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REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 2020 Prof.ª Juliana Frainer GABARITO DAS AUTOATIVIDADES 2 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 UNIDADE 1 TÓPICO 1 1 Quais são os principais momentos históricos relativos ao desenvolvimento e revisões do Anglo-American Cataloguing Rules (AACR/AACR2)? R.: 1967 – Foi publicada a primeira edição do AACR – Anglo-American Cataloguing Rules, com regras elaboradas em conjunto pela American Library Association (ALA), a Canadian Library Association e a Library Association após as discussões colocadas em pauta durante a Conferência de Paris. 1969 – Maria Luísa Monteiro da Cunha colocou em pauta as discussões relativas ao Código e apontou a importância da implementação do AACR nas Escolas de Biblioteconomia do Brasil após participar como uma das integrantes de um Grupo de Trabalho que atuou na Conferência de Paris. Essas ações impulsionaram a tradução do AACR para a língua portuguesa sob a coordenação do bibliotecário Abner Lellis Corrêa Vicentini, publicado em sua primeira edição em 1969. 1971 – IFLA publica os estudos do ISBD: ISBD(M) (para monografia). 1978 – A segunda edição das Anglo-American Cataloging Rules (AACR) é publicada com base na International Standard Bibliographic Description, em especial a Parte I, dando evidência a uma abordagem integrada na catalogação de diferentes tipos de materiais na biblioteca. Na Parte II, as regras foram alinhadas mediante os Princípios de Paris. 1980 – A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas da Informação e Instituições (FEBAB), em 11 de julho de 1980, efetivou o acordo com a American Library Association que autorizou a publicação do AACR2 em língua portuguesa, efetivada em dois volumes. 1981 – O AACR2 é adotado pela Biblioteca do Congresso, Biblioteca Nacional do Canadá, Biblioteca Britânica, Biblioteca Australiana Nacional (em janeiro). 1988 – Foi publicada uma revisão do AACR2 em folhas soltas. 1989 – Início da tradução brasileira do AACR2. 1994 – No Brasil, AACR2 original foi entregue a FEBAB; entretanto, a publicação não foi efetivada por dificuldades financeiras. 1998 – Publicadas correções e atualizações do AACR2. 2000 – No Brasil, um novo grupo de trabalho da FEBAB passa a elaborar a revisão de 1998 do AACR2. 2002 – Foi finalizada mais uma revisão do AACR2, iniciada em 2001. 3 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 Esta revisão implicou em alterações substanciais em três capítulos: Capítulo 3 (Materiais Cartográficos); Capítulo 9 (Recursos Eletrônicos); e Capítulo 12 (Recursos contínuos). 2003 – No Brasil, em janeiro de 2003, foi efetivada a renovação do contrato com os editores do AACR para a cessão dos direitos autorais, o que possibilitou à FEBAB as providências para tornar disponível aos bibliotecários brasileiros e dos países de língua portuguesa o novo Código de Catalogação Anglo-Americano, 2ª edição, revisão 2002. 2 Qual o principal objetivo e como é caracterizado o Anglo-American Cataloguing Rules (AACR2)? R.: A considerar a constante atualização e revisões, conforme se pode acompanhar até então, o AACR2 apresenta como objetivo normalizar os procedimentos de catalogação, em uma abrangência internacional, por meio do estabelecimento de normas relativas a descrição de publicações e da atribuição de uma ordem aos elementos descritivos, prescrevendo, ainda, um sistema de pontuação em que a catalogação pode ser efetuada a considerar o suporte físico da obra, através da forma escrita convencional ou legível por máquina (FUSCO, 2011). Estas regras se destinam à elaboração de catálogos e outras listas em bibliotecas gerais de todos os tamanhos. Elas não visam, especificamente bibliotecas especializadas e de arquivos, mas recomenda-se que estas bibliotecas usem as regras como base para sua catalogação e façam os acréscimos necessários (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 1). O AACR2 se caracteriza pelo agrupamento de regras que permitem elaborar descrições bibliográficas, e para além disso, que permitem construir e atribuir pontos de acesso e cabeçalhos. As regras implicam na possibilidade de retratar pessoas, pontos geográficos e entes coletivos, e ainda, de salvaguardar títulos. É um código internacional utilizado na construção de formas de representação bibliográfica, apresenta abrangência e detalhamento, sendo bastante utilizado no ensino de catalogação. Outra grande característica do AACR2 é o formalismo em sua estrutura de representação que permite, por meio de suas regras, uma relação semântica entre os elementos descritos, apresentando uma estrutura coerente e lógica (FUSCO, 2011, p. 31). 3 Como ficou estruturada a segunda edição do AACR, publicada a partir do ano de 1978? R.: O AACR2 está dividido em duas partes. Na Parte I, que recebe o nome de “Descrição”, são apresentadas as informações essenciais que descrevem o item que está sendo catalogado, e abrange as regras para a descrição bibliográfica. A primeira parte está estruturada em 13 capítulos. 