Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

I. DO ESTADO LIBERAL À SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
1.1 O avanço tecnológico do Século XX
1.2 A nova “galáxia” da internet
1.3 Sociedade em rede, tecnologias de informação e o império das comunicações
Noções de Estado Liberal
Estado liberal (ou Estado liberal de direito) é um modelo de governo baseado no liberalismo desenvolvido durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII.
O liberalismo se opôs ao governo controlador e centralizador do Estado absolutista, que tinha como principais características o acúmulo de riquezas, o controle da economia e uma relação de autoritarismo entre o governo e o povo.
O Estado liberal, também chamado de Estado liberal de direito, é voltado para a valorização da autonomia e para proteção dos direitos dos indivíduos, garantindo-lhes a liberdade de fazer o que desejarem desde que isso não viole o direito de outros.
Economicamente, o Estado liberal é fruto direto dos interesses da burguesia. Seu principal estudioso foi Adam Smith, que acreditava que o mercado é livre quando regula a si próprio sem qualquer interferência estatal. É o modelo oposto ao Estado intervencionista, marcado por uma regulação exaustiva de todas as áreas da economia, incluindo o setor privado.
Assim,
A democracia liberal ou democracia constitucional é uma forma de governo na qual o Estado é regido e limitado por um texto constitucional que garante a existência de pesos e contrapesos e amplos direitos políticos e liberdades civis aos cidadãos, como liberdade de associação, liberdade de reunião, liberdade de expressão, direito ao voto, elegibilidade para cargos públicos, eleições livres e justas, igualdade perante a lei, respeito pelos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana etc.
Como surgiu o Estado liberal?
O Estado liberal surgiu após a Revolução Francesa, que foi movida por ideais liberalistas inspirados nas obras de John Locke. O filósofo inglês, considerado pai do liberalismo, entendia que os indivíduos nasciam com o direito natural à vida, à liberdade e à propriedade privada. Esse pensamento teve por consequência a ideia de que o Estado não poderia mais intervir nesses assuntos.
Para Locke, a relação do povo com o governo acontece através de um Contrato Social pelo qual a sociedade abre mão de alguns direitos a fim de que o Estado se encarregue de manter a ordem social. Assim, o liberalismo inspirou esse modelo de Estado voltado para a garantia das liberdades individuais ao mesmo tempo que regula os interesses da sociedade.
Os liberais procuraram e estabeleceram uma ordem constitucional que valorizava liberdades individuais importantes, como:
. liberdade de expressão e liberdade de associação;
. um judiciário independente e um julgamento público por júri;
. assim como a abolição dos privilégios aristocráticos.
. a liberdade e a propriedade.
Para ele, o governo jamais poderia violar esse contrato social.
Liberalismo
Corrente filosófica - é uma doutrina político-econômica e sistema doutrinário que se caracteriza pela sua atitude de abertura e tolerância a vários níveis. De acordo com essa doutrina, o interesse geral requer o respeito pela liberdade cívica, econômica e da consciência dos cidadãos. Portanto, uma filosofia política e moral baseada em liberdade e igualdade, defendendo a manutenção dos direitos individuais.
Características do Estado liberal
As principais características do Estado liberal são:
. Liberdade individual - Em um Estado liberal os indivíduos possuem liberdades que não podem sofrer interferências do governo. Assim, os indivíduos podem se envolver em qualquer atividade econômica, política ou social em qualquer nível, desde que não viole os direitos de outrem.
. Igualdade - Em um Estado liberal, a igualdade é obtida através do respeito ao individualismo de cada pessoa. Isso significa que todos devem ser tratados da mesma forma, independente do gênero, idade, religião ou raça, observando-se sempre suas diferenças a fim de proporcionar a todos as mesmas oportunidades.
. Tolerância - A tolerância é consequência da igualdade com que o governo trata os indivíduos no Estado liberal, no qual todos têm a oportunidade de serem ouvidos e respeitados, mesmo durante greves e manifestações.
. Liberdade da mídia - A mídia opera de forma imparcial e não está vinculada ao governo nos Estados liberais. Dessa forma, os meios de comunicação podem publicar informações de forma livre e não tendenciosa, especialmente sobre assuntos políticos.
. Livre mercado - Nos Estados liberais predomina a chamada “mão invisível do mercado” que consiste na ausência de intervenção do governo na economia. Assim, qualquer indivíduo pode exercer atividades econômicas e, dessa forma, o mercado se autorregula.
A nova “galáxia” da internet
CASTELLS, Manuel. A galáxia da Internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade. Trad. Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. 244 p.
No primeiro capítulo, Castells retoma a história da Internet desde a formação da Arpanet no final de 1960. Liberdade, solidariedade e cooperação são concepções que compõem a cultura
de cientistas, engenheiros, estudantes de pós-graduação e dos primeiros usuários da rede que participaram conjuntamente da criação da Internet.
