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<p>sistemas de armazenamento e movimentação</p><p>edelvino razzolini filho</p><p>Código Logístico</p><p>59815</p><p>Fundação Biblioteca Nacional</p><p>ISBN 978-65-5821-009-2</p><p>9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 0 9 2</p><p>Sistemas de</p><p>armazenagem e</p><p>movimentação</p><p>Edelvino Razzolini Filho</p><p>IESDE BRASIL</p><p>2021</p><p>© 2021 – IESDE BRASIL S/A.</p><p>É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do</p><p>detentor dos direitos autorais.</p><p>Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: Hit1912/Shutterstock</p><p>Todos os direitos reservados.</p><p>IESDE BRASIL S/A.</p><p>Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200</p><p>Batel – Curitiba – PR</p><p>0800 708 88 88 – www.iesde.com.br</p><p>CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO</p><p>SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ</p><p>R219s</p><p>Razzolini Filho, Edelvino</p><p>Sistemas de armazenagem e movimentação / Edelvino Razzolini</p><p>Filho. - 1. ed. - Curitiba [PR] : Iesde, 2021.</p><p>140 p. : il.</p><p>Inclui bibliografia</p><p>ISBN 978-65-5821-009-2</p><p>1. Administração de material. 2. Controle de estoque. 3. Logística</p><p>empresarial. I. Título.</p><p>21-69369 CDD: 658.7</p><p>CDU: 658.7</p><p>Edelvino Razzolini</p><p>Filho</p><p>Doutor e mestre em Engenharia de Produção pela</p><p>Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). MBA</p><p>em Marketing pelo Centro Universitário FAE. Graduado</p><p>em Administração pela Universidade Federal do Paraná</p><p>(UFPR). Professor no ensino superior, ministra aulas</p><p>nas áreas de Gestão da Informação e Logística. Atua</p><p>como coordenador de cursos de EaD. Além disso, é</p><p>palestrante e autor de livros para o ensino superior.</p><p>SUMÁRIO</p><p>Agora é possível acessar os vídeos do livro por</p><p>meio de QR codes (códigos de barras) presentes</p><p>no início de cada seção de capítulo.</p><p>Acesse os vídeos automaticamente, direcionando</p><p>a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet</p><p>para o QR code.</p><p>Em alguns dispositivos é necessário ter instalado</p><p>um leitor de QR code, que pode ser adquirido</p><p>gratuitamente em lojas de aplicativos.</p><p>Vídeos</p><p>em QR code!</p><p>SUMÁRIO</p><p>Agora é possível acessar os vídeos do livro por</p><p>meio de QR codes (códigos de barras) presentes</p><p>no início de cada seção de capítulo.</p><p>Acesse os vídeos automaticamente, direcionando</p><p>a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet</p><p>para o QR code.</p><p>Em alguns dispositivos é necessário ter instalado</p><p>um leitor de QR code, que pode ser adquirido</p><p>gratuitamente em lojas de aplicativos.</p><p>Vídeos</p><p>em QR code!</p><p>1 Os sistemas de armazenagem e de movimentação 9</p><p>1.1 História dos sistemas de armazenagem 10</p><p>1.2 Armazenagem no contexto dos sistemas logísticos 14</p><p>1.3 A armazenagem na logística de distribuição 21</p><p>1.4 A movimentação nos sistemas de armazenagem 25</p><p>2 O processo de armazenagem 30</p><p>2.1 Estoques e armazenagem 31</p><p>2.2 A armazenagem e os fluxos logísticos 36</p><p>2.3 Armazenagem de produtos acabados 40</p><p>2.4 Estruturas de armazenagem: evolução e tendências 45</p><p>3 Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 54</p><p>3.1 Objetivos e funções da armazenagem 56</p><p>3.2 Análise dos fluxos logísticos 60</p><p>3.3 Planejamento da estrutura física do armazém 69</p><p>3.4 Armazenagem, movimentação e sustentabilidade 71</p><p>3.5 Embalagem e acondicionamento de materiais 73</p><p>4 Equipamentos para armazenagem e movimentação 78</p><p>4.1 Principais equipamentos para armazenagem e movimentação 79</p><p>4.2 Tecnologia da informação na armazenagem e na</p><p>movimentação 83</p><p>4.3 Impacto da tecnologia nas operações logísticas 88</p><p>4.4 Gerenciamento e controle de custos de equipamentos 91</p><p>5 Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 98</p><p>5.1 Atacado e varejo nos sistemas de armazenagem e</p><p>movimentação 99</p><p>5.2 Operações de armazenagem e movimentação 106</p><p>5.3 Estoques e armazenagem virtual 112</p><p>5.4 Tendências de armazenagem e movimentação 119</p><p>Gabarito 126</p><p>Devido ao dinamismo existente no mercado, os sistemas de armazenagem</p><p>e movimentação são muito exigidos dentro dos sistemas logísticos. Diante</p><p>disso, este livro busca apresentar esses sistemas com o intuito de que</p><p>todos possam compreender como, efetivamente, eles agregam valor às</p><p>organizações, tornando-se, assim, mais ágeis e competitivos em mercados que</p><p>se transformam constantemente.</p><p>Sob essa perspectiva, no Capítulo 1, discorremos sobre o que são sistemas</p><p>de armazenagem e movimentação, demonstrando o papel destes dentro das</p><p>cadeias de suprimentos e como eles podem contribuir para assegurar um bom</p><p>funcionamento dos sistemas logísticos, uma vez que esses sistemas exigem</p><p>elevados investimentos de capitais e, portanto, necessitam ser bem gerenciados</p><p>para que seus objetivos sejam atingidos.</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação servem como apoio às</p><p>estratégias logísticas que procuram agregar valor aos clientes pela criação de</p><p>duas utilidades que são fundamentais às operações logísticas: a de tempo e a</p><p>de localização (tempo e espaço). Essas duas dimensões, relevantes em outras</p><p>áreas do conhecimento humano, são essenciais para que cada elo da cadeia de</p><p>suprimentos possa adicionar valor aos clientes finais, por meio da eliminação de</p><p>atividades que ocupam tempo sem agregar valor e procurando fazer com que</p><p>os materiais, produtos e bens estejam disponíveis no lugar (espaço) e na hora</p><p>(tempo) em que o cliente necessitar ou desejar.</p><p>No Capítulo 2, tratamos da importância dos estoques para os sistemas</p><p>logísticos e da relevância da armazenagem desses estoques, uma vez que são</p><p>eles a razão para a existência de estruturas de armazenagem – se não fossem</p><p>eles, os armazéns seriam desnecessários. Apresentamos os diferentes tipos</p><p>de estoques existentes, com ênfase na armazenagem de produtos acabados,</p><p>focando o canal de distribuição, visto que esses produtos são os destinados aos</p><p>clientes finais (consumidores).</p><p>Também abordamos os fluxos logísticos nesses canais de distribuição,</p><p>apresentando os três fluxos principais nos sistemas logísticos – de informação,</p><p>de materiais e financeiros –, pois esses fluxos são a essência do funcionamento</p><p>da logística. Além disso, apresentamos a evolução das estruturas mais comuns</p><p>utilizadas nos sistemas de armazenagem e algumas das tendências mais atuais no</p><p>que se refere a essas estruturas. Com certeza, o segundo capítulo vai despertar</p><p>seu interesse pelos sistemas de armazenagem e sua relevância para a logística.</p><p>Na continuação, no Capítulo 3, tratamos da implantação de sistemas de</p><p>armazenagem e de movimentação, uma vez que é sempre necessário ter clareza</p><p>APRESENTAÇÃOVídeo</p><p>8 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>de que aspectos precisam ser analisados e considerados no desenho desses sistemas para</p><p>assegurar que ocorram melhorias nos processos de armazenagem e movimentação. É preciso</p><p>ter entendimento sobre as principais funções da armazenagem e da movimentação nos</p><p>sistemas logísticos e, por isso, a leitura atenta desse capítulo é importante.</p><p>Ainda no terceiro capítulo, destacamos a importância das embalagens nos sistemas de</p><p>armazenagem e movimentação, uma vez que são itens que agregam valor aos processos</p><p>logísticos, assegurando a integridade dos materiais que são por elas contidos e, quando bem</p><p>projetadas, ajudam a agilizar os processos de manuseio, movimentação e transporte.</p><p>No Capítulo 4, enfatizamos os principais equipamentos de armazenagem e movimentação</p><p>que são utilizados nos sistemas logísticos, explicando que a qualidade e a funcionalidade</p><p>desses equipamentos estão intimamente relacionadas à qualidade e ao funcionamento dos</p><p>sistemas de armazenagem e movimentação. Você verá que existe uma grande diversidade de</p><p>equipamentos e é preciso escolher aqueles que atendem especificamente às necessidades da</p><p>organização, pois o tipo de material armazenado, as funções exercidas nos sistemas e o nível</p><p>de serviço a ser oferecido aos clientes são determinantes para a escolha desses equipamentos.</p><p>Ainda no Capítulo 4, apresentamos tecnologias que são aplicadas nesses sistemas, sempre</p><p>com o objetivo de aprimorar e otimizar os processos logísticos, bem como racionalizar o</p><p>consumo de recursos naturais e minimizar o esforço humano (ou,</p><p>custos nas</p><p>cadeias de suprimentos é exatamente a formação de estoques, exer-</p><p>cendo impacto significativo na responsividade. Por outro lado, existem</p><p>justificativas para a formação de estoques, uma vez que esses cus-</p><p>tos podem ser compensados pelos custos de compras/produção e de</p><p>transportes. Isso significa que</p><p>ao guardar algum estoque, a empresa consegue muitas vezes</p><p>reduzir seus custos de produção mediante dimensionamento</p><p>de lotes e sequenciamento econômicos. [...] Além disso, os esto-</p><p>ques acumulados podem se traduzir em redução dos custos dos</p><p>transportes pela movimentação de quantidades maiores, mais</p><p>econômicas. (BALLOU, 2006, p. 374)</p><p>Ou seja, as reduções de custos que se pode obter por meio da for-</p><p>mação de lotes econômicos (para compras e para distribuição) e do</p><p>dimensionamento de lotes econômicos para produção, assim como no</p><p>caso de transportes de maiores volumes, são motivos relevantes para</p><p>justificar a existência de estoques e, consequentemente, de sistemas</p><p>de armazenagem e movimentação. Na continuação, vamos discorrer</p><p>sobre a armazenagem e sua importância para os fluxos logísticos.</p><p>2.2 A armazenagem e os fluxos logísticos</p><p>Vídeo Como já afirmamos anteriormente, se fosse possível resumir a lo-</p><p>gística em uma única palavra, esta seria fluxo, pois a logística é dire-</p><p>cionada sempre por um conjunto de fluxos. Esses fluxos logísticos se</p><p>dividem em três grupos principais: físicos, de informação e financeiros.</p><p>A soma dos tempos de execução de cada um desses três fluxos, segun-</p><p>do Razzolini Filho (2014), é denominada fluxo logístico, e o tempo que</p><p>um item fica no armazém dentro do sistema logístico pode aumentar</p><p>O processo de armazenagem 37</p><p>esse valor final, uma vez que “o tempo de fluxo do produto é o tempo</p><p>que transcorre entre o momento que o material entra na cadeia de su-</p><p>primento e o momento em que a deixa” (CHOPRA; MEINDL, 2003, p. 52,</p><p>grifo do original). Esse fluxo e seu respectivo tempo de execução pode</p><p>ser representado conforme a Figura 2.</p><p>Figura 2</p><p>Representação simplificada e esquemática dos fluxos logísticos</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>Fornecedor Indústria</p><p>Canal de</p><p>distribuição</p><p>Cliente/</p><p>usuário</p><p>Armazém</p><p>Matérias-primas e insumos</p><p>estocados em armazéns de</p><p>fornecedores</p><p>Materiais estocados em</p><p>armazéns de atacadistas/</p><p>distribuidores/varejistas</p><p>Armazém</p><p>Fluxo físico</p><p>Fluxo de informações</p><p>Fluxo financeiro</p><p>Podemos perceber que o fluxo de informações, representado por</p><p>pedidos, ordens de compras e de movimentação, faturas, conhecimen-</p><p>tos de transporte etc., é essencial porque é ele que dá início ao proces-</p><p>so de movimentação física dos materiais/produtos ao longo da cadeia</p><p>logística. Por fim, após o recebimento dos materiais por cada um dos</p><p>membros da cadeia, ocorre o pagamento (que pode ser antecipado</p><p>como em compras à vista), representando o fluxo financeiro. Segun-</p><p>do Dornier et al. (2000, p. 39), originalmente as empresas incluíam “a</p><p>simples entrada de matérias-primas ou o fluxo de saída de produtos</p><p>acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa defini-</p><p>ção expandiu-se e inclui todas as formas de movimentos de produtos</p><p>e informações”.</p><p>Esses fluxos, ainda segundo Dornier et al. (2000), podem ser rela-</p><p>cionados da seguinte maneira (de modo que se percebe o papel da</p><p>armazenagem para tais fluxos):</p><p>38 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Matérias-primas – desde o ponto de armazenagem na fonte origi-</p><p>nal até a entrega para o cliente.</p><p>Produtos semiacabados – de unidades de produção próprias ou</p><p>de fábricas ou armazéns dos fornecedores.</p><p>Ferramentas ou máquinas – de uma unidade de produção (desde</p><p>um armazém) para outra.</p><p>Produtos acabados – entre plantas, armazéns próprios, dos clien-</p><p>tes e de operadores ou prestadores de serviços logísticos.</p><p>Itens de consumo e peças de reposição (MRO) – de armazéns para</p><p>veículos dos técnicos de reparos, ou para unidades dos clientes</p><p>(instalações) em que os equipamentos estão instalados.</p><p>Peças e produtos a serem reparados – da unidade do cliente para</p><p>o local de reparo ou recuperação.</p><p>Equipamentos de apoio às vendas (tais como estandes e displays,</p><p>quadros de propaganda, literatura, entre outros) – desde o ar-</p><p>mazém das empresas até os agentes apropriados, que farão o</p><p>trabalho promocional.</p><p>Embalagens vazias retornadas – dos pontos de entrega (arma-</p><p>zéns) para os pontos de carregamento (armazéns).</p><p>Produtos ou componentes devolvidos – dos pontos de entrega</p><p>(armazéns) para o ponto inicial de armazenagem ou manufatura</p><p>(fluxo reverso).</p><p>Produtos usados/consumidos – a serem reciclados, recauchuta-</p><p>dos, reutilizados ou destinados à disposição final (fluxo reverso).</p><p>Como podemos perceber, são inúmeros os pontos de armazena-</p><p>gem presentes nos diversos fluxos logísticos existentes em uma cadeia</p><p>de suprimentos. Ao instalar nos fluxos físicos pontos de armazenagem</p><p>intermediários, a organização tem a possibilidade de diminuir os tem-</p><p>pos de ciclo (lead time) existentes nesses fluxos e, assim, melhorar o</p><p>nível de serviço oferecido aos clientes.</p><p>O tempo que se leva para reagir às mudanças na demanda é deno-</p><p>minado tempo de reação e está intimamente relacionado à satisfação</p><p>dos clientes. É necessário considerar que, diante de mercados globali-</p><p>zados, com a possibilidade de se fornecer ou mesmo instalar fábricas</p><p>em países distintos, pode-se “reduzir os custos de manufatura, mas fre-</p><p>quentemente conduzem a canais de suprimentos mais extensos, com</p><p>níveis mais altos de variabilidade no tempo total” (CHRISTOPHER, 1999,</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>7</p><p>8</p><p>9</p><p>10</p><p>O processo de armazenagem 39</p><p>p. 149). Ou seja, ao se instalar as estruturas de armazenagem ao lon-</p><p>go da cadeia de abastecimento, os estoques ficam mais próximos dos</p><p>clientes e, consequentemente, o tempo de reação à demanda pode ser</p><p>encurtado, gerando níveis de serviços mais elevados e, com isso, agre-</p><p>gando valor aos produtos.</p><p>Outro aspecto importante com relação aos fluxos diz respeito</p><p>aos stakeholders envolvidos no seu gerenciamento. Os fluxos podem</p><p>ocorrer internamente e ser gerenciados pela organização ou por um</p><p>prestador de serviços ou operador logístico. Também podem ocorrer</p><p>entre uma estrutura interna à organização e uma estrutura externa</p><p>(por exemplo, um fornecedor ou um cliente). Além disso, é comum</p><p>encontrar fluxos entre duas estruturas externas à organização, por</p><p>exemplo, entre um atacadista e um varejista (com produtos da or-</p><p>ganização, obviamente). Assim, todos esses fluxos precisam ser con-</p><p>siderados nas decisões sobre armazenagem, pois eles têm impacto</p><p>no tempo de reação à demanda dos clientes e no nível de serviço</p><p>percebido pelo cliente.</p><p>Diante disso, é possível entender que</p><p>logística – a gestão de fluxos – é primeiramente e principalmente</p><p>um fornecedor de serviço. Trabalhe a empresa com produtos de</p><p>consumo ou industriais, a expectativa da função de logística em</p><p>termos de fornecimento de serviço é a mesma. Espera-se, no en-</p><p>tanto, que o tipo de serviço fornecido seja diferente.</p><p>No setor de produtos de consumo, por exemplo, os</p><p>critérios-chaves atribuídos à logística incluem prazo curto de en-</p><p>trega, confiabilidade de entrega, nenhuma falta de estoque e</p><p>qualidade de transporte. Em mercados industriais, os critérios</p><p>incluem suporte de peças de reposição, técnicos acessíveis e ma-</p><p>nutenção confiável. (DORNIER et al., 2000, p. 41, grifos nossos)</p><p>Os grifos objetivam demonstrar que os fluxos precisam ser bem</p><p>gerenciados para reduzir os prazos de entrega tanto para os clientes</p><p>de produtos de consumo quanto para o suporte a clientes industriais.</p><p>Logicamente muitos fatores interferem no gerenciamento dos fluxos,</p><p>como: a concorrência e a intensidade da competição; os mercados em</p><p>que a organização atua, seja pelas necessidades dos clientes, pela in-</p><p>fluência dos produtos, pelas mudanças geográficas etc.; a tecnologia,</p><p>que evolui o tempo todo e, assim, oferece novos recursos; e, ainda, as</p><p>regulamentações governamentais.</p><p>40 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Um dos fluxos que exerce forte impacto sobre</p><p>a armazenagem é</p><p>o fluxo de informações, pois é ele que “dispara” o funcionamento de</p><p>todo o sistema logístico. As informações, contidas nos sistemas de ge-</p><p>renciamento de armazéns (Warehouse Management Systems – WMS), se</p><p>referem à quantidade dos estoques, seu giro, localização física no ar-</p><p>mazém, forma de armazenagem, principais compradores, periodicida-</p><p>de de compras etc., permitindo melhor gerenciar o armazém e todos os</p><p>processos executados nesse importante espaço do sistema logístico.</p><p>Na continuação, vamos discorrer sobre os processos de armazena-</p><p>gem de produtos acabados, aqueles que mais se aproximam das ne-</p><p>cessidades dos clientes finais.</p><p>2.3 Armazenagem de produtos acabados</p><p>Vídeo Os produtos acabados são muito importantes, pois são eles que en-</p><p>tram em contato com os clientes finais das organizações para satisfazer</p><p>suas necessidades, desejos e expectativas. Assim, devem ser bem ar-</p><p>mazenados para que sua integridade física seja assegurada e se evite,</p><p>assim, a entrega de produto avariado, que pode decepcionar o cliente,</p><p>gerando insatisfação com o nível de serviço logístico recebido.</p><p>É importante destacar que o termo armazenagem é genérico e</p><p>envolve diferentes tipos de armazéns. Armazém é uma expressão</p><p>genérica que usamos para indicar qualquer área (espaço físico) des-</p><p>tinada à guarda de materiais em geral. Por ser genérica, a expressão</p><p>abrange diferentes espaços que recebem diversas denominações,</p><p>como: armazém, almoxarifado, depósito, armazém alfandegado,</p><p>armazém refrigerado, armazém de granéis sólidos, armazém de</p><p>granéis líquidos, armazém comercial, armazém industrial, centro de</p><p>distribuição etc.</p><p>A armazenagem de produtos acabados sempre demanda cuidados</p><p>para assegurar a integridade física desses produtos. Às vezes, existe a</p><p>ideia de que armazenar é colocar o produto em uma prateleira num</p><p>espaço físico qualquer. Porém, armazenar implica um processo com-</p><p>plexo com muitas atividades e alguns fatores relevantes que precisam</p><p>ser considerados. Portanto, é preciso:</p><p>Os fluxos logísticos (físicos,</p><p>de informação e financeiros)</p><p>exercem impacto no tempo de</p><p>ciclo para responder aos pedidos</p><p>dos clientes, podendo aumentar</p><p>ou diminuir esse tempo de</p><p>resposta. Isso, por sua vez, reflete</p><p>no nível de serviço que o cliente</p><p>espera receber.</p><p>Importante</p><p>O processo de armazenagem 41</p><p>• Planejar adequadamente o espaço e o processo logístico.</p><p>• Organizar o espaço, os recursos necessários e os sistemas utili-</p><p>zados para gestão e controle.</p><p>• Dirigir/gerenciar os esforços e os processos estabelecidos.</p><p>• Controlar os resultados obtidos no sistema de armazenagem,</p><p>para providenciar eventuais correções que se façam necessárias.</p><p>Todo esse processo é sintetizado pelo acrônimo PODC, também de-</p><p>nominado ciclo universal da administração.</p><p>Dois aspectos, entre outros já comentados, são importantes para a</p><p>armazenagem de produtos acabados:</p><p>• regularidade/conformidade com aspectos legais e normativos;</p><p>• segurança do espaço físico da armazenagem.</p><p>É essencial se atentar ao fato de que o armazém precisa atender a</p><p>uma série de exigências legais e normativas, conforme o tipo de produ-</p><p>to a ser armazenado, cumprindo com todas as exigências dos órgãos</p><p>de regulamentação e fiscalização. Além disso, é necessário receber</p><p>manutenção permanentemente para evitar ocorrência de situações de</p><p>risco, acidentes ou danos aos produtos armazenados. A segurança no</p><p>armazém, para o profissional e para materiais e equipamentos, é fun-</p><p>damental para assegurar a proteção ao patrimônio da organização e,</p><p>principalmente, aos produtos acabados. É preciso se preocupar com o</p><p>espaço físico em termos de limpeza e higiene (segurança sanitária), vigi-</p><p>lância e monitoramento constantes, capacitação de funcionários e apó-</p><p>lices de seguros que garantam a proteção tanto do espaço físico quanto</p><p>dos produtos armazenados, das pessoas e dos equipamentos.</p><p>Além do que comentamos, existem outros pontos a serem consi-</p><p>derados na armazenagem de produtos acabados a fim de assegurar</p><p>o melhor gerenciamento possível para esses produtos, entre os quais</p><p>podemos relacionar:</p><p>Planejar os processos de armazenagem – realizar o design de</p><p>processos é uma etapa fundamental para o bom funcionamento</p><p>de armazéns e da movimentação interna. Segundo Moura (2006),</p><p>o fluxo de materiais e de informações a ser considerado no dese-</p><p>nho dos processos resulta nas ações descritas no Quadro 2.</p><p>1</p><p>42 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Quadro 2</p><p>Atividades do processo de armazenagem</p><p>Recebimento Inspeção</p><p>Desembalar/reembalar Manter</p><p>Aceitar Rejeitar</p><p>Fazer o sortimento Consolidar</p><p>Separar o pedido/formar kits Embalar/engradar</p><p>Emitir Expedir</p><p>Movimentar Contagem cíclica</p><p>Contagem do inventário físico e registro</p><p>Fonte: Adaptado de Moura, 2006.</p><p>Os processos, quando bem desenhados, asseguram a integra-</p><p>ção de equipes no trabalho, a execução das atividades da ma-</p><p>neira mais adequada e, principalmente, a redução de tempos</p><p>de execução.</p><p>Estabelecer um bom leiaute para a armazenagem – ao lado</p><p>do design de processos, o local de armazenamento de produtos</p><p>acabados exige um bom leiaute para aumentar a eficiência ope-</p><p>racional, considerando, além da armazenagem em si, também os</p><p>espaços para movimentação de operadores e de equipamentos,</p><p>bem como o melhor fluxo para as operações. Um bom leiaute</p><p>implica otimizar o uso dos espaços físicos de maneira planejada</p><p>e organizada.</p><p>Estabelecer a infraestrutura mais adequada possível – isso</p><p>significa estabelecer uma estrutura que permita a maior eficiên-</p><p>cia possível ao fluxo logístico operacional. Segundo Alvarenga e</p><p>Novaes (2004), as principais funções de um armazém podem ser</p><p>definidas como: armazenagem propriamente dita, consolidação</p><p>e desconsolidação. Assim, para que essas funções sejam mais</p><p>bem desempenhadas, alguns pontos essenciais precisam ser</p><p>considerados, conforme demonstrado no Quadro 3.</p><p>2</p><p>3</p><p>O processo de armazenagem 43</p><p>Quadro 3</p><p>Pontos a considerar para uma infraestrutura adequada</p><p>Pé-direito elevado</p><p>Isso é necessário para instalação de estruturas porta-paletes e mezani-</p><p>nos, conforme necessidades.</p><p>Iluminação</p><p>É preciso considerar a visibilidade adequada aos operadores humanos</p><p>(máquinas automáticas não necessitam de iluminação). Além disso,</p><p>o uso de lâmpadas econômicas também deve ser sempre considerado,</p><p>sob a perspectiva da sustentabilidade.</p><p>Conformação de pisos</p><p>Os pisos devem apresentar a resistência necessária para suportar o trá-</p><p>fego de pessoas e de equipamentos de movimentação e o peso dos</p><p>produtos a serem armazenados.</p><p>Prevenção a incêndios É essencial um sistema de detecção de incêndios para preservar a vida.</p><p>Monitoramento e</p><p>segurança</p><p>É fundamental considerar a necessidade de monitorar e controlar aces-</p><p>sos, sobretudo para prevenção de furtos e roubos.</p><p>Docas</p><p>As docas de carga e descarga exigem estudo aprofundado, pois são os</p><p>pontos de acesso ao armazém. É preciso considerar que as docas sejam</p><p>cobertas (permitindo operação contínua), possuam plataformas nivela-</p><p>doras, tenham o piso conformado para suportar o peso dos caminhões,</p><p>entre outros aspectos relevantes.</p><p>Áreas para</p><p>movimentação</p><p>É necessário lembrar que existe a movimentação interna dos materiais,</p><p>realizada por pessoas e equipamentos. Assim, os espaços destinados à</p><p>movimentação precisam ser considerados no projeto da infraestrutura.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Organizar o fluxo de entrada e saída dos produtos – é essencial</p><p>assegurar o controle eficiente e eficaz da entrada e saída dos pro-</p><p>dutos acabados, o que exige um sistema para gestão de estoques</p><p>(por exemplo, os WMS), de modo a assegurar que os inventários</p><p>apresentem a necessária acurácia para melhor gerenciamento.</p><p>Isso significa que todos os dados relativos a cada produto arma-</p><p>zenado devem ser informados corretamente (quantidade, datas</p><p>de entrada/saída, endereçamento etc.), tanto na entrada quanto</p><p>na saída.</p><p>Organização do espaço físico – o leiaute sozinho não é suficien-</p><p>te para assegurar um espaço físico adequado. É preciso garantir</p><p>que o espaço esteja bem organizado, sempre limpo e arruma-</p><p>do. A sanitização do armazém, em muitos casos, é uma exigência</p><p>sanitária a ser atendida, assim como a desratização, a desinse-</p><p>tização e demais controles de pragas; tudo com o objetivo de</p><p>prevenir acidentes e propiciar integridade e saúde aos produtos</p><p>e aos funcionários dos armazéns. Isso implica minimizar o uso</p><p>de equipamentos de movimentação (empilhadeiras, por exem-</p><p>plo), certificar que produtos ou embalagens não fiquem no piso</p><p>4</p><p>5</p><p>44 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>e manter os espaços sempre limpos. A regra básica é: “cada coisa</p><p>em seu lugar, um lugar para cada coisa” (ou, em termos de arma-</p><p>zenagem, “um SKU – Stock Keeping Unit – para cada item”).</p><p>Manutenção de embalagens adequadas – produtos acabados</p><p>exigem adequação de embalagens (lembrando que existem di-</p><p>ferentes tipos/níveis de embalagens que são usadas nos siste-</p><p>mas logísticos), pois o manuseio ocorre na armazenagem, na</p><p>distribuição e nos processos de transporte, o que representa</p><p>risco à integridade do produto. O produto acabado sempre é</p><p>acondicionado no que se denomina embalagem primária, ou</p><p>de apresentação. Porém, sempre é acondicionado em embala-</p><p>gens de comercialização, secundárias, podendo também ser</p><p>acondicionado para movimentação e transporte em embala-</p><p>gens de movimentação (ou de unitização), tudo com o objetivo</p><p>de assegurar que não ocorram avarias durante essas atividades</p><p>de manuseio, movimentação e transporte, além de aumentar a</p><p>velocidade das operações.</p><p>Armazenagem correta – é essencial definir um método para ar-</p><p>mazenagem e segui-lo conforme planejado, para assegurar agili-</p><p>dade e flexibilidade nos fluxos internos do armazém. Isso significa</p><p>que os produtos acabados devem ser armazenados em locais</p><p>que facilitem a localização, o manuseio e a movimentação. Mes-</p><p>mo quando utilizados transelevadores ou outros mecanismos de</p><p>automação de armazéns, é preciso estabelecer critérios de aloca-</p><p>ção física dos produtos nos espaços de armazenagem (SKU) por</p><p>meio de critérios de endereçamento (fixos ou aleatórios) que faci-</p><p>litem o gerenciamento, o manuseio e a movimentação.</p><p>Controle dos estoques – para produtos acabados, mais que ou-</p><p>tros itens, é essencial manter rigorosos mecanismos de controle</p><p>das entradas e saídas, pois isso assegura que o fluxo de informa-</p><p>ção alimente o sistema de suprimentos para aquisições de ma-</p><p>térias-primas e insumos, que serão utilizados na produção dos</p><p>produtos acabados, permitindo manter baixos níveis de estoques</p><p>de segurança (o que diminui os custos logísticos totais).</p><p>Realizar inventários cíclicos – uma vez que se mantenha con-</p><p>trole sobre os fluxos de entrada e de saída, aliado ao controle dos</p><p>estoques, é preciso realizar inventários periodicamente (cíclicos),</p><p>além do inventário anual obrigatório para a contabilidade, de</p><p>modo a assegurar uniformidade (igualdade) entre o inventário fí-</p><p>6</p><p>7</p><p>8</p><p>9</p><p>O processo de armazenagem 45</p><p>sico e o contábil. O principal objetivo da realização de inventários</p><p>com periodicidade preestabelecida é assegurar a disponibilidade</p><p>de produtos para entrega, produtos dentro da validade e acurá-</p><p>cia no sistema logístico.</p><p>Usar ferramentas de VMI e ECR – as siglas indicam Vendor</p><p>Management Inventory (ou estoque gerenciado pelo fornecedor)</p><p>e Efficient Customer Response (ou resposta eficiente ao consu-</p><p>midor). Elas apontam para sistemas de informações em que</p><p>estas são compartilhadas com o fornecedor e com os clientes</p><p>para assegurar a manutenção de níveis mínimos de estoques e</p><p>resposta rápida às demandas do mercado consumidor. O com-</p><p>partilhamento do fluxo de informações sobre estoques com os</p><p>parceiros na cadeia logística diminui custos e agiliza a resposta</p><p>ao cliente.</p><p>Tecnologias da informação e de comunicação – atualmente é</p><p>possível contar com inúmeras tecnologias da informação e de co-</p><p>municação – TIC. Elas permitem maior eficiência operacional dos</p><p>sistemas de armazenagem, em virtude da maior confiabilidade</p><p>proporcionada por relatórios gerados com maior rapidez e me-</p><p>nor volume de erros de lançamento, assegurando mais agilidade</p><p>aos fluxos logísticos (principalmente ao fluxo informacional).</p><p>Como vimos, são vários os aspectos que precisam ser levados em</p><p>conta para a armazenagem de produtos acabados, visando garantir o</p><p>melhor gerenciamento possível para esses produtos.</p><p>Os produtos acabados, bem armazenados, podem melhorar o serviço</p><p>logístico que é prestado aos clientes. Isso demanda estruturas de armaze-</p><p>nagem eficientes e eficazes, e é o que estudaremos a seguir.</p><p>10</p><p>11</p><p>Na armazenagem de produtos</p><p>acabados, é imprescindível</p><p>considerar um conjunto de fa-</p><p>tores, e não apenas um ou outro</p><p>aspecto isoladamente. Produtos</p><p>acabados armazenados em</p><p>pontos estratégicos diminuem o</p><p>tempo de resposta às demandas</p><p>do mercado e, assim, elevam o</p><p>nível de serviço aos clientes.</p><p>Importante</p><p>2.4 Estruturas de armazenagem:</p><p>evolução e tendências Vídeo</p><p>Devemos entender a estrutura de armazenagem como um espaço</p><p>físico dotado de equipamentos, processos e sistemas para estocagem,</p><p>manuseio e movimentação de materiais em um sistema logístico. Isso</p><p>significa que as estruturas de armazenagem dependem do tamanho</p><p>e do volume de itens a serem armazenados, da velocidade com que</p><p>esses itens “giram no estoque”, de como eles precisam ser acondicio-</p><p>46 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>nados, manuseados e movimentados, entre outros aspectos que visam</p><p>tornar o desenho do leiaute mais adequado, bem como da disposição</p><p>das estruturas físicas em que os itens ficam armazenados.</p><p>Há muitos e diferentes tipos de estruturas de armazenagem que</p><p>são utilizadas nos sistemas logísticos, notadamente em centros de dis-</p><p>tribuição. A definição da estrutura mais adequada depende sempre das</p><p>necessidades da organização. Basicamente, os elementos que direcio-</p><p>nam a escolha são aquelas estruturas que oferecem maior segurança</p><p>operacional, dinamismo e eficiência nos processos de movimentação</p><p>dos materiais dentro dos armazéns.</p><p>Diante disso, além de toda a racionalidade do design dos proces-</p><p>sos adotados na armazenagem com relação ao melhor leiaute possível</p><p>para o armazém, é preciso considerá-lo numa perspectiva estratégica,</p><p>em razão do seu impacto nos custos e no nível de serviço logístico.</p><p>As estruturas de armazenagem estabelecem a base do modo como</p><p>a organização interna do armazém adapta as funcionalidades dessas</p><p>estruturas. A maneira como se dispõem as partes do sistema precisa</p><p>ser coordenada para que a estrutura funcione o mais organizadamente</p><p>possível. A integração das estruturas com equipamentos, pessoas, sis-</p><p>temas (software) de controle e processos deve ser a mais sinérgica pos-</p><p>sível para satisfazer às necessidades operacionais do sistema logístico.</p><p>Durante muito tempo, o armazém era focado na ocupação física de</p><p>uma ampla área em um terreno. Mas o foco mudou e agora se concen-</p><p>tra no espaço físico e na altura que são dedicados à armazenagem pro-</p><p>priamente dita. Associada a isso, a preocupação em reduzir os custos</p><p>logísticos, minimizar a movimentação inadequada de materiais e ou-</p><p>tras questões levou à percepção de que a armazenagem é fundamental</p><p>para incrementos de lucratividade. Para tudo isso, é preciso considerar</p><p>qual a melhor estrutura de armazenagem a ser adotada pela organiza-</p><p>ção. Assim, veremos no Quadro 3 as principais estruturas de armaze-</p><p>nagem utilizadas nos armazéns.</p><p>Para conhecer um pouco mais</p><p>sobre estruturas de armazena-</p><p>gem disponíveis no mercado,</p><p>você pode visitar os sites que</p><p>relacionamos a seguir.</p><p>1. Águia Sistemas – empresa de</p><p>Ponta Grossa (PR). Disponível</p><p>em: https://aguiasistemas.</p><p>com/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>2. Bertolini Sistemas de</p><p>Armazenagem – empresa</p><p>localizada em Bento Gonçalves</p><p>(RS). Disponível em: https://</p><p>www.bertoliniarmazenagem.</p><p>com.br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>3. Mecalux – empresa localizada</p><p>em Hortolândia (SP). Disponível</p><p>em: https://www.mecalux.com.</p><p>br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>4. Scheffer Logística – empresa</p><p>localizada</p><p>em Ponta Grossa (PR).</p><p>Disponível em: https://scheffer.</p><p>com.br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>Essas empresas oferecem todas</p><p>as estruturas de armazenagem</p><p>que foram descritas. Para</p><p>visualizá-las, vale a pena uma</p><p>visita aos sites indicados.</p><p>Sites</p><p>hacohob/Shutterstock</p><p>https://aguiasistemas.com/</p><p>https://aguiasistemas.com/</p><p>https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/</p><p>https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/</p><p>https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/</p><p>https://www.mecalux.com.br/</p><p>https://www.mecalux.com.br/</p><p>https://scheffer.com.br/</p><p>https://scheffer.com.br/</p><p>O processo de armazenagem 47</p><p>nados, manuseados e movimentados, entre outros aspectos que visam</p><p>tornar o desenho do leiaute mais adequado, bem como da disposição</p><p>das estruturas físicas em que os itens ficam armazenados.</p><p>Há muitos e diferentes tipos de estruturas de armazenagem que</p><p>são utilizadas nos sistemas logísticos, notadamente em centros de dis-</p><p>tribuição. A definição da estrutura mais adequada depende sempre das</p><p>necessidades da organização. Basicamente, os elementos que direcio-</p><p>nam a escolha são aquelas estruturas que oferecem maior segurança</p><p>operacional, dinamismo e eficiência nos processos de movimentação</p><p>dos materiais dentro dos armazéns.</p><p>Diante disso, além de toda a racionalidade do design dos proces-</p><p>sos adotados na armazenagem com relação ao melhor leiaute possível</p><p>para o armazém, é preciso considerá-lo numa perspectiva estratégica,</p><p>em razão do seu impacto nos custos e no nível de serviço logístico.</p><p>As estruturas de armazenagem estabelecem a base do modo como</p><p>a organização interna do armazém adapta as funcionalidades dessas</p><p>estruturas. A maneira como se dispõem as partes do sistema precisa</p><p>ser coordenada para que a estrutura funcione o mais organizadamente</p><p>possível. A integração das estruturas com equipamentos, pessoas, sis-</p><p>temas (software) de controle e processos deve ser a mais sinérgica pos-</p><p>sível para satisfazer às necessidades operacionais do sistema logístico.</p><p>Durante muito tempo, o armazém era focado na ocupação física de</p><p>uma ampla área em um terreno. Mas o foco mudou e agora se concen-</p><p>tra no espaço físico e na altura que são dedicados à armazenagem pro-</p><p>priamente dita. Associada a isso, a preocupação em reduzir os custos</p><p>logísticos, minimizar a movimentação inadequada de materiais e ou-</p><p>tras questões levou à percepção de que a armazenagem é fundamental</p><p>para incrementos de lucratividade. Para tudo isso, é preciso considerar</p><p>qual a melhor estrutura de armazenagem a ser adotada pela organiza-</p><p>ção. Assim, veremos no Quadro 3 as principais estruturas de armaze-</p><p>nagem utilizadas nos armazéns.</p><p>Para conhecer um pouco mais</p><p>sobre estruturas de armazena-</p><p>gem disponíveis no mercado,</p><p>você pode visitar os sites que</p><p>relacionamos a seguir.</p><p>1. Águia Sistemas – empresa de</p><p>Ponta Grossa (PR). Disponível</p><p>em: https://aguiasistemas.</p><p>com/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>2. Bertolini Sistemas de</p><p>Armazenagem – empresa</p><p>localizada em Bento Gonçalves</p><p>(RS). Disponível em: https://</p><p>www.bertoliniarmazenagem.</p><p>com.br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>3. Mecalux – empresa localizada</p><p>em Hortolândia (SP). Disponível</p><p>em: https://www.mecalux.com.</p><p>br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>4. Scheffer Logística – empresa</p><p>localizada em Ponta Grossa (PR).</p><p>Disponível em: https://scheffer.</p><p>com.br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>Essas empresas oferecem todas</p><p>as estruturas de armazenagem</p><p>que foram descritas. Para</p><p>visualizá-las, vale a pena uma</p><p>visita aos sites indicados.</p><p>Sites</p><p>hacohob/Shutterstock</p><p>Quadro 4</p><p>Principais estruturas de armazenagem e características</p><p>Estrutura de</p><p>armazenagem Caracterização</p><p>Porta-paletes</p><p>Uma das formas mais tradicionais de estruturas de armazenagem e se divide em</p><p>quatro configurações ou tipos: corredores estreitos, transelevadores, autoportan-</p><p>tes e deslizantes. A configuração mais comum é aquela em que todos os itens são</p><p>colocados sobre paletes e armazenados em estantes, que serão acessadas nor-</p><p>malmente com empilhadeiras. Essa estrutura possibilita alcançar todos os volu-</p><p>mes de maneira aleatória, sem a necessidade de retirar nada da frente ou mover</p><p>qualquer parte da estante. Requer algum espaço de corredor para manobra de</p><p>empilhadeira (exigindo cuidado para evitar acidentes). Apresenta como principais</p><p>vantagens a agilidade de acesso e a seletividade, permitindo uma ordenação mais</p><p>sistemática e ágil para identificar e selecionar os itens. Permite utilização de má-</p><p>ximo espaço vertical (altura) do armazém, possibilitando maximizar a armazena-</p><p>gem em número de itens com segurança e organização.</p><p>Porta-paletes –</p><p>corredores estreitos</p><p>Esse tipo de estrutura apresenta como vantagem exatamente a diminuição dos</p><p>espaços de corredores, aumentando o espaço útil de armazenagem. Porém,</p><p>o valor do investimento é mais elevado ao exigir trilhos ou fios indutivos para</p><p>movimentação das empilhadeiras específicas para esse tipo de estrutura.</p><p>Porta-paletes –</p><p>transelevadores</p><p>Assim como a estrutura de corredores estreitos, a estrutura com transelevadores</p><p>objetiva otimizar o aproveitamento do espaço, pois o corredor do transelevador</p><p>é ainda menor que o da empilhadeira. O melhor aproveitamento dos espaços</p><p>verticais com o transelevador propicia maior segurança no manuseio dos paletes.</p><p>Em termos de espaços verticais, também é possível elevar a densidade da carga</p><p>rapidamente durante a movimentação.</p><p>Porta-paletes –</p><p>autoportantes</p><p>Essa estrutura permite que se aproveite completamente o espaço vertical, além</p><p>de reduzir também custos de engenharia civil, pois a própria estrutura de arma-</p><p>zenagem serve como suporte de fechamento da cobertura e das laterais. Além</p><p>disso, permite melhor distribuição de cargas no piso.</p><p>Porta-paletes –</p><p>deslizantes</p><p>Estrutura bastante utilizada para itens com baixo giro de alto valor agregado, com</p><p>locais limitados para essa armazenagem. Apresenta alta densidade como princi-</p><p>pal vantagem, exigindo reduzida área de circulação. O palete fica bem protegido,</p><p>pois não se encontra em movimentação com equipamentos, sendo automovi-</p><p>mentado por meio de roletes em estrutura com formato de bloco.</p><p>Estrutura drive-in</p><p>Apresenta elevada capacidade de estocagem e opera com movimentação no pro-</p><p>cesso LIFO (Last In, First Out), ou seja, o último item que entra é o primeiro que</p><p>sai, e assim sempre se retira do estoque o item mais acessível. Destaca-se que</p><p>esse processo somente deve ser utilizado para itens que não tenham prazo de</p><p>validade. Essa estrutura possibilita maior densidade no armazém, economizando</p><p>nos espaços para manobra e, com isso, apresentando menor custo por metro</p><p>quadrado, posto que demanda apenas um corredor frontal. Um problema é se</p><p>ocorrer armazenagem de um item no fundo da estante e for necessário retirá-lo</p><p>antes dos que estiverem na sua frente, o que demanda mais tempo.</p><p>(Continua)</p><p>https://aguiasistemas.com/</p><p>https://aguiasistemas.com/</p><p>https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/</p><p>https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/</p><p>https://www.bertoliniarmazenagem.com.br/</p><p>https://www.mecalux.com.br/</p><p>https://www.mecalux.com.br/</p><p>https://scheffer.com.br/</p><p>https://scheffer.com.br/</p><p>48 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Estrutura de</p><p>armazenagem Caracterização</p><p>Estrutura</p><p>drive-through</p><p>Estrutura que também apresenta boa capacidade de armazenamento, pois elimina</p><p>a necessidade de espaço entre as estantes. Nesse modelo, é utilizado o processo</p><p>FIFO (First In, First Out), ou seja, o primeiro item que entra é o primeiro que sai. Isso</p><p>exige dois corredores: um frontal e outro na parte traseira da estrutura. Assim, in-</p><p>sere-se o produto na estante pelo corredor traseiro, e o palete da frente vai sendo</p><p>“empurrado” até o ponto de saída. Além disso, ao redor do bloco é preciso contar</p><p>com corredores para o deslocamento das empilhadeiras. Para acelerar a movimen-</p><p>tação, utilizam-se trilhos para deslizamento, com sistemas de frenagem para quan-</p><p>do o palete chega ao seu ponto de armazenagem.</p><p>Estrutura cantilever</p><p>Estrutura usada basicamente na armazenagem de itens que ficam apoiados em</p><p>grandes eixos em vez de estantes.