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1 FACULDADE DE DIREITO PADRE ARNALDO JANSSEN Pós-Graduação em Direito Penal e Proc. Penal. A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Bruno de Lima Souza Orientador: Rio de Janeiro 2021 2 FOLHA DE APROVAÇÃO Artigo intitulado “A redução da maioridade penal.” apresentadao pelo aluno Bruno de lima Souza, para a obtenção do título de especialista, perante a Faculdade Arnaldo e o Supremo Concursos. Rio de Janeiro, 12 de Agosto de 2021. Nota: Avaliador: 3 Sumário 1- Introdução.....................................................................................................................6 2- Conceitos ........................................................................................................................6 2.1- Conceitos de menor de idade .....................................................................................6 2.2 – Conceitos de imputabilidade penal ...........................................................................7 2.3 – Conceitos de inimputabilidade ..................................................................................7 2.4 – Conceitos de Culpabilidade ......................................................................................8 3- O menor e a idade penal em outros países ..................................................................9 3.1 - O menor e o código penal Brasileiro .......................................................................11 3.2 - O menor e o Código Civil Brasileiro.........................................................................11 3.3 - O menor e a Consolidação das Leis do Trabalho – (CLT) .....................................12 3.4 - O menor e a Constituição Federal de 1988 ............................................................12 4- As consequências da redução da maioridade penal para a sociedade brasileira.....12 4.1- Aspectos positivos .....................................................................................................12 4.2- Aspectos negativos ...................................................................................................14 5. CONCLUSÃO ...............................................................................................................15 6- Referências Bibliográficas ............................................ Error! Bookmark not defined. 4 DIREITO PENAL: REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Souza, Bruno SOBRENOME, nome professora RESUMO O presente trabalho tem o objetivo de discutir o impacto da redução da maioridade penal no Brasil, diante do aumento dos crimes violentos praticados por adolescentes e a necessidade de puni-los, mostrando os aspectos positivos e os seus impactos para a sociedade brasileira, assim como também mostrando os aspectos negativos e seus impactos para a sociedade brasileira, uma vez que a sociedade como um todo evoluiu, e os menores de idade acompanharam essa evolução, uma vez que hoje uma criança/adolescente tem muito mais acesso a infromação e educação e infelizmente o nosso código penal não acompanhou essa evolução psíquica e bilógica, para tratar eventuais crimes envolvendo menores de idade. 5 PALAVRAS-CHAVE: Direito Penal. Direito processual penal. Eca- Estatuto da criança e do adolescente. Redução da maior idade penal. ABSTRACT: This article aims to discuss the impact of reducing the age of criminal responsibility in Brazil, in view of the increase in violent crimes committed by adolescents and the need to punish them, showing the positive aspects and their impacts on Brazilian society, as well as also showing the negative aspects and their impacts on Brazilian society, since society as a whole has evolved, and minors have followed this evolution, since today a child / adolescent has much more access to information and education and unfortunately our penal code has not kept up with this psychological and biological evolution, to deal with possible crimes involving minors. KEY-WORDS: Criminal Law; Criminal; Child and Adolescent Statute; Reduce of the age of criminal responsibility. 