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<p>DESENVOLVENDO INTELIGÊNCIA SOCIOEMOCIONAL</p><p>DIRETORIA GERAL</p><p>Camila Cury</p><p>DIRETORIA EXECUTIVA</p><p>Bruno Oliveira</p><p>DIRETORIA DE CURSOS DIGITAIS:</p><p>Carolina Cury</p><p>GERÊNCIA PEDAGÓGICA</p><p>Denise Cavalini</p><p>COORDENAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO</p><p>Priscila Lehn</p><p>EQUIPE DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDO</p><p>Raquel Messi Falcoski</p><p>Sara Santos</p><p>CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO DE ARTE</p><p>Danieli Cordesco</p><p>Rodrigo Leodoro</p><p>REVISÃO</p><p>Joice Vasconcelos</p><p>Todos os direitos desta edição reservados à Escola da Inteligência Cursos Educacionais Ltda.</p><p>Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem</p><p>autorização por escrito da empresa.</p><p>www.escoladainteligencia.com.br</p><p>OBJETIVOS</p><p>Este capítulo tem como objetivo apresentar um dos processos mais importantes no</p><p>desenvolvimento da criança, a autonomia, e também conduzir a família a uma ampla</p><p>compreensão sobre seu conceito. Para isso, destacaremos como é possível estimular</p><p>crianças e jovens a adquirirem uma consciência saudável sobre si e seus atos para que</p><p>consigam refletir sobre as consequências de suas escolhas.</p><p>Ao longo dos temas que serão trabalhados, cada família terá a chance de refletir sobre a</p><p>busca pela autonomia e desenvolver o Código da Resiliência e, dessa forma, conseguir lidar</p><p>com as adversidades envolvidas em todo processo de desenvolvimento e amadurecimento</p><p>do Eu.</p><p>Aceite nosso convite para essa reflexão e bem-vindo à uma discussão sobre “Como</p><p>formar filhos mais preparados para a vida!”</p><p>3</p><p>1. EXPLORANDO</p><p>A AUTONOMIA</p><p>Querida Família, esse é mais um módulo</p><p>importante que iremos explorar juntos: a</p><p>autonomia. De que maneira podemos contribuir</p><p>para que as crianças sejam autônomas? Quais</p><p>as fases que elas devem passar para chegar</p><p>à autonomia? Como construir a autonomia</p><p>na adolescência? São muitos os temas que</p><p>podemos investigar, mas para começar,</p><p>pedimos que reflita sobre o que significa o</p><p>termo autonomia.</p><p>Quando você escuta que seu filho precisa ser</p><p>mais autônomo, quais pensamentos surgem à</p><p>sua cabeça?</p><p>DA ANOMIA À AUTONOMIA</p><p>AUTONOMIA1</p><p>AUTO</p><p>(do grego “autos”) o mesmo, ele mesmo e por si mesmo</p><p>compartilhamento, lei do compartilhar, instituição,</p><p>uso, lei, convenção (12).</p><p>NOMIA</p><p>(do grego “nomus”)</p><p>4</p><p>Autonomia significa a competência humana de dar a si mesmo as próprias leis. Uma habilidade</p><p>complexa que requer do indivíduo o pensar, sentir, tomar decisões e agir por conta própria. É a</p><p>capacidade de decidir e resolver problemas por si próprio.</p><p>Desenvolver autonomia exige um longo processo de aprendizagem das crianças e jovens. A partir</p><p>das experiências com o mundo ao seu redor e com o apoio da família é que as crianças e jovens</p><p>irão desenvolver os valores, princípios e normas morais para poderem pensar nas consequências</p><p>de suas próprias decisões.</p><p>De maneira geral, as etapas que envolvem esse processo são:</p><p>Mesmo quando bebê, existe a possibilidade</p><p>de criar autonomia em seu filho. À medida que</p><p>ele realiza novas conquistas e adquire condições</p><p>que contribuem para sua independência, é</p><p>possível incentivá-lo a desenvolver algumas</p><p>atividades sozinhos, apenas com supervisão, e</p><p>assim deixá-lo fazer escolhas por conta própria.</p><p>Ao longo dos temas que iremos trabalhar nesse</p><p>ANOMIA - ausência de regras. As</p><p>crianças agem de maneira fortemente</p><p>egocêntrica, pois ainda não discernem o</p><p>certo do errado e não seguem normas.</p><p>Nesse momento, o tipo mais forte de</p><p>relação que estabelecem é o de</p><p>afeto pelos pais.</p><p>AUTONOMIA - legitimação</p><p>das regras. O respeito às regras é</p><p>gerado por meio de acordos mú-</p><p>tuos. É a última fase do desenvol-</p><p>vimento da moral.</p><p>HETERONOMIA - dependência,</p><p>submissão, obediência. É a fase em que</p><p>surge o entendimento das regras impos-</p><p>tas por pessoas mais velhas. Por isso,</p><p>se desenvolve um respeito unilateral em</p><p>relação ao adulto. As crianças passam a</p><p>considerar lei todas as regras recebidas</p><p>(família e professores), respeitando-as</p><p>pelo amor que têm em relação a eles ou</p><p>pelo medo da reação do adulto perante</p><p>o descumprimento de uma das regras.</p><p>Nessa fase, as regras são obedeci-</p><p>das, mas não compreendidas pela</p><p>sua função social.</p><p>Egocêntrico: adj. Que se refere ao ego, ao eu; considerado como</p><p>centro do universo; egocentrado. s.m. Indivíduo cujo comporta-</p><p>mento, ações ou preocupações estão centradas em si mesmo, sendo</p><p>indiferente aos demais.4</p><p>Atitudes interiores e fases morais:</p><p>ANOMIA HETERONOMIA AUTONOMIA</p><p>Medo Cooperação</p><p>Autoritarismo Amor</p><p>Bagunça Imposição Respeito mútuo</p><p>Devassidão Castigo Afetividade</p><p>Libertinagem Prêmio Livre-arbítrio</p><p>Dissolução</p><p>Respeito Unila-</p><p>teral</p><p>Democracia</p><p>Autocracia Reciprocidade</p><p>Tirania</p><p>Lei de Causa e</p><p>Efeito</p><p>HOUAISS. Dicionário online Houaiss da língua portuguesa. Disponível em: < https://www.dicio.com.</p><p>br/egocentrico/>. Acesso em 21 nov. 2016.</p><p>PIAGET, J. O juízo moral na criança. 4. ed. São Paulo: Summus, 1994.</p><p>SEGRE, M.; SILVA, F. L.; SCHRAMM, F. R. O contexto histórico, semântico e filosófico do princípio de</p><p>capítulo abordaremos mais informações a</p><p>respeito, inclusive das atividades que seu filho</p><p>pode realizar por ele mesmo, de acordo com as</p><p>fases de seu desenvolvimento.</p><p>Todos esses e outros conteúdos estão</p><p>disponíveis também na versão impressa do</p><p>curso e nas videoaulas.