Logo Passei Direto
Buscar

Os princípios da administração pública no sistema jurídico brasileiro

User badge image
Talita souza

em

Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>Os princípios da administração pública no sistema jurídico brasileiro</p><p>1 de janeiro de 2012</p><p>Resumo: O presente artigo trata dos princípios que regem a Administração Pública, dispositivos estes, que norteiam todo o sistema jurídico analisado e profere atribuições constitucionais a serem seguidos. Os princípios podem ser expressos ou implícitos, os primeiros vêm claramente expostos no caput do art. 37 da Constituição Federal do Brasil e nos remete aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, e os implícitos, em sua maioria, estão dispostos em lei infraconstitucional. O método bibliográfico foi utilizado como meio de pesquisa de elaboração deste artigo, e busca-se esclarecer as definições e os sentidos dos princípios diante da Administração Publica. Os interesses públicos ganharam força com o desenvolvimento do Estado Social, que previa a organização do Estado, buscando realizar os anseios da sociedade e proferir um bem-estar social a todos.</p><p>Palavras-chaves: Administração Pública; Princípios da Administração Pública; Direito Administrativo.</p><p>Sumário: 1. Introdução 2. Os Princípios Constitucionais da Administração Pública 2.1 Legalidade 2.2 Moralidade 2.3 Impessoalidade 2.4 Razoabilidade e Proporcionalidade. 2.5 Publicidade 2.6 Eficiência 3. Interesse Público 4. Conclusão</p><p>1 INRODUÇÃO</p><p>Os princípios são necessários para nortear o direito, embasando como deve ser. Na Administração Pública não é diferente, temos os princípios expressos na constituição que são responsáveis por organizar toda a estrutura e além disso mostrar requisitos básicos para uma “boa administração”, não apenas isso, mas também gerar uma segurança jurídica aos cidadãos, como por exemplo, no princípio da legalidade, que atribui ao indivíduo a obrigação de realizar algo, apenas em virtude da lei, impedindo assim que haja abuso de poder.</p><p>Na elaboração do presente trabalho, utilizou-se o método bibliográfico, baseando-se na pesquisa de doutrinas do âmbito do Direito Administrativo e do Direito Público, com objetivo de embasar o trabalho, de modo que trouxesse as definições sobre a temática dos Princípios da Administração Publica.</p><p>No texto da Constituição Federal, temos no seu art. 37, em seu caput, expressamente os princípios constitucionais relacionados com a Administração Pública, ficando com a doutrina, a necessidade de compreender quais são as verdadeiras aspirações destes princípios e como eles estão sendo utilizados na prática, sendo isso uma dos objetos do presente trabalho.</p><p>Com o desenvolvimento do Estado Social, temos que os interesses públicos se sobrepuseram diante todos os outros, a conhecida primazia do público, a tendência para a organização social, na qual os anseios da sociedade devem ser atendidos pela Administração Pública, assim, é função desta, realizar ações que tragam benefícios para a sociedade.</p><p>2 OS PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS  DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA</p><p>Para compreender os Princípios da Administração Pública é necessário entender a definição básica de princípios, que servem de base para nortear e embasar todo o ordenamento jurídico e é tão bem exposto por Reale (1986, p. 60), ao afirmar que:</p><p>“Princípios são, pois verdades ou juízos fundamentais, que servem de alicerce ou de garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados em um sistema de conceitos relativos à dada porção da realidade. Às vezes também se denominam princípios certas proposições, que apesar de não serem evidentes ou resultantes de evidências, são assumidas como fundantes da validez de um sistema particular de conhecimentos, como seus pressupostos necessários.”</p><p>Assim, princípios são proposições que servem de base para toda estrutura de uma ciência, no Direito Administrativo não é diferente, temos os princípios que servem de alicerce para este ramo do direito público. Os princípios podem ser expressos ou implícitos, vamos nos deter aos expressos, que são os consagrados no art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil. Em relação aos princípios constitucionais, Meirelles (2000, p.81) afirma que:</p><p>“Os princípios básicos da administração pública estão consubstancialmente em doze regras de observância permanente e obrigatória para o bom administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público. Os cinco primeiros estão expressamente previstos no art. 37, caput, da CF de 1988; e os demais, embora não mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto que, ao daqueles, foram textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei federal 9.784, de 29/01/1999.”</p><p>Destarte, os princípios constitucionais da administração pública, como tão bem exposto, vêm expressos no art. 37 da Constituição Federal, e como já afirmado, retoma aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, que serão tratados com mais ênfase a posteriori. Em consonância, Di Pietro conclui que a Constituição de 1988 inovou ao trazer expresso em seu texto alguns princípios constitucionais. O caput do art. 37 afirma que a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.</p><p>2.1 LEGALIDADE</p><p>O princípio da legalidade, que é uma das principais garantias de direitos individuais, remete ao fato de que a Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei permite, ou seja, só pode ser exercido em conformidade com o que é apontado na lei, esse princípio ganha tanta relevância pelo fato de não proteger o cidadão de vários abusos emanados de agentes do poder público. Diante do exposto, Meirelles (2000, p. 82) defende que:</p><p>“Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa “poder fazer assim”; para o administrador público significa “deve fazer assim”.”</p><p>Deste modo, este princípio, além de passar muita segurança jurídica ao indivíduo, limita o poder do Estado, ocasionando assim, uma organização da Administração Pública. Como já afirmado, anteriormente, este princípio além de previsto no caput do art. 37, vem devidamente expresso no rol de Direitos e Garantias Individuais, no art. 5º, II, que afirma que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Em conclusão ao exposto, Mello (1994, p.48) completa:</p><p>“Assim, o princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração às leis. Este deve tão-somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no direito Brasileiro.”</p><p>No mais, fica claro que a legalidade é um dos requisitos necessários na Administração Pública, e como já dito, um princípio que gera segurança jurídica aos cidadãos e limita o poder dos agentes da Administração Pública.</p><p>2.2 MORALIDADE</p><p>Tendo por base a “boa administração”, este princípio relaciona-se com as decisões legais tomadas pelo agente de administração publica, acompanhado, também, pela honestidade. Corroborando com o tema, Meirelles (2000, p. 84) afirma:</p><p>“É certo que a moralidade do ato administrativo juntamente a sua legalidade e finalidade, além de sua adequação aos demais princípios constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública será ilegítima”.</p><p>Assim fica claro, a importância da moralidade na Administração Publica. Um agente administrativo ético que usa da moral e da honestidade,</p><p>das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.</p><p>§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços.         (Vide Lei nº 13.871, de 2019)     (Vigência)</p><p>§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor.         (Vide Lei nº 13.871, de 2019)     (Vigência)</p><p>§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.         (Vide Lei nº 13.871, de 2019)     (Vigência)</p><p>§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso.                (Incluído pela Lei nº 13.882,  de 2019)</p><p>§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público.            (Incluído pela Lei nº 13.882,  de 2019)</p><p>CAPÍTULO III</p><p>DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL</p><p>Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, de imediato, as providências legais cabíveis.</p><p>Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgência deferida.</p><p>Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados.         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes diretrizes:         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar;         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas;         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida privada.         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento:         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida;         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o inquérito.         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre outras providências:</p><p>I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder Judiciário;</p><p>II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;</p><p>III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco de vida;</p><p>IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar;</p><p>V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis.</p><p>V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável.            (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)</p><p>Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:</p><p>I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a termo, se apresentada;</p><p>II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;</p><p>III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência;</p><p>IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais necessários;</p><p>V - ouvir o agressor e as testemunhas;</p><p>VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências policiais contra ele;</p><p>VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento);            (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)</p><p>VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério Público.</p><p>§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:</p><p>I - qualificação da ofendida e do agressor;</p><p>II - nome e idade dos dependentes;</p><p>III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.</p><p>IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente.         (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019)</p><p>§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da ofendida.</p><p>§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de saúde.</p><p>Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas</p><p>de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher.</p><p>Art. 12-B. (VETADO).         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>§ 1º (VETADO).         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>§ 2º (VETADO.         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à defesa da mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus dependentes.         (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)</p><p>Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>I - pela autoridade judicial;         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>TÍTULO IV</p><p>DOS PROCEDIMENTOS</p><p>CAPÍTULO I</p><p>DISPOSIÇÕES GERAIS</p><p>Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido nesta Lei.</p><p>Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as normas de organização judiciária.</p><p>Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.          (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)</p><p>§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens.          (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)</p><p>§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver.          (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)</p><p>Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:</p><p>I - do seu domicílio ou de sua residência;</p><p>II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;</p><p>III - do domicílio do agressor.</p><p>Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.</p><p>Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA</p><p>Seção I</p><p>Disposições Gerais</p><p>Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas:</p><p>I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas de urgência;</p><p>II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso;</p><p>II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente;            (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)</p><p>III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis.</p><p>IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.            (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019)</p><p>Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida.</p><p>§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.</p><p>§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados.