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<p>TEORIA DA CONSTITUIÇÃO – SENTIDOS, CLASSIFICAÇÃO e ESTRUTURA</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>SENTIDOS OU CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO</p><p>Nessa parte devemos conceituar Constituição. Lembrando que ao conceituar qualquer instituto surgirão diversos</p><p>critérios, não sendo um mais certo do que o outro, talvez, no máximo, mais adequado. Procuramos trazer os que</p><p>mais aparecem nas provas.</p><p>O conceito de constituição, todavia, não pode ficar desvinculado do exame do sentido ou concepções que ela pode</p><p>apresentar.</p><p>Tanto é que grande parte dos autores prefere conceituar Constituição a partir das várias acepções existentes. Essas</p><p>acepções podem ser entendidas como concepções ou sentidos de Constituição.</p><p>DICA: PARA CADA UM DOS SENTIDOS O MAIS IMPORTANTE É IDENTIFICAR QUEM FOI O PRECURSOR, QUAL FOI A</p><p>OBRA ATRAVÉS DA QUAL ELE SE TORNOU CONHECIDO, E QUAL FOI A IDEIA CENTRAL QUE ELE DISSEMINOU.</p><p>• SENTIDO SOCIOLÓGICO</p><p>Tem como principal autor FERDINAND LASSALLE, que escreveu a obra “O QUE É UMA CONSTITUIÇÃO”, na versão</p><p>original em Português, defendendo que a Constutição é A SOMA DOS FATORES REAIS DE PODER QUE REGEM UMA</p><p>SOCIEDADE.</p><p>Essa obra foi publicada pela editora Lumem Juris com o título: “A ESSÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO”. Em alemão o livro</p><p>foi denominado ÜBER DIE VERFASSUNG (SOBRE A CONSTITUIÇÃO).</p><p>• SENTIDO POLÍTICO</p><p>Quem mais se destacou foi o alemão CARL SCHMITT na obra “TEORIA DA CONSTITUIÇÃO” (VERFASSUNGSLEBRE).</p><p>Ele veio a dar uma resposta à concepção de LASSALE, definindo constituição não em resumo ao que está na</p><p>realidade, mas sim como O CONJUNTO DE NORMAS, ESCRITAS OU NÃO ESCRITAS, QUE SINTETIZAM</p><p>EXCLUSIVAMENTE AS DECISÕES POLÍTICAS FUNDAMENTAIS DE UM POVO.</p><p>No seu pensar, Constituição corresponde apenas a um conjunto de normas referentes aos aspectos fundamentais do</p><p>Estado, que ele denomina de decisões políticas fundamentais: organização do Estado, organização dos Poderes e</p><p>direitos e garantias fundamentais.</p><p>• SENTIDO JURÍDICO</p><p>O exponte foi o austríaco HANS KELSEN, baluarte deste sentido jurídico. Dentre suas inúmeras obras, a mais</p><p>significativa foi a chamada “TEORIA PURA DO DIREITO”.</p><p>KELSEN DEFINE A CONSTITUIÇÃO, NUMA ÓTICA ALTAMENTE NORMATIVISTA, COMO FUNDAMENTO DE VALIDADE</p><p>DE TODO O ORDENAMENTO JURÍDICO.</p><p>Para KELSEN, a Constituição é NORMA PURA, INSERIDA NO PLANO DO DEVER SER, E DESPROVIDA DE QUALQUER</p><p>CONTEÚDO SOCIAL OU POLÍTICO.</p><p>Na lição do autor, Constituição se caracteriza como FRUTO DA VONTADE RACIONAL DO HOMES, E NÃO DAS LEIS</p><p>NATURAIS.</p><p>Para ele, a CF teria como norma fundacional a norma hipotética fundamental.</p><p>Nesse sentido, a concepção de Kelsen toma a palavra Constituição em dois sentidos: no lógico-jurídico e no jurídico-</p><p>positivo.</p><p>- LÓGICO-JURÍDICO = Constiutuição significa norma hipotética fundamental, cuja função é servir de fundamento</p><p>lógico transcendental de validade da Constituição jurídico-positiva. Plano suposto (norma suposta).</p><p>- JURÍDICO-POSITIVO = Constituição equivale à norma positiva suprema, à norma posta, à norma positivada.</p><p>• SENTIDO CULTURAL, CULTURALISTA, TOTAL OU IDEAL</p><p>A concepção culturalista conduz a um conceito de Constituição Total. Sentido ideal é a mescla, junção, convergência</p><p>dos sentidos anteriores.</p><p>Para explicar seu sentido se invoca duas obras e autores que se relacionam com ele:</p><p>1. KONRAD HESSE – A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITTUIÇÃO</p><p>2. PETER HÄBERLE – A SOCIEDADE ABERTA DE INTÉRPRETES</p><p>No Brasil, PAULO BONAVIDES atesta que não adianta termos uma constituição estanque em um só dos sentidos. É</p><p>precioso aliar a força normativa da Constituição, com o respeito e a efetivação do seu conteúdo. Por isso, pode-se</p><p>encontrar o sentido ideal com o nome de SENTIDO CULTURAL DE CONSTITUÇÃO.</p><p>CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES</p><p>1- QUANTO AO CONTEÚDO:</p><p>• MATERIAL</p><p>É o conjunto de normas escritas ou não escritas (costumeiras), fundadas em textos ou em meros costumes, que se</p><p>limitam a dispor sobre a estrutura do Estado, organização do poder e dos direitos e garantias fundamentais.</p><p>• FORMAL</p><p>É conjunto de normas necessariamente escritas, plasmadas em um documento formalmente elaborado pelo poder</p><p>constituinte, tenham ou não valor constitucional material.</p><p>2- QUANTO À FORMA:</p><p>• ESCRITA (INSTRUMENTAL)</p><p>É aquela cujas normas são dispostas, racional e solenemente, em um único documento ou instrumento que as</p><p>consolida e sistematiza.</p><p>• NÃO ESCRITA (COSTUMEIRA)</p><p>É aquela cujas normas podem se assentar em costumes, em textos esparsos ou extravagantes e nas decisões dos</p><p>tribunais.</p><p>3- QUANTO À ORIGEM:</p><p>• DEMOCRÁTICA (VOTADA, POPULAR ou PROMULGADA)</p><p>É aquela cuja origem teve a decisiva participação do povo, que, por meio da eleição de representantes legítimos,</p><p>compõem um órgão constituinte.</p><p>• NÃO DEMOCRÁTICA (IMPOSTA, CARTA OPLÍTICA ou OUTORGADA)</p><p>É aquela que na origem não teve qualquer participação do povo. São impostas pelos governantes e, normalmente,</p><p>são designadas pela doutrina de CARTAS.</p><p>• CESARISTA</p><p>É ideia de José Afonso da Silva, para quem, tais constituições são aquelas elaboradas por um ditador, junta militar,</p><p>porém, dependente de uma aprovação popular.</p><p>• PACTUADA</p><p>É aquela firmada por um compromisso, um pacto entre duas forças políticas adversárias.</p><p>4- QUANTO À ESTABILIDADE (CONSISTÊNCIA ou MUTABILIDADE):</p><p>• IMUTÁVEL</p><p>Não prevê nenhum processo de alteração de suas normas, sob o fundamento de que a vontade do poder</p><p>constituinte exaure-se com a manifestação da atividade originária.</p><p>• FIXA</p><p>É aquela cuja alteração está condicionada à convocação do próprio poder constituinte originário, circunstância que</p><p>implica, não em alteração, mas em elaboração, propriamente, de uma nova ordem constitucional.</p><p>• RÍGIDA</p><p>É aquela que admite alteração, todavia, somente através de um processo legislativo mais solene, especial, e muito</p><p>mais difícil que o processo legislativo de elaboração das leis.</p><p>• FLEXÍVEL</p><p>É aquela que admite alteração pelo mesmo processo legislativo de alteração das leis.</p><p>• SEMI-RÍGIDA /SEMI-FLEXÍVEL</p><p>É aquela que separa, por categorias, as normas submetidas ao processo gravoso e aquelas submetidas ao processo</p><p>simplificado. É parcialmente rígida e parcialmente flexível.</p><p>OBS1: A MAIORIA DAS CONSTITUIÇÕES DO MUNDO É RÍGIDA.</p><p>OBS2: TODAS AS CONSTITUIÇÕES REPUBLICANAS DO BRASIL FORAM RÍGIDAS.</p><p>OBS3: A CF DO IMPÉRIO DE 1824, TODAVIA, FOI SEMI-RÍGIDA, POR FORÇA DO SEU ART. 178.</p><p>OBS4: AS CONSTITUIÇÕES FLEXÍVEIS, POR SEU TURNO, NÃO SE SUBMETEM AO CONTROLE DE</p><p>CONSTITUCIONALIDADE, ISTO PORQUE NÃO HÁ SUPREMACIA E PARADIGMA.</p><p>5- QUANTO À EXTENSÃO:</p><p>• SINTÉTICA (CONCISA)</p><p>É aquela que só traz o núcleo básico do texto constitucional.</p><p>• ANALÍTICA (PROLIXA)</p><p>Aquela que trata de vários temas de forma minuciosa, definindo, largamente, os fins atribuídos ao Estado.</p><p>6- QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO:</p><p>• DOGMÁTICA</p><p>É aquela que, sempre escrita, resulta de uma manifestação constituinte ocorrida num determinado e exato</p><p>momento da história política de um país que acolhe.</p><p>• HISTÓRICA</p><p>É aquela sempre não escrita e resulta de uma lenta e contínua evolução das tradições e costumes de um povo.</p><p>7- QUANTO À IDEOLOGIA (DOGMÁTICA ou CARGA IDEOLÓGICA):</p><p>• ORTODOXA</p><p>É aquela que resulta da consagração de uma só ideologia.</p><p>• ECLÉTICA (PLURALISTA ou COMPROMISSÓRIA)</p><p>É aquela que é plural, aberta a várias ideologias, logra conciliar várias idéias ou ideologias, muitas das quais</p><p>aparentemente contraditórias, mas esse é o espírito das constituições plurais ou plúrimas.</p><p>8- QUANTO À ESSÊNCIA (MODO DE SER ou CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA):</p><p>• NORMATIVA (com valor jurídico)</p><p>Seria aquela perfeitamente adaptada ao fato social.</p><p>Além de juridicamente válida, ela estaria em total consonância com o processo político.</p><p>KARL LOEWENSTEIN (idealizador dessa classificação ontológica – em sua obra Teoría de La Consttuición), comprava o</p><p>texto constitucional</p><p>PODEMOS ENCONTRAR:</p><p>- RADICAÇÃO PRECOCE: admitidos no território durante os primeiros cinco anos de vida e radicados definitivamente,</p><p>confirmando a nacionalidade até dois anos após atingir a maioridade.</p><p>- CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR: estrangeiros que vêm residir no Brasil antes da maioridade que façam curso</p><p>superior em estabelecimento nacional e requeiram a nacionalidade até um ano depois da formatura.</p><p>• DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS</p><p>A lei não poderá estabelecer distinções entre brasileiros natos e naturalizados. Mas a CF faz distinções:</p><p>1. CARGOS PRIVATIVOS DE BRASILEIRO NATO - 12, § 3º.</p><p>2. QUANTO À EXTRADIÇÃO - Art. 5º, LI.</p><p>3. COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DA REPÚBLICA - Art. 89, VII.</p><p>4. PROPRIEDADE DE EMPRESAS JORNALÍSTICAS E DE RÁDIO DIFUSÃO DE SONS E IMAGENS – Art. 222.</p><p>5. PERDA DA NACIONALIDADE PELA PRÁTICA DE ATIVIDADE NOCIVA AO INTERESSE NACIONAL – art. 12, § 4º.</p><p>4. PERDA DA NACIONALIDADE</p><p>Duas são as hipóteses de perda de nacionalidade prevista na Constituição.</p><p>• Quando for cancelada a naturalização por sentença judicial (transitada em julgado, apesar do silêncio – ver</p><p>art. 15, I) em razão de prática nociva ao interesse nacional.</p><p>Restringe-se à nacionalidade secundária, ou seja, só se aplica aos brasileiros naturalizados.</p><p>A sentença que decide pela perda da nacionalidade opera efeitos EX NUNC.</p><p>• Também se perde a nacionalidade brasileira (PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO – decreto do Presidente)</p><p>com a aquisição de outra nacionalidade, salvo nos casos de:</p><p>i) Reconhecimento de nacionalidade originária. Quando a aquisição da nacionalidade estrangeira se</p><p>deu por força da legislação estrangeira e não por simples e mera vontade do brasileiro. Ex.</p><p>descendente de italianos, nascido no Brasil, que adquire a nacionalidade italiana. É mero</p><p>reconhecimento da nacionalidade originária italiana em virtude do vínculo sanguíneo.</p><p>ii) Imposição de naturalização pela norma estrangeira. Como condição de permanecer, ou exercer</p><p>direitos civis no país (p. ex. herança), impõe-se a aquisição da nacionalidade estrangeira. Neste caso,</p><p>assim como no narrado acima, não haverá perda da nacionalidade brasileira. Ex. é o que</p><p>frequentemente ocorre com os jogadores de futebol, que para jogarem nos clubes estrangeiros, têm</p><p>de se naturalizar no país do clube (condição de permanência).</p><p>É possível, depois de declarada a perda da nacionalidade, que ela seja readquirida? Sim! É possível a reaquisição da</p><p>nacionalidade.</p><p>Se a perda se der por cancelamento judicial da naturalização, só por ação rescisória. É hipótese, portanto, bastante</p><p>remota. Nunca poderá haver novo processo de naturalização.</p><p>Na segunda hipótese, desde que o sujeito volte a estar domiciliado no Brasil e requeira a nacionalidade (ao Ministro</p><p>da Justiça para decreto do Presidente).</p><p>Depende da aquiescência (decreto presidencial) e o sujeito volta a ter a mesma nacionalidade que possuía (volta ao</p><p>status quo ante).</p><p>Nesse sentido, José Afonso com base no art. 36 da lei 818/49. A doutrina do professor Dirley também caminha neste</p><p>mesmo sentido.</p><p>Para Moraes, só com novo processo de naturalização onde, até o nato, passa a ser naturalizado. Não adotar este</p><p>posicionamento nas provas.</p><p>5. QUASE NACIONAL - A SITUAÇÃO DOS PORTUGUESES NO BRASIL (art. 12, § 1º).</p><p>Desde que haja reciprocidade, a CF assegura aos portugueses residentes no Brasil os mesmos direitos que os</p><p>brasileiros naturalizados. Isso se, à luz da constituição portuguesa, lá em Portugal brasileiro puderem titularizar os</p><p>mesmos direitos inerentes aos portugueses.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Arts. 12 e 13.</p><p>ESTATUTO DO ESTRANGEIRO:</p><p>- Arts. 112 e 115.</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>STF:</p><p>RE 418.096, Rel. Min. Carlos Velloso.</p><p>RE 415.957, Rel. Min. Sepúlveda Pertence.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (PGE/PB/Procurador/2008) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mão</p><p>brasileira, desde que venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, a qualquer tempo, pela</p><p>nacionalidade brasileira.</p><p>II. (MP/RN/Promotor/2009) São brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe</p><p>brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na</p><p>República Federativa do Brasil, antes da maioridade e, alcançada esta, optem, em qualquer tempo, pela</p><p>nacionalidade brasileira.</p><p>III. (MP/SE/Promotor/2010) Os estrangeiros originários de países de língua portuguesa adquirirão</p><p>nacionalidade brasileira se mantiverem residência contínua no território nacional pelo prazo mínimo de</p><p>quatro anos, imediatamente ao período de naturalização.</p><p>IV. (TER/BA/Analista/2009) Como forma de aquisição da nacionalidade secundária, de acordo com a</p><p>Constituição Federal de 1988, é possível o processo de naturalização tácito ou automático, para todos</p><p>aqueles que se encontram no país há mais de dez anos e não declaram a intenção de conservar a</p><p>nacionalidade de origem.</p><p>V. (DPE/PI/Defensor Público/2009) Podem naturalizar-se brasileiros estrangeiros que residam no país há</p><p>mais de dez anos e que tenham idoneidade moral reconhecida, exigindo-se, dos portugueses e dos</p><p>originários de países de língua portuguesa, apenas residência permanente.</p><p>GABARITO</p><p>I. E</p><p>II. E</p><p>III. E</p><p>IV. E</p><p>V. E</p><p>DIRIETOS POLÍTICOS</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>DIREITOS POLÍTICOS</p><p>No capítulo IV do título II, a CF dispôs de um conjunto de normas para disciplinar o exercício da soberania popular</p><p>(art. 14 a 16).</p><p>Tais normas receberam a designação de direitos políticos, justamente por tratarem da participação do povo no</p><p>processo de condução da vida política nacional.</p><p>MODALIDADES DE DIREITOS POLÍTICOS</p><p>As normas constitucionais, tais como ordenadas na Constituição, delineiam duas modalidades de direitos políticos:</p><p>DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS e DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS.</p><p>As normas que tratam dos direitos políticos positivos têm como núcleo fundamental o direito de votar e o direito de</p><p>ser votado.</p><p>Já as normas constitucionais que dispõe de direitos políticos negativos, possuem como ponto central os institutos</p><p>das inelegibilidades, e da perda e suspensão dos direitos políticos.</p><p>- DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS (DIREITO DE SUFRÁGIO)</p><p>Assim são chamados porque compreendem o conjunto normas constitucionais que se destinam a afirmar e</p><p>fomentar o exercício da cidadania no Brasil, investindo o cidadão no direito de votar e de ser votado.</p><p>São todas as normas constitucionais que, fomentando o exercício da cidadania, investem o brasileiro na condição</p><p>de cidadão e consequentemente das prerrogativas de votar e ser votado, capacitando o brasileiro do poder de</p><p>participar direta ou indiretamente das decisões políticas nacionais e do próprio processo político nacional.</p><p>Tais direitos têm como núcleo fundamental os direitos políticos ativos e os direitos políticos passivos.</p><p>• DIRIETOS POLÍTICOS ATIVOS</p><p>São aqueles que investem o cidadão da capacidade eleitoral ativa. Constituem a capacidade de ser eleitor, de votar.</p><p>Todavia, depende do preenchimento das condições de alistabilidade.</p><p>São condições de alistabilidade: nacionalidade brasileira, idade mínima de 16 anos, não ser conscrito durante o</p><p>serviço militar obrigatório (conscrito é o recrutado para o serviço militar obrigatório).</p><p>De acordo com a CF, o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de dezoito anos; e facultativos</p><p>para os analfabetos, maiores de setenta, e para os jovens de dezesseis e dezessete anos.</p><p>Esta condição de alistabilidade é conditio sine qua non para a aquisição da cidadania política. Cidadania política é a</p><p>condição do nacional em gozo dos direitos políticos.</p><p>Nem todo nacional é juridicamente um cidadão, mas todo cidadão é juridicamente um nacional, salvo a situação</p><p>dos</p><p>portugueses com residência permanente no país, amparados pelo pacto da reciprocidade.</p><p>É a partir desta condição que os direitos políticos positivos podem ser usufruídos.</p><p>• DIREITOS POLÍTICOS PASSIVOS</p><p>São aqueles que investem o cidadão da capacidade eleitoral passiva. Consistem na capacidade de ser eleito, de ser</p><p>votado. Também possuem condições, só que estas chamadas de condições de elegibilidade.</p><p>As condições de elegibilidade são (art. 14, §3º):</p><p>a) NACIONALIDADE BRASILEIRA</p><p>b) PLENO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS</p><p>c) ALISTAMENTO ELEITORAL</p><p>d) DOMICÍLIO ELEITORAL NA CIRCUNSCRIÇÃO</p><p>e) FILIAÇÃO PARTIDÁRIA</p><p>f) IDADE MÍNIMA – 35 – Presidente, Vice e Senador. 30 – Governador e Vice. 21 – Deputado Federal, Deputado</p><p>Estadual, Prefeito e Vice e Juiz de Paz. 18 – Vereador. Vale lembrar que o requisito da idade deve ser</p><p>comprovado no ato da posse, e não da candidatura (art. 11, § 2º da Lei 9.504/97 e Res. N. 22.156/TSE).</p><p>Tem, portanto, que preencher as condições de elegibilidade, e não incidir em nenhuma das inelegibilidades.</p><p>É preciso ter cuidado para não confundir a capacidade eleitoral ativa, com a capacidade eleitoral passiva. Isso</p><p>porque, nem todo eleitor pode ser eleito, mas todo aquele que pode ser eleito, deve ser necessariamente um</p><p>eleitor.</p><p>- DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS</p><p>Compreendem um conjunto de normas constitucionais de restrição, de privação, que limitam o exercício da</p><p>cidadania, quer impedindo o gozo da capacidade eleitoral passiva (inelegibilidades), quer neutralizando os próprios</p><p>direitos políticos, afetando tanto a capacidade eleitoral ativa como a capacidade eleitoral passiva (perda e</p><p>suspensão).</p><p>Têm por núcleo fundamental as inelegibilidades e os casos de perda e suspensão dos direitos políticos.</p><p>• INELEGIBILIDADES</p><p>São restrições constitucionais que privam o cidadão do direito político de ser votado.</p><p>Têm por fim proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato, considerada a vida</p><p>pregressa do candidato, e a normalidade e a legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o</p><p>abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (art. 14, §9º).</p><p>A Constituição prevê algumas hipóteses de inelegibilidades (art. 14, §§ 4º ao 7º), remetendo à lei complementar a</p><p>definição de outras que assegurem os seus fins.</p><p>As inelegibilidades podem ser absolutas ou relativas.</p><p>As inelegibilidades ABSOLUTAS - privam o cidadão do direito de ser votado a qualquer mandato eletivo. Art. 14, §</p><p>4º.</p><p>Em razão do caráter limitativo, não podem ser previstas em lei; só a Constituição as prevê.</p><p>Na CF são absolutamente inelegíveis: os inalistáveis e os analfabetos. Inalistáveis são o estrangeiro e, durante o</p><p>serviço militar obrigatório, os conscritos.</p><p>Já as inelegibilidades RELATIVAS - são aquelas que privam o cidadão de se eleger a alguns mandatos eletivos.</p><p>A CF prevê três hipóteses de inelegibilidade relativa (14,§§ 5º ao 7º), mas remete ao legislador infra a possibilidade</p><p>de estabelecer mais inelegibilidades relativas para preservar a lisura das eleições, de modo que além dessas três</p><p>hipóteses há outras previstas na lei complementar 64, que já sofreu várias modificações.</p><p>A três inelegibilidades relativas na CF são:</p><p>i) VEDAÇÃO AO 3º MANDADO SUBSEQUENTE</p><p>ii) DESINCOMPATIBILIZAÇÃO</p><p>iii) INELEGIBILIDADE REFLEXA</p><p>VER SÚMULA VINCULANTE Nº 18.</p><p>- O CASO DO MILITAR – ART. 14, § 8º e A POSSIBILIDADE DE CANDIDATURA SEM PARTIDO.</p><p>Curiosidade: agregação é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar a vaga na escala hierárquica de seu</p><p>Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo sem número (art. 80 da Lei 6.880/80).</p><p>OBS: a filiação partidária não é exigível para o militar da ativa que contar com mais de dez anos de serviço,</p><p>cumprindo-lhe, tão-só, promover o registro da candidatura, a partir do qual será agregado.</p><p>• PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS</p><p>As causas de perda e suspensão dos direitos políticos encerram o elenco das restrições impostas aos direitos</p><p>políticos. São limitações excepcionais que anulam os próprios direitos políticos positivos, atingindo tanto a</p><p>capacidade eleitoral ativa como a passiva.</p><p>Distinguem-se perda e suspensão dos diretos políticos.</p><p>PERDA – é privação definitiva e permanente (depende de uma providência para a reaquisição).</p><p>SUSPENSÃO - é privação temporária (o mero decurso do tempo devolve).</p><p>Perda e suspensão são privações da cidadania autorizadas pela Constituição.</p><p>CASSAÇÃO – é privação abusiva, ao desamparo da CF, muito utilizada durante o regime de ditadura militar que</p><p>assolou o país. Por isso mesmo é expressamente vedada pela CF.</p><p>Segundo a intelecção do art. 15 da CF, é vedada a cassação dos direitos políticos, cuja perda e suspensão se dará nos</p><p>casos de:</p><p>I. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado.</p><p>II. Incapacidade civil absoluta.</p><p>III. Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem os seus efeitos.</p><p>IV. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII.</p><p>V. Improbidade administrativa nos termos do art. 37, § 4º. A CF, todavia, não indica quais são os casos de</p><p>perda e quais são os casos de suspensão.</p><p>Nada obstante, convencionou a doutrina apontar como causas de perda, por consistirem e privação permanente e</p><p>definitiva desse direitos as hipóteses do I e do IV (cancelamento de naturalização e recusa de cumprir obrigação a</p><p>todos imposta).</p><p>As demais hipóteses são de simples suspensão, exatamente porque causam privação meramente provisória desses</p><p>diretos.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Arts. 14 a 16.</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>STF:</p><p>- Súmula Vinculante nº 18.</p><p>TSE:</p><p>- Res. n. 22.156</p><p>2. QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (TRF5/JUIZ/2009) É vedado aos estrangeiros, ainda que naturalizados brasileiros, o alistamento como</p><p>eleitores.</p><p>II. (TRF5/JUIZ/2007) Os analfabetos, embora alistáveis, não possuem direitos políticos passivos, pois não</p><p>podem concorrer a cargos eletivos.</p><p>III. (DPE/PI/DEFENSOR/2009) Os casos de inelegibilidade absoluta implicam restrições específicas a certos</p><p>tipos de cargos ou funções eletivas; assim, diferentemente das inelegibilidades relativas, reportam-se ao</p><p>cargo ou pleito eleitoral, e não às características da pessoa.</p><p>IV. (PGE/PB/PROCURADOR/2009) O Presidente da República, os governadores de estado e do DF e os</p><p>prefeitos que concorram a outros cargos eletivos, tais como senador ou deputado, devem renunciar aos</p><p>respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.</p><p>V. (DPE/ES/DEFENSOR/2009) Caso o prefeito de um município e seu filho, deputado estadual, sejam</p><p>candidatos à reeleição para os mesmos cargos, não haverá inelegibilidade.</p><p>GABARITO:</p><p>I. E</p><p>II. C</p><p>III. E</p><p>IV. C</p><p>V. C</p><p>AÇÕES CONSTITUCIONAIS</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>HABEAS CORPUS</p><p>HISTÓRICO</p><p>A origem do instituto do habeas corpus remonta o direito inglês, notadamente a partir da Magna Carta de 19 de</p><p>junho de 1215, em seu capítulo XXIX, outorgada pelo Rei João-sem-Terra, por pressão dos barões.</p><p>No Brasil, foi instituído pela primeira vez no código de processo criminal de 1832 (art. 340), vindo a ter assento</p><p>constitucional com a Constituição de 1891, cujo § 22 do art. 72 o previra em termos amplos, circunstância que</p><p>originou a famosa e sempre lembrada doutrina brasileira do habeas corpus liderada por Ruy Barbosa, que o entendia</p><p>com ação destinada a proteger qualquer direito.</p><p>LEGISLAÇÃO PERTINENTE</p><p>• CF – art. 5º, LXVIII. LER DISPOSITIVO.</p><p>• CPP – art. 647 a 667</p><p>Não existe regulamentação infraconstitucional específica para o habeas corpus.</p><p>CABIMENTO</p><p>Visa proteger o direito fundamental de locomoção (art. 5º, XV): direito de ir, vir e permanecer (Gilmar Mendes...).</p><p>A liberdade</p><p>de locomoção há de ser entendida de forma ampla, afetando toda e qualquer medida de autoridade que</p><p>possa, em tese, acarretar constrangimento para a liberdade de ir e vir (ex. HC contra instauração de inquérito</p><p>criminal, para a tomada de depoimento, etc.)</p><p>Lembrando que se cabe HC, não será cabível MS. Todavia, nada impede, em situações de patente constrangimento</p><p>ilegal ou de flagrante abuso de poder, que o Judiciário converta o mandamus em ordem de HC.</p><p>Vale lembrar, também, as hipóteses onde não cabe HC.</p><p>Em conformidade com o § 2º do art. 142 da CF:</p><p>“Não caberá ‘habeas corpus’ em relação a punições disciplinares militares”.</p><p>Contudo, cumpre ressaltar que o não cabimento de habeas corpus em relação a punições disciplinares militares é</p><p>restrição que se circunscreve ao exame de mérito do ato, conforme vem decidindo reiteradamente o STF.</p><p>Assim, a “legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em procedimento administrativo castrense,</p><p>pode ser discutida por meio de habeas corpus”. Para a doutrina, o que deve ser vedado ao controle judicial é o</p><p>AULA:15/05/2024</p><p>Art: 5</p><p>pois para cada direito uma garantia</p><p>O que HC?</p><p>HABEAS CORPUS</p><p>*</p><p>exame acerca da conveniência ou oportunidade da medida disciplinar adotada, mas jamais a análise dos</p><p>pressupostos de legalidade (a hierarquia, a pena, etc.).</p><p>Também não caberá HC nas hipóteses elencadas nas súmulas 691 a 695 do STF. LER AS SÚMULAS.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>• ATIVA</p><p>O Código de Processo Penal atribui legitimação universal para o seu ajuizamento. Nesse sentido, o art. 654, do</p><p>Código de Ritos, dispõe verbum ad verbo: “o habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu</p><p>favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público”.</p><p>Prescinde, o impetrante, de qualquer outro atributo, além do só fato de ser pessoa. Assim, podem postular a ordem</p><p>de HC, p.ex., o estrangeiro, ainda que não residente, o absolutamente incapaz, o analfabeto, etc.</p><p>OBS: O IMPETRANTE (quem impetra, postulando em juízo a concessão da ordem) PODE SER O PACIENTE (quem se</p><p>beneficia), MAS TAMBÉM PODERÁ NÃO SER (ex. MP e pessoa jurídica na qualidade de impetrantes).