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<p>Usos e Costumes Jorge Linhares</p><p>Primeira edição - 2001 Todos os direitos reservados pelo autor. É proibida a reprodução parcial ou total sem permissão escrita do autor. Revisão e estilização Rita Leite Editora Getsêmani Ltda. Rua Leopoldina Cardoso, 326 Bairro Dona Clara 31260-240 Belo Horizonte, MG Contato pelo telefax: (Oxx31)3491-2266 0300-313-3266 Loja Virtual: www.editoragetsemani.com.br Igreja Batista Getsêmani Rua Cassiano Campolina, 360 Dona Clara 31260-210 Belo Horizonte, MG (0xx31) 3491-7676 Capa: Rafael Guimarães Fabrício Baroni</p><p>Índice Introdução 5 1. Crescimento Harmonioso 8 2. Sabedoria 12 3. Estatura 18 4. Graça 24 5. Diante de Deus e dos Homens 30 6. Costumes e Cultura 36 7. Costumes: Divisão ou 43 Conclusão 56</p><p>"E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens." (Lucas 2.52.) "Porém o Senhor disse a Sa- muel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altu- ra, porque rejeitei; porque o Se- nhor não vê como vê homem. O homem vê exterior, porém o Se- nhor, coração." " (1 Samuel 16.7.)</p><p>Introdução O objetivo deste livro é tratar de um assunto difícil, polêmico, que tem causado inimizades e divisão no cor- po de Cristo: usos e costumes. Sei que nem todos concordarão com O que afirmo, mas meu desejo é que possamos abrir nosso enten- dimento, reconhecendo que nem sempre O que pensamos é o certo. A minha conversão e meus primei- ros passos na vida proporcio- naram-me uma visão mais ampla desse problema na igreja. Converti-me em uma igreja da As- sembléia de Deus. Louvo a Deus pelo</p><p>6 Usos e Costumes que essa igreja representou em mi- nha vida. Ainda hoje mantenho vín- culos com ela, ministrando a pala- vra, sendo intercessor. Também sou abençoado por queridos irmãos e amigos que também oram por mim, abençoando minha vida e meu mi- nistério. Após permanecer algum tempo na Assembléia de Deus, passei a fre- qüentar a igreja do Evangelho Quadrangular, onde fui batizado. Contudo continuei a a Assembléia aos domingos, partici- pando da escola dominical e dos cul- tos. Mais tarde, percebendo que Se- nhor me conduzia para uma outra visão, passei a congregar-me em uma igreja batista de renovação, onde per- maneço até hoje. Tenho tido oportunidade de pregar em igrejas das mais diversas deno- minações; de participar de cultos fa- miliares e de congressos; de visitar vários países; de conhecer muitos lí-</p><p>Introdução 7 deres, homens de Deus, dos quais recebo ministração. Por isso, sei mal que extremis- mo em relação aos usos e costumes causa à igreja de Cristo. Irmãos não se cumprimentam, denominações zombam umas das outras, pastores julgam a espiritua- lidade das pessoas pelas roupas que elas usam, submetendo-as a leis e regulamentos que, em muitos casos, são absurdos. Algumas se sujeitam a essas imposições, mas muitas as rejeitam, tornando-se vítimas da opressão legalista dos próprios líde- res que deveriam estar ajudando-as a crescer na fé. O problema não é tanto as leis, as imposições, os usos e costumes que tentam nos impor, mas que confie- mos neles como fonte de crescimen- to e espiritualidade. Isso vai contra o ensino bíblico que diz que devemos crescer "em sabe- doria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens" (Lucas 2.52).</p><p>1 Crescimento Harmonioso "E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens." (Lucas 2.52.) "Mas jovem Samuel crescia em estatura e no favor do Senhor e dos homens." (1 Samuel 2.26.) A vontade de Deus para nós é que cresçamos em estatura, sabedoria e graça. E esse crescimento deve acon- tecer de forma harmoniosa. O Senhor não se agrada de pesso- as que cuidam somente do corpo,</p><p>Crescimento 9 esquecendo-se da mente; ou que se preocupam com a mente, negligen- ciando corpo. E esse crescimento deve ser visí- vel aos olhos do mundo. Temos de ser referência do amor de Deus para os homens. O Senhor não quer que as pesso- as cresçam somente perante ele. "Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despensei- ros dos mistérios de Deus." Todo espírito precisa de um corpo em que sua vida seja personificada. A forma exterior é a expressão visí- vel da vida interior oculta. Entender e manter a