</p><p>§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.</p><p>Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.</p><p>Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.</p><p>Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do defensor público.</p><p>Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor .</p><p>Seção II</p><p>Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor</p><p>Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:</p><p>I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;</p><p>II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;</p><p>III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:</p><p>a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor;</p><p>b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de comunicação;</p><p>c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida;</p><p>IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar;</p><p>V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.</p><p>VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e         (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)</p><p>VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.       (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)</p><p>§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida</p><p>ou as circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público.</p><p>§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no caput e incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso.</p><p>§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial.</p><p>§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil).</p><p>Seção III</p><p>Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida</p><p>Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:</p><p>I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;</p><p>II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento do agressor;</p><p>III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;</p><p>IV - determinar a separação de corpos.</p><p>V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.            (Incluído pela Lei nº 13.882,  de 2019)</p><p>Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:</p><p>I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;</p><p>II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;</p><p>III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;</p><p>IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.</p><p>Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos nos incisos II e III deste artigo.</p><p>Seção IV</p><p>(Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)</p><p>Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência</p><p>Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência</p><p>Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:         (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)</p><p>Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.         (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)</p><p>§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.         (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)</p><p>§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança.         (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)</p><p>§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.         (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)</p><p>CAPÍTULO III</p><p>DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário:</p><p>I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de assistência social e de segurança, entre outros;</p><p>II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades constatadas;</p><p>III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>CAPÍTULO IV</p><p>DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA</p><p>Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei.</p><p>Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e humanizado.</p><p>TÍTULO V</p><p>DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR</p><p>Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde.</p><p>Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.</p><p>Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.</p><p>Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.</p><p>TÍTULO VI</p><p>DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS</p><p>Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela legislação processual pertinente.</p><p>Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o processo e o julgamento das causas referidas no caput.</p><p>TÍTULO VII</p><p>DISPOSIÇÕES FINAIS</p><p>Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do serviço de assistência judiciária.</p><p>Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências:</p><p>I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar;</p><p>II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em situação de violência doméstica e familiar;</p><p>III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar;</p><p>IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar;</p><p>V - centros de educação e de reabilitação para os agressores.</p><p>Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.</p><p>Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de atuação na área, regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.</p><p>Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não há outra entidade com representatividade adequada para o ajuizamento da demanda coletiva.</p><p>Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema</p><p>de Justiça e Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às mulheres.</p><p>Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de dados do Ministério da Justiça.</p><p>Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas protetivas.         (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)</p><p>Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de suas competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei.</p><p>Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos princípios por ela adotados.</p><p>Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.</p><p>Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV:</p><p>Origem da Lei</p><p>Preliminarmente faremos uma breve resumo da Lei Maria da Penha, com foco na narrativa do nascimento da Lei 11.340/2006, para compreensão de sua força no que diz respeito à proteção da mulher.</p><p>Antes de mais nada, a Lei 11.340 de 7 de agosto de 2006 é popularmente conhecida como Lei Maria da Penha, o nome que deu origem à lei foi em homenagem a uma mulher que sofreu abusos por parte do marido.</p><p>Além disso, como resultado das agressões, ficou paraplégica decorrente de um tiro nas costas, enquanto dormia.</p><p>O autor do disparo foi seu marido, o professor universitário Marco Antônio Heredia Viveiros.</p><p>Como se não bastasse, duas semanas depois ele tentou matá-la novamente, desta vez, por eletrochoque e afogamento, durante o banho.</p><p>Sobrevivente do caos, Maria da Penha Fernandes lutou bravamente para que houvesse justiça, foi quando fez uma denúncia pública.</p><p>O marido foi preso em 2002, mesmo praticando o crime por 19 anos, cumpriu apenas dois anos de pena de prisão e ganhou o regime aberto.</p><p>Maria da Penha, inclusive escreveu um livro sobre a sua trajetória para conseguir a punição do marido,   tornou-se, assim, símbolo da luta contra violência doméstica em todo o Brasil.</p><p>Como resultado, esta lei apresentou uma grande modificação no tratamento dado aos crimes em um contexto de violência doméstica e familiar.</p><p>Enquadra-se dentro das Leis Penais extravagantes, ou leis especiais, e assim como o Código Penal, tipifica os crimes, destacando-se ainda que a Lei foi muito além das medidas de caráter penal, pois apresentou várias medidas de proteção à mulher.</p><p>Feita essas breves considerações, sem mais delongas, passaremos a destacar os principais pontos da Lei 11.340/06, que possivelmente cairá na sua prova.</p><p>Identificando o crime enquadrado na Lei Maria da Penha</p><p>Precipuamente, os artigos 5 º, 6º e 7º da lei, são os que demonstram algumas formas de violência contra mulher, ambos devem ser interpretados paralelamente.</p><p>A definição da violência doméstica contra a mulher é tratada no art. 5º, da seguinte forma:</p><p>Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (…)</p><p>Assim também, no mesmo artigo, estabelece os ambientes e em que casos ocorrer:</p><p>– no âmbito da unidade doméstica (inciso I)</p><p>–  no âmbito da família (inciso II)</p><p>–  em decorrência de uma relação íntima de afeto (inciso III)</p><p>Isto posto, no âmbito da unidade doméstica, abrange o espaço de convívio permanente de pessoas, o que inclui também a convivência com pessoas com as quais a mulher não tem vínculo familiar e as esporadicamente agregadas ao seio da família.</p><p>Assim também, na esfera familiar, inclui os indivíduos com ou sem laços naturais, podendo ser parentes por afinidade.</p><p>Tratando da relação íntima de afeto, pode ser qualquer sinal de troca de intimidade, não precisando haver coabitação.</p><p>Ressalta-se que as expressões violência doméstica, intrafamiliar, contra a mulher e violência de gênero são termos que podem ser referidos a perspectivas de análise diferentes.</p><p>À vista disso, é necessário averiguar o predicado que a acompanha.</p><p>Salienta-se o modo como alguns autores exemplificam a expressão violência doméstica:</p><p>Violência doméstica é a que ocorre dentro de casa, nas relações entre as pessoas da família, entre homens e mulheres, pais/mães e filhos, entre jovens e pessoas idosas. Podemos afirmar que, independentemente da faixa etária das pessoas que sofrem espancamentos, humilhações e ofensas nas relações descritas, as mulheres são o alvo principal. (Telles e Melo, 2003, p. 19).</p><p>As formas de violência tipificadas na Lei</p><p>A princípio, essa legislação específica define as formas de violência praticadas contra as mulheres, sendo elas: física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.</p><p>O artigo 7º da Lei, assim determina:</p><p>Violência</p><p>· Física – entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou a saúde corporal da mulher.</p><p>As infrações penais que configuram essa forma de violência são a lesão corporal e as vias de fato. A ação penal é pública incondicionada.</p><p>· Psicológica – entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima.</p><p>A violência psicológica pode ser qualquer forma de controle de ações, crenças, constrangimento, humilhação e etc.</p><p>· Sexual – é qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada.</p><p>· Patrimonial – entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens e etc.</p><p>· Moral – entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.</p><p>A violência doméstica e familiar é um fenômeno extremamente complexo, enraizado na desigualdade entre os sexos que acompanha a sociedade desde a sua origem.</p><p>Por esse motivo, o que traz expresso na Lei é apenas um parâmetro de exemplos para identificar as agressões, podendo ocorrer de diversas formas, visto que, o conceito de violência passa por diversas mutações, a depender do momento atual em que vive a sociedade.</p><p>A propósito, assinala-se que o sujeito ativo da violência doméstica e familiar não necessariamente é homem, podendo ser qualquer pessoa agregada a uma mulher por vínculo afetivo, familiar ou doméstico.</p><p>Desta forma, mulher que agride outra mulher com quem tenha relação íntima, também pode ser enquadrada na Lei Maria da Penha.</p><p>Sobre as medidas protetivas da Lei Maria da Penha e suas inovações Legislativas</p><p>As medidas protetivas nada mais são que uma determinação do juiz para que a mulher em situação de violência doméstica, familiar ou na relação de afeto, sinta-se protegida.</p><p>Tais medidas são estabelecidas conforme a necessidade da solicitante.</p><p>A recente Lei nº 13.827/2019, foi designada para os casos em que a mulher corre risco de morte, e a medida deve ser emitida com urgência.</p><p>Com isso, possibilitou a concessão de medida protetiva de urgência desde já pelo Delegado de Polícia, quando o Município não for sede de comarca.</p><p>No caso de não haver Delegado de Polícia, e o Município não for sede de comarca, o policial está autorizado a concessão de medidas.</p><p>Nessas duas situações, deverá ser comunicado ao juiz em até 24h, que decidirá em igual prazo, da manutenção ou revogação da medida aplicada.</p><p>Todavia, as medidas que a autoridade policial pode conceder são: o afastamento do agressor do lar, domicílio ou local</p><p>de convivência com a ofendida.</p><p>As outras diversas protetivas, ainda continuam sendo exclusivas do juiz, nesses casos  a autoridade policial remete ao juiz em até 48 horas, o pedido da vítima para concessão da medida protetiva.</p><p>Conforme o art. 22 da Lei Maria da Penha, o juiz(a) poderá definir:</p><p>· A proibição ou restrição do uso de arma por parte do agressor.</p><p>· O afastamento do agressor da casa.</p><p>· A proibição do agressor de se aproximar da mulher agredida.