</p><p>Quando impetrante e paciente não são a mesma pessoa, trata-se de impetração em favor de 3º (ou habeas corpus</p><p>de terceiro), mesmo que contra a sua vontade, pois se trata de direito indisponível.</p><p>O manejo do writ dispensa a constituição de advogado, de procuração, e, por força do art. 5º, LXXVII, da Carta de</p><p>Outubro, trata-se de uma ação gratuita.</p><p>Pessoa jurídica pode impetrar HC?</p><p>Sim, desde que em favor de pessoa física com ela relacionada (também o MP).</p><p>Pessoa jurídica, ordinariamente, não pode ser paciente de HC. A polêmica existe em decorrência dos crimes</p><p>ambientais que podem ser cometidos por ela (art. 225, § 3º).</p><p>• PASSIVA</p><p>Figurando no pólo passivo dessa ralação jurídica processual estará a autoridade coatora, que poderá ser tanto um</p><p>agente do poder público (delegado de polícia, juiz, tribunal, membro do Ministério Público, etc.), como um</p><p>particular (hospitais, clínicas psiquiátrica, etc.).</p><p>Insta salientar que, não obstante tratar-se o habeas corpus de uma ação constitucional de caráter penal, este não</p><p>se limita a esta esfera de competência, haja vista a possibilidade de sua impetração no âmbito cível, quando a</p><p>prisão decorre, e.g., da inadimplência de prestação alimentícia.</p><p>Aqui se aplica a mesma distinção feita no MS entre autoridade impetrada e autoridade coatora.</p><p>CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA</p><p>É plenamente admissível a concessão de medida liminar em sede de habeas corpus.</p><p>Os requisitos para o deferimento da medida initio littis, assim como ocorre no processamento do mandado de</p><p>segurança, são aqueles comuns às medidas cautelares, quais sejam: o fumus boni iuris (juízo de probabilidade ou</p><p>verossimilhança quanto à decisão favorável) e o periculum in mora (risco de dano grave), que, por seu turno,</p><p>apresenta-se sempre evidente.</p><p>ESPÉCIES</p><p>• PREVENTIVO – AMEAÇA DE VIOLÊNCIA OU COAÇÃO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO</p><p>• REPRESSIVO – QUANDO A CONSTRIÇÃO À LIBERDADE JÁ TIVER SIDO CONSUMADA</p><p>• DE OFÍCIO</p><p>MANDADO DE SEGURANÇA</p><p>HISTÓRICO</p><p>Cuida-se de uma invenção brasileira, já afirmava Buzaid, instituída pela Constituição de 1934, desprezada</p><p>pela Carta autoritária de 1937, mas restabelecida pela Constituição democrática de 1946 (art. 141, § 24) e mantida</p><p>pela de 1967 (art. 150, § 21), inclusive por sua Emenda nº 01/69 (art. 153, § 21), e pela atual.</p><p>LEGISLAÇÃO PERTINENTE</p><p>É a ação constitucional das mais importantes, e, por isso, tem uma incidência muito alta em provas e concursos.</p><p>• CF, art. 5º, LXIX e LXX (MSC, novidade) da CF/88. LER DISPOSITIVOS.</p><p>• Legislação infraconstitucional – Lei 12.016/09, que revogou todas as legislações anteriores acerca do tema:</p><p>Lei 1.553/01 - Lei 4.348/64 - Lei 5.021/66 (Lei 9.494/97 - Lei 8.437/92 - Lei 10.910/04).</p><p>CABIMENTO</p><p>O MS visa proteger direito líquido e certo que não seja amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o</p><p>responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica do exercício de</p><p>atribuições do poder público.</p><p>1. Mas o quem vem a ser direito líquido e certo?</p><p>OBS: LÍQUIDO E CERTO É O DIREITO QUE PODE SER COMPROVADO DE PLANO POR PROVA DOCUMENTAL</p><p>INEQUÍVOCA E PRÉ-CONSTITUÍDA.</p><p>2. E se a prova documental estiver de posse da autoridade coatora?</p><p>OBS: ESTANDO A PROVA DOCUMENTAL DE POSSE DA AUTORIDADE COATORA, O IMPETRANTE DEVERÁ INFORMAR</p><p>ESTE FATO AO JUIZ QUE PARA QUE ELE ORDENE A APRESENTAÇÃO DA MESMA NO PRAZO MÁXIMO DE 10 DIAS (art.</p><p>6º, parágrafo único da Lei 1.533/51).</p><p>INOVAÇÃO DA NOVA LEI: PREVISÃO DE QUE A EXIBIÇÃO LIMINAR DE DOCUMENTOS, PARA FUNDAMENTAR A</p><p>PETIÇÃO INICIAL DO MANDADO DE SEGURANÇA, SEJA PROMOVIDA NÃO SÓ CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA,</p><p>MAS TAMBÉM CONTRA TERCEIROS (PARTICULARES) (art. 6º, § 1º).</p><p>3. Como se pode distinguir a ilegalidade do abuso de poder?</p><p>Ato ilegal se liga à ideia de ato vinculado.</p><p>Ato com abuso de poder se relacional com o ato discricionário.</p><p>OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: “Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:</p><p>• de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo independentemente de caução;</p><p>• de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;</p><p>• de decisão judicial transitada em julgado”.</p><p>OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A NOVA LEI NÃO FALA MAIS DE ATO DISCIPLINAR. ANDOU BEM, AFINAL,</p><p>MANTÉM-SE O ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL CONSOLIDADO AO TEMPO DA LEI ANTIDA DE QUE O MÉRITO</p><p>DO ATO ADMINISTRATIVO SÓ PODE SER ATINGIDO PELO JUDICIÁRIO REFLEXAMENTE, QUANDO DO CONTROLE DE</p><p>LEGALIDADE, E NÃO DE MANEIRA DIRETA.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>• ATIVA</p><p>De saída, vale lembrar que o impetrante não se confunde com aquele que postula em juízo (advogado). Poderá</p><p>haver confusão apenas na situação de impetração de MS por advogado em seu próprio favor.</p><p>Saber quem pode impetrar MS dependerá se este será individual ou coletivo.</p><p>-INDIVIDUAL (legitimidade ordinária = age-se em nome próprio na defesa de interesse próprio)</p><p>• PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA</p><p>• DE DIREITO PÚBLICO OU PRIVADO</p><p>• NACIONAL OU ESTRANGEIRA</p><p>• RESIDENTE OU NÃO NO BRASIL</p><p>• E ENTES DESPERSONALIZADOS: a) órgãos públicos (Mesas das Casas Legislativas, Presidência dos Tribunais,</p><p>chefias do Ministério Público e do Tribunal de Contas, Superintendências da Administração Pública, etc.) e b)</p><p>universalidades reconhecidas por lei (o espólio, o condomínio, a massa falida, os consórcios).</p><p>-COLETIVO (legitimidade extraordinária/substituição processual = nome próprio-direito alheio)</p><p>• PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL</p><p>• ORGANIZAÇÃO SINDICAL</p><p>• ENTIDADE DE CLASSE</p><p>• ASSOCIAÇÃO LEGALMENTE CONSTITUÍDA E EM FUNCIONAMENTO A PELO MENOS 1 ANO.</p><p>OBS: O REQUISITO DE CONSTITUIÇÃO ÂNUA SE APLICA SOMENTE ÀS ASSOCIAÇÕES.</p><p>O partido deve ter, pelo menos, um</p><p>deputado ou um senador. Além disso, segundo o STF e o STJ, o MSC poderá ser</p><p>utilizado por partido político apenas para a defesa de direitos de seus filiados, observada a correlação com as</p><p>finalidades institucionais e objetivos programáticos da agremiação.</p><p>Em face do disposto no art. 2º da Lei 8.437/92, NÃO é cabível medida liminar sem a ouvida da outra parte (inaudita</p><p>altera pars) em MSC.</p><p>MSC é caso de substituição processual (age-se em nome próprio, na defesa de interesse alheio), logo, independe de</p><p>autorização (STF, 629).</p><p>• PASSIVA</p><p>Autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público que pratiquem</p><p>ilegalidade ou abuso de poder.</p><p>INOVAÇÃO DA NOVA LEI: EQUIPARAM-SE ÀS AUTORIDADES, PARA OS EFEITOS DESSA LEI, OS REPRESENTANTES</p><p>OU ÓRGÃOS DE PARTIDOS POLÍTICOS E OS ADMINISTRADORES DE ENTIDADES AUTARQUICAS, BEM COMO OS</p><p>DIRIGENTES DE PESSOAS JURÍDICAS OU AS PESSOAS NATURAIS NO EXERCÍCIO DE ATRIBUIÇÕES DO PODER</p><p>PÚBLICO, SOMENTE NO QUE DISSER RESPEITO A ESSAS ATRIBUIÇÕES.</p><p>OBS: AUTORIDADE COATORA X AUTORIDADE IMPETRADA. Para o Professor Eduardo Sodré é a mesma coisa.</p><p>A parte ré do mandado de segurança, todavia, não é a autoridade coatora (ou impetrada), mas sim a pessoa jurídica</p><p>a que esta está vinculada (de direito público ou privado que exerce atribuição pública), afinal, será esta que deverá</p><p>oferecer contestação (ou interpor possíveis recursos), bem como irá suportar os efeitos pecuniários decorrentes da</p><p>concessão da ordem.</p><p>Ex. Secretário de Administração do Estado da Bahia – autoridade coatora que praticou o ato.</p><p>Estado da Bahia - pessoa jurídica de direito público interno, réu da ação que suportará os efeitos da decisão.</p><p>A atual lei do MS segue, explicitamente, esse entendimento, pois determina que, concomitantemente, se proceda à</p><p>notificação à autoridade e se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada</p><p>(Lei n. 12.016, art. 7º, I e II).</p><p>INOVAÇÃO DA NOVA LEI: OBRIGATORIEDADE DE INCLUSÃO, NA PETIÇÃO INICIAL, DA PESSOA JURÍDICA À QUAL SE</p><p>ACHA VINCULADA A AUTORIDADE COATORA (art. 6º, caput).</p><p>Não se trata de litisconsórcio, pois a autoridade responsável pelo ato impugnado não é um ente distinto da pessoa</p><p>jurídica, é um órgão dela, uma parte integrante daquela. (jurisprudência uníssona do STJ).</p><p>OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI NOVA, AO CONTRÁRIO DA ANTERIOR, ESTENDE TAMBÉM À</p><p>AUTORIDADE COATORA O DIREITO DE RECORRER DA SENTENÇA CONTRÁRIA À POSIÇÃO ADOTADA NO ATO</p><p>QUESTIONADO EM JUÍZO (art. 14, § 2º).</p><p>OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: QUANDO AS EMPRESAS PÚBLICAS, AS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA E</p><p>AS CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇO PRATICAREM “ATOS DE GESTÃO COMERCIAL”, A SEU RESPEITO NÃO TERÁ</p><p>CABIMENTO O MS (art. 1º, §2º).</p><p>É que quando os entes públicos interferem na atividade econômica, o regime jurídico a que se sujeitam é o do</p><p>direito privado, e não o da administração pública (CF, art. 173, § 1º, II).</p><p>Em outras palavras: se o ato de gestão da empresa foi praticado sob regência exclusiva de normas de direito privado,</p><p>estará fora do alcance do mandado de segurança. Se, porém, estiver, como nas licitações de EP ou SEM, disciplinado</p><p>por regras de direito públicos, poderá ser questionado por meio do mandamus.</p><p>CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA</p><p>Com base no art. 7º, III, da lei 12.016 (art. 7º, II, da Lei 1.533/51) é cabível a medida liminar desde que preenchidos</p><p>os requisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.</p><p>OBS: EM MSI CABE LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE (sem a oitiva da outra parte). O MESMO NÃO OCORRE EM</p><p>MSC.</p><p>OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: AO JUIZ É FACULTADO (NÃO OBRIGATÓRIO) EXIGIR, NO CASO DE</p><p>DEFERIMENTO DA LIMINAR, PRESTAÇÃO DE CAUÇÃO, FIANÇA OU DEPÓSITO, “COM O OBJETIVO DE ASSEGURAR O</p><p>RESSARCIMENTO À PESSOA JURÍDICA”, CASO OCORRA, AFINAL, A DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA (art. 7, III, in fine).</p><p>OBS SOBRE INOVAÇÃO DA NOVA LEI: A LEI NOVA VEDA A CONCESSÃO DE LIMINAR NOS SEGUINTES CASOS (art. 7º,</p><p>§ 2º da nova lei):</p><p>• Compensação de créditos tributários (já previsto súmula 212 STJ. Veda a compensação tributária afeta</p><p>apenas a medida liminar, o que não impede a compensação vir a ser declarada ou autorizada pela sentença</p><p>do mandado de segurança (Súmula 212 STJ).</p><p>As demais vedações já eram objeto de previsões legais, que apenas foram consolidadas pela lei atual.</p><p>• Entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior</p><p>• Reclassificação ou equiparação de servidores públicos</p><p>• Concessão de aumento ou extensão de vantagens</p><p>• Pagamento de qualquer natureza.</p><p>ESPÉCIES</p><p>• REPRESSIVO – ilegalidade ou abuso de poder já praticados. Prazo decadencial de 120 contados da ciência do</p><p>ato impugnado pelo interessado (STF – súmula 632).</p><p>• PREVENTIVO – quando houver ameaça à violação do direito líquido e certo do impetrante. Nesta modalidade</p><p>não há que se falar em prazo para impetração.</p><p>OBS: SEGUNDO O STF, COMPETE AOS PRÓPRIOS TRIBUNAIS PROCESSAR E JULGAR MS CONTRA SEUS ATOS E</p><p>OMISSÕES.</p><p>SÚMULAS DO STF: 101, 248, 266 a 272, 294, 299, 304, 310, 319, 330, 392, 405, 429, 430, 433, 474, 506, 510 a 513,</p><p>597, 622 a 632.</p><p>SÚMULAS DO STJ: 41, 99, 105, 169, 177, 202, 213, 217, 333.</p><p>AÇÃO POPULAR</p><p>HISTÓRICO</p><p>Teve vida jurídica igual à do MS: nasceu em 1934, morreu em 1937, ressuscitou em 1946 e perdura até hoje.</p><p>LEGISLAÇÃO PERTINENTE</p><p>• CF – art. 5º, LXXIII.</p><p>• Legislação infraconstitucional: Lei 4.717/65 (garantia que já existia nas constituições anteriores, e foi</p><p>recepcionada pela constituição atual).</p><p>CABIMENTO</p><p>O objeto da ação popular é todo ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e</p><p>ao patrimônio histórico e cultural. Esse ato lesivo deve ser compreendido a abranger, além das ações, também as</p><p>omissões do poder público lesivas àqueles bens e valores jurídicos.</p><p>Trata-se de ação de cunho desconstitutivo, pois visa anular ato lesivo os bens listados na CF, mas, subsidiariamente,</p><p>poderá ser condenatória (como não se trata de litisconsórcio unitário, a sentença pode dispor de forma diferenciada</p><p>para cada litisconsorte, devendo-se demonstrar a responsabilidade de cada um e sua condenação correspondente).</p><p>Dois são os requisitos para o cabimento desta ação:</p><p>1. ILEGALIDADE (ou ILEGITIMIDADE)</p><p>No primeiro caso, se ato contrário ao direito positivado. No segundo, se contrário aos princípios mais caros à</p><p>Administração Pública.</p><p>2. LESIVIDADE:</p><p>• Patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe (AD, AI, paraestatais e qualquer pessoa</p><p>jurídica subvencionada com dinheiro público).</p><p>• Moralidade administrativa</p><p>• Meio ambiente</p><p>• Patrimônio histórico e cultural.</p><p>Importante lembrar que esta lesividade compreende não só os atos que causem prejuízo patrimonial, mas também</p><p>aqueles que ofendam outros valores (artísticos, culturais, ambientais, morais, estéticos, turísticos, etc.) igualmente</p><p>agasalhados pela Constituição.</p><p>Não se deve esquecer, ainda, que o direito de propositura da ação popular prescreve em 5 anos (art. 21 da LAP), e,</p><p>atualmente, a prescrição deve ser decretada de ofício pelo juiz da causa.</p><p>Vale lembrar que a ação popular, ao contrário do MS, admite dilação probatória, que se dará no curso da fase de</p><p>instrução do processo.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>• ATIVA</p><p>Para esse mister foi atribuída ao cidadão eleitor, no pleno gozo dos seus direitos políticos ativos, a legitimidade ativa</p><p>para a sua propositura.</p><p>Nessa ótica, não podem propor ação popular: estrangeiros, apátridas, pessoas jurídicas (súmula 365 do STF) e</p><p>brasileiros com direitos políticos perdidos ou suspensos.</p><p>OBS: O PORTUGUÊS NÃO PODE, POIS EXISTE VEDAÇÃO NA CF PORTUGUESA A BRASILEIRO, LOGO, NÃO HÁ</p><p>RECIPROCIDADE.</p><p>O MP e a Defensoria Pública, enquanto instituições, não têm legitimidade para propor ação popular.</p><p>Todavia, nesta ação o MP exerce o papel de fiscal da lei. Por outro lado, se estiverem</p><p>atuando como cidadãos,</p><p>poderão ajuizar a referida ação.</p><p>Ainda nesta sede, se o autor popular desistir da ação, o MP ou outro cidadão, facultativamente (GEISA), poderão dar</p><p>seguimento à ação (art. 9º da LAP).</p><p>Por fim, vale lembrar que é indispensável a capacidade postulatória do advogado, que precisa estar legalmente</p><p>constituído, salvo se o cidadão ostentar essa condição, e não houver empecilho para litigar como o Poder Público.</p><p>• PASSIVA</p><p>À luz da literalidade do art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65, tem-se que: “a ação popular será proposta contra as</p><p>pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou</p><p>administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por</p><p>omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários direito do mesmo”.</p><p>Sintetizando:</p><p>a) A pessoa cujo patrimônio se quer proteger = entidade lesada;</p><p>b) Aqueles que causaram a lesão (ou ameaça) aos bens tutelados = agente da pratica;</p><p>c) Beneficiários diretos do ato ou omissão = quem se beneficiou.</p><p>Sendo possível essa total identificação, todos devem figurar como réus na ação popular, configurando-se um</p><p>verdadeiro litisconsórcio passivo necessário.</p><p>CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA</p><p>Atualmente, com a inserção do § 4º ao art. 5º da lei da ação popular, através Lei nº 6.513/77, a liminar está</p><p>expressamente admitida. Entretanto, apesar silêncio do dispositivo, tem como pressupostos a fumaça do bom</p><p>direito e o perigo da demora.</p><p>OBS: NÃO EXISTE FORO PRIVILEGIADO, A COMPETÊNCIA SERÁ DA JUSTIÇA ESTADUAL OU FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA.</p><p>OBS: A AÇÃO POPULAR NÃO É GRATUITA. As únicas ações gratuitas são HC e HD.</p><p>OBS: COMO UM ESTÍMULO À PROPOSITURA DESTA AÇÃO, O LEGISLADOR ISENTOU O SEU AUTOR, DE CUSTAS</p><p>JUDICIAIS E HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA, DESDE QUE TENHA AGIDO DE BOA-FÉ.</p><p>HABEAS DATA</p><p>HISTÓRICO</p><p>Trata-se de ação inédita no direito brasileiro, portanto, criação da CF/88.</p><p>LEGISLAÇÃO PERTINENTE</p><p>Teve sua primeira previsão na CF/88.</p><p>• CF – Art. 5º, LXXII.</p><p>• Legislação infraconstitucional – Lei 9.507/97.</p><p>A expressão HABEAS significa: aquele que busca o que lhe pertence.</p><p>Trata-se, assim como o HC, de ação gratuita (essas são as únicas – CF, art. 5º, LXXVII).</p><p>CABIMENTO</p><p>De saída, deve-se observar que:</p><p>OBS: O INTERESSE DE AGIR NA IMPETRAÇÃO DO HABEAS DATA SÓ NASCE QUANDO FRUSTRADAS EVENTUAIS</p><p>TENTATIVAS DO INTERESSADO DE OBTER, RETIFICAR OU ANOTAR INFORMAÇÕES A SEU RESPEITO, NESTA FASE</p><p>DENOMINADA DE PRÉ-JUDICIAL.</p><p>1. VISA ASSEGURAR AO IMPETRANTE, INFORMAÇÕES RELATIVAS À SUA PESSOA.</p><p>Consiste numa ação personalíssima. Não se pode ingressar com HD para pleitear informações alheias, de terceiros.</p><p>Poderia uma associação impetrar HD para pleitear informações de seus associados? Não, somente para buscar</p><p>informações dela própria.</p><p>Vale relembrar que a Lei exige a prova pré-constituída de que foi provocada a Administração e esta se recusou</p><p>(expressa ou tacitamente – pelo decurso do prazo) a prestar as informações.</p><p>Assim, constitui condição da ação de HD a prévia provocação administrativa, sob pena de ausência de condição da</p><p>ação necessidade. Logo, o processo será extinto sem exame de mérito. Nesse sentido, SÚMULA 2 do STJ.</p><p>A autoridade administrativa possui 10 dias para prestar as informações. Se antes de completar o prazo a</p><p>administração nega a informação, o HD já pode ser impetrado, pois basta juntar a prova da negativa da informação.</p><p>OBS: NÃO É QUE PRECISA HAVER ESGOTAMENTO DAS VIAS ADMINISTRATIVAS. A PARTIR DA PRIMEIRA NEGATIA</p><p>OU DO ESCOAMENTO DO PRAZO DE 10 DIAS O HD JÁ PODERÁ SER IMPETRADO.</p><p>2. VISA GARANTIR A RETIFICAÇÃO DE DADOS DA PESSOA DO IMPETRANTE</p><p>Nesse caso também é necessário juntar a prova pré-constituída.</p><p>A diferença é que aqui, o prazo para a resposta da autoridade administrativa é de 15 dias.</p><p>* provas orais para promotores de justiça</p><p>provas orais de juízes de direitos</p><p>qual e a fase pré-judicial ?</p><p>"É chegar la no orgão e dizer que eu precisso daquela informação"</p><p>OBS: NÃO CABE HD PARA ALTERAÇÃO DE REGISTRO CIVIL.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>• ATIVA</p><p>Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, de direito público ou de direito privado.</p><p>• PASSIVA</p><p>Corresponde às entidades governamentais (administração direta e indireta) ou pessoas jurídicas de direito privado,</p><p>detentora de registros ou banco de dados DE CARÁTER PÚBLICO. Assim, cabe HD contra banco, provedor de</p><p>internet, serviços de proteção ao crédito (SPC, SERASA), etc.</p><p>À luz do art. 1º da lei, “considera-se de caráter público todo o registro ou banco de dados contendo informações que</p><p>sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade</p><p>produtora ou depositária das informações”.</p><p>CABIMENTO DE TUTELA PREVENTIVA</p><p>Embora a lei seja silente, a doutrina majoritária entende perfeitamente cabível a tutela preventiva na ação de HD.</p><p>OBS: DIREITO DE CERTIDÃO É DIREITO FUNDAMENTAL LÍQUIDO E CERTO AMPARADO POR MANDADO DE</p><p>SEGURANÇA, E NÃO POR HABEAS DATA. NÃO SE CONFUNDE COM INFORMAÇÃO.</p><p>OBS: ASSIM COMO NO MANDADO DE SEGURANÇA, NO HD NÃO HÁ ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA (HONORÁRIOS</p><p>ADVOCATÍCIOS) E, PARA IMPETAÇÃO, FAZ-SE NECESSÁRIA A PRESENÇA DE ADVOGADO.</p><p>MANDADO DE INJUNÇÃO</p><p>HISTÓRICO</p><p>Trata-se, juntamente com o MSC e com o HD de remédio constitucional introduzido pelo constituinte originário de</p><p>1988.</p><p>LEGISLAÇÃO PERTINENTE</p><p>• CF – art. 5º, LXXI.</p><p>• Legislação infraconstitucional – o MI não possui regramento próprio, mas a Lei 8.038/90, em seu art. 24,</p><p>determina que se aplique ao MI a legislação relativa ao MS.</p><p>OBS: NEM TUDO DO MS SERÁ APLICÁVEL AO MI, A EXEMPLO DA MEDIDA LIMINAR. MAS DENTRE AS DISPOSIÇÕES</p><p>APLICÁVEIS É POSSÍVEL CITAR A AUSÊNCIA DE CONDENAÇÃO NOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS, BEM COMO A</p><p>AUSÊNCIA DE DILAÇÃO PROBATÓRIA, ETC.</p><p>CABIMENTO</p><p>A CF estabelece que se concederá mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne</p><p>inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à</p><p>FALTA DE NORMA REGULAMENTADORA</p><p>soberania e à cidadania.</p><p>Os dois requisitos constitucionais para o MI são:</p><p>1. Norma constitucional de EFICÁCIA LIMITADA, prescrevendo direitos, liberdades constitucionais e</p><p>prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.</p><p>2. Falta de norma regulamentadora, tornando inviável o exercício dos direitos, liberdades e prerrogativas</p><p>acima mencionados (OMISSÃO DO PODER PÚBLICO).</p><p>ASSIM COMO A ADIN POR OMISSÃO, O MANDADO DE INJUNÇÃO SERVE PARA CURAR UMA DOENÇA DENOMINADA</p><p>SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS (vale dizer, normas constitucionais que, de imediato,</p><p>no momento em que a Constituição é promulgada, não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando</p><p>de uma lei integrativa infraconstitucional).</p><p>A diferença do MI e da ADIN por omissão, na precisa síntese de DIRLEY DA CUNHA JR., é que o primeiro é uma ação</p><p>constitucional de garantia individual, enquanto a segunda é uma ação constitucional de garantia constitucional.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>• ATIVA – pode ser impetrado por qualquer:</p><p>Pessoa física ou jurídica, de direito público (MI 725) ou de direito privado.</p><p>O STF, inclusive, admitiu o ajuizamento de mandado de injunção coletivo, sendo legitimadas, por analogia, as</p><p>mesmas entidades do mandado de segurança coletivo.</p><p>Conforme já sinalizado, quem postula o MI no judiciário é o advogado regularmente constituído.</p><p>• PASSIVA</p><p>Somente a pessoa estatal poderá ser demandada, e nunca o particular (que não tem o dever de regulamentar a CF).</p><p>Não cabe MI contra omissão de particulares, mas somente contra omissões de autoridades públicas.</p><p>O sujeito passivo do MI é a autoridade pública detentora da competência de iniciar o processo legislativo.</p><p>CABIMENTO DE TUTELA</p><p>PREVENTIVA</p><p>Não cabe tutela preventiva no MI.</p><p>Hely Lopes até pensa caber medida liminar, MAS A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO STF É NO SENTIDO DO NÃO</p><p>CABIMENTO DE MEDIDA LIMINAR EM MANDADO DE INJUNÇÃO.</p><p>CUIDADO!!! A AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO ADMITE CONCESSÃO DE MEDIDA</p><p>LIMINAR (ART. 12-F DA LEI 9.868/99).</p><p>QUESTÃO INDISPENSÁVEL: QUAIS OS EFEITOS DA DECISÃO NO JULGAMENTO DO MI?</p><p>OBS: NOS MIs 670, 708 e 712 O STF, POR UNANIMIDADE, DECLAROU A OMISSÃO LEGISLATIVA DE</p><p>REGULAMENTAÇÃO DO DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS, E, POR MAIORIA, DETERMINOU A</p><p>APLICAÇÃO, NO QUE COUBER, DA LEI DE GREVE VIGENTE NO SETOR PRIVADO (Lei 7.783/89).</p><p>DESTA FORMA, CONSAGRA O STF A TEORIA CONCRETISTA GERAL, “LEGISLANDO” NO CASO CONCRETO E</p><p>PRODUZINDO A DECISÃO EFEITO ERGA OMNES ATÉ QUE SOBREVENHA NORMA INTEGRATIVA DO PODER</p><p>LEGISLATIVO.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Art. 5º, LXVIII a LXXIII.</p><p>LEIS:</p><p>-12.016/09 – 4.717/65 – 9.507/97</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>STF:</p><p>- Súmulas: 101, 105, 110, 169, 213, 266-271, 304, 365, 395, 405, 429, 430, 460, 474, 510, 622, 625, 626, 629, 630,</p><p>631, 632, 701, 691-695.</p><p>STJ:</p><p>- Súmulas: 2 e 212.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (TRT9/ANALISTA/2007) O ‘habeas corpus’ não é medida idônea para impugnar decisão judicial que</p><p>autoriza a quebra de sigilo bancário em procedimento criminal, já que não há, na hipótese, risco direto e</p><p>imediato de constrangimento ao direito de liberdade.</p><p>II. (PGE/PE/PROCURADOR/2009) Se, em uma ação de mandado de segurança, a segurança for concedida,</p><p>então a autoridade coatora terá direito de recorrer.</p><p>III. (PGM/NATAL/PROCURADOR/2008) Considerando a atual jurisprudência do STF quanto à decisão e aos</p><p>efeitos do mandado de injunção, notadamente nos casos em que se discuta o direito de greve dos</p><p>servidores públicos, é correto afirmar que, na decisão de um mandado de injunção, compete ao Poder</p><p>Judiciário garantir o imediato exercício do direito fundamental afetado pela omissão do poder público.</p><p>IV. (TRT1/JUIZ/2010) Como a garantia constitucional do ‘habeas data’ tem por finalidade disciplinar o</p><p>direito de acesso a informações constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais</p><p>ou de caráter público relativo a dados pessoais pertinentes à pessoa do impetrante, a pessoa jurídica não</p><p>tem legitimidade para o ajuizamento desse tipo de ação.</p><p>V. (STF/ANALISTA/2008) A ação popular contra o Presidente da República deve ser julgada pelo STF.</p><p>GABARITO:</p><p>I. E</p><p>II. C</p><p>III. C</p><p>IV. E</p><p>V. E</p><p>CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE</p><p>CONCEITO E PRESSUPOSTOS</p><p>O controle de constitucionalidade, enquanto garantia de tutela da supremacia da Constituição, é uma atividade de</p><p>fiscalização da validade e conformidade das leis e atos normativos do poder público à vista de uma Constituição</p><p>rígida, desenvolvida por um ou vários órgãos constitucionalmente designados.</p><p>Como sentencia a doutrina, o controle de constitucionalidade das leis e dos atos normativos reclama os seguintes</p><p>pressupostos:</p><p>• EXISTÊNCIA DE UMA CONSTITUIÇÃO FORMAL.</p><p>• COMPREENSÃO DA CONSTITUIÇÃO COMO NORMA JURÍDICA FUNDAMENTAL, RÍGIDA E SUPREMA.</p><p>• INSTITUIÇÃO DE, PELO MENOS, UM ÓRGÃO COM COMPETÊNCIA PARA O EXERCÍCIO DESSA ATIVIDADE DE</p><p>CONTROLE.</p><p>ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE</p><p>a) POR AÇÃO x POR OMISSÃO</p><p>- AÇÃO (positiva ou por atuação): pressupõe a existência de normas inconstitucionais.</p><p>- OMISSÃO: pressupões a violação da norma constitucional pelo silêncio legislativo.</p><p>A inconstitucionalidade por ação pode-se dar por três formas: vício formal, vício material e vício de decoro</p><p>parlamentar.</p><p>Livro: Juízes legistadores</p><p>b) FORMAL x MATERIAL x VÍCIO DE DECORO</p><p>- FORMAL (nomodinâmica): existência de vício na forma, processo de formação, vale dizer, no processo legislativo de</p><p>elaboração da lei ou ato normativo.</p><p>- MATERIAL (nomoestática): existência de vício na matéria, no conteúdo do ato normativo.</p><p>- VÍCIO DE DECORO: pela mácula no processo legislativo em decorrência da compra de votos (esquema do</p><p>mensalão). O STF ainda não se manifestou.</p><p>A inconstitucionalidade formal pode-se dar por três formas: inconstitucionalidade formal orgânica, propriamente</p><p>dita e por violação dos pressupostos objetivos do ato normativo.