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<p>Como	construir	uma	vida	próspera	através	do	design.</p><p>Os	designers	criam	mundos	e	resolvem	problemas	usando	o	design	thinking,	ou</p><p>pensamento	de	design.	Olhe	ao	redor	de	seu	escritório	ou	de	sua	casa,	para	seu</p><p>smartphone	ou	para	a	cadeira	onde	você	está	sentado:	tudo	em	nossas	vidas	foi</p><p>projetado	 por	 alguém.	 E	 cada	 projeto	 começa	 com	 um	 problema	 que	 um</p><p>designer	ou	uma	equipe	de	designers	procura	resolver.</p><p>O	mesmo	pensamento	responsável	pela	tecnologia	que	nos	cerca,	por	produtos</p><p>incríveis	 e	 espaços	 inusitados,	 pode	 ser	 usado	 para	 projetar	 e	 construir	 sua</p><p>carreira	 e	 sua	 vida,	 uma	 vida	 de	 realizações	 e	 alegria,	 sem	 nunca	 perder	 de</p><p>vista	a	possibilidade	da	surpresa.</p><p>Baseado	nas	aulas	dos	designers	Bill	Burnett	e	Dave	Evans,	O	design	da	sua	vida</p><p>é	a	versão	em	livro	de	um	dos	cursos	eletivos	mais	disputados	na	Universidade</p><p>de	 Stanford,	 na	 Califórnia,	 procurado	 por	 alunos	 novatos,	 profissionais	 já</p><p>estabelecidos	em	suas	carreiras	e	diletantes	em	busca	de	novas	possibilidades.</p><p>Aqui,	Burnett	e	Evans	refinaram	os	exercícios	praticados	em	sala	de	aula	para</p><p>torná-los	mais	eficientes	e	realizáveis,	em	um	método	simples	que	irá	ensiná-lo</p><p>a	 usar	 ferramentas	 básicas	 do	 design	 para	 projetar	 uma	 vida	 criativa	 e</p><p>produtiva.</p><p>Usando	histórias	reais	e	técnicas	comprovadas,	você	aprenderá	a	construir	seu</p><p>caminho	para	uma	vida	gratificante,	aperfeiçoada	por	um	design	de	sua	própria</p><p>criação.	Porque	uma	vida	bem	projetada	significa	uma	vida	bem	vivida.</p><p>E</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Um	Projeto	de	Vida</p><p>llen	 gostava	 de	 pedras.	 Gostava	 de	 colecioná-las,	 classificá-las	 e</p><p>categorizá-las	por	tamanho	e	formato	ou	por	tipo	e	cor.	Após	dois	anos	de</p><p>ciclo	 básico	 em	 uma	 universidade	 renomada,	 chegou	 a	 hora	 de	 escolher	 a</p><p>especialização.	Ellen	não	tinha	a	menor	ideia	do	que	queria	fazer	da	vida	ou	do</p><p>que	queria	ser	quando	crescesse,	mas	era	hora	de	escolher.	A	geologia	parecia</p><p>ser	a	melhor	opção	no	momento.	Afinal	de	contas,	ela	gostava	muito	mesmo	de</p><p>pedras.</p><p>Os	 pais	 de	 Ellen	 se	 orgulhavam	 da	 filha	 –	 estudante	 de	 geologia,	 futura</p><p>geóloga.	Quando	se	formou,	Ellen	voltou	a	morar	na	casa	deles	e	fez	uns	bicos</p><p>cuidando	de	crianças	e	passeando	com	cachorros	para	ganhar	algum	dinheiro.</p><p>Seus	pais	não	entendiam	nada.	Era	isso	que	ela	fazia	quando	estava	na	escola,</p><p>mas	eles	pagaram	caro	pela	 faculdade	e	agora	se	perguntavam	quando	a	 filha</p><p>iria	se	 transformar	magicamente	em	geóloga.	Quando	começaria	sua	carreira?</p><p>Era	para	isso	que	Ellen	tinha	estudado	e	era	o	que	deveria	fazer.</p><p>O	problema	era	que	Ellen	tinha	decidido	que	não	queria	ser	geóloga.	Ela	não</p><p>tinha	interesse	em	dedicar	seu	tempo	ao	estudo	dos	processos,	das	estruturas	e</p><p>da	história	da	terra.	Também	não	estava	interessada	no	trabalho	de	campo	nem</p><p>em	trabalhar	para	empresas	de	 recursos	naturais	ou	agências	ambientais.	Ela</p><p>não	gostava	de	fazer	mapeamento	nem	de	escrever	relatórios.	Tinha	escolhido	a</p><p>geologia	por	falta	de	opção	melhor	e	porque	gostava	de	pedras.	Mas,	agora,	com</p><p>o	diploma	nas	mãos	e	pais	frustrados	no	seu	pé,	Ellen	não	tinha	absolutamente</p><p>a	menor	ideia	de	como	conseguir	um	emprego,	nem	do	que	deveria	fazer	pelo</p><p>resto	da	vida.</p><p>Se	 os	 anos	de	 faculdade	 tivessem	 sido	os	melhores	da	 sua	 vida,	 como	 todo</p><p>mundo	 disse	 que	 seria,	 Ellen	 só	 tinha	 como	 piorar.	 Ela	 não	 sabia	 que	 estava</p><p>longe	de	ser	a	única	pessoa	no	mundo	a	não	querer	trabalhar	em	seu	campo	de</p><p>formação.	 Na	 verdade,	 nos	 Estados	 Unidos,	 só	 27%	 dos	 egressos	 das</p><p>universidades	atuam	em	carreiras	relacionadas	à	sua	área	de	formação.	A	noção</p><p>de	que	o	curso	que	se	escolhe	na	universidade	determina	o	resto	da	vida	–	e	que</p><p>a	 época	 da	 faculdade	 é	 a	 melhor	 da	 vida	 toda	 (antes	 de	 uma	 existência</p><p>entediante	de	trabalho	duro)	–	é	o	que	chamamos	de	crença	disfuncional	–	os</p><p>mitos	que	impedem	muitas	pessoas	de	projetar	a	vida	que	querem	para	si.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Crença	Disfuncional:	Seu	diploma	determina	a	sua	carreira.</p><p>Reformulação:	 Três	 quartos	 de	 todos	 os	 norte-americanos	 com	 curso	 superior</p><p>acabam	não	trabalhando	em	carreiras	relacionadas	às	suas	áreas	de	formação.</p><p>Com	 trinta	 e	 poucos	 anos,	 Janine	 estava	 começando	 a	 aproveitar	 os</p><p>resultados	de	décadas	de	dedicação.	Ela	entrou	cedo	no	mundo	corporativo	e</p><p>conquistou	 seu	 lugar	 ao	 sol.	 Formou-se	 em	 direito	 em	 uma	 universidade	 de</p><p>elite,	começou	a	trabalhar	em	um	escritório	de	advocacia	que	atuava	em	casos</p><p>importantes	e	 influentes	e	estava	realmente	a	caminho	de	“se	dar	bem”.	Tudo</p><p>na	vida	de	Janine	–	faculdade,	casamento,	carreira	–	tinha	ocorrido	exatamente</p><p>como	 o	 planejado.	 Com	 força	 de	 vontade	 e	 muito	 trabalho,	 ela	 havia</p><p>conquistado	tudo	o	que	queria.	Sua	vida	era	puro	sucesso	e	realização.</p><p>Mas	Janine	tinha	um	segredo.</p><p>Algumas	vezes,	quando	chegava	em	casa	após	um	dia	de	trabalho	em	um	dos</p><p>escritórios	mais	respeitados	e	reconhecidos	do	Vale	do	Silício,	Janine	sentava	na</p><p>varanda,	contemplava	as	 luzes	da	cidade	e	chorava.	Ela	tinha	tudo	que	achava</p><p>que	 deveria	 ter	 na	 vida,	 tudo	 que	 achava	 que	 queria,	 mas	 se	 sentia</p><p>profundamente	 infeliz.	 Sabia	 que	 deveria	 estar	 em	 êxtase	 com	 a	 vida	 que</p><p>construíra	para	si,	mas	não	estava	nem	perto	disso.</p><p>Janine	achava	que	havia	algo	de	errado	com	ela.	Quem	acorda	todos	os	dias</p><p>para	 um	 dia	 de	 sucesso	 e	 vai	 dormir	 todas	 as	 noites	 com	 o	 estômago</p><p>embrulhado,	 sentindo	que	 falta	 alguma	coisa,	 que	algo	 se	perdeu	ao	 longo	do</p><p>caminho?	 O	 que	 você	 faz	 quando	 tem	 tudo	 e	 nada	 ao	 mesmo	 tempo?	 Assim</p><p>como	Ellen,	 Janine	 também	 tinha	uma	crença	disfuncional.	Ela	 acreditava	que</p><p>seria	feliz	se	entrasse	no	jogo	pra	valer	e	conquistasse	todos	os	prêmios.	E	ela</p><p>também	 não	 está	 sozinha.	 Apenas	 nos	 Estados	 Unidos,	 dois	 terços	 dos</p><p>trabalhadores	 estão	 infelizes	 com	 seus	 empregos.	 E	 15%	 realmente	 detestam</p><p>seu	trabalho.</p><p>Crença	Disfuncional:	Se	for	bem-sucedido,	você	será	feliz.</p><p>Reformulação:	 A	 verdadeira	 felicidade	ocorre	quando	você	projeta	uma	vida	que</p><p>funciona	para	você.</p><p>Donald	ganhara	dinheiro.	Ele	trabalhava	havia	trinta	anos	no	mesmo	emprego.</p><p>Sua	 casa	 estava	 quase	 quitada,	 todos	 os	 seus	 filhos	 tinham	 diplomas</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>universitários,	os	 seus	 fundos	de	aposentadoria	estavam	garantidos.	Ele	 tinha</p><p>uma	 carreira	 e	 uma	 vida	 sólidas:	 acordava,	 ia	 trabalhar,	 pagava	 as	 contas,</p><p>voltava	para	casa	e	dormia.	Acordava	no	dia	seguinte	e	fazia	tudo	de	novo.	Era	a</p><p>mesma	rotina,	dia	após	dia.</p><p>Durante	 anos,	 todos	 os	 dias,	 Donald	 se	 perguntava	 a	 mesma	 coisa.	 Ele</p><p>carregava	essa	dúvida	para	a	lanchonete,	para	a	mesa	de	jantar,	para	a	igreja	e</p><p>até	 mesmo	 para	 o	 balcão	 do	 bar,	 onde	 umas	 doses	 de	 uísque	 aquietavam	 o</p><p>problema.	Mas	sempre	voltava.	Por	quase	uma	década,	a	pergunta	o	acordava	às</p><p>duas	 da	manhã	 e	 o	 encarava	 no	 espelho	 do	 banheiro:	 “Por	 que	 diabos	 estou</p><p>fazendo	isso?”	O	cara	que	o	encarava	no	espelho	nunca	conseguiu	lhe	dar	uma</p><p>boa	 resposta.	 A	 crença	 disfuncional	 de	 Donald	 era	 parecida	 com	 a	 de	 Janine,</p><p>mas	 ele	 guardava	 a	 sua	 havia	 muito	 mais	 tempo	 –	 uma	 vida	 de	 trabalho</p><p>responsável	 e	 bem-sucedido	 deveria	 deixá-lo	 feliz.	 Seria	 o	 suficiente?	 Mas</p><p>Donald	tinha	mais	uma	crença	disfuncional:	a	de	que	não	poderia	parar	de	fazer</p><p>o	 que	 sempre	 fizera.	 Se	 ao	menos	 o	 cara	 no	 espelho	 tivesse	 lhe	 dito	 que	 não</p><p>estava	sozinho	e	que	não	precisava	continuar	a	fazer	a	mesma	coisa	de	sempre.</p><p>Nos	Estados	Unidos,	mais	de	31	milhões	de	pessoas	 com	 idade	entre	44	e	70</p><p>anos	desejam	uma	“carreira	bis”	–	um	trabalho	que	combina	significado	pessoal,</p><p>renda	 contínua	 e	 impacto	 social.	 Alguns	 desses	 31	 milhões	 de	 pessoas</p><p>encontraram	suas	novas	carreiras,	mas	muitas	outras	não	têm	ideia	de	por	onde</p><p>começar	e	temem	que	seja	tarde	demais	para	fazer	grandes	mudanças.</p><p>Crença	Disfuncional:	É	tarde	demais.</p><p>Reformulação:	Nunca	é	tarde	demais	para	projetar	uma	vida	que	ame.</p><p>Três	pessoas.	Três	grandes	problemas.</p><p>Designers</p><p>acho	 que	 deveria.	 Eu	 recito	 uma</p><p>afirmação	todas	as	manhãs,	o	que	mudou	completamente	a	minha	perspectiva</p><p>de	vida.	Tenho	participado	de	um	grupo	de	homens	desde	que	meu	filho	nasceu</p><p>(há	vinte	e	um	anos),	e	esses	homens	têm	sido	meus	guias	e	companheiros	em</p><p>muitas	jornadas	espirituais.	Classifico	a	minha	saúde	como	“meio	tanque”.</p><p>Seu	Indicador	de	Trabalho</p><p>Faça	uma	lista	de	todas	as	maneiras	em	que	“trabalha”	e	depois	“meça”	a	sua	vida</p><p>de	 trabalho	 no	 total.	 Supomos	 que	 há	 coisas	 na	 sua	 lista	 pelas	 quais	 é</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>remunerado,	 o	 que	 inclui	 o	 seu	 emprego	 regular,	 seu	 segundo	 emprego	 se	 o</p><p>primeiro	 não	 é	 suficiente	 e	 ainda	 qualquer	 trabalho	 de	 consultoria	 ou</p><p>assessoramento	que	faça	etc.	Se	for	o	caso,	inclua	também	trabalho	voluntário	em</p><p>alguma	 organização.	 Se	 você	 trabalha	 no	 lar,	 como	 Debbie,	 lembre-se	 de	 que</p><p>cozinhar	 para	 a	 família,	 cuidar	 dos	 filhos	 ou	 dos	 pais	 idosos	 e	 fazer	 faxina	 são</p><p>formas	de	“trabalho”.</p><p>Trabalho</p><p>O	exemplo	de	Bill:</p><p>Trabalho:	Eu	 trabalho	em	Stanford	e	 faço	alguma	consultoria	privada,	ministro</p><p>workshops	de	projeto	de	vida,	estou	no	conselho	administrativo	da	VOZ,	uma</p><p>start-up	socialmente	responsável	(trabalho	não	remunerado).</p><p>Seu	Indicador	de	Lazer</p><p>Lazer	é	qualquer	atividade	que	gera	alegria	pelo	puro	prazer	de	participar.	Pode</p><p>incluir	atividades	organizadas	ou	esforços	produtivos,	mas	só	se	for	por	diversão	e</p><p>não	por	mérito.	Nós	afirmamos	que	todas	as	vidas	precisam	de	algum	lazer	e	que</p><p>garantir	que	exista	algum	lazer	em	seu	dia	a	dia	é	um	passo	indispensável	no	seu</p><p>projeto	de	vida.	Faça	rapidamente	uma	lista	das	formas	como	se	dedica	ao	lazer	e</p><p>preencha	 o	 indicador	 no	 painel:	 você	 está	 um	 quarto,	 metade,	 três	 quartos	 ou</p><p>completamente	cheio?</p><p>Lazer</p><p>O	exemplo	de	Bill:</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Lazer:	Minha	forma	de	relaxar	é	cozinhar	para	os	amigos	e	dar	grandes	jantares</p><p>ao	ar	livre	–	mas	é	só	isso.</p><p>(Aliás,	Bill	considera	isto	como	sendo	uma	luz	vermelha	no	seu	painel.)</p><p>Seu	Indicador	de	Amor</p><p>Nós	achamos	que	o	amor	faz	o	mundo	girar,	e,	quando	não	o	temos,	nosso	mundo</p><p>não	é	tão	brilhante	e	colorido.	Também	achamos	que	temos	que	dar	atenção	ao</p><p>amor	e	que	ele	vem	em	uma	ampla	variedade	de	 formas.	Nosso	relacionamento</p><p>primário	 é	 nossa	 principal	 fonte	 de	 amor,	 filhos	 tipicamente	 vêm	 a	 seguir	 e,</p><p>depois,	é	uma	enxurrada	de	pessoas	e	animais	de	estimação	e	comunidades	e	tudo</p><p>o	 mais	 que	 seja	 o	 objeto	 do	 nosso	 afeto.	 É	 fundamental	 sentir-se	 amado	 pelos</p><p>outros	como	nós	os	amamos	–	tem	que	ser	recíproco.	Para	onde	flui	o	amor	na	sua</p><p>vida,	de	você	e	dos	outros?	Faça	uma	lista	e	depois	encha	o	seu	indicador.</p><p>Amor</p><p>O	exemplo	de	Bill:</p><p>Amor:	O	amor	aparece	em	muitos	lugares	na	minha	vida.	Eu	amo	minha	mulher,</p><p>meus	filhos,	meus	pais,	meus	irmãos	e	minha	irmã,	e	esse	amor	é	retribuído	por</p><p>eles	todos	à	sua	maneira.	Eu	amo	arte,	pintura	em	especial,	que	me	toca	como</p><p>nada	mais;	amo	a	música	em	todas	as	suas	formas	–	me	faz	feliz	e	me	faz	chorar.</p><p>Eu	amo	os	 grandes	 espaços	do	mundo,	naturais	 ou	artificiais,	 que	me	deixam</p><p>completamente	sem	palavras.</p><p>Uma	 olhada	 nas	 luzes	 do	 painel	 de	 Bill	 indica	 a	 falta	 de	 lazer	 e	 algumas</p><p>questões	com	a	saúde	física.	Estas	“luzes	vermelhas”	são	indicativas	de	áreas	às</p><p>quais	Bill	precisa	ficar	atento.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>PAINEL	DE	CONTROLE	DO	BILL	com	"LUZES	VERMELHAS"	no	LAZER	e	na	SAÚDE</p><p>Então,	Como	Vão	as	Coisas	Mesmo?</p><p>Saber	o	estado	atual	do	seu	painel	de	saúde/trabalho/lazer/amor	proporciona</p><p>um	quadro	e	alguns	dados	a	respeito	de	você,	tudo	num	lugar	só.	Só	você	sabe	o</p><p>que	é	e	o	que	não	é	bom	o	suficiente	–	pelo	menos	agora.</p><p>Depois	 de	mais	 alguns	 capítulos	 e	mais	 algumas	 ferramentas	 e	 ideias,	 você</p><p>pode	querer	voltar	ao	painel	e	verificar	os	indicadores	mais	uma	vez	para	ver	se</p><p>algo	poderá	 ser	mudado.	 Como	o	 design	de	 vida	 é	 um	processo	 interativo	 de</p><p>experimentação	 e	 protótipos,	 há	 várias	 rampas	 de	 acesso	 ao	 longo	 da	 via.	 Se</p><p>você	 começar	 a	 pensar	 como	 um	 designer,	 vai	 notar	 que	 a	 vida	 nunca	 está</p><p>terminada.	O	 trabalho	nunca	está	 terminado.	O	 lazer	nunca	está	 terminado.	O</p><p>amor	 e	 a	 saúde	 nunca	 estão	 terminados.	 Só	 terminamos	 de	 projetar	 nossas</p><p>vidas	quando	morremos.	Até	lá,	estamos	envolvidos	numa	iteração	constante	do</p><p>próximo	 grande	 projeto:	 a	 vida	 como	 a	 conhecemos.	 Portanto,	 as	 perguntas</p><p>permanecem:	você	está	feliz	com	o	que	as	luzes	indicam	no	painel	em	cada	uma</p><p>destas	 áreas?	Você	as	 estudou	honestamente?	Existem	áreas	que	precisam	de</p><p>ação?	Você	encontrou	algum	dos	seus	problemas	perversos?	É	possível,	mesmo</p><p>tão	cedo	no	processo.	Se	você	acha	que	sim,	verifique	primeiro	se	não	está	na</p><p>presença	de	um	problema	gravitacional.	Pergunte-se	se	o	problema	é	acionável.</p><p>Procure	 também	 alguma	 expressão	 de	 equilíbrio	 e	 proporcionalidade	 em	 seu</p><p>painel	 –	 muito	 importante	 em	 design	 –	 sem	 imaginar	 que	 há	 simetria	 ou</p><p>equilíbrio	 perfeitos	 entre	 todas	 as	 áreas	 em	 sua	 vida.	 É	 pouco	 provável	 que</p><p>saúde,	trabalho,	 lazer	e	amor	se	dividam	perfeitamente	em	quatro	partes.	Mas</p><p>quando	a	vida	está	realmente	desequilibrada	pode	haver	um	problema.</p><p>Bill	notou	que	o	seu	 indicador	de	 lazer	estava	bem	baixo.	Como	está	o	seu?</p><p>Seu	 indicador	de	 lazer	está	quase	vazio	e	o	de	 trabalho	 totalmente	cheio?	E	o</p><p>amor?	 E	 a	 saúde?	 Como	 vão	 a	 sua	 saúde	mental	 e	 a	 espiritual?	 Você	 já	 deve</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>estar	 entendendo	 quais	 áreas	 da	 vida	 precisam	 de	 um	 pouco	 de	 design	 ou</p><p>inovação.</p><p>Ao	começar	a	pensar	como	um	designer,	lembre-se	do	seguinte:	é	impossível</p><p>fazer	 previsão.	 O	 corolário	 desse	 pensamento	 também	 é	 importante:	 quando</p><p>você	criar	algo,	muda	o	futuro	possível.</p><p>Procure	assimilar	esta	ideia.</p><p>Criar	algo	muda	o	futuro	possível.</p><p>Então,	 embora	 não	 seja	 possível	 conhecer	 o	 seu	 futuro	 ou	 criar	 um	 ótimo</p><p>projeto	 de	 vida	 antes	 de	 começar,	 ao	menos	 você	 tem	 uma	 boa	 ideia	 do	 seu</p><p>ponto	 de	 partida.	 Agora	 é	 hora	 de	 apontar	 a	 direção	 certa	 para	 a	 jornada	 à</p><p>frente.	Para	isso,	você	precisará	de	uma	bússola.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Painel	de	Saúde/Trabalho/Lazer/Amor</p><p>1.	 Escreva	algumas	frases	sobre	o	estado	das	coisas	em	cada	uma	destas	áreas.</p><p>2.	 Anote	onde	está	(0	a	cheio)	em	cada	indicador.</p><p>3.	 Pense	se	existe	um	problema	de	design	que	você	gostaria	de	abordar	em	alguma</p><p>dessas	áreas.</p><p>4.	 Agora	avalie	se	o	seu	“problema”	é	gravitacional.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>T</p><p>2</p><p>Construindo	Uma	Bússola</p><p>emos	só	três	perguntas	para	você:</p><p>Qual	é	o	seu	nome?</p><p>Qual	é	a	sua	busca?</p><p>Qual	é	a	velocidade	média	de	uma	andorinha	voando	sem	carga?</p><p>Se	 você	 é	 como	 a	maior	 parte	 das	 pessoas,	 é	 provável	 que	 tenha	 sido	 fácil</p><p>responder	 duas	 dessas	 três	 perguntas.	 Todos	 nós	 sabemos	 como	 nos</p><p>chamamos,	e	uma	simples	busca	no	Google	pode	dar-nos	a	outra	resposta	–	39</p><p>quilômetros	por	hora.	 (Para	 todos	os	 fãs	do	 filme	Monty	Python:	Em	busca	do</p><p>cálice	sagrado,	essa	é	a	velocidade	da	andorinha	europeia.)</p><p>Portanto,	vamos	falar	sobre	a	pergunta	que	é	um	pouco	mais	difícil:	qual	é	a</p><p>sua	busca?	Não	é	difícil	 imaginar	que,	se	somássemos	todas	as	horas	passadas</p><p>tentando	entender	a	vida,	para	alguns	de	nós	seria	mais	tempo	do	que	as	horas</p><p>passadas	vivendo	a	vida.	Vivendo.	Mesmo.	A.	Vida.</p><p>Todos	 nós	 sabemos	 nos	 preocupar	 com	 nossa	 própria	 vida,	 analisar	 nossa</p><p>vida	e	até	especular	sobre	nossa	vida.	Preocupação,	análise	e	especulação	não</p><p>são	 as	 melhores	 ferramentas	 e,	 em	 algum	 momento	 da	 vida,	 muitos	 de	 nós</p><p>acabamos	perdidos	e	confusos	ao	usá-las.	Elas	tendem	a	nos	prender	em	ciclos</p><p>infinitos,	 passando	 semanas,	meses	ou	 anos	 sentados	naquele	 sofá	 (ou	 a	uma</p><p>mesa	ou	num	relacionamento)	tentando	descobrir	o	que	fazer	a	seguir.	É	como</p><p>se	a	vida	fosse	um	grande	e	elaborado	projeto	de	artesanato,	mas	só	um	grupo</p><p>seleto	recebesse	o	manual	de	instruções.</p><p>Isso	não	é	projetar	a	vida.</p><p>Isso	é	enlouquecer	com	a	vida.</p><p>Estamos	aqui	para	mudar	isso.</p><p>E	as	perguntas	que	estamos	fazendo	no	fim	das	contas	são	as	mesmas	que	os</p><p>gregos	começaram	a	perguntar	no	século	V	a.C.	e	que	continuamos	a	perguntar</p><p>desde	então:	o	que	é	uma	boa	vida?	Como	defini-la?	Como	vivê-la?	Através	dos</p><p>tempos,	as	pessoas	têm	feito	as	mesmas	perguntas:</p><p>Por	que	estou	aqui?</p><p>O	que	estou	fazendo?</p><p>Por	que	isso	importa?</p><p>Qual	é	o	meu	propósito?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Qual	é	o	sentido	de	tudo?</p><p>O	design	de	vida	é	uma	forma	de	descobrir	suas	próprias	respostas	para	estas</p><p>questões	 eternas,	 para	 descobrir	 sua	 própria	 boa	 vida.	 As	 respostas	 de	 Dave</p><p>para	 “Por	que	estou	aqui?”,	 “O	que	estou	 fazendo?”	 e	 “Por	que	 isso	 importa?”</p><p>vão	ser	diferentes	das	respostas	de	Bill,	e	nossas	respostas	serão	diferentes	das</p><p>suas.	Mas	vamos	todos	fazer	as	mesmas	perguntas.	E	todos	podemos	encontrar</p><p>as	respostas	para	a	nossa	vida.</p><p>No	capítulo	passado,	você	respondeu	a	uma	das	nossas	perguntas	favoritas	–</p><p>“Como	vão	as	coisas?”	–,	uma	pergunta	que	fazemos	sempre	nos	atendimentos	a</p><p>alunos.	Se	você	preencheu	o	painel	do	seu	projeto	de	vida,	você	agora	sabe	onde</p><p>os	indicadores	estão	cheios	e	onde	estão	vazios,	e	saber	o	que	há	no	seu	painel	é</p><p>o	primeiro	passo	para	projetar	a	sua	vida.</p><p>O	próximo	passo	é	construir	a	sua	bússola.</p><p>Construindo	Sua	Bússola</p><p>Você	 precisa	 de	 duas	 coisas	 para	 construir	 a	 sua	 bússola	 –	 uma	 Visão	 de</p><p>Trabalho	e	uma	Visão	de	Vida.	Primeiro,	temos	que	saber	qual	o	significado	de</p><p>trabalho	para	você.	Para	que	serve?	Por	que	o	faz?	O	que	faz	o	bom	trabalho	ser</p><p>bom?	Se	você	encontrar	e	puder	articular	a	sua	filosofia	de	trabalho	(o	motivo	e</p><p>a	razão	de	trabalhar),	provavelmente	não	vai	permitir	que	outros	projetem	sua</p><p>vida	por	você.	Desenvolver	a	sua	própria	Visão	de	Trabalho	é	um	componente</p><p>da	bússola	em	construção,	a	Visão	de	Vida	é	o	outro.</p><p>Visão	de	Vida	pode	soar	um	pouco	grandioso,	mas	não	é	–	todo	mundo	tem</p><p>uma	Visão	de	Vida.	Pode	ser	que	você	não	a	tenha	articulado	antes,	mas,	se	você</p><p>está	 vivo,	 ela	 existe.	 A	 Visão	 de	 Vida	 é	 simplesmente	 a	 sua	 noção	 de	 como</p><p>funciona	 o	 mundo.	 O	 que	 confere	 significado	 à	 vida?	 O	 que	 torna	 sua	 vida</p><p>valiosa?	O	que	 faz	a	vida	valer	a	pena?	Como	a	sua	vida	se	 relaciona	com	sua</p><p>família,	sua	comunidade	e	o	mundo?	O	que	fama,	dinheiro	e	conquistas	pessoais</p><p>têm	 a	 ver	 com	 uma	 vida	 satisfatória?	 Qual	 a	 importância	 da	 experiência,	 do</p><p>crescimento	e	das	realizações	em	sua	vida?</p><p>Quando	tiver	escrito	sua	Visão	de	Trabalho	e	sua	Visão	de	Vida	e	completado</p><p>o	simples	exercício	que	segue,	você	terá	a	sua	bússola	e	estará	no	caminho	para</p><p>uma	 vida	 bem	 projetada.	 Não	 se	 preocupe,	 nós	 sabemos	 que	 a	 Visão	 de</p><p>Trabalho	 e	 a	 Visão	 de	 Vida	 irão	 mudar.	 É	 óbvio	 que	 as	 duas	 serão</p><p>substancialmente	 distintas	 na	 adolescência,	 na	 faculdade	 e	 na	 vida	 adulta.	 O</p><p>ponto	é	que	você	não	precisa	saber	tudo	para	o	resto	da	vida	–	você	só	tem	que</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>criar	a	bússola	baseado	no	que	a	vida	é	para	você	agora.</p><p>Parker	 Palmer,	 um	 renomado	 reformador	 educacional	 e	 autor	 do	 livro	 Let</p><p>Your	Life	Speak	[Deixe	a	sua	vida	falar],	diz	que	em	um	determinado	momento</p><p>notou	 que	 estava	 fazendo	 o	 nobre	 trabalho	 de	 viver	 a	 vida	 de	 outra	 pessoa.</p><p>Parker	 estava	 imitando	 seus	 grandes	 heróis,	Martin	 Luther	King	 Jr.	 e	 Gandhi,</p><p>ambos	 grandes	 líderes	 da	 justiça	 social	 dos	 anos	 1950	 e	 1960.	 Porque</p><p>valorizava	 os	 sentimentos	 e	 objetivos	 desses	 homens,	 Parker	 definiu	 seu</p><p>caminho	no	mundo	pela	bússola	deles,	não	pela	própria,	e	trabalhou	muito	para</p><p>mudar	 o	 sistema	 educacional	 de	 dentro	 para	 fora.	 Fez	 doutorado	 na	 UC</p><p>Berkeley	e	estava	prestes	a	atingir	sua	meta	de	tornar-se	um	respeitável	reitor</p><p>universitário.	 Estava	 tudo	 certo,	 tudo	 bem,	 mas	 Parker	 detestava	 aquilo.	 Ele</p><p>concluiu	 que	 poderia	 ser	 inspirado	 por	 pessoas	 como	 Martin	 Luther	 King	 e</p><p>Gandhi,	mas	isso	não	significava	que	precisava	trilhar	os	mesmos	caminhos	de</p><p>seus	ídolos.	Ele	acabou	transformando	sua	vida	como	um	escritor	e	pensador	–</p><p>ainda	trabalhando	nas	mesmas	metas,	porém	de	uma	forma	mais	autêntica.</p><p>Existem	muitas	 vozes	 poderosas	 pelo	mundo	 e	muitas	 vozes	 poderosas	 na</p><p>nossa	 cabeça,	 todas	 nos	 dizendo	 o	 que	 fazer	 e	 quem	 ser.	 E,	 porque	 existem</p><p>muitos	modelos	de	como	a	vida	deve	ser	vivida,	 todos	corremos	o	 risco,	 feito</p><p>Parker,	 de	 acidentalmente	 usar	 a	 bússola	 de	 outras	 pessoas	 e	 viver	 a	 vida</p><p>alheia.	A	melhor	maneira	de	evitar	isso	é	articular	claramente	nossas	Visões	de</p><p>Trabalho	e	de	Vida	para	podermos	construir	a	nossa	própria	bússola	particular.</p><p>A	nossa	meta	para	a	sua	vida	é	bem	simples:	coerência.	Uma	vida	coerente	é</p><p>uma	vivida	de	tal	maneira	que	você	pode	claramente	ligar	os	pontos	entre	três</p><p>coisas:</p><p>Quem	você	é</p><p>No	que	acredita</p><p>O	que	está	fazendo</p><p>Por	exemplo,	se	na	sua	Visão	de	Vida	você	acredita	em	deixar	o	planeta	um</p><p>lugar	 melhor	 para	 as	 próximas	 gerações	 e	 trabalha	 para	 uma	 corporação</p><p>gigante	 que	 está	 poluindo	o	 planeta	 (mas	por	 um	ótimo	 salário),	 haverá	uma</p><p>falta	de	coerência	entre	aquilo	em	que	acredita	e	seu	 trabalho,	 resultando	em</p><p>muita	 frustração	 e	 tristeza.	 Quase	 todo	 mundo	 tem	 que	 fazer	 concessões	 ao</p><p>longo	da	vida,	 incluindo	algumas	de	que	 talvez	não	gostem.	Se	a	 sua	Visão	de</p><p>Vida	 diz	 que	 a	 arte	 é	 a	 única	 coisa	 que	 vale	 a	 pena	 buscar	 e	 sua	 Visão	 de</p><p>Trabalho	diz	que	é	crucial	ganhar	dinheiro	o	suficiente	para	que	nada	falte	aos</p><p>seus	filhos,	você	vai	ter	que	abrir	mão	de	valores	da	sua	Visão	de	Vida	enquanto</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>tiver	crianças	dependentes	em	casa.	Mas	isso	não	será	um	problema,	porque	é</p><p>uma	decisão	consciente	que	permite	que	você	mantenha	o	rumo	e	a	coerência.</p><p>Viver	com	coerência	não	significa	que	tudo	está	sempre	na	mais	perfeita	ordem,</p><p>só	que	você	está	vivendo	em	alinhamento	com	seus	valores	e	que	não	sacrificou</p><p>a	sua	integridade	pelo	caminho.	Quando	você	tem	uma	boa	bússola	para	guiá-lo,</p><p>adquire	o	poder	de	fazer	este	tipo	de	acordo	consigo	próprio.	Se	você	pode	ver</p><p>as	 ligações	 entre	 quem	 você	 é,	 aquilo	 em	 que	 acredita	 e	 o	 que	 faz,	 saberá</p><p>quando	 está	 no	 rumo	 certo,	 quando	 há	 tensão,	 quando	 são	 necessárias</p><p>concessões	 cuidadosas	 e	 quando	 precisa	 de	 um	 grande	 ajuste	 de	 curso.	 A</p><p>experiência	com	nossos	alunos	nos	mostrou	que	a	capacidade	de	ligar	estes	três</p><p>pontos	amplifica	a	identidade	e	ajuda	a	criar	mais	significado	e	maior	satisfação</p><p>na	vida.</p><p>Portanto,	chegou	a	hora	de	construir	a	bússola	e	preparar	a	sua	busca.	Neste</p><p>momento	a	busca	é	simples	(e	não	é	o	Cálice	Sagrado):	sua	busca	é	projetar	a</p><p>sua	vida.	Todos	queremos	as	mesmas	coisas	–	uma	vida	 longa	e	saudável,	um</p><p>trabalho	 do	 qual	 gostemos	 e	 que	 achemos	 importante,	 relacionamentos	 com</p><p>afeto	 e	 importância	 e	uma	porção	de	 coisas	boas	no	meio	do	 caminho	–,	mas</p><p>pensamos	em	obtê-las	de	maneiras	muito	diferentes.</p><p>Reflexão	Sobre	a	Visão	de	Trabalho</p><p>Escreva	uma	breve	reflexão	sobre	a	sua	Visão	de	Trabalho.	Não	queremos	um</p><p>artigo	acadêmico	(você	continua	não	sendo	avaliado),	mas	realmente	queremos</p><p>que	 escreva,	 não	 só	 pense.	 Demora	 só	 uma	meia	 hora.	 Tente	 fazê-lo	 em	 250</p><p>palavras,	é	menos	do	que	uma	página	digitada.</p><p>Uma	 Visão	 de	 Trabalho	 deve	 falar	 de	 assuntos	 cruciais	 ligados	 ao	 que	 é	 o</p><p>trabalho	e	ao	que	ele	significa	para	você.	Não	é	apenas	uma	lista	das	coisas	que</p><p>quer	no	trabalho,	mas	uma	declaração	geral	da	sua	perspectiva	profissional.	É	a</p><p>sua	opinião	 sobre	o	que	merece	 ser	 considerado	bom	 trabalho.	Uma	Visão	de</p><p>Trabalho	poderá	abordar,	por	exemplo,	as	seguintes	questões:</p><p>Por	que	trabalhar?</p><p>Para	que	serve	o	trabalho?</p><p>O	que	significa	o	trabalho?</p><p>Qual	a	ligação	do	trabalho	com	o	indivíduo,	os	outros,	a	sociedade?</p><p>O	que	define	um	bom	trabalho	que	vale	a	pena?</p><p>O	que	o	dinheiro	tem	a	ver	com	isso?</p><p>O	que	a	experiência,	o	crescimento	e	as	realizações	pessoais	têm	a	ver	com	isso?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Nos	anos	que	passamos	ajudando	as	pessoas	com	este	exercício,	notamos	que</p><p>uma	Visão	de	Trabalho</p><p>é	uma	ideia	bem	inovadora	para	a	maioria	das	pessoas.</p><p>Reparamos	também	que	quando	ficam	emperradas	neste	exercício	é	porque	só</p><p>estão	 descrevendo	 o	 que	 procuram	 em	 uma	 função	 ou	 em	 um	 trabalho</p><p>específico,	 o	que	é	 só	uma	descrição	de	emprego.	Para	este	 exercício	não	nos</p><p>interessa	qual	trabalho	deseja	fazer,	mas	o	motivo	por	que	trabalha.</p><p>O	que	estamos	procurando	é	a	 sua	 filosofia	de	 trabalho	–	para	que	serve,	o</p><p>que	significa.	Isto	será	essencialmente	o	seu	manifesto	de	trabalho.	Ao	utilizar	o</p><p>termo	“trabalho”,	estamos	falando	da	definição	mais	ampla,	não	só	o	seu	cargo</p><p>ou	 o	 que	 faz	 para	 ganhar	 dinheiro.	 Trabalho	 é	 frequentemente	 o	 maior</p><p>componente	das	horas	que	passamos	acordados	e,	ao	longo	da	vida,	exige	mais</p><p>atenção	e	energia	do	que	qualquer	outra	atividade.	Por	isso,	sugerimos	que	pare</p><p>para	refletir	sobre	o	que	significam	para	você	trabalho	e	vocação	(e	talvez	o	que</p><p>você	espera	que	signifiquem	para	os	outros	também).</p><p>Visões	de	Trabalho	podem	variar	muito	no	que	abordam	e	como	incorporam</p><p>questões	diferentes,	tais	como	servir	aos	outros	e	ao	mundo,	dinheiro	e	padrão</p><p>de	vida,	e	crescimento,	aprendizado,	aptidões	e	talentos.	Todos	estes	elementos</p><p>podem	 ser	 parte	 da	 equação.	 Queremos	 que	 você	 fale	 do	 que	 considera</p><p>importante.	 Não	 é	 necessário	 falar	 de	 servir	 aos	 outros	 ou	 fazer	 qualquer</p><p>ligação	explícita	com	questões	sociais.	Porém,	Martin	Seligman,[1]	o	criador	da</p><p>psicologia	positiva,	descobriu	que	as	pessoas	que	fazem	uma	conexão	explícita</p><p>entre	 o	 seu	 trabalho	 e	 algo	 socialmente	 significativo	 para	 elas	 têm	 maior</p><p>tendência	a	encontrar	satisfação	e	são	mais	capazes	de	adaptar-se	às	inevitáveis</p><p>tensões	 e	 concessões	 relacionadas	 a	 trabalhar	 para	 ganhar	 a	 vida.	 Como	 os</p><p>alunos	 costumam	 nos	 dizer	 que	 anseiam	 por	 um	 trabalho	 satisfatório	 e</p><p>importante,	 encorajamos	 você	 a	 explorar	 as	 perguntas	 formuladas	 na	 seção</p><p>Reflexão	 Sobre	 a	 Visão	 de	 Trabalho	 e	 escrever	 a	 sua	 Visão	 de	 Trabalho.	 Sua</p><p>bússola	não	estará	completa	sem	ela.</p><p>Reflexão	Sobre	a	Visão	de	Vida</p><p>Exatamente	 como	 fez	 com	a	Visão	de	Trabalho,	 faça	 o	 favor	 de	 escrever	 uma</p><p>reflexão	sobre	a	sua	Visão	de	Vida.	Isto	também	não	deverá	levar	mais	de	meia</p><p>hora	 e	 umas	250	palavras.	A	 seguir	 estão	 algumas	perguntas	 frequentemente</p><p>respondidas	em	uma	Visão	de	Vida	para	você	começar.	O	principal	é	escrever	as</p><p>definições	 e	 perspectivas	 que	 são	 cruciais	 para	 dar	 uma	 base	 ao	 seu</p><p>entendimento	 da	 vida.	 A	 sua	 Visão	 de	 Vida	 define	 seus	 “assuntos	 de	 maior</p><p>preocupação”,	aquilo	a	que	dá	mais	importância.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Por	que	estamos	aqui?</p><p>Qual	o	significado	ou	o	propósito	da	vida?</p><p>Qual	a	relação	entre	o	indivíduo	e	os	outros?</p><p>Qual	a	relação	com	a	família,	a	nação	e	o	resto	do	mundo?</p><p>O	que	é	o	bem	e	o	que	é	o	mal?</p><p>Há	 um	 poder	 mais	 elevado,	 Deus	 ou	 algo	 transcendente,	 e,	 se	 sim,	 como	 isto</p><p>impacta	a	sua	vida?</p><p>Que	papéis	têm	alegria,	tristeza,	justiça,	injustiça,	amor,	paz	e	discórdia	na	vida?</p><p>Entendemos	 que	 estas	 perguntas	 estão	 um	 pouco	 filosóficas	 demais	 e	 que</p><p>mencionamos	a	palavra	 com	D.	Alguns	 leitores	não	acharão	Deus	um	assunto</p><p>pertinente;	outros	gostariam	que	disséssemos	que	é	o	assunto	mais	importante.</p><p>Mas	você	já	deve	ter	reparado	que	os	valores	do	design	são	neutros	e	que	não</p><p>tomamos	partido.</p><p>As	 perguntas,	 incluindo	 aquelas	 sobre	 Deus	 ou	 espiritualidade,	 são</p><p>formuladas	 para	 provocar	 o	 seu	 pensamento,	mas	 você	 decide	 a	 quais	 deseja</p><p>tentar	 responder.	 Não	 são	 tópicos	 de	 discussão	 para	 debates	 políticos	 nem</p><p>religiosos,	não	há	 respostas	erradas	–	não	há	Visões	de	Vida	erradas.	O	único</p><p>jeito	de	errar	é	nem	tentar.	Além	disso,	se	mantenha	curioso	e	pense	como	um</p><p>designer.	Responda	 às	 perguntas	 que	 fazem	 sentido	para	 você,	 desenvolva	 as</p><p>suas	próprias	e	veja	o	que	descobre.</p><p>Escreva	as	suas	respostas.</p><p>Preparar.	Apontar.	Já!</p><p>Coerência	e	Integração:	Visão	de	Trabalho/Visão	de	Vida</p><p>Leia	sua	Visão	de	Trabalho	e	sua	Visão	de	Vida	e	escreva	alguns	pensamentos</p><p>sobre	as	seguintes	perguntas	(pedimos	o	favor	de	responder	a	cada	uma	delas):</p><p>Onde	suas	opiniões	sobre	trabalho	e	vida	se	complementam?</p><p>Onde	entram	em	conflito?</p><p>Uma	conduz	a	outra?	Como?</p><p>Por	favor,	separe	um	momento	para	escrever	o	que	pensa	sobre	as	suas	duas</p><p>visões.	 Nossos	 estudantes	 dizem	 que	 é	 nesta	 etapa	 que	 aparecem	 os	 grandes</p><p>momentos	 “eureca”;	portanto,	 leve	esta	parte	do	exercício	a	sério	e	pense	um</p><p>pouco	na	 integração	das	duas	 visões.	Na	maior	parte	dos	 casos,	 essa	 reflexão</p><p>resultará	em	alguma	edição	de	uma	ou	de	ambas	as	visões.	Ao	estar	com	a	Visão</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>de	Trabalho	e	Visão	de	Vida	em	harmonia,	você	aumenta	sua	própria	clareza	e</p><p>capacidade	de	viver	uma	vida	significativa	e	coerente,	na	qual	aquilo	que	você	é,</p><p>no	 que	 acredita	 e	 o	 que	 faz	 estão	 alinhados.	 Quando	 a	 sua	 bússola	 é	 precisa,</p><p>você	nunca	perde	o	rumo	por	muito	tempo.</p><p>O	Verdadeiro	Norte</p><p>Agora	 você	 está	 com	 a	 Visão	 de	 Trabalho	 e	 a	 Visão	 de	 Vida	 articuladas	 e</p><p>integradas.	Em	última	análise,	o	que	essas	duas	visões	fazem	é	determinar	o	seu</p><p>Verdadeiro	Norte.	Elas	criam	a	sua	bússola.	Elas	o	ajudarão	a	saber	quando	você</p><p>está	no	caminho	certo	ou	perdido.	A	qualquer	momento	você	pode	avaliar	onde</p><p>está	em	relação	ao	seu	Verdadeiro	Norte.	É	raro	que	as	pessoas	velejem	em	uma</p><p>linda	 linha	 reta	 por	 suas	 lindas	 vidas,	 sempre	 lindas.	 Na	 verdade,	 como	 todo</p><p>marinheiro	sabe,	você	não	pode	traçar	um	curso	em	uma	única	linha	reta	–	você</p><p>ruma	de	acordo	com	o	que	os	ventos	e	as	condições	permitem.	Em	rota	para	o</p><p>Verdadeiro	Norte,	você	pode	velejar	em	um	sentido,	depois	em	outra	direção	e</p><p>depois	de	volta	pelo	outro	 lado.	Às	vezes	você	navega	perto	da	 linha	 costeira</p><p>para	 evitar	 mares	 bravios,	 adaptando-se	 às	 necessidades.	 Outras	 vezes	 as</p><p>tempestades	caem	e	você	fica	totalmente	perdido	ou	o	barco	inteiro	naufraga.</p><p>Estas	são	as	vezes	em	que	compensa	ter	a	Visão	de	Trabalho	e	a	Visão	de	Vida</p><p>ao	alcance	para	a	sua	própria	orientação.	Todas	as	vezes	que	começar	a	sentir</p><p>que	a	vida	não	está	funcionando	ou	que	você	está	passando	por	um	período	de</p><p>grandes	transições,	é	bom	calibrar	a	bússola.	Nós	fazemos	isso	pelo	menos	uma</p><p>vez	por	ano.</p><p>Troque	os	pneus.</p><p>Troque	a	pilha	do	detector	de	fumaça.</p><p>Verifique	duas	vezes	a	Visão	de	Trabalho	e	a	Visão	de	Vida	e	certifique-se	de</p><p>que	estão	em	alinhamento.</p><p>Sempre	 que	 estiver	mudando	 a	 sua	 situação,	 perseguindo	 algo	 novo	 ou	 se</p><p>perguntando	o	que	está	fazendo	em	um	emprego	qualquer,	pare.	Antes	de	tudo,</p><p>é	uma	boa	ideia	verificar	a	bússola	e	orientar-se.	Agora	que	você	tem	a	bússola,</p><p>é	hora	de	“encontrar	o	seu	rumo”.</p><p>Afinal	de	contas,	é	uma	busca.</p><p>Crença	Disfuncional:	Eu	deveria	saber	para	onde	ir!</p><p>Reformulação:	Eu	nem	sempre	sei	para	onde	vou,	mas	posso	sempre	saber	se	estou</p><p>indo	na	direção	certa.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Visão	de	Trabalho	e	Visão	de	Vida</p><p>1.	 Escreva	uma	curta	reflexão	sobre	a	sua	Visão	de	Trabalho.	Deverá	levar	cerca	de</p><p>meia	hora.	Tenha	como	objetivo	250	palavras	–	menos	do	que	uma	página	digitada.</p><p>2.	 Escreva	uma	curta	reflexão	sobre	a	sua	Visão	de	Vida.	Também	não	deverá	 levar</p><p>mais	de	meia	hora	e	250	palavras.</p><p>3.	 Releia	as	suas	Visões	de	Vida	e	Trabalho	e	responda	a	cada	uma	destas	perguntas:</p><p>a.	Onde	as	suas	visões	se	complementam?</p><p>b.	Onde	entram	em	conflito?</p><p>c.	Uma	conduz	a	outra?	Como?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>M</p><p>3</p><p>Achando	Seu	Caminho</p><p>ichael	 estava	 feliz.	 Um	 cara	 popular	 vivendo	 numa	 pequena	 cidade</p><p>universitária	na	Califórnia,	ele	praticava	esportes,	saía	com	os	amigos	e</p><p>aproveitava	a	vida	despreocupada	dos	caras	populares	que	praticam	esportes	e</p><p>saem	 com	 os	 amigos.	 Michael	 não	 passava	 muito	 tempo	 pensando	 nem</p><p>planejando	o	 futuro.	Ele	 só	 fazia	o	que	aparecia	 à	 sua	 frente,	 e	 a	 vida	parecia</p><p>funcionar	direito.	Sua	mãe,	entretanto,	tinha	planos.	Muitos	planos.	Ela	planejou</p><p>a	 ida	 de	Michael	 para	 a	 faculdade,	 escolheu</p><p>onde	 ele	 deveria	 estudar	 e	 até	 o</p><p>curso	 que	 ele	 deveria	 fazer:	Michael	 foi	 para	 a	 Cal	 Poly	 em	 San	 Luis	 Obispo,</p><p>onde	 se	 formou	 em	 engenharia	 civil.	 Michael	 não	 estava	 particularmente</p><p>interessado	 em	 ser	 um	 engenheiro	 civil,	 simplesmente	 seguindo	 o	 plano	 da</p><p>mamãe.</p><p>Ele	foi	bem	na	faculdade	e	se	formou.	Michael	então	se	apaixonou	por	Skylar,</p><p>que	estava	se	 formando	também	e	de	mudança	para	Amsterdã	para	 trabalhar</p><p>como	 consultora	 corporativa.	 Michael	 seguiu	 Skylar	 e	 conseguiu	 um	 ótimo</p><p>emprego	 de	 engenheiro	 civil	 em	 Amsterdã,	 onde	 fez	 um	 trabalho	 decente.</p><p>Michael	 estava	mais	uma	vez	 alegremente	 seguindo	o	 rumo	que	 foi	 escolhido</p><p>para	ele,	e	nem	uma	só	vez	parou	para	considerar	o	que	queria	fazer	ou	quem</p><p>queria	ser.	Nunca	havia	articulado	as	suas	Visões	de	Vida	e	Trabalho	e	sempre</p><p>havia	deixado	outros	guiarem	seu	caminho	e	determinarem	sua	direção.	Até	ali</p><p>tudo	havia	funcionado	bem.</p><p>Depois	de	Amsterdã,	Michael	voltou	para	a	Califórnia	com	Skylar	(agora	sua</p><p>esposa),	que	encontrou	um	ótimo	emprego	do	qual	gostava	muito.	Michael	 foi</p><p>trabalhar	 em	 uma	 firma	 de	 engenharia	 civil	 ali	 perto.	 Foi	 então	 que	 os</p><p>problemas	 começaram.	 Ele	 estava	 fazendo	 tudo	 que	 um	 engenheiro	 civil</p><p>respeitável	faz,	mas	estava	entediado,	agitado	e	infeliz.	Sua	tristeza	repentina	o</p><p>confundiu.	Não	fazia	ideia	do	que	fazer	ou	aonde	ir.	Pela	primeira	vez	na	vida,</p><p>seu	plano	não	estava	funcionando	e,	sem	direção,	Michael	sentiu-se	totalmente</p><p>perdido.</p><p>Crença	 Disfuncional:	 Trabalho	 não	 deve	 dar	 prazer;	 é	 por	 isso	 que	 é	 chamado</p><p>trabalho.</p><p>Reformulação:	Prazer	é	um	guia	para	encontrar	o	trabalho	certo	para	você.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Muita	 gente	 dava	 conselhos	 a	 Michael.	 Alguns	 amigos	 sugeriram	 que</p><p>começasse	 a	 sua	 própria	 empresa	 de	 engenharia	 civil,	 achando	 que	 seu</p><p>problema	 era	 trabalhar	 para	 um	 chefe.	 Seu	 sogro	 disse:	 “Você	 é	 um	 cara</p><p>esperto.	 É	 um	 engenheiro,	 sabe	 bem	 de	 matemática.	 Devia	 trabalhar	 com</p><p>finanças.	 Deveria	 ser	 um	 corretor	 de	 bolsa.”	 Michael	 pensou	 em	 todas	 as</p><p>sugestões	 e	 começou	 a	 calcular	 como	 poderia	 largar	 o	 emprego	 e	 voltar	 à</p><p>faculdade	 para	 estudar	 finanças.	 Considerou	 todas	 estas	 opções	 porque,</p><p>francamente,	 não	 sabia	 exatamente	 qual	 era	 o	 problema.	 Teria	 falhado	 como</p><p>engenheiro	civil?	Teria	a	engenharia	civil	falhado	com	ele?	Será	que	ele	deveria</p><p>só	aguentar?	Afinal	de	contas,	era	só	um	emprego,	certo?</p><p>Errado.</p><p>Achando	Seu	Caminho</p><p>Achar	o	caminho	é	a	antiga	arte	de	entender	para	onde	se	está	indo	quando	não</p><p>se	 sabe	 o	 destino.	 Para	 achar	 o	 caminho	 você	 precisa	 de	 uma	 bússola	 e	 uma</p><p>direção.	Não	um	mapa,	mas	uma	direção.	Pense	nos	exploradores	americanos</p><p>Lewis	 &	 Clark.	 Eles	 não	 tinham	 mapas	 quando	 Jefferson	 os	 contratou	 para</p><p>explorar	o	território	adquirido	na	compra	da	Louisiana	e	encontrar	um	caminho</p><p>para	o	Pacífico.	Enquanto	achavam	seu	caminho	para	o	oceano,	eles	mapearam</p><p>a	 rota	 (140	 mapas,	 exatamente).	 Encontrar	 o	 caminho	 na	 vida	 não	 é	 muito</p><p>diferente.	Como	não	há	só	um	destino	na	vida,	você	não	pode	programar	o	GPS	e</p><p>obter	as	instruções	de	como	chegar	lá.	O	que	pode	fazer	é	prestar	atenção	aos</p><p>indícios	 e	 seguir	 o	 melhor	 caminho	 com	 as	 ferramentas	 ao	 seu	 dispor.	 Nós</p><p>achamos	que	as	primeiras	pistas	são	engajamento	e	energia.</p><p>Engajamento</p><p>A	 engenharia	 civil	 não	 falhou	 com	Michael.	 Ele	 apenas	 não	 estava	 prestando</p><p>atenção	à	sua	vida,	só	sabia	que	algo	ali	não	estava	funcionando	direito.	Aos	34</p><p>anos	de	idade,	Michael	não	sabia	do	que	gostava	e	do	que	não	gostava.	Quando</p><p>ele	veio	pedir	nossa	ajuda,	estava	prestes	a	virar	a	carreira	e	a	vida	de	cabeça</p><p>para	baixo	sem	a	menor	razão.	Pedimos	que	passasse	algumas	semanas	fazendo</p><p>um	 simples	 exercício	 de	 registro	 no	 final	 de	 cada	 dia	 de	 trabalho.	 Michael</p><p>anotava	quando	se	sentia	entediado,	agitado	ou	infeliz	durante	o	dia	de	trabalho</p><p>e	 também	 o	 que	 tinha	 feito	 exatamente	 durante	 esses	 períodos	 (quando	 não</p><p>estava	 participando).	 Ele	 também	 escrevia	 quando	 se	 encontrava	 motivado,</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>concentrado	e	satisfeito	no	trabalho	e	o	que	fazia	exatamente	nesses	momentos</p><p>(quando	 estava	participando).	Michael	 trabalhou	 no	 que	 chamamos	 de	Diário</p><p>dos	Bons	Momentos.</p><p>Por	que	pedimos	ao	Michael	que	fizesse	isso	(sim,	vamos	pedir	que	você	faça</p><p>o	mesmo)?	Porque	queríamos	que	ele	pegasse	a	si	próprio	em	flagrante	quando</p><p>estava	se	divertindo.	Quando	você	descobre	em	quais	atividades	você	sempre</p><p>tem	prazer	em	participar,	você	está	entendendo	e	articulando	algo	que	pode	ter</p><p>imensa	utilidade	no	seu	trabalho	de	design	de	vida.	Lembre-se	que	os	designers</p><p>têm	a	 tendência	para	agir,	o	que	é	outra	 forma	de	dizer	que	prestamos	muita</p><p>atenção	em	fazer	as	coisas,	não	só	pensar	sobre	elas.	Registrar	quando	está	ou</p><p>não	 está	 energizado	 e	 engajado	 vai	 ajudá-lo	 a	 prestar	 atenção	 no	 que	 faz	 e</p><p>descobrir	aquilo	que	funciona	para	você.</p><p>Fluxo:	Engajamento	Total</p><p>Fluxo	 é	 a	 versão	 bombada	 do	 engajamento.	 É	 o	 estado	 de	 espírito	 no	 qual	 o</p><p>tempo	parece	 parar,	 você	 se	 encontra	 totalmente	 imerso	 numa	 atividade,	 e	 o</p><p>desafio	 daquela	 determinada	 atividade	 corresponde	 à	 sua	 habilidade	 –</p><p>portanto,	não	 fica	entediado	por	 ser	 fácil	demais	ou	estressado	por	 ser	muito</p><p>difícil.	 As	 pessoas	 descrevem	 este	 estágio	 de	 engajamento	 como	 “eufórico”,</p><p>“uma	 onda	 incrível”	 e	 “legal	 pra	 caramba”.	 O	 fluxo	 foi	 “descoberto”	 pelo</p><p>professor	Mihaly	Csikszentmihalyi,	que	pesquisa	este	fenômeno	desde	os	anos</p><p>1970.	Ele	descobriu	o	estado	de	 fluxo	estudando	as	atividades	detalhadas	das</p><p>rotinas	de	milhares	de	pessoas,	sendo	assim	capaz	de	isolar	este	tipo	especial	de</p><p>engajamento	intenso.[1]</p><p>Dizem	que	o	fluxo	faz	as	pessoas	se	sentirem	da	seguinte	forma:</p><p>Totalmente	envolvidas	na	atividade.</p><p>Eufóricas	ou	em	êxtase.</p><p>Certas	do	que	fazer	e	como	fazê-lo	com	enorme	clareza	interior.</p><p>Inteiramente	calmas	e	em	paz.</p><p>Achando	que	o	tempo	parou	ou	desapareceu	por	completo.</p><p>O	fluxo	pode	ocorrer	durante	quase	todas	as	atividades	mentais	ou	físicas	e</p><p>frequentemente	quando	ambas	se	combinam.	Dave	entra	em	fluxo	ao	editar	os</p><p>detalhes	de	um	plano	de	aula	ou	velejando,	guiando	o	barco	segundo	o	vento.</p><p>Bill	admite	ser	viciado	no	fluxo	e	acha	que	aconselhar	alunos,	desenhar	no	seu</p><p>caderno	de	ideias	ou	cortar	cebolas	com	sua	faca	preferida	são	momentos	mais</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>propícios	 ao	 fluxo.	 É	 daquelas	 experiências	 qualitativas	 difíceis	 de	 descrever</p><p>que	 você	 terá	 que	 identificar	 por	 si	 mesmo.	 Como	 o	 estágio	 final	 do</p><p>engajamento	 pessoal,	 as	 experiências	 de	 fluxo	 ocupam	 um	 lugar	 especial	 no</p><p>projeto	da	sua	vida.	Então	é	importante	se	habituar	a	registrá-las	no	seu	Diário</p><p>dos	Bons	Momentos.</p><p>O	fluxo	é	a	brincadeira	dos	adultos.	No	painel	do	design	de	vida	nós	avaliamos</p><p>saúde,	trabalho,	 lazer	e	amor.	O	elemento	que	achamos	mais	difícil	nas	nossas</p><p>rotinas	 atribuladas	 é	 o	 lazer.	 Talvez	 você	 ache	 que	 todo	 mundo	 tem</p><p>responsabilidades	 demais	 para	 ter	 tempo	 para	 lazer.	 Claro,	 podemos	 nos</p><p>esforçar	 para	 fazer	 coisas	 de	 que	 gostamos	 no	 trabalho	 e	 nas	 tarefas</p><p>domésticas,	mas,	sejamos	sinceros,	é	trabalho,	não	lazer.	Talvez.	Talvez	não.	O</p><p>fluxo	 é	 uma	 chave	 para	 o	 que	 chamamos	 de	 brincadeira	 de	 adultos,	 e	 uma</p><p>carreira	realmente	satisfatória	envolve	muitos	estados	de	 fluxo.	A	essência	do</p><p>lazer	é	você	estar	totalmente	imerso	na	alegria	de	fazer	o	que	está	fazendo	sem</p><p>a	 distração	 da	 preocupação	 com	 o	 resultado.	 Quando	 estamos	 no	 fluxo,	 é</p><p>exatamente	 o	 que	 está	 acontecendo:	 estamos	 totalmente	 presentes	 no	 que</p><p>fazemos,	 tão	 presentes	 que	 nem	 notamos	 o	 tempo	 passar.	 Visto	 desta	 forma,</p><p>devemos	nos	esforçar	para	que	o	fluxo	seja	uma	parte	integral	da	nossa	vida	de</p><p>trabalho	(e	vida	de	casa,	vida	de	exercícios,	vida	amorosa...	você	faz	uma	ideia).</p><p>Energia</p><p>Depois	 do	 engajamento,	 o	 segundo	 indício	 para	 achar	 o	 caminho</p><p>é	 a	 energia.</p><p>Seres	 humanos,	 como	 todos	 os	 seres	 vivos,	 precisam	 de	 energia	 para	 viver	 e</p><p>crescer.	Homens	e	mulheres	 costumavam	gastar	a	maior	parte	da	energia	em</p><p>tarefas	 físicas.	Durante	a	maior	parte	da	história	humana,	homens	e	mulheres</p><p>trabalharam	para	caçar	e	coletar,	criar	 filhos	e	plantar	–	a	maior	parte	do	seu</p><p>tempo	era	consumida	por	intenso	trabalho	físico.</p><p>Nos	dias	 de	 hoje,	muitos	 de	nós	 somos	 trabalhadores	 do	 conhecimento	 e	 é</p><p>nosso	 cérebro	 que	 faz	 o	 esforço.	 O	 cérebro	 é	 um	 órgão	 que	 consome	 muita</p><p>energia:	 das	 duas	 mil	 calorias	 que	 consumimos	 em	 média	 diariamente,</p><p>quinhentas	 vão	 para	 manter	 o	 cérebro	 funcionando.	 É	 espantoso:	 o	 cérebro</p><p>representa	mais	 ou	menos	 dois	 por	 cento	 do	 nosso	 peso	 físico	 e	 ainda	 assim</p><p>toma	 25%	 da	 energia	 que	 consumimos	 diariamente.	 Não	 surpreende	 que	 a</p><p>maneira	em	que	 investimos	nossa	atenção	 é	 crucial	 para	que	 sintamos	 alta	 ou</p><p>baixa	energia.[2]</p><p>Nós	 participamos	 de	 atividades	 físicas	 e	 mentais	 o	 dia	 inteiro.	 Algumas</p><p>atividades	alimentam	a	nossa	energia,	outras	a	sugam;	queremos	registrar	estes</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>fluxos	 de	 energia	 como	 parte	 do	 exercício	 no	 Diário	 dos	 Bons	 Momentos.</p><p>Quando	souber	para	onde	vai	sua	energia	a	cada	semana,	você	pode	começar	a</p><p>reformular	 atividades	 para	 aumentar	 sua	 vitalidade.	 Lembre-se,	 o	 design	 de</p><p>vida	 serve	para	 aproveitar	melhor	 sua	 vida	 atual,	 não	 só	para	 criar	 uma	vida</p><p>completamente	 nova.	Mesmo	 se	 perguntas	 sobre	 alguma	 grande	mudança	 na</p><p>vida	sejam	o	que	o	trouxe	a	este	livro,	grande	parte	do	design	de	vida	é	dirigida</p><p>a	 ajustar	 e	 aperfeiçoar	 a	 sua	 vida	 atual,	 sem	 a	 necessidade	 de	 fazer	 grandes</p><p>mudanças	 estruturais,	 como	 procurar	 outro	 emprego,	 mudar	 de	 cidade	 ou</p><p>voltar	para	a	faculdade.</p><p>Você	deve	 estar	pensando:	 “Registrar	meu	nível	 de	 energia	não	 é	 a	mesma</p><p>coisa	que	registrar	meu	nível	de	engajamento?”	Sim	e	não.	Sim,	altos	níveis	de</p><p>engajamento	 frequentemente	 coincidem	com	altos	níveis	de	 energia,	mas	não</p><p>necessariamente.	Um	colega	de	Dave,	um	brilhante	engenheiro	de	computação,</p><p>gostava	de	participar	de	discussões	em	que	defendia	seu	ponto	de	vista,	porque</p><p>o	fazia	pensar	com	mais	rapidez.	Ele	era	ótimo	nisso	e	muitas	vezes	pediram-lhe</p><p>no	trabalho	que	argumentasse	por	eles.	Porém,	notou	que	o	engajamento	nestas</p><p>discussões	 deixava-o	 completamente	 exausto,	 mesmo	 quando	 “ganhava”.	 Ele</p><p>não	 era	 uma	 pessoa	 competitiva	 e	 embora	 na	 hora	 fosse	 divertido	 ser	 mais</p><p>esperto	do	que	os	outros	sentia-se	mal	no	final.	A	energia	tem	o	poder	especial</p><p>de	ser	também	negativa	–	algumas	atividades	podem	gastar	o	que	é	vital	em	nós</p><p>e	nos	deixar	 exaustos,	 sem	 saber	 enfrentar	 o	que	 vem	a	 seguir.	O	 tédio	 é	um</p><p>grande	desperdício	de	energia,	mas	é	muito	mais	fácil	se	recuperar	do	tédio	do</p><p>que	 de	 não	 ter	 energia	 alguma,	 portanto	 é	 importante	 prestar	 atenção</p><p>especificamente	aos	seus	níveis	de	energia.</p><p>Alegria</p><p>Após	 trabalhar	 no	 Diário	 dos	 Bons	 Momentos	 e	 prestar	 atenção	 a	 quando</p><p>participava,	quando	estava	no	fluxo	e	o	que	o	dava	energia,	Michael	descobriu</p><p>que	amava	seu	 trabalho	de	engenharia	civil	quando	 trabalhava	em	problemas</p><p>difíceis	 e	 complexos.	 O	 que	 o	 deixava	 triste	 e	 exausto	 era	 lidar	 com</p><p>personalidades	 difíceis,	 ter	 dificuldade	 para	 se	 comunicar	 ou	 desempenhar</p><p>outras	 tarefas	 administrativas	 e	 distrações	 que	 não	 tinham	nada	 a	 ver	 com	o</p><p>trabalho	elaborado	de	engenharia.</p><p>O	resultado	final	foi	que,	pela	primeira	vez	na	sua	vida,	Michael	prestou	muita</p><p>atenção	 ao	 que	 realmente	 funcionava	 para	 ele.	 Os	 resultados	 eram	 incríveis.</p><p>Simplesmente	 por	 descobrir	 quando	 estava	 feliz	 no	 emprego	 e	 o	 que	 fazia</p><p>oscilar	 seus	níveis	de	energia,	Michael	 chegou	à	 conclusão	de	que	na	verdade</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>gostava	muito	de	engenharia	civil.	Eram	as	relações	interpessoais,	as	propostas</p><p>escritas	e	as	negociações	de	dinheiro	que	ele	detestava.	Só	tinha	que	encontrar</p><p>um	jeito	de	transformar	seu	trabalho	para	fazer	mais	do	que	gostava	e	menos</p><p>do	que	detestava.	Em	vez	de	estudar	administração	(o	que	provavelmente	teria</p><p>sido	 um	 desastre	 bem	 caro),	 Michael	 decidiu	 investir	 mais	 na	 engenharia.</p><p>Acabou	 entrando	 num	 programa	 de	 Ph.D.	 e	 agora	 é	 um	 engenheiro	 civil	 e</p><p>estrutural	 de	 alto	 nível,	 que	 passa	 a	 maior	 parte	 do	 seu	 tempo	 sozinho,</p><p>trabalhando	 nos	 tipos	 de	 problemas	 complexos	 de	 engenharia	 que	 o	 deixam</p><p>realmente	muito	feliz.	E	ele	se	tornou	tão	tecnicamente	valioso	que	ninguém	o</p><p>pede	mais	para	 fazer	 as	 tarefas	 administrativas.	Nos	bons	dias,	 ele	volta	para</p><p>casa	 com	 mais	 energia	 do	 que	 quando	 saiu	 pela	 manhã.	 É	 uma	 maneira</p><p>excelente	de	trabalhar.</p><p>Aqui	 vai	 outro	 elemento	 fundamental	 para	 achar	 caminho	 na	 vida:	 siga	 a</p><p>alegria;	siga	o	que	o	faz	participar	e	o	motiva,	o	que	lhe	faz	sentir-se	vivo.	Muita</p><p>gente	 aprendeu	 que	 trabalho	 é	 sempre	 difícil	 e	 que	 precisamos	 aguentar	 o</p><p>sofrimento.	Bem,	há	aspectos	em	qualquer	trabalho	ou	carreira	que	são	difíceis</p><p>e	chatos,	mas,	se	a	maioria	do	que	faz	no	trabalho	não	o	faz	sentir-se	vivo,	então</p><p>aquilo	 o	 está	matando.	 Afinal	 de	 contas,	 é	 a	 sua	 carreira	 e	 você	 passa	muito</p><p>tempo	dedicando-se	a	ela	–	calculamos	que	de	90	mil	a	125	mil	horas	durante	a</p><p>vida	inteira.	Então,	se	sua	carreira	não	for	divertida,	um	pedaço	enorme	da	sua</p><p>vida	vai	ser	um	saco.</p><p>Agora,	o	que	faz	o	trabalho	divertido?	Não	é	o	que	parece	óbvio.	Não	é	uma</p><p>interminável	festa	no	escritório.	Não	é	um	salário	alto.	Não	são	várias	semanas</p><p>de	férias	pagas.	O	trabalho	é	divertido	quando	você	aproveita	suas	qualidades	e</p><p>está	profundamente	engajado	e	energizado	pelo	que	está	fazendo.</p><p>Vamos	Falar	Sobre	Objetivo?</p><p>Nessa	etapa,	muitas	vezes	nos	perguntam:	“Bem,	é	tudo	muito	bom,	mas	onde</p><p>objetivo	 e	missão	 entram	 nisto?	Há	mais	 na	 vida	 que	 apenas	 participar	 e	 ter</p><p>energia.	Eu	quero	trabalhar	em	algo	que	me	interesse,	que	seja	importante.”</p><p>Concordamos	inteiramente.	É	por	isso	que	mencionamos	a	construção	da	sua</p><p>bússola	(suas	Visões	de	Trabalho	e	de	Vida	integradas)	no	Capítulo	2.	Como	já</p><p>sugerimos,	é	crucial	para	você	avaliar	o	quanto	seu	trabalho	combina	com	seus</p><p>valores	e	prioridades	–	quão	coerente	é	seu	trabalho	com	aquilo	que	você	é	e	no</p><p>que	 acredita.	 Não	 estamos	 sugerindo	 uma	 vida	 unicamente	 concentrada	 em</p><p>engajamento	e	níveis	de	energia.	Estamos	sugerindo	que	a	atenção	concentrada</p><p>em	engajamento	e	energia	pode	fornecer	indícios	úteis	para	achar	o	caminho	à</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>frente.	O	design	de	vida	consiste	em	toda	uma	série	de	ideias	e	ferramentas	que</p><p>funcionam	flexivelmente	em	conjunto.	Nós	daremos	muitas	sugestões,	mas	no</p><p>fim	é	você	quem	decide	no	que	se	concentrar	e	em	como	organizar	seu	projeto</p><p>de	vida.	Agora	vamos	começar	o	seu	Diário	dos	Bons	Momentos.</p><p>Exercício	do	Diário	dos	Bons	Momentos</p><p>Vamos	pedir	para	você	fazer	um	Diário	dos	Bons	Momentos,	como	fez	Michael.</p><p>Só	que	o	jeito	de	construir	o	diário	é	com	você.	Você	pode	escrever	tudo	à	mão</p><p>em	um	diário	encadernado	ou	usar	um	fichário	com	folhas	soltas	ou	até	mesmo</p><p>digitar	 no	 computador	 (embora	 recomendemos	 com	 veemência	 que	 o	 faça	 à</p><p>mão,	 para	 poder	 desenhar	 também).	 O	 mais	 importante	 é	 que	 escreva</p><p>regularmente	no	diário;	o	formato	do	qual	você	gostar	mais	e	que	for	usar	com</p><p>mais	frequência	é	o	mais	recomendado.</p><p>Há	dois	elementos	no	Diário	dos	Bons	Momentos:</p><p>Registro	de	Atividades	(para	anotar	no	que	participo	e	o	que	me	dá	energia)</p><p>Reflexões	(para	descobrir	o	que	estou	aprendendo)</p><p>O	Registro	de	Atividades	é	simples:	uma	lista	das	suas	principais	atividades,</p><p>indicando	 seu	 engajamento	 	 e	 seus	 níveis	 de	 energia	 .</p><p>Recomendamos	que	escreva	todos	os	dias	no	Registro	de	Atividades	para	captar</p><p>o	máximo	possível	de	informações	úteis.	Se	for	mais	fácil	não	escrever	todos	os</p><p>dias,	tudo	bem,	mas	registre	as	atividades	pelo	menos	duas	vezes	por	semana.</p><p>Se	estiver	usando	um	fichário,	pode	usar	os</p><p>modelos	no	fim	deste	capítulo,	que</p><p>tem	 os	 indicadores	 de	 engajamento	 	 e	 energia	 	 (também</p><p>disponíveis	 para	 baixar	 no	 site	 www.designingyour.life).	 Você	 também	 pode</p><p>desenhar	indicadores	(ou	os	símbolos	que	preferir	para	indicar	engajamento	e</p><p>energia)	no	seu	diário.	Faça	o	que	funciona	para	você,	mas	ponha	a	informação</p><p>no	papel.</p><p>Todos	 nós	 somos	 motivados	 por	 atividades	 diferentes	 no	 trabalho.	 A	 sua</p><p>função	 é	 descobrir	 quais	 o	 motivam	 o	 mais	 especificamente	 possível.	 Vai</p><p>demorar	 um	 pouco	 até	 você	 pegar	 o	 jeito,	 porque	 a	maior	 parte	 das	 pessoas</p><p>nunca	prestou	atenção	a	este	tipo	de	coisa.	Às	vezes	chegamos	em	casa	no	fim</p><p>do	 dia	 dizendo	 “Hoje	 foi	 ótimo”	 ou	 “Hoje	 foi	 péssimo”,	 mas	 raramente</p><p>analisamos	muito	os	detalhes	do	que	contribuiu	para	estas	experiências.	O	dia	é</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>http://www.designingyour.life/</p><p>feito	de	muitos	momentos,	alguns	ótimos,	outros	péssimos,	outros	neutros.	Seu</p><p>trabalho	 consiste	 em	explorar	 os	 detalhes	do	 seu	dia	 e	 se	 pegar	no	 ato	de	 se</p><p>divertir.</p><p>O	 segundo	 elemento	 do	 Diário	 dos	 Bons	Momentos	 é	 a	 reflexão:	 reler	 seu</p><p>Registro	de	Atividades	reparando	em	tendências,	 ideias,	surpresas,	tudo	o	que</p><p>possa	 servir	 de	 pista	 para	 ver	 o	 que	 funciona	 e	 não	 funciona	 para	 você.</p><p>Recomendamos	que	faça	o	Registro	de	Atividades	por	três	semanas	pelo	menos</p><p>ou	qualquer	outro	período	de	tempo	de	que	precisa	para	captar	os	vários	tipos</p><p>de	atividades	que	surgem	em	sua	atual	situação	(algumas	atividades	podem	não</p><p>acontecer	toda	semana).	