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Física Experimental - 02/2021 - Turma 02A Experimento 4 - Gases ideais 18/03/2022 Participantes: Maria Gabriela Silva Ramalho - 211038084 Mariana Moura de Carvalho Buenos Aires - 211026038 Lalita Gauri - 211026010 Introdução Os gases reais, os quais realmente podem ser aplicados nos experimentos, possuem diferentes propriedades quando comparados aos gases ideais. Entretanto, a partir da lei dos gases ideais abaixo, pode-se inferir as suas reais características.1 Equação 1- PV = nRT Esta relação indica que, se forem colocados diferentes gases em reservatórios de volumes iguais, todos com a mesma temperatura constante e com a mesma quantidade de moles, haverá pressões praticamente idênticas entre eles. Além disso, como comentado acima, ela também é válida para os gases reais quando este está com baixa concentração no recipiente, fazendo que haja maior distância entre as moléculas e, por consequência, menor interação entre elas 1. Assim, quanto mais rarefeito e mais distante de seu ponto de liquefação, melhor se encaixa na lei dos gases ideais, em que a pressão (P) é inversamente proporcional ao volume (V) sendo iguais ao número de mols (n), o qual é multiplicado pela temperatura (T) na escala Kelvin e pela constante dos gases ideais (R = 8,31 J/mol・K) que é igual para qualquer gás 2. Por fim, é importante ressaltar que esta relação para os gases reais não é algo exato, contudo, é uma ótima aproximação para grande parte destes gases, sendo possível fazer experimentos válidos a partir dessa associação 1. Objetivo Verificar experimentalmente a dependência entre a pressão (p) e o volume (V ) de um gás (ar) à temperatura (T) constante e a dependência entre volume e temperatura à pressão constante e, a partir dessas medidas, determinar a pressão ambiente e estimar a temperatura do zero absoluto. Materiais • Recipiente de medida com controle de temperatura contendo um determinado volume de ar que pode ser variado com auxílio de coluna de mercúrio, • Reservatório de armazenamento de mercúrio cuja posição vertical pode ser variada, • Régua graduada para medida da coluna de mercúrio, • Aquecedor com circulador de água para alterar a temperatura do volume de ar, • Termômetro. Procedimentos Neste experimento, foram utilizadas 3 leis, onde foi analisado o comportamento de gases, sendo submetido a diferentes variações de volume, temperatura e pressão, e como cada caso afeta o gás. Primeiro, foi analisada a dependência entre a pressão e o volume à temperatura constante, Lei de Boyle-Mariotte. Para isso, primeiro, foi fixada a posição do reservatório de Hg, medindo a pressão relativa (ho - h), e o volume é a altura da coluna de ar vezes a∆𝑃 seção reta do recipiente. O sistema foi mantido à temperatura ambiente constante. Dessa forma, a posição vertical do reservatório foi variada 10 vezes, foi anotada a posição dos níveis de mercúrio do reservatório e dentro do recipiente de medida. Com isso, foi feito um gráfico com a variação de pela variação 1/V∆𝑃 A segunda análise foi feita em relação da dependência entre a pressão e a temperatura à volume constante, Lei de Amontons. Para manter o volume do ar constante, é preciso manter a altura da coluna de ar dentro do recipiente de medida constante. Na medida que a temperatura aumenta, o volume também aumenta e, para manter este volume constante, é necessário alterar a posição do reservatório de Hg. A temperatura foi variada oito vezes e a pressão foi calculada conforme essas mudanças, neste caso a pressão absoluta é . Com isso, foi feito um gráfico de , e considerando o gás como∆𝑃 + 𝑃 𝑎𝑡𝑚 ∆𝑃 𝑥 𝑇 ideal, obteve-se valores para “n”, seu erro e a incerteza relacionada a pressão atmosférica. Por último, analisou-se a dependência entre o volume e a temperatura