</p><p>Facilita a estocagem de itens de maneira direta,</p><p>com abastecimento e retirada realizados sempre pela lateral. É indicada para ar-</p><p>mazenar produtos com dimensões, volumes, formas e pesos diversos, como tubos</p><p>de PVC ou de metal, barras de ferro, madeira, móveis etc. Os equipamentos de</p><p>movimentação mais adequados são as empilhadeiras laterais com patola retrátil.</p><p>Caracteriza-se por possuir somente uma coluna central, na qual são fixados “braços”</p><p>que, em balanço, servem de apoio para carga ou planos de armazenagem. Também</p><p>é chamada de estrutura de braços em balanço.</p><p>Estrutura mezanino</p><p>Assim como porta-paletes e racks, essa é uma estrutura que segue o princípio de</p><p>verticalização na armazenagem, pois é semelhante a um “falso segundo andar” no</p><p>ambiente do armazém. Assim, ocupa-se a superfície tanto acima quanto abaixo do</p><p>mezanino, sem a necessidade de modificações estruturais no armazém. Oferece</p><p>muitas opções, sendo altamente versátil; em muitos casos, instalam-se áreas admi-</p><p>nistrativas em mezaninos, com visão do armazém de cima para baixo, melhorando</p><p>o controle gerencial.</p><p>Estrutura dinâmica</p><p>Sua principal característica é a rotação automática dos estoques, possibilitando,</p><p>conforme for configurada, a adoção do processo FIFO. Dessa forma, os paletes são</p><p>colocados em uma das extremidades, por meio de empilhadeira, num trilho inclina-</p><p>do com roletes. O palete desliza até a outra extremidade, na qual existe um freio</p><p>que realiza a contenção do palete no seu ponto de parada. Quando o palete da</p><p>frente é retirado, o freio é destravado e os demais se movimentam para a posição li-</p><p>vre. Essa é uma das estruturas de custo mais elevado, porém é bastante utilizada na</p><p>armazenagem de produtos alimentícios exatamente por permitir o uso do processo</p><p>FIFO. Possibilita elevada concentração de estoques que exigem controle dos prazos</p><p>de validade dos itens armazenados.</p><p>Estrutura de racks</p><p>São equipamentos de armazenagem derivados dos paletes e que apresentam di-</p><p>ferentes configurações. Na maioria dos casos, trata-se de estruturas metálicas com</p><p>base para acesso dos garfos das empilhadeiras, barras perpendiculares à base, em</p><p>cada um dos cantos, e travessas unindo as barras. Outros modelos contam com</p><p>telas aramadas unindo as barras. São bastante utilizados por permitirem o apro-</p><p>veitamento da altura disponível, uma vez que podem ser empilhados uns sobre os</p><p>outros, principalmente quando contêm itens com formato não uniforme. Também</p><p>são chamados, em alguns casos, de contenedores. Apresentam, ainda, uma versão</p><p>denominada LongBox, indicada para produtos perecíveis e que exigem manutenção</p><p>em refrigeração, como em câmaras frias e em frigoríficos.</p><p>(Continua)</p><p>O processo de armazenagem 49</p><p>Estrutura de</p><p>armazenagem Caracterização</p><p>Estrutura flow rack</p><p>Utilizada em áreas de separação de materiais (picking), é indicada para pequenos</p><p>volumes de alto giro. Conta com estantes inclinadas, de tamanhos variados (altura,</p><p>largura, comprimento e profundidade), em cada nível, sendo levemente inclinada</p><p>para a parte frontal, com elementos deslizantes para as caixas, como roldanas e</p><p>trilhos, que deslocam as caixas (ou contenedores) por ação de gravidade, servindo</p><p>também para a reposição e o ato de apanhar os materiais e, ainda, simplificando a</p><p>execução de processos como o picking. Sua configuração é indicada para sistemas</p><p>que utilizam o processo FIFO para abastecimento, seleção e preparação manual</p><p>de pequenos e médios volumes de materiais, como giro dos itens se automatizan-</p><p>do facilmente, em um conceito eficaz e muito simples. Portanto, é uma estrutura</p><p>que beneficia organizações que trabalham com produtos de alto giro, pois otimiza</p><p>a localização, o manuseio e a movimentação dos materiais. Apresenta um leiaute</p><p>facilmente adaptável e que pode ser usado em conjunto com outras estruturas de</p><p>armazenagem, como o porta-paletes.</p><p>Estrutura push back</p><p>A armazenagem dos paletes ocorre por meio de carrinhos colocados em trilhos ou</p><p>roletes, que são empurrados pelos próprios paletes e estocados sequencialmen-</p><p>te em cada módulo da estrutura, permitindo a estocagem de quatro paletes em</p><p>cada nível. Essa estrutura tem sido bastante utilizada atualmente, sobretudo por</p><p>organizações que demandam altas densidades de carga, posto que permite maior</p><p>número de endereço para os paletes armazenados. É muito semelhante ao sistema</p><p>drive-in, pois é montada por meio de montantes e longarinas, enquanto a forma de</p><p>movimentação dos materiais é que denomina essa estrutura, mostrando qual sua</p><p>atividade nos pontos de armazenagem. Sua limitação está na quantidade de paletes</p><p>em profundidade, decorrente da complexidade dos trilhos e da capacidade de tra-</p><p>ção da empilhadeira para empurrar os paletes armazenados em cada nível. Sempre</p><p>que o último palete é retirado, os demais se movem por impulso, com o auxílio dos</p><p>carrinhos ou roletes, em direção ao corredor (saída). Isso significa que o processo</p><p>de gestão dos estoques é sempre o LIFO, pois o último item armazenado é sempre</p><p>o primeiro a ser retirado. A rapidez e eficácia das entradas e saídas dos itens é o</p><p>resultado obtido com a adoção dessa estrutura.</p><p>Estrutura carrossel</p><p>Estrutura criada com base em estantes formando prateleiras que deslizam horizon-</p><p>talmente até os setores/postos de trabalho. Geralmente é usada em organizações</p><p>de segmentos diversos, pois permite armazenagem de diferentes tipos de materiais.</p><p>É indicada para itens leves e de tamanho médio, bem como para empresas com</p><p>volume de tráfego moderado. Apresenta como vantagem principal a facilidade de</p><p>instalação, além de auxiliar na redução de custos ao possibilitar substituição de má-</p><p>quinas e equipamentos usados na movimentação dos materiais.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>50 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>si</p><p>rtr</p><p>av</p><p>el</p><p>al</p><p>ot</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>M</p><p>ak</p><p>si</p><p>m</p><p>S</p><p>af</p><p>an</p><p>iu</p><p>k/</p><p>Sh</p><p>ut</p><p>te</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Existem, ainda, armazéns que realizam apenas movimentação</p><p>de materiais em operações denominadas cross docking, com os</p><p>materiais permanecendo no armazém por, no máximo, 48 a 72 ho-</p><p>ras. Nesses casos, não são necessárias estruturas de armazenagem</p><p>muito complexas, sendo possível manter os materiais armazenados</p><p>sobre paletes ou em estantes simples em que se armazenam os</p><p>itens temporariamente.</p><p>Como é possível perceber, há variados tipos de estruturas de ar-</p><p>mazenagem disponíveis para adoção pelas empresas, conforme as ne-</p><p>cessidades dos seus sistemas logísticos. O importante é compreender</p><p>quais processos nos estoques da organização se deseja aprimorar, pois</p><p>cada estrutura apresenta características próprias, funções, vantagens</p><p>e desvantagens que precisam ser consideradas no processo decisório.</p><p>Cabe à direção avaliar quais as demandas do sistema logístico e pla-</p><p>nejar investimentos que maximizem o desempenho das atividades no</p><p>armazém e na movimentação, além de minimizar erros nos processos</p><p>e, principalmente, reduzir custos.</p><p>Figura 3</p><p>Estrutura drive-through</p><p>Figura 4</p><p>Estrutura cantilever</p><p>O processo de armazenagem 51</p><p>A tendência atual é de que as estruturas de armazenagem incor-</p><p>porem cada vez mais tecnologia da informação e sofram processos de</p><p>automação, minimizando a presença de pessoas nessas estruturas, de</p><p>modo que os armazéns sejam cada vez mais operados por máquinas e</p><p>softwares. Um sonho antigo na área da logística é de que os armazéns</p><p>sejam completamente operados por robôs, embora isso ainda esteja</p><p>distante. Mesmo aquelas empresas que já contam com elevado grau</p><p>de automatização em suas estruturas de armazenagem têm consciên-</p><p>cia de que ainda vai demorar muitos anos para que a inteligência arti-</p><p>ficial atualmente disponível possa substituir a capacidade humana de</p><p>operação em processos de manuseio e movimentação nas estruturas</p><p>de armazenagem.</p><p>Para saber mais sobre as</p><p>tendências das estrutu-</p><p>ras de armazenagem,</p><p>sugerimos que você</p><p>acesse a notícia e o vídeo</p><p>a seguir, ambos a respeito</p><p>de como as estruturas de</p><p>armazenagem podem ser</p><p>automatizadas.</p><p>• Disponível em: https://www.</p><p>logweb.com.br/sistemas-de-</p><p>armazenagem-automatizados-</p><p>ganham-espaco-em-razao-do-</p><p>momento-economico/. Acesso em:</p><p>23 fev. 2021.</p><p>• Disponível em: http://youtu.</p><p>be/4aR4OB2n-FE. Acesso em: 23</p><p>fev. 2021.</p><p>Saiba mais</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Vimos que a principal razão para a manutenção de sistemas de arma-</p><p>zenagem é a necessidade de manter estoques com o objetivo de reduzir</p><p>custos operacionais do sistema logístico e, principalmente, aumentar o</p><p>nível de serviço aos clientes, agregando valor aos produtos por meio da</p><p>redução dos prazos de entrega. Ou seja, os estoques funcionam como</p><p>elemento regulador entre a oferta e a demanda, sobretudo quando exis-</p><p>tem dificuldades nos processos de previsão de demanda (o que é extre-</p><p>mamente comum).</p><p>Também pudemos ter a percepção de que, além da manutenção de</p><p>estoques, são desempenhados muitos processos em um sistema de ar-</p><p>mazenagem, como inspecionar materiais, receber e expedir materiais,</p><p>embalar, desembalar, consolidar (unitizar) cargas, realizar contagens cí-</p><p>clicas (inventários), manter os registros de estoques com acurácia, entre</p><p>inúmeras outras atividades desempenhadas na armazenagem.</p><p>Vimos que a logística pode ser definida como fluxo, uma vez que exis-</p><p>tem três fluxos logísticos essenciais (de informação, físico e financeiro)</p><p>que precisam ser considerados nos sistemas logísticos, em razão do flu-</p><p>xo logístico ser definido pela soma dos tempos de execução de cada um</p><p>desses três fluxos. Sob a perspectiva da armazenagem e movimentação</p><p>de materiais, o tempo que um item permanece no armazém implica em</p><p>aumento desse fluxo, pois o momento desde que uma matéria-prima (e</p><p>outros insumos) entra no sistema logístico até o instante em que o produ-</p><p>to acabado deixa a cadeia de suprimentos é o que podemos denominar</p><p>https://www.logweb.com.br/sistemas-de-armazenagem-automatizados-ganham-espaco-em-razao-do-momento-economico/</p><p>https://www.logweb.com.br/sistemas-de-armazenagem-automatizados-ganham-espaco-em-razao-do-momento-economico/</p><p>https://www.logweb.com.br/sistemas-de-armazenagem-automatizados-ganham-espaco-em-razao-do-momento-economico/</p><p>https://www.logweb.com.br/sistemas-de-armazenagem-automatizados-ganham-espaco-em-razao-do-momento-economico/</p><p>https://www.logweb.com.br/sistemas-de-armazenagem-automatizados-ganham-espaco-em-razao-do-momento-economico/</p><p>http://youtu.be/4aR4OB2n-FE</p><p>http://youtu.be/4aR4OB2n-FE</p><p>52 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>como tempo de fluxo do produto, que deve ser minimizado para que o nível</p><p>de serviço apresentado aos clientes seja o mais elevado possível.</p><p>Pudemos assimilar a ideia de que a armazenagem de produtos</p><p>acabados, sempre realizada no ponto mais próximo possível de onde</p><p>ocorre a demanda, é essencial para esse mecanismo de agregação de</p><p>valor aos produtos. Isso se deve ao fato de que se o cliente recebe rapi-</p><p>damente um produto de que necessita, fica satisfeito e tende a se tornar</p><p>um cliente fiel. Vimos que a armazenagem dos produtos acabados, pela sua</p><p>relevância, precisa ser muito bem planejada, organizada, dirigida e, sobre-</p><p>tudo, controlada, para que seja considerado o conjunto de fatores neces-</p><p>sários para diminuir o tempo de resposta ao mercado com elevado nível de</p><p>serviço logístico.</p><p>Por fim, estudamos que existem diferentes tipos de estruturas de ar-</p><p>mazenagem capazes de satisfazer diversas necessidades do sistema logís-</p><p>tico em termos de custos, velocidade de respostas, flexibilidade e outras</p><p>características responsáveis por fazer com que a cadeia de suprimentos</p><p>seja mais responsiva e, consequentemente, mais eficiente e eficaz sob a</p><p>perspectiva da organização e de seus clientes. Verificamos que o dese-</p><p>jo é de que os sistemas de armazenagem sejam o mais automatizados</p><p>possível, e a tendência é evoluir nessa direção, mas que a incorporação</p><p>de inteligência artificial nas estruturas de armazenagem e nos processos</p><p>de movimentação até o momento é algo um tanto distante da realidade,</p><p>em virtude da inexistência de inteligência artificial e sistemas (softwares)</p><p>disponíveis para isso.</p><p>ATIVIDADES</p><p>1. Leia o tópico 2.3 (páginas 169-170) do artigo Impactos da utilização de</p><p>centros de distribuição na logística de distribuição de produtos acabados</p><p>e apresente os fatores a serem considerados na definição de centros</p><p>de distribuição.</p><p>Para ler o artigo, acesse o link: https://www.researchgate.net/profile/</p><p>Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_</p><p>centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_</p><p>acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-</p><p>de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-</p><p>acabados.pdf. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-acabados.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-acabados.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-acabados.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-acabados.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-acabados.pdf</p><p>https://www.researchgate.net/profile/Renato_Lima12/publication/50223190_Impactos_da_utilizacao_de_centros_de_distribuicao_na_logistica_de_distribuicao_de_produtos_acabados/links/5a789f4045851541ce5c7766/Impactos-da-utilizacao-de-centros-de-distribuicao-na-logistica-de-distribuicao-de-produtos-acabados.pdf</p><p>O processo de armazenagem 53</p><p>2. Faça uma rápida pesquisa na internet sobre armazém do tipo</p><p>autoportante e, depois, caracterize esse tipo de estrutura de</p><p>armazenagem. Responda se é possível armazenar nessas estruturas</p><p>de armazenagem alimentos e medicamentos que exijam refrigeração.</p><p>3. Leia a notícia intitulada “Amazon admite que armazéns totalmente</p><p>automatizados ainda estão longe”, publicada no site da Supply Chain</p><p>Magazine. Veja o que a Amazon, que é pioneira na robotização</p><p>em armazéns, explica quanto à automação total do seu sistema de</p><p>armazenagem e explique por que ela acredita que não conseguirá a</p><p>automação tão rapidamente quanto deseja.</p><p>Para ler a notícia, acesse o link: https://www.supplychainmagazine.</p><p>pt/2019/05/13/amazon-admite-que-armazens-totalmente-</p><p>automatizados-ainda-estao-longe/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVARENGA, A. C.; NOVAES, A. G. N. Logística aplicada: suprimento e distribuição física.</p><p>3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto</p><p>Alegre: Bookman, 2006.</p><p>BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição</p><p>física. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Prentice Hall,</p><p>2003.</p><p>CHRISTOPHER, M. O marketing da logística. São Paulo: Futura, 1999.</p><p>DORNIER, P. P. et al. Logística e operações globais: texto e casos. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>MOURA, R. A. Armazenagem: do recebimento à expedição. São Paulo: Imam, 2006.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Logística: evolução na administração – desempenho e flexibilidade.</p><p>2. ed. Curitiba: Juruá, 2014.</p><p>SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão.</p><p>3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.</p><p>https://www.supplychainmagazine.pt/2019/05/13/amazon-admite-que-armazens-totalmente-automatizados-ainda-estao-longe/</p><p>https://www.supplychainmagazine.pt/2019/05/13/amazon-admite-que-armazens-totalmente-automatizados-ainda-estao-longe/</p><p>https://www.supplychainmagazine.pt/2019/05/13/amazon-admite-que-armazens-totalmente-automatizados-ainda-estao-longe/</p><p>54 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>3</p><p>Implantando sistemas</p><p>de armazenagem e</p><p>movimentação</p><p>Neste capítulo vamos estudar o que precisa ser considerado no</p><p>design dos sistemas de armazenagem e movimentação, bem como</p><p>por que é preciso analisar a movimentação e a armazenagem para</p><p>melhoria dos processos logísticos que acontecem nos armazéns.</p><p>Também compreenderemos quais são as principais funções des-</p><p>se processo nos sistemas logísticos. Dedicaremos atenção, ainda,</p><p>à importância das embalagens para assegurar a integridade dos</p><p>itens armazenados e agilizar os processos nos sistemas de arma-</p><p>zenagem e de movimentação.</p><p>Para tanto, na Seção 3.1 vamos compreender os objetivos e</p><p>as funções da armazenagem, considerando o papel da análise</p><p>dos fluxos logísticos, nos quais diferencia-se a armazenagem</p><p>industrial da armazenagem comercial. Veremos também como</p><p>planejar a estrutura física do armazém, como a armazenagem e</p><p>a movimentação se inserem no contexto da sustentabilidade e,</p><p>por fim, discorreremos sobre a embalagem e o acondicionamen-</p><p>to de materiais.</p><p>Dessa forma, é preciso ter em mente que o principal objetivo</p><p>da armazenagem é a manutenção de estoques para minimizar os</p><p>erros de previsão, e que suas principais funções são regular o fluxo</p><p>entre a demanda e a oferta, garantir que os tempos de atendimen-</p><p>to de pedidos sejam reduzidos, minimizar os custos do sistema</p><p>logístico e, ainda, aumentar os níveis de serviço aos clientes. Além</p><p>disso, é necessário considerar que os três fluxos logísticos princi-</p><p>pais (de informações, físicos e financeiros) compõem o chamado</p><p>fluxo logístico e precisam ser bem gerenciados para que os objeti-</p><p>vos do sistema logístico sejam atendidos.</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 55</p><p>Nessa análise dos fluxos logísticos, tema tratado na Seção 3.2,</p><p>precisamos entender que, apesar de os fluxos dirigidos à armaze-</p><p>nagem industrial integrarem o fluxo logístico total, são diferentes</p><p>dos fluxos dirigidos à comercial. Isso ocorre porque enquanto a pri-</p><p>meira se destina a regular os fluxos entre a demanda e a oferta de</p><p>matérias-primas e insumos destinados aos processos produtivos,</p><p>exigindo a formação de estoques mínimos e, por isso, permitindo</p><p>a adoção de modelos de produção que visam minimizar os esto-</p><p>ques – como o just in time (JIT) – por dependerem de previsões de</p><p>produção (planos de produção), a segunda é destinada aos clientes</p><p>finais, portanto exige formação de maiores volumes de estoques</p><p>visando assegurar que os produtos acabados estejam disponíveis</p><p>prontamente quando houver demanda por parte dos clientes, em-</p><p>bora atualmente sejam adotados modelos de reposição rápida.</p><p>A fim de se assegurar que essas armazenagens distintas ao</p><p>longo da cadeia de suprimentos funcionem de modo satisfatório</p><p>e para que as suas funções sejam atingidas com maior precisão e</p><p>acurácia, é preciso planejar adequadamente as estruturas físicas</p><p>dos armazéns, pois os diversos tipos de produtos e o desenho dos</p><p>processos logísticos podem ser diferentes para distintas organiza-</p><p>ções. Isso exige estruturas físicas dos armazéns e que elas sejam</p><p>planejadas em consonância com os objetivos mais amplos dos sis-</p><p>temas logísticos, tema da Seção 3.3.</p><p>Na atualidade, devido às exigências dos clientes e dos demais</p><p>stakeholders das organizações, existe grande preocupação com</p><p>questões relativas à sustentabilidade, sob a perspectiva das dimen-</p><p>sões do ambiente, da sociedade (as pessoas) e econômico-finan-</p><p>ceiras, que é o assunto tratado na Seção 3.4, pois as organizações</p><p>se inserem no ambiente e precisam prestar contas de sua atuação</p><p>a todos os envolvidos no seu entorno. Por fim, até mesmo nessa</p><p>perspectiva da sustentabilidade, é necessário que as organizações</p><p>se preocupem com a embalagem e o acondicionamento adequado</p><p>dos materiais que circulam em suas cadeias de suprimentos, visto</p><p>que é preciso se preocupar com o impacto gerado pelos resíduos</p><p>de embalagens sobre o ambiente, além de que essas mesmas</p><p>embalagens precisam assegurar a integridade física dos itens para</p><p>56 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>agregar o valor de uso, tão desejado pelos clientes. Esses temas</p><p>são abordados na Seção 3.5.</p><p>Todas essas questões são objeto de preocupação dos gestores</p><p>logísticos quando planejam seus sistemas de armazenagem, esta-</p><p>belecendo corretamente seus objetivos e funções.</p><p>3.1 Objetivos e funções da armazenagem</p><p>Vídeo Otimizar as estruturas dos armazéns e aperfeiçoar os processos</p><p>de movimentação é essencial para que o gerenciamento dos estoques</p><p>ocorra com alto desempenho, ou seja, o principal objetivo da armaze-</p><p>nagem estará sempre relacionado à manutenção e ao gerenciamento</p><p>dos estoques.</p><p>Contudo, existem outros objetivos a serem contemplados na ques-</p><p>tão da armazenagem e que se relacionam com a otimização do espaço</p><p>físico disponível, uma vez que a armazenagem é essencial para agilizar</p><p>os fluxos logísticos e minimizar custos. Além disso, a adequação de es-</p><p>truturas, equipamentos, materiais e métodos utilizados aprimora os</p><p>processos, aumentando a produtividade dos armazéns.</p><p>Nessa perspectiva de otimização por um lado e minimização de</p><p>custos por outro, os objetivos da armazenagem propostos por Moura</p><p>(2006) são relacionados de modo resumido no Quadro 1, compreen-</p><p>dendo que o objetivo básico deve ser a maximização do uso dos re-</p><p>cursos disponíveis para atender às demandas</p><p>dos clientes pela disponibilidade de</p><p>produtos no tempo e no espaço</p><p>(hora certa, lugar certo) e em</p><p>condições de uso/consumo.</p><p>Si</p><p>wa</p><p>ko</p><p>rn</p><p>19</p><p>33</p><p>/S</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rs</p><p>to</p><p>ck</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 57</p><p>Quadro 1</p><p>Objetivos primários dos armazéns</p><p>Objetivo Descrição</p><p>1. Maximizar o</p><p>aproveitamento do</p><p>espaço</p><p>O ideal é que ocorra um bom planejamento para o uso</p><p>do espaço disponível, assegurando eficiência no fluxo de</p><p>entrada e saída de materiais. Um bom armazém não deve</p><p>apresentar muita profundidade (o que eleva o tempo de mo-</p><p>vimentação), nem pouca profundidade, pois reduz o aprovei-</p><p>tamento espacial. A ideia central é utilizar o máximo possível</p><p>o pé-direito do armazém, assegurando maior economia de</p><p>espaço e minimizando movimentações desnecessárias.</p><p>2. Maximizar</p><p>a utilização de</p><p>mão de obra e</p><p>equipamentos</p><p>A utilização racional de mão de obra (frequentemente um</p><p>custo considerável) e de equipamentos (que exigem imobi-</p><p>lização de capital) é sempre um objetivo a ser perseguido</p><p>pelos sistemas logísticos e pela administração em geral,</p><p>com a minimização (ou eliminação) de movimentos físicos.</p><p>Um armazém bem planejado e projetado permite uma</p><p>movimentação mais eficiente, tanto de pessoas quanto de</p><p>equipamentos.</p><p>3. Maximizar a</p><p>facilidade de acesso</p><p>aos itens em</p><p>estoque</p><p>É preciso planejar a localização dos itens nos armazéns</p><p>(endereçamento), já que acessá-los facilmente é essencial</p><p>para agregar valor temporal à atividade. Exceto quando se</p><p>usam sistemas automatizados de armazenamento, é fun-</p><p>damental contar com um adequado endereçamento para</p><p>que as pessoas possam recuperar imediatamente os itens</p><p>no processo de picking, assegurando recepção e expedição</p><p>rápida dos itens armazenados.</p><p>4. Maximizar a</p><p>proteção dos itens</p><p>em estoque</p><p>Para agregar o valor de uso/consumo dos itens armazena-</p><p>dos, é essencial que se garanta a integridade física desses</p><p>itens no processo de armazenagem. Uma estrutura de ar-</p><p>mazenagem bem planejada, além dos benefícios associados</p><p>à produtividade,</p><p>deve também proporcionar a integridade</p><p>física dos itens armazenados, conforme suas características</p><p>e necessidades (refrigeração, por exemplo). Os itens devem</p><p>ser expedidos com a mesma integridade com que foram</p><p>recebidos.</p><p>5. Maximizar a</p><p>qualidade da arma-</p><p>zenagem</p><p>Ao se projetarem estruturas de qualidade (com corredores</p><p>iluminados, na largura adequada para circulação de pessoas</p><p>e equipamentos de movimentação, pisos limpos e bem</p><p>demarcados), são necessários processos bem definidos e</p><p>seguros, com uso de tecnologia e que ampliem a segurança</p><p>e reduzam os pontos cegos, permitindo uma boa gestão</p><p>da armazenagem com qualidade. Esse planejamento deve</p><p>ser sempre no longo prazo, visando obter simplicidade no</p><p>controle dos estoques. Assim, as instalações de armazena-</p><p>gem, para maximizarem a qualidade, precisam ser adapta-</p><p>das ao tipo de material estocado e às suas necessidades de</p><p>manuseio e movimentação.</p><p>(Continua)</p><p>58 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Objetivo Descrição</p><p>6. Maximizar o giro</p><p>de estoques</p><p>Um importante indicador de desempenho relacionado à</p><p>armazenagem é o giro dos estoques (número de vezes</p><p>que o estoque se renova em determinado período), pois</p><p>quanto maior o giro, maior a lucratividade. Assim, a arma-</p><p>zenagem de qualidade e eficiente permite que seja elevado</p><p>esse indicador.</p><p>7. Maximizar o uso</p><p>da energia</p><p>Atualmente, a preocupação com as questões de sustenta-</p><p>bilidade exige que as organizações busquem maximizar a</p><p>utilização racional dos recursos energéticos, como o uso</p><p>de iluminação natural sempre que possível, equipamentos</p><p>de movimentação movidos a combustíveis renováveis etc.</p><p>Além disso, o planejamento deve ser desenvolvido visando</p><p>sempre à maximização das fontes de energia disponíveis</p><p>nas estruturas de armazenagem.</p><p>8. Maximizar o</p><p>controle de perdas</p><p>Em um sistema de armazenagem, sempre existem perdas</p><p>provocadas por falhas humanas, acidentes, furtos ou rou-</p><p>bos, erros no armazenamento (despachar LIFO em vez de</p><p>FIFO, por exemplo), entre outras. Assim, é preciso assegurar</p><p>mecanismos de controle que minimizem essas perdas, de</p><p>maneira que os itens armazenados possam ser monitora-</p><p>dos constantemente e localizados com rapidez e precisão</p><p>para que o tempo de ciclo seja na armazenagem o menor</p><p>possível. Controle adequado é palavra de ordem.</p><p>9. Maximizar a</p><p>produtividade</p><p>Produtividade deve ser entendida como uma medida de</p><p>eficiência de qualquer negócio. Comumente se associa</p><p>produtividade à eficiência e entrega de resultados, ou seja,</p><p>ela pode ser entendida como o resultado alcançado em</p><p>relação aos recursos que foram utilizados para atingi-lo. Na</p><p>armazenagem, quanto melhor é o uso das estruturas, dos</p><p>equipamentos, das pessoas, da tecnologia e de todos os</p><p>recursos empregados no sistema, maior é a produtividade.</p><p>10. Maximizar o</p><p>nível de serviço aos</p><p>clientes</p><p>O que os clientes esperam dos sistemas de armazenagem</p><p>é maior disponibilidade de itens para os canais de distribui-</p><p>ção, de modo que os itens estejam disponíveis no local e no</p><p>momento que os clientes esperam. Assim, ao contar com</p><p>sistemas de armazenagem eficientes, o serviço ao cliente é</p><p>aprimorado, reduzindo o período entre receber e despachar</p><p>os itens estocados, gerando lucros como resultado.</p><p>11. Minimizar custos</p><p>Um sistema de armazenagem bem planejado, com boa</p><p>estrutura e boa movimentação, possibilita reduzir alguns</p><p>custos relevantes: (i) de capitais investidos em estruturas de</p><p>armazenagem, equipamentos etc.; (ii) de investimentos em</p><p>estoques (mantendo-os em um nível econômico); (iii) unitários</p><p>da estocagem, racionalizando o uso dos espaços; (iv) de mão</p><p>de obra, pelo desenho de processos mais eficientes; (v) de</p><p>danos, perdas, roubos e obsolescência de itens armazena-</p><p>dos; e (vi) outros custos operacionais.</p><p>Fonte: Adaptado de Moura, 2006.</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 59</p><p>Como podemos perceber, os objetivos primários da armazenagem</p><p>implicam assegurar que as operações sejam maximizadas para gerar</p><p>os ganhos planejados/desejados pela organização em relação aos seus</p><p>sistemas logísticos em geral e de armazenagem em particular. Além</p><p>disso, precisam possibilitar a necessária minimização de custos, uma</p><p>vez que estes devem ser objeto de preocupação constante do geren-</p><p>ciamento organizacional.</p><p>No que diz respeito às funções da armazenagem, podemos entender</p><p>que existem funções diretas e outras que se relacionam indiretamente</p><p>com a armazenagem, conforme proposto por Moura (2006) e a seguir</p><p>relacionado.</p><p>Quadro 2</p><p>Algumas funções dos armazéns</p><p>Funções Características</p><p>1. Recebimento, esto-</p><p>cagem e expedição</p><p>Receber, estocar e expedir são as responsabilidades básicas</p><p>da armazenagem.</p><p>2. Registros de</p><p>inventário</p><p>É fundamental manter os registros de inventário para asse-</p><p>gurar o controle do estoque por meio da acurácia desses</p><p>registros.</p><p>3. Níveis de inventário</p><p>Precisam ser considerados com base nos dados de todas as</p><p>áreas funcionais, incluindo políticas de estocagem, por meio</p><p>de diretrizes estabelecidas pela direção logística.</p><p>4. Aquisição de</p><p>inventário</p><p>Geralmente é delegada ao sistema de armazenagem a res-</p><p>ponsabilidade pela aquisição, dependendo de fatores diver-</p><p>sos (definidos no desenho do sistema logístico).</p><p>5. Responsabilidade</p><p>do inventário</p><p>Também é uma das responsabilidades básicas do sistema</p><p>de armazenagem.</p><p>6. Operações de</p><p>finalização de</p><p>produtos</p><p>Geralmente, a finalização de produtos é da produção. No</p><p>entanto, por meio de algumas práticas de postponement, os</p><p>sistemas de armazenagem executam algumas atividades de</p><p>finalização de produtos.</p><p>7. Serviço ao cliente</p><p>Pela proximidade com os clientes finais na armazenagem</p><p>de distribuição, os serviços aos clientes (assistência técnica,</p><p>manutenção etc.) são parte das atribuições da armazena-</p><p>gem ou ficam dentro da estrutura de armazenagem como</p><p>estrutura da área de logística.</p><p>8. Distribuição física</p><p>Na armazenagem de distribuição, como o nome indica, a</p><p>distribuição física em si é de responsabilidade do sistema de</p><p>armazenagem, incluindo todos os aspectos que influenciam</p><p>a estocagem e movimentação de mercadorias.</p><p>9. Suprimentos</p><p>A aquisição de matérias-primas, insumos, itens MRO, pro-</p><p>dutos de limpeza, materiais de escritório etc. pode ser de</p><p>responsabilidade dos sistemas de armazenagem.</p><p>O principal objetivo de um</p><p>armazém é armazenar,</p><p>maximizando o uso dos recursos</p><p>disponíveis e minimizando cus-</p><p>tos. Um armazém deve também</p><p>permitir aumento do nível de</p><p>serviço logístico ao atender aos</p><p>clientes na hora certa e entregar</p><p>no lugar desejado os itens em</p><p>condições de uso/consumo</p><p>(evitando operações de logística</p><p>reversa).</p><p>Importante</p><p>(Continua)</p><p>60 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Funções Características</p><p>10. Produção</p><p>A armazenagem precisa participar ativamente do Plano</p><p>Mestre de Produção e do Planejamento e Controle da Pro-</p><p>dução (PCP) a fim de que se assegurarem fluxos contínuos</p><p>de matérias-primas e insumos, bem como o escoamento</p><p>dos produtos acabados.</p><p>11. Manutenção de</p><p>registros do estoque</p><p>Em razão das demandas contábeis e da similaridade de</p><p>controle, a manutenção desses registros geralmente é</p><p>delegada à armazenagem.</p><p>12. Manutenção de</p><p>estoques de itens</p><p>MRO</p><p>Em virtude de esses itens não representarem elevados vo-</p><p>lumes e, por isso, ocuparem pouco espaço físico, o sistema</p><p>de armazenagem se encarrega de manter esses estoques.</p><p>13. Manutenção de</p><p>estoques de materiais</p><p>de escritório</p><p>Como esses itens também não representam elevados volu-</p><p>mes e ocupam pouco espaço físico, o sistema de armazena-</p><p>gem se encarrega de manter esses estoques.</p><p>14. Apoio ao</p><p>marketing (vendas)</p><p>A principal função da armazenagem, nesse caso, é forne-</p><p>cer serviço de atendimento aos clientes e, ainda, oferecer</p><p>suporte às atividades de promoção de marketing e aos es-</p><p>forços de vendas.</p><p>15. Apoio à</p><p>contabilidade</p><p>Pela relevância dos itens mantidos no sistema de armaze-</p><p>nagem, associada às responsabilidades fiscais e contábeis,</p><p>os sistemas de armazenagem oferecem importante apoio</p><p>ao sistema</p><p>contábil.</p><p>Fonte: Adaptado de Moura, 2006.</p><p>Como vimos, de maneira resumida, as funções (diretas e indire-</p><p>tas) da armazenagem apresentam relevância para o sistema logístico</p><p>como um todo e fornecem apoio a outras áreas funcionais, como con-</p><p>tabilidade, marketing e produção. Além dessas funções propostas por</p><p>Moura (2006), Alvarenga e Novaes (2004) acrescentam as funções de</p><p>consolidação e de desconsolidação de cargas como funções essenciais</p><p>da armazenagem.</p><p>Na sequência, vamos entender a importância da análise dos fluxos</p><p>logísticos sob a perspectiva dos sistemas de armazenagem.</p><p>3.2 Análise dos fluxos logísticos</p><p>Vídeo O que é um fluxo? Devemos entender como aquilo que se movi-</p><p>menta de maneira continuada, que segue um determinado curso ou</p><p>direção. Por exemplo, podemos falar em fluxo sanguíneo, fluxo de pes-</p><p>soas, de veículos, de dinheiro, de bens na economia, entre outros. Isto</p><p>é, se compreendermos fluxo desse modo, podemos entender a impor-</p><p>tância de analisar os fluxos existentes nos sistemas logísticos e de que</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 61</p><p>forma eles impactam os sistemas de armazena-</p><p>gem e de movimentação de materiais.</p><p>Existem diferentes maneiras de se analisar os</p><p>fluxos logísticos, mas primeiramente é essencial</p><p>entender que “o pacote total de serviços logísti-</p><p>cos é resultado de uma sequência lógica de passos</p><p>intermediários” (DORNIER et al., 2000, p. 41). Em ou-</p><p>tras palavras, podemos perceber o pacote de serviços</p><p>logísticos como uma sequência de fluxos, pois os “passos</p><p>intermediários” são um conjunto de atividades de um processo, desen-</p><p>volvidas sequencialmente, ou em fluxo. Os autores aprofundam essa</p><p>questão sob a perspectiva temporal, estabelecendo que</p><p>no serviço pós-venda, por exemplo, o prazo total de entrega dos</p><p>itens (quando os itens não são fornecidos diretamente de um</p><p>armazém) compreende a soma dos tempos intermediários de</p><p>entrega de diferentes entidades de trânsito envolvidas. Em um</p><p>processo de fabricação sob encomenda, o prazo de entrega é</p><p>resultado da soma de todos os tempos gastos pelos estágios de</p><p>aquisição, produção e distribuição. Em todos esses casos, os tem-</p><p>pos agregados de entrega devem permanecer compatíveis com</p><p>a data de entrega prometida pelo departamento de marketing.</p><p>(DORNIER et al., 2000, p. 41)</p><p>Como podemos depreender da colocação dos autores, esses tem-</p><p>pos que são somados decorrem da execução de processos em cada</p><p>uma das áreas funcionais mencionadas (entre outras). E execução</p><p>de processos implica, necessariamente, fluxos. Além disso, os auto-</p><p>res entendem que, da perspectiva do gerenciamento de processos, o</p><p>principal processo, que deve nortear todas as atividades nos sistemas</p><p>logísticos (armazenagem inclusa), deve sempre ser a satisfação da de-</p><p>manda do cliente (DORNIER et al., 2000). Assim, a ótica para a análise</p><p>dos fluxos logísticos definida como a satisfação das necessidades dos</p><p>clientes permite-nos vislumbrar a existência de diferentes tipos de flu-</p><p>xos a serem considerados (sobretudo na perspectiva dos sistemas de</p><p>armazenagem).</p><p>Os fluxos logísticos (informacionais, físicos, financeiros) precisam</p><p>ser visualizados em cada estágio da cadeia de suprimentos, prin-</p><p>cipalmente nos pontos de intersecção, os quais ocorrem nas estru-</p><p>turas de armazenagem que, pela sua própria característica física,</p><p>Siwakorn1933/Shutterstock</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/1933bkk</p><p>62 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>caracterizam-se como “nós” na rede de suprimentos. Dornier et al.</p><p>(2000) entendem que são duas as atividades principais com que o ge-</p><p>renciamento da logística se envolve: projeto de fluxo relacionado com</p><p>o produto e o processo; e gerenciamento do processo físico (sob a</p><p>perspectiva do planejamento e do controle). Os autores estabelecem,</p><p>ainda, dois grandes grupos de fluxos, diretos e reversos, sob duas</p><p>abordagens, da logística interna e da logística externa, resultando em</p><p>uma matriz como a da figura a seguir.</p><p>Figura 1</p><p>Tipologia de fluxos</p><p>Logística interna</p><p>• Interplantas (entre</p><p>fábricas)</p><p>• Planta (fábrica)/</p><p>armazém</p><p>• Armazém/armazém</p><p>• Com fornecedores (fornecimentos</p><p>de materiais e componentes)</p><p>• Com clientes (produtos, peças de</p><p>reposição, materiais promocionais</p><p>e de propaganda)</p><p>• Com fornecedores</p><p>(embalagem, reparo)</p><p>• Com fabricantes</p><p>(eliminação, reciclagem)</p><p>• Com clientes (excesso de</p><p>estoque, reparos)</p><p>Fluxos diretos</p><p>Fluxos reversos</p><p>Logística externa</p><p>Fonte: Dornier et al., 2000, p. 42.</p><p>Como a Figura 1 nos permite perceber, existem fluxos que aconte-</p><p>cem na perspectiva da logística interna, quando ocorrem entre diferen-</p><p>tes fábricas de uma mesma organização; entre a fábrica e o armazém</p><p>localizado na própria fábrica ou próximo a ela; e entre distintos arma-</p><p>zéns localizados na cadeia de suprimentos. Esses fluxos podem ser di-</p><p>retos ou reversos. Sob a perspectiva externa, os fluxos também podem</p><p>ser diretos ou reversos, acontecendo com os fornecedores e os clientes</p><p>(diretos); e com fornecedores, fabricantes e com clientes (reversos).</p><p>Assim, compreendendo que encontramos diferentes tipos de fluxos</p><p>nos sistemas logísticos, podemos analisar cada um deles sob a pers-</p><p>pectiva dos sistemas de armazenagem, que, como podemos perceber</p><p>pela figura, está presente nos dois tipos de fluxos (diretos e reversos)</p><p>e tanto interna quanto externamente, exigindo sempre armazenagem</p><p>como ponto de ligação.</p><p>Para aprimorar os fluxos nos</p><p>sistemas logísticos, é essencial</p><p>fazer uma análise criteriosa</p><p>sempre visando à satisfação dos</p><p>clientes.</p><p>Importante</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 63</p><p>Segundo IMAM (2000), para a melhoria do fluxo de materiais, é ne-</p><p>cessário adotar alguns passos padrão de planejamento de negócio,</p><p>que podem ser assim resumidos:</p><p>• Mapeamento dos fluxos existentes – ou seja, verificar os fluxos</p><p>que existem e, ainda, como são executados.</p><p>• Determinação das necessidades de mercado – acompanhar o</p><p>que o mercado está demandando no que diz respeito a fluxos e,</p><p>então, desenhar novos fluxos que atendam a eventuais necessi-</p><p>dades não satisfeitas.</p><p>• Melhoria dos fluxos de materiais – mesmo que não existam</p><p>necessidades de mercado, a organização pode melhorar os flu-</p><p>xos objetivando redução de custos, ganho de tempo ou qualquer</p><p>outra melhoria.</p><p>• Estrutura de controle – implica estabelecer mecanismos que</p><p>monitorem os fluxos de modo a aprimorar constantemente seu</p><p>desempenho.</p><p>Assim, devemos entender que a análise de fluxos é a elaboração</p><p>de um entendimento comum do estado atual dos fluxos (de informa-</p><p>ções, físico e financeiro), exigindo o mapeamento dos fluxos existen-</p><p>tes e buscando entender como eles são estruturados e funcionam</p><p>operacionalmente para, com base nisso, elaborar um diagnóstico</p><p>com o objetivo de responder às seguintes questões (entre outras,</p><p>caso a caso):</p><p>• Quais são os objetivos do fluxo? (essa talvez seja a questão mais</p><p>relevante a ser respondida, pois, se não é possível determinar</p><p>com clareza o objetivo do fluxo, provavelmente ele pode ser eli-</p><p>minado ou redesenhado)</p><p>• Onde o fluxo se encontra posicionado na cadeia de valor?</p><p>• O que o fluxo se propõe a concretizar?</p><p>• Quais são as entradas e saídas do fluxo? (comparativamente a</p><p>um processo)</p><p>• Qual é o lead time do fluxo? É possível diminuir esse tempo de</p><p>ciclo?</p><p>• Quais são as atividades que integram os processos que ocorrem</p><p>no fluxo? (comparativamente a um processo)</p><p>• Quais são as pessoas envolvidas no fluxo? Quais são os papéis</p><p>desempenhados?</p><p>64 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>• Quais interações existem no fluxo?</p><p>• Qual é o desempenho do fluxo? Existem indicadores para</p><p>mensurar?</p><p>• O fluxo é crítico? Quais são os eventuais gargalos no fluxo?</p><p>( comparativamente a um processo)</p><p>• Existe suporte de tecnologias no fluxo? É possível melhorar?</p><p>• Onde ocorre interação com fornecedores e/ou clientes ao longo</p><p>do fluxo?</p><p>• Existe intervenção de terceiros nos fluxos? Esses terceiros assu-</p><p>mem o controle do fluxo? (existem momentos de transporte</p><p>ou</p><p>mesmo de armazenamento em que terceiros assumem)</p><p>• É possível eliminar a interferência de terceiros nos fluxos?</p><p>• O que é possível melhorar no fluxo?</p><p>• Quais são os riscos existentes no fluxo? É possível mitigar esses</p><p>riscos?</p><p>• Quais são os custos associados à execução dos fluxos?</p><p>É importante destacar que a execução dos fluxos acontece proces-</p><p>sualmente, e, por isso, a análise visa redesenhar os processos executa-</p><p>dos ao longo dos fluxos existentes nos canais de suprimentos, sempre</p><p>objetivando aumentar e melhorar o desempenho desses fluxos.</p><p>Na sequência, vamos abordar a questão da armazenagem industrial</p><p>e da armazenagem comercial, que, embora apresentem as mesmas</p><p>funções, são distintas quanto aos seus fins e clientes do sistema, fluxos</p><p>e processos de armazenamento.</p><p>3.2.1 Armazenagem industrial</p><p>O sistema de armazenagem industrial difere do comercial basica-</p><p>mente pelo fato de que um armazém industrial é responsável pelo ge-</p><p>renciamento de um número maior e mais diversificado de itens, como</p><p>podemos observar no exemplo dado no quadro a seguir.</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 65</p><p>Quadro 3</p><p>Itens encontrados em um armazém industrial</p><p>Item de</p><p>armazenagem Caracterização</p><p>Matéria-prima</p><p>São itens originais (naturais, de origem vegetal, animal ou mineral) ou semimanu-</p><p>faturados (papel na indústria gráfica, por exemplo) que precisam ser processados,</p><p>elaborados em um processo produtivo (manufaturados), até que se transformem em</p><p>um produto acabado. As matérias-primas são transformadas por processos físicos,</p><p>químicos ou biológicos, sempre visando agregar valor pela satisfação de necessida-</p><p>des humanas.