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<p>1</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE</p><p>CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL</p><p>NOÇÕES DE</p><p>EPIDEMIOLOGIA,</p><p>MONITORAMENTO E</p><p>AVALIAÇÃO DE</p><p>INDICADORES DE SAÚDE</p><p>PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE</p><p>E-BOOK 12</p><p>Brasília – DF</p><p>2023</p><p>2</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE</p><p>CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL</p><p>NOÇÕES DE</p><p>EPIDEMIOLOGIA,</p><p>MONITORAMENTO E</p><p>AVALIAÇÃO DE</p><p>INDICADORES DE SAÚDE</p><p>PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE</p><p>E-BOOK 12</p><p>Brasília – DF</p><p>2023</p><p>2023 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.</p><p>Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –</p><p>Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde</p><p>que citada a fonte.</p><p>A coleção institucional do Programa Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:</p><p>http://bvsms.saude.gov.br</p><p>Elaboração, distribuição e informações:</p><p>MINISTÉRIO DA SAÚDE</p><p>Secretaria de Gestão do Trabalho e da</p><p>Educação na Saúde</p><p>Departamento de Gestão da Educação na</p><p>Saúde</p><p>Coordenação-Geral de Ações Educacionais</p><p>SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,</p><p>Edifício PO 700, 4º andar</p><p>CEP: 70719-040 – Brasília/DF</p><p>Tel.: (61) 3315-3394</p><p>E-mail: sgtes@saude.gov.br</p><p>Secretaria de Atenção Primária à Saúde</p><p>Departamento de Saúde da Família</p><p>Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar</p><p>CEP: 70058-90 – Brasília/DF</p><p>Tel.: (61) 3315-9044/9096</p><p>E-mail: aps@saude.gov.br</p><p>Secretaria de Vigilância em Saúde</p><p>SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,</p><p>Edifício PO 700, 7º andar</p><p>CEP: 70719-040 – Brasília/DF</p><p>Tel.: (61) 3315.3874</p><p>E-mail: svs@saude.gov.br</p><p>CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS</p><p>MUNICIPAIS DE SAÚDE</p><p>Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B,</p><p>Sala 144</p><p>Zona Cívico-Administrativo</p><p>CEP: 70058-900 – Brasília/DF</p><p>Tel.: (61) 3022-8900</p><p>UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL</p><p>Av. Paulo Gama, 110, Bairro Farroupilha</p><p>CEP: 90040-060 – Porto Alegre/RS</p><p>Tel.: (51) 3308-6000</p><p>Coordenação-geral:</p><p>Cristiane Martins Pantaleão – Conasems</p><p>Hisham Mohamad Hamida – Conasems</p><p>Leandro Raizer – UFRGS</p><p>Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS</p><p>Marcelo A. C. Queiroga Lopes – MS</p><p>Musa Denaise de Sousa Morais – MS</p><p>Roberta Shirley A. de Oliveira – MS</p><p>Organização:</p><p>Núcleo Pedagógico do Conasems</p><p>Supervisão-geral:</p><p>Rubensmidt Ramos Riani</p><p>Coordenação técnica e pedagógica:</p><p>Cristina Fátima dos Santos Crespo</p><p>Valdívia França Marçal</p><p>Elaboração de texto:</p><p>Andrea Fachel Leal</p><p>Luciana Barcellos Teixeira</p><p>Revisão técnica:</p><p>Andréa Fachel Leal – UFRGS</p><p>Camila Giugliani - UFRGS</p><p>Camila Mello dos Santos – UFRGS</p><p>Carmen Lúcia Mottin Duro - UFRGS</p><p>Diogo Pilger – UFRGS</p><p>Érika Rodrigues de Almeida – SAPS/MS</p><p>José Braz Damas Padilha – SVS/MS</p><p>Kelly Santana – Conasems</p><p>Lanusa T. Gomes Ferreira – SGTES/MS</p><p>Michelle Leite da Silva – SAPS/MS</p><p>Patrícia da Silva Campos – Conasems</p><p>Silvia de Oliveira Kirst - UFRGS</p><p>Designer educacional:</p><p>Alexandra Gusmão – Conasems</p><p>Juliana Fortunato – Conasems</p><p>Pollyanna Lucarelli – Conasems</p><p>Priscila Rondas – Conasems</p><p>Colaboração:</p><p>Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS</p><p>Katia Wanessa Silva – SGTES/MS</p><p>Lanusa Gomes Ferreira - SGTES/MS</p><p>Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems</p><p>Marcia Cristina M. Pinheiro – Conasems</p><p>Rejane Teles Bastos – SGTES/MS</p><p>Roberta Shirley A. de Oliveira– SGTES/MS</p><p>Rosângela Treichel – Conasems</p><p>Assessoria executiva:</p><p>Conexões Consultoria em Saúde LTDA</p><p>Coordenação de desenvolvimento gráfico:</p><p>Cristina Perrone – Conasems</p><p>Diagramação e projeto gráfico:</p><p>Aidan Bruno – Conasems</p><p>Alexandre Itabayana – Conasems</p><p>Bárbara Napoleão – Conasems</p><p>Lucas Mendonça – Conasems</p><p>Ygor Baeta Lourenço – Conasems</p><p>Fotografias e ilustrações:</p><p>Banco de Imagens do Conasems</p><p>Freepik</p><p>Revisão:</p><p>Núcleo Pedagógico/Conasems</p><p>Normalização:</p><p>Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI</p><p>Valéria Gameleira da Mota – Editora</p><p>MS/CGDI</p><p>Brasil. Ministério da Saúde.</p><p>Noções de Epidemiologia, Monitoramento e Avaliação de Indicadores de Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de</p><p>Secretarias Municipais de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.</p><p>52 p. : il. – (Programa Saúde com Agente ; E-book 12)</p><p>Modo de acesso: World Wide Web: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/epidemiologia_monitoramento_avaliacao_indicadores_saude.pdf</p><p>ISBN 978-65-5993-511-6</p><p>1. Agentes comunitários de saúde. 2. Epidemiologia – Introdução. 3. Indicadores de saúde – Interpretação. I. Conselho Nacional de Secretarias</p><p>Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.</p><p>CDU 614</p><p>Ficha Catalográfica</p><p>Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0083</p><p>Título para indexação:</p><p>Introduction to Epidemiology, Monitoring, and Evaluation of Health Indicators</p><p>Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica</p><p>BEM-VINDO (A)!</p><p>Este é o seu e-book da disciplina Noções de Epidemiologia, Monitoramento</p><p>e Avaliação de Indicadores de Saúde. Nele, iremos compreender o uso de</p><p>conceitos da epidemiologia na rotina de trabalho do agente de saúde e</p><p>sua importância para o planejamento, monitoramento e avaliação das</p><p>ações de saúde e vigilância no seu território e município.</p><p>Compreenderemos, também, a relevância da coleta de dados em saúde e</p><p>seu devido registro nos Sistemas de Informações. Interpretaremos as</p><p>medidas de frequência em epidemiologia (incidência e prevalência).</p><p>Discutiremos a importância dos Indicadores de Saúde na avaliação do</p><p>desempenho da Atenção Primária, como eles são utilizados no Programa</p><p>Previne Brasil, e os Indicadores de Saúde do Programa de Qualificação das</p><p>Ações de Vigilância em Saúde - PQA-VS, também, serão discutidos.</p><p>Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário!</p><p>Acompanhe também a aula interativa e realize as atividades propostas</p><p>para assimilar as informações apresentadas.</p><p>Bons estudos!</p><p>LISTA DE SIGLAS E</p><p>ABREVIATURAS</p><p>ACE - Agente de Combate às Endemias</p><p>ACS - Agente Comunitário de Saúde</p><p>APS - Atenção Primária à Saúde</p><p>IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística</p><p>OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde</p><p>PMAQ - Programa Nacional de Avaliação do Acesso e da Qualidade</p><p>PNS - Pesquisa Nacional de Saúde</p><p>PQA-VS - Programa de Qualificação das Ações de Vigilância em Saúde</p><p>SIH - Sistema de Informações Hospitalares</p><p>SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade</p><p>SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação</p><p>SINASC - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos</p><p>SIPNI - Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações</p><p>SISAB - Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica</p><p>SUS - Sistema Único de Saúde</p><p>INTRODUÇÃO À</p><p>EPIDEMIOLOGIA: CONCEITOS</p><p>E BREVE HISTÓRICO</p><p>LISTA NACIONAL DE</p><p>NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA</p><p>DE DOENÇAS, AGRAVOS E</p><p>EVENTOS DE SAÚDE PÚBLICA E A</p><p>PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO</p><p>DE INDICADORES DE SAÚDE</p><p>MONITORAMENTO, AVALIAÇÃO</p><p>E ANÁLISE DE SITUAÇÃO DE</p><p>SAÚDE</p><p>RETROSPECTIVA</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>6</p><p>20</p><p>37</p><p>50</p><p>48</p><p>SUMÁRIO</p><p>INTRODUÇÃO À</p><p>EPIDEMIOLOGIA:</p><p>CONCEITOS E</p><p>BREVE HISTÓRICO</p><p>Na sua rotina de trabalho,</p><p>você já utiliza os</p><p>conceitos da</p><p>epidemiologia. Sabia</p><p>disso?