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Componentes do Sistema Elétrico de Aeronaves STARTER GENERATOR 28VDC A maioria dos motores a reação de pequeno e médio porte utilizam uma combinação de starter generator, arranque-gerador em português, que opera como um motor de arranque para acionar o motor durante a partida, e, após o motor ter alcançado a velocidade de auto sustentação, opera como um gerador para suprir a potência do sistema elétrico. O arranque-gerador além de reduzir o peso, propicia redução de custo e maior simplicidade de manutenção. Figura 1: Modelo de gerador Fonte: Adaptado de Google imagens Uma fonte de 24 a 28 volts corrente contínua (VCC ou VDC em inglês) e 1.500 A de pico é geralmente requerida para a partida. A faixa de rotação de operação pode variar de 6.000 a 13.000 RPM. Na figura 2.2 temos o diagrama do circuito elétrico de um starter generator, e seu funcionamento pode ser explicado pelos seguintes tópicos: 1. Para dar partida, primeiro é necessário ligar a chave mestra do motor, completando o circuito da barra da aeronave para a chave de partida, para as válvulas de combustível e para o relé da manete de potência. Energizando esse relé, as bombas de combustível são acionadas, fornecendo a pressão necessária para a partida do motor. 2. Conforme a chave da bateria e de partida são ligadas, são fechados os relés do motor, da ignição e o de corte da bateria. O relé do motor fecha o circuito da fonte de potência para o motor de arranque, o relé de ignição fecha o circuito da unidade de ignição e o de corte da bateria, desconecta a bateria. A abertura do circuito da bateria é necessária devido à elevada corrente consumida pelo motor de arranque que danificaria a bateria. 3. O fechamento do relé do motor permite que uma corrente muito alta flua para o motor, passando através da bobina do relé de baixa corrente, que se fecha. 4. O fechamento do relé de baixa corrente completa um circuito da barra positiva para a bobina do relé do motor de partida, bobina do relé de ignição e bobina do relé de corte da bateria. 5. A chave de partida está liberada para retornar a sua posição normal “desligada“, e todas as unidades continuam a operar. 6. Conforme a velocidade do motor aumenta, o consumo de corrente começa a diminuir, e ao atingir menos de 200 A, o relé de baixa corrente abre. 7. Isto abre o circuito da barra positiva para as bobinas dos relés do motor, ignição e corte da bateria. A desenergização das bobinas dos relés faz parar a operação de partida. Após completar estes procedimentos, o motor deverá estar operando eficientemente, e a ignição auto sustentada. 8. Se o motor falhar para atingir a velocidade determinada para interromper a operação de partida, a chave de Parada de Emergência pode ser usada para abrir o circuito da barra positiva para os contatos principais do relé de baixa corrente. Figura 2: Diagrama do circuito elétrico do Starter Generator Fonte: Adaptado de FAA Aviation Maintenance Technician Handbook- Powerplant O circuito interno de um arranque-gerador tem 4 enrolamentos de campo: • Campos em série (campo“C’); • Um campo SHIELD ; • Um campo de compensação; • Um campo de interpolação ou comutação. Durante a partida, os campos em série (“C”) e os campos de compensação e comutação, são usados. A unidade é similar ao arranque de acionamento direto, uma vez que todos os enrolamentos usados durante a partida estão em série com a fonte. Quando estiver operando como arranque, a unidade não faz uso prático de seu campo SHIELD, e quando estiver operando como gerador, os enrolamentos SHUNT, compensação e comutação são usados. O campo SHUNT é conectado no circuito de controle de voltagem convencional para o gerador. Enrolamentos de compensação e comutação suprem a comutação quase sem centelha, de nenhuma carga para carga total. Figura 3: Circuito interno do starter generator Fonte: FAA Aviation Maintenance Technician Handbook- Powerplant Starter generators geralmente são encontrados no mercado com tensão de 28 VCC, produzindo de 150 a 300 A e na faixa de