</p><p>· A restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores.</p><p>· A obrigatoriedade da prestação de alimentos provisórios.</p><p>· A restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor.</p><p>· A proibição de venda ou aluguel de imóvel da família sem autorização judicial.</p><p>· O depósito de valores correspondentes aos danos causados pelo agressor etc.</p><p>· Proibição de condutas como: frequentação de determinados lugares, visita de familiares da vítima.</p><p>O que mudou nas medidas protetivas após a Lei 13.984 de 2020</p><p>A mais nova Lei trouxe significativas mudanças relativamente as medidas protetivas urgentes, na Lei Maria da Penha.</p><p>Como resultado, acrescentou dois incisos no art. 22 da Lei Maria da Penha, estabelecendo o seguinte:</p><p>Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:</p><p>VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e</p><p>VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.</p><p>Desta maneira, o acréscimo possibilitou certa segurança jurídica, contudo, a nova lei deixa claro que a reeducação não livrará o cumprimento eventual da pena ao final do processo.</p><p>Ademais, é imprescindível destacar que a Lei n. 13.641/2018, anterior a Lei 13.984/2020,  alterou dispositivos da Lei n. 11.340/2006 , acrescendo o art.24-A:</p><p>Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei:</p><p>Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos</p><p>Em consequência disso, tornou crime o descumprimento de medidas protetivas de urgência expedidas em razão de violência doméstica.</p><p>Além de responder pelo crime do art. 24-A da Lei 11.340/2006, caso o agressor descumpra a decisão judicial,  é possível:</p><p>– a execução da multa imposta;</p><p>– a decretação de sua prisão preventiva (art. 313, III, do CPP).</p><p>Direitos garantidos pela Lei Maria da Penha</p><p>No Título III da Lei, consta os direitos garantidos à mulher, com destaque para as medidas integradas de prevenção, assistência e atendimento pela autoridade policial.</p><p>Resumidamente, as principais garantias às vítimas de violência doméstica são:</p><p>– uma vez acolhida, é ouvida pelos profissionais da rede de atendimento às mulheres em situação de violência doméstica e familiar;</p><p>– sem pré-julgamentos, respeita-se o tempo de decisão sobre qual medida deseja ser aplicada, sem culpabilização;</p><p>– medida protetiva de urgência que consiste na proibição de aproximação do agressor;</p><p>– prioridade de acesso a programas habitacionais, sociais de emprego, e renda;</p><p>– manutenção do vínculo empregatício por até seis meses de afastamento do trabalho;</p><p>– escolta policial para retirar bens da residência, quando necessário;</p><p>– atendimento de saúde e psicossocial especializado e continuado, quando necessário;</p><p>– registro do boletim de ocorrência;</p><p>– registro detalhado do relato que fizer em qualquer órgão público (no intuito de evitar a revitimização e a necessidade de contar a história repetidas vezes);</p><p>– atendimento na comarca de seu domicílio ou residência, no lugar onde ocorreu a agressão (se este for diferente) ou no domicílio do agressor;</p><p>– independentemente de seu nível de renda, poderá ser assistida pela Defensoria Pública,;</p><p>– acesso a casa abrigo e outros serviços de acolhimento especializado;</p><p>– notificação formal da violência sofrida ao Ministério da Saúde, para fins de produção de dados estatísticos e políticas públicas;</p><p>– informações sobre direitos e todos os serviços disponíveis.</p><p>Tipos de ação dos crimes na Lei Maria da Penha</p><p>Um dos pontos que causam muitas dúvidas nos concurseiros, é sobre a natureza da ação nos crimes que envolvem violência doméstica contra a mulher.</p><p>Convém esclarecer que, a Lei 9.099/1995, dos Juizados Especiais, atribuía a todos os crimes de lesões corporais, independente do sexo da vítima, a necessidade de manifestação de vontade para a propositura da ação penal.</p><p>Contudo, a Lei veio afastar essa delimitação, e nesse resumo da Lei Maria da Penha elucidaremos a controvérsia.</p><p>Logo quando do surgimento da Lei, o entendimento majoritário era de que, nas lesões corporais a ação penal seria de natureza condicionada a representação.</p><p>Desse modo, poder-se-ia depreender que se mantinha o disposto na lei dos juizados especiais.</p><p>Consoante a isso, o STF, no julgamento da ADI nº 4424, modificou o entendimento majoritário, assentando a natureza incondicionada da ação penal.</p><p>Sendo assim, quando o delito for de lesão corporal praticada contra a mulher no âmbito doméstico e familiar, a ação penal será sempre PÚBLICA INCONDICIONADA.</p><p>Portanto, não importa a extensão da lesão, seja ela leve, grave ou gravíssima, dolosa ou culposa.</p><p>Nessa sequência, trata a Súmula nº 542 do STJ:</p><p>“A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.”</p><p>Em todos os crimes da Lei Maria da Penha a natureza da ação será pública e incondicionada?</p><p>A resposta é NÃO!</p><p>Uma vez que a necessidade de representação foi afastada apenas nos casos de lesão corporal.</p><p>Não obstante, nos outros crimes permaneceu a condição de procedibilidade de ação penal pública condicionada à representação, como é o caso dos crimes de ameaça, etc.</p><p>A despeito, tem-se o art. 16 da Lei 11.340/2006 que trata sobre a renúncia à representação nas ações que permanecerão sendo de ação pública condicionada.</p><p>Consequentemente, nos casos em que dependerão da vontade da mulher, a renúncia deverá ser realizada perante a presença do juiz e ouvido o Ministério Público.</p><p>A abordagem da Lei Maria da Penha nas provas de concursos</p><p>A saber, existem alguns pontos que são necessários destacar, pois recorrentemente têm sido cobrados em provas de concursos públicos.</p><p>No tocante a aplicabilidade da Lei 9.099/95 e seus institutos despenalizadores, estes não incidem nos crimes contidos na Lei Maria da Penha.</p><p>Para isso, temos a Súmula nº 536 do STJ:</p><p>“a suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha”.</p><p>O tema acima já foi cobrado em prova discursiva para cargo de Promotor de Justiça Substituto, aplicada pela Cespe.</p><p>No mesmo sentido, prevê o art. 41, da Lei Maria da Penha:</p><p>Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.</p><p>Outro ponto a destacar, neste resumo da Lei Maria da Penha, é em relação ao art. 20, que tem a seguinte redação:</p><p>Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.</p><p>Com o advento do Pacote Anticrime, o qual alterou o art. 311 do CPP, passou a vedar a decretação da prisão preventiva de ofício na fase pré-processual.</p><p>Em virtude disso,  podemos dizer que o art. 20 da Lei Maria da Penha é uma exceção expressa ao art. 311 do CPP.</p><p>Isso se dá em razão do princípio da especialidade, e também por não haver  um posicionamento jurisprudencial e doutrinário em sentido contrário.</p><p>Como complemento, é indispensável mencionar um recente entendimento do STJ:</p><p>“Em caso de ameaça por redes sociais ou pelo Whatsapp, o juízo competente para deferir as medidas protetivas é aquele no qual a mulher tomou conhecimento das intimidações”</p><p>Conclusão – Resumo Lei Maria da Penha</p><p>Sem dúvida, desde o seu surgimento, a Lei Maria da Penha tem cumprido</p><p>seu papel, apesar de ser necessário ações mais positivas pelos órgãos públicos.</p><p>Assim sendo, a Lei 11.340/2006,  também abriu caminho para que fosse criada a Lei do Feminicídio (Lei 13.104/15), e vem gradativamente sofrendo alterações.</p><p>Com o presente estudo, sabemos que a Lei veio para combater esse tipo de violência contra a mulher, tendo como base a história de Maria da Penha Maia Fernandes.</p><p>Maria da Penha, juntamente com movimentos feministas e Convenções Internacionais, ensejaram a iniciativa da criação de uma lei especifica que regulasse e punisse os agressores.</p><p>A Lei Maria da Penha foi tão bem recebida que é considerada uma das melhores legislações protetivas do mundo.</p><p>Porém, isso gera uma falsa sensação de dever cumprido pelo Estado.</p><p>Por fim, a verdade é que os altos índices de violência contra a mulher ainda resistem até hoje.</p><p>Atualmente,  a Lei Maria da Penha é ainda o melhor recurso de proteção à mulher vítima de violência doméstica e familiar.</p><p>Vale ressaltamos que os resumos aqui publicados não substituem os cursos regulares da matéria em debate.</p><p>Espero que tenham gostado deste resumo da Lei Maria da Penha.</p><p>Até a próxima pessoal.</p><p>ESTATÍSTICAS - Três crianças ou adolescentes são abusadas sexualmente no Brasil a cada hora</p><p>Índice de notificações, de 2018, é o maior já registrado desde 2011, quando agentes de saúde passaram a ter a obrigação de computar atendimentos.</p><p>(Por Thiago Herdy - Globo.com - 02/03/2020 - acesse no site de origem)</p><p>O Brasil registrou ao menos 32 mil casos de abuso sexual contra crianças e adolescentes em 2018, o maior índice de notificações já registrado pelo Ministério da Saúde, segundo levantamento obtido pelo GLOBO.</p><p>O índice equivale a mais de três casos por hora - quase duas vezes o que foi registrado em 2011, ano em que agentes de saúde passaram a ter a obrigação de computar atendimentos. De lá para cá, os números crescem ano a ano, e somam um total de 177,3 mil notificações em todo o país.</p><p>Especialistas na área de defesa dos direitos da infância atribuem o aumento ao investimento em campanhas, abertura de canais de denúncia e formação de profissionais para a identificação de situações de abuso.</p><p>Mas também apontam para uma preocupação futura: segundo eles, o recorde coincide com um momento crítico no enfrentamento deste tipo de violência. Ao longo de 2019, programas federais foram descontinuados, e a desarticulação entre entidades da sociedade civil e entes governamentais vive momento crítico.</p><p>Realizado em parceria com universidades e destinado a capacitar professores, o programa "Escola que Protege", por exemplo, foi encerrado pelo Ministério da Educação, e não há previsão de volta, de acordo com a pasta. Outra iniciativa, a Comissão Intersetorial de Enfrentamento a Violência e Exploração Sexual Infanto-juvenil - que articulava iniciativas dos ministérios dentro do governo - não se reúne desde 2018, e está sem previsão de retorno.</p><p>Nova Diretriz</p><p>A defesa pública do presidente Jair Bolsonaro - no cargo desde janeiro de 2019 - para que não se discuta sexualidade em escolas, mas apenas no ambiente familiar, é apontada pelos especialistas como fator que pode agravar o quadro de abuso na infância.</p><p>Segundo os números do Ministério da Saúde, dois terços dos episódios de abuso registrados em 2018 ocorreram dentro de casa. Em 25% dos casos, os abusadores eram amigos ou conhecidos da vítima, em 23%, o pai ou padrasto.</p><p>- Foi um desafio construir nos últimos 20 anos uma perspectiva de trabalho sobre prevenção a partir da educação sexual desde a primeira infância. A criança deve aprender a identificar sinais de abuso - diz Karina Figueiredo, secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.</p><p>A formação de professores e alunos sobre a temática, propiciando um ambiente seguro para denúncia, é considerada estratégia fundamental para romper a barreira de silêncio e interromper ciclos de violência na família. Estimular a autodefesa de jovens e educá-los para que tenham maturidade no momento de descoberta da própria sexualidade também são citadas como medidas importantes.</p><p>- Falar em educação sexual não significa ensinar à criança o ato sexual. Você pode ensinar como se nominam as partes do corpo, que ele tem partes públicas e privadas. A uma criança de cinco anos, por exemplo, já é possível dizer o que são situações de risco e que ela pode dizer não a cada desconforto - diz Itamar Gonçalves, gerente de programas da Childhood Brasil, para quem medidas preventivas devem ser adequadas a cada faixa etária.</p><p>Direito de Falar</p><p>Para Vicente Faleiros, sociólogo e autor de livros sobre o tema, o discurso governamental trata a educação para sexualidade como algo "imoral".</p><p>- A vítima de abuso precisa de informação. Precisa saber reagir, contar, dialogar, e não ser silenciada. Caso contrário, ela é silenciada duas vezes: pelo abusador e pela política pública, que determina que não se fale sobre o assunto - afirma.</p><p>O MEC confirmou ao GLOBO ter extinguido as políticas com a temática e argumentou que agora elas estão concentradas no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves. Essa pasta, por sua vez, informou que ainda não formulou um programa substituto para atuação nas escolas. Uma iniciativa semelhante estaria em negociação, mas é voltada para agentes de saúde.</p><p>As principais entidades de enfrentamento à violência têm se reunido para discutir estratégias face ao que consideram novas dificuldades. O incremento de parcerias com estados e municípios é apontado como alternativa.