</p><p>É isso mesmo! Por exemplo, quando você busca identificar, na sua área</p><p>de trabalho, quantas e quem são as mulheres gestantes, quais pessoas</p><p>tiveram diagnóstico de diabetes mellitus ou hipertensão arterial, você</p><p>está fazendo um levantamento epidemiológico.</p><p>Quando você usa informações sobre as pessoas que vivem no seu</p><p>território e suas condições de saúde para planejar suas visitas</p><p>domiciliares, você está novamente usando a epidemiologia.</p><p>Quando você participa de ações de prevenção ao tabagismo, de</p><p>campanhas de vacinação ou de prevenção da dengue, você também</p><p>está utilizando conceitos da epidemiologia.</p><p>Outro exemplo importante é quando alguém da equipe de saúde</p><p>realiza uma notificação compulsória. Você lembra o que significa</p><p>“notificação compulsória”?</p><p>Vamos estudar sobre esse assunto mais à</p><p>frente.</p><p>7</p><p>Agora, vamos refletir sobre os conceitos da epidemiologia para</p><p>compreender onde você pode usá-la e melhorar o cuidado prestado</p><p>aos usuários de seu território.</p><p>A epidemiologia pode ser definida como o estudo da distribuição das</p><p>doenças (e dos determinantes das doenças) em populações</p><p>definidas. A epidemiologia é, também, a aplicação do conhecimento</p><p>gerado por este estudo para controlar problemas de saúde. Ou seja,</p><p>quando você faz um levantamento de condições de saúde como, por</p><p>exemplo, a busca ativa de crianças que estão com vacinas atrasadas,</p><p>você está utilizando a epidemiologia.</p><p>A história do pensamento epidemiológico começou há mais de 2000</p><p>anos, na Grécia antiga, quando o filósofo grego Hipócrates relacionou</p><p>a ocorrência de doenças a fatores ambientais, como as estações do</p><p>ano. Em suas observações, Hipócrates percebeu que as pessoas eram</p><p>acometidas mais facilmente por determinadas doenças em</p><p>determinados períodos do ano, como o caso de doenças respiratórias</p><p>nos meses mais frios.</p><p>Você viu a abrangência do</p><p>conceito de epidemiologia?</p><p>Mas, nem sempre foi assim.</p><p>Veja!</p><p>8</p><p>Nos anos de 1800, a cólera representava um grande problema de</p><p>saúde pública em Londres, na Inglaterra, uma vez que a cada ano,</p><p>mais pessoas morriam pela doença. Um médico da época, chamado</p><p>John Snow, identificou o local de moradia de cada pessoa que morreu</p><p>por cólera entre 1848-1849 e 1853-1854. Ele percebeu que parecia haver</p><p>uma relação entre a origem da água utilizada para beber e as mortes</p><p>por cólera. Ele relacionou o número de mortes por cólera com os</p><p>diferentes fornecedores de água em Londres e identificou que mais</p><p>pessoas morreram entre aqueles que tomavam água da companhia</p><p>chamada “Southwark”. Ele, então, propôs melhorias no suprimento da</p><p>água de Londres.</p><p>Outro exemplo histórico é relacionado ao câncer de pulmão. Hoje em</p><p>dia, muita gente sabe que fumar está relacionado com câncer de</p><p>pulmão. Nem sempre foi assim! Os primeiros indícios dessa relação só</p><p>foram obtidos através das ferramentas da epidemiologia. Por volta de</p><p>1950, dois médicos britânicos, Richard Doll e Andrew Hill, estudaram a</p><p>relação entre o hábito de fumar e a ocorrência de câncer de pulmão</p><p>entre mais de 40.000 pessoas. Eles foram capazes de demonstrar que</p><p>há uma associação entre o hábito de fumar e o câncer de pulmão. Em</p><p>seus achados, eles conseguiram mostrar que as pessoas que eram</p><p>fumantes morreram, em média, 10 anos mais jovens que aquelas que</p><p>não eram fumantes.</p><p>9</p><p>Viu só? A partir desses exemplos, podemos perceber que a</p><p>epidemiologia está sempre preocupada em entender como, onde</p><p>e por que as pessoas adoecem. Além disso, o objetivo final é</p><p>sempre usar todo esse conhecimento produzido para melhorar a</p><p>saúde das pessoas.</p><p>Agora, vamos conversar um pouco sobre</p><p>como a epidemiologia se transformou ao</p><p>longo do tempo para investigar os fatores</p><p>que causam as doenças, ou seja, a</p><p>causalidade das doenças.</p><p>As observações de Hipócrates, aquele</p><p>médico da Grécia antiga, sobre a relação</p><p>entre as doenças e os fatores ambientais,</p><p>como o clima, formaram a base para o que</p><p>se chamou de Teoria dos Miasmas, que,</p><p>resumidamente, postulava que as doenças</p><p>eram transmitidas pelo ar, água e outros</p><p>locais insalubres. Esse pensamento embasou</p><p>o primeiro raciocínio de causalidade de</p><p>doenças. Apenas por volta do século 19, é que</p><p>esta Teoria dos Miasmas começou a ser</p><p>questionada.</p><p>10</p><p>Depois, surgiu a teoria do modelo Unicausal para investigar a</p><p>causalidade em epidemiologia. Esse modelo defendia que cada doença</p><p>tinha um agente específico que era responsável por causar as</p><p>doenças. Para essa abordagem, os vírus e as bactérias passaram a ser</p><p>as únicas causas das doenças. Já na segunda metade do século 20,</p><p>com a evolução tecnológica e científica, a teoria unicausal se mostrou</p><p>frágil.</p><p>Assim, a teoria do modelo Multicausal para explicar as doenças</p><p>ganhou espaço, pois essa abordagem demonstrou avanços ao</p><p>considerar que características individuais, comportamentais, genéticas,</p><p>psicológicas, sociais, do meio ambiente e do trabalho podem</p><p>influenciar de forma conjunta para o aparecimento das doenças. Além</p><p>disso, o modelo multicausal também considera que existem fatores</p><p>desconhecidos, os quais ainda não foram estudados, mensurados e</p><p>avaliados que, também, podem influenciar a ocorrência das doenças.</p><p>Conheça mais informações sobre a História</p><p>da Epidemiologia. Clique aqui, ou, se estiver</p><p>lendo este material no formato impresso,</p><p>escaneie o QR ao lado. Consulte, também, a</p><p>teleaula, a aula interativa e os materiais</p><p>complementares disponíveis no AVA.</p><p>11</p><p>https://prezi.com/huw87fjsvn3l/linha-do-tempo-epidemiologia/</p><p>Vamos relacionar o</p><p>modelo Multicausal com a</p><p>sua prática profissional.</p><p>Imagine que você esteja acompanhando o caso da Dona Ana. Ela tem</p><p>72 anos, é moradora da zona rural e teve o diagnóstico de dengue há</p><p>uma semana. Ela está internada no hospital da cidade. Sabemos que a</p><p>Dona Ana teve dengue porque foi picada pelo mosquito aedes aegypti,</p><p>certo? Mas será que esse foi o único fator que influenciou para que a</p><p>Dona Ana adoecesse?</p><p>Ao lembrar da teoria Multicausal, você vai perceber que existem vários</p><p>fatores que contribuíram para este processo de adoecimento. Você</p><p>conhece a realidade da Dona Ana e já sabe que na casa dela, lá no</p><p>interior do município, não tem luz elétrica. Isso significa que ela não tem</p><p>acesso à TV nem a rádio para se informar das últimas notícias da</p><p>região.