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Título X 
Dos crimes contra a fé pública 
(arts. 289 a 311-A) 
 
-5 Capítulos: Moeda falsa (289/292); Falsidade de títulos e outros 
papéis públicos (293/295); Falsidade documental (296/305); Outras 
falsidades (306/311); Fraudes em certames de interesse público(311-
A); 
 
Fé pública: é a crença na autoridade, nas coisas que trazem o cunho 
de fidedignidade impresso pelo Estado (CARRARA); 
É a fé sancionada pelo Estado, transmitindo confiança geral a certos 
atos, símbolos ou formas a que a lei atribui valor jurídico (PESSINA), 
aí abrangidos os designativos de dinheiro de curso obrigatório, os 
papéis, os símbolos e os sinais utilizados nas relações entre 
particulares ou entre estes e o Estado. 
 
A existência das falsidades documentais estrará subordinadas a 4 
requisitos: 
 
a) a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante (immutatio 
veritatis); 
b) a imitação da verdade (immitatio veritatis); 
c) a potencialidade de dano (falsum punitur licet nemini damun 
inferret, sufficit enim quod potuit damnum inferre); 
d) o dolo (animus fallendi). 
 
-Súmula 17 - STJ: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais 
potencialidade lesiva, é por este absorvido.” 
-Súmula 73 – STJ: “A utilização de papel moeda grosseiramente 
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência 
da Justiça Estadual.” 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO I 
DA MOEDA FALSA 
(arts. 289 a 292 
 
 
 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou 
alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda 
de curso legal no país ou no estrangeiro: 
 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. 
 
-Falsificar: reproduzir imutando ou imitar com fraude; mediante: 
a. Fabricar-Manufaturar ou cunhar; 
b. Alterar- modificar ou adulterar 
 
-A moeda é “o valorímetro dos bens econômicos, o denominador 
comum a que se reduz o valor das coisas úteis” 
 
• A moeda ou numisma consiste numa peça de metal (nobre ou 
vil), com determinado peso, dimensões e valor atribuído pelo 
Estado, que lhe dá o cunho e o curso obrigatório. 
• O papel-moeda constitui-se da cédula de circulação 
compulsória, que contém valor monetário atribuído pelo 
Conselho Monetário Nacional. 
 
-Moedas antigas: art. 171, CPB. 
-arts. 43 e 44 da LCP. 
-Alteração do número de série: é preciso que a falsificação tenha 
por objetivo a obtenção de vantagem. 
-Súmula 73 – STJ: “A utilização de papel moeda grosseiramente 
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência 
da Justiça Estadual.” 
• A falsificação grosseira configura o crime do art. 171, do 
CPB, de competência da Justiça Estadual. 
-O crime de moeda falsa é de competência da Justiça Federal (Art. 
109, IV da CF/88). 
-NÃO SE APLICA O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
 
-Trata-se de crime comum; formal; de forma vinculada; comissivo; 
instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. 
 
-Sujeito ativo é qualquer um; 
-Sujeito passivo é o Estado e, secundariamente, a pessoa física ou 
jurídica prejudicada com a falsificação; 
-Objeto jurídico é a fé́ pública, ou seja, a crença na autenticidade e 
veracidade das moedas de curso legal; 
-Objeto Material é tanto a moeda metálica quanto o papel-moeda 
-O Elemento subjetivo do tipo na vontade e consciência de 
falsificar moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou 
no exterior; 
-Admite-se a tentativa; 
-Não se admite a modalidade culposa. 
-Ação penal pública incondicionada e na figura privilegiada é aplicável 
a lei 9.099/95. 
 
Da figura equiparada 
 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por 
conta própria ou alheia, importa ou exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda 
ou introduz na circulação moeda falsa. 
 
-importa (promove sua entrada no território brasileiro); 
-exporta (efetua a saída do objeto de nossas fronteiras); 
-adquire (obtém a qualquer título e sob qualquer condição, até 
mesmo ilícita); 
-vende (aliena, transfere a propriedade onerosamente); 
-troca (permuta, transfere mutua e simultaneamente o objeto 
recebendo outro); 
-cede (transfere a posse ou propriedade a título gratuito); 
-empresta (fornece por tempo limitado), 
-guarda (mantém armazenada, consigo ou em depósito), 
-introduz na circulação (faz inserir no meio circulante, de modo a 
servir de meio de pagamento na economia). 
• Se o agente que recebe tem conhecimento (má-fé) da 
falsidade pratica o mesmo crime. 
 
