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<p>73</p><p>SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL E A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO REPRESENTANTE DO INCAPAZ</p><p>SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL E A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO REPRESENTANTE DO INCAPAZ</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso.</p><p>SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL E A INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO COMO REPRESENTANTE DO INCAPAZ</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso:</p><p>________________________________________</p><p>Profº</p><p>Orientador</p><p>________________________________________</p><p>Prof.</p><p>________________________________________</p><p>Prof.</p><p>Dedico este trabalho.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Primeiramente agradeço ao meu DEUS por guiar meus passos.</p><p>Eis, que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. (Bíblia Sagrada, Salmos 127.3).</p><p>RESUMO</p><p>O objetivo do presente trabalho consiste em traçar uma visão panorâmica acerca da Alienação Parental, baseando-se na Lei nº 12.318/2010. Esse trabalho visa demonstrar primeiramente o conceito de Alienação Parental, e os possíveis aspectos que o caracterizam, bem como suas consequências. Pretende-se, ainda, explanar sobre a atuação do órgão competente para representar o menor incapaz, qual seja Ministério Público, tido como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. Para tanto, pontuaremos a Lei nº 12. 318/2010 que dispõe sobre a Alienação Parental, e outras leis que são relevantes para o tema. A relevância em relação ao tema proposto baseia-se nas teorias elencadas nesta estudo, por acreditar que a informação e o conhecimento são armas eficazes sobre a ignorância e sua prática, crendo que a propagação transformam e possibilitam termos uma sociedade equilibrada, regida pelo ordenamento jurídico que visa como prioridade garantida constitucionalmente o desenvolvimento sadio em todos os aspectos as crianças e adolescentes. Para o desenvolvimento do trabalho, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, onde, podemos explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. A conclusão nos aponta que a alienação parental configura descumprimento das obrigações inerentes à autoridade da família e dos pais, necessitando ser identificada rapidamente para se tornar eficaz o que a constituição assegura às crianças e adolescentes, ou seja, sua proteção integral.</p><p>Palavras-Chave: Síndrome de Alienação Parental. Ministério Público. Menor Alienado.</p><p>ABSTRACT</p><p>The objective of this study is to provide an overview about Parental Alienation vision, based on Law No. 12.318/2010. This work aims to first demonstrate the concept of Parental Alienation, and the possible aspects that characterize it and its consequences. It is intended also to explain about the performance of the court to represent the minor incapable, is prosecutors, taken as a permanent institution, essential to the jurisdictional function of the State. To do so, punctuate Law No 12.318/2010, which provides for the Parental Alienation and other laws that are relevant to the topic. The relevance to the proposed timetable is based on the theories listed in this study , because they believe that information and knowledge are effective weapons of ignorance and practice , believing that the spread transform and enable under a balanced society governed by law subject to priority aims constitutionally guaranteed sound development in all aspects of children and adolescents . To develop the work, bibliographic research, where we can explain a problem from the theoretical literature references in documents was used. The conclusion point out that parental alienation sets breach of obligations to the authority of the family and parents need to be identified quickly to become effective what the constitution provides to children and adolescents is its full protection.</p><p>Keywords: Parental Alienation Syndrome. Prosecutors. Estranged lower</p><p>LISTA DE ABREVIATURAS</p><p>APASE	Associação de Pais e Mães Separados</p><p>AP		Alienação Parental</p><p>ART		Artigo</p><p>CC		Código Civil</p><p>CF		Constituição Federal</p><p>CPC 		Código de Processo Civil</p><p>ECA		Estatuto da Criança e do Adolescente</p><p>MP		Ministério Público</p><p>SAP		Síndrome da Alienação Parental</p><p>SUMÁRIO</p><p>1 INTRODUÇÃO........................................................................................................11</p><p>2 EVOLUÇÃO DA FAMILIA......................................................................................13</p><p>2.1 A FAMILIA E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL........................................................19</p><p>2.1.1 Guarda...............................................................................................................22</p><p>2.1.1.2 Guarda exclusiva............................................................................................23</p><p>2.1.1.3 Guarda compartilhada....................................................................................25</p><p>2.1.1.4 Guarda alternada............................................................................................30</p><p>2.2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA...................................................................31</p><p>2.3 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) LEI 8.069/90.............34</p><p>3 SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL............................................................38</p><p>3.1 LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL (LEI 12.318/10)...............................................38</p><p>3.2 CONCEITO DE ALIENAÇAO PARENTAL...........................................................41</p><p>3.2.1 Surgimento da SAP e sua aparição no Brasil...................................................43</p><p>3.3 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL......................................45</p><p>3.3.1 Sujeitos da SAP.................................................................................................47</p><p>3.3.2 Requisitos..........................................................................................................48</p><p>3.3.3 Efeitos................................................................................................................49</p><p>4 INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.........................................................54</p><p>4.1 JURISPRUDÊNCIAS............................................................................................60</p><p>CONCLUSÃO............................................................................................................68</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..........................................................................71</p><p>1 INTRODUÇÃO</p><p>A Síndrome de Alienação Parental, apresentada como SAP, tema abordado por esse trabalho, foi detectada há alguns anos, mais precisamente no ano de 1980 pelo pesquisador e pediatra Richard A. Gardner que identificou transtornos em várias crianças, quando estas utilizadas como armas por um de seus pais, tendo como único objetivo atingir o outro genitor, dando-se uma guerra dentro da disputa judicial, e após 5 (cinco) anos reuniu estas relevantes informações, documentando-as no ano de 1985.</p><p>Nos dias atuais, a prática de Alienação Parental se faz cada vez mais presente dentro dos lares da sociedade brasileira, na maioria das vezes de forma consciente, mas por muitas outras vezes de forma inconsciente, quando um dos pais por ignorar o assunto sem saber ao certo as consequências que suas atitudes irão causar nestes menores, mas de uma forma ou de outra o alienador tem os filhos dentro de um continuo trabalhado, modificando a memória dessas crianças e/ou adolescentes, nutrindo-os de informações falsas, e por não terem os menores o discernimento do que é verídico ou não, acabam por acreditar no que lhes são embutido e com resultado final, findam se afastando do genitor alienado, continuando assim os problemas causados pela SAP por toda a vida do indivíduo, tornando adultos problemáticos.</p><p>Portanto, a alienação parental representa, um dos maiores desafios a ser enfrentado naquilo que toca à proteção integral de população infanto-juvenil e à efetivação de seus direitos</p><p>aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo gravidade do caso:</p><p>I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;</p><p>II- ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;</p><p>III- estipular multa ao alienador;</p><p>IV- determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;</p><p>V- determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão;</p><p>VI- determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;</p><p>VII- declarar a suspensão da autoridade parental”</p><p>E ainda diz em seu Parágrafo único;</p><p>Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar[footnoteRef:55]. [55: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.brAcesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>Destaca-se que, o artigo 3º da Lei 12.318/10[footnoteRef:56] reza. [56: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>A pratica de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.</p><p>A lei não tipificou como crime o ato de alienação parental. Segundo Elizio Luiz Perez[footnoteRef:57]: [57: PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 79.]</p><p>Prevaleceu a tese que atribui ênfase ao caráter educativo, preventivo e de proteção da norma, com a restrição da parte penal. Isso também se deu em razão da necessidade, muitas vezes, do exame subjetivo da conduta de alienação, o que não se coaduna com a forma como deve ser apurado um ilícito penal, diga-se, com objetividade.</p><p>Não é de hoje que a doutrina reconhece a possibilidade de atos abusivos no âmbito do poder familiar. Pontes de Miranda já citava em sua obra decisão da 1ª. Turma do STF de 18.8.1949[footnoteRef:58] com o seguinte teor: [58: PONTES DE MIRANDA. Tratado de Direito Privado. Tomo IX. Atual. Rosa Maria de Andrade Nery. São Paulo: RT, 2012, p. 176-177. ]</p><p>Constitui princípio de moral familiar, sem qualquer desrespeito aos direitos paterno, a manutenção de relações de amizade e de um certo intercâmbio espiritual entre uma avó e sua neta menor, sendo odiosa e injusta qualquer oposição paterna, sem estar fundada em motivos sérios e graves; assim, constituir abuso de pátrio poder o impedimento, direto ou indireto, a que o ascendente mantenha estreitas relações de visita com a sua neta, procurando apagar nesta todo vestígio de sentimento pelos componentes da família de sua mãe falecida.</p><p>A lei vem reforçar a importância da família, do bom convívio entre pais e filhos e traz uma realidade atual, a Síndrome da Alienação Parental que, se não observada pode acarretar sérios problemas a criança, aos pais e a sociedade. Portanto, cabe a todos os operadores do direito, estarmos atento para poder essas novas “doenças” do mundo jurídico atual.</p><p>3.2 CONCEITO DE ALIENAÇAO PARENTAL</p><p>Síndrome de Alienação Parental identificada no inglês pela sigla PSA, é considerada um transtorno psicológico manifestado em crianças ou adolescentes que vivem em meio ao litigio de seus pais quando enfrentam a separação judicial.</p><p>Quando um dos pais decide findar o vínculo conjugal e pelo o outro cônjuge não é bem aceito esse desmanche, começa a travar uma batalha com o ex-cônjuge e para que este seja atingido utiliza-se os filhos como armas e para que este filho-arma atinja seu objetivo é municiado com informações falsas no sentido de denegrir, desmoralizar, difamar o ex-cônjuge com um único objetivo de afasta-lo dos seus filhos, sem justificativa, somente pelo prazer de vingança e acaba por se, implantando memorias falsas na criança e/ou adolescente causando a estes dor e sofrimento por não poder conviver com ambos genitores.</p><p>A maior referência no assunto Richard Gardner[footnoteRef:59] conceituou a síndrome da alienação Parental como: [59: GARDNER, Richard. O DSM-IV tem equivalente para diagnostico de Síndrome de Alienação Parental (SAP)? Tradução de Rita Rafaeli. Disponível em: http://www.alienaçãoparental.com.br. Acesso em: 21 março 2014]</p><p>Um distúrbio da infância que aparece quase exclusivamente no contexto de disputas de custódia de crianças. Sua manifestação preliminar é a campanha denegritória contra um dos genitores, uma campanha feita pela própria criança e que não tenha nenhuma justificação. Resulta da combinação das instruções de um genitor (o que faz a “lavagem cerebral, programação, doutrinação”) e contribuições da própria criança para caluniar o genitor-alvo. Quando o abuso e/ou a negligência parentais verdadeiros estão presentes, a animosidade da criança pode ser justificada, e assim a explicação de Síndrome de Alienação Parental para a hostilidade da criança não é aplicável.</p><p>Assim sendo, a criança é utilizada como forma de castigo, punição ao outro genitor por ser considerado o responsável pela separação conjugal, pouco importando as consequências que suas atitudes iram causar.</p><p>Neste sentido esclarece a ilustre Maria Berenice Dias[footnoteRef:60]: [60: DIAS, Berenice, Maria. Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.59.]</p><p>A Síndrome de Alienação Parental é um transtorno psicológico que se caracteriza por um conjunto de sintomas pelos quais um genitor, denominado cônjuge alienador, transformar a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e estratégias de atuação, com o objetivo de impedir, obstaculizar ou destruir seus vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que existam motivos reais que justifiquem essa condição.</p><p>A APASE[footnoteRef:61]- Associação de Pais e Mães Separados definem a Síndrome da Alienação Parental como: [61: APASE - Associação de Pais e Mães Separados. Disponível em: www.paisparasemprebrasil.org. Acesso em: 27 de março de 2014.]</p><p>Forma de abuso, onde um genitor faz uma campanha de desmoralização de outro, programando a criança para que reprima a afeição que sente por ele e passe a odiá-lo e rejeita-lo. É uma violação direta e intencional de uma das obrigações mais fundamentais do genitor: promover e estimular uma relação positiva e harmoniosa entre a criança e o outro genitor, e é também uma violência constante, permanente, invisível para as próprias vítimas, exercida por vias puramente simbólicas e de comunicação (APASE, 2014).</p><p>A Síndrome da Alienação Parental conforme enfatiza Pinho[footnoteRef:62] é um tema polêmico e complicado: [62: PINHO, Marco Antônio Garcia de. Alienação parental. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2221, 31 jul. 2009. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/13252>. Acesso em: 27 de março de 2014.]</p><p>Descrever a situação em que, separados, ou em processo de separação ou em casos menores, por desavenças temporárias, e disputando a guarda da criança, um dos genitores, seja mãe ou o pai, ensina a criança a romper os laços afetivos com o outro genitor, criando sentimentos de ansiedade e temor em relação ao ex-companheiro (a).</p><p>Esse processo se apresenta com maior frequência no ambiente materno, visto que, na grande parte das disputas de guarda, estas são favoráveis a mãe.</p><p>No mesmo sentido, Pinho[footnoteRef:63] informa que os casos mais frequentes de Alienação Parental estão vinculados às dissoluções do vínculo</p><p>conjugal, em esmagadora regra na mãe: [63: PINHO, Marco Antônio Garcia de. Alienação parental. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2221, 31 jul. 2009. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/13252>. Acesso em: 27 de março de 2014.]</p><p>Uma grande tendência vingativa, engajando-se em uma cruzada difamatória para desmoralizar e desacreditar o ex-cônjuge, fazendo nascer no filho a raiva para com o outro, muitas vezes transferindo o ódio ou frustração que ela própria nutre, neste malicioso esquema em que a criança é utilizada como instrumento mediato de agressividade e negociata. Não obstante o objetivo da Alienação Parental seja sempre o de afastar e excluir o pai do convívio com o filho, as causas são diversas, indo da possessividade até a inveja, passando pelo ciúme e a vingança em relação ao ex-parceiro e mesmo incentivo de familiares, sendo o filho, uma espécie de “moeda de troca e chantagem”.</p><p>Em colaboração Souza[footnoteRef:64] salienta que: [64: SOUZA, Euclydes de. Alienação Parental: perigo eminente. Disponível em: www.pailegal.net. Acesso em: 10 março de 2014.]</p><p>E diante do penoso processo de apartação o filho acaba por se tornar artilharia entre um genitor e o outro, essa situação findava se os pais tivessem equilíbrio suficiente para manter um diálogo construtivo, colocando como valor primordial a relação benéfica entre filho e pais, mesmo após o fim da vida conjugal.</p><p>Portanto cabe salientar que, o genitor que tem a intenção de afastar a criança do convívio com o outro denomina-se “Genitor Alienante”, e ao outro, cujo processo é direcionado, denomina-se “Genitor Alienado” (SOUZA, 2014).