</p><p>12</p><p>Dona Ana estudou até a 3ª série do ensino fundamental, sabe ler e</p><p>escrever muito pouco. Gosta muito de cultivar flores, inclusive vende</p><p>algumas para os vizinhos mais próximos – é sua principal fonte de</p><p>renda. Os potinhos de flor acabam guardando muita água parada, e</p><p>esse é um fator de risco para a proliferação do mosquito da dengue (o</p><p>aedes aegypti).</p><p>Você consegue perceber</p><p>que o modelo Multicausal</p><p>ajuda a compreender o</p><p>processo de adoecimento</p><p>da Dona Ana?</p><p>Foram vários fatores que</p><p>contribuíram para que ela tivesse</p><p>dengue: pouco acesso à informação,</p><p>dificuldade de compreender o risco</p><p>que o mosquito representa, as suas</p><p>condições de moradia e de trabalho</p><p>– inclusive os vasos de flores que ela</p><p>vende, que, provavelmente, foram os</p><p>criadouros que facilitaram a</p><p>proliferação do mosquito.</p><p>13</p><p>Agora que já conversamos sobre o conceito de epidemiologia, sua</p><p>história e sobre causalidade, vamos falar um pouco sobre as duas</p><p>principais divisões da epidemiologia: descritiva e analítica.</p><p>Basicamente, a epidemiologia descritiva tem por objetivo estudar a</p><p>distribuição das doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo</p><p>o tempo, o lugar e/ou pessoa (ou seja, as características dos</p><p>indivíduos). Em resumo, são os dados que utilizamos para responder</p><p>quando, onde e quem adoeceu.</p><p>EPIDEMIOLOGIA</p><p>DESCRITIVA</p><p>ANALÍTICA</p><p>Estuda a distribuição das</p><p>doenças ou condições</p><p>relacionadas à saúde.</p><p>Examina a existência de</p><p>associação entre uma</p><p>condição e a ocorrência de</p><p>uma doença.</p><p>14</p><p>Em uma Unidade de Saúde, podemos utilizar a epidemiologia descritiva</p><p>para apresentar quais foram as pessoas atendidas nos últimos três</p><p>meses. Esse levantamento permite que se faça a descrição destas</p><p>pessoas relacionada ao motivo principal de procura por atendimento</p><p>como consultas de rotina, vacinação, necessidade de curativos,</p><p>verificação da pressão arterial, pessoas com diabetes mellitus que</p><p>estão com dificuldade de adesão ao tratamento, entre outras e, as</p><p>características individuais destas pessoas (sexo, escolaridade e</p><p>idade).</p><p>Após o levantamento dos dados, você vai conseguir caracterizar as</p><p>visitas, apresentando, por exemplo, que naquele mês específico, 30%</p><p>das visitas foram destinadas a pessoas que estão com dificuldade de</p><p>adesão a determinados tratamentos; 20% das visitas foram destinadas</p><p>aos idosos; 15% das visitas foram destinadas à atualização</p><p>de</p><p>cadastros; 15% das visitas foram destinadas às crianças; 10% das visitas</p><p>foram destinadas às gestantes e os 10% restantes foram relacionados a</p><p>questões diversas, como ações de prevenção da dengue, tuberculose,</p><p>entre outras (este é um exemplo fictício).</p><p>Já a epidemiologia analítica tem por objetivo examinar a existência de</p><p>associação entre uma condição e a ocorrência de uma doença.</p><p>Quando falamos no início, sobre a relação entre o fumo e o câncer de</p><p>pulmão, estávamos falando, justamente, sobre epidemiologia analítica.</p><p>Assim sendo, você também pode utilizar a</p><p>epidemiologia descritiva para apresentar as</p><p>visitas domiciliares no último mês.</p><p>15</p><p>Outro exemplo prático de como vemos no nosso dia a dia a</p><p>epidemiologia analítica é na realização de grupos na comunidade,</p><p>orientando sobre prática de atividade física. Estas orientações são</p><p>importantes porque há comprovação de que o sedentarismo contribui</p><p>para as doenças crônicas como diabetes mellitus e hipertensão</p><p>arterial.</p><p>Na sua unidade, existe um grupo de caminhada? Em geral, os grupos</p><p>de caminhada ajudam a incentivar a prática de atividade física, mas</p><p>sabemos, também, que eles trazem outros benefícios terapêuticos,</p><p>como diminuir a ansiedade e contribuir para a socialização das</p><p>pessoas.</p><p>A epidemiologia tem uma aplicação muito grande</p><p>para a saúde pública e para o seu dia a dia de</p><p>trabalho. Ela pode ser utilizada para:</p><p>a) descrever as condições de saúde de uma população, a</p><p>mortalidade ou o número de casos de uma doença ao</p><p>longo do tempo. Essas informações são utilizadas para</p><p>planejar estratégias de saúde.</p><p>b) identificar quais são os fatores determinantes da</p><p>situação de saúde, por meio de determinados tipos de</p><p>pesquisas científicas combinadas a técnicas robustas</p><p>de análises de dados.</p><p>c) identificar uma condição ou comportamento que</p><p>pode ser muito importante para o desenvolvimento de</p><p>uma doença e, assim, afetar a situação de saúde de</p><p>uma população.</p><p>16</p><p>d) monitorar e avaliar o impacto das ações e políticas de</p><p>saúde.</p><p>Na disciplina Sistemas de Informação em Saúde, Uso de Prontuário</p><p>Eletrônico e Ferramentas de Apoio ao Registro das Ações dos</p><p>Agentes de Saúde foi abordado sobre os sistemas de registros que</p><p>utilizamos na saúde. Lembra? Esses sistemas permitem uma série de</p><p>coleta de dados, para que possamos avaliar o impacto de uma</p><p>determinada ação de saúde. Vejamos um exemplo!</p><p>Há alguns anos, o Ministério da Saúde vem disponibilizando a vacina</p><p>para influenza para pessoas de mais de 60 anos de maneira gratuita</p><p>por meio de campanhas anuais de vacinação. Essa razão se deve,</p><p>especialmente, por este grupo estar mais vulnerável à internação e</p><p>morte por condições respiratórias.</p><p>Mas será que essa medida de saúde (vacinação) tem surtido impacto</p><p>na população?</p><p>Utilizando estudos epidemiológicos, alguns pesquisadores têm</p><p>demonstrado evidências sobre o impacto da vacinação para</p><p>influenza entre esse grupo. Por exemplo, utilizando dados do Sistema</p><p>de Informações Hospitalares (SIH), os pesquisadores constataram que,</p><p>entre 1992 e 2006, a vacinação contribuiu na prevenção das</p><p>hospitalizações pelas causas relacionadas à influenza no Brasil, com</p><p>exceção da região Norte (DAUFENBACH et al., 2014).</p><p>17</p><p>Outra pesquisa usou dados do Sistema de Informações do Programa</p><p>Nacional de Imunizações (SIPNI), do Sistema de Informações</p><p>Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade</p><p>(SIM) para mostrar que, entre 2010 e 2019, todas as regiões do Brasil</p><p>atingiram a meta de 80% de cobertura vacinal entre idosos a partir</p><p>do ano de 2011. Isso pode prevenir a maior mortalidade entre idosos</p><p>por causa da gripe (AZAMBUJA et al., 2020).</p><p>Os Sistemas de Informação em Saúde são de</p><p>extrema importância para monitorar a situação de</p><p>saúde de um país. Existem vários Sistemas de</p><p>Informação em Saúde.</p><p>A epidemiologia utiliza os dados presentes nesses sistemas para</p><p>transformá-los em informações que vão embasar políticas públicas</p><p>de saúde. No seu cotidiano de trabalho, você, certamente, gera</p><p>informações que alimentam alguns Sistemas de Informação em</p><p>Saúde. Geralmente, essas informações oriundas dos Sistemas de</p><p>Informação em Saúde são publicadas em Boletins Epidemiológicos.</p><p>Você já ouviu falar em boletim</p><p>epidemiológico? Lembra-se da</p><p>epidemiologia descritiva?