</p><p>c) ORGÂNICA x PROPRIAMENTE DITA x POR VIOLAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO</p><p>- ORGÂNICA: decorre da inobservância da competência legislativa para a elaboração do ato. Ex. para o STF é</p><p>inconstitucional lei municipal que discipline o uso de cinto de segurança, já que se trata de competência legislativa</p><p>da União legislar sobre trânsito e transporte (art. 22, XI).</p><p>- PROPRIAMENTE DITA: decorre da inobservância do devido processo legislativo. Ex. quórum de aprovação de</p><p>determinada espécie normativa ou inobservância da necessidade deliberação nas duas casas.</p><p>- POR VIOLAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS OBJETIVOS DO ATO NORMATIVO. Os exemplos são trazidos pelo Professor</p><p>Clèmerson Merlin Clève, quais sejam, edição de medida provisória sem a observância dos requisitos da relevância e</p><p>urgência (art. 62, caput) ou a criação de municípios por lei estadual sem a observância dos requisitos do art. 18, § 4º</p><p>(caso LEM).</p><p>MOMENTOS DE CONTROLE</p><p>a) PRÉVIO ou PREVENTIVO</p><p>É o controle realizado durante o processo legislativo de formação do ato normativo.</p><p>• LEGISLATIVO – próprio parlamentar e CCJ.</p><p>• EXECUTIVO – veto.</p><p>• JUDICIÁRIO – MS impetrado por parlamentar. Única hipótese.</p><p>Trata-se de um “direito-função” do parlamentar de participar de um processo legislativo juridicamente hígido</p><p>(devido processo legislativo). Ex. o STF entendeu que os parlamentares têm o direito de não ver deliberada uma</p><p>emenda que seja tendente a abolir os bens assegurados por cláusula pétrea. É controle pela via de exceção, em</p><p>defesa de direito de parlamentar.</p><p>b) POSTERIOR ou REPRESSIVO</p><p>Será realizado sobre a lei, e não mais sobre o projeto de lei, como ocorre no controle preventivo.</p><p>Órgãos de controle verificarão a existência de vício formal ou material em determinada lei ou ato normativo. Esses</p><p>órgãos variam de acordo com o sistema de controle adotado pelo Estado, podendo ser político, jurisdicional ou</p><p>híbrido.</p><p>• POLÍTICO – Cortes (ou Tribunais) Constitucionais ou Órgãos de Natureza Política.</p><p>• JURISDICIONAL MISTO – Regra. Exceções: legislativo, executivo, TCU.</p><p>• HÍBRIDO – tanto o político quanto o jurisdicional.</p><p>Como vimos, o controle posterior ou repressivo no Brasil, por regra, é exercido pelo Poder Judiciário, tanto de forma</p><p>concentrada, como difusamente. Por isso se diz: jurisdicional misto!</p><p>No entanto, a essa regra surgem exceções, fixando-se hipóteses de controle posterior ou repressivo pelo Legislativo</p><p>e pelo Executivo.</p><p>No Legislativo encontramos:</p><p>• Art. 62 – rejeição de medida provisória pelo Congresso Nacional.</p><p>Já no Executivo encontramos:</p><p>A tese a ser adotada é a da possibilidade de descumprimento da lei inconstitucional pelo Chefe do Executivo.</p><p>O STF não aprofunda muito o assunto, mas sinaliza possibilidade de descumprimento por parte dos subordinados,</p><p>quando houver determinação nesse sentido. O STJ, com mais veemência, consagra a tese do controle posterior ou</p><p>repressivo pelo Executivo.</p><p>OBS: OS TC’s PODERÃO, NO CASO CONCRETO, RECONHECER A INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS JURÍDICAS,</p><p>DEIXANDO DE APLICAR ATO POR CONSIDERÁ-LO INCONSTITUCIONAL, BEM COMO SUSTANDO OUTROS ATOS</p><p>PRATICADOS COM BASE EM LEIS VULNERADORAS DA CONSTITUIÇÃO. ESSA FACULDADE, REITERE-SE, É SEMPRE NA</p><p>VIA INCIDENTAL (CASO CONCRETO). NESSE SENTIDO, SÚMULA 347 DO STF.</p><p>CONTROLE DIFUSO</p><p>GENERALIDADES</p><p>A ideia de controle difuso de constitucionalidade, historicamente, deve-se ao famoso caso julgado pelo Juiz John</p><p>Marshall, da Suprema Corte</p><p>norte-americana, que, apreciando o caso Marbury v. Madison, em 1803, decidiu que,</p><p>havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição,</p><p>por ser hierarquicamente superior.</p><p>É também chamado de controle concreto, via de exceção ou defesa, incidental ou incidenter tantum. Aqui a</p><p>declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma pré-judicial (prejudicialmente) ao mérito. A alegação de</p><p>inconstitucionalidade será a causa de pedir processual.</p><p>CONTROLE DIFUSO NOS TRIBUNAIS</p><p>Via concentra</p><p>Via de fusa</p><p>ADI: AÇÃO DIREITA INCOSTITUCIONALIDADE</p><p>( )</p><p>SUSTENTAÇÃO ORAL</p><p>Organi</p><p>O controle difuso nos tribunais deve obediência ao comando disposto no art. 97 da CF, que trata da cláusula de</p><p>reserva de plenário.</p><p>Segundo esse dispositivo, somente pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, ou dos membros do respectivo</p><p>órgão especial, poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público.</p><p>A regra do art. 97 destaca-se como verdadeira condição de eficácia jurídica da própria declaração de</p><p>inconstitucionalidade dos atos dos atos do poder público. Nesse sentido destacamos a SÚMULA VINCULANTE Nº 10</p><p>do STF (ler).</p><p>Todavia, em nome dos princípios da celeridade, economia processual e segurança jurídica, tem-se dispensado tal</p><p>procedimento toda vez que haja decisão do órgão especial ou do pleno do tribunal, ou do STF, o guardião da</p><p>Constituição sobre a matéria.</p><p>Essa tendência foi confirmada pelo art. 481 e 557, § 1º-A do CPC.</p><p>EFEITOS DA DECISÃO</p><p>• INTER PARTES</p><p>• EX TUNC</p><p>Cabe alertar, contudo, que o STF já entendeu que, mesmo no controle difuso, poder-se-á dar efeito ex nunc ou pro</p><p>futuro. O leading case foi o julgamento do RE 197.917, pelo qual o STF reduziu o número de vereadores do</p><p>Município de Mira Estrela de 11 para 9 e determinou que a aludida decisão só atingisse a próxima legislatura. Para</p><p>Gilmar, o limite dessa modulação temporal da eficácia é o próprio princípio da proporcionalidade.</p><p>E os efeitos, que são para as partes, poderiam ser estendidos a todas as pessoas?</p><p>Para terceiros a CF consagrou, em controle difuso, o procedimento do art. 52, X da CF.</p><p>Como vimos anteriormente, através da interposição de recurso extraordinário, nas hipóteses constitucionalmente</p><p>previstas, a questão poderá ser levada à apreciação do STF, que, também, realizará o controle difuso de</p><p>constitucionalidade, de forma incidental.</p><p>Nessa esteira, prescreve o dispositivo mencionado que compete privativamente ao Senado, mediante o instrumento</p><p>da resolução, suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do</p><p>Supremo Tribunal Federal.</p><p>A expressão no todo ou em parte relaciona-se com o quanto decidido pelo Supremo, não podendo, o Senado,</p><p>restringir ou ampliar esse parâmetro.</p><p>Os efeitos dessa suspensão são ERGA OMNES e EX NUNC. Lembrando que a suspensão é mera faculdade que assiste</p><p>ao Senado, não estando obrigado a fazê-lo.</p><p>OBS: TEORIA DA TRANSCENDÊNCIA DOS MOTIVOS DETERMINANTES ou ABSTRATIVIZAÇÃO ou OBJETIVAÇÃO DO</p><p>CONTROLE DIFUSO, COM BASE NA FORÇA NORMATIVA DA CONSTTUIÇÃO E NA IDÉIA DE MUTAÇÃO</p><p>CONSTITUCIONAL DO ART. 52, X, DA CF (pendente no STF).</p><p>CONTROLE CONCENTRADO</p><p>Também chamado de abstrato, via de ação, principal ou principaliter tantum.</p><p>Aqui a declaração de inconstitucionalidade dá-se de forma principal e a alegação de inconstitucionalidade será o</p><p>próprio pedido.</p><p>Tal controle pode ser verificado em 5 situações: ADI genérica, ADI interventiva, ADO, ADC e ADPF.</p><p>ADI GENÉRICA</p><p>Trata-se de ação constitucional que tem por objetivo controlar a constitucionalidade de ato normativo em tese,</p><p>abstrato, marcado pela generalidade, impessoalidade e abstração, e que tem por objeto a própria questão da</p><p>inconstitucionalidade, decidida principaliter.</p><p>OBJETO</p><p>Leis ou atos normativos que se mostrem incompatíveis com o sistema constitucional.</p><p>Podem:</p><p>• Leis – sentido amplo; todas as espécies do art. 59 da CF (EC, LC, LO, LD, MP, DL, RES).</p><p>• Regulamentos autônomos.</p><p>• Tratados internacionais – de direitos humanos ou não, anteriores ou posteriores à reforma da EC N. 45/04.</p><p>Não podem:</p><p>• Súmulas – nem as vinculantes, por faltar generalidade e abstração.</p><p>• Regulamentos Executivos – o controle aí é de legalidade.</p><p>• Normas constitucionais originárias</p><p>• Leis ou atos anteriores à Constituição – pois são recepcionados, ou não (salvo ADPF).</p><p>COMPETÊNCIA</p><p>• L ou AN Federal ou Estadual – CF = STF</p><p>• L ou AN Estadual ou Municipal – CE = TJ</p><p>• L ou AN Municipal – CF = não cabe ADI, mas ADPF no STF.</p><p>• L ou AN Distrital de natureza estadual – CF = STF</p><p>• L ou AN Distrital de natureza municipal – CF = não cabe ADI, mas ADPF no STF.</p><p>• L ou AN Distrital – LODF = TJDF</p><p>• L ou AN Municipal – LOM = não há controle de constitucionalidade, e sim de legalidade.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>Art.103.</p><p>Aqui há uma técnica para memorizar:</p><p>A técnica se chama: 3/4 MAE.</p><p>Leia-se: três quatros, MÃE.</p><p>Para totalizar 12 legitimados ativos, distribuem-se três blocos contendo, cada um, quatro legitimados. Seguindo a</p><p>ordem das letras (M.A.E.), tem-se: 4 mesas, 4 autoridades e 4 entidades. Passa-se à análise:</p><p>4 Mesas:</p><p>▪ Mesa da Câmara dos Deputados;</p><p>▪ Mesa do Senado Federal;</p><p>▪ Mesa de Assembleia Legislativa;</p><p>▪ Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal.</p><p>4 Autoridades:</p><p>▪ Presidente da República;</p><p>▪ Procurador-Geral da República;</p><p>▪ Governador de Estado;</p><p>▪ Governador do Distrito Federal.</p><p>4 Entidades:</p><p>▪ Conselho Federal da OAB;</p><p>▪ partido político com representação do Congresso Nacional;</p><p>▪ confederação sindical;</p><p>▪ entidade de classe de âmbito nacional.</p><p>Esses legitimados podem ser divididos em universais e especiais.</p><p>• UNIVERSAIS / NEUTROS: Presidente da República, Mesa da CD, Mesa do SF, Conselho Federal da OAB, PGR,</p><p>partido político com representação no Congresso Nacional.</p><p>• ESPECIAIS / INTERESSADOS: Governador do Estado ou do DF, Mesa da Assembléia Legislativa ou da Câmara</p><p>Legislativa do Distrito Federal, confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.</p><p>Estes legitimados especiais ou interessados deverão demonstrar pertinência temática.</p><p>OBS: SE O PARTIDO PERDE A REPRESENTAÇÃO, A AÇÃO SEGUE EM NOME DO INTERESSE PÚBLICO. A AFERIÇÃO DA</p><p>LEGITIMIDADE DEVE SER FEITA NO MOMENTO DA PROPOSITURA DA AÇÃO.</p><p>OBS: PRECISAM DE ADVOGADO – PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL E</p><p>CONFEDERAÇÃO SINDICAL OU ENTIDADE DE CLASSE DE ÂMBITO NACIONAL. QUANTO AOS DEMAIS, DIZ O STF QUE A</p><p>CAPACIDADE POSTULATÓRIA DECORRE DA PRÓPRIA CONSTITUIÇÃO.</p><p>“AMICUS CURIAE”</p><p>Como regra, tem-se o art. 7º, caput, da Lei 9.868/99, que veda a “intervenção de terceiros no processo de ação</p><p>direta de inconstitucionalidade”.</p><p>Entretanto, o § 2º do mesmo art. 7º estabelece que “o relator, considerando a relevância da matéria e a</p><p>representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir a manifestação de outros órgãos ou</p><p>entidades”.</p><p>Ou seja, é instituto que possui natureza jurídica terceiro sui generis.</p><p>Trata-se, na feliz expressão do Ministro Celso de Mello, de instituto que vem no sentido de pluralizar o debate</p><p>constitucional. É, portanto, sem dúvida, fator de legitimação social das decisões da Suprema Corte.</p><p>Hoje se admite inclusive a sustentação oral do “AMICUS CURIAE” (amigo de corte).</p><p>Por fim, entende-se perfeitamente possível a aplicação, por analogia, da regra que admite o amicus curiae na ADI</p><p>para a ADC e, excepcionalmente (e desde que configuradas as hipóteses de cabimento), para a ADPF.</p><p>EFEITOS DA DECISÃO</p><p>Os efeitos gerais da declaração de inconstitucionalidade no controle concentrado, por meio da ADI, podem ser</p><p>resumidos:</p><p>• ERGA OMNES</p><p>• EX TUNC *</p><p>• VINCULANTE em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração</p><p>Pública federal, estadual,</p><p>municipal e distrital.</p><p>* Excepcionalmente, como exceção à regra geral do princípio da nulidade, tendo em vista razões de segurança</p><p>jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria qualificada de 2/3 de seus Ministros, restringir</p><p>os efeitos da declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir do seu trânsito em julgado ou de outro</p><p>momento que venha a ser fixado.</p><p>Vale ressaltar que o efeito vinculante atinge somente o Judiciário e o Executivo, não podendo ser estendido ao</p><p>legislativo, que poderá, inclusive, editar nova lei em sentido contrário da decisão dada pelo STF em controle de</p><p>constitucionalidade concentrado ou edição de súmula vinculante. Entendimento diverso significaria o “inconcebível</p><p>fenômeno de fossilização da Constituição” (Inf. 386/STF).</p><p>EFEITO REPRISTINATÓRIO</p><p>A declaração de inconstitucionalidade de ato normativo que tenha “revogado” outro ato normativo (nossa análise</p><p>neste ponto refere-se à ADI perante o STF, de lei ou ato normativo federal ou estadual, ou distrital, desde que no</p><p>exercício de competência estadual) provoca o restabelecimento do ato normativo anterior, quando a decisão tiver</p><p>efeito retroativo.</p><p>O STF vem utilizando a expressão “efeito repristinatório” da declaração de inconstitucionalidade. Isto porque, se a</p><p>lei é nula, ela nunca teve eficácia. Se nunca teve eficácia, nunca revogou nenhuma norma. Se nunca revogou</p><p>nenhuma norma, aquela que teria sido supostamente “revogada” continua tendo eficácia. Eis o efeito repristinatório</p><p>da decisão.</p><p>PEDIDO CAUTELAR</p><p>Desde que presentes os requisitos do periculum in mora e do fumus boni iuris, poderá ser concedida a liminar</p><p>suspendendo a eficácia do ato normativo.</p><p>De acordo com os §§ 1º e 2º do art. 11 da Lei 9.868/99, em total consonância com o posicionamento do STF, a</p><p>concessão da medida cautelar terá eficácia contra todos (erga omnes) e efeito EX NUNC, salvo se o Tribunal</p><p>entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa (ex tunc), além de vinculante.</p><p>Lembrando que, segundo o STF, a concessão de medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente,</p><p>salvo expressa manifestação em sentido contrário.</p><p>ADC ou ADECON</p><p>A ação declaratória de constitucionalidade foi introduzida no ordenamento jurídico brasileiro pela EC 3/93, através</p><p>da alteração do art. 102, I, a, e acréscimo do § 2º ao artigo 102, bem como do § 4º ao art. 103, tendo sido</p><p>regulamentado o seu processo e julgamento pela lei 9.868/99.</p><p>Busca-se por meio dessa ação declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.</p><p>O grande objetivo e utilidade desta ação, portanto, é transformar uma presunção relativa de constitucionalidade em</p><p>presunção absoluta (jure et de jure), não mais se admitindo prova em contrário. Ou seja, julgada procedente a ADC,</p><p>tal decisão vinculará os órgãos do Poder Judiciário e a administração pública, que não mais poderão declarar a</p><p>inconstitucionalidade da aludida lei, ou agir em desconformidade com a decisão do STF, afinal, a sua presunção de</p><p>constitucionalidade, agora, será absoluta.</p><p>OBJETO</p><p>O objeto da referida ação é lei ou ato normativo federal. CUIDADO! É diferente do que ocorre com a ADIN genérica,</p><p>cujo objeto engloba, também, a lei ou ato normativo estadual -102, § 2º.</p><p>COMPETÊNCIA</p><p>O órgão competente para apreciar a ADC é o STF, conforme estabelece o art. 102, I, “a”, CF/88.</p><p>LEGITIMIDADE</p><p>Antes da EC 45/04, os legitimados para a propositura da referida ação eram apenas quatro, de acordo com o art.</p><p>103, § 4º, da CF/88, quais sejam: a) Presidente da República; b) Mesa do Senado Federal; c) Mesa da Câmara dos</p><p>Deputados; d) Procurador-Geral da República.</p><p>Com a revogação do § 4º e a nova redação do caput do art. 103, pela aludida emenda, os legitimados para a</p><p>propositura da ADC passaram a ser os mesmos da ADI genérica.</p><p>OBSERVAÇÕES PROCEDIMENTAIS</p><p>No que se refere ao procedimento da ADC, é praticamente o mesmo seguido na ADI genérica, com algumas</p><p>observações a serem feitas:</p><p>• Não existe lógica em determinar a citação do AGU na medida em que inexiste ato ou texto impugnado, já</p><p>que se afirma a constitucionalidade na inicial.</p><p>• Um requisito intrínseco à inicial, conforme vem relatando o STF, necessário para o conhecimento e análise</p><p>do mérito, seria a demonstração da “controvérsia judicial que põe risco à presunção de constitucionalidade</p><p>do ato normativo sob exame... permitindo à Corte o conhecimento das alegações em favor da</p><p>constitucionalidade e contra ela, e do modo com estão sendo decididas num ou noutro sentido”.</p><p>• As regras para votação e quorum são as mesmas expostas na ADI genérica, qual seja, desde que presente o</p><p>quorum de instalação da sessão de julgamento de 8 Ministros, a declaração de constitucionalidade dar-se-á</p><p>pelo quorum da maioria absoluta dos 11 Ministros do STF, qual seja, pelo menos 6 deverão posicionar-se</p><p>favoráveis à procedência da ação.</p><p>• É vedada a intervenção de terceiros (salvo a sui generis), e a desistência da ação após a sua propositura. A</p><p>decisão é irrecorrível, ressalvada a interposição de embargos declaratórios, não podendo ser objeto de ação</p><p>rescisória.</p><p>EFEITOS DA DECISÃO</p><p>É possível sistematizar os efeitos da decisão em ADC como sendo:</p><p>• ERGA OMNES (eficácia contra todos)</p><p>• EX TUNC</p><p>• VINCULANTE em relação aos órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública federal, estadual,</p><p>municipal e distrital.</p><p>MEDIDA CAUTELAR EM AÇÃO DECLARATÓRIA</p><p>O art. 21 estabelece que o STF, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida</p><p>cautelar na ADC, consistente na determinação de que os juízes e os tribunais suspendam o julgamento dos</p><p>processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação, até o seu julgamento definitivo.</p><p>Essa suspensão perdurará apenas por 180 dias contados da publicação da parte dispositiva da decisão do DOU, prazo</p><p>esse definido pela Lei para que o tribunal julgue a ação declaratória. Trata-se do chamado EFEITO AVOCATÓRIO</p><p>presente na cautelar de ADC.</p><p>Findo tal prazo, sem julgamento, cessará a eficácia da medida cautelar.</p><p>Vale ressaltar que o STF, por votação majoritária, pacificou entendimento segundo o qual é perfeitamente possível a</p><p>atribuição de efeito vinculante e erga omnes em sede de liminar (decisão não definitiva de mérito) na ADC, tendo</p><p>em vista o poder geral de cautela da Corte, podendo suas decisões ser preservadas pelo instrumento da reclamação.</p><p>CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-MEMBROS</p><p>GENERALIDADES</p><p>Nos termos do art. 125, § 2º, da CF/88, cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de</p><p>leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da</p><p>legitimação para agir a um único órgão.</p><p>Nesse sentido, o constituinte consagrou o controle abstrato de constitucionalidade estadual, fixando regras claras:</p><p>• Somente leis ou atos normativos estaduais ou municipais poderão ser objeto de controle;</p><p>• Apesar de não fixar os legitimados, vedou a atribuição da legitimação para agir a um único órgão;</p><p>• O órgão competente para o julgamento da ação pela via principal será, exclusivamente, o TJ local.</p><p>Pelo princípio da simetria, muito embora o art. 125, § 2º, tenha fixado somente a possibilidade de instituição de</p><p>representação de inconstitucionalidade (que corresponderia à ADI), parece-nos perfeitamente possível que, desde</p><p>que respeitadas as regras da CF/88, se implementem os demais meios de controle, especialmente a ADI por omissão</p><p>para combater a inércia do Legislativo estadual.</p><p>OBJETO</p><p>O controle abstrato estadual terá por objeto exclusivamente leis ou atos normativos estaduais ou municipais.</p><p>Assim, tem-se que as leis federais só poderão ser objeto de controle abstrato perante o STF.</p><p>COMPETÊNCIA</p><p>Conforme verificado no art. 125, § 2º,</p><p>somente o TJ local será o órgão competente para, exercendo competência</p><p>originária, julgar o controle de constitucionalidade abstrato estadual.</p><p>LEGITIMADOS</p><p>A regra constitucional não especificou os legitimados; apenas proibiu a atribuição da legitimação a um único órgão.</p><p>Assim, cabe às Constituições Estaduais a delimitação da regra, e, nesse sentido, como se trata de manifestação do</p><p>poder constituinte derivado decorrente, deve-se respeitar, pela simetria, o art. 103 da CF, conforme se verifica na</p><p>tabela abaixo:</p><p>Art. 103 – Legitimados para</p><p>o controle concentrado</p><p>perante o STF</p><p>Art. 125, § 2º - Legitimados</p><p>para o controle concentrado</p><p>perante o TJ local – simetria</p><p>Art. 125, § 2º - Legitimados</p><p>para o controle concentrado</p><p>perante o TJ local – simetria</p><p>– especialmente em relação</p><p>a leis ou atos municipais</p><p>Presidente Governador Prefeito</p><p>Mesa da CD e do SF Mesa da Assembléia Leg. Mesa da Câmara Municipal</p><p>PGR PGJ</p><p>Conselho Federal da OAB Conselho Seccional da OAB</p><p>Partido político com</p><p>representação no CN</p><p>Partido político com</p><p>representação na Assembléia</p><p>Partido político com</p><p>representação na Câmara M.</p><p>Confederação sindical ou</p><p>entidade de classe de âmbito</p><p>nacional</p><p>Federação sindical ou</p><p>entidade de classe de âmbito</p><p>estadual</p><p>Importante lembrar quem, conforme já ventilado pelo STF, é tranquilamente possível a ampliação do parâmetro do</p><p>art. 103 para inserção de outros legitimados como, por exemplo, Deputados Estaduais, Procurador-Geral do Estado</p><p>ou do Município, Defensor Público-Geral do Estado, ou ainda por iniciativa popular.</p><p>O fundamento é que tal previsão prestigiaria a intenção do constituinte de 1988, que foi no sentido de ampliar o rol</p><p>de legitimados para a propositura da ADI.</p><p>PARÂMETRO DE CONTROLE</p><p>Dentro dessa temática, importante atentar para uma situação: as leis estaduais, em se tratando de controle</p><p>concentrado pela via em abstrato, sofrem dupla fiscalização, tanto por meio de ADI no TJ e tendo como parâmetro a</p><p>CE, como perante o STF e tendo como parâmetro a CF.</p><p>Isso significa que a mesma lei estadual poderá ser objeto de controle concentrado no TJ e no STF. Se isso acontecer,</p><p>estaremos diante do fenômeno da SIMULTANEIDADE DE AÇÕES DIRETAS DE INCONSTITUCIONALIDADE.</p><p>Nessa situação, o controle estadual deverá ficar suspenso e aguardando o resultado do controle federal, já que o STF</p><p>é o intérprete máximo da Constituição, podendo surgir as seguintes hipóteses:</p><p>• STF declara inconstitucional a lei estadual perante a CF – a ADI estadual perderá o seu objeto, não</p><p>produzindo a lei mais efeitos no referido Estado.</p><p>• STF declara constitucional a lei estadual perante a CF – o TJ poderá prosseguir o julgamento da ADI da lei</p><p>estadual perante a CE, pois, perante a CE, a referida lei poderá ser incompatível (mas, naturalmente, desde</p><p>que seja por fundamento diverso).</p><p>Vamos imaginar agora que a ação seja proposta perante o TJ estadual e que este julgue a ação que transita em</p><p>julgado. Poderá no futuro a mesma lei ser examinada em controle abstrato perante o STF e tendo como parâmetro a</p><p>CF? Duas são as hipóteses.</p><p>• TJ declara previamente a lei estadual constitucional – naturalmente, para essa hipótese não se tratará de</p><p>simultaneidade. Assim, em sendo, no futuro, ajuizada a ADI perante o STF, tendo por objeto a mesma lei</p><p>estadual, o STF poderá reconhecê-la como inconstitucional perante a CF. Como o STF é o intérprete máximo</p><p>da Constituição, a nova decisão do STF prevalecerá, inclusive sobre a coisa julgada estadual.</p><p>• TJ declara previamente a lei estadual inconstitucional – entendemos que não haveria mais sentido falar em</p><p>controle perante o STF, já que a lei estadual foi retirada do ordenamento jurídico.</p><p>Por fim, vale registrar a possibilidade de o STF exercer controle de constitucionalidade de lei municipal perante a CF</p><p>e com efeitos erga omnes, se na análise inicial do controle abstrato estadual a lei municipal foi confrontada em</p><p>relação à norma da CE de reprodução obrigatória e compulsória da CF. Isto porque, dessa decisão caberá recurso</p><p>extraordinário para o STF, e, malgrado seja instrumento típico do controlo difuso, a decisão no julgamento desse RE</p><p>produzirá os mesmos efeitos da ADI, ou seja, por regra, erga omnes, ex tunc e vinculante, podendo o STF,</p><p>naturalmente, nos termos do art. 27 da Lei 9.868/99, modular os efeitos da decisão.</p><p>Portanto, não se aplicará a regra do art. 52, X, não tendo o Senado Federal qualquer participação.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Art. 97, 102, 103.</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>STF:</p><p>- Súmula Vinculante nº 10.</p><p>- Sumulas: 513, 642.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (TJ/DFT/ANALISTA/2008) Compete ao STF processar e julgar, originariamente, ação direta de</p><p>inconstitucionalidade contra lei ou ato normativo municipal, frente à Constituição Federal, pois qualquer</p><p>norma em contrário constituiria tese limitativa à condição de guardião da Constituição Federal</p><p>ostentada pelo STF.</p><p>II. (PGE/PB/PROCURADOR/2008) Cabe ao STF processar e julgar, originariamente, ação direta de</p><p>inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal.</p><p>III. (TJ/SE/JUIZ/2008) A CF veda que o STF conheça de causa em que haja discussão quanto à</p><p>constitucionalidade de lei municipal.</p><p>IV. (DPGU/DEFENSOR/2007) Considerando a lei 9.868/99, julgue: a declaração de constitucionalidade ou de</p><p>inconstitucionalidade em ADIn e ação declaratória de constitucionalidade tem sempre efeito vinculante</p><p>em relação ao Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta.</p><p>V. (TJ/SE/JUIZ/2008) A decisão de procedência em ação direta de inconstitucionalidade não tem eficácia</p><p>vinculante, razão pela qual o magistrado de primeiro grau não está obrigado a observá-la em caso de</p><p>aplicação de mesmo dispositivo legal em causa cuja incidência de precedente foi alegada.</p><p>GABARITO:</p><p>I. E</p><p>II. E</p><p>III. E</p><p>IV. E</p><p>V. E</p><p>ORGANIZAÇÃO DOS PODERES</p><p>DO PODER LEGISLATIVO</p><p>Atribuições do Congresso Nacional</p><p>As atribuições do Congresso Nacional podem ser dividias, basicamente, entre os artigos 48 e 49 da CF/88.</p><p>No art. 48, para dispor sobre todas as matérias de competência da União, encontram-se as atribuições</p><p>legislativas do Congresso que, como tais, dependem de sanção do Presidente da República para que sejam</p><p>aperfeiçoadas.</p><p>Já no art. 49 a Constituição consagra competências políticas próprias exclusivas do Congresso Nacional, não</p><p>havendo que se falar aqui em manifestação por parte do Presidente da República nem pelo instrumento da sanção,</p><p>menos ainda pelo veto.</p><p>Tais atribuições, como ressaltado, não têm natureza legislativa, ao contrário, são competências políticas</p><p>próprias que, inclusive, se materializam por meio de decreto legislativo.</p><p>Para as provas, recomenda-se uma leitura atenta de cada um desses artigos.</p><p>Todavia, com o objetivo de auxiliar o entendimento acerca da matéria, uma dica é observar que as</p><p>competências do Congresso Nacional previstas no art. 49 da CF, em sua grande parte, traduzem situações de</p><p>controle, fiscalização ou regulação das atividades e assuntos inerentes à Presidência da República, o que justifica,</p><p>por óbvio, a desnecessidade da sanção presidencial para o seu aperfeiçoamento.