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DESIGN DE EMBALAGEM E 
PDV 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof.ª Milena Maria Rodege Gogola 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula, estudaremos os materiais e processos mais comuns utilizados 
na produção de embalagens: vidro, celulose, papel e papel ondulado, polímeros, 
metal e materiais inovadores oriundos de diversas fontes alternativas. Por fim, 
trataremos de ações que melhoram o desempenho ambiental das embalagens 
ao longo do seu ciclo de vida. 
CONTEXTUALIZANDO 
Como vimos anteriormente, é fundamental para o designer de 
embalagens conhecer os materiais e os processos de fabricação envolvidos no 
projeto de embalagens, pois eles afetam diretamente o briefing do produto. 
Existe a necessidade de um bom relacionamento e uma comunicação aberta 
com o setor produtivo da empresa, fornecedores e terceirizados, para que todos 
os agentes trabalhem em prol das decisões tomadas na fase de estudo e 
planejamento do projeto. 
A escolha do material e do seu acabamento compõe uma fase 
insubstituível em uma proposta de design de embalagens. A seleção de material 
e o método de produção da embalagem determinam o caminho que as demais 
variantes do projeto devem seguir: não sendo apenas uma questão da forma da 
embalagem. Ela afeta diretamente no manejo, na imagem, no uso do produto, 
no tipo de impressão gráfica escolhida e no seu descarte, interferindo 
primeiramente no processo de extração de matéria-prima, seu beneficiamento e 
produção da embalagem em si, além do seu enchimento, fechamento e 
transporte. 
Não podemos deixar de mencionar a importância econômica que a 
escolha de materiais para embalagens representa no Brasil e no mundo. A FGV 
realizou um estudo que demonstrou o valor bruto da produção física de 
embalagens no Brasil em 2019: um total de R$ 80,2 bilhões. O uso dos materiais 
em embalagens está diretamente ligado a esse valor, pois é possível identificar 
o quanto cada categorias contribuiu com esse valor. No ano de 2019, as 
embalagens de vidro e metal se destacaram com os maiores índices de 
incrementos em sua produção em relação ao ano de 2018, com crescimento de 
12,2% e 6,1%, respectivamente justificados pelo aumento de consumo de 
 
 
3 
produtos de alimentos e bebidas. Em se tratando de importações para o mesmo 
ano, houve um movimento de um total de US$ 631,9 milhões (ABRE, 2019). 
Além dos aspectos projetuais e econômicos, a escolha de materiais traz 
consigo um outro de igual importância, alvo de muitas pesquisas recentes no 
projeto de embalagem: seu desempenho tátil durante o seu uso. Se a 
embalagem é vista, ela também é sentida. Dessa forma, uma estimulação tátil é 
associada à percepção visual da embalagem, ampliando a experiência total do 
consumidor. Essa experiência sensorial complexa interfere na percepção do 
produto ou marca, associando-os a conceitos intangíveis e tornando-se um fator 
importante em uma nova compra. 
Por meio de treinamento e da experiência, os designers podem aprender 
muito a respeito dos materiais, suas características e métodos de manufatura. 
Mesmo assim, para que a escolha do material a ser utilizado seja completamente 
adequada, é essencial contar com a expertise de fornecedores e especialistas. 
A seguir, veremos as cinco principais categorias de materiais utilizados 
em produção de embalagens, suas aplicações e seus principais processos de 
fabricação de embalagens. 
TEMA 1 – EMBALAGENS DE VIDRO E SEUS PROCESSOS DE PRODUÇÃO 
O vidro é um dos materiais mais antigos conhecidos pelo homem. 
Especula-se ter sido descoberto pelos fenícios, quando acenderam uma fogueira 
na praia e mais tarde descobriram que a areia tinha derretido. 
Apesar da longa idade do vidro, ele só veio a ser utilizado como 
embalagem comercial há cerca de 200 anos, como garrafas para bebidas. 
