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<p>UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA</p><p>DESIGNER GRÁFICO</p><p>ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA TORRES</p><p>ARTE, CULTURA GREGA E REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA</p><p>Rio de Janeiro</p><p>2024</p><p>A visão grega sobre a representação da natureza e do real em suas obras artísticas</p><p>e construções arquitetônicas é profundamente marcada pela busca do equilíbrio, da</p><p>harmonia e da perfeição idealizada. Diferentemente de outras culturas, como a</p><p>egípcia, onde a arte servia principalmente a propósitos religiosos e rituais, a arte</p><p>grega evoluiu para se tornar uma celebração da vida humana, da beleza e da</p><p>racionalidade.</p><p>É importante notar que, embora diferentes em abordagem e estilo, existe uma</p><p>continuidade histórica que liga a arte grega à egípcia. De acordo com Gombrich, há</p><p>uma tradição direta transmitida de mestre a discípulo que conecta a arte do nosso</p><p>tempo às expressões artísticas do vale do Nilo de cinco mil anos atrás. Os mestres</p><p>gregos aprenderam com os egípcios, estabelecendo assim uma base que influenciou</p><p>profundamente o desenvolvimento artístico ocidental. Essa herança torna a arte do</p><p>Egito de tremenda importância para a compreensão da evolução artística global.</p><p>Na arte grega, a natureza e o real não eram apenas imitados, mas também</p><p>idealizados. Os gregos buscavam representar a perfeição percebida na natureza,</p><p>refletindo isso em esculturas que exibiam o corpo humano com proporções</p><p>matematicamente precisas e uma simetria que exaltava a beleza ideal. As figuras</p><p>humanas eram frequentemente retratadas em poses dinâmicas que sugeriam</p><p>movimento, vida e energia, demonstrando a valorização da vitalidade e da</p><p>expressividade humana.</p><p>Na arquitetura, esse ideal se manifestava através do uso rigoroso de proporção e</p><p>simetria, como evidenciado em estruturas como o Partenon. Cada detalhe</p><p>arquitetônico era meticulosamente planejado para alcançar um equilíbrio perfeito,</p><p>criando edificações que não apenas serviam a propósitos funcionais, mas também</p><p>estéticos e filosóficos.</p><p>Embora a arte grega estivesse intrinsecamente ligada à religião, sua abordagem</p><p>diferia significativamente da egípcia. Os deuses gregos eram representados de forma</p><p>humanizada, com características e emoções semelhantes às dos mortais, porém</p><p>idealizadas. As esculturas de deuses e heróis serviam como expressões da perfeição</p><p>física e moral, simbolizando a busca humana pelo autoconhecimento e pela</p><p>excelência.</p><p>Os templos gregos, dedicados às divindades, eram mais do que locais de culto; eles</p><p>representavam o poder e a sofisticação das cidades-estado gregas. A harmonia e a</p><p>elegância dessas construções refletiam não apenas a devoção religiosa, mas também</p><p>a inteligência e o talento humano, reforçando a ideia de que, através da razão e da</p><p>criatividade, o homem poderia se aproximar do divino.</p><p>Na Grécia Antiga, o homem ocupava uma posição central na arte e na filosofia. A</p><p>concepção grega de humanidade estava profundamente enraizada na ideia de que o</p><p>homem é a medida de todas as coisas, conforme proclamado pelo sofista Protágoras.</p><p>Essa perspetiva se refletia na arte através da celebração da figura humana como</p><p>símbolo de beleza, poder e potencialidade. Ao contrário da arte egípcia, que</p><p>frequentemente retratava figuras de forma rígida e hierática para enfatizar a</p><p>imutabilidade da ordem cósmica e divina, a arte grega destacava o movimento, a</p><p>liberdade e a expressividade individual.</p><p>Enquanto a arte grega buscava a idealização e a representação harmoniosa da</p><p>realidade, a arte egípcia concentrava-se na preservação da ordem e na</p><p>representação do poder divino. As expressões artísticas egípcias seguiam padrões</p><p>estilizados e rígidos que permaneceram praticamente inalterados ao longo de</p><p>milênios, refletindo uma crença profunda em uma ordem divina imutável e eterna.</p><p>Arquitetonicamente, os templos gregos eram projetados para integrar-se de forma</p><p>harmoniosa com a paisagem natural, criando espaços abertos e equilibrados. Em</p><p>contraste, as construções egípcias, como as pirâmides, eram estruturas monumentais</p><p>e maciças, concebidas para durar eternamente e simbolizar a grandeza dos faraós e</p><p>sua conexão com os deuses.</p><p>A influência mútua entre essas culturas evidencia-se na aprendizagem e adaptação</p><p>de técnicas e estilos. Conforme mencionado por Gombrich, os gregos absorveram e</p><p>reinterpretaram elementos da arte egípcia, estabelecendo fundamentos que seriam</p><p>transmitidos e evoluídos ao longo dos séculos, impactando profundamente a trajetória</p><p>da arte ocidental.</p><p>A visão grega sobre a natureza, o real e o papel do homem na arte e na arquitetura</p><p>reflete uma cultura que valoriza a beleza, a razão e a humanidade. Em contraste, a</p><p>arte egípcia, com seu foco na ordem divina e na eternidade, apresenta uma</p><p>abordagem mais dinâmica e hierárquica. Apesar das diferenças, a conexão histórica</p><p>e a influência entre essas culturas demonstram como a arte serve como um elo</p><p>poderoso que transmite e transforma ideias e valores através das gerações,</p><p>contribuindo para a riqueza e a diversidade da expressão artística humana.</p><p>Referências:</p><p>-- GOMBRICH, E. H. *A História da Arte*. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2000. E-book.</p><p>ISBN 9788521636670. Disponível em</p><p><https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521636670/>. Acesso em 26</p><p>ago. 2024.</p><p>ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRA TORRES</p><p>ARTE, CULTURA GREGA E REPRESENTAÇÃO DA NATUREZA</p><p>Trabalho de AVA 1 apresentado à disciplina</p><p>História da Arte, do Curso de Designer Gráfico</p><p>da Universidade Veiga de Almeida.</p><p>Orientadora: Profa Dra. Angela Cristina de</p><p>Souza Bezerra.</p><p>Rio de Janeiro</p><p>2024</p>