</p><p>3.2.1 Surgimento da SAP e sua aparição no Brasil</p><p>A Síndrome da Alienação Parental foi descrita pela primeira vez em 1985, nos Estados Unidos, por Richard Gardner, professor da clínica de psiquiatria infantil da Universidade de Columbia[footnoteRef:65]” (APASE, 2014), que trabalhando como perito judicial teve acesso em vários casos envolvendo a separação conjugal, onde os filhos são objeto de disputa, observando Gardner o sofrimento dos menores diante da conturbada separação de seus pais, onde os genitores esquecem dos sentimentos dos filhos e visam somente seus próprios interesses, que é separar a criança do ex-cônjuge, como forma de punição pela separação do casal, causando dor e aflição a esses menores, e diante desses comportamentos Richard Gardner definiu como síndrome. [65: APASE – Associação de Pais e Mães Separados. Disponível em: www.paisparasemprebrasil.org. Acesso em: 27 de março de 2014.]</p><p>Identificou Gardner, com precisão as figuras do genitor alienador e genitor alienado, concluindo que nesses casos a criança, vítima da lavagem cerebral levada a efeito pelo ascendente alienante, é acometida por danos e distúrbios psicológicos que compõem a sintomatologia da síndrome. Desde então os estudos de Gardner foram difundidos por todo o mundo.</p><p>No Brasil, a temática sobre a Síndrome da Alienação Parental se deu através de movimentos e associações de pais e mães separados, mas foi em 2010 quando entrou em vigência a Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010.</p><p>Entre os juristas que se empenham no deslinde das questões jurídico-familiares, há que se destacar artigo produzido no ano de 2006 por Maria Berenice Dias versando sobre a Síndrome da Alienação Parental, que até hoje intensamente repercute no meio jurídico, intitulado “Síndrome da Alienação Parental, o que é isso[footnoteRef:66]? (DIAS, 2008). [66: DIAS, Maria Berenice. Síndrome da Alienação Parental: o que é isso? Instituto Brasileiro de Direito de Família. 31/10/2008. Disponível em: http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=463. Acesso em: 24 de março de 2014. ]</p><p>Os litígios familiares envolvendo suspeitas de Alienação Parental terminaram por desaguar nos Tribunais de Justiça estaduais. Em pesquisas realizadas nos sites oficiais, verificamos que poucas foram as decisões que enfrentaram a questão e concluíram por reconhecer a ocorrência de atos tendentes a deflagração da síndrome da alienação parental, no período compreendido entre os anos de 2006 e 2010. Tais decisões claramente se inspiraram nas ideias de Gardner e se fundamentam particularmente no princípio do melhor interesse da criança e no direito fundamental à convivência familiar conferido às crianças e aos adolescentes pela Carta Política da República, igualmente previstos na Convenção Internacional sobre Direitos da Criança.</p><p>As reivindicações da sociedade civil, os debates e estudos promovidos por psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, o enfrentamento de questões envolvendo a Síndrome da Alienação Parental na primeira e na segunda instância do Poder Judiciário conjugaram-se para evidenciar a necessidade da disciplina normativa da Alienação Parental no Brasil.</p><p>Neste contexto, “a aprovação da lei sobre a Alienação Parental ocorre em contexto de demanda social por maior equilíbrio na participação de pais e mães na formação de seus filhos[footnoteRef:67]” (PEREZ, 2010, p.79). [67: PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 79.]</p><p>Segundo Denise Maria Perissini da Silva[footnoteRef:68]: [68: SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental: o que é isso? Campinas: Armazém do Ipê, 2009. p. 44.]</p><p>Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este, nos precisos termos do art. 2° da Lei n° 12.318/10.</p><p>A Alienação Parental é caracterizada pelo ator de induzir a criança ou adolescente a rejeitar o pai ou mãe, sendo estes alvos da difamação, ódio ou acusações de abuso sexual.</p><p>3.3 DIFERENÇA ENTRE SAP E ALIENAÇÃO PARENTAL</p><p>Jocélia Lima[footnoteRef:69], em seu livro Síndrome da Alienação Parental – O Bullying familiar cita a definição de Marco Antonio Pinho que aduz: [69: GOMES, Jocélia Lima Puchpon. Síndrome da Alienação Parental – O Bullying Familiar. Leme/SP: Editora Imperium e Distribuidora de Livros, 2014, p. 46.]</p><p>A Síndrome não se confunde com a Alienação Parental, pois que aquela geralmente decorre desta, ou seja, ao passo que a SAP se liga ao afastamento do filho de um pai através de manobras do titular da guarda; a Síndrome, por seu turno, diz respeito às questões emocionais, aos danos e sequelas que a criança e o adolescente vêm a padecer.</p><p>Em colaboração Denise Maria Perissini da Silva[footnoteRef:70] esclarece: [70: SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental: o que é isso? Campinas: Armazém do Ipê, 2009. p. 44.]</p><p>A Síndrome da Alienação Parental é uma patologia psíquica muito grave que se manifesta no genitor que deseja destruir o vínculo da criança com o outro, manipulando-a afetivamente sem uma justificativa plausível. O genitor acometido pela Síndrome da Alienação Parental não consegue viver sem a criança, nem admite a possibilidade de que a criança deseje manter contatos com outras pessoas que não com ele, utilizando para este fim de manipulações emocionais, sintomas físicos, isolamento da criança de outras pessoas, com o intuito de incutir-lhe insegurança, ansiedade, angústia e culpa. Por fim, e o que é mais grave, pode chegar a influenciar a criança a produzir relatos de supostas agressões física e até sexuais atribuídas ao outro genitor.</p><p>Nas palavras de Souza[footnoteRef:71]: [71: SOUZA, Euclydes de. Alienação Parental, Perigo Eminente. Disponível em: www.pailegal.net. Acesso em: 10 março de 2014.]</p><p>A alienação parental é a rejeição do genitor que ‘ficou de fora’ pelos seus próprios filhos, fenômeno este provocado normalmente pelo guardião que detêm a exclusividade da guarda</p><p>sobre eles (a conhecida guarda física monoparental ou exclusiva).</p><p>É importante ressaltar que, a Síndrome também pode ser instaurada pelo genitor que não detém a guarda, o qual manipula afetivamente a criança nos momentos de visitas, com o intuito de influenciá-la a ir morar com ele, dando subsídio para que o alienador solicite a reversão judicial da guarda.</p><p>Ressalta-se ainda que, alguns estudiosos preferem usar o termo Alienação Parental (AP), por acreditarem que a SAP não é realmente uma Síndrome, por ser a “Síndrome, pela definição médica é um conjunto de sintomas que ocorrem juntos, e que caracterizam uma doença especifica[footnoteRef:72]” (PINHO, 2009). [72: PINHO, Marco Antônio Garcia de. Alienação parental. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2221, 31 jul. 2009. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/13252>. Acesso em: 27 de março de 2014.]</p><p>O termo Síndrome é definido no Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos mentais, 4ª versão (DSM-IV), como “um agrupamento de sinais e sintomas com vase em sua frequente ocorrência, que pode sugerir uma patogênese básica, curso, padrão familial ou tratamentos comuns”. Ora, o Próprio Gardner (1985), na descrição inicial da síndrome, admite que nem todas as crianças manifestam todos os sintomas. E que “frequentemente os sintomas parecem não estar relacionados, mas estão, porque tem, geralmente, uma etiologia comum”, fazendo uma analogia da SAP com a síndrome de Down (Gardner, 2002). A analogia seria, basicamente, assim: dado que a aparente desconexão dos sintomas da síndrome de Dwon, assim mesmo indicaria a existência de uma síndrome, então, a aparente desconexão os sintomas da SAP constituem uma síndrome.</p><p>Já, pela Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010, o legislador conceituou a Alienação Parental no seu art. 2º[footnoteRef:73], caput, quando fala que: [73: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.</p><p>Independente da nomenclatura utilizada a síndrome é um mal que assola vem assolando os lares, destacando-se que, os sintomas e sequelas são reais, consumado, vivenciado em muitas separações de casais.</p><p>Verifica-se que as discussões em torno da síndrome envolvem diversas ciências, principalmente o direito e a psicologia que, conjuntamente, buscam soluções para problemas advindos da SAP.</p><p>3.3.1 Sujeitos da SAP</p><p>Como já descrito anteriormente a Síndrome da Alienação Parental (SAP) é o nome que se dá ao transtorno psicológico causado ao menor envolvido em caso de alienações desse tipo. “Essa síndrome foi tratada, pela primeira vez, nos Estados Unidos, no final dos anos 80, pelo psiquiatra infantil Richard Gardner”[footnoteRef:74] (GUAZZELLI, 2010, p.12). [74: GUAZZELLI. Mônica. A falsa denúncia de abuso sexual. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p.12.]</p><p>O ato de alienação parental fere verdadeiros direitos fundamentais do menor, como o direito à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar, podendo gerar sequelas que se estendem até a vida adulta.</p><p>Os principais sujeitos alienadores da SAP são a mãe ou o pai, ainda podendo-se se estender a um terceiro, ou seja, qualquer pessoa que deseja macular a imagem de um dos genitores.</p><p>Jorge Trindade[footnoteRef:75] comenta que: [75: TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia jurídica para operadores do direito. 6. ed. Porto Alegre; Livraria do Advogado, 2010. p.196.]</p><p>A Síndrome da Alienação Parental manifesta-se, principalmente, no ambiente da mãe, devido à tradição de que a mulher é mais indicada para exercer a guarda dos filhos, notadamente quando ainda pequeno. Entretanto, ela pode incidir em qualquer um dos genitores, pai ou mãe.</p><p>A lei 12.318/10 que dispõe sobre a Alienação Parental, apresenta um rol de sujeitos que podem ser praticantes da SAP, porém, já é pacificado que qualquer pessoa que se declina a denegrir em todos os sentidos a imagem do genitor, com o objetivo da criança repudiá-los, este sujeito é praticante da Alienação Parental, mesmo que faça isso de forma inconsciente.</p><p>Neste sentido leciona Mesquita de Góis[footnoteRef:76]: [76: GÓIS, Marília Mesquita de. Alienação parental. Disponível em: www.direitonet.com.br. Acesso em: 10 março de 2014.]</p><p>A Alienação Parental não acontece só com os genitores, avós também a praticam, situação cada vez mais comum nos dias de hoje. Muitos são os avós que criam seus netos, seja pela falta de condição financeira dos genitores em mantê-los, seja porque eles se tornaram genitores na adolescência ou muito jovens. Encontram-se esses avós na fase da síndrome do vazio, ou seja, os filhos saíram de casa e esse neto vem a preencher essa lacuna, levando os avós que detém a guarda pacífica a praticarem a alienação, para assim não perderem a “companhia” do neto.</p><p>Assim sendo, pode-se dizer que o alienador é uma pessoa que possui características demasiadas protetoras, que deseja exclusividade no afeto com os filhos, incapaz de se colocar no lugar do outro, sem empatia com os filhos, sem condições de distinguir a diferença entre verdade e a mentira, sempre querendo que sua verdade prevaleça.</p><p>Esclarece-se ainda que, o alienado é o genitor afetado pela alienação parental e, podendo-se dizer que, igualmente vítima destes atos.</p><p>3.3.2 Requisitos</p><p>Mesmo sendo difícil elencar com segurança um rol de características as quais identifiquem o perfil de um genitor alienador, alguns tipos de comportamento e traços de personalidade são evidentes de alienação, conforme elencados no artigo 2º da Lei 12318/10[footnoteRef:77] (BRASIL, LEI Nº. 12. 318/2010): [77: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros:</p><p>I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade;</p><p>II - dificultar o exercício da autoridade parental;</p><p>III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;</p><p>IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;</p><p>V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço;</p><p>VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente;</p><p>VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.</p><p>Mediante o exposto, podemos afirmar que o guardião não tem qualquer poder que lhe dê o direito de privar o filho da convivência com o outro genitor.</p><p>A alienação parental fere o direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudicando a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda, é este o real interesse da legislação, preservar o direito da criança, do adolescentes, bem como do alienado.</p><p>Destaca-se ainda que, o alienador muitas vezes não respeita</p><p>regras e costuma não obedecer sentenças judiciais, achando que as regras é somente para outras pessoas, não fazendo parte de seus costumes.</p><p>3.3.3 Efeitos</p><p>É possível afirmar que, a Alienação Parental fere o direito fundamental da criança e ou adolescente de uma convivência saudável com sua família dentro do lar, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda, segundo ditames do art. 3° da Lei n° 12.318/10[footnoteRef:78] (BRASIL, LEI Nº. 12. 318/2010). [78: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 de março de 2014]</p><p>Constatada a Alienação Parental é possível verificar no alienado, seja na criança, adolescente, ou no genitor que sofreu a alienação, o aparecimento de sequelas que podem comprometer seu desenvolvimento.</p><p>Segundo esclarece Fonseca[footnoteRef:79]: [79: FONSECA, Priscila Maria Pereira Corrêa da. Síndrome de alienação parental. 2006. Disponível em:<http://www.observatoriodainfancia.com.br/article.php3?id_article=447>. Acesso em: 30 março de 2014.]</p><p>A síndrome uma vez instalada no menor enseja que este, quando adulto, padeça de um grave complexo de culpa por ter sido cúmplice de uma grande injustiça contra o genitor alienado. Por outro lado, o genitor alienante passa a ter papel de principal e único modelo para a criança que, no futuro, tenderá a repetir o mesmo comportamento. Mas os principais efeitos da referida síndrome são aqueles correspondentes às perdas importantes (morte de pais, familiares próximos, amigos). Como decorrência, a criança passa a revelar sintomas diversos: ora apresenta-se como portadora de doenças psicossomáticas, ora mostra-se ansiosa, deprimida, nervosa e, principalmente, agressiva. Os relatos acerca das consequências da síndrome da alienação parental abrangem ainda a depressão crônica, transtornos de identidade, comportamento hostil, desorganização mental e às vezes suicídio. É escusado dizer que, como toda conduta inadequada, a tendência ao alcoolismo e ao uso de drogas também é apontada como consequência da síndrome.</p><p>Ressalta-se ainda que, na grande maioria dos casos, a alienação parental afeta além do genitor alienado, todos que convivem com a criança, privando-a da integração harmoniosa do convívio no núcleo familiar e afetivo.</p><p>Para Silva[footnoteRef:80]: [80: SILVA, Dyelson Almeida da. Alienação Parental. Disponível em: www.webartigos.com. Acesso em: 13 de março de 2014.]</p><p>As relações posteriores da criança alienada podem ser influenciadas negativamente, não se restringindo apenas as relações com o sexo oposto de caráter íntimo. A convivência social do indivíduo que sofreu alienação é afetada em modo geral.</p><p>Os alienados podem sofrer atrasos em seu desenvolvimento pessoal, emocional e psicológico, algo que pode comprometer sua capacidade de interação com o seu meio social e estagná-la em um único ponto por um longo período de tempo.</p><p>Em relação a criança manipulada Marques[footnoteRef:81] esclarece que: [81: MARQUES, Rosane. Síndrome da Alienação Parenteral – Separação sem Guerra. Disponível em: http://diganaoaerotizacaoinfantil.wordpress.com. Acesso em: 7 de março de 2014.]</p><p>Acaba perdendo seu modelo de família, sendo aos poucos destituída dos sentimentos nobres que devem nortear sua formação: a solidariedade, amor ao próximo, respeito aos pais, dentre outros, e assim, torna-se impossibilitada de discernir o bem do mal, a verdade da mentira, o amor do ódio. Mais tarde, quando chegar à fase adulta, com personalidade esculpida a do genitor alienado, a criança sentir-se-á culpada pelo comportamento de até então, e um grande vazio tomará conta de sua vida, levando-a a forte depressão psíquica e, em muitos casos, ao uso de drogas.</p><p>A manipulação da criança pode fazer com que esta se afaste por completo de um de seus pais, gerando consequências negativas na sua formação e na sua personalidade. Observando ainda que, quanto mais jovem é a criança, pior são os efeitos negativos que podem ser desencadeados. Destaca-se ainda que, as reações podem ser as mais diversificadas, nos casos de alienação praticada pela mãe, se a criança for menina, poderá criar aversão à figura masculina; se for menino, poderá ter problemas de identidade.</p><p>Em colaboração Kloss[footnoteRef:82] afirma que: [82: KLÓSS, Carolina. Alienação parental traz graves consequências ao casal e às crianças. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br. Acesso em: 8 de março de 2014.]</p><p>A Síndrome de Alienação Parental é uma forma de abuso psicológico onde a criança vai aos poucos reprimindo sua afeição por um dos pais, podendo chegar a odiá-lo e rejeitá-lo. Pode se sentir na obrigação de ficar a favor de um e contra o outro, o que prejudica o desenvolvimento harmonioso e seu bem estar emocional. Isso pode gerar um grande sentimento de culpa quando, na fase adulta, o indivíduo constatar que foi cúmplice de uma grande injustiça. A SAP pode gerar inúmeros conflitos emocionais em suas vítimas, transtornos de identidade e de imagem, sentimentos de culpa, comportamentos hostis, isolamento, dupla personalidade e até suicídio.</p><p>Em muitos casos as crianças que sofrem a alienação parental são crianças ansiosas, tensas, depressivas e nervosas, levando estes transtornos muitas vezes para a vida adulta.</p><p>Como descreve Silva[footnoteRef:83]: [83: SILVA, Dyelson Almeida da. Alienação Parental. Disponível em: www.webartigos.com. Acesso em: 13 de março de 2014.]