Os vidros são resultado de uma combinação de óxidos inorgânicos 
derretidos à alta temperatura, formando uma variedade de objetos rígidos e 
transparentes. Chamados tecnicamente de líquidos super-resfriados, 
comportam-se como sólidos à temperatura ambiente. 
O vidro é popularmente reconhecido pelo seu brilho e por sua 
transparência, embora existam vidros translúcidos e opacos. Também é um 
material durável, quimicamente inerte (não reage quimicamente com outros 
elementos) e é impermeável – ambas características que ainda colaboram para 
o seu amplo uso em embalagens frente ao avanço tecnológico dos materiais 
termoplásticos e da versatilidade do alumínio. 
 
 
4 
Os recipientes de vidro podem ser esterilizados, suportam o 
processamento de alimentos à alta temperatura e podem ser 100% reciclados. 
As desvantagens do vidro são: seu peso, sua fragilidade a elevadas 
temperaturas (resiste em torno de 300 a 400 °C) e a choques térmicos. Essa 
desvantagem pode ser melhorada na utilização da técnica de têmpera, que 
também colabora para o aumento de sua resistência mecânica. 
Um recipiente de vidro geralmente passa uma imagem de alta qualidade, 
por isso são utilizados em alimentos de alto nível, como vinhos e cervejas 
premium, perfumes e condimentos. Comumente essas embalagens de vidro são 
reutilizadas no ambiente doméstico. 
Os ingredientes utilizados na fabricação do vidro são de baixo custo e não 
mudaram no decorrer dos séculos: o principal é a sílica (areia), com soda e cal 
em pequenas quantidades. Quando reciclado, o vidro é moído em cacos e 
refundido, podendo-se acrescentar ou não uma carga da sílica. 
Para o derretimento e moldagem dos ingredientes, é necessária uma 
grande quantidade de energia, fato que influencia diretamente no custo 
econômico e ambiental na produção do vidro. Para reduzir o uso de energia, 
várias técnicas têm sido desenvolvidas, incluindo a pré-mistura e o pré-
aquecimento da matéria-prima, o uso de cacos de vidro (são consideravelmente 
mais fáceis para amolecer) e o melhor monitoramento e controle dos processos. 
A indústria do vidro tem concentrado grandes esforços e recursos para 
incentivar a reciclagem e reúso de recipientes de vidro, por razões econômicas, 
ambientais e relacionais com o seu público, neste último caso promovendo 
conceitos importantes a respeito da marca – que passa a estar ligada a uma 
preocupação da empresa com o meio ambiente – mas também em relação à 
fidelização do consumidor ao produto. É o exemplo de garrafa de refrigerante 
retornável, que, quando levada vazia ao estabelecimento de compra, garante um 
desconto na compra de uma nova garrafa cheia. 
Um dos maiores problemas na indústria de embalagens de vidro é a sua 
avaria devido a choques na produção, envase e transporte. Uma das soluções 
aplicadas atualmente consiste no revestimento externo no recipiente com uma 
camisa termoencolhível de poliestireno expandido (PS). Como o revestimento é 
imprimível, é um recurso bastante interessante para ser explorado pelo designer, 
além de oferecer outros benefícios como aquisição de alguns graus de proteção 
térmica do produto, a diminuição do barulho durante o envase e um melhor e 
 
 
5 
mais seguro contato para o consumidor ao segurar o recipiente. No caso de 
quebra, o revestimento ainda previne o espalhamento de cacos de vidro. 
Quadro 1 – Processos de obtenção de embalagens de vidro 
Processo Aplicação 
Prensagem Pratos, copos simples, baixelas, bandejas etc. 
Sopro Garrafas, jarros e outros recipientes 
TEMA 2 – EMBALAGENS DE PAPEL E PAPELÃO E SEUS PROCESSOS DE 
PRODUÇÃO 
Considerando o volume, a maioria das embalagens fabricadas no Brasil 
são feitas de papel e papelão, sendo o material mais utilizado em embalagens 
de consumo até as embalagens de transporte. 
