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Direito Internacional Público – 5º Ano – Salas A e C Prof. Me. Ernesto Gomes Esteves Neto | egeneto@uniara.edu.br 1 DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 5º ANO – Salas A e C AULA 1 INTRODUÇÃO • INTRODUÇÃO: (RE)DEFINIÇÃO DE CONCEITOS O Direito não é uma manifestação estática. Muito pelo contrário. Está sempre em franca mudança, tanto é assim que é considerado uma “ciência social aplicada”. Dessa classificação como “ciência social aplicada” já é possível assumir que não existe Direito sem sociedade. Tal afirmação é verdadeira, pois o Direito não é um fim em si mesmo. Ele é um instrumento colocado à disposição da sociedade para a satisfação de suas necessidades. Sendo assim, ao longo da história, tanto os avanços, quanto os retrocessos do Direito sempre caminharam pari passu com os da sociedade: expandiu-se na antiguidade clássica, minguou na idade média, renasceu no período iluminista, apagou-se no período entre as grandes guerras. É assim e sempre será! Justamente por esse motivo, é sempre necessário fazer uma contextualização histórica do Direito de cada época, com o intuito de nos perguntarmos: de qual sociedade falamos? Atualmente, muitos sociólogos definem o atual estágio da sociedade como modernidade ou, mesmo, pós-modernidade. E os juristas, indicam que vivemos qual momento da ciência do Direito? O do “globalismo jurídico”! Mas o que vem a ser globalismo? Essa expressão é, naturalmente, intuitiva. Remete a “globo”, dá-nos a ideia de planeta, de amplitude etc. Mas qual o seu real significado? Ao longo de nosso curso, iremos compreender que hoje a prática, a vivência, a aplicação do Direito são globais, planetárias. Não porque os juristas assim as querem. Mas sim porque a sociedade vive interconectada. Não existem barreiras para a sociedade e para os relacionamentos interpessoais e é justamente por conta disso que o Direito Internacional ganha novos e mais relevantes contornos na contemporaneidade. Nesse aspecto, ao longo do semestre abordaremos uma proposta metodológica de como compreender o Direito atual, a partir da perspectiva do avanço do Direito Internacional. Uma proposta que nos traga uma reflexão permanente de como o Direito se comporta em meio a tantas transformações: dos eletrônicos, dos meios de comunicação, da internet, dos Direito Internacional Público – 5º Ano – Salas A e C Prof. Me. Ernesto Gomes Esteves Neto | egeneto@uniara.edu.br 2 transportes, do comércio internacional etc. Uma proposta que nos indique como proceder no âmbito local diante de demandas internacionais e como proceder internacionalmente para satisfazer exigências da vida local. Esta disciplina será, também, um momento de desconstrução de vários conceitos inatos que trazíamos conosco. Isso porque esse “globalismo jurídico” que estudaremos foi responsável por muitas novas (re)definições. O Estado não é hoje como ele era no absolutismo monárquico. Por exemplo, a República Italiana hoje pouco se compara ao Império Romano de outrora. E se o Estado transformou-se, o mesmo destino tiveram diversos de seus atributos, como é o caso da soberania, que vem sendo relativizada: o Estado e os governantes cada vez mais vão abrindo mão de seus poderes em prol da satisfação de interesses coletivos. Cite-se por exemplo as discussões sobre mudanças climáticas, sobre saúde pública. O alarde internacional em torno da pandemia de COVID-19 é um bom exemplo disso. Há mais de dois anos vivemos um estado global de alerta. Outro exemplo: quais os impactos imediatos e mediatos, em nosso país, do conflito na Ucrânia? Nessa nova realidade que ora vivemos, ganha destaque essa proposta de compreensão sistêmica do Direito, como sendo uma manifestação de diversos componentes (fontes, princípios, sujeitos) que se entrelaçam, se abraçam, se unem e formam uma só racionalidade: a da globalização como processo irreversível de “intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos, ocorrendo muitas milhas de distância e vice-versa” 1. Por sua vez, agora já conhecendo uma possível definição para globalização, passamos à conceituação do que viria a ser o citado “globalismo jurídico”. Seria, pois, um enfoque universalizante sobre as relações jurídicas desenvolvidas no curso da globalização, tendo em vista a abrangência geográfica alcançada pela norma jurídica e a dissipação de fronteiras no terreno das relações entre os planos de dentro (interno) e de fora (internacional) dos Estados. Como visto, trataremos de vários e palpitantes temas ao longo do semestre. Bons estudos! Araraquara, em 08/02/2023. Prof. Me. Ernesto Gomes Esteves Neto 1 GUIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Ed. Unesp, 1991, p. 76.