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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA–UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV CURSO DE DIREITO ELVIS GABRIEL LEMOS LEITE LARISSA SANTANA SIMOES LEONARDO FERREIRA ROCHA COM BASE NOS ESTUDOS SOBRE O PODER E A POLÍTICA, DISCORRA SOBRE AS SUAS DEFINIÇÕES ASSOCIANDO À SEGUINTE IDEIA DE ACORDO COM OS ESTUDOS DE HANNAH ARENDT: É POSSÍVEL AFIRMAR QUE HÁ PODER E POLÍTICA EM GOVERNOS DITATORIAIS? JACOBINA-BA 2018 “Pode-se dizer que a palavra poder normalmente está associada à dominação, força e/ou violência. A sua origem, desde os primórdios da humanidade, está nas relações entre os indivíduos, seja através de dominações de territórios e civilizações, seja através de alguém querer exercer o seu poder sobre outro”. No entanto, essa definição está equivocada. Segundo a concepção de Washington Luis Souza, baseado nos estudos e teorias de Michel Foucault, o poder não existe. O que existe, de fato, são feixes de relações do poder. Foucault diz que para se analisar o poder é preciso observar o modo segundo o qual ele opera, para isso ele subdividiu o poder em macro e micro. O macropoder está pautado nas relações estatais para com os indivíduos na sociedade como um todo. Já o micropoder influencia diretamente nos gestos, hábitos e discursos de cada indivíduo, tornando-o produto do poder. Além disso, o micropoder é pensado a partir da noção de seu exercício e funcionalidade, operando a partir da esfera familiar, das escolas, hospitais, prisões, entre outras instituições, funcionando assim como uma rede sem limites ou fronteiras. Consoante à teoria de Foucault nada está isento de poder, já que este se faz presente em toda estrutura social. Desse modo, Pierre Clastres, na obra “Copérnico e os selvagens”, dialogando com Jean-William Lapierre afirma que não existe sociedade sem poder, pois o poder é universal, além de ser uma necessidade inerente à vida social. Clastres procura romper com paradigmas ocidentais de que a essência do poder está pautada na coerção ou violência, mostrando que este não é o modelo de poder verdadeiro, mas apenas um caso particular, ou seja, nas sociedades em que não se observa as relações de subordinação há poder político, mas de uma forma não tradicional. Percebe-se que a definição de poder não está atrelada apenas à dominação, subordinação e coerção, mas sim ao pressuposto da liberdade, que não se encontra em governos totalitários e autoritários, pois estes normalmente são pautados pelo uso da força e da violência, e segundo Hannah Arendt vão de encontro à liberdade e cooperação, pilares do poder e da política. Ela demonstra, de forma contundente, que o direito e a lei quando fundamentados na política e no poder atuam de forma positiva e sinérgica na sociedade. Entretanto, quando elencados na força e violência não há sinergia, tampouco cooperação e ética. Contudo, o poder e a política se manifestam no bem comum, na relação entre as pessoas, na organização das diversidades em garantir a vida do ser humano. Em oposição, a força e a violência estão relacionadas à guerras, imposições e extermínio do próprio ser humano. Logo, conclui-se que não há relações de poder em aspectos ditatoriais, mas sim o poder em sua forma tradicional e ocidental. E, no entanto, para Hannah Arendt não há política, pois não encontramos, sobretudo, a liberdade nesse tipo de governo. O poder só é efetivado quando a palavra e o ato não se divorciam, quando as palavras não são vazias e os atos não são brutais, quando as palavras não são empregadas para valer intenções mas para revelar realidades, e os atos não são usados para violar e destruir, mas para criar relações e novas realidades. (Arendt, 1993, p. 212). Assim, juntamente com o pressuposto de liberdade ela pauta o poder e a política também na união do grupo, mostrando que o poder só passa a existir entre os homens quando há união. image1.jpeg