</p><p>Exemplos dessa constatação são os incisos II, III, V, VIII, IX, X e XIV. Em síntese, tais dispositivos consagram,</p><p>respectivamente:</p><p>▪ autorizar o Presidente da República a declarar a guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras</p><p>transitem pelo território nacional ou nele permaneça temporariamente, ressalvados os casos previstos em</p><p>lei complementar;</p><p>A ultima prova cai os controle</p><p>as organização dos controle</p><p>ART: 48 e 49</p><p>▪ autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder</p><p>a quinze dias;</p><p>▪ sustar os atos</p><p>normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites da</p><p>delegação legislativa;</p><p>▪ fixar o subsídio do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observando</p><p>limites estabelecidos na Constituição;</p><p>▪ julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a</p><p>execução dos planos de governo;</p><p>▪ fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os</p><p>da administração indireta; e</p><p>▪ aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares.</p><p>Câmara dos deputados</p><p>Principais características</p><p>▪ Composta por representantes do povo</p><p>▪ Deputados Federais eleitos pelo sistema ou princípio proporcional</p><p>▪ Número total de 513 Deputados Federais</p><p>▪ Mandato de 4 anos</p><p>▪ Idade mínima de 21 anos para a assunção do cargo</p><p>Senado Federal</p><p>Principais características</p><p>▪ Composto por representantes dos Estados e do Distrito Federal</p><p>▪ Senadores da República eleitos pelo sistema majoritário</p><p>▪ Número total de 81 Senadores da República</p><p>▪ Mandato de 8 anos</p><p>▪ Idade mínima de 35 anos para a assunção do cargo</p><p>Finalmente, concluindo a abordagem sobre a Câmara dos Deputados e sobre o Senado Federal, abaixo segue</p><p>tabela com a sistematização das principais características de cada uma dessas casas legislativas:</p><p>respresenta o estado</p><p>ler toda a aparte do controle de funcionalidade</p><p>são legitimado</p><p>Imunidades parlamentares</p><p>Tais imunidades podem ser identificadas como prerrogativas daqueles que exercem a função parlamentar e</p><p>possuem como objetivo permitir um desempenho livre e independente do mandato.</p><p>A doutrina costuma classificar as imunidades em: a) material (real, substantiva, também chamada de</p><p>inviolabilidade parlamentar); b) processual (formal ou adjetiva, que pode ser tanto em ralação à prisão, quanto em</p><p>relação ao processo). Ao lado dessas imunidades alguns doutrinadores ainda inserem o estudo do foro privilegiado ou</p><p>por prerrogativa de função.</p><p>Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar</p><p>A Constituição Federal, no caput do art. 53, consagra essa primeira espécie de imunidade. Segundo esse</p><p>dispositivo, os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quiser de suas opiniões palavras e</p><p>votos. É a consagração da imunidade material ou inviolabilidade parlamentar.</p><p>Complementando o texto constitucional, doutrina e jurisprudência entendem que essas imunidades só valem</p><p>quando o parlamentar estiver no exercício das suas funções, ou desempenhando alguma atividade que guarde</p><p>relação com o mandato, não sendo necessário que ele esteja dentro do recinto do Congresso Nacional.</p><p>Trata-se, efetivamente, de uma cláusula de irresponsabilidade geral que assegura ao parlamentar o direito de</p><p>não ser condenado civil e penalmente (também disciplinar e politicamente) por suas opiniões palavras e votos</p><p>proferidos em razão do exercício do mandato ou do desempenho da função parlamentar.</p><p>Imunidade formal ou processual</p><p>Conforme já sinalizado, a imunidade processual relaciona-se tanto com a prisão de parlamentares, quanto com</p><p>o processamento deles. Aqui serão analisadas as duas situações de modo separado.</p><p>a) Prisão</p><p>A imunidade formal ou processual para a prisão está prevista na Carta Magna no art. 53, § 3º. A partir deste</p><p>enunciado, fica estabelecido que desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional (Deputados</p><p>Federais e Senadores da República) não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável.</p><p>Ainda assim, neste caso, o texto determina que os autos sejam remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva,</p><p>para que, pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta, segundo o STF), resolva sobre a prisão.</p><p>É importante perceber que a aquisição desta imunidade se dá com a diplomação, e não com a posse (momento</p><p>posterior) como costumam colocar as bancas examinadoras com o objetivo de induzir o candidato ao erro.</p><p>Nesse sentido, é possível concluir que para a manutenção da prisão em flagrante delito de crime inafiançável, a</p><p>aprovação pela casa, mediante voto aberto, se apresenta como uma condição indispensável.</p><p>b) Processo</p><p>Alterando panorama anterior, a Emenda Constitucional n. 35/2001 passou a dispensar licença prévia da Casa</p><p>respectiva para que os parlamentares pudessem ser processados.</p><p>Dessa forma, com a nova previsão, no caso de oferecimento de denúncia contra parlamentar, poderá o</p><p>Supremo Tribunal Federal recebê-la, não mais havendo que se falar em prévia licença da Casa a que pertence o</p><p>Deputado ou Senador.</p><p>Assim, conforme a previsão do art. 53, § 3º, da CF, recebida a denúncia contra Senador ou Deputado, por crime</p><p>ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à casa respectiva, que, por iniciativa de</p><p>partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros (maioria absoluta, quórum qualificado),</p><p>poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.</p><p>Novamente percebe-se que o momento a partir do qual o parlamentar passa a gozar da imunidade é a</p><p>diplomação, e não a posse. Além disso, a partir do atual regramento, a prerrogativa apenas está relacionada com os</p><p>crimes praticados após a diplomação, não antes.</p><p>Com o § 4º desse mesmo dispositivo, a Constituição enuncia que o pedido de sustação será apreciado pela Casa</p><p>respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela mesa diretora.</p><p>Já nos termos do § 5º, tem-se que a sustação do processo suspende a prescrição enquanto durar o mandato.</p><p>Foro privilegiado</p><p>Voltando ao § 1º do mesmo art. 53 da Carta de Outubro, o constituinte consagrou que os Deputados e</p><p>Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.</p><p>Assim, conclui a doutrina que independentemente do tipo de crime que tenha sido praticado, a competência</p><p>para o processamento desses parlamentares é do Pretório Excelso, confirmando, assim, o foro por prerrogativa de</p><p>função.</p><p>Lembrando que, segundo a jurisprudência do STF confirmada em sede de ação direta de inconstitucionalidade</p><p>(ADIN), caso o mandato termine antes do fim do processo, não ocorrerá o fenômeno da perpetuatio jurisdictionis</p><p>(perpetuação da jurisdição), não competindo mais à Suprema Corte dar sequência ao processo e julgamento.</p><p>Já na hipótese de crime praticado por alguém que não era parlamentar e, no curso do processo, se elege</p><p>Deputado Federal ou Senador da República, a orientação é que o processo seja imediatamente remetido ao STF</p><p>para que este, estando presentes os requisitos, dê andamento à ação.</p><p>Porém, neste caso, por se tratar de um crime praticado antes da diplomação, muito embora o processo seja</p><p>remetido para o Supremo, este não terá que dar ciência à casa respectiva que, por sua vez, também não poderá</p><p>interferir na ação. Não há que se falar aqui, portanto, na existência de imunidade processual.</p><p>Ainda, em se tratando de infração cometida após o encerramento do mandato não incide o foro privilegiado.</p><p>Este entendimento, inclusive, está cristalizado na súmula 451 do STF, prevendo que a competência especial por</p><p>prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após a cessação definitiva do exercício funcional.</p><p>Questão interessante diz respeito à possibilidade de renúncia das imunidades. O entendimento que prevalece</p><p>(e que, portanto, deve ser seguido em prova) é que as tais prerrogativas parlamentares não podem ser objeto de</p><p>renúncia, já que dizem respeito ao cargo, e não à pessoa que o ocupa.</p><p>Além disso, como tais privilégios estão relacionados ao efetivo desempenho das atividades inerentes à função</p><p>parlamentar, tais prerrogativas não são estendidas aos suplentes, que também não poderão se beneficiar do foro</p><p>por prerrogativa de função.</p><p>Imunidade parlamentar estadual e municipal</p><p>No âmbito dos Estados-membros,</p><p>normativo, a uma roupa que assenta bem, que realmente veste bem.</p><p>• SEMÂNTICA (utilizada apenas para justificar juridicamente o exercício autoritário do poder)</p><p>Encontra-se submersa ao poder político prevalecente. Trata-se de um documento formal, criado para beneficiar os</p><p>detentores do poder de fato, que dispõe dos meios para coagir os governados.</p><p>Aqui KARL LOEWENSTEIN comparava o texto normativo com uma roupa que não veste bem, mas que dissimula,</p><p>esconde, disfarça os seus defeitos.</p><p>• NOMINAIS (com valor jurídico)</p><p>Nela a dinâmica do processo político não se adapta a suas normas, embora ela conserve, em sua estrutura, um</p><p>caráter educativo, com vistas ao futuro da sociedade.</p><p>Seria uma constituição prospectiva, vale dizer, voltada para um dia ser realizada na prática. É como se fosse uma</p><p>roupa guardada no armário, que será vestida futuramente, quando o corpo nacional tiver crescido.</p><p>OBS: Até hoje não tivemos um texto constitucional normativo. A CF/88, sem dúvida, é nominal. Esperamos, um dia,</p><p>por uma constituição normativa, em consonância com a vida, com os fatores de transformação da sociedade, para</p><p>valer na prática, produzindo resultados concretos no plano da vida.</p><p>A CF/88 PRETENDE SER NORMATIVA (GUILHERME PEÑA DE MORAES / PEDRO LENZA)</p><p>9- QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO:</p><p>• UNITÁRIA</p><p>Também são denominadas de reduzidas, unitextuais ou codificadas. É aquela em que a sistematização das matérias</p><p>apresenta-se num instrumento único e exaustivo de todo o seu conteúdo.</p><p>Ex. Todas as constituições brasileiras.</p><p>• VARIADA</p><p>Também chamadas de não codificadas ou legais, encontram-se previstas em textos esparsos.</p><p>10 – QUANTO À FUNÇÃO OU FINALIDADE (MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO)</p><p>• CONSTITUIÇÃO GARANTIA</p><p>Busca garantir a liberdade, limitando o poder. É aquela que possui um mínimo de garantismo.</p><p>• CONSTITUIÇÃO BALANÇO</p><p>É aquela destinada a registrar um dado estágio nas relações de poder no Estado. A Constituição é elaborada para</p><p>espelhar certo período político, findo o qual é elaborado outro texto constitucional.</p><p>• CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE</p><p>De texto denso (analíticas) é aquela que estabelece um projeto de Estado.</p><p>É aquela que estabelece programas de ação governamental e de implementação de direitos, de um ideal social, bem</p><p>como princípios a serem observados. É a CF/88.</p><p>Essa Constituição dirigente é caracterizada pela presença no texto de normas programáticas. São normas que têm</p><p>como destinatários diretos não os indivíduos, mas os órgãos estatais, requerendo destes a atuação numa</p><p>determinada direção, apontada pelo legislador constituinte.</p><p>11 – QUANTO AO SISTEMA</p><p>• PRINCIPIOLÓGICA</p><p>Predominam os princípios, identificados como normas constitucionais providas de alto grau de abstração,</p><p>consagradores de valores.</p><p>• PRECEITUAL</p><p>Prevalecem as regras, individualizadas como normas constitucionais revestidas de pouco grau de abstração.</p><p>Conteúdo: Formal</p><p>Forma: Escrita</p><p>Origem: Democrática</p><p>Constituição Brasileira Estabilidade: Rígida</p><p>de 1988 Extensão: Analítica</p><p>Elaboração: Dogmática</p><p>Ideologia: Eclética</p><p>Essência: Nominal</p><p>Sistematização: Unitária</p><p>Função: Dirigente</p><p>Sistema: Principiológica</p><p>ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988</p><p>O objeto e o conteúdo podem ser inferidos títulos. A Constituição tem 9 títulos.</p><p>A estrutura é composta pelo preâmbulo, parte transitória e parte dogmática.</p><p>• PREÂMBULO</p><p>Preâmbulo é a parte precedente de uma Constituição que pré anuncia a carga ideológica da mesma, os valores que</p><p>ela prestigia e os fins por ela estabelecidos. Preâmbulo é um anúncio prévio do que virá.</p><p>Segundo o STF, o preâmbulo não tem força coercitiva e, portanto, não pode servir de parâmetro para o exercício do</p><p>controle de constitucionalidade.</p><p>As Constituições Estaduais e as leis orgânicas municipais podem ou não apresentar preâmbulo, pois não se trata de</p><p>norma de repetição obrigatória.</p><p>Para o Supremo, o preâmbulo é mero instrumento de interpretação, não tem força obrigatória, não é de repetição</p><p>obrigatória. Se situa no domínio da política, e não do direito.</p><p>Por oportuno, já se questionou se a menção a Deus no preâmbulo viola a ideia de Estado laico. O STF disse que não.</p><p>Vale lembrar que o Estado é laico, leigo ou não confessional, mas a nação não. Esta não é laica.</p><p>Assim, a finalidade da norma preambular é interpretativa. Preâmbulo serve para dirimir conflitos, antinomias entre</p><p>normas constitucionais.</p><p>• PARTE DOGMÁTICA</p><p>A carta é dogmática, pois apresenta condutas que representam concepções políticas. A CF é dogmática em 250</p><p>artigos e 9 títulos.</p><p>A disposição dos títulos da CF demonstra como existe hierarquia material entre as normas constitucionais (e isso é</p><p>pacífico), muito embora no aspecto formal não exista hierarquia.</p><p>É fácil observar que as normas constitucionais mais importantes estão no início da CF.</p><p>• PARTE TRANSITÓRIA (ADCT)</p><p>As normas que integram o ADCT são normas de validade pré-determinada, transitórias. São normas que têm um</p><p>início, meio e fim pré-definidos. A validade é previamente definida.</p><p>Quando seus objetos são alcançados, elas deixam de ser importante, afinal, o motivo para o qual foram criadas já</p><p>não mais existe. São normas que ficam flutuando na Constituição. Tem força obrigatória.</p><p>Tem força obrigatória, vinculante, coercitivo.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Preâmbulo.</p><p>- Títulos: I, II, III e IV.</p><p>- Art. 60.</p><p>- Art. 242, § 2º.</p><p>- ADCT: Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>- STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 2076 / “Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de</p><p>reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa”.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Diz-se outorgada a constituição que surge sem a participação</p><p>popular.</p><p>II. (PF/AGENTE E ESCRIVÃO/CESPE/1997) Considerando-se a classificação das normas constitucionais em</p><p>formais e materiais, seriam dessa última categoria, sobretudo as normas concernentes à estrutura e à</p><p>organização do Estado, à regulação do exercício do poder e aos direitos fundamentais. Desse ângulo,</p><p>outras normas, ainda que inseridas no corpo da Constituição escrita, seriam constitucionais tão somente</p><p>do ponto de vista formal.</p><p>III. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) A invocação a Deus, presente no preâmbulo da CF, reflete</p><p>um sentimento religioso, o que não enfraquece o fato de o Estado brasileiro ser laico, ou seja, um Estado</p><p>em que há liberdade de consciência e de crença, onde ninguém é privado de direitos por motivo de</p><p>crença religiosa ou convicção filosófica.</p><p>IV. (AGU/PROCURADOR FEDERAL/ CESPE/2007) O preâmbulo constitucional possui destacada relevância</p><p>jurídica, situando-se no âmbito do direito e não simplesmente no domínio da política.</p><p>V. (PGE-PE/PROCURADOR DO ESTADO/CESPE/2009) O preâmbulo constitucional, segundo entendimento</p><p>do STF, tem eficácia jurídica plena, consistindo em norma de repetição obrigatória nas constituições</p><p>estaduais.</p><p>GABARITO</p><p>I. C</p><p>II. C</p><p>III. C</p><p>IV. E</p><p>V. E</p><p>PODER CONSTITUINTE</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>PODER CONSTITUINTE</p><p>1. CONCEITO DE PODER CONSTITUINTE</p><p>Poder constituinte é o poder de elaborar (poder originário) ou atualizar (poder derivado) uma Constituição, através</p><p>da supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais.</p><p>No Brasil, no verbo elaborar, é possível afirmar que nós já ultrapassamos oito exercícios do poder constituinte</p><p>originário: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967, 1969, 1988.</p><p>Vale lembrar que a CF/69 formalmente era uma emenda, mas materialmente era uma Constituição.</p><p>2. ORIGENS DA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE</p><p>O grande teórico do poder constituinte foi o abade Emmanuel Joseph Sieyès, através do seu panfleto denominado</p><p>“Que é o terceiro Estado?”.</p><p>Foi nessa obra que o abade,</p><p>o art. 27, § 1º, da CF/88, consagra que se aplicam aos Deputados Estaduais as</p><p>mesmas regras previstas na Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda</p><p>de mandato, licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.</p><p>A partir deste enunciado atenta-se apenas para a necessidade de adaptação de tais regras à esfera estadual, em</p><p>sintonia com o princípio da simetria ou paralelismo das formas. Assim, onde se lê Câmara dos Deputados e Senado</p><p>Federal, leia-se Assembleia Legislativa. E onde há referência ao Supremo Tribunal Federal, leia-se Tribunal de Justiça.</p><p>Finalmente, no âmbito municipal, o Texto Maior no art. 29, VIII, prevê a imunidade dos Vereadores por suas</p><p>opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município.</p><p>Assim, conclui-se que os Vereadores, no exercício de suas funções, apenas gozam da imunidade material, e na</p><p>circunscrição do respectivo Município.</p><p>Fechando, portanto, a abordagem referente às imunidades dos Deputados e Senadores, vale salientar que estas</p><p>prerrogativas subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de 2/3 dos membros</p><p>da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis</p><p>com a execução da medida.</p><p>As Comissões Parlamentares de Inquérito</p><p>De acordo com o artigo 58, § 3º, da CF, as comissões parlamentares de inquérito têm poderes de investigação</p><p>próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos internos das respectivas Casas</p><p>Legislativas.</p><p>Concluída a investigação, sendo o caso, as conclusões serão encaminhadas ao Ministério Público para que se</p><p>promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.</p><p>De um modo geral, a composição de uma CPI deve traduzir a representação proporcional dos partidos políticos</p><p>que participam da respectiva Casa.</p><p>A criação de uma comissão parlamentar de inquérito depende do atendimento de três requisitos</p><p>constitucionais, quais sejam: a) requerimento de um terço dos membros da Casa Legislativa; b) apuração de fato</p><p>determinado; c) fixação de prazo certo para a conclusão dos trabalhos.</p><p>No que tange ao requerimento, a CPI poderá ser criada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, de</p><p>modo conjunto (comissão parlamentar mista de inquérito – CPMI) ou separadamente (comissão exclusiva).</p><p>Exige-se, portanto, requerimento de um terço dos membros da Câmara Federal, sendo a comissão criada pelos</p><p>Deputados, ou de um terço dos membros do Senado, na hipótese da comissão ser criada pelos Senadores da</p><p>República (comissões exclusivas).</p><p>Já no caso de criação da comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), exige-se o requerimento de um terço</p><p>dos membros de ambas as Casas Legislativas.</p><p>Conforme mencionado, às CPIs são conferidos poderes de investigação próprios das autoridades judiciais. Tais</p><p>poderes, naturalmente, não são ilimitados, devendo sempre observar os direitos e garantias fundamentais, tais</p><p>como o privilégio da não autoincriminação (CF, art. 5º, LXIII), bem como o segredo de ofício e o sigilo profissional</p><p>(CF, art. 5º, XIV).</p><p>A doutrina afirma que a CPI possui poderes instrutórios e investigatórios, mas não possui poder geral de</p><p>cautela.</p><p>Como desdobramento do poder de investigação conferido pela CF às CPIs, podem elas determinar:</p><p>▪ A quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (destaque-se o sigilo de dados telefônicos)</p><p>▪ A busca e apreensão de documentos</p><p>▪ A condução coercitiva para depoimento</p><p>▪ A realização de exames periciais</p><p>De outro modo, por não poderem praticar atos de jurisdição exclusivos do Poder Judiciário, não podem as CPIs:</p><p>▪ Realizar diligência de busca domiciliar</p><p>▪ Quebrar o sigilo das comunicações telefônicas (interceptação telefônica)</p><p>▪ Dar ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito (crime de falso testemunho, por exemplo)</p><p>▪ Praticar atos de jurisdição cautelar (arresto, sequestro, hipoteca judiciária, indisponibilidade dos bens,</p><p>proibição de ausentar-se do país)</p><p>Reitere-se, por fim, que as comissões parlamentares de inquérito não são órgãos de acusação ou julgamento,</p><p>mas apenas de investigação. Justamente por isso, podem, sim, sofrer controle pelo Poder Judiciário.</p><p>DO PODER EXECUTIVO</p><p>Sistemas de governo</p><p>Segundo a doutrina de Pedro Lenza, sistemas de governo são fórmulas concebidas para se aferir o grau de</p><p>dependência nas relações travadas entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo. Tais sistemas podem ser:</p><p>parlamentarismo ou presidencialismo.</p><p>Num regime de total independência encontra-se o presidencialismo, enquanto que num regime de relativa</p><p>dependência, situa-se o parlamentarismo. Essa conclusão pode ser encontrada a partir da análise da forma como as</p><p>atividades de chefia de Estado e chefia de Governo são distribuídas em cada um dos sistemas.</p><p>No sistema presidencialista, tanto as funções de chefe de Estado, quanto as atribuições de chefe de Governo</p><p>são atribuídas à mesma pessoa, qual seja: o Presidente da República. Neste caso, ao parlamento, tipicamente, só</p><p>cabe legislar, não participando da direção da vida política nacional nem da implementação das políticas públicas</p><p>constitucionalmente previstas.</p><p>Já no sistema parlamentarista, por sua vez, as funções de chefe de Governo são atribuídas ao Primeiro-</p><p>Ministro, que chefia o Gabinete, enquanto que as funções de chefe de Estado podem se concentrar tanto nas mãos</p><p>do Presidente da República (caso se esteja diante de uma República parlamentarista), quanto nas mãos do Monarca</p><p>(em sendo o caso de uma Monarquia parlamentarista).</p><p>Como principais características de cada um dos sistemas, é possível encontrar:</p><p>▪ Presidencialismo: idealizado nos Estados Unidos da América, trazendo a eleição do Presidente da</p><p>República pelo povo, para exercer mandato com prazo determinado, e com alto grau de liberdade para</p><p>escolher e exonerar os seus auxiliares imediatos, quais sejam, os Ministros.</p><p>▪ Parlamentarismo: de influência inglesa, traz um Primeiro-Ministro como chefe de Governo, indicado</p><p>pelo chefe de Estado, dependendo de aprovação do parlamento, exercendo um mandato com prazo</p><p>não determinado. Como não existe um prazo previamente estabelecido, a queda do Primeiro-Ministro</p><p>poderá se dá de duas formas: a) por perda da maioria no parlamento pelo seu partido; b) mediante o</p><p>voto de desconfiança (quando a sociedade e o chefe de Estado perdem a confiança no parlamento,</p><p>este pode declarar extinto os mandatos e convocar novas eleições).</p><p>Por histórica influência norte-americana, o sistema de governo adotado no Brasil (e vivenciado durante quase</p><p>toda a República) é o presidencialista. Não foi durante todo o período republicano porque durante a vigência da</p><p>Constituição Federal de 1946 a Emenda Constitucional n. 4/61 instituiu o parlamentarismo na realidade política</p><p>brasileira, porém, pouco tempo depois, a Emenda Constitucional n. 6/63 restabeleceu o sistema presidencialista.</p><p>Vale registrar que este sistema, inclusive, foi confirmado na vigência da Constituição de 1988 a partir de uma</p><p>consulta plebiscitária autorizada pelo art. 2º do ADCT.</p><p>Esse dispositivo previu que no dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado iria definir, através de plebiscito, a forma</p><p>(república ou monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem</p><p>vigorar no país. Como resultado, venceu a forma republicana e o sistema presidencialista de governo.</p><p>Nesse sentido, o art. 76 da Constituição brasileira de 1988 consagra que o Poder Executivo é exercido pelo</p><p>Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado. Ou seja, aí está a consagração da forma de Executivo</p><p>monocrático, é dizer, aquele que concentra nas mãos do Presidente tanto as funções de chefe de Estado, quanto as</p><p>de chefe de Governo.</p><p>Atribuições do Presidente da República</p><p>As atribuições</p><p>do Presidente da República foram previstas na Constituição de 1988 no art. 84. Neste dispositivo,</p><p>portanto, é possível encontrar não só as competências caracterizadoras da chefia de Estado (marcadas pela</p><p>representação internacional do Brasil), como também da chefia de Governo (relacionadas à condição da vida política</p><p>nacional no âmbito interno).</p><p>De logo, insta salientar que tais atribuições não encerram um rol taxativo, vale dizer, numerus clausus. Ao</p><p>contrário, a previsão específica dessas competências não exclui outras que decorrem do próprio texto</p><p>constitucional. O rol, portanto, é meramente exemplificativo, é dizer, numerus apertus.</p><p>Outro não é o entendimento que pode ser extraído do inciso XXVII desse mesmo artigo. Segundo esse</p><p>dispositivo, também compete ao Presidente do Brasil exercer outras atribuições previstas na Constituição.</p><p>De fato, não seria razoável imaginar que todas as atribuições possíveis e imagináveis de um Presidente da</p><p>República viessem taxativamente previstas em um texto contendo vinte e sete incisos.</p><p>Outro ponto digno de nota diz respeito à possibilidade de tais competências serem delegadas. Quem responde</p><p>é o próprio art. 84 da CF, em seu parágrafo único.</p><p>Com essa previsão, tem-se que o Presidente da República poderá delegar as atribuições previstas nos incisos VI,</p><p>XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da</p><p>União, que deverão observar os limites traçados nas respectivas delegações.</p><p>Dada a especificidade, é indispensável que o candidato chegue à prova dominando, especialmente, essas três</p><p>atribuições passíveis de delegação. São elas:</p><p>VI – dispor mediante decreto sobre:</p><p>a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem</p><p>criação ou extinção de órgãos públicos;</p><p>b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;</p><p>XII – conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei.</p><p>XXV – prover os cargos públicos federais na forma de lei.</p><p>Observe que no inciso XXV não é passível de delegação a competência para a extinção dos cargos públicos</p><p>federais, mas só para provimento. Tudo isso porque o parágrafo único do artigo só se refere à primeira parte do</p><p>dispositivo, e não à sua integralidade.