4 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 Em especial, no Capítulo 1, são apresentadas as regras consideradas básicas, ou gerais para a descrição de todos os materiais que podem compor os diversificados acervos de uma biblioteca. Vale ressaltar que estas regras são destinadas a serem aplicáveis a qualquer forma, inclusive as que ainda não existem. Cada um dos capítulos numerados de 2 a 12 fornece regras para a descrição de um tipo específico de material, livros, panfletos e folhas impressas, materiais cartográficos, manuscritos, músicas, gravações sonoras, filmes e gravações de vídeo, materiais gráficos, arquivos de dados legíveis por máquina (alterados em 1988 para arquivos de computador), artefatos tridimensionais, microformas e recursos (seriados). O Capítulo 13 contém regras para fazer entradas analíticas e tem sua própria estrutura (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). Os Capítulos 21 a 26 compõem a Parte II do AACR2, a considerar que, como visto, a numeração dos capítulos não é feita de maneira consecutiva, na qual a numeração correspondente aos Capítulos 14 a 20 foram omitidos para que se pudessem atribuir adições futuras ao padrão, bem como para fornecer a estrutura mnemônica do texto. A Parte II recebeu o título de “Cabeçalhos, títulos uniformes e referências” e, elaborada mediante os pressupostos dos Princípios de Paris, estabelece os “[...] cabeçalhos (pontos de acesso) sob os quais a informação descrita será representada aos usuários e, também, da elaboração de remissivas para esses cabeçalhos” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 31). Com maior detalhamento: [...] o primeiro capítulo (Capítulo 21) trata das regras para a escolha de pontos de acesso para entradas principais e adicionadas. Outros capítulos fornecem regras para a criação de títulos de nomes pessoais, geográficos e corporativos (Capítulos 22 a 24). O próximo, Capítulo 25, trata da criação de um título uniforme ou padrão para uma obra que pode ter tido muitas manifestações diferentes em forma e conteúdo. O Capítulo 26 (último) contém regras para a criação de referências a partir de variantes e formas diferentes do nome ou título uniforme. As regras da Parte II aplicam-se a obras e não a manifestações físicas dessas obras, embora as características de um item individual sejam levadas em consideração em alguns casos (HAIDER, 2018, p. 1, tradução nossa). As Partes I e II são claramente identificadas e separadas no AACR2 por sumários específicos e que detalham a informação a ser procurada quando se processam as etapas de catalogação. “As regras obedecem à sequência das operações executadas pelos catalogadores, na maioria das bibliotecas e entidades bibliográficas” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 31). 5 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 TÓPICO 2 1 Em quantaspartes o AACR2 é dividido e o que cada um deles especificam? R: O AACR2 se caracteriza por um conjunto detalhado de regras e diretrizes, elaboradas com base nas temáticas advindas da “Declaração de Princípios”, documento resultante das discussões ocorridas durante a Convenção de Paris em 1961 e nas ISBDs – International Standard Bibliografic Description, em português, traduzido para Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada, estas, por sua vez, resultados das discussões que ocorreram durante a Reunião Internacional de Especialistas em Catalogação, de 1969. O AACR2 está estruturado em duas principais partes e anexos, a saber: Parte I – Denominada “Descrição” que se refere às instruções relativas às informações para a descrição do item que está sendo catalogado (contém um total de 13 capítulos) e foi elaborada, em especial, com base nas ISBDs – International Standard Bibliografic Description, em português traduzido para Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada, estas, por sua vez, resultados das discussões que ocorreram durante a Reunião Internacional de Especialistas em Catalogação, de 1969. A Parte II – Denominado “Cabeçalhos, títulos uniformes e referências” estabelece a utilização de cabeçalhos, ou seja, os pontos de acesso sob os quais a informação descritiva é representada aos usuários do catálogo, bem como da elaboração de remissivas para esses cabeçalhos (contém um total de 6 capítulos). A Segunda parte do AACR2 foi elaborada com base nas temáticas advindas da “Declaração de Princípios”, documento resultante das discussões ocorridas durante a Convenção de Paris em 1961. Tanto na Parte I quanto na Parte II as regras são apresentadas a considerar as instruções gerais e em seguida as instruções específicas. Na Parte I “[...] a especificidade se refere tanto ao suporte físico do item que está sendo catalogado como o nível de detalhamento exigido para cada elemento da descrição e a análise do item contendo partes distintas [...] Na parte II as regras se baseiam na proposição de que para cada item descrito se façam uma entrada principal suplementada por entradas secundárias “(CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 31, grifo nosso). As duas partes se integram no sentido de que, nas descrições dos itens informacionais, delimitadas no decorrer de toda a Pare I, na grande maioria dos casos, precisam ter incluídos os cabeçalhos ou títulos uniformes antes de serem utilizadas como entradas do catálogo, regras estas delimitadas na Parte II do Código (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004). 6 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 2 Explique, com os direcionamentos dados no decorrer desta Unidade, de que maneira é organizada o conteúdo da estrutura da Parte I do AACR2 a considerar seus capítulos, áreas e regras. R: Existem 13 capítulos na Parte 1 do AACR2, o primeiro capítulo se refere à descrição geral e os Capítulos 2 ao 13 determinam as regras e instruções relativas a tipos de materiais diferentes. Dentro de cada capítulo da Parte I, a numeração das regras tem uma estrutura mnemônica. Por exemplo, a Regra 1.4C trata do lugar de publicação etc., de qualquer material; a Regra 2.4C trata do lugar de publicação etc., para as monografias impressas; a Regra 3.4C trata do lugar da publicação etc., para materiais cartográficos e assim por diante. Se uma regra específica que aparece no Capítulo 1 não se aplicar ao material tratado em um capítulo subsequente, a regra é omitida daquele capítulo. Por exemplo, não há regra numerada 5.7B17 porque a regra 1.7B17 não se aplica a música (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 37, grifo nosso). Em outras palavras, a exemplo da estrutura do conteúdo do Capítulo 1, tal qual são descritas as áreas e suas respectivas regras, o mesmo acontece a partir do Capítulo 2 até o Capítulo 13, os quais, por sua vez, apresentam, cada um, um tipo de material, e por isso, apresentam especificidades, inclusive relativas às regras a serem aplicadas. As regras que não se aplicam de um capítulo para outro, são omitidas. Ademais, apesar das regras serem específicas para cada tipo de material, todas as áreas apresentadas no Capítulo 1 também existem para todos os tipos de materiais, e são indicadas com a mesma sequência numérica que aparecem no Capítulo 1, mas, com a alteração correspondente ao número de cada capítulo. 