Prévia do material em texto
HOTELARIA, HOSPITALIDADE E HUMANIZAÇÃO Karen Cardoso Arquitetura em saúde e a RDC 50 Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir os principais conceitos relacionados à arquitetura hospitalar. Reconhecer a legislação vigente a respeito de arquitetura para serviços de saúde, destacando a RDC 50. Identificar a relação da arquitetura hospitalar e da hospitalidade com a humanização do atendimento à saúde. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer aspectos importantes sobre a arquite- tura hospitalar e seus principais conceitos. Os aspectos conceituais vão ajudar você a compreender quais são as bases teóricas da arquitetura hospitalar e sua aplicação nos estabelecimentos de saúde. A arquitetura hospitalar segue uma regulamentação estrita, que define como deve ser a operacionalização de ambiência humanizada nos espaços. Além disso, é preciso estabelecer também a conexão entre os conceitos, a prática e a regulamentação, pois o equilíbrio desses fatores mostra a necessidade de refletir sobre a influência dos espaços com foco nas pessoas. 1 Conceitos relacionados à arquitetura hospitalar O hospital é uma estrutura complexa, que demanda o esforço de planejamento em um projeto arquitetônico. Para Góes (2011, p. 47), o hospital é um edi- fício que contém múltiplas funções onde ocorrem inter-relações entre a alta tecnologia e processos especializados e complexos de cuidado e de atuação profi ssional. Dessa forma, o hospital possui características industriais devido aos serviços e produtos complementares que compõem o complexo hospitalar, como lavanderia, nutrição, transportes, entre outros. Nesse cenário multifacetado, é importante refletir sobre as mudanças que foram ocorrendo nos conceitos e na forma de conceber projetos de arquitetura hospitalar, além do processo de humanização, que era inexistente, mas hoje é prioritário em projetos centralizados nas pessoas, como é o caso do hospital. Assim, o conceito de hospital evoluiu, direcionando todo o seu processo de assistência e a sua estrutura para o paciente e para as pessoas que trabalham nessas estruturas. A arquitetura é definida pela RDC 50, em seu anexo, observando uma série de aspectos: Consiste na definição gráfica do partido arquitetônico, através de plantas, cortes e fachadas (opcional) em escala livre e que contenham graficamente: – a implantação da edificação ou conjunto de edificações e seu relacionamento com o local escolhido; – acessos, estacionamentos e outros - e expansões possíveis; – a explicitação do sistema construtivo que serão empregados; – os esquemas de zoneamento do conjunto de atividades, as circulações e organização volumétrica. – o número de edificações, suas destinações e locações aproximadas; – o número de pavimentos; – os esquemas de infraestrutura de serviços; – o atendimento às normas e índices de ocupação do solo (AGÊNCIA NACIO- NAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002, documento on-line). Quando aplicada ao contexto hospitalar, a arquitetura é um dos instrumentos para o planejamento, elaboração e execução de projetos de humanização das estruturas, visando proporcionar o espaço de cura, reflexão, cultura, diálogo e construção coletiva da saúde. Nesse sentido, a mudança de paradigma envolve a construção de ambientes seguros, que atendam a uma série de requisitos para serem considerados saudá- veis. Afinal, ambientes onde se desenvolvem atividades em prol da saúde devem promover a saúde e não o contrário, ou seja, não se deve focar na doença e sim na saúde. Dessa forma, Martins (2019) afirma que a mudança de paradigma de focar na saúde e não na doença das pessoas abre a visão de planejamento dos serviços e de seus edifícios para uma maneira muito mais holística agregando a complexidade do ser humano e suas diversas necessidades. Arquitetura em saúde e a RDC 502 A RDC 50 traz vários conceitos importantes para compreender e designar corretamente o processo da elaboração de projetos em arquitetura hospitalar (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Para de- terminação das relações entre as diversas atribuições dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), é necessário reconhecer as categorias de pessoas circulantes, que definirão os fluxos e acessos. A classificação do público pode ser categorizada conforme os tópicos a seguir. Paciente — pessoa que está sob cuidados médicos: ■ paciente externo — paciente que, após ser registrado em um esta- belecimento de saúde, recebe assistência ambulatorial ou de emer- gência (unidades funcionais diretamente vinculadas, ambulatório e atendimento imediato); ■ paciente interno — paciente que, admitido no estabelecimento de saúde, passa a ocupar um leito por período acima de 24 horas (unidade funcional diretamente ligada, internação); ■ doador — pessoa que, voluntariamente, doa insumos humanos com fins terapêuticos; ■ funcionário — pessoa que tem ocupação profissional no estabeleci- mento, como, por exemplo, profissionais de nível técnico ou superior administrativo ou assistencial; ■ aluno — pessoa que recebe instrução ou educação no estabelecimento; ■ público — pessoa que circula no estabelecimento sem nenhuma das características citadas acima e pode ser classificada como acompa- nhante de paciente, visitante, fornecedores e prestadores de serviço, etc. Quanto a elementos estruturais do