relação certa do interior com exterior é um dos maiores se- gredos da vida cristã. Toda falsa religião, da idolatria até aos desvios do judaísmo e do cristia- nismo, tem a sua raiz naquilo que é exterior, que agrada aos olhos ou in-</p><p>10 Usos e Costumes teressa à mente ou agrada à inclina- ção. Então, O exterior toma lugar da verdade interior, da sabedoria ocul- ta no coração e na vida. Substitui a sabedoria que Deus procura em nós e nos dá. A nossa salvação consiste na ma- nifestação da natureza, vida e senti- mento de Jesus Cristo, tanto na vida exterior como na renovada vida inte- rior. Aonde quer que vamos, façamos que fizermos, em casa ou fora dela, realizemos tudo num desejo de união com Cristo, imitando seu caráter e sua atitude. "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; "e andai em amor, como tam- bém Cristo nos amou e se entre- gou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aro- ma suave." (Efésios 5.1,2.) Temos de desejar somente aquilo</p><p>Crescimento Harmonioso 11 que exercite e aumente sentimento e a vida de Jesus em nossa alma. "Com efeito, vos tornastes imi- tadores nossos e do Senhor, ten- do recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, "de sorte que vos tornastes modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia." (1 Tes- salonicenses 1.6,7.) Agindo como Cristo seremos mo- delo para O mundo e estaremos cres- cendo em sabedoria, estatura e gra- ça diante de Deus e dos homens.</p><p>2 Sabedoria "E crescia Jesus em sabedo- ria.. diante de Deus e dos ho- mens." (Lucas 2.52.) O Novo Testamento diz que toda a verdadeira sabedoria nos vem do alto. "Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.</p><p>Sabedoria 13 "A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimen- to." (Tiago 1.17; 3.17.) A Bíblia apresenta a sabedoria como um dos atributos de Deus, ou seja, um componente inseparável de sua personalidade. Deus é sabedoria pura, e essa sa- bedoria está oculta na pessoa de Je- sus Cristo: "Para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamen- te em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreende- rem plenamente o mistério de Deus, Cristo, "em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento es- tão ocultos." (Colossenses 2.2,3.) Só poderemos conhecer essa sa-</p><p>14 Usos e Costumes bedoria se ela nos for dada por reve- lação divina. Por isso, Paulo diz que uma de suas orações pelos crentes era que eles pudessem penetrar nas profundezas da sabedoria de Deus: "Não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas minhas orações, "para que Deus de nosso Se- nhor Jesus Cristo, Pai da gló- ria, vos conceda espírito de sa- bedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, "iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a su- prema grandeza do seu poder para com os que cremos..." 1.16-18.) Jesus deixou claro que dar ouvi- dos a ele era demonstração de sabe- doria e sensibilidade espiritual, ao mesmo tempo em que a atitude con-</p><p>Sabedoria 15 trária era prova de embotamento mental e espiritual. "Porque a um é dada, medi- ante Espírito, a palavra da sa- bedoria; e a outro, segundo mesmo Espírito, a palavra do co- "a outro, no mesmo Espírito, a fé; e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar; "a outro, operações de mila- gres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las." (1 Coríntios 12.8-10.) Nós fomos salvos para servir. Para isso necessitamos do Espírito de Deus e das manifestações de seu po- der. Para servirmos ao Senhor, pre- cisamos de ferramentas com que tra- balhar. Contudo, que vale uma fer- ramenta na mão de quem não tem prudência para saber como e quan- do usá-la? Precisamos de sabedoria</p><p>16 Usos e Costumes no exercício da expressão e do po- der. Todos os dons descritos em 1 Co- ríntios 12 são manifestações do Es- pírito Santo, que quer habitar em nós e sobre nós. Ele deseja manifestar- se pela revelação (na palavra de sa- bedoria, de conhecimento, e no dis- cernimento dos espíritos); no poder (a fé, dons de cura, operação de mi- lagres), e na expressão (profecia, lín- guas e interpretação de línguas). Contudo o uso do poder e da ex- pressão sem sabedoria podem tra- zer prejuízos ao reino de Deus. O mundo teria sido evangelizado há muito tempo se não fosse a falta de sabedoria de algumas igrejas em tempos de avivamento. Necessitamos de sabedoria para sabermos como realizar o trabalho que Deus tem para nós. Busquemos a sabedoria, pois ela está à nossa disposição. Não podemos nos esquecer de que a verdadeira sabedoria se manifesta</p><p>Sabedoria 17 mediante uma vida santa e consagra- da ao Senhor. "O temor do Senhor é o princí- pio da sabedoria, e o conhecimen- to do Santo é prudência." (Pro- vérbios 9.10.)