à pressão constante, Lei de Gay-Lussac. A pressão do ar no recipiente de medida é constante, igual à pressão atmosférica, para manter essa pressão do ar igual à pressão atmosférica é necessário manter os níveis de Hg do reservatório e do recipiente de medida iguais, precisando alterar a posição do reservatório de Hg a medida que a temperatura aumenta. Neste caso, a temperatura também foi variada oito vezes diferente, e a posição do reservatório de Hg era ajustado a cada vez, com o volume variando. Dessa forma, foi feito um gráfico de V x T, com os ajustes, foi calculada a temperatura em C na qual o volume do ar seria igual a zero. Resultados e Análises 1. Dependência entre a pressão e o volume à temperatura constante: Lei de Boyle-Mariotte. Gráfico 1 - ∆𝑃 𝑥 1 𝑣 Ao realizar o ajuste linear do gráfico, foi possível determinar o coeficiente angular A, que é “n.R.T”, e o coeficiente linear B, “ - Patm”. Com essas informações e a análise gráfica, podemos calcular o “n”: 𝑛. 𝑅. 𝑇 = (9, 64 ± 0, 04) 𝐿 . 𝑚𝑚𝐻𝑔. 𝑚𝑜𝑙−1 Usando os valores e T = 296,25 K ( 23,1 C°),𝑅 = 62, 3637 𝐿 . 𝑚𝑚𝐻𝑔. 𝐾−1. 𝑚𝑜𝑙−1 𝑛 . 62, 3637 . 296, 25 = 9, 64 𝑛 = 9,64 18475,2461 𝑛 = 0, 000521 Para , após realizar as propagações:∆𝑛 ∆𝑛 𝑛 = ∆6,236 18475,2461 + ∆0,04 9,64 ∆𝑛 𝑛 = 0, 000337 + 0, 004149 ∆𝑛 = 0, 000002337 Desta forma, foi obtido: mols𝑛 = 0, 000521 ± 0, 000002 𝑃 𝑎𝑡𝑚 = 690 ± 2 𝑚𝑚𝐻𝑔 2. Dependência entre a pressão e a temperatura à volume constante: Lei de Amontons Para apresentar esta parte do experimento, primeiro, calculou-se a pressão relativa à pressão atmosférica, a qual se dá a partir da diferença entre os níveis de mercúrio (Hg) do reservatório e no recipiente de medida, como pode ser visto na tabela 1 abaixo: Tabela 1 - Dados da variação de Pressão Relativa Ho (cm) h (cm) Variação de P 50 86,1 -36,1 60 90,7 -30,7 70 94,1 -24,1 80 96,7 -16,7 90 99,3 -9,3 100 101,1 -1,1 110 102,5 7,5 120 104 16 A partir disso, foi feito o gráfico 2, o qual relaciona a variação de pressão relativa encontrada na tabela acima em função da variação de temperatura: Gráfico 2 - ΔP ✕ T (ºK) Por meio da construção do gráfico e analisá-lo a partir de uma regressão linear (Y=Ax+B), pode-se correlacionar seus parâmetros à equação ao∆𝑃 = (𝑛𝑅𝑇 ÷ 𝑉) − 𝑃 𝑎𝑡𝑚 considerar o ar como um gás ideal. Assim, é possível encontrar a pressão atmosférica do laboratório no dia em que foi realizada a coleta de dados, pois o coeficiente linear do gráfico é equivalente ao oposto da pressão atmosférica, portanto: B= - Patm Patm = (70 1) 10 mmHg± · Agora, da mesma forma, pode-se também obter o número de mols contidos neste sistema por meio da seguinte relação: nR V = 2,78 0,04÷ ± Contudo, ainda não está calculado o volume do gás inserido no cilindro, por isso, será usada a área da base (Ab=102 mm2), altura do topo do recipiente (htopo=1150 1 mm) e± a altura do recipiente de medida (h=1020 1 mm) para o cálculo. Assim, tem-se:± V = Ab(htopo - h) V = 102(1150 1 - 1020 1)± ± V = 102(130 2) mm3± V = 13260 102 2 mm3± · V = 0,01326 0,0002 Litros± O erro acima foi calculado a partir da fórmula de subtração: V= htopo+ h∆ ∆ ∆ Agora, sabendo o volume em litros, pode-se retornar ao cálculo do número de mols, portanto: A = 2,78 0,04 = nR V± ÷ 2,78 0,04 = (n 62,3637) (0,01326 0,0002)± · ÷ ± n 62,3637 = 0,0368628 (2,78 0,0002 + 0,01326 0,04)· ± · · n = (0,0368628 0,0010864) 62,3637± ÷ n = 0,000591 (62,3637 0,0010864) (62,3637)2± · ÷ n = 0,00059 0,00002 mols± Os erros acima foram calculados a partir das fórmulas de multiplicação e de divisão, respectivamente: = (x y + y x)∆ · ∆ · ∆ = [(x y + y x)] (y)2∆ · ∆ · ∆ ÷ A partir dos cálculos e resultados obtidos, pode-se comparar as partes 1 e 2 deste relatório, as quais calcularam tanto o número de mols quanto a pressão atmosférica de formas distintas. Tabela 2 - Comparação