</p><p>Nos boletins epidemiológicos, são apresentadas informações sobre o</p><p>quantitativo de casos de uma determinada doença ou agravo. Em</p><p>geral, os boletins epidemiológicos apresentam quando, onde e quem</p><p>adoeceu.</p><p>18</p><p>Podemos utilizar o Sistema de Informação de Agravos de Notificação</p><p>(SINAN), que é um importante sistema de informação na Saúde</p><p>Pública, e apresentar as informações dos casos de uma determinada</p><p>doença, como a Malária.</p><p>Utilizando as ferramentas da epidemiologia, nós podemos entender</p><p>como uma população está adoecendo por uma certa doença, em</p><p>um período específico, e, também, ao longo do tempo, ao coletar os</p><p>dados de diferentes períodos. Com base nessas informações, a</p><p>União, os Estados e os Municípios poderão definir ações estratégicas</p><p>a serem implementadas de acordo com o perfil de cada população.</p><p>Os gestores podem dar prioridade para aquelas ações que vão ser</p><p>mais efetivas no enfrentamento das doenças.</p><p>Agora, vamos dar</p><p>continuidade ao nosso</p><p>conteúdo, vendo</p><p>outras questões</p><p>importantes da</p><p>epidemiologia na</p><p>saúde pública.</p><p>19</p><p>LISTA NACIONAL DE</p><p>NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA DE</p><p>DOENÇAS, AGRAVOS E EVENTOS</p><p>DE SAÚDE PÚBLICA E A</p><p>PRODUÇÃO E INTERPRETAÇÃO</p><p>DE INDICADORES DE SAÚDE</p><p>Já vimos sobre os conceitos da epidemiologia, agora, é importante</p><p>entendermos como podemos utilizar a epidemiologia como nossa</p><p>aliada em nossa rotina de trabalho. A epidemiologia é essencial para</p><p>o planejamento de estratégias de saúde e para o monitoramento da</p><p>situação de saúde de um território.</p><p>• Na prática, como os dados são</p><p>coletados?</p><p>• Qual a importância do ACS e do ACE na</p><p>produção dessas informações?</p><p>Existem diversos sistemas de informação em saúde no Brasil. A</p><p>epidemiologia vai nos auxiliar, utilizando os dados desses sistemas e</p><p>transformando em informações úteis para a saúde pública, através</p><p>da epidemiologia descritiva. O Sistema de Informação de Agravos de</p><p>Notificação (SINAN) é um dos principais sistemas utilizados para o</p><p>monitoramento da situação de saúde de uma população. Esse</p><p>sistema é alimentado pelas notificações compulsórias.</p><p>21</p><p>O que é notificação</p><p>compulsória?</p><p>Existe uma lista nacional de doenças, agravos e eventos de saúde</p><p>pública, cujos registros são obrigatórios, por isso o termo notificação</p><p>compulsória. Essa lista existe desde 1961 e está em constante</p><p>mudança, pois o Ministério da Saúde a atualiza conforme a</p><p>necessidade. Recentemente, foram incluídos, na lista, os casos</p><p>confirmados de síndrome respiratória aguda grave por COVID-19.</p><p>Bia, ontem, eu identifiquei aqui no meu</p><p>território um caso que pode ser de</p><p>hanseníase. Preciso consultar a lista de</p><p>doenças para saber se é preciso</p><p>notificar?</p><p>Sim. No caso da hanseníase, é preciso notificar</p><p>se o diagnóstico foi confirmado! A lista de</p><p>notificação compulsória possui 48 tipos de</p><p>agravos que devem ser notificados. Além da</p><p>hanseníase, também, é obrigatória a notificação</p><p>de HIV, hepatites, leptospirose, tuberculose,</p><p>dengue, leishmaniose e várias outras doenças.</p><p>22</p><p>A lista atualizada de todas as doenças e dos</p><p>agravos de notificação compulsória consta na</p><p>Portaria N.º 420, de 2 de março de 2022, do</p><p>Ministério da Saúde. Para conhecê-la, clique</p><p>aqui. Se estiver lendo este material no formato</p><p>impresso, escaneie o QR ao lado.</p><p>Espera aí! Cólera também está na</p><p>lista de notificação compulsória?</p><p>Mas, ainda, existe cólera no Brasil?!</p><p>Bem pontuado! Não temos registros de novos</p><p>casos de cólera que foram desenvolvidos no</p><p>Brasil, mas precisamos sempre ficar atentos</p><p>para</p><p>combater novos surtos ou casos que</p><p>possam vir de fora do país. Por isso, atenção</p><p>máxima!</p><p>As notificações compulsórias são</p><p>encaminhadas às secretarias de saúde</p><p>semanalmente ou, em alguns casos mais</p><p>alarmantes, como no caso da cólera, no</p><p>prazo de até 24h!</p><p>23</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2022/prt0420_04_03_2022.html#:~:text=de%201975%2C%20resolve%3A-,Art.,e%20eventos%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica.</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2022/prt0420_04_03_2022.html#:~:text=de%201975%2C%20resolve%3A-,Art.,e%20eventos%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica.</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2022/prt0420_04_03_2022.html#:~:text=de%201975%2C%20resolve%3A-,Art.,e%20eventos%20de%20sa%C3%BAde%20p%C3%BAblica</p><p>Existem agravos de notificação</p><p>que nem sempre são relacionados</p><p>a doenças, como por exemplo:</p><p>acidentes de trabalho com</p><p>exposição a material biológico,</p><p>tentativas de suicídio e violência</p><p>sexual.</p><p>Você sabe quem deve</p><p>fazer essa notificação às</p><p>secretarias de saúde?</p><p>Qualquer profissional de saúde faz a notificação. Inclusive o ACS ou o</p><p>ACE. As notificações são realizadas, principalmente, pelo preenchimento</p><p>das fichas de notificação. Cada agravo ou doença específica possui</p><p>uma ficha própria.</p><p>Essas fichas são essenciais para que possamos produzir dados sobre a</p><p>situação de saúde da população e, para além do monitoramento das</p><p>doenças, fornecer informações que vão servir para estabelecer as</p><p>prioridades das políticas de saúde.</p><p>24</p><p>Vamos ver outro exemplo! Clique aqui e veja</p><p>como é a ficha de notificação de Hepatite C.</p><p>Você, também, pode escanear o QR ao lado</p><p>para mais informações.</p><p>Ontem, eu identifiquei um morador do meu</p><p>território que, recentemente, se mudou para cá e</p><p>teve resultado positivo para Hepatite C. Ele me</p><p>disse que recebeu o diagnóstico no mês passado</p><p>quando fez um teste rápido em uma outra</p><p>Unidade de Saúde. Eu não tenho certeza se foi</p><p>realizada a notificação de Hepatite C dele.</p><p>E agora? Há algum</p><p>problema se alguém da</p><p>equipe de Júlio fizer uma</p><p>notificação de novo?</p><p>Não tem problema! Inclusive, na dúvida, é sempre melhor notificar!</p><p>Os sistemas da vigilância epidemiológica conseguem verificar se</p><p>ocorreu alguma duplicidade de notificação, ou seja, se a pessoa foi</p><p>notificada mais de uma vez.</p><p>25</p><p>http://portalsinan.saude.gov.br/images/documentos/Agravos/Hepatites_Virais/Ficha_Hepatites_Virais.pdf</p><p>Os profissionais que trabalham na área observam todos os casos</p><p>notificados, cuidando para ver se tem algum deles duplicado e,</p><p>quando encontram, eles fazem a correção do registro. Para saber se</p><p>um caso está duplicado, é fundamental que as informações</p><p>essenciais de identificação, como o nome, o CPF e o cartão SUS</p><p>estejam bem preenchidas. É muito importante não perder a</p><p>oportunidade de notificar um caso! Melhor ter ele duplicado, e</p><p>depois corrigido, do que não ter o registro!</p><p>Tem algumas situações que são bem complexas, mas mesmo</p><p>assim temos que notificar! É como um trabalho de formiguinha.</p><p>Nesse trabalho, vocês, Agentes, são a peça fundamental, pois são</p><p>vocês que conhecem a população no território e que fazem as visitas</p><p>às casas das pessoas. Portanto, são vocês que podem identificar as</p><p>situações mais diversas que precisam de registros e informá-las</p><p>para os demais colegas das equipes de trabalho.