Castells analisa a cultura da Internet no segundo capítulo do livro, ressaltando a importância da abertura do código-fonte para o aperfeiçoamento dos softwares da Internet, além de tratar da cultura hacker, evidenciando que, apesar de ter influenciado valores e hábitos da cultura da Internet, a tradição acadêmica baseada na busca por prestígio e reconhecimento dos pares foi aliada aos valores dos hackers, especialistas na programação e interconexão de computadores que desempenharam um papel relevante no desenvolvimento da Internet. É preciso ter liberdade para criar, se apropriar do conhecimento e redistribuí-lo na rede. Sendo assim, a liberdade constitui um valor fundamental para a cultura hacker. Há ainda uma análise acerca da cultura empresarial que se difunde na Internet, na qual ideias inovadoras e criatividade aparecem como valores essenciais.
Reflexões sobre questões relacionadas com o comércio eletrônico, a formação e a estrutura organizacional de empresas em rede, as mudanças nos mercados financeiros, a flexibilidade do trabalho e a produtividade compõem o terceiro capítulo do livro. O aparecimento de empresas ".com" alterou o comércio.
O quarto capítulo tem como enfoque a sociabilidade. Novas formas de interação social que apareceram com o uso da Internet são analisadas. Castells expõe questões concernentes à formação de identidades e representação de papéis sociais na Internet e discute, também, a problemática do individualismo na rede.
Tomando como referência o uso da Internet, o quinto e o sexto capítulo trazem uma reflexão sobre a relação entre sociedade civil e Estado, questão que envolve discussões concernentes à privacidade dos usuários da rede e ao problema da liberdade no sistema de comunicação global. No quinto capítulo, Castells menciona os movimentos sociais que adotaram a Internet para a defesa de suas propostas. Valores culturais aparecem como base dos movimentos sociais que se articulam na rede para alterar "códigos de significado nas instituições e na prática [...]". Com a Internet, a participação política dos cidadãos através da rede pode redefinir a democracia. No entanto, com a Internet também surgem novas estratégias de guerra que ameaçam a soberania dos Estados. A invasão de hackers a computadores de órgãos governamentais, ou ainda, a utilização da rede por criminosos e terroristas, preocupam as lideranças políticas. Se, por um lado, há um interesse de governos em desenvolver tecnologias de controle da Internet, por outro viés, a rede de computadores tem potencialidade para a difusão de valores humanistas e a democratização.
As tecnologias de controle e vigilância, mencionadas no sexto capítulo do livro, restringem a liberdade e a privacidade dos usuários da Internet que podem ter seus e-mails registrados e controlados por governos. Castellsressalta que para revigorar o poder, o G-8 adotou medidas para controle e policiamento dos provedores da Internet. Entretanto, a soberania continua oscilante já que, para o exercício do controle, os Estados têm que dividir o poder, constituindo, por fim, um Estado em rede.
Castells discute as noções de multimídia e hipertexto no sétimo capítulo do livro, demonstrando que há uma convergência ainda restrita entre a Internet e a multimídia, apesar da difusão da televisão digital por todo o mundo. Por outro lado, a multimídia permitiu a divulgação de músicas pela Internet por intermédio do formato MP3. Videogames online,
vídeos pornográficos, revistas eletrônicas comercializadas por serviços de assinatura e rádios virtuais também aparecem com destaque na Internet.
O oitavo capítulo apresenta uma geografia da Internet a partir da determinação de sua estrutura técnica, da distribuição espacial dos usuários, bem como da configuração econômica e urbanística das cidades na Era da Informação. Castells salienta o modo fragmentário de difusão do uso da Internet, baseado em padrões de riqueza, tecnologia e poder. Pesquisas reforçam a constatação de que a Internet vem sendo bem mais difundida em áreas urbanas do que em áreas rurais. Há também uma concentração da provisão de conteúdo da Internet em regiões metropolitanas, onde as atividades que geram renda e oportunidades de emprego se encontram. As metrópoles continuam absorvendo a população urbana. O trabalho em casa não é uma realidade na Era da Informação. De acordo com Castells, nos EUA, país que apresenta maior flexibilização do trabalho, estatísticas de 1997 mostravam que somente o percentual de 6,43% da mão-de-obra trabalhava em casa. Castells ainda se refere às tendências de modelos arquitetônicos e planejamento urbanístico que surgirão com a incorporação de sistemas eletrônicos de rede na construção de "ambientes inteligentes".
O acesso à Internet e o problema da exclusão social são tratados no nono capítulo do livro. A renda e o nível educacional das pessoas constituem a base para o acesso à Internet; além disso, há uma divisão dos usuários por etnia. Nos EUA, por exemplo, a maioria dos usuários é composta por brancos e a minoria por afro-americanos e hispânicos. A deficiência física também constitui uma barreira para o acesso à Internet. Ademais, a difusão da Internet no mundo ocorre de modo desigual, concentrando-se na América do Norte, na Europa Ocidental e na Ásia, enquanto América Latina, Europa Oriental, Oriente Médio e África apresentam os índices mais baixos de acesso à Internet.
