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1 FARMACOEPIDEMIOLOGIA, FARMACOECONOMIA E FARMACOVIGILÂNCIA EM ONCOLOGIA CENTRAL 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 BREVE HISTÓRIA DO ENVOLVIMENTO DA OMS COM A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE MEDICAMENTOS ........................... 3 BREVE HISTÓRIA DO ENVOLVIMENTO DA OMS COM A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE MEDICAMENTOS ........................... 4 FARMACOVIGILÂNCIA NA REGULAÇÃO DE MEDICAMENTOS ......... 7 REGULAÇÃO DE PESQUISAS CLÍNICAS ............................................. 8 MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÓS-COMERCIALIZAÇÃO ....... 10 A HARMONIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS DE MEDICAMENTOS ......................................................... 13 PROMOVENDO A COMUNICAÇÃO NA ÁREA DE SEGURANÇA DE MEDICAMENTOS ............................................................................................ 14 RISCOS E GERENCIAMENTO DE CRISE ........................................... 15 FARMACOEPIDEMIOLOGIA DE CAMPO: UMA PROPOSTA PARA AS AÇÕES DE FARMACOVIGILÂNCIA NO BRASIL ............................................ 16 INVESTIGAÇÃO DE EAM ..................................................................... 19 INVESTIGAÇÃO CASO-A-CASO .......................................................... 19 EXEMPLOS DE INVESTIGAÇÃO EM FARMACOEPIDEMIOLOGIA DE CAMPO NO BRASIL ........................................................................................ 31 FARMACOECONOMIA ......................................................................... 32 INTERFACE ENTRE ATENÇÃO FARMACÊUTICA E FARMACOECONOMIA .................................................................................... 35 FARMACOECONOMIA APLICADA À ONCOLOGIA E A MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE ONCOLÓGICO ........................................ 39 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 42 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 BREVE HISTÓRIA DO ENVOLVIMENTO DA OMS COM A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE MEDICAMENTOS Este capítulo introduz os acontecimentos e as ideias que embasaram o surgimento e o desenvolvimento inicial da farmacovigilância ao longo dos últimos trinta anos, sob a égide da Organização Mundial da Saúde. Em 2002, mais de sessenta e cinco países tinham seu próprio centro de farmacovigilância. A participação no Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos da OMS é coordenada pelo Centro Colaborador da OMS para Monitorização Internacional de Medicamentos, conhecido como the Uppsala Monitoring Centre (UMC). Descreve-se também a evolução da farmacovigilância nos últimos anos e sua importância crescente como ciência crítica da prática clínica efetiva e da ciência da saúde pública. Os centros nacionais de farmacovigilância tornaram-se influência significativa sobre as autoridades regulatórias de medicamento num período em que as preocupações com segurança de medicamentos tornaram-se cada vez mais importantes na saúde pública e prática clínica. A farmacovigilância está agora firmemente apoiada em princípios científicos e é parte integrante da prática clínica efetiva. A disciplina precisa se desenvolver ainda mais para atender às expectativas públicas e às demandas da saúde pública moderna. Antecedentes De acordo com o artigo 2.o da sua constituição, a Organização Mundial da Saúde tem autorização de seus Estados-membros para desenvolver, estabelecer e promover padrões internacionais com respeito a produtos alimentícios, biológicos, farmacêuticos e congêneres. Há também uma cláusula no artigo 21 da constituição da Assembleia Mundial da Saúde sobre a adoção de regulamentos relacionados a padrões de 4 segurança, pureza e potência de produtos biológicos, farmacêuticos e congêneres existentes no comércio internacional. Especialmente depois da tragédia causada pela talidomida, em 1961, foram feitos os primeiros esforços internacionais sistemáticos para abordar questões de segurança de medicamentos. Naquela época, nasceram milhares de crianças com má-formação congênita como resultado da exposição, ainda no útero, a um medicamento inseguro indicado para uso em mulheres grávidas. A décima-sexta Assembleia Mundial da Saúde (1963) adotou uma resolução (WHA 16.36) que reafirmou a necessidade de ações imediatas em relação à disseminação rápida de informações sobre reações adversas a medicamentos e que conduziu, posteriormente, à criação do Projeto de Pesquisa Piloto para a Monitorização Internacional de Medicamentos da OMS em 1968. Seu propósito era desenvolver um sistema aplicável na esfera internacional, para identificar previamente efeitos adversos a medicamentos desconhecidos ou pouco estudados. Em seguida, a OMS produziu um relatório técnico com base na reunião consultiva realizada em 197. BREVE HISTÓRIA DO ENVOLVIMENTO DA OMS COM A MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇA DE MEDICAMENTOS Desse começo, emergiram a prática e a ciência da farmacovigilância. Sistemas foram desenvolvidos nos Estados-membros para a coleta e avaliação de casos individuais de RAMs. A junção das notificações internacionais de RAMs numa base central de dados desempenharia a importante função de contribuir para o trabalho das autoridades regulatórias nacionais de medicamentos, para melhorar o perfil de segurança dos medicamentos e ajudar a evitar outras tragédias. 5 Do piloto para a permanência As principais realizações da reunião consultiva da OMS em 1971 foram: • defender o estabelecimento de centros nacionais para monitorização de medicamentos; • fornecer diretrizes; e • identificar a contribuição que os centros nacionais podem oferecer ao sistema internacional. Diante disso, esperava-se que o tempo necessário para reconhecer que um medicamento produz uma reação adversa poderia ser reduzido, e a importância da reação, mais prontamente avaliada. Percebeu-se que os dados coletados pelos profissionais da saúde, a monitorização sistemática das populações, a revisão das estatísticas da saúde e dos dados sobre consumo ou uso de medicamentos e a análise efetiva de dados das notificações eram elementos necessários para que os objetivos da farmacovigilância fossem alcançados. Atenção especial precisaria ser dada aos medicamentos novos. Centros de referência especializados seriam requisitados para fornecer dados adicionais aos centros nacionais e para investigar problemas específicos de segurança de medicamentos. Desde o começo do Programa Internacional, em 1968, muito já foi realizado: • o projeto piloto estendeu seu âmbito de abrangência, compondo o Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos da OMS, ora coordenado pelothe Uppsala Monitoring Centre (UMC) em Uppsala, Suécia, com supervisão de um comitê internacional; • o Programa expandiu-se para incluir mais de sessenta países-membros; • em muitos países, desenvolveram-se centros de notificação, grupos interessados, faculdades de medicina e departamentos de farmacologia locais, 6 dedicados à questão, centros de informações sobre medicamentos e centros de intoxicação e outras organizações não-governamentais; • a ideia de que centros de farmacovigilância eram um luxo restrito ao mundo desenvolvido foi substituída pela consciência de que um sistema confiável de farmacovigilância é necessário à saúde pública e ao uso racional, seguro de medicamentos e custo-efetivo em todos os países. Onde não existe nenhuma infraestrutura regulatória estabelecida, um sistema de monitorização de medicamentos é uma forma efetiva e custo- eficiente de identificar e minimizar os danos aos pacientes e evitar tragédias em potencial. Os objetivos específicos de farmacovigilância são: • melhorar o cuidado com o paciente e a segurança em relação ao uso de medicamentos e a todas as intervenções médicas e paramédicas; • melhorar a saúde pública e a segurança em relação ao uso de medicamentos; • contribuir para a avaliação dos benefícios, danos, efetividade e riscos dos medicamentos, incentivando sua utilização de forma segura, racional e mais efetiva (inclui-se o uso custo-efetivo); e • promover a compreensão, educação e capacitação clínica em farmacovigilância e sua comunicação efetiva ao público. A farmacovigilância se desenvolveu e continuará a se desenvolver como resposta a necessidades especiais, pautando-se nos pontos fortes específicos dos membros do Programa da OMS e indo além deles. Tal influência ativa precisa ser encorajada e nutrida; é uma fonte de vigor e originalidade que tem contribuído muito para a prática e os padrões internacionais. A comunicação e a troca de informações entre a indústria e as autoridades regulatórias melhoraram como resultado da organização regional e internacional de harmonização que emergiu em anos recentes. A educação profissional continuada, a educação do paciente e o patrocínio da indústria às atividades 7 relativas à informação sobre medicamentos também contribuíram para o seu uso seguro. FARMACOVIGILÂNCIA NA REGULAÇÃO DE MEDICAMENTOS Boas medidas regulatórias de medicamentos formam a base cultural em âmbito nacional, para a segurança de medicamentos e para a confiança pública em medicamentos. As questões com as quais as autoridades reguladoras de medicamentos têm de tratar, além da aprovação de medicamentos novos, incluem: • pesquisas clínicas; • segurança de medicamentos complementares e tradicionais, vacinas e medicamentos biológicos; • desenvolvimento de canais de comunicação entre todas as partes que têm interesse em segurança de medicamentos, assegurando que eles estejam abertos e aptos a funcionar de forma efetiva, particularmente em períodos de crise. Os programas de farmacovigilância precisam de fortes ligações com os reguladores para assegurar que as autoridades estejam bem informadas sobre questões de segurança na prática cotidiana, que podem ser relevantes para as ações regulatórias futuras. Os reguladores entendem que a farmacovigilância desempenha papel especializado e fundamental na garantia contínua da segurança de medicamentos. Os programas de farmacovigilância precisam ser adequadamente apoiados para alcançar seus objetivos. Um novo medicamento