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<p>Compliance Definição Estudaremos o conceito de compliance e os principais elementos que caracterizam a adoção dessa prática nas organizações. Objetivos</p><p>MÓDULO 1 Descrever as características necessárias para a adoção de programas de compliance nas organizações MÓDULO 2 Listar grandes escândalos corporativos estimuladores da adoção de práticas de compliance no ambiente empresarial MÓDULO 3 Examinar a utilização do compliance como instrumento de combate à corrupção</p><p>O Descrever as características para a adoção de programas de compliance nas organizações que é compliance? A palavra compliance (conformidade) é derivada do verbo to comply, que, em tradução livre, significa: Cumprir Executar Compliance Satisfazer Obedecer Ela é aplicável às esferas fiscal, trabalhista, financeira, contábil, previdenciária, ambiental, jurídica, ética etc. Segundo Morais (2005) podemos definir compliance como o dever de atender às regras, de estar em conformidade e cumprir os regulamentos exigidos para as atividades desempenhadas pela organização. compliance também pode ser entendido como</p><p>"Ato de cumprir, de estar em conformidade e executar regulamentos internos e externos impostos às atividades da instituição, buscando mitigar risco atrelado à reputação e ao regulatório/legal." - MANZI, 2008, p. 15 Vídeo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Adoção de programas de compliance nas organizações Agora que já sabemos o que é compliance, conheça alguns detalhes sobre a adoção de seus programas nas organizações: O grupo de funcionários que atua diretamente na área de compliance tem a responsabilidade de garantir que a organização e os funcionários ajam de acordo com todas as leis, regulamentos e regras que abranjam os negócios nos quais ela está envolvida (MELENDY, 2005). No âmbito do compliance, abrange-se também sentimento de justiça na organização, pois as regras definem a impossibilidade de concessão de vantagens para uns em detrimento de outros.</p><p>A empresa tomará decisões com isonomia e isenção de interesses pessoais, além de independência de fatores associados à hierarquia, à amizade ou que desviem os verdadeiros motivos para cada assunto. Assim, as regras de compliance atingem comportamento das pessoas e as rotinas organizacionais, com grande benefício para a coletividade (GIOVANINI, 2014). O programa de compliance tem como um dos pilares a preservação da reputação da instituição, a sustentabilidade e a priorização do</p><p>gerenciamento de riscos vinculados à área de atuação da organização. Devem ser considerados no gerenciamento todos os riscos associados ao não cumprimento das leis e regulamentos, assim como o tamanho, a amplitude e a estrutura organizacional da empresa (CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2015). A adoção do compliance também favorece a prevenção de perdas financeiras, pois os esforços voltados para o atendimento das exigências legais e trabalhistas permitem, por exemplo, a minimização de cobranças judiciais ou administrativas das obrigações, além de multas ou perdas por desgastes de imagem.</p><p>Como elementos necessários à adoção do compliance, destacam-se: o estabelecimento de um código de ética da organização; a capacitação de profissionais para aprenderem a lidar com problemas éticos; a criação de canais de comunicação de condutas não éticas (uma central de atendimento ao funcionário ou à ouvidoria); e incentivo para a discussão de problemas éticos (MANZI, 2008).</p><p>Conforme apontado por Debbio, Maeda e Ayres (2013), existem elementos comuns que são vitais para que os programas de compliance sejam adotados nas organizações, sendo, portanto, os mais encontrados nas literaturas internacionais. São eles: Clique nos botões para ver as informações. Suporte da administração e liderança Ele talvez seja o principal pilar de adoção de programas de compliance. Por meio do suporte dado pela alta administração e pelos líderes locais, a organização passa a se comprometer com uma postura que tem como requisito a intolerância aos desvios de conduta. Esse comprometimento deve ser transmitido de maneira clara e sem margem para dúvidas pelos mais altos níveis da instituição, sendo percebido nas próprias ações envoltas