</p><p>Planos Federais</p><p>Subordinado à ministra Damares, o secretário nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maurício Cunha, diz considerar o enfrentamento à violência sexual uma prioridade do governo.</p><p>Prova disso seriam melhorias implementadas no serviço de denúncias Disque 100 - que passou a ter mais atendentes - e a recente adesão a uma coalizão de organizações que combatem a exploração sexual contra crianças e adolescentes na internet. Uma conferência internacional sobre o tema deve entrar na agenda.</p><p>Segundo Cunha, Damares solicitou a reativação da comissão interministerial que cuidava do tema, mas ainda aguarda uma resposta da Casa Civil. O ministério não quis informar a data da solicitação.</p><p>- Não acho que o presidente seja contra falar de sexualidade em escolas. Ele só entende que deve ser em linguagem adequada e com respeito à família - diz.</p><p>Para ele, o que vinha acontecendo nos últimos anos era uma "supervalorização do Estado" no trato de questões da infância. [Leia nota do CAOPCAE]</p><p>[Fonte: Agência Patrícia Galvão - Violência Sexual - 02/03/2020]</p><p>Posição do CAOPCAE/MPPR:</p><p>A ideia de que proteção em excesso pode prejudicar o desenvolvimento das crianças é defendida por psicólogos e especialistas. Uma redoma criada pelos pais, ou pela família, pode ter o efeito contrário: em vez de proteger, pode fazer com que as crianças fiquem ainda mais expostas. Não ter noção da violência das grandes cidades prejudica o instinto de autopreservação dos pequenos, por exemplo.</p><p>Porém, em se tratando de políticas públicas de proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes não há como executá-las em excesso - nem em número e nem em grau. São garantidas constitucionalmente, e com absoluta prioridade, a proteção e a defesa das crianças e dos adolescentes. Não havendo, por conseguinte, como se falar que ocorreram nos últimos anos uma "supervalorização do Estado" no trato de questões da infância.</p><p>Portanto é, conforme determinado pela Constituição Federal, responsabilidade do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. E considerando a existência de uma única criança ou adolescente que, no caso concreto</p><p>não teve todos estes direitos assegurados em sua integralidade pelas políticas públicas, estaríamos em descumprimento do quanto assegurado pela Lei Maior. Portanto, como na vida real as pesquisas nos revelam um número assustador de violações dos direitos infantojuvenis, bem assim a insuficiência da intervenção do Estado para assegurar a prometida proteção integral, não há que se falar na tal supervalorização, muito pelo contrário ainda estamos a tratar da precariedade do atendimento assegurado pela C.F. de 88 e pelo ECA.</p><p>Esta é a posição, referente ao assunto, deste Centro de Apoio Operacional das Promotorias da Criança e do Adolescente e da Educação do Ministério Público do Estado do Paraná (CAOPCAE/MPPR).</p><p>"Hoje, de manhã, ela olhou pra mim e falou assim: 'Eu acordei com medo'. E eu falei: 'Com medo do quê?' E ela disse: 'Com medo de ter que voltar pra casa'." O medo é de uma criança de dez anos que, há cinco meses, mora com os tios. No boletim de ocorrência, a mãe da menina assume que a filha era abusada desde os quatro anos. Quem conta é a tia, uma professora universitária de 37 anos, que não quer ser identificada e viu a história se repetir.</p><p>M* nasceu em 1983 e passou a ser abusada pela mãe no fim da década de 1980. Aos 12 anos, começou a se rebelar contra a violência, desenvolveu bulimia e, aos 24 anos, saiu de casa. Ela nunca mais falou com a mãe e, até hoje, faz tratamento psicológico e psiquiátrico.</p><p>Casos assim ficaram mais comuns durante a pandemia, dizem os especialistas. Só no Conselho Tutelar do Rio Pequeno e Raposo Tavares, na Zona Oeste de São Paulo, as denúncias de abuso sexual, agressão física e maus-tratos contra crianças e adolescentes aumentaram 670% de janeiro a abril deste ano em relação à mesma época do ano passado. Se comparadas as queixas feitas nos quatro primeiros meses de 2019 com igual período deste ano, o crescimento foi de 215%.</p><p>Cresceu o número de casos de violência e abusos contra crianças — Foto: Reprodução/TV Anhanguera</p><p>De acordo com o conselheiro tutelar Gledson Deziatto, militante dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, além dos números, há outro problema: o que antes era denunciado como suspeita, com a pandemia virou o que eles chamam de "denúncia tardia".</p><p>"Antes, as escolas percebiam que algo não ia bem com a criança e já acionavam o Conselho Tutelar. Quando as escolas e creches foram fechadas, o perfil mudou, e as queixas passaram a ser feitas por vizinhos ou pessoas da família, mas, até que o denunciante percebesse o que estava ocorrendo, muitas vezes, o abuso havia sido cometido rotineiramente", afirmou.</p><p>Especialistas alertam que 80% dos casos são registrados dentro de casa, justamente por quem deveria proteger as crianças, e a maioria envolve pessoas da família. Grande parte das vítimas são meninas.</p><p>É o caso de M*, que nasceu em uma família de classe média alta e que exemplifica o que acontece com a maioria dos meninos e das meninas vítimas de abuso: "Eu não tinha noção de que aquilo era um abuso sexual. Eu sabia que aquilo não era normal, mas eu só comecei a perceber que tinha alguma coisa errada ali quando eu me tornei adolescente".</p><p>Casada, a professora universitária não quis ter filhos com medo, segundo ela, de que alguém fizesse com a criança o que, um dia, fizeram com ela. "As pessoas falam: 'Deleta isso da sua vida', como se eu fosse um robô, como se eu fosse um computador que tem a tecla 'Delete'. Eu não sou robô, eu não sou um computador. Eu vou carregar isso comigo para sempre. É uma coisa que dá pra você amortecer, mas esquecer não dá. Não dá pra você apagar da sua vida, é impossível."</p><p>Há cinco meses, a professora universitária começou a criar a sobrinha do marido, que foi abusada pelo pai, dependente químico. A menina foi entregue a ela pelos próprios pais apenas com os documentos e uma mala pequena com roupas. Hoje, o processo de guarda corre na Justiça.</p><p>"Eu tirei ela dessa situação cedo. E eu nunca fui tirada dessa situação. Nós somos muito apegadas uma à outra. Nós nos completamos na falta daquele amor que não tivemos."</p><p>No caso da garota, foi aplicado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) que, na época dos abusos sofridos pela professora, nem sequer existia.</p><p>Por enquanto, o pai da menina está solto. Este é justamente um dos maiores entraves na busca pela redução do número de casos. Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos da infância e da juventude, menos de 10% dos agressores são punidos. "Temos que ter a consciência de que muitas crianças e adolescentes no Brasil estão dormindo, estão vivendo com seus inimigos, exatamente quem deveria protegê-los", destaca Alves.</p><p>Autoconhecimento e Defesa</p><p>Para ajudar a ensinar meninos e meninas a se proteger de abusos, profissionais de várias áreas – educação, comunicação, direito, medicina e psicologia – se uniram e criaram uma cartilha que explica as partes do corpo e convida as crianças a falar ou desenhar sobre elas mesmas.</p><p>A publicação já foi traduzida para o inglês e o espanhol. Premiado no ano passado, o projeto “Eu me Protejo” distribui os materiais gratuitamente pela internet. “É um mito achar que isso não pode acontecer na família de qualquer um”, diz Patrícia Almeida, coordenadora da iniciativa.</p><p>Por ano, o Brasil registra 500 mil casos de exploração sexual contra crianças e adolescentes, ocupando o segundo lugar no ranking de exploração sexual infantojuvenil. O primeiro país no ranking é a Tailândia.</p><p>75% das vítimas são meninas e, em sua maioria, negras. Elas são vítimas de espancamentos, estupros, estão sujeitas ao vício em álcool e drogas, e também a Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), já que muitas vezes não utilizam preservativos.</p><p>Quando uma criança ou adolescente é vítima de uma violência sexual, este crime é classificado como abuso ou exploração sexual. A diferença entre as duas violações é o fator de lucro, já que a exploração é mediada pelo pagamento em dinheiro ou qualquer outro benefício.</p><p>Eva Dengler, gerente de programas e relações empresariais da Childhood Brasil, afirma que, quando se trata deste tipo de violência, presume-se que a criança ou adolescente já é vítima de outras situações.</p><p>“São divididas em algumas grandes frentes as violências que as crianças podem sofrer: negligência, violência física, doméstica, psicológica, sexual e institucional”, afirma.</p><p>A especialista ainda alerta que existe uma alta taxa de subnotificação da violência sexual. Um estudo produzido pela Childhood Brasil em 2019 apontou que apenas 10% dos casos de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes são, de fato, notificados às autoridades.</p><p>A legislação brasileira classifica relação sexual com menor de 14 anos como estupro de vulnerável, com pena de 8 a 15 anos de reclusão.</p><p>Se a vítima tiver entre 14 e 18 anos e o sexo envolver troca mercantil, o crime é classificado como exploração sexual e a pena de 4 a 10 anos de prisão para quem teve a relação. Os intermediários dessa prática, como um agenciador ou o dono de um local que o favoreça, também são punidos.</p><p>“A exploração sexual é algo que acontece no Brasil inteiro. No entanto, nas regiões com maior vulnerabilidade econômica e onde os valores são pautados no adultocentrismo, machismo, homofobia e racismo, acabam intensificando a probabilidade de crianças nesta situação”, revela Dengler.</p><p>A exploração sexual infantil nas rodovias do país</p><p>A Polícia Rodoviária Federal (PRF), em parceria com a Childhood Brasil, lançou um levantamento que aponta os Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas rodovias federais brasileiras.</p><p>Entre 2019 e 2020, foram encontrados 3.651 pontos vulneráveis nas rodovias federais, sendo que 470 foram classificados como críticos.</p><p>As regiões com maior número de pontos vulneráveis são Nordeste (1.079), Sul (896), Sudeste (710), Centro-Oeste (531) e Norte (435). A maior incidência ocorreu no Paraná, seguido de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul.</p><p>O programa Na Mão Certa, criado em 2003, tem um foco preventivo, portanto a Polícia Rodoviária</p><p>Federal opera para tirar a criança da situação de vulnerabilidade antes que a exploração sexual ocorra de fato.</p><p>“A exploração sexual infantil é um crime escondido, diferente do assalto e do tráfico de drogas. Portanto, quanto mais pontos mapeados, melhor se resolve o problema”, afirma João Gabriel Dadalt, chefe do serviço de Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal.</p><p>Para que um ponto seja classificado como vulnerável, existem diversos fatores que são levados em conta, como, por exemplo, se há presença de prostituição adulta no local, se há a presença de crianças e adolescentes sem um responsável, se há pouca iluminação ou se o estabelecimento não oferece segurança com câmeras.</p><p>É importante ressaltar que os pontos vulneráveis à exploração nem sempre são pontos efetivos de exploração. “Esses pontos são mapeados justamente para também atacar outras vulnerabilidades sociais, como o trabalho infantil”, explica Dadalt.</p><p>Para tirar a criança desta situação, a PRF também depende da ajuda de uma rede de apoio, como o Ministério Público e o Conselho Tutelar. Caso a criança e sua família não recebam a atenção necessária, é possível que a criança retorne para os mesmos pontos de exploração.</p><p>Em uma de suas operações, Dadalt e sua equipe encontraram uma criança de 8 anos que estava às 11h da noite em um posto de gasolina vendendo doces. Apesar de ter realizado o resgate, dias depois a encontraram no mesmo local realizando a atividade.</p><p>60% dos pontos de maior vulnerabilidade estão localizados em áreas urbanas, sendo que quase a metade deles foram postos de combustível às margens de rodovias.</p><p>A BR-116, conhecida por ser a maior rodovia federal do Brasil, é a que possui o maior número de pontos críticos.</p><p>Os locais onde existem os maiores pontos de exploração são aqueles em que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é muito baixo, ou seja, são locais onde o acesso ao lazer, saúde e educação são precários.</p><p>“As crianças que são encontradas nestes locais geralmente não estão estudando e também possuem um nível socioeconômico muito baixo. A exploração sexual é apenas a ponta do iceberg da cadeia de vulnerabilidade”, pontua Dadalt.</p><p>consegue realizar uma boa administração, consegue discernir a licitude e ilicitude de alguns atos, além do justo e injusto de determinadas ações, podendo garantir um bom trabalho.</p><p>2.3 IMPESSOALIDADE</p><p>Um princípio ainda um pouco conturbado na doutrina, mas, a maioria, dos doutrinadores, relaciona este princípio com a finalidade, ou seja, impõe ao administrador público que só pratique os atos em seu fim legal, Mello (1994, p.58) sustenta que esse princípio “se traduz a idéia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas”.