rotação de 7.000 a 12.000 RPM. REGULADORES DE TENSÃO E CORRENTE A operação eficiente do equipamento elétrico numa aeronave depende do fornecimento de tensão constante do gerador ou do alternador. Entre os fatores que determinam a tensão de saída de um gerador, apenas um, a intensidade da corrente do campo, pode ser convenientemente controlada. Conforme a figura 2.4, se o reostato for instalado para aumentar a resistência no circuito de campo, menos corrente fluirá através do enrolamento, e a intensidade do campo magnético na qual o induzido gira diminuirá e assim, a tensão de saída do gerador diminuirá. Se a resistência no circuito de campo for diminuída com o reostato, mais corrente fluirá através dos enrolamentos do campo, o campo magnético se tornará mais forte e o gerador produzirá uma voltagem maior. Os reguladores de tensão empregados nas aeronaves podem ser dos tipos: Básico Vibrador Regulador de tensão de três unidades Interruptor-relé diferencial Relés de controle de sobretensão e de campo Regulador transistorizado de alternadores Figura 4: Regulador de tensão básico Fonte: Adaptado de FAA Aviation Maintenance Technician Handbook-General 2.2.1- Regulador de tensão tipo vibrador Na figura 2.5, temos o regulador de tensão tipo vibrador. Com o gerador funcionando na velocidade normal, e o interruptor “K” aberto, o reostato do campo é ajustado de modo que a voltagem de saída seja de aproximadamente 60% da normal. O solenóide “S” está inoperante e o contato “B” é mantido fechado pela mola. Quando o interruptor “K” estiver fechado, um curto-circuito estará formado através do reostato de campo, fazendo com que a corrente do campo aumente e a voltagem de saída suba. Quando a voltagem de saída exceder um determinado valor crítico, a atração do solenóide “S” excederá a tensão da mola, abrindo o contato “B”, reinstalando o reostato no circuito de campo e reduzindo a corrente do campo e a voltagem de saída. Quando a voltagem de saída estiver abaixo de uma voltagem crítica, o contato “B” do solenóide do induzido fechar-se-á novamente pela ação da mola, o reostato de campo neste momento será curto-circuitado, e a voltagem de saída começará a subir. O ciclo se repete como uma ação rápida e contínua, desse modo, é mantida uma voltagem média com ou sem variação na carga. O pistão “P” provê uma operação mais suave, atuando como um amortecedor para evitar oscilação e o capacitor “C” em paralelo com o contato “B” elimina as centelhas. Uma carga adicional provoca um curto mais demorado no reostato do campo e, sendo assim, o solenóide do induzido vibra mais lentamente. Se a carga for reduzida e a voltagem de saída aumentar, o induzido vibrará mais rapidamente e o regulador manterá a voltagem de saída num valor constante para qualquer variação na carga, desde a carga nula até a carga máxima no gerador. Os reguladores do tipo vibradores não podem ser usados com geradores que necessitam de alta corrente de campo, posto que os contatos furarão ou queimarão, assim, os sistemas de gerador de grande carga necessitam de tipos diferentes de reguladores. Figura 5: Regulador de tensão tipo vibrador Fonte: Adaptado de FAA Aviation Maintenance Technician Handbook-General Regulador de tensão de três unidades Utilizado em aeronaves de pequeno porte, esse tipo de regulador consiste em um limitador, um interruptor de corrente reversa e um regulador de tensão. A ação da primeira unidade é similar ao regulador do tipo vibratório. A segunda das três unidades é um regulador de corrente para limitar a corrente de saída do gerador e a terceira unidade é um interruptor de corrente reversa, que desliga a bateria do gerador. Se a bateria não for desligada,ela será descarregada através do induzido do gerador quando a voltagem dele for inferior à voltagem da bateria, acionando o gerador como um motor. O funcionamento desse regulador é explicado nos passos seguintes: • A ação de vibração do contato C1 na unidade reguladora de voltagem provoca um curto- circuito intermitente entre os pontos R1 e L2. • Quando o gerador não estiver