Então	recomendamos	que	você	faça	a	sua	reflexão	no</p><p>Diário	dos	Bons	Momentos	uma	vez	por	semana	para	que	se	baseie	em	mais	do</p><p>que	apenas	uma	única	experiência	de	cada	atividade.</p><p>Escreva	 sua	 reflexão	 semanal	 nas	 páginas	 em	 branco	 do	 Diário	 dos	 Bons</p><p>Momentos.</p><p>Nós	 incluímos	uma	página	retirada	de	um	dos	Registros	de	Atividades	mais</p><p>recentes	do	Diário	dos	Bons	Momentos	de	Bill.</p><p>A	reflexão	de	Bill	incluía	as	seguintes	observações:</p><p>Notou	 que	 sua	 aula	 de	 desenho	 e	 as	 horas	 de	 escritório	 criavam</p><p>consistentemente	 estados	 de	 fluxo	 e	 que	 dar	 aulas	 e	 sair	 para	 encontros</p><p>românticos	eram	atividades	que	retornavam	mais	energia	do	que	consumiam.</p><p>Dar	 mais	 importância	 a	 estas	 atividades	 certamente	 seria	 uma	 maneira	 de</p><p>energizar	 sua	 semana.	 As	 reuniões	 semanais	 de	 professores	 na	 faculdade	 às</p><p>vezes	 são	 interessantes,	 às	 vezes	 não.	 Então	 ele	 desenhou	 duas	 setas	 no	 seu</p><p>diagrama	de	energia.	Não	ficou	surpreso	ao	ver	que	reuniões	sobre	orçamento</p><p>gastavam	toda	a	energia	do	seu	dia	–	nunca	havia	gostado	muito	do	lado	fiscal</p><p>das	coisas	(mesmo	sabendo	que	é	fundamental).</p><p>Bill	 ajustou	 sua	 agenda	 para	 cercar	 as	 atividades	menos	motivadoras	 com</p><p>outras	mais	 interessantes	 e	para	 se	 recompensar	quando	 completasse	 tarefas</p><p>de	“energia	negativa”.	A	melhor	maneira	de	lidar	com	as	atividades	de	energia</p><p>negativa	é	assegurar-se	de	que	se	encontra	bem	descansado	e	tem	as	reservas</p><p>de	 energia	necessária	para	 fazê-las	direito.	Do	 contrário,	 você	poderá	 ter	 que</p><p>repeti-las,	custando-lhe	mais	energia	do	que	deveria.</p><p>Bill	ficou	surpreso	com	o	fato	de	que	orientar	os	alunos	de	mestrado,	aqueles</p><p>com	quem	passa	a	maior	parte	do	tempo	e	de	quem	mais	gosta,	sugasse	tanto	a</p><p>sua	energia.	Depois	de	refletir	um	pouco	sobre	o	assunto	descobriu	duas	coisas:</p><p>(1)	 ele	 estava	 tentando	 dar	 aulas	 num	 ambiente	 negativo	 (um	 estúdio</p><p>barulhento)	 e	 (2)	 sua	 orientação	 não	 era	 eficiente	 –	 os	 alunos	 não	 estavam</p><p>entendendo.	 Essas	 duas	 observações	 resultaram	 numa	 reestruturação	 do</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>ambiente	 onde	 ele	 dava	 aulas	 nas	 terças	 à	 noite	 (trocou	 de	 sala)	 e	 numa</p><p>mudança	na	estrutura	de	ensino.	Ele	passou	a	reunir	grupos	pequenos,	em	vez</p><p>de	se	encontrar	individualmente	com	cada	aluno,	para	que	pudessem	se	ajudar</p><p>durante	 essas	 interações.	 Essas	 mudanças	 funcionaram	 tão	 bem	 que	 poucas</p><p>semanas	 mais	 tarde	 ele	 estava	 entrando	 regularmente	 no	 fluxo	 durante	 as</p><p>aulas.	 O	 tempo	 dedicado	 ao	 orçamento	 ainda	 era	 muito	 chato,	 mas	 era	 uma</p><p>parte	pequena	do	trabalho	e	os	momentos	de	fluxo	no	ensino	o	tornaram	mais</p><p>suportável.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Bill	estava	usando	o	Diário	dos	Bons	Momentos	basicamente	para	melhorar	o</p><p>seu	design	de	vida.	Michael	fez	o	exercício	em	busca	de	que	caminho	estratégico</p><p>tomar	 na	 sua	 carreira.	 Os	 dois	 tinham	 objetivos	 diferentes	 e	 chegaram	 a</p><p>resultados	diferentes,	mas	usaram	exatamente	a	mesma	técnica:	prestar	muita</p><p>atenção	ao	engajamento	e	aos	níveis	de	energia.</p><p>Dando	Zoom:	Chegando	na	Parte	Boa</p><p>Depois	de	umas	duas	semanas,	quando	você	 já	 tiver	uma	quantidade	razoável</p><p>de	anotações	no	seu	Diário	dos	Bons	Momentos	e	começar	a	notar	umas	coisas</p><p>interessantes,	 é	 hora	 de	 ir	 mais	 a	 fundo	 e	 levar	 o	 exercício	 a	 outro	 nível.</p><p>Normalmente,	 depois	 de	 pegar	 o	 jeito	 de	 prestar	mais	 atenção	 aos	 seus	 dias,</p><p>você	começa	a	notar	que	alguns	dos	seus	registros	podiam	ser	mais	específicos:</p><p>você	precisa	dar	um	zoom	para	ver	a	imagem	com	mais	clareza.	A	ideia	é	tentar</p><p>ser	 o	 mais	 preciso	 possível;	 quanto	 mais	 claro	 for	 a	 respeito	 do	 que	 está</p><p>funcionando	 ou	 não	 para	 você,	melhor	 será	 para	 encontrar	 a	 direção	 no	 seu</p><p>caminho.	 Por	 exemplo:	 o	 que	 você	 inicialmente	 registrou	 como	 “Reunião	 de</p><p>Pessoal	–	Hoje	gostei,	que	milagre!”	poderá,	depois	de	uma	releitura,	ser	mais</p><p>corretamente	 registrado	 como	 “Reunião	 de	 Pessoal	 –	 Foi	 ótimo	 quando</p><p>reformulei	o	que	Jon	falou	e	todo	mundo	disse	‘Ahhh,	é	isso!’”.	Essa	versão	mais</p><p>precisa	 conta	 algo	 muito	 mais	 útil	 sobre	 qual	 atividade	 ou	 comportamento</p><p>específico	 o	 motiva,	 abrindo	 o	 caminho	 para	 desenvolver	 maior</p><p>autoconsciência.	 Quando	 suas	 anotações	 têm	 esse	 nível	 de	 detalhe,	 suas</p><p>reflexões	 são	 mais	 profundas.	 Ao	 escrever	 suas	 reflexões	 no	 registro	 sobre</p><p>aquela	reunião	de	pessoal,	você	pode	se	perguntar:	“O	que	me	motivou	mais	foi</p><p>reformular	 com	 talento	 o	 comentário	 do	 Jon	 (articulando	 bem	 certinho)	 ou</p><p>facilitar	o	consenso	entre	a	equipe	(por	ser	o	cara	que	fez	o	momento	unificador</p><p>de	 ‘Agora	entendemos!’	 acontecer?)?”	Se	você	concluir	que	a	 reformulação	 foi</p><p>realmente	o	melhor	momento	daquela	reunião,	esta	revelação	importante	pode</p><p>ajudá-lo	 a	 ficar	 de	 olho	 em	oportunidades	 de	 criação	 de	 conteúdo	 em	 vez	 de</p><p>oportunidades	de	facilitação	de	grupos.	Aprofunde-se	nesse	tipo	de	observação</p><p>e	reflexão	o	quanto	 lhe	 for	útil	 (mas	não	precisa	 ir	além	disso,	 senão	vai	 ficar</p><p>atolado	em	seu	próprio	diário).</p><p>AEIOU</p><p>Chegar	 a	 grandes	 revelações	nas	 reflexões	 do	 seu	Diário	 dos	Bons	Momentos</p><p>nem	sempre	é	fácil;	portanto,	aqui	está	uma	ferramenta	que	os	designers	usam</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>para	 observações	 precisas	 e	 detalhadas	 para	 encorajar	 a	 curiosidade.	 É	 o</p><p>método	AEIOU,[3]	 que	 apresenta	 cinco	 conjuntos	de	perguntas	que	 você	pode</p><p>usar	quando	refletir	em	seu	Registro	de	Atividades:</p><p>Atividades:	O	que	você	estava	 fazendo?	Era	uma	atividade	estruturada	ou	não?</p><p>Você	tinha	um	papel	específico	a	desempenhar	(líder	de	equipe)	ou	era	só	um</p><p>participante	(na	reunião)?</p><p>Espaço:	O	ambiente	tem	um	profundo	efeito	em	nosso	estado	emocional.	Você	se</p><p>sente	de	uma	forma	num	estádio	de	 futebol	e	de	outra	numa	catedral.	Repare</p><p>onde	estava	quando	se	envolveu	em	determinada	atividade.	Que	tipo	de	 lugar</p><p>era,	como	você	se	sentiu?</p><p>Interações:	 Com	 o	 que	 estava	 interagindo	 –	 pessoas	 ou	máquinas?	 Houve	 um</p><p>novo	 tipo	de	 interação	ou	um	com	o	qual	estava	 familiarizado?	Era	 formal	ou</p><p>informal?</p><p>Objetos:	Você	estava	interagindo	com	objetos	ou	aparelhos	–	iPads	ou	celulares,</p><p>tacos	de	hóquei	ou	barcos	a	vela?	Quais	os	objetos	que	fizeram	com	que	você	se</p><p>sentisse	engajado?</p><p>Usuários:	Quem	mais	estava	lá	e	que	papel	desempenharam	para	fazer	com	que	a</p><p>experiência	fosse	positiva	ou	negativa?</p><p>Usar	 o	 AEIOU	 pode	 realmente	 ajudá-lo	 a	 se	 aprofundar	 para	 descobrir</p><p>especificamente	 o	 que	 está	 ou	 não	 funcionando	 para	 você.	 Aqui	 estão	 dois</p><p>exemplos:</p><p>Lydia	 é	 uma	 escritora	 profissional.	 Ela	 trabalha	 ajudando	 especialistas	 a</p><p>documentar	 procedimentos	 em	 manuais	 e	 chegou	 à	 conclusão	 de	 que</p><p>detestava	trabalhar	com	gente,	porque	se	sentia	péssima	após	as	reuniões	e</p><p>ótima	quando	escrevia	o	dia	inteiro.	Estava	pensando	como	poderia	ganhar	a</p><p>vida	sem	nunca	mais	 ir	a	uma	reunião	na	vida	quando	criou	seu	Diário	dos</p><p>Bons	 Momentos	 e	 usou	 o	 método	 AEIOU.	 Quando	 se	 aprofundou	 nas</p><p>reflexões,	 notou	que	 gostava	de	 gente,	 sim	–	 quando	 se	 encontrava	 com	 só</p><p>umas	duas	pessoas	para	focar	na	escrita	ou	para	pensar	em	novos	projetos	e</p><p>ideias	 (atividades).	 Ela	 detestava	 reuniões	 de	 planejamento,	 prazos	 e</p><p>estratégia	 ou	 qualquer	 reunião	 com	 mais	 de	 seis	 pessoas,	 porque	 não</p><p>conseguia	 acompanhar	 todos	 os	 pontos	 de	 vista	 diferentes	 (espaço).	 Ela</p><p>constatou	 que	 era	 apenas	 uma	 trabalhadora	 intensa	 e	 focada	 e	 que	 sua</p><p>intensidade	 podia	 ser	 nutrida	 ou	 frustrada	 por	 outras	 pessoas	 (usuários),</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>dependendo	da	forma	de	colaboração	(interações).</p><p>Basra	 adorava	 o	 ensino	 superior.	 Não	 importava	 o	 que	 fizesse,	 se	 fosse	 no</p><p>campus	 da	 universidade	 ela	 ficava	 feliz	 (espaço).	 Então	 foi	 trabalhar	 na</p><p>universidade	onde	tinha	estudado.	Por	cinco	ou	seis	anos,	estava	contente	em</p><p>fazer	qualquer	coisa,	de	angariar	fundos	a	orientar	novos	alunos	(atividade).</p><p>Aí	 tudo	começou	a	perder	a	graça	e	ela	 temia	que	 seu	caso	de	amor	com	o</p><p>ensino	 tivesse	 chegado	 ao	 fim.	 Fez	 então	 um	Diário	 dos	 Bons	Momentos	 e</p><p>constatou	que	ainda	amava	a	universidade,	mas	estava	no	emprego	errado.	Se</p><p>aproximando	dos	30	anos,	só	o	espaço	de	trabalho	já	não	bastava:	a	posição</p><p>era	o	 importante	agora.	Havia	aceitado	uma	promoção	que	a	 transferia	dos</p><p>assuntos	estudantis	–	e	de	muitas	interações	interessantes	com	alunos	–	para</p><p>assuntos	 jurídicos	 –	 e	 muitas	 reuniões	 com	 administradores	 e	 advogados</p><p>(usuários)	 e	 papelada	 (objetos).	 Ela	 entendeu	 o	 problema	 e	 aceitou	 um</p><p>pequeno	 rebaixamento	 profissional	 para	 trabalhar	 no	 escritório	 de</p><p>alojamentos,	 onde	 poderia	 ter	 outra	 vez	 interações	 de	 uma	 natureza	 mais</p><p>construtiva	e	lidar	com	menos	burocracia.</p><p>Ao	 escrever	 suas	 reflexões	 no	 Diário	 dos	 Bons	 Momentos,	 tente	 usar	 o</p><p>método	 AEIOU	 para	 aprender	 mais	 com	 suas	 observações.	 É	 importante</p><p>registrar	qualquer	coisa	sem	se	 julgar	–	não	há	sentimentos	certos	ou	errados</p><p>sobre	a	sua	experiência.	É	importante	saber	que	este	tipo	de	informação	vai	ser</p><p>incrivelmente	útil	no	design	da	sua	vida.</p><p>O	Cume	da	Montanha</p><p>O	 passado	 também	 é	 uma	 ótima	 fonte	 de	 reflexões,	 especialmente	 suas</p><p>experiências	 mais	 marcantes,	 o	 “cume	 da	 montanha”.	 Essas	 experiências	 do</p><p>nosso	passado,	mesmo	do	passado	longínquo,	podem	ser	reveladoras.	Dedique</p><p>tempo	para	refletir	sobre	memórias	passadas	de	experiências	excepcionais	de</p><p>trabalho	e	registre	no	Diário	dos	Bons	Momentos	para	ver	o	que	pode	encontrar</p><p>durante	 a	 reflexão.	 Você	 se	 apegou	 a	 essas	 memórias	 por	 boas	 razões.	 Você</p><p>pode	 fazer	 uma	 lista	 dessas	 experiências	 ou	 escrevê-las	 como	 história	 ou</p><p>narrativa.	Pode	ser	divertido	colocar	em	palavras	aquela	fantástica	vez	em	que</p><p>esteve	 na	 equipe	 que	 planejou	 o	 que	 ainda	 é	 lembrado	 como	 a	 “Top	 Mega</p><p>Blaster	 Reunião	 de	 Vendas”	 ou	 quando	 escreveu	 o	manual	 de	 procedimentos</p><p>que	ainda	é	passado	aos	novos	escritores	como	modelo	de	excelência.	Anotar	a</p><p>narrativa	 das	 suas	 experiências	 marcantes	 irá	 facilitar	 extrair	 daquelas</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>histórias	as	atividades	que	mais	o	motivaram	a	encontrar	ideias	que	podem	ser</p><p>aplicadas	hoje.</p><p>Utilizar	 as	 experiências	 passadas	 é	 especialmente	 útil	 se	 você	 não	 está	 em</p><p>uma	 situação	 que	 se	 preste	 a	 um	 exercício	 produtivo	 no	 Diário	 dos	 Bons</p><p>Momentos,	 como	 uma	 situação	 de	 desemprego.	 Também	 é	 útil	 se	 você	 está</p><p>começando	 a	 sua	 vida	 profissional	 e	 ainda	 não	 tem	muita	 experiência.	 Se	 for</p><p>esse	o	caso,	pense	em	atividades	que	tenha	feito	em	outras	áreas	(mesmo	muito</p><p>antigas),	 quando	 sua	 vida	 parecia	 funcionar	 bem.	 Um	 Diário	 dos	 Bons</p><p>Momentos	 histórico	 sobre	 projetos	 passados	 na	 faculdade,	 em	 trabalho</p><p>voluntário,	em	colônias	de	férias,	tudo	em	que	você	tenha	estado	engajado	pode</p><p>ser	útil.	Ao	olhar	para	 trás,	 tome	cuidado	com	a	história	revisionista	–	elogiar</p><p>demais	os	bons	momentos	e	criticar	demais	os	ruins.	Tente	ser	honesto.</p><p>Aproveite	a	Jornada</p><p>Essa	 nova	maneira	 de	 observar	 ajudará	 a	 guiá-lo	 e	 a	 encontrar	 o	 que	 virá	 a</p><p>seguir	 na	 vida.	 Feito	 Lewis	 &	 Clark,	 você	 está	 começando	 a	 mapear	 algum</p><p>território	desbravado	e	a	ver	novas	possibilidades	no	 território	à	 frente.	Você</p><p>está	passando	de	um	nível	de	consciência	a	outro,	realmente	explorando	como</p><p>você	(não	sua	mãe,	seu	pai,	seu	patrão	ou	seu	cônjuge)	se	sente.	Você	começou	a</p><p>encontrar	 o	 caminho	 –	 saindo	 de	 onde	 estava	 para	 o	 próximo	 lugar	 possível.</p><p>Armado	com	sua	bússola	e	suas	ideias	no	Diário	dos	Bons	Momentos,	você	pode</p><p>encontrar	um	ótimo	caminho.</p><p>Michael	encontrou	o	caminho.</p><p>Lewis	e	Clark	encontraram	seus	caminhos.</p><p>Você	também	pode	encontrar	o	seu	caminho.</p><p>O	 próximo	 passo	 é	 produzir	 todas	 as	 opções	 possíveis	 para	 poder</p><p>experimentar	e	fazer	protótipos.</p><p>Para	isso,	vamos	precisar	mapear	a	mente.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Diário	dos	Bons	Momentos</p><p>1.	 Complete	 um	 registro	 diário	 das	 suas	 atividades,	 usando	 o	 modelo	 da	 próxima</p><p>página	(ou	seu	próprio	caderno).	Registre	quando	estiver	motivado	e/ou	energizado</p><p>e	o	que	estava	fazendo	nesses	momentos.	Tente	fazê-lo	diariamente	ou	pelo	menos</p><p>duas	vezes	por	semana.</p><p>2.	 Continue	este	registro	diário	por	três	semanas.</p><p>3.	 Ao	final	de	cada	semana,	anote	suas	reflexões	–	fique	atento	a	quais	atividades	são</p><p>motivadoras	e	energizantes	e	quais	não	são.</p><p>4.	 Existem	surpresas	em	suas	reflexões?</p><p>5.	 Aprofunde-se	e	tente	ser	ainda	mais	específico	sobre	o	que	o	motiva	e	energiza.</p><p>6.	 Utilize	o	método	AEIOU	como	apoio	às	suas	reflexões.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>G</p><p>4</p><p>Desempacar</p><p>rant	estava	empacado.	Ele	trabalhava	para	uma	das	principais	empresas</p><p>de	locação	de	automóveis	do	país	e	ao	fazer	o	Diário	dos	Bons	Momentos</p><p>descobriu	que	estava	gastando	a	maior	parte	dos	dias	em	atividades	que	não	o</p><p>motivavam	nem	o	energizavam.	Detestava	ter	que	lidar	com	o	mau	humor	dos</p><p>fregueses.	Não	gostava	de	preencher	infindáveis	contratos	padronizados.	Tinha</p><p>total	aversão	a	 recitar	o	mesmo	roteiro	 todos	os	dias.	Não	gostava	de	 ter	que</p><p>vender	 cada	 vez	mais	 coisas	 aos	 clientes.	O	 que	 ele	mais	 odiava	 era	 sentir-se</p><p>inútil,	 como	 se	 não	 tivesse	 importância.	 Não	 queria	 ser	 uma	 peça	 pequena	 e</p><p>desimportante	 na	 gigante	 máquina	 corporativa.	 Grant	 queria	 trabalhar	 onde</p><p>pudesse	deixar	a	sua	marca	e	ter	influência.	Ele	queria	que	o	que	fizesse	fosse</p><p>importante	para	alguém,	quem	quer	que	fosse.</p><p>Grant	 não	 detestava	 completamente	 seu	 trabalho,	 mas	 não	 conseguia	 se</p><p>lembrar	 de	 uma	 única	 vez	 em	 que	 tivesse	 experimentado	 qualquer	 coisa</p><p>parecida	com	o	estado	de	fluxo.	O	trabalho	era	chato	e	entediante.	Ele	ficava	de</p><p>olho	no	relógio.	Esperava	o	cheque	a	cada	semana.	Mal	podia	esperar	pelos	fins</p><p>de	 semana	 e	 ficava	 triste	 quando	 terminavam.	 Os	 únicos	 momentos	 em	 que</p><p>gostava	do	que	fazia	era	quando	fazia	trilhas	na	floresta,	 jogava	basquete	com</p><p>amigos	ou	ajudava	os	sobrinhos	com	os	deveres	de	casa.</p><p>Nada	disso	pagava	as	contas.</p><p>Grant	estava	para	ser	promovido	a	gerente	da	loja	e	isso	o	fez	se	sentir	ainda</p><p>mais	 empacado.	 Nunca	 tinha	 sonhado	 em	 trabalhar	 para	 uma	 agência	 de</p><p>aluguel	 de	 carros,	 mas,	 não	 importava	 o	 quanto	 pensasse	 a	 respeito,	 não</p><p>conseguia	encontrar	uma	ideia	realista	de	carreira	diferente.	Ele	nem	fazia	ideia</p><p>de	como	começar.	Gostaria	de	ser,	claro,	um	cantor	de	rock	ou	uma	estrela</p><p>de</p><p>beisebol	da	primeira	divisão,	mas	ele	não	cantava	nem	tocava	um	instrumento	e</p><p>tinha	 parado	 de	 jogar	 beisebol	 aos	 12	 anos.	 Formado	 em	 literatura	 na</p><p>faculdade,	aceitou	o	primeiro	emprego	que	pagava	mais	que	o	salário	mínimo	e</p><p>acabou	 preso	 nessa	 armadilha.	 Grant	 não	 queria	 resignar-se	 a	 alugar	 carros</p><p>para	o	resto	da	vida,	mas	sentia	que	não	havia	mais	opções.	“Tem	gente	mesmo</p><p>sem	sorte”,	pensou.	 “Tem	gente	que	não	está	mesmo	destinada	a	deixar	a	sua</p><p>marca.”</p><p>Ele	se	sentia	derrotado,	pois	tinha	pensado	que	só	podia	fazer	o	que	sempre</p><p>tinha	feito	–	e	porque	ele	não	estava	pensando	como	um	designer.	Os	designers</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>sabem	que	a	primeira	 ideia	nunca	é	 a	que	 cola.	Designers	 sabem	que	quando</p><p>você	tem	muitas	opções	escolhe	melhor.	Muita	gente	se	sente	como	Grant:	fica</p><p>emperrada	tentando	fazer	a	sua	primeira	ideia	funcionar.</p><p>Grant	precisava	começar	a	pensar	como	um	designer.</p><p>Crença	Disfuncional:	Estou	empacado.</p><p>Reformulação:	Nunca	estou	empacado,	pois	posso	produzir	uma	porção	de	ideias.</p><p>Sharon	 é	 uma	 assistente	 jurídica	 que	 trabalhava	 para	 um	 escritório	 de</p><p>advocacia	 de	 prestígio	 em	 Boston,	 até	 que	 foi	 demitida.	 Agora	 ela	 passa	 seis</p><p>horas	por	dia	na	internet	procurando	trabalho.	É	o	que	ela	tem	feito	há	mais	de</p><p>um	ano.	Está	completamente	desmoralizada;	qualquer	resquício	de	autoestima</p><p>evaporou	há	muito.	Na	verdade,	ser	uma	assistente	jurídica	não	tinha	sido	o	seu</p><p>primeiro	 objetivo	 –	 era	 o	 seu	 plano	 B.	 Ela	 estudou	 administração,	 mas	 a</p><p>economia	 estava	 em	 crise	 quando	 se	 formou	 em	2009.	 Sharon	não	 conseguia</p><p>encontrar	trabalho	como	executiva	de	marketing,	o	que	tinha	ouvido	falar	que</p><p>era	 a	 “coisa	 certa”	 a	 fazer	 com	um	MBA.	 Como	 tantos,	 ela	 achava	que	 fazer	 a</p><p>“coisa	 certa”	 a	 faria	 feliz.	 Mas	 Sharon	 não	 estava	 nem	 remotamente	 feliz.	 A</p><p>verdade	 é	 que	 ela	 não	 fazia	 a	 mínima	 ideia	 do	 que	 realmente	 queria	 na</p><p>faculdade,	 e	 essa	 falta	 de	 interesse	 genuíno	 era	provavelmente	 aparente	para</p><p>quem	 a	 entrevistava.	 Ela	 havia	 passado	 muito	 tempo	 tentando	 fazer	 a	 coisa</p><p>certa	 em	 vez	 de	 fazer	 o	 que	 era	 certo	 para	 si.	 Após	 um	 ano	 procurando</p><p>emprego,	ela	achava	que	tinha	ficado	sem	opções.	Ela	se	sentiu	derrotada.	Mas</p><p>Sharon	 não	 estava	 sem	opções	 –	 ela	 só	 não	 tinha	 pensado	 em	muitas	 opções</p><p>reais.</p><p>Crença	Disfuncional:	Tenho	que	encontrar	a	ideia	certa.</p><p>Reformulação:	 Preciso	 de	 muitas	 ideias	 para	 poder	 explorar	 possibilidades</p><p>diferentes	para	o	meu	futuro.</p><p>Sem	saber	o	que	fazer	além	de	continuar	a	fazer	o	que	estava	fazendo,	Sharon,</p><p>assim	como	Grant,	estava	empacada.</p><p>Em	geral	as	pessoas	fazem	o	mesmo	que	Sharon	quando	precisam	de	emprego:</p><p>procuram	nos	Classificados	uma	vaga	que	acham	que	podem	preencher.	É	uma</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>das	piores	maneiras	de	se	conseguir	 trabalho	e,	na	verdade,	a	que	tem	menor</p><p>probabilidade	 de	 dar	 certo	 (discutiremos	 esse	 fenômeno	 em	 detalhe	 no</p><p>Capítulo	7).	Essa	maneira	de	pensar	não	é	pensamento	de	design,	é	só	tentar	se</p><p>agarrar	ao	que	está	ao	alcance,	e	é	pouco	provável	que	resulte	em	satisfação	no</p><p>longo	 prazo.	 Se	 tiver	 filhos	 para	 sustentar,	 não	 conseguir	 pagar	 o	 aluguel	 e</p><p>estiver	 devendo	muito	 dinheiro	 a	 um	 cara	 chamado	 Louie,	 então	 sem	dúvida</p><p>aceite	qualquer	trabalho	que	conseguir	arranjar.	Mas	quando	a	onça	volta	para</p><p>a	 toca,	 é	 hora	de	 achar	 caminho	para	 trabalhos	que	 você	 realmente	queira.	 E</p><p>não	 se	 preocupe	 quando	 empacar.	 Designers	 empacam	 o	 tempo	 todo.	 Esses</p><p>momentos	podem	ser	boas	bases	para	a	criatividade.	Quando	você	pensa	como</p><p>um	designer,	sabe	como	imaginar	muitas	opções	para	muitos	futuros	possíveis.</p><p>É	 simples:	 você	 não	 tem	 como	 saber	 o	 que	 quer	 até	 saber	 o	 que	 poderá</p><p>querer,	portanto	você	precisa	produzir	muitas	ideias	e	possibilidades.</p><p>Aceite	o	problema.</p><p>Empaque.</p><p>Supere	e	tenha	muitas	ideias!</p><p>Imagine</p><p>Vamos	 pedir-lhe	 que	 saia	 dos	 limites	 do	 realismo	 e	 se	 aventure	 pelo	 vasto</p><p>mundo	 do	 “que	 posso	 querer”.	 É	 hora	 de	 aceitar	 que	 está	 empacado.	 Grant</p><p>empacou.	Sharon	empacou.	Todos	nós	empacamos	em	algumas	áreas	da	vida.	É</p><p>então	 que	 precisamos	 imaginar,	 conceber	 novas	 ideias.	 Ideias	 loucas.	 Ideias</p><p>exageradas.	Você	vai	aprender	a	 ter	mais	 ideias	do	que	parece	possível.	Tanta</p><p>gente	 empaca	 perseguindo	 a	 primeira	 ideia,	 ou	 a	 ideia	 perfeita,	 ou	 aquela</p><p>grande	ideia	que	vai	resolver	o	problema,	que	vai	ser	a	resposta,	que	vai	ser	a</p><p>salvação	de	quem	está	empacado.	É	muita	pressão.	Achar	que	só	há	uma	ideia	lá</p><p>fora	conduz	a	muita	pressão	e	indecisão.</p><p>“Não	tenho	certeza.”</p><p>“Não	quero	pisar	na	bola.”</p><p>“Preciso	fazer	isso	direito.”</p><p>“Se	eu	tivesse	uma	ideia	melhor	(a	certa,	milagrosa),	tudo	daria	certo.”</p><p>Vamos	 parar	 aqui	 mesmo,	 para	 sermos	 os	 primeiros	 a	 dizer	 algo	 incrível:</p><p>tudo	vai	dar	certo.</p><p>Mesmo.</p><p>Aqueles	que	têm	a	sorte	de	viver	em	um	mundo	moderno	com	acesso	a	certo</p><p>grau	de	escolha,	liberdade,	mobilidade,	educação	e	tecnologia	passam	o	tempo</p><p>imersos	em	um	sistema	obcecado	por	otimização.	Sempre	há	a	necessidade	de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>uma	 ideia	melhor,	 uma	maneira	melhor	–	 até	 a	melhor	de	 todas	as	maneiras.</p><p>Este	tipo	de	mentalidade	é	bastante	perigoso	para	o	design	de	vida.	A	verdade	é</p><p>que	 todos	 temos	mais	 de	 uma	 vida	 em	nós.	 Quando	 perguntamos	 aos	 alunos</p><p>“quantas	vidas	existem	em	você?”,	a	resposta	média	foi	3,4.	Aceitar	essa	ideia	–</p><p>de	 que	 há	 vários	 ótimos	 projetos	 para	 a	 sua	 vida,	mesmo	 que	 você	 só	 possa</p><p>viver	um	deles	–	é	um	sentimento	bastante	libertador.	Não	há	uma	única	ideia</p><p>para	 a	 sua	 vida,	 mas	 muitas	 vidas	 em	 que	 você	 poderia	 viver	 feliz	 e</p><p>produtivamente	 (não	 importa	 qual	 a	 sua	 idade),	 e	 há	 muitos	 caminhos</p><p>diferentes	a	seguir	conduzindo	a	cada	uma	dessas	vidas	produtivas,	incríveis	e</p><p>diferentes.	Faça	então	as	contas:	somando	tudo	isso,	você	pode	ter	um	monte	de</p><p>ideias	possíveis.	E	nós	lhe	daremos	as	ferramentas	para	produzir	tais	ideias.</p><p>As	quantidades	 têm	as	 suas	próprias	qualidades.	No	design	de	vida,	mais	 é</p><p>melhor,	porque	 ter	mais	 ideias	 significa	 ter	 acesso	a	 ideias	melhores,	 e	 ideias</p><p>melhores	conduzem	a	um	design	melhor.	Expandir	seu	raciocínio	melhora	a	sua</p><p>capacidade	de	 imaginação	e	permite	maior	 inovação.	Se	você	passa	por	várias</p><p>ideias,	tem	mais	chances	de	esbarrar	em	algo	que	pode	ser	bem	energizante,	o</p><p>que	 aumenta	 suas	 chances	 de	 criar	 algo	 de	 que	 realmente	 goste	 e	 que	 tenha</p><p>sucesso.	Mais	ideias	também	levam	a	mais	revelações.</p><p>Designers	adoram	imaginar	com	liberdade,	sem	restrições.	Adoram	as	ideias</p><p>loucas	tanto	quanto	adoram	as	sensatas.	Por	quê?	Muitas	pessoas	pensam	que</p><p>os	designers	são	esquisitos	e	preferem	coisas	estranhas	porque	são	modernos,</p><p>de	vanguarda	e	vivem	de	óculos	escuros,	boinas,	sapatos	descolados	e	comem</p><p>nos	 restaurantes	 mais	 famosos.	 Pode	 ser	 até	 verdade,	 mas	 não	 é	 a	 questão.</p><p>Designers	 aprendem	 a	 ter	 muitas	 ideias	 estranhas	 porque	 sabem	 que	 o</p><p>principal	 inimigo	 da	 criatividade	 é	 o	 julgamento.	 Nossos	 cérebros	 estão	 tão</p><p>programados	para	criticar,	encontrar	problemas	e	julgar	que	espanta	qualquer</p><p>ideia	 que	 surja.	 Temos	 que	 parar	 de	 julgar	 e	 silenciar	 o	 crítico	 interno	 se</p><p>queremos	encontrar	todas	as	nossas	ideias.	Se	não,	podemos	ter	algumas	boas</p><p>ideias,	mas	a	maioria	será	perdida	–	ideias	presas,	silenciosas,	atrás	do	muro	de</p><p>julgamento	 que	 nosso	 córtex	 pré-frontal	 ergueu	 para	 nos	 salvar	 de	 cometer</p><p>erros	e	pagar	mico.	Nós	adoramos	o	córtex	pré-frontal	e	não	saímos	de	casa	sem</p><p>ele,	mas	não	queremos	que	tome	as	nossas	ideias	como	reféns	antes	da	hora.	Se</p><p>conseguirmos	nos	jogar	no	espaço	das	ideias	loucas,	saberemos	que	superamos</p><p>os	julgamentos	precipitados.	Pode	ser	que	a	gente	não	escolha	as	ideias	loucas</p><p>(na	 verdade,	 raramente	 as	 escolhemos),	 mas	 frequentemente	 passamos	 para</p><p>outro	 plano	 criativo	 depois	 de	 ter	 ideias	 loucas,	 onde	 podemos	 enxergar</p><p>possibilidades	novas	e	inovadoras	com	grande	potencial</p><p>de	sucesso.</p><p>Então	vamos	enlouquecer.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Muitas	vezes	nossos	alunos	acham	esta	parte	do	processo	a	mais	empolgante,</p><p>envolvente	 e	 divertida.	 Quem	 não	 gosta	 de	 produzir	 um	 monte	 de	 grandes</p><p>ideias	bizarras?	Você	pode	se	achar	criativo	ou	não,	mas	não	importa.	Lembre-</p><p>se	do	nosso	lema	–	Você	Está	Aqui	–	e	prepare-se	para	trabalhar	com	qualquer</p><p>nível	de	criatividade	pessoal	que	você	acha	que	tem	agora.	Construímos	a	partir</p><p>daqui.	 A	 meta	 é	 energizar	 e	 expandir	 sua	 capacidade	 de	 produzir	 inúmeras</p><p>soluções	 para	 a	 variedade	 de	 problemas	 que	 irrompem	 enquanto	 você	 está</p><p>ocupado	projetando	a	sua	vida.</p><p>Como	designer	de	vida,	você	precisa	dedicar-se	a	duas	filosofias:</p><p>1.	Você	escolhe	melhor	quando	tem	muitas	opções	boas	para	escolher.</p><p>2.	Você	nunca	escolhe	sua	primeira	solução	para	um	problema.</p><p>Nossas	 mentes	 são	 geralmente	 preguiçosas	 e	 gostam	 de	 se	 ver	 livres	 dos</p><p>problemas	o	mais	rápido	possível,	então	elas	envolvem	as	primeiras	ideias	em</p><p>um	 monte	 de	 substâncias	 químicas	 positivas	 para	 fazer-nos	 “apaixonar”	 por</p><p>elas.	 Não	 se	 apaixone	 pela	 primeira	 ideia.	 O	 relacionamento	 quase	 nunca</p><p>funciona.	Na	maioria	 das	 vezes,	 as	 nossas	 primeiras	 soluções	 são	medianas	 e</p><p>pouco	criativas.	Humanos	tendem	a	sugerir	primeiro	o	óbvio.	Aprender	a	usar</p><p>ferramentas	excelentes	de	 imaginação	pode	ajudá-lo	a	 superar	esta	 tendência</p><p>para	o	óbvio	e	a	motivá-lo	a	recuperar	a	confiança	criativa.</p><p>Mesmo	 aqueles	 que	 não	 se	 acham	 criativos	 provavelmente	 se	 lembram	 de</p><p>uma	época	em	que	pensavam	de	outra	forma.	Talvez	fosse	o	jardim	de	infância,</p><p>ou	o	primeiro	ou	segundo	ano	do	ensino	fundamental,	quando	cantar,	dançar	e</p><p>desenhar	 pareciam	 formas	 naturais	 de	 autoexpressão.	 Você	 não	 tinha	 baixa</p><p>autoestima,	 nem	 estava	 julgando	 se	 os	 seus	 desenhos	 eram	 arte	 ou	 se	 o	 seu</p><p>canto	era	profissional	ou	se	a	sua	dança	merecia	atenção	alheia.	Você	se	sentia</p><p>livre	para	criar	qualquer	forma	natural	de	autoexpressão,	sem	limites.</p><p>Você	 também	provavelmente	 se	 lembra,	 normalmente	 em	detalhes	 vívidos,</p><p>da	vez	em	que	a	professora	disse	“Você	não	é	artista,	não	sabe	desenhar”	ou	de</p><p>quando	 um	 colega	 falou	 “Você	 dança	 esquisito”	 ou	 um	 adulto	 disse	 “Pare	 de</p><p>cantar,	 você	 está	 estragando	 a	 música”.	 Ai!	 Sentimos	 muito	 que	 você	 tenha</p><p>passado	por	 esses	momentos	destruidores	de	 criatividade.	E	 esses	momentos</p><p>continuaram	a	 ocorrer	 na	 escola,	 onde	 as	 regras	 sociais	 tomavam	a	 forma	da</p><p>repreensão	dos	adultos.	Foi	onde	aprendemos	a	conter	as	diferenças,	com	medo</p><p>de	 sermos	 repreendidos.	 É	 impressionante	 que	 qualquer	 vestígio	 de</p><p>criatividade	individual	sobreviva	a	esses	anos	de	crescimento.</p><p>Mas,	 acredite,	 a	 criatividade	 continua	 a	 existir.	 E	 vamos	 ajudar	 você	 a</p><p>encontrá-la.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>O	Mapeamento	da	Mente</p><p>A	 primeira	 técnica	 de	 concepção	 de	 ideias	 que	 iremos	 ensinar	 chama-se</p><p>mapeamento	da	mente.	 É	uma	ótima	 ferramenta	para	 imaginar	 sozinho	 e	um</p><p>grande	método	para	desempacar.	O	mapeamento	funciona	usando	uma	simples</p><p>associação	 de	 palavras,	 uma	 após	 a	 outra,	 para	 abrir	 o	 espaço	 de	 ideias	 e</p><p>produzir	novas	soluções.	A	natureza	gráfica	deste	método	permite	capturar	as</p><p>ideias	e	suas	associações	automaticamente.	Esta	técnica	ensina	a	gerar	muitas</p><p>ideias	e,	por	ser	um	método	visual,	contorna	o	seu	crítico	lógico-verbal	interno.</p><p>O	processo	de	mapear	a	mente	tem	três	passos:</p><p>1.	Escolher	um	tópico</p><p>2.	 Fazer	o	mapa</p><p>3.	 Fazer	conexões	secundárias	e	criar	conceitos	(misturar	tudo)</p><p>A	imagem	anterior	é	o	mapa	da	mente	de	Grant,	feito	quando	estava	preso	no</p><p>problema	de	como	encontrar	o	emprego	“perfeito”.	Você	deve	 lembrar	que	as</p><p>únicas	experiências	positivas	que	Grant	encontrou	quando	revisou	o	Diário	dos</p><p>Bons	Momentos	tinham	a	ver	com	caminhar	na	floresta	perto	da	sua	casa.	Então</p><p>decidiu	 focar	 seu	 mapa	 nisso.	 Você	 pode	 ver	 que	 ele	 escreveu	 VIDA	 AO	 AR</p><p>LIVRE	bem	no	centro	do	mapa	e	desenhou	um	círculo	em	volta.	É	o	primeiro</p><p>passo.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>O	segundo	é	fazer	o	mapa.	Para	isso,	você	vai	pegar	a	ideia	original	e	escrever</p><p>cinco	 ou	 seis	 coisas	 relativas	 à	 ideia.	 Escreva	 criteriosamente	 as	 primeiras</p><p>palavras	que	lhe	vierem	à	mente.	A	seguir,	repita	o	processo	com	as	palavras	do</p><p>círculo	secundário.	Desenhe	três	ou	quatro	linhas	saídas	de	cada	palavra	e	faça</p><p>uma	 associação	 livre	 de	 novas	 palavras	 ligadas	 a	 cada	 um	 dos	 conceitos.	 As</p><p>palavras	 que	 aparecem	para	 você	 não	 precisam	 ter	 a	 ver	 com	 as	 palavras	 ou</p><p>questões	no	centro,	só	com	a	palavra	no	segundo	círculo.	Repita	o	processo	até</p><p>pelo	menos	ter	três	ou	quatro	círculos	de	associações	de	palavras.</p><p>No	 exemplo	 de	 Grant,	 ele	 escreveu	 viagem,	 caminhadas,	 surfar,	 acampar	 e</p><p>natureza.	Estas	coisas	estão	todas	diretamente	relacionadas	com	a	sua	ideia	de</p><p>VIDA	AO	AR	LIVRE.	 Ele	 então	 pegou	 cada	 uma	destas	 palavras	 e	 criou	 novos</p><p>ramos	 de	 associação	 de	 palavras:	 caminhadas	 lembravam	 a	 Grant	 as</p><p>montanhas,	o	que	conduziu	a	exploradores.	Viagem	 levou-o	a	Havaí,	Europa	e</p><p>mochilão;	Havaí	levou	a	praias	tropicais.	França,	associada	com	Europa,	levou-o</p><p>a	 crepes,	 que	 o	 levou	 a	 Nutella,	 que,	 embora	 interessante,	 acabou	 sendo	 um</p><p>beco	sem	saída.	Mas	surfar	conduziu-o	a	praias,	que	levou	a	marés,	que	levou	a</p><p>ciclos,	bicicletas	e	corridas.	Também	levou	à	Jamaica,	por	Usain	Bolt	(o	cérebro</p><p>de	Grant	acabou	sendo	mais	criativo	do	que	ele	 imaginava),	até	chegar	à	 ideia</p><p>de	lugares	exóticos.</p><p>Todo	este	processo	de	criar	camadas	e	associações	de	palavras	durou	de	três</p><p>a	 cinco	minutos;	 você	precisa	de	um	 tempo-limite	para	 fazê-lo	 rapidamente	e</p><p>evitar	a	censura	interna.	O	passo	a	seguir	é	destacar	algumas	coisas	que	podem</p><p>ser	 interessantes	 (ou	 que	 chamam	 atenção)	 nessa	 associação	 aleatória	 de</p><p>palavras	e	misturá-las	para	 formar	alguns	conceitos.	Você	precisa	escolher	da</p><p>camada	 de	 fora,	 ou	 perímetro,	 do	 mapa,	 porque	 é	 o	 que	 fica	 a	 dois	 ou	 três</p><p>passos	 do	 seu	 pensamento	 consciente.	 Mesmo	 que	 a	 vida	 ao	 ar	 livre	 tenha</p><p>acabado	 por	 levar	 Grant	 a	 corridas	 de	 bicicleta	 e	 Usain	 Bolt,	 no	 inconsciente</p><p>oculto	de	Grant	tudo	isto	está	ligado	ao	termo	original.	Grant	destacou	palavras</p><p>aleatórias	 que	 pareciam	 interessantes	 –	 neste	 caso,	 exploradores,	 praias</p><p>tropicais,	piratas,	crianças,	lugares	exóticos	e	corridas	de	bicicleta.	Então,	pegou</p><p>todos	estes	componentes	e	misturou-os	em	uma	ou	duas	ideias	possíveis.</p><p>Seria	 possível	 arranjar	 um	 emprego	 de	 meio	 período	 em	 uma	 colônia	 de</p><p>férias	 para	 crianças	 que	 gostam	 de	 estar	 ao	 ar	 livre?	 Melhor	 ainda:	 em	 um</p><p>Acampamento	 de	 Piratas	 na	 praia?	 E	 se	 aceitasse	 a	 promoção	 que	 lhe</p><p>ofereceram,	mas	com	a	condição	de	ser	transferido	para	um	escritório	perto	da</p><p>praia	 (procurou	 e	 viu	 que	 a	 empresa	 tinha	 um	 escritório	 em	 Santa	 Cruz,	 na</p><p>Califórnia	–	oba!)?	Ou,	melhor	ainda,	em	algum	lugar	realmente	exótico,	como	o</p><p>Havaí,	 onde	 poderia	 ser	 um	 instrutor	 de	 surfe	 para	 crianças	 (parece	 que	 a</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>empresa	também	tem	um	escritório	por	 lá).	E	talvez,	se	aceitasse	a	promoção,</p><p>teria	 dinheiro	 suficiente	 para	 trabalhar	 uma	 semana	 de	 quatro	 dias	 para	 ter</p><p>tempo	de	explorar	essas	novas	ideias.</p><p>Isso	é	inovação.</p><p>Grant	 não	 está	mais	 empacado.	Na	 verdade,	 ele	 tem	 tantas	 boas	 ideias	 que</p><p>nem	sabe	o	que	fazer	com	elas.	E,	mais	importante,	está	começando	a	achar	que</p><p>a	questão	não	é	encontrar	o	trabalho	perfeito,	mas,	sim,	“aperfeiçoar”	o	trabalho</p><p>que	 ele	 tem.	 Parece	 que	 vale	 a	 pena	 trabalhar	 para	 uma	 multinacional	 de</p><p>locação	de	automóveis	com	filiais	pelo	mundo	todo.	Fazer	o	mapa	da	mente	fez</p><p>com	 que	 Grant	 entendesse	 que	 ele	 tem	 mais	 com	 o	 que	 trabalhar	 do	 que</p><p>supunha	 e	 que	 pode	 utilizar	 seu	 emprego	 atual	 como	 trampolim	 para	 suas</p><p>próximas	decisões.</p><p>É	importante	se	lembrar	de	não	censurar	as	palavras.	Por	isso	sugerimos	que</p><p>faça	 o	 exercício	 com	 rapidez.</p><p>Escreva	 as	 primeiras	 palavras	 que	 venham	 à</p><p>mente.	Se	você	se	censura,	limita	o	potencial	para	gerar	ideias	novas	e	originais.</p><p>David	Kelley,	o	fundador	da	d.school,	diz	que	você	tem	que	passar	pelas	ideias</p><p>loucas	 para	 chegar	 às	 boas	 ideias	 acionáveis.	 Portanto,	 não	 tenha	 medo	 de</p><p>pensar	 em	 coisas	 malucas.	 Ideias	 assim	 podem	 servir	 de	 base	 para	 algo</p><p>realmente	 novo	 e	 prático.	 Você	 deve	 também	 criar	 o	 seu	mapa	mental	 numa</p><p>folha	 de	 papel	 bem	 grande.	 Você	 está	 procurando	 um	monte	 de	 ideias,	 então</p><p>faça	seu	mapa	o	maior	e	mais	visual	possível.	Saia	e	arranje	uma	cartolina	ou</p><p>um	quadro	branco	e	tenha	grandes	ideias.</p><p>Quanto	maiores,	melhores.</p><p>Problemas-Âncora:	A	Versão	Bombada	de	Estar	Empacado</p><p>Existe	 uma	 categoria	 de	 problemas,	 aqueles	 que	 não	 querem	 ir	 embora,	 que</p><p>chamamos	 de	 problemas-âncora.	 Como	 uma	 âncora	 física,	 eles	 nos	 mantêm</p><p>presos	a	um	lugar	com	os	movimentos	restritos.	Eles	nos	empacam,	como	Grant</p><p>e	Sharon	empacaram	em	suas	carreiras.	Se	vamos	praticar	um	bom	design	de</p><p>vida,	é	importante	saber	quando	estamos	lidando	com	um	desses	problemas.</p><p>Dave	estava	com	um	problema	desses,	mas	não	tinha	a	ver	com	sua	carreira,</p><p>como	no	caso	de	Sharon	e	Grant;	seu	problema	estava	mais	perto	de	casa.	Veja</p><p>só,	Dave	é	um	cara	que	adora	oficinas.	Seu	pai	(Dave	III)	era	um	artesão	incrível</p><p>e	 tinha	 uma	 oficina	 fantástica,	 então	 claro	 que	Dave	 tinha	 que	 ter	 um	oficina</p><p>fantástica	 também.	 Mas	 Dave	 era	 menos	 um	 artesão	 e	 mais	 um	 cara	 de</p><p>consertos;	 portanto,	 não	 precisava	 de	 uma	 oficina	 igual	 à	 do	 pai.	 O	 que</p><p>significava	que,	com	planejamento	cuidadoso	e	manutenção,	Dave	foi	capaz	de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>fazer	 a	 tacada	 do	 século	 em	 sua	 garagem:	 uma	 tremenda	 oficina	 com	 espaço</p><p>para	estacionar	carros.</p><p>Não	julgue	os	sonhos	de	Dave.</p><p>Ele	adorava	aquilo	e	se	pudesse	ficaria	com	a	garagem	para	o	resto	da	vida.</p><p>No	entanto,	ele	se	mudou	para	a	praia	e,	na	mudança,	descobriu	que	tinha	um</p><p>quinto	 do	 espaço	 que	 tinha	 antes.	 E	 aí	 se	 viu	 em	meio	 a	 um	 problemão,	 um</p><p>problema	âncora	que	durou	anos.</p><p>Nos	primeiros	anos,	Dave	precisou	alugar	 três	 armazéns	para	guardar	 suas</p><p>coisas,	 além	de	 encher	 a	 garagem	na	 casa	 de	 praia.	 Com	o	 tempo,	 ele	 acabou</p><p>conseguindo	 se	 livrar	 dos	 armazéns	 alugados,	 mas	 a	 última	 pilha	 de	 sucata</p><p>nunca	saiu	da	garagem.	Quanto	a	montar	direito	a	nova	oficina...	bem,	melhor</p><p>nem	perguntar.	Dave	convive	com	o	“Grande	Desastre	Americano	da	Garagem”</p><p>há	mais	de	cinco	anos	e	naturalmente	já	se	acostumou	até	demais.	Todo	verão</p><p>ele	 promete	 limpar	 tudo	 e	 preparar	 a	 oficina,	 mas	 sempre	 acaba	 desistindo,</p><p>sobrecarregado.	 Embora	 tenha	 a	 visão	de	 sua	 antiga	 garagem,	 quase	perfeita,</p><p>teme	nunca	chegar	lá.	Sempre	começa	a	limpeza	da	garagem	com	a	melhor	das</p><p>intenções:	remove	a	primeira	camada	de	peças	de	bicicleta	e	videocassetes,	mas</p><p>aí	 fica	desencorajado	com	a	pilha	ameaçadora	e	se	distrai	com	algo	mais	 fácil,</p><p>como	 trocar	 o	 alternador	 na	 camionete.	 O	 faz-tudo	 ataca	 outra	 vez.	 E	 aí	 já	 é</p><p>Natal,	com	todas	aquelas	caixas	saindo	do	sótão	e...	ah,	esquece.</p><p>Dave	está	ancorado	ao	problema	porque	está	ancorado	à	única	solução	que</p><p>ele	está	preparado	para	aceitar:	um	combo	perfeito	de	garagem	e	oficina.	Mas</p><p>fazer	 isso	daria	 tanto	 trabalho	que	ele	nem	chega	a	 tentar,	então	 todo	mundo</p><p>tem	que	se	virar	entre	os	obstáculos	da	garagem,	enquanto	o	sol	e	o	sal	da	praia</p><p>desbotam	a	pintura	dos	carros	estacionados	na	rua.</p><p>A	única	maneira	de	Dave	se	desancorar	desse	estado	 imóvel	é	reformular	a</p><p>sua	situação	e	prototipar	um	pouquinho.	Ele	poderia:</p><p>1.	Reformular	para	que	a	meta	seja	só	uma	bancada	e	espaço	para	guardar	bicicletas	e</p><p>material	de	acampamento.</p><p>2.	Reformular	para	só	precisar	de	um	armazém	alugado	(para	o	resto	da	vida)	e	comprar	a</p><p>garagem	de	volta	a	cem	dólares	por	mês.</p><p>3.	Ter	consciência	do	processo	e	dividir	o	trabalho	em	projetos	menores:	 (a)	doar	velhos</p><p>livros	e	discos,	(b)	reduzir	para	somente	quatro	bicicletas,	(c)	tirar	as	caixas	do	chão,	(d)</p><p>limpar	a	bancada	de	detritos	dos	velhos	projetos.</p><p>A	grande	mudança	aqui	é	livrar-se	da	imagem	da	garagem	perfeita	e	imaginar</p><p>um	 resultado	 diferente	 ou	 os	 passos	 no	 processo.	 Se	 Dave	 mantiver	 a	 velha</p><p>imagem	da	 sua	 garagem	perfeita	 (a	 solução)	 colada	 na	 porta	 da	 geladeira	 da</p><p>mente,	não	chegará	a	lugar	nenhum,	porque	é	difícil	demais.	Difícil	demais	não</p><p>funciona.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Esse	não	 é	 um	problema	 gravitacional	 –	 não	 é	 impossível.	 Só	 acontece	 que</p><p>Dave	ancorou-se	a	uma	solução	que	não	pode	funcionar.</p><p>Melanie	 dava	 aulas	 de	 sociologia	 numa	 pequena	 faculdade	 e	 estava</p><p>impressionada	 com	 os	 campos	 de	 inovação	 e	 empreendimento	 social	 em</p><p>expansão	que	 estavam	 transformando	 o	 que	 organizações	 sem	 fins	 lucrativos</p><p>podiam	alcançar	usando	 ideias	vindas	do	mundo	dos	negócios	e	do	capital	de</p><p>risco.	 Sabendo	 que	 os	 alunos	 estavam	 bastante	 interessados	 em	 novas</p><p>abordagens	de	impacto	social,	ela	começou	a	lecionar	um	curso	e	a	patrocinar</p><p>projetos	 de	 inovação	 social.	 Correu	 tudo	 muito	 bem,	 mas	 queria	 fazer	 ainda</p><p>mais.	Ela	sonhava	em	causar	um	impacto	duradouro	na	faculdade	e	pensou	em</p><p>fundar	um	novo	Instituto	de	Inovação	Social.</p><p>Tudo	de	que	precisava	eram	15	milhões	de	dólares	para	investir	e	fazer	tudo</p><p>da	 maneira	 certa.	 Começou	 então	 a	 tarefa	 de	 arrecadar	 os	 fundos.	 Ela</p><p>desenvolveu	a	sua	estratégia	e	uma	apresentação	incrível.	Os	alunos	adoraram.</p><p>Os	administradores	apoiaram.	O	departamento	orçamentário	detestou.</p><p>Como	a	maioria	das	pequenas	universidades,	 a	de	Melanie	não	 tinha	muito</p><p>dinheiro	 e	 tinha	 dificuldade	 de	 continuar	 funcionando	 bem.	 Sua	 lista	 de	 ex-</p><p>alunos	não	 era	 cheia	 de	 bilionários	 e	 o	 departamento	orçamentário	 guardava</p><p>zelosamente	 seu	 relacionamento	 com	 os	 principais	 doadores	 recrutados	 pela</p><p>universidade.	Melanie	recebeu	uma	longa	lista	com	os	nomes	dos	doadores	de</p><p>peso,	incluindo	individuais	e	fundações,	que	ela	deveria	evitar.	Ela	estava	livre</p><p>para	abordar	nomes	que	não	constavam	na	lista,	mas	só	isso.</p><p>Foi	um	retrocesso	e	tanto,	mas	o	sonho	de	Melanie	merecia	seu	tempo,	então</p><p>ela	 partiu	 para	 cima.	 Você	 imagina	 o	 resto.	 Ela	 fez	 contatos	 e	 apresentou	 o</p><p>projeto	 sem	 parar	 por	 dois	 anos,	 sem	 chegar	 a	 lado	 algum.	 Conseguiu</p><p>assinaturas	para	alguns	 compromissos,	mas	era	pouco.	Doadores	 substanciais</p><p>eram	interceptados	pelo	departamento	orçamentário	para	outras	coisas.	A	meta</p><p>de	 Melanie	 continuava	 totalmente	 fora	 de	 alcance.	 Sem	 acesso	 aos	 poucos</p><p>doadores	estratégicos	da	faculdade,	nunca	levantaria	os	15	milhões.</p><p>Ela	estava	empacada.	Mas	não	precisava	estar.</p><p>Melanie	 acreditava	 que	 seu	 problema	 era	 arrecadar	 15	milhões	 de	 dólares</p><p>para	financiar	seu	instituto	de	inovação	social.	Mas	este	não	era	o	seu	problema;</p><p>era	só	a	primeira	 ideia	que	 teve	para	solucionar	seu	problema,	e	ela	 ficou	 tão</p><p>ancorada	pela	ideia	que	ficou	presa	ao	fracasso.	Chegamos	a	mencionar	que	ela</p><p>estava	ficando	deprimida	com	tanta	rejeição,	que	suas	aulas	estavam	sofrendo</p><p>com	a	distração	da	 arrecadação	de	 fundos	 e	 que	 seus	 colegas,	 já	 cansados	de</p><p>ouvir	 os	 lamentos	 monetários	 de	 Melanie,	 começaram	 a	 evitá-la?	 Veja	 bem,</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>quando	você	se	ancora	a	uma	solução	ruim,	as	coisas	só	pioram	com	o	tempo.</p><p>O	 problema	 de	 Melanie	 era	 ela	 querer	 causar	 um	 impacto	 profundo	 na</p><p>faculdade	através	da	inovação	social	–	não	o	financiamento	de	um	instituto.	Ela</p><p>cometeu	 o	 clássico	 erro	 de	 pular	 em	 uma	 solução	 rápido	 demais.	 Com	 ajuda,</p><p>Melanie	 se	 libertou	 adotando	uma	mentalidade	de	designer,	 lembrando-se	de</p><p>qual	era	realmente	o	seu	problema	e	explorando	alguns	protótipos.	Ela	notou</p><p>que	havia	 tido	 a	 ideia	 deste	 instituto	 (e	 sua	 fatura	de	15	milhões	de	dólares)</p><p>sozinha	 e	 num	 só	 dia,	 sem	 nunca	 ter	 considerado	 alternativas.	 Ela	 aplicou	 a</p><p>mentalidade	 curiosa	 à	 situação	 e	 continuou	 com	mais	 investigações</p><p>Adoram	Problemas</p><p>Olhe	à	 sua	volta.	Repare	no	 seu	escritório	ou	na	 sua	 casa	a	 cadeira	onde	está</p><p>sentado,	o	tablet	ou	celular	que	tem	na	mão.	Tudo	ao	nosso	redor	foi	criado	por</p><p>alguém.	 E	 todas	 as	 criações	 começaram	 com	 um	 problema.	 O	 problema	 de</p><p>precisar	carregar	uma	mala	de	CDs	para	ouvir	muita	música	é	a	razão	pela	qual</p><p>você	pode	escutar	três	mil	faixas	em	um	minúsculo	objeto	quadrado	no	bolso	de</p><p>sua	camisa.	É	por	causa	de	um	problema	que	seu	telefone	cabe	perfeitamente	na</p><p>palma	da	sua	mão,	ou	que	a	bateria	do	seu	laptop	aguenta	por	cinco	horas,	ou</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>que	o	som	do	seu	despertador	é	de	passarinhos	piando.	O	som	irritante	de	um</p><p>despertador	 pode	 parecer	 insignificante,	 mas	 foi	 suficiente	 para	 aqueles	 que</p><p>não	 queriam	 começar	 o	 seu	 dia	 com	 o	 som	 desagradável	 de	 um	 despertador</p><p>tradicional.	 Problemas	 são	 a	 razão	 pela	 qual	 casas	 têm	 água	 corrente	 e</p><p>isolamento	térmico.	A	canalização	foi	criada	por	causa	de	um	problema.	Escovas</p><p>de	dente	foram	criadas	por	causa	de	um	problema.	Cadeiras	foram	inventadas</p><p>porque	alguém,	em	algum	lugar,	quis	resolver	um	problema	bem	sério:	sentar-</p><p>se	em	pedra	causa	dor	no	traseiro.</p><p>Há	 uma	 diferença	 entre	 problemas	 de	 design	 e	 de	 engenharia.	 Nós	 dois,</p><p>autores	 deste	 livro,	 temos	 diplomas	 em	 engenharia,	 uma	 boa	 maneira	 de</p><p>resolver	um	problema	se	você	 tiver	muitos	dados	e	a	 certeza	de	uma	solução</p><p>ideal.	Bill	trabalhou	no	projeto	das	dobradiças	dos	primeiros	laptops	da	Apple	e</p><p>a	 solução	 que	 ele	 e	 sua	 equipe	 encontraram	 fez	 destes	 laptops	 os	 mais</p><p>confiáveis	 do	 mercado.	 A	 solução	 exigiu	 muitos	 protótipos	 e	 muitos	 testes</p><p>semelhantes	 ao	 processo	 de	 design,	 mas	 o	 objetivo	 de	 criar	 dobradiças	 que</p><p>durariam	cinco	anos	(ou	que	pudessem	abrir	e	fechar	dez	mil	vezes)	era	claro,	e</p><p>sua	 equipe	 testou	 várias	 soluções	 mecânicas	 até	 que	 conseguiram	 o	 que</p><p>planejavam.	Uma	vez	 feito	 isso,	a	 solução	poderia	ser	 reproduzida	milhões	de</p><p>vezes.	Foi	um	bom	problema	de	engenharia.</p><p>Compare	 isso	 com	 o	 problema	 de	 criar	 o	 primeiro	 laptop	 com	 o	 mouse</p><p>embutido.	Construir	um	laptop	que	precisava	estar	ligado	a	um	mouse	externo</p><p>era	 inaceitável,	 já	 que	 os	 computadores	 da	 Apple	 dependiam	 do	mouse	 para</p><p>fazer	quase	 tudo.	O	problema	aqui	era	de	design.	Não	havia	precedentes	para</p><p>orientar	 o	 design,	 nem	um	 objetivo	 fixo	 ou	 predeterminado,	 só	muitas	 ideias</p><p>surgindo	 pelo	 laboratório.	 Foram	 feitos	 vários	 testes	 diferentes,	 mas	 nada</p><p>funcionava.	Foi	então	que	apareceu	um	engenheiro	chamado	Jon	Krakower.	Jon</p><p>tinha	andado	às	voltas	com	trackballs[*]	em	miniatura	e	teve	a	ideia	estranha	de</p><p>empurrar	o	teclado	do	laptop	para	mais	perto	da	tela,	deixando	um	espaço	para</p><p>o	pequeno	dispositivo	de	 cursor.	Essa	 acabou	 sendo	a	 grande	descoberta	que</p><p>todos	esperavam	e	faz	parte	do	visual	dos	computadores	da	Apple	desde	então.</p><p>[1]</p><p>A	estética,	ou	o	visual	das	coisas,	é	outro	exemplo	óbvio	de	um	problema	sem</p><p>solução	 determinada	 no	 qual	 os	 designers	 podem	 trabalhar.	 Por	 exemplo,</p><p>existem	 muitos	 carros	 esportivos	 de	 alto	 desempenho	 no	 mundo	 e	 todos</p><p>parecem	 igualmente	 velozes,	 mas	 um	 Porsche	 e	 uma	 Ferrari	 são	 muito</p><p>diferentes.	 Ambos	 são	 excelentes	 construções,	 ambos	 contêm	 peças	 quase</p><p>idênticas,	mas	trazem	um	apelo	estético	completamente	distinto.	Os	designers</p><p>de	 cada	 empresa	 tomam	 extremo	 cuidado	 com	 cada	 curva	 e	 cada	 linha,	 cada</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>farol	e	grade,	mas	tomam	decisões	bastante	diferentes.	Cada	empresa	trabalha	à</p><p>sua	 maneira:	 uma	 Ferrari	 tem	 o	 visual	 impetuoso	 italiano	 e	 o	 Porsche,	 uma</p><p>sensibilidade	exata	e	germânica.	Os	designers	passam	anos	estudando	a	estética</p><p>para	 fazer	 estes	 produtos	 industriais	 parecerem	 uma	 escultura	móvel.	 É	 por</p><p>isso,	 de	 certo	 forma,	 que	 a	 estética	 é	 o	maior	 problema	 do	 design.	 A	 estética</p><p>envolve	emoções	humanas	–	e	nós	descobrimos	que	o	pensamento	de	design	é	o</p><p>melhor	recurso	pra	resolver	problemas	quando	se	trata	de	emoções	humanas.</p><p>Ao	encararmos	o	problema	de	ajudar	nossos	alunos	a	terminar	a	faculdade	e</p><p>entrar	na	vida	adulta	produtivos	e	felizes	–	para	tentarem	descobrir	o	que	raios</p><p>fazer	da	vida	–,	sabíamos	que	o	pensamento	de	design	seria	a	melhor	maneira</p><p>de	resolver	esse	problema	específico.	Projetar	a	vida	não	envolve	um	objetivo</p><p>claro,	 como	 criar	 dobradiças	 que	 durem	 cinco	 anos	 ou	 construir	 uma	 ponte</p><p>gigantesca	e	segura;	esses	problemas	são	de	engenharia:	é	possível	obter	dados</p><p>concretos	e	desenvolver	a	melhor	solução.</p><p>Quando	 você	 deseja	 um	 resultado	 (um	 laptop	 realmente	 portátil,	 um	 carro</p><p>esportivo	com	design	sensual	ou	uma	vida	bem	projetada),	mas	não	encontra</p><p>uma	 solução	 clara,	 deve	 buscar	 ideias	 malucas,	 experimentar	 o	 inusitado,</p><p>improvisar	e	continuar	a	construir	o	caminho	em	frente	até	aparecer	algo	que</p><p>funcione.	 Você	 reconhece	 a	 solução	 ao	 encontrá-la,	 seja	 ela	 as	 linhas</p><p>harmoniosas	de	uma	Ferrari	ou	o	design	ultraportátil	de	um	MacBook	Air.	Um</p><p>grande	 design	 nasce	 de	 uma	 forma	 que	 não	 se	 pode	 resolver	 com	 equações,</p><p>planilhas	e	análise	de	dados.	Tem	um	visual	e	uma	sensação	únicos,	uma	linda</p><p>estética	que	te	atrai.</p><p>Sua	vida	bem	projetada	 terá	um	visual	e	uma	sensação	únicos	 também,	e	o</p><p>pensamento	 de	 design	 irá	 ajudá-lo	 a	 resolver	 os	 problemas	 de	 design	 da	 sua</p><p>própria	vida.	Tudo	que	torna	nosso	cotidiano	mais	fácil,	mais	produtivo	e	mais</p><p>prazeroso	foi	criado	por	causa	de	um	problema	e	também	porque	um	designer</p><p>ou	 uma	 equipe	 de	 designers	 em	 algum	 canto	 do	 mundo	 buscou	 resolver	 o</p><p>problema.	Os	espaços	em	que	vivemos,	 trabalhamos	e	 relaxamos	 foram	 todos</p><p>projetados	 para	 melhorar	 nossas	 vidas,	 nosso	 trabalho	 e	 nosso	 lazer.	 Em</p><p>qualquer	 lugar	 do	 nosso	 mundo	 externo,	 vemos	 o	 que	 acontece	 quando</p><p>designers	atacam	problemas.</p><p>Vemos	os	resultados	do	pensamento	de	design.</p><p>E	 você	 verá	 os	 resultados	 do	 pensamento	 de	 design	 em	 sua	 própria	 vida.</p><p>Design	 não	 existe	 apenas	 para	 criar	 coisas	 bacanas,	 como	 computadores	 e</p><p>Ferraris;	 ele	 também	 funciona	 para	 criar	 uma	 vida	 bacana.	 Você	 pode	 usar	 o</p><p>pensamento	 de	 design	 para	 criar	 uma	 vida	 significativa,	 alegre	 e	 satisfatória.</p><p>Não	importa	quem	você	é	ou	foi,	no	que	trabalha	ou	trabalhou,	quão	jovem	ou</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>velho	você	é	–	você	pode	usar	a	mesma	lógica	usada	para	criar	as	tecnologias,	os</p><p>produtos	e	os	espaços	mais	 incríveis	para	projetar	a	sua	carreira	e	a	sua	vida.</p><p>Uma	 vida	 bem	 projetada	 é	 uma	 vida	 geradora:	 é	 constantemente	 criativa,</p><p>produtiva,	dinâmica,	está	sempre	evoluindo	e	as	 surpresas	são	sempre	possíveis.</p><p>Você	 ganha	 mais	 do	 que	 gasta	 com	 ela.	 Há	 muito	 mais	 do	 que	 uma	 rotina</p><p>repetitiva	em	uma	vida	bem	projetada.</p><p>Como	Nós	Sabemos?</p><p>Tudo	começou	com	um	almoço.</p><p>Na	 verdade,	 tudo	 começou	 quando	 estudávamos	 na	 Universidade	 de</p><p>Stanford,	 na	 década	 de	 1970	 (Dave	 um	 pouco	 antes	 que	 Bill).	 Foi	 lá	 que	 Bill</p><p>descobriu	 o	 design	 de	 produto	 e	 a	 empolgante	 trajetória	 profissional	 que	 o</p><p>curso	abria.	Quando	criança,	ele	costumava	desenhar	carros	e	aviões	debaixo	da</p><p>máquina	de	costura	de	sua	avó,	e	só	se	 formou	em	design	de	produto	porque</p><p>descobriu	(para	sua	enorme	surpresa)	que	havia	pessoas	no	mundo	que	faziam</p><p>esse	 tipo	 de	 coisa	 todos	 os	 dias,	 e	 eram	 chamadas	 designers.	 Como	 diretor</p><p>executivo	do	Departamento	de	Design	em	Stanford,	Bill	ainda	está	desenhando</p><p>e	 construindo	 coisas	 (já	 saiu	 de	 baixo	 da	 máquina	 de	 costura),	 dirigindo	 os</p><p>programas	de	 graduação	 e	 pós-graduação	 em	design	 e	 ensinando	na	d.school</p><p>(The	Hasso	Plattner	Institute	of	Design,	um	centro	multidisciplinar	de	inovação</p><p>em	Stanford,	onde	todas	as	aulas	são	baseadas	no	processo	de	pensamento	de</p><p>design).	Bill	também	trabalhou	em	start-ups	e	em	grandes	empresas,	incluindo</p><p>sete	anos	na	Apple,	projetando	laptops	premiados	(e	aquelas	dobradiças),	além</p><p>de	vários	anos	na	indústria	de	brinquedos,</p><p>antes	 de</p><p>encontrar	exatamente	o	que	tentava	fazer.</p><p>Ela	decidiu	 formular	uma	pergunta	 interessante	e	 falar	com	muitas	pessoas</p><p>no	campus.	Ela	começou	a	entrevistar	líderes	do	campus,	perguntando:	“De	que</p><p>maneira	a	inovação	social	pode	integrar	a	nossa	faculdade	e	por	onde	devemos</p><p>começar?”	 Ela	 teve	 um	 monte	 de	 ótimas	 conversas	 e	 ideias.	 As	 pessoas</p><p>sugeriram	 dormitórios	 temáticos,	 programação	 alternativa	 nos	 feriados,</p><p>estágios	de	férias	e	um	novo	currículo	de	projetos	de	trabalhos	de	conclusão	de</p><p>curso.	Havia	muitas	maneiras	de	causar	um	impacto	institucional	na	faculdade</p><p>sem	 ter	 que	 começar	 (e	 financiar)	 um	 novo	 instituto.	 Claro,	 o	 instituto	 seria</p><p>muito	mais	 bacana	 e	maior	 e	mais	 sexy	 e	 talvez	 gerasse	 ainda	mais	 impacto,</p><p>mas	era	quase	impossível.	As	outras	ideias	eram	muito	mais	baratas	e	também</p><p>envolviam	mais	apoiadores	novos,	portanto	Melanie	não	estava	mais	sozinha	no</p><p>campus.	 Ela	 formou	 uma	 equipe	 que	 juntava	 alunos	 e	 professores	 e	 eles</p><p>resolveram	 que	 um	 dormitório	 com	 o	 tema	 de	 inovação	 social	 era	 a	 melhor</p><p>ideia.</p><p>Então	 fizeram	 o	 protótipo.	 Primeiro	 veio	 um	 levantamento	 de	 todos	 os</p><p>dormitórios	 temáticos	para	ver	o	que	 funcionava	ou	não.	No	processo,	eles	se</p><p>reuniram	 com	 alunos	 que	 gostaram	 da	 nova	 ideia.	 A	 equipe	 convidou	 esses</p><p>alunos	 para	 formar	 um	 clube	 no	 campus	 como	 um	 primeiro	 passo.	 O	 clube</p><p>funcionou	por	dois	anos	para	testar	projetos,	infiltrar	a	ideia	dentro	da	cultura</p><p>do	 campus	 e	 criar	 credibilidade.	 Em	 seguida,	 quatro	 membros	 do	 clube</p><p>candidataram-se	 conjuntamente	 para	 serem	 assistentes	 residentes	 no	mesmo</p><p>dormitório	 e	 obtiveram	 permissão	 do	 administrador	 do	 dormitório	 para</p><p>começar	um	programa	piloto	de	 inovação	social	no	ano	seguinte.	Correu	 tudo</p><p>perfeitamente	e	o	programa	foi	renovado	no	ano	seguinte.	No	ano	subsequente,</p><p>o	 dormitório	 foi	 oficialmente	 escolhido	 para	 o	 programa	 de	 inovação	 social,</p><p>Melanie	 tornou-se	 orientadora	 do	 dormitório,	 e	 o	 vice-presidente	 do</p><p>alojamento	estudantil	tornou-se	o	mais	ferrenho	defensor	do	programa.</p><p>Ao	 reformular	 o	 problema,	 usando	 curiosidade,	 protótipos	 e	 um	 pouco	 de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>colaboração	 radical,	Melanie	 causou	uma	mudança	 permanente	 na	 cultura	 do</p><p>campus	 e	 no	 sistema	 de	 alojamentos.	 Ela	 criou	 um	 impacto	 duradouro	 na</p><p>instituição	sem	ter	que	financiar	um	instituto.</p><p>John	 também	 tinha	 um	 problema-âncora.	 Ele	 sonhava	 em	 descer	 o	 Grand</p><p>Canyon	 de	mula	 desde	 que	 ouvira	 falar	 dessa	 viagem	quando	 era	 escoteiro	 e</p><p>prometeu	a	si	mesmo	que	o	faria	um	dia.	Aí	a	vida	atrapalhou	seus	planos:	ele</p><p>tinha	 que	 começar	 uma	 carreira	 e	 uma	 família.	 Sem	 problema	 –	 ele	 faria	 a</p><p>viagem	com	a	mulher	e	os	 filhos	e	 criaria	uma	 fantástica	memória	de	 família.</p><p>Mas,	quando	chegou	a	hora	em	que	John	podia	pagar	aquelas	férias	para	a	sua</p><p>família	de	cinco,	ele	havia	crescido	também	em	tamanho	e	agora	pesava	100kg.</p><p>O	 limite	 de	 peso	 para	 o	 passageiro	 da	 mula	 era	 de	 80kg.	 A	 cada	 primavera</p><p>durante	cinco	anos,	John	entrava	numa	dieta	para	tentar	baixar	o	peso	para	79</p><p>quilos	e	poder	fazer	a	viagem	no	verão.	Um	ano	foi	até	96,	outro	ano,	94.	Uma</p><p>vez	foi	até	93	(bem...	95,	completamente	vestido,	com	uma	garrafa	d’água).	