</p><p>Nos momentos iniciais de instauração da SAP, quando o alienador está usando suas manobras para afastar a criança do outro genitor, a criança envolve-se com o alienador, por dependência afetiva e material, ou por medo do abandono e rejeição, incorporando em si atitudes e objetivos do alienador, aliando-se a ele, fazendo desaparecer a ambiguidade de sentimentos em relação ao outro genitor, exprimindo as emoções convenientes ao alienador. Ocorre a completa exclusão do outro genitor, sem consciência, sem remorso, sem noção de realidade, até mesmo, sem hesitação em acusá-lo de molestação sexual. Quando, por questões de conscientização posterior, ou por alguma situação impactante, a criança/adolescente, tempos mais tarde, descobre ou percebe que tudo o que vivenciou, foi uma mentira, uma farsa de conveniência do alienador, que foi manipulada e usada como “marionete” pelo alienador, que cometeu uma terrível injustiça com o outro genitor por todas as acusações levianas que o alienador a induziu a relatar (as acusações improcedentes de abandono/negligência ou molestação sexual contra o outro genitor, por exemplo), a criança passa a sentir ódio do alienador, pela manipulação, pelas mentiras, pelo engodo e remorso e um enorme sentimento de culpa por ter odiado o outro genitor sem ter tido motivos plausíveis para isso (tudo o que aconteceu foi por interesse do alienador e, não seu próprio).</p><p>A quebra do vínculo afetivo, acaba comprometendo o desenvolvimento psíquico da criança ou adolescente, uma vez que, passou grande parte de sua vida odiando o genitor alienado, quando descobre, por exemplo, que foi manipulado, acaba tendo conceitos negativos do genitor alienador.</p><p>Muitas vezes os efeitos da Síndrome da Alienação Parental continuam sendo consolidados em parte ou no todo, mesmo depois de cessada a Síndrome, portanto, há a necessidade de um trabalho multidisciplinar, envolvendo psicólogos, médicos, assistente social, sem desprezar o apoio familiar do genitor alienado.</p><p>Conforme elucida Kloss[footnoteRef:84]: [84: KLÓSS, Carolina. Alienação parental traz graves consequências ao casal e às crianças. Disponível em: <http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/donna/19,648,3023001,Alienacao-parentaltraz-graves-consequencias ao-casal-e-as-criancas.html>. Acesso em: 8 de março de 2014.]</p><p>[...] é preciso que se reúnam esforços de</p><p>todos, famílias, profissionais, instituições - para se impedir toda e qualquer forma de implantação da SAP, que prejudica o desenvolvimento psíquico das crianças: isso se faz por meio da informação e orientação de profissionais especializados, atitudes para sustar as ações e recursos que o genitor alienador utiliza para manipular emocionalmente a criança contra o outro genitor, e combater os efeitos nocivos da SAP no equilíbrio da criança. Os métodos para isso? A orientação e o acompanhamento psicoterapêutico a pais, filhos e famílias, a redução da intervenção judicial como instituição paternalista e fomentadora de litígios, a intensificação dos trabalhos de mediação familiar [...]</p><p>Não é simples a identificação da Alienação Parental, sendo necessário e imprescindível a perícia psicológica ou biopsicossocial, como subsídio à decisão judicial. Ressalta-se ainda que, em todo curso do processo ao qual pode demorar meses e ano, o genitor acusado permanece afastado do convívio com a criança.</p><p>Como esclarece Maria Berenice Dias[footnoteRef:85]: [85: DIAS, Berenice, Maria. Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.59.]</p><p>O processo pode tramitar por anos a fio sem que o possível ou suposto abusador não tenha acesso à criança e quando se verifica que não existem provas substanciais que caracterizem o fato ou não, as visitas ainda não são liberadas de imediato, são visitas acompanhadas.</p><p>4 INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO</p><p>A Lei 12.318/2010 Alienação Parental, finalmente reconheceu a prática da alienação parental, a fim de conferir proteção jurídica aos alienados: tanto ao genitor prejudicado, como ao menor manipulado.</p><p>As previsões legais da referida lei, confere que na apuração do ato de alienação pode-se ocorrer ação autônoma ou incidental, a qual terá prioridade na tramitação.</p><p>Constatado o indício da prática de alienação parental, as primeiras providências que devem ser tomadas pelo magistrado são a oitiva do Ministério Público e a adoção das medidas provisórias que assegurem a integridade psicológica do menor.</p><p>Segundo Maria Berenice Dias[footnoteRef:86]: [86: DIAS, Berenice, Maria. Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista dos Tribunais, 2009, p.59.]</p><p>Constatado o indício da prática de alienação parental, as primeiras providências que devem ser tomadas pelo magistrado são a oitiva do Ministério Público e a adoção das medidas provisórias que assegurem a integridade psicológica do menor.</p><p>A prioridade absoluta é o princípio constitucionalmente estabelecido visando assegurar o conjunto de direitos de crianças e adolescentes consubstanciados na doutrina da proteção integral.</p><p>Ressalva-se inicialmente que, o Ministério Público, conferido como, o de fiscal da lei, oficia em prol da estrita observância do direito objetivo, desvinculado de qualquer interesse substancial em causa.</p><p>Segundo ilustra o nobre Antônio Cláudio da Costa Machado[footnoteRef:87] que sobre o tema anotou: [87: MACHADO, Antônio Cláudio da Costa. A intervenção do Ministério Público no Processo Civil Brasileiro. 2. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1998, p.283.]</p><p>Nenhuma função que exerça o Ministério Público no processo civil o dignifica mais como instituição vocacionada para a defesa dos direitos indisponíveis do que a que realize quando atua como custos legis. Em nenhum outro momento o Ministério Público é tão Ministério Público como quando intervém na condição de fiscal da lei. Realmente, é longe da incômoda posição de parte parcial que melhor pode o Ministério público cumprir o desiderato de responsável, perante o Judiciário, pela defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, assim como previsto pelo caput do art. 127 da Constituição Federal de 1988.</p><p>A disciplina normativa da atuação do Ministério Público como fiscal da lei na seara das relações jurídico-processuais de natureza cível está fixada no Código de Processo Civil - CPC.</p><p>Conforme art. 82, I a III do Código de Processo Civil - CPC[footnoteRef:88]. [88: PINTO, Luiz Antônio; WINDT, Marcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Lívia. Brasil: Código de processo civil e constituição federal. Obra coletiva de autoria da editora Saraiva. São Paulo: Editora Saraiva, 2007, p.40.]</p><p>Compete ao Ministério Público intervir: nas causas em que há interesses de incapazes; nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.</p><p>Destaca-se entretanto que, intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público terá vista dos autos depois das partes, “sendo intimado de todos os atos do processo, poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade” (art. 83, I e II, CPC).</p><p>Por fim é preciso ter em mente que quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, “a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo[footnoteRef:89]” (ARTIGO 84, CPC). [89: PINTO, Luiz Antônio; WINDT, Marcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Lívia. Brasil: Código de processo civil e constituição federal. Obra coletiva de autoria da editora Saraiva. São Paulo: Editora Saraiva, 2007, p.40.]</p><p>Assim sendo, deverá o órgão ministral, solicitar o magistrado as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, assinalando na manifestação ministerial precisamente aquelas mais convenientes e eficazes à luz do contexto factual.</p><p>Nesse sentido, poderá o juiz, quando caracterizado a prática de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso.</p><p>Conforme art. 6º I a VII da Lei 12.318/2010[footnoteRef:90] Alienação Parental: [90: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>Declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; estipular multa ao alienador; determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; declarar a suspensão da autoridade parental.</p><p>Ao magistrado também é conferida, a faculdade de interferir no regime de guarda adotado pelo casal, determinando a alteração da guarda para compartilhada ou sua inversão. Verificado, entretanto, o risco da presença do alienante junto ao menor, pode o juiz declarar a suspensão da autoridade parental[footnoteRef:91]. [91: PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010, p. 79.]</p><p>Quando na alienação parental ocorrer o abuso sexual segundo Dr. Sergio Domingos[footnoteRef:92]: [92: DOMINGOS, Sergio. E Defensor Público do Núcleo da Infância e Juventude de Brasília – DF.]</p><p>Certamente, pelo o que nós temos aqui na Vara da Infância, a forma mais drástica de Alienação é a indicação de abuso sexual. Essa é a forma mais grave e corriqueira que aparece, pois você lança sobre a figura do outro genitor (a) uma queixa de abusador sexual. Enquanto isso não</p><p>fica devidamente esclarecido, a criança não tem acesso àquela pessoa e se tiver, será um acesso monitoradíssimo.</p><p>Nesses casos, o genitor acusado e imediatamente afastado do convívio com a criança e são determinados estudos, avaliações psicológicas, entrevistas e toda investigação disponível para elucidar a acusação.</p><p>Discorrendo sobre o poder familiar alerta Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 431):</p><p>Os deveres inerentes aos pais não são apenas os expressamente elencados no Código Civil, mas também os que se acham esparsos na legislação, especialmente no Estatuto da Criança e do Adolescente (arts. 7º a 24) e na Constituição (art. 227), tais como os que dizem respeito ao sustento, guarda e educação dos filhos, os que visam assegurar aos filhos o direito à vida, a saúde, lazer, profissionalização, dignidade, respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária, bem como os visam impedir que sejam submetidos a discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.</p><p>Os direitos reservados as crianças e adolescentes, dentre eles o direito à convivência familiar, devem ser assegurados com absoluta prioridade pela família, por força de comando constitucional estabelecido. No plano infraconstitucional, na esfera do Direito de Família, o descumprimento dos deveres inerentes aos poder familiar pode acarretar a suspensão ou destituição do mencionado poder-dever por ato do Estado-juiz a requerimento de algum parente ou do Ministério Público. A suspensão e a destituição do poder familiar constituem assim, as mais graves sanções ao descumprimento dos deveres paternos.</p><p>O equacionamento da questão é dado pelo que asseveram os arts. 1.637 e 1.638 do Código Civil de 2002, in verbis:</p><p>Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.</p><p>Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:</p><p>I - castigar imoderadamente o filho;</p><p>II - deixar o filho em abandono;</p><p>III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;</p><p>IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.</p><p>A respeito da atuação do Ministério Público na condição de substituto processual ensina Sérgio Gilberto Porto[footnoteRef:93]: [93: PORTO, Sérgio Gilberto. Sobre o Ministério Público no processo não-criminal. Rio de Janeiro: AIDE, 1998, p.74.]</p><p>[...] o Ministério Público, ao atuar como órgão agente, o faz, por vezes, como substituto processual. Atua no sentido de preservar um interesse pessoal e particular, mas cuja defesa é necessária à preservação da ordem jurídica. Oportuno gizar que, ao contrário da atuação como parte pro populo, onde age na preservação dos interesses de todos, aqui o faz em favor de um particular. Todavia, assim procede porque o interesse deste particular se revela relevante à manutenção da ordem jurídica. Identifica-se, verdadeiramente, o interesse público na preservação de certos direitos privados que repercutem profundamente na vida social, daí a necessidade de o Estado agir na garantia de tais direitos ou interesses. Aparece o Ministério Público apenas como parte formal, visto que ao provocar a jurisdição, o direito que põe em causa não lhe pertence, mas sim ao substituído.</p><p>Destaca-se ainda, que a legitimidade conferida ao Ministério Público pelos artigos 1637 e 1638 do Código Civil/2002 pode estabelecer a suspensão ou a destituição do poder familiar, bem como o requerimento de qualquer outra medida judicial que se afigure, como adequada e necessária ao resguardo dos direitos e interesses dos filhos, ameaçados ou violados, pelo comportamento abusivo ou desidioso do alienante.</p><p>É de suma importância salientar que, a identificação da Alienação Parental é um trabalho que deve ser balizado com o auxílio de profissionais.</p><p>Segundo Duarte[footnoteRef:94]: [94: DUARTE, Marcos. Alienação Parental: Comentários Iniciais à Lei 12.318/2010. Disponível em: http://blog.opovo.com.br. Acesso em: 05 de março de 2014.]</p><p>A atuação de profissionais Psicólogos e Assistentes Sociais, sem prejuízo de outros profissionais de saúde que possam ser convocados para atuar em auxílio do magistrado na resolução do conflito familiar, assumem fundamental importância na prevenção das formas mais graves de alienação parental.</p><p>A Lei 12.318/2010, determina, de maneira clara, que a perícia deve ser realizada por um profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar os atos de alienação parental. “O perito deve ser idôneo e ter conhecimento do tema dentro da área universitária e deve estar regularmente inscrito no órgão de classe”[footnoteRef:95] (PEREZ, 2010, p.79). [95: PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 79.]</p><p>A prova pericial é realizada por perito, que pode ser por pessoa física ou jurídica, que contando com a confiança do juiz, é convocada para esclarecer algum ponto que demande noção técnica especial no processo.</p><p>A apresentação do laudo pericial para verificar a ocorrência de alienação parental, assim como descrito no parágrafo terceiro do artigo 5º da Lei 12.318/2010, deverá ser apresentado pelo perito ou pela equipe multidisciplinar no prazo de 90 dias, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada.</p><p>Segundo Freitas[footnoteRef:96] e Pellizaro: [96: FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZARO, Graciela. Alienação Parental: comentário à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.87.]</p><p>A lei estabeleceu requisitos mínimos para assegurar razoável consistência ao laudo pericial que deverá ser fundamentado em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, consistente em entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra o genitor.</p><p>Em colaboração Duarte[footnoteRef:97]: [97: DUARTE, Marcos. Alienação Parental: Comentários Iniciais à Lei 12.318/2010. Disponível em: http://blog.opovo.com.br. Acesso em: 05 de março de 2014.]</p><p>Exorta-se, assim, maior profundidade na investigação pericial, com maior demanda por qualidade no trabalho de assistentes sociais, psicólogos e médicos, em evidente prestígio à atuação de tais profissionais, no processo judicial, muitas vezes chamados ao complexo encargo de diferenciar hipóteses de negligência ou abuso de falsas acusações. Possibilita que a criança ou adolescente seja ouvida em seus sentimentos e desejos, como sujeito de direitos, assumindo posição ativa em prol de seus melhores interesses. O diálogo é a regra. A relação da criança com os profissionais em auxílio ao magistrado assume neste contexto uma possibilidade rica para que a criança ou adolescente compreenda o real significado de suas relações parentais. Elementar que a criança compreenda os papéis do juiz, do advogado, promotor e do profissional auxiliar. Fundamental que perceba a situação que se encontram seus pais e de que ela não é responsável pelo conflito e nem para decidir sobre sua guarda ou visita.</p><p>O artigo 6º da Lei de Alienação Parental ao definir “qualquer conduta que dificulte a convivência”, abre vasto campo de possibilidades ao magistrado[footnoteRef:98] (FREITAS, 2010, p.74). [98: FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZARO, Graciela. Alienação Parental: comentário</p><p>à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.87.]</p><p>Para Duarte[footnoteRef:99] “o elemento identificador da alienação parental (em sua forma de síndrome), a ser regulada pela lei, é o impedimento ou obstrução da convivência com a indução do guardião (alienador)”. [99: DUARTE, Marcos. Alienação Parental: Comentários Iniciais à Lei 12.318/2010. Disponível em: http://blog.opovo.com.br. Acesso em: 05 de março de 2014.]</p><p>Assim sendo, todo o exposto tem como objetivo ilustrar e direcionar a identificação da Alienação Parental, esclarecendo que seu diagnóstico deve ser realizado e confirmado por profissional capacitado e habilitado para tal finalidade.</p><p>4.1 JURISPRUDÊNCIAS</p><p>Entendimento jurisprudencial quando a visita assistida, devido a situações de consistente risco de abuso.</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS PATERNAS. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL. O direito de visitas, mais do que um direito dos pais constitui direito do filho em ser visitado, garantindo-lhe o convívio com o genitor não-guardião a fim de manter e fortalecer os vínculos afetivos. Evidenciado o alto grau de beligerância existente entre os pais, inclusive com denúncias de episódios de violência física, bem como acusações de quadro de síndrome da alienação parental, revela-se adequada a realização das visitas em ambiente terapêutico[footnoteRef:100]. [100: RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento nº 70028674190, Rel. André</p><p>Luiz Planella Villarinho, j. 15/04/2009. Disponível em: http://www1.tjrs.jus.br. Acesso em: 10 de março de 2014.]