Por apresentar essa enorme variedade de aplicações, as propriedades 
físicas desses materiais não podem ser apontadas sem antes discriminar o tipo 
de papel ou papelão pretendido. Portanto, neste capítulo iremos abordar estes 
materiais apenas de forma ampla, concentrando-nos na sua fabricação e nos 
recursosutilizados em design de embalagens. 
O papel e o papelão são materiais de origem agroflorestal, ou seja, seus 
insumos são retirados de florestas plantadas de eucalipto e pinus. Depois de a 
madeira ser cortada e processada para extração da celulose, adiciona-se uma 
mistura de substâncias minerais (como o caulim, dióxido de titânio e sulfato de 
bário) e água, formando uma pasta que é colocada para secar ao calor e pressão 
sobre uma superfície lisa e plana. Depois, passa-se a pasta seca pela calandra, 
que é um conjunto de rolos metálicos aquecidos, para que a aglutinação das 
fibras seja fortalecida e enrijecida. Após essa etapa, o papel já pode ser enrolado 
em bobinas, rolos ou cortado em chapas. 
O papelão ondulado é uma estrutura formada por dois tipos de estruturas: 
o miolo e a capa. A capa é fabricada como o papel comum, enquanto o miolo é 
fabricado em uma máquina denominada onduladeira, em que as ondas são feitas 
de acordo com o tamanho do cilindro ondulador. As ondas são fixadas a um ou 
mais elementos planos, por meio de cola aplicada no seu topo. 
De todas as características do papel e do papelão, a que o designer deve 
observar com mais cuidado é a direção da distribuição das fibras na chapa ou 
 
 
6 
na bobina. Ela influencia diretamente no processo de corte, vinco e dobra na 
embalagem. São as fibras que oferecem resistência a rachaduras e ao impacto. 
O fabricante de papel sempre deverá fornecer essas informações, juntamente 
com a matéria-prima. 
Por essa mesma característica, o papel descartado não pode ser 
reciclado indefinidamente, como o alumínio, já que o comprimento das fibras se 
reduz durante o processo, a ponto de o papel não oferecer uma performance 
satisfatória. Pode-se prolongar a sua vida útil adicionando-se material virgem ou 
outros materiais fibrosos à massa, ou ainda combinando materiais reciclados e 
virgens em uma estrutura multilaminar. Há muitos anos a indústria de papelão 
tem produzido miolos a partir de papel reciclado, associado a uma capa de 
material virgem, para obter resistência satisfatória. 
Um outro fator que limita o uso do papel reciclado é a presença de tintas 
de impressão contaminantes, adesivos, laminação polimérica ou metálica entre 
seus ingredientes. Alimentos, por exemplo, não podem ser embalados 
diretamente com papéis reciclados que contenham contaminantes 
Quadro 2 – Processos de obtenção de embalagens de papel 
Processo Aplicação 
Vincadeira/dobradeira/coladeira e 
corte-vinco para papelão 
Caixas de transporte, acessórios e 
displays 
Corte-vinco/dobradeira associadas 
ou não a impressoras de papel 
Embalagens, cartuchos, sacos, 
envelopes 
TEMA 3 – EMBALAGENS POLIMÉRICAS E SEUS PROCESSOS DE PRODUÇÃO 
O primeiro plástico foi desenvolvido há pouco mais de 100 anos pelo 
inventor amador John Wesley Hyatt, para substituir uma carência de marfim. Por 
meio de experimentos com lã de algodão e ácido nítrico, chegou a um plástico 
chamado nitrocelulose. 
Algumas décadas depois, cientistas petroquímicos criaram diversos 
plásticos novos, que tiveram papel determinante no desfecho da Segunda 
Guerra Mundial. O polietileno foi utilizado como isolante das linhas elétricas dos 
radares aéreos das forças aliadas; o nylon substituiu a seda na fabricação de 
paraquedas; o acrílico foi insumo de janelas de compartimentos de tiro dos 
 
 
7 
tanques; e diferentes combinações de plástico foram utilizadas em capacetes, 
em substituição aos de metal, que eram mais pesados. 