Seus</p><p>filhos	 estavam	 ficando	 mais	 velhos	 e	 já	 tinham	 planos	 diferentes	 que	 não</p><p>envolviam	passar	três	dias	com	os	pais	montados	em	mulas.	Nunca	aconteceu.</p><p>Essa	memória	de	família	não	existe.</p><p>John	ancorou-se	à	sua	ideia	de	solução.	Tinham	que	ser	levados	por	mulas.	Se</p><p>ele	 desse	 um	 passo	 atrás	 e	 reconhecesse	 que	 esta	 solução,	 embora	 não</p><p>impossível,	 estava	 levando	 muito	 tempo	 para	 se	 realizar	 e	 não	 tinha	 boas</p><p>chances	de	sucesso,	poderia	 tê-la	salvado.	Ele	poderia	 ter	reformulado	a	 ideia</p><p>de	“Fazer	a	Grande	Viagem	do	Grand	Canyon	de	Mula”	a	“Ver	o	Grand	Canyon</p><p>Todo”.	Havia	muitas	maneiras	diferentes	de	fazê-lo	–	helicóptero,	canoa,	a	pé.	As</p><p>chances	que	John	tinha	em	treinar	com	sucesso	para	a	subida	e	descida	na	trilha</p><p>era	dez	vezes	melhor	que	suas	chances	de	fazer	a	balança	chegar	aos	80kg.</p><p>A	 moral	 das	 histórias	 de	 Dave,	 Melanie	 e	 John	 é	 esta:	 não	 transforme	 um</p><p>problema	factível	num	problema-âncora	ao	se	agarrar	irrevogavelmente	a	algo</p><p>que	 não	 funciona.	 Reformule	 a	 solução	 para	 outras	 possibilidades,	 faça</p><p>protótipos	 dessas	 ideias	 (por	 exemplo,	 faça	 passeios-teste)	 e	 se	 solte.</p><p>Problemas-âncora	nos	empacam	porque	só	conseguimos	enxergar	uma	solução</p><p>–	aquela	que	 já	conhecemos	e	que	não	 funciona.	Problemas-âncora	não	dizem</p><p>respeito	 somente	 à	 nossa	 abordagem	 atual	 e	 fracassada.	 Na	 verdade,	 dizem</p><p>respeito	ao	medo	de	que,	não	importa	o	que	tentemos,	nada	mais	funciona,	e	aí</p><p>teremos	 de	 admitir	 que	 estamos	 permanentemente	 empacados	 –	 ou	 seja,</p><p>estamos	ferrados	–	e	é	melhor	estar	empacado	do	que	ferrado.	Às	vezes	é	mais</p><p>confortável	se	agarrar	à	nossa	abordagem	familiar	e	fracassada	do	que	arriscar</p><p>um	fracasso	ainda	maior	tentando	grandes	mudanças	que	achamos	necessárias</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>para	eliminá-lo.	Este	é	um	comportamento	humano	paradoxal,	porém	comum.</p><p>As	mudanças	são	sempre	incertas	e	não	há	garantia	de	sucesso,	não	importa	o</p><p>quanto	você	tente.	Ser	medroso	faz	sentido.	A	maneira	de	avançar	é	reduzir	o</p><p>risco	 (e	 o	medo)	 de	 fracassar	 criando	 uma	 série	 de	 protótipos	 para	 testar	 as</p><p>águas.	Tudo	bem	se	falharem	–	devem	falhar	–,	mas	protótipos	bem	projetados</p><p>podem	ensinar	muito	sobre	o	futuro.</p><p>Os	 protótipos	 reduzem	 a	 sua	 ansiedade,	 propõem	questões	 interessantes	 e</p><p>proporcionam	dados	sobre	o	potencial	da	mudança	que	você	quer	realizar.	Um</p><p>dos	 princípios	 de	 pensamento	 em	 design	 é	 querer	 “fracassar	 logo	 e	 seguir</p><p>adiante”.	 Quando	 você	 empacar	 em	 um	 problema-âncora,	 tente	 reformular	 o</p><p>desafio	como	uma	exploração	de	possibilidades	(em	vez	de	tentar	resolver	seu</p><p>enorme	 problema	 num	 único	 e	 miraculoso	 passo)	 e	 experimente	 criar	 uma</p><p>série	 de	 protótipos	 pequenos	 e	 seguros	 da	modificação	 que	 deseja.	 Isso	 deve</p><p>ajudar	a	largar	a	âncora	e	levar	uma	abordagem	mais	criativa	para	o	problema.</p><p>Falaremos	mais	de	protótipos	no	Capítulo	6.</p><p>Antes	de	deixar	o	tópico	dos	problemas-âncora	de	lado,	precisamos	explicar</p><p>como	 esses	 diferem	dos	 problemas	 de	 gravidade	mencionados	 no	 Capítulo	 1.</p><p>São	dois	tipos	de	problemas	bastante	desagradáveis	que	mantêm	gente	atolada,</p><p>mas	 diferem	 em	 natureza.	 O	 problema-âncora	 é	 um	 problema	 real,	 apenas</p><p>difícil.	 É	 acionável	 –	 porém	 nos	 prendemos	 a	 ele	 por	 tanto	 tempo	 ou	 tantas</p><p>vezes	 que	 nos	 parece	 intransponível	 (que	 é	 a	 razão	 pela	 qual	 tal	 problema</p><p>precisa	 ser	 reformulado	 e	 reaberto	 com	 novas	 ideias,	 depois	 diminuído	 de</p><p>tamanho	por	meio	de	protótipos).	Problemas	de	gravidade	não	são	problemas</p><p>de	 verdade.	 São	 circunstâncias	 que	 você	 não	 pode	mudar.	Não	 existe	 solução</p><p>para	um	problema	gravitacional	–	somente	aceitação	e	redirecionamento.	Você</p><p>não	 pode	 desafiar	 as	 leis	 da	 natureza,	 nem	 viver	 num	 mundo	 onde	 poetas</p><p>ganham	um	milhão	de	dólares	por	ano.	Os	designers	de	vida	sabem	que,	se	um</p><p>problema	 não	 é	 acionável,	 não	 pode	 ser	 resolvido.	 Designers	 podem	 ser</p><p>talentosos	em	reformulação	e	invenção,	mas	sabem	que	não	podem	confrontar</p><p>as	leis	da	natureza	ou	do	mercado.</p><p>Estamos	aqui	para	desemperrá-lo.</p><p>Queremos	que	tenha	um	monte	de	ideias	e	opiniões.</p><p>Quando	você	tem	muitas	ideias,	pode	construir	protótipos	da	sua	vida	e	testá-</p><p>los.	É	o	que	fazem	os	designers	de	vida.</p><p>Mapeamento	da	Mente	Com	Seu	Diário	dos	Bons</p><p>Momentos</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Se	 você	 ainda	não	 fez	 seu	Diário	 dos	Bons	Momentos	 no	último	 capítulo,	 por</p><p>favor,	 volte	 e	 faça-o	 agora;	 vai	 precisar	 dele	 para	 este	 exercício.	 Iremos	 criar</p><p>três	 mapas	 da	 mente	 distintos,	 cada	 um	 com	 pelo	 menos	 três	 ou	 quatro</p><p>camadas	e	uma	dúzia	de	elementos	no	perímetro	externo	do	anel.</p><p>Mapa	da	Mente	1	–	Engajamento</p><p>No	seu	Diário	dos	Bons	Momentos,</p><p>escolha	uma	das	áreas	de	maior	 interesse</p><p>para	 você	 ou	 uma	 atividade	 durante	 a	 qual	 você	 participou	 com	 afinco	 (ex.:</p><p>fazer	 o	 orçamento	 ou	 apresentar	 uma	 nova	 ideia)	 e	 coloque-a	 no	 centro	 do</p><p>mapa.	Depois	desenhe	um	monte	de	conceitos	e	palavras	interligadas,	usando	a</p><p>técnica	de	mapeamento	da	mente.</p><p>Mapa	da	Mente	2	–	Energia</p><p>No	seu	Diário	dos	Bons	Momentos,	 escolha	algo	que	 realmente	dá	energia	no</p><p>trabalho	e	na	vida	(ex.:	aulas	de	arte,	dar	retorno	aos	colegas,	plano	de	saúde,</p><p>manter	as	coisas	funcionando	direito)	e	use	para	mapear	a	mente.</p><p>Mapa	da	Mente	3	–	Fluxo</p><p>No	 seu	 Diário	 dos	 Bons	 Momentos,	 escolha	 uma	 das	 experiências	 de	 fluxo,</p><p>ponha	a	experiência	no	centro	do	mapa	e	complete	o	mapeamento	deste	estado</p><p>(ex.:	falar	para	um	grupo	grande	ou	pensar	em	ideias	criativas).</p><p>Agora	 que	 você	 fez	 estes	 três	 mapas	 da	 mente,	 vamos	 inventar	 uma	 vida</p><p>interessante,	se	não	necessariamente	prática,	para	cada	um.</p><p>1.	Olhe	 para	 o	 círculo	 externo	 de	 cada	 um	 dos	 seus	 mapas	 e	 escolha	 três	 elementos</p><p>díspares	que	chamem	a	sua	atenção.	Você	saberá	quais	são	intuitivamente.</p><p>2.	Agora,	tente	combinar	estes	três	itens	em	uma	possível	descrição	de	emprego	que	você</p><p>acharia	 divertido	 e	 interessante	 e	 que	 seria	 útil	 para	 outras	 pessoas	 (não	 precisa	 ser</p><p>algo	prático	ou	interessante	para	muita	gente	ou	empregadores).</p><p>3.	Dê	 um	 nome	 ao	 seu	 cargo	 e	 faça	 um	 esboço	 num	 guardanapo	 de	 papel	 (um	 rápido</p><p>desenho	 do	 que	 é	 visualmente),	 como	 o	 que	 mostramos	 aqui.	 Por	 exemplo,	 quando</p><p>Grant	 (que	estava	definhando	na	agência	de	aluguel	de	automóveis)	 fez	este	exercício</p><p>baseado	 nas	 vezes	 em	 que	 estava	 engajado	 na	 vida	 (passeando	 na	 floresta,	 jogando</p><p>beisebol,	ajudando	os	sobrinhos),	acabou	desenhando	um	esboço	de	si	no	comando	de</p><p>um	Acampamento	de	Piratas	Surfistas	para	Crianças.</p><p>4.	 Faça	 este	 exercício	 três	 vezes	 –	 uma	 para	 cada	 um	 de	 seus	 mapas	 da	 mente	 –</p><p>certificando-se	de	que	são	diferentes	um	do	outro.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>E	Agora?</p><p>Você	deve	estar	pensando:	“Isso	é	ótimo!	Essas	são	mesmo	ideias	muito	bacanas</p><p>que	posso	com	certeza	utilizar!”	Se	for	assim,	ótimo,	mas	não	é	garantido	e	nem</p><p>é	o	que	costuma	acontecer.</p><p>Ou...	você	pode	ter	completado	a	tarefa	e	agora	dizer	a	si	mesmo:	“Bem,	que</p><p>besteira!	Qual	é	o	propósito	de	produzir	essa	quantidade	absurda	de	ideias	sem</p><p>sentido?”	 Se	 isso	 é	 você,	 então	 não	 aproveitou	 o	 exercício	 como	 deveria.	 O</p><p>objetivo	todo	era	deixar	o	julgamento	de	lado	e	acalmar	o	seu	crítico	interno.	Se</p><p>não	 acalmou,	 você	 provavelmente	 achou	 o	 exercício	meio	 besta.	 Se	 é	 o	 caso,</p><p>bem-vindo	 ao	 clube	 de	 pessoas	 espertas	 e	 modernas	 tentando	 fazer	 o	 que	 é</p><p>certo	 (que	 é	 obter	 a	 resposta	 certa	 imediatamente).	 Dê	 outra	 olhada	 no	 seu</p><p>trabalho	 e	 tente	 vê-lo	 por	 outro	 lado,	 ou	 volte	 e	 tente	 de	 novo	 alguns	 dias</p><p>depois.</p><p>Ou	você	agora	pode	estar	pensando:	“Bem,	foi	muito	divertido	e	interessante,</p><p>mas	não	sei	bem	o	que	estou	aprendendo	com	 isto.”	Se	 isso	parece	com	você,</p><p>está	 indo	muito	 bem.	O	 objetivo	 deste	 exercício	 não	 é	 produzir	 um	 resultado</p><p>específico;	é	deixar	a	sua	mente	viajar	e	imaginar	sem	julgamentos.	Ao	fazer	o</p><p>exercício	até	o	fim,	chegando	a	imaginar	como	combinar	elementos	em	funções</p><p>ou	tarefas	surpreendentes,	você	passou	com	sucesso	da	necessidade	de	resolver</p><p>problemas	 (o	que	 fazer?)	 para	 a	 área	 do	 pensamento	 de	 design	 (o	 que	 posso</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>imaginar?).	 Agora	 você	 está	 trabalhando	 com	mentalidade	 de	 designer	 e	 está</p><p>pondo	no	papel	um	monte	de	ideias	importantes	num	formato	criativo.</p><p>É	hora	de	começar	a	tarefa	de	inovar	três	vidas	alternativas	reais.</p><p>É	hora	para	os	seus	Planos	de	Odisseia.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Mapear	a	Mente</p><p>1.	 Releia	 o	 seu	 Diário	 dos	 Bons	 Momentos	 e	 observe	 atividades	 nas	 quais	 esteve</p><p>engajado,	energizado	e	no	fluxo.</p><p>2.	 Escolha	 uma	 atividade	 em	 que	 esteve	 engajado,	 uma	 atividade	 que	 tenha	 lhe</p><p>deixado	altamente	energizado,	e	algo	que	o	deixou	em	estado	de	fluxo	e	desenhe</p><p>três	mapas	mentais,	um	para	cada	atividade.</p><p>3.	 Olhe	para	o	círculo	externo	de	cada	mapa,	escolha	três	coisas	que	lhe	chamem	a</p><p>atenção	e	crie	uma	descrição	de	trabalho	para	elas.</p><p>4.	 Crie	um	cargo	para	cada	descrição	de	trabalho	e	faça	um	esboço	num	guardanapo</p><p>de	papel.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>V</p><p>5</p><p>Projete	Suas	Vidas</p><p>ocê	é	uma	legião.	Cada	um	de	nós	é	muitos.	A	vida	que	você	está	vivendo</p><p>agora	é	apenas	uma	de	muitas	vidas	que	viverá.	Não,	não	estamos	falando</p><p>de	reencarnação	ou	nada	que	tenha	implicações	religiosas.	A	verdade	nua	e	crua</p><p>é	que	você	vai	viver	muitas	vidas	diferentes	em	uma	vida	só.	Se	você	não	está</p><p>muito	confortável	com	a	vida	que	vive	atualmente,	não	se	preocupe:	o	design	de</p><p>vida	 lhe	 dá	 segundas	 chances	 frequentemente.	 Você	 pode	 recomeçar	 em</p><p>qualquer	ponto,	em	qualquer	hora.	É	sempre	permitido	ser	café	com	leite.</p><p>Trabalhando	 com	 adultos	 de	 várias	 idades,	 descobrimos	 que	 as	 pessoas</p><p>erram	 (independentemente	de	 idade,	 educação	ou	 carreira)	 ao	pensar	que	 só</p><p>precisam	 ter	um	plano	 para	 as	 suas	 vidas	 e	 tudo	 será	 tranquilo.	 Se	 fizerem	 a</p><p>escolha	certa	(a	melhor,	verdadeira,	única	escolha),	eles	terão	uma	planta	do	que</p><p>serão,	do	que	farão	e	como	viverão.	É	uma	abordagem	careta	de	vida,	mas,	na</p><p>verdade,	a	vida	é	mais	abstrata,	aberta	a	muitas	interpretações.</p><p>Chung	estava	estressado.	Ele	havia	estudado	muito	em	todos	os	seus	anos	na</p><p>UC	 Berkeley	 e	 estava	 se	 formando	 com	 destaque.	 Ele	 queria	 fazer	 pós-</p><p>graduação	mais	tarde,	mas	antes	queria	ter	alguma	experiência	na	sua	profissão</p><p>de	 escolha	 para	 aproveitar	 ao	máximo	 a	 pós-graduação	 e	 começar	 a	 carreira</p><p>rapidamente.	 Para	manter	 as	 suas	 opções	 em	 aberto,	 Chung	 candidatou-se	 a</p><p>seis	 estágios	 diferentes,	 variando	 de	 um	 a	 três	 anos	 de	 duração.	 Então	 algo</p><p>terrível	aconteceu:	ele	passou	para	quatro	dos	seis	estágios,	incluindo	suas	três</p><p>escolhas	 prioritárias.	 O	 terrível	 não	 foi	 passar,	 foi	 o	 que	 aconteceu	 depois:</p><p>indecisão	total.	Ele	não	fazia	ideia	do	que	fazer	ou	de	como	resolver	o	clássico</p><p>problema	de	não	saber	o	que	fazer.</p><p>Ele	estava	totalmente	despreparado	para	passar	nas	três	opções	principais	e,</p><p>para	exacerbar	o	problema,	elas	eram	completamente	diferentes	uma	da	outra.</p><p>Uma	era	 ensinar	na	Ásia	 rural,	 outra	 era	 trabalhar	 com	assistência	 legal	 para</p><p>uma	ONG	belga	 contra	 escravidão	 e	 outra	 era	 fazer	 pesquisas	 num	 centro	 de</p><p>saúde	em	Washington	D.C.	Eram	todas	ótimas,	mas	qual	escolher?</p><p>Chung	sabia	que	essa	era	uma	decisão	incrivelmente	crucial,	porque	o	estágio</p><p>determinaria	 sua	pós-gradução,	 e	 a	pós-graduação	direcionaria	 sua	 carreira	 e</p><p>aquele	seria	o	seu	caminho	na	vida.	Se	ele	não	acertasse,	arriscaria	acabar	com</p><p>uma	vida	de	segunda	categoria.	Mas	ele	não	sabia	qual	era	a	primeira.	Ele	não</p><p>sabia	qual	era	a	melhor.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Chung	 estava	 cometendo	 um	 erro	 muito	 comum.	 Achava	 que	 havia	 uma</p><p>maneira	perfeita	de	viver	e	que	precisava	saber	qual	era	ou	estaria	escolhendo</p><p>uma	 opção	 pior.	Não	 é	 verdade.	Nós	 todos	 temos	 energia,	 talento	 e	 interesse</p><p>suficientes	 para	 viver	 muitos	 tipos	 diferentes	 de	 vida,	 todas	 as	 quais	 com	 o</p><p>potencial	 de	 ser	 autênticas,	 interessantes	 e	 produtivas.	 Perguntar	 qual	 vida	 é</p><p>melhor	é	besteira,	como	perguntar	se	é	melhor	ter	mãos	ou	pés.</p><p>Quando	 Chung	 chegou	 ao	 nosso	 escritório,	 Dave	 perguntou:	 “Se	 você	 está</p><p>tendo	tanta	dificuldade	para	escolher,	tem	certeza	de	que	precisa?	Você	gostaria</p><p>de	 fazer	 os	 três	 estágios,	 um	 depois	 do	 outro?”	 Chung	 respondeu:	 “Adoraria!</p><p>Mas	posso?	Como	vão	me	deixar	fazer	os	três?”</p><p>“É	só	perguntar.	Não	custa	nada	perguntar.”</p><p>Ele	 perguntou	 e,	 para	 sua	 enorme	 surpresa,	 duas	das	 organizações	podiam</p><p>esperar,	ou	seja,	ele	poderia	 fazer	os	três	estágios	nos	próximos	cinco	anos	se</p><p>quisesse.</p><p>Chung	entendeu,	finalmente,	que	a	razão	pela	qual	não</p><p>conseguia	decidir	qual</p><p>era	 o	 melhor	 estágio	 era	 que	 um	 não	 era	 melhor	 que	 o	 outro.	 Havia	 três</p><p>possibilidades	ótimas	e	 totalmente	diferentes	à	sua	 frente.	Neste	momento	da</p><p>sua	vida,	ele	podia	experimentar	os	três	–	e	foi	o	que	fez.</p><p>Claro,	o	que	acabou	acontecendo	foi	algo	que	Chung	nunca	havia	 imaginado</p><p>de	todo.	Durante	seu	primeiro	estágio,	o	de	dois	anos,	ele	manteve	contato	com</p><p>seus	amigos	de	faculdade,	conversando	por	Skype	com	regularidade.	Depois	de</p><p>uns	nove	meses,	todos	eles	estavam	descontentes	e	desiludidos	com	a	vida	pós-</p><p>faculdade,	exceto	Chung.	Não	era	muita	surpresa.	Deixar	a	universidade	é	bem</p><p>estressante	e	o	próprio	Chung	estava	tendo	certas	dificuldades	no	trabalho,	mas</p><p>era	diferente	do	que	todos	os	outros	sentiam.	Chung	havia	aprendido	design	de</p><p>vida.	 Ele	 tinha	 ferramentas	 que	 podia	 usar	 e	 aceitava	 que	 havia	mais	 de	 um</p><p>caminho	 feliz	que	podia	 seguir.	 Seus	amigos	não	 tinham	esta	 confiança,	 então</p><p>Chung	 começou	 a	 ajudar	 cada	 um	 a	 descobrir	 o	 que	 fazer.	 Ele	 adorava	 fazer</p><p>aquilo.	 Na	 verdade,	 ele	 adorava	 tanto,	 que	 decidiu	 investigar	 como	 podia</p><p>prestar	 este	 tipo	 de	 assistência	 em	 tempo	 integral.	 Imediatamente	 após	 o</p><p>primeiro	 estágio,	 cancelou	 os	 dois	 seguintes	 e	 entrou	 na	 pós-graduação	 para</p><p>estudar	orientação	vocacional.	Depois	de	finalmente	aceitar	que	havia	ao	menos</p><p>três	grandes	carreiras	que	poderia	viver,	ele	descobriu	uma	quarta.	É	o	tipo	de</p><p>coisa	que	acontece	quando	se	para	de	tentar	“acertar”	e	se	começa	a	projetar	o</p><p>caminho	em	frente.</p><p>Crença	Disfuncional:	Eu	preciso	descobrir	a	melhor	vida	possível,	fazer	um	plano	e</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>executá-lo.</p><p>Reformulação:	Existem	várias	vidas	(e	planos)	ótimas	em	mim	e	eu	posso	escolher</p><p>com	qual	construir	meu	caminho.</p><p>Assuma	Suas	Diferentes	Personalidades</p><p>Uma	das	formas	mais	poderosas	de	projetar	a	sua	vida	é	projetar	as	suas	vidas.</p><p>Não,	não	batemos	com	a	cabeça	e	não	foi	um	erro	de	digitação.	Vamos	pedir	que</p><p>você	imagine	e	ponha	no	papel	três	versões	diferentes	dos	próximos	cinco	anos</p><p>da	sua	vida.	 Isso	é	o	que	chamamos	de	Planos	de	Odisseia.	Sabemos	que	você</p><p>tem	ao	menos	três	possibilidades	viáveis	e	profundamente	distintas,	quer	que</p><p>três	 variações	 interessantes	 dos	 seus	 próximos	 cinco	 anos	 apareçam</p><p>imediatamente	na	 sua	cabeça	ou	não.	Todos	nós	 temos.	Todas	as	milhares	de</p><p>pessoas	 com	 quem	 trabalhamos	 provaram	 que	 estamos	 corretos.	 Todos	 nós</p><p>levamos	muitas	vidas	dentro	de	nós.	Certamente	sempre	temos	três	ao	mesmo</p><p>tempo.	 Evidentemente,	 só	 podemos	 ver	 uma	 de	 cada	 vez,	 mas	 queremos</p><p>imaginar	muitas	 variações	 para	 escolher	 de	 forma	 produtiva	 e	 criativa.	 Pode</p><p>parecer	 uma	 tarefa	 assustadora	 imaginar	 três	 planos	 diferentes,	 mas	 você</p><p>consegue.	 Todos	 aqueles	 com	 quem	 trabalhamos	 conseguiram,	 então	 você</p><p>também	 consegue.	 Talvez	 já	 tenha	 um	 plano	 preferido	 em	mente.	 Tudo	 bem.</p><p>Você	pode	até	estar	comprometido	com	um	plano	já	em	andamento.	Tudo	bem,</p><p>também.	Mesmo	assim,	você	ainda	precisa	desenvolver	três	Planos	de	Odisseia</p><p>alternativos.	Sério.	Algumas	das	pessoas	que	mais	aproveitaram	este	exercício</p><p>foram	aquelas	que	já	entraram	nele	com	todas	as	respostas	do	Verdadeiro	Plano</p><p>no	 lugar.	 O	 mérito	 de	 conceber	 vários	 protótipos	 paralelos	 (como	 estes	 três</p><p>Planos	 de	 Odisseia)	 foi	 confirmado	 por	 pesquisas	 da	 Pós-Graduação	 em</p><p>Educação	 de	 Stanford.	 Uma	 equipe	 encabeçada	 pelo	 professor	 Dan	 Schwartz</p><p>avaliou	dois	grupos.[1]	Um	começou	com	três	ideias	em	paralelo,	o	que	resultou</p><p>em	mais	 duas	 ideias	 a	 caminho	 da	 ideia	 final.	 O	 segundo	 time	 começou	 uma</p><p>ideia	que	 foi	 repetida	quatro	vezes.	Cada	equipe	gerou	cinco	etapas	de	 ideias,</p><p>mas	o	 time	das	paralelas	obteve	 resultados	bem	melhores	–	produzindo	mais</p><p>ideias	e	resultados	finais	claramente	melhores.	O	time	que	começou	com	só	uma</p><p>ideia	acabou	refinando	a	mesma	ideia	repetidamente,	sem	inovar.	A	conclusão	é</p><p>que	se	sua	mente	começa	com	várias	ideias	em	paralelo	não	está	comprometida</p><p>cedo	demais	com	um	só	caminho	e	permanece	mais	aberta	e	capaz	de	receber	e</p><p>conceber	mais	ideias	inovadoras.	Os	designers	sempre	souberam	disso	–	não	se</p><p>pode	começar	com	uma	só	ideia,	senão	você	acaba	empacado	nela.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Tente	não	pensar	em	seus	Planos	de	Odisseia	como	“Plano	A,	Plano	B	e	Plano</p><p>C”,	dos	quais	A	é	o	melhor	plano,	B	é	um	plano	razoável	e	C	é	o	plano	que	você</p><p>não	 quer,	 mas	 que	 aceitaria	 como	 tolerável	 se	 fosse	 realmente	 necessário.</p><p>Todos	 os	 Planos	 de	 Odisseia	 são	 Planos	 A	 porque	 são	 realmente	 possíveis	 e</p><p>realmente	 a	 sua	 cara.	 Planos	 de	 Odisseia	 são	 esboços	 de	 possibilidades	 que</p><p>podem	animar	 a	 sua	 imaginação	 e	 ajudar	 a	 escolher	 a	 direção	que	 realmente</p><p>tomará	para	começar	os	próximos	protótipos	e	a	próxima	vida.</p><p>Não	 se	 preocupe	 quanto	 a	 escolher	 qual	 vida	 alternativa	 irá	 viver.	 Temos</p><p>ótimas	ideias	e	ferramentas	para	a	difícil	tarefa	da	“escolha”	e	as	discutiremos</p><p>no	Capítulo	9.	O	critério	de	selecionar	o	que	virá	a	seguir	poderá	se	basear	em</p><p>recursos	 disponíveis	 (proximidade,	 tempo,	 dinheiro),	 coerência	 (como	 a</p><p>alternativa	 se	 relaciona	 com	sua	Visão	de	Vida	 e	Visão	de	Trabalho),	 nível	 de</p><p>convicção	 (você	acha	que	pode	 fazê-lo?)	 e	o	quanto	você	gosta	do	plano.	Mas</p><p>temos	que	começar	do	começo:	é	preciso	desenvolver	as	alternativas	primeiro.</p><p>Tantas	Vidas,	Tão	Pouco	Tempo</p><p>Chamamos	de	Planos	de	Odisseia	porque	a	vida	é	uma	odisseia	–	uma	jornada</p><p>aventureira	 para	 o	 futuro	 com	 esperanças	 e	 objetivos,	 ajudantes,	 amantes	 e</p><p>antagonistas,	 surpresas	 e	 imprevistos,	 tudo	 se	 desenrolando	 da	maneira	 que</p><p>planejamos	no	começo	e	que	 tecemos	no	caminho.	Homero[2]	 contou	a	antiga</p><p>história	 de	 Odisseu	 como	 metáfora	 para	 esta	 vida-como-aventura.	 Portanto,</p><p>agora	 queremos	 dedicar	 tempo	 para	 imaginar	 as	 diversas	maneiras	 que	 você</p><p>pode	começar	o	próximo	capítulo	da	jornada	da	sua	vida	–	a	sua	busca.</p><p>Queremos	que	você	crie	três	planos	diferentes	para	os	próximos	cinco	anos</p><p>da	 sua	 vida.	 Por	 que	 cinco	 anos?	 Porque	 dois	 anos	 é	 muito	 pouco	 (ficamos</p><p>nervosos	 quando	 não	 pensamos	 em	 tudo	 do	 que	 precisamos)	 e	 sete	 anos	 é</p><p>muito	tempo	(sabemos	que	as	circunstâncias	vão	mudar	até	lá).	Na	verdade,	se</p><p>você	ouvir	as	histórias	que	as	pessoas	contam,	a	maior	parte	das	vidas	é	vivida</p><p>como	 uma	 série	 de	 períodos	 encadeados	 de	 dois	 a	 quatro	 anos.	 Mesmo	 os</p><p>maiores	períodos	de	mais	importância	(os	anos	criando	os	filhos)	são	divididos</p><p>em	 etapas	 distintas	 de	 dois	 a	 quatro	 anos:	 os	 anos	 de	 bebê,	 os	 anos	 de	 pré-</p><p>primário,	 a	 pré-adolescência,	 os	 anos	 em	 que	 eles	 não	 falam	 com	 a	 gente,</p><p>também	conhecidos	como	a	adolescência.	Cinco	anos	cobrem	um	bom	período</p><p>de	 quatro	 com	 um	 ano	 extra	 de	 reserva.	 Depois	 de	 fazermos	 este	 exercício</p><p>milhares	de	vezes	com	pessoas	de	todas	as	idades,	estamos	convencidos	de	que</p><p>cinco	anos	são	a	medida	certa.	Experimente.</p><p>Gostaríamos	 de	 insistir	 que	 (já	 que	 não	 iremos	 dar	 notas	 ao	 seu	 dever	 de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>casa)	crie	três	versões	de	você	próprio	que	sejam	bem	diferentes	uma	da	outra.</p><p>Os	 três	planos	 lhe	darão	escolhas	reais	 (uma	 lista	de	 três	parece	muito	maior</p><p>que	uma	de	dois)	e	 irão	alongar	seus	músculos	criativos	o	bastante	para	você</p><p>saber	 que	 não	 optou	 pela	 resposta	 óbvia.	 Queremos	 que	 produza	 três</p><p>alternativas	 bem	 diferentes	 –	 não	 três	 variações	 de	 um	 tema.	 Viver	 em	 uma</p><p>comunidade	 no	 Vermont	 e	 viver	 num	 kibutz	 em	 Israel	 não	 são	 duas</p><p>alternativas;	 são	 duas	 versões	 da	 mesma	 alternativa.	 Procure	 encontrar	 três</p><p>ideias	realmente	distintas.</p><p>Sabemos	que	você	pode	fazê-lo,	pois	vimos	milhares	de	pessoas	concluindo	a</p><p>tarefa	com	sucesso,	incluindo	aquelas	que	começaram	a	coisa	toda	convencidas</p><p>de	 que	 nunca	 poderiam	 produzir	 três	 ideias	 alternativas	 sobre	 quais	 vidas</p><p>poderiam	viver.	Se	você	é	uma	destas	pessoas,	aqui	vai	uma	maneira	de	criar</p><p>rapidamente	“três	versões	da	minha	vida”.</p><p>Vida	Um	–	Aquilo	Que	Você	Faz.	Seu	primeiro	plano	é	centrado	em	volta	do	que	já</p><p>tem	em	mente	–	das	duas,	uma:	ou	uma	projeção	 futura	da	sua	vida	atual,	ou</p><p>aquela	 ideia	que	você	vem	criando	 já	há	um	tempo.	Esta	é	a	 ideia	que	você	 já</p><p>tem	–	é	boa	e	merece	atenção	neste	exercício.</p><p>Vida	 Dois	 –	 Aquilo	 Que	 Você	 Faria	 Se	 a	 Coisa	 Um	 De	 Repente	 Desaparecesse.</p><p>Acontece.	Alguns	 tipos	de	 trabalho	chegam	ao	 fim.	Ninguém	mais	 faz	chicotes</p><p>para	carruagens	nem	navegadores	de	internet.	O	primeiro	está	fora	de	época	e	o</p><p>segundo	 vem	 grátis	 com	 o	 seu	 sistema	 operacional,	 portanto,	 chicotes	 de</p><p>carruagem	e	browsers	de	internet	não	são	boas	opções	de	carreira.	Imagine	que</p><p>sua	primeira	ideia	de	vida	acaba	de	repente	ou	deixa	de	ser	uma	opção.	O	que</p><p>faria?	 Você	 precisa	 se	 sustentar.	 Você	 não	 pode	 ficar	 sem	 fazer	 nada.	 O	 que</p><p>faria?	Se	você	é	como	a	maioria	das	pessoas	com	quem	temos	falado	e	força	a</p><p>imaginação	 a	 acreditar	 que	 você	 tem	 que	 ganhar	 a	 vida	 fazendo	 outra	 coisa,</p><p>você	consegue	pensar	em	algo.</p><p>Vida	 Três	 –	 Aquilo	 que	 você	 Faria	 ou	 a	 Vida	 que	 Viveria	 se	 Dinheiro	 ou	 Imagem	 não</p><p>Fossem	Obstáculos.	 Se	 você	 soubesse	que	poderia	 ganhar	um	dinheiro	decente</p><p>com	isso	e	que	ninguém	iria	rir	ou	julgar,	o	que	você	faria?	Não	estamos	dizendo</p><p>que	 você	 de	 repente	 vai	 poder	 se	 sustentar	 com	 isso	 e	 não	 prometemos	 que</p><p>ninguém	 vá	 rir	 (embora	 raramente	 o	 façam),	 mas	 imaginar	 esta	 alternativa</p><p>pode	ser	uma	parte	bastante	útil	da	exploração	do	seu	design	de	vida.</p><p>Dave	 estava	 falando	 recentemente	 com	 um	 aluno	 de	 MBA	 que	 estava</p><p>convencido	de	que	não	tinha	três	ideias	sobre	a	sua	vida.</p><p>“Então,	o	que	você	vai	fazer?”,	Dave	perguntou	ao	jovem	MBA.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>“Quero	fazer	consultoria	de	gestão.”</p><p>“Muito	bem,	é	a	sua	Vida	Um”,	 respondeu	Dave.	 “Mas	sabe	o	quê?	Todos	os</p><p>CEOs	 no	 mundo	 se	 juntaram	 e	 concluíram	 que	 eles	 não	 obtiveram	 bons</p><p>resultados	 com	 aqueles	 bilhões	 de	 dólares	 gastos	 em	 consultoria,	 por	 isso</p><p>decidiram	 que	 iriam	 parar	 de	 comprar	 o	 serviço.	 A	 consultoria	 acabou	 de</p><p>morrer.	E	agora?”</p><p>O	MBA	estava	em	choque.	“O	quê?	Nenhuma	consultoria	mesmo?”</p><p>“Não,	nenhuma.	Você	tem	que	fazer	outra	coisa.	O	que	vai	ser?”</p><p>“Bem,	se	eu	não	puder	fazer	a	consultoria,	acho	que	gostaria	de	trabalhar	em</p><p>estratégia	ou	marketing	em	uma	grande	empresa	de	mídia.”</p><p>“Ótimo!	É	a	sua	Vida	Dois!”</p><p>Quando	 foi	 perguntado	 o	 que	 faria	 se	 dinheiro	 ou	 imagem	 não	 fossem</p><p>obstáculos	e	após	terem	lhe	garantido	de	que	ninguém	iria	rir	ou	julgar,	o	jovem</p><p>propôs	sua	Vida	Três.</p><p>“Bem,	eu	gostaria	de	entrar	no	negócio	de	distribuição	de	vinho.	Sempre	me</p><p>pareceu	um	pouco	bobo,	mas	francamente	acho	fascinante	e	adoraria	tentar.”</p><p>“Ok”,	disse	Dave,	“estas	são	as	suas	três	vidas.”</p><p>Tivemos	um	diálogo	parecido	com	pessoas	que	estavam	presas	em	uma	única</p><p>ideia	 para	 a	 vida.	 Se	 você	 não	 consegue	 pensar	 em	 três	 ideias	 rapidamente,</p><p>experimente	 essa	 abordagem	 para	 pensar	 em	 sua	 Vida	 Um,	 Vida	 Dois	 e	 Vida</p><p>Três,	e	você	possivelmente	terá	mais	ideias	do	que	precisa.</p><p>Não	empaque.	Não	pense	demais.	Mas	faça	mesmo.</p><p>É	um	exercício	que	mudará	a	sua	vida.</p><p>Literalmente.</p><p>Planejamento	de	Odisseia	101</p><p>Crie	 três	versões	alternativas	dos	próximos	cinco	anos	da	sua	vida.	Cada	uma</p><p>deve	incluir:</p><p>1.	Uma	linha	de	tempo	gráfica/visual.	Inclua	eventos	pessoais	também,	não	só	de	carreira</p><p>–	você	quer	se	casar,	treinar	para	ser	campeão	de	CrossFit	ou	aprender	como	entortar</p><p>colheres	com	poderes	mentais?</p><p>2.	Um	título	de	seis	palavras	para	cada	opção	descrevendo	a	essência	desta	alternativa.</p><p>3.	Perguntas	 que	 esta	 alternativa	 está	 fazendo	 –	 de	 preferência	 duas	 ou	 três.	 Um	 bom</p><p>designer	 sempre	 formula	 perguntas	 para	 testar	 suposições	 e	 revelar	 novas</p><p>perspectivas.	 Em	 cada	 linha	 do	 tempo	 em	 potencial,	 você	 investigará	 possibilidades</p><p>diferentes	e	aprenderá	coisas	diferentes	sobre	você	e	o	mundo.	Que	tipo	de	coisas	você</p><p>vai	querer	testar	e	explorar	em	cada	versão	alternativa	da	sua	vida?</p><p>4.	Um	painel	no	qual	pode	medir:</p><p>a.	Recursos	(você	tem	os	recursos	objetivos	–	tempo,	dinheiro,	conhecimento,	contatos</p><p>–	que	precisa	fazer	para	seu	plano	vingar?)</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>b.	Interesse	(você	está	quente,	frio	ou	morno	em	relação	ao	seu	plano?)</p><p>c.	Confiança	(você	está	confiante	ou	um	pouco	incerto	quanto	ao	sucesso	do	plano?)</p><p>d.	Coerência	(o	plano	faz	sentido?	E	é	consistente	com	a	sua	Visão	de	Trabalho	e	Visão</p><p>de	Vida?)</p><p>Considerações	possíveis</p><p>Geografia	–	onde	você	irá	morar?</p><p>Que	experiência/aprendizado	ganhará?</p><p>Quais	 impactos/resultados	 desta	 alternativa?	 Como	 será	 a	 vida?	 Você	 se	 vê	 em</p><p>qual	cargo,	indústria	ou	empresa?</p><p>Outras	ideias</p><p>Tenha	em	mente	outras	coisas,	além	de	carreira	e	dinheiro.	Ainda	que	essas	sejam</p><p>importantes,	mesmo	centrais,	para	a	direção	decisiva	de	seus	próximos	anos,	há</p><p>outros	elementos	cruciais	para	os	quais	a	atenção	é	necessária.</p><p>Qualquer	das	considerações	listadas	pode	ser	um	ponto	de	partida	para	a	formação</p><p>das	suas	vidas	alternativas	dos	próximos	cinco	anos.	Se	você	empacar,	tente	fazer</p><p>um	mapa	da	mente	a	partir	de	alguma	das	considerações	de	design	listadas.	Não</p><p>pense	demais	sobre	esse	exercício	e	não	deixe	de	fazê-lo.</p><p>Para	nós,	os	Planos	de	Odisseia	podem	definir	coisas	importantes	ainda	por</p><p>fazer	 em	 nossas	 vidas	 e	 ajudar-nos	 a	 lembrar	 os	 sonhos	 esquecidos.	 Aquele</p><p>astronauta	de	12	anos	de	idade	que	você	foi	um	dia	ainda	está	lá.	Seja	curioso	a</p><p>respeito	do	que	mais	pode	descobrir.	Tente	fazer	um	destes	planos	pelo	menos</p><p>um	 pouquinho	 doido.	 Mesmo	 sendo	 algo	 que	 você	 nunca	 faria	 em	 sã</p><p>consciência,	ponha	no	papel	a	sua	ideia	mais	louca	e	absurda.	Talvez	seja	doar</p><p>todas	 as	 suas	 posses	 e	 viver	 fora	 do	 radar	 no	Alasca	 ou	 na	 Índia.	 Talvez	 seja</p><p>fazer	aulas	de	atuação	e	tentar	o	sucesso	em	Hollywood.	Talvez	seja	tornar-se</p><p>um	 exímio	 skatista	 ou	 dedicar	 sua	 vida	 a	 esportes	 radicais.	 Ou	 talvez	 seja</p><p>pesquisar	sobre	aquele	tio-avô	há	tanto	tempo	perdido	e	preencher	as	lacunas</p><p>na	árvore	genealógica	da	família.	Você	poderá	querer	fazer	planos	alternativos</p><p>para	diferentes	áreas	da	sua	vida:	alternativas	para	a	carreira,	para	o	amor,	para</p><p>a	 saúde	 ou	 para	 o	 lazer.	 Ou	 pode	 tentar	 combinar	 estes	 elementos.	 A	 única</p><p>maneira	de	errar	é	não	fazer	nada.</p><p>As	Muitas	Vidas	de	Martha</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>O	que	se	segue	é	um	exemplo	de	três	Planos	de	Odisseia	de	uma	participante	em</p><p>uma	das	nossas	Oficinas	de	Metade	de	Carreira.	Martha	era	uma	executiva	de</p><p>tecnologia	 que	 estava	 procurando	 algo	 mais	 significativo	 para	 a	 segunda</p><p>metade	de	 sua	vida.	 Ela	pensou	em	 três	planos	bem	diferentes	para	o	 futuro,</p><p>todos	 arriscados	 e	 inovadores,	 mas	 todos	 envolvendo	 algum	 tipo	 de	 projeto</p><p>comunitário.</p><p>Seus	três	planos	eram:	começar	sua	própria	empresa	de	tecnologia,	tornar-se</p><p>CEO	 de	 uma	 ONG	 para	 ajudar	 crianças	 em	 situações	 de	 risco	 e	 abrir	 um	 bar</p><p>simpático	 e	 divertido	 em	 Haight-Ashbury,	 em	 São	 Francisco,	 onde	 morava.</p><p>Repare	que	cada	exemplo	tem	um	título	de	seis	palavras	descrevendo	o	plano,</p><p>um	painel	 com	quatro	 indicadores	 (nós	 gostamos	muito	 de	 painéis)	 e	 as	 três</p><p>perguntas	feitas	pelo	plano.</p><p>Exemplo	1</p><p>Título:	“Aposta	Total	no	Vale	do	Silício”</p><p>Perguntas</p><p>1.	 “Tenho	o	que	é	preciso	para	ser	uma	empreendedora?”</p><p>2.	 “A	minha	ideia	é	boa	o	suficiente?”</p><p>3.	 “Sou	capaz	de	conseguir	investidores?”</p><p>Exemplo	2</p><p>Título:	“Usando	o	Que	Sei	–	Ajudando	Crianças!”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Perguntas</p><p>1.	 “Será	que	minhas	habilidades	servirão	para	o	mundo	das	ONGs?”</p><p>2.	 “Será	que	poderei	ajudar	crianças	em	situação	de	risco	com	uma	ONG?”</p><p>3.	 “Será	importante?”</p><p>Exemplo	3</p><p>Título:	“Criando	Comunidades	–	Um	Copo	Por	Vez!”</p><p>Perguntas</p><p>1.	 “Estou	preparada	para	assumir	tantos	riscos?”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>2.	 “Poderei	criar	uma	comunidade	real	com	um	bar?”</p><p>3.	 “Vai	dar	dinheiro?”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Exercício	do	Plano	de	Odisseia</p><p>Agora,	 complete</p><p>três	 planos	 alternativos	 de	 cinco	 anos,	 um	em	 cada	uma	das</p><p>folhas	 disponíveis	 aqui	 (também	 disponíveis	 para	 baixar	 no	 site</p><p>www.designingyour.life).</p><p>Compartilhando	as	Três	Versões	de	Você</p><p>Vamos	pedir	que	você	compartilhe	suas	alternativas	de	Planos	de	Odisseia.	Não</p><p>fique	 histérico.	 Há	 uma	 enorme	 mágica	 em	 ter	 três	 versões	 de	 você.</p><p>Principalmente	 te	 ajuda	 a	 compreender	 que	 não	 há	 uma	 só	 resposta	 correta</p><p>para	o	que	 lhe	espera	a	 seguir.	Considere	qual	alternativa	obtém	as	melhores</p><p>avaliações	em	recursos,	carisma,	confiança	e	coerência.	Qual	versão	de	você	lhe</p><p>dá	aquela	sensação	gostosa,	animada	e	excitante?	Qual	versão	parece	exaustiva?</p><p>A	melhor	maneira	de	interagir	com	suas	alternativas	é	compartilhando-as	em</p><p>voz	alta	 com	um	grupo	de	amigos	–	 idealmente	 com	sua	equipe	de	Design	de</p><p>Vida	 (veja	o	Capítulo	11	para	mais	 informações	sobre	equipes	e	comunidade)</p><p>ou	o	grupo	com	quem	lê	este	livro,	como	sugerimos	na	Apresentação.	A	forma</p><p>mais	divertida	e	eficiente	de	passar	pelo	processo	do	design	de	vida	é	 fazê-lo</p><p>num	grupo	de	 três	a	seis	pessoas.	Pode	 funcionar	perfeitamente	 também	se	a</p><p>única	 pessoa	 fazendo	 o	 design	 de	 vida	 é	 você,	mas	 um	 grupo	 é	melhor,	 com</p><p>todos	 fazendo	o	 trabalho	 e	 apoiando	o	 design	de	 vida	 um	do	 outro.	 Pode	 ser</p><p>mais	fácil	do	que	você	pensa	encontrar	duas	a	cinco	pessoas	que	aceitem	fazer</p><p>isto	com	você.	Basta	dar	o	 livro	de	presente	para	alguns	 interessados,	marcar</p><p>encontros	para	discuti-lo	e	ver	o	que	podem	encontrar.	Pode	ser	surpreendente.</p><p>Não	estamos	falando	 isso	para	vender	mais	 livros	(embora	o	editor	 fique	feliz</p><p>com	mais	vendas!),	é	só	uma	forma	fácil	de	começar	a	conversa.</p><p>De	 qualquer	maneira,	 quer	 você	 forme	 um	Time	 de	Design	 de	 Vida	 que	 se</p><p>encontre	regularmente	ou	não,	é	bom	apresentar	seus	Planos	de	Odisseia	a	um</p><p>grupo	de	amigos	para	obter	retornos	e	 ideias.	O	melhor	é	convidar	quem	faça</p><p>perguntas	válidas,	mas	não	ofereça	críticas	nem	conselhos	não	requisitados.	As</p><p>regras	 básicas	 para	 ouvir	 são	 essas:	 diga	 aos	 seus	 ouvintes	 para	 não	 criticar,</p><p>julgar	nem	aconselhar.	Você	quer	que	recebam,	reflitam,	amplifiquem.	Encontre</p><p>duas	 a	 cinco	 pessoas	 próximas	 que	 vão	 aparecer	 sem	 falta	 para	 uma	 tarde</p><p>dedicada	 a	 ajudá-lo	 a	 projetar	 a	 sua	 vida	 (ou	 quem	estiver	 querendo	 ler	este</p><p>capítulo,	no	mínimo).	Quando	for	hora	para	perguntas,	“fale	mais	sobre...”	é	uma</p><p>ótima	abordagem	que	faz	a	pergunta	soar	encorajadora.	Se	você	realmente	não</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>http://www.designingyour.life/</p><p>quer	ou	não	consegue	encontrar	um	grupo	com	quem	compartilhar,	então	faça</p><p>um	vídeo	de	você	apresentando	seu	Plano	de	Odisseia	e	veja	como	se	não	fosse</p><p>o	autor	–	veja	o	que	tem	a	dizer	e	anote	as	suas	ideias.</p><p>Design	 de	 vida	 é	 questão	 de	 produzir	 opções	 e	 este	 exercício	 de	 projetar</p><p>múltiplas	vidas	o	guiará	até	o	que	virá	a	seguir.	Você	não	está	projetando	o	resto</p><p>da	 sua	 vida;	 está	 projetando	 o	 próximo	 passo.	 Cada	 possível	 versão	 de	 você</p><p>envolve	surpresas	e	escolhas,	cada	uma	com	consequências	identificáveis	e	não</p><p>intencionais.	Este	exercício	não	é	tanto	para	encontrar	respostas,	mas	sim	para</p><p>aceitar	e	explorar	as	perguntas,	ser	curioso	a	respeito	das	possibilidades.</p><p>Lembre-se,	há	diversas	e	grandes	vidas	dentro	de	você.</p><p>Você	é	uma	legião.</p><p>E	você	escolhe	qual	protótipo	vai	começar	a	trabalhar	a	seguir.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Plano	de	Odisseia</p><p>1.	 Crie	três	planos	alternativos	de	cinco	anos,	usando	o	modelo	apresentado.</p><p>2.	 Dê	a	cada	alternativa	um	título	descritivo	de	seis	palavras	e	anote	três	perguntas</p><p>que	surgem	desta	versão	de	você.</p><p>3.	 Complete	 cada	 indicador	 no	 painel	 –	 classificando	 cada	 alternativa	 em	 recursos,</p><p>carisma,	confiança	e	coerência.</p><p>4.	 Apresente	o	plano	a	outra	pessoa,	a	um	grupo	ou	a	seu	 time	de	Design	de	Vida.</p><p>Anote	como	cada	alternativa	o	energiza.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>C</p><p>6</p><p>Prototipagem</p><p>lara	precisava	remodelar	a	sua	vida.	Depois	de	35	anos	construindo	uma</p><p>carreira	de	sucesso	como	diretora	de	vendas	no	mundo	da	alta	tecnologia,</p><p>não	aguentava	mais.	Tudo	o	que	Clara	sabia	era	que	queria	uma	vida	que	não</p><p>exigisse	uma	quota	de	vendas	a	cada	trimestre.	Na	verdade,	ela	não	queria	ouvir</p><p>as	palavras	“quota	de	vendas”	nunca	mais.	Muitos	dos	seus	amigos	passaram	os</p><p>últimos	vinte	anos	desenvolvendo	 interesses	paralelos	–	hobbies	que	estavam</p><p>transformando	em	profissões,	interesses	criativos	que	estavam	perseguindo	em</p><p>tempo	 integral	e	 trabalho	voluntário	que	trazia	significado	e	propósito.	Todos</p><p>os	 seus	 amigos	 pareciam	 estar	 deixando	 as	 suas	 carreiras	 profissionais	 para</p><p>dedicar-se	a	outra	coisa,	mas	Clara	não	tinha	outra	coisa.	Tinha	passado	a	maior</p><p>parte	da	vida	criando	os	 filhos	como	mãe	solo	e	desenvolvendo	a	carreira	em</p><p>vendas.	 Os	 filhos	 já	 eram	 adultos	 agora,	 a	 carreira	 estava	 chegando	 ao	 fim	 e</p><p>Clara	não	fazia	ideia	de	por	onde	começar	ou	do	que	aconteceria	a	seguir.	Então</p><p>lhe	demos	uma	ajuda	para	que	começasse	exatamente	onde	estava	e	projetasse</p><p>seu	caminho	para	frente.</p><p>Os	 amigos	 de	 Clara	 vieram	 com	 muitas	 sugestões	 para	 ela,	 e	 a	 maioria</p><p>concordava	que	o	 importante	 era	 “Entrar	na	 onda!	 Se	 você	não	 tem	uma	boa</p><p>ideia,	escolha	qualquer	coisa	e	vá	nessa.	Você	é	muito	jovem	para	desistir	agora.</p><p>O	 que	 quer	 que	 faça,	 não	 fique	 entediada	 em	 casa	 –	 mergulhe	 de	 cabeça	 e</p><p>comprometa-se	com	algo”.	Esse	foi	um	conselho	fácil	de	dar,	já	que	todos	sabiam</p><p>ao	menos	como	iriam	investir	seu	tempo.	Clara,	não.	Então,	por	onde	começar?</p><p>Ela	 tomou	 uma	 grande	 decisão.	 Reconheceu	 que	 “faça	 algo”	 era	 um	 bom</p><p>conselho,	mas	“mergulhe	de	cabeça	e	comprometa-se	com	qualquer	coisa”	era</p><p>um	 conselho	 ruim,	 porque	 ela	 poderia	 facilmente	 entregar-se	 demais	 à	 coisa</p><p>errada.	 O	 que	 precisava	 fazer	 era	 encontrar	 um	 jeito	 de	 experimentar	 coisas</p><p>sem	se	comprometer	com	elas	cedo	demais.	Ela	queria	fazer	um	test-drive	com</p><p>algumas	 possibilidades,	 adquirir	 alguma	 experiência	 real,	 mas	 queria	 fazê-lo</p><p>com	água	pelos	joelhos,	não	pelo	pescoço.</p><p>Mesmo	 que	 não	 tivesse	 uma	meta	 específica	 em	mente	 para	 sua	 “carreira</p><p>bis”,	 Clara	 tinha	 uma	 possível	 área	 de	 interesse.	 Foi	 uma	 das	 primeiras</p><p>mulheres	 a	 vender	 mainframes	 na	 IBM	 e	 há	 muito	 tempo	 se	 considerava</p><p>feminista.	Ela	raciocinou:	“Tudo	bem,	ainda	há	uma	questão	em	que	vale	a	pena</p><p>trabalhar	 –	 vamos	 procurar	 algo	 que	 tenha	 a	 ver	 com	 ajudar	 as	 mulheres.”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Daquele	momento	em	diante,	estava	ativamente	pesquisando	abordagens	para</p><p>ajudar	 mulheres	 e	 ficando	 de	 olho	 em	 coisas	 que	 podia	 tentar.	 Algumas</p><p>semanas	 depois,	 estava	 na	 igreja	 assistindo	 a	 uma	 mulher	 conduzir	 uma</p><p>palestra	 sobre	 mediação	 e	 comunicação	 não	 violenta	 e	 como	 estas	 técnicas</p><p>estavam	sendo	usadas	para	ajudar	mães	com	crianças	delinquentes	e	mulheres</p><p>maltratadas	em	situações	de	violência	doméstica.	Clara	se	apresentou	à	mulher</p><p>e	 começou	 a	 fazer	 perguntas	 sobre	 o	 seu	 trabalho.	 Por	 causa	 das	 perguntas</p><p>interessantes,	foi	convidada	para	assistir	às	aulas	de	treinamento	em	mediação.</p><p>Eram	só	umas	poucas	horas	por	semana,	e	mesmo	se	ela	passasse	no	teste	final</p><p>não	 haveria	 obrigação.	 Então	 ela	 o	 fez	 para	 experimentar	 o	 que	 seria	 fazer</p><p>mediação	para	mulheres	com	problemas.	Fez	o	curso	e	recebeu	um	certificado</p><p>de	mediação.</p><p>Surgiu	 então	 uma	 oportunidade	 para	 um	 trabalho	 bastante	 difícil	 que</p><p>oferecia	 serviços	 de	 mediação	 para	 jovens	 no	 sistema	 de	 justiça.	 Só	 havia</p><p>fundos	 disponíveis	 para	 um	 ano,	 portanto,	 não	 podiam	 prometer	 por	 quanto</p><p>tempo	o	 trabalho	 iria	durar,	mas	para	Clara	estava	ótimo.	Ela	 faria	mediações</p><p>nos	 tribunais,	 nas	 escolas,	 com	 os	 pais	 e	 filhos,	 e	 também	 produziria	 uma</p><p>alternativa	ao	encarceramento	de	menores	em	risco.	Era	um	 lugar	difícil	para</p><p>começar,	 mas	 Clara	 descobriu	 que	 suas	 décadas	 lidando	 com	 vendedores</p><p>complicados	no	mundo	da	tecnologia	poderiam	torná-la	uma</p><p>boa	negociadora	e</p><p>uma	natural	 solucionadora	 de	 problemas.	 Além	disso,	 as	mães	 de	muitos	 dos</p><p>réus	 juvenis	 eram	 mães	 solo	 e	 ela	 tinha	 um	 lugar	 especial	 no	 coração	 para</p><p>aquelas	 mães	 batalhadoras.	 Clara	 se	 viu	 surpreendentemente	 atraída	 pela</p><p>oferta.	Estava	pronta	para	experimentar	–	mas	só	por	meio-período	e	até	o	final</p><p>do	ano.	Ela	ainda	estava	explorando.</p><p>Clara	continuou	procurando	maneiras	de	se	envolver	em	questões	ligadas	às</p><p>mulheres	 e	 descobriu	 a	 Fundação	 de	 Mulheres	 da	 Califórnia	 (Women’s</p><p>Foundation	of	California,	WFC).	A	WFC	não	 fazia	nada	por	conta	própria,	mas</p><p>financiava	outras	ONGs	que	estavam	voltadas	para	uma	variedade	de	assuntos</p><p>ligados	à	justiça	social	da	mulher.	Era	uma	posição	vantajosa	para	o	seu	projeto</p><p>de	exploração	e	experiências,	então	ela	entrou	em	contato	com	a	organização.	O</p><p>trabalho	 de	 mediação	 de	 Clara	 impressionou	 a	 liderança	 da	 WFC	 e	 ela	 foi</p><p>convidada	 a	 trabalhar	 com	 eles.	 Durante	 os	 três	 anos	 que	 passou	 servindo	 a</p><p>esta	 fundação,	 aprendeu	 sobre	 redação	 de	 concessão	 de	 fundos	 e	 doações	 a</p><p>entidades	 sem	 fins	 lucrativos	 e	 também	 aprendeu	 muito	 sobre	 27	 outras</p><p>organizações	que	 estavam	 trabalhando	na	 resolução	de	problemas	 sociais	 em</p><p>sua	região.</p><p>Ao	longo	do	caminho,	Clara	descobriu	que	não	queria	permanecer	ligada	ao</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>sistema	legal	como	mediadora	(apesar	da	importância	do	trabalho),	mas	que	se</p><p>sentia	cada	vez	mais	atraída	pelo	 tópico	dos	moradores	de	rua,	problema	que</p><p>atinge	as	mulheres	com	especial	intensidade.	Através	do	WFC,	ela	conheceu	um</p><p>filantropo	que	era	o	maior	benfeitor	de	abrigos	para	moradores	de	rua	na	sua</p><p>cidade.	Ele	convidou	Clara	para	se	 tornar	um	membro	do	conselho	diretor	do</p><p>abrigo	e	 foi	neste	momento	que	ela	sentiu	que	havia	encontrado	sua	“carreira</p><p>bis”.	Clara	aceitou	a	oferta	e	largou	todo	o	resto.	Agora	ela	é	uma	defensora	dos</p><p>moradores	de	rua	na	sua	cidade	e	está	preparando	um	modelo	para	solução	do</p><p>problema	em	nível	local	e	nacional.</p><p>Clara	não	começou	planejando	trabalhar	com	os	moradores	de	rua.	Sabendo</p><p>que	não	havia	encontrado	uma	missão	específica	para	dirigir	seus	passos,	criou</p><p>uma	série	de	pequenas	e	ilustrativas	experiências	e	participações	para	projetar</p><p>seu	caminho.	O	processo	para	se	tornar	uma	“defensora	dos	moradores	de	rua”</p><p>(o	 que,	 por	 sinal,	 tornou-se	 a	 sua	 paixão)	 não	 seguiu	 uma	 linha	 reta.	 Ela</p><p>projetou	a	vida	que	está	vivendo,	passo	a	passo,	pensando	como	um	designer,</p><p>construindo	seu	caminho	por	meio	de	pequenos	experimentos:	protótipos.	Ela</p><p>acreditava	 que,	 se	 continuasse	 com	 encontros	 práticos	 e	 cuidadosamente</p><p>selecionados,	encontraria	o	caminho.</p><p>Fez	aulas	de	mediação.	Trabalhou	com	menores	no	sistema	de	justiça.	Juntou-</p><p>se	à	fundação	de	mulheres.	Aprendeu	sobre	o	mundo	das	ONGs.	Participou	do</p><p>conselho	 diretor	 do	 centro	 de	 moradores	 de	 rua.	 Trabalhando,	 conhecendo</p><p>pessoas	e	escolhendo	explorar	suas	opções	por	meio	de	experiências	práticas,</p><p>em	vez	de	lendo,	pensando	ou	refletindo	em	seu	diário	sobre	o	que	deveria	ou</p><p>poderia	fazer,	Clara	encontrou	sua	“carreira	bis”.	Ela	só	foi	capaz	de	descobrir</p><p>um	futuro	até	ali	desconhecido	e	inimaginável	por	meio	do	design	de	vida.	Clara</p><p>conseguiu,	e	você	também	consegue.</p><p>Crença	 Disfuncional:	 Se	 eu	 pesquisar	 detalhadamente	 as	 melhores	 informações</p><p>sobre	todos	os	aspectos	do	meu	plano,	ficarei	bem.</p><p>Reformulação:	 Eu	 deveria	 construir	 protótipos	 para	 explorar	 questões	 sobre	 as</p><p>minhas	alternativas.</p><p>Prototipagem	–	Como	e	Por	Quê</p><p>“Construir	 é	 pensar”	 é	 uma	 frase	 que	 se	 ouve	 bastante	 no	 Departamento	 de</p><p>Design	de	 Stanford.	Quando	 esta	 ideia	 é	 acoplada	 com	a	 tendência	para	 ação,</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>muitos	 pensamentos	 e	 construções	 acontecem.	 Se	 você	 perguntar	 para	 as</p><p>pessoas	 o	 que	 elas	 estão	 fazendo,	 responderão	 que	 estão	 construindo</p><p>protótipos.	 Talvez	 estejam	 testando	 novas	 ideias	 para	 produtos,	 novas</p><p>experiências	de	consumo	ou	novos	serviços.	Em	Stanford	acreditamos	que	tudo</p><p>pode	 ser	 transformado	 em	 protótipo,	 de	 objetos	 físicos	 a	 políticas	 públicas.</p><p>Protótipos	são	 tão	cruciais	para	pensamento	de	design	que	pode	valer	a	pena</p><p>pausar	para	certificar-nos	de	que	compreendemos	o	porquê	de	prototipar	 tão</p><p>bem	quanto	o	“como”.</p><p>Quando	 você	 está	 tentando	 resolver	 um	 problema,	 qualquer	 problema,</p><p>geralmente	começa	com	o	que	sabe	sobre	o	problema:	começa	com	informação.</p><p>Você	precisa	de	dados	 suficientes	para	poder	entender	o	que	causa	o	quê	e	o</p><p>que	é	provável	que	aconteça	quando	outra	coisa	acontece.</p><p>Infelizmente,	quando	você	está	projetando	a	sua	vida,	não	dispõe	de	muitas</p><p>informações,	 especialmente	 de	 dados	 confiáveis	 sobre	 o	 seu	 futuro.	 Você</p><p>precisa	aceitar	que	este	é	o	tipo	de	problema	confuso	no	qual	a	causalidade	não</p><p>funciona.	Felizmente,	os	designers	encontraram	uma	maneira	de	pegar	o	futuro</p><p>de	jeito	com	protótipos.</p><p>Quando	 usamos	 o	 termo	 “prototipagem”	 em	 pensamento	 de	 design,	 não</p><p>falamos	de	criar	algo	para	verificar	se	a	sua	solução	é	a	certa.	Não	é	para	criar</p><p>uma	representação	do	design	acabado,	nem	produzir	uma	coisa	só	 (designers</p><p>fazem	um	monte	de	protótipos,	 nunca	 apenas	um	protótipo).	 Os	 protótipos	 do</p><p>design	de	vida	servem	para	 fazer	boas	perguntas,	exteriorizar	as	suposições	e</p><p>tendências	 latentes,	 reiterar	 rapidamente	 e	 impulsionar	 o	 caminho	 que</p><p>queremos	experimentar.</p><p>Protótipos	devem	ser	projetados	para	que	levantem	uma	questão	e	obtenham</p><p>dados	sobre	alguma	coisa	em	que	se	esteja	interessado.	Bons	protótipos	isolam</p><p>um	 aspecto	 do	 problema	 e	 projetam	 uma	 experiência	 que	 permite	 que	 você</p><p>“experimente”	 uma	 determinada	 versão	 de	 um	 futuro	 potencialmente</p><p>interessante.	Protótipos	ajudam	a	visualizar	alternativas	de	uma	forma	bastante</p><p>experimental,	o	que	permite	que	você	imagine	seu	futuro	como	se	já	o	estivesse</p><p>vivendo.	Criar	novas	experiências	por	meio	de	protótipos	dá	a	oportunidade	de</p><p>entender	como	seria	uma	nova	carreira,	mesmo	se	for	só	por	uma	hora	ou	por</p><p>um	dia.	Protótipos	ajudam	a	envolver	outros	logo	e	a	formar	uma	comunidade</p><p>de	gente	 interessada	 em	 sua	 jornada	e	 em	 seu	design	de	vida.	 Protótipos	 são</p><p>uma	ótima	maneira	de	puxarmos	conversa,	e,	em	geral,	uma	coisa	leva	à	outra.</p><p>Protótipos	frequentemente	se	transformam	em	oportunidades	inesperadas.	Por</p><p>fim,	protótipos	permitem	que	você	 tente	e	 falhe	 logo,	sem	 investir	demais	em</p><p>um	caminho	sem	ter	informações	suficientes.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Nossa	 filosofia	 torna	 sempre	 possível	 prototipar	 o	 foco	 do	 seu	 interesse.	 A</p><p>melhor	maneira	de	começar	é	manter	seus	primeiros	protótipos	bem	simples.	O</p><p>objetivo	 é	 isolar	 uma	 variável	 e	 desenhar	 um	protótipo	 que	 responda	 àquela</p><p>determinada	questão.	Use	o	que	está	disponível	ou	que	você	pode	pedir	e	esteja</p><p>preparado	 para	 reiterar	 prontamente.	 Lembre	 que	 um	 protótipo	 não	 é	 um</p><p>experimento	de	pensamento;	deve	incluir	uma	experiência	física	no	mundo.	Os</p><p>dados	 necessários	 para	 tomar	 boas	 decisões	 se	 encontram	 no	 mundo	 real	 e</p><p>prototipar	 é	 a	melhor	 forma	de	 engajar	 aquele	mundo	e	 extrair	 a	 informação</p><p>necessária	para	seguir	adiante.</p><p>Prototipar	é	também	construir	empatias	e	entendimentos.	Nosso	processo	de</p><p>prototipagem	precisa	inevitavelmente	de	colaboração,	de	trabalho	com	outros.</p><p>Todo	mundo	 está	 numa	 jornada,	 e	 seus	 encontros-protótipo	 com	 outros	 irão</p><p>revelar	os	designs	de	vida	dos	outros	e	lhe	darão	ideias	para	a	sua	própria	vida.</p><p>Portanto,	 prototipamos	 para	 formular	 boas	 perguntas,	 criar	 experiências,</p><p>revelar	 suposições,	 falhar	 rapidamente,	 apanhar	 o	 futuro	 de	 surpresa	 e</p><p>construir	empatia	para	nós	e	para	os	outros.	Quando	você	aceita	que	é	mesmo	a</p><p>única	 maneira	 de	 encontrar	 a	 informação	 de	 que	 precisa,	 prototipar	 passa	 a</p><p>constituir	 uma	 parte	 integral	 do	 seu	 processo	 de	 design	 de	 vida.	 Não	 só	 é</p><p>verdade	 que	 prototipagem	 é	 uma	 boa	 ideia;	 também	 é	 verdade	 que	 não</p><p>prototipar	é	uma	ideia	ruim	e	muito	custosa.</p><p>Devagar	e	Sempre</p><p>Elise	 não	 precisava	 prototipar	 –	 ela	 queria	 agir.	 Depois	 de	 passar	 anos</p><p>trabalhando	 em	 departamentos	 de	 recursos	 humanos	 de	 grandes	 empresas,</p><p>sentia-se	 pronta	 para	 fazer	 uma	 mudança.	 Uma	 mudança	 grande.	 Agora.	 Ela</p><p>adorava	 comida,	 especialmente	 italiana,	 e	 tinha	 adorado	 as	 experiências	 que</p><p>tivera	nos	pequenos	cafés	e	mercados	da	Toscana.	Seu	sonho	era	gerenciar	uma</p><p>grande	delicatéssen	italiana	com	um	pequeno	café	em	seu	interior	que	servisse</p><p>um	café	maravilhoso	e	autêntica	comida	toscana.	Ela	decidiu	ir	em	frente.	Tinha</p><p>dinheiro	 suficiente	 para	 começar,	 juntou	 todas	 as	 receitas	 necessárias,</p><p>pesquisou	o	melhor	 local	 para	um	negócio	perto	de	 casa	 e	 conseguiu.	Alugou</p><p>um	espaço,	 renovou-o	 totalmente,	abasteceu-o	com	os	melhores	produtos,	e	a</p><p>inauguração	 teve	 grande	 fanfarra.	 Deu	 um	 trabalho	 enorme	 e	 foi	 um	 sucesso</p><p>estrondoso.	Todos	adoraram.	Ela	estava	mais	ativa	do	que	nunca.	E	 logo,	 logo</p><p>estava	se	sentindo	péssima.</p><p>Ela	não	fez	nenhum	protótipo	da	ideia.	Ela	não	foi	descobrindo	o	futuro,	caiu</p><p>de	paraquedas	no	meio	dele.	Ela	não	havia	experimentado	o	que	seria	trabalhar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>num	café	todos	os	dias.	Não	havia	pensado	no	fato	de	que	trabalhar	num	café</p><p>não	era	o	mesmo	que	ir	a	um	café	ou	planejar	um	café.	Aprendeu	que	era	uma</p><p>ótima	designer	de	cafés	e	administradora	de	projetos	de	renovação	e	péssima</p><p>gerente	 de	 delicatéssen.	 Ela	 não	 tinha	 prazer	 em	 contratar	 pessoal</p><p>(constantemente),	 ou	 cuidar	 do	 inventário,	 ou	 encomendar	 estoque,	 isto	 sem</p><p>falar	 em	manutenção	 e	 limpeza.	 Ela	 estava	 presa	 nesta	 loja	 de	 sucesso	 e	 não</p><p>sabia	 o	 que	 fazer.	 Finalmente,	 vendeu	 o	 negócio	 e	 começou	 a	 trabalhar	 com</p><p>design	de	restaurantes,	mas	chegou	lá	por	uma	via	muito	dolorosa.</p><p>Como	podia	ter	feito	o	protótipo	da	ideia?	Ela	poderia	ter	tentado	serviços	de</p><p>bufê	 primeiro	 –	 um	negócio	 fácil	 de	 abrir	 e	 fechar	 (sem	 aluguel,	 com	poucos</p><p>funcionários,	 superportátil,	 sem	 horário	 regular).	 Poderia	 ter	 arranjado</p><p>trabalho	 servindo	 mesas	 numa	 delicatéssen	 italiana	 para	 ver	 como	 era	 o</p><p>aspecto	difícil	da	coisa	toda,	além	de	planejar	menus	sensuais.	Ela	poderia	ter</p><p>entrevistado	seis	donos	de	delicatéssens,	três	felizes	e	três	menos	felizes,	para</p><p>ver	 com	qual	dos	dois	 grupos	 se	 identificava	mais.	Encontramos	Elise	depois,</p><p>quando	ela	foi	fazer	uma	Oficina	de	Design	de	Vida	conosco.	Acabada	a	oficina,</p><p>ela	 se	 lamentava:	 “Poxa,	 se	 eu	 tivesse	 tomado	 o	 caminho	 mais	 lento	 dos</p><p>protótipos,	 teria	 ganhado	 muito	 mais	 tempo!”	 Então,	 sim,	 mesmo	 que	 esteja</p><p>com	pressa,	recomendamos	que	faça	o	protótipo	de	suas	ideias	de	vida.	Sempre</p><p>obterá	um	design	melhor	e	evitará	muitos	aborrecimentos	e	perdas	de	tempo.</p><p>Conversas-Protótipo	–	Entrevista	de	Design	de	Vida</p><p>Depois	de	se	comprometer	com	a	prototipagem	do	design	de	vida,	como	fazê-</p><p>lo?	 A	 forma	 mais	 simples	 de	 protótipo	 é	 a	 conversa.	 Iremos	 descrever	 uma</p><p>forma	 específica	 de	 prototipar	 por	 conversa,	 que	 chamamos	de	Entrevista	 do</p><p>Design	de	Vida.</p><p>Uma	 Entrevista	 de	Design	 de	 Vida	 é	 extraordinariamente	 simples.	 Significa</p><p>captar	a	história	de	alguém.	Não	de	qualquer	um	e	nem	uma	história	qualquer,</p><p>claro.	 O	 propósito	 é	 falar	 com	 alguém	 que	 faz	 e	 vive	 o	 que	 você	 está</p><p>contemplando	fazer	ou	tem	experiência	prática	e	conhecimento	na	área	sobre	a</p><p>qual	você	está	curioso.	E	a	história	que	você	procura	é	a	história	individual	de</p><p>como	a	pessoa	 chegou	 a	 fazer	 aquilo	que	 faz	 ou	 adquiriu	 a	perícia	 que	 tem	e</p><p>como	é	mesmo	fazer	o	que	ela	faz.</p><p>Você	quer	ouvir	o	que	a	pessoa	que	faz	o	que	você	poderá	fazer	um	dia	adora</p><p>ou	detesta	no	trabalho.	Você	quer	saber	como	a	pessoa	passa	seus	dias	e	então</p><p>você	quer	ver	se	pode	se	imaginar	fazendo	este	trabalho	–	e	gostando	de	fazê-lo</p><p>–	por	meses	e	anos	sem	fim.	Além	de	perguntar	às	pessoas	sobre	seus	trabalhos</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>e	vidas,	você	também	será	capaz	de	descobrir	como	chegaram	lá	–	seu	plano	de</p><p>carreira.	A	maioria	das	pessoas	fracassa	não	por	falta	de	talento,	mas	por	falta</p><p>de	 imaginação.	 Você	 pode	 obter	muitas	 informações	 no	 ato	 de	 sentar-se	 com</p><p>alguém	e	 ouvir	 sua	 história.	 Isto	 é	 a	 Entrevista	 de	Design	 de	Vida.	 Clara	 teve</p><p>muitas	conversas	do	tipo,	o	que	a	ajudou	muito.	Elisa	não	teve	quase	nenhuma,</p><p>o	que	lhe	custou	imensamente.</p><p>A	primeira	coisa	a	saber	sobre	a	Entrevista	de	Design	de	Vida	é	o	que	ela	não</p><p>é:	uma	entrevista	de	emprego.	Se	você	reparar	no	meio	de	uma	Entrevista	de</p><p>Design	de	Vida	que	está	respondendo	perguntas	ou	falando	ao	seu	respeito	em</p><p>vez	de	obter	a	história	da	pessoa	com	que	está,	pare	e	volte.	Isto	é	crucial.	Se	a</p><p>pessoa	com	quem	está	 falando	percebe	 incorretamente	que	o	encontro	é	uma</p><p>entrevista	de	emprego,	então	é	um	desastre,	e	sua	entrevista	falhou	ou	falhará.</p><p>É	 uma	 questão	 de	mentalidade.	 