</p><p>Há informações que os Agentes coletam que podem estar</p><p>relacionadas na lista nacional de doenças. Essas informações vão</p><p>constar no SINAN. Mas também, há outras informações que os</p><p>Agentes coletam que podem alimentar outros sistemas de</p><p>informações.</p><p>Eu, realmente, não tinha dimensão da</p><p>importância desse registro de dados. No</p><p>caso das violências, eu acho que é bem</p><p>complexo.</p><p>26</p><p>Através das notificações do SINAN são gerados boletins</p><p>epidemiológicos, como já vimos anteriormente. Essas informações são</p><p>de extrema relevância na saúde pública, justamente, para pensarmos</p><p>em ações de prevenção que sejam efetivas.</p><p>Agora, vamos aprender sobre dois cálculos muito utilizados na</p><p>epidemiologia, chamados de incidência e de prevalência.</p><p>Para que os gestores conheçam a realidade de uma população e</p><p>desenvolvam políticas de saúde efetivas, precisamos conhecer quais</p><p>são as informações de saúde daquela região. A incidência e a</p><p>prevalência são estimadas com a ajuda das informações notificadas</p><p>por meio das fichas de notificação.</p><p>Vamos entender um pouco mais de suas definições e diferenças.</p><p>A incidência é definida como o número de casos novos de uma doença</p><p>em um período e em uma população determinada. Ela é expressa da</p><p>seguinte maneira:</p><p>Incidência = número de casos novos</p><p>número de pessoas em</p><p>risco de adoecimento</p><p>27</p><p>Como o gestor vai</p><p>contabilizar esses casos</p><p>novos?</p><p>Você se lembra das Fichas de Notificação? A sífilis também é uma</p><p>doença de notificação compulsória! Esses dados são enviados às</p><p>secretarias semanalmente e são fundamentais para o cálculo da</p><p>incidência. No momento da notificação, também é imprescindível</p><p>que seja coletada a data do diagnóstico do paciente.</p><p>Voltando ao exemplo anterior, após o levantamento dos dados</p><p>realizado por você, Agente de Saúde, e sua equipe, através das</p><p>notificações, a equipe de vigilância epidemiológica do seu município</p><p>contabilizou que, em 2021, no seu território, foram identificadas 5</p><p>(cinco) pessoas com novos diagnósticos de sífilis. Logo, o nosso</p><p>numerador será 5.</p><p>5</p><p>número de pessoas em</p><p>risco de adoecimento</p><p>Incidência =</p><p>28</p><p>Vimos, na definição de incidência, que precisamos sempre observar</p><p>características como o período analisado – seja ano, mês ou</p><p>semana. Aqui, no nosso exemplo, já vimos que o gestor tem interesse</p><p>em saber a incidência de sífilis do ano de 2021. Isso significa que</p><p>novos casos diagnosticados em 2022 não estão incluídos nesse total.</p><p>Para calcular a incidência, precisamos sempre respeitar o período de</p><p>interesse. Certo?</p><p>Além do período observado, outra característica fundamental para</p><p>estimarmos a incidência é para qual população aquele resultado é</p><p>referente. No nosso exemplo, queremos saber a incidência de sífilis</p><p>em 2021 no seu território. Ou seja, pessoas com sífilis que residem no</p><p>território vizinho não entram no nosso cálculo.</p><p>Agora que já sabemos o valor do numerador, vamos nos deter ao</p><p>denominador, o número que está abaixo do numerador na nossa</p><p>fórmula. Aqui, precisamos inserir o total de pessoas em risco de</p><p>adoecimento em nosso território, incluindo aquelas 5 pessoas com</p><p>sífilis. Risco de adoecimento são todas as pessoas que residem no</p><p>território e que, de certa maneira, possuem algum risco de adoecer.</p><p>Como vou saber quantas</p><p>pessoas residiam no meu</p><p>território em 2021?</p><p>29</p><p>Essas informações são geradas através de estimativas populacionais</p><p>como as do censo demográfico. Em 2021, por exemplo, vamos supor</p><p>que os gestores de saúde verificaram que a população residente no</p><p>seu território era de aproximadamente 3.800 indivíduos. Isso significa</p><p>que o meu denominador é 3.800. Se o seu território possuía 3.800</p><p>indivíduos em 2021, essa é a população total que estava em risco de</p><p>adoecimento, logo, é esse o nosso denominador!</p><p>Então, a nossa fórmula de incidência será 5</p><p>dividido por 3.800, ou seja:</p><p>• 5, o nosso total de casos novos de sífilis, é o</p><p>numerador, o que vai ser dividido;</p><p>• 3.800 é o denominador, o total de habitantes no</p><p>nosso território em 2021, o número que vai</p><p>dividir.</p><p>Incidência = 5</p><p>3.800</p><p>Cálculo é comigo mesmo! Então: 5</p><p>dividido por 3.800 dá... Espera! A</p><p>incidência será 0,00131? Que</p><p>número cheio de vírgula é esse?</p><p>30</p><p>Vamos interpretar esse número! Para facilitar a compreensão, vamos</p><p>multiplicar o resultado por 100.000, transformando-o em uma taxa de</p><p>incidência. Vejamos a seguir.</p><p>O resultado da nossa fórmula foi 0,00131. Isso significa que para cada</p><p>1 (um) indivíduo que reside no território, 0,00131 indivíduos</p><p>desenvolveram</p><p>sífilis. Difícil de interpretar. Não é? Mas calma!</p><p>Seguindo esse raciocínio, podemos multiplicar esse mesmo resultado</p><p>por 100.000. Vamos lá: 0,00131 vezes 100.000 resulta em 131. Em outras</p><p>palavras, a nossa taxa de incidência é de 131 (cento e trinta e um)</p><p>casos para cada 100.000 habitantes.</p><p>Agora ficou mais fácil. Não é</p><p>mesmo? Mas, você sabe qual</p><p>a diferença entre incidência e</p><p>prevalência?</p><p>Já entendemos que a incidência nada mais é do que a proporção</p><p>de casos novos de determinada doença em uma população em</p><p>risco de adoecimento. A prevalência é diferente da incidência no</p><p>sentido de que o interesse não é avaliar a quantidade de casos</p><p>novos de uma doença, mas, sim, o total de casos da doença, sejam</p><p>eles novos ou não. Vejamos a fórmula:</p><p>Prevalência = número de casos existentes</p><p>número de pessoas em</p><p>risco de adoecimento</p><p>31</p><p>Vamos supor que o gestor agora está interessado em montar um</p><p>plano de enfrentamento ao diabetes nos territórios com maior</p><p>número de casos de diabetes. Para isso, ele solicitou as medidas de</p><p>prevalência de diabetes no território. Assim como no cálculo da</p><p>incidência, é essencial que esteja bem definido qual é a população</p><p>de interesse e qual é o período analisado.</p><p>Em um levantamento de dados no mês de agosto de 2022, o gestor</p><p>do município identificou que no território de interesse de uma</p><p>população de 3.800 pessoas existiam 38 pessoas com diabetes. Logo,</p><p>nosso numerador (o número de cima da fórmula) será 38.</p><p>Algumas pessoas tiveram o diagnóstico de diabetes mellitus há 10</p><p>anos, outras, há 5 anos, e outras tiveram o diagnóstico bem</p><p>recentemente. No entanto, como o objetivo da prevalência é</p><p>identificar o total de casos (sejam novos ou antigos) não nos</p><p>interessa saber aqui em que ano a pessoa desenvolveu a doença.</p><p>Entendemos que o nosso numerador é 38, e o denominador, 3.800, é</p><p>exatamente igual ao denominador da fórmula da incidência, visto no</p><p>exemplo anterior. Dessa forma, ao dividirmos 38 por 3.800, temos o</p><p>resultado: 0,01.</p><p>No caso da prevalência, é mais comum multiplicarmos por 1.000</p><p>para podermos interpretar a taxa de prevalência. Assim, seria 0,01</p><p>multiplicado por 1.000, em que o resultado é 10 casos de diabetes</p><p>para cada 1.000 habitantes.</p><p>32</p><p>Prevalência = 38 = 0,01</p><p>3.800</p><p>Existe alguma medida</p><p>que pode ser usada se</p><p>quisermos avaliar o</p><p>número de óbitos em</p><p>nosso território?