Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

<p>FICHAMENTO DA PRIMEIRA PARTE DO LIVRO “LEVIATÔ</p><p>Fábio Coimbra[1]</p><p>HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. Alex Marins, Ed. 2. São Paulo: Martin Claret, 2008.</p><p>Primeira parte</p><p>A RESPEITO DO HOMEM</p><p>Cap.1</p><p>SOBRE A SENSAÇÃO</p><p>- Referente ao pensamento dos homens, considerá-los-ei primeiro isoladamente e depois em cadeias ou dependentes uns dos outros. Isoladamente, cada um deles é uma representação ou aparência de alguma qualidade ou outro acidente de um corpo exterior, o que normalmente se designa um objeto. Esse objeto atua nos olhos, nos ouvidos e em outras partes do corpo do homem. Pela forma variada como atua, produz aparência diversa. (P. 19).</p><p>- Todas elas se originam naquilo que denominamos sensação, já que não há nenhuma concepção do espírito do homem que não tenha tido origem, total ou parcial, nos órgãos do sentido. Dessa origem deriva o restante. (P. 19).</p><p>- O motivo da sensação é o corpo exterior, ou objeto, que pressiona o órgão próprio de cada sentido, de forma imediata como no paladar e tato, ou de forma mediata, como na visão, na audição e no olfato [...]. A pressão, pela mediação dos nervos e de outras cordas membranas do corpo, prolongada em direção ao cérebro e coração, causa ali uma resistência, ou contrapressão, ou esforço do coração para se transmitir; [...]. Esta aparência ou ilusão é que os homens chamam de sensação; Consiste, no que se refere à visão, numa luz ou cor figurada; em relação aos ouvidos, num som; em relação ao olfato, num cheiro, em relação a língua e paladar, num sabor; e em relação ao resto do corpo, em frio, calor, dureza, maciez e outras sensações tanto quantas discernimos pelo sentir. (P. 19-20).</p><p>- Embora, a certa distância, o objeto real pareça confundido com a aparência que produz em nós, mesmo assim o objeto é uma coisa e a imagem ou ilusão uma outra. De tal sorte que em todos os casos a sensação nada mais é do que ilusão originária, causada pela pressão, isto é, pelo movimento das coisas exteriores aos nossos olhos, ouvidos e outros órgãos a isso determinados. (P. 20).</p><p>Cap. 2</p><p>SOBRE A IMAGINAÇÃO</p><p>Memória – Sonhos- Aparições ou visões – Entendimento</p><p>- Homem nenhum duvida da veracidade da afirmação que segue: quando algo está imóvel, permanecerá imóvel para sempre, a menos que alguma coisa a agite. E não é fácil aceitar esta outra, de que quando uma coisa está em movimento, permanecerá constantemente em movimento a menos que algo a pare, muito embora a razão seja a mesma, isto é, nada pode mudar por si só. (P. 21).</p><p>- Um corpo em movimento move-se eternamente (a menos que algo o impeça), e seja o que for que o faça, não o pode extinguir totalmente num só instante, mas apenas com o tempo e gradualmente, como vemos acontecer com a água, pois, embora o vento deixe de soprar, as ondas ainda rolam durante muito tempo. O mesmo acontece naquele movimento que se observa nas partes internas do homem, quando ele vê, sonha etc. [...] a imaginação nada mais é, portanto, senão uma sensação diminuída, e encontra-se nos homens, tal como em muitos outros seres vivos, estejam adormecidos ou despertos. (P. 21)</p><p>- Em vigília, a diminuição da sensação não é a diminuição do movimento feito na sensação, mas seu obscurecimento, mais ou menos como a luz do sol obscurece a luz das estrelas, as quais nem por isso deixam de exercer a atividade pela qual são visíveis, durante o dia, menos do que à noite. Da mesma forma, entre as muitas impressões que nossos olhos, ouvidos e outros órgãos recebem dos corpos exteriores, só é sensível a impressão dominante, assim também, sendo a luz do sol predominante, não somos afetados pela luz das estrelas. (P. 21-22).</p><p>- [...] quando queremos enfatizar a diminuição e significar que a sensação é evanescente, antiga e passada, denomina-se memória. Nesse sentido, a imaginação e a memória são uma e a mesma coisa, que, por razões várias, tem nomes diferentes. (P. 22).