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<p>Profª Marcia Menon</p><p>Profª Marta Elaine dos Santos</p><p>2024</p><p>2</p><p>Sumário:</p><p>Dicionário................................................................................................................... ................. 03</p><p>Concepção de saúde................................................................................................................... 08</p><p>Necessidades humanas básicas................................................................................................... 11</p><p>Qualidade de vida....................................................................................................................... 13</p><p>Processo de adoecimento........................................................................................................... 14</p><p>Níveis de atenção a saúde........................................................................................................... 16</p><p>Ecossistema................................................................................................................................ 18</p><p>Cadeia alimentar............................................................................................................ 20</p><p>Ecossistema e processo saúde doença........................................................................... 21</p><p>Saneamento ambiental.................................................................................................. 23</p><p>Abastecimento de água.................................................................................................. 23</p><p>Esgoto sanitário.............................................................................................................. 24</p><p>Disposição do lixo........................................................................................................... 24</p><p>Atuação da enfermagem................................................................................................ 25</p><p>Sistema imunológico................................................................................................................... 26</p><p>Agentes macro e microbiológicos causadores de doença........................................................... 32</p><p>Bactérias........................................................................................................................ 32</p><p>Protozoários................................................................................................................... 34</p><p>Fungos............................................................................................................................ 38</p><p>Hemintos........................................................................................................................ 39</p><p>Artropódes..................................................................................................................... 43</p><p>Vírus .............................................................................................................................. 46</p><p>Referência bibliográfica.............................................................................................................. 49</p><p>3</p><p>Dicionário:</p><p>Anticorpo: glicoproteína produzida pelo sistema imune de um organismo, em reação à entrada</p><p>de alguma substância estranha ao corpo (antígeno). Têm a função de reconhecer, neutralizar e</p><p>marcar os antígenos para que sejam fagocitados ou eliminados. Sua produção pode ser induzida</p><p>pela aplicação de vacinas.</p><p>Antigenicidade: capacidade do agente etiológico em induzir no hospedeiro a formação de</p><p>anticorpos, ou seja, produz resposta imunológica.</p><p>Antígeno: qualquer substância que estimula o organismo a iniciar uma resposta imune. Essa</p><p>substância não é reconhecida pelo corpo, que iniciará uma luta contra ela. O antígeno pode ser</p><p>moléculas de fungos, vírus, bactérias, ou ainda de outros componentes, como alimentos, pólen</p><p>e células de outros organismos. Também pode ter origem em células do próprio organismo.</p><p>Cadeia Epidemiológica: ou Cadeia de Transmissão, ou Cadeia de infecção representa um</p><p>conjunto de elementos (fonte de infecção, via de eliminação, via de transmissão, porta de</p><p>entrada, susceptível) relacionados, que demonstra o processo de propagação de doenças</p><p>transmissíveis em populações animais.</p><p>Caso (ou doença) autóctone: caso confirmado de pessoa ou animal que contraiu a doença na</p><p>própria região sem que tenha se deslocado para outras regiões com risco de transmissão da</p><p>doença.</p><p>Cepa: população de microrganismos de uma mesma espécie descendente de um antepassado</p><p>comum ou que tenha a mesma origem. No caso de cepas vacinais, são conservadas mediante</p><p>uma série de passagens por hospedeiros ou meios de cultura adequados.Cisto: forma de</p><p>resistência de certos protozoários, nos quais se encontra uma película ou cápsula protetora,</p><p>envolvendo uma forma capaz de reproduzir-se quando encontrar o ambiente adequado.</p><p>Cobertura vacinal: esse termo refere-se ao percentual da população que está vacinada.</p><p>Doença emergente: aquela que aparece ou se diagnostica pela primeira vez ou aquela cuja</p><p>incidência tem aumentado nos últimos dois decênios, e tende a incrementar no futuro.</p><p>Endemia: caracterizada pela ocorrência de uma doença presente de maneira permanente e</p><p>persistente em uma determinada região, que não se espalha para outros lugares.</p><p>Epidemia: é utilizado para uma doença cujo aparecimento é súbito e se propaga por uma</p><p>determinada zona geográfica afetando um número significativo de pessoas ou de animais.</p><p>Epidemiologia: ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de saúde</p><p>em populações.</p><p>Etiologia: causa específica de uma determinada doença.</p><p>4</p><p>Fase prodrômica: é a fase que precede o aparecimento de sintomas de uma dada doença, na</p><p>qual a maioria dos sinais clínicos são inespecíficos.</p><p>Fômites: Utensílios que podem veicular o agente etiológico de um hospedeiro a outro.</p><p>Fonte de infecção: animal vertebrado que alberga o agente etiológico e o elimina para o meio</p><p>exterior.</p><p>Hospedeiro: um ser vivo de qualquer espécie que ofereça, em condições naturais, subsistência</p><p>ou alojamento a um agente infeccioso. O hospedeiro pode ser de três tipos:</p><p>- hospedeiro definitivo: é aquele no qual o parasita atinge a maturidade ou passa a sua fase de</p><p>reprodução sexuada;</p><p>- hospedeiro intermediário: é aquele no qual o parasita se encontra em fase larvária ou</p><p>assexuada;</p><p>- hospedeiro transporte: trata-se de um hospedeiro intermediário no qual o parasita não se</p><p>desenvolve ou se reproduz; este hospedeiro apenas mantém o parasita viável até que ele.</p><p>Imunidade: estado em que um hospedeiro não é susceptível à uma infecção ou doença; ou o</p><p>mecanismo pelo qual isto é alcançado.</p><p>Imunidade de grupo: ocorre quando a proporção de indivíduos imunes em uma população se</p><p>torna tão grande que uma doença contagiosa não consegue se espalhar.</p><p>Imunidade passiva: adquirida naturalmente da mãe ou artificialmente pela inoculação de</p><p>anticorpos protetores específicos (soro imune de convalescentes ou imunoglobulina sérica). A</p><p>imunidade passiva é pouco duradoura.</p><p>Imunoprofilaxia: prevenção de uma doença através da imunidade conferida pela administração</p><p>de vacinas ou soros a uma pessoa ou animal.</p><p>Infecção: penetração e desenvolvimento, ou multiplicação de um agente infeccioso no homem</p><p>ou animal.</p><p>Infecção Inaparente: presença do agente etiológico em um hospedeiro sem aparecimento de</p><p>qualquer sintoma clínico.</p><p>Infestação: desenvolvimento, reprodução e alojamento de macroparasitas na superfície do</p><p>corpo, vestes ou moradias de seres humanos ou animais.</p><p>Janela imunológica: intervalo entre o início da infecção e a possibilidade de detecção</p><p>de anticorpos através de técnicas laboratoriais.</p><p>Oocisto: estado evolutivo enquistado do ciclo sexuado dos parasitas incluídos nos</p><p>esporozoários, capaz de permanecer certo tempo inativo antes de germinar.</p><p>orgânicas e inorgânicas.</p><p>Classificação dos Seres Vivos:</p><p>1) Reino das Moneras (Monera)</p><p>Principais características: são unicelulares; não apresentam núcleo organizado (são</p><p>procariotas); são microscópicos (microrganismos); de acordo com a Biologia Evolutiva, foram as</p><p>primeiras formas de vida que se desenvolveram em nosso planeta. Exemplos de representantes</p><p>deste reino: bactérias, cianobactérias e arqueobactérias.</p><p>BACTÉRIAS</p><p>As bactérias são parte integral e inseparável da vida na terra. Elas são encontradas em</p><p>qualquer lugar, revestem a pele, as mucosas e fazem parte do trato intestinal dos seres humanos</p><p>e dos animais. Elas estão ligadas às vidas de organismos e aos amplos ambientes em que</p><p>habitam.</p><p>As bactérias possuem diversas formas, podem ser esféricas, chamadas de cocos, quando</p><p>redondas, ovais, achatadas ou alongadas; podem se dividir em pares (diplococos), em cadeias</p><p>(estreptococos) e em cachos (estafilococos). Podem ter a forma cilíndrica, em bacilo ou espiral,</p><p>33</p><p>na qual o bacilo se divide sobre seu eixo menor, constituídas por poucos arranjos ou</p><p>agrupamentos. As espiraladas podem ter um ou mais espirais e podem ter o corpo em forma de</p><p>uma vírgula, chamado de vibriões.</p><p>O corpo humano possui flora fisiológica, ou seja, suas partes possuem colonização de</p><p>bactérias desde o momento de seu nascimento. A pele, cavidade oral, vias aéreas superiores,</p><p>vagina, uretra anterior, conjuntiva, ouvido e intestinos têm suas distintas floras microbianas. A</p><p>alteração dessa flora pode ocasionar desequilíbrio e, por vezes resultar em infecções, pois são</p><p>importantes barreiras contra patógenos.</p><p>O sangue, encéfalo, ouvido interno, coração e pulmões são estéreis, e qualquer</p><p>contaminação pode gerar infecções graves.</p><p>Uma preocupação mundial em relação às bactérias e ao tratamento das infecções é a</p><p>resistência microbiana, ou seja, a ausência de resposta ao tratamento antimicrobiano. Isso</p><p>acontece quando o microrganismo já se encontra resistente a um determinado antibiótico, ao</p><p>qual uma vez já foi sensibilizado. Esta situação ocorre devido ao uso indiscriminado de</p><p>antibióticos, ao uso incorreto dos mesmos, à interrupção do tratamento, e à negligência quanto</p><p>à realização de testes de sensibilidade (antibiograma).</p><p>Como as bactérias são capazes de sofrer mutações em seus genes, elas se adaptam</p><p>conforme sua exposição ao antibiótico em questão, até que em certo momento, não são mais</p><p>acometidas pela ação do mesmo.</p><p>Mecanismos de transmissão das bactérias:</p><p>• Transmissão por contato:</p><p>- direto - pessoa a pessoa (IST, M. tuberculosis, M. leprae, C.diphteriae);</p><p>- indireto - fômites (C. tetani; cocos gram +);</p><p>- aerossóis ou perdigotos (vírus, S.pneumonia, Bordetella pertussis);</p><p>• Transmissão por veículos:</p><p>- água (V.cholerae);</p><p>- alimentos (infecção alimentar);</p><p>- solo (C. tetani);</p><p>- ar (Streptococcus, Staphylococcus).</p><p>• Transmissão por vetores artrópodes - Rickettsia, Yersinia pestis, Borrelia burgdorferi;</p><p>• Transmissão por animais - Leptospira, Chlamydia, Salmonella.</p><p>Doenças causadas por bactérias: Endocardite, Pneumonia, Empiema, Osteomielite, Otite,</p><p>Sinusite, Meningite, Infecção urinária, Artrite, Bacteremia, etc.....</p><p>34</p><p>Úlcera Péptica</p><p>Agente etiológico Helicobacter pylori</p><p>Ciclo evolutivo Há o surgimento de uma lesão gástrica inicial, na qual o H. pylori</p><p>coloniza a mucosa gástrica e a destrói, devido a produção de mucinase</p><p>bacteriana, havendo perda parcial ou total da porção apical do epitélio</p><p>gástrico. Em seguida essa lesão inicial poderá evoluir para úlcera</p><p>duodenal, úlcera gástrica ou câncer gástrico.</p><p>Transmissão Postulam-se três formas de transmissão: via oral-oral, orogástrica,</p><p>gastrogástrica ou iatrogênica e transmissão fecal oral.</p><p>Sinais e sintomas Na fase aguda há sensação de plenitude, náusea, vômito, diminuição</p><p>da produção do ácido gástrico (hipocloridria). Na fase crônica há</p><p>substituição da mucosa gástrica por fibrose.</p><p>Tratamento Antibióticos</p><p>Prevenção Melhoria das condições de higiene individual e medidas de controle de</p><p>infecção.</p><p>Tétano</p><p>Agente etiológico Clostridium tetani</p><p>Ciclo evolutivo Após a introdução dos esporos na lesão eles germinam e se</p><p>multiplicam. Após a lise celular, a toxina liberada liga-se a junções</p><p>neuromusculares dos neurônios motores, para então ser endocitada. A</p><p>toxina chega então ao SNC e impede a liberação de neurotransmissores</p><p>e glicina pelos neurônios e bloqueia os impulsos inibitórios aos</p><p>neurônios motores.</p><p>Transmissão Introdução do esporo da bactéria através de ferimentos ou lesões na</p><p>pele e mucosa, superficiais ou profundos, de qualquer natureza.</p><p>Sinais e sintomas Trismo, riso sardônico, dificuldades em deambular, hipertonias</p><p>musculares mantidas, localizadas ou generalizadas, ausência de febre</p><p>ou febre baixa, hiperreflexia profunda, contraturas paroxísticas que se</p><p>manifestam à estimulação do paciente (estímulos táteis, sonoros,</p><p>luminosos ou alta temperatura ambiente).</p><p>Tratamento Imunoglobulina antitetânica humana, Soro antitetânico, antibióticos.</p><p>Prevenção Vacinação</p><p>2) Reino dos Protistas (Protista)</p><p>Principais características: são eucariotas; são organismos intermediários, ou seja,</p><p>apresentam características de animais (caso dos protozoários) e plantas (caso das algas).</p><p>Exemplos de representantes deste reino: amebas, flagelados, esporozoários e algas.</p><p>35</p><p>PROTOZOÁRIOS</p><p>Organismos protista, eucariotas, formados por uma única célula, que para cada função</p><p>existe uma organela. Possuem várias morfologias, tipos de alimentação, movimentação e</p><p>desenvolvimento. Os quadros a seguir descrevem os agentes etiológicos, suas principais</p><p>características e relação com a saúde humana.</p><p>DOENÇA DE CHAGAS ou Tripanossomíase americana</p><p>Agente etológico Trypanosoma cruzi</p><p>Ciclo evolutivo Após a picada do vetor e o repasto sanguíneo no hospedeiro vertebrado</p><p>(homem), há eliminação de tripomastígotas metacíclicos pelas fezes,</p><p>causando prurido intenso na região. No mesmo local, ocorre a</p><p>diferenciação de tripomastígotas para amastígotas que se multiplicam</p><p>por divisão binária, após se transformam em tripomastígotas e são</p><p>liberadas no interstício caindo na corrente sanguínea e atingem outras</p><p>células onde ocorre novo ciclo celular, ou são destruídas por mecanismos</p><p>imunológicos.