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<p>MARCELO CÉSAR ZANESCO</p><p>ANATOMIA</p><p>2023</p><p>ANATOMIA</p><p>Marcelo César Zanesco</p><p>PRESIDENTE</p><p>Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM</p><p>DIRETOR GERAL</p><p>Jorge Apóstolos Siarcos</p><p>REITOR</p><p>Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM</p><p>VICE-REITOR</p><p>Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM</p><p>PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO</p><p>Adriel de Moura Cabral</p><p>PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO</p><p>Dilnei Giseli Lorenzi</p><p>COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD</p><p>Franklin Portela Correia</p><p>CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE</p><p>Franklin Portela Correia</p><p>CURADORIA TÉCNICA</p><p>Julia Barreira Augusto</p><p>DESIGNER INSTRUCIONAL</p><p>Luiza Cunha Canto Correia de Morais</p><p>REVISÃO ORTOGRÁFICA</p><p>Giovana Stimpel Amaral</p><p>PROJETO GRÁFICO</p><p>Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE</p><p>CAPA</p><p>Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE</p><p>DIAGRAMADORES</p><p>Andréa Ercília Calegari</p><p>© 2023 Universidade São Francisco</p><p>Avenida São Francisco de Assis, 218</p><p>CEP 12916-900 – Bragança Paulista/SP</p><p>CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA</p><p>FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –</p><p>ORDEM DOS FRADES MENORES</p><p>O AUTOR</p><p>MARCELO CÉSAR ZANESCO</p><p>Graduado em Ciências Biológicas pela Faculdade de Ensino Superior de Bragança</p><p>Paulista – FESB. Graduado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade São Fran-</p><p>cisco – USF. Mestre em Anatomia – Estrutura e Ultra-Estrutura pela Universidade de</p><p>São Paulo – USP.</p><p>Professor de Anatomia nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade</p><p>São Francisco.</p><p>Coordenador do Centro de Estudos de Anatomia da Universidade São Francisco.</p><p>Professor de Pós-Graduação em Anatomia Humana Clínica e Funcional - UNIMETROCAMP.</p><p>Destaques: a) Morphoquantitative study of the submucous plexus (of Meissner) of the</p><p>jejunum-ileum of Young and old guinea pigs. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, vol. 69, Nº1,</p><p>São Paulo-SP, Brasil, 2011, ISSN: 0004-282X; b) Whatsapp Como Estratégia Inovadora</p><p>no Ensino-Aprendizagem. Ensaios-USF, vol.1, Nº1, Bragança Paulista-SP, Brasil, 2017,</p><p>ISSN: 2595-1300; c) Humanization of Anatomy Laboratories of the São Francisco Uni-</p><p>versity: A proposal for Students of Health Courses. 19th Congress of the International</p><p>Federation of Associations of Anatomists – IFAA 2019, London – United Kingdon, 2019.</p><p>Agradeço a Cíntia Bovi Binotti (in memorian), notável professora de anatomia com</p><p>quem partilhei inúmeras aulas e tive o privilégio de conhecer toda a riqueza de</p><p>seus conhecimentos, seja pelos nossos diálogos intermináveis, seja pelas suas</p><p>escritas impecáveis.</p><p>SUMÁRIO</p><p>UNIDADE 01: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA E APARELHO</p><p>LOCOMOTOR ...........................................................................................................6</p><p>1. Estudo da anatomia ............................................................................................6</p><p>2. Sistema esquelético ............................................................................................24</p><p>3. Sistema articular ..................................................................................................36</p><p>4. Sistema muscular ................................................................................................49</p><p>UNIDADE 02: SISTEMAS CIRCULATÓRIO, RESPIRATÓRIO, DIGESTÓRIO E</p><p>URINÁRIO .................................................................................................................64</p><p>1. Sistema circulatório .............................................................................................64</p><p>2. Sistema respiratório ............................................................................................79</p><p>3. Sistema digestório ...............................................................................................90</p><p>4. Sistema urinário ..................................................................................................106</p><p>UNIDADE 03: SISTEMA NERVOSO .......................................................................116</p><p>1. Sistema nervoso ..................................................................................................116</p><p>UNIDADE 04: SISTEMA GENITAL E SISTEMA ENDÓCRINO .............................146</p><p>1. Sistema genital masculino ...................................................................................146</p><p>2. Sistema genital feminino .....................................................................................156</p><p>3. Sistema endócrino ...............................................................................................167</p><p>6</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor UNIDADE 1</p><p>INTRODUÇÃO AO ESTUDO</p><p>DA ANATOMIA E APARELHO</p><p>LOCOMOTOR</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>A trajetória do homem em busca da cura para os sofrimentos do corpo tem dois ca-</p><p>minhos: um que procura no ambiente externo a substância que trará alívio rápido e</p><p>de preferência eterno. No outro, o homem debruça sua curiosidade dentro do próprio</p><p>corpo, para conhecê-lo, compreender seu funcionamento e encontrar os porquês e as</p><p>soluções do sofrimento (DI DIO, 1998, p. XVII). Neste último, repousa a Anatomia. Ela</p><p>é a ciência que estuda a estrutura, a constituição e o desenvolvimento dos seres orga-</p><p>nizados. A Anatomia propicia os conceitos fundamentais para entender o desempenho</p><p>físico e a saúde do corpo.</p><p>Estudar a história da anatomia nos ajuda a apreciar a ciência relevante que é hoje. As-</p><p>sim sendo, esta unidade destina–se ao estudo da história da anatomia, dos conceitos</p><p>atuais fundamentais e do aparelho locomotor.</p><p>1. ESTUDO DA ANATOMIA</p><p>1.1. ANATOMIA E SUA HISTÓRIA</p><p>Aristóteles (384–322 a.C.) foi a primeira pessoa a usar o termo Anatome, uma palavra</p><p>grega que significa “cortar em pedaços ou separar”. A palavra latina dissecare tem signi-</p><p>ficado semelhante. Anatomia é o local (estrutura) no qual ocorrem os eventos (funções)</p><p>da vida. Embora, do ponto de vista histórico e a rigor, o interesse primário da anatomia</p><p>seja a estrutura, a compreensão real ocorre quando a estrutura e a função são conside-</p><p>radas juntas (MOORE; DALLEY, 2007).</p><p>O estudo da Anatomia está presente desde a pré-história. Nossos antepassados conhe-</p><p>ciam com propriedade as habilidades funcionais e limitações do corpo humano quando</p><p>comparadas com as dos outros seres vivos. A partir da civilização egípcia, por volta de</p><p>3400 a.C., esse conhecimento passou a ser registrado. E, desde então, essa ciência se-</p><p>gue em constante evolução. As universidades têm papel fundamental para a transmis-</p><p>são desse conhecimento milenar às futuras gerações. Graças à contribuição intelectual</p><p>dos mestres, dá–se continuidade aos estudos que baseiam a qualidade de vida e seus</p><p>avanços ao nível mundial.</p><p>Uma das mais importantes contribuições foi a obra–prima de Andreas Vesalius (1514–1564</p><p>d. C.): De Humani Corporis Fabrica, publicada em 1543, que marcou uma nova era na histó-</p><p>ria. Naquela época, a anatomia tornou–se uma disciplina objetiva baseada em observações</p><p>7</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>diretas e também em princípios científicos. Por volta do século XVII, as dissecações huma-</p><p>nas tornaram-se uma característica importante das escolas de medicina europeias e foram</p><p>criados museus de anatomia em muitas cidades. A dissecação de cadáveres humanos</p><p>serviu como base para entender a estrutura e a função do corpo humano durante muitos</p><p>séculos. Os termos anatômicos que um estudante aprende a respeito de uma estrutura</p><p>representa o trabalho de centenas de anatomistas dedicados do passado, que dissecaram,</p><p>desenharam, descreveram e denominaram as numerosas partes do corpo.</p><p>Aliando altas tecnologias aos procedimentos científicos, as descobertas continuam sur-</p><p>preendendo e, a partir de um estudo humanizado sobre essa complexa e importante</p><p>área científica, é possível promover descobertas que contribuem com a transformação</p><p>de um mundo melhor.</p><p>Aprecie, Figura 01, uma pequena sinopse de algumas importantes contribuições para a</p><p>ciência da anatomia humana até os dias atuais:</p><p>Figura 01. Linha do tempo da anatomia</p><p>PRÉ-HISTÓRIA</p><p>denso, menos resistente.</p><p>Lábios articulares:</p><p>São anéis de fibrocartilagem, geralmente triangulares em secção transversal, que se inserem</p><p>em uma margem articular ampliando e aprofundando a superfície articular de um dos ossos</p><p>envolvidos em uma determinada articulação. Ex.: lábio glenoidal e do acetábulo.</p><p>Articulação uniaxial:</p><p>Tem um só grau de liberdade, realiza movimentos apenas em torno de um eixo. Ex.: articulação</p><p>do cotovelo – realiza apenas movimentos de flexão e extensão.</p><p>Joelho direito em extensão</p><p>Menisco articular</p><p>Vista posterior</p><p>Articulação do quadril</p><p>Vista lateral</p><p>Lábio</p><p>articular</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>97</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>75</p><p>).</p><p>CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS</p><p>O grau dos movimentos nas articulações depende da forma das superfícies articulares,</p><p>dos meios de união, dos músculos e da oposição das partes moles, tais como as que</p><p>se encontram na região anterior do antebraço e do braço durante a flexão no cotovelo.</p><p>De acordo com a possibilidade das articulações de realizar movimentos em torno de</p><p>um, dois ou três eixos de movimento, elas podem ser classificadas funcionalmente em:</p><p>45</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS</p><p>De acordo com a forma das superfícies articulares, as articulações podem ser classifi-</p><p>cadas morfologicamente em:</p><p>Articulação biaxial:</p><p>Tem dois graus de liberdade, realiza movimentos em torno de dois eixos. Ex.: articulação do</p><p>punho (rádio–cárpica) – realiza movimentos de flexão e extensão, abdução e adução.</p><p>Articulação triaxial:</p><p>Tem três graus de liberdade, realiza movimentos em torno de três eixos. Ex.: articula-</p><p>ção do ombro e quadril – realiza movimentos de flexão e extensão; abdução e adução;</p><p>rotação e circundução.</p><p>Articulação plana:</p><p>As superfícies articulares são planas ou ligeiramente abauladas, permitindo desliza-</p><p>mentos ou resvalos de uma superfície sobre outra em qualquer direção. Nessas arti-</p><p>culações, o deslizamento é discreto, fazendo com que a amplitude do movimento seja</p><p>bastante reduzida. Ex.: articulação sacro–ilíaca.</p><p>Articulação em dobradiça ou gínglimo:</p><p>É uma articulação uniaxial e só permite movimento em um único plano, ou seja, movi-</p><p>mentos de flexão e extensão. A articulação úmero–ulnar ou do cotovelo é um exemplo</p><p>de gínglimo.</p><p>Articulação em pivô ou trocóide:</p><p>É uma articulação uniaxial que permite rotação, seu eixo de movimento é vertical e o</p><p>osso gira em torno de um anel ósseo ou osteoligamentar. Ex.: articulação radioulnar</p><p>proximal que é responsável pelos movimentos de pronação e supinação do antebraço.</p><p>Articulação bicondilar:</p><p>Nessa articulação duas superfícies articulares convexas denominadas côndilos se arti-</p><p>culam com superfícies côncavas. Os côndilos podem ser quase paralelos com uma cáp-</p><p>sula articular comum, como é o caso da articulação do joelho, ou podem estar bastante</p><p>separados em cápsulas afastadas, como é o caso da articulação temporomandibular.</p><p>Ex.: articulação fêmoro–tibial ou do joelho.</p><p>Articulação elipsóide:</p><p>Nela, uma superfície articular oval convexa articula-se com uma concavidade elíptica.</p><p>As superfícies articulares elípticas são muito mais longas numa direção do que na que</p><p>lhe é perpendicular. A articulação elipsóidea é biaxial, isto é, permite flexão e extensão,</p><p>adução e abdução. Ex.: articulação radiocárpica.</p><p>46</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>PRINCIPAIS MOVIMENTOS REALIZADOS PELOS SEGMENTOS DO</p><p>CORPO</p><p>O movimento em uma articulação faz-se obrigatoriamente em torno de um eixo, deno-</p><p>minado eixo de movimento, cuja direção é sempre perpendicular ao plano no qual se</p><p>realiza o movimento. Assim, a direção do eixo de movimento pode ser ântero-posterior,</p><p>laterolateral e longitudinal. Os principais movimentos realizados pelos segmentos do</p><p>corpo são:</p><p>Articulação em sela:</p><p>Nesse tipo de articulação a superfície articular de uma peça esquelética tem a forma de</p><p>sela, apresentando concavidade em um sentido e convexidade em outro, e se encaixa</p><p>numa segunda peça onde a concavidade e convexidade apresentam-se em sentido</p><p>inverso da primeira. Essa articulação é biaxial, permitindo a flexão e extensão, adução</p><p>e abdução. Ex.: articulação carpo-metacárpica do polegar.</p><p>Articulação esferóide:</p><p>As articulações do tipo esferóide apresentam superfícies articulares que são segmen-</p><p>tos de esferas que se encaixam em concavidades articulares. Essa articulação é triaxial</p><p>e permite a extensão, flexão, adução, abdução, rotação e circundução. Ex.: articulação</p><p>escápulo-umeral ou do ombro e articulação coxo–femoral ou do quadril.</p><p>Movimentos angulares:</p><p>Nesses movimentos há uma diminuição ou um aumento do ângulo existente entre o</p><p>segmento que se desloca e aquele que permanece fixo. Quando ocorre a diminuição</p><p>do ângulo existente entre o segmento que se desloca e aquele que permanece fixo,</p><p>dizemos que há flexão. Porém, quando ocorre aumento do ângulo, dizemos que há</p><p>extensão. No pé, estes movimentos são definidos como dorsiflexão e flexão plantar. Os</p><p>movimentos angulares de flexão e extensão ocorrem no plano sagital e o eixo desses</p><p>movimentos é laterolateral.</p><p>Abdução e adução:</p><p>Também são considerados movimentos angulares, porém, enquanto na adução o seg-</p><p>mento do corpo se desloca aproximando-se do plano mediano, na abdução, o segmento</p><p>do corpo se desloca afastando-se do plano mediano. Para os dedos prevalece o plano</p><p>mediano do membro que, na mão, passa pelo terceiro dedo (médio) e, no pé, pelo se-</p><p>gundo dedo. Os movimentos de adução e abdução desenvolvem–se no plano frontal e</p><p>o eixo desses movimentos é ântero-posterior.</p><p>Rotação:</p><p>É o movimento em que o segmento gira em torno de um eixo longitudinal Assim, nos</p><p>membros pode-se reconhecer uma rotação medial quando a face anterior do membro</p><p>gira em direção ao plano mediano do corpo e uma rotação lateral, quando a face ante-</p><p>rior do membro gira em direção oposta. A rotação é feita no plano horizontal e seu eixo</p><p>de movimento é longitudinal Circundução: em alguns segmentos do corpo, especial-</p><p>mente nos membros, o movimento combinado que inclui adução, extensão, abdução e</p><p>47</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Movimentos de deslizamento ou resvalo:</p><p>Esses movimentos frequentemente estão associados a outros.</p><p>Movimentos de lateralidade:</p><p>Deslocamento lateral para a direita ou para a esquerda.</p><p>Eversão e inversão do pé:</p><p>Eversão é o movimento em que a planta do pé se volta para longe do plano mediano, ou</p><p>seja, a planta do pé dirige-se superolateralmente. Inversão é o movimento da planta do</p><p>pé em direção ao plano mediano, ou seja, a planta dirige-se inferomedialmente.</p><p>Supinação:</p><p>Movimento de rotação lateral do antebraço e da mão de modo que a palma da mão se</p><p>volta anteriormente.</p><p>Pronação:</p><p>Movimento de rotação medial do antebraço e da mão de modo que a palma da mão</p><p>se volta posteriormente. Durante a pronação ou supinação, a extremidade superior do</p><p>rádio gira simplesmente dentro do ligamento anular, porém, sua extremidade inferior</p><p>descreve um arco de tal modo que, na pronação, move–se para frente e medialmente</p><p>e na supinação move-se para trás e lateralmente, levando a mão com ela. Por esse</p><p>motivo, os eixos do rádio e da ulna se entrecruzam.</p><p>Protrusão:</p><p>É o movimento feito para frente, como ocorre quando se protrui a mandíbula. Levar os</p><p>ombros para frente é denominado protração.</p><p>Retrusão:</p><p>É o movimento feito para trás, como ocorre quando se retrai a mandíbula. Levar os</p><p>ombros para trás, endireitando–os, é denominado retração.</p><p>flexão resulta na circundução. Nesse tipo de movimento, a extremidade distal do seg-</p><p>mento descreve um círculo e o corpo do segmento um cone cujo vértice é representado</p><p>pela articulação que se movimenta.</p><p>48</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 28. Principais movimentos articulares</p><p>M</p><p>oo</p><p>re</p><p>, D</p><p>al</p><p>le</p><p>y</p><p>e</p><p>A</p><p>gu</p><p>r (</p><p>20</p><p>19</p><p>, p</p><p>. 8</p><p>, 9</p><p>, 1</p><p>0)</p><p>.</p><p>Rotação</p><p>lateral</p><p>(externa)</p><p>Rotação</p><p>medial</p><p>(interna)</p><p>Rotação</p><p>lateral</p><p>R o t a ç ã o</p><p>medial</p><p>Adução</p><p>Adução</p><p>Abdução</p><p>Abdução</p><p>Circundução</p><p>Dorsiflexão</p><p>Flexão plantar</p><p>Dorsiflexão e flexão plantar do</p><p>pé na articulação do tornozelo</p><p>Eversão Inversão</p><p>Rotação da</p><p>cabeça e</p><p>do pescoço</p><p>Rotação da</p><p>parte superior</p><p>do tronco,</p><p>pescoço e</p><p>cabeça</p><p>Elevação Depressão</p><p>K. elevação e depressão dos ombros</p><p>J. Flexão lateral do tronco e rotação da parte superior do tronco, do</p><p>pescoço e da cabeça</p><p>Flexão</p><p>lateral</p><p>Extensão</p><p>Extensão</p><p>Extensão</p><p>Extensão</p><p>Flexão</p><p>Flexão</p><p>Flexão</p><p>Flexão</p><p>49</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Movimentos ativos e acessórios (passivos)</p><p>Os movimentos ativos que ocorrem numa articulação são movimentos voluntários que</p><p>o indivíduo consegue realizar ativamente. Porém, os movimentos acessórios, também</p><p>classificados como passivos, são movimentos voluntariamente impossíveis para os</p><p>quais a disposição muscular não está preparada, mas que podem ser produzidos por</p><p>uma força externa, tal como pela gravidade ou por manipulação. Esses movimentos não</p><p>podem ser realizados ativamente pelo indivíduo, mas são valiosos no exame e diagnós-</p><p>tico de distúrbios musculares e articulares.</p><p>4. SISTEMA MUSCULAR</p><p>As células musculares, que frequentemente são denominadas de fibras musculares</p><p>porque são longas e estreitas quando relaxadas, são células contráteis especializadas.</p><p>As fibras são organizadas em tecidos que movimentam as partes do corpo ou modificam</p><p>temporariamente o formato (reduzem a circunferência do todo ou da parte) dos órgãos</p><p>internos. Existem três tipos de músculos no corpo humano que são descritos de acordo</p><p>com suas características distintas (MOORE; DALLEY; AGUR, 2019).</p><p>4.1. TIPOS DE MÚSCULOS</p><p>Os tipos de músculos são:</p><p>L. Protrusão e retrusão da mandíbula</p><p>nas articulações temporomandibulares M. Protração e retração da escápula</p><p>na parede torácica</p><p>Retrusão</p><p>Protrusão</p><p>Músculo estriado esquelético:</p><p>São células alongadas e multinucleadas, com um aspecto estriado (estriações transver-</p><p>sais) característico ao microscópio. São inervadas por fibras motoras da parte periférica</p><p>do sistema nervoso, ou sistema nervoso periférico (SNP) e constituem os músculos es-</p><p>triados esqueléticos, também denominados voluntários devido ao fato de poderem, qua-</p><p>se sempre, ser controlados voluntariamente. No entanto, muitas de suas ações são auto-</p><p>máticas e alguns deles têm ação reflexa e parcialmente submetida ao controle voluntário.</p><p>Músculo estriado cardíaco:</p><p>São células alongadas e ramificadas, mononucleadas que se unem longitudinalmente</p><p>às células vizinhas. Também são estriadas, porém, sua inervação é realizada pela parte</p><p>autônoma do sistema nervoso ou sistema nervoso autônomo (SNA), sendo, portanto,</p><p>um músculo involuntário. Constituem o músculo cardíaco ou miocárdio. Este permite ao</p><p>coração atuar como uma bomba, bombeando sangue através do corpo.</p><p>50</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 29. Tipos de músculos</p><p>Musculo liso:</p><p>São fibras musculares fusiformes, mononucleadas, que não apresentam estrutura estria-</p><p>da. São encontradas nas paredes viscerais (estômago, duodeno etc.), em órgãos tubu-</p><p>lares (esôfago) e em vasos sanguíneos (túnica muscular das artérias). Esses músculos</p><p>também apresentam como característica o controle involuntário, pois suas atividades são</p><p>reguladas pelo SNA e por certos hormônios circulantes.</p><p>Tecido muscular estriado esquelético</p><p>Tecido muscular estriado cardíaco</p><p>Tecido muscular não estriado (Liso)</p><p>12</p><p>3r</p><p>f.</p><p>4.2. MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO</p><p>Revestimento</p><p>Miologia é o estudo dos músculos. Mais de 600 músculos esqueléticos constituem o</p><p>sistema muscular e, tecnicamente, cada um deles é um órgão composto de tecido mus-</p><p>cular esquelético, tecido conjuntivo e tecido nervoso. Cada músculo também tem uma</p><p>função específica, como mover um dedo, ou fechar as pálpebras. Em sua totalidade, os</p><p>músculos correspondem aproximadamente a 40% do peso corpóreo (VAN DE GRAA-</p><p>FF, 2003).</p><p>O sistema muscular é responsável pelos movimentos, porém não assegura somente</p><p>a dinâmica, mas também a estática do corpo humano, determinando sua posição e</p><p>postura. Esse sistema proporciona ainda forma ao corpo e produz calor. O músculo em</p><p>51</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>repouso, sob condições constantes, libera calor mantendo a temperatura corporal. Den-</p><p>tro do aparelho locomotor, constituído por ossos, articulações e músculos, os músculos</p><p>são os elementos ativos do movimento, enquanto os ossos são os elementos passivos</p><p>do movimento. Em sua estrutura, o músculo estriado esquelético apresenta endomísio</p><p>(bainha de tecido conjuntivo que envolve cada fibra muscular), perimísio (bainha de</p><p>tecido conjuntivo que envolve fascículos de fibras musculares agrupadas) e epimísio</p><p>(bainha de tecido conjuntivo que envolve o músculo como um todo, composto por vários</p><p>fascículos de fibras musculares).</p><p>Figura 30. Revestimentos do músculo</p><p>Tendão</p><p>Epimísio</p><p>Músculo</p><p>esquelético</p><p>Perimísio</p><p>Fibras musculares recobertas</p><p>por endomísio</p><p>Fascículo</p><p>Endomísio</p><p>Fibra muscular</p><p>Sarcolema</p><p>(membrana celular)</p><p>Miofibrila</p><p>MiosinaActina</p><p>Componentes anatômicos dos músculos estriados esqueléticos</p><p>Um músculo estriado esquelético típico possui uma porção média e as extremidades.</p><p>A porção média que é carnosa, vermelha e constituída essencialmente por feixes de</p><p>fibras musculares é denominada ventre muscular. Este representa a porção ativa do</p><p>músculo, ou seja, a parte contrátil, que tem forma e tamanhos variados e, em vida, seu</p><p>estado de contração muscular leve e contínuo, normalmente presente, mesmo quando</p><p>em repouso, é denominado tônus muscular. Este está relacionado ao estado de excita-</p><p>bilidade do sistema nervoso que controla ou influencia os músculos esqueléticos. A ma-</p><p>nutenção do tônus depende dos impulsos que chegam ao encéfalo e à medula espinhal</p><p>a partir de terminações sensitivas localizadas nos músculos, tendões e articulações.</p><p>As extremidades, que fixam os músculos aos ossos, órgãos, cartilagens, cápsulas arti-</p><p>culares, septos intermusculares ou derme, quando são em forma de fita ou cilíndricas</p><p>são denominadas tendões, e quando são laminares denominam-se aponeuroses. Os</p><p>tendões (e aponeuroses) são elementos considerados passivos em um músculo, uma</p><p>vez que dependem da ação do ventre muscular.</p><p>Um músculo estriado esquelético frequentemente apresenta pelo menos duas fixações.</p><p>Alguns músculos, como os da face, fixam-se à pele, outros, como os da língua, fixam-se</p><p>às membranas mucosas. Outros ainda estão fixados às fáscias ou formam faixas</p><p>M</p><p>oo</p><p>re</p><p>, D</p><p>al</p><p>le</p><p>y</p><p>e</p><p>A</p><p>gu</p><p>r (</p><p>20</p><p>19</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>4)</p><p>.</p><p>52</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>circulares, como o músculo esfíncter externo do ânus. Entretanto, os músculos, de uma</p><p>maneira geral, são descritos como tendo uma origem e uma inserção.</p><p>A extremidade muscular presa ao segmento que não se desloca durante o movimento</p><p>é denominada origem, enquanto a extremidade muscular presa ao segmento que se</p><p>desloca durante o movimento é denominada inserção. Nos membros, geralmente a ori-</p><p>gem de um músculo é proximal e a inserção, distal. A extremidade proximal ou origem</p><p>dos músculos apendiculares é também denominada cabeça e a extremidade distal ou</p><p>inserção é também denominada cauda. Em determinados movimentos, um músculo</p><p>pode alterar seus pontos de origem e inserção, ou seja, pode ocorrer uma inversão</p><p>funcional da origem e inserção. Visto que a origem e a inserção podem mudar com a</p><p>função, atualmente, em substituição a esses termos são empregados os termos ponto</p><p>fixo e ponto móvel, respectivamente.</p><p>Figura 31. Elementos constituintes de um músculo</p><p>Tendão muscular (Origem)</p><p>Ventre muscular</p><p>Tendão muscular (Inserção)</p><p>Classificação dos músculos estriados esqueléticos</p><p>1. Quanto à forma, os músculos são classificados como:</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>19</p><p>).</p><p>Músculos longos:</p><p>São músculos nos quais o comprimento predomina sobre a largura e espessura. Permi-</p><p>tem movimentos</p><p>de grande amplitude. Os músculos longos podem ser fusiformes, côni-</p><p>cos e em fita, indicado na figura 32 (*m. sartório).</p><p>Músculos planos:</p><p>São músculos nos quais comprimento e largura se equivalem e são maiores que a espes-</p><p>sura. Estão envolvidos com o fechamento de cavidades orgânicas. Podem ser triangula-</p><p>res ou em leque, quadriláteros e circulares, indicado na figura 32 (**m. peitoral).</p><p>53</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 32. Classificação dos músculos de acordo com a forma</p><p>Músculos fusiformes:</p><p>São músculos longos que apresentam fibras musculares paralelas à direção de tração</p><p>exercida pelo músculo, que convergem em direção aos tendões de origem e inserção, de</p><p>modo que a parte média do músculo apresenta um diâmetro maior que o das extremida-</p><p>des, indicado na figura 33 (*m. bíceps braquial).</p><p>Músculos em leque:</p><p>São músculos planos que apresentam fibras musculares paralelas à direção de tração</p><p>exercida pelo músculo, que convergem para um tendão em uma das extremidades do mús-</p><p>culo, conferindo-o um aspecto triangular ou em leque, indicado na figura 33 (**m. temporal).</p><p>2. Quanto ao arranjo das fibras musculares, de um modo geral, os músculos têm as</p><p>fibras dispostas paralelamente ou obliquamente em relação aos tendões ou à direção</p><p>de tração exercida pelo músculo.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>82</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>80</p><p>).</p><p>Figura 33. Classificação dos músculos de acordo com o</p><p>arranjo das fibras paralelas</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>4)</p><p>.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>19</p><p>).</p><p>54</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 34. Classificação dos músculos de acordo com o arranjo das fibras oblíquas</p><p>Músculos peniformes:</p><p>São músculos geralmente longos cujas fibras são oblíquas em relação aos tendões ou à</p><p>direção de tração exercida pelo músculo, indicado na figura 34 (*m. reto femoral).</p><p>Músculos semipeniformes:</p><p>São músculos nos quais os feixes musculares dispõem-se obliquamente em relação ao</p><p>tendão e se prendem numa só borda do tendão, indicado na figura 34 (**m. extensor</p><p>longo dos dedos do pé).</p><p>Músculos multipeniformes:</p><p>São músculos nos quais há várias partes peniformes, indicado na figura 34 (***m. deltoide).</p><p>3. Quanto ao número de cabeças, diz-se que apresentam mais de uma</p><p>cabeça de origem quando os músculos se originam por mais de um ten-</p><p>dão. Tais músculos são classificados como.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>80</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>07</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>68</p><p>).</p><p>Músculos bíceps:</p><p>Apresentam duas cabeças de origem, indicado na figura 35 (*m. bíceps braquial).</p><p>Músculos tríceps:</p><p>Apresentam três cabeças de origem, indicado na figura 35 (**m. tríceps sural).</p><p>Músculos quadríceps:</p><p>Apresentam quatro cabeças de origem, indicado na figura 35 (***m. quadríceps femoral).</p><p>55</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 35. Classificação dos músculos de acordo com o número de cabeças</p><p>4. Quanto ao número de caudas ou número de tendões de inserção, os</p><p>músculos se classificam como:</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>19</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>20</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>80</p><p>).</p><p>Figura 36. Classificação dos músculos de acordo com o número de caudas</p><p>Músculos bicaudados:</p><p>Apresentam dois tendões de inserção, indicado na figura 36 (*m. bíceps braquial).</p><p>Músculos policaudados:</p><p>Apresentam três ou mais tendões de inserção, indicado na figura 36 (**m. extensor longo</p><p>dos dedos do pé).</p><p>5. Quanto ao número de ventres musculares, alguns músculos apresen-</p><p>tam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários situados</p><p>entre eles. Nestes casos, os músculos se classificam como:</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>19</p><p>).</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>07</p><p>).</p><p>56</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 37. Classificação dos músculos de acordo com o número de ventres</p><p>Músculos digástricos:</p><p>Apresentam dois ventres musculares e um tendão intermédio, indicado na figura 37 (*m.</p><p>digástrico).</p><p>Músculos axiais:</p><p>São músculos situados no esqueleto axial, indicados na figura 38 (*cabeça, pescoço e tronco).</p><p>Músculos poligástricos:</p><p>Apresentam um número maior de ventres musculares, unidos por tendões que recebem o</p><p>nome de intersecções tendíneas, indicado na figura 37 (**m. reto do abdome).</p><p>Músculos apendiculares:</p><p>São músculos situados no esqueleto apendicular, indicados na figura 38 (**membros su-</p><p>perior e inferior).</p><p>6. Quanto à topografia, os músculos se classificam como:</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>7)</p><p>.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>44</p><p>).</p><p>57</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Agonista:</p><p>É o agente principal na execução de um movimento. E o que leva à ação do mo-</p><p>vimento desejado.</p><p>Antagonista:</p><p>É o músculo que se opõe ao trabalho de um agonista, seja para regular a rapidez</p><p>ou a potência de ação deste agonista.</p><p>Fixador ou postural:</p><p>Estabiliza as diversas partes do corpo, mantendo a postura enquanto o agonista age.</p><p>Sinergista:</p><p>Atua no sentido de eliminar algum movimento indesejável que poderia ser produ-</p><p>zido pelo agonista ou no sentido de fixar as articulações intermediárias à região</p><p>que deve se mover em resposta a ação determinada pelo músculo agonista.</p><p>Figura 38. Classificação dos músculos de acordo a localização topográfica.</p><p>Classificação funcional dos músculos estriados esqueléticos</p><p>De acordo com a função que exercem, os músculos podem ser classificados em:</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 2</p><p>35</p><p>).</p><p>MÚSCULOS</p><p>AXIAIS</p><p>MÚSCULOS</p><p>AXIAIS</p><p>MÚSCULOS</p><p>APENDICULARES</p><p>MÚSCULOS</p><p>APENDICULARES</p><p>MÚSCULOS</p><p>APENDICULARES</p><p>Um mesmo músculo pode agir como agonista, antagonista, sinergista e fixador sob</p><p>diferentes condições. À medida que um agonista se contrai, o antagonista relaxa-se,</p><p>progressivamente, produzindo um movimento suave. Os antagonistas também são</p><p>ativados no final de um movimento brusco para proteger as articulações de lesões.</p><p>58</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Por exemplo, o músculo braquial é o agonista na flexão do antebraço. Quando o</p><p>músculo tríceps braquial se contrai para fazer a extensão do antebraço, o músculo</p><p>braquial se opõe a este movimento a fim de que ele não se realize bruscamente.</p><p>Neste caso, age como um antagonista. Quando um agonista cruza mais de uma</p><p>articulação, certos músculos evitam o movimento da articulação interposta, agindo</p><p>como sinergistas. Na flexão dos dedos, os músculos flexores dos dedos são os</p><p>agonistas. Como os tendões de inserção desses músculos cruzam a articulação</p><p>do punho, a tendência é provocar a flexão da mão, porém, isso não ocorre por que</p><p>músculos como os extensores do carpo se contraem e estabilizam a articulação do</p><p>punho, agindo como sinergistas.</p><p>Principais órgãos anexos ao sistema muscular</p><p>Fáscia muscular:</p><p>Bainhas fibrosas:</p><p>É uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo. Forma membranas fibro-</p><p>sas que separam os músculos entre si e os revestem. Serve como bainha elástica de</p><p>contenção, permitindo aos músculos exercerem, eficientemente, um trabalho de tração ao</p><p>se contraírem. Permite o fácil deslizamento dos músculos entre si. Proporciona origens e</p><p>inserções aos músculos e pode ainda restringir ou controlar a difusão de material purulento.</p><p>A fáscia justapõe-se ao epímísio e, em certos locais, pode se apresentar espessa e emitir</p><p>prolongamentos que vão terminar fixando–se no osso, constituindo os septos intermuscula-</p><p>res. Estes separam grupos musculares em compartimentos e ocorrem frequentemente nos</p><p>membros. No membro inferior, a volta do sangue ao coração é dificultada pela gravidade</p><p>e auxiliada pela ação muscular. Os músculos enchem-se de sangue se não fosse o re-</p><p>vestimento fascial que age como uma meia elástica, evitando um abaulamento exagerado</p><p>durante a contração muscular, tornando–a assim mais eficiente na propulsão do sangue.</p><p>São constituídas por tecido conjuntivo fibroso denso, inserem-se nos ossos formando ca-</p><p>nais osteofibrosos</p><p>(retináculos) que, revestidos pela bainha sinovial, facilitam o livre desli-</p><p>zamento dos tendões mantendo-os sempre em posição. São encontradas quando os ten-</p><p>dões são longos e ultrapassam articulações, como a do punho e do tornozelo.</p><p>Figura 39. Órgãos anexos – fáscia</p><p>Fáscia</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>4)</p><p>.</p><p>59</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 40. Órgãos anexos – bainhas fibrosas e sinoviais</p><p>Bainhas sinoviais:</p><p>Bolsas sinoviais:</p><p>nos pontos em que os tendões correm em túneis osteofibrosos, como na mão e no pé, eles</p><p>são recobertos por bainhas sinoviais que são constituídas por duas camadas: uma delas</p><p>forra a bainha fibrosa e a outra envolve o tendão. Entre as duas camadas encontramos</p><p>pequena quantidade de sinóvia, que permite o deslizamento dos tendões, quando alojados</p><p>em bainhas fibrosas.</p><p>São bolsas de tecido conjuntivo de superfície interna escorregadia, cheias de líquido sino-</p><p>vial. Estão presentes onde os tendões sofrem atrito com os ossos, ligamentos ou outros</p><p>tendões. Facilitam o movimento ao diminuírem a fricção. Situam–se na tela subcutânea.</p><p>Bolsa fibrosa</p><p>Bainha sinovial</p><p>Figura 41. Órgãos anexos – bolsas sinoviais</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>17</p><p>).</p><p>Bolsas sinoviais</p><p>Inervação dos músculos estriados esqueléticos</p><p>Cada músculo apresenta–se inervado por um ou mais nervos, com fibras sensitivas e</p><p>motoras que, geralmente, se originam de vários nervos espinais. O ponto de entrada</p><p>do nervo no músculo é conhecido como ponto motor do músculo, pois neste local a</p><p>estimulação elétrica é mais eficaz na produção da contração muscular do que a estimu-</p><p>lação em qualquer outra parte do músculo, uma vez que as fibras nervosas são mais</p><p>sensíveis à estimulação elétrica do que as fibras musculares.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>94</p><p>).</p><p>60</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Cada fibra muscular recebe um único ramo terminal de uma fibra nervosa motora que</p><p>termina em um mecanismo especializado conhecido como placa motora, na qual o ter-</p><p>minal axônico perde sua bainha de mielina e forma uma dilatação que se coloca dentro</p><p>de uma depressão do sarcolema da fibra muscular.</p><p>Cada fibra nervosa que penetra no músculo inerva muitas fibras musculares. O conjunto</p><p>formado pela fibra nervosa motora e as fibras musculares por ela inervadas constitui</p><p>uma unidade motora considerada a unidade funcional do músculo esquelético. O ta-</p><p>manho da unidade motora varia grandemente, com unidades sendo menores onde é</p><p>necessário um controle mais preciso, como nos músculos extraoculares e unidades</p><p>maiores nos grandes músculos dos membros. A força que pode ser desenvolvida por</p><p>cada unidade está, portanto, inversamente relacionada com a precisão do controle. Se</p><p>acaso o nervo for seccionado, diz-se que o músculo está desnervado, consequente-</p><p>mente, ele deixa de funcionar e, por esta razão, entra em atrofia, processo que consiste</p><p>em uma diminuição do tamanho das fibras musculares. Um músculo também pode se</p><p>hipertrofiar quando utilizado acima do normal. Neste caso, as fibras musculares aumen-</p><p>tam de volume, mas o seu número permanece constante.</p><p>A inervação sensitiva dos músculos envolve receptores, como os fusos neuromuscula-</p><p>res, órgãos tendíneos, finas fibras não mielinizadas que suprem a dor e outras termina-</p><p>ções sensitivas no tecido conjuntivo das bainhas dos músculos.</p><p>Figura 42. Unidade motora</p><p>Dendritos</p><p>Recebem</p><p>sinais nervosos</p><p>Axônio Enviam sinais</p><p>nervosos</p><p>Mielina</p><p>Fibra muscular</p><p>Junção</p><p>neuromuscular</p><p>CONCLUSÃO</p><p>O estudo da estrutura do corpo é conhecido como anatomia. Seus elementos mos-</p><p>trados isolados, em conjunto ou regionais, usando técnicas como cortes científicos e</p><p>apropriados denominados planos de secção proporcionam clareza e compreensão. O</p><p>desenho anatômico de um edifício ou uma grande fábrica a partir dos tijolos, paredes,</p><p>salas, apartamentos ou a localização do maquinário e dos móveis e canais que condu-</p><p>zem água e eletricidade é a fotografia estática. No caso da estrutura do corpo humano,</p><p>é a anatomia. O sistema esquelético é o arcabouço sólido móvel que sustenta o</p><p>corpo. Os ossos funcionam como proteção dos órgãos, reserva de íons, produção de</p><p>células sanguíneas e alavancas ou pontos de ancoragem para permitir o movimento.</p><p>12</p><p>3r</p><p>f</p><p>61</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>O sistema muscular contém os elementos ativos que, com o sistema esquelético e o</p><p>articular, confere a força propulsora para o movimento. Com cerca de 600 músculos</p><p>estriados esqueléticos, ou seja, praticamente três músculos para cada osso do corpo, o</p><p>sistema muscular representa em torno de 45% do peso de uma pessoa.</p><p>PALAVRAS CRUZADAS</p><p>Exercite seus conhecimentos realizando uma atividade sobre o que foi discutido nesta Unidade.