</p><p>- O acúmulo de memória ou memória de muitas coisas chama-se experiência. A imaginação diz respeito apenas àquelas coisas que foram anteriormente percebidas pela sensação, de uma só vez, ou por parte, em varias vezes. A primeira [...] é a imaginação simples, como quando imaginamos um homem ou um cavalo que vimos antes; a outra é composta no caso de a partir da visão de um homem num determinado momento, e de um cavalo em outro momento, concebemos, no nosso espírito um centauro. (P. 22).</p><p>- Como na sensação o cérebro e os nervos que constituem os órgãos necessários desta sensibilidade estão de tal modo entorpecidos, facilmente são agitados pela ação dos objetos externo, não podendo haver no sono qualquer imaginação ou sonho que não provenha de agitação das partes internas do corpo. Estas partes internas, pela conexão que tem com o cérebro e outros órgãos, quando estão agitadas mantém esses órgãos em movimento. (P. 23).</p><p>- [...] contento-me com saber que, estando desperto, não sonho, muito embora quando sonho, me julgo acordado. (P. 23).</p><p>- Assentado que os sonhos são provocados pela perturbação de algumas das partes internas do corpo, perturbações diversas têm de causar sonhos diversos. (P. 23)</p><p>- em suma, os sonhos são o reverso das imaginações despertas, iniciando-se o movimento por um lado quando estamos acordados e por outro quando sonhamos. (P. 24).</p><p>- Tem-se maior dificuldade em discerni o sonho dos pensamentos despertos quando, por qualquer razão, nos apercebemos de que não dormimos, o que é fácil de acontecer a uma pessoa cheia de pensamentos aflitivos e cuja consciência se encontra muito perturbada [...] (P. 24).</p><p>- A ignorância para distinguir sonhos de outras ilusões fortes, a visão e a sensação, fez surgir, no passado, a maioria das religiões dos gentios, os quais adoravam sátiros, faunos, ninfas e outros seres semelhantes, e hodiernamente a opinião que a gente simples tem das fadas, fantasmas e gnomos, e do poder das feitiçarias. (P.25).</p><p>- cabe ao homem sensato só acreditar naquilo que a razão lhe apontar como crível. Caso desaparecesse esse temor supersticioso dos espíritos, e com eles as idéias tiradas dos sonhos, as falsas profecias e muitas outras coisas dele decorrentes, graças as quais pessoas ambiciosas e astutas abusam da credulidade da gente simples, os homens estariam melhor preparados para a obediência civil. (P. 25).</p><p>Cap. 3</p><p>SOBRE A CONSEQÜÊNCIA OU CADEIA DE IMAGINAÇÕES</p><p>Cadeia dos pensamentos não-orientados – Cadeia dos pensamentos regulados – Lembrança – Prudência – Sinais – Conjectura do tempo passado</p><p>- Entendo por conseqüência, ou cadeia de pensamento, a sucessão de um pensamento a outro, que se denomina, para se distinguir do discurso em palavras, discurso mental. (P. 26).</p><p>- Assim como não temos uma imaginação da qual não tenhamos tido antes uma sensação, na sua totalidade ou em parte, do mesmo modo não temos ligação de uma imaginação a outra se não tivermos tido previamente o mesmo nas nossas sensações. A razão disto é a seguinte: todas as ilusões são movimentos interiores, vestígios daqueles que foram produzidos nas sensações; aqueles movimentos que imediatamente se sucedem uns aos outros na sensação continuam também juntos depois da sensação. (P. 26).</p><p>- Diz-se que os pensamentos vagueiam e parecem impertinentes uns aos outros [...] o homem pode, muitas vezes, perceber o seu curso e a dependência de um pensamento em relação a outro. (P. 27).</p><p>- A impressão feita por aquelas coisas que desejamos, ou receamos, é forte e permanente, ou, quando cessa por algum momento, é de rápido retorno. [...] Do desejo surge o pensamento de algum meio que vimos produzir algo semelhante àquilo que almejamos [...]. (P. 27).</p><p>- [...] em todas as nossas ações devemos olhar muitas vezes para aquilo que queremos ter, pois desse modo concentramos o nosso pensamento na forma de atingir o objetivo. (P. 27).</p><p>- De duas espécies é a cadeia de pensamentos regulados: uma, quando a partir de um efeito imaginado, procuramos as causas ou meios que os produziram, e esta espécie é comum ao homem e a todos os animais; a outra é quando,</p><p>imaginando seja o que for, procuramos todos os possíveis efeitos que podem por intermédio dessa coisa ser produzidos ou, em outras palavras, imaginamos o que podemos fazer com ela, quando a tivermos. Desta espécie só tenho visto indícios nos homens, pois se trata de uma curiosidade pouco provável na natureza de qualquer ser vivo [...]