Forma privilegiada 
 
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como 
verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 
à circulação, depois de conhecer a falsidade, é 
punido com detenção, de seis meses a dois 
anos, e multa. 
 
-Nesse caso o agente recebe o dinheiro falso sem perceber e o coloca 
de volta à circulação. O dolo, portanto, é subsequente ao 
recebimento, mas antecedente à reintrodução á circulação. 
 
Formas qualificadas 
 
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze 
anos, e multa, o funcionário público ou 
diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão 
que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou 
emissão: 
 
I - de moeda com título ou peso inferior ao 
determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à 
autorizada. 
 
-Trata-se de crime próprio, na medida em que só pode ser praticado 
por funcionário público, diretor, gerente ou fiscal de banco de 
emissão de moeda. 
-A figura do inciso II não se aplica à moeda metálica. 
 
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia 
e faz circular moeda, cuja circulação não 
estava ainda autorizada. 
 
-É crime comum. 
 
Crimes assimilados ao de moeda falsa 
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete 
representativo de moeda com fragmentos de 
cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; 
suprimir, em nota, cédula ou bilhete 
recolhidos, para o fim de restituí-los à 
circulação, sinal indicativo de sua inutilização; 
restituir à circulação cédula, nota ou bilhete 
em tais condições, ou já recolhidos para o fim 
de inutilização: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
-Formar: dar forma, construir, compor; 
 Formar o que? 
a. Cédula; 
b. Nota; 
c. Bilhete; 
-Precisa ser a partir de outros verdadeiros. 
 
-Suprimir: eliminar ou fazer desaparecer; 
 Suprimir o que? 
a. Sinal de inutilização 
 
-Restituir à circulação: devolver ao manejo público; 
 Restituir à circulação o que? 
a. Nota inutilizada ou recolhida; 
b. Bilhete inutilizado ou recolhido; 
-É um tipo misto cumulativo que prevê três condutas diferentes, 
passíveis de punição autônoma; 
 
-ATENÇÃO: À terceira conduta aplica-se a teoria do fato posterior 
não punível. 
 
-Fragmento é a parte de um todo ou pedação de algo partido. 
 
 
 
 
 
-Art. 14 da Lei 4.511/69 
Art. 14. A cédula de papel-moeda que 
contenha marcas, símbolos, desenhos ou 
quaisquer caracteres a ela estranhos, perderá o 
poder de circulação, devendo ser substituída 
por seu valor na Caixa de Amortização, ou em 
outros órgãos, a critério da Junta 
Administrativa e de acôrdo com instruções 
que esta expedirá. 
 
-Sinal para fins do artigo será qualquer marca utilizada para servir de 
alerta, captado pelos sentidos, possibilitando reconhecer ou conhecer 
algo. 
 
-Trata-se de crime comum; formal; de forma livre; comissivo; 
instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente 
-Sujeito ativo é qualquer um; 
-Sujeito passivo é o Estado; 
-Objeto jurídico é a fé pública; 
-Objeto material é o fragmento de cédula, nota ou bilhete verdadeiro 
ou moeda recolhida; 
-Elemento subjetivo é o dolo consistente na vontade livre e 
consciente de praticar as condutas típicas. 
o Na modalidade “suprimir” exige o dolo específico de 
“restituí-los à circulação”. 
-Não admite forma culposa; 
-Admite a forma tentada. 
-Crime de ação penal pública incondicionada. 
 
Figura qualificada 
 
Parágrafo único - O máximo da reclusão é 
elevado a doze anos e multa, se o crime é 
cometido por funcionário que trabalha na 
repartição onde o dinheiro se achava 
recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão 
do cargo. 
 