</p><p>Ainda:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. DETERMINAÇÃO JUDICIAL DE VISITAÇÃO DO PAI À FILHA. IMPEDIMENTO PELA GENITORA COM APOIO DA CLÍNICA NA QUAL A MENINA REALIZADA TRATAMENTO. PEDIDO DE CESSAÇÃO DO TRATAMENTO NESTA CLÍNICA. POSSIBILIDADE. Verificado que a clínica, na qual a menina realiza tratamento há mais de quatro anos, além de estimular a ocorrência de abuso sexual pelo genitor, abuso este já afastado em ação própria transitada em julgado com base em diversos laudos periciais, não consegue reaproximar o genitor da menina, afastando-os cada vez mais com o apoio e incentivo da genitora, deve o tratamento na referida instituição ser cessado, a fim de que, após sugeridos outros profissionais por ambas as partes e com a avaliação do corpo técnico do juizado, o magistrado possa decidir qual o melhor tratamento a ser seguido pela criança. Com isto, visa-se a impedir a alienação parental que vem sofrendo a menina, mesmo após quatro anos da decisão que manteve o genitor com o poder familiar, determinando a visitação que vem sendo obstaculizada pela genitora com o apoio da clínica na qual a criança ainda realiza o tratamento[footnoteRef:101]. [101: RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento nº. 70035473933. Rel. José Conrado Kurtz de Souza, j. 22/09/2010. Disponível em: http://www1.tjrs.jus.br. Acesso em: 10 de março de 2014.]</p><p>No Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, não houve entendimento diferente, observando:</p><p>AÇÃO DE REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS - PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA - AVERSÃO DO MENOR À FIGURA DO PAI - INDÍCIOS DE ALIENAÇÃO PARENTAL - NECESSIDADE DE CONVIVÊNCIA COM A FIGURA PATERNA - ASSEGURADO O DIREITO DE VISITAS, INICIALMENTE ACOMPANHADAS POR PSICÓLOGOS - REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. - O direito de vistas decorre do poder familiar, sendo a sua determinação essencial para assegurar o desenvolvimento psicológico, físico e emocional do filho. É certo que ao estabelecer o modo e a forma como ocorrerá as visitas, deve-se levar em conta o princípio constitucional do Melhor Interesse da Criança, que decorre do princípio da dignidade humana, centro do nosso ordenamento jurídico atual. Nos casos de alienação parental, não há como se impor ao menor o afeto e amor pelo pai, mas é necessário o estabelecimento da convivência, mesmo que de forma esporádica, para que a distância entre ambos diminua e atenue a aversão à figura paterna de forma gradativa. - Não é ideal que as visitas feitas pelo pai sejam monitoradas por uma psicóloga, contudo, nos casos de alienação parental que o filho demonstra um medo incontrolável do pai, torna-se prudente, pelo menos no começo, esse acompanhamento. Assim que se verificar que o menor consegue ficar sozinho com o pai impõe-se a suspensão do acompanhamento do psicólogo, para que a visitação passe a ser um ato natural e prazeroso[footnoteRef:102]. [102: MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº. 1.0701.06.170524-3/001, Rel. Des.(a) Sandra Fonseca, j. 23/03/2010. Disponível em: http://www.tjmg.jus.br. Acesso em: 10 de março de 2014.]</p><p>A Lei 12.318/2010 defende a prática da Guarda Compartilhada, na intenção e solução de diminuir as consequências da alienação. Assim, o Tribunal de Santa Catarina já vinha decidindo pela ampliação do regime de convivência familiar em favor do genitor alienado[footnoteRef:103]: [103: SANTA CATARINA. Tribunal de Justiça. Apelação Cível nº. 2004.020255-5. Relator: Des. Luiz Carlos Freyesleben, j. 25/08/2005. Disponível em: <http://app.tjsc.jus.br. Acesso em: 23 de março de 2014.]</p><p>CIVIL. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. PEDIDO DE AMPLIAÇÃO FORMULADO PELO PAI. AUSÊNCIA DE RISCO À CRIANÇA E LAUDO PSICOLÓGICO ALVITRANDO MAIOR CONVIVÊNCIA COM AMBOS OS PAIS. PROCEDÊNCIA. A regulamentação de visita deve amoldar-se às peculiaridades do caso concreto, visando, sempre, ao bem-estar da criança. Inexistindo provas desabonadoras do comportamento do pai e não demonstrados prejuízos ao infante, mas, ao contrário, benefícios, autorizada é a ampliação do direito de visita. Sabe-se que o direito de visitas, regulado pelo artigo 15 da Lei do Divórcio (Lei nº 6.515/77) e atualmente pelo artigo 1.589 do Código Civil de 2002, é assegurado aos pais em cuja guarda não estejam os filhos. Não obstante essa estipulação em favor dos genitores, a doutrina mais atual entende que a regulamentação do direito de visitas deve atender precipuamente aos interesses do filho: seria desvirtuar o sentido do direito de visita a suposição de que, dado o interesse dos pais, haveria a Justiça de olhar também para o interesse do filho menor; o interesse que se há de levar em conta, porquanto é o interesse juridicamente protegido e absolutamente determinante, será sempre o do incapaz, credor de uma prestação de companhia: a este deve ceder, por inteiro, os dos pais que, devedores dessa prestação, frequentemente se reveste de feição apenas apetitiva: satisfazer sua própria necessidade de afeto[footnoteRef:104]. [104: CAHALI, Yussef Said. Divórcio e Separação. 10 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 2002. p. 930/931]</p><p>Nesse sentido os seguintes precedentes desta Corte de Justiça: A ação de regulamentação de visitas visa estreitar os laços afetivos do menor com aquele que não detém sua guarda. Neste contexto, é imperioso que se observe, sempre, a forma que melhor assegurar o interesse da criança, atentando-se para a sua faixa etária, em função do seu desenvolvimento físico, mental, emocional e, também, social. (AI nº 2003.030311-1, da Capital, Rel. Desª. Salete Silva Sommariva, j. 11/05/2004).</p><p>O direito dos pais não deve se sobrepor ao dos filhos, de modo que a visita deve promover à criança bem-estar e segurança, a fim de contribuir positivamente para o desenvolvimento sólido de seu caráter, sem que haja qualquer ofensa à sua individualidade e dignidade.</p><p>Logo, o direito de visita deve atender, com máxima prioridade, os interesses do infante, sem restringir os laços afetivos e o convívio com o não-guardião[footnoteRef:105]. [105: AC nº 2002.020843-0, de Itajaí, Rel. Des. José Volpato de Souza, j. 23/06/2003]</p><p>No mesmo sentido o Tribunal do Estado do Rio Grande do Sul:</p><p>EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. CRIANÇA DE TENRA IDADE. POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO DAS VISITAS. A visitação deve ser regulada não no interesse do pai ou da mãe, mas no interesse da própria criança, já que a convivência saudável com ambos os genitores é</p><p>fator determinante para seu desenvolvimento. O parcial provimento do recurso foi para determinar que o período de visitação paterna seja ampliado permitindo, assim, um estreitamento do vínculo entre a menor e seu pai com o objetivo de criar entre os dois mais intimidade e confiança visando a ampliação do período no futuro próximo[footnoteRef:106]. [106: Embargos de Declaração Nº 70029220159, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Claudir Fidelis Faccenda, Julgado em 16/04/2009.]</p><p>Mesmo a guarda compartilhada sendo incentivada pela Lei de Alienação Parental, ela pode, caso seja necessário, ser revertida à guarda unilateral, conforme dispõe o inciso V do artigo 6º da Lei 12.318/2010, entretanto, a guarda compartilhada deve ser a primeira opção.</p><p>Em relação a fixação de multa com finalidade desestimular certas práticas alienatórias, conforme art. 6º I a VII da Lei 12.318/2010.</p><p>Freitas[footnoteRef:107] e Pellizzaro doutrinam que: [107: FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZARO, Graciela. Alienação Parental: comentário à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p.87.]</p><p>A multa informada do artigo 6º da Lei da Alienação Parental, serve como método alternativo/cumulativo às demais medidas previstas neste artigo como instrumentais de cessação ou diminuição da alienação parental. [...] O magistrado, contudo, deve vincular a fixação das condutas alienatórias facilmente verificáveis (comprováveis), se não sua execução será frustrada e as partes, que já possuem um grau mais elevado de litigância, terão outro ponto a discutir sem maiores resoluções. [...] A fixação de multa é perfeita nos casos de cumprimento de dias de visitas, como estar no local fixado para entregar a criança ou aonde esta seria busca pelo genitor alienado.</p><p>Este é o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:</p><p>AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE FAZER. IMPOSIÇÃO À MÃE/GUARDIÃ DE CONDUZIR O FILHO À VISITAÇÃO PATERNA, COMO ACORDADO, SOB PENA DE MULTA DIÁRIA. INDÍCIOS DE SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL POR PARTE DA GUARDIÃ QUE RESPALDA A PENA IMPOSTA. RECURSO CONHECIDO EM PARTE E DESPROVIDO[footnoteRef:108]. [108: RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento Nº 70023276330, Rel. Ricardo Raupp Ruschel, j.18/06/2008. Disponível em:<http://www1.tjrs.jus.br. Acesso em: 10 de março de 2014.]</p><p>Apresenta-se ainda, o entendimento do Tribunal do Estado de Minas Gerais:</p><p>MULTA COMINADA - MANUTENÇÃO. - A função da multa diária é compelir o acordante a cumprir a transação ou a decisão judicial. A multa objetiva atuar como meio de coerção legítimo e fazer com que a decisão judicial seja cumprida como determinado. [...] A regulamentação da visita visa o interesse da criança e o seu cumprimento é também de seu interesse, principalmente, de modo que são secundários, embora respeitáveis, os anseios dos pais. No presente caso, a exclusão da multa poderá tornará inócua a determinação judicial, visando a sua concretude e se não há motivo para obstar a visita do pai, esta lhe deve ser assegurada, motivo pelo qual a mesma deve ser mantida[footnoteRef:109]. [109: MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Agravo de instrumento n° 1.0702.09.554305-5/001, Rel. Des. Vanessa Verdolim Hudson Andrade, j. 19/05/2009. Disponível em: <http://www.tjmg.jus.br. Acesso em: 10 de março de 2014.]</p><p>Acusação falsa da Síndrome da Alienação Parental com abuso sexual foi interposto agravo de instrumento pela alienadora, solicitando a destituição do poder familiar frente ao pai, a mesma conseguiu liminarmente, posteriormente foi negado provimento ao recurso.</p><p>DESTITUIÇÃO DO PODER FAMILIAR. ABUSO SEXUAL. SÍNDROME DA ALIENAÇÃO PARENTAL. Estando as visitas do genitor à filha sendo realizadas junto a serviço especializado, não há justificativa para que se proceda a destituição do poder familiar. A denúncia de abuso sexual levada a efeito pela genitora, não está evidenciada, havendo a possibilidade de se estar frente à hipótese da chamada síndrome da alienação parental. Negado provimento.</p><p>Relatório elaborado segundo Maria Berenice Dias[footnoteRef:110], ao notar dificuldades em provar mesmo com exames efetuados o abuso frente a menor. [110: Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, Sétima Câmara Cível, Comarca de Porto Alegre Agravo de Instrumento Número 70015224140.]</p><p>Trata-se de agravo de instrumento interposto por Miriam S.S., em face da decisão da fl. 48, que, nos autos da ação de destituição de poder familiar que move em face de Sidnei D.A., tornou sem efeito a decisão da fl. 41, que, na apreciação do pedido liminar, suspendeu o poder familiar do agravado. Alega que a destituição do poder familiar havia sido determinada em razão da forte suspeita de abuso sexual do agravado com a filha do casal. Afirma que não concorda com a manifestação do magistrado que tornou sem efeitos a decisão proferida anteriormente, visto que não utilizou nenhum expediente destinado a induzir a erro a magistrada prolatora do primeiro despacho. Ademais, ressalta que juntou aos autos documentos de avaliação da criança e do grupo familiar. Requer seja provido o presente recurso e reformada a decisão impugnada, com a consequente suspensão do poder familiar (fls. 2-7). ... O agravado, em contrarrazões, alega que a agravante não trouxe aos autos o laudo psicológico das partes, o qual é essencial para o entendimento do caso. Afirma que o laudo pericial produzido em juízo, reconheceu a impossibilidade de diagnosticar a ocorrência do suposto abuso sexual de que é acusado. Salienta que tal ação está sendo utilizada pela agravante como represália pelo fato de o agravante já ter provado na ação de regulamentação de visitas a inexistência de tal atrocidade, bem como, ter obtido o direito de rever sua filha. Requer o desprovimento do agravo (fls. 58- 64). A Procuradora de Justiça opinou pelo conhecimento e parcial provimento, para que seja suspenso, liminarmente, o poder familiar do agravado por seis meses, determinando-se, de imediato, o seu encaminhamento à tratamento psiquiátrico, nos termos do art. 129, incisos III, do ECA, para futura reapreciação da medida proposta, restabelecendo as visitas, caso assim se mostre recomendável, mediante parecer médico psiquiátrico, a ser fornecido pelos profissionais responsáveis pelo tratamento do agravado e da infante, no prazo acima mencionado, a fim de permitir ao Juízo o exame da matéria (fls. 119-127). Requerido o adiamento do julgamento do recurso, em face da audiência. Nesta, deliberada a continuação das visitas junto ao NAF, requereu a agravante o desacolhimento do recurso (fls. 130-142). É o relatório.</p><p>Destaca-se assim que, cabe ao juiz bem como ao representante do Ministério Público, atenção redobrada, durante o andamento do processo que envolva questões relacionadas à alienação parental, viabilizando a adaptação da medida de cautela ou urgência, com o intuito de preservar os interesses da criança ou adolescente, de acordo com a necessidade de desenvolvimento de cada caso.</p><p>“Pode se revelar como antídoto a presença do genitor alienado à instalação da alienação, podendo servir como corretora da percepção distorcida da realidade assimilada pela criança”[footnoteRef:111] (PEREZ, 2010, p.79). [111: PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 79.]</p><p>A Lei 12.318/2010 também prevê a possibilidade de uma ação ordinária autônoma para identificação de ocorrência de Alienação Parental conforme dispõe o artigo 5º da referida lei:</p><p>Art. 5º Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou biopsicossocial.</p><p>§ 1º O laudo pericial terá base em ampla avaliação psicológica ou biopsicossocial, conforme o caso, compreendendo, inclusive, entrevista pessoal com as partes, exame de documentos dos autos, histórico do relacionamento do casal</p><p>e da separação, cronologia de incidentes, avaliação da personalidade dos envolvidos e exame da forma como a criança ou adolescente se manifesta acerca de eventual acusação contra genitor.</p><p>§ 2º A perícia será realizada por profissional ou equipe multidisciplinar habilitados, exigido, em qualquer caso, aptidão comprovada por histórico profissional ou acadêmico para diagnosticar atos de alienação parental.</p><p>§ 3º O perito ou equipe multidisciplinar designada para verificar a ocorrência de alienação parental terá prazo de 90 (noventa) dias para apresentação do laudo, prorrogável exclusivamente por autorização judicial baseada em justificativa circunstanciada[footnoteRef:112]. [112: BRASIL. Lei nº. 12. 318 de 26 de agosto de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>Assim sendo esclarece-se que é de fundamental importância que sua tipificação passe a fazer parte do ordenamento jurídico para que o Poder judiciário disponha de efetivos instrumentos a combater e prevenir suas ocorrências:</p><p>Munido das informações necessárias o juiz poderá tomar medidas emergenciais para a preservação da integridade e dos interesses da criança, pois a demora na prestação jurisdicional, no caso da alienação parental, pode ser tarde demais.</p><p>Segundo esclarece Perez[footnoteRef:113]: [113: PEREZ, Elizio Luiz. Breves Comentários acerca da Lei da Alienação Parental. In: Incesto e Alienação Parental: realidades que a justiça insiste em não ver. Maria Berenice Dias (coord.). 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. p. 79.]</p><p>Todos sabem o que é Alienação Parental, todos conhecem, ela existe e todo mundo comenta, mas e daí? Se eu Alienar? O que acontece? Com exceção da acusação de abuso sexual, nada. E pior, vamos partir da premissa que restou comprovado que a denúncia de abuso sexual foi mentirosa. O denunciante responde pelo crime de calúnia, mas e a pena? Será convertida em prestação de serviços à comunidade. E se o denunciante for condenado pelo dano moral? Ele tem como pagar? E se tiver, no Brasil as condenações por dano moral são baixíssimas e dependendo da pessoa que será penalizada, o valor é insignificante. Não existe consequência prática para Alienador.</p><p>Especificados os mecanismos para coibir e reduzir os efeitos da uma Alienação Parental permitirá ao juiz, aplicar uma medida mais especifica e adequada ao caso concreto, inclusive por indicação de perito, evitando que o magistrado tenha que se socorrer da complexa interpretação do ordenamento jurídico.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>É importante salientarmos que, a partir do exposto nesse trabalho a princípio destaca-se a importância do papel configurado pelas famílias atualmente em nossa sociedade, principalmente no que diz respeito a participação dos pais na saudável formação dos filhos.