deve atender a três exigências antes de sua aprovação pela autoridade regulatória nacional. Exige-se a demonstração de evidências suficientes de que o novo medicamento seja 8 • de boa qualidade; • eficaz; e • seguro para o objetivo ou objetivos para os quais é proposto. Enquanto os primeiros dois critérios devem ser atendidos antes que qualquer consideração possa ser feita quanto à aprovação, a questão da segurança é menos exata. A segurança não é absoluta e pode ser julgada somente em relação à eficácia, necessitando-se de análise por parte dos reguladores para decidir quanto aos limites aceitáveis de segurança. Há possibilidade de que eventos adversos raros, porém graves (como os que ocorrem com a frequência de, digamos, um em cinco mil), não sejam identificados no desenvolvimento do medicamento anterior ao registro. REGULAÇÃO DE PESQUISAS CLÍNICAS Nos últimos anos, houve aumento significativo no número de pesquisas clínicas nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Somente nos Estados Unidos da América, as pesquisas clínicas quase dobraram entre 1990 e 1998. Com o sequenciamento do genoma humano, as pesquisas clínicas sobre terapias potenciais com novos medicamentos provavelmente aumentarão. Há também uma crescente aliança entre as universidades e as indústrias farmacêuticas e de biotecnologia. Isto tem causado o surgimento de graves e difundidas questões com respeito a assuntos éticos e científicos como: • o potencial para conflitos de interesse; • práticas não-éticas de recrutamento de pacientes; • inadequação do consentimento escrito; • falta de capacidade para assegurar monitorização contínua das pesquisas clínicas e adesão aos princípios de práticas clínicas éticas e idôneas; 9 • baixo número de notificações e gerenciamento inadequado de eventos adversos. Para reguladores de medicamentos, as tendências de mudança na conduta de pesquisas clínicas durante os últimos anos apresentam desafios especiais e urgentes, particularmente quanto ao asseguramento de que os direitos e a saúde dos pacientes e suas comunidades sejam protegidos. Para a aprovação de pesquisas clínicas, os organismos regulatórios analisam a segurança e eficácia dos novos produtos sob investigação. Eles também têm de prestar atenção aos padrões gerais de assistência e segurança dos sujeitos de pesquisa juntamente com os conselhos institucionais de revisão (Institutional Review Boards - IRBs) apropriados. Os medicamentos necessários a doenças como tuberculose, malária, HIV/AIDS e meningite meningogócica do tipo A e aqueles que tenham perfil de efetividade/segurança questionável ou incerto requerem vigilância cuidadosa quando introduzidos em grande escala nas comunidades. A complexidade crescente das pesquisas clínicas apresenta desafios adicionais aos reguladores. A elaboração de estudos frequentemente exige grandes grupos de participantes. Em muitos casos, as pesquisas são conduzidas em vários locais de diversos países. Os comitês locais de ética e reguladores de medicamentos nem sempre estão cientes das experiências de pacientes e investigadores em outros locais internacionais. As pesquisas clínicas estão cada vez mais limitadas às organizações de pesquisas clínicas e agências de recrutamento de pacientes, as quais atuam como intermediárias entre os patrocinadores do estudo, os investigadores e os pacientes. A responsabilidade em assegurar conduta apropriada de pesquisa clínica pode, em tais circunstâncias, ser dividida entre as partes. Informações pedidas por comitês de ética e reguladores podem ser de difícil obtenção num curto período de tempo. 10 Os reguladores e comitês de ética nem sempre têm capacidade para desempenhar efetivamente essas funções. Isto pode acarretar graves implicações para a segurança dos pacientes. A monitorização da segurança durante pesquisas clínicas é agora reconhecida como uma das preocupações principais no desenvolvimento de um novo medicamento. Essa questão está sendo tratada, atualmente, por um grupo de trabalho do CIOMS. Três tópicos principais estão sendo abordados: 1) a coleta de informações de experiências adversas; 2) avaliação e monitorização de dados clínicos; 3) notificação e comunicação de dados clínicos. MONITORIZAÇÃO DA SEGURANÇAPÓS-COMERCIALIZAÇÃO É consenso, atualmente, que parte do processo de avaliação da segurança dos medicamentos precisa ocorrer na fase pós-comercialização (aprovação), para não perder inovações importantes numa rede regulatória indevidamente restritiva. A decisão de se e como isso deve ser feito está nas mãos dos reguladores. Quanto mais forte for o sistema nacional de farmacovigilância e de notificações de RAMs, mais provável será que decisões regulatórias equilibradas sejam tomadas para uma pronta liberação de novos medicamentos, com a promessa de avanços terapêuticos. A legislação que governa o processo regulatório, na maioria dos países, permite o estabelecimento de condições para registro, tal como a exigência de que deve haver farmacovigilância minuciosa nos primeiros anos da liberação do medicamento para o mercado. Porém a monitorização cuidadosa da segurança não está limitada aos novos medicamentos ou aos avanços terapêuticos significativos. 11 Ela tem papel importante a desempenhar na introdução de medicamentos genéricos e na revisão do perfil de segurança de medicamentos mais antigos já disponíveis, em que novas questões de segurança podem ter surgido. Em um país em desenvolvimento, estas últimas considerações são, provavelmente, mais importantes que os benefícios que uma entidade terapêutica moderna possa trazer a um serviço de saúde já limitado. Enquanto a notificação espontânea permanece como pedra fundamental da farmacovigilância no ambiente regulatório e é indispensável para a identificação de sinais, a necessidade de uma vigilância mais ativa também tem- se tornado cada vez mais clara. Sem informação sobre o uso e a extensão do consumo, as notificações espontâneas não possibilitam determinar a frequência de uma RAM atribuível a um produto ou sua segurança em relação a um produto comparável. Métodos epidemiológicos mais sistemáticos e consistentes que levem em conta as limitações da notificação espontânea são necessários para que essas questões importantes da segurança sejam trabalhadas. Eles precisam ser incorporados aos programas de vigilância pós- comercialização. Há outros aspectos da segurança de medicamentos que têm sido bastante negligenciados até então, que deveriam ser incluídos na monitorização dos efeitos latentes e de longo prazo dos medicamentos. Incluem: • identificação das interações do medicamento; • medição do impacto ambiental dos medicamentos utilizados em grandes populações; • avaliação da contribuição dos “componentes inativos” (excipientes) para o perfil de segurança; • sistemas para comparar perfis de segurança de medicamentos da mesma classe terapêutica; • vigilância dos efeitos adversos à saúde humana de resíduos de medicamentos em animais, e.g., antibióticos e hormônios. 12 Uma questão mais difícil é se a farmacovigilância tem resultado na remoção imprópria do mercado de medicamentos potencialmente úteis, como resultado de temores infundados ou falsos sinais. Preocupante para a segurança dos medicamentos é o desenvolvimento da propaganda “direta ao consumidor”, feita por fabricantes farmacêuticos, outros vendedores de medicamentos e outras partes com interesses específicos. Os gastos nessa atividade dobraram nos E.U.A. nos últimos quatro anos. Apesar da possibilidade de tais propagandas melhorarem a compreensão dos pacientes e de estarem de acordo com a necessidade de melhorar o acesso às informações sobre os medicamentos, a ausência de confiabilidade e precisão pode comprometer a assistência e segurança do paciente. Mesmo nos lugares em que a propaganda direta de medicamentos para consumidores é ilegal, a Internet possibilita a comunicação além das fronteiras. Isso pode fazer com que as regulações nacionais sobre propagangas se tornem inefetivas. Atualmente as páginas eletrônicas tornam possível comprar e vender medicamentos sem controle, como os benzodiazepínicos. Todo esse desenvolvimento em comunicação tem impacto na segurança dos medicamentos. Todas essas questões sugerem a necessidade de monitorização mais completa da segurança de medicamentos e o exame minucioso das propagandas. Recursos e conhecimento são necessários para assegurar que materiais promocionais contenham informações precisas e equilibradas, e que as práticas sejam éticas. A auto-regulação feita pela indústria é, provavelmente, insuficiente em muitos países. A colaboração regional ou internacional na implementação de um código regulatório de práticas para propagandas de medicamentos, vigiado por um organismo consultivo imparcial, ajudaria nessa questão. 