operando, a mola S1 manterá o contato C1 fechado; C2 também será fechado pela mola S2. • O campo em paralelo está ligado diretamente ao induzido. • Quando o gerador for ligado, sua voltagem de saída aumentará à medida que a velocidade do gerador aumentar, e o induzido suprirá o campo com corrente através dos contatos C2 e C1 fechados. Figura 6: Regulador de tensão de três unidades Fonte: Adaptado de FAA Aviation Maintenance Technician Handbook-General • À medida que a voltagem de saída aumenta, o fluxo de corrente através de L1 aumenta, e o núcleo de ferro torna-se mais fortemente magnetizado. • Numa certa velocidade e voltagem, quando a atração magnética no braço móvel for suficientemente forte para sobrepujar a tensão da mola S1, os contatos C1 estarão separados e a corrente do campo agora flui através deR1 e L2. • Visto que a resistência é adicionada ao circuito do campo, este é enfraquecido momentaneamente, e o aumento na voltagem de saída é paralisado. Além disso, estando o enrolamento L2 em oposição a L1, o esforço magnético de L1 sobre S1 é neutralizado parcialmente, e a mola S1 fecha o contato C1. • Portanto, R1 e L2 estão novamente em curto, fora do circuito, e a corrente do campo aumenta mais uma vez; a voltagem de saída aumenta e C1 abre, comandado por L1. O ciclo é rápido e ocorre muitas vezes por segundo. • A voltagem de saída do gerador varia pouco, porém rapidamente acima ou abaixo de um valor médio determinado pela tensão da mola S1, que pode ser ajustada. • A finalidade do limitador de corrente tipo vibratório é limitar a corrente de saída do gerador, automaticamente no seu valor nominal, a fim de proteger o gerador. • L3 está em série com a linha principal e a carga, sendo assim, a quantidade de corrente que flui na linha determina quando C2 será aberto e quando R2 estará em série com o campo do gerador. • Ao contrário do regulador de voltagem, que é atuado pela voltagem da linha, o limitador de corrente é atuado pela corrente da linha. • A mola S2 mantém o contato C2 fechado até que a corrente, através da linha principal e de L3, exceda um certo valor determinado pela tensão da mola S2, e provoque a abertura de C2. • A corrente aumenta quando a carga aumenta, introduzindo R2 no circuito do campo do gerador, que diminui sua corrente e a voltagem gerada. Quando a voltagem gerada diminuir, a corrente do gerador também diminuirá. • O núcleo de L3 é desmagnetizado parcialmente, e a mola fecha os contatos de C2, provocando um aumento na voltagem e na corrente do gerador, até que a corrente atinja um valor suficiente para recomeçar o ciclo. Um determinado valor mínimo da corrente de carga é suficiente para provocar a vibração no limitador de corrente. • A finalidade do relé de corte da corrente reversa é desligar automaticamente a bateria do gerador, quando a voltagem do gerador for menor que a voltagem da bateria. Se este dispositivo não fosse usado no circuito do gerador, a bateria descarregar-se-ia através do gerador. • Isto tenderia a fazer com que o gerador operasse como um motor, porém, como o gerador está acoplado ao motor da aeronave, os enrolamentos do gerador podem ser danificados seriamente pela corrente excessiva. • No núcleo de ferro doce há dois enrolamentos: L4 e L5. O primeiro é o enrolamento da corrente, consiste em poucas voltas de fio grosso, está em série com a linha, e conduz toda a sua corrente. O segundo é o enrolamento da voltagem, consiste em um grande número de voltas de fio fino e está em paralelo com os terminais do gerador. • Quando o gerador não está funcionando, os contatos C3 são mantidos abertos pela mola S3 e à medida que a voltagem do gerador aumenta, o enrolamento L5 magnetiza o núcleo de ferro. • Quando a corrente (resultante da voltagem gerada) produzir magnetismo suficiente no núcleo de ferro, o contato C3 é fechado e a bateria recebe uma corrente de carga. • A mola da bobina S3 é ajustada, de modo que o enrolamento da voltagem não feche os contatos C3 até que a voltagem do gerador exceda a voltagem normal da bateria. • A corrente de carga através