</p><p>autonomia. Revista Bioética, São Paulo, v. 6, n. 1, 2009. Disponível em: <http://revistabioetica.cfm.org.br/</p><p>index.php/revista_bioetica/article/view/321/389>. Acesso em: 20 set. 2016.</p><p>TAILLE, Yves de La. Desenvolvimento Humano: Contribuições da Psicologia Moral. Revista Psicologia</p><p>USP. São Paulo, 2007. P 18 (1), 11 – 36.</p><p>5</p><p>2. INTELIGÊNCIA</p><p>SOCIOEMOCIONAL</p><p>E DESENVOLVIMENTO</p><p>SAUDÁVEL</p><p>Ao longo das últimas décadas e, principal-</p><p>mente, ao longo dos últimos anos, temos per-</p><p>cebido um movimento muito frequente e peri-</p><p>goso, não apenas na sociedade brasileira como</p><p>também em vários países do mundo: a adoção</p><p>de um estilo de vida que pouco desenvolve as</p><p>habilidades socioemocionais. O consumismo,</p><p>o individualismo, a impaciência, a intolerância,</p><p>o desrespeito ao outro e às suas ideias, entre</p><p>outros comportamentos não saudáveis tão pre-</p><p>sentes em nossa sociedade, nos faz pensar que</p><p>mundo é esse em que estamos vivendo e crian-</p><p>do nossos filhos, não é mesmo? Diante desses</p><p>desafios mencionados, traremos, portanto, o</p><p>desenvolvimento da criança e do adolescente,</p><p>mostrando como a família, que exerce um papel</p><p>fundamental neste processo, pode auxiliar essa</p><p>criança ou jovem de forma mais consciente e</p><p>saudável, promovendo sua autonomia por meio</p><p>da INTELIGÊNCIA SOCIOEMOCIONAL.</p><p>Porém, é importante ressaltar que as etapas</p><p>a serem apresentadas a seguir não devem ser</p><p>interpretadas de forma engessada, devem levar</p><p>em conta a individualidade de cada criança e</p><p>seu desenvolvimento dentro de suas particulari-</p><p>dades e contexto. Confira e aproveite as dicas!</p><p>De 0 a 3 anos, a criança se desenvolve em</p><p>vários aspectos e começa a perceber que existe</p><p>um mundo ao redor além dela mesma. Assim,</p><p>de 0 a 1 ano destacam-se: a capacidade de dis-</p><p>tinguir a figura cuidadora das outras pessoas</p><p>com quem se relaciona, maior consciência so-</p><p>bre si mesma e preferência por um determinado</p><p>objeto, como um cobertor ou uma pelúcia, por</p><p>exemplo.</p><p>De 1 a 2 anos, a criança já é capaz de per-</p><p>ceber o ambiente emocional em que vive em-</p><p>bora ainda não o compreenda. Desenvolve o</p><p>sentimento de posse em relação à suas coisas</p><p>6</p><p>E o que é importante a família estar</p><p>atenta nesta fase?</p><p>Embora seja considerada saudável a ca-</p><p>pacidade de expor livremente as emoções</p><p>nesta fase, é importante que a família es-</p><p>teja atenta ao fato de que a criança deverá</p><p>aprender a lidar com elas e saber gerenciá-</p><p>-las, o que requer prática e também ajuda</p><p>da própria família.</p><p>- Perceba as emoções das crianças e as</p><p>suas próprias.</p><p>- Auxilie seu filho a reconhecer suas emo-</p><p>ções, o que estão sentindo diante das situ-</p><p>ações.</p><p>- Escute com empatia e procure compre-</p><p>ender seus sentimentos.</p><p>- Ajude a verbalizar suas emoções. E o que é importante a família estar</p><p>atenta nesta fase?</p><p>As regras e</p><p>os limites têm um papel funda-</p><p>mental no desenvolvimento socioemocional</p><p>da criança, que passa também a preocupar-</p><p>-se como é vista pelos outros, em especial,</p><p>os adultos. É importante que a família apren-</p><p>da a dosar a medida do “sim” e do “não”.</p><p>- Estimule a criança a fazer atividades so-</p><p>zinha.</p><p>- Solicite ajuda em pequenas tarefas.</p><p>- Trabalhe com ela o senso de responsa-</p><p>bilidade.</p><p>- Seja transparente com seu filho e esti-</p><p>mule-o que ele seja assim também.</p><p>- Estabeleça regras e limites, se necessá-</p><p>rio, faça um quadro com a descrição dessas</p><p>regras para que a criança possa acompa-</p><p>nhar.</p><p>De 3 a 6 anos, o aspecto relacionado a re-</p><p>gras e limites ganha grande importância no de-</p><p>senvolvimento da criança.</p><p>Assim, de 3 a 4 anos ela começa a desen-</p><p>volver alguma independência e autoconfiança,</p><p>sendo difícil partilhá-las e é bastante sensível à</p><p>aprovação/desaprovação do adulto.</p><p>De 2 a 3 anos, a criança é capaz de partici-</p><p>par de atividades com outras crianças reagindo</p><p>melhor quando separada da mãe ou figura cui-</p><p>dadora. Ainda não se comunica de forma eficaz</p><p>e as birras relacionadas às mudanças e aconte-</p><p>cimentos são uma das formas mais comuns da</p><p>criança chamar a atenção.</p><p>reconhecendo seus próprios limites e pedindo</p><p>ajuda quando necessário. Começa também a</p><p>perceber diferenças no comportamento entre</p><p>homens e mulheres, a distinguir o certo do er-</p><p>rado e a opinião dos outros passa a ter grande</p><p>relevância. Consegue controlar-se melhor em</p><p>relação à fase anterior e é menos agressiva.</p><p>De 4 a 5 anos, procura testar o poder e os li-</p><p>mites das demais pessoas, apresentando com-</p><p>portamentos desafiantes e opositores e seus</p><p>estados emocionais vão aos extremos. Tam-</p><p>bém aprende a partilhar, a aceitar as regras e a</p><p>respeitar a vez do outro. Apresenta maior cons-</p><p>ciência do certo e do errado, procurando fazer</p><p>o que é certo.</p><p>De 5 a 6 anos, preocupa-se em agradar</p><p>aos adultos, apresenta maior sensibilidade às</p><p>necessidades e sentimentos dos outros e en-</p><p>vergonha-se facilmente. Brinca de forma inde-</p><p>pendente sem necessitar de constante supervi-</p><p>são. Aprecia conversar durante as refeições e,</p><p>devido à sua grande preocupação em fazer as</p><p>coisas bem-feitas e em agradar, poderá, por ve-</p><p>zes, mentir ou culpar outras pessoas por com-</p><p>portamentos reprováveis.</p><p>7</p><p>MAS QUANDO</p><p>DIZER SIM E</p><p>QUANDO DIZER</p><p>NÃO?</p><p>Toda família já deve ter se deparado com</p><p>essa pergunta: ceder aos pedidos e ao com-</p><p>portamento indevido da criança ou ser mais</p><p>firme?