de integridade e conformidade. Dessa forma, elas endossam o discurso com exemplo dado. Mapeamento e análise de riscos É um dos objetivos do compliance, pois minimizar os riscos implica reduzir as possibilidades de que condutas não adequadas sejam praticadas por colaboradores ou stakeholders que interagem no negócio. caráter preventivo dos procedimentos é função essencial da compliance, que só conseguirá alcançar objetivo se a organização conhecer (mapear) e entender (analisar) os riscos aos quais está Políticas, controles e procedimentos Para que a empresa implemente efetivamente o programa de compliance, é necessário que ela desenvolva regras, controles e procedimentos cujo cumprimento possa monitorar posteriormente, assim como as práticas Comunicação e treinamento Há dois fatores fundamentais para que o monitoramento das ações seja efetivo ao longo de toda a organização. Comunicar efetivamente as políticas e os procedimentos esperados pela empresa e assegurar que os profissionais estejam com o adequado nível de entendimento (por meio do treinamento) são condições básicas para que o programa de compliance dê certo. Monitoramento, auditoria e remediação Outro pilar necessário ao compliance é a necessidade de examinar regularmente atendimento aos objetivos pretendidos nas regras, controles e procedimentos definidos pela organização. Se a instituição não cumprir essa etapa, os documentos confeccionados pela área de compliance serão meras obrigações burocráticas que não atenderão ao intuito desejado. atendimento desses elementos não é uma tarefa simples. Segundo dados divulgados pela KPMG (2018), entidade suíça com atuação global em serviços de auditoria e consultoria, a pesquisa Maturidade do compliance no Brasil revelou que os principais desafios expostos pelas grandes empresas são:</p><p>87% Identificar, avaliar e monitorar a efetividade do compliance 85% Contornar as dificuldades de mapear os riscos e desenvolver os indicadores-chave</p><p>84% Integrar a função com outras áreas do negócio Caberá aos gestores, estimulados e respaldados pela alta administração, o desenvolvimento de alternativas para superar as dificuldades de implementação do compliance inicialmente verificadas e demonstrar para os stakeholders todas as vantagens advindas da adoção dessa política na instituição. O perfil dos membros responsáveis pela área de compliance é bastante variado, incluindo quem atua dedicado à estrutura implementada para o compliance (caso isso seja possível em uma empresa), assim como aqueles que pertencem a outras áreas do negócio (KPMG, 2015): Diretores e superintendentes Presidente 000 Representantes do conselho de administração Gerentes Comitê de auditoria Especialistas e coordenadores Esses profissionais podem atuar em diversas possibilidades de monitoramento, embora seja mais comum a dedicação à prevenção dos seguintes riscos pagamento de propina ou suborno (em licitações, licenças, taxas aduaneiras, contratação de pessoas, contribuições, doações, brindes ou patrocínios) ou em outros temas tratados pela área (combinação de preços, fraudes, violações ambientais, assédio moral e sexual, trabalho escravo e lavagem de dinheiro) (KPMG, 2015).</p><p>A estrutura necessária para a implementação do programa de compliance pode apresentar alguns modelos, segundo Giovanini (2014). Dois deles são: Foco na prevenção Prevenir, identificar e corrigir as ações que se desviaram das regras estabelecidas é a base deste modelo, que deve divulgar claramente as políticas e os procedimentos a serem adotados por todos.</p><p>Foco na melhoria contínua É a utilização do ciclo administrativo conhecido como PDCA (Plan - Planejar, Do - Fazer, Check - Controlar e Act - Agir). Ele é necessário para a melhoria contínua dos processos de trabalho, já que, após a última etapa (ação), o ciclo se reinicia. Além da estrutura mínima para a adoção do compliance, existem alguns procedimentos necessários para garantir as condições adequadas da sua efetividade em uma organização. Segundo Blok (2017), esta área deve se valer das seguintes ferramentas e atuações: Processo de comunicação e informação Ele é caracterizado por contatos periódicos e proativos com agências reguladoras e informações confiáveis. Monitoramento das normas externas Acompanhamento contínuo, análise dos impactos das normas e garantia da adequação das operações e normas internas. Monitoramento das normas internas É a garantia do padrão de normas, a realização de treinamento em redação de normas internas e a definição das diretrizes da organização. Políticas corporativas Trata-se da definição dos princípios de natureza genérica, orientação, revisão periódica e garantia da ampla divulgação.