</p><p>Insumos diversos</p><p>São itens variados utilizados no processo produtivo, mas que não necessariamente</p><p>se agregam ao produto final. Por exemplo, a energia elétrica, a mão de obra e a água</p><p>utilizadas no processo podem ser consideradas insumos e não se incorporam ao</p><p>produto final.</p><p>Embalagens</p><p>Como o nome indica, são itens utilizados para embalar matérias-primas, insumos,</p><p>itens MRO, materiais de escritório e produtos acabados. Podem ser utilizados em</p><p>diferentes estágios do processo de armazenagem, uma vez que existem diferentes</p><p>níveis de embalagens.</p><p>Itens MRO</p><p>Produtos para manutenção, reparo e operações, indicando itens que apresentam</p><p>essas finalidades de uso e demandam armazenagem e gerenciamento de estoques.</p><p>Ou seja, são aqueles destinados à manutenção dos equipamentos na linha de produ-</p><p>ção, a eventuais reparos nesses mesmos equipamentos ou a sua operação cotidiana.</p><p>Materiais de</p><p>expediente ou de</p><p>escritório</p><p>Pode ser entendido como toda e qualquer máquina, equipamento eletrônico ou dis-</p><p>positivo (computador, scanner, telefone, cadeiras, escrivaninhas, entre outros) ne-</p><p>cessários para que se executem as atividades administrativas. Também compreende</p><p>materiais de menor valor, como grampeadores e grampos, caixas arquivos, pastas,</p><p>clips, papéis para impressão e muitos outros itens usados no dia a dia em um escri-</p><p>tório. Algumas empresas ainda classificam como materiais de expediente produtos</p><p>de limpeza, produtos de higiene, pó de café, açúcar etc. Ou seja, é uma gama grande</p><p>de materiais que podem ser categorizados dessa forma e, portanto, necessitam de</p><p>armazenagem temporária.</p><p>Produtos acabados</p><p>São os materiais sob a forma de produto final, prontos para serem comercializados</p><p>ou entregues, caso tenham sido produzidos por encomenda (MARTINS; ALT, 2000).</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Como podemos perceber, em um armazém industrial há diferentes</p><p>tipos de materiais, logicamente dependendo da configuração de cada</p><p>organização, que pode contar com locais separados para essa armaze-</p><p>nagem (embora não seja muito usual, pois construir armazéns separa-</p><p>dos, nesse caso, é considerado um investimento não muito racional).</p><p>Sendo assim, um armazém industrial funciona efetivamente como um</p><p>“nó duplo”, que interliga a logística de produção com a logística de su-</p><p>primentos (a montante) e com a logística de distribuição (a jusante),</p><p>conforme pode ser percebido na figura a seguir.</p><p>66 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Figura 2</p><p>Armazém industrial como “nó duplo”</p><p>Logística de</p><p>suprimentos</p><p>(Fornecedores)</p><p>Logística de</p><p>distribuição (Canal</p><p>de distribuição)</p><p>Logística de produção</p><p>(Indústria)</p><p>Armazém</p><p>industrial</p><p>Nó 1</p><p>Nó 2</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>Como a figura ilustra, o armazém industrial recebe em uma ponta</p><p>(nó 1) a entrada de matérias-primas, insumos, embalagens, itens MRO,</p><p>entre outros, e na outra (nó 2) promove a saída dos produtos acaba-</p><p>dos em direção ao canal de distribuição. As duas setas (uma saindo</p><p>do armazém e a outra voltando) indicam a saída de matérias-primas e</p><p>insumos ao processo produtivo e, ao final, a entrada de produtos aca-</p><p>bados no sistema de armazenagem e que depois serão encaminhados</p><p>ao canal de distribuição.</p><p>O gerenciamento de um armazém industrial exige maior suporte de</p><p>recursos de tecnologia da informação (em função do elevado número</p><p>de SKUs e critérios de endereçamento para os diferentes tipos de itens),</p><p>além de bons sistemas e equipamentos para movimentação dos ma-</p><p>teriais, bem como maior capacidade gerencial devido à complexidade</p><p>resultante de se armazenarem diferentes tipos de materiais.</p><p>Na sequência, vamos apresentar algumas considerações sobre a ar-</p><p>mazenagem comercial, que é essencial para fazer com que os produtos</p><p>efetivamente cheguem às mãos dos clientes/consumidores.</p><p>3.2.2 Armazenagem comercial</p><p>Quando falamos em armazenagem comercial, estamos nos referin-</p><p>do à armazenagem que acontece ao longo da cadeia de abastecimento,</p><p>nos canais de distribuição, nos quais se encontram atacadistas, distri-</p><p>buidores, varejistas e outros atores nos processos logísticos de distri-</p><p>buição. Esses diferentes atores exercem papéis distintos nos canais de</p><p>distribuição e, consequentemente, apresentam sistemas de armaze-</p><p>nagem diferenciados quanto a volumes armazenados, mecanismos de</p><p>controle dos itens em armazenagem, recursos tecnológicos etc.</p><p>Um armazém industrial</p><p>diferencia-se por armazenar um</p><p>maior número de itens (SKUs)</p><p>e diferentes tipos de materiais,</p><p>exigindo gerenciamento</p><p>diferenciado.</p><p>Importante</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 67</p><p>Vamos encontrar na armazenagem comercial basicamente três ti-</p><p>pos de armazéns que servem sempre para a distribuição: de atacadis-</p><p>tas, de varejistas e para estocagem de itens para assistência técnica</p><p>(manutenção e reparos). O primeiro serve para a estocagem de gran-</p><p>des volumes de cargas fechadas. Os armazéns de varejistas, por sua</p><p>vez, serviriam para a armazenagem de cargas fracionadas em volumes</p><p>menores, o que mudou muito com o conceito de centros de distribuição</p><p>que os varejistas implantam para sustentar suas operações em áreas</p><p>geográficas específicas. Por fim, os armazéns que mantêm estoques</p><p>de assistência técnica geralmente armazenam pequenos volumes, vis-</p><p>to que não há necessidade de grandes volumes de itens destinados à</p><p>manutenção ou reparos dos bens comercializados.</p><p>Atualmente, percebemos grandes varejistas atuando com opera-</p><p>ções de e-commerce, o que inclui, em muitos casos, a chamada opera-</p><p>ção de marketplace, que se trata de uma área de e-commerce na qual</p><p>outros varejistas vendem seus produtos no espaço digital (site) de um</p><p>varejista – sendo denominadas empresas parceiras – e o varejista dono</p><p>do e-commerce recebe comissão pelas vendas e, ainda, pode oferecer</p><p>serviços adicionais como logística de entrega, serviços financeiros e</p><p>apoio de marketing.</p><p>Além dos grandes varejistas, que possuem grandes armazéns deno-</p><p>minados centros de distribuição, encontram-se nos canais de distribui-</p><p>ção grandes atacadistas, intermediários que vendem para varejistas (e</p><p>para consumidores finais, em operações denominadas atacarejos), e</p><p>estes contam com os serviços logísticos dos atacadistas.</p><p>Para Bertaglia (2003), os atacadistas agregam valor ao sistema de</p><p>distribuição por meio das utilidades temporais e espaciais. Na dimen-</p><p>são temporal, eles agregam valor</p><p>em alguns casos, eliminá-lo).</p><p>Mostramos a você a importância e a necessidade de se controlar e gerenciar adequadamente</p><p>os custos, pois os investimentos são sempre elevados nessas áreas.</p><p>Por fim, no último capítulo, discorremos sobre os sistemas de armazenagem e</p><p>movimentação nas operações de atacado e varejo dentro dos canais de distribuição. É</p><p>fundamental, para quem estuda logística, compreender como a armazenagem é importante</p><p>para o atacado e para o varejo, pois a criação das utilidades de tempo e espaço (o produto na</p><p>hora certa e no lugar correto) é o que vai permitir agregar valor aos clientes finais. A finalidade,</p><p>e o consequente funcionamento da armazenagem e da movimentação é diferente nas duas</p><p>operações, pois o atacado geralmente opera com grandes volumes sendo movimentados,</p><p>enquanto o varejo opera com o fracionamento dos itens ao comercializar unitariamente a</p><p>maioria dos produtos.</p><p>Além disso, apresentamos no Capítulo 5 o conceito de armazenagem virtual, que busca</p><p>substituir a formação de estoques pelo gerenciamento de informações para possibilitar a</p><p>redução significativa (se não eliminar) dos volumes de itens a serem mantidos em estoques,</p><p>o que demanda suporte de tecnologia da informação e de sistemas operacionais ágeis e</p><p>robustos para processar o elevado volume de dados e informações que atualmente se encontra</p><p>disponível às organizações. Finalizamos o capítulo com algumas tendências que se apresentam</p><p>aos sistemas de armazenagem e de movimentação na atualidade e para o futuro próximo.</p><p>Ao fim desta obra você ainda encontra um apêndice com diversos termos aqui usados, para</p><p>que, assim, tudo seja perfeitamente compreendido.</p><p>Boa aprendizagem!</p><p>1 9</p><p>1</p><p>Os sistemas de armazenagem</p><p>e de movimentação</p><p>A armazenagem e o manuseio de materiais são fundamen-</p><p>tais para os sistemas logísticos e requerem cuidados especiais,</p><p>uma vez que representam um volume significativo dos gastos</p><p>logísticos das empresas. Ocorre que a armazenagem existe, prin-</p><p>cipalmente, em dois pontos do sistema logístico: na entrada e na</p><p>saída dos processos produtivos, ou seja, na logística de suprimen-</p><p>tos e na de distribuição.</p><p>Em termos estritamente logísticos, existe muito que precisa ser</p><p>feito para se alcançar ótimos níveis de eficiência e eficácia tanto no</p><p>suprimento quanto na distribuição. Desde a publicação da obra</p><p>A Riqueza das Nações, de Adam Smith, a especialização de uma</p><p>região em produzir aquilo que faz melhor que outras pode levar</p><p>à obtenção de vantagem econômica. Porém, existem as questões</p><p>espaço-temporais entre as necessidades de matéria-prima e o</p><p>processo produtivo e entre o processo produtivo e a demanda</p><p>para consumo.</p><p>O principal a ser feito pela logística é criar, entre outras,</p><p>duas utilidades essenciais: (1) a utilidade de tempo e (2) a</p><p>utilidade de lugar. Ou seja, é necessário colocar as mercadorias</p><p>(matérias-primas e/ou produtos acabados) na hora certa e no</p><p>lugar certo. Assim, a logística tem como missão agregar valor por</p><p>meio de processos de movimentação eficientes e eficazes que</p><p>diminuam o tempo de ciclo para realizar a entrega de produtos,</p><p>em condições de uso, onde sejam necessários, com o menor custo</p><p>operacional possível. Trata-se de desenvolver todas as atividades</p><p>de movimentação e armazenagem, assim como o transporte e os</p><p>fluxos de informações.</p><p>10 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Entretanto, essa incumbência de entregar as mercadorias no</p><p>lugar e na hora certos não é e nunca foi fácil, pois o processo</p><p>evolutivo para que isso aconteça não é simples e nem tampouco</p><p>acontece como num “passe de mágica”. Assim, é necessário orga-</p><p>nizar os sistemas logísticos de tal forma que se minimizem as ne-</p><p>cessidades dos sistemas de armazenagem, o que é um desafio e</p><p>tanto. Para compreender o papel e a importância dos sistemas de</p><p>movimentação e de armazenagem dentro dos sistemas logísticos,</p><p>é necessário entender que armazenar é guardar alguma coisa para</p><p>utilização futura, ou seja, algo que não é necessário num determi-</p><p>nado instante, mas poderá ser em um momento futuro e, portanto,</p><p>precisará ser guardado até que essa necessidade ocorra.</p><p>A movimentação, também denominada de tráfego interno,</p><p>é qualquer fluxo físico de materiais que acontece dentro de um</p><p>armazém, para proteção e controle dos materiais ao longo</p><p>do processo produtivo, dos processos de armazenagem e de</p><p>distribuição. Isso implica o abastecimento das linhas de produção</p><p>com os insumos e as matérias-primas necessários ao processo</p><p>produtivo, a movimentação de produtos em processamento e,</p><p>finalmente, de produtos acabados que serão destinados aos</p><p>clientes ou usuários dos produtos/serviços da organização.</p><p>Como se percebe, é a relação entre tempo e espaço sendo co-</p><p>locada com toda sua relevância aos logísticos de plantão. Neste</p><p>capítulo, veremos: (i) a evolução histórica dos sistemas de armaze-</p><p>nagem; (ii) como a armazenagem se insere no contexto dos siste-</p><p>mas logísticos; (iii) a armazenagem na logística de distribuição</p><p>e sua importância para o atendimento aos clientes; e (iv) a conse-</p><p>quente necessidade de movimentação dos materiais nos sistemas</p><p>de armazenagem.</p><p>1.1 História dos sistemas de armazenagem</p><p>Vídeo Acredita-se que a necessidade de armazenar, para os seres</p><p>humanos, tenha surgido no instante em que perceberam a existência</p><p>de períodos de escassez de alimentos (raízes, frutos, caça, pesca etc.),</p><p>e que era preciso guardar algum alimento dos períodos de abundância</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 11</p><p>para aqueles em que a escassez era inevitável. Polanyi, Arensberg e</p><p>Pearson (1957 apud AZEVEDO; SERIACOPI, 2005), ao estudarem o</p><p>comportamento da humanidade nos primórdios, concluíram que talvez</p><p>a prática da armazenagem tenha sido um marco divisor, ao permitir</p><p>que os grupamentos humanos abandonassem sua vida nômade e se</p><p>fixassem em algum lugar mais propício para a vida em comunidade, na</p><p>medida em que não precisavam mais seguir os alimentos (animais) nos</p><p>períodos de escassez.</p><p>Um importante registro documental pode ser encontrado na obra</p><p>A Arte da Guerra, de Sun Tzu, na qual há várias passagens em que o pa-</p><p>pel da armazenagem fica subentendido, como no capítulo dois, verso</p><p>dois, no qual é relatado o deslocamento de provisões, que deveriam</p><p>estar guardadas em algum lugar e precisavam ser armazenadas tem-</p><p>porariamente durante o processo de deslocamento para o local da</p><p>batalha (TZU, 2004).</p><p>Há, ainda, outros momentos em que é dada importância à armaze-</p><p>nagem na obra de Sun Tzu, inclusive considerando-a estratégica, como</p><p>se verifica no capítulo sete (que trata dos movimentos estratégicos),</p><p>verso sete, na afirmação de que não se deve descuidar dos acampa-</p><p>mentos onde se encontram armazenadas as provisões; e no verso</p><p>nove, em que se diz que um exército sem provisões (com necessidade</p><p>de armazenagem) perde a guerra. Ao longo da obra há mais passagens</p><p>em que fica clara a importância e o papel da armazenagem, como no</p><p>capítulo onze, verso vinte, em que é destacada a necessidade do esta-</p><p>belecimento de linhas contínuas de abastecimento (exigindo armaze-</p><p>nagem), e no capítulo doze, em que se destaca a importância de atear</p><p>fogo às provisões do inimigo (TZU, 2004).</p><p>Existem registros arqueológicos datados do Século II no Império Ro-</p><p>mano lusitano (região do Algarve) e na região de Óstia, que foi um im-</p><p>portante porto de distribuição dos romanos, onde foram encontradas</p><p>instalações destinadas à armazenagem (FRAGA DA SILVA, 2006; MOU-</p><p>RA, 2006). Outro importante registro documental histórico encontra-se</p><p>na Bíblia, no livro do Gênesis, capítulo 41, em que o hebreu José inter-</p><p>preta os sonhos do faraó egípcio, indicando a necessidade de armaze-</p><p>nar vinte por cento das super safras que aconteceriam em sete anos</p><p>de abundância para constituir estoques de contingência para os sete</p><p>anos de fome que assolariam o Egito na sequência. No Museu Britânico</p><p>existe um papiro no qual se conta essa história, que teria ocorrido por</p><p>Vale a pena a leitura do livro</p><p>A Arte</p><p>por meio dos fatores comercialização</p><p>e estocagem, pois</p><p>os serviços de comercialização efetuados pelos atacadistas per-</p><p>mitem aos varejistas efetuar a reposição dos seus estoques de</p><p>forma rápida e na quantidade necessária. A estocagem garan-</p><p>te aos varejistas o abastecimento dos produtos certos de forma</p><p>adequada e um sortimento amplo de categorias de produtos, não</p><p>se limitando a produtos específicos de uma determinada empre-</p><p>sa. (BERTAGLIA, 2003, p. 131, grifos do original)</p><p>Por outro lado, na dimensão espacial ou de lugar, os atacadistas</p><p>agregam valor, uma vez que os varejistas precisam</p><p>Para saber o que é</p><p>marketplace, assista ao</p><p>vídeo O que é Marketplace?</p><p>Tudo o que você precisa</p><p>saber, publicado no canal</p><p>Ideia no Ar.</p><p>Disponível em: https://www.</p><p>youtube.com/watch?reloa-</p><p>d=9&v=xnFbaAwZ2c4. Acesso</p><p>em: 23 fev. 2021</p><p>Vídeo</p><p>Para obter mais infor-</p><p>mações a respeito de</p><p>marketplace, leia o artigo</p><p>Como vender em uma</p><p>plataforma de marketpla-</p><p>ce?, publicado no site</p><p>Canaltech.</p><p>Disponível em: https://canalte-</p><p>ch.com.br/business-intelligence/</p><p>como-vender-em-uma-plata-</p><p>forma-de-marketplace/ Acesso</p><p>em: 23 fev. 2021.</p><p>Leitura</p><p>Atacarejo é a junção das palavras</p><p>atacado + varejo. São operações</p><p>gerenciadas por grandes</p><p>atacadistas, que realizam vendas</p><p>a consumidores finais como se</p><p>fossem varejistas, pois o atacado</p><p>vende apenas grandes volumes,</p><p>enquanto os varejistas comer-</p><p>cializam pequenos volumes ou</p><p>unidades de produtos. Também</p><p>denominado operação “cash and</p><p>carry” (pague e leve) ou, ainda,</p><p>atacado de autosserviço, esse</p><p>tipo de operação foi implantada</p><p>no Brasil pela empresa Makro,</p><p>no início dos anos 1970, com</p><p>o atacadista vendendo no</p><p>varejo com os preços de atacado.</p><p>Atualmente, é bastante comum</p><p>encontrar várias operações</p><p>desse tipo em todos os grandes</p><p>centros.</p><p>Saiba mais</p><p>https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=xnFbaAwZ2c4</p><p>https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=xnFbaAwZ2c4</p><p>https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=xnFbaAwZ2c4</p><p>https://canaltech.com.br/business-intelligence/como-vender-em-uma-plataforma-de-marketplace/</p><p>https://canaltech.com.br/business-intelligence/como-vender-em-uma-plataforma-de-marketplace/</p><p>https://canaltech.com.br/business-intelligence/como-vender-em-uma-plataforma-de-marketplace/</p><p>https://canaltech.com.br/business-intelligence/como-vender-em-uma-plataforma-de-marketplace/</p><p>68 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>confiar no abastecimento dos estoques e, portanto, a proximi-</p><p>dade geográfica é fundamental. As organizações produtivas,</p><p>exceto algumas mais poderosas, não têm condições de manter</p><p>níveis elevados de estoques e centros de distribuição dispersos</p><p>por áreas geograficamente extensas. Se o fizessem, o produto</p><p>seria demasiadamente encarecido pela existência de estruturas</p><p>infladas de vendas e distribuição e, por conseguinte, sua compe-</p><p>titividade em preço seria afetada. (BERTAGLIA, 2003, p. 131-132)</p><p>Como podemos perceber, a armazenagem comercial é aquela que</p><p>se ocupa em disponibilizar rapidamente e nos lugares corretos os bens</p><p>demandados pelos clientes finais (consumidores ou usuários), de tal</p><p>forma que os produtos possam ser consumidos ou utilizados pelos</p><p>clientes no momento e no local em que eles assim desejarem.</p><p>Figura 3</p><p>Atacadistas e varejistas no canal de distribuição</p><p>Cliente final</p><p>Fabricante</p><p>Produz a mercadoria</p><p>(armazena e</p><p>transporta)</p><p>Atacadista Varejista</p><p>Atacadista</p><p>solicita</p><p>mercadoria ao</p><p>fabricante</p><p>Varejista</p><p>solicita</p><p>mercadoria ao</p><p>atacadista</p><p>Fonte: Adaptada de Bertaglia, 2003.</p><p>A Figura 3 permite perceber que existem diferentes possibilida-</p><p>des de atendimento ao cliente final por parte do fabricante. É possível</p><p>atender diretamente por meio do sistema de armazenagem do próprio</p><p>fabricante (canal de distribuição denominado nível zero, porque não</p><p>conta com nenhum intermediário no processo). Também é possível</p><p>que o fabricante atenda diretamente ao varejista, que, por sua vez, fará</p><p>o atendimento ao cliente final por meio do seu sistema de armazena-</p><p>gem (canal de distribuição denominado nível um, porque conta com</p><p>um intermediário no processo). Ou, ainda, o fabricante pode atender</p><p>ao atacadista, que atenderá ao varejista ou ao cliente final por meio do</p><p>seu sistema de armazenagem (canal de distribuição denominado nível</p><p>dois, porque conta com dois intermediários no processo). O importante</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 69</p><p>é que os produtos estejam disponíveis ao cliente quando ele necessitar</p><p>ou desejar adquiri-los.</p><p>Vemos que, no comércio, sistemas de armazenagem são essenciais</p><p>para agregar valor de tempo e de lugar aos produtos, disponibilizando</p><p>aos clientes os produtos fabricados exatamente com a finalidade de</p><p>atender às necessidades/desejos de clientes dispersos geograficamen-</p><p>te. Assim, os armazéns visam disponibilizar produtos a clientes que es-</p><p>tão espalhados em vastas dimensões territoriais, principalmente em</p><p>países de ampla dimensão geográfica, como é o caso do Brasil. Por isso,</p><p>é essencial planejar como serão esses espaços de armazenagem que</p><p>guardarão os produtos até o momento da sua demanda por parte dos</p><p>clientes, conforme veremos a seguir.</p><p>3.3 Planejamento da estrutura</p><p>física do armazém Vídeo</p><p>Para planejar um armazém sob a perspectiva da sua estrutura físi-</p><p>ca, além de considerar os diferentes tipos de armazenagem, é preciso</p><p>compreender quais estruturas são mais adequadas para os tipos de</p><p>produtos a serem estocados. Segundo Moura (2006), é essencial plane-</p><p>jar muito bem o armazém, pois o desperdício de espaço físico apresen-</p><p>ta custo mais elevado do que o de mão de obra, por exemplo, uma vez</p><p>que o espaço físico está disponível para uso permanentemente. Desta-</p><p>ca, ainda, que a armazenagem deve permitir identificação positiva do</p><p>item armazenado, reduzindo tempo, custos/uso de mão de obra e de</p><p>equipamentos de movimentação, além de maximizar o espaço disponí-</p><p>vel em comprimento, altura e largura.</p><p>Tudo isso significa que o armazém, entendido como elemento fun-</p><p>damental dentro de uma rede de distribuição, precisa ser considerado</p><p>de maneira estratégica, abrangente, pois</p><p>a armazenagem é definida como movimentação física do inven-</p><p>tário em seu sentido genérico, sem distinção entre os tipos de</p><p>instalação de estocagem, conteúdo dos materiais ou procedi-</p><p>mentos da administração do inventário. Existe uma estrutura</p><p>fundamental para os sistemas de armazenagem, não importa</p><p>se eles estocam produtos acabados nos centros de distribuição,</p><p>matéria-prima, componentes ou ferramentas nos almoxarifados.</p><p>(MOURA, 2006, p. 126)</p><p>70 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Portanto, para se realizar o planejamento de estruturas físicas de</p><p>um armazém, é necessário responder a algumas questões relevantes,</p><p>sendo algumas delas listadas a seguir:</p><p>Que tipo de produto será armazenado? Essa questão é essencial</p><p>para definir o tipo de estrutura de armazém que será necessário,</p><p>pois o tipo do produto exige adequação da estrutura – por exem-</p><p>plo, sorvetes exigem refrigeração.</p><p>Qual é o giro do produto no estoque? É necessário saber com</p><p>que velocidade o produto precisa ser reposto no estoque e em</p><p>qual posição precisa ser armazenado para facilitar sua movimen-</p><p>tação. Produtos de maior giro devem ser armazenados mais pró-</p><p>ximos à saída, por exemplo.</p><p>Qual é o número de produtos que será mantido no estoque?</p><p>É necessário ter clareza para determinar qual volume de SKUs</p><p>será preciso para assegurar o adequado controle e gerenciamen-</p><p>to dos estoques. Quanto maior o número de itens, maior será a</p><p>demanda por mecanismos de controle (sobretudo sistemas de</p><p>informação) para garantir agilidade na movimentação.</p><p>Quais são os controles necessários sobre os produtos manti-</p><p>dos em estoque? É preciso ter clareza com relação a que tipos</p><p>de controle são exigidos para a manutenção dos produtos, como</p><p>temperatura, prazos de validade, controles contábeis etc.</p><p>Qual é a necessidade de recursos humanos para o funciona-</p><p>mento da estrutura de armazenagem? É necessário determinar</p><p>se esses recursos precisam de</p><p>treinamento específico, se serão</p><p>muito demandados nos processos operacionais e se existe dis-</p><p>ponibilidade desses recursos com as qualificações desejadas, na</p><p>região onde se instalará a estrutura de armazenagem.</p><p>Quais recursos tecnológicos serão demandados para o fun-</p><p>cionamento da estrutura de armazenagem (como hardware e</p><p>software)? No contexto de Logística 4.0, é imprescindível que se</p><p>possa contar com recursos das tecnologias da informação e de</p><p>comunicação para suportar as aplicações de Internet das Coisas</p><p>(IoT), por exemplo.</p><p>Além disso, é essencial considerar toda e qualquer questão relevan-</p><p>te para o planejamento, como disponibilidade de recursos financeiros,</p><p>capacidade gerencial (sobretudo tecnologia de gestão, mecanismos</p><p>de segurança contra incêndio, furto, inundações etc.), para a estrutu-</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>5</p><p>6</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 71</p><p>ra, e muitas outras questões de acordo com as características de cada</p><p>organização. Ballou (2011) destaca alguns fatores que devem ser con-</p><p>siderados no planejamento, como: leis de zoneamento; atitude dos</p><p>stakeholders com relação ao armazém; custos de conformação do ter-</p><p>reno e de construção; disponibilidade e facilidade de integração com</p><p>sistemas de transportes; potencial para eventuais expansões; tráfego</p><p>na região etc.</p><p>Atualmente, outra questão bastante importante para se pen-</p><p>sar ao planejar as estruturas de armazenagem é a sustentabilidade,</p><p>que se revela essencial sob a perspectiva da maioria dos stakeholders</p><p>organizacionais.</p><p>3.4 Armazenagem, movimentação</p><p>e sustentabilidade Vídeo</p><p>Sempre existiu, por parte das organizações, a preocupação em</p><p>atingir resultados econômico-financeiros. Porém, ao longo do século</p><p>XX, elas foram consolidando o entendimento de que não consegui-</p><p>riam mais manter da mesma forma a manutenção dos padrões de</p><p>produção e consumo mundiais sem afetar profundamente a dispo-</p><p>nibilidade de recursos no futuro. Assim, passou-se a entender que o</p><p>desenvolvimento econômico dependia do equilíbrio de certas ques-</p><p>tões envolvendo, além dos aspectos econômico-financeiros, questões</p><p>ambientais e sociais.</p><p>Essa ideia foi reforçada a partir da publicação da obra Sustentabili-</p><p>dade – canibais com garfo e faca, de John Elkington (2012), publicada ori-</p><p>ginalmente em 1997. Nela o autor cria o conceito conhecido como tripé</p><p>da sustentabilidade, ou triple bottom line, que contempla três dimen-</p><p>sões: social, ambiental e financeira. Razzolini Filho (2020, p. 76) afirma:</p><p>quando compreendemos a importância do tripé da sustentabili-</p><p>dade (dimensão social, dimensão ambiental e dimensão financei-</p><p>ra), podemos entender por que as organizações, a partir das duas</p><p>ou três últimas décadas do século XX, começaram a incluir nos</p><p>seus planos estratégicos e táticos as questões sociais e ambientais</p><p>– pois a dimensão financeira sempre fez parte de tais planos.</p><p>Ao se pensar nos sistemas de armazenagem e de movimentação, es-</p><p>sas dimensões precisam ser consideradas, uma vez que as organizações</p><p>72 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>estão inseridas em ambientes nos quais os stakeholders buscam analisar</p><p>se as operações contemplam as questões da sustentabilidade. Assim, no</p><p>atual contexto, as organizações se preocupam com as questões socioam-</p><p>bientais, além das econômico-financeiras, pois entre os stakeholders se</p><p>encontram órgãos públicos que legislam e exigem o cumprimento de</p><p>cuidados com o ambiente e o entorno dessas organizações.</p><p>Dessa forma, as empresas adotam medidas sustentáveis para não</p><p>causar impactos negativos ao meio ambiente, como as atitudes relacio-</p><p>nadas na figura a seguir.</p><p>Figura 4</p><p>Práticas sustentáveis adotadas na armazenagem e na movimentação</p><p>Melhoramento nos controles de temperatura interna do armazém por meio de</p><p>manutenções e gerenciamento dos telhados.</p><p>Reuso de água da chuva para processos internos (descargas em banheiros,</p><p>limpeza etc.).</p><p>Utilização de estruturas galvanizadas (exigem menos manutenção por não</p><p>enferrujarem).</p><p>Reaproveitamento/reuso de resíduos e materiais utilizados nos processos de</p><p>armazenagem (embalagens, por exemplo).</p><p>Uso de sensores inteligentes (Internet das Coisas – IoT) para otimização de</p><p>processos.</p><p>Máximo aproveitamento de espaços verticais, otimizando o uso de espaços.</p><p>Uso de sistemas automatizados para economizar energia elétrica.</p><p>Uso de fontes de energia renováveis.</p><p>Conscientização das pessoas na economia de energia.</p><p>Maximização do uso de iluminação natural sempre que possível.</p><p>Implantação de pisos com maior resistência e menor impacto ambiental.</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>A lista de práticas não esgota as possibilidades para que as organi-</p><p>zações adotem medidas sustentáveis nos seus sistemas de armazena-</p><p>gem e de movimentação; apenas demonstra como as questões do tripé</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 73</p><p>da sustentabilidade são atuais e relevantes para quaisquer projetos de</p><p>estruturas de armazenagem e de aquisição de sistemas de movimenta-</p><p>ção dentro dos sistemas de armazenagem.</p><p>Segundo a Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura –</p><p>AsBEA (2012), é essencial pensar em estratégias denominadas bioclimá-</p><p>ticas para assegurar conforto e sustentabilidade nos ambientes, entre</p><p>elas: dissipar energia térmica no interior das construções; controlar os</p><p>ganhos de calor; remover umidade em excesso e promover movimen-</p><p>tação de ar; controlar o ruído; promover uso de iluminação natural.</p><p>É possível perceber que a questão da sustentabilidade ultrapassa as</p><p>fronteiras das organizações logísticas, já que se trata de uma preocu-</p><p>pação da sociedade como um todo.</p><p>Outra questão relevante no gerenciamento dos sistemas de arma-</p><p>zenagem e movimentação de materiais diz respeito à embalagem e ao</p><p>acondicionamento de materiais, como veremos na seção seguinte.</p><p>Um bom exemplo de sus-</p><p>tentabilidade em logística</p><p>é a startup Silo Verde,</p><p>incubada no TecnoSinos</p><p>– parque tecnológico</p><p>situado em São Leopoldo,</p><p>no Rio Grande do Sul. A</p><p>empresa constrói silos</p><p>para armazenagem de</p><p>commodities e rações,</p><p>por exemplo, utilizando</p><p>garrafas PET como ma-</p><p>téria-prima. Vale a pena</p><p>saber mais.</p><p>Disponível em: https://www.</p><p>tecnosinos.com.br/company/</p><p>silo-verde-2/; https://www.osul.</p><p>com.br/nova-tecnologia-no-</p><p>controle-de-armazenagem-ganha-</p><p>destaque-na-expointer/. Acesso</p><p>em: 23 fev. 2021.</p><p>Saiba mais</p><p>3.5 Embalagem e acondicionamento</p><p>de materiais Vídeo</p><p>Na logística, as embalagens apresentam três funções principais:</p><p>proteção, comunicação e criação de utilidade. A proteção tem como ob-</p><p>jetivo assegurar a integridade física do produto contido na embalagem.</p><p>A comunicação visa assegurar que ocorra a necessária comunicação</p><p>entre a embalagem e o usuário do produto, bem como com a pessoa</p><p>ou o equipamento que vai movimentar o produto. Por fim, a criação de</p><p>utilidade trata de assegurar que a embalagem facilite o manuseio e a</p><p>movimentação do produto por ela contida.</p><p>No sistema logístico, a existência de um elevado número de emba-</p><p>lagens representa um problema, uma vez que é essencial que se conte</p><p>com equipamentos de movimentação adequados, além das próprias</p><p>estruturas de armazenagem. Isso determina que a essência dos siste-</p><p>mas de armazenagem e de movimentação seja, muitas vezes, definida</p><p>pela embalagem e pelo acondicionamento dos itens mantidos no ar-</p><p>mazém. Os impactos da armazenagem e da movimentação sobre os</p><p>custos de produção são significativos e, por isso, a embalagem deve ser</p><p>bem planejada para minimizá-los.</p><p>https://www.tecnosinos.com.br/company/silo-verde-2/</p><p>https://www.tecnosinos.com.br/company/silo-verde-2/</p><p>https://www.tecnosinos.com.br/company/silo-verde-2/</p><p>https://www.osul.com.br/nova-tecnologia-no-controle-de-armazenagem-ganha-destaque-na-expointer/</p><p>https://www.osul.com.br/nova-tecnologia-no-controle-de-armazenagem-ganha-destaque-na-expointer/</p><p>https://www.osul.com.br/nova-tecnologia-no-controle-de-armazenagem-ganha-destaque-na-expointer/</p><p>https://www.osul.com.br/nova-tecnologia-no-controle-de-armazenagem-ganha-destaque-na-expointer/</p><p>74</p><p>Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>É preciso considerar que existem diferentes níveis de embalagens:</p><p>há a chamada embalagem primária, aquela que efetivamente contém o</p><p>produto; a secundária, que geralmente faz o agrupamento de emba-</p><p>lagens primárias para facilitar a comercialização (por isso, também é</p><p>denominada embalagem de comercialização); e a terciária, que é a uniti-</p><p>zação de embalagens de comercialização para facilitar a movimentação</p><p>(também denominada embalagem unitizada/paletizada, para movimen-</p><p>tação e transporte). Existem, ainda, embalagens de preenchimento e</p><p>outros níveis de embalagens dependendo dos itens embalados. No en-</p><p>tanto, os três níveis comentados (primária, secundária e terciária) são</p><p>os mais comuns e que mais interessam nos sistemas de armazenagem</p><p>e movimentação, uma vez que precisamos entender que os materiais</p><p>armazenados, desde o fabricante até o cliente final, “são manipuladas</p><p>em torno de 12 vezes ou mais, além de sofrerem outros manuseios”</p><p>(RAZZOLINI FILHO, 2011, p. 98), acarretando consideráveis acréscimos</p><p>de custos.</p><p>A embalagem escolhida influencia o método de movimentação a ser</p><p>adotado. Assim, o ideal seria optar por embalagens padronizadas, o</p><p>que possibilita menor investimento e maior utilização de equipamen-</p><p>tos de movimentação. Porém, nem todos os produtos são padroniza-</p><p>dos, o que dificulta a adoção desse tipo de embalagem. Desse modo,</p><p>pensando em movimentação, recomendamos que se padronize pri-</p><p>meiramente o dispositivo de acondicionamento (paletes, por exemplo)</p><p>e depois a embalagem individual, com base em um enfoque sistêmico.</p><p>Existe uma tendência para a determinação computadorizada da em-</p><p>balagem padronizada. Caso isso ocorra, os resultados, entre outros,</p><p>podem ser relacionados como se segue:</p><p>• Aumento de produtividade – a embalagem corretamente estru-</p><p>turada pode evitar perdas e reduzir os custos, pois a movimenta-</p><p>ção de materiais e a embalagem são puramente itens de custo,</p><p>já que, na maior parte dos casos, não agregam valor ao produto.</p><p>• Aumento da qualidade de serviço – pela padronização, eleva-se</p><p>a velocidade na seleção do pedido (picking) e na entrega final.</p><p>• Automatização do processo – leva a uma maior padronização</p><p>e maior resistência.</p><p>Geralmente, o sistema de armazenagem e movimentação não tem</p><p>autonomia para fazer alterações nas embalagens e na sua identifica-</p><p>Embalagem é um item que</p><p>envolve e protege um produto.</p><p>Pode ter diversas funções e</p><p>ser constituída de diferentes</p><p>materiais, como papel, papelão,</p><p>plástico, vidro, metal etc. Tam-</p><p>bém tem por finalidade informar</p><p>sobre condições de manipulação,</p><p>sobre a composição do produto,</p><p>ingredientes, cuidados com o</p><p>uso, informações legais, entre</p><p>outros.</p><p>É fundamental que a embala-</p><p>gem seja planejada pensando,</p><p>inclusive, na sua armazenagem</p><p>e movimentação, pois serve</p><p>também para agrupar unidades</p><p>de um material, com o objetivo</p><p>de facilitar a distribuição, o</p><p>transporte, a movimentação e a</p><p>armazenagem.</p><p>Importante</p><p>Implantando sistemas de armazenagem e movimentação 75</p><p>ção. Por isso, é essencial que as informações contidas nas embalagens</p><p>possibilitem que elas sejam identificadas corretamente, sobretudo no</p><p>caso de cargas perigosas. As informações são também essenciais para</p><p>facilitar os processos de separação de pedidos (picking), principalmente</p><p>quando se trata de cargas fracionadas, como no caso de operações de</p><p>e-commerce, tão comuns na atualidade. Um processo logístico bastante</p><p>utilizado é o pick and pack, que implica separação, rotulagem, embala-</p><p>gem e despacho.</p><p>Uma das razões para informações/identificações insatisfatórias nas</p><p>embalagens pode decorrer de volume excessivo de propaganda nas em-</p><p>balagens, especialmente nas primárias, o que muitas vezes dificulta a</p><p>leitura por scanners durante o processo de picking. Números pequenos,</p><p>códigos de barras deficientes, iluminação precária, contraste de cores,</p><p>entre outros fatores são exemplos dessas dificuldades de leitura, que</p><p>decorrem de projetos de embalagens que não consideram a logística no</p><p>processo de distribuição (o que inclui armazenagem, manuseio e movi-</p><p>mentação). Algumas características de identificação geralmente eficazes</p><p>implicam utilização de grandes marcas em negrito, com contraste ade-</p><p>quado, marcação em dois ou mais lados das embalagens e utilização de</p><p>cores, principalmente no uso de codificação, na qual melhora-se a acura-</p><p>cidade na compreensão do usuário do sistema logístico.</p><p>O palete é o equipamento de movimentação mais utilizado nos siste-</p><p>mas de armazenagem e de movimentação para embalagem e acondicio-</p><p>namento de materiais. Trata-se de um estrado de madeira, plástico ou</p><p>metal sobre o qual são colocadas as embalagens de maneira agrupada</p><p>para facilitar sua movimentação no sistema de armazenagem, reduzir os</p><p>custos de movimentação, proporcionar melhoria dos controles de inven-</p><p>tários, entre outras vantagens importantes.</p><p>Com base nessas considerações, podemos concluir</p><p>que embalagens e acondicionamento adequados</p><p>facilitam tanto a armazenagem quanto a movi-</p><p>mentação dos materiais nos processos logísti-</p><p>cos inerentes a esses sistemas, devendo ser</p><p>objeto de atenção e cuidados no seu plane-</p><p>jamento e implementação.</p><p>Siwakorn1933/Shutterstock</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/1933bkk</p><p>76 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Neste capítulo vimos os objetivos e as funções da armazenagem, des-</p><p>tacando sua importância para os sistemas logísticos, uma vez que a prin-</p><p>cipal finalidade da armazenagem é manter e gerenciar estoques nesses</p><p>sistemas. Além disso, outros objetivos como otimização de espaço físico,</p><p>agilidade nos fluxos e minimização de custos são também fundamentais,</p><p>assim como adequação de estruturas, equipamentos, materiais e méto-</p><p>dos empregados para armazenar e movimentar os materiais em esto-</p><p>ques, aumentando a produtividade nos sistemas de armazenagem.</p><p>Também estudamos a importância da análise dos fluxos logísticos</p><p>para possibilitar a satisfação das necessidades dos clientes, expressas por</p><p>suas demandas por produtos/serviços, e que existem diferentes tipos de</p><p>fluxos a serem considerados, sobretudo na perspectiva dos sistemas de</p><p>armazenagem. Aprendemos que os fluxos de informação – físicos e fi-</p><p>nanceiros – precisam ser percebidos corretamente em cada estágio da</p><p>cadeia de suprimentos, principalmente naqueles pontos de intersecção</p><p>(nós) que ocorrem nas estruturas de armazenagem. Nesse processo, vi-</p><p>mos que existem diferenças na armazenagem industrial e na comercial,</p><p>sendo que na primeira encontramos maior variedade de itens armazena-</p><p>dos, enquanto na segunda existe volume elevado e materiais fracionados,</p><p>que exigem maior velocidade e agilidade no atendimento às demandas</p><p>dos clientes.</p><p>Continuamos nosso estudo entendendo um pouco mais sobre o pla-</p><p>nejamento das estruturas físicas dos armazéns e que identificar as es-</p><p>truturas mais adequadas aos diferentes tipos de produtos armazenados</p><p>é essencial para o processo de planejamento, uma vez que desperdiçar</p><p>espaço físico é sempre mais caro que o uso de mão de obra, por exemplo,</p><p>pois o espaço físico está sempre à disposição (24 horas por dia, sete dias</p><p>por semana) e exige investimentos significativos.</p><p>Vimos, ainda, que os sistemas de armazenagem e de movimentação pre-</p><p>cisam contemplar questões relacionadas à sustentabilidade, uma vez que</p><p>todas as partes envolvidas com a organização (os stakeholders) se interessam</p><p>e se preocupam não apenas com as questões econômico-financeiras, mas</p><p>também com os impactos sociais e ambientais que esses sistemas podem</p><p>gerar no seu entorno. Dessa forma, atualmente as organizações precisam</p><p>sempre se preocupar com a sustentabilidade de todas as suas atividades.</p><p>Finalizamos o capítulo entendendo a importância da embalagem e do</p><p>adequado acondicionamento dos materiais para agregar algumas fun-</p><p>ções relevantes aos sistemas de armazenagem e movimentação, como</p><p>proteger os materiais, comunicar-se com os clientes e com os operado-</p><p>Implantando sistemas de armazenagem</p><p>e movimentação 77</p><p>res nos sistemas de armazenagem, além de assegurar a utilidade de uso</p><p>dos produtos ao garantir que eles cheguem íntegros às mãos dos clientes</p><p>finais. Materiais bem acondicionados e convenientemente embalados po-</p><p>dem assegurar agilidade, velocidade e integridade ao funcionamento dos</p><p>sistemas de armazenagem e movimentação.</p><p>ATIVIDADES</p><p>1. A Scheffer Logística é uma das principais empresas nacionais que</p><p>produz sistemas de armazenagem e movimentação. Faça uma visita ao</p><p>site dessa empresa e veja na área de soluções para movimentação de</p><p>cargas a caracterização de um carro de transferência. Depois, responda</p><p>o que é um carro de transferência. Para ir à página da empresa, acesse:</p><p>http://schefferlogistica.com.br/. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>2. Vimos que existem diversos níveis de embalagens: primárias,</p><p>secundárias e terciárias. Qual delas é uma embalagem de unitização?</p><p>E para que serve a unitização?</p><p>3. O que é uma embalagem secundária? Faça uma rápida pesquisa na</p><p>internet buscando exemplos e cite pelo menos dois.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVARENGA, A. C.; NOVAES, A. G. N. Logística aplicada: suprimento e distribuição física.</p><p>3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.</p><p>AsBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura. Guia sustentabilidade na</p><p>arquitetura: diretrizes de escopo para projetistas e contratantes / Grupo de Trabalho de</p><p>Sustentabilidade AsBEA. São Paulo: Prata Design, 2012. Disponível em: http://www.asbea.</p><p>org.br/userfiles/manuais/ddd50562c4b73b92d785531d2f5b5bde.pdf. Acesso em: 23 fev.</p><p>2021.</p><p>BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição</p><p>física. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva,</p><p>2003.</p><p>DORNIER, P. P. et al. Logística e operações globais: textos e casos. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>ELKINGTON, J. Sustentabilidade: canibais com garfo e faca. São Paulo: M. Books do Brasil,</p><p>2012.</p><p>IMAM (Org.). Gerenciamento da logística e cadeia de abastecimento. São Paulo: Imam, 2000.