</p><p>Uma boa resposta seria por meio de outra</p><p>pergunta à família: caso a criança faça deter-</p><p>minada escolha, ela ou ele terá condições de</p><p>arcar com as consequências? Por exemplo:</p><p>uma criança de 3 anos que escolhe o que co-</p><p>mer e opta por doces ou frituras a cada refei-</p><p>ção, tem condições de saber como isso afe-</p><p>tará sua saúde? Se a resposta for não, essa</p><p>escolha não cabe.</p><p>BIRRAS</p><p>É certo: toda criança uma hora ou outra vai</p><p>fazer birra, e isso vai acontecer quando esti-</p><p>verem em um lugar público, cheio de pesso-</p><p>as e, então, o constrangimento será horrível.</p><p>Não, não se desespere! Isso acontece, pois</p><p>a criança não tem maturidade suficiente para</p><p>lidar com suas frustrações e a forma que</p><p>encontra para expressá-las é fazendo birra.</p><p>Com esse comportamento a criança tem o</p><p>objetivo de chamar atenção dos pais, por-</p><p>tanto, legitimá-la é o mesmo que dizer que</p><p>aprova essa ação. O melhor é deixar que a</p><p>criança se acalme e só após ter uma con-</p><p>versa com ela, que mostre o quanto reprova</p><p>esse comportamento, que compreende suas</p><p>emoções e desejos, mas que no presente</p><p>momento não é possível atendê-los. Auxilie a</p><p>criança a reconhecer a emoção sentida para</p><p>que ela seja capaz de gerenciá-la em uma</p><p>próxima oportunidade.</p><p>Vamos ler o trecho de um diálogo entre</p><p>um pai e sua filha de cinco anos para nos</p><p>ajudar a refletir melhor?</p><p>– Eu não queria ter um pai!</p><p>– Ah, é?! Por que não queria ter um pai?</p><p>– Porque assim eu só ia brincar, não ia</p><p>precisar escovar os dentes nem ter que ir</p><p>para escola. Só ia comer o que eu quisesse</p><p>e tomar refrigerante toda hora.</p><p>– Minha filha, nós não fazemos apenas o</p><p>que queremos, também precisamos fazer o</p><p>que é preciso. Nós só conseguimos fazer o</p><p>que queremos quando já fizemos o que é</p><p>preciso. Agora senta aqui para eu pentear</p><p>seu cabelo.</p><p>CHAP. F. Página do Facebook Quebrando o Tabu. Disponível em: <http://www.facebook.com/que-</p><p>brandootabu/posts/1177279445661774>. Acesso em: 20 set 2016.</p><p>CRESCER. Mãe tem ideia polêmica para acabar com birras públicas das crianças. Revista Crescer,</p><p>São Paulo. Disponível em: < http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2016/10/</p><p>mae-tem-ideia-polemica-para-acabar-com-birras-publicas-das-criancas.html > Acesso: 04 ago. 2016.</p><p>PAPALIA, D. E; OLDS, S.W; FELDMAN, R.D. Tradução: Daniel Bueno. Desenvolvimento Humano:8.</p><p>ed.São Paulo: Artmed, 2006.888p.</p><p>8</p><p>Pensar em ser líder de si mesmo é ao mesmo</p><p>tempo reconhecer o momento de afrouxar as</p><p>rédeas, quando necessário, mas colocar limi-</p><p>tes e regras também, dando oportunidade para</p><p>que a criança faça suas próprias escolhas. A</p><p>autonomia prevê pensamentos, sentimentos e</p><p>a tomada de decisão. Trata-se do decidir por si</p><p>mesmo, com responsabilidade, assumir os ris-</p><p>cos e consequências, ser autor da própria histó-</p><p>ria. Mas de que forma estimular a autonomia no</p><p>dia a dia dos pequenos? Vimos que saber arcar</p><p>com as consequências da decisão é um impor-</p><p>tante parâmetro para saber quais decisões ca-</p><p>bem aos nossos filhos. Mas o que mais?</p><p>Por exemplo: quando o filho estiver treinando</p><p>para algo novo, como comer com talheres cor-</p><p>retamente, pode-se ficar ao lado, incentivando-</p><p>-o, porém, não fazendo por ele. Se for ao clube</p><p>com os amigos, pode se informar das regras do</p><p>local e dos horários mais seguros para frequen-</p><p>tá-lo. Quando houver uma briga com o colega</p><p>de turma, primeiramente, pergunte ao seu filho</p><p>o que motivou a discussão. Depois, quando es-</p><p>tiver mais calmo, converse com a coordenadora</p><p>da escola e a informe sobre o conflito, para que</p><p>ela tome as providências necessárias, como</p><p>contar sobre o ocorrido para a professora, por</p><p>exemplo. Ficou mais claro agora? Não deixe de</p><p>acessar seu material impresso e as videoaulas</p><p>também e confira mais dicas.</p><p>Falaremos agora sobre a terceira fase da in-</p><p>fância, que corresponde dos 6 aos 12 anos.</p><p>De 6 a 12 anos, o aspecto social ganha</p><p>grande relevância. Além disso, é uma fase mar-</p><p>cada pelo desenvolvimento da autoimagem e</p><p>da autoestima. Assim, os amigos assumem uma</p><p>grande importância, pois além do companheiro</p><p>de brincadeiras, o amigo torna-se alguém em</p><p>quem pode revelar seus segredos, sentimentos</p><p>e críticas. A criança passa a ter uma percep-</p><p>ção mais elaborada de si e dos outros também,</p><p>utilizando mais sentimentos e características de</p><p>personalidade na descrição das pessoas.</p><p>E o que é importante a família estar</p><p>atenta nesta fase?</p><p>Como há um desenvolvimento da autoi-</p><p>magem e autoestima da criança, é importan-</p><p>te que a família esteja atenta a isso. A acei-</p><p>tação e a valorização são fatores essenciais</p><p>para a construção de uma autoestima forte.</p><p>É importante que a família deixe claro</p><p>para os filhos que os ama por inteiro, que</p><p>todos temos pontos fortes e frágeis e que</p><p>precisamos aprender a lidar com eles e me-</p><p>lhorá-los. Seja o exemplo para seus filhos</p><p>e apresente quais são suas dificuldades e</p><p>como trabalha para superá-las. Atitudes</p><p>como essa estimulam a criança a desenvol-</p><p>ver o respeito próprio e pelo outro.