</p><p>Transmissão Transmissão pelo vetor com penetração de tripomastígotas metacíclicas;</p><p>Transfusão sanguínea; Acidentes de laboratório; Transmissão oral por</p><p>alimentos contaminados; Transplante pelo órgão transplantado;</p><p>Transmissão vertical (congênita).</p><p>Sinais e sintomas Fase aguda: manifestações locais na conjuntiva, Sinal de Romaña ou na</p><p>pele Chagoma de inoculação após a picada do barbeiro;</p><p>Fase crônica assintomática: fase latente quando há positivação de</p><p>exames sorológicos, mas sem sinais e sintomas da doença;</p><p>Fase crônica sintomática: pode apresentar forma cardíaca e digestiva,</p><p>mudando a anatomia e fisiologia do miocárdio e do tudo digestivo,</p><p>ocasionando insuficiência cardíaca e megacólon com dilatações no</p><p>sigmoide e reto</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Higiene e limpeza nas habitações rurais; combate ao barbeiro com o uso</p><p>de inseticidas ou métodos biológicos; controle em bancos de sangue por</p><p>exclusão de pacientes positivos e suspeitos; controle por transmissão</p><p>congênita com tratamento imediato do recém-nato.</p><p>Leishmaniose tegumentar americana</p><p>Agente etiológico Leishmania</p><p>Ciclo evolutivo No momento da picada do flebotomíneo infectado ocorre a</p><p>transmissão do parasito. As formas promastígotas entram no local</p><p>da picada e, entre quatro e oito horas são interiorizadas por</p><p>macrófagos teciduais transformando-se em amastigotas, formando</p><p>o vacúolo fagocitário, esses resistem à ação dos lisossomos,</p><p>36</p><p>multiplicando-se até o rompimento do macrófago, quando são</p><p>liberadas amastigotas, e novamente fagocitadas iniciando uma</p><p>reação inflamatória no local.</p><p>Transmissão</p><p>Picada da fêmea do flebotomídeo; compartilhamento de seringas e</p><p>agulhas contaminadas; transfusão sanguínea.</p><p>Sinais e sintomas Pápulas, que evoluem para úlceras com fundo granuloso e bordas</p><p>infiltradas em moldura, que podem ser únicas ou múltiplas, mas</p><p>indolores. Placas verrucosas, papulosas, nodulares, localizadas ou</p><p>difusas. A forma mucosa, secundária ou não à cutânea, caracteriza-</p><p>se por infiltração, ulceração e destruição dos tecidos da cavidade</p><p>nasal, faringe ou laringe.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Recomenda-se a construção de casas 500 metros afastada de mata</p><p>fechada, uso de repelentes e mosquiteiros</p><p>Leishmaniose Visceral ou Calazar</p><p>Agente etiológico Leishmania chagasi</p><p>Ciclo evolutivo O ciclo se inicia quando as fêmeas hematófagas Lutzomyia</p><p>longipalpis e L. cruzi, infectados, se alimentam em hospedeiro</p><p>vertebrado infectado (homem ou cão), , ingerem células infectados</p><p>que se multiplicam formam flagelo e, em poucas horas, já em forma</p><p>de promastígotas metacíclicas são infectantes para o hospedeiro</p><p>vertebrado, no qual formas promastigotas são fagocitadas por</p><p>macrófagos e se diferenciam em amastigotas e se multiplicam e</p><p>migram para órgão linfóide e, em seguida, para as vísceras.</p><p>Transmissão Picada da fêmea L. longipalpis e L. cruzi infectada;</p><p>compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas; transfusão</p><p>sanguínea.</p><p>Sinais e sintomas Febre de média e longa duração, esplenomegalia, hepatomegalia,</p><p>anemia, leucopenia, trombocitopenia, emagrecimento e caquexia.</p><p>Raramente ocorre nódulo no local da picada.</p><p>Tratamento Medicamento</p><p>Prevenção Combate do vetor, tratamento de pessoas doentes, eliminação de</p><p>cães com a doença, identificação de portadores assintomáticos</p><p>residentes em áreas endêmicas.</p><p>Toxoplasmose</p><p>Agente etiológico Toxoplasma gondii</p><p>Ciclo evolutivo O gato é hospedeiro definitivo, o homem e outros felinos são</p><p>hospedeiros intermediários. Seu ciclo ocorre em duas fases: Fase</p><p>Assexuada e fase Coccidiana. Na assexuada, o homem ingere oocistos</p><p>37</p><p>maduros com esporozoítos encontrados em alimentos ou água</p><p>contaminada, cistos em carne crua ou em forma de taquizoítos</p><p>eliminados no leite que penetrarão na mucosa oral, ou serão</p><p>destruídos ao chegar ao estômago. Após a ingestão e passagem pelo</p><p>epitélio intestinal, esses parasitas sofrerão intensa multiplicação</p><p>intracelular, rompendo células e liberando novos parasitas que irão</p><p>invadir novas células e será disseminado no organismo através de</p><p>taquizoítos livres no sangue ou na linfa, que provocarão vários</p><p>sintomas graves caracterizando a fase aguda da doença.</p><p>Transmissão Ingestão de oocistos através de água ou alimentos contaminados;</p><p>ingestão de cistos através de carne crua ou mal cozida; congênita ou</p><p>transplacentária.</p><p>Sinais e sintomas Cerca de 90% das pessoas que contraem a toxoplasmose não</p><p>manifestam nenhum sintoma. Os outros 10% podem apresentar</p><p>aumento de gânglios, febre, dor muscular e de cabeça (podendo durar</p><p>semanas). A forma mais grave acontece quando recém nato adquire a</p><p>toxoplasmose da mãe, apresentado encefalite; icterícia; urticária e</p><p>hepatomegalia, associado com coriorretinete, hidrocefalia e</p><p>microcefalia e muitas vezes</p><p>Tratamento Associação de antiinflamatório e antiparasitário.</p><p>Prevenção Não consumir carne mal assada ou cozida ou leite cru; controle de</p><p>populações de gatos, que devem ser alimentados de rações próprias,</p><p>fazer incineração das fezes de gatos, proteger caixas de areia em</p><p>parques de uso infantil; exame pré natal para todas as gestantes</p><p>Malaria</p><p>Agente etiológico Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae (P.</p><p>ovale).</p><p>Ciclo evolutivo O ciclo se inicia com o repasto sanguíneo pela picada do inseto vetor</p><p>Formas de esporozoítos são inoculadas na pele do hospedeiro agindo</p><p>no local por 15 minutos, após caem na corrente sanguínea e chegam</p><p>até o fígado invadindo os hepatócitos. Diferencia-se em trofozoítos</p><p>pré-eritrocíticos, se multiplicam dando origem a forma esquizontes</p><p>teciduais e, logo após a milhares de merozoítos, esses invadem os</p><p>eritrócitos onde se transformarão em trofozoítos jovens e, após em</p><p>trofozoítos maduros que, por esquizonia, há a formação de esquizontes</p><p>dando origem aos merozoítos que invadirão outros eritrócitos. Após</p><p>várias gerações de merozoítos ocorre diferenciação em gametócito</p><p>feminino e masculino que no vetor são capazes de se desenvolver e dar</p><p>origem ao esporozoíto infectante.</p><p>Transmissão Picada de fêmeas do mosquito Anopheles infectadas pelo protozoário</p><p>Plasmodium.</p><p>38</p><p>Sinais e sintomas Febre alta, calafrios, tremores, sudorese e dor de cabeça (que podem</p><p>ocorrer de forma cíclica). Há pessoas que, antes de apresentarem tais</p><p>manifestações, sentem náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Prevenção individual da malária estão o uso de roupas que protejam</p><p>pernas e braços, mosquiteiros, telas em portas e janelas e uso de</p><p>repelentes.</p><p>Prevenção coletiva borrifação intradomiciliar, uso de mosquiteiros,</p><p>drenagem, pequenas obras de saneamento para eliminação de</p><p>criadouros do vetor, aterro, limpeza das margens dos criadouros,</p><p>modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática,</p><p>melhoramento da moradia e das condições de trabalho e uso racional</p><p>da terra.</p><p>3) Reino dos Fungos (Fungi)</p><p>Principais características: a maioria das espécies é multicelular; absorvem alimento de</p><p>matéria orgânica, morta ou viva; geralmente se desenvolvem em locais com pouca luz e muita</p><p>umidade; são eucariotas; a reprodução pode ser sexuada ou assexuada (depende da espécie).</p><p>Exemplos de representantes deste reino: cogumelos, leveduras e bolores.</p><p>FUNGOS</p><p>Os fungos são eucariontes, heterótrofos e incorporam seus alimentos por absorção. Em</p><p>sua maioria são multicelulares, mas existem unicelulares, como as leveduras. Existem os</p><p>saprófitas, os parasitas que provocam doenças como as micoses nos humanos. Podem também</p><p>parasitar plantas adoecendo-as. Vale lembrar sua importância na fermentação e na produção</p><p>de alguns queijos, bebidas e antibióticos.</p><p>Doenças causadas por fungos: Candidíase, Asma, Dermatomicoses, Eczema, Criptococose,</p><p>Histoplasmose, Meningite fúngica, Onicomicose.</p><p>Candídiase</p><p>Agente etiológico Candida albicans</p><p>Ciclo evolutivo Levedura presente na flora natural da boca, trato gastrintestinal,</p><p>respiratório superior e vagina. Quase sempre sua multiplicação é</p><p>inibida pelos mecanismos de defesa do organismo.</p><p>Transmissão É transmitida pelo contato com a mucosa transmissão lesionada ou</p><p>através do contato com secreção de pele de seus portadores. Pode ser</p><p>transmitida de forma vertical durante o parto normal. Também pode</p><p>ocorrer disseminação endógena</p><p>39</p><p>Sinais e sintomas Na forma oral, que é a mais comum, ela apresenta como característica</p><p>principal, placas brancas removíveis (aftas), ou ainda, placas vermelhas</p><p>e lisas na região do palato. Na forma vaginal é caracterizada por</p><p>prurido, secreção densa e leitosa.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Fazer a higiene íntima regularmente, preferir roupas de algodão e</p><p>evitar peças justas, além de evitar o uso contínuo de absorventes. Usar</p><p>camisinha sempre.</p><p>Onicomicose</p><p>Agente etiológico Candida tropicalis</p><p>Ciclo evolutivo Leveduras: “fungos oportunistas”, não queratolíticas que se beneficiam</p><p>de algum tipo de traumatismo, deficiência no sistema imunológico, ou</p><p>algum agente irritante próprio. Mofos não dermatóficos: “fungos</p><p>filamentosos oportunistas” não queratolíticos, que se beneficiam de</p><p>lesões prévias. Desenvolvem a onicomicose por mofo. São classificadas</p><p>clinicamente em onicomicose subungueal distal, onicomicose</p><p>superficial branca, onicomicose proximal subungueal e onicomicose</p><p>distrófica total</p><p>Transmissão Solo, animais, contato com indivíduos contaminados, alicates e</p><p>tesouras contaminadas.</p><p>Sinais e sintomas As unhas dos pés são mais acometidas, pois</p><p>o ambiente úmido escuro</p><p>e aquecido dentro de calçados favorece a proliferação. Crescimento</p><p>diminuído, unhas quebradiças, estrias longitudinais, sulcos</p><p>transversais, ondulação, espessamento, mau cheiro, coloração</p><p>alterada. Podendo haver também: dor, purulência, destruição parcial</p><p>ou total da unha, quando houver infecção secundária.</p><p>Tratamento Medicamento</p><p>Prevenção Usar calçados em ambientes úmidos; material individualizado ou</p><p>esterilizado. Evitar o uso contínuo de calçados fechados. Preferir meias</p><p>de algodão. Secar bem os pés após o banho, principalmente entre os</p><p>dedos.</p><p>4) Reino Vegetal (Plantae)</p><p>Principais características: composto pelas plantas; são organismos eucariotos;</p><p>produzem o próprio alimento através da fotossíntese; maioria das espécies é multicelular; com</p><p>relação às flores e sementes, algumas espécies produzem e outras não.</p><p>40</p><p>HELMINTOS</p><p>Fazem parte de um numeroso grupo de organismos incluindo espécies de vida livre e</p><p>parasitária. São invertebrados e podem ocasionar parasitismo passageiro no ser humano sem</p><p>ou com graves consequências.</p><p>Esquistossomose</p><p>Agente etiológico Esquistosoma mansoni</p><p>Ciclo evolutivo Ao atingir a sua fase adulta no homem e outros mamíferos, migram</p><p>para as veias mesentéricas onde as fêmeas fazem postura dos ovos.</p><p>Esses ovos, em torno de uma semana estarão maduros formando o</p><p>miracídio, e por reações inflamatórias e outros fatores fisiológicos</p><p>chegam à luz intestinal e são eliminados com as fezes. Ao cair em</p><p>ambiente aquático, os ovos liberam o miracídio, esse penetra nos</p><p>caramujos Biomphalaria, passando por várias fases, até se transformar</p><p>em esporocisto, se multiplicam dobram de tamanho e passam por três</p><p>fases: esporocistos I, esporocistos II e esporocistos III. Cada miracídio</p><p>pode gerar centenas de cercárias, as quais são liberadas na água e</p><p>podem penetrar na pele ou mucosa do homem. Na penetração perdem</p><p>sua cauda, e migram através do tecido subcutâneo até encontrar um</p><p>vaso sanguíneo pelo qual são levadas até os pulmões e após migram</p><p>para o sistema porta intra-hepático onde se alimentam e se</p><p>desenvolvem em machos e fêmeas. Migram para a veia mesentérica,</p><p>acasalam e fazem oviposição.</p><p>Transmissão Ocorre pela penetração das cercárias na pele ou mucosa. Geralmente</p><p>pelos pés e pernas que ficam mais expostos na água contaminada.</p><p>Sinais e sintomas Fase inicial pode ser assintomática ou ocorrer mal-estar, com ou sem</p><p>febre, tosse, dores musculares, desconforto abdominal, quadro de</p><p>hepatite aguda.</p><p>Fase aguda, após 50 dias do início da infecção pode ocorrer uma</p><p>enterocolite aguda e granulomas no fígado, apresentando sudorese,</p><p>calafrios, emagrecimento, alergias, diarreia, cólicas, tenesmo,</p><p>hepatoesplenomegalia discreta, alterações das funções hepáticas.</p><p>Fase crônica, após seis meses da infecção, apresenta diarreia muco</p><p>sanguinolenta, dor abdominal e tenesmo. No fígado ocorre aumento</p><p>do volume e dor a palpação, no baço esplenomegalia e ascite nas</p><p>formas hepatoesplênicas mais graves.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Saneamento básico, combate aos caramujos transmissores, uso de</p><p>cercaricidastópicos.</p><p>Teníase</p><p>41</p><p>Agente etiológico Taenia saginata e Taenia solium</p><p>Ciclo evolutivo Pessoas infectadas eliminam proglotes grávidas através das fezes para</p><p>o meio ambiente, nele há o rompimento dessas proglotes e a liberação</p><p>dos ovos, esses são ingeridos por suínos (T. solium) e bovinos (T.</p><p>saginata), e ao chegar ao estômago são ativados, no intestino se</p><p>movimentam e penetram nas vênulas e atingem as veias e os linfáticos</p><p>mesentéricos e são transportados para todo organismo instalando se</p><p>nos tecidos vizinhos. Nos tecidos transformam-se em cisticerco que se</p><p>desenvolve e, em alguns meses de infecção podem atingir 12 mm de</p><p>comprimento. Já o cisticerco da T. solium pode atingir o SNC. O homem</p><p>ingere a carne crua ou malcozida com o cisticerco que se desenvolve e</p><p>se instala na mucosa do intestino delgado e dá origem a uma fêmea</p><p>que pode atingir até três metros sendo T. solium ou até oito metros</p><p>sendo T. saginata.