3 Explique, com os direcionamentos dados no decorrer desta Unidade, de que maneira são organizados os capítulos e respectivo conteúdo da estrutura da Parte II do AACR2. R.: Como mencionado, a Parte II do AACR2 tem a função de delimitar as regras relativas à adoção de cabeçalhos, que são os pontos de acesso, sob os quais a informação descritiva é apresentada aos usuários do catálogo, bem como estabelecer a elaboração de remissivas para esses pontos de acesso. Assim como na Parte I do AACR2, em cada um dos capítulos da Parte II, primeiro são apresentadas as regras gerais, para, em seguida, serem apresentadas as regras específicas, que, por sua vez, caso estas regras não se enquadrem em um problema específico, são aplicadas as regras gerais. O AACR2, possui um capítulo específico que delibera as regras para a Escolha de Pontos de acesso, ou seja, os cabeçalhos, sob os quais uma descrição bibliográfica tem a entrada 7 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 em um catálogo. Estas regras, descritas no Capítulo 21 do AACR2, são utilizadas para dar as instruções “[...] para a escolha de um desses pontos de acesso como cabeçalho da entrada principal, constituindo os demais cabeçalhos as entradas secundárias” (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004, p. 351). Os Capítulos 22 ao 25 apresentam as instruções das regras da forma dos cabeçalhos (sejam estes para pessoas, nomes geográficos ou entidades), além dos títulos uniformes. As remissivas são delimitadas mediante as regras do capítulo 26 (CÓDIGO DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANO, 2004). TÓPICO 3 1 Com base nas informações a seguir, elabore uma ficha catalográfica de livro eletrônico, dentro dos tamanhos e formatos indicados no decorrer desta Unidade, utilizando as pontuações padrões e demais regras do AACR2. Considere como ponto de acesso principal o título da obra (Indica-se a utilização do AACR2 em sua versão original). a) Administração empresarial b) Curitiba c) Recurso eletrônico d) Editora: InterSaberes e) 2015 f) ISBN: 9788544303153 g) Informações adicionais do livro: Inclui bibliografia, Livros eletrônicos, E-book h) Tópicos que podem ser utilizados como termos de busca ou palavras chave: Gestão Empresarial, Administração de empresas i) Informações adicionais da ficha catalográfica: 12,5 cm, 7,5 cm R.: 8 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 Administração empresarial [recurso eletrônico] / Editora InterSaberes (org.). Curitiba : Intersaberes, 2015. Inclui bibliografia. – Conteúdo Digital. – E-book ISBN 9788544303153 1. Gestão empresarial 2. Administração de empresas 3 Livros eletrônicos I. Editora Intersaberes 12,5 cm 7,5 cm 2 Com base nas informações a seguir, elabore uma ficha catalográfica de DVD, dentro dos tamanhos e formatos, com as pontuações padrões e regras do AACR2, considerando os exemplos que foram apresentados nesta Unidade (Indica-se a utilização do AACR2 em sua versão original). a) Dave presidente por um dia b) Reitman, Ivan c) 1 fita cassete (110 min) d) Gravação de vídeo e) Edição de Sheldon Kahn f) Son g) Color h) Ivan Reitman i) 8 mm j) São Paulo k) Warner Bros l) Legenda eletrônica em Português m) Elenco: Kevin Kline, Sigourney Weaver n) Comédia o) Autor p) Título q) 1994 r) Dolby Stereo s) Hi-fi t) Censura livre 9 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 R.:12,5 cm 7,5 cm Reitman, Ivan Dave presidente por um dia [gravação de vídeo] / Ivan Reitman; Edição de Sheldon Kahn. – São Paulo : Warner Bros, 1994. 1fita cassete (110 min) : son. , color. ; 8 mm. Legenda eletrônica em Português. – Elenco: Kevin Kline, Sigourney Weaver. – Dolby Stereo. – Hi-fi. – Censura livre. 3 Identifique dentro da ficha catalográfica a seguir, as principais Áreas do Capítulo 1 do AACR2 existente nesta ficha. E identifique os Pontos de Acesso: Martin, George R. R. A Guerra dos tronos / George R. R. Martin ; tradução Jorge Candeias. – São Paulo : LeYa, 2015. 592 p. (As crônicas de gelo e fogo, v. 1) Título original: A Game of Thrones ISBN 978-85-441-0292-3 1. Literatura americana 2. Ficção fantástica americana I Título II Candeias, Jorge III. Série 10 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 R.: 11 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 UNIDADE 2 TÓPICO 1 1 Como pode ser definido o Formato MARC? R.: O Formato MARC, Machine Readable Cataloguing surgiu como um padrão para armazenar os registros bibliográficos e qualquer informação por meio da utilização de máquinas, ou seja, computadores (RODRIGUES; TEIXEIRA, 2010). “O objetivo do padrão de metadados MARC, quando da sua criação no início da década de 60, era padronizar a descrição bibliográfica, uma vez que se iniciava a utilização de computadores e era necessário gerenciar o processo de catalogação em meio eletrônico” (FUSCO, 2010, p. 67). Ainda, “MARC é um termo curto e conveniente para atribuir etiquetas a cada parte de um registro de catálogo, para que possa ser manuseado por computadores. Embora o formato MARC tenha sido projetado principalmente para atender às necessidades das bibliotecas, o conceito foi adotado pela comunidade de informações como uma maneira conveniente de armazenar e trocar dados bibliográficos" (IFLA, 1999, p. 1, tradução nossa). Em outras palavras, o registro no sistema MARC possibilita a transsferencia de dados bibliográficos para um sistema computadorizado, e como consequência, a incorporação de tais dados para um catálogo automatizado. Nesse sentido, o formato MARC é utlizado para auxiliar os processos de catalogação e descrição dos documentos, mas não só, visto que apresenta campos relativos a indexação e classificação dos diversificados tipos de materias, dentro dos sistemas de bibliotecas e ou unidades de infirmação. Mais especificamente, “O formato MARC é um conjunto de códigos e designações de conteúdos definido para codificar registros que serão interpretados por máquina. Sua principal finalidade é possibilitar o intercâmbio de dados, ou seja, importar dados de diferentes instituições ou exportar dados de sua instituição para outros sistemas ou redes de bibliotecas através de programas de computador desenvolvidos especificamente para isto” (MARÇAL, 2017, p. 4). 