13 A HARMONIZAÇÃO INTERNACIONAL DAS EXIGÊNCIAS REGULATÓRIAS DE MEDICAMENTOS A harmonização de vários elementos das atividades regulatórias de medicamentos foi empreendida na última década por várias organizações intergovernamentais nos âmbitos regionais e inter-regionais. A força motriz desses esforços foi o aumento de comércio global de medicamentos e o crescimento, em complexidade, de regulações técnicas relacionadas à segurança e qualidade dos medicamentos. Atividades de harmonização relacionadas à regulação de medicamentos estão sendo estimuladas em todas as regiões da OMS. A iniciativa da ICH, que começou em 1990, é uma empreitada inter- regional, que abrange dezessete países de renda elevada. As diretrizes produzidas por esses grupos de especialistas, provenientes das autoridades regulatórias e empresas farmacêuticas membros do ICH, representam as ideias mais recentes e estão tendo impacto em todos os países. A OMS tem o papel de observadora em todas as atividades do ICH. Discussões estão em desenvolvimento para considerar as implicações do processo do ICH e da globalização de suas diretrizes. Isso inclui a descrição dos benefícios do processo e a explicação de preocupações com a expansão de sua influência em países que não fazem parte do ICH. Se o ICH passar para o campo da farmacovigilância, o grupo deverá ser encorajado a aproveitar o trabalho já desenvolvido pela OMS nessa área. Todos os países da ICH devem ser encorajados a participar ativamente do Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos da OMS. 14 PROMOVENDO A COMUNICAÇÃO NA ÁREA DE SEGURANÇA DE MEDICAMENTOS A sociedade tem grande preocupação com os perigos da vida moderna. Os medicamentos estão entre os avanços tecnológicos que proporcionaram grandes benefícios e riscos adicionais à sociedade. O conhecimento da percepção que o público tem desses riscos é essencial se houver a intenção de gerenciá-los efetivamente. Até onde o seguro é seguro o bastante? Que riscos são aceitáveis? Essas são duas questões críticas que os provedores de medicamentos precisam considerar ao se comunicarem com os pacientes e com o público. Reconhecendo que há discrepância entre a visão que os especialistas têm de risco e a percepção pública, há necessidade de se analisarem e entenderem as diferenças de modo muito mais abrangente. Não é suficiente, para os especialistas, estar satisfeito com as evidências de segurança. A indústria farmacêutica, governos e provedores de assistência à saúde têm de construir a confiança pública por meio de comunicações efetivas dos riscos. Isto só pode ser alcançado quando a mentalidade pública for examinada e compreendida. Algumas autoridades regulatórias estão intensificando a transparência com que conduzem seu trabalho. Porém, muitas autoridades continuam sendo restringidas por cláusulas sigilosas reais, cuja intenção é proteger os direitos de propriedade intelectual dos fabricantes farmacêuticos. O problema com o sigilo é que ele cria um ambiente de desconfiança e mal-entendidos. Espera-se, agora, dos reguladores, que eles tratem da regulação de medicamentos, incluindo questões de segurança, com novo comprometimento com a abertura, com a participaçãode pacientes e seus representantes no processo. Em relação a isso, progresso considerável tem sido alcançado em muitos países, particularmente quanto à regulação de medicamentos para HIV/AIDS e câncer. Tem havido tendência de que as questões de segurança de medicamentos sejam tratadas de forma que se protejam, em primeiro lugar, os interesses dos fabricantes farmacêuticos. 15 Os centros nacionais de farmacovigilância, desde que tenham conhecimento e recursos necessários, estão particularmente bem posicionados para coletar, avaliar e fazer recomendações sobre segurança de medicamentos, livres de influências limitadoras. Deve haver a possibilidade de se proteger o sigilo do paciente por meio da aplicação de cuidadosos procedimentos operacionais padronizados. O maior desafio para os Centros Nacionais e para as autoridades regulatórias de medicamentos é promover e manter a comunicação efetiva e aberta de informações relativas aos benefícios, danos, efetividade e riscos dos medicamentos, incluindo-se a incerteza de conhecimentos nessa área, com o público e os profissionais da saúde. RISCOS E GERENCIAMENTO DE CRISE A importância de sistema eficiente para tratar dos riscos e das crises relacionadas à segurança de medicamentos tornou-se cada vez mais evidente nos últimos anos. As questões de segurança tendem a assumir importância internacional rapidamente. A velocidade com que as informações se alastram no mundo moderno significa que as questões de segurança de medicamentos já não se limitam aos países individualmente. Frequentemente, a mídia e o público geral são informados ao mesmo tempo, ou, até mesmo, antes que as autoridades regulatórias nacionais. Quando as crises surgem, sejam elas reais ou imaginárias, questões ou preocupações com a segurança local surgem no exterior, e se espera que as autoridades regulatórias as enfrentem de forma aberta, eficiente, rápida e abrangente. Muitas autoridades nacionais identificaram a necessidade de desenvolver um plano organizacional para gerenciar riscos e para a comunicação e ação durante as crises. Os próprios reguladores, frequentemente, reagem sob pressão numa crise de segurança de medicamentos inserida numa estrutura legislativa ou administrativa que seja inadequada ou excessivamente restritiva. Deve haver procedimentos operacionais claros, porém flexíveis, de forma que suas reações 16 não sejam demoradas, desnecessariamente complicadas ou indevidamente cautelosas (a precaução imprópria pode resultar na remoção de um produto do mercado, até mesmo quando não houver nenhuma justificativa possível e uma reação mais racional e menos drástica seja apropriada). Em tais circunstâncias, quanto maior a disparidade nas informações sobre segurança entre a avaliação pré-registro e a real situação na prática, maior a probabilidade de a reação regulatória ser inapropriada. Quando as crises surgirem, a autoridade regulatória terá poderes para suspender o registro, impor condições especiais ou restringir severamente o uso por determinados pacientes ou profissionais. A autoridade pode exigir que os fabricantes mudem a informação do produto de uma maneira específica. Essas decisões, normalmente, são comunicadas por alertas de medicamentos, cartas gerais a médicos e farmacêuticos, declarações na imprensa, páginas eletrônicas, boletins informativos e periódicos, publicações, dependendo do tipo e urgência da mensagem e a quem ela se dirige. FARMACOEPIDEMIOLOGIA DE CAMPO: UMA PROPOSTA PARA AS AÇÕES DE FARMACOVIGILÂNCIA NO BRASIL A farmacovigilância é definida como sendo um conjunto de atividades relativas à detecção, avaliação, compreensão e prevenção de qualquer evento adverso relacionado com medicamentos (EAM), tais como reações adversas, erros de medicação, uso abusivo/indevido, inefetividade terapêutica, desvio de qualidade com consequências danosas a pacientes e intoxicações medicamentosas. O resultado de tais eventos se expressa como óbito, lesão, incapacidade e/ou prolongamento da internação hospitalar de pacientes, resultando em um aumento no consumo de recursos sanitários. Entre as principais funções que 17 devem ser realizadas por sistema de farmacovigilância de qualquer país, destacam-se: • coleta, processamento, análise e interpretação de dados; • investigação em farmacoepidemiologia de campo; • recomendação e avaliação de ações de controle; e • retroalimentação e divulgação de informações. A investigação em farmacoepidemiologia de campo tem a finalidade de esclarecer a ocorrência dos EAM e, assim, contribuir para a adoção de medidas sanitárias que reduzam o impacto socioeconômico da morbimortalidade por esses produtos e a sobrecarga dos serviços de saúde. Outros objetivos podem ser: • prevenir casos adicionais do problema; • ampliar o conhecimento sobre o referido agravo; • servir como ferramenta de capacitação em farmacoepidemiologia em serviço; • avaliar as estratégias de prevenção existentes; e • produzir recomendações para a prevenção de EAM futuros similares. A "epidemia" de focomelia em recém-nascidos causada pela talidomida na Europa entre 1958 e 1962, que resultou em cerca de 10 a 15 mil crianças malformadas, pode ser considerada um exemplo de investigação em farmacoepidemiologia de campo bem-sucedida. Lenz, um médico alemão que vinha acompanhando uma série de casos da nova síndrome, estabeleceu, pela primeira vez, a correlação entre o consumo da talidomida por gestantes e o aparecimento das malformações congênitas. 18 Embora tenham acontecido outras tragédias induzidas pelo uso de medicamentos antes e depois dessa, nenhuma delas atingiu tantas vidas nem teve tamanho impacto sobre os organismos reguladores. Em um informe recente da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente cita-se a necessidade de desenvolver diferentes tipos de investigação para melhorar a segurança do paciente com o objetivo de compreender os seguintes aspectos: • determinar a magnitude do dano e o número e tipos de eventos adversos que prejudicam os pacientes; • entender as causas fundamentais dos danos ocasionados aos pacientes; • identificar soluções para alcançar uma atenção sanitária mais segura; e • avaliar o impacto das soluções em situações da vida real. Neste sentido, a estratégia de desenvolvimento e fortalecimento da função de investigação em farmacoepidemiologia de campo pelos organismos de vigilância sanitária tem muito a contribuir para o alcance desse objetivo. No Brasil, as atividades de farmacovigilância realizadas por autoridades de saúde compõem o escopo de atuação das vigilâncias sanitárias nos níveis municipal, estadual e federal, sendo que as competências de cada nível apresentam especificidades variáveis. Esse tipo de vigilância tem ampliado as ações clássicas de vigilância sanitária como educação, controle, regulamentação e fiscalização/inspeção para incluir ações de notificação, investigação de casos, monitoramento e divulgação de informações, características da vigilância epidemiológica no nosso país. São poucas as investigações de campo realizadas no país que tiveram medicamentos como objeto de estudo. No entanto, essas investigações revelaram-se como de grande impacto tanto na saúde pública quanto no aprimoramento das ações de vigilância sanitária no país. Os objetivos dessas investigações envolvem, geralmente, a confirmação ou o descarte do evento notificado (conglomerado ou surto), a descrição do evento por pessoa, tempo e lugar, a determinação da existência de outros possíveis fatores associados, a identificação do agente implicado e a proposição de medidas de controle e prevenção. Além disso, essas investigações objetivam também não apenas 19 buscar explicações para o problema, mas alterar as condições do risco sanitário encontrado. O objetivo deste artigoé propor e descrever a investigação em farmacoepidemiologia de campo como função primordial de farmacovigilância a ser conduzida pelas vigilâncias sanitárias municipais, estaduais e ou federal frente à notificação, comunicação e/ou rumores nos meios de comunicação social de casos de EAM. INVESTIGAÇÃO DE EAM Um aumento de casos inesperados de EAM é o principal fator para o desencadeamento de uma investigação em farmacoepidemiologia de campo, embora não haja regra definindo o número de casos necessários para a realização da mesma. No entanto, a decisão de investigar pode ser influenciada por outros fatores como limitações de recursos financeiros e humanos qualificados, pressão política local, regional ou nacional e interesses