANAIS (peça orientação na primeira vez). A bancada deverá estar ligada e com uma vazão em escoamento e uma linha d´água, definidos pelo professor. Deverão ser anotados os seguintes dados: Largura do Canal B: _______m Distância entre as Pontas Limnimétricas: P1-P2: _____m P2-P3: _____m Declividade de fundo: _____m/m Leitura da ponta limnimétrica do vertedouro retangular:________mm Zero da ponta limnimétrica do vertedouro retangular:________mm Equação do vertedouro: 9-9 Leitura da ponta P1: _______mm Zero da ponta P1: _______mm Leitura da ponta P2: _______mm Zero da ponta P2: _______mm Leitura da ponta P3: _______mm Zero da ponta P3: _______mm 4 CÁLCULO Com auxílio da planilha fornecida, seguir os procedimentos abaixo: a) Calcular a vazão pelo vertedouro usando a equação anotada b) Ajustar a célula cinza para o valor da vazão medido no vertedouro c) Ajustar a célula amarela para a profundidade medida na ponta P3 d) Ajustar a célula azul para que a profundidade calculada para a ponta P1 (última linha) se iguale à profundidade medida no modelo (precisão inferior a 1mm). Acrescente ou retire linhas ao final, se necessário. e) Ajuste a rugosidade Manning (célula verde) por tentativas de tal forma que a distância entre P1 e P3 fique exatamente igual ao valor medido. Este será o valor da rugosidade do canal. Resolva as questões propostas para esta aula.