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Universidade Tiradentes - Medicina P4 Doenças decorrentes de enchentes TUTORIA INTRODUÇÃO ● A leptospirose é uma zoonose causada por leptospiras patogênicas transmitidas pelo contato com urina de animais infectados (leptospiúria) ou água e lama contaminadas. ● Pode ser transmitida por animais domésticos e selvagens que servem como reservatório. ● No meio urbano, os principais reservatórios são os roedores (especialmente o rato de esgoto), além de suínos, bovinos, equinos, ovinos e cães. ● O homem, hospedeiro terminal e acidental da doença, infecta-se ao entrar em contato com a urina de animais infectados de modo direto ou indireto, por meio do contato com água, lama ou solo contaminados. ● A penetração do microrganismo ocorre através da pele com lesões, pele íntegra quando imersa em água por longo tempo ou mucosas. ● A transmissão inter-humana é muito rara. 1 2 ● A letalidade de formas graves de leptospirose é de aproximadamente 10% e chega a 50% quando ocorre a síndrome de hemorragia pulmonar. ● A leptospirose é um importante problema de saúde pública no Brasil, e em outros países tropicais em desenvolvimento, (alta incidência nas populações que vivem em aglomerações urbanas sem a adequada infraestrutura sanitária). ● Esses fatores, associados às estações chuvosas e às inundações, propiciam a disseminação e a persistência das leptospiras no ambiente. ● A doença tem grande importância social e econômica (alta incidência, alto percentual de internações, custo hospitalar, perdas de dias de trabalho e letalidade). ● É uma doença de distribuição endêmica no País, com ocorrência durante todos os meses do ano e incidência anual de 1,9/100.000 habitantes; ● Epidemias urbanas anuais, principalmente em comunidades carentes, pós-enchentes e inundações; ● Surtos em áreas rurais, ainda pouco detectados pelos sistemas de vigilância, principalmente em locais de cultura de subsistência, como em plantadores de arroz, na região de Várzea Alegre, Ceará, 2009, onde foram confirmados 68 casos; ● Surtos relacionados à ocorrência de desastres naturais de grande magnitude, como inundações ocorridas no Acre em 2006 (470 casos) e em Santa Catarina em 2008 (496 casos). ● A OMS estima que a incidência anual da leptospirose seja de 0,1 a 1 caso por 100.000 indivíduos em regiões de clima temperado e 10 a 100 casos por 100.000 em regiões tropicais úmidas. ● A maior incidência em regiões tropicais deve-se a maior capacidade de sobrevida (meses ou anos) das leptospiras em solo úmido de clima quente. ● A alta taxa de incidência nesses locais é explicada por serem países em desenvolvimento e as precárias condições de drenagem e saneamento, que resultam em enchentes. ● 85 a 90% dos pacientes não evoluirão para formas graves da leptospirose. ● Em 2003, a soroprevalência para anticorpos aglutinantes anti-Leptospira em residentes de uma comunidade em Salvador, na Bahia, foi de 8%, em crianças, de 16% em adolescentes, de 18% para adultos com idade entre 25 e 44 anos e de 21% para adultos com idade igual ou superior a 45 anos. ● É mais comum no sexo masculino e na faixa etária de adultos jovens (18-40 anos). ● É possível prever o aumento no diagnóstico de casos de leptospirose entre uma e duas semanas após fortes chuvas e grandes alagamentos. ● Segundo o Ministério da Saúde, entre 1996 e 2005, o Brasil registrou frequência anual de 3.165 casos laboratorialmente confirmados, com 349 mortes anuais. ● A leptospirose é uma doença de notificação compulsória. 2 3 ● A incidência anual da leptospirose em Salvador, na Bahia, foi de quatro a seis casos por 100.000 habitantes no período de 2001 a 2007. A incidência é acima de 20 por 100.000 nas regiões mais pobres da cidade. ● Leptospiras são espiroquetas, bactérias espiraladas, pertencentes a um filo de bactérias didermas primitivas (com dupla membrana). ● Estima-se que leptospiras patogênicas e saprofíticas divergiram entre 590 e 295 milhões de anos. ● Espiroquetas compartilham um corpo celular cilíndrico (cilíndrico protoplasmático), com dois filamentos axiais (flagelos modificados) inseridos no espaço periplásmico (entre a parede celular e a membrana externa). ● São aeróbias e móveis. ● O genoma das leptospiras consiste em dois cromossomos circulares (cada cromossomo tem genes fundamentais para o metabolismo e sobrevivência da bactéria). ● As leptospiras eram divididas em duas espécies: Leptospira interrogans (todas as leptospiras patogênicas) e Leptospira biflexa (vida livre/saprófitas). ● A morfologia das leptospiras, no entanto, não permite inferir sua patogenicidade. ● A classificação sorológica é determinada por componentes antigênicos da superfície externa das leptospiras; ● A principal causa de leptospirose aguda grave nas grandes cidades brasileiras é o sorovar Copenhageni do sorogrupo Icterohaemorrhagiae, que apresenta seletividade por ratos (Rattus spp.), seguido pelo sorovar Canicola (sorogrupo Canicola), que apresenta seletividade por cães. ● Qualquer sorovar patogênico é capaz de induzir formas graves. ● A classificação genômica atualmente lista pelos menos 17 espécies de leptospiras. ● Nas grandes cidades brasileiras, o sorovar Copenhageni, pertencente à Leptospira interrogans stricto sensu, é a principal causa de leptospirose grave. ● Populações que vivem em aglomerados urbanos; ● Estações chuvosas e inundações; ● Baixo nível socioeconômico; ● Proximidade da residência e esgotos abertos, em locais em que há acúmulo de lixo; ● Moradia em vales propensos a alagamentos; ● Infestação de ratos no peridomicílio. 