</p><p>Figura 43. Palavras Cruzadas</p><p>HORIZONTAL (ACROSS) VERTICAL (DOWN)</p><p>5 – foi o primeiro a utilizar o termo anatomia 1 – parte ativa de um músculo</p><p>6 – segmento de localização do fêmur 2 – revestimento ósseo</p><p>8 – extremidade de um osso longo 3 – termo de posição distante do tronco</p><p>9 – osso lateral da perna 4 – osso medial do antebraço</p><p>10 – classificação topográfica do esqueleto 7 – túnel de contenção para tendões</p><p>14 – localizado entre medial e lateral 11 – resultado de um plano de secção coronal</p><p>15 – ossificação de uma articulação 12 – nome do corpo do osso longo</p><p>16 – classificação do músculo reto do abdome 13 – um axônio inervando fibras musculares</p><p>18 – tipo de crescimento ósseo 17 – segmento de localização do úmero</p><p>20 – plano de seção que resulta em antímeros 18 – é um osso do esqueleto axial</p><p>19 – tipo de cartilagem de uma sincondrose</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>ht</p><p>tp</p><p>s:</p><p>//c</p><p>ro</p><p>ss</p><p>w</p><p>or</p><p>dl</p><p>ab</p><p>s.</p><p>co</p><p>m</p><p>/.</p><p>A</p><p>ce</p><p>ss</p><p>o</p><p>em</p><p>: 1</p><p>0</p><p>de</p><p>z.</p><p>2</p><p>02</p><p>0.</p><p>Planos e Eixos, Aparelho Locomotor (palavras sem acento)</p><p>https://crosswordlabs.com/</p><p>62</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>ALVES, N.; CÂNDIDO, P. L. Anatomia para o curso de odontologia geral e específica. 4. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Editora Guanabara Koogan, 2016.</p><p>DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.</p><p>DI DIO, L. J. A. Tratado de Anatomia Aplicada. 1. ed. São Paulo: Editora Póllus Editorial, 1998. v. 1.</p><p>GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Janei-</p><p>ro: Guanabara Koogan, 1988.</p><p>MARTINEZ, M. Osteocondrite. In: Pé sem dor, 28 out. 2020. Disponível em: https://www.pessemdor.com.br/</p><p>osteocondrite. Acesso em: 9 dez. 2020.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guana-</p><p>bara Koogan, 2019.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2007.</p><p>NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.</p><p>VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.</p><p>SCHUNKE, M.; SCHULTE, E.; SCHUMACHER, U. Prometheus: atlas de anatomia. 4. ed. Rio de janeiro:</p><p>Guanabara Koogan, 2019. v. 1 e v. 3.</p><p>OXLEY, A.; BARROS, H.; FAZAN, V. Técnicas Anatômicas. 1ª ed. São Paulo/SP: Sociedade Brasileira de</p><p>Anatomia, 2021.</p><p>63</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>64</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>UNIDADE 2</p><p>SISTEMAS CIRCULATÓRIO,</p><p>RESPIRATÓRIO, DIGESTÓRIO E</p><p>URINÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Esta unidade é dividida em quatro tópicos e em cada um deles veremos um sistema</p><p>diferente. No primeiro tópico abordaremos o sistema circulatório. Apresentaremos a di-</p><p>visão clássica em coração, vasos sanguíneos e sistema linfático. A circulação fetal tam-</p><p>bém será tratada. Descreveremos os aspectos anatômicos bem como a inter-relação</p><p>deste importante sistema, demais tecidos e órgãos.</p><p>O segundo tópico destina-se ao estudo do sistema respiratório. Nesta parte abordare-</p><p>mos a anatomia das vias respiratórias superior e inferior, bem como os músculos da</p><p>inspiração e expiração.</p><p>No tópico três estudaremos o sistema</p><p>digestório. O canal alimentar completo além das</p><p>glândulas anexas, como glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas. Estruturas</p><p>anatômicas, aspectos funcionais e a relação deste sistema com outros estarão em foco.</p><p>Por fim, no quarto tópico estudaremos o sistema urinário. Desde a produção da urina</p><p>até sua eliminação associada aos órgãos respectivos para cada função.</p><p>1. SISTEMA CIRCULATÓRIO</p><p>Um organismo unicelular pode suprir sua própria manutenção e continuidade</p><p>executando uma larga variedade de funções necessárias à vida. Ao contrário, o</p><p>complexo corpo humano está constituído de trilhões de células especializadas que</p><p>demonstram uma divisão de trabalho. Células de um organismo multicelular depen-</p><p>dem uma da outra para os mesmos fundamentos de sua existência. A maioria das</p><p>células do corpo está firmemente implantada em tecidos e são incapazes de obter</p><p>alimento e oxigênio em seus próprios locais, ou até mesmo livrar-se dos seus pró-</p><p>prios resíduos. Portanto, torna-se necessário um sistema altamente especializado</p><p>e eficiente de transporte de materiais no interior do corpo. O sangue contido no in-</p><p>terior dos vasos atua nesta função de transporte. Um número em torno de 100.000</p><p>km de vasos ao longo do corpo de um adulto assegura que continuamente chegue</p><p>o alimento a cada uma dos trilhões de células vivas. Contudo, o sangue também</p><p>pode transportar doenças causadas por vírus, bactérias e as suas toxinas. Como</p><p>proteção, o sistema circulatório tem mecanismos de defesa – os glóbulos brancos e</p><p>o sistema linfático. Com o propósito de executar suas várias funções, o sistema cir-</p><p>culatório trabalha conjuntamente com os sistemas respiratório, urinário, digestório,</p><p>endócrino e tegumentar mantendo a homeostasia (VAN DE GRAAFF, 2003).</p><p>65</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Transporte e proteção são as duas funções primordiais do sistema circulatório. Quan-</p><p>do se fala em transporte, refere-se a todas as substâncias envolvidas no mecanismo</p><p>celular, sendo respiratória, nutritiva, excretora ou reguladora por meio dos hormônios.</p><p>Em relação à proteção, refere-se ao mecanismo de coagulação e aos glóbulos brancos</p><p>denominados de leucócitos.</p><p>1.1. COMPONENTES DO SISTEMA CIRCULATÓRIO</p><p>O sistema circulatório, também conhecido como sistema cardiovascular, consiste no</p><p>coração, nos vasos sanguíneos e no sangue e o sistema linfático, que compreende a</p><p>linfa, os vasos linfáticos, os órgãos linfáticos e o tecido linfático espalhado pelo corpo.</p><p>Coração</p><p>O coração é uma bomba hidráulica dupla com quatro câmaras. Sua ação bombea-</p><p>dora cria a pressão necessária para empurrar o sangue dos vasos para os pulmões</p><p>e para as células do corpo. Em repouso, o coração de um adulto bombeia aproxima-</p><p>damente 5 litros de sangue por minuto. Leva-se apenas aproximadamente um mi-</p><p>nuto para que o sangue circule da extremidade mais distante e retorne ao coração.</p><p>O coração é um órgão torácico situado entre os pulmões em espaço denominado</p><p>mediastino médio. Apoia-se, parcialmente, no músculo de nome diafragma. Dispõe-</p><p>-se de forma oblíqua com sua parte mais larga denominada base, orienta-se para</p><p>a direita e a sua extremidade pontiaguda volta-se para a esquerda, sendo denomi-</p><p>nada de ápice do coração. Uma pequena parte do coração situa-se à direita e sua</p><p>maior parte encontra-se à esquerda.</p><p>Denominamos pericárdio o conjunto de lâminas que envolve o coração. O pericárdio</p><p>fibroso, bastante espesso, é a lâmina mais externa. O pericárdio seroso, internamen-</p><p>te ao pericárdio fibroso, é composto por duas lâminas, entre as quais existe um discreto</p><p>espaço: a cavidade do pericárdio, que contém o líquido pericárdico e facilita os movi-</p><p>mentos do coração, permitindo o seu deslizamento. As lâminas do pericárdio seroso</p><p>são: a lâmina visceral ou epicárdio, observado com aspecto brilhante da superfície do</p><p>coração, e a lâmina parietal, aderente ao pericárdio fibroso.</p><p>Cor - Cardio = Coração</p><p>GLOSSÁRIO</p><p>66</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 01. Pericárdio fibroso e seroso (A e B)</p><p>Morfologia externa do coração</p><p>As faces observadas externamente no coração são denominadas de face esternocostal,</p><p>que se relaciona com o osso esterno e as costelas, face diafragmática, que se relaciona</p><p>inferiormente com o músculo diafragma e as faces pulmonares, que se relacionam com</p><p>os pulmões.</p><p>A</p><p>- N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>05</p><p>).</p><p>B</p><p>-</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>09</p><p>).</p><p>Pericardite é processo inflamatório que acomete as lâminas pericárdicas ou o líquido peri-</p><p>cárdico.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>67</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 02. Faces do coração</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>06</p><p>).</p><p>ESTERNOCOSTAL PULMONAR</p><p>DIAGRAGMÁTICA</p><p>Uma discreta depressão denominada de sulco coronário, também conhecida como</p><p>sulco atrioventricular, determina a existência da região cardíaca superior de nome base</p><p>do coração, onde estão localizados os átrios direito e esquerdo. O sulco interventricular</p><p>anterior e o sulco interventricular posterior indicam os limites entre os ventrículos direito</p><p>e esquerdo. As aurículas direita e esquerda respectivamente, são projeções cavitárias</p><p>pertencentes aos átrios.</p><p>Figura 03. Aurículas do coração</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>06</p><p>).</p><p>Aurícula</p><p>Direita</p><p>Aurícula</p><p>Esquerda</p><p>Morfologia interna do coração</p><p>Internamente, o coração humano é dividido em quatro câmaras ou cavidades denominadas</p><p>de átrios e ventrículos. O átrio direito e o átrio esquerdo são delimitados pelo septo intera-</p><p>trial. Os ventrículos direito e ventrículo esquerdo são delimitados pelo septo interventricular.</p><p>68</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 04. Cavidades do coração</p><p>As valvas atrioventriculares encontram-se entre os átrios e ventrículos, sendo, portanto duas,</p><p>uma direita e uma esquerda. As valvas com válvulas semilunares estão localizadas nas bases</p><p>dos dois grandes vasos que saem do coração: a artéria aorta e o tronco pulmonar.</p><p>Sobre o aparelho valvar: os músculos papilares, que são projeções do músculo cardía-</p><p>co, nos quais inserem-se inúmeros filamentos finos e resistentes, as cordas tendíneas.</p><p>Na outra extremidade das cordas tendíneas estão as lâminas denominadas válvulas (as</p><p>valvas são formadas por unidades denominadas válvulas). A valva atrioventricular direi-</p><p>ta, que se constitui por três válvulas, recebe também a denominação de valva tricúspi-</p><p>de. A valva atrioventricular esquerda é dotada de duas válvulas, valva bicúspide. Esta,</p><p>por sua semelhança ao chapéu de bispo, que também é conhecida como valva mitral.</p><p>Figura 05. Valvas cardíacas (A e B)</p><p>adaptada de https://pt.wikipedia.org/wiki/Cora%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 16 out. 2020.</p><p>ÁTRIO</p><p>ESQUERDO</p><p>SEPTO</p><p>INTERATRIAL</p><p>ÁTRIO</p><p>DIREITO</p><p>VENTRÍCULO</p><p>DIREITO</p><p>SEPTO INTERVENTRICULAR</p><p>VENTRÍCULO</p><p>ESQUERDO</p><p>Valvas Semilunares</p><p>Valvas Atrioventriculares</p><p>A</p><p>- N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>16</p><p>).</p><p>69</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>As valvas atrioventriculares, as cordas tendíneas e os músculos papilares formam um</p><p>conjunto funcional de abertura e fechamento: ao abrir-se, a valva permite o fluxo de</p><p>sangue de átrio para ventrículo; ao fechar-se, impede o retorno do sangue do ventrículo</p><p>para o átrio, fazendo com que o sangue se dirija para arteria aorta e tronco pulmonar.</p><p>A parede do coração apresenta a seguinte constituição:</p><p>B</p><p>-</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>15</p><p>).</p><p>Músculo papilar</p><p>Valva</p><p>Cordas Tendíneas</p><p>Epicárdio: citado anteriormente como sendo também a lâmina visceral do pericárdio seroso.</p><p>Miocárdio: é a camada muscular. Observe que a parede ventricular esquerda é mais espes-</p><p>sa que a direita. Isso ocorre devido ao fato de as contrações ventriculares esquerdas serem</p><p>mais vigorosas, a fim de que o sangue arterial seja conduzido a distâncias maiores a partir</p><p>do coração.</p><p>Endocárdio: é o revestimento interno do coração, bastante delicado e que pode ser obser-</p><p>vado na peça como uma camada brilhante.</p><p>Endocardite é a inflamação da membrana de revestimento interno do coração (endocárdio).</p><p>CURIOSIDADE</p><p>70</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 06. Camadas da parede cardíaca</p><p>Endocárdio</p><p>Miocárdio</p><p>Epicárdio</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>15</p><p>).</p><p>A irrigação do coração se faz por vasos que se originam na parte ascendente da artéria</p><p>aorta, da artéria coronária direita e da artéria coronária esquerda. Esses vasos se rami-</p><p>ficam bastante formando inúmeras anastomoses.</p><p>A drenagem do coração se efetua principalmente por veias cardíacas que desembocam</p><p>no seio coronário que drena para o átrio direito. Uma pequena parte da drenagem se faz</p><p>pelas veias cardíacas mínimas que se abrem nos átrios e ventrículos.</p><p>Figura 07. Vascularização cardíaca (A e B)</p><p>A</p><p>- N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>11</p><p>).</p><p>Artéria Coronária Esquerda</p><p>Artéria Coronária</p><p>Direita</p><p>B</p><p>-</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>11</p><p>).Seio Coronário</p><p>A eventual obstrução dos ramos das artérias coronárias prejudicará o fornecimento de san-</p><p>gue a territórios cardíacos e, consequentemente, o fornecimento de oxigênio às células mio-</p><p>cárdicas, havendo assim deficiên-cia na atividade cardíaca. Essa situação caracteriza o IN-</p><p>FARTO DE MIOCÁRDIO.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>71</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O miocárdio tem ritmicidade própria, intrínseca, que permite originar os batimentos</p><p>cardíacos e conduzi-los através do coração. Denominado de complexo estimulante do</p><p>coração, esse sistema condutor confere ao músculo cardíaco automatismo (o impulso</p><p>cardíaco surge de dentro do próprio tecido cardíaco). É constituído pelas seguintes</p><p>estruturas: nó sinoatrial, fibras de condução atrial, nó atrioventricular, fascículo atrioven-</p><p>tricular, ramos direito e esquerdo, ramos subendocárdicos.</p><p>A parte do ciclo cardíaco em que o coração está em situação de contração denomina-</p><p>-se sístole, e o período em que o coração relaxa e as cavidades enchem-se de sangue</p><p>denomina-se diástole.</p><p>Figura 08. Complexo estimulante do coração</p><p>O fluxo coronário é maior durante a diástole. Quando o coração bate em uma frequência</p><p>muito rápida, o miocárdio gasta a maior parte do tempo em sístole. Como o fluxo coronário é</p><p>mínimo durante a sístole, o miocárdio recebe pouco oxigênio, causando dor torácica e pos-</p><p>sivelmente lesão miocárdica.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>19</p><p>).</p><p>Complexo estimulante do coração</p><p>Embora o coração tenha um padrão de contração inato, também é inervado pela parte</p><p>autônoma do sistema nervoso a fim de responder às alterações fisiológicas necessárias</p><p>do corpo. Os nós sinoatrial e atrioventricular possuem ambas a inervações simpáticas e</p><p>parassimpáticas (VAN DE GRAAFF, 2003).</p><p>Pequena e grande circulação</p><p>A pequena circulação</p><p>Se inicia no ventrículo direito. Após a sístole ventricular, o sangue venoso é ejetado para o</p><p>tronco pulmonar que se ramifica em artérias pulmonares direita e esquerda seguindo aos</p><p>respectivos pulmões. Ao sofrer a hematose, o sangue arterial retorna ao coração por meio</p><p>IMPORTANTE</p><p>72</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 09. Vasos da base do coração: A (artéria aorta; TP (tronco pulmonar); VCS (veia cava superior);</p><p>VCI (veia cava inferior) e VP (veias pulmonares).</p><p>das veias pulmonares, chegando ao átrio esquerdo, cavidade esta onde termina a pequena</p><p>circulação ou circulação pulmonar.</p><p>A grande circulação</p><p>Vasos sanguíneos</p><p>se inicia no ventrículo esquerdo. Após a sístole ventricular, o sangue arterial é ejetado para a</p><p>artéria aorta que se distribui para todo o organismo por suas ramificações. O sangue venoso</p><p>drenado do organismo retorna ao coração, penetrando por meio das veias cavas superior e</p><p>inferior no átrio direito, cavidade esta onde termina a grande circulação ou circulação sistêmi-</p><p>ca, como também pode ser denominada.</p><p>Nota-se que, antes do início da pequena e da grande circulação, o sangue flui, no período da</p><p>diástole ventricular, dos átrios para os ventrículos através das valvas atrioventriculares direita</p><p>e esquerda.</p><p>Segundo Van de Graaff (2003), vasos sanguíneos formam uma rede tubular que permite ao</p><p>sangue fluir do coração para todas as células vivas do corpo e em seguida retornar ao cora-</p><p>ção. Artérias levam o sangue que se afasta do coração, enquanto as veias retomam o sangue</p><p>ao coração. Artérias e veias são contínuas entre si por meio de pequenos vasos sanguíneos.</p><p>Artérias se ramificam extensamente para formar uma rede de vasos progressivamente me-</p><p>nores. Estes que são microscópicos são chamados de arteríolas. Reciprocamente, veias de</p><p>tamanho microscópico chamadas vênulas passam o sangue para vasos progressivamente</p><p>maiores que se lançam nas grandes veias. O sangue passa do sistema arterial ao sistema</p><p>venoso através de capilares, que são os vasos sanguíneos mais finos e mais numerosos.</p><p>Todas as trocas de líquidos, nutrientes e resíduos entre o sangue e as células dos tecidos</p><p>ocorrem por meio das paredes de capilares. Assim, eles são considerados as unidades fun-</p><p>cionais básicas do sistema circulatório.</p><p>A</p><p>TP</p><p>VCS</p><p>VP</p><p>VCI</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>08</p><p>).</p><p>73</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Líquidos derivados do plasma atravessam as paredes dos capilares em direção aos</p><p>tecidos circunvizinhos onde são chamados de líquidos intersticiais ou líquidos teciduais.</p><p>Alguns desses líquidos retornam diretamente aos capilares e outros entram nos vasos</p><p>linfáticos localizados nos tecidos conjuntivos em torno dos vasos sanguíneos. O líquido</p><p>dos vasos linfáticos é chamado Linfa. Este líquido retorna ao sangue venoso em de-</p><p>terminados locais. Linfonodos, posicionados no caminho, limpam a linfa antes de seu</p><p>retorno ao sangue venoso.</p><p>As veias são tubos nos quais o sangue circula centripetamente em relação ao coração,</p><p>ou seja, são vasos aferentes pelos quais o sangue segue em direção ao coração, têm</p><p>uma coloração azul-escura no indivíduo vivo, não pulsam e por isso a hemorragia não</p><p>ocorre por esguicho. As veias que acompanham as artérias são denominadas de saté-</p><p>lites, sendo geralmente profundas. Numerosas veias comunicam veias superficiais com</p><p>profundas e são denominadas veias comunicantes. As veias são formadas recebendo</p><p>numerosas outras denominadas tributárias, e seu calibre aumenta à medida que se</p><p>aproximam do coração. Assim como as artérias, existem veias de grande, médio e pe-</p><p>queno calibre e vênulas, estas últimas seguem aos capilares.</p><p>O sistema porta é aquele em que uma veia se interpõe entre duas redes de capilares</p><p>antes de voltar à circulação sistêmica.</p><p>Anastomoses são comunicações existentes entre as artérias ou as veias. As anasto-</p><p>moses venosas são mais frequentes que as arteriais. Em certos locais as artérias se</p><p>comunicam entre si, como na palma da mão.</p><p>Estruturalmente, as artérias consistem de três camadas: a túnica íntima (revestimento</p><p>endotelial), a túnica média (músculo liso elástico) e a túnica externa ou adventícia (fi-</p><p>bras colágenas e elásticas).</p><p>A punção de uma artéria pode ser bastante dolorosa e, quando não manipulada com</p><p>cuidado, uma artéria pode entrar em espasmo. A parede das arteríolas contém as três</p><p>túnicas, enquanto os capilares apresentam somente uma camada, que é constituída</p><p>por endotélio. Nas vênulas, o endotélio é sustentado por tecido colágeno e as veias,</p><p>embora apresentem as três túnicas, variam consideravelmente em sua estrutura, apre-</p><p>sentando menos músculo liso e tecido elástico do que as artérias. As paredes das veias</p><p>são mais finas e seu calibre é maior do que o das artérias correspondentes. A pressão</p><p>sanguínea é a força exercida pelo sangue contra as paredes do vaso sanguíneo, sendo</p><p>igual ao débito cardíaco (frequência cardíaca x volume sistólico) x resistência vascular.</p><p>Pressão sistólica é a das artérias no fim da contração (sístole) do ventrículo esquerdo.</p><p>Pressão diastólica é a das artérias no fim da fase de repouso (diástole) do ventrículo</p><p>esquerdo. Pressão normal de um adulto: 120mmHg (sistólica) X 80mmHg (diastólica).</p><p>74</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 10. Principais artérias e veias do corpo humano</p><p>A = artéria</p><p>V. = veia</p><p>Seios venosos</p><p>A. basilar</p><p>(A.) carótida interna</p><p>(A.) carótida externa</p><p>(V.) jugular externa</p><p>(V.) jugular interna</p><p>A. vertebrais</p><p>(A.) carótidas comuns</p><p>(A.) aorta</p><p>A. y v. pulmonares</p><p>Coração</p><p>A. e v. coronárias</p><p>(A.) aorta descendente</p><p>Tronco celíaco</p><p>A. e v. esplênicas</p><p>A. e v. mesentéricas superiores</p><p>A. e v. renales</p><p>A. e v. gonadais</p><p>A. e v. ilíacas comuns</p><p>A. e v. ilíacas internas</p><p>A. e v. ilíacas externas</p><p>A. e v. femorais comuns</p><p>A. e v. femorais superficiais</p><p>A. e v. femorais profundas</p><p>A. e v. poptlíteas</p><p>(V.) safena magna</p><p>(V.) safena parva</p><p>A. tibial anterior</p><p>V. tibiais anteriores</p><p>A. tibial posterior</p><p>V. tibiais posteriores</p><p>A. fibular</p><p>V. fibulares</p><p>Arco venoso</p><p>dorsal do pé</p><p>V. digitais dorsais</p><p>A. arqueada do pé</p><p>A. digitais dorsais</p><p>A. Digitais palmares</p><p>V. digitais palmares</p><p>A. radial</p><p>A. ulnar</p><p>v. cubital mediana</p><p>V. basílica</p><p>A. e v. braquiales</p><p>V. porta (hepática)</p><p>V. hepáticas</p><p>(V.) cava inferior</p><p>(V.) cava superior</p><p>V. cefálica</p><p>A. e v. axilares</p><p>A. e v. subclávias</p><p>ht</p><p>tp</p><p>s:</p><p>//p</p><p>t.w</p><p>ik</p><p>ip</p><p>ed</p><p>ia</p><p>.o</p><p>rg</p><p>/w</p><p>ik</p><p>i/V</p><p>as</p><p>o_</p><p>sa</p><p>ng</p><p>u%</p><p>C</p><p>3%</p><p>A</p><p>D</p><p>ne</p><p>o#</p><p>/m</p><p>ed</p><p>ia</p><p>/F</p><p>ic</p><p>he</p><p>iro</p><p>:C</p><p>irc</p><p>ul</p><p>at</p><p>or</p><p>y_</p><p>S</p><p>ys</p><p>te</p><p>m</p><p>_p</p><p>t.s</p><p>vg</p><p>. A</p><p>ce</p><p>ss</p><p>o</p><p>em</p><p>: 1</p><p>7</p><p>ou</p><p>t.</p><p>20</p><p>20</p><p>.</p><p>Circulação fetal</p><p>A circulação do sangue em um feto é, por necessidade, diferente da circulação pós-</p><p>-natal, uma vez que se leva em consideração que não existe o pulmão funcionante. A</p><p>respiração, a obtenção de nutrientes e a eliminação de resíduos metabólicos ocorrem</p><p>pelo sangue materno e não pelos órgãos do feto. A placenta é o órgão intermediário</p><p>onde ocorre a difusão de nutrientes e O2 para o feto e difusão dos produtos de excreção</p><p>do feto para a mãe.</p><p>75</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O sangue materno ingressa na placenta através de ramos das artérias uterinas. O in-</p><p>verso também ocorre pelas veias uterinas. Da placenta para o feto (e do feto para a</p><p>placenta) o cordão umbilical realiza o transporte dos vasos.</p><p>Figura 11. Circulação fetal: placenta e cordão umbilical</p><p>FETO</p><p>FETO</p><p>MÃE</p><p>MÃE</p><p>Dióxido de Carbono, Ureia, Hormônios</p><p>Nutrientes, O2, Anticorpos, Vitaminas, H2O</p><p>O cordão umbilical é a conexão entre a placenta e o umbigo fetal. Inclui uma veia umbili-</p><p>cal que conduz o sangue oxigenado e rico em nutrientes da placenta para o feto e duas</p><p>artérias umbilicais que conduzem o sangue pobre em oxigênio do feto para a placenta.</p><p>A veia umbilical é o único vaso com sangue totalmente oxigenado. No sentido do fíga-</p><p>do esse vaso bifurca-se, sendo um ramo fundindo com a veia porta do fígado e outro,</p><p>denominado “ducto venoso”, anastomosa-se com a veia cava inferior. Posteriormente,</p><p>o sangue que penetra no fígado também chegará à veia cava inferior. Deste vaso o</p><p>sangue flui para o átrio direito do coração do feto. A maior parte passa ao átrio esquerdo</p><p>pelo “forame oval” (orifício presente no septo interatrial do coração fetal). Do átrio es-</p><p>querdo o sangue flui para o ventrículo esquerdo e é ejetado pela artéria aorta.</p><p>O sangue que flui pela veia cava superior ao átrio direito passa para o ventrículo direito</p><p>e é ejetado pelo tronco pulmonar em direção aos pulmões. Porém, somente uma pe-</p><p>quena parte segue aos pulmões, uma vez que estes órgãos não são funcionantes. A</p><p>maior parte do sangue é desviado pelo “ducto arterial” do tronco pulmonar (ou artéria</p><p>pulmonar esquerda) para o arco da aorta. O sangue retorna à placenta pelas artérias</p><p>umbilicais que se originam nas artérias ilíacas internas.</p><p>Com o nascimento do feto, mudanças importantes ocorrem no sistema cardiovascular.</p><p>O forame oval fecha por meio da sua própria válvula e solda neste local, permanecendo</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>C</p><p>or</p><p>ne</p><p>ll</p><p>(2</p><p>01</p><p>6,</p><p>[n</p><p>. p</p><p>.])</p><p>.</p><p>76</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>somente uma depressão denominada fossa oval. O ducto arterial sofre constrição gra-</p><p>dual, atrofia-se e deixa de funcionar como um vaso sanguíneo. As artérias umbilicais, a</p><p>veia umbilical e o ducto venoso transformam-se em ligamentos.</p><p>Figura 12. Sistema linfático: estruturas fetais</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>23</p><p>).</p><p>Aorta</p><p>Ducto arterial</p><p>Artéria pulmonar esquerda</p><p>Veia pulmonar esquerda</p><p>Veia cava inferior</p><p>Aorta</p><p>Tronco celíaco</p><p>Artéria mesentérica superior</p><p>Rim</p><p>Intestino</p><p>Artérias umbilicais</p><p>Veia umbilical</p><p>Veia porta do fígado</p><p>Fígado</p><p>Ducto venoso</p><p>Veia hepática</p><p>Forame oval</p><p>Veia pulmonar direita</p><p>Artéria pulmonar direita</p><p>Veia cava superior</p><p>Tronco pulmonar</p><p>Sistema linfático</p><p>O sistema linfático é uma rede de vasos que retira o excesso de líquido tecidual (linfa)</p><p>do compartimento de líquido intersticial (intercelular) do corpo, filtra-o por meio dos lin-</p><p>fonodos e devolve-o para corrente sanguínea.</p><p>Em suma, o sistema linfático atua na manutenção da saúde de nosso organismo através da</p><p>remoção de agentes (bactérias, fungos, células mortas...), promovendo a defesa do corpo</p><p>contra infecções, na devolução do fluido dos espaços tissulares para o sangue e na absorção</p><p>de gordura e vitaminas lipossolúveis do trato digestório. É necessária a existência de um siste-</p><p>ma de capilares que absorva as moléculas que passaram através das paredes dos capilares</p><p>sanguíneos para o líquido tecidual mas não retornaram (10% do total – 3 litros diários). Os</p><p>vasos linfáticos preenchem este requisito e o líquido transportado por eles é chamado de linfa.</p><p>Componentes do sistema linfático</p><p>Plexos linfáticos:</p><p>São redes de capilares linfáticos que se originam nos espaços extracelulares da maioria</p><p>dos tecidos.</p><p>77</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Órgãos linfáticos</p><p>Vasos linfáticos:</p><p>Vasos presentes em quase todo o corpo, apresentando paredes finas e válvulas abundantes.</p><p>Não existem nos dentes, nos ossos, na medula óssea e em toda a parte central do sistema</p><p>nervoso (já existe o líquido cerebrospinal).</p><p>Linfa (água transparente):</p><p>É o líquido tecidual que entra nos capilares linfáticos e é conduzido por vasos linfáticos. Tem</p><p>composição semelhante ao plasma sanguíneo.</p><p>Linfonodos:</p><p>Pequenas massas de tecido linfático situadas ao longo do trajeto dos vasos linfáticos nas</p><p>quais a linfa é filtrada em seu trajeto até o sistema venoso.</p><p>Linfócitos:</p><p>Células circulantes do sistema imune que reagem contra materiais estranhos.</p><p>Tecido linfóide:</p><p>Local em que se produzem linfócitos (tonsilas, baço, timo, linfonodos e medula óssea vermelha).</p><p>Tonsilas:</p><p>São linfonodos parcialmente encapsulados e possuem vasos apenas eferentes. Produzem</p><p>linfócitos.</p><p>Timo:</p><p>Órgão linfático mais desenvolvido no período pré-natal, involui desde o nascimento até a</p><p>puberdade. Atua na produção e maturação dos linfócitos.</p><p>Linfonodos:</p><p>Órgãos linfáticos mais numerosos do organismo, cuja função é a de filtrar a linfa e eliminar</p><p>corpos estranhos que ela possa conter, como vírus e bactérias. Nele há linfócitos, macrófa-</p><p>gos e plasmócitos. A proliferação dessas células provocada pela presença de bactérias ou</p><p>substâncias/organismos estranhos determina o aumento do tamanho dos nódulos, que se</p><p>tornam dolorosos, formando a íngua.</p><p>Baço:</p><p>É um órgão que funciona como reservatório para elementos figurados do sangue e desem-</p><p>penha o papel de desintegrador de hemácias. O baço também é o local de proliferação de</p><p>linfócitos B.</p><p>78</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 13. Sistema linfático</p><p>Medula óssea:</p><p>Local de origem de glóbulos brancos (entre eles os linfócitos).</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 5</p><p>84</p><p>).</p><p>Veia subclávia</p><p>esquerda Timo</p><p>Ducto</p><p>torácico</p><p>Baço</p><p>Linfonodos</p><p>mesentéricos</p><p>Linfonodo</p><p>Linfonodos</p><p>inguinais</p><p>Cisterna do quilo</p><p>Linfáticos da</p><p>glândula mamária</p><p>Medula óssea</p><p>Linfonodos</p><p>auxiliares</p><p>Veia subclávia</p><p>direita</p><p>Ducto linfático direito</p><p>Linfonodos cervicais</p><p>Tonsila palatina</p><p>Tonsila faríngea</p><p>Transporte</p><p>Os vasos linfáticos superficiais se anastomosam e drenam para os vasos linfáticos pro-</p><p>fundos e estes também recebem a drenagem</p><p>de órgãos internos. O transporte se dá</p><p>pela contração de M.E.E (músculos estriados esqueléticos), por movimentos da respi-</p><p>ração, pelo músculo liso dos vasos linfáticos e pelas válvulas linfáticas.</p><p>Estes vasos atravessam os linfonodos, os quais filtram a linfa e encaminham para o</p><p>sistema venoso.</p><p>A linfa do lado do membro superior direito e do lado direito da cabeça, pescoço e tórax,</p><p>é drenada para o ducto linfático direito. A linfa da metade inferior do corpo forma a</p><p>cisterna do quilo e do lado esquerdo da cabeça, pescoço, tronco e membro superior é</p><p>drenado para o ducto torácico.</p><p>Linfadenite: inflamação secundária dos linfonodos em decorrência de um transporte químico</p><p>ou bacteriano após um traumatismo grave ou infecção (popularmente – íngua).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>79</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Ambos os ductos desembocam nas junções das veias subclávias com as jugulares</p><p>internas.</p><p>Figura 14. Ductos linfáticos</p><p>D</p><p>ia</p><p>na</p><p>([</p><p>s.</p><p>d</p><p>.],</p><p>[n</p><p>. p</p><p>.])</p><p>.</p><p>Linfonodos cervicais</p><p>Tronco jugular direito</p><p>Ducto Torácico</p><p>Veia subclávia direita</p><p>Linfonodos axilares</p><p>Tronco lombar direito</p><p>Tronco intestinal</p><p>Tronco jugular esquerdo</p><p>Tronco subclávio esquerdo</p><p>Veia subclávia esquerda</p><p>Ducto Torácico</p><p>Cisterna do quilo</p><p>Tronco lombar esquerdo</p><p>Linfonodos inguinais</p><p>2. SISTEMA RESPIRATÓRIO</p><p>Em qualquer forma que se apresente, a respiração é uma das características básicas</p><p>dos seres vivos. Essencialmente, consiste na absorção pelo organismo de oxigênio e</p><p>a eliminação do gás carbônico resultante de oxidações celulares (DANGELO; FATTINI,</p><p>2007). Outras funções também estão relacionadas com o sistema respiratório, como a</p><p>laringe, que é também o órgão responsável pela fonação, a faringe que está relacio-</p><p>nada com o sistema digestório, parte dela servindo de tubo condutor de alimentos e o</p><p>nariz, que apresenta partes que cumprem função olfatória.</p><p>O sistema respiratório compreende o conjunto de órgãos, tubulares e alveolares situa-</p><p>dos na cabeça, pescoço e tórax.</p><p>2.1. NARIZ</p><p>O nariz inclui o nariz externo e a cavidade nasal. O nariz constitui uma via aérea nor-</p><p>mal para a respiração, promove o condicionamento do ar inspirado (filtra, aquece e</p><p>umedece) para que este seja melhor aproveitado no processo de hematose que ocorre</p><p>nos alvéolos pulmonares, recebe as lágrimas e as secreções dos seios paranasais. É o</p><p>órgão periférico do sentido do olfato.</p><p>Linfedema: é o acúmulo de líquido intersticial quando a linfa não drena determinada área</p><p>do corpo.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>80</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 15. Nariz externo</p><p>Nariz externo</p><p>Cavidade nasal</p><p>Localização: é visível no plano mediano da face.</p><p>Formato/partes: apresenta-se como uma pirâmide triangular em que a extremidade su-</p><p>perior, correspondendo ao vértice da pirâmide, é denominada raiz do nariz, e a inferior</p><p>é a base. Nesta, encontram-se duas aberturas de formato variável, as narinas, que são</p><p>separadas entre si pelo septo nasal e limitadas lateralmente pelas asas do nariz. O ponto</p><p>mais projetado anteriormente à base do nariz recebe o nome de ápice do nariz e entre ele</p><p>e a raiz do nariz estende-se o dorso do nariz, cujo perfil é variável podendo se apresentar</p><p>retilíneo, côncavo ou convexo.</p><p>Constituição/esqueleto: o esqueleto do nariz é osteocartilagíneo, constituindo-se por uma</p><p>parte óssea, formada pelos ossos frontal, nasais e maxilares, e por uma parte cartilagínea,</p><p>formada pelas cartilagens do nariz (cartilagens alares), nasais acessórias e do septo nasal.</p><p>O termo cavidade nasal pode referir-se tanto à cavidade como um todo como a cada uma</p><p>de suas metades, dependendo do contexto. A cavidade nasal comunica-se com o meio</p><p>externo através da narina, situada anteriormente e com a parte nasal da faringe posterior-</p><p>mente através do cóano.</p><p>Limites: superior - o teto da cavidade nasal, formado pelos ossos nasal, frontal, etmóide</p><p>e esfenoide, é constituído basicamente pela lâmina cribriforme do osso etmóide, por onde</p><p>transitam filetes do nervo olfatório, primeiro par de nervos cranianos, e vasos sanguíneos.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>5)</p><p>.</p><p>81</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Inferior - o assoalho da cavidade nasal é formado pelo palato duro, constituído pelos proces-</p><p>sos palatinos das maxilas e pelas lâminas horizontais dos ossos palatinos. Medial - a parede</p><p>medial da cavidade nasal é formada pelo septo nasal que se constitui por uma parte cartilagí-</p><p>nea anterior e uma parte óssea posterior. Esta é formada pela lâmina perpendicular do osso</p><p>etmoide, superiormente, e pelo osso vômer, inferiormente. O septo nasal é intensamente vas-</p><p>cularizado e lesões desses vasos podem determinar hemorragia nasal, a qual tem o nome</p><p>clínico de epistaxe. Lateral - na parede lateral da cavidade nasal encontram-se projeções de</p><p>arcabouço ósseo denominadas concha nasal superior, concha nasal média e concha nasal</p><p>inferior. Elas determinam o turbilhonamento do ar inspirado, promovendo um maior contato</p><p>dessa massa gasosa com o septo nasal e a parede lateral da cavidade nasal, colaborando</p><p>consequentemente para o condicionamento do ar inspirado. A concha nasal inferior, formada</p><p>por um osso de mesmo nome, e as conchas nasais média e superior, formadas pelo osso</p><p>etmoide, são revestidas por um tecido esponjoso, cujos espaços vasculares são preenchidos</p><p>por sangue que fornece calor ao ar inspirado, aquecendo-o. As conchas nasais (superior, mé-</p><p>dia e inferior) curvam-se ínfero-medialmente, pendendo como persianas ou cortinas curtas</p><p>que delimitam um espaço sob cada uma delas. Os espaços subjacentes às conchas nasais</p><p>recebem a denominação de meatos nasais superior, médio e inferior. No meato nasal inferior,</p><p>encontra-se a abertura do ducto lacrimonasal por onde são drenadas, na cavidade nasal, as</p><p>lágrimas produzidas pelas glândulas lacrimais. Ao chegarem à cavidade nasal, as lágrimas</p><p>evaporam-se e, dessa forma, colaboram para umidificar o ar inspirado. Nos meatos nasais</p><p>superior e médio encontram-se os óstios de abertura dos seios paranasais.</p><p>Divisão: anteriormente, na parede lateral da cavidade nasal, localiza-se uma discreta prega</p><p>em forma de meia-lua denominada limiar do nariz. O espaço situado desde a narina até o</p><p>limiar do nariz constitui o segmento denominado vestíbulo do nariz. A área restante da ca-</p><p>vidade nasal, situada desde o limiar do nariz até o cóano, constitui o segmento que recebe</p><p>a denominação de cavidade nasal propriamente dita. Na pele que reveste o vestíbulo do</p><p>nariz, encontram-se glândulas sebáceas e um número variável de pelos rígidos, denomi-</p><p>nados vibrissas, que colaboram para o condicionamento do ar inspirado por meio de sua</p><p>filtração. A cavidade nasal propriamente dita é revestida pela mucosa nasal que se apresenta</p><p>firmemente aderida ao periósteo e pericôndrio dos ossos e cartilagens do nariz. O terço su-</p><p>perior da mucosa nasal, limitado à concha nasal superior e ao terço superior do septo nasal,</p><p>corresponde à mucosa olfatória que é inervada pelo nervo olfatório. Os dois terços inferiores</p><p>da mucosa nasal correspondem à mucosa respiratória que se apresenta contínua com a</p><p>mucosa da parte nasal da faringe, dos seios paranasais e do ducto lacrimonasal. O muco</p><p>produzido pela mucosa respiratória contribui com a filtração e umidificação do ar inspirado.</p><p>82</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Figura 16. Septo nasal</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>8)</p><p>.</p><p>SEPTO NASAL</p><p>CÓANO</p><p>VESTÍBULO</p><p>DO NARIZ</p><p>Figura 17. Cavidade nasal</p><p>Concha nasal superior</p><p>Concha nasal média</p><p>Concha nasal inferior</p><p>CAVIDADE NASAL</p><p>PROPRIAMENTE DITA</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>6)</p><p>.</p><p>Seios paranasais</p><p>São cavidades existentes em ossos do crânio adjacentes à cavidade nasal. São eles: seio</p><p>frontal, células etmoidais, seio esfenoidal e seio maxilar, que é o maior deles. Os seios pa-</p><p>ranasais são preenchidos pelo ar que recebem da cavidade nasal e se apresentam reves-</p><p>tidos por um mucoperiósteo que se continua com a</p><p>mucosa respiratória da cavidade nasal.</p><p>Muitas vezes, bactérias como o meningococcus penetram na cavidade do crânio através dos</p><p>forames da lâmina cribriforme do osso etmoide, causando o processo inflamatório das meninges,</p><p>denominado meningite.</p><p>83</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Faringe</p><p>Faz parte dos sistemas respiratório e digestório.</p><p>Constituição e localização: a faringe é um órgão tubular constituído por músculos estriados</p><p>esqueléticos, sendo de contração voluntária. Inicia-se imediatamente abaixo da base do crânio</p><p>e se estende inferiormente até um plano passando pela margem inferior da cartilagem cricóide</p><p>e da vértebra C6, onde se continua pelo esôfago.</p><p>Divisão: situada anteriormente à região cervical da coluna vertebral e posteriormente às</p><p>cavidades, nasal e oral e à laringe, é dividida em três partes ou segmentos:</p><p>` Parte nasal da faringe (rinofaringe ou nasofaringe).</p><p>` Parte oral da faringe (orofaringe ou bucofaringe).</p><p>` Parte laríngea da faringe (laringofaringe).</p><p>Parte nasal da faringe: segmento faríngeo que se comunica com a cavidade nasal por</p><p>meio dos cóanos. Seus limites são: superior – base do crânio, inferior – palato mole, e es-</p><p>trutura muscular que apresenta projeção mediana denominada úvula palatina.</p><p>Na parede lateral da parte nasal da faringe localiza-se o óstio faríngeo da tuba auditiva,</p><p>que indica o início da tuba auditiva, órgão tubular que comunica a parte nasal da faringe à</p><p>cavidade da orelha média, onde se localizam os ossículos da audição: martelo, bigorna e</p><p>estribo. Normalmente fechada, a tuba auditiva pode se abrir, permitindo que o ar inspirado</p><p>transite da parte nasal da faringe à cavidade timpânica, a fim de equilibrar a pressão do ar</p><p>externo e do ar contido nesta cavidade.</p><p>Após sua drenagem para a cavidade nasal, o muco é deglutido e eliminado juntamente com</p><p>as fezes. Processos inflamatórios da mucosa respiratória dos seios paranasais recebem a</p><p>denominação de sinusite.</p><p>No teto e na parede posterior da parte nasal da faringe, há uma massa de tecido linfático, a ton-</p><p>sila faríngea, cujo nome clínico é adenoide. Esta tonsila, quando aumentada, pode determinar</p><p>uma obstrução respiratória, levando a uma respiração persistente pela boca e a um crescimento</p><p>inadequado da face.