</p><p>Novos produtos e alterações Garantia de que a organização deve atuar de maneira preventiva e proativa, minimizando e avaliando os riscos de compliance. Consultivo Assessoria para a alta administração, realizando parcerias com a área de negócios e orientando a gestão como um todo. Disseminação de cultura Deve atuar na mudança de práticas inadequadas de gestão, motivando os stakeholders com base em valores e comportamentos definidos, além de divulgar as práticas para auxiliar na internalização e na identificação por parte dos funcionários. Programas de treinamento Conhecimento das melhores práticas do mercado, garantindo a atualização das normas e legislações vigentes e treinando os funcionários sobre as políticas, os controles e os procedimentos corporativos. Código de ética e conduta Definição dos padrões de ética e conduta que devem ser adotados, orientação e divulgação do código, estabelecendo um comitê de ética e canais de denúncias. Programa de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) Designação de diretor responsável, definição das políticas e diretrizes do PLD, monitoramento das transações suspeitas, instituição de um comitê de PLD e comunicação das demandas para a área responsável. Sistemas de controles internos Estabelecer a segregação de funções, realizar os testes e monitoramento, informar as não conformidades verificadas e acompanhar as ações corretivas. Gerenciamento de riscos Identificação, avaliação e monitoramento dos riscos inerentes às atividades da organização, definindo as formas de controlar os riscos e comunicá-los, além de garantir que as ações sejam integradas. Metodologia de avaliação do risco de compliance Fazer uma autoavaliação, elaborar a matriz de risco de compliance, analisar os produtos e processos e realizar as avaliações periódicas. Equipes de agentes de compliance Definir os perfis específicos para a área, realizar os treinamentos periódicos, estabelecer os canais de comunicação e fazer a intermediação do compliance.</p><p>Controle organizacional Vídeo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A importância da prática de compliance no ambiente corporativo A adoção da política de compliance depende da inserção das ações de conformidade em todos os setores da organização, fazendo parte da cultura dela, pois, dessa forma, as operações terão uma maior chance de estarem em conformidade, assim como dependerão de ações éticas por parte da alta administração. Essas variáveis formam o tripé do compliance, tal como está apresentado a seguir: Gestão de ética dos negócios (alta administração) Conformidade (operação) Estado de adesão (cultura organizacional)</p><p>Tripé do compliance. (Fonte: BLOK, 2017). O caso Siemens Como exemplo da importância da adoção do compliance, citamos escândalo mundialmente famoso da empresa Siemens AG. Após as investigações realizadas pela justiça norte-americana, foram constatados pagamentos de propinas para autoridades públicas no montante de US$1,4 bilhão entre os anos de 2001 e 2007. Segundo o judiciário dos Estados Unidos, os pagamentos ilegais foram realizados em mais de 20 países em troca de contratos públicos (BBC NEWS, 2013).</p><p>a empresa foi obrigada a pagar uma das maiores multas da história: US$1,6 bilhão. de Isso propina foi um como fator um de causador destaque para de Após a condenação, Alemanha. Até então os empresários não viam pagamento pelo entendimento a mudança da forma de fazer negócios organizações. na Tal prática ainda fazia parte da cultura local, sendo endossada públicas do exterior prejuízo financeiro até o final e de dos imagem anos para 1990. as Uma lei até permitia que os empresários pagassem estes propina valores dos a autoridades impostos de renda pagos na para legal obter vigente vantagens em contratos, tendo, inclusive, uma autorização formal para descontar Alemanha (TRANSPARENCY) 2011).] a ter perdido