do enrolamento L4 auxilia a corrente de L5 para manter os contatos bem fechados. • O contato C3 se diferencia de C1 e C2 porque nele não há vibração. • Quando o gerador gira em marcha-lenta, ou por qualquer outro motivo, a voltagem do gerador diminui até um valor inferior ao da bateria, a corrente reverte através de L4, e as ampères-voltas de L4 se opõem às de L5. • Assim sendo, uma descarga de corrente momentânea da bateria reduz o magnetismo do núcleo, e C3 é aberto evitando o descarregamento da mesma e a motorização do gerador. • C3 só fechará outra vez caso a voltagem de saída do gerador ultrapasse a voltagem da bateria de um valor pré-determinado Interruptor-relé diferencial Os sistemas elétricos de aeronaves normalmente usam alguns tipos de interruptores-relés de corrente reversa, que atuam não somente como interruptor de corrente, como também interruptor de controle remoto, pelo qual o gerador pode ser desconectado do sistema elétrico a qualquer momento. Um tipo de interruptor-relé de corrente reversa opera a nível da tensão do gerador, mas o comum usado nas aeronaves de grande porte é interruptor-relé diferencial, cujo controle é feito pela diferença entre a tensão da barra da bateria e o gerador. O interruptor-relé diferencial liga o gerador à barra principal dos sistemas elétricos, quando a voltagem de saída do gerador excede a voltagem da barra de 0,35 a 0,65 volts. Ele desligará o gerador quando uma corrente reversa nominal fluir da barra para o gerador Relés de controle de sobretensão e de campo Os relés de controle de sobretensão e o de controle do campo também são usados com os circuitos de controle do gerador. O controle de sobretensão protege o sistema caso exista tensão excessiva, sendo fechado quando a saída do gerador atinge 32 volts, além de completar um circuito para desarmar a bobina do relé de controle do campo. O fechamento do circuito de desarme do relé de controle abre o circuito do campo em paralelo, e o completa através de um resistor, provocando uma queda de tensão no gerador. Além disso, o circuito do interruptor do gerador e o circuito de equalização, em aviões multimotores, são abertos. Um circuito de luz indicadora é completado, avisando que existe uma condição de sobretensão. O interruptor da cabine de comando é usado na posição RESET para completar o rearme do circuito da bobina no relé de controle de campo, retornando o relé à sua posição normal. Regulador transistorizado de alternadores A maioria das aeronaves com alternadores utilizam sistemas transistorizados para regulagem da tensão de saída do alternador. Esses reguladores são formados por transistores, capacitores, diodos, resistores e termistores. Durante a operação, a corrente flui através do diodo e transistor para o campo do alternador. Ao atingir o nível predeterminado de tensão, o transistor interrompe a corrente para as bobinas de campo. Esse regulador permite uma faixa de ajuste de tensão muito precisa, com compensação de temperatura através do termistor. A tensão de saída do alternador é enviada ao regulador onde é comparada a uma tensão de referência. Essa diferença é aplicada na seção de controle do amplificador e, se for baixa, a corrente para as bobinas de campo é elevada. Quando a tensão de saída do alternador for alta, a corrente para as bobinas de campo é reduzida. Figura 2.7: Reguladortransistorizado de alternadores Fonte: FAA Aviation Maintenance Technician Handbook-General CONSTANT SPEED DRIVE - CSD Os alternadores geralmente não são conectados diretamente aos motores como os geradores CC. Os equipamentos alimentados por corrente alternada precisam de tensão e freqüência precisas, com pouca variação. Assim, os alternadores devem trabalhar em uma rotação constante (6.000 ou 8.000 RPM), porém, a rotação dos motores aeronáuticos varia conforme a necessidade de operação (decolagem, cruzeiro, pouso, etc.). Por isso, alguns alternadores são acionados pelo motor através de uma transmissão de velocidade constante (Constant Speed Drive - CSD), instalada entre o motor e o alternador. Cada