</p><p>Importante salientar que a ideia de família sempre esteve próxima ao do casamento e da procriação. Portanto, a nova configuração social, a família pode ser definida como um elemento de realização do afeto, onde não mais se tem a obrigação do casamento ou de deixar um descendente. Entretanto, é possível se dizer que a dissolução do vínculo familiar, sempre é uma realidade dolorosa.</p><p>Abordou-se também sobre os tipos de guarda, suas modalidades, assim como o princípio da dignidade humana e o ECA para então se adentrar no tema proposto que é a Síndrome da Alienação Parental. Nesse contexto, o menor alienado tem seus direitos fundamentais gravemente ofendidos, notadamente a sua integridade psíquica, a sua dignidade e a convivência familiar, livre de qualquer forma de crueldade, opressão e negligência.</p><p>Destaca-se, portanto, que a Síndrome da Alienação Parental é um tema novo no Brasil, o qual tem sido alvo de inúmeras discussões no Ordenamento Jurídico bem como nos diversificados meio de comunicação.</p><p>O estudo versou sobre a Alienação Parental, qual a sua origem e sua consequência tanto na vida dos genitores quanto na vida da criança e ou adolescente. A Lei 12.318/2010 veio ao ordenamento para censurar e inibir condutas de alienação parental, tratando-as como merecedoras da intervenção judicial.</p><p>O que se constatou foi que a Síndrome de Alienação Parental é um acontecimento frequente na sociedade e que tem origem com a dissolução da união entre os genitores, com a qual os filhos ficam fragilizados, e tornam-se instrumentos de vingança, sendo na grande maioria das vezes, impedidos de conviver com quem se afastou do lar, podendo-se ainda estender-se a terceiros, as quais se configuram também como alienadores, como os avós e parentes próximos.</p><p>Mediante diferentes formas e estratégias de atuação, o cônjuge alienador transforma a consciência de seu filho com o objetivo de impedir, destruir seus vínculos com o outro genitor sem que existam motivos justificáveis para tal fato.</p><p>Verificou-se que a Síndrome da Alienação Parental manifesta-se principalmente no ambiente materno, devido à ideia de que a mulher possui maiores condições de exercer a guarda dos filhos, quando ainda pequenos.</p><p>No intuito de inibir ou atenuar os efeitos da alienação parental, foi sancionada a Lei 12.318/2010, Lei da Alienação Parental, que prevê diversos instrumentos processuais dependendo da gravidade de casa caso.</p><p>A legislação mostrou-se positiva para a solução do problema, qual seja: a alienação parental, posto que, elenca de modo exemplificativo, diversas formas de sua ocorrência, prevê a realização de processo autônomo, com tramitação prioritária e realização de perícia psicológica, incumbindo ao juiz se necessário determinar medidas provisórias para a preservação da integridade psicológica da criança e ou adolescente.</p><p>Ressalta-se ainda que, a referida lei destaca sua preferência pela Guarda Compartilhada, prevendo a alteração da guarda unilateral para a compartilhada. Igualmente dispõe a lei, que independente da modalidade de guarda, como solução para diminuir os efeitos da alienação, deva ser ampliada o período de convivência em favor do genitor alienado.</p><p>No exercício das funções de custos legis, nas causas relacionadas à alienação parental, pode e deve o Ministério Público cumprir destacado papel na elucidação dos fatos, na manutenção ou restauração da ordem jurídica violada, assim como na responsabilização do alienador e consequente preservação ou restabelecimento dos direitos e interesses de criança ou adolescente.</p><p>A aplicação de penalidades ao alienador, como a imposição de multa e a suspensão do poder familiar também são mecanismos para coibir sua prática, demonstrados julgados no estudo em questão.</p><p>A identificação da alienação parental é de sua importância, pois esta pode demandar problemas psicológicos e as consequências podem ser as mais variadas, fazendo-se necessário uma análise individualizada, a partir de estudos multidisciplinares, de acordo com cada caso.</p><p>Enfim, a alienação parental configura descumprimento das obrigações inerentes à autoridade da família e dos pais, necessitando ser identificada rapidamente para se tornar eficaz o que a constituição assegura às crianças e adolescentes, ou seja, sua proteção integral.</p><p>Por fim, tendo em vista a complexidade dos casos que envolvem a alienação parental e a preciosidade do bem jurídico violado, qual seja, a dignidade e a integridade psicofísica de crianças e adolescentes, é fundamental que a atuação de todos os operadores do direito, do Estado, da família e da sociedade, seja preventiva e prospectiva. Mais do que detectar atos de alienação parental e punir tais condutas, é imperioso que todos se conscientizem da gravidade deste comportamento, assumindo postura no sentido de evitar estas práticas lesivas que agridem de forma tão cruel nossa população infanto-juvenil.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS</p><p>APASE - Associação de Pais e Mães Separados. Disponível em: www.paisparasemprebrasil.org. Acesso em: 27 de março de 2014.</p><p>BARION, Ana Paula Ariston. Transexualismo. O direito a uma nova identidade sexual. Rio de Janeiro: Renovar,</p><p>2001, p.45.</p><p>BARROS, Sérgio Resende de. O direito ao afeto. Disponível em:<http://www.srbarros.com.br/pt/o-direito-ao-afeto.cont>. Acesso em: 15 de março de 2014.</p><p>BONFIM, Paulo Andreatto apud SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental: o que é isso? Capinas: Armazém do Ipê, 2009, p. 14.</p><p>BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. 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Acesso em: 23 de março de 2014.</p><p>SILVA, Evandro Luiz, et al., Síndrome da Alienação Parental e a Tirania do Guardião: Aspectos Psicológicos, Sociais e Jurídicos.</p><p>fundamentais, mormente, o direito à convivência familiar plena e saudável com ambos os pais, independentemente de seu status conjugal, e com toda a família extensa, sempre que possível. É neste contexto que, se faz necessários instrumentos jurídicos e respostas judiciais condizentes com esta cruel realidade, em prol da efetiva tutela da criança e do adolescente.</p><p>Esse trabalho visa demonstrar primeiramente o conceito de Alienação Parental, e os possíveis aspectos que o caracterizam, bem como suas consequências. Pretende-se, ainda, explanar sobre a atuação do órgão competente para representar o menor incapaz, qual seja Ministério Público, tido como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado. Para tanto, pontuaremos a Lei nº 12. 318/2010 que dispõe sobre a Alienação Parental, e outras leis que são relevantes para o tema.</p><p>A relevância em relação ao tema proposto baseia-se nas teorias elencadas nesta estudo, por acreditar que a informação e o conhecimento são armas eficazes sobre a ignorância e sua prática, crendo que a propagação transformam e possibilitam termos uma sociedade equilibrada, regida pelo ordenamento jurídico que visa como prioridade garantida constitucionalmente o desenvolvimento sadio em todos os aspectos as crianças e adolescentes.</p><p>Para o desenvolvimento do trabalho, foi utilizada a pesquisa bibliográfica, onde, podemos explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos.</p><p>A pesquisa bibliográfica é habilidade fundamental nos cursos de graduação, pois constitui o primeiro passo para todas as atividades acadêmicas. Coloca que, esse tipo de pesquisa é obrigatório nas pesquisas exploratórias, na delimitação do tema de um trabalho ou pesquisa, no desenvolvimento do assunto, nas citações e na apresentação das conclusões.</p><p>O objetivo do presente trabalho consiste em traçar uma visão panorâmica acerca da alienação parental, baseando-se na Lei nº 12.318/2010.</p><p>Com o propósito aqui descrito, o primeiro capítulo é a introdução.</p><p>O segundo capítulo faz relevância a evolução da família, os tipos de guarda, bem como ao princípio da dignidade humana e o ECA.</p><p>No terceiro capítulo, estuda-se a lei da alienação parental (Lei 12.318/10), o conceito de alienação parental, o surgimento da SAP e sua aparição no Brasil, as diferenças entre SAP e alienação parental, bem como os principais sujeitos envolvidos e os requisitos.</p><p>O capitulo quarto descreve os aspectos jurídicos, relacionados com a intervenção do ministério público.</p><p>A conclusão nos aponta que a alienação parental configura descumprimento das obrigações inerentes à autoridade da família e dos pais, necessitando ser identificada rapidamente para se tornar eficaz o que a constituição assegura às crianças e adolescentes, ou seja, sua proteção integral.</p><p>2 EVOLUÇÃO DA FAMILIA</p><p>Sendo uma das instituições mais antigas, a família é considerada pela Bíblia, a união de um homem com uma mulher com o fim da procriação.</p><p>Verifica-se no livro Gênesis o fundamento dado para o casamento: “Criou, pois, Deus, o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Então Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos”. (Cap. 1, versículos 27 e 28).</p><p>Ao estudar a família, sendo ela judaica, grega, romana ou de qualquer outro povo, fica claro que a base sempre está na religião e na crença de cada povo. Assim como descreve Virgílio apud Fustel Coulanges[footnoteRef:1]: [1: VIRGÍLIO, Em., II. Horácio, Epit., I, 5. Ovídio, Trist., IV, 8,22., apud, Fustel de Coulanges, A Cidade Antiga, p.19. Editora das Américas S.A. - EDAMERIS, São Paulo, 2006, p.25.]</p><p>Sem dúvida, não foi a religião que criou a família, mas seguramente foi a religião que lhe deu as regras, daí resultando receber a família antiga uma constituição muito diferente da que teria tido se os sentimentos naturais dos homens tivessem sido os seus únicos causadores.</p><p>A família tem passado por profundas transformações nos últimos anos, sofrendo influências diretas devido a mudanças econômicas e socioculturais, levando à formação de novos arranjos familiares. Na verdade, ela evoluiu junto com o homem adaptando-se aos momentos econômicos, históricos, éticos, culturais, religiosos e morais, dependendo da época, tanto no segmento público como no privado.</p><p>A família contemporânea é fruto de todas estas transformações, pois sua característica principal tem sido, ao longo da história, a de ser reinventada a cada momento. Além do modelo tradicional constituído pelo casamento, constatou-se uma evolução do conceito de família, que passou a compreender outras modalidades. A união estável e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes, por exemplo, passou a ser considerada como entidade familiar com a promulgação da Constituição Federal de 1988.</p><p>São muitas as causas para tais mudanças que vêm ocorrendo ao longo da história brasileira que desencadearam a estruturação de novas relações familiares, como a aprovação da Lei do Divórcio (Lei n. 6.615/77), a inserção da mulher no mercado de trabalho, o controle feminino da procriação e a alteração de costumes e valores. Assim, as entidades sociais masculina e femininas se constroem no interior da família.</p><p>Segundo José Renato Nalini[footnoteRef:2]: [2: NALINI, José Renato. A Família Brasileira do Século XXI, Ed. Revista do Tribunais. 2003, p.36]</p><p>Com o advento do divórcio, os papéis muitas vezes se invertem. Em muitos casos, o pai fica com a guarda do filho e exerce assim funções antes consideradas da mãe. Esta é só uma das situações que exemplificam as mudanças ocorridas na sociedade.</p><p>As relações conjugais desempenharam papel fundamental em nossa sociedade para estruturação do poder dominante confiado ao homem, legitimado pelo Código Civil de 1916, como chefe de família. Com o advento da Constituição Federal de 1988, foram consagrados princípios que ocasionaram em discussões acerca das novas formas de conjugalidade, das famílias monoparentais, a união de pessoas do mesmo sexo, e consequentemente, a adoção por homossexuais.</p><p>Esta revolução da sociedade confronta diretamente com o conceito tradicional de família, fazendo com que juridicamente se busque um enquadramento legal para esta nova realidade, levando-se em consideração de que atualmente a família se apresenta de forma plural, unida pela realização plena de seus membros.</p><p>Sobre esta situação, pondera com propriedade Caio Mário da Silva Pereira[footnoteRef:3]: “Como organismo natural, a família não acaba. Como organismo jurídico, elabora-se a sua nova organização” (SILVA PEREIRA, 2002, p.39). [3: PEREIRA, Caio Mário da Silva. In: Os Perfis da Nova Família: Influências dos Novos Paradigmas Familiares sobre o Direito Positivo. Revista Jurídica. 11º Edição. Novembro de 2002, p.39.]</p><p>As mudanças decorrentes de inúmeras transformações na sociedade refletiram diretamente no texto constitucional, onde os papéis de homem e mulher foram reavaliados. Com a quebra do modelo patriarcal, ocorreu uma expansão de funções, e em virtude das dificuldades financeiras tornou-se inevitável a participação da mulher no sustento do lar. Não só as tarefas domésticas foram redistribuídas, mas também o cuidado e a educação dos filhos, onde as mulheres têm arcado com um ônus maior, exercendo múltiplos papéis.</p><p>Como explicita Ana Paula Ariston Barion Perez[footnoteRef:4]: [4: BARION, Ana Paula Ariston. Transexualismo. O direito a uma nova identidade sexual. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p.45.]</p><p>Apesar das diferenças comportamentais entre homens e mulheres não serem ditadas diretamente por questões biológicas, essas exercem certa influência, como se verifica nas diferenças biológicas relativas à força, os homens, nas diferentes culturas, tendem a realizar trabalhos mais extenuantes, os quais requerem maior força física. Em razão dos cuidados com a prole, a tendência é as mulheres se ocuparem mais com as atividades ligadas à família (...) Diversos fatores atenuam essa propensão: o controle de natalidade, a difusão das pílulas anticoncepcionais</p><p>Editora Equilíbrio. 2009, p.49</p><p>SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental: o que é isso? Campinas: Armazém do Ipê, 2009, p. 4-5-44.</p><p>SILVA, Ana Maria Milano. Guarda compartilhada. São Paulo: LED – Editora de Direito, 2006, p.109 -143-144.</p><p>SILVA, Dyelson Almeida da. Alienação Parental. Disponível em: www.webartigos.com. Acesso em: 13 de março de 2014.</p><p>SOUZA, Euclydes de. Alienação Parental: perigo eminente. Disponível em: www.pailegal.net. Acesso em: 10 março de 2014.</p><p>SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. Apresentação. In: PAULINO, Analdino Rodrigues. Síndrome da Alienação Parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008, p. 7.</p><p>STRENGER, Guilherme Gonçalves. Guarda de filhos. São Paulo: LTR, 1998, p. 32.</p><p>TRINDADE, Jorge. Manual de Psicologia jurídica para operadores do direito. 6. ed. Porto Alegre; Livraria do Advogado, 2010. p.196.</p><p>VIRGÍLIO, Em., II. Horácio, Epit., I, 5. Ovídio, Trist., IV, 8,22., apud, Fustel de Coulanges, A Cidade Antiga, p.19. Editora das Américas S.A. - EDAMERIS, São Paulo, 2006, p.25.</p><p>WALD, Arnoldo. O novo direito de família. 16. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2004, p.205</p><p>e a própria colocação da mulher no mercado de trabalho acabam por afastá-la dos trabalhos que envolvem a família e a casa.</p><p>A redistribuição de papéis, a fragilização do casamento e a legalização do divórcio afetaram as chamadas famílias reconstituídas, e a família “legítima” deixou de ser o único modelo familiar considerado legal. “O que contribuiu para o crescimento das famílias reconstituídas” (SILVA PEREIRA, 2002, p.39) .</p><p>Segundo leciona Maria Berenice Dias[footnoteRef:5]: [5: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 69.]</p><p>Casamento, sexo e procriação deixaram de ser os elementos identificadores da família. Na união estável não há casamento, mas há família. O exercício da sexualidade não está restrito ao casamento – nem mesmo para as mulheres -, pois caiu o tabu da virgindade. Diante da evolução da engenharia genética e dos modernos métodos de reprodução assistida, é dispensável a prática sexual para qualquer pessoa realizar o sonho de ter um filho. Todas estas mudanças impõem uma nova visão dos vínculos familiares, emprestando mais significado ao comprometimento de seus partícipes do que à forma de constituição, à identidade sexual ou à capacidade procriativa de seus integrantes. O atual conceito de família prioriza o laço de afetividade que une seus membros, o que ensejou também a reformulação do conceito de filiação que se desprendeu da verdade biológica e passou a valorar muito mais a realidade afetiva. Apesar da omissão do legislador o Judiciário vem se mostrando sensível a essas mudanças. O compromisso de fazer justiça tem levado a uma percepção mais atenta das relações de família. As uniões de pessoas do mesmo sexo vêm sendo reconhecidas como uniões estáveis. Passou-se a prestigiar a paternidade afetiva como elemento identificador da filiação e a adoção por famílias homoafetivas se multiplicam. Frente a esses avanços soa mal ver o preconceito falar mais alto do que o comando constitucional que assegura prioridade absoluta e proteção integral a crianças e adolescentes. O Ministério Público, entidade que tem o dever institucional de zelar por eles, carece de legitimidade para propor demanda com o fim de retirar uma criança de 11 meses de idade da família que foi considerada apta à adoção. Não se encontrando o menor em situação de risco falece interesse de agir ao agente ministerial para representá-lo em juízo. Sem trazer provas de que a convivência familiar estava lhe acarretando prejuízo, não serve de fundamento para a busca de tutela jurídica a mera alegação de os adotantes serem um ‘casal anormal, sem condições morais, sociais e psicológicas para adotar uma criança. A guarda provisória foi deferida após a devida habilitação e sem qualquer subsídio probatório, sem a realização de um estudo social ou avaliação psicológica, o recurso interposto sequer poderia ter sido admitido. Se família é um vínculo de afeto, se a paternidade se identifica com a posse de estado, encontrando-se há 8 meses o filho no âmbito de sua família, arrancá-lo dos braços de sua mãe, com quem residia desde quando tinha 3 meses, pelo fato de ser ela transexual e colocá-lo em um abrigo, não é só ato de desumanidade. Escancara flagrante discriminação de natureza homofóbica. A Justiça não pode olvidar que seu compromisso maior é fazer cumprir a Constituição que impõe respeito à dignidade da pessoa humana, concede especial proteção à família como base da sociedade e garante a crianças e adolescentes o direito à convivência familiar.