a vigência legal no início do século XXI, somente após o escândalo trazer da (TRANSPARENCY) Siemens os empresários 2011). alemães se convenceram Apesar de regra das implicações financeiras e criminais que a adoção de práticas ilegais pode A65 3 def 6 2 abc 5 ghi 8 tuv 1 pars / Shutterstock). Impactos devido à repercussão internacional do caso, o exemplo da Siemens também é das foi referências muito Além do comportamento empresarial alemão de compliance associadas ao campo da gestão. Atualmente, a empresa AYRES, 2013). uma em marcante programas para de crescimento compliance, contando das políticas com cerca de 600 funcionários dedicados à área (DEBBIO; MAEDA;</p><p>+ + + + + + + + + + + Destaca-se também a importância dada pela empresa à divulgação dos focos do departamento de compliance: combater a as violações da concorrência; proteger a empresa contra fraudes e lavagem de dinheiro; e salvaguardar os dados pessoais corrupção 2019). e O próprio fortalecimento das ações de compliance permite que os objetivos éticos sejam atendidos, pois faz parte da política da Siemens utilização de canal de denúncias seguro Com isso, no ano de 2018, 647 manifestações foram realizadas e passaram por investigações a</p><p>posteriores. Como resultado, 229 medidas disciplinares foram adotadas devido ao descumprimento das conformidades esperadas pela organização (SIEMENS, 2019). canal de denúncias seguro canal é destinado aos funcionários da Siemens para que eles informem as violações de conformidade na empresa. A área de compliance não tem como garantir que violações às regras nunca ocorram. Porém, por meio de ferramentas de gestão da área, que se espera é que haja a redução das probabilidades de respaldadas por uma postura de vigilância dos riscos inerentes às organizações. Atenção</p><p>Em âmbito nacional, uma importante medida de combate à corrupção foi a promulgação da Lei 12.846/2013, que trata da responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira (BRASIL, 2013). Para Manzi (2008, p. 123): "Não se pode falar em governança corporativa e sustentabilidade sem se referir à ética e consequentemente considerar a importância do compliance." Por estar atrelado à concordância e ao cumprimento das normas, compliance se caracteriza como um dos princípios essenciais das boas práticas de governança corporativa (ÁLVARES; GIACOMETTI; GUSSO, 2008). Governança, risco e compliance Vídeo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade</p><p>a) O suporte de administração e liderança é um dos principais pilares para a adoção de programas de compliance. b) É recomendável a adoção de políticas, controles e procedimentos para melhorar a definição das regras a serem seguidas pelas organizações. c) O mapeamento e a análise de riscos têm pouca relação com as práticas de compliance. d) Se for possível e compatível com orçamento, a organização deverá realizar ações de comunicação e treinamento das políticas de compliance. e) Nenhuma das respostas anteriores. 2. Sobre os elementos necessários à implementação do compliance, qual dos itens apresentados a seguir não se adequa diretamente ao tema? a) Adoção de código de ética da organização b) Capacitação de profissionais c) Definição dos valores organizacionais d) Criação de canais de comunicação de condutas não éticas e) Incentivo para a discussão de problemas éticos MÓDULO2 Listar os grandes escândalos corporativos estimuladores da adoção de práticas de compliance no ambiente empresarial</p><p>O compliance é uma tendência crescente nas práticas de gestão, especialmente devido aos princípios de boas práticas a ele relacionadas. Conheceremos agora o histórico da prática dele e o resultado de grandes escândalos no ambiente corporativo. Tanto o compliance quanto a governança corporativa tiveram início no século XX. Diversos acontecimentos foram importantes para o amadurecimento dessa prática até a adoção de ambos nos moldes de hoje. Entre eles, segundo Blok (2017), destacam-se: 1913 A criação do Banco Central Americano permitiu a flexibilidade, a segurança e a estabilidade do sistema financeiro local, tendo repercussão mundial. 1929</p><p>O crash (quebra) da bolsa de valores repercutiu na economia global. 