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<p>AFYA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS - ITACOATIARA</p><p>MEDICINA</p><p>RAISSA CRISTINA DINIZ DORNELES</p><p>CÓLERA</p><p>ITACOATIARA - AM</p><p>2024</p><p>RAISSA CRISTINA DINIZ DORNELES</p><p>CÓLERA</p><p>Trabalho apresentado para aquisição</p><p>de nota parcial em TIC’s, no eixo de</p><p>Sistemas Orgânicos Integrados, pelo</p><p>Curso de Medicina Afya Faculdade de</p><p>Ciências Médicas (AFCM), ministrada</p><p>pelos docentes: Prof. Cláudio Rabelo</p><p>dos Santos Neto e Profa. Tâmiza</p><p>Barros Martins.</p><p>ITACOATIARA - AM</p><p>2024</p><p>CÓLERA</p><p>A cólera é uma doença diarréica aguda causada pela ingestão de alimentos ou</p><p>água contaminada com o bacilo Vibrio cholerae. A cólera continua sendo uma</p><p>ameaça global à saúde pública e um indicador de desigualdade e falta de</p><p>desenvolvimento social. É de transmissão predominantemente hídrica. As</p><p>manifestações clínicas ocorrem de formas variadas, desde infecções inaparentes ou</p><p>assintomáticas até casos graves com diarreia profusa, podendo assinalar</p><p>desidratação rápida, acidose e colapso circulatório, devido a grandes perdas de água</p><p>e eletrólitos corporais em poucas horas, caso tais perdas não sejam restabelecidas</p><p>de forma imediata. Os quadros leves e as infecções assintomáticas são mais</p><p>frequentes do que as formas graves [1,2].</p><p>O agente etiológico Vibrio cholerae é uma bactéria gram-negativa, aeróbica ou</p><p>anaeróbica facultativa, possui formato de bastonete curvado, contém flagelo e por</p><p>isso tem fácil mobilidade. Além disso, produz enterotoxina nos sorogrupos 01 e 0139,</p><p>característica importante porque causa uma hipersecreção no intestino delgado,</p><p>produzindo grande quantidade de líquido a fim de expelir as bactérias pelo trato</p><p>intestinal [3,4].</p><p>Imagem 1: Imagem referente ao habitat [3].</p><p>Imagem 2: Morfologia da bactéria Vibrio cholerae [5].</p><p>A bactéria Vibrio cholerae entra no organismo humano através da via oral,</p><p>podendo sobreviver à primeira linha de defesa do organismo que é o suco gástrico</p><p>estomacal. Posteriormente invade o intestino que contém pH propício para a sua</p><p>proliferação, de forma que as toxinas da bactéria (em sorogrupos O1 e O139) tenham</p><p>ação sobre a mucosa intestinal e provoquem a produção de líquido causando diarreia</p><p>e desidratação intensa [5].</p><p>Quando suspeitar clinicamente que o paciente possa apresentar</p><p>cólera?</p><p>Quadro clínico:</p><p>A infecção é frequentemente assintomática (aproximadamente 75%) ou</p><p>oligossintomática, com diarreia leve. As manifestações clínicas mais frequentes da</p><p>cólera sintomática são:</p><p>• Diarreia aquosa, abundante e incoercível (tipo "água de arroz") [4];</p><p>• Vômitos [4].</p><p>Marcadores de gravidade: Em casos graves, podem ocorrer:</p><p>• Cãibras [4];</p><p>• Desidratação intensa [4];</p><p>• Dor abdominal [4];</p><p>• Choque [4];</p><p>• Óbito [4];</p><p>Observação! Febre não é comum. E a duração dos sintomas pode ser de 4 a 6</p><p>dias.</p><p>Complicações:</p><p>As complicações envolvem principalmente a depleção hidroeletrolítica e</p><p>ocorrem mais frequentemente em indivíduos idosos, cardiopatas, diabéticos,</p><p>desnutridos e/ou portadores do vírus HIV. Dentre as complicações, temos choque</p><p>hipovolêmico, necrose tubular renal, atonia intestinal, hipocalemia (com</p><p>consequentes arritmias cardíacas) e hipoglicemia (com convulsões e coma em</p><p>crianças). Em gestantes, pode ocorrer aborto e parto prematuro induzido pelo choque</p><p>hipovolêmico [4,5].</p><p>Casos suspeitos em áreas sem evidência de circulação do V. choerae O1 ou</p><p>O139 toxigênico:</p><p>• Indivíduos provenientes de áreas com ocorrência de cólera com diarreia</p><p>aquosa aguda até o 10º dia após sua chegada [4];</p><p>• Contactante de indivíduos provenientes de áreas com ocorrência de cólera que</p><p>tenha retornado há, no máximo, 20 dias, e que apresente diarreia aquosa</p><p>aguda em até 10 dias após o contato [4];</p><p>• Indivíduos com mais de 5 anos de idade com diarreia súbita, líquida e</p><p>abundante. A presença de sinais de gravidade (desidratação grave, acidose e</p><p>choque) reforça as suspeitas [4].