2 Como a IFLA conduziu a solução do problema de incompatibilidade entre os vários formatos MARC que surgiram a partir da década de 70? R.: Diante do diversos Formatos MARC que foram surgindo em muitos países a partir da década de 70, tais quais como o USMARC, UKMARC, CAN/MARC e CALCO, apesar de terem como base o formato MARC, evidenciou-se uma incompatibilidade entre eles em virtude das diferentes 12 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 práticas e requisitos nacionais de catalogação. Uma solução para o referido problema, tal qual, conduzida pela IFLA, foi a criação, no ano de 1977 de um formato MARC universal / internacional denominado pela sigla UNIMARC que aceitaria registros criados em qualquer formato MARC. “O objetivo da UNIMARC, […] é facilitar a descrição, recuperação e controle de itens bibliográficos. Isso é conseguido fornecendo uma estrutura para o registro de informações bibliográficas, inserida por referência a padrões internacionais” (IFLA, 2019e, p.1, tradução nossa). E em 1977, a IFLA publicou o formato UNIMARC: Universal MARC Format, e afirmou que: “O principal objetivo do UNIMARC é facilitar o intercâmbio internacional de dados de forma legível por máquina entre agências bibliográficas nacionais’. Isto foi seguido por uma segunda edição em 1980 e um Manual da UNIMARC em 1983. Todos se concentraram principalmente na catalogação de monografias e seriados e aproveitaram o progresso internacional para a padronização das informações bibliográficas refletidas nas Descrições Bibliográficas Padrão Internacionais (ISBDs)” (IFLA, 1999, p. 1, tradução nossa). Desenvolvido com base no padrão ISO, o UNIMARC fornece um veículo para o intercâmbio de informações entre países com seus próprios formatos MARC. Com a UNIMARC, uma agência não precisa desenvolver programas de conversão para cada um dos formatos MARC que utiliza (MORTON, 1986). 3 Qual o movimento considerado mais expressivo para a implementação do Formato MARC em contexto brasileiro? R.:No Brasil, um dos movimentos considerados mais relevantes para a implementação do formato MARC, ocorreu em 1972 quando a professora Alice Príncipe Barbosa publicou sua dissertação de mestrado tratando o tema da implementação do Formato CALCO, tal qual, configurado com base no MARC. Assim, com detalhes de todas as etapas e conceitos pertinentes ao Formato, tais quais podem ser acompanhados na dissertação de Barbosa (1972), tem-se que o Formato CALCO foi adaptado do “MARC II Comunications Format” e por isso, conservou os mesmos campos com vias a atender os critérios necessários para o intercâmbio de dados bibliográficos. De maneira bem suscinta, “Para que os dados de uma ficha catalográfica (chamada em computador de registro lógico), legível aos nossos olhos, possam ser entendidos pelo computador, é preciso que sejam convertidos um uma linguagem que o computador possa ler, isto é, é preciso que sejam codificados, Essa codificação, feita em campos fixos e variáveis, constitui a estrutura de um Formato. […] Um registro lógico, ou bibliográfico, legível em computador, consiste de 4 partes 13 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 distintas: Líder, indicador de endereços, Zona de campos fixos (Itens de recuperação) e Zona de campos variáveis (dados da ficha catalográfica) (BARBOSA, 1972, p. 8). A dissertação e todo trabalho elaborado por Barbosa (1972) foi um importante avanço para a catalogação e o intercâmbio de dados bibliográficos no Brasil. Em 1972 o Formato CALCO começou a ser efetivamente desenvolvido. E, em 1978 são lançadas as bases do Formato CALCO – Catálogo Legível de Computador, considerado como uma “[...] metodologia a ser adotada em nível nacional, com vistas à compatibilidade de normas para a troca de informações em nível internacional” (BIBLIOTECA NACIONAL, 2019, p. 1). Posteriormente, o Projeto CALCO foi utilizado como a base para a elaboração de sistemas de catalogação automatizados como os desenvolvidos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a Rede Bibliodata e o Formato IBICT desenvolvido pelo próprio IBICT (antigo IBBD). TÓPICO 2 1 Especifique quais são os três elementos inerentes ao Formato MARC 21. R.: Os três elementos inerentes ao Formato MARC 21 são: A estrutura de registro que se refere à implementação do padrão internacional Format for Information Exchange (ISO 2709) e sua contraparte americana, Bibliographic Information Interchange (ANSI / NISO Z39.2). A designação do conteúdo que diz respeito aos códigos e convenções estabelecidos explicitamente para identificar e caracterizar ainda mais os elementos de dados em um registro e para apoiar a manipulação desses dados – é definida por cada um dos formatos MARC. O conteúdo dos elementos de dados que compõem um registro MARC que geralmente é definido por padrões fora dos formatos. Exemplos: a Descrição Bibliográfica do Padrão Internacional (ISBD), as Regras de Catalogação Anglo-Americanas, os Cabeçalhos de Assunto da Biblioteca do Congresso (LCSH) ou outras regras de catalogação, o tesaurode assunto e os cronogramas de classificação usados pela organização que cria um registro. 