</p><p>Ressalte-se, ainda, que essa extinção de cargos públicos federais, que não é passível de delegação, não se</p><p>confunde com a extinção de funções ou cargos públicos do inciso VI, alínea “b”, esta, por sua vez, possível de ser</p><p>delegada.</p><p>Não se trata de paradoxo (contradição), é que a partir da leitura deste último dispositivo, o que se percebe é</p><p>que só é possível a delegação da extinção de cargos públicos quando eles estiverem vagos, ressalva esta, como se</p><p>percebe, que não foi feita no inciso XXV.</p><p>Responsabilidade do Presidente da República</p><p>A partir de agora será analisada a responsabilização do Presidente da República quando da prática de crimes de</p><p>responsabilidade e de crimes comuns.</p><p>Crimes de responsabilidade</p><p>Crimes de responsabilidade são infrações de natureza política e administrativa que dão ensejo ao processo de</p><p>impeachment.</p><p>Essas infrações podem ou não constituir tipos penais. Quando constituem, são chamadas de crimes de</p><p>responsabilidade próprios (contando, inclusive, com previsão no Código Penal e na legislação especial).</p><p>Do contrário, ficando apenas na esfera extrapenal, são chamados de crimes de responsabilidade impróprios.</p><p>Esses últimos, sim, objeto de presente estudo.</p><p>Na Constituição Federal de 1988 tais infrações políticas estão disciplinadas no art. 85. Com esse dispositivo, são</p><p>crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e,</p><p>especialmente, contra:</p><p>I – a existência da União;</p><p>II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes</p><p>constitucionais das unidades da Federação;</p><p>III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;</p><p>IV – a segurança interna do País;</p><p>V – a probidade na administração;</p><p>VI – a lei orçamentária;</p><p>VII – o cumprimento das leis e das decisões judiciais.</p><p>Com o parágrafo único tem-se que esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de</p><p>processo e julgamento. Trata-se da Lei n. 1.079/50, que foi alterada pela Lei n. 10.028/2000, ampliando o rol das</p><p>infrações político-administrativas, com ênfase em relação aos crimes contra a lei orçamentária.</p><p>Adentrando, agora, na seara do procedimento, de saída vale advertir que o mesmo é bifásico, ou seja,</p><p>composto por duas fases: uma inicial e outra final.</p><p>a) Fase inicial</p><p>A fase inicial se dá mediante o oferecimento de uma acusação, por qualquer cidadão no pleno gozo dos seus</p><p>direitos políticos, no âmbito da Câmara dos Deputados, contra o Presidente da República, pela prática de uma das</p><p>infrações político-administrativas arroladas como ensejadoras de crime de responsabilidade.</p><p>É a Câmara dos Deputados, portanto, que exercerá esse juízo de admissibilidade, funcionando como se fosse</p><p>um tribunal de pronúncia, declarando ser a acuação procedente ou não.</p><p>Caso a Câmara entenda que a acusação preenche os requisitos de procedibilidade, o que dependerá da maioria</p><p>qualificada de 2/3 dos seus membros, admitida estará a instauração do processo no âmbito do Senado Federal,</p><p>dando início à segunda fase.</p><p>b) Fase final</p><p>Como visto, a fase final ocorre no âmbito do Senado Federal, que deverá instaurar o processo caso seja</p><p>admitida a acusação por 2/3 dos membros da Câmara dos Deputados, exercendo um juízo de processamento,</p><p>atuando como tribunal de julgamento.</p><p>Essa sessão no âmbito do Senado será presidida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, consoante</p><p>disposição do art. 52, parágrafo único, da CF/88. Exercendo o julgamento, os Senadores da República poderão</p><p>absolver o acusado ou condená-lo pela prática de crime de responsabilidade.</p><p>Lembrando que, assim como na aceitação da acusação pela Câmara dos Deputados, o quórum para a</p><p>condenação, que terá a forma de resolução do Congresso Nacional, também é de 2/3 dos membros.</p><p>Ainda à luz do art. 52, parágrafo único, da CF, a condenação limitar-se-á à perda do cargo, com inabilitação, por</p><p>oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.</p><p>Sintetizando:</p><p>▪ Condenação – resolução do Senado Federal</p><p>▪ Quórum – 2/3</p><p>▪ Sanção – perda do cargo e inabilitação para a função pública por 8 anos, sem prejuízo das demais sanções</p><p>judiciais cabíveis.</p><p>Também não se deve perder de vista a regra segundo a qual após a instauração do processo pelo Senado nos</p><p>crimes de responsabilidade, o Presidente ficará suspenso de suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art. 86, § 1º,</p><p>II).</p><p>Se o julgamento não estiver concluído no referido prazo, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do</p><p>regular seguimento do processo (CF, 86, § 2º).</p><p>Crimes comuns</p><p>O procedimento de responsabilização do Presidente da República por crime comum também é bifásico.</p><p>a) Fase inicial</p><p>A fase inicial também acontece no âmbito da Câmara dos Deputados, que exercendo um juízo de</p><p>admissibilidade, atuando tal qual um tribunal de pronúncia, pode aceitar ou não a acusação contra o Presidente da</p><p>República, também pelo quórum de 2/3 dos seus membros.</p><p>Essa acusação terá a forma de denúncia, em se tratando de crime de ação penal pública, ofertada pelo</p><p>Procurador-Geral da República, ou poderá assumir a forma de queixa-crime, em se tratando de crime de ação penal</p><p>privada, a se oferecida pelo próprio ofendido.</p><p>b) Fase final</p><p>Recebida a denúncia ou queixa-crime pelo pela Câmara dos Deputados, passa-se à próxima fase marcada pela</p><p>instauração do processo no âmbito do Supremo Tribunal Federal (órgão competente para o julgamento do</p><p>Presidente da República</p><p>em decorrência da prática de crime comum).</p><p>Essa competência originária do STF para julgamento do Presidente da República abrange todas as modalidades</p><p>de ilícitos penais, alcançando também os crimes eleitorais, os crimes dolosos contra a vida e, inclusive, as</p><p>contravenções penais.</p><p>Vale ressaltar que, em nome do princípio da separação dos Poderes, o Pretório Excelso não está obrigado a</p><p>receber a denúncia ou queixa-crime, ainda que tenha havido autorização por parte da Câmara dos Deputados, ao</p><p>contrário do que ocorre nos crimes de responsabilidade.</p><p>O STF, portanto, exercerá o juízo de processamento, funcionando, normalmente, como um tribunal de</p><p>julgamento, e poderá absolver ou condenar o Presidente prática do crime comum.</p><p>Caso a Corte Suprema entenda que ele seja culpado e julgue procedente o pedido, a condenação aqui será</p><p>aquela prevista no próprio tipo penal, ocorrendo a perda do cargo apenas de modo indireto como uma</p><p>consequência da suspensão dos direitos políticos operada por força do art. 15, III, da CF/88.</p><p>Vale lembrar que do mesmo modo como ocorre nos crimes de responsabilidade, recebida a denúncia ou</p><p>queixa-crime, o Presidente da República ficará suspenso das suas funções pelo prazo de 180 dias (CF, art. 86, § 1º, I).</p><p>Novamente aqui, findo esse prazo sem que tenha havido julgamento, cessará o afastamento do Presidente, sem</p><p>prejuízo do regular prosseguimento do processo (CF, art. 86, § 2º).</p><p>Ainda nos termos do art. 86, § 3º, enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o</p><p>Presidente da República não estará sujeito à prisão.</p><p>Imunidade presidencial (irresponsabilidade penal relativa)</p><p>A Constituição Federal consagra, em seu art. 86, § 4º, a chamada imunidade presidencial ou cláusula de</p><p>irresponsabilidade penal relativa. Segundo esse dispositivo, durante a vigência do seu mandato, o Presidente da</p><p>República não poderá ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.</p><p>A partir da consagração desta imunidade, fica estabelecido que o Presidente, enquanto durar o seu mandato,</p><p>apenas poderá ser responsabilizado pela prática de atos que guardem relação com o exercício das suas funções (in</p><p>officio ou propter officium).</p><p>Noutras palavras, caso ele tenha praticado uma infração criminal (ilícito penal), antes de assumir o cargo de</p><p>Presidente, ou depois dessa assunção, porém sem nenhuma relação funcional, gozará da cláusula de</p><p>irresponsabilidade penal relativa.</p><p>Ou seja, enquanto estiver no cargo, não poderá ser responsabilizado, entretanto, por óbvio, durante este</p><p>período, suspenso estará o prazo de prescrição do delito enquanto durar o mandato. Neste caso, só haverá que se</p><p>falar em persecutio criminis depois do término do mandato, perante o órgão da justiça comum competente.</p><p>Vale lembrar que essa imunidade se restringe apenas aos tipos penais (não abrangendo as infrações de</p><p>natureza civil, política, administrativa e fiscal) que tenham sido praticados antes do exercício do mandato, ou</p><p>durante, porém sem qualquer relação funcional.</p><p>Se praticados no exercício do mandato e guardando relação com as funções de Presidente da República,</p><p>naturalmente será possível a instauração da persecução criminal.</p><p>DO PODER JUDICIÁRIO</p><p>Organograma do Poder Judiciário</p><p>Já se disse que o Poder, assim como o Direito, é uno é indivisível, ou seja, indecomponível. Admite-se, porém,</p><p>um abrandamento dessa ideia com a divisão do Direito em ramos (ou províncias jurídicas). Lembrando que essa</p><p>distribuição possui fins eminentemente didáticos, é dizer, por questão de mera conveniência acadêmica.</p><p>Do mesmo modo, estudando o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, o que se percebe, em verdade, é uma</p><p>separação das funções estatais. Funções essas que, conforme aqui já sinalizado, podem ser divididas em funções</p><p>típicas e funções atípicas.</p><p>Com o estudo do organograma ou estrutura do Poder Judiciário não é diferente. Apresentado sempre a mesma</p><p>finalidade, o Poder Judiciário também é uno e indivisível. Mais ainda, é correto afirmar que não é ele, propriamente,</p><p>nem federal e nem estadual, mas sim um Poder nacional.</p><p>É um só Poder que possui uma atuação distribuída por diversos órgãos, mais especificamente em duas esferas</p><p>(aqui sim, federal e estadual), a partir de uma distribuição de competências.</p><p>Na trilha desse raciocínio, a Constituição da República elencou, no art. 92, os órgãos do Poder Judiciário. São</p><p>eles:</p><p>I – o Supremo Tribunal Federal;</p><p>I-A – o Conselho Nacional de Justiça;</p><p>II – o Superior Tribunal de Justiça;</p><p>III – os Tribunais Regionais Federais e os Juízes Federais;</p><p>IV – os Tribunais e Juízes do Trabalho;</p><p>V – os Tribunais e Juízes Eleitorais;</p><p>VI – os Tribunais e Juízes Militares;</p><p>VII – os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios.</p><p>Vale ressaltar que o Conselho Nacional de Justiça, embora seja órgão do Poder Judiciário, por ter natureza</p><p>administrativa não compõe a estrutura dos órgãos jurisdicionais.</p><p>Assim, é possível sintetizar esses órgãos da seguinte forma:</p><p>ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIÁRIO</p><p>(órgãos jurisdicionais)</p><p>Estatuto da Magistratura</p><p>Conforme previsão do art. 93, caput, da Constituição Federal, lei complementar, de iniciativa do Supremo</p><p>Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura. Trata-se da consagração do princípio de reserva de lei</p><p>complementar federal.</p><p>Vale registrar que até o presente momento essa lei não foi editada. Em face desse silêncio legislativo, segundo a</p><p>jurisprudência do próprio Supremo Tribunal Federal, fica valendo como Estatuto da Magistratura a LC n. 35/79, que</p><p>foi recepcionada pelo Constituição de 1988.</p><p>Garantias do Poder Judiciário</p><p>Com a finalidade de assegurar a independência e a imparcialidade do Poder Judiciário, a Constituição Federal de</p><p>1988 conferiu-lhe uma série de garantias preservadoras da sua autonomia.</p><p>Tais garantias podem ser divididas em: garantias institucionais e garantias funcionais.</p><p>Garantias institucionais</p><p>Tais garantias têm por finalidade preservar o Poder Judiciário globalmente, como instituição. Podem ser dividias</p><p>em:</p><p>a) Garantias de autonomia orgânico-administrativa</p><p>Estão consagradas nas normas que tratam da estrutura e funcionamento, bem como naquelas que</p><p>estabelecem competências para os tribunais, tais como: eleger seus órgãos diretivos, elaborar o regimento interno,</p><p>organizar internamente a estrutura administrativa etc. (CF, art. 96).</p><p>b) Garantias de autonomia financeira</p><p>Estas, por sua vez, estão relacionadas à possibilidade de elaboração e execução de suas propostas</p><p>orçamentárias, nos termos da Constituição e dentro dos limites estipulados junto com os demais Poderes na lei de</p><p>diretrizes orçamentárias (CF, art. 99).</p><p>Garantias funcionais</p><p>Já as garantias funcionais (também chamadas garantias de órgãos) têm por objetivo assegurar aos membros do</p><p>Poder Judiciário o livre desempenho de suas funções. Também podem ser divididas em:</p><p>a) Garantias de independência</p><p>▪ Vitaliciedade (art. 95, I)</p><p>No primeiro grau de jurisdição, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo,</p><p>nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial</p><p>transitada em julgado.</p><p>Vale lembrar que os demais servidores públicos não gozam de vitaliciedade, mas sim de estabilidade, afinal, a</p><p>perda do cargo poderá se dá por decisão judicial, processo administrativo assegurado o contraditório e a ampla</p><p>defesa, e procedimento de avaliação periódica de desempenho.</p><p>Advirta-se, ainda, que, no âmbito dos tribunais, a garantia da vitaliciedade é adquirida no exato momento da</p><p>posse, independentemente da forma de acesso.</p><p>▪ Inamovibilidade (art. 95, II)</p><p>É a garantia que assegura</p><p>ao magistrado a impossibilidade de remoção, no âmbito da estrutura judiciária, sem</p><p>o seu consentimento.</p><p>Ocorre que o próprio dispositivo que consagra a inamovibilidade também traz uma ressalva, prevista nos</p><p>termos do art. 93, VIII. Com ele, tem-se que o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por</p><p>interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho</p><p>Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.</p><p>▪ Irredutibilidade de subsídios (art. 95, III)</p><p>Com o objetivo de assegurar maior liberdade no desempenho das funções, a Carta Magna garante que o</p><p>subsídio dos magistrados não poderá ser reduzido.</p><p>Vale ressaltar que essa garantia não é exclusiva dos magistrados, sendo hoje estendida também para todos os</p><p>servidores públicos civis e militares.</p><p>b) Garantias de imparcialidade</p><p>Já no parágrafo único do art. 95, o legislador constituinte consagrou algumas vedações com o intuito de</p><p>preservar a imparcialidade dos membros do Poder Judiciário.</p><p>Ei-las:</p><p>▪ exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;</p><p>▪ receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participações em processo;</p><p>▪ dedicar-se à atividade político-partidária;</p><p>▪ receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou</p><p>privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n. 45/2004);</p><p>▪ exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorrido três anos do afastamento do</p><p>cargo por aposentadoria ou remuneração (é a chamada quarentena de saída – EC n. 45/2004).</p><p>Quinto Constitucional</p><p>Segundo o art. 94 do Texto Maior, 1/5 (um quinto) dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais</p><p>dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros do Ministério Público, com mais de 10</p><p>anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva</p><p>atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes.</p><p>O parágrafo único, por sua vez, conclui o raciocínio afirmando que recebidas as indicações, o tribunal formará</p><p>lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes</p><p>para a nomeação.</p><p>Vale ressaltar que embora a previsão do texto constitucional no art. 94 só tenha se referido expressamente aos</p><p>Tribunais Regionais Federais, aos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios, a Emenda Constitucional</p><p>n. 45/2004 passou a estender a obrigatoriedade de observância da regra do quinto constitucional também para o</p><p>Tribunal Superior do Trabalho e para os Tribunais Regionais do Trabalho (arts. 111-A, I e 115, I, da CF,</p><p>respectivamente).</p><p>Lembrando, ainda, que nos termos do art. 104, parágrafo único, da CF, um terço da composição do Superior</p><p>Tribunal de Justiça deve ser distribuído, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público.</p><p>Súmulas Vinculantes</p><p>À luz do art. 103-A da CF/88, inserido através da Emenda Constitucional n. 45/2004, o Supremo Tribunal Federal</p><p>poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 de seus membros, após reiteradas decisões sobre a</p><p>matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante</p><p>em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,</p><p>estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.</p><p>A Lei n. 11.417/2006 disciplinou o procedimento para a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de</p><p>súmulas vinculantes, trazendo os seguintes requisitos:</p><p>▪ Existência de reiteradas decisões sobre matéria constitucional.</p><p>▪ Que estas decisões tenham por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas.</p><p>▪ Que haja, entre órgãos judiciários ou entre estes e a administração pública, controvérsia atual que</p><p>acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.</p><p>▪ Que a decisão sobre a edição, a revisão e o cancelamento seja tomada por 2/3 dos membros do STF,</p><p>em sessão plenária.</p><p>▪ Oitiva (ouvida) prévia do PGR, quando a proposta não tiver sido formulada por ele.</p><p>Segundo a Constituição Federal, a súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas</p><p>determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração</p><p>pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.</p><p>Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, fica estabelecido que a aprovação, revisão ou cancelamento</p><p>de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade (CF, art.</p><p>103).</p><p>Vale ressaltar que o art. 3º a Lei n. 11.417/06 ampliou este rol, incluindo como legitimados o Defensor Público-</p><p>Geral da União, os Tribunais Superiores, os TJs de Estado ou do Distrito Federal e Territórios, os TRFs, os TRTs, os</p><p>TREs e os Tribunais Militares. É dizer, todos os tribunais jurisdicionais.</p><p>Município só poderá fazer proposta de edição, revisão ou cancelamento de súmulas de modo incidental, ou</p><p>seja, no processo em curso do qual ele faça parte (art. 3º, § 1º, da Lei n. 11.417/06).</p><p>Por último, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal do ato administrativo ou decisão judicial que</p><p>contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar. Julgando procedente a reclamação, o STF anulará o</p><p>ato administrativo ou a cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a</p><p>aplicação da súmula, conforme o caso.</p><p>Do Conselho Nacional de Justiça</p><p>O Conselho Nacional de Justiça, criado pela EC n. 45/2004, é um órgão integrante do Poder Judiciário que tem</p><p>sede em Brasília e atuação em todo o território nacional.</p><p>Trata-se, conforme já mencionado, de um órgão cujas atribuições são exclusivamente administrativas (não</p><p>jurisdicionais), e justamente por isso ele não aparece no quadro sinótico que estampa o organograma da estrutura</p><p>do Poder Judiciário.</p><p>Além disso, não se deve perder de vista que o Conselho Nacional de Justiça se localiza em posição inferior ao</p><p>Supremo Tribunal Federal, estando submetido ao seu controle. Nesse sentido, sua atividade de fiscalização é dirigida</p><p>apenas e tão-somente aos juízes e tribunais situados abaixo do Pretório Excelso na estrutura hierárquica.</p><p>Assim, consolida-se o CNJ como um órgão colegiado, que integra o Poder Judiciário brasileiro, composto por</p><p>membros da magistratura, da sociedade e por representantes do Ministério Público, cuja função primordial é o</p><p>exercício do controle sobre a atuação administrativa, financeira, e sobre os deveres funcionais dos magistrados.</p><p>Já com o caput desse dispositivo, o Conselho Nacional de Justiça compõe-se 15 membros com mandato de 2</p><p>anos, admitida uma recondução.</p><p>Desses 15 membros, 9 são do Poder Judiciário, 2 são do Ministério Público, 2 são da advocacia e 2 são da</p><p>sociedade.</p><p>Os 9 membros do Poder Judiciário são:</p><p>1) o Presidente do Supremo Tribunal Federal.</p><p>2) 1 Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo próprio STJ.</p><p>3) 1 Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo próprio TST.</p><p>4) 1 desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>5) 1 juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal.</p><p>6) 1 juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.</p><p>7) 1 juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça.</p><p>8) 1 juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.</p><p>9) 1 juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho.</p><p>Os 2 membros do Ministério Público são:</p><p>1) 1 membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República.</p><p>2) 1 membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes</p><p>indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual.</p><p>Os 2 advogados são indicados pelo Conselho Federal da Ordem os Advogados do Brasil.</p><p>Por último, os 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada são indicados um pela Câmara dos</p><p>Deputado e outro pelo Senado Federal.</p><p>Lembrando que não efetuadas as referidas indicações no prazo legal, a escolha caberá ao Supremo Tribunal</p><p>Federal.</p><p>O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas ausências e impedimentos, pelo</p><p>Vice-Presidente da Suprema Corte (CF, art. 103-B, § 1º, com redação dada pela EC n. 61/2009).</p><p>Todos os demais membros (o Presidente do Supremo Tribunal Federal, por já integrar o Conselho</p><p>automaticamente, não se submete a essa regra) devem ser nomeados pelo Presidente da República, depois de</p><p>aprovadas as indicações dos seus nomes pela maioria absoluta do Senado.</p><p>O Ministro do STJ, por sua vez, exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará excluído da distribuição de</p><p>processo no Tribunal, competindo-lhe, além das atribuições que lhe foram conferidas pelo Estatuto da Magistratura,</p><p>as seguintes:</p><p>I – receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços</p><p>judiciários;</p><p>II – exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; e</p><p>III – requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais,</p><p>inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios.</p><p>Junto ao Conselho oficiarão o Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos</p><p>Advogados do Brasil.</p><p>Fica estabelecido ainda que a União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça,</p><p>competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder</p><p>Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça.</p><p>A competência atribuída pela Constituição Federal ao CNJ está relacionada, basicamente, com o controle da</p><p>atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,</p><p>cabendo-lhe, além de outras atribuições que forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura, o seguinte:</p><p>I – zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir</p><p>atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;</p><p>II – zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos</p><p>administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar</p><p>prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do</p><p>Tribunal de Contas da União;</p><p>III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus</p><p>serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do</p><p>poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar</p><p>processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou</p><p>proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada a ampla defesa;</p><p>IV – representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de</p><p>autoridade;</p><p>V – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais</p><p>julgados a menos de um ano;</p><p>VI – elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processo e sentenças prolatadas, por unidade da</p><p>Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;</p><p>VII – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder</p><p>Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal</p><p>Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.</p><p>Finalmente, cabe registrar que muito embora o Conselho Nacional de Justiça não possa determinar a perda de</p><p>cargo de juízes, por outro lado poderá determinar a remoção, aposentadoria compulsória (com subsídios ou</p><p>proventos proporcionais ao tempo de serviço) ou a punição administrativa de magistrados.</p><p>Caso entenda oportuno, poderá, ainda, recomendar a perda de cargo de juiz ao tribunal competente, o que</p><p>somente poderá ocorrer por meio de sentença judicial transitada em julgado.</p><p>Concluído, portanto, o estudo acerca do Conselho Nacional de Justiça, passa-se agora para a análise das</p><p>características gerais dos órgãos do Poder Judiciário, seguindo a estrutura didática apresentada por Pedro Lenza.</p><p>Vale registrar que em face da extensão das listas de competências, aqui serão apontados apenas os artigos da</p><p>Constituição correspondentes, devendo o candidato, para as provas, realizar uma leitura cuidadosa dos dispositivos</p><p>mencionados.</p><p>Do Supremo Tribunal Federal</p><p>▪ Composição: 11 Ministros.</p><p>▪ Investidura: os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República,</p><p>depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. É com a nomeação que se</p><p>considera o Ministro vitaliciado.</p><p>▪ Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STF: a) ser brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º, IV); b) ser</p><p>cidadão, portanto, no pleno gozo dos seus direitos políticos; c) ter mais de 35 e menos de 65 anos de</p><p>idade; d) ter notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 101).</p><p>Como visto, a Constituição elenca como um os requisitos o notável saber jurídico. Ocorre que, a despeito da</p><p>ausência de previsão expressa, a doutrina sinaliza que o ocupante do cargo de Ministro do STF tem de ser,</p><p>necessariamente, um jurista. Ou seja, entende-se plausível a exigência da conclusão de curso superior em direito.</p><p>▪ Competências: a) originária (art. 102, I, “a” a “r”); b) recursal ordinária (art. 102, II); e c) recursal</p><p>extraordinária (art. 102, III).</p><p>Do Superior Tribunal de Justiça</p><p>▪ Composição: no mínimo, 33 Ministros (art. 104).</p><p>▪ Investidura: os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,</p><p>depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (EC n. 45/2004).</p><p>▪ Requisitos para ocupação do cargo de Ministro do STJ: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais</p><p>de 35 e menos de 65 anos de idade; c) ter notável saber jurídico e reputação ilibada (art. 104).