</p><p>Entende-se por família reconstituída a estrutura familiar originada do casamento ou da união estável de um casal, na qual um ou ambos de seus membros tem filho ou filhos de um vínculo anterior. Em uma formulação mais sintética, é a família na qual ao menos um dos adultos é um padrasto ou uma madrasta. Nesta categoria entram tanto as novas núpcias de pais viúvos ou mães viúvas como de pais divorciados e de mães divorciadas e pais e mães solteiros. Alude Carter (2005, p.29), assim, “não só a reconstituição como o estabelecimento de um novo relacionamento, no qual circulam crianças de um outro precedente”[footnoteRef:6] (CARTER, 2005). [6: CARTER, Elizabeth. Famílias reconstituídas: a criação de um novo paradigma. In: ANDOLFI, Maurizio; ÂNGELO, Cláudio; SACCU, Carmine. O casal em crise. São Paulo: Summus, 2005, p.54.]</p><p>Segundo Maria Cláudia Crespo Brauner[footnoteRef:7]. [7: BRAUNER, Maria Cláudia Crespo. Direito, Sexualidade e Reprodução Humana: conquistas médicas e debate bioético. Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p.69.]</p><p>O processo de modernização da família busca caminhos e soluções frente a um crescente número de fatos novos, a exemplo das recomposições familiares e da utilização das técnicas de reprodução artificial.</p><p>Cabe salientar que, basicamente a formação norteadora da família dos dias atuais, deve ser o sentimento que une os indivíduos que a compõem. Os laços familiares são compostos por: proteção, cuidado, cumplicidade, sinceridade, autenticidade e afeto entre seus indivíduos. Não importando a idade, raça ou orientação sexual.</p><p>Neste sentido Lobo[footnoteRef:8] enfatiza que: [8: LOBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p.58]</p><p>[...] a família moderna está centralizada em paradigma que explica sua função atual: a afetividade. Assim, enquanto houver afeto haverá família, unida por laços de liberdade e responsabilidade e, desde que consolidada na simetria, na colaboração, na comunhão de vida.</p><p>Na atualidade a família perdeu o sentido de função econômica, pois, antigamente necessitava-se ter muitos membros integrantes, para seu próprio sustento, perdendo assim a função pro criativa. Antigamente a família também sofria muita influência da religião. Entretanto, hoje a família é contemplada por inúmeros casais que optam por não ter filhos, entretanto, o direito contempla essas famílias.</p><p>As famílias estão voltadas muito mais para os aspectos pessoais do que patrimoniais, dentre elas destaca-se temas referentes ao fortalecimento da família, como “união de afetos, igualdade entre homem e mulher, guarda dos filhos” (BARROS, 2014).</p><p>Para Barros[footnoteRef:9] em relação a constituição da família no atual contexto: [9: BARROS, Sérgio Resende de. O direito ao afeto. Disponível em:<http://www.srbarros.com.br/pt/o-direito-ao-afeto.cont>. Acesso em: 15 de março de 2014.]</p><p>Esta é formada pelo direito ao afeto e a liberdade de afeiçoar-se um indivíduo a outro. O afeto ou afeição constitui, pois, um direito individual: uma liberdade, que o Estado deve assegurar a cada indivíduo, sem discriminações, senão as mínimas necessárias ao bem comum de todos.</p><p>O afeto vai além da própria família. É um sentimento que alimenta as relações de amizade, companheirismo, humanidade, solidariedade, não é apenas um valor jurídico. A família contemporânea opõe-se aos modelos clássicos, nos quais era indiferente a presença afeto e do amor.</p><p>De acordo com Dias[footnoteRef:10]: [10: DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009, p. 69.]</p><p>As famílias modernas constituem-se em um núcleo evoluído a partir do desgastado modelo clássico, matrimonializado, patriarcal, hierarquizado, patrimonializado e heterossexual, centralizador de prole numerosa que conferia status ao casal. Neste seu remanescente, que opta por prole reduzida, os papeis se sobrepõem, se alternam, se confundem ou mesmo se invertem, com modelos também algo confusos, em que a autoridade parental se apresenta não raro diluída ou quase ausente. Com a constante dilatação das expectativas de vida, passa a ser multigeracional, fator que diversifica e dinamiza as relações entre os membros.</p><p>Leite[footnoteRef:11] em sua obra cita Leite que doutrina sobre a nova família: [11: LEITE, Eduardo de Oliveira apud OLIVEIRA, José Sebastião. Fundamentos constitucionais do</p><p>direito de família. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 130-131.]</p><p>A nova instituição família estrutura-se nas relações de afeto, autenticidade, amor, igualdade</p><p>e diálogo, que nada se compara ao modelo tradicional, muitas vezes arreigadas pela falsidade, hipocrisia e fingimento. A noção de vida comum repousa soberana sobre sua solidariedade constantemente provocada pela intensidade afetiva. Intensidade que é procurada e mantida como meio de escapar à banalidade cotidiana. Só os sentimentos verdadeiros, reais, espontâneos e autênticos são capazes de garantir a duração de uma vida em comum. Nesta ótica, a permanência das relações passa a independer de condutas preestabelecidas e formalizadas em códigos e diria Foucault, é a plenitude, mas decorre da atitude de cada cônjuge em relação ao outro. Ou como e do possível’ que mantém unido o casal. No amor, cada um representa para o outro o único acesso possível em direção à totalidade do real. [...] Numa relação centrada no amor, e não na hierarquia; no afeto, e não na dominação prepotente; na verdade das intenções, e não na permissividade irresponsável, o que predomina é a igualdade. É o paralelismo de disposições e situações. Se a condição jurídica da mulher modificou tanto nos últimos vinte anos, tal progresso se deve à extraordinária evolução das relações dos casais, e não a previsões legais, como poderia erroneamente se supor. Uma posição de igualdade social vem sendo pregada desde nossas primeiras constituições e se repetiu, ainda uma vez, nas Constituição de 1988. Mas a verdadeira igualdade tem sido realmente obtida não no terreno legal, mas sim no terreno meramente humano das relações sociais, das tendências das novas gerações, dos novos casais que só aceitam como satisfatórias as relações fundadas sobre a reciprocidade e igualdade, sobre a intensidade dos sentimentos e a veracidade dos propósitos.</p><p>Dias[footnoteRef:12] afirma que: [12: DIAS, Maria Berenice. Família ou famílias. Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br. Acesso em: 15 de março de 2014.]</p><p>Atualmente ninguém mais tem dúvidas de que família é mesmo um conceito plural. As fotografias antigas mostravam um casal sentado ao centro rodeado de filhos, todos muito sérios. Atualmente, não só as fotos adquiriram colorido. A família também. As imagens atuais estampam manifestações de afeto e sorrisos de felicidade entre seus membros.</p><p>Na atualidade a família, vem se reorganizando em sua configuração social e jurídica, valorizada pelos preceitos da dignidade da pessoa humana, antes escondida pela primazia dos interesses patrimoniais.</p><p>Conclui-se que a família, não mais se fundamenta apenas em laços de consanguinidade ou no casamento, atualmente a união de fato e a família formada apenas por um de seus genitores, também é considerada entidade familiar.</p><p>2.1 A FAMILIA E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL</p><p>Nas últimas décadas, a família vem sofrendo profundas mudanças de função, natureza, composição e concepção, sobretudo após o advento do Estado social.</p><p>Através de uma breve análise feita nas Constituições anteriores do Brasil, verificou-se nas duas primeiras Constituições, já que na Carta Magna de 1824, não há qualquer referência à família em particular e, na segunda, ou seja, em 1891, apenas passou a reconhecer o casamento civil como o único ato jurídico capaz de constituir família. Já a Constituição de 1934 possui capítulo específico que trata apenas sobre a família, tendo como referência àquela constituída pelo casamento indissolúvel. A indissolubilidade do casamento permaneceu na Constituição Federal de 1937, e só houve alterações no âmbito familiar após a Emenda Constitucional nº 9/77 devido advento do divórcio.</p><p>A Carta de 1946, elaborada com respaldo a Lei Constitucional 13 de 12/11/1945[footnoteRef:13], em quase nada inovou sobre o instituto da família em relação à Constituição de 1934. Nela verifica-se que fora mantido o casamento civil, com vínculo indissolúvel, considerando-o ato preponderante na sociedade conjugal, mas também garantindo a possibilidade de estender os efeitos civis ao casamento religioso, restabelecendo um direito constitucional suprimido pela Constituição de 1937. [13: Os arts. 1° e 2° da Lei Constitucional 13 estabeleciam, respectivamente: “que os representantes eleitos a 2 de dezembro de 1945 para a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão no Distrito Federal, sessenta dias após as eleições, em Assembleia Constituinte, para votar, com poderes ilimitados, a Constituição do Brasil” e “promulgada a Constituição, a Câmara e o Senado Federal passarão a funcionar como Poder Legislativo ordinário”.]</p><p>Ao contrário do que ocorrera com a Constituição de 1946, em termos do conceito de família começam a surgir inovações, oriundas das profundas transformações sociais em todo o mundo, no que diz respeito à adoção do divórcio pleno e à evolução de seu próprio conceito.</p><p>Quanto à Constituição de 1967, advinda da Revolução de 1964, demonstrava o nítido interesse em proceder a reformas nos títulos constitucionais da Carta Magna de 1946 que garantissem, aos detentores do poder federal à época, o exercício do poder político e a sua perpetuação, não havendo preocupação com o tema “família” que fora reduzido a apenas um único artigo e quatro parágrafos, mantendo os direitos já previstos na Constituição anterior.</p><p>Um fato importante que repercutiu na família brasileira foi a aprovação da Emenda Constitucional nº 9, de 28 de junho de 1969, que instituiu a dissolubilidade do vínculo matrimonial no país. Este instituto foi regulamentado pela Lei 6.515 de 26 de dezembro de 1977. Passando, então, a vigorar o divórcio no Brasil.</p><p>Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, houve uma evolução no modelo jurídico do Direito Familiar brasileiro, onde o conceito de família foi encarado de forma mais abrangente.</p><p>Anteriormente, reduzia-se a família apenas àquela constituída pelo casamento, com a nova redação, atualmente considera-se como entidade familiar não apenas o casamento, mas a união estável e a comunidade monoparental.</p><p>Neste contexto, elencam-se algumas entidades familiares constitucionalizadas atualmente encontradas no Brasil:</p><p>- Par andrógino, sob regime de casamento, com filhos biológicos;</p><p>- Par andrógino, sob regime de casamento, com filhos biológicos e filhos adotivos, ou somente com filhos adotivos, em que se sobrelevam os laços de afetividade;</p><p>- Par andrógino, sem casamento, com filhos biológicos (união estável);</p><p>- Par andrógino, sem casamento, com filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos (união estável);</p><p>- Pai ou mãe e filhos biológicos (comunidade monoparental);</p><p>- Pai ou mãe e filhos biológicos e adotivos ou apenas adotivos (comunidade monoparental);</p><p>- União de parentes e pessoas que convivem em interdependência afetiva, sem pai ou mãe que a chefie, como no caso do grupo de irmãos, após falecimento ou abandono dos pais;</p><p>- Pessoas sem laços de parentesco que passam a conviver em caráter permanente, com laços de afetividade e de ajuda mútua, sem finalidade sexual ou econômica;</p><p>- Uniões homossexuais, de caráter afetivo e sexual;</p><p>- Uniões concubinárias, quando houver impedimento para casar de um ou de ambos companheiros, com ou sem filhos;</p><p>- Comunidade afetiva formada com “filhos de criação”, segundo generosa e solidária tradição brasileira, sem laços de filiação natural ou adotivo regular.</p><p>Todas as hipóteses acima citadas estão previstas nos tipos de entidades familiares explicitadas na Constituição Federal. Sustenta-se a tese de que possuem proteção constitucional as entidades familiares que preencham os requisitos de afetividade, estabilidade e ostensibilidade, com tutela dos efeitos jurídicos do Direito de Família fundamentados nos princípios da dignidade da pessoa humana e da concretização constitucional.</p><p>A família é uma expressão que deve abranger pelo menos duas pessoas que se unem com o propósito de manutenção do vínculo afetivo.</p><p>O afeto é um aspecto que consta refletido no princípio de direito à intimidade presente no Art. 5º, X da Constituição Federal, o qual garante que:</p><p>São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente</p><p>de sua violação (ART. 5º, X DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL).</p><p>Assim sendo, não fala-se mais em “família” e sim em “famílias”. Então se o atual conceito de família funda-se no laço da afetividade que une seus membros, todas essas famílias merecem a proteção incondicional e irrestrita por parte do Estado e de todos os operadores do direito. Portanto, a nenhuma espécie de vínculo que tenha por base o afeto se pode deixar de conferir o status de família, merecedora da proteção do Estado.</p><p>Portanto, Silva[footnoteRef:14] esclarece que “se a família surge em um contexto social diversificado, constituindo-se um ambiente que privilegia o afeto e o respeito à dignidade de seus membros, é esperado que ela também se desagregue de forma diferente” (SILVA, 2009, p.49). [14: SILVA, Evandro Luiz, et al., Síndrome da Alienação Parental e a Tirania do Guardião: Aspectos Psicológicos, Sociais e Jurídicos. Editora Equilíbrio. 2009, p.49.]</p><p>É preciso que genitores e operadores do direito estejam atentos ao momento social em que as separações e os divórcios atuais estão eclodindo e passem a dar atenção redobrada ao instituto do poder familiar. Exercê-lo de forma ampla e efetiva implica corresponsabilidade na educação integral do filho, sendo irrelevante qual dos genitores detenha a guarda da criança.</p><p>2.1.1 Guarda</p><p>A partir da dissolução do casamento, em juízo atualmente, proferido pelo divórcio, estabelecem-se efeitos jurídicos relativamente aos filhos advindos desse vínculo, aos quais se destacam: os alimentos devidos aos filhos e o regime de guarda, relacionado também do direito de visitas.</p><p>A guarda segundo Paulo Lobo[footnoteRef:15] “consiste na atribuição a um dos pais ou a ambos, dos encargos de cuidado, proteção, zelo e custódia do filho” (LOBO, 2008, p.169). [15: LOBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p.169.]</p><p>Para Grisard Filho[footnoteRef:16]: [16: GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 50.]</p><p>A guarda não se define por si mesma, senão através dos elementos que a asseguram [...] surge, através dos artigos 231, IV e 379 a 383 do Código Civil (CC) como um direito-dever natural e originário dos pais, que consiste na convivência com seus filhos, prevista no art. 384, II do Código Civil e é o pressuposto que possibilita o exercício de todas as funções paternas [...]</p><p>Já nos dizeres de Strenger[footnoteRef:17] a guarda: [17: STRENGER, Guilherme Gonçalves. Guarda de filhos. São Paulo: LTR, 1998, p. 32.]</p><p>De filhos ou menores é o poder-dever submetido a um regime jurídico legal, de modo a facultar a quem de direito, prerrogativas para o exercício da proteção e amparo daquele que a lei considerar nessa condição.</p><p>Guarda no sentido jurídico para Silva[footnoteRef:18] é: [18: SILVA, Ana Maria Milano. Guarda compartilhada. São Paulo: LED – Editora de Direito, 2006, p.143-144.]</p><p>O ato ou efeito de guardar e resguardar o filho enquanto menor, de manter a vigilância no exercício de sua custódia e de representá-lo quando impúbere ou, se púbere, de assisti-lo, agir conjuntamente com ele em situações ocorrentes.</p><p>Destaca-se, entretanto que, o conceito de guarda para o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é diferente, visto que, “neste, como comenta “a guarda inclui-se entre as modalidades de família substituta, ao lado da tutela e adoção, pressupondo a perda do poder familiar dos pais, razão por que é atribuída a terceiro” (LOBO, 2008, p.169)[footnoteRef:19]. [19: LOBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p.169.]</p><p>A guarda dos filhos é um fato em constante desenvolvimento, dado o aumento das dissoluções do casamento. A problemática da guarda somente surge com o conflito em família, motivo que causa a separação dos pais.