Castells conclui que a Era da Internet traz novos desafios para a humanidade. Tais desafios estão correlacionados com a instabilidade no emprego, a deterioração do meio ambiente, a necessidade de regulação dos mercados e direcionamento da tecnologia, as desigualdades, a exclusão social e a educação. Castells critica o sistema educacional atual, sustentando que, na sociedade em rede, seria preciso instituir uma nova pedagogia, fundada na interatividade e no aprimoramento da capacidade de aprender e pensar. Castells ainda propõe uma reflexão sobre a nossa responsabilidade, enquanto seres humanos, no controle da tecnologia, sugerindo que para direcionar os artefatos tecnológicos será necessário nos conscientizarmos de que a democracia participativa e a mudança política são imprescindíveis para o enfrentamento dos desafios da sociedade em rede na Era da Informação.
Sociedade em rede, tecnologias de informação e o império das comunicações Castells e a “sociedade em rede”
Manuel Castells aborda a “sociedade em rede” como o novo paradigma social e econômico da era da informação. Aqui estão alguns pontos-chave sobre sua visão da sociedade em rede:
Estrutura Global: A sociedade em rede é caracterizada por conexões globais que transcendem fronteiras nacionais, ligando pessoas, instituições e países em redes de informação.
Tecnologia da Informação: Castells argumenta que a revolução da tecnologia da informação é a força motriz por trás da formação da sociedade em rede. Esta revolução não é apenas
tecnológica, mas também sociocultural, redefinindo as relações humanas e as estruturas de poder.
Fluxo de Informação: Nesta sociedade, a informação flui livre e instantaneamente através de redes, tornando-se a principal fonte de produtividade e poder. A capacidade de processar e gerenciar informações determina a competitividade e a relevância.
Redefinição de Poder: O poder na sociedade em rede é detido por aqueles que controlam e acessam as redes de informação. As redes são instrumentos de poder e contrapoder, oferecendo oportunidades para a resistência e a mudança social.
Identidade e Transformação Social: Castells também se concentra na formação da identidade na sociedade em rede. Ele sugere que, em resposta à lógica globalizada das redes, as pessoas se apegam a identidades culturais e coletivas como forma de resistência e afirmação.
Flexibilidade e Adaptabilidade: As redes são flexíveis e adaptáveis, permitindo a reconfiguração rápida em resposta a mudanças externas. Isso torna a sociedade em rede dinâmica e em constante evolução.
Desafios e Desigualdades: Embora a sociedade em rede ofereça oportunidades sem precedentes, ela também apresenta desafios. A divisão digital, por exemplo, pode acentuar as desigualdades, com aqueles fora das redes sendo marginalizados.
Em resumo, a visão de Castells sobre a sociedade em rede destaca como a tecnologia da informação transformou fundamentalmente as estruturas sociais, econômicas e culturais, criando uma nova ordem mundial interconectada.
Relação com a Comunicação e a Internet
Castells acredita que a internet não é apenas uma ferramenta, mas um meio que transformou a comunicação e a sociedade. Ele argumenta que a comunicação de massa está dando lugar à “autocomunicação de massa”, onde os indivíduos podem criar e disseminar sua própria informação.
Transformação Sociocultural:
Castells vê a Internet como um agente de transformação, afetando não apenas a economia, mas também a estrutura social e a cultura.
A Internet é mais do que uma tecnologia; é um meio de comunicação, de organização e de cultura. Manuel Castells
Dualidade da Internet:
A obra destaca a natureza ambígua da Internet: uma fonte de liberdade, mas também uma ferramenta para controle e vigilância.
A mesma Internet que permite liberdades sem precedentes é também o instrumento de vigilância e controle mais poderoso jamais conhecido. Manuel Castells
Economia Global e Internet:
Discute a emergência de uma nova economia baseada na conectividade da Internet e nas redes digitais.
A economia global é diretamente moldada e estruturada em torno da Internet e das tecnologias da informação. Manuel Castells
Culturas de Virtualidade:
Explora a formação de culturas e identidades em espaços virtuais, além da interação entre real e virtual.
O virtual é real porque afeta nossa realidade. Manuel Castells
Comunidades e Identidades Virtuais:
Castells destaca o surgimento de novas formas de comunidade e identidade, baseadas em conexões online.
Nas redes da Internet, construímos nossas comunidades, formamos nossas identidades, e redefinimos nós mesmos. Manuel Castells
Alusão a McLuhan:
O título é uma referência à “A Galáxia de Gutenberg” de Marshall McLuhan, indicando uma transição da era da imprensa para a era digital.
Assim como a imprensa de Gutenberg deu origem a uma nova forma de sociedade, a Internet está moldando a sociedade do século XXI. Manuel Castells
Em sua essência, o livro de Castells é uma análise profunda da interação entre a Internet e a sociedade, enfatizando como a tecnologia molda e é moldada pelos contextos socioculturais.
A era da informação não é sobre tecnologia, é sobre a reestruturação social e cultural.
Manuel Castells
Verificar o livro em nossa biblioteca virtual:
Princípios Constitucionais do Direito da Sociedade da Informação: Tutela Jurídica do meio ambiente Digital - Celso Antônio Pacheco Fiorillo
Ler o Cap. I - Sociedade da informação e seusreflexos em face da Constituição Federal.

Mais conteúdos dessa disciplina