transmissão CSD consiste essencialmente em duas unidades hidráulicas, tipo pistão de deslocamento axial, de cilindrada positiva, e um diferencial mecânico que efetua a função somatória de velocidades. Figura 2.8: Constant Speed Drive - CSD Fonte: Adaptado de Google imagens As unidades hidráulicas apresentam as mesmas dimensões físicas, tendo uma delas uma placa de controle com inclinação variável, e a outra possui uma placa de controle com inclinação fixa e, consequentemente, apresenta cilindrada fixa. As unidades hidráulicas giram independentemente e são montadas de encontro às faces opostas de uma placa fixa comum, que as interliga através de orifícios. O sistema usa uma pressão de óleo diferencial entre uma bomba e um motor hidráulico. A transferência de óleo é controlada por um prato oscilante, cujo ângulo de inclinação é controlado pelo movimento de um pistão dentro do governador centrífugo. Essa rotação do governador recebe o ajuste fino de um dispositivo magnético que regula os contrapesos. A pressão exercida no motor hidráulico pela bomba, determina a rotação da placa central, de modo que, quanto maior a pressão, maior será a rotação. Quando a rotação do motor e a do alternador for iguaL (on speed), não haverá transferência de óleo e o governador está na posição neutra. Se a rotação do motor for reduzida, a saída da bomba hidráulica também será reduzida. Como a rotação do alternador passa a ser maior que a do motor (overdrive), o que será sentido pelo governador. O governador aumenta o ângulo do prato oscilante, aumentando, assim, o curso de seus pistões. Caso a rotação do motor seja maior que a do alternador (under speed), o governador atuará de modo inverso. Em caso de pane, a CSD pode ser desconectada, porém ela só poderá ser conectada novamente no solo, com o motor desligado. Figura 2.9: Esquema funcional do CSD Fonte: Systems of Commercial Turbofan Engines GERADORES 115VAC e 400HZ As aeronaves atuais geralmente utilizam energia elétrica em 28 V Corrente Contínua e 115 V Corrente Alternada. A tensão de 28 VCC é utilizada nos equipamentos eletrônicos e 115 VAC é utilizado nos equipamentos de potência, tais como motores e atuadores elétricos. A tensão de 115 VCA é gerada na freqüência de 400 Hertz, diferente do padrão elétrico usual que é 60 Hertz. Por quê essa diferença ? O principal motivo é a redução de peso, pois os geradores, motores elétricos e transformadores de 400 Hz são bem mais leves que aqueles que trabalham com 60 Hz, para a mesma potência. Também causam menos interferência nos equipamentos de navegação e comunicação. A Força Aérea dos EUA (USAF) realizou medições de velocidade de resposta em retificadores trifásicos, tendo obtido o tempo de 2,78 milissegundos para 60Hz e 0.417 milissegundos para 400Hz. A frequência de um alternador depende da velocidade do rotor e do número de polos. Quanto maior for a velocidade, mais alta será a frequência e quanto mais polos tiver o rotor, mais alta será a frequência numa certa velocidade. Podemos calcular a frequência de um alternador usando a fórmula: F = P x N / 120 (2.1) Onde: F Frequência (ciclos/s = Hertz = Hz) P número de pólos N rotação em RPM. Exemplo 2.1: Qual é a freqüência de um alternador com 6 polos e que trabalha com 8000 RPM? Solução: F = P x N / 120 = 6 x 8000 / 120 = 400 Hz F = 400 Hz INTEGRATED DRIVE GENERATORS - IDG Os alternadores devem fornecer uma corrente alternada com frequência constante, sendo necessário, portanto, serem acionados a uma rotação constante. Nas modernas aeronaves, o alternador sem escovas deve ser acionado através de uma transmissão de velocidade constante (Constant Speed Drive - CSD), instalada entre o motor e o alternador. Quando o alternador e a CSD fazem parte de uma mesma peça, temos a unidade chamada Integrated Drive Generator – IDG, ou, em português, gerador de acionamento integrado. Essa unidade é refrigerada a óleo e possui um trocador de calor refrigerado pelo ar sangrado do compressor. Para exemplificar, o Boeing 767 possui 2 IDG’s em cada motor, convertendo a rotação variável