Pense	 no	 seguinte:	 quando	 alguém	 acha	 que</p><p>você	está	procurando	trabalho,	a	primeira	coisa	que	tem	em	mente,	na	verdade,</p><p>não	 tem	 nada	 a	 ver	 com	 você.	 Ele	 está	 pensando:	 “Temos	 uma	 vaga	 para</p><p>oferecer?”	 Geralmente	 a	 resposta	 é	 não.	 Então,	 na	maioria	 das	 vezes	 em	 que</p><p>você	está	tentando	marcar	uma	reunião	e	a	outra	pessoa	pensa	que	você	quer</p><p>um	emprego,	você	recebe	o	“não”.	Pode	parecer	uma	rejeição	fria	e	presunçosa,</p><p>mas	é	na	verdade	o	gesto	de	apoio	mais	gentil	que	alguém	pode	fazer.	Se	de	fato</p><p>você	está	buscando	emprego	e	aquela	pessoa	não	tem	o	que	oferecer	ou	não	é</p><p>influente	no	processo	de	contratação,	o	melhor	que	ela	pode	 fazer	por	você	é</p><p>liberá-lo	para	encontrar	outra	oportunidade	que	seja	realmente	útil	para	você.</p><p>Não	parece	um	ato	de	bondade	(e	a	maioria	das	pessoas	não	encara	a	rejeição</p><p>muito	bem),	mas	é	de	fato.</p><p>Se	a	resposta	à	primeira	pergunta	for	“Sim,	temos	uma	vaga”,	então	a	segunda</p><p>pergunta	é	“Ela	se	encaixa	aqui?”.	A	mentalidade	em	uma	entrevista	de	emprego</p><p>é	de	crítica	e	julgamento	e	esta	não	é	a	mentalidade	que	procuramos	se	estamos</p><p>atrás	de	uma	história	interessante	e	uma	ligação	pessoal.</p><p>Na	verdade,	a	Entrevista	de	Design	de	Vida	não	é	realmente	uma	“entrevista”,</p><p>só	 uma	 conversa.	 Então,	 quando	 estiver	 tentando	 marcar	 um	 encontro	 com</p><p>alguém,	não	use	o	termo	“entrevista”	porque	a	pessoa	irá	supor	que	o	que	tem</p><p>em	mente	é	uma	entrevista	de	emprego	(a	não	ser	que	você	seja	um	jornalista,	o</p><p>que	 também	deixará	a	pessoa	nervosa,	por	outros	motivos).	Tudo	o	que	você</p><p>está	 fazendo	aqui	 é	 identificar	pessoas	que	estão	 trabalhando	atualmente	nas</p><p>coisas	 que	 você	 tem	 interesse	 em	 fazer	 e	 cujas	 histórias	 você	 quer	 ouvir.	 É</p><p>muito	mais	fácil	do	que	parece.	Assim	que	você	determina	que	Anna	é	uma	boa</p><p>pessoa	 fazendo	 um	 trabalho	 muito	 interessante,	 vocês	 têm	 algo	 em	 comum:</p><p>ambos	 acham	 que	 ela	 e	 o	 que	 ela	 faz	 são	 assuntos	 incríveis!	 A	 essência	 do</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>pedido	desta	conversa	é:	“Olá,	Anna,	que	bom	entrar	em	contato	com	você.	John</p><p>disse	 que	 você	 era	 a	 pessoa	 com	 que	 eu	 precisava	 falar.	 Estou	 muito</p><p>impressionada	 com	 o	 que	 conheço	 do	 seu	 trabalho	 e	 adoraria	 ouvir	 a	 sua</p><p>história.	Será	que	você	teria	30	minutos	disponíveis	para	um	café,	no	lugar	e	na</p><p>hora	 que	 forem	 mais	 convenientes	 para	 você,	 para	 que	 eu	 possa	 saber	 um</p><p>pouco	mais	sobre	a	sua	experiência?”	É	mais	ou	menos	 isso,	mesmo.	(E	sim,	é</p><p>importante	 mencionar	 John,	 o	 respeitado	 amigo	 e	 colega	 de	 Anna,	 se	 for</p><p>possível.	 John	é	o	 sujeito	 cuja	 referência	 fez	 toda	a	diferença	no	 seu	encontro</p><p>com	 Anna	 e	 no	 interesse	 dela	 em	 tomar	 um	 café	 com	 você.	 Existem	 muitas</p><p>Annas	 no	mundo	 que	 aceitarão	 o	 café	mesmo	 sem	 a	 referência	 de	 John,	mas</p><p>funciona	bem	melhor	com	uma	referência.	Falaremos	mais	sobre	referências	no</p><p>Capítulo	 8.	 Chama-se	 rede	 de	 contatos.	 Sim,	 você	 precisa	 disso	 para	 fazer	 o</p><p>design	de	vida	eficientemente.	Falaremos	no	assunto	mais	adiante.)</p><p>Experiências	de	Prototipagem</p><p>Conversas-protótipo	 são	 ótimas,	 incrivelmente	 informativas	 e	 fáceis</p><p>de</p><p>encontrar.	Mas	você	vai	querer	mais	do	que	apenas	histórias	para	obter	dados</p><p>na	produção	do	seu	design	de	vida.	Você	quer	realmente	experimentar	o	que	é	–</p><p>observando	 os	 outros	 trabalhando	 ou,	 melhor	 ainda,	 fazendo	 você	 mesmo.</p><p>Experiências-protótipo	nos	permitem	aprender	por	meio	de	um	encontro	direto</p><p>com	uma	possível	versão	futura	de	nós.	Esta	versão	experimental	pode	incluir</p><p>seguir	de	perto	um	profissional	que	você	gostaria	de	ser	(visitando	o	emprego</p><p>de	um	amigo)	ou	uma	semana	em	um	projeto	exploratório	criado	por	você,	sem</p><p>remuneração,	 ou	 um	 estágio	 de	 três	 meses	 (um	 estágio	 de	 três	 meses</p><p>obviamente	 requer	 um	 investimento	mais	 substancial	 e	maior	 compromisso).</p><p>Se	 você	 já	 conduziu	 uma	 boa	 quantidade	 de	 conversas-protótipo	 usando	 o</p><p>sistema	de	Entrevistas	de	Design	de	Vida,	então	deve	ter	encontrado	gente	pelo</p><p>caminho	que	você	gostaria	de	observar	ou	seguir	de	perto.	Então	esta	variedade</p><p>de	protótipos	deve	ser-lhe	bem	acessível.	Você	só	precisa	pedir	–	e,	não	esqueça,</p><p>pessoas	adoram	ser	úteis.	A	maior	parte	das	pessoas	com	quem	trabalhamos	se</p><p>surpreende	 com	 o	 grau	 de	 sucesso	 dessas	 Entrevistas	 de	 Design	 de	 Vida.	 As</p><p>pessoas	 com	 quem	 se	 encontram	 parecem	 gostar	 imensamente	 de	 fazê-las.</p><p>Pedir	para	seguir	alguém	de	perto	é	uma	proposta	muito	maior	que	meia	hora</p><p>num	 café,	 mas,	 depois	 de	 uma	 dúzia	 de	 conversas-protótipo,	 você	 estará</p><p>preparado	para	 fazer	um	pedido	maior.	Tente	–	mesmo	que	 tenha	que	 tentar</p><p>mais	de	uma	vez.	Há	muito	o	que	aprender	aqui.</p><p>Criar	 experiências-protótipo	 práticas,	 nas	 quais	 você	 realmente	 faz	 e	 não</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>somente	 ouve	 ou	 vê,	 é	 um	 desafio	 ainda	maior.	Mas	 vale	muito	 o	 esforço	 de</p><p>botar	as	mãos	na	massa	e	realmente	descobrir	como	você	se	encaixa	em	algo.</p><p>Você	não	compraria	um	carro	sem	testá-lo	primeiro,	compraria?	Mas	 fazemos</p><p>isso	o	tempo	todo	com	mudanças	de	emprego	e	de	vida.	Parece	absurdo	quando</p><p>paramos	 para	 refletir.	 Pense	 em	 todas	 as	 nossas	 ideias	 que	 Elise	 poderia	 ter</p><p>tentado	antes	de	tornar-se	proprietária	e	abrir	uma	delicatéssen	–	coisas	como</p><p>abrir	 um	 serviço	 de	 bufês	 ou	 procurar	 um	 emprego	 temporário	 servindo</p><p>mesas?	Estes	são	os	tipos	de	ideias	que	você	deve	buscar.	Conceber	este	tipo	de</p><p>experiências-protótipo	 é	 um	 verdadeiro	 trabalho	 de	 design	 e	 vai	 exigir	 a</p><p>produção	de	montes	de	ideias.	Portanto,	agora	é	uma	boa	hora	de	apresentar	o</p><p>brainstorming,	 uma	 técnica	 colaborativa	 para	 encontrar	 montes	 de	 ideias.</p><p>Vamos	nessa.</p><p>Brainstorming	para	Prototipagem</p><p>Releia	os	Planos	de	Odisseia	que	fez	no	capítulo	passado.	Tomara	que	tenham</p><p>acendido	 a	 centelha	 de	 algumas	 versões	 futuras	 de	 você	 que	 gostaria	 de</p><p>explorar	e	que	agora	você	tenha	questões	que	precisam	de	resposta.	Como	será</p><p>trabalhar	para	uma	empresa	menor	depois	de	anos	em	uma	empresa	enorme?</p><p>Qual	será	a	diferença	entre	gerenciar	uma	fazenda	orgânica	e	passar	um	verão</p><p>trabalhando	numa	fazenda	como	voluntário?	O	que	os	vendedores	fazem	o	dia</p><p>inteiro	mesmo?	Preste	atenção	na	versão	coerente,	agradável	e	empolgante,	e</p><p>que	você	tem	alguma	confiança	que	pode	fazer,	do	seu	Plano	de	Odisseia.	Quais</p><p>são	as	suas	perguntas?	O	que	gostaria	de	entender	melhor	ao	prototipar	a	sua</p><p>experiência?</p><p>Esse	 é	 o	 desafio	 a	 que	 nos	 vamos	 dirigir	 ao	 prototipar	 algumas	 ideias	 por</p><p>meio	do	brainstorming.</p><p>Todo	mundo	já	fez	algo	chamado	brainstorming.	É	um	termo	usado	e	abusado</p><p>para	descrever	tudo,	desde	um	exercício	estruturado	de	criatividade	até	sentar</p><p>à	 volta	 da	mesa	 trocando	 ideias.	Brainstorming,	 uma	 técnica	 de	 produção	 de</p><p>ideias	criativas	e	fora	dos	parâmetros	convencionais,	 foi	apresentado	por	Alex</p><p>Osborn	em	Applied	Imagination,	um	livro	publicado	em	1953.	Ele	descreveu	um</p><p>método	de	gerar	ideias	baseado	em	duas	regras:	gerar	uma	grande	quantidade</p><p>de	ideias	sem	se	preocupar	com	qualidade	e	deixar	o	 julgamento	de	lado	para</p><p>que	 os	 participantes	 não	 censurem	 as	 ideias.	 Desde	 essa	 primeira	 descrição,</p><p>brainstorming	 tornou-se	 uma	 forma	 popular	 de	 gerar	 ideias	 e	 inovações	 e</p><p>assumiu	muitas	formas,	mas	todas	ainda	obedecem	às	duas	regras	de	Osborn.</p><p>A	forma	mais	comum	é	o	brainstorming	em	grupo.	Um	grupo	de	 indivíduos,</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>geralmente	 de	 quatro	 a	 seis,	 se	 reúne,	 seleciona	 uma	 pergunta	 central	 ou</p><p>problema	para	abordar	e	passa	um	período	de	20	minutos	a	uma	hora	gerando</p><p>a	maior	quantidade	possível	de	 ideias	para	resolver	o	problema	formulado	na</p><p>pergunta	 central.	 A	 meta	 é	 produzir	 ideias	 que	 possam	 ser	 prototipadas	 e</p><p>testadas	no	mundo	real.</p><p>O	brainstorming	 requer	um	grupo	de	pessoas	com	vontade	de	ajudar	e	que</p><p>tem	 alguma	 prática	 com	 a	 técnica.	 Não	 é	 fácil	 encontrar	 bons	 brainstormers,</p><p>mas,	 uma	 vez	 que	 você	 conta	 com	 um	 bom	 grupo,	 pode	 fazer	 bastante</p><p>progresso	gerando	boas	 ideias	que	quer	prototipar.	Como	os	grandes	músicos</p><p>de	 jazz	 improvisam,	 bons	 brainstormers	 aprendem	 a	 concentrar-se	 em	 um</p><p>tópico,	 mas	 podem	 também	 se	 desprender,	 agir	 com	 rapidez	 e	 improvisar,</p><p>produzindo	ideias	verdadeiramente	originais.	É	preciso	prática	e	atenção,	mas</p><p>no	 instante	 em	 que	 você	 começar	 a	 dominar	 a	 técnica	 do	 brainstorming	 no</p><p>design	de	vida,	nunca	mais	ficará	sem	ideias.</p><p>O	brainstorming	no	design	de	vida	tem	quatro	etapas	e	uma	abordagem	bem</p><p>estruturada	para	o	surgimento	de	ideias	prototipáveis.	Geralmente,	se	você	é	o</p><p>facilitador	 que	 reúne	 todo	 o	 grupo,	 já	 deve	 ter	 enquadrado	 o	 tópico	 do</p><p>brainstorming.	 É	 preciso	 um	 time	 de	 pelo	 menos	 três	 e	 no	 máximo	 seis</p><p>integrantes	voluntários.	Quando	o	grupo	se	encontrar,	a	sessão	deve	proceder</p><p>como	se	segue:</p><p>1.	Formulando	Uma	Boa	Pergunta</p><p>É	importante	formular	uma	boa	pergunta	para	uma	sessão	de	brainstorming.	O</p><p>facilitador	utiliza	o	processo	de	produzir	a	pergunta	como	uma	forma	de	focar	a</p><p>energia	do	grupo.	Para	formular	uma	pergunta,	o	facilitador	deverá	estar	ciente</p><p>de	certas	diretrizes.</p><p>Se	a	pergunta	não	é	aberta,	você	não	obterá	resultados	muito	 interessantes</p><p>nem	 muito	 volume.	 Aqui,	 nós	 tendemos	 a	 começar	 as	 nossas	 sessões	 de</p><p>brainstorming	com	a	frase	“Em	quantas	maneiras	podemos	pensar	para...”	para</p><p>assegurar-nos	 de	 que	 não	 limitamos	 a	 potencial	 produção	 de	 ideias.	 Clara</p><p>poderia	 ter	 organizado	 a	 sua	 sessão	 de	brainstorming	 em	 torno	 da	 pergunta:</p><p>“Em	quantas	maneiras	podemos	pensar	para	viver	a	experiência	de	causar	um</p><p>impacto	 no	 empoderamento	 da	 mulher?”	 Antes	 de	 entrar	 na	 pós-graduação,</p><p>Chung	 poderia	 ter	 convocado	 uma	 sessão	 de	 brainstorming	 com	 a	 pergunta:</p><p>“Quais	 são	 as	 funções	 do	 orientador	 vocacional	 e	 quais	 encontros	 podemos</p><p>imaginar	 que	 revelarão	 o	 que	 realmente	 significa	 fazer	 cada	 uma	 dessas</p><p>funções?”</p><p>Você	 também	 precisa	 ter	 cuidado	 para	 não	 incluir	 a	 sua	 solução</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>acidentalmente	na	pergunta.	Isso	acontece	o	tempo	todo	com	alguns	clientes	de</p><p>Bill.	Querem	fazer	o	brainstorming	com	“dez	novas	maneiras	de	construir	uma</p><p>escada	para	o	armazém”.	Não	é	uma	boa	forma	de	fazer	a	pergunta,	porque	uma</p><p>escada	é	a	solução	(e	eles	só	querem	dez	ideias).	Uma	melhor	formulação	seria</p><p>pôr	o	foco	na	função	da	escada:	“Quantas	maneiras	podemos	pensar	para...	dar</p><p>às	pessoas	acesso	aos	lugares	altos?”	ou	“Em	quantas	maneiras	podemos	pensar</p><p>para	 conseguir	mobilidade	 tridimensional	 no	 armazém?”	Estas	perguntas	não</p><p>supõem	 que	 escadas	 são	 a	 única	maneira	 de	 resolver	 o	 problema	 e	 abrem	 o</p><p>espaço	para	respostas	mais	criativas	(drones,	talvez?).</p><p>Também	tome	cuidado	para	não	formular	a	pergunta	de	forma	tão	ampla	que</p><p>possa	 perder	 o	 significado.	 Nós,	 por	 vezes,	 nos	 sentamos	 em	 sessões	 de</p><p>brainstorming	 cuja	 pergunta	 é:	 “Em	 quantas	 formas	 podemos	 pensar	 para...</p><p>fazer	 Bob	 feliz?”	 Esta	 pergunta	 vaga	 é	 falha	 por	 duas	 razões:	 para	 começar,</p><p>“felicidade”	 quer	 dizer	 muitas	 coisas	 diversas	 para	 diferentes	 pessoas.	 E	 a</p><p>psicologia	positiva	nos	diz	que	 felicidade	é</p><p>dependente	de	contexto;	portanto,</p><p>sem	um	contexto	–	tal	como	trabalho	ou	vida	social	–,	ninguém	sabe	por	onde</p><p>começar.	Sem	algum	tipo	de	limitação,	essas	sessões	de	brainstorming	tendem	a</p><p>gerar	ideias	que	não	são	nem	prototipáveis	nem	satisfatórias.</p><p>Na	maior	parte	do	tempo,	quando	nos	dizem	que	“o	nosso	brainstorming	não</p><p>funcionou”,	 descobrimos	 que	 formularam	 uma	 pergunta	 ruim:	 que	 já	 tinha</p><p>suposta	uma	solução	ou	que	era	tão	vaga	que	não	conseguiu	tração	para	gerar</p><p>ideias.	 Fique	 de	 olho	 nisso	 quando	 começarem	 nossas	 quatro	 etapas	 de</p><p>brainstorming.</p><p>2.	Aquecendo</p><p>As	pessoas	precisam	de	uma	 transição	do	seu	dia	de	 trabalho	cheio	e	agitado</p><p>para	 um	 estado	 de	 atenção	 criativa	 e	 relaxada	 se	 pretendem	 fazer	 um	 bom</p><p>trabalho	com	o	brainstorming.	Para	isso,	precisam	de	apoio	e	de	uma	atividade</p><p>transicional	 que	 as	 leve	 do	 cérebro	 analítico/crítico	 para	 o	 cérebro</p><p>inclusivo/imparcial.	 É	 um	 problema	 de	 mente	 e	 corpo,	 sendo	 necessário	 um</p><p>pouco	 de	 prática	 para	 pegar	 o	 jeito	 da	 transição.	 Um	 bom	 facilitador	 toma	 a</p><p>liderança	e	assegura	que	 todos	estão	aquecidos	e	 sentindo-se	criativos.	 Isso	é</p><p>essencial	 se	 o	 brainstorming	 vai	 precisar	 de	 energia	 criativa	 a	 fim	 de	 gerar</p><p>muitas	ideias.</p><p>Você	 pode	 visitar	 nosso	 site	 (www.designingyour.life)	 para	 uma	 lista	 de</p><p>exercícios	 e	 jogos	 de	 improvisação	 que	 usamos	 frequentemente	 com	 nossos</p><p>alunos.	Aqui	vai	uma	ideia	rápida	que	sempre	funciona:	dar	a	cada	um	no	seu</p><p>grupo	 de	 brainstorming	 um	 pote	 de	 massa	 de	 modelar.	 Bill	 ama	 massa	 de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>modelar	 desde	 seus	 dias	 na	 empresa	 de	 brinquedos	 Kenner	 Products.	 É	 um</p><p>material	 mágico	 que	 transforma	 adultos	 em	 crianças	 novamente.	 Se	 seus</p><p>brainstormers	 brincarem	 com	 massinha	 enquanto	 estiverem	 no	 processo	 de</p><p>brainstorming,	garantimos	a	você	mais	e	melhores	ideias.</p><p>3.	O	Brainstorming	em	Si</p><p>Como	mencionamos	antes,	as	sessões	de	brainstorming	precisam	ser	facilitadas.</p><p>O	 facilitador	prepara	a	 sala	e	 certifica-se	de	que	há	 canetas	e	blocos	de	papel</p><p>para	 cada	participante	e	que	o	 espaço	é	 silencioso	e	 confortável.	O	 facilitador</p><p>também	 ajuda	 a	 formular	 a	 questão,	 administra	 a	 preparação,	 assegura	 que</p><p>tudo	o	que	é	dito	é	gravado	e	gerencia	as	regras.</p><p>Recomendamos	que	 todos	 os	participantes	 tenham	 suas	próprias	 canetas	 e</p><p>blocos	de	notas	e	anotem	as	 suas	 ideias.	Dessa	 forma,	o	grupo	não	é	 limitado</p><p>pela	rapidez	com	que	o	facilitador	pode	registrar	as	ideias	e	há	menos	chance	de</p><p>se	perder	uma	ideia	com	excelente	potencial.</p><p>As	Regras	do	Brainstorming</p><p>1.	 Vá	pela	quantidade,	não	pela	qualidade.</p><p>2.	 Evite	julgamento	e	não	censure	ideias.</p><p>3.	 Construa	em	cima	das	ideias	dos	outros.</p><p>4.	 Estimule	ideias	estranhas.</p><p>A	regra	do	 “Vá	pela	quantidade,	não	pela	qualidade”	é	útil	para	determinar</p><p>um	 objetivo	 comum	 para	 o	 grupo	 e	 passa	 aquela	 energia	 positiva.	 Uma	 boa</p><p>equipe	de	brainstorming	 está	sempre	borbulhando	com	ideias	e	raramente	há</p><p>uma	pausa	no	rendimento.</p><p>Utilizamos	a	regra	do	“Evite	 julgamento	e	não	censure	 ideias”	para	garantir</p><p>que	a	 sessão	de	brainstorming	 seja	um	 lugar	 seguro	para	 falar	qualquer	 ideia</p><p>louca	 que	 venha	 à	 cabeça.	 As	 pessoas	 temem	 ser	 julgadas	 por	 ideias	 que</p><p>parecem	bobas	e	o	temor	afasta	a	criatividade.	Esta	regra	assegura	que	isso	não</p><p>aconteça.</p><p>Recomendamos	 que	 “Construa	 em	 cima	 das	 ideias	 dos	 outros”	 da	 mesma</p><p>forma	 que	 um	 solista	 de	 um	 quarteto	 de	 jazz	 improvisa	 a	 partir	 das	 ideias</p><p>musicais	do	solista	antes	dele.	Queremos	usar	a	criatividade	coletiva	do	grupo	e</p><p>essa	regra	incentiva	a	interação	criativa.</p><p>Queremos	 que	 “Estimule	 ideias	 estranhas”	 não	 porque	 as	 ideias	 estranhas</p><p>são	 úteis	 por	 si	 sós	 (raramente	 são	 usadas	 na	 seleção	 final),	 mas	 porque</p><p>precisamos	sair	dos	limites	típicos	do	pensamento.	Quando	você	pensa	fora	da</p><p>caixa	 e	 passa	 algum	 tempo	 no	 País	 das	 Maravilhas,	 as	 ideias	 que	 seguem</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>tendem	a	ser	mais	inovadoras	e	originais.	Ideias	estranhas	muitas	vezes	contêm</p><p>as	sementes	de	ideias	mais	úteis	para	o	protótipo.</p><p>4.	Nomeando	e	Enquadrando	os	Resultados</p><p>Esta	talvez	seja	a	parte	mais	importante	de	uma	sessão	de	brainstorming	e	é	a</p><p>atividade	que	a	maioria	dos	grupos	deixa	de	fora.	Talvez	tirem	uma	foto	com	o</p><p>celular	de	sua	parede	cheia	de	notas	adesivas,	comemorem	e	saiam	da	sala.	O</p><p>problema	 com	 isto	 é	 que	 a	 informação	 na	 parede	 é	 bem	 frágil	 e,	 se	 não	 é</p><p>processada	imediatamente,	a	frescura	das	ideias	e	de	suas	interligações	pode	se</p><p>perder.	 Mais	 tarde,	 os	 participantes	 frequentemente	 sentem	 que	 nada</p><p>aconteceu	e	não	conseguem	lembrar	o	que	o	brainstorming	realizou.</p><p>Ideias	 devem	 ser	 contadas	 –	 você	 deve	 ser	 capaz	 de	 dizer:	 “Tivemos	 141</p><p>ideias.”	 Agrupe	 ideias	 semelhantes	 por	 assunto	 ou	 categoria,	 dê	 um	 nome	 a</p><p>essas	 categorias	 e	 enquadre	 os	 resultados	 com	 referência	 à	 pergunta	 focal</p><p>original.	Cada	categoria	única	deve	receber	um	nome	descritivo	e	muitas	vezes</p><p>engraçado	que	capta	a	essência	desse	grupo	de	ideias.	Em	seguida,	vote.	Votar	é</p><p>importante,	 e	deve	 ser	 feito	em	silêncio,	para	que	as	pessoas	não	 influenciem</p><p>umas	às	outras.	Nós	gostamos	de	usar	pontos	coloridos	para	votar	e	também	de</p><p>usar	categorias	como:</p><p>Ideia	mais	excitante</p><p>Aquilo	que	faríamos	se	dinheiro	não	fosse	impedimento</p><p>O	azarão	–	provavelmente	não	funciona,	mas	se	funcionasse...</p><p>Mais	provável	de	resultar	em	uma	ótima	vida</p><p>Se	pudéssemos	ignorar	as	leis	da	física...</p><p>Quando	 acabar	 a	 votação,	 as	 seleções	 são	 discutidas	 e	 potencialmente</p><p>reagrupadas	 e	 enquadradas	 outra	 vez;	 então	 se	 decide	 o	 que	 prototipar</p><p>primeiro.</p><p>No	 final	 do	 nosso	 processo	 de	 quatro	 etapas,	 o	 objetivo	 é	 poder	 dizer	 algo</p><p>como	“Tivemos	141	ideias	agrupadas	em	seis	categorias	e,	baseados	em	nossa</p><p>pergunta	 central,	 selecionamos	 oito	 boas	 ideias	 para	 prototipar;	 depois</p><p>priorizamos	a	 lista,	e	nosso	primeiro	protótipo	é...”.	Muitas	vezes	é	possível	se</p><p>afastar	 só	um	pouco	de	uma	das	 ideias	estranhas	para	 transformá-la	em	uma</p><p>ótima	ideia.	Digamos	que	o	brainstorming	de	Clara	teve	a	louca	ideia	de	“reunir-</p><p>se	com	cem	doadores	experientes	para	ONGs	ligados	à	mulher”.	Clara	pode	ter</p><p>sentido	que	cem	reuniões	eram	mais	do	que	ela	conseguiria	fazer,	mas	a	 ideia</p><p>de	 ganhar	 acesso	 a	muita	 experiência	 e	 sabedoria	 era	 atraente	 e	 daí	 surgiu	 a</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>ideia	 de	 procurar	 um	 grupo	 de	 doadores,	 o	 que	 é	 exatamente	 o	 que	 ela</p><p>encontrou	 na	 Fundação	 de	 Mulheres	 da	 Califórnia	 (Women’s	 Foundation	 of</p><p>California).</p><p>Se	 você	 seguir	 as	 quatro	 etapas	 e	 obtiver	 resultados	 como	 este,	 seu</p><p>brainstorming	de	design	valerá	mais	que	a	pena.	O	processo	irá	gerar	energia	e</p><p>impulso	para	o	 seu	objetivo	de	produzir	 algumas	experiências-protótipo	para</p><p>explorar.	 Será	 também	 um	 exercício	 a	 que	 você	 poderá	 recorrer	 sempre	 que</p><p>precisar	 de	 algumas	 ideias	 novas,	 apoio	 da	 comunidade	 ou	 apenas	 um	pouco</p><p>mais	de	diversão	em	sua	vida	com	pessoas	nas	quais	você	confia.</p><p>Uma	ótima	maneira	de	fazer	isso	seria	combinar	a	apresentação	de	seu	Plano</p><p>de	 Odisseia	 (discutida	 no	 Capítulo	 5)	 com	 uma	 sessão	 de	 brainstorming	 de</p><p>protótipos.	Será	mais	fácil	para	seus	colaboradores	se	forem	não	só	capazes	de</p><p>lhe	dar	retorno,	mas	também	contribuir	diretamente	para	o	seu	projeto	de	vida</p><p>com	ideias	e	possibilidades	acionáveis	de	protótipos.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Protótipos</p><p>1.	 Reveja	seus	três	Planos	de	Odisseia	e	as	perguntas	que	anotou	para	cada	um.</p><p>2.	 Faça	uma	lista	de	conversas-protótipo	que	podem	ajudar	a	responder	às	perguntas.</p><p>3.	 Faça	 uma	 lista	 de	 experiências-protótipo	 que	 podem	 ajudar	 a	 responder	 às</p><p>perguntas.</p><p>4.	 Se	 você	 está	 empacado	 e	 se	 juntou	 a	 um	 bom	 grupo,	 faça	 uma	 sessão	 de</p><p>brainstorming.	Não	tem	uma	equipe?	Experimente	o	mapeamento	da	mente.</p><p>5.	 Construa	os	seus	protótipos	procurando	ativamente	experiências</p><p>e	Entrevistas	de</p><p>Design	de	Vida.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>S</p><p>7</p><p>Como	Não	Conseguir	Um	Emprego</p><p>teve	Jobs	e	Bill	Gates	nunca	preencheram	currículos,	nem	foram	a	feiras	de</p><p>emprego	e	nem	sofreram	para	encontrar	o	 tom	perfeito	para	a	primeira</p><p>frase	 perfeita	 da	 carta	 de	 apresentação	 perfeita.	 A	 perfeição	 não	 faz	 parte	 do</p><p>design	de	vida	e	certamente	não	há	nada	perfeito	no	modelo	americano	padrão</p><p>que	90%	dos	candidatos	usam	para	procurar	emprego	–	uma	técnica	que	alguns</p><p>dizem	ter	uma	taxa	de	sucesso	de	menos	de	cinco	por	cento.	Isso	mesmo,	90%</p><p>das	pessoas	usam	um	método	que	talvez	só	funcione	5%	do	tempo.</p><p>Kurt	 tinha	 acabado	 de	 completar	 uma	 pesquisa	 de	 dois	 anos	 depois	 do</p><p>mestrado	em	design	em	Stanford	–	seu	segundo	mestrado,	além	do	que	já	tinha</p><p>feito	em	arquitetura	sustentável	na	Universidade	de	Yale	–	quando	sua	esposa,</p><p>Sandy,	 engravidou.	 Eles	 decidiram,	 então,	 se	 mudar	 do	 Vale	 do	 Silício	 para</p><p>Atlanta,	na	Geórgia,	para	começar	a	família	perto	dos	pais	de	Sandy.	Kurt	estava</p><p>finalmente	 pronto	 para	 usar	 todos	 aqueles	 lindos	 e	 novos	 diplomas	 para</p><p>conseguir	uma	carreira	que	ele	adoraria	e	que	pagaria	suas	contas.	Kurt	sabia</p><p>pensar	 como	 um	 designer,	 mas,	 ao	 chegar	 na	 Geórgia,	 sentiu	 que	 precisava</p><p>provar	para	si	(e	para	sua	esposa	e	seus	sogros)	que	estava	falando	sério	sobre</p><p>conseguir	um	emprego	logo.	Então	colocou	a	mão	na	massa:	ele	fez	o	dever	de</p><p>casa,	procurou	com	cuidado	ofertas	de	trabalho	na	área	que	se	encaixavam	bem</p><p>em	 seu	 currículo,	 identificou	 as	 ofertas	mais	 viáveis	 e	 mandou	 seu	 currículo</p><p>para	38	vagas,	com	38	cartas	de	apresentação	diferentes.</p><p>Ele	 esperava	 ter	 que	 mandar	 recrutadores	 embora	 de	 tantas	 ofertas	 que</p><p>receberia,	mas	não	foi	bem	assim.	Das	38	ofertas,	Kurt	recebeu	oito	e-mails	de</p><p>rejeição	 e	 nem	 teve	 notícia	 das	 outras	 trinta.	 Sem	 entrevistas,	 propostas	 ou</p><p>retornos.	Ele	estava	desanimado,	desencorajado	e	muito	preocupado	com	como</p><p>sustentaria	 o	 bebê	 que	 estava	 chegando.	 Se	 isso	 aconteceu	 com	 um	 cara</p><p>formado	em	Yale	e	Stanford,	como	ficam	os	reles	mortais?</p><p>A	primeira	abordagem	de	Kurt	é	o	que	a	maioria	das	pessoas	 faz	o	que	nós</p><p>chamamos	de	modelo	padrão	de	procura	de	emprego.	Você	faz	uma	busca	nos</p><p>sites	especializados	ou	direto	nos	sites	das	empresas,	lê	a	descrição	das	vagas,</p><p>decide	se	é	o	trabalho	“perfeito”	para	você,	envia	seu	currículo	e	uma	carta	de</p><p>apresentação	e	espera	que	um	gerente	de	pessoal	o	chame	para	uma	entrevista.</p><p>E	continua	esperando.</p><p>E	esperando.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Ainda	esperando.</p><p>O	problema	é	que	52%	dos	empregadores	admitem	que	não	respondem	nem</p><p>a	metade	dos	candidatos.[1]</p><p>Esse	modelo	padrão	falha	com	tanta	frequência	porque	é	um	modelo	baseado</p><p>na	ideia	equivocada	de	que	seu	trabalho	perfeito	está	lá	esperando	por	você.</p><p>Usando	a	Internet</p><p>A	ideia	de	que	a	internet	é	a	fonte	principal	de	empregos	é	muito	difundida,	mas</p><p>é	só	mais	uma	crença	disfuncional.	Essa	crença	disfuncional	em	particular	pode</p><p>conduzir	a	muita	frustração,	agregada	a	uma	boa	dose	de	desmoralização.</p><p>A	maioria	dos	grandes	empregos	–	aqueles	que	caem	na	categoria	de	trabalho</p><p>dos	sonhos	–	nunca	são	listados	publicamente.	Os	trabalhos	mais	interessantes</p><p>em	 start-ups	 –	 nas	 empresas	 que	 serão	um	dia	 o	 próximo	Google	 ou	Apple	 –</p><p>nunca	 são	publicados	na	 internet	antes	de	 serem	preenchidos.	Empresas	 com</p><p>menos	 de	 50	 funcionários	 e	 sem	 departamentos	 de	 recursos	 humanos	 são</p><p>muitas	 vezes	 lugares	 interessantes	 para	 trabalhar,	 mas	 não	 postam	 vagas</p><p>regularmente.	As	 grandes	 empresas	 costumam	publicar	 só	 internamente	 suas</p><p>vagas	 mais	 interessantes,	 invisíveis	 para	 a	 maioria	 dos	 candidatos.	 Muitas</p><p>outras	vagas	só	são	publicadas	depois	que	não	foram	preenchidas	pelo	boca	a</p><p>boca	 ou	 pelas	 redes	 sociais.	 Você	 não	 vai	 encontrar	 as	 melhores	 vagas	 na</p><p>internet,	 independentemente	do	que	o	 irmão	do	amigo	de	um	primo	lhe	disse</p><p>sobre	como	encontrou	seu	emprego.</p><p>Procurar	 emprego	 na	 internet	 exige	 muito	 tempo	 para	 elaborar	 uma	 boa</p><p>carta	 de	 apresentação,	 ajustar	 o	 currículo	 para	 se	 encaixar	 em	 uma	 vaga</p><p>específica	e	gerenciar	e	acompanhar	dezenas	de	aplicativos	e	sites.	E,	depois	de</p><p>tanto	 tempo	 e	 trabalho,	 tudo	 que	 você	 recebe	 de	 volta	 é	 silêncio.	 Silêncio</p><p>ensurdecedor.	O	retorno	positivo	é	tão	raro	na	busca	de	emprego	pela	internet</p><p>que	uma	atividade	já	desagradável	(procurar	um	emprego)	fica	ainda	pior.	Usar</p><p>a	internet	como	o	único	método	de	encontrar	emprego	chega	a	ser	masoquista.</p><p>Não	 recomendamos	 usar	 a	 internet	 como	 o	 principal	 método	 de	 procurar</p><p>emprego,	mas	há	milhares	de	trabalhos	publicados	on-line	toda	semana.	Se	você</p><p>insiste	em	tentar	encontrar	opções	de	trabalho	na	internet,	temos	algumas	dicas</p><p>para	melhorar	as	chances	de	a	pesquisa	ser	mais	produtiva.</p><p>Entendendo	as	Descrições	de	Vaga</p><p>É	preciso	dar	a	todos	os	gerentes	de	recursos	humanos	do	mundo	algum	crédito</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>aqui:	eles	têm	boas	intenções.	É	só	o	processo	que	não	funciona	direito.	Como</p><p>publicidade,	entrevistas	e	contratações	são	repetidas	centenas	de	vezes	por	ano</p><p>em	 empresas	 de	 médio	 a	 grande	 porte,	 não	 podem	 tomar	 muito	 tempo.</p><p>Ninguém	 quer	 perder	 um	 bom	 candidato;	 por	 isso,	 as	 empresas	 publicam</p><p>ofertas	de	emprego	na	internet	com	descrições	bastante	genéricas,	procurando</p><p>o	 máximo	 de	 candidatos	 possível.	 E,	 lembre-se,	 toda	 essa	 atividade	 de</p><p>contratação	 ocorre	 para	 além	 do	 trabalho	 regular	 do	 gerente	 de	 recursos</p><p>humanos;	 portanto,	 a	 divulgação	 de	 ofertas	 de	 trabalho	 frequentemente	 não</p><p>tem	o	tempo	e	a	atenção	que	merece.</p><p>Quantas	vezes	você	achou	que	 seu	currículo	era	perfeito	para	uma	vaga,	 se</p><p>candidatou	 e	 não	 recebeu	 resposta	 alguma,	 nem	 uma	 confirmação	 de	 que	 o</p><p>currículo	foi	recebido?	Se	você	entender	duas	coisas	sobre	esse	processo	de	um</p><p>ponto	de	vista	mais	informado,	fará	mais	sentido	e	doerá	um	pouco	menos.</p><p>1.	 A	 descrição	 do	 cargo	 no	 site	 normalmente	 não	 é	 escrita	 pelo	 gerente	 de</p><p>contratação	ou	por	alguém	que	realmente	entende	o	trabalho.</p><p>2.	 A	 descrição	 da	 vaga	 quase	 nunca	 reflete	 o	 que	 é	 preciso	 para	 ter	 sucesso	 no</p><p>emprego.</p><p>Para	mostrar	 o	 que	 queremos	 dizer,	 vamos	 examinar	 alguns	 componentes</p><p>copiados	ou	inspirados	em	descrições	de	trabalho	que	encontramos	na	internet.</p><p>A	maior	parte	das	publicações	terá	duas	ou	três	seções	que	tentarão	descrever	o</p><p>que	a	empresa	busca.</p><p>Seção	1:	A	Apresentação</p><p>Este	 é	 o	 cabeçalho	 da	 oferta	 de	 emprego,	 cujo	 conteúdo	 frequentemente</p><p>aparece	assim:</p><p>Empresa	X	está	procurando	um	candidato</p><p>(para	a	posição	X)	com	o	seguinte	perfil:</p><p>Boas	habilidades	de	comunicação	escrita	e	verbal</p><p>Forte	capacidade	analítica</p><p>Excelente	habilidade	no	planejamento	de	negócios	e	relatórios</p><p>Alta	motivação	e	criatividade</p><p>Capacidade	 demonstrada	 em	 conciliar	 prioridades	 simultâneas	 e	 prosseguir	 com</p><p>rapidez</p><p>Iniciativa	forte,	tendência	para	agir	e	atenção	meticulosa	aos	detalhes</p><p>Experiência	no	mercado	e	inovação</p><p>Paixão	pelo	atendimento	aos	clientes</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Essas	qualificações	profissionais	para	emprego	são	tão	generalizadas	que	não</p><p>dizem	nada	sobre	o	 trabalho.	São	atributos	(não	são	habilidades)	de	qualquer</p><p>bom	 funcionário.	 Também	 é	 quase	 impossível	 se	 fazer	 uma	 triagem	 apenas</p><p>olhando	para	um	currículo.</p><p>Seção	2:	Habilidades</p><p>A	seção	de	atributos	genéricos	é	tipicamente	seguida	por	uma	seção	com	uma</p><p>lista	extremamente	detalhada	de	requisitos	educacionais	e	habilidades.</p><p>Os	candidatos	excelentes	para	o	emprego</p><p>terão	a	seguinte	experiência:</p><p>Um	 bacharelado,	 mestrado	 ou	 doutorado	 com	 dez	 anos	 de	 experiência	 (fazendo</p><p>exatamente	o	que	fazemos	em	nossa	empresa)</p><p>Cinco	a	dez	 anos	de	experiência	 (com	algum	software	proprietário	 desconhecido</p><p>que	ainda	usamos)</p><p>Três	 a	 cinco	 anos	 de	 experiência	 (com	 alguma	 tarefa	 desconhecida	 e	 específica</p><p>que	somente	as	pessoas	que	trabalham	aqui	sabem	como	fazer)</p><p>Essa	 parte	 da	 descrição	 do	 trabalho</p><p>projetando	bonecos	de	Star	Wars.</p><p>Bill	sabe	a	sorte	que	teve	em	descobrir	o	design	de	produto	e	um	caminho	de</p><p>carreira	alegre	e	 satisfatório	 tão	 cedo.	Em	nossos	 trajetos	de	ensino,	nós	dois</p><p>compreendemos	quão	raro	isto	é	para	os	alunos,	mesmo	em	Stanford.</p><p>Diferentemente	de	Bill,	quando	Dave	era	universitário,	ele	não	fazia	ideia	do</p><p>que	 queria	 fazer.	Não	 se	 deu	 bem	no	 curso	 de	 biologia	 (falaremos	 sobre	 isso</p><p>mais	 tarde)	 e	 acabou	 se	 formando	 em	 engenharia	mecânica	 –	 honestamente,</p><p>por	falta	de	uma	ideia	melhor.	Durante	a	faculdade,	nunca	encontrou	uma	boa</p><p>ajuda	 para	 responder	 à	 pergunta	 “Como	 descubro	 o	 que	 eu	 quero	 fazer	 da</p><p>vida?”.	Finalmente,	conseguiu	descobrir	sua	vocação	–	pelo	caminho	mais	difícil</p><p>–	 e	 há	mais	 de	 trinta	 anos	 trabalha	 com	 liderança	 executiva	 e	 consultoria	 de</p><p>gestão	na	área	da	alta	tecnologia.	Ele	gerenciou	a	produção	do	primeiro	mouse</p><p>e	 dos	 projetos	 iniciais	 de	 impressão	 a	 laser	 na	 Apple,	 foi	 cofundador	 da</p><p>Electronic	Arts	e	ajudou	muitos	 jovens	empresários	a	encontrar	 seu	caminho.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Depois	 de	 um	 início	 bastante	 complicado,	 sua	 carreira	 evoluiu</p><p>maravilhosamente	–	mas	Dave	sempre	soube	que	tinha	sido	muito	mais	difícil</p><p>do	que	precisava	ser.</p><p>Mesmo	que	nós	dois	tenhamos	começado	carreiras	e	famílias,	continuamos	a</p><p>manter	 um	 olho	 no	 trabalho	 com	 estudantes.	 Bill	 estava	 em	 Stanford,	 onde</p><p>aconselhou	 centenas	de	 estudantes	 que	 o	procuravam	em	 seu	 escritório,	 sem</p><p>saber	 o	 que	 fazer	 da	 vida	 depois	 da	 formatura.	 Dave	 era	 professor	 na	 UC</p><p>Berkeley,	 onde	 havia	 desenvolvido	 um	 curso	 chamado	 Como	 Encontrar	 Sua</p><p>Vocação	(também	conhecido	como:	Será	este	o	seu	Chamado?),	que	ministrou</p><p>catorze	 vezes	 ao	 longo	 de	 oito	 anos.	 Ainda	 assim,	 desejava	 fazer	 mais	 em</p><p>Stanford.	Ao	longo	do	caminho,	ele	e	Bill	tinham	se	encontrado	várias	vezes	nos</p><p>negócios	e	pessoalmente.	Dave	soube	que	Bill	havia	acabado	de	aceitar	o	cargo</p><p>de	 diretor	 executivo	 do	 Departamento	 de	 Design	 em	 Stanford,	 que	 Dave</p><p>conhecia	 bem.	 Ocorreu	 a	 Dave	 que	 as	 exigências	 multidisciplinares	 de	 um</p><p>designer	provavelmente	colocariam	uma	enorme	pressão	sobre	os	estudantes:</p><p>tentar	 conceber	 uma	 carreira	 autêntica	 e	 pessoalmente	 satisfatória,	 mas</p><p>também	 comercialmente	 viável.	 Ele	 decidiu	 convidar	 Bill	 para	 almoçar	 e</p><p>conversar	sobre	suas	ideias,	só	para	ver	no	que	iria	dar.	Se	corresse	bem,	talvez</p><p>pudessem	conversar	mais	vezes	sobre	o	assunto	e	talvez	em	mais	ou	menos	um</p><p>ano	algo	podia	nascer	dali.</p><p>E	foi	assim	que	tudo	começou:	em	um	almoço.</p><p>Cinco	 minutos	 depois	 de	 começado	 o	 almoço,	 o	 negócio	 estava	 feito.</p><p>Decidimos	que	iríamos	nos	associar	e	levar	um	novo	curso	para	Stanford	para</p><p>aplicar	o	pensamento	de	design	na	vida	pós-faculdade	–	primeiro	para	alunos</p><p>de	design	e,	se	tudo	corresse	bem,	para	todos	os	alunos	da	universidade.</p><p>O	curso	se	tornou	uma	das	disciplinas	eletivas	mais	concorridas	em	Stanford.</p><p>Quando	nos	 perguntam	o	 que	 fazemos	 em	Stanford,	 às	 vezes	 respondemos</p><p>com	nossa	explicação	profissional	cuidadosamente	 trabalhada:	 “Damos	cursos</p><p>em	Stanford	que	ajudam	qualquer	aluno	a	aplicar	os	 inovadores	princípios	do</p><p>pensamento	de	design	às	complexidades	de	projetar	sua	própria	vida	durante	e</p><p>depois	 da	 universidade.”	 E,	 é	 claro,	 eles	 sempre	 respondem:	 “Ótimo!	O	 que	 é</p><p>isso?”</p><p>E	 nós	 geralmente	 respondemos:	 “Nós	 ensinamos	 como	 usar	 o	 design	 para</p><p>descobrir	o	que	você	quer	ser	quando	crescer.”	Então,	nesse	ponto,	quase	todos</p><p>perguntam:	“Ah!	Posso	fazer	esse	curso?”	Durante	anos	tivemos	que	responder</p><p>não	 para	 todos	 que	 não	 fossem	 um	 dos	 16	 mil	 alunos	 da	 Universidade	 de</p><p>Stanford.	Finalmente,	esse	 já	não	é	mais	o	caso.	Oferecemos	workshops	sobre</p><p>como	projetar	a	 sua	vida	a	 todos	 (www.designingyour.life)	 e	 escrevemos	este</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>http://www.designingyour.life/</p><p>livro	para	que	você	não	precise	ir	a	Stanford	para	ter	uma	vida	bem	projetada.</p><p>Mas	 você	 precisa	 estar	 disposto	 a	 se	 perguntar	 algumas	 coisas.	 Algumas</p><p>coisas	bem	difíceis.</p><p>Designers	Também	Amam	Perguntas</p><p>Como	Donald,	que	encarava	o	espelho	todas	as	noites	e	se	perguntava	“Por	que</p><p>diabos	estou	fazendo	isso?”,	todo	mundo	enfrenta	perguntas	parecidas	sobre	a</p><p>vida,	o	trabalho	e	seu	significado	e	propósito	no	mundo.</p><p>Como	faço	para	encontrar	um	emprego	de	que	goste	ou	até	adore?</p><p>Como	posso	construir	uma	carreira	que	me	dê	um	bom	dinheiro?</p><p>Como	equilibro	carreira	e	família?</p><p>Como	posso	fazer	alguma	diferença	no	mundo?</p><p>Como	posso	ser	magro,	sexy	e	fabulosamente	rico?</p><p>Podemos	ajudá-lo	a	responder	a	todas	essas	perguntas	–	menos	a	última.</p><p>Todos	nós	 tivemos	que	responder	à	pergunta	 “O	que	você	quer	ser	quando</p><p>crescer?”.	Esta	é	a	questão	fundamental	da	vida	–	aos	quinze	ou	aos	cinquenta</p><p>anos	 de	 idade.	 Designers	 amam	 perguntas,	 mas	 o	 que	 eles	 adoram	mesmo	 é</p><p>reformulá-las.</p><p>Reformular	é	uma	das	habilidades	mais	importantes	de	um	designer.	Muitas</p><p>inovações	notáveis	começam	em	uma	reformulação.	No	pensamento	de	design</p><p>sempre	 dizemos:	 “Não	 comece	 com	 o	 problema,	 comece	 com	 as	 pessoas,</p><p>comece	com	a	empatia.”	Quando	 temos	empatia	com	quem	 irá	usar	os	nossos</p><p>produtos,	 nós	 definimos	 o	 nosso	 ponto	 de	 vista,	 pensamos	 em	 ideias	 e</p><p>começamos	 a	 prototipar	 para	 descobrir	 o	 que	 ainda	 não	 sabemos	 sobre	 o</p><p>problema.	 Isso	 geralmente	 resulta	 em	 uma	 reformulação,	 às	 vezes	 também</p><p>chamada	 de	 pivô.	 Uma	 reformulação	 é	 quando	 obtemos	 novas	 informações</p><p>sobre	o	problema,	reafirmamos	o	nosso	ponto	de	vista	e	começamos	a	pensar	e</p><p>prototipar	 novamente.	 Começamos	 achando	 que	 estamos	 projetando	 um</p><p>produto	(uma	nova	mistura	de	café	e	um	novo	modelo	de	máquina	de	café)	e</p><p>reformulamos	 quando	 percebemos	 que	 na	 verdade	 estamos	 transformando	 a</p><p>experiência	 do	 café	 (Starbucks).	 Ou,	 para	 tentar	 provocar	 um	 impacto	 na</p><p>pobreza,	paramos	de	emprestar	dinheiro	à	classe	rica	em	um	país	(como	faz	o</p><p>Banco	 Mundial)	 e	 começamos	 a	 emprestar	 dinheiro	 a	 pessoas	 consideradas</p><p>pobres	 demais	 para	 pagar	 de	 volta	 (microcrédito	 e	 o	 Banco	 Grameen).	 Ou	 a</p><p>equipe	da	Apple	produz	o	iPad,	uma	reformulação	completa	do	nosso	conceito</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>de	computação	portátil.</p><p>No	design	de	 vida,	 nós	 reformulamos	muito.	A	maior	 reformulação	 é	 que	 a</p><p>vida	não	pode	ser	perfeitamente	planejada,	que	não	há	apenas	uma	solução	e</p><p>que	 isso	é	uma	coisa	boa.	Há	muitos	projetos	para	a	sua	vida,	 todos	cheios	de</p><p>esperança	para	o	 tipo	de	 realidade	 criativa	 e	 complexa	que	 faz	 a	 vida	 valer	 a</p><p>pena.	 Sua	 vida	 não	 é	 uma	 coisa,	 é	 uma	 experiência;	 o	 divertido	 é	 projetar	 e</p><p>aproveitar	essa	experiência.</p><p>A	reformulação	para	a	pergunta	“O	que	você	quer	ser	quando	crescer?”	é	esta:</p><p>“Em	 quem	 ou	 no	 que	 você	 quer	 crescer?”	 A	 vida	 é	 toda	 sobre	 crescimento	 e</p><p>mudança.	Não	é	estática.	Não	se	trata	de	um	destino.	Não	se	trata	de	responder</p><p>à	pergunta	de	uma	vez	por	todas	e	parar	por	aí.	Ninguém	sabe	o	que	quer	ser.</p><p>Mesmo	aqueles	que	marcaram	o	xis	no	quadradinho	para	médico,	advogado	ou</p><p>engenheiro.	Estas	são	apenas	orientações	vagas	para	um	caminho	de	vida.	Há</p><p>muitas	perguntas	que	persistem	em	cada	etapa	do	percurso.	O	que	as	pessoas</p><p>precisam	 é	 de	 um	 processo	 –	 um	 processo	 de	 design	 –	 para	 descobrir	 o	 que</p><p>querem,	quem	querem	se	tornar	e	como	criar	uma	vida	que	possam	amar.</p><p>Bem-Vindo	ao	Design	de	Vida</p><p>O	design	de	vida	é	o	futuro.	É	o	que	vai	ajudar	Ellen	a	ir	da	faculdade	para	o	seu</p><p>primeiro	emprego.	É	o	que	vai	ajudar	Janine	a	passar	da	vida	que	ela	deveria	ter</p><p>para	a	vida	que	ela	quer.	É	o	que	vai	ajudar	Donald	a	encontrar	a	resposta	para</p><p>as	perguntas	que	o	mantêm	acordado	à	noite.	Os	designers	imaginam	coisas	que</p><p>ainda	não	existem	e	depois	as	constroem	–	e	então	o	mundo	muda.	Você	pode</p><p>fazer	isso	em	sua	própria	vida.	Você	pode	imaginar	uma	carreira	e	uma	vida	que</p><p>não	existem;	você	pode	construir	o	seu	futuro	eu,	e	sua	vida	vai	mudar.	Se	a	sua</p><p>vida	é	praticamente</p><p>é	 sempre	 baseada	 nas	 habilidades	 do</p><p>funcionário	 anterior;	 é	 histórico.	 Não	 leva	 em	 conta	 a	 possibilidade	 de	 que	 o</p><p>trabalho	mudará	no	futuro	ou	que	os	conhecimentos	muito	específicos	exigidos</p><p>serão	 irrelevantes	 daqui	 a	 seis	 meses,	 quando	 a	 empresa	 mudar	 de	 uma</p><p>plataforma	de	 software	para	outra.	Também	não	 leva	em	conta	o	 fato	de	que</p><p>procedimentos	e	métodos	operacionais	evoluem	constantemente	em	qualquer</p><p>empresa	saudável	em	fase	de	crescimento.</p><p>Seção	3:	“O	que	Faz	o	Candidato	Especial”</p><p>Espere,	 ainda	 não	 acabamos.	 Nossa	 parte	 preferida	 nas	 descrições	 de	 vaga	 é</p><p>onde	o	gerente	de	 recursos	humanos	acidentalmente	decide	deixar	a	verdade</p><p>escapar	nas	descrições	e	adiciona	qualificações	como:</p><p>Esta	função	não	é	para	os	fracos,	e	somente	aqueles	com	um	histórico	comprovado</p><p>de	sucesso	devem	se	candidatar.</p><p>Chamamos	esse	aviso	de	“Você	teria	que	ser	louco	para	aceitar	este	trabalho”.</p><p>O	significado	real	é:	“Este	trabalho	é	uma	droga	e	somente	as	pessoas	que	têm</p><p>um	 histórico	 comprovado	 de	 sobreviverem	 a	 trabalhos	 péssimos	 devem	 se</p><p>candidatar.”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Buscando:	 super-heróis	 com	 capacidade	 de	 produzir	 quantidades	 absurdas	 de</p><p>trabalho	com	prazos	ridiculamente	apertados.</p><p>Leia-se:	“Este	trabalho	é	impossível	e	ninguém	consegue	fazê-lo.”</p><p>Além	 da	 sua	 habilidade	 para	 criar	 soluções	 elegantes	 e	 inspiradoras,	 você	 é</p><p>criterioso	e	persuasivo	quando	analisa	e	discute	estratégia	com	os	colegas.</p><p>Chamamos	 esse	 pedido	 de	 “fantasia”.	 Nunca	 conhecemos	 um	 candidato	 a</p><p>emprego	 que	 não	 se	 achasse	 criterioso	 e	 persuasivo,	 elegante	 e	 inspirador.	 É</p><p>bom	 que	 pensemos	 em	 nós	mesmos	 dessa	 forma,	mas	 não	 é	 de	muita	 ajuda</p><p>quando	você	está	selecionando	candidatos.</p><p>Mais	 uma	 vez,	 não	 inventamos	 nada	 disso.	 Nós	 tiramos	 essas	 palavras</p><p>diretamente	 dos	 maiores	 sites	 de	 emprego.	 Não	 achamos	 que	 é	 uma	 forma</p><p>muito	inteligente	de	as	empresas	agirem	–	é	improvável	que	estas	descrições	só</p><p>atraiam	os	melhores	candidatos.	Mas,	dito	 isso,	há	maneiras	de	melhorar	suas</p><p>chances	de	usar	as	ofertas	de	trabalho	na	internet	para	encontrar	um	emprego</p><p>quando	você	sabe	como	essas	coisas	são	criadas.</p><p>Encaixe	Antes	de	Sobressair</p><p>Para	ser	considerado	para	uma	entrevista,	o	seu	currículo	precisa	parar	na	pilha</p><p>de	 papéis	 de	 alguém.	 Portanto,	 o	 trabalho	 número	 um	 é	 se	 “encaixar”.	 Não</p><p>significa	que	você	deva	dizer	algo	sobre	si	que	não	é	verdade;	significa	que,	se</p><p>você	 quiser	 ser	 descoberto,	 você	 precisa	 se	 descrever	 nas	 mesmas	 palavras</p><p>usadas	 pela	 empresa.	 Também	 significa	 que	 você	 não	 deve	 falar	 sobre	 suas</p><p>incríveis	 habilidades	 multidisciplinares	 ainda,	 porque	 só	 vai	 confundir	 a</p><p>avaliação	do	“encaixe”.</p><p>A	maioria	das	empresas	de	porte	médio	a	grande	que	usam	a	 internet	para</p><p>coletar	 currículos	os	armazenam	em	um	banco	de	dados	do	departamento	de</p><p>recursos	humanos.	O	gerente	de	contratação	nunca	vê	o	original.	Seu	currículo</p><p>será	 “descoberto”	 em	 uma	 pesquisa	 no	 banco	 de	 dados,	 cujas	 palavras-chave</p><p>mais	usadas	serão	tiradas	da	descrição	da	vaga.	Então,	para	que	a	chance	de	ser</p><p>descoberto	aumente,	use	as	mesmas	palavras	usadas	por	eles	na	primeira	parte</p><p>da	descrição	da	vaga.</p><p>As	habilidades	específicas	que	estão	sendo	publicadas	como	necessárias	são</p><p>importantes,	 mas	 muitas	 vezes	 não	 constituem	 o	 fator	 determinante	 para	 a</p><p>contratação.	Lembre-se:	as	descrições	são	escritas	do	ponto	de	vista	do	trabalho</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>atual,	e	não	do	futuro.	Se	você	tem	essas	habilidades,	ótimo	–	adicione-as	ao	seu</p><p>currículo,	 palavra	 por	 palavra.	 Se	 você	 não	 tiver,	 liste	 habilidades	 bem</p><p>específicas	 e	 semelhantes.	 Encontre	 formas	 de	 descrever	 as	 habilidades	 que</p><p>possam	surgir	em	uma	pesquisa	baseada	na	descrição	do	cargo.</p><p>Finalmente,	na	fase	de	“seleção	de	candidatos”	do	processo	de	contratação,	a</p><p>procura	é	por	habilidades.	Ao	chegar	à	entrevista,	você	precisa	ter	cuidado	para</p><p>criar	uma	boa	história	de	“encaixe”.	Se	você	quer	entrar	em	um	time	de	futebol</p><p>e	o	treinador	técnico	precisa	de	um	atacante,	então	é	o	que	ele	está	procurando.</p><p>Não	um	goleiro,	não	um	zagueiro.	Agora	não	é	a	hora	de	falar	sobre	colecionar</p><p>figurinhas	de	futebol,	saber	tudo	sobre	o	esporte	ou	do	seu	hobby	de	fazer	bolos</p><p>em	 forma	 de	 bola	 de	 futebol.	 Você	 só	 deve	 falar	 sobre	 ataque.	 Na	 fase	 de</p><p>triagem	 do	 processo,	 não	 fale	 sobre	 seus	 outros	 talentos	 surpreendentes	 ou</p><p>sobre	as	habilidades	que	não	fazem	parte	da	descrição.	Você	vai	parecer	pouco</p><p>focado	e	pode	soar	como	se	não	estivesse	 interessado	no	trabalho.	Pior	ainda,</p><p>você	 pode	 parecer	 um	 mau	 ouvinte,	 porque	 ele	 vai	 pensar	 que	 você	 está</p><p>respondendo	 a	 uma	 pergunta	 que	 não	 foi	 feita.	 Haverá	 uma	 hora	 para	 “se</p><p>destacar”	 mais	 tarde	 no	 processo,	 mas,	 se	 você	 tentar	 fazê-lo	 no	 início,	 será</p><p>eliminado	da	lista	de	candidatos.</p><p>Aqui	 está	 um	 resumo	 de	 dicas	 para	 tornar	 sua	 estratégia	 de	 busca	 de</p><p>emprego	na	internet	mais	eficaz:</p><p>Dica	1:	Escreva	seu	currículo	empregando	as	mesmas	palavras	da	descrição	da	oferta</p><p>de	emprego.	Diga	“boas	habilidades	de	comunicação	escrita	e	verbal”,	não	“sou</p><p>um	 bom	 escritor	 e	 me	 comunico	 bem”;	 diga	 “paixão	 pelos	 clientes”	 e	 não</p><p>“atitude	voltada	para	o	cliente”.	Você	melhorará	sua	chance	de	ser	descoberto</p><p>em	uma	pesquisa.	E	seja	generoso,	agora	não	é	a	hora	da	modéstia.	Afinal,	quem</p><p>não	é	“muito	motivado”	e	“criativo”?</p><p>Dica	 2:	 Se	 você	 tem	 uma	 habilidade	 específica	 que	 é	 exigida,	 coloque-a	 em	 seu</p><p>currículo	exatamente	da	forma	como	está	descrita	na	oferta	de	emprego.	Se	você	não</p><p>possui	aquela	habilidade,	encontre	uma	maneira	de	descrever	suas	habilidades</p><p>utilizando	as	mesmas	palavras	que	serão	encontradas	numa	busca.</p><p>Dica	 3:	 Concentre	 seu	 currículo	 no	 emprego	 descrito.	 Mesmo	 que	 a	 descrição	 da</p><p>vaga	não	seja	muito	precisa,	isso	aumentará	a	chance	de	seu	currículo	aparecer</p><p>em	uma	pesquisa.	Por	isso,	ponha	o	foco	nas	habilidades	que	você	pode	oferecer</p><p>à	 empresa,	 usando	 as	 palavras	 da	 própria	 empresa	 sempre	 que	 for	 possível.</p><p>Concentre-se	 no	 que	 você	 pode	 fazer	 por	 eles,	 não	 na	 razão	 pela	 qual	 este</p><p>trabalho	 funciona	para	você.	Não	pareça	muito	generalista	ou	multidisciplinar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>no	 seu	 currículo	 ou	 na	 primeira	 entrevista,	 só	 se	 preocupe	 em	 responder	 às</p><p>necessidades	 da	 empresa.	Depois	 de	 ter	 assegurado	 ao	 empregador	 que	 você</p><p>possui	 as	 habilidades	 necessárias,	 pode	 impressioná-los	 com	 a	 sua</p><p>profundidade.	É	assim	que	você	“se	destaca”.</p><p>Dica	4:	Sempre	leve	uma	cópia	bonita	e	impressa	de	seu	currículo	para	uma	entrevista.</p><p>Será	provavelmente	a	primeira	vez	que	alguém	vai	ver	o	cuidado	que	você	teve</p><p>em	projetar	a	danada	dessa	coisa.</p><p>Existem	mais	 algumas	 coisas	 de	 que	 você	 precisa	 estar	 ciente	 caso	 queira</p><p>pesquisar	 empregos	 com	 segurança	 na	 internet.	 Tendo	 isso	 em	mente,	 pode</p><p>poupar	centenas	de	horas	em	buscas	infrutíferas	por	trabalho.</p><p>A	Síndrome	da	Descrição</p><p>do	Superemprego</p><p>Em	nossa	experiência,	é	bastante	comum	encontrar	exigências	para	empregos</p><p>que	nem	quem	está	atualmente	trabalhando	naquela	função	satisfaz.	Esse	tipo</p><p>de	 fantasia	 gerencial	 é	 uma	 síndrome	 que	 afeta	 a	 maioria	 das	 grandes</p><p>empresas.	O	processo	é	mais	ou	menos	assim:</p><p>Jane	(a	funcionária	que	pediu	demissão)	era	uma	ótima	gerente	de	programa,</p><p>mas,	rapaz,	eu	gostaria	que	ela	tivesse	sido	melhor	em	X,	Y	e	Z.	Agora	que	ela	se</p><p>foi,	 vamos	 postar	 um	 emprego	 para	 uma	 “Super	 Jane”	 e	 listar	 tudo	 que	 Jane</p><p>costumava	fazer	e	tudo	que	queríamos	que	ela	tivesse	feito	e	cruzar	os	dedos.</p><p>A	 descrição	 do	 superemprego	 é	 postada,	 currículos	 são	 selecionados	 nos</p><p>bancos	de	dados	e	os	candidatos	são	entrevistados	por	telefone.	As	entrevistas</p><p>presenciais	são	marcadas	e	candidato	após	candidato	é	entrevistado	e	rejeitado</p><p>porque	 não	 são	 uma	 “Super	 Jane”.	 Isso	 é	 especialmente	 verdade	 porque</p><p>ninguém	que	se	encaixa	na	descrição	do	novo	trabalho</p><p>vai	aceitar	o	salário	que</p><p>Jane	 recebia.	 Processos	 de	 entrevista	 como	 este	 estão	 essencialmente</p><p>quebrados:	 cansam	 tanto	 a	 equipe	 de	 entrevista	 quanto	 os	 candidatos	 e</p><p>ninguém	é	contratado.</p><p>Como	 um	 candidato	 a	 emprego,	 você	 certamente	 deseja	 descobrir	 o	 mais</p><p>cedo	possível	se	está	envolvido	em	um	processo	de	entrevista	assim.</p><p>Uma	maneira	é	fazer	alguma	pesquisa	e	descobrir	há	quanto	tempo	aquilo	foi</p><p>publicado.	 Em	 um	 bom	mercado	 de	 trabalho,	 uma	 oferta	 de	 emprego	 nunca</p><p>deve	estar	aberta	por	mais	de	quatro	semanas	(seis	no	máximo).</p><p>Outra	 é	 descobrir	 quantas	pessoas	 já	 foram	entrevistadas.	Ambos	os	 dados</p><p>darão	 uma	 noção	 do	 que	 está	 acontecendo	 nos	 bastidores.	 É</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>surpreendentemente	 fácil	 descobrir	 isso	 –	 basta	 perguntar	 a	 algum	 dos</p><p>entrevistadores.	Se	eles	estão	nessa	situação,	sabem	que	algo	está	errado,	estão</p><p>frustrados	e	provavelmente	 lhe	dirão.	E	possivelmente	até	confessarão	querer</p><p>deixar	a	empresa.	Isso	acontece	com	mais	frequência	do	que	você	imagina!</p><p>Em	 nossa	 experiência,	 se	 mais	 de	 oito	 pessoas	 passaram	 pelo	 processo	 e</p><p>nenhuma	 decisão	 foi	 tomada,	 algo	 está	 errado.	 Este	 é	 um	 sinal	 de	 que	 a</p><p>companhia	 talvez	 não	 seja	 um	 ótimo	 lugar	 para	 trabalhar	 e	 que	 talvez	 seja</p><p>melhor	você	dar	o	fora	o	mais	rápido	possível.</p><p>A	Síndrome	do	Trabalho-Fantasma</p><p>Esta	é	outra	coisa	para	ficar	de	olho.	Muitas	empresas	têm	uma	regra	indicando</p><p>que,	 antes	 de	 poder	 contratar	 alguém	 para	 um	 trabalho,	 é	 preciso	 postar	 a</p><p>descrição	do	trabalho,	supostamente	para	garantir	que	os	melhores	candidatos</p><p>sejam	 identificados	 e	 contratados.	 No	 entanto,	 muitas	 vezes	 os	 gerentes	 já</p><p>selecionaram	 um	 candidato	 interno	 ou	 externo	 que	 querem	 contratar	 para	 o</p><p>trabalho.	 Bons	 em	 contornar	 as	 burocracias,	 escrevem	 uma	 descrição	 de</p><p>trabalho	 bem	 detalhada	 que	 combina	 exatamente	 com	 o	 currículo	 de	 seu</p><p>candidato,	 postam	 a	 descrição	 “fantasma”	 de	 trabalho,	 esperam	 as	 duas</p><p>semanas	 necessárias,	 fazem	algumas	 entrevistas	 e	 depois	 contratam	a	 pessoa</p><p>que	quiseram	desde	o	começo.	Como	a	descrição	foi	escrita	para	corresponder</p><p>ao	candidato	pré-selecionado,	o	gerente	de	contratação	pode	“provar”	que	eles</p><p>contrataram	a	pessoa	mais	qualificada.</p><p>Essas	ofertas	de	“trabalho”	nunca	existiram.	Mas	você	pode	ter	visto	uma	e	se</p><p>candidatado,	pensando	que	era	real,	e	nunca	ter	 tido	notícias	da	empresa.	Ou,</p><p>pior,	eles	desperdiçaram	seu	tempo	com	uma	entrevista	superficial	que	não	deu</p><p>em	nada.	Uma	maneira	de	saber	se	isso	está	acontecendo	é	ver	quanto	tempo	as</p><p>descrições	de	cargos	permanecem	postadas	no	site	de	uma	empresa.	Se	estão</p><p>indo	e	vindo	a	cada	semana	ou	duas,	pode	ser	por	isso.</p><p>Aviso:	Empresas	Bacanas	e	“Falsos	Positivos”</p><p>Há	uma	questão	específica	para	prestar	atenção	se	você	está	se	candidatando	a</p><p>uma	 empresa	 bacana,	 uma	 empresa	 quente,	 crescente	 e	 bem-sucedida	 onde</p><p>todo	 mundo	 quer	 trabalhar.	 Aqui	 no	 Vale	 do	 Silício,	 é	 o	 Google,	 a	 Apple,	 o</p><p>Facebook	 e	 o	 Twitter	 –	 você	 talvez	 tenha	 ouvido	 falar.	 Empresas	 bacanas</p><p>podem	ser	encontradas	em	todas	as	indústrias	saudáveis	e	você	provavelmente</p><p>reconhece	 aquelas	 nas	 indústrias	 que	 acha	 interessantes.	 O	 problema	 é	 um</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>excesso	 de	 oferta	 não	 só	 de	 candidatos	 qualificados,	 mas	 de	 candidatos</p><p>realmente	 ótimos.	 Essas	 empresas	 têm	 muito	 mais	 candidatos	 excelentes	 do</p><p>que	vagas.	Consequentemente,	as	empresas	bacanas	não	se	preocupam	em	não</p><p>conseguir	contratar	pessoas	fantásticas,	seu	único	medo	é	que	possam	contratar</p><p>um	candidato	ruim.	Se	uma	empresa	erra	e	acha	que	alguém	é	bom	candidato</p><p>quando	é	apenas	médio,	constitui	um	“falso	positivo”,	o	que	é	um	pesadelo	de</p><p>contratação.</p><p>Uma	 contratação	 ruim	 é	 incrivelmente	 cara	 e	 dolorosa.	 É	 difícil	 demitir</p><p>empregados	hoje	em	dia	(processos	trabalhistas	estão	em	alta)	e,	depois	disso,</p><p>você	 ainda	 tem	 que	 passar	 por	 todo	 o	 processo	 de	 contratação	 de	 novo.</p><p>Enquanto	 isso,	 o	 trabalho	 importante	 para	 o	 qual	 você	 os	 contratou	 não	 está</p><p>sendo	feito,	as	agendas	estão	atrasadas,	o	dinheiro	está	sendo	perdido	e...	a	lista</p><p>não	 tem	 fim.	 As	 empresas	 farão	 de	 tudo	 para	 evitar	 falsos	 positivos	 na</p><p>contratação.	Isso	inclui	ser	bastante	tolerante	com	falsos	negativos	–	achar	que</p><p>alguém	 é	 um	 candidato	 ruim	 quando,	 na	 realidade,	 é	 um	 ótimo	 candidato.</p><p>Deixar	um	ótimo	candidato	de	fora	sem	querer	não	custa	nada	a	uma	empresa</p><p>bacana:	 eles	 têm	 um	monte	 de	 bons	 candidatos,	 por	 isso,	 cometer	 o	 erro	 de</p><p>perder	alguns	bons	no	filtro	de	contratação	é	mais	perdoável	do	que	contratar</p><p>um	candidato	ruim.	Portanto,	os	processos	de	contratação	de	empresas	bacanas</p><p>são	às	vezes	bastante	severos.	Candidatos	ótimos	são	rejeitados	com	frequência</p><p>e	nem	 sabem	por	 quê.	 Isso	 pode	 acontecer	 com	você.	 Essas	 empresas	muitas</p><p>vezes	conseguem	encontrar	pessoas	que	realmente	são	quase	exatamente	como</p><p>aquilo	que	a	oferta	absurda	de	trabalho	está	pedindo	(eu	sei	que	dissemos	que</p><p>isso	 não	 acontece	 na	 realidade,	 mas	 as	 empresas	 bacanas	 distorcem	 a</p><p>realidade).	 Então	 se	 você,	 como	 candidato,	 não	 está	 alinhado	 com	 as</p><p>características	 listadas	 no	 perfil	 desejado	 pela	 empresa	 ou	 até	 alguns	 dias</p><p>atrasado	na	candidatura,	talvez	não	tenha	mesmo	nenhuma	chance,	mesmo	que</p><p>seja	um	ótimo	candidato	e	uma	grande	aquisição	para	a	empresa.	Eles	não	se</p><p>importam.	 Eles	 não	 precisam.	 Não	 é	 maldade,	 só	 uma	 decisão	 de	 negócios</p><p>inteligente,	 necessária	 por	 conta	 da	 popularidade	 e	 do	 sucesso	 desse	 tipo	 de</p><p>empresa.</p><p>Este	 é	um	problema	de	 gravidade:	 não	 tem	 jeito.	 Se	quiser	 ir	 atrás	de	uma</p><p>dessas	 empresas	 bacanas,	 terá	 que	 jogar	 o	 jogo	 delas,	 seguir	 suas	 regras	 e</p><p>torcer	para	ter	o	que	precisa	para	se	dar	bem.	Lembre-se,	elas	querem	contratar</p><p>ótimos	candidatos	e	a	empresa	pode	ser	um	excelente	lugar	para	trabalhar	caso</p><p>consiga	 ser	 contratado.	 Se	 desejar	 trabalhar	 em	 uma	 empresa	 de	 alto	 nível,</p><p>realmente	fará	diferença	entrar	em	contato	com	pessoas	dentro	dessa	empresa,</p><p>usando	 as	 conversas-protótipo	 que	 discutimos.	 Uma	 conexão	 pessoal	 pode</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>ajudá-lo	 muito.	 Você	 ainda	 terá	 que	 passar	 pelo	 filtro	 do	 processo	 de</p><p>contratação,	mas	terá	alguma	ajuda.	Não	estamos	dizendo	que	não	deva	tentar	–</p><p>muitos	 funcionários	 dessas	 empresas	 adoram	 o	 que	 fazem	 lá;	 por	 isso,	 pode</p><p>valer	 o	 esforço.	 Porém	 seja	 brutalmente	 honesto	 consigo	 mesmo	 sobre	 suas</p><p>chances	e	caveat	emptor.