</p><p>Transmissão Ocorre por ingestão de carne crua ou malcozida de suínos e bovinos. A</p><p>cisticercose humana ocorre pela ingestão dos ovos da T. solium</p><p>acidentalmente eliminados por infectados pela teníase.</p><p>Sinais e sintomas Alergias, hemorragias, destruição do epitélio intestinal,</p><p>emagrecimento, alargamento abdominal, apetite excessivo, náuseas,</p><p>vômitos. A cisticercose humana pode se instalar em vários tecidos</p><p>como no globo ocular, ocasionando deslocamento da retina e sua</p><p>perfuração, e no sistema nervoso central com a formação de fibroses,</p><p>granulomas e calcificações, podendo ocorrer obstrução do líquido</p><p>cefalorraquidiano.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Impedir o contato de animais suínos e bovinos com fezes humanas;</p><p>tratamento das pessoas infectadas com teníase, não fazer uso de carne</p><p>crua ou mal cozida, rigorosa fiscalização e inspeção do abate destes</p><p>animais.</p><p>Ancilostomose</p><p>Agente etiológico Ancilostoma duodenale ou Necator americanos</p><p>Ciclo evolutivo Os ovos das fêmeas de ancilostomídeos são depositados no intestino</p><p>do hospedeiro e, juntamente com as fezes são eliminados para o</p><p>exterior. Com ambiente favorável ocorre a formação da larva rabtitóide</p><p>(L1), que se rompe transformando-se em larva de segundo estágio (L2),</p><p>na qual desenvolve uma nova cutícula e passa para terceira fase (L3) do</p><p>tipo filarióide, infectante para o homem, pois apresenta uma cutícula</p><p>externa na cavidade bucal. A parasitemia ocorre quando larvas do tipo</p><p>filarióides penetram na pele, mucosa ou via oral. Através de</p><p>movimentos serpentiformes caem na corrente sanguínea e/ou</p><p>linfática, chegando ao coração e logo aos pulmões, aos brônquios onde</p><p>42</p><p>ocorre a quarta fase (L4),as quais atingem a traqueia, faringe e laringe</p><p>quando são deglutidas e chega ao seu hábitat final, o intestino delgado,</p><p>onde se adere e inicia-se seu parasitismo hematófago, quando ocorre</p><p>à quinta fase (L5) e, após trinta dias em larvas adultas, iniciando a</p><p>cópula e postura de ovos.</p><p>Transmissão Penetração de larvas filarióides infectantes, pela pele ou mucosa.</p><p>Sinais e sintomas Na penetração pode provocar hiperemia, prurido e edema na pele.</p><p>Anemia, ocasionada pelo heato fagismo exercido pelos vermes adultos</p><p>no intestino.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Saneamento básico, educação sanitária, uso de água filtrada ou fervida,</p><p>lavagem adequada dos alimentos crus, uso de luvas ao manipular</p><p>material contaminado e suplementação de ferro e proteínas na dieta.</p><p>Ascardíase</p><p>Agente etiológico Ascaris Lumbricoides</p><p>Ciclo evolutivo Ciclo monoxênico (um hospedeiro). Os ovos eliminados nas fezes</p><p>chegam ao meio externo e com ambiente favorável transformam-se</p><p>embrionados em poucos dias (L1), desenvolvendo-se (L2) e chegando</p><p>a forma de larva filarióide infectante (L3) permanecendo no solo por</p><p>vários meses ou até ser ingeridas pelo hospedeiro, no qual atravessam</p><p>todo o trato digestivo eclodindo no intestino; migram atravessando a</p><p>membrana intestinal e caem nos vasos linfáticos e vasos sanguíneos</p><p>chegando até ao fígado, em poucos dias chegam ao coração e, logo aos</p><p>pulmões onde sofrem transformação para L4 e L5 que, ao chegar aos</p><p>brônquios, traqueia e faringe são deglutidas e chegam ao estômago e</p><p>intestino delgado, onde se transformam em adultos, e em alguns dias</p><p>alcançam a maturidade iniciando-se a cópula e ovipostura.</p><p>Transmissão Ingestão de água ou alimentos contaminados por ovos contendo larvas</p><p>filarióides infectantes</p><p>Sinais e sintomas Pode ser assintomática. Mas pode manifestar dor abdominal, diarreia,</p><p>náuseas e anorexia. Grandes infestações podem levar a obstrução</p><p>intestinal. Em casos de extensa infeção pulmonar pode haver</p><p>broncoespasmo, hemoptise e pneumonia. O parasita pode se deslocar</p><p>e colonizar outros órgãos como apêndice cecal, canal colédoco ou ser</p><p>eliminado</p><p>pela boca e narinas.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Saneamento básico, educação em saúde, tratamento em populações</p><p>endêmicas, proteção de alimentos contra insetos e poeira.</p><p>Enterobiose – Enterobíase – Oxiurose – Oxiuríase</p><p>43</p><p>Agente etiológico Enterobius vermiculares</p><p>Ciclo evolutivo Após serem eliminados pelas fezes no meio externo, os ovos, já</p><p>embrionados se desenvolvem, e em poucas horas tornam-se</p><p>infectantes. São ingeridos pelo hospedeiro, chegam ao intestino</p><p>delgado onde eclodem e passam por duas fases até o ceco, onde se</p><p>transformam em vermes adultos e ocorre a cópula. Em seguida o</p><p>macho é eliminado pelas fezes e morre. Em alguns dias, as fêmeas</p><p>migram até a região perianal, onde os ovos são liberados pelo seu</p><p>rompimento.</p><p>Transmissão Por heteroinfecção quando ovos atingem novo hospedeiro pela poeira</p><p>ou alimentos contaminados; indireta contaminação pela poeira ou</p><p>alimento do próprio hospedeiro; autoinfecção contaminação pela</p><p>ingestão dos ovos levados pelas mãos até a boca da região perianal;</p><p>retroinfecção quando há eclosão dos ovos na região perianal os quais</p><p>migram até o intestino grosso e tornam-se vermes adultos.</p><p>Sinais e sintomas Prurido anal com maior intensidade à noite, enterite catarral por ação</p><p>mecânica e irritativa.</p><p>Tratamento Medicamentoso</p><p>Prevenção Não sacudir roupas de dormir pela manhã, somente enrolar e lavar com</p><p>água fervente todos os dias, manter as unhas curtas, uso de pomadas</p><p>mercuriais na região perianal ao deitar, tratamento de toda a família</p><p>parasitada.</p><p>ARTRÓPODES PARASITAS OU VETORES DE DOENÇAS</p><p>Os artrópodes constituem o maior filo do reino animal abarcando mais de 75% de todas</p><p>as espécies encontradas no mundo. Eles representam um grupo que está fortemente ligado à</p><p>transmissão de doenças infecciosas para os humanos, constituindo-se em vetores de diversas</p><p>patologias.</p><p>Dentre eles destacam se os mosquitos, os flebótomos, as pulgas e piolhos. Sua</p><p>importância está associada à ocorrência de doenças, mas, também a possibilidade de evita-las</p><p>por meio de medidas preventivas que as impeçam ou reduzam a sua severidade. Como exemplo,</p><p>da magnitude que pode tomar o descontrole desses animais, cita-se a ocorrência da Peste Negra</p><p>durante a Idade Média, transmitida pela pulga contaminada que dizimou um terço da população</p><p>europeia naquela época.</p><p>Berne</p><p>Agente etiológico Dermatobia hominis</p><p>Ciclo evolutivo O ciclo de vida do berne se inicia vinte e quatro horas após sua</p><p>emergência quando a mosca do berne copula. Logo após a cópula, a</p><p>mosca Dermatobia Hominis (conhecida como berneira) procura outra</p><p>44</p><p>mosca denominada transportador, para ser o hospedeiro de seus ovos,</p><p>logo após ela o captura lentamente e deposita uma massa de ovos sob</p><p>seu abdômen. Após oito dias quando esse transportador pousa sobre</p><p>o animal com a massa de ovos em seu abdômen já incubada, as larvas</p><p>emergem e se transferem para o animal a ser parasitado com muita</p><p>rapidez. O período larval é de 25 a 30 dias. Quando prontas, as larvas</p><p>abandonam o seu hospedeiro optando pelo período da noite, quando</p><p>estão menos susceptíveis a predadores e a ação dos raios solares. Após</p><p>abandonarem seu hospedeiro, eles caem no solo para pulpar. O</p><p>período pulpal dos machos e das fêmeas a 25°C e 80% de umidade</p><p>relativa é de 30 a 32 dias.</p><p>Transmissão Deposição da larva da mosca na pele e em feridas.</p><p>Sinais e sintomas Vermelhidão, coceira, inchaço, furúnculos no local. Podem haver</p><p>complicações como: infecção secundária, destruição tecidual, fístulas,</p><p>destruição óssea.</p><p>Tratamento A retirada é feita mecanicamente de forma asséptica. Pode-se usar um</p><p>esparadrapo, para tamponamento o que causará a morte da larva,</p><p>facilitando a retirada, mas também é necessário muito cuidado para</p><p>que, de fato ocorra a remoção após a morte da larva, pois sua</p><p>permanência no local pode causar um abcesso.</p><p>Prevenção Combate às moscas, higiene pessoal adequada.</p><p>Miíases</p><p>Agente etiológico Cochliomyahominivorax - Callitrogamacellaria</p><p>Ciclo evolutivo Depois da cópula fazem a postura em aberturas presentes no corpo</p><p>(vulva, ânus e narinas) ou em locais que possuem solução de</p><p>continuidade da pele (incisões cirúrgicas, feridas recentes ou tardias).</p><p>Colocam de 10 a 300 ovos em cada local justapostos uns aos outros. A</p><p>incubação dura cerca de 12 a 20 horas. Depois de eclodirem, essas</p><p>larvas se alimentam rapidamente destruindo tecidos da região onde se</p><p>encontram, permanecem com a extremidade anterior (boca)</p><p>mergulhada nos tecidos, enquanto a extremidade posterior</p><p>(espiráculos) fica em contato com o ar.</p><p>Transmissão Deposição da larva da mosca na pele, em alimentos ou feridas.</p><p>Sinais e sintomas Ferida aberta com mau cheiro, sangramentos e presença das larvas no</p><p>local, pode ocorrer necrose dos tecidos e, como consequência</p><p>posterior, a possibilidade de retardamento do processo cicatricial.</p><p>Tratamento Remoção, de forma asséptica. Em casos mais graves debridamento</p><p>cirúrgico.</p><p>Prevenção Combate às moscas, higiene pessoal adequada. Cobrir feridas. Verificar</p><p>os alimentos antes da ingestão. Monitorar e proteger os orifícios</p><p>naturais do corpo em pessoas com dificuldade para se auto cuidar.</p><p>45</p><p>Tungíase</p><p>Agente etiológico Tunga penetrans</p><p>Ciclo evolutivo Esta classe de parasitas é constituída por hematófagos, tanto os</p><p>machos quanto as fêmeas, mas somente a fêmea parasita os</p><p>vertebrados. Ela, já fecundada penetra na derme, causando expressiva</p><p>resposta inflamatória, que resulta em rush cutâneo, prurido e dor. Seus</p><p>principais parasitas são cães, gatos e ratos mas têm preferência por</p><p>porcos e humanos e, nestes preferencialmente nas regiões plantares</p><p>peri ungueais e interdigitais</p><p>Transmissão Os ovos, larvas e pupas das pulgas podem sobreviver no ambiente por</p><p>semanas ou até meses, especialmente na presença de solo seco,</p><p>arenoso e com pouca luminosidade, próximo a chiqueiros, a montes de</p><p>esterco e no peri domicílio (jardins, hortas, barracões cobertos)</p><p>disseminando-se mais em ausência de chuva</p><p>Sinais e sintomas É comum que a pessoa acometida não relate sintomas preocupantes,</p><p>mas complicações podem estar presentes caracterizadas pela “perda</p><p>das unhas, feridas, impetiginização das lesões, eritema, edema, dor,</p><p>pústulas, supuração, úlceras, infecções bacterianas, deformidades dos</p><p>dedos e infestação grave, levando à dificuldade de andar. Outras</p><p>complicações mais raras incluem linfedema, gangrena, perda</p><p>permanente das unhas, amputação dos dedos, sepse e até a morte”</p><p>Tratamento Realizar a desinfecção do local com solução de iodo (PVPI tópico ou</p><p>degermante em presença de sujidades extensas ou outro desinfetante</p><p>de pele e mucosas). A retirada pode ser realizada com agulha estéril</p><p>quando se pequenas dilacerações na pele, circundando a tumoração.</p><p>Cuide para não lesar profundamente a pele, pois isso pode levar a</p><p>infecções de tecidos que não estão acometidos (infecções</p><p>secundárias). Após a retirada faça desinfecção novamente limpe e</p><p>deixe o local seco. Oriente a pessoa para observar complicações como</p><p>vermelhidão, dor, edema. Verifique a situação vacinal do sujeito para</p><p>certificar-se de que está em dia com sua vacina antitetânica. Em</p><p>grandes infestações pode-se fazer a remoção cirúrgica do parasita com</p><p>material esterilizado e tratamento medicamentoso, conforme escolha</p><p>médica</p><p>Prevenção Fazer uso de calçados, tratamento dos animais domésticos infestados</p><p>e aplicação de inseticidas no ambiente, manter a vacina antitetânica</p><p>em dia.</p><p>Pediculose</p><p>Agente etiológico Pediculus humanus capitis</p><p>46</p><p>Ciclo evolutivo Uma fêmea de P. capitis bota cerca de 7- 10 ovos por dia e cerca de 200</p><p>ovos durante toda a vida; podendo viver até 40 dias. Fora do</p><p>hospedeiro, sobrevive poucas horas e a viabilidade das lêndeas é</p><p>também afetada</p><p>Transmissão Contato com indivíduos portadores de piolhos.</p><p>Sinais e sintomas Observam-se lesões provocadas por</p><p>coceira no couro cabeludo e</p><p>também podem apresentar complicações, como infecções bacterianas,</p><p>micoses e em casos mais graves, miíases.</p><p>Tratamento Remoção de lêndeas e piolhos com o auxílio de um pente fino.</p><p>Aplicação de loções piolhicidas.</p><p>Prevenção Manter uma boa higiene do couro cabeludo. Manter os cabelos presos</p><p>e evitar contato com indivíduos portadores de piolhos e lêndeas. Tratar</p><p>todas as pessoas infestadas.</p><p>Sarna</p><p>Agente etiológico Sarcoptes scabiei</p><p>Ciclo evolutivo Os adultos fazem a perfuração da epiderme. As fêmeas já copuladas</p><p>vão fazendo túneis na pele deixando atrás de si um rastro de ovos,</p><p>especificamente nos espaços interdigitais, mãos, punhos, cotovelos,</p><p>axilas e virilhas, podendo localizar-se também nas nádegas, seios,</p><p>pernas, genitais externos e costas. A incubação dura de 3 a 5 dias, após</p><p>esse período esses eclodem em larvas hexápodas, que permanecem</p><p>nos túneis ou vão para a superfície da pele, ficando nas crostas que</p><p>recobrem os túneis. Nesses lugares se alimentam, sofrem mudas e</p><p>transformam-se em ninfas octópodas, que em 8 ou 10 dias se</p><p>transformarão em machos ou fêmeas. Acontece a cópula, as fêmeas</p><p>iniciam novos túneis. O ciclo do ovo, até fêmeas grávidas demora</p><p>aproximadamente vinte dias.</p><p>Transmissão Contato direto com pessoas infectadas.</p><p>Sinais e sintomas Prurido intenso, mais evidente à noite. A coceira intensa facilita</p><p>infecções microbianas secundárias.</p><p>Tratamento Submeter a pessoa a um longo banho morno com sabão apropriado,</p><p>para amolecer e fazer a retirada das crostas. Em seguida aplicar</p><p>medicamentos apropriados por três dias, que podem ser encontrados</p><p>sob a forma líquida, pomada ou sabonete. Tratar as infecções</p><p>bacterianas secundárias conforme prescrição médica</p><p>Prevenção Evitar o contato direto com indivíduos portadores.