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<p>DOS CRIMES CONTRA A FÉ</p><p>PÚBLICA</p><p>CAPÍTULO I DA MOEDA FALSA</p><p>Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso</p><p>legal no país ou no estrangeiro:</p><p>Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.</p><p>§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta,</p><p>adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.</p><p>§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à</p><p>circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e</p><p>multa.</p><p>§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor,</p><p>gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:</p><p>I - de moeda com título ou peso inferior ao</p><p>determinado em lei; II - de papel-moeda em</p><p>quantidade superior à autorizada.</p><p>§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava</p><p>ainda autorizada.</p><p>“Fabricar” exige a aquisição de material para cunhar a moeda ou imprimir papel- moeda.</p><p>A alteração de parte de uma moeda ou cédula já existente, elevando o seu valor nominal.</p><p>Exige-se elevação, ou seja, aumento do valor nominal. Havendo redução, o sujeito apenas estará</p><p>prejudicando a si próprio.</p><p>“Moeda ou papel-moeda” não inclui cheque, ou haveria analogia prejudicial. Porém, existe</p><p>um tipo específico para quem falsifica cheque, que é equiparado a documento público, o o</p><p>estelionato previsto no art. 297, §2º.</p><p>Falsificação de documento público</p><p>Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar</p><p>documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.</p><p>§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade</p><p>paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial,</p><p>os livros mercantis e o testamento particular.</p><p>“Curso legal” significa ser de aceitação obrigatória, podendo ser a moeda corrente no país</p><p>(real) ou de país estrangeiro (peso, euro, dólar). Esse crime é de competência da Justiça Federal e</p><p>de apuração da polícia federal.</p><p>OBS: Falso grosseiro</p><p>A princípio, o falso grosseiro, por ser incapaz de abalar a fé pública, configura crime</p><p>impossível, uma vez que ninguém se deixaria enganar por ela. Contudo, a Súmula 73 do STJ prevê</p><p>que:</p><p>Súmula 73, STJ. A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o</p><p>crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.</p><p>Isso quer dizer que, a princípio, o falso grosseiro não seria capaz de enganar ninguém (crime</p><p>impossível). Porém, se o falsificador conseguir (por exemplo, no interior do país, em área rural),</p><p>utilizando-se de ardil (dizendo, p.e., que é uma nota promocional, das Olimpíadas) e obtendo</p><p>vantagem ilícita em prejuízo alheio, através da utilização da moeda grosseiramente falsificada, não</p><p>haverá crime de moeda falsa, mas será configurado estelionato, de competência estadual.</p><p>Estelionato</p><p>Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou</p><p>mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis.</p><p>Observações:</p><p>Princípio da Insignificância: Não cabe a aplicação do princípio da insignificância no</p><p>crime de moeda falsa, pois o bem jurídico protegido pela lei é transindividual, a fé</p><p>pública. Mesmo que se trate da falsificação de uma moeda de 1 centavo, isso é</p><p>capaz de alterar a quantidade de moeda circulante no mercado e influir sobre sua</p><p>valorização/desvalorização.</p><p>Dolo: Só existe crime no dolo direto: o agente tem que ter a intenção de falsificar.</p><p>Não cabe dolo eventual ou culpa.</p><p>Falsificação e estelionato: Se a pessoa falsifica moeda e depois a usa para obter</p><p>vantagem ilícita em prejuízo de terceiro, esse estelionato é mero exaurimento do</p><p>crime de moeda falsa. É um post factum impunível.</p><p>Moeda falsa privilegiada</p><p>§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à</p><p>circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e</p><p>multa.</p><p>Ex.: A pessoa vai a um estabelecimento comercial e, ao pagar com uma nota um bem,</p><p>recebe a informação de que aquela nota é falsa. Pensando em não ficar no prejuízo, resolve passar</p><p>a nota adiante em outro estabelecimento. Essa pessoa comete o crime de moeda falsa privilegiada.</p><p>Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial</p><p>Federal.</p><p>Crimes assimilados ao de moeda falsa</p><p>Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de</p><p>cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim</p><p>de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou</p><p>bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.</p><p>Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa, se o crime é cometido</p><p>por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil</p><p>ingresso, em razão do cargo</p><p>Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de</p><p>cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros: O agente elabora uma nova cédula, nota</p><p>ou bilhete com aparência verdadeira. Este crime não se confunde com a alteração</p><p>de cédula verdadeira, que no caso é crime do art. 289, visto anteriormente.</p><p>Suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à</p><p>circulação, sinal indicativo de sua inutilização: Agora o agente, com o intuito de</p><p>reintroduzir à circulação nota, cédula ou bilhete já recolhidos, elimina sinal que</p><p>identifica</p><p>a retirada.</p><p>Restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos</p><p>para o fim de inutilização: Aqui o agente restitui à circulação cédula, nota ou</p><p>bilhete</p><p>que foram formados por fragmentos, como no caso do primeiro item, ou então</p><p>restitui à circulação nota, cédula ou bilhete que tiveram sinal identificador de</p><p>recolhimento suprimido, ou restitui nota, cédula ou bilhete que, mesmo não</p><p>contasse com as circunstâncias anteriores, foram recolhidos para o fim de serem</p><p>inutilizados.</p><p>Petrechos para falsificação de moeda</p><p>Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar</p><p>maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de</p><p>moeda:</p><p>Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.</p><p>Adquirido equipamento para falsificar moeda e este é descoberto pela polícia em ação de</p><p>busca e apreensão, não há crime de moeda falsa, pois ainda não havia se iniciado os atos</p><p>executórios.</p><p>Trata-se de norma subsidiária, utilizada para preencher hipóteses não encaixáveis no art.</p><p>289. Perceba-se que, configurado o crime de moeda falsa, eventual estelionato posterior será post</p><p>factum impunível. O mesmo raciocínio aplica-se ao crime de petrechos.</p><p>Configurado o crime de moeda falsa, a aquisição anterior de equipamento para a sua</p><p>produção, por exemplo, será ante factum impunível.</p><p>Emissão de título ao portador sem permissão legal</p><p>Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenha</p><p>promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da pessoa a</p><p>quem deva ser pago:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos</p><p>neste artigo incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses, ou multa.</p><p>Nós temos aqui, como objeto material, o título ao portador, é aquele</p><p>que pode ser emitido</p><p>sem qualquer indicação da pessoa a quem se dirige, transferível por simples tradição manual,</p><p>independente de alguma condição, por exemplo, o endosso. Deve conter promessa de pagamento</p><p>em dinheiro, excluindo-se os demais, como a emissão de conhecimento de depósito ou de warrant,</p><p>tipificada no art. 178, do CP. Porém, este trata dos crimes contra o Patrimônio.</p><p>O parágrafo único traz a hipótese privilegiada deste crime. O tomador deve estar ciente</p><p>de que não a emissão do título não é permitida por lei, pois, se o recebe de boa-fé, não poderá ser</p><p>responsabilizado.</p>

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