2 Descreva quais os três componentes pertencentes aos registros de cada um dos Formatos MARC 21. 14 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 R.: De maneira geral, os componentes pertencentes aos registros de cada um dos Formatos MARC 21 são três: o Líder, o Diretório e os Campos variáveis. Com mais detalhe, tem-se que: Líder: contém informações que possibilitam o processamento do registro; apresenta números e códigos que são identificáveis pela sua posição; compreende as 24 primeiras posições de um registro. Diretório: apresenta uma série de entradas de tamanho fixo, uma para cada campo variável do registro. Cada entrada possui 12 posições e apresenta três partes: a tag ou etiqueta do campo, o tamanho do campo e a posição inicial do campo. O Diretório vem em seguida ao Líder e está localizado na posição 24 do registro, sendo gerado automaticamente. Campos Variáveis: os dados ou informação do registro estão organizados em campos variáveis ou de conteúdo variável, cada um identificado por uma tag ou etiqueta composta por três caracteres numéricos. 3 Quais tipos de materiais as diretrizes do Formato MARC 21 para Dados Bibliográficos abrange? R.: O Formato MARC 21 para Dados Bibliográficos abarca diversificados tipos de matéria: Livro (BK) – usado para material textual impresso, eletrônico, manuscritos e microformas, por natureza monográfico, por exemplo: livros, teses etc. Recurso Contínuo (CR) – usado para material textual impresso, eletrônico, manuscritos e microformas, com publicação frequente, por exemplo, periódicos, jornais e anuários. Até 2002 era designado como Publicação Seriada (SE). Arquivo de Computador (CF) – usado para programas de computador (softwares), dados numéricos, arquivos multimídias desenvolvidos para computador, serviços e sistemas on-line. Outros tipos de recursos eletrônicos são codificados de acordo com seu aspecto mais relevante. Mapas (MP) – usado para todos os tipos de material cartográfico - impresso, eletrônico, manuscritos e microformas, incluindo mapas planos e globos. Música (MU) – usado para música impressa, eletrônica, manuscritas e microformas, registros sonoros musicais e não musicais. Material Visual (VM) – usado para mídias projetáveis e não projetáveis, gráficos bidimensionais, artefatos tridimensionais ou objetos naturais e kits. Material Misto (MX) – usado para documentos com formas mistas principalmente para coleções de arquivos e manuscritos. Até 1994, Material Misto (MX) era designado como Material de Arquivo e Manuscrito (AM). 15 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 TÓPICO 3 1 Utilize as informações a seguir e, com base nas indicações explicitadas no Tópico 3, faça a catalogação em Formato Marc 21 para Dados Bibliográficos de Livro – Acervo Geral, com os campos específicos que abrangem o referido material. Quando pertinente é recomendado a utilização das regras do AACR2. a) ISBN: 8574022152 b) Entrada Principal: Calligaris, Contardo, 1948. c) Título: A adolescência d) Local: São Paulo e) Editora: Publifolha f) Ano: 2000 g) Página: 81 h) Série: (Folha Explica) i) Notas: Inclui bibliografia. j) Resumo: Doutor em psicologia clínica e psicanalista, Contardo Calligaris mostra, neste livro, a adolescência como uma das formações culturais mais poderosas de nossa época, com todas as suas nuances, enigmas e superações. k) Tópicos que podem ser utilizados como termos de busca ou palavras chave: Adolescência. Adolescentes – Conduta. Psicologia do adolescente R.: 020 ## $a 8574022152 090 ## $a 155.5 $b C134a 100 1# $a Calligaris, Contardo $d 1948- 245 10 $a A adolescência $c Contardo Calligaris 260 ## $a São Paulo $b Publifolha $c 2000 300 ## $a 81 p. 490 0# $a Folha Explica 500 ## $a Inclui bibliografia. 520 ## $a Doutor em psicologia clínica e psicanalista, Contardo Calligaris mostra, neste livro, a adolescência como uma das formações culturais mais poderosas de nossa época, com todas as suas nuances, enigmas e superações. 650 04 $a Adolescência 650 04 $a Adolescentes |x Conduta 650 04 $a Psicologia do adolescente 2 Indique os Campos de Números conforme o Formato MARC 21 para Dados Bibliográficos, correspondentes às áreas da descrição física do AACR2, na ficha catalográfica a seguir. 16 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 M612n Mey, Eliane Serrão Alves Não brigue com a catalogação! / Eliane Serrão Alves Mey. – Brasília, DF : Lemos Informação e Comunicação, 2003. 186 p. : il. ; 23 cm Inclui bibliografia e índice. ISBN 8585637218 1. Catalogação descritiva. I. Autor. II. Título CDD: 025.32 R.: 17 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 3 Com base na catalogação de um E-book a seguir, complete os cam- pos com os indicadores e os subcampos referentes ao formato MARC21, indicando os Campos de Controle Variável. 000 nam a22 4a 4500 001 000166937 005 20190315131911.0 007 c 008 190315 por 090 __ __ Online 100 __ __ Barbosa, Andy 245 __ __ A Essência do Agile Coach __ recurso eletrônico __ Andy Barbosa 250 __ __ 2. 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Ed. 260 ## $a [S.l.] $b agile institute brasil $c 2018 300 ## $a 168 18 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 500 ## $a A proposta deste livro não é fornecer uma solução pronta, uma receita de como ser um Coaching Ágil, mas sim oferecer insumos, instigar a reflexão e facilitar a compreensão de conceitos, mudança de mindset, práticas, comportamentos e atitudes, deixando-o livre para desenvolver e se adaptar da melhor forma possível a esse novo e fundamental papel dentro das organizações brasileiras. 