científicos e de saúde pública, como magnitude e gravidade do EA. A Figura 1 apresenta um fluxo para o estabelecimento da investigação em farmacoepidemiologia de campo, tendo como critério o aumento de casos inesperados de EAM e destaca a investigação caso-a-caso como uma função fundamental de farmacovigilância que antecede a investigação em farmacoepidemiologia de campo. INVESTIGAÇÃO CASO-A-CASO A investigação caso-a-caso tem a finalidade, entre outras, de melhorar a qualidade das notificações de casos a serem registradas em um sistema de informação. A melhoria é tanto em termos de confiabilidade dos dados quanto do preenchimento de todas as variáveis que compõem a ficha de notificação. Essa investigação deve ser conduzida, preferencialmente, por entidades que compõem a vigilância sentinela (hospitais, farmácias e profissionais da saúde) 20 e/ou por profissionais da vigilância sanitária local, por exemplo. Esse tipo de investigação de rápida execução deve ser realizado toda vez que se recebe uma notificação/comunicação de suspeita de EAM ou devido a rumores noticiados nos meios de comunicação social. Além disso, a forma criteriosa na sua execução pode orientar com mais precisão e confiança a necessidade de novas ações a serem adotadas pelo sistema de farmacovigilância, como a investigação em farmacoepidemiologia de campo. A farmacoepidemiologia de campo pode ser definida como investigação realizada na comunidade ou em unidades de saúde em resposta especialmente a problemas emergenciais em saúde pública relacionados com medicamentos e que se utiliza principalmente dos métodos da farmacoepidemiologia para dar respostas às ações de farmacovigilância. Cabe lembrar que a farmacoepidemiologia é definida como a aplicação do método epidemiológico em estudos sobre o uso clínico de medicamentos nas populações. Os achados da investigação em farmacoepidemiologia de campo podem sugerir uma relação causal comum entre os casos, complementar a notificação, possibilitar a descoberta de novos casos, produzir informações científicas e, consequentemente, subsidiar com novas evidências a tomada de decisão em vigilância sanitária. Originalmente, o termo "surto", utilizado na vigilância epidemiológica, caracteriza um aumento inesperado na incidência de uma doença em espaço e tempo delimitados. A identificação de um surto deve ser comunicada oportunamente às diferentes esferas que compõem o sistema de farmacovigilância, e a investigação em farmacoepidemiologia deve ser iniciada imediatamente após a notificação, com a finalidade de obter dados mais precisos para a análise do agravo. Por ser uma função de fundamental importância para a farmacovigilância, faz-se necessária a capacitação de profissionais em programas de (farmaco) epidemiologia de campo, a exemplo do Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde do Ministério da Saúde (EPISUS. 21 Embora a investigação em farmacoepidemiologia de campo possua semelhanças com a pesquisa em farmacoepidemiologia, distingue-se desta principalmente por três diferenças, descritas a seguir: • a investigação inicia-se, com frequência, sem hipótese clara, requerendo o uso de estudos descritivos para a formulação de hipóteses que, posteriormente, poderão ser testadas por meio de estudos analíticos, como estudos de coorte retrospectiva ou de caso-controle; • a investigação é demandada imediatamente a partir de problemas identificados na rotina das autoridades sanitárias ou dos profissionais de serviços de saúde, sendo que a gravidade do evento representa um fator que condiciona a urgência no curso da investigação e na implantação de medidas de controle; e • na maioria das vezes, devido à necessidade urgente de se dispor de informações complementares para que possam ser instituídas medidas de controle, a investigação para ser realizada não é precedida da elaboração de projeto de pesquisa aprovado em comitês de ética em pesquisas, como verificado nos estudos de cunho acadêmico. Como forma de nortear a investigação em farmacoepidemiologia de campo é listado, com algumas variações, um roteiro com doze passos, a saber: 1. Preparar-se para o trabalho de campo; 2. Formar uma equipe de investigação "in loco"; 3. Estabelecer a existência do surto; 4. Verificar o diagnóstico do evento notificado; 5. Estabelecer a definição de casos e a busca intensiva de casos; 6. Tabular os dados segundo tempo, lugar e pessoa; 7. Implantar e avaliar as medidas de controle; 8. Formular hipóteses preliminares; 9. Realizar uma investigação ambiental: caracterização do medicamento suspeito e investigação de rastreabilidade; 10. Providenciar a coleta de amostras para laboratório; 11. Testar as hipóteses definidas; e 12. Comunicar os achados. A execução desses passos não pressupõe um modelo hierárquico e rígido, pois, dependendo da situação, alguns deles podem ser realizados antes 22 que outros ou até mesmo de forma simultânea. Ademais, nem todos esses passos são necessariamente passíveis de serem desenvolvidos em uma investigação e os mesmos podem se repetir na medida em que se recebe novas informações. PASSO 1. Preparar-se para o trabalho de campo Este passo constitui uma atividade fundamental para iniciar o trabalho de investigação e os profissionais designados para a mesma devem atentar para os seguintes aspectos: • Administrativos As questões a serem abordadas nesse aspecto envolvem as seguintes decisões: √ Definir a pertinência de investigar o problema, pois os recursos destinados a essa investigação poderão comprometer a oportunidade de investigar outros assuntos de maior relevância em termos de saúde pública; √ acertar, junto aos superiores, os papéis dos profissionais no processo de investigação, principalmente o líder da equipe e o segundo investigador; √ gerenciar o deslocamento da equipe de investigação para o local de ocorrência do agravo (emissão de passagens, definição de diárias e local de estadia); e √ estabelecer uma comunicação com as autoridades locais para, entre outros aspectos, providenciar a realização de uma reunião inicial com diferentes atores do sistema de saúde para a definição de várias ações necessárias à investigação, entre elas, o interlocutor com os meios de comunicação social. • Investigativos Após a definição e pactuação da necessidade de investigação do problema, a equipe deverá desenvolver pelo menos as seguintes atividades pré- campo: √ buscar informações acerca do problema como forma de prever itens que comporão o suporte logístico da investigação; √ revisar a literatura sobre aspectos clínicos e (farmaco) epidemiológicos do evento a investigar, bem como investigações realizadas de eventos similares. 23 √ pesquisar sobre a existência de protocolos clínicos e de gerenciamento do risco; √ preparar uma minuta de protocolo da investigação que deverá ser apresentada na reunião inicial pelo líder da equipe a todos os envolvidos direta ou indiretamente com o evento, de modo que fique claro o objetivo da investigação, particularmentepara os integrantes que comporão a equipe "in loco"; e √ reunir informações preliminares como especificação da área onde será realizada a investigação, incluindo a descrição da infraestrutura do sistema de saúde e o número de casos acometidos, entre outros dados pertinentes. • Logísticos Para esse aspecto, os profissionais deverão reunir ou prever materiais e equipamentos necessários para a investigação de campo, lembrando que cada investigação é única e, por isso, os itens que irão compor o suporte logístico variam de acordo com o evento e o local a ser estudado. Como exemplos, contar com: √ equipamentos de proteção individual (luvas de látex, máscaras cirúrgicas e protetores oculares); √ medicamentos e insumos para atendimento de primeiros socorros; √ materiais e equipamentos para o transporte adequado de amostras clínicas ou de medicamentos; √ meios de transporte para o deslocamento da equipe; e √ equipamentos eletrônicos como computador, telefone e GPS (Sistema de Posicionamento Global). Alguns itens não previstos poderão ser adquiridos junto aos laboratórios de saúde pública ou em departamentos das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, bem como em unidades de saúde. PASSO 2. Formar uma equipe de investigação "in loco" Deve-se formar uma equipe multidisciplinar que inclua representantes das diferentes vigilâncias em saúde, bem como dos níveis de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o tamanho e a composição da equipe podem variar, dependendo da magnitude e complexidade do evento. A equipe deverá 24 contar com um líder, de preferência com experiência em investigação de campo e em (farmaco) epidemiologia, que irá reunir os integrantes, apresentar as informações até então disponíveis, esboçar um plano de investigação e estabelecer a necessidade de ação conjunta com outras entidades parceiras.. A condução da equipe é um fator crítico para o sucesso da investigação, e o líder deverá designar função e responsabilidade aos membros da equipe. PASSO 3. Estabelecer a existência do surto Para a confirmação de um surto de enfermidades infecciosas é necessário verificar o número de casos observados e comparar com aqueles usualmente encontrados na população de estudo para um mesmo período. Em surtos de EAM, essa comparação em geral não se faz necessária, uma vez que esses eventos não apresentam um comportamento sazonal. Assim, para estabelecer a existência do surto deve-se determinar o número real de casos. Para isso, é preciso esgotar as fontes de informações do sistema de farmacovigilância, como sistemas de informação, consulta a hospitais sentinela e centros de informações de assistência toxicológicas, entre outras estratégias que tenham informação processada. Não contando com esse tipo de informação, devem ser verificados os registros médicos (prontuários, fichas de atendimento) e laboratoriais das unidades de saúde. Pode-se, ainda, realizar entrevistas abertas com informantes-chaves, como profissionais da saúde que prestaram algum tipo de atendimento aos pacientes. Assim, desenvolvidas essas estratégias de busca, pode-se estabelecer a existência de surto de importância farmacoepidemiológica com os casos identificados. Ressalta-se que algumas dessas estratégias