Desde então, seu progresso tecnológico vem ocorrendo de forma 
galopante, associado à invenção de novas utilidades, contribuindo assim para o 
crescimento exponencial da indústria plástica. 
Considerado o material mais versátil à disposição de um projetista, por 
sua facilidade de transformação, em especial, a capacidade de adquirir 
diferentes formas, texturas e cores, encontra-se presente na maioria das 
embalagens, em maior ou menor quantidade, e é alvo de constante 
questionamentos acerca do seu desempenho ambiental, como veremos adiante. 
O termo plástico é a maneira mais popular e também comercial de se 
chamar um material polimérico (ou simplesmente polímero). O nome polímero 
se origina da formação de um conjunto de moléculas (poli) compostas pela 
repetição de milhares de unidades básicas (meros). 
Os plásticos apresentam inúmeras propriedades muito interessantes, 
como baixa densidade, resistência química e capacidade de isolamento elétrico 
e térmico, transparência e facilidade de impressão e, portanto, podem, com muita 
facilidade, substituir metais, papel e vidro. Em contrapartida, são tipicamente 
pouco resistentes a esforços mecânicos, temperaturas elevadas e intempéries. 
É um material altamente multifuncional e barato na maioria das aplicações 
em embalagens, e por isso podemos constatar que existe uma dependência 
humana por produtos plásticos, fato que gerou um problema ambiental grave: 
verifica-se uma sobrecarga de resíduos plásticos no meio ambiente, sobretudo 
nos oceanos, local de destino de grande parte dos produtos descartados, onde 
eles permanecem por décadas ou séculos. 
Muitas embalagens são formadas por uma complexa combinação de 
materiais, plásticos e não plásticos, conseguidos por coextrusão, laminação com 
camadas, pigmentos, lubrificantes e plastificantes. Um exemplo são as 
embalagens flexíveis de biscoito e de salgadinhos. Não existe uma categoria 
compatível para o reprocessamento destas embalagens pós-consumo, 
dificultando a reciclagem. Por isso elas são incineradas, para pelo menos serem 
fonte de energia para outros processos. 
Em um projeto, o designer deve compreender que, ao escolher o plástico, 
nem sempre uma reciclagem viável acompanha a escolha. Por isso deve-se 
examinar o ciclo de vida da embalagem cuidadosamente, conversar com 
 
 
8 
fornecedores, conhecer os resultados das constantes pesquisas na área e 
acompanhar as demandas do mercado consumidor. 
Cabe também aos designers, em conjunto com toda a equipe técnica e 
administrativa da empresa, pensar e criar novas soluções para amenizar o efeito 
ambiental do descarte incorreto dos polímeros, apresentando produtos com 
desempenho igual ou superior, sem que haja degradação do meio ambiente 
Quadro 3 – Processos de obtenção de embalagens de plástico 
Processo Aplicação 
Laminação Bobinas para embalagens flexíveis 
Vacuum forming Blister, embalagens para produtos eletrônicos, de alimentos, 
bandejas, kits/produtos promocionais, pratos/copos para 
festas, descartáveis etc. 
Injeção Potes, frascos, garrafas etc. 
Sopro Peças ocas como frascos para indústria de cosméticos, 
farmacêutica, produtos de limpeza entre outras, bombonas, 
regadores, reservatórios. 
Injeção-sopro Peças ocas (geralmente com bocas largas) como frascos 
mais refinados para indústria de cosmético, farmacêutica, 
alimentícia, reservatórios, garrafas de refrigerantes e outros 
recipientes 
Rotomoldagem Peças ocas, com geometria complexa (formas intrincadas) 
podendo ser pequenas, médias ou grandes, como displays, 
embalagens para líquidos etc. 
TEMA 4 – EMBALAGENS METÁLICAS E SEUS PROCESSOS DE PRODUÇÃO 
O uso de metais como cobre, ferro e estanho começou a ser significativo 
apenas nos tempos modernos, apesar de ter sido descoberto na mesma época 
em que a cerâmica de barro. 