650 04 $a Coaching 650 04 $a Competências profissionais 650 04 $a Agilidade 990 04 $a E-book 19 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 UNIDADE 3 TÓPICO 1 1 O que é a ISBD? R.: A ISBD é um conjunto de regras produzidas pela IFLA para criar uma descrição bibliográfica em uma forma padrão legível por humanos para descrever uma ampla variedade de materiais de biblioteca. Diz respeito apenas ao aspecto descritivo da catalogação, não aos pontos de entrada ou títulos. A ISBD especifica as fontes na publicação das quais os vários elementos da descrição devem ser transcritos; a ordem em que esses elementos devem ser registrados; e os sinais de pontuação a serem usados para separar os elementos individuais. O efeito da aplicação das regras da ISBD é produzir um padrão reconhecível pelos usuários do catálogo e que permita a fácil troca de registros criados por diferentes agências. 2 Qual os principais objetivos da ISBD? R.: O principal objetivo da ISBD é o de oferecer consistência para o compartilhamento de informações bibliográficas ao regularizar a forma e o conteúdo das mesmas. Em outras palavras, tem como principal objetivo padronizar as informações contidas na descrição bibliográfica. As ISBDs possibilitam assegurar um registro mais detalhado dos dados de uma obra e, desta forma, possibilitamfacilitar o compartilhamento das informações catalogadas. Além disso, como objetivos da ISBD tem-se: a) intercambiar registros de diferentes fontes, para que os registros produzidos em um país possam ser facilmente aceitos em catálogos de bibliotecas ou outras listas bibliográficas em qualquer outro país; b) auxiliar na interpretação de registros através das barreiras linguísticas, para que os registros produzidos para usuários de um idioma possam ser interpretados por usuários de outros idiomas; c) auxiliar na conversão de registros bibliográficos em formato eletrônico; d) aprimorar a portabilidade dos dados bibliográficos no ambiente da Web Semântica e a interoperabilidade do ISBD com outros padrões de conteúdo. 3 Quais as principais implicações da ISBD para a Representação Descritiva – Catalogação? 20 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 R.: Embora o desenvolvimento desse padrão tenha sido originalmente motivado pela automação do controle bibliográfico e pela necessidade econômica de compartilhar a catalogação, a ISBD continua sendo útil e aplicável às descrições bibliográficas de todos os tipos de recursos publicados em qualquer tipo de catálogo, manual ou baseado em máquina. Nesse sentido, além de possibilitar, o efetivo intercâmbio de registros elaborados em diversos países, independentemente das questões linguísticas, bem como o de possibilitar a conversão dos registros em formato eletrônico e possibilitar uma maior interação dos dados no sentido de aprimorar a interoperabilidade entre conteúdos (IFLA, 2011, tradução nossa), a ISBD implicou em uma ação mais efetiva de padronização pois, mediante a sua aceitação internacional entre vários países, impulsionou diversas mudanças e atualizações em diversos códigos de catalogação até então utilizados a considerar os critérios da ISBD. Traduzido oficialmente em 25 línguas, incluindo a língua portuguesa, o programa ISBD da IFLA tem se dedicado há mais de três décadas da elaboração de normas para representação bibliográfica para todos os tipos de recursos biblioteconômicos que vão se mantendo mediante uma ou mais revisões. Além disso, é importante ressaltar que a ISBD tem guiado o trabalho dos diversos comitês nacionais de catalogação, re sponsáveis pelas regras de catalogação e pela atualização dos códigos, promovendo as práticas em uso internacional, potencializando, entre outros aspectos, a catalogação cooperativa e em certa medida, possibilitando a efetiva democratização e acesso amplificado da informação. TÓPICO 2 1 Qual é o método utilizado para o desenvolvimento do estudo Requisito Funcional PARA Registro Bibliográfico (Functional Requirements for Bibliographic Records – FRBR)? R.: O método utilizado para o desenvolvimento do estudo sobre os requisitos funcionais centrou-se primeiramente no utilizador, definindo, de uma maneira sistemática, aquilo que ele espera encontrar num registo bibliográfico, e no modo como a informação é usada. Os elementos básicos do modelo – entidades, atributos e relações – derivam de uma análise lógica dos dados usualmente contidos nos registos bibliográficos e a cada atributo e relação correspondem diretamente as operações efetuadas pelo utilizador. O estudo não faz suposições a priori sobre o próprio registro bibliográfico, seja em termos de conteúdo ou estrutura. É necessária uma abordagem focada no usuário para analisar os 21 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 requisitos de dados, na medida em que se esforça para definir de maneira sistemática o que o usuário espera encontrar referente as informações sobre em um registro bibliográfico e como essas informações são utilizadas. O estudo utiliza uma técnica de análise de entidades que começa isolando as entidades que são os principais objetos de interesse dos usuários dos registros bibliográficos. O estudo identifica as características ou atributos associados a cada entidade e os relacionamentos entre as entidades que são mais importantes para os usuários na formulação de pesquisas bibliográficas, na interpretação de respostas a essas pesquisas e na “navegação” do universo de entidades descritas nos registros bibliográficos. O modelo desenvolvido no estudo é de escopo abrangente, mas não exaustivo em termos das entidades, atributos e relacionamentos que ele define. O modelo opera no nível conceitual; ele não leva a análise ao nível necessário para um modelo de dados totalmente desenvolvido. 