poderão ser revisitadas em outro momento da investigação (Passo 5). PASSO 4. Verificar o diagnóstico do evento notificado O diagnóstico do EAM deve ser examinado com precaução e fundamentado em evidências clínico-(farmaco) epidemiológicas e ambientais, pois o objetivo desse passo é garantir que o problema foi diagnosticado corretamente e, assim, dar prosseguimento à investigação. Neste sentido, é conveniente identificar informações relevantes, tais como vínculo comum entre os casos, sinais e sintomas clínicos semelhantes, e parâmetros laboratoriais com resultados similares. Essas informações credenciam a equipe a dar seguimento 25 à investigação do problema sem o conhecimento definitivo do agente implicado. No entanto, se os casos parecerem não estar relacionados e também não apresentarem exposição comum, pode-se deduzir não se tratar de conglomerado ou surto. Até este passo, os investigadores estão à procura de elementos que justificarão a continuidade ou não da investigação de forma sistemática e com um rigor metodológico a ser seguido. PASSO 5. Estabelecer a definição de caso e a busca intensiva de casos Esse passo é essencial para o sucesso da investigação, pois a identificação dos casos deve considerar o enquadramento de pacientes em uma dada definição de caso. Essa definição, imprescindível para qualquer investigação em farmacoepidemiologia de campo, permitirá fazer uma discriminação dos casos que pertencerão ao surto daqueles que não o são. A definição de caso, em algumas situações, é complexa, particularmente se o evento notificado for novo e as manifestações clínicas não forem conhecidas. Ademais, deve-se estar atento para que, na definição de caso, não seja incluída uma exposição ou fator de risco que se deseje testar em um futuro estudo farmacoepidemiológico analítico, lembrando que a definição de caso é única para cada situação e deverá incluir características básicas, ou seja: pessoa, lugar e tempo. Para a elaboração da definição de caso, deve-se considerar os seguintes critérios: • clínico - sintomas e sinais mais frequentes manifestados pelos pacientes; • (farmaco) epidemiológico - o início do evento no tempo, em determinado local, as características dos indivíduos acometidos e exposição do caso a alguma fonte suspeita. Neste último caso, não se faz necessário realizar estudos analíticos; e • laboratorial - refere-se à evidência do agravo e inclui amostras clínicas e de produtos. Os mesmos critérios citados anteriormente também são usados para especificar as categorias de casos, que podem variar segundo a situação farmacoepidemiológica específica de cada agravo, a saber: 26 • Suspeito: caracteriza-se por incluir os critérios clínicos e (farmaco) epidemiológicos relacionados com o agravo. De todas as categorias de casos, a de suspeito é uma definição mais sensível, geralmente, utilizada no início da investigação; • Provável: caracteriza-se por incluir critérios clínicos e (farmaco) epidemiológicos mais específicos, podendo ainda apresentar informações sobre dados laboratoriais ou até mesmo de tratamento farmacológico; • Confirmado: a principal característica é a inclusão de parâmetros laboratoriais para caso suspeito ou provável; e • Descartado: indivíduos que, embora enfermos, não satisfazem os critérios clínicos ou laboratoriais dos casos sob investigação. Uma vez estabelecida a definição de caso, inicia-se a realização da busca intensiva dos mesmos com o propósito de determinar a verdadeira magnitude do surto. Essa busca deve ocorrer em todos os lugares que tenham tido alguma relação com o surto investigado. Para isso, faz-se necessária a elaboração de questionário e ou formulário contendo variáveis importantes que consigam a captação sistemática dos dados, para posterior análise e formulação de hipóteses. As variáveis devem incluir características demográficas, socioeconômicas, clínicas e fatores de risco. A estratégia de busca intensiva de casos pode ser de dois tipos: "ativa" e "passiva". Uma forma ativa requer a solicitação aos centros de saúde e laboratórios que notifiquem à equipe de investigação os casos adicionais que atendam a definição de caso. Um exemplo de busca passiva, menos agressiva e dispendiosa, é examinar a base de dados da vigilância regional ou local para identificar casos notificados. Salienta-se que a busca intensiva de casos é essencial, pois os casos que até então foram notificados podem representar apenas uma pequena fração (ponta do iceberg) do número total de casos relacionados com o surto de EAM. PASSO 6.Tabular os dados segundo tempo, lugar e pessoa Uma vez constatada a existência do surto, pode-se iniciar a caracterização do mesmo por tempo, lugar e pessoa (farmacoepidemiologia descritiva) e de acordo com as diferentes definições de caso utilizadas na investigação. Esse passo é importante para a formulação de hipóteses e deverá 27 ser organizado de tal maneira que permita responder as perguntas apresentadas no Quadro 1. Salienta-se a importância de se recorrer à elaboração de elementos gráficos, como curva epidêmica e mapas. O primeiro, ajuda na caracterização de como os casos estão distribuídos no tempo, segundo a data do início dos sintomas, bem como a maneira como o agravo se propaga e sua amplitude. O período pré-surto deve ser sempre incluído na curva epidêmica como forma de ilustrar o número basal de casos. Já os mapas, que identificam os casos por lugar de exposição, ajudam a evidenciar locais onde as pessoas têm maior risco de adoecimento. Além disso, a caracterização dos casos pode dar pistas sobre as pessoas mais susceptíveis de adoecimento. Tais características são: idade, sexo, grupo étnico, lugar de residência, profissão, estado civil, situação econômica, co-morbidade e uso de medicamentos, entre outras. PASSO 7. Implantar e avaliar as medidas de controle As medidas de controle têm por objetivo reduzir oportunamente o aparecimento de casos adicionais e óbitos. Nesse sentido, na maioria das vezes, a implantação dessas medidas pode anteceder o início da investigação farmacoepidemiológica de campo. Supondo um melhor cenário, a adoção das medidas de controle seria feita de acordo com os resultados da investigação farmacoepidemiológica. No entanto, esse enfoque, inadmissível a partir de uma perspectiva de saúde pública, pode comprometer a prevenção de casos adicionais e óbitos. Por outro lado, uma ação precipitada, como o fechamento de um laboratório farmacêutico, também pode ter efeitos negativos, incluindo implicações econômicas e legais para o dono e empregados do estabelecimento. Assim, o equilíbrio da responsabilidade na prevenção de novos casos com a necessidade de proteger a credibilidade e reputação de uma instituição é o grande desafio desse passo da investigação. Entre as medidas de controle que podem ser adotadas em surtos de EAM estão: • suspensão do uso do medicamento suspeito pelos pacientes; e • interdição cautelar de lotes do medicamento. Tais medidas, com base no princípio da precaução, têm o propósito de cessar a exposição da população a riscos, até que seja concluída a investigação. 28 Antes de estabelecer a estratégia de controle, é necessário conhecer o curso do surto, se os casos estão aumentando ou se o surto já foi controlado. A partir dessa informação, o objetivo da investigação deve ser definido. A resposta a essa questão condicionará o objetivo da investigação. Assim, na primeira situação o objetivo será prevenir casos novos com prioridade para a adoção de medidas de controle. Caso o surto esteja controlado, o objetivo passa a ser prevenir eventos semelhantes no futuro; portanto, a investigação deverá centralizar seus esforços principalmente em identificar os fatores de risco que contribuíram para a ocorrência do evento. Geralmente, na segunda situação descrita anteriormente, pode-se ainda realizar um estudo de avaliação econômica do tipo custo-efetividade ou custo-benefício das medidas de controle adotadas. Esse estudo pode ser visto como um complemento da informação (farmaco) epidemiológica e também como um instrumento para dar credibilidade à atuação dos profissionais da vigilância sanitária local. PASSO 8. Formular hipóteses preliminares Uma investigação em farmacoepidemiologia de campo inicia-se, em geral, sem hipótese clara e com suposições de conjecturas sobre como as pessoas adoeceram. A análise das características de tempo, lugar, pessoa e de resultados laboratoriais dos casos possibilita a formulação de hipóteses mais consistentes e precisas, que posteriormente poderão ser testadas por meio de estudos analíticos. Estes dados foram coletados, em geral, por meio de entrevistas com os casos/familiares utilizando-se questionário padronizado. Quando as evidências (farmaco) epidemiológicas, clínicas, laboratoriais e ambientais são suficientes para apoiar as hipóteses, torna-se desnecessário o seu teste formal, pois os fatos estabelecidos são suficientes. Entretanto, quando as circunstâncias são menos evidentes, deve-se lançar mão da farmacoepidemiologia analítica, cuja característica principal é a utilização de um grupo de comparação. Chama a atenção que a formulação de hipóteses é um passo crítico em uma investigação de campo. Além disso, é um processo criativo que requer a realização de um balanço entre manter uma atitude aberta (por que não!) e seguir pistas científicas válidas com o objetivo de minimizar o uso de escassos recursos financeiros e humanos. 