</p><p>Casos suspeitos em áreas com evidência de circulação do V. choerae O1 ou</p><p>O139 toxigênico:</p><p>• Qualquer indivíduo com diarreia aquosa aguda [4];</p><p>Caso confirmado:</p><p>• Critério laboratorial: Caso suspeito que apresente isolamento de V.</p><p>cholerae O1 ou O139 toxigênico em amostra de fezes ou vômito. O laudo deve</p><p>ser emitido por laboratórios de referência em saúde pública [4,6].</p><p>Critério clínico-epidemiológico:</p><p>• Caso suspeito de cólera e vínculo epidemiológico com caso de cólera</p><p>confirmado laboratorialmente e/ou com local onde haja surto declarado de</p><p>cólera, desde que não haja diagnóstico clínico e/ou laboratorial de outra</p><p>etiologia. Esse critério (vínculo com local onde haja surto declarado de cólera)</p><p>somente se aplica para casos importados de outros países [4,5];</p><p>• Portador assintomático: Indivíduo assintomático com eliminação do agente</p><p>etiológico nas fezes por determinado período [4];</p><p>• Caso importado: Caso cuja infecção ocorreu em área distinta onde foi</p><p>diagnosticado, tratado ou recebeu acompanhamento médico [5;6]</p><p>Qual a diferença das outras enterocolites bacterianas?</p><p>Somado a isso, a cólera diferencia-se de outras enterocolites bacterianas em</p><p>virtude não só dos tipos de bactérias envolvidas, mas também pelas complicações</p><p>que podem surgir com o tratamento inadequado contra a cólera. Isso inclui choque</p><p>hipovolêmico (24 h do início de vômitos e diarreia), necrose renal, arritmias cardíacas,</p><p>convulsões e morte. Além disso, é importante evidenciarmos que os organismos</p><p>Vibrio não são invasivos e permanecem na luz intestinal, ao contrário da maioria das</p><p>enterocolites bacterianas, a exemplo: Campylobacter, Shigella, Salmonella, S. typhi,</p><p>Yersinia, entre outras. Logo, em resumo, a diferença entre a cólera e outras</p><p>enterocolites causadas por bactérias é a perca excessiva de líquidos e eletrólitos por</p><p>meio da diarreia, além do aspecto aquoso e presença de mancha de muco [7].</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>1. Ali M, Nelson AR, Lopez AL, Sack DA. Updated global burden of cholera in</p><p>endemic countries. PLoS Negl Trop Dis [Internet]. 2015;9(6): e0003832.</p><p>Disponível em: http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0003832 Acessado em:</p><p>28 de fevereiro de 2024</p><p>2. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_integrado_vigilancia_col</p><p>era.pdf</p><p>3. Caxias M. Tudo sobre cólera: o que é, sintomas, diagnóstico, tratamento e</p><p>prevenção [Internet]. IBAP Cursos. 2020 [citado 28 de fevereiro de 2024].</p><p>Disponível em: https://ibapcursos.com.br/colera-o-que-e-sintomas-</p><p>diagnostico-tratamento-e-prevencao/</p><p>4. KAYSNER, C.A.; DEPAOLA JUNIOR, A. Vibrio. U.S. Food and Drug</p><p>Administration, Bacteriological analytical manual, Chapter 9. 2004. Disponível</p><p>em: . Acesso em: 28 fev. 2013.</p><p>5. Silveira, Débora Rodrigues et al. Fatores de patogenicidade de Vibriospp. de</p><p>importância em doenças transmitidas por alimentos. Arquivos do Instituto</p><p>Biológico [online]. 2016, v. 83, n. 00 [Acessado 28 Fevereiro 2024], e1252013.</p><p>Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1808-1657001252013>. Epub</p><p>21 Jul 2016. ISSN 1808-1657. https://doi.org/10.1590/1808-1657001252013.</p><p>6. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento</p><p>de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em</p><p>Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. 5a</p><p>ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.</p><p>7. KUMAR, V. et al. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das</p><p>Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016.</p><p>http://dx.doi.org/10.1371/journal.pntd.0003832</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_integrado_vigilancia_colera.pdf</p><p>https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_integrado_vigilancia_colera.pdf</p><p>https://ibapcursos.com.br/colera-o-que-e-sintomas-diagnostico-tratamento-e-prevencao/</p><p>https://ibapcursos.com.br/colera-o-que-e-sintomas-diagnostico-tratamento-e-prevencao/</p>