</p><p>O Código Civil esclarece que, para a dissolução do casamento, no caso do divórcio, sem que haja acordo no tocante à guarda dos filhos menores, esta será atribuída a quem revelar melhores condições de exercê-la[footnoteRef:20] (WALD, 2004, p. 205). [20: WALD, Arnoldo. O novo direito de família. 16. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2004, p.</p><p>205]</p><p>Neste sentido o parágrafo quinto do artigo 1584 do Código Civil, estabelece que o juiz deva verificar a conveniência de os filhos ficarem ou sob a guarda do pai ou da mãe, e decidir pela pessoa que revelar possuir maior compatibilidade com a natureza da medida, de preferência deve levar em consideração o grau de parentesco e relação de afinidade e afetividade (WALD, 2004, p. 206).</p><p>Com a finalidade de esclarecer o instituto da guarda, no próximo item passa-se a discorrer sobre as suas modalidades.</p><p>2.1.1.2 Guarda exclusiva</p><p>A guarda exclusiva, segundo o Código Civil, é aquela atribuída pelo juiz a um dos genitores, quando estes não chegam a um acordo e desta maneira a guarda compartilhada acaba por se tornar inviável. Também se qualifica como guarda exclusiva, a guarda conferida a um terceiro, quando o juiz se convencer que nenhum dos genitores preenche as condições necessárias para tal.</p><p>Segundo Gama[footnoteRef:21], esta modalidade de guarda: [21: GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito civil: família. São Paulo: Atlas, 2008, p. 272-273.]</p><p>Não é apenas física, mas também jurídica, no sentido de abranger o direito de reger a vida do filho, dirigindo-lhe a criação e educação, com deliberação sobre as questões mais importantes que se refiram ao desenvolvimento físico, psíquico e existencial do menor, ao passo que o não guardião passa a ter o direito de visitas, de ter o filho em sua companhia e o de fiscalizar o exercício das demais atribuições do poder familiar.</p><p>Com a atribuição da guarda exclusiva a um dos genitores, ao outro resta o direito de visitar o filho.</p><p>Segundo Marcelo Truzzi Otero[footnoteRef:22]: [22: OTERO, Marcelo Truzzi. A guarda e o direito de visitas: conceito, conteúdo, extensão e titularidade. Disponível em:<http://www2.mp.pr.gov.br. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>O direito de visitar a criança representa muito mais que um simples contato físico do genitor desprovido da guarda com a criança. É a possibilidade que lhe é concedida para se corresponder com ela, fiscalizar lhe a educação, mantê-la em sua companhia sem a presença do guardião, tê-la na residência e na de seus familiares, devendo zelar pela integridade física da mesma durante o tempo que estiver em sua companhia.</p><p>O exercício do direito de visita depende do que os genitores convencionarem, ou da forma que o juiz a estipular. Na maioria das vezes é a principal fonte de conflitos entre os pais, “sendo comuns as condutas inibitórias ou dificuldades atribuídas ao guardião para impedir ou restringir o acesso do outro ao filho[footnoteRef:23]” (LOBO, 2008, P.169). [23: LOBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p.169.]</p><p>É importante que o interesse do filho menor seja preservado, garantindo a este, o direito de se relacionar com ambos os genitores, onde qualquer tipo de disputa deva ser resolvido da melhor maneira possível, caso contrário, “dificuldades ao exercício do direito de visita devem ser considerados motivos relevantes para eventual mudança de guarda[footnoteRef:24]” (LOBO, 2008, p.169). [24: LOBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p.169.]</p><p>Segundo Gama[footnoteRef:25] é importante informar que a Lei 11.112/2005, determinou a obrigatoriedade do acordo relativo à guarda dos filhos menores e ao regime de visitas, na separação consensual. [25: GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito civil: família. São Paulo: Atlas, 2008, p. 272-273.]</p><p>O regime de visitas é entendido como a forma pela qual os cônjuges ajustarão a permanência dos filhos em companhia daquele que não ficar com a sua guarda, compreendendo encontros regularmente estabelecidos, repartição de férias escolares e dias festivos. Essa norma evidencia o direito à companhia, ainda que destinada à separação consensual, deve orientar também o juiz na regulamentação da separação litigiosa.</p><p>É importante salientar que a guarda exclusiva, na maior parte das vezes atribuída à figura da mãe, se mostrou, falho e insuficiente, na maioria dos casos, para cumprir o papel parental no período pós-dissolução da sociedade conjugal, e deste fato adveio a procura por novas modalidades de guarda que possibilitassem aos pais o exercício da autoridade parental em igualdade de condições.</p><p>2.1.1.3 Guarda compartilhada</p><p>A guarda compartilhada é exercida por ambos os pais separados, de modo a assegurar aos filhos a convivência e o acesso livres a ambos.</p><p>A Lei 11.698 de 13 de junho de 2008 definiu no parágrafo primeiro do artigo 1583 do Código Civil a guarda compartilhada como “a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns”[footnoteRef:26] (BRASIL. Lei nº. 10.406/2002). [26: BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 março de 2014.]</p><p>Phillips Douglas Freitas e Graciela Pellizaro[footnoteRef:27] explica que esta modalidade de guarda: [27: FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZARO, Graciela. Alienação Parental: comentários à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 87]</p><p>[...] dá uma nova e inédita conotação ao instituto do pátrio poder, já que tem por finalidade romper com a ideia de poder e veicula a perspectiva da responsabilidade do cuidado das crianças e do convívio familiar. A partir deste novo conceito, é retirada da guarda a conotação de posse, privilegiando-se a ideia de estar com, de compartilhar, sempre voltada para o melhor interesse das crianças e consequentemente dos pais.</p><p>Nesta espécie de guarda, os filhos ficam apenas em uma residência, esta escolhida pelos pais mediante mútua concordância, ou pelo juiz que ao avaliar as condições características de cada situação, deve sempre buscar defender o melhor interesse do menor.</p><p>É determinante a fixação da residência da criança, para que esta tenha um referencial sócio afetivo para desenvolver sua personalidade e consolidar seus hábitos, pois do contrário, o filho que vive com o pai, tem que mudar para a casa da mãe, e novamente para a casa do pai, isso pode causar uma confusão e indecisão em sua vida.</p><p>A guarda compartilhada, é o modelo que visa permitir o exercício compartilhado de guarda, e que autoriza os genitores a compartilharem a criação e a educação dos filhos, possibilitando uma adequada comunicação com os pais.</p><p>Segundo Gama[footnoteRef:28]: [28: GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito civil: família. São Paulo: Atlas, 2008, p. 272-273.]</p><p>A modalidade de guarda compartilhada objetiva perpetuar a relação da criança ou do adolescente com seus pais, no período posterior à dissolução da união conjugal, permitindo o resguardo do melhor interesse do menor, e assegurando a igualdade dos gêneros, homem e mulher, no exercício da autoridade parental.</p><p>Esta modalidade de guarda é a que possibilita o maior contato das crianças com ambos os genitores, o qual deve privilegiar seu bem estar, educação, saúde e desenvolvimento como um todo.</p><p>De acordo com Silva[footnoteRef:29]: [29: SILVA, Ana Maria Milano. Guarda compartilhada. São Paulo: LED – Editora de Direito, 2006, p.109.]</p><p>A guarda compartilhada é caracterizada pela manutenção responsável e solidária dos direitos-deveres inerentes ao poder familiar, minimizando-se os efeitos da separação dos pais. Assim, preferencialmente, os pais permanecem com as mesmas divisões de tarefas que mantinham quando conviviam, acompanhando conjuntamente a formação e o desenvolvimento do filho. Nesse sentido, na medida das possibilidades de cada um, devem participar das atividades de estudos, de esporte e de lazer do filho. O ponto mais importante é a convivência compartilhada, pois o filho deve sentir-se “em casa” tanto na residência de um quanto na do outro. Em algumas experiências bem-sucedidas de guarda compartilhada, mantêm-se quartos e objetos pessoais do filho em ambas as residências, ainda quando seus pais tenham constituído novas famílias.</p><p>Importante destacar que esta modalidade de guarda é frequentemente confundida com livre visitação, sobre este assunto Nazareth[footnoteRef:30] explana que: [30: NAZARETH, Eliana Riberti. Guarda compartilhada e mediação familiar: a importância da convivência. In: APASE, Associação de Pais e Mães Separados (Org.). Guarda Compartilhada: aspectos psicológicos e Jurídicos. Porto Alegre: Editora Equilíbrio, 2005, p. 94.]</p><p>Esse é um dos enganos mais comuns: igualar o compartilhamento de guarda à livre visitação. Compartilhar a guarda é muito mais do que isso e não apenas isso. É colocar os pais a colocarem-se como pais em uma postura totalmente diferente. É assumir responsabilidades. É comprometer-se em propiciar as melhores condições possíveis ao adequado desenvolvimento biopsicossocial dos filhos. E nem sempre a visitação livre é o melhor para a criança. Daí a necessidade da Mediação feita ou assessorada por mediador profissional da Psicologia que conheça o desenvolvimento infantil e o funcionamento familiar, e que, junto com os pais, confeccionará o melhor arranjo levando em consideração os mais diversos elementos. A guarda compartilhada exige uma confecção sob medida que atente para vários fatores como idade da criança, possibilidades objetivas e subjetivas dos pais, exame das características da convivência antes da separação, entre outros.</p><p>A guarda compartilhada torna mais efetiva a participação do não detentor da guarda na vida dos filhos. Na concepção de Maria Berenice Dias[footnoteRef:31], a guarda compartilhada “[...] significa mais prerrogativas relativas à pessoa dos filhos, fazendo com que ambos os pais participem de forma mais presente na vida deles” (DIAS, 2005, p.401). [31: DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005,</p><p>p. 401.]</p><p>Farias[footnoteRef:32] leciona sobre a guarda compartilhada, destacando os benefícios que dela decorrem: [32: FARIAS, Cristiano Chaves de. Escritos de Direito de Família. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2007, p.49]</p><p>A guarda compartilhada de forma notável favorece o desenvolvimento das crianças com menos traumas e ônus, propiciando a continuidade da relação dos filhos com seus dois genitores, retirando assim da guarda a ideia de posse. Nesse novo modelo de responsabilidade parental, os cuidados sobre a criação, educação, bem-estar, como outras decisões importantes, são tomadas e decididas conjuntamente por ambos os pais que compartilharão de forma igualitária a total responsabilidade sobre a prole. Assim, um dos genitores terá a guarda física do menor, mas ambos deterão a guarda jurídica da criança. Não resta dúvida que a continuidade da relação da criança com seus genitores acabam por manter de forma mais normal equilibrada o estado emocional e psicológico dos filhos. O que se busca com a guarda compartilhada além é claro, de proteção dos filhos, é minimizar os traumas e demais consequências negativas que a separação pode provocar. Com a guarda compartilhada almeja-se, através do consenso entre os cônjuges separados, a conservação dos mesmos laços que uniam pais e filhos antes da separação, buscando-se um maior equilíbrio e harmonia na mente daqueles que são destinatários desta solução.</p><p>Caber ainda destacar a jurisprudência brasileira, onde a receptividade da guarda compartilhada vem crescentemente sendo feita[footnoteRef:33] (MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Apelação cível nº 1.0024.03.887697-5/001). [33: MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Apelação cível nº 1.0024.03.887697-5/001, Rel. Des. Hyparco Immesi, j. 09/12/2004. Disponível em:<http://www.tjmg.jus.br. Acesso em 25 de março de 2014.]</p><p>SEPARAÇÃO JUDICIAL CONSENSUAL - GUARDA COMPARTILHADA –INTERESSE DOS MENORES – AJUSTE ENTRE O CASAL – POSSIBILIDADE – Não é a conveniência dos pais que deve orientar a decisão da guarda, e sim o interesse do menor. A denominada guarda compartilhada não consiste em transformar</p><p>o filho em objeto à disposição de cada genitor por certo tempo, devendo ser uma forma harmônica ajustada pelos pais, que permita a ele (filho) desfrutar tanto da companhia paterna como da materna, num regime de visitação bastante amplo e flexível, mas sem perder seus referenciais de moradia. Não traz ela (guarda compartilhada) maior prejuízo para os filhos do que a própria separação dos pais. É imprescindível que exista entre eles (pais) uma relação marcada pela harmonia e pelo respeito, na qual não existam disputas nem conflitos.</p><p>Lobo[footnoteRef:34] ensina que: [34: LOBO, Paulo. Direito Civil: Famílias. São Paulo: Saraiva, 2008, p.169.]</p><p>Para o sucesso da guarda compartilhada é necessário o trabalho conjunto do juiz e das equipes multidisciplinares das Varas de Família, para o convencimento dos pais e para a superação de seus conflitos. Sem um mínimo de entendimento a guarda compartilhada pode não contemplar o melhor interesse do filho. Por outro lado, não é recomendável quando haja ocorrência de violência familiar contra o filho, por parte de um dos pais.</p><p>Sob o ponto de vista dos princípios constitucionais do melhor interesse da criança e da convivência familiar, “a guarda compartilhada é indiscutivelmente a modalidade que melhor os realiza” (LOBO, 2008, p.169).</p><p>Segundo Costa[footnoteRef:35]: [35: COSTA, Luiz Jorge Valente Pontes. Guarda conjunta: em busca do maior interesse do menor. Jus Navigandi, Teresina, ano 14, n. 2348, 5 dez. 2009. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br. Acesso em: 22 de março de 2014.]</p><p>A guarda compartilhada, evita que genitor guardião provoque antipatia no filho em relação ao pai que não detém a guarda, pois não cria na imaginação da criança o estereótipo de que o genitor não guardião só tem defeitos, como é muito comum acontecer com a guarda única.</p><p>Nazareth[footnoteRef:36] ainda enfatiza que a guarda compartilhada “é um passo dos mais importantes para oferecer condições mínimas de felicidade e equilíbrio a todos que, um dia, formaram um núcleo familiar” (NAZARETH, 2005, p.94). [36: NAZARETH, Eliana Riberti. Guarda compartilhada e mediação familiar: a importância da convivência. In: APASE, Associação de Pais e Mães Separados (Org.). Guarda Compartilhada: aspectos psicológicos e Jurídicos. Porto Alegre: Editora Equilíbrio, 2005, p. 94.]</p><p>Importante informar que mesmo os genitores em litígio, a criança não pode ser punida e a guarda compartilhada pode ser aplicada. O juiz pode aplicar a guarda compartilhada mesmo em situações de divergência entre os pais como forma de mostrar a ambos que não pode mais haver a supremacia tirânica de um guardião único, sendo o outro secundário e mero visitante de fins de semana alternados.</p><p>Quando não há entendimento entre os pais, nenhum sistema de guarda “funciona bem”. Note-se que, mesmo sob a guarda única da mãe, a criança continuará a ter pai e a ser cuidada por ele eventualmente, nos dias e horários de “visita”. [...] quando os dois genitores têm vontade, capacidade e disponibilidade para criar os filhos – geralmente como faziam antes da separação – a guarda compartilhada é o melhor para a criança e a solução mais justa para os pais[footnoteRef:37]. [37: SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental: o que é isso? Capinas: Armazém do Ipê, 2009, p. 4-5.]</p><p>A guarda compartilhada institui sobre o levantamento por parte dos genitores das responsabilidades geradas para com os filhos diante da dissolução do casamento, procurando manter a situação anterior a dissolução da sociedade conjugal, uma vez que, a dissolução do vínculo conjugal apenas altera as relações conjugais, ou seja, entre marido e mulher, nunca se interferindo na relação pai e mãe.</p><p>2.1.1.4 Guarda alternada</p><p>A guarda alternada também tem origem com a dissolução do vínculo conjugal, onde cada um dos pais, pretendendo exercer direitos e deveres advindos dessa modalidade de guarda dividem o tempo da criança entre ambos, e enquanto um deles detém a guarda, o outro detém o simples dever de visita e fiscalização, e ao final deste período, ocorre o inverso. Segundo Gama[footnoteRef:38] a guarda alternada é: [38: GAMA, Guilherme Calmon Nogueira da. Direito civil: família. São Paulo: Atlas, 2008, p. 272-273.]</p><p>Aquela em que cada um dos pais detém a guarda do filho alternadamente, de acordo com um limite espaço-temporal preestabelecido, que pode se representar por um ano escolar, um mês, uma semana, uma parte da semana, ou uma repartição organizada dia a dia e, consequentemente, durante esse período de tempo, possui de forma exclusiva, todos os poderes-deveres que integram a autoridade parental, sendo que ao fim do período ocorre a inversão das atribuições.</p><p>Grisard Filho[footnoteRef:39] contribui lecionando que: [39: GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 50.]</p><p>Enquanto um dos genitores exerce a guarda no período que lhe foi reservado, ao outro transfere-se o direito de visita. Ao cabo do período, independentemente de manifestação judicial, a criança faz o caminho de volta, do guardião ao visitador para, no tempo seguinte, inverterem-se os papéis.</p><p>Nóbrega[footnoteRef:40] não é a favor dessa modalidade de guarda: [40: NÓBREGA, Airton Rocha. Guarda de filhos: unilateral e compartilhada. Inovações da Lei nº 11.698/2008. Jus Navigandi, Teresina, ano 12, n. 1847, 22 jul. 2008. Disponível em:<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11494>. Acesso em: 21 março 2014.]