</p><p>É necessário também avaliar as qualida-</p><p>des das crianças e oferecer força para que</p><p>superem seus próprios problemas. Respei-</p><p>tar suas dificuldades ajuda a criança a ter</p><p>um olhar mais consciente sobre sua autoi-</p><p>magem e a compreender as dificuldades do</p><p>outro. Não se deve tentar mudar ninguém,</p><p>apenas contribuir a moldar o que necessite</p><p>mais atenção. A família ainda deve respeitar</p><p>o tempo de seus filhos e compreender que</p><p>cada criança evolui segundo seu próprio rit-</p><p>mo. Confira as dicas:</p><p>- Permita que seu filho resolva os peque-</p><p>nos problemas sozinho;</p><p>- Ofereça ajuda em</p><p>momentos difíceis e</p><p>demonstre à criança que ela pode contar</p><p>com você;</p><p>- Desenvolva conversas claras com seu</p><p>filho.</p><p>9</p><p>Pesquisas afirmam que a autoestima de</p><p>uma criança pode ser medida pelo grau de</p><p>discrepância entre o que pensa ser e o que</p><p>deseja ser. Quanto menor essa discrepância,</p><p>maior a autoestima. Outro ponto para avaliar</p><p>o nível de autoestima é a quantidade de apoio</p><p>que essa criança sente que possui. Desta forma,</p><p>quanto maior a rede de apoio – família, amigos,</p><p>e professores –, menor a distância entre seus</p><p>objetivos e conquistas, e maior será a sua</p><p>autoestima.</p><p>Para pensar em autonomia, é necessário</p><p>considerar todas as suas variáveis</p><p>1º PRATICANDO EM FAMÍLIA</p><p>INTERNAS</p><p>EXTERNAS</p><p>AUTOESTIMA</p><p>DINÂMICA</p><p>FAMILIAR</p><p>PERCEPÇÃO</p><p>DO AMBIENTE</p><p>COMUNICAÇÃO</p><p>FAMILIAR</p><p>RELAÇÕES</p><p>COM</p><p>AUTORIDADE</p><p>PRESENÇA</p><p>OU</p><p>AUSÊNCIA DE</p><p>CONTROLE</p><p>DESEJO DE</p><p>INDEPEN-</p><p>DÊNCIA</p><p>AMBIENTE</p><p>EMOCIONAL</p><p>QUE ENVOLVE</p><p>O INDIVÍDUO</p><p>O medo</p><p>Toda criança, em algum momento da</p><p>vida, sente medo. O medo é uma forma</p><p>de nos protegermos. Na infância, alguns</p><p>medos, como dormir sozinho e do escuro,</p><p>são comuns e costumam passar com o</p><p>tempo. O adulto não deve ridicularizar a</p><p>criança por sentir medo, mas acolher com</p><p>carinho e amor. Isso pode amenizar o medo</p><p>e deixar a criança segura.</p><p>Chegamos ao nosso primeiro momento de</p><p>prática em família, no qual propomos que o</p><p>conhecimento conquistado até o momento</p><p>seja compartilhado entre todos os familiares.</p><p>A sugestão para essa atividade é relembrar do</p><p>desenvolvimento do seu filho, do nascimento</p><p>até os dias de hoje e, assim, fazer desse um</p><p>momento para reviver a alegria de tê-lo entre</p><p>vocês. Aproveite para tornar esse momento</p><p>especial, prepare o espaço com carinho para</p><p>que todos recordem dessas reflexões com</p><p>alegria.</p><p>Caso prefira, esse conteúdo está</p><p>disponível nas videoaulas.</p><p>Acesse a pasta Praticando em</p><p>Família, lá você encontrará um tutorial</p><p>e os encartes necessários para realizar</p><p>a atividade Explorar e recordar é viver!</p><p>“Como é bom e prazeroso re-</p><p>cordar um passado que nos deixou</p><p>grandes lembranças e viver o pre-</p><p>sente intensamente fortalecendo os</p><p>laços de amizade para sempre. Não</p><p>precisamos de muito para ser felizes</p><p>e termos bons momentos, precisamos</p><p>de boa companhia e bom papo.”</p><p>Rosecler Ceschin</p><p>MAEOKA, B.E; ZATTAR, S. Reflexões sobre os Aspectos do Desenvolvimento Social e Psicológico na</p><p>Terceira Infância. Disponível em:<http://www.profala.com/artpsico100.htm>. Acesso em: 5 ago.2016</p><p>REICHERT, C. B.; WAGNER, A. Considerações sobre a autonomia na contemporaneidade. Estudos e</p><p>Pesquisas em Psicologia, UERJ, RJ, v. 7, n.3, p. 405-418, dez. 2007. Disponível em: <http://www.revispsi.</p><p>uerj.br/v7n3/ artigos/pdf/v7n3a04.pdf>. Acesso em: 3 ago. 2016.</p><p>VIEIRA, Maria Clara. Como ajudar seu filho a vencer o medo. Crescer online. Disponível em: < http://</p><p>revistacrescer.globo.com/Criancas/noticia/2016/10/como-ajudar-seu-filho-vencer-os-medos.html >.</p><p>Acesso em 07 nov. 2016.</p><p>EXPLORAR E RECORDAR É VIVER!</p><p>10</p><p>3. COMO</p><p>PROTEGER</p><p>SEM SER</p><p>SUPERPROTETOR?</p><p>VOCÊ JÁ OUVIU DIZER SOBRE A</p><p>METÁFORA DO PAI HELICÓPTERO?</p><p>SABE O QUE SIGNIFICA?</p><p>A revista crescer publicou em 2014 um artigo</p><p>que trouxe uma discussão relevante sobre</p><p>superproteção familiar. Existe uma metáfora</p><p>para definir o comportamento de pais ou</p><p>responsáveis superprotetores: eles são como</p><p>helicópteros, pois a atenção funciona como uma</p><p>hélice, sempre girando, e a aeronave sobrevoa</p><p>o território incessantemente, assim, a qualquer</p><p>sinal de perigo na terra, ela está pronta para</p><p>pousar e prestar socorro.</p><p>O cuidado trata-se de observar o outro</p><p>e fazer uma análise realista do que está</p><p>acontecendo. Já a superproteção é baseada na</p><p>emoção e na dificuldade de tolerar uma possível</p><p>frustração. De acordo com alguns psicólogos e</p><p>estudos específicos mencionados ao longo do</p><p>texto, o ideal é que haja um equilíbrio entre a</p><p>negligência e a superproteção, ou seja, o cuidar</p><p>é de extrema importância, porém o excesso de</p><p>cuidado pode ser tão prejudicial quanto a falta</p><p>dele em relação à autonomia.</p><p>A solução apontada pelos autores é usar</p><p>outra metáfora: a da família submarina, que se</p><p>refere ao perfil de adulto que está por perto,</p><p>cuidando do filho, mas não tão visível. Só sobe</p><p>para a terra quando realmente for</p><p>necessário, mas não abandona</p><p>nem deixa de entrar em</p><p>contato com a criança.</p><p>É claro que nossos filhos</p><p>não vêm com um manual</p><p>de instrução, e a família</p><p>aprende a lidar com</p><p>muitas situações com</p><p>o tempo, esforçando-</p><p>se para dar o melhor a</p><p>eles. Por outro lado, a</p><p>reflexão aqui é: que tipo</p><p>de autonomia estamos</p><p>11</p><p>construindo junto aos nossos filhos? Será</p><p>uma autonomia construída sem medo, sem</p><p>vergonha e sem arrependimento, que contribua</p><p>para escolhas conscientes e saudáveis? Será</p><p>uma autonomia cuja base é a orientação e a</p><p>confiança?