</p><p>Parte oral da faringe: segmento faríngeo que se comunica com a cavidade própria da</p><p>boca por meio do istmo das fauces.</p><p>Na parede lateral da parte oral da faringe, encontra-se uma depressão triangular,</p><p>delimitada pelos arcos palatoglosso e palatofaríngeo (formados por músculos homô-</p><p>nimos), denominada fossa tonsilar, onde se localiza uma massa de tecido linfático, a</p><p>tonsila palatina, que clinicamente é conhecida como amígdala.</p><p>Parte laríngea da faringe: segmento faríngeo que se comunica com a laringe por meio</p><p>do ádito da laringe. A cartilagem epiglote fecha o ádito da laringe impedindo que o</p><p>84</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>alimento penetre nas vias aéreas. Desse modo, o alimento, após atravessar o istmo</p><p>das fauces, atinge a parte oral da faringe, descendo pela parte laríngea da faringe até</p><p>atingir o esôfago.</p><p>Figura 18. Partes da faringe</p><p>PARTE NASAL DA FARINGE</p><p>PARTE ORAL DA FARINGE</p><p>PARTE LARÍNGEA DA FARINGE</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>3)</p><p>.</p><p>Laringe</p><p>Localização e constituição: órgão tubular do sistema respiratório situado medianamente</p><p>na região de pescoço, conecta a parte inferior da faringe com a traqueia, localizando-se</p><p>anteriormente à parte laríngea da faringe. Apresenta seu esqueleto constituído por várias</p><p>cartilagens, membranas, ligamentos e músculos. Destacamos a epiglote, a cartilagem tire-</p><p>óidea e a cartilagem cricóidea (ímpares), e a cartilagem aritenóidea (par).</p><p>Epiglote: tem aspecto que lembra a folha de um vegetal, age como uma válvula que impe-</p><p>de a entrada de partículas na laringe.</p><p>Cartilagem tireóidea: tem aspecto de um escudo e apresenta uma projeção anterior e</p><p>mediana à proeminência laríngea, que recebe popularmente o nome de Pomo de Adão.</p><p>Cartilagem cricóidea: apresenta forma de um anel, com um arco anterior e uma lâmina</p><p>posterior.</p><p>Cartilagem aritenóidea: apresenta forma piramidal. Situa-se posteriormente na laringe</p><p>articulando-se inferiormente com a cartilagem cricóidea.</p><p>Ligamento cricotireóideo mediano: conecta o arco da cartilagem cricóidea com a carti-</p><p>lagem tireóidea. Em caso de asfixia por obstrução do trato respiratório superior, efetua-se,</p><p>85</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Funções:</p><p>em caráter de urgência, uma incisão no ligamento cricotireóideo mediano (cricotireotomia)</p><p>e, em seguida, canula-se para haver o necessário trânsito de ar aos pulmões. Se for preci-</p><p>so, uma traqueotomia pode ser feita 24 à 48h após a cricotireotomia.</p><p>Cavidade da laringe: as pregas vestibulares e vocais dividem a cavidade da laringe em</p><p>três segmentos: vestíbulo da laringe, ventrículos e a parte entre estes e cavidade infragló-</p><p>tica. O vestíbulo da laringe estende-se do ádito da laringe às pregas vestibulares. O ventrí-</p><p>culo da laringe, a cada lado, estende-se superiormente da prega vestibular à prega vocal,</p><p>inferiormente. Em conjunto, os ventrículos permitem o livre movimento das pregas vocais</p><p>e amplificam o som produzido por elas. As pregas vestibulares normalmente não afetam a</p><p>produção de som. Elas têm função protetora e participam da ação de aumentar a pressão</p><p>intratorácica, como na tosse e a pressão intra-abdominal em mecanismos tais como a de-</p><p>fecação dificultosa, o parto etc.</p><p>Figura 19. Pregas vestibular e vocal</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>3)</p><p>.</p><p>PREGA VESTIBULAR</p><p>PREGA VOCAL</p><p>A laringe serve como uma válvula para proteger o trato respiratório da penetração de partí-</p><p>culas estranhas, principalmente durante a deglutição, para a manutenção de uma via aérea</p><p>permeável e para a vocalização. A estrutura laríngea que efetua a produção de som é a prega</p><p>vocal. O som produzido nas pregas vocais será modificado pela ação dos lábios, língua, pa-</p><p>lato, bochechas e dos ressonadores, como a faringe e as cavidades oral e nasal, formando</p><p>assim os fonemas.</p><p>86</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Brônquios e árvore bronquial</p><p>Inferiormente, a traquéia se bifurca em brônquio principal direito e brônquio principal es-</p><p>querdo. Cada brônquio principal estende-se da bifurcação da traqueia até o hilo do pul-</p><p>mão correspondente. O brônquio principal direito é mais calibroso, curto e verticalizado</p><p>do que o esquerdo. Esses aspectos morfológicos determinam que corpos estranhos,</p><p>acidentalmente inspirados, instalem-se mais facilmente no brônquio principal direito.</p><p>Figura 20. Cartilagens da laringe</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 7</p><p>7)</p><p>.</p><p>Osso hioide</p><p>Corno superior da</p><p>cartilagem tireóidea</p><p>ARITENÓIDEA (vista posterior)</p><p>TIREÓIDEA</p><p>Ligamento cricotireóideo mediano</p><p>Corno inferior da cartilagem tireóidea</p><p>Traqueia CRICÓIDEA</p><p>Incisura tireóidea superior</p><p>Membrana tireo-hióidea</p><p>EPIGLOTE</p><p>Traquéia</p><p>Localização e constituição: embora situada medianamente na região do pesco-</p><p>ço, inferiormente à laringe e anteriormente ao esôfago, a traqueia sofre um ligeiro</p><p>desvio para a direita, próximo à sua extremidade inferior, antes de se dividir nos</p><p>brônquios principais direito e esquerdo, que se dirigem para os pulmões. Este ór-</p><p>gão tubular do sistema respiratório constitui-se, anteriormente, por formações car-</p><p>tilagíneas em forma de C as cartilagens traqueais que estão sobrepostas e ligadas</p><p>entre si pelos ligamentos anulares. A parede posterior da traqueia, desprovida de</p><p>cartilagem, constitui a parede membranácea da traqueia ou membrana traqueal.</p><p>Em caso de obstrução respiratória, efetua-se incisão na traquéia, denominada traqueotomia, para</p><p>permitir que o ar transite até os pulmões. Esta incisão se faz dois dedos horizontais acima da</p><p>incisura jugular do manúbrio do osso esterno. Após efetuar-se a incisão, canula-se.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>87</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Cada brônquio principal dá origem no pulmão a uma série de ramificações conhecidas</p><p>em conjunto como árvore bronquial. Os brônquios principais se ramificam em brônquios</p><p>lobares, que ventilam os lobos pulmonares. Os brônquios lobares, por sua vez, divi-</p><p>dem-se em brônquios segmentares que se dirigem aos segmentos broncopulmonares.</p><p>Os brônquios segmentares sofrem ainda sucessivas divisões (bronquíolos, bronquíolos</p><p>terminais, bronquíolos respiratórios, dúctulos e sáculos alveolares) antes de terminarem</p><p>nos alvéolos pulmonares.</p><p>Os bronquíolos são constituídos principalmente por músculo liso. A contração e o re-</p><p>laxamento dos bronquíolos determinam o tamanho das vias aéreas respiratórias e por</p><p>isso afetam a quantidade de ar que pode entrar nos alvéolos pulmonares.</p><p>Os alvéolos pulmonares são sacos minúsculos de ar envolvidos pelos capilares pulmo-</p><p>nares. A troca gasosa ocorre através das delgadas paredes dos alvéolos.</p><p>Figura 21. Traquéia e brônquios</p><p>Traquéia</p><p>Brônquio Principal</p><p>Direito</p><p>Brônquio principal</p><p>Esquerdo</p><p>Pulmões</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>96</p><p>).</p><p>Ápice, faces, hilo e raiz do pulmão:</p><p>órgão de forma cônica apresenta, superiormente de forma pontiaguda, o ápice do</p><p>pulmão. A grande área que fica em contato com as costelas, as cartilagens costais</p><p>e o esterno é a face costal. Inferiormente, em contato com o diafragma, encontra-</p><p>-se a face diafragmática ou base do pulmão. A face mediastinal do pulmão é a que</p><p>se volta para o mediastino. Nesta, localiza-se o hilo do pulmão, pelo qual transi-</p><p>tam estruturas que penetram nele: o brônquio principal, as artérias pulmonares,</p><p>bronquiais e nervos, bem como estruturas que abandonam o pulmão: os vasos</p><p>linfáticos e as veias pulmonares e bronquiais. Brônquios, artérias, veias, vasos</p><p>linfáticos e nervos constituem em conjunto a raiz do pulmão.</p><p>88</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Pleuras</p><p>Cada pulmão está envolto por um saco seroso completamente fechado, a pleura, cons-</p><p>tituída pela pleura parietal que reveste, internamente, as paredes da cavidade torácica</p><p>e pela pleura visceral que se adere intimamente à superfície do pulmão e penetra nas</p><p>fissuras pulmonares. As pleuras protegem o pulmão. Entre elas situa-se a cavidade</p><p>pleural que contém o líquido pleural, o qual facilita o deslizamento de um folheto contra</p><p>o outro nas constantes variações de volume do pulmão, ocorridas nos movimentos</p><p>respiratórios de inspiração e expiração. Para que os pulmões permaneçam expandidos,</p><p>a pressão na cavidade pleural precisa ser subatmosférica, um fator importante na me-</p><p>cânica respiratória. Quando a pressão subatmosférica na cavidade pleural é eliminada</p><p>(por exemplo, por um ferimento com faca na caixa torácica), o pulmão entra em colapso.</p><p>Figura 22. Pulmões e pleuras</p><p>Lobos e fissuras:</p><p>Função respiratória e principais músculos da respiração:</p><p>O pulmão direito, maior que o esquerdo, apresenta o lobo superior, o lobo médio</p><p>e o lobo inferior. Os lobos são delimitados pelas profundas fissura horizontal e</p><p>fissura oblíqua. Observem que o pulmão esquerdo apresenta apenas dois lobos:</p><p>superior e inferior e apenas a fissura oblíqua.</p><p>A respiração envolve os movimentos respiratórios (inspiração e expiração), a tro-</p><p>ca de gases respiratórios e o transporte desses gases pelo sangue.</p><p>` Um ciclo respiratório refere-se a uma inspiração e a uma expiração. A respiração ocorre</p><p>em resposta a mudanças no volume torácico. Na inspiração, o volume torácico aumenta.</p><p>Como resultado, a pressão intrapulmonar diminui e a pressão atmosférica maior força a</p><p>entrada do ar para os pulmões. A inspiração ocorre com a contração dos músculos do</p><p>diafragma, intercostais externos e parte intercondral dos intercostais internos. São con-</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>92</p><p>).</p><p>Pulmões e Pleuras</p><p>89</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Trocas de gases:</p><p>Transporte de gases no sangue:</p><p>A troca de gases respiratórios ocorre nos alvéolos pulmonares (capilares pulmona-</p><p>res) e nas células do corpo (capilares teciduais).</p><p>O transporte de oxigênio e dióxido de carbono entre os pulmões e as células do</p><p>corpo é realizado pelo sangue.</p><p>siderados músculos acessórios da inspiração o esternocleidomastóideo e os escalenos</p><p>anterior, médio e posterior. Na expiração, o volume torácico diminui. Como resultado, a</p><p>pressão intrapulmonar aumenta e força a saída do ar dos pulmões. A retração elástica</p><p>dos pulmões e a tensão de superfície nos alvéolos pulmonares auxiliam a expiração. A</p><p>expiração ocorre devido ao relaxamento dos músculos respiratórios. Os nervos frênicos</p><p>e intercostais são os nervos motores que suprem os músculos diafragma e intercostais,</p><p>respectivamente. A estimulação dos nervos provoca a contração muscular, aumentando o</p><p>volume torácico e resultando na inspiração. Quando os nervos param de enviar estímulos,</p><p>os músculos relaxam, o volume torácico diminui e ocorre a expiração. A inspiração é um</p><p>processo ativo, significando que a energia é utilizada durante a contração muscular. A</p><p>expiração não forçada é passiva, significando que não houve contração muscular e nem</p><p>consumo de energia. A expiração forçada ocorre com a contração dos músculos intercos-</p><p>tais internos e abdominais (M. reto do abdome, M. oblíquo externo do abdome, M. oblíquo</p><p>interno do abdome e M. transverso do abdome). Em virtude da contração muscular, a</p><p>expiração forçada é considerada ativa.</p><p>Figura 23. Músculos da respiração</p><p>M. ESTERNOCLEIDOMASTÓIDEO</p><p>Mm. ESCALENOS</p><p>M. INTERCOSTAL</p><p>EXTERNO</p><p>M. INTERCOSTAL</p><p>INTERNO</p><p>Parte intercondral</p><p>M. DIAGRAGMA</p><p>Mm. ABDOMINAIS</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>04</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>91</p><p>).</p><p>90</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>3. SISTEMA DIGESTÓRIO</p><p>Para o organismo manter-se vivo e funcionante, é necessário que ele receba um su-</p><p>primento constante de material nutritivo. O sistema digestório consiste em um tubo de-</p><p>nominado canal alimentar, composto por órgãos especializados para este fim. Estes</p><p>órgãos preparam o alimento para ser utilizado pelas células, desde a introdução na</p><p>boca, passando por movimentos mastigatórios e misturando com a saliva, deglutindo,</p><p>digerindo, absorvendo, até eliminar os resíduos indigestos.</p><p>O canal alimentar se estende da cavidade oral ao ânus, como um contínuo tubo de</p><p>aproximadamente nove metros de comprimentos. Contribuem com trabalho deste canal</p><p>os órgãos anexos, como as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.</p><p>Figura 24. Canal alimentar</p><p>Cavidade oral</p><p>Dentes</p><p>Língua</p><p>Glândula</p><p>sublingual</p><p>Glândula parótida</p><p>Faringe</p><p>Glândula submandibular</p><p>Esôfago</p><p>Estômago</p><p>Ducto colédoco</p><p>Pâncreas</p><p>Colo transverso</p><p>Colo descendente</p><p>Colo sigmoide</p><p>Reto</p><p>Canal anal</p><p>Diafragma</p><p>Fígado</p><p>Vesícula biliar</p><p>Duodeno</p><p>Colo ascendente</p><p>Ceco</p><p>Apêndice vermiforme</p><p>Intestino delgado</p><p>Ânus</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 6</p><p>35</p><p>).</p><p>3.1. BOCA</p><p>A boca, também conhecida como cavidade oral, é formada por bochechas, lábios, pala-</p><p>to duro, palato mole e soalho da boca, onde inclui particularmente o músculo milo-hiói-</p><p>deo. O vestíbulo da boca é a depressão entre as bochechas e os lábios externamente,</p><p>91</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>bem como as gengivas e os dentes internamente. O restante da cavidade oral é deno-</p><p>minado cavidade própria da boca.</p><p>A abertura da cavidade oral é chamada de rima da boca. A cavidade oral se comunica</p><p>posteriormente com a parte oral da faringe por meio de uma abertura denominada istmo</p><p>das fauces.</p><p>Figura 25. Delimitações da cavidade oral</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>3)</p><p>.</p><p>Palato Duro</p><p>Abertura posterior</p><p>ISTMO DA FAUCE</p><p>Músculo Milo-hóideo</p><p>Abertura anterior</p><p>RIMA DA BOCA</p><p>3.2. LÍNGUA</p><p>A língua é um órgão muscular revestido por mucosa que ocupa o soalho da cavidade</p><p>oral. Este órgão tem a capacidade de captar a sensibilidade gustativa e tem impor-</p><p>tância na mastigação, deglutição e fala. Os músculos extrínsecos fixam a língua em</p><p>partes vizinhas, particularmente</p><p>O estudo da história da anatomia nos ajuda a apreciar a</p><p>ciência relevante que é hoje. É provável que um tipo de</p><p>anatomia comparada prática seja a ciência mais antiga.</p><p>Nossos antepassados pré-históricos indubitavelmente co-</p><p>nheciam suas próprias habilidades funcionais e limitações</p><p>quando comparadas com os outros animais.</p><p>Através das tentativas e dos erros durante as caçadas, eles</p><p>descobriram os “órgãos vitais” de uma animal que, se atin-</p><p>gidos com um objeto, saudariam sua morte, igualmente, eles</p><p>conheciam as áreas vulneráveis de seus próprios corpos.</p><p>Eles sabiam que se um animal estava ferido, sangraria, e</p><p>aquela perda excessiva de sangue causaria sua morte</p><p>(Van de Graaff, K. M. Anatomia humana. Barueri: Manole,</p><p>2003.)</p><p>8</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA</p><p>GRÉCIA ANTIGA</p><p>377 a.C.</p><p>325 a.C.</p><p>372 a.C.</p><p>A arte da cirurgia da trepanação era praticada por algumas</p><p>culturas pré-históricas. Surpreendentemente, muitos pacien-</p><p>tes sobreviviam a esta provação, como ficou evidenciado</p><p>pela ossificação ao redor das margens ósseas do ferimento.</p><p>Menes, cerca de 3400 a.C. escreveu o primeiro</p><p>manual de anatomia</p><p>As múmias foram as grandes contribuições da</p><p>era egípcia antiga para anatomia. 1300 a.C.</p><p>Homero, Grécia Antiga, cerca de 800 a.C. descre-</p><p>veu a anatomia de ferimentos na Ilíada.</p><p>Hipócrates - O pai da Medicina, atribuiu causas natu-</p><p>rais às doenças em lugar de desaprovação dos deuses.</p><p>Herófilo, Alexandre, foi um grande professor de ana-</p><p>tomia em Alexandria. Descreveu as meninges, o en-</p><p>céfalo, o cerebelo e foi o primeiro a distinguir nervos</p><p>sensitivos e motores.</p><p>Aristóteles, foi o fundador da anatomia comparada.</p><p>Talvez eles também tenham percebido que uma pancada</p><p>forte na cabeça pudesse causar sono profundo e enfraque-</p><p>cer um animal sem matá-lo</p><p>9</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>PERÍODO ROMANO</p><p>IDADE MÉDIA</p><p>RENASCIMENTO</p><p>201 d.C.</p><p>1487 d.C.</p><p>Galeno, 130-201 d.C. Foi o escritor médico mais influente de to-</p><p>dos os tempos. Mostrou que os guinchos de um porco cessavam</p><p>quando o nervo laríngeo recorrente que inerva as pregas vocais</p><p>era cortado. Amarrou o ureter de uma ovelha provando que a urina</p><p>era produzida pelo rim e não pela bexiga urinária como se afirma-</p><p>va erradamente. Além disso, constatou que as artérias continham</p><p>sangue em lugar de ar.</p><p>Na Idade Média, a dissecação de cadáveres foi totalmente proi-</p><p>bida e a violação de cadáver era considerado um ato criminoso</p><p>frequentemente punido com a condenação à fogueira amarrado</p><p>em uma estaca.</p><p>O renascimento foi introduzido nas grandes universidades euro-</p><p>péias estabelecidas em Bolonha, Salermo, Pádua. Montpellier e</p><p>Paris. A primeira dissecação humana registrada nestes centros de</p><p>arprendizados foi ibra de William de Saliceto (1215-1280) na Uni-</p><p>versidade de Bolonha.</p><p>Mondino di Luzzi, 1487 preparou o texto mais influente do período,</p><p>um guia de dissecação e foi publicado na Universidade de Bolonha.</p><p>“Por causa da rápida putrefação de um cadáver não embalsamado,</p><p>os livros de anatomia eram organizados de modo que as porções</p><p>mais perecíveis do corpo fossem descritas inicialmente . As dis-</p><p>secações começavam pela cavidade abdominal, a seguir o tórax</p><p>, seguido pela cabeça e membros . Uma dissecação era uma ver-</p><p>dadeira maratona que frequentemente se prolongava por 4 dias.”</p><p>10</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>1500 d.C - LEONARDO DA VINCI</p><p>1508 d.C. - MICHELANGELO</p><p>Produziu desenhos anatômicos de qualidade sem precedente</p><p>baseado em dissecações de cadáver humano.</p><p>Michelangelo estudou anatomia em 1495 tendo recebido ca-</p><p>dáveres de frades de um mosteiro local. Em 1504 terminou</p><p>sua obra David, com 5,18m de altura. Captou a beleza física</p><p>do corpo humano em uma expressão de arte. Entre 1508-1512</p><p>pintou a Capela Sistina.</p><p>Nesta pintura emblemática, o Criador está dentro de um corte</p><p>sagital do crânio. Podem ser observados a calota craniana com</p><p>as três camadas - osso compaxto interno, externo e díploe, o</p><p>lobo temporal, a hipófise, o tronco cerebral e corpo caloso.</p><p>Chamado o Pai da Anatomia, a contribuição de Vesalius é con-</p><p>siderada imensurável. Aos 28 anos completou sua obra-prima: “</p><p>De Humani Corporis Fabrica”, em 1543.</p><p>“A arte secreta de Michelangelo: uma lição de anatomia na Capela Sistina/</p><p>Gilson Barreto, Marcelo G. de Oliveira - São Paulo: Arx, 2004”.</p><p>1514 d.C.</p><p>11</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Francis Glisson descreveu o fígado, o estômago e os intestinos.</p><p>O anatomista italiano Marcelo Malpighi descobriu os vasos</p><p>capilares sanguíneos e descreveu os alvéolos pulmonares.</p><p>Em 1884, Thomas Willis publicou um resumo do que era até</p><p>então conhecido sobre o sistema nervoso.</p><p>Giovanni Battista Morgagni, 1682-1771, com o emprego da</p><p>Anatomia Macroscópica, foi o primeiro a estabelecer rela-</p><p>ções entre os órgãos humanos e os sintomas das doenças,</p><p>através da realização de necropsias!</p><p>No século XVII William Harvey se destacou com sua obra</p><p>pioneira sobre o movimento do coração e do sangue.</p><p>Regnier de Graaf, em 1775 descreveu os ovários do sistema</p><p>genital feminino.</p><p>Ref1: TALAMONI, ACB. Anatomia, ensino e entretenimento. In: Os nervos e</p><p>os ossos do ofício: uma análise etnológica da aula de Anatomia [online]. São</p><p>Paulo: Editora UNESP, 2014, pp. 23-37. ISBN 978-85-68334-43-0. Available from</p><p>SciELO Books.</p><p>1607 d.C.</p><p>1628 d.C.</p><p>1884 d.C.</p><p>1882 d.C.</p><p>1700 d.C.</p><p>1775 d.C.</p><p>12</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>O anatomista italiano Marcelo Malpighi descobriu os vasos</p><p>capilares sanguíneos e descreveu os alvéolos pulmonares.</p><p>1628 d.C.</p><p>Em 1868 foi descoberto o “formol” pelo alemão August Wi-</p><p>lhelm von Hofmann. A substância química que preserva os</p><p>corpos humanos1</p><p>A principal contribuição científica do século XIX foi a for-</p><p>mulação da teoria celular, iniciada por Robert Hooke que</p><p>introduziu o termo “célula” e aprofundada por Matthias</p><p>Schleiden e Theodor Schwann, alemães a quem foram cre-</p><p>ditadas a teoria.</p><p>A descoberra do Raio X, em 1895, por Wilhem Roentgen.</p><p>A simplificação e padronização da nomenclatura foi uma inovação</p><p>importante, pois a literatura científica trazia até o final do século XIX</p><p>mais de 30 mil termos para estruturas do corpo humano, muitos dos</p><p>quais eram redundantes. Diversas conferências sobre a nomenclatura</p><p>foram realizadas ao longo do século e temos atualmente a produzida</p><p>pela FCAT (Federative Commitee on Anatomical Terminology).</p><p>Ressonância magnética To-</p><p>mografia computadorizada</p><p>Mesa de dissecação virtual</p><p>REFERÊNCIA USADA NOS PAINÉIS: Van de Graaf,</p><p>K.M. Anatomia Humana. Barueri: Manole, 2003 :</p><p>1868 d.C.</p><p>SÉCULO XIX</p><p>1895 d.C.</p><p>Final do SÉCULO XX e início do SÉCULO XXI</p><p>Fonte: acervo do Centro de Estudos de Anatomia – USF - adaptada de Van de Graaff (2003, p. 5).</p><p>13</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>1.2. A ANATOMIA ATUAL</p><p>Estuda-se a anatomia por meio da dissecação, técnica anatômica que consiste no ato</p><p>de estudar o corpo humano, preservado e fixado por vários elementos químicos, através</p><p>de cortes que possibilitem a visualização dos órgãos, estruturas e regiões do corpo, pro-</p><p>porcionando o melhor entendimento das relações estruturais e tridimensionais do corpo</p><p>humano e seu conteúdo. (OXLEY; BARROS; FAZAN, 2021). Por meio da anatomia ma-</p><p>croscópica, ou simplesmente anatomia, faz-se o reconhecimento dos órgãos e sistemas,</p><p>bem como de suas partes e variações. Para quem que inicia no estudo na anatomia, é</p><p>compreensível a ideia da construção do corpo dos animais, incluindo a espécie humana,</p><p>comparando-a à construção de um edifício. As unidades de um edifício são os tijolos e</p><p>as de um animal, no caso o homem, são as células. A parede no edifício é o tecido no</p><p>homem. As paredes formam salas ou quartos, já os tecidos, os órgãos. Enquanto quartos</p><p>e salas formam um apartamento, os órgãos associados constituem um sistema. Enfim, os</p><p>apartamentos formam o edifício e os sistemas: o corpo (humano) (DI DIO, 1998).</p><p>à mandíbula (genioglosso), ao osso hioide (hioglosso),</p><p>ao processo estilóide (estiloglosso) e ao palato mole (palatoglosso). Esses músculos</p><p>movimentam a língua. Os músculos intrínsecos da língua modificam a forma da língua e</p><p>estão dispostos em vários planos, geralmente classificados como longitudinais superior</p><p>e inferior, transverso e vertical.</p><p>A língua apresenta: ápice, margem, dorso, superfície inferior e raiz. No dorso está presente</p><p>o sulco terminal da língua, depressão em forma de V que serve como limite entre a parte an-</p><p>terior ou pré-sulcal (corpo da língua) e a parte posterior ou pós-sulcal (raiz da língua), onde</p><p>estão as tonsilas linguais. O forame cego da língua é uma pequena depressão (local de</p><p>origem do ducto tireoglosso no embrião) localizado no vértice do sulco terminal da língua.</p><p>Na porção anterior da língua encontram-se as papilas linguais, órgãos responsáveis</p><p>pelo sentido do gosto dos alimentos. As projeções presentes principalmente no ápice</p><p>da língua são as papilas fungiformes, responsáveis pelos sabores salgado e doce. Os</p><p>pontos diminutos que dão o aspecto de aspereza ou aveludado são as papilas filiformes</p><p>e não estão envolvidas na percepção do gosto. As papilas circunvaladas se dispõem em</p><p>forma de V anteriormente ao sulco terminal da língua e detectam o sabor amargo. As</p><p>papilas em forma de folhas dispostas nas margens na língua são as papilas folhadas,</p><p>responsáveis pelo sabor azedo.</p><p>92</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Unindo a parte faríngea à epiglote existem três pregas mucosas: a prega glossoepigló-</p><p>tica mediana e as pregas glossoepiglóticas laterais, entre as quais a valécula epiglótica,</p><p>local onde eventualmente pode ocorrer a fixação de partículas de alimento, ocasionan-</p><p>do o ato de engasgar.</p><p>Figura 26. Língua</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>8)</p><p>.</p><p>RAIZ</p><p>1/3</p><p>Posterior</p><p>CORPO</p><p>2/3</p><p>Anterior</p><p>ÁPICE DA LÍNGUA</p><p>FACE INFERIOR</p><p>DA LÍNGUA</p><p>DORSO DA LÍNGUA</p><p>3.3. DENTES</p><p>Os dentes são órgãos rijos, esbranquiçados, implantados nos alvéolos dentais da ma-</p><p>xila e da mandíbula. Em cada dente distingue-se três partes: raiz (parte implantada no</p><p>alvéolo), coroa (parte livre que se projeta na cavidade oral) e colo (ponto de junção entre</p><p>a coroa e a raiz). A dentição primária ou decídua aparece na cavidade oral entre 6 me-</p><p>ses e 2 anos e meio. São 20 dentes, dois incisivos, um canino e dois molares em cada</p><p>quadrante. A segunda dentição ou dentição permanente começa por volta de 6 anos de</p><p>idade e termina, em geral, por volta dos 12 anos. Os dentes permanentes são 32, isto</p><p>é, dois incisivos, um canino, dois pré-molares e três molares em cada quadrante das</p><p>arcadas dentárias. Os dentes são constituídos de dentina, esmalte, cemento e polpa.</p><p>O dente é mantido na maxila e na mandíbula por meio do ligamento periodontal que</p><p>une o cemento ao osso alveolar. O periodonto é um periósteo alveolar modificado que</p><p>estabelece a conexão entre o cemento e a parede do alvéolo dental.</p><p>93</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>7)</p><p>.</p><p>Figura 27. Anatomia do dente</p><p>Coroa</p><p>Colo</p><p>Raiz</p><p>3.4. FAUCES</p><p>O termo fauces indica a passagem entre a cavidade oral e a faringe. É limitada supe-</p><p>riormente pelo palato mole, lateralmente pelos arcos palatoglosso e palatofaríngeo e,</p><p>inferiormente, pela raiz da língua. A entrada das fauces é a porção mais estreita, deno-</p><p>minada istmo das fauces. A fossa tonsilar é parte das fauces que aloja a tonsila palatina.</p><p>A fossa tonsilar está entre o arco palatoglosso e o arco palatofaríngeo.</p><p>3.5. FARINGE</p><p>A faringe é um órgão mediano miomembranáceo associado aos sistemas respiratório e</p><p>digestório, constitui passagem comum para alimentos sólidos, líquidos e ar. É dividida</p><p>nas partes nasal (nasofaringe), oral (orofaringe) e laríngea (laringofaringe). A faringe é</p><p>continuada pelo esôfago. Ao contrário de outras vísceras que compõem o tubo diges-</p><p>tório, a faringe possui dois estratos de musculatura estriada esquelética na sua parede:</p><p>a interna é longitudinal e compreende os músculos estilofaríngeo, palatofaríngeo e sal-</p><p>pingofaríngeo. A musculatura externa é aproximadamente circular e consiste em três</p><p>músculos: os constritores superior, médio e inferior, também denominados em conjunto</p><p>como músculos constritores da faringe. A parte do músculo constritor inferior que se</p><p>origina da cartilagem cricóidea constitui neste nível a junção faringoesofágica.</p><p>Figura 28. Fauces e faringe</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>3)</p><p>.</p><p>Parte nasal da faringe</p><p>Parte oral da faringe</p><p>Parte laríngea da faringe</p><p>Fauces</p><p>94</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>3.6. ESÔFAGO</p><p>O esôfago é um tubo muscular contínuo com a parte laríngea da faringe na junção</p><p>faringoesofágica. Mede em torno de 25 cm e apresenta as partes cervical, torácica e</p><p>abdominal. Consiste em músculo estriado esquelético em seu terço superior, em mús-</p><p>culo liso em seu terço inferior e em uma mistura de músculo estriado esquelético e liso</p><p>em sua parte intermediária. A luz do esôfago apresenta constrições de seu diâmetro ao</p><p>nível da cartilagem cricóidea (cricofaríngea), do arco da aorta e do brônquio principal</p><p>esquerdo (broncoaórtica) e do diafragma (diafragmática), ao atravessar o hiato esofá-</p><p>gico. Na deglutição, o palato mole é elevado, impedindo a continuidade entre a parte</p><p>nasal da faringe e o seu restante. A elevação da laringe e o movimento retrógrado da</p><p>língua forçam o alimento em direção à faringe. A cartilagem epiglótica fecha o ádito à</p><p>laringe e, desse modo, o alimento após atravessar o istmo das fauces atingindo a parte</p><p>oral da faringe desce pela parte laríngea da faringe até atingir o esôfago, cuja função é</p><p>conduzir o alimento sólido ou líquido até o estômago.</p><p>Figura 29. Esôfago</p><p>Esôfago</p><p>3.7. ESTÔMAGO</p><p>O estômago é um órgão sacular muscular com paredes estratificadas e pode ser visto</p><p>como uma dilatação do canal alimentar, que segue ao esôfago e continua pelo intestino</p><p>delgado. Está situado na cavidade abdominal, abaixo do diafragma, com sua maior</p><p>porção situada à esquerda do plano mediano.</p><p>Apresenta dois orifícios: um proximal de comunicação com o esôfago (junção esofa-</p><p>gogástrica): o óstio cárdico e distal e o óstio pilórico, que se comunica com a porção</p><p>inicial do intestino delgado, denominada duodeno, ao nível da junção gastroduodenal.</p><p>Na região do óstio pilórico, ocorre uma condensação de feixes musculares longitudinais</p><p>e circulares, constituindo o esfíncter pilórico. Um dispositivo semelhante ao esfíncter pi-</p><p>lórico é também encontrado ao nível do óstio cárdico, sendo responsável pela abertura</p><p>e fechamento ativos da comunicação gastroesofágica, constituindo assim uma barreira</p><p>para o refluxo do conteúdo do estômago para o esôfago.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>26</p><p>).</p><p>95</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>CURIOSIDADE</p><p>À medida que se efetua a digestão gástrica, pequenos volumes de quimo passam su-</p><p>cessivamente do estômago para o duodeno. O controle da passagem do quimo, do</p><p>estômago para o duodeno se efetua pela abertura e fechamento do esfíncter pilórico,</p><p>que está sob controle neural e hormonal. Este esfíncter também evita o refluxo ou re-</p><p>gurgitação de material do duodeno para o estômago.</p><p>Descrevem-se no estômago as seguintes partes:</p><p>Cárdia:</p><p>Corresponde à porção do estômago imediatamente adjacente à junção com o esôfago. Dis-</p><p>tingue-se somente pelas glândulas cárdicas na sua mucosa, não havendo linha de demarca-</p><p>ção externa entre a parte cárdica e o corpo ou fundo do estômago.</p><p>Corpo gástrico:</p><p>Corresponde à maior parte do órgão, situando-se entre o fundo e a parte pilórica.</p><p>Fundo gástrico:</p><p>Correspondente ao polo superior do estômago, situa-se acima de um plano horizontal que</p><p>tangencia a junção gastroesofágica. A mucosa do corpo e do fundo do estômago contém</p><p>glândulas gástricas propriamente ditas. O fundo do estômago normalmente contém ar deglu-</p><p>tido ou gases que se formam a partir de reações químicas da digestão gástrica.</p><p>Parte pilórica:</p><p>É a porção terminal do estômago. Subdivide-se em antro pilórico, que é a parte proximal e</p><p>mais dilatada e também a região do estômago onde as úlceras gástricas são mais frequen-</p><p>tes. Outra parte é o canal pilórico, mais estreita. Esta porção é revestida por uma mucosa que</p><p>contém glândulas pilóricas. Por fim, o piloro, composto por espessamento muscular em forma</p><p>de anel, denominado esfíncter pilórico e centralmente um orifício, o óstio pilórico. O estômago</p><p>apresenta faces anterior e posterior e margens esquerda, convexa, denominada curvatura</p><p>maior, e direita, côncava, denominada curvatura menor. Esse órgão é bastante distensível,</p><p>apresentando uma capacidade de 1 a 2 litros. Quando vazio, assemelha-se a uma letra J,</p><p>porém, a forma e a posição do estômago variam de acordo com a idade, tipo constitucional,</p><p>tipo de alimentação, posição do indivíduo e estado fisiológico do órgão. Consideram-se dois</p><p>tipos fundamentais de forma do estômago: o alongado em J, que atinge um nível muito baixo</p><p>na cavidade abdominal e o curto em “chifre de novilho”, tendendo à horizontal e de situação</p><p>mais alta.</p><p>Eructação é o processo de eliminação desses gases para o trato digestório superior com a pro-</p><p>dução de som (arroto).</p><p>96</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 30. Partes do estômago e vista interna</p><p>Função: a absorção de material no estômago é muito pequena, sendo a digestão en-</p><p>zimática considerada a principal função do estômago. Apesar da secreção de ácido</p><p>gástrico, os alimentos sólidos ou semissólidos permanecem neste estado no estômago</p><p>por um período longo de tempo, às vezes por algumas horas ou mais. O suco gástrico</p><p>converte o alimento na superfície da massa alimentar em uma mistura líquida e ma-</p><p>cia denominada quimo. Uma vez formado, o quimo é esvaziado rapidamente para o</p><p>duodeno. Os movimentos peristálticos, consistindo de ondas contráteis anulares, são</p><p>responsáveis pelo esvaziamento do conteúdo gástrico para o duodeno, porém, pouca</p><p>ou nenhuma atividade peristáltica ocorre no fundo e no corpo do estômago. As artérias</p><p>que irrigam o estômago têm origem direta ou indiretamente do tronco celíaco. As veias</p><p>acompanham as artérias e se esvaziam tanto na veia porta do fígado como em uma de</p><p>suas tributárias, de maneira extremamente variável.</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>, (</p><p>20</p><p>03</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>50</p><p>).</p><p>Fundo</p><p>Corpo</p><p>Musculatura circular</p><p>Musculatura oblíqua</p><p>Curvatura maior</p><p>Submucosa</p><p>Mucosa</p><p>Antro-pilórico</p><p>Canal pilórico</p><p>Piloro</p><p>Duodeno</p><p>Pregas</p><p>gástricas</p><p>Curvatura</p><p>menor</p><p>Musculatura longitudinal</p><p>Adventícia</p><p>Esôfago</p><p>Cárdia</p><p>3.8. INTESTINO DELGADO</p><p>O intestino delgado, que participa dos processos de digestão e absorção, é o segmento</p><p>do canal alimentar que liga o estômago ao intestino grosso, apresentando cerca de 5 a</p><p>8 metros de comprimento. Inicia-se no óstio pilórico, ao nível da junção gastroduodenal,</p><p>e termina no óstio ileal, onde desemboca no intestino grosso. O intestino delgado é</p><p>subdividido em: duodeno, jejuno e íleo.</p><p>O duodeno (doze dedos de comprimento), primeiro e menor segmento do intestino del-</p><p>gado, medindo mais ou menos 25 cm, inicia-se no óstio pilórico e continua pelo jejuno</p><p>ao nível da flexura duodenojejunal. É um órgão bastante fixo que está acoplado à pa-</p><p>rede posterior da cavidade abdominal. O duodeno forma um arco em forma de C ou</p><p>de U, aberto para a esquerda, que envolve a cabeça do pâncreas. A primeira parte do</p><p>duodeno apresenta pouca ou nenhuma motilidade, mas as outras porções mostram</p><p>uma atividade rápida e irregular, que sugere uma ação de moer e agitar, produzida pela</p><p>contração da camada muscular. O duodeno apresenta as partes superior, descendente,</p><p>horizontal e ascendente, antes da flexura duodenojejunal.</p><p>97</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O jejuno e o íleo representam a porção móvel do intestino delgado e por não apresen-</p><p>tarem limites nítidos entre si, são descritos como um todo, jejuno-íleo, que se inicia</p><p>na flexura duodenojejunal e termina na fossa ilíaca direita, onde continua no intestino</p><p>grosso, por meio da papila ileal e do orifício denominado óstio ileal. Considera-se o íleo</p><p>(última parte) o mais longo, em torno de 3/5 do total entre ambos, e o jejuno com os</p><p>2/5 restantes. O jejuno-íleo dispõe-se em segmentos sinuosos, as alças intestinais, que</p><p>ocupam a maior parte da cavidade abdominal e parte da cavidade pelvina, se prendem</p><p>à parede posterior do abdome por meio de uma prega de peritônio. As funções do in-</p><p>testino delgado incluem completar a digestão iniciada no estômago, absorção para a</p><p>circulação portal e sistêmica, e secreção de muco e enzimas.</p><p>A principal irrigação do duodeno é a partir das arcadas formadas pelas artérias pancre-</p><p>aticoduodenais superior e inferior. A artéria mesentérica superior irriga desde a entrada</p><p>do ducto colédoco no duodeno e também o restante do intestino delgado, envolvendo</p><p>jejuno e íleo. As veias acompanham as artérias e drenam, através da veia mesentérica</p><p>superior, na veia porta do fígado. O quilo, aspecto cremoso da linfa, é drenado pelos</p><p>vasos linfáticos que finalmente entram no ducto torácico.</p><p>Figura 31. Partes do intestino delgado</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>87</p><p>).</p><p>Duodeno</p><p>Jejuno</p><p>Íleo</p><p>3.9. INTESTINO GROSSO</p><p>O intestino grosso, continuação do intestino delgado, é a última parte do canal alimen-</p><p>tar. Inicia-se no óstio ileal, na fossa ilíaca direita, percorre a cavidade abdominal, em</p><p>forma de moldura, contornando as alças do intestino delgado, atinge a fossa ilíaca es-</p><p>querda e termina comunicando-se com o meio externo através do orifício anal.</p><p>Distingue-se do intestino delgado pela posição, pelo maior calibre e por apresentar:</p><p>a. Saculações do colo: dilatações limitadas por sulcos transversais. Agem como escadas, co-</p><p>laborando para o transporte do bolo fecal.</p><p>98</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>a. Tênias do colo: faixas que percorrem o intestino grosso longitudinalmente em toda sua ex-</p><p>tensão, até a porção proximal do reto onde deixam de existir. Essas estruturas são parale-</p><p>las, mais ou menos equidistantes e correspondem à musculatura mais condensada longitu-</p><p>dinalmente. Contraindo e relaxando colaboram para a progressão do bolo alimentar.</p><p>a. Apêndices adiposos: acúmulos de gordura na túnica serosa. Têm forma de pingentes ama-</p><p>relados e são mais abundantes no colo descendente e no sigmoide.</p><p>O intestino grosso é subdividido nos seguintes segmentos: ceco, colo ascendente, colo</p><p>transverso, colo descendente, colo sigmoide, reto e canal anal, cujo orifício externo</p><p>chama-se ânus.</p><p>O ceco, segmento inicial do intestino grosso, é um recesso em fundo cego, situado na</p><p>fossa ilíaca direita que continua pelo colo ascendente. O limite entre ambos é dado por</p><p>um plano horizontal que passa ao nível do meio da papila ileal, onde se localiza o óstio</p><p>ileal, funcionando como um “piloro”. O ceco apresenta no ponto de convergência das</p><p>tênias um divertículo cilindróide alongado, rico em folículos linfáticos que podem servir</p><p>como defesa contra infecções, o apêndice vermiforme.</p><p>O apêndice vermiforme, que apresenta cerca de 9 a 10 cm de comprimento, possui</p><p>uma prega peritoneal própria, o mesoapêndice. O ceco, não raro, está fixado à parede</p><p>posterior do abdome.</p><p>O colo ascendente, fixado à parede posterior da cavidade abdominal, estende-se da</p><p>fossa ilíaca direita ao fígado e sob o fígado se flete, constituindo a flexura direita ou</p><p>hepática do colo para continuar pelo colo transverso.</p><p>O colo transverso estende-se da direita para a esquerda, da flexura direita à flexura</p><p>esquerda do colo, que se situa junto ao baço. É muito móvel e está preso à parede</p><p>abdominal posterior por uma prega peritoneal.</p><p>O colo descendente, mais fixo que o ascendente, se inicia na flexura esquerda do colo</p><p>e termina na altura de um plano horizontal que passa ao nível da crista ilíaca.