</p><p>VÍRUS</p><p>Os vírus (palavra derivada do latim que significa “veneno”) são seres</p><p>microscópicos menores que as bactérias e que podem ser vistos apenas em microscópios</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/bacterias.htm</p><p>47</p><p>eletrônicos. São denominados parasitas intracelulares obrigatórios, pois se reproduzem apenas</p><p>no interior de células vivas, onde utilizam os componentes estruturais e metabólicos da célula</p><p>hospedeira.</p><p>Diferentemente de todos os seres vivos, os vírus não possuem célula e metabolismo</p><p>próprio, não realizando, por exemplo, funções de respiração ou biossíntese. Devido à ausência</p><p>de células e metabolismo, os vírus não são considerados por muitos autores como formas de</p><p>vida. Entretanto, em virtude da capacidade de se autoduplicar e possuir variabilidade e ácidos</p><p>nucleicos, outros especialistas consideram esses organismos como seres vivos.</p><p>Para que a infecção ocorra, o vírus primeiramente ataca a célula do hospedeiro em</p><p>uma ou em várias moléculas receptoras na superfície celular. O DNA ou o RNA viral, então,</p><p>separa-se da camada externa (desencapsulamento) e reproduz-se dentro da célula</p><p>hospedeira, em um processo que requer enzimas específicas. Os componentes virais recém-</p><p>sintetizados então formam uma partícula viral completa. A célula hospedeira geralmente</p><p>morre, liberando novos vírus que infectam outras células hospedeiras. Cada passo da</p><p>replicação viral recruta diferentes enzimas e substratos e oferece uma oportunidade de</p><p>interferir no processo da infecção.</p><p>As consequências de uma infecção viral variam consideravelmente. Muitas infecções</p><p>causam doença grave após um breve período de incubação, mas algumas são assintomáticas</p><p>ou provocam sintomas leves que talvez não possam ser reconhecidos. Muitas infecções virais</p><p>são eliminadas pelo sistema imunitário, mas algumas permanecem em estado latente, e</p><p>algumas causam doença crônica.</p><p>Os vírus podem infectar qualquer ser vivo, desde os unicelulares, como bactérias, até</p><p>pluricelulares, como os humanos. A infecção nos humanos é responsável por várias doenças.</p><p>Veja, a seguir, alguns exemplos de infecções virais:</p><p> Aids – agente etiológico: HIV (vírus da imunodeficiência humana)</p><p> Catapora – agente etiológico: varicela-zóster</p><p> Condiloma acuminado – agente etiológico: HPV (papiloma vírus humano)</p><p> Gripe – agente etiológico: influenza</p><p> Herpes bucal – agente etiológico: HSV-1 (vírus herpes simples tipo 1)</p><p> Herpes genital – agente etiológico: HSV-2 (vírus herpes simples tipo 2)</p><p> Poliomielite – agente etiológico: poliovírus</p><p> Raiva – agente etiológico: vírus da raiva</p><p> Resfriado – agente etiológico: rinovírus e outros tipos</p><p> Rubéola – agente etiológico: vírus da rubéola</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/seres-vivos.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/respiracao-celular.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/metabolismo.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/catapora.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/condiloma-acuminado.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/poliomielite.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/rubeola.htm</p><p>48</p><p>Viroses, como gripes e resfriados, são frequentemente tratadas com uso inadequado</p><p>de antibióticos. Esses medicamentos são eficazes apenas no tratamento de doenças provocadas</p><p>por bactérias e, portanto, não são recomendados para doenças virais.</p><p>A confusão com o uso do medicamento está no fato de que muitos sintomas que</p><p>envolvem o trato respiratório superior podem ser causados por bactérias e muitas pessoas</p><p>acreditam que o antibiótico servirá para todas as situações que envolverem tais sintomas. Fato</p><p>é que algumas doenças bacterianas provocam sintomas semelhantes aos de doenças virais,</p><p>entretanto, o tratamento com uso de antibióticos deve ser feito apenas quando for identificado</p><p>o agente causador da doença e este se tratar de uma bactéria.</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/saude-bem-estar/antibioticos.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/doencas-por-bacterias.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/doencas-por-bacterias.htm</p><p>https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/doencas-por-virus.htm</p><p>49</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica.</p><p>Dermatologia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em:</p><p>http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guiafinal9.pdf Acesso em: 03 fev. 2024.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: Guia de Bolso. 8. ed. rev.</p><p>Brasília: Editora: MS, 2010a. Disponível em:</p><p>http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf</p><p>Acesso em: 03 fev. 2024.</p><p>BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia Clínica para o Controle de</p><p>infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Módulo 9: infecções Virais. Brasília: Anvisa, 2013.</p><p>Disponível:<http://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipam</p><p>entos_laboratorio_microbiologia.pdf> Acesso em: 04 fev. 2024.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde.</p><p>Brasília: Ministério da Saúde, 2014.</p><p>NEVES, D. P. Parasitologia Humana. 11. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.</p><p>RODRIGUES, Rosa Maria et al. Recurso didático pedagógico para subsídio ao ensino do processo</p><p>saúde-doença para técnicos em enfermagem / Alessandra Crystian Engles dos Reis e Rosa Maria</p><p>R Rodrigues e Toledo - Paraná: Indicto Editora, Unioeste 2017. 238p.</p><p>Site:</p><p>https://edisciplinas.usp.br/mod/glossary/view.php?id=895978&mode&hook=ALL&sortkey&so</p><p>rtorder&fullsearch=0&page=-1</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/qualidade-de-vida-em-cinco-passos/</p><p>http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guiafinal9.pdf</p><p>http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdf</p><p>http://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipamentos_laboratorio_microbiologia.pdf</p><p>http://w2.fop.unicamp.br/cibio/downloads/biosseguranca_manutencao_equipamentos_laboratorio_microbiologia.pdf</p><p>https://edisciplinas.usp.br/mod/glossary/view.php?id=895978&mode&hook=ALL&sortkey&sortorder&fullsearch=0&page=-1</p><p>https://edisciplinas.usp.br/mod/glossary/view.php?id=895978&mode&hook=ALL&sortkey&sortorder&fullsearch=0&page=-1</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/qualidade-de-vida-em-cinco-passos/</p><p>http://portalcodgdh.min-saude.pt/index.php/Infec%C3%A7%C3%A3o</p><p>http://portalcodgdh.min-saude.pt/index.php/Anticorpo</p><p>5</p><p>Pandemia: ocorre quando uma doença que estava em certa região (que era considerada uma</p><p>epidemia) começa a se espalhar de maneira descontrolada pelos continentes ou até pelo</p><p>mundo.</p><p>Parasitas heteróxenos: que necessitam de dois tipos diferentes de hospedeiro para a sua</p><p>completa evolução: o hospedeiro definitivo e o intermediário.</p><p>Parasitas monóxenos: necessitam de um só hospedeiro para a sua evolução completa.</p><p>Parasitemia: presença de parasitos na corrente sanguínea de um paciente.</p><p>Parasito: ser vivo que vive associado a outro ser à custa ou na dependência deste, podendo ser</p><p>prejudicial ou não ao seu desenvolvimento.</p><p>Patogenicidade: capacidade de um agente biológico causar doença em um hospedeiro</p><p>suscetível.</p><p>Período de incubação: período decorrente entre a penetração do agente etiológico e o</p><p>aparecimento dos primeiros sintomas clínicos.</p><p>Período de Latência: os sintomas de uma doença desaparecem, apesar do hospedeiro estar</p><p>infectado, e ser capaz de transmitir a doença.</p><p>Período de transmissibilidade: o intervalo de tempo em que há eliminação do agente etiológico,</p><p>pelo humano infectado ou pelo animal infectado, para o ambiente ou por meio de um vetor</p><p>hematófago.</p><p>Período pré-patente: é o período decorrido entre a invasão (penetração) do agente etiológico</p><p>no organismo até o aparecimento das primeiras formas detectáveis do agente (formas jovens</p><p>iniciais como ovos, larvas, oocistos, etc).</p><p>Período prodrômico: sucede o período de incubação e apresenta sinais e sintomas inespecíficos,</p><p>o que dificulta o diagnóstico nesse período (exemplo de tosse, febre, mal estar).</p><p>Porta de entrada: vias pelas quais o agente infeccioso consegue penetrar no organismo do</p><p>hospedeiro - trato respiratório, trato gastrointestinal, trato genito-urinário, pele, mucosas,</p><p>conjuntiva, córnea.</p><p>Portador: indivíduo infectado que não manifesta os sintomas da doença.</p><p>Príon: são moléculas proteicas que possuem propriedades infectantes.</p><p>Profilaxia: conjunto de medidas utilizadas para prevenir o aparecimento de doenças, as quais</p><p>variam conforme a enfermidade em questão.</p><p>6</p><p>Quarentena: reclusão de indivíduos ou animais sadios pelo período máximo de incubação de</p><p>uma doença, contado a partir da data do último contato com um caso clínico ou portador, ou</p><p>da data em que esse indivíduo sadio abandonou o local em que se encontrava a fonte de</p><p>infecção.</p><p>Quimioprofilaxia: uso de uma droga, incluindo antibióticos, com a finalidade de prevenir uma</p><p>doença.</p><p>Reservatório: pode ser definido como o habitat de um agente etiológico, onde ele cresce e se</p><p>multiplica.</p><p>Resistência: conjunto de mecanismos específicos e inespecíficos do organismo que atuam como</p><p>uma forma de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos ou contra</p><p>produtos tóxicos.</p><p>Sazonalidade: propriedade de um fenômeno considerado periódico (cíclico) repetir-se sempre</p><p>na mesma estação do ano.</p><p>Sintoma: condição somática relatada por um indivíduo sofrendo de uma doença (queixa).</p><p>Surto: ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado.</p><p>Susceptível: indivíduo acessível ou capaz de ser infectado por um patógeno.</p><p>Transmissão por aerossóis: disseminação de núcleos de gotículas ou pequenas partículas</p><p>inaláveis com agentes viáveis à distância de modo que o microorganismo possa ser inalado por</p><p>outro indivíduo.</p><p>Transmissão vertical: ocorre quando a infecção é transmitida de uma geração para a próxima</p><p>por meio da infecção do embrião ou do feto enquanto no útero (in utero) ou no ovo (in ovo).</p><p>Vacina: preparação que contém microrganismos vivos ou mortos ou frações deles possuidora</p><p>de propriedades antigênicas. As vacinas são empregadas para induzir em um indivíduo a</p><p>imunidade ativa e específica contra um microrganismo.</p><p>Veículo: ser animado ou inanimado que transporta um agente etiológico.</p><p>Vetor: são animais, geralmente artrópodes, que transmitem o agente infeccioso ao hospedeiro</p><p>susceptível.</p><p>Vias de eliminação: trajeto pelo qual o agente, a partir do reservatório ou fonte de infecção,</p><p>atinge o meio ambiente.</p><p>Viremia: presença de vírus no sangue circulante do animal.</p><p>7</p><p>Virulência: capacidade de um agente infeccioso se multiplicar no organismo do hospedeiro,</p><p>produzir toxinas e levar a efeitos deletérios graves e/ou fatais.</p><p>Zoonose: doenças e infecções que são naturalmente transmitidas entre animais vertebrados e</p><p>homem.</p><p>CONCEPÇÃO SAÚDE-DOENÇA</p><p>Vamos tratar brevemente dos diferentes modelos explicativos do processo saúde-</p><p>doença e do cuidado para entender como o assunto sobre o qual estamos nos debruçando se</p><p>faz presente desde a Antiguidade. Além disso, vamos nos reportar aos modelos para apontar</p><p>diferentes concepções que se complementam, buscando indicar, sempre que possível, os</p><p>avanços e as limitações explicativas referentes a cada um deles. De qualquer forma, esse</p><p>panorama histórico vai ajudá-lo a entender proximidades e disparidades com as concepções de</p><p>saúde, doença e cuidado da atualidade.</p><p>Modelo mágico-religioso ou xamanístico - A visão mágico-religiosa sobre a saúde e a doença e</p><p>sobre como cuidar era a predominante na Antiguidade. Os povos da época concebiam as causas</p><p>das doenças como derivadas tanto de elementos naturais como de espíritos sobrenaturais. O</p><p>adoecer era concebido como resultante de transgressões de natureza individual e coletiva,</p><p>sendo requeridos, para reatar o enlace com as divindades, processos liderados pelos sacerdotes,</p><p>feiticeiros ou xamãs. As relações com o mundo natural se baseavam em uma cosmologia que</p><p>envolvia deuses e espíritos bons e maus, e a religião, nesse caso, era o ponto de partida para a</p><p>compreensão do mundo e de como organizar o cuidado.</p><p>Modelo holístico - As medicinas hindu e chinesa, também na Antiguidade, traziam uma nova</p><p>forma de compreensão da doença. A noção de equilíbrio é que vai dar origem à medicina</p><p>holística. A saúde era entendida como o equilíbrio entre os elementos e humores que compõem</p><p>o organismo humano. Um desequilíbrio desses elementos permitiria o aparecimento da doença.</p><p>A medicina holística teve grandes contribuições de Alcmeon (século V a.C.), para quem</p><p>o equilíbrio implicava duas forças ou fatores na etiologia da doença. Esse filósofo partilhava as</p><p>ideias de Heráclito, para quem os opostos podiam existir em equilíbrio dinâmico ou sucedendo-</p><p>se uns aos outros. A causa do desequilíbrio estava relacionada ao ambiente físico, tais como: os</p><p>astros, o clima, os insetos etc.</p><p>De acordo com tal visão, o cuidado deveria compreender o ajuste necessário para a</p><p>obtenção do equilíbrio do corpo com o ambiente, corpo este tido como uma totalidade.</p><p>Cuidado, em última instância, significa a busca pela saúde que, nesse caso, está relacionada à</p><p>busca do equilíbrio do corpo com os elementos internos e externos.</p><p>8</p><p>Modelo empírico-racional (hipocrático) - A explicação empírico-racional tem seus primórdios</p><p>no Egito (3000 a.C.). A tentativa dos primeiros filósofos (século VI a.C.) era encontrar explicações</p><p>não sobrenaturais para as origens do universo e da vida, bem como para a saúde e a doença.</p><p>Hipócrates (século VI a.C.) estabeleceu a relação homem/meio com o desenvolvimento de sua</p><p>Teoria dos Humores, teoria a qual defendia que os elementos água, terra, fogo e ar estavam</p><p>subjacentes à explicação sobre a saúde e a doença.</p><p>Saúde, na concepção hipocrática, é fruto do equilíbrio dos humores; a doença é</p><p>resultante do desequilíbrio deles, e o cuidado depende de uma compreensão desses</p><p>desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio.</p><p>Modelo de medicina científica ocidental (biomédico) - O modelo de medicina científica</p><p>ocidental ou biomédica, predominante na atualidade, tem suas raízes vinculadas ao contexto do</p><p>Renascimento e de toda a Revolução Artístico-Cultural, que ocorreram a partir do século XVI.</p><p>O Método de Descartes (séculos XVI e XVII) definiu as regras que constituem os</p><p>fundamentos do seu enfoque sobre o conhecimento: não se deve aceitar como verdade nada</p><p>que não possa ser identificado como tal; separar cada dificuldade a ser examinada em tantas</p><p>partes quanto sejam possíveis e que sejam requeridas para solucioná-las; condução do</p><p>pensamento de forma ordenada, partindo do simples ao mais complexo; necessidade de efetuar</p><p>uma revisão exaustiva dos diversos componentes de um argumento.</p><p>O conceito biomédico da doença é definido como:</p><p>Desajuste ou falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou ausência</p><p>de reação aos estímulos a cuja ação está exposto [...], processo que conduz a</p><p>uma perturbação da estrutura ou da função de um órgão, de um sistema ou</p><p>de todo o organismo ou de suas funções vitais (Jenicek; Cléroux, 1982 apud</p><p>Herzlich, 2004).</p><p>O modelo biomédico focou-se, cada vez mais, na explicação da doença e passou a tratar</p><p>o corpo em partes cada vez menores, reduzindo a saúde a um funcionamento mecânico). A</p><p>concepção fragmentária do modelo biomédico ao defender que este consiste num tipo de</p><p>modelo da teoria mecanicista, em que o homem é visto como corpo-máquina; o médico, como</p><p>mecânico; e a doença, o defeito da máquina. A percepção do homem como máquina é datada</p><p>historicamente com o advento do capitalismo.</p><p>Foi também no Renascimento que a explicação para as doenças começou a ser</p><p>relacionada às situações ambientais; a causa das doenças passava a estar num fator externo ao</p><p>organismo, e o homem era o receptáculo da doença. Destas elaborações teóricas sobre o</p><p>contágio firmou-se a teoria dos miasmas, que foi a primeira proposta de explicação, dentro dos</p><p>9</p><p>parâmetros da ciência, da associação entre o surgimento de epidemias e as condições do</p><p>ambiente. Os miasmas seriam gases decorrentes da putrefação da matéria orgânica que</p><p>produziam doenças quando absorvidos pelos seres vivos.</p><p>Com a descoberta dos microrganismos (teoria microbiana) como causa das doenças, a</p><p>teoria dos miasmas perdeu força explicativa e abriu espaço para a primeira revolução sanitária,</p><p>com o início das pesquisas sobre as relações entre organização social, pobreza e frequência de</p><p>doenças. A teoria microbiana propunha que cada doença teria por agente causal um organismo</p><p>específico, que poderia ser identificado, isolado e ter suas características estudadas.</p><p>A intervenção de cuidado é baseada numa visão reducionista e mecanicista, em que o</p><p>médico especialista é o mecânico que tratará da parte do corpo-máquina defeituosa ou do</p><p>ambiente para o controle das possíveis causas de epidemias. O cuidado, na concepção</p><p>biomédica, está focado, no controle do espaço social, no controle dos corpos.</p><p>Modelo sistêmico - Para uma compreensão mais abrangente do processo saúde-doença, no</p><p>final da década de 1970 começou a ganhar força a concepção deste como um processo sistêmico</p><p>que parte do conceito de sistema.</p><p>O sistema, neste caso, é entendido como “um conjunto de elementos, de tal forma</p><p>relacionados, que uma mudança no estado de qualquer elemento provoca mudança no estado</p><p>dos demais elementos”. Ou seja, essa noção de sistema incorpora a ideia de todo, de</p><p>contribuição de diferentes elementos do ecossistema no processo saúde-doença, fazendo assim</p><p>um contraponto à visão unidimensional e fragmentária do modelo biomédico.</p><p>Segundo essa concepção, a estrutura geral de um problema de saúde é entendida como</p><p>uma função sistêmica, na qual um sistema epidemiológico se constitui num equilíbrio dinâmico.</p><p>Ou seja, cada vez que um dos seus componentes sofre alguma alteração, esta repercute e atinge</p><p>as demais partes, num processo em que o sistema busca novo equilíbrio.</p><p>Modelo da História Natural das Doenças (modelo processual) - A busca por explicações causais</p><p>do processo saúde-doença resultou na configuração da História Natural das Doenças (HND),</p><p>conhecido como modelo processual dos fenômenos patológicos. Os principais sistematizadores</p><p>desse modelo foram Leavell e Clark, no ano de 1976, quando definiram história natural da</p><p>doença como o conjunto de processos interativos que cria o estímulo patológico no meio</p><p>ambiente ou em qualquer outro lugar, passando da resposta do homem ao estímulo, até as</p><p>alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte.</p><p>O modelo da HND visa o acompanhamento do processo saúde-doença em sua</p><p>regularidade, compreendendo as inter-relações do agente causador da doença, do hospedeiro</p><p>da doença e do meio ambiente e o processo de desenvolvimento de uma doença. Esta forma</p><p>10</p><p>de sistematização ajuda a compreender os diferentes métodos de prevenção e controle das</p><p>doenças.</p><p>O sistema de história natural das doenças apresenta uma dimensão basicamente</p><p>qualitativa de todo o ciclo, dividindo em dois momentos sequenciais o desenvolvimento do</p><p>processo saúde-doença: o pré-patogênico e o patogênico. O primeiro, também considerado</p><p>período epidemiológico, diz respeito à interação entre os fatores do agente, do hospedeiro e do</p><p>meio ambiente. O segundo corresponde ao momento quando o homem interage com um</p><p>estímulo externo, apresenta sinais e sintomas e submete-se a um tratamento.</p><p>A sistematização sugerida no modelo da HND orientou a organização do cuidado por</p><p>diferentes níveis de complexidade, em termos de recursos e ações. Ao considerar a possibilidade</p><p>de evitar a morte, são trazidas com este modelo diferentes possibilidades de prevenção e</p><p>promoção da saúde, como interromper a transmissão, evitar o caso e promover vida com</p><p>qualidade.</p><p>Figura 1: História natural das doenças</p><p>Fonte: arquivo/92055331/historia-natural-e-prevencao-de-doencas</p><p>11</p><p>NECESSIDADES HUMANAS BÁSICAS</p><p>Necessidades humanas básicas (NHBs) compõem um conceito extraído da teoria da</p><p>motivação humana de Maslow publicada em 1954. Esta teoria é amplamente utilizada pela</p><p>enfermagem, inclusive no livro de Wanda de Aguiar Horta, enfermeira e precursora do estudo e</p><p>proposição de teorias de enfermagem no Brasil.</p><p>As NHBs constituem-se em estados conscientes ou inconscientes que podem resultar de</p><p>algum desequilíbrio na dinâmica vital humana. Quando em equilíbrio, não se percebem</p><p>necessidades a serem supridas, mas quando se instala alguma alteração neste processo elas</p><p>podem se manifestar dependendo do grau de alteração. “São aquelas condições ou situações</p><p>que o indivíduo, família ou comunidade apresentam decorrentes do desequilíbrio de suas</p><p>necessidades básicas que exijam uma resolução, podendo ser aparentes, conscientes,</p><p>verbalizadas ou não”.</p><p>Para Maslow as NHBs se organizam de forma hierárquica sendo que uma necessidade</p><p>de maior magnitude precisa ser satisfeita para que outra de menor expressão possa ser sentida.</p><p>As necessidades vitais ou fisiológicas teriam prioridade, segundo esta teoria, após as</p><p>quais, outras poderiam ser valorizadas como as de relacionar-se com outras pessoas ou de</p><p>vivenciar a religião ou a fé.</p><p>Figura 2: Pirâmide das necessidades humanas básicas conforme hierarquização de Maslow.</p><p>Fonte:http://pobreconsumidor.blogspot.com.br/2014/02/ahierarquia-das-necessidades-de-</p><p>maslow_18.html</p><p>http://pobreconsumidor.blogspot.com.br/2014/02/ahierarquia-das-necessidades-de-maslow_18.html</p><p>http://pobreconsumidor.blogspot.com.br/2014/02/ahierarquia-das-necessidades-de-maslow_18.html</p><p>12</p><p>Horta (1979) indica que, para a enfermagem seria mais apropriada a teoria das</p><p>necessidades de João Mohana, que as classifica em três níveis:</p><p>1º Psicobiológico;</p><p>2º Psicossocial;</p><p>3} Psicoespiritual.</p><p>Para Mohana, todos os seres vivos precisam ter satisfeitas as necessidades de nível</p><p>psicobiológico e psicossocial. Já as de terceiro nível seriam exclusivas dos seres humanos.</p><p>Segundo Horta, todos os níveis elencados estão interligados, pois o ser humano é um todo</p><p>indivisível e, nunca a soma</p><p>de suas partes. Assim, o desequilíbrio em uma das necessidades pode</p><p>desencadear alterações em outras necessidades.</p><p>A seguir são apresentadas algumas das NHBs que são imprescindíveis para a</p><p>manutenção da vida e do seu equilíbrio.</p><p>Oxigênio: Para a existência de vida é necessário oxigênio. Ele é responsável pelo funcionamento</p><p>celular, bem como para a regulação de todo o organismo.</p><p>Manutenção da temperatura: Para sobrevivência do ser humano é necessária a manutenção da</p><p>temperatura corporal, permanecendo nos limites considerados normais pelas literaturas.</p><p>Nutrição: Elemento fundamental para que o ser humano possa crescer, se mover, se</p><p>desenvolver normalmente, para que os órgãos realizem suas funções, para que haja produção</p><p>de energia pelo metabolismo celular.</p><p>Líquidos: corpo humano é composto em média, por 60% do peso corporal pela água, em uma</p><p>pessoa adulta. As células são banhadas pelo líquido extracelular e preenchidas pelo líquido</p><p>intracelular, contendo água na sua composição.</p><p>Eliminação: Pode ser o caso das eliminações urinárias, que ocorrem no corpo humano por meio</p><p>dos órgãos do sistema urinário que é composto pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, os quais</p><p>devem estar em condições adequadas para o funcionamento. Outra eliminação que deve ser</p><p>destacada é a intestinal. Elas devem acontecer de forma regular para o bom funcionamento do</p><p>corpo.</p><p>Repouso e sono: O descanso físico e o sono, contribuem com a manutenção da saúde, para o</p><p>bem-estar físico e psicológico.</p><p>Dor: A dor é sentida de maneiras diferentes por cada pessoa, algumas com mais sensibilidade</p><p>e/ou intensidade.</p><p>Sexo e Sexualidade: Por mais que as discussões sobre sexualidade tenham aumentado no</p><p>decorrer dos anos, ainda é delicado para se debater o assunto com as pessoas que cuidamos.</p><p>13</p><p>Segurança, amor e gregária: As necessidades que envolvem segurança também estão ligadas à</p><p>proteção, incluem aspectos físicos e emocionais que significam proteger-se de possíveis riscos</p><p>podendo ser potenciais ou reais.</p><p>Espiritualidade: A saúde do ser humano depende de fatores que devem estar em equilíbrio</p><p>constantemente envolvendo diversos fatores.</p><p>Autoestima e auto realização: A autoestima é um fator importante para o bem-estar da pessoa.</p><p>É importante que ela se sinta bem, respeitada pelos outros que a cercam.</p><p>Muitas pessoas acreditam que para ter saúde é necessário se alimentar bem, fazer</p><p>exercícios físicos, não ter nenhuma doença, mas o conceito de saúde vai muito além, ela é</p><p>resultado de diversas condições que interferem na experiência de vida.</p><p>QUALIDADE DE VIDA</p><p>De acordo com a Organização Mundial da Saúde, qualidade de vida é “a percepção do</p><p>indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele</p><p>vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Envolve o bem-</p><p>estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, como</p><p>família e amigos e, também, saúde, educação, habitação, saneamento básico e outras</p><p>circunstâncias da vida.</p><p>Passo 1: Adote hábitos saudáveis: alimente-se de maneira saudável; não fume; evite café e</p><p>bebidas alcoólicas em excesso; não dirija após ingerir bebida alcoólica; procure dormir 8 horas</p><p>diárias; faça atividades esportivas e de lazer regularmente; resolva problemas de forma racional,</p><p>encarando-os positivamente; administre seu tempo realizando uma atividade de cada vez;</p><p>cultive o bom humor.</p><p>Passo 2: Trabalho: programe e tire férias anuais; não leve serviço para casa; mantenha o</p><p>ambiente de trabalho limpo, iluminado, ventilado, sem cigarros, poluição ou barulho excessivo;</p><p>em momentos de tensão faça um relaxamento com respiração lenta e pausada.</p><p>Passo 3: Esporte e lazer: faça 30 minutos diários de atividade física, de forma contínua; suba e</p><p>desça escadas em vez de usar elevador; nos momentos livres faça caminhada, pratique esportes,</p><p>dance; escute música; faça passeios ao ar livre; saia com amigos e família; reserve um tempo só</p><p>para você.</p><p>Atividades físicas proporcionam benefícios físicos e psicológicos, tais como: controle do</p><p>peso corporal; controle dos níveis de glicose, de colesterol, da pressão arterial; melhora da</p><p>mobilidade das articulações; aumento da densidade óssea (previne a osteoporose); aumento da</p><p>resistência física; ajuda no controle da depressão; melhora a qualidade do sono; mantém a</p><p>14</p><p>autonomia; evita o isolamento social; alivia o estresse; aumenta o bem-estar; melhora a auto-</p><p>imagem e a auto-estima.</p><p>Lembre-se: antes de iniciar a prática de exercícios físicos, procure orientação</p><p>profissional e passe por uma avaliação médica.</p><p>Passo 4: Cuidado com o sol: busque as horas mais frescas do dia e evite exposição prolongada</p><p>ao sol; use sempre protetor solar nas áreas expostas ao sol; use óculos escuros e roupas claras,</p><p>chapéu ou boné para proteger-se.</p><p>Passo 5: Alimentação: faça, no mínimo, cinco refeições ao dia (café da manhã, lanche, almoço,</p><p>lanche e jantar); coma frutas, legumes e verduras variados diariamente; evite refrigerantes e</p><p>salgadinhos; beba pelo menos dois litros (6 a 8 copos) de água por dia; faça as refeições em</p><p>ambiente calmo e nunca assistindo televisão; evite comer em excesso quando estiver nervoso</p><p>ou ansioso.</p><p>O conceito qualidade de vida tem suscitado pesquisas e cresce a sua utilização nas</p><p>práticas desenvolvidas nos serviços de saúde, por equipes profissionais que atuam junto a</p><p>usuários acometidos por enfermidades diversas. Sua utilização, portanto, pode contribuir para</p><p>a melhoria da qualidade e da integralidade da assistência na perspectiva da saúde como direito</p><p>de cidadania.</p><p>PROCESSOS DE ADOECIMENTO</p><p>Para se compreender como se adoece é preciso considerar que saúde e doença</p><p>relacionam-se às condições de produção e de reprodução de uma determinada sociedade. Isto</p><p>significa que a forma como as pessoas produzem saúde ou doença se relaciona ao modo como</p><p>elas vivem, ou seja, como trabalham, acessam e consomem a alimentação, como acessam e</p><p>consomem lazer, cultura, serviços de saúde, de educação, transporte, entre outros que afeta de</p><p>forma decisiva sua saúde.