3 4 FISIOPATOLOGIA DAS FORMAS GRAVES ● As leptospiras são altamente móveis e acredita-se que esta seja uma propriedade importante para evasão imune. ● Após a infecção, as leptospiras rapidamente ganham a corrente sanguínea e se disseminam amplamente. ● A concentração de leptospiras no pulmão é tão alta quanto nos rins ou fígado na fase aguda da doença. ● Leptospiras não apresentam tropismo seletivo por determinado tecido ou órgão, no entanto, entre 14 e 28 dias após infecção, aderem à superfície luminal de túbulos proximais renais e passam a colonizar o lúmen. ● Há, portanto, depuração mediada pelo sistema imune das leptospiras nos tecidos, e sobrevivência seletiva nos túbulos renais. ● Hospedeiros, como o ser humano, excretam leptospiras nos rins por um período limitado de tempo, enquanto reservatórios adaptados podem manter a colonização renal e a excreção urinária de leptospiras por toda a vida. ● A leptospirose é frequentemente descrita como uma vasculite sistêmica. No entanto, a agressão inflamatória da parede dos vasos (diretamente pelas bactérias ou imunologicamente mediada) não é um achado comum. ● A leptospirose cursa com um quadro de resposta inflamatória sistêmica com ativação endotelial difusa, secreção de citocinas e estresse oxidativo. (semelhante a sepse por bactérias Gram-negativas). ● Altos níveis séricos de marcadores pró-inflamatórios estão associados com a gravidade da doença e óbito. ● Em uma série de casos, pentraxina longa (PTX3) e interleucinas 6 e 8 estavam associadas com desfecho letal. ● Pacientes com leptospirose apresentam um defeito na reabsorção de sódio e potássio pelos túbulos renais como provável efeito da inibição por toxinas bacterianas do cotransportador de sódio, potássio e cloro (NKCC2) do ramo espesso da alça de Henle. ● O quadro de perda de potássio e sódio na urina induz hipopotassemia e perda de volume (insuficiência renal não oligúrica e desidratação). ● É esperado algum grau de depleção de magnésio em qualquer nefropatia perdedora destes íons. ● A depleção de sódio e água pode levar à má perfusão renal associada ao quadro de hipovolemia e desidratação, com necrose tubular aguda. ● Com a evolução da doença, sobrepõem-se a oligúria e a hiperpotassemia, que são marcadores clínicos da forma mais grave de insuficiência renal aguda na leptospirose. ● Esta fisiopatologia justifica a vigorosa reposição de volume em pacientes com leptospirose para prevenção de evoluçãopara quadros mais graves. ● Um quadro de hemorragia pulmonar maciça pode complicar o curso da leptospirose. ● Um trabalho indiano sugere que diferenças genômicas entre cepas podem prever o desenvolvimento de formas brandas ou SHPS. 4 5 ● Na cidade de Salvador, os 143 casos letais ocorridos entre 1993 e 1997 tiveram como principal causa de óbito a insuficiência renal aguda (76%) e hemorragias gastrintestinais (10%). ● Ocorrência de hemorragia pulmonar foi primeiramente detectada em 2003 e, já em 2005, era responsável por 55% de todos os óbitos por leptospirose em Salvador. ● Em modelo de cobaias e em alguns estudos de necropsias de pacientes, a hemorragia pulmonar é acompanhada por depósitos lineares de imunoglobulina e complemento, o que sugere um mecanismo de agressão por autoanticorpos contra antígenos in situ (do septo alveolar) análogo ao observado por anticorpos antimembrana basal glomerular (colágeno IV) na síndrome de Goodpasture. ● Nesta síndrome, anticorpos anticolágeno IV causam lesão da membrana basal glomerular e septo alveolar, cursando com glomerulonefrite rapidamente progressiva e hemorragia pulmonar maciça. ● Até o momento, o conjunto de dados disponíveis aponta para uma etiologia multifatorial da SHPS. ● O tabagismo foi identificado como fator de risco para forma grave de envolvimento pulmonar em um estudo entre pacientes espanhóis. ● A trombocitopenia é um achado comum na leptospirose e sua explicação não é clara. ● Em alguns estudos, a uremia, mas não a depleção de plaquetas, é capaz de prever o surgimento de hemorragias. ● É possível que a uremia tenha papel na depleção de plaquetas, embora seja mais esperada disfunção plaquetária nestes casos. ● A maior parte dos estudos clínicos e experimentais não sustenta um mecanismo de ativação da cascata de coagulação do sangue como base da coagulopatia na leptospirose. ● Alguns estudos experimentais recentes sustentam que a leptospirose aguda é acompanhada por marcadores de ativação endotelial e ativação plaquetária. ● Um mecanismo de depleção plaquetária secundária à hiperativação aproximaria a leptospirose da fisiopatologia de microangiopatias trombóticas. ● Casos de anemia hemolítica microangiopática não são comuns na leptospirose. ● Leptospiras secretam uma enolase que interage com a plasmina do hospedeiro. Estas interações têm o potencial de explicar um mecanismo de ativação e depleção plaquetária único das leptospiras. PATOGÊNESE ● A patologia renal da leptospirose descrita como uma combinação de lesão tubular aguda e nefrite intersticial. ● Os achados sugerem que uma lesão primária tubular (provavelmente de etiologia tóxica) é seguida por alterações inflamatórias secundárias. ● Estudos posteriores com base em necropsias mostram alta frequência de necrose tubular aguda e este achado é provavelmente associado à 5 6 sobreposição do quadro de depleção de sódio e potássio, desidratação, hipovolemia e isquemia renal. ● A nefrite intersticial tipicamente é concentrada no córtex e na transição corticomedular, com infiltrado inflamatório rico em linfócitos e macrófagos, concentrados em zonas periarteriais e periglomerulares. ● Os estudos fundamentados em necropsia com foco na SHPS (síndrome da hemorragia pulmonar grave) identificam lesão endotelial difusa como um achado consistente. ● O achado de membranas hialinas é detectado em 10 a 15% das necropsias de pacientes com leptospirose ● Em comparação com outras causas de hemorragia