1930</p><p>Foi instituído o Bank for International Settlements (BIS) durante a Conferência de Haia, ocorrida na cidade de Basileia, na Suíça. A instituição foi decisiva para o desdobramento do compliance, pois seu objetivo principal era a definição de políticas de cooperação entre os bancos centrais do mundo, resultando em atividades financeiras mais seguras e 1932 Adoção da política do governo norte-americano conhecida como New Deal, cuja característica é a intervenção do Estado na economia a fim de corrigir as falhas do mercado capitalista. 1945</p><p>Durante a conferência de Bretton Woods, foram criados Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) com objetivo de proteger a estabilidade do sistema monetário internacional. 1960</p><p>A agência federal dos Estados Unidos Securities and Exchange Commisson (SEC), cujo objetivo é a aplicação das leis sobre a regulação do setor mobiliário, passou a insistir na necessidade de contratação de profissionais para atuação no compliance (compliance officers) a fim de que eles criassem procedimentos internos de controle, treinassem as pessoas e monitorassem as atividades, subsidiando a supervisão da área de negócios das empresas. 1970</p><p>O então presidente norte-americano Richard Nixon suspendeu unilateralmente o acordo de Bretton Woods (instituído em 1945). Como resposta, foi criado o Comitê de Basileia para Supervisão Bancária (Basel Committee on Banking Supervision BCBS), composto por representantes dos bancos centrais dos países do G10, a fim de criar procedimentos de boas práticas e controles para o mercado financeiro. 1974</p><p>O mercado financeiro reagiu com perplexidade ao escândalo político de Watergate, que culminou na renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon e apontou as fragilidades de controle da administração pública norte-americana, assim como as medidas voltadas para o atendimento a propósitos particulares e ilícitos. 1980</p><p>As operações de compliance foram estendidas às demais atividades financeiras no mercado norte-americano. 1995 II</p><p>Importantes acontecimentos ocorreram, o que gerou mudanças nas regras de controle das operações do mercado mobiliário: Processo de falência do Banco Barings devido às fragilidades do sistema de controle interno; Comitê de Basileia para Supervisão Bancária publicou regras para o mercado financeiro internacional com a finalidade de fortalecer a estabilidade e a eficiência do sistema financeiro. Elas ficaram conhecidas como Basileia I. 1997 Comitê de Basileia divulgou 25 princípios para a realização da supervisão bancária efetiva, prevendo expressamente, no princípio a necessidade de independência da função de compliance. 1998</p><p>Ocorreu a era dos controles internos <> 2001</p><p>O caso Enron veio a público, reforçando os prejuízos gerados graças a falhas nos controles internos e fraudes contábeis, uma vez que a empresa foi à falência. 2002 A empresa WorldCom (novamente, uma grande empresa norte-americana) anunciou a insolvência com os credores, tendo como causa principal a ausência de controle interno e as adulterações contáveis 2002</p><p>Como resposta à fragilidade do controle financeiro nas empresas que tinham negócios na Bolsa de Valores norte- americana, o governo dos Estados Unidos publicou a Lei Sarbanes-Oxley, que passou a exigir melhoria das práticas contábeis, independência da auditoria e criação do comitê de auditoria. 2002</p><p>No Brasil, após os desdobramentos dos casos ocorridos com as empresas norte-americanas, governo alterou a Resolução 2.554/98 e publicou a de 3.056/2002, dispondo sobre a atividade de auditoria interna das instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. 2003</p><p>$ O Conselho Monetário Nacional publicou uma sequência de normativas para a melhoria da proteção ao sistema financeiro brasileiro: Emissão de Carta Circular n° 3.098/2003, que passou a exigir registro e a comunicação ao Banco Central do Brasil quando houver operações em espécie de depósitos, provisionamentos e saques nas quantias iguais ou superiores a 100 mil reais; O Comitê de Basileia publicou recomendações para a prática de gestão e supervisão de riscos operacionais. 2004</p><p>O CMN publicou a Resolução n° 3.198/2004, que alterou e consolidou a "regulamentação relativa à prestação de serviços de auditoria independente para as instituições financeiras, demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil e para as câmaras e prestadores de serviços de compensação e de liquidação" (BRASIL, 2004). 