</p><p>Como	Deveria	Ser</p><p>Uma	 coisa	 que	 você	 pode	 ter	 notado	 é	 a	 conspícua	 ausência	 suspeita	 das</p><p>descrições	de	vaga	que	são	assim:</p><p>Procurando	 candidatos	 que	 gostariam	 de	 conectar	 sua	 Visão	 de	 Trabalho	 à	 sua</p><p>Visão	de	Vida.</p><p>Estamos	 procurando	 candidatos	 que	 acreditam	 que	 o	 bom	 trabalho	 se	 encontra</p><p>através	do	exercício	adequado	dos	seus	pontos	mais	fortes.</p><p>Procuramos	 candidatos	 com	 integridade,	 capacidade	 de	 aprender	 rapidamente	 e</p><p>muita	motivação	intrínseca;	podemos	ensinar	o	resto.</p><p>No	nosso	mundo	perfeito	funcionaria	desta	maneira.</p><p>Então,	é	assim:	Empresas	postam	estas	descrições	de	vaga	tortuosas	que	não</p><p>descrevem	 nada	 de	 útil	 sobre	 a	 função	 para	 o	 potencial	 funcionário.	 Depois</p><p>cercam	 essas	 descrições	 de	 comentários	 ridículos	 sobre	 super-heróis	 e</p><p>coragem.	 Nenhuma	 das	 descrições	 que	 encontramos	 quando	 pesquisamos	 na</p><p>internet	parecia	abordar	qualquer	das	questões	que	estamos	discutindo.	Não	se</p><p>dirigiram	 às	 questões	 mais	 profundas	 do	 por	 que	 trabalhamos	 ou	 qual	 o</p><p>propósito	 do	 trabalho.	 É	 surpreendente	 que	 alguém	 queira	 se	 candidatar	 a</p><p>qualquer	um	desses	empregos.</p><p>Lembre-se,	designers	de	vida	não	trabalham	em	problemas	de	gravidade.	Não</p><p>vamos	 “consertar”	 as	 ofertas	 de	 emprego	 na	 internet.	 Mas	 não	 se	 preocupe.</p><p>Mesmo	 que	 as	 descrições	 postadas	 na	 internet	 sejam	 praticamente	 inúteis,</p><p>ainda	representam	um	ponto	de	partida</p><p>em	potencial	na	sua	conversa	com	as</p><p>instituições	que	representam.</p><p>A	consciência	é	a	chave	para	o	design	da	vida	e	isso	é	verdade	especialmente</p><p>quando	 você	 está	 projetando	 sua	 carreira.	 Se	 você	 estiver	 ciente	 do	 processo</p><p>envolvido	 na	 contratação,	 na	 redação	 de	 descrições	 de	 cargos,	 na	 leitura	 de</p><p>currículos	 e	 nas	 entrevistas	 (do	 ponto	 de	 vista	 do	 contratante),	 sua	 taxa	 de</p><p>sucesso	 vai	 aumentar	 bastante.	 A	 empatia	 é	 um	 elemento	 fundamental	 no</p><p>pensamento	 de	 design,	 e	 ter	 empatia	 e	 compreensão	 pelo	 pobre	 gerente	 de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>recursos	humanos	enterrado	em	currículos	irá	ajudá-lo	a	saber	como	criar	uma</p><p>busca	 mais	 produtiva.	 Eficácia	 na	 contratação	 envolve	 uma	 simples	 mas</p><p>importante	reformulação	de	design.</p><p>Crença	Disfuncional:	Você	deve	manter	o	foco	em	sua	necessidade	de	encontrar	um</p><p>emprego.</p><p>Reformulação:	Você	deve	manter	o	foco	na	necessidade	do	gerente	em	encontrar	a</p><p>pessoa	certa.</p><p>A	 conclusão	 é	 que	 não	 há	 nenhum	 trabalho	 perfeito	 onde	 você	 se	 encaixe</p><p>perfeitamente,	 mas	 você	 pode	 tornar	 muitos	 trabalhos	 suficientemente</p><p>perfeitos.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>S</p><p>8</p><p>Projetando	o	Emprego	dos	Sonhos</p><p>Crença	Disfuncional:	Meu	emprego	dos	sonhos	está	lá	me	esperando.</p><p>Reformulação:	 Você	 projeta	 seu	 emprego	 ideal	 através	 de	 um	 processo	 de	 busca</p><p>ativa	e	de	cocriação.</p><p>e	 o	 seu	 trabalho	 ideal	 não	 está	 esperando	 por	 você	 na	 porta	 da	 frente</p><p>quando	 chegar	 em	 casa,	 onde	 vai	 encontrá-lo?	 Em	 primeiro	 lugar,</p><p>devemos	esclarecer	que	não	há	trabalho	ideal.	Não	há	unicórnios.	Nem	almoço</p><p>grátis.	O	que	você	pode	encontrar	são	trabalhos	interessantes	em	organizações</p><p>de	 valor	 povoadas	 por	 pessoas	 dedicadas	 e	 trabalhadoras	 tentando	 fazer	 um</p><p>trabalho	 honesto.	 Há	 bons	 empregos	 em	 bons	 lugares	 com	 bons	 colegas	 de</p><p>trabalho	 e	 há	 pelo	menos	 alguns	 bons	 empregos	 que	 você	 pode	 fazer	 bem	 o</p><p>suficiente	 para	 os	 aperfeiçoar	 a	 ponto	 de	 amá-los.	 Esses	 são	 os	 “trabalhos</p><p>ideais”	que	podemos	ajudá-lo	a	encontrar,	mas	quase	todos	estão	invisíveis	para</p><p>você	agora,	pois	são	parte	de	um	mercado	de	trabalho	escondido.</p><p>Como	dissemos	antes,	não	recomendamos	procurar	emprego	na	internet.	Na</p><p>verdade,	apenas	20%	de	todos	os	empregos	disponíveis	nos	Estados	Unidos	são</p><p>publicados	 na	 internet	 –	 ou	 postados	 em	 qualquer	 outro	 lugar,	 para	 falar	 a</p><p>verdade	–,	o	que	indica	o	que	esperar	no	resto	do	mundo.	Isso	quer	dizer	que</p><p>80%,	 um	 total	 de	 quatro	 a	 cada	 cinco	 empregos	 no	 mercado,	 não	 estão</p><p>disponíveis	 pelo	 modelo	 padrão	 de	 busca	 de	 trabalho.	 É	 um	 número</p><p>impressionante.	 Não	 admira	 que	 tanta	 gente	 se	 sinta	 frustrada	 e	 rejeitada</p><p>quando	busca	emprego.</p><p>Como	 entrar	 nesse	 mercado	 de	 trabalho	 oculto?	 Bem,	 não	 tem	 como.</p><p>Ninguém	entra.	Não	existe	entrar	no	mercado	de	trabalho	oculto.	O	mercado	de</p><p>trabalho	 oculto	 é	 o	 mercado	 de	 trabalho	 aberto	 apenas	 para	 pessoas	 que	 já</p><p>estão	 conectadas	 na	 rede	 de	 profissionais	 em	 que	 esse	 trabalho	 existe.	 É	 um</p><p>jogo	de	 conhecidos	 e	 é	 quase	 impossível	 entrar	 nessa	 rede	 como	 candidato	 a</p><p>emprego.	Mas	é	muito	possível	entrar	na	rede	como	um	curioso	sinceramente</p><p>interessado	procurando	uma	história	(não	um	emprego).	É	assim	que	funciona.</p><p>É	 uma	 ótima	 coincidência	 que	 a	 melhor	 técnica	 para	 descobrir	 que	 trabalho</p><p>quer	 seguir	 (Entrevistas	 de	 Design	 de	 Vida,	 como	 discutido	 no	 Capítulo	 6)	 é</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>exatamente	a	melhor,	senão	a	única,	maneira	de	entrar	no	mercado	de	trabalho</p><p>oculto	em	sua	área	de	interesse	quando	você	souber	o	que	quer.	Kurt	–	aquele</p><p>com	mestrado	de	Yale	e	Stanford	e	38	cartas	de	apresentação	cuidadosamente</p><p>formuladas	sem	qualquer	resultado	–	ficou	desanimado	por	sua	falta	de	sucesso</p><p>com	os	métodos	tradicionais.	Percebendo	que	era	hora	de	aplicar	o	pensamento</p><p>de	 design	 à	 busca	 de	 emprego,	 Kurt	 parou	 de	 se	 candidatar	 e	 passou	 a	 fazer</p><p>entrevistas.	 Conduziu	 56	 conversas-protótipo	 autênticas	 com	 pessoas	 com</p><p>quem	 estava	 genuinamente	 interessado	 em	 se	 encontrar.	 Essas	 56	 conversas</p><p>resultaram	em	sete	ofertas	diferentes	de	 trabalho	de	qualidade	e	um	trabalho</p><p>ideal	(de	verdade,	não	de	fantasia)	que	conseguiu.	Ele	agora	trabalha	em	tempo</p><p>integral	para	uma	empresa	com	seus	horários	flexíveis,	um	trajeto	curto	para	o</p><p>serviço,	dinheiro	decente	e	um	emprego	que	é	significativo	para	ele	no	campo</p><p>do	 design	 ambientalmente	 sustentável.	 E	 teve	 acesso	 às	 oportunidades	 que</p><p>produziram	essas	sete	ofertas	não	pedindo	emprego,	mas	pedindo	histórias	de</p><p>vida	a	56	pessoas.</p><p>Lembre-se,	 tudo	o	que	você	está	procurando	com	uma	Entrevista	de	Design</p><p>de	Vida	(funcionando	como	uma	conversa-protótipo)	é	aprender	sobre	um	tipo</p><p>particular	 de	 trabalho	 ou	 função	 para	 ajudá-lo,	 se	 quiser,	 em	 uma	 data</p><p>posterior,	 a	 obter	 um	 emprego	 nessa	 área.	 Ao	 conduzir	 a	 conversa,	 você</p><p>realmente	não	está	atrás	do	emprego	–	está	atrás	da	história.	“Mas	espere	um</p><p>minuto”,	você	diz.	“Você	acabou	de	me	contar	como	Kurt	conseguiu	sete	ofertas</p><p>de	suas	56	Entrevistas	de	Design	de	Vida.	Como	isso	aconteceu?	Como	é	que	a</p><p>história	se	transforma	em	conseguir	o	emprego?”	Boa	pergunta.	Importante.	A</p><p>resposta	é	surpreendentemente	simples.</p><p>Na	maioria	das	vezes,	a	pessoa	com	quem	você	fala	faz	isso	por	você.	“Kurt,</p><p>você	parece	muito	 interessado	no	que	fazemos	aqui,	e	pelo	que	você	disse	até</p><p>agora	parece	que	você	 tem	 talentos	que	poderíamos	usar.	Você	 já	pensou	em</p><p>trabalhar	em	algum	lugar	como	este?”</p><p>Mais	da	metade	das	vezes,	quando	a	abordagem	que	estamos	recomendando</p><p>resulta	em	uma	oferta,	você	não	precisa	pedir	–	a	outra	pessoa	dá	o	primeiro</p><p>passo.	E,	se	não	o	fizerem,	você	pode	fazer	uma	pergunta	que	vai	transformar	a</p><p>sua	conversa-protótipo	em	uma	busca	por	um	emprego.</p><p>“Quanto	 mais	 eu	 aprendo	 sobre	 XYZ	 Ambiental	 e	 quanto	 mais	 pessoas	 eu</p><p>encontro	 aqui,	mais	 fascinante	 fica	 tudo.	 Gostaria	 de	 saber,	 Allen,	 que	 passos</p><p>seriam	necessários	para	alguém	como	eu	se	tornar	parte	desta	organização?”</p><p>É	 isso	 aí.	 Assim	 que	 você	 perguntar	 “Que	 passos	 seriam	 necessários	 para</p><p>alguém	como	eu	se	tornar	parte	desta	organização?”,	Allen	sabe	que	é	hora	de</p><p>mudar	de	marcha	e	começar	a	pensar	criticamente	sobre	você	como	candidato.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Significa	que	ele	vai	começar	a	usar	o	lado	de	julgamento	do	cérebro,	mas	tudo</p><p>bem.	 Tem	 que	 acontecer	 mais	 cedo	 ou	 mais	 tarde.	 Então	 quando	 chegar	 o</p><p>momento	certo,	vá	em	frente!</p><p>Atenção	 para	 não	 dizer:	 “Uau,	 este	 lugar	 é	 ótimo!	 Você	 tem	 vagas?”	 Pelas</p><p>razões	 já	 mencionadas,	 a	 resposta	 provavelmente	 será	 “Não”.	 “Que	 passos</p><p>seriam	 necessários...”	 é	 uma	 pergunta	 aberta	 (sem	 sim	 ou	 não)	 e	 permite</p><p>possibilidades	 muito	 além	 do	 que	 está	 disponível	 no	 momento.	 Se	 você	 está</p><p>perguntando	isso	a	alguém	como	Allen,	com	quem	já	estabeleceu	uma	conexão	e</p><p>ganhou	alguma	consideração,	podemos	esperar	que	ele	dê	a	você	uma	sincera</p><p>resposta	de	apoio.	Em	alguns	casos,	Allen	pode	até	dizer:	“Não,	não	temos	nada</p><p>agora	 por	 aqui,	 mas	 acho	 que	 você	 tem	 tudo	 a	 ver	 com	 uma	 das	 nossas</p><p>empresas	 associadas.	 Você	 conhece	 alguém	 no	 Espaço	 Verde?	 Acho	 que	 você</p><p>gostaria	de	ver	o	que	eles	estão	fazendo.”</p><p>Acontece	o	tempo	todo.</p><p>Por	 falar	nisso,	em	seis	dos	sete	 lugares	dos	quais	Kurt	recebeu	ofertas,	ele</p><p>não	precisou	perguntar	 sobre	vagas	disponíveis.	Ele	 só	ouviu	 as	histórias	das</p><p>pessoas	que	entrevistou	e	todas	fizeram	a	oferta	a	ele.	Só	uma	das	ofertas	era</p><p>para	uma	vaga	publicada	–	todas	as	outras	eram	parte	do	mercado	de	trabalho</p><p>oculto.	A	oferta	publicada	foi	a	que	acabou	aceitando.	Mas	foi	publicada	depois</p><p>de	ele	já	ter	conduzido	uma	Entrevista	de	Design	de	Vida	com	o	CEO,	que	foi	tão</p><p>bem	que,	no	momento	em	que	a	oferta	foi	publicada,	ele	já	estava	praticamente</p><p>contratado.</p><p>Ah,	mais	um	pequeno	detalhe	sobre	a	história	de	Kurt.	A	entrevista	final	com</p><p>a	 empresa	 onde	 ele	 trabalha	 agora	 foi	 com	 cinco	 membros</p><p>do	 conselho</p><p>administrativo.	 A	 sua	 primeira	 pergunta	 foi:	 “Acha	 que	 pode	 ser	 eficiente	 no</p><p>estabelecimento	 de	 parcerias	 na	 comunidade	 de	 arquitetura	 sustentável	 por</p><p>aqui?	 Afinal,	 você	 acabou	 de	mudar-se	 para	 a	 Geórgia.”	 Olhando	 ao	 redor	 da</p><p>mesa,	 Kurt	 teve	 a	 feliz	 surpresa	 de	 reconhecer	 três	 dos	 cinco	 membros	 do</p><p>conselho	como	pessoas	com	as	quais	já	tinha	tomado	café.	Ele	respondeu:	“Bem,</p><p>eu	já	consegui	chegar	a	três	de	vocês.	Eu	ficaria	feliz	em	continuar	fazendo	esse</p><p>tipo	de	trabalho	em	nome	desta	organização.”	Sim	–	ele	arrasou	na	entrevista.</p><p>Mas	antes	disso	teve	que	conseguir	muitos	contatos.</p><p>Gente:	A	Outra	Rede	Mundial</p><p>Quando	 Kurt	 realmente	 se	 esforçou	 para	marcar	muitas	 conversas-protótipo,</p><p>ele	 teve	 que	 entrar	 em	 contato	 com	 vários	 tipos	 de	 gente	 para	 conseguir</p><p>conexões	e	referências	daqueles	que	precisava	conhecer.	Para	conseguir	essas</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>referências,	Kurt	teve	que	trabalhar	com	seus	contatos:	teve	que	falar	com	seus</p><p>contatos	e	com	os	contatos	deles	e	até	com	desconhecidos	que	 identificou	on-</p><p>line.	Então	ele	perguntou	a	essas	pessoas	com	quem	ele	deveria	estar	falando,</p><p>que	 histórias	 ele	 deveria	 estar	 ouvindo	 se	 quisesse	 aprender	 mais	 sobre</p><p>arquitetura	 sustentável	 na	 área	 de	 Atlanta.	 Foi	 difícil.	 Não	 era	 exatamente	 a</p><p>parte	 favorita	 de	 Kurt	 no	 processo	 (na	 verdade,	 não	 é	 a	 parte	 favorita	 de</p><p>ninguém),	mas	funcionou.	E	é	inteiramente	necessário.</p><p>Muita	gente	tem	aversão	instantânea	à	noção	de	“contatos”.	Eles	pensam	em</p><p>pessoas	 espertalhonas	 e	 egoístas	 que	 manipulam	 os	 outros	 para	 conseguir</p><p>coisas	que	não	merecem	ou	trapaceiros	fingindo	que	se	importam	com	alguém</p><p>para	usá-lo	para	chegar	a	outra	pessoa.	Essas	imagens	negativas	são	poderosas</p><p>e	 reforçadas	 por	muitos	 personagens	 em	 filmes	 e	 romances,	 assim	 como	 por</p><p>muitas	pessoas	que	conhecemos	ou	das	quais	ouvimos	falar.	A	boa	notícia	é	que,</p><p>embora	estes	estereótipos	tenham	exemplos	na	vida	real,	eles	são,	de	 longe,	a</p><p>minoria.	 Vamos	 ver	 se	 podemos	 facilitar	 as	 coisas	 para	 você	 ao	 reformular	 o</p><p>conceito.</p><p>Crença	Disfuncional:	Usar	contatos	é	só	se	aproveitar	das	pessoas	–	é	nojento.</p><p>Reformulação:	Usar	contatos	é	como	pedir	direções.</p><p>Pense	na	última	vez	em	que	você	esteve	andando	pela	 rua	em	sua	cidade	e</p><p>um	 carro	 desconhecido	 parou	 lentamente	 ao	 seu	 lado.	 A	 janela	 desceu	 e	 o</p><p>passageiro	 se	 inclinou	 para	 você	 com	 um	 olhar	 óbvio	 de	 angústia.	 Agora,</p><p>dependendo	 de	 onde	 você	 mora,	 seu	 primeiro	 instinto	 pode	 ter	 sido	 se</p><p>esconder,	correr	gritando	ou	sacar	seu	spray	de	pimenta,	mas	para	a	maioria	de</p><p>nós	a	primeira	reação	seria	oferecer	ajuda.</p><p>A	pessoa	no	carro	está	perdida	e	precisa	 saber	o	 caminho	para	o	café	mais</p><p>próximo,	a	rampa	de	acesso	à	autoestrada,	o	parque	de	diversões	ou	a	 loja	de</p><p>antiguidades.	O	que	você	faz?	Bem,	a	maioria	de	nós	lhe	dará	direções	se	puder.</p><p>Nós	sempre	ajudamos.	Talvez	pergunte	algo	sobre	a	sua	cidade,	outros	lugares</p><p>que	 pode	 querer	 visitar,	 como	 é	 o	 serviço	 no	 café	 ao	 qual	 está	 indo.	 Ela	 vai</p><p>embora	e	você	segue	o	seu	caminho.	Como	você	se	sente	quando	ela	parte	com</p><p>as	direções	e	 informações	que	você	 lhe	deu?	Você	 se	 sente	usado?	Você	 ficou</p><p>ofendido	 por	 não	 ligar	 de	 volta	 no	 dia	 seguinte	 ou	 se	 tornar	 sua	 amiga	 no</p><p>Facebook	 ou	 por	 ela	 se	 importar	mais	 em	 ir	 ao	 café	mais	 próximo	do	 que	 se</p><p>preocupar	com	você?	Claro	que	não.	Vocês	não	são	amigos.	Vocês	não	entraram</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>em	um	relacionamento.	Você	se	sente	bem	por	ter	ajudado	outro	ser	humano.</p><p>Vários	 estudos	 confirmam	 isso	 –	 a	 maioria	 de	 nós	 gosta	 de	 ser	 útil,	 está	 no</p><p>nosso	DNA.	Somos	criaturas	 sociais	 e	 ajudar	uns	aos	outros	é	uma	das	 coisas</p><p>que	mais	gostamos	de	fazer.</p><p>Kurt	 não	 conhecia	 bem	 a	 indústria	 de	 arquitetura	 sustentável	 em	 Atlanta.</p><p>Talvez	você	não	conheça	bem	a	comunidade	de	nanotecnologia	em	Hong	Kong,</p><p>a	 turma	 da	 cerveja	 artesanal	 em	Wichita	 ou	 o	 sindicato	 de	 enfermagem	 em</p><p>Seattle.	O	que	deve	fazer?	Pedir	orientação	a	alguém	do	local.	Pedir	referências</p><p>de	 pessoas	 cujas	 histórias	 podem	 te	 ajudar	 é	 simplesmente	 o	 equivalente</p><p>profissional	 de	 pedir	 orientação	 a	 quem	 conhece	 o	 local.	 Então	 vá	 em	 frente,</p><p>peça	direções.	Não.	É.	Nada.	Demais.</p><p>Quando	 falamos	de	 “rede”	de	 contatos,	 estamos	 falando	de	um	substantivo,</p><p>não	 um	 verbo:	 o	 objetivo	 não	 é	 formar	 a	 rede,	 mas	 participar	 da	 rede.</p><p>Simplificando,	 significa	 apenas	 entrar	 em	 uma	 determinada	 comunidade	 que</p><p>está	 tendo	 uma	 discussão	 em	 particular	 (como	 a	 comunidade	 de	 arquitetura</p><p>sustentável).	Cada	domínio	do	esforço	humano	é	sustentado	por	uma	rede	de</p><p>relações	 entre	 as	 pessoas.	 Pessoas	 reais.	 Essa	 teia	 é	 o	 tecido	 que	 sustenta,</p><p>contém	e	 retém	essa	parte	da	sociedade.	A	rede	de	Stanford,	da	qual	 fazemos</p><p>parte,	sustenta	Stanford.	A	rede	do	Vale	do	Silício	é	a	comunidade	informal	da</p><p>galera	da	costa	oeste	dos	Estados	Unidos	que	permite	que	o	empreendedorismo</p><p>tecnológico	 floresça.	 A	 maioria	 das	 pessoas	 tem	 uma	 rede	 de	 contatos</p><p>profissionais	 (de	 colegas)	 e	 uma	 rede	 de	 contatos	 pessoais	 (de	 amigos	 e</p><p>familiares).	A	maneira	mais	comum	de	as	pessoas	serem	apresentadas	a	redes</p><p>profissionais	é	através	de	referências	das	redes	pessoais.	Isso	não	é	favoritismo,</p><p>só	comportamento	comunitário.	O	uso	de	redes	pessoais	ou	profissionais	para</p><p>incluir	pessoas	novas	na	conversa	de	uma	comunidade	é	uma	coisa	boa.	A	rede</p><p>existe	 para	 apoiar	 a	 comunidade	 de	 quem	 está	 trabalhando	 –	 e	 é	 a	 única</p><p>maneira	de	acessar	o	mercado	de	trabalho	oculto.</p><p>Falando	da	internet,	parece	que	ela	pode	transformar	mesmo	sua	busca	por</p><p>trabalho	no	que	diz	respeito	a	contatos.	Não	use	a	internet	para	encontrar	vagas</p><p>de	emprego	on-line,	mas	para	entrar	em	contato	com	as	pessoas	cujas	histórias</p><p>você	quer	ouvir.	Bella,	uma	de	nossas	alunas	formada	há	alguns	anos,	acaba	de</p><p>ligar	 para	 nos	 dizer	 o	 quão	 feliz	 ela	 estava	 e	 como	 essa	 abordagem	 tinha</p><p>funcionado	bem.	Ela	descobriu	com	sucesso	o	que	queria	fazer	(investimento	de</p><p>impacto	no	mundo	em	desenvolvimento)	e	com	isso	projetou	seu	caminho	para</p><p>três	grandes	ofertas	nesse	campo,	incluindo	a	que	ela	aceitou,	de	uma	empresa</p><p>de	elite	de	que	nunca	tinha	ouvido	antes	–	e	 isto	só	 levou	200	conversas	para</p><p>realizar.	Duzentas.	Em	apenas	seis	meses.	Sério.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Bella	 contou	 que	 foi	 capaz	 de	 encontrar	 e	 entrar	 em	 contato	 com	mais	 de</p><p>metade	 dessas	 200	 pessoas	 usando	 o	 Google	 e	 o	 LinkedIn.	 Claro	 que	 ela</p><p>pesquisou	 indivíduos	 e	 organizações	 e	 usou	 seus	 contatos	 para	 conseguir</p><p>referências	 pessoais	 sempre	 que	 pôde,	 mas	 usar	 de	 forma	 inteligente	 as</p><p>ferramentas	 da	 internet	 fez	 uma	 diferença	 enorme.	 O	 LinkedIn	 transformou</p><p>completamente	 nossa	 capacidade	 de	 encontrar	 as	 pessoas	 que	 estamos</p><p>procurando.	 Existem	 muitos	 livros	 e	 programas	 on-line	 para	 ensiná-lo	 a	 ser</p><p>eficaz	 usando	 essas	 ferramentas	 (alguns	 das	 melhores	 são	 oferecidos	 pelo</p><p>próprio	 LinkedIn).	 Use-os.	 E,	 se	 você	 se	 tornar	 um	 astro	 do	 LinkedIn	 e	 do</p><p>Google,	 a	 internet	 pode	 fazer	 diferença	 para	 você	 e	 não	 será	 mais	 o	 buraco</p><p>negro	no	qual	perde	seu	currículo.</p><p>Concentre-se	nas	Ofertas	–	Não	nos	Empregos</p><p>Todos	 os	 anos,	 a	 Associação	 Nacional	 de	 Faculdades	 e	 Empresas	 (National</p><p>Association	of	Colleges	and	Employers,	NACE),	uma	ONG	estabelecida	em	1956,</p><p>compila	 dados	 sobre	 novos	 formandos	 e	 empregos,	 como	 o	 salário	médio	 de</p><p>recém-formados,	o	que	os	melhores	recrutadores	estão	procurando	e	também	o</p><p>que	os	formados	relatam	como	as	prioridades	determinantes	quando	se	trata	de</p><p>emprego.	Adivinhe	qual	foi	a	primeira	consideração	da	turma	de	formandos	de</p><p>2014	ao	procurar	emprego?[1]</p><p>A	natureza	do	trabalho.</p><p>Salário	e	a	simpatia	dos	colegas	de	trabalho	vêm	em	segundo	e	terceiro	lugar</p><p>para	 completar	 essa	 trinca	 completamente	 disfuncional	 de	 quem	 busca</p><p>trabalho.</p><p>O	problema	com	este	cenário	é	que	não	há	como	saber	a	verdadeira	“natureza</p><p>do	 trabalho”	 antes	 de	 começar.	 É	 impossível.	 Visto	 que	 tantas	 descrições	 de</p><p>trabalho	 são	 disfuncionais	 e	 imprecisas,	 a	 maioria	 das	 pessoas	 descarta	 o</p><p>trabalho	antes	mesmo	de	terem	se	candidatado	(e	antes	que	saibam	ao	certo	o</p><p>que	 estão	 rejeitando).	 É	 um	 problema	 insuportável	 do	 ovo	 e	 da	 galinha	 que</p><p>pode	 reduzir	 muito	 suas	 oportunidades	 potenciais.	 É	 por	 isso	 que	 a</p><p>reformulação	mais	 importante	quando	 se	 está	projetando	 sua	 carreira	 é	 esta:</p><p>você	nunca	procura	um	emprego,	você	procura	uma	oferta.</p><p>Crença	Disfuncional:	Estou	à	procura	de	emprego.</p><p>Reformulação:	Estou	atrás	de	uma	quantidade	de	ofertas.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Agora,	 isso	pode	não	parecer	uma	grande	distinção	no	 início,	mas	é	crucial.</p><p>Muda	 tudo	 –	 os	 trabalhos	 que	 você	 considera,	 como	 você	 aborda	 cartas	 de</p><p>apresentação	 e	 currículos,	 como	 você	 entrevista,	 como	 fecha	 o	 negócio	 e,</p><p>finalmente,	 como	 encontra	 as	 oportunidades	 que	 está	 procurando.	 O	 maior</p><p>impacto	desta	 reformulação	é	na	 sua	mentalidade.	Você	passa	de	uma	pessoa</p><p>decidindo	se	aceita	ou	não	esta	oferta	(sobre	a	qual	você	não	sabe	nada)	para</p><p>uma	 pessoa	 que	 está	 curiosa	 para	 descobrir	 que	 tipo	 de	 oferta	 interessante</p><p>pode	encontrar	nessa	organização.	Você	passa	do	julgamento	para	a	exploração,</p><p>do	negativo	para	o	positivo	–	e	isso	faz	uma	enorme	diferença.</p><p>Quando	você	está	procurando	um	emprego,	seu	foco	está	naquele	emprego,	e</p><p>seu	 comportamento	 gira	 em	 torno	 de	 convencer	 a	 instituição	 a	 contratá-lo	 e</p><p>transmitir	 que	 aquele	 é	 o	 seu	 trabalho	 perfeito,	 absoluto	 que	 você	 nasceu</p><p>querendo.	Você	tem	que	convencer	os	encarregados	de	preencher	a	posição	que</p><p>você	 e	 a	 descrição	 do	 trabalho	 são	 o	 ajuste	 perfeito	 (casamento	 de	 conto	 de</p><p>fadas,	um	não	pode	viver	sem	o	outro,	têm	que	estar	juntos	para	sempre).	Como</p><p>você	não	sabe	muito	sobre	a	natureza	do	 trabalho,	 tem	que	 fingir	entusiasmo</p><p>para	 fazer	este	processo	 funcionar.	Em	outras	palavras,	você	mente	ou	não	se</p><p>candidata.</p><p>E	ninguém	gosta	de	mentir.</p><p>Mas	 quando	 você	 está	 procurando	 uma	 oferta	 em	 vez	 de	 um	 trabalho	 –</p><p>quando	seu	objetivo	muda	de	conseguir	um	emprego	para	conseguir	o	máximo</p><p>possível	 de	 ofertas	 de	 emprego	 –	 tudo	muda.	Você	não	precisa	 ser	 enganoso.</p><p>Você	 pode	 ser	 genuinamente	 curioso	 sobre	 o	 trabalho,	 porque	 é	 totalmente</p><p>verdade	que	você	gostaria	de	ter	a	oportunidade	de	avaliar	a	oferta.	Não	é	uma</p><p>questão	de	semântica;	é	uma	questão	de	autenticidade.	Quando	você	reformula</p><p>a	 pesquisa	 de	 trabalho	 em	 uma	 pesquisa	 de	 oferta,	 você	 acaba	 ficando	mais</p><p>autêntico,	 enérgico,	 persistente	 e	 brincalhão	 enquanto	 corre	 atrás	 de	 sua</p><p>próxima	posição	ou	oportunidade.	E,	ironicamente,	isso	acaba	aumentando	suas</p><p>chances	 de	 conseguir	 a	 oferta.	 As	 pessoas	 não	 contratam	 currículos;	 elas</p><p>contratam	 pessoas.	 Pessoas	 de	 quem	 elas	 gostam.	 Pessoas	 que	 são</p><p>interessantes.	E	você	sabe	quais	tipos	de	pessoas	atraem	mais	o	nosso	interesse</p><p>(seja	para	um	encontro	romântico	ou	para	um	emprego)?	As	que	demonstram</p><p>mais	interesse	em	nós.</p><p>Isso	remonta	à	curiosidade	–	uma	das	atitudes	mais	importantes	do	design	de</p><p>vida.	Se	você	está	procurando	seu	primeiro	emprego,	mudando	de	carreira	ou</p><p>escolhendo	uma	 carreira	 bis,	 você	 tem	que	 ser	 genuinamente	 curioso.	 É	 para</p><p>isso	 que	 servem	 as	 conversas	 e	 experiências-protótipo:	 para	 estar	 aberto	 e</p><p>curioso	com	as	possibilidades.	Chamamos	isso	de	perseguir	maravilhas	latentes,</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>o	que	significa	você	se	perguntar:	“Haverá	20%	de	chance	de	que	algo	que	me</p><p>interessa	 esteja	 acontecendo	 em	 algum	 lugar	 nesta	 organização?	 Ou	 uma</p><p>chance	de	10%?”	Se	a	resposta	for	sim,	você	não	quer	descobrir	o	que	é?	É	claro</p><p>que	sim!	Esse	desejo	de	descobrir	permite	que	você	demonstre	uma	curiosidade</p><p>genuína	e	uma	vontade	de	ir	atrás	das	maravilhas	latentes	em	uma	organização</p><p>que	 você	 poderia	 ter	 descartado	 desnecessariamente	 por	 achar	 que	 não</p><p>combinava	com	você.</p><p>Você	não	tem	como	saber	a	natureza	do	trabalho	até	que	tenha	 investigado</p><p>mais,	até	que	tenha	ido	atrás	da	oferta.	Você	não	tem	como	saber	só	por	meio	de</p><p>uma	descrição	de	 trabalho	 incompleta.	Você	não	 tem	como	saber	baseado	em</p><p>noções	preconcebidas	sobre	como	é	fazer	esse	trabalho	ou	trabalhar	para	essa</p><p>empresa.</p><p>Você	 raramente	 sabe	 muito	 sobre	 um	 trabalho	 antes	 de	 receber	 a	 oferta,</p><p>portanto	 vá	 atrás	 de	 todas	 as	 ofertas	 possíveis.	 Tudo	 que	 você	 precisa	 é	 a</p><p>possibilidade	de	que	uma	delas	combine	com	você.	É	isso,	só	uma	possibilidade.</p><p>E	 talvez	 um	 dia,	 quando	 a	 NACE	 fizer	 o	 seu	 estudo	 anual	 sobre	 o	 que	 os</p><p>formandos	universitários	procuram	em	um	emprego,	a	primeira	coisa	não	será</p><p>a	 natureza	 do	 trabalho.	 Será	 a	maravilha	 latente.	 Será	mais	 possibilidades	 do</p><p>que	pressuposição.</p><p>O	Conto	de	Fadas	do	Emprego	Encantado</p><p>Kurt	 estabeleceu	 conversas	 genuínas	 e	 encontrou	 um	 bom	 emprego	 que</p><p>conseguiu	 transformar	 em	 um	 ótimo	 emprego.	 Você	 pode	 fazer	 o	 mesmo.</p><p>Sabemos	que	é	difícil.	Sabemos	que	dá	muito	trabalho	e	às	vezes	é	assustador.</p><p>Mas	 também	é	 incrivelmente	 interessante	e	a	única	maneira	que	conhecemos</p><p>de	entrar	no	mercado	oculto	de	trabalho.	Até	certo	ponto,	é	também	um	jogo	de</p><p>números	–	quanto	mais	contatos	você	fizer,	mais	protótipos	você	executar,	mais</p><p>oportunidades	se	transformarão	em	ofertas.</p><p>Considere	as	alternativas.</p><p>Trinta	e	oito	pedidos	de	emprego	e	nenhuma	oferta.</p><p>Cinquenta	e	seis	conversas	e	uma	grande	rede	de	contatos	profissionais.</p><p>De	qual	abordagem	você	gosta	mais?	Agora	é	com	você.</p><p>É	mais	 do	 que	possível	 usar	 o	 pensamento	de	design	para	 encontrar	 o	 seu</p><p>primeiro	 emprego,	 transformar	 seu	 trabalho	 atual,	 projetar	 seu	 próximo</p><p>trabalho	e	criar	uma	carreira	que	integra	sua	Visão	de	Trabalho	e	sua	Visão	de</p><p>Vida.	Na	realidade,	nós	recomendamos	que	o	faça,	porque	não	há	nenhuma	Fada</p><p>Madrinha	do	Trabalho	vindo	salvá-lo.	A	ideia	de	que	o	emprego	dos	seus	sonhos</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>já	existe,	prontinho,	apenas	esperando	por	você,	é	um	conto	de	fadas.</p><p>Você	 projeta	 um	 emprego	 “realmente	 fantástico	 e	 inacreditavelmente</p><p>próximo	de	um	sonho”	do	mesmo	 jeito	que	você	projeta	 sua	vida	–	pensando</p><p>como	 um	 designer,	 gerando	 opções,	 executando	 protótipos	 e	 fazendo	 as</p><p>melhores	escolhas	possíveis.</p><p>E	aprendendo	a	viver	com	essas	escolhas.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>P</p><p>9</p><p>Escolhendo	Ser	Feliz</p><p>rojetar	uma	carreira	e	uma	vida	não	depende	só	de	muitas	opções	e	boas</p><p>alternativas,	como	já	discutimos,	mas	também	da	capacidade	de	fazer	boas</p><p>escolhas	e	viver	as	escolhas	com	confiança,	o	que	significa	que	você	as	aceita	e</p><p>não	duvida	do	que	escolheu.	Não	importa	onde	você	começou,	em	que	fase	da</p><p>vida	e	da	carreira	você	está,	quão	boas	ou	ruins	você	acha	suas	circunstâncias,</p><p>apostaríamos	todo	nosso	dinheiro	que	há	um	objetivo	comum	que	todo	mundo</p><p>tem	na	vida	que	projeta:</p><p>Felicidade.</p><p>Quem	não	quer	ser	feliz?	Queremos	ser	felizes,	queremos	que	nossos	alunos</p><p>sejam	felizes	e	queremos	que	você	seja	feliz.</p><p>No	design	de	vida,	felicidade	significa	que	você	escolhe	ser	feliz.</p><p>Escolher	 a	 felicidade	 não	 significa	 estalar	 os	 dedos	 três	 vezes	 e	 fazer	 um</p><p>desejo.	O	segredo	para	a	felicidade	no	design	de	vida	não	é	fazer	a	escolha	certa;</p><p>é	aprender	a	escolher	bem.</p><p>Você	pode	 fazer	 todo	o	 trabalho	no	design	de	vida	–	 imaginar,	prototipar	e</p><p>agir	–,	o	que	leva	a	alguns	planos	de	design	de	vida	alternativos	bem	legais,	mas</p><p>isso	não	garante	que	será	feliz	e	terá	tudo	aquilo	que	deseja.	Talvez	você	acabe</p><p>feliz,	 tendo	 tudo	 o	 que	 quer,	 talvez	 não.	 Dizemos	 “talvez”	 porque	 ser	 feliz	 e</p><p>conseguir	 o	 que	 você	 quer	 não	 é	 questão	 de	 riscos	 futuros	 e	 incógnitas	 ou</p><p>escolher	as	alternativas	certas;	é	questão	de	como	você	escolhe	e	vive	com	suas</p><p>escolhas	 depois	 que	 elas	 estão	 feitas.	 Todo	 o	 seu	 trabalho	 árduo	 pode	 ser</p><p>desfeito	por	uma	má	escolha.	Não	tanto</p><p>por	fazer	a	escolha	errada	(é	um	risco,</p><p>mas,	honestamente,	não	tão	grande,	e	geralmente	tem	volta),	mas	por	pensar	da</p><p>forma	errada	sobre	sua	escolha.	Adotar	um	processo	de	escolha	bom,	saudável	e</p><p>inteligente	é	imperativo	a	um	resultado	feliz.	Muitas	pessoas	usam	um	modelo</p><p>de	escolha	que	as	 separa	das	suas	epifanias	mais	 importantes	e	as	 impede	de</p><p>ficar	 feliz	 com	 suas	 escolhas	 depois	 de	 feitas.	 Vemos	 isso	 o	 tempo	 todo	 e</p><p>estudos	concordam:	muita	gente	garante	um	resultado	infeliz	pela	forma	como</p><p>aborda	este	passo	fundamental	do	design	–	a	escolha.</p><p>Crença	Disfuncional:	Para	ser	feliz,	preciso	fazer	a	escolha	certa.</p><p>Reformulação:	Não	há	escolha	certa	–	só	boas	escolhas.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Por	outro	lado,	escolher	bem	garante	um	resultado	feliz	e	vital	e	prepara	para</p><p>mais	opções	e	um	futuro	melhor.</p><p>O	Processo	de	Escolha	do	Design	de	Vida</p><p>No	 design	 de	 vida,	 o	 processo	 de	 escolha	 tem	 quatro	 etapas.	 Primeiro,	 você</p><p>reúne	 e	 cria	 algumas	 opções,	 depois	 você	 reduz	 a	 lista	 às	 suas	 principais</p><p>alternativas,	então	você	finalmente	escolhe	e	depois,	por	último,	mas	não	menos</p><p>importante,	você...	sofre	com	aquela	escolha.	Sofre	pensando	se	fez	a	coisa	certa.</p><p>Na	verdade,	 incentivamos	você	a	passar	 incontáveis	horas,	dias,	meses	ou	até</p><p>mesmo	décadas	sofrendo.</p><p>Brincadeira!	 É	 possível	 perder	 anos	 sofrendo	 com	 as	 escolhas	 que	 fizeram,</p><p>mas	o	sofrimento	é	um	desperdício.	Claro	que	não	queremos	que	você	sofra	e</p><p>isso	não	é	a	quarta	etapa	do	processo	de	escolha	no	design	de	vida.</p><p>A	quarta	etapa	do	processo	é	deixar	de	lado	as	opções	desnecessárias	e	seguir</p><p>em	 frente,	 aceitando	 inteiramente	 a	 nossa	 escolha	 para	 que	 possamos</p><p>aproveitá-la	ao	máximo.</p><p>Precisamos	 entender	 cada	 uma	 dessas	 etapas	 para	 perceber	 a	 diferença</p><p>importante	 entre	 uma	 boa	 escolha,	 que	 tem	 resultados	mais	 positivos	 e	mais</p><p>perspectivas,	 além	de	 uma	má	 escolha	 que	 nos	 predestina	 a	 uma	 experiência</p><p>infeliz.</p><p>Etapa	1:	Reunir	e	Criar	Opções</p><p>Reunir	 e	 criar	 opções	 é	 o	 que	 discutimos	 ao	 longo	 deste	 livro.	 Chegar	 a	 boas</p><p>conclusões,	explorar	opções	sobre	onde	se	envolver	com	o	mundo	e	prototipar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>experiências	são	as	maneiras	que	seu	processo	de	design	de	vida	usa	para	gerar</p><p>ideias,	alternativas	e	opções	viáveis	que	você	pode	seguir	(sempre,	é	claro,	com</p><p>uma	mentalidade	curiosa	pela	qual	você	está	procurando	maravilhas	latentes	e</p><p>abordada	com	uma	tendência	à	ação	versus	pensar	demais	antes	de	agir).	Não</p><p>vamos	 gastar	 mais	 tempo	 aqui	 com	 a	 criação	 de	 opções,	 além	 de	 pedir</p><p>(novamente)	 para	 que	 escreva	 as	 suas	 Visões	 de	 Trabalho	 e	 de	 Vida,	 criar</p><p>mapas	 da	mente,	 fazer	 as	 suas	 três	 alternativas	 do	 Plano	 de	Odisseia,	 e	 criar</p><p>conversas	 e	 experiências-protótipo.	 Você	 pode	 usar	 esses	 recursos	 para	 criar</p><p>opções	em	qualquer	área	da	vida.</p><p>Etapa	2:	Reduzir	a	Lista</p><p>Algumas	 pessoas	 acham	 que	 não	 têm	 alternativas	 o	 suficiente	 (se	 é	 que	 têm</p><p>alguma).	 Outras,	 como	 a	 maioria	 dos	 designers,	 acham	 que	 têm	 alternativas</p><p>demais.	Se	você	tem	poucas,	então	volte	para	todas	as	sugestões	que	já	fizemos</p><p>(Etapa	 Um)	 e	 invista	 o	 tempo	 necessário	 para	 cultivar	 mais	 ideias	 e	 opções.</p><p>Pode	 levar	 semanas	 ou	meses	 para	 formar	 uma	 lista	 de	 que	 você	 realmente</p><p>goste,	o	que	é	justo.	Afinal,	é	a	sua	vida	que	estamos	projetando	aqui	e	isso	não</p><p>vai	acontecer	da	noite	para	o	dia.</p><p>Agora,	 quando	 tiver	 uma	 lista	 robusta	 de	 opções,	 provavelmente	 você	 terá</p><p>dificuldades	 com	 tantas	possibilidades.	Ver	 e	 rever	 todas	 as	 ideias	que	 teve	 e</p><p>todas	as	sugestões	que	recebeu	e	tudo	o	que	poderia	fazer	com	a	vida...	pode	ser</p><p>meio	 assustador.	 Você	 não	 consegue	 escolher	 –	 ou	 pelo	 menos	 não	 com</p><p>confiança	 –;	 então	 acha	 que	 fez	 algo	 errado.	 Você	 não	 deve	 ter	 trabalhado	 o</p><p>suficiente	ou	ter	entendido	suas	opções	bem	o	bastante.	“Se	eu	tivesse	melhores</p><p>informações	 e	 uma	 imagem	 mais	 clara	 dessas	 opções,	 saberia	 qual	 delas</p><p>escolher.”	E	lá	vai	você	fazer	mais	pesquisa,	entrevista	e	prototipagem.	Mas	não</p><p>funciona.	 Não	 funciona	 porque,	 embora	 a	 falta	 de	 informação	 possa	 ser	 um</p><p>problema	real,	 geralmente	não	é	a	questão	central.	Quando	nos	aproximamos</p><p>de	uma	decisão	importante,	em	geral	já	fizemos	nosso	dever	de	casa.	Podemos</p><p>não	 saber	 tudo	 o	 que	 há	 para	 saber	 –	 na	 verdade,	 toda	 a	 nossa	 investigação</p><p>torna	 mais	 evidente	 o	 que	 não	 sabemos,	 portanto,	 mais	 pesquisas	 podem</p><p>mesmo	 ser	 úteis	 –,	mas	 não	 é	 esse	 o	 problema.	 Se	 você	 é	 como	 a	maioria,	 o</p><p>motivo	 pelo	 qual	 seu	 processo	 de	 escolha	 está	 empacado	 não	 é	 falta	 de</p><p>conhecimento	–	é	o	tamanho	da	sua	lista	e	sua	relação	com	todas	essas	opções.</p><p>Podemos	 deixar	 este	 ponto	 mais	 claro	 observando	 as	 pessoas	 comprando</p><p>geleia.</p><p>A	professora	Sheena	Iyengar,	da	Columbia	Business	School,	é	uma	psicóloga	e</p><p>economista	especializada	em	tomadas	de	decisão.	Seu	famoso	“estudo	da	geleia”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>foi	 feito	 usando	 geleias	 especiais	 em	 uma	 mercearia.	 Uma	 semana,	 os</p><p>pesquisadores	montaram	uma	mesa	na	loja	para	exibir	seis	tipos	diferentes	de</p><p>geleia	(com	sabores	atraentes,	como	kiwi	com	laranja	e	morango	com	lavanda).</p><p>Observaram	então	o	comportamento	dos	 fregueses:	quem	parou	para	olhar	e,</p><p>daqueles	que	pararam,	quem	realmente	comprou	um	pote.	Na	primeira	semana,</p><p>com	seis	geleias	em	exibição,	40%	dos	compradores	pararam	para	ver	as	seis</p><p>geleias	e	cerca	de	um	terço	deles	comprou	um	pote	–	mais	ou	menos	13%	dos</p><p>compradores.</p><p>Algumas	semanas	depois,	na	mesma	 loja	e	pelo	mesmo	 intervalo	de	 tempo,</p><p>eles	voltaram	com	24	geleias.	Desta	vez,	60%	dos	compradores	na	loja	pararam,</p><p>um	aumento	de	50%	em	relação	às	 seis	 geleias!	Mas	 com	24	potes	na	vitrine</p><p>apenas	3%	dos	compradores	adquiriram	uma.</p><p>O	 que	 essa	 pesquisa	 nos	 diz?	 Primeiro,	 que	 adoramos	 ter	 várias	 opções</p><p>(“Opa!	24	geleias?!	Vamos	dar	uma	olhada!”).	E,	segundo,	que	não	sabemos	lidar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>com	muitas	delas	(“Bem...	são	tantas...	não	sei	escolher,	vamos	só	comprar	um</p><p>pouco	 de	 queijo”).	 Na	 verdade,	 a	 maioria	 das	 pessoas	 só	 consegue	 escolher</p><p>efetivamente	três	a	cinco	opções.	Se	o	número	de	alternativas	aumenta,	nossa</p><p>capacidade	 de	 escolha	 começa	 a	 diminuir	 –	 e,	 se	 aumenta	 demais,	 nossa</p><p>capacidade	congela	completamente.	É	só	como	funciona	nosso	cérebro.	Somos</p><p>atraídos	 pelas	 alternativas	 e	 nossa	 cultura	 moderna	 quase	 idolatra	 opções.</p><p>Tenha	muitas	opções!	Mantenha	suas	opções	abertas!	Não	fique	trancado!	Nós</p><p>ouvimos	 esse	 tipo	 de	 pensamento	 o	 tempo	 todo	 e	 parece	 fazer	 sentido,	 é</p><p>totalmente	possível	ter	opções	demais.	E,	se	você	ainda	leva	em	conta	a	internet</p><p>e	o	fato	de	que	agora	podemos	estar	cientes	aparentemente	de	todas	as	ideias	e</p><p>atividades	em	segundos	no	Google,	a	maioria	de	nós	está	sofrendo	um	ataque</p><p>pandêmico	de	excesso	de	alternativas.</p><p>A	chave	é	reformular	sua	opinião	sobre	opções,	percebendo	que,	se	você	tem</p><p>muitas,	 você	 realmente	 não	 tem	nenhuma.	 Se	 você	 congelar	 na	 frente	 de	 sua</p><p>assustadora	 lista	 de	 possibilidades,	 então,	 na	 verdade,	 você	 não	 tem	 opções.</p><p>Lembre-se	de	que	as	opções	só	têm	valor	quando	escolhidas	e	efetuadas.	Muitas</p><p>vezes	ensinamos	aos	nossos	alunos	que	quando	uma	opção	cresce	torna-se	uma</p><p>escolha.	Assim,	quando	você	tem	24	opções	de	geleia,	você	na	verdade	não	tem</p><p>opções.	Quando	você	entende	que,	ao	fazer	escolhas,	24	é	igual	a	zero	(e,	rapaz,</p><p>é	 difícil	 acreditar	 quando	 você	 gosta	 das	 suas	 opções	 e	 trabalhou	 tanto	 para</p><p>encontrá-las),	você	está	livre	para	tomar	o	próximo	passo:	redução.</p><p>Afinal,	 o	 que	 fazer	 com	 tantas	 opções?	 É	 simples:	 livre-se	 de	 algumas.	 Em</p><p>primeiro	 lugar,	 se	muitas	 das	 suas	 opções	 se	 agruparem	 em	 categorias,	 você</p><p>pode	dividir	a	lista	em	outras	menores,	o	que	pode	ajudar	a	encontrar	a	melhor</p><p>opção	 de	 cada	 categoria.	 Mas,	 finalmente,	 você	 se	 encontrará	 de	 novo	 com</p><p>opções	 demais	 e	 precisará	 se	 livrar	 de	muita</p><p>geleia.	 Como?	 Basta	 riscá-la	 da</p><p>lista.</p><p>Se	 você	 tem	 uma	 lista	 de	 12	 opções,	 risque	 sete,	 refaça	 a	 sua	 lista	 com	 as</p><p>cinco	restantes	e	prossiga	para	a	terceira	etapa.</p><p>Nossos	estudantes	e	clientes	ficam	histéricos	com	essa	ideia.</p><p>“Você	não	pode	simplesmente	riscar	as	opções!”</p><p>“E	se	eu	riscar	a	opção	errada?”</p><p>Entendemos.	 Mas	 estamos	 falando	 sério	 –	 risque	 as	 opções.	 Lembre-se:	 se</p><p>você	 tem	muitas	 opções,	 você	 não	 tem	nenhuma,	 então	 você	 não	 tem	nada	 a</p><p>perder.	E	você	não	vai	 cortar	a	opção	errada.	Chamamos	 isso	de	Efeito	Pizza-</p><p>Churrasco.	Todos	nós	já	passamos	por	isso.	Ed	enfia	a	cabeça	em	seu	escritório</p><p>e	diz:	“Oi,	Paula,	vamos	sair	para	almoçar.	Quer	vir?”</p><p>“Quero!”</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>“Estamos	entre	pizza	e	churrasco...	você	tem	alguma	preferência?”</p><p>“Ah,	tanto	faz!”</p><p>“Ok,	vamos	comer	uma	pizza	então.”</p><p>“Não,	espere.	Eu	quero	churrasco!”</p><p>Nessa	 situação,	 quando	 você	 deu	 sua	 primeira	 resposta	 (“tanto	 faz”),	 você</p><p>achava	que	estava	falando	sério.	Você	não	sabia	que	tinha	uma	preferência	até</p><p>que	uma	decisão	não	desejada	ocorresse	como	um	fato	consumado.	Só	depois	de</p><p>a	escolha	ter	sido	feita	você	se	deu	conta	de	sua	preferência.	Portanto,	você	não</p><p>tem	 nada	 a	 perder	 encurtando	 a	 sua	 lista	 de	 opções.	 Se	 eliminar	 as	 erradas,</p><p>saberá	 imediatamente.	Você	pode	ter	que	chegar	a	ponto	de	eliminar	sete	das</p><p>12	opções	e	fazer	uma	lista	nova	de	apenas	cinco	antes	de	se	dar	conta,	mas,	se</p><p>estiver	 errado,	 saberá	 logo.	 Confie	 em	 nós	 quando	 dizemos	 que	 você	 pode</p><p>confiar	em	si	mesmo.	E	se	você	achar	que	não	consegue	escolher	entre	as	cinco</p><p>últimas	alternativas	verifique	qual	de	duas	razões	bem	diferentes	pode	explicar.</p><p>O	motivo	mais	comum	é	que	você	ainda	está	sofrendo	por	perder	as	sete	outras</p><p>opções	e	não	quer	deixá-las	de	lado.	Se	for	o	caso,	então	faça	o	que	precisa	para</p><p>encurtar	sua	lista.	Queime	a	lista	das	sete	que	rejeitou,	faça	uma	pausa	de	um	ou</p><p>dois	dias	e	volte	à	sua	lista	de	cinco	e	a	trate	como	a	lista	(não	a	lista	encurtada),</p><p>mas	vá	 tocando	em	 frente.	 Se,	no	entanto,	você	não	consegue	escolher	da	 sua</p><p>lista	 de	 cinco	 porque	 realmente	 não	 tem	 preferência	 ou	 vê	 diferenças</p><p>significativas	entre	elas,	então	já	ganhou!	Você	acabou	de	descobrir	que	está	em</p><p>uma	situação	impossível	de	perder.	Isso	significa	que	todas	as	cinco	opções	são</p><p>estrategicamente	válidas	para	você,	sem	diferença	real.	Todas	funcionam,	o	que</p><p>deixa	você	escolher	com	base	em	considerações	secundárias	(o	caminho	é	mais</p><p>rápido,	o	logotipo	é	legal,	a	história	será	mais	legal	de	contar	em	festas).</p><p>O	ponto	é	que	você	quer	sair	da	loja	com	um	pouco	de	geleia.</p><p>Etapa	3:	Escolha	com	Discernimento</p><p>Feito	 o	 trabalho	 preliminar	 de	 reunir	 e	 reduzir	 (e,	 sim,	 você	 precisa	 reunir</p><p>muitas	opções	no	início,	mesmo	considerando	o	excesso	de	escolhas,	porque	aí</p><p>você	estará	escolhendo	da	melhor	 lista),	 começa	a	parte	difícil:	 o	processo	de</p><p>escolha.</p><p>Para	se	escolher	bem,	precisamos	entender	como	funciona	o	cérebro	durante</p><p>o	processo	de	escolha.	De	onde	vêm	as	boas	escolhas	e	como	sabemos	quando</p><p>sabemos?	 Felizmente,	 estamos	 agora	 vivendo	 em	 uma	 era	 de	 progresso	 sem</p><p>precedentes	 na	 pesquisa	 cerebral	 e	 estamos	 aprendendo	 muito	 sobre	 como</p><p>pensamos,	 lembramos	 e	 decidimos.	 Em	 1990,	 John	 Mayer	 e	 Peter	 Salovey</p><p>escreveram	o	influente	artigo	acadêmico	que	lançou	o	conceito	de	“inteligência</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>emocional”	 e	 propôs	 que,	 para	 alcançar	 sucesso	 e	 felicidade,	 nosso	 QE	 é	 tão</p><p>importante	quanto	nosso	QI,	e	às	vezes	ainda	mais	importante,	ao	medir	a	nossa</p><p>inteligência	cognitiva.[1]	Em	1995,	Dan	Goleman,	um	escritor	de	ciência	do	New</p><p>York	Times,	popularizou	essas	 ideias	em	seu	 livro	Emotional	 Intelligence	 e	 um</p><p>fenômeno	cultural	foi	lançado.[2]	“Inteligência	emocional”	é	uma	expressão	que</p><p>todo	mundo	 já	 ouviu	 e	 respeita,	mas	 pouca	 gente	 entende	 plenamente	 o	 que</p><p>significa	e	menos	gente	ainda	sabe	aproveitar	o	conceito.</p><p>O	 que	 acontece	 é	 que	 a	 parte	 do	 cérebro	 que	 está	 trabalhando	 para	 nos</p><p>ajudar	 a	 fazer	 as	melhores	 escolhas	 são	 os	 gânglios	 basais.	 É	 parte	 do	 antigo</p><p>cérebro	 basal,	 portanto	 é	 desligado	 dos	 nossos	 centros	 verbais	 e	 não	 se</p><p>comunica	 por	 palavras.	 A	 comunicação	 é	 emocional	 e	 por	 meio	 de	 conexões</p><p>com	 os	 intestinos	 –	 por	 isso	 sentimos	 visceralmente.	 Goleman	 chama	 as</p><p>memórias	que	informam	a	função	de	guiar	a	escolha	no	cérebro	de	“sabedoria</p><p>das	 emoções”.	 Por	 essa	 expressão	 ele	 se	 refere	 às	 experiências	 armazenadas</p><p>daquilo	 que	 funcionou	 ou	 não	 na	 vida	 e	 o	 que	 aproveitamos	 daí	 para	 avaliar</p><p>uma	decisão.	Nossa	própria	sabedoria	nos	é	então	disponibilizada	por	meio	de</p><p>emoções	 (como	 sentimentos)	 e	 do	 intestino	 (como	 resposta	 física,	 visceral).</p><p>Portanto,	a	fim	de	tomarmos	uma	boa	decisão,	precisamos	de	acesso	aos	nossos</p><p>sentimentos	e	reações	viscerais	às	alternativas.</p><p>Lembre-se	da	resposta	padrão	e	de	empacar	numa	decisão:	preciso	de	mais</p><p>informações!	Dá	para	ver	agora	que	disso	é	exatamente	o	que	não	precisamos.	É</p><p>o	 nosso	 cérebro	 barulhento	 falando	 sem	 parar	 enquanto	 tentam	 cogitar	 o</p><p>caminho	 de	 uma	 boa	 decisão	 que	 está	 atrapalhando	 a	 influência	 das	 nossas</p><p>sensações	 viscerais.	 É	 muito	 importante	 ter	 boas	 informações	 disponíveis	 –</p><p>pesquisar	 muito,	 anotar	 muito,	 fazer	 planilhas	 e	 comparações	 e	 falar	 com</p><p>especialistas.	Mas,	ao	terminar	o	trabalho	–	liderado	pelo	córtex	pré-frontal	do</p><p>cérebro,	 responsável	 pelas	 funções	 executivas	 de	 codificação,	 listagem	 e</p><p>categorização	–,	 precisamos	de	acesso	a	 esse	 centro	de	 sabedoria	onde	nosso</p><p>conhecimento	 emocional	 bem	 informado	 pode	 nos	 ajudar	 a	 discernir	 as</p><p>melhores	escolhas.</p><p>Definimos	 como	 discernimento	 a	 tomada	 de	 decisão	 que	 emprega	mais	 de</p><p>uma	 forma	 de	 conhecimento.	 Nós	 usamos	 principalmente	 o	 conhecimento</p><p>cognitivo	–	o	conhecimento	bom,	objetivo,	informado,	o	tipo	de	saber	que	dá	a</p><p>nota	mais	alta	na	escola.	Mas	 também	 temos	outras	 formas	de	 conhecimento,</p><p>incluindo	as	formas	afetivas	de	conhecimento	intuitivo,	espiritual	e	emocional.</p><p>Acrescente	 ainda	 o	 conhecimento	 social	 (com	 os	 outros)	 e	 o	 conhecimento</p><p>sinestésico	 (no	 corpo).	 Uma	 amiga	 de	 Dave,	 uma	 terapeuta	 incrivelmente</p><p>qualificada,	 sempre	 sabia	 quando	 estava	 chegando	 à	 questão	 importante	 com</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>um	cliente:	seu	 joelho	esquerdo	começava	a	doer.	Ela	não	sabia	por	que	era	o</p><p>joelho	esquerdo,	mas	depois	de	anos	de	prática	passou	a	confiar	no	que	o	joelho</p><p>tinha	para	 lhe	dizer.	Porque	ela	aprendeu	a	ouvir	o	 joelho,	 foi	capaz	de	tomar</p><p>melhores	decisões	e	servir	melhor	seus	clientes.</p><p>A	chave	para	a	Etapa	Três	é	tomar	decisões	com	discernimento,	usando	mais</p><p>de	 uma	 forma	 de	 conhecimento	 e,	 especialmente,	 não	 se	 restringindo	 ao</p><p>julgamento	 cognitivo,	 que	 é	 informado,	mas	 não	 confiável	 por	 si	 só.	 Também</p><p>não	estamos	sugerindo	tomar	apenas	decisões	emocionais.	Todos	nós	sabemos</p><p>exemplos	 de	 emoções	 gerando	 problemas	 (embora	 geralmente	 essas	 sejam</p><p>emoções	de	impulso,	o	que	é	bem	diferente).	Então	não	estamos	dizendo	para</p><p>trocar	 o	 cérebro	 pelo	 coração	 ou	 pelas	 vísceras.	 Estamos	 convidando	 você	 a</p><p>integrar	todas	as	suas	faculdades	decisórias,	deixando	algum	espaço	para	que	as</p><p>formas	 emocionais	 e	 intuitivas	 de	 conhecimento	 possam	 surgir	 durante	 o</p><p>processo.</p><p>Em	 outras	 palavras,	 não	 se	 esqueça	 de	 ouvir	 o	 joelho,	 os	 intestinos	 e	 o</p><p>coração.</p><p>Fazer	isso	exige	que	você	eduque	e	amadureça	seu	acesso	e	sua	consciência</p><p>das	 vias	 de	 conhecimento	 emocional/intuitivo/espiritual	 (ou	 como	 quer	 que</p><p>você	 chame	 esses	 aspectos	 afetivos	 da	 humanidade).	 Há	 séculos,	 o	 caminho</p><p>mais	 frequentemente	 recomendado	 para	 tal	 maturidade	 é	 o	 de	 práticas</p><p>pessoais,	 como	 manter	 um	 diário,	 orar,	 praticar	 exercícios	 espirituais,</p><p>meditação	e	práticas	físicas	integradas,	como	ioga	ou	Tai	Chi.</p><p>Nós	 não	 temos	 o	 espaço	 nem	 o	 conhecimento	 necessário</p><p>para	 treiná-lo	 na</p><p>formação	de	seu	conjunto	de	práticas	pessoais,	mas	incentivamos	você	a	fazê-lo.</p><p>A	 razão	 por	 que	 essas	 práticas	 funcionam	 para	 melhorar	 o	 acesso	 à	 maior</p><p>sabedoria	 para	 discernir	 uma	 boa	 decisão	 tem	 a	 ver	 precisamente	 com	 a</p><p>natureza	 dessas	 ideias.	 Formas	 emocionais,	 intuitivas	 e	 espirituais	 de</p><p>conhecimento	geralmente	são	sutis,	silenciosas,	mesmo	tímidas.	Raramente	as</p><p>pessoas	 têm	 acesso	 à	 sabedoria	 mais	 profunda	 correndo	 para	 entregar	 um</p><p>trabalho	 no	 prazo,	 batendo	 papo	 ou	mexendo	 no	 computador.	 É	mais	 calmo,</p><p>mais	 silencioso.	 Essas	 práticas	 são	 apenas	 isso	 –	 práticas.	 Nós	 praticamos</p><p>regularmente,	 entra	 mês,	 sai	 mês,	 especialmente	 de	 férias,	 quando	 não	 há</p><p>pressão	para	trabalhar	e	podemos	nos	concentrar	apenas	em	treinar	e	ganhar</p><p>força	e	equilíbrio.	A	hora	de	ganhar	maturidade	pela	prática	não	é	nas	decisões</p><p>de	 campeonato,	 quando	 as	 coisas	 são	 estressantes	 e	 exigentes.	 Tomadas	 de</p><p>decisão	 são	 estressantes;	 portanto,	 o	melhor	momento	para	 se	preparar	para</p><p>uma	boa	escolha	é	quando	não	há	escolha	em	jogo.	Aí	é	que	você	pode	investir</p><p>em	sua	inteligência	emocional	e	maturidade	espiritual	para	que	esses	músculos</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>estejam	fortes	e	treinados	para	a	hora	da	decisão.</p><p>O	melhor	momento	de	se	preparar	para	a	Etapa	Três	é	meses	ou	anos	antes</p><p>da	escolha.	Isso	significa	que	o	melhor	momento	é	agora	–	hoje	é	o	melhor	dia</p><p>para	começar	esse	investimento.</p><p>Aqui	está	uma	técnica	específica	que	você	pode	tentar	e	que	enfatiza	o	acesso</p><p>à	sabedoria	de	suas	emoções:	grokkar.</p><p>Grokkando</p><p>No	clássico	de	ficção	científica	dos	anos	1960	Um	estranho	numa	terra	estranha</p><p>(Stranger	 in	 a	 Strange	 Land),	 Robert	Heinlein	 inventou	 a	 palavra	 “grok”	 para</p><p>descrever	uma	 forma	de	conhecimento	que	os	marcianos	empregam.	Significa</p><p>entender	 algo	 de	 maneira	 tão	 profunda	 e	 completa	 que	 você	 sente	 uma</p><p>comunhão	com	aquilo.	Devido	à	sua	raridade,	os	marcianos	não	só	sabem	o	que</p><p>é	água	ou	bebem	água	–	eles	grokkam	água.	Agora	grok	entrou	em	uso	cultural</p><p>mais	 comum:	 “Eu	 grokkei”	 é	 como	 um	 “eu	 saquei”.	 Nada	 mais.	 É	 a	 versão</p><p>bombada	do	“eu	saquei”.</p><p>Quando	você	finalmente	começa	a	fazer	uma	escolha	de	sua	lista	reduzida	de</p><p>alternativas,	 já	 avaliou	 cognitivamente	 as	 questões,	 contemplou	 emocional	 e</p><p>meditativamente	as	alternativas,	pode	ser	hora	de	grokkar.	Para	grokkar	uma</p><p>escolha,	 você	não	pensa	 sobre	 ela	 –	 você	 se	 torna	 ela.	Digamos	que	você	 tem</p><p>três	alternativas.	Selecione	qualquer	uma	delas	e	não	pense	mais	nisso.	Escolha</p><p>pensar	 nos	 próximos	 três	 dias	 que	 você	 é	 a	 pessoa	 que	 tomou	 a	 decisão	 de</p><p>selecionar	a	Alternativa	A.	Esta	é	a	sua	realidade	agora.	Quando	você	escova	os</p><p>dentes	pela	manhã,	 faz	 isso	por	 ter	 selecionado	 a	Alternativa	A.	Quando	você</p><p>está	 parado	 com	 seu	 carro	 no	 sinal	 vermelho,	 está	 esperando	 para	 seguir	 o</p><p>caminho	que	escolheu	com	a	Alternativa	A.	Você	pode	dizer	coisas	para	outras</p><p>pessoas	sobre	isso	–	como	“Pois	é,	vou	me	mudar	para	Pequim	em	maio!”	–,	mas</p><p>talvez	prefira	não	dizer,	porque	essas	declarações	podem	causar	confusão	mais</p><p>tarde.	 Mas	 você	 entendeu	 a	 ideia:	 você	 só	 vai	 viver	 em	 sua	 cabeça	 como	 a</p><p>pessoa	 na	 realidade	 da	 Alternativa	 A.	 Você	 não	 está	 pensando	 sobre	 a</p><p>Alternativa	A	do	ponto	de	vista	da	sua	realidade	atual	de	tomador	de	decisões.</p><p>Você	 está	 vivendo	 calmamente	 como	 aquele	 que	 escolheu	 A.	 Depois	 de	 um	 a</p><p>três	dias	(quanto	tempo	for	necessário	pra	você,	como	preferir),	tire	pelo	menos</p><p>um	ou	dois	dias	de	 folga	para	 zerar	 e	 voltar	 ao	normal.	Depois	 faça	a	mesma</p><p>coisa	com	a	Alternativa	B,	seguido	de	outro	período	de	descanso,	e	depois	com	a</p><p>Alternativa	 C.	 Então	mais	 um	descanso	 e,	 finalmente,	 uma	 reflexão	 cuidadosa</p><p>sobre	como	foram	essas	experiências	e	quais	destas	pessoas	você	mais	gostaria</p><p>de	 ser.	 Esta	 técnica	não	é	 garantida	 (nenhuma	 técnica	 é	 garantida),	mas	você</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>pode	 ver	 como	 a	 intenção	 aqui	 é	 permitir	 que	 suas	 formas	 alternativas	 de</p><p>conhecimento	–	emocional,	 espiritual,	 social,	 intuitiva	–	 tenham	algum	espaço</p><p>para	 se	 expressar	 a	 você	 e,	 assim,	 complementar	 o	 conhecimento	 cognitivo	 e</p><p>avaliador	que,	se	você	é	como	a	maioria,	é	a	forma	dominante	e	mais	confiável</p><p>de	pensar	e	escolher.</p><p>Etapa	4:	Sofrer	Seguir	em	Frente</p><p>Antes	de	discutir	o	passo	de	deixar	para	 lá,	é	 importante	explicar,	pelo	menos</p><p>por	alto,	por	que	a	Etapa	Quatro	não	é	“sofrer”.	Sofrer	é	mais	ou	menos	assim:</p><p>“Será	que	fiz	a	coisa	certa?”</p><p>“Tenho	certeza	de	que	esta	é	mesmo	a	melhor	decisão?”</p><p>“E	se	eu	tivesse	escolhido	a	opção	quatro?”</p><p>“Será	que	eu	posso	voltar	e	fazer	de	novo?”</p><p>Se	 você	 não	 faz	 ideia	 do	 que	 estamos	 falando	 aqui,	 considere-se</p><p>excepcionalmente	sortudo,	agradeça	a	seus	pais	por	um	bom	DNA	de	química</p><p>cerebral	 e	 pule	 esta	 parte.	 Mas,	 se	 você	 é	 como	 a	 maioria	 de	 nós,	 estas	 são</p><p>perguntas	 conhecidas.	 Ouvimos	 muitos	 gemidos	 de	 reconhecimento	 quando</p><p>dizemos:	“E	o	último	passo	é...	Sofrer	sem	parar	sobre	a	decisão!”	Esses	gemidos</p><p>são	um	sinal	de	nossa	humanidade	compartilhada	nessa	experiência	decisória.</p><p>A	razão	pela	qual	estamos	sofrendo	é	que	nos	preocupamos	com	nossas	vidas	e</p><p>com	a	vida	dos	outros.	Essas	decisões	são	importantes	e	queremos	fazer	o	nosso</p><p>melhor	para	dar	ao	 futuro	sua	melhor	chance	possível.	Queremos	 tomar	boas</p><p>decisões,	 mas	 é	 claro	 que	 não	 temos	 como	 saber	 de	 imediato	 se	 deu	 certo:</p><p>surpresas	 estão	 sempre	 presentes	 e	 ninguém	 pode	 fazer	 previsões	 com</p><p>precisão.	Então,	como	vencemos	essa	agonia	pós-decisória?</p><p>Acontece	 que	 nossa	 mentalidade	 para	 tomar	 uma	 boa	 decisão	 é	 tão</p><p>importante	quanto	a	decisão	que	tomamos.	Parece	óbvio	que	a	melhor	maneira</p><p>de	ficar	feliz	com	uma	escolha	é	fazer	a	melhor	escolha	–	óbvio,	mas	impossível.</p><p>Você	não	pode	fazer	“a	melhor	escolha”,	porque	você	não	pode	saber	qual	foi	a</p><p>melhor	escolha	até	que	todas	as	consequências	tenham	ocorrido.	Você	pode	se</p><p>empenhar	em	fazer	a	melhor	escolha	possível,	dado	o	que	conhece	no	momento,</p><p>mas,	se	o	seu	objetivo	é	“fazer	a	melhor	escolha”,	você	não	será	capaz	de	saber</p><p>de	imediato	se	isso	aconteceu.	Sua	incapacidade	de	saber	o	mantém	focado	na</p><p>dúvida	de	se	fez	ou	não	a	coisa	certa,	ensaiando	as	alternativas	que	não	foram</p><p>escolhidas.	 Isso	 é	 o	 que	 chamamos	 de	 sofrer.	 E	 toda	 essa	 angústia	 drena	 a</p><p>satisfação	da	escolha	que	você	fez	e	o	distrai	de	seguir	em	frente	com	a	decisão</p><p>tomada.</p><p>Dan	Gilbert,	de	Harvard,	olhou	para	essa	área	e	demonstrou	o	efeito	de	deixar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>suas	opções	de	lado	em	um	estudo	avaliando	as	decisões	tomadas	por	um	grupo</p><p>de	pessoas	sobre	diferentes	pinturas	de	Monet.[3]	Ele	pediu	que	classificassem</p><p>cinco	obras	diferentes	de	Monet,	numerando-as	de	acordo	com	sua	ordem	de</p><p>preferência.	 Ele	 então	 disse	 que	 os	 quadros	 classificados	 como	 três	 e	 quatro</p><p>pelos	participantes	 tinham	cópias	extras	que	os	 indivíduos	podiam	 levar	para</p><p>casa.	Claro,	a	maioria	das	pessoas	levou	o	que	tinham	classificado	como	número</p><p>três.	 Então,	 curiosamente,	 os	 experimentadores	 disseram	 a	 algumas	 das</p><p>pessoas	que	podiam	trocar	o	que	levaram	por	outro	mais	tarde,	se	quisessem,	e</p><p>a	outras	disseram	que	qualquer	pintura	que	escolhessem	levar	para	casa	seria	a</p><p>definitiva	–	sem	troca.</p><p>Após	 algumas	 semanas,	 os	 experimentadores	 voltaram	 aos	 participantes.</p><p>Quem	tinha	sido	informado	de	que	podia	trocar	sua	cópia	–	mesmo	que	não	o</p><p>tivesse	 feito	 –,	 ficou	 menos	 feliz	 com	 sua	 escolha	 do	 que	 as	 pessoas	 que</p><p>escolheram	o	mesmo	quadro,	mas	tinham	sido	informadas	de	que	a	escolha	era</p><p>irreversível.	 Acontece	 que	 a	 reversibilidade	 não	 é	 propícia	 para	 estabelecer</p><p>felicidade	 com	uma	decisão.	Aparentemente,	 só	o	 convite	para	 reconsiderar	 e</p><p>“manter	as	opções	abertas”	nos	faz	duvidar	das	nossas	escolhas	e	desvalorizá-</p><p>las.</p><p>Mas	 espere...	 fica	 ainda	 pior.	 Em	 seu	 livro	 O	 Paradoxo	 da	 Escolha	 (The</p><p>Paradox	 of	 Choice),	 o	 pesquisador</p><p>Barry	 Schwartz	 nos	 informa	 que	 essa</p><p>característica	irritante	de	como	nosso	cérebro	lida	com	decisões	vai	ainda	mais</p><p>longe.[4]	Quando	tomamos	uma	decisão	a	partir	de	muitas	opções	ou	mesmo	só</p><p>achando	 que	 existem	 muitas	 outras	 opções	 que	 nem	 conhecemos,	 ficamos</p><p>menos	felizes	com	a	nossa	escolha.	