6 1- Introdução Ao falarmos de violência, vemos diversos debates sobre este assunto, como por exemplo, como podemos trazer uma maior segurança para a população, como punir aqueles que cometeram crimes de uma maneira que reprima a pratica de crimes, dentre outros. De fato hoje no Brasil os crimes veem cada vez mais se tornando comuns e habituais, como podemos ver todos os dias nos diversos meios de comunicação informando noticias sobre o aumento da criminalidade. Diante deste cenário preocupante o que impressiona é a presença cada vez maior de menores de dezoito anos de idade na pratica dos mais diversos e até mesmo hediondos delitos. Desta forma temos que discutir o assunto, trazendo a análise dos pontos positivos e os pontos negativos a cerca do tema, devendo nos perguntar se a redução da maioridade penal seria a unica solução para a diminuição do crescente numero de crimes praticados por menores, de fato, é inegável que já estamos saturados com este crescimento desenfreiado de crimes praticados por menores de idade, porém seria esta a melhor e unica resposta que o Estado Brasileiro tem para conter o avanço da criminalidade juvenil? Por outro lado não devemor ficar inertes, diante do avanço e crescimento da pratica de crimes por menores de idade, devendo o Estado Brasileiro trazer uma respsota definitva para conter este avanço. Fundamenta este trabalho, entre outros, obras e artigos como o “Estatuto da Criança e do Adolescente” do autor Guilherme de Souza Nucci e “Reflexões sobre a Redução da Maioridade Penal” de Rogério Greco. Para o alcance dos objetivos deste trabalho foi adotada a pesquisa bibliográfica como forma metodológica. 2- Conceitos 2.1- Conceitos de menor de idade Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, significa substantivo masculino e feminino; Pessoa que ainda não atingiu a maioridade. Adjetivo De tamanho reduzido, em comparação com outra coisa ou pessoa. Já o art. 1º da Convenção sobre os Direitos da Criança considera como criança todo ser humano menor de 18 anos, a não ser que, em conformidade com a 7 lei aplicável à criança, a maioridade seja alcançada antes. Já para o ECA – Lei 8.069/1990 – em seu Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade 2.2 – Conceitos de imputabilidade penal O código penal brasileiro, não trás expressamente um conceito de imputabilidade penal, mas temos diversos conceitos doutrinários como, por exemplo, para André Stefam ´´Consiste no conjunto de condições de maturidade e sanidade mental, a ponto de permitir ao sujeito a capacidade de compreessão e de autodeterminação. ´´ Já Segundo Cleber Masson, a imputabilidade é a capacidade mental, relativo ao ser humano de, no tempo da ação ou da omissão, entender o caráter ilícito do fato penal depende de dois elementos: - intelectivo: que é consistente na higidez psíquica que permita ao agente ter consciência do caráter ilícito do fato; - volitivo: é o domínio da vontade, é exercer o controle sobre a disposição surgida com o entendimento do caráter ilícito do fato, determinando-se de acordo com esse entendimento. Para Rogério Sanches a imputabilidade é a capacidade de imputação, a possibilidade de atribuir a um indivíduo a responsabilidade pela prática de uma infração penal. Assim como no Direito Privado pode-se falar em capacidade e incapacidade para realizar negócios jurídicos, no DireitoPenal fala-se em imputabilidade e inimputabilidade para responder por uma ação delitiva cometida. Diante de tais conceitos, podemos entender que imputabilidade se define na possibilidade de atribuir a alguém responsabilidade por algum fato criminoso em que o agente apresente um conjunto de condições pessoais que lhe dê a capacidade de lhe ser imputado pelo mesmo. 2.3 – Conceitos de inimputabilidade 8 Para Cléber Masson, é inimputável o indivíduo que por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto não tem condições de autodeterminação na época dos fatos, ou que seja inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. O Código Penal em seu artigo 26, caput, institui as hipóteses de inimputabilidade por doença mental, desenvolvimento mental ou retardo, que assim determina: Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar- se de acordo com esse entendimento (Código Penal, 1940). Para Rogério Greco, interpretando o artigo, percebe-se que o Código Penal adotou dois critérios para concluir a inimputabilidade do agente, que são, a de uma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e a absoluta incapacidade de, no tempo da ação ou omissão, o indivíduo entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse entendimento. Diante disso, podemos concluir que somente pode ser imputável penalmente aquele que ao tempo da pratica do fato típico não era afetado por doença mental, não possuía desenvolvimento mental retardado ou incompleto, ou seja, só é imputável aquele que possui desenvolvimento mental correto, sendo assim totalmente capaz de entender o caráter ilícito do fato e principalmente de posicionar-se de acordo com tal entendimento, escolhendo em prosseguir com a pratica do mesmo, ou não, já o inimputável não comete crime. 