</p><p>3 Estatura "E crescia Jesus em... estatu- ra... diante de Deus e dos ho- mens." (Lucas 2.52.) A vontade de Deus para nossa vida é que tenhamos um corpo saudável e forte. "Acaso, não sabeis que UOSSO corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? "Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a</p><p>Estatura 19 Deus no vosso corpo." (1 Corínti- os 6.19,20.) Temos de exercer práticas saudáveis Como podemos glorificar a Deus com nosso corpo se ingerimos subs- tâncias prejudiciais a ele? Não honraremos a Deus em nos- SO corpo se comemos excessivamente e não praticamos exercícios físicos. Se desobedecermos às leis natu- rais e espirituais de Deus, ele não tem nenhuma obrigação de nos manter vivos e com boa saúde, mesmo que sejamos servos dedicados. Muitas vezes ficamos doentes sim- plesmente porque não damos aten- ção aos sinais de perigo que nosso organismo nos manda. Em geral, não damos ouvidos aos toques do Espí- rito Santo que nos avisa com rela- ção à nossa prática alimentar. Vamos buscar O Senhor, pedindo- lhe que nos mostre que práticas nos- sas não estão glorificando O seu</p><p>20 Usos e Costumes nome. Então, arrependamo-nos de- las, mudando nosso coração e a nos- sa maneira de viver. Precisamos descansar Também desobedecemos às leis naturais de Deus quando abusamos de nosso corpo, seja por esforço ex- cessivo ou por repouso insuficiente. E um dos resultados dessa desobe- diência é o estresse. Os médicos afirmam que estresse é uma das principais cau- sas, direta ou indireta, de distúrbi- os cardíacos, de câncer, de proble- mas pulmonares, dos traumas pro- vocadas por acidentes, da cirrose hepática e do suicídio. Um médico muito conceituado dis- se: "O nosso próprio modo de vida, a maneira como vivemos, está se re- velando a maior causa de enfermi- dades hoje em dia." O Senhor deu-nos um mandamen- to:</p><p>Estatura 21 "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. "Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. "Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem a tua filha, nem teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o foras- teiro das tuas portas para den- tro; "porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao séti- mo dia, descansou; por isso, Senhor abençoou o dia de sá- bado e o 20.8-11.) Esse mandamento de Deus não nos oprime; ele nos liberta. O Senhor nos criou com a necessidade de des- cansar. Se vivermos de acordo com "as instruções do fabricante", esta- remos mais preparados física e men- talmente para desempenharmos melhor nossa missão.</p><p>22 Usos e Costumes Nosso corpo: um dom de Deus Sabemos que O Senhor nos con- templou com dois dons: a vida terrena e a eterna. Ele quer que go- zemos da sua criação, e ao mesmo tempo que glorifiquemos e honre- mos. Seu desejo é que usemos sabi- amente os dons que nos concedeu, beneficiando a outros, para que es- tes também conheçam O magnífico dom da salvação que gozamos em Cristo Jesus. O Senhor estabeleceu princípios, visando à preservação da saúde da vida física que ele nos deu. Quando obedecemos a esses princípios glori- ficamos ao Senhor com nossa saú- de. "Não sejas sábio aos teus pró- prios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal; "será isto saúde para o teu cor- po e refrigério, para os teus os- sos." (Provérbios 3.7,8.)</p><p>Estatura 23 "Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus en- sinamentos inclina os ouvidos. "Não os deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-os no mais íntimo do teu coração. "Porque são vida para quem os acha e saúde, para o seu corpo." " (Provérbios 4.20-22.)