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<p>Flora</p><p>Direito Ambiental</p><p>Resumo Detalhado</p><p>ATUALIZADO</p><p>Proteção da Flora na CF/88</p><p>A flora, que é caracterizada pelas florestas e demais formas de vegetação, possui um papel</p><p>muito importante na manutenção do equilíbrio ambiental e no suprimento de várias demandas</p><p>humanas, de ordem econômica, social, medicinal, cultural e recreativa. É por isso que o poder</p><p>público impõe, na CF/88, o dever de preservar a flora, conforme o art.225°, §1°, I, II, VII:</p><p>A lei destinada à proteção das florestas e demais formas de vegetação é o Código Florestal (Lei</p><p>n° 12651/2012).</p><p>Código Florestal</p><p>Área de Preservação Permanente (APP)</p><p>A APP é um espaço territorial especialmente protegido (ETEP) que pode existir em imóveis</p><p>públicos e privados, rurais e urbanos. Deve ser preservada e permanentemente recoberta de</p><p>vegetação nativa, em razão das funções ecológicas que a vegetação cumpre em prol dos corpos</p><p>hídricos, do solo, da estabilidade geológica, etc.</p><p>O Código Florestal (Lei 12651/2012), traz no capitulo II as áreas de preservação permanente,</p><p>do art.4° ao art.9°. Ele prevê dois tipos de APP: a legal e a administrativa. A APP legal recebe</p><p>esse status do próprio Código Florestal:</p><p>Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso</p><p>comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à</p><p>coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.</p><p>§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:</p><p>I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico</p><p>das espécies e ecossistemas;</p><p>II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as</p><p>entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; [...]</p><p>VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em</p><p>risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais</p><p>a crueldade.</p><p>Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas,</p><p>para os efeitos desta Lei:</p><p>I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos</p><p>os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:</p><p>a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;</p><p>b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50</p><p>(cinquenta) metros de largura;</p><p>c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200</p><p>(duzentos) metros de largura;</p><p>d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600</p><p>(seiscentos) metros de largura;</p><p>e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600</p><p>(seiscentos) metros;</p><p>II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:</p><p>a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)</p><p>hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;</p><p>b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;</p><p>III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento</p><p>ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do</p><p>empreendimento;</p><p>IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja</p><p>sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;</p><p>V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100%</p><p>(cem por cento) na linha de maior declive;</p><p>VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;</p><p>VII - os manguezais, em toda a sua extensão;</p><p>VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa</p><p>nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;</p><p>IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem)</p><p>metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível</p><p>correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à</p><p>base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho</p><p>d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da</p><p>elevação;</p><p>Por serem criadas por lei, essas áreas não precisam de nenhum ato administrativo que as</p><p>reconheça ou demarque. A APP administrativa só receberá status de preservação</p><p>permanente se um ato específico do chefe do poder executivo a instituir como tal e a delimitar,</p><p>nas situações citadas no art.6° do Código Florestal:</p><p>Titularidade e Indenização</p><p>O poder público não está obrigado a desapropriar ou indenizar os proprietários de imóveis</p><p>privados gravados com APP legal, mesmo que o proprietário não admita o uso ou a supressão da</p><p>vegetação de preservação permanente.</p><p>O APP é uma limitação geral à propriedade para que se atenda interesse público de</p><p>preservação da área. Isso não é uma restrição ao direito de propriedade, mas uma definição</p><p>jurídica do conteúdo do direito de propriedade. Nesse sentido, o STF já exertou que APP</p><p>instituída por lei não implica a desapropriação do imóvel, mas mera limitação, por isso, não está</p><p>sujeito à indenização. A APP administrativa pode sofrer restrição específica, sendo indenizável.</p><p>- as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a</p><p>vegetação;</p><p>- em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50</p><p>(cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.</p><p>Art. 6º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de</p><p>interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas</p><p>ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:</p><p>- conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de</p><p>rocha;</p><p>- proteger as restingas ou veredas;</p><p>- proteger várzeas;</p><p>- abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;</p><p>- proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;</p><p>- formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;</p><p>- assegurar condições de bem-estar público;</p><p>- auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares;</p><p>- proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional.</p><p>Supressão de APP</p><p>A supressão das APPs é dada pelo Código Florestal excepcionalmente nas hipóteses de</p><p>utilidade pública, interesse social ou de baixo impacto ambiental, previstos no art.8° do Código</p><p>Florestal. Os exemplos se encontram no art.3°, VII (utilidade pública), IX (interesse social) e X</p><p>(baixo impacto ambiental).</p><p>A supressão ou intervenção irregular em APP sujeitará o infrator à responsabilização penal (Lei</p><p>n° 9605/98, arts. 38, 39, 44 e 48), responsabilidade administrativa (Decreto n° 6.514/08, arts. 43</p><p>a 45, 48 e 49) e obrigação de recomposição da vegetação e indenização pelos danos ambientais</p><p>não reparáveis.</p><p>Reserva Legal</p><p>A Reserva Legal (RL) é a área de vegetação natural localizada no interior das propriedades ou</p><p>posses rurais, devidamente delimitada e inscrita no Cadastro Ambiental Rural (CAR), que tem por</p><p>finalidade auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos, promover a</p><p>conservação da biodiversidade, servir de proteção à fauna e flora nativas e assegurar o uso</p><p>econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel submetido ao regime especial</p><p>de proteção.