</p><p>Para a garantia deste principio, o texto constitucional completa que para a entrada em cargo público é necessário a aprovação em concurso público.</p><p>2.4 RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE</p><p>É um princípio que é implícito da Constituição Federal brasileira, mas que é explícito em algumas outras leis, como na paulista, e que vem ganhando muito força, como afirma Meirelles (2000). É mais uma tentativa de limitação ao poder púbico, como afirma Di Pietro (1999, p. 72):</p><p>“Trata-se de um princípio aplicado ao direito administrativo como mais uma das tentativas de impor-se limitações à discricionariedade administrativa, ampliando-se o âmbito de apreciações do ato administrativo pelo Poder Judiciário.”</p><p>Esse princípio é acoplado a outro que é o da proporcionalidade, pois, como afirma Di Pietro (1999, p. 72), “a proporcionalidade dever ser medida não pelos critérios pessoais do administrador, mas segundo padrões comuns na sociedade em que vive”.</p><p>2.5 PUBLICIDADE</p><p>Para que os atos sejam conhecidos externamente, ou seja, na sociedade, é necessário que eles sejam publicados e divulgados, e assim possam iniciar a ter seus efeitos, auferindo eficácia ao termo exposto. Além disso, relaciona-se com o Direito da Informação, que está no rol de Direitos e Garantias Fundamentais. Di Pietro (1999, p.67) demonstra que:</p><p>“O inciso XIII estabelece que todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.”</p><p>Como demonstrado acima, é necessário que os atos e decisões tomados sejam devidamente publicados para o conhecimento de todos, o sigilo só é permitido em casos de segurança nacional. “A publicidade, como princípio da administração pública, abrange toda atuação estatal, não só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes” (MEIRELLES, 2000, p.89). Busca-se deste modo, manter a transparência, ou seja, deixar claro para a sociedade os comportamentos e as decisões tomadas pelos agentes da Administração Pública.</p><p>2.6 EFICIÊNCIA</p><p>Este princípio zela pela “boa administração”, aquela que consiga atender aos anseios na sociedade, consiga de modo legal atingir resultados positivos e satisfatórios, como o próprio nome já faz referência, ser eficiente. Meirelles (2000, p 90) complementa:</p><p>“O Princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em se desempenhar apenas com uma legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento as necessidades da comunidade e de seus membros.”</p><p>A eficiência é uma característica que faz com que o agente público consiga atingir resultados positivos, garantindo à sociedade uma real efetivação dos propósitos necessários, como por exemplo, saúde, qualidade de vida, educação, etc.</p><p>3 INTERESSE PÚBLICO</p><p>Também chamado de Princípio da Finalidade, é o resultado pela busca dos interesses da sociedade, regulamentado pela Lei 9.784/99, que trata dos processos administrativos no âmbito da Administração Pública Federal. Consoante o assunto, Meirelles (2000, p. 95) corrobora afirmando que:</p><p>“Com o nome de interesse público, a Lei 9.784/99 coloca-o como um dos princípios de observância obrigatória pela Administração Pública, correspondendo ao “atendimento a fins de interesse gerais vedados a renúncia total ou parcial de poderes ou competência, salvo autorização em lei”.”</p><p>Assim, este princípio é o dispositivo que trata dos interesses da coletividade. Visa contribuir com a maioria dos indivíduos da sociedade, e o Estado tem papel relevante nisto, uma vez que foi criado para garantir uma organização e cumprir os interesses gerais da sociedade com o bem-estar da coletividade. A primazia da esfera do público sobre o privado levou a Supremacia do Interesse Público, e assim algumas funções do Estado necessitaram ser ampliadas. Como exemplo tem-se a própria ampliação de serviços públicos, ou como o poder de polícia que agora começou a prezar pela ordem social, sempre objetivando trabalhar pelo interesse da coletividade (DI PIETRO, 1999). Concluindo a temática, temos Mello (1994, p.44) afirmando:</p><p>“O princípio da supremacia do interesse publico sobre o interesse privado é princípio geral de direito inerente a qualquer sociedade. E a própria condição de sua existência. Assim, não se radica, em seu dispositivo específico algum da Constituição, ainda que inúmeros aludam ou impliquem manifestações concretas dele, como por exemplo, os princípios da função social da propriedade, da defesa do consumidor ou do meio ambiente (art. 170, incisos III, V, VI) ou em tantos outros. Afinal, o princípio em causa é um pressuposto lógico do convívio social.”</p><p>Além desta supremacia do interesse público, temos outro princípio que merece ser analisado que é o da indisponibilidade do interesse público, que aponta que o administrador público no uso de suas atribuições e em nome do interesse público não pode dispor dos interesses do povo, assim segundo Meirelles (2000, p. 95):</p><p>“Segundo o qual a administração pública não pode dispor desse interesse geral nem renunciar a poderes que a lei lhe deu para tutela, mesmo porque ela não é titular do interesse público, cujo titular é o Estado, que, por isso, mediante lei poderá autorizar a disponibilidade ou renuncia.”</p><p>É necessário que haja de fato uma real busca pelos interesses públicos emanada da administração púbica, para que seja cumprido seu real papel.</p><p>4 CONCLUSÃO</p><p>Diante do exposto, ficou clara a necessidade de uma organização da Administração Pública, um instituto cheio de princípios, que concerne uma boa estruturação e efetivação com aquilo que é do anseio da sociedade, estes também tratam da imagem do administrador público, um indivíduo que deve honrar seus feitos sempre com atitudes legais.</p><p>Os pressupostos da administração pública também se correlacionam com os direitos e garantias fundamentais, como o princípio da legalidade, que traz muita segurança jurídica ao indivíduo e também, de certo modo, gera uma organização para a sociedade.</p><p>No mais, fica clara a importância dos interesses sociais perante o Estado, e também da necessidade de efetivação dos mesmos, para que haja uma “boa administração”.</p><p>O gestor público deve ficar atento a alguns fundamentos que norteiam o bom desempenho de sua atividade no setor público. Os cinco princípios básicos da Administração Pública estão presentes no artigo 37 da Constituição Federal de 1988 e condicionam o padrão que as organizações administrativas devem seguir.</p><p>São eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Vamos conhecer um pouco mais sobre o que cada um representa?</p><p>1. Legalidade</p><p>Significa que a administração pública está sujeita aos princípios legais, ou seja, as leis ou normas administrativas contidas na Constituição. Neste caso, só é possível fazer o que a lei autoriza.</p><p>Quando a administração pública afasta-se ou desvia-se da legalidade, ela é exposta à responsabilidade civil e criminal, conforme o caso. Desta forma, a lei acaba distribuindo responsabilidades aos gestores.</p><p>Trazendo essa lógica para o cotidiano, um administrador</p><p>público em um processo de licitação, por exemplo, deverá proceder de maneira já estabelecida e em hipótese nenhuma de forma diferente.</p><p>2. Impessoalidade</p><p>Aborda tanto a atuação impessoal, que objetiva a satisfação do interesse coletivo, quanto a própria administração pública. Este princípio impõe ao gestor público que só pratique o ato para o seu objetivo legal, vedando qualquer prática de ato administrativo sem interesse público ou vantagem para a gestão.</p><p>Podemos citar como exemplo de violação do princípio da impessoalidade, a exaltação do trabalho de um secretário de obras na inauguração de uma obra.</p><p>3. Moralidade</p><p>Trata de obedecer não somente a lei jurídica mas também a lei ética da própria instituição, ou seja, o administrador público precisa seguir alguns padrões éticos. Portanto, a moralidade administrativa junto à sua legalidade e adequação aos demais princípios, possuem pressupostos que, quando não seguidos, tornam a atividade pública ilegítima.</p><p>Sendo assim, o gestor público que agir de forma contrária descumprirá a moralidade como também o princípio de legalidade. Na política, um exemplo prático disto é a nomeação de parentes em cargos comissionados.</p><p>4. Publicidade</p><p>Diz respeito à divulgação oficial do ato para conhecimento público. O princípio da publicidade é um requisito da eficácia e da moralidade. Sendo assim, todo ato administrativo deverá ser publicado, com exceção dos que possuem sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou de interesse superior da Administração, conforme previstos na lei.</p><p>Um tipo de informação que não pode ser divulgada são dados pessoais de servidores, por exemplo.</p><p>5. Eficiência</p><p>Este princípio exige que a atividade administrativa seja exercida de maneira perfeita, com rendimento funcional. A eficiência exige resultados positivos para o serviço público e um atendimento satisfatório, em tempo razoável.</p><p>Conhecer os princípios que norteiam a Gestão Pública é essencial para pôr em prática uma administração pública íntegra, efetiva, transparente e mais próxima da sociedade. No entanto, isso não é tudo! Após estar fundamentado nos pilares estabelecidos anteriormente, o gestor também precisa ficar atento às novas tecnologias e procedimentos que facilitarão cada vez mais a sua gestão de forma segura.</p><p>Sistemas de fácil operacionalização, seguros e idealizados conforme parâmetros criteriosos com vista à atender as Leis que norteiam a Transparência Pública serão fundamentais. Um bom começo, principalmente em virtude do seu grau de relevância no âmbito da gestão municipal, é entender quais os principais aspectos a serem observados na contratação de um Sistema de Contabilidade Pública, por exemplo.</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O presente artigo irá tratar sobre a segurança pública no Brasil, com enfoque nos aspectos constitucionais que englobam a temática. Sabe-se que a questão da segurança pública é polêmica, uma vez que a população brasileira muitas vezes não recebe o devido auxílio por parte dos policiais, os quais são elencados pela Constituição Federal como os responsáveis pelo bem-estar dos cidadãos. Dessa forma, é essencial compreender o conceito e os fundamentos da segurança pública para que seja possível evidenciar os acertos e corrigir as falhas do sistema vigente.</p><p>A segurança, segundo nosso ordenamento jurídico, é um direito fundamental dos cidadãos, que deve ser assegurado pelo Estado, sendo que, para sua efetiva proteção, faz-se necessário que haja uma colaboração dos próprios particulares. Através da informação supramencionada, evidencia-se uma incoerência, pois o Estado não possui aparatos suficientes para atender todos os cidadãos e a própria população não colabora da maneira devida, culminando em criminalidade e violência graves.</p><p>Apesar da existência de vários órgãos responsáveis pela segurança pública, como a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e Guardas Municipais, não existe uma cooperação interna suficiente para que os cidadãos tenham o direito de estarem seguros integralmente garantido.</p><p>Assim, ao verificarmos o que o constituinte estabeleceu em relação à segurança pública, às polícias e suas respectivas atribuições e competências, temos como objetivo relacionar a teoria com a realidade e, dessa forma, compreender quais são as lacunas e falhas no sistema vigente, que devem ser aprimoradas por meio de Emendas Constitucionais.</p><p>ATUAL QUADRO CONSTITUCIONAL DA SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL</p><p>O constituinte, ao formular nossa atual Constituição Federal, determinou que a responsabilidade pela segurança pública não é exclusiva do Estado, e, portanto, todos os cidadãos devem contribuir de forma a resguardar a ordem pública e zelar pela sua própria segurança e a das demais pessoas. Dessa forma, percebe-se que além da sociedade possuir a segurança como um direito, ela também tem deveres relacionados, vulgo, o de cooperar para a proteção dos cidadãos. Já o Estado detém o papel principal nesta temática, uma vez que deve buscar meios para a concreta efetivação da referida segurança.</p><p>Conforme o art. 144, da Constituição Federal, a segurança pública é preservada através de órgãos estatais, sendo estes: Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.</p><p>Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:</p><p>I - polícia federal;</p><p>II - polícia rodoviária federal;</p><p>III - polícia ferroviária federal;</p><p>IV - polícias civis;</p><p>V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.