</p><p>A forma como se tem saúde ou se adoece tem uma construção histórica que se modifica</p><p>conforme a passagem dos tempos. Para compreender o processo de adoecimento é preciso</p><p>conhecer o conceito de saúde e de doença para que seja possível seu entendimento nos dias</p><p>atuais.</p><p>- Teoria da unicausalidade no período em que a saúde pública não tinha muitas maneiras de</p><p>controlar as doenças que afetavam a população, sendo que o método mais utilizado era isolar</p><p>as pessoas, impedindo-as de ter contato com as demais e deixá-las em quarentena, sob</p><p>observação, para avaliar se a doença estava evoluindo ou regredindo.</p><p>15</p><p>- Teoria da multicausalidade que demonstrava seus primeiros indícios no século XX,</p><p>evidenciando que a origem das doenças estaria relacionada aos agentes causadores, aos vetores</p><p>e ao meio ambiente, entendido como forma principal de transmissão de doenças, no entanto os</p><p>fatores operavam isoladamente. Além disso, outros fatores como os psíquicos, passaram a ser</p><p>considerados como causadores de doenças assim como meio em que o sujeito estivesse</p><p>inserido.</p><p>Segundo a OMS, a saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e</p><p>não meramente a ausência de doença ou enfermidade”.</p><p>A ocorrência das doenças assim como as iniquidades em saúde, é desencadeada pelas</p><p>condições em que as “pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem. Esse conjunto é</p><p>denominado determinantes sociais da saúde, um termo que resume os determinantes sociais,</p><p>econômicos, políticos, culturais e ambientais da saúde”.</p><p>A determinação social da saúde indica que a condição de estar doente ou saudável está</p><p>diretamente relacionada a posição que o indivíduo ocupa na sociedade, ou seja, seu trabalho,</p><p>sua moradia, sua classe social. Pois essas condições determinarão do que ele pode</p><p>adoecer e</p><p>como pode se manter saudável.</p><p>Sabe-se que a população brasileira está adoecendo de diversas maneiras e isso está se</p><p>modificando devido às alterações culturais, demográficas, de acesso a bens e serviços, etc.</p><p>Dentre as causas mais frequentes destaca-se a tripla carga de doenças, representada pelas</p><p>doenças infecciosas, causas externas (violência doméstica, sexual e outros tipos de violência) e</p><p>patologias crônico-degenerativas (casos de neoplasias, doenças do aparelho circulatório,</p><p>doenças do aparelho respiratório e diabetes Mellitus).</p><p>A compreensão do processo de adoecimento se modifica no decorrer da história da</p><p>humanidade, pois revela como os homens explicam seus problemas de acordo com dado</p><p>contexto social. De uma compreensão da doença estritamente relacionada a agentes biológicos,</p><p>na contemporaneidade cumpre alargar o olhar e remeter a explicação para o universo dos</p><p>determinantes da saúde e da doença e para a implementação de políticas assistenciais e de</p><p>promoção da saúde que enfrentem aqueles determinantes.</p><p>PROCESSO SAÚDE-DOENÇA</p><p>O processo saúde-doença se configura como um processo dinâmico, complexo e</p><p>multidimensional por englobar dimensões biológicas, psicológicas, socioculturais, econômicas,</p><p>ambientais, políticas, enfim, pode-se identificar uma complexa inter-relação quando se trata de</p><p>saúde e doença de uma pessoa, de um grupo social ou de sociedades.</p><p>16</p><p>O processo saúde-doença é um conceito central da proposta de epidemiologia social,</p><p>que procura caracterizar a saúde e a doença como componentes integrados de modo dinâmico</p><p>nas condições concretas de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais; cada situação de</p><p>saúde específica, individual ou coletiva, é o resultado, em dado momento, de um conjunto de</p><p>determinantes históricos, sociais, econômicos, culturais e biológicos. A ênfase, nesse caso, está</p><p>no estudo da estrutura socioeconômica, a fim de explicar o processo saúde-doença de maneira</p><p>histórica, mais abrangente, tornando a epidemiologia um dos instrumentos de transformação</p><p>social.</p><p>Nessa trajetória, o conceito de saúde vem sofrendo mudanças, por ter sido definido</p><p>como “estado de ausência de doenças”; foi redefinido em 1948, pela Organização Mundial da</p><p>Saúde (OMS), como “estado de completo bem-estar físico, mental e social”, passando de uma</p><p>visão mecânica da saúde para uma visão abrangente e não estática do processo saúde-doença.</p><p>A definição de saúde presente na Lei Orgânica de Saúde (LOS), n. 8.080, de 19 de</p><p>setembro de 1990, procura ir além da apresentada pela OMS, ao se mostrar mais ampla, pela</p><p>explicitação dos fatores determinantes e condicionantes do processo saúde-doença. Esta lei</p><p>regulamenta o Sistema Único de Saúde, e é complementada pela Lei n. 8142, de dezembro de</p><p>1990. O que consta na LOS é que:</p><p>A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre</p><p>outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio</p><p>ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer, o</p><p>acesso a bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população</p><p>expressam a organização social e econômica do país.</p><p>NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE</p><p>Instituindo a Saúde como “direito de todos e dever do Estado”, a partir da Constituição</p><p>Federal de 1988, art. nº196, e na Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1990) se iniciou o processo de</p><p>criação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, tendo como diretrizes a descentralização,</p><p>atendimento integral e participação popular, garantidas pelos princípios de universalidade,</p><p>integralidade e equidade (BRASIL, 1988).</p><p>Pensando em organizar, tanto os atendimentos em saúde, quanto a alocação de</p><p>recursos, as Redes de Atenção à Saúde (RAS) foram pensadas, desde então, através da</p><p>regionalização por meio da organização de redes de atenção. Da mesma forma, a Lei Orgânica</p><p>da Saúde (nº 8.080/1990), regulamentou as ações e serviços de saúde em todo o território</p><p>17</p><p>nacional, dispondo sobre a promoção, proteção e recuperação da saúde, organização e</p><p>funcionamento dos serviços.</p><p>Desde então, o processo de construção do SUS, bem como seu constante</p><p>aperfeiçoamento, trouxeram inúmeros debates, e a consolidação de ações que buscassem</p><p>expandir o processo de descentralização dos serviços.</p><p>A partir de 30 de dezembro de 2010, passou a vigorar a Portaria nº 4.279, que</p><p>estabeleceu diretrizes para a organização das RAS, no âmbito do SUS, conceituando-as, “como</p><p>arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que</p><p>integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a</p><p>integralidade do cuidado”.</p><p>As redes têm como objetivo a promoção da integração do sistema, ações e serviços de</p><p>saúde, assegurando a “atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada”</p><p>(BRASIL, 2010. A proposição das redes se justifica pela intensa fragmentação dos serviços,</p><p>programas e ações; pela dificuldade em superar o modelo de atenção à saúde que é mantido no</p><p>país, baseado em ações curativas, médicas, estruturado a partir da oferta, demonstrando-se</p><p>insuficiente para resolver os desafios sanitários atuais, e futuros.</p><p>Ainda, a própria geografia do país, com seu extenso território, cercado por</p><p>peculiaridades regionais, culturais e socioeconômicas, permeadas por ofertas de serviços</p><p>privados e seus interesses na área da saúde. Considera também, o atual perfil epidemiológico</p><p>brasileiro, determinado pela persistência de doenças parasitárias, infecciosas e desnutrição, que</p><p>afetam principalmente a saúde materno-infantil, o crescente número de doenças crônico-</p><p>degenerativas, associadas ao envelhecimento populacional.</p><p>Para isso, determina as Regiões de Saúde, instituídas pelo Estado, juntamente com os</p><p>municípios. Estas devem conter, no mínimo, ações e serviços de:</p><p>I. Atenção primária;</p><p>II. Urgência e emergência;</p><p>III. Atenção psicossocial;</p><p>IV. Atenção ambulatorial especializada e hospitalar;</p><p>V. Vigilância em saúde.</p><p>A definição das Regiões de Saúde pressupõe a delimitação geográfica e populacional, e</p><p>a definição de serviços e ações que serão nelas ofertados. As RAS estarão compreendidas em</p><p>uma ou várias Regiões de Saúde, de acordo com o que for pactuado nas comissões intergestores.</p><p>Desta forma, a delimitação adequada de uma Região de Saúde é imprescindível para a</p><p>organização das RAS.</p><p>Quanto à organização e hierarquização dos serviços, contemplam-se três níveis:</p><p>18</p><p>- Atenção primária ou de baixa complexidade - composta pelo programa de agentes</p><p>comunitários de saúde, as unidades de saúde da família, unidades básicas de saúde e</p><p>ambulatórios hospitalares;</p><p>- Atenção secundária ou de média complexidade - que abrange as unidades ambulatoriais</p><p>hospitalares especializadas, públicas e privadas;</p><p>- Atenção terciária ou de alta complexidade - que demanda de maior densidade tecnológica de</p><p>referência.</p><p>Figura 3: Níveis de atenção do SUS</p><p>Fonte: Rede humaniza SUS</p><p>ECOSSISTEMA</p><p>Abordar a temática ecossistema em sua relação com a saúde humana exige que se</p><p>compreenda primeiramente o que é ecologia e o que etimologicamente esta palavra</p><p>proveniente do grego oikos (casa, ambiente) e logos (estudo, tratado) significa. Sendo assim, a</p><p>ecologia não trata apenas do estudo dos ambientes, mas de um complexo relacionamento que</p><p>existe entre os seres reciprocamente, e destes com o ambiente.</p><p>19</p><p>Figura 4: Crescentes níveis de organização biológicos</p><p>Fonte: Bilogia NET</p><p>Desses inter-relacionamentos que os seres praticam entre si e com o meio ambiente,</p><p>resultam complexos sistemas constituídos por fatores bióticos (organismos) e abióticos</p><p>(condições ambientais), com contínua passagem de matéria e energia entre eles, constituindo,</p><p>portanto, os ecossistemas.</p><p>Um ecossistema é um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos,</p><p>como os organismos vivos, plantas, animais e micróbios, e os</p><p>componentes abióticos (matéria</p><p>inorgânica ou sem vida), elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e minerais, de</p><p>uma determinada área. Estes componentes interagem entre si através das transferências de</p><p>matéria e energia, visando um equilíbrio estável.</p><p>Sendo assim, o ecossistema é a unidade básica do estudo da ecologia, no qual, o</p><p>conjunto de seres vivos (biocenose) interage entre si e com o meio natural (biótipo) de maneira</p><p>equilibrada, pela reciclagem de matéria e pelo uso eficiente da energia solar.</p><p>Produtores autótrofos: são seres vivos capazes de produzir seu próprio alimento através de</p><p>substâncias inorgânicas, como, por exemplo, as plantas que realizam a fotossíntese através da</p><p>luz solar.</p><p>Consumidores heterótrofos: são seres que se alimentam de outros seres, pois, ao contrário dos</p><p>autótrofos, não são capazes de produzir seu próprio alimento. Dentro desta classificação,</p><p>incluem-se todos os animais, a maioria dos fungos e algumas plantas.</p><p>Decompositores saprófitos: organismos que se alimentam de outros organismos em estágio de</p><p>decomposição. Dentre eles estão os fungos e as bactérias.</p><p>20</p><p>Assim, todo ecossistema tem de ser composto por seres organizados e por fatores físico-</p><p>químicos do meio, como a luz, calor, frio, potencial Hidrogeniônico (pH), grau de salinidade,</p><p>condições de pressão, entre outros. A falta de elementos de uma dessas classes de fatores</p><p>invalida a caracterização de um ecossistema.</p><p>Os seres de um ecossistema podem ser discriminados em espécie, populações e</p><p>comunidades:</p><p>Espécie: formadas por indivíduos semelhantes entre si e capazes de se reproduzir em condições</p><p>naturais, gerando descendentes férteis e semelhantes aos parentais. Para que uma determinada</p><p>espécie se instale em uma determinada área, esta tem de se adaptar às condições que o</p><p>ambiente local lhe impõe.</p><p>População é um conjunto mais ou menos numeroso de indivíduos de uma mesma espécie,</p><p>convivendo numa área comum e mantendo, ou não, certo grau de isolamento em relação a</p><p>grupos de outras regiões.</p><p>Comunidade é o conjunto de organismos de espécies distintas que convivem numa mesma área,</p><p>mantendo entre si um relacionamento que pode ser harmônico entre uns e desarmônico entre</p><p>outros.</p><p>Cadeia alimentar</p><p>Cadeia alimentar é a contínua transferência de matéria e de energia que se observa</p><p>entre os seres de um ecossistema em função de uns consumirem a matéria de outros com</p><p>finalidade alimentar, num constante reprocessamento molecular que começa ao nível dos</p><p>produtores, passa pelos consumidores e se conclui pela ação dos decompositores.</p><p>É a cadeia alimentar que garante a sobrevivência de um ecossistema visto que, auxilia</p><p>na absorção de nutrientes e de energia pelos organismos vivos; em outras palavras, é o sistema</p><p>de alimentação entre os seres vivos para que cresçam e se reproduzam.</p><p>Figura 5. Cadeia alimentar</p><p>Fonte: https://brainly.com.br/tarefa/9032362</p><p>21</p><p>Ecossistema e o processo saúde-doença</p><p>Quando falamos de ecologia, podemos sistematizar saúde dentro dessa ótica</p><p>procurando mostrar suas implicações em saúde pública. Os ecossistemas recebem os impactos</p><p>homem-ambiente ou ambiente-homem e reagem determinando adaptações do próprio homem</p><p>a esses impactos.</p><p>Assim, a definição de saúde-doença é expressão de um conjunto inter-relacionado ou</p><p>dinâmico das circunstâncias físicas, biológicas, sociais, culturais e ambientais peculiares a cada</p><p>indivíduo ou comunidade, que são partes integrantes do ecossistema que forma nossa biosfera.</p><p>Nesta perspectiva, o ser humano mantém com o ambiente um equilíbrio denominado a</p><p>ecologia do binômio saúde-doença. Assim supomos no ápice o binômio; em um dos lados o meio</p><p>externo com suas características topológicas e sócio-econômico-culturais; do outro lado, o</p><p>indivíduo visto em suas circunstâncias físicas e psicobiológicas.</p><p>Os movimentos contínuos entre saúde-doença que visam a manutenção do equilíbrio</p><p>indicam ser o completo bem-estar uma percepção de sanidade tanto individual quanto coletiva,</p><p>podendo oscilar em maior ou menor grau explicitado por diferentes estados de saúde.