2 Quais são os usuários de registros bibliográficos abrangidos pelo FRBR e de que maneira se evidencia os direcionamentos do FRBR para atender as necessidades dos usuários? R: Usuários de registros bibliográficos: O FRBR evidencia uma latente preocupação em atender as necessidades os diferentes tipos de usuários e nesse sentido, determina como usuários de registros bibliográficos um amplo espectro que inclui não apenas usuários/clientes e funcionários da biblioteca, mas também editores, distribuidores, varejistas e fornecedores e usuários de serviços de informação para além das configurações tradicionais da biblioteca. Direcionamentos do FRBR para atender as necessidades dos usuários: O FRBR não faz suposições a priori sobre o próprio registro bibliográfico, seja em termos de conteúdo ou estrutura. É necessária uma abordagem focada no usuário para analisar os requisitos de dados, na medida em que se esforça para definir de maneira sistemática o que o usuário espera encontrar referente as informações sobre em um registro bibliográfico e como essas informações são utilizadas. Nesse sentido, conforme as indicações da IFLA em relação ao escopo do estudo do FRBR, os requisitos funcionais para registros bibliográficos são definidos mediante algumas tarefas executadas pelos usuários quando estes estão no processo de pesquisa e utilização das bibliografias nacionais e catálogos de bibliotecas, a saber: a) usar os dados para encontrar materiais que correspondam aos critérios de pesquisa estabelecidos pelo usuário, b) usar os dados recuperados para identificar uma entidade (por exemplo, para confirmar que o documento descrito em 22 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 um registro corresponde ao documento procurado pelo usuário ou para distinguir entre dois textos ou gravações que têm o mesmo título); c) usar os dados para selecionar uma entidade que seja apropriada às necessidades do usuário (por exemplo, para selecionar um texto em um idioma que o usuário entenda ou para escolher uma versão de um programa de computador compatível com o hardware e o sistema operacional disponíveis para o usuário); d) usar os dados para adquirir ou obter acesso à entidade descrita (por exemplo, para fazer um pedido de publicação, para enviar uma solicitação de empréstimo de uma cópia de um livro na coleção de uma biblioteca ou para acessar on-line um documento eletrônico armazenado em um computador remoto). 3 Quais impactos podem ser atribuídos ao FRBR para o escopo da Catalogação, mesmo sem se ter efetivo conhecimento das consequências do uso de regras que utilizam como base a sua estrutura conceitual, como a exemplo, o RDA? R.: O que se evidencia é que, com o desenvolvimento da FRBR, a catalogação passou “[...] a ser entendida não só como a descrição bibliográfica de um item, mas também como o registro dos elementos “organizativos”, aqueles gerados por outros processos que não a representação descritiva – por exemplo, a classificação e indexação” (GRINGS, 2015, p. 139). Além disso, o modelo FRBR é apresentado na literatura “[...] como um fator de melhoria na organização e colocação da informação dos catálogos bibliográficos, ao potenciar a sua lógica, contextualização e estrutura de relações, apresentando-a de forma mais coerente com o modelo conceptual de pesquisa do utilizador”(GALVÃO, 2015, p. 2). Por ser caracterizado como um modelo conceitual, o FRBR e suas extensões, necessitam de normas que os implementem. Nesse sentido, por apresentar uma metodologia oriunda do desenho de bases de dados tem vindo a servir de enquadramento conceitual “[…] para a reavaliação e reformulação de diversas normas e convenções de gestão de informação bibliográfica que, consequentemente, irão influenciar as tendências de mudança nas formas de acesso a essa informação, mas ainda não logrou uma implantação prática generalizada”. 23 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 TÓPICO 3 1 Como pode ser definido o RDA? R.: O RDA foi desenvolvido de acordo com um conjunto de objetivos e princípios que são informados pela Declaração de Princípios Internacionais de Catalogação” (RDA TOOLKIT, 2019a, p. 1, tradução nossa). De maneira geral, o RDA assume um novo padrão para a descrição e acesso de recursos projetados para o contexto digital. Tendo como fundamentos os critérios estabelecidos pelo AACR2, o RDA fornece um conjunto abrangente de diretrizes e instruções sobre a descrição e acesso de recursos, cobrindo todos os tipos de conteúdo e mídia. Em outras palavras, o RDA é um novo padrão para catalogação descritiva, que fornece instruções e diretrizes para a formulação de dados bibliográficos baseados nos modelos conceituais do FRBR e FRAD no sentido de que oportunizam a descrição e os pontos de acesso do título que representam um recurso. O RDA vai além dos códigos de catalogação anteriores ao prover orientações sobre como catalogar recursos digitais e auxiliar melhor os usuários para encontrar, identificar, selecionar e obter a informação desejada. O RDA também contribui para o agrupamento de registros bibliográficos visando mostrar relações entre obras e seus criadores. Essa importante e nova característica torna os usuários mais conscientes das diferentes edições, traduções ou formatos físicos das obras – um significativo desenvolvimento (JCS, 2015, p. 1, tradução nossa). 2 O RDA absorveu alguns dos fundamentos dos critérios estabelecidos pelo AACR2, contudo, são expressivas as diferenças entre eles, como é de se esperar a considerar que se trata de um novo código para catalogação. Descreva, de maneira geral, quais as semelhanças e diferenças entre os dois códigos. R.: O RDA representa mudanças consideráveis e bem profundas para os processos de catalogação. Contudo, vale destacar que aspectos pertinentes trazidos pelo AACR2 ainda estão presentes nas estruturas do RDA. Nesse sentido, destaca-se que: a) o AACR e o RDA compartilham a mesma estrutura de governança; b) o RDA foi construído, intencionalmente, sobre os alicerces das AACR; c) muitas instruções RDA derivam das AACR2; d) registros catalográficos criados segundo as diretrizes RDA serão compatíveis com os registros AACR; e) o RDA nasceu de uma tentativa inicial de fazer uma revisão radical das AACR (OLIVER, 2011, p. 45). 