pulmonar, a leptospirose cursa com mais macrófagos alveolares, necrose de pneumócitos e regeneração de pneumócitos. ● O fígado apresenta colestase e, na fase aguda da doença, um quadro peculiar de perda de coesão de células hepáticas caracterizada por total desorganização das traves hepáticas. ● Os hepatócitos apresentam alterações reacionais, tais como binucleação. ● É uma doença infecciosa febril de início abrupto, cujo espectro clínico pode variar desde quadros oligossintomáticos, leves e de evolução benigna a formas graves. ● A síndrome de Weil, comumente descrita como icterícia, insuficiência renal e hemorragias, é a manifestação clássica de leptospirose grave. ● No entanto, a síndrome de hemorragia pulmonar vem sendo reconhecida como uma forma grave e emergente da doença. ● O período de incubação da doença varia de 1 a 30 dias, sendo mais frequente entre 5 e 14 dias. ● As apresentações clínicas da leptospirose foram divididas em: fase precoce (leptospirêmica) e a fase tardia (fase imune). ● A fase precoce da doença é caracterizada pela instalação abrupta de febre, comumente acompanhada de cefaléia e mialgia e, frequentemente, não pode ser diferenciada de outras causas de doenças febris agudas. ● Em aproximadamente 15% dos pacientes, a leptospirose progride para a fase tardia da doença, que é associada a manifestações graves e potencialmente letais. FASE PRECOCE: ● Corresponde à maior parte das formas clínicas (90%), mas a menor parte dos casos é identificada e, consequentemente, notificada nesta fase. ● A doença se manifesta com início súbito de febre, cefaléia, mialgia (lombar e panturrilhas), anorexia, náuseas e vômitos. ● Podem ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. ● Exantema ocorre em 10-20% dos pacientes e apresenta componentes de eritema macular, papular, urticariforme 6 7 ou purpúrico, distribuídos no tronco ou região pré-tibial. ● Hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia podem ocorrer, mas são achados menos comuns (<20%). ● Essa fase tende a ser autolimitada e regride em três a sete dias sem deixar sequelas. ● É frequentemente diagnosticada como “síndrome gripal”, “virose” ou outras doenças que ocorrem na mesma época. ● Alguns sinais e sintomas podem ajudar a diferenciar a fase precoce da leptospirose de outras causas. ● Sufusão conjuntival é um achado característico da leptospirose (30% dos pacientes) e aparece no final da fase precoce, sendo caracterizado por hiperemia e edema da conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais. ● Com a progressão da doença, pode haver petéquias e hemorragias conjuntivais. ● É importante obter dos casos suspeitos uma história sobre exposição epidemiológica de risco que possa auxiliar o diagnóstico. ● Uma história de exposição direta ou indireta a coleções hídricas (incluídas água e lama de enchentes), urina de animais infectados ou outros materiais passíveis de contaminação, além de pacientes provindos de área de risco da doença, podem alertar o clínico para a suspeita de leptospirose. FASE TARDIA: ● Em 10% a 15% dos pacientes com leptospirose ocorre a evolução para manifestações clínicas graves, que tipicamente se inicia após a primeira semana de doença, mas podem ocorrer mais cedo, em pacientes com apresentações fulminantes. ● A manifestação clássica da leptospirose grave é a síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de: icterícia, insuficiência renal e hemorragias (pulmonar). ● Essas manifestações podem se apresentar concomitantemente ou isoladamente na fase tardia. ● A síndrome de hemorragia pulmonar é caracterizada por lesão pulmonar aguda e sangramento pulmonar maciço. ● A letalidade para os pacientes que desenvolvem hemorragia pulmonar é maior que 50%. ● A icterícia é considerada um sinal característico e, tipicamente, apresenta uma tonalidade alaranjada muito intensa (icterícia rubínica), em geral aparecendo entre o 3º e o 7º dia da doença. ● A icterícia é usada para auxiliar no diagnóstico da leptospirose, sendo um preditor de pior prognóstico devido à sua associação com a síndrome de Weil. ● Manifestações graves da leptospirose, como a hemorragia pulmonar e a insuficiência renal, podem ocorrer em pacientes anictéricos. ● O comprometimento pulmonar apresenta-se com tosse seca, dispneia, expectoração hemoptóica e, ocasionalmente, dor torácica e cianose. ● A hemoptise franca denota extrema gravidade e pode ocorrer de forma súbita, levando à insuficiência respiratória (síndrome da hemorragia pulmonar aguda e 7 8 Síndromeda Angústia Respiratória Aguda – SARA) e ao óbito. ● A maioria dos pacientes a hemorragia pulmonar maciça não é identificada até uma radiografia de tórax. ● Além disso, a leptospirose pode causar síndrome da angústia respiratória aguda, mesmo sem sangramento pulmonar presente. ● A leptospirose pode causar outros tipos de diátese hemorrágica, frequentemente associados à trombocitopenia. ● Os fenômenos hemorrágicos podem ocorrer também na pele (petéquias, equimoses e sangramento nos locais de venopunção), nas conjuntivas e em outras mucosas ou órgãos internos, inclusive no sistema nervoso central. ● A insuficiência renal aguda é uma importante complicação (16% a 40% dos pacientes). ● A leptospirose causa uma forma peculiar de insuficiência renal aguda, caracterizada geralmente por ser não oligúrica e hipocalêmica devido à inibição de reabsorção de sódio nos túbulos renais proximais, aumento no aporte distal de sódio e consequente perda de potássio. ● Durante esse estágio inicial, o débito urinário é normal ou elevado, os níveis séricos de creatinina e ureia aumentam e o paciente pode desenvolver hipocalemia moderada a grave. ● Com a perda progressiva do volume intravascular, os pacientes desenvolvem insuficiência