hospital: ■ barreira (contra contaminação) — bloqueio físico que deve existir nos locais de acesso à área onde seja exigida assepsia e somente se permita a entrada de pessoas com indumentária apropriada (paramentação); ■ EAS — denominação dada a qualquer edificação destinada à pres- tação de assistência à saúde da população e que demande o acesso de pacientes, em regime de internação ou não, qualquer que seja o seu nível de complexidade; 3Arquitetura em saúde e a RDC 50 ■ estabelecimento autônomo especializado — EAS que realiza ativi- dades especializadas relativas a uma ou mais unidades funcionais, físicas, isoladas ou extra-hospitalar, dispondo de recursos materiais e humanos compatíveis à prestação de assistência; ■ hospital — estabelecimento de saúde dotado de internação, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de urgência e emergência e de ensino e pesquisa; ■ hospital-dia (regime de) — modalidade de assistência à saúde, cuja finalidade é a prestação de cuidados durante a realização de proce- dimentos diagnósticos ou terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na unidade por um período de até 24 horas; ■ resíduos de serviços de saúde — resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimento gerador, classificados de acordo com regulamento técnico da Anvisa sobre gerenciamento de resíduos de serviços de saúde; ■ unidade — conjunto de ambientes fisicamente agrupados, onde são executadas atividades afins. Há mais conceitos que envolvem a arquitetura hospitalar e que também devem ser considerados, como o conforto ambiental, isto é, as condições ambientais, que incluem as condições agradáveis em relação à temperatura, ruído, vibração, segurança, iluminação, ventilação e privacidade. No caso dos edifícios de assistência à saúde, onde é frequente a ocorrência de situações críticas e estressantes, envolvendo relações interpessoais e indivíduos com algum grau de sofrimento físico e/ou psíquico, os fatores ambientais que definem as condições de conforto, assumem responsabilidade significativa durante o desenvolvimento do projeto arquitetônico (BITENCOURT, 2002, documento on-line). Ou seja, o conforto ambiental humanizado e intimamente conectado com aspectos de arquitetura hospitalar deve estar presente no ambiente que irá acolher as pessoas, conforme a Figura 1. Arquitetura em saúde e a RDC 504 Figura 1. Conforto ambiental e ambientehumanizado. Fonte: Rede Sarah ([201–?, documento on-line). A percepção do ambiente é subjetiva para cada indivíduo, provocando sensações diferentes em cada pessoa. Dessa forma, os sistemas de controle ambiental dependem das dimensões endógenas e exógenas. A dimensão endógena é fundamentada nas normas técnicas e de segurança do trabalho, devendo considerar as condições de salubridade necessárias e distan- ciando, assim, variáveis ambientais externas. (BITENCOURT, 2002). Já a dimen- são exógena é fundamentada no impacto que a construção causa no meio ambiente e suas interferências em aspectos como clima, terreno, esgoto e o cumprimento das normas e regras para construções como o hospital (BITENCOURT, 2002). Portanto, os fatores ambientais que devem ser considerados na elaboração de projetos arquitetônicos são os seguintes (BITENCOURT, 2002). Acessibilidade: abrangência de contemplar todas as possibilidades de circulação horizontal (corredores e portas) e vertical (escadas, rampas, elevadores e planos inclinados), além de estar em conformidade com a NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Acústica: condições de controle de ruídos nos ambientes. Esse controle do ruído nos ambientes é normatizado com regulamentação federal, es- tadual e municipal, visando manter o conforto acústico nas instituições. 5Arquitetura em saúde e a RDC 50 Biossegurança: elementos, práticas, adequações e uso de materiais e equipamentos que devem ser instalados com o propósito de preservar o ambiente, proporcionar a qualidade dos procedimentos e, principal- mente, preservar a segurança e saúde das pessoas que desenvolvem as atividades inerentes ao espaço referido. Clima: relacionado com o controle de temperatura, ventilação, umidade e qualidade do ar em condições saudáveis para pacientes e equipes. Comunicação visual: elementos gráficos e pictóricos de comunicação visual que devem apresentar as condições de clareza de leitura, precisão, objetividade, dimensões razoáveis e compatibilidade ao ambiente onde es- tejam inseridos, permitindo a percepção a uma distância proporcional sem, no entanto, interferir na harmonia do espaço arquitetônico circundante. Cores: diz respeito ao uso de diferentes cores no ambiente, com objetivo de provocar o conforto visual e acolhimento do usuário. Ergonomia do mobiliário: observação dos aspectos antropométricos, biomecânicos e fisiológicos da coletividade que usa o estabelecimento assistencial de saúde, como clientes, profissionais de saúde e visitantes, que deverão ser considerados na elaboração do projeto e na aquisição dos seus equipamentos e mobiliários. Iluminação natural e artificial: contempla o impacto dos efeitos bacte- ricidas, biológicos e psicológicos da luz sobre o usuário. Substâncias químicas: refere-se às contribuições patogênicas decorrentes da presença de substâncias químicas presentes nos locais que necessitam de condições de ar climatizado. Vibrações: considera o desconforto decorrente dos reflexos das