</p><p>4 Graça "E crescia Jesus em... graça, diante de Deus e dos homens." (Lucas 2.52.) Que significa "crescer em graça"? Para respondermos a essa pergun- ta, precisamos primeiro entender que é "graça". A graça é o favor imerecido de Deus, estendido livremente a peca- dores indignos de recebê-lo. A graça é oferecida a todos nós por Jesus Cristo, independentemente do nosso desempenho moral ou espiritual. "Porquanto a graça de Deus se</p><p>Graça 25 manifestou salvadora a todos os homens." (Tito 2. .11.) A graça é misericórdia; mas é mais que misericórdia. A graça é amor; mas é maior que amor. A graça é a misericórdia e amor de Deus em ação, trazendo-nos bênção em vez de castigo pelo nosso pecado. "Mas onde abundou pecado, superabundou a graça, "a fim de que, como pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor." (Ro- manos 5.20,21.) A graça é de graça. Não podemos pagar por ela. Nunca mereceremos a graça de Deus e não há nada que possamos fazer para retribuir O fa- vor de Deus. Se estamos confusos, sob O peso de um jugo de regras... se achamos que teremos de passar por um cam-</p><p>26 Usos e Costumes po de obstáculos para alcançar uma bênção de Deus... se pensamos que nossa aceitação diante de Deus de- pende do nosso desempenho espiri- tual... experimentemos algo diferen- te: a graça de Deus. O Senhor oferece sua graça livre- mente a todos quantos estiverem dis- postos a aceitá-la humildemente, não importa o que se tenha feito para não merecê-la. Muitos reduzem o valor da graça de Deus, pensando que a função dela é apenas para salvar-nos. Ela existe também para sustentar, guardar, con- servar, proteger, alegrar, curar e ca- pacitar aqueles que crescem em gra- ça. "Crescei na graça e no conhe- cimento de nosso Senhor e Sal- vador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno." (2 Pedro 3.18.) Para "crescer em graça" temos de</p><p>Graça 27 deixar que o divino amor nos envol- va. "Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor que há em Cristo Jesus." (1 Timóteo 1.14.) Devemos pôr nosso crescimento, bem como todas as outras coisas, nas mãos do Senhor, e deixá-lo com ele. Devemos crescer como crescem lírios e como bebês, sem preo- cupação e sem ansiedade. "Considerai como crescem os lírios do campo: eles não traba- lham, nem fiam." (Mateus 6.29 - grifo do autor.) Esse versículo ilustra uma vida e um crescimento muito diferentes da vida e do crescimento da maioria dos crentes. Exemplifica uma vida de descanso, e um crescimento sem es- forço; e, mesmo assim, uma vida e</p><p>28 Usos e Costumes um crescimento coroados de glorio- SOS resultados. Podemos descansar certos da se- guinte verdade: todos os recursos da infinita graça de Deus serão dados para garantir nosso crescimento. Esse é "crescimento na graça": um crescimento sem cuidados nem ansiedades de nossa parte, mas um crescimento que cresce, que desa- brocha em flores e frutos. O crescimento não é do esforço, mas resultado de um princípio de vida interior. Ainda que se reúnam todas as forças do mundo para estender e espichar uma árvore morta, ele nunca crescerá. Contudo uma árvore viva cresce sem que nin- guém precise esticá-la. Para podermos crescer em gra- ça, temos de ter dentro de nós a vida que cresce - "a vida escondida com Cristo em Deus", Espírito Santo. Alguém disse que a graça de Deus é como um favo de mel a gotejar, e a</p><p>Graça 29 única coisa que precisamos fazer é abrir a boca e deixá-lo pingar. E para continuarmos a crescer em graça, não teremos de fazer ne- nhum esforço sobrenatural. É só abrir a boca, pois "o favo" (a graça) que nos alimenta e nos faz crescer ainda está gotejando. Para mim e para você.</p><p>5 Diante de Deus e dos Homens 1. Diante de Deus Temos de apresentar uma vida santa diante de Deus. Não adianta fingir, mantendo uma aparência que não condiz com que somos. O Se- nhor conhece coração: "Tu, meu filho Salomão, conhe- ce o Deus de teu pai e serve-o de coração íntegro e alma voluntá- ria; porque Senhor esquadrinha todos os corações e penetra todos</p><p>Diante de Deus e dos Homens 31 os desígnios do pensamento..." (1 Crônicas 28.9.) "O além e o abismo estão des- cobertos perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos ho- mens!" (Provérbios 15.11.) "Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamen- tos; e