</p><p>O colo sigmoide, situado na fossa ilíaca esquerda e na pelve, dá continuidade ao colo</p><p>descendente estendendo-se até</p><p>a altura da 3a vértebra sacral, onde continua pelo reto.</p><p>Na cavidade pélvica, o colo sigmoide que descreve uma curva em S, termina fazendo</p><p>uma continuação com um segmento fixo e mediano, que é o reto.</p><p>O reto é a parte do intestino grosso entre o colo sigmoide e o canal anal. Ele apresenta</p><p>uma porção mais dilatada, denominada ampola do reto, que continua por uma porção</p><p>estreitada, o canal anal. Este se comunica com o exterior através do orifício anal deno-</p><p>minado ânus, que é forrado por cútis rica em pelos. A musculatura lisa do canal anal,</p><p>que consiste de uma túnica circular interna e uma túnica longitudinal externa, por espes-</p><p>samento da camada circular, forma o esfíncter interno do ânus. Externamente a este,</p><p>dispõe-se a musculatura estriada – o m. esfíncter externo do ânus.</p><p>Funções básicas efetuadas pelo intestino grosso:</p><p>a. Formar, conduzir o bolo fecal e retê-lo temporariamente até o instante de sua eliminação. O</p><p>reto é o local onde o bolo fecal permanece até o instante de sua eliminação.</p><p>99</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>b. Proporcionar a absorção de água e tóxicos contidos no bolo fecal. A água absorvida na</p><p>porção proximal do colo até a flexura lienal é conduzida ao fígado pelo sistema porta-hepá-</p><p>tico, sendo reutilizada na manutenção do equilíbrio hídrico do indivíduo. Os tóxicos serão</p><p>conduzidos ao fígado, o qual através de reações químicas efetuará sua neutralização. Para</p><p>exercer essas funções, o intestino grosso necessita de mobilidade e secreção de muco. A</p><p>atividade muscular do colo difere daquela do intestino delgado, traduz-se por “movimentos</p><p>de massa” rápidos e vigorosos, associados à formação de saculações. Esses movimentos</p><p>ocorrem principalmente no colo transverso.</p><p>O intestino grosso é irrigado pelas artérias mesentéricas superior e inferior, sendo a</p><p>artéria mesentérica inferior distribuída às regiões distais. As veias drenam para a veia</p><p>porta do fígado por meio das veias mesentéricas superior e inferior. A drenagem linfática</p><p>é similar àquela do intestino delgado.</p><p>Figura 32. Intestino grosso e apêndice vermiforme (A e B)</p><p>A</p><p>- V</p><p>an</p><p>d</p><p>e</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>, (</p><p>20</p><p>03</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>57</p><p>).</p><p>Colo transverso</p><p>Flexura esquerda</p><p>do colo</p><p>Colo descendente</p><p>Saculação do colo</p><p>Colo sigmoide</p><p>Cana anal</p><p>Reto</p><p>Apêndice vermiforme</p><p>Ceco</p><p>Óstio do apêndice</p><p>vermiforme</p><p>Papila ileal</p><p>Colo ascendente</p><p>Flexura direita</p><p>do colo</p><p>Mesocolo</p><p>Tênia do colo</p><p>Apêndice omental</p><p>Íleo</p><p>100</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>3.10. PERITÔNIO</p><p>O peritônio é uma membrana serosa, lisa e deslizante que forma a parede abdominal,</p><p>onde é conhecida como peritônio parietal e se reflete da parede para vários órgãos,</p><p>cujas superfícies ela reveste em extensão variável. O peritônio que cobre estes órgãos</p><p>é denominado peritônio visceral. (GARDNER; GRAY; O’RAHILLY, 1988).</p><p>Quando as vísceras estão acopladas à parede abdominal posterior, por exemplo, o</p><p>pâncreas e os rins, o peritônio parietal passa por diante deles tomando-os órgãos ou</p><p>vísceras retroperitoneais. Quando as vísceras se colocam dentro da cavidade abdomi-</p><p>nal, o peritônio que as reveste as acompanham, de modo que, entre as vísceras e a</p><p>parede, forma-se uma prega peritoneal de dois folhetos denominada ligamento. Nestes</p><p>casos essas vísceras ou órgãos são denominados intraperitoneais. Os ligamentos entre</p><p>paredes abdominais e vísceras, que contêm na sua espessura vasos e nervos destina-</p><p>dos à víscera são denominados meso (mesentério e mesocolo). Os ligamentos entre</p><p>vísceras são denominados omento (omento menor estende-se do fígado ao estômago</p><p>e duodeno e omento maior estende-se do estômago ao colo transverso).</p><p>As duas funções mais importante do peritônio consistem em diminuir o atrito entre as</p><p>vísceras e opor resistência às infecções. Outra função é o armazenamento de gordura,</p><p>especialmente no omento maior, o qual tem grande capacidade de proliferação celular</p><p>e, em casos de um processo inflamatório, no interior da cavidade abdominal, pode se</p><p>projetar ao local inflamado, circunscrever a região e, dessa forma, impedir que o proces-</p><p>so inflamatório se propague por toda a cavidade peritoneal.</p><p>O peritônio se limita uma cavidade, a cavidade peritoneal. Nela, há normalmente uma</p><p>pequena quantidade de líquido peritoneal. O processo inflamatório do peritônio é deno-</p><p>minado peritonite.</p><p>Ceco</p><p>Parte terminal do íleo</p><p>Apêndice vermiforme</p><p>B</p><p>-</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>73</p><p>).</p><p>101</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A</p><p>- N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>78</p><p>).</p><p>OMENTO MENOR</p><p>OMENTO MAIOR</p><p>Figura 33. Peritônio visceral (A e B)</p><p>B</p><p>-</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>90</p><p>).</p><p>MESOCOLO</p><p>MESENTÉRIO</p><p>3.11. ÓRGÃOS ANEXOS</p><p>São considerados órgãos anexos ao canal alimentar as glândulas que, através de duc-</p><p>tos, abrem-se nele, além das glândulas salivares maiores e menores, o fígado e o pân-</p><p>creas, além de numerosas glândulas menores contidas nas paredes do canal alimentar.</p><p>As glândulas salivares, agrupadas em maiores e menores, são responsáveis pela se-</p><p>creção da saliva, que realiza a lubrificação e umectação dos alimentos e contém uma en-</p><p>zima, a ptialina ou amilase salivar, que inicia a digestão do amido. As glândulas salivares</p><p>102</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>maiores estão mais afastadas do revestimento interno da cavidade bucal onde se abrem</p><p>por meio de duetos mais amplos.</p><p>A glândula parótida, que é a maior das glândulas salivares, situa-se próximo ao pavilhão</p><p>da orelha e seu ducto excretor: o ducto parotídeo, que abre no vestíbulo bucal na altura</p><p>do 2° molar superior na papila parotídea.</p><p>O processo infeccioso virótico da glândula parótida, denominado parotidite, é conhecido popular-</p><p>mente por caxumba.</p><p>A glândula submandibular apresenta forma e volume comparáveis a uma castanha e se</p><p>aloja numa fossa denominada fossa submandibular. Seu ducto excretor, o ducto subman-</p><p>dibular, desemboca junto ao freio lingual em uma pequena papila, a carúncula sublingual.</p><p>A glândula sublingual é longa e achatada e situa-se na face medial da mandíbula, na</p><p>fossa sublingual.</p><p>Seus canais excretores desembocam independentemente no soalho da cavidade bucal,</p><p>na prega sublingual. Seu ducto maior desemboca juntamente com o ducto submandibu-</p><p>lar na carúncula sublingual.</p><p>Além desses três pares de glândulas salivares, existem também muitas glândulas sali-</p><p>vares menores espalhadas na submucosa dos lábios, bochechas, palato duro e mole,</p><p>língua e no assoalho da cavidade oral.</p><p>Figura 34. Glândulas salivares</p><p>Ducto</p><p>parotídeo</p><p>Glândula</p><p>parótida</p><p>Glândula</p><p>submandibular</p><p>Glândula</p><p>sublinqual</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>1)</p><p>.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>103</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O fígado é a maior glândula do corpo, cuja secreção exócrina é denominada bile.</p><p>Por outro lado, a maior parte dos produtos das células hepáticas é descarregada</p><p>diretamente na corrente sanguínea, sendo estes produtos considerados como sua</p><p>secreção endócrina. Situa-se na cavidade abdominal, abaixo do diafragma, quase</p><p>todo no antímero direito.</p><p>Apresenta este órgão duas faces: a diafragmática – convexa e lisa, que está em relação</p><p>com o músculo diafragma e a visceral, aplanada e irregular, inferior e posterior, que fica</p><p>em contato com outras vísceras abdominais (estômago, duodeno, colos e rim direito).</p><p>O fígado pode ser dividido em lobos direito (quadrado e caudado) e esquerdo. O direi-</p><p>to, maior, e o esquerdo, menor são separados na face diafragmática pela inserção de</p><p>um ligamento peritoneal, o ligamento falciforme e na face visceral, pelas fissuras para</p><p>os ligamentos redondo e venoso. Nesse tipo de divisão, é fácil perceber que os lobos</p><p>quadrado e caudado, presentes na face visceral, são partes do lobo direito do fígado.</p><p>Os lobos quadrado e caudado presentes na face visceral do fígado se destacam pela</p><p>forma em H do grupo de sulcos e fissuras existentes nesta face. A vesícula biliar situ-</p><p>a-se na face visceral</p><p>do fígado, numa depressão denominada fossa da vesícula biliar,</p><p>anteriormente na fissura sagital direita. Nesta mesma fissura, posteriormente, próximo</p><p>do lobo caudado, há um sulco que aloja a veia cava inferior. Entre o lobo quadrado e o</p><p>lobo caudado nota-se uma fenda transversal, o hilo hepático, por onde passam os ele-</p><p>mentos que vão constituir o pedículo hepático. Este é formado pela a. hepática própria,</p><p>v. porta do fígado, ducto ou ductos hepáticos, nervos e linfáticos.</p><p>A circulação hepática é muito complexa e a irrigação do fígado é feita pelas artérias</p><p>hepática própria e veia porta do fígado. A artéria hepática própria (ramo da artéria he-</p><p>pática comum-ramo do tronco celíaco) capilariza-se no interior do fígado, nutrindo-o</p><p>(circulação nutritiva), a veia porta do fígado capilariza-se, trazendo do estômago, in-</p><p>testinos e baço partículas resultantes da absorção digestiva e sangue venoso para que</p><p>sofra a ação hepática (circulação funcional). As veias centrais do fígado drenam num</p><p>sistema de veias hepáticas, as quais emergem na região póstero-superior do órgão e</p><p>são tributárias da veia cava inferior, constituindo a via sanguínea de retorno. A veia porta</p><p>do fígado transporta ao fígado nutrientes coletados no intestino delgado, como água e</p><p>tóxicos coletados no intestino grosso e resíduos de hemácias destruídas coletados no</p><p>baço. A água será reaproveitada pelo organismo e os tóxicos serão neutralizados por</p><p>atividade das células hepáticas.</p><p>Funções: a bile secretada pelo fígado é armazenada na vesícula biliar e expelida no</p><p>duodeno quando ali chega o quimo. A bile é produzida pelo fígado a partir de substân-</p><p>cias que o órgão recebe através dos vasos sanguíneos. Os intestinos, por exemplo,</p><p>enviam ao fígado nutrientes, água e tóxicos. Pela veia esplênica, o baço envia resíduos</p><p>de hemácias destruídas que serão utilizados para a produção de bile. O colesterol tam-</p><p>bém participa da composição da bile. Os sais biliares auxiliam na digestão e absorção</p><p>de gordura e retornam ao fígado através do sistema porta para a re-excreção. O fígado</p><p>apresenta também um papel importante na síntese de proteínas, nos mecanismos de</p><p>coagulação, na destoxificação e no armazenamento de ferro, cobre, vitamina e glicogê-</p><p>nio, sendo um importante formador de células sanguíneas no feto. Muitas de suas fun-</p><p>ções metabólicas dependem do recebimento de sangue venoso através da veia porta.</p><p>104</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>A cirrose hepática é causada por agentes tóxicos, os quais determinam a lenta fibrose</p><p>do tecido hepático com consequentes alterações funcionais dos hepatócitos. A cirrose,</p><p>após instalar-se, progride lentamente e não tem cura farmacológica ou cirúrgica.</p><p>Nas vias biliares, a bile secretada pelo fígado é recolhida pelos dúctulos e ductos</p><p>bilíferos intra-hepáticos que, após confluências sucessivas, a leva às vias biliares extra-</p><p>-hepáticas, os ductos hepáticos direito e esquerdo que emergem das metades corres-</p><p>pondentes do fígado.</p><p>O ducto hepático comum, após um curto trajeto descendente, conflui com o ducto cís-</p><p>tico proveniente da vesícula biliar e dá origem ao ducto colédoco, que se abre no duo-</p><p>deno, na papila duodenal maior, juntamente com o ducto pancreático ou ao lado deste.</p><p>Os ductos colédoco e pancreático podem se unir em um ducto único antes da de-</p><p>sembocadura no duodeno, constituindo a ampola hepato-pancreática, ou podem estar</p><p>lado a lado desembocando separadamente na papila maior do duodeno. Um dispositivo</p><p>esfinctérico muscular circunda a ampola ou os ductos colédoco e pancreático, receben-</p><p>do as denominações respectivas de esfíncter da ampola hepato-pancreática do ducto</p><p>colédoco e do ducto pancreático. A bile constantemente produzida pelo fígado não flui</p><p>diretamente para o duodeno. Isto é possível porque na desembocadura do ducto colé-</p><p>doco há um dispositivo muscular esfinctérico (esfíncter do ducto colédoco ou da ampola</p><p>hepato-pancreática) que controla a abertura e fechamento deste ducto. Quando fecha-</p><p>do, a bile reflui, através do ducto cístico, para a vesícula biliar, onde é concentrada e</p><p>fica armazenada, à espera de uma solicitação digestiva (gorduras). 30 minutos após a</p><p>ingestão do alimento, a vesícula se contrai, o dispositivo esfinctérico relaxa e grande</p><p>quantidade de bile escoa para o duodeno através dos ductos cístico e colédoco.</p><p>A vesícula biliar constitui um reservatório de bile. Situa-se na face visceral do fígado, na</p><p>fossa da vesícula biliar e compreende as seguintes partes: fundo, corpo (principal par-</p><p>te) e colo, que continua pelo dueto cístico. Este junta-se com o ducto hepático comum</p><p>para formar o ducto colédoco. A principal função da vesícula biliar é desidratar a bile,</p><p>tornando-a mais concentrada e de função mais ativa ao ser lançada no duodeno, quan-</p><p>do ali chega o bolo alimentar (quimo). A bile diminui a acidez do quimo que chega ao</p><p>duodeno, procedente do estômago e efetua a saponificação das gorduras. A retirada da</p><p>vesícula não afeta a função hepática. Porém, a bile que alcança o duodeno na ausência</p><p>da vesícula biliar é mais diluída.</p><p>Os constituintes da bile podem precipitar e formar cálculos biliares (colelitíase). Os cál-</p><p>culos biliares são ricos em colesterol e sais e podem passar para o duodeno ou obstruir</p><p>o ducto cístico ou colédoco, impedindo o fluxo da bile até o duodeno.</p><p>105</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 35. Fígado e vesícula biliar</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>77</p><p>).</p><p>Lobo</p><p>esquerdo</p><p>Lobo</p><p>caudado</p><p>Lobo</p><p>quadrado</p><p>Lobo</p><p>direito</p><p>Vesícula biliar</p><p>O pâncreas é uma glândula de secreção mista, exócrina (suco pancreático – ductos pancre-</p><p>áticos) e endócrina (hormônio insulina – corrente sanguínea). Está situado profundamente na</p><p>cavidade abdominal atrás do estômago. O peritônio parietal passa por diante dele, tornando-o</p><p>retroperitoneal. Colocado em posição horizontal, descrevem-se no pâncreas uma extremida-</p><p>de direita, dilatada: a cabeça do pâncreas, que se encaixa na curvatura do duodeno; o colo;</p><p>um corpo, disposto transversalmente adiante da coluna vertebral lombar da a. aorta e do rim</p><p>esquerdos; e uma cauda, extremidade esquerda que se estende até próximo ao baço.</p><p>O suco pancreático é levado ao duodeno por dois ductos, dos quais um é o principal</p><p>denominado ducto pancreático e desemboca na papila maior do duodeno juntamente</p><p>com o ducto colédoco ou ao lado, e o outro secundário – denominado ducto pancreático</p><p>acessório, que desemboca na papila menor do duodeno. É um suco digestivo alcalino</p><p>contendo as enzimas tripsina, amilase e lípase.</p><p>Figura 36. Pâncreas</p><p>Ampola Pancreática</p><p>Ducto colédoco</p><p>Incisura do pâncreas</p><p>Ducto pancreático</p><p>Ducto pancreático</p><p>acessório (de Santorini)</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>81</p><p>).</p><p>106</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>4. SISTEMA URINÁRIO</p><p>Os milhares de processos metabólicos em miríades de células do corpo humano pro-</p><p>duzem uma grande quantidade de resíduos. O sistema urinário remove-os por filtragem</p><p>no processo de limpeza do sangue, quando passam pelos rins. Outra função vital é a</p><p>regulação de volume, acidez, salinidade, concentração e composição do sangue, linfa e</p><p>outros líquidos do corpo. Sob controle hormonal, os rins monitoram continuamente o que</p><p>liberam na urina, para manter um equilíbrio saudável. Os distúrbios do sistema urinário</p><p>podem ser sutis. Por isso, é importante que quaisquer problemas relacionados à micção</p><p>sejam imediatamente relatados ao médico (GUIA VEJA DE MEDICINA E SAÚDE, 2008).</p><p>Os órgãos que compõem o sistema urinário são os rins, os ureteres, a bexiga urinária</p><p>e a uretra.</p><p>Figura 37. Órgãos do sistema urinário</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 6</p><p>76</p><p>).</p><p>Veia cava inferior</p><p>Rim</p><p>Parte abdominal da aorta</p><p>Ureter</p><p>Bexiga urinária</p><p>Uretra</p><p>4.1. RINS</p><p>Os rins excretam os produtos finais das atividades metabólicas e o excesso de água</p><p>com ambas ações sendo essenciais para o controle das concentrações das diver-</p><p>sas substâncias</p><p>nos líquidos do corpo. Os rins excretam restos nitrogenados como</p><p>ureia, amônia, creatinina e ácido úrico; regulam o volume de sangue determinando a</p><p>107</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>quantidade de água excretada; ajudam a regular a quantidade de eletrólitos contidos</p><p>no sangue; têm função importante na regulação do pH sanguíneo, controlando a ex-</p><p>creção de H+; participam da regulação da pressão sanguínea por meio da secreção</p><p>de renina e atuam na regulação de produção de células sanguíneas vermelhas pela</p><p>secreção da eritropoietina.</p><p>Os rins estão localizados retroperitonealmente, paralelamente à coluna vertebral, so-</p><p>bre o músculo psoas maior, ocupando o rim direito uma posição inferior em relação ao</p><p>esquerdo em virtude da presença do fígado à direita. Esses órgãos apresentam cerca</p><p>de 11 a 13 cm de comprimento, sendo o esquerdo um pouco mais longo e maior que</p><p>o direito. Seus longos eixos estão deslocados anterior e lateralmente, assim como in-</p><p>feriormente. Na posição de decúbito, os rins situam-se ao nível da 12ª VT até a 3ª VL.</p><p>Porém, na posição ereta, os rins estendem-se do nível da 1ª VL à 4ª VL. Essas posições</p><p>podem ser alteradas durante a respiração e com as modificações de postura. Um rim</p><p>muito móvel é encontrado, às vezes, próximo à cavidade pélvica ou à parede abdomi-</p><p>nal anterior, e sabe-se que ele pode virar de cabeça para baixo e torcer-se sobre seus</p><p>vasos sanguíneos.</p><p>Figura 38. Rim direito (D) e Rim esquerdo (E)</p><p>Os rins são um par de órgãos de coloração marrom-avermelhada, com a forma de um</p><p>grão de feijão, recobertos por uma cápsula fibromuscular fina e brilhante, denominada</p><p>cápsula fibrosa, que se descola facilmente em um rim normal. Quase sempre é abundan-</p><p>te o tecido adiposo perirrenal, constituindo assim a cápsula adiposa. O tecido conjuntivo</p><p>fibroso que cerca esta gordura é condensado como a fáscia renal, a qual é responsável</p><p>por manter o rim em posição. Por sua vez, o tecido adiposo que se localiza externamente</p><p>à fáscia renal, tanto anterior como posteriormente, é denominado gordura pararrenal.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>08</p><p>).</p><p>D E</p><p>108</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 39. Secção transversal: Rins (R); Cápsulas fibrosa e adiposa</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>17</p><p>).</p><p>Cápsula adiposa (perirrenal)</p><p>Cápsula fibrosa</p><p>Fáscia renal</p><p>Cada rim apresenta polos superior e inferior, faces anterior e posterior e margens medial</p><p>e lateral. Sobre o polo superior do rim situa-se a glândula suprarrenal, que se apresenta</p><p>envolvida pela fáscia renal juntamente ao rim. A margem lateral do rim é convexa e a</p><p>medial contém uma fissura vertical, o hilo renal. Este dá passagem aos vasos renais,</p><p>vasos linfáticos, nervos e à extremidade superior do ureter, elementos que, em conjunto,</p><p>constituem o pedículo renal. O hilo conduz a um recesso, o seio renal, que está revestido</p><p>pela continuação da cápsula fibrosa e, além de tecido adiposo, contém os vasos renais,</p><p>a pelve renal e os cálices renais maiores e menores. O pedículo renal é constituído pelo</p><p>ureter, pela artéria e veia renais e pelos vasos linfáticos e nervos que passam pelo hilo</p><p>renal. No pedículo, a veia renal situa-se anteriormente e o ureter posteriormente. As veias</p><p>tendem a ficar anteriormente e as artérias e veias localizam-se frequentemente anterio-</p><p>res à pelve renal e ao ureter. As artérias segmentares do rim geralmente têm origem na</p><p>artéria renal próxima ao hilo ou no próprio hilo renal. Porém, uma ou mais artérias seg-</p><p>mentares podem originar-se antes da artéria renal alcançar o hilo ou podem originar-se</p><p>da aorta ou da artéria suprarrenal inferior (ramo da artéria renal).</p><p>Figura 40. Morfologia externa do rim</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>11</p><p>).</p><p>PÓLO SUPERIOR</p><p>MARGEM</p><p>MEDIAL</p><p>HILO RENALMARGEM</p><p>LATERAL</p><p>PÓLO INFERIOR</p><p>109</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A pelve renal é a expansão da extremidade superior do ureter que, no interior do seio,</p><p>divide-se em dois ou três tubos largos e curtos, os cálices renais maiores. Cada um</p><p>desses cálices se subdivide em 7 a 14 cálices renais menores que se prendem ao pa-</p><p>rênquima renal em torno das bases de uma quantidade variável de papilas renais que</p><p>constituem as pontas das pirâmides renais. A cápsula fibrosa que reveste a face exter-</p><p>na do rim e o seio renal funde-se com os revestimentos adventícios dos cálices renais</p><p>menores. Cada cálice renal menor é uma estrutura em forma de funil ou trompete que</p><p>circunda uma única ou grupos de duas ou três papilas renais, nas quais ápices abrem</p><p>os túbulos coletores. A urina é conduzida pelos túbulos coletores para os cálices renais</p><p>menores dos quais passa para os cálices renais maiores: pelve renal e ureter. A parede</p><p>da pelve renal e dos cálices renais é composta de uma túnica adventícia, de uma túnica</p><p>muscular lisa e de uma túnica mucosa interna.</p><p>Uma parte da pelve renal localiza-se por fora do seio renal e, dessa maneira, constitui</p><p>uma parte do pedículo.</p><p>Figura 41. Morfologia interna do rim (secção coronal)</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>12</p><p>).</p><p>CÁLICE RENAL MENOR CÓRTEX RENAL</p><p>CÁLICE RENAL MAIOR</p><p>PIRÂMIDE RENAL</p><p>COLUNA RENAL</p><p>PAPILA RENAL</p><p>PELVE RENAL</p><p>Estrutura: cada rim contém um milhão ou mais de néfrons, a unidade morfofuncional</p><p>do rim. Uma extremidade do néfron termina cegamente, enquanto a outra se esvazia</p><p>num túbulo coletor, um ducto excretor que conduz a urina para o cálice renal menor. Há</p><p>cerca de 500 túbulos coletores. A extremidade cega de cada néfron está invaginada por</p><p>capilares, para formar uma cápsula glomerular de dupla camada. O novelo de capila-</p><p>res é denominado glomérulo renal, enquanto que a cápsula e o glomérulo renal juntos</p><p>são denominados corpúsculo renal. Eles se encontram no córtex e nas colunas renais.</p><p>O néfron compreende o corpúsculo renal, relacionado com a filtração do plasma, e o</p><p>túbulo secretor (túbulo contorcido proximal, alça do néfron e túbulo contorcido distal),</p><p>relacionado com a secreção e a reabsorção seletiva do filtrado glomerular para formar a</p><p>urina. Os túbulos coletores conduzem o líquido proveniente de diversos túbulos secre-</p><p>tores, abrindo-se num cálice renal menor no ápice de uma papila renal.</p><p>110</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>Figura 42. Néfron</p><p>Glomérulo</p><p>Cápsula glomerular</p><p>Arteríola glomerular eferente</p><p>Arteríola glomerular</p><p>aferente</p><p>Artéria interlobular</p><p>Túbulo</p><p>contorcido</p><p>proximal</p><p>Artéria e veia</p><p>arqueadas</p><p>Artéria e veia</p><p>ainterlobares</p><p>Alça do</p><p>néfron</p><p>Ramo</p><p>descendente</p><p>Ramo</p><p>ascendente</p><p>Vasos retos</p><p>Tubo coletor</p><p>Veia</p><p>interlobular</p><p>Túbulo contorcido distal</p><p>Capilares peritubulares</p><p>M</p><p>ed</p><p>ul</p><p>a</p><p>re</p><p>na</p><p>l</p><p>C</p><p>ór</p><p>te</p><p>x</p><p>re</p><p>na</p><p>l</p><p>O rim é composto de um córtex mais pálido e externo, e de uma medula mais escura</p><p>e interna. A medula renal consiste das pirâmides renais cônicas e estriadas, com suas</p><p>bases periféricas e seus ápices convergindo para o seio renal, onde se projetam nos</p><p>cálices renais menores, como papilas renais, sendo que cada cálice recebe de uma</p><p>a três papilas renais. As pirâmides renais contêm partes dos túbulos secretores e os</p><p>túbulos coletores que, por sua vez, se abrem num cálice renal menor no ápice de uma</p><p>papila renal. O córtex renal é subcapsular, arqueando-se sobre as bases das pirâmides</p><p>e estendendo-se entre elas em direção ao seio renal como as colunas renais (tecido</p><p>cortical que se localiza entre duas pirâmides adjacentes).</p><p>4.2. URETER</p><p>O ureter é um tubo muscular de 25 a 30 cm de comprimento que conecta o rim com</p><p>a bexiga urinária, sendo capaz de contrair-se e realizar movimentos peristálticos. As</p><p>ondas de contração peristáltica do ureter, originadas na parte proximal do trato urinário</p><p>superior e propagadas em uma direção anterógrada até a bexiga, conduzem a urina dos</p><p>rins para a bexiga urinária, preservando assim a função renal e mantendo o estado fi-</p><p>siológico normal do trato urinário. A urina passa em direção inferior pelo ureter por meio</p><p>de ondas de contração</p><p>e entra na bexiga urinária em esguichos de intervalos frequentes</p><p>(1 a 6 vezes por minuto).</p><p>Contínuo superiormente com a pelve renal, o ureter é retroperitoneal, sendo a metade</p><p>superior abdominal e a metade inferior pélvica. O ureter continua pela pelve renal ao</p><p>nível do hilo ou próximo a ele, posteriormente aos vasos renais. Desce sobre o músculo</p><p>psoas maior, cruza a artéria ilíaca comum ou a primeira parte da artéria ilíaca externa e</p><p>penetra na cavidade pélvica, onde transita por sua parede lateral.</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 6</p><p>80</p><p>).</p><p>111</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>SAIBA MAIS</p><p>4.3. BEXIGA URINÁRIA</p><p>É uma bolsa situada posteriormente à sínfise púbica e que funciona como reservatório</p><p>de urina. O fluxo contínuo de urina que chega pelos ureteres é transformado graças</p><p>a ela em emissão periódica (micção). A forma, o tamanho, a situação e as relações</p><p>da bexiga com os órgãos vizinhos variam com as suas fases de vacuidade, plenitude</p><p>ou intermediárias, com as mesmas fases em que se encontram os órgãos vizinhos e</p><p>ainda com a idade e o sexo, embora não exista nenhuma diferença significante entre</p><p>as bexigas masculinas e femininas relativas ao tamanho e a forma. A bexiga vazia num</p><p>adulto vivo é arredondada, embora sua circunferência seja alterada por pressões e por</p><p>inserções de estruturas adjacentes. Localiza-se inteiramente, ou quase inteiramente,</p><p>no interior da pelve e repousa sobre a pube e na parte adjacente do soalho da pelve.</p><p>Figura 43. Ureter e bexiga urinária</p><p>URETER</p><p>BEXIGA URINÁRIA</p><p>Capacidade da bexiga – a capacidade média da bexiga nos homens adultos varia de 120 a</p><p>320 ml. A micção comumente ocorre com cerca de 280 ml. Um enchimento de até aproxima-</p><p>damente 500 ml pode ser tolerado, mas além disso a dor é causada pela tensão da parede,</p><p>conduzindo a contrações reflexas e ao desejo urgente de urinar.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>16</p><p>).</p><p>112</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>4.4. URETRA</p><p>Constitui o último segmento das vias urinárias. Difere nos dois sexos, mas em ambos é</p><p>um tubo fibromuscular mediano que estabelece a comunicação entre a bexiga urinária</p><p>e o meio externo, dando passagem à urina. No homem, é uma via comum para a mic-</p><p>ção e a ejaculação, enquanto que na mulher serve apenas para a excreção da urina.</p><p>Encontra-se fechada quando não está dando passagem à urina ou ao líquido seminal.</p><p>A uretra masculina, que é um canal comum para a micção e para a ejaculação, com cerca</p><p>de 20 cm de comprimento, inicia-se no óstio interno da uretra, no colo da bexiga e atravessa</p><p>sucessivamente a próstata, os diafragmas pélvico e urogenital e a raiz e o corpo do pênis,</p><p>terminando na extremidade deste órgão pelo óstio externo na uretra. Reconhecem-se, por-</p><p>tanto, três partes na uretra masculina: parte prostática, quando atravessa a próstata; parte</p><p>membranácea, quando atravessa os diafragmas pélvico e urogenital e parte esponjosa,</p><p>localizada na raiz e corpo do pênis. (Alguns autores consideram ainda uma parte intramural</p><p>correspondente ao segmento da uretra que atravessa a parede da bexiga urinária).</p><p>A uretra feminina apresenta cerca de 4 cm de comprimento e é bastante distensível.</p><p>Estende-se em direção inferior e ligeiramente para a frente, a partir do óstio interno da</p><p>uretra, no colo da bexiga, até o óstio externo da uretra, situado entre os lábios menores,</p><p>anteriormente ao óstio da vagina, e também abaixo e atrás da glande do clitóris.</p><p>Figura 44. Uretra masculina e feminina</p><p>Masculino Feminino</p><p>Uretra</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>46</p><p>, 3</p><p>48</p><p>).</p><p>Urina – é um líquido formado a partir da filtração do sangue arterial, através do qual são</p><p>excretados os resíduos do metabolismo, água, eletrólitos e não eletrólitos, em excesso no</p><p>organismo. A urina é um fluido estéril composto principalmente de água (95%) e resíduos</p><p>contendo nitrogênio e eletrólitos. Os resíduos nitrogenados importantes incluem ureia, ácido</p><p>úrico, amônia e creatinina. A cor amarelo-clara da urina se deve a um pigmento denominado</p><p>urocromo, formado pela quebra de hemoglobina no fígado.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>113</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Fomentar a contextualização e a integração entre os sistemas circulatório, respiratório,</p><p>digestório e urinário, e relacionar ao funcionamento ideal para a manutenção da vida fo-</p><p>ram os objetivos desta unidade. As células que constituem o organismo necessitam de</p><p>elementos como oxigênio e nutrientes, os quais chegam até elas por meio do sangue. O</p><p>oxigênio é obtido do sistema respiratório, que também elimina o gás carbônico. Já e os</p><p>nutrientes são obtidos do sistema digestório, que também elimina o produto não</p><p>aproveitado. O coração é a bomba transportadora que mantém o sangue circulando</p><p>continuamente através dos vasos sanguíneos do corpo, levando os produtos que as</p><p>células necessitam como também retirando os resíduos metabólicos e o Co2. Aqui entra</p><p>em atividade também o sistema urinário, constituído pelos órgãos uropoiéticos, ou seja,</p><p>responsáveis por elaborar a urina, armazená-la e, no momento oportuno, eliminá-la.</p><p>HORIZONTAL (ACROSS) VERTICAL (DOWN)</p><p>3. glândula salivar 1. unidade renal</p><p>5. parte anatômica de um dente 2. um dos segmentos do intestino grosso</p><p>9. principal músculo da inspiração 4. uma das cartilagens de laringe</p><p>10. canal de eliminação da urina 6. papila lingual relacionado ao sabor amargo</p><p>12. localização anatômica do coração 7. valva atrioventricular</p><p>13. depressão na margem medial do rim 8. vaso que direciona a linfa à corrente sanguínea</p><p>14. orifício de passagem do intestino delgado</p><p>para o intestino grosso.</p><p>11. músculo cardíaco</p><p>15. parte anterior da cavidade nasal</p><p>PALAVRAS CRUZADAS</p><p>Exercite seus conhecimentos realizando uma atividade sobre o que foi discutido nesta Unidade.</p><p>Figura 45. Atividade</p><p>114</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>2</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>CORNELL, B. Placenta. In: BioNinja, 2016. Disponível em: https://ib.bioninja.com.au/higher-level/topic-11-a-</p><p>nimal-physiology/114-sexual-reproduction/placenta.html. Acesso em: 11 dez. 2020.</p><p>DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2007.</p><p>DIANA, J. Sistema linfático. In: Toda matéria. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/sistema-linfati-</p><p>co/. Acesso em: 11 dez. 2020.</p><p>GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O’RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Ja-</p><p>neiro: Guanabara Koogan, 1988.</p><p>GUIA VEJA DE MEDICINA E SAÚDE – Atlas do Corpo humano, ed. Abril Coleções, 2008).</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Gua-</p><p>nabara Koogan, 2019.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2007.</p><p>NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.</p><p>HERLIHY, B.; MAEBIUS, N. K. Anatomia e fisiologia do corpo humano saudável e enfermo. Barueri:</p><p>Manole, 2002.</p><p>VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.</p><p>115</p><p>2</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>116</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>UNIDADE 3</p><p>SISTEMA NERVOSO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Estamos repletos de motivos para querer compreender como é o sistema nervoso e como</p><p>ele funciona. Motivos que vão desde a elaboração de um movimento até a saudade de</p><p>um tempo que passou. De alguma maneira, os órgãos centrais deste sistema asseme-</p><p>lham-se ao computador, mas com a capacidade do aprendizado, da autoconsciência, da</p><p>emoção e da criatividade. O sistema nervoso é especializado em receber e responder</p><p>as ocorrências em nossos ambientes interno e externo. A consciência do meio ambiente</p><p>é atendida por meio das células neuronais, sendo elas altamente especializadas no que</p><p>se refere à excitabilidade e condutividade. As funções do sistema nervoso ao longo do</p><p>corpo, juntamente com o sistema endócrino, são de coordenar as atividades dos outros</p><p>sistemas. Além de integrar</p><p>as atividades do corpo, o sistema nervoso tem a capacidade</p><p>de armazenar experiências por meio da memória e estabelecer padrões de respostas</p><p>com base em experiências anteriores adquiridas pelo aprendizado.</p><p>1. SISTEMA NERVOSO</p><p>1.1. ORIGEM EMBRIOLÓGICA DO SISTEMA NERVOSO</p><p>Durante a evolução os primeiros neurônios surgiram na superfície externa</p><p>dos organismos, fato este significativo, tendo em vista a função primordial do</p><p>sistema nervoso de relacionar o animal com o ambiente. Dos três folhetos</p><p>embrionários, é o ectoderma aquele que está em contato com o meio ex-</p><p>terno e é deste folheto que se origina o sistema nervoso. O primeiro indício</p><p>de formação de formação de formação consiste em um espessamento do</p><p>ectoderma, situado acima da notocorda, formando a chamada placa neural</p><p>por volta do 20º dia de gestação. (MACHADO; HAERTEL, 2014, p. 7)</p><p>Após o espessamento do ectoderma originando a placa neural, surge uma depressão</p><p>longitudinal denominada sulco neural que evolui para formar a goteira neural. Projeções</p><p>da goteira neural se fundem e originam uma estrutura central de nome tubo neural, que</p><p>fica isolado do meio externo. Ainda, neste processo de evolução, os lábios da goteira</p><p>neural desenvolvem estruturas que formam de cada lado uma lâmina longitudinal deno-</p><p>minada crista neural (MACHADO, HAERTEL, 2014, p. 9).</p><p>Assim sendo, o tubo neural origina elementos da parte central do sistema nervoso,</p><p>enquanto a crista neural dá origem a elementos da parte periférica do sistema nervoso,</p><p>além de elementos não pertencentes ao sistema nervoso (MACHADO, 2014, p. 9).</p><p>117</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O tecido nervoso é constituído por dois tipos de células principais: os neurônios (células</p><p>nervosas) e a neuróglia (células gliais), que sustenta os neurônios. Os neurônios são as</p><p>unidades estruturais e funcionais do sistema nervoso especializadas para comunicação</p><p>rápida. Um neurônio é formado por um corpo celular com prolongamentos denominados</p><p>dendritos e um axônio, os quais conduzem os impulsos que entram e saem do corpo</p><p>celular, respectivamente. A mielina é constituída por camadas de lipídios e substâncias</p><p>proteicas que formam uma bainha ao redor de alguns axônios, propiciando grande au-</p><p>mento da velocidade de condução do impulso (MOORE; DALLEY; AGUR, 2019, p. 45).</p><p>Fonte: elaborada pelo autor.</p><p>ECTODERMA PLACA NEURAL GOTEIRA NEURAL</p><p>TUBO NEURAL</p><p>CRISTA NEURAL</p><p>TUBO NEURAL – ORIGEM AOS ELEMENTOS DA PARTE CENTRAL DO SN.</p><p>CRISTA NEURAL – ORIGEM AOS ELEMENTOS DA PARTE PERIFÉRICA DO SN.</p><p>ARQUENCÉFALO</p><p>Tubo</p><p>neural</p><p>MEDULA ESPINAL</p><p>PROSENCÉFALO</p><p>DIENCÉFALO</p><p>TELENCÉFALO</p><p>MESENCÉFALO</p><p>METENCÉFALO</p><p>MIELENCÉFALO</p><p>MESENCÉFALO</p><p>ROMBENCÉFALO</p><p>Figura 01. Formação embriológica do sistema nervoso</p><p>118</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>1.2. DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO</p><p>A parte central e a parte periférica são os componentes estruturais do sistema nervoso,</p><p>enquanto que a parte autônoma é um componente funcional. Juntos, eles orientam e</p><p>coordenam as atividades do corpo, permitem a assimilação de experiências e progra-</p><p>mam o comportamento instintivo.</p><p>De acordo com critérios anatômicos, o sistema nervoso divide-se em duas partes: a</p><p>parte central e a parte periférica. A parte central do sistema nervoso constitui-se pela</p><p>medula espinal e pelo encéfalo.</p><p>Figura 02. Tecido neural</p><p>Núcleo</p><p>Dendritos</p><p>Corpo celular</p><p>Axônio</p><p>Axônio</p><p>Sinapses</p><p>Bainha</p><p>de mielina</p><p>Fonte: Moore, Dalley e Agur (2019, p. 46).</p><p>119</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>De acordo a origem embriológica, o encéfalo é assim constituído:</p><p>Internamente, o encéfalo contém um sistema de espaços interligados através do qual o</p><p>líquido cerebrospinal circula. Estes espaços são denominados de ventrículos, são eles:</p><p>dois ventrículos laterais, o terceiro ventrículo e o quarto ventrículo. Existem plexos co-</p><p>rióideos, que são os responsáveis pela formação do líquido cerebrospinal em todos os</p><p>ventrículos. Os ventrículos laterais contribuem com a formação deste líquido em maior</p><p>quantidade. Destes o líquido passa para o terceiro ventrículo através dos forames inter-</p><p>ventriculares; do terceiro para o quarto ventrículo através do aqueduto do mesencéfalo</p><p>e do quarto ventrículo para a espaço subaracnóideo através das aberturas laterais e</p><p>mediana. O líquido cerebrospinal é reabsorvido principalmente nas granulações arac-</p><p>nóideas nos seios da dura-máter.</p><p>` Cérebro: telencéfalo e diencéfalo.</p><p>` Tronco encefálico: mesencéfalo, ponte e bulbo.</p><p>` Cerebelo.</p><p>Figura 03. Divisão do Encéfalo: 1 – Cérebro (2 - Telencéfalo, 3 - Diencéfalo); 4 –</p><p>Tronco Encefálico (5- Mesencéfalo, 6- Ponte, 7- Bulbo); 8 – Cerebelo; 9 – Medula</p><p>espinal (não faz parte do encéfalo)</p><p>Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/0e/Encephalon_human_</p><p>sagittal_section_multilingual.svg/1024px-Encephalon_human_sagittal_section_multilingual.svg.</p><p>png. Acesso em: 11 out. 2020.</p><p>120</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>SAIBA MAIS</p><p>SAIBA MAIS</p><p>` Meninges</p><p>A parte central do sistema nervoso é envolvida por membranas conjuntivas que rece-</p><p>bem a denominação de meninges e são classicamente três: a dura-máter, a aracnóide-</p><p>-máter e a pia-máter (MACHADO, HAERTEL, 2014, p. 71).