vibra- ções provenientes de equipamentos instalados sem a devida acomodação e amortecimento de impacto (torres de arrefecimento de água, casas de máquinas de elevadores, etc.), além das vibrações provocadas pela ação dos ventos e dos movimentos das forças tectônicas, que devem merecer atenção especial no desenvolvimento do projeto e na execução da construção do ambiente de saúde. Por outro lado, temos os seguintes conceitos da arquitetura hospitalar que estão conectados ao planejamento dos projetos (GÓES, 2011). Conformidade: conceito que caracteriza um projeto para que ele atenda às condições essenciais para que os espaços projetados cumpram as funções para as quais foram planejados. Arquitetura em saúde e a RDC 506 Contiguidade: organização da anatomia hospitalar, de forma a estabele- cer os trajetos, o fluxo, distância entre setores, unidades e departamentos. Expansibilidade: previsão de crescimento ou ampliações a partir do projeto desenvolvido. Flexibilidade: capacidade de absorver o dinamismo do ambiente hospi- talar, bem como as constantes necessidades de ampliação, modificação e reformas, sem comprometer o funcionamento quanto à prioridade, urgência e necessidade. Estudo preliminar: estudo preliminar para verificar a viabilidade do projeto e o impacto ambiental de um determinado projeto ou empreendimento. Projeto básico: conjunto de informações técnicas básicas que caracterizam de forma suficiente o que necessita ser feito, as obras, os serviços, des- crevendo com detalhes suficientes para definir quais são os materiais e a quantidade necessária, bem como os equipamentos e serviços necessários. Projeto legal: conjunto de informações técnicas que definem a sua aprovação pelos órgãos competentes. Projeto executivo: conjunto de informações técnicas necessárias para reali- zação do projeto, contendo todas as indicações detalhadas para que ocorra a perfeita instalação, montagem e execução das obras e dos serviços. Parecer técnico: descrição, análise e avaliação do projeto básico de arquitetura, com foco na adequação do projeto para os EAS e verificação da pertinência do projeto físico em adequação à proposta assistencial pretendida, baseada em unidade funcional e no conjunto dos EAS, com o objetivo de adequação da proposta do plano. Funcionalidade do edifício: avaliação dos fluxos de trabalho que foram propostos no projeto físico, com objetivo de verificar os problemas de funcionamento e controle de infecção. Dimensionamento do ambiente: verificação das áreas e dimensões lineares do projeto proposto em comparação com a dimensão mínima exigida pela portaria, verificando a flexibilidade necessária para os ajustes sem a interferência no resultado. Instalações especiais e ordinárias: verificação de adequação de pontos de instalação que dão suporte ao funcionamento geral das unidades, como, por exemplo: verificação de sistemas de ar condicionado nas áreas críticas, fornecimento de energia geral e de emergência, sistemas de gases medicinais, sistema de tratamento de esgoto e equipamentos necessários para a infraestrutura. 7Arquitetura em saúde e a RDC 50 Os conceitos a seguir estão vinculados às instalações propriamente ditas (GÓES, 2011). Check-list: relacionado aos itens importantes que devem estar presentes nos projetos de arquitetura hospitalar, por exemplo: hidráulica, elétrica, normal, de urgência, diferenciada, fluido-mecânicas, climatização, cen- trais energéticas, energias ativas e passivas, agrupamento de unidades com necessidades semelhantes, acesso aos sistemas, instalações aparentes, assepsias, manutenção, legislação, economia e consumo de energia. Condições ambientais: iluminação, conforto térmico e acústico, ergo- nomia e sinalização de cores. Espaços lúdicos: espaços dentro de um hospital que não estão especifica- mente ligados à assistência e à cura, como lojas, galerias de arte, lanchonete, locais para apresentações musicais, bancos, cabeleireiros, livrarias e capela. Prédios e estruturas podem ser “doentes”, isto é, insalubres e com capacidade de adoecer pessoas (OLIVEIRA; MAZZURANA; OLIVEIRA, 2019). 2 Legislação sobre a arquitetura para serviços de saúde — RDC 50 No que se refere à legislação vigente aplicada à arquitetura para serviços de saúde, a RDC 50 é a legislação principal, entretanto, há outras normas complementares. A RDC 50, de 21 de fevereiro de 2002, dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de EAS. Normas complementares Na elaboração de projetos físicos, cabe a normatização complementar da ABNT se os casos descritos não forem atendidos pela RDC 50 (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002): Arquitetura em saúde e a RDC 508 NBR 6492 — representação de projetos de arquitetura; NBR 13532 — elaboração de projetos de edificações — arquitetura; NBR 5261 — símbolosgráficos de eletricidade — princípios gerais para desenho de símbolos gráficos; NBR 7191 — execução de desenhos para obras de concreto simples ou armado; NBR 7808 — símbolos gráficos para projetos de estruturas; NBR 14611 — desenho técnico — representação simplificada em es- truturas metálicas; NBR 14100 — proteção contra incêndio — símbolos gráficos para projetos. Especificidades da regulamentação das instalações nos estudos preliminares É necessário gerar programas básicos das instalações específi cas e atender às diretrizes básicas quando forem aplicáveis. Elétrica e eletrônica Os projetos para os EAS devem conter um programa básico que atenda à necessidade das instituições e do projeto arquitetônico, bem como à regula- mentação vigente, de modo a contemplar vários aspectos da normatização (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Nesse sentido, o projeto deve conter todo o detalhamento da instalação elétrica, por exemplo: o fornecimento da rede pública; o tipo de tensão; o sistema de proteção contra descargas atmosféricas e aterramento de áreas específicas; a localização e características da instalação elétrica de cada unidade do EAS; especificação e descrição do sistema elétrico que alimentará a telefonia; outros sistemas de comunicação, bem como do sistema de informação. 