. (P. 28).</p><p>- Algumas vezes o homem deseja conhecer o motivo de uma ação. Pensa em alguma ação semelhante no passado, e no sequenciamento delas, passo a passo, supondo que acontecimentos semelhantes se devem seguir a ações semelhantes. (P. 28).</p><p>- A esse tipo de pensamento se chama previsão, prudência ou providência, e algumas vezes sabedoria, embora tal conjetura, devido a dificuldade de observar todas as circunstâncias, seja muito enganosa. Porém isto é certo: quanto mais experiência das coisas passadas tiver um homem, tanto mais prudente é, e suas previsões raramente falham. (P. 28-29).</p><p>- O melhor profeta naturalmente é o melhor adivinho, e o melhor adivinho é aquele mais versado e erudito nas questões que adivinha, pois tem maior número de sinais pelos quais se guiar. Um sinal é o evento antecedente do conseqüente, e contrariamente, o conseqüente do antecedente, quando conseqüências semelhantes foram anteriormente observadas. (P. 29).</p><p>- No entanto, não é a prudência que distingue os homens dos animais. Há animais que com um ano observam mais e alcançam aquilo que é bom para eles de maneira mais prudente do que jamais uma criança poderia fazer com dez anos. (P. 29).</p><p>- Assim como a prudência é uma suposição do futuro, tirada da experiência dos tempos passados, também há uma suposição das coisas passadas tiradas de outras coisas, não futuras, mas também passadas. (P. 29).</p><p>- O que imaginarmos será finito. Portanto, não existe qualquer idéia ou concepção de algo que possamos denominar infinito. Nenhum homem pode ter em seu espírito uma imagem de magnitude infinita, nem conceber uma velocidade infinita, um tempo infinito, ou uma força infinita ou um poder infinito. Quando dizemos que alguma coisa é infinita, queremos apenas dizer que não somos capazes de conceber os limites e fronteiras da coisa designada, não tendo concepção da coisa, mas de nossa própria incapacidade. (P. 30).</p><p>Cap. 4</p><p>SOBRE A LINGUAGEM</p><p>Origem da linguagem – O uso da linguagem – Abusos da linguagem – Nomes próprios e comuns – Universais – Necessidades das definições – Objeto dos nomes – Uso dos nomes positivos – Nomes negativos e seus usos – Palavras insignificantes – Entendimento – Nomes inconstantes</p><p>- Ignora-se quem descobriu o uso das letras. Diz-se que o primeiro que as trouxe para a Grécia foi Cadmus, filho de Agenor, rei da Fenícia. Invenção fecunda para prolongar a memória dos tempos passados e estabelecer a conjunção da humanidade dispersa por tantas e tão diferentes regiões da terra. (P. 31).</p><p>- Mas a mais nobre e útil de todas as invenções foi a da linguagem, que consiste em nomes ou apelações e em suas conexões, pelas quais os homens registram seus pensamentos, os recordam posteriormente e também os usam entre si para fins uteis e conversas recíprocas, sem o que não haveria entre os homens Estado, sociedade, contrato, paz, tal como não existem entre os leões, os ursos e os lobos. (P. 31).</p><p>- Toda esta linguagem adquirida e aumentada por Adão e sua posteridade, foi novamente perdida na torre de Babel, quando pela mão de Deus, todos os homens foram punidos, devido a sua rebelião, pelo esquecimento de sua primitiva linguagem. Sendo, depois disso, forçados a dispersar-se pelas varias partes do mundo, resultou necessariamente que a diversidade de línguas hoje existentes proveio gradualmente dessa separação [...]. (P. 31-32).</p><p>- Passar nosso discurso mental para um discurso verbal, ou cadeia de nossos pensamentos para uma cadeia de palavras, caracteriza o uso da linguagem. [...] a primeira utilização dos nomes consiste em servir de marcas ou notas de lembranças. (P. 32).