2.4 – Conceitos de Culpabilidade Guilherme de Souza Nucci conceitua o crime como ´´fato típico, antijurídico e culpável´´, adotando a teoria tripartida do delito, desta forma o crime trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável, vale dizer, uma ação ou omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida (tipicidade), contrária ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social incidente sobre o fato e 9 seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito. Para Rogério Greco, “Culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se realiza sobre a conduta típica e ilícita praticada pelo agente”, ou seja, culpabilidade é o juízo de reprovação de determinada conduta, portanto, não basta que a ação seja típica e ilícita, deve ser ter também uma reprovação em relação aquele comportamento. Podemos concluir então, que perante uma conduta ilícita é necessário verificar se há culpabilidade, ou seja, se estão presentes todos os seus elementos, pois na inexistência de um deles, não haverá culpabilidade e consequentemente não haverá crime. 3- O menor e a idade penal em outros países Em nosso país a maioridade penal é fixada aos dezoito anos, como já vimos, porém nem todos os países consideram esta idade, pra considerar a maioridade penal: Segundo levantamento do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), a legislação no Brasil é parecida com a do Chile — onde adolescentes com idades entre 14 e 18 anos são submetidos a um “sistema de responsabilidade”, com “medidas penais fundadas na possibilidade de reabilitação”. Lá, as internações podem durar até dez anos, mas só quando o adolescente tiver entre 16 a 17 anos. Ainda na América do Sul, a Argentina considera que os jovens só podem ser enquadrados no “sistema de responsabilidade” — com medidas socioeducativas e privação de liberdade — aos 16 anos. Já na Venezuela a responsabilidade penal é prevista para adolescentes de 12 a 18 anos, mas o tempo de internação varia conforme a faixa etária. Menores com idades entre 12 e 14 anos podem ficar até dois anos privados de liberdade; para aqueles com idades entre 14 e 18 anos, a medida não pode passar de cinco anos. 10 Já nos Estados Unidos, não há maioridade penal a nível federal. A Unicef lembra que o país não ratificou a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e, em muitos estados, “adolescentes com mais de 12 anos podem ser submetidos aos mesmos procedimentos dos adultos, inclusive com a imposição de pena de morte ou prisão perpétua”. No Canadá, a legislação prevê que, nos casos de delitos de extrema gravidade, adolescentes com idades a partir de 14 anos sejam julgado pela Justiça comum e recebam penas previstas no Código Criminal — o texto estabelece, entretanto, que nenhum menor de 18 anos pode receber uma punição mais severa do que aquela aplicada a um adulto pela prática do mesmo crime. Entre os países europeus, a legislação da Inglaterra estipula que a privação de liberdade só seja admitida após os 15 anos de idade — ainda que, a partir dos 10 anos de idade, já se reconheça a “responsabilidade” penal. Até os 18, há a imposição de penas em intensidade diferenciada daquelas aplicadas aos adultos. Mesmo entre 18 e 21 anos, se mantém a atenuação das penas aplicadas. Na França, qualquer adolescente com idade entre 13 e 18 anos goza de “presunção relativa de irresponsabilidade penal”, conforme explica a Unicef. Quando demonstrado o discernimento do indivíduo e fixada a pena, há diminuições obrigatórias em relação às punições aplicadas aos adultos, pelo menos até os 16 anos. Depois disso, a medida fica a critério do juiz. A Alemanha, por sua vez, prevê a chamada “responsabilidade penal” para adolescentes de, no mínimo, 14 anos. Até os 21, entretanto, “a depender do estudo do discernimento”, os denominados “jovens adultos” podem responder pelo Sistema de Justiça Juvenil. A jurisdição penal tradicional só julga os crimes cometidos por quem tem mais de 21 anos. O mesmo sistema é aplicado na Grécia, na Escócia e em Portugal. Na Rússia, em casos de delitos graves, há a presunção de responsabilidade a partir dos 14 anos de idade. A maioridade penal propriamente dita tem início aos 16 anos. O Japão, por outro lado, possui leis com “uma definição delinquência juvenil mais