No início do século XIX, a Marinha Inglesa adotou as latas de estanho. 
Por volta de 1830, os enlatados começaram a aparecer nas lojas. Essas latas 
difundiram-se durante a Segunda Guerra Mundial e, devido à demanda, houve 
um aumento no preço da matéria-prima – a folha de Flandres –, o que levou os 
produtores de lata a buscar uma solução alternativa, o alumínio, que hoje, 
 
 
9 
juntamente com o aço inoxidável, é o metal mais utilizado em embalagens 
metálicas. Além de proteger os alimentos dos contaminantes externos, fazendo-
os durar pelo menos por três anos, as embalagens metálicasdispensam grandes 
embalagens secundárias para o transporte. 
Assim como o vidro, o aço e alumínio, quando reciclados, esses materiais 
apresentam qualidades comparáveis ao material virgem, e sua separação do 
fluxo de descarte é relativamente fácil. Ao se fundir e refinar o metal, a maioria 
dos contaminantes é removida, e as altas temperaturas asseguram a garantia 
da destruição dos organismos, ajudando na pureza do material para reusá-lo na 
produção de novas embalagens. 
Apesar do alto índice de energia requerido para reciclar metal usado, as 
embalagens de metal são bastante valorizadas pelo fato de que podem se 
submeter a repetidas reciclagens sem perdas das propriedades. Algumas das 
desvantagens das embalagens metálicas envolvem corrosão do metal e a 
deterioração dos alimentos quando a embalagem é avariada, além da 
impossibilidade de ver o seu conteúdo e a acessibilidade para abri-las. 
As latas podem ser feitas em duas partes (corpo e tampa – em que o 
fundo e o corpo formam uma só estrutura sem emendas) ou três partes (com 
tampa, corpo e fundo). Neste último caso, a lata é feita a partir de folha plana 
enrolada, com uma pequena dobra em sua boca, para permitir seu fechamento 
hermético. Esse tipo de fechamento é conhecido como recravação e é feito após 
o enchimento da lata. O fundo é colocado antes, apertando-se as extremidades 
para encaixe. 
 As latas ganharam variação de forma nos últimos anos, por meio de 
cinturas, ondas e volumes, que, aliadas a grafismos inovadores, tornaram-se um 
gigantesco propulsor de vendas desses produtos. A impressão em latas tem uma 
dupla função: a de comunicação visual e a de proteção. Durante a impressão 
do metal, é aplicado um verniz contra a corrosão e oxidação, prevenindo que o 
metal e produto embalado entrem em contato. Esse processo pode ser feito 
antes de se tornar um recipiente curvo, ou após a embalagem final. 
Quadro 4 – Processos para obtenção de embalagens de metal 
Processo Aplicação 
Folha de alumínio Latas, blister, selos 
Folha de Flanders Latas 
 
 
10 
TEMA 5 – MATERIAIS E PROCESSOS INOVADORES 
As ameaças do desequilíbrio do sistema natural, a contaminação do solo 
e da água por resíduos e por embalagens descartadas incorretamente e o 
esgotamento de aterros sanitários impulsionam a pesquisa e o desenvolvimento 
de soluções mais satisfatórias do ponto de vista da sustentabilidade. 
Neste tema, vamos conhecer as principais respostas oferecidas pela 
indústria de embalagens para resolver esse problema. 
5.1 Materiais degradáveis 
Existem dois termos ligados à degradação natural de materiais: 
biodegradação e oxidegradação. 
Os materiais biodegradáveis são aqueles que se decompõem 
integralmente pelo contato com microrganismos (bactérias, fungos e algas) ou 
pela luz solar. Papel e cartão, por exemplo, em condições ideais, se decompõem 
e sua massa decomposta enriquece o solo. Uma vez enterrados, na ausência de 
oxigênio, produzem CO2 e metano, o gás responsável pelo efeito estufa. Por 
essa razão, os materiais biodegradáveis são desviados de aterros sanitários 
para locais de compostagem para produzir outros produtos, como turfa e 
fertilizantes. 