</p><p>▪ Composição dos Ministros: 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais; 1/3 de desembargadores dos</p><p>Tribunais de Justiça; 1/6 de advogados e 1/6 de membros do Ministério Público Federal, Estadual, do</p><p>Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94.</p><p>▪ Procedimento: no caso dos juízes dos Tribunais Regionais Federais e dos desembargadores dos</p><p>Tribunais de Justiça, o STJ elaborará lista tríplice, enviando-a ao Presidente da República, que indicará</p><p>um nome e o nomeará após aprovação do Senado Federal. Já no caso dos advogados e membros do</p><p>Ministério Público, a indicação seguirá o procedimento do quinto constitucional previsto no art. 94 da</p><p>CF.</p><p>▪ Competências: a) originária (art. 105, I, “a” a “i”); b) recursal ordinária (art. 105, II); e c) recursal especial</p><p>(art. 105, III).</p><p>Da Justiça Federal</p><p>No primeiro grau de jurisdição, a Justiça Federal é composta pelos Juízes Federais. No segundo grau, pelos</p><p>Tribunais Regionais Federais.</p><p>▪ Composição</p><p>dos Tribunais Regionais Federais: no mínimo, 7 Juízes, recrutados, quando possível, na</p><p>respectiva região e nomeados pelo Presidente da República, observando-se a regra do quinto</p><p>constitucional (CF, art. 94).</p><p>▪ Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 30 e menos de 65 anos de</p><p>idade.</p><p>▪ Competência: Art. 108 (competência dos Tribunais Regionais Federais) e art. 109 (competência dos</p><p>juízes federais) da CF.</p><p>Por se tratar de inovação trazida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, vale mencionar, de modo enfático, o §</p><p>5º do art. 109 da CF. Com esse dispositivo, na hipótese de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral</p><p>da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais</p><p>de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em</p><p>qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.</p><p>Da Justiça do Trabalho</p><p>A Justiça do Trabalho é composta pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), pelos Tribunais Regionais do</p><p>Trabalho (TRTs) e pelos Juízes do Trabalho.</p><p>Primeiro serão analisadas as principais características do Tribunal Superior do Trabalho (TST).</p><p>▪ Composição: 27 Ministros togados e vitalícios, sendo que 1/5 serão escolhidos dentre advogados com</p><p>mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com</p><p>mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; os demais (4/5 do total de 27</p><p>Ministros) serão escolhidos dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da Magistratura</p><p>de carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.</p><p>▪ Investidura: os Ministros do Tribunal Superior do Trabalho serão nomeados pelo Presidente da</p><p>República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal (EC n. 45/2004).</p><p>▪ Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de 65 anos de</p><p>idade.</p><p>▪ Competência: nos termos do art. 111-A, § 1º, da CF, a lei disporá sobre a competência do Tribunal</p><p>Superior do Trabalho.</p><p>Passa-se agora à análise das principais características relacionadas aos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs).</p><p>▪ Composição: no mínimo, 7 juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região.</p><p>▪ Investidura: os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho serão nomeados pelo Presidente da</p><p>República.</p><p>▪ Requisitos para o cargo: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 30 e menos de 65 anos de</p><p>idade, sendo 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros</p><p>do Ministério Público do Trabalho com mais de 10 anos de efetivo exercício, observado o disposto no</p><p>art. 94; os demais (4/5 restantes) serão escolhidos mediante promoção de juízes do trabalho por</p><p>antiguidade e merecimento, alternadamente.</p><p>▪ Competência da Justiça do Trabalho: art. 114 da CF/88, introduzido pela Emenda Constitucional n.</p><p>45/2004.</p><p>Da Justiça Eleitoral</p><p>A Justiça do Eleitoral é composta pelo Tribunal Superior do Eleitoral (TSE), pelos Tribunais Regionais Eleitorais</p><p>(TREs), pelos Juízes Eleitorais e pelas Juntas Eleitorais.</p><p>Primeiro serão analisadas as principais características do Tribunal Superior do Eleitoral (TSE).</p><p>▪ Composição: no mínimo, 7 membros (juízes), sendo que a) 3 juízes serão eleitos dentre os Ministros do</p><p>STF, mediante voto secreto, pelos próprios membros da Suprema Corte; b) 2 juízes serão eleitos dentre</p><p>os Ministros do STJ, também mediante voto secreto, pelos próprios Ministros da Corte Superior de</p><p>Justiça; c) e os outros 2 juízes serão nomeados pelo Presidente da República (sem sabatina no Senado),</p><p>dentre seis advogados (lista sêxtupla) de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo</p><p>Supremo Tribunal Federal.</p><p>O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão eleitos pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral, dentre os</p><p>Ministros do STF.</p><p>Já o Corregedor Eleitoral do TSE também será eleito pelo Tribunal Superior Eleitoral, dentre os Ministros do</p><p>Superior Tribunal de Justiça.</p><p>▪ Competência: nos termos do art. 121 da CF, lei complementar disporá sobre a organização e</p><p>competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais.</p><p>Passa-se agora à análise das principais características relacionadas aos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).</p><p>Nos termos do art. 120 do Texto Maior, haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado e no</p><p>Distrito Federal.</p><p>▪ Composição: 7 membros (juízes), sendo: a) eleição, pelo voto secreto, de 2 juízes dentre os</p><p>desembargadores do Tribunal de Justiça; b) eleição, pelo voto secreto, de 2 juízes, dentre juízes de</p><p>direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; c) 1 juiz do TRF com sede na Capital do Estado ou no Distrito</p><p>Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo TRF respectivo; d) 2 juízes,</p><p>por nomeação, pelo Presidente da República, dentre 6 advogados de notável saber jurídico e</p><p>idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.</p><p>O Presidente e o Vice-Presidente do TRE serão eleitos pelo próprio Tribunal Regional Eleitoral, dentre os</p><p>desembargadores.</p><p>Por fim, nos termos do art. 32 do Código Eleitoral, os Juízes Eleitorais são os próprios juízes de direito em</p><p>efetivo exercício e, na falta destes, os seus substitutos legais, da própria organização judiciária do Estado ou do DF.</p><p>Da Justiça Militar</p><p>A Justiça Militar é composta pelo Superior Tribunal Militar e pelos Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.</p><p>As principais características do STM (órgão de cúpula dessa Justiça) são:</p><p>▪ Composição: 15 Ministros vitalícios, sendo: a) 3 dentre oficiais-generais da Marinha, da ativa e do posto</p><p>mais elevado da carreira; b) 4 dentre oficiais-generais do Exército, da ativa e do posto mais elevado da</p><p>carreira; c) 3 dentre oficiais-generais da Aeronáutica, da ativa e do posto mais elevado da carreira; d) 5</p><p>dentre civis, dos quais 3 serão escolhidos dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada,</p><p>com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, 1 dentre juízes auditores e 1 membro do</p><p>Ministério Público da Justiça Militar.</p><p>▪ Investidura: observando a proporção estabelecida acima, o Presidente da República deverá indicar os</p><p>15 Ministros. Essa indicação tem de ser aprovada pela maioria simples do Senado Federal, onde serão</p><p>sabatinados. Caso a indicação seja aprovada, o Presidente da República os nomeará.</p><p>▪ Requisitos para o cargo: tais requisitos só foram estabelecidos expressamente na Constituição Federal</p><p>para os Ministros Civis, quais sejam: a) ser brasileiro nato ou naturalizado; b) ter mais de 35 e menos de</p><p>65 anos de idade; c) para os Ministros civis escolhidos dentre os advogados, ter notório saber jurídico e</p><p>conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional; e d) para os oficiais-generais a</p><p>Constituição consagra o requisito de serem brasileiros natos (CF, art. 12, § 3º, VI).</p><p>Da Justiça Estadual</p><p>Segundo previsão do texto constitucional, no caput do art. 125, aos Estados-membros cumpre organizar a sua</p><p>própria Justiça, observados os princípios estabelecidos na própria Constituição Federal.</p><p>A competência dos Tribunais de Justiça deverá ser definida na Constituição do respectivo Estado, sendo a lei de</p><p>organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.</p><p>De mais a mais, é sabido que a competência da Justiça dos Estados é residual, compreendendo tudo o que não</p><p>for da competência das Justiças especiais ou especializadas, nem da Justiça Federal.</p><p>Ainda nos termos da Carta de Outubro, os Estados deverão instituir o seu sistema de controle de</p><p>constitucionalidade das leis e atos normativos estaduais ou municipais, contestados em face da Constituição</p><p>Estadual, sendo veda a legitimação para agir a um único órgão.</p><p>Além disso, lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar Estadual,</p><p>constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio</p><p>Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil</p><p>integrantes.</p><p>Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em</p><p>lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil,</p><p>cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.</p><p>Porém, competem aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares</p><p>cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a</p><p>presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares.</p><p>Como uma das grandes inovações na Justiça Estadual introduzidas também pela EC n. 45/04, o § 6º do art. 125</p><p>autoriza o Tribunal de Justiça funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o</p><p>pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.</p><p>Por fim, para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com</p><p>competência exclusiva para questões agrárias.</p><p>DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA</p><p>As funções essenciais à justiça são atividades profissionais institucionalizadas pela Constituição Federal de 1988,</p><p>e tem como finalidade tornar a prestação jurisdicional mais célere e efetiva.</p><p>Tais atividades são exercidas pelos órgãos do Ministério Público, da Advocacia Pública, da Defensoria Pública e</p><p>também pela Advocacia.</p><p>Do Ministério Público</p><p>Com previsão entre os arts. 127 e 130-A, o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função</p><p>jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e</p><p>individuais indisponíveis.</p><p>A despeito da polêmica existente, o Ministério Público não integra nenhum dos poderes estatais. Trata-se de</p><p>uma instituição independente e autônoma. Já se disse que o mais importante não é ser Poder, mas ter poder, e isso</p><p>o órgão ministerial tem.</p><p>Assim, o que merece destaque, em verdade, é o relevo que a instituição possui perante a sociedade,</p><p>principalmente a partir da Constituição Federal de 1988, que aumentou sobremaneira a sua relevância social,</p><p>notadamente em relação à tutela dos direitos difusos, coletivos, individuais homogêneos.</p><p>Além disso, ao Ministério Público é assegurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o</p><p>disposto no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo-</p><p>os por concurso público de provas ou de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de carreira.</p><p>Cumpre ao próprio Ministério Público elaborar a sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na</p><p>lei de diretrizes orçamentárias.</p><p>Consoante previsão constitucional no art. 128, o Ministério Público abrange os seguintes ramos:</p><p>I – o Ministério Público da União, que compreende:</p><p>a) o Ministério Público Federal;</p><p>b) o Ministério Público do Trabalho;</p><p>c) o Ministério Público Militar;</p><p>d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.</p><p>II – os Ministérios Públicos dos Estados.</p><p>O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da</p><p>República dentre integrantes da carreira, maiores de 35 anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta</p><p>dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.</p><p>A destituição do Procurador-Geral da República, por iniciativa do Presidente da República, deverá ser</p><p>precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.</p><p>No que se refere aos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, estes deverão formar</p><p>lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para a escolha de seu Procurador-Geral, que</p><p>será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.</p><p>Os Procuradores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por deliberação</p><p>da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.</p><p>Princípios institucionais</p><p>À luz do art. 127, § 1º, da CF/88, são princípios institucionais do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade</p><p>e a independência funcional.</p><p>Vale ressaltar que a previsão do art. 128, que consagra a abrangência do Parquet em diferentes ramos, não</p><p>desnatura a noção de órgão uno e indivisível.</p><p>a) Unidade</p><p>Significa que os membros do Ministério Público devem ser considerados como integrantes de uma só</p><p>instituição. Vale ressaltar que essa unidade está relacionada apenas ao aspecto funcional, já que do ponto de vista</p><p>orgânico há, como visto, uma divisão com repartição de competências.</p><p>Nesse sentido, conclui-se que esta unidade está inserida em cada um dos órgãos ministeriais, não sendo</p><p>possível um membro de determinado ramo do Parquet, por exemplo, exercer atribuições inerentes a outro ramo.</p><p>b) Indivisibilidade</p><p>De saída, é possível afirmar que o princípio da indivisibilidade é uma decorrência lógica e natural da própria</p><p>unidade. À luz deste preceito, fica assegurado que os membros do Ministério Público, nos processos, podem ser</p><p>substituídos uns pelos outros. Dessa forma, considera-se permitida a substituição recíproca entre membros de um</p><p>mesmo ramo do Parquet, desde que observado o disposto em lei.</p><p>c) Independência funcional</p><p>Com este princípio garante-se aos membros do Ministério Público ampla independência no desempenho de</p><p>suas funções, não tendo que estar subordinados a nenhuma pressão externa ou oriunda de algum Poder.</p><p>Assim, embora administrativamente se constate a existência de uma chefia, do ponto de vista funcional pode-se</p><p>afirmar que não existe subordinação hierárquica entre os membros do Ministério Público. Garante-se, portanto, a</p><p>autonomia de convicção, ficando estes membros submetidos apenas à Constituição, às leis e à sua própria</p><p>consciência.</p><p>Garantias e impedimentos dos membros do Ministério Público</p><p>Com a previsão do art. 128, § 5º, I, da CF/88, é possível afirmar que os membros do Ministério Público gozam</p><p>das seguintes garantias:</p><p>a) vitaliciedade, após dois anos de exercício, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial</p><p>transitada em julgado;</p><p>b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público mediante decisão do órgão colegiado competente</p><p>do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de seus membros, assegurada a ampla defesa (EC n.</p><p>45/2004);</p><p>c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 150,</p><p>II, 153, III, 153, III, 153, § 2º, I.</p><p>Já com o inciso II do mesmo dispositivo, os membros do Ministério Público ainda se submetem às seguintes</p><p>vedações:</p><p>a) receber, a qualquer título ou sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;</p><p>b) exercer a advocacia;</p><p>c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;</p><p>d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;</p><p>e) exercer atividade político-partidária;</p><p>f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou</p><p>privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei (EC n. 45/2004).</p><p>Não se deve perder de vista, ainda, que por força do art. 128, § 6º, da CF (EC n. 45/2005),</p><p>aplica-se aos</p><p>membros do Ministério Público a vedação ao exercício da advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de</p><p>decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (CF, art. 95, parágrafo único, V).</p><p>Funções institucionais</p><p>As funções institucionais do Ministério Público estão previstas no art. 129. São elas:</p><p>▪ promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;</p><p>▪ zelar pelo efetivo respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos</p><p>assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;</p><p>▪ promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio</p><p>ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;</p><p>▪ promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos</p><p>Estados, nos casos previstos neste Constituição;</p><p>▪ defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;</p><p>▪ expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações</p><p>e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva;</p><p>▪ exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo</p><p>anterior;</p><p>▪ requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos</p><p>jurídicos de suas manifestações processuais;</p><p>▪ exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhes</p><p>vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.</p><p>A legitimação do Ministério Público para as ações civis não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses,</p><p>segundo o disposto na Constituição Federal e na lei.</p><p>Vale ressaltar que as funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que</p><p>deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.</p><p>Ainda, registre-se que o ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas</p><p>e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel</p><p>em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.</p><p>Conselho Nacional do Ministério Público</p><p>Outra grande inovação da Emenda Constitucional n. 45/2004 foi a previsão de um órgão colegiado formado por</p><p>membros do Ministério Público, magistrados e representantes da sociedade, cuja finalidade primordial é o exercício</p><p>do controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres</p><p>funcionais de seus membros.</p><p>Este órgão é o Conselho Nacional do Ministério Público, com previsão no art. 130-A da CF, composto de 14</p><p>membros nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado</p><p>Federal, para um mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo:</p><p>▪ o Procurador-Geral da República, que o preside;</p><p>▪ 4 membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras;</p><p>▪ 3 membros do Ministério Público dos Estados;</p><p>▪ 2 juízes, indicados um pelo STF e o outro pelo STJ;</p><p>▪ 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da OAB;</p><p>▪ 2 cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e</p><p>outro pelo Senado Federal.</p><p>Cabe ressaltar que conforme previsão do § 1º do art. 103-A, os membros do Conselho oriundos do Ministério</p><p>Público serão indicados pelos respectivos Ministérios Públicos, na forma da lei.</p><p>Ademais, como já se disse, compete ao CNMP o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério</p><p>Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros, cabendo-lhe:</p><p>I – zelar pela autonomia funcional e administrativa do Ministério Público, podendo expedir atos</p><p>regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;</p><p>II – zela pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos</p><p>administrativos praticados por membros ou órgãos do Ministério Público da União e dos Estados, podendo</p><p>desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da</p><p>lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de Contas;</p><p>III – receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Ministério Público da União ou dos</p><p>Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da</p><p>instituição, podendo avocar processos disciplinares em curso, determinar a remoção, a disponibilidade ou a</p><p>aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções</p><p>administrativas, assegurada a ampla defesa;</p><p>IV – rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de membros do Ministério Público da</p><p>União ou dos Estados julgados há menos de um ano;</p><p>V – elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias sobre a situação do Ministério</p><p>Público no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.</p><p>Da Advocacia Pública</p><p>Consagrada no art. 131, a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão</p><p>vinculado, representa a União, judicial ou extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que</p><p>dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder</p><p>Executivo.</p><p>Seu chefe é o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos</p><p>maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.</p><p>O ingresso nas classes iniciais da carreira far-se-á mediante concurso público de provas e títulos.</p><p>Insta salientar que na execução de dívida ativa de natureza tributária, a representação da União caberá à</p><p>Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.</p><p>Já consoante previsão do art. 132, os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira,</p><p>na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados</p><p>do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades</p><p>federadas.</p><p>Aos procuradores é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de</p><p>desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.</p><p>Não se deve esquecer, ainda, que os Municípios também poderão organizar a Advocacia Pública Municipal, e,</p><p>por conseguinte, a carreira dos Procuradores Municipais.</p><p>Da Advocacia</p><p>Nos termos do art. 133 da CF, fica estabelecido que o advogado é indispensável à administração da justiça,</p><p>sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.</p><p>Esse caráter fundamental inerente às atividades dos advogados, inclusive, já foi reconhecido por diversas vezes</p><p>no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Uma dessas manifestações pode ser encontrada na súmula vinculante n.</p><p>14, enunciando que é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova</p><p>que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,</p><p>digam respeito ao exercício do direito de defesa.</p><p>Da Defensoria Pública</p><p>No art. 134, a Constituição consagra que a Defensoria Pública é instituição essencial à função jurisdicional do</p><p>Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º,</p><p>LXXIV.</p><p>Conforme esse dispositivo constante do catálogo específico dos direitos e garantias fundamentais no texto</p><p>constitucional</p><p>(título II), o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência</p><p>de recursos.</p><p>Vale lembra que quando da promulgação da Constituição Federal de 1988 ainda não existiam no Brasil as</p><p>Defensorias Públicas. Em face dessa constatação, o legislador constituinte, no § 1º do art. 134, determinou que fosse</p><p>editada lei complementar prevendo a organização da Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e Territórios,</p><p>bem como a instituição de normas gerais para sua organização nos Estados.</p><p>Além disso, no mesmo dispositivo previu-se que as Defensorias Públicas serão organizadas em cargos de</p><p>carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a</p><p>garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais.</p><p>Ainda como novidade introduzida pela Emenda Constitucional n. 45/2004, o § 2º do art. 134 previu um</p><p>fortalecimento das Defensorias Públicas Estaduais a partir do momento em que lhe foram asseguradas autonomia</p><p>funcional e administrativa, bem com a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na</p><p>lei de diretrizes orçamentárias, devendo obediência também ao disposto no art. 99, § 2º (lembrando que não houve</p><p>previsão constitucional expressa no mesmo sentido para as Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal e</p><p>Territórios).</p><p>Finalmente, com o art. 135, a Constituição determina que os integrantes das carreiras da Advocacia Pública e da</p><p>Defensoria Pública serão remunerados na forma do art. 34, § 9º, é dizer, mediante pagamento de subsídios.</p><p>pela primeira vez, na antevéspera da Revolução Francesa, diferenciou o poder</p><p>constituinte dos poderes constituídos.</p><p>3. TITULARIDADE</p><p>Em sua obrar, o abade Sieyès apontava como titular do poder constituinte a nação.</p><p>Para provas adotar o entendimento de que a titularidade do poder constituinte pertence ao povo (posicionamento</p><p>tranquilamente majoritário na doutrina moderna).</p><p>Assim, seguindo a tendência moderna, o parágrafo único do art. 1º da CF/88 estabelece que todo poder emana do</p><p>povo.</p><p>Vale ressaltar, por oportuno, que no tocante ao poder constituinte, a titularidade é aspecto distinto do exercício.</p><p>Assim, o titular desse poder nem sempre é quem o exerce.</p><p>4. ESPÉCIES</p><p>Para a doutrina mais avançada, o poder constituinte é uno e indivisível. Só existe um poder constituinte. Nesse</p><p>sentido, tais autores entendem que não existe grau de poder constituinte. É o caso de CELSO ANTÔNIO, PAULO</p><p>BONAVIDES, EDVALDO BRITO. CUIDADO: NÃO ADOTAR ESTE POSICIONAMENTO EM PROVA!</p><p>Já para a doutrina voltada para os concursos públicos, o poder constituinte pode ser dividido em: originário e</p><p>derivado.</p><p>4.1 PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO</p><p>• CONCEITO</p><p>Também pode ser chamado inicial, inaugural ou de primeiro grau.</p><p>É aquele poder que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica precedente.</p><p>O objetivo fundamental do poder constituinte originário, portanto, é criar um novo Estado, diverso do que vigorava</p><p>em decorrência da manifestação do poder constituinte precedente.</p><p>Este poder constituinte está acima da própria CF, e corresponde à vontade do titular do Poder Constituinte. Ele é</p><p>anterior e posterior à própria Constituição.</p><p>• SUBDIVISÃO</p><p>- histórico = seria o verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez, o Estado.</p><p>- revolucionário = seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e</p><p>instaurando uma nova, um novo Estado.</p><p>• CARACTERÍSTICAS</p><p>- INICIAL = porque inaugura uma nova ordem jurídica rompendo com a anterior. Por isso se diz que o poder</p><p>originário é constituinte e desconstituinte.</p><p>- AUTÔNOMO = porque só ao seu exercente cabe fixar os termos em que a nova Constituição será estabelecida e</p><p>qual o Direito deverá ser implantado.</p><p>- ILIMITADO = porque é soberano e não sofre qualquer limitação prévia imposta pelo direito anterior.</p><p>OBS: A doutrina contemporânea entende que há sim limites ao poder constituinte originário. Para CANOTILHO, o</p><p>poder constituinte originário é estruturado e obedece a padrões e modelos de condutas espirituais, culturais, éticos</p><p>e sociais radicados na consciência jurídica geral da comunidade e, nesta medida, considerados como “vontade do</p><p>povo”.</p><p>Fala, ainda, o constitucionalista Português, na necessidade de observância de princípios de justiça (suprapositivos</p><p>ou supralegais), e princípios do direito internacional, quais sejam o princípio da independência, da</p><p>autodeterminação e o princípio da observância de direitos humanos.