</p><p>Alternar a guarda de filhos não se mostra, em princípio, como algo que represente vantagem para os pais ou para a formação dos menores, gerando para eles, em realidade, o risco da quebra de hierarquia, com evidente prejuízo para os mesmos. Há a perda de um referencial em função de se admitir na guarda alternada a alternância de residência, com a induvidosa mudança de ambientes que em nada contribuem para uma formação uniforme.</p><p>Em colaboração Bonfim[footnoteRef:41], elenca alguns malefícios que este tipo de guarda pode trazer menor: [41: BONFIM, Paulo Andreatto apud SILVA, Denise Maria Perissini da. Guarda Compartilhada e síndrome de alienação parental: o que é isso? Capinas: Armazém do Ipê, 2009, p. 14.]</p><p>- Não há constância de moradia, então, objetos pessoais das crianças podem ser esquecidos em ambas as casas, havendo muita confusão e discussões entre os pais;</p><p>- A formação dos menores pode ficar prejudicada, não se sabendo que orientação seguir (paterna ou materna) em temas importantes para definição de seus valores morais, éticos, religiosos, então, as divergências, se existentes durante a constância do casamento ou união estável, acirram-se e tornam-se fatores de discussão;</p><p>- Pode ser prejudicial à saúde e higidez psíquica da criança, tornando confusos certos referenciais importantes na fase inicial de sua formação, como, por exemplo, interagir mais constantemente com pessoas e locais que representam seu universo diário (vizinhos, amigos, locais de diversão).</p><p>Segundo elucida Silva[footnoteRef:42]: [42: SILVA, Ana Maria Milano. Guarda compartilhada. São Paulo: LED – Editora de Direito, 2006, p.109.]</p><p>A jurisprudência desabona esse modelo de guarda, não sendo aceito em quase todas as legislações mundiais por ser uma caricata divisão pela metade, em que os pais são obrigados a dividir pela metade o tempo que passam com os filhos.</p><p>Esta modalidade de guarda é muito criticada pelo fato de contradizer o princípio da continuidade do lar, que deve compor o bem-estar da criança. Pode ser prejudicial também à consolidação dos hábitos, valores, padrões e formação da personalidade, em razão da instabilidade emocional e psíquica criada pela constante mudança de referenciais.</p><p>Observa-se no entanto que as desvantagens são maiores, podendo a criança perder o seu referencial, já que tal guarda poder ainda atingir a estabilidade física e mental da criança ou adolescente. O menor deve ter uma residência fixa para que possa consolidar seus hábitos</p><p>e valores, desenvolver sua personalidade.</p><p>2.2 DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA</p><p>O princípio da dignidade humana é o mais abrangente de todos os princípios constitucionais posto que dele emergem todos os direitos. E, se a Constituição da República Federativa do Brasil estampou em seu Artigo 1º, III a Dignidade Humana como fundamento constitucional, elegeu, obviamente, a pessoa humana como ponto central de seu texto, preocupando-se, portanto, o constituinte mais com o “ser” do que com o “ter"[footnoteRef:43] (www.direitopositivo.com.br, 2014). [43: Disponível em: http://www.direitopositivo.com.br/modules.php?name=Artigos&file=display&jid=59 consultado em 20 de março de 2014.]</p><p>Este princípio não trata apenas de um limite à atuação do Estado Juiz, mas sim de um objetivo a ser atingido. Não tem apenas dever de abster-se de praticar atos atentatórios à dignidade humana, mas antes tem dever de promovê-la, garantindo a essência humana do próprio direito brasileiro.</p><p>Os princípios constitucionais foram convertidos em alicerce normativo sobre o qual assenta todo o edifício jurídico do sistema constitucional, o que provocou sensível mudança na maneira de interpretar a lei. Muitas das transformações levadas a efeito são frutos da identificação dos direitos humanos como valor fundante da pessoa humana, a ensejar o consequente alargamento da esfera de direitos merecedores de tutela.</p><p>A partir do momento em que ocorreu a constitucionalização do direito civil e a dignidade da pessoa humana foi consagrada como fundamento do Estado Democrático de Direito (Constituição Federal artigo 1º, III), o positivismo tornou-se insuficiente. As regras jurídicas mostram-se limitadas, acanhadas para atender ao comando constitucional.</p><p>Segundo Fernando Capez[footnoteRef:44]. [44: DIAS, Berenice, Maria. Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista dos Tribunais, apud CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: Parte geral. 13 ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2009, p.59.]</p><p>Verifica-se o Estado Democrático de Direito não apenas pela proclamação formal da igualdade entre todos os homens, mas pela imposição de metas e deveres quanto à construção de uma sociedade livre, justa e solidária; pela garantia do desenvolvimento nacional; pela erradicação da pobreza e da marginalização; pela redução das desigualdades sociais e regionais; pela promoção do bem comum; pelo combate ao preconceito de aça, cor, origem, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação (CF, art. 3º, I a IV); pelo pluralismo político e liberdade de expressão das ideias; pelo resgate da cidadania, pela afirmação do povo como fonte única do poder e pelo respeito inarredável da dignidade humana.</p><p>Neste sentido Maria Berenice Dias[footnoteRef:45], esclarece. [45: DIAS, Berenice, Maria. Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista dos Tribunais, apud Pontes de Miranda, Tratado de Direito Privado, 2009, p.59.]</p><p>Ainda que tenha o Estado o dever de regular as relações das pessoas, não pode deixar de respeitar o direito à liberdade e garantir o direito à vida, não só vida como mero substantivo, mas vida de forma adjetivada: vida digna, vida feliz.</p><p>Portanto, a ideia de dignidade da pessoa humana está na base do reconhecimento dos direitos humanos fundamentais. Só é sujeito de direitos a pessoa humana. Os direitos humanos fundamentais são o "mínimo existencial" para que possa se desenvolver e se realizar (DIAS, 2009, p.59).</p><p>Há, ademais, uma hierarquia natural entre os direitos humanos, de modo que uns são mais existenciais do que outros. E sua lista vai crescendo, à medida que a humanidade vai tomando consciência das implicações do conceito de dignidade da vida humana. Por isso, Tomás de Aquino, ao tratar da questão da imutabilidade do direito natural, reconhecia ser ele mutável, mas apenas por adição, mediante o reconhecimento de novos direitos fundamentais. Nesse diapasão seguiram as sucessivas declarações dos direitos humanos fundamentais (a francesa de 1789 e a da ONU de 1948), desenvolvendo-se a ideia de diferentes "gerações" de direitos fundamentais: “os de 1ª geração, como a vida, a liberdade, a igualdade e a propriedade; os de 2ª geração, como a saúde, a educação e o trabalho; e os de 3ª geração, como a paz, a segurança e o resguardo do meio ambiente”[footnoteRef:46] (GRISARD FILHO, 2002, p. 50). [46: GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 50.]</p><p>Assim, os direitos humanos de 3ª geração dependem necessária e inexoravelmente dos direitos de 1ª geração. Daí que, sendo o direito à vida “o mais básico e fundamental dos direitos humanos, não pode ser relativizado, em prol de outros valores e direitos. Sem vida não há qualquer outro direito a ser resguardado[footnoteRef:47] (GRISARD FILHO, 2002, p. 50). [47: GRISARD FILHO, Waldyr. Guarda compartilhada: um novo modelo de responsabilidade parental. 2ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 50.]</p><p>Em colaboração Immanuel Kant[footnoteRef:48] (1986, p. 58): [48: KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos. Trad. Leopoldo Holzbach. São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 58.]</p><p>No reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem um preço, pode-se pôr em vez dela qualquer outra como equivalente, mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e, portanto não permite equivalente, então ela tem dignidade.</p><p>Assim temos a pessoa humana como valor e a dignidade humana como princípio absoluto, que deve prevalecer sob qualquer outro princípio, portanto, o ordenamento jurídico deve respeitar sobre tudo a humanidade e a sua dignidade, sob pena de ser considerada inconstitucional.</p><p>Como preconiza o artigo 227 da Constituição Federal (1988).</p><p>É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.</p><p>Contudo, pode-se perceber a importância real da dignidade humana, como princípio e fundamento da República Brasileira. Entretanto, deve existir de maneira mais constante, uma luta para total aplicação e, consequentemente, efetivação desse princípio, onde as pessoas, detentoras desse direito, junto ao Poder Público em suas três esferas dos poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, devem criar formas de sua garantia.</p><p>2.3 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA) LEI 8.069/90</p><p>O ECA vem para garantir proteção integral à criança e ao adolescente, zelando por seus direitos fundamentais, tais como o direito à vida, à saúde, à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade e seu direito de convivência familiar, e ainda seu desenvolvimento sadio e harmonioso (ECA 7º) com o prejuízo de que caso esses direitos sejam atingidos de alguma forma prejudique o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social desta criança.</p><p>Em seu artigo 3º e 4º, 98º e 130º, o ECA[footnoteRef:49] descreve que: [49: BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 20 de março de 2014.]</p><p>Artigo 3º:</p><p>A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes a pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.</p><p>Artigo 4º:</p><p>É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes a vida, a saúde, a alimentação, a educação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização,</p><p>a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência familiar e comunitária.</p><p>Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:</p><p>a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstancias;</p><p>b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância publica;</p><p>c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;</p><p>d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção a infância e a juventude.</p><p>Artigo 98:</p><p>As medidas de proteção a criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:</p><p>I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;</p><p>II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;</p><p>III - em razão de sua conduta.</p><p>Artigo 130:</p><p>Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.</p><p>A Síndrome da Alienação Parental que atinge diretamente todos esses “Direitos Fundamentais” está cada vez mais presente no cotidiano de muitas crianças e adolescentes, restando ao Judiciário protegê-las. Por isso a Constituição enumera quem são os responsáveis a dar efetividade a esse leque de garantias; a família, a sociedade e o Estado.</p><p>Segundo Maria Berenice Dias[footnoteRef:50]. [50: DIAS, Berenice, Maria. Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista dos Tribunais, 2009, 59]</p><p>A Constituição (artigo 227) e o ECA acolheram a doutrina da proteção integral. Modo expresso, crianças e adolescentes foram colocados a salvo de toda forma de negligência. Transformaram-se em sujeitos de direitos e foram contemplados com enorme número de garantias e prerrogativas. Mas direitos de uns significam obrigações a outros.</p><p>O ECA Lei 8.069/90 em seu art. 19º “garante a estas crianças e adolescentes o direito de serem criados e educados no seio de sua família”, podendo ser uma família substituta, devendo assim, ser assegurado o direito de convivência familiar em um ambiente socialmente sadio (ECA Lei 8.069/90).</p><p>O conceito atual da família, centrada no afeto como elemento agregador, exige dos pais o dever de criar e educar os filhos sem lhes omitir o carinho necessário para a formação plena de sua personalidade (DIAS, 2009, p.59).</p><p>A grande evolução das ciências que estudam o psiquismo humano veio encarar a decisiva influência do contexto familiar para o desenvolvimento sadio de pessoas em formação. Assim passou-se a se falar em paternidade responsável. “Consequentemente a convivência dos filhos com os pais não é direito, é dever. Não há direito de visitá-lo, há obrigação de conviver com ele” (SOUZA, 2008, p.7).</p><p>Assim, então quando acontece uma separação entre os pais, e um deles decide pelo afastamento do outro, articulando o desamor desta criança com seu genitor ou genitora, vai contra diretamente a todos os direitos fundamentais a esta criança ou adolescente.</p><p>Conforme pontua Raquel Pacheco Ribeiro de Souza[footnoteRef:51]: [51: SOUZA, Raquel Pacheco Ribeiro de. Apresentação. In: PAULINO, Analdino Rodrigues. Síndrome da Alienação Parental e a tirania do guardião: aspectos psicológicos, sociais e jurídicos. Porto Alegre: Equilíbrio, 2008, p. 7.]</p><p>O maior sofrimento da criança não advém da separação em si, mas do conflito, e do fato de se ver abruptamente privada do convívio com um de seus genitores, apenas porque o casamento deles fracassou. Os filhos são cruelmente penalizados pela imaturidade dos pais quando estes não sabem separar a morte conjugal da vida parental, atrelando o modo de viver dos filhos ao tipo de relação que eles, pais, conseguirão estabelecer entre si, pós-ruptura.</p><p>O descumprimento dos encargos decorrentes do poder familiar, deixando de atender ao dever de ter o filho em sua companhia, produz danos emocionais merecedores de reparação.</p><p>Profunda foi à reviravolta que produziu, não só na justiça, mas nas próprias relações entre pais e filhos a nova tendência da jurisprudência, que passou a impor ao pai o dever de pagar indenização, a título de danos morais, ao filho que pela falta de convívio, mesmo que venha atendendo ao pagamento da pensão alimentícia[footnoteRef:52] (TAMG, AC 408.550-5, 7ª Cam. Cív.,j. 01.04.2004, rel. Dr. Unias Silva). [52: Indenização. Danos morais. Relação paterno-filial. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Princípio da efetividade. A dor sofrida pelo filho, em virtude do abandono paterno, que o privou do direito à convivência, ao amparo efetivo, moral e psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (TAMG, AC 408.550-5, 7ª Cam. Cív.,j. 01.04.2004, rel. Dr. Unias Silva)]</p><p>O dano à dignidade humana do filho em estágio de formação deve ser passível de reparação material, não apenas para que os deveres parentais deliberadamente omitidos não fiquem impunes, mas, principalmente, para que, no futuro, qualquer inclinação ao irresponsável abandono possa ser dissuadida pela firme posição do Judiciário, ao mostrar que o afeto tem um preço muito alto na nova configuração familiar[footnoteRef:53] (DIAS, apud, MADALENO, 2009, p.169). [53: DIAS, Maria Berenice, Maria Manual de Direito das Famílias, 7ª ed. Editora Revista do Tribunais apud Rolf Madaleno, O preço do afeto, 2009, p.169]</p><p>3 SÍNDROME DE ALIENAÇÃO PARENTAL</p><p>3.1 LEI DA ALIENAÇÃO PARENTAL (LEI 12.318/10)</p><p>A alienação parental esta estipulada na lei 12.318 de 2010, e vem assim como a Constituição Federal o ECA e o Código Civil, proteger a criança e seus Direitos Fundamentais, preservando dentre vários direitos o seu convívio com a família, e a preservação moral desta criança diante de um fato que por si só os atinge, a separação.</p><p>A lei considera-se por alienação parental, a interferência abusiva na formação psíquica da criança ou adolescente para que repudie genitor ou cause prejuízo ao estabelecimento ou manutenção de vínculo com este (artigo 2º da Lei de Alienação Parental). É importante ressaltar que a lei teve a cautela de não restringir a autoria apenas aos genitores, mas a qualquer pessoa que tenha a criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância.</p><p>A expressão genitor expõe claramente que ato da alienação parental pode ter por alvo indistintamente pai ou mãe. A lei traz um rol exemplificativo do que seria a alienação parental, que podem ser praticados diretamente ou com auxílio de terceiros.</p><p>O Deputado Regis de Oliveira, PSC/SP, é o autor do Projeto de Lei 4.053/2008 que tramitava no Congresso Nacional, desde 07 de outubro de 2008, que dispunha sobre a Alienação Parental.</p><p>O projeto tramitou na Comissão de Seguridade Social e Família, sendo apresentando parecer favorável, com emenda substitutiva, pelo Deputado Acélio Casagrande e em 26 de agosto de 2010, chegou oportunamente ao ordenamento jurídico a Lei 12.318/2010, dispondo sobre a alienação parental. Tal Lei entrou em vigor, sendo publicada no Diário Oficial da União em 27 de agosto de 2010.</p><p>A aprovação da lei sobre alienação parental ocorreu em contexto com a demanda social buscando por maior equilíbrio da participação de pais e mães na formação de seus filhos. “A família antes considerada mera unidade de produção e procriação passa a ser de plena realização de seus integrantes, distinguindo-se visivelmente os papéis de conjugalidade e parentalidade[footnoteRef:54]” (FREITAS, 2010, p.20). [54: FREITAS, Douglas Phillips; PELLIZARO, Graciela. Alienação Parental: comentários à Lei 12.318/2010. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 20.]</p><p>A lei é clara quanto á proteção do convívio do genitor e o filho, caso o alienador tente de alguma forma manipular e interferir em tal bom convívio a lei diz em seu artigo 6º.</p><p>Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais</p>

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