9Arquitetura em saúde e a RDC 50 Além dessas descrições básicas e preliminares, o sistema de gerador, para caso de queda de energia, deve descrever e determinar quais áreas irá cobrir em caso de falta de energia. A confirmação dos seguintes aspectos vai determinar a viabilidade da execução do projeto elétrico (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002): pontos de força para equipamentos e tomadas de uso geral; pontos de luz e seus respectivos interruptores; pontos de detecção e alarme de incêndio; pontos de telefones e interfones; pontos para o sistema de sinalização de enfermagem, com seus res- pectivos acionamentos; proposição dos pontos para locação dos captores e para o sistema de proteção contra descargas atmosféricas; proposição dos pontos de alimentação do sistema de ar condicionado, ele- vadores, sistema de som, intercomunicação e sistemas de computadores; proposição dos pontos de alimentação de todos os sistemas de supri- mento, processamento e tratamento de efluentes, líquidos ou sólidos, quando for o caso. Ao final, a legislação determina que se elabore um memorial descritivo, definitivo e explicativo do projeto, com soluções adotadas e compatibilizadas com o projeto básico e as soluções adotadas nos projetos das áreas complemen- tares, contendo os seguintes documentos gráficos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). implantação geral — escala 1:500; plantas baixas — escala 1:100; planta de cobertura — escala 1:100. Hidráulica e fluido-mecânica Fazem parte das diretrizes dos estudos preliminares muitos detalhes que devem constar no projeto, por exemplo: tipo de fornecedor (público ou rede própria artesiana); previsão de consumo, formas de estoque de água e bombeamento; descrição do sistema de aquecimento, descrição do sistema de proteção e com- bate de incêndios; localização da rede pública de esgoto e, quando necessário, a indicação de sistema de tratamento (fossa séptica, câmaras de decantação para esgoto radioativo, outros); localização de galeria para drenagem de águas Arquitetura em saúde e a RDC 5010 pluviais ou, quando necessário, a indicação de despejo livre e águas pluviais. Além disso, a previsão de fornecimento e consumo de vapor e gases medicinais (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002). Climatização As seguintes diretrizes básicas devem ser adotadas no desenvolvimento do projeto em relação à climatização (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002, documento on-line): – Proposição das áreas a serem climatizadas (refrigeração, calefação, umidi- ficação, pressurização, ventilação e câmaras frigoríficas); – Descrição básica do sistema de climatização, mencionando: filtros, água gelada, "self" a ar, Tc; – Previsão do consumo de água; – Previsão de consumo de energia elétrica; – Elaboração do perfil da carga térmica; – Elaboração do estudo comparativo técnico e econômico das alternativas técnicas para o sistema; – Localização da central de casa de máquinas em função dos sistemas pro- postos; – Pré-localização do sistema de distribuição, prumadas dos dutos e redes de água em unifilares da alternativa proposta. Após a determinação das diretrizes do plano básico, deve ser elaborado o projeto básico de instalações de ar condicionado e ventilação mecânica, quando aplicáveis, e o memorial descritivo, explicativo e definitivo do projeto. Programação físico-funcional dos estabelecimentos assistenciais de saúde Esse programa é baseado no Plano de Atenção à Saúde já elaborado, onde são especifi cadas as ações e determinadas as metas a serem alcançadas. Ele também determina a listagem de atribuições dos estabelecimentos de saúde. Nesse sentido, a RDC 50 define as atribuições tanto no setor público quanto no privado como: Os conjuntos de atividades e sub-atividades específicas, que correspondem a uma descrição sinóptica da organização técnica do trabalho na assistência à saúde. Os conjuntos de atribuições admitem diversas composições (teóricas) 11Arquitetura em saúde e a RDC 50 que são as tipologias (modelos funcionais) de estabelecimentos assistenciais de saúde. Portanto, cada composição de atribuições proposta definirá a tipo- logia própria a ser implantada (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002, documento on-line). Assim, a RDC 50 não limita a normatização a programas e projetos pré- -elaborados, que, muitas vezes, não atendem a realidades e contextos locais ou regionais. Desse modo, evita o compromisso de soluções padronizadas e possibilita a complementação das atribuições conforme o perfil institucional. Portanto, de acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2002, documento