renal oligúrica devido à azotemia pré-renal. Nesse estágio, os níveis de potássio começam a subir. ● Devido à perda contínua de volume, os pacientes podem desenvolver necrose tubular aguda e não irão responder à reposição intravascular de fluidos, necessitando de início imediato de diálise. ● Outras manifestações na forma grave da leptospirose são: miocardite, acompanhada ou não de choque e arritmias agravadas por distúrbios eletrolíticos; pancreatite; anemia e distúrbios neurológicos como confusão, delírio, alucinações e sinais de irritação meníngea. ● A leptospirose é causa relativamente frequente de meningite asséptica. ● Com menor frequência ocorrem: encefalite, paralisias focais, espasticidade, nistagmo, convulsões, distúrbios visuais de origem central, neurite periférica, paralisia de nervos cranianos, radiculite, síndrome de Guillain-Barré e mielite. FASE DE CONVALESCENÇA: ● Por ocasião da alta do paciente, astenia e anemia podem ser observadas. ● A eliminação de leptospiras pela urina (leptospirúria) pode continuar por uma semana ou, mais raramente, por vários meses após o desaparecimento dos sintomas. ● A icterícia desaparece lentamente, podendo durar dias ou semanas. ● Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente, mas, em alguns casos, permanecem elevados por vários meses. ● Esse fato não deve ser interpretado como uma infecção prolongada. 8 9 ● Uveíte unilateral ou bilateral, caracterizada por irite, iridociclite e coriorretinite, pode ocorrer até 18 meses após a infecção, podendo persistir por anos. CASO SUSPEITO DE LEPTOSPIROSE: ● Indivíduo com febre, cefaleia e mialgia, que apresente pelo menos um dos seguintes critérios: Critério 1: antecedentes epidemiológicos sugestivos nos 30 dias anteriores à data de início dos sintomas: ● Exposição a enchentes, alagamentos, lama ou coleções hídricas; ● Exposição a esgoto, fossas, lixo e entulho; ● Atividades que envolvam risco ocupacional como coleta de lixo e de material para reciclagem, limpeza de córregos, trabalho em água ou esgoto, manejo de animais, agricultura em áreas alagadas; ● Vínculo epidemiológico com um caso confirmado por critério laboratorial; ● Residir ou trabalhar em áreas de risco para a leptospirose (áreas determinadas pela Vigilância Epidemiológica) Critério 2: pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: ● Sufusão conjuntival; ● Sinais de insuficiência renal aguda (incluindo alterações no volume urinário); ● Icterícia e/ou aumento de bilirrubinas; ● Fenômeno hemorrágico EXAMES INICIAIS ● Os seguintes exames deverão ser solicitados, numa rotina de suspeita de leptospirose, com o objetivo de ajudar na diferenciação de outras doenças e avaliação da gravidade do caso: ○ Hemograma; ○ Bioquímica (uréia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+). ○ Se necessário, também devem ser solicitados: radiografia de tórax, eletrocardiograma (ECG) e gasometria arterial. ● Nas fases iniciais, as alterações laboratoriais podem ser inespecíficas, mas o leucograma pode ser útil após o 3º dia de início dos sintomas, em diferenciar leptospirose de infecções virais agudas quando a leucometria se apresentar normal ou aumentada. As alterações mais comuns nos exames laboratoriais, especialmente na fase tardia da doença são: ● Elevação das bilirrubinas totais com predomínio da fração direta, podendo atingir níveis elevados; ● Plaquetopenia; ● Leucocitose, neutrofilia e desvio à esquerda; ● Gasometria arterial, mostrando acidose metabólica e hipoxemia; ● Aumento de ureia e creatinina; ● Potássio sérico normal ou diminuído, mesmo na vigência de insuficiência renal aguda (potássio elevado pode ser visto ocasionalmente e, neste caso, indica pior prognóstico); ● Creatinoquinase (CPK) elevada; 9 10 ● Transaminases normais ou com aumento de três a cinco vezes o valor da referência (geralmente não ultrapassam a 500 UI/dl), podendo a TGO (AST) estar mais elevada que a TGP (ALT); ● Anemia normocrômica (a observação de queda nos níveis de Hb e Ht durante exames seriados sem exteriorização de sangramentos pode ser indício precoce de sangramento pulmonar); ● Fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (Gama GT) normais ou elevadas; ● Atividade de protrombina (AP) diminuída ou tempo de protrombina (TP) aumentado ou normal; ● Baixa densidade urinária, proteinúria, hematúria microscópica e leucocitúria são frequentes no exame sumário de urina; ● Líquor com pleocitose linfomonocitária ou neutrofílica moderada (abaixo de 1.000 células/mm3 , comum na segunda semana da doença, mesmo com ausência clínica da evidência de envolvimento meníngeo); pode haver predomínio de neutrófilos, gerando confusão com meningite bacteriana inespecífica • radiografia de tórax – infiltrado alveolar ou lobar, bilateral ou unilateral, congestão e SARA; ● Eletrocardiograma – fibrilação atrial, bloqueio átrio ventricular e alteração da repolarização ventricular ● Eventualmente, outros exames complementares poderão ser solicitados de acordo com a necessidade. ● Obs.: a leptospirose ictérica é associada a aumentos séricos de bilirrubina direta, que pode ser diferenciada das hepatites virais pelos achados de aumento dos níveis de CPK, leve a moderada elevação de aminotransaminases (<400U/L) e leucocitose com desvio à esquerda. EXAMES DE SEGUIMENTO ● Os mesmos exames inespecíficos recomendados para a avaliação de rotina de um caso suspeito, sobretudo: hemograma, coagulograma, transaminases, bilirrubinas, CPK, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, radiografia de tórax e eletrocardiograma. EXAMES SOROLÓGICOS ESPECÍFICOS ● Os métodos sorológicos são eleitos para o diagnóstico da leptospirose. ● Os mais utilizados em nossa rotina são os testes: ELISA-IgM e a microaglutinação (MAT). ● Esses exames deverão ser realizados pelos Laboratórios Centrais de Saúde Pública – Lacens, pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. ● Exames complementares de maior complexidade: imuno-histoquímica, técnicas baseadas em PCR e tipagem de isolados clínicos. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ● Considerando-se que a leptospirose tem amplo espectro clínico, os principais diagnósticos diferenciais são: a) Fase precoce: dengue, influenza (síndrome gripal), malária, riquetsioses, doença de Chagas aguda, entre outras. 10 11 b) Fase tardia: hepatites virais agudas, dengue hemorrágico, hantavirose, febre amarela, malária grave, febre tifoide, endocardite, riquetsioses, doença de Chagas aguda, pneumonias, pielonefrite aguda, apendicite aguda, sepse, meningites, colangite, colecistite aguda, coledocolitíase, esteatose aguda da gravidez, síndrome hepatorrenal, síndrome hemolítico-urêmica, outras vasculites incluindo lúpus eritematososistêmico, entre outras. ANTIBIOTICOTERAPIA ● Está indicada em qualquer período da doença, mas sua eficácia parece ser maior na primeira semana do início dos sintomas. Fase precoce ● Adultos ○ Amoxicilina: 500 mg, VO, 8/8h, por 5 a 7 dias OU ○ Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12h, por 5 a 7 dias. ● Crianças ○ Amoxicilina: 50 mg/kg/dia, VO, divididos, 8/8h, por 5 a 7 dias; ○ A Doxiciclina não deve ser utilizada em crianças menores de 9 anos, mulheres grávidas e em pacientes portadores de nefropatias ou hepatopatias. ○ A azitromicina ou claritromicina são alternativas para pacientes com contraindicação para uso de amoxicilina e doxiciclina. Fase tardia ● Adultos ○ Penicilina G Cristalina: 1.5 milhões UI, IV, de 6/6 horas; OU ○ Ampicilina : 1 g, IV, 6/6h; OU ○ Ceftriaxona: 1 a 2 g, IV, 24/24h OU ○ Cefotaxima: 1 g, IV, 6/6h. ○ Alternativa: Azitromicina 500 mg, IV, 24/24h ● Crianças ○ Penicilina cristalina: 50 a 100.000 U/kg/dia, IV, em quatro ou seis doses; OU ○ Ampicilina: 50-100 mg/kg/dia, IV, dividido em quatro doses; OU ○ Ceftriaxona: 80-100 mg/kg/dia, em uma ou duas doses, OU ○ Cefotaxima: 50-100 mg/kg/dia, em duas a quatro doses. ○ Alternativa: Azitromicina 10 mg/kg/dia, IV Duração do tratamento com antibióticos intravenosos: pelo menos 7 dias. CONDUTA TERAPÊUTICA DE SUPORTE ● Grande relevância no atendimento dos casos moderados e graves. ● Devem ser iniciadas precocemente, com o objetivo de evitar complicações e óbito. Fase precoce ● Orientação de repouso com uso de sintomáticos (evitando-se o uso de aspirina); ● Hidratação adequada; ● Coleta de exames para diagnóstico específico; ● Retornos periódicos entre 24 e 72 horas para acompanhamento clínico ou em 11 12 caso de aparecimento de sinais de alerta ou piora dos sintomas Fase tardia ● Manejo respiratório: garantir proteção de via aérea e ventilação mecânica invasiva com estratégia protetora; Coletar gasometria arterial; intubar e instituir ventilação mecânica invasiva; ● Manejo sistêmico: • Em caso de desidratação, expandir com Soro Fisiológico 0,9% (iniciar com 500 ml e repetir duas a três vezes conforme a necessidade). ● Manejo renal: Monitorizar a diurese e níveis séricos de ureia e creatinina. Se o paciente mantiver insuficiência renal oligúrica após hidratação adequada, pode-se tentar revertê-la com furosemida. Entretanto, não se deve retardar o início da diálise se ela for indicada. Hipocalemia grave (K+ < 2,5 mEq/l), acompanhada ou não de arritmia cardíaca, repor potássio. ● Manejo da hemorragia: Nos casos com plaquetopenia grave (≤ 20.000/mm3 ) e com fenômenos hemorrágicos (≤ 50.000/mm3), deve-se ministrar concentrado de plaquetas. ● Manejo cardíaco: corrigir inicialmente os distúrbios hidroeletrolíticos; caso persistam as arritmias, aplicar tratamento direcionado para o tipo de arritmia. No caso de disfunção miocárdica, ICC ou choque cardiogênico, o uso de droga vasoativa com efeito inotrópico, como a dobutamina, pode ser mais adequado. AGENTE ETIOLÓGICO ● É uma infecção causada pelo vírus A (HAV) da hepatite, também conhecida como “hepatite infecciosa”. ● Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, contudo o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade. ● A transmissão da hepatite A é fecal-oral (contato de fezes com a boca). ● A doença tem grande relação com alimentos ou água inseguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal. ● Outras formas de transmissão são o contato pessoal próximo (intradomiciliares, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches), contato sexual (especialmente homens com homens). ● A estabilidade do vírus da hepatite A (HAV) no meio ambiente e a grande quantidade de vírus presente nas fezes dos indivíduos infectados contribuem para a transmissão. ● Crianças podem manter a eliminação viral até 5 meses após a resolução clínica da doença. ● No Brasil e no mundo, há também relatos de casos e surtos que ocorrem em populações com prática sexual anal, que propicie o contato fecal-oral (sexo oral-anal) principalmente. 