isto para dar a cada um se- gundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações." (Jeremias 17.10.) Jó é um exemplo do homem que agrada a Deus: "Perguntou ainda Senhor a Satanás: "Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra se- melhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal." (Jó 1.8.) Jó era um homem que dava teste- munho não somente perante Deus e</p><p>32 Usos e Costumes os homens, mas próprio Satanás tinha de reconhecer a integridade de Jó. 2. Diante dos Homens "Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. "Não pode a árvore boa produ- zir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons." (Mateus 7.17,18.) Se afirmamos que já acertamos nossa vida com Deus, mundo vai nos olhar com atenção para verificar se isso é verdade mesmo. Se desejamos crescer na vida es- piritual e dar bons frutos, temos de ter uma boa raiz. Assim como alguém numa asa del- ta lembra um pássaro em vôo, um homem pode imitar os frutos do Es- pírito. Mas assim como um pratican- te de asa delta não é um pássaro, quem tenta reproduzir a atuação do</p><p>Diante de Deus e dos Homens 33 Espírito terá de ficar escondido dos olhares das pessoas. Só assim con- seguirá enganá-las. Se quisermos andar como Cristo andou, temos de fazê-lo tanto em público como em particular. Temos de viver assim nas vinte e quatro ho- ras do dia e não apenas em certos momentos ou determinadas ocasi- Precisamos ser semelhantes a Cristo em toda parte e perante to- dos. É em nosso viver diário que me- lhor evidenciamos nosso crescimen- to. Temos todo o direito de duvidar de alguém que se diz santificado, mas não demonstra isso no seu vi- ver diário. Se dissermos que estamos em Cristo, é preciso que os outros ve- jam que nós andamos como ele an- dou. Temos de demonstrar que "pos- suímos" aquilo que afirmamos pos- suir. Precisamos ser "um povo exclusi- vamente seu" (Tito 2.14), não apenas</p><p>34 Usos e Costumes aos olhos de Deus mas também aos do mundo que nos cerca. Aonde quer que vamos, todos têm de ver - pelos nossos hábitos, atitudes, conversas e interesses - que somos seguidores do Senhor Jesus Cristo. Deixemos que O Senhor controle nossa vida. Obedeçamos, pronta- mente e de bom grado, a todas as afetuosas orientações do Espírito. E, dia a dia, cresceremos em graça, sa- bedoria e estatura. Então Senhor nos moldará, dan- do-nos uma nova forma, para que nos tornemos um "utensílio para honra, santificado e útil ao nosso pos- suidor, estando preparados para toda boa obra" (2 Timóteo 2.21). E a nossa luz brilhará de forma tão intensa que homens verão, não a nós, mas as nossas obras, e glorifi- carão, não a nós, mas ao nosso Pai que está nos céus. "Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que</p><p>Diante de Deus e dos Homens 35 vejam as vossas boas obras e glo- rifiquem a Pai que está nos céus." (Mateus 5.16.)</p><p>6 Costumes e Cultura Agora que já vimos que o impor- tante é o interior, é crescer diante de Deus e dos homens em graça, sabe- doria e estatura, vamos tratar de usos e costumes. Esse assunto é muito sério. Existem irmãos que não se cum- primentam, e denominações que zombam uma da outra por causa dos costumes. Há pastores que julgam a espiritualidade e a salvação de uma pessoa pelas roupas que ela usa.</p><p>Costumes e Cultura 37 Vamos ver que Deus fala a res- peito disso. 1. Costumes A palavra costume deriva do latim con (totalmente) e suescere (acostu- mar-se com), ou seja, algo com O que alguém fica acostumado. Então, COS- tume é que podemos chamar de hábito, de prática, uma lei não escri- ta. Está relacionado com a moda, com os trajes, com comportamen- to, com procedimento, com as re- gras. A pessoa age de determinada for- ma, não por ter fundamento bíblico, ou porque foi ensinada a fazer, ou por ser a única maneira de fazê-lo, mas porque viu alguém fazer, ou se acos- tumou assim. Podemos usar como exemplo aqueles que não tomam chá porque seus pais só tomavam café. Outros adquiriram hábito de tomar banho de manhã. Em alguns lares, não se cultiva O hábito de jantar. Alguns</p><p>38 Usos e Costumes usam jeans pois se acostumaram desde menino, ou na adolescência faziam parte de um grupo que gos- tava de vestir-se assim. A Bíblia menciona alguns costu- mes do povo: "Ao fim dos dois meses, tornou ela para seu pai, qual fez segundo voto por ele proferido; assim, ela jamais foi possuída por varão. "Daqui veio costume em Is- rael de as filhas de Israel saírem por quatro dias, de ano em ano, a cantar em memória da filha de Jefté, gileadita.' (Juízes 11.39, 40 - grifo do autor.) "Este era, outrora, costume em Israel, quanto a resgates e permutas: que queria confir- mar qualquer negócio tirava calçado e o dava ao seu parcei- ro; assim se confirmava negócio em Israel." (Rute 4.7 - grifo do autor.)