on-line): […] a listagem contém as atribuições e atividades, com a qual se pode mon- tar o estabelecimento desejado, ou seja, reunindo-se determinado grupo de atribuições-fim, associadas às atribuições de apoio necessárias ao pleno desenvolvimento das primeiras, define-se um estabelecimento específico. Atribuições e atividades desenvolvidas nos diversos tipos de estabelecimentos assistenciais de saúde São oito as atribuições que se desdobram em atividades e subatividades dos EAS (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002): prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia — atenção à saúde incluindo atividades de promoção, prevenção, vigilância à saúde da comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada; prestação de atendimento imediato de assistência à saúde — atendimento a pacientes externos em situações de sofrimento, sem risco de vida (urgência) ou com risco de vida (emergência); prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de inter- nação — atendimento a pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos); prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia — aten- dimento a pacientes internos e externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto); prestação de serviços de apoio técnico — atendimento direto a assis- tência à saúde em funções de apoio (contato indireto); formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa — atendimento direta ou indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa; Arquitetura em saúde e a RDC 5012 prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa — atendimento ao estabelecimento em funções administrativas; prestação de serviços de apoio logístico —atendimento ao estabeleci- mento em funções de suporte operacional. A RDC 50 determina as características de dimensionamento e atividades das unidades funcionais, bem como os ambientes que devem ser atendidos no planejamento e execução de projetos de arquitetura hospitalar. Critérios para projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde Os projetos podem ser regulados e orientados por determinadas variáveis que são importantes em diversas etapas. Circulações externas e internas: reguladas pela NBR 9050 da ABNT sobre acessibilidade de pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço, mobiliário e equipamentos urbanos. Condições ambientais de conforto: conforme o código de obras local em relação a condições térmicas e qualidade do ar. Quanto a condições acústicas, a NBR 10152 sobre níveis de ruído para conforto acústico e a NBR 12179 sobre tratamento acústico em recintos fechados devem ser seguidas. Quanto ao conforto luminoso, as condições são regula- mentadas pela NBR 5413 sobre iluminância de interiores. Condições ambientais de controle de infecção hospitalar: seguem norma- tização específica, conforme a RDC 307, de 14 de novembro de 2002, a NBR 13700 sobre áreas limpas e classificação e controle de contaminação, além da RDC 171, de 04 de setembro de 2006, que regulamenta todos os aspectos ambientais que promovem a proteção contra a infecção. Além disso, a RDC 50 reconhece os níveis de biossegurança necessários para o estabelecimento de barreiras arquitetônicas para evitar a infecção. Instalações prediais ordinárias e especiais: normatizações referentes a questões hidráulicas, de gases medicinais, sinalização, instalações elétricas, esgoto sanitário, dentre outras. Condições de segurança contra incêndio: regulamentada por uma série de normas: ■ NBR 9441 — alarmes contra incêndio; 13Arquitetura em saúde e a RDC 50 ■ NBR 8674 — execução de sistemas fixos automáticos de proteção contra incêndio com água nebulizada para transformadores e reatores de potência; ■ NBR 9441 — execução de sistemas de detecção e alarme de incêndio; ■ NBR 14432 — exigências de resistência ao fogo de elementos cons- trutivos de edificações; ■ NBR 5628 — componentes construtivos estruturais e determinação da resistência ao fogo; ■ NBR 6125 — chuveiros automáticos para extinção de incêndio; ■ NBR 9077 — saídas de emergência em edifícios; ■ NBR 11785 — barra antipânico especificação; ■ NBR 11742 — porta corta fogo para saídas de emergência; ■ NBR 11711 — portas e vedadores corta-fogo com núcleo de madeira para isolamento de riscos em ambientes comerciais e industriais; ■ NBR 13714 — sistemas de hidrantes e de mangotinhos para combate a incêndios; ■ NBR 98 — armazenamento e manuseio de líquidos inflamáveis e combustíveis; ■ NBR 10897 — proteção contra incêndio por chuveiro automático; ■ NBR 12693 — sistemas de proteção por extintores de incêndio; ■ NBR 13434 — sinalização de segurança contra incêndio e pânico e formas, dimensões e cores; ■ NBR 13435 — sinalização de segurança contra incêndio e pânico; ■ NBR 13437 — símbolos gráficos para sinalização contra incêndio e pânico; ■ NBR 11836 — detectores automáticos de fumaça para proteção contra incêndio. Dessa forma, é possível perceber que a RDC 50 tem um papel determi- nante no desenvolvimento e execução de projetos de arquitetura hospitalar. O planejamento de estruturas adequadas para funcionamento de EAS depende da observação dos critérios por ela regulamentados, além de outras normas complementares. Arquitetura em saúde e a RDC 5014 Para entender melhor os novos caminhos da arquitetura hospitalar, leia o artigo Os novos caminhos da arquitetura hospitalar e o conceito de humanização, de Rogério dos Reis Brito. 