</p><p>MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:</p><p>Saraiva, 2000.</p><p>MOURA, R. A. Armazenagem: do recebimento à expedição. São Paulo: Imam, 2006.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Transportes e modais: com suporte de TI e SI. 3. ed. Curitiba:</p><p>Intersaberes, 2011.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Logística reversa. Curitiba: IESDE, 2020.</p><p>http://schefferlogistica.com.br/</p><p>http://www.asbea.org.br/userfiles/manuais/ddd50562c4b73b92d785531d2f5b5bde.pdf</p><p>http://www.asbea.org.br/userfiles/manuais/ddd50562c4b73b92d785531d2f5b5bde.pdf</p><p>78 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>4</p><p>Equipamentos para</p><p>armazenagem e movimentação</p><p>Neste capítulo, vamos conhecer os principais equipamentos</p><p>para armazenagem e movimentação, afinal, quanto melhores</p><p>eles forem, mais eficientes serão os sistemas de armazenagem</p><p>e movimentação. Existem muitos equipamentos disponíveis</p><p>para esses sistemas, exigindo que sejam escolhidos aqueles</p><p>que melhor atendam às necessidades de cada organização</p><p>em razão do tipo de material a ser armazenado, das funções</p><p>a serem exercidas conforme o desejado nos sistemas de ar-</p><p>mazenagem, do nível de serviço esperado pelos clientes, entre</p><p>outras razões.</p><p>Atualmente, não conseguimos falar de qualquer coisa sem</p><p>considerarmos a existência de tecnologias aplicadas às áreas</p><p>de atuação do ser humano nos diferentes sistemas organi-</p><p>zacionais, inclusive, de logística. Assim, vamos conhecer as</p><p>principais tecnologias de informação disponíveis para uso em</p><p>sistemas de armazenagem e movimentação, sobretudo, na</p><p>atual conjuntura, com a tão mencionada Logística 4.0, que utili-</p><p>za os recursos da Internet das Coisas (IoT) e outras tecnologias</p><p>representativas para aprimorar o desenvolvimento da logística,</p><p>otimizando processos e racionalizando o consumo de recursos</p><p>naturais.</p><p>Compreenderemos, ainda, como os equipamentos e as</p><p>tecnologias disponíveis conseguem reduzir o esforço humano</p><p>nos processos de armazenagem e movimentação, uma vez que</p><p>entre as principais funções dos equipamentos se encontra a</p><p>de minimizar o esforço humano, ou até mesmo eliminá-lo, nos</p><p>processos de armazenagem e movimentação de materiais nos</p><p>armazéns. Buscaremos entender qual é o impacto da tecno-</p><p>logia nas operações logísticas e, especialmente, na armazena-</p><p>gem e na movimentação de materiais.</p><p>Por fim, vamos assimilar a relevância e a importância do ge-</p><p>renciamento adequado dos custos no momento de definir os</p><p>investimentos a serem realizados com equipamentos de armaze-</p><p>nagem e movimentação, pois o gerenciamento e o controle dos</p><p>custos são sempre uma demanda de qualquer processo geren-</p><p>cial. Costumamos afirmar que os custos são como as unhas, é</p><p>necessário sempre cortá-las e apará-las (manter sob controle).</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação são sempre</p><p>muito caros, exigindo significativos investimentos por parte das</p><p>organizações, o que torna essencial gerenciamento e controle de</p><p>custos rigorosos.</p><p>4.1 Principais equipamentos para</p><p>armazenagem e movimentação Vídeo</p><p>Quando falamos de equipamentos para armazenagem e movi-</p><p>mentação, buscamos agrupá-los para facilitar didaticamente sua com-</p><p>preensão. Assim, eles podem ser organizados em: veículos industriais;</p><p>equipamentos de elevação e transferência; transportadores contínuos;</p><p>embalagens; contenedores; e unitizadores. Além disso, importantes</p><p>equipamentos unitizadores são os paletes, que trataremos separada-</p><p>mente ao fim deste capítulo.</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 79</p><p>Steve Design/Shutterstock</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/stevedesign</p><p>80 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Os procedimentos para armazenagem e movimentação foram evo-</p><p>luindo ao longo do tempo e sempre mesclaram a força de tração física</p><p>(animal ou humana) com equipamentos, visando eliminar ou minimi-</p><p>zar o uso dessa força, principalmente com a chegada dos recursos da</p><p>chamada Internet das Coisas no dia a dia dos armazéns. A automati-</p><p>zação objetiva colocar os materiais em movimento automático entre</p><p>processos automáticos, contando com equipamentos suportados por</p><p>tecnologia (cada vez mais próxima da inteligência artificial), conforme</p><p>veremos a seguir.</p><p>Moura (2006) defende que a inteligência natural (humana) é respon-</p><p>sável por sustentar, ou desenvolver, a inteligência artificial. Ou seja, sem-</p><p>pre será necessário haver um especialista humano para desenvolver os</p><p>sistemas suportados por tecnologias com inteligência artificial. Além dis-</p><p>so, as empresas devem manter equipamentos em uso nos sistemas de</p><p>armazenagem e de movimentação quando tiverem justificativa por meio</p><p>da agregação de valor. Sem adicionar valor aos sistemas e aos processos</p><p>de armazenagem e movimentação, qualquer equipamento perde sua</p><p>função de uso. Ainda segundo Moura (2006), os equipamentos apresen-</p><p>tam algumas vantagens, como:</p><p>• reduzir esforço físico humano;</p><p>• tornar a movimentação mais segura, evitando acidentes e danos</p><p>aos materiais;</p><p>• reduzir o custo de movimentação de materiais;</p><p>• aumentar a capacidade produtiva e de estocagem;</p><p>• reduzir áreas destinadas à armazenagem.</p><p>Também é necessário considerar que, muitas vezes, problemas</p><p>de armazenagem e movimentação não requerem nenhum equi-</p><p>pamento para serem solucionados; basta a boa e velha técnica de</p><p>estudo de tempos e movimentos, visando eliminar movimentos des-</p><p>necessários, combinar movimentos com outras funções, modificar</p><p>a sequência de atividades nos movimentos, simplificá-los e, ainda,</p><p>outras possibilidades decorrentes da aplicação sistemática dessa téc-</p><p>nica de estudo. Vamos conhecer agora, com base em Moura (2000),</p><p>os principais equipamentos, conforme os grupos que mencionamos</p><p>no início desta seção.</p><p>Internet das Coisas é um termo</p><p>do inglês IoT – Internet of Things,</p><p>utilizado para se referir ao modo</p><p>como objetos físicos (“coisas”)</p><p>são conectados e se comunicam</p><p>entre si e com seus usuários por</p><p>meio de sensores inteligentes e</p><p>softwares que transmitem dados</p><p>para uma rede (internet). Isso</p><p>tudo como</p><p>um grande sistema</p><p>interconectado que possibilita</p><p>intercâmbio de informações</p><p>entre dois ou mais pontos, pois</p><p>os dispositivos coletam dados</p><p>do ambiente em que operam</p><p>e compartilham com outros</p><p>dispositivos, tudo por meio</p><p>de sensores embutidos nesses</p><p>dispositivos.</p><p>Saiba mais</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 81</p><p>Veículos industriais</p><p>São equipamentos motorizados, ou não, de diferentes</p><p>dimensões, utilizados de modo intermitente entre áreas distintas</p><p>da organização, com a função de movimentar e, ainda, realizar</p><p>algumas manobras necessárias. Os principais exemplos de veí-</p><p>culos industriais são carrinhos e empilhadeiras. A escolha desses</p><p>equipamentos decorre do tamanho, peso e tipo da carga a ser</p><p>armazenada e movimentada. Alguns deles podem ser mais ade-</p><p>quados para cargas leves ou frágeis; outros, para cargas pesadas</p><p>e de difícil unitização.</p><p>Equipamentos de elevação e transferência</p><p>A principal razão para se usar equipamentos dessa natureza de-</p><p>corre da necessidade de utilização mais racional de espaços em</p><p>alturas, além de facilitar a movimentação de cargas pesadas e</p><p>variadas. Geralmente são equipamentos que movimentam car-</p><p>gas intermitentemente entre pontos distintos de um armazém</p><p>em um único trajeto curto (fixo). São exemplos: talhas; guindas-</p><p>tes fixos; pórticos e semipórticos; e pontes rolantes. Esses equi-</p><p>pamentos apresentam como característica importante ocupar</p><p>pouco espaço físico no piso do armazém, liberando espaço para</p><p>outras finalidades.</p><p>Transportadores contínuos</p><p>Assim como os equipamentos de elevação e transferência, os</p><p>transportadores contínuos também operam em trajetos fixos,</p><p>com a diferença de que podem ter um trajeto mais longo, con-</p><p>forme as necessidades do processo organizacional. Usualmente,</p><p>os transportadores contínuos apresentam um leito onde fica o</p><p>produto movimentado, e se movimentam por sistemas de corren-</p><p>tes, ou correias contínuas, ou polias (sem fim). O percurso desses</p><p>equipamentos pode ser na horizontal, na vertical ou em terrenos</p><p>inclinados, podendo, inclusive, fazer curvas ao longo do trajeto.</p><p>Para empresas que apresentam elevado fluxo de materiais que</p><p>exigem movimentação em percursos contínuos, esses trans-</p><p>portadores podem ser uma boa solução. São exemplos desses</p><p>equipamentos: elementos rolantes (de rodízios, rolos ou esferas;</p><p>livres, motorizados ou de acumulação programada); transporta-</p><p>dores de correntes (aéreas ou sob o piso); elevadores de caçam-</p><p>ba contínuos de volumes, de plataformas pendentes, de correias</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>82 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>planas ou côncavas (constituídas por polímeros, telas ou cintas</p><p>metálicas), de taliscas, plataformas ou de arraste.</p><p>Embalagens, contenedores e unitizadores</p><p>Na perspectiva dos sistemas de armazenagem e de movimen-</p><p>tação, as embalagens devem ser entendidas como dispositi-</p><p>vos de uso repetitivo que têm por finalidade conter e proteger</p><p>os materiais. Ou seja, as embalagens, os contenedores e uni-</p><p>tizadores são recipientes – equipamentos de armazenagem</p><p>– que dão forma e protegem o material no processo de movi-</p><p>mentação. Segundo Moura (2000, p. 121), “esses recipientes</p><p>apresentam dupla característica de embalagem: estocagem e</p><p>movimentação de materiais a granel sólidos, líquidos ou gaso-</p><p>sos e cargas unitárias”. São exemplos desses recipientes: caixas</p><p>ou minicontenedores; caçambas ou contenedores; paletes, ber-</p><p>ços e montantes; e contêineres.</p><p>Os unitizadores são também importantes equipamentos para</p><p>os sistemas de armazenagem e movimentação. Trata-se de</p><p>equipamentos que permitem unir em conjunto itens, como</p><p>unidade, para facilitar a movimentação, a armazenagem e o</p><p>transporte. Geralmente, são equipamentos como caixas, lingas,</p><p>blocagem, cintamento, enfardamento e contêineres. Para Raz-</p><p>zolini Filho (2011, p. 113), a unitização “permite reduzir custos</p><p>para as organizações e, como consequência, repassar esses be-</p><p>nefícios aos clientes”.</p><p>Paletes</p><p>Deixamos para discorrer separadamente sobre os paletes, que</p><p>são importantes equipamentos para unitização de cargas, visan-</p><p>do facilitar a movimentação, em virtude de que esses equipamen-</p><p>tos são utilizados no mundo inteiro em todo e qualquer processo</p><p>de movimentação e armazenagem, sendo elemento fundamental</p><p>para assegurar agilidade e velocidade aos processos logísticos.</p><p>Paletes são estruturas principalmente de madeira, mas também</p><p>são encontrados paletes metálicos, plásticos ou de outros ma-</p><p>teriais. Essas estruturas são criadas para funcionar como “pla-</p><p>taformas para apoio e acondicionamento dos materiais, com</p><p>dimensões padronizadas e com entradas para garfos de empi-</p><p>lhadeiras ou outro equipamento de movimentação” (RAZZOLINI</p><p>FILHO, 2011, p. 104).</p><p>4</p><p>5</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 83</p><p>Os materiais são acondicionados sobre os paletes com o uso de</p><p>filmes plásticos (shrink ou stretch) encolhíveis ou estiráveis de po-</p><p>lietileno. O uso dos paletes representa utilidade tanto no arma-</p><p>zenamento quanto na movimentação e transporte dos materiais,</p><p>bem como exige o suporte de outros equipamentos, como pale-</p><p>teiras, empilhadeiras ou outros carrinhos de movimentação. Os</p><p>paletes são, de longe, os principais equipamentos utilizados nos</p><p>sistemas de armazenagem, movimentação e transporte de mate-</p><p>riais e, embora de tecnologia simples e sem nenhuma sofistica-</p><p>ção, têm sido responsáveis por assegurar velocidade e agilidade</p><p>aos fluxos logísticos no mundo inteiro.</p><p>Importante esclarecer que existe um elevado número de equipamen-</p><p>tos que podem ser selecionados para uso nas organizações logísticas,</p><p>além de serem lançados novos tipos e modelos constantemente. Diante</p><p>disso, é quase impossível conhecer todos, o que pode levar à escolha de</p><p>equipamentos inadequados. Alvarenga e Novaes (2004, p. 89) reconhe-</p><p>cem que a maior incidência de avarias nos materiais ocorre nas opera-</p><p>ções de carga e descarga, estabelecendo que “a escolha de equipamentos</p><p>adequados para o transporte de produtos específicos é de vital impor-</p><p>tância para se atingir um nível de serviço satisfatório no que se refere ao</p><p>sistema logístico”. Por isso, geralmente, utiliza-se um número pequeno</p><p>de equipamentos nos sistemas de armazenagem e movimentação e es-</p><p>pera-se que o profissional da área esteja sempre atualizado quanto a</p><p>eles. Além disso, é preciso considerar que as exigências de manutenção</p><p>e a durabilidade dos equipamentos sempre exercem impacto sobre os</p><p>custos variáveis nos sistemas de armazenagem e movimentação.</p><p>Na continuidade, veremos como a tecnologia da informação ocupa</p><p>espaço crescente nas questões relacionadas à armazenagem e movi-</p><p>mentação de materiais.</p><p>shrink: filmes plásticos enco-</p><p>lhíveis, utilizados para unitizar</p><p>cargas.</p><p>stretch: filmes plásticos estirá-</p><p>veis de polietileno, utilizados na</p><p>unitização de cargas.</p><p>Glossário</p><p>Nas decisões de nível</p><p>tático, além do tamanho das</p><p>instalações do armazém, é</p><p>preciso considerar os “tipos de</p><p>equipamentos de movimentação</p><p>de materiais utilizados para</p><p>movimentação e estocagem”</p><p>(MOURA, 2006, p. 210).</p><p>Importante</p><p>4.2 Tecnologia da informação na</p><p>armazenagem e na movimentação Vídeo</p><p>Segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), no Brasil é cada vez maior</p><p>o número de projetos de automação em sistemas de armazenagem e de</p><p>movimentação envolvendo questões mais simples, como o uso de siste-</p><p>mas de separação de pedidos até sistemas automatizados com um míni-</p><p>mo de intervenção de operadores humanos. Dornier et al. (2020, p. 584),</p><p>84 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>ao considerarem o sentido de maior emprego de tecnologia e sistemas</p><p>de informação, apontam que o sistema de informações logísticas (SIL)</p><p>“tornou-se um fator crítico de sucesso na estratégia logística”, uma vez</p><p>que esse sistema envolve o monitoramento de fluxos ao longo de toda</p><p>a cadeia logística, implicando as seguintes funções essenciais:</p><p>• capturar dados básicos;</p><p>• transferir dados para centros de tratamento e processamento;</p><p>• armazenar dados básicos conforme necessidades;</p><p>• transformar dados em informações</p><p>úteis;</p><p>• armazenar informações conforme necessidades;</p><p>• transferir informações para usuários.</p><p>Assim, essas informações possibilitam fazer previsões, anteci-</p><p>par necessidades, planejar ações, garantir a rastreabilidade</p><p>operacional no tempo, além de permitir a localização de</p><p>produtos em tempo real, bem como controlar e relatar</p><p>todas as operações concluídas. Segundo Ballou (2006),</p><p>um sistema de informações logísticas dá suporte ao</p><p>processo decisório organizacional e facilita as ope-</p><p>rações do negócio. Para tanto, deve contar com,</p><p>pelo menos, três módulos importantes para o bom</p><p>funcionamento dos sistemas de armazenagem e</p><p>movimentação, são eles:</p><p>Sistema de gerenciamento de pedidos</p><p>Módulo (subsistema) que direciona o contato inicial</p><p>com o cliente no momento da procura dos produtos e da colo-</p><p>cação de pedidos, verificando informações como disponibilidade de</p><p>estoque e crédito do cliente, realizando o faturamento, a alocação do</p><p>produto aos clientes, o local de faturamento, a entrega e cobrança, en-</p><p>tre outras informações importantes. Esse módulo pode funcionar iso-</p><p>ladamente ou ser agregado ao WMS (do inglês, Warehouse Management</p><p>System, ou sistema de gerenciamento de armazéns), pois este necessita</p><p>que o departamento de vendas conheça bem aquilo de que a organiza-</p><p>ção dispõe para a venda.</p><p>metamorworks/Shutterstock</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/chombosan</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 85</p><p>Sistema de gerenciamento de transportes</p><p>Módulo que gerencia o fluxo de transporte da empresa para os</p><p>clientes e dos fornecedores para a empresa. As principais informações</p><p>se referem a conteúdo dos pedidos, peso e cubagem da carga, quanti-</p><p>dades, data de entrega programada, programas de embarque dos for-</p><p>necedores e outras informações relevantes para a tomada de decisão</p><p>relacionada ao armazém e à movimentação dos materiais.</p><p>Sistema de gerenciamento de armazéns (WMS)</p><p>Módulo-chave para um bom sistema de armazenagem e movimen-</p><p>tação, pois é um módulo de informação que presta apoio ao gerencia-</p><p>mento do fluxo ou do armazenamento de materiais na rede logística.</p><p>Conforme Ballou (2006), os principais elementos de um WMS podem</p><p>ser assim relacionados: entrada; estocagem; gerenciamento de esto-</p><p>ques; processamento e retirada de pedidos; e preparação do embar-</p><p>que. Esses elementos permitem, entre outras coisas, o gerenciamento</p><p>dos níveis de estoque no armazém, a expedição dos pedidos, o rotea-</p><p>mento da expedição, as atribuições e a carga de trabalho do responsá-</p><p>vel pela expedição (em um processo conhecido como gestão à vista) e</p><p>estimativas de disponibilidade de produtos.</p><p>Logicamente, existem diferentes softwares que podem ser utilizados</p><p>nas organizações em seus sistemas de armazenagem e movimentação.</p><p>Contudo, os três que apresentamos rapidamente são essenciais para</p><p>um bom sistema de informações logísticas. Nossa ênfase se encontra,</p><p>sobretudo, nos WMS, uma vez que os armazéns e a movimentação são</p><p>nosso objetivo. Vamos discorrer um pouco mais sobre os processos</p><p>desse software e como ele se interconecta com outras tecnologias nos</p><p>ambientes de armazenagem.</p><p>O ponto de partida é sempre a entrada de materiais, quando os</p><p>itens são descarregados nas docas de recebimento dos armazéns e,</p><p>assim, identificados por códigos e quantidades, com apoio de coleto-</p><p>res (scanners) de mão que fazem a leitura dos códigos de barras nas</p><p>embalagens/etiquetas desses materiais, terminais de comunicação</p><p>de dados com identificação por radiofrequência (Radio Frequency</p><p>Identification – RFID), ou teclados digitais. Desse modo, o peso e a cuba-</p><p>gem do produto são conhecidos por meio da conferência entre o código</p><p>do material e o código no arquivo interno do sistema.</p><p>Assista ao vídeo WMS Sistema</p><p>de Gerenciamento de Armazém</p><p>Alfandegado. Ele apresenta</p><p>as funcionalidades de um</p><p>software de gerenciamento de</p><p>armazém da empresa Loginfo,</p><p>demonstrando como um sistema</p><p>WMS permite a integração com</p><p>várias outras funcionalidades</p><p>importantes para o controle do</p><p>armazém.</p><p>Disponível em: http://youtu.</p><p>be/bpBnSvhW1PM. Acesso em:</p><p>23 fev. 2021.</p><p>Vídeo</p><p>Outro caso que vale a pena</p><p>conhecer é o da empresa Junco,</p><p>uma das maiores empresas</p><p>brasileiras de produção de</p><p>artigos para festas. O vídeo</p><p>Junco – como funciona o WMS</p><p>Sankhya na empresa demonstra</p><p>a aplicação prática de diferentes</p><p>ferramentas possíveis em um</p><p>sistema de gerenciamento de</p><p>armazém.</p><p>Disponível em: http://youtu.be/</p><p>NnVRWw7dnmc. Acesso em:</p><p>23 fev. 2021.</p><p>Vídeo</p><p>http://youtu.be/bpBnSvhW1PM</p><p>http://youtu.be/bpBnSvhW1PM</p><p>http://youtu.be/NnVRWw7dnmc</p><p>http://youtu.be/NnVRWw7dnmc</p><p>86 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Na sequência, o material precisa ser estocado temporariamente no</p><p>armazém, geralmente em área específica de recepção de materiais. O</p><p>WMS conta em sua memória com o leiaute do armazém e o estoque</p><p>que já se encontra armazenado. Com base no espaço livre disponível,</p><p>nos endereços destinados para cada material (SKU), e em outras regras</p><p>de armazenagem, o sistema aloca o material que chega a um local es-</p><p>pecífico, seu endereço no armazém (SKU), onde ficará armazenado até</p><p>o momento de ser retirado.</p><p>Além disso, o WMS monitora os níveis de materiais em cada SKU e,</p><p>conforme a necessidade, o próprio sistema pode emitir um pedido de</p><p>reposição ao fornecedor quando o item atinge o seu ponto de ressupri-</p><p>mento, tudo isso automaticamente. O processo de retirada de itens do</p><p>estoque, que compreende a identificação dos itens solicitados nos pe-</p><p>didos e sua respectiva localização, gerenciando esse processo (picking),</p><p>é a função mais nobre do WMS, pois é a atividade que mais utiliza mão</p><p>de obra em sistemas de armazenagem e movimentação. Essa ativida-</p><p>de exige capacidade de processamento e velocidade. Como a memória</p><p>humana não consegue competir com o computador, o WMS conta com</p><p>códigos de programação e regras de decisão próprias, e</p><p>ao receber um pedido costuma decompô-lo em grupos de itens</p><p>que exigem tipos diferentes de processamento e separação. Os</p><p>itens são agrupados de acordo com a localização dos pontos de</p><p>estocagem. Alguns itens exigem a separação de quantidades me-</p><p>nores, dispersas; outros, no entanto, são separados em caixas</p><p>cheias ou paletes completos. Há ainda alguns que podem ser</p><p>separados de áreas isoladas e seguras do armazém. (BALLOU</p><p>2006, p. 135)</p><p>Como podemos inferir, o próprio sistema WMS define como será</p><p>realizado o picking, em que sequência os itens devem ser separados e</p><p>movimentados até o ponto de faturamento, embalagem e expedição.</p><p>Isso é feito mesmo quando a separação também acontece automatica-</p><p>mente, por meio de transelevadores, por exemplo. Isso quer dizer que</p><p>o software tem condições de tomar decisões que melhoram a eficiência</p><p>da armazenagem e da movimentação, em termos de planejamento da</p><p>mão de obra, do nível de estoques, da utilização dos espaços e de toda</p><p>a rotina de picking e expedição. Além disso, ao compartilhar informa-</p><p>ções com os sistemas de gerenciamento de pedidos e de transportes,</p><p>consegue um desempenho integrado que otimiza os fluxos logísticos.</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 87</p><p>De acordo com Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), para as organi-</p><p>zações agilizarem a implantação de um WMS, podem investir em sis-</p><p>temas disponíveis no mercado e realizar a adaptação à realidade da</p><p>organização, o que exige revisar processos existentes para adequá-los</p><p>aos sistemas. Para os autores, a relação custo-benefício é que definirá</p><p>qual a melhor decisão para a empresa, e essa fase terminará com a es-</p><p>pecificação</p><p>e determinação dos equipamentos de movimentação, dos</p><p>hardwares auxiliares, dos sistemas de gerenciamento e, obviamente,</p><p>com a escolha dos fornecedores desses recursos.</p><p>Um aspecto importante a ser considerado quanto à tecnologia da</p><p>informação nos sistemas de armazenagem e de movimentação é a cha-</p><p>mada Logística 4.0, na qual encontramos a IoT, que é uma derivação da</p><p>Indústria 4.0. Segundo Zarte et al. (2016), a IoT possibilita a conexão</p><p>de software e máquinas a sistemas conectados em redes corporativas,</p><p>contribuindo para a interação entre dispositivos físicos e sistemas de</p><p>computadores, criando os denominados sistemas ciberfísicos (CPS). O</p><p>suporte desses recursos oriundos da IoT possibilita que haja sistemas</p><p>de armazenagem e movimentação mais eficientes, suportados por in-</p><p>formação, permitindo decisões mais eficientes e com equipes e proces-</p><p>sos eficazes.</p><p>Contudo, é preciso considerar que existem alguns desafios aos sis-</p><p>temas CPS, conforme destacam Zhou, Liu e Zhou (2015):</p><p>• desenvolver dispositivos suportados por inteligência artificial;</p><p>• construir plataformas de redes interativas;</p><p>• conseguir cooperação entre sistemas distintos;</p><p>• modelar sistemas ciberfísicos e integrar modelos;</p><p>• integrar itens de natureza física com itens de natureza cibernética;</p><p>• verificar e testar o sistema ciberfísico;</p><p>• analisar e processar grandes volumes de dados (big data);</p><p>• digitalizar os processos de armazenagem e movimentação.</p><p>Com isso, é possível percebermos que o uso da tecnologia de in-</p><p>formações nos sistemas de armazenagem e de movimentação é com-</p><p>plexo e envolve muitas pessoas, organizações e integração de diversos</p><p>recursos e processos para que os sistemas logísticos otimizem seus</p><p>fluxos e obtenham os melhores resultados desse uso. Isso decorre de</p><p>impactos gerados pela tecnologia nas operações logísticas, conforme</p><p>veremos a seguir.</p><p>Um sistema ciberfísico, ou</p><p>CPS (do inglês Cyber-Physical</p><p>System), é um sistema que com-</p><p>bina um software com partes</p><p>eletrônicas ou mecânicas. Esses</p><p>sistemas são essenciais para a</p><p>Logística 4.0, pois o controle, o</p><p>monitoramento e o intercâmbio</p><p>de dados ocorrem em tempo</p><p>real via internet.</p><p>Saiba mais</p><p>88 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>4.3 Impacto da tecnologia nas</p><p>operações logísticas Vídeo</p><p>Para Ballou (2006), o uso da tecnologia da informação é responsável</p><p>pelo surgimento de dados que nunca estiveram disponíveis anterior-</p><p>mente, e isso possibilita ganhos significativos nas operações logísticas.</p><p>A transformação de dados em informações que sejam úteis aos pro-</p><p>cessos decisórios e possibilitem a interface da informação com os pro-</p><p>cessos logísticos (e seus respectivos fluxos) é um elemento central no</p><p>impacto da tecnologia da informação nos sistemas de armazena-</p><p>gem e de movimentação, principalmente quando percebe-</p><p>mos as possibilidades da denominada Logística 4.0 (que</p><p>implica a Internet das Coisas).</p><p>Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) de-</p><p>fendem que a tecnologia da informação é essencial</p><p>para facilitar o gerenciamento da cadeia de supri-</p><p>mentos de modo eficaz (com foco nos resultados),</p><p>porque vai além dela, englobando desde os forne-</p><p>cedores, em uma ponta da cadeia, até os clientes,</p><p>na outra ponta. Na visão dos autores, isso ocorre</p><p>exatamente porque a tecnologia da informação gera</p><p>facilidade de transmissão de informação entre as organi-</p><p>zações e as pessoas. Ou seja, facilita o fluxo de informações</p><p>pela cadeia de suprimentos.</p><p>A disponibilidade de informações como suporte ao processo decisó-</p><p>rio é essencial para que as estratégias destinadas às cadeias de supri-</p><p>mentos permitam reduções de custos e de tempos de ciclo (lead times)</p><p>e para que possam ampliar o nível de serviço aos clientes. Também é</p><p>essencial considerar que um número cada vez maior de organizações</p><p>está disponibilizando “serviços baseados em TI com valor agregado a</p><p>seus clientes como forma de diferenciação no mercado e de desenvol-</p><p>vimento de relacionamentos de longo prazo com estes” (SIMCHI-LEVI;</p><p>KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, p. 478). As organizações percebem que</p><p>existe forte relação entre estratégia de TI, processos de negócio e de-</p><p>sempenho da cadeia de suprimentos. É inegável e facilmente perceptí-</p><p>vel o impacto da tecnologia de informação sobre os serviços logísticos</p><p>nas cadeias de suprimentos.</p><p>Standret/Shutterstock</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>https://www.shutterstock.com/pt/g/myronstandret</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 89</p><p>Para entendermos a necessidade de aplicação de recursos de tec-</p><p>nologia da informação nas operações de armazenagem, é preciso con-</p><p>siderarmos que existem novas demandas significativas sobre essas</p><p>operações, como:</p><p>• pedidos de clientes mais frequentes;</p><p>• pedidos de quantidades menores;</p><p>• ampliação do número de SKU nos armazéns;</p><p>• exigência de nível de serviço elevado (pedidos perfeitos – sem</p><p>erros);</p><p>• exigência de resposta rápida (ciclo de pedido – lead time – curto);</p><p>• exigência de qualidade elevada.</p><p>Essas demandas, segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), pro-</p><p>vocam significativos impactos sobre as operações de armazenagem e</p><p>movimentação, que podem ser resumidos em aumento:</p><p>• no volume de atividades de recepção;</p><p>• no volume de atividades de expedição;</p><p>• das atividades de controle de qualidade;</p><p>• do número de pickings (pelos pedidos menores e mais frequentes);</p><p>• do custo de carregamento de estoque;</p><p>• da necessidade de espaço para estocar maior número de SKU;</p><p>• de custos administrativos;</p><p>• da necessidade de informação;</p><p>• da necessidade de controle;</p><p>• da perda de produtividade por empregado.</p><p>Como podemos perceber, essas demandas e esses impactos po-</p><p>dem ser minimizados com o emprego de recursos de tecnologia da</p><p>informação e de comunicação (TIC) – entendidos como o conjunto de</p><p>software, hardware, pessoas, redes e processos. Ou melhor, precisam</p><p>ser minimizados pelo uso das TIC de maneira inteligente e racional,</p><p>pois os custos e os impactos provocados pelas tecnologias são sem-</p><p>pre significativos. Por outro lado, os resultados (impactos) gerados pelo</p><p>emprego da tecnologia da informação nas operações de armazenagem</p><p>e de movimentação são altamente benéficos para as operações logísti-</p><p>cas, conforme veremos na sequência.</p><p>Em finanças, os custos de</p><p>carregamento são despesas</p><p>realizadas para se manter deter-</p><p>minado ativo em uma carteira</p><p>de investimentos, por exemplo:</p><p>despesas financeiras, custo de</p><p>seguros, juros, impostos etc. No</p><p>caso específico de armazenagem</p><p>e estoques, todos esses custos</p><p>existem e compõem o chamado</p><p>custo de carregamento, que</p><p>diminui a margem de lucro no</p><p>processo.</p><p>Saiba mais</p><p>90 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Com base em uma breve análise da posição de Dornier et al. (2000)</p><p>sobre o emprego de tecnologias, é possível percebermos que elas im-</p><p>pactam as operações logísticas ao:</p><p>• contribuírem para minimizar custos no gerenciamento do ci-</p><p>clo de fluxos de materiais – uma vez que permitem gerenciar</p><p>adequadamente todas as etapas de processamento necessárias</p><p>para fluxos físicos eficientes, mesmo considerando restrições de</p><p>nível de serviço e custos;</p><p>• permitirem otimização dos recursos físicos disponíveis na ca-</p><p>deia de suprimentos – pois os sistemas formam banco de dados</p><p>necessários e implementam as ferramentas de suporte ao processo</p><p>de tomada de decisão relativo ao gerenciamento de recursos e, ain-</p><p>da, quanto ao uso desses recursos com máxima eficiência;</p><p>• possibilitarem o acompanhamento do desempenho opera-</p><p>cional – isso porque a tecnologia possibilita o fornecimento de</p><p>informações úteis para o controle do desempenho das operações</p><p>logísticas, bem como para a criação de indicadores de desempenho;</p><p>• fornecerem</p><p>ferramentas que suportam o processo decisório ge-</p><p>rencial – pois a tomada de decisão se sustenta com informações rá-</p><p>pidas, confiáveis, completas, dentro das possibilidades e oportunas</p><p>(na hora certa), e isso a tecnologia consegue oferecer facilmente;</p><p>• permitirem gerenciamento de interfaces entre diferentes</p><p>funções – sob a forma de banco de dados unificados ou pela</p><p>transferência de informações interfuncionais (entre as diferen-</p><p>tes funções organizacionais, como marketing, produção, supri-</p><p>mentos etc.);</p><p>• suportarem transferência de informações entre diferentes</p><p>elos da cadeia de suprimentos – pois a tecnologia possibilita</p><p>a troca de informações eletronicamente (EDI – Electronic Data</p><p>Interchange), por meio de redes de computadores ou de outras</p><p>formas (satélites, por exemplo) entre fabricantes, fornecedores,</p><p>distribuidores (atacadistas, varejistas), clientes, prestadores de</p><p>serviços logísticos e outros stakeholders;</p><p>• compatibilizarem diferentes softwares – de organizações dis-</p><p>tintas ao longo da cadeia de suprimentos para suportar efetiva-</p><p>mente a troca de informações entre os elos da cadeia.</p><p>Pelos exemplos, é possível percebermos que a tecnologia provoca</p><p>impactos realmente significativos e que aprimoram as cadeias logísti-</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 91</p><p>cas. Podemos compreender que tecnologias, como código de barras,</p><p>identificação por radiofrequência, sistemas de posicionamento global</p><p>(Global Positioning Systems – GPS), intercâmbio eletrônico de dados</p><p>(Electronic Data Information – EDI), IoT e outros recursos tecnológicos,</p><p>permitem a geração e disponibilização de informações de qualidade,</p><p>com rapidez e a todos os interessados. Seu processamento e sua velo-</p><p>cidade de transferência ao longo da cadeia de suprimentos realmente</p><p>provocaram, e provocam, impactos significativos nas operações logís-</p><p>ticas como um todo e, particularmente, nos sistemas de armazenagem</p><p>e de movimentação.</p><p>Sem dúvida, as tecnologias são essenciais para o aprimoramento</p><p>das operações logísticas. No entanto, é fundamental considerarmos os</p><p>custos envolvidos na sua implantação e no seu funcionamento, o que</p><p>exige adequado gerenciamento e rigoroso controle de custos de equi-</p><p>pamentos utilizados nas operações de armazenagem e movimentação,</p><p>conforme veremos na próxima seção.</p><p>Os principais impactos</p><p>provocados pelas tecnologias</p><p>da informação nas operações</p><p>logísticas se relacionam com a</p><p>informação. Assim, é importante</p><p>lembrarmos que os fluxos de</p><p>informação são essenciais para</p><p>assegurar melhor funcionamen-</p><p>to de todos os fluxos logísticos e,</p><p>consequentemente, das cadeias</p><p>de suprimento como um todo.</p><p>Importante</p><p>4.4 Gerenciamento e controle de</p><p>custos de equipamentos Vídeo</p><p>Uma das mais importantes atividades da administração, ao lado</p><p>do planejamento, da organização e da direção, é o controle, pois já é</p><p>consenso a impossibilidade de gerenciar aquilo que não se consegue</p><p>controlar por meio de mecanismos de avaliação. Os equipamentos tec-</p><p>nológicos usados nos sistemas de armazenagem e de movimentação</p><p>apresentam custos elevados de investimentos de recursos financeiros</p><p>e, por isso, exigem ser bem gerenciados e controlados.</p><p>É importante termos a clareza de que esses equipamentos tecnoló-</p><p>gicos são muito importantes para o bom funcionamento das operações</p><p>logísticas, pois segundo Razzolini Filho (2011, p. 202):</p><p>com a evolução dos recursos da Tecnologia da Informação (TI),</p><p>ocorreu uma diminuição dos custos relativos ao provimento e à</p><p>manutenção de informações atualizadas e confiáveis, por outro</p><p>lado, os custos com mão de obra e outros ativos aumentaram.</p><p>Assim, as organizações têm procurado substituir recursos (a</p><p>exemplo da mão de obra) por informações. Além disso, os clien-</p><p>tes também querem, cada vez mais, maior rapidez no retorno às</p><p>solicitações de informações.</p><p>92 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Contudo, é preciso planejar adequadamente os recursos de tecno-</p><p>logia da informação, uma vez que, conforme Fleury, Wanke e Figuei-</p><p>redo (2000) ressaltam, a adoção de novas tecnologias implica altos</p><p>investimentos e enormes esforços para implantação, o que exige disci-</p><p>plina na abordagem, no desenvolvimento e na execução do projeto de</p><p>implantação. Isso decorre do fato de que não são fortuitos os casos de</p><p>erros no dimensionamento dos equipamentos de armazenagem e de</p><p>movimentação, e</p><p>quando se subdimensiona, isso implica baixo desempenho;</p><p>quando se superdimensiona, isso implica altos custos. Os sis-</p><p>temas de distribuição e armazenagem automatizados são al-</p><p>tamente integrados, compostos de funções interdependentes</p><p>e interativas, tornando complexa a tarefa de dimensioná-los.</p><p>(FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 2000, p. 174)</p><p>Como os autores deixam evidente, não se pode subdimensionar</p><p>nem superdimensionar as aquisições e o desenvolvimento de equi-</p><p>pamentos e sistemas. O problema se encontra em como conseguir</p><p>o equilíbrio para alcançar um dimensionamento correto, ou o mais</p><p>próximo disso. São muitos os exemplos na administração, em que</p><p>esse equilíbrio é percebido como decorrente da existência de bom</p><p>planejamento, definindo-se claramente objetivos e padrões a serem</p><p>atingidos, uma correta alocação de recursos (organização), um geren-</p><p>ciamento competente e, por fim, bons mecanismos de controle, ou</p><p>seja, a implementação do ciclo universal da administração: planejar,</p><p>organizar, dirigir e controlar (PODC).</p><p>Vamos, aqui, destacar a atividade, ou função, controle, que deve ser</p><p>entendida como um processo de monitoramento das atividades, com</p><p>o objetivo de assegurar que elas sejam executadas conforme o planeja-</p><p>do para corrigir eventuais desvios significativos, pois sempre existirão,</p><p>mas quando irrelevantes devem ser aceitos como dentro da norma-</p><p>lidade. Isso significa que o controle é um processo e, portanto, com-</p><p>preende algumas etapas, conforme podemos deduzir. Para Robbins</p><p>(2005), o controle é constituído por três etapas separadas e distintas:</p><p>mensuração do desempenho real; comparação do desempenho atin-</p><p>gido em relação a um padrão; e realização da ação gerencial para cor-</p><p>rigir os desvios ou padrões identificados como inadequados. Isso pode</p><p>ser mais facilmente percebido na Figura 1.</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 93</p><p>Figura 1</p><p>O processo de controle</p><p>Fonte: Robbins, 2005, p. 141.</p><p>Padrões de</p><p>desempenho</p><p>1 . Mensurar o</p><p>desempenho real</p><p>Resultados</p><p>3 . Comparar os</p><p>resultados com os</p><p>padrões</p><p>Ajustar o</p><p>desempenho real</p><p>2. Comparar os</p><p>resultados com</p><p>os padrões</p><p>Padrões corretos</p><p>Conforme podemos observar, o controle implica saber quais os</p><p>resultados desejados (definidos no planejamento), estabelecer meca-</p><p>nismos de mensuração de desempenho (padrões de desempenho),</p><p>acompanhar o desempenho realizado e compará-lo com os padrões de</p><p>desempenho estabelecidos. Caso ocorram desvios significativos entre</p><p>o planejado e o que efetivamente se conseguiu desempenhar, é preci-</p><p>so realizar o ajuste necessário para recolocar o desempenho novamen-</p><p>te no rumo desejado (aquele planejado) e, assim, reiniciar o processo.</p><p>Em uma abordagem sociotécnica das organizações, podemos afir-</p><p>mar que o controle deve ser exercido sob diferentes aspectos, como</p><p>recursos humanos, financeiros, materiais, tecnológicos, processos ope-</p><p>racionais etc., pois a intervenção em qualquer desses elementos exerce</p><p>impacto nos demais. Dessa forma, ao investir em equipamentos de ar-</p><p>mazenagem e movimentação (recursos técnicos e tecnológicos), é pre-</p><p>ciso exercer rigoroso controle sobre os custos, isso porque os impactos</p><p>financeiros refletem em todos os demais elementos da organização.</p><p>Uma das principais razões para exercer um gerenciamento eficiente</p><p>e um rigoroso controle dos custos dos equipamentos decorre de mu-</p><p>dança na ênfase da função para os processos, fenômeno que atinge</p><p>todas as organizações. Na logística não pode ser diferente, o que leva</p><p>ao estudo da melhor forma de realizar o gerenciamento logístico inte-</p><p>grado, como melhor executar o processo logístico em sua totalidade e,</p><p>nesse caso,</p><p>começam a surgir dificuldades e possibilidades de melho-</p><p>Entender as organizações</p><p>como sistemas sociotécnicos é</p><p>decorrência de tratá-las como</p><p>sistemas abertos que realizam</p><p>trocas com o ambiente externo</p><p>e com o seu próprio ambiente</p><p>interno. Nessa perspectiva,</p><p>as organizações são sistemas</p><p>abertos sociotécnicos, em que a</p><p>mudança em um elemento pro-</p><p>voca alterações no sistema todo.</p><p>Assim, a técnica, a tecnologia e</p><p>os demais elementos organiza-</p><p>cionais não podem ser pensados</p><p>e gerenciados isoladamente.</p><p>Saiba mais</p><p>94 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>rias decorrentes do fato de que a informação (suportada por tecnolo-</p><p>gia) pode orientar esse gerenciamento integrado. Além disso, é preciso</p><p>enfatizar que os benefícios e desafios do gerenciamento integrado ain-</p><p>da são decorrência de os clientes terem, no mínimo, três perspectivas</p><p>quanto ao valor, de acordo com Bowersox, Closs e Cooper (2007):</p><p>• Valor econômico: alta qualidade com preço baixo.</p><p>• Valor de mercado: variedade de produtos/serviços e opções</p><p>(mix).</p><p>• Valor de relevância: conjunto exclusivo de produtos/serviços</p><p>sob a perspectiva do cliente.</p><p>Além disso, é preciso considerar que a tecnologia de informação</p><p>possibilita a integração eletrônica das cadeias de suprimentos, em vez da</p><p>integração física de operações logísticas, levando à necessidade de me-</p><p>lhor gerenciamento e controle de custos por meio de processos bem de-</p><p>senhados e suportados por tecnologias. As questões de gerenciamento,</p><p>que implicam planejar, organizar, dirigir e controlar, estão relativamente</p><p>bem encaminhadas na teoria da administração. No entanto, a questão</p><p>dos custos é um pouco mais delicada, uma vez que o gerenciamento</p><p>integrado implica que o instrumento básico da integração de projetos</p><p>de redes logísticas seja sempre o custo total, que é um princípio básico</p><p>muito elementar (custo total é igual à soma de todos os custos), mas os</p><p>métodos de custeio tradicionais não possibilitam analisar e identificar</p><p>todos os custos relevantes para sistemas logísticos integrados.</p><p>A questão é que a contabilidade tradicionalmente visa atender</p><p>exigências de investidores e das autoridades tributárias, levando ao</p><p>agrupamento das contas pela sua natureza, e não quanto à sua respon-</p><p>sabilidade pelas operações. Ocorre que muitos gastos logísticos acon-</p><p>tecem em áreas distintas da organização, por exemplo: a redução de</p><p>estoques objetiva reduzir os custos de manutenção de estoques, mas</p><p>pode aumentar o custo de transportes (pelo atraso no atendimento aos</p><p>pedidos). Como consequência, são gerados dados inexatos para mensu-</p><p>rar o desempenho efetivo da operação logística, pois esses custos serão</p><p>agrupados em itens de despesas em áreas distintas da organização.