ampla que a maioria dos países”, diz a Unicef, mas “fixa a maioridade penal 11 aos 21 anos”. A China, por fim, admite a responsabilidade penal de adolescentes com idade a partir de 14 anos nos casos de crimes violentos como homicídios, lesões graves, estupro, roubo e tráfico de drogas. Quando não há violência na infração cometida, a maioridade penal é estipulada aos 16 anos. 3.1 - O menor e o código penal Brasileiro Conforme dispsoto no art. 27 do código penal brasileiro de 1940, reformado pela Lei 7.209 de 1984, considera-se como menor e inimputável todo individuo com menos de 18 anos de idade. (Código Penal, 1940) Deste modo podemos perceber que para adotar essa idade limite de 18 (dezoito) anos, foi utilizado o critério unicamente biológico, onde o legislador presumiu de forma absoluta que o menor de dezoito anos, pelo fato do seu desenvolvimento mental incompleto, não possui condições de compreender a ilicitude de seus atos. Portanto fica evidente que todo individuo antes de completar dezoito anos de idade, e que cometer algum crime, não será punido, por ser incapaz de responder por tais ilícitos, pelo simples fato de ainda não ter alcançado a idade legal estipulada, pois nosso CPB/40 adotou o principio biológico. (Código Penal, 1940) 3.2 - O menor e o Código Civil Brasileiro O código civil brasileiro de 2002, em concordância com CPB/40, e a ConstituiçãoFederal de 1988, também dispõe no seu 5º art. ´´Que a menoridade só cessará aos dezoito anos de idade, quando enfim estaria pronta para praticar todos os atos da vida civil´´, porém nem sempre foi desta forma, pois o Código Civil de 1916 determinava que o limite fosse aos 21 (vinte e um) anos de idade, mas o legislador do CC/02 não enxergou tal necessidade, determinando o limite de idade fosse diminuído, vindo a ser aos dezoito anos. (cCódigo Civil, 2002 Expondo o art. 3º inciso I, do CC/02, consideram-se absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de dezesseis anos. Já o 12 art. 4º, inciso I, diz que os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos são relativamente incapazes para praticarem certos atos. 3.3 - O menor e a Consolidação das Leis do Trabalho – (CLT) Neste sentido, a consolidação das leis trabalhistas, revela a possibilidade dos jovens com menos de 18 (dezoito) anos terem um emprego. É muito importante ressaltar a forma pela qual a Consolidação das Leis do Trabalho prevê tal trabalho, podendo ser encontrado no Capitulo IV – Da Proteção do Trabalho do Menor. Sendo assim, a CLT/43 considera menor para os efeitos da lei do trabalhador, jovens com idades entre 14 (quatorze) e 18 (dezoito) anos. A legislação determina que menores de 16 anos somente possam trabalhar na condição de menor aprendiz, que não pode ser inferior aos 14 anos. Ou seja, 14 é a idade mínima para qualquer indivíduo poder entrar legalmente no mercado de trabalho, desde que a condição específica seja cumprida. (CLT, 1943) 3.4 - O menor e a Constituição Federal de 1988 A Constituição Federal em seu artigo 228 ´´São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial´´, recepcionou o princípio da imputabilidade Penal determinada no art. 27 do Código penal, Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial, ou seja, condicionou aos menores de dezoito anos a inimputabilidade.(ConstituiçÕ Fedral, 1988) 4- As consequências da redução da maioridade penal para a sociedade brasileira. 4.1- Aspectos positivos Podemos citar como exemplo daqueles que defendem a redução da maioridade penal no Brasil é o crescimento da violência infanto-juvenil que no país está alarmante e para combater esse crescimento e necessário uma intervenção do legislativo urgente. Quem defende essa Tese explica que diariamente os cidadãos de 13 bem vem testemunhando verdadeiras barbáries, pelos denominado ´´di menor´´, estes jovens praticam atos violentos com a certeza da impunidade, muitas das vezes com o intuito de conseguir simplesmente o dinheiro, ou até mesmo a obtenção de objetos para posterior venda para a aquisição de entorpecentes. E para chegar aos seus objetivos esses jovens são na maioria das vezes, cruéis, impiedosos e sem limites ou remorsos, muitas das vezes até mesmo pior que um adulto. (Lucena, Jorge, 2015) Também devemos destacar que a maioridade penal foi fixada em 1940. Porém, não podemos dizer que o mesmo jovem de 18 anos daquela época é o mesmo de hoje. Acesso à tecnologia e informação favorecem o desenvolvimento precoce dos adolescentes e faz com que tenham mais acesso a informação e total