2005</p><p>O Comitê de Basileia publicou um novo documento dispondo orientações sobre riscos de créditos e estabelecendo padrões para a alocação de capital. 2006</p><p>Banco Central, por meio do CMN, publicou as resoluções de 3.380/2006, normatizando a implementação da estrutura de gerenciamento de risco operacional, e n° 3.416/2006, que trata das condições básicas para a atuação do comitê de auditoria nas instituições financeiras de capital fechado. 2007 O CMN publicou mais orientações para as instituições financeiras: Resolução n° 3.464/2007, sobre a necessidade de implementação da estrutura de gerenciamento de risco em âmbito do mercado: Por meio do Comunicado 16.137/2007, foram estabelecidos prazos para a adequação nas instituições financeiras brasileiras dos procedimentos para implementação da nova estrutura de capital (nos moldes do conteúdo publicado pelo Comitê de Basileia em 2005). 2012</p><p>Por meio da Lei n° 12.683/2012, Brasil instituiu um novo normativo legal que, alterando a Lei 9.613/1998, buscava tornar mais eficiente a persecução penal dos crimes de lavagem de dinheiro. 2017</p><p>governo brasileiro publicou Decreto n° 9.203/2017, normatizando a política de governança para a administração pública federal e sinalizando a necessidade de a alta administração manter, monitorar e aprimorar os controles internos, além de definir as atribuições para as auditorias internas dos órgãos públicos. Princípio n° 14 Os supervisores bancários devem determinar que os bancos mantenham controles internos adequados para a natureza e a escala de seus negócios. Os instrumentos de controle devem incluir disposições claras para a delegação de competência e responsabilidade; a separação de funções que envolvem a assunção de compromissos pelo banco, a utilização de seus recursos financeiros e a responsabilidade por seus ativos e passivos; a reconciliação de tais processos; a proteção de seus ativos; e as funções apropriadas de auditoria e de conformidade independentes, internas ou externas, para verificar a adesão a tais controles, assim como às leis e aos regulamentos aplicáveis. (BIS, 1997, p. 24 - grifo nosso) era dos controles internos A era dos controles internos ocorreu essencialmente devido a três fatores:</p><p>Comite da publicou um normativo contendo treze principios com na e a promoção de um sistema financeiro mundial estável; Em âmbito nacional, o Congresso Nacional Brasileiro sancionou a Lei 9.613/98, que trata de "crimes de ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos; e criação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras - (BRASIL, 1998); O Conselho Monetário Nacional (CMN) com base nos treze princípios instituídos pelo Comitê da Basileia para promoção dos controles internos, publicou a Resolução 2.554/98, que dispõe sobre a determinação de implantação e implementação de sistema de controles internos nas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Vídeo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Escândalos do mundo corporativo Vimos que anúncio de falência e/ou concordata de empresas norte-americanas estabeleceu um novo padrão para funcionamento de empresas que negociam as ações na bolsa de valores dos Estados Unidos. Essa situação foi desdobrada nas empresas localizadas em todo o mundo. No âmbito brasileiro, Conselho Monetário Nacional, vinculado ao Banco Central, foi órgão que mais normatizou orientações de proteção às negociações no sistema monetário.</p><p>ORDEM E Essas ações foram desdobradas após os grandes escândalos empresariais mundiais que alertaram mundo corporativo sobre a necessidade de as normas e os regulamentos serem respeitados. Vamos conhecer um pouco mais esses casos? Clique nos botões para ver as informações.