</p><p>Portanto, para um efetivo controle dos custos, seria necessário</p><p>enxergar o processo inteiro e alocar os custos de cada atividade no</p><p>processo, independentemente da área funcional onde a atividade é</p><p>executada. Isso exigiria que a contabilidade considerasse os custos lo-</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 95</p><p>gísticos levando em conta o denominado custeio baseado em atividades</p><p>(do inglês ABC – Activity Based Costing), que não é aceito pela legislação</p><p>brasileira e exigiria que as organizações mantivessem dois sistemas</p><p>contábeis em paralelo: um para atendimento às questões legais e tri-</p><p>butárias, e outro para fins de gerenciamento, inviabilizando financeira-</p><p>mente seu uso.</p><p>Como podemos perceber, as organizações necessitam e utilizam</p><p>de equipamentos nos seus sistemas de armazenagem e movimenta-</p><p>ção. Todavia, esses equipamentos geralmente apresentam um custo</p><p>elevado, impactando os investimentos que as organizações realizam,</p><p>o que demanda rigoroso controle sobre os seus usos, planejar ade-</p><p>quadamente quais recursos serão utilizados nesses sistemas e, ainda,</p><p>realizar de modo permanente o controle dos custos, tanto de aquisição</p><p>quanto de manutenção dos equipamentos.</p><p>“Não se pode gerenciar o que</p><p>não se pode controlar”. Essa</p><p>frase é essencial para entender</p><p>a necessidade de realizar</p><p>permanentemente o controle de</p><p>custos para gerenciar os recursos</p><p>à disposição da organização.</p><p>Importante</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Neste capítulo, estudamos os principais grupos de equipamentos</p><p>utilizados nos sistemas de armazenagem e movimentação. Começamos</p><p>pelos veículos industriais, motorizados ou não, que servem para a movi-</p><p>mentação de cargas de diferentes dimensões, intermitentemente entre</p><p>áreas físicas distintas. Em seguida, vimos os equipamentos de elevação e</p><p>transferência, que permitem o uso racional de espaço elevado (altura) em</p><p>trajetos fixos e curtos dentro dos armazéns; depois, os transportadores</p><p>contínuos, que se movimentam em espaços do armazém, em trajetos fi-</p><p>xos que podem ser mais longos. Vimos, ainda, outro grupo relevante de</p><p>equipamentos, as próprias embalagens, os contenedores e unitizadores,</p><p>que visam sempre otimizar a contenção e proteção dos materiais dentro</p><p>dos armazéns, recipientes estes que são equipamentos de armazenagem,</p><p>dando forma e protegendo os materiais no processo de movimentação.</p><p>Analisamos, destacadamente, os paletes como importantes equipamen-</p><p>tos para unitização de cargas dentro dos armazéns, facilitando a movi-</p><p>mentação e o transporte dos materiais, além de aumentar a segurança e</p><p>proteção destes. Os paletes também possibilitam obter maior agilidade e</p><p>velocidade nos processos logísticos.</p><p>Também estudamos que os equipamentos de movimentação ofere-</p><p>cem importantes vantagens aos sistemas logísticos, entre elas: redução</p><p>de esforço físico dos funcionários; aumento da segurança dos materiais</p><p>e das pessoas; redução de custos de movimentação; ampliação da ca-</p><p>96 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>pacidade de produção e da capacidade de estocagem; e redução da</p><p>necessidade de áreas destinadas à armazenagem.</p><p>Aprendemos sobre a importância da tecnologia da informação na ar-</p><p>mazenagem e movimentação, até porque, no Brasil, muitas organizações</p><p>têm ampliado seus investimentos em projetos de automação nos siste-</p><p>mas de armazenagem e movimentação, que envolvem desde o uso de sis-</p><p>temas de separação de pedidos (picking), até sistemas automatizados nos</p><p>quais existe um mínimo de intervenção de operadores humanos. Além</p><p>disso, a Logística 4.0, que implica a chamada Internet das Coisas, também</p><p>tem levado as organizações a buscarem a integração, em rede, com os</p><p>demais membros da cadeia de suprimentos, o que exige maior uso de</p><p>sistemas de informação, suporte de redes e tecnologias de comunicação</p><p>para o intercâmbio eletrônico de dados entre os elos da cadeia de supri-</p><p>mentos. Tudo isso é decorrência da necessidade de monitorar os fluxos</p><p>logísticos (de informação, físico e financeiro) e, ainda, realizar a dissemina-</p><p>ção mais “fluída” dos fluxos de informações que agilizam a movimentação</p><p>física e financeira nas cadeias de suprimentos.</p><p>Continuamos aprendendo o impacto gerado pela tecnologia da infor-</p><p>mação e da comunicação sobre as operações logísticas, sobretudo nos</p><p>sistemas de armazenagem e movimentação. Vimos que a maior utilização</p><p>de tecnologias impacta as operações logísticas devido à exploração de</p><p>um volume de dados que, embora existissem, não eram explorados (por</p><p>não estarem disponíveis) para o gerenciamento e a tomada de decisões</p><p>logísticas. O suporte tecnológico permite a transformação de dados em</p><p>informações que sustentam o processo decisório nos sistemas logísticos,</p><p>pois essa transformação (de dados em informações relevantes para a</p><p>tomada de decisão) permite uma interface entre informação-processos</p><p>logísticos (com os fluxos que existem nesses processos) e é elemento es-</p><p>sencial no impacto da tecnologia da informação nas operações logísticas.</p><p>Percebemos que tecnologias variadas (RFID, GPS, EDI e IoT) e outros re-</p><p>cursos suportados por tecnologias geram e disponibilizam informações</p><p>de qualidade, rapidamente e a todos os envolvidos nos processos logísti-</p><p>cos, provocando impactos significativos nas operações logísticas.</p><p>Por fim, estudamos que é essencial</p><p>um bom gerenciamento e controle</p><p>de custos de equipamentos, pois não há tecnologia com custos baixos;</p><p>ela custa caro e, portanto, precisa ser bem gerenciada e seus custos bem</p><p>controlados. A administração pode ser sintetizada em um ciclo universal</p><p>que compreende as funções de planejar, organizar, dirigir e controlar. O</p><p>gerenciamento implica as três primeiras funções (planejar, organizar e</p><p>Equipamentos para armazenagem e movimentação 97</p><p>dirigir), enquanto o controle é a função voltada a assegurar que o geren-</p><p>ciamento aconteça da melhor forma possível. Além disso, o controle é</p><p>responsável por assegurar que os custos dos equipamentos sejam supor-</p><p>tados pela organização.</p><p>ATIVIDADES</p><p>1. Faça uma rápida pesquisa na internet sobre empilhadeiras, um dos</p><p>mais importantes equipamentos de movimentação nos sistemas</p><p>de armazenagem. Em seguida, explique o que são e apresente os</p><p>principais tipos existentes de empilhadeiras.</p><p>2. Ainda na internet, faça uma pesquisa sobre transelevadores e, depois,</p><p>apresente o que são esses equipamentos de movimentação e se</p><p>existem diferentes tipos.</p><p>3. Como operam os transportadores contínuos? Relacione, pelo menos,</p><p>dois exemplos.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>ALVARENGA, A. C.; NOVAES, A. G. N. Logística aplicada: suprimento e distribuição física.</p><p>3. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5. ed. Porto</p><p>Alegre: Bookman, 2006.</p><p>BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e logística.</p><p>Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.</p><p>DORNIER, P. P. et al. Logística e operações globais: texto e casos. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. F. (Org.). Logística empresarial: a perspectiva</p><p>brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>MOURA, R. A. Armazenagem: do recebimento à expedição. São Paulo: Imam, 2006.</p><p>MOURA, R. A. Equipamentos de movimentação e armazenagem. 5. ed. São Paulo: Imam,</p><p>2000.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Transporte e modais: com suporte de TI e SI. 3. ed. Curitiba:</p><p>Intersaberes, 2011.</p><p>ROBBINS, S. P. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2005.</p><p>SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão.</p><p>3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.</p><p>ZARTE, M. et al. Building an Industry 4.0-compliant lab environment to demonstrate</p><p>connectivity between shop floor and IT levels of an enterprise. In: 42º ANNUAL CONFERENCE</p><p>OF THE IEEE INDUSTRIAL ELECTRONICS SOCIETY. Anais […] Florence: IEEE, out. 2016.</p><p>Disponível em: https://ieeexplore.ieee.org/document/7792956. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>ZHOU, K.; LIU, T.; ZHOU, L. Industry 4.0: towards future industrial opportunities and</p><p>challenges. In: 12º INTERNATIONAL CONFERENCE ON FUZZY SYSTEMS AND KNOWLEDGE</p><p>DISCOVERY (FSKD). Anais […] Zhangjiajie: IEEE, ago. 2015. Disponível em: https://ieeexplore.</p><p>ieee.org/document/7382284. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>https://ieeexplore.ieee.org/document/7792956</p><p>https://ieeexplore.ieee.org/document/7382284</p><p>https://ieeexplore.ieee.org/document/7382284</p><p>98 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>5</p><p>Armazenagem e</p><p>movimentação em</p><p>atacado e varejo</p><p>As operações de atacado e varejo acontecem nos canais de</p><p>distribuição e representam o ápice dos sistemas logísticos, uma</p><p>vez que visam disponibilizar os produtos aos clientes finais des-</p><p>ses sistemas. O atacado e o varejo podem ser entendidos como</p><p>modalidades distintas de comercialização, embora o objetivo seja</p><p>colocar os produtos à disposição dos clientes. Enquanto o atacado</p><p>disponibiliza os produtos em grandes volumes, tendo como clien-</p><p>tes principais os próprios varejistas, o varejo comercializa em me-</p><p>nores quantidades, pequenos volumes, diretamente para o cliente</p><p>final. Assim, já podemos perceber a principal distinção entre essas</p><p>duas operações: o volume armazenado e movimentado.</p><p>Entender os sistemas, as estruturas e os processos de armaze-</p><p>nagem é essencial para que possamos assimilar a necessidade e a</p><p>importância da armazenagem em operações de atacado e de vare-</p><p>jo; discutiremos sobre isso na Seção 5.1, na qual diferenciaremos</p><p>operações de atacado e de varejo nos sistemas de armazenagem</p><p>e movimentação, pois os processos executados nas estruturas de</p><p>armazenagem são diferentes para cada uma dessas operações. Já</p><p>na Seção 5.2, caracterizaremos as atividades de armazenagem e</p><p>movimentação nas operações de atacado e varejo.</p><p>Para entendermos como posicionar os sistemas de arma-</p><p>zenagem e movimentação em operações de e-commerce (que</p><p>são essenciais atualmente), é preciso ter clareza sobre o papel</p><p>dos estoques e o que se entende por armazenagem virtual, em</p><p>que se busca substituir os estoques por informações. Isso exige</p><p>profundo suporte de tecnologia da informação e uso de bons</p><p>sistemas de informação na armazenagem e movimentação. Essa</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 99</p><p>será nossa pauta na Seção 5.3. Por fim, finalizando o capítulo, na</p><p>Seção 5.4, vamos conhecer as principais tendências de armaze-</p><p>nagem e movimentação que se colocam diante dos estudiosos</p><p>do assunto, uma vez que a chamada Logística 4.0, amparada</p><p>pelas aplicações da Internet das Coisas – Internet of Things (IoT)</p><p>–, tem apresentado inúmeras possibilidades de melhorias cons-</p><p>tantes. O mundo evolui continuamente, e a logística, amparada</p><p>por seus diversos subsistemas, estruturas e processos, precisa</p><p>evoluir para acompanhar as mudanças evolutivas que aconte-</p><p>cem o tempo todo.</p><p>5.1 Atacado e varejo nos sistemas de</p><p>armazenagem e movimentação Vídeo</p><p>Vamos iniciar esta seção diferenciando as operações de atacado e</p><p>varejo a fim de entendermos como os sistemas de armazenagem e mo-</p><p>vimentação funcionam diferentemente em cada uma das operações.</p><p>Primeiro, é preciso compreender que ambos os tipos de operações</p><p>fazem parte das operações de logística de distribuição, responsáveis</p><p>por efetivar as vendas e as transferências de produtos de um produtor</p><p>(fabricante) para o comércio e, finalmente, para o consumidor. Dentro</p><p>da cadeia da logística de distribuição, encontraremos diversos tipos de</p><p>intermediários, sobretudo atacadistas e varejistas.</p><p>Operações de atacado são organizações intermediárias nos canais</p><p>de distribuição, que vendem a “varejistas, usuários comerciais, in-</p><p>dustriais e institucionais, agindo também como agentes de compra e</p><p>venda de grandes volumes para clientes de grande porte em termos</p><p>de volume físico e financeiro” (BERTAGLIA, 2003, p. 131). O atacado é</p><p>também denominado comércio atacadista ou distribuição atacadista e</p><p>são estabelecimentos comerciais que essencialmente não vendem aos</p><p>consumidores finais. Eles</p><p>criam seu valor agregado por meio do fornecimento de servi-</p><p>ços, ou seja, de fluxos de canal. Embora esse valor agregado seja</p><p>bastante real, há muito pouco de tangível no atacado: ele é a</p><p>100 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>epítome de um setor de serviços. Em um esboço de canal do</p><p>produtor até o usuário doméstico final, o atacado constitui uma</p><p>fase intermediária. (COUGHLAN et al., 2002, p. 373)</p><p>Existem basicamente dois tipos de operações de atacado: os ata-</p><p>cadistas de serviço completo e os atacadistas de serviço parcial. O pri-</p><p>meiro se caracteriza por prestar serviços de valor agregado, tanto aos</p><p>fabricantes quanto aos varejistas. Nesse caso, essa agregação de valor</p><p>significa permitir ao fabricante a redução de seus custos de capital de</p><p>giro, pois não há necessidade de investir tanto em estoques assumidos</p><p>pelos atacadistas, que posicionam esses estoques próximos aos clien-</p><p>tes e, consequentemente, perto do momento da demanda. Além disso,</p><p>o valor é agregado ao serem realizadas promoções de vendas, valori-</p><p>zando as marcas dos fabricantes. No segundo caso, o valor é agregado</p><p>quando são oferecidos reposição rápida, crédito e variedade (mix) de</p><p>produtos em estoques, reduzindo o número de visitas de vendedores</p><p>– o varejista pode comprar de diferentes indústrias por meio de um</p><p>único fornecedor.</p><p>Os atacadistas de serviço parcial, como o nome indica, oferecem um</p><p>leque mais</p><p>da Guerra, escrito por Sun</p><p>Tzu há mais de 2.000 anos. O</p><p>livro é estruturado em 13 capí-</p><p>tulos que apresentam diferentes</p><p>aspectos da estratégia militar (à</p><p>época). Foi escrito em um mo-</p><p>mento bastante conturbado em</p><p>que a China vivia o período que</p><p>se convencionou denominar de</p><p>estados belicosos, quando as re-</p><p>lações entre as diferentes regiões</p><p>(províncias) do império chinês</p><p>viviam em constante guerra</p><p>entre si. O conteúdo do livro</p><p>continua extremamente atual e</p><p>aplicável a diferentes situações</p><p>no dia a dia das organizações na</p><p>contemporaneidade.</p><p>TZU, S. São Paulo: Martin Claret,</p><p>2004.</p><p>Livro</p><p>12 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>volta de 1.700 a.C., ou seja, há mais de 3.700 anos existe registro de que</p><p>a armazenagem era uma atividade conhecida e praticada nas civiliza-</p><p>ções mais desenvolvidas.</p><p>Qualquer que seja a origem do procedimento de armazenagem, é</p><p>inquestionável o fato de que essa importante atividade logística contri-</p><p>buiu para o desenvolvimento da humanidade e, conforme mencionado</p><p>no texto do livro do Gênesis, até mesmo para sua sobrevivência. É im-</p><p>portante compreender que:</p><p>se a demanda dos produtos de cada empresa fosse conhecida</p><p>com exatidão e os produtos pudessem ser fornecidos instanta-</p><p>neamente para suprir essa demanda, teoricamente não haveria</p><p>necessidade de estocagem, pois não seriam mantidos esto-</p><p>ques. No entanto, não é prático nem econômico operar uma</p><p>empresa dessa maneira, pois a demanda normalmente não</p><p>pode ser prevista com exatidão. Mesmo para chegar perto da</p><p>coordenação perfeita entre oferta e demanda, a produção teria</p><p>de ser instantaneamente reativa e o transporte inteiramen-</p><p>te confiável, com tempo zero de entrega. Nada disso, porém,</p><p>está à disposição das empresas a um custo razoável. Por isso</p><p>mesmo, as empresas fazem uso de estoques para melhorar</p><p>a coordenação entre oferta e procura e igualmente a fim de</p><p>reduzir seus custos totais. Disso se infere que a manutenção</p><p>de estoques produz a necessidade da estocagem e igualmente a</p><p>necessidade do manuseio dos materiais. A estocagem torna-</p><p>-se, mais do que necessidade, uma conveniência econômica.</p><p>(BALLOU, 2006, p. 373, grifos nossos)</p><p>Portanto, não existem as condições ideais para dispensar a neces-</p><p>sidade de armazenagem, ou estocagem. É preciso entender que, inde-</p><p>pendentemente da origem histórica e das razões para sua existência,</p><p>são considerados quatro motivos centrais para que as empresas utili-</p><p>zem espaço físico de armazenagem (BALLOU, 2006): (i) reduzir custos</p><p>de transporte e de produção; (ii) coordenar suprimentos e demanda;</p><p>(iii) atender às necessidades de produção; e (iv) auxiliar o processo de</p><p>marketing. Na sequência, são descritas cada uma dessas razões.</p><p>1. Redução de custos de transporte e de produção: pode ser feita</p><p>por meio da compensação nos custos de produção e estocagem.</p><p>Consequentemente, pode ocorrer diminuição dos custos</p><p>totais de fornecimento e distribuição dos produtos. Ou seja,</p><p>“ao guardar algum estoque a empresa consegue muitas vezes</p><p>reduzir seus custos de produção mediante dimensionamento de</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 13</p><p>lotes e sequenciamento econômicos” (BALLOU, 2006, p. 374). Isso</p><p>acontece principalmente quando a organização posiciona seus</p><p>estoques o mais próximo possível das fontes de suprimentos,</p><p>diminuindo os custos de transporte e agilizando a produção; e/ou</p><p>próximo dos seus pontos de consumo ou utilização, reduzindo os</p><p>custos de transporte de distribuição.</p><p>2. Coordenação de suprimentos e demanda: as empresas em que</p><p>a produção é predominantemente sazonalizada, e com demanda</p><p>por produtos razoavelmente contínua, enfrentam problemas</p><p>para coordenar seus suprimentos (que balizam a oferta) com a</p><p>necessidade de produtos por parte dos clientes (representando</p><p>a demanda). Portanto, sempre que a coordenação de oferta e</p><p>demanda fica cara (com custo elevado), é fundamental que se</p><p>formem estoques, o que exige armazenagem e a consequente</p><p>movimentação.</p><p>Geralmente são as oscilações no preço das commodities que</p><p>geram necessidade de armazenagem, uma vez que elas sofrem</p><p>súbitas alterações de preços e, por isso, podem ser compradas</p><p>antes de serem necessárias, visando obter melhores negociações</p><p>(isso acontece com importantes matérias-primas industriais,</p><p>como petróleo, aço, cobre, alumínio etc.). Porém, comprar</p><p>antecipadamente para garantir menores custos implica a</p><p>necessidade de armazenamento e movimentação extra. Assim, o</p><p>custo de armazenagem precisa ser compensado pelos melhores</p><p>preços obtidos na compra antecipada de commodities.</p><p>3. Necessidades da produção: a armazenagem ocorre na</p><p>entrada e saída dos processos produtivos, como suprimentos</p><p>e produtos acabados. Assim, ela é parte desses processos. A</p><p>partir do momento em que a matéria-prima entra no processo</p><p>produtivo, ela passa a se denominar produto em processo,</p><p>até ser entregue como um produto efetivamente acabado,</p><p>pronto para consumo ou utilização. Além disso, como existem</p><p>tributos incidentes sobre os produtos acabados (IPI – Imposto</p><p>sobre Produtos Industrializados, por exemplo), cujas taxas são</p><p>elevadas, manter os produtos armazenados até o momento</p><p>efetivo de sua transferência para o cliente pode ser uma forma</p><p>de retardar o pagamento desses tributos. Segundo Ballou (2006),</p><p>existem produtos que requerem um tempo para maturação no seu</p><p>processo produtivo, como vinhos, queijos ou bebidas alcoólicas, e</p><p>commodities: bens que geral-</p><p>mente não sofrem processos de</p><p>transformação (ou apresentam</p><p>pequena diferenciação), tais</p><p>como minérios, óleos vegetais,</p><p>petróleo, frutas, legumes,</p><p>verduras e cereais.</p><p>Glossário</p><p>14 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>que ficam um tempo maior em processamento, exigindo estruturas</p><p>de armazenagem específicas.</p><p>4. Auxílio no processo de marketing (ou considerações de</p><p>mercado): uma forma de agregar valor aos produtos é a sua</p><p>disponibilização ao mercado no local e tempo certos, uma</p><p>vez que a área de marketing se preocupa com o tempo que o</p><p>produto leva para estar disponível ao mercado, bem como com</p><p>sua visibilidade nesse cenário. A armazenagem agrega esse</p><p>tipo de valor aos produtos por meio da formação de estoques,</p><p>devidamente armazenados e próximos aos clientes, fazendo com</p><p>que seja possível realizar entregas mais rapidamente. Quando</p><p>se estoca perto dos pontos de uso ou consumo, é possível</p><p>agilizar as entregas, aumentando o nível de serviço logístico e,</p><p>consequentemente, o volume de vendas, que é tudo o que a área</p><p>de marketing deseja.</p><p>Em um passado recente as funções da armazenagem eram ape-</p><p>nas essas, além da missão de guardar os estoques para utilização</p><p>num momento futuro. Entretanto, na atualidade, a armazenagem tem</p><p>uma missão muito mais importante para as organizações, cabendo a</p><p>ela exercer o papel de gerenciar o fluxo físico de materiais e de infor-</p><p>mações correlacionadas, o que conduz a armazenagem a um papel</p><p>de apoio à competitividade das organizações. Dessa forma, ela ocupa</p><p>um importante papel no funcionamento logístico. Na sequência vamos</p><p>aprofundar essa questão.</p><p>1.2 Armazenagem no contexto</p><p>dos sistemas logísticos Vídeo</p><p>Em primeiro lugar, precisamos entender o que é um armazém para</p><p>compreendermos o que é a armazenagem. Um armazém é entendido</p><p>como uma instalação física que tem por objetivo realizar a guarda e ma-</p><p>nutenção de estoques de matérias-primas, produtos em processo ou</p><p>acabados, que conta com equipamentos de armazenagem, de movi-</p><p>mentação, processos de gerenciamento e recursos humanos, possibili-</p><p>tando a necessária regulagem entre os fluxos de entrada de materiais/</p><p>produtos (originados nos fornecedores, nos processos produtivos etc.) e</p><p>os fluxos de saída (materiais destinados aos processos produtivos, pro-</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 15</p><p>dutos enviados para centros de distribuição etc.). É isso que vamos bus-</p><p>car compreender nesta seção.</p><p>Ao pensarmos nos objetivos de uma organização sob uma pers-</p><p>pectiva sistêmica, podemos compreender que sua finalidade é a trans-</p><p>formação</p><p>limitado de benefícios, mas com custos inferiores. Nessa mo-</p><p>dalidade, os próprios fabricantes e varejistas desempenham parte das ati-</p><p>vidades dos atacadistas. Os diferentes tipos de atacado de serviço parcial</p><p>podem ser resumidos no Quadro 1.</p><p>Quadro 1</p><p>Atacadistas de serviço parcial – características</p><p>Tipo de atacado Principais características</p><p>Atacadistas de</p><p>caminhão</p><p>As mercadorias são carregadas em caminhões, com sortimento adaptado às rotas</p><p>a serem percorridas, contando com itens de natureza perecível ou semiperecível;</p><p>essa operação possibilita o atendimento de pedidos pequenos com maior fre-</p><p>quência, sem que o varejista tenha que formar estoques, e combina a venda, o</p><p>transporte e a cobrança em uma única ação.</p><p>Atacadistas pague e</p><p>leve (atacarejos)</p><p>Decorrente da expressão atacarejo – resultado da junção das palavras atacado e vare-</p><p>jo –, nessa operação o atacadista vende, diretamente ao consumidor final, produtos</p><p>em quantidades que não são volumes de atacado, mas também não são volumes de</p><p>varejo, ou seja, uma situação intermediária, com preços também intermediários. No</p><p>Brasil, são exemplos: Makro, Sams Club, Assaí etc. Nesse caso, além do consumidor</p><p>final, pequenos varejos também usam essa modalidade, a diferença é que compram</p><p>pequenos volume e eles mesmos realizam o transporte.</p><p>Atacadistas de entrega</p><p>Também denominados agenciadores de entrega, são organizações de atacado que</p><p>contam com equipe de vendas. A organização consolida as vendas e faz os pedidos</p><p>diretamente ao fabricante, que providencia o sortimento e o despacho diretamen-</p><p>te aos varejistas. Ele cobra os produtos e demais despesas da organização ataca-</p><p>dista que, por sua vez, cobra da organização varejista para a qual realizou a venda.</p><p>(Continua)</p><p>epítome: resumo de conheci-</p><p>mentos em determinada área.</p><p>Glossário</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 101</p><p>Tipo de atacado Principais características</p><p>Agenciadores de</p><p>display</p><p>Geralmente são atacadistas que trabalham com categorias específicas de mer-</p><p>cadorias e, na maioria dos casos, colocam-nas nos pontos de varejo em consig-</p><p>nação. Eles colocam os produtos à venda diretamente nos varejistas e realizam</p><p>manuseio, controle de estoque e colocação de preços. Além disso, também reali-</p><p>zam promoções no ponto de venda, visando assegurar o giro dessas mercadorias.</p><p>Cooperativas</p><p>de produtores</p><p>As cooperativas geralmente realizam vendas aos varejos localizados em sua área</p><p>de abrangência, como se fossem atacadistas, e os lucros são distribuídos entre</p><p>os cooperados. Isso usualmente ocorre em cooperativas de menor porte e em</p><p>períodos bem delimitados (normalmente, ao final de safras).</p><p>Cooperativas de</p><p>compras</p><p>Existem determinadas categorias profissionais que apresentam elevado poten-</p><p>cial de consumo e podem organizar cooperativas que compram diretamente</p><p>das indústrias, em grandes volumes, e realizam a venda para seus associados</p><p>(cooperados). Embora não muito usual, representam uma possibilidade consi-</p><p>derável. São exemplos: bancários, professores, metalúrgicos e outras catego-</p><p>rias profissionais constituídas de elevado número de membros em uma mesma</p><p>área geográfica.</p><p>Atacadistas por</p><p>catálogo</p><p>São operações de atacado não muito usuais no Brasil, em que os atacadistas</p><p>enviam suas ofertas sob a forma de catálogos diretamente aos varejistas, via</p><p>correio (ou, modernamente, via e-mail ou outros recursos eletrônicos), e os</p><p>varejistas fazem os pedidos e recebem após determinado período de tempo.</p><p>Grupos voluntários</p><p>atacadistas</p><p>Esse tipo de atacado, inexistente no Brasil, é quando um atacadista reúne um</p><p>número de varejistas em um grupo voluntário. O exemplo mais conhecido no</p><p>mundo é a Independent Grocers Alliance (IGA), dos Estados Unidos. Nesse caso, o</p><p>atacadista age como líder e os membros concordam em comprar da organiza-</p><p>ção uma quantidade substancial de sua mercadoria. Também adotam procedi-</p><p>mentos operacionais padronizados e usam logotipo comum para os consumido-</p><p>res, por meio de sinalização e promoção.</p><p>Cooperativas</p><p>patrocinadas pelo</p><p>varejo</p><p>O funcionamento é exatamente o mesmo dos grupos voluntários atacadistas,</p><p>com a diferença de que a criação e o funcionamento são liderados pelas pró-</p><p>prias organizações varejistas, que criam uma organização, tipo consórcio. Os</p><p>voluntários associam-se a essa organização e comprometem-se a fazer deter-</p><p>minado volume de negócios com ela, bem como seguir alguns de seus procedi-</p><p>mentos. Sendo assim, eles são proprietários e membros da organização ataca-</p><p>dista ao mesmo tempo.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bertaglia, 2003; Coughlan et al., 2002.</p><p>Segundo Coughlan et al. (2002), embora as operações atacadistas</p><p>estejam associadas intimamente a bens tangíveis, elas criam valor ao</p><p>fornecerem serviços, por meio dos fluxos de produtos no canal de dis-</p><p>tribuição. Porém, as organizações de atacado não são o último elo nos</p><p>canais de distribuição. Esse papel cabe ao varejo, conforme veremos</p><p>a seguir.</p><p>O varejo é essencial nos canais de distribuição, pois é responsável por</p><p>fazer com que os produtos cheguem efetivamente aos clientes finais.</p><p>102 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>O varejo pode ser entendido como as “atividades envolvidas na venda</p><p>de bens e serviços para consumo pessoal para consumidores finais”</p><p>(COUGHLAN et al., 2002, p. 308) ou, ainda, como a “combinação de ativi-</p><p>dades destinadas a vender produtos e serviços diretamente aos consu-</p><p>midores” (BERTAGLIA, 2003, p. 134).</p><p>É importante destacarmos que varejo é a reunião de atividades des-</p><p>tinadas a promover a transferência de propriedade de bens e serviços</p><p>diretamente para os clientes finais. Os varejistas são necessários por-</p><p>que são poucos os fabricantes com estrutura própria de distribuição de</p><p>varejo que atinja todo o mercado de atuação. As indústrias e o atacado</p><p>percebem os varejistas como intermediários que realizam o link com</p><p>segmentos-alvo do mercado consumidor; por sua vez, os consumido-</p><p>res percebem os varejistas como fonte de suprimento para todos os</p><p>tipos de itens. Esses dois papéis são exercidos a contento pelos vare-</p><p>jistas, que representam o grupo mais numeroso de intermediários nos</p><p>canais de distribuição.</p><p>Além de elevado número de varejistas nos canais, também são mui-</p><p>tos os tipos de intermediários que efetuam essa reunião de atividades</p><p>para realizar a transferência de propriedade, conforme caracterizamos</p><p>no quadro a seguir.</p><p>Quadro 2</p><p>Tipos de varejistas – características</p><p>Tipo de varejo Características</p><p>Venda de porta em</p><p>porta</p><p>Atividade varejista constituída de agentes semi-independentes ou empregados de</p><p>grandes empresas ou distribuidores que dão preferência a esse método. Geral-</p><p>mente, as ofertas são restritas a um pequeno número de itens, dentro de uma</p><p>única linha de produtos. Os exemplos mais conhecidos desse tipo de varejo são:</p><p>Avon, Natura, Tupperware, Amway, entre outras.</p><p>Lojas independentes</p><p>Organização controlada pelo dono ou por administração própria. Podem ser de</p><p>grande ou pequeno porte; a maior parte das de grande porte são as denomina-</p><p>das supermercado, loja de departamentos ou loja de desconto. Para nossos objetivos,</p><p>vamos considerar como loja independente aquela pequena organização varejista</p><p>que não possa ser claramente identificada como um supermercado, loja de depar-</p><p>tamento ou loja de descontos.</p><p>Loja de artigos gerais</p><p>Também conhecidas como armazém, as lojas de artigos gerais são relativamente</p><p>pequenas, não departamentais, usualmente situadas em comunidades rurais ou</p><p>isoladas; estas se comprometem com a venda de um sortimento amplo de mer-</p><p>cadorias, tendo como linha mais relevante itens de alimentação. É, ainda, um tipo</p><p>de loja independente.</p><p>(Continua)</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 103</p><p>Tipo de varejo Características</p><p>Vendas pelo correio</p><p>(catálogo)</p><p>Operação de varejo na qual os varejistas enviam suas ofertas sob a forma de ca-</p><p>tálogos, diretamente aos clientes, via correio (modernamente, via e-mail ou outros</p><p>recursos eletrônicos). Com amplo sortimento de artigos</p><p>de consumo dentro de</p><p>cada uma das numerosas linhas, os clientes fazem os pedidos e recebem após</p><p>determinado período. Essas organizações compram grande parte – muitas vezes,</p><p>toda sua produção – diretamente das indústrias, o que lhes permite vender a pre-</p><p>ços mais baixos, por não apresentar os custos operacionais de manutenção de</p><p>pontos de vendas físicos. Muitas pequenas indústrias são completamente depen-</p><p>dentes de uma ou mais operações varejistas de vendas pelo correio.</p><p>Lojas de</p><p>departamentos</p><p>Varejo que manipula grande quantidade de itens, organizado por departamentos</p><p>separados para fins promocionais, prestação de serviços. Contudo, o controle e</p><p>o gerenciamento são centralizados para se obter ganho de escala. São exemplos</p><p>desse tipo de negócio: Lojas Pernambucanas; Magazine Luiza (que também opera</p><p>outras modalidades de varejo).</p><p>Cadeias de lojas</p><p>Grupo de lojas varejistas, do mesmo tipo, com propriedade e controle centraliza-</p><p>dos de suas operações. Cada loja participante da cadeia significa maior volume</p><p>de vendas e, consequentemente, maior oportunidade de usufruir de descontos e</p><p>outras vantagens devido à compra de maiores quantidades. Os custos da adminis-</p><p>tração central e os da aplicação de merchandising especializado, de compras e de</p><p>serviços promocionais são diluídos por mais lojas. Essas vantagens resultam em</p><p>menores custos para a mercadoria e menores despesas operacionais que as dos</p><p>varejistas independentes. Exemplos: Lojas Colombo, Casas Bahia etc.</p><p>Lojas de desconto</p><p>Organização de varejo que negocia variado sortimento de mercadorias, competin-</p><p>do com base no preço. Opera com margens de sobrepreço baixas, oferecendo ao</p><p>cliente o mínimo possível de serviços. Trabalham com produtos chamados merca-</p><p>dorias difíceis, principalmente utilidades domésticas (geralmente, com preços mais</p><p>baixos em cerca de 30% em relação às lojas concorrentes tradicionais). Além de</p><p>mercadorias, as lojas de descontos trabalham com itens fáceis (roupas masculinas</p><p>e femininas, presentes, artigos de cama, mesa e banho etc.), cultivam a confiança</p><p>do consumidor na marcação de seus preços, fazem-no acreditar que a loja de des-</p><p>contos está vendendo o produto pelo preço mais baixo possível.</p><p>Lojas de especialida-</p><p>des</p><p>São varejos altamente especializados e com elevada oferta de serviços, sendo mui-</p><p>to vulneráveis a oscilações de mercado, dependendo muito de sazonalidades para</p><p>suas vendas. São exemplos de lojas de especialidades: sapatarias, padarias, lojas</p><p>de brinquedos, papelarias, açougues, materiais de escritório, materiais esportivos,</p><p>bebidas, caça e pesca. Em virtude das sazonalidades, em muitos casos esse tipo de</p><p>varejo trabalha criteriosamente seus níveis de estoque, empregabilidade e tendên-</p><p>cias de estilos. Exemplo: açougues vendem mais nos finais de semana; padarias</p><p>vendem mais pela manhã e no final do dia; papelarias vendem mais no período de</p><p>início de aulas etc.</p><p>Lojas de conveniência</p><p>São os pequenos varejos, geralmente localizados em zonas residenciais e que</p><p>permanecem abertos 24 horas por dia. Localizam-se em postos de combustíveis,</p><p>farmácias ou outros tipos de comércio aos quais se agregam. Algumas redes de</p><p>supermercados, de olho nesse segmento, passaram a operar 24 horas por dia,</p><p>elevando a concorrência nessa categoria.</p><p>(Continua)</p><p>104 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Tipo de varejo Características</p><p>Varejo sem loja</p><p>Operação de varejo que oferece aos clientes a comodidade de comprar sem sair de</p><p>casa. A compra é efetuada e entregue diretamente na residência do comprador. A</p><p>desvantagem é que o cliente não pode examinar o produto antes da aquisição e rece-</p><p>bimento; por isso, políticas de devolução e trocas são essenciais nesse tipo de varejo.</p><p>Existem nessa categoria os seguintes tipos:</p><p>a. Varejo direto – os clientes contam com elevada variedade de produtos, mas o</p><p>relacionamento é impessoal. As compras acontecem via correio, telefone ou</p><p>internet. Exemplos: Amazon, Magalu etc.</p><p>b. Vendas diretas – envolve apenas pessoas físicas: o cliente e o vendedor,</p><p>podendo ser pessoalmente, por telefone ou pela internet.</p><p>c. Vending machine – operações de varejo executadas diretamente por máquinas,</p><p>sem intervenção humana. São exemplos mais comuns as máquinas de vendas</p><p>de refrigerantes, de cafés e chás, de chocolates e outros produtos.</p><p>Supermercados</p><p>São redes de autosserviço projetadas para atender amplamente às necessidades</p><p>dos consumidores, sobretudo ofertando artigos do lar e de alimentação. Original-</p><p>mente, os supermercados cativavam a preferência dos clientes, com preços mais</p><p>baixos que as cadeias de lojas, seus concorrentes diretos. Preços baixos se dão gra-</p><p>ças a grandes volumes de vendas, alto giro de estoque e margens de lucro reduzidas</p><p>com o mínimo possível de serviços aos consumidores.</p><p>Hipermercados</p><p>Também são lojas de autosserviço representando evolução em relação aos super-</p><p>mercados, pois oferecerem peças de vestuário, eletroeletrônicos e outros itens</p><p>que os levam a concorrer diretamente com lojas de departamento e lojas especia-</p><p>lizadas. Trabalham com produtos de alto giro, apertam suas margens de lucros e</p><p>compram grandes volumes para ofertar preços baixos aos consumidores.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bertaglia, 2003; Razzolini Filho, 2008.</p><p>Pelo grande número de operações, tanto de atacado quanto de va-</p><p>rejo, fica fácil perceber que essas operações exigem diferentes tipos</p><p>de sistemas de armazenagem e de movimentação dos materiais, que</p><p>precisam ficar armazenados. Como vimos, as operações de atacado e</p><p>varejo se diferenciam em dois aspectos principais: os clientes e o volu-</p><p>me de produtos a serem armazenados e movimentados, pois é preciso</p><p>compreender que</p><p>o funcionamento de um armazém consiste em manuseio e es-</p><p>tocagem. O objetivo é receber estoque, armazená-lo conforme</p><p>solicitado, montá-lo para formar pedidos completos e enviá-lo</p><p>para os clientes, tudo de modo eficiente. Essa ênfase no fluxo de</p><p>produtos transforma o armazém moderno em uma instalação</p><p>de composição de produtos. Como tal, grande parte da atenção</p><p>gerencial se volta para como projetar as operações de forma a</p><p>facilitar o manuseio eficiente. (BOWERSOX; CLOSS; COOPER,</p><p>2007, p. 240)</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 105</p><p>Percebemos que a lógica do funcionamento de armazéns, princi-</p><p>palmente com foco no varejo, atualmente, é realizar a composição</p><p>de produtos (o sortimento) para entregar aos clientes. Isso significa</p><p>realizar o picking de diversos itens, agregá-los em um pedido único,</p><p>realizar sua embalagem, fazer conferências necessárias, emitir notas</p><p>fiscais, faturas e agilizar o despacho. Para fazer a armazenagem nas</p><p>operações de atacado, são necessários sistemas de armazenagem e</p><p>de movimentação bastante robustos, capazes de operar com gran-</p><p>des volumes de cargas, geralmente unitizadas e de elevado valor fi-</p><p>nanceiro. Já na armazenagem de operações de varejo, dependendo</p><p>do porte da organização, vamos encontrar maior variedade de itens</p><p>armazenados e menores volumes desses itens (exatamente em ra-</p><p>zão da maior variedade).</p><p>A armazenagem e a movimentação nas operações de atacado têm</p><p>importância ao agregarem valor ao canal de distribuição por meio de</p><p>duas dimensões fundamentais: tempo e espaço (lugar geográfico). A di-</p><p>mensão temporal é fornecida pela comercialização e pela estocagem,</p><p>pois os atacados possibilitam aos varejistas a reposição de estoques</p><p>de maneira rápida e apenas nas quantidades necessárias. Ao formar</p><p>os estoques de produtos dos fabricantes, os atacados asseguram aos</p><p>varejistas que possam se abastecer tão somente dos produtos que ne-</p><p>cessitam, da maneira mais adequada e contando com amplo sortimen-</p><p>to (mix) de categorias de produtos, sem a limitação de comprar de uma</p><p>determinada marca específica.</p><p>A dimensão espacial se relaciona ao transporte e, novamente, aos</p><p>estoques, uma vez que as operações atacadistas posicionam os es-</p><p>toques em pontos geográficos mais próximos aos varejistas, minimi-</p><p>zando os custos com transportes. Assim,</p><p>ao assumirem o transporte</p><p>e estocagem de amplo mix de produtos mais próximos aos varejistas,</p><p>os atacadistas agregam valor que as indústrias não conseguiriam ofe-</p><p>recer, porque, se tivessem que posicionar estoques em distintas áreas</p><p>geográficas, os custos de transporte e armazenagem fariam com que</p><p>seus preços inviabilizassem a comercialização pelos varejistas.</p><p>A armazenagem e a movimentação nas operações de varejo apre-</p><p>sentam menor volume de estoques em função de dois aspectos tam-</p><p>bém fundamentais: informação e tecnologia. Por estar localizado mais</p><p>próximo ao cliente final e esses clientes comprarem diretamente do va-</p><p>rejista, ocorre que o varejo tem acesso a informações sobre o compor-</p><p>Para conhecer um pouco</p><p>mais sobre operações de</p><p>atacado, varejo e atacare-</p><p>jo, assista ao vídeo Impor-</p><p>tadora Atacarejo | China</p><p>Gate Importação e tenha</p><p>acesso a uma aula sobre</p><p>o assunto atacarejo, em</p><p>que Rodrigo Giraldelli</p><p>também discorre sobre</p><p>atacado e varejo.</p><p>Disponível em: https://www.</p><p>youtube.com/watch?v=B-</p><p>S0k7guNoE. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>Vídeo</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=B-S0k7guNoE</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=B-S0k7guNoE</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=B-S0k7guNoE</p><p>106 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>tamento e as preferências do consumidor. A posse dessas informações</p><p>representa grande vantagem em relação aos demais elos da cadeia de</p><p>distribuição; o uso correto de tais informações pode representar signi-</p><p>ficativas vantagens competitivas.</p><p>O fator tecnologia tem sido fundamental para as operações vare-</p><p>jistas, pois, além de automação dos seus pontos de venda, os varejistas</p><p>têm investido em sistemas de gerenciamento de armazéns (Warehouse</p><p>Management System – WMS), sistemas de controle de estoques, gestão</p><p>de categorias (mix de produtos), gerenciamento de espaço e outras</p><p>ferramentas tecnológicas que permitem reduções de custos no fluxo</p><p>logístico; ou seja, os recursos tecnológicos suportam as informações</p><p>sobre o que se vende, para quem se vende, onde se vende e qual o</p><p>perfil do comprador. Essas informações suportam decisões que pos-</p><p>sibilitam reduções de estoques, demandando menos dos sistemas de</p><p>armazenagem e movimentação.</p><p>Como vimos, as operações de armazenagem de atacado e de vare-</p><p>jo provocam diferentes impactos nos sistemas de armazenagem e de</p><p>movimentação pela natureza peculiar de cada uma dessas operações.</p><p>Na sequência, vamos entender um pouco mais sobre as operações de</p><p>armazenagem e movimentação.</p><p>5.2 Operações de armazenagem</p><p>e movimentação Vídeo</p><p>A armazenagem e a movimentação, no atacado e no varejo, agregam</p><p>valor aos produtos por permitir que três pontos sejam aprimorados na</p><p>cadeia de distribuição: (i) serviço ao cliente; (ii) custo; e (iii) velocidade.</p><p>Assim, vamos buscar caracterizar essas atividades desempenhadas na</p><p>armazenagem e na movimentação, nas operações de atacado e varejo,</p><p>ou, genericamente, operações de distribuição.</p><p>Serviço ao cliente</p><p>Os clientes demandam entregas em menores volumes e mais fre-</p><p>quentes; esperam que estas sejam consistentes, sem erros e nos pra-</p><p>zos programados. Segundo Moura (2006), a relevância dos serviços nos</p><p>armazéns relaciona-se com a carga e com o recebimento dos produtos;</p><p>Nas operações de atacado,</p><p>encontramos menor número</p><p>de SKUs dentro dos armazéns;</p><p>já nas operações de varejo,</p><p>devido à necessidade de maior</p><p>variedade, o contrário ocorre.</p><p>Importante</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 107</p><p>depois da estocagem no sistema de armazenagem, relaciona-se com a</p><p>expedição, que exige serviços do sistema de movimentação.