24 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 Além disso, diferentemente do que acontece no AACR2, no RDA não existe indicação para uso de abreviaturas, e sim preferência para que todas as informações estejam por extenso. Transcreve-se da forma em que aparece no item, não acrescentando informações extras. Registram- se os nomes na ordem encontrada na fonte, e frases para indicar uma informação adicional ou desconhecida, como: lugar de publicação não identificado e editor não identificado. Da mesma forma não se deve corrigir imprecisões ou erros encontrados na fonte. Se a informação for muito relevante, pode-se fazer observações ou explicações em notas (SILVA et al., 2012, p. 118). Além disso, a mudança que tem tido mais atenção relativa aos pontos de acesso, diz respeito ao ponto de acesso principal para as obras com mais de quatro autores. No AACR2 o “[...] ponto de acesso principal era o título, mencionando o primeiro acrescido da expressão [et al.] com a possibilidade de menção em pontos de acesso secundários dos demais responsáveis intelectuais” (SILVA et al., 2012, p. 118). Já no RDA “[...] seguindo o princípio da representação, deve-se representar exatamente o que está no documento, e o ponto de acesso principal será o primeiro autor, e que se mencione os demais autores, em conformidade com o objetivo principal de foco no usuário” (SILVA et al., 2012, p. 119). Esta alteração foi pertinente justamente porque, quando não representada a informação contendo todos os autores, não é possível se levar em “[...] consideração a necessidade informacional do usuário, que pode realizar a pesquisa pelos nomes de outros autores não listados nos pontos de acesso” (SILVA et al., 2012, p. 119). Ainda, em relação as diferenças o RDA apresenta elementos que o AACR2 não possuía, a exemplo: “[...] características do arquivo, formato de vídeo, informações sobre custódia (recursos arquivísticos) características de braile, URLs, identificadores de entidades (pessoas, entidades corporativas, obras) e idioma das pessoas, entre outros” (HATSEK; HILLESSHEIN, 2013, p. 14). De maneira geral, “As mudanças da RDA são mais radicais na organização de seus capítulos, que não se faz pelo tipo de material, e sim pelos objetivos das tarefas dos usuários de identificar e relacionar as informações procuradas” (SALGADO; SILVA, 2013, p. 8). 3 Quais as vantagens de utilização do RDA? R.: Como vantagens têm-se: a) o RDA é melhor para atender a recursos digitais e recursos com múltiplas características e fornecerá mais orientações sobre a criação de títulos de autoridade; b) o RDA foi desenvolvido com o usuário final em mente; c) o RDA fornece uma 25 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 estrutura consistente, flexível e extensível para a descrição de todos os tipos de recursos, incluindo recursos digitais e aqueles com múltiplas características; d) o RDA é compatível com princípios, modelos e padrões estabelecidos internacionalmente; e) o RDA é compatível com uma variedade de esquemas de codificação, como MODS, Dublin Core, ONIX e MARC. Isso permitirá que os registros bibliográficos da biblioteca sejam integrados aos produzidos por outras comunidades de metadados e sejam movidos para o ambiente digital além dos catálogos das bibliotecas; f) o RDA permitirá, com suporte de sistemas, o agrupamento de registros bibliográficos para diferentes edições, traduções ou formatos de uma obra, para obter uma exibição mais significativa dos dados para os usuários; g) o RDA é um produto baseado na Web, que permite aos catalogadores alternar entre instruções relacionadas usando hiperlinks e integrar suas próprias políticas institucionais; h) o RDA é um trampolim de transição que requer apenas pequenas alterações nos registros do catálogo, mas move os metadados nos catálogos muito mais perto da utilização completa dos modelos FRBR (HAIDER, 2017b, tradução nossa, p. 1). Ainda: a) RDA é um novo padrão para a descrição e acesso de recurso planejado para o mundo digital: - O RDA enfoca a informação necessária para descrever um recurso, N ã o como apresentar essa informação. - Os usuários serão capazes de usar o conteúdo do R D A com muitos esquemas codificados (ex.: MODS (Metadata Object Description Standard), MARC21 ou Dublin Core. O RDA é adaptável e flexível, condição que potencialmente resulta em seu uso, tanto por outras comunidades de informação, como por bibliotecas; b) a estrutura do RDA está construída a partir dos modelos conceituais do RFDB (FRBR) e RFDA (FRAD) para ajudar os usuários do catálogo a encontrar mais facilmente a informação de que eles necessitam: - O uso das entidades do FRBR pelo RDA torna possíveis melhores visualizações de buscas em catálogos, agrupando informação sobre o mesmo título (ex. traduções, condensações, diferentes formatos físicos); c) o RDA provê uma estrutura flexível para a descrição de conteúdo de recursos digitais,enquanto atende também às necessidades de bibliotecas na organização de recursos tradicionais: - O RDA provê flexibilidade ao descrever aspectos múltiplos de uma obra como um resultado do uso do modelo conceitual FRBR. - O RDA identificou e adicionou elementos, não incluídos no CCAA2, que são comumente usados em descrições de recursos digitais; d) O RDA provê uma melhor adaptação às tecnologias de bases de dados emergentes, tornando as instituições mais eficientes no levantamento, armazenagem e recuperação de dados: - O RDA enfatiza ‘ter o que você vê’, encorajando o levantamento automático de metadados, sem uma edição extensa – economizando o tempo dos catalogadores (JSC, 2019, p. 2). 26 REGRAS DE CATALOGAÇÃO ANGLO-AMERICANA – AACR2 E a implementação do RDA implica em um futuro próximo em vantagens, pois: ajudará a modernizar os catálogos das bibliotecas; mudará a forma como pensamos a criação dos registros bibliográficos; há regras para as autoridades; menos regras, mais descrição; requer dos bibliotecários novos estudos e está sendo traduzida para o espanhol (TEIXEIRA, 2013, p. 1).