</p><p>Costumes e Cultura 39 "Assim, os judeus aceitaram como costume que, naquele tempo, haviam feito pela primei- ra vez, segundo Mordecai lhes prescrevera." (Ester 9.23 - grifo do autor.) "Ora, por ocasião da festa, era costume soltar ao um dos presos, qualquer que eles pedis- sem." (Marcos 15.6 - grifo do au- tor.) 2.Cultura O que é cultura? O dicionário define cultura como: "Um empreendimento coletivo, segundo O qual homens con- seguem estabelecer um estilo de vida distinto, com base em valo- res comuns". E. B. Tylor diz que cultura é: "Aquele todo complexo que in-</p><p>40 Usos e Costumes clui conhecimentos, crenças, ar- tes, princípios morais, leis, cos- tumes e quaisquer outras capaci- dades e hábitos adquiridos pelos homens, como membros da ciedade". Se uma pessoa come com as mãos, por exemplo, isso é um costume. Se todas as pessoas de uma comunida- de, nação ou país fazem isso, é a cul- tura daquela sociedade. Costume pode ser hábito de uma família ou de um determinado gru- po. A cultura, contudo, são hábitos de uma sociedade. O costume pode ser mudado facil- mente; a cultura, não. Esta para ser alterada exige um esforço individu- al, no interior do homem. Podemos questionar os costumes; não a cultura. A palavra cultura vem do latim colere, que significa "cultivar". Por- tanto a cultura é um cultivo. Uma pessoa culta se preocupa</p><p>Costumes e Cultura 41 em aumentar o seu conhecimento, em se instruir, em aprender mais e em aperfeiçoar sua linguagem, sua postura e seu comportamen- to. O ex-deputado pelo Rio de Janei- ro, índio Juruna, é um exemplo dis- SO. Quando foi eleito, ele não se con- tentou em continuar vivendo segun- do os costumes de sua tribo. Ele per- cebeu que precisava tornar-se uma pessoa culta para poder reivindicar melhorias para sua tribo. Na tribo não era costume as pes- soas usarem terno e gravata. Na Câ- mara dos Deputados, porém, ele teve de adotar esse costume. Para poder falar, fazer ouvir suas opiniões, ele precisou aumentar seus conhecimentos, mudar seus costu- mes. E ele passou a ser ouvido e res- peitado. Mudou os costumes mas não perdeu a cultura, as raízes in- dígenas. Assim ele pode defender</p><p>42 Usos e Costumes os interesses do seu povo e pas- sou a ser respeitado até fora do Brasil.</p><p>7 Costumes: Divisão ou União? Costumes ou cultura? Faz diferença? Temos de ter bem resolvida a ques- tão da diferença entre costumes e cultura, pois a confusão entre esses dois conceitos tem causado divisões entre as igrejas e as denominações. Isso tem provocado muitos danos ao corpo de Cristo. No Brasil, por exemplo, é costume pastor pregar de terno e gravata. A</p><p>44 Usos e Costumes temperatura pode estar a quarenta graus, mas pregador tem de estar de terno e gravata. Certa vez eu fui pregar no Norte do Brasil. O calor era insuportável. Ao ver que eu tirava O pas- tor me disse: "Irmão, se O senhor tirar o paletó, a congregação não vai prestar atenção na mensagem. Eles vão ficar observan- do que senhor está sem Para eles a minha roupa era mais importante que a mensagem que Senhor me dera para pregar. Por quê? Davam mais valor ao costume. Não se desenvolveram intelectual- mente, não procuraram se aperfei- çoar; estavam estagnados. No Evangelho de Marcos, lemos uma passagem que exemplifica isso muito bem: "Ora, reuniram-se a Jesus os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém.</p><p>Costumes: Divisão ou União? 