</p><p>Por mais que queiramos proteger as crianças</p><p>e os jovens das dificuldades e frustrações, é</p><p>importante termos em mente que tudo isso faz</p><p>parte de seu desenvolvimento até que possam</p><p>“dar conta” dos desafios sozinhos. Quando</p><p>tentamos resolver os desafios dos nossos filhos</p><p>por eles, estamos tirando deles a oportunidade de</p><p>se desenvolverem. Os desafios, as frustrações,</p><p>os limites, as regras e os acontecimentos típicos</p><p>de cada faixa etária são oportunidades para</p><p>desenvolver habilidades e competências que</p><p>lhes serão úteis nas fases seguintes.</p><p>Por exemplo, permitir que a criança sofra a</p><p>consequência de não ter feito a tarefa de casa</p><p>passada pelo professor é uma oportunidade</p><p>para aprender sobre responsabilidade e</p><p>organização.</p><p>Não quero fazer a</p><p>lição de casa.</p><p>Quando não permitimos que as crianças lidem</p><p>com os desafios e as frustrações que surgem</p><p>do processo de aprendizagem, eles apenas se</p><p>agravam e reforçam a sensação de impotência</p><p>dessa criança diante de obstáculos.</p><p>Tornar as crianças mais independentes é</p><p>uma tarefa difícil. Cada fase que ela passa exige</p><p>certo tipo de cuidado e atenção e nem sempre</p><p>fica evidente quais atividades devemos colocar</p><p>sob a responsabilidade delas.</p><p>COMO ENTÃO PROTEGER</p><p>NA MEDIDA CERTA E DAR</p><p>AUTONOMIA?</p><p>Com isso, toda família, em algum momento,</p><p>passa pela angustia de não saber em quais</p><p>momentos dar ou não independência para os</p><p>filhos.</p><p>As crianças crescem e aos poucos vão se</p><p>tornando mais “donas de si”, e mesmo aquelas</p><p>que sofrem grande proteção, irão requerer</p><p>liberdade para suas atividades em certos</p><p>momentos.</p><p>12</p><p>Reflita sobre como você tem se comportado</p><p>com seu filho e verifique se as dicas a seguir</p><p>podem ajudar:</p><p>Busque compreender qual é o ritmo de</p><p>aprendizado de seu filho. Se forçar para que</p><p>seja autônomo antes da hora, pode ter efeito</p><p>contrário do esperado e deixar a criança</p><p>assustada.</p><p>Quando solicitar que seu filho cumpra uma tarefa,</p><p>aguarde até que ele conclua por si só, mesmo que</p><p>demore. Isso fará com que se sinta realizado ao</p><p>cumprir o solicitado sozinho.</p><p>Permita que seu filho tenha opinião própria, estimule-o a refletir</p><p>sobre os assuntos do dia a dia, faça comentários sobre os</p><p>programas que assiste, e questione-o sobre o que pensa a respeito.</p><p>Converse muito com seu filho e estimule-o a falar. Conte como</p><p>foi o seu dia e pergunte o que aconteceu na escola. Solicite que</p><p>compartilhe seus aprendizados do dia.</p><p>Durante suas conversas, use termos mais simples e de fácil acesso para que</p><p>ele compreenda o assunto e ao longo de sua evolução, passe a usar termos</p><p>novos que despertem curiosidade e aumentem seu vocabulário.</p><p>PREPARANDO PARA CRESCER</p><p>1 ano – pode brincar sozinho</p><p>por um curto tempo desde que</p><p>todos os perigos estejam fora</p><p>do alcance.</p><p>2 anos – pode brincar</p><p>sozinho enquanto você faz</p><p>uma tarefa, desde que esteja</p><p>próximo e interaja em períodos</p><p>curtos de tempo (com uma</p><p>palavra ou um carinho).</p><p>13</p><p>3 anos – caminhe pequenas</p><p>distâncias com a criança, faça</p><p>um passeio em frente sua</p><p>casa ou vá até lugares mais</p><p>próximos.</p><p>7 a 9 anos – pode</p><p>montar o próprio prato</p><p>sozinho.</p><p>4 a 6 anos – a criança pode</p><p>fazer a higiene</p><p>bucal, tomar</p><p>banho e se vestir sozinha.</p><p>10 a 12 anos – a criança</p><p>tem capacidade de fazer as</p><p>tarefas da escola sozinha.</p><p>Não deixe de conferir as dicas dos vídeos e de seu</p><p>material impresso também!</p><p>2º PRATICANDO EM FAMÍLIA</p><p>Mais um momento de colocar nossas</p><p>reflexões em prática chegou. Agora é com</p><p>vocês, família!</p><p>Como praticar a autonomia e a</p><p>responsabilidade no dia a dia?</p><p>Esse é o tema dessa atividade, que tem como</p><p>objetivo permitir que cada membro da família</p><p>decida qual tarefa irá realizar.</p><p>Acesse a pasta Praticando em</p><p>Família, lá você encontrará um tutorial e</p><p>os encartes necessários para realizar a</p><p>atividade Como praticar a autonomia</p><p>e a responsabilidade no dia a dia?</p><p>A Tabela Montessori: descubra quais as tarefas que seu filho pode fazer sozinho e em que idade, Portal</p><p>História com Valor. Disponível em: <http://historiascomvalor.com/tabela-montessori/>. Acesso em 18</p><p>out. 2016.</p><p>CARVALHO, Adriana, 7 dicas para criar um filho responsável. Portal Educar para Crescer. Disponível</p><p>em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/7-dicas-filho-responsavel-722086.shtml></p><p>Acesso em: 18 out. 2017.</p><p>FERES, Elisa. Tarefas domésticas: o que seu filho pode fazer por idade. Revista Crescer. Disponível em:</p><p><http://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2013/02/quando-seu-filho-vai-poder-</p><p>-ajudar-nas-tarefas-domesticas.html>. Acesso em 18 out. 2017.</p><p>TENENTE, L. Você é um pai ou mãe superprotetor? Entenda o quanto o cuidado ultrapassa o limite do</p><p>aceitável e passa a prejudicar a criança. Revista Crescer, São Paulo. Disponível em: <http://revistacrescer.</p><p>globo. om/Criancas/Comportamento/noticia/2014/04/voce-e-um-pai-ou-mae-superprotetor.html>.</p><p>Acesso em: 3 ago.2016</p><p>COMO PRATICAR A AUTONOMIA E A RES-</p><p>PONSABILIDADE NO DIA A DIA?</p><p>14</p><p>4. FORMANDO</p><p>ADOLESCENTES</p><p>SAUDÁVEIS</p><p>A Organização Mundial de Saúde (OMS) define adolescência como sendo o período da</p><p>vida que começa aos 10 anos e termina aos 19 anos completos. Para a OMS, a adolescência</p><p>é dividida em três fases: pré-adolescência, dos 10 aos 14 anos; adolescência, dos 15 aos 19</p><p>anos completos; juventude, dos 15 aos 24 anos.</p><p>No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente</p><p>(ECA) considera a adolescência a faixa etária dos 12</p><p>até os 18 anos completos.