</p><p>A meninge mais externa é denominada dura-máter, também conhecida de acordo com</p><p>sua espessura e resistência como paquimeninge. A dura-máter encefálica difere da du-</p><p>ra-máter espinal por apresentar dois folhetos, um externo e outro interno. O folheto</p><p>interno emite projeções formando pregas e lâminas no interior da cavidade do crânio,</p><p>por exemplo, a foice do cérebro, o tentório do cerebelo e o diafragma da sela. Existem</p><p>também canais de sangue venoso revestidos por endotélio entre os folhetos interno e</p><p>externo da dura-máter encefálica. A dura-máter da medula espinal é a continuação do</p><p>folheto interno, porém, neste caso, não existe o folheto externo.</p><p>Ainda sobre a medula espinal, o espaço entre a dura-máter e o periósteo do canal ver-</p><p>tebral é denominado espaço epidural, extradural ou peridural, tendo como conteúdo o</p><p>tecido adiposo e plexo venoso vertebral interno. No encéfalo, em virtude da aderência</p><p>da dura-máter aos ossos do crânio, este espaço não existe.</p><p>A aracnóide-máter é bastante delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por</p><p>um espaço virtual denominado espaço subdural, que contém uma pequena quantidade</p><p>de líquido para a lubrificação das superfícies em contato. A pia-máter é a mais</p><p>interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula es-</p><p>pinal. O espaço de separação entre a aracnóide-máter e a pia-máter é denominado</p><p>espaço subaracnóideo, que contém o líquido cerebrospinal.</p><p>A terminologia anatômica atual traz o telencéfalo como o único componente do cérebro, sen-</p><p>do o diencéfalo uma divisão do encéfalo.</p><p>Meningite é definida como inflamação da leptomeninge, ou seja, das meninges aracnóide-</p><p>-máter e pia-máter. Normalmente se deve a causas bacterianas, infecções virais ou reações</p><p>a medicamentos. Os sintomas em geral são cefaleia, febre e pescoço rígido.</p><p>121</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>` Medula espinal</p><p>A medula espinal localiza-se no canal vertebral, estendendo-se desde o forame magno</p><p>até a região de L1 ou L2 (primeira ou segunda vértebra lombar).</p><p>Figura 04. Meninges: Em [a] meninges encefálicas. A pia-máter não é observada separadamente,</p><p>estando ela, profundamente à aracnoide-máter. E [b] meninges espinais. As três meninges são observadas</p><p>separadamente.</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 101[a] e p.162[b]).</p><p>DURA MÁTER</p><p>ARACNÓIDE MÁTER</p><p>PIA-MÁTER</p><p>Figura 05. Forame magno</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 10).</p><p>Imediatamente acima do</p><p>1° nervo cervical</p><p>Forame</p><p>Magno – Limite ósseo</p><p>superior da medula</p><p>espinal</p><p>122</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>Em relação às meninges que envolvem a medula espinal existem três cavidades ou</p><p>espaços: epidural, subdural e subaracnóideo. O epidural, ou extradural, situa-se entre</p><p>a dura-máter e o periósteo do canal vertebral. O espaço subdural está situado entre</p><p>a</p><p>dura-máter e a aracnoide-máter. O espaço subaracnóideo é o mais importante e contém</p><p>o líquido cerebrospinal (MACHADO, HAERTEL, 2014, p. 43).</p><p>Figura 06. Segunda vértebra lombar</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 157).</p><p>Fonte: Moore, Dalley e Agur (2019, p. 48).</p><p>L2 – Segunda vértebra</p><p>lombar. Limite ósseo</p><p>inferior</p><p>Figura 07. Espaços Intermeníngeos</p><p>ESPAÇO SUBARACNÓIDEO</p><p>ESPAÇO SUBDURAL</p><p>ESPAÇO EPIDURAL</p><p>Meninges:</p><p>Pia-máter</p><p>Zona de entrada da</p><p>raiz posterior</p><p>Como cinzento</p><p>posterior</p><p>Substância</p><p>branca</p><p>Aracnoide-máter</p><p>Dura-máter</p><p>Ligamento denticulado</p><p>Bainha dural da raiz</p><p>123</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A medula espinal tem a forma cilíndrica, é achatada no sentido ântero-posterior e, em</p><p>seu trajeto, apresenta duas dilatações denominadas intumescências: uma superior, a</p><p>intumescência cervical onde se originam as fibras nervosas que formam o plexo bra-</p><p>quial e uma inferior, a intumescência lombossacral, onde se originam as fibras que for-</p><p>mam o plexo lombossacral. As intumescências cervical e lombossacral ocorrem porque</p><p>nos membros superiores e inferiores, inervados respectivamente por fibras nervosas</p><p>dos plexos braquial e lombossacral, a sensibilidade e a motricidade são maiores do que</p><p>no tronco.</p><p>A extremidade inferior, afilada, da medula espinal recebe o nome de cone medular. As</p><p>numerosas radículas ao redor do cone medular constituem, em conjunto, a cauda equi-</p><p>na, formada por fibras nervosas que inervam a região pélvica e os membros inferiores.</p><p>Figura 08. Intumescências da medula espinal</p><p>Intumescência</p><p>Cervical</p><p>Cauda</p><p>equina</p><p>Intumescência</p><p>Lombossacral</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 157).</p><p>124</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>Sabe-se que a dura-máter e a aracnoide-máter que a acompanha estendem-se até a</p><p>S2, enquanto a medula espinal estende-se até L1-L2. Entre esses dois níveis, o espaço</p><p>subaracnóideo é maior, contém maior quantidade de líquido cerebrospinal e nele se</p><p>encontram apenas o filamento terminal e as radículas que formam a cauda equina,</p><p>não havendo perigo de lesão da medula espinal. Essa área é ideal para introdução de</p><p>uma agulha no espaço subaracnóideo, o que é feito para: retirada de líquido cerebros-</p><p>pinal para fins terapêuticos ou de diagnóstico, medida da pressão do líquido cerebros-</p><p>pinal, introdução de substâncias que aumentam o contraste radiográfico e introdução</p><p>de anestésicos nas chamadas anestesias raquidianas. O trecho da coluna vertebral</p><p>utilizado para introdução da agulha abrange de L2 a L5.</p><p>O cone medular continua-se com um delgado filamento meníngeo, o filamento terminal,</p><p>que se situa entre os filamentos da cauda equina, formado a partir de um espessamento</p><p>da pia-máter, o filamento terminal perfura o fundo de saco dural, recebe prolongamen-</p><p>tos da dura-máter e passa a ser denominado filamento da dura-máter espinal. Ao se</p><p>inserir no cóccix forma o ligamento coccígeo que mantém a medula espinal em sua</p><p>posição correta, durante os movimentos da coluna vertebral.</p><p>Saco dural: a dura-máter espinal envolve a cauda equina, assim como toda a medula espi-</p><p>nal, determinando a formação de um dedo de luva, denominado saco dural.</p><p>Figura 09. Anestesia raquidiana</p><p>Terceira lombar</p><p>Medula espinal</p><p>Espaço subaracnóideo</p><p>Agulha inserida</p><p>Dura-máter</p><p>Sacro</p><p>Cóccix</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>V</p><p>an</p><p>d</p><p>e</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 3</p><p>91</p><p>).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>125</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Internamente, dispondo-se sob a forma de um H ou uma borboleta, está a substância</p><p>cinzenta denominada H medular. Nela há de cada lado três colunas que aparecem nos</p><p>cortes como cornos que são: a coluna (ou corno) anterior motor, a coluna (ou corno) pos-</p><p>terior sensitivo e a coluna (ou corno) lateral, que só aparece na medula torácica e parte da</p><p>medula lombar. A barra transversal recebe a denominação de coluna intermédia.</p><p>A substância branca formada predominantemente por fibras nervosas mielínicas dis-</p><p>põe-se ao redor da substância cinzenta (H medular) constituindo de cada lado os funí-</p><p>culos anterior, lateral e posterior.</p><p>Figura 10. Secções transversais ao longo da medula espinal: H medular; funículo anterior; funículo lateral</p><p>e funículo posterior.</p><p>FUNÍCULO POSTERIOR H. MEDULAR</p><p>FUNÍCULO ANTERIOR</p><p>FUNÍCULO</p><p>LATERAL</p><p>Fonte: Netter (2004, p. 158A).</p><p>Os nervos espinais são aqueles que fazem conexão com a medula espinal e são</p><p>responsáveis pela inervação do tronco, dos membros e de partes da cabeça. São em</p><p>número de 31 pares, que correspondem aos 31 segmentos medulares existentes. São,</p><p>pois, 8 pares de nervos cervicais: 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. O</p><p>primeiro par sai entre o osso occipital e o atlas. Os outros cervicais saem logo acima da</p><p>vértebra correspondente até o 7º nervo. O 8º sai por baixo da sétima vértebra cervical.</p><p>Daí para baixo cada par atravessa o forame intervertebral situado imediatamente abai-</p><p>xo da vértebra correspondente.</p><p>126</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>Ao longo dos sulcos ântero-lateral e póstero-lateral da medula espinal estão discre-</p><p>tos filamentos – as radículas. As radículas anteriores, motoras, unem-se para formar a</p><p>raiz anterior do nervo espinal, enquanto as radículas posteriores, sensitivas, unem-se</p><p>para formar a raiz posterior do nervo espinal. Na raiz posterior do nervo espinal, a</p><p>presença de discreta dilatação recebe o nome de gânglio sensitivo do nervo espinal,</p><p>onde localizam-se corpos de neurônios pseudo-unipolares, sensitivos. Os gânglios são</p><p>aglomerados de corpos de neurônios localizados fora da parte central do sistema ner-</p><p>voso. Após o gânglio sensitivo, presente apenas na raiz posterior, as raízes anterior e</p><p>posterior se unem para formar o tronco do nervo espinal que contém fibras nervosas</p><p>aferentes, de função sensitiva, e fibras nervosas eferentes, de função motora.</p><p>Figura 11. Nervos espinais</p><p>Fonte: Netter (2004, p. 154A).</p><p>Base do crânio</p><p>CI</p><p>C1</p><p>C2</p><p>C3</p><p>C4</p><p>C5</p><p>C6</p><p>C7</p><p>C8</p><p>T1</p><p>T2</p><p>T3</p><p>T4</p><p>T5</p><p>T6</p><p>T7</p><p>T8</p><p>T9</p><p>T10</p><p>T11</p><p>T12</p><p>L1</p><p>L2</p><p>L3</p><p>L4</p><p>L5</p><p>CII</p><p>CIII</p><p>CIV</p><p>CV</p><p>CVI</p><p>CVII</p><p>TI</p><p>TII</p><p>TIII</p><p>TIV</p><p>TV</p><p>TVI</p><p>TVII</p><p>TVIII</p><p>TIX</p><p>TX</p><p>TXI</p><p>TXII</p><p>LI</p><p>LII</p><p>LIII</p><p>LIV</p><p>LV</p><p>SACRO</p><p>SI</p><p>SII</p><p>SIII</p><p>SIV</p><p>SV</p><p>Nervo coccígeo</p><p>Nível de extremidade do “saco dural”</p><p>Cauda equina</p><p>Cone medular (extremidade da</p><p>medula espinal)</p><p>Cóccix</p><p>1º nervo espinal cervical (C1) sai</p><p>acima da vértebra CI</p><p>8º nervo espinal cervical sai abaixo</p><p>da vértebra CVII (existem 8 nervos</p><p>espinais cervicais, mas somente 7</p><p>vértebras cervicais)</p><p>Intumescência cervical</p><p>Nervos cervicais</p><p>Nervos torácicos</p><p>Nervos lombares</p><p>Nervos sacrais e coccígeos</p><p>Intumescência lombossacral</p><p>Filamento terminal (parte pial)</p><p>Filamento terminal (parte dural)</p><p>1</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>127</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 12. Medula espinal e nervos</p><p>1.3. TRONCO ENCEFÁLICO</p><p>O tronco encefálico é um dos três componentes do encéfalo e está situado entre o dien-</p><p>céfalo e a medula espinal. É composto de três segmentos: o bulbo, a ponte e o mesen-</p><p>céfalo. Muitas estruturas anatômicas podem ser observadas macroscopicamente em</p><p>suas faces anterior, lateral, posterior e até mesmo em uma seção transversal.</p><p>O bulbo continua caudalmente com a medula espinal e superiormente é limitado pelo</p><p>sulco bulbopontino, que corresponde à margem inferior da ponte. Observa-se de cada</p><p>lado da fissura mediana anterior, estrutura bulbar alongada, a pirâmide, que se constitui</p><p>por feixe compacto de fibras nervosas descendentes que conduzem, aos neurônios mo-</p><p>tores da medula espinal, impulsos motores voluntários originados no córtex cerebral. Na</p><p>parte caudal do bulbo, fibras deste trato piramidal ou corticospinal cruzam obliquamente</p><p>o plano mediano, formando a decussação das pirâmides.</p><p>No bulbo, lateralmente às pirâmides, localizam-se eminências ovais, denominadas oli-</p><p>vas. Nesta região, situa-se o núcleo olivar inferior que recebe fibras do córtex cerebral,</p><p>da medula e do núcleo rubro e estabelece conexões com o cerebelo através de fibras</p><p>olivo-cerebelares que cruzam o plano mediano e penetram no cerebelo. Sabe-se hoje</p><p>que as conexões olivo-cerebelares</p><p>estão envolvidas na aprendizagem motora.</p><p>Entre os sulcos mediano posterior e póstero-lateral, situam-se os fascículos grácil me-</p><p>dialmente e cuneiforme lateralmente. As fibras nervosas ascendentes constituintes des-</p><p>ses fascículos terminam nos núcleos e cuneiforme, situados na parte mais cranial dos</p><p>respectivos fascículos, onde determinam o aparecimento dos tubérculos grácil e cunei-</p><p>forme. Esses fascículos são constituídos por fibras nervosas que conduzem impulsos</p><p>relacionados à propriocepção consciente ou sentido de posição e de movimento, tato</p><p>discriminativo ou epicrítico, sensibilidade vibratória e estereognosia. Enquanto o fascí-</p><p>culo grácil conduz impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 162).</p><p>Vista anterior</p><p>RADÍCULAS</p><p>GÂNGLIO</p><p>SENSITIVO</p><p>RAIZ</p><p>POSTERIOR</p><p>RAIZ ANTERIOR</p><p>TRONCO DO</p><p>NERVO</p><p>ESPINAL</p><p>128</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>do tronco, o fascículo cuneiforme conduz impulsos provenientes dos membros superio-</p><p>res e da metade superior do tronco.</p><p>O bulbo, que em muitos aspectos se assemelha à medula espinal, é extremamente importan-</p><p>te, pois contém na formação reticular centros de atividades vitais para o indivíduo, incluindo</p><p>o centro respiratório (responsável pela regulação do ritmo respiratório) e o centro vasomotor</p><p>(responsável pela regulação do calibre vascular, da pressão arterial e do ritmo cardíaco).</p><p>A ponte, caracterizada pela presença de estriações transversais devido à existência de</p><p>feixes de fibras transversais, apresenta medianamente discreta depressão, o sulco ba-</p><p>silar, no qual transita a artéria basilar, cujos ramos participam da irrigação do encéfalo.</p><p>Lateralmente, na ponte, encontramos duas projeções espessas (uma de cada lado),</p><p>denominadas pedúnculos cerebelares médios. O pedúnculo cerebelar médio é o local</p><p>de trânsito de fibras que transportam estímulos ao cerebelo.</p><p>O mesencéfalo é atravessado por um estreito canal, o aqueduto do mesencéfalo, que une o III</p><p>ventrículo, situado no diencéfalo, ao IV ventrículo, situado no tronco encefálico. Posteriormen-</p><p>te ao aqueduto, encontra-se o teto do mesencéfalo e, anteriormente, duas massas alongadas</p><p>denominadas pedúnculos cerebrais, entre as quais se situa a fossa interpeduncular.</p><p>Os pedúnculos cerebrais dividem-se em uma parte dorsal predominantemente celular</p><p>chamada tegmento do mesencéfalo e outra ventral composta por fibras descendentes</p><p>dos tratos corticospinal, corticonuclear e corticopontino, denominada base do pedúncu-</p><p>lo. O tegmento do mesencéfalo e a base do pedúnculo são delimitados superficialmente</p><p>pelos sulcos lateral do mesencéfalo e medial do pedúnculo cerebral.</p><p>Na face posterior do mesencéfalo, isto é, no teto do mesencéfalo, observa-se quatro</p><p>formações arredondadas: os corpos quadrigêmeos, cujos colículos superiores relacio-</p><p>nam-se ao mecanismo da visão e os colículos inferiores ao mecanismo da audição.</p><p>No corte transversal do mesencéfalo existe entre o tegmento do mesencéfalo e a base</p><p>do pedúnculo uma estrutura de cor escura, em forma de arco, denominada substância</p><p>negra. A substância negra, que está contida intimamente nos pedúnculos cerebrais, é</p><p>um núcleo (massa de substância cinzenta envolvida por substância branca) formado</p><p>por neurônios que contém inclusões de melanina, as quais conferem a este núcleo uma</p><p>coloração escura. Uma característica importante da maioria dos neurônios da substân-</p><p>cia negra é que eles utilizam como neurotransmissor a dopamina.</p><p>A substância negra e o corpo estriado (núcleos da base) relacionam-se por fibras nervosas,</p><p>cujas alterações funcionais podem causar a diminuição da dopamina, provocando graves per-</p><p>turbações motoras, entre elas tremores das extremidades, que caracterizam a patologia conhe-</p><p>cida como Doença de Parkinson.</p><p>O núcleo rubro, um núcleo nervoso presente no tegmento do mesencéfalo, é assim</p><p>denominado em virtude da tonalidade rósea que apresenta nas preparações à fresco.</p><p>Participa do controle da motricidade somática, recebe fibras do cerebelo e das áreas</p><p>motoras do córtex cerebral e dá origem ao trato rubro-espinal por meio do qual influencia</p><p>SAIBA MAIS</p><p>129</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>neurônios motores da medula espinal – responsáveis pela inervação da musculatura</p><p>distal dos membros superiores e inferiores.</p><p>Figura 13. Tronco encefálico (vista anterior)</p><p>Trato olfatório</p><p>Quiasma óptico</p><p>Trato óptico</p><p>Túber cinéreo</p><p>Corpo geniculado lateral</p><p>Substância perfurada</p><p>posterior</p><p>Ponte</p><p>Pedúnculo cerebelar médio</p><p>Oliva</p><p>Pirâmide</p><p>Radículas anteriores do 1º nervo</p><p>espinal (C1)</p><p>Decussação das pirâmides</p><p>Pilar do cérebro (parte</p><p>anterior do pedúnculo</p><p>cerebral)</p><p>Substância perfurada</p><p>anterior</p><p>Infundíbulo</p><p>Corpos mamilares</p><p>Nervo oculomotor (III)</p><p>Nervo troclear (IV)</p><p>Nervo trigêmeo (V)</p><p>Nervo abducente (VI)</p><p>Nervo hipoglosso (XII)</p><p>Nervo acessório (XI)</p><p>Flóculo do cerebelo</p><p>Nervo glossofaríngeo (IX)</p><p>Nervo vago (X)</p><p>Plexo corióideo do</p><p>quarto ventrículo</p><p>Nervo vestibulococlear</p><p>(VIIII)</p><p>Nervos facial e</p><p>intermédio (VII)</p><p>Lobo temporal</p><p>(seccionado)</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 113).</p><p>Figura 14. Tronco encefálico (vista posterior)</p><p>Terceiro ventrículo Trígono habenular</p><p>Pulvinar do tálamo</p><p>Glândula pineal</p><p>Colículo superior</p><p>Colículo inferior</p><p>Nervo troclear (IV)</p><p>Véu medular superior</p><p>Pedúnculos cerebelares</p><p>médios</p><p>Pedúnculos cerebelares</p><p>inferiores</p><p>Recesso lateral</p><p>Fóvea superior</p><p>Sulco limitante</p><p>Fóvea inferior</p><p>Tubérculo trigemal</p><p>Trígono do nervo hipoglosso</p><p>Trígono do nervo vago</p><p>Obex</p><p>Pedúnculos cerebelares</p><p>superiores</p><p>Corpo geniculado medial</p><p>Corpo geniculado lateral</p><p>Sulco mediano</p><p>Pedúnculos cerebelares superiores</p><p>Locus ceruleus</p><p>Eminência medial</p><p>Colículo facial</p><p>Área vestibular</p><p>Estrias medulares</p><p>Tubérculo cuneiforme</p><p>Tubérculo grácil</p><p>Sulco mediano</p><p>Funículo lateral</p><p>Fascículo cuneiforme</p><p>Fascículo grácil</p><p>Tênia do quarto</p><p>ventrículo</p><p>Núcleo denteado</p><p>do cerebelo</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 114).</p><p>130</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>1.4. CEREBELO</p><p>Conceitualmente, o cerebelo não é uma parte que pertence ao tronco encefálico, porém</p><p>está ligado à medula espinal e ao bulbo pelo pedúnculo cerebelar interior e à ponte</p><p>pelo pedúnculo cerebelar médio e ao mesencéfalo pelo pedúnculo cerebelar superior.</p><p>Anatomicamente, é mais semelhante ao cérebro do que outros segmentos (tronco en-</p><p>cefálico). Apresenta como partes semelhantes o córtex cerebelar (substância cinzenta),</p><p>o corpo medular do cerebelo (substância branca) e núcleos nervosos.</p><p>No entanto, funcionalmente é diferente do cérebro, pois trabalha sempre em nível invo-</p><p>luntário e inconsciente, com função principal relacionada à parte motora.</p><p>O cerebelo é a maior massa do encéfalo que se encontra dorsal à ponte e ao bulbo,</p><p>formando com essas estruturas a cavidade do quarto ventrículo. Situa-se abaixo do</p><p>tentório do cerebelo na fossa posterior do crânio, separado do cérebro por um folheto</p><p>da dura-máter. Possui formato praticamente ovalado, constringido medialmente e acha-</p><p>tado na porção inferior, tendo seu maior diâmetro no sentido látero-lateral. Sua super-</p><p>fície não é convoluta como a do cérebro, mas sim cruzada por numerosos sulcos que</p><p>variam de profundidade dependendo da localização. Seu peso médio no homem é de</p><p>aproximadamente 150g. Em um adulto a proporção entre o cerebelo e o cérebro é de</p><p>1:8, em crianças é de 1:20. Semelhante a uma borboleta, o cerebelo constitui-se funda-</p><p>mentalmente por massas laterais, os hemisférios de cerebelo, e pela estrutura mediana,</p><p>de nome verme do cerebelo. Ainda há uma subdivisão em lobos que são o anterior, o</p><p>posterior e o flóculo-nodular, os quais estão entre fissuras.</p><p>A superfície do cerebelo apresenta sulcos transversais que delimitam lâminas finas de-</p><p>nominadas cerebelo, que delimitam os lóbulos do cerebelo.</p><p>O cerebelo está relacionado funcionalmente à aprendizagem motora, ao controle do</p><p>tónus muscular e movimentos voluntários e à manutenção da postura.</p><p>Figura 15. Cerebelo</p><p>Verme Cerebelar</p><p>Lobo Anterior</p><p>Lobo Flóculo-nodular</p><p>Lobo Posterior</p><p>Hemisférios Cerebelares</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 112).</p><p>131</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>1.5. DIENCÉFALO</p><p>O diencéfalo é um componente ímpar situado medianamente no cérebro, ob-</p><p>servado anatomicamente em sua face inferior. A cavidade do diencéfalo é uma</p><p>estreita fenda mediana denominada III ventrículo, que se comunica com o IV</p><p>ventrículo pelo aqueduto do mesencéfalo e com os ventrículos laterais pe-</p><p>los respectivos forames interventriculares (MACHADO, HAERTEL, 2014, p. 53).</p><p>Figura 16. Localização do diencéfalo</p><p>O diencéfalo compreende como partes: o tálamo, o hipotálamo, o epitálamo e o subtála-</p><p>mo. Atualmente, uma parte denominada metatálamo faz parte do tálamo.</p><p>` Tálamo</p><p>O tálamo é essencial para o funcionamento da parte central do sistema nervoso. Situ-</p><p>ado no diencéfalo, acima do sulco hipotalâmico, constitui-se em acúmulos de corpos</p><p>nucleares de neurônios situados lateralmente ao III ventrículo. Suas extremidades são</p><p>denominadas de tubérculo anterior do tálamo e pulvinar do tálamo.</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 105).</p><p>Sulco Hipotalâmico</p><p>Diencéfalo</p><p>132</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>O tubérculo anterior do tálamo é arredondado, formando o limite posterior do forame in-</p><p>terventricular, já a extremidade posterior é expandida para formar o pulvinar do tálamo.</p><p>O pulvinar projeta-se sobre os corpos geniculados medial e lateral. Essas estruturas</p><p>compõem o metatálamo, como dito acima, também fazem parte do tálamo. O corpo</p><p>geniculado medial pertence à via auditiva, enquanto o corpo geniculado lateral, à via óp-</p><p>tica. A face lateral do tálamo é separada do telencéfalo pela cápsula interna, um feixe de</p><p>fibras compactadas que faz a ligação entre o córtex cerebral e os centros subcorticais.</p><p>Na face inferior do tálamo encontram-se o hipotálamo e o subtálamo.</p><p>Figura 17. Tálamo: extremidades</p><p>Tubérculo anterior</p><p>do tálamo</p><p>III ventrículo</p><p>Pulvinar do tálamo</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 110).</p><p>Figura 18. Delimitações do tálamo</p><p>VENTRÍCULO</p><p>LATERAL</p><p>CÁPSULA</p><p>INTERNA</p><p>III</p><p>VENTRÍCULO</p><p>HIPOTÁLAMO</p><p>SUBTÁLAMO</p><p>TÁLAMO</p><p>Ventrículos do Cérebro</p><p>Secção Coronal do Cérebro – Vista Posterior</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 107).</p><p>133</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Existem dois tálamos, cada um situado num hemisfério cerebral e interconectado por</p><p>uma estrutura denominada aderência intertalâmica, que pode estar ausente em algu-</p><p>mas pessoas.</p><p>O tálamo é considerado um centro de retransmissão para o córtex cerebral, cada núcleo</p><p>talâmico envia diferentes informações para o córtex recebendo aferências dessas mes-</p><p>mas regiões.</p><p>Considerações clínicas</p><p>As lesões no tálamo estão relacionadas a alterações na sensibilidade, modificando impulsos aferentes que</p><p>chegam ao córtex, mas devem passar obrigatoriamente pelo tálamo. O tálamo, além de interferir com a</p><p>sensibilidade, interfere com a motricidade voluntária, com o comportamento emocional, relacionando-se</p><p>com o sistema límbico via giro do cíngulo e área pré-frontal.</p><p>` Hipotálamo</p><p>Hipotálamo-hipófise</p><p>O hipotálamo é uma estrutura muito pequena sendo responsável por diversas funções vitais</p><p>para a manutenção da homeostasia. O hipotálamo re relaciona com o sistema endócrino e</p><p>com o sistema nervoso autônomo. O hipotálamo também integra o sistema límbico, possuin-</p><p>do diversos componentes responsáveis por este circuito cerebral. O hipotálamo é limitado</p><p>pelo quiasma óptico e pelos corpos mamilares, estando imediatamente abaixo do sulco hipo-</p><p>talâmico e, por conseguinte, do tálamo, formando o assoalho do III ventrículo. O limite lateral</p><p>do hipotálamo é delimitado pela cápsula interna.</p><p>De anterior para posterior, são estruturas anatômicas do hipotálamo: o quiasma óptico, o</p><p>infundíbulo, o túber cinéreo e os corpos mamilares.</p><p>` Quiasma óptico: local de cruzamento de parte das fibras mielínicas dos nervos ópticos,</p><p>os quais após o cruzamento constituem os tratos ópticos que se encaminham aos corpos</p><p>geniculados laterais. Após sinapses, axônios dirigem-se ao lobo occipital.</p><p>` Infundíbulo: formação anatômica que se prende ao túber cinéreo na sua extremidade</p><p>superior e à neuro-hipófise em sua extremidade inferior.</p><p>` Túber cinéreo: local do hipotálamo onde prende-se a glândula hipófise por meio do in-</p><p>fundíbulo.</p><p>` Corpos mamilares: são eminências arredondadas de substância cinzenta, próximas da</p><p>fossa interpeduncular.</p><p>Hipófise</p><p>Como já observado, o hipotálamo conecta-se com a pituitária ou hipófise por duas vias dis-</p><p>tintas: conecta-se à hipófise posterior ou neuro-hipófise por vias neurais e com a hipófise</p><p>anterior ou adeno-hipófise por via vascular (sistema vaso porta hipotálamo-hipofisário). A</p><p>hipófise está localizada na sela turca do osso esfenoide.</p><p>134</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>TRÍGONO</p><p>HABENULAR</p><p>GLÂNDULA</p><p>PINEAL</p><p>` Epitálamo</p><p>O epitálamo constitui-se numa série de estruturas presentes na parte superior e poste-</p><p>rior do diencéfalo. Limita posteriormente o III ventrículo, acima do sulco hipotalâmico.</p><p>As estruturas a serem consideradas são: glândula pineal, núcleo das habênulas, comis-</p><p>sura das habênulas, estrias medulares e comissura posterior.</p><p>Figura 19. Estruturas do hipotálamo (secção sagital mediana)</p><p>QUIASMA ÓPTICO</p><p>INFUNDÍBULO</p><p>TÚBER</p><p>CINÉREO</p><p>CORPOS MAMILARES</p><p>GLÂNDULA HIPÓFISE</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>14</p><p>).</p><p>Figura 20. Estruturas do epitálamo</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>14</p><p>).</p><p>A glândula pineal (porção endócrina do epitálamo) possui células próprias denominadas</p><p>pinealócitos, secretoras de melatonina (formada a partir da serotonina). Fibras simpáti-</p><p>cas parecem estimular a glândula pineal na síntese da melatonina, estando esta secre-</p><p>ção envolvida com a regulação do ritmo biológico do organismo. Observa-se também</p><p>que sua secreção inibe a atividade gonadal.</p><p>135</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O subtálamo está localizado lateralmente à cápsula interna e medialmente ao hipotálamo.</p><p>Possui extensões de estruturas mesencefálicas, como o núcleo rubro, a formação reticu-</p><p>lar e a substância negra (em conjunto são denominadas zona incerta do subtálamo), além</p><p>de estruturas próprias como os núcleos subtalâmicos. Esses núcleos subtalâmicos fazem</p><p>conexões bidirecionais com o globo pálido via pálido-subtálamo-palidal, responsável pela</p><p>motricidade somática. As lesões no subtálamo cursam com hemibalismo.</p><p>1.6. TELENCÉFALO</p><p>O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, esquerdo e direito, incompleta-</p><p>mente separados pela fissura longitudinal do cérebro, cujo assoalho é formado pelo corpo</p><p>caloso, principal estrutura de união dos dois hemisférios. Cada hemisfério possui três po-</p><p>los: frontal, occipital e temporal; e três faces: face superolateral, face medial e face inferior.</p><p>Figura 21. Partes do diencéfalo</p><p>Corpo caloso</p><p>Ventrículo lateral</p><p>Fórnice</p><p>Putame</p><p>Globo pálido</p><p>medial e lateral</p><p>Zona incerta,</p><p>núcleo do</p><p>campo perizonal</p><p>Corpos mamilaresa bNúcleo subtalâmico</p><p>Claustro</p><p>Terceiro</p><p>ventrículo</p><p>Cápsula</p><p>externa</p><p>Cápsula</p><p>interna</p><p>Fonte: Waschke, Böckers e Paulsen (2019, p. 663).</p><p>Figura 22. Faces do telencéfalo</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 104, 105, 106).</p><p>F</p><p>A</p><p>C</p><p>E</p><p>S</p><p>SÚPERO-LATERAL</p><p>MEDIAL</p><p>INFERIOR</p><p>136</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>O telencéfalo (cérebro) consiste em duas camadas. A camada superficial, que constitui</p><p>o córtex cerebral, é composta de substância cinzenta que tem de 2 a 4 mm de espessu-</p><p>ra. Abaixo do córtex cerebral está a espessa camada de substância branca do cérebro,</p><p>que constitui a segunda camada, denominada de centro branco medular do cérebro.</p><p>As massas de substância cinzenta envolvidas por massas de substância branca são</p><p>denominadas de núcleos nervosos.</p><p>Figura 23. Secção transversal do cérebro</p><p>CÓRTEX CEREBRAL</p><p>CENTRO BRANCO MEDULAR DO CÉREBRO</p><p>NÚCLEOS NERVOSOS</p><p>A B</p><p>A B CÉREBRO</p><p>Cada hemisfério cerebral contém uma cavidade central, o ventrículo lateral é revestido</p><p>com células ependimárias que constituem plexos corióideos e está cheio de líquido</p><p>cerebrospinal, produzido por estes plexos.</p><p>Os sistemas que, em conjunto, constituem o organismo do indivíduo são: sistema te-</p><p>gumentar, sistema esquelético, sistema articular, sistema muscular, sistema nervoso,</p><p>sistema circulatório, sistema respiratório, sistema digestório, sistema urinário, sistema</p><p>genital, sistema endócrino e sistema sensorial. Didaticamente, costuma-se dividir a ana-</p><p>tomia em sistêmica e topográfica. Enquanto a anatomia sistêmica é o estudo anatômico</p><p>baseado nos vários sistemas do organismo, a anatomia topográfica preocupa-se com</p><p>o estudo das estruturas anatômicas contidas nas subdivisões naturais do corpo, tais</p><p>como: região da cabeça, pescoço, tórax, abdome e membros superiores e inferiores.</p><p>1.3. CONCEITOS GERAIS EM ANATOMIA</p><p>Em Anatomia, normal é o padrão, ou seja, o que ocorre na maioria dos casos é o mais</p><p>frequente em uma população.</p><p>Variações anatômicas são as diferenças morfológicas existentes entre os elementos</p><p>que compõem um grupo humano. Elas podem se apresentar externamente (variação</p><p>anatômica externa) ou em qualquer dos sistemas do organismo (variação anatômica</p><p>interna) sem trazer prejuízo funcional para o indivíduo. É importante que tenhamos em</p><p>mente a possibilidade da ocorrência de variações anatômicas, pois nem sempre o que</p><p>observamos em um cadáver reproduz exatamente o que um atlas de anatomia repre-</p><p>senta ou o que pode ser observado em outro cadáver ou indivíduo.</p><p>Na variação anatômica não há prejuízo da função. Entretanto, podem ocorrer variações</p><p>morfológicas que determinam perturbação funcional. Quando o desvio do padrão nor-</p><p>mal anatômico prejudica a função, diz-se que se trata de uma anomalia. Se a anomalia</p><p>deformar profundamente a construção do corpo do indivíduo sendo, em geral incompa-</p><p>tível com a vida, denomina-se monstruosidade (DANGELO; FATTINI, 2007).</p><p>Fatores gerais de variação</p><p>Ainda segundo Dangelo e Fattini (2007) sobre as variações anatômicas, as ditas indi-</p><p>viduais, devem-se acrescentar aquelas decorrentes da idade, do sexo, da raça, do tipo</p><p>morfológico constitucional e da evolução.</p><p>14</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>A. Idade:</p><p>B. Sexo:</p><p>C. Raça:</p><p>D. Biotipo:</p><p>É o tempo decorrido ou a duração da vida. Notáveis modificações anatômicas ocorrem em</p><p>um mesmo indivíduo, considerando-se suas diferentes fases etárias:</p><p>Masculino e feminino apresentam caracteres próprios, mesmo fora da esfera genital.</p><p>Compreende os grupos raciais branco, amarelo e negro e seus mestiços que revelam dife-</p><p>renças morfológicas externas e internas.</p><p>Ou tipo morfológico constitucional é o resultado das características herdadas geneticamente</p><p>e das características adquiridas por influência do meio externo. Pode-se reconhecer dois</p><p>tipos morfológicos constitucionais extremos (longilíneos e brevilíneos) e o tipo médio (medio-</p><p>líneos ou normolíneos), porém tipos mistos também podem ser observados. Longilíneos são</p><p>indivíduos altos, magros e esguios, com pescoço longo, tórax achatado ântero-posteriormen-</p><p>te e membros longos em relação ao tronco. Brevilíneos são indivíduos baixos, gordos e atar-</p><p>racados, com pescoço curto, tórax cilíndrico e membros relativamente curtos. Normolíneos</p><p>são indivíduos que apresentam características intermediárias às dos precedentes.</p><p>Vida intrauterina</p><p>` ovo – sete primeiros dias</p><p>` embrião – até o fim do 2º mês</p><p>` feto – até o 9º mês</p><p>Vida extrauterina</p><p>` recém-nascido – até o 1º mês após o nascimento</p><p>` infante – até o fim do 2º ano</p><p>` menino – até o fim do 10º ano</p><p>` pré-púbere – até a puberdade</p><p>` púbere – dos 12 aos 14 anos</p><p>` jovem – até os 21 anos no sexo feminino e 25 anos no sexo masculino</p><p>` adulto – até a menopausa feminina e ao correspondente processo no homem (cerca de 60 anos)</p><p>` velho – além dos 60 anos.</p><p>15</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 02. Fatores de variações anatômicas: Biotipos e variações internas. Em A, estômago em um brevi-</p><p>líneo, em B, estômago em um normolíneo e, em C, estômago em um longilíneo</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>a</p><p>da</p><p>pt</p><p>ad</p><p>a</p><p>de</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>04</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>67</p><p>B</p><p>).</p><p>E. Evolução:</p><p>O decorrer dos tempos também influencia no aparecimento de diferenças morfológicas.</p><p>1.4. NOMENCLATURA ANATÔMICA</p><p>A anatomia tem a sua própria linguagem. A terminologia anatômica é o conjunto de</p><p>termos empregados para designar e descrever o organismo e suas partes. A primeira</p><p>tentativa de uniformizar e criar uma nômina foi em 1895, na cidade de Basiléia, Suíça,</p><p>onde se estabeleceu a Basle Nomina Anatômica – BNA. Posteriormente, revisões foram</p><p>feitas em 1933 em Birminghan, na Inglaterra, instituindo-se a Birminghan Revision – BR</p><p>bem como em 1935, em Jena, Alemanha, surgindo a lena Nômina Anatômica – INA. A</p><p>Paris Nômina Anatômica – PNA foi aprovada em Paris em 1955. Novas revisões acon-</p><p>teceram em Nova Iorque 1960, Wiesbaden 1965, Leningrado 1970, Tokyo 1975, México</p><p>1980 e Londres 1985.</p><p>A última versão da Terminologia Anatômica foi aprovada em uma assembleia geral da IFAA</p><p>(International Federation of Associations of Anataomists), em Roma, na Itália, em 1999.</p><p>No ano 2000, na cidade de São Paulo, Brasil, foi publicada a versão em português, tradução</p><p>preparada pela Sociedade Brasileira de Anatomia e Sociedade Anatômica Portuguesa.</p><p>Após a aprovação da PNA (Paris Nômina Anatômica), os 20.000 termos utilizados para</p><p>designar estruturas anatômicas foram reduzidos para apenas 5000, sendo que cada</p><p>estrutura anatômica, com raras exceções, passou a ser designada por um único nome.</p><p>A língua oficialmente adotada na nomenclatura anatômica foi o latim, entretanto, cada</p><p>país tem a liberdade de traduzi–la para o seu próprio vernáculo. Na nomenclatura</p><p>16</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>anatômica, foram abolidos os epônimos (nomes de pessoas para designar coisas) pois</p><p>estes não indicam o tipo ou localização da estrutura e alguns ainda são historicamente</p><p>incorretos. Atualmente, os termos empregados têm que trazer alguma informação ou</p><p>descrição sobre a estrutura referida e, geralmente, indicam a posição ou situação do</p><p>órgão, o seu trajeto, as suas conexões ou inter-relações, a sua relação com o esqueleto,</p><p>sua função ou sua forma. Exemplos: quanto à forma, o músculo trapézio; quanto à</p><p>posição, o nervo mediano; quanto ao trajeto, a artéria circunflexa da escápula.</p><p>VOCÊ SABIA?</p><p>Mudanças de nome no corpo humano:</p><p>Termo atual Termo passado</p><p>Sistema digestório Sistema digestivo</p><p>Proeminência laríngea Pomo de adão</p><p>Tendão do calcâneo Tendão de Aquiles</p><p>Fíbula Perônio (botão do violino)</p><p>Patela Rótula</p><p>Ulna Cúbito (cotovelo)</p><p>Músculo trapézio Músculo cucular</p><p>Tonsila palatina Amígdala</p><p>Tuba uterina Trompa de falópio</p><p>Mandíbula Maxilar inferior</p><p>Os termos gerais de anatomia podem ser abreviados da seguinte forma:</p><p>A. – artéria Aa. – artérias</p><p>V. – veia Vv. – veias</p><p>M. – músculo Mm. – músculos</p><p>N. – nervo Nn. – nervos</p><p>R. – ramo Rr. – ramos</p><p>1.5. DIVISÃO DO CORPO HUMANO</p><p>Classicamente, o corpo humano é dividido em cabeça, pescoço tronco e membros. O</p><p>tronco em tórax, abdome, pelve e dorso, e os membros em superiores e inferiores. Na</p><p>transição do braço ao antebraço há o cotovelo; do antebraço à mão, o punho; da coxa</p><p>à perna, o joelho; e da perna ao pé, o tornozelo. A região posterior do pescoço recebe</p><p>a denominação de nuca e a do tronco, de dorso.</p><p>17</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 03. Divisão do corpo humano</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>M</p><p>oo</p><p>re</p><p>, D</p><p>al</p><p>le</p><p>y</p><p>e</p><p>A</p><p>gu</p><p>r (</p><p>20</p><p>19</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>).</p><p>CabeçaA - D - G -</p><p>B - E - H -</p><p>C - F -</p><p>Principais partes do corpo</p><p>Dorso Membro inferior</p><p>Membro superiorPescoço Abdome</p><p>Tórax Pelve/períneo</p><p>Vista anterior Vista posterior</p><p>1 = Região glútea</p><p>2 = Região femoral anterior</p><p>3 = Região femoral posterior</p><p>4 = Região genicular anterior</p><p>5 = Região genicular posterior</p><p>Regiões do membro inferior</p><p>6 = Região crural anterior</p><p>7 = Região crural posterior</p><p>8 = Região talocrural anterior (tornozelo)</p><p>9 = Região talocrural posterior</p><p>10 = Região do pé</p><p>1.6. POSIÇÃO ANATÔMICA</p><p>A posição anatômica é sempre utilizada para evitar</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 109).</p><p>Figura 24. Ventrículos laterais e plexo corióideo</p><p>Fonte: Van de Graaff (2003, p. 365).</p><p>Corno frontal do</p><p>ventrículo lateral</p><p>Lobo insular</p><p>Claustro</p><p>Putame</p><p>Globo pálido</p><p>Cauda do núcleo caudado</p><p>Córtex cerebral</p><p>Núcleo</p><p>lentiforme</p><p>Cabeça do núcleo</p><p>caudado</p><p>Tálamo</p><p>NÚCLEOS</p><p>NERVOSOS</p><p>PLEXO</p><p>CORIÓIDEO</p><p>137</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O córtex cerebral é caracterizado por numerosas pregas e sulcos chamados circunvo-</p><p>luções, que se formam durante o início do desenvolvimento fetal, quando o tamanho do</p><p>encéfalo aumenta rapidamente e o córtex aumenta desproporcionalmente à substância</p><p>branca subjacente. As pregas elevadas das circunvoluções são os giros do cérebro e os</p><p>sulcos escavados são os sulcos do cérebro (VAN DE GRAAFF, 2003, p. 363).</p><p>Figura 25. Sulcos e giros do telencéfalo</p><p>GIROS SULCO</p><p>CENTRAL</p><p>SULCO</p><p>PARIETOCCIPITAL</p><p>SULCO</p><p>LATERAL</p><p>Cada hemisfério cerebral é subdividido em vários lobos por sulcos profundos. Quatro</p><p>desses lobos aparecem na superfície do cérebro e são denominados de acordo com os</p><p>ossos do crânio que os encobrem, sendo eles o frontal, o parietal, o temporal e o occipi-</p><p>tal. As razões para a separação dos lobos cerebrais, como também em dois hemisférios</p><p>cerebrais, devem-se à especificidades funcionais. O lobo frontal forma a porção anterior</p><p>de cada hemisfério cerebral. Um proeminente sulco profundo chamado sulco central</p><p>separa o lobo frontal do lobo parietal. O sulco central se estende perpendicularmente</p><p>da fissura longitudinal ao sulco lateral. O sulco lateral se estende lateralmente da face</p><p>inferior do cérebro para separar os lobos frontal e temporal. O giro pré-central, uma im-</p><p>portante área motora, está posicionado imediatamente na frente do sulco central. Ainda</p><p>no lobo frontal, o giro frontal inferior está relacionado com funções bastante significati-</p><p>vas envolvendo a linguagem, principalmente no hemisfério esquerdo.