</p><p>Sim! Existem vários cálculos para a mortalidade. Nesta disciplina,</p><p>estamos tratando das medidas básicas, ou seja, aqueles cálculos</p><p>básicos que o ACS e o ACE precisam conhecer, mas é importante você</p><p>saber que existem muitos outros. Dois cálculos, relacionados à</p><p>mortalidade, são bastante comuns: (1) a taxa bruta de mortalidade e</p><p>(2) a taxa de mortalidade específica por causa determinada.</p><p>Na taxa bruta de mortalidade, contabilizamos todos os óbitos, na</p><p>população residente em determinado espaço geográfico. De forma</p><p>resumida, a fórmula contabiliza todos os que morreram, independente</p><p>da causa. Esse cálculo tem limitações.</p><p>33</p><p>Uma das principais limitações do cálculo da taxa bruta de</p><p>mortalidade é que ele é influenciado pela composição etária da</p><p>população. Como sabemos, há locais onde existem mais crianças, e</p><p>outros onde existem mais idosos. Esses grupos etários apresentam</p><p>causas distintas de óbitos e quantitativos também.</p><p>Na taxa de mortalidade específica por causa determinada,</p><p>contabilizamos os óbitos por uma causa específica. É importante que</p><p>você conheça o cálculo, pois ele é muito utilizado na área da saúde.</p><p>Taxa de mortalidade específica =</p><p>número de óbitos por determinada causa em</p><p>determinado período x 100.000</p><p>número de habitantes do mesmo local e período</p><p>Estima-se que, em 2021, cerca de 423.793 pessoas foram a óbito em</p><p>decorrência da COVID-19 no Brasil. Utilizaremos esse valor como o nosso</p><p>numerador para o cálculo da taxa de mortalidade por COVID-19 no país.</p><p>Como denominador, podemos utilizar as estimativas do Instituto</p><p>Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o tamanho populacional</p><p>do Brasil em 2021: 213.317.639 pessoas.</p><p>34</p><p>Ao dividir o número de pessoas que foram a óbito por COVID-19 em</p><p>nosso país em 2021, pelo número de brasileiros no mesmo ano,</p><p>chegamos ao resultado de 0,00198. Multiplicando esse resultado por</p><p>100.000, podemos interpretar que a taxa de mortalidade por COVID-19</p><p>no Brasil foi de 198,66 óbitos para cada 100.000 brasileiros no ano de</p><p>2021. Em outras palavras, para cada 100.000 habitantes no Brasil, foram</p><p>registrados mais de 198 óbitos por COVID-19 em 2021.</p><p>Todos esses exemplos de cálculos que apresentamos anteriormente</p><p>são chamados de indicadores de saúde. Existem muitos outros</p><p>indicadores de saúde, além dos apresentados aqui em nossa</p><p>disciplina.</p><p>Os indicadores de saúde refletem a realidade epidemiológica – eles</p><p>mostram quantas pessoas adoeceram e quantas morreram em um</p><p>determinado momento. Além disso, eles descrevem e monitoram</p><p>características de saúde da população. Observe que, novamente,</p><p>falamos aqui em descrever um grupo, então, estamos falando mais</p><p>uma vez em epidemiologia descritiva.</p><p>A construção desses indicadores de saúde, muitas vezes, conta com</p><p>a participação essencial dos profissionais de saúde, que identificam</p><p>doenças e agravos e realizam seus registros e notificações às</p><p>secretarias de saúde.</p><p>35</p><p>No dia a dia do seu trabalho,</p><p>você, certamente, identifica e</p><p>registra problemas de saúde</p><p>que vão contribuir para os</p><p>cálculos dos indicadores de</p><p>saúde. Assim, podemos</p><p>realizar o monitoramento de</p><p>situações de saúde.</p><p>Isso mesmo! Se não há registros, não há como calcular indicadores</p><p>de saúde. Essa é uma informação que precisa estar muito clara, pois</p><p>mesmo em situações complexas como as que envolvem notificações</p><p>de violências, precisamos ter registros com qualidade de</p><p>preenchimento.</p><p>Se não soubermos destas informações, como vamos planejar alguma</p><p>ação específica na saúde pública para melhorar o cenário de</p><p>enfrentamento?</p><p>Agora que você já aprendeu o que é, como calcular e interpretar</p><p>alguns indicadores de saúde, e sua importância para monitorar as</p><p>características de saúde de uma população, vamos conversar sobre</p><p>o processo de monitoramento e avaliação no qual os indicadores</p><p>estão inseridos: a Análise de Situação de Saúde. Vamos lá!</p><p>36</p><p>MONITORAMENTO,</p><p>AVALIAÇÃO E ANÁLISE</p><p>DE SITUAÇÃO DE</p><p>SAÚDE</p><p>Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a análise de</p><p>situação de saúde é um processo que permite caracterizar, medir e</p><p>explicar o perfil de saúde e doença de uma população, incluindo os</p><p>agravos e problemas de saúde e seus determinantes. Assim, a análise</p><p>de situação de saúde estuda, principalmente, a caracterização da</p><p>população (aspectos demográficos, sociais, econômicos, culturais,</p><p>entre outros), das condições de vida (aspectos ambientais) e do perfil</p><p>epidemiológico (indicadores de morbidade e mortalidade).</p><p>Dentre as principais vantagens e os benefícios da análise de situação</p><p>de saúde, pode-se citar: a tomada de melhores decisões, baseadas em</p><p>evidências; uma visão mais crítica do território; a otimização na</p><p>alocação dos recursos humanos e financeiros; a contratação de</p><p>serviços, procedimentos e especialidades de forma direcionada e o</p><p>maior respaldo para as ações da gestão.</p><p>Por isso, precisamos acompanhar os dados e indicadores gerados a</p><p>partir de nosso trabalho, para, justamente, sabermos se as ações em</p><p>saúde estão funcionando.</p><p>38</p><p>Bom, de uma coisa eu não tenho</p><p>dúvida: a qualidade do</p><p>monitoramento e da avaliação em</p><p>saúde está intimamente ligada à</p><p>coleta de dados que nós realizamos no</p><p>nosso dia a dia.</p><p>Correto! Iniciativas como o Programa Previne Brasil somaram</p><p>esforços para impulsionar a coleta de dados no dia a dia de trabalho</p><p>dos profissionais de saúde da atenção primária. E, mesmo sem nos</p><p>darmos conta, apenas com a alimentação</p><p>de sistemas de</p><p>informação como o SINAN, como vimos na seção anterior, já</p><p>produzimos dados importantes para a consolidação de indicadores e</p><p>avaliação em saúde.</p><p>De forma muito resumida, esse acompanhar é o que chamamos de</p><p>monitoramento. E o saber se as ações estão funcionando é o que</p><p>vamos fazer na avaliação.</p><p>Acompanhar Monitorar</p><p>Funcionar Avaliar</p><p>39</p><p>No âmbito da atenção primária em saúde, alguns indicadores</p><p>específicos são utilizados para o monitoramento das ações das equipes</p><p>da estratégia de saúde da família. Com o lançamento do Programa</p><p>Previne Brasil, através da Portaria n.º 2.979/2019, o Ministério da Saúde</p><p>reestruturou o modelo de repasse financeiro para a APS. Nesse modelo,</p><p>um dos critérios para definir os valores dos repasses financeiros para a</p><p>atenção básica é o desempenho das equipes da estratégia de saúde</p><p>da família em aspectos prioritários estabelecidos pelo governo federal.</p><p>Esse desempenho é verificado através de indicadores de saúde que</p><p>constam no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica</p><p>(SISAB) e que são calculados com base nos dados registrados pelas</p><p>equipes. Além de servir para o repasse dos financiamentos, esses</p><p>indicadores são monitorados periodicamente para avaliação da</p><p>qualidade da atenção primária no país.</p><p>O Previne Brasil foi instituído em 2019. Agora, em 2022, os repasses</p><p>financeiros que levam em conta o desempenho desses indicadores</p><p>começaram a ser feitos.