O	problema	aqui	não	é	apenas	as	opções	que</p><p>tivemos	e	não	escolhemos	(opções	que	“mantivemos	em	aberto”),	mas	também</p><p>aquela	 montanha	 de	 alternativas	 que	 nem	 sequer	 deu	 tempo	 de	 verificar.	 A</p><p>percepção	de	que	há	milhões	de	possibilidades	que	poderiam	ser	ótimas,	mas</p><p>nem	chegamos	a	considerar,	é	uma	força	poderosa	contra	estar	em	paz	com	o</p><p>nosso	processo	de	escolha;	mesmo	se	não	sabemos	o	que	era,	deve	existir	uma</p><p>opção	melhor	 por	 aí	 e	 nós	 a	 perdemos.	 No	mundo	 globalizado	 e	 conectado	 há</p><p>sempre	um	milhão	de	opções.	Então	somos	mais	propensos	à	infelicidade	com</p><p>as	nossas	escolhas	do	que	qualquer	outra	geração	na	história.</p><p>Sorte	nossa!</p><p>A	chave	é	lembrar	que	escolhas	imaginárias	não	existem	de	verdade,	pois	não</p><p>são	 acionáveis.	 Não	 estamos	 tentando	 viver	 uma	 vida	 de	 fantasia;	 estamos</p><p>tentando	projetar	uma	vida	real	e	possível.	Se	nos	encarregarmos	de	saber	tudo</p><p>sobre	nossas	decisões	e	conhecer	 todas	as	opções	possíveis	 (o	que	 temos	que</p><p>fazer,	claro,	se	estivermos	atrás	da	“melhor	escolha”),	nunca	chegaremos	a	uma</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>decisão.	No	design	de	vida	sabemos	que	existem	inúmeras	possibilidades,	mas</p><p>esse	 fato	 não	 nos	 atrapalha.	 Nós	 temos	 prazer	 em	 explorar	 algumas</p><p>possibilidades	e	agir,	começando	com	uma	escolha.	Só	podemos	construir	nosso</p><p>caminho	 por	 meio	 da	 ação.	 Por	 isso,	 vamos	 ficar	 cada	 vez	 melhores	 na</p><p>construção	 se	 ficarmos	 cada	 vez	 melhores	 em	 deixar	 de	 lado	 as	 opções</p><p>desnecessárias.	 (E	 você	 agora	 tem	 a	 segurança	 de	 saber	 que	 sempre	 poderá</p><p>encontrar	 mais	 opções,	 como	 encontrou	 estas.)	 Isso	 é	 fundamental	 para</p><p>escolher	a	felicidade	e	para	estar	feliz	com	nossas	escolhas.</p><p>Quando	em	dúvida...	abra	mão	e	siga	em	frente.</p><p>É	simples	assim.</p><p>Não	 estamos	 sugerindo	 que	 você	 finja	 que	 não	 sabe	 de	 nada	 sobre	 os</p><p>caminhos	ignorados	ou	dizendo	que	nunca	mais	vai	descobrir	algo	no	meio	do</p><p>caminho	e	decidir	voltar	para	fazer	uma	mudança.	O	que	estamos	dizendo	é	que</p><p>há	 uma	 maneira	 mais	 inteligente	 de	 prosseguir	 que	 aumentará</p><p>significativamente	sua	capacidade	de	obter	sucesso	na	implementação	de	suas</p><p>escolhas	e	de	continuar	a	jornada	feliz	e	satisfeito.</p><p>Faça-se	o	favor	de	arrumar	muitas	opções	e	reduzir	a	lista	para	um	tamanho</p><p>conciso	 e	 prático	 (cinco	no	máximo);	 faça	 a	melhor	 escolha	possível,	 dados	 o</p><p>tempo	e	os	recursos	disponíveis,	e	siga	em	frente.	Observe	que,	se	você	estiver</p><p>fazendo	 isso	com	repetição	de	protótipos,	você	não	 tem	muito	em	 jogo	e	será</p><p>capaz	 de	 fazer	 ajustes	 enquanto	 progride	 antes	 de	 atingir	 um	 investimento</p><p>realmente	 significativo.	 E	 quando	 fizer	 uma	 escolha	 aceite-a	 e	 siga	 com	 ela.</p><p>Quando	 as	 perguntas	 agonizantes	 surgirem,	 expulse	 os	 pensamentos	 e</p><p>direcione	 a	 sua	 energia	 para	 viver	 em	 harmonia	 com	 as	 decisões	 tomadas.</p><p>Preste	atenção	e	aprenda	enquanto	progride,	é	claro,	mas	não	fique	com	o	olhar</p><p>fixo	no	espelho	retrovisor	do	arrependimento	decisório.</p><p>Esse	 processo	 de	 desapego	 baseia-se	 principalmente	 em	disciplina	 pessoal.</p><p>Mantenha	 à	 mão	 seu	 reformulado	 entendimento	 do	 processo	 de	 tomadas	 de</p><p>decisão	e	certifique-se	de	vencer	a	discussão	 interna	quando	há	a	 tentação	de</p><p>relembrar	e	remoer.	Coloque	em	prática	o	apoio	de	que	precisa	para	se	manter</p><p>firme	–	encontre	um	colaborador	ou	uma	equipe	de	design	de	vida	que	o	ajude	a</p><p>lembrar	 por	 que	 fez	 a	 sua	 escolha	 ou	 escolhas;	 anote	 no	diário	 a	 sua	decisão</p><p>para	 reler	 quando	 estiver	 confuso.	 Descubra	 o	 que	 funciona	 para	 que	 você</p><p>possa	desfrutar	plenamente	de	suas	escolhas.</p><p>Crença	Disfuncional:	Felicidade	é	ter	tudo.</p><p>Reformulação:	Felicidade	é	abrir	mão	do	que	você	não	precisa.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Abrir	Mão	Agarrando</p><p>Andy	era	um	dos	melhores	alunos	da	faculdade	de	medicina.	Exceto	que	ele	não</p><p>era	 realmente	 um	 aluno	 de	 medicina,	 mas	 de	 saúde	 pública	 ou	 de</p><p>empreendedorismo	 de	 tecnologia	 médica.	 Andy	 tinha	 duas	 ideias	 principais</p><p>sobre	seu	futuro	e	uma	de	reserva,	tudo	em	resposta	à	mesma	grande	missão:</p><p>consertar	o	sistema	de	saúde.</p><p>Andy	conseguia	vislumbrar	que	o	sistema	de	saúde	precisava	de	uma	reforma</p><p>maciça,	 com	aumentos	 significativos	nos	 cuidados	preventivos	e	na	gestão	do</p><p>bem-estar	 para	 tentar	 consertar	 os	 custos	 econômicos	 desproporcionais	 da</p><p>saúde	e	a	inacessibilidade	da	medicina	para	todos	que	não	são	ricos.	Ele	achava</p><p>que	havia	duas	maneiras	de	causar	 impacto	mais	eficaz.	Poderia	tornar-se	um</p><p>influente	 consultor	 de	 políticas	 públicas	 de	 saúde	 ou	 poderia	 se	 tornar	 um</p><p>empresário	 de	 tecnologia	médica.	 Embora	 estivesse	 fora	 de	moda	 entre	 seus</p><p>amigos	 considerar	 um	envolvimento	no	 governo	 e	 no	 setor	 público,	Andy	 via</p><p>que	 só	 os	 poucos	 que	 comandavam	 os	 controles	 principais	 dos	 cuidados</p><p>médicos	estariam	em	uma	posição	de	causar	mudanças	profundas.	No	que	diz</p><p>respeito	à	tecnologia	médica,	ele	sabia	que	havia	muita	coisa	acontecendo	nessa</p><p>esfera	e	a	nova	tecnologia	poderia	estimular	mudanças	de	comportamento	que</p><p>poderiam	 obter	 tração	mais	 rapidamente,	 já	 que	 se	moviam	 à	 velocidade	 do</p><p>mercado	e	não	da	política.</p><p>Seu	 plano	 reserva	 era	 “ser	 só	 um	 médico”.	 Parecia	 engraçado	 falar	 assim,</p><p>dado	 quão	 respeitado	 o	 nobre	 papel	 de	 médico	 é	 em	 nossa	 sociedade	 e</p><p>especialmente	 em	 sua	 enorme	 família	 asiática,	mas	 foi	 assim	mesmo	 que	 ele</p><p>disse.	Não	estava	sendo	desdenhoso,	estava	sendo	honesto.	Seu	plano	reserva</p><p>era	 uma	 rede	 de	 segurança	 no	 caso	 de	 não	 encontrar	 um	 jeito	 de	 causar	 um</p><p>vasto	 impacto	social	e	precisar	redirecionar	seus	esforços	a	uma	área	de	ação</p><p>menor.	Ele	achava	que	um	médico	poderia	causar	um	impacto	individual	dentro</p><p>da	sua	clínica	e	possivelmente	até	mesmo	nos	hospitais	da	região.	Talvez	esse</p><p>fosse	um	caminho	para	oferecer	um	exemplo	positivo	do	que	seria	um	melhor</p><p>sistema	de	saúde.</p><p>Qual	 caminho	 escolher?	 Na	 verdade,	 essa	 não	 foi	 a	 decisão	 difícil	 para	 ele.</p><p>Andy	 estava	 convencido	 de	 que	 a	 rota	 política	 era	 a	 mais	 interessante	 e</p><p>potencialmente	impactante	a	seguir.	A	escolha	difícil	era	como	fazê-lo.	Deveria</p><p>ir	direto	da	faculdade	para	o	mestrado	em	saúde	pública	e	depois	seguir	direto</p><p>para	 Washington?	 Ou	 se	 formar	 como	 médico	 residente	 e	 só	 depois	 fazer	 o</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>mestrado?	Andy	sabia	que	na	cultura	médica	os	doutores	são	reverenciados	e</p><p>seus	conselhos	sobre	 todas	as	coisas	médicas	 têm	muito	mais	peso	do	que	os</p><p>dos	não	médicos.	 Ele	 realmente	não	 acreditava	que	 formar-se	 em	medicina	 o</p><p>tornaria	 um	 político	 mais	 inteligente	 ou	 mais	 eficiente,	 mas	 ele	 realmente</p><p>queria	 fazer	a	diferença	e	estava	disposto	a	considerar	os	oito	a	dez	anos	que</p><p>levaria	para	aumentar	sua	credibilidade,	da	faculdade	à	residência.</p><p>Essa	foi	uma	decisão	difícil	para	ele.	Dez	anos	eram	um	tempo	incrivelmente</p><p>longo	para	esperar	para	começar	o	que	ele	queria	fazer.</p><p>E	Andy	 continuou	dando	voltas	 e	 voltas	 em	sua	 cabeça,	mas	não	 conseguia</p><p>acertar	em	uma	escolha	que	ele	achava	boa.	Assim	que	ele	decidia	entrar	 logo</p><p>no	 mestrado,	 ele	 dizia:	 “Mas...	 se	 eles	 não	 me	 ouvirem,	 essa	 vantagem	 para</p><p>começar	não	vai	ajudar	em	nada!”	E	logo	que	decidia	continuar	a	formação	em</p><p>medicina	dizia:	“Mas...	dez	anos	é	muito	tempo	para	esperar...	quem	sabe	o	que</p><p>acontecerá	até	 lá?”	Andy	vivia	às	voltas	com	isso.	Ele	disse	que	sentia	que	seu</p><p>cérebro	estava	numa	roda	para	hamsters,	correndo	a	noite	inteira	sem	parar.</p><p>Andy	parou	de	pensar	na	decisão	e	grokkou.	Ao	fazê-lo,	ele	descobriu	que	o</p><p>Andy	 Médico	 se	 sentia	 melhor	 do	 que	 o	 Andy	 do	 Mestrado.	 Enquanto</p><p>caminhava	por	aí	como	um	cara	se	tornando	um	médico,	Andy	Médico	se	sentia</p><p>preocupado	com	aqueles	dez	anos,</p><p>mas	depois	pensava:	 “Sim,	é	muito	 tempo.</p><p>Mas	estou	realmente	comprometido	com	este	objetivo	de	impactar	o	sistema	de</p><p>saúde.	 Eu	 sei	 que	 o	 caminho	 que	 estou	 tomando	 significa	 que	 estou	 fazendo</p><p>tudo	que	posso	para	me	preparar	e	dar	o	melhor	de	mim.	Os	problemas	ainda</p><p>serão	 imensos	 daqui	 a	 uma	década,	 não	 vou	perder	 isso.	 Eu	 só	 não	 acho	que</p><p>poderia	 viver	 comigo	 mesmo	 se	 não	 fizesse	 o	 meu	 melhor.”	 Em	 contraste,</p><p>quando	 se	 fez	 a	 pergunta	 “e	 se	 ninguém	 me	 levar	 a	 sério	 sem	 um	 diploma</p><p>médico?”	 ao	 Andy	 do	 Mestrado,	 ele	 não	 soube	 o	 que	 responder;	 tudo	 o	 que</p><p>podia	fazer	era	se	sentir	mal.</p><p>Por	isso	optou	por	terminar	a	formação	em	medicina	e	dedicar	os	próximos</p><p>dez	anos	da	 sua	vida	para	 tornar-se	um	médico	 licenciado,	quase	unicamente</p><p>para	poder	ser	um	legislador	de	maior	credibilidade	no	futuro.	Ok,	escolha	feita,</p><p>missão	cumprida.	Certo?</p><p>Errado.</p><p>Andy	ainda	 tinha	que	 implementar	 a	 etapa	quatro	–	 abrir	mão	e	 seguir	 em</p><p>frente.	 Ele	 rapidamente	 percebeu	 por	 que	 demos	 esse	 nome	 para	 o	 quarto</p><p>passo:	o	segredo	para	abrir	mão	é	seguir	em	frente.	Simplesmente	deixar	para</p><p>lá	é	incrivelmente	difícil	–	alguns	diriam	que	é	impossível.	Por	exemplo,	pense</p><p>em	qualquer	coisa,	exceto	um	cavalo	azul.	O	que	quer	que	faça,	não	pense	sobre</p><p>ou	veja	um	cavalo	azul.	Nenhum	cavalo	azul	manchado.	Nenhum	unicórnio	azul.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Nenhum	pônei	azul	com	uma	sela	listrada	vermelha	e	branca	e	uma	fita	rosa	na</p><p>cauda.</p><p>Por	 favor,	 continuem	 a	 não	 visualizar	 um	 cavalo	 azul	 nos	 próximos	 60</p><p>segundos.</p><p>Certo,	 como	 foi?	 Se	 você	 é	 como	 todo	 mundo	 que	 a	 gente	 conhece,	 foi</p><p>atropelado	por	um	tropel	de	cavalos	azuis.	Esse	é	o	problema	em	deixar	para	lá</p><p>–	 é	 mais	 uma	 inação	 do	 que	 uma	 ação,	 e	 seu	 cérebro	 odeia	 inação,	 como	 a</p><p>natureza	abomina	o	vácuo.	Portanto,	a	chave	para	deixar	algo	de	lado	é	seguir</p><p>em	frente	e	pegar	outra	coisa.	Coloque	sua	atenção	em	algo,	não	tire.</p><p>Como	Andy	 iria	abrir	mão	da	ansiedade	e	da	distração	de	achar	que	estava</p><p>jogando	fora	dez	anos	da	sua	vida?	Como	ele	iria	apagar	todas	aquelas	imagens</p><p>de	começar	seu	mestrado	em	saúde	pública	em	apenas	dois	anos	e	correr	pelos</p><p>salões	do	Congresso,	tornando-se	uma	nova	estrela	política,	um	especialista	no</p><p>sistema	de	saúde?	Andy	percebeu	que	a	saída	era	para	dentro	e	perguntou	a	si</p><p>mesmo:	“Como	posso	seguir	em	frente	e	assumir	a	 incumbência	de	me	tornar</p><p>um	médico?”</p><p>Logo	que	fez	isso,	ele	percebeu	que	sua	escolha	de	Andy	Médico	lhe	trazia	um</p><p>plano	reserva	de	graça	–	tornar-se	um	médico.	Ele	sabia	que	os	alunos	de	fato</p><p>começam	a	praticar	medicina	nos	primeiros	anos	de	treinamento	e	que	todos	os</p><p>anos	 de	 residência	 são	 passados	 fazendo	 trabalho	 clínico.	 Que	 tipo	 de</p><p>especialidade	seria	mais	relevante	para	a	política	da	saúde	pública?	Que	escolas</p><p>de	medicina	 teriam	 os	 laços	mais	 fortes	 com	Washington	 e	 um	 programa	 de</p><p>mestrado	afiliado?	Que	instituições	lhe	ensinariam	mais:	uma	clínica	local?	Um</p><p>grande	hospital?	Cidades	pequenas?	Cidades	grandes?	Assim	que	ele	começou	a</p><p>entender	 o	 que	 sua	 formação	 médica	 poderia	 contribuir	 e	 como	 poderia</p><p>aproveitar	 isso	 ao	máximo,	 teve	 toneladas	 de	 ideias	 e	 questões	 interessantes</p><p>para	perseguir.	Imaginando	uma	maneira	de	seguir	seu	caminho	em	frente,	deu</p><p>à	 sua	 mente	 permissão	 para	 abrir	 mão	 da	 dúvida.	 E	 ele	 pensou	 em	 muitas</p><p>conversas-protótipo	 e	 experiências-protótipo	 relacionadas	 com	 a	 política	 de</p><p>saúde	na	sua	função	de	estudante	de	medicina	e	médico	residente.</p><p>Andy	era	um	aluno	excelente.</p><p>Acabou	a	Roda	de	Hamsters</p><p>Designers	não	 sofrem.	Eles	não	 sonham	com	o	que	poderia	 ter	 sido.	Eles	não</p><p>giram	na	roda.	E	não	desperdiçam	o	futuro	esperando	um	passado	melhor.	Os</p><p>designers	da	vida	veem	aventura	em	qualquer	vida	que	estejam	construindo	e</p><p>vivendo	atualmente.	É	assim	que	você	escolhe	ser	feliz.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>E,	realmente,	há	alguma	outra	escolha?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>I</p><p>10</p><p>Imunidade	ao	Fracasso</p><p>magine	 que	 há	 uma	 vacina	 que	 pode	 impedi-lo	 de	 falhar.	 Apenas	 uma</p><p>pequena	 injeção,	 e	 sua	 vida	 com	 certeza	 se	 desenrolaria	 exatamente	 como</p><p>planejada	 –	 nada	mais	 do	 que	 o	 suave	 velejar	 e	 sucesso	 após	 o	 sucesso,	 tão</p><p>longe	 quanto	 a	 vista	 pode	 ver.	 Uma	 vida	 inteira	 sem	 fracasso	 soa	 ótima,	 né?</p><p>Parece	 ótimo	 viver	 sem	 decepções,	 sem	 contratempos,	 sem	 problemas	 e	 sem</p><p>perda	 ou	 tristeza.	 Ninguém	 gosta	 de	 fracasso.	 É	 terrível	 –	 aquela	 sensação</p><p>horrível	de	estômago	embrulhado,	o	peso	pesado	da	derrota	que	faz	seu	peito</p><p>sentir-se	como	se	estivesse	sendo	esmagado.</p><p>Quem	não	quer	ser	imune	ao	fracasso?</p><p>Infelizmente,	não	há	vacina	e	é	impossível	deixar	de	falhar.	Mas	é	possível	ser</p><p>imune	 ao	 fracasso.	 Não	 queremos	 dizer	 que	 você	 será	 capaz	 de	 evitar	 a</p><p>experiência	de	coisas	não	funcionarem	da	maneira	que	você	esperava,	mas	você</p><p>pode	se	tornar	imune	à	grande	maioria	dos	sentimentos	negativos	de	fracasso</p><p>que	 sobrecarregam	 sua	 vida	 desnecessariamente.	 Se	 você	 usar	 as	 ideias	 e</p><p>ferramentas	de	que	temos	falado	até	agora,	reduzirá	a	taxa	de	fracasso,	o	que	é</p><p>ótimo,	mas	estamos	atrás	de	algo	muito	mais	valioso	do	que	apenas	a	redução</p><p>de	falhas.	Estamos	atrás	da	imunidade	ao	fracasso.</p><p>Experimentamos	 um	monte	 de	 coisas	 diferentes	 no	 caminho	 para	 projetar</p><p>uma	 vida	 que	 vale	 a	 pena	 viver.	 Usando	 a	 curiosidade,	 saímos	 pela	 vida	 e</p><p>conhecemos	 pessoas	 interessantes.	 Colaboramos	 radicalmente	 com	 amigos	 e</p><p>familiares	e	prototipamos	engajamentos	significativos	com	o	mundo.	E	ao	longo</p><p>de	toda	essa	jornada	de	design	de	vida,	familiarizamo-nos	com	a	mentalidade	da</p><p>tendência	para	agir,	e	sempre	que	estivermos	em	dúvida	sabemos	que	é	hora	de</p><p>fazer	algo.</p><p>Ao	longo	de	tudo,	você	tem	desenvolvido	algo	positivo	que	psicólogos	como</p><p>Angela	Duckworth	chamam	de	perseverança.[1]	Os	estudos	de	Duckworth	sobre</p><p>a	perseverança	e	o	autocontrole	demonstram	que	a	perseverança	é	uma	melhor</p><p>medida	de	 potencial	 sucesso	do	 que	 o	QI.	 A	 imunidade	 ao	 fracasso	dá	 a	 você</p><p>perseverança	de	sobra.</p><p>É	 importante	 pensar	 em	 nós	 mesmos	 como	 designers	 de	 vida	 curiosos	 e</p><p>orientados	para	a	ação	e	que	gostam	de	fazer	protótipos	para	“construir	o	nosso</p><p>caminho”.	Mas,	quando	você	aplica	esta	abordagem	para	projetar	sua	vida,	você</p><p>vai	falhar.	Na	verdade,	você	vai	“falhar	de	propósito”	mais	com	esta	abordagem</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>do	 que	 com	 qualquer	 outra.	 Então	 é	 importante	 entender	 o	 que	 significa</p><p>“fracasso”	em	nosso	processo	e	como	alcançar	o	que	chamamos	de	 imunidade</p><p>em	relação	a	ele.</p><p>O	medo	 do	 fracasso	 é	motivo	 de	 grande	 preocupação	 na	 vida	 das	 pessoas.</p><p>Parece	estar	relacionado	a	uma	percepção	fundamental	daquilo	que	as	pessoas</p><p>definem	como	uma	vida	boa	ou	ruim.	Ela	foi	um	sucesso	(eba,	que	bom!).	Ele	foi</p><p>um	fracasso	(eca,	que	ruim!).	Quando	você	pensa	desse	jeito,	claro	que	ninguém</p><p>quer	ser	um	fracasso.	Imaginamos	que	em	nosso	funeral	haverá	algum	juiz	(ou</p><p>algum	 comitê	 imaginário)	 que	 julgará	 se	 conseguimos	 ter	 sucesso	 ou	 se</p><p>acabamos	fracassando.</p><p>Felizmente,	se	você	está	projetando	a	sua	vida,	nunca	pode	ser	um	fracasso.</p><p>Você	 pode	 experimentar	 alguns	 protótipos	 e	 participações	 que	 não	 atingem</p><p>seus	objetivos	(que	“falham”),	mas	lembre-se	de	que	eles	foram	projetados	para</p><p>que	você	pudesse	aprender	certas	 coisas.	Quando	você	começa	a	projetar	 sua</p><p>vida	e	viver	o	processo	criativo	de	um	design	de	vida,	você	não	tem	como	falhar;</p><p>você	só	tem	como	progredir	e	aprender	com	os	diferentes	tipos	de	experiências</p><p>que	tanto	o	fracasso	quanto	o	sucesso	têm	para	oferecer.</p><p>Fracasso	Infinito</p><p>Acreditamos	que	agora	você	entenda	que	a	prototipagem	para	projetar	sua	vida</p><p>é	 uma	 ótima	 maneira	 de	 ter	 sucesso	 mais	 cedo	 (nas	 coisas	 grandes	 e</p><p>importantes)	 ao	 fracassar	 com	mais	 frequência	 (em	 experiências	menores	 de</p><p>aprendizado	e	de	baixa	exposição).	Depois	de	ter	 feito	este	ciclo	de	reiteração</p><p>de	 protótipo	 várias	 vezes,	 você	 realmente	 começa</p><p>perfeita	como	está,	o	design	de	vida	vai	ajudar	a	 torná-la</p><p>uma	versão	ainda	melhor	da	vida	que	você	já	ama	viver.</p><p>Quando	você	pensa	como	um	designer,	quando	você	está	disposto	a	fazer	as</p><p>perguntas,	quando	você	percebe	que	a	vida	 sempre	 se	 trata	de	 conceber	algo</p><p>que	 nunca	 existiu	 antes,	 então	 sua	 vida	 pode	 brilhar	 de	 uma	 forma	 que	 você</p><p>nunca	imaginou.	Quer	dizer,	se	você	gosta	de	brilhar.	Afinal,	é	o	seu	design.</p><p>O	Que	Nós	Sabemos?</p><p>No	Departamento	de	Design	de	Stanford,	ensinamos	o	pensamento	de	design	e</p><p>o	design	de	vida	a	mais	de	mil	alunos.	E	vamos	confessar	um	segredo:	nenhum</p><p>aluno	levou	bomba	em	nosso	curso.	Na	verdade,	é	impossível	se	dar	mal.	Temos</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>mais	 de	 60	 anos	 de	 experiência	 combinada	 de	 ensino	 e	 já	 ensinamos	 esta</p><p>abordagem	 para	 alunos	 do	 ensino	 médio,	 universitários,	 mestrandos,</p><p>doutorandos,	 gente	 de	 vinte	 e	 poucos	 anos,	 executivos	 no	meio	 da	 carreira	 e</p><p>aposentados	atrás	de	uma	carreira	“bis”.</p><p>Como	 professores,	 sempre	 garantimos	 aos	 nossos	 alunos	 “atendimento</p><p>vitalício”.	 Isso	 significa	 que,	 se	 fizer	 uma	matéria	 conosco,	 estaremos	 sempre</p><p>disponíveis	 para	 você.	 Ponto	 final.	 Vários	 alunos	 voltaram	 a	 nos	 procurar	 ao</p><p>longo	 dos	 anos,	 depois	 de	 formados,	 e	 eles	 contaram	 como	 as	 ferramentas,</p><p>ideias	 e	 mentalidades	 que	 lhes	 ensinamos	 fizeram	 diferença	 em	 suas	 vidas.</p><p>Estamos	bastante	esperançosos	–	e,	francamente,	bem	confiantes	–	de	que	essas</p><p>ideias	poderão	fazer	a	diferença	para	você	também.</p><p>Mas	 não	 precisa	 acreditar	 na	 gente.	 Stanford	 é	 um	 lugar	 muito	 rigoroso.</p><p>Embora	nossas	historinhas	sejam	legais,	não	têm	muito	valor	acadêmico.	Para</p><p>falar	com	autoridade,	são	necessários	dados.	O	nosso	é	um	dos	poucos	cursos	de</p><p>pensamento	de	design	que	foram	cientificamente	estudados	e	provaram	fazer	a</p><p>diferença	 para	 os	 alunos	 em	 uma	 série	 de	 medidas	 importantes.	 Dois</p><p>doutorandos	 fizeram	 suas	 dissertações	 sobre	 o	 curso	 e	 o	 que	 concluíram	 foi</p><p>muito	empolgante.[2]	Eles	descobriram	que	aqueles	que	vieram	às	nossas	aulas</p><p>eram	mais	 capazes	 de	 planejar	 e	 ir	 atrás	 da	 carreira	 que	 realmente	 queriam.</p><p>Eles	tinham	menos	crenças	disfuncionais	(aquelas	malditas	ideias	que	impedem</p><p>mudanças	 e	 que	 simplesmente	 não	 são	 verdade)	 e	 uma	maior	 capacidade	 de</p><p>produzir	novas	ideias	para	o	seu	projeto	de	vida	(aumentando	sua	capacidade</p><p>de	ideação).	Todas	essas	medidas	foram	“estatisticamente	significativas”,	o	que,</p><p>em	linguagem	leiga,	quer	dizer	que	as	ideias	e	exercícios	que	apresentamos	em</p><p>nosso	curso	–	e	neste	livro	–	provaram-se	eficazes	e	podem	ajudá-lo	a	descobrir</p><p>o	que	quer	e	mostrar-lhe	como	chegar	lá.</p><p>Mesmo	assim,	vamos	ser	perfeitamente	claros	desde	o	início.	Ciência	ou	não,</p><p>tudo	isso	é	altamente	pessoal.	Podemos	oferecer	algumas	ferramentas,	algumas</p><p>ideias,	alguns	exercícios,	mas	não	podemos	dar-lhe	tudo.	Não	podemos	dar-lhe</p><p>suas	 próprias	 ideias,	 mudar	 sua	 perspectiva	 nem	 fornecer	 incontáveis</p><p>momentos	“eureca”	em	dez	etapas	 fáceis.	O	que	podemos	dizer	é	que,	se	você</p><p>realmente	usar	as	 ferramentas	que	apresentamos	aqui	e	 fizer	os	exercícios	de</p><p>design	de	vida,	vai	gerar	as	ideias	que	precisa	ter.	Porque	a	grande	verdade	é	a</p><p>seguinte:	existem	muitas	versões	de	você	e	elas	estão	todas	“certas”.	E	o	design</p><p>de	 vida	 vai	 ajudá-lo	 a	 viver	 qualquer	 versão	 de	 você	 que	 esteja	 passando	 no</p><p>cinema	 mais	 próximo.	 Lembre-se,	 não	 existem	 respostas	 erradas	 e	 você	 não</p><p>precisa	passar	em	uma	prova.	Sugerimos	que	 faça	alguns	dos	exercícios	deste</p><p>livro,	 mas	 não	 tem	 gabarito	 no	 final	 para	 dizer	 como	 foi	 o	 seu	 desempenho.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Adicionamos	 uma	 recapitulação	 dos	 exercícios	 no	 final	 de	 cada	 capítulo	 –</p><p>quadros	 que	 dizem	 “Experimente”	 –	 porque	 sugerimos	 que	 você,	 bem...</p><p>experimente.	 É	 isso	 que	 os	 designers	 fazem.	 Nós	 não	 estamos	 comparando</p><p>ninguém,	 e	 você	 também	 não	 deve	 se	 comparar	 com	 ninguém.	 Estamos	 aqui</p><p>para	criar	com	você.	Pense	em	nós	como	parte	da	sua	equipe	de	design	pessoal.</p><p>Na	verdade,	sugerimos	que	você	saia	e	consiga	logo	uma	equipe	de	design	–</p><p>um	 grupo	 de	 pessoas	 que	 lerão	 o	 livro	 e	 farão	 os	 exercícios	 com	 você,	 uma</p><p>equipe	colaborativa	de	apoio	na	busca	por	uma	vida	bem	projetada.	Falaremos</p><p>disso	mais	adiante	no	livro	e	sinta-se	livre	para	lê-lo	primeiro,	sozinho.	Muitas</p><p>pessoas	pensam	que	os	designers	são	gênios	solitários,	trabalhando	isolados	e</p><p>esperando	 um	 lampejo	 de	 inspiração	 para	 mostrar-lhes	 a	 solução	 de	 seu</p><p>problema	de	design.	Nada	está	mais	 longe	da	verdade.	Pode	haver	problemas,</p><p>como	o	design	de	uma	 cadeira	ou	um	novo	 conjunto	de	blocos	para	 crianças,</p><p>que	são	simples	o	suficiente	para	um	indivíduo,	mas,	no	mundo	muito	técnico</p><p>de	hoje,	quase	 todos	os	problemas	precisam	de	 toda	uma	equipe	de	design.	O</p><p>pensamento	de	design	vai	além	e	sugere	que	os	melhores	resultados	advêm	da</p><p>colaboração	radical,	que	parte	do	princípio	de	que	pessoas	com	origens	muito</p><p>diferentes	 trarão	 suas	 idiossincráticas	 experiências	 técnicas	 e	 humanas	 à</p><p>equipe.	 Isso	aumenta	a	chance	de	que	o	grupo	tenha	empatia	por	aqueles	que</p><p>vão	usar	o	que	eles	estão	projetando	e	que	a	colisão	de	diferentes	origens	gere</p><p>soluções	verdadeiramente	únicas.</p><p>Isso	 é	 sempre	 provado	 em	 turmas	 da	 d.school	 em	 Stanford,	 onde	 os</p><p>estudantes	de	pós-graduação	criam	equipes	de	alunos	de	administração,	direito,</p><p>engenharia,	 educação	 e	 medicina	 que	 aparecem	 com	 soluções	 inovadoras	 o</p><p>tempo	 todo.	 A	 cola	 que	 une	 essas	 equipes	 é	 o	 pensamento	 de	 design,	 a</p><p>abordagem	 com	enfoque	humano	que	 tira	 proveito	das	 origens	diversas	para</p><p>incentivar	colaboração	e	criatividade.	Em	geral,	nenhum	dos	alunos	entende	de</p><p>design	 quando	 se	 matricula	 em	 nossas	 aulas,	 então	 todas	 as	 equipes	 têm</p><p>dificuldade	 para	 serem	 produtivas	 no	 início.	 Eles	 têm	 que	 aprender	 as</p><p>habilidades	do	designer,	especialmente	a	colaboração	radical	e	a	consciência	do</p><p>processo.	 Quando	 isso	 acontece,	 os	 alunos	 descobrem	 que	 suas	 capacidades</p><p>como	 equipe	 superam	 de	 longe	 o	 que	 podem	 fazer	 sozinhos	 e,	 com	 isso,	 sua</p><p>confiança	 criativa	 explode.	 Centenas	 de	 projetos	 estudantis	 e	 empresas</p><p>inovadoras,	como	D-Rev	e	Embrace,[3]	vieram	desse	processo,	provando	que	a</p><p>colaboração	criativa	é	a	maneira	de	fazer	design	nos	dias	de	hoje.</p><p>Então	seja	o	gênio	criativo	do	design	de	sua	vida;	apenas	não	ache	que	precisa</p><p>ser	um	daqueles	gênios	solitários.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Pense	Como	Um	Designer</p><p>Para	 que	 possa	 projetar	 sua	 vida,	 você	 precisa	 aprender	 a	 pensar	 como	 um</p><p>designer.	Vamos	explicar	algumas	maneiras	simples	de	fazer	isso,	mas	primeiro</p><p>você	 deve	 entender	 uma	 premissa	 importante:	 os	 designers	 não	 pensam	 no</p><p>caminho	que	vão	seguir,	eles	criam	o	caminho.	Isso	significa	que	você	não	ficará</p><p>sonhando	com	um	monte	de	fantasias	divertidas	que	não	têm	nada	a	ver	com	o</p><p>mundo	 ou	 com	 quem	 você	 é.	 Você	 irá	 construir	 coisas	 (nós	 as	 chamamos	 de</p><p>protótipos),	fazer	experiências	e	divertir-se	ao	longo	do	processo.</p><p>Deseja	mudar	de	carreira?	Este	livro	irá	ajudá-lo	a	fazer	essa	transformação,</p><p>mas	 isso	não	será	 feito	com	você	sentado,	 tentando	decidir	o	que	mudar.	Nós</p><p>vamos	ajudá-lo	a	pensar	como	um	designer	e	a	construir	o	seu	futuro,	protótipo</p><p>por	protótipo.	Iremos	auxiliá-lo	a	encarar	os	desafios	de	projetar	a	sua	própria</p><p>vida	 com	 o	 mesmo	 tipo	 de	 curiosidade	 e	 criatividade	 que	 resultaram	 na</p><p>invenção	da	prensa	tipográfica,	da	lâmpada	elétrica	e	da	internet.</p><p>O	foco	principal	deste	livro	é	em	empregos	e	carreiras,	porque,	convenhamos,</p><p>passamos	a	maior	parte	do	tempo	no	trabalho.	O	trabalho	pode	ser	uma	fonte</p><p>diária	de	alegria	e	significado	ou	um	interminável	desperdício	de	horas	gastas</p><p>tentando	se	forçar	a	aguentar	até	a	chegada	do	fim	de	semana.	Uma	vida	bem</p><p>projetada	não	é	uma	vida	de	 labuta.	Você	não	 foi	 colocado	neste	mundo	para</p><p>trabalhar	oito	horas	por	dia	em	um	emprego	que	odeia	até	morrer.</p><p>Embora	 o</p><p>a	 gostar	 do	 processo	 de</p><p>aprendizagem	por	meio	 de	 encontros-protótipo	 que	 outros	 poderiam	 chamar</p><p>de	fracasso.	Por	exemplo,	no	dia	anterior	à	primeira	aula	da	nossa	maior	turma,</p><p>Dave	 fez	uma	grande	mudança	em	um	dos	exercícios	para	a	aula	daquele	dia.</p><p>Ele	tinha	uma	ideia	e	só	queria	fazer	uma	experiência.	Nem	sequer	teve	tempo</p><p>de	contar	a	Bill,	que	soube	ao	mesmo	tempo	que	os	estudantes.	Depois	que	Dave</p><p>anunciou	o	 exercício	 (nunca	 antes	 tentado)	 e	quando	os	 alunos	 começaram	a</p><p>trabalhar,	 Bill	 se	 aproximou	 de	 Dave	 e	 disse:	 “Isso	 é	 ótimo!	 Adoro	 que	 você</p><p>esteja	disposto	a	falhar	miseravelmente	na	frente	de	80	alunos!	Não	faço	ideia</p><p>se	 esse	 exercício	 vai	 funcionar,	 mas	 eu	 gostei	 muito	 do	 jeito	 que	 você	 está</p><p>prototipando!”	Dave	e	Bill	passaram	a	confiar	no	processo	de	design	de	vida	tão</p><p>completamente	que	nunca	precisaram	mais	falar	sobre	o	jeito	certo	de	planejar</p><p>as	 aulas.	 Quando	 você	 pega	 o	 jeito	 de	 abordar	 as	 coisas	 com	 pensamento	 de</p><p>design,	você	acaba	pensando	de	forma	diferente	sobre	tudo.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Esse	é	o	primeiro	nível	de	 imunidade	ao	 fracasso	–	usar	a	 tendência	a	agir,</p><p>falhar	 rápido	 e	 ter	 tanta	 clareza	 na	 curva	 de	 aprendizado	 de	 um	 fracasso	 a</p><p>ponto	 de	 não	 doer	 (e,	 claro,	 você	 aprende	 rapidamente	 e	 vai	 incorporando</p><p>melhorias).	A	propósito,	o	exercício	na	aula	correu	muito	bem,	mas	decidimos</p><p>dispensá-lo	de	qualquer	forma	e	manter	a	versão	anterior	porque	demonstrou</p><p>mais	eficácia.	Um	sucesso!</p><p>Há	outro	nível	de	imunidade	ao	fracasso	que	chamamos	de	grande	imunidade</p><p>ao	fracasso,	que	vem	de	compreender	a	grande	reformulação	do	pensamento	de</p><p>design.	 Você	 está	 preparado?	 Projetar	 sua	 vida	 é	 na	 verdade	 o	 que	 a	 vida	 é,</p><p>porque	a	vida	é	um	processo,	não	um	resultado.</p><p>Se	você	entender	isso,	você	entendeu	tudo.</p><p>Crença	Disfuncional:	Nós	julgamos	a	vida	pelo	resultado.</p><p>Reformulação:	A	vida	é	um	processo,	não	um	resultado.</p><p>Estamos	 sempre	 crescendo	 do	 presente	 para	 o	 futuro	 e,	 portanto,	 sempre</p><p>mudando.	A	cada	mudança	vem	um	novo	design.	A	vida	não	é	um	resultado,	é</p><p>mais	como	uma	dança.	O	design	da	vida	é	apenas	uma	boa	coreografia	de	passos</p><p>de	dança.	A	vida	nunca	está	pronta	(até	acabar)	e	o	design	de	vida	nunca	está</p><p>pronto	(até	você	estar).</p><p>O	filósofo	James	Carse	escreveu	um	livro	interessante,	Jogos	Finitos	&	Infinitos</p><p>(Finite	and	Infinite	Games).[2]	Nele,	Carse	identifica	quase	tudo	o	que	fazemos	na</p><p>vida	como	um	jogo	finito,	que	jogamos	pelas	regras	para	poder	ganhar,	ou	um</p><p>jogo	infinito,	que	jogamos	com	as	regras	pela	alegria	de	poder	continuar	a	jogar.</p><p>Tirar	10	em	química	é	um	jogo	finito.	Aprender	como	o	mundo	é	construído	e</p><p>como	você	 se	encaixa	nele	é	um	 jogo	 infinito.	Treinar	 seu	 filho	para	ganhar	o</p><p>concurso	de	ortografia	é	um	jogo	finito.	Dar	ao	seu	filho	a	confiança	de	que	você</p><p>o	ama	incondicionalmente	é	um	jogo	infinito.	A	vida	está	cheia	dos	dois	tipos	de</p><p>jogo.	 (Por	 jogos	 não	 queremos	 dizer	 algo	 trivial	 ou	 infantil.	 Neste	 contexto,</p><p>significa	simplesmente	como	agimos	no	mundo	e	qual	a	importância	que	damos</p><p>às	 nossas	 ações.)	 Todo	mundo	 está	 jogando	 jogos	 finitos	 e	 infinitos	 o	 tempo</p><p>todo.	 Um	 tipo	 de	 jogo	 não	 é	 melhor	 do	 que	 o	 outro.	 O	 beisebol	 é	 um	 jogo</p><p>divertido,	mas	não	funciona	sem	regras,	vencedores	e	perdedores.	O	amor	é	um</p><p>jogo	 infinito	 –	 quando	 jogado	 bem,	 continua	 para	 sempre	 e	 todo	mundo	 joga</p><p>para	mantê-lo.</p><p>Então,	o	que	isso	tem	a	ver	a	respeito	do	design	de	vida?	Só	isso:	quando	você</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>lembra	que	está	constantemente	 jogando	o	 jogo	 infinito	de	se	tornar	cada	vez</p><p>mais	você	mesmo	e	projetar	a	expressão	desse	espantoso	você	no	mundo,	não</p><p>tem	como	falhar.	Com	a	mentalidade	de	jogo	infinito,	você	não	é	apenas	bom	em</p><p>reduzir	as	falhas	–	está	verdadeiramente	imune	ao	fracasso.	Claro,	sentirá	dores</p><p>e	perdas	ou	 sérios	 contratempos,	mas	nada	disso	o	 fará	uma	pessoa	menor	e</p><p>não	experimentará	esses	contratempos	como	um	“fracasso”	existencial	do	qual</p><p>não	pode	se	recuperar.</p><p>Ser	e	Fazer</p><p>Por	milênios,	 as	 pessoas	 têm	 sofrido	 com	 a	 dificuldade	 de	 equilibrar	 o	 nosso</p><p>foco	em	nós	mesmos	como	seres	humanos	(que	é	mais	prevalente	nas	culturas</p><p>orientais)	 ou	 como	 feitos	 humanos	 (que	 é	 mais	 prevalente	 nas	 culturas</p><p>ocidentais).	 Ser	 ou	 fazer?	 O	 verdadeiro	 eu	 interior,	 ou	 o	 ocupado	 e	 bem-</p><p>sucedido	 eu	 exterior?	 Qual	 é?	 O	 design	 de	 vida	 acha	 que	 isso	 é	 uma	 falsa</p><p>dicotomia.	Visto	que	a	vida	é	um	problema	perverso	que	nunca	 “resolvemos”,</p><p>apenas	nos	concentramos	em	viver	melhor	nossas	vidas,	construir	o	caminho	a</p><p>seguir.	Este	diagrama	é,	achamos,	uma	maneira	melhor	de	imaginar	o	processo:</p><p>Ao	projetar	sua	vida,	você	começa	com	quem	você	é	(Capítulos	1,	2	e	3).	Aí</p><p>você	 tem	muitas	 ideias	 (em	 vez	 de	 esperar	 para	 ter	 a	 ideia	 do	 século),	 tenta</p><p>fazer	 algumas	 coisas	 (Capítulos	 4,	 5	 e	 6)	 e	 faz	 a	 melhor	 escolha	 possível</p><p>(Capítulo	8).	Enquanto	você	faz	isso	tudo,	incluindo	escolhas	que	definirão	o	seu</p><p>caminho	por	uns	anos,	você	amadurece	vários	atributos	da	sua	personalidade	e</p><p>identidade	 que	 são	 nutridos	 e	 utilizados	 nessas	 experiências	 –	 você	 torna-se</p><p>mais	você	mesmo.	Dessa	 forma,	 você	energiza	um	ciclo	de	 crescimento	muito</p><p>produtivo,	evoluindo	naturalmente	do	ser	para	o	fazer	e	para	o	tornar-se.	Então</p><p>tudo	 se	 repete,	 quando	esta	versão	de	você	 (seu	novo	 ser),	 que	 é	mais-como-</p><p>você,	dá	o	próximo	passo	de	fazer,	e	aí	por	adiante.</p><p>Todos	os	capítulos	da	vida	–	tanto	os	maravilhosamente	vitoriosos	quanto	os</p><p>dolorosamente	 difíceis	 e	 decepcionantes	 –	mantêm	 este	 ciclo	 de	 crescimento</p><p>rodando	se	tivermos	a	mentalidade	certa.	Desta	maneira	de	ver	e	experimentar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>as	 coisas,	 você	 estará	 sempre	 tendo	 sucesso	 no	 jogo	 infinito	 de	 descobrir	 e</p><p>engajar	a	sua	própria	vida	no	mundo.</p><p>E	 essa	 mentalidade	 é	 uma	 dose	 enorme	 da	 nossa	 vacina	 de	 imunidade	 ao</p><p>fracasso.</p><p>Crença	Disfuncional:	A	vida	é	um	jogo	finito,	com	vencedores	e	perdedores.</p><p>Reformulação:	A	vida	é	um	jogo	infinito,	sem	vencedores	ou	perdedores.</p><p>Talvez	você	esteja	pensando	que	isso	soa	bem,	mas	no	mundo	real	não	é	tão</p><p>simples.	Acreditamos	(e	já	vimos	nos	outros	e	vivemos	nós	mesmos)	que	você</p><p>realmente	 pode	 reformular	 fracassos	 de	 tal	 forma	 a	 transformar	 os</p><p>contratempos	e	ter	uma	vida	mais	feliz	e	gratificante.	Não	é	só	nossa	ladainha</p><p>de	pensamento	positivo,	é	uma	ferramenta	imperativa	para	o	design	de	vida.</p><p>O	fracasso	é	apenas	a	matéria-prima	do	sucesso.	Nós	todos	pisamos	na	bola,</p><p>temos	 fraquezas,	 temos	dores	de	 crescimento.	E	 todos	nós	 temos	pelo	menos</p><p>uma	história	de	uma	ocasião	em	que	reformulamos	uma	falha	em	particular,	em</p><p>que	mudamos	a	nossa	perspectiva,	e	vimos	como	um	fracasso	acabou	sendo	a</p><p>melhor	coisa	que	já	nos	aconteceu.</p><p>Todos	 temos	 histórias	 de	 redenção.	 Uma	 vida	 perfeitamente	 planejada	 que</p><p>nunca	surpreende	nem	desafia	é	uma	vida	perfeitamente	chata,	não	uma	vida</p><p>bem	projetada.</p><p>Abrace	as	 falhas,	as	 fraquezas,	os	enormes	problemas	e	 todas	as	coisas	que</p><p>aconteceram	 sobre	 as	 quais	 você	 não	 tem	 o	 menor	 controle.	 Elas	 são	 o	 que</p><p>fazem	a	vida	valer	a	pena.</p><p>Basta	perguntar	ao	Reed.</p><p>Ganhar,	Perder	e	Ganhar</p><p>Reed	 sempre	 quis	 participar	 do	 grêmio	 da	 escola,	 então	 começou	 a	 se</p><p>candidatar	assim	que	pôde,	no	quinto	ano.	Perdeu.	Ele	concorreu	no	sexto	ano	e</p><p>perdeu	de	novo.	Ele	se	candidatou	todos	os	anos,	às	vezes	duas	vezes	por	ano,	e</p><p>perdeu	 todas	 as	 vezes.	 Até	 o	 final	 do	 segundo	 ano	 do	 ensino	 médio,	 ele</p><p>concorreu	para	algum	cargo	do	grêmio	e	perdeu	13	vezes	seguidas.	Durante	seu</p><p>último	 ano	 do	 ensino	 médio,	 ele	 decidiu	 se	 candidatar	 mais	 uma	 vez	 para</p><p>presidente	do	grêmio.</p><p>Ao	 longo	 dos	 anos,	 os	 pais	 de	 Reed	 assistiram	 com	 agonia	 ao	 acúmulo	 de</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>derrotas.	Depois	de	quatro	ou	cinco	tentativas,	eles	começaram	a	se	preocupar</p><p>quando	 Reed	 anunciava	 que	 ia	 concorrer	 de	 novo.	 Eles	 eram	 inteligentes	 o</p><p>suficiente</p><p>para	não	o	desencorajar,	mas	no	 fundo	desejavam	que	ele	deixasse</p><p>para	lá	e	parasse	o	sofrimento.	Não	aguentavam	vê-lo	passando	por	todos	esses</p><p>fracassos.	Mas	Reed	não	se	importava.	Claro	que	ele	odiava	perder,	mas	não	ia</p><p>mudar	de	 ideia.	Ele	sabia	que	se	continuasse	aprenderia	o	que	estava	fazendo</p><p>de	errado	e	 finalmente	ganharia	–	ou	pelo	menos	aprenderia	um	pouco	mais.</p><p>Em	 sua	 cabeça,	 o	 fracasso	 era	 só	 parte	 do	 processo.	 Perder	 ficou	 cada	 vez</p><p>menos	doloroso,	o	que	lhe	permitiu	correr	riscos	para	ver	se	novas	abordagens</p><p>poderiam	 funcionar.	Deu-lhe	 coragem	de	 tentar	 outras	 coisas:	 esportes,	 atuar</p><p>no	 teatro.	 A	maioria	 das	 tentativas	 não	 funcionou,	mas	 algumas	 deram	 certo.</p><p>Embora	 estivesse	 encantado	 com	 seus	 sucessos,	 estaria	 tranquilo	 se	 também</p><p>tivesse	 falhado	 nessas.	 Fracassar	 tantas	 vezes	 o	 liberou	 cada	 vez	 mais	 para</p><p>concentrar	suas	energias	em	 fazer	as	melhores	campanhas	que	pudesse.	Cada</p><p>fracasso	 era	 uma	 lição,	 então	 quando	 concorria,	 nunca	 se	 preocupava	 em</p><p>perder.	Quando	finalmente	ganhou	e	se	tornou	presidente	do	grêmio	no	último</p><p>ano,	estava	emocionado,	mas	o	ponto	não	é	que	ele	finalmente	tenha	ganhado	–</p><p>o	ponto	é	que	ele	tenha	continuado	concorrendo.</p><p>Acabou	sendo	uma	lição	mais	valiosa	do	que	ele	achava	que	seria.</p><p>Aos	 22	 anos,	 para	 quem	 visse	 de	 fora,	 Reed	 parecia	 finalmente	 estar</p><p>vencendo	na	vida.	Escoteiro.	Presidente	da	turma.	Zagueiro.	Aluno	de	faculdade</p><p>de	 prestígio.	 Campeão	 do	 grupo	 e	 remo.	 Quando	 se	 formou	 em	 economia	 na</p><p>faculdade,	 sua	 vida	 parecia	 encaminhada	 para	 sucesso	 e	 mais	 sucesso.</p><p>Conseguiu	um	emprego	em	uma	empresa	importante	e,	nos	primeiros	anos,	sua</p><p>nova	carreira	estava	indo	muito	bem.</p><p>Ele	 viajava	 muito	 a	 trabalho	 e,	 durante	 uma	 viagem	 de	 negócios	 para	 o</p><p>Centro-Oeste	 dos	 EUA,	 Reed	 notou	 um	 estranho	 nódulo	 logo	 abaixo	 de	 seu</p><p>pescoço.	 Ele	 foi	 a	 uma	 clínica	 local	 em	 seu	 horário	 de	 almoço	 e,	 quando</p><p>embarcou	em	seu	voo	de	volta,	três	dias	depois,	o	médico	tinha	confirmado	seus</p><p>piores	 receios:	 estava	 com	a	doença	de	Hodgkin,	 um	câncer	 linfático.	Quando</p><p>chegou	em	casa,	imediatamente	começou	a	quimioterapia.</p><p>Câncer	aos	25	anos	não	fazia	parte	do	projeto	da	vida	de	Reed.	Mas	agora	era</p><p>parte	de	sua	vida.</p><p>Uma	vida	de	experiências	com	o	fracasso	tinha	dado	resultado.	Reed	foi	capaz</p><p>de	 aceitar	 a	 realidade	 de	 sua	 situação	 muito	 rápido	 e	 colocar	 todas	 as	 suas</p><p>energias	 em	melhorar.	Ele	não	 ficou	atolado	perguntando	 “por	que	eu?”,	 nem</p><p>acreditava	 que	 tinha	 fracassado	 em	 cuidar	 da	 sua	 saúde.	 Ele	 estava	 muito</p><p>ocupado	 preparando	 e	 usando	 outra	 campanha	 –	 desta	 vez,	 uma	 campanha</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>para	 vencer	 o	 câncer.	 No	 próximo	 ano,	 ele	 não	 estaria	 avançando	 em	 sua</p><p>carreira	de	consultoria	econômica,	como	havia	planejado;	estava	passando	por</p><p>cirurgia,	radiação	e	quimioterapia.	Ele	também	estava	aprendendo,	ainda	muito</p><p>jovem	sobre	a	fragilidade	da	vida.</p><p>Terminado	seu	tratamento	e	com	o	câncer	em	remissão,	Reed	não	tinha	ideia</p><p>do	que	fazer	a	seguir.	Na	verdade,	ele	tinha	–	uma	ideia	um	tanto	louca.	Havia</p><p>um	 pequeno	 item	 em	 seu	 Plano	 de	 Odisseia	 que	 ele	 não	 tinha	 começado	 a</p><p>prototipar:	 tirar	um	ano	sabático	e	ser	um	vagabundo	de	esqui.	Ele	estava	em</p><p>conflito.	 Um	 rapaz	 tradicional	 no	 caminho	 para	 o	 sucesso	 não	 fica	 um	 ano</p><p>esquiando	e	sem	fazer	mais	nada.</p><p>Reed,	no	entanto,	não	era	mais	um	escoteiro	bonzinho.	Ele	tinha	acabado	de</p><p>lutar	 uma	 guerra	 contra	 o	 câncer	 e,	 mesmo	 sabendo	 que	 o	 plano	 inteligente</p><p>seria	 voltar	 e	 refazer	 a	 carreira	 e	 que	 mais	 um	 ano	 sem	 trabalhar	 poderia</p><p>arruinar	seu	currículo	e,	consequentemente,	a	sua	vida,	Reed	decidiu	que	queria</p><p>viver	a	vida,	não	apenas	planejá-la.</p><p>Ele	 teve	 algumas	 conversas-protótipo	 com	empresários	 antes	de	 tomar	 sua</p><p>decisão,	 porque	 queria	 aprender	 como	 os	 futuros	 diretores	 de	 RH	 poderiam</p><p>interpretar	essa	decisão	ao	examinar	seu	currículo,	e	concluiu	que	poderia	arcar</p><p>com	o	 risco	 e	 que	 o	 tipo	de	pessoa	 com	que	 gostaria	 que	 trabalhar	 veria	 sua</p><p>aventura	 de	 esqui	 pós-câncer	 como	 demonstração	 de	 ousadia,	 não	 de</p><p>irresponsabilidade.	 Quanto	 a	 como	 outras	 pessoas	 iriam	 vê-lo	 –	 bem,	 era</p><p>problema	delas.	O	ponto	principal	não	era	que	Reed	tinha	“conseguido	vencer	o</p><p>câncer”,	 mas	 que	 tenha	 sido	 capaz	 de	 desfrutar	 da	 imunidade	 ao	 fracasso</p><p>durante	o	processo,	o	que	lhe	permitiu	dirigir	sua	energia	de	forma	produtiva	e</p><p>aprender	coisas	que	poderia	usar	mais	tarde.	Ao	transformar	seu	problema	em</p><p>uma	 vantagem,	 foi	 capaz	 de	 projetar	 a	 melhor	 vida	 possível	 em	 face	 da</p><p>adversidade.	 Isso	 é,	 de	 longe,	 muito	 melhor	 do	 que	 estar	 desesperadamente</p><p>confuso	sobre	a	razão	das	coisas	ruins	acontecerem.</p><p>A	 imunidade	 ao	 fracasso	 que	 Reed	 começara	 a	 aprender	 na	 quinta	 série</p><p>sempre	vinha	à	calhar.	Alguns	anos	mais	tarde,	Reed	decidiu	ir	em	busca	de	seu</p><p>trabalho	dos	sonhos	em	uma	franquia	esportiva	profissional:	um	time	da	liga	de</p><p>futebol	 americano	 NFL.	 Embora	 ele	 não	 tivesse	 nenhuma	 conexão	 familiar</p><p>naquele	mundo,	ele	tinha	conhecido	um	cara	na	faculdade	que	hoje	em	dia	era</p><p>um	dos	executivos	mais	promissores	da	NFL	e	estava	 lentamente	construindo</p><p>uma	rede	de	contatos	no	mundo	dos	esportes	através	de	conversas-protótipo.</p><p>Ele	 fez	 algumas	 buscas	 por	 trabalho	 no	 mercado.	 A	 pior	 coisa	 que	 poderia</p><p>acontecer	 era	 ser	 rejeitado,	mas,	 como	 a	 rejeição	 não	 era	mais	 um	 elemento</p><p>assustador	para	ele,	o	que	custava	tentar?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Quando	 suas	 tentativas	 de	 trabalhar	 na	NFL	 falharam,	 ele	 deixou	 para	 lá	 e</p><p>redirecionou	rapidamente	seus	esforços	para	o	plano	seguinte,	alternativo.</p><p>Mais	de	um	ano	depois,	ele	 finalmente	teve	a	chance	de	candidatar-se	a	um</p><p>trabalho	de	negociação	de	contratos	de	jogadores	para	um	time	da	NFL.	Contra</p><p>dezenas	 de	 outros	 candidatos,	 muitos	 dos	 quais	 tinham	 experiência	 na</p><p>indústria,	ele	chegou	entre	os	dois	últimos	e	perdeu	–	não	conseguiu	o	emprego.</p><p>Essa	realmente	doeu,	mas,	mais	uma	vez,	ele	redirecionou	com	diligência	seus</p><p>esforços	 para	 um	 plano	 alternativo	 e	 conseguiu	 um	 emprego	 em	 gestão</p><p>financeira,	trabalhando	para	uma	grande	empresa.</p><p>Mas	 não	 desistiu	 dos	 esportes.	 Apesar	 de	 ser	 rejeitado,	 ele	 continuou	 a</p><p>prototipagem	 dessa	 carreira.	 Ficou	 em	 contato	 com	 os	 executivos	 da	 NFL	 e</p><p>passou	 centenas	 de	 horas	 a	 desenvolver	 modelos	 inovadores	 de	 análise</p><p>esportiva	 que	 mostrava	 aos	 executivos	 de	 vez	 em	 quando.	 Esse	 não	 era	 o</p><p>comportamento	normal	 das	pessoas	que	perdem	emprego.	 E,	 sim,	 ele	 acabou</p><p>sendo	contratado	por	esse	mesmo	time	da	NFL	para	um	trabalho	melhor	do	que</p><p>aquele	a	que	tinha	se	candidatado	originalmente.</p><p>Ele	 trabalhou	 lá	 por	 uns	 três	 anos	 até	 decidir	 que	 a	 área	 de	 esportes</p><p>profissionais	 não	 era	 realmente	 onde	 queria	 estar	 –	 ele	 “falhou”	 novamente.</p><p>Então	 passou	 para	 uma	 start-up	 de	 saúde,	 com	 a	 certeza	 de	 que,	 se	 isso	 não</p><p>funcionasse,	a	próxima	coisa	–	ou,	senão,	a	coisa	depois	dessa	–	funcionaria.</p><p>Reed	agora	está	completamente	imune	ao	fracasso.	Não	está	protegido	da	dor</p><p>pessoal	e	da	perda	do	fracasso,	mas	imune	a	ser	desinformado	pelo	fracasso	–</p><p>nunca	acredita	que	é	um	fracasso	ou	que	o	fracasso	o	define	ou,	de	fato,	que	os</p><p>seus	fracassos	foram	falhas.	Os	seus	fracassos	o	educam	da	mesma	maneira	que</p><p>os	seus	sucessos	o	fazem.	Prefere	o	sucesso,	mas	vai	segurando	o	que	der	e	vier</p><p>e	continua	fracassando	no	caminho.</p><p>Encontrar	 Reed	 hoje	 em	 dia	 é	 encontrar	 o	 que	 aparenta	 ser	 em	 todos	 os</p><p>aspectos	um	jovem	muito	bem-sucedido	e	contente.	Ele	está	felizmente	casado</p><p>com	uma	moça	bonita	e	tem	um	querido	bebê	de	três	anos	de	idade.	Ele	é	alto,</p><p>bonito	e	saudável.	Ele	e	sua	esposa	acabaram	de	comprar	sua	primeira	casa	e</p><p>ele	 está	 indo	 bem	 numa	 grande	 e	 jovem	 empresa,	 trabalhando	 com	 testes</p><p>genéticos	e	cuidados	de	saúde.	Reed	está	certamente	desfrutando	de	 todos</p><p>os</p><p>seus	 sucessos	 recentes,	 mas	 não	 pensa	 nesses	 termos.	 Ele	 é	 principalmente</p><p>grato	e	sabe	que	sua	vida	estar	indo	bem	tem	mais	a	ver	com	sua	mentalidade</p><p>do	que	com	o	seu	atual	nível	de	sucesso.</p><p>Essa	é	a	verdadeira	razão	pela	qual	Reed	está	obtendo	sucesso	na	vida.</p><p>Exercício	de	Reformulação	de	Fracasso</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>É	 fácil	 descrever	 o	 objetivo	 distante	 de	 alcançar	 imunidade	 ao	 fracasso,	 mas</p><p>chegar	 lá	 é	 outra	 questão.	 Aqui	 está	 um	 exercício	 para	 ajudá-lo	 a	 fazer</p><p>exatamente	isso	–	a	reformulação	de	fracasso.	O	fracasso	é	a	matéria-prima	do</p><p>sucesso,	e	a	reformulação	do	fracasso	é	um	processo	de	conversão	da	matéria-</p><p>prima	em	crescimento	real.	É	um	simples	exercício	de	três	passos:</p><p>1.	 Registre	seus	fracassos.</p><p>2.	 Categorize	seus	fracassos.</p><p>3.	 Identifique	os	sinais	de	crescimento.</p><p>Registre	Seus	Fracassos</p><p>Basta	 escrever	 quando	 tiver	 feito	 besteira.	 Você	 pode	 fazer	 isso	 pensando	 na</p><p>última	semana,	no	último	mês,	no	último	ano	ou	 fazer	uma	Lista	dos	Maiores</p><p>Fracassos	de	Todos	os	Tempos.	Qualquer	período	de	 tempo	 funciona.	Se	você</p><p>quiser	 criar	 o	 hábito	 de	 converter	 seus	 fracassos	 em	 crescimento,	 então</p><p>sugerimos	que	você	faça	isso	uma	ou	duas	vezes	por	mês	até	estabelecer	uma</p><p>nova	 maneira	 de	 pensar.	 Reformular	 é	 um	 hábito	 saudável	 que	 leva	 à</p><p>imunidade	ao	fracasso.</p><p>Categorize	Seus	Fracassos</p><p>É	útil	classificar	os	 fracassos	em	três	tipos	a	 fim	de	que	você	possa	 identificar</p><p>mais	facilmente	onde	está	o	potencial	de	crescimento.</p><p>Erros	 são	apenas	 isso	–	besteiras	 simples	em	coisas	que	você	normalmente</p><p>faz	 direito.	 Não	 que	 você	 não	 possa	 fazer	 melhor.	 Você	 costuma	 fazer	 essas</p><p>coisas	 bem,	 então	 você	 realmente	 não	 precisa	 aprender	 nada	 aqui	 –	 você</p><p>simplesmente	 errou.	 A	 melhor	 resposta	 aqui	 é	 reconhecer	 o	 erro,	 pedir</p><p>desculpas	conforme	o	necessário	e	seguir	em	frente.</p><p>Fraquezas	 são	 falhas	 que	 acontecem	por	 causa	 de	 erros	 persistentes.	 Estes</p><p>são	erros	que	você	comete	repetidamente.	Você	conhece	bem	a	origem	desses</p><p>fracassos.	 São	 velhos	 amigos	 seus.	 Você	 provavelmente	 já	 trabalhou	 para</p><p>corrigi-los	 e	 já	 melhoraram	 tanto	 quanto	 você	 acha	 que	 podem	 e	 você	 tenta</p><p>evitar	 ser	 apanhado	 por	 essas	 fraquezas,	 mas	 elas	 acontecem.	 Não	 estamos</p><p>sugerindo	que	você	se	renda	e	aceite	um	desempenho	medíocre,	mas	estamos</p><p>sugerindo	que	não	há	muita	vantagem	em	tentar	mudar	quem	você	é.	Fica	a	seu</p><p>critério,	 é	 claro,	mas	 algumas	 falhas	 são	 apenas	parte	de	 sua	 formação,	 e	 sua</p><p>melhor	estratégia	é	evitar	as	situações	que	afetariam	em	vez	de	melhorá-las.</p><p>Oportunidades	de	crescimento	são	os	fracassos	que	não	precisavam	acontecer</p><p>ou	pelo	menos	não	precisam	acontecer	na	próxima	vez.	A	causa	destes	erros	é</p><p>identificável	 e	há	uma	 solução	disponível.	Queremos	prestar	 atenção	 aqui	 em</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>vez	de	nos	distrair	com	o	baixo	retorno	de	gastar	tempo	demais	em	outros	tipos</p><p>de	fracasso.</p><p>Identifique	os	Sinais	de	Crescimento</p><p>Algum	dos	fracassos	de	oportunidades	de	crescimento	oferece	um	convite	para</p><p>uma	melhoria	 real?	 O	 que	 há	 para	 aprender	 aqui?	 O	 que	 deu	 errado	 (o	 fator</p><p>crítico	do	fracasso)?	O	que	poderia	ser	feito	de	forma	diferente	na	próxima	vez</p><p>(o	 fator	 crítico	do	 sucesso)?	Procure	um	sinal	para	 captar	 aquilo	que	poderia</p><p>mudar	as	 coisas	da	próxima	vez.	Anote	e	 coloque	em	prática.	É	 isso	aí	 –	uma</p><p>simples	reformulação.</p><p>Aqui	estão	alguns	exemplos	do	registro	quase	infinito	dos	fracassos	de	Dave:</p><p>Dave	realmente	perdeu	o	aniversário	de	sua	filha	Lisa.	Por	exatamente	uma</p><p>semana.	Ele	não	se	lembra	muito	bem	desse	tipo	de	coisa	(uma	fraqueza),	então</p><p>ele	usa	seu	calendário	para	lembrar.	Mas	um	ano	ele	acidentalmente	escreveu</p><p>na	semana	errada.	Planejou	cuidadosamente	um	agradável	jantar	fora	com	ela	–</p><p>sete	dias	após	seu	aniversário.	Conseguiu	ficar	no	escuro	durante	toda	a	semana</p><p>por	estar	na	estrada.	Erro	total.	Erro	esquisito.	Não	vai	acontecer	de	novo.	Outro</p><p>erro	terrível	foi	o	de	ser	roubado.	Enquanto	a	casa	estava	sendo	fumigada	por</p><p>causa	de	cupins,	Dave	e	sua	esposa	tiveram	que	se	mudar	por	três	dias,	durante</p><p>os	quais	uns	ladrões	invadiram	a	casa	e	roubaram	tudo	de	valor.	Foi	terrível.	O</p><p>que	ele	fez	de	errado?	Ele	não	contratou	um	guarda	particular	para	vigiar	a	casa</p><p>por	 três	 dias.	 Mas	 quem	 faz	 uma	 coisa	 dessas?	 A	 polícia	 disse	 que	 era	 uma</p><p>situação	muito	estranha	(a	maioria	dos	ladrões	não	está	lá	muito	disposta	a	ser</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>fumigada	com	veneno	só	para	roubar	um	aparelho	de	TV)	e	todos	os	amigos	de</p><p>Dave	 haviam	 feito	 a	 fumigação	 sem	 sequer	 ouvir	 sobre	 a	 contratação	 de	 um</p><p>guarda.	 Embora	 o	 fracasso	 tivesse	 sido	 evitável,	 era	 tão	 incomum	 que	 ele	 o</p><p>aceitou	como	um	mero	erro.	Enorme,	doloroso	e	caro,	mas	apenas	um	erro.</p><p>Então	 ele	 teve	 que	 virar	 a	 noite	 (de	 novo)	 para	 finalizar	 o	 orçamento	 que</p><p>precisava	 entregar	 no	 dia	 seguinte.	 Dave	 é	 um	 procrastinador	 famoso.	 Ele	 é</p><p>cheio	de	truques	para	resolver	essa	persistente	falha,	mas	só	funcionam	7%	das</p><p>vezes.	Ele	aprendeu	a	evitar	a	fraqueza	dela	a	maior	parte	do	tempo	e	apenas	a</p><p>viver	 com	 ela	 o	 resto	 do	 tempo.	 Quase	 nunca	 perde	 um	 prazo	 –	 porém,</p><p>frequentemente	 fica	 acordado	 até	 tarde	 terminando	 seus	 projetos.	 Grande</p><p>coisa.	Aparentemente	não	há	muito	para	aprender	aqui.	É	aquele	negócio:	você</p><p>sabe	que	não	deve,	mas	 continua	 a	 fazer	 a	mesma	 coisa	 sempre.	 É	 seu	ponto</p><p>fraco.</p><p>Dave	 ficou	 muito	 surpreso	 ao	 falar	 ao	 telefone	 com	 uma	 cliente</p><p>recentemente.	 Ele	 tinha	 iniciado	 a	 conversa	 com	uma	 pergunta	 de	marketing</p><p>sobre	 o	 projeto	 em	 que	 estavam	 trabalhando,	 quando	 a	 cliente	 perdeu	 a</p><p>paciência	 e	 começou	 a	 gritar.	 Dave	 ficou	 arrasado.	 Ele	 não	 sabia	 que	 o</p><p>engenheiro	 principal	 no	 projeto	 tinha	 se	 demitido	 e	 tudo	 estava	 caindo	 aos</p><p>pedaços.	 Embora	 fosse	 a	 razão	 programada	 para	 o	 telefonema,	 sua	 longa</p><p>pergunta	inicial	sobre	marketing	era	agora	irrelevante,	e	a	cliente	estava	furiosa</p><p>por	 estar	 perdendo	 seu	 tempo.	 Esse	 não	 é	 o	 tipo	 de	 erro	 que	 Dave	 está</p><p>acostumado	a	fazer.	Ele	é	realmente	muito	bom	na	gestão	de	clientes	e	fala	ao</p><p>telefone	algumas	dúzias	de	horas	por	semana.	Então	o	que	aconteceu	dessa	vez?</p><p>Enquanto	pensava	sobre	isso,	percebeu	que	o	erro	foi	entrar	direto	no	assunto</p><p>programado	 sem	 perguntar	 como	 estavam	 as	 coisas	 antes.	 Quase	 todos	 os</p><p>telefonemas	de	Dave	são	programados	com	um	tópico	específico	num	horário</p><p>apertado.	Ele	geralmente	obtém	grande	sucesso	quando	começa	a	falar	sobre	o</p><p>assunto	 principal	 imediatamente,	mas	 agora	 ele	 percebeu	 que	 nunca	 faz	 isso</p><p>quando	encontra	os	clientes	pessoalmente.</p><p>Em	uma	reunião	ao	vivo,	ele	começa	com	um	papo	leve	para	saber	como	vai	a</p><p>pessoa	e	quais	são	as	notícias	desde	seu	último	contato	e	sempre	confirma	os</p><p>tópicos	da	conversa	em	questão	antes	de	começar	a	trabalhar.	Ele	muitas	vezes</p><p>descobre	notícias	importantes	durante	essa	conversa	inicial,	mas	parou	de	fazer</p><p>isso	ao	telefone	há	algum	tempo	para	economizar	tempo.	Ignorar	esse	papo	era</p><p>claramente	um	risco	–	ele	só	não	tinha	sido	pego	no	ato	até	agora.	A	ideia	era</p><p>clara	 –	 fazer	 uma	 rápida	 introdução	 para	 checar	 como	 vão	 as	 coisas,	mesmo</p><p>durante	 os	 telefonemas.	 Isso	 leva	 apenas	 alguns	 segundos	 e	 pode	 fazer	 uma</p><p>enorme	diferença.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Dave	 precisou	 de	 menos	 tempo	 para	 analisar	 essas	 cinco	 falhas	 do	 que	 o</p><p>tempo	que	você,	leitor,	levou	para	ler	sobre	elas.	Esse	exercício	não	é	difícil,	mas</p><p>pode	 trazer	 grandes	 recompensas.	 Se	 Dave	 tivesse	 terminado	 aquele</p><p>telefonema	malsucedido	com	a	cliente	dizendo	“Putz!	Qual	é	o	problema	dela,</p><p>afinal?”,	ele	não	teria	aprendido	nada	e	ainda	estaria	correndo	o	risco	de	repetir</p><p>o	 erro.	 Da	 mesma	 forma,	 se	 ele	 não	 pensasse	 sobre	 a	 razão	 daquele	 roubo</p><p>terrível	ou	o	que	o	 levou	a	perder	o	dia	do	aniversário	da	sua	 filha,	 ele	ainda</p><p>estaria	 se	 culpando	desnecessariamente	 sobre	 essas	 situações	 –</p><p>sem	nenhum</p><p>fim	produtivo.</p><p>Uma	 pequena	 reformulação	 de	 fracasso	 pode	 ser	 um	 passo	 gigantesco	 na</p><p>construção	da	sua	imunidade	ao	fracasso.	Experimente.</p><p>Não	Lute	Contra	a	Realidade</p><p>Mesmo	 se	 você	 tiver	 o	 trabalho	 e	 a	 vida	que	 sempre	desejou,	 as	 coisas	 ainda</p><p>podem	 dar	 errado.	 Designers	 sabem	 muito	 sobre	 quando	 as	 coisas	 não</p><p>funcionam	como	o	planejado.	Quando	você	passa	a	entender	quem	você	é,	faz	o</p><p>projeto	da	 sua	vida	 e	depois	 vai	 vivê-la,	 não	há	 como	 falhar,	 não	 significando</p><p>que	você	não	vai	tropeçar	ou	que	um	determinado	protótipo	sempre	funcionará</p><p>como	 esperado.	 Mas	 a	 imunidade	 ao	 fracasso	 vem	 de	 saber	 que	 mesmo	 um</p><p>protótipo	que	não	 funcionou	ainda	dá	 informações	valiosas	sobre	o	estado	do</p><p>mundo	aqui	–	no	seu	novo	ponto	de	partida.	Quando	os	obstáculos	aparecem,</p><p>quando	 o	 seu	 progresso	 se	 descarrila,	 quando	 o	 protótipo	 muda</p><p>inesperadamente,	 o	 design	 de	 vida	 permite	 transformar	 absolutamente</p><p>qualquer	mudança,	 retrocesso	ou	surpresa	em	algo	que	possa	contribuir	para</p><p>quem	você	está	se	tornando,	pessoal	e	profissionalmente.</p><p>Os	 designers	 de	 vida	 não	 lutam	 contra	 a	 realidade.	 Eles	 ganham	 enorme</p><p>poder	 projetando	 seu	 caminho	 de	 qualquer	 jeito.	 No	 design	 de	 vida	 não	 há</p><p>escolhas	erradas,	não	há	remorsos.	Existem	apenas	protótipos,	alguns	que	dão</p><p>certo	e	outros	que	dão	errado.	Alguns	dos	nossos	maiores	aprendizados	vêm	de</p><p>um	 protótipo	 falhado,	 porque	 assim	 sabemos	 o	 que	 construir	 de	 forma</p><p>diferente	na	próxima	vez.	A	vida	não	é	ganhar	e	perder;	 é	aprender	e	 jogar	o</p><p>jogo	 infinito.	 Quando	 abordamos	 as	 nossas	 vidas	 como	 designers,	 estamos</p><p>constantemente	curiosos	para	descobrir	o	que	vai	acontecer	a	seguir.</p><p>A	única	questão	que	permanece	é	aquela	que	todos	ouvimos	em	um	ou	outro</p><p>momento:	o	que	você	faria	se	soubesse	que	não	seria	possível	fracassar?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Reformulando	Fracassos</p><p>1.	 Use	a	planilha	abaixo	(ou	baixe	em	www.designingyour.life)	para	pensar	na	última</p><p>semana	(ou	mês,	ou	ano)	e	registrar	seus	fracassos.