</p><p>A adolescência caracteriza-se pela transição</p><p>entre a infância e a vida adulta, marcada por uma</p><p>série de transformações no desenvolvimento</p><p>físico, emocional, sexual e social, e pelos</p><p>esforços do indivíduo em alcançar os objetivos</p><p>relacionados às expectativas culturais da</p><p>sociedade em que vive, e que ainda variam de</p><p>adolescente para adolescente. Dessa forma, a</p><p>família e a sociedade demonstram incertezas</p><p>e sentimentos ambíguos relacionados ao que</p><p>cobrar, como e quando. Mas é importante</p><p>ressaltar que esses conflitos fazem parte desse</p><p>processo e são necessários para que o jovem</p><p>tenha a possibilidade de se desenvolver e</p><p>amadurecer.</p><p>A FAMÍLIA, portanto, tem um papel importante</p><p>no processo de desenvolvimento da autonomia</p><p>durante toda a fase de desenvolvimento e</p><p>amadurecimento de seus filhos: se encorajarem</p><p>as iniciativas, elogiarem o esforço, derem tarefas</p><p>15</p><p>que não excedam suas capacidades, forem</p><p>coerentes em suas exigências e aceitarem</p><p>seus fracassos, estarão contribuindo para o</p><p>aparecimento do sentimento de autoconfiança</p><p>e autoestima.</p><p>Famílias agressivas e restritivas têm maiores</p><p>chances de educar crianças e jovens que</p><p>tendem a manifestar um comportamento de</p><p>isolamento social, de dependência e habilidade</p><p>reduzida para solucionar problemas. As famílias</p><p>superprotetoras, por outro lado, tendem a</p><p>educar crianças inibidas, dependentes, com</p><p>baixa autoconfiança, baixa autoestima e tímidas.</p><p>CARACTERÍSTICAS DA ADOLESCÊNCIA</p><p>Quem tem um adolescente em casa</p><p>sabe que é preciso muita paciência,</p><p>respeito e carinho para lidar com todas</p><p>essas questões que a fase traz.</p><p>Em geral, os adolescentes possuem</p><p>muita instabilidade de humor, uma</p><p>preocupação excessiva com a aparência</p><p>e constante conflito familiar. Mas não</p><p>só essas características marcam essa</p><p>fase. Na lista abaixo, certamente você irá</p><p>reconhecer algumas em seu filho:</p><p>- Desejo constante de fazer parte de</p><p>um grupo e, para isso, não mede todas as</p><p>consequências de suas ações.</p><p>- Grande preocupação com a opinião</p><p>das pessoas ao seu redor e pela aceitação</p><p>do outro.</p><p>- Busca de sua própria personalidade,</p><p>porém usam um modelo para seguir, um</p><p>ídolo, um professor, alguém da família, e</p><p>nos momentos de insegurança procuram</p><p>orientações desses modelos.</p><p>- Têm nas amizades um porto seguro e</p><p>de confidencia.</p><p>- Possuem espirito de independência,</p><p>mas são ainda muito imaturos e inseguros.</p><p>- Buscam constantemente por liberdade.</p><p>16</p><p>Mas como proceder em relação</p><p>à autonomia quando meu filho é</p><p>adolescente?</p><p>Provavelmente em algum momento seu filho</p><p>vai dizer ou já disse: “mas todo mundo faz, todo</p><p>mundo pode, por que só eu não?”. A ideia de</p><p>estar associado a um grupo ganha força na</p><p>adolescência, e na tentativa de fazer parte de</p><p>algum, o jovem muitas vezes pressiona a família</p><p>para conseguir o que deseja.</p><p>Isso não significa que tenha de ceder porque</p><p>outras famílias o fizeram. Se não está convencido</p><p>de sua posição, respeite esse sentimento.</p><p>Diga que vai pensar, converse com outras</p><p>famílias, levante informações, tire dúvidas, só</p><p>depois tome uma posição consciente. Avalie</p><p>se você não está proibindo algo apenas por</p><p>desconhecimento ou medo.</p><p>Seguem mais algumas dicas:</p><p>- Evite colocar limites sem dar expli-</p><p>cações. Use primeiro o silêncio e depois</p><p>as ideias. Negocie, pergunte aos jovens</p><p>o que eles merecem pelos seus erros.</p><p>Você se surpreenderá! Eles refletirão e,</p><p>talvez, darão uma punição mais severa</p><p>para si mesmos do que você daria.</p><p>- Não se deixe levar pela emoção</p><p>do momento. No momento de tensão,</p><p>aguarde suas emoções se acomodarem</p><p>antes de dar uma resposta. Pare para</p><p>pensar. Reflita calmamente antes de</p><p>agir.</p><p>- Aprenda a ouvir. Ouça os argu-</p><p>mentos de seu filho. Para uma relação</p><p>saudável é muito importante o diálogo.</p><p>O exercício de se colocar no lugar do ou-</p><p>tro pode ser uma grande vantagem para</p><p>você encontrar uma estratégia que con-</p><p>tribua com a autonomia dos filhos.</p><p>- Evite criticar excessivamente. Não</p><p>compare seu filho com seus colegas.</p><p>Cada jovem é um ser único. A compara-</p><p>ção só é educativa quando é estimulante</p><p>e não depreciativa.</p><p>- Aceite que você é humano e pode</p><p>errar. Não seja radical, pois todos nós</p><p>estamos sujeitos ao erro. Aceite suges-</p><p>tões e opiniões, e as analise. Muitas ve-</p><p>zes elas são válidas.</p><p>- Evite brigar com seu cônjuge</p><p>diante de seus filhos e mostrar algu-</p><p>ma divergência. Os pais devem entrar</p><p>em acordo antes de se dirigirem aos fi-</p><p>lhos. Quando um fragiliza a autoridade</p><p>do outro, isso pode ser uma vantagem</p><p>para os filhos conseguirem o que que-</p><p>rem, como também pode levá-los a res-</p><p>peitar um mais do que o outro, ou pior:</p><p>não respeitar nenhum dos dois.</p><p>Colocamos</p><p>uma televisão na sala. Alguns pais, com mais</p><p>recursos, colocaram uma televisão e um com-</p><p>putador no quarto de cada filho. Outros enche-</p><p>ram seus filhos de atividades, matriculando-os</p><p>em cursos de inglês, computação, música.</p><p>Tiveram uma excelente intenção, só não</p><p>sabiam que as crianças precisavam ter infân-</p><p>cia, que necessitavam inventar, correr riscos,</p><p>frustrar-se, ter tempo para brincar e se encan-</p><p>tar com a vida. Não imaginavam o quanto a</p><p>criatividade, a felicidade, a ousadia e a segu-</p><p>rança do adulto dependiam das matrizes da</p><p>memória e da energia emocional da criança.