</p><p>Ao considerar-se o estado físico, podem surgir doenças, desde simples infecções até as</p><p>crônicas e graves; quanto ao do ecossistema psicobiológico identificam-se, desde os mínimos</p><p>descontroles emocionais até as neuroses e psicoses. De outro lado, temos o ambiente externo,</p><p>topológico carregado ou não de pressões, coerções, agressões (poluição, nutrientes e de outros</p><p>produtos dos quais se extrai ou que se convertem em energias positivas ou negativas); e o</p><p>ambiente socioeconômico-cultural demonstrando desde os pequenos desajustes às infrações,</p><p>delinquência e crimes.</p><p>Sendo assim, o bem-estar humano e o progresso em direção ao desenvolvimento</p><p>sustentável, dependem de forma vital da melhoria da gestão dos ecossistemas da Terra, de</p><p>modo a assegurar sua conservação e uso sustentável. No entanto, enquanto a procura de</p><p>serviços do ecossistema, tais como alimento e água potável estão aumentando, ao mesmo</p><p>tempo, as atividades humanas diminuem a capacidade de muitos ecossistemas de responder a</p><p>esta procura.</p><p>O ecossistema do binômio saúde-doença mostra que as equipes multiprofissionais são</p><p>o elo para as soluções dos problemas indivíduo-meio e meio-indivíduo; e que os problemas de</p><p>saúde ou de doença não podem ser vistos unilateralmente.</p><p>22</p><p>Meio ambiente e seres vivos para o processo de adoecimento</p><p>Toda e qualquer abordagem referida ao meio ambiente que vincula saúde ao contexto</p><p>da relação sociedade-natureza evidencia interferências e contradições de modelo de</p><p>desenvolvimento e condições de vida (saúde ambiental).</p><p>Múltiplas dimensões e diferentes elementos (físicos, químicos, biológicos, sociais,</p><p>culturais) são constitutivos do ambiente. Dessa premissa, emergem distintas concepções,</p><p>abordagens e aplicações da relação ambiente-saúde.</p><p>Uma dessas concepções – hegemônica na sociedade moderna – é centrada no ser</p><p>humano (visão antropocêntrica). Nessa concepção, a natureza é apenas fonte de recursos que</p><p>suprem as necessidades e sustentam a vida. O interesse no ambiente resume-se na necessidade</p><p>de exploração da natureza para a manutenção das condições de vida e no entendimento de que</p><p>os problemas ambientais podem ser atenuados – ou solucionados – pelo uso racional dos</p><p>recursos da natureza de forma a beneficiar a humanidade (o esgotamento de recursos naturais</p><p>comprometeria a sobrevivência humana e as condições de saúde).</p><p>Considerando a concepção antropocêntrica da relação ambiente-saúde nas sociedades</p><p>centradas na produção e no consumo de bens, nas quais a natureza é apenas um recurso e o</p><p>homem, força de trabalho, ocorre apropriação desigual do espaço, dos benefícios e dos direitos</p><p>sociais contrapondo-se, portanto, ao entendimento de que o ambiente – além de elementos</p><p>naturais (da natureza) – contém aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais e físicos. Logo,</p><p>a relação ambiente-saúde comporta as diferentes formas de organização da sociedade e os</p><p>elementos que condicionam e determinam a situação de saúde e as condições de vida de</p><p>populações.</p><p>Nesse contexto, ao definir políticas e estratégias pertinentes à proteção dos seres</p><p>humanos contra riscos à saúde existente na natureza e no ambiente – produzido e organizado</p><p>socialmente – são necessárias medidas específicas de salvaguarda, vigilância contínua e</p><p>intervenções sobre problemas agudos e crônicos.</p><p>Na Carta Pan-americana sobre Saúde e Ambiente no Desenvolvimento Sustentável</p><p>(1995), a promoção da saúde, a prevenção de doenças e de agravos e a qualidade de vida de</p><p>populações estão relacionadas diretamente à dimensão ambiental, nos programas de todos os</p><p>setores e de todas as organizações da sociedade. Nesses termos, a dimensão ambiental é</p><p>destacada como critério para orientar o planejamento e a gestão do desenvolvimento</p><p>socioeconômico dos países.</p><p>O advento da</p><p>industrialização e o consequente processo de urbanização (migração</p><p>campo-cidade) mudaram a relação do homem com o ambiente. Na dinâmica das sociedades</p><p>urbano-industriais, a produção e o consumo de bens (mercadorias e serviços) potencializam</p><p>23</p><p>impactos sobre os elementos constitutivos do ambiente, inclusive sobre os recursos ambientais,</p><p>exercendo um conjunto de pressões que resultaram em degradação ambiental e em riscos</p><p>estruturais na relação ambiente-saúde, em escala mundial. São elas:</p><p>• crescimento desordenado das cidades;</p><p>• alta densidade habitacional nos centros urbanos;</p><p>• aumento da poluição na água, no ar e no solo;</p><p>• aumento do uso de veículos movidos a combustíveis fósseis (emissão de gases na atmosfera);</p><p>• destruição de biomas;</p><p>• aumento da produção de resíduos sólidos e líquidos (lixo, esgoto).</p><p>Saneamento ambiental</p><p>O saneamento ambiental desenvolveu-se de acordo com a evolução das diversas</p><p>civilizações, conforme o contexto histórico, o saneamento retrocedia ou se desenvolvia. E sua</p><p>importância é identificada desde as mais antigas civilizações. É amplamente aceita a correlação</p><p>entre adotar e implementar políticas de saneamento e a diminuição de doenças veiculadas pela</p><p>água ou as infectocontagiosas levando a impactos nos sistemas de saúde, na economia e na vida</p><p>das pessoas. Desenvolver ações de saneamento impacta positivamente na redução de todas</p><p>estas enfermidades, assim como, na diminuição da mortalidade infantil e melhoria da qualidade</p><p>de vida.</p><p>Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento básico é o gerenciamento</p><p>ou controle dos fatores físicos que podem exercer efeitos nocivos ao homem, prejudicando seu</p><p>bem-estar físico, mental e social. Saneamento básico é fator de proteção à qualidade de vida,</p><p>sua inexistência compromete a saúde pública, o bem-estar social, provocando várias doenças.</p><p>Alguns fatores predispõem a proliferação dessas doenças tais como: ambiente poluído,</p><p>inadequado destino do lixo, não disponibilidade de água de boa qualidade e má deposição de</p><p>dejetos.</p><p>Abastecimento de água</p><p>A água é essencial à vida humana, o homem necessita de água de qualidade, e em</p><p>quantidade suficiente para atender as suas necessidades. A água engloba quase quatro quintos</p><p>da superfície terrestre, desse total 97% são mares e 3% são água doce, da água doce, 2,7% são</p><p>formadas por geleiras (BRASIL, 2012).</p><p>Segundo a OMS, grande parte de todas as doenças que se propagam nos países em</p><p>desenvolvimento são procedentes da água de má qualidade submetidas a descarte de esgotos</p><p>e lixo. A contaminação da água pode afetar a saúde das pessoas nas seguintes situações: através</p><p>24</p><p>da ingestão direta, na ingestão de alimentos, pelo seu uso na higiene pessoal e no lazer, na</p><p>agricultura e na indústria.</p><p>Quadro 1 – Doenças relacionadas à água, formas de transmissão e de prevenção.</p><p>Grupo de Doenças Formas de</p><p>Transmissão</p><p>Principais Doença Formas de Prevenção</p><p>Transmitidas pela via fecal</p><p>oral.</p><p>O patógeno agente</p><p>causador da doença é</p><p>ingerido.</p><p>Diarreias, disenterias,</p><p>cólera, giardíase,</p><p>amebíase,</p><p>ascaridíase.</p><p>Proteger e tratar águas</p><p>de abastecimento e</p><p>evitar uso de fontes</p><p>contamina das.</p><p>Controladas pela limpeza</p><p>com a água (associadas ao</p><p>abastecimento</p><p>insuficiente de água).</p><p>A falta de água e a</p><p>higiene pessoal</p><p>insuficiente criam</p><p>condições favoráveis</p><p>para sua disseminação.</p><p>Infecções na pele e</p><p>nos olhos, como</p><p>tracoma e o tifo</p><p>relacionado com</p><p>piolhos, e a escabiose</p><p>Fornecer água em</p><p>quantidade adequada e</p><p>promover a higiene</p><p>pessoal e doméstica</p><p>Associadas a água (uma</p><p>parte do ciclo da vida do</p><p>agente infeccioso ocorre</p><p>em um animal aquático)</p><p>O patógeno penetra na</p><p>pele ou é ingerido.</p><p>Esquistossomose. Evitar o contato de</p><p>pessoas com águas</p><p>infectadas , e proteger</p><p>mananciais.</p><p>Transmitidas por vetores</p><p>que se relacionam com a</p><p>água.</p><p>As doenças são</p><p>propagadas por</p><p>insetos que nascem na</p><p>água ou picam perto</p><p>dela.</p><p>Malária, febre</p><p>amarela, dengue,</p><p>filariose (elefantíase ).</p><p>Combater os insetos</p><p>transmissores, eliminar</p><p>condições que possam</p><p>favorecer criadouros</p><p>Fonte: Barros et al., 1995, apud Ribeiro; Rooke (2010, p. 18).</p><p>Esgoto sanitário</p><p>O termo esgoto é utilizado para as águas que, após a utilização humana apresentam</p><p>suas características naturais alteradas. As águas residuais podem ser transportadas por</p><p>tubulações diretamente dos rios, lagos, lagunas ou mares, levada as estações de tratamento, e</p><p>depois de tratado, devolvida aos cursos de água.</p><p>Por falta de medidas práticas de saneamento e educação sanitária, grande parte da</p><p>população lança os dejetos no solo, facilitando a transmissão e proliferação de doenças. O</p><p>esgoto produzido pela população segue para a estação de tratamento onde a água poluída passa</p><p>por várias etapas até ser tratada.</p><p>Disposição do lixo</p><p>O lixo denominado de resíduo sólido é a resultante de qualquer produto produzido e</p><p>jogado fora podendo ser de atividades sociais, residenciais ou industriais.</p><p>São várias as maneiras de classificar os resíduos sólidos, as mais comuns utilizadas são</p><p>quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente, pela qual são classificados</p><p>25</p><p>como: perigosos, não inertes e inertes, e quanto à natureza e sua origem: lixo doméstico ou</p><p>residencial, lixo comercial, lixo público, lixo domiciliar especial, e lixo de fontes especiais como,</p><p>por exemplo, o lixo infectante e industrial.</p><p>Uma coleta e transporte de lixo de qualidade, dependem da forma adequada do seu</p><p>acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes no local, dia e horários que</p><p>são estabelecidos pelo órgão de limpeza urbana para a coleta. Quando acondicionado de forma</p><p>correta, evita acidentes, proliferação de vetores, minimiza o impacto visual e olfativo, e ainda</p><p>facilita a realização da etapa da coleta.</p><p>O lixo tem que ser bem armazenado para facilitar a sua remoção, pois quando é disposto</p><p>de forma incorreta como, por exemplo, em lixões a céu aberto, os problemas sanitários e</p><p>ambientais são inevitáveis. Esses locais tornam-se propícios para atração de animais que</p><p>acabam por se constituírem em vetores de diversas doenças.</p><p>Quadro 2: Doenças relacionadas com o lixo e transmitidas por vetores</p><p>Vetores Formas de Transmissão Principais Doenças</p><p>Ratos Através da mordida, urina e fezes, através</p><p>da pulga que vive no corpo do rato.</p><p>Peste Bubônica, Tifo, Leptospirose.</p><p>Moscas Por via mecânica (através das asas, patas</p><p>e corpo), através das fezes e saliva.</p><p>Febre Tifoide, Salmonelose, Cólera,</p><p>Amebíase, Disenteria, Giardíase</p><p>Mosquitos Através da picada da fêmea. Malária, Leishmanioese, Febre Amarela,</p><p>Dengue, Zika, Febre Chikungunya,</p><p>Filariose.</p><p>Baratas Por via mecânica, através das asas, patas</p><p>e corpo, através das fezes.</p><p>Febre tifoide, cólera, giardíase.</p><p>Suínos e ou</p><p>Bovinos</p><p>Pela ingestão de carne contaminada. Cisticercose, Toxoplasmose,</p><p>Triquinelose, Teníase.</p><p>Aves Através das fezes. Toxoplasmose.</p><p>Fonte: Barros et al, 1995, apud Ribeiro; Rooke (2010, p. 20).</p><p>Diferentes órgãos da administração pública e da sociedade devem estar envolvidos com</p><p>o propósito de realizar a limpeza urbana, a coleta, o tratamento e a disposição final do lixo,</p><p>aumentando a qualidade de vida da população e promovendo a limpeza da cidade, levando</p><p>sempre em consideração as características das fontes de produção, o volume e os tipos de</p><p>resíduos, para ter tratamento diferenciado e disposição final técnica e ambientalmente correta.</p><p>26</p><p>Atuação da enfermagem</p><p>Diante da imperiosidade de se construírem ações na perspectiva de evitar a ocorrência</p><p>de doenças relacionadas às condições ambientais, advoga-se que a enfermagem, tem papel</p><p>indispensável ao interferir com ações educativas junto à população, pela luta para a conquista</p><p>de situações ambientais favoráveis e que lhes assegurem condições dignas de vida.</p><p>As ações educativas</p><p>são um importante instrumento para atuar com a comunidade, nas</p><p>questões relativas ao saneamento. Identifica-se, que a visita domiciliar, é importante estratégia,</p><p>ao possibilitar o conhecimento das condições sócio ambientais das moradias e a avalição das</p><p>condições de vida, para planejar a assistência através de medidas adequadas às condições</p><p>individuais de famílias e grupos.</p><p>Neste cenário, cabe à enfermagem, desenvolver ações de saúde em equipe</p><p>multidisciplinar e inter setoriais, e com a população, em especial as ações educativas, seja para</p><p>prevenir individualmente as doenças, seja para buscar solução das condições ambientais junto</p><p>aos órgãos responsáveis.</p><p>Dentre as temáticas que podem ser trabalhadas com as famílias e comunidades acerca</p><p>do saneamento ambiental destacam-se:</p><p>- tratar a água com cloro ou fervê-la;</p><p>- armazenar o lixo, lacrando-o;</p><p>- orientar as mães, para não deixar seus filhos em contato direto com esgotos, esclarecendo</p><p>sobre os vários tipos de doenças que podem advir dessas condições e suas maneiras de</p><p>prevenção.</p><p>Como visto, as condições ambientais impactam diretamente no processo saúde-doença,</p><p>demandando aos municípios a implementação de ações que rompam com o círculo vicioso de</p><p>pobreza, em que as condições do ambiente são as mais visíveis, predispondo populações a</p><p>doenças.</p><p>SISTEMA IMUNOLÓGICO</p><p>O sistema imune é o conjunto de células, tecidos, órgãos e moléculas acionadas para a</p><p>eliminação de agentes ou moléculas estranhas, com a finalidade de manter a homeostasia do</p><p>organismo. A resposta coordenada das células e moléculas do sistema imune diante dos</p><p>organismos infecciosos e dos demais ativadores são processos fisiológicos que levam ao</p><p>aparecimento de respostas específicas e seletivas com memória imunitária, que também pode</p><p>ser criada artificialmente, por meio das vacinas.