</p><p>Importante ressaltar que esse rol de órgãos responsáveis pela segurança pública é taxativo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 236-8/RJ, e, portanto, não há probabilidade de expansão do mesmo. Entretanto, nota-se que há uma pluralidade de polícias responsáveis pela segurança pública, e o legislador teve um propósito ao desenvolver isto. Conforme Alexandre de Moraes (2015, p. 846) “A multiplicidade dos órgãos de defesa da segurança pública, pela nova Constituição, teve dupla finalidade: o atendimento aos reclamos sociais e a redução da possibilidade de intervenção das Forças Armadas na segurança Interna”.</p><p>Outro ponto importante no que se refere ao Capítulo da Segurança Pública, é que a responsabilidade por efetivar essa segurança não cabe somente à União, mas sim à Federação como um todo. Nas palavras de José Afonso da Silva (2015, p. 793)</p><p>Há, contudo, uma repartição de competências nessa matéria entre a União e os Estados, de tal sorte que o princípio que rege é o de que o problema da segurança pública é de competência e responsabilidade de cada unidade da Federação, tendo em vista as peculiaridades regionais e o fortalecimento do princípio federativo, como, aliás, é da tradição do sistema brasileiro.</p><p>Agora, de forma mais específica trataremos dos parágrafos do art. 144, que descrevem a função de cada um dos órgãos elencados como responsáveis pela segurança púbica.</p><p>§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:</p><p>I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;</p><p>II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;</p><p>III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;</p><p>IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.</p><p>No Parágrafo 1º há a menção à polícia federal, a qual é</p><p>um órgão subordinado ao Ministério da Justiça, sendo organizado e mantido pela União. Percebe-se que este, possui uma quantidade significante de atribuições, sendo que todas estas abrangem interesses da União, nos termos do § 1º do art. 144.</p><p>No Inciso I, é possível concluir que a polícia federal é responsável por investigar e apurar as infrações penais que atinjam exclusivamente a União, suas entidades autárquicas ou empresas públicas. Dessa forma, não se atribui a esta a investigação de crimes contra outros entes. Na parte final do Inciso, fica determinado que a polícia federal poderia ser responsável pela investigação de outras infrações, desde que houvesse regulamentação legal. Em 2002, a Lei nº 10.446 foi promulgada, sendo que esta estabeleceu a ampliação das atribuições da polícia federal, nos casos em que estivessem presentes conjuntamente os requisitos: repercussão interestadual ou internacional e necessidade de repressão uniforme.</p><p>O Inciso II estabelece que a polícia federal é incumbida de prevenir e reprimir tudo aquilo que envolve drogas ilícitas no âmbito internacional e interestadual. Entretanto, o legislador determinou que a polícia federal não é a única responsável por essa matéria, evidenciando a necessidade do auxílio das polícias civis e militares dos estados, visando um maior controle sobre essas infrações.</p><p>Ademais, o Inciso III dispõe que a polícia federal é a responsável pelas competências de polícia marítima, aeroportuária e de fronteira, bem como a função de exercer, privativamente, as funções de polícia judiciária da União, conforme determinado no Inciso IV.</p><p>§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.</p><p>O Parágrafo 2º versa sobre a polícia rodoviária federal, evidenciando a sua respectiva função, o patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Tal patrulha é realizada principalmente com o escopo de fiscalizar o tráfego nas rodovias e evitar crimes de trânsito. O policial federal também é responsável pelo controle das fronteiras do país. Outras competências deste órgão podem ser verificadas, de forma mais explícita, no art. 20 do Código de Trânsito Brasileiro.</p><p>§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.</p><p>Já o Parágrafo 3º refere-se à polícia ferroviária federal, a qual compete à função de patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Tal órgão é responsável pela fiscalização, repressão de atos de vandalismo e crimes, e prevenção de acidentes e em toda a malha ferroviária do país.</p><p>Assim, percebe-se que o início do art. 144 contempla três polícias no âmbito federal. As três possuem algumas características em comum, pois estas são órgãos permanentes que devem ser estruturados em carreira, sendo que são organizadas e mantidas pela União, conforme a competência privativa prevista no Art. 22, XXII, da Constituição Federal.</p><p>§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.</p><p>No Parágrafo 4° há menção à polícia civil, a qual tem como função principal a investigação após a ocorrência de algum crime. É responsável por apurar infrações penais, registrar Boletim de Ocorrência, elaborar o inquérito policial, fiscalizar munições e cumprir decisões judiciais, como mandado de prisão. E tem como principal objetivo reprimir infrações penais, incluindo crimes ou contravenções, e apresentar o infrator à justiça para que seja atribuída a devida punição.</p><p>A direção da polícia civil é realizada por delegados titulares de classes superiores aos demais, os quais são responsáveis, principalmente, pela parte jurídica da investigação.</p><p>§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.</p><p>O Parágrafo 5° discorre sobre a polícia militar e o corpo de bombeiros. A polícia militar é caracterizada como ostensiva, ou seja, atua caracterizada (com farda) e é responsável, principalmente, pela preservação da ordem pública, o que abrange ações coativas para evitar que transtornos prejudiquem o convívio da população, preservando, assim, o bem-estar social e a ordem do Estado.</p><p>Aos corpos de bombeiros militares incumbe a execução de atividades de defesa civil, o que representava os atos realizados após desastres para que as consequências não fossem tão drásticas. Atualmente, além desse auxílio supramencionado, há atos preventivos para que, além das consequências, as causas dos desastres também diminuam.</p><p>§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.</p><p>O Parágrafo 6° apresenta as polícias militares, corpos de bombeiros militares e polícias civis como subordinados aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Tal subordinação limita a independência e a autonomia dos órgãos, explicitando uma vinculação com o Poder Executivo e uma subordinação direta ao Poder Judiciário.</p><p>§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.</p><p>O Parágrafo 7° evidencia a competência legal de disciplinar e organizar o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública. Nessa linha, temos que os órgãos responsáveis pela segurança pública são Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar e Guardas Municipais em prol da “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.</p><p>§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.</p><p>O Parágrafo 8° disserta sobre a possibilidade dos Municípios constituírem guardas municipais para auxílio na segurança pública. A Lei nº 13.022 dispõe sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais e traz especificamente em seu art. 6° a possibilidade supramencionada.</p><p>Para fins de convalidação da relevância da Guarda Municipal, é válido ressaltar recente julgado, in verbis:</p><p>“(...) é constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas.” (RE 658.570, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, julgamento em 6-8-2015, Plenário, DJE de 30-9-2015, com repercussão geral.)</p><p>§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.</p><p>O Parágrafo 9° trata sobre a remuneração dos servidores policias, a qual é pautada no Art. 39, § 4º, CF, in verbis:</p><p>Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações públicas.  processo=2135">(Vide ADIN nº 2.135-4)</p><p>§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)</p><p>§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:</p><p>I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas</p><p>em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente;</p><p>II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.</p><p>O Parágrafo 10 versa acerca da segurança viária que visa à convivência pacífica no trânsito, incluindo medidas e normas para que pedestres e motoristas consigam conviver de maneira harmoniosa. Assim, é possível manter as pessoas e seu patrimônio em situação de segurança diante eventuais delitos que podem ocorrer (incolumidade das pessoas e do seu patrimônio).</p><p>No inciso I, são explicitadas as principais funções da segurança viária, como a educação (direção defensiva, entendimento da sinalização e das faixas, respeito aos semáforos etc.), a engenharia no trânsito (planejamento viário, a programação de semáforos, a disposição de sinalização, o controle do trânsito, a disposição das vias etc) e a fiscalização de trânsito (inclui agentes do trânsito, radares fotográficos, entre outros). Tais ações visam uma mobilidade urbana eficiente, ou seja, o deslocamento de veículos e pedestres de maneira hábil.</p><p>O inciso II trata de competência da segurança viária, abrangendo os respectivos órgãos ou entidades e seus agentes de trânsito. A menção aos agentes de trânsito implica na obtenção de carreira (status constitucional) para a atuação dos mesmos dentro do sistema de segurança pública. O serviço dos agentes não visa apenas à punição dos infratores, mas a prevenção de transtornos.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Assim, entende-se que em um Estado Democrático de Direito, o qual preza pelos direitos e liberdades da população, a segurança pública apresenta-se como um aparato crucial para obtenção do bem-estar geral. A responsabilidade pela segurança é conjunta dos cidadãos, que devem zelar pela estabilidade social, e dos órgãos estatais, os quais devem assegurar os meios suficientes para a concretização do bem-estar.</p><p>O art. 144 da Constituição Federal é o principal instrumento legislativo que visa organizar a segurança pública no país. Este artigo designa os órgãos relacionados e regula as funções respectivas. O papel da polícia mostra-se essencial, responsável pela proteção de pessoas e patrimônios, além da prevenção e apuração de infrações, as quais corrompem a ordem social. Todavia, é evidente que esse sistema é falho, tanto na prevenção de infrações, quanto no restabelecimento da ordem.</p><p>É válido frisar que há projetos de Emendas Constitucionais, os quais visam uma adequação sobre esse tema na própria Constituição Federal. Aqueles que apoiam-nas, alegam a insuficiência dos amparos prestados aos cidadãos, em conexão com o desenvolvimento antiquado dos Institutos Policiais. Entretanto, não há como prever, senão na prática, se tais planejamentos trariam a reorganização necessária para que a finalidade da Segurança Pública seja, finalmente, conquistada.</p><p>Dessa forma, é perceptível ser necessário uma maior conscientização dos cidadãos, um maior empenho do Estado em garantir condições viáveis para a materialização do bem-estar geral e, também, uma maior cooperação entre os órgãos de segurança pública, para que a mesma passe a ser caracterizada por um nível maior de eficiência, em prol da sociedade e da garantia de seus direitos.</p><p>ABORDAGEM PRELIMINAR</p><p>Segurança pública é a situação de normalidade, é a manutenção da ordem pública interna do Estado, sendo que sua alteração ilegítima ocasiona uma violação de direitos básicos, capaz de produzir eventos de insegurança e criminalidade. Assim, a ordem pública interna é o caminho oposto da desordem, do caos e do desequilíbrio social.</p><p>Por isso, entender o funcionamento dos órgãos de segurança pública, identificar as dificuldades do setor e implantar políticas públicas de qualidade, pode ser uma alternativa válida para corrigir problemas corriqueiros e beneficiar este serviço público essencial.</p><p>Logo, se segurança pública é um dever do Estado e um direito de todos, então nada mais justo do que conhecer as características e atribuições dos órgãos que visam concretizar este múnus público em prol do cidadão. Nesta sorte, é o que se pretende demonstrar no decorrer deste artigo.</p><p>Inicialmente, ao adentrar na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e fazer uma análise do texto constitucional, percebe-se que o termo “segurança” aparece pela primeira vez no preâmbulo, em seguida no caput do art. 5º e após no caput do art. 6º, até chegar, finalmente, no art. 144, quando é tratado de modo específico.</p><p>Embora não seja unânime na doutrina, há uma diferença que se deve atentar sobre o significado do termo “segurança” previsto no art. 5º, caput, da CRFB, para o termo “segurança” previsto no art. 6º, caput, da CRFB. Enquanto o primeiro diz respeito à segurança jurídica (e não segurança pública), o segundo é intitulado como um direito social e neste caso, sim, refere-se à segurança pública. Há de se lembrar que tanto um quanto o outro, são direitos fundamentais do cidadão.