</p><p>Além disso, os varejistas esperam receber rapidamente, em um cur-</p><p>to espaço de tempo com a emissão do pedido, a reposição contínua,</p><p>a entrega em diferentes pontos do varejo, a movimentação unitiza-</p><p>da (com sortimento misto), a transmissão eletrônica de dados (pedi-</p><p>dos, faturas etc.), o uso intensivo do intercâmbio eletrônico de dados</p><p>(Electronic Data Interchange – EDI).</p><p>Redução de custos</p><p>Em razão de as margens de lucros serem cada vez mais espremidas,</p><p>os clientes pressionam sempre por reduções de custos para manuten-</p><p>ção das margens em níveis mínimos aceitáveis. Assim, é preciso monito-</p><p>rar e gerenciar os custos permanentemente, conforme já comentamos.</p><p>A redução de custos é requisito essencial para o serviço ao cliente.</p><p>Para isso, é necessário reduzir o tempo de ciclo, desde o recebimento</p><p>até a entrega do pedido. Essa redução pode ser obtida por meio da</p><p>eliminação de atividades que não agregam valor (exigindo o redesenho</p><p>de processos).</p><p>Outra possibilidade de redução de custos é diminuir o volume dos</p><p>estoques nos armazéns, que pode ser conseguida com melhor geren-</p><p>ciamento de informações, sincronizando a cadeia de distribuição e</p><p>fazendo a reposição contínua, que significa repor estoques pelas ne-</p><p>cessidades reais de cada elo na cadeia (atacado – varejo – consumidor).</p><p>Além disso, é possível reduzir custos ao melhorar a eficiência dos re-</p><p>cursos de armazenagem e movimentação, visando equilibrar o nível de</p><p>serviço ao cliente com os custos e o volume de capital investido em tais</p><p>recursos. Geralmente, o capital é investido nas instalações de armaze-</p><p>nagem e em equipamentos (em maior volume), em produtos acabados</p><p>estocados (volume intermediário) e em financiamentos a clientes por</p><p>meio da concessão de créditos (em menor volume).</p><p>Velocidade</p><p>Para assegurar velocidade nos canais de distribuição, é necessária</p><p>uma maior e melhor integração na cadeia logística, diminuindo o vo-</p><p>Reposição contínua, do in-</p><p>glês Continuous Replenishment, é</p><p>uma forma de gerenciamento de</p><p>estoques, pelo fornecedor, para</p><p>o varejo; é uma ferramenta que</p><p>tem a finalidade de repor os pro-</p><p>dutos no ponto de venda rápida</p><p>e adequadamente à demanda,</p><p>minimizando estoques e faltas. É</p><p>a prática de parceria entre mem-</p><p>bros do canal de distribuição que</p><p>altera o processo tradicional de</p><p>reposição de mercadorias, de</p><p>geração de pedidos elaborados</p><p>pelo distribuidor, com base em</p><p>quantidades economicamente</p><p>convenientes, para a reposição</p><p>de produtos por meio da previ-</p><p>são de demanda efetiva.</p><p>Saiba mais</p><p>108 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>lume de ativos utilizados e reduzindo custos. Mas o que entendemos</p><p>como velocidade na logística? Segundo Razzolini Filho (2014, p. 144-145),</p><p>entende-se por velocidade o tempo decorrido desde o momen-</p><p>to em que um pedido é colocado até a chegada da remessa ao</p><p>cliente, sendo necessário que se analise este aspecto sob a ótica</p><p>do cliente. Trata-se do ciclo de atividades logísticas, que pode</p><p>ser diferente em função do projeto do sistema logístico. Assim,</p><p>coordenar o tempo do ciclo logístico tem relação direta com ne-</p><p>cessidades de estoque. Quanto maior o desempenho do ciclo lo-</p><p>gístico em termos de rapidez, menor a necessidade de formação</p><p>de estoques por parte do cliente.</p><p>Entendendo que a velocidade está diretamente relacionada ao tem-</p><p>po de execução de atividades logísticas, portanto, podemos presumir</p><p>que o uso intensivo de recursos de tecnologia da informação, sobretu-</p><p>do sistemas de informação, pode ser o elemento-chave para assegurar</p><p>velocidade nos canais de distribuição suportados por operações de ar-</p><p>mazenagem e movimentação bem desenhadas.</p><p>As tecnologias atingem a competitividade, suportada por velocidade,</p><p>porque exigem alterações na estrutura das operações, nos processos</p><p>e nos serviços das organizações. São muitas as tecnologias disponíveis</p><p>para uso nas operações de armazenagem e movimentação, conforme</p><p>veremos nas próximas seções.</p><p>Uma vez que entendemos que esses três pontos (serviço ao cliente,</p><p>custos e velocidade) precisam ser aprimorados para que a distribuição</p><p>ocorra mais eficientemente, podemos discorrer sobre as operações de</p><p>armazenagem e movimentação.</p><p>Inicialmente, precisamos compreender que as operações de arma-</p><p>zenagem são definidas depois que se tem clareza de qual é a missão do</p><p>armazém dentro do sistema logístico, uma vez que</p><p>um armazém típico contém materiais, peças e produtos acaba-</p><p>dos em movimentação. O funcionamento</p><p>de um armazém consiste</p><p>em manuseio e estocagem. O objetivo é receber estoque, armaze-</p><p>ná-lo conforme solicitado, montá-lo para formar pedidos com-</p><p>pletos e enviá-los para os clientes, tudo de modo eficiente. Essa</p><p>ênfase no fluxo de produtos transforma o armazém moderno</p><p>em uma instalação de composição de produtos. Como tal, gran-</p><p>de parte da atenção gerencial se volta para como projetar as</p><p>operações de forma a facilitar o manuseio eficiente. (BOWERSOX;</p><p>CLOSS; COOPER, 2007, p. 240, grifos nossos)</p><p>Tecnologias da informação,</p><p>principalmente sistemas de</p><p>informação, podem promover</p><p>redução de custos e gerar veloci-</p><p>dade nos canais de distribuição,</p><p>ao serem empregadas nas</p><p>operações de armazenagem e</p><p>movimentação.</p><p>Importante</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 109</p><p>Como já destacamos, as operações dos armazéns se caracterizam</p><p>principalmente pelo manuseio e pela estocagem. Assim, ao receber</p><p>estoques para armazenagem eles são estocados e, para isso, vão ser</p><p>manuseados durante as operações de movimentação. Segundo Moura</p><p>(2006), ao se projetar as operações de armazenagem, principalmente</p><p>o recebimento e a posterior expedição, é preciso que se considerem</p><p>as condições de movimentação, armazenagem propriamente dita e o</p><p>controle dos processos, visando fornecer equilíbrio entre espaço físico,</p><p>equipamentos e recursos humanos.</p><p>Existem importantes operações executadas nos sistemas de arma-</p><p>zenagem e movimentação, sobretudo em operações de atacado e va-</p><p>rejo, que agregam valor ao sistema de distribuição e por isso precisam</p><p>ser destacadas, conforme se relaciona a seguir.</p><p>Quadro 3</p><p>Operações de valor agregado na armazenagem e na movimentação</p><p>Operação Comentários</p><p>Atendimento aos pedidos</p><p>A principal operação no sistema de armazenagem é atender aos pedidos dos</p><p>clientes.</p><p>Separação/embalagem</p><p>Dentro do atendimento aos pedidos, é preciso fazer separação (o sortimen-</p><p>to) dos pedidos e, por fim, embalar para assegurar a integridade física dos</p><p>materiais.</p><p>Distribuição em pool</p><p>Distribuição em pool é a combinação de diversos pedidos menores para com-</p><p>pletar a carga do veículo transportador (trata-se de gerenciar a consolidação</p><p>de pedidos para proporcionar cargas completas, reduzindo custos de trans-</p><p>porte).</p><p>Consertar/reformar</p><p>No serviço ao cliente, muitos consertos e pequenas reformas podem ser</p><p>realizadas no espaço da armazenagem, por estar mais próximo aos clientes,</p><p>agilizando o tempo de resposta.</p><p>Gerenciamento de contene-</p><p>dores/equipamentos retor-</p><p>náveis</p><p>Muitos equipamentos de movimentação, como contêineres, paletes, slip</p><p>sheets etc., são reutilizáveis; assim, precisam retornar à sua origem. Consi-</p><p>derando-se o recebimento de diferentes fornecedores, é preciso gerenciar o</p><p>que retorna para quem.</p><p>Logística reversa</p><p>A logística reversa é importante para a estratégia das organizações, principal-</p><p>mente para proporcionar imagem positiva da organização que se preocupa</p><p>com o meio ambiente. Por estar mais próximo dos clientes finais, o sistema</p><p>de armazenagem pode realizar diversas atividades de logística reversa.</p><p>(Continua)</p><p>110 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Operação Comentários</p><p>Aplicação de etiqueta RFID</p><p>Para facilitar o gerenciamento de estoques, sistemas de estoques gerencia-</p><p>dos pelo vendedor, entre outras facilidades proporcionadas pela tecnologia</p><p>de identificação por radiofrequência, a aplicação da etiqueta RFID é executa-</p><p>da no sistema de armazenagem.</p><p>Sequenciamento/medição</p><p>Os armazéns podem acompanhar operações de sequenciamento de mate-</p><p>riais nos processos produtivos e realizar as necessárias medições para man-</p><p>ter adequados níveis de estoques.</p><p>Embalagem especial</p><p>Alguns tipos de produtos podem exigir embalagens especiais para assegurar</p><p>a integridade física dos materiais e isso é sempre realizado no sistema de</p><p>armazenagem.</p><p>Apoio ao varejo/entrega</p><p>direta à loja</p><p>Alguns clientes, com muitos pontos de revenda (lojas) espalhados em de-</p><p>terminadas regiões, podem demandar que sejam realizadas entregas direta-</p><p>mente em suas lojas. Isso exige que se realize a movimentação de cargas fra-</p><p>cionadas a serem entregues, conforme programação formulada pelo cliente.</p><p>Cross-docking</p><p>Operação em que se recebem cargas consolidadas em uma doca; realiza-se a</p><p>desconsolidação e o despacho em outra doca ou recebe-se cargas a granel e</p><p>realiza-se a consolidação para despacho; isso sem que os itens permaneçam</p><p>no armazém por mais que 72 horas (no máximo). Operações em que as car-</p><p>gas entram por uma doca e saem por outra – “cruzam” o armazém.</p><p>Devoluções de clientes</p><p>Um dos principais problemas para os sistemas logísticos são aqueles oriun-</p><p>dos de devoluções de clientes, uma vez que, ao retornar ao longo dos canais</p><p>de distribuição, geram custos ao sistema. Porém, se gerenciadas nos pontos</p><p>mais próximos aos clientes, podem reduzir ou mesmo eliminar esses custos.</p><p>Entrega em domicílio</p><p>Assim como a entrega fracionada diretamente em lojas dos clientes, pode</p><p>ser necessário realizar entregas diretamente aos clientes dos clientes (em</p><p>suas residências), o que implica maior fracionamento, exigindo operações de</p><p>picking e movimentação ainda mais refinadas.</p><p>Merge in transit</p><p>(montagem de componen-</p><p>tes em trânsito)</p><p>Operação logística variante do cross-docking que implica rigorosa coordena-</p><p>ção dos fluxos de componentes, desde o tempo de ciclo produtivo, para que</p><p>tais componentes sejam consolidados em armazéns próximos aos clientes</p><p>finais, quando ocorrem os pedidos, visando eliminar ou minimizar a formação</p><p>de estoques intermediários.</p><p>Kanban</p><p>Kanban é parte da “filosofia japonesa” de produção puxada, que consiste em</p><p>“puxar” a produção pela utilização de cartões; sua finalidade é proporcionar</p><p>redução de estoques, otimização do fluxo de produção, redução de perdas</p><p>e aumento da flexibilidade no sistema. Assim, esses cartões podem ser colo-</p><p>cados diretamente no sistema de armazenagem antes dos materiais serem</p><p>enviados para a linha de produção.</p><p>Formação de kits</p><p>Sistema de armazenagem pode trabalhar em parceria com a área de marke-</p><p>ting e realizar a formação de kits para entrega ao varejo, de modo a otimizar</p><p>os resultados de vendas (com kits tipo: “Leve três, pague dois”; “Compre um</p><p>sabão em pó e leve de brinde um frasco de amaciante”).</p><p>Rotulagem/pré-etiqueta-</p><p>gem</p><p>Complemento às atividades de formação de kits, com inserção de etiquetas</p><p>de RFID.</p><p>(Continua)</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 111</p><p>Operação Comentários</p><p>Controle de lote</p><p>Controlar os lotes de produtos é essencial para assegurar que sejam vendi-</p><p>dos com tempo de vida de prateleira (shelf life) suficiente para as operações</p><p>desenvolvidas no atacado e no varejo.</p><p>Customização em massa/</p><p>adiamento</p><p>Em inglês, essa operação é denominada postponement e é uma atividade de</p><p>adiamento das operações de acabamento do produto, preferencialmente no</p><p>sistema de armazenagem, o mais próximo possível do pedido do cliente.</p><p>Apoio à produção</p><p>O sistema de armazenagem realiza importantes atividades de apoio aos pro-</p><p>cessos produtivos, como controle de desempenho de fornecedores, controle</p><p>de estoques de matérias-primas, de produtos em processo e produtos aca-</p><p>bados, entre inúmeras outras operações.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor com base em Bowersox, Closs, Cooper, 2007; Razzolini Filho, 2020a.</p><p>Como podemos perceber, são muitas as operações realizadas na</p><p>armazenagem e na movimentação que agregam valor aos sistemas lo-</p><p>gísticos e, principalmente, aos atacadistas e varejistas nos canais de</p><p>distribuição. Essas atividades precisam ser consideradas no desenho</p><p>das operações dos armazéns e da movimentação; além delas, algu-</p><p>mas atividades são específicas da movimentação, uma vez que existem</p><p>minimamente duas e ocasionalmente três movimentações de trans-</p><p>ferência nos armazéns, decorrentes de algumas das operações apre-</p><p>sentadas no Quadro 3.</p><p>A primeira movimentação ocorre no recebimento do material, da</p><p>área de recebimento para o local específico de armazenamento. Geral-</p><p>mente, nesse momento o material está unitizado e é movimentado</p><p>por</p><p>empilhadeiras ou por outros meios mecânicos (se a carga apresenta</p><p>outra forma de unitização).</p><p>A segunda movimentação ocorre internamente, antes da montagem</p><p>de um pedido, dependendo das operações estabelecidas para ocorre-</p><p>rem no armazém. Por exemplo, se for necessário fracionar a carga para</p><p>separações de pedidos, normalmente os materiais são transferidos da</p><p>área de armazenagem a uma área específica, para separação ou sele-</p><p>ção de pedidos. Também, para itens mais volumosos ou a granel, como</p><p>eletrodomésticos, a separação pode ser feita diretamente na área de</p><p>armazenamento, movimentando os produtos para uma área de espera</p><p>de embarque geralmente adjacente à área de embarque.</p><p>Outras movimentações estão relacionadas em menor volume que o</p><p>do recebimento, mas são sempre semelhantes, posto que a separação</p><p>de pedidos é sempre uma das principais atividades realizadas nas ope-</p><p>112 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>rações de armazenagem, exigindo que os materiais sejam agrupados</p><p>visando facilitar a montagem dos pedidos para despacho.</p><p>Como vimos, além de serem muitas, as operações são complexas</p><p>e demandam competência gerencial e operacional. Diante disso, exis-</p><p>te sempre uma busca por eliminar a formação de estoques, gerando</p><p>o que é denominado virtualização dos estoques, conforme veremos na</p><p>continuação.</p><p>5.3 Estoques e armazenagem virtual</p><p>Vídeo Nesta seção, vamos discorrer sobre novas operações de armaze-</p><p>nagem e movimentação, resultantes das práticas de e-commerce, uma</p><p>vez que cada dia mais vendas são realizadas por essa modalidade de</p><p>negócios. Essas atividades são profundamente dependentes de recur-</p><p>sos tecnológicos, buscando substituir os estoques por informações,</p><p>conforme veremos.</p><p>O e-commerce pode ser definido como o desenvolvimento de ativida-</p><p>des de produção, venda, distribuição e promoção de produtos e serviços</p><p>com o suporte de redes de telecomunicações ou, ainda, como qualquer</p><p>forma de transação ou intercâmbio de informação comercial com base</p><p>na transmissão de dados sobre redes de comunicação, como a internet.</p><p>O século XXI se iniciou com profundas mudanças, que continuam</p><p>acontecendo mesmo após duas décadas. São mudanças que alteram</p><p>as regras do jogo em termos de competências organizacionais, serviço</p><p>ao cliente, estratégias de marketing, estratégias logísticas etc. Entre as</p><p>mudanças mais significativas, temos as seguintes:</p><p>• Significativo predomínio de ativos intangíveis sobre os tangí-</p><p>veis – atualmente, a agregação de valor decorre da capacidade de</p><p>inovar e de adaptar-se às condições do mercado, em detrimento</p><p>dos investimentos físicos. São exemplos: Uber; Trivago; Booking.</p><p>• Eliminação de barreiras espaciais – tradicionalmente, as teo-</p><p>rias de localização indicavam os limites dos mercados, esta-</p><p>belecendo o contato físico nas operações de compra e venda</p><p>como aspecto necessário. Por meio da internet, a distância mais</p><p>curta entre comprador e vendedor é o clique do mouse. Assim,</p><p>mercados globais estão disponíveis a qualquer empresário que</p><p>esteja disposto a criar alternativas logísticas para disponibilizar</p><p>seus produtos a qualquer cliente.</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 113</p><p>• Velocidade das transações – o tempo nas operações de com-</p><p>pra e venda se reduz drasticamente, e o cliente tem a possi-</p><p>bilidade de selecionar diversas alternativas em períodos muito</p><p>curtos. As informações e os fluxos decorrentes estão disponí-</p><p>veis em tempo real, exigindo que as operações físicas sigam na</p><p>mesma velocidade.</p><p>• Crescente protagonismo de fornecedores de dados/informa-</p><p>ções – tem sido crescente o surgimento de organizações que ofe-</p><p>recem informações. São organizações que atuam em segmentos</p><p>importantes apenas pelo gerenciamento de informações, sem</p><p>possuírem ativos, como a Uber, que não tem nenhum carro na</p><p>frota gigantesca de veículos transportando passageiros no mun-</p><p>do todo.</p><p>• Competitividade de preços – isso ocorre em parte devido à re-</p><p>dução de custos operacionais e em parte em função de maior</p><p>transparência do mercado, uma vez que o cliente pode analisar di-</p><p>ferentes alternativas, escolher os preços e os serviços agregados.</p><p>• Atendimento customizado – as operações de e-commerce</p><p>possibilitam estabelecer datas individuais para atendimento,</p><p>estratégias e marketing também individualizados, com ofertas</p><p>que se adequam ao perfil específico do cliente. Isso permite</p><p>diminuir tempo e custos já que cada cliente recebe unicamente</p><p>o que lhe interessa.</p><p>• Foco no conhecimento e na capacidade de inovação – as orga-</p><p>nizações passam a valorizar pessoas com conhecimento e capaci-</p><p>dade de inovação, independentemente de sua educação formal.</p><p>O que importa é o que a pessoa conhece e se ela apresenta capa-</p><p>cidade inovativa.</p><p>• Serviços mais importantes (estratégicos) que os produtos – as tec-</p><p>nologias, sobretudo na rede mundial de computadores (www),</p><p>são basicamente aporte de serviço. Qualidade, rapidez de atendi-</p><p>mento e garantia são aspectos mais importantes do que o preço,</p><p>além de atendimento personalizado e confiável. A virtualização</p><p>permite concretizar ofertas muito variadas e adaptadas com agi-</p><p>lidade ao mercado.</p><p>Essas mudanças passaram a sustentar a competitividade com base</p><p>no tempo, pois os clientes decidem suas escolhas entre os itens que</p><p>estiverem disponíveis no momento e no local em que eles necessita-</p><p>114 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>rem. Assim, se o item desejado não estiver disponível (no local e na</p><p>hora certos), o cliente compra outro item disponível. Existem muitas</p><p>pressões pela redução dos prazos para entregas aos clientes. “Dentre</p><p>as muitas pressões nos mercados sensíveis ao tempo, podemos citar: 1</p><p>Redução dos ciclos de vida. 2 O esforço dos clientes para manter esto-</p><p>ques reduzidos. 3 Mercados voláteis que tornam perigosa a confiança</p><p>nas previsões” (CHRISTOPHER, 1997, p. 133).</p><p>Desse modo, a lógica da armazenagem virtual implica substituir es-</p><p>toques por informações. Porém, com os ciclos de vida dos produtos</p><p>ficando cada vez mais curtos (até mesmo devido a inovações constan-</p><p>tes demandadas pelos clientes), os varejistas se esforçam pela redução</p><p>de estoques e a volatilidade dos mercados, que dificulta cada vez mais</p><p>previsões confiáveis.</p><p>Ainda sobre a virtualização da armazenagem, é importante consi-</p><p>derar a necessidade de que todos os membros da cadeia de abasteci-</p><p>mento estejam dispostos a compartilhar informações, principalmente</p><p>aquelas relacionadas à demanda, disponibilidade de estoques e pro-</p><p>gramação de produção. Segundo Christopher (1999, p. 111), “o objetivo</p><p>é criar uma ‘via de informações’ que ligue o mercado final a todos os</p><p>participantes, possibilitando a todos administrar suas logísticas para</p><p>obter melhores resultados, isto é, custos mais baixos com maior capa-</p><p>cidade de resposta”.</p><p>É possível compreender que a armazenagem virtual é uma termi-</p><p>nologia para estabelecer a necessidade de integrar informações entre</p><p>os elos da cadeia de abastecimento, minimizando os estoques, já que,</p><p>ao compartilhar as informações sobre necessidades (demanda), dispo-</p><p>nibilidade de estoques (ao longo da cadeia de abastecimento) e como</p><p>está a produção na indústria, os clientes, informando suas demandas</p><p>aos fornecedores, podem reduzir ao mínimo os estoques.</p><p>Esse processo de substituir estoques por informações somente</p><p>pode ser conseguido com profundo suporte de processos bem dese-</p><p>nhados e suportados por tecnologia da informação.</p><p>5.3.1 Suporte de tecnologia da informação</p><p>Quando falamos sobre o suporte da tecnologia da informação (TI)</p><p>aos sistemas de armazenagem e de movimentação, na verdade, deve-</p><p>mos compreender que a tecnologia suporta os processos de negócio e</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 115</p><p>funcionais; estes são executados nesses sistemas, pois “existe um for-</p><p>te elo entre a estratégia de TI, os processos de negócios consistentes</p><p>e o desempenho da cadeia de suprimentos” (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY;</p><p>SIMCHI-LEVI, 2010, p. 478). Além disso, os autores propõem, ainda, que</p><p>o desempenho</p><p>daquelas empresas que investem mais em processos</p><p>de negócio é superior ao daquelas que somente investem em TI, sem</p><p>desenvolver processos apropriados.</p><p>Sendo assim, devemos ter a clareza de que o suporte deve ser des-</p><p>tinado aos processos de negócio, pois as organizações que apresen-</p><p>tam melhores processos são diferenciadas aos olhos dos clientes e,</p><p>por isso, mais competitivas. Para fazer frente às mudanças relaciona-</p><p>das anteriormente, é essencial que se desenhem processos de negó-</p><p>cio consistentes, robustos, suportados por tecnologia da informação</p><p>e impulsionados por software específico, para melhor execução. Além</p><p>disso, para cada uma daquelas operações de valor agregado elencadas</p><p>no Quadro 3, é essencial o suporte de processos bem desenhados e</p><p>suportados por tecnologias da informação.</p><p>O suporte de tecnologia da informação é fundamental atualmente,</p><p>uma vez que, cada vez mais, a informação é elemento de diferenciação,</p><p>sobretudo nos canais de distribuição. “Em geral, a melhor informação, de</p><p>mais fácil acesso e mais barata produz clientes finais e protagonistas de</p><p>canal mais conhecedores e exigentes. O fluxo de informação do cliente</p><p>ao fabricante, e em sentido contrário, resulta-se essencial para o proces-</p><p>so de gestão de canais” (WHEELER; HIRSH, 2000, p. 26).</p><p>É preciso compreender que o suporte da tecnologia da informação</p><p>possibilita informação de maior qualidade e está disponível em maio-</p><p>res volumes, ainda que</p><p>para se destacar diante dos concorrentes, a organização deve</p><p>buscar informações diferenciadas, que estimulem a inovação no</p><p>processo decisório. Perceba que os dados disponíveis nos am-</p><p>bientes que a organização monitora estão igualmente disponí-</p><p>veis aos concorrentes. O diferencial para a tomada de decisão</p><p>será a forma como esses dados são tratados – ou seja, qual infor-</p><p>mação irá construir. (RAZZOLINI FILHO, 2020b, p. 52)</p><p>Obviamente, dispor de informação, na quantidade e com a quali-</p><p>dade desejadas, para tomar decisões que permitam se diferenciar dos</p><p>concorrentes, desenhar processos robustos e intercambiar informa-</p><p>ções com parceiros e clientes é essencial; para isso, devemos contar</p><p>com profundo suporte de recursos de tecnologia da informação. Pa-</p><p>116 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>rece haver profundo consenso entre os principais autores, na logísti-</p><p>ca, quanto ao fato de que o suporte da tecnologia da informação deve</p><p>ocorrer sempre por meio do gerenciamento da informação dentro das</p><p>cadeias logísticas. Dornier et al. (2000, p. 587), propõem que as</p><p>novas tecnologias de informação podem ajudar a atender aos</p><p>desafios de integração da globalização. Podem ser particular-</p><p>mente úteis na adaptação de três aspectos do LITS 1 :</p><p>• Listagem de armazenagem de informações básicas.</p><p>• Transferência de informações.</p><p>• Transformação de dados em informações.</p><p>Assim, entendemos que a palavra-chave é informação, ainda que o</p><p>suporte oferecido pela tecnologia da informação deva ser exatamente</p><p>para assegurar que as informações sejam corretamente utilizadas por</p><p>todos os envolvidos nas operações de armazenagem e movimentação,</p><p>para possibilitar eficiência e eficácia operacional dos sistemas de infor-</p><p>mação e dos processos de negócio.</p><p>Os processos, suportados por tecnologia da informação, devem</p><p>agregar valor aos clientes e serem suportados por sistemas de infor-</p><p>mação também robustos, a fim de garantir a eficiência e a eficácia de-</p><p>sejadas pela organização e pelos clientes.</p><p>5.3.2 Sistemas de informação na armazenagem</p><p>Para garantir agilidade, velocidade e flexibilidade dos sistemas de</p><p>armazenagem e de movimentação necessárias, apoiando a virtualiza-</p><p>ção dos estoques, encontramos muitos sistemas de informação, su-</p><p>portados por tecnologia da informação que podem ser utilizados nas</p><p>cadeias de abastecimento, conforme segue.</p><p>◆ Sistemas de Informações Logísticas (SIL) – são sistemas espe-</p><p>cíficos para gerenciamento das operações logísticas. Eles asse-</p><p>guram a agilidade dos processos logísticos de processamento de</p><p>pedidos e a flexibilidade e agilidade nas operações dos diversos</p><p>subsistemas logísticos além de melhorar o fluxo de informações.</p><p>◆ Efficient Consumer Response (ECR) – em português, resposta</p><p>eficiente ao consumidor; é o sistema que permite realizar o ge-</p><p>renciamento automatizado dos estoques nos pontos varejistas,</p><p>com o objetivo de efetivar a reposição automática dos itens no</p><p>estoque. Funciona de maneira integrada ao uso de código de</p><p>Do inglês Logistics Information</p><p>and Telecommunications System,</p><p>ou sistema de informações</p><p>logísticas e telecomunicações,</p><p>em português.</p><p>1</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 117</p><p>barras ou RFID, scanner, troca eletrônica de dados, entre outras</p><p>tecnologias.</p><p>◆ Enterprise Resource Planning (ERP) – em português, planeja-</p><p>mento dos recursos empresariais; permite integrar todos os pro-</p><p>cessos funcionais da organização (marketing, logística, finanças,</p><p>recursos humanos etc.) por meio da integração de todos os siste-</p><p>mas operacionais de cada área funcional.</p><p>◆ Electronic Data Interchange (EDI) – em português, intercâmbio</p><p>eletrônico de dados; possibilita o compartilhamento de dados e</p><p>informações entre todos os integrantes da cadeia logística.</p><p>◆ Warehouse Management Systems (WMS) – em português, siste-</p><p>mas de gerenciamento de armazéns; permitem integrar todas as</p><p>operações executadas na armazenagem e na movimentação.</p><p>◆ Radio Frequency Identification (RFID) – em português, identifica-</p><p>ção por radiofrequência; funciona com pequenos rótulos inteli-</p><p>gentes, afixados aos produtos, caixas, contenedores, paletes etc.,</p><p>que transmitem informações por meio de ondas de rádio (fre-</p><p>quências), diminuindo o tempo de resposta durante o manuseio,</p><p>a movimentação e o transporte dos materiais.</p><p>◆ Global Positioning System (GPS) – em português, sistema de po-</p><p>sicionamento global; permite rastrear em tempo real, com preci-</p><p>são de centímetros, a movimentação dos materiais ao longo da</p><p>cadeia logística, possibilitando que todos os interessados acom-</p><p>panhem passo a passo essa movimentação.</p><p>◆ Vendor Managed Inventory (VMI) – em português, estoque ge-</p><p>renciado pelo vendedor/fornecedor; associado ao EDI, possibi-</p><p>lita o acompanhamento do volume de estoques do cliente em</p><p>tempo real.</p><p>◆ Order Management System (OMS) – em português, sistema de</p><p>administração de pedidos; é um software específico para geren-</p><p>ciar as ordens de compra de clientes, em qualquer ponto da ca-</p><p>deia de suprimentos.</p><p>Podemos ver a localização desses sistemas, ao longo da cadeia de</p><p>distribuição, na Figura 1, que propõe uma modelagem simplificada de</p><p>posicionamento de sistemas.</p><p>118 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Figura 1</p><p>Modelo de canal de distribuição com tecnologias de informação</p><p>PRM</p><p>ERP</p><p>Indústria Atacado Varejo Cliente</p><p>final</p><p>ERP</p><p>EDI EDI</p><p>CRM</p><p>SILSIL</p><p>GPS GPS</p><p>WMS WMS</p><p>OMS OMSRFID RFID</p><p>VMI ECR</p><p>Legenda:</p><p>Fluxo físico de materiais no canal de distribuição</p><p>Fluxo de informações no canal de distribuição</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>Como é possível percebermos na figura, o sistema de informações</p><p>logísticas (SIL) é parte de um sistema mais amplo – o ERP – e controla</p><p>vários outros sistemas, como o GPS, ECR, WMS e o EDI. O WMS, por sua</p><p>vez, gerencia os sistemas OMS, RFID, VMI, entre outros. Esses sistemas</p><p>permitem o intercâmbio de informações entre todos os membros do ca-</p><p>nal de distribuição e, com isso, colocam em movimentação os materiais</p><p>desejados por cada um dos elos do canal.</p><p>É preciso esclarecer que os sistemas ERP, bem como os demais,</p><p>são utilizados por todas as empresas integrantes dos canais de su-</p><p>primentos, como os atacadistas e a própria indústria, não tendo sido</p><p>representados na figura posto que a ideia era apenas demonstrar</p><p>sua existência.</p><p>Uma vez que tenhamos compreendido a importância da tecno-</p><p>logia e dos sistemas de informação para suportar a armazenagem</p><p>virtual (substituição de estoques por informações), podemos vis-</p><p>lumbrar algumas tendências na armazenagem e na movimentação,</p><p>conforme segue.</p><p>Armazenagem</p><p>e movimentação em atacado e varejo 119</p><p>5.4 Tendências de armazenagem</p><p>e movimentação Vídeo</p><p>Na atualidade, e já há alguns anos, existem preocupações comuns</p><p>aos sistemas logísticos como um todo que afetam os sistemas de ar-</p><p>mazenagem e movimentação, indicando tendências para a área, que</p><p>apresentamos a seguir.</p><p>Sistemas de informação</p><p>As tecnologias disponíveis permitem ampliar a velocidade de trans-</p><p>ferência de dados e informações, com a subsequente velocidade de</p><p>processamento. A tendência é que isso continue a aumentar, inclusive</p><p>com a disseminação da tecnologia 5G.</p><p>Um maior uso de sistemas, ao separar os fluxos físicos dos fluxos</p><p>informacionais, modifica os papéis desempenhados pelas pessoas nas</p><p>cadeias logísticas. Isso pode levar a relações cada vez mais impessoais</p><p>(máquinas “conversando” com máquinas) ou, dependendo de como se</p><p>disponibilizam e compartilham as informações, fortalecer o relaciona-</p><p>mento entre parceiros.</p><p>Outro aspecto relevante a ser considerado como tendência é o fato</p><p>de que as informações do varejo passam a direcionar as atividades</p><p>no sistema logístico. Além disso, quem detiver tecnologia e definir os</p><p>padrões terá maior poder na cadeia logística, independentemente do</p><p>porte ou dos recursos financeiros que detiver. Informação é o mais</p><p>importante.</p><p>Logística com base no tempo</p><p>A compressão do tempo, enfatizando os fluxos informacionais em</p><p>detrimento dos fluxos físicos, faz com que sistemas que permitam “en-</p><p>curtar” o tempo de resposta à demanda dos clientes sejam mais impor-</p><p>tantes que outros recursos dentro dos sistemas logísticos.</p><p>Como vimos na Seção 5.3, uma das mudanças significativas no início</p><p>do século XXI tem sido a demanda por maior velocidade nas operações,</p><p>uma vez que, segundo Christopher (1999, p. 131), essa “capacidade de</p><p>mover-se com rapidez, seja no desenvolvimento de um produto ou no</p><p>reabastecimento do estoque dos clientes, é cada vez mais vista como</p><p>um pré-requisito para o sucesso no mercado”. Essa diminuição no</p><p>120 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>tempo de resposta aos clientes possibilita reduções de custos e, ainda,</p><p>maior flexibilidade operacional.</p><p>O tempo que se mensura nos canais de suprimentos inclui diferentes</p><p>etapas dos processos logísticos, como tempo de processamento de pe-</p><p>didos, tempo de movimentações internas, tempo de ciclo de produção</p><p>(incluindo fabricação, montagem e operações internas), tempo de trânsi-</p><p>to, tempo de entrega, tempo parado (entendido como o tempo em que</p><p>nada acontece e diferentes ativos – armazéns e equipamentos inclusive</p><p>– estão gerando custos, incluindo os diferentes tipos de estoques).</p><p>Segundo Razzolini Filho (2014), dois conjuntos de técnicas podem</p><p>ser usados pela logística com base no tempo, são elas: (i) orientadas</p><p>pelo suprimento; e (ii) orientadas pela demanda. As técnicas orienta-</p><p>das pelo suprimento são essencialmente as práticas do just in time (JIT)</p><p>e a utilização de planejamento de necessidades (requirement planning</p><p>– RP). Quando a organização adota as práticas preconizadas pelo JIT, a</p><p>logística precisa se ajustar para atender tanto aos processos produti-</p><p>vos quanto às demandas dos clientes no mercado.</p><p>O planejamento das necessidades demanda o emprego de duas</p><p>técnicas principais, utilizadas para assegurar eficiência na movimenta-</p><p>ção de suprimentos e na disponibilização de estoques dos produtos</p><p>acabados nos canais de distribuição. Isso demanda o suporte do plane-</p><p>jamento das necessidades de materiais (material requirement planning</p><p>– MRP), orientado para suprimentos, e o planejamento das necessida-</p><p>des de distribuição (distribution requirement planning – DRP), orientado</p><p>para a demanda dos clientes que esperam ser supridos rapidamente.</p><p>As técnicas orientadas pela demanda são adequadas sempre que</p><p>as necessidades são independentes e utilizam quatro ferramentas</p><p>essenciais: rules-based reorder (ROP), ressuprimento padronizado;</p><p>quick response (QR), resposta rápida; continuous replenishment (CR),</p><p>ressuprimento contínuo; e automatic replenishment (AR), ressupri-</p><p>mento automático.</p><p>O ressuprimento padronizado tem base em técnicas probabilísticas</p><p>de gerenciamento de estoques. Com a disponibilidade de maiores e</p><p>melhores informações dos pontos de venda, tem sido cada vez mais</p><p>utilizado. A resposta rápida é uma ação conjunta, cooperada, entre va-</p><p>rejistas, atacadistas e indústrias, em que se busca o aumento do giro</p><p>dos estoques, para aproximar a reposição dos estoques da demanda</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 121</p><p>dos clientes. O ressuprimento contínuo representa uma variação da</p><p>resposta rápida, em que o estoque passa a ser gerenciado pelo forne-</p><p>cedor, eliminando necessidade de pedidos de ressuprimento, também</p><p>suportado em forte nível de informações. Por fim, o ressuprimento au-</p><p>tomático vai além da resposta rápida e do ressuprimento contínuo, a</p><p>partir do momento em que interligam os sistemas de gerenciamento</p><p>de armazéns (WMS) de fornecedores e clientes, visando à reposição</p><p>dos estoques automaticamente, sempre que eles atingem um nível de</p><p>reposição pré-determinado.</p><p>Técnicas e tecnologias</p><p>Harrison e Van Hoek (2003) propõem algumas técnicas e tecnolo-</p><p>gias emergentes, algumas já apresentadas por nós, que simplificamos</p><p>da seguinte forma:</p><p>• Compartilhamento de dados e informações via internet – a</p><p>transmissão de dados via satélite ou outras tecnologias sempre</p><p>foi muito cara, mas a possibilidade de uso da internet com essa</p><p>finalidade diminui muito os custos e permite o compartilhamento</p><p>entre todos os elos da cadeia de suprimentos, inclusive os clientes.</p><p>• O ECRate (Returnable Transit Packaging) – em português, em-</p><p>balagem de trânsito retornável; trata-se de um projeto da ECR-</p><p>-Europe que busca desenvolver embalagem (tipo engradado) de</p><p>plástico padronizada para uso em toda a cadeia de abastecimen-</p><p>to de varejo. A ideia é que se crie um pool dessas embalagens,</p><p>semelhante ao que existe para os paletes, com a redução de cus-</p><p>tos globais para todos os envolvidos, além de minimizar impactos</p><p>ambientais com embalagens descartáveis.</p><p>• Mr. Tag – combinação do ECRate com o RFID, é um projeto que</p><p>envolve varejistas e seus principais fornecedores na busca por</p><p>um engradado retornável (como o ECRate), que utilizará uma eti-</p><p>queta (tag) inteligente, suportada pela tecnologia de RFID, permi-</p><p>tindo que se tenham as informações sobre o conteúdo de cada</p><p>engradado, além de detalhes de fabricação dos produtos, prazos</p><p>de validade e histórico completo de todas as suas movimenta-</p><p>ções, além de outras informações pertinentes.</p><p>• Sistema de classificação do depósito de distribuição – são sis-</p><p>temas suportados por esteiras, nos sistemas de armazenagem,</p><p>que facilitem a automatização da movimentação dos materiais,</p><p>122 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>desde o seu ponto de armazenagem até o local onde se realiza a</p><p>montagem dos pedidos dos pontos de varejo. O objetivo é atingir</p><p>um processo em que seja possível operar sem estoques, sendo</p><p>orientado pelos princípios do cross-docking.</p><p>• Transportes intermodais – é o uso de sistemas de transporte</p><p>multimodais em que ocorra a integração de rodovias e ferrovias.</p><p>Ferrovias para os trajetos mais longos, visando reduzir o uso do</p><p>modal rodoviário e, assim, diminuindo a emissão de dióxido de</p><p>carbono e o congestionamento nas rodovias, gerando a conse-</p><p>quente redução de custos.</p><p>Outra tendência significativa é a Internet das Coisas (IoT), que per-</p><p>mite conectar sistemas, ferramentas, aparelhos e diversos dispositivos</p><p>à internet, com todos os benefícios daí resultantes. Além da sua aplica-</p><p>bilidade já bastante disseminada no gerenciamento e controle de fro-</p><p>tas automotivas, especificamente nos sistemas de armazenagem e de</p><p>movimentação, a IoT pode ser acoplada tanto nos materiais quanto em</p><p>portas, prateleiras e equipamentos nos armazéns, por meio de códigos</p><p>de barras, QR e RFID.</p><p>Com o emprego da IoT se estabelecem novos processos para ativi-</p><p>dades de separação de pedidos (picking), controle de validade</p><p>dos ma-</p><p>teriais, realização de inventários, entre outras aplicações.</p><p>Gerenciamento</p><p>Quando se fala de gerenciamento, estamos nos referimos à neces-</p><p>sidade de utilizar técnicas e ferramentas de gestão adequadas às no-</p><p>vas realidades do ambiente organizacional, entre as quais destacamos</p><p>três. São elas:</p><p>• Organizações virtuais – um novo modelo de gestão, no qual or-</p><p>ganizações distintas passam a operar como se fossem uma única</p><p>organização. Um bom exemplo disso são os atuais marketplaces,</p><p>que vão ganhando espaço dia a dia. São organizações em que</p><p>os clientes nem percebem que estão negociando com várias em-</p><p>presas diferentes. Para Harrison e Van Hoek (2003, p. 325), aque-</p><p>las organizações que integram uma organização virtual “devem</p><p>operar segundo um conjunto consistente de procedimentos e</p><p>padrões e ter acesso a uma fonte de dados comum sobre os di-</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 123</p><p>ferentes clientes e seus pedidos”. A lógica dessa consistência de</p><p>procedimentos e padrões decorre da necessidade de que sempre</p><p>que o cliente entrar em contato com um dos elos da organização</p><p>virtual, ele consiga reconhecer e, ao mesmo tempo, perceber a</p><p>consistência do atendimento.</p><p>• Alianças entre parceiros comerciais – Atualmente, as organi-</p><p>zações não mais competem isoladamente, mas cada vez mais</p><p>como integrantes de redes sempre mais interdependentes. As-</p><p>sim, o objetivo do estabelecimento de alianças entre os membros</p><p>das cadeias de suprimentos tem como objetivo a integração de</p><p>processos, sistemas, recursos operacionais etc. Para se implan-</p><p>tar, por exemplo, organizações virtuais, é essencial contar com</p><p>sólidas alianças entre os elos das cadeias de abastecimento.</p><p>• Design de processos – Com a virtualização das cadeias de supri-</p><p>mentos, cada vez mais processos eletrônicos surgem e precisam</p><p>ser compreendidos e melhor desenhados, para assegurar um ge-</p><p>renciamento que possibilite atingir os objetivos de todos os elos</p><p>da cadeia de abastecimento. Assim, os processos precisam ser</p><p>flexíveis, com foco no atendimento das necessidades, em cons-</p><p>tante mutação dos clientes. Essas necessidades se convertem</p><p>em exigências que impactam o nível de serviço ao cliente, pois as</p><p>organizações que desejarem conseguir liderança em serviço ao</p><p>cliente devem conhecer profundamente as exigências formula-</p><p>das pelos diferentes segmentos em que atuam e devem redese-</p><p>nhar seus processos logísticos visando atender a essas exigências</p><p>(RAZZOLINI FILHO, 2014).</p><p>A evolução que podemos perceber em nosso dia a dia exige das</p><p>organizações, inclusive de seus sistemas logísticos, permanente evolu-</p><p>ção, sendo importante também considerarmos as tendências apresen-</p><p>tadas (algumas já praticadas, mesmo que timidamente).</p><p>124 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Neste capítulo, discorremos sobre diferentes aspectos da armazena-</p><p>gem e movimentação nas operações de atacado e varejo. É no canal de</p><p>distribuição, no qual se localizam atacadistas e varejistas, que ocorrem as</p><p>principais trocas de informação entre os clientes finais (consumidores) e</p><p>aqueles que são responsáveis por tornar acessíveis os produtos e servi-</p><p>ços que satisfazem suas necessidades.</p><p>Essa importância dos atacadistas e varejistas, pela proximidade com</p><p>os clientes, é realçada com as demandas. Eles recaem sobre os sistemas</p><p>de armazenagem e movimentação e precisam responder rapidamente às</p><p>necessidades desses clientes, por isso estudamos as operações de arma-</p><p>zenagem e movimentação, caracterizadas principalmente pelo manuseio</p><p>e estocagem dos materiais. Demonstramos as principais operações que</p><p>agregam valor aos clientes, principalmente as operações que ganham no-</p><p>toriedade com o suporte de recursos de tecnologia da informação.</p><p>A aplicação desses recursos confere suporte ao gerenciamento dos</p><p>estoques e à adoção das práticas que se convencionaram denominar ar-</p><p>mazenagem virtual; na prática, isso significa substituir os estoques por in-</p><p>formações, ou seja, quando se possui mais e melhores informações sobre</p><p>os clientes, é possível antecipar sua necessidade deles e, desse modo,</p><p>minimizar os volumes de estoques nos armazéns.