Os materiais oxidegradáveis são aqueles que contêm aditivos que 
aceleraram a degradação química do material, processo amplamente utilizado 
na produção de embalagens plásticas. Nesse caso, o aditivo favorece a 
microfragmentação do polímero, mas não garante a biodegradação conforme 
requisitos estabelecidos em normas internacionais, pois seus fragmentos não 
desaparecem; ao contrário, tornam-se resíduos que podem poluir as águas, o 
solo e ainda podem ser ingeridos por animais. Seu melhor destino é a coleta 
seletiva e a reciclagem. 
Entende-se, assim, que ambos recursos utilizados para a degradação dos 
materiais são benéficos ao meio ambiente, pois diminuem o volume de massa 
em aterros sanitários, mas necessitam de forte controle e fiscalização. 
Atualmente poucos municípios apresentam iniciativas controladas para 
compostagens, de modo que, infelizmente, os materiais de embalagens 
domésticas biodegradáveis ainda são depositados em aterros sanitários. 
 
 
11 
5.2 Matéria-prima proveniente de fontes renováveis 
É toda matéria produzida utilizando-se de recursos que não se esgotam 
na natureza, pois podem ser produzidas regularmente a partir do cultivo agrícola. 
O papel e o papelão, por exemplo, são materiais produzidos a partir da 
plantação de eucalipto, ou seja, são de fontes renováveis de matéria-prima. 
Outro material que vem ganhando espaço gradativamente no setor de 
embalagens é o bioplástico, ou plástico verde, oriundo da extração da cana-de-
açúcar. Atualmente existem pesquisas com outras fontes renováveis, como 
milho, batata, mamona, cana-de-açúcar, palha, cascas de frutas; e de resíduos 
resultantes da degradação dos óleos vegetais e do glicerol produzido como 
rejeito no processo de refino do biodiesel. 
O principal plástico produzido com cana-de-açúcar é o polietileno verde, 
que apresenta as mesmas propriedades que o plástico de origem fóssil, podendo 
ser aplicado em uma grande variedade de produtos, dos rígidos aos flexíveis. 
Após o descarte, o bioplástico pode ser 100% reciclado, voltando para a cadeia 
produtiva inúmeras vezes. 
Apesar da origem biológica desses plásticos, para ser considerado um 
bom substituto para os plásticos de origem mineral, é preciso considerar a 
atuação econômica, ambiental e mercadológica das etapas de desenvolvimento 
de embalagem, desde o plantio e colheita da matéria-prima até o desempenho 
no produto final. 
Boa parte dos bioplásticos já oferece as características desejadas para 
seu uso contínuo. O grande desafio concentra-se, portanto, no pós-consumo, no 
que é descartado, pois nem sempre recebe o tratamento adequado ou tem seu 
reaproveitamento consolidado. 
5.3 Logística reversa 
Um dos principais mecanismos de gestão dos resíduos pós-consumo 
baseia-se na logística reversa, na qual todos os elos da cadeia de valor têm suas 
responsabilidades: indústria, governo e consumidores, indo além das questões 
técnicas e promovendo uma revisão profunda de comportamentos da própria 
sociedade. 
A aplicação da logística reversa inicia na indústria, onde embalagens e 
produtos devem ser fabricados com materiais (e formas) que facilitem sua 
 
 
12 
reutilização ou reciclagem. Cabe também à indústria reciclar os materiais 
devolvidos pelos consumidores, exigindo-se, dessa forma, a implantação de um 
sistema de recebimento dos produtos pós-consumo. Isso pode ser feito por meio 
da disponibilidade de pontos de entrega ou parcerias com cooperativas ou 
associações de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. 
Da parte governamental, as prefeituras precisam estabelecer a coleta 
seletiva nos municípios por meio da participação organizada de catadores. Essa 
coleta pode ser feita tanto pelo sistema porta a porta quanto por meio de pontos 
ou locais de entrega voluntária. 