</p><p>OBS: COMO O BRASIL ADOTOU A CORRENTE POSITIVISTA, NEM MESMO O DIREITO NATURAL LIMITARIA A</p><p>ATUAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO.</p><p>- INCONDICIONADO = porque não tem de se submeter a qualquer forma prefixada de manifestação.</p><p>Em síntese: trata-se de um poder de fato, político energia ou força social e tem natureza pré-jurídica.</p><p>• FORMAS DE EXPRESSÃO OU MANIFESTAÇÃO</p><p>- ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE OU CONVENÇÃO = nasce da deliberação da representação popular. Brasil:</p><p>1891, 1934, 1946 e 1988.</p><p>- OUTRGA = caracterizada pela declaração unilateral do agente revolucionário, quando há usurpação do poder</p><p>constituinte do povo. Brasil: 1824, 1937, 1967-1969;</p><p>4.2 PODER CONSTITUINTE DERIVADO</p><p>• CONCEITO</p><p>Como o próprio nome sugere, o poder constituinte derivado é criado e instituído pelo originário, sendo também</p><p>denominado instituído, constituído, secundário e de segundo grau.</p><p>Enquanto o originário está acima da CF, este poder derivado encontra-se inserto na própria Carta.</p><p>Assim, ao contrário do seu criador, que é ilimitado, incondicionado e inicial, o derivado deve obedecer as regras</p><p>impostas pelo originário.</p><p>• CARACTERÍSTICAS</p><p>- DERIVADO = porque deriva do poder constituinte originário.</p><p>- LIMITADO = porque a Constituição lhe impõe limitações.</p><p>- CONDICIONADO = porque só pode se manifestar de acordo com as formalidades traçadas na Constituição.</p><p>• ESPÉCIES</p><p>Este poder divide-se em poder reformador e decorrente:</p><p>- REFORMADOR – consiste no poder de alterar e atualizar a constituição.</p><p>A CF admite duas formas de alteração: mediante emendas constitucionais e revisão constitucional.</p><p>- EMENDAS = Emendas são alterações pontuais do texto constitucional, cujo procedimento se encontra previsto na</p><p>própria Constituição.</p><p>- REVISÕES = A revisão se destina à alteração global e geral do texto constitucional, por meio de formalidades mais</p><p>simples do que as concernentes às emendas.</p><p>No entanto, a previsão da revisão constitucional foi excepcional e autorizada para ocorrer uma única vez, em data</p><p>pré-estabelecida (a partir de cinco anos após a promulgação da Constituição).</p><p>Essa única revisão pela qual passou a Constituição resultou em 6 emendas de revisão.</p><p>- DECORRENTE – Traduz-se no poder que têm os Estados membros de elaborarem suas próprias Constituições</p><p>Estaduais, e o Distrito Federal de elaborar a sua lei orgânica distrital.</p><p>Tal competência decorre da capacidade de auto-organização, prevista no art. 25, caput, da CF/88: “os Estados</p><p>organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios dessa Constituição”.</p><p>E o que deve ser entendido por princípios dessa Constituição? Quais são os limites à manifestação do poder</p><p>constituinte derivado decorrente? São eles:</p><p>- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS (APONTADOS OU ENUMERADOS)</p><p>São os limites fixados no art. 34, VII, “a” – “e”.</p><p>- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS (ORGANIZATÓRIOS)</p><p>São aqueles que vedam a ação indiscriminada do poder constituinte decorrente, por isso funcionam como balizas</p><p>reguladoras da capacidade de auto-organização dos Estados. Ex. repartição de competência, sistema tributário,</p><p>organização dos poderes, direitos políticos, direitos de nacionalidade, etc.</p><p>- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXTENSÍVEIS</p><p>São aqueles que integram a estrutura da federação brasileira, relacionando-se, por exemplo, com a forma de</p><p>investidura dos cargos eletivos, processo legislativo, orçamento, preceitos ligados à administração pública, etc.</p><p>A CE tem que respeitar, necessariamente, a CF. Tanto é assim que ela está submetida ao controle de</p><p>constitucionalidade.</p><p>Os municípios possuem leis orgânicas, que não se equiparam às constituições. Por isso, não exercem poder</p><p>decorrente, até porque não existe poder constituinte decorrente, decorrente. As leis orgânicas têm de respeitar</p><p>tanto a CE, como a CF.</p><p>O DF possui lei orgânica. Como se sabe, o DF acumula tanto competências estaduais como municipais.</p><p>Nesse sentido, o DF exerce o poder constituinte derivado decorrente em parte. Haja vista que, como visto, também</p><p>acumula competência estadual. Assim, naquilo que a lei orgânica trata de competência estadual, há exercício do</p><p>poder constituinte derivado decorrente.</p><p>OBS: PARA LENZA (mudando de opinião) E DIRLEY, O PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE NÃO SÓ É</p><p>EXERCIDO PELOS ESTADOS MESMBROS, MAS TAMBÉM PELO DISTRITO FEDERAL.</p><p>A norma constitucional ainda pode sofrer modificação sem alteração expressa do seu texto, mudando-se apenas o</p><p>sentido interpretativo. Esse fenômeno se chama mutação constitucional, interpretação constitucional evolutiva ou</p><p>poder constituinte difuso. Com a mutação constitucional não se muda o texto, mas sim o alcance do sentido</p><p>interpretativo da norma, por necessidade do contexto.</p><p>5. LIMITES AO PODER REFORMADOR</p><p>Tais limites estão previstos no art. 60 da CF. Os limites são em número</p><p>de 4, e foi o poder constituinte originário</p><p>quem os definiu.</p><p>5.1 LIMITES MATERIAIS</p><p>Correspondem às cláusulas pétreas, previstas no art. 60, § 4º, da CF.</p><p>OBS: MUITO EMBORA A CONSTITUIÇÃO DIGA QUE AS CLÁUSULAS PÉTREAS NÃO PODEM SER ABOLIDAS, ESTA</p><p>LIMITAÇÃO NÃO SE ESTENDE AO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO. NESSE SENTIDO PODE-SE AFIRMAR QUE NÃO</p><p>HÁ CLÁUSULAS IMUTÁVEIS.</p><p>Vale lembrar que as emendas constitucionais (exercício do poder constituinte derivado reformador), não podem</p><p>abolir uma cláusula pétrea, mas podem modificá-la. Pode modificar, por exemplo, para ampliar as cláusulas pétreas.</p><p>Ex. ampliação do rol dos direitos fundamentais, a exemplo do direito à moradia que veio com a EC 26/2000. Lembrar</p><p>que a alimentação foi inserida como direito social com a EC 64/10.</p><p>Uma EC pode restringir um direito fundamental, dês que amplie outro. Se abolir ou apenas restringir, será</p><p>inconstitucional.</p><p>As limitações materiais são:</p><p>a) FORMA FEDERATIVA DE ESTADO</p><p>Forma de governo e sistemas de governo não constituem cláusulas pétreas.</p><p>b) VOTO DIREITO, SECRETO, UNIVERSAL e PERIÓDICO</p><p>O voto obrigatório não constitui cláusula pétrea. Ou seja, uma emenda constitucional pode vir a determinar que o</p><p>voto seja facultativo.</p><p>c) SEPARAÇÃO DOS PODERES</p><p>Corresponde ao princípio da separação dos poderes, idealizado por Aristóteles, passado para John Lock, passado</p><p>para Montesquieu, que levou a fama na obra “O espírito das leis”.</p><p>Assim, também pode vir chamada de separação das funções estatais. Hodiernamente, também com esta</p><p>nomenclatura o doutrinador alemão KARL LOEWENSTEIN.</p><p>Essa expressão, inclusive, é mais adequada, pois não há separação estanque entre os poderes, afinal cada poder</p><p>possui suas funções típicas e atípicas.</p><p>d) DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS</p><p>Houve aí uma grande atecnia. Incorre em erro o legislador a se referir apenas aos direitos e garantias individuais,</p><p>quando melhor seria ter feito referência a todos os direitos fundamentais, que é gênero do qual “direitos individuais</p><p>e coletivos” são espécies.</p><p>Os direitos fundamentais se dividem em 5 modalidades, e todas devem ser consideradas cláusulas pétreas.</p><p>Direitos individuais e coletivos – art. 5º;</p><p>Direitos sociais – art. 6º ao 11;</p><p>Direitos relativos à nacionalidade – arts. 12 ao 13;</p><p>Direitos políticos – arts. 14 ao 16;</p><p>Direitos dos partidos políticos – art. 17.</p><p>Mas caso a pergunta seja de acordo com a literalidade da Constituição, deve-se marcar apenas os direitos e</p><p>garantias individuais.</p><p>Em síntese: é pacífico que todos os direitos fundamentais são cláusulas pétreas, mas expressamente a CF só se</p><p>refere aos direitos e garantias individuais.</p><p>5.2 LIMITES CIRCUNSTANCIAIS</p><p>Estes estão presentes no art. 60, § 1º, e consistem nos períodos de instabilidade política, econômica e social que</p><p>legitimam o Presidente da República a editar decreto que instaure a intervenção federal, estado de defesa e estado</p><p>de sítio.</p><p>Em períodos tão instáveis a CF não pode vir a ser alterada. Enquanto perdurar alguma dessas situações, uma PEC</p><p>poderá até ser discutida, muito embora não possa ser aprovada.</p><p>5.3 LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS</p><p>a) QUANTO À LEGITIMIDADE PARA ENCAMINHAMENTO DE PEC’S</p><p>Os legitimados para o encaminhamento são os elencados nos incisos I, II e III do art. 60 da CF. I) Presidente da</p><p>República; II) 1/3, no mínimo, dos membros da Câmara do Deputados (171 de 513) ou do Senado Federal (27 de 81);</p><p>III) mais da metade das assembleias legislativas das unidades da federação, manifestando-se cada uma delas pela</p><p>maioria relativa de seus membros.</p><p>Não cabe iniciativa popular para alterar a Constituição Federal.</p><p>Já as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas admitem alteração por iniciativa popular.</p><p>OBS: SEGUNDO O STF, SÓ É ADMITIDO O PRINCÍPIO DA SIMETRIA OU PARALELISMO CONSTITUCIONAL DE NORMA</p><p>SUPERIOR PARA NORMA INFERIOR. ASSIM, NÃO PODERÁ UMA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL SERVIR DE PARÂMETRO</p><p>PARA A CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POR ISSO QUE NÃO CABE EMENDA POR INICIATIVA POPULAR.</p><p>b) QUANTO AO PROCEDIMENTO DE ELABORAÇÃO DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS</p><p>É encaminhada para a Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Depende de quem seja a iniciativa. Devem ser</p><p>discutidas duas vezes, com 3/5 de aprovação (308 na CD e 49 no SF).</p><p>Quem promulga são as mesas da Câmara ou do Senado.</p><p>A única participação do Presidente da República é quando ele propõe a PEC.</p><p>Quando o texto de uma PEC é rejeitado ele só poderá ser objeto de nova proposta na próxima sessão legislativa.</p><p>Sessão legislativa não se confunde com legislatura.</p><p>Uma legislatura é composta de quatro sessões legislativa e cada uma delas é composta de dois períodos legislativos.</p><p>O primeiro período legislativo vai de 02/02 a 17/07 e de 01/08 a 22/12.</p><p>As emendas constitucionais devem ser discutidas 2 vezes, em cada casa legislativa, com o quórum de aprovação de</p><p>3/5 de seus membros. Caso a EC seja emendada, a reemenda também precisa ser discutida 2 vezes e aprovada com</p><p>o quórum de 3/5.</p><p>Lei complementar e lei ordinária quem promulga é o Presidente, mas quem promulga as emendas são as mesas da</p><p>Câmara e do Senado.</p><p>5.4 LIMITAÇÃO TEMPRORAL</p><p>Traduz-se no interstício durante o qual a lei fundamental não poderá ser objeto de alteração.</p><p>A nossa atual Carta Magna não estabeleceu qualquer limitação temporal para alteração. Nesse sentido, tendo sido</p><p>promulgada em 5 de outubro de 88, no dia 6 a CF já poderia receber uma emenda constitucional.</p><p>Todavia, essa mesma Constituição estabeleceu no art. 3º do ADCT limitação temporal quanto às revisões.</p><p>Previu que tais revisões seriam realizadas após 5 anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da</p><p>maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.</p><p>Acerca dos limites para essas revisões, a teoria prevalecente foi a que estabeleceu como limite material o mesmo</p><p>limite determinado ao poder constituinte derivado reformador, qual seja, o limite material das cláusulas pétreas.</p><p>O ano em que ocorreram as revisões foi o imediatamente subsequente ao quinto ano da promulgação, logo, 1994.</p><p>Assim, todas as seis revisões ocorreram em 1994.</p><p>Mas, como visto, quanto às emendas constitucionais, não houve limitação temporal.</p><p>o jeito que a CF se encontra, não é possível mais emendas de revisão.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Art. 34, VII</p><p>- Art. 60 – com todos os incisos e parágrafos.</p><p>- ADCT – Ato das Disposições Constitucionais Transitórias:</p><p>Art. 3º.</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>- STF / Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 939 / Cláusulas pétreas.</p><p>-STF / Recurso Extraordinário – RE 587008 / “O poder constituinte derivado não é ilimitado, visto que se submete ao</p><p>processo consignado no art. 60, §§ 2º e 3º, da CF, bem assim aos limites materiais, circunstanciais e temporais dos §§</p><p>1º, 4º e 5º do aludido artigo. A anterioridade da norma tributária, quando essa é gravosa, representa uma das</p><p>garantias fundamentais do contribuinte, traduzindo uma limitação ao poder impositivo do Estado”.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (TCE-ES/PROCURADOR ESPECIAL DE CONTAS/CESPE/2009) No tocante ao poder constituinte originário, o</p><p>Brasil adotou a corrente positivista, de modo que o referido poder se revela ilimitado, apresentando</p><p>natureza pré-jurídica.</p><p>II. (MP/PR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2008) A CF prevê expressamente o poder de reforma, o qual</p><p>materializa o poder constituinte derivado.</p><p>III. (STF/ANALISTA/2008) Um deputado federal pretende cumprir um compromisso de campanha de fazer</p><p>uma emenda à CF visando alterar o sistema Tributário Nacional, o qual considera muito complexo e</p><p>oneroso para a sociedade. Essa proposição legislativa deve ser apresentada na Câmara dos Deputados</p><p>subscrita por, pelo menos, um terço dos deputados federais.</p><p>IV. (STF/ANALISTA/2008) A CF, conforme seu próprio texto, pode ser</p><p>emendada por meio de iniciativa</p><p>popular, desde que o projeto seja subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por,</p><p>pelo menos, cinco estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.</p><p>V. (TRF5/JUIZ/2009) A CF admite emenda constitucional pode meio de iniciativa popular.</p><p>GABARITO</p><p>I. C</p><p>II. C</p><p>III. C</p><p>IV. E</p><p>V. E</p><p>APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS</p><p>1. APLICABILIDADE</p><p>a) IMEDIATA</p><p>Normas de aplicabilidade imediata são aquelas autoexecutáveis.</p><p>São as normas que não dependem de outras para produzir efeitos. É aquela norma que em si só já basta.</p><p>b) MEDIATA</p><p>São normas não autoexecutáveis. Exigem um regramento posterior para que possam produzir efeitos sociais. Precisa</p><p>desse arcabouço posterior.</p><p>A sistematização de JOSÉ AFONSO DA SILVA no que tange à aplicabilidade eficácia das normas é falível e</p><p>contraditória, em que pese ser aceita no STF.</p><p>A principal crítica que se dispara é a alocação das normas programáticas como espécie das normas de eficácia</p><p>limitada.</p><p>2. EFICÁCIA</p><p>a) JURÍDICA</p><p>É a norma na sua literalidade. É o texto codificado. Todas as normas constitucionais, só pelo aspecto formal, ou seja,</p><p>por estarem inseridas na Constituição, possuem a eficácia jurídica.</p><p>A eficácia jurídica corresponde à irradiação de efeitos da norma constitucional perante o ordenamento jurídico.</p><p>Todas as normas que estão inseridas na Constituição têm status de lei fundamental, no aspecto formal,</p><p>independentemente da correspondência perante a sociedade.</p><p>b) SOCIAL</p><p>É a norma que tem ressonância na sociedade. Por isso se diz norma de eficácia social. Há normas que estão na</p><p>constituição, mas não possuem eficácia social.</p><p>A eficácia social consiste na efetividade da norma constitucional, ou seja, a norma que é sentida e reconhecida pelo</p><p>cidadão.</p><p>Ex. art. 7º, IV – tem eficácia jurídica, mas não tem eficácia social (norma do salário mínimo).</p><p>OBS: NÃO EXISTE NORMA CONSTITUCIONAL COMPLETAMENTE DESTITUÍDA DE EFICÁCIA. UMA NORMA PODE ATÉ</p><p>NÃO POSSUIR EFICÁCIA SOCIAL, MAS CERTAMENTE POSSUIRÁ A CHAMADA EFICÁCIA JURÍDICA, QUE É A APTIDÃO</p><p>PARA CONDICIONAR O ORDENAMENTO JURÍDICO.</p><p>3. CLASSIFICAÇÃO DO PROFESSOR JOSÉ AFONSO DA SILVA – ADOTADA NO STF</p><p>a) NORMAS DE EFICÁCIA PLENA</p><p>É aquela que desde a sua entrada em vigor, está apta a produzir todos os seus efeitos.</p><p>É norma de aplicabilidade direta, imediata e de efeitos integrais, que só poderá sofrer limitações por outra norma</p><p>constitucional, ou seja, outra norma do mesmo patamar.</p><p>Como exemplos a doutrina aponta normas que criam órgãos ou atribuem competências (art. 2º, 19, 20, 21, 22, 24,</p><p>etc.).</p><p>b) NORMA DE EFCÁCIA CONTIDA</p><p>Chamada de norma de eficácia redutível, restringível ou prospectiva, também é aquela norma que desde a sua</p><p>vigência está apta a produzir todos os seus efeitos, todavia PODERÁ TER SUA ABRANGÊNCIA REDUZIDA POR OUTRAS</p><p>NORMAS (constitucionais ou infraconstitucionais).</p><p>Assim, também tem aplicabilidade direta e imediata, mas possivelmente não integral (pois poderá sofrer</p><p>mitigações).</p><p>O exemplo mais clássico é o art. 5º, XIII da CF, que afirma ser livre o exercício de qualquer trabalho ofício ou</p><p>profissão, nos termos e limites que a lei estabelecer.</p><p>c) NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA</p><p>São aquelas que desde a sua promulgação não estão aptas a produzir todos os seus efeitos, precisando de uma lei</p><p>integrativa infraconstitucional.</p><p>É norma de aplicabilidade indireta, mediata, reduzida ou diferida. Depende de regramento posterior para</p><p>apresentar eficácia social.</p><p>Vale lembrar que tais normas possuem o mínimo efeito de vincular o legislador infraconstitucional aos seus vetores.</p><p>As normas de eficácia limitada se dividem em dois grupos:</p><p>a) INSTITUTIVA OU ORGANIZATIVA – São aquelas que englobam a organização dos poderes e do Estado. Ex.</p><p>art. 33 , 88, 91, § 2º da CF.</p><p>São normas que contêm esquemas gerais de estruturação de instituições, órgãos ou entidades. Ex. art. 18, §2º, 33,</p><p>102, §1º.</p><p>b) PROGRAMÁTICA – São aquelas que se revestem sob a forma de promessas ou programas a serem</p><p>desempenhados pelo Estado para a consecução dos seus fins sociais.</p><p>São políticas públicas a serem adotadas pelo Estado, que dependem de um orçamento estabelecido. Ex. art. 3º da</p><p>CF. Ex. direito à saúde, educação, cultura, ciência e tecnologia, etc.</p><p>É a norma que informa uma aspiração. Não é porque é programática que não é imperativa. Elas também são</p><p>cogentes e devem ser efetivadas.</p><p>OBS: NOVAS NOMENCLATURAS.</p><p>MARIA HELENA ainda acrescenta à classificação as normas supereficazes ou com eficácia absoluta.</p><p>Assim são chamadas porque contêm uma força paralisante de toda e qualquer legislação que, explicita ou</p><p>implicitamente vier a contrariá-las.</p><p>Essas normas se perfazem nas chamas cláusulas pétreas.</p><p>Ainda com a professora MARIA HELENA DINIZ (opinião também de UADI LAMMÊGO BULOS), normas constitucionais</p><p>de eficácia exaurida (ou esvaída) e aplicabilidade esgotada são aquelas, como o próprio nome sugere, que já</p><p>extinguiram a produção de seus efeitos, por isso estão esgotadas. São próprias do ADCT, notadamente as normas</p><p>que já cumpriram o papel, encargo ou tarefa para a qual foram propostas.</p><p>INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL</p><p>1. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL</p><p>Segundo o constitucionalista português J. J. Gomes Canotilho, seis são os diferentes métodos através dos quais</p><p>é possível realizar a intepretação constitucional, quais sejam: o método jurídico ou hermenêutico clássico; o tópico-</p><p>problemático; o hermenêutico-concretizador; o científico-espiritual; o normativo-estruturante e o método da</p><p>comparação constitucional.</p><p>Para ele, a interpretação das normas constitucionais nada mais é do que um conjunto de métodos,</p><p>desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência, com base em critérios ou premissas (filosóficas, metodológicas,</p><p>epistemológicas) diferentes, mas, em geral, reciprocamente complementares.</p><p>Abaixo são listadas as principais características de cada um desses métodos apontados pelo jurista português.</p><p>1.1 Método jurídico ou hermenêutico clássico</p><p>O método jurídico ou hermenêutico clássico parte da premissa de que a Constituição é uma lei, de tal modo</p><p>que a interpretação constitucional não deixa de ser, em igual sentido, uma interpretação legal, o que confirma a tese</p><p>da identidade.</p><p>Já que a atividade interpretativa da Constituição se traduz na própria noção de interpretação da lei, para o</p><p>desempenho dessa tarefa o intérprete deverá se valer dos critérios clássicos de hermenêutica, tradicionalmente</p><p>conhecidos como:</p><p>▪ Elemento gramatical (filológico, literal ou textual)</p><p>▪ Elemento histórico</p><p>▪ Elemento sistemático (ou lógico)</p><p>▪ Elemento teleológico (ou racional)</p><p>▪ Elemento genético</p><p>Este método se caracteriza por atribuir grande importância ao texto constitucional, isso porque será a partir</p><p>dessa previsão textual que o intérprete buscará descobrir o verdadeiro significado da norma, o seu real sentido.</p><p>1.2 Método tópico-problemático</p><p>A principal ideia que pode ser extraída deste método é que ele parte do problema concreto para a norma.</p><p>Assim, o seu objetivo será tentar adequar (a partir de um processo argumentativo aberto desempenhado por</p><p>vários intérpretes) a norma da Constituição ao problema existente, ou seja, tentar fazer com que a solução do</p><p>problema possa ser enquadrada e adaptada à norma constitucional.</p><p>A principal crítica disparada contra este método reside na noção de que a atividade interpretativa não deveria</p><p>partir do problema concreto para a norma, ao revés, a norma constitucional que deveria servir de ponto de partida</p><p>para a solução dos problemas.</p><p>1.3 Método hermenêutico-concretizador</p><p>Em sentido diametralmente oposto ao modelo tópico-problemático, o método hermenêutico-concretizador</p><p>parte da norma da Constituição para o problema concreto.</p><p>De modo objetivo, é possível concluir que este método vem consolidar os seguintes pressupostos da atividade</p><p>interpretativa, quais sejam:</p><p>▪ Pressupostos subjetivos – relacionam-se ao papel criador do intérprete que deverá valer-se da sua pré-</p><p>compreensão da matéria com a finalidade de encontrar o real sentido da norma da constitucional.</p><p>▪ Pressupostos objetivos – estes, por sua vez, podem ser relacionados ao contexto, identificando a atuação do</p><p>intérprete como alguém apto a promover a mediação entre o texto e a situação em que se aplica.</p><p>▪ “Movimento de ir e vir” – aqui identificado como o círculo hermenêutico que traduz a relação entre o texto</p><p>e o contexto, indo do subjetivo para o objetivo, até que seja possível ao intérprete alcançar a melhor</p><p>percepção da norma.</p><p>Em síntese, por meio deste método a interpretação constitucional passa a ser percebida como uma atividade</p><p>por meio da qual é possível concretizar a Constituição, situação esta que habilita o intérprete a proceder à</p><p>delimitação do próprio substrato material da norma.</p><p>1.4 Método científico-espiritual</p><p>Por este método, a interpretação da Magna Carta não pode estar adstrita apenas e tão-somente à previsão da</p><p>literalidade textual de suas disposições. Ao contrário, no desempenho de sua atividade o intérprete deve considerar</p><p>os valores subjacentes ao texto da Constituição, compreendendo-a como uma ordem de valores e como elemento</p><p>do processo de integração.</p><p>Isso porque, para além da letra “fria e crua” do texto, existe ali uma tábua axiológica (valorativa) que deve ser</p><p>levada em consideração no processo interpretativo para a captação do real espírito de valores da comunidade.</p><p>Enfim, trata-se de um método através do qual as normas constitucionais são percebidas não apenas e tão-</p><p>somente pela sua previsão textual, mas, principalmente, pelos valores que ali estão consagrados, tendo por objetivo</p><p>proporcionar uma integração da norma constitucional com os reais fatores espirituais da comunidade.</p><p>1.5 Método normativo-estruturante</p><p>O método normativo-estruturante parte da premissa segundo a qual inexiste identidade entre a norma jurídica</p><p>e o texto normativo.</p><p>Isso porque a norma jurídica não compreende apenas o texto, afinal de contas abrange também um “pedaço da</p><p>realidade social”, ou seja, além da atividade legislativa, para a compreensão da norma é indispensável analisar a sua</p><p>conformação no desempenho da atividade jurisdicional e no exercício da atuação administrativa, ou seja, não só em</p><p>um, mas em todos os níveis.</p><p>1.6 Método da comparação constitucional</p><p>Por fim, com este método busca-se estabelecer uma comparação da própria evolução dos institutos nos</p><p>diversos ordenamentos jurídicos no sentido de se alcançar a melhor percepção para a realidade concreta.</p><p>Seria o mesmo que, a partir de critérios comparativos, promover um intercâmbio constitucional no intuito de</p><p>aperfeiçoar a compreensão dos institutos jurídicos, visando aplicá-los na resolução dos problemas concretos.</p><p>2. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL</p><p>Além dos métodos apontados que sem prestam a concretizar a atividade hermenêutica, e com o objetivo de</p><p>auxiliar a tarefa do intérprete, o constitucionalista lusitano Gomes Canotilho ainda apresenta os princípios</p><p>específicos de interpretação constitucional.</p><p>Para a doutrina majoritária, estes princípios, que possuem natureza instrumental (pressupostos lógicos da</p><p>aplicação das normas constitucionais), são: princípio da unidade da Constituição; do efeito integrador; da máxima</p><p>efetividade; da justeza ou da conformidade funcional; da concordância prática ou da harmonização; da força</p><p>normativa da Constituição; da interpretação conforme a Constituição e da proporcionalidade ou razoabilidade.</p><p>2.1 Princípio da unidade da Constituição</p><p>Por este princípio, a Constituição deve ser interpretada de modo a evitar antinomias (conflito entre normas),</p><p>bem como contradição envolvendo os seus princípios. Ou seja, primando por uma unidade do Texto Supremo, tem-</p><p>se que as normas constitucionais devem ser interpretadas de modo global, objetivando-se harmonizar os possíveis</p><p>espaços de tensão.</p><p>Nesse passo, o operador do Direito deve perceber as normas da Constituição não de maneira isolada ou</p><p>estanque, ao revés, deve ele senti-las como enunciados que compõem um sistema uno de regras e princípios,</p><p>dotado de harmonia e, por conseguinte, marcado pela ausência de conflitos.</p><p>2.2 Princípio do efeito integrador</p><p>Trata-se de consectário natural do princípio da unidade da Constituição, com o qual guarda estreita</p><p>semelhança.</p><p>Explicando o princípio do efeito integrador, Canotilho ressalta que na resolução dos problemas jurídico-</p><p>constitucionais deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o</p><p>reforço da unidade política.</p><p>2.3 Princípio da máxima efetividade</p><p>Também conhecido como princípio da eficiência ou princípio da interpretação efetiva, traduz a ideia segundo a</p><p>qual o hermeneuta deve conferir à norma constitucional a interpretação que lhe conceda a maior eficácia, é dizer, a</p><p>mais larga efetividade social possível.</p><p>Nesse sentido, em caso de eventual dúvida envolvendo a aplicação de um direito fundamental</p><p>constitucionalmente previsto, a melhor exegese (interpretação), certamente, será aquela que esteja apta a conceder</p><p>o mais alto grau de eficácia a este direito.