</p><p>- Os usos especiais da linguagem são os seguintes: primeiramente, registrar aquilo que descobrimos ser a causa de qualquer coisa, presente ou passada, e aquilo que achamos que as coisas presentes ou passadas podem produzir ou causar, o que em suma é adquirir artes. A seguir, para mostrar aos outros aquele conhecimento que atingimos, ou seja, aconselhar e ensinar uns aos outros. Em terceiro lugar, para dar a conhecer aos outros nossas vontades e objetivos, a fim de podermos obter ajuda. Em quarto lugar, para agradar e para nos deliciar, e aos outros, jogando com as palavras, por prazer e ornamento, de maneira inocente. (p. 32).</p><p>- Quatro abusos correspondem a esse uso.Primeiro, quando os homens registram erradamente seus pensamentos pela inconstância da significação de suas palavras, com as quais registram como, suas concepções aquilo que nunca conceberam e, desse modo, se enganam.Em segundo lugar, quando usam palavras de maneira metafórica, ou seja, com sentido diferente daquele que foi atribuído às palavras. Em terceiro lugar, quando por palavras declaram ser sua vontade aquilo que não é. Em quarto lugar, quando as usam para se ofender uns aos outros, dado que a natureza armou os seres vivos uns com dentes, outros com chifres, e outros com mãos para atacar o inimigo, nada mais é do que um abuso da linguagem ofendê-lo com a língua, amenos que se trate de alguém que somos obrigados a governar, mas não é ofender, e, sim, corrigir e punir. (p. 32-33).</p><p>- A linguagem é útil para a recordação das conseqüências de causas e efeitos, por meio da imposição de nomes e da conexão destes. (P. 33).</p><p>- Um nome universal é atribuído a muitas coisas, devido a sua semelhança em alguma qualidade ou outro acidente. Enquanto o nome próprio traz ao espírito uma coisa apenas, os universais recordam qualquer dessa muitas coisas. (p. 33).</p><p>- [...] o uso de palavras para registrar nossos pensamentos não é tão evidente como na numeração. Um louco de nascença que nunca conseguisse aprender de cor a ordem das palavras numerais, como um, dois, três, pode observar cada uma das pancadas de um relógio e acompanhar com a cabeça, ou dizer um, um, um, mas nunca pode saber que horas são. (p. 34).</p><p>- [...] sem palavras não há qualquer possibilidade de reconhecer os números e muito menos as grandezas, a velocidade, a força e outras coisas, cujo calculo é necessário á existência ou ao bem-estar da humanidade. (p. 34).</p><p>- O verdadeiro e o falso são atributos da linguagem e não das coisas. Onde não houver linguagem, não há nem verdade nem falsidade. (p. 34-35).</p><p>- [...] a verdade consiste na adequada ordenação de nomes em nossas afirmações. (P. 35).</p><p>- [...] em geometria, [...] os homens começam estabelecendo as significações de suas palavras. A esse estabelecimento de significações chamam definições, e colocam-nas no início de seu cálculo. [...] é necessário a qualquer pessoa que aspire a um conhecimento verdadeiro examinar as definições dos primeiros autores [...]. (p. 35).</p><p>- [...] na correta definição de nomes reside o primeiro uso da linguagem, o qual consiste na aquisição de ciência; e na incorreta definição, ou na ausência de definições, reside o primeiro abuso, do qual resultam todas as doutrinas falsas e destituídas de sentido [...]. (P. 35).</p><p>- Entre a verdadeira ciência e as doutrinas errôneas situa-se a ignorância. (p. 35).</p><p>- A natureza em si não pode errar; e à medida que os homens adquirem abundancia de linguagem, vão-se tornando mais sábios ou mais loucos do que habitualmente. Nem é possível sem letras que um homem se torne extraordinariamente sábio, ou extraordinariamente louco, a menos que sua memória seja atacada por doença ou tenha deficiência na constituição dos órgãos. (p. 35-36).</p><p>- As palavras são os calculadores dos sábios que só com elas calculam. (p. 36).</p><p>- Os latinos chamavam aos cômputos de moeda ratione, e ao cálculo ratiocinatio [...] parece daí resultar a extensão da palavra ratio a faculdade de contar em todas as outras coisas. Os gregos têm uma só palavra, logos, para linguagem e razão. Não que eles pensassem que não havia linguagem sem razão,</p><p>mas, sim, que não havia raciocínio sem linguagem. (P. 36).</p><p>- Sempre que qualquer afirmação seja falsa, os dois nomes pelos quais é composta, postos lado a lado e tornado num só, não significam absolutamente nada. Por exemplo, se for uma afirmação falsa dizer “um quadrângulo é redondo”, a expressão quadrângulo redondo nada significa e é um simples som. (p. 37).