</p><p>Não compreenderam que a TV, os brinquedos</p><p>manufaturados, a Internet e o excesso de ativi-</p><p>dades obstruíam a infância</p><p>dos seus filhos.</p><p>AUGUSTO CURY</p><p>CURY, A. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. 176 p.</p><p>MERLI, M.F. O Desenvolvimento Emocional do Adolescente. Portal Psicossomar, São Paulo, 14</p><p>mar.2011. Disponível em: <http://www.psicosomar.com.br/textos-criacoes/resenha-o desenvolvimento-e-</p><p>mocional-do-adolescente/>.</p><p>Acesso em: 4 ago.2016</p><p>VIEIRA,M.R.; FERREIRA, M.B.D.; LIMA,M.A.;ALMEIDA,M.M.S. Influência da Família no Processo</p><p>de Ensino Aprendizagem. Disponível em:<http://www.seduc.mt.gov.br/Paginas/Influ%C3%AAncia-da-Fa-</p><p>m%C3%ADlia-no-Processo-de-Ensino-Aprendizagem--.aspx>. Acesso em: 3 ago.2016.</p><p>17</p><p>3º PRATICANDO EM FAMÍLIA</p><p>Agora é com você! O que será que seus filhos estão vivendo na atual fase que estão passando?</p><p>Será que enfrentam os mesmos desafios que você enfrentou quando tinha a mesma idade?</p><p>Não deixe de fazer essa atividade, reviver a sua infância e adolescência e compreender de perto</p><p>o que seus filhos estão vivendo.</p><p>Certamente você já ouviu em algum momento de sua vida a música Terra de Gigantes da banda</p><p>Engenheiros do Hawaii, de autoria do vocalista e líder da banda Huberto Gessinger, conhecido</p><p>por suas letras, que fazem reflexões sobre a política, a economia, as drogas, entre outros temas.</p><p>A banda fez enorme sucesso no final da década de 80 e nos anos 90, mas suas músicas são tão</p><p>realistas que se encaixam nos modelos que vivemos até os dias de hoje. No entanto, não estamos</p><p>aqui para levantar nenhuma bandeira ou mesmo refletir sobre os temas trabalhados em suas</p><p>letras, queremos fazer uma reflexão sobre a adolescência. Escute a música e se coloque no lugar</p><p>de seu filho. Reflita sobre o que ela diz a respeito da adolescência e da fase adulta. Leve em conta</p><p>o que eles estão deixando para trás, o que podem ganhar com esse crescimento, quais escolhas</p><p>precisam fazer, os medos inerentes ao momento, além disso, quais são seus sentimentos como</p><p>responsável frente à essa fase de seu filho. Avalie de que forma contribuir na busca por respostas</p><p>sem interferir em seu desenvolvimento, na sua conquista da autonomia.</p><p>A grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe, mas no quanto ele tem cons-</p><p>ciência que não sabe. O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de</p><p>escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói seus próprios caminhos.</p><p>Augusto Cury</p><p>Acesse a pasta Praticando em</p><p>Família, lá você encontrará um tutorial</p><p>e os encartes necessários para realizar</p><p>a atividade Cruzando Mundos.</p><p>REFLEXÃO</p><p>Confira o vídeo da música e aproveite para</p><p>fazer essa reflexão junto aos familiares.</p><p>Postado por: MultiMúsica</p><p>Título: Engenheiros do Hawaii</p><p>Terra de Gigantes/ Números</p><p>(Acústico MTV)</p><p>Duração: 3:45</p><p>Acesso: https://www.youtube.com/watch?v=LU9deI7Czy8</p><p>CRUZANDO MUNDOS</p><p>18</p><p>5. MEU</p><p>FILHO SAIU</p><p>DE CASA...E</p><p>AGORA?</p><p>Ao mesmo tempo em que as organizações fa-</p><p>miliares são o reflexo da sociedade, elas atuam</p><p>em sua construção. Por apresentar esse caráter</p><p>dinâmico, a família, e o ciclo de vida de seus</p><p>membros, atravessam muitas transformações.</p><p>Algumas previsíveis, como os ritos de passa-</p><p>gem (puberdade, casamento, funerais) e outras</p><p>imprevisíveis (migração, morte prematura, nas-</p><p>cimento de membro familiar com deficiência,</p><p>enfermidade crônica, divórcio, entre outros).</p><p>Podemos definir o seu início a partir do</p><p>momento que um jovem adulto sai de casa para</p><p>uma nova moradia, quando deverá desenvolver</p><p>as tarefas pertinentes a essa fase, a fim de</p><p>seguir em frente com sua própria história. Terá</p><p>Mas em qual fase do ciclo</p><p>de vida começa uma nova</p><p>família?</p><p>que lidar com outras responsabilidades, cuidar</p><p>de si mesmo e de seu novo lar, administrar</p><p>seu tempo sem a intervenção direta da família,</p><p>mesmo que está o ajude financeiramente.</p><p>Com esse passo, os jovens ganham novas</p><p>responsabilidades e testam os seus próprios</p><p>limites, e o que foi ofertado pela família ao longo</p><p>do seu desenvolvimento lhes servirá de base</p><p>para enfrentar seus desafios pessoais.</p><p>A família também viverá essa transformação,</p><p>pois precisará se adaptar à ausência do jovem.</p><p>Muitos pais nesta fase sentem um grande</p><p>desconforto para se adaptar a essa nova</p><p>realidade. A Síndrome do Ninho Vazio (SNV) é</p><p>um conjunto de sinais e sintomas depressivos</p><p>19</p><p>que se manifestam nos pais após a saída de um ou mais filhos de casa. Essa situação acontece</p><p>normalmente quando os filhos entram na universidade e precisam se mudar de casa.</p><p>No entanto, temos visto atualmente um movimento dos jovens saírem de casa cada vez</p><p>mais tarde. Jovens entre 25 e 34 anos estão optando em permanecer na casa da família pela</p><p>possibilidade de investirem mais em suas formações a fim de obter mais chances no mercado de</p><p>trabalho, é o que aponta uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do</p><p>período de 2002 a 2012. É a chamada “GERAÇÃO CANGURU”, que, além da possibilidade de</p><p>investir nos estudos estando na casa dos pais, pode usufruir do conforto e comodismo que esse</p><p>ambiente proporciona.</p><p>Proporção de jovens que moram com os pais:</p><p>BRASIL</p><p>20,5</p><p>2002 2012</p><p>24,3</p><p>QUAIS SÃO OS PRÓS E CONTRAS</p><p>DO PONTO DE VISTA DOS PAIS E DOS</p><p>JOVENS EM PERMANECEREM NA</p><p>CASA DA FAMÍLIA POR MAIS TEMPO?</p><p>COMO A FAMÍLIA PODE ESTIMULAR</p><p>ESSA AUTONOMIA QUE PREPARA OS</p><p>FILHOS PARA OS DESAFIOS DA VIDA?