de 4.500 a 9.000 RPM para 12.000 RPM. Esse IDG produz 115 a 120 V AC, trifásico, 90 KVA na frequência de 400 Hz. Possui ainda um terceiro IDG acionado pelo APU, com a mesma capacidade. Figura 2.10: Integrated Drive Generator - IDG Fonte: aviation.stackexchange.com 2.6- GENERATOR CONTROL UNIT - GCU A Unidade de Controle do Gerador, chamada em inglês de Generator Control Unity – GCU, realiza o controle da energia produzida no gerador corrente contínua (DC) ou corrente alternada (AC). As GCU’s são necessárias porque os geradores são acionados pelos motores que trabalham em diversas rotações durante a operação da aeronave. Normalmente são utilizadas nas aeronaves com motores a reação. As aeronaves antigas utilizavam GCU’s eletro-mecânicas tendo sido substituídas por GCU’s digitais nas aeronaves atuais. As GCU’s eletro-mecânicas necessitam de manutenção periódica e são menos precisas. As GCU’s ficam localizadas no compartimento eletrônico. As principais funções da GCU DC são: Realizar a regulagem da voltagem em 28 VDC. Direcionar a corrente para recarregar a bateria. Proteger o circuito de sobretensão (> 35 VDC). Desativar o gerador quando a válvula de corte da parede de fogo é acionada. Impedir corrente reversa da barra da bateria. Monitorar a corrente de geradores em paralelo, nas aeronaves multi-motores. Controlar a conexão com a fonte externa GPU. As principais funções da GCU AC são: Realizar a regulagem da voltagem em 115 VAC. Monitorar a corrente de geradores em paralelo, nas aeronaves multi-motores. Proteger o circuito de sobretensão Controlar a conexão com a fonte externa GPU. Em aeronaves com starter generators, realizar a gestão da corrente nas partidas. Figura 2.11: Generator Control Unit - GCU Fonte: Adaptado de Google imagens GROUND POWER UNIT - GPU Uma aeronave no solo geralmente mantém seus motores desligados, mas deve manter as luzes internas acesas durante o embarque ou desembarque dos passageiros e também outros equipamentos elétricos em funcionamento. Para evitar descarregamento excessivo da bateria em manter a aeronave energizada no solo e também dar partida dos motores, deve ser empregada uma fonte externa ou unidade de força no solo, chamada em inglês de Ground Power Unit – GPU. As GPU’s podem ser fixas ou móveis, podem fornecer 28 VDC para aeronaves leves ou 115 VAC a 400 Hz para aeronaves médias e grandes. Quanto à fonte de energia, pode ser um gerador acoplado a um motor diesel ou à rede elétrica urbana. O conector empregado nas GPU’s possui três pinos, com diâmetros diferentes de modo a evitar a inversão de polaridade. O terceiro pino, menor, serve para energizar o relé de conexão da fonte externa e evitar arco elétrico no conector, conforme pode ser visto na figura 2.12. Figura 2.12: Ground Power Unit - GPU Fonte: Adaptado de Google imagens DIAGRAMA GERAL DE SISTEMA ELÉTRICO O sistema elétrico é essencialem qualquer tipo e tamanho de aeronave, sendo formado por uma rede interligada de componentes com as funções de geração, transmissão, distribuição, utilização e armazenagem de energia elétrica. Para demonstrar a interação entre os diversos componentes de um sistema elétrico são empregados diagramas, sendo empregados símbolos padronizados para representação dos componentes. Figura 2.13: Principais símbolos empregados em diagramas elétricos Fonte: Elaborado pelo autor. A capacidade e complexidade do sistema elétrico varia enormemente entre uma aeronave leve monomotor e uma pesada aeronave multimotor comercial, mas as funções básicas são as mesmas. A geração de energia nas aeronaves é obtida através de geradores ou alternadores acionados pelos motores ou APU (Auxiliary Power Unit). Em caso de pane desses motores e APU, sistemas de emergência podem ser utilizados, tais como a turbina de ar de impacto, em inglês Ram Air turbine – RAT, ou um motor hidráulico. Os geradores AC produzem 115-120 VAC-400Hz e os geradores DC produzem 28 ou 14 VDC. Essa energia gerada pode ter sua tensão alterada em transformadores, a corrente alternada pode ser retificada nos retificadores e a