</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 104).</p><p>Do ponto de vista funcional, na maioria das pessoas, as áreas da linguagem estão localiza-</p><p>das apenas do lado esquerdo, como dito antes. Surgiu assim o conceito de que este hemis-</p><p>fério seria o dominante, enquanto o direito seria o secundário.</p><p>As funções do lobo frontal incluem a iniciação dos impulsos motores voluntários para os</p><p>movimentos dos músculos esqueléticos, análise de experiências sensoriais e respostas</p><p>relacionadas com a personalidade. Os lobos frontais também medeiam respostas rela-</p><p>cionadas com memória, emoções, raciocínio, julgamento, planejamento e comunicação</p><p>verbal (VAN DE GRAAFF, 2003, p. 363).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>138</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>O lobo parietal está situado posteriormente ao sulco central e anteriormente ao sulco</p><p>parietoccipital. Uma importante área sensitiva chamada giro pós-central está posicio-</p><p>nada atrás do sulco central. O giro pós-central é uma área relacionada a sensibilidade</p><p>geral ou somestésica.</p><p>O lobo temporal, localizado inferiormente ao sulco lateral e abaixo do lobo parietal e da</p><p>porção posterior do lobo frontal, contém centros da audição que recebem fibras senso-</p><p>riais da cóclea da orelha interna. Este lobo também interpreta um pouco de experiências</p><p>sensoriais e armazena memória de experiências auditivas e visuais. Uma importante</p><p>estrutura cerebral relacionada à memória para fatos recentes, denominada hipocampo,</p><p>está localizada profundamente no lobo temporal.</p><p>O lobo occipital está localizado posteriormente ao sulco parietoccipital e forma a porção</p><p>posterior. Funcionalmente, neste lobo encontra-se a área visual.</p><p>O lobo insular desenvolve-se menos que os demais, estando situado profundamente ao</p><p>sulco lateral. É recoberto pelos lobos vizinhos, frontal, temporal e parietal. Acredita-se</p><p>que este lobo realiza alguma função na memória.</p><p>Figura 26. a) Lobos telencefálicos</p><p>Sulco central Área motora envolvida com o</p><p>controle voluntário dos músculos</p><p>Área auditiva</p><p>Área interpretativa em geral</p><p>Cerebelo</p><p>Tronco encefálico</p><p>Área motora da fala</p><p>(área de Broca)</p><p>Sulco lateral</p><p>Lobo temporal</p><p>Lobo frontal</p><p>Combinação de imagens</p><p>visuais; reconhecimento visual</p><p>dos objetos</p><p>Interpretação de experiências</p><p>sensoriais; memória de padrões</p><p>visuais e auditivos</p><p>Lobo occipital</p><p>Lobo parietal</p><p>Área sensitiva envolvida com</p><p>sensibilidades cutânea e outras</p><p>Um último lobo, observado no cérebro é o lobo límbico. O lobo límbico é constituído</p><p>por estruturas que formam um contínuo circuíto na face medial do cérebro. Essas es-</p><p>truturas têm funções que são características únicas para aquele lobo. As estruturas do</p><p>lobo límbico são: giro do cíngulo, istmo do giro do cíngulo, giro para-hipocampal, unco</p><p>e área septal.</p><p>Fonte: Van de Graaff (2003, p. 366).</p><p>139</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 27. b) Lobos telencefálicos</p><p>LOBO LÍMBICO</p><p>1.7. PARTE PERIFÉRICA DO SISTEMA NERVOSO</p><p>Uma rede constituída de nervos, terminações nervosas e gânglios conduz informações</p><p>do e para o encéfalo e para a medula espinal. As fibras sensitivas dos nervos conduzem</p><p>mensagens dos órgãos dos sentidos e também dos órgãos internos, enquanto as fibras</p><p>motoras controlam as atividades musculares e das glândulas.</p><p>Nervos são cordões esbranquiçados que unem a parte central do sistema nervoso aos</p><p>órgãos periféricos. Podem ser nervos espinais e cranianos caso esta união se faça com</p><p>a medula espinal ou com o encéfalo e, em geral, são mielínicas com neurilema (MA-</p><p>CHADO, HAERTEL, 2014, p. 93)</p><p>Os 12 pares de nervos cranianos originam-se diretamente no encéfalo, sendo dois no</p><p>cérebro e dez no tronco encefálico. Alguns têm função motora, outros têm função sensi-</p><p>tiva e alguns, mista. Eles recebem o nome de acordo com as partes do corpo aos quais</p><p>se conectam e também são identificados por numerais romanos.</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 105).</p><p>Todas as áreas encefálicas relacionadas a alguma função devem ser estudadas com parci-</p><p>mônia, uma vez que não existe uma área isolada funcionalmente e, de acordo com os auto-</p><p>res estudados, muitas outras funções são descritas para cada uma delas.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>140</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Os nervos espinais são em número de 31 pares que emergem pelos espaços entre as</p><p>vértebras. No caso dos nervos espinais, todos são mistos, ou seja, apresentam uma</p><p>porção motora e uma porção sensitiva. Os ramos de um nervo espinal podem se unir a</p><p>outros ramos de outros nervos espinais e formar plexos, como plexo braquial, que surge</p><p>a partir da intumescência cervical da medula espinal e o plexo lombossacral, a partir da</p><p>intumescência lombossacral. Os novos nervos, a partir dos plexos, são denominados</p><p>de nervos periféricos e podem ter contribuições de vários segmentos medulares.</p><p>Figura 28. Nervos cranianos</p><p>Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nervo_craniano. Acesso em: 26 out. 2020.</p><p>Dermátomos são regiões da pele inervada pelas raízes sensitivas (ou dorsais) dos nervos</p><p>espinais. Essas raízes conduzem informações sensoriais sobre tato, pressão, calor, frio e dor</p><p>para a medula espinal.</p><p>141</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 29. Nervos espinais</p><p>PLEXO BRAQUIAL</p><p>NERVOS PERIFÉRICOS</p><p>NERVOS ESPINAIS</p><p>PLEXO LOMBOSSACRAL</p><p>NERVOS PERIFÉRICOS</p><p>Medula espinal</p><p>Fonte: adaptada de Netter (2004, p. 153A).</p><p>` Parte autônoma do sistema nervoso</p><p>Conhecido também como sistema nervoso autônomo (SNA), essa parte desempenha a</p><p>função de manter estáveis as condições internas do corpo, dando respostas involuntá-</p><p>rias, tanto imediatas como a longo prazo, por meio de divisões: o sistema simpático e o</p><p>sistema parassimpático. Esses dois sistemas produzem respostas opostas, garantindo</p><p>o equilíbrio do organismo.</p><p>142</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>Anatomicamente, os sistemas simpático e parassimpático apresentam neurônios pré e</p><p>pós-ganglionares, como também fibras pré e pós-ganglionares.</p><p>No sistema simpático os neurônios pré-ganglionares estão nos segmentos medulares</p><p>de T1 a L2, enquanto os neurônios pós-ganglionares estão nos gânglios paravertebrais</p><p>(tronco</p><p>simpático) e gânglios pré-vertebrais.</p><p>No sistema parassimpático, os neurônios pré-ganglionares encontram-se no tronco en-</p><p>cefálico, cujas fibras seguem pelos nervos cranianos III, VII, IX e X, bem como nos</p><p>segmentos medulares S2, S3 e S4. Os neurônios pós-ganglionares estão localizados</p><p>em gânglios próximos ou no interior das vísceras.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Apresentar o sistema nervoso, o mais complexo mecanismo conhecido pelo homem,</p><p>foi o objetivo desta unidade. Este sistema, além de interagir com o ambiente de forma</p><p>sofisticada, tem consciência de si e capacidade de analisar suas próprias atividades.</p><p>Dividido em partes central e periférica, constitui-se de diversos componentes e seg-</p><p>mentos. A parte central, por exemplo, compreende o encéfalo e a medula espinal. O</p><p>Figura 30. Parte autônoma do sistema nervoso: linhas contínuas - fibras pré-ganglionares simpáticas e</p><p>parassimpáticas. linhas tracejadas – fibras pós-ganglionares simpáticas e parassimpáticas.</p><p>TRONCO SIMPÁTICO</p><p>Tronco</p><p>Encefálico</p><p>T1-L2</p><p>S2-S4</p><p>GÂNGLIOS PRÉ-VERT</p><p>Fonte: Netter (2004, p. 160).</p><p>143</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>encéfalo alojado na cavidade do crânio divide-se em cérebro, tronco encefálico e cere-</p><p>belo, e contém a substância cinzenta e a branca. A medula espinal é o órgão alongado</p><p>no interior da coluna vertebral. A parte periférica, constituída por nervos, terminações</p><p>nervosas e gânglios, conduz as informações da parte central para todo o organismo e</p><p>de todo o organismo para a parte central. Enfim, parece quase impossível existir algo</p><p>tão complexo quanto fascinante.</p><p>Figura 31. Atividade</p><p>Sistema Nervoso</p><p>HORIZONTAL VERTICAL</p><p>2. Cavidades encefálicas. 1. Núcleo nervoso presente no mesencéfalo.</p><p>4. Conjunto de fibras nervosas na parte periférica. 3. Localização da medula espinal.</p><p>5. Substância cinzenta na medula espinal. 6. Parte do encéfalo.</p><p>1</p><p>2</p><p>5</p><p>8 9</p><p>7</p><p>10</p><p>11</p><p>12</p><p>6</p><p>3</p><p>4</p><p>PALAVRAS CRUZADAS</p><p>Exercite seus conhecimentos realizando uma atividade sobre o que foi discutido nesta Unidade.</p><p>144</p><p>Sistema nervoso</p><p>3</p><p>HORIZONTAL VERTICAL</p><p>8. Divisão da parte autônoma do sistema nervoso. 7. Acúmulo de corpos de neurônios</p><p>11. Meninge mais interna. 9. Espaço intermeníngeo que contém liquido cerebrospinal.</p><p>12. Giro telencefálico relacionado a função motora. 10. Componente do cérebro</p><p>145</p><p>3</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu,</p><p>2007.</p><p>MACHADO, A. B. M.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia Funcional. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2014.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Gua-</p><p>nabara Koogan, 2019.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2007.</p><p>NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.</p><p>NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.</p><p>VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.</p><p>WASHKE, J.; BÖCKERS, T. M.; PAULSEN, F. Sobotta Anatomia Clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2019.</p><p>146</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>UNIDADE 4</p><p>SISTEMA GENITAL E SISTEMA</p><p>ENDÓCRINO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Biologicamente, a principal função do corpo humano é a reprodução e os instintos sexu-</p><p>al e maternal-paternal estão entre nossos impulsos mais fortes. À medida que a ciência</p><p>amplia a distância entre o sexo e a reprodução, tornou-se possível, talvez até desejável,</p><p>ter o primeiro sem o segundo. Este progresso, um diferencial extraordinário entre socie-</p><p>dades avançadas e culturas tradicionais, gerou inúmeras questões éticas sobre sexo e</p><p>gravidez. Entretanto, a realidade das doenças sexualmente transmissíveis, os tumores</p><p>dos órgãos de reprodução, os problemas da gravidez e as doenças hereditárias ainda</p><p>permanecem (GUIA VEJA DE MEDICINA E SAÚDE, 2008). Oportunamente, parte do</p><p>sistema endócrino também é observado no estudo dos sistemas genitais. Nos homens,</p><p>por exemplo, os testículos produzem, além dos espermatozoides, os hormônios sexuais</p><p>que, entre outras funções, influenciam as características sexuais secundárias, como</p><p>barba, a proeminência laríngea e o tom da voz. Nas mulheres, os ovários produzem</p><p>os hormônios sexuais que também estão intimamente ligados ao desenvolvimento das</p><p>características do sexo feminino, além dos óvulos.</p><p>Nesta unidade estudaremos os sistemas genitais masculino e feminino e também a</p><p>endocrinologia, não só relacionada ao sistema genitais, mas os principais hormônios do</p><p>organismo humano.</p><p>1. SISTEMA GENITAL MASCULINO</p><p>O sistema genital e o feminino constituem o aparelho reprodutor, isto é, os sistemas</p><p>responsáveis pela perpetuação da espécie. A organização e o plano de construção dos</p><p>sistemas genitais masculinos e femininos são semelhantes. Em ambos há gônadas</p><p>onde são produzidos os gametas, ou seja, as células sexuais, e um conjunto de vias</p><p>para o trânsito de todos os elementos necessários.</p><p>Até o fim do segundo mês de vida intrauterina (embrião de 3 cm) é difícil evidenciar as</p><p>diferenças morfológicas entre os sexos. Antes dessa data, o embrião tem forma fun-</p><p>damental idêntica nos sexos masculino e feminino, constituindo a fase da indiferença</p><p>sexual. Após a décima semana segue-se a fase da diferenciação sexual, morfológica</p><p>e funcional entre homem e mulher, diferenças que são visíveis particularmente nos</p><p>sistemas genitais.</p><p>147</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 01. Diferenciação sexual</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 368).</p><p>Indiferenciado</p><p>Tubérculo genital</p><p>Área da glande</p><p>Cordão epitelial</p><p>Prega urogenital</p><p>Sulco urogenital</p><p>“Suporte” lateral</p><p>Tubérculo anal</p><p>Fenda anal</p><p>Sexo masculino</p><p>45-50mm</p><p>( ̴ 10 semanas)</p><p>45-50mm</p><p>( ̴ 10 semanas)</p><p>Sexo feminino</p><p>Glande</p><p>Cordão epitelial</p><p>Sulco coronal</p><p>Local da origem futura do prepúcio</p><p>Prega uretral</p><p>Sulco urogenital</p><p>“Suporte” lateral</p><p>Tubérculo anal</p><p>Ânus</p><p>Pregas uretrais parcialmente</p><p>fusionadas (rafe uretral)</p><p>Intumescimento</p><p>(saliência) l abioescrotal</p><p>O sistema genital masculino é representado por dois conjuntos de órgãos: uns internos</p><p>e outros externos.</p><p>1.1. ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS INTERNOS</p><p>` Testículos</p><p>Os testículos são as gônadas (glândulas) responsáveis pela produção dos espermato-</p><p>zoides e também de hormônios, em especial, a testosterona.</p><p>Cada testículo tem formato oval e situa-se no fundo de uma bolsa constituída por várias</p><p>camadas derivadas da parede do abdome. Na verdade, os testículos desenvolvem-se</p><p>na cavidade abdominal (região renal) e migram para alojarem-se no escroto. Isso ocorre</p><p>pelo fato de que o testículo não deve ficar exposto à temperatura elevada do abdome.</p><p>A temperatura de 1,5 °C abaixo da temperatura normal do corpo (37 °C) é ideal para</p><p>a produção e armazenamento dos espermatozoides. Assim sendo, aos três meses de</p><p>vida intrauterina o testículo ocupa a posição ilíaca, entre seis a oito meses a posição</p><p>inguinal e no recém-nascido já deve ocupar o escroto. Cada testículo tem cerca de 5 cm</p><p>de comprimento por 3 cm de largura e 2 cm de espessura. Apresenta extremidades, os</p><p>polos superior e inferior, as duas faces, medial e lateral e as duas margens, anterior e</p><p>posterior (DANGELO; FATTINI, 2007, p. 183).</p><p>148</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>A superfície do testículo é revestida internamente por uma membrana lisa, a túnica va-</p><p>ginal, que se reflete sobre o testículo e o epidídimo por suas bordas posteriores, como</p><p>um saco fechado. A túnica vaginal é constituída de duas lâminas: a parietal, adjacente</p><p>à fáscia espermática interna e a visceral, uma membrana serosa e transparente aderida</p><p>ao testículo. Em corte do testículo encontramos sob a túnica vaginal uma camada fibro-</p><p>sa, resistente, denominada túnica albugínea. Septos conjuntivos dividem o testículo em</p><p>compartimentos (lóbulos). Cada compartimento contém um túbulo enovelado, o túbulo</p><p>seminífero contorcido, onde se processa a formação de espermatozoides.</p><p>Os túbulos</p><p>seminíferos contorcidos dirigem-se para a face posterior do testículo, onde se processa</p><p>a formação de espermatozoides. Os túbulos seminíferos contorcidos dirigem-se para a</p><p>face posterior do testículo, onde se unem para formar um plexo, a rede testicular, daí</p><p>seguem para os dúctulos eferentes até o órgão de armazenamento, o epidídimo.</p><p>A condição na qual não se observa a descida do testículo é denominada criptorquidismo,</p><p>que pode ser uni ou bilateral, apesar de que, na imensa maioria, é unilateral. Geralmente,</p><p>quando não descido, está no canal inguinal, como mostra a imagem abaixo.</p><p>Figura 02. Testículo esquerdo no canal inguinal</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 366).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>149</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 03. Morfologia interna do testículo</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 370).</p><p>` Epidídimo</p><p>O epidídimo é uma estrutura alongada, em forma da letra C apresentando uma cabeça alar-</p><p>gada, um corpo na porção central e uma cauda que desce na borda posterior do testículo.</p><p>Os espermatozoides são armazenados no epidídimo até o momento da ejaculação. Na</p><p>cabeça e no corpo do epidídimo chegam milhões de espermatozoides que passam por</p><p>um processo de seleção chamado espermiofagia fisiológica, o qual reduz o excesso de</p><p>produção, garantindo o mínimo necessário para a fecundação (DANGELO; FATTINI,</p><p>2007, p. 184).</p><p>Da cauda do epidídimo (ducto do epidídimo) ascende um tubo de parede espessa, o</p><p>ducto deferente que atinge o canal inguinal, na parede do abdome.</p><p>` Ducto deferente</p><p>O ducto deferente é um tubo longo, de parede espessa, que se continua a partir do ducto</p><p>do epidídimo, com a função de conduzir os espermatozoides até o ducto ejaculatório, no</p><p>interior da cavidade pélvica. No seu trajeto, o ducto deferente sobe na parte posterior do es-</p><p>croto e atinge o canal inguinal, um túnel situado na parte inferior do abdome que dá acesso</p><p>à cavidade pélvica. Após atravessar o canal inguinal, o ducto passa junto à face inferior da</p><p>bexiga, sofre uma dilatação na sua porção final denominada ampola do ducto deferente e,</p><p>por fim, une-se ao ducto da glândula seminal para compor o ducto ejaculatório.</p><p>Dúctulos eferentes</p><p>Túnica albugínea</p><p>Produção de Testosterona</p><p>Túbulos seminíferos retos</p><p>Rede do testículo</p><p>LÓBULOS</p><p>Túbulos</p><p>seminíferos</p><p>contorcidos</p><p>150</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>SAIBA MAIS</p><p>` Funículo espermático</p><p>Em seu caminho até o canal inguinal, o ducto deferente é acompanhado de diversos</p><p>elementos anatômicos que formam um complexo cordão de nome funículo espermático.</p><p>É o conjunto formado pelo ducto deferente, artérias, veias, vasos linfáticos e nervos que</p><p>caminham juntos, unidos por tecido conjuntivo. Várias túnicas conjuntivas e musculares</p><p>envolvem esses elementos no seu trajeto. A camada muscular é representada pelo</p><p>músculo cremaster, um derivado do músculo oblíquo interno do abdome. Esse músculo</p><p>traciona e eleva o testículo e o epidídimo para junto da parede do abdome, logo antes</p><p>da ejaculação. Uma pancada súbita na face medial da coxa eleva o testículo por contra-</p><p>ção do músculo cremaster do mesmo lado. Este reflexo recebe a denominação reflexo</p><p>cremastérico e ele testa o segmento L1 da medula espinal. Anatomicamente, o funículo</p><p>espermático apresenta três túnicas: a fáscia espermática externa, a fáscia cremastérica</p><p>e a fáscia espermática interna.</p><p>Vasectomia é o termo popular para a deferentectomia. Um método comum de esterilização</p><p>masculina por meio de excisão ou ligadura do ducto deferente.</p><p>Figura 04. Túnicas do funículo espermático</p><p>TÚNICAS DO</p><p>FUNÍCULO</p><p>ESPERMÁTICO</p><p>1- FÁSCIA ESPERMÁTICA EXTERNA</p><p>2- FÁCIA CREMASTÉRICA (M. CREMASTER)</p><p>3- FÁSCIA ESPERMÁRICA INTERNA</p><p>Vista lateral</p><p>Funículo Espermático</p><p>Ducto deferente</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>Testículo</p><p>Epidídimo</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 367).</p><p>151</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>ASPECTO CLÍNICO</p><p>Plexo venoso pampiniforme é uma rede de veias no interior do funículo espermático. A dilata-</p><p>ção dessas veias, geralmente do lado esquerdo, recebe a denominação clínica de varicocele.</p><p>` Glândula seminal</p><p>As glândulas seminais (erroneamente denominadas de vesícula seminais) são duas for-</p><p>mações alongadas e dilatadas situadas junto às faces posterior e inferior da bexiga uri-</p><p>nária. Internamente, consiste em um tubo tortuoso cuja parede projetam-se pequenos</p><p>divertículos. Sua função é secretar o líquido seminal, que corresponde à maior parte do</p><p>sêmen. Esse líquido contém proteínas, vitamina C e frutose – importantes para motilida-</p><p>de dos espermatozoides. O ducto da glândula seminal une-se ao ducto deferente para</p><p>formar o ducto ejaculatório, como dito na ocasião do ducto deferente.</p><p>` Ducto ejaculatório</p><p>Os ductos ejaculatórios, em número de dois, são tubos curtos e resultam da união do</p><p>ducto deferente e do ducto da glândula seminal, de cada lado da próstata. Imediata-</p><p>mente, assim que formados, atravessam a próstata e abrem-se ao nível do colículo</p><p>seminal, próximos da abertura do utrículo prostático, no assoalho da uretra prostática.</p><p>Figura 05. Ducto deferente, glândula seminal e ducto ejaculatório</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 364).</p><p>152</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>` Próstata</p><p>A próstata é a maior glândula genital masculina externa, cuja base está em contato com</p><p>a face inferior da bexiga e cujo ápice volta-se inferiormente em direção ao diafragma</p><p>urogenital. Assemelha-se em tamanho e forma a uma castanha. Envolve a parte inicial</p><p>da uretra e é envolvida por uma cápsula fibrosa e atravessada pelos ductos ejaculatórios.</p><p>A próstata é constituída por tecido glandular, tecido conjuntivo e músculo liso. As</p><p>glândulas abrem-se no seio prostático presente na uretra. Seu produto é o liquido</p><p>prostático que colabora aumentando a quantidade de sêmen e também ativa o mo-</p><p>vimento dos espermatozoides.</p><p>ASPECTO CLÍNICO</p><p>Frequentemente, após os 40 anos de vida, ocorre um aumento benigno da próstata, caracteri-</p><p>zando a patologia denominada HBP (hipertrofia benigna prostática) podendo provocar obstru-</p><p>ção total ou parcial da uretra.</p><p>` Glândula bulbouretral</p><p>As glândulas bulbouretrais são duas pequenas glândulas situadas entre as lâminas su-</p><p>perior e inferior do diafragma urogenital e se abrem no início da uretra esponjosa. Sua</p><p>secreção tem aspecto mucoso. Durante a estimulação sexual e antes da ejaculação, as</p><p>glândulas bulbouretrais são estimuladas a secretar uma substância mucoide que cobre</p><p>o revestimento da uretra para neutralizar o pH da urina residual. Também lubrifica a</p><p>extremidade do pênis em preparação para relação sexual.</p><p>Figura 06. Próstata e glândula bulbouretral</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 364).</p><p>COLÍCULO SEMINAL</p><p>URETRA PROSTÁTICA</p><p>SEIO PROSTÁTICO</p><p>GLÂNDULA BULBOURETRAL</p><p>PRÓSTATA</p><p>ÓSTIO DO DUCTO EJACULATÓRIO</p><p>153</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>1.2. ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINOS EXTERNOS</p><p>` Pênis</p><p>O pênis é o órgão de cópula que contém a uretra, oferecendo a saída para a urina e tam-</p><p>bém para o sêmen. A raiz do pênis é composta por dois ramos e um bulbo que derivam</p><p>três massas cilíndricas de tecido erétil: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso,</p><p>respectivamente. Os corpos cavernosos situam-se na parte superior ou dorsal do órgão,</p><p>enquanto o esponjoso coloca-se abaixo dos cavernosos e é percorrido pela uretra.</p><p>Os três são unidos por uma membrana de tecido conjuntivo: a túnica albugínea, além</p><p>de serem envolvidos por pele.</p><p>Figura 07. Secção transversal do corpo do pênis</p><p>Figura 08. Raiz e corpo do pênis</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 361).</p><p>RAIZ DO PÊNIS: RAMOS E BULBO DO PÊNIS</p><p>CORPO DO PÊNIS</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 361).</p><p>CORPOS CAVERNOSOS</p><p>CORPO ESPONJOSO</p><p>154</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>O corpo esponjoso prolonga-se de trás até a lâmina inferior do diafragma urogenital.</p><p>Sua extremidade anterior se expande como a ponta cônica lisa do pênis, a glande</p><p>do pênis. A pele que cobre a glande é o prepúcio. O frênulo do prepúcio é uma prega</p><p>mediana e inferior que passa de sua camada profunda para</p><p>as adjacências do óstio ex-</p><p>terno da uretra. No prepúcio, próximo ao colo da glande, estão presentes as glândulas</p><p>prepuciais que produzem secreção sebácea de odor característico e o esmegma, que</p><p>lubrifica a superfície da glande.</p><p>ASPECTO CLÍNICO</p><p>Fimose é uma condição em que ocorre um estreitamento de graus variáveis do prepúcio, po-</p><p>dendo dificultar a higienização da glande e, nesta circunstância, a retenção do esmegma pode</p><p>ocasionar infestação bacteriana, determinando o processo inflamatório de balanite.</p><p>Cada uma das extensões posteriores dos corpos cavernosos e esponjoso é recoberta por</p><p>um músculo. O músculo bulboesponjoso envolve o bulbo do pênis; os músculos isquio-</p><p>cavernosos colocam-se junto aos corpos cavernosos. O primeiro elimina urina ao final da</p><p>micção e sêmen da uretra na ejaculação, e os músculos isquiocavernosos dificultam a</p><p>saída do sangue venoso do pênis, auxiliando assim na manutenção da ereção do pênis.</p><p>Figura 09. Glande do pênis</p><p>Normal</p><p>Prepúcio</p><p>Glande</p><p>Prepúcio</p><p>não pode</p><p>ser</p><p>retirado</p><p>Fimose ÓSTIO EXTERNO DA URETRA</p><p>GLANDE DO PÊNIS</p><p>PREPÚCIO DO PÊNIS</p><p>FRÊNULO DO PÊNIS</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 362).</p><p>155</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 10. Músculos bulboesponjoso e isquicavernosos</p><p>MÚSCULO BULBOESPONJOSO</p><p>MÚSCULOS</p><p>ISQUIOCAVERNOSOS</p><p>O tecido erétil do pênis assemelha-se a uma esponja, contendo inúmeras pequenas</p><p>cavidades: chamados de espaços cavernosos, que constituem um tipo especial de vaso</p><p>revestido por endotélio. As artérias profundas do pênis, também conhecidas como ar-</p><p>térias helicinas, levam sangue diretamente para espaços cavernosos. Quando o pênis</p><p>está flácido, estes espaços estão vazios; na ereção, o sangue preenche os espaços que</p><p>ficam dilatados. Com isto, o pênis aumenta de volume e fica túrgido.</p><p>` Escroto</p><p>O escroto é uma bolsa situada atrás do pênis e abaixo da sínfise púbica. É dividido pelo</p><p>septo do escroto em dois compartimentos, cada um contendo um testículo, ao qual cor-</p><p>responde externamente à rafe do escroto. O escroto apresenta várias camadas, entre</p><p>as quais a pele, que é fina, hiperpigmentada e com pelos, e a túnica dartos, constituída</p><p>essencialmente de fibras musculares lisas (músculo dartos). O escroto, através de sua</p><p>arquitetura, propicia uma temperatura favorável à espermatogênese e a túnica dartos</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 361).</p><p>156</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>atua como um termostato, visando manter a constância desta temperatura (DANGELO;</p><p>FATTINI, 2007, p. 187).</p><p>É importante ainda ressaltar o mecanismo de regulação da temperatura dos testículos:</p><p>a espermatogênese só ocorre em temperaturas adequadas. A temperatura no interior</p><p>do escroto deverá se manter cerca de três graus abaixo da encontrada na cavidade ab-</p><p>dominal, mas também por vários outros mecanismos. Dentre eles destacam-se a ação</p><p>do músculo dartos que enruga a pele do escroto quando a temperatura cai muito e a</p><p>ação do músculo cremaster, que eleva e aproxima os testículos da cavidade abdominal.</p><p>2. SISTEMA GENITAL FEMININO</p><p>Os órgãos genitais femininos têm como função principal amadurecer e liberar o óvulo</p><p>em intervalos regulares e, caso ele seja fecundado, proteger e nutrir o embrião e o feto.</p><p>Semelhante ao que acontece no sexo masculino, anatomicamente os órgãos também</p><p>estão reunidos em dois grupos: o interno e o externo.</p><p>2.1. ÓRGÃOS GENITAIS FEMININOS INTERNOS</p><p>Os órgãos internos compreendem os ovários, as tubas uterinas, o útero e a vagina.</p><p>Figura 11. Escroto e pênis</p><p>MÚSCULOS CREMASTER</p><p>PÊNIS</p><p>ESCROTO</p><p>PELE PICMENTADATÍNICA DARTOS</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 367).</p><p>157</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 12. Plano de secção sagital mediano: órgãos internos</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 342).</p><p>` Ovário</p><p>Os ovários, as gônadas ou órgãos produtores de gametas, são órgãos pares que produ-</p><p>zem óvulos após a puberdade. Além disso, parte deles funciona como glândula endócrina,</p><p>sendo responsável pela produção de hormônios, como estrogênio, progesterona e relaxina.</p><p>O estrogênio, que é secretado pelo folículo ovárico, está envolvido no controle do desen-</p><p>volvimento das características sexuais secundárias (aumento dos seios, depósito de gor-</p><p>dura sobre as coxas e nádegas, crescimento de pelos púbicos e axilares). Este harmônio</p><p>também inicia o crescimento do revestimento interno do útero durante o ciclo menstrual.</p><p>A progesterona, que é secretada pelo corpo lúteo, é indispensável para a implantação do</p><p>óvulo fertilizado e pelo desenvolvimento inicial do embrião. A secreção desses dois hormô-</p><p>nios é controlada pelos hormônios gonadotrópicos (hormônios folículo estimulante e luteini-</p><p>zante) secretados pela glândula hipófise anterior ou adeno-hipófise. Um terceiro hormônio,</p><p>denominado relaxina, é secretado pelo ovário durante a gravidez, sendo responsável pelo</p><p>relaxamento da sínfise púbica, facilitando assim a expulsão do feto durante o parto.</p><p>Numa mulher que não tenha dado à luz (nulípara), o ovário está situado na pelve, na</p><p>altura da espinha ilíaca ântero-superior, onde pode ser palpado bimanualmente. Sua</p><p>posição pode ser alterada por outros órgãos pélvicos, especialmente o útero, ao qual o</p><p>ovário está preso por ligamento.</p><p>Antes da primeira ovulação, o ovário é liso e rosa; porém, mais tarde torna-se acinzen-</p><p>tado e pregueado, devido às cicatrizes ovarianas que se seguem à liberação de óvulos</p><p>158</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>de seus folículos. É semelhante a uma amêndoa e seu tamanho varia com a idade e</p><p>também com o estágio do ciclo ovárico. Ele é algo maior antes e depois da gravidez. Na</p><p>velhice, seu tamanho torna-se reduzido.</p><p>Quando o ovário se encontra na sua posição usual, o seu longo eixo é praticamente</p><p>vertical. Ele apresenta faces medial e lateral, extremidades tubária e uterina e margens</p><p>mesovárica e livre.</p><p>A margem mesovárica ou anterior está presa ao mesovário. Nesta margem localiza-se o</p><p>hilo do ovário por onde passam vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A margem</p><p>livre ou posterior está relacionada com a tuba uterina e com o ureter. A extremidade</p><p>tubária ou superior está intimamente relacionada à tuba uterina; o ligamento suspensor</p><p>do ovário está preso a esta extremidade. A extremidade uterina ou inferior dá inserção</p><p>ao ligamento próprio do ovário ou útero-ovárico.</p><p>Ligamentos: o mesovário se estende em direção posterior da camada posterior do liga-</p><p>mento largo à margem mesovárica do ovário. Porém, os ovários não são revestidos por</p><p>peritônio. O ligamento suspensor do ovário estende-se em direção superior e se perde</p><p>no tecido conjuntivo que recobre o músculo psoas maior (ele contém os vasos ováricos</p><p>e o plexo ovárico de nervos). O ligamento próprio do ovário passa da extremidade ute-</p><p>rina do ovário ao corpo do útero, imediatamente abaixo e atrás da tuba uterina. Este é</p><p>um cordão arredondado que contém algumas fibras musculares lisas.</p><p>` Tubas uterinas</p><p>Em número de duas, as tubas uterinas, vias condutoras dos gametas, levam os óvulos</p><p>dos ovários para a cavidade do útero. Elas transmitem espermatozoides em direção</p><p>oposta e a fertilização do óvulo ocorre comumente dentro da tuba.</p><p>Cada tuba uterina apresenta cerca de 10 cm de comprimento e está localizada na borda</p><p>superior e entre as duas lâminas do ligamento largo. Segue lateralmente do útero até</p><p>a extremidade uterina do ovário, onde termina também sobre a face medial e margem</p><p>livre do ovário. Está subdividida em quatro partes: parte uterina, istmo, ampola e infun-</p><p>díbulo, o qual apresenta forma de funil.</p><p>O óstio abdominal da tuba uterina está localizado no fundo do funil, sendo que os óvulos</p><p>entram através deste. Essa abertura permite uma comunicação da cavidade peritoneal</p><p>com o exterior do corpo, comunicação esta não existente no sexo masculino, onde a</p><p>cavidade peritoneal é dita fechada. As fímbrias da tuba são processos musculares finos,</p><p>irregulares e numerosos que se projetam das bordas do infundíbulo.</p><p>A ampola é a parte mais longa e mais larga da tuba,</p><p>sendo ligeiramente tortuosa, e suas</p><p>paredes são relativamente finas. O istmo é mais estreito e apresenta as paredes mais</p><p>espessas que a ampola. A parte uterina localiza-se na parede do útero; ela termina na</p><p>cavidade do útero como o óstio uterino da tuba uterina</p><p>Quando um óvulo é liberado do ovário, ele é captado pelas fimbrias e passa através do</p><p>óstio abdominal da tuba. A tuba uterina tem parede muscular e por isso que na época</p><p>da liberação do óvulo efetua a ação de alongamento e encurtamento, de forma que as</p><p>159</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>fimbrias perpassam a superfície do ovário a fim de captar o óvulo liberado. Os esper-</p><p>matozoides alcançam o infundíbulo dentro de horas após entrarem no colo uterino e a</p><p>eventual fertilização do óvulo ocorre geralmente no infundíbulo ou na ampola da tuba</p><p>uterina. Seja o seu movimento através da tuba para o útero fertilizado ou não, requer</p><p>três ou quatro dias, sendo provavelmente influenciado tanto por uma ação ciliar das</p><p>células epiteliais da mucosa tubárica como por uma ação peristáltica da túnica muscular</p><p>da tuba uterina. Um óvulo fertilizado ocasionalmente pode fixar-se na tuba, usualmente</p><p>na ampola determinando o fato conhecido com o nome de gravidez ectópica tubária. Se</p><p>não são diagnosticadas precocemente, essas gestações podem resultar em ruptura da</p><p>tuba uterina e hemorragia para a cavidade abdominopélvica durante as primeiras oito</p><p>semanas de gestação. Pode ainda ocorrer uma gestação abdominal – neste caso, o</p><p>feto obterá seus nutrientes do fígado e de outras vísceras abdominais.</p><p>O movimento dos espermatozoides e óvulos através de cada tuba depende obviamente de</p><p>sua permeabilidade, portanto, a ligadura das tubas uterinas constitui um método de controle da</p><p>natalidade. Outra técnica consiste em bloquear as tubas com tampões plásticos removíveis.</p><p>Figura 13. Partes da tuba uterina</p><p>PARTE UTERINA</p><p>ISTMO AMPOLA</p><p>INFUNDÍBULO</p><p>` Útero</p><p>Órgão no qual o óvulo fertilizado normalmente se aninha e no qual se desenvolve e é</p><p>nutrido até o seu nascimento. A cavidade do útero e da vagina abaixo dele juntos for-</p><p>mam o "canal do parto", por meio do qual o feto passa ao término do seu período de</p><p>gestação. A tuba uterina abre-se na parte superior da cavidade uterina.</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 355).</p><p>SAIBA MAIS</p><p>160</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>SAIBA MAIS</p><p>O útero varia em forma e tamanho, localização e estrutura. Essas variações dependem</p><p>da idade e de outras circunstâncias, tais como do estado de vacuidade ou plenitude da</p><p>bexiga urinária e do reto e do estado de gestação.</p><p>Nas mulheres nulíparas, ou seja, mulheres que nunca tiveram filhos, as paredes do</p><p>útero são espessas e musculares. Todo o órgão apresenta a forma de uma pera in-</p><p>vertida, e a sua extremidade estreita, que se dirige para baixo e para trás, forma um</p><p>ângulo ligeiramente maior que 90 graus com a vagina (ângulo de antiversão). O útero</p><p>localiza-se no interior da pelve e pode estar ligeiramente inclinado para um lado ou ou-</p><p>tro, em geral para a direita e sua posição não é fixa, ocorrendo alterações com o grau</p><p>de enchimento da bexiga urinária, que se situa abaixo e anteriormente, e com o grau</p><p>de enchimento do reto, que está abaixo e posteriormente. O útero apresenta cerca de</p><p>8 cm de comprimento, 4 cm de largura e uma espessura de 2 cm. Está subdividido em</p><p>fundo, corpo, istmo e colo.</p><p>O corpo comunica-se de cada lado com as tubas uterinas e a porção arredondada</p><p>que fica acima delas é o fundo. O corpo é a principal parte do útero e se estende, em</p><p>direção inferior e posterior, até uma constrição, o istmo. Apresenta duas faces e duas</p><p>margens. A face vesical está separada da bexiga urinária, anterior e inferiormente, pela</p><p>escavação vesicouterina. A face intestinal está separada do colo sigmoide superior e</p><p>posteriormente pela escavação retouterina. As margens esquerda e direita relacionam-</p><p>-se com os ligamentos largos respectivos. As regiões do corpo onde as tubas entram</p><p>são denominadas cornos do útero.</p><p>O istmo é a parte estreitada do útero e apresenta cerca de 1 cm ou menos de comprimento.</p><p>O colo do útero estende-se em direção inferior e posterior a partir do istmo até a abertu-</p><p>ra no interior da vagina. É a porção de menor mobilidade do útero e se divide em duas</p><p>partes pela parede anterior da vagina através da qual ele passa. A parte supravaginal</p><p>está separada da bexiga urinária, anteriormente, por um tecido conjuntivo frouxo; e do</p><p>reto, posteriormente, pela escavação retouterina. A parte vaginal estende-se ao interior</p><p>da vagina. Sua cavidade comunica-se com aquela da vagina através do óstio do útero.</p><p>O colo do útero é a região do útero onde é mais frequente a ocorrência do câncer.</p><p>A cavidade do útero é muito estreita numa secção sagital, porque as paredes anterior</p><p>e posterior encontram-se quase em contato. O canal cervical situado internamente na</p><p>região do colo do útero é mais estreito nas extremidades do que no centro.</p><p>O útero ganha muito de seu suporte por uma inserção direta na vagina. As inserções in-</p><p>diretas e estruturas próximas, tais como reto, bexiga urinária diafragma pélvico e pelve</p><p>óssea também ajudam no seu suporte.</p><p>A palavra grega para útero é hystera, consequentemente, histerectomia é o termo empre-</p><p>gado para designar a cirurgia para a retirada do útero. Por outro lado, endometriose é um</p><p>processo inflamatório interno do útero.</p><p>161</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>O ligamento largo, um dos principais meios de fixação do útero, é formado nas margens</p><p>laterais do útero por duas lâminas de peritônio que cobrem suas faces vesical e intes-</p><p>tinal. Ele se estende às paredes laterais da pelve e suas duas lâminas continuam-se</p><p>entre si superiormente, onde envolvem a tuba uterina. O mesossalpinge é a parte do</p><p>ligamento largo entre a tuba uterina e uma linha, ao longo da qual o ligamento largo se</p><p>reflete para formar o mesovário. O mesométrio é a parte do ligamento largo abaixo do</p><p>mesossalpinge e do mesovário.</p><p>O ligamento largo engloba entre as suas duas lâminas tecido conjuntivo frouxo e tecido</p><p>muscular, coletivamente denominado paramétrio.</p><p>Figura 14. Ligamento largo: partes</p><p>Tuba uterina (de Falópio)</p><p>Istmo</p><p>Fundo do útero</p><p>Mesossalpinge (do ligamento largo do útero)</p><p>Epoóforo</p><p>Ligamento útero-ovárico</p><p>(próprio do ovário)</p><p>Fímbrias</p><p>Óstio abdominal</p><p>Ovário</p><p>Mesovário (do ligamento largo</p><p>do útero)</p><p>Ligamento útero-ovárico (pró-</p><p>prio do ovário)</p><p>Corpo do útero</p><p>Ligamento retouterino</p><p>Ureter</p><p>Ovário</p><p>Ligamento suspensor do ovário</p><p>(contém os vasos ováricos)</p><p>Corpo lúteo</p><p>Apêndice vesicu-</p><p>loso (hidátide de</p><p>Morgagni)</p><p>Mesométrio (do ligamento</p><p>largo do útero)</p><p>Escavação retouterina (fundo-de-saco de Douglas)</p><p>Ligamento suspensor do</p><p>ovário</p><p>Ampola Infundíbulo</p><p>O ligamento redondo, outro importante meio de fixação do útero, é uma faixa de tecido</p><p>fibroso estreito e achatado que se prende ao útero (imediatamente inferior e anterior-</p><p>mente à entrada da tuba uterina) e à tela subcutânea do lábio maior do pudendo.