</p><p>Você sabe quais</p><p>indicadores são esses?</p><p>Veja-os!</p><p>40</p><p>https://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento</p><p>https://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento</p><p>NOME DO</p><p>INDICADOR CÁLCULO* META PARA 2022</p><p>1 - Proporção de</p><p>gestantes com pelo</p><p>menos seis consultas</p><p>de pré-natal</p><p>realizadas, sendo a 1ª</p><p>até a 12ª semana de</p><p>gestação.</p><p>N.º de gestantes com pelo menos seis</p><p>consultas de pré-natal realizadas, sendo a</p><p>1ª até a 12ª semana de gestação.</p><p>N.º de gestantes em pré-natal na APS ou</p><p>Potencial de cadastro municipal/IBGE X (n.º</p><p>de nascidos vivos / SINASC) X 100. 45%</p><p>2 - Proporção de</p><p>gestantes com</p><p>realização de exames</p><p>para sífilis e HIV.</p><p>N.º de gestantes que realizaram exames</p><p>para sífilis e HIV na APS.</p><p>N.º de gestantes em pré-natal na APS ou</p><p>Potencial de cadastro municipal/IBGE X (n.º</p><p>de nascidos vivos SINASC) X 100.</p><p>60%</p><p>3 - Proporção de</p><p>gestantes com</p><p>atendimento</p><p>odontológico</p><p>realizado.</p><p>N.º de gestantes com atendimento</p><p>odontológico realizado na APS.</p><p>N.º de gestantes em pré-natal na APS ou</p><p>Potencial de cadastro municipal/IBGE X (n.º</p><p>de nascidos vivos SINASC) X 100.</p><p>60%</p><p>4 - Proporção de</p><p>mulheres com coleta</p><p>de citopatológico na</p><p>APS.</p><p>N.º de mulheres de 25 a 64 anos que</p><p>realizaram coleta de exame citopatológico</p><p>na APS nos últimos 3 anos.</p><p>Número de mulheres de 25 a 64 anos</p><p>cadastradas e vinculadas na APS ou</p><p>Potencial de cadastro municipal/IBGE X %</p><p>mulheres com 25 a 64 anos por estudo de</p><p>estimativa populacional 2020 X 100.</p><p>40%</p><p>41</p><p>NOME DO</p><p>INDICADOR CÁLCULO* META PARA 2022</p><p>5 - Proporção de</p><p>crianças de um ano</p><p>de idade vacinadas</p><p>na APS contra difteria,</p><p>tétano, coqueluche,</p><p>hepatite B, infecções</p><p>causadas por</p><p>Haemophilus</p><p>influenza tipo B e</p><p>poliomielite</p><p>inativada.</p><p>N.º de crianças que completaram 12 meses</p><p>de idade, no quadrimestre avaliado, com as</p><p>3 doses aplicadas de poliomielite inativada</p><p>e Pentavalente ou (caso excepcional</p><p>descrito na Ficha de Qualificação*).</p><p>Número de crianças cadastradas e</p><p>vinculadas em equipes de APS que</p><p>completaram 12 meses de idade no</p><p>quadrimestre avaliado ou Potencial de</p><p>cadastro municipal/IBGE X n.º de nascidos</p><p>vivos por quadrimestre do período</p><p>analisado X 100.</p><p>95%</p><p>6 - Proporção de</p><p>pessoas com</p><p>hipertensão, com</p><p>consulta e pressão</p><p>arterial aferida no</p><p>semestre.</p><p>N.º de pessoas com hipertensão arterial</p><p>com consulta em hipertensão arterial e</p><p>aferição de pressão arterial nos últimos 6</p><p>meses.</p><p>N.º de pessoas com hipertensão arterial no</p><p>SISAB ou Potencial de cadastro municipal X</p><p>% pessoas com hipertensão arterial PNS</p><p>2019 X 100.</p><p>50%</p><p>7 - Proporção de</p><p>pessoas com</p><p>diabetes, com</p><p>consulta e</p><p>hemoglobina glicada</p><p>solicitada no</p><p>semestre.</p><p>Pessoas com diabetes, com consulta em</p><p>diabetes e solicitação de exame de</p><p>hemoglobina glicada nos últimos 6 meses.</p><p>Número de pessoas com diabetes no SISAB</p><p>ou Potencial de cadastro municipal X %</p><p>pessoas com diabetes PNS 2019 X 100. 50%</p><p>*Ficha de qualificação - Nota Técnica. Disponível em:</p><p>https://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento/componentesfinanciamento/</p><p>42</p><p>https://aps.saude.gov.br/gestor/financiamento/componentesfinanciamento/</p><p>Todos esses sete indicadores são classificados como sendo do tipo</p><p>proporção, em função do tipo de cálculo que é realizado, porque o</p><p>numerador é uma parte do denominador. Os indicadores do tipo</p><p>proporção sempre apresentam um resultado em percentual, podendo</p><p>variar de 0% até 100%. Veja que no indicador 7 apresentado acima, o</p><p>quantitativo de pessoas com diabetes, com consulta em diabetes e</p><p>solicitação de exame de hemoglobina glicada nos últimos 6 meses</p><p>(numerador da fórmula) corresponde a uma parte de todas as pessoas</p><p>com diabetes no SISAB (denominador da fórmula).</p><p>Vamos usar como exemplo o primeiro indicador do Programa Previne</p><p>Brasil: a Proporção de gestantes com pelo menos seis consultas</p><p>pré-natal realizadas. O objetivo desse indicador é verificar como está a</p><p>nossa cobertura de consultas pré-natal no tempo ideal em nosso</p><p>município. Vejamos novamente a fórmula:</p><p>Indicador 1 =</p><p>Nº de gestantes com pelo menos seis consultas</p><p>pré-natal realizadas, sendo a 1ª consulta até a 12ª</p><p>semana de gestação</p><p>Nº de gestantes em pré-natal na APS x 100</p><p>43</p><p>Agora, vamos tentar usar a fórmula, sabendo que, no território, há 18</p><p>gestantes em pré-natal na APS, e que destas 9 fizeram pelo menos seis</p><p>consultas entre a 1ª até a 12ª semana de gestação.</p><p>Indicador 1 = 9 X 100</p><p>18</p><p>Ao dividirmos 9 por 18, obtemos o resultado 0,5. Agora é só multiplicar</p><p>por 100 para transformar o valor em percentual:</p><p>Indicador = 9 / 18</p><p>Indicador 1 = 0,5 x 100</p><p>Indicador 1 = 50%</p><p>Indicador = (9/18) x 100 = 0,5 x 100 =50,0%</p><p>Do total de gestantes que realizaram acompanhamento pré-natal</p><p>conosco no último ano, 50% delas tiveram pelo menos 6 consultas,</p><p>sendo que a primeira consulta ocorreu antes da 12º semana</p><p>gestacional.</p><p>44</p><p>8/18 = 0,44 x 100 = 44,4%</p><p>Por não ter sido registrada a consulta de uma gestante, a equipe</p><p>não atingiu a meta! Isso é um problema para o financiamento</p><p>das ações de saúde do município.</p><p>Vamos imaginar que uma só gestante não teve sua consulta de</p><p>pré-natal registrada. Foi um esquecimento da pessoa</p><p>responsável pelo registro. Isso pode parecer sem importância.</p><p>Vamos refazer a conta, esquecendo um caso?</p><p>Saiba mais sobre os indicadores de</p><p>desempenho. Faça a leitura das notas técnicas</p><p>dos indicadores e dos materiais que estão</p><p>publicados no Portal da SAPS/Ministério da</p><p>Saúde. Clique aqui para acessá-los, ou,</p><p>escaneie o QR ao lado.</p><p>Indicador 1 = 8 x 100</p><p>18</p><p>Indicador 1 = 0,444 x 100</p><p>Indicador 1 = 44,4%</p><p>45</p><p>https://sisab.saude.gov.br/resource/file/nota_tecnica_indicadores_de_desempenho_20220603.pdf</p><p>https://sisab.saude.gov.br/resource/file/nota_tecnica_indicadores_de_desempenho_20220603.pdf</p><p>Existem outros programas muito importantes que também utilizam</p><p>indicadores baseados em proporções para o monitoramento em</p><p>saúde. Um deles é o Programa de Qualificação das Ações de</p><p>Vigilância em Saúde - PQA-VS, que foi criado pela Portaria n.º</p><p>1.378/GM/MS, em 8 de julho de 2013. Esse programa tem por objetivo</p><p>melhorar as ações e os serviços de vigilância em saúde,</p><p>aperfeiçoando o SUS.