</p><p>Nessa perspectiva de armazenagem virtual, demonstramos a impor-</p><p>tância do suporte de recursos de tecnologia da informação, uma vez que a</p><p>estratégia de tecnologia da informação está intimamente relacionada aos</p><p>processos de negócios consistentes, que alavancam o desempenho das</p><p>cadeias de suprimentos.</p><p>Apresentamos também a importância do uso de sistemas de infor-</p><p>mação na armazenagem, relacionando alguns dos principais softwares</p><p>utilizados no dia a dia das operações logísticas. Finalizamos, então, apre-</p><p>sentando algumas das principais tendências de armazenagem e movimen-</p><p>tação, pois os sistemas logísticos integram as estratégias organizacionais</p><p>e são extremamente importantes para agregar valor aos clientes.</p><p>Armazenagem e movimentação em atacado e varejo 125</p><p>ATIVIDADES</p><p>1. Afirmamos que, nas operações de atacado, a armazenagem e a</p><p>movimentação apresentam importância ao agregarem valor para o</p><p>canal de distribuição por meio das dimensões tempo e espaço (lugar</p><p>geográfico). Explique de que forma essas dimensões agregam valor</p><p>ao canal.</p><p>2. Assista ao vídeo Solução de logística com RFID da Pontocom, publicado no</p><p>canal Prof. Júlio Loureiro, e faça uma síntese das principais vantagens</p><p>do RFID apresentadas no vídeo. Disponível em: https://www.youtube.</p><p>com/watch?v=A6_y0OtjLa4. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>3. Assista ao vídeo Logística 4.0: O que é e como não ficar para trás?,</p><p>publicado no canal Tudo sobre logística – Active Corp, e liste os</p><p>princípios da Logística 4.0, em que se vê a aplicação da Internet das</p><p>Coisas. Disponível em: https://youtu.be/SRJmgZ1RWSk. Acesso em: 23</p><p>fev. 2021. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. São Paulo: Saraiva,</p><p>2003.</p><p>BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e logística.</p><p>Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.</p><p>CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: estratégias para a</p><p>redução de custos e melhoria dos serviços. São Paulo: Pioneira, 1997.</p><p>CHRISTOPHER, M. O marketing da logística. São Paulo: Futura, 1999.</p><p>COUGHLAN, A. T. et al. Canais de marketing e distribuição. Porto Alegre: Bookman, 2002.</p><p>DORNIER, P. P. et al. Logística e operações globais: texto e casos. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>HARRISON, A.; VAN HOEK, R. Estratégia e gerenciamento de logística. São Paulo: Futura, 2003.</p><p>MOURA, R. A. Armazenagem: do recebimento à expedição. São Paulo: IMAM, 2006.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Administração mercadológica: marketing. Curitiba: UFPR/Decigi, 2008.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Logística: evolução na administração – desempenho e flexibilidade.</p><p>2. ed. Curitiba: Juruá, 2014.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Logística reversa. Curitiba: Iesde, 2020a.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Introdução à gestão da informação: a informação para organizações no</p><p>século XXI. Curitiba: Juruá, 2020b.</p><p>SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão.</p><p>Porto Alegre: Bookman, 2010.</p><p>WHEELER, S.; HIRSH, E. Los canales de distribución: como las compañías líderes crean</p><p>nuevas estrategias para servir a los clientes. Bogotá: Editorial Norma S. A., 2000.</p><p>https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=A6_y0OtjLa4</p><p>https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=A6_y0OtjLa4</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=A6_y0OtjLa4</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=A6_y0OtjLa4</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=SRJmgZ1RWSk</p><p>https://youtu.be/SRJmgZ1RWSk.</p><p>https://youtu.be/SRJmgZ1RWSk.</p><p>126 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>GABARITO</p><p>1 Os sistemas de armazenagem de movimentação</p><p>1. Para entender o que é um sistema de armazenagem, precisamos</p><p>compreender que um armazém é uma instalação física com objetivo</p><p>de guardar e manter estoques de matérias-primas, produtos em</p><p>processo ou acabados, caracterizando-se como sistema por contar com</p><p>equipamentos de armazenagem, de movimentação, recursos humanos</p><p>e processos</p><p>de gerenciamento. Assim, um sistema de armazenagem</p><p>se relaciona com o gerenciamento do espaço necessário para manter</p><p>estoques, envolvendo questões como localização, dimensionamento</p><p>da área, arranjo físico, recuperação de estoques etc.</p><p>2. Um sistema de movimentação é caracterizado por estoques</p><p>posicionados dentro dos armazéns que necessitam ser movimentados</p><p>em vários momentos, como fluxo físico de materiais, insumos,</p><p>produtos em processamento e acabados, que acontece dentro dos</p><p>sistemas de armazenagem, realizado com auxílio de equipamentos,</p><p>pessoas, processos e sistemas etc. Um sistema de movimentação é</p><p>responsável por receber, movimentar, armazenar, classificar e montar</p><p>pedidos para atender às exigências de clientes.</p><p>3. Os principais motivos para a existência dos sistemas de armazenagem</p><p>e de movimentação dentro dos sistemas logísticos podem ser assim</p><p>relacionados: (i) minimizar os custos com transporte e produção;</p><p>(ii) coordenar oferta e procura; (iii) atender às necessidades da</p><p>produção; e (iv) auxiliar o processo de marketing.</p><p>2 O processo de armazenagem</p><p>1. Quando uma organização decide adotar centros de distribuição, sejam</p><p>eles nacionais ou regionais, trata-se sempre de uma decisão tomada</p><p>no nível estratégico, pois essa decisão tem dois objetivos principais:</p><p>reduzir custos de distribuição e, ainda, elevar o nível de serviço</p><p>por meio da redução dos prazos de entrega (gerando diferenciais</p><p>competitivos). Alguns aspectos precisam ser considerados na decisão.</p><p>Por exemplo: o tipo de CD (se vai ser verticalizado ou horizontalizado),</p><p>se exigirá áreas refrigeradas, o porte do CD, quantos intermediários</p><p>vão interagir com o CD, como funcionará o canal de distribuição, como</p><p>ocorrem os custos fiscais (ICMS, ISS, PIS/Confins etc.).</p><p>Gabarito 127</p><p>2. Um armazém autoportante é uma estrutura de armazenagem que</p><p>permite maximizar o rendimento de espaço físico, pois possibilita</p><p>a combinação de estruturas de armazenagem convencionais e</p><p>automatizadas. Sua principal diferença em relação às demais estruturas</p><p>é que ele permite utilizar a própria estrutura de armazenagem como</p><p>sustentação das laterais e cobertura dos armazéns, reduzindo custos</p><p>de construção. Sim, um armazém autoportante pode armazenar</p><p>vários tipos de material, incluindo alimentos e medicamentos que</p><p>exijam refrigeração.</p><p>3. Embora seja muito forte na automação de seus armazéns, a Amazon</p><p>entende que existe uma dificuldade muito grande em transmitir</p><p>inteligência artificial para os robôs, porque o “treinamento de robôs”</p><p>exige software e hardware complexos e sofisticados que ainda não</p><p>estão disponíveis comercialmente, existindo apenas conceitualmente.</p><p>Há progressos significativos em termos de visão e controle motor dos</p><p>robôs que se aproximam dos humanos, mas em contexto de trabalho</p><p>real, em que é necessário agilidade, os robôs se mostram muito</p><p>imprecisos e desajeitados.</p><p>3 Implantando sistemas de armazenagem e</p><p>movimentação</p><p>1. Carro de transferência é um equipamento de movimentação usado</p><p>tanto para o transporte interno quanto como equipamento para</p><p>sortimento (aquela quantidade de diferentes tipos de produtos de</p><p>uma mesma categoria à disposição dos clientes no armazém) e que</p><p>possibilita um método confiável para divergência de cargas (a diferença</p><p>entre o que foi solicitado e o que foi carregado para o cliente). É um</p><p>equipamento padrão que pode ser selecionado com vários modelos</p><p>de transportadores.</p><p>2. A denominada embalagem de unitização é a embalagem terciária,</p><p>que é a unitização de embalagens para comercialização, visando</p><p>facilitar a movimentação (também pode ser denominada embalagem</p><p>unitizada / paletizada, para movimentação e transporte).</p><p>3. Embalagem secundária é um tipo de embalagem que acondiciona ou</p><p>abriga uma ou mais embalagens primárias. Por exemplo, a caixa de</p><p>papelão que protege o tubo de creme dental ou a caixa de papelão</p><p>que contém o saco plástico com os cereais matinais.</p><p>128 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>4 Equipamentos para armazenagem e</p><p>movimentação</p><p>1. Empilhadeiras são equipamentos de movimentação que permitem</p><p>movimentação de materiais (cargas) com pesos que podem</p><p>passar de 15 mil quilos, sem esforço humano. Podem funcionar à</p><p>combustão ou com baterias. Os principais tipos de empilhadeiras</p><p>podem ser agrupados em: retrátil; patolada; e contrabalançada.</p><p>As empilhadeiras retráteis são modelos compactos ideais para</p><p>trabalho em armazéns fechados, com pequenos espaços de</p><p>movimentação, e são excelentes no aproveitamento da relação</p><p>altura x corredor x versatilidade. As empilhadeiras patoladas são</p><p>menos robustas, mas apresentam a vantagem do baixo custo de</p><p>manutenção, com fácil operação e ocupam pouco espaço físico</p><p>de movimentação. O operador trabalha a pé, andando, ou, ainda,</p><p>a bordo do equipamento. Nas empilhadeiras contrabalançadas, o</p><p>operador trabalha sentado, a bordo do equipamento. São ótimos</p><p>equipamentos para uso em ambientes amplos, preferencialmente</p><p>externos (principalmente por causa da combustão). O nome</p><p>decorre do peso que se localiza na parte traseira, usado para</p><p>contrabalançar com o peso dos materiais movimentados.</p><p>2. Transelevadores são robôs que permitem o armazenamento</p><p>de materiais de maneira automatizada; eles se deslocam ao</p><p>longo dos armazéns, nas áreas de estocagem, utilizando toda a</p><p>altura do armazém, alocando os materiais e movimentando-os</p><p>na entrada e na saída. Possibilitam apanhar o material no seu</p><p>local de armazenagem e movimentá-lo até a área de picking.</p><p>Existem diversos tipos de transelevadores, variáveis conforme</p><p>características do estoque e dos materiais a serem movimentados.</p><p>Podem ser montados conforme o leiaute do armazém. Existem</p><p>dois tipos principais de transelevadores: unit load, que permite a</p><p>movimentação de materiais paletizados, mais pesados; e mini load,</p><p>que é utilizado para a movimentação de materiais embalados em</p><p>caixas, com menor peso e tamanho.</p><p>3. Os transportadores contínuos também operam em trajetos fixos,</p><p>com a diferença que podem ter um trajeto mais longo, conforme</p><p>as necessidades do processo organizacional. Usualmente, os</p><p>transportadores contínuos apresentam um leito onde fica o produto</p><p>Gabarito 129</p><p>movimentado, e se movimentam por sistemas de correntes, ou</p><p>correias contínuas, ou polias (sem fim). Podemos exemplificar</p><p>com os transportadores de roletes motorizados, que são</p><p>recomendados para movimentação de cargas unitizadas, podendo</p><p>ser de correias, roletes, com eixo de transmissão, acionado por</p><p>correntes etc.; transportadores de roletes não motorizados, que</p><p>usam forças naturais de inércia ou da gravidade para manter os</p><p>produtos em movimento, podendo ser de rodízios (mais caros) ou</p><p>de roletes (mais baratos); transportadores de correntes paralelas</p><p>por arraste, que são usados principalmente para movimentação</p><p>de paletes; e transportadores de esteira modular, que são usados</p><p>especialmente para movimentar pequenos volumes em fluxos de</p><p>alta densidade.</p><p>5 Armazenagem e movimentação em atacado e</p><p>varejo</p><p>1. O valor agregado ocorre da seguinte forma: na dimensão tempo,</p><p>ao disponibilizar os estoques mais perto dos varejistas, os</p><p>atacadistas reduzem o tempo em termos de processamento de</p><p>pedidos, separação e entrega dos pedidos, transporte mais rápido</p><p>etc.; já a dimensão espaço (o lugar geográfico) está relacionada</p><p>ao transporte juntamente com os estoques, pois ao posicionar</p><p>os estoques em pontos geográficos mais perto dos varejistas,</p><p>minimizam os custos com transportes.</p><p>2. As principais vantagens do RFID, apresentadas no vídeo, podem</p><p>ser listadas da seguinte maneira:</p><p>a) O coletor não precisa estar alinhado à etiqueta.</p><p>b) A leitura do produto pode ser realizada ao abrir a embalagem.</p><p>c) A leitura de dezenas de etiquetas simultaneamente é</p><p>possível.</p><p>d) Agilidade no processo de conferência pós-picking.</p><p>e) Quando integrado ao WMS, é feita a baixa do estoque no</p><p>momento em que os produtos passam pela barreira de</p><p>RFID, assegurando acurácia de estoque próxima aos 100%.</p><p>130 Sistemas de</p><p>armazenagem e movimentação</p><p>3. Os princípios da Logística 4.0, de acordo com o vídeo, podem ser</p><p>assim resumidos:</p><p>a) Comunicação eficiente e integração das informações pela</p><p>computação em nuvem.</p><p>b) Disponibilização das informações para quem precisa.</p><p>c) Aumento da eficiência da operação.</p><p>d) Melhoria da qualidade da operação logística.</p><p>e) Melhora no desempenho da logística.</p><p>Apêndice 1: glossário 131</p><p>APÊNDICE 1: GLOSSÁRIO</p><p>Almoxarifado: órgão da administração de materiais destinado a</p><p>depósito, guarda e controle dos diversos materiais que uma or-</p><p>ganização transporta, usa ou produz, a fim de evitar desvios e</p><p>deterioração e mantê-los de modo que possibilitem uma pronta</p><p>utilização/consumo. Local de entrada, controle e saída dos mate-</p><p>riais utilizados por uma organização.</p><p>Armazém: expressão genérica para indicar qualquer área ou es-</p><p>paço físico destinado à guarda de materiais em geral. É o local co-</p><p>berto onde os materiais e produtos são recebidos, classificados,</p><p>estocados e expedidos.</p><p>Armazém alfandegado: armazém que opera subordinando-se a</p><p>regulamentos e normas especiais sob responsabilidade da Recei-</p><p>ta Federal, possibilitando a guarda de produtos em processo de</p><p>importação antes de sua nacionalização.</p><p>Armazém refrigerado: armazém especialmente construído</p><p>para fornecer refrigeração e controle de temperatura a produtos</p><p>termossensíveis. Geralmente é utilizado para guarda e armaze-</p><p>nagem de produtos perecíveis.</p><p>Cantilever: sistema indicado para armazenar produtos com di-</p><p>mensões, volumes, formas e pesos diversos, como tubos de PVC</p><p>ou de metal, barras de ferro, madeira, móveis etc. Os equipa-</p><p>mentos de movimentação mais adequados são as empilhadeiras</p><p>laterais com patola retrátil. Caracteriza-se por possuir somente</p><p>uma coluna central, onde são fixados “braços” que, em balanço,</p><p>servem de apoio para a carga ou os planos de armazenagem.</p><p>Também chamado de estrutura de braços em balanço.</p><p>Centro de distribuição (CD): armazém com o objetivo de realizar</p><p>a gestão de estoques de mercadorias na distribuição física. Arma-</p><p>zena produtos acabados, prontos para serem encaminhados a</p><p>pontos de vendas de uma empresa ou diretamente a seus clientes</p><p>finais. Utiliza-se a expressão CD para indicar uma operação mais</p><p>complexa e com maior velocidade operacional do que a de um ar-</p><p>mazém comum, que tem como função principal a armazenagem.</p><p>Código de barras: convenção internacional para identificar os</p><p>produtos por meio de leituras magnética e ótica de caracteres</p><p>132 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>com um scanner automático. Os números internacionais de iden-</p><p>tificação têm 13 dígitos, o que permite fazer um conjunto de</p><p>combinações suficiente para criar uma identificação exclusiva</p><p>para cada produto. Os dois primeiros dígitos correspondem ao</p><p>país, os cinco seguintes à empresa que produz ou vende o pro-</p><p>duto, os outros cinco ao produto e o dígito final é o dígito verifi-</p><p>cador, usado para se certificar de que os doze anteriores foram</p><p>lidos corretamente.</p><p>Coletor: leitora ótica (scanner) de códigos de barras usada para</p><p>o reconhecimento de volumes (coleta de dados) em centros de</p><p>distribuição. Utilizado em conjunto com sistemas de radiofre-</p><p>quência e de administração de armazéns, constitui-se em uma</p><p>das principais ferramentas para operações de alta velocidade nos</p><p>centros de distribuição.</p><p>Cross docking: operação logística de rápida movimentação de</p><p>produtos acabados para expedição entre fornecedores e clien-</p><p>tes, utilizada também pelos operadores de transportes de carga</p><p>para garantir ganhos de tempo nos processos logísticos. Trata-se</p><p>de um sistema de distribuição em que os produtos recebidos em</p><p>um depósito ou centro de distribuição (CD) não são armazena-</p><p>dos, mas sim preparados para serem enviados aos pontos de</p><p>venda de destino com outro caminhão. Essa operação necessita</p><p>de grande exatidão quanto aos tempos de entrada e saída dos</p><p>produtos e permite aumentar o giro dos estoques. Pode englobar</p><p>atividades de recebimento, desconsolidação, separação, roteiri-</p><p>zação e despacho de produtos e, em alguns casos, atividades que</p><p>agregam valor físico, como etiquetagem e reembalagem.</p><p>Custo de manutenção de estoques: custo dos estoques man-</p><p>tidos em armazém. Inclui todos os custos em que a organiza-</p><p>ção incorre para manter determinados volumes de estoques:</p><p>custos de capital e custos de armazenamento (espaço físico,</p><p>equipamentos de movimentação, embalagens e recursos huma-</p><p>nos) somados aos custos de risco.</p><p>Distribuição: atividades de planejamento e execução necessá-</p><p>rias para movimentar um produto acabado até o cliente. É parte</p><p>integrante da cadeia de suprimentos, uma vez que é o caminho</p><p>percorrido por um produto a partir do armazém de produtos aca-</p><p>bados até o cliente final. Vide distribuição física.</p><p>Apêndice 1: glossário 133</p><p>Distribuição física: segmento da logística empresarial relativo ao</p><p>conjunto das operações associadas ao fluxo físico de materiais,</p><p>desde o local de sua produção até o local de consumo/utilização</p><p>final, e ao fluxo de informações relacionado. Também chamado</p><p>de outbound logistics, ou logística externa, tem o objetivo de ga-</p><p>rantir que os materiais cheguem ao destino em condições de</p><p>consumo/utilização, no tempo certo e com custos competitivos.</p><p>Inclui atividades como: tráfego, roteirização, embalagem, manu-</p><p>seio de materiais, controle de estoques, suprimento aos clientes</p><p>e previsões. É o processo de fazer com que os produtos/serviços</p><p>de uma organização cheguem ao cliente/usuário final de maneira</p><p>eficaz e lucrativa.</p><p>Distribuidor: integrante do canal de distribuição que compra</p><p>e revende produtos acabados. Pode alterar, montar conjuntos,</p><p>combinar ou adicionar valor aos produtos pela sua atuação.</p><p>Existem distribuidores gerais e distribuidores exclusivos – estes</p><p>atuam apenas com uma linha de produtos.</p><p>Drive-in: sistema de armazenagem (estrutura porta-paletes) for-</p><p>mado por um bloco contínuo de estruturas não separadas por</p><p>corredores intermediários. Nesse sistema, as empilhadeiras se</p><p>movimentam dentro da estrutura, ao longo das “ruas” que não</p><p>possuem vigas que possam dificultar o acesso das máquinas.</p><p>Drive-through: sistema de armazenagem (estrutura porta-pa-</p><p>letes), semelhante ao drive-in, em que a empilhadeira atravessa</p><p>toda a extensão das “ruas” de uma ponta a outra do sistema,</p><p>possibilitando a adoção do método FIFO.</p><p>Embalagem de contenção: invólucro ou recipiente que, efetiva-</p><p>mente, contém o produto na forma como ele é adquirido pelo</p><p>consumidor/usuário no ponto de venda. Muitas vezes, pode ser a</p><p>mesma da embalagem de apresentação.</p><p>Embalagem primária: embalagem que contém o produto, sen-</p><p>do a medida de produção e de consumo. Geralmente é a unidade</p><p>de venda no varejo. Pode ser de vidro, lata, plástico, madeira etc.</p><p>Também chamada de embalagem de contenção.</p><p>Embalar: atividade secundária da logística que visa acondicionar</p><p>produtos em embalagens ou em contêineres.</p><p>Empilhadeira: equipamento com garfos, utilizados para a movi-</p><p>mentação e empilhamento de paletes e para a movimentação de</p><p>134 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>materiais, com a função de armazená-los em alturas predeter-</p><p>minadas no projeto de armazenagem. As empilhadeiras podem</p><p>operar em corredores de 1,65 m (trilaterais), 2,3 m (operador</p><p>a pé), 2,7 m (retráteis) e normais de 3,15 m a 4,2 m, podendo</p><p>ser, em alguns casos, maiores (frontais/contrapeso). As empilha-</p><p>deiras podem ter propulsão elétrica, com combustão a diesel,</p><p>a gás liquefeito de petróleo (GLP) ou a gasolina. Como a maio-</p><p>ria das movimentações ocorre em recintos fechados, existe um</p><p>predomínio na utilização de empilhadeiras elétricas, que ofere-</p><p>cem maior diversidade de equipamentos e também atendem às</p><p>normas internacionais de segurança. Além disso, empilhadei-</p><p>ras elétricas apresentam menores custos de manutenção e de</p><p>consumo de combustível.</p><p>Endereçamento: sistema de localização de materiais dentro de</p><p>um armazém, estabelecendo locais específicos para a armaze-</p><p>nagem dos materiais e providenciando “endereços”</p><p>de recursos para satisfazer necessidades ou desejos da</p><p>sociedade, caracterizada por seus consumidores ou usuários desses</p><p>recursos transformados. Para transformar esses recursos (entendidos</p><p>como matérias-primas e insumos), é necessário:</p><p>(i) obtê-los no ambiente onde a organização atua por meio da</p><p>função suprimentos;</p><p>(ii) transformá-los no seu ambiente operacional por meio da fun-</p><p>ção produção; e</p><p>(iii) distribuí-los ao mercado por meio da função distribuição.</p><p>Assim, podemos perceber claramente a existência de três importan-</p><p>tes subsistemas logísticos envolvidos no processo de transformação de</p><p>recursos: (i) suprimentos; (ii) produção; e (iii) distribuição física. Isso</p><p>caracteriza uma cadeia de suprimentos típica que:</p><p>consiste de fornecedores e fabricantes, que convertem matérias-</p><p>-primas em produtos acabados, e de centros de distribuição e de-</p><p>pósitos, a partir dos quais esses produtos são transportados aos</p><p>clientes. O estoque pode aparecer em muitos pontos da cadeia</p><p>e de diversas formas: Estoques de matéria-prima; Estoques de</p><p>produtos em processamento (WIP – Work in Process); Estoque de</p><p>produtos acabados. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010,</p><p>p. 65, grifos nossos)</p><p>Como podemos perceber no trecho grifado, a existência de cen-</p><p>tros de distribuição e depósitos caracteriza a função armazenagem</p><p>nos sistemas logísticos. Podemos, ainda, intuir o impacto da existên-</p><p>cia das estruturas de armazenagem para suportar esses estoques</p><p>nos custos logísticos, que, segundo alguns autores, ultrapassam um</p><p>quinto de todos os custos logísticos, representando um valor acima</p><p>de um trilhão de dólares nos Estados Unidos da América (BALLOU,</p><p>2006; SIMCHI-LEVI, KAMINSKY, SIMCHI-LEVI, 2010; BOWERSOX, CLOSS,</p><p>COOPER, 2007).</p><p>Desse modo, é a necessidade da formação de estoques que leva</p><p>à existência dos sistemas de armazenagem, os quais, por sua vez,</p><p>exigirão o suporte de sistemas de movimentação para assegurar o</p><p>16 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>correto manuseio e a correta movimentação desses estoques no in-</p><p>terior dos armazéns.</p><p>Entretanto, precisamos compreender por que é importante, ou</p><p>necessária, a formação de estoques nos sistemas logísticos. A ver-</p><p>dade é que “as necessidades de estoque de uma empresa estão</p><p>diretamente ligadas à rede de instalações e ao nível desejado de</p><p>serviço ao cliente” (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007, p. 30). Este</p><p>é mensurado com base em um conjunto de atributos, formado por</p><p>disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade do ser-</p><p>viço. Tudo isso implica disponibilizar os produtos aos clientes em</p><p>algumas condições mensuráveis:</p><p>• produto entregue na hora certa, combinada com o cliente no ato</p><p>do pedido;</p><p>• produto entregue no local correto, definido pelo cliente no</p><p>pedido;</p><p>• produto em condições de uso ou consumo (com integridade</p><p>física);</p><p>• entrega realizada com o menor custo operacional possível (frete).</p><p>Se a organização consegue atender a essas condições, implícita ou</p><p>explicitamente acordadas com os clientes, podemos afirmar que ela</p><p>apresenta um nível de serviço elevado, ou que atende às expectativas</p><p>dos clientes. Nesse contexto é que se encontram os sistemas de arma-</p><p>zenagem e de movimentação, uma vez que impactam as três primeiras</p><p>condições, sobrando parte da segunda e da quarta condições para o</p><p>sistema de transportes.</p><p>A disponibilidade é assegurada pela formação de estoques, que são</p><p>guardados em sistemas de armazenagem, enquanto o desempenho</p><p>operacional é assegurado pela movimentação (que tem entre suas fi-</p><p>nalidades assegurar a integridade física dos materiais). A confiabilida-</p><p>de resulta da atuação conjunta e sinérgica dos demais elementos do</p><p>sistema logístico. Tudo isso é que vai agir sobre o que se convenciona</p><p>denominar serviço ao cliente, que pode ser entendido como:</p><p>a realização de todos os meios possíveis para satisfazê-lo ofere-</p><p>cendo facilidades e informações sem limitar a duração desses</p><p>serviços, mesmo que tais meios sejam oferecidos graciosamente,</p><p>Armazenar é guardar alguma</p><p>coisa para utilização em um</p><p>momento futuro. Um sistema de</p><p>armazenagem compreende as</p><p>estruturas de armazenamento,</p><p>equipamentos de movimentação</p><p>e manuseio, recursos tecnológi-</p><p>cos, sistemas, processos, recursos</p><p>humanos e materiais/produtos.</p><p>Movimentar implica o fluxo</p><p>físico de materiais, insumos,</p><p>produtos em processamento e</p><p>acabados, que acontece dentro</p><p>dos sistemas de armazenagem,</p><p>realizado com auxílio de equi-</p><p>pamentos, pessoas, processos,</p><p>sistemas etc.</p><p>Importante</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 17</p><p>sem custo adicional para o cliente, pois o importante é o estabe-</p><p>lecimento de relações duradouras com os clientes. (RAZZOLINI</p><p>FILHO, 2014, p. 90)</p><p>Como podemos perceber, o serviço ao cliente é fortemente impactado</p><p>pelos sistemas de armazenagem e de movimentação. É importante,</p><p>ainda, esclarecer que qualquer sistema logístico precisa ter como</p><p>finalidade principal a satisfação de seus clientes, devendo ser a missão</p><p>do gerenciamento logístico. Assim, o nível de serviço logístico pode</p><p>ser conceituado como “a qualidade com que o fluxo de bens e serviços</p><p>é gerenciado. É o resultado líquido de todos os esforços logísticos da</p><p>firma. É o desempenho oferecido pelos fornecedores aos seus clientes</p><p>no atendimento dos pedidos” (BALLOU, 2011, p. 73). Logicamente,</p><p>oferecer um bom desempenho em serviços significa manter seus clientes</p><p>abastecidos de produtos, e isso implica ter estoques.</p><p>Segundo Christopher (1999, p. 10-11), “o serviço ao cliente é o novo</p><p>campo de batalha da competição” e, portanto, quem oferecer melhores</p><p>níveis de serviços, relacionados com a garantia e rapidez de entrega,</p><p>é quem vencerá as batalhas da competição por mercados e clientes,</p><p>uma vez que “clientes de todos os mercados buscam tempos de espera</p><p>cada vez menores. A disponibilidade do produto superará a fidelidade</p><p>à marca ou ao fornecedor”. Trata-se, assim, de um paradoxo, uma vez</p><p>que os gestores logísticos devem sempre buscar reduzir os estoques</p><p>ao longo da cadeia, enquanto os clientes desejam cada vez mais entre-</p><p>gas rápidas e completas de seus pedidos. Vemos, mais frequentemen-</p><p>te, uma concorrência baseada na compressão dos níveis de estoques</p><p>dentro da cadeia logística e disponibilização mais rápida de produtos</p><p>acabados aos clientes.</p><p>Para Ballou (2011), as empresas devem manter estoques para aten-</p><p>der a uma série de objetivos:</p><p>• Melhorar o nível de serviço.</p><p>• Incentivar economias na produção.</p><p>• Permitir economias de escala nas compras e no transporte.</p><p>• Agir como proteção contra aumentos de preços.</p><p>• Proteger a empresa das incertezas da demanda e do tempo de</p><p>ressuprimento.</p><p>• Garantir segurança contra contingências.</p><p>18 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Para Kotler e Keller (2006), uma das fórmulas de as empresas</p><p>vitoriosas conquistarem mercados é “vencer pelo melhor atendi-</p><p>mento”, ou seja, conquistar mercados por meio do serviço ao clien-</p><p>te. Entendendo que o papel do marketing é conquistar clientes e o</p><p>da logística é mantê-los, fica fácil compreender o porquê de o nível</p><p>de serviço prestado ao cliente ser tão importante para encabeçar a</p><p>lista de objetivos elaborada por Ballou.</p><p>Com as novas ferramentas colocadas à disposição da engenha-</p><p>ria de produção, permitindo maior flexibilidade e rapidez nos pro-</p><p>cessos produtivos, existe a possibilidade de se acelerar o processo</p><p>de reposição de estoques nos clientes. Comentando sobre o exem-</p><p>plo do relacionamento da Levi Strauss com seu fornecedor de brim,</p><p>Milliken, Kotler e Keller (2006, p. 185) concluem que “a meta é ‘flu-</p><p>xo’, não ‘estoque’, para manter reduzidos os custos de manutenção</p><p>de estoques”.</p><p>Uma forma significativa de se melhorar o nível de serviço logís-</p><p>tico é por meio da redução dos prazos de entregas, que compreen-</p><p>dem pelo menos três fatores importantes: (i) a localização física;</p><p>(ii) o fluxo do pedido por meio do canal logístico; e (iii) a política de</p><p>entregas da empresa. Assim, a definição de um alto nível de serviço</p><p>no</p><p>para cada</p><p>material, com o intuito de facilitar as operações de manuseio,</p><p>movimentação, inventários etc.</p><p>Endereço: utilização de letras e/ou números visando identificar a</p><p>localização física de materiais em um armazém. Também usado</p><p>nos processos automatizados de arquivamento para indicar a lo-</p><p>calização de algo na memória de um computador, com a utiliza-</p><p>ção de uma legenda de nome ou número.</p><p>Equipamentos de armazenagem: todos os equipamentos uti-</p><p>lizados em armazéns: prateleiras, empilhadeiras, porta-paletes</p><p>(drive-in e drive through), sistemas para armazenagem dinâmica</p><p>(flow rack) etc.</p><p>Estocar: função logística responsável pela guarda de produtos,</p><p>sendo uma das atividades da armazenagem. Geralmente esse</p><p>termo é utilizado para produtos acabados.</p><p>Estocagem: do inglês storage, uma das atividades da armazena-</p><p>gem. Trata-se de uma das atividades do fluxo de materiais em</p><p>um armazém e do local físico destinado à locação estática dos</p><p>materiais/produtos. Dentro de um armazém podem existir vários</p><p>locais de estocagem (endereços).</p><p>Estoque: área funcional responsável pela guarda e conservação</p><p>dos itens que dão suporte à produção (matérias-primas, insumos</p><p>e materiais em processo), pelas atividades de apoio (suprimentos</p><p>Apêndice 1: glossário 135</p><p>de manutenção, reparo e operações – MRO), e pelo atendimento</p><p>ao cliente (produtos acabados e sobressalentes).</p><p>Estoque cíclico: estoque formado para garantir o período de du-</p><p>ração do ciclo operacional da empresa ou, ainda, a parte do es-</p><p>toque necessária para atender à demanda normal de produção,</p><p>excetuando-se os estoques excedentes e o estoque de segurança.</p><p>Estoque de produtos acabados: parte do estoque formada ape-</p><p>nas por produtos que estão disponíveis para embarque imediato</p><p>aos clientes.</p><p>Estoque médio: quantidade estabelecida previamente</p><p>que considera a metade do lote normal (ou cíclico) mais o</p><p>estoque de segurança.</p><p>Estrados: do inglês skids, são peças utilizadas sob estruturas,</p><p>caixas ou embalagens para mantê-las elevadas do solo e per-</p><p>mitir fácil acesso para empilhadeiras ou outros equipamentos</p><p>de movimentação.</p><p>Flow rack: estrutura de armazenagem utilizada em áreas de se-</p><p>paração de materiais (picking), sendo indicada para pequenos vo-</p><p>lumes de alto giro e para sistemas que utilizam o processo FIFO.</p><p>São estantes de tamanhos variados (altura, largura, comprimento</p><p>e profundidade), em que a base de cada nível é levemente in-</p><p>clinada para a parte frontal e é formada por trilhos de roldanas</p><p>que facilitam o deslizar das caixas (ou contenedores) por ação de</p><p>gravidade, sua reposição e o ato de apanhar os materiais.</p><p>Giro de estoque: importante indicador contábil que demonstra</p><p>o número de vezes em que o estoque “girou” em determinado</p><p>período. É obtido pela fórmula: CMV (ou CPV) dividido pelo esto-</p><p>que médio do período. Alternativamente, utiliza-se a demanda</p><p>anual dividida pelo estoque médio mensal. Também chamado de</p><p>quociente de rotação do estoque.</p><p>Inventário: estoques ou itens que servem para dar suporte à</p><p>produção (matéria-prima, insumos e materiais em processo), às</p><p>atividades de apoio (itens MRO – suprimentos de manutenção,</p><p>reparo e operação) e ao atendimento ao cliente (produtos acaba-</p><p>dos e sobressalentes).</p><p>Inventário físico: contagem física e efetiva de todos os itens lo-</p><p>calizados dentro de um armazém.</p><p>LIFO: do inglês Last In First Out. Vide UEPS.</p><p>136 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Logística de distribuição: do inglês distribution logistics ou</p><p>outbound logistics; compreende a administração dos centros de</p><p>distribuição (CD), a localização de unidades de movimentação</p><p>nos seus endereços, o abastecimento da área de picking, o con-</p><p>trole da expedição, o transporte de cargas entre diferentes uni-</p><p>dades produtivas e centros de distribuição e a coordenação dos</p><p>roteiros de transportes urbanos (roteirização).</p><p>Manuseio de materiais: movimentação de materiais ou produ-</p><p>tos em todo o processo logístico.</p><p>Movimentação: uma das atividades secundárias da logística,</p><p>responsável pelo deslocamento interno de produtos em geral</p><p>(acabados, matérias-primas, insumos, componentes etc.) nos</p><p>sistemas de armazenagem.</p><p>MRO: abreviatura para Manutenção, Reparo e Operações. Refe-</p><p>re-se a itens com essas finalidades de uso e que demandam ar-</p><p>mazenagem e gerenciamento de estoques.</p><p>Padronização: prática que visa estabelecer e adotar padrões</p><p>de veículos, equipamentos e unitizadores necessários para sim-</p><p>plificar, racionalizar e eliminar desperdícios nas instalações do</p><p>sistema logístico.</p><p>Paleteiras: equipamentos com garfos utilizados para movimen-</p><p>tação de paletes no próprio piso do armazém.</p><p>Palete: unidade semelhante a um estrado, em geral de madeira,</p><p>utilizado para unitização de cargas com peso de até 2.000 kg. Tal</p><p>“estrado” pode ser formado por dois planos separados por vigas</p><p>ou por uma base única sustentada por pés, cuja altura é reduzida</p><p>ao mínimo compatível com seu manuseio por empilhadeiras, pa-</p><p>leteiras ou outros sistemas de movimentação de cargas. Também</p><p>pode ser definido como uma plataforma disposta horizontal-</p><p>mente para o carregamento, constituída de vigas ou blocos que</p><p>permitem o arranjo e o agrupamento (unitização) de materiais,</p><p>possibilitando manuseio, estocagem, movimentação e transporte</p><p>como uma carga única.</p><p>Pé-direito: altura de um pavimento de imóvel (galpão, armazém,</p><p>edifício, casa).</p><p>Pick and pack: processo de separação, etiquetagem ou rotula-</p><p>gem, embalamento e outras providências relacionadas ao despa-</p><p>cho, como forma de evitar fraudes, sobretudo em operações de</p><p>e-commerce. Também chamado de picking and packing.</p><p>Apêndice 1: glossário 137</p><p>Picking list: lista de separação. O atendimento de pedidos dos</p><p>clientes, em um armazém, é feito por separação do conjunto de</p><p>produtos contidos no pedido, podendo ser: separação de caixas</p><p>ou paletes fechados, por separação direta ao longo do armazém;</p><p>e separação de unidades de produtos, por separação direta ou</p><p>em linha de produção.</p><p>Pick order: ordem de separação que ordena a retirada de certas</p><p>quantidades de produtos do estoque, nos armazéns, para expe-</p><p>dição a clientes e/ou para o processo produtivo.</p><p>Pool: um pool é uma associação entre empresas para criação de</p><p>um fundo comum para nivelar benefícios entre os participantes.</p><p>Benefícios esses que são distribuídos entre todos os participan-</p><p>tes da associação (ou do fundo comum). No caso do ECRate, tra-</p><p>ta-se de um fundo comum para financiar embalagens padrão</p><p>que circulam entre os membros do pool, tendo seus custos (e</p><p>consequente resultados do investimento) divididos entre todos</p><p>os participantes.</p><p>Push back: equipamentos utilizados para armazenagem, em ar-</p><p>mazéns e centros de distribuição, de paletes com roletes e in-</p><p>clinados para frente, nos quais podem ser armazenados dois a</p><p>três paletes na profundidade. Os paletes são empurrados pela</p><p>frente até que as três posições estejam cheias. Quando se retira</p><p>o primeiro palete, os demais correm para a frente por gravidade.</p><p>Postponement: prática estratégica de logística e de produção que</p><p>trata do retardamento ou adiamento da finalização de produtos</p><p>ou processos, até o recebimento de fato de pedidos customiza-</p><p>dos. Geralmente essa prática é executada nos sistemas de arma-</p><p>zenagem, o mais próximo possível dos clientes finais.</p><p>Prateleira: estrutura de armazenagem de um ou mais níveis,</p><p>utilizada para suportar empilhamentos de mercadorias ou</p><p>cargas paletizadas.</p><p>Racks: equipamentos de armazenagem derivados dos paletes e</p><p>que apresentam diferentes configurações. Na maioria dos casos</p><p>são estruturas metálicas com base para acesso dos garfos das</p><p>empilhadeiras, barras perpendiculares à base, em cada um dos</p><p>cantos, e travessas unindo as barras. Outros modelos contam</p><p>com telas aramadas unindo as barras. São bastante utilizados</p><p>por permitirem o aproveitamento da altura disponível, uma vez</p><p>que podem ser empilhados uns sobre os outros. Também são</p><p>chamados, em alguns casos, de contenedores.</p><p>138 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Radiofrequência: sistema</p><p>utilizado para a comunicação em tem-</p><p>po real, via rádio, entre o sistema de administração de armazéns</p><p>e os coletores (scanners) em um armazém.</p><p>Rastreabilidade: registro e rastreamento (acompanhamento) de</p><p>materiais, peças e processos utilizados nos ambientes produtivos</p><p>mediante números de série e/ou lotes, visando garantir a rápida</p><p>localização de um material/produto em qualquer ponto da cadeia</p><p>de valor. Em alguns casos, a rastreabilidade é uma exigência le-</p><p>gal, como ocorre com os medicamentos, por exemplo.</p><p>Scanner: dispositivo que permite a cópia de uma imagem (texto</p><p>ou imagem gráfica) que está em folha de papel e a converte em</p><p>imagem digital. Vide coletor.</p><p>Sistema de distribuição: conjunto de processos que realiza o</p><p>transporte de mercadorias dentro e entre plantas, armazéns e</p><p>outras instalações.</p><p>Separação de pedidos: vide picking.</p><p>Serviço ao cliente: realização de todos os meios possíveis para</p><p>satisfazer necessidades/desejos dos clientes, oferecendo-lhes fa-</p><p>cilidades e informações sem limitar a duração dos serviços, mes-</p><p>mo que sejam oferecidos sem custo adicional para o consumidor,</p><p>buscando estabelecer relações duradouras. É o parâmetro do de-</p><p>sempenho do sistema logístico em criar utilidade de tempo e lu-</p><p>gar para o produto/serviço, incluindo o suporte pós-venda. Inclui</p><p>elementos pré-transacionais, transacionais e pós-transacionais.</p><p>Pode ser entendido como todas as atividades envolvidas no aceite,</p><p>no processamento, no faturamento e na entrega dos pedidos aos</p><p>clientes e nas condições, nas quantidades e nos prazos acordados,</p><p>de modo percebido como satisfatório pelo cliente, atingindo os ob-</p><p>jetivos da empresa. Deve agregar valor aos produtos/serviços.</p><p>Shelf life: prazo de validade de um produto, também chamado</p><p>de vida de prateleira; é o tempo que um determinado item pode</p><p>ser mantido em estoque antes de se tornar inadequado ao uso.</p><p>Silo: depósito impermeável para armazenamento de granéis com</p><p>aparelhamento para carga por cima e descarga por baixo.</p><p>Slip sheets: placa ou chapa deslizante, geralmente rígida, lamina-</p><p>da, feita com folhas de papelão impregnadas com resinas para</p><p>endurecimento ou plástica. São fabricadas por coextrusão de</p><p>composto de polímeros, que permite acabamento diferenciado</p><p>Apêndice 1: glossário 139</p><p>para cada lado. Apresentam alta resistência e dimensões preci-</p><p>sas – podendo ser coloridas, conforme demanda de clientes – e</p><p>resistência compatível com empilhamento de cargas. Foram de-</p><p>senvolvidas para substituir os paletes tradicionais de madeira.</p><p>Transelevador: sistema de movimentação e armazenamento de</p><p>materiais, realizando a movimentação e armazenagem de modo</p><p>automatizado das cargas e produtos unitizados. É controlado</p><p>(guiado) por meio de software integrado aos sistemas de geren-</p><p>ciamento dos armazéns (WMS). Desloca-se no sentido horizontal</p><p>e vertical, fazendo uso de todo o pé-direito do espaço físico do</p><p>armazém, o que otimiza a utilização do espaço físico. Geralmente</p><p>são construídos sob encomenda, o que permite fácil adaptação</p><p>às necessidades de cada sistema de armazenagem quanto à ca-</p><p>pacidade de carga, às dimensões, aos tempos de ciclo etc., aten-</p><p>dendo a um vasto leque de aplicações. Por serem automatizados,</p><p>permitem a execução de operações de entrada e saída do arma-</p><p>zém, reduzindo o tempo de operação e ampliando a eficiência e a</p><p>produtividade. Além disso, possibilitam o uso de endereçamento</p><p>aleatório (randômico).</p><p>Unitização: ato de unir vários volumes pequenos em um reci-</p><p>piente (embalagem) maior, com o intuito de facilitar a sua movi-</p><p>mentação. Trata-se da conversão de diversas unidades de carga</p><p>fracionada em uma única unidade (consolidação), para fins de</p><p>movimentação e armazenagem. Ver paletização.</p><p>Unitização de cargas: do inglês unit load, trata-se da carga</p><p>constituída de materiais (embalados ou não) arranjados e acon-</p><p>dicionados, de modo a possibilitar a movimentação e arma-</p><p>zenagem, por meios mecanizados, como uma única unidade</p><p>(UNIMOV). Constitui uma das bases para um sistema integrado de</p><p>acondicionamento, movimentação, armazenagem e transporte</p><p>de materiais. Ver unitização e paletização.</p><p>Zoneamento: separação lógica de armazenagem para agrupa-</p><p>mento de itens baseado em: família de produtos; tamanho; peso;</p><p>velocidade; área de estocagem; ou outro critério. Também pode</p><p>ser definido local de “apanha” para fracionamento ou separação</p><p>por palete dentro de localizações na estrutura de armazena-</p><p>gem. Geralmente, esses locais são a posição chão das estruturas,</p><p>respeitando-se critério de peso, tamanho, velocidade etc.