discernimento de seus atos. (Fernandes dos Santos, Marcelo, 2014) Outro ponto a se considerar é que os menores de 18 anos e maiores de 16 anos já são considerados aptos a intervir em processo judicial e auxiliar na formação do convencimento do Juiz. (Fernandes dos Santos, Marcelo, 2014) . Podemos citar também que hoje o menor tem a capacidade eleitoral ativa, podendo escolher os seus governantes e também o caso quem pode trabalhar em diversas áreas, recebendo inclusive proteção trabalhista em todos os casos. Outro exemplo presente também é que o adolescente maior de 16 anos poder casar-se mesmo que com a anuência dos pais ou do responsável legal. (Fernandes dos Santos, Marcelo, 2014) Podemos citar também a certeza da impunidade, adolescente, em conflito com a lei, ao saber que não receberá as mesmas penas de um adulto, não se inibe ao cometer mais atos infracionais. Isso alimenta a sensação de impunidade e gera crimes que jamais poderiam acontecer. Um menor de idade sabe que, em função de sua idade, poderá cometer quantos delitos puder, sabendo que terá uma pena branda. A impunidade gera mais violência. Os jovens "de hoje" têm consciência de que não podem ser presos e punidos como adultos. Por isso continuam a cometer crimes; (Cardozo, Jorge, 2013) Ou seja, hoje em dia o próprio legislador já coloca o menor de 16 anos como um cidadão com pleno discernimento do que é certo e errado e mais do que isso já lhe torna apto a praticar atos civis, desta forma não é mais possível que diante diversos crimes hediondos praticados por menores, este mesmo legislador tente tratá-los como crianças. O Brasil precisa alinhar a sua legislação à de países desenvolvidos com os 14 Estados Unidos, onde, na maioria dos Estados, adolescentes acima de 12 anos de idade podem ser submetidos a processos judiciais da mesma forma que adultos. (Vicente Alexandrino, Paulo, 2011) 4.2- Aspectos negativos Aqueles que são contra a redução da maioridade penal, defendem que a redução da maioridade penal, não irá reduzir a criminalidade no Brasil. Apontam que antes de reduzir a maioridade penal temos que investir no sistema penitenciário brasileiro. Hoje o Brasil tem uma das maiores populações carcerárias do planeta, de modo que, a violência e o menosprezo a vida reina dentro dos presídios, que na verdade hoje nada mais são do que centro de formações de personalidades criminosas. (Fernando Prates, Hennynk, 2014) Ainda falando dos presídios o poder público é omisso, e não cumpre o seu dever de ressocialização e que na verdade o que acontece é o contrário as leis não são aplicadas, a violência é tremenda, a droga é livre e a presença de organizações criminosas é real, e estas que na verdade ditam as regras dentro dos presídios. (Fernando Prates, Hennynk, 2014) Desta maneira o que um adolescente de 16 anos faria em um presídio? Segundo os que defendem essa tese, nada de bom a não ser cria-lo em um adolescente graduado na marginalidade, pois a superlotação e as condições desumanas das cadeias brasileiras deixam esse sistema incapaz de cumprir sua finalidade de recuperar alguém. Deste modo a inclusão de adolescentes infratores nesse sistema não só tornaria mais caótico o sistema carcerário como tenderia a aumentar o número de reincidentes menores. (Fernando Prates, Hennynk, 2014) Devemos analisar também, a desigualdade social que é uma das causas principais da violência. A redução da maioridade em nada resolverá o problema da desigualdade social que assola nosso país. De certo modo, será mais uma forma de colocar jovens negros e pardos das comunidades carentes e das periferias atrás das grades. Na prática, voltaríamos aos tempos da escravidão. Só que dessa vez, ao invés de correntes nos pés, nosso povo receberia grades para colocar as mãos. No Brasil, a violência está profundamente ligada a questões como: desigualdade social, exclusão social, impunidade, falhas na educação familiar, desestruturação da família, deterioração dos valores ou do comportamento ético, e, finalmente, individualismo, consumismo e cultura do prazer. Deste modo a redução da 15 maioridade penal trará prejuízos irreparáveis, uma ruína praticamente sem volta, onde ao invés dos jovens estarem frequentando uma faculdade e formando-se melhores cidadãos, estarão reclusos, enfurnados em uma cela minúscula e superlotada, sem chances de um futuro melhor, com grandes probabilidades de enegrecerem ainda mais as suas vidas na violência e no crime. (Fernando Prates, Hennynk, 2014) Outra corrente que é contraa redução