</p><p>De modo mais específico, a CRFB, ao tratar do tema segurança pública, traz um capítulo próprio (Capítulo III – Da segurança pública), dentro do Título V (Título V – Da Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas). Nesse sentido, ao contrário das Constituições anteriores, a CFRB de 1988 lhe destinou capítulo específico, contemplando segurança pública como “dever do Estado” e como “direito e responsabilidade de todos”, com finalidade na “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”.</p><p>É justamente o que se extraí do art. 144, caput, pois a segurança pública é um dever do Estado, sendo responsabilidade e direito de todos, cuja finalidade é a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Para tanto, traz-se um rol taxativo, em seus incisos, de órgão que a exercerão, sendo eles: a polícia federal, a polícia rodoviária federal, a polícia ferroviária federal, as polícias civis, as polícias militares e os corpos de bombeiros militares. Nesse sentido, veja-se o dispositivo constitucional:</p><p>Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:</p><p>I - polícia federal;</p><p>II - polícia rodoviária federal;</p><p>III - polícia ferroviária federal;</p><p>IV - polícias civis;</p><p>V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.</p><p>Pela redação do caput do artigo, tem-se a ideia de que o objetivo fundamental da segurança pública, como já se mencionou, é a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Já nos incisos, têm-se os órgãos responsáveis por assegurar estes deveres por parte do Estado.</p><p>Na interpretação da norma constitucional, o Supremo Tribunal Federal, como guardião da Magna Carta, já teve a oportunidade de se manifestar sobre o tema no RE 559.646-AgR, tanto é, que afirmou que o direito a segurança é prerrogativa constitucional indisponível, a qual deve ser implementada por meio de políticas públicas, obrigando ao Estado produzir condições objetivas, de tal modo que possibilite o acesso do cidadão a este serviço público. Assim, muito embora esta atribuição e comando parta da iniciativa do Poder Executivo, nada impede que o Poder Judiciário determine implementações de políticas públicas constitucionalmente previstas, isto é, quando o Estado (Poder Executivo) se mostrar inoperante.</p><p>Partindo desta decisão, nota-se que as políticas públicas de segurança pública devem se harmonizar com o princípio republicano e democrático, com os direitos fundamentais e com a dignidade da pessoa humana. Em decorrência disso, caso o Estado se mostre inoperante, é passível que o Poder Judiciário seja provocado e determine que tais políticas públicas sejam efetivamente implantadas, já que são essenciais para o bom progresso e convívio social.</p><p>No que diz respeito ao rol dos órgãos responsáveis pela segurança pública, ou seja, as polícias e o corpo de bombeiro, previstos</p><p>nos incisos I a V do art. 144, verifica-se que se trata de um rol taxativo, como já se mencionou, o que implica dizer que os Estados-membros não poderiam criar órgãos de segurança pública diversos daqueles elencados no art. 144, uma vez que, neste caso, estariam violando os arts. 144 e 25 da CRFB (ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-2010, P, DJE de 6-4-2011).</p><p>Logo, se um ente da Federação quisesse criar um órgão diverso daqueles previstos no rol, a exemplo, um Instituto de Perícias Técnicas ou um Departamento de Trânsito, este ente estaria ampliando indevidamente o rol do art. 144, violando as regras de iniciativa legislativa reservada, fixadas constitucionalmente. Isto resultaria em uma incompatibilidade da Constituição Estadual com a Constituição da República, e certamente seria objeto de ação direta de inconstitucionalidade.</p><p>POLÍCIA ADMINISTRATIVA (PREVENTIVA/OSTENSIVA)  X  POLÍCIA JUDICIÁRIA (INVESTIGATIVA)</p><p>Uma pergunta que se costuma fazer é sobre a diferença da polícia administrativa para a polícia judiciária. Em síntese apertada seria dizer que a polícia administrativa atua de modo preventivo, buscando conter infrações penais, ao passo que a polícia judiciária atua de forma repressiva, investigando fatos e cumprindo determinações judiciais, cuja finalidade é, normalmente, apurar a materialidade e autoria delitiva. Outra diferença trazida pela doutrina está no fato de a polícia judiciária incidir diretamente sobre as pessoas, enquanto a polícia administrativa, incide sobre direitos e bens.</p><p>A polícia administrativa ela tem sua circunscrição tanto no âmbito federal, como no âmbito estadual. A nível federal a função é desempenhada pela polícia federal (englobando as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, dentre outras, como por exemplo, a expedição de passaporte e a emissão de autorização de posse/porte de arma de fogo de uso permitido); polícia rodoviária federal; e polícia ferroviária federal. Já a nível estadual, é desempenhada pela polícia militar; e corpo de bombeiros militar.</p><p>A polícia judiciária, por sua vez, também está presente nas esferas federal e estadual. A nível federal cabe a função de polícia judiciária da União, tão somente, à polícia federal. Já a nível estadual cabe tal encargo apenas à polícia civil.</p><p>DA POLÍCIA FEDERAL</p><p>A polícia federal, fundada em 28 de março de 1944, é um órgão policial subordinado ao Ministério da Justiça, cuja função, nos termos do art. 144 da CRFB, é exercer a segurança pública para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas, bem como dos bens e interesses da União, exercendo atividades de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras, repressão ao tráfico de entorpecentes, contrabando e descaminho, e exercendo com exclusividade as funções de polícia judiciária da União.</p><p>Deve-se ter em mente que a polícia federal, juntamente com a polícia rodoviária federal e a polícia ferroviária federal são polícias da União, sendo que cabe a função de polícia judiciária somente à polícia federal.</p><p>O § 1º do art. 144 da CRFB traz um rol de atribuições gerais da polícia federal, como podemos observar:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:</p><p>I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;</p><p>II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;</p><p>III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras;</p><p>IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.</p><p>O inciso I do § 1º noticia que cabe a polícia federal à apuração das infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas (federais), assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei.</p><p>Este inciso tem relação com a Lei nº 10.446/02, a qual dispõe sobre infrações penais de repercussão interestadual ou internacional que exigem repressão uniforme. Muito embora haja nesta lei, infrações penais que não são de competência da Justiça Federal, ainda assim, são investigadas pela Polícia Federal.</p><p>Logo, podemos observar que as atribuições da PF são mais amplas que as da JF, pois nada impede que a PF investigue um fato delituoso de competência da justiça estadual e em momento oportuno remeta os autos de inquérito ao ministério público estadual. Assim, conclui-se que a PF não se limita ao rol do art. 109 da CRFB.</p><p>No tocante ao inciso II do § 1º, verificam-se três crimes específicos, sendo o tráfico de drogas, o contrabando e o descaminho. A razão de mencionar tais delitos é óbvia, pois são delitos de natureza transnacional, os quais ultrapassam as fronteiras brasileiras. Nesse sentido, atrai-se a competência da polícia federal para apuração destes crimes, por expresso mandamento constitucional, que se confirma por este inciso.</p><p>A título de informação, mencione-se que já foi decidido pelo STF (RE 404.593, rel. min. Cezar Peluso, j. 18-8-2009, 2ª T, DJE de 23-10-2009) que o fato da polícia militar realizar, mediante ordem judicial, busca e apreensão referente ao delito tráfico de drogas, não tem o caráter de contaminar o flagrante, ainda que tal função deva ser desempenhada pela polícia federal.</p><p>Com relação ao inciso III do § 1º, pode-se observar que a função de polícia marítima, aeroportuária e de fronteira fica a cargo da polícia federal. Tais funções visam controlar o fluxo de pessoas e de bens. Além do mais, exercendo tais atividades, busca-se impedir o tráfico de entorpecentes, além de conter o contrabando e descaminho, delitos estes muito comuns de serem praticados pela entrada de pessoas ou coisas em território nacional.</p><p>Destarte que algumas matérias já foram levadas ao STF para análise sobre a constitucionalidade deste inciso. Uma delas dizia respeito ao fato da polícia militar realizar a radiopatrulha aérea. O Supremo entendeu não existir inconstitucionalidade o simples fato da PM realizar radiopatrulha aérea. Para a Corte, muito embora no âmbito material a polícia aeroportuária seja exercida pela polícia federal, sendo matéria privativa da União, não poderia ser confundido o policiamento ostensivo do espaço aéreo se incluir no poder residual da polícia dos Estados-membros. (ADI 132, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 30-4-2003, P, DJ de 30-5-2003)</p><p>Por sua vez, tem-se o inciso IV do § 1º, que remete à polícia federal, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. Assim, toda vez que a Justiça Federal expede ordens ou o Ministério Público Federal requisita diligências, será a PF o órgão responsável pela execução de tais atos.</p><p>Menciona-se, ainda, que a expressão "exclusividade" inscrita no art. 144, § 1º, IV, da CRFB, tem por única finalidade conferir à PF, primazia investigatória na apuração dos crimes previstos no próprio texto constitucional, ou, ainda, em tratados ou convenções internacionais. Entretanto, não retira esse poder, também, do Ministério Público. (HC 89.837, rel. min. Celso de Mello, j. 20-10-2009, 2ª T, DJE de 20-11-2009.)</p><p>DA POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL</p><p>A polícia rodoviária federal, criada em 1928, pelo presidente Washington Luiz, por meio do Decreto nº 18.323, tem a missão de garantir segurança com cidadania nas rodovias federais e nas áreas de interesse da União. Possui previsão constitucional no § 2º do art. 144 da CRFB.</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento</p><p>ostensivo das rodovias federais.</p><p>As atribuições da PRF são definidas, especialmente, pelo Código de Trânsito Brasileiro (Polícia de Trânsito) e pelo Decreto 1.655/95 (combate ao crime).</p><p>A PRF tem a função de patrulhar as rodovias federais, intituladas de "BRs", exercendo seu poder de polícia, seja por meio de sanções (multa/auto de infração), ou por prevenção (orientando os condutores e passageiros de veículos sobre normas de trânsito), dentre outras atribuições.</p><p>Logo, a sua principal missão é fiscalizar diariamente mais de 61 mil quilômetros de rodovias e estradas federais, tutelando pela vida daqueles que trafegam pelas malhas viárias federais.</p><p>Sem dúvida, a base da atuação da PRF é o trânsito. Deste modo, ao longo destes 61 mil quilômetros de estradas federais, a PRF fiscaliza o cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/97), previne e reprime os abusos, como excesso de velocidade e embriaguez ao volante, e presta atendimento às vítimas de acidentes.</p><p>Mais do que isso, a PRF busca, diariamente, prevenir e reprimir o tráfico de drogas, de armas, contrabando, descaminho, pirataria, assaltos a ônibus, roubo de cargas, furtos e roubos de veículos, tráfico de pessoas, exploração sexual de menores, trabalho escravo e crimes conta o meio ambiente, dentre outros.</p><p>DA POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL</p><p>A polícia ferroviária federal, polícia ostensiva das ferrovias federais, tem a responsabilidade de cuidar das riquezas transportadas em trilhos de ferro. Muito embora seja pouco comum falar na PFF, ela é bastante antiga, uma vez que foi criada no ano de 1852, por meio do Decreto nº 641, de 26 de junho de 1852, assinado pelo imperador Dom Pedro II. Inicialmente recebeu a denominação de "Polícia dos Caminhos de Ferro". Tem sua previsão no texto constitucional no § 3º do art. 144, como se observa abaixo:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais.</p><p>Assim, a PFF é uma polícia especializada, que tem como função principal proteger a malha ferroviária do país, atuando na prevenção de atos de vandalismo e crimes de todos os tipos. Em princípio a PFF seria responsável por todos os aspectos voltados às ferrovias brasileiras, abarcando a fiscalização e prevenção de acidentes nos trilhos brasileiros. Entretanto, atualmente a Polícia Ferroviária Federal não existe de fato, não há o órgão fisicamente formado e não existe quadro de funcionários.</p><p>Melhor dizendo, seria mais correto afirmar que esta polícia caiu no esquecimento, tornando-se obsoleta, causando reflexos no quadro funcional, já que a carreira praticamente desapareceu por falta de regulamentação, muito embora, segundo a CRFB/1988, deveria existir.</p><p>Perceba que, se formos fazer uma análise gramatical do texto constitucional, é notável que a existência dessa polícia não é facultativa, pois a própria Carta determina sua existência e suas funções.