entre as partes 1 e 2 do experimento Patm (mmHg) Patm (mmHg)∆ n (mol) n (mol)∆ Parte 1 690 2 0,000521 0,000002 Parte 2 700 10 0,00059 0,00002 A tabela 2 relembra os resultados obtidos anteriormente e mostra que todos os cálculos não são discrepantes entre si, pois todos estão dentroda margem de erro calculada. Além disso, para comprovar que a pressão atmosférica obtida nos cálculos é satisfatória para o experimento, durante a coleta de dados, foi adquirida a Patm pela professora por meio do manômetro, a qual tem o valor de 69,0 0,3 cmHg. Agora, ao± converter esse resultado para mmHg, será alcançado o mesmo valor das partes 1 e 2 deste relatório, isto é: Patm = 69,0 0,3 cmHg = 690 3 mmHg = 690 2 mmHg = (70 1) 10 mmHg± ± ± ± · 3. Dependência entre o volume e a temperatura à pressão constante: Lei de Gay-Lussac Gráfico 3 - V x T Fazendo-se o ajuste linear, encontra-se que o coeficiente angular da reta é e que o coeficiente linear é o volume quando a𝑛𝑅 𝑃 = 0, 044 ± 0, 004 𝑐𝑚3 • 𝐶°−1 temperatura é igual a zero : B = . Têm-se V = Ax + B , onde V é o volume e13, 1 ± 0, 2 𝑐𝑚3 x a temperatura em C° Usando V= 0 , A = e B = :0, 044 ± 0, 004 𝑐𝑚3 • 𝐶°−1 13, 1 ± 0, 2 𝑐𝑚3 0 = Ax + B 𝑥 = −𝐵 𝐴 𝐶° ⇒ 𝑥 = −13,1 0,044 𝐶° ⇒ 𝑥 =− 297, 7272 Realizando-se a devida a propagação do erro: ∆𝑥 = 0,2 13,1 + 0,004 0,044 ⇒ ∆𝑥 = 0, 10617 𝑥 = − 297, 7 ± 0, 1 𝐶° De acordo com os cálculos na temperatura , o volume do ar− 297, 7 ± 0, 1 𝐶° seria igual a zero. Tal valor representa a menor temperatura que o sistema poderia chegar e na qual a entalpia e a entropia atingiram seu valor mínimo (zero), ou seja, significa o “zero absoluto”. 3 No entanto, o valor encontrado para o zero absoluto no experimento difere do teoricamente aceito (-273,15 C°). Isso se deve pelo fato de que para a realização do experimento, foi considerado que o gás era ideal, mesmo não sendo, logo isso afeta alguns resultados, e também mesmo os procedimentos sendo realizados da melhor maneira possível, não são perfeitos. Dois fatores que também afetaram esse resultado de temperatura são a diferença na pressão atmosférica calculada, pois ela pode variar dependendo do local, e o outro fator é o um número pequeno de mols, pois eles são diretamente proporcionais à temperatura, em outras palavras, como o número de mols encontrado é pequeno, têm-se menos partículas e, consequentemente menos colisões entre partículas, o que resulta em menor energia térmica e, portanto pode resultar em uma menor temperatura. Conclusão Neste experimento, a partir da lei dos gases perfeitos, foi verificada a dependência da pressão, volume e temperatura de um gás. Quando a temperatura e o volume foram constantes, foi possível obter o número de mols “n” a partir de análises gráficas, onde ambos os resultados foram iguais dentro de suas margens de erro, o que era esperado, sendo e 0,00059 0,00002. Da mesma forma, foi possível 0, 000521 ± 0, 000002 ± verificar a pressão atmosférica, que também foi igual dentro das respectivas margens de erro. Logo, o gás se comporta de acordo com as leis de Boyle-Mariotte, de Amontons e de Gay-Lussac. Por último, foi estimado também um valor para o zero absoluto da temperatura, que não foi igual ao que é previsto e teoricamente aceito, porém como o experimento não foi realizado de forma perfeita, isso não é algo totalmente inaceitável, pois houveram diversos fatores externos que modificam os resultados obtidos também. Referências 1 HALLIDAY, D.; RESNICK, R; WALKER, J. Fundamentos de Física. Edição 10. Rio de Janeiro: LTC, 2016. 2 Roteiro remoto do Experimento 4 de Física Experimental 2, 2022. 3Engenharia térmica, termodinâmica. Disponível em <https://www.thermal-engineering.org/pt-br/engenharia-termica-2/> Acesso em 18 de marco de 2022 https://www.thermal-engineering.org/pt-br/engenharia-termica-2/