3 Arquitetura hospitalar e hospitalidade na humanização do atendimento à saúde A conexão entre a arquitetura hospitalar, a hospitalidade e a humanização fi ca evidente quando é percebida sua importância no sentido de planejar e construir estruturas saudáveis e promover a saúde das pessoas: A humanização de ambientes consiste na qualificação do espaço construído a fim de promover ao seu usuário conforto físico e psicológico, para a realização de suas atividades, através de atributos ambientais que provocam a sensação de bem-estar. Mas não se trata apenas disso, envolve principalmente a forma como o usuário do espaço percebe cada um dos elementos do ambiente e a forma como cada um desses elementos vai influenciá-lo (SOETHE; LEITE, 2015, documento on-line). Nesse sentido, essa relação se fortalece devido às mudanças de paradigmas que transformaram o modelo de atenção que é centrado na promoção da saúde, buscando não apenas prevenir as doenças, mas desenvolver espaços saudáveis e voltados para as pessoas e suas necessidades, auxiliando no processo de cura (SOETHE; LEITE, 2015). Fica claro que a percepção de bem-estar está intimamente ligada ao processo de humanização quando faz parte de um ambiente que promove o bem-estar em todas as suas dimensões. A relação entre a arquitetura hospitalar, hospitalidade e a humanização tem se tornado cada vez maior à medida que o tempo foi passando e as estruturas hospitalares foram ficando obsoletas e longe do ideal de acolhimento e bem-estar. Dessa forma, surge um novo modelo de estruturas voltadas ao tratamento em saúde para o conforto ambiental e o bem-estar. 15Arquitetura em saúde e a RDC 50 Estudos demonstram que há requisitos para o desenvolvimento de uma nova geração de EAS, com outras funcionalidades e estruturas, evidenciando que os estabelecimentos podem influenciar na melhoria da saúde das pessoas (SOETHE; LEITE, 2015). O Quadro 1 apresenta os requisitos mencionados por Soethe e Leite (2015). Fonte: Adaptado de Soethe e Leite (2015). Requisitos Descrição 1 Eliminar os fatores estressantes do ambiente (ru- ído, falta de privacidade, iluminação excessiva- mente forte, baixa qualidade do ar interior) 2 Promover o contato dos usuários com a natureza por meio de jardins e outros dispositivos semelhantes 3 Oferecer condições de controle individual da privacidade e contato social, incluindo o controle de luz, temperatura ambiente, tipo de música ambiente ou até da possibili- dade de silêncio, opções de posicionamento corporal 4 Possibilitar a socialização e encontro de grupos em áreas com arranjos ambientais apropriados 5 Promover atividades com potencial de distração e relaxamento como arte interativa, aquários, acesso à internet, acesso a ca- nal e programas especiais com temáticas reconfortantes 6 Promover ambientes relaxantes, com possibilidade de conexão espiritual, relaxamento e bom humor Quadro 1. Requisitos para o desenho de EAS humanizadas baseado em evidências Portanto, a arquitetura e a hotelaria devem seguir alguns critérios para criar projetos e desenvolver os ambientes com as características necessárias para que ações e processos de humanização tenham a estrutura propícia para ocorrer. A conexão da pessoa com o ambiente, principalmente, em um momento tão crítico como a doença, leva à reflexão sobre a possibilidade de os ambientes contribuírem de alguma forma para a recuperação das pessoas, tornando a atividade laboral em saúde um processo com maior fluidez. Arquitetura em saúde e a RDC 5016 No passado, as estruturas abrigavam doentes de forma totalmente insa- lubre, revelando a intensidade que uma estrutura hospitalar pode influenciar para adoecer ou para curar as pessoas, pois “a arquitetura possui o poder de influenciar o aparecimento de enfermidades físicas e psíquicas, se pressupõem que também pode agir de maneira contrária, e contribuir para com a saúde de seus usuários” (SOETHE; LEITE, 2015, documento on-line). Assim, as recomendações envolvem o acolhimento, a informatização, a promoção, a flexibilização e a humanização. Acesse o link a seguir para conhecer os “Doutores da alegria” e como é a proposta de humanização dos ambientes hospitalares(DOUTORES DA ALEGRIA, [2020?]). https://qrgo.page.link/ZNEnb Estruturas de redução psicológica do estresse Ao desenvolver estruturas hospitalares humanizadas, cumprir a legislação para a adequação dos projetos conforme as necessidades dos usuários e oferecer serviços de hotelaria compatíveis, o ambiente tende a tornar o local menos estressante para todos os frequentadores. Assim, o conjunto de ações na estrutura se confunde com o foco de hu- manizar os espaços: A humanização de cada ambiente através da iluminação, cores e formas presentes no local motivam as pessoas que ali estarão. O projeto é elemento de fundamental importância, preza pela funcionalidade, conforto ambiental, flexibilidade e humanização das atividades e locais (BONI; SILVA; FORTU- NA, 2018, documento on-line). Quando se diminui o estresse nas estruturas dos EAS, nos processos de trabalho e nas relações entre as pessoas, a sensação de bem-estar se espalha por toda a instituição de saúde. 