29 PASSO 9. Realizar uma investigação ambiental: caracterização do medicamento suspeito e investigação de rastreabilidade Um dado importante em investigação de EAM é a identificação do medicamento suspeito. Devem ser coletados dados sobre número do lote, data de fabricação e vencimento, empresa produtora, aspecto físico do produto e resultado dos procedimentos de controle de qualidade. Outro aspecto fundamental é fazer uma revisão dos aspectos operativos relacionados com o medicamento suspeito, incluindo avaliação de armazenamento, manipulação do produto, uso de diluente, técnica de administração e posologia. Outro ponto importante na investigação ambiental é a investigação da rastreabilidade do produto, que pode ser definida como o processo utilizado para determinar onde ocorreram problemas na cadeia de produção, distribuição e comercialização do medicamento implicado no surto. A investigação da rastreabilidade começa com informações dos casos e se estende de forma retrospectiva. Todos os pontos da produção, distribuição, comercialização e uso do medicamento devem ser considerados. Durante a investigação podem ser necessárias visitas aos diferentes lugares por onde passou o medicamento. Como esse tipo de atividade toma muito tempo da equipe, deve-se assegurar que o medicamento em questão está efetivamente implicado com o surto. Em geral, as fontes de informações para essa parte da investigação são: informação do produto, entrevistas com empregados e gerentes, procedimentos escritos, observações e medições diretas, e provas de laboratório para o medicamento. Inspeção investigativa - expressão muito utilizada pelos profissionais de vigilância sanitária que atuam na área de inspeção sanitária - é outro nome dado à investigação ambiental. PASSO 10. Providenciar a coleta de amostras para laboratório Amostras clínicas (sangue, urina, saliva etc.) e do produto suspeito devem ser coletadas o mais rápido possível para análise laboratorial. Esses resultados podem confirmar os achados (farmaco) epidemiológicos da investigação. Se o surto estiver em curso no momento da investigação, os resultados da própria investigação poderão conduzir à coleta das amostras a serem enviadas ao laboratório. Ressalta-se que devido à demora na obtenção dos resultados 30 laboratoriais, esse passo torna-se crítico na conclusão final de qualquer investigação em farmacoepidemiologia de campo. Nas amostras clínicas pode-se proceder a provas bioquímicas, toxicológicas e de farmacocinética. Em relação às amostras de produtos, podem ser realizadas análises farmacopéicas e de identificação de outras substâncias químicas. O ideal é que a coleta de amostras de produtos siga o rito para uma análise fiscal, cujos resultados poderão fortalecer os achados (farmaco) epidemiológicos. Sempre que o resultado de uma análise fiscal for condenatório será imprescindível a investigação das causas dodesvio de qualidade do medicamento. Não encontrar o agente causal em uma amostra ambiental não descarta de maneira conclusiva uma fonte como causa do problema, pois, em parte, a amostra coletada e examinada pode não representar a fonte do surto, as técnicas laboratoriais podem ser pouco sensíveis, e na lista de produtos pesquisada pode não constar a real substância responsável pelo evento. Vale ressaltar que a combinação das informações de estudos farmacoepidemiológicos, ambiental e laboratorial ajuda a complementar o quadro do surto de EAM. PASSO 11. Testar as hipóteses definidas Neste passo, um estudo farmacoepidemiológico analítico deve ser realizado para provar as hipóteses estabelecidas. Para isso, deve-se recorrer aos estudos de caso-controle ou coorte retrospectiva. O objetivo desses estudos é avaliar a relação entre uma exposição e o evento notificado e, desse modo, estabelecer uma força de associação. Outros critérios de causalidade estabelecidos por Bradford Hill devem ser considerados, como plausibilidade biológica, efeito dose-resposta (maior exposição, maior risco para o adoecimento) e relação temporal (intervalo entre a exposição e o aparecimento do evento). Devem ser formuladas hipóteses adicionais nos casos em que o estudo farmacoepidemiológico analítico não tiver encontrado nenhum fator de risco associado entre a exposição testada e o evento estudado. Algumas possíveis explicações para isso são: • exposição pretensamente causal não se encontra entre aquelas testadas; 31 • número pequeno de casos que influencia no poder estatístico do estudo; • informação inexata disponibilizada pelos entrevistados devido à falta de conhecimento, memória deficiente, entre outras razões; e • erros de classificação da exposição. PASSO 12. Comunicar os achados Terminado o trabalho de campo, é essencial informar os achados da investigação às autoridades de saúde, à empresa produtora, ao público (incluindo os notificadores do problema) e aos meios de comunicação social. Inicialmente deve-se elaborar um relatório com dados preliminares, que deve ser apresentado também verbalmente às autoridades locais de saúde na saída da equipe do campo. A elaboração de informes e notas técnicas poderá ser necessária durante a permanência da equipe no campo. Após um prazo máximo pactuado da chegada da equipe do campo, um relatório final deve ser preparado com a inclusão das análises complementares, divulgado para as autoridades sanitárias. Além disso, a publicação de um resumo ampliado da investigação na forma de boletim eletrônico pode ser uma estratégia importante de retroalimentação para o sistema de farmacovigilância do país e para os meios de comunicação social. Outro ponto importante é registrar no sistema de informação em farmacovigilância as principais conclusões da investigação. EXEMPLOS DE INVESTIGAÇÃO EM FARMACOEPIDEMIOLOGIA DE CAMPO NO BRASIL Ainda são poucas as investigações de campo realizadas no país cujo objeto de estudo foi o medicamento. Embora tenha ocorrido, em geral, a participação da vigilância sanitária nessas investigações, apenas a investigação do surto de intoxicação exógena com óbitos por ingestão de medicamento manipulado, ocorrido no estado do Paraná (Brasil), foi conduzida por representantes da vigilância sanitária, em parceria com a vigilância epidemiológica local. A principal razão para a existência de poucas investigações de campo realizadas pode estar relacionada ao surgimento dessa prática e, 32 consequentemente, ao acúmulo de experiência voltado para a investigação de surtos de doenças. Outra possibilidade é a separação do escopo de atuação das vigilâncias sanitária e epidemiológica no país, onde a primeira carece de pessoal qualificado para a realização de investigação em farmacoepidemiologia de campo. Além disso, as ações que há muito tempo caracterizam a atuação da vigilância sanitária no país são, principalmente, o controle, a regulamentação, a apreensão, a interdição, o poder de polícia, a fiscalização e a inspeção sanitária. As ações de notificação, investigação de casos, monitoramento e divulgação de informações caracterizavam, até então, a vigilância epidemiológica no nosso país. FARMACOECONOMIA Andrade et al. (2007) analisaram a produção científica no Brasil na área de economia da saúde, no período de 1999 a 2004, identificando que 15,2%, em sua maioria na forma de artigos e teses, se referiam medicamentos, insumos e assistência farmacêutica, atrás apenas das publicações acerca de gestão, financiamento, alocação e equidade (47,9%). Os autores ainda classificaram, de forma geral, por tipo de estudo encontrando 23,4% para as análises de custo e gastos em saúde e 6,1% para as análises de custo-efetividade, a maioria como artigos. Mostrando que estudos farmacoeconomicos se sobrepõem aos demais, se tornando maioria no contexto das avaliações econômicas de saúde. A necessidade e a importância das avaliações econômicas no campo da saúde tem sido notável, ao buscar o termo farmacoeconomia e pharmacoeconomic nas bases de dados, encontrou-se 209 publicações, entretanto apenas 70 atenderam os critérios adotados por esta revisão. A tabela 2 caracteriza as publicações encontradas com base no tipo de avaliação farmacoeconômica e quanto ao assunto. 33 Tabela 2: Caracterização das publicações sobre farmacoeconomia. Assunto Quantidade % Custo-efetividade 30 42,9 Conceitos, aplicabilidade, importância da farmacoeconomia 18 25,7 Custos das doenças e tratamentos 12 17,1 Minimização de custos 3 4,3 Gastos na aquisição de medicamentos 3 4,3 Outros 4 5,7 A análise do tipo custo-efetividade foi encontrada em 43% das publicações revisadas, revelando-se o método mais utilizado. De acordo com Secoli et al. (2005), esse tipo de análise é mais utilizado porque possibilita o uso, na prática, das unidades de efetividade dos ensaios clínicos. Todas as análises de custo-efetividade encontradas compararam tratamentos farmacológicos, encontrou-se duas análises de minimização de custo e uma análise de custo-utilidade juntamente com os estudos de custo-efetividade. Um estudo revisou análises farmacoeconômicas das vacinas, e afirmou que esses produtos são extremamente custo-efetivos e capazes de gerar mais benefícios do que gastos, pois se revelam uma estratégia eficiente na prevenção e erradicação de algumas doenças, o autor ainda destaca que as análises farmacoeconômicas podem avaliar vacinas específicas como também avaliar diferentes estratégias de vacinação (Armstrong, 2007). Por ser uma disciplina nova, muitas publicações enfatizam seus conceitos, importância e utilidades, correspondendo a cerca de 26% das publicações encontradas. Drummond (2000) e Olson et al., (2003) se referiram a utilização de modelos econômicos. Bombardier & MAETZEL (1999) e Kavanaugh (2006) discutem a importância da avaliação dos custos de tratamentos, de novos medicamentos. Malone (2005) relaciona a farmacoeconomia com a medicina baseada em evidências. Para Velásquez (1999) a farmacoeconomia possui 3 objetivos: avaliação econômica para o desenvolvimento de novos fármacos, avaliação econômica para determinar o preço de produtos e avaliações para calcular o reembolso do produto, para o autor, na 34 farmacoeconomia predomina o interesse comercial da indústria farmacêutica. Aproximadamente 66% das publicações se referiram às alternativas terapêuticas para o tratamento de variadas situações clínicas, custo da doença e custo do tratamento. Os estudos sobre o custo e tratamento das doenças analisaram os custos diretos da doença ou de suas complicações e destacaram o benefício do tratamento com economia dos recursos além de auxiliarem na escolha da terapia. Conney & Kaston (1999) avaliaram os custos do tratamento da agitaçãocom lítio e divalproex, e os problemas relacionados a esses medicamentos em idosos de uma instituição geriátrica na Califórnia, Estados Unidos, e concluíram que o custo de aquisição de divalproex é maior, no entanto o lítio foi responsável por mais eventos adversos, provocando hospitalizações e aumento do gasto associado ao tratamento das morbidades ocasionadas pelo lítio. Encontrou-se apenas 3 estudos