</p><p>Extensão e Localização</p><p>A extensão da RL varia conforme a localização do imóvel rural, segundo o disposto no art.12 do</p><p>Código Florestal.</p><p>Art. 8o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação</p><p>Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou</p><p>de baixo impacto</p><p>ambiental previstas nesta Lei.</p><p>Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título</p><p>de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de</p><p>Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à</p><p>área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei:</p><p>I - Localizado na Amazônia Legal:</p><p>80% (oitenta por cento), no imóvel situado em área de florestas;</p><p>35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;</p><p>20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;</p><p>II - Localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).</p><p>Se o imóvel abranger vários biomas, o percentual da RL será calculado de forma separada por</p><p>cada bioma. O cômputo de APP no cálculo do percentual de RL é admitido segundo art.15 do</p><p>Código Florestal.</p><p>A localização do RL na propriedade será proposta pelo possuidor e aprovada pelo órgão</p><p>ambiental estadual, segundo critérios do art.14 do Código Florestal.</p><p>Constituição</p><p>O Código Florestal atual determina que a área do RL seja registrada no órgão ambiental</p><p>competente por meio de inscrição no CAR, segundo o art.18:</p><p>Usos permitidos</p><p>Mesmo a RL sendo uma área destinada á conservação de meio ambiente, o Código Florestal</p><p>admite o uso racional dos recursos nos seguintes termos (arts.21 a 23):</p><p>Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do</p><p>percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que:</p><p>- o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso</p><p>alternativo do solo;</p><p>- a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação,</p><p>conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e</p><p>- o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro</p><p>Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.</p><p>Art. 18. A área de Reserva Legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente</p><p>por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua</p><p>destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com</p><p>as exceções previstas nesta Lei.</p><p>Art. 21. É livre a coleta de produtos florestais não madeireiros, tais como frutos, cipós,</p><p>folhas e sementes, devendo-se observar:</p><p>- os períodos de coleta e volumes fixados em regulamentos específicos, quando</p><p>houver;</p><p>- a época de maturação dos frutos e sementes;</p><p>Desmatamento Irregular</p><p>Muitos proprietários e possuidores rurais suprimiram a vegetação nativa de seu imóvel, não</p><p>atendendo ao percentual de RL determinado. Outros até constituíram RL, mas a desmataram de</p><p>forma não autorizada e ilegal. Assim, o Código Florestal impõe medidas para solução desse</p><p>problema e utiliza um critério temporal e um espacial.</p><p>Quanto ao critério temporal, distingue o passivo, criado antes de 22 de julho de 2008, do passivo</p><p>criado após essa data. E quanto ao critério espacial, distingue os imóveis com até quatro</p><p>módulos fiscais dos imóveis com tamanho superior. A compensação dos RL pode se dar de</p><p>formas distintas, conforme o art.66, §5°.</p><p>Cadastro Ambiental Rural</p><p>O CAR é um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis</p><p>rurais e foi criado e explicado pelo Código Florestal no art.29. A inscrição no CAR está prevista</p><p>no §1º:</p><p>III - técnicas que não coloquem em risco a sobrevivência de indivíduos e da espécie</p><p>coletada no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos, resinas, cipós, bulbos,</p><p>bambus e raízes.</p><p>Art. 22. O manejo florestal sustentável da vegetação da Reserva Legal com propósito</p><p>comercial depende de autorização do órgão competente e deverá atender as seguintes</p><p>diretrizes e orientações:</p><p>I - não descaracterizar a cobertura vegetal e não prejudicar a conservação da vegetação</p><p>nativa da área;</p><p>II - assegurar a manutenção da diversidade das espécies;</p><p>III - conduzir o manejo de espécies exóticas com a adoção de medidas que favoreçam a</p><p>regeneração de espécies nativas.</p><p>Art. 23. O manejo sustentável para exploração florestal eventual sem propósito</p><p>comercial, para consumo no próprio imóvel, independe de autorização dos órgãos</p><p>competentes, devendo apenas ser declarados previamente ao órgão ambiental a</p><p>motivação da exploração e o volume explorado, limitada a exploração anual a 20 (vinte)</p><p>metros cúbicos.</p><p>Art. 29. É criado o Cadastro Ambiental Rural - CAR, no âmbito do Sistema Nacional de</p><p>Informação sobre Meio Ambiente - SINIMA, registro público eletrônico de âmbito</p><p>nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade de integrar as</p><p>informações ambientais das propriedades e posses rurais, compondo base de dados</p><p>para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao</p><p>desmatamento.</p><p>A não inscrição do imóvel rural no CAR impedirá que o proprietário ou possuidor obtenha</p><p>autorização para supressão (quando permitida por lei), como também impedirá a sua adesão ao</p><p>Programa de Regularização Ambiental (PRA), a utilização do mecanismo de compensação de</p><p>RL, caso tenha algum passivo, e a obtenção de crédito agrícola junto às instituições financeiras,</p><p>em qualquer de suas modalidades.</p><p>§1o A inscrição do imóvel rural no CAR deverá ser feita, preferencialmente, no órgão</p><p>ambiental municipal ou estadual, que, nos termos do regulamento, exigirá do proprietário</p><p>ou possuidor rural:</p><p>- identificação do proprietário ou possuidor rural;</p><p>- comprovação da propriedade ou posse;</p><p>- identificação do imóvel por meio de planta e memorial descritivo, contendo a</p><p>indicação das coordenadas geográficas com pelo menos um ponto de amarração do</p><p>perímetro do imóvel, informando a localização dos remanescentes de vegetação nativa,</p><p>das Áreas de Preservação Permanente, das Áreas de Uso Restrito, das áreas</p><p>consolidadas e, caso existente, também da localização da Reserva Legal.</p><p>Proteção da Flora na CF/88</p><p>Código Florestal</p><p>Titularidade e Indenização</p><p>Supressão de APP</p><p>Reserva Legal</p><p>Extensão e Localização</p><p>Constituição</p><p>Usos permitidos</p><p>Desmatamento Irregular</p><p>Cadastro Ambiental Rural</p>