da maioridade penal, afirma que tal medida seria inconstitucional, se tratando de uma violação clara a art. 228 da nossa constituição federal. Afirmam que leis possuem efeito simbólico, de atingir a população que já não aguenta mais tamanha violência, mas como leis não mudam realidade é essa mesma população que hoje pede para reduzir a maioridade penal para 16 anos, em breve pedirá para reduzir para os 14 anos, e logo para os 12 anos e seguindo essa linha de raciocínio chegaria a proposta de mantar o feto ainda na barriga de sua mãe. (Gomes, Luiz Flávio, 2014) A violência não é solucionada pela culpabilização e pela punição, antes pela ação nas instâncias psíquicas, sociais, políticas e econômicas que a produzem. Agir punindo e sem se preocupar em revelar os mecanismos produtores e mantenedores de violência tem como um de seus efeitos principais aumentar a violência. Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa. É encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade. Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. (Tavares, André Ramos, 2007) 5. CONCLUSÃO Nosso país presencia um elevado numero de homicídios, sequestros, estupros e roubos praticados por jovens, e não é mais possível acreditar que nossas crianças e adolescentes continuam sendo pessoas com desenvolvimento mental incompleto ou que sejam incapazes de entender os atos que praticam. A legislação vigente hoje em dia é omissa é flexível demais com os jovens do século XXI, trazendo para os mesmos, proteção legislativa que só faz estimula- los a prática de atos infracionais. As leis que vigoram em nosso país não podem mais simplesmente parar no tempo, deixando de acompanhar a evolução de seus cidadãos, o que traz para todos nós esse sentimento de impunidade. O que precisamos é de legislações que acompanhem a evolução do homem adaptando-se às aspirações e às necessidades 16 das novas gerações. Com o término deste trabalho ficou claro que a redução da maioridade penal é possível no Brasil e que esta será um meio para diminuirmos ou tentarmos diminuir o crescente número de crimes praticados por menores infratores. Logicamente esta é uma medida, a curto prazo, na busca da redução dos crimes praticados por crianças e adolescentes, porém é de suma importância dizer que precisamos também de medidas a médio e a longo prazo, cumuladas às políticas públicas de educação, profissionalização e emprego. Nossos jovens podem votar, trabalhar, contrair matrimonio, ingressar em instituição de ensino superior e até mesmo assumir cargos publico antes de completarem 18 (dezoito) anos, mas não podem ser punidos pelas leis penais e processuais, pois os legisladores acreditam que estes não possuem discernimento para compreenderem o caráter criminoso de seus atos. Assim, as alegações de que a sociedade não pode suportar o ônus de ter mais gente, cada vez mais jovem, encarcerados, não se sobressai sobre a hipótese de que essa mesma sociedade não pode mais suportar o peso da criminalidade juvenil. A sociedade em geral não pode ser punida pela constatação da incompetência do Estado em gerir o sistema penitenciário, não podendo ser isso de maneira nenhuma uma justificativa para se manter criminosos fora desse sistema. A constatação da incompetência do Estado em colocar em prática o estabelecido pelo ECA não serve de justificativa para a manutenção da maioridade penal em 18 anos necessitando-se sim de um método punitivo e coercitivo mais eficaz e atualizado. O debate é atual, pois a violência e o envolvimento de menores de dezoito anos têm aumentado, é inegável que o mais justo e socialmente adequado para os dias atuais é a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, sem necessidade de avaliação do grau de desenvolvimento psíquico-emocional do menor, adotando-se exclusivamente do critério puramente biológico, ou seja, uma vez completados 16 anos de idade, a pessoa sujeitar-se-ia às regras do Código Penal. Não podemos assistir de braços cruzados a escalada de violência, onde menores de 18 anos praticam os mais hediondos crimes e já integram organizações delituosas, sendo inteiramente capazes de entender o caráter ilícito do fato e de 17 determinar-se de acordo com esse entendimento. 6- Referências Bibliográficas Angel Ardanaz. A redução da maioridade penal. Disponível em: http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9101/Reducao-da-maioridade-penal Acesso em: 7 de novembro de 2020. BITENCOURT, Cezar Roberto. 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