</p><p>2.	 Categorize-os	como	erros,	fraquezas	ou	oportunidades	de	crescimento.</p><p>3.	 Identifique	suas	ideias	de	crescimento.</p><p>4.	 Nutra	o	hábito	de	converter	fracassos	em	crescimento	uma	ou	duas	vezes	por	mês.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>http://www.designingyour.life/</p><p>T</p><p>11</p><p>Montando	Uma	Equipe</p><p>odos	os	grandes	projetos	de	design	chegaram	aonde	chegaram	por	causa</p><p>da	 equipe	 que	 construiu	 o	 projeto,	 produto	 ou	 edifício.	 Os	 designers</p><p>acreditam	na	colaboração	radical,	porque	a	verdadeira	genialidade	vem	de	um</p><p>processo	colaborativo.	Nós	projetamos	nossas	vidas	em	colaboração	e	conexão</p><p>com	os	outros,	porque	o	grupo	é	sempre	mais	forte	do	que	o	indivíduo.	Simples,</p><p>não?</p><p>Crença	Disfuncional:	É	a	minha	vida,	tenho	que	projetá-la	eu	mesmo.</p><p>Reformulação:	Você	vive	e	projeta	a	sua	vida	em	colaboração	com	outros.</p><p>Quando	você	projeta	sua	vida,	você	está	envolvido	em	um	ato	de	cocriação.</p><p>Quando	 você	 usa	 o	 pensamento	 de	 design,	 a	 mentalidade	 é	 completamente</p><p>diferente	 de	 “desenvolvimento	 de	 carreira”	 ou	 “planejamento	 estratégico”	 ou</p><p>mesmo	“treino	de	vida”.	Uma	diferença	fundamental	é	o	papel	da	comunidade.</p><p>Se	você	é	o	único	arquiteto	de	seu	futuro	brilhante,	então	você	pensa	na	 ideia</p><p>toda	e	a	concretiza	heroicamente	–	tudo	diz	respeito	a	você.	A	questão	do	design</p><p>de	vida	é	a	sua	vida,	não	só	você	–	diz	respeito	a	todos	nós.	Quando	dizemos	que</p><p>não	 podemos	 fazer	 isso	 sozinhos,	 não	 queremos	 dizer	 que	 queremos	 estar</p><p>sozinhos,	mas	não	damos	conta;	 então,	precisamos	de	ajuda.	O	que	queremos</p><p>dizer	 é	 que	 o	 design	 de	 vida	 é	 intrinsecamente	 um	 esforço	 comunal.	 Quando</p><p>você	está	andando	um	ou	dois	passos	de	cada	vez	para	construir	(não	resolver)</p><p>o	 seu	 trajeto,	 o	 processo	 precisa	 contar	 com	 a	 contribuição	 e	 participação	 de</p><p>outros.	 As	 ideias	 e	 oportunidades	 que	 você	 projeta	 não	 são	 apenas</p><p>apresentadas	a	você	por	outras	pessoas	em	seu	nome	–	elas	são	cocriadas	por</p><p>você	em	colaboração	com	toda	a	comunidade	de	participantes	com	quem	você</p><p>interage	 na	 vida.	 Todas	 as	 pessoas	 que	 você	 encontrar	 ou	 com	 quem	 você</p><p>participar,	 prototipar	 ou	 conversar	 ao	 longo	 do	 caminho	 fazem	 parte	 da	 sua</p><p>comunidade	de	design,	quer	elas	pensem	dessa	forma	ou	não.	Algumas	pessoas</p><p>particularmente	 importantes	 serão	 seus	 principais	 colaboradores	 e</p><p>participarão	 de	 forma	 crucial	 e	 contínua	 no	 seu	 design	 de	 vida,	mas	 todas	 as</p><p>pessoas	são	importantes.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Todas	elas.</p><p>A	 cocriação	 é	 um	 aspecto	 integral	 do	 ponto	 de	 vista	 do	 design	 e	 é	 a	 razão</p><p>fundamental	pela	qual	o	pensamento	de	design	funciona.	O	seu	design	de	vida</p><p>não	está	em	você,	está	no	mundo,	onde	será	descoberto	e	cocriado	por	você	e</p><p>por	 outros.	 As	 ideias,	 possibilidades,	 papéis	 e	 formas	 que	 você	 vai	 acabar</p><p>vivendo	realmente	não	existem	em	nenhum	lugar	do	universo	neste	momento</p><p>enquanto	você	lê	isto.	Todos	estão	esperando	para	ser	inventados,	e	a	matéria-</p><p>prima	 para	 inventá-los	 se	 encontra	 no	 mundo	 e,	 ainda	 mais	 importante,	 no</p><p>coração,	na	cabeça	e	nas	ações	dos	outros	–	muitos	dos	quais	você	ainda	nem</p><p>conheceu.	Uma	grande	razão	por	que	muitas	abordagens	tradicionais	para	este</p><p>tipo	de	trabalho	dão	errado	é	que	são	baseadas	na	falsa	percepção	de	que	você</p><p>(e	 você	 sozinho)	 sabe	 as	 respostas,	 tem	 os	 recursos	 e	 sabe	 a	 paixão	 certa	 a</p><p>seguir	para	ter	tudo	o	que	quer.	Você	sabe	de	qual	tipo	de	pensamento	estamos</p><p>falando	aqui	–	aquele	que	diz	que	você	deve	definir	alguns	bons	objetivos	e	 ir</p><p>encará-los.	Parece	até	papo	de	vestiário	em	intervalo	de	jogo:	“Vai	nessa!	Você</p><p>consegue!”</p><p>A	gente	acha	isso	uma	loucura.</p><p>Pense	 em	 Ellen,	 Janine	 e	 Donald	 da	 nossa	 apresentação.	 Eles	 tinham</p><p>objetivos.	 Janine	 e	 Donald	 tinham	 conseguido	 realizar	 muitos	 deles	 e	 com</p><p>bastante	 sucesso.	Mas	ambos	estavam	perdidos	em	seus	próprios	 caminhos	–</p><p>perguntando-se	por	que	não	estavam	felizes	com	suas	escolhas,	perguntando-se</p><p>para	qual	direção	seguir	e	como	fazer	a	fim	de	que	realmente	viver	suas	vidas</p><p>fizesse	 sentido.	 E	 todos	 os	 três	 acreditavam	 que	 tinham	 que	 resolver	 tudo</p><p>sozinhos.	Eles	não	estavam	projetando	suas	vidas	e	não	estavam	usando	uma</p><p>equipe.</p><p>Se	 você	 se	 encontrar	 sozinho	 em	 frente	 ao	 espelho	 tentando	 resolver	 ou</p><p>descobrir	a	sua	vida,	esperando	para	agir	até	ter	certeza	das	respostas	corretas,</p><p>vai	esperar	por	muito	tempo.</p><p>Afaste-se	 do	 espelho	 e	 olhe	 para	 as	 pessoas	 ao	 seu	 redor.	 Se	 você	 estiver</p><p>fazendo	 o	 trabalho	 e	 os	 exercícios	 sugeridos	 ao	 longo	 deste	 livro,	 você	 já</p><p>interagiu	 com	 um	monte	 de	 pessoas	 –	muitas	 das	 quais	 acabou	 de	 conhecer.</p><p>Você	 conversou	 com	 os	 outros	 honestamente	 sobre	 sua	 situação	 atual,	 seus</p><p>valores,	 sua	Visão	de	Trabalho	e	 sua	Visão	de	Vida.	Você	 identificou	grupos	e</p><p>indivíduos	que	fazem	parte	de	atividades	que	lhe	interessam	em	seu	Diário	dos</p><p>Bons	Momentos.	Você	provavelmente	 teve	alguns	ajudantes	para	 imaginar	ou</p><p>oferecer	opinião	sobre	seus	planos	de	vida	alternativa.	As	pessoas	aparecem	em</p><p>cada	um	de	 seus	protótipos	 como	colaboradores,	participantes	e	 informantes.</p><p>Pode	ser	que	você	não	tenha	pensado	em	todas	essas	pessoas	como	parte	de	sua</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>equipe.	Talvez	 tenha	pensado	nelas	só	como	gente	que	estava	 lá	quando	você</p><p>estava	fazendo	ou	experimentando	coisas.</p><p>Você	precisa	entender:	elas	fazem	parte	da	sua	equipe.</p><p>Identificando	Sua	Equipe</p><p>Todos	os	participantes	no	esforço	do	seu	design	de	vida,	de	uma	 forma	ou	de</p><p>outra,	 devem	 ser	 considerados	 parte	 de	 sua	 equipe,	 mas	 existem	 diferentes</p><p>funções	a	desempenhar	e	seria	útil	nomeá-las.	E,	 sim,	claro,	alguns	 indivíduos</p><p>aparecerão	em	mais	de	uma	categoria:</p><p>Apoiadores.	Os	apoiadores	vêm	em	todos	os	sabores,	 idades,	proximidades	e</p><p>tamanhos.	São	aqueles	a	quem	recorrer,	que	você	sabe	que	se	preocupam	com</p><p>sua	 vida	 –	 pessoas	 próximas	 o	 suficiente	 para	 que	 o	 seu	 encorajamento	 e	 as</p><p>suas	opiniões	sejam</p><p>realmente	úteis.	A	maioria	dos	seus	apoiadores	são	pessoas</p><p>que	você	vê	 como	amigos,	mas	nem	 todos	os	amigos	 são	apoiadores	e	alguns</p><p>apoiadores	não	são	amigos	(eles	estão	disponíveis	para	o	design	de	vida,	mas</p><p>você	 não	 sai	 com	 eles).	 Quantos	 forem	 os	 apoiadores	 você	 tem	 se	 deve	 em</p><p>grande	 parte	 à	 sua	 personalidade	 –	 o	 grupo	 pode	 variar	 de	 dois	 ou	 três	 a</p><p>cinquenta	ou	mesmo	cem.</p><p>Participantes.	 São	 os	 participantes	 ativos	 em	 seu	 projeto	 de	 vida	 –</p><p>especialmente	 em	seu	protótipos	 e	projetos	profissionais	 e	 vocacionais.	 Essas</p><p>são	as	pessoas	com	quem	você	realmente	produz,	seus	colegas	de	trabalho	no</p><p>sentido	clássico.</p><p>Íntimos.	Os	íntimos	incluem	familiares	e	seus	amigos	mais	próximos.	Essas	são</p><p>provavelmente	as	pessoas	mais	diretamente	afetadas	por	seu	design	de	vida	e,</p><p>quer	 estejam	 ativamente	 envolvidas	 no	 projeto	 ou	 não,	 são	 as	 pessoas	 mais</p><p>influentes	 nele.	 Nós	 o	 encorajamos,	 pelo	 menos,	 a	 manter	 seus	 íntimos</p><p>informados,	se	não	diretamente	envolvidos,	em	seu	trabalho	de	design	de	vida.</p><p>Essas	pessoas	são	grande	parte	de	sua	vida;	por	isso,	não	podemos	deixá-las	de</p><p>fora.	 A	 função	 que	 podem	 desempenhar	 nos	 processos	 de	 imaginação,</p><p>planejamento	 e	 prototipagem	 pode	 ser	 complicada.	 Alguns	 deles	 podem	 ser</p><p>próximos	demais.	Alguns	podem	ter	uma	preferência	 tão	estabelecida	por	um</p><p>determinado	resultado	que	não	são	objetivos.	E,	claro,	alguns	são	os	melhores</p><p>ajudantes	 que	 você	 poderia	 pedir.	 Tudo	 o	 que	 estamos	 pedindo	 é	 que	 você</p><p>reconheça	 a	 importância	 dessas	 pessoas	 e	 descubra	 um	 papel	 eficaz	 e</p><p>apropriado	para	elas.	Tente	evitar	o	erro	de	deixá-las	completamente	por	fora</p><p>até	 o	 fim.	 Isso	 raramente	 funciona	 bem,	 por	 muitas	 razões	 que	 você</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>provavelmente	pode	imaginar.	Surpreender	sua	esposa	com	o	fato	de	que	você</p><p>está	prototipando	viver	fora	do	sistema	por	um	ano	não	vai	pegar	bem.</p><p>A	Equipe.	As	pessoas	que	compõem	a	equipe	são	aquelas	com	quem	você	está</p><p>compartilhando	 os	 detalhes	 de	 seu	 projeto	 de	 design	 de	 vida	 e	 que	 o</p><p>acompanharão	 ao	 longo	desse	 projeto	 em	 intervalos	 regulares.	Os	 candidatos</p><p>mais	prováveis	para	sua	equipe	são	aqueles	que	você	convidou	para	apresentar</p><p>e	discutir	seus	três	Planos	de	Odisseia.</p><p>Você	precisa	de	um	grupo	de	pessoas	para	 caminhar	 ao	 seu	 lado	enquanto</p><p>você	faz	o	seu	design	de	vida.	Eles	não	têm	que	ser	seus	melhores	amigos.	Eles</p><p>só	precisam	estar	dispostos	a	aparecer,	ser	atenciosos	e	reflexivos,	respeitar	e</p><p>cuidar	do	processo	sem	dar	um	monte	de	respostas	e	conselhos.</p><p>Você	sabe	de	quem	a	gente	está	falando;	já	deve	estar	pensando	em	algumas</p><p>opções.	 Uma	 equipe	 saudável	 é	 de	 três	 a	 seis	 pessoas,	 incluindo	 você;</p><p>idealmente,	 sua	equipe	seria	de	 três	a	 cinco	pessoas.	Só	uma	pessoa	pode	ser</p><p>um	 grande	 parceiro	 ou	 um	 amigo	 a	 quem	 prestar	 contas,	 mas	 duas	 pessoas</p><p>fazem	um	par,	não	uma	equipe.	Em	um	par,	há	sempre	um	orador	e	um	ouvinte.</p><p>Cem	por	cento	da	resposta	ao	que	é	dito	recai	nos	ombros	da	outra	pessoa.	Um</p><p>par	não	cria	uma	diversidade	suficiente	de	opinião	para	o	tipo	de	colaboração</p><p>de	que	você	precisa.</p><p>Quando	há	três	pessoas	num	círculo,	uma	dinâmica	bem	mais	ativa	está	em</p><p>jogo	e	uma	conversa	mais	ampla	pode	acontecer.	O	processo	continua	até	talvez</p><p>seis	pessoas,	e	então	começa	a	mudar	novamente.	Além	de	seis	pessoas	há	um</p><p>tempo	 limitado	 para	 cada	 participante	 falar.	 Quem	 fala	 em	 seguida,	 torna-se</p><p>uma	 questão.	 Como	 o	 tempo	 de	 todos	 é	 limitado	 e	 ouvimos	 menos	 de	 cada</p><p>pessoa,	os	papéis	começam	a	se	formar:	Ann	se	torna	a	mais	prática,	Theo	está</p><p>sempre	defendendo	o	seu	 lado	criativo.	Em	equipes	maiores,	 cada	pessoa	 fica</p><p>presa	 a	 um	 personagem	 e	 a	 conversa	 encolhe.	 Então,	 mais	 uma	 vez,	 tente</p><p>construir	 uma	 equipe	 de	 três	 a	 cinco	 pessoas	 para	 uma	 dinâmica	 melhor	 e</p><p>contribuições	 mais	 inovadoras	 (e	 basta	 uma	 pizza	 extragrande	 para	 todo</p><p>mundo,	o	que	sempre	ajuda).</p><p>Funções	e	Regras	da	Equipe</p><p>Em	primeiro	lugar,	mantenha	tudo	simples.	O	foco	da	equipe	é	apoiar	um	design</p><p>de	vida	efetivo	–	nada	mais	e	nada	menos.	Os	membros	da	equipe	não	são	seus</p><p>terapeutas,	 seus	 conselheiros	 financeiros	 ou	 seus	 gurus	 espirituais.	 São	 os</p><p>cocriadores	 do	 seu	 projeto	 de	 vida.	 O	 único	 papel	 que	 realmente	 precisa	 ser</p><p>definido	 é	 o	 de	 facilitador	 da	 equipe	 –	 a	 pessoa	 que	 organiza	 as	 reuniões.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Geralmente,	é	você.	É	melhor	se	você	dirigir	a	programação	e	as	comunicações</p><p>e,	 dessa	 forma,	 você	 pode	 ter	 certeza	 de	 que	 a	 equipe	 está	 nos	 trilhos	 e	 não</p><p>fazendo	 demais	 ou	muito	 pouco.	 Mas	 você	 pode	 pedir	 a	 outro	membro	 para</p><p>facilitar	 as	 reuniões	 ou	 o	 cargo	 pode	 ser	 rotativo.	 Realmente	 não	 importa,</p><p>contanto	que	alguém	esteja	sempre	mantendo	o	olho	no	relógio,	na	agenda	e	na</p><p>conversa.</p><p>Essa	 última	 parte	 –	 a	 conversa	 –	 é	 a	 mais	 importante.	 O	 papel	 é	 ser	 um</p><p>facilitador,	não	um	chefe,	um	árbitro	ou	um	“líder”.	Você	não	precisa	de	nada</p><p>disso.	 Você	 só	 precisa	 que	 alguém	 participe	 da	 conversa	 e	 também	 preste</p><p>atenção	em	como	está	indo	–	certificando-se	de	que	todos	são	ouvidos	e	que	as</p><p>ideias	e	sugestões	principais	não	 ficam	perdidas	no	barulho,	além	de	ajudar	a</p><p>equipe	 a	 determinar	 que	 caminho	 seguir	 quando	 vários	 problemas	 ou</p><p>considerações	surgem	de	uma	vez	(o	que	acontece	muito).	No	que	diz	respeito</p><p>às	 regras,	 usamos	 apenas	 quatro	 em	 nossas	 equipes	 de	 Stanford	 (que</p><p>chamamos	de	seções).</p><p>Mantenha	tudo:</p><p>1.	 Respeitoso</p><p>2.	 Confidencial</p><p>3.	 Participativo	(não	precisa	se	segurar)</p><p>4.	 Generativo	(construtivo,	não	cético	ou	crítico)</p><p>Chamando	Todos	os	Mentores</p><p>Os	 mentores	 desempenham	 um	 papel	 muito	 especial	 na	 sua	 comunidade	 ou</p><p>equipe	de	design	de	vida.	Nem	todos	que	leem	este	livro	tiveram	acesso	a	uma</p><p>boa	experiência	de	mentoria,	porém,	alguns	de	vocês	tiveram	e	nós	pedimos	a</p><p>todos	 que	 tentem	 encontrá-la.	 Seu	 esforço	 no	 design	 de	 vida	 será	melhor	 se</p><p>você	 tiver	 alguns	mentores	que	participem	com	você.	O	 conceito	de	mentoria</p><p>tem	 se	popularizado	muito	nos	últimos	 anos	 e	 aqui	 estão	 algumas	 coisas	que</p><p>descobrimos	 sobre	 mentoria	 que	 têm	 sido	 muito	 úteis	 para	 os	 nossos</p><p>estudantes	e	clientes.</p><p>Aconselhamento	 e	 Conselho.	 Fazemos	 uma	 clara	 distinção	 entre	 conselho	 e</p><p>aconselhamento.	“Aconselhamento”	é	quando	alguém	está	tentando	ajudar	você</p><p>a	descobrir	o	que	você	está	pensando.	“Conselho”	é	quando	alguém	está	dizendo</p><p>a	você	o	que	pensa.	Felizmente,	há	um	modo	muito	fácil	de	diferenciar	as	duas</p><p>situações.</p><p>Quando	 alguém	diz	 “Bem...	 se	 eu	 fosse	 você,	 eu	 iria	 blá-blá-blá”	 –	 qualquer</p><p>momento	 em	 que	 você	 ouve	 “se	 eu	 fosse	 você”	 –,	 você	 está	 obtendo	 um</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>conselho.	Quando	alguém	diz	“se	eu	fosse	você”,	o	que	realmente	quer	dizer	é:</p><p>“Se	você	 fosse	eu.”	Essa	é	a	 função	do	conselho:	dizer	para	você	 fazer	em	sua</p><p>vida	o	que	o	 conselheiro	 faria	 em	sua	 situação.	Bem,	 isso	 é	ótimo	 se	 você	 for</p><p>idêntico	 à	 pessoa	 que	 dá	 o	 conselho.	 Se	 vocês	 são	 gêmeos,	 vá	 nessa.	 Caso</p><p>contrário,	 nós	 raramente	 damos	 conselhos	 a	 pessoas	 idênticas	 a	 nós.	 É	 bom</p><p>receber	 conselho	 –	 só	 é	 preciso	 ter	 muito	 cuidado	 ao	 aceitá-lo.	 Se	 você	 está</p><p>recebendo	conselho,	tente	descobrir	quais	são	os	principais	valores,	prioridades</p><p>e	pontos	de	vista	do	conselheiro	e	quais	experiências	moldaram	a	evolução	de</p><p>sua	convicção	sobre	esse	conselho.</p><p>Conhecemos	um	médico	de	pronto-socorro	que	dá	 a	 todo	mundo	o	mesmo</p><p>conselho	 enfático:	 “Nunca	 ande	 de	moto	 –	 você	 vai	 virar	 logo	 um	 doador	 de</p><p>órgãos!”	 Isso	 é	 um	 conselho	 muito	 compreensível	 e	 racional	 vindo	 de	 uma</p><p>pessoa	 que	 já	 viu	muitas	 vítimas	 de	 acidentes	 de	moto	 entrarem	no	 hospital,</p><p>muitas	 delas	 mortas	 por	 lesões	 cerebrais.	 Mas	 nós	 também	 conhecemos	 um</p><p>artista	 cujas	 inspirações	 para	 suas	 pinturas	 a	 óleo	muito	 bem-sucedidas	 vêm</p><p>todas	de	seus	encontros	próximos	durante	viagens</p><p>de	motocicleta	pelos	Estados</p><p>Unidos	–	ele	percorre	cerca	de	48	mil	quilômetros	por	ano	há	30	anos.	Ele	está</p><p>convencido	 de	 que	 a	melhor	maneira	 de	 ver	 o	mundo	 e	 conhecer	 as	 pessoas</p><p>nele	é	na	parte	de	trás	de	uma	motocicleta	(uma	velha	Harley-Davidson	clássica,</p><p>de	preferência).	Ambos	têm	razão:	as	motocicletas	são	muito	mais	perigosas	do</p><p>que	os	carros.	Motociclismo	é	uma	ótima	maneira	de	ver	o	campo	e	conhecer</p><p>pessoas.	 Ambos	 são	 verdadeiros.	 O	 importante	 é	 como	 esse	 conselho	 se</p><p>relaciona	com	você?</p><p>Boas	opiniões	vêm	de	pessoas	que	têm	experiência	incontestável.	Você	quer</p><p>um	especialista	 para	 ajudá-lo	 com	o	 imposto	 de	 renda	 ou	 para	 saber	 se	 você</p><p>deve	passar	por	cirurgia	ou	precisa	apenas	de	fisioterapia	para	seu	problema	de</p><p>joelho.	 Não	 há	 conselheiros	 especialistas	 para	 sua	 vida.	 As	 pessoas	 às	 vezes</p><p>dizem:	“Eu	aceitei	um	conselho	ruim.”	Isso	provavelmente	não	é	verdade;	elas</p><p>só	receberam	conselhos	que	não	se	encaixam	em	sua	situação.	Muitas	pessoas</p><p>estarão	prontas	para	dar	conselhos	sobre	a	sua	vida.	Tenha	muito	cuidado	com</p><p>isso.</p><p>O	aconselhamento	é	inteiramente	diferente.	O	aconselhamento	é	sempre	útil.</p><p>Você	 sempre	 pode	 ser	 mais	 claro	 em	 seu	 próprio	 pensamento.	 Você	 sempre</p><p>pode	 compreender	 melhor	 sua	 própria	 sabedoria	 e	 percepção.	 Encontrar</p><p>alguém	que	possa	dar-lhe	um	bom	aconselhamento	e	que	regularmente	o	deixa</p><p>em	um	estado	mental	mais	claro	e	mais	estável	é	uma	grande	vantagem.	É	assim</p><p>que	bons	mentores	brilham.	Nós	diríamos	que	todas	as	mentorias	legítimas	são</p><p>centradas	em	aconselhamento.	O	aconselhamento	começa	invariavelmente	com</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>várias	 perguntas	 destinadas	 a	 compreender	 exatamente	 o	 que	 você	 está</p><p>dizendo	e	pelo	que	você	está	passando.	Bons	conselheiros	podem	parecer	fazer</p><p>a	 mesma	 pergunta	 mais	 de	 uma	 vez,	 de	 diferentes	 pontos	 de	 vista,	 para	 ter</p><p>certeza	 de	 que	 eles	 estão	 entendendo.	 Muitas	 vezes	 tentam	 resumir	 ou</p><p>reafirmar	algo	que	você	disse	e	perguntam:	“Entendi	direito?”	Essa	abordagem</p><p>mostra	que	eles	estão	focados	em	você,	não	em	si	mesmos.</p><p>O	valor	da	experiência	de	vida	dos	mentores	quando	eles	estão	aconselhando</p><p>não	 vem	de	 pegar	 exemplos	 de	 fatos	 nem	 respostas	 que	 eles	 saibam,	mas	 de</p><p>acessar	a	amplitude	de	sua	experiência	e	sua	objetividade,	fatores	que	auxiliam</p><p>no	processo	de	ajudar	você	a	ver	a	sua	própria	realidade	de	uma	nova	maneira.</p><p>Os	 bons	 mentores	 passam	 a	 maior	 parte	 do	 tempo	 ouvindo	 e	 só	 depois</p><p>oferecem	possíveis	reformulações	da	sua	situação	que	lhe	permitirão	ter	novas</p><p>ideias	e	compreender	as	respostas	que	irão	funcionar	para	você.</p><p>Claro,	este	é	apenas	o	nosso	conselho.</p><p>Discernimento.	 Falamos	 sobre	 o	 discernimento	 no	 Capítulo	 9	 quando</p><p>discutimos	 a	 tomada	 de	 boas	 decisões	 empregando	 múltiplas	 maneiras	 de</p><p>saber.	 Mentores	 podem	 contribuir	 para	 o	 seu	 processo	 de	 discernimento</p><p>quando	for	fazer	escolhas.	Decisões	importantes	raramente	são	fáceis	e	existem</p><p>muitas	 questões	 concorrentes	 e	 trocas	 de	 considerações	 que	 conspiram	 para</p><p>fazer	muito	barulho	em	sua	cabeça.	Quando	você	tem	um	cérebro	barulhento,	é</p><p>um	ótimo	momento	para	se	conectar	com	um	mentor	que	pode	aconselhá-lo.	O</p><p>mentor	pode	ouvi-lo	desabafar	 tudo	que	está	dentro	de	você	e	 ajudá-lo	 a	dar</p><p>sentido	a	tudo,	separando	as	coisas	importantes,	as	coisas	pequenas	e	as	coisas</p><p>irrelevantes.	Um	bom	mentor	fará	isso	com	algum	cuidado	e	até	mesmo	alguma</p><p>trepidação.	Classificar	e	priorizar	questões	muitas	vezes	chega	perto	de	apontar</p><p>alguém	na	direção	de	uma	escolha	preferida.	Um	bom	mentor	vai	evitar	dizer	a</p><p>você	 o	 que	 deve	 fazer	 ou	 pelo	menos	 será	 explicitamente	 cauteloso	 sobre	 os</p><p>riscos	 de	 influenciá-lo.	 Ele	 poderia	 dizer:	 “Bem,	 olhe,	 eu	 realmente	 não	 estou</p><p>tentando	 dizer	 que	 eu	 acho	 que	 a	 coisa	 certa	 é	 aceitar	 aquela	 promoção	 e</p><p>mudar-se	para	Pequim	por	um	ano,	mas	eu	notei	que	todas	as	vezes	que	você</p><p>fala	sobre	a	China,	você	se	ilumina	e	sorri.	Você	notou	isso?	Se	for	assim,	você</p><p>provavelmente	devia	dar	uma	olhada.	Não	estou	dizendo	para	ir	para	a	China;</p><p>só	acho	que	é	algo	em	que	vale	a	pena	pensar.”</p><p>A	 Visão	 Longa	 e	 a	 Visão	 Local.	 Os	mentores	 vêm	 sob	 várias	 formas.	 Algumas</p><p>pessoas	 têm	 a	 sorte	 de	 encontrar	 um	 mentor	 de	 vida	 inteira,	 alguém	 que</p><p>realmente	se	preocupa	com	suas	vidas	e	está	comprometido	em	caminhar	com</p><p>elas	durante	toda	a	sua	jornada	durante	anos	e	anos.	Mas	esse	não	é	o	único	tipo</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>de	mentor	valioso.	Você	pode	encontrar	mentores	especializados	(paternidade,</p><p>finanças,	 espiritualidade	 etc.)	 e	 mentores	 sazonais	 (passando	 pela	 gravidez,</p><p>lidando	com	o	seu	primeiro	papel	de	gestão,	cuidando	dos	pais	idosos,	mudando</p><p>para	 a	 Costa	 Rica).	 Realmente	 não	 há	 regras	 aqui	 –	 basta	 estar	 atento	 para</p><p>pessoas	que	podem	fornecer	assistência	de	mentores	para	você.</p><p>Bom,	 você	 provavelmente	 está	 se	 perguntando	 onde	 vai	 encontrar	 todos</p><p>esses	 grandes	 mentores	 (se	 não	 está,	 então	 pule	 essa	 parte,	 você	 é	 um	 dos</p><p>sortudos	 que	 estão	 bem	 abastecidos	 de	 mentores).	 Sugerimos	 que	 há	 mais</p><p>pessoas	capazes	de	dar	boas	orientações	de	mentor	do	que	há	bons	mentores.</p><p>Há	muitas	pessoas	com	uma	significativa	experiência	de	vida	e	a	disposição	de</p><p>ouvir	 e	 dar	 aconselhamento	 (não	 apenas	 conselhos),	 mas	 muitas	 delas	 não</p><p>pensam	 em	 si	mesmas	 como	mentores	 ou	 não	 são	 qualificadas	 na	 prática	 de</p><p>orientar	 uma	 conversa.	 Não	 é	 que	 essas	 pessoas	 não	 sejam	 mentores,	 elas</p><p>simplesmente	não	são	o	que	chamamos	de	mestres	mentores.</p><p>Esse	é	o	lugar	em	que	um	bom	aprendiz	entra	em	cena.	Você	não	precisa	de</p><p>mestres	mentores	completos.	Claro	que	os	mestres	mentores	são	ótimos	e,	 se</p><p>você	tem	alguns,	agarre-se	neles.	Mas	tudo	do	que	você	realmente	precisa	são</p><p>pessoas	 capazes	 e	 de	 quem	 você	 pode	 extrair	 uma	 contribuição	 vinda	 de	 um</p><p>mentor.	É	surpreendentemente	fácil	de	fazer:	você	só	tem	que	iniciar.	Quando</p><p>identificar	alguém	que	você	pense	que	pode	servir	como	mentor,	encontre	um</p><p>jeito	de	passar	algum	tempo	com	a	pessoa	e	direcionar	a	conversa	para	as	áreas</p><p>em	que	você	quer	ajuda.	Especificamente,	não	pergunte	o	que	ela	faria,	mas	use</p><p>suas	 ideias	 e	 experiências	 para	 tentar	 ajudá-lo	 a	 resolver	 o	 seu	 próprio</p><p>raciocínio.</p><p>“Oi,	Harold.	Eu	realmente	aprecio	a	maneira	como	você	e	Louise	criaram	seus</p><p>filhos	e,	francamente,	tudo	isso	de	ser	pai	me	assusta	um	bocado.	O	que	acha	de</p><p>eu	 convidar	 você	 para	 um	 café	 e	 ouvir	 as	 suas	 histórias	 sobre	 isso	 uma	hora</p><p>dessas?”</p><p>Naturalmente,	 Harold	 vai	 dizer	 que	 sim	 (e,	 claro,	 essa	 abordagem	 é</p><p>surpreendentemente	 parecida	 com	 a	 forma	 como	 montamos	 uma	 conversa-</p><p>protótipo	no	Capítulo	6).	Quando	vocês	 se	 reunirem,	depois	de	Harold	 contar</p><p>alguns	dos	momentos	afetuosos	e	alguns	dos	momentos	assustadores	dos	quais</p><p>ele	 se	 lembra,	 você	 só	pergunta:	 “Acho	que	você	poderia	me	ajudar	 com	uma</p><p>coisa.	Tem	uma	situação	confusa	com	Skippy,	e	Lucy	e	eu	não	sabemos	bem	o</p><p>que	fazer.	Se	eu	disser	o	que	temos	em	mente,	talvez	você	pudesse	me	ajudar	ao</p><p>ouvir	alguns	pensamentos	sobre	o	assunto,	que	tal?	Acho	que	o	Skippy	é	bem</p><p>diferente	dos	 seus	 filhos,	mas	você	 tem	um	ouvido	 experiente	de	pai	 e	 talvez</p><p>pudesse	 me	 ajudar	 a	 identificar	 as	 coisas	 mais	 importantes	 nessa	 minha</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>situação.”</p><p>Esse	pode	ser	um	papel	diferente	do	que	Harold	está	acostumado,	mas	ele	vai</p><p>dar	o	seu	melhor	e	provavelmente	vai	fazer	tudo	muito	bem.	Se	ele	entrar	com</p><p>conselhos,	 ouça	 com	 respeito	 e	 volte	 para	 o	 pedido.	 Ele	 provavelmente	 vai</p><p>entender;	se	não,	nada	foi	perdido	e	você	pode	tentar	outra	pessoa.	Desta	forma,</p><p>você	pode	construir	seu	próprio	círculo	de	mentores	sem	ter	que	esperar	que</p><p>um	grande	mentor	apareça	no	horizonte.</p><p>Além	da	Equipe	e	Rumo	à	Comunidade</p><p>Se	 você	 é	 como	 a	maioria	 das	 pessoas	 com	 quem	 trabalhamos,	 saberá	 que	 o</p><p>tempo	 passado	 com	 sua	 equipe	 de	 Design	 de	 Vida	 e	 com	 colaboradores	 é</p><p>estimulante	e</p><p>revigorante.	O	tipo	de	apoio	sincero	e	respeitoso	que	esperamos</p><p>que	você	receba	é	ótimo	para	formar	hábitos.	Há	algo	incrivelmente	especial	em</p><p>fazer	parte	de	uma	comunidade.	É	como	os	seres	humanos	devem	viver.</p><p>Comunidade	é	mais	do	que	compartilhar	recursos	ou	sair	de	vez	em	quando.</p><p>É	estar	presente	e	investir	na	criação	contínua	das	vidas	uns	dos	outros.	Estar</p><p>nesse	tipo	de	comunidade	é	uma	ótima	maneira	de	viver,	o	que	recomendamos</p><p>como	 uma	 prática	 contínua,	 não	 apenas	 ao	 fazer	 grandes	 planos	 ou	 começar</p><p>coisas	novas.</p><p>Identificar	 quais	 as	 práticas	 sustentáveis	 que	 vão	 ajudá-lo	 a	 crescer	 e</p><p>desfrutar	 de	 uma	 vida	 bem	 projetada	 é	 parte	 importante	 da	 fórmula,	 e	 a</p><p>comunidade	é	uma	prática	que	recomendamos	bastante.</p><p>Então,	 o	 que	 exatamente	 queremos	 dizer	 com	 uma	 “comunidade”	 quando</p><p>estamos	 falando	 de	 uma	 experiência	 contínua,	 não	 apenas	 a	 sua	 equipe</p><p>específica	de	Design	de	Vida?	Era	uma	vez,	a	maioria	das	pessoas	encontrava-se</p><p>organicamente	 localizada	 em	uma	 comunidade.	 Foram	 criados	 em	uma	 igreja</p><p>ou	em	uma	tradição	de	fé.	Faziam	parte	de	uma	grande	família	estendida	que	se</p><p>reunia	 ativa	 e	 regularmente	 e	 de	 formas	 particulares.	 Podem	 ter	 sido</p><p>participantes	 em	 uma	 carreira,	 como	 os	militares,	 ou	 uma	 ocupação,	 como	 o</p><p>montanhismo,	 que	 manteve	 uma	 comunidade	 unida	 com	 isso.	 Mas	 hoje	 a</p><p>maioria	 das	 pessoas	 não	 tem	 uma	 comunidade	 pronta	 –	 um	 lugar	 para	 onde</p><p>retornar	regularmente	em	que	possam	ter	esse	tipo	de	conversa	de	vida.	Para</p><p>encontrar	uma	 “comunidade”	 como	pretendemos,	você	estará	procurando	um</p><p>grupo	de	pessoas	que	se	encaixe	na	maioria	dos	seguintes	atributos:</p><p>Objetivos	 Similares.	 Comunidades	 saudáveis	 têm	 um	 objetivo	 além	 de	 só	 se</p><p>reunir.	 A	 comunidade	 de	 Dave	 existe	 para	 que	 se	 tornem	 pessoas	 de	 maior</p><p>integridade	em	viver	a	sua	fé	em	todos	os	aspectos	de	suas	vidas.	A	comunidade</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>de	 Bill	 se	 reúne	 para	 apoiar-se	 mutuamente,	 tornando-se	 melhores	 pais	 e</p><p>homens	 mais	 autênticos.	 As	 comunidades	 mais	 eficazes	 têm	 uma	 missão</p><p>explícita	que	as	mantêm	dirigidas	e	em	movimento.	É	muito	mais	fácil	manter	o</p><p>movimento	se	você	está	se	movendo	em	direção	a	algo.	As	comunidades,	tanto</p><p>de	 Bill	 quanto	 de	 Dave,	 participam	 de	 vários	 tipos	 de	 atividade	 –	 sociais,</p><p>recreativas	e	afins	–,	mas	há	sempre	aquela	Estrela-Guia	trazendo-as	de	volta	ao</p><p>“porque	estamos	aqui”.</p><p>Reuniões	 Regulares.	 Quer	 a	 comunidade	 se	 reúna	 com	 regularidade</p><p>semanalmente,	mensalmente	ou	por	trimestre,	deverá	reunir-se	com	frequência</p><p>suficiente	 para	 manter	 uma	 conversa	 na	 qual	 os	 membros	 possam	 retomar</p><p>onde	eles	deixaram	sem	ter	que	sempre	começar	tudo	outra	vez.	A	verdadeira</p><p>intenção	 é	 que	 a	 participação	 na	 comunidade	 se	 torne	 uma	 prática	 em	 si</p><p>mesma.	A	 comunidade	não	 tem	apenas	um	propósito	específico	de	 se	engajar</p><p>num	projeto	ou	 terminar	a	 leitura	de	um	 livro	 juntos	–	 reúne-se	porque	 seus</p><p>participantes	 concordam	 que	 uma	 vida	 vivida	 em	 comunidade	 constitui	 um</p><p>melhor	 design	 de	 vida	 e	 por	 isso	 continuam.	 Nenhum	 de	 nós	 poderia	 ter</p><p>chegado	às	vidas	que	vivemos	se	não	fosse	pela	prática	contínua	deste	tipo	de</p><p>comunidade.</p><p>Terreno	 em	Comum.	 Se	 possível,	 além	 de	 objetivos	 similares,	 é	 útil	 partilhar</p><p>outro	terreno.	Isto	acontece	geralmente	na	forma	de	valores	ou	pontos	de	vista.</p><p>No	 grupo	 de	 discussão	 de	 pais	 de	 Bill,	 a	 maioria	 dos	 homens	 compartilha	 a</p><p>esperança	 de	 ser	melhores	 pais	 do	 que	 eles	 próprios	 tinham	 tido;	 eles	 estão</p><p>comprometidos	 com	 a	 honestidade	 total	 (há	 uma	 regra	 contra	 enrolação);	 e</p><p>todos	eles	estão	dispostos	a	tentar	coisas	novas	e	“fazer	o	trabalho”,	 incluindo</p><p>exercícios	loucos	–	como	pedir	a	alguém	para	fazer-se	de	morto	e	ficar	falando</p><p>sobre	ele	como	se	estivessem	em	seu	funeral.	Desde	que	você	esteja	vivo,	nunca</p><p>é	 tarde	 demais	 para	 rever	 o	 conteúdo	 potencial	 da	 sua	 elegia;	 então	 cada</p><p>membro	ouve	e	pode	então	decidir	se	gosta	de	quem	ele	se	tornou	ou	não.	Este</p><p>terreno	 compartilhado	 explícito	 mantém	 o	 grupo	 unido	 e	 a	 conversa	 em</p><p>andamento	 e	 atua	 como	 um	 meio	 de	 estabelecer	 prioridades	 e	 questões</p><p>mediadoras	 à	 medida	 que	 fazem	 a	 jornada	 juntos.	 Mesmo	 que	 um	 afeto</p><p>compartilhado	(“todo	mundo	se	dar	bem”)	e	uma	vontade	de	participar	sejam</p><p>suficientes	para	começar,	raramente	vemos	isso	como	suficiente	para	manter	as</p><p>pessoas	juntas	por	muito	tempo.</p><p>Conhecer	 e	 Ser	Conhecido.	Alguns	 grupos	 são	voltados	para	o	 conteúdo	ou	o</p><p>processo	e	alguns	para	as	pessoas.	Estamos	falando	de	uma	comunidade	que	é,</p><p>pelo	menos	em	grande	parte,	voltada	para	as	pessoas.	Você	pode	estar	em	um</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>ótimo	clube	de	leitura,	onde	as	pessoas	leem	tudo	e	aparecem	preparadas	para</p><p>reflexivas	discussões	sobre	a	escrita,	a	narrativa	e	o	estado	da	sociedade	civil,</p><p>além	 de	 um	 pouco	 de	 vinho	 para	 acompanhar,	 e	 todos	 vocês	 realmente</p><p>gostando	 uns	 dos	 outros;	 isso	 é	 ótimo.	 Mas	 isso	 não	 é	 uma	 comunidade	 no</p><p>sentido	 que	 queremos.	 É	 realmente	 ótima	 –	 não	 nos	 interprete	mal.	 Tem	um</p><p>propósito	(discussões	literárias	inteligentes),	terreno	em	comum	(ler	romances</p><p>nos	 abre	 a	mente	 e	 nos	 torna	mais	 interessantes	 e	 considerados)	 e	 se	 reúne</p><p>regularmente	 (primeira	 terça-feira	 do	 mês),	 mas	 não	 estamos	 envolvidos	 na</p><p>vida	 de	 outras	 pessoas	 e	 realmente	 não	 precisamos	 conhecer	 uns	 aos	 outros</p><p>para	 fazer	 a	 comunidade	 funcionar.	 Esse	 ótimo	 clube	 literário	 provavelmente</p><p>não	 seria	 o	 lugar	 para	 ter	 essa	 conversa.	 Uma	 comunidade	 não	 precisa	 ser</p><p>composta	 inteiramente	 de	 íntimos,	mas	 deve	 haver	 algum	 nível	 de	 revelação</p><p>pessoal	sobre	o	que	cada	pessoa	está	fazendo	e	como	vão	as	coisas.</p><p>O	que	torna	uma	comunidade	eficaz	não	é	ser	feita	de	pessoas	com	a	perícia</p><p>ou	as	informações	adequadas.	O	que	a	faz	funcionar	são	pessoas	com	intenções</p><p>e	presença	adequadas.	É	muito	útil	estar	com	pessoas	que	estão	tentando	ligar</p><p>os	pontos	e	viver	em	coerência	com	elas	mesmas	e	com	o	mundo	de	uma	forma</p><p>ética.	 Se	 aproximar	 de	 um	 dentista	 que	 está	 trabalhando	 sinceramente	 para</p><p>transformar-se	no	melhor	de	si	é	mais	encorajador	e	impactante,	apesar	de	você</p><p>não	 ter	 interesse	algum	em	odontologia,	do	que	estar	numa	comunidade	 com</p><p>alguém	que	 tenha	 exatamente	 os	mesmos	 interesses	 e	 aspirações	 de	 carreira</p><p>como	você,	mas	que	não	está	sinceramente	presente	e	honestamente	engajado</p><p>com	 suas	 experiências	 de	 esperança	 e	 luta.	 Você	 não	 precisa	 que	 todos	 se</p><p>dispam	emocionalmente,	mas	quer	um	grupo	no	qual	você	estará	indo	para	ser</p><p>conhecido	e	para	 conhecer	outros	em	um	patamar	onde	 irão	 se	 sentir	 juntos,</p><p>todos	no	mesmo	barco.</p><p>Aqui	está	uma	maneira	de	testar	o	que	queremos	dizer.	Pense	nos	diferentes</p><p>grupos	 de	 que	 participou	 ao	 longo	 dos	 anos.	 Você	 provavelmente	 poderia</p><p>pensar	 nos	 grupos	 em	 que	 as	 pessoas	 falam	 de	 ideias	 sobre	 as	 suas	 vidas	 e</p><p>grupos	em	que	as	pessoas	 realmente	 falam	sobre	as	 suas	vidas.	É	a	diferença</p><p>entre	 comentaristas	 e	 participantes.	 Você	 procura	 uma	 comunidade	 de</p><p>participantes.</p><p>A	 nossa	 esperança	 para	 este	 livro	 é	 que	 o	 ajude	 a	 encontrar	 ou	 criar	 tal</p><p>comunidade.	Claro,	 aproveite	para	 lê-lo	em	seu	próximo	clube	de	 leitura.	Mas</p><p>depois	procure	aqueles	que	estão	dispostos	a	seguir	esta	 jornada	com	você.	O</p><p>design	 de	 vida	 é	 uma	 viagem,	mas	 realmente	 não	 é	 lá	muito	 divertido	 viajar</p><p>sozinho.</p><p>Por	agora,	queremos	que	você	saiba	que	o	 consideramos	membro	de	nossa</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>equipe	e	o	convidamos	a	fazer	parte	da	nossa	comunidade.</p><p>Descubra	como	no	site	www.designingyour.life.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente</p><p>Montando	Uma	Equipe</p><p>1.	 Faça	uma	lista	de	três	a	cinco	pessoas	que	podem	ser	uma	parte	de	sua	equipe	de</p><p>Design	 de	 Vida.	 Pense	 em	 seus	 apoiadores,	 seus	 íntimos,	 seus	 mentores	 ou</p><p>possíveis	mentores.	Idealmente,	serão	de	três	a	cinco	pessoas	também</p><p>ativamente</p><p>engajadas	em	projetar	suas	vidas.</p><p>2.	 Certifique-se	de	que	todos	têm	um	exemplar	do	livro	(ou	compre	livros	para	todos)</p><p>para	que	 todos	os	membros	de	sua	equipe	entendam	como	funciona	o	design	de</p><p>vida	e	saibam	as	funções	e	regras	da	equipe.</p><p>3.	 Concorde	em	se	reunir	regular	e	ativamente	para	cocriar	uma	vida	bem	projetada</p><p>como	comunidade.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>C</p><p>CONCLUSÃO</p><p>Uma	Vida	Bem	Projetada</p><p>omo	é	uma	vida	bem	projetada	e	equilibrada?	Imagine	um	dia	cortado	em</p><p>partes	perfeitamente	iguais,	como	as	fatias	de	uma	torta	–	uma	fatia	para</p><p>a	carreira,	uma	fatia	para	a	saúde,	uma	fatia	para	a	família	e	amigos,	uma	fatia</p><p>para	 o	 lazer	 e	 a	 diversão.	 Qual	 é	 a	 sua	 torta	 perfeita?	 Nós	 todos	 sabemos	 as</p><p>áreas	 de	 nossas	 vidas	 que	 precisam	de	 um	pouco	mais	 de	 tempo	 e	 esforço	 e</p><p>poderiam	se	beneficiar	de	um	pouco	mais	do	pensamento	de	design	 e	menos</p><p>preocupação,	ruminação	e	dúvidas.</p><p>Quanto	do	seu	dia	de	hoje	você	passou	realmente	se	divertindo?	Avançando</p><p>sua	 carreira?	 Cultivando	 seus	 relacionamentos?	 Cuidando	 da	 sua	 saúde?</p><p>Prototipando	o	que	virá	a	seguir?	Como	realmente	é	a	sua	torta?</p><p>Vamos	 contar	 um	 segredo:	 não	 existe	 torta	 perfeita.	 É	 praticamente</p><p>impossível	 se	 dedicar	 igualmente	 a	 todas	 as	 áreas	 de	 sua	 vida	 que	 são</p><p>importantes	para	você	todos	os	dias.</p><p>Equilíbrio	acontece	ao	longo	do	tempo.</p><p>Design	de	vida	acontece	ao	longo	do	tempo.</p><p>Bill	 Gates,	 o	 homem	 mais	 rico	 do	 mundo	 em	 2015,	 não	 conseguiu	 esse</p><p>caminho	 de	 vida	 por	 ter	 equilibrado	 trabalho	 e	 amor	 todos	 os	 dias.	 Quando</p><p>lançou	 o	Microsoft	Windows	 em	 1985	 e	 tornou	 a	 empresa	 pública	 em	 1986,</p><p>ninguém	o	teria	chamado	de	filantropo	fazendo	o	bem	pelo	mundo.	E	em	1998</p><p>ele	 provavelmente	 não	 estava	 dividindo	 o	 seu	 dia	 igualmente	 entre	 nutrir</p><p>relacionamentos	e	se	defender	de	acusações	de	abuso	do	poder	de	monopólio.</p><p>O	equilíbrio	é	um	mito	e	causa	muita	dor	e	mágoa	na	maioria	de	nós.</p><p>Como	 dissemos	 antes,	 não	 lutamos	 contra	 a	 realidade;	 viver	 na	 realidade</p><p>significa	ver	e	aceitar	onde	você	está	agora.	Design	de	vida	significa	realmente</p><p>ser	capaz	de	responder	à	pergunta:	“Como	é	que	vão	as	coisas?”</p><p>É	possível	 projetar	 sua	 vida	para	 que,	 no	 seu	 velório,	 digam:	 “No	 geral,	 ele</p><p>teve	uma	torta	com	as	fatias	bem	distribuídas.”</p><p>Ok,	 talvez	 você	 não	 queira	 que	 digam	exatamente	 isso	 no	 velório,	mas	 deu</p><p>para	 entender.	 Sabemos	 que	 não	 queremos	 que	 alguém	 se	 levante	 no	 nosso</p><p>velório	 para	 dizer	 “Dave	 tinha	 excelentes	 habilidades	 de	 escrita	 e	 de</p><p>comunicação	 verbal”	 ou	 “Bill	 realmente	 demonstrou	 grande	 capacidade	 ao</p><p>conciliar	 prioridades	 concorrentes	 e	 avançar	 rapidamente”.	 A	 vida	 é	mais	 do</p><p>que	 um	 salário	 e	 desempenho	 no	 trabalho.	 Todos	 nós	 queremos	 saber	 que</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>somos	 importantes	 para	 alguém.	 Todos	 queremos	 saber	 que	 nosso	 trabalho</p><p>contribuiu	para	o	mundo.	Todos	queremos	saber	que	um	dia	amamos	e	vivemos</p><p>o	melhor	que	pudemos,	com	o	máximo	de	propósito	e	significado	possível	e	que</p><p>foi	divertidíssimo	fazê-lo.</p><p>E	você	só	entende	isso	em	retrospecto,	porque	uma	vida	bem	projetada	não	é</p><p>um	substantivo	–	é	um	verbo	(tecnicamente	não	é	um	verbo,	mas	você	sabe	o</p><p>que	queremos	dizer).</p><p>Crença	 Disfuncional:	 Terminei	 de	 projetar	minha	 vida;	 o	mais	 difícil	 está	 feito	 e</p><p>tudo	vai	ser	ótimo.</p><p>Reformulação:	 Você	 nunca	 termina	 de	 projetar	 sua	 vida	 –	 a	 vida	 é	 um	 projeto</p><p>infinito	e	alegre	de	construir	o	seu	caminho.</p><p>Alguns	de	vocês	estão	lendo	este	livro	para	melhorar	uma	vida	que	já	está	muito</p><p>boa;	outros	estão	lendo	este	livro	como	parte	de	uma	transição	que	escolheram</p><p>ou	 que	 a	 realidade	 escolheu.	 Você	 tem	 planos	 importantes	 para	 concretizar,</p><p>você	 tem	 opções	 para	 escolher,	 e,	 quando	 fizer	 isso,	 a	 sua	 vida	 será	 muito</p><p>diferente	do	que	costumava	ser.	Nesse	sentido,	seu	novo	design	estará	ativo	e	o</p><p>design	antigo	ficará	para	trás	–	e	essa	mudança	é	realmente	enorme.	Dá	mesmo</p><p>para	sentir.	Mas	seu	design	de	vida	não	acabou.</p><p>Então,	buscar	seu	caminho	é	como	você	encontrou	a	sua	entrada	no	projeto</p><p>de	vida	que	quer	viver,	é	também	a	maneira	de	vivê-lo.	Continue	construindo	o</p><p>caminho.	 O	 design	 não	 é	 apenas	 uma	 técnica	 para	 resolver	 problemas	 e</p><p>projetos,	 é	 um	 estilo	 de	 vida.	 Uma	 das	 razões	 do	 pensamento	 de	 design</p><p>funcionar	tão	bem	em	nossas	aulas	de	Design	de	Vida	e	na	consultoria	é	a	sua</p><p>humanidade.	 Em	 1963,	 quando	 a	 Universidade	 de	 Stanford	 implementou	 o</p><p>curso	de	design,	foi	com	a	abordagem	única	de	conceber	o	design	“centrado	no</p><p>ser	humano”	(Human-Centered	Design	–	HCD).	Na	época,	essa	foi	uma	mudança</p><p>significativa	 em	 relação	 às	 metodologias	 clássicas	 de	 design,	 que	 eram</p><p>centradas	 em	 perícia,	 arte,	 engenharia	 ou	 manufatura.	 E	 o	 trabalho	 de</p><p>desenvolver	 a	 metodologia	 de	 design	 de	 Stanford	 fez	 um	 ótimo	 trabalho	 de</p><p>manter	a	humanidade	no	centro	das	coisas.	Como	sua	vida	é	uma	empreitada</p><p>decididamente	 humana,	 faz	 sentido	 que	 um	 design	 centrado	 na	 condição</p><p>humana	também	se	aplique.</p><p>Além	 disso,	 no	 design	 de	 vida,	 apenas	 nos	 interessa	 a	 questão	 de	 como</p><p>projetará	sua	vida	–	não	que	vida	você	deve	viver	ou	porque	uma	vida	é	melhor</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>do	que	outra.</p><p>O	nosso	amigo	Tim	se	formou	na	faculdade	com	um	diploma	em	engenharia	e</p><p>foi	 trabalhar	 no	 Vale	 do	 Silício.	 Seu	 primeiro	 emprego	 era	 projetando</p><p>microprocessadores	 de	 ponta	 em	 uma	 start-up	 promissora	 e	 acelerada.</p><p>Entretanto,	 após	 sua	 primeira	 concepção	 de	 design	 ter	 sido	 cancelada,	 Tim</p><p>reavaliou	todas	aquelas	longas	noites	e	finais	de	semana	trabalhando	e	chegou	à</p><p>conclusão	de	que	o	trabalho	não	iria	ser	mesmo	o	foco	principal	de	sua	vida.	Ele</p><p>valorizava	muito	mais	o	lazer	e	o	amor	e	percebeu	que	precisava	fazer	algumas</p><p>mudanças.</p><p>Mudou	 de	 emprego	 para	 uma	 empresa	 mais	 madura,	 subiu	 para	 uma</p><p>confortável	posição	sênior	e	ficou	lá	mesmo.	Está	no	mesmo	cargo	há	quase	20</p><p>anos,	se	tornou	um	respeitado	guru	técnico	em	sua	empresa	e	vive	recusando</p><p>promoções	e	o	dinheiro	que	vem	com	elas.</p><p>“Você	tem	que	ganhar	dinheiro	suficiente	para	pagar	as	suas	contas	e	ter	o	de</p><p>que	 você	 precisa”,	 diz	 Tim.	 No	 seu	 caso,	 isso	 significa	 sustentar	 a	 família,</p><p>garantir	que	 seus	 filhos	 tenham	acesso	a	uma	ótima	educação	e	 ter	uma	casa</p><p>agradável	 em	 Berkeley.	 “Depois	 disso,	 qual	 é	 o	 propósito?	 Prefiro	 ter	 mais</p><p>diversão	e	mais	amigos.	Dinheiro,	promoções	e	mais	responsabilidade	não	me</p><p>motivam.	O	propósito	de	ter	um	boa	vida	é	ser	feliz,	não	trabalhar.”</p><p>O	 projeto	 de	 vida	 do	 Tim	 está	 funcionando	 e	 ele	 é	 um	 dos	 caras	 mais</p><p>equilibrados	que	conhecemos.	É	um	ótimo	pai	e	o	centro	de	uma	vibrante	vida</p><p>social,	 tem	muitos	amigos,	 toca	música	quase	 toda	semana,	 tem	o	seu	próprio</p><p>blog	de	bebidas,	no	qual	ele	promove	suas	invenções	de	coquetéis,	lê	muito	e	é</p><p>uma	 das	 pessoas	 mais	 felizes	 que	 conhecemos.	 Seu	 painel	 de</p><p>saúde/trabalho/lazer/amor	está	cheio	de	 luzes	verdes	e	ele	planeja	mantê-las</p><p>assim.	E	ele	é	um	grande	exemplo	de	uma	vida	com	um	design	bem	pensado	em</p><p>que	o	trabalho	não	é	a	coisa	mais	importante.</p><p>Perturbando	a	Vida</p><p>Algumas	 das	 reformulações	 que	 oferecemos	 podem	 ser	 perturbadoras;</p><p>desaprender	 coisas	 é	 muitas	 vezes	 mais	 difícil	 e	 mais	 importante	 do	 que</p><p>aprendê-las.	 Mas	 podemos	 apostar	 que	 nada	 do	 que	 você	 aprendeu	 ou</p><p>desaprendeu	em	sua	jornada	conosco	por	este	livro	–	por	mais	que	tenha	sido</p><p>óbvio	 ou	 perturbador	 ou	 esclarecedor	 –	 irá	 realmente	 transformá-lo	 em	uma</p><p>pessoa	diferente.	Nós	esperamos	que	 só	 fará	você	 ser	mais	 como	você.	É	 isso</p><p>que	o	bom	design	sempre	faz:	ele	libera	o	melhor	do	que	já	estava	lá	esperando</p><p>para	ser	encontrado	e	revelado.	Desde	a	fundação,	nossa	metodologia	de	design</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>é	 e	 tem	 sido	 sempre	 um	 processo	 explicitamente	 humano	 que	 é	 aplicado	 de</p><p>forma	iterativa,	e	postulamos	que	oferece	não	só	uma	abordagem	inovadora	de</p><p>conceber</p><p>a	vida	que	se	deseja,	como	uma	maneira	de	vivê-la	também.	O	que	nos</p><p>leva	de	volta	às	cinco	mentalidades.</p><p>Apresentamos	 a	 ideia	 de	 design	 de	 vida	 neste	 livro	 dizendo	 que	 há	 cinco</p><p>coisas	 simples	 que	 você	 precisa	 fazer:	 (1)	 ser	 curioso	 (curiosidade),	 (2)</p><p>experimentar	 coisas	 (tendência	 à	 ação),	 (3)	 reformular	 problemas</p><p>(reformulação),	 (4)	 saber	 que	 é	 um	 processo	 (consciência)	 e	 (5)	 pedir	 ajuda</p><p>(colaboração	 radical).	 Nós	 lembramos	 estas	 mentalidades	 ao	 longo	 do	 livro</p><p>enquanto	percorremos	as	várias	ideias	e	ferramentas	que	constituem	o	design</p><p>de	vida.</p><p>Você	pode	aplicar	algumas	das	cinco	mentalidades	praticamente	em	qualquer</p><p>lugar,	 em	qualquer	hora.	As	oportunidades	de	viver	 com	curiosidade	ou	 fazer</p><p>experimentos	são	inacabáveis.	Nós	aplicamos	um	exercício	em	nossas	aulas	no</p><p>qual	fazemos	nossos	alunos	identificarem	duas	ou	três	coisas	em	seu	projeto	de</p><p>vida	em	que	eles	estejam	atolados,	coisas	que	não	estão	 indo	a	 lugar	nenhum.</p><p>Então	lhes	pedimos	para	refletir	por	quatro	minutos	sobre	esse	problema	com</p><p>os	outros	dois	alunos,	que	os	ajudam	a	aplicar	qualquer	das	cinco	mentalidades</p><p>como	 uma	 maneira	 de	 se	 desemperrar.	 Como	 “ser	 curioso”	 pode	 ajudá-lo	 a</p><p>superar	o	medo	de	falar	com	a	professora	que	ganhou	um	Prêmio	Nobel?	Bem...</p><p>você	poderia:	perguntar	a	outros	três	alunos	que	se	reuniram	com	ela	sobre	o</p><p>que	 eles	 falaram	 e	 como	 foi	 a	 conversa;	 ver	 se	 ela	 menciona	 sua	 própria</p><p>experiência	 universitária	 em	 algum	 artigo	 ou	 entrevista	 e	 se	 ela	 aos	 20	 anos</p><p>parece	com	você	na	mesma	 idade;	descobrir	 se	ela	 já	 fracassou	 terrivelmente</p><p>em	 algum	 projeto	 (e	 sobre	 o	 que	 era)	 para	 fazê-la	 parecer	 mais	 humana	 e</p><p>menos	assustadora.	E	assim	por	diante.	Quando	fazemos	isso,	vemos	que	aplicar</p><p>qualquer	das	mentalidades	pode	ajudá-lo	a	se	soltar	e	 tentar	alguns	próximos</p><p>passos.	O	mesmo	se	aplica	para	a	vida	bem	vivida	da	qual	você	está	querendo</p><p>participar	agora.	Aqui	ficam	alguns	lembretes	para	cada	uma	das	mentalidades.</p><p>Seja	curioso.	Tudo	pode	ser	interessante.	A	curiosidade	infinita	é	crucial	para</p><p>uma	vida	bem	projetada.	Nada	é	chato	para	todo	mundo	(nem	declarar	imposto</p><p>de	renda	ou	lavar	a	louça).</p><p>O	que	alguém	interessado	nisto	gostaria	de	saber?</p><p>Como	funciona?</p><p>Por	que	eles	fazem	isso	dessa	maneira?</p><p>Como	costumavam	fazer	isso?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>O	que	os	especialistas	neste	campo	discutem	e	por	quê?</p><p>Qual	é	a	coisa	mais	interessante	acontecendo	aqui?</p><p>O	que	não	entendo	sobre	o	que	está	acontecendo	aqui?</p><p>Como	eu	poderia	descobrir?</p><p>Experimente.	Com	uma	tendência	para	a	ação,	não	há	mais	nada	disso	de	estar</p><p>atolado	–	nada	de	preocupação,	de	analisar,	de	ponderar	ou	de	tentar	resolver	o</p><p>caminho.	Apenas	aja.</p><p>Como	podemos	tentar	isso	antes	do	dia	terminar?</p><p>Sobre	o	que	gostaríamos	de	saber	mais?</p><p>O	que	posso	fazer	para	responder	a	isso?</p><p>Que	tipo	de	coisas	são	acionáveis	e,	se	nós	tentarmos,	o	que	podemos	aprender?</p><p>Reformule	Problemas.	A	reformulação	é	uma	mudança	de	perspectiva	e	quase</p><p>qualquer	problema	de	design	merece	uma	mudança	de	perspectiva.</p><p>Que	perspectiva	eu	realmente	tenho?</p><p>De	onde	estou	vindo	agora?</p><p>Que	 outras	 perspectivas	 poderiam	 ter	 outras	 pessoas?	 Nomeie-as	 e	 então</p><p>descreva	o	problema	a	partir	da	perspectiva	delas,	não	da	sua.</p><p>Reescreva	 seu	 problema	 usando	 algum	 dos	 seguintes	 modelos	 de</p><p>reformulação:	 seu	 problema	 na	 verdade	 é	 muito	 pequeno.	 Muito	 fácil	 de</p><p>corrigir.	 Uma	 oportunidade	 mais	 do	 que	 um	 problema.	 Algo	 que	 você	 pode</p><p>simplesmente	ignorar	inteiramente.	Algo	que	você	não	entende	ainda.	Não	é	seu</p><p>problema.	E	como	ficará	um	ano	depois?</p><p>Saiba	Que	é	um	Processo.	A	consciência	do	processo	significa	que	você	não	fica</p><p>mais	frustrado	nem	perdido	e	que	você	nunca	desiste.</p><p>Quais	são	todos	os	passos	atrás	de	você	e	na	sua	frente	que	você	pode	imaginar?</p><p>O	que	você	está	pensando	é	mesmo	pertinente	à	etapa	em	que	você	está	agora?</p><p>Você	está	na	etapa	certa	ou	você	está	adiantado	ou	atrasado?</p><p>O	que	acontece	se	você	não	pensar	mais	de	um	passo	à	frente?</p><p>Qual	é	a	pior	coisa	que	pode	acontecer?	Quão	provável	é	que	isso	aconteça	e	o</p><p>que	você	faria	se	acontecesse?</p><p>Qual	é	a	melhor	coisa	que	pode	acontecer?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Escreva	todas	as	perguntas,	preocupações,	ideias	e	esperanças	que	você	tem</p><p>e	depois	se	pergunte	se	sabe	o	que	fazer	em	seguida.	Sente-se	diferente	agora?</p><p>Peça	 Ajuda.	 A	 colaboração	 radical	 significa	 que	 você	 não	 está	 sozinho	 no</p><p>processo.	Encontre	um	colega	com	quem	você	possa	conversar	sobre	o	que	está</p><p>acontecendo	agora.	Conte	a	essa	pessoa	a	sua	situação	por	cinco	minutos	e	peça</p><p>cinco	 minutos	 de	 retorno	 e	 discussão.	 Como	 você	 se	 sente	 agora</p><p>(independentemente	do	que	ouviu	como	resposta,	só	por	falar	com	alguém)?	Há</p><p>muitas	maneiras	de	começar	a	colaboração:</p><p>Monte	uma	equipe.</p><p>Crie	uma	comunidade.</p><p>Quais	são	os	diferentes	grupos	envolvidos	no	que	você	está	trabalhando?	Você</p><p>está	conectado	e	conversando	com	todos	eles?	Se	não,	mãos	à	obra.</p><p>Mantenha	um	diário	em	que	você	possa	anotar	as	perguntas	a	quem	você	quer</p><p>pedir	 ajuda	 e	 mantenha-o	 acessível.	 Semanalmente,	 identifique	 algumas</p><p>pessoas	que	podem	ajudá-lo	com	algumas	das	anotações	no	diário	e	entre	em</p><p>contato.	Anote	no	diário	as	respostas	e	resultados	dos	seus	ajudantes.</p><p>Encontre	um	mentor.</p><p>Ligue	para	a	sua	mãe	(ela	adoraria	ouvir	a	sua	voz,	você	sabe	que	sim).</p><p>Se	você	tentar	manter	as	mentalidades	como	orientação	ativa	para	entender</p><p>como	você	está	vivendo	e	usá-las	como	parte	de	sua	implementação	de	design</p><p>de	vida	e	do	seu	processo	de	 inovação,	você	vai	pegar	o	 jeito	muito	 rápido.	É</p><p>uma	 lista	 simples	 e	 não	 é	 preciso	 quase	 nenhum	 esforço	 para	 trazer	 essas</p><p>mentalidades	à	tona	do	seu	pensamento	e	ver	se	elas	podem	servi-lo.	Num	curto</p><p>prazo,	você	adotará	o	uso	de	mentalidades	naturais	e	orgânicas	como	parte	de</p><p>seu	próprio	caminho.</p><p>Só	Mais	Duas	Coisas</p><p>Além	 das	 cinco	 mentalidades,	 há	 mais	 duas	 coisas	 às	 quais	 você	 precisa</p><p>particularmente	prestar	atenção	para	viver	sua	vida	bem	projetada:	sua	bússola</p><p>e	suas	práticas.	Sua	bússola	são	aquelas	grandes	ideias	de	organização	das	suas</p><p>Visões	 de	 Trabalho	 e	 de	 Vida.	 Estas,	 junto	 com	 seus	 valores,	 fornecem	 a</p><p>fundação	 para	 a	 sua	 resposta	 a	 “Como	 vão	 as	 coisas?”.	 Elas	 lhe	 informam	 se</p><p>você	 está	 no	 caminho	 certo	 ou	 se	 está	 descompassado	 com	 você	 mesmo.</p><p>Determinam	se	você	está	vivendo	uma	vida	coerente,	em	que	quem	você	é,	no</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>que	 acredita	 e	 o	 que	 você	 está	 fazendo	 estão	 em	 um	 alinhamento	 adequado.</p><p>Quando	falamos	com	nossos	alunos	dois,	três,	cinco	ou	mais	anos	após	terem	se</p><p>formado	e	deixado	a	nossa	turma,	a	bússola	é	um	dos	exercícios	para	os	quais</p><p>eles	continuam	voltando.	A	maioria	de	nós	sabe	que	nossas	opiniões	principais</p><p>sobre	 estas	 questões	permanecem	bastante	 constantes,	mas	 os	 específicos,	 as</p><p>nuanças	 e	 as	 prioridades	mudam	 e	 é	muito	 útil	 ficar	 atento	 a	 isso.	 A	melhor</p><p>maneira	 de	 saber	 o	 que	 você	 realmente	 pensa	 e	 valoriza	 sobre	 as	 grandes</p><p>questões	 da	 vida	 é	 perguntar	 a	 si	 mesmo	 e	 ver	 o	 que	 você	 tem	 a	 dizer.</p><p>Convidamos	você	a	revisitar	sua	bússola	pelo	menos	anualmente	e	(re)calibrá-</p><p>la.	Isto	irá	ajudá-lo	a	revitalizar	a	criação	de	significado	em	sua	vida.</p><p>Talvez	 a	 recomendação	 mais	 importante	 para	 sustentar	 uma	 vida	 bem</p><p>projetada	 é	 se	 comprometer	 e	 investir	 em	 algumas	 práticas	 pessoais	 das</p><p>variedades	que	descrevemos	no	Capítulo	9.	Em	nossas	próprias	vidas,	nós	dois</p><p>diríamos	 que	 nosso	 crescimento	 nessa	 área	 –	 o	 refinamento	 e	 a	 participação</p><p>disciplinada	nas	práticas	–	foi	a	coisa	mais	revigorante	que	já	fizemos.	Embora	a</p><p>apreciação	do	valor	dessas	práticas	(ioga,	meditação,	escrita/leitura	de	poesia,</p><p>oração	 etc.)	 esteja	 ganhando	 terreno,	 ela	 continua	 a	 ser	 uma	 área	 de	 grande</p><p>fraqueza,	 especialmente	 numa	 sociedade	 moderna.	 As	 culturas	 orientais</p><p>tradicionais	 são	 melhores	 nisso,	 mas,	 francamente,	 quase	 nenhuma	 cultura</p><p>moderna	se	sobressai</p><p>ali.	A	boa	notícia	é	que	até	mesmo	um	pequeno	esforço</p><p>pode	 trazer	 grandes	 resultados.	Ao	 educar	 suas	 emoções	 e	 amadurecer	 o	 seu</p><p>discernimento	 por	 meio	 de	 tais	 práticas,	 você	 estará	 colhendo	 enormes</p><p>benefícios	que	são	acessíveis	quase	diariamente.</p><p>Por	exemplo,	Bill	se	vê	nutrido	por	uma	meditação	matinal	(feita	enquanto	se</p><p>barbeia)	e	pela	afirmação	diária	em	seu	painel	de	saúde:	“Eu	vivo	no	melhor	de</p><p>todos	os	mundos	possíveis.	Tudo	o	que	faço	hoje,	eu	escolho	fazer.”	E	então	ele</p><p>repassa	mentalmente	tudo	que	fará	naquele	dia	e	lembra	que	todas	essas	coisas</p><p>são	coisas	que	ele	coloca	lá,	e	então	as	escolhe	de	novo	antes	de	começar	o	dia.</p><p>Ele	 também	 dedica	 tempo	 significativo	 cada	 semana	 à	 pintura	 e	 ao	 desenho</p><p>para	animar	seu	cérebro	criativo	e	experimentar	a	alegria	pura	da	coisa.	E	ele</p><p>faz	pelo	menos	uma	refeição	complexa,	ou	até	gourmet,	por	semana,	para	fazer</p><p>algo	criativo	que	pode	partilhar	com	os	outros.</p><p>Dave	 busca	 passar	 ao	 menos	 20	 minutos	 por	 dia	 em	meditação	 silenciosa</p><p>(tecnicamente	 “oração	 centralizadora”)	 para	 se	 centrar	 no	 amor	 de	Deus.	 Ele</p><p>também	lê	poesia	pelo	menos	uma	vez	por	semana,	tentando	aprender	a	sentir</p><p>o	poema	em	seu	corpo,	não	apenas	 lê-lo	em	sua	cabeça.	Confia	em	sua	esposa</p><p>erudita,	 Claudia,	 para	 indicar	 leituras,	 já	 que	 ele	 habilmente	 projetou	 um</p><p>casamento	com	um	cônjuge	muito	mais	inteligente.	E	ele	renuncia	à	velocidade</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>e	 emoção	 do	 ciclismo	 de	 estrada	 como	 exercício	 semanal	 para	 caminhar	 nas</p><p>colinas	 por	 pelo	 menos	 seis	 quilômetros	 com	 Claudia	 e	 os	 cães	 e	 para	 se</p><p>tranquilizar	e	ver	a	natureza	mais	intimamente.</p><p>Essas	são	algumas	das	coisas	que	fazemos,	mas	esperamos	que	você	construa</p><p>e	 faça	 o	 protótipo	 do	 seu	 próprio	 conjunto	 de	 práticas	 para	 descobrir	 o	 que</p><p>funciona	para	ajudá-lo	a	viver	a	sua	própria	bem	projetada	vida.</p><p>Então,	Como	Vão	as	Coisas?</p><p>No	início	deste	 livro,	nós	apresentamos	Ellen,	que	gostava	de	rochas,	 Janine,	a</p><p>advogada	à	deriva,	e	Donald,	o	gerente	perdido.	Como	o	design	de	vida	mudou	a</p><p>maneira	 que	 eles	 usavam	 para	 responder	 à	 difícil	 pergunta	 de	 “como	 vão	 as</p><p>coisas?”	para	a	forma	como	eles	respondem	agora?</p><p>Ellen	 sabia	 que	 não	 queria	 ser	 geóloga,	 mas	 também	 sabia	 que	 amava</p><p>algumas	 partes	 do	 que	 aprendeu	 na	 escola,	 especialmente	 a	 organização	 e</p><p>catalogação	que	vêm	com	o	 treino	do	geólogo.	E	 ela	 ainda	gostava	de	pedras,</p><p>especialmente	as	gemas	 finas	usadas	em	 joias.	Então	decidiu	 ficar	boa	em	ser</p><p>sortuda	 e	 começou	 as	 Entrevistas	 do	 Design	 de	 Vida.	 Ela	 descobriu	 que</p><p>empregos	 de	 gerenciamento	 de	 projetos	 exigem	 que	 os	 candidatos	 se</p><p>destaquem	 na	 organização	 e	 categorização	 de	 tarefas	 e	 pessoas.	 Isso	 parecia</p><p>combinar	com	ela.	Depois	de	mais	algumas	entrevistas,	ela	entrou	em	contato</p><p>com	uma	start-up	que	estava	 fazendo,	entre	outras	coisas,	 leilões	de	 joias	on-</p><p>line.	 Seu	 amor	 pelas	 “pedras”	 e	 seu	 talento	 organizacional	 vieram	 à	 tona	 na</p><p>conversa,	 e	 sua	 curiosidade	 sobre	 a	 empresa	 realmente	 se	 destacou.	 A</p><p>Entrevista	do	Projeto	de	Vida	rapidamente	se	transformou	em	uma	entrevista</p><p>de	emprego.	Dois	anos	e	várias	promoções	mais	tarde,	ela	agora	é	a	gerente	de</p><p>contas	para	tudo	que	a	empresa	faz	nos	seus	leilões	de	alta	moda.</p><p>Janine	 realmente	 trabalhou	na	 sua	bússola	 e	 desenvolveu	práticas	pessoais</p><p>que	a	ajudaram	a	reconhecer	e	confiar	na	sua	própria	voz.	Ela	descobriu	que	a</p><p>razão	pela	qual	o	diário	se	tornara	tão	importante	para	ela	era	que	é	escritora	–</p><p>poeta,	 na	 verdade.	 Depois	 de	 trabalhar	 na	 sua	 escrita	 como	 hobby	 por	 um</p><p>tempo,	 ela	 e	 o	 seu	marido	 decidiram	 que	 era	 hora	 de	 ela	 “ir	 fundo”,	 e	 então</p><p>entrou	 em	 um	mestrado	 de	 poesia.	 