</p><p>O PQA-VS possui 14 indicadores:</p><p>1 – Proporção de registros de óbitos alimentados no SIM em relação</p><p>ao estimado, recebidos na base federal em</p><p>até 60 dias após o final do</p><p>mês de ocorrência;</p><p>2 – Proporção de registros de nascidos vivos alimentados no Sinasc</p><p>em relação ao estimado, recebidos na base federal até 60 dias após o</p><p>final do mês de ocorrência;</p><p>3 – Proporção de salas de vacina com alimentação mensal das doses</p><p>de vacinas aplicadas e da movimentação mensal de imunobiológicos,</p><p>no sistema oficial de informação do Programa Nacional de</p><p>Imunizações de dados individualizados, por residência;</p><p>4 – Proporção de vacinas selecionadas que compõem o Calendário</p><p>Nacional de Vacinação para crianças menores de 1 ano de idade</p><p>(Pentavalente - 3ª dose, Poliomielite - 3ª dose, Pneumocócica 10</p><p>valente - 2ª dose) e para crianças de 1 ano de idade (tríplice viral - 1ª</p><p>dose) – com coberturas vacinais preconizadas;</p><p>5 – Percentual de amostras analisadas para o residual de agente</p><p>desinfetante em água para consumo humano (parâmetro: cloro</p><p>residual livre, cloro residual combinado ou dióxido de cloro);</p><p>6 – Proporção de casos de doenças de notificação compulsória</p><p>imediata nacional (DNCI) encerrados em até 60 dias após notificação;</p><p>46</p><p>7 – Proporção de casos de malária que iniciaram tratamento em</p><p>tempo oportuno;</p><p>8 – Número de ciclos que atingiram mínimo de 80% de cobertura de</p><p>imóveis visitados para controle vetorial da dengue;</p><p>9 – Proporção de contatos examinados de casos novos de</p><p>hanseníase diagnosticados nos anos das coortes;</p><p>10 – Proporção de contatos examinados de casos novos de</p><p>tuberculose pulmonar com confirmação laboratorial;</p><p>11 – Número de testes de sífilis por gestante;</p><p>12 – Número de testes de HIV realizados;</p><p>13 – Proporção de preenchimento do campo “ocupação” nas</p><p>notificações de agravos relacionados ao trabalho;</p><p>14 – Proporção de notificações de violência interpessoal e</p><p>autoprovocada com o campo raça/cor preenchido com informação</p><p>válida.</p><p>Para saber mais sobre o cálculo dos indicadores</p><p>do PQA-VS, as fontes de informação utilizadas</p><p>para o cálculo e a meta para cada indicador,</p><p>Clique aqui, ou, escaneie o QR ao lado.</p><p>Viu, como a epidemiologia, o monitoramento e a</p><p>avaliação de indicadores de saúde são</p><p>importantes? Vamos para uma retrospectiva</p><p>desta disciplina.</p><p>Consulte, também, a teleaula, a aula interativa e os materiais</p><p>complementares disponíveis no AVA.</p><p>47</p><p>https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-de-qualificacao-das-acoes-de-vigilancia-em-saude/pqa-em-2020-pandemia/FichasQualificaoPQAVS2020Final.pdf</p><p>https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programa-de-qualificacao-das-acoes-de-vigilancia-em-saude/pqa-em-2020-pandemia/FichasQualificaoPQAVS2020Final.pdf</p><p>RETROSPECTIVA</p><p>Nessa disciplina, vimos como a epidemiologia pode nos ajudar a</p><p>identificar o perfil de saúde do nosso território, o planejamento,</p><p>monitoramento e a avaliação das ações de saúde e vigilância. É</p><p>importante lembrar que os dados precisam ser registrados com</p><p>qualidade, para conseguirmos aplicar os conceitos e as fórmulas,</p><p>transformando os dados em informações úteis à saúde pública! É</p><p>fundamental conhecer a natureza de algumas medidas importantes da</p><p>epidemiologia, como a prevalência, incidência e mortalidade.</p><p>Vimos também que, por trás de toda a coleta de dados e de todo o</p><p>cálculo dos indicadores, a epidemiologia nos ensina que, além de ser</p><p>uma ferramenta muito importante para elaborar indicadores e perfis</p><p>epidemiológicos, ela é também uma ciência que procura sempre</p><p>reconhecer a complexidade do processo saúde-doença! Afinal, como</p><p>vimos, diversos são os fatores que podem estar relacionados ao nosso</p><p>bem-estar ou a um maior risco de adoecimento.</p><p>Até breve!</p><p>49</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>AZAMBUJA, H. C. et al. O impacto da vacinação contra influenza na</p><p>morbimortalidade dos idosos nas regiões do Brasil entre 2010 e 2019.</p><p>Cad Saúde Pública, v. 36, 2020. Suppl. 2.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Asis – Análise de Situação de Saúde.</p><p>Brasília, DF: MS, 2015. v. 1. Disponível em:</p><p>http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/asis_analise_situacao_sa</p><p>ude_volume_1.pdf. Acesso em: 2 ago. 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.</p><p>Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do</p><p>Trabalhador. Saúde ambiental: guia básico para construção de</p><p>indicadores. Brasília, DF: MS, 2011. Disponível em:</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_ambiental_guia_b</p><p>asico.pdf. Acesso em: 2 ago. 2022.</p><p>BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde indígena: análise da situação de</p><p>saúde no SasiSUS. Brasília, DF: MS, 2019. Disponível em:</p><p>http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_indigena_analise_s</p><p>ituacao_sasisus.pdf. Acesso em: 2 ago. 2022.</p><p>CONTANDRIOPOULOS, A. P. Avaliando a institucionalização da avaliação.</p><p>Ciência & Saúde Coletiva, v. 11, n. 3, p. 705-711, 2006. Disponível em:</p><p>https://www.scielo.br/j/csc/a/6qhnBYjvpMN6PknYfwVCTnH/abstract/?la</p><p>ng=pt. Acesso em: 2 ago. 2022.</p><p>DAUFENBACH, L. Z. et al. Impacto da vacinação contra a influenza na</p><p>morbidade hospitalar por causas relacionadas à influenza em idosos no</p><p>Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, v. 23, n. 1, 2014.</p><p>DRUMOND JÚNIOR, M. Epidemiologia nos municípios: muito além das</p><p>normas. 2. ed. São Paulo: Hucitec, 2011.</p><p>51</p><p>FIGUEIRÓ, A. C.; FRIAS, P. G.; NAVARRO, L. M. (org.). Avaliação em saúde:</p><p>conceitos básicos para prática nas instituições. Rio de Janeiro: MedBook,</p><p>2010.</p><p>HARTZ, Z. M. de A. (org.) Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à</p><p>prática na análise da implantação de programas. Rio de Janeiro: Editora</p><p>Fiocruz, 1997. Disponível em: http://books.scielo.org/id/3zcft. Acesso em:</p><p>2 ago. 2022.</p><p>OLIVEIRA FILHO, P. F. de. Epidemiologia e Bioestatítisca: fundamentos</p><p>para a Leitura Crítica. Rio de Janeiro: Rubio, 2015. Disponível em:</p><p>https://issuu.com/editorarubio/docs/issuu_epidemiologia_e_bioestat_</p><p>_sti. Acesso em: 2 ago. 2022.</p><p>ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. de. Epidemiologia e saúde. Rio de</p><p>Janeiro: Medsi, 2003.</p><p>SAMICO, I.; FELISBERTO, E.; FIGUEIRÓ, A. C.; FRIAS, P. G. de (org.). Avaliação</p><p>em saúde: bases conceituais e operacionais. Rio de Janeiro: MedBook,</p><p>2010.</p><p>SELLERA, P. E. G. et al. Monitoramento e avaliação dos atributos da</p><p>Atenção Primária à Saúde em nível nacional: novos desafios. Ciência e</p><p>saúde coletiva. Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p. 1401-1412, abr. 2020.</p><p>https://doi.org/10.1590/1413-81232020254.36942019. Acesso em: 1 mar.</p><p>2020.</p><p>SILVA, L. M. V. Conceitos, abordagens e estratégias para a avaliação em</p><p>saúde. In: HARTZ, Z. M. A.; SILVA, L. M. V. (org.). Avaliação em saúde: dos</p><p>modelos teóricos à prática na avaliação de programas e sistemas de</p><p>saúde. Salvador: EDUFBA; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. p. 15-39.</p><p>TANAKA, O. Y.; MELO, C. M. M. de. Avaliação de programas de saúde do</p><p>adolescente: um modo de fazer. [S. l: s. n.], 2001.</p><p>Conte-nos a sua opinião sobre</p><p>essa publicação. Clique aqui</p><p>e responda à pesquisa.</p><p>52</p><p>https://customervoice.microsoft.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=00pVmiu1Ykijb4TYkeXHBcuyUSjBpEtCq8T0cY9k8jBUN0NRS0FYWVhDWjBKT1FUUUM5OFRLOVNPMS4u</p><p>54</p><p>Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde</p><p>bvsms.saude.gov.br</p><p>54</p>