de minimização de custos, Cantor et al., (2003) e Terres et al., (2003) avaliaram comparativamente duas alternativas terapêuticas de eficiência equivalente baseando-se no modelo econômico do tipo árvore de decisões. Vicedo et al., (2004) também realizou uma análise de minimização de custos onde analisou e comparou as prescrições e custos de medicamentos utilizados no tratamento da pneumonia comunitária em dois hospitais de Madri, Espanha. Todas as análises foram realizadas sob a perspectiva do pagador. As publicações cujo tema denominou-se “outros” discorreram a respeito do ensino de farmacoeconomia, sobre a identificação de publicações, associações, sociedades e centros de farmacoeconomia e sobre a qualidade dos estudos. Shaya & Lyles (2003) redigiram um editorial comentando o artigo de Offman et al., (2003) que desenvolveu o instrumento Quality of Health Economic Studies (QHES) com a finalidade de classificar e selecionar estudos farmacoeconômicos e enfatizam a necessidade de avaliar a validade e qualidade desses estudos devido ao aumento de análises econômicas no campo da saúde e seu impacto no processo de tomada de decisões. Outro estudo avaliou, através de um questionário validado, a qualidade de informações sobre farmacoeconomia, a partir da análise de páginas da internet de centros e organizações 35 relacionados a farmacoeconomia na União Europeia, Estados Unidos e Canadá (DOMÍNGUEZ-CASTRO & IÑESTA-GARCIA, 2004). Três estudos analisaram o gasto na aquisição de medicamentos, Grangeiro et al., (2006) analisou o dispêndio para a aquisição de anti- retrovirais e contesta a sustentabilidade da política de acesso desses medicamentos no Brasil, frente ao considerável aumento de gastos com anti-retrovirais. Já Ferraes & Júnior (2007) avaliaram a estratégia de consórcio na aquisição de medicamentos no Paraná, Brasil, como alternativa para racionalizar e otimizar recursos concluindo que a constituição do Consórcio Paraná Saúde para adquirir medicamentos é uma eficiente estratégia de forma que reduz os custos, possibilitando maior cobertura das ações de assistência farmacêutica à população. Garcia et al., (2003), concluíram que os medicamentos genéricos produziram diminuição no custo do tratamento da hipertensão arterial, através da análise, sob a perspectiva do Sistema Nacional de Saúde da Espanha de dois grupos terapêuticos com consumo elevado. INTERFACE ENTRE ATENÇÃO FARMACÊUTICA E FARMACOECONOMIA Ao relacionar farmacoeconomia com atenção farmacêutica, percebe-se uma consistente conexão entre os dois temas. Os medicamentos têm contribuído expressivamente para a redução e da morbidade e mortalidade ao longo do século XX, no entanto podem aumentar os custos de uma intervenção terapêutica se for mal utilizado (LEITE et al., 2008). De acordo com Vieira & Mendes (2007) no Brasil, assim como em outros países do mundo, a evolução dos gastos com medicamentos tem sido de forma ascendente e preocupante para os cofres públicos, comprometendo investimentos em outras áreas da saúde. A Canadian Medical Association Journal, 2007, indica que as características da população, o sistema de saúde, a evolução técnico científica, a indústria farmacêutica e o perfil de usuários e profissionais de saúde perfazem os fatores relacionados a essa elevação (Canadian Medical Association Journal apud VIEIRA & MENDES, 2007). 36 Dessa forma pode-se inferir que o aumento de gastos com medicamentos está relacionado com o perfil epidemiológico da população, ao aumento do consumo e ao uso inadequado, que gera gastos para tratar suas consequências. A atenção farmacêutica é uma nova prática em fase de crescimento no mundo, e impõe ao farmacêutico a responsabilidade pela farmacoterapia em conjunto com o paciente, promovendo o uso correto e racional dos medicamentos, minimizando os riscos de falhas na farmacoterapia a partir do uso de diversas estratégias, nesse contexto, a farmacoeconomia pode ser uma eficiente ferramenta, visto que contribui para a conduta terapêutica, observando aspectos clínicos e econômicos, tornando possível a otimização da terapia. As publicações sobre farmacoeconomia revisadas, basicamente avaliam opções terapêuticas, analisam os custos de doenças e tratamentos e o gasto com medicamentos. Apenas duas, das publicações analisadas, se referiram a economia que a atenção farmacêutica pode proporcionar, no entanto nenhum estudo avaliou o custo-benefício, custo-efetividade e custo-utilidade dos resultados da atenção farmacêutica. Nos últimos anos, os governos de vários países vêm adotando algumas medidas para conter os gastos farmacêuticos, dentre elas está o fortalecimento da atenção farmacêutica e a realização de estudos farmacoeconômicos (MOTA, 2003). Segundo Jonhson & Bootmam (1997) a atenção farmacêutica ambulatorial pode reduzir em aproximadamente 60% a ocorrência de falhas terapêuticas e evitar 45,6 bilhões de dólares com custos diretos de saúde. Diante do exposto, é necessária uma reorientação da prática farmacêutica voltada à otimização da utilização dos medicamentos, uma vez que a atenção farmacêutica aliada à farmacoeconomia podem ser ferramentas de grande utilidade para diminuir o impacto com os gastos da saúde e melhorar os resultados terapêuticos (MOTA, 2003). O desperdício de recursos associado aos PRM, juntamente com o aumento dos gastos farmacêuticos, desenvolvimento de novos fármacos e pela necessidade da escolha do tratamento visando eficiência, eficácia e efetividade, impulsionou o surgimento, no campo da economia da saúde, da 37 farmacoeconomia, uma disciplina aplicada ao estudo econômico dos medicamentos, que visa melhorar a utilização de recursos (MOTA, 2003). Os estudos farmacoeconômicos comparam alternativas terapêuticas a partir da análise de custos e resultados considerando seus riscos e benefícios. Possuem ampla utilidade que compreendem desde avaliações de opções terapêuticas até a formulação de estratégias de comercialização pelas indústrias farmacêuticas. As análises farmacoeconômicas requerem o conhecimento de termos técnicos específicos como eficiência, efetividade, eficácia, desfechos e custos (SECOLI et al., 2005). Os custos se referem ao valor de insumos utilizados e podem ser classificados em diretos, indiretos e intangíveis. Os custos diretos são aqueles diretamente relacionados à assistência a saúde, por exemplo, medicamentos, materiais, honorários profissionais entre outros. Os custos indiretos são relacionados à perda da capacidade produtiva do indivíduo frente à morbi-mortalidade, por exemplo, dias de trabalho perdidos e incapacidade. Os custos intangíveis representam o sofrimento, dor, morte, qualidade de vida e são difíceis de serem estimados em valores monetários (SECOLI et al., 2005). Desfechos são os resultados, as consequências da intervenção da saúde e podem ser expressos em unidades clínicas, humanísticas e monetárias, dependendo da perspectiva da análise. Eficácia se refere aos resultados de uma intervenção realizada em meio ideal, como nos ensaios clínicos. Já a efetividade se refere aos resultados da uma intervenção em condições reais, na prática. A eficiência relaciona custos e benefícios de uma intervenção (SECOLI et al., 2005). Vários autores relatam quatro tipos de análises farmacoeconômicas: Análise de minimização de custos: compara apenas os custos de duas ou mais opções que tenhao mesmo efeito sobre a saúde, ou seja, mesma eficácia, efetividade, riscos e benefícios, e se elege a alternativa mais econômica (GONZALEZ, 1999; HERRERA & DIAZ, 2000; SECOLI et al., 2005; GUIMARÃES et al., 2007). 38 Análise de custo-benefício: avalia os custos e os resultados expressos em unidades monetárias, da implementação de um programa sanitário ou de tratamentos, sua grande dificuldade é valorar em termos econômicos resultados como morte e sofrimento (GONZALEZ, 1999; HERRERA & DIAZ, 2000; SECOLI et al., 2005). Análise de custo-efetividade: identifica e quantifica os custos e os resultados de opções terapêuticas para o alcance do mesmo objetivo onde os custos são expressos em unidades monetárias e os resultados em unidades clínicas de efetividade, como número de mortes evitadas, complicações evitadas, anos de vidas ganhos, entre outras. É o tipo de análise mais utilizada na farmacoeconomia (GONZALEZ, 1999; HERRERA & DIAZ, 2000; SECOLI et al., 2005; GUIMARÃES et al., 2007). Análise de custo-utilidade: avalia intervenções terapêuticas a partir da análise de custo, em termos monetários, e os efeitos sobre a saúde são expressos pela qualidade de vida, é o tipo de avaliação mais complexa (GONZALEZ, 1999; HERRERA & DIAZ, 2000; SECOLI et al., 2005; GUIMARÃES et al., 2007). A apresentação das definições acerca da farmacoeconomia evidencia a diversidade de avaliações que podem ser realizadas, abordando diferentes perspectivas, seja da indústria farmacêutica, do financiador, do hospital, do profissional de saúde ou da sociedade no processo de intervenção da saúde. No exercício da atenção farmacêutica, o farmacêutico pode utilizar dados provenientes da farmacoeconomia para otimizar a utilização dos medicamentos e promover o seu uso racional com consequente redução dos gastos com a saúde, entretanto faz-se necessário mensurar os resultados dessa prática para avaliar seu real impacto sob a saúde, sociedade e para os gastos assistenciais. 