12 13 QUADRO CLÍNICO ● Geralmente, quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente como: fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. ● Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. ● A presença de urina escura ocorre antes do início da fase onde a pessoa pode ficar com a pele e os olhos amarelados (icterícia). ● Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. PREVENÇÃO ● Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos); ● Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus; ● Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los; ● Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras; ● Usar instalações sanitárias; ● No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão. ● Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto; ● Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios; ● Usar preservativos e higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais. ● Vacina: A vacina contra a hepatite A é altamente eficaz e segura e é a principal medida de prevenção. AGENTE ETIOLÓGICO ● A hepatite E é uma infecção causada pelo vírus E (HEV). ● O vírus causa hepatite aguda de curta duração e auto-limitada. ● Na maioria dos casos é uma doença de caráter benigno. ● A hepatite E pode ser grave na gestante. ● Transmitido principalmente pela via fecal-oral pelo consumo de água contaminada e em locais com infraestrutura sanitária frágil. ● Outras formas de transmissão incluem: ingestão de carne mal cozida ou produtos derivados de animais infectados (por exemplo, fígado de porco); transfusão de produtos sanguíneos infectados; e transmissão vertical. QUADRO CLÍNICO ● Geralmente, causam hepatite aguda de curta duração e autolimitada (2 – 6 semanas) em adultos jovens e clinicamente indistinguível de outras causas de hepatite viral aguda. ● Embora a infecção ocorra também em crianças, elas geralmente não apresentam sintomas ou apenas uma doença leve sem icterícia que não é diagnosticada. ● Os sinais e sintomas, quando presentes, incluem inicialmente fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. 13 14 ● Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, presença de urina escura e icterícia. ● As mulheres grávidas com hepatite E apresentam maior risco de insuficiência hepática aguda, perda fetal e mortalidade. PREVENÇÃO ● Lavar as mãos (incluindo após o uso do sanitário, trocar fraldas e antes do preparo de alimentos); ● Lavar com água tratada, clorada ou fervida, os alimentos que são consumidos crus, deixandoos de molho por 30 minutos; ● Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente carne suína; ● Lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras; ● Usar instalações sanitárias; ● No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio ou água sanitária. ● Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto; ● Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios. AGENTE ETIOLÓGICO ● A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral direta ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. ● Frequentemente, a infecção é assintomática ou causa diarreia leve. ● Pode também se apresentar de forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e cãibras. ● Quandonão tratada prontamente, pode ocorrer desidratação intensa. ● A doença está ligada diretamente ao saneamento básico e à higiene. ● O período de incubação da bactéria, tempo que leva para provocar os primeiros sintomas no organismo, varia de algumas horas a 5 dias da infecção. ● O período de transmissibilidade perdura enquanto a pessoa estiver eliminando a bactéria nas fezes, até poucos dias após a cura. (padrão é de 20 dias). ● A transmissão da cólera ocorre por via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água ou alimentos contaminados, ou pela contaminação pessoa a pessoa. ● O agente causador da cólera faz parte do ambiente aquático, pode se associar a mariscos (crustáceos e moluscos), peixes e algas, entre outros, possibilitando a transmissão da cólera se esses alimentos forem consumidos crus ou mal cozidos. QUADRO CLÍNICO ● A maior parte das pessoas infectadas pela cólera não apresenta sintomas. ● No entanto, mesmo nesses casos, a pessoa pode transmitir a bactéria. ● Os sintomas mais frequentes e comuns da cólera são diarreia e vômitos, com diferentes graus de intensidade. 14 15 ● Também pode ocorrer dor abdominal e, nas formas severas, cãibras, desidratação e choque. ● Febre não é uma manifestação comum. ● Nos casos graves, mais típicos, o início é súbito, com diarreia aquosa, abundante, de difícil controle e com inúmeros episódios diários. ● A perda de líquidos, que pode ser da ordem de 1 a 2 litros por hora. Tal quadro leva rapidamente à desidratação. ● Essa perda de minerais no sangue ainda desencadeia uma série de outros sintomas, como: Cãibras musculares e Choque. ● A desidratação em decorrência da perda de líquidos pode levar a: Irritabilidade; Letargia; Olhos encovados; Boca seca; Sede excessiva; Pele seca e enrugada; Pouca ou nenhuma produção de urina; Pressão arterial baixa; Arritmia cardíaca. Desequilíbrio eletrolítico. PREVENÇÃO ● Lave sempre as mãos com sabão e água limpa principalmente antes de preparar ou ingerir alimentos, após ir ao banheiro; ● Lave e desinfete as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos; ● Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais; ● Trate a água para consumo; ● Guarde a água tratada em vasilhas limpas e com tampa; ● Não utilize água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber; ● Evite o consumo de alimentos crus ou mal cozidos (principalmente os frutos do mar). ● Ensaque e mantenha a tampa do lixo sempre fechada; ● Use sempre o vaso sanitário, mas se não for possível, enterre as fezes sempre longe dos cursos de água. AGENTE ETIOLÓGICO ● A dengue é a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil. ● O vírus dengue (DENV) é um arbovírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). ● O período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos de cada região. ● O acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, maior disseminação da doença. ● O vírus da dengue (DENV) pode ser transmitido ao homem principalmente por via vetorial, pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas. ● Os relatos de transmissão por via vertical e transfusional são raros. QUADRO CLÍNICO Os principais sintomas da dengue são: ● Febre alta > 38°C; ● Dor no corpo e articulações; ● Dor atrás dos olhos; ● Mal