</p><p>27</p><p>Nos humanos o início da formação do sistema imunológico se dá na fase intrauterina,</p><p>quando o feto recebe os anticorpos da mãe através da placenta. Após o nascimento, o</p><p>aleitamento materno tem papel fundamental na transferência de anticorpos da mãe para o</p><p>bebe, sendo a principal fonte de anticorpos nos primeiros meses de vida, após os quais ele irá</p><p>produzir seus próprios anticorpos em resposta à administração de vacinas ou ao entrar em</p><p>contato com agentes infecciosos.</p><p>O sistema imune é essencial para nossa sobrevivência, pois, diariamente entramos em</p><p>contato com os agentes infecciosos e substâncias estranhas. Este sistema reconhece tais</p><p>substâncias como não pertencentes ao organismo e desenvolve uma resposta imune contra</p><p>elas. Essas substâncias ou organismos que provocam este tipo de resposta são denominados de</p><p>antígenos. A resposta imune envolve a produção de proteínas denominadas anticorpos.</p><p>A imunidade é o processo pelo qual um indivíduo torna-se protegido de determinado</p><p>microrganismo patógeno. Ela pode ser adquirida por meio de uma resposta natural (também</p><p>chamada humoral), pelas vacinas, anticorpos (ou imunoglobulinas), pelo leite materno ou pelo</p><p>soro com anticorpos. Estas diferentes formas de produzir a imunidade (imunidade ativa e</p><p>imunidade passiva) estão descritas a seguir.</p><p>Tipos de imunidade:</p><p>- ADQUIRIDA: refere-se à proteção desenvolvida contra certos tipos de microrganismos ou</p><p>substâncias estranhas, desenvolvida ao longo da vida. Podendo ser adquirida pelas formas ativa</p><p>ou passivamente.</p><p>A imunidade é adquirida ativamente quando o indivíduo é exposto a microrganismos ou</p><p>substâncias estranhas e o sistema imune responde produzindo anticorpos. A imunidade ativa</p><p>adquirida naturalmente ocorre quando o indivíduo é exposto a antígenos diariamente, uma vez</p><p>adquirida, dura por toda a vida.</p><p>A imunidade ativa adquirida artificialmente resulta da vacinação, quando são</p><p>introduzidos antígenos em determinado organismo, especialmente preparados chamadas de</p><p>vacinas. Elas podem ser toxinas bacterianas inativadas, microrganismos mortos ou vivos,</p><p>denominados atenuados ou enfraquecidos ou partes de microrganismos como as cápsulas. Estas</p><p>substâncias não causam doenças, mas são capazes de estimular uma resposta imune de modo</p><p>similar aos patógenos adquiridos naturalmente.</p><p>A imunização ativa ocorre quando o próprio sistema imune, ao entrar em contato com</p><p>uma substância estranha ao organismo chamada antígeno, responde produzindo anticorpos e</p><p>células imunes (exemplo: linfócitos T). Esse tipo de imunidade geralmente dura por vários anos,</p><p>às vezes, por toda vida. Os dois meios de se adquirir imunidade ativa são contraindo uma doença</p><p>infecciosa (resposta natural) e pela vacinação (resposta artificial).</p><p>28</p><p>Doenças como o sarampo, a varicela e a rubéola são exemplos de que, através da</p><p>resposta natural, a pessoa adquire a imunidade para o resto da vida, ou seja, uma vez que se</p><p>contraiu a doença, ela não ocorrerá novamente em uma mesma pessoa.</p><p>As vacinas são usadas para induzir a imunidade ativa; sua administração resulta em uma</p><p>resposta biológica do sistema imune e na produção de anticorpos que irão combater futuras</p><p>infecções contra o organismo patógeno para o qual o indivíduo foi vacinado. Logo, as vacinas</p><p>agem como estimuladores do sistema imune, produzindo anticorpos contra determinado</p><p>antígeno, antes de entrar em contato com ele evitando, desta forma, o adoecimento, sendo a</p><p>vacinação essencial na prevenção das doenças.</p><p>Já a adquirida passivamente acontece quando os anticorpos são transferidos de uma</p><p>pessoa para outra e permanece enquanto os anticorpos estão presentes, por algumas semanas</p><p>ou meses.</p><p>A imunidade passiva adquirida naturalmente refere-se à transferência natural de</p><p>anticorpos da mãe para seu lactente, assim como a gestante passa alguns dos seus anticorpos</p><p>ao feto através da placenta.</p><p>- PASSIVA: é induzida pela administração de anticorpos já prontos, contra uma determinada</p><p>infecção, tais anticorpos podem ser coletados de humanos e são chamados, imunoglobulinas,</p><p>os seres humanos possuem cinco tipos de imunoglobulinas específicas. Quando tais anticorpos</p><p>são colhidos de animais recebem o nome de soro.</p><p>A imunização passiva é obtida pela transferência ao indivíduo de anticorpos produzidos</p><p>por um animal ou outro homem, gerando uma rápida e eficiente proteção temporária durando</p><p>em média poucas semanas ou meses e não tem a capacidade de produzir novos anticorpos. Ela</p><p>pode se dar, ainda pela transferência de anticorpos pela mãe através da placenta ou do colostro</p><p>chamando-se neste caso, imunidade passiva natural ou pela “administração parenteral de soro</p><p>heterólogo/homólogo ou de imunoglobulina de origem humana”, denominada de imunidade</p><p>passiva artificial, da qual são exemplos a administração de “soro antitetânico, antidiftérico,</p><p>antibotrópico e as imunoglobulinas específicas contra a varicela, hepatite B e tétano”.</p><p>Fatores que influenciam a resposta imune:</p><p>A resposta de cada um à imunização depende de alguns elementos os quais podem estar</p><p>relacionados à pessoa vacinada ou a vacina administrada.</p><p>a) Fatores relacionados ao vacinado: Idade, Gestação, Amamentação, Reação</p><p>anafilática, Pacientes imunocomprometidos.</p><p>b) Fatores relacionados à vacina: Via de administração, Dose e esquema de vacinação,</p><p>Adjuvantes [alume].</p><p>29</p><p>Defesas específicas do hospedeiro</p><p>A pele e as membranas mucosas são a primeira linha de defesa do corpo contra os</p><p>patógenos. A função essencial do sistema imunológico é responder contra substâncias estranhas</p><p>que venham a penetrar no corpo, para tanto, o mesmo é capaz de reconhecer o que é estranho</p><p>e o que é próprio.</p><p>O sistema imunológico tem funções no combate a agentes estranhos, assim como na</p><p>eliminação de células lesadas ou já envelhecidas, e na destruição de células anormais ou</p><p>mutantes que aparecem no organismo.</p><p>Os mecanismos de defesa podem ser divididos em três partes, descritos a seguir.</p><p>1ª Barreiras naturais: constituídas pela integridade da pele, mucosas, por substâncias</p><p>antimicrobianas presentes nestes locais, enzimas antimicrobianas presentes na lágrima, pH das</p><p>secreções do trato digestivo e urogenital, entre outros, servem naturalmente de barreira</p><p>impedindo a entrada de microrganismos no organismo. Esses mecanismos visam destruir ou</p><p>impedir a proliferação dos agentes infecciosos, sendo os mais comuns os vírus e as bactérias.</p><p>2ª Imunidade inata: existente em todas as pessoas saudáveis, ela atua sobre os microrganismos;</p><p>são representadas pelas células que realizam fagocitose e por substâncias como as proteínas do</p><p>sistema complemento (proteínas plasmáticas), que são responsáveis por destruir a membrana</p><p>de agentes infecciosos, auxiliar no processo de fagocitose e também intensificar o processo</p><p>inflamatório.</p><p>3ª Imunidade específica: é caracterizada pelo envolvimento de células chamadas linfócitos T e</p><p>B, pela produção de anticorpos e pelo desenvolvimento da memória imunológica, a qual será</p><p>responsável por gerar uma reação rápida, intensa e específica quando entrar em contato com</p><p>microrganismo.</p><p>Componentes do sistema imune</p><p>Compõem o sistema imunológico várias células, que participam da defesa do corpo e</p><p>todas possuem dois aspectos em comum: estão presentes na corrente sanguínea e se originam</p><p>de células produzidas na medula óssea.</p><p>A hematopoiese, é o processo pela qual as células sanguíneas crescem, se dividem e se</p><p>diferenciam na medula óssea, onde está presente um conjunto de células-tronco</p><p>hematopoiéticas pluri potentes que originam várias classes de células, dentre elas, as hemácias,</p><p>as plaquetas e os leucócitos. Para compreender o sistema imune, é preciso conhecer e identificar</p><p>os leucócitos, que são células também denominados de glóbulos brancos, presentes no sangue</p><p>30</p><p>e se apresentam basicamente em cinco tipos: neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, basófilos e os</p><p>monócitos, estes também denominados macrófagos quando estão nos tecidos.</p><p>a) Neutrófilos representam a maioria das células na corrente sanguínea e constitui a</p><p>principal defesa contra bactérias piogências (formadoras de pus), apresentam vida</p><p>curta, sobrevivendo apenas algumas horas após deixar a medula óssea quando se</p><p>deslocam rapidamente para os tecidos inflamados ou infectados, constituindo, desta</p><p>forma, uma das primeiras linhas de defesa contra infecções.</p><p>b) Linfócitos representam aproximadamente 30% do total de leucócitos e se relacionam</p><p>diretamente com o sistema linfático. Estão divididos em dois subtipos, linfócitos B e</p><p>linfócitos T, estão presentes no sangue numa relação aproximada de 1:5. Possuem</p><p>funções distintas, pois, os linfócitos B têm como papel principal o reconhecimento dos</p><p>antígenos e são produtores de anticorpos. Os linfócitos T são os responsáveis por</p><p>reconhecer o “próprio” e o “não-próprio” (tecidos estranhos e agentes infecciosos), não</p><p>são capazes de produzir anticorpos por si mesmo, embora deem uma importante</p><p>contribuição à função dos linfócitos B.</p><p>c) Eosinófilos e os basófilos circulam pelo sangue e estão envolvidos nas respostas</p><p>inflamatórias juntamente com os monócitos. Os eosinófilos são também importantes</p><p>em respostas imunes contra helmintos.</p><p>d) Monócitos/macrófagos são responsáveis por fagocitar e destruir um grande número de</p><p>microrganismos, como por exemplo: bactérias, vírus e protozoários; têm a função de</p><p>remover restos celulares e resíduos provenientes de tecidos lesados, além de serem as</p><p>células de ligação da imunidade natural com a imunidade adquirida.</p><p>Anticorpos ou imunoglobulinas</p><p>Os anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, são estruturas proteicas</p><p>encontradas no plasma sanguíneo, saliva, secreções do trato digestivo, respiratório e urogenital.</p><p>Eles atuam contra organismos invasores do corpo, tais como as bactérias e os vírus.</p><p>Sua principal função é a defesa do organismo, ao atuar diretamente contra os</p><p>microrganismos invasores que podem causar diversas infecções e doenças, neutralizando as</p><p>toxinas dos parasitas extracelulares. As proteínas de anticorpos são produzidas e secretadas</p><p>pelo linfócito B. Assim que eles reconhecem o antígeno que ameaça o corpo, rapidamente</p><p>produzem os anticorpos para atacar o agente invasor impedindo a sua multiplicação e inibindo</p><p>a ação das toxinas liberadas, colaborando com o sistema imunológico do corpo.</p><p>31</p><p>Nos seres humanos existem cinco tipos diferentes de anticorpos, cada qual com uma</p><p>característica diferente, sendo todos responsáveis pela neutralização de microrganismos e por</p><p>ajudarem na sua destruição, sendo eles:</p><p>•IgG: anticorpo mais abundante do plasma, o único capaz de atravessar a barreira placentária.</p><p>•IgA: presente na lágrima, na saliva, nas secreções do trato digestivo, respiratório e urogenital,</p><p>assim como no leite materno.</p><p>• IgM: é o primeiro anticorpo produzido pelo organismo, sendo muito importante na inativação</p><p>de agentes infecciosos, também conhecido como o anticorpo que confere a imunidade</p><p>permanente (de memória) a determinado organismo.</p><p>• IgE: participa da defesa contra parasitas, especialmente contra helmintos, sendo responsável</p><p>também pelo desencadeamento de alergias.</p><p>•IgD: anticorpo menos abundante do plasma, tem suas funções pouco conhecidas até o</p><p>momento.</p><p>Inflamação</p><p>A lesão aos tecidos do corpo desencadeia uma resposta defensiva denominada</p><p>inflamação (do latim inflammare: atear fogo). O dano pode ser desencadeado por infecções</p><p>microbianas, agentes físicos (como o calor, energia radiante, eletricidade ou objetos cortantes)</p><p>ou químicos (ácidos, bases e gases). A inflamação é caracterizada pelos sintomas: rubor, calor,</p><p>dor, edema e algumas vezes a perda da função, a sua ocorrência depende do local e extensão</p><p>da lesão. Os sintomas observados na resposta inflamatória são benéficos e têm a função de</p><p>destruir o agente lesivo e removê-lo juntamente com seus subprodutos do corpo; se a</p><p>destruição não for possível, vai limitar seus efeitos, confinando o agente lesivo e seus</p><p>subprodutos; reparar o tecido lesado pelo agente ou seus subprodutos. Imediatamente após a</p><p>lesão tecidual, os vasos sanguíneos se dilatam na área lesada e sua permeabilidade aumenta</p><p>ocorrendo a vasodilatação.</p><p>Infecção</p><p>Segundo o Ministério da Saúde, é a penetração e desenvolvimento ou multiplicação de</p><p>um agente infeccioso no organismo do homem ou outro animal. Quando a infecção gera sinais</p><p>e sintomas, temos um caso de doença infecciosa. Nem sempre, no entanto, os agentes</p><p>causadores de infecções, ou seja, os agentes infecciosos, causam doenças infecciosas.</p><p>A infecção é causada por agentes como vírus, bactérias, protozoários e fungos,</p><p>entretanto, outros organismos como os helmintos podem desencadear um processo infeccioso.</p><p>Nesse caso, o invasor se instala no local e se prolifera. Muitos processos infecciosos ocorrem</p><p>32</p><p>quando o sistema imune se encontra fragilizado, facilitando a entrada e a multiplicação do</p><p>agente.</p><p>Os agentes infecciosos podem penetrar no nosso organismo por diferentes vias. Alguns</p><p>agentes, por exemplo, são capazes de invadir nosso corpo pela pele, outros pelas mucosas e</p><p>também pela via respiratória.</p><p>Os agentes infecciosos nem sempre são capazes de desencadear em nosso organismo</p><p>uma doença infecciosa, isso se deve ao fato de que nosso corpo possui uma série de defesa que</p><p>nos protegem contra. Entre as defesas que nosso organismo possui, podemos citar:</p><p>- Pele</p><p>- Glóbulos brancos</p><p>- Anticorpos</p><p>Nem sempre nosso organismo é capaz de deter um agente infeccioso, o qual</p><p>acaba desencadeando lesões e resposta do hospedeiro. Nesse caso, observamos</p><p>alterações no organismo e o surgimento de algumas manifestações clínicas, o que indica</p><p>que o hospedeiro está com uma doença infecciosa.</p><p>AGENTES MACRO E MICROBIOLÓGICOS CAUSADORES DE DOENÇAS</p><p>Todos os seres vivos são formados por células, necessitam de alimento, precisam</p><p>respirar, são capazes de se reproduzir e possuem uma composição química formada por</p><p>substâncias</p>