Aos consumidores cabe a responsabilidade de separar e dispor os 
resíduos passíveis de reuso e reciclagem adequadamente para devolução ou 
coleta seletiva e, se for o caso, entregá-los nos pontos de coleta. 
É uma prática complexa, que envolve um esforço conjunto de vários 
atores, mas que vem gerando resultados positivos em relação à economia e ao 
meio ambiente em vários países. 
Saiba mais 
Acesse o link a seguir e assista a um vídeo que mostra como a logística 
reversa já faz parte da nossa vida: 
LÓGICA reversa. Instituto Montanari, 8 fev. 2020. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=RZU-SajRDUk>. Acesso em: 30 abr. 2021. 
E conheça também um exemplo de sucesso na implementação da 
logística reversa para embalagens de defensivos agrícolas através do Programa 
Campo Limpo: 
SISTEMA campo limpo. Impev Brasil, 21 ago. 2012. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=3JL76V7ggYs>. Acesso em: 30 abr.2021. 
É importante destacar que a Política Nacional de Gestão de Resíduos 
(PNGR) prevê que o uso da logística reversa deve ser acionado somente após 
tentar a aplicação de duas outras estratégias: não gerar resíduo, primeiramente, 
e no uso dos 3Rs, que veremos a seguir. 
5.4 Os 3Rs 
Essa é uma sigla que determina as três possíveis ações pós-consumo 
para desacelerar o acúmulo indevido do lixo: reduzir, reusar e reciclar. 
 
 
13 
Para que não haja o esgotamento dos recursos naturais, a aplicação dos 
3Rs deve ser o fio condutor de toda cadeia produtiva e de consumo, a chamada 
responsabilidade compartilhada, a qual é regulamentada pela Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (PNRS) e estabelece uma hierarquia para resíduos 
reaproveitáveis: a prioridade deve ser a redução, pois sua execução é mais 
simples, barata e com resultados expressivos. 
Em segundo lugar vem a reutilização, que exige mais insumos e 
participação. Em último lugar, a reciclagem, pois esta demanda gastos maiores 
para implementação e operação, podendo não alcançar os resultados 
esperados. 
5.4.1 Redução 
Ocorre quando o fabricante diminui a quantidade de resíduos durante a 
produção e o transporte do produto, ou quando o consumidor diminui a 
quantidade de material lançado no lixo, pensando no resíduo antes mesmo da 
compra. Por exemplo, há produtos que podem ser comprados a granel, ou em 
refil, diminuindo a quantidade de embalagens levadas para casa. 
5.4.2 Reutilização 
Entende-se por reutilização a segunda utilização de produtos, ou de 
alguma de suas partes, evitando seu descarte total ou parcial, prolongando sua 
vida útil. Às vezes um produto um pouco mais caro tem uma embalagem 
aproveitável para outros fins. Essa reutilização pode ser proposital quando 
idealizada no projeto do produto, como nas embalagens que viram brinquedos, 
com as sandálias feitas a partir de pneus recortados, ou como as embalagens 
de vidro para requeijão, que, após o consumo do produto, podem ser reutilizadas 
como copo para bebidas. 
A reutilização também pode ser exemplificada com a recuperação e 
lavagem das garrafas de vidro pela empresa fabricante do produto. Existem 
ainda as empresas que reutilizam componentes de seus produtos sucateados, 
previamente testados, para a montagem de novos produtos. 
 
 
 
 
14 
5.4.3 Reciclagem 
Tecnicamente, o termo reciclagem não corresponde ao uso que 
comumente se faz dessa palavra, pois reciclar é transformar algo usado em algo 
igual, mas novo. 
 O exemplo mais adequado é o da reciclagem das latas de alumínio. Essas 
embalagens são coletadas após o consumo do seu conteúdo e voltam para 
indústria que as fabrica. Após a lavagem e esterilização do material, novas latas 
são produzidas, a partir da moagem e beneficiamento do mesmo material. 