</p><p>Caso Em 1974, ele teve grande repercussão no mercado financeiro, o que resultou na renúncia do então presidente norte-americano Richard Nixon. O evento histórico foi o desdobramento da invasão aos escritórios do Partido Democrata, localizados no conjunto de edifícios chamado Watergate, durante a campanha eleitoral presidencial. O incidente ocorreu em 1972; após dois anos de investigação, foi apontado que o objetivo era grampear os telefones para usar informações confidenciais como chantagem política e conduzir um esquema de espionagem também política para favorecer o então candidato Richard Nixon (CABRAL, 2011). Com avanço das investigações sobre o caso, foi constatado que as gravações telefônicas passavam pelo escritório oficial do então presidente Nixon, comprovando que ele comandava o esquema de espionagem. Para evitar o impeachment, o presidente renunciou em 8 de agosto de 1974 (CABRAL, 2011). Esse evento tem um caráter histórico para o compliance, pois foi muito marcante para a administração pública como exemplo de como uma instituição é marcada negativamente pela ocorrência de atos ilícitos e como essas ações se desdobraram ao manchar a imagem da organização (no caso, por meio de seu representante máximo). Salienta-se assim a importância da aplicação dessa política na gestão pública dada a sua dimensão e relevância Richard Nixon (fonte: wikipedia). Caso Barings Fundada em 1762, esta instituição consagrada da Inglaterra viu-se envolvida pela atuação fraudulenta capitaneada por um de seus funcionários, Nick Leeson. A administração do Banco Barings, seduzida pelos retornos das operações que ele trazia para a instituição, não dimensionou os prejuízos que Leeson encobria por meio de uma conta inexistente. prejuízo acumulado em 1995 atingiu a marca de 1,3 bilhão de dólares; dessa maneira, o banco, com 235 anos de história, foi vendido pelo valor simbólico de 1 dólar graças à insolvência e à sua consequente falência (SILVA, 2008). A situação retrata a importância de controles internos sólidos nas instituições de modo a não expor as organizações a riscos não dimensionáveis, podendo, inclusive, resultar na interrupção de suas operações.</p><p>Nick Leeson (fonte: soegeeforex). Caso Enron Refere-se ao anúncio de concordata da empresa no final de 2001. Até então ela era uma das maiores do mundo no ramo energético. Após a divulgação da concordata, Congresso norte-americano iniciou a análise da falência do grupo, momento em que foi detectada a existência de uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Além do montante, que não era de conhecimento dos acionistas, havia o fato de a empresa ter importância em nível global. Essa falência foi considerada por diversas publicações a mais importante da história empresarial norte-americana (CARVALHO, 2004).</p><p>Logo da Enron (fonte: wikipedia). Caso WorldCom Em 2002, a empresa WorldCom, que era a segunda maior operadora de chamadas de longa distância dos Estados Unidos, além de atuar em 65 países, anunciou um rombo de cerca de 7,1 bilhões de dólares nas contas, admitindo ter manipulado artificialmente seus lucros. Além dos prejuízos financeiros dos acionistas, a situação também gerou uma crise de confiança dos investidores que negociavam nas bolsas de valores de todo mundo, pois ficou constatada a possibilidade de fraude do sistema na contabilidade de empresas multinacionais que movimentavam grandes aportes financeiros (BBC, 2002).</p><p>WORLDCOM Logo da WorldCom (fonte: ciceroamaral). Bolsa de valores e índice de Governança corporativa Vídeo</p><p>Adoção de programas de compliance no ambiente corporativo Os casos apresentados demonstram claramente motivo que originou a necessidade de ações do governo de forma a regulamentar medidas para evitar que fraudes na contabilidade das empresas continuem a fazer parte do universo de credores que operam nas bolsas de valores. Os escândalos repercutiram inicialmente como uma grande quebra de confiança nos balanços das grandes empresas, desdobrando-se em descrédito na própria economia norte-americana. governo precisou agir para interromper esse cenário, adotando medidas de impacto corretivo e preventivo ao estipular regras mais rígidas para punir as empresas (e os representantes legais delas) envolvidas em fraudes, assim como endurecer as exigências de transparência, de controle interno e de auditoria independente. Os prejuízos financeiros resultantes das ações corretivas impostas pelo governo provocaram também muitos prejuízos de imagem devido à repercussão pela ausência de um comportamento ético e moral. 