45 "E, vendo que alguns dos dis- cípulos dele comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar (pois os fariseus e todos os ju- deus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos; "quando voltam da praça, não comem sem se aspergirem; e há muitas outras coisas que recebe- ram para observar, como a lava- gem de copos, jarros e vasos de metal e camas), "interpelaram-no os fariseus e os escribas: "Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas co- mem com as mãos por lavar? "Respondeu-lhes: "Bem profetizou Isaías a res- peito de vós, hipócritas, como está escrito: Este honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. "E em vão me adoram, ensi- nando doutrinas que são precei- tos de homens.</p><p>46 Usos e Costumes "Negligenciando manda- mento de Deus, guardais a tra- dição dos homens. "E disse-lhes ainda: "Jeitosamente rejeitais o precei- to de Deus para guardardes a vossa própria tradição." (Marcos 7.1-9.) Nessa passagem, Jesus nos alerta do perigo que corremos ao valorizar os costumes. Anulamos a bênção de Deus ao rotularmos os sinais divinos de acordo com os nossos costumes. Foi que aconteceu com os fariseus: eles, como algumas igrejas do Bra- sil, limitavam O poder de Deus aos seus costumes. Mas encontramos também cris- tãos que sabem diferenciar costumes de cultura. Conseguem valorizar sua cultura apesar de abrirem mão de costumes que nada acrescentam à sua espiritualidade e à vida cristã. Nas ilhas do Pacífico, por exem- plo, os crentes participam das reu-</p><p>Costumes: Divisão ou União? 47 niões vestindo camisas coloridas e bermudas. O pastor prega usando camiseta. Eles não se deixam pren- der pelos costumes. Não se sacri- ficam em nome de costumes que não dizem respeito à realidade de- les. Acredite se quiser! Um garoto de doze anos orava com fervor, desejoso de servir a Deus. A certa altura, uma "profe- tisa" lhe deu a seguinte mensa- gem: "Deus só irá usá-lo para ganhar almas depois que parar de jogar futebol." Em uma reunião, estavam ex- pulsando um demônio de alguém. Entre os presentes se encontrava um rapaz de cabelos compridos. O espírito maligno disse: "Os cabeludos me pertencem!" Uma crente sincera, mas cujo marido não é convertido,</p><p>48 Usos e Costumes contou que lhe deram a seguinte "revelação": "Deus só abençoará seu lar de- pois que se desfizer da televisão." Uma jovem deu um testemu- nho no qual disse que Deus lhe revelara por que não obtinha mai- ores vitórias espirituais: não es- tava usando anágua! Numa certa igreja disseram às mulheres que se Deus quisesse que andassem perfumadas, ele já as teria criado com perfume. E como ele não as criara assim, de- viam parar de usar perfumes e desodorantes. Há mais de vinte anos, quando eu fui à igreja usando calça jeans, um diácono me disse: - Um crente não pode usar jeans. - Por quê? indaguei-lhe. - Porque em todas as propa- gandas de calça jeans aparecem mulheres nuas, argumentou ele.</p><p>Costumes: Divisão ou União? 49 - Então eu não posso usar ne- nhum tipo de tecido; viajar de avião; comprar pneus para car- ro; usar amortecedores; e mui- tas outras coisas, respondi, as- sustado com raciocínio do ir- mão. Costumes e divisão Em algumas ocasiões, sou convi- dado a pregar em igrejas cujo costu- me proíbe aos pastores que usem barba. E muitas vezes os líderes des- sas igrejas me dizem: - O senhor não pode pregar em nossa igreja, pois usa barba. - Por que eu não posso pregar de barba? pergunto. - É costume da igreja. Muitas vezes, não consigo me con- ter e digo: - Vocês não podem aculturar-se? Abrir o entendimento e compreender que Deus está muito mais preocupa- do com homem interior do que com a barba? Vocês podem me dizer qual</p><p>50 Usos e Costumes a passagem da Bíblia que me proíbe de usar barba? E eles respondem: - É costume da igreja que O pas- tor não use barba. Costume. Uma coisa que era para ser restrita, opcional, passa a ser lei. Isso gera divisões. Cada país possui costumes pró- prios de sua gente. No Marrocos, um homem andar de mãos dadas com uma mulher é mo- tivo de escândalo. Contudo dois ho- mens se abraçam, e é natural para eles. No Haiti todos usam chapéus. Se no Brasil amamentar uma cri- ança em público é comum; nos Es- tados Unidos é um ato inadmissível, pois é considerado imoral. Em alguns países da Europa é nor- mal os homens se beijarem, seja na comemoração de uma vitória nos esportes ou como cumprimento en- tre políticos ou líderes. No Brasil, temos também uma di-</p>