estar; ● Falta de apetite; 15 16 ● Dor de cabeça; ● Manchas vermelhas no corpo. ● A infecção por dengue pode ser assintomática, apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade. ● Também podem acontecer erupções e coceira na pele. Os sinais de alarme são caracterizados principalmente por: Os sinais de alarme são assim chamados por sinalizarem o extravasamento de plasma e/ou hemorragias que podem levar o paciente a choque grave e óbito. ● Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua; ● Vômitos persistentes; ● Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); ● Hipotensão postural e/ou lipotímia; ● Letargia e/ou irritabilidade; ● Hepatomegalia maior do que 2cm abaixo do rebordo costal; ● Sangramento de mucosa; ● Aumento progressivo do hematócrito. PREVENÇÃO ● Atualmente nenhuma vacina mostrou-se viável para a prevenção da doença. ● Portanto, o controle do vetor Aedes aegypti é o principal método para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika). ● Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos. ● A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia. ● Proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas; ● Usar repelentes; ● A utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado. AGENTE ETIOLÓGICO ● É uma arbovirose causada pelo vírus Zika (ZIKV). ● A maioria das infecções pelo ZIKV são assintomáticas ou representam uma doença febril autolimitada semelhante às infecções por chikungunya e dengue. ● Entretanto, a associação da infecção viral com complicações neurológicas como microcefalia congênita e síndrome de Guillain-Barré (SGB) foi demonstrada por estudos. ● A principal forma de transmissão do ZIKV aos humanos é por meio da picada de mosquitos vetores infectados da espécie Aedes aegypti. ● Outras formas não vetoriais de transmissão do ZIKV incluem da mãe para feto durante a gravidez, transmissão interpessoal durante o contato sexual e transmissão por transfusão de sangue. QUADRO CLÍNICO ● A infecção pelo vírus Zika pode ser assintomática ou sintomática. ● Mais de 50% dos pacientes infectados por Zika tornam-se sintomáticos. 16 17 ● O período de incubação da doença varia de 2 a 7 dias. Manifestações mais comuns: ● Febre baixa (≤38,5 ºC) ou ausente; ● Exantema (geralmente pruriginoso e maculopapular craniocaudal) de início precoce; ● Conjuntivite não purulenta; ● Cefaleia, artralgia, astenia e mialgia; ● Edema periarticular, linfonodomegalia. ● O prurido é um sintoma importante durante o período agudo, podendo afetar as atividades cotidianas e o sono. ● Duas complicações neurológicas graves relacionadas ao ZIKV foram identificadas: Síndrome de Guillan-Barré (SGB) e microcefalia, a manifestação mais grave de um espectro de defeitos congênitos. ● Deve-se ficar atento para o aparecimento de outros quadros neurológicos, tais como, encefalites, mielites e neurite óptica, entre outros. PREVENÇÃO ● Atualmente, não há vacinas ou terapias específicas para o ZIKV viáveis disponíveis. ● O controle do vetor é o principal método para a prevenção e controle de doenças transmitidas por mosquitos, como Zika. ● Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos. ● Proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas; ● Usar repelentes; ● A utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado. AGENTE ETIOLÓGICO ● É uma arbovirose cujo agente etiológico é transmitido pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes. ● No Brasil, até o momento, o vetor envolvido na transmissão do vírus chikungunya (CHIKV) é o Aedes aegypti. ● Esta arbovirose também pode se manifestar de forma atípica e/ou grave, sendo observado óbitos. Destaca-se que a doença pode evoluir em três fases: 1. Febril ou aguda: tem duração de 5 a 14 dias; 2. Pós-aguda: tem um curso de até 3 meses. 3. Crônica: Se os sintomas persistirem por mais de 3 meses após o início da doença, considera-se instalada a fase crônica. QUADRO CLÍNICO● Febre. ● Dores intensas nas articulações ● Dor nas costas ● Dores pelo corpo. ● Erupção avermelhada na pele ● Dor de cabeça. ● Náuseas e vômitos. ● Dor retro-ocular ● Dor de garganta ● Calafrios ● Diarreia e/ou dor abdominal (manifestações do trato 17 18 gastrointestinal são mais presentes em crianças). PREVENÇÃO ● É fundamental que as pessoas reforcem as medidas de eliminação dos criadouros de mosquitos Aedes aegypti nas suas casas, trabalhos e na vizinhança. ● A melhor prevenção é evitar a proliferação do mosquito eliminando água armazenada que pode se tornar possíveis criadouros. ● Proteger as áreas do corpo que o mosquito possa picar, com o uso de calças e camisas de mangas compridas. ● Usar repelentes. ● A utilização de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado. AGENTE ETIOLÓGICO ● A Febre Tifóide é uma doença bacteriana aguda, causada pela Salmonella enterica sorotipo Typhi, de distribuição mundial. ● A doença está diretamente associada a baixos níveis socioeconômicos, principalmente em regiões com precárias condições de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. ● No Brasil, a doença ocorre sob a forma endêmica em regiões isoladas, com algumas epidemias onde as condições de vida são mais precárias, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. ● A infecção recorrente por Salmonella é uma das condições clínicas marcadoras da AIDS/HIV. ● A transmissão da Febre Tifóide pode ocorrer de duas maneiras principais: ● pela forma direta: contato com as mãos do doente ou portador; ● pela forma indireta: ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes ou urina. ● A contaminação de alimentos geralmente acontece pela manipulação por portadores ou pacientes oligossintomáticos (com manifestações clínicas discretas), que não são afastados das