</p><p>Atualmente, o efetivo da PFF é bastante baixo, tendo em vista que existe menos de oitocentos policiais ferroviários no Brasil. Logo, a prevenção e a fiscalização de acidentes nas ferrovias acabam, na prática, ficando a mercê de outras instituições (outros órgãos de segurança pública) e por empresas de seguranças privadas.</p><p>DA POLÍCIA CIVIL</p><p>A polícia civil é a polícia judiciária e investigativa dos Estados-membros, a qual possui competência residual. Ou seja, visa apurar infrações penais que não são de competência da polícia federal ou de caráter militar. O § 4º do art. 144 da CRFB relata a função da PC, conforme se verifica abaixo:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.</p><p>Como as demais, a polícia civil é uma instituição permanente, que tem, dentre outras finalidades, a função de auxiliar a justiça criminal, bem como a defesa do povo e do Estado. Tal instituição, a semelhança da polícia federal, é dirigida por delegado de polícia de carreira (cargo provido por concurso público), cuja incumbência é de exercer a atividade de polícia judiciária e apurar infrações penais, exceto as militares.</p><p>Destaca-se que a polícia civil goza de autonomia administrativa e funcional, uma vez que dispões de dotações orçamentárias próprias.</p><p>Ademais, pode-se acrescentar que a PC, além de exercer o papel de polícia judiciária e investigativa, tem as funções de caráter criminalístico e criminológico, as atribuições pré-processuais, a preventiva da ordem e dos direitos, e, obviamente, o combate a criminalidade e a violência.</p><p>DA POLÍCIA MILITAR E DO CORPO DE BOMBEIROS MILITARES</p><p>A segurança pública a nível estadual, também, pode ser exercida pela polícia militar e pelo corpo de bombeiro militar, forças auxiliares do exército. Entretanto, diferentemente da PC, cabe a PM o policiamento ostensivo para a preservação da ordem pública, ao passo que aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, cabe a execução de atividades referente à defesa civil. Nesse sentido segue os §§ 5º e 6º do art. 144:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.</p><p>§ 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.</p><p>Pela leitura dos dispositivos, nota-se que à atribuição de polícia ostensiva e a preservação da ordem pública ficam a cargo da polícia militar, que é, inclusive, força auxiliar e reserva do Exército brasileiro.</p><p>Os corpos de bombeiros militares, que também são considerados como forças auxiliares e reserva do Exército, têm suas atribuições definidas em lei (como por exemplo, salvar vítimas de acidentes, combater incêndios, prestação de socorro em casos de afogamentos etc.), incumbindo ainda a execução de atividades de defesa civil.</p><p>Destarte que tanto as polícia civis, como as polícias militares e corpos de bombeiro militares subordinam-se, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.</p><p>Com relação ao § 6º, O STF já se pronunciou sustentando que os delegados de polícia são subordinados, hierarquizados administrativamente aos governadores de Estado, do Distrito Federal e dos Territórios. Por tal razão, considerando expressa dicção constitucional, os delegados são agentes subordinados, fato que os excluiria do foro especial, ratione personae ou intuitu personae. (ADI 2.587, voto do Rel. p/ o ac. Min. Ayres Britto, julgamento em 1º122004, Plenário, DJ de 6112006.)</p><p>DA ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA</p><p>Dispõe o § 7º do art. 144:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.</p><p>Conforme se verifica pela leitura do dispositivo acima, a Constituição atribui à Lei a tarefa de disciplinar a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública. Nesse sentido, cabe a União legislar e organizar a PF, a PRF e a PFF, e aos Estados legislar e organizar as PCs, PMs e Corpos de Bombeiros Militares. Aos Municípios, cabe tais atribuições referente à organização dos órgãos de segurança viária e guardas municipais.</p><p>Pela simples leitura do art. 144, incisos e parágrafos, percebe-se que a ideia do constituinte originário foi apenas identificar os órgãos responsáveis pela segurança pública, mencionando suas principais atribuições nos §§ do art. 144, deixando a mercê da legislação infraconstitucional a tarefa de esmiuçar os aspectos singulares de cada um.</p><p>A título de informação, ainda com relação ao § 7º do art. 144, o STF se manifestou no sentido de afirmar que a previsão na Constituição</p><p>Estadual, da regência, quanto à polícia civil, mediante lei complementar não conflita com a CRFB. (ADI 2.314, rel. p/ o ac. min. Marco Aurélio, j. 17-6-2015, P, DJE de 7-10-2015.)</p><p>DAS GUARDAS MUNICIPAIS</p><p>O § 8º do art. 144, dispõe sobre as guardas municiais:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.</p><p>Antes de tudo é necessário saber que as guardas municipais não são órgãos policiais. Entretanto, possuem a função de guarda patrimonial, cuja finalidade é à proteção dos bens, serviços e instalações dos Municípios, sem a possibilidade de exercício das funções de polícia ostensiva ou judiciária.</p><p>Além dessa prerrogativa, os municípios podem atuar na segurança pública por meio de restrições administrativas, como por exemplo, o horário de fechamento de bares e restaurantes ou espaços de venda de bebidas alcoólicas.</p><p>Por fim, vale mencionar que foi declarado constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas. (RE 658.570, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 6-8-2015, P, DJE de 30-9-2015.)</p><p>DA REMUNERAÇÃO DOS POLICIAIS</p><p>O § 9º do art. 144, versa sobre a forma da remuneração dos servidores de carreira policial.</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39.</p><p>A redação do § 9º remete ao § 4º do art. 39, o qual se refere ao subsídio. É muito comum verificar que há Estados em que a remuneração dos servidores policiais se dá por meio de subsídios, enquanto em outros a remuneração ocorre por meio de vencimento. Logo, não há uniformidade, ao menos por ora, na padronização da remuneração das carreiras policiais, razão pela qual é notável a diferença salarial de um Estado-membro para outro, sendo uma flagrante violação do princípio da isonomia.</p><p>DA SEGURANÇA VIÁRIA</p><p>Por meio da Emenda Constitucional nº 82 de 2014 incluiu o § 10 no art. 144, dispondo que:</p><p>Art. 144 (...)</p><p>§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:</p><p>I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e</p><p>II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei.</p><p>Veja-se que o foco da segurança viária é desenvolver um conjunto de ações destinadas à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas (integridade física) e do seu patrimônio nas vias públicas.</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>A violência é, e sempre será, algo bastante comum em qualquer sociedade, é um fenômeno biopsicossocial que está intimamente ligado ao progresso social. Nesta sorte, entra a segurança pública como um rico instrumento de contenção à violência, tendo papel essencial para um bom e regular desenvolvimento do Estado.</p><p>Por meio de políticas públicas bem implantadas e rigorosamente seguidas, será possível preservar e manter a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, sendo esta a função primordial que justifica a própria instituição do poder estatal. Daí a importância dos órgãos de segurança pública a fim de concretizar este dever de tutela estatal.</p><p>Bem por isso, se observou ao longo deste artigo, que a CRFB/1988 criou capítulo específico em seu corpo definindo as atribuições dos órgãos de segurança pública, referenciando às seguintes modalidades de polícias, nas respectivas funções: a) a polícia ostensiva: prevenir e de reprimir de forma imediata a prática de delitos; b) a polícia de investigação: realiza investigação criminal; c) polícia judiciária: executar as diligências solicitadas por órgão judicial e ministerial; d) polícia de fronteiras, marítima, aeroportuária: visa o controle do fluxo de pessoas e de bens.</p><p>Percebeu-se ainda que o próprio Supremo manifestou-se acerca da enumeração constitucional dos órgãos policiais, afirmando tratar-se de rol taxativo, sendo inconstitucional Constituição Estadual ampliar e criar indevidamente órgãos diversos de segurança pública diversos dos elencados no art. 144 da CRFB.</p><p>Também, como bem se evidenciou, a segurança pública é um dever do Estado, e um direito e responsabilidade de todos. Assim, neste aspecto, a ideia de participação popular se torna fundamental, pois a sociedade pode participar na formulação e no controle da gestão das políticas de segurança, e um exemplo disso são Conselhos de Segurança Pública.</p><p>Assim, o direito a segurança pública não é um mero direito do cidadão, ou ainda, uma mera faculdade do Estado, na realidade, é uma prerrogativa constitucional indisponível, na qual o Estado é o garantidor, visando preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio.</p><p>Conhecendo os órgãos de segurança pública e as atribuições de cada um, em especial, das polícias, as quais estão umbilicalmente ligadas ao combate à violência, dá para se notar que tais instituições são parceiras da sociedade, pois desempenha valioso papel em prol do cidadão no combate a criminalidade.</p><p>Diante disso, fica evidenciado que a segurança pública é dever do Estado, porém sua atuação não é exclusiva, já que na análise do fator “responsabilidade de todos”, a atuação passa a ser encargo, também, da família, dos órgãos educacionais, dos setores da comunidade, dentre outros, contemplando o caráter preventivo. Já sob o ângulo operacional, entram os órgãos de segurança pública visando atender as exigências primárias da sociedade, a quem se destina este serviço público essencial.</p><p>DISSERTE SOBRE AS SEGUINTES LEIS: Lei Maria da Penha (11.340/06); Lei de Drogas (11.343/06); Lei de Abuso de Autoridade (4.898/64).</p><p>LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006</p><p>Vigência</p><p>(Vide ADI nº 4424)</p><p>Vide Lei nº 14.149, de 2021</p><p>Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.</p><p>O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:</p><p>TÍTULO I</p><p>DISPOSIÇÕES PRELIMINARES</p><p>Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.</p><p>Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.</p><p>Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.</p><p>§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos</p><p>humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.</p><p>§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.</p><p>Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de violência doméstica e familiar.</p><p>TÍTULO II</p><p>DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER</p><p>CAPÍTULO I</p><p>DISPOSIÇÕES GERAIS</p><p>Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:             (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)</p><p>I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;</p><p>II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;</p><p>III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.</p><p>Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.</p><p>Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER</p><p>Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:</p><p>I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;</p><p>II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;</p><p>II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;             (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018)</p><p>III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;</p><p>IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;</p><p>V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.</p><p>TÍTULO III</p><p>DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR</p><p>CAPÍTULO I</p><p>DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO</p><p>Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes:</p><p>I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;</p><p>II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;</p><p>III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ;</p><p>IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;</p><p>V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres;</p><p>VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;</p><p>VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;</p><p>VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;</p><p>IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.</p><p>CAPÍTULO II</p><p>DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR</p><p>Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso.</p><p>§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.</p><p>§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica:</p><p>I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;</p><p>II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.</p><p>III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente.            (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)</p><p>§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia</p>

Mais conteúdos dessa disciplina