17Arquitetura em saúde e a RDC 50 Efeitos ambientais de projetos de arquitetura hospitalar sobre a saúde e o bem-estar As estruturas dos EAS podem ser determinantes na saúde e recuperação das pessoas (Quadro 2). Uma das bases teóricas para compreender o efeito do ambiente nos indivíduos é a psiconeuroimunologia: A Psiconeuroimunologia é a arte e ciência de criar ambientes que ajudam a evitar doenças, acelerar a cura e promover o bem-estar das pessoas. Estuda os estímulos sensoriais, os elementos do ambiente que os causam, e as relações entre estresse e saúde. Seus estudos demonstram que a variação na quantidade de estímulos sensoriais é necessária, pois a condição de monotonia permanente induz a distúrbios patológicos (SOETHE; LEITE, 2015, documento on-line). Esse conceito é atribuído a Robert Ader, que o utiliza para se referir às emoções que podem influenciar no processo das doenças físicas, principal- mente, aquelas de causa imunológica, como o câncer, infecções e doenças alérgicas (SOETHE; LEITE, 2015). Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Iluminação e vistas Boa luz natural Recuperação mais rápida do biorritmo após cirurgia Melhor absorção de vitaminas e sais minerais Aumento de produtividade de 2 a 3% Inserção de aberturas para a iluminação natural Considerar o impacto da variação da luminosidade no conforto visual e térmico dos pacientes Vista da luz natural Percepção do tempo, clima e localização Inserção de aberturas para o ambiente externo Iluminação artificial apropriada Reforço de identidade Melhora da atmosfera Aumento da segurança dentro e em torno das edificações Aumento de produtividade Seguir a Norma NBR 5413 – Iluminação de Interiores Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continua) Arquitetura em saúde e a RDC 5018 Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Iluminação e vistas Qualidade da luz Melhora da atmosfera Apoio à função Relaxamento Projetar corretamente o nível de iluminação e proporcionar ambiente íntimo e aconchegante Uso de cores funcional e ergonômico Redução da agitação Aumento do caráter Reconhecimento e senso de direção Aumento de produtividade Uso de luz em tom amarelado, que proporciona a sensação de aconchego e relaxamento Atmosfera e identidade Sala com propósitos especiais Reunião, distração, relaxamento, regeneração, recreação ativa, expressão cultural, redução do estresse Conversas particulares, privacidade, alívio mental Reflexão e oração, alívio mental, força espiritual, consolo Projetar locais para reuniões, formação de grupos, espaços para lazer e oração Escritórios celulares (< 4 pessoas) Menor perturbação, maior concentração, 2 a 4% mais produtividade da mão de obra Projetar locais de trabalho que respeitem a privacidade, territorialidade e apropriação de cada indivíduo Projeto adequado ao nível de interação social Estímulo a reuniões, distração, relaxamento ou simplesmente privacidade, individualidade Projetar espaços confortáveis e com mobiliário flexível — que permitam o rearranjo conforme as necessidades do indivíduo ou do grupo que o utiliza Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) (Continua) 19Arquitetura em saúde e a RDC 50 Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Atmosfera e identidade Integração de artes Relaxamento, contemplação, apreciação da organização Visuais para trabalhos de arte, mobiliário interativo, presença de elementos como a água, iluminação e uso de cores Cores adequadas aos estímulos Criar ilusões, influenciar diretamente o espaço e gerar efeitos diversos Diminuir ou aumentar a capacidade de percepção, de concentração e de atenção Fazer uso correto das cores, a fim de que ajudem a gerar os estímulos necessários ao usuário Som e vibrações Paz e tranquilidade, menos poluição sonora Menor perturbação do sono Menor irritação Menor estresse e problemas de ritmo cardíaco Recuperação mais rápida Melhor concentração, menor cansaço Aumento de produtividade Escolha adequada de móveis e revestimentos, a fim de que não reflitam ou amplifiquem as ondas sonoras Sons naturais, especialmente causados pela água e vegetação em movimento, possuem efeito calmante e relaxante e ajudam a diminuir a intensidade de sons indesejáveis Música-ambiente Distração, relaxamento, menor necessidade de analgésico Prever circuito de música ambiente Autonomia Controle pessoal de venezianas, aquecimento, etc. Aumento da noção de controle e autonomia Prever o máximo controle do ambiente por parte de seus ocupantes Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) (Continua) Arquitetura em saúde e a RDC 5020 Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Autonomia Localização de instalações delicadas em lugares menos críticos Menor risco de transferência de infecções Menos problemas de contaminação biológica, física e química Prever localização de instalações de controle do ar em locais adequados, seguros, de fácil acesso e manutenção Separação entre fontes de contaminantes Menor risco de transferência de infecções Menos problemas de contaminação biológica, física e química Prever locais adequados para manuseio de produtos com odor desagradável, indesejável ou que contaminem o ar Menos fontes de poluição do ar Menor irritação das vias aéreas Menos infecções Menos problemas com odores Aumento de produtividade de 3% a 8%. Redução de faltas por doença Minimizar ao máximo o uso de equipamentos ou produtos que provoquem a poluição do ar Risco menor de desenvolvimento de doenças em longo prazo Odor agradável Impressão positiva do espaço. Lembrança positiva da estada Arranjos florais