</p><p>DE QUE FORMA O JOVEM PODE</p><p>CONTRIBUIR COM ESSE AMBIENTE</p><p>E ESSA REALIDADE PARA SER MAIS</p><p>AUTÔNOMO E INDEPENDENTE?</p><p>Pare e pense sobre os desafios da sua família</p><p>e tente identificar como estão as relações</p><p>familiares. A relação conjugal, a relação entre</p><p>responsáveis e filhos, entre irmãos. Como esses</p><p>desafios têm afetado você e sua família?</p><p>À medida que temos um Eu autor da própria</p><p>história, autônomo e resiliente, que gerencia as</p><p>próprias emoções, é possível escolher frases</p><p>e atitudes para ganhar as pessoas e não para</p><p>afastá-las. Quando desenvolvemos os Códigos</p><p>da Inteligência e aprendemos a proteger a</p><p>emoção, a relação flui mais leve, reconhecendo</p><p>no outro seu valor e suas dificuldades.</p><p>GARCIA, M. Como lidar com a Sindrome do Ninho Vazio. Revista Homity, Portugal, 18 fev.2016.</p><p>Disponível em: <https://www.homify.pt/livros_de_ideias/435769/como-lidar-com-a-sindrome-do-ninho-</p><p>-vazio>. Acesso em: 3 ago.2016</p><p>QUAIANO, L. ‘Geração Canguru’ é fenômeno mundial, diz presidente do IBGE. G1, São Paulo, 29</p><p>set.2013. Disponível em: <http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/11/geracao-canguru-e-fenomeno-mun-</p><p>dial-diz-presidente-do-ibge.html>. Acesso em: 16 Set. 2016.</p><p>20</p><p>6. MOMENTO</p><p>TIM: COMO</p><p>EDUCAR NOSSOS</p><p>FILHOS PARA</p><p>LIDAR COM OS</p><p>DESAFIOS DA</p><p>VIDA?</p><p>Muito foi discutido sobre o desenvolvimento</p><p>da autonomia dos filhos, sobre o papel da fa-</p><p>mília nessa construção e a própria constituição</p><p>e amadurecimento dessa família, que também</p><p>tem seus próprios estágios de desenvolvimen-</p><p>to. Mas, e quando nós, como pais e respon-</p><p>sáveis, sentimos essa falta de autonomia, em</p><p>maior ou menor grau, em alguns momentos</p><p>de nossa vida? Ou em determinadas fases</p><p>desse ciclo familiar, que exigem resiliência</p><p>e maturidade emocional para se tomar de-</p><p>cisões? Como orientar e proceder com a fa-</p><p>mília?</p><p>Talvez as palavras do Dr. Augusto Cury, ci-</p><p>tadas acima, apontem um caminho para essa</p><p>“Um excelente educador não é um ser humano perfeito, mas alguém que</p><p>tem serenidade para se esvaziar e sensibilidade para aprender. ”</p><p>Augusto Cury</p><p>questão. O que significa serenidade para se</p><p>esvaziar? Você já exercitou a difícil arte de se</p><p>abster de suas convicções? E de seus ape-</p><p>gos? Muitas vezes o que conhecemos, a forma</p><p>como vivemos, as crenças enraizadas ao longo</p><p>dos anos, por piores que possam parecer aos</p><p>olhos de outras pessoas e aos nossos, em al-</p><p>guns momentos são confortáveis, conhecidas</p><p>e “FAMILIARES”. Enfrentamos um processo de</p><p>ADAPTAÇÃO sempre que nos deparamos com</p><p>o desconhecido, com o novo, e quando con-</p><p>seguimos ter essa capacidade de nos adaptar</p><p>diante de adversidades, é o que podemos cha-</p><p>mar de RESILIÊNCIA8 .</p><p>21</p><p>Significado de</p><p>Resiliência</p><p>s.f.[Figurado] Habilidade de se adaptar com facilidade às intempéries, às</p><p>alterações ou aos infortúnios.</p><p>[Física] Característica mecânica que define a resistência dos choques de</p><p>materiais.</p><p>[Física] Particularidade apresentada por certos corpos, quando estes</p><p>voltam à sua forma original, depois de terem sofrido</p><p>deformação elástica.</p><p>A resiliência é justamente essa habilidade em</p><p>buscar aprender com os desafios, problemas e</p><p>dificuldades, preenchendo com outras respostas</p><p>essa sensação do medo do desconhecido. Em</p><p>certos momentos da vida, precisamos nos despir</p><p>daquilo que sempre tomamos como “certo”,</p><p>mas que já não nos cabe mais. Da mesma</p><p>forma, ter SENSIBILIDADE para APRENDER</p><p>com a experiência é assumir uma postura de</p><p>aceitação do caráter dinâmico da vida. É manter</p><p>uma POSTURA ABERTA diante de situações</p><p>e pessoas, reconhecendo que a razão não é</p><p>a única forma de aprender. Como vimos no</p><p>desenvolvimento do ser humano, o AFETO é</p><p>muito importante para o desenvolvimento da</p><p>inteligência.</p><p>SER RESILIENTE é também aprender a tolerar</p><p>as frustrações, o que não significa não sofrer com</p><p>elas e muito menos evitá-las. A boa tolerância</p><p>às dores da vida implica certa capacidade de</p><p>absorver os golpes e poder RESSIGNIFICAR</p><p>a tristeza ou o RESSENTIMENTO. E essa</p><p>maturidade emocional nos dará subsídios</p><p>para o desenvolvimento contínuo de nossa</p><p>AUTONOMIA.</p><p>A DOR PODE NOS CONSTRUIR OU DESTRUIR.</p><p>DEPENDE DE COMO VOCÊ TRABALHA SUAS PERDAS,</p><p>FRUSTRAÇÕES E RESOLVE SEUS PROBLEMAS.</p><p>8HOUAISS, A. Dicionário online Houaiss da língua portuguesa. Disponível em: < https://www.dicio.com.br/resiliencia/>. Acesso em 09 ago. 2016.</p><p>22</p><p>Eu na gestão dos pensamentos e emoções. As dificuldades nas relações sempre existirão, mas</p><p>é preciso fazer uma ESCOLHA diante do sofrimento, diante das perdas e decepções.</p><p>A principal escolha que fazemos a todo momento está entre sentir-se vítima da situação, ficando</p><p>preso no Circuito Fechado da Memória do coitadismo, ou tornar-se um AUTOR da PRÓPRIA</p><p>HISTÓRIA, ressignificando as experiências e seguindo adiante na grande AVENTURA da VIDA.</p><p>4º PRATICANDO EM FAMÍLIA</p><p>Muitas vezes, temos a sensação de saber tudo sobre os nossos familiares. Mas será que</p><p>realmente sabemos? Você acredita que conhecer mais sobre sua família possa contribuir para se</p><p>relacionar melhor com ela?</p><p>Este desafio deve envolver o máximo de integrantes da família possível. Estimule a participação</p><p>de todos, vocês podem se surpreender com o que irão ouvir!</p><p>Acesse a pasta Praticando em Família</p><p>e procure pela atividade Café com Família!</p><p>Se preferir, você pode realizar a atividade</p><p>acompanhando o material impresso.</p><p>CAFÉ COM FAMÍLIA</p><p>23</p>