</p><p>O útero apresenta três camadas: uma mucosa, uma muscular e uma serosa. A mucosa</p><p>ou endométrio, camada de revestimento interno, difere em estrutura de acordo com</p><p>o estágio do ciclo menstrual ou uterino. Mensalmente, o endométrio se prepara para</p><p>receber o óvulo fecundado. Para tanto, há um aumento de volume do endométrio com</p><p>formação de abundantes redes capilares, além de outras modificações. Quando um</p><p>óvulo não é fertilizado, a ovulação segue com a menstruação (descamação da camada</p><p>do endométrio que se preparou, com hemorragia e eliminação sanguínea através da</p><p>vagina e vulva).</p><p>Fonte: Netter (2004, p. 356A).</p><p>162</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Ao nascer, o útero está na altura da abertura superior da pelve. Na puberdade o útero cresce</p><p>rapidamente até atingir o tamanho e a forma adulta. Após a menopausa, o útero torna-se</p><p>menor, mais fibroso e de coloração mais pálida.</p><p>Alterações durante a gravidez e após o parto:</p><p>O tamanho do útero aumenta</p><p>consideravelmente durante a gravidez. Durante este aumento</p><p>de tamanho do útero, há também um grande aumento no seu peso, e suas paredes tornam-</p><p>-se mais finas. Após o parto, o útero desenvolve um processo de involução. Ele reduz em</p><p>tamanho e peso, até que após seis ou oito semanas atinge o seu estado de repouso, no qual</p><p>passa a apresentar cerca de 1 cm a mais em todas as suas dimensões. Está também mais</p><p>pesado e sua cavidade é maior.</p><p>Figura 15. Partes do útero</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 355).</p><p>Fundo</p><p>Corpo</p><p>Istmo</p><p>Colo</p><p>Figura 16. Camadas da parede do útero</p><p>PERIMÉTRIO</p><p>MIOMÉTRIO</p><p>ENDOMÉTRIO</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 355).</p><p>163</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>` Vagina</p><p>É um tubo musculomembranoso com 7 a 9 cm de comprimento que constitui o órgão</p><p>feminino de cópula. É também a extremidade inferior do canal parto e serve como um</p><p>ducto excretor para os produtos da menstruação. A cavidade da vagina comunica-se</p><p>com a do útero superiormente através do óstio do útero, e abre-se no vestíbulo da vagi-</p><p>na inferiormente através do óstio da vagina. Na idade adulta, quando a bexiga urinária</p><p>está vazia, o eixo da vagina forma um ângulo um pouco menor que 90 graus com o</p><p>eixo do útero. Todavia, esse ângulo aumenta com o enchimento da bexiga urinária que</p><p>empurra o fundo do útero em direção superior e posterior.</p><p>Na grande maioria das virgens, a abertura da vagina no vestíbulo (óstio da vagina) é</p><p>parcialmente obstruída por uma prega denominada hímen, que tem tamanho e forma</p><p>variáveis, sendo frequentemente anular ou em crescente. O hímen é uma membrana</p><p>de tecido conjuntivo forrada por mucosa interna e externamente. Apresenta frequente-</p><p>mente uma abertura, porém, pode ser cribriforme.</p><p>Condições raras são a imperfuração e agenesia do hímen. Após ter sido o hímen sec-</p><p>cionado ou rompido, pequenos fragmentos arredondados permanecem no local de sua</p><p>borda inserida e são denominados carúnculas himenais. O hímen é uma membrana de</p><p>pequena espessura e de vascularização reduzida. Portanto, o rompimento do hímen</p><p>durante a cópula não é dolorido e nem provoca profusas hemorragias. Pode ocorrer,</p><p>quando muito, uma sensação de ligeiro desconforto nas primeiras relações sexuais, em</p><p>virtude dos músculos e outras estruturas vizinhas ao óstio da vagina não terem ainda</p><p>sofrido um necessário relaxamento.</p><p>Figura 17. Vagina e óstios</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 352).</p><p>164</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>2.2. ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS FEMININOS</p><p>Entre outras funções, os órgãos genitais externos femininos (também conhecidos em</p><p>conjunto como vulva ou pudendo feminino) protegem e evitam que as infecções atinjam</p><p>a uretra e a vagina, sem impedir a saída da urina. Compreendem o monte do púbis, os</p><p>lábios maiores do pudendo, os lábios menores do pudendo, o vestíbulo da vagina, o</p><p>clitóris, o bulbo do vestíbulo e as glândulas vestibulares maiores e menores.</p><p>` Monte do púbis</p><p>O monte do púbis é uma elevação arredondada e mediana situada anteriormente à sín-</p><p>fise púbica. Ele consiste sobretudo de um acúmulo de tecido adiposo. Após a puberda-</p><p>de, a pele de sua superfície encontra-se coberta por pelos grosseiros, os pelos púbicos</p><p>que apresentam uma distribuição característica.</p><p>` Lábios maiores do pudendo</p><p>Os lábios maiores do pudendo são duas pregas cutâneas alongadas constituídas so-</p><p>bretudo de tecido adiposo, que se dispõem em direção inferior e posterior a partir do</p><p>monte da pube e que deixam entre si a rima do pudendo. Embora suas faces internas</p><p>sejam sempre lisas e glabras, suas faces externas encontram-se cobertas por uma pele</p><p>pigmentada que contém várias glândulas sebáceas e folículos pilosos. Considerados</p><p>homólogos ao escroto do homem, contêm também, entre outras estruturas, as termina-</p><p>ções dos ligamentos redondos do útero. Os lábios maiores do pudendo são frequente-</p><p>mente unidos na região anterior pela comissura anterior dos lábios.</p><p>` Lábios menores do pudendo</p><p>Os lábios menores do pudendo são duas pequenas pregas de pele localizadas entre</p><p>os lábios maiores, a cada lado da abertura da vagina. Eles terminam posteriormente,</p><p>juntando-se na face medial dos lábios maiores; e nesse ponto, nas virgens, eles estão</p><p>frequentemente conectados entre si por uma prega transversa denominada frênulo dos</p><p>lábios do pudendo. Anteriormente, cada lábio menor do pudendo se divide em partes la-</p><p>teral e medial. A parte lateral encontra-se com a outra parte correspondente para formar</p><p>uma prega sobre a glande do clitóris, denominada prepúcio do clitóris. As duas partes</p><p>mediais unem-se abaixo do clitóris para formar o frênulo do clitóris. Os lábios menores</p><p>do pudendo estão desprovidos de gordura, e a pele que os cobre é lisa, úmida, de cor</p><p>rosa e sem pelos. Encontram-se escondidos pelos lábios maiores do pudendo, exceto</p><p>nas crianças e em mulheres após a menopausa, quando os lábios maiores do pudendo</p><p>contêm menos tecido adiposo e menor volume.</p><p>` Vestíbulo da vagina</p><p>O vestíbulo da vagina é uma fenda entre os lábios menores do pudendo. Ele contém</p><p>os óstios da vagina, o óstio externo da uretra e os óstios dos ductos das glândulas</p><p>vestibulares maiores. O óstio externo da uretra está situado atrás do clitóris em posição</p><p>imediatamente anterior ao óstio da vagina. O óstio da vagina, maior que o óstio da ure-</p><p>tra é também uma fenda mediana. Seu tamanho e aparência dependem das condições</p><p>o hímen. Os óstios dos ductos das glândulas vestibulares maiores, em número de dois,</p><p>situam-se a cada lado do óstio da vagina, entre estes e os lábios menores do pudendo.</p><p>165</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Aberturas menores para os ductos das glândulas vestibulares menores estão localiza-</p><p>das no vestíbulo entre os óstios da uretra e da vagina.</p><p>Figura 18. Pudendo feminino</p><p>` Clitóris</p><p>O clitóris, assim como o pênis, que é seu homólogo, consiste principalmente de teci-</p><p>do erétil, e é capaz de aumentar de tamanho como resultado do ingurgitamento com</p><p>sangue. Ao contrário do pênis, não é atravessado pela uretra. Encontra-se localizado</p><p>posteriormente à comissura anterior dos lábios e está em grande parte escondido pelos</p><p>lábios menores do pudendo (GARDNER; GRAY; O'RAHILLY, 1998, p. 495).</p><p>O clitóris origina-se da pelve óssea através de dois ramos. Os ramos do clitóris são</p><p>denominados corpos cavernosos, os quais em conjunto formam o corpo do clitóris.</p><p>A glande do clitóris é uma elevação pequena e arredondada na terminação livre do</p><p>corpo. Consiste também de tecido erétil e, assim como a glande do pênis, é altamente</p><p>sensível, estando ligada à excitabilidade sexual feminina. O clitóris é a estrutura mais</p><p>altamente excitável entre as que compõem os órgãos genitais femininos externo.</p><p>` Bulbo do vestíbulo</p><p>O bulbo do vestíbulo consiste de duas massas alongadas de tecido erétil, que se lo-</p><p>calizam lateralmente ao óstio da vagina: recobertos pelos músculos bulboesponjosos.</p><p>Essas massas são alargadas posteriormente, mas se tornam estreitadas anteriormente,</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 356).</p><p>166</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>onde se unem para formar um fino cordão, que passa ao longo da superfície inferior do</p><p>corpo do clitóris para a glande. O bulbo do vestíbulo é homólogo ao bulbo do pênis e</p><p>à parte adjacente do corpo esponjoso. Quando cheios de sangue, dilatam-se e, dessa</p><p>forma proporcionam maior contato entre o pênis e o óstio da vagina. O ingurgitamento</p><p>sanguíneo das estruturas eréteis da mulher confere-lhe a sensação de edema e peso</p><p>na região pudenda. O bulbo do vestíbulo e o clitóris têm rica vascularização e, durante a</p><p>excitação sexual, recebem maior fluxo sanguíneo, o que propicia a sua ereção (GARD-</p><p>NER; GRAY; O'RAHILLY, 1998, p. 495).</p><p>` Glândulas vestibulares maiores</p><p>Homólogas às glândulas bulbouretrais no homem, as glândulas vestibulares maiores</p><p>também são em número de duas, mas situadas profundamente e nas proximidades do</p><p>vestíbulo da vagina, onde abrem seus ductos, como observado na figura 15. Elas se</p><p>comprimem durante o coito e secretam muco</p><p>que serve para lubrificar a extremidade</p><p>interior da vagina.</p><p>De um modo geral, as glândulas da pele da região do vestíbulo e as glândulas da muco-</p><p>sa da vagina produzem secreção nos momentos preparatórios e, durante o coito, visam</p><p>tornar as estruturas úmidas e propícias à relação sexual.</p><p>Bartolinites são processos inflamatórios que acometem as glândulas vestibulares maiores,</p><p>que no passado recebiam a denominação de glândulas de Bartholin.</p><p>Figura 19. Clitóris, bulbo do vestíbulo glândulas vestibulares maiores</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 358).</p><p>CLITÓRIS</p><p>GLÂNDULA</p><p>VESTIBULAR</p><p>MAIOR</p><p>BULBO DO</p><p>VESTÍBULO</p><p>CURIOSIDADE</p><p>167</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3. SISTEMA ENDÓCRINO</p><p>Os hormônios transportam mensagens que controlam processos em todos os níveis,</p><p>desde a aquisição de energia de uma célula como também a taxa de crescimento e</p><p>desenvolvimento de todo o corpo. Os hormônios são encontrados no sangue que os</p><p>transportam para as células-alvo, onde devem atuar. Ou seja, são substâncias quími-</p><p>cas reguladoras secretadas pelas glândulas endócrinas e também por algumas célu-</p><p>las como alguns neurônios. Glândulas endócrinas constituem um sistema próprio e,</p><p>diferentemente das glândulas exócrinas que lançam suas secreções em cavidades do</p><p>corpo como as glândulas salivares por exemplo, as glândulas endócrinas lançam suas</p><p>secreções diretamente no sangue ou no líquido intersticial circulante.</p><p>As glândulas endócrinas estão distribuídas ao longo do corpo. A hipófise, o</p><p>hipotálamo e a glândula pineal estão associados com o encéfalo no interior</p><p>da cavidade do crânio. A glândula tireoide e as glândulas paratireoides estão</p><p>situadas no pescoço. As glândulas suprarrenais e o pâncreas estão localiza-</p><p>dos no interior do abdome. As gônadas (ovários) da mulher estão situadas</p><p>no interior da cavidade pélvica, enquanto que as gônadas (testículos) do</p><p>homem estão no escroto. (VAN DE GRAAFF, 2003, p. 456)</p><p>Vamos discutir as principais glândulas endócrinas com ênfase nos aspectos anatômicos</p><p>e algumas citações funcionais.</p><p>3.1. GLÂNDULA HIPÓFISE</p><p>A glândula hipófise está situada na sela turca do osso esfenoide do crânio. Suas rela-</p><p>ções anatômicas são as seguintes:</p><p>Acima: com o quiasma óptico.</p><p>Abaixo: com seio esfenoidal e o intercavernoso (venoso).</p><p>Lateralmente: com o seio cavernoso.</p><p>O diafragma da sela forma o teto de dura-máter, que perfurado pelo infundíbulo, conec-</p><p>ta a neuro-hipófise com o hipotálamo, uma parte do diencéfalo.</p><p>A hipófise é dividida em adeno-hipófise ou hipófise anterior e neuro-hipófise ou hi-</p><p>pófise posterior.</p><p>A adeno-hipófise secreta sete importantes hormônios. São eles: o hormônio do cresci-</p><p>mento (GH), o hormônio tireotrófico (TSH), o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), o</p><p>hormônio folículo estimulante (FSH), o hormônio luteinizante (LH), o hormônio prolactina</p><p>e o hormônio estimulante de melanócito (MSH). As secreções dos hormônios da adeno-</p><p>-hipófise são controladas por hormônios secretados pelo hipotálamo, que seguem por</p><p>meio do sistema porta hipotálamo-hipofisário para atingir a respectiva glândula.</p><p>A neuro-hipófise, por sua vez, armazena e secreta o hormônio ocitocina e o hormônio</p><p>antidiurético (ADH) produzidos nos núcleos hipotalâmicos. Esses hormônios são condu-</p><p>zidos para a neuro-hipófise por meio de fibras nervosas do trato hipotálamo-hipofisário.</p><p>168</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>A irrigação da glândula hipófise se faz pelas artérias hipofisárias superior e inferior, bem</p><p>como ramos da artéria carótida interna.</p><p>A drenagem ocorre por intermédio das veias porto-hipofisárias que tributam nos seios</p><p>venosos em torno da glândula. A inervação provém do hipotálamo.</p><p>3.2. GLÂNDULA TIREÓIDE</p><p>A glândula tireóide produz dois hormônios principais, tiroxina (T4) e triiodoti-</p><p>ronina (T3), e secundariamente a calcitonina (tireocalcitonina. A liberação de</p><p>tiroxina e triiodotironina é controlada pelo hipotálamo e pelo TSH secretado</p><p>pela adeno-hipófise (VAN DE GRAAFF, 2003, p.468).</p><p>A glândula tireóide está localizada no pescoço ao nível das vértebras C5 e T1 e pesa</p><p>entre 15 a 25g. É considerada a maior das glândulas endócrinas puras, ou seja, glân-</p><p>dulas cujas secreções são lançadas apenas na corrente sanguínea, diferentemente das</p><p>mistas, como o pâncreas por exemplo, que as secreções exócrinas são lançadas em</p><p>cavidades, especificamente, no intestino delgado.</p><p>É envolvida por uma bainha, a lâmina pré-traqueal da fáscia cervical. Anatomicamente</p><p>apresenta dois lobos, o direito e o esquerdo, e um istmo une os lobos podendo cobrir</p><p>do segundo ao quarto anel traqueal. O istmo também pode estar ausente. Cada lobo</p><p>é composto de um ápice, uma base e três superfícies: a lateral, a medial e a posterior.</p><p>Um pequeno lobo inconstante denominado lobo piramidal pode existir a partir do istmo</p><p>que pode chegar ao osso hioide. Para aquelas glândulas que apresentam em torno de</p><p>50% dos indivíduos, ele encontra-se à esquerda do plano mediano.</p><p>Figura 20. Glândula hipófise</p><p>HIPOTÁLAMO</p><p>ADENO-HIPÓFISE NEURO-HIPÓFISE</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 36).</p><p>169</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>A irrigação que faz pelas artérias tireóidea superior, ramo da artéria carótida externa,</p><p>supre a face ântero-superior da glândula, e pela artéria tireoidea inferior, ramos do tron-</p><p>co tíreo-cervical, no início da artéria subclávia, supre a face póstero-inferior. Ambas (as</p><p>tireóideas) se anastomosam no interior da glândula. Uma pequena artéria denominada</p><p>de ima também pode estar presente. Essa artéria (quando existente) se origina do tron-</p><p>co braquiocefálico e supre o istmo.</p><p>A artéria tireóidea ima, apesar de estar presente em apenas 10% das pessoas, deve ser</p><p>considerada por ser fonte de sangramento em traqueostomia.</p><p>Para a drenagem, há o plexo venoso tireóideo de onde surgem três pares de veias: as</p><p>veias tireoideas superiores, as médias e as inferiores.</p><p>As superiores e as médias drenam para as veias jugulares internas. As veias tireóideas</p><p>inferiores drenam para as veias braquiocefálicas.</p><p>Figura 21. Glândula tireoide</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 74).</p><p>GLÂNDULA</p><p>TIREOIDE</p><p>SAIBA MAIS</p><p>170</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>3.3. GLÂNDULAS PARATIREÓIDES</p><p>As glândulas paratireóides são responsáveis pela secreção do PTH, ou seja, pelo “pa-</p><p>ratormônio” que atua nos ossos, rins e intestino delgado, promovendo o aumento do</p><p>cálcio sanguíneo.</p><p>Anatomicamente, são em número de quatro e estão situadas na metade medial da su-</p><p>perfície posterior de cada lobo da glândula tireóide.</p><p>A irrigação das glândulas paratireóides se faz por meio das artérias tireoideas inferiores, por</p><p>serem as responsáveis pela irrigação da face posterior da tireoide, local das paratireoides.</p><p>A drenagem se faz pelas veias paratireóideas que drenam para o plexo venoso tireoideo</p><p>e, dessa forma, a mesma da glândula tireoide.</p><p>Figura 22. Glândulas paratireóides (vista posterior)</p><p>PARATIREÓIDES</p><p>SUPERIORES</p><p>PARATIREÓIDES</p><p>INFERIORES</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 75).</p><p>Para proteger essas glândulas em tireoidectomia, os cirurgiões normalmente preservam a</p><p>parte posterior dos lobos da tireoide.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>171</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>GL. SUPRA-RENAL</p><p>DIREITA</p><p>GL. SUPRA-RENAL</p><p>ESQUERDA</p><p>3.4. GLÂNDULA SUPRA-RENAL</p><p>As glândulas supra-renais são pares (uma direita e outra esquerda) e estão localiza-</p><p>das na face súpero-medial do polo superior de cada rim. Como os rins, também são</p><p>órgãos retroperitoneais. A glândula suprarrenal direita tem formato piramidal com sua</p><p>base apoiada sobre o rim, já a esquerda é mais achatada e tem formato de meia-lua.</p><p>Figura 23. Glândulas supra-renais</p><p>Cada glândula supra-renal é composta por duas partes: o córtex e medula.</p><p>O córtex é responsável por secretar os seguintes hormônios: Glicocorticoides,</p><p>que agem diretamente no metabolismo proteico, lipídico e de carboidratos.</p><p>São responsáveis pelo aumento do glicogênio. Mineralocorticoides: agem</p><p>estimulando a reabsorção de sódio nos túbulos renais, na mucosa gástrica,</p><p>nas glândulas salivares e sudoríparas. A medula suprarrenal é responsável</p><p>por secretar os hormônios adrenalina e noradrenalina. Esses hormônios</p><p>são liberados após desencadear fortes emoções, causando vasoconstrição,</p><p>hipertensão, bradicardia ou taquicardia e aumento da glicose na circulação</p><p>sanguínea. Consideramos esse evento como uma defesa do nosso</p><p>organismo em situações de alerta ou emergência. (SANTOS, 2014, p. 119)</p><p>Para a irrigação das glândulas supra-renais, os ramos arteriais se originam de três</p><p>regiões: superiormente das artérias frênicas inferiores; medialmente originam-se direta-</p><p>mente da artéria aorta e inferiormente da artéria renal.</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 310).</p><p>172</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>Para a drenagem, cada veia supra-renal deixa a região da glândula de nome “hilo”, sen-</p><p>do à direita tributária da veia cava inferior e a esquerda tributária da veia renal esquerda.</p><p>A vascularização pode ser observada na Figura 19.</p><p>3.5. PÂNCREAS (ENDÓCRINO)</p><p>O pâncreas é considerado uma glândula mista, pois apresenta função endócrina e exó-</p><p>crina. Nesta unidade daremos atenção apenas à sua função endócrina, uma vez que a</p><p>função exócrina é discutida no estudo do sistema digestório.</p><p>A função endócrina do pâncreas é produzir e secretar os hormônios glucagon, pelas</p><p>células alfa das ilhotas pancreáticas, e insulina, pelas células beta (VAN DE GRAAFF,</p><p>2003, p. 470).</p><p>O pâncreas é um órgão retroperitoneal situado na parede posterior do abdome, poste-</p><p>rior ao estômago, entre o duodeno e o baço.</p><p>Anatomicamente, o pâncreas apresenta quatro partes: cabeça, colo, corpo e cauda. So-</p><p>bre sua irrigação, parte se faz por ramos derivados da artéria esplênica, que por sua vez,</p><p>deriva do tronco celíaco; outra parte se faz pela artéria pancreaticoduodenal superior,</p><p>ramo da artéria gastroduodenal que deriva da artéria hepática comum do tronco celíaco;</p><p>e parte pela artéria pancreaticoduodenal inferior, derivada da artéria mesentérica superior.</p><p>A drenagem se dá por veias tributárias da veia porta do fígado, especialmente pelas</p><p>veias mesentérica superior e esplênica.</p><p>Figura 24. Pâncreas</p><p>Fonte: Netter (2004, p. 291).</p><p>PÂNCREAS</p><p>173</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>3.6. GLÂNDULA PINEAL</p><p>A glândula pineal está localizada no epitálamo, umas das partes do diencéfalo. Precisa-</p><p>mente, está próxima dos corpos quadrigêmeos e encapsulada por meninges.</p><p>Funcionalmente, secreta o hormônio melatonina que regula o ritmo circadiano.</p><p>Sobre a vascularização, a glândula pineal é irrigada por ramos das artérias cerebrais</p><p>posteriores do círculo arterial do cérebro. A drenagem se dá por tributárias da veia cere-</p><p>bral magna que desemboca no seio reto, um dos seios da dura-máter.</p><p>Figura 25. Glândula pineal no epitálamo</p><p>GLÂNDULA</p><p>PINEAL</p><p>EPITÁLAMO</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 114).</p><p>3.7. TIMO</p><p>O timo é um órgão que está situado no mediastino superior, posterior ao manúbrio do</p><p>esterno. Geralmente são dois lobos com lóbulos. Pode se estender do tórax ao pesco-</p><p>ço. A partir da puberdade começa a regredir e a maior parte é substituída por gordura.</p><p>Sua função principal é a manutenção e o desenvolvimento do sistema imunológico. É</p><p>irrigado e drenado por vasos vizinhos, como artérias e veias tireoideas inferiores e in-</p><p>tercostais anteriores.</p><p>174</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>3.8. GÔNADAS</p><p>As gônadas masculinas são os testículos e as femininas são os ovários. Além de produ-</p><p>toras dos gametas responsáveis pela reprodução, esses órgãos também são glândulas</p><p>endócrinas. Os hormônios sexuais produzidos por elas estimulam a produção de óvulos</p><p>e espermatozoides, como também interferem no desenvolvimento do embrião. Depois</p><p>do nascimento, os níveis de hormônio circulante se mantêm baixos até a puberdade.</p><p>Então, os testículos aumentam a produção de andrógenos como a testosterona e os</p><p>ovários produzem estrogênio e progesterona.</p><p>Os testículos são irrigados pelas artérias testiculares, ramos da aorta abdominal. Para a</p><p>drenagem, veias dos testículos tributárias do plexo pampiniforme realizam esta função.</p><p>No caso dos ovários, a irrigação se faz por artérias ováricas e ramos ováricos da arté-</p><p>ria uterina. A drenagem de cada lado ocorre por meio de veias do ovário que se unem</p><p>ao longo do seu trajeto para formar veia única e desembocar no abdome (GARDNER,</p><p>GRAY; O'RAHILLY, 1988, p. 467).</p><p>Figura 26. Timo</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 205).</p><p>TIMO</p><p>A testosterona influência nas características sexuais masculinas secundárias, como a barba</p><p>e o tom de voz mais grave.</p><p>CURIOSIDADE</p><p>175</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Figura 27. Testículo</p><p>TESTÍCULO</p><p>LOCAIS DE</p><p>PRODUÇÃO DA</p><p>TESTOSTERONA</p><p>“CÉLULAS DE</p><p>LEYDIG”</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 370).</p><p>Figura 28. Ovário</p><p>LOCAL DE</p><p>PRODUÇÃO DOS</p><p>HORMÔNIOS</p><p>ESTRÓGENO E</p><p>PROGESTERONA</p><p>“CORPO LÚTEO”</p><p>OVÁRIO</p><p>Fonte: Netter (2011, p. 355).</p><p>176</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Nesta unidade tratamos de dois temas que compartilham informações em maior ou</p><p>menor grau. São eles: o sistema genital e o sistema endócrino. O sistema genital, tanto</p><p>o masculino como o feminino, desempenha as funções de produzir os gametas para a</p><p>reprodução e sintetizar hormônios, incluindo então os testículos e os ovários como glân-</p><p>dulas endócrinas. Além dessas duas glândulas, discutimos também as demais glându-</p><p>las que secretam hormônios na corrente sanguínea. Pudemos observar que o sistema</p><p>endócrino, embora obscurecido pelo sistema nervoso, também envia mensagens ao</p><p>seu modo para o organismo.</p><p>Sobre a parte do sistema genital desvinculada do sistema endócrino, observamos que</p><p>tanto para o masculino como para o feminino existem dois grupos de órgãos, um exter-</p><p>no e um interno. Conhecer a nomenclatura anatômica correta e adequada dos órgãos</p><p>dos sistemas genitais, principalmente dos externos, além de aumentar o vocabulário do</p><p>profissional, propicia a oportunidade de se apresentar com seriedade e credibilidade.</p><p>PALAVRAS CRUZADAS</p><p>Exercite seus conhecimentos realizando uma atividade sobre o que foi discutido nesta Unidade.</p><p>Figura 29. Palavras Cruzadas</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>6</p><p>5</p><p>7</p><p>14</p><p>8</p><p>12</p><p>109</p><p>11</p><p>13</p><p>Fonte: elaborada pelo autor em https://crosswordlabs.com/view/sistema-genital-e-endocrino-ead. Acesso em: 14</p><p>dez. 2020.</p><p>177</p><p>4</p><p>Anatomia</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>HORIZONTAL VERTICAL</p><p>3. hormônio sintetizado pela glândula pineal. 9. órgão erétil feminino.</p><p>6. uma das partes da tuba uterina. 11. sintetizado pelas paratireoides.</p><p>14. descamação durante a menstruação. 13. localização óssea da hipófise.</p><p>1. envoltório do testículo. 7. conduz espermatozoides até a pelve.</p><p>2. um dos hormônios do pâncreas 8. alojamento do testículo.</p><p>4. gestação fora do útero. 10. hormônio produzido por órgão genital.</p><p>5. um dos órgãos genitais femininos internos 12. maior glândula do sistema genital masculino.</p><p>178</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>4</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3. ed. São Paulo: Atheneu,</p><p>2007.</p><p>GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O'RAHILLY, R. Anatomia: estudo regional do corpo humano. 4. ed. Rio de Ja-</p><p>neiro: Guanabara Koogan, 1988.</p><p>GUIA VEJA DE MEDICINA E SAÚDE, Atlas do corpo humano. São Paulo: Editora Abril, 2008.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F.; AGUR, A. M. R. Anatomia orientada para a clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Gua-</p><p>nabara Koogan, 2019.</p><p>MOORE, K.; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,</p><p>2007.</p><p>NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.</p><p>NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.</p><p>SANTOS, N. C. M. Anatomia e fisiologia humana. 2. ed. São Paulo: Érica, 2014.</p><p>VAN DE GRAAFF, K. M. Anatomia humana. 6. ed. Barueri: Manole, 2003.</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>1. Estudo da anatomia</p><p>2. Sistema esquelético</p><p>3. Sistema articular</p><p>4. Sistema muscular</p><p>Sistemas circulatório, respiratório, digestório e urinário</p><p>1. Sistema circulatório</p><p>2. Sistema respiratório</p><p>3. Sistema digestório</p><p>4. Sistema urinário</p><p>Sistema nervoso</p><p>1. Sistema nervoso</p><p>Sistema Genital e Sistema Endócrino</p><p>1. Sistema genital masculino</p><p>2. Sistema genital feminino</p><p>3. Sistema endócrino</p><p>o uso de termos diferentes nas</p><p>descrições anatômicas. A posição é fundamental na área da Educação Física, na qual</p><p>o indivíduo se encontra em posição ereta (em pé), com a face voltada para a frente, o</p><p>olhar dirigido para o horizonte, membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e</p><p>com as palmas voltadas para frente, membros inferiores unidos, com as pontas dos pés</p><p>dirigidas para frente.</p><p>Todas as descrições anatômicas são feitas considerando o indivíduo na posição ana-</p><p>tômica adotada mundialmente. É importante visualizar “mentalmente” a posição ana-</p><p>tômica ao descrever pacientes ou cadáveres, independentemente desses estarem em</p><p>decúbito dorsal, ventral ou lateral.</p><p>18</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 04. Posição anatômica</p><p>Lateral</p><p>Medial</p><p>Cranial</p><p>Caudal</p><p>Dorsal</p><p>(posterior)</p><p>Ve n t r a l</p><p>(anterior)</p><p>Dorsal</p><p>Ulnar</p><p>Radial</p><p>Palmar</p><p>Proximal</p><p>Distal</p><p>Direta Esquerda</p><p>Tibial</p><p>Fibular</p><p>Plantar</p><p>Dorsal</p><p>1.7. PLANOS E EIXOS DA CONSTRUÇÃO CORPÓREA</p><p>Planos de delimitação do corpo humano</p><p>Na posição anatômica, o corpo humano pode ser delimitado por planos tangentes à</p><p>sua superfície, os quais, com suas intersecções determinam a formação de um sólido</p><p>geométrico: um paralelepípedo (DANGELO; FATTINI, 2007).</p><p>Os planos de delimitação são:</p><p>S</p><p>ch</p><p>un</p><p>ke</p><p>, S</p><p>ch</p><p>ul</p><p>te</p><p>e</p><p>S</p><p>ch</p><p>um</p><p>ac</p><p>he</p><p>r (</p><p>20</p><p>19</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>8)</p><p>.</p><p>Anterior ou ventral:</p><p>Plano vertical de delimitação tangente à superfície anterior do corpo humano.</p><p>19</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Posterior ou dorsal:</p><p>Plano vertical de delimitação tangente à superfície posterior do corpo humano. Os termos ante-</p><p>rior e posterior são utilizados para os planos encontrados nos membros superiores e inferiores e</p><p>ventral e dorsal para os planos encontrados no tronco e na cabeça.</p><p>Cranial ou superior:</p><p>Plano horizontal de delimitação tangente à cabeça.</p><p>Planos laterais direito e esquerdo:</p><p>Planos verticais de delimitação tangentes aos lados do corpo.</p><p>Podálico ou inferior:</p><p>Plano horizontal de delimitação tangente à planta dos pés. Considerando somente a cabeça e</p><p>o tronco, isoladamente, podemos também traçar um novo plano horizontal denominado plano</p><p>caudal ou plano de delimitação horizontal tangente ao vértice do cóccix.</p><p>Figura 05. Planos de delimitação</p><p>adaptada de Van de Graaff (2003, p. 36).</p><p>Lateral</p><p>direita</p><p>Lateral</p><p>esquerda</p><p>Pr</p><p>ox</p><p>im</p><p>al</p><p>Pr</p><p>ox</p><p>im</p><p>al</p><p>In</p><p>fe</p><p>rio</p><p>r</p><p>Su</p><p>pe</p><p>rio</p><p>r</p><p>In</p><p>fe</p><p>rio</p><p>r</p><p>D</p><p>is</p><p>ta</p><p>l</p><p>Posterior</p><p>(dorsal)</p><p>Anterior</p><p>(ventral)</p><p>Pr</p><p>ox</p><p>im</p><p>al</p><p>D</p><p>is</p><p>ta</p><p>l</p><p>D</p><p>is</p><p>ta</p><p>l</p><p>Su</p><p>pe</p><p>rio</p><p>r</p><p>20</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Eixos do corpo humano</p><p>São linhas imaginárias traçadas no indivíduo considerando–o incluído em um parale-</p><p>lepípedo. Os seguintes eixos do corpo humano são:</p><p>Eixo longitudinal, crânio-caudal ou de comprimento:</p><p>Linha imaginária traçada no indivíduo unindo o centro do plano cranial ao centro do plano</p><p>caudal ou podálico. E um eixo heteropolar.</p><p>Eixo sagital, ântero-posterior ou de espessura:</p><p>Linha imaginária traçada no indivíduo unindo o centro do plano anterior ou ventral ao centro</p><p>do plano posterior ou dorsal. E um eixo heteropolar.</p><p>Eixo transversal, laterolateral ou de largura:</p><p>Linha imaginária traçada no indivíduo unindo o centro do plano lateral direito ao centro do</p><p>plano lateral esquerdo. E um eixo homopolar.</p><p>Plano mediano ou sagital mediano:</p><p>Plano frontal ou coronal:</p><p>Plano imaginário vertical de secção traçado longitudinalmente através do corpo do indivíduo,</p><p>dividindo-o em metades direita e esquerda, denominadas antímeros. Planos sagitais são planos</p><p>verticais que atravessam o corpo paralelamente ao plano mediano.</p><p>Princípio de antimeria: construção corpórea segundo o qual o corpo humano é cons-</p><p>tituído de duas metades denominadas antímeros, que são semelhantes morfológica e</p><p>funcionalmente, mas não simétricas ou iguais (assimetrias morfológicas e funcionais).</p><p>Planos imaginários verticais de secção que são paralelos aos planos ventral e dorsal. O plano</p><p>coronal divide o organismo em parte anterior e parte posterior, cada uma recebendo o nome</p><p>de paquímero.</p><p>Princípio de paquimeria: construção corpórea em que o segmento axial do corpo é</p><p>constituído por dois tubos denominados paquímeros, sendo um anterior, ventral ou visce-</p><p>ral e outro posterior, dorsal ou neural.</p><p>Planos de secção do corpo humano</p><p>A fim de visualizar e estudar a disposição estrutural dos vários órgãos, o corpo pode ser</p><p>seccionado e diagramado de acordo com três planos fundamentais de referência (VAN</p><p>DE GRAAFF, 2003):</p><p>21</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 06. Planos de seção e eixos do corpo humano</p><p>Plano transversal:</p><p>Planos imaginários horizontais de secção paralelos aos planos cranial, podálico e caudal. Os</p><p>planos transversais dividem o corpo do indivíduo em segmentos que recebem a denomina-</p><p>ção de metâmeros.</p><p>Princípio de metameria: entende-se por metameria a sobreposição no sentido longitudi-</p><p>nal de segmentos semelhantes, cada segmento corresponde a um metâmero (Ex.: coluna</p><p>vertebral, caixa torácica) .</p><p>Princípio de estratificação: construção corpórea cujo corpo humano é constituído por</p><p>camadas (estratos) que se sobrepõem.</p><p>Eixo longitudinal</p><p>Plano</p><p>sagital</p><p>(Mediano)</p><p>Plano frontal</p><p>ou coronal</p><p>Plano</p><p>transversal</p><p>Eixo sagital Eixo transversal</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 3</p><p>3)</p><p>.</p><p>22</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 07. Estratificação (seção transversal da perna direita)</p><p>Termos de posição e direção</p><p>Conforme o órgão é estudado, são descritas as faces, margens e ângulos, designadas</p><p>de acordo com os planos de delimitação, secção e os eixos do corpo humano. Por</p><p>exemplo, uma face voltada para o plano mediano é medial, a que está voltada para um</p><p>dos lados é lateral. Um órgão próximo ao plano mediano é medial ou se situa medial-</p><p>mente em relação a outro que fica lateralmente, ou seja, que se situa mais próximo do</p><p>plano lateral. Para descrever o corpo claramente e indicar as posições de suas partes e</p><p>órgãos, uns em relação aos outros, os anatomistas em todo o mundo concordaram em</p><p>usar os mesmos termos descritivos para posições e direções.</p><p>Os termos de posição e direção frequentemente empregados e seus significados são</p><p>os seguintes:</p><p>C</p><p>ol</p><p>eç</p><p>ão</p><p>A</p><p>tla</p><p>s</p><p>de</p><p>A</p><p>na</p><p>to</p><p>m</p><p>ia</p><p>3</p><p>v</p><p>ol</p><p>um</p><p>es</p><p>d</p><p>e</p><p>S</p><p>hü</p><p>nk</p><p>e,</p><p>p</p><p>. 5</p><p>57</p><p>)</p><p>Anterior Tela subcutânea</p><p>Fáscia lata</p><p>Compartimento anterior</p><p>Perimísio circundando</p><p>músculos individuais</p><p>Medial</p><p>V. safena magna</p><p>Compartimento medial</p><p>Fáscia lata</p><p>Compartimento</p><p>posteriorPosterior</p><p>Pele</p><p>Trato iliotibial</p><p>Septo</p><p>intermuscular</p><p>lateral</p><p>Lateral</p><p>Fêmur</p><p>Anterior ou ventral:</p><p>Significa mais próximo da superfície anterior ou ventral do corpo. Por exemplo, o esterno é</p><p>anterior ao coração. A face anterior da mão é chamada face palmar ou palma.</p><p>Posterior ou dorsal:</p><p>Significa mais próximo da superfície posterior ou dorsal do corpo. Por exemplo, os rins são</p><p>posteriores ao intestino. Quando se descreve a face posterior ou dorsal da mão ou do pé, o</p><p>termo dorso é utilizado.</p><p>23</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Superior ou cranial:</p><p>Significa mais próximo da cabeça. Por exemplo, os pulmões são superiores ao músculo diafragma.</p><p>Inferior ou podálico:</p><p>Significa mais próximo dos pés. Por exemplo, o estômago é inferior ao coração. A face inferior</p><p>do pé é denominada face plantar ou planta.</p><p>Mediano:</p><p>Significa localizado no plano mediano. Por exemplo, o nariz é mediano ou</p><p>situa-se medianamente.</p><p>Medial:</p><p>Significa mais próximo do plano mediano. Por exemplo, o dedo mínimo é medial ao polegar.</p><p>Lateral:</p><p>Significa mais afastado do plano mediano. Por exemplo, o polegar é lateral ao</p><p>dedo mínimo.</p><p>Proximal:</p><p>Significa mais próximo da raiz do membro ou do tronco. Por exemplo, o antebraço é pro-</p><p>ximal em relação à mão.</p><p>Distal:</p><p>Significa mais</p><p>distante da raiz do membro ou do tronco. Por exemplo, o antebraço é distal</p><p>em relação ao braço.</p><p>Interno:</p><p>Significa em direção ou no interior de um órgão ou cavidade. Por exemplo, a face interna</p><p>da bexiga é o interior do órgão.</p><p>Externo:</p><p>Significa em direção ou no exterior de um órgão ou na cavidade. Por exemplo, a face</p><p>externa da bexiga é o exterior do órgão.</p><p>Superficial:</p><p>Significa mais próximo ou na superfície. Por exemplo, o músculo esternocleidomastóideo</p><p>é superficial em relação à artéria carótida comum.</p><p>24</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>O termo médio indica estruturas que estão entre duas outras que pode ser anterior e</p><p>posterior, superior e inferior, interna e externa e proximal e distal em relação a elas. O</p><p>termo intermédio indica estruturas situadas entre uma estrutura lateral e outra medial.</p><p>2. SISTEMA ESQUELÉTICO</p><p>Osteologia, em sentido restrito e etimologicamente, é o estudo dos ossos. Em sentido</p><p>mais amplo inclui o estudo das formações intimamente ligadas ou relacionadas com os</p><p>ossos, com eles formando um todo – o esqueleto (DANGELO; FATTINI, 2007), p.17.</p><p>Uma definição mais apropriada para o esqueleto é como sendo um conjunto de ossos e</p><p>cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo, desempenhando várias</p><p>funções.</p><p>O osso é composto de dois tipos de substância óssea: a substância óssea compacta</p><p>e a esponjosa. As forças funcionais que atuam sobre o tecido ósseo condicionam sua</p><p>arquitetura, determinando o espessamento da cortical e o arranjo das trabéculas da</p><p>substância óssea esponjosa. Os ossos se atrofiam quando não são usados, isto é,</p><p>quando não são estimulados funcionalmente. De forma similar, os ossos hipertrofiam</p><p>(hipertrofia – aumento do tamanho de um órgão ou um corpo) quando têm que suportar</p><p>aumento de peso por um longo período de tempo.</p><p>Profundo:</p><p>Significa mais distante da superfície. Por exemplo, o úmero é profundo aos músculos</p><p>do braço.</p><p>Ipsilateral:</p><p>Significa no mesmo lado do corpo. Por exemplo, o polegar direito e o hálux direito são</p><p>ipsilaterais.</p><p>Contralateral:</p><p>Significa no lado oposto do corpo. Por exemplo, as mãos direita e esquerda são con-</p><p>tralaterais.</p><p>Rostral:</p><p>Significa mais próximo da extremidade da frente. É frequentemente usado em vez de</p><p>anterior quando se descrevem partes do encéfalo, por exemplo, o lobo frontal é rostral</p><p>ao lobo parietal.</p><p>Osteoporose: com a idade avançada, a diminuição de componentes orgânicos e inorgânicos</p><p>fragiliza os ossos que podem fraturar facilmente.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>25</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>2.1. FUNÇÕES DOS OSSOS – SISTEMA ESQUELÉTICO</p><p>Entre as principais funções dos ossos e sua relação com o sistema esquelético, pode-</p><p>mos apontar:</p><p>` Proteção de órgãos, como encéfalo, medula espinal, coração e pulmões.</p><p>` Sustentação e conformação do corpo.</p><p>` Local de armazenamento de íons cálcio e fósforo: durante a gravidez a calcificação fetal</p><p>se faz em grande parte pela reabsorção destes elementos armazenados no organismo</p><p>materno. Funciona como um reservatório de cálcio e fósforo, fornecendo–os ao orga-</p><p>nismo quando necessário. Um osso maduro combina um arcabouço orgânico de tecido</p><p>fibroso e sais inorgânicos, principalmente fosfato de cálcio. Os sais representam cerca</p><p>de 60% do peso do osso compacto e estão depositados na estrutura fibrosa do tecido</p><p>conjuntivo colágeno.</p><p>` Local de produção de células sanguíneas: a medula óssea está envolvida na formação</p><p>de células sanguíneas. As células vermelhas do sangue, as hemácias, têm uma vida de</p><p>apenas 120 dias, de modo que é necessária a contínua reposição. Muitas variedades de</p><p>células brancas do sangue também são produtos da medula óssea.</p><p>` Reserva de gordura: em casos de extrema inanição a medula flava (amarela) abandona o</p><p>osso por meio de vasos sanguíneos, propiciando nutrição ao indivíduo.