corrente contínua pode ser transformada em alternada através de inversores. A energia gerada alimenta as barras de distribuição (Bus Bar), sendo ligadas aos componentes através da fiação e protegidas através de disjuntores (Circuit Breakers – CBs) ou fusíveis. A energia produzida nos geradores também deve alimentar as baterias, que podem ser chumbo- ácidas, níquel-cádmio ou íon-lítio. As baterias são utilizadas para dar partida nos motores e também como fonte de emergência em caso de pane dos geradores. Sistema elétrico básico O sistema elétrico da aeronave mais simples possível, é formado apenas por um magneto que alimenta o sistema de ignição, sendo que o combustível alimenta o motor por gravidade e a partida do motor é obtida girando-se a hélice manualmente. O sistema torna-se mais complexo se essa aeronave possuir partida elétrica do motor, instrumentos de voo, navegação, comunicação e iluminação. Nesses casos, o sistema deverá ter um gerador ou alternador, uma bateria e uma barra de distribuição. Um sistema de indicação de falha de carregamento da bateria deverá ser incorporado, tais como amperímetro ou indicador de carga. Utilizar um interruptor para isolar a bateria da barra de distribuição e também conexão para fonte externa (GPU) em partidas ou funcionamento do sistema elétrico em solo com o motor parado. Os componentes elétricos devem ser conectados à barra de distribuição usando disjuntores ou fusíveis para proteção. Figura 2.14: Diagrama de um sistema elétrico básico Fonte: FAA Aviation Maintenance Technician Handbook-Airframe Sistema elétrico avançado Geralmente possuem sistemas com múltiplas tensões, usando uma combinação de barras de distribuição alternadas e contínuas para alimentar diversos componentes. A geração primária de energia geralmente utiliza geradores AC através de IDG’s acionados pelos motores e produzem corrente contínua através da unidade transformadora retificadora (Transformer Rectifier Unit – TRU) para alimentar as barras DC. A geração secundária de energia é obtida do APU, através de IDG’s, sendo empregada no solo com os motores inoperantes ou em voo durante emergências. A geração terciária de energia é obtida através de um motor hidráulico ou da turbina de ar de impacto RAT, provendo assim, uma redundância em caso de múltiplas falhas no sistema elétrico. Caso ocorra uma perda total de geração de corrente alternada AC, inversores estáticos alimentados pelas baterias podem alimentar a barra AC Essencial. Figura 2.15: Diagrama de um sistema elétrico avançado Fonte: FAA Aviation Maintenance Technician Handbook-Airframe Em caso de pane elétrica geral, instrumentos de voo reserva e as luzes do piso de emergência possuem alimentação de emergência exclusiva. As aeronaves também possuem um sistema de monitoramento e alerta em caso de mau funcionamento ou falha dos componentes, tais como geradores, TRUs, baterias, barras de distribuição e atuação de disjuntores. Em caso de incêndio, também existem sistemas específicos para isolar os componentes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Airbus A320 Series Electrical System. Disponível em http://easamodul10.blogspot.com.br/2015/11/airbus-a320-series-electrical-system.html Acesso em: 12 de fevereiro de 2018. Aviation stackexchange aviation. Disponível em HTTP://www.stackexchange.com . Acesso em: 12 de fevereiro de 2018. Boeing Aeromagazine. Disponível em http://www.boeing.com/commercial/aeromagazine. Acesso em: 12 de fevereiro de 2018. DRIESINGE, Andreas Linke. Systems of Commercial Turbofan Engines: An Introduction to Systems Functions. Berlim: Springer, 2008. Federal Aviation Administration, Aviation Maintenance Technician Handbook—Airframe Oklahoma City – 2012 Federal Aviation Administration, Aviation Maintenance Technician Handbook - General. Oklahoma City – 2008 Federal Aviation Administration, Aviation Maintenance Technician Handbook - Powerplant. Oklahoma City – 2012 Google imagens. Disponível em www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&tab=wi&authuser=0 Acesso em: 12 de fevereiro de 2018.