39 FARMACOECONOMIA APLICADA À ONCOLOGIA E A MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE ONCOLÓGICO Os custos com as terapias vêm aumentando, dia a dia, em virtude da incorporação de novas tecnologias. O mercado vem oferecendo medicamentos ditos “específicos”, mais “inteligentes”, com menor toxicidade, mas sobretudo com custo muitas vezes inacessível. Paralelos a isso, outros fatores que oneram as terapias contra o câncer são “novos medicamentos”, com efeitos semelhantes aos de outros já consagrados e utilizadas na prática clínica, entretanto com custos muito diferentes, sendo em geral mais caros que aqueles mais antigos. A farmacoeconomia é a ferramenta utilizada como ponto de definição entre o que é melhor, tomando como base a relação custo-benefício, oferecendo subsídios para as escolhas, mediante a necessidade de cada paciente. Vale ressaltar que a farmacoeconomia, além de otimizar os recursos financeiros, não leva em conta apenas os aspectos econômicos de uma terapia, mas acima de tudo, o sucesso dela, contribuindo para uma melhor qualidade de vida do paciente. O uso irracional de medicamentos, sem conhecimento, informação, orientação e sem planejamento, aumenta os riscos de reações indesejáveis e pode agravar a doença e comprometer a saúde financeira do hospital. O farmacêutico precisa se conscientizar de que a farmácia é uma unidade de negócio e que, desta forma, ele também é visto como um empreendedor dentro da unidade hospitalar. Com a aplicação dos princípios farmacoeconômicos no cotidiano da farmácia e, em especial, na área de oncologia, estamos eliminando desperdícios, sendo ágeis, competitivos e envolvidos no custo do tratamento. A atuação, nessa área do conhecimento, gera a valorização do farmacêutico dentro do hospital. Com recursos finitos, temos que cooperar para que as melhores escolhas sejam realizadas e as patologias possam ser tratadas com a tecnologia mais custo-efetivamente disponível. Na área assistencial, cada vez mais, se observa a necessidade da existência do farmacêutico com visão e experiência clínica, atuando junto aos pacientes no manuseio das reações adversas do tratamento, na toxidade das 40 drogas, com terapias de suporte, além das terapias complementares direcionadas ao câncer. A atuação clínica do farmacêutico em oncologia consiste na provisão responsável da Pharmacia Brasileira: Como implantar farmacoterapia com o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Busca encontrar e resolver de maneira sistematizada e documentada todos os problemas relacionados com os medicamentos que apareçam no transcorrer do tratamento do paciente. Além disso, compreende a realização do acompanhamento farmacológico do paciente com dois objetivos principais: • Responsabilizar-se pelo paciente para que haja sucesso da terapia proposta pelo médico; • Estar atento para que ao longo do tratamento as reações adversas aos medicamentos sejam as mínimas possíveis, e no caso de surgirem, que se possa resolvê-las ou minimizá-las, prevenir e corrigir. Enfim, é um conceito de prática profissional em que o paciente é o mais importante beneficiado das ações do farmacêutico. O exercício profissional do farmacêutico passa, hoje, pela concepção clínica de sua atividade, sua integração e colaboração com o restante da equipe de saúde e o cuidado direto com o paciente. A variabilidade enorme de patologias unida à ampla disponibilidade terapêutica oferece múltiplas possibilidades de abordagem e resolução de problemas relacionados á terapêutica. O paciente oncológico, em especial, é diferenciado, pela complexidade da terapêutica, além da gravidade da doença, visto que, hoje, o câncer é uma doença crônica que, dependendo do acompanhamento, o paciente pode vir a ter uma maior sobrevida e melhor qualidade de vida. Neste momento, a presença do farmacêutico agrega confiança e desenvolve uma relação que vem beneficiar o paciente quanto à adesão ao tratamento. Em muitas situações, o paciente com câncer é acompanhado de dúvidas, incertezas, temores que, muitas vezes, o levam a abandonar o tratamento, sem mesmo tê-lo iniciado. 41 Muitas ações podem ser desenvolvidas com o objetivo de melhorar o resultado da terapia e da qualidade de vida deste paciente, principalmente no que diz respeito ao surgimento de reações adversas causadas pela própria quimioterapia, e como manuseá-las. Citamos, aqui, algumas das orientações fornecidas aos pacientes que devem ser acompanhados bem de perto pelo farmacêutico. Esta orientação deve ser clara, precisa e mais simples possível, para que o paciente não sinta nenhuma dificuldade adicional no tratamento. Descrevemos, a seguir, os problemas mais frequentes, decorrentes de quimioterapia e que, muitas vezes, incapacitam e aumentam o sofrimento do paciente, não só no aspecto fisiológico, mas também psicossocial. Terapia de suporte Manejo da náuseas e vômitos Náuseas e vômitos são vistos pelos pacientes como efeitos adversos assustadores e particularmente desagradáveis da terapia citostática. Sua severidade pode até mesmo levar ao término prematuro da terapia. Portanto é pertinente prover uma terapia anti-emética eficiente. Seus aspectos devem ser considerados no plano de cuidado e comentados na atenção ao paciente. Por ser uma reação que identifica o problema do paciente, ele muitas vezes adia ou se recusa a iniciar o tratamento para que ninguém saiba que ele tem câncer. Nesse cenário a atuação multidisciplinar de farmacêuticos, médicos e psicólogos poderá ter excelentes resultados sobre a adesão. Mucosite Inflamação da mucosa – mucosite – pode ser observada em vários locais. A mucosite é uma das reações adversas mais frequentes e debilitantes, pois em muito compromete o perfil nutricional do paciente. Lesões na mucosa podemser muito dolorosas e reduzir significativamente a qualidade devida dos pacientes com câncer. É uma das responsabilidades do farmacêutico dar recomendações aos pacientes sobre profilaxia da mucosite e seu tratamento. 42 REFERÊNCIAS Handbook of resolutions and decisions of the World Health Assembly and Executive Board, Vol 11948-1972. Geneva: World Health Organization, 1973. WHA16.36 Clinical and pharmacological Evaluation of Drugs. International Drug Monitoring: The Role of National Centres (WHO Technical Report Series No. 498). Geneva: World Health Organization, 1972. Estes anos formativos (1968-1975) foram descritos em: Venulet J. The WHO Drug Monitoring Programme: The formative years (1968-1975), e em Bankowski Z, Dunne JF (eds). Drug surveillance: International co-operation past, present and future. Proceedings of the XXVIIth CIOMS Conference, Geneva, Switzerland 14-15 September 1993. CIOMS 1994. pp13-21 Meyboom RHB, Egberts ACG, Gribnau FWJ, Hekster YA. Pharmacovigilance in perspective. Drug Safety 1999; 21(6): 429-447. Abbing HDCR. Legal aspects of medical devices: Study on regulatory mechanisms for safety control. Health Services Research. IOS Press 1993: 358-361. Fracchia GN, Theofilatou M (eds); Mehta U, Milstien JB, Duclos P, and Folb PI. Developing a national system for dealing with adverse events following immunization. Bulletin of the World Health Organization 2000, 78(2), 170-177. Craven BM, Stewart GT, Khan M. Chan TYK. Monitoring the safety of herbal medicines. Drug Safety 1997; 17(4): 209-215. Effective communications in Pharmacovigilance. The Erice Report. International Conference on Developing Effective Communications in Pharmacovigilance, Erice, Sicily, 24-27 September 1997, quando foram desenvolvidas as diretrizes políticas conhecidas como Declaração Erice. WHO Medicines Strategy: Framework for Action in Essential Drugs and Medicines Policy 2000-2003. WHO/EDM/2000.1 Olsson S. The role of the WHO Programme for International Drug Monitoring in co-ordinating worldwide drug safety efforts. Drug Safety 1998; 19(1): 1-10. Bate A, Lindquist M, Edwards IR et al. A Bayesian neural network method for RAM signal generation. European Journal of Clinical Pharmacology 1998, 54:315-321. Coulter DM. The New Zealand intensive medicines monitoring programme in pro- active safety surveillance. Pharmacoepidemiology and Drug Safety 2000; 9:273- 43 280; and Mackay FJ. Post-marketing studies: the work of the Drug Safety Research Unit. Drug Safety 1998:19(5): 343-353. Folb PI and ten Ham M. 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New England Journal of Medicine 2000; 343(11): 808-810. Uma análise retrospectiva conduzida pela Agência de Controle de Medicamentos no Reino Unido descobriu que os estudos sobre vigilância pós- comercialização patrocinados por empresas têm contribuído de forma limitada à avaliação da segurança dos medicamentos, em grande parte devido a pesquisas inconsistentes e dificuldades de recrutamento. Waller PC, Wood SM, Langman MJS, Breckenridge AM, Rawlins MD. Da mesma forma, uma auditoria realizada por uma organização de proteção ao consumidor nos Estados Unidos mostra que na grande maioria dos casos onde um estudo da Fase IV foi requisitado como condição para registro nos Estados Unidos, o requerente não cumpriu as obrigações. Sasich LD, Lurie P, Wolfe SM. The Drug Industry’s performance in finishing post-marketing research (Phase IV) studies. http://www.citizen.org/hrg/Publications/1520.htm A quinta ementa da Declaração de Helsinki contém uma nova disposição sobre a importância de se fazer com que a elaboração e as descobertas de estudos de pesquisas clínicas sejam abertas ao público. Editorial: A fifth amendment for the Declaration of Helsinki. Lancet 2000. 356 (9236): 1123. Ela inclui implicitamente a comunicação de questões de segurança que surgem durante pesquisas clinicas. Isto estimularia maior comunicação entre as agências reguladoras em diferentes países, com respeito a preocupações de segurança, levando em consideração o melhor gerenciamento dos pacientes e de decisões a serem tomadas que minimizariam riscos futuros. Onde há notificação de riscos inesperados e graves, a suspensão ou descontinuidade da pesquisa pode ser a única opção. Meyboom RHB, Egberts ACG, Gribnau FWJ, Hekster YA. Pharmacovigilance in perspective. Drug Safety 1999; 21(6): 429-447. Benefit-risk balance for marketed drugs. Evaluating safety signals: Report of CIOMS working group IV. CIOMS, Geneva. 1998. Editorial: Good manners for the pharmaceutical industry. Lancet 1997; 349: 1635. Editorial: Drug-company influence on medical education in USA. Lancet 2000; 356: 781. Angell M. The pharmaceutical industry – to whom is it accountable? New England Journal of Medicine 2000; 342 (25):1902-4. 45 Dickman TF, Veit HR. Consumerism and Escalating Drug Costs. Drug Benefit Trends 2001; 13 (1): 48-52. Barton C, Silvey J. The Internet and drug safety: What are the implications for pharmacovigilance? Drug Safety 1999; 20(2): 95-107. Davidoff F, DeAngelis C, Drazen JM, et al. Sponsorship, authorship, and accountability. Journal of the American Medical Association. 2001; 28(10): 1232- 4. International harmonization of regulatory activities: future options. Wieniawski W. WHO Drug Information 2000; 14 (3): 145-159; Folb PI, Olliaro P. 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