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<p>ANÁLISE DO COEFICIENTE DE PARTIÇÃO DA HIDROXIATRAZINA</p><p>Clarice Pinho Leal1, Iara Monteiro da Silva2, Adriano Santos da Rocha3, João Augusto Pereira da Rocha4, Glaucia Santos Dias de Azevedo5</p><p>1Discente do curso técnico integrado em agropecuária – IFPA;2Discente do curso de Eng. de Pesca - IFPA; 3Professor do Curso de Eng. de Alimentos – IFPA; 4Professor do Curso de Física – IFPA; 5Professora do Curso de Agronomia- IFPA E-mail autor correspondente: adriano.rocha@ifpa.edu.br</p><p>Área de conhecimento/Subárea: Área 01 - Ciências Exatas e da Terra/Subárea: Química</p><p>ODS vinculado(s) : ODS02 - Fome zero e agricultura sustentável / ODS15 - Vida terrestre</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>São muito comuns as citações sobre o grande consumo de agrotóxicos no Brasil, como os dados recentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mostrando um aumento de 246% entre 2004 e 2014 (IBAMA, 2016). Praticamente no mesmo período, novos dados indicaram que o Brasil esteve entre os que mais intensificaram o uso de agrotóxicos, fazendo com que para cada hectare de área cultivada, a quantidade aplicada tenha aumentado aproximadamente quatro vezes (FAO, 2011), por outro lado, e de acordo como IBGE, o aumento da área cultivada foi somente de 27,6% (IBGE, 2022).</p><p>Mas uma ampliação desse problema são os resíduos desses produtos, pois vale citar que os agrotóxicos não permanecem com sua estrutura original após a utilização. Certos mecanismos de degradação se iniciam e a matéria orgânica atua como o principal local de absorção dessas substâncias (TOLLER, 2021). Por exemplo, os meios húmicos podem ser um local de absorção para a substância de um conhecido herbicida no solo, a Atrazina, influenciando na sua persistência e interação com componentes da matéria orgânica do solo (ácidos húmico-AH e fúlvico-AF) e até fotodegradação com luz natural.</p><p>Processos como esse podem originar o principal derivado da Atrazina no meio ambiente, a Hidroxiatrazina (Figura 1), o metabólito que será investigado nesse estudo. O objetivo desse trabalho foi calcular e comparar o Logaritmo do Coeficiente de partição (LogP) da Hidroxiatrazina para contribuir em investigações sobre as implicações ambientais e toxicológicas da substância.</p><p>Figura 1: Atrazina degradando em Hidroxiatrazina.</p><p>Fonte: Os Autores, 2024.</p><p>MATERIAL E MÉTODOS</p><p>O logaritmo do coeficiente de partição é uma quantidade química associada à biodisponibilidade das substâncias (MAXIMIANO, 2010) e define basicamente seu caráter hidrofóbico e hidrofílico. Nesse estudo, foi realizado o cálculo teórico dessa propriedade para a Hidroxiatrazina. Em seguida, o valor obtido foi comparado aos de fármacos tradicionais para discutir a biodisponibilidade desse metabólito.</p><p>Os cálculos foram realizados no ambiente do plataforma Molsoft (MOLSOFT, 2024), um recurso gratuito e de uso simplificado, mas que possui boa aceitação na comunidade científica pelo êxito já apresentado (LALITHA, 2010).</p><p>Figura 2: Exemplo de Resultados no Molsoft.</p><p>Fonte: MOLSOFT, 2024.</p><p>A figura 2 apresenta uma tela como exemplo de resultados que podem ser encontrados nessa plataforma. Nesse trabalho, utilizamos o LogP, o valor que estima a distribuição das substâncias entre as células do corpo (biodisponibilidade). E ainda de acordo com a literatura, essa facilidade de distribuição fica mais significativa quando 0 < LogP < 5 (SANTOS et al., 2018).</p><p>RESULTADOS E DISCUSSÃO</p><p>Para a comparação na Tabela 1 e Gráfico 1, assim como a discussão dos resultados, foram obtidos os dados dos quatro medicamentos mais utilizados pelos usuários da Atenção Primária à Saúde do Sistema Único de Saúde-SUS (COSTA, 2017) e seus respectivos valores de LogP disponíveis no base de dados DrugBank (DRUGBANK, 2024).</p><p>Tabela 1: Valores de LogP-Medicamentos SUS e calculado.