Começou	 agora	 uma	 nova	 (e	 frugal)	 vida</p><p>como	oradora,	escritora	e	poeta.</p><p>Donald	 usou	 a	 mentalidade	 da	 curiosidade	 para	 reformular	 sua	 queixa	 de</p><p>“por	que	diabos	eu	estou	fazendo	isso?”.	Com	uma	nova	pergunta,	“o	que	é	tão</p><p>interessante	 por	 lá	 que	mantém	 todas	 essas	 pessoas	 vindo	 e	 voltando	 a	 esta</p><p>empresa	dia	após	dia?”,	ele	fez	muitas	entrevistas	com	seus	colegas,	procurando</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>os	 que	 estavam	 realmente	 se	 divertindo	 e	 descobrindo	 o	 que	 diabos	 estavam</p><p>fazendo	 lá.	 Quando	 ele	 combinou	 suas	 percepções	 dessas	 histórias	 com	 os</p><p>resultados	do	seu	Diário	dos	Bons	Momentos,	o	padrão	era	claro.	A	maneira	de</p><p>retomar	energia	era	voltar	a	se	concentrar	nas	pessoas.	Ele	descobriu	que	não</p><p>estava	 no	 lugar	 errado,	 estava	 apenas	 no	 estado	 de	 espírito	 errado.	 Ele	 tinha</p><p>ficado	 tão	 preocupado	 com	 o	 quê	 e	 o	 como	 do	 sucesso	 do	 negócio	 e	 das</p><p>responsabilidades	familiares	que	tinha	esquecido	completamente	o	porquê	e	o</p><p>quem.	 Ele	 se	 reinventou	 sem	 ter	 que	 mudar	 nada	 sobre	 sua	 situação.</p><p>Reformular	 seu	 trabalho	 de	 “terminar	 o	 trabalho”	 para	 “criar	 uma	 cultura</p><p>dinâmica	onde	meus	funcionários	amam	seu	trabalho”	foi	transformador.</p><p>Nem	 Ellen,	 nem	 Janine,	 nem	 Donald	 (nem	 Clara,	 Elise,	 Kurt,	 Chung	 ou...)</p><p>usaram	todas	as	ferramentas,	mas	todos	eles	encararam	o	desafio,	desatolaram-</p><p>se	 e	 construíram	 seu	 caminho.	 Somos	 gratos	 por	 conhecê-los	 e	 ter	 feito	 uma</p><p>pequena	parte	de	suas	vidas.</p><p>Sabemos	que	escrever	um	livro	chamado	O	design	da	sua	vida	dá	a	cada	um</p><p>de	nós	a	oportunidade	de	ser	um	exemplo	vivo	de	como	as	coisas	funcionam	ou</p><p>de	ser	um	grande	hipócrita.	Cada	um	de	nós	colocou	essas	ideias	e	ferramentas</p><p>para	 trabalhar	 diariamente	 e	 estamos	 constantemente	 prototipando	 novas</p><p>maneiras	de	pensar	e	novas	maneiras	de	viver	em	uma	vida	bem	projetada.	Nós</p><p>compartilhamos	com	você	algumas	de	nossas	práticas	diárias	e	o	incentivamos</p><p>a	ir	ao	nosso	site	(www.designingyour.life)	para	uma	lista	completa	de	práticas</p><p>diárias	que	você	pode	experimentar.</p><p>Nossas	vidas	estão	em	constante	evolução	–	de	engenheiros	a	consultores,	a</p><p>professores,	 a	 autores	 –	 e	 a	 cada	 passo	 da	 jornada	 estamos	 constantemente</p><p>gratos	e	perpetuamente	curiosos	para	ver	como	será	nossa	vida	bem	projetada</p><p>da	próxima	vez.</p><p>Ao	longo	deste	livro	compartilhamos	com	você	as	histórias	de	muitas	pessoas</p><p>com	quem	 trabalhamos	e	 aprendemos	no	 caminho.	Embora	nem	 todo	mundo</p><p>esteja	“vivendo	o	sonho”,	podemos	dizer	com	confiança	que	cada	um	de	nossos</p><p>colaboradores	 que	 implementou	 pelo	 menos	 algumas	 dessas	 ferramentas	 e</p><p>ideias,	 senão	 todas,	 realmente	 progrediu	 de	 formas	 que	 nenhum	 deles	 tinha</p><p>experimentado	antes.</p><p>Temos	 uma	 colaboração	 longa	 e	 radical	 com	 milhares	 de	 estudantes	 e</p><p>clientes	que	embarcaram	nesta	jornada	do	design	de	vida	conosco	e	esperamos</p><p>colaborar	com	você.</p><p>Esperamos	que	você	nos	conte	como	está	indo	e,	mais	importante,	esperamos</p><p>que	você	seja	capaz	de	responder	“como	vão	as	coisas?”	satisfatoriamente	para</p><p>você	mesmo.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>O	design	de	vida	é,	em	última	instância,	uma	transformação	no	modo	de	ver	e</p><p>viver	 a	 vida.	 O	 resultado	 final	 de	 uma	 vida	 bem	 projetada	 é	 uma	 vida	 bem</p><p>vivida.</p><p>E,	realmente,	o	que	mais	poderíamos	esperar?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Notas</p><p>Introdução:	Um	Projeto	de	Vida</p><p>1.	 Jon	 Krakower,	 inventor	 da	 configuração	 do	 notebook	 Apple,	 ver	 patente	 europeia	 EP	 0515664	 B1,</p><p>computador	portátil	com	teclado	integrado,	dispositivo	de	controle	de	cursor	e	descanso	para	as	mãos</p><p>e	 Artemis	 March,	 Apple	 PowerBook	 (A):	 Design	 Quality	 and	 Time	 to	 Market,	 Design	 Management</p><p>Institute	Case	Study	9-994-023	(Boston:	Design	Management	Institute	Press,	1994).</p><p>2.	Lindsay	Oishi,	“Enhancing	Career	Development	Agency	in	Emerging	Adulthood:	An	Intervention	Using</p><p>Design	Thinking”,	 tese	de	doutorado,	Graduate	School	of	Education,	Universidade	de	Stanford,	2012.</p><p>TS	 Reilly,	 “Designing	 Life:	 Studies	 of	 Emerging	 Adult	 Development”,	 tese	 de	 doutorado,	 Graduate</p><p>School	of	Education,	Universidade	de	Stanford,	2013.</p><p>3.	Para	saber	mais	sobre	essas	empresas,	visite	http://embraceglobal.org	e	https://d-rev.org.</p><p>4.	William</p><p>parágrafo	 anterior	 possa	 soar	 um	 tanto	 melodramático,	 muitas</p><p>pessoas	 descrevem	 suas	 vidas	 exatamente	 assim.	 Mesmo	 aqueles	 que	 têm	 a</p><p>sorte	de	encontrar	uma	carreira	que	amam	frequentemente	se	veem	frustrados</p><p>e	têm	dificuldade	de	criar	uma	vida	equilibrada.	É	hora	de	pensar	de	outro	jeito</p><p>sobre	tudo.</p><p>O	pensamento	de	design	envolve	algumas	atitudes	bem	simples.	Este	livro	lhe</p><p>ensinará	a	identificá-las	e	usá-las	para	projetar	sua	vida.</p><p>As	 cinco	 atitudes	 que	 irá	 aprender	 para	 projetar	 sua	 vida	 são:	 curiosidade,</p><p>propensão	para	ação,	reformulação,	consciência	e	colaboração	radical.	Essas	são</p><p>as	 suas	 ferramentas	 de	 design	 e,	 com	 elas,	 poderá	 construir	 o	 que	 quiser	 –</p><p>inclusive	uma	vida	que	ame.</p><p>Seja	curioso.	A	curiosidade	torna	tudo	novo,	convida	à	exploração	e	faz	com	que</p><p>qualquer	coisa	fique	mais	divertida.	E,	acima	de	tudo,	a	curiosidade	irá	ajudá-lo</p><p>a	 “ser	 ótimo	 em	 ter	 sorte”.	 Ela	 é	 a	 razão	 pela	 qual	 algumas	 pessoas	 veem</p><p>oportunidades	em	todos	os	lugares.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Experimente.	 Quando	 você	 tem	 propensão	 para	 ação,	 está	 comprometido	 em</p><p>construir	o	seu	caminho	dali	por	diante.	Não	tem	aquela	de	sentar	no	banco	dos</p><p>reservas	e	 ficar	pensando	no	que	 irá	 fazer,	 o	 lance	aqui	 é	 entrar	 em	campo	e</p><p>jogar.	Os	designers	experimentam	e	testam	as	coisas.	Criam	protótipo	atrás	de</p><p>protótipo,	 fracassando	com	frequência,	até	encontrarem	aquilo	que	funciona	e</p><p>resolve	 o	 problema.	 Algumas	 vezes,	 eles	 se	 dão	 conta	 de	 que	 o	 problema	 é</p><p>inteiramente	 diferente	 do	 que	 achavam	 que	 era.	 Os	 designers	 aceitam	 as</p><p>mudanças.	 Eles	 não	 são	 apegados	 a	 um	 objetivo	 em	 particular,	 porque	 estão</p><p>sempre	 focados	no	que	 irá	acontecer	a	 seguir	e	não	em	qual	 será	o	 resultado</p><p>final.</p><p>Reformule	os	problemas.	A	reformulação	é	como	os	designers	saem	de	impasses.</p><p>Além	disso,	a	reformulação	garante	que	eles	estão	tratando	do	problema	certo.</p><p>O	design	de	vida	envolve	algumas	reformulações	principais	que	permitem	que</p><p>você	dê	um	passo	para	trás,	examine	seus	vieses	e	desenvolva	novos	espaços	de</p><p>solução.	 Ao	 longo	 deste	 livro,	 iremos	 reformular	 crenças	 disfuncionais	 que</p><p>impedem	 as	 pessoas	 de	 alcançar	 as	 carreiras	 e	 as	 vidas	 que	 desejam.</p><p>Reformular	é	essencial	para	encontrar	os	problemas	e	as	soluções	certos.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Saiba	que	é	um	processo.	Todos	sabemos	que	a	vida	pode	ficar	confusa.	Às	vezes</p><p>parece	que,	para	cada	passo	adiante,	você	dá	dois	para	trás.	Saiba	que,	ao	longo</p><p>desse	processo,	você	cometerá	erros	e	jogará	fora	protótipos.	Uma	parte	muito</p><p>importante	do	processo	é	abrir	mão	das	coisas	–	da	sua	ideia	inicial	e	daquela</p><p>solução	boa,	mas	não	brilhante.	Projetos	incríveis	podem	nascer	do	caos.	A	mola</p><p>de	brinquedo	Slinky	teve	sua	origem	no	caos,	assim	como	também	o	Teflon,	a</p><p>Super	Bonder,	a	massinha	de	modelar.	Nenhuma	dessas	coisas	existiria	se	um</p><p>designer	não	tivesse	errado	feio.	Quando	aprende	a	pensar	como	um	designer,</p><p>você	 aprende	 a	 ter	 consciência	 do	 processo.	 O	 design	 de	 vida	 é	 uma	 jornada;</p><p>liberte-se	da	meta	final,	concentre-se	no	processo	e	veja	o	que	acontece	a	seguir.</p><p>Peça	 ajuda.	 A	 última	 habilidade	 do	 pensamento	 de	 design	 talvez	 seja	 a	 mais</p><p>importante,	 especialmente	 quando	 se	 trata	 de	 projetar	 a	 sua	 vida:	 é	 a</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>colaboração	radical.	É	simples:	significa	que	você	não	está	sozinho.	Os	melhores</p><p>designers	sabem	que	os	grandes	designs	exigem	colaboração	radical,	precisam</p><p>de	uma	equipe.	Um	pintor	pode	criar	uma	obra	de	arte	sozinho	em	uma	praia</p><p>deserta,	 mas	 um	 designer	 não	 consegue	 criar	 um	 iPhone	 sozinho,	 seja	 numa</p><p>praia	deserta	ou	em	qualquer	outro	lugar.	E	a	sua	vida	está	muito	mais	para	um</p><p>grande	 design	 do	 que	 para	 uma	 obra	 de	 arte,	 portanto,	 você	 também	 não</p><p>conseguirá	 criá-la	 sozinho.	 Você	 não	 precisa	 conceber	 um	 projeto	 de	 vida</p><p>brilhante	por	conta	própria.	O	design	é	um	processo	colaborativo	e	muitas	das</p><p>melhores	ideias	virão	de	outras	pessoas.	Você	precisa	apenas	perguntar	e	saber</p><p>quais	as	perguntas	certas	a	fazer.	Neste	livro,	você	irá	aprender	a	usar	mentores</p><p>e	 comunidades	 de	 apoio	 para	 ajudá-lo	 a	 criar	 o	 seu	 projeto	 de	 vida.	 Quando</p><p>pede	ajuda	ao	mundo,	o	mundo	lhe	estende	as	mãos	de	volta.	E	isso	muda	tudo.</p><p>Em	 outras	 palavras,	 o	 design	 de	 vida,	 como	 todo	 e	 qualquer	 design,	 é	 um</p><p>esporte	coletivo.</p><p>A	Antipaixão	é	a	Nossa	Paixão</p><p>Muitas	 pessoas	 seguem	 a	 crença	 disfuncional	 de	 que	 só	 precisam	 encontrar</p><p>aquilo	que	desperta	sua	paixão.	Sabendo	qual	é	sua	paixão,	tudo	vai	dar	certo,</p><p>como	por	mágica.	Nós	não	gostamos	dessa	noção	por	uma	razão	muito	boa:	a</p><p>maioria	das	pessoas	não	sabe	qual	é	a	sua	paixão.</p><p>O	 nosso	 colega	 William	 Damon,	 diretor	 do	 Centro	 de	 Adolescência	 de</p><p>Stanford,	descobriu	que	só	um	em	cada	cinco	jovens	entre	as	idades	de	12	e	26</p><p>anos	tem	uma	noção	clara	de	que	caminho	querem	ir,	do	que	querem	conseguir</p><p>na	 vida	 e	 do	 porquê.[4]	 A	 nossa	 experiência	 sugere	 também	 que	 80%	 das</p><p>pessoas	–	de	qualquer	idade	–	não	sabem	ao	certo	o	que	as	apaixona.</p><p>Portanto,	as	conversas	com	os	orientadores	vocacionais	frequentemente	são</p><p>assim:</p><p>Orientador	Vocacional:	“O	que	mais	o	apaixona?”</p><p>Candidato	a	Emprego:	“Não	faço	ideia.”</p><p>Orientador	Vocacional:	“Bem,	volte	quando	souber.”</p><p>Alguns	 orientadores	 vocacionais	 submetem	 os	 participantes	 a	 testes	 para</p><p>avaliar	 seus	 interesses	 e	 pontos	 fortes	 ou	 para	 sondar	 suas	 habilidades,	mas</p><p>todo	mundo	que	 fez	um	desses	 testes	sabe	que	as	conclusões	 frequentemente</p><p>não	são	nada	conclusivas.	Além	do	mais,	não	é	útil	saber	que	você	pode	ser	um</p><p>piloto,	 um	 engenheiro	 ou	 um	 ascensorista.	 Portanto,	 não	 somos	 muito</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>apaixonados	 por	 encontrar	 sua	 paixão	 –	 na	 verdade,	 acreditamos	 que	 as</p><p>pessoas	 precisam	 de	 tempo	 para	 desenvolvê-la.	 As	 pesquisas	 mostram	 que,</p><p>para	a	maioria	das	pessoas,	a	paixão	aparece	após	experimentarem	algo	de	que</p><p>gostam	e	adquirirem	alguma	destreza	no	assunto,	não	antes.	Em	suma:	a	paixão</p><p>é	o	resultado,	não	a	causa,	de	um	bom	projeto	de	vida.</p><p>A	 maioria	 dessas	 pessoas	 não	 é	 apaixonada	 por	 uma	 única	 coisa,	 um</p><p>motivador	que	guia	todas	as	decisões	de	suas	vidas	e	incute	cada	momento	com</p><p>propósito	 e	 significado.	 Se	 você	 descobriu	 que	 estudar	 os	 hábitos	 de</p><p>acasalamento	e	a	evolução	de	moluscos	do	período	Cambriano	até	o	presente	é</p><p>o	seu	propósito	na	vida,	parabéns.	Charles	Darwin	passou	39	anos	estudando</p><p>minhocas;	parabéns	para	ele.	O	que	não	parabenizamos	é	o	método	de	projeto</p><p>de	 vida	 que	 exclui	 80%	 da	 população.	 Na	 verdade,	 a	maioria	 das	 pessoas	 se</p><p>entusiasma	 por	 muitas	 coisas	 diferentes	 e	 a	 única	 maneira	 de	 saber	 o	 que</p><p>querem	 seguir	 é	 prototipar	 algumas	 vidas	 possíveis,	 experimentá-las	 e</p><p>entender	 o	 que	 realmente	 faz	 sentido.	 Falamos	 sério	 aqui:	 você	 não	 precisa</p><p>saber	qual	é	a	sua	paixão	para	projetar	a	vida	que	ama.	Quando	souber	como</p><p>prototipar	 a	 jornada	 adiante,	 você	 estará	 a	 caminho	 de	 descobrir	 o	 que</p><p>realmente	ama,	tendo	ou	não	uma	paixão.</p><p>Uma	Vida	Bem	Projetada</p><p>Uma	vida	bem	projetada	é	uma	vida	que	faz	sentido.	É	uma	vida	na	qual	quem</p><p>você	é,	aquilo	em	que	acredita	e	o	que	pratica	são	alinhados.	Quando	tem	uma</p><p>vida	 bem	 projetada	 e	 alguém	 lhe	 pergunta	 como	 vão	 as	 coisas,	 você	 tem	 a</p><p>resposta.	Pode	dizer	àquela	pessoa	que	sua	vida	vai	muito	bem	e	pode	explicar</p><p>como	 e	 por	 quê.	 Uma	 vida	 bem	 projetada	 é	 um	 maravilhoso	 portfólio	 de</p><p>experiências,	 de	 aventuras,	 de	 fracassos	que	 lhe	 ensinaram	 lições	 valiosas,	 de</p><p>dificuldades	 que	 o	 fortaleceram	 e	 o	 ajudaram	 a	 se	 conhecer	 melhor	 e	 de</p><p>realizações	e	conquistas.	Vale	a	pena	enfatizar	que	os	fracassos	e	as	tribulações</p><p>fazem	parte	de	cada	vida,	mesmo	aquelas	bem	projetadas.</p><p>Vamos	ajudá-lo	a	entender	o	que	significa	uma	vida	bem	projetada	para	você.</p><p>Nossos	alunos	e	clientes	dizem	que	é	bem	divertido.	Também	dizem	que	é	cheio</p><p>de	surpresas.	Podemos	assegurar</p><p>Damon,	The	Path	 to	Purpose:	How	Young	People	Find	Their	Calling	 in	Life	 (Nova	York:	Free</p><p>Press,	2009).</p><p>2.	Construindo	Uma	Bússola</p><p>1.	Nós	tiramos	muitas	de	nossas	 ideias	e	exercícios	do	trabalho	do	movimento	da	psicologia	positiva	e</p><p>especialmente	da	obra	de	Martin	Seligman.	A	noção	de	que	“as	pessoas	que	podem	fazer	uma	conexão</p><p>explícita	entre	seu	trabalho	e	algo	socialmente	significativo	para	elas	são	mais	propensas	a	encontrar</p><p>satisfação	 e	 são	mais	 capazes	de	 se	 adaptar	 às	 inevitáveis	 tensões	 e	 compromissos	que	 vêm	 com	o</p><p>trabalho	no	mundo”	é	uma	das	ideias	mais	importantes	do	livro	de	Seligman	Flourishing:	A	Visionary</p><p>New	Understanding	of	Happiness	and	Well-Being	(Nova	York:	Atria	Books,	2012).</p><p>3.	Achando	o	Seu	Caminho</p><p>1.	Para	mais	informações	sobre	o	conceito	de	fluxo,	veja	Flow:	The	Psychology	of	Optimal	Experience	por</p><p>Mihaly	Csikszentmihalyi	(Nova	York	Harper	Perennial,	2008).</p><p>2.	Veja	a	palestra	de	Suzana	Herculano-Houzel	no	TED	Talk,	“What	is	so	special	about	the	human	brain”</p><p>https://www.ted.com/talks/suzana_herculano_houzel_what_is_so_special_about_the_human_brain	 e</p><p>Nikhil	Swaminathan,	“Why	Does	the	Brain	Needs	so	Much	Power?”	Scientific	American,	29	de	abril	de</p><p>2008,	http://www.scientificamerican.com/article/why-does-the-brain-need-s/.</p><p>3.	 A	 estrutura	 AEIOU	 vem	 de	 Dev	 Patnaik,	 Needfinding:	 Design	 Research	 and	 Planning	 (Amazon’s</p><p>CreateSpace	Plataforma	de	Publicações	Independentes,	2013).</p><p>5.	Projete	Suas	Vidas</p><p>1.	Steven	P.	Dow,	Alana	Glassco,	Jonathan	Kass,	Melissa	Schwarz,	Daniel	L.	Schwartz	e	Scott	R.	Klemmer,</p><p>“Parallel	 Prototyping	 Leads	 to	 Better	Design	 Results,	More	Divergence,	 and	 Increased	 Self-Efficacy”</p><p>ACM	Transactions	on	Computer-Human	Interactions	17,	no.	4	(dez.	2010).</p><p>2.	 Além	 de	Homero	 e	 dos	 gregos,	 pedimos	 emprestado	 o	 termo	 “Anos	 de	 Odisseia”	 de	 David	 Brooks,</p><p>notável	colunista	do	New	York	Times.	 Em	sua	 coluna	de	9	de	outubro	de	2007,	Brooks	descrevia	 as</p><p>novas	realidades	dos	americanos	de	22	a	35	anos	de	idade	ao	dizer:	“Com	um	pouco	de	imaginação	é</p><p>possível	 mesmo	 para	 baby	 boomers	 entender	 o	 que	 é	 estar	 no	 meio	 dos	 anos	 de	 odisseia	 [itálicos</p><p>adicionados].	É	possível	 ver	este	período	de	 improvisação	como	uma	resposta	 sensata	às	 condições</p><p>atuais.”	 David	 Brooks,	 “The	 Odyssey	 Years,”	 The	 Opinion	 Pages,	New	 York	 Times	 October	 9,	 2007,</p><p>http://www.nytimes.com/2007/10/09/opinion/09brooks.html?_r=0.</p><p>7.	Como	Não	Conseguir	Um	Emprego</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>1.	 A	 partir	 de	 um	 relatório	 de	 2015,	 The	 Recruitment	 Power	 Shift:	 How	 Candidates	 are	 Powering	 the</p><p>Economy,	 no	 CareerBuilder,	 que	 pode	 ser	 encontrado	 em</p><p>http://careerbuildercommunications.com/candidatebehavior/.</p><p>8.	Projetando	o	Emprego	dos	Sonhos</p><p>1.	https://test.naceweb.org/press/faq.aspx.</p><p>9.	Escolhendo	Ser	Feliz</p><p>1.	 Peter	 Salovey	 e	 John	 D.	 Mayer,	 “Emotional	 Intelligence”,	 Imagination,	 Cognition	 and	 Personality	 9</p><p>(1990):	185-211.</p><p>2.	Dan	Goleman	é	o	 autor	de	Emotional	 Intelligence	 (Nova	 York:	 Bantam,	 1995)	 e	 da	 sequência	Social</p><p>Intelligence:	The	New	Science	of	Human	Relationships	(Nova	York:	Bantam,	2006)	de	onde	extraímos	a</p><p>noção	da	“sabedoria	das	emoções”.	Para	um	interessante	e	informativo	resumo	destas	ideias,	acesse	a</p><p>página	 de	 Palestras	 de	 Inteligência	 Social	 de	 Dan	 em	 https://www.youtube.com/watch?v=-</p><p>hoo_dIOP8k</p><p>3.	Para	saber	mais	sobre	as	ideias	de	Dan	Gilbert	sobre	“sintetizar	a	felicidade”	assista	a	sua	Palestra	TED</p><p>“The	 Surprising	 Science	 of	 Happiness”</p><p>http://www.ted.com/talks/dan_gilbert_asks_why_are_we_happy	e	leia	Stumbling	on	Happiness	 (Nova</p><p>York:	Knopf,	2006).</p><p>4.	Para	 saber	mais	 sobre	as	 ideias	de	Barry	Schwartz	 sobre	escolhas,	 assista	a	 sua	Palestra	TED,	 ”The</p><p>Paradox	 of	 Choice?”	 https://www.ted.com/talks/barry_schwartz_on_the_paradox_of_choice?</p><p>language=en.</p><p>10.	Imunidade	ao	Fracasso</p><p>1.	Os	estudos	de	Angela	Duckworth	sobre	a	perseverança	e	o	autocontrole	estão	resumidos	em	um	ótimo</p><p>artigo:	Daniel	 J.	Tomasulo,	 “Grit:	What	 Is	 It	 and	Do	You	Have	 It?”	Psychology	Today,	 8	de	 janeiro	de</p><p>2014,	 https://www.psychologytoday.com/blog/the-healing/201401/grit-what-is-it-and-do-you-</p><p>have-it.</p><p>2.	James	P.	Carse,	Finite	and	Infinite	Games	(Nova	York:	Free	Press,	1986).</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Os	Autores</p><p>Bill	 Burnett	 é	 diretor	 do	 curso	 de	 graduação	 e	 pós-graduação	 em	 design	 em</p><p>Stanford.	 Em	 seu	 currículo,	 constam	 os	 projetos	 do	 premiado	 Powerbook	 da</p><p>Apple	e	dos	action	 figures	da	 franquia	Star	Wars	da	Hasbro,	além	de	diversas</p><p>patentes	mecânicas	e	de	design.</p><p>Dave	Evans	é	professor	adjunto	do	curso	de	Design	de	Produto	da	Stanford	e	foi</p><p>um	dos	cofundadores	da	Electronic	Arts,	após	uma	passagem	pela	Apple.	Além</p><p>de	 sua	 carreira	 acadêmica,	 Evans	 também	 presta	 consultoria	 para	 diversas</p><p>empresas	start-up	da	Internet.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Introdução: Um Projeto de Vida</p><p>1. Comece de Onde Está</p><p>2. Construindo Uma Bússola</p><p>3. Achando Seu Caminho</p><p>4. Desempacar</p><p>5. Projete Suas Vidas</p><p>6. Prototipagem</p><p>7. Como Não Conseguir Um Emprego</p><p>8. Projetando o Emprego dos Sonhos</p><p>9. Escolhendo Ser Feliz</p><p>10. Imunidade ao Fracasso</p><p>11. Montando Uma Equipe</p><p>Conclusão: Uma Vida Bem Projetada</p><p>Notas</p><p>Os Autores</p><p>que	às	vezes	estará	bem	longe	da	sua	zona	de</p><p>conforto.	 Vamos	 fazer	 pedidos	 que	 podem	 parecer	 estranhos	 ou	 pelo	 menos</p><p>diferentes	do	que	lhe	foi	ensinado	lá	no	passado.</p><p>Curiosidade</p><p>Propensão	para	Ação</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Reformulação</p><p>Consciência</p><p>Colaboração	Radical</p><p>O	que	acontece	quando	você	 faz	 isso	 tudo?	O	que	acontece	quando	você	 se</p><p>engaja	 no	 projeto	 de	 vida?	Na	 verdade,	 algo	 bem	 extraordinário	 acontece.	 As</p><p>coisas	que	deseja	começam	a	aparecer	em	sua	vida.	Você	começa	a	ouvir	falar</p><p>de	 oportunidades	 de	 emprego	 com	 as	 quais	 andava	 sonhando.	 Pessoas	 com</p><p>quem	 você	 quer	 se	 encontrar	 por	 acaso	 estão	 na	 sua	 cidade.	 O	 que	 está</p><p>acontecendo?	Para	 começo	de	 conversa,	 é	 aquela	 coisa	de	 “ser	bom	de	 sorte”</p><p>que	 mencionamos	 antes,	 uma	 soma	 de	 curiosidade	 e	 consciência	 e	 uma</p><p>consequência	 do	 uso	 das	 cinco	 habilidades.	 Além	 disso,	 o	 processo	 de</p><p>descoberta	de	quem	você	é	e	do	que	deseja	tem	um	efeito	extraordinário	em	sua</p><p>vida.	 Precisará	 de	 esforço	 e	 ação,	 sem	 dúvida,	 mas,	 surpreendentemente,</p><p>parecerá	que	todos	estão	conspirando	para	ajudá-lo.	E,	por	 ter	consciência	do</p><p>processo,	você	irá	se	divertir	muito	ao	longo	do	caminho.</p><p>Estaremos	com	você	durante	todo	o	processo	para	guiá-lo,	para	desafiá-lo.	Nós</p><p>lhe	 daremos	 as	 ideias	 e	 ferramentas	 de	 que	 necessita	 para	 projetar	 sua</p><p>trajetória.	 Vamos	 ajudá-lo	 a	 encontrar	 seu	 próximo	 emprego.	 Sua	 próxima</p><p>carreira.	Sua	próxima	mudança.	Vamos	ajudá-lo	a	projetar	sua	vida:	uma	vida</p><p>que	ama.</p><p>*	 A	 trackball	 é	 um	 periférico	 de	 entrada	 semelhante	 ao	mouse.	 Nele,	 o	 usuário	 deve	manipular	 uma</p><p>esfera	para	mover	o	cursor	na	tela.	(N.	da	T.)</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>O	Design</p><p>da	Sua	Vida</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>H</p><p>1</p><p>Comece	de	Onde	Está</p><p>á	 uma	 placa	 no	 estúdio	 de	 design	 em	 Stanford	 que	 diz	Você	 Está	 Aqui.</p><p>Nossos	alunos	adoram	essa	placa.	É	um	tanto	esclarecedora.	Não	importa</p><p>de	onde	você	veio,	aonde	pensa	ir,	qual	a	carreira	ou	o	emprego	que	seguiu	ou</p><p>acha	que	deveria	seguir.	Você	não	está	atrasado	ou	adiantado.	O	pensamento	de</p><p>design	 pode	 ajudá-lo	 a	 construir	 seu	 caminho	 de	 qualquer	 ponto	 de	 partida,</p><p>independentemente	 de	 qual	 problema	 de	 design	 você	 está	 enfrentando.	 No</p><p>entanto,	antes	de	descobrir	em	qual	direção	seguir,	você	precisa	saber	onde	está</p><p>situado	 e	 quais	 problemas	 de	 design	 está	 tentando	 resolver.	 Como	 já</p><p>demonstramos,	 designers	 adoram	 problemas,	 e,	 quando	 pensa	 como	 um</p><p>designer,	 você	 aborda	 os	 problemas	 com	 uma	 mentalidade	 totalmente</p><p>diferente.	Designers	 adoram	o	que	 chamam	de	problemas	perversos.	Não	 são</p><p>“perversos”	 por	 serem	malignos	 ou	 fundamentalmente	 ruins,	 mas	 por	 serem</p><p>resistentes	a	uma	solução.	Encaremos:	você	não	está	lendo	este	livro	por	ter	as</p><p>respostas,	por	estar	no	seu	emprego	ideal	e	ter	uma	vida	com	mais	propósito	e</p><p>significado	do	que	pode	imaginar.	Em	algum	lugar,	em	alguma	área	da	sua	vida,</p><p>você	está	emperrado.</p><p>Você	tem	um	problema	perverso.</p><p>E	este	é	um	maravilhoso	ponto	de	partida.</p><p>Encontrar	Problema	+	Resolver	Problema	=	Vida	Bem	Projetada</p><p>No	pensamento	de	design,	nós	colocamos	tanta	ênfase	na	busca	do	problema</p><p>quanto	em	sua	solução.	Afinal	de	contas,	que	sentido	faz	trabalhar	no	problema</p><p>errado?	 Salientamos	 isso	 porque	 na	 verdade	 não	 é	 tão	 fácil	 assim	 entender</p><p>quais	são	os	nossos	problemas.	Às	vezes	achamos	que	precisamos	de	um	novo</p><p>patrão	ou	um	novo	emprego,	mas	com	frequência	não	sabemos	o	que	funciona</p><p>ou	não	em	nossas	vidas.	Muitas	vezes	abordamos	os	problemas	como	se	fossem</p><p>casos	 de	 adição	 ou	 subtração.	 Queremos	 adquirir	 algo	 (adicionar)	 ou	 perder</p><p>algo	 (subtrair).	 Queremos	 adquirir	 um	 emprego	melhor,	 mais	 dinheiro,	 mais</p><p>sucesso,	mais	equilíbrio	ou	perder	dez	quilos,	infelicidade,	dor.	Ou	podemos	ter</p><p>só	uma	vaga	sensação	de	descontentamento,	ou	de	querermos	algo	a	mais	ou</p><p>algo	diferente.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Normalmente,	 definimos	 nosso	 problema	 pela	 carência	 de	 algo,	 mas	 nem</p><p>sempre.	A	questão	é	a	seguinte:</p><p>Você	tem	problemas.</p><p>Seus	amigos	têm	problemas.</p><p>Todos	nós	temos	problemas.</p><p>Às	vezes	esses	problemas	têm	a	ver	com	trabalho,	às	vezes	com	a	 família,	a</p><p>saúde,	 o	 amor,	 o	 dinheiro	 ou	 qualquer	 combinação	 dessas	 coisas.	 Às	 vezes</p><p>nossos	 problemas	 parecem	 tão	 complicados	 que	 nem	 tentamos	 resolvê-los.</p><p>Vamos	 vivendo	 com	 eles,	 como	 um	 colega	 de	 quarto	 irritante	 de	 quem	 nos</p><p>queixamos,	mas	que	não	conseguimos	despejar.	Os	nossos	problemas	se	tornam</p><p>a	nossa	história,	e	podemos	ficar	presos	nas	histórias.	Decidir	quais	problemas</p><p>resolver	é	uma	das	decisões	mais	 importantes	que	você	pode	tomar,	porque	é</p><p>possível	perder	anos	(ou	a	vida	inteira)	no	problema	errado.</p><p>Dave	 teve	 um	 problema	 uma	 vez.	 Ok,	 ele	 teve	 muitos	 problemas	 e</p><p>poderíamos	 até	 dizer	 que	 este	 livro	 inteiro	 foi	 inspirado	 na	 sua	 espantosa</p><p>inépcia,	mas	este	problema	em	particular	o	prendeu	por	anos.</p><p>Dave	começou	a	estudar	em	Stanford	no	curso	de	biologia,	mas	percebeu	logo</p><p>que	não	só	detestava	biologia,	como	também	estava	indo	horrivelmente	mal.	Ele</p><p>tinha	acabado	a	escola	acreditando	que	seu	destino	seria	o	de	biólogo	marinho</p><p>pesquisador	 de	 campo.	 Havia	 duas	 pessoas	 responsáveis	 por	 esta	 versão</p><p>particular	do	sonho	de	Dave:	Jacques	Cousteau	e	a	sra.	Strauss.</p><p>Cousteau	 foi	 seu	 herói	 de	 infância.	 Ele	 assistiu	 a	 todos	 os	 episódios	 de	 O</p><p>mundo	submarino	de	Jacques	Cousteau	e	secretamente	imaginava	que	tinha	sido</p><p>ele	 o	 inventor	 do	 tanque	 respiratório	 Aqua-Lung,	 não	 Jacques.	 Dave	 também</p><p>gostava	muito	 de	 focas,	 tanto	 que	 acabou	 achando	 que	 a	 coisa	mais	 legal	 do</p><p>mundo	seria	ser	pago	para	trabalhar	com	focas.	Ele	também	queria	saber	se	as</p><p>focas	acasalavam	no	mar	ou	em	terra	(só	com	o	nascimento	do	Google	muitos</p><p>anos	depois	é	que	ele	aprendeu	que	a	maioria	das	espécies	acasala	em	terra).</p><p>Sua	 segunda	 razão	 para	 tornar-se	 biólogo	 marinho	 tinha	 a	 ver	 com	 a	 sra.</p><p>Strauss,	sua	professora	de	biologia	no	ensino	médio.	Dave	ia	bem	em	todas	as</p><p>matérias	da	escola,	mas	biologia	era	a	sua	disciplina	favorita.	Por	quê?	Porque	a</p><p>sra.	 Strauss	 era	 sua	 professora	 favorita.	 Ela	 fazia	 a	 biologia	 parecer	 muito</p><p>interessante;	era	uma	ótima	professora.	Mas	Dave	percebeu	erroneamente	uma</p><p>correlação	 entre	 o	 ensino	 competente	 e	 a	matéria	 do	 seu	 interesse.	 Se	 o	 seu</p><p>professor	de	educação	física	fosse	tão	bom	quanto	a	sra.	Strauss,	Dave	acabaria</p><p>pensando	que	o	seu	destino	seria	pendurar	um	apito	no	pescoço	e	defender	a</p><p>prática	do	jogo	de	queimado	no	escritório.</p><p>Portanto,	 a	 união	 profana	 entre	 Jacques	 Cousteau	 e	 a	 sra.	 Strauss	 acabou</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>custando	a	Dave	dois	anos	de	esforço	no	problema	errado.	O	problema	que	ele</p><p>pensou	estar	resolvendo	era	o	de	como	tornar-se	um	biólogo	marinho	ou,	mais</p><p>concretamente,	 como	 herdar	 o	 Calypso	 de	 Cousteau,	 quando	 este	 morresse.</p><p>Dave	começou	a	 faculdade	com	a	firme	convicção	de	que	seu	futuro	estava	na</p><p>biologia	marinha;	mas,	como	Stanford	não	tinha	um	curso	específico	de	biologia</p><p>marinha,	ele	decidiu	estudar	biologia	no	geral.	Detestou.	Na	época,	as	aulas	de</p><p>biologia	 consistiam	 principalmente	 de	 bioquímica	 e	 biologia	 molecular.	 Os</p><p>estudantes	de	medicina	estavam	arrasando	na	aula,	mas	Dave	não.	Estava	sendo</p><p>destruído	academicamente,	assim	como	estava	destruindo	seu	sonho	de	um	dia</p><p>ser	pago	para	brincar	com	as	focas	e	falar	com	um	sotaque	francês.</p><p>Ele	decidiu	então	que,	para	resolver	este	problema	de	detestar	biologia	e	ter</p><p>notas	horríveis,	 tudo	de	que	precisava	 fazer	era	praticar	um	pouco	de	ciência</p><p>verdadeira:	a	pesquisa	em	um	laboratório	de	biologia	o	aproximaria	dos	hábitos</p><p>de	acasalamento	das	focas.	Arranjou	um	jeito	de	participar	de	uma	pesquisa	de</p><p>RNA,	mas	na	prática	só	limpava	tubos	de	testes.	Era	terrivelmente	maçante	e	ele</p><p>se	sentia	ainda	pior.</p><p>Trimestre	 atrás	 de	 trimestre,	 os	 monitores	 de	 biologia	 e	 os	 técnicos	 de</p><p>laboratório	 lhe</p><p>perguntavam	 por	 que	 estava	 se	 formando	 em	 biologia.	 Dave</p><p>então	 começava	 a	 falar	 sobre	 Cousteau,	 a	 sra.	 Strauss	 e	 as	 focas,	 mas	 eles	 o</p><p>interrompiam	para	dizer:	“Você	não	é	bom	em	biologia.	Você	nem	gosta	disso.</p><p>Você	só	 faz	reclamar	e	encher	o	saco.	Você	devia	 largar.	Você	devia	mudar	de</p><p>curso.	Você	só	é	bom	em	discutir,	talvez	você	devesse	virar	advogado.”</p><p>Apesar	 de	 um	 tsunâmi	 de	 reações	 negativas,	 Dave	 persistiu,	 continuando	 a</p><p>trabalhar	no	 “problema”	de	melhorar	as	notas	em	biologia,	porque	 tinha	uma</p><p>ideia	 fixa	 sobre	 seu	 destino.	 Estava	 tão	 concentrado	 na	 questão	 que	 jamais</p><p>encarou	o	verdadeiro	problema:	que	ele	não	deveria	estudar	biologia	e	que	esta</p><p>sua	ideia	de	destino	estava	errada	desde	o	princípio.</p><p>Nossa	experiência,	tendo	passado	horas	atendendo	os	alunos,	mostra	que	as</p><p>pessoas	perdem	muito	 tempo	no	problema	errado.	Com	sorte,	se	darão	muito</p><p>mal	 logo	 e	 serão	 obrigadas	 pelas	 circunstâncias	 a	 trabalhar	 em	 problemas</p><p>melhores.	 Se	 tiverem	 pouca	 sorte	 e	 forem	 espertas,	 terão	 sucesso	 –	 o	 que</p><p>chamaremos	 de	 sucesso	 desastroso	 –	 e	 acordarão	 dez	 anos	 depois	 se</p><p>perguntando	como	chegaram	aqui	e	por	que	são	assim	tão	infelizes.</p><p>O	fracasso	de	Dave	como	biólogo	marinho	foi	tão	profundo	que	ele	não	teve</p><p>outra	saída	senão	admitir	a	derrota	e	mudar	de	curso.	Foram	dois	anos	e	meio</p><p>para	 lidar	 com	 um	 problema	 que	 ficou	 bem	 claro	 aos	 demais	 após	 duas</p><p>semanas.	 Finalmente,	 transferiu	 a	 matrícula	 para	 engenharia	 mecânica,	 onde</p><p>teve	sucesso	e	foi	feliz.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Ainda	guarda,	no	entanto,	a	esperança	de	um	dia	poder	brincar	com	as	focas.</p><p>A	Mentalidade	do	Iniciante</p><p>Se	Dave	soubesse	pensar	como	um	designer	ainda	na	escola,	 teria	abordado	o</p><p>problema	do	seu	curso	universitário	com	uma	mentalidade	de	iniciante.	Em	vez</p><p>de	supor	que	sabia	as	respostas	antes	de	formular	as	perguntas,	ele	teria	sido</p><p>curioso.	 Ele	 teria	 entrevistado	 alguns	 biólogos	 marinhos	 para	 saber	 o	 que</p><p>exatamente	 fazem	 esses	 biólogos.	 Ele	 teria	 ido	 ao	Hopkins	Marine	 Station	 de</p><p>Stanford,	 perto	 do	 campus	 da	 faculdade,	 e	 perguntado	 como	 trabalhar	 em</p><p>biologia	 marinha	 com	 um	 diploma	 em	 bioquímica.	 Ele	 teria	 tentado	 coisas</p><p>novas.	 Por	 exemplo,	 poderia	 ter	 passado	 algum	 tempo	 em	 mar	 aberto	 e</p><p>descobrir	se	era	mesmo	como	o	que	via	na	televisão.	Poderia	ter	sido	voluntário</p><p>em	um	navio	de	pesquisa,	até	mesmo	ter	passado	algum	tempo	perto	de	focas</p><p>na	 vida	 real.	 Em	vez	 disso,	 começou	 a	 faculdade	 com	 a	 cabeça	 feita	 e	 acabou</p><p>aprendendo	da	maneira	mais	difícil	que	talvez	a	sua	primeira	ideia	não	tivesse</p><p>sido	a	melhor.</p><p>Não	 é	 assim	 com	 todo	 mundo?	 Com	 que	 frequência	 nos	 apaixonamos	 por</p><p>nossa	 primeira	 ideia	 e	 depois	 nos	 recusamos	 a	 abandoná-la,	 mesmo	 que	 dê</p><p>muito	 errado?	Mais	 importante,	 será	 boa	 ideia	 deixar	 que	 a	 nossa	 versão	 de</p><p>dezessete	 anos,	 empolgada	mas	 equivocada,	 determine	 o	 que	 faremos	 para	 o</p><p>resto	 de	 nossas	 vidas?	 E	 agora?	 Quantas	 vezes	 apostamos	 na	 nossa	 primeira</p><p>ideia	sem	 fazer	as	perguntas	necessárias,	 achando	que	sabemos	as	 respostas?</p><p>Com	que	frequência	paramos	para	pensar	se	estamos	trabalhando	no	problema</p><p>certo?</p><p>“Eu	preciso	de	um	emprego	melhor”	não	é	 a	 solução	 se	o	problema	é	 “Não</p><p>estou	 feliz	 trabalhando	e	prefiro	 ficar	em	casa	com	as	crianças”.	Cuidado	com</p><p>começar	a	trabalhar	em	um	ótimo	problema	que	não	é	o	problema	certo,	não	é	o</p><p>seu	problema.	Você	não	resolve	um	problema	de	casamento	no	escritório	ou	um</p><p>problema	 de	 trabalho	 com	 uma	 nova	 dieta.	 Parece	 óbvio,	 mas,	 como	 Dave,</p><p>podemos	perder	muito	tempo	trabalhando	no	problema	errado.</p><p>Temos	 também	a	 tendência	 a	 nos	 prender	 ao	que	 chamamos	de	problemas</p><p>gravitacionais.</p><p>“Estou	com	este	grande	problema	e	não	sei	o	que	fazer	a	respeito.”</p><p>“Poxa,	Jane,	qual	é	o	problema?”</p><p>“É	a	gravidade.”</p><p>“Gravidade?”</p><p>“É	 –	 está	me	 deixando	maluca!	 Sinto-me	 cada	 vez	mais	 pesada.	 Estou	 com</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>dificuldade	 para	 pedalar	 a	 bicicleta	 em	 subidas.	 Está	 sempre	 assim,	 não	 vai</p><p>embora.	Não	sei	o	que	fazer.	Você	pode	me	ajudar?”</p><p>Este	 exemplo	 pode	 parecer	 bobo,	 mas	 ouvimos	 versões	 diferentes	 destas</p><p>“questões	gravitacionais”	o	tempo	todo.</p><p>“Poetas	 não	 ganham	 dinheiro	 suficiente	 em	 nossa	 cultura.	 Não	 são</p><p>respeitados	como	deveriam.	O	que	posso	fazer?”</p><p>“A	 empresa	para	 a	 qual	 trabalho	 é	da	mesma	 família	 há	 cinco	 gerações.	De</p><p>jeito	 nenhum	 eu,	 vindo	 de	 fora,	 posso	 me	 tornar	 um	 executivo.	 O	 que	 posso</p><p>fazer?”</p><p>“Estou	desempregado	há	 cinco	 anos.	 Vai	 ser	 bem	mais	 difícil	 conseguir	 um</p><p>emprego	e	isso	é	injusto.	O	que	posso	fazer?”</p><p>“Eu	quero	voltar	para	a	 faculdade	para	estudar	medicina,	mas	 isso	 leva	uns</p><p>dez	anos,	e	não	quero	 investir	 tanto	 tempo	nesta	altura	da	minha	vida.	O	que</p><p>posso	fazer?”</p><p>Estes	 são	 todos	problemas	gravitacionais,	ou	 seja,	não	 são	problemas	 reais.</p><p>Por	quê?	Porque	se	não	é	acionável	não	é	um	problema.	Vamos	repetir.	Se	não	é</p><p>acionável,	não	é	um	problema.	É	uma	situação,	uma	circunstância,	um	 fato	da</p><p>vida.	Pode	ser	chato,	mas,	como	a	gravidade,	não	é	um	problema	que	se	possa</p><p>resolver.</p><p>Aqui	 vai	 uma	 dica	 que	 vai	 lhe	 economizar	 bastante	 tempo:	 meses,	 anos,</p><p>décadas.	Tem	a	ver	com	a	realidade.	As	pessoas	lutam	contra	a	realidade.	Lutam</p><p>com	unhas	 e	 dentes	 com	 toda	 sua	 energia.	 E	 todas	 as	 vezes	 que	discutem	ou</p><p>brigam	com	a	realidade,	a	realidade	vence.	Não	se	pode	ser	mais	esperto	do	que</p><p>ela.	Não	se	pode	enganá-la.	Não	se	pode	dobrá-la	à	nossa	vontade.</p><p>Nem	agora,	nem	nunca.</p><p>Um	Anúncio	de	Interesse	Público	Sobre	Gravidade	e</p><p>Serviço	Público</p><p>Você	já	ouviu	a	expressão	“Não	se	pode	lutar	contra	o	sistema”?	É	o	velho	ditado</p><p>dos	problemas	de	gravidade.	Todo	mundo	sabe	que	não	se	pode	lutar	contra	o</p><p>sistema.	 Você	 pode	 responder:	 “Ei!	 Claro	 que	 pode!	Martin	 Luther	King	 lutou</p><p>contra	o	sistema.	O	meu	amigo	Phil	lutou	contra	o	sistema.	Precisamos	de	mais</p><p>gente	lutando	contra	o	sistema,	não	menos!	Você	está	nos	dizendo	para	desistir</p><p>dos	problemas	difíceis?”</p><p>Você	 levanta	uma	questão	pertinente.	Portanto,	é	 importante	explicar	como</p><p>lidar	com	o	que	chamamos	problemas	de	gravidade.	Lembre-se	de	que	o	nosso</p><p>objetivo	 é	 evitar	 que	 você	 fique	 preso	 a	 algo	 que	não	 seja	 acionável.	 Quando</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>você	 fica	atolado	num	problema	de	gravidade,	 fica	atolado	permanentemente,</p><p>porque	 não	 há	 nada	 que	 você	 possa	 fazer	 –	 e	 designers	 são,	 principalmente,</p><p>pessoas	que	fazem.</p><p>Reconhecer	 duas	 variações	 de	 problemas	 gravitacionais:	 os	 totalmente	 não</p><p>acionáveis	 (como	 a	 própria	 gravidade)	 e	 os	 funcionalmente	 não	 acionáveis</p><p>(como	a	receita	anual	média	de	um	poeta	em	tempo	integral).	Alguns	de	vocês</p><p>estão	tentando	decidir	se	a	coisa	que	os	emperra	é	um	problema	de	gravidade</p><p>não	 acionável	 ou	 só	 um	 problema	muito	 difícil	 que	 exige	 esforço	 e	 sacrifício,</p><p>tem	muita	chance	de	dar	errado,	mas	vale	a	pena.	Vamos	olhar	para	este	tópico</p><p>difícil	examinando	cada	problema	de	gravidade	mencionado	anteriormente.</p><p>Pedalar	 Contra	 a	 Gravidade.	 Não	 se	 pode	 mudar	 a	 gravidade.	 Seria	 preciso</p><p>reposicionar	 a	 órbita	 da	 Terra,	 o	 que	 é	 uma	 proposta	 insana.	 Esqueça.</p><p>Simplesmente	aceite.	Ao	aceitar,	você	se	liberta	para	contornar	aquela	situação</p><p>e	trabalhar	em	algo	que	seja	acionável.	A	ciclista	poderia	investir	numa	bicicleta</p><p>ultraleve.	 Ela	 poderia	 tentar	 perder	 algum	 peso.	 Ela	 poderia	 aprender	 as</p><p>últimas	 técnicas	 para	 tornar	 as	 subidas	 mais	 eficientes	 (parece	 que	 pedalar</p><p>rápido	nas	marchas	mais	baixas	é	mais	 fácil	 e	 requer	mais	 resistência	do	que</p><p>força,	o	que	é	mais	fácil	de	acumular).</p><p>O	Salário	do	Poeta.	Para	mudar	o	salário	médio	dos	poetas,	você	precisa	alterar	o</p><p>mercado	 da	 poesia	 e	 fazer	 as	 pessoas	 comprarem	mais	 poemas	 ou	 pagarem</p><p>mais	para	obtê-los.	Bem,	você	pode	tentar.	Você	pode	escrever	cartas	louvando</p><p>a	poesia	e	enviá-las	às	editoras.	Ou	ir	porta	a	porta	convidando</p><p>as	pessoas	para</p><p>um	 sarau	 de	 poesia	 no	 seu	 bar	 favorito.	 É	 um	 tiro	 no	 escuro.	 Embora	 possa</p><p>trabalhar	neste	 “problema”	de	um	modo	que	não	é	possível	 com	a	 gravidade,</p><p>recomendamos	 que	 você	 o	 aceite	 como	 uma	 situação	 não	 acionável.	 Se	 você</p><p>aceitar,	sua	atenção	estará	livre	para	trabalhar	em	outras	soluções	para	outros</p><p>problemas.</p><p>Cinco	 Anos	 Procurando	 Emprego.	 As	 estatísticas	 não	 falham	 neste	 caso.	 Se	 você</p><p>está	 desempregado	 há	muito	 tempo,	 a	 tarefa	 de	 conseguir	 um	novo	 emprego</p><p>será	 cada	 vez	mais	 difícil.	 Pesquisas	 comparando	 currículos	 idênticos,	 com	 a</p><p>única	diferença	sendo	a	duração	do	desemprego,	deixam	claro	que	as	empresas</p><p>costumam	 evitar	 pessoas	 que	 estão	 há	 muito	 tempo	 desempregadas	 –</p><p>aparentemente	concluindo,	sem	fundamento,	que	se	outros	não	o	contrataram</p><p>até	então	 foi	por	uma	boa	 razão.	Este	é	um	problema	de	gravidade.	Você	não</p><p>pode	mudar	a	impressão	dos	empregadores.	Já	que	você	não	pode	mudar	como</p><p>eles	pensam,	que	tal	mudar	como	você	se	apresenta	a	eles?	Você	pode	trabalhar</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>como	voluntário	e	fazer	uma	lista	de	realizações	profissionais	significantes	sem</p><p>precisar	entrar	em	detalhes	de	quão	pouco	ganhou	até	mais	 tarde.	Você	pode</p><p>identificar	 postos	 nas	 indústrias	 onde	 há	 menos	 discriminação	 pela	 idade.</p><p>(Dave	 é	 grato	 por	 ter	 entrado	 no	 campo	 da	 educação	 já	 mais	 tarde	 na	 vida.</p><p>Agora	sua	idade	é	vista	como	uma	fonte	de	sabedoria,	e	não	como	uma	tentativa</p><p>de	 se	 passar	 por	 especialista	 em	marketing	 com	 clientes	 com	metade	 da	 sua</p><p>idade,	 cientes	de	que	 ele	não	pertence	 à	 era	digital	 e	 que	na	 realidade	 já	não</p><p>“saca”	mais	 nada.)	Mesmo	perante	 as	mais	 assustadoras	 realidades,	 você	 tem</p><p>sempre	alguma	liberdade	a	aproveitar.	Saiba	qual	é	e	entre	em	ação	em	vez	de</p><p>lutar	contra	a	gravidade.</p><p>O	 Estranho	 no	 Negócio	 da	 Família.	 Então,	 nos	 últimos	 132	 anos,	 ninguém	 cujo</p><p>sobrenome	não	era	Fiddleslurp	exerceu	um	cargo	executivo	na	companhia,	mas</p><p>parece	que	 finalmente	chegou	a	hora	e	você	está	certo	de	ser	quem	dará	este</p><p>passo.	Trabalhando	com	afinco	e	paciência,	em	até	cinco	anos	aquele	título	de</p><p>vice-presidente	será	seu.	Tudo	bem,	você	pode	 investir	esses	cinco	anos,	mas,</p><p>por	 favor,	 saiba	 que	 não	 há	 qualquer	 indicação	 de	 que	 seu	 objetivo	 será</p><p>alcançado.	A	decisão	é	sua,	mas	pode	valer	mais	a	pena	comprar	um	bilhete	de</p><p>loteria.	 Você	 tem	 outras	 opções.	 Pode	 escolher	 uma	 empresa	 que	 não	 seja</p><p>administrada	por	uma	única	família.	Mas	você	gosta	da	cidade,	as	crianças	estão</p><p>felizes	 na	 escola	 local.	 Tudo	 bem,	 então	 reconheça	 as	 vantagens	 de	 aceitar	 a</p><p>situação.	 Reformule	 o	 legado	 familiar	 da	 empresa	 como	 sua	 fonte	 de</p><p>estabilidade	 profissional,	 com	 um	 salário	 decente,	 numa	 firma	 confiável.</p><p>Sabendo	que	você	não	terá	que	aumentar	suas	responsabilidades	com	todos	os</p><p>ajustes	causados	por	intermináveis	promoções,	você	será	capaz	de	aprender	o</p><p>trabalho	tão	bem	que	o	fará	em	35	horas	por	semana,	resultando	em	um	ótimo</p><p>equilíbrio	 entre	 trabalho	 e	 vida	 (e	 tempo	 para	 escrever	mais	 poesia!).	 Talvez</p><p>você	 esteja	 procurando	mais	 valor	 em	 vez	 de	mais	 autoridade.	 Se	 for	 o	 caso,</p><p>você	pode	encontrar	uma	nova	função	ou	oferta	capaz	de	aumentar	os	lucros	da</p><p>empresa	 e	 se	 tornar	 um	 especialista	 –	 a	 pessoa	 a	 quem	 consultar	 –	 naquele</p><p>departamento.	 Você	 será	 sempre	 um	 gerente,	 nunca	 o	 vice-presidente,	 mas,</p><p>como	 responsável	 por	 tanto	 valor,	 pode	 ser	 o	 gerente	 mais	 bem	 pago	 da</p><p>empresa.	Quem	precisa	de	títulos	se	a	compensação	é	satisfatória?</p><p>Dez	Anos	Para	Ser	Médico.	Mais	uma	vez,	este	é	um	problema	real	de	gravidade	–</p><p>a	menos	que	você	queira	começar	o	seu	projeto	de	vida	pela	reforma	do	sistema</p><p>de	ensino	médico	(o	que	é	muito	difícil,	já	que	possui	um	diploma	em	medicina).</p><p>Não,	nós	também	não	entraríamos	nessa.	O	que	você	pode	fazer	é	mudar	a	sua</p><p>maneira	 de	 pensar	 e	 ter	 em	 mente	 que	 já	 no	 segundo	 ano	 de	 faculdade	 se</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>começa	 a	 tratar	 pacientes	 e	 “praticar	 medicina”.	 A	 maior	 parte	 da	 prática</p><p>médica	nos	hospitais	é	feita	pelos	residentes	–	os	estagiários	que	terminaram	a</p><p>faculdade	 obtiveram	 seus	 diplomas	 e	 agora	 trabalham	 como	 aprendizes	 nas</p><p>enfermarias.	Se	você	não	pode	mudar	a	sua	vida	(por	causa	da	gravidade),	você</p><p>pode	mudar	a	forma	de	pensar.	Ou	pode	escolher	um	caminho	diferente:	ser	um</p><p>assistente	médico	e	fazer	o	que	muitos	médicos	fazem	por	uma	fração	do	custo</p><p>e	tempo	de	treinamento.	Ou	entrar	no	campo	do	bem-estar	e	da	segurança	de</p><p>saúde,	 dirigindo	 programas	 de	 prevenção	 para	 uma	 companhia	 de	 seguros</p><p>progressista	e,	portanto,	 fazendo	uma	diferença	no	campo	da	saúde	sem	estar</p><p>no	lado	do	cuidado	clínico	do	paciente.</p><p>O	 segredo	 consiste	 em	 não	 ficar	 atolado	 naquilo	 em	 que	 você	 não	 tem	 a</p><p>menor	 chance	 de	 sucesso.	 Nós	 apoiamos	 objetivos	 agressivos	 que	 mudem	 o</p><p>mundo.	Lute,	sim,	por	favor,	contra	o	sistema.	Oponha-se	à	injustiça.	Lute	pelos</p><p>direitos	 da	 mulher.	 Cultive	 a	 justiça	 alimentar.	 Resolva	 o	 problema	 dos</p><p>moradores	 de	 rua.	 Combata	 o	 aquecimento	 global.	 Mas	 seja	 esperto.	 Se	 você</p><p>abrir	a	cabeça	o	suficiente	para	aceitar	a	realidade,	estará	livre	para	reformular</p><p>um	 problema	 acionável	 e	 projetar	 uma	 maneira	 de	 participar	 de	 coisas	 que</p><p>realmente	 importam	 para	 você	 e	 que	 podem	 até	 funcionar.	 É	 isso	 o	 que</p><p>procuramos	 aqui:	 queremos	 dar-lhe	 a	 melhor	 oportunidade	 para	 viver	 da</p><p>maneira	 que	 deseja,	 aproveitar	 esta	 vida,	 e	 talvez	 até	 fazer	 uma	diferença	 no</p><p>mundo	 enquanto	 isso.	 Vamos	 ajudá-lo	 a	 criar	 o	 melhor	 projeto	 de	 vida</p><p>disponível	 na	 sua	 realidade,	 não	 em	 um	mundo	 de	 ficção	 com	 poetas	 ricos	 e</p><p>menos	gravidade.</p><p>A	 única	 resposta	 a	 um	 problema	 gravitacional	 é	 a	 aceitação.	 É	 por	 aí	 que</p><p>todos	os	bons	designers	começam.	É	a	fase	do	“Você	Está	Aqui”.	É	por	isso	que</p><p>você	 começa	 de	 onde	 está.	Não	 de	 onde	 você	 deseja	 estar.	Não	 de	 onde	 você</p><p>pensa	que	deveria	estar.	Mas	exatamente	onde	está.</p><p>A	Avaliação	do	Design	de	Vida</p><p>Para	começar	de	onde	estamos,	precisamos	classificar	a	vida	em	algumas	áreas:</p><p>saúde,	 trabalho,	 lazer	 e	 amor.	 Como	 já	 dissemos,	 o	 enfoque	 será	 mais	 no</p><p>trabalho,	mas	você	não	será	capaz	de	compreender	como	projetar	o	design	do</p><p>seu	trabalho	até	entender	como	este	cabe	no	resto	da	sua	vida.	Portanto,	para</p><p>começar	de	onde	estamos,	 temos	que	 saber	onde	estamos.	Para	 isso,	 fazemos</p><p>um	 balanço	 da	 nossa	 situação,	 fazendo	 o	 nosso	 próprio	 inventário	 para</p><p>avaliação.	É	uma	forma	de	obter	uma	caracterização	articulada	de	onde	estamos</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>e	responder	à	pergunta	antiga	“Como	vão	as	coisas?”.	Mas	primeiro	temos	que</p><p>definir	as	áreas	que	irão	fundamentar	a	sua	resposta.</p><p>Saúde.	Desde	os	primórdios	da	civilização,	pessoas	responsáveis	reconhecem	as</p><p>vantagens	 de	 cuidar	 da	 saúde.	 E	 por	 “saúde”	 queremos	 dizer	 estar	 bem	 de</p><p>cabeça,	 corpo	 e	 espírito	 –	 saúde	 mental,	 saúde	 física	 e	 saúde	 emocional.	 A</p><p>importância	relativa	de	cada	um	destes	aspectos	depende	de	você.	Como	mede</p><p>a	própria	 saúde	nestas	 áreas	 fica	por	 sua	 conta.	Mas,	 quando	descobrir	 como</p><p>define	 “saúde”,	 precisa	 prestar	 atenção	 nela.	O	 quão	 saudável	 você	 é	 terá	 um</p><p>peso	significativo	na	sua	avaliação	de	qualidade	de	vida	para	responder	como</p><p>vão	as	coisas.</p><p>Trabalho.	Por	“trabalho”	queremos	dizer	a	sua	participação	na	grande	aventura</p><p>da	humanidade	no	planeta.	Você	pode	ou	não	estar	sendo	pago	por	isso,	mas	é	o</p><p>que	 você	 “faz”.	 Se	 você	 não	 for	 financeiramente	 independente,	 normalmente</p><p>você	 é	 pago	 por	 pelo	menos	 parte	 do	 seu	 “trabalho”.	 Não	 restrinja	 de	 forma</p><p>alguma	o	conceito	de	trabalho	somente	àquele	que	lhe	paga	um	salário.	A	maior</p><p>parte	das	pessoas	tem	mais	de	uma	forma	de	trabalho.</p><p>Lazer.	Lazer	é	só	alegria.	Se	você	observar	crianças	brincando	(estamos	falando</p><p>aqui	 mais	 sobre	 elas	 sujarem	 as	 mãos	 de	 lama	 do	 que	 competirem	 em</p><p>campeonatos</p><p>de	 futebol),	 você	 verá	 o	 tipo	 de	 lazer	 de	 que	 estamos	 falando.</p><p>Lazer	 é	 qualquer	 ação	 que	 lhe	 proporciona	 alegria.	 Certamente	 pode	 incluir</p><p>atividades	organizadas,	competitivas	e	produtivas,	mas	só	quando	é	feito	“pela</p><p>alegria	de	fazer”.	Quando	uma	atividade	é	feita	para	vencer,	para	avançar,	para</p><p>realizar	–	mesmo	que	seja	“divertido”	fazê-lo	–,	não	é	mais	lazer.	Pode	ser	algo</p><p>maravilhoso,	 mas	 ainda	 assim	 não	 é	 lazer.	 A	 questão	 aqui	 é	 o	 que	 lhe	 traz</p><p>alegria	simplesmente	por	fazer.</p><p>Amor.	Todos	sabem	o	que	é	o	amor.	E	todos	sabem	quando	o	sentem	ou	não.	O</p><p>amor	faz	o	mundo	girar,	e	quando	falta	parece	que	o	nosso	mundo	não	está	tão</p><p>emocionante.	 Não	 vamos	 tentar	 definir	 o	 amor	 (seja	 como	 for,	 você	 tem	 sua</p><p>própria	 ideia	 sobre	 o	 assunto),	 nem	 temos	 fórmulas	 para	 encontrar	 o	 seu</p><p>verdadeiro	amor	(há	muitos	livros	sobre	o	assunto),	mas	sabemos	que	devemos</p><p>prestar	 atenção	 no	 tema.	 O	 amor	 vem	 numa	 vasta	 gama	 de	 tipos,	 do	 afeto	 à</p><p>comunidade	ao	erotismo,	e	em	uma	série	de	fontes,	de	pais	e	amigos	a	colegas	e</p><p>amantes,	mas	todos	têm	esse	aspecto	pessoal,	a	sensação	de	ligação.	Quem	são</p><p>as	pessoas	da	sua	vida	e	como	o	amor	está	 fluindo	de	você	aos	outros	e	deles</p><p>para	você?</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Então	–	Como	Vão	as	Coisas?</p><p>Não	há	avaliação	nem	julgamento	que	nós	(ou	qualquer	outra	pessoa)	possamos</p><p>fazer	da	sua	vida	nessas	quatro	áreas.	Todos	precisamos	remodelar	pelo	menos</p><p>um	desses	aspectos	da	vida.	Consciência	e	curiosidade	são	as	atitudes	de	design</p><p>de	que	você	precisa	para	começar	a	construir	seu	caminho.</p><p>O	 exercício	 abaixo	 vai	 ajudá-lo	 a	 descobrir	 onde	 está	 e	 qual	 problema	 de</p><p>design	gostaria	de	atacar.	Você	não	tem	como	saber	aonde	 ir	sem	antes	saber</p><p>onde	está.</p><p>Não	tem	mesmo,	é	sério.</p><p>Faça	o	exercício.</p><p>É	a	razão	da	placa	Você	Está	Aqui.</p><p>O	Painel	de	Saúde/Trabalho/Lazer/Amor</p><p>Uma	maneira	de	fazer	o	balanço	da	sua	situação	atual,	seu	“Você	Está	Aqui”,	é</p><p>focar	no	que	chamamos	de	painel	de	saúde/trabalho/lazer/amor,	como	as	luzes</p><p>do	 painel	 do	 seu	 carro.	 Essas	 luzes	 dão	 informações	 sobre	 o	 estado	 do	 seu</p><p>carro:	Há	gasolina	suficiente	para	completar	a	viagem?	Há	óleo	no	motor	para</p><p>que	 funcione	 normalmente?	 Estará	 superaquecendo	 e	 prestes	 a	 enguiçar?	 Da</p><p>mesma	 forma,	o	painel	STLA	 lhe	dirá	algo	 sobre	as	quatro	 coisas	que	 lhe	dão</p><p>energia	 e	 enfoque	 para	 a	 sua	 jornada	 e	 mantêm	 a	 sua	 vida	 funcionando</p><p>normalmente.</p><p>Crença	Disfuncional:	Eu	já	deveria	saber	para	onde	vou.</p><p>Reformulação:	Você	não	tem	como	saber	para	onde	vai	sem	saber	onde	está.</p><p>Pedimos	que	 você	 faça	um	balanço	do	 seu	 estado	de	 saúde	 e	das	maneiras</p><p>como	 trabalha,	brinca	e	ama.	A	 saúde	está	na	base	do	diagrama	porque,	bem,</p><p>quando	 você	 não	 está	 bem	de	 saúde,	 nada	mais	 na	 sua	 vida	 funciona	 direito.</p><p>Trabalho,	lazer	e	amor	ficam	por	cima	de	saúde	e	representam	as	três	áreas	de</p><p>atenção	 que	 achamos	 ser	 importantes.	 Queremos	 enfatizar	 que	 não	 há</p><p>equilíbrio	 perfeito	 entre	 estas	 áreas.	 Nós	 todos	 temos	misturas	 diferentes	 de</p><p>saúde,	 trabalho,	 lazer	e	amor	em	épocas	distintas	das	nossas	vidas.	Um	jovem</p><p>solteiro	 recém-formado	 na	 faculdade	 pode	 ter	 saúde	 física	 em	 abundância,</p><p>muito	 trabalho	 e	 lazer,	 mas	 não	 ter	 ainda	 um	 relacionamento	 romântico</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>significativo.	 Um	 jovem	 casal	 com	 filhos	 vai	 ter	 bastante	 lazer,	mas	 de	 forma</p><p>diferente	de	quando	ainda	não	tinham	filhos.	E,	à	medida	que	envelhecemos,	a</p><p>saúde	vai	se	tornando	uma	preocupação	maior.	Haverá	uma	mistura	adequada</p><p>para	você,	que	você	saberá	qual	é	em	qualquer	estágio	da	vida.</p><p>Quando	 você	 pensar	 sobre	 a	 saúde,	 sugerimos	 que	 faça	 mais	 do	 que	 uma</p><p>consulta	de	rotina	no	médico.	Uma	vida	bem	projetada	é	apoiada	por	um	físico</p><p>saudável,	uma	mente	ativa	e	frequentemente,	embora	não	sempre,	por	alguma</p><p>forma	de	 prática	 espiritual.	 E	 por	 “espiritual”	 não	 queremos	necessariamente</p><p>dizer	“religiosa”:	chamamos	de	espiritual	qualquer	prática	que	seja	baseada	em</p><p>algo	 em	 que	 acreditemos	 ser	 maior	 que	 nós	 mesmos.	 Repetindo,	 não	 há	 um</p><p>equilíbrio	perfeito	objetivo	entre	estas	áreas	distintas,	somente	uma	impressão</p><p>pessoal	e	subjetiva	de	que	“tenho	o	suficiente”	ou	“está	faltando	algo”.</p><p>Mesmo	 que	 um	 equilíbrio	 perfeito	 não	 seja	 o	 nosso	 objetivo,	 uma	 olhada</p><p>neste	diagrama	pode	às	vezes	nos	alertar	de	que	algo	está	errado.	Como	uma	luz</p><p>de	emergência	no	painel	do	 carro,	o	diagrama	pode	servir	 como	 indicador	de</p><p>que	é	hora	de	encostar	o	carro	para	ver	o	que	há	de	errado.</p><p>Por	 exemplo,	 Fred,	 um	 empresário	 que	 conhecemos,	 deu	 uma	 olhada	 no</p><p>painel	 e	 notou	 que	 as	 categorias	 de	 lazer	 e	 saúde	 estavam	 quase	 vazias.	 Seu</p><p>painel	de	instrumentos	estava	assim:</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>PAINEL	DE	CONTROLE	DO	FRED</p><p>Fred	tinha	tomado	cuidado	em	destinar	tempo	para	a	sua	mulher	e	a	família	–</p><p>start-ups	 podem	causar	problemas	em	relacionamentos	–;	portanto	gostou	do</p><p>que	 viu	 no	 indicador	 do	 amor.	 Estava	 disposto	 a	 deixar	 de	 lado	 o	 tempo	 de</p><p>lazer,	porque	estava	metido	até	o	pescoço	em	sua	empresa;	portanto,	a	falta	de</p><p>equilíbrio	 não	 o	 incomodava	 tanto	 assim.	 No	 entanto,	 a	 avaliação	 ajudou-o	 a</p><p>entender	 que	 tinha	 abusado	 principalmente	 da	 saúde,	 onde	 piscava	 uma	 luz</p><p>vermelha	 no	 painel.	 “Para	 ser	 um	 empresário	 de	 alto	 desempenho	 e	 sucesso,</p><p>especialmente	com	o	nível	de	estresse	de	começar	uma	start-up,	não	posso	me</p><p>dar	ao	 luxo	de	adoecer.	Preciso	cuidar	da	minha	saúde,	especialmente	agora.”</p><p>Fred	fez	umas	mudanças:	contratou	um	personal	trainer,	começou	a	malhar	três</p><p>vezes	 por	 semana	 e	 assumiu	 o	 compromisso	 de	 escutar	 um	 áudio-livro	 de</p><p>conteúdo	 intelectual	 ou	 espiritualmente	 estimulante	 por	 semana	 no	 caminho</p><p>para	o	trabalho.	Ele	relata	que	sua	eficiência	no	trabalho	aumentou	e	que	ficou</p><p>muito	mais	satisfeito	com	o	trabalho	e	a	vida	com	esta	nova	combinação.</p><p>PAINEL	DE	CONTROLE	DA	DEBBIE</p><p>Debbie,	 uma	 gerente	 de	 produtos	 da	 Apple	 que	 recentemente	 parou	 de</p><p>trabalhar	 para	 cuidar	 dos	 filhos	 gêmeos,	 ficou	 surpresa	 ao	 achar	 seu	 painel</p><p>reconfortante.	“Achava	que,	já	que	não	estava	mais	‘trabalhando’,	tinha	perdido</p><p>a	 minha	 identidade	 de	 trabalho.	 Compreendi	 então	 que	 se	 eu	 desse	 o	 valor</p><p>apropriado	ao	 trabalho	que	estava	 fazendo	por	meus	 filhos	e	pela	minha	casa</p><p>estaria	trabalhando	até	mais	do	que	antes.	E	tenho	cuidado	bastante	da	minha</p><p>mente	e	do	meu	corpo	para	garantir	que	eu	desfrute	muito	tempo	de	qualidade</p><p>com	os	gêmeos.	Esse	painel	de	instrumentos	valida	a	minha	escolha	de	parar	de</p><p>trabalhar	por	dinheiro	enquanto	meus	filhos	forem	pequenos.”</p><p>Essas	foram	as	histórias	de	Fred	e	Debbie.	Agora	vamos	começar	com	o	seu</p><p>painel	de	instrumentos.</p><p>Clube	SPA</p><p>outubro•2020</p><p>Seu	Indicador	de	Saúde</p><p>Como	 já	 dissemos,	 estar	 saudável	 para	 nós	 significa	 estar	 bem	 não	 apenas</p><p>fisicamente	–	é	necessário	levar	em	consideração	também	a	mente	e	o	espírito.	A</p><p>importância	 relativa	 de	 cada	 área	 depende	 inteiramente	 de	 você.	 Faça	 uma</p><p>rápida	avaliação	da	sua	saúde	e	preencha	o	seu	indicador:	você	está	um	quarto,</p><p>metade,	 três	 quartos	 ou	 completamente	 cheio?	 (Bill	 também	 encheu	 os	 seus</p><p>indicadores	do	painel	como	exemplo	para	referência.)</p><p>A	maneira	como	você	classifica	a	sua	saúde	influirá	significativamente	na	forma</p><p>como	você	avalia	a	qualidade	de	sua	vida	e	naquilo	que	você	gostaria	de	redefinir</p><p>daqui	para	a	frente.</p><p>Saúde</p><p>O	exemplo	de	Bill:</p><p>Saúde:	 O	 estado	 geral	 da	 saúde	 está	 bom,	 fiz	 um	 check-up	 completo</p><p>recentemente.	Estou	 com	o	 colesterol	um	pouco	alto,	deveria	perder	uns	 sete</p><p>quilos	para	chegar	ao	meu	peso	ideal,	não	tenho	feito	exercícios,	estou	fora	de</p><p>forma	e	 fico	 sem	 fôlego	 se	preciso	 correr	para	pegar	o	ônibus.	Leio	e	escrevo</p><p>sobre	 a	minha	 filosofia	 de	 vida,	 trabalho	 e	 amor;	 leio	 sobre	 as	mais	 recentes</p><p>pesquisas	 sobre	 a	 mente	 e	 sobre	 a	 ligação	 entre	 corpo	 e	 mente,	 mas	 estou</p><p>perdendo	 a	 memória	 mais	 rápido	 do	 que</p>

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