</p><p>` Sistema de alavancas: os ossos atuam como se fossem alavancas que, movimentadas</p><p>pelos músculos, permitem os deslocamentos do corpo.</p><p>2.2. NÚMERO DE OSSOS</p><p>No indivíduo adulto o número de ossos é de 206. Esse número é variável na dependên-</p><p>cia de alguns fatores.</p><p>Fatores etários:</p><p>Fatores individuais:</p><p>Do nascimento à senilidade há uma diminuição do número de ossos. Certos ossos no</p><p>recém-nascido são formados de partes ósseas que se unem durante o desenvolvimento</p><p>do indivíduo para formar um único osso, como por exemplo o osso frontal. O osso frontal</p><p>no recém-nascido é formado por partes separadas no plano mediano. O osso do feto é</p><p>constituído por três partes: ílio, ísquio e púbis, que, posteriormente, soldam-se para for-</p><p>mar um único osso no adulto.</p><p>Em alguns indivíduos pode haver a persistência da divisão do osso frontal, extranumerá-</p><p>rios podem estar presentes. Quando da persistência da divisão do osso frontal, os ossos</p><p>frontais articulam-se ao nível do plano mediano por meio da sutura metópica.</p><p>26</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>CURIOSIDADE</p><p>2.3. DIVISÃO DO ESQUELETO</p><p>Quanto à classificação topográfica, o esqueleto pode ser dividido em duas grandes porções:</p><p>Esqueleto axial</p><p>O esqueleto axial é a porção mediana do esqueleto que forma o eixo do corpo. É com-</p><p>posto pelos ossos da cabeça, pescoço e tronco (tórax e abdome, ou seja, pelos ossos do</p><p>crânio, coluna vertebral, esterno e costelas).</p><p>O critério empregado na contagem dos ossos pode determinar uma variação no número de</p><p>ossos. Ossos sesamóides e ossículos da orelha média ora são computados, ora não.</p><p>Figura 08. Esqueleto axial</p><p>CRÂNIO</p><p>ESTERNO</p><p>COSTELAS</p><p>COLUNA VERTEBRAL</p><p>S</p><p>an</p><p>to</p><p>s</p><p>(2</p><p>01</p><p>4,</p><p>p</p><p>. 2</p><p>2)</p><p>.</p><p>27</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>CURIOSIDADE</p><p>O crânio pode ser separado em duas partes: o neurocrânio ou crânio neural que prote-</p><p>ge o encéfalo e forma o envoltório para os órgãos do olfato, da visão e da audição; e o</p><p>viscerocrânio ou esplancnocrânio, que envolve as partes superiores dos sistemas respi-</p><p>ratório e digestório. O neurocrânio forma a parte posterior ou dorsal da cabeça, dividin-</p><p>do-se em base do crânio e calvária. O viscerocrânio constitui a parte anterior ou ventral.</p><p>A coluna vertebral desempenha algumas funções importantes, como constituir um su-</p><p>porte estrutural para a cabeça, o tórax e os músculos do dorso, alojar e proteger a me-</p><p>dula espinal no interior do canal vertebral e proporcionar flexibilidade ao corpo. A região</p><p>lombar é a mais móvel entre as regiões da coluna vertebral, permitindo movimentos de</p><p>lateralidade, flexão e extensão do tronco. A região cervical tem razoável mobilidade e</p><p>permite movimentos de flexão, extensão, lateralidade e rotação do pescoço e da ca-</p><p>beça. A região torácica é pouco móvel. As regiões sacral e coccígea não apresentam</p><p>mobilidade, devido à fusão das vértebras que as compõem.</p><p>AS REGIÕES DA COLUNA VERTEBRAL E O NÚMERO DE VÉRTEBRAS</p><p>` região cervical (7 vértebras)</p><p>` região torácica (12 vértebras)</p><p>` região lombar (5 vértebras)</p><p>` região sacral (5 vértebras)</p><p>` região coccígea (4 vértebras)</p><p>Curvaturas da coluna vertebral: a coluna vertebral apresenta quatro curvaturas sagitais,</p><p>isto é, no sentido anteroposterior. São elas as curvaturas cervical, torácica, lombar e</p><p>sacrococcígea, que são evidentes em radiografias de perfil.</p><p>Figura 09. Coluna vertebral</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>50</p><p>).</p><p>28</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>` As curvaturas torácica e sacrococcígea são denominadas curvaturas primárias porque</p><p>apresentam a mesma direção da curvatura da coluna vertebral fetal, ou seja, são con-</p><p>vexas posteriormente. As curvaturas primárias decorrem da diferença de altura entre as</p><p>partes anteriores e posteriores dos corpos vertebrais.</p><p>` As curvaturas cervical e lombar são denominadas curvaturas secundárias. Estas se ini-</p><p>ciam após o nascimento e são devidas, principalmente, à diferença na espessura entre as</p><p>partes anteriores e posteriores dos discos intervertebrais.</p><p>As curvaturas secundárias são</p><p>convexas anteriormente e assim compensam as curvaturas primárias que persistem nas</p><p>regiões torácica e sacrococcígea. A curvatura cervical torna-se proeminente em torno do</p><p>terceiro ou quarto mês após o nascimento, quando a criança começa a suportar e a girar a</p><p>cabeça e ambas as curvaturas cervical e lombar se acentuam em torno de 1 ano de idade,</p><p>com o início da postura ereta. A curvatura lombar é mais proeminente na mulher.</p><p>` As curvaturas sagitais da coluna vertebral centralizam a cabeça sobre o corpo, proporcionando</p><p>assim o equilíbrio necessário para andarmos em uma posição ereta. Além disso, elas absorvem</p><p>os choques na deambulação e auxiliam a proteger a coluna de uma fratura, tornando-a mais forte.</p><p>Uma curvatura acentuada da coluna vertebral de convexidade posterior (curvatura primária) é comu-</p><p>mente denominada cifose, enquanto uma de convexidade anterior (curvatura secundária) é denominada</p><p>lordose. Uma curvatura lateral da coluna vertebral para a direita ou para a esquerda recebe a denomi-</p><p>nação clínica de escoliose. Esta pode ser funcional ou estrutural. A escoliose funcional, relacionada com</p><p>a utilização do membro superior ou com a desigualdade da ação muscular durante o andar, ocorre na</p><p>região torácica e não está presente até a parte média ou final da infância. Sua concavidade está geral-</p><p>mente voltada para a esquerda, com curvas compensatórias de concavidade voltada para a direita nas</p><p>regiões cervical e lombar. Em indivíduos sinistros estas curvas estão invertidas. A escoliose estrutural</p><p>é anormal. Surge durante a infância e torna-se progressivamente mais grave devido a um crescimento</p><p>desigual de certas vértebras.</p><p>O osso esterno é osso do esqueleto axial considerado hematopoiético, ou seja, contém</p><p>locais ativos de medula óssea para a produção de células sanguíneas. Este osso é</p><p>composto por três partes: manúbrio, o corpo e o processo xifóide.</p><p>As costelas são em número de 12 pares classificadas de acordo com a forma que se</p><p>articulam (ou não) com o osso esterno. Da primeira à sétima são verdadeiras, pois se</p><p>articulam diretamente por meio da cartilagem costal. São classificadas como falsas as</p><p>costelas oitava, nona e décima, pois se articulam indiretamente, ou seja, se unem numa</p><p>cartilagem costal em comum e posteriormente se ligam à sétima cartilagem costal. As</p><p>costelas classificadas como flutuantes são a décima primeira e décima segunda, que</p><p>não se articulam ao osso esterno.</p><p>Esqueleto apendicular</p><p>Esqueleto apendicular é a porção do esqueleto apensa ao esqueleto axial. É represen-</p><p>tado pelos ossos dos membros superiores e inferiores, incluindo os ossos dos cíngulos</p><p>dos membros superior e inferior que unem o esqueleto apendicular ao esqueleto axial.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>29</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 10. Esqueleto apendicular</p><p>A. Vista anterior</p><p>Crânio</p><p>Vértebras</p><p>Cíngulo do</p><p>membro</p><p>superior</p><p>Clavícula</p><p>Escápula</p><p>Cartilagem costal</p><p>Esterno</p><p>Úmero</p><p>Costelas</p><p>Rádio</p><p>Ulna</p><p>Ossos carpais</p><p>(carpo)</p><p>Ossos</p><p>metacarpais</p><p>Falanges</p><p>Cíngulo do</p><p>membro</p><p>inferior</p><p>Ossos do</p><p>quadril (OQ)</p><p>Sacro</p><p>Sínfise</p><p>púbica</p><p>Fêmur</p><p>Patela</p><p>Tíbia</p><p>Fíbula</p><p>Ossos tarsais</p><p>(tarso)</p><p>Ossos metatarsais</p><p>Falanges</p><p>1. Esqueleto axial</p><p>2. Esqueleto apendicular</p><p>3. Cartilagem costal</p><p>4. Cartilagem articular</p><p>B.Vista posterior</p><p>Crânio</p><p>Vértebras</p><p>Úmero</p><p>Costelas</p><p>Rádio</p><p>Ulna</p><p>Carpo</p><p>Ossos</p><p>metacarpais</p><p>Falanges</p><p>Sacro</p><p>Escápula</p><p>Coluna</p><p>vertebral</p><p>Ossos do</p><p>quadril</p><p>Cóccix</p><p>Fêmur</p><p>Tíbia</p><p>Fíbula</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>M</p><p>oo</p><p>re</p><p>(2</p><p>01</p><p>9,</p><p>p</p><p>. 1</p><p>8)</p><p>.</p><p>Ossos da mão:</p><p>` Ossos do carpo, do metacarpo e dos dedos – falanges proximal, média e distal.</p><p>Ossos do pé:</p><p>` Ossos do tarso, do metatarso e dos dedos – falanges proximal, média e distal.</p><p>Os ossos constituintes do membro inferior são:</p><p>` Ossos do quadril ou do cíngulo do membro inferior: ossos do quadril.</p><p>` Osso da coxa: fêmur.</p><p>` Osso da articulação do joelho: patela.</p><p>` Ossos da perna: tíbia e fíbula.</p><p>30</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA</p><p>Quanto à morfologia, os ossos podem ser classificados em:</p><p>Ossos longos:</p><p>São aqueles em que o comprimento predomina sobre a largura e espessura. Ex.: fêmur,</p><p>úmero, rádio, ulna, tíbia, fíbula e falanges.</p><p>Ossos laminares:</p><p>Também denominados planos ou chatos: apresentam comprimento e largura equivalentes,</p><p>predominando sobre a espessura. Ex.: parietal, frontal, occipital, temporal, escápula, esterno.</p><p>Ossos curtos:</p><p>São aqueles que apresentam semelhanças no comprimento, largura e espessura. Ex.: ossos</p><p>do carpo, do tarso e patela.</p><p>Ossos irregulares:</p><p>Apresentam uma morfologia complexa. Não apresentam forma geométrica definida. Nestes</p><p>ossos não se pode definir, com segurança, comprimento, largura e espessura. Ex.: vértebra</p><p>e maxila.</p><p>Ossos pneumáticos:</p><p>São ossos que apresentam uma ou mais cavidades, revestidas de mucosa, contendo ar no</p><p>seu interior. Essas cavidades são denominadas seios (sinus) e por se situarem próximo à ca-</p><p>vidade nasal recebem também o nome de seios paranasais. Ex.: esfenóide, etmóide, frontal</p><p>e maxila. O osso temporal também é considerado um osso pneumático porque possui em</p><p>seu interior cavidades que contêm ar. O fato de essas cavidades existirem em determinados</p><p>ossos do crânio torna–o mais leve. Os processos inflamatórios no interior destes seios rece-</p><p>bem a denominação de sinusites.</p><p>Ossos sesamóides:</p><p>São ossos arredondados ou ovais que se localizam no interior de tendões, ligamentos ou</p><p>cápsulas articulares. Ex.: patela.</p><p>Ossos suturais ou incaicos:</p><p>São pequenos ou grandes ossos supranumerários que se situam nas suturas. São encontra-</p><p>dos com maior frequência entre os ossos parietais e occipital. Ossos acessórios ou supranu-</p><p>merários são comuns no pé. O conhecimento dos ossos supranumerários é importante para</p><p>que não sejam considerados fragmentos ósseos nas radiografias.</p><p>Um mesmo osso pode ser classificado de diferentes formas. A patela é um osso curto e se-</p><p>samóide, a maxila é um osso irregular e pneumático.</p><p>ATENÇÃO</p><p>31</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 11. Classificação morfológica dos ossos</p><p>2.5. ARQUITETURA DOS OSSOS EM GERAL</p><p>O estudo do tecido ósseo distingue a substância óssea compacta e a esponjosa.</p><p>Figura 12. Arquitetura dos ossos</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>12</p><p>3R</p><p>F;</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>1)</p><p>; M</p><p>oo</p><p>re</p><p>, D</p><p>al</p><p>le</p><p>y</p><p>e</p><p>A</p><p>gu</p><p>r (</p><p>20</p><p>19</p><p>, p</p><p>.</p><p>67</p><p>2)</p><p>; S</p><p>hü</p><p>nk</p><p>e</p><p>(2</p><p>01</p><p>9,</p><p>p</p><p>. 4</p><p>42</p><p>; p</p><p>. 3</p><p>3,</p><p>v</p><p>. 3</p><p>)</p><p>12</p><p>3r</p><p>f</p><p>Substância óssea esponjosa</p><p>Substância óssea compacta</p><p>Curto</p><p>Pneumático</p><p>Plano</p><p>Sesamóide</p><p>Longo</p><p>Irregular</p><p>32</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Nos ossos planos ou laminares, a substância óssea compacta constitui as lâminas ós-</p><p>seas externa e interna e a substância óssea esponjosa situa-se entre as lâminas de</p><p>osso compacto.</p><p>Nos ossos laminares da calvária a substância óssea esponjosa interposta às lâminas</p><p>de substância óssea compacta, denominadas lâmina externa e lâmina interna, recebe</p><p>a denominação de díploe. Pela díploe transitam vasos sanguíneos denominados vasos</p><p>diplóicos. Além disso, este osso trabecular contém medula óssea. Nos ossos curtos, a</p><p>substância óssea compacta situa-se perifericamente e a substância óssea esponjosa</p><p>internamente. Nos ossos irregulares, a substância óssea esponjosa apresenta-se en-</p><p>volta por uma delgada lâmina de substância óssea compacta.</p><p>Nos ossos longos, a substância óssea compacta é periférica e a substância óssea es-</p><p>ponjosa encontra-se internamente, sendo mais abundante nas extremidades dos ossos.</p><p>Arquitetura dos ossos longos</p><p>Os ossos longos apresentam extremidades denominadas epífise proximal e epífise distal.</p><p>Entre as epífises situa-se o corpo ou a diáfise. Nos ossos em crescimento, entre a epífise</p><p>e a diáfise existe um disco de cartilagem hialina, o disco epifisial, que é responsável pelo</p><p>crescimento do osso em comprimento. No adulto, o tecido ósseo é contínuo com o da epífise.</p><p>Figura 13. Arquitetura de um osso</p><p>longo</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>M</p><p>ar</p><p>tin</p><p>ez</p><p>(2</p><p>02</p><p>0,</p><p>[n</p><p>. p</p><p>.])</p><p>.</p><p>OSSO INFANTIL OSSO ADULTO</p><p>Cartilagem</p><p>articular</p><p>Epífise</p><p>Cartilagem do</p><p>Crescimento</p><p>Diáfise</p><p>Formação do osso e da cartilagem de crescimento</p><p>A diáfise possui no seu interior uma cavidade, a cavidade medular, que é preenchida pela</p><p>medula óssea e ocupa os espaços do tecido esponjoso. Há dois tipos de medula óssea:</p><p>33</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>` A medula óssea vermelha ou rubra, cuja função básica é a produção de células sanguí-</p><p>neas (hemácias, leucócitos e plaquetas). A este processo de produção de células san-</p><p>guíneas chamamos hematopoiese, termo que significa formação de células sanguíneas.</p><p>Esta formação de novas células sanguíneas é indispensável na substituição das que são</p><p>destruídas a cada 120 dias pelo baço, como é o caso dos glóbulos vermelhos. A medula</p><p>rubra é mais abundante em jovens, ou seja, durante as fases de crescimento. Os ossos</p><p>esterno, costelas, vértebras e osso ílio são ricos em medula óssea rubra. O esterno é o</p><p>osso mais rico em medula rubra. Em casos de leucemias, efetua-se a punção esternal</p><p>para a obtenção de material para exames laboratoriais.</p><p>` A medula óssea amarela ou flava é constituída por tecido gorduroso e funciona como uma</p><p>reserva nutritiva. Em casos de extrema inanição, a medula flava abandona o osso por</p><p>meio de vasos sanguíneos, propiciando nutrição ao indivíduo. Os ossos rádio, ulna, tíbia,</p><p>fíbula, fêmur são ricos em medula flava.</p><p>Antes do nascimento, as cavidades medulares são preenchidas por medula óssea ru-</p><p>bra. Da infância em diante, há uma diminuição progressiva da quantidade de medula</p><p>óssea rubra e um aumento no acúmulo de medula óssea flava. Entretanto, moléstias</p><p>que acarretam, por exemplo, a perda de sangue, podem ser acompanhadas de um au-</p><p>mento no acúmulo de medula óssea rubra.</p><p>Figura 14. Arquitetura de um osso longo</p><p>Veias</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>12</p><p>3r</p><p>f.</p><p>Epífise proximal</p><p>Artérias</p><p>NervosMedula óssea</p><p>ENDÓSTEO</p><p>Diáfise</p><p>PERIÓSTEO</p><p>Cavidade medular</p><p>Osso esponjoso</p><p>Osso compacto</p><p>Epífise distal</p><p>2.6. ESTRUTURAS ÓSSEAS OU ACIDENTES ÓSSEOS</p><p>De uma maneira geral, os ossos apresentam, em sua superfície, forames, relevos, as-</p><p>perezas e irregularidades, nas quais se inserem ligamentos e tendões musculares, tran-</p><p>sitam nervos e vasos sanguíneos.</p><p>34</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 15. Estruturas ósseas</p><p>Fêmur Vista Anterior</p><p>Cabeça do fêmur</p><p>Fóvea da cabeça do fêmur</p><p>(para o ligamento)</p><p>Colo do fêmur</p><p>Trocanter menor</p><p>Linha intertrocantérica</p><p>Trocanter maior</p><p>Corpo do fêmur (diáfase)</p><p>Tubérculo do adutor</p><p>Epicôndilo medial</p><p>Face patelar</p><p>Côndilo medialCôndilo lateral</p><p>Epicôndilo lateral</p><p>Linha de fixação da margem da</p><p>membrana sinovial</p><p>Linha da reflexão da membrana sinovial</p><p>Linha da fixação da membrana fibrosa da</p><p>cápsula articular</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>77</p><p>).</p><p>2.7. REVESTIMENTO ÓSSEO</p><p>O osso apresenta-se revestido externamente, com exceção de suas faces articulares,</p><p>por uma membrana conjuntiva denominada periósteo. Nas extremidades do osso, o</p><p>periósteo é contínuo com a cápsula articular, não revestindo a cartilagem articular. O</p><p>periósteo possui duas lâminas.</p><p>Lâmina externa ou limitante:</p><p>Está mais distante do osso. Permite o trânsito de vasos sanguíneos e nervos que entram ou</p><p>saem do interior do osso. As artérias periostais entram no corpo do osso, sendo responsá-</p><p>veis pela nutrição do osso compacto e esponjoso e da medula óssea. A drenagem dessas</p><p>estruturas é feita pelas veias e vasos linfáticos. Os nervos do periósteo compreendem nervos</p><p>sensitivos e vasomotores.</p><p>35</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Em cirurgias, a preservação do periósteo é importante, pois quanto menos injuriado for</p><p>o periósteo, melhor será a regeneração e a cicatrização tecidual.</p><p>O revestimento ósseo interno recebe a denominação de endósteo. Este apresenta-se</p><p>como uma delgada camada celular que reveste o osso próximo à medula óssea. O re-</p><p>vestimento ósseo pode ser observado na Figura 14.</p><p>DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO ÓSSEO</p><p>Os ossos desenvolvem-se a partir de condensações do mesênquima, tecido conjunti-</p><p>vo embrionário. O modelo mesenquimal de um osso, que se forma durante o período</p><p>embrionário, torna-se fibroso e sofre ossificação direta, chamada ossificação intramem-</p><p>branosa, formando ossos membranosos ou pode ser condrificado, isto é, transformado</p><p>em um modelo cartilagíneo do osso. Este modelo, mais tarde, torna-se ossificado por</p><p>ossificação intracartilagínea ou endocondral. Consequentemente, os ossos são forma-</p><p>dos pela substituição de membrana ou da cartilagem.</p><p>No caso dos ossos membranosos (mandíbula, clavícula e certos ossos do crânio), as</p><p>células diferenciam-se em osteoblastos que depositam uma matéria orgânica chama-</p><p>da osteóide, sobre a qual são depositados os sais ósseos. Alguns osteoblastos ficam</p><p>retidos na matriz e se tornam osteócitos, outros continuam a se dividir e formam novos</p><p>osteoblastos na superfície do osso. O osso cresce somente por aposição, deposição de</p><p>um novo osso na superfície.</p><p>Nos ossos cartilagíneos, a cartilagem, normalmente hialina, é substituída por osso por</p><p>meio da ossificação endocondral. Nestes casos, inicialmente surge na diáfise de um</p><p>osso longo o chamado centro de ossificação primário. Em seguida, aparecem os cen-</p><p>tros de ossificação secundários localizados nas epífises dos ossos longos. A diáfise vai</p><p>se encompridando pela proliferação da cartilagem nas metáfises (regiões da diáfise</p><p>próxima às epífises). Para permitir que o crescimento continue até ser atingido o com-</p><p>primento de um osso adulto, o osso formado a partir do centro primário da diáfise não</p><p>se funde com aquele formado a partir dos centros secundários das epífises até que o</p><p>comprimento adulto do osso seja alcançado, formando assim o disco epifisial, disco</p><p>de cartilagem hialina que se interpõe entre a diáfise e a epífise. O último centro de</p><p>ossificação secundário a aparecer funde-se primeiro com a diáfise e o primeiro centro</p><p>secundário funde-se por último, estando localizado, consequentemente, nas chamadas</p><p>extremidades de crescimento (ombro, punho e joelho). Quando a diáfise se funde com</p><p>as epífises, o crescimento do osso cessa. Nos ossos curtos, o desenvolvimento é se-</p><p>melhante ao do centro de ossificação primário dos ossos longos, somente o calcâneo</p><p>desenvolve um centro secundário de ossificação.</p><p>Lâmina interna ou osteogênica:</p><p>Fica em íntimo contato com o osso. Tem função osteogênica, ou seja, a de produzir tecido</p><p>ósseo para o crescimento (em espessura) do osso, mantendo sua forma quando adulto ou</p><p>propiciando a regeneração do osso em casos de fratura. A proliferação celular em casos de</p><p>fratura é tão intensa que se forma na região um excesso de tecido ósseo, que recebe a de-</p><p>nominação de calo ósseo.</p><p>36</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>É interessante lembrar que os centros de ossificação geralmente surgem um ou dois</p><p>anos mais cedo nas meninas do que nos meninos. Estudando estes centros de os-</p><p>sificação, pode-se determinar e avaliar radiograficamente a idade óssea (estado de</p><p>crescimento) de uma pessoa. Para isto, dois critérios são utilizados: o aparecimento</p><p>de material calcificado na diáfise e/ou epífise e o desaparecimento do disco epifisial,</p><p>indicando que a epífise se fundiu com a diáfise. Sabe-se que estes eventos ocorrem</p><p>em idades específicas para cada osso, em função de cada sexo. Comparando as radio-</p><p>grafias de certas áreas com os respectivos padrões de normalidade para estas áreas,</p><p>a idade óssea atribuída será a do padrão mais próximo. A avaliação da idade óssea é</p><p>importante para determinar se uma criança está adiantada ou atrasada em relação ao</p><p>padrão de desenvolvimento, crescimento e maturação do esqueleto e, portanto, para</p><p>diagnosticar distúrbios endócrinos e nutricionais.</p><p>Figura 16. Crescimento ósseo</p><p>hü</p><p>nk</p><p>e</p><p>(2</p><p>01</p><p>9,</p><p>p</p><p>. 5</p><p>).</p><p>Pericôndrio</p><p>Bainha</p><p>pericondral</p><p>Periósteo</p><p>Cartilagem</p><p>mineralizada</p><p>a b</p><p>c d e f g h i</p><p>Centro primário</p><p>de ossificação</p><p>Vaso sanguíneo</p><p>da diáfise</p><p>(broto perióstico)</p><p>Epífise</p><p>proximal</p><p>Lâmina</p><p>epifisial</p><p>Epífise</p><p>distal</p><p>Metáfise com tecido</p><p>ósseo esponjoso</p><p>primário Centro secundário</p><p>de ossificação</p><p>Centro secundário de</p><p>ossificação na epífise</p><p>distal</p><p>Tecido ósseo</p><p>esponjoso</p><p>secundário</p><p>Fechamento da</p><p>lâmina epifisial</p><p>distal</p><p>Fechamento da</p><p>lâmina epifisial</p><p>proximal</p><p>Cartilagem</p><p>articular</p><p>Cavidade</p><p>medular</p><p>Cartilagem</p><p>articular</p><p>3. SISTEMA ARTICULAR</p><p>As articulações são uniões ou junções entre dois ou mais ossos ou partes rígidas do</p><p>esqueleto. As articulações exibem várias formas e funções. Algumas articulações não</p><p>têm movimento, como as lâminas epifisiais entre a epífise e a diáfise de um osso longo</p><p>em crescimento; outras permitem apenas pequeno movimento, como os dentes em</p><p>seus alvéolos; e outras têm mobilidade livre, como a articulação do ombro. (MOORE;</p><p>DALLEY; AGUR, 2019).</p><p>A nomenclatura das articulações normalmente é determinada de acordo com os nomes</p><p>dos ossos que se articulam, por exemplo: articulação interparietal, frontoparietal, interver-</p><p>tebral, interfalângica, escápulo–umeral, coxo–femoral, temporomandibular e glenoumeral.</p><p>3.1. CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES</p><p>De acordo com o tecido interposto aos ossos que se articulam podemos classificar as</p><p>articulações em fibrosas, cartilagíneas e sinoviais.</p><p>37</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Figura 17. Articulações fibrosas – suturas</p><p>Articulações fibrosas</p><p>As articulações fibrosas são aquelas nas quais o tecido interposto às superfícies articulares é</p><p>o tecido conjuntivo fibroso. Há três tipos de articulações fibrosas: as suturas, as sindesmoses</p><p>e as gonfoses.</p><p>As suturas são articulações fibrosas nas quais entre as superfícies articulares há uma peque-</p><p>na quantidade de tecido conjuntivo fibroso. Estas articulações são características do crânio</p><p>e constituem a maior parte de suas articulações, permitindo o seu crescimento ao nível das</p><p>margens suturais. Nessas articulações a mobilidade é extremamente reduzida embora o te-</p><p>cido conjuntivo fibroso confira às mesmas uma certa elasticidade. De acordo com as bordas</p><p>que se articulam, as suturas podem ser classificadas como denteada, serrátil, plana ou esca-</p><p>mosa. Sutura plana é aquela que apresenta as bordas dos ossos articulantes planas ou qua-</p><p>se planas. Ex.: sutura internasal, intermaxilar e interpalatina. A sutura denteada, serrilhada ou</p><p>serrátil é aquela cujas bordas dos ossos articulantes assemelham-se a dentes de um serrote,</p><p>por exemplo a.: sutura frontoparietal, interparietal e parieto–occipital. A sutura escamosa é</p><p>aquela na qual as bordas dos ossos articulantes se sobrepõem parcialmente como escamas</p><p>de peixe, por exemploa sutura temporoparietal.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 6</p><p>).</p><p>Mandíbula</p><p>Cabeça da mandíbula</p><p>Incisura da mandíbula</p><p>Processo coronoide</p><p>Ramo</p><p>Linha oblíqua</p><p>Corpo</p><p>Forame mentual</p><p>Osso zigomático</p><p>Forame</p><p>zigomaticofacial</p><p>Processo temporal</p><p>Arco zigomático</p><p>Maxila</p><p>Processo frontal</p><p>Forame</p><p>infra-orbital</p><p>Espinhal nasal anterior</p><p>Processo alveolar</p><p>Osso nasal</p><p>Osso lacrimal</p><p>Fossa do saco</p><p>lacrimal</p><p>Osso etmoide</p><p>Lâmina orbital</p><p>Osso frontal</p><p>Incisura supraorbital/</p><p>forame supraorbital</p><p>Glabela</p><p>Osso esfenoide</p><p>Asa maior</p><p>Osso parietal</p><p>Sutura coronal</p><p>Ptério</p><p>Fossa temporal</p><p>Linha temporal superior</p><p>Linha temporal</p><p>inferior</p><p>Osso temporal</p><p>Parte escamosa</p><p>Processo</p><p>zigomático</p><p>Tubérculo articular</p><p>Sulco da artéria</p><p>temporal média</p><p>Meato acústico externo</p><p>Processo mastoide</p><p>Sutura lambdoide</p><p>Osso occipital</p><p>Protuberância</p><p>occipital externa</p><p>No crânio do feto e do recém–nascido, onde a ossificação ainda não se completou, os</p><p>ossos estão bastante separados e há entre eles uma grande quantidade de tecido con-</p><p>juntivo fibroso, formando assim áreas de maior fragilidade do crânio, conhecidas</p><p>38</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>como fontículos ou fontanelas. É na região dos fontículos que ocorre, no momento do</p><p>parto, uma redução bastante apreciável da cabeça do feto, devido ao cavalgamento dos</p><p>ossos a eles relacionados, facilitando assim a expulsão do feto para o meio externo. Os</p><p>fontículos permitem ainda o crescimento do crânio e desaparecem quando se completa</p><p>a ossificação dos ossos do crânio, processo que ocorre dos 2 aos 3 anos de idade.</p><p>Normalmente, o recém-nascido apresenta os seguintes fontículos:</p><p>Fontículo anterior, bregmático ou losângico:</p><p>localizado entre o osso frontal e os ossos parietais, ou seja, na intersecção das suturas in-</p><p>terfrontal (metópica), interparietal e frontoparietal. É neste fontículo que se efetua a coleta de</p><p>sangue intracraniano ou líquido cerebrospinal (líquor) para fins de exame laboratorial.</p><p>Fontículo posterior ou lambdóide:</p><p>situa-se entre os ossos parietais e occipital, ou seja, na intersecção das suturas interparietal</p><p>e parieto–occipital.</p><p>Fontículo ântero–lateral ou ptérico:</p><p>é bilateral, situando-se entre os ossos parietal, frontal, esfenóide e temporal.</p><p>Fontículo póstero–lateral ou astérico:</p><p>também bilateral, situa-se entre os ossos parietal, occipital e temporal.</p><p>Figura 18. Articulações fibrosas – fontículos</p><p>Osso</p><p>esfenoide</p><p>Asa maior</p><p>Lâmina lateral do</p><p>processo pterigoide</p><p>Hâmulo pterigoide</p><p>Osso palatino</p><p>Processo piramidal</p><p>Osso parietal</p><p>Crânio de um Recém-Nacido</p><p>Vista Lateral</p><p>Sutura coronal</p><p>Osso zigomático</p><p>Forame zigomático facial</p><p>Maxila</p><p>Forame infraorbital</p><p>Osso nasal</p><p>Osso lacrimal</p><p>Osso etmoide</p><p>Forame etmoidal</p><p>anterior</p><p>Lâmina orbital</p><p>Osso frontal</p><p>Escame frontal</p><p>Incisura supraorbital/</p><p>forame supraorbital</p><p>Fontículo ântero-lateral</p><p>(esfenoidal)</p><p>Fontículo anterior</p><p>Túber parietal</p><p>Sutura escamosa</p><p>Fontículo posterior</p><p>Sutura lambdoidea</p><p>Osso occipital</p><p>Fontículo póstero-</p><p>-lateral (mastoideo)</p><p>Osso temporal</p><p>Parte escamosa</p><p>Fissura petroescamosa</p><p>Parte petrosa (processo</p><p>mastoide ausente)</p><p>Parte timpânica (meato acús-</p><p>tico externo ósseo ausente)</p><p>Janela do vestíbulo (oval)</p><p>Janela da cóclea (redonda)</p><p>Processo estiloide</p><p>Fossa mandibular</p><p>Processo zigomático</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>4)</p><p>.</p><p>39</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>Sindesmoses são articulações fibrosas nas quais entre as superfícies há uma grande</p><p>quantidade de tecido conjuntivo fibroso, por exemplo a sindesmose tibiofibular e radiou-</p><p>lnar. Nas sindesmoses, movimentos amplos ou discretos podem ser realizados depen-</p><p>dendo da distância entre os ossos e da flexibilidade do tecido de união. A sindesmose</p><p>radioulnar é bastante flexível para permitir considerável movimento, tal como ocorre</p><p>durante a pronação e supinação do antebraço e da mão.</p><p>Figura 19. Articulação fibrosa – sindesmose</p><p>Sindesmose Radioulnar</p><p>A gonfose, articulação dentoaolveolar, onde o tecido interposto, é o conjuntivo fibroso.</p><p>Nessas articulações, o tecido conjuntivo fibroso do ligamento periodontal une o cemen-</p><p>to dentário com o osso alveolar, ancorando o dente com firmeza. Neste caso, não é uma</p><p>articulação entre dois ossos, pois o dente não é um osso.</p><p>Figura 20. Articulação fibrosa – gonfose</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>27</p><p>).</p><p>Articulação Dentoalveolar (Gonfose)</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 5</p><p>7)</p><p>.</p><p>40</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Articulações cartilagíneas</p><p>As articulações cartilagíneas são aquelas nas quais o tecido interposto às superfícies</p><p>articulares é a cartilagem hialina ou a fibrocartilagem. Elas podem ser classificadas em</p><p>dois tipos: as sincondroses e as sínfises</p><p>As sincondroses são articulações cartilagíneas onde o tecido interposto às superfícies</p><p>articulares é a cartilagem hialina. Estas articulações representam articulações tempo-</p><p>rárias, pois a cartilagem hialina que une os ossos é um remanescente do esqueleto</p><p>cartilagíneo do embrião e, como tal, atua como uma zona de crescimento para um ou</p><p>ambos os ossos que participam da articulação. Quando cessa o crescimento, a maioria</p><p>das sincondroses se oblitera, isto é, se ossifica. Podem ser de dois tipos:</p><p>Sincondrose interóssea:</p><p>ocorre entre</p><p>dois ossos diferentes. Ex.: sincodrose esfeno–occipital – que é a articulação</p><p>entre os ossos esfenóide e occipital, permitindo o crescimento ântero–posterior do crânio e</p><p>ossificando-se entre 18 e 21 anos de idade.</p><p>Sincondrose intraóssea:</p><p>é representada pelos discos epifisiais que são lâminas de cartilagem hialina situadas entre</p><p>a diáfise e a epífise de ossos longos em que a ossificação ainda não se completou. Esses</p><p>discos permitem o crescimento do osso em comprimento.</p><p>Figura 21. Articulações cartilagíneas – sincondroses</p><p>Fêmur</p><p>SINCONDROSE</p><p>INTRAÓSSEA</p><p>(DISCO EPIFISIAL)</p><p>Membrana sinovial</p><p>Cartilagem articular</p><p>Menisco</p><p>Cavidade articular</p><p>cheia de líquido</p><p>sinovial</p><p>Tíbia</p><p>Membrana sinovial</p><p>Tendão do m.</p><p>quadríceps</p><p>femoral</p><p>Patela</p><p>Bolsa subcutânea</p><p>pré-patelar</p><p>Corpo adiposo</p><p>infrapatelar</p><p>Bolsa subcutânea infrapatelar</p><p>Bolsa infrapatelar</p><p>ad</p><p>ap</p><p>ta</p><p>da</p><p>d</p><p>e</p><p>Va</p><p>n</p><p>de</p><p>G</p><p>ra</p><p>aff</p><p>(2</p><p>00</p><p>3,</p><p>p</p><p>. 2</p><p>01</p><p>).</p><p>41</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>As sínfises são articulações cartilagí-</p><p>neas nas quais o tecido interposto é a</p><p>fibrocartilagem. Nessas articulações,</p><p>as superfícies articulares são cober-</p><p>tas por cartilagem hialina e os ossos</p><p>estão unidos por fibrocartilagem. As</p><p>sínfises estão adaptadas para resis-</p><p>tência e transmissão de forças, po-</p><p>rém, também estão relacionadas ao</p><p>crescimento e ainda permitem apre-</p><p>ciáveis extensões de movimentos.</p><p>A maioria dessas articulações são</p><p>consideradas permanentes visto que</p><p>persistem por toda a vida exibindo</p><p>apenas algumas mudanças com o</p><p>decorrer da idade. Ex.: sínfise púbi-</p><p>ca (articulação entre os corpos dos</p><p>ossos púbis). Próximo ao parto, a</p><p>sínfise púbica se relaxa, ampliando a</p><p>distância entre os corpos dos ossos</p><p>púbis, facilitando assim a saída do</p><p>feto. Este relaxamento se verifica pela presença do hormônio relaxina em indivíduos do</p><p>sexo feminino, pela sínfise manúbrio–esternal (articulação entre o manúbrio e o corpo</p><p>do esterno) e pelas articulações intervertebrais, onde os corpos das vértebras estão</p><p>unidos por discos de fibrocartilagem, denominados discos intervertebrais.</p><p>Figura 23. Articulações cartilagíneas – sínfises</p><p>Figura 22. Articulações cartilagíneas – sincondrose</p><p>interóssea</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>0)</p><p>.</p><p>SINCONDROSE</p><p>INTERÓSSEA</p><p>(ESFENOCCIPITAL)</p><p>Sínfise</p><p>A sinostose é o destino normal da maioria das suturas, das sincondroses e de algumas</p><p>sínfises, que correspondem a mecanismos de crescimento. Por outro lado, as sindesmo-</p><p>ses, as gonfoses e algumas sínfises, mesmo contribuindo para o crescimento ósseo, não</p><p>se ossificam, persistindo por toda a vida apenas com mudanças mínimas com o decorrer</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 3</p><p>34</p><p>)</p><p>.N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 1</p><p>52</p><p>).</p><p>42</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>da idade. No caso das suturas, a sinostose se inicia em torno dos 20 anos de idade na</p><p>face interna da calvária alguns anos antes da sutura desaparecer na superfície externa.</p><p>Figura 24. Sinostoses em suturas do crânio</p><p>A</p><p>lv</p><p>es</p><p>e</p><p>C</p><p>ân</p><p>di</p><p>do</p><p>(2</p><p>01</p><p>6,</p><p>p</p><p>. 9</p><p>7)</p><p>.</p><p>Articulações sinoviais</p><p>As articulações sinoviais são assim denominadas porque nelas existe um líquido denomi-</p><p>nado líquido sinovial ou sinóvia. Tais articulações são especializadas para permitir maior ou</p><p>menor liberdade de movimento sendo, portanto, típicas dos músculos esqueléticos.</p><p>Nas articulações sinoviais, as superfícies articulares dos ossos são cobertas pela cartilagem</p><p>articular que normalmente é do tipo hialino.</p><p>Os ossos, nessas articulações, estão unidos por uma cápsula articular e por ligamentos. A</p><p>cápsula articular consiste de uma membrana fibrosa e de uma membrana sinovial. Esta última</p><p>reveste internamente a membrana fibrosa e produz um líquido, o líquido sinovial ou sinóvia.</p><p>A sinóvia ocupa o espaço existente entre as superfícies articulares, denominado cavidade</p><p>articular, e tem como função lubrificar a cartilagem articular e permitir o deslizamento entre as</p><p>superfícies articulares, diminuindo assim o atrito e o desgaste. Nesse tipo de articulação, nor-</p><p>malmente encontramos a presença de discos ou meniscos articulares dividindo a cavidade</p><p>articular parcialmente ou totalmente. Em algumas articulações sinoviais existem ainda outras</p><p>formações especiais, denominadas lábios articulares que ampliam as superfícies articulares.</p><p>A cápsula articular envolve a articulação como um manguito e é constituída de duas partes:</p><p>uma membrana fibrosa e uma membrana sinovial. A membrana fibrosa, mais externa, é mais</p><p>resistente e se compõe de feixes de fibras colágenas dispostas irregularmente. Em alguns pon-</p><p>tos, essa membrana é reforçada por espessos feixes de fibras paralelas que constituem os liga-</p><p>mentos. Eles podem ser capsulares, extracapsulares e intracapsulares. A membrana fibrosa da</p><p>cápsula articular e os ligamentos acessórios têm por finalidade manter a união entre os ossos,</p><p>impedir movimentos em planos indesejáveis e limitar os movimentos normais. Além disso, es-</p><p>sas estruturas servem como órgãos sensíveis pois têm terminações nervosas proprioceptivas.</p><p>43</p><p>1</p><p>U</p><p>ni</p><p>ve</p><p>rs</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>S</p><p>ão</p><p>F</p><p>ra</p><p>nc</p><p>is</p><p>co</p><p>Anatomia</p><p>A membrana sinovial é um tecido conjuntivo vascularizado que reveste internamente a mem-</p><p>brana fibrosa da cápsula articular e outras faces não articulares (faces ósseas não articulares,</p><p>ligamentos intracapsulares e tendões), podendo ainda conter pregas ou vilosidades sinoviais</p><p>que se projetam para dentro da cavidade articular. A função da membrana sinovial é produzir e</p><p>absorver o líquido sinovial, que é um fluido viscoso e pegajoso, semelhante em consistência à</p><p>clara de ovo. O líquido ocupa a cavidade articular e contém o ácido hialurônico (mucopolissaca-</p><p>rideo não sulfatado), que confere a viscosidade necessária à função lubrificante da sinóvia. As</p><p>principais funções da sinóvia são a lubrificação e a nutrição da cartilagem articular, dos discos</p><p>e meniscos, diminuindo assim o atrito e impedindo o desgaste.</p><p>A cartilagem articular recobre as superfícies ósseas articulares conferindo–lhes um aspecto liso,</p><p>polido e esbranquiçado. Essa cartilagem, que normalmente é do tipo hialino, é um tecido relativa-</p><p>mente acelular, avascular e sem nervos. Consequentemente, sua nutrição, principalmente nas áre-</p><p>as mais centrais, é precária, o que torna sua regeneração em casos de lesões mais lenta e difícil. A</p><p>cartilagem articular é resistente e elástica e colabora para evitar o contato direto entre as superfícies</p><p>articulares, evitando assim o atrito entre elas e impedindo o desgaste. A cartilagem articular não é</p><p>visível nas radiografias, portanto, a cavidade articular, radiograficamente, é mais ampla.</p><p>Figura 25. Articulações sinoviais – joelho</p><p>Anquilose: eventualmente a cartilagem articular pode ficar fibrosa, determinando a perda</p><p>da mobilidade.</p><p>Figura 26. Articulações sinoviais – ligamentos do joelho</p><p>M</p><p>oo</p><p>re</p><p>, D</p><p>al</p><p>le</p><p>y</p><p>e</p><p>A</p><p>gu</p><p>r (</p><p>20</p><p>19</p><p>, p</p><p>. 2</p><p>4)</p><p>.</p><p>N</p><p>et</p><p>te</p><p>r (</p><p>20</p><p>11</p><p>, p</p><p>. 4</p><p>97</p><p>).</p><p>Periósteo</p><p>Ligamento</p><p>Cápsula</p><p>articular</p><p>Cápsula</p><p>fibrosa</p><p>Membrana</p><p>sinovial</p><p>Osso</p><p>compacto</p><p>Fêmur</p><p>Cavidade</p><p>articular</p><p>(contendo</p><p>líquido</p><p>sinovial)</p><p>Cartilagem</p><p>articular</p><p>Corpo adiposo</p><p>infrapatelar</p><p>Membrana</p><p>sinovial</p><p>Cavidade</p><p>articular</p><p>Menisco</p><p>Tíbia</p><p>Ligamentos</p><p>A – Extracapsulares</p><p>B – Intracapsulares</p><p>CURIOSIDADE</p><p>44</p><p>1</p><p>Introdução ao Estudo da Anatomia e Aparelho Locomotor</p><p>Figura 27. Articulações sinoviais – menisco e lábio articular</p><p>Discos ou meniscos articulares:</p><p>São estruturas fibrosas ou fibrocartilagíneas em forma de disco ou de meia–lua que se inserem</p><p>perifericamente na cápsula articular e se interpõem às superfícies articulares. Atuam como</p><p>amortecedores de choques e permitem maior congruência entre as superfícies articulares. Ex.:</p><p>disco articular das articulações temporomandibular e esternoclavicular e meniscos da articu-</p><p>lação do joelho. Quando ocorre a extração do menisco, forma-se no mesmo local um novo</p><p>menisco, réplica do primeiro, porém, constituído não de fibrocartilagem, mas sim de tecido</p><p>conjuntivo</p>

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