</p><p>Molécula</p><p>LogP</p><p>Losartana</p><p>1,19</p><p>Sinvastatina</p><p>4,46</p><p>Omeprazol</p><p>2,23</p><p>Captopril</p><p>0,34</p><p>Hidroxiatrazina (calculado)</p><p>1,50</p><p>Fonte: DRUGBANK, 2024.</p><p>Gráfico 1: Comparação dos valores de LogP.</p><p>Fonte: Os Autores, 2024.</p><p>Pelos dados anteriores, é possível notar que, quanto ao LogP, a Hidroxiatrazina possui valores semelhantes aos de fármacos amplamente utilizados. Esse resultado, quando se trata de um resíduo de agrotóxico, torna-se preocupante pois revela uma expressiva distribuição da substância pelo organismo e também no meio ambiente. Dados como esse ressaltam a importância de se ampliarem os estudos sobre os efeitos secundários da aplicação de agrotóxicos.</p><p>CONCLUSÕES</p><p>Sabe-se que além das intoxicações, os agrotóxicos e seus resíduos podem contaminar reservatórios de água, rios, afetando profundamente os recursos hídricos. Podendo até interferir nos organismos aquáticos (VIERA, 2017). Por fim, o resultado obtido para a Hidroxiatrazina chama a atenção para sua molécula primária, a Atrazina, visto que essa é uma das substâncias mais consumidas no Brasil. Esse resultado posiciona a Hidroxiatrazina como bastante semelhante aos fármacos citados e sugere a necessidade de estudos posteriores que detalhem a sua toxicidade mediante metodologias experimentais visando à exposição prolongada.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>COSTA, C. M. F. N. et al. Use of medicines by patients of the primary health care of the Brazilian Unified Health System. Revista de Saúde Pública, v. 51, p. 18s18s, 22 set. 2017.</p><p>DRUGBANK, the DrugBank Knowledgebase for 2024. Disponível em https://www.drugbank.com/</p><p>FAO, Who; International code of conduct on the distribution and use of pesticides: guidelines forquality control of pesticides.. 2011. Disponível em: <https://bit.ly/2Jdy89B></p><p>IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática. Produção agrícola municipal. Área plantada (hectares). Lavouras temporárias. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1612> . Acesso em: novembro 2023.</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA). Boletins anuais de produção, importação, exportação e vendas de agrotóxicos no Brasil - 2014. Brasília: Ibama, 2016.</p><p>LALITHA, P.; SIVAKAMASUNDARI, S. Calculation of molecular lipophilicity and drug likeness for few heterocycles. Oriental Journal of Chemistry, v. 26, n. 1, p. 135, 2010.</p><p>MAXIMIANO, Flávia; YOSHIZANE, Guilherme; SOUZA, Jacqueline. Caracterização Físico-Química do Fármaco Antichagásico Benznidazol. Quim. Nova, [S. l.], v. 33, n. 8, p. 1714-1719, 9 ago. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/qn/a/Ypjm8vWyyBV8CnLf3wnSLBc/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 6 maio 2024.</p><p>MolSoft L.L.C., 2024. Disponível em: //www.molsoft.com/mprop/. Acesso em: 26 abr. 2024.</p><p>SANTOS, Victória Laysna dos Anjos; GONSALVES, Arlan de Assis; ARAÚJO, Cleônia Roberta Melo. Abordagem didática para o desenvolvimento de moléculas bioativas: regra dos cinco de Lipinski e preparação de heterociclo 1, 3, 4-oxadiazol em forno de micro-ondas doméstico. Química Nova, v. 41, p. 110-115, 2018.</p><p>TOLLER, N.; GUIMARÃES, E.; BRAVO, C. Biodegradação do herbicida atrazina por Saccharomyces cerevisiae. Engenharia Sanitaria e Ambiental, v. 26, n. 4, p. 651–658, ago. 2021.</p><p>VIEIRA C, Noldin JA, Deschamps FC, et al. Ecological risk analysis of pesticides used on irrigated rice crops in southern Brazil. Chemosphere. [internet]. 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27479455.</p><p>Série 1</p><p>Losartana Sinvastatina Omeprazol Captopril Hidroxiatrazina 1.19 4.46 2.23 0.34 1.5 Coluna1</p><p>Losartana Sinvastatina Omeprazol Captopril Hidroxiatrazina Coluna2</p><p>Losartana Sinvastatina Omeprazol Captopril Hidroxiatrazina Coluna3</p><p>Losartana Sinvastatina Omeprazol Captopril Hid roxiatrazina</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p>