2.60 20.70 3.20</p><p>(Fonte: Poring Studio / Shutterstock). As instituições podem evitar longas perdas colaterais resultantes das ações fraudulentas ao adotarem programas de compliance. Esta foi a percepção do mercado, uma vez que o tema teve um significativo crescimento entre as empresas. Elas passaram a adotá-lo voluntariamente após perceberem que as ações transparentes geram confiança e credibilidade nos investidores, obtendo uma grande vantagem competitiva. Embora a história do compliance tenha uma origem muito vinculada aos controles impostos às instituições bancárias, ambiente corporativo percebeu os resultados conseguidos com a adoção da ferramenta. Desse modo, a utilização do compliance foi disseminada entre os diferentes tipos de organizações, sendo atualmente aplicado de forma ampla no mercado empresarial. Blockchain e compliance Vídeo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atividade 1. Entre os grandes escândalos de fraudes qual dos apresentados a seguir está relacionado ao caso da empresa WorldCom? a) Instituição consagrada da Inglaterra e fundada em 1762, cuja administração autorizou a atuação fraudulenta de um funcionário, pois se viu seduzida pelos altos retornos de operações, encobrindo os prejuízos por meio de uma conta inexistente. b) Grampo de telefones após a invasão dos escritórios do Partido Democrata americano, desdobrando-se em ações de chantagem política, que resultou na renúncia do então presidente dos Estados Unidos Richard Anúncio de concordata da empresa, uma das maiores do mundo no ramo energético. d) Operadora de chamadas de longa distância dos Estados Unidos com representação em 65 países anunciou um rombo de cerca de 7,1 bilhões de dólares nas contas e admitiu ter manipulado artificialmente os lucros.</p><p>2. Sobre processo de amadurecimento das ações de compliance, marque a opção correta referente à adoção da prática no ambiente corporativo: a) Fora das instituições financeiras, a adoção do compliance tem caráter obrigatório, sendo um instrumento pouco utilizado no mundo atual. b) O Conselho Monetário Nacional, vinculado ao Banco Central, foi órgão que recebeu muitas críticas por ter atuado com pouca normatização para a proteção das negociações no sistema monetário brasileiro. c) Apesar dos grandes escândalos de empresas que negociavam na bolsa de valores norte-americana, governo dos Estados Unidos demorou a reagir, normatizando leis para proteger a transparência das informações prestadas aos investidores. d) A crise de credibilidade nas informações contábeis prestadas não atingiu a confiança dos investidores com governo norte-americano. e) O ambiente corporativo percebeu os resultados conseguidos com a adoção da ferramenta de compliance; desse modo, ela foi disseminada entre os diferentes tipos de organizações. MÓDULO3 Examinar a utilização do compliance como instrumento de combate à corrupção Identificando os principais desvios dentro das corporações</p><p>Vídeo Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online que é corrupção? Além do aspecto empresarial, o amadurecimento do compliance também foi de grande importância para as relações estabelecidas entre as instituições públicas e privadas. Por monitorar e evitar práticas de corrupção, essa ferramenta também resulta na melhoria da imagem das organizações públicas, já que torna público o interesse em coibir práticas O Código Penal brasileiro tipifica esse crime em dois âmbitos: corrupção passiva e corrupção ativa. Por corrupção passiva, entende-se o ato de: "[...] solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi- la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal BRASIL, 1940, art. 317 Já sobre a corrupção ativa, o artigo 333 do Código Penal a estabelece como o oferecimento ou a promessa de vantagem indevida para um funcionário público a fim de que ele faça algo que traga benefícios ao corruptor omita-se de fazer algo que deveria ser feito ou retarde a execução de algo de acordo com as funções dele. A corrupção ativa é sempre cometida por um corruptor, que geralmente é um agente privado.</p><p>A prática de corrupção necessita de dois atores principais: corrupto e corruptor. Corruptor Agente privado que oferece ou aceita conceder vantagens indevidas ao agente público Corrupto Agente público que aceita receber ou que solicita vantagem indevida. Atenção</p>

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