</p><p>sistemas de armazenamento e movimentação</p><p>edelvino razzolini filho</p><p>Código Logístico</p><p>59815</p><p>Fundação Biblioteca Nacional</p><p>ISBN 978-65-5821-009-2</p><p>9 7 8 6 5 5 8 2 1 0 0 9 2</p><p>Página em branco</p><p>Página em branco</p><p>que diz respeito à rapidez de entrega pode se tornar um impor-</p><p>tante diferencial competitivo por parte das empresas.</p><p>Novamente, surge um paradoxo: como oferecer prazos meno-</p><p>res de entrega operando com estoques reduzidos? Não seria um</p><p>risco significativo manter baixos níveis de estoques e se compro-</p><p>meter com prazos de entrega mais apertados? Em essência, trata-</p><p>-se de implementar efetivamente o conceito de logística. Para que</p><p>isso aconteça, dentro desse contexto, identificam-se atividades pri-</p><p>márias e as secundárias (ou de apoio) da logística, conforme perce-</p><p>bemos na Figura 1.</p><p>Os dois objetivos essenciais</p><p>dos sistemas de armazenagem</p><p>têm relação com a criação</p><p>de utilidades. A utilidade de</p><p>tempo, disponibilizando os</p><p>bens no momento que são</p><p>necessários; e a utilidade de</p><p>lugar, disponibilizando os bens</p><p>no lugar onde são necessários.</p><p>Outro objetivo relevante é criar</p><p>a utilidade de uso por meio de</p><p>movimentação cuidadosa que</p><p>assegure a integridade física</p><p>dos bens.</p><p>Importante</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 19</p><p>Figura 1</p><p>Relações entre as atividades primárias e de apoio</p><p>manuseio de</p><p>materiais</p><p>embalagem</p><p>de proteção</p><p>transportes</p><p>Nível de</p><p>Serviço</p><p>obtenção</p><p>armazenagemmanutenção de</p><p>informações</p><p>m</p><p>an</p><p>ut</p><p>en</p><p>çã</p><p>o</p><p>de</p><p>es</p><p>to</p><p>qu</p><p>es</p><p>processam</p><p>ento de</p><p>pedidos</p><p>pr</p><p>og</p><p>ra</p><p>m</p><p>aç</p><p>ão</p><p>do</p><p>p</p><p>ro</p><p>du</p><p>to</p><p>Fonte: Ballou, 2011, p. 26.</p><p>Como percebemos, o nível de serviço é alcançado por um conjunto</p><p>de atividades desenvolvidas pelo sistema logístico, que se divide em</p><p>atividades primárias e secundárias.</p><p>Conforme Ballou (2011), as atividades primárias são aquelas que</p><p>contribuem com a maior parte do custo total de logística ou que são</p><p>essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa logística. São</p><p>atividades de transportes, manutenção de estoques e processamento</p><p>de pedidos.</p><p>• Transportes: atividade logística mais importante para a maio-</p><p>ria das empresas porque absorve, em média, 2/3 dos custos lo-</p><p>gísticos. Nenhuma empresa moderna pode operar sem realizar</p><p>a movimentação de suas matérias-primas ou de seus produtos</p><p>acabados de alguma forma, portanto é uma atividade essencial.</p><p>Refere-se aos vários métodos para se movimentar o produto, sen-</p><p>do que a administração da atividade de transporte geralmente en-</p><p>volve decidir o método de transporte, os roteiros e a utilização da</p><p>capacidade dos veículos.</p><p>20 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>• Manutenção de estoques (armazenagem): normalmente não</p><p>é possível providenciar produção ou entrega instantânea aos</p><p>clientes. Para atingir um grau razoável de disponibilidade de</p><p>produto, é necessário manter estoques que agem como “amor-</p><p>tecedores” entre a oferta e a demanda. O custo de manutenção</p><p>de estoques altos gira em torno de 25 a 30% do valor do produ-</p><p>to por ano, o que requer uma administração cuidadosa. Admi-</p><p>nistrar estoques envolve manter seus níveis tão baixos quanto</p><p>possível, ao mesmo tempo em que se provê a disponibilidade</p><p>desejada pelo cliente.</p><p>• Processamento do pedido: seus custos tendem a ser pequenos</p><p>se comparados aos custos de transportes e manutenção de esto-</p><p>ques. Sua importância está no fato de ser um elemento crítico em</p><p>termos de tempo necessário para disponibilizar bens e serviços</p><p>aos clientes. É a atividade que inicia a movimentação dos produ-</p><p>tos e a entrega dos serviços.</p><p>Podemos notar a importância dessas três atividades naquilo que</p><p>pode ser chamado de ciclo crítico de atividades. Ainda segundo Ballou</p><p>(2011), as atividades de apoio são aquelas que dão suporte às</p><p>atividades primárias. São elas: armazenagem, manuseio de materiais,</p><p>embalagem de proteção, obtenção, programação de produtos e</p><p>manutenção da informação.</p><p>• Armazenagem: refere-se à administração do espaço necessário</p><p>para manter os estoques. Envolve problemas como localização,</p><p>dimensionamento da área, arranjo físico, recuperação de esto-</p><p>ques etc.</p><p>• Manuseio de materiais: diz respeito à movimentação do pro-</p><p>duto no local de estocagem; por exemplo, a transferência de</p><p>mercadorias do ponto de recebimento no depósito até o local de</p><p>armazenagem e deste até o ponto de despacho.</p><p>• Embalagem de proteção: um dos objetivos da logística é movi-</p><p>mentar bens sem gerar avarias além do economicamente viável.</p><p>Um bom projeto de embalagem do produto auxilia a movimenta-</p><p>ção sem quebras.</p><p>• Obtenção: é a atividade que deixa o produto disponível para</p><p>o sistema logístico.</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 21</p><p>• Programação de produtos: enquanto a obtenção trata do supri-</p><p>mento (fluxo de entrada), a programação de produtos lida com a</p><p>distribuição (fluxo de saída).</p><p>• Manutenção da informação: as informações de custo e desem-</p><p>penho são necessárias para uma eficiente função logística. Elas</p><p>são essenciais para um correto planejamento e controle logísticos,</p><p>auxiliando a administração eficiente e efetiva das atividades primá-</p><p>rias e de apoio.</p><p>As atividades de apoio são interligadas às primárias e ao nível de</p><p>serviço visado (BALLOU, 2011). Após vermos a importância da arma-</p><p>zenagem para o nível de serviço ao cliente, podemos agora discorrer</p><p>sobre esses sistemas de armazenagem na distribuição física.</p><p>1.3 A armazenagem na logística</p><p>de distribuição Vídeo</p><p>Para definir a essência da logística, podemos afirmar que é</p><p>a adequada gestão dos fluxos de materiais (e os serviços a eles</p><p>associados), de recursos financeiros e de informações, desde</p><p>os fornecedores primários até os clientes finais. Portanto, essa</p><p>visão inclui a questão estocástica dos fluxos logísticos para</p><p>o atendimento aos clientes finais, pois os estoques exigem</p><p>espaço físico (armazéns) e equipamentos (movimentação), e</p><p>é exatamente sobre esse aspecto que discorreremos adiante.</p><p>As preocupações organizacionais relacionadas a estoques</p><p>são atuais e relevantes ao processo decisório, uma vez que</p><p>estes representam investimentos de recursos financeiros em</p><p>ativos operacionais (como sistemas de armazenagem e de</p><p>movimentação) e, por isso, devem competir com outros ativos</p><p>por tais recursos – normalmente escassos ou limitados.</p><p>A relevância dos estoques reside no fato de que seu correto</p><p>gerenciamento interfere, positiva ou negativamente, nos resul-</p><p>tados financeiros obtidos pela organização durante seu exer-</p><p>cício financeiro. Quando uma empresa consegue fazer seus</p><p>estoques girarem várias vezes durante um determinado perío-</p><p>do (normalmente um ano), consideramos que ela está com um</p><p>quociente de rotação de estoques 1 elevado e que, portanto,</p><p>Glossário</p><p>estocástica: uso estatístico</p><p>do cálculo de probabilidade.</p><p>Na logística é a associação</p><p>da questão dos estoques sob</p><p>a perspectiva probabilística,</p><p>permitindo prever determinadas</p><p>situações decorrentes da falta ou</p><p>do excesso de estoques.</p><p>1</p><p>Custo de vendas/estoque</p><p>médio. Quanto maior o</p><p>quociente, maior o número de</p><p>“giros” de estoque durante o</p><p>período analisado.</p><p>22 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>está conseguindo suportar seus esforços de vendas com baixos inves-</p><p>timentos em estoques. Porém, a maximização da rotação de estoques</p><p>não é obrigatoriamente o mesmo que maximizar o retorno sobre o in-</p><p>vestimento. Além disso, os estoques são componentes vitais para um</p><p>adequado gerenciamento logístico, permitindo às organizações um</p><p>melhor ou pior nível de serviço conforme o grau de eficiência de seu</p><p>gerenciamento.</p><p>Os estoques devem ser visualizados pela logística diferentemente</p><p>da visão dos executivos financeiros. A gestão logística deve focalizar</p><p>esforços de planejamento e controle sobre itens individuais, situados</p><p>em determinados pontos de armazenagem ao longo da cadeia logísti-</p><p>ca. Os investimentos em estoques e seus quocientes de rotação serão</p><p>menores ou maiores, dependendo da qualidade de inúmeras decisões</p><p>específicas em relação a centenas de pontos de armazenagem por toda</p><p>a cadeia logística. Assim, o ideal seria calcular o “giro” para cada tipo de</p><p>estoque existente dentro da cadeia e não apenas dos estoques de pro-</p><p>dutos acabados. Contudo, a armazenagem de produtos acabados</p><p>tem</p><p>maior relevância no que diz respeito à logística de distribuição, sendo</p><p>essencial seu adequado gerenciamento para ampliar o nível de serviço</p><p>aos clientes.</p><p>Figura 2</p><p>Pontos de armazenagem no sistema logístico</p><p>Armazém ArmazémFornecedor VarejoIndústria</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>Armazenar em pontos estratégicos do sistema logístico de distribui-</p><p>ção significa melhorar o nível de serviço aos clientes, uma vez que, em</p><p>última análise, o nível de serviço é o que interessa ao consumidor. Mas</p><p>o que devemos entender efetivamente como nível de serviço? De que</p><p>forma podemos mensurar o nível de serviço oferecido aos clientes?</p><p>Para responder a essas duas perguntas precisamos monitorar cons-</p><p>tantemente o desempenho dos principais processos logísticos relacio-</p><p>nados com as entregas. Assim, vamos imaginar um exemplo hipotético</p><p>de uma empresa que apresenta os indicadores de desempenho rela-</p><p>cionados na tabela a seguir.</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 23</p><p>Tabela 1</p><p>Indicadores de desempenho de uma empresa distribuidora</p><p>Indicadores de desempenho (*) % de desempenho</p><p>Confiabilidade de entrega (1) 97%</p><p>Pedidos entregues completos (2) 96%</p><p>Produtos entregues sem avarias (3) 98%</p><p>Qualidade da documentação (4) 98%</p><p>Custo de prestação do serviço < Média do mercado (5) 97%</p><p>Suporte técnico (6) 99%</p><p>(*) Fórmulas para cálculo dos indicadores de desempenho:</p><p>(1) Número de entregas pontuais / Total de pedidos recebidos X 100</p><p>(2) Total de entregas completas / Total de pedidos recebidos X 100</p><p>(3) Total de avarias nas entregas / Total de entregas realizadas X 100</p><p>(4) Total de faturas sem erros / Total de faturas emitidas X 100</p><p>(5) Total de entregas realizadas com custo menor que o custo médio do mercado / Total de entregas realizadas X 100</p><p>(6) Total de reclamações solucionadas / Total de reclamações recebidas X 100</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>Os indicadores relacionados na Tabela 1 e os respectivos percen-</p><p>tuais de desempenho verificados são meramente ilustrativos, e cada</p><p>empresa pode construir seus próprios indicadores de desempenho</p><p>para indicar o nível de serviço que oferece aos clientes. Porém, po-</p><p>demos extrair da tabela que o nível de serviço oferecido pela orga-</p><p>nização aos seus clientes é um indicador que permite observar o</p><p>impacto da disponibilidade dos estoques que o sistema de armaze-</p><p>nagem oferece, pois apenas as reclamações podem não apresentar</p><p>relação com os sistemas de armazenagem e de movimentação.</p><p>Analisando os indicadores isoladamente poderíamos afirmar que</p><p>a empresa apresenta indicadores excelentes, de nível mundial. Entre-</p><p>tanto, ao aplicarmos a fórmula para cálculo do nível de serviço, vemos</p><p>que os resultados não são tão animadores assim, uma vez que o nível</p><p>de serviço é o resultado da interação de todos os indicadores e não de</p><p>cada um isoladamente. Vejamos:</p><p>Índice de nível de serviço:</p><p>97% X 96% X 98% X 98% X 97% X 99% = 85,88</p><p>O resultado obtido indica que, de cada 100 pedidos recebidos no</p><p>sistema logístico, 14 apresentaram problemas (86% dos pedidos foram</p><p>atendidos sem problemas). Assim, podemos entender que 14% dos</p><p>clientes ficaram insatisfeitos, representando um volume elevado de</p><p>clientes que podem deixar de consumir na empresa.</p><p>24 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>Segundo Christopher (1999, p. 99), “o valor para o cliente tornou-</p><p>-se o principal diferencial em muitos mercados e a contribuição que a</p><p>logística pode oferecer para aumentar essa diferenciação está sendo</p><p>amplamente reconhecida pelas grandes empresas”.</p><p>Portanto, podemos assimilar o fato de que a armazenagem nos</p><p>canais de distribuição é fundamental para garantir que os clientes</p><p>possam ser atendidos mais rapidamente e, desse modo, o nível de</p><p>serviço seja mais elevado. Segundo Novaes (2001, p. 111-112, grifos</p><p>nossos), os objetivos e as funções dos canais de distribuição, embora</p><p>possam ser diferentes de organização para organização, geralmente</p><p>costumam ser relacionados desta forma:</p><p>1. Garantir rápida disponibilidade dos produtos nos segmentos do</p><p>mercado identificados como prioritários;</p><p>2. Intensificar ao máximo o potencial de vendas dos produtos;</p><p>3. Buscar a cooperação entre os membros da cadeia de suprimen-</p><p>tos no que se refere aos fatores relevantes relacionados com a</p><p>distribuição;</p><p>4. Garantir um nível de serviço preestabelecido pelos parceiros da</p><p>cadeia de suprimento;</p><p>5. Garantir um fluxo de informações rápido e preciso entre os ele-</p><p>mentos participantes; e,</p><p>6. Buscar, de forma integrada e permanente, a redução de custos.</p><p>Assim, pelos grifos realizados nos objetivos, é possível perceber que</p><p>a armazenagem na logística de distribuição exerce impacto significativo</p><p>nos sistemas logísticos como um todo, ao assegurar a disponibilidade</p><p>dos produtos no momento em que são necessários, por intensificar as</p><p>vendas dos produtos, ao garantir o nível de serviço preestabelecido e,</p><p>ainda, por permitir reduções de custos logísticos.</p><p>É preciso ainda compreender que:</p><p>quando são necessárias instalações de distribuição em um siste-</p><p>ma logístico, uma empresa pode escolher entre contratar os ser-</p><p>viços de um especialista em armazenamento ou operar a própria</p><p>instalação. A decisão é mais abrangente do que simplesmente</p><p>selecionar uma instalação para armazenar o estoque, já que mui-</p><p>tas atividades que agregam valor podem ser realizadas durante</p><p>o tempo em que os produtos estão armazenados. (BOWERSOX;</p><p>CLOSS; COOPER, 2007, p. 32)</p><p>Como vimos, a armazenagem na distribuição tem esse potencial</p><p>de agregação de valor aos produtos e, por isso, deve ser muito bem</p><p>A armazenagem na logística</p><p>de distribuição é fundamental</p><p>porque aumenta o nível de</p><p>serviço logístico oferecido aos</p><p>clientes das organizações, entre</p><p>outros objetivos, agregando</p><p>valor aos produtos.</p><p>Importante</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 25</p><p>pensada e executada para que os objetivos dos sistemas logísticos</p><p>sejam atingidos.</p><p>As formas como as empresas têm estruturado seus sistemas de ar-</p><p>mazenagem na distribuição vêm se alterando de maneira significati-</p><p>va, sobretudo nas primeiras décadas do século XXI, em decorrência do</p><p>aumento das práticas de comércio eletrônico, de melhores fluxos de</p><p>informações, demanda mais diversificada (por mudanças no compor-</p><p>tamento dos clientes), uso massivo e crescente da tecnologia da infor-</p><p>mação e, ainda, uma distribuição física mais ágil e confiável.</p><p>Para melhor funcionamento dos sistemas de armazenagem, são</p><p>fundamentais os sistemas de movimentação empregados dentro</p><p>das estruturas físicas onde funcionam os armazéns, conforme vere-</p><p>mos na próxima seção.</p><p>1.4 A movimentação nos sistemas</p><p>de armazenagem Vídeo</p><p>Desde os estudos pioneiros de Frederick Taylor, do casal Frank e</p><p>Lillian Gilbreth, de Henry Ford e outros estudiosos dos fenômenos</p><p>organizacionais, a movimentação, tanto nos processos produtivos</p><p>quanto nos sistemas de armazenagem, foi analisada sempre sob a</p><p>perspectiva do manuseio (que implica movimentos mais curtos e em</p><p>espaços físicos menores). Contudo, o grande impulso, em termos</p><p>de movimentação de materiais, ocorreu durante a Segunda Guerra</p><p>Mundial, sobretudo nos Estados Unidos da América. Ele decorreu em</p><p>razão da carência de mão de obra masculina nas fábricas, o que obrigou</p><p>o uso de equipamentos de movimentação que minimizassem o esforço</p><p>físico das trabalhadoras que ingressaram no mercado de trabalho para</p><p>contribuir com o esforço de guerra.</p><p>Os sistemas de movimentação, ao longo do tempo, passaram por</p><p>estágios evolutivos, tendo contado com a força de tração animal ou</p><p>humana num primeiro momento, depois utilizando equipamentos</p><p>rudimentares para apoiar esse esforço, como carrinhos de mão para</p><p>transporte, roldanas e outros mecanismos semelhantes. Na sequência,</p><p>podemos observar que a movimentação era feita com o mínimo de</p><p>esforço, com suporte de equipamentos especialmente desenvolvidos</p><p>para movimentação, como empilhadeiras e guindastes. Continuando</p><p>26 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>nesse processo evolutivo, seguiu-se uma fase característica</p><p>em que o</p><p>controle da movimentação de materiais passou a ocorrer de maneira</p><p>automática entre os processos de armazenagem, por meio do uso de</p><p>sistemas automáticos de transporte, veículos automaticamente guiados</p><p>(AGV), transelevadores, veículos de elevação, carrosséis, rebocadores,</p><p>estanterias de fluxo e outras importantes ferramentas automatizadas.</p><p>Esse processo evolutivo não para. Atualmente, passamos</p><p>pela chamada Logística 4.0, na qual o uso massivo de tecnologias</p><p>da informação faz com que presenciemos o uso de sistemas de</p><p>movimentação com muita tecnologia embarcada, com o objetivo de</p><p>aumentar a eficiência da movimentação e, ao mesmo tempo, gerar</p><p>redução de custos operacionais. A lógica dos sistemas de movimentação</p><p>nos sistemas de armazenagem é a de que manusear adequadamente</p><p>os produtos dentro de um armazém, sendo muito importante, pois</p><p>“os produtos devem ser recebidos, movimentados, armazenados,</p><p>classificados e montados para atender às exigências do pedido do</p><p>cliente” (BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007, p. 32).</p><p>Conhecida também como transporte interno, a movimentação de</p><p>materiais refere-se a como se movem materiais dentro de um deter-</p><p>minado espaço (geralmente o armazém). Na perspectiva da Logística</p><p>4.0, é fundamental pensar que os processos de movimentação preci-</p><p>sam ser mapeados e analisados criticamente para verificar se precisam</p><p>de alterações e, ainda, se podem ser automatizados de alguma forma,</p><p>pois o objetivo é que sempre toda movimentação de materiais ocorra</p><p>de modo seguro, com acurácia, baixo custo, velocidade e sem danos.</p><p>Para isso é preciso considerar o emprego de técnicas e ferramentas</p><p>específicas, oriundas das tecnologias 4.0.</p><p>Alguns dos benefícios decorrentes da implantação da Logística 4.0</p><p>no ambiente operacional, sobretudo na movimentação de materiais,</p><p>podem ser percebidos no quadro a seguir.</p><p>Quadro 1</p><p>Benefícios da Movimentação 4.0</p><p>Benefício Comentários</p><p>Redução de estoques</p><p>Uma movimentação mais rápida e flexível tende a minimi-</p><p>zar o volume de estoque a ser mantido no armazém, pois</p><p>permite visualização mais rápida das demandas, diminuindo</p><p>prazos de entrega.</p><p>Indústria 4.0 foi um termo</p><p>usado pela primeira vez na</p><p>Feira Industrial de Hannover, na</p><p>Alemanha, em 2011. É um novo</p><p>modelo de produção alavancado</p><p>por avanços tecnológicos muito</p><p>rápidos, linhas de produção</p><p>mais eficientes, suportadas por</p><p>tecnologias, e com menor custo.</p><p>Isso passa a ser denominado</p><p>como a 4ª Revolução Industrial,</p><p>que se supõe suportada por</p><p>tecnologias como robótica, rea-</p><p>lidade aumentada, inteligência</p><p>artificial, nanotecnologia, big</p><p>data, Internet das Coisas (IoT</p><p>– Internet of Things). A partir</p><p>daí a expressão 4.0 passou a ser</p><p>adotada em diferentes áreas,</p><p>sendo a logística uma delas.</p><p>Saiba mais</p><p>(Continua)</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 27</p><p>Benefício Comentários</p><p>Redução de custos</p><p>Além da redução do volume de estoques, menores prazos</p><p>de entrega, menos erros de processamento e perdas na mo-</p><p>vimentação (que representam custos elevados), a utilização</p><p>de equipamentos mecânicos ou automáticos para a movi-</p><p>mentação reduz o custo de mão de obra e minimiza riscos</p><p>de acidentes (que também são custos elevados).</p><p>Redução dos prazos</p><p>de entrega</p><p>Ao se utilizar equipamentos de movimentação numa pers-</p><p>pectiva sistêmica, todos os processos são desenhados para</p><p>serem mais eficientes e, consequentemente, reduzirem o</p><p>tempo de cada etapa, o que leva à diminuição do tempo total</p><p>dos processos e a prazos de entrega mais curtos.</p><p>Redução de erros de</p><p>processamento</p><p>A lógica da automação de processos nos sistemas de</p><p>movimentação tende a diminuir erros humanos (responsáveis</p><p>pela maioria dos erros). É muito comum vermos erros em</p><p>Pick Orders, Picking Lists, Pick and Pack etc., que acabam</p><p>encarecendo os processos logísticos.</p><p>Redução de perdas</p><p>na movimentação</p><p>Na movimentação manual, e mesmo mecânica, é comum</p><p>acontecerem acidentes que danificam mercadorias. Ao se</p><p>adotar uma movimentação na perspectiva 4.0 ocorrem signi-</p><p>ficativas reduções de perdas no processo de movimentação</p><p>(tendendo a zero).</p><p>Elevação do nível de</p><p>serviço</p><p>Ao se adotar a Movimentação 4.0, ocorre a criação de uma</p><p>“cultura de dados” nos sistemas de armazenagem e movi-</p><p>mentação, o que melhora o gerenciamento. Ao melhorar a</p><p>gestão, reduzem-se custos e prazos de entrega e, por fim,</p><p>aumenta-se o nível de serviço oferecido aos clientes.</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>Como podemos perceber, a evolução dos sistemas de movimenta-</p><p>ção foi significativa e impactou positivamente os sistemas de armaze-</p><p>nagem e, por extensão, os sistemas logísticos de modo mais amplo. É</p><p>preciso definir os processos que exigem movimentação e, então, anali-</p><p>sar que equipamento ou tecnologia providenciará a melhor movimen-</p><p>tação atendendo aos benefícios proporcionados pelas tecnologias da</p><p>Logística 4.0.</p><p>Em conclusão, vemos que os modernos sistemas de movimentação</p><p>exigem duas estratégias essenciais: o mapeamento de processos e o</p><p>uso de tecnologia de ponta, representada pelo que podemos denomi-</p><p>nar de Movimentação 4.0.</p><p>O sistema de movimentação</p><p>é formado por diversos processos</p><p>que podem impactar positiva</p><p>ou negativamente os sistemas</p><p>de armazenagem. Portanto, é</p><p>essencial mapear corretamente</p><p>todos os processos para definir</p><p>quais são os melhores recursos</p><p>de movimentação a serem</p><p>utilizados.</p><p>Importante</p><p>28 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Como vimos ao longo do capítulo, os sistemas de armazenagem e</p><p>de movimentação são exigidos nos sistemas logísticos, principalmente</p><p>em dois pontos: (i) na entrada dos processos produtivos, sob a forma</p><p>de matérias-primas e demais insumos; e (ii) na saída desses processos</p><p>produtivos, sob a forma de produtos acabados, destinados aos clientes</p><p>finais. Também podemos compreender que a armazenagem e a</p><p>movimentação são dois elementos fundamentais para agregação de</p><p>valor aos processos logísticos porque permitem criar, entre outras, as</p><p>utilidades: (i) espacial, que corresponde a colocar o material, mercadoria</p><p>ou produto no lugar correto; (ii) temporal, que significa disponibilizar o</p><p>material, a mercadoria ou o produto na hora certa; e (iii) condições de uso,</p><p>ao garantir que os materiais estejam bem protegidos e movimentados</p><p>com segurança, assegurando-se que cheguem em condições de pronto</p><p>uso ou consumo aos destinatários.</p><p>Os sistemas de armazenagem evoluíram muito ao longo do tempo e</p><p>atualmente apresentam objetivos muito importantes e relevantes, entre</p><p>os principais: (i) minimizar os custos com transporte e produção; (ii) esta-</p><p>belecer coordenação entre oferta e procura; (iii) atender às necessidades</p><p>do processo de produção; e (iv) auxiliar o processo de marketing. Essen-</p><p>cialmente, a armazenagem e a movimentação são fundamentais porque</p><p>precisam atender às necessidades das organizações com relação à manu-</p><p>tenção de seus estoques, que são essenciais para: (i) melhorar o nível de</p><p>serviço; (ii) incentivar economias nos processos produtivos; (iii) possibilitar</p><p>economias de escala em compras e transporte; (iv) evitar aumentos de</p><p>preços; (v) proteger de incertezas da demanda e do tempo de ressupri-</p><p>mento; e (vi) garantir segurança contra imprevistos.</p><p>Além disso, os sistemas de armazenagem e de movimentação ne-</p><p>cessitam assegurar que a distribuição dos bens efetivamente cheguem</p><p>aos clientes por meio da distribuição física, o que é facilitado pela dis-</p><p>ponibilização de sistemas de armazenagem e de movimentação ao</p><p>longo dos canais de distribuição. Com a evolução do atual ambiente</p><p>denominado 4.0, esses sistemas ganham ainda mais importância e</p><p>exercem maior impacto sobre o nível de serviço oferecido aos clientes.</p><p>Os sistemas de armazenagem e de movimentação 29</p><p>ATIVIDADES</p><p>1. Explique o que é um sistema de armazenagem.</p><p>2. O que é um sistema de movimentação?</p><p>3. Quais são os principais motivos para a existência de sistemas de</p><p>armazenagem e movimentação nos sistemas logísticos?</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AZEVEDO, G.; SERIACOPI, R. História. São Paulo: Ática,</p><p>2005.</p><p>BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed. Porto</p><p>Alegre: Bookman, 2006.</p><p>BALLOU, R. H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição</p><p>física. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>BÍBLIA. Gênesis. In: Bíblia Sagrada. 80. ed. São Paulo: Ave Maria, 1991.</p><p>BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e logística.</p><p>Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.</p><p>CHRISTOPHER, M. O marketing da logística. São Paulo: Futura, 1999.</p><p>FRAGA DA SILVA, L. Marim Romano: reconstituição topográfica e funcional do sítio romano</p><p>de Marim (Quelfes, Olhão, Faro) e elementos da sua história territorial. In: 4º ENCONTRO</p><p>DE ARQUEOLOGIA DO ALGARVES. Anais [...] Silves, 24-25 nov. 2006. Disponível em: http://</p><p>www.olhaocubista.pt/Biblioteca.htm. Acesso em: 23 fev. 2021.</p><p>KOTLER, P.; KELLER, K. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2006.</p><p>MOURA, R. A. Manual de Logística: armazenagem e distribuição Física. São Paulo: IMAM,</p><p>2006.</p><p>NOVAES, A. G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e</p><p>avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001.</p><p>RAZZOLINI FILHO, E. Logística: evolução na administração: desempenho e flexibilidade.</p><p>2. ed. Curitiba: Juruá, 2014.</p><p>SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão.</p><p>3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.</p><p>TZU, S. A arte da guerra. São Paulo: Martin Claret, 2004.</p><p>http://www.olhaocubista.pt/Biblioteca.htm</p><p>http://www.olhaocubista.pt/Biblioteca.htm</p><p>30 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>2</p><p>O processo de armazenagem</p><p>Neste capítulo, vamos discorrer na Seção 2.1 sobre a relação</p><p>entre os estoques e a armazenagem; na Seção 2.2 veremos a ar-</p><p>mazenagem e os fluxos logísticos; na sequência, discutiremos na</p><p>Seção 2.3 a importância da armazenagem de produtos acabados;</p><p>e na seção 2.4 discorreremos sobre a evolução e as tendências</p><p>mais recentes com relação às estruturas de armazenagem.</p><p>Os estoques são a razão de existirem sistemas de armazena-</p><p>gem; sem eles, a armazenagem seria desnecessária. Já os fluxos</p><p>logísticos (físicos, financeiros e de informação) são a essência da</p><p>logística, porque se fôssemos resumir a logística em uma única</p><p>palavra, esta seria fluxo, e a armazenagem exerce papel essen-</p><p>cial no sentido de regular esses fluxos logísticos. Além disso, a</p><p>armazenagem de produtos acabados ao longo dos canais de</p><p>distribuição é fundamental para agregar valor aos produtos, dis-</p><p>ponibilizando-os o mais rapidamente possível aos clientes, con-</p><p>forme a demanda. Por fim, também é imperioso que se tenha</p><p>consciência de como evoluem os sistemas de armazenagem e as</p><p>principais tendências na área, visto que é necessário assegurar</p><p>modernidade, eficiência e eficácia aos sistemas de armazenagem</p><p>e de movimentação.</p><p>As atividades realizadas no âmbito dos sistemas de armazena-</p><p>gem são variadas, sendo que todas exercem impacto sobre o nível</p><p>de serviço que é oferecido aos clientes dos processos desenvolvi-</p><p>dos nesses sistemas, sejam eles clientes internos (a área de produ-</p><p>ção, por exemplo) ou externos (atacadistas, varejistas ou clientes).</p><p>Na continuação, vamos discorrer sobre os estoques nos sistemas</p><p>de armazenagem, pois essa é a principal razão para a existência</p><p>dos sistemas de armazenagem e de movimentação.</p><p>O processo de armazenagem 31</p><p>2.1 Estoques e armazenagem</p><p>Vídeo Devemos lembrar que a primeira e principal razão para a existência</p><p>de sistemas de armazenagem é exatamente a manutenção de esto-</p><p>ques. Segundo Moura (2006), o objetivo básico da armazenagem é a</p><p>manutenção de estoques de materiais, sempre visando apresentar a</p><p>maior eficiência. Ballou (2011), por sua vez, entende que os armazéns</p><p>exercem quatro funções primárias relacionadas aos estoques: manter,</p><p>consolidar, fracionar e combinar. Além disso, afirma que tanto</p><p>o projeto quanto o leiaute do armazém são decorrentes da op-</p><p>ção por uma ou mais dessas funções primárias. Isso nos mos-</p><p>tra a relevância dos armazéns em sua relação com os estoques,</p><p>uma vez que a necessidade da manutenção de estoques decor-</p><p>re da imprevisibilidade das demandas (ou, no mínimo, dos ele-</p><p>vados índices de erros quando se trata de previsões).</p><p>A questão da previsão da demanda é central no que diz res-</p><p>peito à manutenção de estoques, seja em termos de vendas, seja de</p><p>produção, até porque ambas as previsões estão intimamente ligadas e</p><p>impactam a formação de estoques tanto de matéria-prima e insumos</p><p>quanto de produtos acabados, pois</p><p>a previsão de demanda é vital para a empresa como um todo,</p><p>à medida que proporciona a entrada básica para o planejamento</p><p>e controle de todas as áreas funcionais, entre as quais Logística,</p><p>Marketing, Produção e Finanças. Os níveis de demanda e os mo-</p><p>mentos em que ocorrem afetam fundamentalmente os índices</p><p>de capacidade, as necessidades financeiras e a estrutura geral de</p><p>qualquer negócio. (BALLOU, 2006, p. 242)</p><p>É importante compreender que a estocagem demanda recursos</p><p>financeiros para formação dos estoques e, principalmente, para cons-</p><p>trução e manutenção dos sistemas de armazenagem. Se as previsões</p><p>fossem plenamente confiáveis, os estoques a serem mantidos seriam</p><p>mínimos. Porém, mesmo com o suporte de sofisticados e poderosos sis-</p><p>temas de informação, as previsões não são 100% confiáveis, o que deter-</p><p>mina que se mantenham estoques para atender às demandas tanto da</p><p>produção quanto dos canais de distribuição. O problema é que</p><p>as vendas de alguns produtos e serviços são tão imprevisíveis</p><p>que a utilização dos tipos de métodos de previsão até aqui des-</p><p>critos dá como resultado tamanho potencial de erro de previsão</p><p>Importante</p><p>A razão principal para manter</p><p>sistemas de armazenagem é</p><p>a existência de estoques; caso</p><p>os estoques não existis-</p><p>sem, a armazenagem seria</p><p>desnecessária.</p><p>32 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>que os torna impraticáveis. [...] Quando surge uma defasagem</p><p>de tempo em relação ao suprimento, a previsão serve para es-</p><p>tabelecer os níveis de produção, compras e estoques necessários</p><p>para que os suprimentos estejam disponíveis quando ocorrer a</p><p>demanda. (BALLOU, 2006, p. 262, grifos nossos)</p><p>Assim, a questão do “descasamento” temporal entre o momento da</p><p>produção e o momento da demanda, que ocasiona problemas de previ-</p><p>sões sem total confiabilidade, evidencia a principal razão para a existência</p><p>de sistemas de armazenagem: a necessidade de formação de estoques ao</p><p>longo da cadeia de suprimentos. Além disso, é preciso considerar que</p><p>o estoque pode aparecer em muitos pontos da cadeia e de diver-</p><p>sas formas: estoques de matéria-prima; estoques de produtos</p><p>em processamento (WIP – Work In Process); estoque de produtos</p><p>acabados. Cada um desses estoques tem de estar de acordo com</p><p>seu próprio mecanismo ou abordagem de controle. Infelizmen-</p><p>te, a definição destes mecanismos é difícil, porque as estratégias</p><p>de produção, distribuição e controle de estoques que reduzem</p><p>os custos globais do sistema e melhoram o nível de serviço preci-</p><p>sam considerar as interações entre os diversos níveis da cadeia de</p><p>suprimentos. (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010, p. 65,</p><p>grifo do original)</p><p>Como mencionado, esse é um aspecto importante a ser considera-</p><p>do, pois o controle de estoques reduz os custos globais do sistema e</p><p>melhora o nível de serviço. É importante, ainda, diferenciar os tipos de</p><p>estoques que encontramos nas cadeias de suprimentos.</p><p>Tipo do estoque Categorização</p><p>Matérias-primas</p><p>Itens adquiridos e recebidos que se encontram dentro de um armazém sem en-</p><p>trar no processo produtivo. Incluem materiais comprados, peças, componentes</p><p>e subconjuntos para montagem.</p><p>Produtos em processo</p><p>Representados por matérias-primas que já entraram no processo produtivo e</p><p>estão sendo processadas ou aguardando para serem processadas.</p><p>Produtos acabados</p><p>Produtos que saem do processo produtivo prontos para serem comercializados</p><p>como itens completos. Podem ficar armazenados na fábrica, em armazéns cen-</p><p>tralizados ou, ainda, em vários</p><p>pontos do canal de distribuição.</p><p>Estoques de distribuição Produtos acabados que se encontram armazenados no canal de distribuição.</p><p>Suprimentos de manu-</p><p>tenção, de reparo e de</p><p>operação (MRO)</p><p>Representados por itens utilizados no processo produtivo, mas que não se</p><p>agregam aos produtos. São exemplos dos itens MRO ferramentas manuais, pe-</p><p>ças sobressalentes, lubrificantes, materiais de limpeza etc.</p><p>Quadro 1</p><p>Tipos de estoques e sua categorização</p><p>Fonte: Elaborado pelo autor.</p><p>O processo de armazenagem 33</p><p>Além disso, os estoques também podem ser classificados conforme</p><p>a função que desempenham nos sistemas produtivos e logísticos. As-</p><p>sim, encontramos os estoques classificados da seguinte forma:</p><p>Estoques de antecipação – formados para antecipação da de-</p><p>manda futura. São estoques que se estabelecem para buscar</p><p>nivelamento da produção e redução de custos de mudança nas</p><p>taxas de produção. Por exemplo, são formados para atender a</p><p>períodos de picos de vendas (como a Black Friday), programas</p><p>promocionais (marketing), férias coletivas na produção, ameaças</p><p>de greves etc.</p><p>Estoques de segurança (ou flutuantes) – tipicamente formados</p><p>para cobrir eventuais flutuações aleatórias, imprevisíveis, da área</p><p>de suprimentos, da demanda por produtos acabados ou do tem-</p><p>po de ciclo (lead time) do processo produtivo. Havendo aumento</p><p>na demanda ou no lead time além do esperado, pode ocorrer es-</p><p>vaziamento do estoque. Assim, mantêm-se estoques de seguran-</p><p>ça para proteger a empresa dessa eventual ocorrência.</p><p>Estoques cíclicos (ou de tamanho do lote) – geralmente ado-</p><p>tados para se obter vantagens de descontos por quantidade,</p><p>reduzindo despesas com transportes, custos administrativos,</p><p>preparação de pedidos e naquelas situações em que é impos-</p><p>sível comprar ou fabricar itens com a mesma agilidade em que</p><p>são utilizados ou vendidos. É a porção do estoque que diminui à</p><p>medida que os pedidos de clientes são aceitos, e a armazenagem</p><p>é abastecida ciclicamente quando os pedidos dos fornecedores</p><p>são recebidos.</p><p>Estoques de transporte – decorrentes do tempo necessário</p><p>para o transporte dos itens de um lugar para outro, como os pro-</p><p>dutos que saem do processo produtivo (fábrica) até chegar no</p><p>centro de distribuição (armazenagem) ou diretamente no cliente.</p><p>De maneira simples e objetiva, são os estoques que se encon-</p><p>tram na carroceria de um caminhão. Também podem ser deno-</p><p>minados estoques de canal ou de movimentação.</p><p>Como podemos perceber, são vários os tipos de estoques a serem</p><p>armazenados. Porém, embora a necessidade de formação de estoques</p><p>seja a principal razão, eles não são os únicos que determinam a neces-</p><p>sidade de sistemas de armazenagem (com a consequente movimenta-</p><p>ção), pois é preciso considerar que</p><p>1</p><p>2</p><p>3</p><p>4</p><p>34 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>ao longo do processo logístico, aparecem fluxos de mercadorias</p><p>entre pontos diversos da rede. Nas interfaces desse processo,</p><p>isto é, nos pontos de transição de um fluxo para outro, entre ma-</p><p>nufatura e transferência e distribuição física, surge a necessida-</p><p>de de se manterem os produtos estocados por um certo período</p><p>de tempo. Esse tempo de permanência pode ser muito curto,</p><p>necessário apenas para se fazer a triagem da mercadoria recém</p><p>chegada e reembarcá-la, como também pode ser relativamente</p><p>longo. Nesses pontos de interface da rede logística localizam-se</p><p>os diversos tipos de instalação de armazenagem. (ALVARENGA;</p><p>NOVAES, 2004, p. 120, grifos do original)</p><p>Pela exposição de Alvarenga e Novaes (2004), podemos perceber</p><p>que, além da necessidade da formação de estoques, os fluxos que ocor-</p><p>rem nas cadeias de suprimentos também determinam a existência de</p><p>sistemas de armazenagem, conforme podemos visualizar na Figura 1.</p><p>Figura 1</p><p>Pontos de armazenagem em uma cadeia de suprimentos simplificada</p><p>Fornecedor Indústria</p><p>Canal de</p><p>distribuição</p><p>Cliente/</p><p>usuárioArmazém</p><p>Matérias-primas e insumos</p><p>estocados em armazéns de</p><p>fornecedores</p><p>Materiais estocados em</p><p>armazéns de atacadistas/</p><p>distribuidores/varejistas</p><p>Armazém</p><p>Fonte: Elaborada pelo autor.</p><p>Como a Figura 1 permite perceber, os armazéns existem em dife-</p><p>rentes pontos das cadeias de suprimentos, começando pelos arma-</p><p>zéns dos fornecedores de matérias-primas e insumos. Depois, esses</p><p>recursos são armazenados em instalações da indústria produtora, que</p><p>armazena na saída do processo produtivo os produtos acabados que</p><p>serão enviados ao canal de distribuição. Nele, os produtos acabados</p><p>ficam armazenados em instalações de atacadistas, distribuidores, va-</p><p>rejistas e quaisquer outros revendedores até o momento da demanda</p><p>do cliente ou usuário daquele produto.</p><p>O processo de armazenagem 35</p><p>Um importante tipo de estoque é aquele formado nos centros de</p><p>distribuição (CD), pois são estoques de produtos acabados destinados</p><p>ao atendimento das demandas dos clientes. Isso porque o CD é uma</p><p>instalação logística que tem como objetivo de armazenagem (de pro-</p><p>dutos fabricados na empresa ou adquiridos para revender) o despacho</p><p>direto aos clientes ou a outras unidades da organização (filiais, lojas</p><p>etc.), com a maior rapidez possível.</p><p>O processo de armazenagem é fundamental para auxiliar os sis-</p><p>temas logísticos no atingimento de níveis de serviço elevados sendo</p><p>oferecidos aos clientes, uma vez que ela agrega valor aos produtos</p><p>disponibilizados aos clientes, pois implica atividades realizadas em</p><p>um espaço físico com o objetivo de manter sob guarda, temporaria-</p><p>mente, materiais para distribuição em momento futuro. Além disso,</p><p>a armazenagem possibilita reduzir custos e otimizar processos logís-</p><p>ticos importantes por meio do fluxo essencial realizado nela, que é a</p><p>locação estática desses materiais (a estocagem) em um espaço den-</p><p>tro do armazém. Para compreender o processo de armazenagem, é</p><p>necessário entender que um processo é um conjunto de atividades</p><p>sequenciais que são desempenhadas para atingir um objetivo.</p><p>Existem quatro macroprocessos que são comuns a quaisquer</p><p>sistemas de armazenagem: recebimento de materiais, estocagem,</p><p>separação e expedição de materiais. Eles existem em qualquer orga-</p><p>nização independentemente de como são executados, seja manual,</p><p>mecânica ou automaticamente. Contudo, visando detalhá-los um</p><p>pouco mais, de maneira genérica, sem preocupação com o “dese-</p><p>nho” de nenhum processo específico (uma vez que isso seria muito</p><p>pretensioso), relacionamos algumas das atividades que integram os</p><p>processos de armazenagem, destacando que cada empresa pode-</p><p>rá apresentar atividades específicas em razão das suas operações:</p><p>inspeção de materiais; recebimento; rejeição e aceite de ordens de</p><p>compra; acondicionamento de materiais em estoque; embalagem e</p><p>desembalagem de materiais; montagem de kits (reembalagem); con-</p><p>solidação de cargas; unitização de cargas; expedição de materiais;</p><p>separação de pedidos (picking); contagem cíclica; registros de es-</p><p>toques; controle dos estoques; contagem do inventário; emissões;</p><p>movimentação de materiais.</p><p>O estoque é um dos fatores-chave de desempenho de uma ca-</p><p>deia de suprimentos (os outros são o transporte, as instalações e a</p><p>A principal razão para a existên-</p><p>cia de sistemas de armazenagem</p><p>e de movimentação é a necessi-</p><p>dade da formação de estoques</p><p>para regular o fluxo decorrente</p><p>da demanda, que geralmente é</p><p>irregular e de difícil previsão.</p><p>Importante</p><p>36 Sistemas de armazenagem e movimentação</p><p>informação). Ele é representado por matéria-prima e insumos para a</p><p>produção, produtos em processamento e produtos acabados que se</p><p>distribuem ao longo da cadeia de suprimentos, conforme demonstra-</p><p>do na Figura 1. Como vimos, os estoques são formados em virtude da</p><p>inadequação entre suprimento (oferta) e demanda (procura). Diante</p><p>disso, “um papel importante executado pelo estoque na cadeia de su-</p><p>primento é o de aumentar a quantidade de demanda que pode ser</p><p>atendida, pois ele permite que o produto esteja pronto e disponível</p><p>para o momento que o cliente quiser” (CHOPRA; MEINDL, 2003, p.</p><p>52). Ainda segundo os autores, o principal fator que gera</p>

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