e vegetações que proporcionam fragrâncias agradáveis. As plantas possuem a propriedade de purificar o ar, alegrar o ambiente e promover o contato com a natureza Clima Ambiente interno uniformemente bom Conforto, bem-estar, ganho de produtividade de 10% a 15%, redução de faltas por doença Uso de ventilação natural, telhados verdes, vegetação, espelhos d’água e sistema de climatização quando necessário Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) (Continua) 21Arquitetura em saúde e a RDC 50 Fonte: Adaptado de Soethe e Leite (2015). Fator ambiental Efeito na saúde e no bem-estar Recomendações Acessibilidade Boa sinalização Capacidade de encontrar o caminho, aumento da autonomia Prever projeto de sinalização e informação visual Piso plano não escorregadio Melhor sensação de equilíbrio Movimentação mais segura Menos quedasacidentais Uso de piso antiderrapante e o mais linear possível Espaços livres de obstruções físicas Maior segurança, aumento da autonomia Projetar espaços sem obstruções físicas e com equipamentos para autonomia do usuário Projetar espaços sem obstruções físicas e com equipamentos que auxiliem a autonomia do usuário Entrada protegida do vento e da chuva Segurança física, aumento da autonomia Projetar espaços de transição como halls e marquises, ao abrigo de intempéries Ergonomia Tamanho ergonômico dos locais de trabalho Postura correta, relaxamento, menos problemas físicos, maior produtividade Prever mobiliário adequado à antropometria do usuário e com sistema de regulagem Tamanho ergonômico das rotas Movimento sem obstrução, menos acidentes, aumento da privacidade física e social Projetar circulações em dimensões adequadas ao fluxo de pessoas no local Espaço verde Bom acesso e jardins Relaxamento, recreação, melhora do estado físico Projeto paisagístico Vista para o verde e objetos naturais Relaxamento, regeneração, apreciação, recuperação física mais rápida Aberturas para visuais da paisagem e jardins. Uso de vegetação em jardins internos Quadro 2. Efeitos ambientais sobre a saúde e o bem-estar dos pacientes (Continuação) Arquitetura em saúde e a RDC 5022 É possível perceber a grande contribuição da arquitetura hospitalar na humanização dos EAS e a importância da regulamentação para o planejamento e a execução dos projetos. A busca por ambientes humanizados é um processo que se inicia com a mudança de paradigmas, o planejamento e a execução de um projeto arquitetônico, além da percepção dos efeitos nas pessoas. Para conhecer o caso da rede de hospitais Sarah e como ela trata a arquitetura hos- pitalar e a humanização, leia o artigo “Conforto ambiental hospitalar na perspectiva dos hospitais da Rede Sarah Kubistchek”, de Cláudio Boni, Conrado Renan da Silva e Talita Carli Fortuna. https://qrgo.page.link/Gg32b AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada — RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para plane- jamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Diário Oficial da União, Brasília, n. 54, 20 mar. 2002. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_50_2002_COMP. pdf/9682e8b7-3c4f-4b30-bec9-f76de593696d. Acesso em: 17 fev. 2020. BITENCOURT, F. Espaço e promoção de saúde: a contribuição da arquitetura ao conforto dos ambientes de saúde. Revista Saúde em Foco: informe epidemiológico em saúde coletiva, Rio de Janeiro, n. 23, p. 35–46, jul. 2002. Disponível em: http://smsrio.org/ revista/index.php/revsf/article/view/607/550. Acesso em: 17 de fev. 2020. BONI, C.; SILVA C. R. da; FORTUNA, T. C. Conforto ambiental hospitalar na perspectiva dos hospitais da rede Sarah Kubistchek. Revista Contemporânea: Revista Unitoledo: Arquite- tura, Comunicação, Design e Educação, Araçatuba, v. 03, n. 1, p. 74–88, jan./jun. 2018. Disponível em: http://ojs.toledo.br/index.php/contemporanea/article/view/2969/360. Acesso em: 17 fev. 2020. DOUTORES DA ALEGRIA. [S. l.], [2020?]. Disponível em: https://doutoresdaalegria.org. br/. Acesso em: 18 fev. 2020. GÓES, R. de. Manual prático de arquitetura hospitalar. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2011. 23Arquitetura em saúde e a RDC 50 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. MARTINS, B. C. (org.). Arquitetura e urbanismo: planejando e edificando espaços 2. Ponta Grossa: Atena, 2019. E-book. Disponível em: https://www.atenaeditora.com.br/wp- -content/uploads/2019/07/E-book-Arquitetura-e-Urbanismo-Planejando-e-Edificando- -Espacos-2.pdf. Acesso em: 17 fev. 2020. OLIVEIRA, E. R. de; MAZZURANA, M. M.; OLIVEIRA, T. D. de. Edificações saudáveis e a síndrome do edifício doente. In: PAINEL DE PESQUISAS EM ARQUITETURA E URBANISMO, 2., 2019, Ijuí. Anais [...]. Ijuí: Unijuí, 2019. p. 1–4. Disponível em: https://publicacoeseventos. unijui.edu.br/index.php/papearur/article/view/17594/16341. Acesso em: 17 fev. 2020. REDE SARAH. Unidade lago norte. [201–?]. 1 fotografia. Disponível em: http://www. sarah.br/media/1398/a_redeSARAH_unid_lagonortegrande.jpg?anchor=center&m ode=crop&rnd=130537082120000000. Acesso em: 17 fev. 2020. SOETHE, A.; LEITE, L. S. Arquitetura e a saúde do usuário. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 4., 2015, Viçosa. Anais [...]. Viçosa: UFV, 2015. p. 1–13. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/bitstream/ handle/123456789/6039/50.pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 17 fev. 2020. Arquitetura em saúde e a RDC 5024