</p><p>2.4 Princípio da justeza ou da conformidade funcional</p><p>Também chamado de princípio da exatidão ou correção funcional, traduz a ideia de que o intérprete final da</p><p>Constituição (na realidade brasileira, o Supremo Tribunal Federal), ao desempenhar as suas atividades, não poderá</p><p>chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional que foi estabelecido pelo</p><p>legislador constituinte.</p><p>A título de exemplo, não é dado ao STF, no exercício das suas atividades jurisdicionais, conferir uma</p><p>interpretação à Constituição que venha subverter a clássica separação dos Poderes (Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário), consagrada, inclusive, como cláusula pétrea no art. 60, § 4º, III, da CF/88.</p><p>Assim, a partir da aplicação deste princípio garante-se não só a observância da separação das funções estatais,</p><p>como também a própria repartição de competências constitucionalmente estabelecidas para as pessoas políticas ou</p><p>entes federados.</p><p>2.5 Princípio da concordância prática ou da harmonização</p><p>Pautado na noção de ausência de hierarquia entre os princípios e direitos fundamentais, caso ocorra algum</p><p>conflito entres bens jurídicos igual e constitucionalmente protegidos, deve-se primar pela concordância prática ou</p><p>harmonização de tais preceitos, justamente com o objetivo de impedir o sacrifício total de um princípio em relação</p><p>ao outro com o qual esteja colidindo.</p><p>Nesse sentido, Canotilho chega mesmo a fazer referência ao estabelecimento de limites e condicionamentos</p><p>recíprocos entre tais direitos envolvidos no conflito, de modo a conseguir uma harmonização ou concordância</p><p>prática entre eles, e impedindo, dessa forma, como solução, o sacrifício de uns em relação aos outros.</p><p>2.6 Princípio da força normativa da Constituição</p><p>Como norma jurídica que é a Constituição possui força normativa suficiente para, de modo coercitivo, impor as</p><p>suas determinações.</p><p>Trata-se de princípio idealizado pelo jurista Konrad Hesse, para quem o operador do Direito deve, no exercício</p><p>das suas atribuições, realizar a chamada vontade de Constituição, inclusive cuidando da atualização das suas</p><p>normas.</p><p>Assim, na resolução dos diversos conflitos existentes, deve-se conferir máxima aplicabilidade às normas</p><p>constitucionais. Com Canotilho, na</p><p>solução dos problemas jurídico-constitucionais deve-se dar prevalência aos</p><p>pontos de vista que, tendo em conta os pressupostos da Constituição (normativa), possam, efetivamente, contribuir</p><p>para uma eficácia ótima da Lei Fundamental.</p><p>2.7 Princípio da interpretação conforme a Constituição</p><p>À luz deste princípio, sempre que o intérprete estiver diante das chamadas normas polissêmicas ou</p><p>plurissignificativas (aquelas que admitem mais de uma interpretação), deve ser dada preferência ao sentido</p><p>interpretativo que melhor seja compatibilizado com o texto constitucional e que mais se aproxime dos seus</p><p>preceitos.</p><p>Assim, ao aplicar o Direito no caso concreto, dentre as várias possibilidades de interpretação existentes, deve o</p><p>operador escolher aquela que não contrarie o texto constitucional.</p><p>Na trilha do mesmo raciocínio, não deve uma lei ser declarada inconstitucional quando, a partir da observância</p><p>de suas finalidades, ela puder ser interpretada em consonância com a Constituição.</p><p>Com isso, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, percebe-se que mais do que um princípio de</p><p>hermenêutica, a interpretação conforme a Constituição se apresenta com verdadeira espécie de decisão do controle</p><p>de constitucionalidade das normas, podendo ser equiparada a uma declaração de inconstitucionalidade sem</p><p>redução de texto.</p><p>2.8 Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade</p><p>Razoabilidade significa lógica, coerência, congruência.</p><p>Para a doutrina brasileira, dentro do princípio da razoabilidade é possível identificar o princípio da</p><p>proporcionalidade, que, por sua vez, significa equilíbrio entre os meios empregados e os fins visados.</p><p>Conforme já foi cobrado em prova de concurso, um exemplo metafórico de aplicação da proporcionalidade é a</p><p>ideia segundo a qual “não se abatem pardais com canhões”. Isso porque, conforme se percebe, a medida empregada</p><p>é excessivamente desproporcional em realização ao fim pretendido.</p><p>Vale lembrar que razoabilidade e proporcionalidade são princípios implícitos na Constituição Federal, porém</p><p>expressos na legislação infraconstitucional, qual seja a Lei n. 9.784/99, conhecida como Lei de Processo</p><p>Administrativo no âmbito federal, mais especificamente em seu art. 2º.</p><p>A importância desses princípios ganhou no relevo do Direito Público brasileiro principalmente após a</p><p>possibilidade conferida ao Poder Judiciário de controlar a legalidade dos atos administrativos discricionários.</p><p>É que antes desse reconhecimento, os atos discricionários, muitas vezes arbitrários, não eram submetidos a</p><p>controle jurisdicional sob a justificativa de que o Estado-juiz não poderia imiscuir-se no mérito do ato administrativo,</p><p>ainda que flagrantes ilegalidades estivessem sendo cometidas.</p><p>Hoje, porém, a despeito de continuar não podendo adentrar na análise dos requisitos de conveniência e de</p><p>oportunidade que ensejam a prática do ato (elementos que compõem o próprio conceito de mérito), o Poder</p><p>Judiciário não só pode como deve exercer o chamado controle de legalidade.</p><p>Essa legalidade aqui deve ser percebida em termos amplos, é dizer, não só a partir do direito positivado, mas</p><p>também pela contemplação de princípios constitucionais implícitos, como a razoabilidade e a proporcionalidade.</p><p>Controlando a legalidade dos atos discricionários, tendo por parâmetro os princípios mencionados acima, com</p><p>certeza há uma limitação da liberdade do administrador. Não se trata (é preciso que se diga) de controle de mérito,</p><p>entretanto, não há como negar que tal controle acaba, sim, por limitar o espectro de abrangência do mérito desse</p><p>ato administrativo.</p><p>PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS</p><p>PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS - COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS 1º AO 4º</p><p>ART. 1º - FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL</p><p>Além de listar os fundamentos da República, consagra o art. 1º da CF as bases políticas do Estado brasileiro, a saber:</p><p>princípio federativo (consagrando a forma de Estado), princípio republicano (consagrando a forma de governo),</p><p>princípio do Estado Democrático de Direito (definindo o regime político).</p><p>• PRINCÍPIO FEDERATIVO</p><p>• PRINCÍPIO REPUBLICANO</p><p>• PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO</p><p>O Estado democrático se assenta no pilar da soberania popular, pois a base do conceito de democracia está ligada à</p><p>noção de governo do povo, pelo povo e para o povo.</p><p>O art. 1º da CF elenca quais seriam os fundamentos constitucionais da República Federativa do Brasil.</p><p>Todos os fundamentos formam o processo mnemônico de memorização SO CI DI VA PLU.</p><p>1. SOBERANIA</p><p>Para a doutrina majoritária, três são os elementos que compõem o Estado. São eles:</p><p>SOBERANIA, que pode ser dividida em externa e interna.</p><p>- POVO, que não se confunde com nação e população.</p><p>- TERRITÓRIO, que pode ser jurídico ou geográfico.</p><p>Dos três elementos constitutivos do Estado, apenas a soberania é também fundamento da República Federativa do</p><p>Brasil.</p><p>Logo, a soberania pode ser entendida como um elemento constitutivo do Estado.</p><p>A soberania externa é aquela que resguarda o princípio da não intervenção, nas suas diversas dimensões (não</p><p>intervenção cultural, lingüística, etc.). Significa independência na ordem internacional.</p><p>A soberania interna significa que o poder do Estado não pode ser limitado por nenhum outro poder. O poder do</p><p>Estado é o mais alto existente dentro do Estado, é a potestade. Significa supremacia no âmbito interno.</p><p>OBS: A UNIÃO NÃO É SOBERANA. SOBERANO É O ESTADO BRASILERO (REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL).</p><p>A União (pessoa jurídica de direito público interno) é ente federativo autônomo, todavia, não é superior aos demais</p><p>entes que compõem a federação brasileira.</p><p>Assim, em síntese, pode-se dizer que quem exerce soberania é o Estado brasileiro, representado pela União.</p><p>2. CIDADANIA</p><p>A cidadania pode ser compreendida em dois sentidos:</p><p>• SENTIDO AMPLO</p><p>Consiste no conjunto de direitos e obrigações firmadas entre o Estado e o nacional.</p><p>Todo indivíduo que integra o povo brasileiro é cidadão.</p><p>O real sentido de cidadania não se restringe ao campo dos direitos políticos.</p><p>Já se disse que exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais.</p><p>Logo, este é o conceito que melhor atende aos postulados de dignidade humana.</p><p>• SENTIDO ESTRITO</p><p>Cidadão em sentido mínimo ou restrito é o cidadão eleitor.</p><p>Esse é o conteúdo jurídico tradicional da expressão cidadania, que reconduz ao exercício do direito político ativo</p><p>(capacidade eleitoral ativa = votar).</p><p>OBS: A LEGITIMIDADE ATIVA PARA PROPOSITURA DA AÇÃO POPULAR ESTÁ CIRCUNSCRITA AO CONCEITO DE</p><p>CIDADÃO EM SENTIDO ESTRITO. ESSA CIDADANIA SE COMPROVA POR MEIO DO TÍTULO DE ELEITOR (art. 1º, § 3º da</p><p>lei 4.717/65).</p><p>OBS: MEDIDA PROVISÓRIA NÃO PODE TRATAR SOBRE NORMAS RELATIVAS À CIDADANIA (nem direitos político, dos</p><p>partidos político, direito eleitoral e direitos de nacionalidade – dentre outras matérias).</p><p>3. DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA</p><p>Trata-se do fim supremo de todo o direito e é o fundamento maior do Estado brasileiro.</p><p>OBS: SEGUNDO A DOUTRINA MAJORITÁRIA, O PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESOA HUMANA PODE SER</p><p>RELATIVIZADO SOB O FUNDAMENTO DE QUE NÃO EXISTEM PRINCÍPIOS ABSOLUTOS.</p><p>O que difere o princípio da dignidade da pessoa humana dos demais princípios é o fato de tratar-se de um princípio</p><p>meta, um princípio fim.</p><p>Ou seja, todo e qualquer conflito de princípios deve ter como solução aquela que mais se aproxima da dignidade da</p><p>pessoa humana.</p><p>Essa solução não pode ser prévia e abstrata, pois sempre deverá ser analisado o caso concreto.</p><p>4. VALORES SOCIAIS DO TRABALHO E DA LIVRE INICIATIVA</p><p>A primeira Constituição brasileira a fazer referência à valorização do trabalho foi a de 1946; referência essa mantida</p><p>nas Constituições de 1967 e 1969.</p><p>A livre iniciativa, por sua vez, deve ser compatibilizada à valorização do trabalho,</p><p>pois ambos constituem</p><p>fundamento do Estado brasileiro e consagram, por assim dizer, a opção constitucional pela ideologia democrático-</p><p>social.</p><p>5. PLURALISMO POLÍTICO</p><p>Tal princípio não deve ser confundido com pluripartidarismo – sistema que permite a criação de inúmeros partidos.</p><p>Em verdade, sua abrangência é muito maior, significando um direito fundamental à diferença em todos os âmbitos</p><p>em expressões da convivência humana. Tanto nas escolhas de natureza política, quanto nas de caráter religioso,</p><p>econômico, social e cultural.</p><p>Liga-se à ideia de tolerância, significando que ninguém pode ser vítima de preconceitos, de ódio ou de perseguições</p><p>pelo simples fato de ser diferente, afinal o normal é ser diferente.</p><p>ART. 1º, PRÁGRAFO ÚNICO</p><p>Diz que todo poder emana do povo, que o exerce por meio dos seus representantes eleitos ou diretamente, nos</p><p>termos desta Constituição. Trata-se da chamada democracia participativa (semidireta), combinando-se elementos</p><p>do sistema representativo com os da democracia direta.</p><p>Exemplos de democracia direta são o plebiscito, referendo e a iniciativa popular.</p><p>ART. 2º - TRIPARTIÇÃO DAS FUNÇÕES ESTATAIS</p><p>São poderes da União independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.</p><p>Primeiro; o poder é uno e indivisível. Divididas são as funções do Estado. Portanto, é técnico e correto se referir à</p><p>tripartição das funções estatais.</p><p>A partir dessa ideia nós conhecemos a possibilidade de exercício de funções típicas e atípicas.</p><p>ART. 3º - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL - GPCE</p><p>Os objetivos fundamentais constituem normas programáticas.</p><p>Normas programáticas são as que estabelecem políticas públicas a serem implementadas pelo Estado para a</p><p>consecução dos seus fins sociais.</p><p>Objetivos são metas a serem alcançadas, são ações.</p><p>OBS: SEMPRE QUE A ASSERTIVA ESTIVER COMPSTA DE VERBOS E METAS, ESTAREMOS DIANTE DE OBJETIVOS</p><p>FUNDAMENTAIS, QUE NÃO SE CONFUNDE COM OS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA. Ex. construir, garantir, erradicar</p><p>e promover.</p><p>O rol dos objetivos fundamentais é meramente exemplificativo, ou seja, não se trata de rol taxativo, tendo em vista</p><p>a existência de vários outros objetivos fundamentais que não estão previstos expressamente no texto constitucional.</p><p>ART. 4º - PRINCÍPIOS QUE REGEM A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL NAS SUAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS</p><p>São dez incisos que perfazem o processo mnemônico de memorização CC II DNA PRS.</p><p>Destaque para PREVALÊNCIA DOS DIREITOS HUMANOS</p><p>Esse é um dos princípios mais importantes, principalmente em decorrência da EC 45/04 que tratou da reforma do</p><p>Poder Judiciário e inseriu o § 3º ao art. 5º da Constituição.</p><p>Com a nova redação, tem-se que:</p><p>“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados em cada Casa do Congresso</p><p>Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas</p><p>constitucionais”.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Arts. 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, XIII, 7º, IV, 18, § 2º, 19, 20, 21, 22, 24, 33, 102, § 1º.</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>- Súmulas vinculantes nº: 11 e 14.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (TRT/PR/Técnico/2007) Norma constitucional de eficácia contida é aquela que, sendo autoaplicável,</p><p>autoriza a posterior restrição por parte do legislador infraconstitucional.</p><p>II. (TJ/RJ/Analista/2008) A República Federativa do Brasil admite o direito de secessão, desde que esta se</p><p>faça por meio de emenda à CF, com três quintos, no mínimo, de aprovação em cada casa do Congresso</p><p>Nacional, em dois turnos.</p><p>III. (TJ/RJ/Analista/2008) A República é uma forma de Estado. A federação é uma forma de governo.</p><p>IV. (TJ/RJ/Analista/2008) São poderes da União, dos estados e do DF, independentes e harmônicos, o</p><p>Legislativo, o Judiciário e o Executivo.</p><p>V. (STJ/Analista/2008) O Brasil é regido, nas suas relações internacionais, pelo princípio da</p><p>autodeterminação dos povos, mas repudia o terrorismo e o racismo.</p><p>GABARITO</p><p>I. C</p><p>II. E</p><p>III. E</p><p>IV. E</p><p>V. C</p><p>TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>São fundamentais porque estes direitos manifestam-se como pressupostos de um estado democrático de direito.</p><p>Assim, a fundamentalidade reside na essencialidade desses direitos para a pessoa humana – que não existe</p><p>dignamente sem eles – e no fato de serem pressupostos de um estado democrático de direito.</p><p>1. DIREITOS HUMANOS, DIREITOS FUNDAMENTAIS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS – DISTINÇÃO NECESSÁRIA</p><p>- CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS</p><p>São o conjunto de bens jurídicos, prerrogativas, franquias e instituições que explicitam e concretizam a dignidade</p><p>humana como o fim de assegurar a existência solidária, igual e fraterna entre as pessoas.</p><p>- CONCEITO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>Direitos fundamentais são os direitos humanos incorporados na ordem jurídica dos Estados.</p><p>- CONCEITO DE GARANTIAS FUNDAMENTAIS</p><p>Conjunto de medidas ou providências, destinadas à proteção, segurança e efetivação dos direitos fundamentais.</p><p>Assim, a garantia é a medida de proteção dos direitos fundamentais. Ex. remédios constitucionais. Todo direito tem</p><p>que ter a sua garantia, a sua forma jurídica de proteção. Não há que se falar em direitos sem as suas próprias</p><p>garantias.</p><p>1. CLÁUSULA DE ABERTURA MATERIAL OU DE INESGOTABILIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>O art. 5º, § 2º da Constituição Federal estabelece que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição, não</p><p>excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a</p><p>República Federativa do Brasil seja parte”.</p><p>A partir da leitura do dispositivo, contata-se que o Brasil adotou um sistema materialmente aberto de direitos</p><p>fundamentais, não se podendo considerar taxativa a enumeração dos direitos fundamentais no Título II da</p><p>Constituição.</p><p>2. TITULARIDADE ou DESTINATÁRIOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>Não resta dúvida de que todos os seres humanos são titulares de direitos fundamentais. Pode-se indagar, porém, se</p><p>apenas as pessoas físicas protagonizam tais direitos.</p><p>- PESSOAS JURÍDICAS TITULARIZANDO DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>Não há, em princípio, impedimento insuperável a que as pessoas jurídicas venham, também, a serem consideradas</p><p>titulares de direitos fundamentais, não obstante estes, originalmente, terem por referência a pessoa física.</p><p>Garantias, porém, que dizem respeito à prisão têm as pessoas físicas como destinatárias exclusivas. Da mesma forma</p><p>como ocorre com os direitos políticos, direitos sociais, assistência social etc.</p><p>OBS: Pessoas jurídicas de direito público possuem, por exemplo, direitos fundamentais de caráter processual (ou do</p><p>tipo procedimental – devido processo legal, contraditório, ampla defesa).</p><p>- DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ESTRANGEIROS</p><p>Ao contrário da literalidade do art. 5º, caput, os direitos fundamentais são extensíveis aos estrangeiros residentes no</p><p>país, bem com aos não residentes, aqueles que aqui estejam de passagem, a exemplo dos turistas. Esse</p><p>entendimento está pautado no princípio vetor de nosso ordenamento, qual seja a dignidade da pessoa humana (art.</p><p>1º, III, CF/88).</p><p>3. EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>O tema da eficácia horizontal dos direitos fundamentais é também denominado pela doutrina de eficácia privada ou</p><p>externa dos direitos fundamentais.</p><p>Surge como importante contraponto à ideia de eficácia vertical dos direitos fundamentais, que se desenha a partir</p><p>da aplicação dos direitos fundamentais nas relações entre o particular e o poder público.</p><p>Nesse sentido, temos que o Brasil adota a:</p><p>• TEORIA DA EFICÁCIA DIRETA OU IMEDIATA – para essa teoria, os direitos fundamentais</p><p>têm aplicação direta</p><p>e imediata às relações privadas, independente de prévia atividade legislativa. Essa teoria foi acolhida na</p><p>Espanha, Itália, Argentina e Portugal, onde há inclusive norma expressa na sua Constituição da República</p><p>Portuguesa. No Brasil, a doutrina e a jurisprudência do STF adotam a teoria da eficácia direta e imediata.</p><p>Essa tendência não é mais senão a aplicação do que preconiza, entre nós, o § 1º do art. 5º, que determina a</p><p>aplicabilidade imediata das normas de direitos fundamentais.</p><p>4. EVOLUÇÃO E DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS</p><p>A doutrina dispara uma crítica à expressão “geração”, tendo vista que a evolução dos direitos fundamentais traduz</p><p>uma relação de complementaridade, e não hereditariedade.</p><p>Gerações ou dimensões de direitos correspondem a uma sucessão temporal de afirmação e acumulação de novos</p><p>direitos fundamentais.</p><p>1ª DIMENSÃO 2ª DIMENSÃO 3ª DIMENSÃO 4ª DIMENSÃO</p><p>Séc. XVIII e XIX</p><p>Estado Liberal</p><p>Séc. XIX e XX</p><p>Estado Social</p><p>Séc. XX e XXI ---</p><p>Direitos civis e</p><p>políticos</p><p>Direitos econômicos,</p><p>sociais e culturais</p><p>Direitos difusos e</p><p>coletivos - transindi.</p><p>Democracia direta e</p><p>biotecnologia</p><p>Liberdade Igualdade Fraternidade / Solid. ---</p><p>Liberdade de</p><p>reunião, associação,</p><p>crença e consciência,</p><p>iviolabilidade de</p><p>domicílio...</p><p>Saúde, educação,</p><p>trabalho, assistência,</p><p>moradia,</p><p>sindicalização,</p><p>direitos de greve...</p><p>Meio ambiente,</p><p>consumidor,</p><p>progresso,</p><p>desenvolvimento</p><p>tecnológico</p><p>Direito de mudança</p><p>de sexo, contra</p><p>manipulação</p><p>genética</p><p>Absenteísmo,</p><p>liberdades negativas,</p><p>obrigações de não</p><p>Intervencionismo,</p><p>liberdades positivas,</p><p>obrigações de fazer,</p><p>Pela primeira vez, o</p><p>homem passa a ser</p><p>visto como membro</p><p>Resultado da</p><p>globalização dos D.F.</p><p>fazer, defesa. prestação. de uma coletividade.</p><p>Paulo Bonavides já fala na 5º dimensão cuja tônica seria o direito à paz mundial, podendo ser exemplificado no</p><p>combate ao terrorismo.</p><p>DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL:</p><p>- Arts. 5º, caput, § 1º, § 2º, § 3º e § 4º.</p><p>CÓDIGO CIVIL:</p><p>- Art. 52</p><p>SÚMULAS E JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS</p><p>- Súmulas vinculantes: 3 e 5.</p><p>QUESTÕES CORRELATAS</p><p>I. (MP/RO/Promotor/2008) O art. 5º da CF prevê que ninguém pode ser submetido a tortura nem a</p><p>tratamento desumano ou degradante. Entretanto, esse dispositivo não tem aplicabilidade imediata</p><p>devido ao fato de não ter sido regulamentado no plano infraconstitucional.</p><p>II. (TER/MT/Analista/2010) Os direitos e garantias fundamentais estão previstos de forma taxativa na CF.</p><p>III. (MP/AM/Promotor/2007) A partir da Emenda Constitucional nº 45/04, que introduziu os parágrafos 3º e</p><p>4º ao art. 5º da CF, os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos passaram a ter força</p><p>de emenda constitucional, desde que tais atos internacionais sejam aprovados em ambas as casas</p><p>congressuais, em turno simples de votação, e por maioria simples de votos de seus respectivos membros.</p><p>IV. (STJ/Analista/2008) Os direitos e garantias fundamentais são considerados elementos limitativos das</p><p>constituições.</p><p>V. (MP/AM/Promotor/2007) Embora o art. 5º da CF disponha de forma minuciosa sobre os direitos e as</p><p>garantias fundamentais, ele não é exaustivo e não exclui outros direitos.</p><p>GABARITO</p><p>I. E</p><p>II. E</p><p>III. E</p><p>IV. C</p><p>V. C</p><p>DIRIETO DE NACIONALIDADE</p><p>NOÇÕES TEÓRICAS</p><p>DIREITOS DE NACONALIDADE</p><p>1. CONCEITO</p><p>Nacionalidade é um vínculo de natureza jurídica e política que liga determinada pessoa a um determinado estado</p><p>soberano, quer em razão do nascimento, quer em razão da naturalização.</p><p>Nacional não se confunde com cidadão. A rigor, todo cidadão é nacional, mas nem todo nacional é um cidadão.</p><p>Cidadão é o nacional no pleno gozo dos direito políticos.</p><p>2. ESPÉCIES E AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE</p><p>ORIGINÁRIA (PRIMÁRIA ou de 1º GRAU)</p><p>Aquela que resulta de um fato involuntário ou natural, que consiste no nascimento.</p><p>Então, originariamente ela é adquirida pelo nascimento.</p><p>Todavia, dentro dessa espécie é possível encontrar dois critérios, a serem adotados pelos Estados, determinantes na</p><p>aquisição da nacionalidade.</p><p>• CRITÉRIO TERRITORAL (jus solis) – a nacionalidade é a do local do nascimento, e não da descendência. Aqui</p><p>interessa saber o local, território onde a pessoa nasceu.</p><p>• CRITÉRIO SANGUÍNEO (jus sanguinis) – a nacionalidade está ligada ao parentesco, pois o que interessa para</p><p>a nacionalidade é o sangue, a filiação, a ascendência, pouco importando o local onde o indivíduo nasceu.</p><p>SECUNDÁRIA (SECUNDÁRIA ou DE 2º GRAU)</p><p>Aquela que resulta de um ato voluntário, consistente num concurso de vontades entre o pretendente estrangeiro,</p><p>que deseja obter a nacionalidade de outro país, e a concordância do outro Estado em conceder a nacionalidade e</p><p>receber o estrangeiro como nacional.</p><p>No Brasil há a lei 6.815/80, que no art. 112 define os pressupostos para a naturalização do estrangeiro.</p><p>3. NACIONALIDADE - OS BRASILEIROS NA CF/88</p><p>A Constituição relaciona quem são os brasileiros, tanto os originários (natos), como os secundários (naturalizados).</p><p>No art. 12, os natos estão no inciso I, os naturalizados, no inciso II.</p><p>• NATOS (aquisição de nacionalidade originária)</p><p>A CF, sendo o Brasil um país de imigração, explicitamente consagra o critério territorial, mas o fez como regra,</p><p>comportando exceções.</p><p>Assim, são natos (rol taxativo):</p><p>Art. 12, I, “a” (critério territorial) - os nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam</p><p>a serviço de seu país.</p><p>Art. 12, I, “b” (critério sanguíneo + serviço do Brasil) - os nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, quando</p><p>qualquer deles estiver a serviço da República Federativa do Brasil.</p><p>Art. 12, I, “c” (critério sanguíneo + 1) registro ou 2) opção confirmativa = nacionalidade originária potestativa) - os</p><p>nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, que forem registrados na repartição brasileira competente, OU</p><p>vierem a residir no Brasil, e optarem, a qualquer tempo, desde que atingida a maioridade, pela nacionalidade</p><p>brasileira.</p><p>Repartição brasileira competente aí pode ser entendida como Consulados ou também as seções consulares nas</p><p>Embaixadas, bem com as repartições diplomáticas.</p><p>Veio com a EC 54 (que corrigiu imperfeição trazida pela EC 3/94) e inseriu o art. 95 ao ADCT, além de modificar o art.</p><p>12 da CF.</p><p>Antes, só se viesse residir aqui, agora, foi acrescentada esta nova hipótese.</p><p>OBS: A CRIANÇA QUE VENHA A RESIDIR COM OS PAIS AQUI, SEGUNDO O STF, É BRASILEIRA NATA, SÓ QUE ELA</p><p>TEM ESSA SITUAÇÃO PERMANECIDA ATÉ OS DEZOITO ANOS, QUANDO DEVERÁ FAZER A OPÇÃO; SE NÃO FIZER,</p><p>PERDE A NACIONALIDADE ORIGINÁRIA. TRATA-SE DE CONDIÇÃO SUSPENSIVA.</p><p>• NATURALIZADOS (aquisição de nacionalidade secundária)</p><p>Art. 12, II, “a” - ORDINÁRIA – os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira.</p><p>Também são naturalizados, os estrangeiros provenientes de países de língua portuguesa, que residam aqui por um</p><p>ano ininterrupto e possuam idoneidade moral. Aqui já não é na forma da lei, basta ser originário de país de língua</p><p>portuguesa, comprovar a residência ininterrupta por um ano aqui, e ter idoneidade moral.</p><p>A ordinária é qualquer estrangeiro, por isso que é na forma da lei. Nessa segunda hipótese, são estrangeiros de</p><p>países de língua portuguesa (p. ex. Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Açores, Cabo Verde, Príncipe,</p><p>Timor Leste), por isso basta manifestar sua vontade e cumprir os requisitos previstos na constituição, além da</p><p>aquiescência brasileira.</p><p>Art. 12, II, “b” - EXTRAORDINÁRIA – quaisquer estrangeiros, residentes ininterruptamente no Brasil, há mais de</p><p>quinze anos, requerendo a identidade nacional, desde que não tenha sofrido condenação penal.</p><p>OBS: AINDA NA FORMA DA LEI (APESAR DO SILÊNCIO CONSTITUCIONAL),</p>