A reciclagem efetiva está limitada aos fatores econômicos e técnicos, pois 
existem casos em que o custo para se conseguir tornar o material reciclável é 
maior do que o custo do material virgem – este é um dos problemas que podem 
ser resolvidos por meio de incentivos governamentais. Existem também 
problemas técnicos, como a perda de propriedades de alguns materiais quando 
submetidos à nova transformação, assim são a maioria dos plásticos, que estão 
limitados a proporções de aproveitamento de no máximo 30% de material 
reciclado contra 70% de material virgem. Em contrapartida, outros materiais são 
bastante valorizados para reciclagem, como o alumínio, cujo custos de 
reciclagem são inferiores aos do processo de obtenção do material virgem. 
Como vimos anteriormente, o sistema empregado para facilitar o processo 
de reciclagem em todo o mundo é a simbologia de identificação do material 
utilizado para fabricação do produto. Para que o sistema de reciclagem seja 
efetivo, as partes do produto devem apresentar visivelmente os símbolos 
referentes aos materiais que foram fabricados, facilitando a triagem. 
De uma forma geral, o perfil qualitativo dos resíduos sólidos urbanos no 
Brasil é denominado de lixo pobre, por conter uma baixa parcela de materiais 
reaproveitáveis. Mas, quando comparado a alguns países desenvolvidos, o 
Brasil apresenta elevados índices de reciclagem. O país desenvolveu métodos 
próprios para incrementar essa atividade e o maior engajamento da população 
pode contribuir ainda mais para o aumento de resíduos reciclados. 
TROCANDO IDEIAS 
 Você pode relacionar quais processos inovadores para otimização de 
recursos em embalagens existem em sua rotina? Converse com seus colegas 
sobre as suas experiências como consumidor e como futuro designer. 
 
 
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NA PRÁTICA 
 Pesquise em acervo científico um material inovador e imagine uma 
aplicação para uma embalagem conceitual. Escreva um briefing para o projeto 
de embalagem, contendo os seguintes tópicos: 
• produto a ser embalado (quantidade, características, marca, diferencial); 
• tipo de embalagem; 
• material e as justificativas para usá-lo. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, falamos sobre os principais materiais utilizados em fabricação 
de embalagens, seus usos e processos. Também abordamos materiais e 
processos inovadores para otimização de recursos na cadeia produtiva e pós-
consumo de produtos, sua importância e limitações. Existem várias iniciativas 
em andamento, mas seu sucesso depende da participação efetiva de todos os 
agentes da cadeia de valor. 
Esse é um assunto que está longe de ser esgotado e que exige constante 
atualização da parte do designer, devido à sua importância econômica, social e 
ambiental. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ABRE – Associação Brasileira de Embalagens. Estudo ABRE macroeconômico 
da embalagem e cadeia de consumo. ABRE, 2019. Disponível em: 
<https://www.abre.org.br/dados-do-
setor/ano2019/#:~:text=No%20ano%20de%202019%20as,%2C6%25%20na%
20segunda%20coloca%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 30 abr. 2021. 
BRASKEM. O plástico no planeta: o uso consciente torna o mundo mais 
sustentável. São Paulo: Braskem, 2012. Disponível em: 
<https://www.braskem.com.br/download/Principal/21103?file=Cartilha_Braskem
.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2021. 
HINE, T. The total package: the secret history and hidden meanings of boxes, 
bottles, cans and other persuasive containers. New York: Little, Brown and 
Company, 1995. 
LEFTERI, C. Materiais em Design. 112 materiais para design de produtos. 
São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 2018. 
LIMA, M. A. M. Introdução aos materiais e processos para designers. Rio de 
Janeiro: Ciência Moderna Ltda., 2006. 
MESTRINER, F. Design de embalagem – curso básico. 2. ed. São Paulo: 
Pearson Makron Books, 2002. 
WHEELER, A. Design de identidade da marca. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 
2008.