 
-Modalidade de crime de mão própria; 
• Funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro seachava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do 
cargo 
 
Petrechos para falsificação de moeda 
 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título 
oneroso ou gratuito, possuir ou guardar 
maquinismo, aparelho, instrumento ou 
qualquer objeto especialmente destinado à 
falsificação de moeda: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 
-Fabricar: Construir ou cunhar; 
-Adquirir: comprar, obter; 
 
 
-Fornecer: prover, guarnecer: 
• De forma onerosa: mediante pagamento; 
• Ou Gratuita: sem contraprestação; 
 
-Possuir: ter a posse ou reter; 
-Guardar: vigiar, tomar conta de algo, cuidar, esconder; 
 
Maquinismo: é o conjunto de peças de um aparelho ou mecanismo; 
Aparelho: é o conjunto de mecanismos existente numa máquina; 
Instrumento: é o objeto empregado para a execução de um trabalho; 
Outro objeto: Interpretação analógica; 
 
 
Especialmente destinados à falsificação de moeda. 
(art. 289, CP) 
 
-Trata-se de crime comum; formal; de forma livre; comissivo; 
instantâneo (nas formas fabricar, adquirir e fornecer) e permanente 
(nas formas possuir e guardar); unissubjetivo e plurissubsistente. 
 
-Não admite tentativa, pois é crime de preparação; 
-Trata-se de crime subsidiário; 
-Sujeito ativo é qualquer um; 
-Sujeito passivo é o Estado; 
-Objeto jurídico é a fé pública; 
-Objeto material é o maquinismo, aparelho, instrumento ou outro 
objeto destinado à falsificação de moeda; 
-Elemento subjetivo é o dolo consistente na vontade livre e 
consciente de praticar o tipo penal; 
-Não se admite a forma culposa. 
-Crime de ação penal pública incondicionada; 
 
 
 
 
 
 
 
Emissão de título ao portador sem permissão legal 
 
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, 
bilhete, ficha, vale ou título que contenha 
promessa de pagamento em dinheiro ao 
portador ou a que falte indicação do nome da 
pessoa a quem deva ser pago: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
-Emitir: colocar em circulação 
-Sem permissão legal: é elemento normativo do tipo. 
 Ex.: Cheque; 
Em 2016, a Operação Lava Jato revelou 
um esquema de corrupção envolvendo a 
emissão de títulos ao portador sem 
autorização. O Banco Schahin, por 
exemplo, emitiu títulos ao portador sem 
autorização da CVM para financiar 
campanhas políticas. A investigação 
também revelou que algumas empresas 
utilizavam títulos ao portador para 
ocultar dinheiro ilegal. 
 
-Nota: cédula ou papel onde se insere um apontamento para lembrar 
alguma coisa; 
-Bilhete: título de obrigação ao portador; 
-Ficha: peça de qualquer material utilizada para marcar pontos num 
jogo, podendo representar quantias em dinheiro; 
-Vale: escrito informal, representativo de dívida; 
-Título: qualquer papel negociável. 
 
 
com promessa de pagamento em dinheiro 
• Ao portador; 
• Sem a indicação a quem pagar 
 
-A ideia do tipo penal é evitar a substituição do dinheiro nas relações 
comerciais; 
-Banco Solidário do Gostoso; 
-Trata-se de crime comum; formal; de forma livre; comissivo; 
instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente; 
 
-Sujeito ativo é qualquer um; 
-Sujeito passivo é o Estado; 
-Objeto jurídico é a fé pública; 
-Objeto material é a nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha 
promessa de pagamento em dinheiro; 
-Elemento subjetivo do tipo é o dolo consistente na vontade livre e 
consciente de praticar o tipo penal. 
-Não há previsão culposa. 
-Parte da doutrina admite tentativa (Celso Delmanto e Antonio 
Magalhães Noronha) e outra não (Nucci); 
-Ação penal é publica incondicionada. 
 
Figura Privilegiada 
 
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza 
como dinheiro qualquer dos documentos 
referidos neste artigo incorre na pena de 
detenção, de quinze dias a três meses, ou 
multa. 
 
-Receber é aceitar como pagamento ou tomar; 
-Utilizar é empregar, fazer uso, pagar com; 
 
-A finalidade é impedir que o dinheiro paralelo circule. 
-É crime comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; 
unissubjetivo e plurissubsistente; 
-Ação penal pública incondicionada.

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