atividades de preparo dos alimentos. ● Legumes irrigados com água contaminada, frutos do mar (crustáceos e moluscos) retirados de água poluída e consumidos mal cozidos ou crus, leite e derivados não pasteurizados, produtos congelados e enlatados também podem veicular salmonelas. ● O indivíduo infectado elimina a bactéria nas fezes e na urina, independentemente de apresentar os sintomas da doença. ● O tempo de eliminação da bactéria varia de uma a três semanas, podendo chegar a três meses. ● Entre 2 a 5% dos pacientes transformam-se em portadores crônicos. QUADRO CLÍNICO Os principais sintomas da Febre Tifoide são: ● febre alta; ● dores de cabeça; ● mal-estar geral; ● falta de apetite; 18 19 ● retardamento do ritmo cardíaco; ● aumento do volume do baço; ● manchas rosadas no tronco; ● prisão de ventre ou diarreia; ● tosse seca. PREVENÇÃO ● O saneamento básico, o preparo adequado dos alimentos e a higiene pessoal são as principais medidas de prevenção da Febre Tifóide. ● A vacina atualmente disponível não possui um alto poder imunogênico e a imunidade é de curta duração, sendo indicada apenas em situações específicas. ● Consuma água tratada. ● Selecione alimentos frescos com boa aparência e, antes do consumo, esses alimentos devem ser lavados e desinfetados. ● Consuma leite e derivados pasteurizados. ● Não utilize alimentos depois da data de vencimento. ● Lave as mãos regularmente antes, durante e após a preparação dos alimentos, ao manusear objetos sujos, depois de tocar em animais, depois de ir ao banheiro, após a troca de fraldas e antes da amamentação. ● Lave e desinfete todas as superfícies, utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos. ● Proteja os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação. ● Em locais onde a água for considerada imprópria, deve-se: Filtrar e ferver (por 5 minutos) a água. Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. Art. 2º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora tem como finalidade definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos. Art. 3º Todos os trabalhadores, homens e mulheres, independentemente de sua localização, urbana ou rural, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo empregatício, público ou privado, assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativados, aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado ou desempregado são sujeitos desta Política. Parágrafo único. A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora alinha-se com o conjunto de políticas de saúde no âmbito do SUS, considerando a transversalidade das ações de saúde do trabalhador e o trabalho como um dos determinantes do processo saúde-doença. Art.4º Além do disposto nesta Portaria, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora reger-se-á, de forma complementar, 19 20 pelos elementos informativos constantes do Anexo I a esta Portaria. Art. 5º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora observará os seguintes princípios e diretrizes: I - universalidade; II - integralidade; III - participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle social; IV - descentralização; V - hierarquização; VI - equidade; VII - precaução. Art. 6º Para fins de implementação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, dever-se-á considerar a articulação entre: I - as ações individuais, de assistência e de recuperação dos agravos, com ações coletivas, de promoção, de prevenção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes da saúde dos trabalhadores; II - as ações de planejamento e avaliação com as práticas de saúde; e III - o conhecimento técnico e os saberes, experiências e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respectivas práticas institucionais. Art. 7º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora deverá contemplar todos os trabalhadores priorizando, entretanto, pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade, como aqueles inseridos em atividades ou em relações informais e precárias de trabalho, em atividades de maior risco para a saúde, submetidos a formas nocivas de discriminação, ou ao trabalho infantil, na perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde e de buscar a equidade na atenção. Art. 8º São objetivos da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora: I - fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT) e a integração com os demais componentes da Vigilância em Saúde, o que pressupõe: II - promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe: III - garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador, que pressupõe a inserção de ações de saúde do trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e construção conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matriciamento da saúde do trabalhador na assistência e nas estratégias e dispositivos de organização e fluxos da rede, considerando os seguintes componentes: IV - ampliar o entendimento de que de que a saúde do trabalhador deve ser concebida como uma ação transversal, devendo a relação saúde-trabalho ser identificada em todos os pontos e instâncias da rede de atenção; V - incorporar a categoria trabalho como determinante do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade, incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em saúde; VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho dos usuários seja considerada nas ações e serviços de 20 21 saúde do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas, com as suas possíveis conseqüências para a saúde, seja considerada no momento de cada intervenção em saúde;e VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do trabalhador usuário do SUS. 21
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