</p><p>- [...] se a linguagem é peculiar ao homem [...], o entendimento lhe é peculiar. (p. 38).</p><p>- [...] os nomes são impostos para significar nossas concepções [...], nossas afeições nada mais são do que concepções, quando concebemos as mesmas coisas de forma diferente [...]. (p.38).</p><p>Cap. 5</p><p>SOBRE A RAZÃO E A CIÊNCIA</p><p>O que é a razão – Definição de razão – Onde está a reta razão – O uso da razão – Do erro e do absurdo – Causas do absurdo – Ciência – Prudência e sapiência, e diferença entre ambas – sinais da ciência</p><p>- Raciocinando alguém, nada mais faz do que conceber uma soma total, a partir da adição de parcelas, ou conceber um resto a partir da subtração de uma soma por outra [...]. (p. 39).</p><p>- Os escritores de política adicionam em conjunto pactos para descobrir os deveres dos homens. Os juristas somam leis e fatos para descobrir o que é certo e é errado nas ações dos homens privados.[...] seja em que matéria for que houver lugar para a adição e para subtração, há também lugar para a razão. Onde aqueles não tiverem o seu lugar, também a razão nada tem a fazer. (p. 39).</p><p>- Razão [...] nada mais é do que cálculo, isto é, adição e subtração das conseqüências de nomes gerais estabelecidos para marcar e significar nossos pensamentos. [...] marcar quando calculamos para nós próprios, e significar quando demonstramos ou aprovamos nossos cálculos para os outros homens. (p. 39).</p><p>- [...] quando há controvérsia a propósito de um cálculo as partes têm de, por acordo mútuo, recorre a uma razão certa, à razão de algum arbitro, ou juiz, a cuja sentença se submetem, a menos que sua controvérsia se desfaça e permaneça indecisa por falta de uma razão certa constituída pela natureza. (p. 40).</p><p>- O uso e finalidade da razão não é descobrir a soma e a verdade de uma, ou várias conseqüências, afastadas das primeiras definições, e das estabelecidas significações de nomes, mas começar por estas e seguir de uma conseqüência para outra. (p. 40).</p><p>- [...] o erro é apenas uma ilusão, ao presumir que algo aconteceu, ou está para acontecer, acerca do que, muito embora não tivesse acontecido, não existe, contudo, nenhuma impossibilidade aparente. (p. 41).</p><p>- Os homens todos, por natureza, raciocinam de forma semelhante, e bem, quando têm bons princípios. (p. 43).</p><p>- [...] a razão não nasce conosco como a sensação e a memória, nem é adquirida apenas pela experiência, como a prudência, mas obtida com esforço, primeiro por meio de uma adequada imposição de nomes, e em segundo lugar por intermédio de um método bom e ordenado de passar dos elementos, que são nomes, a asserções feitas por conexão de um deles com o outro, e daí para os silogismos, que são as conexões de uma asserção com outra, até chegar ao conhecimento de todas as conseqüências de nomes referentes ao assunto em questão. A isso os homens chamam ciência. [...] a ciência é o conhecimento das conseqüências [...]. (p. 43).</p><p>- [...] as crianças não são dotadas de razão nenhuma até que atinjam o uso da linguagem, mas são denominadas seres racionais devido a aparente possibilidade de terem o uso da razão na sua devida altura. (p. 43).</p><p>- [...] a luz dos espíritos humanos são as palavras claras, meridianas, mas primeiramente limpas por meio de exatas definições e purgadas de toda ambigüidade. A razão é o passo, o aumento da ciência o caminho, e o beneficio da humanidade é o fim. De outro lado, as metáforas e as palavras ambíguas e destituídas de sentido são como ignes fatui, e raciocinar com elas é o mesmo que perambular entre inúmeros absurdos. (p. 44).</p><p>- Uns certos e infalíveis, outros incertos, assim são os sinais da ciência. Certos quando aquele que aspira à ciência de alguma coisa sabe ensinar a matéria, isto é, demonstrar sua verdade de maneira perspícua a alguém. Incertos quando apenas alguns eventos particulares correspondem à sua pretensão e em muitas ocasiões se revelam da maneira que ele diz que deviam acontecer. (p. 44).</p>

Mais conteúdos dessa disciplina